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1.

O SIMPLES PASSO DE COMUNICAR

“Ouvir, não” “Ver, não” “Falar, não”

NOTA INTRODUTÓRIA
A origem etimológica da palavra comunicação provém do latim “communicatio”
que diz respeito a uma actividade realizada conjuntamente, em reunião, ou seja o acto
de estabelecermos uma relação com alguém de modo a que possa existir transferência e
recepção de informação, sentimentos, etc.

A comunicação teve início há milhares de anos atrás, com o primeiro Homem,


era um modo de comunicar com a aldeia, transmitir culturas e tradições. Com o avanço
da comunicação, surgiram as primeiras escritas na Mesopotâmia, usando placas de
barro, onde registavam todo o seu quotidiano social, político, económico, etc.

A principal qualidade de uma conservação agradável e funcional refere-se a uma


partilha equitativa do espaço comunicacional, o que supõe portanto uma boa capacidade
de escuta.

Por vezes as pessoas isolam-se do mundo e de todos, mas apesar de este ser o
seu objectivo, nunca o conseguem totalmente, pois a intercomunicação está-nos nos
genes, factor que é quase impossível de ignorar. Deste modo, toda a pessoa, na
verdadeira definição de pessoa, tem uma constante necessidade de comunicar, quer seja
consigo, quer seja com o outro, e para tal, terá de saber escutar, saber percepcionar o
que a rodeia, usando para isso, o olhar, bem como saber falar, quer verbal ou não-
verbalmente. Daí o facto de eu ter colocado esta imagem de início de separador, e não
outra, pois penso que retrata bastante bem esta realidade, da qual eu tenho uma opinião
formada especialmente discordante.
1.1. DOCUMENTO: COMUNICAR NA PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR.

O “eu”. A comunicação intrapessoal faz parte de nós como pessoas e seres


psicossociais, sendo fundamental para um bom desenvolvimento pessoal, bem como, no
estabelecimento de relações interpessoais, ou seja, com o Outro. No início deste
documento julguei que esta denominação de “comunicação” no contexto intrínseco da
Pessoa era um pouco deslocado, uma vez que comunicar envolve um emissor, receptor
e uma mensagem. Porém Freire M. (1999) explica este fenómeno:

Á palavra comunicação associa-se um emissor e um receptor, diferenciados no espaço: cada uma


destas entidades, individuais ou colectivas, tem as suas características próprias que as identifica e
as separa umas das outras. No entanto, num conceito mais abrangente, poderá falar-se, igualmente,
de comunicação quando estão em causa as relações que a pessoa estabelece consigo própria. Ora
estas relações são determinantes quer para o seu equilíbrio psicológico, quer para as relações que
ela estabelece com as outras. 1

Tal como este autor refere, é necessário saber comunicar connosco, antes de
comunicar com o outro, pois caso não definamos o tipo de pessoa que somos, o tipo de
comunicação que utilizamos, bem como, o modo como a utilizamos, seremos incapazes
de transmitirmos as nossas ideias, planos e opiniões, de um modo universal, mas ao
mesmo tempo especifico e único, concreto e claro. Ou seja, há que ter noção do seu
autoconceito, do que cada pessoa pensa de si mesma e o modo como esta se descreve.
Este encontra-se submetido a factores de condicionamento: a observação dos outros,
feita pelos professores e pais, e a importância, bem como o significado, que damos aos
comportamentos que os outros possuem em relação a nós.

Segundo Freire M. (1999), A comunicação intrapessoal socorre-se à auto-estima,


na medida que aceitar-se tal como é, é o primeiro passo para atingir este tipo de
comunicação, contribuindo assim, para um desenvolvimento psicológico, social e
emocional avançado. Neste parâmetro, o papel dos pais e professores é essencial, uma
vez que faz com que a pessoa se sinta útil, amada e valorizada, ajudando assim,
principalmente na fase jovem, no desenvolvimento de pensamentos, sentimentos e
determinados comportamentos que se irão reflectir nas suas acções quotidianas. Ao

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Freire, M. (1999) comunicação, comportamento humano e empresa. Portalegre: Escola Superior de
Tecnologia e Gestão.
contrário do que pensava, a auto-estima, iniciada na auto-aceitação, tem em conta, não
só, a valorização, mas também a limitação, no sentido de haver certos limites e
restrições.

O aceitarmo-nos tal como somos, com toda a nossa individualidade que nos
torna diferentes de qualquer outra pessoa, é uma atitude que contribui para
vivermos melhor e é facilitadora do relacionamento interpessoal, pois, quando
se aceita tal como se é, mais possibilidades existem de se aceitarem os outros tal
como são.2

Deste modo podemos comparar pessoas com alta e baixa auto-estima, para que,
inserindo esta temática na minha profissão futura, possa aperceber-me do estado
psicológico e emocional da pessoa de quem estou a cuidar. Se essa pessoa tiver baixa
auto-estima, poderei denotar certos comportamentos: uma procura de aprovação e
agrado dos outros bem como a toma da culpa e responsabilidades destes, a presença de
sentimentos de ansiedade perante problemas, uma desvalorização dos seus feitos, são
utilizadas expressões como “faço tudo mal” e “eu não presto para nada”, atitude
passiva, pedidos de desculpa frequentes e evitando os cumprimentos, devido ao
incómodo. Por outro lado, analisando o carácter de uma pessoa com elevada auto-
estima, podemo-nos aperceber de dados como: a existência de uma não-procura de
aprovação ou opinião de outros, uma aprendizagem com os erros, não perdendo, por
isso, tempo com lamentações desnecessárias, apesar das dificuldades conseguem
dominar e orientar determinadas situações, comunicam de forma directa quando querem
alguma coisa, possuem expectativas positivas em relação às pessoas que as rodeiam,
sentem-se bem com o seu próprio corpo e mente, não se detendo na rotina do
quotidiano, procurando sempre empreender novos projectos.

Ainda referente ao tema anterior, não devemos tratar a baixa auto-estima de


alguém, como uma doença terminal, deveremos favorecer, através da palavra, a sua
melhoria, para que a pessoa em causa seja capaz de construir uma auto-imagem. Esta
melhoria é promovida intrinsecamente pela própria pessoa, ou seja, esta dever-se-á
interrogar acerca das suas capacidades, gostos e rever acontecimentos bem-sucedidos.
Para além deste domínio, de um modo extrínseco, dever-se-á utilizar uma linguagem
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Freire, M. (1999) comunicação, comportamento humano e empresa. Portalegre: Escola Superior de
Tecnologia e Gestão.
positiva, dar mais ênfase a feitos construtivos e não destrutivos, destacando para isso,
tudo “o que é bom e belo”; um método bastante utilizado é a recompensa, o elogio de
outros ou mesmo o auto-elogio, valorizando para isso, feitos agradáveis aos ouvidos da
pessoa com baixa auto-estima; a relaxação, de modo a pacificar todos os conflitos e
tensões, que, internamente, vai se reflectir numa independência face a perturbações
internas e externas à pessoa, uma vez que ocorre uma união entre corpo, espírito e
mente; a visualização leva a uma subida da auto-estima uma vez que permite visualizar
o uso e desempenho pessoal de modo a melhorar determinadas capacidades; a
relativização das críticas, uma vez que a nossa personalidade social implica ir de
encontro com pessoas que não pensam da mesma maneira que nós, preocuparmo-nos
com essas críticas, não vale o desperdício de tempo, antes pelo contrário, ignorar os
problemas e mostrar-nos superiores às críticas é relativizar a sua importância, tentando
porém aprender com elas, pois estas conseguem ser bastante construtivas.

Associado ao conceito de auto-estima, encontra-se a autoconfiança, uma vez que


conduz a força com que uma pessoa acredita em si própria e nas suas capacidades,
encontrando-se dependente das seguintes variáveis: autoconceito, auto-estima,
preparação e postura de segurança. As duas primeiras já foram referidas, quanto à
preparação, traduz o esforço que o sujeito empreende para levar a cabo, com êxito, uma
determinada tarefa; fenómeno que implica uma: análise da situação, uma recolha dos
dados relevantes, o tratamento adequado desses dados, e por vezes, um treino aturado.
Uma preparação cuidada retira grande parte dos medos, diminuindo a ansiedade do
individuo, induzindo, assim, a autoconfiança. Por sua vez, a postura de segurança,
traduz-se na adopção de uma atitude de “fazer de conta” que é uma pessoa confiante,
atitude característica de um individuo tímido e inseguro, mas que se comporta como se
já tivesse sido confiante, nalgum momento da sua vida. Este tipo de pessoa apresenta:
corpo direito, nunca dobrado ou curvado; cabeça erguida; olhos nos olhos dos outros, de
forma suave e calorosa; gestos vivos e expressivos; sorriso nos lábios, etc. Grande parte
destes comportamentos são não-verbais, que Phaneuf M.(…) faz questão de destacar a
sua importância na comunicação, enraizando a ideia de que a linguagem não-verbal se
manifesta através de determinados comportamentos, que apenas deverão ser
interpretados, tendo em consideração os padrões culturais de cada um, onde interferem
estereótipos, crenças, tradições,… Esta linguagem, corre ao lado da linguagem verbal,
oferecendo um significado mais profundo e autêntico a esta última, ou seja, numa
conversação, os elementos não-verbais ajudam o receptor da mensagem a distinguir as
intenções do emissor, fazendo nascer a desconfiança, quando ambas as linguagens não
se encontram em sintonia, e confiança quando ocorre o processo contrário. Deste modo,
pode-se afirmar que são as linguagens não-verbais, o mio de suporte para assinalar as
mudanças qualitativas que ocorrem na evolução das relações interpessoais. A expressão
facial, o sorriso, a distância física, a postura do corpo, o olhar, o toque, o gesto, o traje, o
tempo, o silêncio, bem como a expressão vocal, constituem as diversas faces da
comunicação não-verbal.

Para além do conceito apresentado acima, deve ser referida a importância da


inteligência emocional, que ao início achei um pouco estranho o termo, um tanto ou
quanto contraditório, mas depois de analisado o texto de apoio, consegui observar o seu
verdadeiro significado. Este é definido mediante quatro factores: autoconceito,
automotivação, gestão das emoções e relacionamento. Relativamente ao autoconceito, a
pessoa tema capacidade de reconhecer sentimentos, usando-os na toma de decisões que
proporcionem tanto a satisfação pessoal como profissional. Caso a pessoa tenha
consciência dos seus sentimentos e saiba interpretá-los adequadamente, estes podem
conduzir a sua vida, por um caminho saudável e estável, caso contrário, esta ficará à
mercê desses mesmos sentimentos. A automotivação é a capacidade que o sujeito tem
de encarar com optimismo a realidade que se lhe vai apresentando ao longo da sua
existência. A gestão das emoções está intimamente relacionada com a capacidade de
controlar os impulsos, a ansiedade e a melancolia, bem como, o modo como se
expressam e controlam emoções. Em relação à ansiedade pode-se considerar que esta se
traduz numa antecipação repetitiva de tudo aquilo que pode correr mal, e o modo como
essa pessoa irá, no futuro, lidar com a situação. A melancolia, por sua vez, é
caracterizada como sendo um estado de espírito de tristeza que, pode ou não, conduzir à
depressão. Por fim o relacionamento traduz a capacidade de lidar quer com as reacções
emocionais dos outros, quer com as situações emocionais desgastantes, implicando a
empatia, ou seja, na disposição que a pessoa possui para se colocar na pele do outro, e
no autocontrolo que se traduz na capacidade de resistir a impulsos, ou seja, a capacidade
de dizer “não” quando confrontado com situações aliciantes do “sim”.

Pergunta 1: revendo o seu dia de trabalho, o que é que escreveria no seu diário
de formação, dos seus sentimentos, das suas reacções, das suas emoções, dos seus
comportamentos como objectivo de se conhecer melhor. O que gostaria de melhorar?
Atendendo a esta questão que me foi proposta em sala de aula, poderei começar
por afirmar que, o meu dia normal de aula é ter aulas desde manhã até à tarde, variando
consoante o dia; em cada dia da semana tenho um determinado número e tipo de
módulos, cada qual com os seus conteúdos programáticos e exigências específicas. Esta
“subdivisão” do meu dia de trabalho entra em contacto directo com o meu domínio
social, por vezes mais do que suporto. É interrompido por pausas de descanso essenciais
ao bom funcionamento cognitivo.

Porém, o meu dia de trabalho não termina no momento de saída da escola, este é
prolongado por várias horas, às vezes até demais e outras até de menos. Este período de
trabalho é fundamentalmente para uma melhor organização do saber, gestão de
conhecimento e aprofundamento da matéria leccionada. No final deste dia, paro uns
minutos, de modo a poder organizar e actualizar o meu método de estudo, definindo
para isso, prioridades. Centro-me nos domínios em que tenho mais dificuldade e que
geram em mim, sentimentos de frustração, preocupação, desânimo e perda de força de
vontade. Transformo estes na minha prioridade, e só apenas quando tiver a certeza que
os domino, abordo os conteúdos que me são mais familiares, comuns e que geram em
mim, sentimentos de confiança, auto-realização e felicidade.

Sendo assim, iniciaria a minha escrita no diário de formação, referindo os meus


sentimentos, principalmente os negativos, como por exemplo, a sobrecarga horária que
desencadeia sentimentos de pânico e desconforto, o tempo reduzido entre frequências e
trabalhos, mencionaria também todos os comportamentos que eu tinha feito de errado,
no meu dia-a-dia, das minhas reacções quando deparada com todos estes conteúdos
programáticos novos, acabando por referir a planificação do meu tempo de estudo,
organizando-o consoante a minha lista de prioridades. Se não me sentisse bem no final,
deste tempo, referido anteriormente, ou seja, se me sentisse assolada por sentimentos
negativos, teria de rever o meu método de estudo e modo de organização.

Pergunta 2: escreva cinco características acerca de si mesma, quando comunica


com os seus colegas, identificando a sua maneira de ser nessa situação.

Ao longo da minha vida, enquanto me fui moldando como ser cognitivo,


psicológico, emocional, ou seja, quando me construí como pessoa, fui adoptando e
reajustando o meu modo de comunicação, consoante o contexto em que me inseria e o
tipo de pessoa que se colocava à minha frente.
No meu percurso académico encontrei pessoas com diferentes personalidades,
maneiras de ser e métodos de aprendizagem, compreensão e entendimento diferentes,
mas isto faz parte de ser pessoa, como ser único e personalizado. Por este motivo, tive
de ajustar os meus métodos de comunicação com os meus colegas.

Por norma, utilizo a comunicação verbal, uma vez que acredito que é a mais perceptível,
compreensível e aquela que exige menos trabalho, uma vez que foi com ela que
crescemos, aquela que nos ensinaram. Porém, esta comunicação e a comunicação não-
verbal, na minha opinião, são indissociáveis. Esta última, compreende o modo como se
fala, o tom de voz, o toque, factores indispensáveis à interacção social, a um bom
relacionamento e a um ganho de confiança e segurança mútua.

Quando comunico com um colega, tento que ele, acima de tudo, compreenda
aquilo que digo, tentando que a mensagem seja clara e perceptível, tento transmitir
confiança, segurança, firmeza naquilo que digo, uma vez que se a pessoa que quer
transmitir uma ideia, não tiver segura de si própria e deixar observar réstias de
insegurança e preocupação, o receptor não se vai deixar abranger pela mensagem. Se a
questão em causa for sentimental ou/e emocional, tento transmitir conforto, segurança,
apoio através do toque. Este deverá ser tido em conta consoante o critério de conforto e
privacidade do colega com quem estamos a falar, uma vez que a pessoa pode não
gostar/aceitar ser tocada. Na comunicação, tento que a mensagem não tenha um fluxo
unidireccional, ou seja, tento compreender, escutando, o colega em causa.

Estas características correspondem e uma pessoa altruísta, aberta, psicológica e


emocionalmente, que apenas quer o bem dos colegas, tentando fornecer um ombro
amigo quando eles mais precisam de ajuda quando não a possuem.
Comentário

Este documento não foi de difícil elaboração, até porque é de foro pessoal e
intrínseco, o que facilitou bastante a sua redacção.

Consultei os textos de apoio, disponibilizados pela professora, bem como


apontamentos retirados nas aulas, e dos alunos de anos passados.

Este documento foi finalizado a: 2 de Janeiro de 2012.

A bibliografia mais utilizada foi:

Freire, M. (1999) comunicação, comportamento humano e empresa. Portalegre:


Escola Superior de Tecnologia e Gestão.

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