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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE TEÓFILO


OTONI

ANA HELOISA ROSA BEZERRA


ANA LUIZA NEVES DE AQUINO CAPUCHINHO
HELVANDRO VIEIRA SANTOS
JOÃO VICTOR SANTOS
LARA DOMINGOS TEIXEIRA
LUCAS BATISTA LIMA
LUCIMARA GOMES DOS SANTOS
SABRINA MAGALHÃES SANTOS
VALÉRIA FERNANDES STARICH

RESUMO: EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

TEÓFILO OTONI
2020
INTRODUÇÃO

A execução contra a fazenda pública diz respeito aos atos essenciais que
possam satisfazer o direito do credor e, por conseguinte, constranger o devedor (que
nesse caso é a Fazenda Pública) a cumprir a obrigação, de pagar quantia, ou entregar
coisa, ou fazer ou não fazer. A execução contra a Fazenda Pública é aquela praticada em
face de um ente público com natureza de direito público (como a União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas).

Nesse sentido, o procedimento de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública


é realizado de forma distinta de um procedimento contra um ente particular, uma vez
que é levada em consideração a natureza dos bens públicos. Estes são inalienáveis e
impenhoráveis e fazem parte do princípio da continuidade do serviço público, ou seja,
se esses bens são afastados de sua utilização, prejudicam a coletividade. Esse
procedimento específico acontece também por causa do princípio da isonomia,
encontrando como alternativa o pagamento de precatórios para que não existam
seleções na ordem do pagamento aos credores. Mesmo se não houver atos de constrição
patrimonial e expropriação, ainda sim é processo de execução, uma vez que se qualifica
como um procedimento que sana a crise jurídica de satisfação.

Somando a isso, as outras formas de execução, de fazer e não fazer, e entrega


de coisa, não necessitam de um procedimento específico quando a Fazenda Pública é o
polo passivo, e as regras gerais contidas no Código de Processo Civil devem ser
seguidas.

Além disso, a execução contra a Fazenda Pública pode se instituir em título


executivo judicial (sentença), e em título executivo extrajudicial, um tema positivado no
art. 910 do Novo CPC.

No Novo Código de Processo Civil, houve uma grande alteração quanto à


execução de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública. Nesse ordenamento haverá
cumprimento de sentença se o título executivo for judicial (arts. 534-535) e processo
autônomo de execução, se o título executivo for extrajudicial (art. 910). Apesar de
várias mudanças em relação ao CPC/73, ainda existem regras comuns, como no art.
910, § 3.0, do Novo CPC, em que se vê o entendimento de poder aplicar ao processo de
execução, as regras do cumprimento de sentença, no que convier.

PROCEDIMENTO

O procedimento para se executar a fazenda pública é distinto da execução de


um ente particular, devido aos caracteres sociais que são de extrema importância para o
desenvolvimento da coletividade, devido a esse prestigio que detêm os entes públicos o
poder legislativo nacional regulamentou através da Constituição Federal e do Código de
Processo Civil formas do cidadão prejudicado executar a fazenda sem prejudicar o seu
patrimônio e sem afetar no desenrolar das funções administrativas.

A primeira espécie de execução contra a fazenda é referente ao cumprimento


de sentença que impuser a fazenda pública a pagar quantia certa, regulamentada pelo
artigo 534 e 535 do código de processo civil. O processo tem início com uma petição
inicial agregada com os demonstrativos de cálculo, contento todos os juros e suas
respectivas taxas, o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária
utilizada, a periodicidade da capitalização dos juros e a especificação dos eventuais
descontos obrigatórios realizados, caso seja mais de um exequente ambos serão
responsáveis por seus próprios demonstrativos. O processo de execução por quantia
certa contra a Fazenda Pública possui procedimento simples, dispensando tanto a
garantia do juízo quanto os atos de expropriação e, diferente dos demais, que são citados
já para pagar quantia certa.

No momento em que o juiz tiver ciência do processo intimará a Fazenda


pública na figura do seu procurador geral, com um prazo de 30 dias para impugnar ou
não as alegações feitas pela a parte autora, conforme art. 910, caput, do CPC. Cada
tribunal (União, Estado e Município) tem autonomia para regulamentar como será a
intimação do procurador geral, podendo ser feita por carga, remessa ou meio eletrônico.
É valido salientar que a Fazenda Pública não está sujeita a pagar juros de mora de 10%
por atraso de pagamento previsto no artigo 523, §1º, do CPC, já que, ela é intimada para
impugnar as alegações feitas pelo o autor e não a pagar a dívida.
Chegada a hora de impugnar as alegações da parte autora, a Fazenda Pública se
encontra limitada por um rol taxativo presente no artigo 535 do CPC, devido ao mérito
do processo se retratar de assunto que já foi discutido e julgado em fase de
conhecimento.

Os requisitos que podem ser apresentados pela fazenda conforme os incisos do


artigo 535 do CPC são: falta ou nulidade da citação, na fase de conhecimento, o
processo ocorreu à revelia, ilegitimidade da parte, inexequibilidade do título ou
inexigibilidade da obrigação, excesso de execução ou cumulação indevida de
execuções, incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, qualquer causa
modificativa ou extintiva, como pagamento, compensação, transação ou prescrição,
desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

A impugnação realizada pela fazenda suspende a eficácia do pedido de


cumprimento da sentença, se a parte alegar que o juiz concedeu danos morais e matérias
em sua sentença e a fazenda impugnar somente os danos morais, a parte está apta a
requerer a disponibilização de precatórios ou a requisição de pequeno valor (RPV)
referente aos danos materiais, enquanto aos danos morais ficará suspenso até o
momento em que for finalizado o transito em julgado. Se a Fazenda não fizer a
impugnação a parte pode exigir a requisição dos precatórios ou do RPV segundo o
artigo 100 da Constituição Federal.

A segunda forma de o cidadão executar a Fazenda Pública é através da


execução de título extrajudicial, regulamentada pelo Código de Processo civil em seu
artigo 910. O procedimento é bastante similar ao apresentado em momento anterior,
referente ao cumprimento de sentença, ressalvadas duas divergências. A primeira
diferença declara que a fazenda não tem limitação de matéria para impugnar, pois o
título extrajudicial não é de conhecimento do Juiz; a segunda diferença é que a
impugnação de qualquer um dos pedidos da parte autora suspende o efeito dos demais
pedidos até o termino do transito em jugado.

Os artigos 536 e 537, do Novo CPC, dispõem sobre “o cumprimento de


sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer”. O art.
536, expressa os meios materiais que estão disponíveis ao juízo para efetivar o direito
do credor, não prevendo um procedimento executivo para o cumprimento de sentença.
Já o art. 537, trata-se dos aspectos procedimentais da multa (astreintes).
Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, por uma questão política
legislativa, deixou de ser previsto um procedimento específico para esse cumprimento
de sentença, para que seja facultada ao juiz a criação do procedimento mais adequado às
exigências do caso concreto.

Nas sentenças em que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer e não


fazer, que ainda não transitaram em julgado, a parte demandante deverá requerer ao juiz
a execução provisória, pois esta execução é de faculdade do credor. Com o trânsito em
julgado, o juiz poderá de ofício, dar inicio ao cumprimento da sentença, determinando
as medidas executivas que ele entende ser necessárias à satisfação do direito do credor.

Cabe ao juiz determinar um prazo para que a obrigação seja cumprida,


observando as particularidades do caso concreto e a complexibilidade da obrigação. O
Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu a respeito de coisa julgada material, que uma
vez estabelecido o prazo para o cumprimento da obrigação, não poderá ser alterado no
momento do cumprimento da sentença. Sobre outro entendimento do STJ, não cabem
embargos à execução no cumprimento de sentença de obrigação de fazer, mas
obedecendo ao princípio do contraditório, admite-se a apresentação de defesa mediante
mera petição exposta de forma incidental.

De acordo com o 1° § do art. 536, a obrigação de fazer e não fazer pode ser
convertida em prestação pecuniária, sendo pela vontade do exequente, ou pela
impossibilidade material ou jurídica de cumprir a obrigação.

No que se trata sobre a impossibilidade de obtenção da tutela específica ou


resultado prático equivalente, ocorrerá a impossibilidade material quando houver a
obrigação de fazer infungível, impossibilitando fisicamente o cumprimento da
obrigação. Esta impossibilidade, em regra, não atinge as obrigações fungíveis, pois são
possíveis de obter o seu cumprimento. A impossibilidade jurídica ocorre quando,
mesmo havendo a possibilidade material do cumprimento da obrigação ela não será
realizada, pois há uma regra de direito que impede o seu cumprimento, sendo outra
hipótese de conversão da obrigação em perdas e danos.
O art. 537 dispõe sobre a multa, que se enquadra como forma de pressionar o
executado a cumprir a obrigação que lhe é devida. O juiz poderá aplicar a multa na fase
de conhecimento, em tutela provisória, na sentença ou na fase de execução. Cabe ao
juízo a fixação do prazo razoável para o cumprimento do preceito.
REGIME DOS PRECATÓRIOS

Os precatórios são instrumentos utilizados pelo Poder Judiciário para requisitar


aos entes públicos o pagamento de dívidas decorrentes de processo judicial transitado
em julgado. De modo que ao fim da fase judicial de execução contra a Fazenda Pública,
o titular do direito na ação, passa a ser dono de um título, denominado de Precatório.

Cabendo ao Juiz ou Órgão da execução a elaboração do precatório e o seu


encaminhamento ao presidente do Tribunal competente, responsável por repassá-lo ao
ente devedor para que seja incluído no orçamento. Seu procedimento possui natureza
jurídica administrativa.

As requisições recebidas no tribunal até 1º de julho de um determinado ano,


são convertidas em precatórios e incluídas na proposta orçamentária do ano seguinte
(art. 100, § 5.0, da CF). Já as requisições recebidas no tribunal após 1º de julho, são
convertidas em precatórios e incluídas na proposta orçamentária do ano subsequente.

De modo que ocorrendo a liberação do numerário, o Tribunal procede ao


pagamento, primeiramente dos precatórios de créditos alimentares e depois os de
créditos comuns, conforme a ordem cronológica de apresentação. Lembrando que o
precatório será expedido para valores totais acima de 60 salários mínimos por
beneficiário.

As principais regras para pagamento de precatórios estão na Constituição


Federal, que foi alterada em 2009 para permitir mais flexibilidade de pagamento. Além
de mudanças no regime geral, o novo regime especial autorizou que entes devedores
parcelassem a dívida e permitiu a renegociação de valores por meio de acordos com
credores.

RPV - REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR


Do mesmo modo que o precatório, a Chamada Requisição de Pequeno Valor
ou RPV é uma requisição de pagamento, objeto da execução contra a Fazenda Pública.
Para ambos os caso depende de transito em julgado.

A diferença principal entre o Precatório e o RPV é o valor envolvido. O limite


máximo de um RPV é o limite mínimo de um Precatório. Esse limite é informado pela
Constituição Federal, no artigo 87 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT).

Caso o valor da causa ganha ultrapasse o limite da RPV e se enquadre como


precatório, o credor tem a opção de renunciar ao valor do crédito excedente para que
seja expedida uma RPV em vez de um precatório. Nesse caso, o requerimento deve ser
dirigido ao Juiz que julgou a causa.

Cada Ente Público devedor tem autonomia para fixar, por meio de lei ordinária,
o valor da RPV, sendo que o valor mínimo é o do maior benefício do regime geral de
previdência social, conforme o art. 100, §§ 3º e 4º da Constituição da República e o art.
97, § 12, I E II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Caso o ente devedor não cumpra a ordem de pagamento no prazo de 2 meses,


cabe ao Juiz que expediu a RPV, realizar o sequestro do valor requisitado diretamente
nas contas do Ente Devedor e repassá-lo ao credor por meio de alvará judicial.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Código de Processo Civil (2015). Código de Processo Civil Brasileiro.


Brasília, DF: Senado, 2015.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
Neves, Daniel Assumpção Amorim, Manual de Direito Processual Civil. Salvador:
Editora Juspodivm, 2016.

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