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ALEMA

Agente Legislativo

1. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Princípios. .................................................. 1


Descentralização e desconcentração. Administração Direta e Indireta; ............................... 9
Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura
organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentalização ............................... 33
Empreendedorismo governamental e novas lideranças no setor público ........................... 49
Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada ............................. 61
Excelência nos serviços públicos ....................................................................................... 67
Gestão da Qualidade ......................................................................................................... 73
Gestão de resultados na produção de serviços públicos .................................................... 82
O paradigma do cliente na gestão pública. ........................................................................ 88
2. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS. Funções e objetivos da
administração de materiais; classificação e especificação de materiais; compras; registros;
cadastro de fornecedores; acompanhamento de pedidos....................................................... 94
3. NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA: Noções fundamentais de arquivo; arquivos correntes,
intermediários e permanentes; protocolo, código de classificação; tabela de temporalidade 111
Noções básicas de conservação e preservação de documentos ..................................... 137
Noções de métodos de arquivamento .............................................................................. 142
Redação Oficial................................................................................................................ 146

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO


1. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Princípios

Os Princípios da Administração Pública se encontram no Art. 37 da Constituição Federal1:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

Ao todo, os principais princípios que fazem parte da administração pública são 5, e podem ser
facilmente memorizados com a palavra LIMPE:

L (Legalidade)
I (Impessoalidade)
M (Moralidade)
P (Publicidade)
E (Eficiência)

Não existe uma hierarquia regrada entre os princípios, visto que tais diretrizes devem ser aplicadas de
forma harmoniosa, dessa maneira, a aplicação de um princípio não exclui a aplicação de outro, assim
como nem um princípio se sobrepõe aos outros. A seguir veremos o que nos traz cada um desses 5
princípios:

Princípio da Legalidade

Esse princípio é fundamento do Estado democrático de direito, tendo por fim combater o poder
arbitrário do Estado, ou seja, os conflitos devem ser resolvidos pela lei e não mais por meio da força.
Dessa maneira, assim como descrito no Art. 5 da Constituição Federal2: todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, assim ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
O princípio da legalidade estabelece um limite para a atuação do Poder Público ao mesmo tempo em
que expressa a garantia de que o Estado deverá atuar com base na lei. Já a iniciativa privada, vistas as
exigências do Estado para as empresas, são somente aquelas que estiverem previstas na lei.
No direito público, a atividade administrativa deve estar baseada numa relação de subordinação com
a lei, na qual: Administrar é aplicar a lei de ofício, é aplicar a lei sempre.
Já no direito privado, a atividade desenvolvida pelos particulares deve estar baseada na não
contradição com a lei, em outras palavras, o Estado pode fazer tudo o que a lei permite e a iniciativa
privada pode fazer tudo o que a lei não proíbe.

Existem algumas exceções a serem observadas:


1. Medidas provisórias: atos com força de lei que só podem ser editados em matéria de relevância e
urgência, devem ser editados dentro dos parâmetros constitucionais.
2. Estado de sítio e estado de defesa: momentos de anormalidade institucional, são instituídos por
um decreto presidencial que poderá obrigar a fazer ou deixar de fazer, mesmo não sendo lei.

Princípio da Impessoalidade

Esse princípio refere-se à neutralidade da administração em relação aos administrados, ficando


proibida de estabelecer discriminações gratuitas, ou seja, não pode existir favoritismo ou perseguição de
nenhum contratado, e questões pessoais não devem se interpor ao trabalho da administração pública.
Só pode ocorrer discriminações que se justifiquem em razão do interesse coletivo, pois as gratuitas
caracterizam abuso de poder e desvio de finalidade, que são espécies do gênero ilegalidade.

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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O administrador não pode contratar quem quiser, deve abrir concurso público, o qual pode trazer
discriminações relacionadas à natureza do cargo, mas não discriminações gratuitas, e deve-se respeitar
a ordem de classificação dos candidatos para o ingresso no serviço público.
Para contratação de serviços ou aquisição de bens deve-se abrir licitação, a qual também pode conter
discriminações, mas não gratuitas.
Na liquidação de seus débitos, a Administração tem que respeitar a ordem cronológica de
apresentação dos precatórios para evitar privilégios. Se for quebrada a ordem, pode gerar sequestro de
verbas públicas, crime de responsabilidade e intervenção federal.

Segundo o Art. 100 da CF: Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,
Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica
de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou
de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. 3

Princípio da Moralidade

A administração deve atuar com moralidade, tendo em vista que tal princípio integra o conceito de
legalidade. Decorre a conclusão de que ato imoral é ato ilegal, inconstitucional e, portanto, o ato
administrativo estará sujeito a um controle do Poder Judiciário.
É preciso ter ética na conduta administrativa, pois a moralidade da Administração Pública não se limita
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum
(nem tudo que é legal é moral).

Segundo o Art. 5 da CF (LXXIII): “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. ” Por outro lado, segundo a súmula 365 do
STF, as pessoas jurídicas não têm legitimidade para propor ação popular.

Da Imoralidade Administrativa4
- Atos de improbidade administrativa que importem em enriquecimento ilícito (Art. 9 da Lei 8429/92 5).
- Atos de improbidade administrativa que importem em prejuízo ao erário (Art. 10 da Lei 8429/92 6).
- Atos de improbidade administrativa que atentem contra os princípios da Administração (Art. 11 da Lei
8429/927).
- É crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que atente contra a Constituição
Federal, especialmente contra probidade administrativa (Art. 85, V da CF 8).

A Lei n. 8.429/929, no art. 9, apresentou, exemplificativamente, as hipóteses de atos de improbidade


administrativa:
a) Usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular;
b) Intermediar liberação de verbas;
c) Estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar;
d) Vender bem público abaixo do valor de mercado;
e) Adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento).

Princípio da Publicidade

Esse princípio tem como significado que a administração tem o dever de manter plena transparência
de todos os atos que praticar e de todos os seus comportamentos, inclusive de oferecer informações que
estejam armazenadas em seus bancos de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interesses que
ela representa quando atua.
Assim, deve dar total transparência a todos os atos que praticar, uma vez que o ato administrativo não
pode ser sigiloso. Este princípio se refere à obrigatória divulgação dos atos da Administração Pública,

3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
4 Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992: que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências.
5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
7 Idem
8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm

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com o objetivo de permitir seu conhecimento e controle pelos órgãos estatais competentes e por toda a
sociedade.

Segundo o Art. 5 da CF (XXXIII): “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.” E segundo a Lei 9.051 de 199510 o prazo para que as informações sejam prestadas é de 15
dias.

A lei citada acima disciplinará as formas de participação do usuário na Administração direta e indireta,
regulando especialmente o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos
de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII da CF.
Ressalta-se que a publicidade só será admitida se tiver fim educativo, informativo ou de orientação
social, proibindo-se a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos por meio de nomes,
símbolos e imagens.

Segundo o Art. 37, § 3.º, II, da CF, algumas exceções podem ser apontadas: 11
- Quando os atos e atividades se relacionarem com a segurança nacional;
- Quando o conteúdo da informação for resguardado por sigilo.

Publicidade nos meios de comunicação de atos do governo


A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo, ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridade ou servidores públicos. A publicidade dos
atos de governo deve ser impessoal em razão dos interesses que o Poder Público representa quando
atua (também fere ao princípio da publicidade).

Princípio da Eficiência

A Administração Pública deve buscar um aperfeiçoamento na prestação dos serviços públicos,


mantendo ou melhorando cada vez mais a qualidade dos serviços prestados, com economia de despesas.
O princípio da eficiência é de suma importância nas mais diversas áreas em que a Administração
Pública atua, desde a contratação e exoneração de agentes públicos até a prestação de seus serviços.

Segundo o Art. 37, II da CF12: a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia
em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração. (Esse artigo também está presente no princípio da
impessoalidade.)

E segundo o Art. 39, §2º13: a União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a
formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um
dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.

Dessa forma então, o servidor público nomeado para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público submete-se a um estágio probatório de 3 anos, em que o administrador irá apurar a
eficiência dele na prática. Exemplos: O administrador verificará a frequência, o rendimento no trabalho,
o cumprimento de ordens emitidas pelo superior.
Segundo o Art. 41, §4º da CF14: como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Esse artigo trata-se de
uma norma de eficácia limitada, pois está na inteira dependência de uma lei que dirá quem vai integrar a
comissão, quais serão os critérios, quais matérias serão avaliadas, etc.

10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9051.htm - Lei n° 9.051/95: dispõe sobre a expedição de certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos
de situações.
11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
13 Idem
14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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O artigo ainda nos traz que o servidor público estável poderá perder o cargo em razão de insuficiência
de desempenho, mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei
complementar, assegurada a ampla defesa e contraditório, ou seja, trata-se de uma norma de eficácia
limitada, pois está na inteira dependência da lei.

PRINCÍPIOS SECUNDÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Além dos princípios que estão descrito no Art. 37 da CF, que foram citados acimas (LIMPE), este
segundo grupo trata dos princípios que são os implícitos no texto constitucional. Também são
conhecidos como princípios infraconstitucionais e derivam de outras legislações esparsas e específicas.
São eles:
- Princípio da Supremacia do Interesse Público;
- Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público;
- Princípio da Finalidade;
- Princípio da Igualdade;
- Princípio da Lealdade e Boa-fé;
- Princípio da Motivação;
- Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade.

Princípio da Supremacia do Interesse Público: esse princípio sobre o interesse privado é


intimamente unido em toda e qualquer sociedade organizada. Segundo a própria CF, todo o poder emana
do povo, sendo assim, o interesse público irá trazer o benefício e bem-estar à população.
A Administração Pública, na prática de seus atos, deve sempre respeitar a lei e zelar para que o
interesse público seja alcançado. Natural, assim, que sempre que constate que um ato administrativo foi
expedido em desconformidade com a lei, ou que se encontra em rota de colisão com os interesses
públicos, tenham os agentes públicos a prerrogativa administrativa de revê-los, como uma natural
decorrência do próprio princípio da legalidade.

Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: este princípio é o segundo pilar do regime


jurídico-administrativo, funcionando como contrapeso ao princípio da Supremacia do Interesse Público.
Ao mesmo tempo em que a Administração tem prerrogativas e poderes exorbitantes para atingir seus
fins determinados em lei, ela sofre restrições, limitações que não existem para o particular. Essas
limitações decorrem do fato de que a Administração Pública não é proprietária da coisa pública, não é
proprietária do interesse público, mas sim, mera gestora de bens e interesses alheios que pertencem ao
povo.
Em decorrência deste princípio, a Administração somente pode atuar pautada em lei, ela somente
poderá agir quando houver lei autorizando ou determinando a sua atuação. Essa atuação deve, então,
atender o estabelecido em lei, único instrumento capaz de retratar o que seja interesse público. Assim, o
princípio da Indisponibilidade do Interesse Público tem estreita relação com o princípio da Legalidade,
sendo que alguns autores utilizam essas expressões como sinônimas.
Este princípio também se encontra implícito em nosso ordenamento, surgindo sempre que estiver em
jogo o interesse público.
Exemplos da utilização deste princípio na prática:
- Os bens públicos não são alienados como os particulares, havendo uma série de restrições a sua
venda.
- Em regra, a Administração não pode contratar sem prévia licitação, por estar em jogo o interesse
público.
- Necessidade de realização de concurso público para admissão de cargo permanente.

Princípio da Finalidade: é dever do administrador público buscar os resultados mais práticos e


eficazes, resultados esse que devem estar ligados às necessidades e aspirações do interesse público.
Esse princípio impõe que o administrador, ao manejar as competências postas a seu encargo, atue
com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é, cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade
própria de todas as leis, que é o interesse público, mas também à finalidade específica obrigada na lei a
que esteja dando execução.
Enfim, o princípio da finalidade é aquele que imprime à autoridade administrativa o dever de praticar o
ato administrativo com vistas à realização da finalidade perseguida pela lei.

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Princípio da Igualdade: o Art. 5º da CF15 prevê que todos temos direitos iguais sem qualquer
distinção, e para o administrador não é diferente. Ele não pode distinguir as situações, sendo obrigado,
por lei, a agir de maneira igual em situações iguais e desigual em situações desiguais.
A lei só poderá estabelecer discriminações se o fator de discriminação utilizado no caso concreto
estiver relacionado com o objetivo da norma, pois, caso contrário, ofenderá o princípio da isonomia.
Exemplo: A idade máxima de 60 anos para o cargo de estivador está relacionada com o objetivo da
norma.
A lei só pode tratar as pessoas de maneira diferente se a distinção entre elas justificar tal tratamento,
senão seria inconstitucional, dessa forma, trata diferentemente para alcançar uma igualdade real
(material, substancial) e não uma igualdade formal.

Art. 3, IV da CF: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem
de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Art. 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]”
Art. 7, XXX: São direitos dos trabalhadores: Proibição de diferença de salário, de exercício de funções e
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. 16

Princípio da Lealdade e Boa-fé: esse princípio resume-se em que o administrador não deve agir com
malícia ou de forma astuciosa para confundir ou atrapalhar o cidadão no exercício de seus direitos, ele
deve agir de acordo com a lei e com bom-senso.
A boa-fé pode ser entendida como expressão da sinceridade, veracidade e franqueza, ela representa
o contrário da mentira, hipocrisia, duplicidade, rechaçando, assim, dissimulações e artifícios, ou seja,
todas as possíveis formas da má-fé.

Princípio da Motivação: para todas as ações dos servidores públicos deve existir uma explicação,
um fundamento de base e direito. O princípio da motivação é o que vai fundamentar todas as decisões
que serão tomadas pelo agente público.

Motivação segundo o Estatuto do servidor público da União (Lei 8.112/90) 17: segundo o Art. 140
dessa lei, motivar tem duplo significado. Assim, o ato de imposição de penalidade sempre mencionará o
fundamento legal (dispositivos em que o administrador baseou sua decisão) e causa da sanção disciplinar
(fatos que levarão o administrador a aplicar o dispositivo legal àquela situação concreta).
A lei, quando é editada é genérica, abstrata e impessoal, portanto é preciso que o administrador
demonstre os fatos que o levaram a aplicar aquele dispositivo legal para o caso concreto. Só por meio
dos fatos que se pode apurar se houve razoabilidade (correspondência) entre o que a lei abstratamente
prevê e os fatos concretos levados ao administrador.
A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade do ato, pois não há o que falar em ampla defesa
e contraditório se não há motivação, os atos inválidos por falta de motivação estarão sujeitos também a
um controle pelo Poder Judiciário.

Motivação nas decisões proferidas pelo Poder Judiciário: se até mesmo no exercício de funções
típicas pelo Judiciário, a Constituição exige fundamentação, a mesma conclusão e, por muito maior razão,
aplica-se à Administração quando da sua função atípica ou principal.
Segundo o art. 93, X da CF18, todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação. Portanto as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade: na medida que o administrador público deva


estrita obediência à lei (princípio da legalidade) e tenha como dever absoluto a busca da satisfação dos
interesses públicos (princípio da finalidade), há que se pressupor que a prática de atos administrativos

15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
16 Idem
17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm - LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990: que dispõe sobre o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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discricionários se processe dentro de padrões estritos de razoabilidade, ou seja, com base em parâmetros
objetivamente racionais de atuação e sensatez.
Ao regular o agir da Administração Pública, não se pode supor que o desejo do legislador seria o de
alcançar a satisfação do interesse público pela imposição de condutas bizarras, descabidas,
despropositadas ou incongruentes dentro dos padrões dominantes na sociedade e no momento histórico
em que a atividade normativa se consuma.
A alternativa, é de se supor que a lei tenha a coerência e a racionalidade de condutas como
instrumentos próprios para a obtenção de seus objetivos maiores. Dessa noção indiscutível, extrai-se o
princípio da razoabilidade: em boa definição, é o princípio que determina à Administração Pública, no
exercício de faculdades, o dever de atuar em plena conformidade com critérios racionais, sensatos e
coerentes, fundamentados nas concepções sociais dominantes.
O princípio da razoabilidade tem o objetivo de proibir o excesso, com a finalidade de evitar as restrições
abusivas ou desnecessárias realizadas pela Administração Pública. Esse princípio envolve o da
proporcionalidade, assim as competências da Administração Pública devem ser feitas proporcionalmente,
sendo ponderadas, segundo as normas exigidas para cumprimento da finalidade do interesse público.
Pode-se entender que, se a administração pública fizer menos do que está previsto na lei, é uma
conduta abusiva e, se fizer a mais, também é abuso. Deve-se seguir o limite do que é estabelecido em
lei, sem excesso ou escassez.

Princípio da Autotutela: a Administração Pública tem possibilidade de revisar seus próprios atos,
devendo anulá-los por razões de ilegalidade (quando nulos) e podendo revogá-los por razões de
conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou inconvenientes). Vejamos alguns conceitos:
- Anulação: tanto a Administração como o Judiciário podem anular um ato administrativo, a anulação
gera efeitos “ex tunc”, isto é, retroage até o momento em que o ato foi editado, com a finalidade de eliminar
todos os seus efeitos até então.
- Revogação: somente a Administração pode fazê-la, caso o Judiciário pudesse rever os atos por
razões de conveniência ou oportunidade, estaria ofendendo a separação dos poderes. A revogação gera
efeitos “ex nunc”, pois até o momento da revogação o ato era válido.

Anulação Revogação
Fundamento Por razões de ilegabilidade Por razões de conveniência e oportunidade
Competência Administração e Judiciário Administração
Efeitos Gera efeitos “ex tunc” Gera efeitos “ex nunc”

Princípio da Continuidade da Prestação do Serviço Público: a execução de um serviço público


não pode vir a ser interrompida. Assim, a greve dos servidores públicos não pode implicar em paralisação
total da atividade, caso contrário será inconstitucional

Questões

01. (TJ/SP - Contador Judiciário - VUNESP/2019) A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, bem como aos da

(A) exclusividade e tempestividade.


(B) transparência e unidade.
(C) universalidade e anualidade.
(D) eficácia e do marketing.
(E) publicidade e eficiência.

02. (IF/MG - Tecnólogo em Gestão Pública - IF/MG/2019) Analise cada um dos itens sobre os
princípios basilares que regem a administração pública e marque a alternativa incorreta.

(A) O princípio da moralidade se refere à atuação dos agentes públicos, que devem agir não apenas
com vista à lei, mas sobretudo preservando a moral, os bons costumes e a justiça.
(B) O princípio da legalidade é incompatível com o fenômeno da deslegalização, pela qual o Poder
Legislativo permite que a Administração Pública crie normas de caráter eminentemente técnicas para
regulamentação de lei.

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(C) Viola o princípio da impessoalidade a determinação de construção de rodovia em frente a terrenos
do prefeito municipal com a finalidade de obter valorização daqueles imóveis.
(D) Não viola o princípio da publicidade a restrição de acesso a dados que sejam imprescindíveis à
segurança da sociedade e do Estado.
(E) O princípio da eficiência tem duas acepções: por um lado ele e refere à atuação do agente público,
que deve atuar com presteza e ter rendimento funcional; por outro lado, ele se refere ao modo de
organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, também visando melhorar o desempenho e os
resultados na prestação de serviço público.

03. (TRT 3ª Região - Técnico Judiciário - FCC) A Administração pública deve nortear sua conduta
baseada em certos princípios. Assim, entre os princípios expressamente informados na Constituição
Federal, NÃO se incluem os princípios da
(A) moralidade e eficiência.
(B) legalidade e publicidade.
(C) entidade e indisponibilidade.
(D) impessoalidade e publicidade.
(E) legalidade e moralidade.

04. (DPE/MT - Assistente Administrativo - FGV) A respeito dos princípios da Administração Pública,
assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
( ) O princípio da continuidade estabelece que os serviços públicos não podem ser paralisados, pois
as necessidades da população são incessantes.
( ) O princípio da impessoalidade significa que qualquer atividade da gestão pública deve ser dirigida
a todos os cidadãos.
( ) O princípio da moralidade determina que os atos da gestão pública são condicionados por princípios
éticos.

As afirmativas são, respectivamente,


(A) V, V e V.
(B) V, V e F.
(C) V, F e V.
(D) F, V e V.
(E) F, F e V.

05. (TJ/SC - Analista Administrativo - FGV) A Administração Pública brasileira é regida por princípios
definidos na Constituição de 1988. Estes determinam condições para o bom funcionamento do aparelho
do Estado e órgãos públicos, orientando principalmente a ação dos servidores públicos no exercício de
suas funções. O servidor que, no exercício de sua função, realiza ações legais de forma oculta ou interfere
na fiscalização de qualquer tipo de atividade contraria o princípio da:

(A) legalidade;
(B) impessoalidade;
(C) moralidade;
(D) publicidade;
(E) eficiência.

06. (TRT/GO 38ª Região - Analista Judiciário da Área Administrativa - FCC) A Administração
pública tem como finalidade

(A) a prestação de serviços aos cidadãos.


(B) a conservação e aprimoramento de bens públicos.
(C) a limitação dos princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas.
(D) a ampliação da estrutura constitucional do Estado.
(E) o estabelecimento de alicerces da formalidade e da materialidade.

07. (FUB - Auxiliar em Administração - CESPE) Com relação à administração pública, julgue o item
que se segue.

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Como um dos princípios da administração pública brasileira, a publicidade destina-se a garantir a
transparência dos atos dos agentes públicos

( ) Certo ( ) Errado

08. (SEGEP/MA - Técnico Tecnologia da Informação - FCC) São princípios da Administração pública
expressos na Constituição brasileira:

(A) moralidade e eficiência.


(B) legalidade e proporcionalidade.
(C) eficiência e razoabilidade.
(D) motivação e publicidade.
(E) moralidade e proporcionalidade.

Gabarito

01.E / 02.B / 03.C / 04.A / 05.D / 06.A / 07.Certo / 08.A

Comentários
01. Resposta: E
Uma dica para o candidato se lembrar dos princípios fundamentais é a palavra LIMPE (que remete a
limpeza):
- Legalidade
- Impessoalidade
- Moralidade
- Publicidade
- Eficiência

02. Resposta: B
O princípio da legalidade em direito administrativo, traz em seu bojo que o administrador pode fazer
tudo aquilo que a lei permite, isso significa que o administrador público está, em toda a sua atividade
funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar
ou desviar.
Ao passo que o fenômeno da deslegalização, também chamada de delegificação, significa a retirada,
pelo próprio legislador, de certas matérias do domínio da lei, passando-as para o domínio de
regulamentos de hierarquia inferior.
Dessa forma, quando uma lei, sem entrar na regulamentação da matéria, rebaixa formalmente o seu
grau normativo, permitindo que essa matéria possa vir a ser modificada por regulamento. Portanto não
há incompatibilidade entre os respectivos institutos.

03. Resposta C.
Idem ao comentário da questão 01.

04. Resposta: A.
Princípio da continuidade: via de regra, os serviços públicos não podem ser interrompidos, não
podem ser paralisados. Exemplo da exceção é a INADIMPLÊNCIA.
Princípio da impessoalidade: abrange os princípios da finalidade (a administração pública deve
buscar a satisfação do interesse público) e isonomia (tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de
forma desigual).
Princípio da moralidade: O administrador deve respeitar aos princípios éticos. Sendo assim, deve
cumprir seu dever funcional de acordo como manda a lei, respeitando a moralidade administrativa.

05. Resposta: D.
O princípio da publicidade significa que a administração tem o dever de manter plena transparência de
todos os atos que praticar e de todos os seus comportamentos, inclusive de oferecer informações que
estejam armazenadas em seus bancos de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interesses que
ela representa quando atua.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
06. Resposta A.
A Administração Pública tem como fim a realização do bem comum, atendendo ao interesse da
coletividade, desde a proteção das fronteiras, segurança da paz, até as mínimas necessidades comuns
das pessoas.

07. Resposta: Certo.


O Princípio da PUBLICIDADE apresenta uma dupla acepção em face do sistema decorrente da CF/88,
a saber:
a) exigência de publicação oficial, como requisito de eficácia, dos atos administrativos que devam
produzir efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o patrimônio público;
b) exigência de transparência da atuação administrativa.

08. Resposta: A.
CF/88 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência

Descentralização e desconcentração. Administração Direta e Indireta;

A Organização Administrativa é a parte do Direito Administrativo que estuda os órgãos e pessoas


jurídicas que a compõem, além da estrutura interna da Administração Pública.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. 200/67 que “dispõe sobre a organização
da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Para que as suas competências constitucionais sejam cumpridas, a Administração utiliza-se de duas
formas distintas: a descentralização e a desconcentração.
A análise desses dois institutos é basilar para considerar a organização interna da Administração
Pública.
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram satisfazer
as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc. Em outras palavras,
administração pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços públicos,
sendo dividida em administração direta e indireta.

Administração Pública Direta

A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públicos vinculados diretamente ao chefe da


esfera governamental que a integram. Não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e
autonomia administrativa e cujas despesas são realizadas diretamente por meio do orçamento da referida
esfera.
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos executados pelas pessoas políticas via de
um conjunto de órgãos que estão integrados na sua estrutura.
Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem a entidade pública por eles responsáveis.
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como característica inerente da
Administração Pública Direta, não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direitos e
assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios).
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou seja, não pode ingressar como autor ou
réu em relação processual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda que
pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá
propor a demanda em face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa política dotada
de personalidade jurídica para estar no outro polo da lide.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Administração Pública Indireta

São integrantes da Administração indireta as fundações, as autarquias, as empresas públicas e as


sociedades de economia mista.
Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de
atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e eficiência da prestação do
serviço público. Têm característica de autônoma na parte administrativa e financeiramente.
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção em duas situações
previstas na CF/88, no seu art. 173:
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse coletivo;
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando explora atividade econômica. Quando
estiver atuando na atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade com os
particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.

Dica de Estudo: FASE


Fazem parte da Administração Pública Indireta:
F - FUNDAÇÕES PÚBLICAS
A - AUTARQUIAS
S - SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
E - EMPRESA PÚBLICA

Questões

01. (CREF - 20ª Região/SE - Assistente Administrativo - Quadrix/2019) No que diz respeito à
redação oficial de documentos oficiais e às noções de administração pública, julgue o item a seguir.
A administração pública indireta é composta pelas autarquias, pelas fundações públicas, pelas
empresas públicas, pelas sociedades de economia mista e pelos serviços sociais.
( ) Certo ( ) Errado

02. (SEPLAG/SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional - IBADE/2018) Fazem parte da


Administração Pública Direta:
(A) fundações públicas.
(B) órgãos públicos.
(C) sociedades de economia mista.
(D) empresas públicas.
(E) autarquias.

03. (UNICAMP - Profissional para Assuntos Administrativos - VUNESP/2019) Assinale a


alternativa correta.
(A) As sociedades de economia mista possuem personalidade jurídica de direito público e integram a
administração pública direta.
(B) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública direta e indireta.
(C) As fundações não possuem personalidade jurídica e integram a administração pública direta.
(D) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e privado e integram
exclusivamente a administração pública direta.
(E) As autarquias possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração pública
indireta.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
04. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I - CESPE). No que
se refere à administração pública direta e indireta, assinale a opção correta.
(A) As pessoas administrativas que formam a administração pública indireta são aquelas dotadas de
personalidade jurídica de direito público (como as autarquias e as fundações públicas).
(B) Na esfera municipal, a administração direta é formada pelos órgãos que compõem a prefeitura e a
câmara municipal, além das fundações e das empresas públicas de âmbito local.
(C) A administração indireta compreende as pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
administração direta, desempenham atividades administrativas de forma descentralizada.
(D) Tanto a administração direta quanto a indireta são compostas por órgãos e por pessoas jurídicas
administrativas, com a diferença de que todas as que integram a administração indireta estão submetidas
a regime de direito privado.
(E) O aspecto mais relevante que caracteriza a administração indireta é o fato de ela ser, ao mesmo
tempo, titular e executora de serviço público.

05. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP). Quanto à Administração Pública Indireta, assinale a
alternativa correta.
(A) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista e fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
(B) A criação de subsidiárias pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como
sua participação em empresas privadas, depende de autorização legislativa, exceto se já houver previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei
criadora é a própria medida autorizadora.
(C) A fundação pública não pode ser extinta por ato do Poder Público.
(D) O chefe do Poder Executivo poderá, por decreto, extinguir empresa pública ou sociedade de
economia mista.
(E) A sociedade de economia mista poderá ser estruturada sob qualquer das formas admitidas em
direito.

06. (TJ/RS - Contador - FAURGS). A Administração Direta compreende


(A) as autarquias.
(B) as empresas públicas.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as fundações públicas.
(E) a presidência da república e os ministérios.

07. (Prefeitura de Cláudio/MG - Guarda Municipal - FUNDEP). Assinale a alternativa em que,


segundo o direito positivo brasileiro, todas as pessoas indicadas são componentes da Administração
Pública Indireta.
(A) Autarquia, fundação e organização social.
(B) Fundação, agência executiva e sociedade de propósitos específicos.
(C) Organização da sociedade civil de interesse público, conselho popular e consórcio público.
(D) Autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública.

Gabarito

01.Errado / 02.B / 03.E / 04. C/ 05.B/ 06.E/ 07.D

Comentários

01. Resposta: Errado


Serviços sociais não integram a Administração Pública Indireta, logo, a assertiva está errada.

02. Resposta: B
Integra, a Administração Pública indireta as fundações públicas, as sociedades de economia mista, as
empresas públicas e as autarquias.

03. Resposta: E
(A) As sociedades de economia mista possuem personalidade jurídica de direito público e integram a
administração pública direta. Indireta.

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(B) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública direta e indireta. (apenas indireta)
(C) As fundações não possuem personalidade jurídica e integram a administração pública direta.
(indireta)
(D) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e privado e integram
exclusivamente a administração pública direta. (indireta)
(E) As autarquias possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública indireta.

04. Resposta: C
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, a Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas
administrativas que, vinculadas à respectiva Administração direta, têm o objetivo de desempenhar as
atividades administrativas de forma descentralizada. (José dos Santos Carvalho Filho).

05. Resposta: B
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
Na ADIN 1.649-1 o STF firmou o seguinte entendimento: "é dispensável a autorização legislativa para
a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a
empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora".

06. Resposta: E
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.

07. Resposta: D
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

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Centralização e Descentralização

A execução do serviço público poderá ser por:


Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo feita pela Administração direta do Estado
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.). Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como
o prestador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a atividade.
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que não se confundem com a
Administração direta do Estado. Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública
(são sujeitos de direito distinto e autônomo). Se estiverem dentro da Administração Pública, poderão ser
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista (Administração indireta do
Estado). Se estiverem fora da Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução e a titularidade, ou só a execução de uma pessoa para
outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a titularidade dos serviços
relativos à seguridade social à autarquia INSS.
Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada é composta por órgãos subordinados à
Presidência da República e aos Ministérios, como o Departamento da Polícia Federal, Secretaria do
Tesouro Nacional ou a Corregedoria-Geral da União.

Dica de DescEntralização: Distribuição Externa


Cria ENtidades

Concentração e Desconcentração

Desconcentração (cria órgãos): consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em


âmbito interno a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro
de uma mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura. A desconcentração não cria nova
entidade, apenas órgãos, repartindo funções entre eles, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação
dos serviços. Existe relação de hierarquia entre os órgãos.
Concentração (extingue órgãos): ao contrário da desconcentração, a concentração consiste em
técnica administrativa que promove a extinção de órgãos. Ou seja, ocorre quando a pessoa jurídica
integrante da Administração Pública extingue determinados órgãos de sua estrutura e os reúne em um
órgão central. As competências administrativas são realizadas pelo órgão central, sem distribuição interna
entre vários órgãos. Ex.: Secretaria de um Município que tinha em sua estrutura superintendências,
delegacias, agências ou postos de atendimento e os extingue por restrições orçamentárias, reunindo as
competências desempenhadas por cada um dentro da própria Secretaria, sem divisões internas.

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Diferença entre Descentralização e Desconcentração

As duas figuras dizem respeito à forma de prestação do serviço público. Descentralização, entretanto,
significa transferir a execução de um serviço público para terceiros que não se confundem com a
Administração Direta e, cria-se NOVAS ENTIDADES. Já a desconcentração significa transferir a
execução de um serviço público de um órgão para o outro dentro da Administração Direta, permanecendo
está no centro.

Questões

01. (CORE/PE - Auxiliar Administrativo - INAZ do Pará/2019) O fenômeno jurídico que dá origem
aos órgãos administrativos é denominado desconcentração administrativa. Quanto a desconcentração
que pode ocorrer na Administração Direta do distrito federal, que nome deve ser dado ao órgão?
(A) Ministério.
(B) Autarquia.
(C) Empresa Mista.
(D) Fundação.
(E) Secretaria.

02. (Prefeitura de Londrina/PR - Procurador do Município - COPS-UEL/2019) Assinale a alternativa


que apresenta, corretamente, as principais distinções entre descentralização e desconcentração na
administração pública.
(A) Em caso da ocorrência da descentralização ou da desconcentração, as entidades ou os agentes
não estarão sujeitos ao controle da administração pública.
(B) A desconcentração exige a instituição de uma nova entidade autônoma, enquanto a
descentralização está relacionada à delegação de poderes através de lei da entidade descentralizadora.
(C) A entidade descentralizadora poderá instituir uma entidade autônoma para o exercício de funções
públicas relevantes, sem a necessidade de lei, enquanto a desconcentração exigirá a edição de lei
expressa a respeito.
(D) A descentralização somente poderá recair sobre entidades públicas, enquanto a desconcentração
poderá recair sobre as particulares.
(E) A descentralização impõe a exigência de lei da entidade descentralizadora criando entidade
autônoma, enquanto a desconcentração está relacionada à distribuição de competência no âmbito da
mesma entidade.

03. (Câmara de Serrana/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2019) A respeito da desconcentração,


é correto afirmar que
(A) é sinônimo de descentralização, porém ocorre na Administração Indireta.
(B) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para a
Administração Indireta.
(C) foi vedada em recente decisão do Supremo Tribunal Federal com repercussão geral.
(D) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para o
particular.
(E) se trata de forma de repartição interna da competência atribuída à entidade estatal e dela decorre
a criação de órgãos públicos.

04. (PC/ES - Perito Oficial Criminal - INSTITUTO AOCP/2019) Dentro da organização da


Administração Pública, pode-se conceituar o processo de desconcentração como
(A) a distribuição de competências entre órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o
mais adequado e racional desempenho das atividades estatais.
(B) o fenômeno inerente à Administração Indireta, que consiste na criação de entidades para atividades
de fiscalização e regulação de um determinado setor.
(C) a prestação de serviço ao Poder Público, por meio de contrato de gestão ou termo de parceria com
empresas do setor privado.
(D) a transferência de poderes e atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo
criador.
(E) o ato de criação de pessoas jurídicas meramente administrativas, sem a característica de ente
político.

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Gabarito

01.E / 02.E / 03.E / 04.A

Comentários

01. Resposta: E
A alternativa correta é a letra “E” (Secretaria). Vale lembrar que os Ministérios são órgãos federais, da
União, no entanto, a questão pediu “órgãos do DF”. Os Estados, Municípios e o Distrito Federal têm
Secretarias. Já as Autarquias, Empresas Mistas e as Fundações, integram a Administração Indireta ou
descentralizada do Estado.

02. Resposta: E
A descentralização cria-se uma NOVA entidade. A desconcentração é uma distribuição interna, no
âmbito da mesma entidade (não cria nova entidade, pode criar órgãos).
DescOncentracao - ÓRGAO
DescENtralizacao - ENTIDADE

03. Resposta: E
A desconcentração consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em âmbito interno
a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro de uma
mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura.

04. Resposta: A
A desconcentração consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em âmbito interno
a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro de uma
mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura.

Feitas essas considerações iniciais, passamos à análise das pessoas jurídicas que compõem a
Administração Pública Indireta:

Autarquias

As autarquias são para executar as atividades típicas da Administração Pública. São pessoas jurídicas
de direito público criadas por lei para a prestação de serviços públicos, contando com capital
exclusivamente público. As autarquias são regidas integralmente por regras de direito público, podendo,
tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com capital oriundo da Administração Direta
(ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).

Características: Temos como principais características das autarquias:


- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº
200/67 e no artigo 37, XIX, da Constituição;
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles
pertencentes ao ente que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito público,
quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, sujeições;
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o próprio direito, mas apenas a
capacidade de se auto administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a
capacidade de autoadministração não existiria.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio próprios.
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre as formas de descentralização
administrativa por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a autarquia não se desvie de seus fins
institucionais.
- Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias (surgem como resultado dos serviços
que presta) e verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade para
manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.

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- Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para desenvolver os seus serviços como
acharem mais conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei que as
criou.

Classificação: há entendimentos doutrinários que apontam três fatores que de fato demarcam
diferenças entre as autarquias. São eles:
- O nível federativo: as autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, conforme
instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios;
- Quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do Estado, as que estão pré-ordenadas; e
- As autarquias podem ter diferentes objetivos: as autarquias assistenciais são aquelas que visam
a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais específicas, para o fim de
minorar as desigualdades regionais e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.:
SUDENE).

Porém, há também os que classificam de acordo com os critérios abaixo:


- Tipo de atividade: econômicas, de crédito e industriais, de previdência e assistência, profissionais
ou corporativas;
- Capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a de serviço ou institucional;
- Estrutura: fundações e corporativas; e
- Âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais.
Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser distribuídas em 5 grupos de classificação:
- Econômicas: são destinadas para incentivar a produção e controle de produtos. Como é o exemplo
do Instituto do Açúcar e do Álcool;
- De crédito e industriais: para gestão de recursos financeiros, bem como sua distribuição mediante
empréstimo. Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é o caso da Caixa Econômica
Federal;
- De previdência e assistência: para atividades de seguridade social. Como é o caso do INSS e o
IPESP;
- As profissionais ou corporativas: para fiscalizar as profissões;
- As culturais ou de ensino: universidades federais.

Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, conforme dispõe o artigo 98, CC. Têm
as seguintes características:
a) São inalienáveis
b) impenhoráveis;
c) imprescritíveis
d) não oneráveis.

Pessoal: com o artigo 39 da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas (União,
Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime
jurídico único para todos os servidores da administração direta, das autarquias e das fundações públicas.

Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público,
podem praticar atos administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre com os
atos jurídicos normais praticados por particulares. Já os atos administrativos, possuem algumas
características especiais, pois eles são controlados pelo judiciário tanto por vias comuns, quanto pelas
especiais, como é o caso do mandado e da ação popular.
Necessário se faz destacar que os elementos do ato autárquico que resultam de valoração sobre a
conveniência e oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial, assim como os atos
administrativos em geral que trazem o regular exercício da função administrativa e são privativos dos
seus agentes administrativos.

Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de acordo com o nível federativo da
autarquia, por exemplo, os litígios comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés,
assistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Justiça Federal, o mesmo foro
apropriado para processar e julgar mandados de segurança contra agentes autárquicos.

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Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em que encontramos como partes ou
intervenientes terão seu curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da
lei estadual de divisão e organização judiciárias.
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo
estatutário, o litígio será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processadas e julgadas
nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o
servidor, a natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça do
Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal.

Responsabilidade civil: prevê a Constituição que as pessoas jurídicas de direito público respondem
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
aquela que independe da investigação sobre a culpa na conduta do agente.

Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas prerrogativas de direito público, sendo


elas:
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda a instituição de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza
condicionada.
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode ser usado o instrumento coercitivo
da penhora como garantia do credor.
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como bens públicos, não podem ser eles
adquiridos por terceiros através de usucapião.
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5
anos.
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos como dívida ativa e
podem ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais.
- Presunção de legitimidade de seus atos administrativos.
- Principais situações processuais específicas

As autarquias são consideradas como fazenda pública, razão pela qual, nos processos em que é parte,
tem prazo em dobro para recorrer (art. 183 do NCPC). Elas estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição. A
defesa de autarquia em execução por quantia certa, fundada em título judicial, se formaliza em outros
apensos ao processo principal e por meio de embargos do devedor.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Chamamos a atenção com relação aos prazos:


A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa prazo em dobro para a Fazenda Pública e
o Ministério Público se manifestarem e prazo em quádruplo para recorrer.
Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo sofreu modificações, de forma que o Ministério
Público, à Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em dobro para manifestação nos
autos, exceto nos casos em que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo específico para
esses entes.
Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em dobro, não se aplica ao ente público, Ministério
Público ou Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
público. (art. 183, §2º, NCPC)

Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de caráter administrativo e possuem as


cláusulas exorbitantes, que garantem à administração prerrogativas que o contratado comum não tem,
assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de dispensa ou inexigibilidade e precisam
respeitar os trâmites da lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade licitatória do
pregão para os entes públicos.

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Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas jurídicas de direito público, as entidades
autárquicas relacionam-se com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
prerrogativas estatais.

Autarquia de regime especial: é toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios específicos
e aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os preceitos
constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública. O que posiciona a autarquia de
regime especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas
finalidades específicas. 19
Assim, são consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil, as entidades
encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de profissões. Com a política governamental de
transferir para o setor privado a execução de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação,
o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade de criar na administração agências
especiais destinadas a esse fim.
OBS: havia discussão no mundo jurídico acerca do regime jurídico da OAB, se seria autarquia de
regime especial ou não. No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não é uma entidade
da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”.

Agências executivas: trata-se de uma entidade já preexistente (autarquia ou fundação) que quando
cumprido os requisitos legais, recebe a qualificação de agência executiva. Estes requisitos estão previstos
na Lei 9.649/1998, conforme artigos 51 e 52, vejamos:
a) possuir um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;
b) tiver celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor.
Podemos mencionar também duas características importantes tiradas dos artigos 51 e 52 da lei acima
mencionada, vejamos:
a) a formalização da qualificação da autarquia ou da fundação como agência executiva será feita por
decreto do Presidente da República; e
b) a entidade, qualificada como agência executiva, deverá implementar as metas definidas no contrato
de gestão, de acordo com os prazos e critérios de desempenho definidos no ajuste, e, em contrapartida,
receberá maior autonomia de gestão gerencial, orçamentária e financeira.
As agências executivas foram criadas por meio dos Decretos 2.487/98 e 2.488/98. Em síntese, prevê
que a qualificação de autarquia ou fundação como agência executiva poderá ser conferida mediante
iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado, que verificará o cumprimento, pela entidade candidata à qualificação, dos requisitos “a” e “b”
supramencionados.
Por visar a melhor eficiência das entidades autárquicas e fundacionais, as agencias executivas devem
passar por uma avaliação com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional de Qualidade, de
forma a terem a terem subsídios para elaborar um plano de reestruturação e de desenvolvimento
institucional.
Se for aprovado esse plano, a entidade celebrará um contrato de gestão com o Ministério encarregado
de exercer o controle administrativo sobre ela: nesse contrato, são definidas, entre outras coisas, as metas
a serem atingidas, a compatibilidade dos planos anuais com o orçamento da entidade, os meios
necessários à consecução, as medidas legais e administrativas a serem adotadas para assegurar maior
autonomia de gestão orçamentária, financeira e administrativa, as penalidades aplicáveis em caso de
descumprimento das metas, as condições para revisão, renovação e rescisão, a vigência 20.
Com o contrato firmado, será qualificada por decreto a agência executiva. Importante esclarecer que,
caso haja descumprimento do plano estratégico, a entidade perderá a qualificação de agência executiva.
Acrescenta-se que, os dois decretos que se referem a agências executivas somente se aplicam à
esfera federal. Se Estados e Municípios quiserem adotar medida semelhante, deverão baixar as suas
próprias normas, observando o disposto no artigo 37, § 8o, da Constituição 21.

Agências Reguladoras: as agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a finalidade de tentar
fiscalizar as atividades das iniciativas privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias, possuem
as mesmas características, exceto pelo fato de se submeterem a um regime especial. Seu escopo

19 http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-de-regime-especial
20 Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª Edição, 2018
21
Idem

18
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
principal é a regulamentação, controle e fiscalização da execução dos serviços públicos transferidos ao
setor privado.
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia com regime jurídico especial, ou seja, é
aquela que a lei instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia em comparação com
autarquias comuns, sem de forma alguma infringir preceitos constitucionais.
Algumas características que se destacam das Agências Reguladoras são:
- a sua relativa autonomia e independência;
* a investidura especial de seus dirigentes (“caput” do artigo 5° da Lei 9.986/2000)
* o mandato por prazo determinado; (parágrafo único do Artigo 5° da Lei 9.986/2000)
* e o período de quarentena após o término do mandato diretivo. (“caput do artigo 8° da Lei 9.986/2000)
As agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei 9.784/99, na esfera federal, além dos próprios
dispositivos das leis especificas).
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa concessionária poderá ir ao Judiciário.
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem
prestados por concessionárias ou permissionárias.
Exemplos de Agências Reguladoras:
ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações);
ANP (Agência Nacional de Petróleo);
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica);
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil);
ANTT (Agência Nacional de Transportes terrestres);
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
ANA (Agência Nacional de Águas);
ANCINE (Agência Nacional de Cinema);
Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários);
ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Agências executivas Agências reguladoras


Denominação atribuída por decreto a Denominação atribuída por lei a uma
autarquias ou fundações públicas no correr autarquia, quando da e criação desta última;
da existência delas;
Característica: contrato de gestão Característica: exercício do poder regulador
temporária com órgão da administração típico do Estado;
direta;
Pode haver desqualificação, a autarquia ou Não existe desqualificação;
fundação pública pode deixar de ser
agência executiva;
O contrato de gestão é opcional, serve
Contrato de gestão é obrigatório à
apenas se a agência reguladora desejar a
qualificação; qualificação de agência executiva, e não
influencia no exercício do poder regulador;
Qualquer autarquia (inclusive aquelas Uma agência reguladora é uma autarquia
classificadas como agência reguladora) ou assim instituída por lei - nenhuma autarquia
fundação de apoio pode optar por ser e muito menos fundação pública tem a opção
qualificada como agência executiva. de querer ser agência reguladora.

Questões

01. (TRT - 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) Na hipótese de a Administração pública


estadual pretender descentralizar serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa jurídica ainda
inexistente, sujeita a regime jurídico administrativo e com personalidade de direito público,
(A) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública indireta
estadual.
(B) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, que integrará a Administração pública direta.
(C) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira instituída por lei e a segunda pelo registro de
seus atos constitutivos, ambas integrantes da Administração pública indireta.
(D) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista, todas por
lei específica, a última por lei complementar e as três integrantes da Administração pública indireta.

19
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(E) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública direta
estadual juntamente com o ente instituidor.

02. (PGE/PE - Assistente de Procuradoria - CESPE/2019) A respeito da administração pública


brasileira, julgue o item a seguir.
Autarquia pode ser criada por ato administrativo originário de ministério.
( )Certo ( )Errado

03. (CRN - 3ª Região - Advogado - IADES/2019) Assente, na jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal (STF), os conselhos de fiscalização profissional, como o Conselho Regional de Nutrição, que têm
natureza jurídica de autarquias. A respeito da forma de criação e da capacidade legislativa para propor a
criação de autarquias, nos termos constitucionais, assinale a alternativa correta.
(A) Poderá ser criada autarquia somente por lei específica, de competência do chefe do Poder
Executivo.
(B) A autarquia é criada por meio de lei específica ou medida provisória de competência do chefe do
Poder Executivo.
(C) Poderá ser criada autarquia somente por decreto legislativo, sendo competente para tanto
quaisquer das casas do Poder Legislativo.
(D) A forma de criação de uma autarquia é livre, cabendo à lei de estruturação assim definir, havendo
competência concorrente para a proposição da lei.
(E) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia; a competência para a
referida lei é do Congresso Nacional.

04. (Prefeitura de Salvador/BA - Fiscal de Serviços Municipais - FGV/2019) Determinado município


baiano autoriza, por meio de lei, a instituição de uma autarquia com a finalidade de gerir o trânsito e os
estacionamentos públicos da região. Para preencher os cargos dessa autarquia, serão realizados
concursos públicos, e os empossados serão regidos pelo regime jurídico estatutário. Além disso, visando
a contenção de despesas, o Município irá convocar alguns empresários locais para participar do capital
da autarquia, deixando o Poder Público apenas com 51% do controle.
Em relação ao apresentado na situação, está de acordo com a legislação brasileira que dispõe sobre
as autarquias:
(A) A autorização da instituição da autarquia por lei, o uso do regime jurídico único estatutário para o
pessoal e a participação da iniciativa privada em seu capital.
(B) A autorização da instituição por lei da autarquia e a participação de empresários em seu capital.
(C) A autorização da instituição da autarquia por lei, o uso do regime jurídico estatutário para o pessoal.
(D) O uso do regime jurídico estatutário para o pessoal e a participação da iniciativa privada em seu
capital.
(E) O uso do regime jurídico estatutário para o pessoal.

Gabarito

01.A / 02.Errado / 03.A / 04.E

Comentários

01. Resposta: A
As autarquias fazem parte da administração pública indireta e, deve ser criadas por lei para a prestação
de serviços públicos.

02. Resposta: Errado


As autarquias são criadas apenas por lei, não é permitida a criação por meio de ato administrativo
originário de ministério.

03. Resposta: A
CF, art. 37, XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;

20
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
04. Resposta: E
O artigo 39, CF diz que as pessoas federativas (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a
obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos os servidores da
administração direta, das autarquias e das fundações públicas.
Não está correta a autorização em lei, a autarquia é CRIADA por meio de lei e não autorizada. Ainda,
o capital da autarquia deve ser de 100% pública, não podendo e no dividi-la com o setor privado.

Fundações Públicas

Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu
instituidor para atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto
de direito privado. São criadas por meio de por lei específica cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação.
As fundações que integram a Administração indireta, quando forem dotadas de personalidade de
direito público, serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas de
personalidade de direito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir
a finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico
Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FUNAI; Fundação Memorial da América Latina;
Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).

Características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa dizer que sobre ele recai normas jurídicas que
o tornam sujeito de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que seja atingido a finalidade
para qual foi criado.

Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é um
controle de legalidade, um controle finalístico.
As fundações governamentais, sejam de personalidade de direito público, sejam de direito privado,
integram a Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governamentais de
direito público. As fundações governamentais de direito privado são autorizadas por lei e sua
personalidade jurídica se inicia com o registro de seus estatutos.
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Administração direta, tanto na área tributária
(ex.: imunidade prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a terceiros. A responsabilidade da
Administração é de caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se extinta, o patrimônio vai para a
Administração indireta, submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As
particulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem à ação popular e mandado de
segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério Público.

Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas

Autarquia Fundação
Criação: ocorre por lei ordinária e Criação: ocorre por autorização legislativa e lei
específica complementar, o que permite definir a área de atuação.
Personificação: serviço público. Personificação: patrimônio.
Pessoa Jurídica: de direito público. Pessoa Jurídica: de direito público ou privado.
Funções: exerce função típica do Estado. Funções: exerce funções atípicas do Estado.
Natureza: administrativa Natureza: social

21
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Questões

01. (TJ/DFT - Titular de Serviços de Notas e de Registros – CESPE/2019) Na hipótese de um ente


federado pretender instituir uma fundação pública de direito público, a criação dessa entidade deverá ser
formalizada por meio de
(A) lei ordinária, cabendo a decreto regulamentar definir as áreas de sua atuação.
(B) lei complementar, cabendo a lei ordinária definir as áreas de sua atuação.
(C) autorização em lei ordinária específica, cabendo a decreto regulamentar definir as áreas de sua
atuação.
(D) autorização em lei ordinária específica, cabendo a lei complementar definir as áreas de sua
atuação.
(E) autorização em lei complementar específica, cabendo a lei ordinária definir as áreas de sua
atuação.

02. (IBGE - Analista Censitário - Gestão e Infraestrutura - INSTITUTO AOCP/2019) De modo geral,
podemos conceituar a Administração Indireta como o conjunto de pessoas jurídicas (desprovidas de
autonomia política) que, vinculadas à administração direta, têm competência para o exercício, de forma
descentralizada, de atividades administrativas. Em relação ao tema, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) é classificado como
(A) empresa pública.
(B) autarquia.
(C) fundação pública.
(D) sociedade de economia mista.
(E) entidade paraestatal.

03. (CRA/PR - Administrador I – Quadrix/2019) Quanto às noções básicas de administração pública,


julgue o item
Para que determinada fundação integre a Administração Pública, é indispensável que ela seja uma
pessoa jurídica de direito público.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.D / 02.C / 03.Errado

Comentários

01. Resposta: D
Art. 37, XIX, CF - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação

02. Resposta: C
O IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico) é uma Fundação Pública.

03. Resposta: Errado


As fundações públicas porem ser de direito público ou privado.

Empresas Públicas

Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e tem sua criação por meio de autorização
legal.

Atenção: são autorizadas por lei e não são criadas por lei.

As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital é integralmente detido pela União,
Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas

22
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da administração indireta de qualquer das três
esferas de governo, porém, a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados, Municípios
ou do Distrito Federal.

Foro Competente
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto a Justiça Estadual julga as empresas
públicas estaduais, distritais e municipais.

Objetivo
É a exploração de atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou preste
serviço público.

Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por consequência está submetida a regime
jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida a regime
jurídico igual ao da iniciativa privada.

Alguns exemplos de empresas públicas:


- BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): Embora receba o nome de banco,
não trabalha como tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É uma empresa
pública prestadora de serviços públicos.
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É prestadora de serviço público (art. 21, X, da
CF/88).
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das empresas privadas, concorrendo com os
outros bancos. É empresa pública exploradora de atividade econômica.
- RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do Brasil”. É prestadora de serviço público.
As empresas públicas, independentemente da personalidade jurídica, têm as seguintes características:
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são contempladas com verbas
orçamentárias;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e demitir pessoas, devendo seguir as regras
da CF/88. Para contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver motivação.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas públicas e a Administração Direta,


independentemente de sua função. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão vinculadas àquela. Só é possível,
portanto, controle de legalidade finalístico.
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A
CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de atividade econômica em duas situações
(art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: A empresa pública deve obedecer aos
princípios da ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o Estado explora,
portanto, atividade econômica por intermédio de uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela
vantagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre concorrência).
Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo Ministério Público, a fim de saber se
está sendo cumprido o acordado.

Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:

Empresas públicas exploradoras de atividade Empresas públicas prestadoras de serviço


econômica público
A responsabilidade do Estado não existe, pois, se
essas empresas públicas contassem com alguém Como o regime não é o da livre concorrência,
que respondesse por suas obrigações, elas elas respondem pelas suas obrigações e a
estariam em vantagem sobre as empresas Administração Direta responde de forma
privadas. Só respondem na forma do § 6.º do art. subsidiária. A responsabilidade será objetiva, nos
37 da CF/88 as empresas privadas prestadoras termos do art. 37, § 6.º, da CF/88.
de serviço público, logo, se a empresa pública

23
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
exerce atividade econômica, será ela a
responsável pelos prejuízos causados a terceiros
(art. 15 do CC);
Submetem-se a regime falimentar,
Não se submetem a regime falimentar, visto não
fundamentando-se no princípio da livre
estão em regime de concorrência.
concorrência.

Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas prestadoras de serviço público, muitos
doutrinadores divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os entendimentos apontados por alguns
doutrinadores no sentido que essas empresas não se submetem ao regime falimentar. Vejamos:

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro22, “As empresas públicas e sociedades de economia mista não
estão sujeitas à falência, conforme está expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101 de 9-2- 2005 (Lei de
Falências). Essa lei deu tratamento diferente às empresas concessionárias e às empresas estatais
(sociedades de economia mista e empresas públicas). Estas últimas foram excluídas da abrangência da
lei (art. 2º, I). A diferença de tratamento tem sua razão de ser: é que as empresas estatais fazem parte
da Administração Pública indireta, administram patrimônio público, total ou parcialmente, dependem de
receitas orçamentárias ou têm receita própria, conforme definido em lei, e correspondem a forma diversa
de descentralização: enquanto as concessionárias exercem serviço público delegado por meio de
contrato, as empresas estatais são criadas por lei e só podem ser extintas também por lei. Sendo criadas
por lei, o Estado provê os recursos orçamentários necessários à execução de suas atividades, além de
responder subsidiariamente por suas obrigações.
Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar tratamento igual a todas as empresas estatais, sem
distinguir as que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da Constituição) e as que
exercem Administração Indireta atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo 1 73 da
Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento privilegiado em relação às empresas do setor
privado, porque o referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que elas se sujeitem ao mesmo
regime das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações.”
Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, então, a falência terá curso absolutamente
normal, como se de outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a Constituição, no art. 173, §1º,
II, atribui-lhes sujeição "ao regime jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais (...).”

Para Jose dos Santos Carvalho Filho


“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece mesmo consentâneo com a ratio inspiradora
do art. 173, § 1º, da Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento equiparou sociedades de
economia mista e empresas públicas de natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo
expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa obviamente a nova Lei de Falências, parece
incongruente admitir a falência para estas últimas e não admitir para aquelas. Seria uma discriminação
não autorizada pelo dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades paraestatais com
evidente vantagem em relação às demais sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de
sua atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade para atuar no campo econômico, não
deveria ser merecedor da benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas do processo
falimentar.”

Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo:


“A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula a recuperação judicial, extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I, que ela não se
aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista. Não obstante, a situação continuará a
mesma. Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais que prestem serviço público; as
que exploram atividade econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos termos do art.
173, §1º, II, da CF [...].”

22 DIREITO ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora ATLAS, 2014.

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Questões

01. (PC/ES - Perito Oficial Criminal - INSTITUTO AOCP/2019) A seguinte definição: “Pessoa jurídica
de direito privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere
(A) a entes do sistema “S”.
(B) à Fundação Pública.
(C) à Sociedade de Economia Mista.
(D) à Empresa Pública.
(E) à Agência Reguladora.

02. (MPC/PA - Assistente Ministerial de Controle Externo – CESPE/2019) Determinado governador


pretende que sejam criadas uma nova autarquia e uma nova empresa pública em seu estado.
Nessa situação, serão necessárias
(A) duas leis específicas: uma para a criação da autarquia e outra para a criação da empresa pública.
(B) uma lei específica para a criação da autarquia e outra para a autorização da instituição da empresa
pública.
(C) uma lei específica para a criação da empresa pública e outra para a autorização da instituição da
autarquia.
(D) autorizações legais na norma geral acerca da nova organização da administração pública estadual,
não havendo necessidade de a criação de nenhuma das entidades ser feita por lei.
(E) duas leis específicas: uma para a autorização da criação da empresa pública e outra para a
autorização da criação da autarquia.

03. (Prefeitura de Boa Vista/RR - Procurador Municipal – CESPE/2019) A respeito de improbidade


administrativa, processo administrativo e organização administrativa, julgue o item seguinte.
A criação de empresa pública é um exemplo de descentralização de poder realizado por meio de atos
de direito privado, ainda que a instituição da empresa pública dependa de autorização legislativa.
( ) Certo ( ) Errado

04. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional de Nível Universitário Jr - NC-UFPR/2019) Com relação à


organização da Administração Pública brasileira, assinale a alternativa correta.
(A) A sociedade de economia mista será criada por lei específica e será constituída como sociedade
limitada ou como sociedade anônima.
(B) A autarquia poderá ser criada com personalidade jurídica de direito público ou com personalidade
jurídica de direito privado, no interesse da Administração.
(C) Toda empresa pública estará sujeita a supervisão ministerial.
(D) A sociedade de economia mista poderá ser criada com personalidade jurídica de direito público.
(E) A empresa pública será criada por lei específica e será constituída, obrigatoriamente, como
sociedade anônima.

Gabarito

01.D. / 02.B / 03.Certo / 04.C

Comentários

01. Resposta: C
Lei nº 13.303/2016. - Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

02. Resposta: B
As autarquias são CRIADAS por lei específica. Já as Empresas Públicas não são criadas por lei, elas
são AUTORIZADAS POR LEI específica.

25
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03. Resposta: Certo
As empresas públicas são um exemplo de descentralização do poder; podem ser realizadas por meio
de atos de direito privado, sendo que, em regra, as empresas públicas são de direito privado; e, por fim,
são autorizadas por lei.

04. Resposta: C
Diz respeito ao Controle Finalístico ou Supervisão Ministerial. É o controle que a Administração Direta
faz sobre a indireta, na finalidade de verificar se está sendo cumprido o que foi proposto.

Sociedade de Economia Mista

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, integrante da


Administração Pública Indireta, sua criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços
públicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente
sob a forma empresarial de S/A (Sociedade Anônima).

As sociedades de economia mista são:


- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos.
- Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
Veja alguns exemplos de sociedade mista:
a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa responsável pelo
gerenciamento da execução de contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado de São
Paulo).

Características
As sociedades de economia mista têm as seguintes características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de economia mista e a Administração


Direta, independentemente da função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de legalidade.
Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à Administração Direta,
mas sim à lei que as autorizou.
As sociedades de economia mista integram a Administração Indireta e todas as pessoas que a
integram precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do registro
de seus estatutos.
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das sociedades de economia mista, ou seja,
independentemente das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das sociedades
de economia mista.
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade econômica, submete-se ao mesmo regime
jurídico das empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora atividade
econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público
não se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre concorrência.

Para maior complemento de seus estudos, trouxemos o que tem em comum e as diferenças
entre a empresa pública e a sociedade de economia mista

O que ambas te em comum:

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a) criação e extinção autorizadas por lei;
b) personalidade jurídica de direito privado;
c) sujeição ao controle estatal;
d) derrogação parcial do regime de direito privado por
normas de direito público;
e) vinculação aos fins definidos na lei instituidora;
f) desempenho de atividade de natureza econômica.

Diferenças:
Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
Forma Jurídica: As sociedades de
Forma jurídica: As empresas públicas podem
economia mista utilizam-se da forma de
revestir-se de qualquer das formas previstas em
Sociedade Anônima (S/A), sendo regidas,
direito (sociedades civis, sociedades comerciais,
basicamente, pela Lei das Sociedades por
Ltda, S/A, etc).
Ações (Lei n° 6.404/1976).
Composição do capital: o capital é composto por Composição do Capital: o capital é
integrantes da Administração Pública, portanto é composto por recursos públicos e privados,
integralmente público. Dessa forma, não se permite a sendo, portanto as ações divididas entre a
participação de recursos particulares na formação de entidade governamental e a iniciativa
capital das empresas públicas. privada.
Foro processual: Será competente para julgamento
das empresas públicas federais, quando estas se Foro processual: Será competentes para
encontrarem nas condições de autoras, rés, julgamento das sociedades de economia
assistentes ou opoentes, exceto as de falência, as de federal a Justiça Estadual, não usufrui de
acidente do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e privilégios da Justiça Federal.
à Justiça do Trabalho, à Justiça Federal.

Questões

01. (IF/AM - Assistente em Administração – IDECAN/2019) A organização administrativa da União


está cercada de entidades da chamada Administração Indireta, entre elas as empresas públicas e as
sociedades de economia mista. Nesse cenário, assinale a alternativa correta.
(A) Somente por lei complementar poderá ser criada uma empresa pública.
(B) As empresas públicas federais não podem ter participação em empresas privadas.
(C) As sociedades de economia mista devem oferecer um regime estatutário para os seus
empregados, que serão admitidos após regular concurso público de provas e títulos.
(D) A criação de subsidiária de sociedade de economia mista depende de autorização legislativa.
(E) Somente por lei complementar poderá ser criada uma sociedade de economia mista.

02. (CREF/11ª Região - Agente de Orientação e Fiscalização – Quadrix/2019) No que se refere à


administração indireta, julgue o item.
Sociedades de economia mista têm personalidade jurídica de direito privado e são criadas sob a forma
de sociedades anônimas, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União, aos
estados, ao Distrito Federal, aos municípios ou à entidade da administração indireta.
( ) Certo ( ) Errado

03. (Prefeitura de Boa Vista/RR - Procurador Municipal - CESPE/2019) Julgue o item a seguir,
acerca das disposições constitucionais a respeito de direito administrativo.
A investidura em empregos públicos em sociedades de economia mista depende de prévia aprovação
em concurso público, mas não se estende a esse tipo de emprego a proibição constitucional de
acumulação remunerada de funções e cargos públicos.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.D / 02.Certo / 03.Errado

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Comentários

01. Resposta: D
Vejamos o que traz o artigo 37, inciso, da Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

02. Resposta: Certo


Art. 4º da Lei 13.303/2016
“Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam
em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta”.

03. Resposta: Errado


Constituição Federal - Artigo 37, XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

ENTIDADES DE COOPERAÇÃO

Entidades Paraestatais e o Terceiro Setor

As Entidades Paraestatais possuem conceituação bastante confusa, os doutrinadores entram, em


diversas matérias, em contradição uns com os outros.
Celso Antônio Bandeira de Mello acredita que as sociedades de economia mista e as empresas
públicas não são paraestatais; sendo acompanhado por Marçal Justen Filho que acredita serem apenas
entidades paraestatais os serviços sociais autônomos.
Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes Meirelles defende que as empresas públicas e as
sociedades de economia mista são paraestatais, juntamente com os serviços sociais autônomos. Hely
Lopes Meirelles diz que as entidades paraestatais podem ser lucrativas por serem empresariais. Já Ana
Patrícia Aguiar, Celso Antônio Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho discordam dizendo que elas não
devem ser lucrativas.
As entidades paraestatais são fomentadas pelo Estado através de contrato social, quando são de
interesse coletivo. Não se submetem ao Estado porque são autônomas financeiramente e
administrativamente, porém, por terem relevância social e se tratar de capital público, integral ou misto,
sofrem fiscalização, para não fugirem dos seus fins.
Tem como objetivo a formação de instituições que contribuam com os interesses sociais através da
realização de atividades, obras ou serviços.
Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam de doutrinador para doutrinador. Hely
Lopes Meirelles acredita que elas se dividem em empresas públicas, sociedades de economia mista e os
serviços sociais autônomos, diferente de Celso Antônio Bandeira de Mello, pois esse diz que as pessoas
privadas exercem função típica (não exclusiva do Estado), como as de amparo aos hipossuficientes, de
assistência social, de formação profissional.
Para Marçal Justen Filho elas são sinônimos de serviço social autônomo, voltadas à satisfação de
necessidades coletivas e supra individuais, relacionadas com questões assistenciais e educacionais.
Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na categoria de entidades paraestatais, por serem
pessoas privadas que atuam em colaboração com o Estado, "desempenhando atividade não lucrativa e
às quais o Poder Público dispensa especial proteção", recebendo, para isso, dotação orçamentária por
parte do Estado.
As Entidades Paraestatais prescinde de licitação, esse é o entendimento atual do STF. Como se tratam
de entidades sem fins lucrativos, que recebem recursos da União, não são obrigadas a licitarem, de
acordo com a Lei 8.666/1993, por não serem integrantes da Administração Pública, mas sim do terceiro
setor.

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Essas entidades são muito parecidas com as organizações sociais e as OCISP (não precisam licitar),
esse é o entendimento do STF e TCU.
O fato de não precisarem licitarem não quer dizer que não serão fiscalizadas e responsabilizadas. A
fiscalização competirá ao TCU, respeitando os princípios da impessoalidade, moralidade e
economicidade. Contudo, não há impedimentos jurídicos para que o convênio ou contrato de repasse
observe a Lei 8.666/1993.
Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. Têm que ser contratados através de
concurso público de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão.
A administração varia segundo a modalidade, civil ou comercial, que a lei determinar. Seus dirigentes
são estabelecidos na forma da lei ou do estatuto. Podendo ser unipessoal ou colegiada. Eles estão
sujeitos a mandado de segurança e ação popular.

Terceiro Setor

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado,
responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas
questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o
terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como
objetivo gerar serviços de caráter público. Os principais personagens do terceiro setor são:
A) Fundações: São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades
beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo tempo
executam projetos próprios.
B) Entidades Beneficentes: São as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de
rua, drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o meio
ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissionalizam; doam sangue, merenda, livros, sopão; dão
suporte aos desamparados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a
violência; promovem os direitos humanos e a cidadania; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem
tudo.
C) Fundos Comunitários: As empresas doam para o Fundo Comunitário, sendo que os empresários
avaliam, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinheiro. Um dos poucos
fundos existente no Brasil, com resultados comprovados, é a FEAC, de Campinas.
D) Entidades Sem Fins Lucrativos: Infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são, na
realidade, lucrativas ou atendem aos interesses dos próprios usuários. Um clube esportivo, por exemplo,
é sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus respectivos sócios.
E) ONGs Organizações Não Governamentais: Nem toda entidade beneficente ajuda prestando
serviços a pessoas diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo pressão sobre
nossos deputados, está ajudando indiretamente todas as mulheres.

Serviços Sociais Autônomos

São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermédio de autorização legislativa. Tratam-se
de entes paraestatais de cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patrimônio
próprios.
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema “S”, cujo o qual resulta do fato destas
entidades ligarem-se à estrutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” – SERVIÇO.
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR e SEBRAE.
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algumas categorias sociais ou grupos
profissionais, sem fins lucrativos. São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por
contribuições parafiscais.
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes integrantes da Administração direta ou
indireta, porém trabalham ao lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as atividades e
serviços que lhes são repassados.

Organizações Sociais

Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualificação especial outorgada pelo governo
federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de vantagens

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peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem
como empréstimo temporário de servidores governamentais. 23
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto,
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, razão
pela qual é incorreto afirmar que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualificação constitui decisão discricionária, pois,
além da entidade preencher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositivo condiciona a
atribuição do título a “haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como
organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade
correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do
Estado”. Assim, as entidades que preencherem os requisitos legais possuem simples expectativa de
direito à obtenção da qualificação, nunca direito adquirido.
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permitindo outorgar a qualificação a uma
entidade e negar a outro que igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da isonomia,
devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei n. 9.637/98.
Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie de parceria entre a Administração e a
iniciativa privada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas por
entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasileiro está relacionado com um processo de
privatização lato sensu realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa privada.
O instrumento de formalização da parceria entre a Administração e a organização social é o contrato
de gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade supervisora da
área de atuação da entidade.
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e
da organização social, devendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
I – especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação das metas
a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e
produtividade;
II – a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qualquer
natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercício de
suas funções;
III – os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atuação da entidade devem definir
as demais cláusulas dos contratos de gestão de que sejam signatários.
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou entidade supervisora da área de
atuação correspondente à atividade fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término de
cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no contrato de gestão.
Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o Poder Executivo poderá proceder à
desqualificação da entidade como organização social, desde que precedida de processo administrativo
com garantia de contraditório e ampla defesa.
Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de
licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão. Excessivamente abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua constitucionalidade
questionada perante o Supremo Tribunal Federal na ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a
medida cautelar que suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a ser aplicável.

Entidades de Apoio

As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pessoas jurídicas de direito privado, criados
por servidores públicos para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, possuindo vínculo
jurídico com a Administração direta e indireta.
Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de limpeza, conservação, concursos
vestibulares, assistência técnica de equipamentos, administração em restaurantes e hospitais
universitários.

23 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. Ed. Saraiva. 2014.

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O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência na utilização desses entes. Através
delas, convênios são firmados com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
celebração de um contrato

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

OSCIP é um título fornecido pelo Ministério da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar o
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal,
estadual e municipal) e permite que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no
imposto de renda. OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido
pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aqueles
derivados de normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder
público os chamados termos de parceria, que são uma alternativa interessante aos convênios para ter
maior agilidade e razoabilidade em prestar contas.
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente é uma OSCIP, no sentido
representativo da sociedade, OSCIP é uma qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil.
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790, de 23 março de 1999. Esta lei traz a possibilidade das pessoas
jurídicas (grupos de pessoas ou profissionais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas,
pelo Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs e poderem
com ele relacionar-se por meio de parceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias
atendam os requisitos da lei.
Um grupo recebe a qualificação de OSCIP depois que o estatuto da instituição, que se pretende formar,
tenha sido analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário que o estatuto atenda
a certos pré-requisitos que estão descritos nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos:
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas
jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que
não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos
instituídos por esta Lei.

Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3 o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito
de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por
fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro
nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público as operações destinadas a microcrédito realizadas com instituições financeiras na forma
de recebimento de repasses, venda de operações realizadas ou atuação como mandatárias. (Incluído
pela Lei nº 13.999, de 2020)

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida
às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos
uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de
produção, comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de
interesse suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores
universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste
artigo.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se
mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de
recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a
outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

Art. 4o Atendido o disposto no art. 3 o, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos
cujas normas expressamente disponham sobre:
I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
economicidade e da eficiência;
II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de
forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no
respectivo processo decisório;
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre
os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo
pareceres para os organismos superiores da entidade;
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será
transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o
mesmo objeto social da extinta;
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o
respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que
perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei,
preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente
na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os
casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no
mínimo:
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de
Contabilidade;

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de
atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos
junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão;
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação
dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da
Constituição Federal.
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de conselho ou
diretoria de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que modernamente
se entende por ONG, especialmente porque são marcadas por uma extrema transparência administrativa.
Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional, não uma obrigação.
Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se relacionar com esse tipo de instituição,
porque divide com a sociedade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em parcerias. A
OSCIP é uma organização da sociedade civil que, em parceria com o poder público, utilizará também
recursos públicos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo administrativo e de prestação
de contas.

Associações Públicas

Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por meio da celebração de um consórcio
público com entidades federativas.
Quando as entidades federativas fazem um consórcio público, elas terão a faculdade de decidir se
essa nova pessoa criada será de direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito público,
caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito privado, não se tem um nome específico.
A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades de interesse comum entre as entidades
federativas, estabelecendo uma meta a ser atingida.
Faz parte da administração indireta de todas as entidades federativas consorciadas.

Conselhos Profissionais

Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscalização de algumas profissões


regulamentadas. Eis que tem-se uma grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, o controle e fiscalização do exercício
de atividades profissionais não poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso, chegou-
se ao entendimento que os conselhos profissionais possuem natureza autárquica.
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim de pessoas jurídicas de direito público.
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite que esses conselhos tenham
personalidade jurídica de direito privado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de descentralizar a atividade administrativa
que não pode mais ser delegada a associações profissionais de caráter privado.

Características básicas das organizações formais modernas: tipos de estrutura


organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentalização

Estruturas Organizacionais

Estrutura organizacional é a forma como a empresa se organiza internamente, como articula suas
atividades e seus negócios, em outras palavras, é a dinâmica de uma empresa no mercado, como ela
desenvolve suas capacidades para melhor atender o público interno (colaboradores) e externo (clientes,
fornecedores, acionistas, investidores, etc.), ou seja, ela é o conjunto ordenado de responsabilidades,
autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma empresa.
Segundo Stoner24, a estrutura organizacional é a forma pela qual as atividades de uma organização
são divididas, organizadas e coordenadas.

24 STONER, James & FREMAN, Edward. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1992.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
É preciso enfatizar que a estrutura organizacional precisa ser flexível para se ajustar conforme as
modificações e exigências do ambiente externo, de forma que a empresa possa suprir suas necessidades
e alcançar certa competitividade.
Não é algo estático, está irá se moldar conforme as necessidades da empresa, está sujeita às
variações controláveis e incontroláveis do universo. Uma empresa precisa estar atenta ao que acontece
à sua volta para que assim seja possível manter sua atuação no mercado com sucesso.
Lembrando que uma empresa que não acompanha as tendências e variações do mercado,
consequentemente sofrerá perdas e prejuízos.
Existem alguns tipos de estruturas que podem colaborar com todas as questões de complexidade,
especialização, tamanho da organização, grau de incerteza e relações de funções.
Vale ressaltar que toda empresa possui dois tipos de estrutura organizacional, a estrutura formal e a
informal, que se desdobram em estrutura mecânica (associada à estrutura formal) e estrutura
orgânica (associada à estrutura informal).

Estrutura Formal

Dá-se o nome de organização formal à estrutura de relações profissionais entre pessoas, planejada
no sentido de facilitar a realização dos objetivos globais da organização. A organização formal é a
organização oficialmente adotada e é geralmente caracterizada pelo organograma e pelos manuais de
organização. Os principais aspectos apresentados pela organização formal são:
- Os departamentos e divisão de tarefas;
- Cargos (como de diretores, gerentes, supervisores, operários, etc.);
- A hierarquia de autoridade (como autoridade e responsabilidade previamente definidas);
- Os objetivos e planos definidos para alcançá-los adequadamente;
- A tecnologia e instrumentos da organização, que constituem o modo de realizar o trabalho dentro da
organização.

Entre as características da organização formal, temos que ela é:


- Deliberadamente planejada e formalmente representada, em alguns aspectos pelo seu organograma;
- Reconhecida juridicamente de fato e de direito;
- Estruturada e organizada;
- Ênfase a posições em termos de autoridades e responsabilidades;
- Estável;
- Está sujeita a controle da direção;
- Possui líder formal.

Estrutura Mecânica
É um tipo de estrutura onde as empresas se organizam por especialidades ou o que também podemos
chamar de habilidades. A hierarquia é bastante evidente e exerce influência sobre o processo de tomada
de decisão, portanto a centralização torna-se um elemento respeitado.
A estrutura mecânica é norteada por muitas regras, normas e controles, fazendo com que a cultura
organizacional seja focada no cumprimento de burocracias. Esta estrutura pode ser considerada como
conservadora e centralizadora.
A visão do gestor frente ao seu funcionário é restrita e totalmente operacional, para o gestor o
funcionário apenas faz o papel de execução. A variabilidade humana é vista como fontes de ineficiências
e inconsistências.

Quanto às características e condições mecanicistas: hierarquia clara e objetiva; definições claras


de cargos e funções; estabelecimento de regras e normas de conduta; divisão de tarefas; poder de
autoridade do superior imediato; cumprimento de burocracias; gestão mais autocrática; atividades
objetivas e recompensas monetárias.

Estrutura Informal

Surge da interação social das pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente e
voluntariamente quando as pessoas se reúnem.
- Representa as relações que não estão formalmente estruturadas em um organograma25 por exemplo.
25 Organograma é espécie de diagrama ou figura que é usada para representar as relações hierárquicas dentro de uma organização, ou simplesmente a

distribuição dos setores, unidades funcionais e cargos, organização das filiais a comunicação entre os colaboradores.

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- É composta por relações não documentadas e não estruturadas entre os indivíduos, uma vez que
surgem na informalidade e, portanto, não são reconhecidas pela hierarquia da organização;

Do ponto de vista de administradores, a estrutura informal é um empecilho que regularmente oferece


resistência às ordens formais, as altera ou ainda as cumpre por um procedimento diferente do desejado.
Independentemente de ser útil ou prejudicial, a estrutura informal não poder ser extinta, por ser “Não-
Oficial”, instável, menos sujeita ao controle da direção, e por existir em todos os níveis.
Outras características que podemos citar é que:
Estão nas pessoas: a informalidade surge da interação entre diferentes pessoas que convivem em
um mesmo ambiente e que trocam informações, ideias, experiências e vivências e desta forma consegue
identificar características em comum e que trazem maior aproximação/familiaridade entre os indivíduos.
Sempre existirão: as relações informais sempre existirão dentro de uma empresa, pois por mais que
se defina cargos e funções, tarefas, processos, fluxos, regras e normas, as pessoas sempre
compartilharão de momentos em que terão maior abertura para uma discussão mais pessoal e menos
profissional. Dessa forma as pessoas que compõem uma empresa podem estabelecer um contato mais
solto, mais íntimo e dessa forma desenvolverem uma permanência do ambiente informal.
A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal: a estrutura horizontal flui de maneira mais
flexível, uma vez que não há uma estrutura hierárquica (de cargos e funções) rígida a ser cumprida. As
pessoas possuem autonomia e flexibilidade para o processo de tomada de decisão, sendo assim a
resolução de problemas.

Estrutura Orgânica
É um tipo de estrutura onde o trabalho ou as atividades são divididas em equipes, no qual a divisão
das tarefas é realizada de maneira democrática, não há o recebimento constante de ordens, pois os
funcionários são estimulados a terem maior responsabilidade e autonomia.
A variabilidade humana é vista como um estímulo para o processo de tomada de decisão. Os
funcionários possuem mais autoconfiança para darem ideias, opiniões, e sugestões de melhorias. Essa
gestão mais democrática é um grande incentivo para otimização de tempo, redução de desperdícios e
perdas e maior agilidade na resolução de problemas.
Não há uma rigidez no cumprimento de normas e regras, justamente para que a gestão seja conduzida
por um comportamento mais democrático, liberal e flexível, de forma a instigar a presença de novas ideias
e novas atitudes. Esta organização tem constante presença do espírito de equipe e cooperação, e por
isso, todos participam de maneira sistêmica tornando o ambiente muito mais dinâmico.

Quanto às características e condições orgânicas: gestão participativa (empowerment), ou seja,


oportunidades de todos opinarem, de darem ideias; tarefas divisíveis; empregados motivados; sistemas
subjetivos de recompensas; tarefas e metas vagas; trabalho em equipe; maior responsabilidade e
autonomia no processo de tomada de decisão; otimização de processos e atividades.

Diferenças entre a Estrutura Mecânica e a Estrutura Orgânica

Fatores Estrutura Mecânica Estrutura Orgânica


Forte divisão do trabalho, tarefas
Divisão do Trabalho Nem sempre há divisão do trabalho.
específicas.
A divisão do trabalho e as especificidades
Cargos generalistas, vários indivíduos
Especialização das atividades favorecem a especialização
participam da execução das tarefas.
dos cargos.
Elevada padronização das atividades e Baixa padronização, atividades
Padronização
processos. inovadoras e diferenciadas.
Centralização e Alto grau de centralização, a tomada de Descentralização, decisão e
Processo Decisório decisão se dá na alta direção. responsabilidade compartilhada.
Organização flexível, proativa,
Igualdade Organização burocrática e conservadora,
inovadora, com poucos níveis
Organizacional com grandes níveis hierárquicos.
hierárquicos.

Observação: a distinção entre a organização formal e a informal é que, enquanto a primeira é uma
organização planejada e a segunda constitui o resultado da interação espontânea dos membros da
organização.

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Formas de Organizar a Estrutura

Podemos definir três tipos tradicionais de organização:


- Organização e/ou Estrutura Linear;
- Organização e/ou Estrutura Funcional;
- Organização e/ou Estrutura Linha-Staff

Estrutura Linear, Militar, Tipo Linha ou Centralizada


Características:
- Chefia - fonte exclusiva de autoridade;
- As ordens seguem a via hierárquica;
- Cada empregado recebe ordens e se reporta exclusivamente com um chefe imediato a ele;
- As comunicações entre órgãos são efetuadas exclusivamente através das linhas no organograma;
- As decisões são centralizadas na cúpula da organização.

Organograma de Estrutura Departamental Linear

Vantagens Desvantagens
Clara definição das responsabilidades dos A chefia centraliza as decisões – comando único e direto,
órgãos; exagerando a função de chefia;
Estrutura simples e de fácil compreensão As equipes são preparadas para seguir ordens, não para inovar;
Estabilidade e tipo de organização para Lentidão (congestionamento) na comunicação; especialmente à
pequenas empresas medida que a empresa cresce;
Fácil implantação. Pouca especialização dos líderes nas funções da organização.

Estrutura Funcional
Características
- Agrupa pessoas que exercem funções em uma determinada área na organização;
- Especialização das funções;
- Os membros do quadro respondem unicamente ao superior do seu departamento, pelo que procura
uma linha direta de comunicação entre os níveis inferiores e superiores;
- Facilita a coordenação dentro da função;
- A estrutura funcional é adequada para pequenas e médias empresas;
- Quando há muito crescimento da empresa, torna-se ineficaz a comunicação e o controle
organizacional, e torna a manutenção das diversas áreas muito dispendiosa;
- Indicada para empresas estáveis.

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Organograma de Estrutura Departamental Funcional

Vantagens Desvantagens
Maior especialização dos funcionários (sabem mais
Dificulta a interdisciplinaridade das funções;
sobre suas respectivas áreas);
Aumenta o relacionamento entre empregados dentro de
Diminui a visão global da empresa;
um mesmo setor;
Dificulta a tomada de decisão;
Autoridade baseada no conhecimento (e não na pura e
Líderes têm menos poder hierárquico, o que leva à
simples hierarquia).
perda de autoridade.

Estrutura Linha-Staff
Características
- Fusão das estruturas (funcional e da linear). Cada órgão se reporta a apenas um órgão superior,
porém também recebe assessoria e serviços especializados de diversos órgãos de staff;
- Separação entre órgãos operacionais (executivos) e órgãos de apoio (assessores) - órgãos
especializados aconselham os chefes de linha;
- No entanto, haja duas fontes de autoridade, apenas a dos chefes das unidades de linha se projeta
diretamente sobre cada empregado.

Organograma de Estrutura Departamental tipo Linha-Staff

Vantagens Desvantagens
Mistura a estrutura funcional (mantendo a especialização) com a Pode haver conflitos entre a área
linear (mantendo a autoridade). Traz as vantagens desses dois tipos especializada (staff) e os executores
de estrutura; (linha);
Altos custos de se manter uma
assessoria dentro da empresa;
Atividade conjunta entre linha e staff.
Pouca especialização de quem
realmente toma as decisões (linha).

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Departamentalização

A departamentalização é uma forma de sistematização da estrutura organizacional que visa agrupar


atividades que possuem uma mesma linha de ação com o objetivo de melhorar a eficiência operacional
da empresa. Dessa forma, a empresa consegue juntar recursos, unidades e pessoas que tenham esse
ponto em comum.
Até aqui foram visualizadas as formas de departamentalização por meio das estruturas organizacionais
mais tradicionais. Porém, existem outras formas, uma vez que os departamentos são as unidades de
trabalho responsáveis por uma função ou por um conjunto de funções. É um meio de se obter
homogeneidade de tarefas em cada órgão, escolher homogeneidade das atividades, agrupando os
componentes da organização em departamentos e divisões.
Entre outros tipos de departamentalização podemos citar as 6 seguintes:

1. Estrutura por Produtos ou Serviços


Esse tipo de estrutura é utilizado quando o agrupamento de atividades é baseado nos produtos ou
serviços que a empresa oferta. Todas as atividades requeridas para suprir um produto ou serviço, mesmo
não sendo atividades similares devem estar agrupadas em um mesmo departamento, pois o foco deve
estar totalmente voltado a suprir as necessidades que o produto requer.
Facilita em muito o emprego de tecnologia, dos maquinários e equipamentos, do conhecimento, da
mão de obra, de modo que todos os esforços ficam concentrados para aumentar a eficiência dos produtos
que manuseia.
Há empresas que lidam somente com serviços, portanto, essa estrutura é denominada como estrutura
por serviços, a única diferença é que o agrupamento das atividades tem o foco voltado para os serviços
ao invés dos produtos. É o caso dos hospitais, que possuem divisão de departamentos conforme suas
principais atividades oferecidas aos pacientes, tais como:
- Cirurgia;
- Radiologia;
- Pediatria;
- Quimioterapia;
- Fisioterapia;
- Entre outros.

A estrutura por produtos separa a estrutura organizacional da empresa por unidades na base de
produtos. Observe a figura que exemplifica a estrutura por produtos.

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2011.

Vantagens Desvantagens
Aumento dos custos operacionais, uma vez que exige
Estimula a responsabilidade dos colaboradores para um número maior de chefias ou coordenadores, já que
um produto ou linha de produtos específicos; as áreas são divididas por produtos, portanto necessita
de uma coordenação mais efetiva;
Não é recomendado para empresas que lidam com
Maior especialização e domínio sobre as
poucos produtos no mercado, pois acarretaria em
especificidades dos produtos que trabalha;
custos operacionais elevados;

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Como lida com um mercado de instabilidades,
Facilita o processo de comunicação, pois os ocasiona certa insegurança frente aos colaboradores,
profissionais possuem os mesmos objetivos, com foco que receiam em situações de alta instabilidade
voltado para o produto; externa, serem demitidos ou mesmo terem uma
desvalorização na carreira profissional;
Contribui para o melhoramento do produto, os
É necessário maior coordenação por conta da
profissionais especializados podem trocar ideias,
especialização, fazendo com que a empresa tenha
sugestões, possíveis mudanças com maior agilidade
com isso maiores encargos salariais;
e credibilidade;
Recomendada para empresas que lidam com fatores
externos incontroláveis, situações de imprevisibilidade
É necessário também investir em estrutura, pois a
e mutação, pois os esforços já estão voltados para o
empresa deve investir na especialização dos
constante aperfeiçoamento de melhorias e mudanças
profissionais para conseguir obter melhor desempenho
no produto.
do produto/serviço.
O foco voltado para o produto pode trazer maior
satisfação por parte dos clientes.

2. Estrutura por Localização Geográfica


É também chamado de Estrutura Territorial, esse tipo de organização é mais indicado quando o
agrupamento de atividades é de acordo com a localização do trabalho onde será desempenhada uma
área de mercado da empresa.
A ideia implícita nessa estratégia é que, onde os mercados estão dispersos, a eficiência pode ser
melhorada, desde que todas as atividades estejam agrupadas em uma mesma região, ou local.
Segundo Chiavenato26, “a estrutura por base territorial é geralmente utilizada por empresas que
cobrem grandes áreas geográficas e cujos mercados são extensos. É especialmente atrativa para
empresas de larga escala e cujas atividades são geograficamente dispersas”.
Essa estratégia é bastante utilizada por empresas multinacionais para operar suas atividades fora do
país de origem, como uma forma de facilitar as barreiras alfandegárias, impostos e também
estrategicamente melhor para os clientes.

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2011.

Vantagens Desvantagens
Permite maior visibilidade por região quanto aos O enfoque territorial pode ofuscar o enfoque nos aspectos
resultados, sejam custos, gastos, rentabilidade, de planejamento, execução ou controle da organização
etc.; como um todo;
Quando o ambiente externo exige da empresa
Cada gestor que coordena os departamentos tomará
um posicionamento mais estratégico por parte
decisões baseadas na realidade regional, neste caso a
de suas atividades locais esse tipo de estrutura
organização está mais voltada para os aspectos regionais
torna-se substancial;
do que para os aspectos internos da empresa;
Os profissionais podem aproveitar o
desenvolvimento e economia local ou regional
Se não for bem estudada, essa estratégia pode tornar-se
para investir em novos produtos ou serviços e
um grande prejuízo para a empresa. Há muitos casos que a
investir cada vez mais na região;
empresa precisou retornar suas atividades descentralizadas
É mais indicada para empresas de varejo;
para matriz, por falta de rentabilidade.
Permite reduzir alguns custos como impostos,
taxas, pedágios, etc.

26 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração. 8 – ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

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Permite localizar-se mais próximo do cliente,
facilitando o cumprimento de prazos e entregas.

3. Estrutura por Clientes


Acontece quando o agrupamento de atividades é dividido conforme o segmento de clientes, de acordo
com o perfil de clientes que são atendidos. Devem ser levadas em consideração questões como as
necessidades, preferências, exigências e desejos dos clientes. Isso precisa ser uma preocupação
constante para que essa estratégia de departamento consiga resultar em sucesso.
É uma forma de parceria entre o cliente e a empresa fornecedora, pois ambos possuem benefícios,
uma vez que o cliente terá prioridade frente à empresa, pois terá profissionais especializados em cuidar
somente de suas necessidades específicas, portanto oferecendo maior responsabilidade, melhores
condições de pagamento e prazos e cumprimento de prazos e entregas. Bem como a empresa
fornecedora poderá ter maior segurança nas vendas de seus produtos para o cliente, pois sabe que a
relação estabelecida é de longo prazo, ou seja, de credibilidade e confiança.
Esse tipo de estrutura é focada nos clientes, claro que a empresa precisa realizar um estudo muito
preciso e detalhado sobre os principais clientes no que diz respeito à rentabilidade. Uma empresa não
pode apostar sua organização, sua funcionalidade em detrimento de um cliente que não lhe proporciona
retornos, principalmente financeiros. É preciso uma relação ganha-ganha entre empresa e cliente.
Vejamos um exemplo:

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2011.

Vantagens Desvantagens
Quando a satisfação do cliente é o ponto mais
Dependência da demanda de clientes;
importante da organização;
O foco fica totalmente voltado aos clientes, podendo
Quando a empresa depende substancialmente do
ocasionar uma perda significativa do foco em outros
faturamento advindo de um cliente específico;
objetivos organizacionais que também são importantes;
Quando o negócio depende de diferentes tamanhos Se caso a economia local não apresentar significativo
ou características de produtos ou serviços que crescimento pode interferir direta ou indiretamente nos
variam conforme o tipo ou o tamanho do cliente. negócios.

4. Estrutura por Processos (ou Processamento)


Acontece quando o agrupamento das atividades está centralizado nos processos de produção e
equipamento. É encontrada com mais frequência em produção, por exemplo: as atividades de uma fábrica
podem ser agrupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento, cada uma de
acordo com os departamentos. Segue abaixo um exemplo:

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Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2011.

Vantagens Desvantagens
Possibilidade de perda da visão global do
Maior especialização de recursos alocados;
andamento do processo;
Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
técnicas; Flexibilidade restrita para ajustes no
Visão especializada do processo, sendo possível ter mais processo.
habilidades dentro de um processo específico.

5. Estrutura por Projetos


Os profissionais trabalham em função de um ou mais projetos, de forma que recebem atribuições
temporárias levando em consideração que o projeto tenha data de início e término.
Terminado o projeto as pessoas são deslocadas para outras atividades. Por exemplo: uma firma
contábil poderia designar um sócio (como administrador de projeto), um contador sênior, e três contadores
juniores para uma auditoria que está sendo feita para um cliente. Uma empresa manufatureira, um
especialista em produção, um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados para, sob a
chefia de um administrador de projeto, completar o projeto de controle de poluição.
Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria designado para chefiar a equipe, com
plena autoridade sobre seus membros para a atividade específica do projeto. Vejamos um exemplo:

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2011.

Vantagens Desvantagens
Permitem comunicação aberta e coordenação de
Pode haver choques resultantes das prioridades;
atividades entre os especialistas funcionais relevantes;
Capacita a organização a responder rapidamente à
mudança; Pode haver perda de controle e coordenação se a
São abordagens orientadas para a tecnologia, portanto empresa tiver muitos projetos em funcionamento.
contribuem para o melhor desempenho.

6. Estrutura por Matriz (ou Matricial)

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A departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, com uma exceção principal. No caso da
Departamentalização de matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha sobre os membros
da equipe. Em lugar disso, a organização do administrador de projeto é sobreposta aos vários
departamentos funcionais, dando a impressão de uma matriz.
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que responde rapidamente às mudanças em
tecnologia. Por isso, é tipicamente encontrada em organização de orientação técnica, como a Boeing,
General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, engenheiros, ou especialistas técnicos trabalham em
projetos/programas sofisticados. Também usada por empresas com projetos de construção complexos.

Características
- É uma excelente alternativa principalmente para as organizações que desenvolvem projetos.
- Multidimensional, por se utilizar de características de estruturas permanentes, por função e por
projeto.
- É permanente, sendo temporário apenas os grupos de cada projeto.
- Proporciona à empresa condição de flexibilidade e de funcionalidade adequada para atender às
mudanças ambientais.
- Combina a estrutura hierárquica, vertical, tradicional, com uma estrutura superposta horizontal de
coordenadores de projetos. A estrutura matricial é uma solução mista em que normalmente se combinam
a estrutura com base em função e projetos.

Vantagens Desvantagens
Maior estabilidade tanto para a empresa, Insegurança das pessoas, desde que a empresa tenha grande
como para os funcionários; crescimento e consequente aumento da complexidade;
Maior segurança na execução das tarefas A comunicação deficiente, isso porque as decisões são
e no relacionamento de pessoas; normalmente centralizadas nos níveis mais elevados da empresa;
Possibilidade de maior aprimoramento Preocupação estritamente voltada para uma área deixando de
técnico de sua equipe de trabalho; lado outras partes;
Melhor atendimento ao cliente e
cumprimento dos prazos; Possibilidade de conflitos entre os diversos comandos, obrigando
a uma permanente comunicação com os gestores de topo.
Facilidade na coordenação dos resultados.

7. Estrutura Virtual
Podemos imaginar uma organização sem estrutura ou espaço físico, com poucos, muitos ou nenhum
empregado. Dependendo do grau de virtualidade esse tipo de estrutura pode existir nessas condições,
fazendo negócios, estabelecendo parcerias, vendendo e criando necessidades a seus clientes,
disponibilizando bens e produtos e tendo por base pessoas, tecnologias da informação e processo,
independente do lugar do planeta que possa estar.
A organização virtual é a possibilidade que o mundo dos negócios encontrou para cortar radicalmente
os custos fixos e trabalhar com custos variáveis que são apropriados a cada caso. E seu ciclo de atuação
se constitui em um grande processo.
Portanto, as organizações virtuais são organizações que funcionam em rede, sem via de regra, recurso
a estrutura física. Pode ser considerada como um acontecimento temporal, em alguns casos, e não pode

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se confundir com estrutura orientada a projeto. As novas tecnologias da informação possibilitam o
surgimento desse tipo de estrutura. A ideia da virtualidade pode chegar ao extremo de criar uma
organização para existir num tempo e espaço determinado, deixando de existir tão logo o objeto do
contrato seja concluído. Ela pode existir dentro de uma rede de computadores ou na internet.

8. Estrutura Mista
Pode ser que a organização tenha uma Estrutura Mista, mistura os vários tipos de estruturas para se
adaptar à realidade. Vejamos:

É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade
organizacional. Além disso, ressalta-se que devido à competição de mercados, as estruturas
organizacionais tendem a ficar cada vez mais enxutas.

Elaboração da Estrutura Organizacional

Metodologia de Desenvolvimento
O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos:
- Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser desempenhadas.
- Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempenhadas e atribuir sua responsabilidade
a pessoas ou grupos.
- Proporcionar aos empregados de todos os níveis: informação; recursos para o trabalho; medidas de
desempenho compatíveis com objetivos e metas; motivação.

Princípios para melhorar a Forma de Departamentalizar

Princípio do maior uso: o departamento que faz maior uso de uma atividade, deve tê-la sob sua
jurisdição.
Princípio do maior interesse: o departamento que tem maior interesse pela atividade deve
supervisioná-la.
Princípio da separação e do controle: as atividades do controle devem estar separadas das
atividades controladas.
Princípio da supressão da concorrência: eliminar a concorrência entre departamentos, agrupando
atividades correlatas no mesmo departamento.

Outro critério básico para departamentalização está baseado na diferenciação e na integração, os


princípios são:
Diferenciação: as atividades diferentes devem ficar em departamentos separados, acontecem
quando:
- O fator humano é diferente;
- A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes;
- Os ambientes externos são diferentes;
- Os objetivos e as estratégias são diferentes.

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Integração: quanto mais atividades trabalham integradas, maior razão para ficarem no mesmo
departamento. Necessidade de coordenação.

Avaliação da Estrutura Organizacional

Procedimento através do qual se verifica o que a estrutura organizacional tem de bom e de ruim.
Para tanto deve-se fazer:
- Levantamento da estrutura atual;
- Delineamento da estrutura ideal.

O analista de sistemas deve comparar estes dois aspectos e obter a avaliação da estrutura
organizacional. Pode reforçar a avaliação determinando o desempenho da empresa em termos de:
- Resultados apresentados;
- Problemas evidenciados;
- Nível de satisfação dos funcionários da empresa.

Como resultado dessa avaliação, a empresa pode estar bem ou ruim devido a:
- Problemas de estrutura organizacional ou outros aspectos.

Etapas da Avaliação da Estrutura Organizacional

1. Levantamento
- Identificação dos problemas evidenciados pelos usuários;
- Entrevista com os elementos-chave da empresa (com ou sem questionário).
Pode-se considerar como ideal a utilização de um roteiro estruturado de entrevistas.

2. Análise
- Análise dos dados levantados anteriormente;
- Interligação dos dados levantados, verificando sua veracidade e considerando os vários subsistemas
da empresa;
- Estabelecimento dos padrões e critérios de avaliação;
- Identificação do efeito de cada um dos dados levantados na situação atual da estrutura organizacional
da empresa.

3. Avaliação
- Estabelecimento da situação dos quatro componentes da estrutura organizacional da empresa;
- Verificação do envolvimento de cada um dos quatro condicionantes sobre a estrutura organizacional;
- Verificação da influência de cada nível da empresa - estratégico, tático e operacional - para o
delineamento da estrutura organizacional;
- Verificação do nível de abrangência da abordagem da estrutura organizacional quer em nível da
empresa, quer em nível de unidade estratégica de negócio, quer em nível de corporação.

Políticas para Avaliação da Estrutura Organizacional

Para uma adequada avaliação da estrutura organizacional, é necessário que se estabeleça


anteriormente, um conjunto de políticas que devem servir de sustentação para todo o processo decisório.
Políticas inerentes à estrutura organizacional que uma empresa pode julgar válido adotar podem visar
uma estrutura organizacional:
- Adequada aos mercados existentes;
- Adequada às novas tecnologias;
- Descentralizada no processo decisório e centralizada no sistema de controle;
- Voltada para resultados;
- Racionalizada com operacionalização descentralizada dos sistemas administrativos.

Benefícios de uma Estrutura Adequada


- Identificação das tarefas necessárias;
- Organização das funções e responsabilidades;
- Informações, recursos, e feedback aos empregados;
- Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;

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- Condições motivadoras.

Questões

01. (FUNPAPA - Auxiliar de Administração - AOCP/2018) Nas chamadas estruturas organizacionais


do tipo funcional, o critério predominante de departamentalização é por
(A) especialização ou área do conhecimento.
(B) fase de um processo produtivo mais amplo.
(C) mercado ou cliente.
(D) projetos.
(E) área geográfica de atuação.

02. (ESAF - MPOG - EPPGG) Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as afirmativas a respeito dos
tipos tradicionais de organização.
( ) A estrutura funcional é caracterizada por uma autoridade funcional ou subdividida de acordo com
as funções exercidas por cada um dentro da organização.
( ) Na estrutura linha-staff a especialização é substituída por uma abordagem holística da organização
onde cada departamento é simultaneamente operação e assessoria.
( ) A estrutura linear é baseada na autoridade linear, que significa que cada superior tem autoridade
única e absoluta sem reparti-la com ninguém.
( ) Na estrutura linha-staff as áreas responsáveis pelos objetivos vitais da empresa estão ligadas em
linha enquanto os órgãos de assessoria não possuem uma autoridade linear.
( ) A estrutura linear é caracterizada por uma ênfase na especialização. Cada órgão contribui com
sua especialidade para a organização sem diluição da unidade de comando.

Escolha a opção correta.


(A) V, F, V, V, V
(B) F, V, F, V, F
(C) V, V, F, F, V
(D) V, F, V, V, F
(E) F, F, V, V, V

03. (Técnico do CNMP - Administração - FCC CNMP) Sobre estrutura organizacional, é correto
afirmar:
(A) O grau de descentralização é outra decisão importante no delineamento da estrutura; quanto mais
centralização maior será a falta de coordenação e controle.
(B) A formalização, explicitada em manuais de organização que descrevem níveis de autoridades e
responsabilidades dos vários departamentos, assegura que, na operação, não exista a estrutura informal.
(C) A unidade de comando, princípio da administração clássica, é aplicada em todos os tipos de
estrutura quando feito processo de departamentalização.
(D) A definição precisa de direitos e obrigações dos membros da organização traduzidas em funções
bem delineadas é uma característica de organizações mecanicistas.
(E) Um dos pontos a observar na estrutura é a amplitude de controle. Quanto menor a amplitude de
controle, menor o número de níveis hierárquicos.

04. (Técnico do CNMP - Administração - FCC CNMP) A estrutura organizacional por Projetos
apresenta como vantagem:
(A) possibilita economia pelo uso racional dos equipamentos.
(B) predispõe todos os participantes da organização para a tarefa de satisfazer os clientes.
(C) forma efetiva para conseguir resultados em problemas complexos.
(D) economias de escala pelo uso integrado de pessoas, máquinas e produção em massa.
(E) permite fixar a responsabilidade pelo desempenho no comportamento regional ou local.

05. (UFPB - Assistente Administrativo - INSTITUTO AOCP) Assinale a alternativa que apresenta o
tipo de estrutura organizacional que tem por essência a combinação das formas de departamentalização
funcional e de produto ou projeto na mesma estrutura organizacional.
(A) Estrutura organizacional linha e staff.
(B) Estrutura organizacional horizontalizada.
(C) Estrutura organizacional verticalizada.

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(D) Estrutura organizacional matricial.
(E) Estrutura organizacional informal.

06. (UFT - Assistente em Administração - COPESE) Um Assistente em Administração, integrante


de uma comissão responsável para realizar estudos do funcionamento administrativo de uma
Universidade Federal Brasileira, participou dos trabalhos para definição do que deve ser feito, ou seja, os
resultados e intenções futuras a serem alcançados por essa instituição de ensino, e como deve ser feito,
correspondendo aos recursos e ações necessários para alcance dos resultados.
Neste trabalho, o servidor percebeu que a universidade estava estruturada em um aspecto piramidal,
em decorrência da centralização da autoridade no topo da organização - na reitoria - demonstrando
claramente a unidade de comando e o escalonamento hierárquico. Constatou ainda que apresentava uma
departamentalização constituída da agregação de tarefas de acordo com as funções principais
desenvolvidas dentro da universidade.
Esse assistente, em seu setor de trabalho e quando não estava na comissão, era responsável pela
análise de processos administrativos para concessão de bolsas de auxílio estudantil, que compreendia a
conferência dos documentos presentes nos processos administrativos, e, ao listar todos os processos,
verificou que uma bolsa era requerida por sua esposa, fato que exigiu um posicionamento do Assistente.

Qual o tipo de estrutura organizacional da universidade?


(A) Linear
(B) Matricial
(C) Virtual
(D) Rede

07. (FSC - Assistente Técnico Administrativo - CEPERJ) A estrutura organizacional que promove a
retenção do processo decisório na cúpula da organização é denominada estrutura:
(A) Facilitada
(B) Matricial
(C) Indelegada
(D) Centralizada
(E) Monocrática

08. (ESAF - DNIT/Técnico Administrativo) Julgue as afirmativas e selecione a opção correta.


I. A estrutura organizacional é o gráfico que representa as unidades da organização.
II. Hierarquia é sinônimo de cadeia de comando. O poder de dirigir desce de cada nível para o
imediatamente inferior, que tem a obrigação de obedecer.
III. A estratégia organizacional orienta a definição da estrutura organizacional.

(A) Somente I está correta.


(B) Somente II está correta.
(C) Somente I e III estão corretas.
(D) Somente II e III estão corretas.
(E) Todas as opções estão corretas.

09. (Sergipe Gás - Assistente Técnico Administrativo - FCC) Estrutura Organizacional é:


(A) O conjunto de tarefas desempenhado por uma ou mais pessoas, servindo como base para a
departamentalização.
(B) A posição hierárquica que uma pessoa ocupa na empresa e o conjunto de atribuições a ela
conferido.
(C) A forma pela qual as atividades de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas.
(D) A cadeia de comando que se inicia nos gestores de topo e segue até os trabalhadores não
gestores, passando sucessivamente por todos os níveis organizacionais.
(E) A guia de conduta, estável e de longo prazo, estabelecida para dirigir a tomada de decisões.

10. (Transpetro - Administrador - CESGRANRIO) A estrutura de uma organização deve ser


estabelecida de acordo com os objetivos e as estratégias determinadas pela alta administração. Para
definir a estrutura, é necessário que se avaliem a rotina e os procedimentos que darão suporte às
atividades para que os objetivos sejam alcançados. As empresas constituem organizações de dois tipos:
a organização formal e a informal. A estrutura organizacional requer principalmente uma organização:

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(A) Formal, que é aquela planejada e resultado das relações pessoais do corpo funcional.
(B) Formal, que é instável porque está sujeita ao controle da direção da empresa.
(C) Formal, que enfatiza as relações de autoridade e responsabilidade.
(D) Informal, que pode ser extinta porque não faz parte do organograma.
(E) Informal, que é aquela que se desenvolve espontaneamente e está retratada no organograma.

11. (TRT/PE - Analista Judiciário - FCC) Na estrutura organizacional de tipo linear


(A) a autoridade é baseada na especialização e no conhecimento, e não na hierarquia.
(B) entre o superior e os subordinados existem linhas diretas e únicas de autoridade e
responsabilidade.
(C) os órgãos de linha estão diretamente relacionados com os objetivos vitais da empresa.
(D) a hierarquia é flexível e mutável, capaz de se adaptar rapidamente às necessidades de cada
projeto.
(E) combinam-se a departamentalização funcional e por projeto, sacrificando o princípio da unidade de
comando.

12. (TJ/RR - ADMINISTRADOR - CESPE) O modelo de departamentalização matricial é definido de


acordo com critérios geográficos, estabelecidos em uma matriz que coordena as ações de suas filiais.
( ) Certo ( ) Errado

13. (TJ/RS - ANALISTA JUDICIÁRIO - FAURGS) Com relação às estruturas organizacionais, assinale
a afirmação INCORRETA.
(A) As estruturas são criadas para minimizar ou regular a influência das variações individuais nas
organizações.
(B) As estruturas têm por finalidade produzir resultados e metas organizacionais.
(C) As estruturas são impostas para assegurar que os indivíduos se adaptem às exigências das
organizações.
(D) As estruturas são criadas para promover, nas organizações, adaptação às exigências dos
indivíduos.
(E) As estruturas são os cenários nos quais o poder é exercido, as decisões são tomadas e as
atividades são realizadas.

Gabarito

01.A / 02.D / 03.D / 04.C / 05.D / 06.A / 07.D / 08.D / 09.C / 10.C / 11.B / 12.Errado / 13.D

Comentários

01. Resposta: A
A estrutura funcional é departamentalizada por especialização ou área do conhecimento, como o
próprio nome já diz, pelas funções que cada funcionário exerce.

02. Resposta: D
A primeira afirmativa está correta. A estrutura funcional divide a organização em várias áreas ou
departamentos, cada um com uma função diferente (contábil, de compras e de comunicação, por
exemplo).
A segunda afirmativa está errada. Há especialização, na estrutura linha-staff, mais especificamente na
parte de staff (assessoria). Lembre-se de que a estrutura linha-staff pega as características das estruturas
funcional e linear.
A terceira afirmativa está correta. As grandes características da estrutura linear são a unidade de
comando e a hierarquia.
A quarta afirmativa está correta. Os órgãos de assessoria são especializados em suas áreas, mas
quem realmente toma as decisões é o pessoal de linha.
A quinta afirmativa está incorreta. Os líderes da estrutura linear não têm especialização nas funções
básicas da administração. Isso é característica da estrutura funcional.

03. Resposta: D
Na alternativa A, quanto maior a descentralização, maior a quantidade de pessoas para tomar decisão
e supervisionar outras, isto quer dizer: maior é a coordenação e o controle.

47
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
No caso da alternativa B organização/estrutura informal é inevitável e não é previsível em
planejamento.
Já na alternativa C existe autoridade nas estruturas: Matricial / Projetos.
Alternativa D correta.
Na alternativa E, quanto menor a amplitude de controle, a organização tende a ficar mais hierarquizada
(Agudo-Estreita).

04. Resposta: C
Dividida pelos projetos que a empresa recebe, cada projeto tem começo, meio e fim. Dessa forma, os
departamentos podem ser criados ou extintos de acordo com o início e a finalização de um projeto. Tem
como vantagem ser orientada pelos resultados e fácil adaptação a mudanças e possui como desvantagem
a instabilidade dos funcionários, pois o projeto é temporário e cada projeto demanda novas estratégias e
ideias voltadas exclusivamente para aquele projeto finito.

05. Resposta: D
A estrutura matricial é um modelo misto, que comporta ao mesmo tempo uma estrutura funcional com
uma estrutura horizontal, que normalmente se refere a um projeto, uma divisão específica ou um produto.

06. Resposta: A
De maneira geral as estruturas piramidais (conforme o enunciado), são lineares.

07. Resposta: D
A Estrutura centralizada fornece a retenção de informação por parte dos tomadores de decisão

08. Resposta: D
A afirmativa “I” está errada. Lembrando a diferença entre organograma e estruturas organizacionais: o
organograma é a representação gráfica de uma estrutura organizacional.
A afirmativa “II” está certa, pois em uma hierarquia, o subordinado tem de obedecer, principalmente
em um contexto de “cadeia de comando”, como afirma a questão.
A afirmativa “III” está certa também. Como a estrutura organizacional é definida pela alta cúpula da
organização, então obviamente ela é orientada pela estratégia organizacional.

09. Resposta: C
O item “A” está errado. O conceito dele está relacionado à função de uma pessoa dentro da
organização, não à estrutura organizacional. Além disso, departamentalização não serve como base para
a estrutura organizacional, e sim o contrário: quem dá base para a departamentalização é a estrutura
organizacional, ou seja, primeiro vem a estrutura organizacional e, depois, a departamentalização.
O item “B” está errado. É um conceito relacionado ao cargo da pessoa dentro da organização, ou seja,
percebe-se quando a alternativa trata a respeito da pessoa, e não sobre a estrutura organizacional.
O item “C” está certo. Tem-se assim, o conceito de organização como “a forma pela qual as atividades
de uma organização são divididas, organizadas e coordenadas”. É necessário ter uma noção geral deste
conceito, porque, se aplicado a outros contextos, poderá ser identificado.
O item “D” está errado. O conceito expresso trata de hierarquia e não de estrutura organizacional.
O item “E” está errado. Ele se refere à política de liderança da organização.

10. Resposta: C
A estrutura organizacional é uma característica das organizações formais, o que nos possibilita
descartar os itens “D” e “E”.
O item “A” está errado. A estrutura organizacional não é planejada pelas relações pessoais do corpo
funcional. Quem decide a estrutura organizacional é a alta administração, ou seja, são os níveis mais
altos da empresa que tomam as decisões quanto a este tema.
O item “B” está errado. Não há como conceber a ideia de que uma empresa mude cotidianamente a
sua estrutura organizacional.
A letra “C” está correta. A estrutura organizacional é formal e enfatiza as relações de autoridade e
responsabilidade (tais como hierarquia, cadeia de comando, cargos etc.).

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
11. Resposta: B
Para lembrar o conceito da organização linear basta fazer uma ligação com o exemplo das
organizações militares: são baseadas na hierarquia e na unidade de comando (cada pessoa tem um único
superior).
O item “A” está errado. Uma das maiores características da organização do tipo linear é a hierarquia.
O item “B” está correto. É o conceito da unidade de comando, o qual se relaciona diretamente com a
estrutura linear.
O item “C” está errado. Órgãos de linha são aqueles correlacionados na estrutura do tipo linha-staff,
não na estrutura linear, uma vez que os órgãos de linha, na estrutura linha-staff, são os que têm poder de
comando e decisão (duas das características que marcam a estrutura linear).
O item “D” está errado. A hierarquia, na organização linear, é extremamente rígida. Esta é uma das
características mais presentes neste tipo de estrutura.
O item “E” está errado. Pelos atributos do item, infere-se que ele se refere à departamentalização
matricial, não à estrutura linear.

12. Resposta: Errado


A departamentalização matricial observa a junção da abordagem funcional e divisional em uma mesma
estruturação. Tem a finalidade de conseguir o máximo de rendimento da organização, onde a abordagem
funcional é destinada para as funções internas e a divisional aos produtos ou serviços a serem realizados.
A departamentalização por localização geográfica, pode também ser conhecida como
departamentalização territorial ou regional, requer diferenciação e agrupamento das atividades de acordo
com a localização onde o trabalho está desempenhado ou uma área de mercado a ser servida pela
empresa. É utilizada normalmente por empresas que cobrem uma grande área geográfica.

13. Resposta: D
A estrutura organizacional funciona definindo as responsabilidades, divisão de trabalho, autoridade e
o sistema de comunicação dentro da empresa, influenciando possíveis variações individuais das
organizações. O modelo de estrutura organizacional, é o produto da divisão do trabalho, sistema de
autoridade e comunicação. As responsabilidades são as obrigações e os deveres que um indivíduo deve
desempenhar. Já as tarefas, são atividades específicas e operacionais. As estruturas são os cenários nos
quais o poder é exercido, as decisões são tomadas e as atividades são realizadas.

Empreendedorismo governamental e novas lideranças no setor público

Empreendedorismo

Segundo o dicionário27, empreendedorismo significa empreender, que nada mais é que resolver um
problema ou situação complicada. É um termo muito usado no âmbito empresarial e muitas vezes está
relacionado com a criação de empresas ou produtos e serviços novos.
Dessa forma, o empreendedorismo pode ser entendido como a capacidade de aproveitar
oportunidades, imaginar, desenvolver e realizar visões, capacidade de criar ou penetrar em novos
mercados, pronto para assumir todo o controle e o risco calculado.
Na iniciativa privada o termo empreendedor remonta ao século XVIII, e é tido como uma pessoa que
vê oportunidades, que inicia ou provoca mudanças. De acordo com a definição de Schumpeter 28,
empreendedor é um inovador que impulsiona o desenvolvimento econômico por meio da reforma ou
revolução do padrão de produção, é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade.
Do ponto de vista econômico-privado os empreendedores são fundamentais, visto que as
“oportunidades” que identificam são, em regra, vinculadas a investimentos que proporcionam algum tipo
de retorno econômico-financeiro mais rentável do que os investimentos ou ganhos atuais.

Ser empreendedor não é a mesma coisa que ser empresário.


Empresário é aquele que chegou, por uma razão qualquer, à posição de dono da empresa, e desta tira os
recursos de que necessita. O empreendedor é aquele que está disposto a desvendar novos horizontes em
busca de oportunidades, independentemente de ser ou não empresário.

27 https://www.significados.com.br/empreendedorismo/
28 SCHUMPETER, J. A.; Capitalism, Socialism and Democracy. Nova York: Harper and Brothers, 1942.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Pode-se dizer que o empreendedorismo é uma estratégia chave para o sucesso de uma organização,
e que envolve a capacidade de mudar e inovar rapidamente. A empresa empreendedora é aquela que
consegue olhar além do usual, possuindo habilidade de assumir a direção dos processos de
transformação e o redirecionamento de seus recursos.
O empreendedorismo também se aplica ao meio público, e tanto o empreendedorismo privado quanto
o público têm nas “pessoas empreendedoras” o seu ponto-chave, pois são elas que dão vida ao
empreendedorismo. Sem pessoas empreendedoras não há empreendedorismo.29

Características das Pessoas Empreendedoras


Segundo Alessandra Costa30, as pessoas que são empreendedoras possuem valores e cultura que
foram adquiridos através de um modelo empreendedor durante a juventude, sendo assim, existem muitas
semelhanças entre as pessoas empreendedoras, algumas delas citadas a seguir:
- São líderes e imaginativos;
- Correm riscos moderados;
- Sabem fazer diferenciação;
- Possuem uma boa intuição;
- São focados em resultados;
- São trabalhadores incansáveis;
- Possuem experiência em negócios;
- São sonhadores realistas (visionários);
- Aprendem com seus próprios padrões;
- Controlam o comportamento das pessoas ao seu redor;
- Têm seu próprio sistema de relações com os colaboradores;
- Tem tenacidade e capacidade de tolerar ambiguidades e incertezas;

Empreendedorismo Público

Fundamentado na ideia de tornar os governos mais eficientes e mais transparentes na utilização dos
recursos públicos, e mais eficazes no resultado de suas ações, surgiu nos Estados Unidos a ideia de
“reinventar o governo”, o empreendedorismo público teve como fonte de inspiração o livro: Reinventando
o Governo, de David Osborne e Ted Gaebler.31
Dessa maneira, o empreendedorismo se apresenta como uma forma de melhorar os governos, não se
deve governar uma nação como quem administra uma organização privada, visto que, quem administra
os governos são gestores públicos e não empresários, entretanto isso não impede que esses gestores
se tornem empreendedores.
A cultura empreendedora é aquela que favorece a formação de um “espírito empreendedor”, ela busca
pela inovação, pelo aperfeiçoamento, e pelo melhor modo de se fazer as coisas do dia a dia, para criar
essa cultura é essencial que os dirigentes aprovem o comportamento empreendedor e reconheçam a
importância da proatividade e da inovação em suas organizações. 32
Diferentemente do Governo Burocrático, que se preocupava em atender aos seus interesses, o
Governo Empreendedor é aquele que pertence à comunidade, que se volta para o atendimento das
necessidades dos cidadãos, ele surge como uma proposta de solução para os problemas públicos da
sociedade pós-industrial.
Ele ainda busca novas formas de utilizar os recursos que resultem em mais eficiência, e caracteriza-
se por decidir e coordenar mais, deixando a maior parte da execução a cargo dos demais atores.
O governo empreendedor adota uma gestão moderna (coordenada, compartilhada, descentralizada),
aberta à participação e ao trabalho em equipe, em que a iniciativa e a pró-atividade são incentivadas com
vistas à criação de valor para os usuários dos serviços e para a própria gestão pública.
Dessa forma ele, procura unir valores como orientação para a missão e para os objetivos, com formas
modernas de administrar focadas no cliente-cidadão e nos resultados, além de apregoar a motivação dos
servidores mediante incentivos.
O governo empreendedor é um governo especial, no ponto de vista de Granjeiro33, é um governo que
procura formas eficientes de administrar, e está disposto a abandonar velhos programas e métodos.

29 PALUDO, A.; Administração Pública. 3. ed.; RJ: Elsevier, 2013.


30 COSTA, A. M.; “Linguagem, relações de poder e o mundo do trabalho: a construção discursiva do conceito de empreendedorismo”. In: Revista de
Administração Pública. RJ: FGV, 2008.
31 OSBORNE, D.; & GAEBLER, T.; Reinventando o governo. Gaebler Ted, 1992.
32 PESSOA, E.; OLIVEIRA, K. C.N. “Perfil intraempreendedor: um estudo inicial em funcionários da Infraero-sede”. Revista do Serviço Público. Brasília: 2006.
33 GRANJEIRO, J. W. Administração Pública, 12a ed. Brasília: Westcon, 2006.

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Ele é inovador, imaginoso e criativo.
- Assume riscos;
- Reconhece o mérito;
- Orienta-se para o mercado;
- Trabalha de acordo com o setor privado;
- Cria empresas e operações geradoras de recursos;
- Faz com que as coisas funcionem e não teme sonhar o grande sonho;
- Utiliza técnicas de gerenciamento mais inovadoras e eficazes em relação ao custo;
- Despreza as alternativas convencionais que se limitam a oferecer serviços básicos;
- Transforma suas funções em fontes de receita, em vez de pesos sobre o orçamento.
- Governo Empreendedor é o que gera receitas (extratributárias) ao invés de simplesmente incorrer
em gastos.
Ted Gaebler34, um dos autores do livro Reinventando o Governo, afirma que: como o espírito
empreendedor está transformando o Setor Público, o governo precisa tornar-se empreendedor, e também
precisa também descentralizar a administração, com enfoque na qualidade, em todos os níveis, federal,
estadual e local.

Ao ser perguntado pela revista EXAME se as administrações públicas podem ser competitivas
e gerar lucro, Gaebler responde: “Porque insistimos em pedir aos burocratas que trabalhem a vida
inteira usando apenas a metade do cérebro? Uma metade dele sabe que ao assinar o contrato de
trabalho, tudo o que o funcionário tem a fazer ao longo dos próximos 40 anos é tratar de gastar
direitinho o dinheiro do contribuinte. Mas será que a outra metade do cérebro não poderia ocupar-se
com outra questão: como ganhar dinheiro para os cidadãos? Poderia discorrer aqui por cinco dias
seguidos e não esgotaria o arsenal de exemplos de como ganhar dinheiro no governo. ”

Nesta mesma entrevista, Gaebler destaca que é possível administrar o governo como um
empreendimento, e que o que mais falta aos governos é energia e paixão. Segundo ele, a visão
empreendedora implica envolvimento, flexibilidade e senso de propriedade. Isso significa que se deve
prestar atenção à coluna de receitas da mesma forma que se observa a coluna dos gastos.
Existe uma série de princípios no livro de Osborne e Gaebler35 que orientam os governos a agirem
como empreendedores, os quais serão citados a seguir:
- Governo Catalisador: esse princípio promove a atuação conjunta (pública, privada e voluntária), o
governo coordena, regula e fomenta, e deixa a maior parte da execução aos demais atores;
- O Governo pertence à Comunidade: dando responsabilidade ao cidadão, em vez de servi-lo, os
cidadãos são chamados a participar das decisões que afetam sua comunidade e a colaborar com a
fiscalização/controle dos serviços públicos;
- Governo Competitivo: introduzindo a competição na prestação de serviços, com a finalidade de
aumentar a eficiência (melhorar a qualidade dos serviços, reduzir gastos e minimizar esforços);
- Governo orientado por Missões: transformando órgãos burocratizados, as antigas regras cedem
lugar à missão e aos objetivos organizacionais, relacionados à eficiente prestação dos serviços públicos
e ao fortalecimento da instituição perante a sociedade;
- Governo de Resultados: financiando resultados e não recursos, não se financia a estrutura
administrativa, mas a eficiente prestação dos serviços públicos de qualidade (indicadores devem ser
utilizados para avaliar os resultados);
- Governo e seus Clientes: atendendo às necessidades do cliente e não da burocracia, identificar e
ouvir os clientes-cidadãos e direcionar os serviços prestados para o atendimento de suas necessidades;
- Governo Empreendedor: gerando receitas ao invés de despesas, os governos empreendedores
criam novas fontes de recursos (taxas por serviços específicos, multas a infratores etc.) e economizam
recursos orçamentários para utilizá-los de maneira mais eficiente no ano seguinte;
- Governo Preventivo: a prevenção em lugar da cura, atuar preventivamente de acordo com um
planejamento pode evitar/minimizar problemas, proporcionar melhores resultados e permitir a economia
de recursos;
- Governo Descentralizado: da hierarquia à participação e ao trabalho de equipe, dar mais autonomia
a servidores e equipes, como forma de democratizar a gestão e agilizar a prestação de serviços;
- Governo orientado para o Mercado: introduzindo mudanças através do mercado, ora fomentando
a atuação dos mercados, ora implantando no meio público mecanismos/soluções utilizados pelo mercado.

34 OSBORNE, D.; & GAEBLER, T.; Reinventando o governo. Gaebler Ted, 1992.
35 Idem

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
O empreendedorismo governamental procura mobilizar a atuação de todos os setores público, privado
e voluntário, para a ação conjunta dirigida à resolução de problemas e ao atendimento das demandas
sociais, tornando mais eficiente e mais transparente a utilização dos recursos públicos, e mais eficaz o
resultado de suas ações.
Dessa maneira os governos empreendedores devem identificar e aproveitar oportunidades, imaginar,
desenvolver e realizar visões que solucionem os problemas sociais, mesmo que para isso tenham que
assumir alguns riscos calculados.
Os estados ultrapassaram suas funções tradicionais de garantir contratos, justiça e propriedade, e
passaram a se preocupar com o equilíbrio da economia, com a competitividade dos produtos nacionais
em face da globalização.
Ou seja, indicar o caminho do desenvolvimento nacional, e através de parcerias estratégicas e
empreendedorismo investir e fomentar a inovação tecnológica, e criar condições de infraestrutura e linhas
de crédito em nível suficiente para que as empresas nacionais ousem investir mais, inovar mais, criar
mais e expandir seus mercados nacional e internacionalmente.
Assim gerando divisas, aumentando a arrecadação de impostos, o nível de emprego e de renda, e
gerando finalmente não só o crescimento, mas também o desenvolvimento econômico que proporcione
aumento de bem-estar geral a toda sociedade.
Nesse sentido, de fomentar a competitividade nacional, é possível afirmar que “a eficiência do serviço
público e da função pública é, mais do que nunca, fator determinante para os investimentos internacionais
e o desenvolvimento econômico, e, consequentemente, para o emprego e o poder aquisitivo”.

Para o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)36, empreendedorismo é a


arte de fazer acontecer com criatividade e motivação, ou seja, ele consiste no prazer de realizar, com
sinergismo e inovação, qualquer projeto pessoal ou organizacional em desafio permanente às
oportunidades e riscos. É a busca do autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em
atitude de abertura para novas experiências e novos paradigmas.

De acordo com Drucker37 o empreendedor busca oportunidades, ele tem êxito na medida em que
analisa sistematicamente as fontes de oportunidades de inovar, identifica uma oportunidade e se põe a
explorá-la, dessa forma o empreendedorismo é orientado para a missão, para os objetivos e para os
resultados.
Os governos devem ser empreendedores aptos a construir um projeto de cidade, de estado e de nação,
e promover ações capazes de dar respostas aos atuais desafios urbanos e aos anseios da população
local, estadual e nacional. Porém, para isso é necessário:
- Mudanças na legislação;
- Novas formas de liderança no setor público; e
- Recompensa pelos resultados obtidos, é fundamental que resultados significativos sejam
identificados, reconhecidos e recompensados.

Segundo Eliana Pessoa e Kelly Oliveira38, é muito importante verificar os resultados dos novos
projetos, os bem-sucedidos devem ser valorizados e recompensados. Para o trabalho bem executado e
a dedicação dependem de ações da organização para que haja reconhecimento do colaborador, não
apenas na forma de premiação de projetos uma vez ao ano, mas de elogios e de recompensas em seu
dia a dia.

Líderes Empreendedores

Os empreendedores afetam positivamente e decisivamente suas empresas, porém poucas pessoas


são empreendedoras. Segundo Alessandra Costa39, um empreendedor tem que ser de certa forma um
líder, sendo assim o empreendedorismo está diretamente relacionado à figura do líder empreendedor.
Uma organização empreendedora deve estar com líderes preparados e capacitados para gerenciar,
ou seja, eles devem possuir a capacidade de coordenar, ter visão de futuro, estimular a participação dos
demais colaboradores, incentivar e motivar as pessoas em função de objetivos e metas compartilhadas,
para assim promover crescimento mútuo.

36 http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae
37 DRUCKER, P.; A sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993.
38 PESSOA, E.; OLIVEIRA, K. C.N. “Perfil intraempreendedor: um estudo inicial em funcionários da Infraero-sede”. Revista do Serviço Público. Brasília: 2006.
39 COSTA, A. M.; “Linguagem, relações de poder e o mundo do trabalho: a construção discursiva do conceito de empreendedorismo”. In: Revista de
Administração Pública. RJ: FGV, 2008.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Primeiro, é necessário que ocorram mudanças na legislação, no sentido de permitir ao gestor público
mais liberdade na utilização de recursos, na realização de parcerias e na recompensa pelos resultados,
excepcionalizando ou minimizando as regras rígidas ora existentes, e flexibilizando sua atuação. Em troca
dessa maior autonomia e flexibilidade definem-se objetivos e indicadores, e cobram-se resultados
efetivos.
Em seguida, deve-se desenvolver, junto às lideranças, o espírito empreendedor, quer seja interno ou
externo. Os empreendedores pensam estrategicamente antes de agir, consideram os anseios do cidadão
e as necessidades da instituição, os recursos disponíveis, os custos e os riscos envolvidos e as ações
pretendidas.
Líderes empreendedores pensam mais no futuro, desenvolvem visões, entendem as inter-relações de
forma mais ampla, possuem habilidades variadas, têm valores definidos, são flexíveis e persistentes,
mostram a sua equipe para onde estão indo, como chegar lá e qual a recompensa que os espera na
chegada.
Os governos empreendedores devem ser continuamente avaliados, principalmente pela sociedade, a
fim de readequar seus planos, suas estratégias, e seus objetivos e metas, de acordo com a
aprovação/reprovação da sociedade, para que persigam sempre o melhor resultado possível, orientado
pelas necessidades dos cidadãos.

Governo Empreendedor no Brasil


O Brasil vem adotando a postura empreendedora, um dos exemplos são os contratos de gestão, que
representam formas descentralizadas/desconcentradas de execução, baseadas em compromissos
recíprocos, com objetivos, metas e responsabilidade previamente definidos, e avaliação precisa dos
resultados efetivamente obtidos.
Inserem-se também no empreendedorismo as parcerias, no sentido de envolver diferentes atores,
ampliar as fontes de recursos e obter melhores resultados na implementação das políticas públicas, tanto
em termos de qualidade como de custos. Atualmente, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
é o maior ato de empreendedorismo já adotado pelo Governo Brasileiro, dentre muitos outros casos já
utilizados.
O Brasil também vem adotando medidas para aumentar a competitividade dos produtos
nacionais, são elas:
- Desonerações tributárias e melhoria da infraestrutura mediante as ações do Pac1 e Pac2,
- Incentivo e fomento à inovação e à qualificação profissional.

As duas primeiras medidas reduzem custos de produção, as duas últimas melhoram a produtividade
e a qualidade, e todas contribuem para melhorar a competitividade dos produtos nacionais.

Intraempreendedor

Intraempreendedor é aquele que atua no seu ambiente de trabalho, na sua empresa, e nesse ambiente
procura novas e melhores formas de fazer as coisas, que resultem necessariamente em maior qualidade,
maior produtividade, menores custos ou menores esforços.
É aquele que encontra solução para um problema ou demanda existente, ele vê o que os outros não
conseguem ver, ou seja, vê o passado, vê o presente e tem uma visão de futuro, além disso ele corre
riscos ao sugerir ideias e soluções.
O intraempreendedor preocupa-se em atingir as metas, explicita sua visão e busca apoio para seus
projetos, ele sofre com os problemas da organização e alegra-se com a sua solução, mesmo que
alcançada por outro. Ele é um agente ativo nos processos de mudança, e objeto de esperança para uma
organização melhor, intraempreendedor não teme assumir responsabilidades, não teme pequenas falhas,
pois estas fazem parte do novo e da conquista.

Dica: A principal diferença entre empreendedor e intraempreendedor é que o primeiro trabalha para si
próprio enquanto que o intraempreendedor é servidor de um ente público ou empregado de empresa
privada.

O empreendedorismo é uma força capaz de proporcionar melhorias na qualidade dos serviços e nos
resultados da gestão como um todo, sem o empreendedorismo, não há como as empresas sustentarem-

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
se no mercado, bem como manter a credibilidade, os resultados financeiros e o nível de satisfação dos
stakeholders.40

Segundo Granjeiro41, o governo empreendedor é o que:


- Privatiza.
- Assume riscos.
- Reconhece o mérito.
- Orienta-se pelo mercado.
- Usa noções comerciais sólidas.
- É inovador, imaginoso e criativo.
- Trabalha de acordo com o setor privado.
- Procura formas eficientes de administrar.
- Cria empresas e operações geradoras de recursos.
- Focaliza a avaliação de desempenho das suas ações.
- Está disposto a abandonar velhos programas e métodos.
- Faz com que as coisas funcionem e não teme sonhar o grande sonho.
- Utiliza técnicas de gerenciamento mais inovadoras e eficazes em relação ao custo.
- Despreza as alternativas convencionais que se limitam a oferecer serviços básicos.
- Transforma suas funções em fontes de receita, em vez de pesos sobre o orçamento.

O governo empreendedor promove a competição e focaliza resultados e não normas de procedimento,


a maioria promove a competição entre os que prestam serviços ao público. Eles dão poder aos cidadãos,
transferindo o controle das atividades da burocracia para a comunidade. Medem a atuação das suas
agências, focalizando não os fatores utilizados, os insumos, mas sim os resultados.
Governos de mentalidade empreendedora orientam-se pelos seus objetivos, sua missão, em vez de
regras e regulamentos, ou seja, eles livram-se do velho livro de regulamentos e abandonam as contas,
definem as missões fundamentais, e só então, estabelecem um orçamento e um conjunto de critérios que
deixam os funcionários à vontade para perseguir as missões propostas.

Transformando Administradores Comuns em Empreendedores

Se os administradores não puderem poupar para si parte do lucro obtido, não terão a motivação de
buscar tal lucro, por isso é preciso que se ofereça algum incentivo para que o façam.
Os sistemas orçamentários tradicionais não dão aos administradores públicos qualquer incentivo para
que poupem ou ganhem dinheiro, uma vez que se houver “sobra” em um ano, o orçamento é “cortado”
no ano seguinte. Os orçamentos orientados por missões resolvem este problema ao permitir que cada
departamento guarde para si as quantias que, porventura tenham economizado ou gerado.
Outro ponto é sobre o capital de inovação, no setor privado, as empresas rotineiramente levantam
fundos a fim de investir em oportunidades atraentes. “Via de regra, as empresas modernas mantêm dois
tipos de orçamento: um orçamento operacional, e outro de inovação”, afirma Peter Drucker42.
Na maior parte dos governos, os administradores só conseguem estabelecer um orçamento de
inovação quando o Conselho Municipal ou o Legislativo local lhes destinam uma dotação extra. É um
processo um tanto complicado, pois todos entendemos que “para ganhar dinheiro, é preciso gastar
dinheiro”, mas, no governo, este princípio raramente é respeitado.
Adicionalmente, se quisermos que os funcionários públicos desenvolvam maior “consciência” em
relação às receitas, é necessário desenvolver incentivos que os encorajem a ganhar tanto dinheiro quanto
gastam. Salários fixos produzem exatamente o contrário. Um administrador contemplado com um gordo
orçamento concedido pelo Legislativo agirá de modo idêntico a um adolescente que recebe uma gorda
mesada do pai, ou seja, jamais irá mover no sentido de ganhar ou poupar mais dinheiro.
Por fim, a maioria dos governos não tem a menor ideia de quanto custam os serviços que oferecem.
Mesmo se forem capazes de apresentar uma cifra orçamentária destinada a cada serviço, sempre
esquecem os “custos indiretos”, tais como gastos administrativos, custos de capital e encargos
trabalhistas.
Os administradores públicos não podem pensar como investidores ou visar ao lucro, se não têm
conhecimento de seus custos reais. Como é que se pode mensurar o retorno de um dado investimento,

40 PESSOA, E.; OLIVEIRA, K. C.N. “Perfil intraempreendedor: um estudo inicial em funcionários da Infraero-sede”. Revista do Serviço Público. Brasília: 2006.
41 GRANJEIRO, J. W. Administração Pública, 12a ed. Brasília: Westcon, 2006.
42 DRUCKER, P.; A sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993.

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se ninguém sabe nem mesmo quanto custa esse investimento? Como é que se pode visar o lucro quando
não se sabe o quanto se está gastando?
Um governo empreendedor é transparente e traz à luz seus subsídios, pronto a alterá-los conforme a
manifestação popular. É o tipo de governo que busca sempre novas maneiras de gerar receitas com os
serviços que oferece.

Atenção aos principais conceitos relacionados ao empreendedorismo governamental que você


não pode esquecer:
- Inovação permanente;
- Transparência;
- Flexibilidade;
- Aceitação de mudanças;
- Novas lideranças;
- Superação de obstáculos;
- Aceitação de riscos;
- Buscar oportunidades;
- Alcance de resultados efetivos;
- Clara definição de missão;
- Declaração explícita de metas;
- Saber quanto custam os serviços;
- Dar incentivos aos administradores públicos;
- Respeitar o dinheiro gerado pelo contribuinte.

Sendo assim, uma Gestão Pública consiste na mudança em deslocar o foco da preocupação em
obedecer às regras em compartimentos, tais como ministério, secretarias, departamentos e respectivos
programas - e estabelecer o processo inverso.
Primeiro, identificar objetivamente o que precisa ser feito e, depois, subordinar a organização, a
estruturação, a normatização, o conhecimento, a qualificação e o arranjo de pessoas em equipes à busca
do resultado. Este é um ponto importante de mudança da qualidade gerencial.

Empreender significa obter resultados.


Gestão empreendedora significa gestão voltada para resultados, dessa forma pressupõe agilidade,
dinamismo, flexibilidade e assim por diante, mas sua conexão filosófico-conceitual alinha-se com o que
está descrito no plano de reforma do Estado.

O importante para a gestão empreendedora é entender as parcerias, conceito segundo o qual toda
organização deve trabalhar, interna e externamente, pois a ação isolada é menos eficiente, pouco eficaz,
tem custo alto, visão limitada e obtém resultados de menor qualidade.
A parceria deve ser estimulada, especialmente, na concepção e formulação, etapa em que é
recomendável reunir o máximo possível de informações para discutir determinado problema, ampliando
o conhecimento dele.
Vinculado à parceria está o trabalho em rede, e há uma pequena diferença entre eles, a parceria pode
implicar hierarquia, com coordenação formal e parceiros de diferentes níveis., já o trabalho em rede
pressupõe igualdade.
A rede funciona com pessoas que têm interesses comuns e se articulam livremente, sem relação de
poder, estimular esse tipo de trabalho é também mudar a forma de proceder. O trabalho em rede deve
ser incentivado, sobretudo no esboço das políticas e na formulação dos programas, aproveitando o
conhecimento máximo acumulado dentro do governo, entre o governo e a sociedade civil, entre o governo
e o terceiro setor, entre o governo e a empresa privada e assim por diante.

Outros três aspectos importantes a incorporar, tendo em vista a mudança de qualidade


gerencial, são:
- A questão da transparência;
- O controle social (diálogo público); e
- A gestão da informação e avaliação.

O mais importante é que o Estado esteja voltado para o cidadão, não do ponto de vista teórico e
conceitual, mas do ponto de vista operacional. O Estado deve desenhar políticas e programas olhando
para o cidadão e seus problemas reais, com todas as implicações decorrentes.

55
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
A implantação da cultura gerencial somente será bem-sucedida se estiver subordinada aos princípios
da transparência e do estímulo ao diálogo público, que é o conceito mais rico do que controle social,
apesar de ser este mais usado.
É preciso informar e informar-se, saber o que está acontecendo, verificar se o resultado está sendo
atingido, se determinado padrão de qualidade está sendo observado, se está havendo eficiência, eficácia
etc. Obter a informação, saber usá-la, gerenciá-la e decidir a partir dela são hoje habilidades estratégicas,
em qualquer aparelho público ou organização ligada ao governo.

Novas Lideranças no Setor Público

Liderança e a sua Relação com os Conceitos de Poder e Chefia43


Nas últimas décadas vários autores e pesquisadores se dedicaram em análises aprofundadas do tema
liderança, explicando a diversidade de abordagens e a riqueza de literatura produzida sobre o assunto,
muitas são as definições atribuídas para o termo liderança, pode-se citar as apresentadas por Cavalcanti44
em sua publicação Liderança e Motivação:

Segundo Rauch e Behling45: Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo


organizado em direção a realização de um objetivo. Já para o autor Bennis 46 a liderança é o que dá a
organização uma visão e a capacidade de transformar essa visão em realidade. Ele ainda afirma que o
papel do líder é fazer com que um grande número de pessoas persiga um mesmo sonho.

Considerando suas especificidades esses conceitos, dentre vários atribuídos à liderança, têm
semelhanças que podem ser consideradas características principais contribuindo para a construção de
uma definição comum, ou seja, a habilidade de influenciar e conduzir pessoas e a capacidade de realizar
tendo em vista metas e objetivos.
Etzioni47 relacionava o termo liderança com poder, contudo há que se fazer algumas diferenciações:
Enquanto “poder” é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer a sua vontade (por causa de sua
posição ou força) mesmo que a pessoa preferisse não o fazê-lo, a “autoridade de um líder” é a habilidade
de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal.
Liderança se distingue do conceito de poder por acarretar influência, isto é, indução de mudança de
preferências, ao passo que o poder implica somente que as preferências dos subordinados não são
consideradas.
A palavra poder dentro das organizações vem sofrendo desgastes por carregar o peso de definições
correlatas como autoritarismo, pressão e coação. Por outro lado, a palavra liderança assume espaço com
grande aceitabilidade.
Relacionada com poder, a palavra chefia também é vista com certas reservas, sendo sempre
associada com imposição e superioridade, ao passo que o líder é tido como aquele que consegue
entender a vontade e o desejo da maioria e traduzi-la numa linguagem aceitável por todos, para, a partir
daí, conduzir o grupo a concretização desses desejos independentemente de sua própria vontade e
interesse.
Sendo assim, de acordo com Ouimet48 a liderança pode estimular os colaboradores para uma
aplicação mais eficiente dos conhecimentos recebidos em sua qualificação profissional, tornando o
ambiente de trabalho mais produtivo e agradável para todos na organização.
Para Bergamini49, é possível distinguir variações nos tipos de liderança: Percebe-se que ela significa
diferentes coisas para diferentes pessoas. Essas numerosas percepções entre os vários pesquisadores
levaram à escolha dos vários aspectos a serem observados, que, consequentemente, investigaram, por
sua vez, novos ângulos do mesmo fenômeno, concluindo com interpretações também próprias a respeito
desse mesmo aspecto comportamental”.
Existem várias teorias que buscam explicar as origens e a forma de atuação dos líderes em diferentes
condições de trabalho, os autores Stefano e Gomes Filho50 apresentam as seguintes abordagens:
- Traços de liderança: os líderes já nascem como tal;
- Comportamental: pode ser aprendida por meio de técnicas de desenvolvimento pessoal; e

43 LEMOS, R. B.; BERNI, R. D.; & PALMEIRA, E. M.; "Liderança na gestão pública", Revista acadêmica de economia, 2014.
44 CAVALCANTI, V. L.; CARPILOVSKY, M.; LUND, M.; LAGO, R. A.; Liderança e Motivação; 2. Ed. RJ, FGV, 2006.
45 RAUCH, C.F., & BEHLING, O.; Functionalism: Basis for alternate approach to the study of leadership’. Elmsford, New York: Pergamon Press, 1984.
46 BENNIS, Warren. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1988.
47 ETZIONI, A.; Organizational dimensions and their interrelationships: a theory of compliance. New York: Theachers College Press, 1968.
48 OUIMET, Gérard. As armadilhas dos paradigmas da liderança. ERA, v. 42, n. 2, 2002.
49 BERGAMINI, Cecília W. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 1994.
50 STEFANO, S.R.; GOMES FILHO, A.C. Estilos de liderança: um estudo comparativo entre empresas de transporte. Revista Capital Científico. Guarapuava,
2004.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
- Situacional: há líderes para cada situação.

A teoria situacional é a mais contemporânea e tem sido amplamente discutida, pois analisa uma
questão específica e considera os vários estilos de liderar, habilidades e necessidades de cada âmbito
de trabalho nas organizações, ela engloba não apenas o processo de liderança em si, mas também os
colaboradores e o espaço onde o processo ocorre.
Atualmente, tanto em organizações públicas quanto nas privadas, é evidente uma maior busca na
aplicação dos princípios da liderança, para aprimorar o relacionamento interno e com os clientes.

Hunter51 (2006) explica:

“Algumas pessoas tem questionado por que o foco está concentrado nos aspectos da liderança
orientados para o relacionamento, em vez de no trabalho em si ou em aspectos técnicos. Na verdade,
era exatamente o que costumávamos fazer, mas ao longo dos anos descobrimos que quase nunca
encontrávamos gerentes com problemas na área técnica ou na realização do trabalho. Ao contrário, sua
força nessas áreas era o motivo pelo qual haviam sido promovidos a posições de liderança”.

Diante disso, o conceito de liderança remete a um processo complexo e distinto de influência, exercido
por uma pessoa ou um grupo especialmente preparado para atuar na realização de metas. A eficácia da
liderança pode ser medida pela capacidade de adaptação e ajustes que apresenta para cada situação
vivenciada. Não existe um modelo de liderança completo, pois é exercida por seres humanos sujeitos a
erros e acertos, num processo contínuo de aprendizagem e acúmulo de capital intelectual. 52
Semelhante ao que se passou no setor privado diante das novas demandas do mundo globalizado, as
organizações públicas se veem pressionadas a reverem suas estruturas e dinâmicas de funcionamento,
a fim de otimizarem seus processos e rotinas, assegurando melhor desempenho e resultados mais
efetivos.
Sendo assim, o foco nos resultados, a valorização do espírito empreendedor está sendo incorporados
ao vocabulário dos líderes e gestores públicos.
Ao passo que os líderes públicos são envolvidos por inúmeros objetivos, com diferentes racionalidades
e interesses, os líderes do setor privado tendem a ter objetivos mais claros, afinal, encontram-se focados
em um propósito central: o lucro, mais facilmente mensurável por meio de indicadores econômico-
financeiros.
Além de dificuldades de se mensurar o desempenho dos líderes do setor público, soma-se o turnover
desses agentes, quer em função de limites de tempo no cargo, quer por mudanças administrativas e
políticas frequentes. Agrega-se a isso, ainda, a estabilidade no emprego experimentada por grande parte,
ou mesmo a totalidade, de seus liderados.

Competências requeridas ao Gestor Público Brasileiro Contemporâneo

Competências
Requeridas ao Relatos
Gestor Público
“Assim, conhecimento de como funciona a máquina é importante. Ele não precisa ter
Conhecimento da trabalhado especificamente. Vamos supor, a pessoa não precisa ter trabalhado no estado, para
Máquina Pública desempenhar bem o papel de gestor no estado. Mas ela precisa ter uma noção de como é que
o jogo funciona em organizações públicas do executivo.”
“Um segundo aspecto: infelizmente, é conhecer bem a parte legal. Porque o que acaba
acontecendo? A gente percebe essa dissociação entre estado e sociedade, e a sociedade não
cobra. Então, outros meios começam a querer cobrar. E a gente tem uma judicialização imensa
Conhecimento Jurídico
no estado, ninguém se preocupa em saber se é importante comprar um calendário ou não é
importante comprar um calendário. Está todo mundo preocupado se o processo de compra de
calendário está obedecendo à lei, nas suas vírgulas e nos seus pontos e vírgulas.”
Capacidade de
“Com relação no sentido mais macro, eu vejo que seria conseguir o envolvimento da
promover o
sociedade, de forma estruturada. Eu acho que o maior desafio é fazer esse processo bem feito,
envolvimento da
o que significaria ele ser irreversível, mas ele ser organizado.”
Sociedade

51 HUNTER, J.C. Como se tornar um líder servidor. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
52 STEFANO, S.R.; GOMES FILHO, A.C. Estilos de liderança: um estudo comparativo entre empresas de transporte. Revista Capital Científico. Guarapuava,
2004.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
“Por exemplo, na área de RH, o maior problema que a gente teve foi de habilidade, eles não
Capacidade de lidar com tinham habilidades de lidar com o público, porque eles estão ali para atender as pessoas. Eles
o Público conheciam profundamente a matéria, a legislação de recursos humanos, mas não tinham
habilidade em lidar com aquilo, que era o público, que era o usuário dele.”
“Ele [o gestor público] deve ser extremamente objetivo. Eu acho que a pluralidade de assuntos
Objetividade pode levar a desvios. Então, eu acho que ele precisa ser bastante objetivo, ter uma meta e
buscar atingir aquilo que ele deseja.”
“Em outras palavras, o gestor que vai operar o estado, tem que ter em mente que ele precisa
atingir um resultado final. Ele tem que entender que ele é um profissional que tem que
Orientação para apresentar um resultado, assim como é um profissional
Resultados do mercado. Então, o que eu vejo hoje que precisaria no setor público são as pessoas mais
preocupadas com o resultado e menos com os processos pelos quais você alcança esse
resultado.”
“E assim, ele [o gestor público] tem que ser um gestor globalizado, ele tem que estar
sintonizado com as mudanças que estão ocorrendo, já que ele não pertence mais ao estado,
Perspectiva Global
digamos assim, isoladamente. Mas, um estado que é conjunto de uma Federação e muito mais
federalizado do que nunca.”
“E obviamente, em termos de habilidades assim, o interpessoal conta muito, porque a nossa
Relacionamento
sociedade é muito relacionada. Então, tem que lidar, gerenciar o pessoal, porque o seu pessoal
Interpessoal
é muito importante, até mesmo para trazê-los para trabalhar junto.”
“Ou seja, um gerente, um líder, aqui na nossa administração, tem que ter uma visão sistêmica
voltada, obviamente, para a situação do país, do mundo, mas focado na área pública. Mas, eu
não tenho dúvida de que um líder e um gestor da iniciativa privada também tenham que ter
Visão Sistêmica
uma visão sistêmica, mas, com foco já no negócio dele, já na área privada dele. Agora, eu acho
que a gente está se assemelhando, cada vez mais, às competências requeridas para a área
privada e para a área pública, em nível de gerente, de gestor, de liderança.”
Fonte: (OLIVEIRA et al. 2010)

As competências requeridas à atuação do novo gestor público, além de atributos mais gerais,
amplamente observados no setor privado, compreendem, também, especificidades do setor, como o
conhecimento da dinâmica e funcionamento da máquina governamental e o domínio de sua legislação.
Ademais, revelam-se significativas as demandas por atributos de competência como postura
globalizada, orientação para resultados e capacidade de mobilizar e promover o envolvimento e a
participação de diferentes atores sociais.

A seguir listamos algumas competências essências que o líder deve possuir:


- Capacidade de Comunicação;
- Capacidade de lidar com os liderados;
- Legitimidade;
- Bom-senso;
- Capacidade de agregação;
- Disciplina;
- Visão sistêmica;
- Espírito de corpo.

Ainda que existam convergências entre os perfis de gestores e líderes, as características tidas como
requeridas ao líder e aquelas demandadas ao gestor público indicam algumas diferenças. Uma delas
parece ser que o líder, em comparação com o gestor, apresenta demandas por competências que vão
mais além da dimensão técnica, estando, mais amplamente, atreladas ao relacionamento com seus
liderados e com os diversos stakeholders da instituição.
Portanto, como seria de se esperar, as competências dos líderes estão mais vinculadas às habilidades
e atitudes, enquanto conhecimentos técnicos fazem parte, em maior grau, das competências requeridas
aos gestores.

Questões

01. (SEPLAG/SE - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental - IBFC/2018) O


empreendedorismo governamental ocorre quando os gestores públicos aproveitam os recursos
disponíveis de formas novas e melhores, buscando a satisfação e o benefício dos cidadãos. O conceito
de empreendedorismo governamental surgiu com o livro Reinventando o Governo - como o espírito

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
empreendedor está transformando o poder público, de Osborne e Gaebler. Sobre o tema assinale a
alternativa correta:
(A) Um governo empreendedor pretende controlar a economia, seja por meio direto ou indireto, bem
como concentrar a gestão das atividades empresariais na administração pública
(B) Para um modelo de empreendedorismo governamental deve se buscar o desaparecimento do
Estado, para que a administração pública conte, cada vez mais, com características próprias da iniciativa
privada
(C) Um governo empreendedor atua estrategicamente buscando gerar receitas, e não despesas,
ampliando as prestações dos serviços públicos e considerando os gastos sob uma perspectiva de
investimento
(D) O conceito de empreendedorismo governamental prestigia, em diversos aspectos, a manutenção
da burocracia do Estado como critério para seu próprio funcionamento

02. (CGE/RO - Auditor de Controle Interno - FUNRIO/2018) São princípios básicos norteadores da
visão atual de empreendedorismo governamental e das novas lideranças no setor público, EXCETO:
(A) orientar-se por objetivos, e não por regras e regulamentos.
(B) redefinir os usuários como clientes.
(C) atuar na prevenção dos problemas mais do que no tratamento.
(D) priorizar o investimento na produção de recursos, e não em seu gasto.
(E) promover a centralização da autoridade.

03. (STM - Analista Judiciário da Área Administrativa - CESPE/2018) No que se refere ao


empreendedorismo governamental, julgue o item subsequente.

O empreendedorismo governamental, lançado na década de 90 do século passado, se voltava à


redução da burocracia e à promoção de competição, inclusive nos serviços públicos.

( ) Certo ( ) Errado

04. (Prefeitura de São José dos Campos/SP - Auditor Tributário Municipal - VUNESP) Na gestão
pública empreendedora,
(A) a maior parcela da execução fica a cargo dos agentes públicos, cabendo à iniciativa privada apenas
as tarefas residuais.
(B) tem-se por objetivo principal a redução do tamanho do Estado, por meio da diminuição dos gastos
públicos.
(C) dá-se ênfase ao papel dos cidadãos na participação das decisões que afetam sua comunidade e
à colaboração com a fiscalização dos serviços públicos.
(D) menospreza-se a prevenção dos problemas enfrentados pelo Estado, procurando resolvê-los à
medida de seu aparecimento, em virtude da escassez de recursos inerentes ao poder púbico.
(E) a administração é centralizadora, cabendo à burocracia diretora dos órgãos públicos todas as
decisões importantes em termos de gestão e a responsabilidade integral pelos seus resultados.

05. (TRE/GO - Técnico Judiciário - CESPE) Julgue o item a seguir, referentes a aspectos diversos
da administração pública moderna.

O governo empreendedor visa atender ao cidadão como cliente e, nesse atendimento, em vez de servi-
lo, dá-lhe responsabilidades.

( ) Certo ( ) Errado

06. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais - CESPE) Acerca da administração pública


contemporânea, julgue o item subsecutivo.

A gestão pública empreendedora fundamenta-se no aumento da produtividade e do rendimento das


empresas públicas, de modo a gerar maior receita para o Estado.

( ) Certo ( ) Errado

59
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07. (Fundação Hemocentro de Brasília/DF - Administração - IADES) O propósito da nova gestão
pública é criar mais valor para a sociedade como um todo, ou seja, gerar evolução no sentido mais amplo.
Com base no exposto, é correto afirmar que os executivos de governo devem:
(A) assegurar o controle apropriado para garantir o cumprimento das políticas públicas, apenas
(B) garantir a excelência das políticas públicas criadas, uma vez que, com qualidade, elas podem
sozinhas cumprir toda a função pública.
(C) posicionar-se em um ponto além dos desejos e das necessidades da sociedade, ou seja, devem
ser capazes de descobrir o que a sociedade vai desejar e (ou) precisar antes mesmo que ela saiba. Para
isso, devem estar atentos às tendências de futuro, a soluções inovadoras e à postura empreendedora em
prol dessa sociedade.
(D) assegurar a estabilidade das instituições públicas, evitando que a sociedade corra riscos, dessa
forma garantindo o status quo no processo de gestão pública, independentemente de tendências e de
demandas futuras da sociedade.
(E) servir à sociedade como agentes neutros, apenas executando as atividades, sem questionamentos
ou análises, uma vez que sempre estiveram estabelecidas como procedimentos corretos.

08. (PGE/MT - Analista - FCC) O empreendedorismo governamental tem, entre suas fontes de
inspiração, a obra de David Osborne e Ted Gaebler intitulada Reinventando o Governo, a qual preconiza
uma série de princípios que orientam a ação empreendedora, entre os quais se insere(m) o(s) conceito(s)
de governo:
I. catalizador: que coordena, regula e fomenta, deixando a maior parte da execução aos demais atores.
II. competitivo: introduzindo a competição na prestação de serviços públicos, com a finalidade de
aumentar a eficiência.
III. centralizado: criando núcleos estratégicos para execução de serviços de alta complexidade técnica.
Está correto o que se afirmar APENAS em:
(A) I e II.
(B) I.
(C) I e III.
(D) II.
(E) II e III.

Gabarito

01.C / 02.E / 03.Certo / 04.C/ 05.Certo / 06.Errado/ 07.C/ 08.A

Comentários

01. Resposta: C
O Governo Empreendedor, busca gerar receitas e não despesas, sendo assim, a busca de novas
receitas deve ser incentivada para que o governo recupere sua capacidade de investir e de gerar mais
receitas no futuro. Uma das ideias de Gaebler e Osborne 53 é a instituição de taxas para os serviços
públicos. Outra noção é a de considerar os gastos sob uma perspectiva de investimento, ou seja,
considerando o benefício futuro de cada despesa.

02. Resposta: E
Dentre uma série de princípios que orientam os governos e gestores a agir como empreendedores,
destaca-se, o Governo Descentralizado, ou seja, da hierarquia à participação e ao trabalho em equipe,
promovendo mais autonomia aos servidores e equipes, como forma de democratizar a gestão e agilizar
a prestação de serviços.

03. Resposta: Certo


Para os autores do livro “Reinventando o Governo’’, a competição leva ao aumento da eficiência,
força os agentes (públicos ou privados) a suprir melhor as necessidades dos clientes, aumenta a
inovação e a criatividade e melhora o clima organizacional dentro dos órgãos públicos.

04. Resposta: C

53 OSBORNE, D.; & GAEBLER, T.; Reinventando o governo. Gaebler Ted, 1992.

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O governo empreendedor é aquele que pertence à comunidade, que se volta para o atendimento das
necessidades dos cidadãos. Surge como uma proposta de solução para os problemas públicos da
sociedade pós-industrial. Busca novas formas de utilizar os recursos que resultem em mais eficiência, e
caracteriza-se por decidir e coordenar mais, deixando a maior parte da execução a cargo dos demais
atores.

05. Resposta: Certo


Entre os princípios no livro de Osborne e Gaebler (1994) que orientam os governos e gestores a
agirem como empreendedores, temos:
• O governo pertence à comunidade: dando responsabilidade ao cidadão, em vez de servi-lo –
os cidadãos são chamados a participar das decisões que afetam sua comunidade e a colaborar com a
fiscalização/controle dos serviços públicos.

06. Resposta: Errado


Quem visa o lucro é a iniciativa privada. A administração pública visa o aumento da produtividade para
satisfazer os anseios dos usuários/clientes/cidadãos.
De acordo com Augustinho Paludo (Administração Pública, 4º edição): "O governo empreendedor
adota uma gestão moderna - coordenada, compartilhada, descentralizada -, aberta à participação e ao
trabalho em equipe, em que a iniciativa e a proatividade são incentivadas com vistas à criação de valor
para os usuários dos serviços e para a própria gestão pública. Procura unir valores como orientação para
missão e para os objetivos, com formas modernas de administrar focadas no cliente - cidadão e nos
resultados, além de apregoar a motivação dos servidores mediante incentivos."

07. Resposta: C
Entendemos que a gestão (lato sensu), como conceito da Ciência da Administração, representa um
conjunto de tarefas que procuram garantir a afetação eficaz de todos os recursos disponibilizados pela
organização, a fim de serem atingidos os objetivos pré-determinados.
Por outro lado, é possível consignar à gestão a otimização do funcionamento das organizações através
da tomada de decisões racionais, fundamentadas no recolhimento e tratamento de dados e informações
relevantes, para, por essa via, contribuir para o seu desenvolvimento, para a satisfação dos interesses de
todos os seus empregados e proprietários e, principalmente, para a satisfação de necessidades da
sociedade em geral ou de um grupo em particular.

08. Resposta: A
Governo Catalisador – navegando e não remando de acordo com os autores, o governo deve ter o
papel de indutor da sociedade, de regulador, não mais de executor dos serviços. Assim ele pode melhor
modelar e regular a atividade econômica, de forma a ser mais efetivo e chegar “mais longe” do que antes,
quando executava tudo.
Governo Competitivo – Injetando competição na prestação de serviços. A promoção da competição é
outro fator considerado fundamental pelos autores. Para estes a competição leva ao aumento da
eficiência, força os agentes (públicos ou privados) a suprir melhor as necessidades dos clientes, aumenta
a inovação e a criatividade e melhora o clima organizacional dentro dos órgãos públicos. Os autores,
porém, não vislumbravam apenas a competição do setor público versus privado.
Governo Descentralizado – da hierarquia à participação e ao trabalho de equipe: Atualmente as
tecnologias de informação possibilitam que exista uma descentralização de poderes para os níveis mais
baixos na hierarquia sem que a cúpula perca o controle. A descentralização também eleva a flexibilidade,
a eficiência e o comprometimento dos servidores envolvidos.

Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada

A Administração Privada é muito antiga, pode-se dizer que ela existe desde os primórdios da
sociedade, enquanto isso a Administração Pública se inicia com o nascimento da ideia de Estado, por
isso há uma tendência da gestão pública se assemelhar à gestão privada.
No entanto, percebemos, no dia-a-dia muitas as diferenças entre a administração dos bens e
processos relacionados a iniciativa privada e a iniciativa pública, principalmente, quando comparamos o
atendimento aos clientes, o tratamento de bens, propriedades, as relações de trabalho e emprego.

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Quanto à administração, a iniciativa privada preza pelo cuidado dos interesses de um grupo específico
objetivando o lucro, diferentemente do setor privado que visa o bem público, o bem-estar social, a
imparcialidade e equidade para com a sociedade.
De acordo com o Princípio da Legalidade, que é fundamento do Estado democrático de direito, tendo
por fim combater o poder arbitrário do Estado, os conflitos devem ser resolvidos pela lei e não mais
através da força, dessa forma: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei” (art. 5º, II da CF).

Princípio da Legalidade
O Princípio da Legalidade estabelece um limite para a atuação do Poder Público ao mesmo tempo em
que expressa a garantia de que o Estado deverá atuar com base na lei. Já a iniciativa privada, vistas as
exigências do Estado para as empresas, são somente aquelas que estiverem previstas na lei.
No direito público, a atividade administrativa deve estar baseada numa relação de subordinação com
a lei, na qual “Administrar é aplicar a lei de ofício”, “É aplicar a lei sempre”. Já no direito privado, a atividade
desenvolvida pelos particulares deve estar baseada na não contradição com a lei.

Em outras palavras, o Estado pode fazer tudo o que a lei permite e a iniciativa privada pode fazer
tudo o que a lei não proíbe.

A Administração Pública, de modo geral, reconhece a necessidade de atualização e aperfeiçoamento


de suas práticas, na busca de resultados mais eficazes, compatíveis com os da iniciativa privada, e dessa
forma, tenta aplicar ferramentas da Gestão de Pessoas utilizadas nas empresas privadas, por exemplo,
para conseguir um melhor desempenho por parte de seus funcionários e uma maior satisfação por parte
de seus clientes, os cidadãos.
Mesmo com algumas evoluções na Administração Pública, é importante enfatizar algumas diferenças
que são evidentes, e que sempre existirão, abaixo serão exemplificados alguns pontos mais críticos que
diferenciam uma Gestão da outra.

Diferenças entre Administração Pública e Administração Privada

Pontos Críticos Administração Pública Administração Privada

Objeto Necessidades coletivas Necessidades individuais

Interesse particular
Fins Interesse público
Leis/ regulamentos, autotutela declarativa,
Meios Contratos entre particulares
privilégio de execução prévia
Investimento privado
Financiamento Impostos (OE)

Objetivo Final Bem-estar de uma sociedade Lucro

Lógica de
Inexistência ou imperfeições de mercado Mercado
atuação
Igualdade, equidade, justiça,
Valores proporcionalidade, universalidade, bem Restrição
comum,

Concorre com outros atores


Concorrência Tendencialmente inexistente ou limitada
(concorrência perfeita)
Fonte: Adaptado de Mozzicafreddo e Gomes (2001). 54

54 Mozzicafreddo, Juan, e Salis Gomes (Orgs.) (2001), Administração e Política. Perspectivas de Reforma da Administração Pública na Europa e nos Estados
Unidos, Oeiras, Celta Editora.

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As gestões pública e privada assemelham-se na medida em que necessitam de planejamento,
organização, aplicação e controle das ações, contudo as formas de aplicação desses processos são
distintas.

Administração Pública
A Administração Pública é criada através de Leis e sua receita é proveniente dos tributos, sendo de
caráter compulsório, sem uma necessária contrapartida em termos de prestação direta de serviços. Deve-
se levar em conta os interesses da coletividade, direitos e deveres. Já o controle é feito pelo cidadão
através de eleições, as tomadas de decisões são mais lentas e influenciadas pelos fatores políticos e
pelas necessidades do povo.
Na Administração Pública, no que tange à Subordinação ao Ordenamento Jurídico vigente, tudo o que
não está juridicamente determinado está juridicamente proibido, Princípio da Legalidade, preponderam
as normas de direito público, ou seja, direito constitucional e administrativo.
O tempo de existência da Administração Pública é indeterminado, uma vez que o Estado não vai à
falência, possuindo assim a garantia da sobrevivência das organizações.

Administração Privada
A Administração Privada é criada através de instrumento contratual ou societário. Suas receitas são
advindas de pagamento efetuados espontaneamente pelos clientes, os interesses são privados e
individualizados, o controle é feito pelo mercado, através da concorrência com outras organizações e as
tomadas de decisões são rápidas, racionais e algumas vezes unilaterais.
Na Gestão Privada, preponderam as normas de direito privado, ou seja, contratual, direito civil e direito
comercial. Tudo o que não está juridicamente proibido está juridicamente facultado. A sobrevivência da
Administração depende da eficiência organizacional, ou seja, da eficiência do administrador em gerir a
sua empresa, e também da competitividade acirrada no mercado.
Já as organizações privadas objetivam o lucro, no entanto, também exercem função social, o que a
sociedade espera como retorno para permitir aquela espécie de acumulação. Assim, o social também é
um objetivo de uma empresa privada. A manutenção para um meio ambiente saudável também é um
objetivo de uma empresa privada, pois é dele que a organização tira seu próprio sustento.

No Brasil, as pessoas podem escolher em qual das classes sociais quer estar incluída e lutar por essa
posição, já que existe mobilidade social. Provavelmente, na administração privada, as pessoas mais
ambiciosas podem ter mais flexibilidade para trabalhar, e consequentemente ganhar mais dinheiro.
Já as pessoas que buscam um emprego público tendem a ter um perfil mais conservador e buscam
maior estabilidade, o que não é regra. Todavia, o ingresso no serviço público é diferente do emprego na
iniciativa privada.
Na gestão pública, as promoções são determinadas ou pelo mérito (meritocracia). O sistema de
carreiras e promoções no setor público foi implantado por Getúlio Vargas na década de 30, com a criação
do DASP (Departamento Administrativo do Setor Público).
Atualmente, no setor privado, o sistema de carreiras e promoções busca flexibilidade total, e apesar
de cada empresa estruturar as carreiras e promoções da forma que melhor lhe convier, o plano de carreira
fica é de responsabilidade cada pessoa.
Na gestão pública, as contrações são realizadas por meio de concursos públicos. Conforme inciso II
do art. 37 da Constituição Cidadã de 1988:
A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, nas
formas previstas em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.

Diferença Básica entre Cargo e Emprego Público

Cargo Público: normalmente é regido pelo Estatuto do Servidor Público (Lei nº 8.112/90). São os
estatutários.

Emprego Público: regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto-Lei nº 5.452/43). São
os celetistas.

63
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Em determinadas circunstâncias, o órgão público pode realizar concursos temporário, na qual a
permanência no cargo é por tempo determinado, sendo permitida a prorrogação do tempo de
permanência.
Nos concursos o Estado recruta pessoal com capacidade técnica, já as empresas buscam profissionais
com experiência de mercado, de acordo com seus interesses por meio de práticas de recrutamento e
seleção, as pessoas têm a liberdade de mudar de vida e abrir seu próprio negócio e assim administrá-lo
da maneira que melhor lhe convier.
As compras públicas devem ser realizadas por meio de licitação, regulada pela Lei nº 8.666 de 21 de
junho de 1993. A licitação é um procedimento obrigatório para a celebração de um contrato com a
Administração Pública, na qual da proposta mais vantajosa será selecionada para o atendimento do
interesse público.
Já o setor privado possui maior flexibilidade para comprar, uma vez que pode cotar preços e comprar
do fornecedor que considerar mais adequado ou vantajoso.

CONVERGÊNCIA E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO PRIVADA

Características Gestão Pública Gestão Privada

Tributos: impostos, taxas e Pagamentos advindos de vendas


Receitas
contribuições e capital social
Público alvo Cidadão Clientes
Regulado pelo mercado, livre
Mecanismo de controle Controle político, eleições periódicas
concorrência, oferta e demanda
Princípio da legabilidade,
Preponderância das normas do
Ordenamento jurídico preponderância das normas do
direito privado
direito público
Sobrevivência das Tempo indeterminado, o estado não Depende da eficiência
organizações vai à falência organizacional, competitividade
Influenciada por variáveis de ordem Tendem a ser mais rápidas e
Processo de tomada de política, política públicas, programa flexíveis. Políticas empresariais
decisão de governo, tendem a ser mais voltadas para objetivos de
lentas mercado
Modo de criação,
Através de instrumento contratual
alteração ou extinção da Através da lei
ou societário
pessoa jurídica

Setor Público X Setor Privado

Quanto ao interesse: A gestão pública procurará satisfazer o interesse e bem-estar geral (voltada
para o bem público), enquanto a gestão privada procura satisfazer os interesses de determinados
indivíduos ou grupos (voltada para o bem privado). Como o governo detém a autoridade suprema, espera-
se que resolva todos os conflitos dos particulares, garantindo, assim, o bem-estar comum.

Quanto aos recursos: A gestão privada lida com recursos próprios ou de investidores, e a pública
com recursos gerados pelos contribuintes.

Quanto ao controle: A teoria das proteções especiais; segundo Weber, como os servidores públicos
agem em nome do poder público, dispõem, em virtude disso, de um certo poder de coação,
independentemente de seu nível hierárquico; essa autoridade, para que não se torne abusiva, necessita
de controles, não só de seu chefe, mas também dos colegas, dos subordinados, do povo e do próprio
servidor. A esse controle, Weber denominou Teoria de proteções especiais.

Quanto aos objetivos: A gestão pública visa a consecução de seus objetivos em prol do interesse
coletivo, sem, contudo, buscar lucro em suas atividades. A gestão privada visa o lucro. Não adianta ter
aquela visão de que lucro é algo “ruim”, que é “feio pensar em lucro”. Não, o lucro é sim a razão de ser
das empresas privadas. Sem lucros, elas não existem. Vale ressaltar que as organizações públicas que

64
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
oferecem serviços não exclusivos ao Estado (como as empresas públicas, por exemplo), podem auferir
lucro. Assim, os empresários são motivados pela busca do lucro, as autoridades governamentais se
orientam pelo desejo de serem reeleitas. A partir dessa diferença fica mais fácil entender as demais
diferenças.
As empresas normalmente trabalham em regime de competição; os governos usam habitualmente o
sistema de monopólio. No governo, todos os incentivos apontam no sentido de não se cometerem erros.
O governo é democrático e aberto, por isso seus movimentos são mais lentos comparados aos das
empresas, cujos administradores podem tomar decisões rapidamente, a portas fechadas.

Quanto à privacidade: Na gestão pública, salvo em áreas de segurança do Estado, não pode haver
segredos e não há privacidade. Aliás, um dos princípios constitucionais da administração pública é a
publicidade. A administração deve publicar todos os seus atos, visando à transparência, facilitando o
controle (accountability).
Na administração privada, a privacidade pode ser fundamental para o sucesso nos negócios. Um
segredo de negócio desvendado pode ser a razão do fracasso de uma empresa. Lançamentos de
produtos e serviços normalmente são guardados a sete chaves. Esse é um assunto tão sério no meio
empresarial que há autores que aconselham as organizações a tomarem conta inclusive do seu lixo, ou
seja, não podem deixar nenhum vestígio.
Os segredos industriais são fundamentais. Além do mais, as empresas privadas podem desejar não
fornecer determinadas informações que julgar necessário, por questões de competição, por exemplo.

Quanto às carreiras e promoções: As carreiras e promoções são mais flexíveis no setor privado,
podendo ser revista e reestruturada a qualquer momento de acordo com as necessidades da gestão
visando maior satisfação e consequentemente maior rentabilidade de seus funcionários, na gestão
pública as regras estipuladas para cada órgão devem ser seguidas estritamente.

Quanto à contratação: A gestão privada pode contratar pessoal conforme seu interesse, sendo por
escolaridade, por experiência, por capacidade profissional, até pelo famoso “QI” (quem indicou!). A gestão
pública deve contratar através de concursos (salvo situações especiais de cargos de confiança.
Estudaremos melhor sobre esse assunto na aula sobre administração de pessoal).

Quanto à estrutura: A administração pública tem sua estrutura mais verticalizada e burocratizada,
enquanto a gestão privada tende a ser mais horizontalizada e flexível.

Adaptações: Enquanto na gestão privada o conceito de custo-benefício orienta o processo produtivo,


na gestão pública tal conceito não pode ser utilizado em toda sua plenitude, tendo em vista as funções
sociais do Estado (alocativa, distributiva, etc.). Assim, nem sempre o mais barato será o melhor para o
ente público. Há de se considerar o papel social do Estado.

Embora as gestões pública e privada possuam muitas diferenças, algumas convergências podem ser
percebidas, tais como a necessidade de planejamento, foco no sucesso do cliente e uso de ferramentas
de qualidade total, dentre outras.
A Gestão Pública reconhece a necessidade de atualização e aperfeiçoamento e com isso tenta aplicar
ferramentas da Gestão de Pessoas, por exemplo, utilizadas nas empresas privadas para conseguir um
melhor desempenho por parte de seus funcionários como uma maior satisfação por parte do público.

Questões

01. (TER/RN - Analista Judiciário - FCC) A gestão pública, ao contrário da gestão privada, é obrigada
a
(A) respeitar a Constituição Federal.
(B) agir apenas de acordo com o que a lei permite.
(C) seguir o princípio da Pluralidade.
(D) oferecer seus serviços gratuitamente.
(E) publicar periodicamente balanços sociais.

02. (TCE/RO - Auditor - FCC) A principal diferença entre a gestão privada e a gestão pública é que a
segunda

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(A) é obrigada a atender a todos, independentemente da capacidade financeira dos cidadãos e de
suas demandas idiossincráticas.
(B) encontra-se limitada por regras legais e princípios morais, enquanto a primeira se orienta apenas
pelo objetivo do lucro.
(C) funciona exclusivamente sob a forma do modelo burocrático, o que a impede de atender às
necessidades individuais dos cidadãos.
(D) funciona sempre em condições de monopólio natural, o que a torna insensível a questionamentos
de ordem ética.
(E) pode operar sem levar em conta princípios típicos da gestão privada, como a economicidade e a
eficiência.

03. (TRE/PA - Técnico Judiciário - IADES) A respeito das convergências e diferenças entre a gestão
pública e a gestão privada é correto afirmar que
(A) na administração pública e na gestão empresarial os administradores só podem fazer aquilo que a
Lei expressamente os autoriza.
(B) a Administração Pública deve buscar o bem da sociedade, o interesse público. As empresas
buscam a lucratividade e a maximização da riqueza dos seus acionistas.
(C) os conceitos de cliente e cidadão tem a perfeita aderência, inclusive no que tange a deveres e
obrigações.
(D) o princípio da publicidade se aplica de forma similar à administração pública e à administração
privada, incluindo o terceiro setor.
(E) ao setor privado se aplicam os princípios da eficiência, moralidade e impessoalidade, vinculando
aos seus administradores o estrito cumprimento das normas.

04. (TRE/AM - Técnico Judiciário - IBFC) Assinale a alternativa que contém a principal diferença na
gestão pública e a gestão privada de uma atividade.
(A) Princípio da Legalidade, já que, apenas, nas relações entre particulares devem ser observados os
limites impostos pela lei.
(B) Princípio da Continuidade, pois o regime jurídico da iniciativa privada não permite a paralisação
das atividades.
(C) Princípio da Autonomia da Vontade, pois o administrador público é livre para decidir qual ramos de
atividade explorar, bem como a forma de exercê-la.
(D) Princípio da Legalidade, já que a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite, enquanto
que, no âmbito das relações entre particulares, o princípio aplicável é o da Autonomia da Vontade, que
lhes permite fazer tudo o que a lei não proíbe.

05. (CNEN - Assistente Administrativo - IDECAN) *Baseado nos conceitos fundamentais de gestão
de materiais e Administração Pública, responda à questão.
Assinale a alternativa em que a gestão de materiais em uma organização privada difere-se da gestão
de materiais na Administração Pública.
(A) Comparação de preços por meio de pesquisa de mercado.
(B) Especificação da compra conforme a necessidade da organização.
(C) Identificação de quando comprar, conforme a necessidade da organização.
(D) Decisão quanto ao quantitativo e à qualidade desejável dos bens a serem adquiridos.
(E) Escolha pessoal dos fornecedores mediante critérios de conveniência e oportunidade.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.B / 04.D / 05.E

Comentários

01. Resposta: B.
O Estado pode fazer tudo o que a lei permite e a iniciativa privada pode fazer tudo o que a lei não
proíbe.

02. Resposta: A.
A gestão pública procurará satisfazer o interesse dos cidadãos, já as organizações privadas objetivam
o lucro.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
03. Resposta: B.
A gestão pública procurará satisfazer o interesse e bem-estar geral (voltada para o bem público),
enquanto a gestão privada procura satisfazer os interesses de determinados indivíduos ou grupos
(voltada para o bem privado).

04. Resposta: D.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II da
CF).
O Princípio da Legalidade estabelece um limite para a atuação do Poder Público ao mesmo tempo em
que expressa a garantia de que o Estado deverá atuar com base na lei. Já a iniciativa privada, vistas as
exigências do Estado para as empresas, são somente aquelas que estiverem previstas na lei.
No direito público, a atividade administrativa deve estar baseada numa relação de subordinação com
a lei, na qual “Administrar é aplicar a lei de ofício”, “É aplicar a lei sempre”. Já no direito privado, a atividade
desenvolvida pelos particulares deve estar baseada na não contradição com a lei.
Em outras palavras, o Estado pode fazer tudo o que a lei permite e a iniciativa privada pode fazer tudo
o que a lei não proíbe.

05. Resposta: E.
As compras públicas devem ser realizadas por meio de licitação, regulada pela Lei nº 8.666 de 21 de
junho de 1993. A licitação é um procedimento obrigatório para a celebração de um contrato com a
Administração Pública, na qual da proposta mais vantajosa será selecionada para o atendimento do
interesse público.
Já o setor privado possui maior flexibilidade para comprar, uma vez que pode cotar preços e comprar
do fornecedor que considerar mais adequado ou vantajoso.

Excelência nos serviços públicos

A excelência nos serviços públicos se relaciona com as melhorias acumuladas no decorrer dos
processos de modernização, à utilização de ferramentas da qualidade, à situação orçamentária financeira
do Estado para custeio da prestação dos serviços e ao padrão de relacionamento entre o Estado e a
sociedade.55
Quando se fala em prestação de serviços públicos, a excelência corresponde ao grau máximo de
qualidade dos serviços prestados, mas na maioria das vezes é visto como impossível chegar a esse
patamar, no entanto, para que isso se torne possível é preciso atribuir programas de qualidade dentro da
administração pública, para que a missão de atingir essa excelência seja cumprida.
Portanto a excelência corresponde a uma visão existente na Administração Pública, segundo a qual
ao se utilizar ferramentas e técnicas da qualidade para promover melhorias contínuas relacionadas aos
serviços oferecidos ao cidadão (o que inclui o treinamento e a motivação dos servidores) se estará
caminhando rumo à excelência.

Atenção!! Na Administração Pública a qualidade é entendida como a satisfação das necessidades e


expectativas do usuário, ou seja, do cidadão. Portanto a aplicação dos princípios da qualidade na área
pública tem como objetivo final a melhoria da qualidade de vida da população.

Na Gestão Pública, não são leis, normas ou técnicas que caracterizam a excelência da gestão, mas
sim, são os valores essenciais, que precisam ser internalizados por todas as pessoas das organizações
públicas, que definirão a gestão de uma organização como excelente.
Segundo Moreira56, a qualidade é uma filosofia de gestão e um compromisso com a excelência,
baseada na orientação para o cliente, além disso ela afirma que, a excelência em uma organização
depende fundamentalmente de sua capacidade de perseguir seus propósitos em completa harmonia com
seu ecossistema.
A cultura organizacional deve ser de inovação, de aprendizado e de comprometimento com o
atendimento eficiente e de qualidade das necessidades e demandas dos cidadãos. Incorporar as

55 PALUDO, A.; Administração pública. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.


56 MOREIRA, V. L.; A qualidade do atendimento e os serviços prestados.; Dissertação UEA/FGV, 2008.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
necessidades dos cidadãos como sendo as da própria organização e disseminar isso dentro da
organização como meta contínua a ser alcançada pode levar as entidades públicas a um grau muito
próximo da excelência pretendida.
Dessa forma a excelência nos serviços públicos decorre de diversos fatores, tais como:
- A incorporação de novas tecnologias;
- Princípios e ferramentas de qualidade;
- Desempenho dos recursos humanos;
- Mudança cultural;
- Engajamento dos servidores públicos; e
- A efetiva participação e controle da sociedade.

Segundo Kotler57, os fatores determinantes da excelência dos serviços públicos são:


a) Confiabilidade: é a prestação de serviços de acordo com o prometido;
b) Capacidade de resposta: é a prontidão para ajudar os clientes, prestar serviços dentro do prazo
estabelecido;
c) Segurança: é transmissão de confiança aos clientes;
d) Empatia: compreender o cliente e dar-lhe atenção individualizada;
e) Itens intangíveis: refere-se à boa aparência que devem ter as instalações físicas, equipamentos e
servidores.

Para que os serviços sejam de excelência, é necessário que (entre o público e o servidor) criem uma
cultura de excelência na prestação de serviços e no atendimento aos cidadãos, o que deixa claro que
mudanças continuam sendo necessárias para readequar a atuação pública direcionada ao atendimento
do usuário-cidadão, isso representa um desafio que abrange: 58
- A Gestão Pública: novos modelos de gestão baseados na inovação, no incentivo e na flexibilidade
(reorganizar a administração e os recursos disponíveis, otimizando-os).
- As Condições de Trabalho: os dirigentes públicos devem propiciar um ambiente de trabalho
adequado, que contribua para motivar os servidores a prestarem serviços e atendimentos de excelência.
- Os Recursos Humanos: além de capacitação contínua, deve ser criada uma nova cultura de
atendimento ao cidadão e de comprometimento com a prestação dos serviços públicos de excelência.
- As Novas Tecnologias: devem ser amplamente utilizadas para a melhoria dos processos de trabalho
e de comunicação, para fazer mais e melhor, com menor custo, sem comprometer a excelência.
- Os Conceitos e Ferramentas da Qualidade: a implantação de conceitos e ferramentas da qualidade
para melhorar o atendimento e a prestação dos serviços, com o intuito de alcançar a excelência.
- A Comunicação com o Usuário-Cidadão: criação de novos canais que possibilitem a troca de
informações e o conhecimento das expectativas, reclamações e necessidades dos usuários.
- Controle por Resultados: necessariamente avaliar a atuação administrativa em face dos resultados
alcançados, e do nível de satisfação dos usuários quanto aos serviços prestados.

Avaliação dos Serviços Públicos

A avaliação dos serviços públicos trará para a administração o feedback necessário para à
manutenção ou ao aperfeiçoamento dos serviços. Alguns requisitos foram identificados para avaliar se os
serviços têm qualidade ou não, sendo eles:
- Facilidade de acesso ao serviço;
- Utilidade das visitas aos locais de atendimento (quanto menor o número de visitas para obter o
serviço, maior o nível de qualidade);
- Tempo utilizado para o atendimento completo do serviço (horas, dias ou meses)
- A correspondência entre o produto final do serviço e a satisfação da necessidade do cliente;
- A divulgação de informações sobre os serviços; e
- A atenção às reclamações dos usuários.

Destaque-se ainda que a excelência em serviços públicos no conceito de qualidade total é mais ampla,
pois inclui também os clientes internos, como funcionários e administradores. Segundo Albrecht 59, a
qualidade total na prestação de serviços é “uma situação na qual uma organização fornece qualidade e
serviços superiores a seus clientes, proprietários e funcionários”.

57 KOTLER, P., Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1994.
58 PALUDO, A. Administração Pública. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
59 ALBRECHT, K. Revolução nos serviços. São Paulo: Pioneira, 1992.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Os Fundamentos da Excelência em Gestão60

Os Fundamentos da Excelência expressam conceitos reconhecidos internacionalmente e traduzem-


se em processos gerenciais ou fatores de desempenho que são encontrados em organizações de Classe
Mundial, ou seja, aquelas que buscam, constantemente, aperfeiçoar-se e adaptar-se às mudanças
globais. Esses fundamentos, que são baseados nos fundamentos da FNQ (Fundação Nacional de
Qualidade)61 são:

01. Pensamento Sistêmico


Compreensão e tratamento das relações de interdependência e consequência entre os diversos
componentes que formam a organização, bem como entre eles e o ambiente com o qual interagem.

02. Atuação em Rede


Desenvolvimento de relações e atividades em cooperação entre organizações ou indivíduos com
interesses comuns e competências complementares.

03. Aprendizado Organizacional


Busca e alcance de um novo patamar de competência para a organização e sua força de trabalho, por
meio da percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de conhecimento e experiências.

04. Agilidade
Flexibilidade e rapidez de adaptação a novas demandas das partes interessadas e mudanças do
ambiente, considerando a velocidade de assimilação e o tempo de ciclo dos processos.

05. Liderança Transformadora e Inovação


Atuação dos líderes de forma inspiradora, exemplar, realizadora e com constância de propósito,
estimulando as pessoas em torno de valores, princípios e objetivos da organização, explorando as
potencialidades das culturas presentes, preparando líderes e interagindo com as partes interessadas.

06. Olhar para o Futuro


Projeção e compreensão de cenários e tendências prováveis do ambiente e dos possíveis efeitos sobre
a organização, no curto e longo prazo, avaliando alternativas e adotando estratégias mais apropriadas.

07. Conhecimento sobre Clientes e Mercados


Interação com clientes e mercados e entendimento de suas necessidades, expectativas e
comportamentos, explícitas e potenciais, criando valor de forma sustentável.

08. Responsabilidade Social


Dever da organização de responder pelos impactos de suas decisões e atividades, na sociedade e no
meio ambiente, e de contribuir para a melhoria das condições de vida, por meio de um comportamento
ético e transparente, que contribui ao desenvolvimento sustentável.

09. Valorização das Pessoas e da Cultura


Criação de condições favoráveis e seguras para as pessoas se desenvolverem integralmente, com
ênfase na maximização do desempenho e no fortalecimento de crenças, costumes e comportamentos
favoráveis à excelência.

10. Decisões Fundamentadas


Deliberações sobre direções a seguir e ações a executar utilizando o conhecimento gerado a partir do
tratamento de informações obtidas em medições, avaliações e análises de desempenho, de riscos, de
retornos e de experiências.

12. Orientação por Processos


Busca da eficiência e eficácia dos conjuntos de atividades que formam a cadeia de agregação de valor
para os clientes e demais partes interessadas.

11. Geração de Valor


60 FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência. 2013.
61 https://fnq.org.br

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Alcance de resultados econômicos, sociais e ambientais, bem como de resultados dos processos que
os potencializam, em níveis de excelência e que atendam às necessidades das partes interessadas.

Modelo de Excelência da Gestão62

O Modelo de Excelência em Gestão (MEG), é um modelo de gestão organizacional formado por um


conjunto de conceitos chamados de Fundamentos das Excelência da Gestão, que ao total são oito. Ele
foi lançado em 2016, em sua 21ª edição, passando a ser o “carro-chefe” da Fundação Nacional de
Qualidade (FNQ). Seus fundamentos são:
01. Pensamento sistêmico
02. Compromisso com as partes interessadas
03. Aprendizado organizacional e inovação
04. Adaptabilidade
05. Liderança transformadora
06. Desenvolvimento sustentável
07. Orientação por processos
08. Geração de valor

No MEG, os Fundamentos da Excelência são expressos em características tangíveis, mensuráveis


quantitativa ou qualitativas, por meio de requisitos presentes em questões formuladas e em solicitações
de informações específicas. Essas, por sua vez, são agrupadas em itens em cada um dos oito Critérios
acima.
Os objetivos dessa distribuição são facilitar o entendimento de conteúdos afins considerados no MEG
e reproduzir, de forma lógica, a condução de temas essenciais de uma organização. Os fundamentos são
representados pela figura mostrada abaixo, sugerindo uma visão sistêmica da gestão organizacional.

A figura dos fundamentos, é chamada de Diagrama do MEG, ela simboliza a organização, considerada
como um sistema orgânico e adaptável que interage com o ambiente externo. Sugere que os elementos
do MEG, imersos num ambiente de informação e conhecimento, relacionam-se de forma harmônica e
integrada, voltados para a geração de Resultados. Embora o desenho admita diferentes interpretações,
a melhor descrição da figura utiliza o conceito de aprendizado, segundo o ciclo de PDCL (Plan, Do, Check,
Learn), como descrito a seguir:

62 FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência. 2013.

70
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Plan (Planejamento): o planejamento estratégico é formulado pelos líderes para direcionar a
organização e o seu desempenho, e determinar sua posição competitiva, são estabelecidas metas que
consideram projeções e estimativas, bem como o desempenho dos concorrentes ou outros referenciais.
Essas estratégias são desdobradas em todos os níveis da organização em planos de ação de curto,
médio e longo prazo, e recursos adequados são alocados para assegurar sua implementação. As
estratégias, as metas e os planos são comunicados às pessoas da força de trabalho e, quando pertinente,
às demais partes interessadas. A organização avalia permanentemente a implementação das estratégias,
monitora os respectivos planos e responde rapidamente às mudanças no ambiente interno e no externo.

Do (Execução): as pessoas que compõem a força de trabalho devem estar capacitadas e


comprometidas, atuando em um ambiente propício à consolidação da cultura da excelência, para executar
e gerenciar adequadamente os processos, criando valor para os clientes e aperfeiçoando o
relacionamento com os fornecedores.

Check (Controlar/Checar): para efetivar a etapa do controle, são mensurados os resultados em


relação à situação econômico-financeira, clientes e mercado, pessoas, sociedade, processos e
fornecedores. Os efeitos gerados pela implementação sinérgica das práticas de gestão e pela dinâmica
externa à organização podem ser comparados às metas estabelecidas para eventuais correções de rumo
ou reforços das ações implementadas.

Learn (Aprendizado): esses resultados, em forma de informações e conhecimento, retornam a toda


a organização, para que esta possa executar as ações e buscar o aprendizado organizacional. Essas
informações representam a inteligência da organização, viabilizando a análise do desempenho e a
execução das ações necessárias, em todos os níveis. A figura enfatiza as informações e o conhecimento
como elementos que permitem a inter-relação de todos os critérios e, portanto, entre todos os elementos
que constituem a organização. A gestão das informações e dos ativos intangíveis é um elemento
essencial à jornada em busca da excelência.

O Diagrama Da Gestão63

Em adição à figura representativa do MEG, em um nível mais detalhado, permite verificar, por meio
dos oito fundamentos, se a implementação do sistema de gestão da organização incorpora de fato o
PDCL, como sugerido pelo Diagrama da Gestão abaixo:

Fonte: FNQ, 2011.

O Diagrama considera, em seu movimento, que a definição das práticas de gestão e de seus padrões
de trabalho está presente na organização de forma sistemática. As práticas, com abrangência adequada
ao perfil da organização, são sistematicamente implementadas e executadas a partir de um planejamento
e verificadas quanto ao cumprimento dos padrões planejados, promovendo ações de melhoria, sejam
corretivas ou preventivas.

63 FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Critérios de Excelência. 19 ed. São Paulo: 2011.

71
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Os resultados da aplicação das práticas são então avaliados, suscitando a implementação de
melhorias quanto às práticas adotadas ou quanto aos seus padrões de trabalho e promovendo, assim, o
aprendizado e a integração do sistema gerencial.

Questões

01. (CODHAB/DF - Agente Administrativo - Quadrix) Com relação à administração geral e pública,
julgue o item:

Entre os fundamentos de excelência da gestão dos serviços públicos, destaca ‐se a orientação por
processos e informações, em que cada processo possui padrões de trabalho próprios, é controlado com
indicadores individualmente e possui metas coerentes com as necessidades dos usuários.

( ) Certo ( ) Errado

02. (TRT 6ª Região/PE - Analista Judiciário da Área Administrativa - FCC) A excelência nos
serviços públicos está atrelada às melhorias acumuladas no processo de modernização e voltada ao
atingimento do grau ótimo de prestação dos serviços públicos ao cidadão. O conceito de qualidade na
Administração pública reflete essa busca, com a utilização de ferramentas e metodologias, como o modelo
de excelência desenvolvido pela Fundação Nacional de Qualidade (FNQ),
(A) que permite às organizações avaliarem o grau de excelência atingido, a partir da utilização de um
sistema de pontuação apresentado com base nos critérios de excelência da Fundação.
(B) que apenas pode ser aplicado a entidades integrantes da Administração que se submetam ao
regime jurídico de direito privado, como as sociedades de economia mista.
(C) que quando aplicado no setor público, necessita de diagnóstico prévio para identificar os critérios
e fundamentos aderentes ao órgão e entidade, com o desenvolvimento de uma matriz específica.
(D) que propicia às entidades da Administração pública e aos servidores o acesso a treinamentos e
serviços, porém não à avaliação propriamente dita, que é voltada apenas ao setor privado.
(E) que embora não aplicável ao setor público, pode servir de parâmetro para o desenvolvimento de
modelos próprios de excelência, os quais, por seu turno, podem concorrer à premiação promovida pela
Fundação.

Gabarito

01.Certo / 02.A

Comentários

01. Resposta: Certo


Os oito Fundamentos da Excelência, na 21ª edição do MEG, são:
1. Pensamento sistêmico;
2. Aprendizado organizacional e inovação;
3. Liderança transformadora;
4. Compromisso com as partes interessadas;
5. Adaptabilidade;
6. Desenvolvimento sustentável;
7. Orientações por Processos: que integra os processos que definem o conjunto de atividades de uma
organização, em busca de melhor desempenho e satisfação dos clientes e partes interessadas no modelo
de negócio, além disso ele padroniza processos e cria redes inter-relacionadas que garantem a eficiência
e a eficácia da gestão.
8. Geração de valor.

02. Resposta: A
Um dos mais conhecidos modelos de gestão de qualidade, que, com as adaptações correspondentes,
vem sendo aplicado na busca de excelência no âmbito da Administração Pública é o preconizado pela
Fundação Nacional de Qualidade − FNQ, segundo o qual são apresentados fundamentos e critérios de
excelência, divididos em subitens, aos quais são atribuídas pontuações que permitem identificar o grau
de excelência da organização, inclusive, mas não necessariamente, para atribuição de premiação.

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Gestão da Qualidade

Consideramos um produto de boa qualidade quando ele apresenta características que nos satisfazem.
De forma similar, quando um produto não apresenta um bom desempenho, dizemos que é de baixa ou
péssima qualidade.
Por muito tempo, a indústria considerou a conformidade com as especificações técnicas como único
parâmetro para boa qualidade. Podemos traçar um paralelo com a Administração Científica, que
enfatizava as tarefas e a padronização.
Felizmente, o conceito de qualidade e da gestão da qualidade evoluíram. Martins e Neto 64 apresentam
essa evolução em quatro fases:

Primeira fase

Adequação ao uso
A qualidade referia-se à conformidade com as especificações técnicas. Acreditava-se que o projeto do
produto atendia às necessidades dos clientes.

Inspeção
A qualidade referia-se à uniformidade do produto. O departamento de inspeção inspecionava a
qualidade por meio de instrumentos de medição.

Segunda fase

Adequação ao uso
A qualidade era garantida por meio do projeto que assegurasse a satisfação das necessidades de fato
dos clientes e não aquilo que os projetistas pensavam ser. Entretanto, a adequação ao uso era obtida
basicamente por inspeção, o que elevava o custo da qualidade.

Controle estatístico da qualidade


A qualidade também estava relacionada à uniformidade do produto, porém com menos inspeção. Os
departamentos de produção e engenharia eram responsáveis pela qualidade e utilizavam instrumentos e
técnicas estatísticas para controlar a qualidade.

Terceira fase

Adequação ao custo
Focava a qualidade da conformidade, baseando-se nas reais necessidades dos clientes. Era
necessário obter alta qualidade combinada com baixos custos.

Garantia de qualidade
A qualidade deveria ser garantida por toda a cadeia de produção, desde o projeto até o mercado.
Todos os departamentos eram responsáveis por construir a qualidade, por meio de programas e sistemas.

Quarta fase

Adequação às necessidades latentes


O foco da qualidade reside na concepção de produtos ou serviços que venham satisfazer aquelas
necessidades dos clientes, as quais eles ainda não têm plena consciência.

Gestão estratégica da qualidade


Considera as necessidades do mercado e do consumidor. Todas as pessoas da empresa, com a
gerência exercendo forte liderança, são responsáveis pela qualidade. O gerenciamento da qualidade é

64Martins e Neto. Indicadores de desempenho para a gestão da qualidade total: uma proposta de sistematização.
http://www.dep.ufscar.br/admin/upload/ARTIGO_1148385976.PDF.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

73
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
realizado por meio do planejamento estratégico, com o estabelecimento de objetivos e metas, para
mobilizar toda a organização.

PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DA QUALIDADE

A gestão da qualidade fundamentou-se em diferentes abordagens, que deram origem a três escolas
distintas: americana, japonesa e europeia. A escola americana foi liderada por Juran e teve influência do
Taylorismo. A escola japonesa baseou-se nos princípios de Deming, que aplicava métodos estatísticos
e, ressaltava o respeito e a valorização do ser humano. A escola europeia baseou-se na padronização
estabelecida pela Norma ISO 9000, editada em 1987, que se transformou em padrão de referência para
a qualidade65.

A Escola Americana De Qualidade

Contexto
Joseph Moses Juran (1904-2008) nasceu na Romênia e mudou-se para os Estados Unidos em 1912.
Formou-se em engenharia elétrica em 1924, e fez uma excelente carreira na Western Electrical Company.
Após a Segunda Guerra Mundial, Juran iniciou sua carreira como consultor e dedicou-se ao estudo da
gestão da qualidade. Lecionou cursos de controle de qualidade na Universidade de Nova York e
promoveu seminários para executivos.
Em 1951, publicou a obra Quality Control Handbook, considerada como referência para todo gestor de
qualidade, despertou o interesse dos japoneses que, no período pós-guerra, preocupados com a
reconstrução de sua economia, convidaram-no para ensiná-los os princípios de gestão de qualidade.
Juntamente com William Edwards Deming é considerado o pai da revolução da qualidade do Japão e
um dos colaboradores na sua transformação em potência mundial.
Em 1979, funda o Juran Institute, uma das mais importantes consultorias de gestão de qualidade do
mundo. Mesmo após sua morte, em 2008, o instituto continua a auxiliar empresas na otimização da
qualidade, além de manter acessíveis as contribuições de Joseph Moses Juran.

Qualidade segundo Juran


Joseph Juran é considerado o primeiro guru que aplicou a qualidade à estratégia empresarial, em vez
de ligá-la meramente à estatística ou aos métodos de controle total da qualidade.
Em sua visão, a qualidade pode ser definida segundo dois contextos. De acordo com uma ótica de
resultados, a qualidade consiste nas características do produto que satisfazem as necessidades do cliente
e geram lucros. Logo, alta qualidade implica, geralmente, maiores custos. E segundo, uma ótica de
custos, na qual a qualidade é a ausência de defeitos ou erros de fabricação. Logo, alta qualidade custa,
em regra, menos dinheiro para as empresas.
Juran põe a melhoria da qualidade no topo das prioridades do gestor. Ele acredita que os processos
de negócio são a maior e a mais negligenciada oportunidade de melhoria. Os estudos indicam que 85%
dos problemas de qualidade são causados por processos de gestão. Juran considera o planejamento a
segunda prioridade, um esforço que deve ter a participação das pessoas que irão implementar.
Em sua opinião, a separação entre o planejamento e a execução é uma noção obsoleta que remonta
aos tempos de Taylor. Em último lugar, deve fazer-se o controle de qualidade. Juran aconselha a sua
delegação para os níveis operacionais da empresa. Devido à crescente qualificação dos trabalhadores,
ele acredita profundamente nas equipes autogeridas (self management teams).

A trilogia da qualidade segundo Juran envolve o planejamento, o controle e a melhoria da qualidade:

Planejamento da qualidade
1- Identifique os consumidores.
2- Determine as suas necessidades.
3- Crie características de produto que satisfaçam essas necessidades.
4- Crie os processos capazes de satisfazer essas características.
5- Transfira a liderança desses processos para o nível operacional.

65 Beluzzo e Macedo. A gestão da qualidade em serviços de informação: contribuição para uma base teórica. Ci. Inf., Brasília, 22(2): 124-132, maio/ago. 1993.

74
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Controle da qualidade
Processo de encontro das metas de qualidade estabelecidas durante as operações. É usado para
evitar ou corrigir eventos indesejáveis ou inesperados. Confere estabilidade e consistência.
Provar que o processo pode fabricar um produto sob condições de operação com o mínimo de
inspeção.
1- Avalie o nível de desempenho atual.
2- Compare-o com os objetivos fixados.
3- Tome medidas para reduzir a diferença entre o desempenho atual e o previsto.

Melhoria da qualidade
1- Reconheça as necessidades de melhoria.
2- Transforme as oportunidades de melhoria numa tarefa de todos os trabalhadores.
3- Crie um conselho de qualidade, selecione projetos de melhoria e as equipes de projeto e de
facilitadores.
4- Promova a formação em qualidade.
5- Avalie a progressão dos projetos.
6- Premie as equipes vencedoras.
7- Faça publicidade dos seus resultados.
8- Reveja os sistemas de recompensa para aumentar o nível de melhorias.
9- Inclua os objetivos de melhoria nos planos de negócio da empresa.

Otimizar este processo


O conceito de breakthrough definido por Juran estabelece que melhorias alcançadas devam ser
incorporadas como novos padrões para que não haja perdas nos níveis de qualidade.
Juran acreditava que o fator humano era essencial para o gerenciamento da qualidade e que a
resistência a mudanças era a fonte dos problemas de qualidade. Incentivando a educação e o treinamento
dos gestores, o consultor propunha os seguintes comportamentos:
A - Estar disposto a entender as necessidades dos clientes e a satisfazê-los;
B - Proporcionar alta qualidade de produtos e serviços e, ao mesmo tempo, reduzir custos;
C - Estar envolvido para identificar as necessidades dos clientes;
D - Treinar todos os níveis hierárquicos nos processos de gerenciamento para a qualidade;
E - Agregar metas de qualidade ao planejamento de negócios;
F - Fornecer participações à força de trabalho;
G - Altos gerentes devem ter a iniciativa de realizar a gestão de qualidade.

Outros importantes nomes foram Crosby e Feigenbaun.

Crosby
Philip Crosby nasceu nos Estados Unidos em 1926 e pregava que a prevenção de problemas é
economicamente mais rentável do que ser competente para resolvê-los após ocorrerem. A ênfase deveria
ser na prevenção e não na inspeção.
Destacam-se alguns conceitos apresentados por ele:

• Zero Defeitos – Não significa que todos os produtos serão perfeitos. Representa que a Alta Direção
deverá assumir um compromisso de que se esforçará e fornecerá todas as condições necessárias para
que todos na organização busquem a conformidade com os requisitos já na primeira vez.
• Fazer certo na primeira vez – É mais economicamente vantajoso fazer certo logo na primeira vez
do que ter retrabalho refazendo o que foi feito de forma incorreta.

Crosby propõe uma sequência de passos para a implantação de um programa de melhoria da


qualidade:
1. Compromisso da Alta Direção em relação ao programa de qualidade - A Direção da organização
deve estar convencida da necessidade da melhoria da qualidade e exprimi-lo claramente por meio de um
documento escrito que defina a política de qualidade da organização. Deve exprimir o que cada um deve
fazer para responder às necessidades dos clientes.
2. Criar as equipes de melhoria da qualidade - A Direção deve estabelecer uma equipe para
supervisionar a melhoria da qualidade em todos os departamentos. O papel da equipe é avaliar o que é
necessário em cada departamento e levar a cabo tudo o que respeita à política geral da qualidade da
organização.

75
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
3. Criar os indicadores da qualidade - que devem ser introduzidos de forma a identificar as
necessidades de melhoria.
4. Avaliação do custo da não qualidade - As equipes da melhoria da qualidade deverão fazer uma
estimativa dos custos da não qualidade como, por exemplo, despesas com retrabalhos, despesas com
trocas, de forma a identificar zonas prioritárias em que as ações serão imediatamente rentáveis.
5. Tomada de consciência das necessidades da qualidade - Os funcionários deverão compreender
a importância do respeito pelas especificações e o custo das não conformidades.
6. Adotar as ações corretivas para os problemas identificados na fase 4 - Uma vez identificados
os custos da não qualidade, deverão ser adotadas ações para eliminá-los.
7. Planejar um programa "zero defeitos" - Tem a finalidade de fortalecer a cultura do fazer certo da
primeira vez.
8. Formação dos responsáveis e inspetores - Desde o início do programa, aos diferentes níveis de
responsabilidade, os dirigentes devem ser formados para implementar o que lhes compete no programa
global de melhoria da qualidade.
9. Instituir "um dia zero defeitos" - Para que o conjunto dos funcionários da organização seja
sensibilizado nas novas normas de desempenho.
10. Definição dos objetivos - Para transformar os compromissos em ação os indivíduos e os grupos
devem ser encorajados a estabelecerem metas de aperfeiçoamento. Para isso, cada responsável define,
com os membros da sua equipe, os objetivos específicos a atingir cujos resultados sejam mensuráveis.
Estes objetivos podem ser do conhecimento de todos e o seu progresso pode ser avaliado em reuniões
regulares.
11. Eliminar as causas dos erros - Os empregados devem ser encorajados a comunicar as
dificuldades que têm em atingir as suas metas de aperfeiçoamento e na remoção das causa de erros.
12. Reconhecimento - Deve ser manifestado publicamente o reconhecimento àqueles que atingem
os seus objetivos de forma regular.
13. Implantar os círculos de qualidade - Os especialistas em Qualidade e as pessoas
particularmente motivadas pelo progresso da melhoria da qualidade devem-se encontrar regularmente a
fim de trocarem ideias e experiências.
14. Recomeçar e progredir sempre - Reiniciar o ciclo para dar continuidade ao programa. O conjunto
de passos anteriores deve ser iniciado com regularidade, o que renova o compromisso dos antigos
funcionários e introduz os novos no processo.

Feigenbaun
Armand Vallin Feigenbaun (1922-2014) destacou-se como um dos importantes pensadores da
qualidade. Nos anos 50, definiu o que seria o controle da qualidade total como um sistema eficiente para
a integração do desenvolvimento da qualidade, da manutenção da qualidade e dos esforços de
melhoramento da qualidade dos diversos grupos numa organização, para permitir produtos e serviços
mais econômicos que levem em conta a satisfação total do consumidor.
Destacam-se algumas de suas ideias sobre qualidade:
- É um instrumento estratégico para a organização.
- É uma filosofia de gestão, um compromisso com a Excelência.
- É o único objetivo da organização.
- A qualidade é determinada pelos clientes.
- Pressupõe trabalho em grupo.
- A qualidade exige o compromisso da Alta Direção.
- A qualidade exige empowerment (significa dar poder de ação aos escalões mais baixos da estrutura
organizacional, incentivando a autonomia e a descentralização. É importante frisar que indivíduos com
empowerment precisam conhecer a missão organizacional a fim de atingir os objetivos da instituição) 66.

A Escola Japonesa De Qualidade

Contexto
O norte-americano William Edwards Deming (1900-1993) foi estatístico, professor universitário, autor,
palestrante e consultor. Deming foi responsável pela disseminação de muitas das técnicas de
gerenciamento da qualidade e colaborou com o desenvolvimento de indústrias japonesas no período do
pós-guerra.

Lilian Lima Quintão. Gestão de Pessoas. Administração Geral – Teoria e Exercícios.


66

MANUAL DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE. SEBRAE, 2015. Disponível em: http://www.dequi.eel.usp.br/~barcza/FerramentasDaQualidadeSEBRAE.pdf

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Deming é amplamente reconhecido pela melhoria dos processos produtivos nos Estados Unidos
durante a Segunda Guerra Mundial, sendo, porém mais conhecido pelo seu trabalho no Japão. Em 1950,
ele ensinou altos executivos japoneses a melhorar o projeto, a qualidade de produto, o teste e as vendas
(este último por meio dos mercados globais) por meio de vários métodos, incluindo a aplicação de
métodos estatísticos como a análise de variantes e teste de hipóteses. Deming disse que a melhoria da
qualidade era o caminho para a prosperidade, por meio do aumento da produtividade, da redução de
custos, da conquista de mercados e da expansão do emprego. Também introduziu a ideia da corrente de
clientes, que começa nos fornecedores de insumos e termina no cliente final. Poucos anos depois da
passagem de Deming pelo Japão, a qualidade dos produtos japoneses já ameaçava os fabricantes
tradicionais.
Deming fez contribuições significativas para o Japão tornar-se notório pela fabricação de produtos
inovadores de alta qualidade. E foi o estrangeiro que gerou o maior impacto sobre a indústria e a economia
japonesa no século XX.
Os japoneses foram além das técnicas e criaram outra filosofia de administração da qualidade, também
chamada controle da qualidade total, definida por Kaoru Ishikawa: a qualidade é uma responsabilidade
de todos, coordenada e orientada por uma gerência de qualidade.

Princípios de Deming
Entre seus estudos, é importante conhecer os 14 princípios para a produtividade gerencial que visa ao
programa de melhoria contínua da organização. Seguem os princípios de Deming:

1. Criar e publicar para todas as pessoas os objetivos e propósitos da empresa quanto à melhoria do
produto ou serviço. A alta direção deve demonstrar constantemente seu total apoio ao programa.
2. A alta administração e todas as pessoas devem aprender e adotar a nova filosofia: não mais conviver
com atrasos, erros e defeitos no trabalho.
3. Conhecer os propósitos da qualidade, para melhorar os processos e reduzir os custos. Deve-se
investir na prevenção de defeitos, em vez de investir na correção.
4. Suspender a prática de fazer negócios apenas na base do preço.
5. Melhorar sempre e constantemente o sistema de produção e serviços, identificando e solucionando
problemas. A maneira como os produtos são fabricados e os serviços produzidos deve ser alvo de
constantes melhorias.
6. Instituir treinamento no trabalho. Deve-se treinar constantemente a força de trabalho, de modo a
valorizá-la e capacitá-la coma s metodologias e ferramentas mais adequadas ao sucesso da organização.
7. Ensinar e instituir liderança para conduzir pessoas na produção.
8. Eliminar o medo de errar. Criar a confiança e um clima para a inovação. Proporcionar um ambiente
no qual os colaboradores sintam-se seguros para contribuir com sugestões e críticas para a melhoria da
qualidade.
9. Incentivar grupos e equipe para alcançar os objetivos e propósitos da empresa.
10. Demolir as barreiras funcionais entre departamentos.
11. Eliminar exortações à produtividade sem que os métodos não tenham sido providenciados.
12. Remover as barreiras que impedem as pessoas de orgulhar-se do seu trabalho. Os colaboradores
que venham a se destacar e busquem contribuir de maneira significativa para a melhoria do desempenho
organizacional devem ser publicamente reconhecidos pelo seu empenho.
13. Encorajar a educação e o auto aperfeiçoamento de cada pessoa. Instituir um forte programa de
educação e auto aprimoramento.
14. Garantir a ação necessária para acompanhar essa transformação. Todos na organização devem
se empenhar para o sucesso das transformações em prol da qualidade.

Também divulgou o “Ciclo de Shewhart”, um plano de ação para colocar em prática os 14 princípios,
e que ficou conhecido como “Ciclo de Deming”, que utiliza a sigla PDCA (Plan, Do, Check, Action), sua
tradução é (planejar, fazer, checar, agir) e tem como etapas:
-estudar um processo e planejar seu aprimoramento;
-implementar a mudança;
-observar os efeitos;
-estudar os resultados.

Os princípios da administração da qualidade evoluíram para a filosofia da qualidade total e espalharam-


se pelo mundo. Nesta fase, em vez de inspecionar os componentes e matérias-primas, os grandes
compradores decidiram exigir que os fornecedores os entregassem com sua qualidade assegurada ou

77
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
qualidade garantida. Para colocar essa ideia em prática, as empresas compradoras passaram a fazer a
auditoria do sistema da qualidade de seus fornecedores, em vez de fazer a inspeção de seus produtos
no momento da entrega. Assim, a qualidade total abrange também a qualidade assegurada.

A Escola Europeia De Qualidade

A escola europeia baseia-se na norma ISO 9000, que diz respeito à gestão da qualidade. A norma ISO
9000 foi elaborada pela International Organization for Standardization (ISO), que é uma organização não-
governamental independente, conhecida mundialmente por desenvolver normas internacionais
voluntárias. Tem sede em Genebra, na Suíça, e está presente em 163 países-membros.
As normas Internacionais dão especificações de classe mundial para produtos, serviços e sistemas,
para garantir a qualidade, segurança e eficiência. E tornaram-se fundamentais para facilitar o comércio
internacional.
A família ISO 900067 aborda vários aspectos da gestão da qualidade e contém alguns dos padrões
mais conhecidos da ISO. Os padrões fornecem orientação e ferramentas para empresas e organizações
que querem garantir que seus produtos e serviços atendam às necessidades do cliente de forma
consistente, e com melhoria contínua da qualidade.
As normas da família NBR ISO 9000 foram desenvolvidas para apoiar organizações, de todos os tipos
e tamanhos, na implementação e operação de sistemas de gestão da qualidade. Vale dizer que a série
ISO 9000 é revisada a cada 5 anos.
O propósito da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso
dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional.
Vamos entender um ponto importante aqui que costuma cair muito em questões de concurso:
Ela não é destinada a um "produto" nem para alguma indústria específica. Tem como intuito orientar a
implantação de sistemas de qualidade nas organizações.

A ISO 9000 é uma série de 4 normas internacionais para "Gestão da Qualidade" e "Garantia da
Qualidade". Assim, as normas da família ISO 9000 incluem:

a) ISO 9000 - Fundamentos e vocabulário (descreve os fundamentos do sistema de gerenciamento da


qualidade e especifica a sua terminologia).

b) ISO 9001 - Sistemas de gerenciamento da qualidade (Especifica os requisitos do Sistema da


Qualidade para uso onde a capacidade da organização de prover produtos que atendam ao cliente e aos
requisitos regulatórios precisa ser demonstrada).

c) ISO 9004 - Sistemas de gerenciamento da qualidade - guia para melhoramento da performance


(Fornece diretrizes para implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, incluindo os processos
para melhoria contínua, que contribui para a satisfação dos clientes da organização e outras partes
interessadas).

d) ISO 19011 - Auditorias internas da qualidade e ambiental (provê guia para o gerenciamento e
condução de auditorias da qualidade e ambiental).

A ABNT NBR ISO 9001 é a versão brasileira da norma internacional ISO 9001 que estabelece
requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) de uma organização, não significando,
necessariamente, conformidade de produto às suas respectivas especificações. O objetivo da ABNT NBR
ISO 9001 é prover confiança de que o fornecedor poderá fornecer, de forma consistente e repetitiva, bens
e serviços de acordo com o que está especificado nas normas.
Portanto, os requisitos são definidos para a gestão de uma empresa e não para a forma específica
como um produto deve ser composto e entregue, ela pode ser aplicável num restaurante ou numa fábrica
de peças para a indústria automotiva. Diferentes empresas poderão ter desempenhos e produtos
diferentes, mas mesmo assim ambas podem ser certificadas na norma ISO 9001.

Sendo assim, de modo geral, temos que uma dedicação68 contínua e consistente à qualidade em toda
a empresa não só melhora seus resultados, mas também reduz custos envolvidos com refugo, garantias
e atendimentos pós-vendas. A qualidade é definida como “a totalidade de traços e características de um
67 http://www.iso.org/iso/home/standards/management-standards/iso_9000.htm
68 Wright, Peter, Mark J. Kroll, John Parnell. Administração estratégica: conceitos. Atlas, 2007.

78
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
produto ou serviço relacionadas com sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas ou
implícitas69.” Assim, um produto ou serviço de alta qualidade está de acordo com um conjunto
predeterminado de especificações e satisfaz às necessidades de seus usuários. Nesse sentido, a
qualidade é uma medida de satisfação do cliente com um período durante sua vida útil, em relação à
satisfação dos clientes com o que os produtos dos concorrentes podem oferecer. Note-se que o principal
critério é a percepção do cliente quanto a qualidade de dado produto ou serviço. Embora a conformidade
com um conjunto predeterminado de especificações seja necessária, a qualidade como é percebida pelo
comprador fornece a condição suficiente.

É importante frisar que a gestão da qualidade não precisa, necessariamente, implicar na adoção de
alguma certificação embora este seja o meio mais comum e o mais difundido, porém, sempre envolve a
observância de alguns conceitos básicos, ou princípios de gestão da qualidade, que podem e devem ser
observados por qualquer organização.

Princípios da Qualidade

São 8 princípios a saber:


Focalização no cliente: qualquer organização tem como motivo de sua existência a satisfação de
determinada necessidade de seu cliente, seja com o oferecimento de um produto ou serviço. Portanto, o
foco no cliente é um princípio fundamental da gestão da qualidade que deve sempre buscar o atendimento
pleno das necessidades do cliente sejam elas atuais ou futuras e mesmo a superação das expectativas
deste;
Liderança: cabe aos líderes em uma organização criar e manter um ambiente propício para que os
envolvidos no processo desempenhem suas atividades de forma adequada e que se sintam motivadas e
comprometidas a atingir os objetivos da organização;
Envolvimento das pessoas: toda organização é formada por pessoas que, em conjunto, constituem
a essência da organização. Portanto, a gestão da qualidade deve compreender o envolvimento de todos,
o que possibilitará o uso de sãs habilidades para o benefício da organização;
Abordagem por processos: a abordagem por processos permite uma visão sistêmica do
funcionamento da empresa como um todo, possibilitando o alcance mais eficiente dos resultados
desejados;
Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica na gestão da qualidade permite que os processos
inter-relacionados sejam identificados, entendidos e gerenciados de forma a melhorar o desempenho da
organização como um todo;
Melhoria contínua: para que a organização consiga manter a qualidade de seus produtos atendendo
suas necessidades atuais e futuras e encantando-o (excedendo suas expectativas), é necessário que ela
tenha seu foco voltado sempre para a melhoria contínua do seu processo e produto/serviço;
Abordagem factual para a tomada de decisão: todas as decisões dentro de um sistema de gestão
de qualidade devem ser tomadas com base em fatos, dados concretos e análise de informações, o que
implica na implementação e manutenção de um sistema eficiente de monitoramento;
Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: a organização deve buscar o relacionamento
de benefício mútuo com seus fornecedores através do desenvolvimento de alianças estratégicas,
parcerias e respeito mútuo, pois o trabalho em conjunto de ambos facilitará a criação de valor.

Questões

01. (ELETROBRAS-FURNAS – Administrador – FUNRIO) Que autor teve como fundamentação


teórica a reconhecida Trilogia composta por Controle, Aprimoramento e Planejamento da Qualidade?
(A) William Edwards Deming.
(B) Philip Crosby.
(C) Joseph Juran.
(D) Armand Feigenbaum.
(E) Kaoru Ishikawa.

02. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Bibliotecário - Prefeitura de Fortaleza – CE) A ferramenta


administrativa que corresponde a um ciclo de análise e melhoria contínua de processos e produtos, criada
por D e disseminada por Deming, é conhecida como:

69 ANSI/ASQC. Quality Systems TErminology, American National Standard, A#-1987, 1987.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(A) GQTI.
(B) PADT.
(C) CHAS.
(D) PDCA.

03. (Petrobras - Técnico de Suprimentos de Bens e Serviços Júnior - CESGRANRIO) O PDCA é


um método que se baseia no controle de processos. As etapas do método PDCA são, sucessivamente,
(A) prevenir, executar, verificar e agir
(B) prevenir, dirigir, controlar e administrar
(C) planejar, dirigir, controlar e administrar
(D) planejar, executar, controlar e administrar
(E) planejar, executar, verificar e agir

04. (TJ/AP - Analista Judiciário - FCC) ISO 9000


(A) é um conjunto de normas que só podem ser utilizadas por empresas grandes de caráter industrial.
(B) é um pacote de softwares orientado para implantação de sistemas de qualidade em empresas do
setor de informática.
(C) confere qualidade a um produto (ou serviço), garantindo que o produto (ou serviço) apresentará
sempre as mesmas características.
(D) fornece um certificado segundo o qual o produto avaliado terá maior qualidade que um outro similar
sem a certificação.
(E) diz respeito apenas ao sistema de gestão da qualidade de uma empresa, e não às especificações
dos produtos fabricados por esta empresa.

05. (FIOCRUZ - Tecnologista em Saúde - FGV) Obter a certificação ISO 9000 significa que o Sistema
de Qualidade da Organização foi avaliado:
(A) por uma entidade independente reconhecida por um organismo nacional de acreditação, e
considerado de acordo com os requisitos da norma ISO 9001.
(B) internamente por auditores da empresa que consideraram a empresa apta a receber o certificado.
(C) por uma entidade ligada à empresa que considerou a empresa apta a receber o certificado.
(D) por uma entidade independente e a avaliação foi referendada por auditores internos que possibilita
assim a obtenção do certificado.
(E) duas vezes por duas equipes de auditores da própria empresa.

06. (TJ/AL - Técnico Judiciário – CESPE) Acerca da gestão da qualidade, assinale a opção correta.
(A) De acordo com o conceito de qualidade total proposto por Ansoff, o departamento de qualidade da
organização é responsável por assegurar a conformidade dos produtos e serviços.
(B) De acordo com Deming, para a promoção da qualidade, é essencial a criação de slogans e metas
para os colaboradores em que sejam estabelecidos níveis mais altos de produtividade e a não existência
de defeitos.
(C) Os princípios elencados por Deming incluem a elevação do nível de inspeção em massa da
produção para auxiliar os mecanismos de controle de qualidade.
(D) O método de administração da qualidade de Deming estimula um relacionamento de longo prazo
fundado na lealdade e confiança com um número reduzido de fornecedores.
(E) O controle estatístico é um mecanismo que garante a qualidade dos produtos e serviços
inspecionados.

07. (Pref. de Paulista/PE - Auxiliar de Serviços Gerais – UPENET) Constitui-se em elemento-chave


na qualidade da prestação de serviços
(A) total satisfação do cliente.
(B) formação superior para realizar subtarefas.
(C) redução de carga horária.
(D) envolvimento, apenas, do nível superior da gestão.
(E) estabelecimento de ações de curto prazo.

08. (TSE - Analista Judiciário - CONSULPLAN) A gestão da qualidade é um dos pressupostos para
que as organizações possam ter condições de sobreviver no mercado cada vez mais competitivo. Deming
(citado por ARAÚJO, 2001) definiu 14 pontos fundamentais que caracterizam a gestão da qualidade total.

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Em relação a esses pontos, assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma característica da
gestão da qualidade total.
(A) Inspeções e controle em massa não são formadores de qualidade, mas sim de custos.
(B) Critério do preço não é o único na escolha de materiais para a produção.
(C) Próprios funcionários devem ser capazes de criar suas “bandeiras da qualidade”.
(D) Erros são toleráveis, pois fazem parte do processo da curva de aprendizagem.

09. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE) A gestão da qualidade estabelece que os recursos
humanos devem ser valorizados e entendidos como integrantes do sucesso da organização.
( ) certo ( ) errado

10. (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE) Na política da qualidade, desde que o produto final
atenda às especificações técnicas estabelecidas no processo produtivo, considera-se que o cliente está
satisfeito.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.C / 02.D / 03.E / 04.E / 05.A / 06.D / 07.A / 08.D / 09.Certo / 10.Errado

Comentários

01. Resposta: C
As principais contribuições de Juran foram na definição e organização dos custos da qualidade e no
enfoque da qualidade como uma atividade administrativa. Juran atribui a responsabilidade pela qualidade
final do produto ou serviço à função qualidade, que segundo Juran: "é o conjunto das atividades através
das quais atingimos a adequação ao uso, não importando em que parte da organização estas atividades
são executadas." Para garantir que a função qualidade seja executada de modo a atingir os melhores
resultados, Juran propôs uma trilogia de atividades: -Planejamento da Qualidade; -Controle da Qualidade;
-Aperfeiçoamento da Qualidade.

02. Resposta: D
Esta questão tem o intuito que o candidato diferencie as ferramentas apenas observando quem a criou
e mais tarde a utilizou. Mesmo que o candidato não soubesse dessa informação, poderia acertar ao
conhecer que o Ciclo PDCA também é conhecido por Ciclo de Deming, justamente por ele mais tarde
disseminar a ferramenta no uso de estatísticas e métodos de amostragem. O candidato também poderia
se apegar ao “melhoria contínua”, termo muito explorado ao tratarmos de Ciclo PDCA.

03. Resposta: E
Vamos observar aqui as etapas do Ciclo PDCA e verificar que o entendimento nesse ponto é muito
importante, pois sinônimos podem ser usados.
-Planejamento (PLAN): estabelecer objetivos, metas e meios para alcançá-los;
-Execução (DO): executar as atividades propostas no planejamento;
-Controle/verificação (CHECK/CONTROL): monitora, controla a execução e verifica o grau de
cumprimento do que foi planejado;
-Ação avaliativa/corretiva (ACT): identifica eventuais falhas e corrige-as, a fim de melhorar a
execução das atividades

04. Resposta: E
A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão
da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão. Sua função é a de
promover a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade dos mesmos seja
permanentemente melhorada. Não fala do produto em si. Portanto, a letra “e” é o nosso gabarito.

05. Resposta: A
As demais alternativas não contemplam o que é necessário se fazer para obter a certificação ISO
9000.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
06. Resposta: D
Ansoff sistematizou uma teoria de planejamento estratégico para empresas, com a criação do modelo
de planejamento estratégico em várias etapas, o qual foi útil para a compreensão e a geração de
estratégias de expansão do negócio: a matriz de Ansoff, ou matriz produto versus mercado. A partir das
posições de mercado existente ou novo, orientado às novidades mercadológicas crescentes, ou de
produtos existentes ou novos, orientados às novidades tecnológicas constantes, era possível
compreender as estratégias factíveis para cada organização ou unidade estratégica de negócio. (A) =
INCORRETA
Segundo Deming deve ser eliminada qualquer alusão a metas do tipo “zero defeitos”, pois, elas servem
apenas para causar inimizades e desmotivação uma vez que a maioria das falhas encontra-se nos
processos e não estão ao alcance da maioria dos trabalhadores. (B) = INCORRETA.
Deming defendia que a qualidade deve fazer parte do produto/serviço desde o início, ou seja, deveria
ser eliminada a necessidade de inspeção (que só detecta as falhas depois que elas já ocorreram). (C) e
(E) = INCORRETAS
Para Deming o mais importante na aprovação de orçamentos não deveria ser o preço, mas a
diminuição do custo total, para isso, deve-se desenvolver um fornecedor para cada matéria-prima ou
insumo de forma a tornar o relacionamento mais duradouro, confiável e leal. (D) = CORRETA.

07. Resposta: A
A razão de ser de uma empresa é o cliente. O foco da empresa é o cliente. Toda vez que uma questão
estiver falando do foco da empresa, das metas, objetivos, razão de ser, etc. e a opção colocar como
contraponto o cliente, saiba que essa será a alternativa (a menos que tenha algum absurdo nesta mesma
assertiva). Independentemente de tratar de serviços ou ainda que fosse de produtos, o elemento-chave
na qualidade sempre deve ser o cliente.

08. Resposta: D
A questão versa sobre os pontos de qualidade instituídos por Deming. O comando da questão solicitou
a marcação da alternativa que não corresponde a uma característica da gestão da qualidade total. A
alternativa A refere-se ao ponto III no que se refere ao fato de acabar com a dependência da inspeção
em massa e construir a filosofia de qualidade junto com o produto. Dessa forma eliminam-se custos
desnecessários com inspeções em massa. A alternativa B refere-se ao ponto IV no que tange ao fato de
cessar a prática de comprar apenas com base no preço. Deve-se, na verdade, minimizar o custo total. A
alternativa C refere-se ao ponto X que diz respeito à eliminação de slogans, exortações e metas para os
empregados, pedindo zero defeito e níveis altos de produtividade. O próprio empregado deve estabelecer
seus conceitos e filosofias da qualidade, o que é denominado “bandeiras da qualidade”. Portanto, essa
alternativa refere-se a permitir que o próprio empregado crie suas concepções de qualidade e participe
da implantação de sistemas, já que o principal problema de má qualidade e má produtividade encontra -
se no sistema fora do alcance da força de trabalho. A alternativa D não se refere a nenhum ponto
específico de qualidade definido por Deming.

09. Resposta: Certo


Segundo Antônio Cesar Amaru Maximiano: Na ideia do TQC (Total Quality Control), o fator humano
desempenha papel primordial. Feigenbaum dizia que, no final das contas, todo produto ou serviço era
realizado por um par de mãos humanas, e que, portanto, a obtenção da qualidade dependia da
participação e do apoio das pessoas.

10. Resposta: Errado


Sobre o que é a qualidade, a abordagem baseada no usuário entende que nesta percepção, qualidade
é uma variável subjetiva que atende às demandas do consumidor. De acordo com Deming, a Qualidade
de um produto ou serviço apenas pode ser definida pelo cliente. A Qualidade é, assim, um termo relativo
que vai mudando de significado à medida que as necessidades dos clientes evoluem.

Gestão de resultados na produção de serviços públicos

A busca pelo aperfeiçoamento do funcionamento da máquina pública é quase tão antiga quanto a
existência de um quadro profissional de funcionalismo público. É recorrente na história administrativa

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
brasileira a criação e implementação de órgãos, programas e reformas que objetivem aprimorar o
funcionamento da máquina do Estado Brasileiro.
A respeito dos êxitos alcançados ao longo de todo esse tempo, é nítida a sensação de que a máquina
pública ainda deve muito à sociedade, sobretudo considerando que o Estado brasileiro, em todas as suas
esferas, seja federal, estadual ou municipal, é tido como burocrático, lento e ineficiente.
O desafio é de promover as mudanças no que tange a necessidade de repensar a questão da
governança e dos modelos de gestão, ao mesmo tempo em que vai exigir mecanismos inovadores de
relacionamento com a sociedade. A emergência do terceiro setor e dos movimentos sociais, além dos
movimentos que têm como base o voluntariado, introduz elementos desafiadores nessa nova
configuração em rede do Estado contemporâneo70.
Uma das principais tendências da gestão contemporânea, na perspectiva do desenvolvimento
organizacional, tem sido o intercâmbio de experiências institucionais por meio da disseminação das
melhores práticas.

Na Administração Pública busca-se desenvolver uma cultura gerencial, com ênfase nos
resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com
eficiência e efetividade.

O cidadão é o principal beneficiário dos serviços do Estado, sendo assim, a Administração Pública
Gerencial é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma grande empresa cujos serviços
são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos, na eficiência dos serviços, na avaliação de
desempenho e no controle de resultados, suas principais características.
Contudo, o exame das iniciativas realizadas indica uma trajetória quase padrão, em que é possível
identificar alguns elementos comuns nas estratégias adotadas, como por exemplo:

a) Fortalecimento de canais de relacionamento Estado/sociedade a partir de iniciativas orientadas para


a melhoria da qualidade na formulação das políticas públicas, a busca de maior participação cidadã, a
introdução de mecanismos de controle social, a melhoria na entrega de serviços públicos e maior
envolvimento do terceiro setor;

b) Aperfeiçoamento do marco legal, visando à eliminação da excessiva burocracia, que impedem a


adoção de modelos de gestão orientados a resultados com maior flexibilidade e autonomia;

c) Recuperação da capacidade financeira (racionalismo econômico), a partir de iniciativas voltadas


para a melhoria da eficiência, e introdução da cultura da responsabilidade fiscal;

d) Desenvolvimento das capacidades institucionais dos órgãos da administração pública, incluindo o


fortalecimento do planejamento estratégico como ferramenta de gestão, programas de reestruturação
administrativa, mecanismos de contratualização, intensificação do uso da tecnologia da informação e a
terceirização de serviços de apoio;

e) Desenvolvimento do capital intelectual, a partir de iniciativas voltadas para a profissionalização e


modernização do serviço civil, intensificação de programas de capacitação de servidores e de lideranças,
ética na administração pública, adoção de mecanismos inovadores de remuneração de funcionários e
introdução da gestão do conhecimento.

Modelo de Gestão por Resultados71

O Modelo de Gestão por Resultados é a ferramenta administrativa que visa levar a organização pública
a priorizar o resultado em todas as ações, levando a otimização do desempenho governamental. A Gestão
por Resultados procura que as ações públicas alcancem um bom resultado, ou, o melhor resultado
possível.
O modelo de Gestão por Resultados é uma das principais recomendações do receituário da Nova
Gestão Pública, isso decorre do argumento de ser este modelo apropriado a, simultaneamente, focar na
efetividade ou no que de fato interessa ao cidadão e a sociedade, flexibilizar a condução dos processos
e assim remediar a disfunção relacionada ao apego exacerbado às normas e procedimentos, e propiciar
mais eficiência e accountability.
70 MARINI, C. O contexto contemporâneo da administração pública na América Latina. Revista do Serviço Público. Ano 53, Nº 4, 2002.
71 http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf

83
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
De forma breve, esse modelo se caracterizaria, na etapa de formulação da política pública, pela
tradução dos objetivos em resultados e, na etapa de implementação das ações para atingi-los, pela
predominância da orientação por resultados em substituição aos outros mecanismos de coordenação,
como a coordenação por supervisão direta, a padronização de procedimentos e a padronização de
habilidades.
Essa ferramenta administrativa por meio de sua metodologia, alinha o planejamento, a avaliação e o
controle, promovendo eficiência e eficácia na organização. Tem foco na efetividade e na flexibilização dos
processos, minimizando o excessivo apego às normas e procedimentos, promovendo mais eficiência,
efetividade e accountability da gestão pública.
A Gestão por Resultados caracteriza-se pela tradução de objetivos em resultados, proporcionando um
marco coerente para a melhoria dos processos de trabalho na qual a informação sobre o desempenho é
usada para melhorar a tomada de decisão. Portanto, é uma dimensão fundamental para a gestão
estratégica, pois constituem o fluxo de atividades necessárias para alcançar os resultados da
organização.

São consideradas funções da Gestão por Resultados:


1. Definir a direção estratégica da organização, criação da missão e estabelecimento dos objetivos
estratégicos, levando em consideração a visão e os valores da organização. Refere-se à definição do
caminho que deverá ser seguido para alcançar os objetivos estratégicos. É necessário mapear os
processos de trabalho e escolher os indicadores e as metas de desempenho que mostrarão se a
organização está no caminho planejado e, através de uma avaliação, o quanto de progresso foi feito na
direção dos objetivos.

2. Implementar e administrar o processo de mudança alinhado com a direção estratégica e com


compromisso da organização com a ação.

3. Melhorar continuamente o desempenho das atividades em andamento, a garantia que a melhoria


contínua seja praticada em cada programa ou atividade da organização através de planos de ação
frequentemente monitorados.

Dessa forma, pode-se entender que a gestão por resultados é desenvolvida por meio de um ciclo que
começa com o estabelecimento dos resultados desejados, a partir da tradução dos objetivos, seguido do
monitoramento e da avaliação do desempenho da organização a partir do alcance desses resultados, e
retroalimenta o sistema de gestão, propiciando ações corretivas decorrentes dessa avaliação.

O modelo de Gestão por resultados confere grande autonomia processual aos agentes
executores, e as características que compõe ainda sua estrutura:
- Alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os colaboradores, por meio
da tradução destas em resultados e metas a serem atingidas, o que inclui a definição de indicadores para
sua apuração;
- Concessão de autonomias aos executores / implementadores da gestão estratégica;
- Contratualização de resultados, autonomias e sanções;
- Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para eventuais correções de rota,
constituindo assim uma ferramenta gerencial;
- Fortalecimento de uma modalidade de “accountability” – baseada no desempenho mensurado a partir
de indicadores de resultados;
- Modificação do comportamento peculiar da burocracia, substituindo-o pela atenção a metas claras e
contratualizadas.

A vantagem esperada do modelo para o aumento da eficiência da administração pública é bastante


evidente. A transparência dos objetivos, resultados e metas da organização tende a reduzir os problemas
relacionados aos Gap’s72 de informação e atualização dos processos de trabalho, possibilitando o
compartilhamento e o engajamento coletivo em torno dos mesmos objetivos, o que favorece a
racionalidade do sistema e da organização.
Além disso, isso ainda permite um controle mais efetivo sobre o desempenho dos funcionários, pelos
clientes e demais partes interessadas. Finalmente, concede aos gestores autonomia sobre a gestão dos
recursos, viabilizando a adequação eficiente entre recursos, processos e metas.

72 Gaps geralmente indicam que algo importante mudou nos fundamentos de uma determinada empresa.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Avaliação de Desempenho e Resultados

Indicadores de Resultados73
Indicadores são informações mensuráveis que permitem verificar o alcance dos resultados. Para cada
indicador deverá ser apresentado descrições, fórmulas, fontes, índices de referência e outras informações
que se façam necessárias para o monitoramento e a gestão do conjunto de indicadores dentro da
organização.
A mensuração do desempenho por meio de indicadores é indispensável na gestão por resultados, pois
sem ela os funcionários tendem a esquecer quais são as atividades e como elas devem ser realizadas. É
um processo de busca, obtenção e divulgação de informações sobre fatores críticos para o desempenho
da organização, pela utilização de indicadores qualitativos e quantitativos que sinalizem o alcance dos
objetivos da organização.
Os indicadores são utilizados para operacionalizar o modelo ou para permitir a avaliação do alcance
das metas propostas, eles são números que buscam traduzir um ou mais aspectos da realidade,
representando conceitos abstratos, como o nível de desempenho de uma gestão, as condições de vida
de uma população, etc.
Os indicadores viabilizam a tradução dos objetivos em medidas apreensíveis, e no presente caso, a
tradução dos objetivos em indicadores de resultados. Os indicadores são à base da memória. O conjunto
de indicadores deve auxiliar a gestão do trabalho diário. Uma série de indicadores só tem sentido se
gestores e colaboradores analisarem os resultados para saber se é preciso fazer menos, mais, ou melhor.
Eles devem ser lembrados a todo o momento, não como tarefa que precisa ser feita, mas como preciosos
instrumentos de análise. Os indicadores quantitativos e qualitativos devem estar ligados aos objetivos e
a visão da organização, devendo servir de apoio para detectar as causas e os efeitos de uma ação, e não
apenas seus resultados.

Características necessárias para a construção de indicadores:


Comparabilidade: devem permitir a comparação temporal espacial, entretanto quanto mais
generalizado for o indicador, menores serão as especificidades que este poderá captar da realidade
estudada;

Disponibilidade da informação: as bases de dados devem ser acessíveis e confiáveis e oferecer


séries históricas;

Quantificáveis: traduzíveis em números, mas que possibilitem uma análise qualitativa do


desempenho da gestão;

Simplicidade: devem ser de fácil compreensão e aplicação, apesar de tentar retratar realidades
complexas.

Assim, uma vez que o modelo prescreve o aumento da flexibilidade e a autonomia dos gestores sobre
os meios, recursos e processos, estabelecendo controles a posteriori, são essenciais instrumentos de
contratualização entre os gestores da gestão estratégica, por meio dos quais são definidos:

- Os resultados a serem alcançados, traduzidos em indicadores e metas claras;


- A flexibilidade ou as autonomias concedidas aos gestores e;
- As sanções, positivas e negativas, que serão aplicados quando da avaliação do alcance dos
resultados.

Implantação da Gestão por Resultados74

Após a tomada de decisão referente adoção da gestão por resultados e também às alternativas para
atingir os objetivos, a etapa seguinte é a implantação do modelo. Nessa etapa, compete ao gestor
coordenar a implantação, procurando vincular dinamicamente os recursos aos objetivos. Para tanto, a
função de coordenação pode ser empreendida por outro conjunto de mecanismos, que segundo
Mintzberg são os seguintes:

73 Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf


74 Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
- Ajustamento mútuo - típico de tarefas que envolvem grupos pequenos, a coordenação é obtida pelo
simples processo de comunicação informal. São realizadas reuniões com o objetivo de discutir os
processos de trabalho, ajustando-os quando necessário;

- Supervisão direta - segundo este mecanismo, uma pessoa ou organização coordena o processo,
por meio de instruções, cobranças, alocação de recursos, etc;

- Padronização de normas - significa que os funcionários compartilham um conjunto de crenças e


valores; é exposta a compreensão de cada um em relação às normas, com o objetivo de criar uma ideia
coletiva de conduta, obtendo, informalmente, a coordenação a partir delas;

- Padronização de processos - refere-se à prescrição do conteúdo do trabalho por meio de


procedimentos, normalmente escritos, a serem seguidos. Trata-se do mapeamento dos processos e da
manualização dos procedimentos. Na iniciativa privada, é muito comum em programas de qualidade,
como aqueles promovidos pela International Organization for Standardization com a série ISO-9000. No
caso das organizações públicas, podemos associar esta padronização às regras formais burocráticas ou
à própria legislação;

- Padronização de resultados - trata-se da especificação dos resultados a serem atingidos, em


substituição à especificação dos meios como os procedimentos ou habilidades;

- Padronização de habilidades - refere-se à designação de pessoal qualificado, já possuidor de


determinada habilidade adequada ao trabalho a ser feito. Não é o trabalho, mas o funcionário que é
padronizado. A coordenação é obtida em razão do funcionário já possuir determinado conhecimento. No
setor público, podemos entender os requisitos dos concursos públicos como um esforço nesse sentido,
particularmente para contratação de especialistas como médicos ou dentistas.

Também é importante destacar outros mecanismos que possuem função de coordenação e, embora
estejam de alguma forma associados àqueles já descritos, merecem tratamento à parte:

A liderança e a estrutura. A perspectiva contemporânea de liderança é definida como “... um processo


no qual um indivíduo influencia outros a se comprometerem com a busca de objetivos comuns. ” E isso
ocorre por meio do estímulo à autonomia dos liderados: “...o líder cria nos liderados a sensação de um
espaço próprio, onde eles podem desenvolver sua criatividade e se auto realizar na execução de suas
tarefas”. Ressalta-se que a busca do compartilhamento de objetivos pelo líder se dá por negociações
constantes, à semelhança do ajustamento mútuo, e não por meio do exercício de uma eventual autoridade
hierárquica, como seria típico do mecanismo de supervisão direta.

Além disso, é também importante mencionar que lideranças, principalmente as carismáticas, valem-
se da coordenação pelo compartilhamento de crenças e valores, e não somente de objetivos.

Questões

01. (TRE-SE – Analista Judiciário – Área Judiciária – FCC) Sobre a gestão de resultados na
Administração pública, é correto afirmar:
(A) O estabelecimento de metas no setor público e no setor privado são semelhantes, na medida em
que é orientado pelo cumprimento de procedimentos e normas.
(B) A legalidade e a impessoalidade são características da administração burocrática e,
consequentemente, orientam a elaboração de metas e o seu alcance.
(C)A contratualização de resultados é um instrumento da administração burocrática e consiste no
estabelecimento de parcerias público-privadas.
(D) A hierarquia é essencial para o estabelecimento de um contrato de gestão, pois essa característica
assegura o próprio cumprimento do contrato.
(E) O controle por resultados é um instrumento da administração gerencial e pode envolver a
contratualização de resultados e contratos de gestão.

02. (SUDENE-PE - Agente Administrativo – FGV) Na Administração Pública, a gestão por resultados
está relacionada à
(A) Administração Gerencial.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(B) Administração Patrimonialista.
(C) Administração Centralizada.
(D) Administração Burocrática.
(E) Administração Descentralizada.

03. (PROCEMPA - Analista Administrativo - Analista Financeiro Contábil – FGV) Na Administração


Pública, o grau de aceitação pela clientela dos serviços prestados é fundamental para a imagem
institucional.
O alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os agentes políticos,
externos e internos; a contratualização de resultados, autonomias e sanções; a avaliação dos resultados
e a retroalimentação do sistema de gestão para eventuais correções de rota; o fortalecimento de uma
modalidade de “accountability”, baseada no desempenho mensurado a partir de indicadores de
resultados; e a modificação do comportamento auto referido da burocracia, substituindo-o pela atenção a
metas claras e contratualizadas, são características da
(A) gestão participativa.
(B) gestão por competências.
(C) gestão do conhecimento.
(D) gestão da cultura organizacional.
(E) gestão por resultados.

04. (IDAF-ES - Advogado – FUNCAB) Quanto à gestão de resultados no serviço público, é correto
afirmar que:
(A) serve como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos.
(B) conduz a resultados parciais sem qualquer influência no resultado final.
(C) promove e desenvolve mecanismos internos que melhoram o desempenho dos dirigentes e
servidores públicos.
(D) a gestão de resultados tem como objetivo minimizar os conflitos organizacionais, de modo a
pacificar o ambiente de trabalho.
(E) é necessário realizar, periodicamente, encontros de diferentes grupos de trabalho, de modo a
humanizar as relações interpessoais.

Gabarito

01.E / 02.A / 03.E / 04.C

Comentários

01. Resposta: E.
Dentre as características do modelo de gestão por resultados estão: “- Contratualização de resultados,
autonomias e sanções; - Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para
eventuais correções de rota, constituindo assim uma ferramenta gerencial;”

02. Resposta: A
A Administração pública gerencial é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma
grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos; na eficiência dos
serviços, na avaliação de desempenho e no controle de resultados, suas principais características.

03. Resposta: E
A gestão por resultados contempla:
1. Alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os agentes políticos,
externos e internos, sobre quais são as diretrizes e os objetivos da organização;
2. Tradução ou operacionalização destes em resultados e metas a serem atingidas, o que inclui a
definição de indicadores para sua apuração;
3. Desdobramento das diretrizes e objetivos até o nível da menor equipe distinguível;
4. Contratualização de resultados, autonomias e sanções com as equipes;
5. Concessão de autonomias aos gestores e implementadores das políticas públicas;
6. Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para eventuais ações corretivas.

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04. Resposta: C
A gestão por resultados visa a fortalecer a ação dos organismos públicos para melhorar os resultados
em benefício dos cidadãos e da sociedade. O referido termo deriva da lógica da administração por
objetivos (Drucker, 1999). Está pautada numa lógica de eficácia e eficiência, com a otimização do uso
dos recursos públicos, o processo de produção de bens e serviços públicos, melhorar o desempenho dos
dirigentes e servidores públicos, tornar efetivos os mecanismos governamentais, sendo transparente,
equitativo e controlável (Serra, 2008).

O paradigma do cliente na gestão pública

O Paradigma do Cliente na Gestão Pública é um estudo que surgiu em torno dos entendimentos da
Administração Pública Gerencial, esse paradigma aborda um modelo que, assim como boa parte da
doutrina gerencialista, ganhou espaço a partir da obra: “Reinventando o Governo: como o espírito
empreendedor está transformando o setor público”. 75
Embora partindo de rigorosas críticas ao movimento reinventado o governo, como por exemplo, o fato
de o mesmo não ter um viés societal, de acordo com a professora Drª Ana Paula Paes de Paula 76, que
define da seguinte forma o conceito de Paradigma do Cliente na Gestão Pública:

Governo e seus Clientes: atendendo às necessidades dos clientes e não da burocracia. Os cidadãos
estão cansados da burocracia e querem ser mais valorizados como clientes. Logo, é recomendável o uso
da administração da qualidade e a criação de sistemas transparentes. 77

Para analisarmos o surgimento do chamado “Paradigma do Cliente” e seus efeitos para a atual
administração pública, devemos, primeiramente compreender as três principais vertentes da denominada
Nova Gestão Pública, as quais concebem experiências de superação das limitações do modelo
weberiano, essas vertentes são:78
1) Gerencialismo Puro
2) Consumerism
3) Public Service Orientation (PSO)

Mesmo sendo muito divergentes, estas três possuem algumas similaridades, como por exemplo, a
ênfase significativa nos resultados da ação governamental, isto é, um deslocamento do foco nos
processos para o foco nos resultados.

Gerencialismo Puro (ou Managerialism)

O modelo gerencial puro foi o primeiro a ser implantado, assim como também ocorreu, com algumas
rápidas modificações, na experiência americana do governo Reagan. Desde o final da década de 60,
estudos já revelavam a falta de preparação gerencial do serviço público, a excessiva hierarquização e a
falta de contato entre os burocratas e a comunidade que eles serviam. Portanto, o gerencialismo puro
inicia do pressuposto de que é preciso modificar as engrenagens do modelo weberiano.
O ponto central do modelo gerencial puro é a busca da eficiência governamental. No primeiro
momento foi dada maior atenção aos instrumentos de racionalização orçamentária, que deveriam
possibilitar a redução de custos e de pessoal. Depois foram adotados, em larga escala, os instrumentos
de avaliação (mensuração) de desempenho organizacional.
Segundo Butler79, a burocracia tradicional era definida como uma organização com estrutura rígida e
centralizada, voltada ao cumprimento dos regulamentos e processos administrativos e em que o
desempenho é avaliado apenas com referência à observância das normas legais e éticas. Contra essa
visão de administração pública, o governo gerencialista sugeria:
- Definição clara das responsabilidades de cada colaborador dentro das agências governamentais;

75 OSBORNE, D. E.; GAEBLER, T.; Reinventando o Governo: como o espírito empreendedor está transformando o setor público; Gaebler Ted, 1992.
76 DE PAULA, A. P. P.; Por uma nova Gestão pública; Editora FGV, Rio de Janeiro, 2005.
77 Idem
78 http://antigo.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fAbrciocad%2010.pdf
79 BUTLER, R.; “The evolution of the civil service - a progress report”, Public Administration, vol. 71, n.3. 1993.

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- Definição clara dos objetivos organizacionais, analisados em sua substância e não enquanto
processo administrativo;
- Aumento da consciência a respeito do “valor dos recursos” públicos, procurando maximizar a relação
financeira entre os recursos iniciais e os gastos realizados para a produção de políticas, ou seja,
incorporando o valor da eficiência na lógica de funcionamento da burocracia.

Visando cumprir cada um desses objetivos foram implementados determinados instrumentos


gerenciais, sendo eles:
- Técnicas de racionalização orçamentária, para possibilitar a incorporação de uma maior “consciência
dos custos” no serviço público;
- Instrumentos de avaliação de desempenho organizacional, para alcançar maior eficiência, usando
mecanismos objetivos de mensuração da performance governamental;
- Adoção da Administração por Objetivos (APO), pela qual se procura traçar linhas claras de ação às
agências, o que tornaria possível uma avaliação de desempenho baseada na comparação entre os
resultados obtidos e o que fora previamente determinado.
- A descentralização administrativa, com o objetivo de aumentar a autonomia das agências e dos
departamentos.

No âmbito da cultura gerencial, é preciso criar mais gerentes, com habilidade e criatividade para
encontrar novas soluções, sobretudo para aumentar a eficiência governamental. A delegação de
autoridade é uma resposta que com o tempo pode transformar a cultura da burocracia.
O ponto de vista da qualidade começa a ser agrupada ao modelo gerencial. A valorização do conceito
de efetividade também traz novamente à tona o caráter político da prestação dos serviços públicos, uma
vez que são os usuários dos equipamentos sociais que de fato podem avaliar a qualidade dos programas
governamentais.
Em sua perspectiva inicial, o modelo gerencial era proposto como uma tecnologia neutra destinada a
modificar o funcionamento e a cultura do setor público. Desta maneira, alguns gerencialistas mais radicais
afirmavam que não existe diferença conceitual entre a administração da empresa privada e a
administração pública.
A administração pública se estabelece num sistema organizacional em que, internamente, há
diferentes tarefas e valores pertencentes a um contexto complexo de relações com a esfera política, a
qual nunca pode ser negligenciada. Caso isso ocorra, aumenta a possibilidade de os processos de
reforma administrativa fracassarem.
O modelo gerencial puro, na verdade, tem como base a separação entre a política e a administração.
Assim, caberia aos reformadores implantar o managerialism na administração pública
independentemente do que ocorre na política.
As reformas administrativas apoiadas em técnicas gerenciais não servem apenas ao aumento por si
do desempenho organizacional, mas servem para melhorar a performance do setor público de acordo
com objetivos públicos, ou seja, politicamente definidos.
Os gerencialistas puros, por fim, não consideraram que a especificidade do setor público dificulta a
mensuração da eficiência e a avaliação do desempenho tal qual ocorre na iniciativa privada. Na gestão
pública, estão em jogo valores como equidade e justiça que não podem ser medidos ou avaliados por
intermédio dos conceitos do managerialism puro.
Essa “despolitização” da administração pública, aliada à ênfase no conceito de eficiência
governamental, fez com que Christopher Pollitt, um dos maiores críticos do modelo gerencial inglês,
qualificasse o managerialism como um “neotaylorismo”, isto é, uma proposta calcada na busca da
produtividade e na implantação do modelo de gestão da empresa privada no setor público.
A discussão em torno do modelo gerencial se tornou complexa e ganhou novos rumos a partir da
metade da década de 80. Basicamente, duas transformações foram operadas no gerencialismo puro.
Uma ligada à dinâmica intraorganizacional, priorizando os conceitos da flexibilidade, planejamento
estratégico e qualidade. A outra transformação foi mais radical e muito mais importante para remodelar o
managerialism, trata-se da adoção de serviços públicos voltados para os anseios dos
clientes/consumidores.
É neste ponto que o modelo gerencial traz à tona o aspecto público da administração pública, sem, no
entanto, abandonar o conceitual empresarial vinculado à eficiência e à busca da qualidade dos serviços.

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Consumerism

Novos caminhos do modelo gerencial: a flexibilidade de gestão, qualidade dos serviços e


prioridade às demandas do consumidor
As críticas mais pertinentes feitas ao modelo anterior buscavam não a volta ao modelo burocrático
weberiano, mas sim a correção do managerialism no sentido de incorporar novos significados, e a ênfase
na flexibilidade da gestão foi uma das mudanças introduzidas.
A estratégia da eficiência, se levada às últimas consequências, pode imobilizar a ação do gerente
público, tal como mostramos no item anterior. O caso do Orçamento Público é paradigmático, isto é, o
estrito enfoque no controle orçamentário dificulta a adaptação a alterações que impliquem um
redirecionamento do gasto público.
No limite, a ótica da eficiência acredita que há uma solução racional única para os problemas
orçamentários. No entanto, alguns autores observam que o orçamento público é um problema contínuo
sem uma solução permanente.

Segundo Crozier80, no caminho da flexibilização da gestão pública, também podemos citar a passagem
da lógica do planejamento para a lógica da estratégia. Na primeira, prevalece o conceito de plano, o qual
estabelece, a partir de uma racionalidade técnica, o melhor programa a ser cumprido.
Já na lógica de estratégia, são levadas em consideração as relações entre os atores envolvidos em
cada política, de modo a montar cenários que permitam a flexibilidade necessária para eventuais
alterações nos programas governamentais.
A utilidade da lógica de estratégia vai além da confecção dos programas governamentais. O contexto
maior da reforma administrativa se beneficia igualmente do conceito de estratégia, sobretudo porque a
maioria dos Estados contemporâneos passa por três grandes crises:
1) A fiscal;
2) A decisória; e
3) A de confiança.

É neste ambiente que Crozier81 propõe a utilização da estratégia, que não leva só em consideração os
objetivos dos programas e das reformas propostas, mas sobretudo requer um acompanhamento das
reações da sociedade e dos funcionários públicos frente às ações do governo.

Busca da Qualidade dos Serviços Públicos


A busca da qualidade dos serviços públicos é outro conceito que o modelo vem incorporando. Desde
a metade da década de 80, o governo vem se utilizando do referencial da qualidade na avaliação de
resultados das agências e dos programas. Isto ocorreu, em primeiro lugar, por causa das críticas contra
a ênfase dada inicialmente à mensuração da eficiência e não da efetividade dos serviços públicos.
Vale notar que mesmo no setor privado houve, ao longo da década de 80, uma modificação no que se
refere à antiga visão meramente quantitativa de avaliar o sucesso e o desempenho dos empregados e da
organização. Foi na iniciativa privada que nasceu a abordagem da Administração da Qualidade Total
(Total Quality Management - TQM), que posteriormente foi introduzida no setor público.
Nas organizações privadas, a razão da mudança foi o aumento da concorrência e do nível de exigência
dos consumidores. Sendo assim, os empresários tiveram que aumentar a qualidade de seus produtos
para sobreviver no mercado. Portanto, a busca permanente da qualidade tem uma relação direta com o
direcionamento da produção para os anseios dos consumidores.
Nas organizações pública, aconteceu um fenômeno semelhante as privadas. A introdução da
perspectiva da qualidade surgiu quase no mesmo momento em que a administração pública voltava suas
atenções aos clientes/consumidores, que no caso são os cidadãos. Essa talvez tenha sido uma das
principais revoluções no modelo gerencial. Sue Richards82, importante especialista na área de Public
Management, acredita inclusive que houve uma mudança de paradigma com a recente ênfase dada pelo
setor público às preferências do consumidor.
Para Richards83, depois da Segunda Guerra mundial surgiram dois paradigmas na administração
pública:
- O primeiro foi aquele vinculado à visão política da burocracia, que deveria estar atrelada à
consecução de objetivos politicamente determinados. Esse é o modelo burocrático weberiano.
80 CROZIER, M.; Cómo reformar al Estado. Tres países, três estrategias: Suecia, Japón y Estados Unidos. Cidade do México: Fondo de Cultura Econômica,
1992.
81 Idem
82 RICHARDS, S., “Changing patterns of legitimation in public management”. Public Policy and Administration, vol. 7, n.3. 1992.
83 Idem

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
- O segundo paradigma foi o da eficiência, associado, sobretudo, aos métodos gerenciais do setor
privado, tal como foram aplicados pelo modelo gerencial puro.

O novo paradigma, na opinião do autor, resultaria da síntese entre os antigos valores do serviço público
(ou do modelo weberiano) e a orientação para uma melhor performance do setor público como um todo,
em suma, seria uma perspectiva voltada à satisfação do público, intitulada paradigma do consumidor
(Consumer Paradigm).
A estratégia voltada à satisfação dos consumidores é reforçada pelo governo através da adoção de
medidas que fazem parte de uma estratégia para tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo,
desmontando assim o antigo modelo burocrático.
Uma dessas medidas é a descentralização. Assim, tem ocorrido uma significativa delegação de
autoridade, partindo do princípio de quanto mais próximo estiver o serviço público do consumidor, mais
fiscalizado pela população ele o será. A descentralização, no entanto, não basta para aumentar o poder
do consumidor, é preciso que haja opções caso determinado equipamento social não esteja funcionando.
Uma outra medida é a adoção de um novo modelo contratual para os serviços públicos, e este possui
três dimensões:
1) Extensão das relações contratuais no fornecimento de serviços públicos entre o setor público, o
setor privado e o voluntário/não lucrativo, criando uma nova estrutura de pluralismo institucional,
contraposta ao antigo modelo de monopólio estatal;
2) Extensão das relações contratuais para dentro do setor público, envolvendo descentralização,
delegação;
3) Desenvolvimento de contratos de qualidade entre os provedores de serviço e os
consumidores/clientes.

Embora tenha avançado muito com relação ao modelo gerencial puro, o consumerism recebeu várias
críticas, particularmente no terreno em que mais transformou os conceitos, isto é, na relação entre o
governo como prestador de serviços públicos e a população.
A crítica mais geral é direcionada ao conceito de consumidor de serviços públicos. Em primeiro lugar,
com relação à diferença que existe entre o consumidor de bens no mercado e o “consumidor” dos serviços
públicos. É mais complexa a relação do prestador de serviço público com o consumidor, já que ela não
obedece ao puro modelo de decisão de compra vigente no mercado.
Aliás, há determinados serviços públicos cujo caráter é compulsório, isto é, não existe a possibilidade
de escolha, como provam a utilização, em determinados momentos, dos hospitais e dos serviços policiais.
Para alguns autores, o conceito de consumidor deve ser substituído pelo de cidadão. Isto porque o
conceito de cidadão é mais amplo do que o de cliente/consumidor, uma vez que a cidadania implica ao
mesmo tempo em direitos e deveres e não só liberdade de escolher os serviços públicos.
Na verdade, a cidadania está relacionada com o valor de accountability, que requer uma participação
ativa na escolha dos dirigentes, no momento da elaboração das políticas e na avaliação dos serviços
públicos.

Accountability: é um termo da língua inglesa que pode ser entendido como responsabilidade com
ética e remete à obrigação e à transparência de membros de um órgão administrativo ou representativo
de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados.

O conceito de consumidor também não responde adequadamente ao problema da equidade, valor


fundamental na administração pública. A primeira pergunta não respondida pelo consumerism é “quem
são os consumidores/clientes?” Em grande medida, são aqueles que se organizam para atuar onde
os serviços são prestados, o que, no limite, pode se constituir num grupo de interesse.

Entre a avaliação dos consumidores e os atos dos funcionários devem haver normas e regras que
permitam garantir o interesse público. A possibilidade de os consumidores se transformarem em grupo
de interesse se torna maior ainda numa era de escassez de recursos públicos, como a atual. Os que se
organizarem mais podem se tornar “mais consumidores do que os outros”. Assim, os consumidores mais
fortes podem se constituir em “clientes preferenciais do serviço público”. Quando os recursos são
limitados, o problema pode não ser satisfazer os consumidores, mas quais consumidores satisfazer.

Para tentar introduzir os conceitos de accountability e equidade na prestação de serviços


públicos, alguns autores criaram o Public Service Orientation (PSO).

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Public Service Orientation (PSO)

A PSO se compõe mais como uma tendência que levanta novas questões e coloca em risco antigos
valores, do que como uma corrente com um arcabouço teórico fechado. Ainda que retome temas pouco
discutidos ao longo da década de 80, a PSO não propõe a volta a um modelo pré-gerencial, burocrático
weberiano, mas procura encontrar novos caminhos abertos pela discussão gerencial, explorando suas
potencialidades e preenchendo boa parte de suas lacunas.
A reflexão realizada pelos teóricos da PSO leva aos temas do republicanismo e da democracia,
utilizando-se de conceitos como accountability, transparência, participação política, equidade e justiça,
questões praticamente ausentes do debate sobre o modelo gerencial.
A visão da descentralização dos autores da PSO é extremamente crítica quanto ao modelo
gerencialista puro e quanto ao consumerism. A posição da PSO com relação à descentralização é no
sentido de que o governo local pode tornar os cidadãos capazes de participar das decisões que afetam
suas vidas e de suas comunidades.
A PSO defende as virtudes políticas da descentralização. No modelo gerencial puro, a
descentralização era valorizada como meio de tornar mais eficazes as políticas públicas. Já no
consumerism, o processo de descentralização era saudável na medida em que ele aproximava o centro
de decisões dos serviços públicos dos consumidores, pensados como indivíduos que têm o direito de
escolher os equipamentos sociais que lhes oferecer melhor qualidade.

A questão que diferencia a PSO das outras correntes é o conceito de cidadão.


- Cidadão: enquanto o cidadão é um conceito com conotação coletiva, isto é, pensar na cidadania
como um conjunto de cidadãos com direitos e deveres.
- Consumidor: o termo consumidor (ou cliente) tem um referencial individual, vinculado à tradição
liberal, a mesma que dá, na maioria das vezes, maior importância à proteção dos direitos do indivíduo do
que à participação política, ou então maior valor ao mercado do que à esfera pública.

A PSO tem como uma de suas ideias-chave a conjugação entre a accountability e o binômio
justiça/equidade. Para tanto, é necessário que no processo de aprendizado social na esfera pública se
consiga criar uma nova cultura cívica, que congregue políticos, funcionários e cidadãos.
Embora faça fortes críticas ao modelo gerencial puro e ao consumerism, o fato é que a Public Service
Orientation (PSO) não joga fora as ideias desenvolvidas no Public Management. Afinal, as discussões
sobre eficiência, qualidade, avaliação de desempenho, flexibilidade gerencial, planejamento estratégico,
entre as principais, não são negadas, mas há a tentativa de aperfeiçoá-las dentro de um contexto em que
o referencial da esfera pública é o mais importante.
A PSO tem uma grande virtude, que é dizer não só como o setor público deve ser, mas principalmente
o que ele deve ser. Essa é uma das principais lacunas da experiência do modelo gerencial implantado
nos últimos anos.

Questões

01. (UFGD - Administrador - UFGD/2019) A Administração Pública em busca de maior eficiência


administrativa tem procurado implementar um modelo de gestão que priorize maior otimização dos
recursos públicos. Esse esforço visa a adotar técnicas e estratégias que possam romper com paradigmas
e reações tradicionais que, de certa forma, emperram a máquina pública e resultam em baixo rendimento
de seus recursos, baixa transparência, limitações de suas atividades organizacionais, atraso no
atendimento às necessidades do cidadão. A tentativa da adoção de um novo modelo encontrará algumas
resistências, uma vez que a Administração Pública tem de mudar a visão que possui sobre o cidadão que
busca e utiliza seus serviços. Destacam-se como ações para a implementação de um modelo ágil,
transparente, eficaz e eficiente na Administração pública: o envolvimento do cidadão no orçamento
público, caixas de sugestões, portal de transparência, capacitação dos agentes públicos, canais de
relacionamento com o cidadão, novas técnicas de gestão, adoção de novas tecnologias da informação e
atendimento ao cidadão, redução do formalismo eliminando o excesso de burocratização dos processos
e redesenhando os desenhos dos cargos dos servidores.

Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de paradigma na Administração Pública evidenciado no


texto.
(A) Paradigma do novo governo brasileiro que busca capacitar melhor seus servidores, para melhor
desenvolver o seu trabalho com base nas técnicas tradicionais da gestão pública.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(B) Paradigma da nova gestão pública que visa a dar ao servidor público maior autonomia e romper
com o paradigma de que manda quem pode e obedece quem tem juízo.
(C) Paradigma da eficácia na Administração Pública contemporânea com utilização de modelos
mundiais adotados por grandes organizações públicas de sucesso.
(D) Paradigma do "o cliente sempre tem razão" com o rompimento da adoção de técnicas inovadoras
de gestão adotadas por organizações privadas que sempre garantiram a sua competitividade.
(E) Paradigma do cliente na gestão pública em que técnicas e estratégias da organização privada são
adotadas como referências para eficiência dos serviços públicos.

02. (CFO/DF - Técnico Administrativo - Quadrix) Quanto à gestão de resultados na produção de


serviços públicos e ao paradigma do cliente na gestão pública, julgue o item subsecutivo.

Os serviços públicos prestados a partir do paradigma do cliente podem ser orientados por missões.

( ) Certo ( ) Errado

03. (TRT 10ª Região (DF e TO) Técnico Judiciário Administrativo - CESPE) Com referência ao
paradigma do cliente na gestão pública e à gestão estratégica, julgue os próximos itens.

Por visar atender o interesse público, a administração pública tem de alinhar suas ações e resultados às
necessidades e expectativas dos cidadãos, mediante a assunção do compromisso de fazer o melhor no
cumprimento da sua missão.

( ) Certo ( ) Errado

04. (TER/RJ - Técnico Judiciário da Área Administrativa - CESPE) A atuação da organização


pública alinhada ao paradigma do cliente na gestão pública procura dar ao cidadão-usuário atendimento
semelhante ao que ele teria como cliente em uma empresa privada.

( ) Certo ( ) Errado

05. (TER/ES - Analista Contabilidade - CESPE) O paradigma do cliente na gestão pública se


fundamenta na visão do cidadão como contribuinte de impostos e como cliente dos serviços da
administração pública. Porém, não importa se as suas necessidades estão sendo atendidas e sim, se há
eficácia dos serviços.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.E / 02.Certo / 03.Certo / 04.Certo / 05. Errado

Comentários

01. Resposta: E
(A) Paradigma do novo governo brasileiro que busca capacitar melhor seus servidores, para melhor
desenvolver o seu trabalho com base nas técnicas tradicionais da gestão pública. (Faz uso de novas
técnicas)
(B) Paradigma da nova gestão pública que visa a dar ao servidor público maior autonomia e romper
com o paradigma de que manda quem pode e obedece quem tem juízo. (A autonomia não é ilimitada)
(C) Paradigma da eficácia na Administração Pública contemporânea com utilização de modelos
mundiais adotados por grandes organizações públicas de sucesso. (A referência é a Eficiência)
(D) Paradigma do "o cliente sempre tem razão" com o rompimento da adoção de técnicas inovadoras
de gestão adotadas por organizações privadas que sempre garantiram a sua competitividade. (Idem A)
(E) Paradigma do cliente na gestão pública em que técnicas e estratégias da organização privada são
adotadas como referências para eficiência dos serviços públicos. Gabarito

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02. Resposta: Certo
Em qualquer modelo de gestão deverá ser definida a missão, a visão, os objetivos, as metas e os
indicadores.

03. Resposta: Certo.


A questão apresenta visão gerencial e empreendedora da Administração Pública, que visa pela
excelência em seus serviços públicos atendendo as necessidades e expectativas dos cidadãos.

04. Resposta: Certo.


A questão apresenta uma afirmativa correta, pois, a Administração Pública procura fornecer ao cidadão
um atendimento que busque a atender os seu interesses e necessidades, sendo semelhante ao da
Iniciativa Privada, sendo importante destacar que existem as particularidades do atendimento público que
se distinguem do privado, por este motivo o atendimento é semelhante e não igual.

05. Resposta: Errado.


O paradigma do cliente está mais voltado ao consumerismo, que considera a relação cliente-usuário
e também a qualidade; e não à ideia de usuário financiador do sistema (estágio inicial, redução de custos,
eficiência - gerencialismo).
1) Gerencialismo puro: Contribuintes financiando a máquina pública
2) Consumerismo: Cliente/Consumidores
3) Public Service Orientation – PSO: Cidadãos.

2. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS. Funções e


objetivos da administração de materiais; classificação e especificação de
materiais; compras; registros; cadastro de fornecedores; acompanhamento de
pedidos

A Administração de Materiais pode ser definida como sendo um conjunto de atividades desenvolvidas
dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, com o intuito de suprir as necessidades dos
diversos departamentos da organização, com os materiais necessários para o desempenho de suas
atribuições.
O principal objetivo da Administração de Materiais é maximizar a utilização dos recursos da empresa,
ou seja, evitar o desperdício, que pode se manifestar das mais diversas maneiras, como por exemplo o
excesso de estoque, aquisição de materiais desnecessários ou de baixa qualidade, o desperdício, e etc.
As atividades da Administração de Materiais abrangem o fluxo de materiais desde a entrada dos
materiais na empresa, inicializando pelo departamento de compras, o recebimento, a armazenagem
desses materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, as operações gerais de controle
de estoques, até as vendas onde o material é entregue para o consumidor final em forma de produto ou
prestação de serviços.
Essas atividades visam gerenciar de maneira eficaz os recursos do processo produtivo, indo além de
um simples controle de estoques, mas envolvendo um vasto campo de relações que são interdependentes
e que precisam ser bem geridos para evitar desperdícios.

Todas as empresas dependem de três fatores para a sua sobrevivência no mercado: a natureza, o
trabalho e o capital. A natureza fornece os insumos necessários à produção, como matérias-primas,
energia, terra, água e etc. O capital fornece o dinheiro necessário para adquirir os insumos, pagar o
pessoal e as demais despesas, permitindo comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de produção. Já
o trabalho é constituído pela mão de obra, que processa e transforma os insumos e matérias-primas em
produtos acabados ou serviços prestados.
As empresas, sejam elas públicas ou privadas, são sistemas que transformam a natureza, o capital e
o trabalho em um resultado maior que a soma desses fatores aplicados individualmente, a coordenação
harmoniosa desses fatores de produção objetiva a obtenção de resultados, caso contrário, se houver
incapacidade de coordenar os fatores de produção acaba gerando prejuízos. 84
A meta principal de uma empresa é maximizar o lucro sobre o capital investido, então espera-se, que
o dinheiro que está investido em estoque seja necessário para a produção e o bom atendimento das
vendas. Contudo, a manutenção de estoques requer investimentos e gastos elevados, evitar a formação

84 FENILI, R. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais para concursos. 3 Ed. Editora Método, 2014.

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de estoques ou tê-los em número reduzidos de itens e em quantidade mínimas, sem que em
contrapartida, aumente o risco de não ser satisfeita a demanda dos usuários é o conflito que a
administração de materiais visa solucionar.
A gerência de materiais é um conceito vital que pode resultar na redução de custos e no
aperfeiçoamento do desempenho da produção, quando é adequadamente entendida e executada. É um
conceito que deve estar contido na filosofia da empresa e em sua organização.

Os materiais em geral representam a maior parcela de custo de produtos acabados, mostrando que são
responsáveis por aproximadamente 52% do custo do produto numa empresa de médio porte, e em
alguns casos, podem chegar a 85%. O investimento em estoque de materiais é tipicamente de 1/3 do
ativo de uma empresa.

Administrar os materiais é fazer um exercício de provedor, analista, pesquisador e programador, e é


acima de tudo, colocar a empresa como um organismo viável a todos que dela participam.
O objetivo, portanto, é otimizar o investimento em estoques, aumentando o uso eficiente dos meios
internos da empresa, minimizando as necessidades de capital investido. A grande questão é poder
determinar qual a quantidade ideal de material em estoque, onde tanto os custos, como os riscos de não
poder satisfazer a demanda serão os menores possíveis.

A Administração de Materiais Moderna é conceituada e estudada como um Sistema Integrado em


que diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado. Destina-se a dotar a
administração dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao funcionamento da
organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.

Perceba que em uma organização, podemos identificar vários tipos de recursos: os Recursos
Humanos, os Recursos Tecnológicos, os Recursos Materiais e também os Recursos Financeiros,
entretanto o nosso foco aqui é para os Recursos Materiais.

Mas o que são materiais?

Materiais é a designação genérica de equipamentos, componentes, acessórios, veículos em geral,


matérias primas e outros itens empregados nas atividades das organizações. Assim, são todos os meios
físicos disponíveis para a organização, tais como mesas, papeis, computadores, prédios etc.
Na Administração de Materiais, podemos definir que:

Recurso Material: são todos os materiais que estão relacionados aos meios físicos que são utilizados
pela empresa na produção de seu produto final, podendo ser um produto material ou serviços, e esses
materiais não são bens permanentes.

Recurso Patrimonial: são todos os meios físicos destinados à manutenção das atividades de uma
organização, são bens permanentes, e além disso, nem sempre é possível armazená-los em estoques,
na contabilidade, os recursos patrimoniais referem-se ao conceito de bens de uso, ou ativo imobilizado
de uma organização (imóveis, terrenos, utensílios, veículos, máquinas e equipamentos, computadores e
terminais, instalações, etc.).

As grandes funções envolvidas na Administração de Materiais são:


- Compras;
- Logística;
- Transporte;
- Armazenagem e Conservação;
- Movimentação; e
- Controle de estoques.

Compras

A função de Compras envolve fornecedores, contratos, tomada de preços, pedido de compra (prazos,
condições de pagamento etc.), transporte e controle no recebimento da mercadoria. Caso haja
importações, os compradores deverão ter conhecimento das leis e guias de importação, bem como dos
processos envolvendo órgão do governo federal mediador das importações.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
O sistema de compras baseia-se em uma ação que envolve atividades de pesquisa para a melhor
adequação dos objetivos organizacionais.

Os objetivos da Função de Compras

Apesar da variedade de compras que uma empresa realiza, há alguns objetivos básicos da atividade
de compras, que são válidos para todos os materiais e serviços comprados.
Materiais e serviços devem apresentar a qualidade certa, serem entregues no momento certo e na
quantidade correta, serem capazes de sofrer alteração em termos de especificação, tempo de entrega ou
quantidade, ou seja, serem flexíveis, e terem preços corretos.
As mercadorias de uma empresa podem ser classificadas em três tipos, de acordo com a rotatividade
de seus estoques:
- Mercadorias de alto giro;
- Mercadorias de médio giro;
- Mercadorias de baixo giro.

As mercadorias de alto giro são aquelas destinadas a provocar tráfego no salão de vendas, esse tipo
de mercadoria quase sempre dá pouco lucro, mas exerce um efeito de atração da clientela. (Num bar,
por exemplo, são aquelas que ficam bem à vista do freguês: cigarro, fósforo, chicletes, balinhas e etc.)
As mercadorias de médio e baixo giro são aquelas que apresentam uma rotação de estoque mais
lenta. Permitem taxas de marcação mais elevadas para compensar a demora de suas saídas.

Para analisar a rotatividade dos estoques, deve-se utilizar o seguinte roteiro:


- Agrupamento das mercadorias, de acordo com a sua frequência de saída (alta, média ou baixa
rotatividade);
- Levantamento dos custos das mercadorias em estoque, por grupos, de acordo com o seu giro;
- Somatório dos valores encontrados nos grupos de mercadorias;
- Cálculo do percentual correspondente a cada grupo, em relação ao somatório;
- Análise dos percentuais encontrados.

Etapas do Processo de Compra

1) Coleta de Preços
No documento de registro da pesquisa de preços, que pode ser uma planilha do Excel ou outro tipo de
programa específico, devem ser registrados os dados recebidos dos fornecedores, identificação, tipo de
material a ser fornecido, preços, formas de pagamentos, e etc.

2) Pedido de Compras
Trata-se do contrato formal entre a empresa e o fornecedor, deverá representar todas as condições
estabelecidas nas negociações. No pedido deverá constar: preço unitário e total, condições de
fornecimento, prazo de entrega, condições de pagamento, especificações técnicas do fornecimento,
embalagens e transporte.

3) Acompanhamento do Pedido
É o procedimento que controla todos os pedidos, até o momento em que este é liberado para o
processo produtivo da empresa.

4) Desenvolvimento de Fornecedores
Trata-se do procedimento que possibilita à empresa selecionar os futuros fornecedores sendo os
melhores fornecedores do mercado e que tenham condições de atender a todas especificações e
exigências da empresa.

5) Desenvolvimento de Novos Materiais


Consiste no procedimento que possibilita à empresa pesquisar e selecionar novos materiais ou
materiais alternativos, o objetivo dessa fase é estabelecer alternativas econômicas ou técnicas para
melhorar o desempenho dos produtos no mercado. Baseando-se em especificações e parâmetros
fornecidos pelo mercado ou pela engenharia.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
6) Qualificação de Fornecedores
O objetivo é assegurar a qualidade do produto e o suprimento do produto, para otimizar a produção e
evitar não conformidades e devoluções. A área de engenharia é responsável por avaliar a qualificação
dos fornecedores.

7) Comunicação
Procedimento de relacionamento entre a empresa e o fornecedor. Quando ambas as partes ganham,
esse procedimento é fácil e não cria conflito entre as partes. É um importante elemento de fortalecimento
dos laços de interesses, de melhorias contínuas e principalmente de aumento dos lucros para ambas
empresas.

Compras e Desenvolvimento de Fornecedores

A atividade de compras é realizada no lado do suprimento da empresa, estabelecendo contratos com


fornecedores para adquirir materiais e serviços, ligados ou não à atividade principal.
Os gestores de compras fazem uma ligação vital entre a empresa e seus fornecedores. Para serem
eficazes, precisam compreender tanto as necessidades de todos os processos da empresa, como as
capacitações dos fornecedores que podem fornecer produtos e serviços para a organização.
A compra interfere diretamente nas vendas. A qualidade, quantidade, preço e prazo dos produtos
fabricados numa indústria dependem muito das condições em que foram adquiridos os insumos e as
matérias-primas.
No comércio, as compras de mercadorias realizadas em melhores condições proporcionam vendas
mais rápidas, e possivelmente, com maior margem de lucro.
A gestão de compras é tida como um fator estratégico nos negócios. Comprar significa procurar,
adquirir e receber mercadorias e insumos necessários à manutenção, funcionamento e expansão da
empresa.
Não é tão fácil definir quais os fornecedores que apresentam todas as condições necessárias, por esse
motivo é preciso verificar as seguintes condições:
- Se o preço de aquisição é justo e oferece condições de marcar um preço de venda que permita
concorrer no mercado e, ao mesmo tempo, obter uma boa margem de lucro;
- Se a qualidade dos produtos oferecidos tem a perfeição do acabamento exigida pelo consumidor;
- Se a quantidade oferecida é suficiente para as necessidades de produção e vendas de um
determinado período;
- Se os prazos de entrega satisfazem as programações de vendas da empresa;
- Se os prazos de pagamento cobrem os prazos médios de vendas e não comprometem o capital de
giro próprio.

Toda empresa deve possuir um bom cadastro, onde são registradas as informações necessárias sobre
os fornecedores (endereço, número do CNPJ, número da inscrição, objetivos sociais, pessoas para
contato, linhas de produtos ou mercadorias, prazo médio de entrega, condições de pagamento, política
de descontos etc.).

Cadastro de Fornecedores
É o órgão responsável pela qualificação, avaliação e desempenho de fornecedores de materiais e
serviços. São atribuições do cadastro de fornecedores:
- Qualificar e avaliar o desempenho dos fornecedores de materiais e serviços;
- Acompanhar a evolução do mercado;
- Subsidiar as informações e tarefas do comprador;
- Efetuar a manutenção dos dados cadastrais;
- Pontuar cada fornecedor com méritos e deméritos durante as fases de consulta e fornecimento.

As premissas do cadastro de fornecedores são:


- Preço; qualidade; e prazo.

Essas premissas determinam a atuação do setor:


- Ter registrado fornecedores cujos produtos ou serviços possam ser de interesse efetivo ou potencial
da empresa;
- Garantir um plantel de fornecedores com padrão acima do mínimo necessário;
- Despertar o interesse do fornecedor em manter

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
- Se atualizado perante as metas da empresa;
- Antecipar-se às necessidades de aquisição da empresa.

Critérios de cadastramento: A quantidade de empresas mantidas no cadastro varia em função do


número e da diversidade dos materiais consumidos. Esse número não deve ser tão reduzido e nem tão
elevado, mantendo uma quantidade equilibrada.

a) Critérios políticos: são definidos pela administração da empresa, tendo como fatores:
estabelecimento de prioridades para cadastramento de empresas da região ou do Estado, prioridade nas
consultas a empresas de pequeno a médio porte etc.

b) Critérios técnicos: envolvem as carências de abastecimento, na procura de desenvolvimento de


novas alternativas de fornecimento.

c) Critérios legais: aplicados exclusivamente às empresas estatais, autárquicas e do serviço público.

Os fatores de decisão para inclusão de fornecedores fundamentam-se:


- Na estabilidade econômico-financeira;
- Na idoneidade comercial;
- Na capacidade produtiva;
- Na capacidade técnica;
- Na tradição no mercado.

Os critérios para cadastramento envolvem duas fases distintas:


a) Fase Inicial - Análise Preliminar;
b) Fase Final - Análise Complementar.

a) Fase Inicial - Análise Preliminar: consiste na análise sumária e rápida dos documentos
preliminares apresentados pelo interessado no cadastramento. Para tanto, os interessados devem
apresentar:
a. Ato constitutivo da empresa, estatutos ou contrato social e alterações;
b. Atestados de capacidade técnica e/ou de fornecimento a outras empresas de ramo e porte
equivalente;
c. Atestados de capacidade e idoneidade financeira;
d. Cópias dos dois últimos balanços; e. linha de produtos e/ou serviços oferecidos. Com esses
documentos a empresa compradora poderá realizar as seguintes análises:
a1) Análise social: verifica-se seu objetivo, capital e composição acionária. Com isso procura-se evitar
o cadastro de empresas que em cuja composição acionária constem funcionários da empresa que está
cadastrando; sócio e ex-sócio de empresas excluídas do cadastro por falta grave; sócio de empresa já
cadastrada para a mesma linha de materiais etc.
a2) Análise econômico-financeira: é constatada por meio de balanços, referências bancárias e
cartas de crédito, cadastrando apenas empresas tidas como solventes.
a3) Análise técnica preliminar: é realizada com base nos atestados de capacidade técnica e na
relação de equipamentos, visando constatar a tradição comercial da empresa, o interesse nos materiais
e serviços oferecidos, a necessidade ou não de visita técnica, a qualificação de produtos ou testes de
materiais.

b) Fase Final - Análise Complementar: Procede-se à análise complementar para as empresas


aprovadas na fase preliminar, definindo ou não o registro.
b1) Análise jurídica É realizada utilizando-se as certidões positivas dos cartórios de feitos executivos,
certidões negativas de falência ou concordata e inscrições fiscais de âmbito federal, estadual e municipal.
b2) Análise técnica conclusiva
Sendo necessária, realiza-se a visita técnica, em companhia de especialistas no campo envolvido, por
meio da qual obtêm-se os seguintes elementos para avaliação:
a. Recursos Humanos: quantidade, qualidade e especialização;
b. Recursos Materiais: maquinário, ferramental e instalações;
c. Organização: programação, controle da produção, segurança e layout;
d. Produção: capacidade, flexibilidade e diversificação;
e. Controle de qualidade: recebimento, produção e produto.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Aprovação de Cadastro
Depois de coletar os dados dos fornecedores a empresa deve efetuar a análise do conceito técnico do
fornecedor:
- Deficiente - não deverá obter registro;
- Regular - poderá vir a ser registrada;
- Bom e excelente - deverão ser cadastradas.

Seleção de Fornecedores
São os seguintes os critérios de seleção:
- O fornecedor da última compra deve sempre ser indicado;
- Não indicar fornecedores com atrasos na entrega;
- Evitar consultas em grupos reduzidos de fornecedores;
- Priorizar as consultas aos fabricantes;
- Evitar a consulta a fornecedores com baixo índice de cotação.

Avaliação de Fornecedores
Os fornecedores devem ser constantemente e sistematicamente avaliados por meio dos seguintes
critérios:
a) Desempenho comercial;
b) Cumprimento de prazos de entrega;
c) Qualidade do produto;
d) Desempenho do produto em serviço.

a) Desempenho comercial
São os seguintes aspectos:
- Coleta de preços: número de respostas às consultas e obediência as condições gerais de
fornecimento.
- Cumprimento das condições contratuais: condições de pagamento, reajustes de preços, preços
propostos e ética comercial.

b) Cumprimento dos prazos de entrega


O fornecedor é avaliado quanto a:
- Cumprimento dos prazos de entrega;
- Presteza no atendimento de emergências.

c) Qualidade do produto
O fornecedor é avaliado por meio da quantidade de devoluções efetuadas.

d) Desempenho do produto em serviço


O fornecedor é avaliado por meio das ocorrências de desempenho insatisfatório no serviço.

Modalidades de Compras
De Emergência: É aquela que se realiza às pressas. Acontece quando a empresa não faz
planejamento das compras.
Especulativa: É realizada, antes de se apresentar a necessidade. Destina-se a especular com uma
possível alta de preços.
Antecipada: É realizada, a fim de atender às reais necessidades da loja para determinado período.
Exige rigorosa previsão das vendas.
Contratada: É aquela que prevê a entrega dos pedidos em épocas pré-determinadas.
Reposição: É aquela para adquirir mercadorias com comportamento estável das vendas. Exemplo:
produtos de higiene, limpeza e outros que registram comportamento de vendas equilibrado.

Logística

A logística85, em sua origem, esteve ligada às operações militares, em que os generais, ao decidir
mover suas tropas, tinham uma equipe que providenciasse o deslocamento, na hora certa, de munição,

85
ARNOLD, J. R. A.; Administração de Materiais; SP; Editora Atlas ,1999.
CARVALHO, José Meixa Crespo de - Logística. 3ª ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002.

99
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
mantimentos, equipamentos e socorro médico para o campo de batalha. Dessa forma, os grupos
logísticos militares atuavam na retaguarda.
Nas empresas, ocorreu o mesmo durante um bom tempo, em que os serviços de transporte de
produtos acabados, matérias primas, e todo o processo logístico era visto apenas como um processo que
gerava custo.
O nível de serviço logístico refere-se à qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado, ao
tempo necessário para se entregar um pedido ao cliente, em outras palavras o somatório das atividades
relacionadas com a transação do produto divididas em elementos pré-transação, transação e pós-
transação86.
Diversos fatores tornam importante o nível de serviço oferecido por uma empresa. A logística concentra
uma série de constatações que podem ratificar tal importância, como:
• O nível de serviço influencia a escolha do cliente;
• O nível de serviço é importante elemento de satisfação do cliente;
• As vendas tendem a aumentar se o serviço for melhorado além daquele já oferecido por fornecedores
concorrentes;
• Níveis baixos e ruins de serviço geram diminuição nas vendas;
• Compradores são sensíveis aos níveis de serviço que recebem de seus fornecedores;
• Melhores níveis de serviço podem significar menores custos de estoque;
• Níveis de serviço adequados, combinados para o cliente, de maneira balanceada com preço,
qualidade são armas importantes para a competitividade da empresa; entre outros.

O baixo Nível de Serviço resulta em prejuízo para a organização. Por isso, é importante encontrar um
equilíbrio saudável, entre custo e um bom nível de serviço. A organização deve procurar uma boa relação
entre custo x nível de serviço, para isso deve-se considerar as necessidades de serviço dos clientes, que
devem ser satisfeitas dentro de limites negociáveis de custo, ou seja, no melhor custo benefício do serviço
x lucro gerado, e quando o nível de serviço já se encontrar em patamares elevados, suas melhorias são
mais caras e devem ser analisadas, quanto a serem ou não implementadas.

Transporte

A função de Transportes envolve do fornecedor até o espaço físico de estocagem pode ser feita interna
ou por terceiros. Caso seja interna, envolve o processo de gerenciamento e distribuição das cargas. Se
externa, envolve a contratação de transportadoras (rodoviárias, ferroviárias, aéreas ou marítimas). 87
Os materiais são movimentados ao longo da cadeia de suprimentos, a matéria-prima é transportada
para as fábricas para se transformarem em produto final; em seguida, flui dos fornecedores para os
centros de distribuição e daí para os clientes, dependendo do modelo estabelecido pela empresa.
A distribuição física consiste basicamente em três elementos globais:

Recebimento: é o conjunto de operações que envolvem a identificação do material recebido, analisar


o documento fiscal com o pedido, a inspeção do material e a sua aceitação formal.
Estocagem: é o conjunto de operações relacionadas à guarda do material. A classificação dos
estoques constitui-se em: estoque de produtos em processo, estoque de matéria – prima e materiais
auxiliares, estoque operacional, estoque de produtos acabados e estoques de materiais administrativos.
Distribuição: está relacionada à expedição do material, que envolve a acumulação do que foi recebido
da parte de estocagem, a embalagem que deve ser adequada e assim a entrega ao seu destino final.
Nessa atividade normalmente precisa-se de nota fiscal de saída para que haja controle do estoque.

Com a Revolução Industrial, a invenção da máquina a vapor e a substituição da madeira pelo aço
possibilitaram a construção de embarcações cada vez maiores, o que ocasionou o barateamento dos
custos do transporte sobre as águas o que revolucionou as primeiras empresas e deu início as redes de
distribuição física.
O transporte como o deslocamento de pessoas e pesos de um local para outro. Nos primórdios da
humanidade todos os pesos eram transportados pelo próprio homem, de acordo com a sua limitada
capacidade física. O homem passou a transportar mercadorias também via aérea, sempre que a

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira,
1997.
DIAS ,M.A. P -Gerência de Materiais. São Paulo: Editora Atlas, 1985.
NAZÁRIO, Paulo. A importância de sistemas de informação para a competitividade logística. Revista Tecnologística, Rio de Janeiro, ano V, n. 44, p. 33-38, Julho,
1999.
86 BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Logística Empresarial. Editora Bookman Companhia Ed, 2006.
87 ROSA, A. Gestão do Transporte na Logística de Distribuição Física: uma análise da minimização do custo operacional; Taubaté; 2007.

100
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
imperiosidade de rapidez no transporte privilegiava a relação custo x benefício em especial no caso de
produtos de alto valor agregado.
Atualmente, o estudo do transporte de cargas tomou o cunho sistêmico de especialização científica,
buscando-se entender e analisar todas as variáveis envolvidas para melhor atender às complexas
necessidades decorrentes das transações comerciais locais, regionais e internacionais.

O transporte pode ser:

Unimodal: Quando a unidade de carga é transportada diretamente, utilizando um único veículo, em


uma única modalidade de transporte e com apenas um contrato de transporte. E a forma mais simples de
transporte.

Sucessivo: Quando, para alcançar seu destino final, a unidade de carga necessita ser transportada
por um ou mais veículos da mesma modalidade de transporte, abrangidos por um ou mais contratos de
transporte.

Segmentado: Quando se utilizam veículos diferentes, de uma ou mais modalidades de transporte, em


vários estágios, sendo todos os serviços contratados separadamente a diferentes transportadores, que
terão seu cargo a condução da unidade de carga do ponto de expedição até o destino final. Qualquer
atraso pode significar a perda do transporte nos demais modais, gerando “frete morto”, ou seja, pagar por
ter reservado o espaço, mesmo sem realizar o transporte. A imputação de responsabilidades por perdas
ou avarias é muito complexa e as indenizações por lucros cessantes, flutuação de preços, etc., são
praticamente impossíveis.

Multimodal: Quando a unidade de carga é transportada em todo percurso utilizando duas ou mais
modalidades de transporte, abrangidas por um único contrato de transporte.
Para um transporte ser considerado como multimodal, é necessário que:
- Seja realizado, pelo menos, por dois modos de transporte;
- Exista um único responsável perante o dono da carga (OTM - Operador de Transporte Multimodal);
- Exista um único contrato de transporte entre o transportador e o dono da mercadoria;
- Exista um conhecimento único (Multimodal Bill of Lading), válido para todo o percurso;
- Sejam utilizadas cargas unitizadas indivisíveis;
- Sejam feitas inspeções fiscais apenas na origem e no destino.

Diferença entre multimodalidade e a intermodalidade


A multimodalidade e a intermodalidade são operações que se realizam pela utilização de mais de um
modal de transporte. Isto quer dizer transportar uma mercadoria do seu ponto de origem até a entrega no
destino final por modalidades diferentes.
A intermodalidade caracteriza-se pela emissão individual de documento de transporte para cada
modal, bem como pela divisão de responsabilidade entre os transportadores. Na multimodalidade, ao
contrário, existe a emissão de apenas um documento de transporte, cobrindo o trajeto total da carga, do
seu ponto de origem até o ponto de destino.

Tipo Quantidade De Veículos Modalidades Quantidade De Contratos


Unimodal Um Iguais Único
Sucessivo Um ou mais Iguais Um ou mais
Segmentado Um ou mais Diferentes Acima de dois
Multimodal Duas ou mais Diferentes Único
Intermodal Um ou mais Diferentes Um para cada transportador

Os principais modais de transportes mais utilizados para se efetuar um transporte podem ser:

Rodoviário: transporte pelas rodovias, em caminhões, carretas, etc.;


Ferroviário: transporta pelas ferrovias, vagões fechados, plataformas, etc.;
Hidroviário (fluvial ou lacustre): transporte em embarcações, através de rios, lagos ou lagoas;
Marítimo: transporte em embarcações, pelos mares e oceanos;
Aquaviário: abrange em uma só definição os modais marítimo e hidroviário;
Aéreo: transporte em aviões, através do espaço aéreo;

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Dutoviário: sempre na forma de graneis sólidos, líquidos ou gasosos, a carga é transportada através
de dutos;
Cabotagem: a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. A
cabotagem se contrapõe à navegação de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes
nações.

As principais variáveis de decisão quanto à seleção dos modais de transporte são a disponibilidade e
frequência do transporte, a confiabilidade do tempo de trânsito, o valor do frete, o índice de faltas e/ou
avarias (taxa de sinistralidade) e o nível de serviços prestados.
O tempo de trânsito afeta o prazo de ressuprimento, abrangendo o tempo despendido pelo embarcador
na consolidação e manuseios, o tempo de viagem propriamente dito, os tempos necessários aos
transbordos e o tempo necessário à liberação da carga por ocasião do recebimento. Qualquer atraso
imprevisto pode paralisar uma linha de produção caso o estoque de reserva seja muito baixo.
A possibilidade de avarias aumenta na mesma proporção da quantidade de manuseios e transbordos.
Às vezes, a fragilidade da mercadoria justifica a utilização de um modal cujo frete seja sensivelmente de
maior custo. A sofisticação dos serviços pode sinalizar, por exemplo, para um sistema de posicionamento
geográfico instantâneo via satélite ao longo do percurso.
Sendo assim, confiabilidade no âmbito de transporte diz respeito à capacidade de o modal receber
uma carga para transportar e a de entregá-la no destino com a garantia de que essa situação ocorrerá o
maior número de vezes possível. Assim, a confiabilidade pode ser medida pela razão entre o número de
transportes realizados e o sucesso pelo número de transportes solicitados.

Armazenagem e Conservação

As funções de Armazenagem e Conservação envolvem todos os processos de recebimento das


mercadorias, controle de qualidade e fechamento contra o pedido de compra, catalogação dos itens
conforme codificação do estoque, armazenagem no local físico (localização) designado para os itens e
contabilização dos itens.

Tipos de armazenagem
Existem dois tipos de armazenagem: a temporária e a permanente.
Armazenagem temporária: tem como função conseguir uma forma de arrumação fácil de material,
como por exemplo a colocação de estrados para uma armazenagem direta entre outros.
Armazenagem permanente: tem um local pré-definido para o depósito de materiais, assim o fluxo do
material determina a disposição do armazém, onde os acessórios do armazém ficarão, assim, garantindo
a organização do mesmo.

Técnicas de armazenagem88
As técnicas de armazenagem são compostas por 3 princípios:
1) Princípio de economia de escala na movimentação – princípio que se baseia no trabalho com o uso
do palete (material de madeira usado para armazenar as mercadorias);
2) Princípio da continuidade do movimento – aquele operador com ou sem equipamento, mas, que
quem começou o movimento termina. Não se trabalha o movimento em divisão com outra pessoa, pois
ocorre perda de tempo e risco maior de acidentes;
3) Princípio de redução do esforço – cargas com maior peso, maior volume ou maior rotatividade,
devem ficar armazenados sempre na parte inferior.

Custos de armazenagem
São diretamente proporcionais ao estoque médio e ao tempo de permanência em estoques. A medida
que aumenta a quantidade de material em estoque, aumenta os custos de armazenagem que podem ser
agrupados em diversas modalidades:
- Custos de Capital: juros, depreciação (o capital investido em estoque deixa de render juros)
- Custos com Pessoal: salários encargos sociais (mais pessoas para cuidar do estoque)
- Custos com Edificações: aluguel, imposto, luz (maior área para guardar e conservar os estoques)
-Custos de Manutenção - deterioração, obsolescência, equipamento (maiores as chances de perdas
e inutilização, bem como mais custos de mão-de-obra e equipamentos). Este custo gira aproximadamente
em 25% do valor médio de seus produtos. Também estão envolvidos os custos fixos (que independem
da quantidade), como por exemplo, o aluguel de um galpão.

88 http://armazenagemdemateriais2.blogspot.com.br/

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Equipamentos para facilitar a Armazenagem
A evolução tecnológica, como não poderia deixar de ser, estendeu seus múltiplos benefícios à área de
armazenagem, tanto pela introdução de novos métodos de racionalização e dos fluxos de distribuição de
produtos, como pela adequação de instalações e equipamentos para movimentação física de cargas.
O objetivo primordial do armazenamento é utilizar o espaço nas três dimensões, da maneira mais
eficiente possível. As instalações do armazém devem proporcionar a movimentação rápida e fácil de
suprimentos desde o recebimento até a expedição.

Assim, alguns cuidados essenciais devem ser observados:


a. determinação do local, em recinto coberto ou não;
b. definição adequada do layout;
c. definição de uma política de preservação, com embalagens plenamente convenientes aos materiais;
d. ordem, arrumação e limpeza, de forma constante; e. segurança patrimonial, contra furtos, incêndio
etc.

Ao se otimizar a armazenagem, obtém-se:


a. Máxima utilização do espaço (ocupação do espaço);
b. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão-de-obra e equipamentos);
c. Pronto acesso a todos os itens (seletividade);
d. Máxima proteção aos itens estocados; e. boa organização; f. satisfação das necessidades dos
clientes.

Arranjo Físico (Layout)

Dentro do quadro geral de uma empresa, um papel importante está reservado ao arranjo físico (layout).
Fazer o arranjo físico de uma área qualquer é planejar e integrar os caminhos dos componentes de um
produto ou serviço, a fim de obter o relacionamento mais eficiente e econômico entre o pessoal,
equipamentos e materiais que se movimentam.
Dito de uma forma simples, definir o arranjo físico é decidir onde colocar todas as instalações,
máquinas, equipamentos e pessoal da produção.
O arranjo físico procura uma combinação ótima das instalações industriais e de tudo que concorre para
a produção, dentro de um espaço disponível. Visa harmonizar e integrar equipamento, mão de obra,
material, áreas de movimentação, estocagem, administração, mão de obra indireta, enfim todos os itens
que possibilitam uma atividade industrial.
Ao se elaborar, portanto, o arranjo físico deve-se procurar a disposição que melhor conjugue os
equipamentos com os homens e com as fases do processo ou serviços, de forma a permitir o máximo
rendimento dos fatores de produção, através da menor distância e no menor tempo possível.

Princípios do Arranjo Físico


Para se conseguir os seus objetivos, o arranjo físico se utiliza dos seguintes princípios gerais, que
devem ser obedecidos por todos os estudos.

Integração: Os diversos elementos (fatores diretos e indiretos ligados a produção) devem estar
integrados, pois a falha em qualquer um deles resultará numa ineficiência global. Todos os pequenos
pormenores da empresa devem ser estudados, colocados em posições determinadas e dimensionados
de forma adequada; como por exemplo, a posição dos bebedouros, saídas do pessoal, etc.
Mínima Distância: O transporte nada acrescenta ao produto ou serviço. Deve-se procurar uma
maneira de reduzir ao mínimo as distâncias entre as operações para evitar esforços inúteis, confusões e
custos.
Obediência ao fluxo das operações: As disposições das áreas e locais de trabalho devem obedecer
as exigências das operações de maneira que homens, materiais e equipamentos se movem em fluxo
contínuo, organizado e de acordo com a sequência lógica do processo de manufatura ou serviço. Devem
ser evitados cruzamentos e retornos que causam interferência e congestionamentos. Eliminar obstáculos
a fim de garantir melhores fluxos de materiais e sequência de trabalho dentro da empresa, reduzindo
materiais sem processo mantendo-os contínuo movimento.
Racionalização de espaço: Utilizar da melhor maneira o espaço e se possível as 3 dimensões.
Satisfação e segurança: A satisfação e a segurança do homem são muito importantes. Um melhor
aspecto das áreas de trabalho promove tanto a elevação da moram do trabalhador quanto a redução de
riscos de acidentes.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Flexibilidade: Este é um princípio que, notadamente na atual condição de avanço tecnológico, deve
ser atentamente considerado pelo projetista de layout. São frequentes e rápidas as necessidades de
mudança do projeto do produto, mudanças de métodos e sistemas de trabalho. A falta de atenção a essas
alterações pode levar uma empresa ao obsoletismo. No projeto do layout deve-se considerar que as
condições vão mudar e que o mesmo deve ser fácil de mudar e de se adaptar as novas condições.

Tipos de Arranjo Físico


Depois que o tipo de processo foi selecionado, o tipo básico de arranjo físico deve ser definido. O tipo
de arranjo físico é a forma geral do arranjo de recursos produtivos da operação e é em grande parte
determinado pelo tipo de produto, tipo de processo de produção e volume de produção. Existem quatro
tipos básicos de arranjo físico dos quais a maioria dos arranjos se derivam:
- Arranjo posicional ou por posição fixa
- Arranjo funcional ou por processo
- Arranjo linear ou por produto
- Arranjo de grupo ou celular

- Arranjo posicional ou por posição fixa: Quem sofre o processamento fica estacionado, enquanto
que equipamento, maquinário, instalações e pessoas movem-se em torno deste produto em processo.
Isso é, os produtos ficam parados enquanto os funcionários se movem ao redor deles.
Ex.: construção de avião; Construção de uma rodovia; Cirurgia de coração aberto Estaleiro;
Manutenção de computador de grande porte; Fábrica de aviões, navios e construção civil.

- Arranjo funcional ou por processo: Processos similares ou com necessidades similares são
localizados juntos. Os produtos percorrem o roteiro de acordo com suas necessidades. Apresenta alto
grau de complexidade.
Ex.: estampagem de camisetas; oficinas de usinagem, bibliotecas, supermercados.

- Arranjo linear ou por produto: Cada produto, elemento de informação ou cliente segue um roteiro
pré-definido o qual as sequências dos processos foram arranjados fisicamente.
Ex.: montagem de automóveis.

- Arranjo de grupo ou celular: O arranjo físico do tipo celular procura unir as vantagens do arranjo
físico por processo, com as vantagens do arranjo físico por produto. A célula de manufatura consiste em
arranjar em um só local, conhecido como célula, máquinas diferentes que possam fabricar o produto
inteiro. O material se desloca dentro da célula buscando os processos necessários, porém o
deslocamento ocorre em linha. Dessa forma, máquinas são agrupadas em células e estas são formadas
para produzir uma família de peças, que exijam as mesmas máquinas e têm configurações similares.
Alguns gerentes de produção que se referem ao arranjo celular como “mini linhas de produção”.
Arranjos físicos do tipo celular podem ser encontrados em vários tipos de organizações, não se
restringindo apenas à área industrial. Os exemplos a seguir se referem a diversas aplicações do arranjo
celular:
Ex.: Lanchonete de supermercado, Shopping de lojas de fábrica, Feiras e exposições etc...

Vantagens:
• Mudanças de máquinas são simplificadas;
• Período de treinamento é menor;
• Custos de manuseio de materiais reduzidos;
• Menor tempo de despacho de peças;
• Menor quantidade de estoque intermediário;
• Maior facilidade de automatização da produção.
Ex.: maternidade em um hospital

Vantagens e desvantagens dos layouts

Layout Vantagens Desvantagens

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Custo unitário alto
Flexibilidade de mix Programação de espaços e atividades
Posicional Produto não movido complexa
Variedade de tarefas Movimentação de equipamentos e mão-de-
obra
Flexibilidade de mix
Baixa utilização de recursos
Boa reação no caso de paradas para
Funcional Estoques elevados
manutenção
Fluxo complexo
Supervisão facilitada
Flexibilidade de mix Reconfiguração de equipamentos (custos)
Celular Lead-time baixo Pode requerer capacidade adicional
Trabalho em grupo Pode reduzir utilização dos recursos
Baixo custo unitário Baixa flexibilidade de mix
Por
Especialização de equipamento Trabalho repetitivo
Produto
Fluxo continuado Susceptível a paradas para manutenção

Movimentação Dos Materiais

A movimentação de produtos acabados ou semiacabados de uma unidade fabril para outra (em uma
empresa verticalizada) ou da empresa para o cliente também exige a coordenação entre demanda e
suprimentos.
Esta coordenação constitui a distribuição física e pode ser definida como transporte eficiente de
produtos acabados ao final da linha de produção até o consumidor, incluindo em alguns casos o transporte
de matéria-prima da fonte de suprimentos ao início da linha de produção.
Esse conjunto de atividades engloba o transporte de carga, armazenagem, movimentação física de
materiais, embalagens, controle de estoque, seleção de locais para o armazém, processamento de
pedidos e atendimento ao cliente.
A movimentação de materiais pode ser horizontal ou vertical. É horizontal quando se dá dentro de um
espaço plano e em um mesmo nível. É vertical quando a empresa utiliza edifício de vários andares ou
níveis de altura.

As finalidades da movimentação de materiais são três:

1. Aumentar a capacidade produtiva da empresa: a movimentação eficiente de materiais permite


utilizar plenamente a capacidade produtiva da empresa e, em alguns casos, até aumentá-la. O aumento
da capacidade produtiva da empresa pode ser conseguido por meio de:
- Redução do tempo de fabricação.
- Incremento da produção, através da intensificação do abastecimento de materiais às produtivas.
- Utilização racional da capacidade de armazenagem, utilizando plenamente o espaço disponível e
aumentando a área útil da fábrica.

2. Melhorar as condições de trabalho: a movimentação de materiais contribui enormemente para a


melhoria das condições de trabalho das pessoas, proporcionando:
Maior segurança e redução de acidentes: durante as operações com materiais, já que a produção
normalmente envolve o manuseio e processamento de materiais.
Redução da fadiga: nas operações com materiais e maior conforto para o pessoal.
Aumento da produtividade da mão-de-obra.

3. Reduzir os custos de produção: A movimentação de materiais permite reduzir os custos de


produção através de:
Redução da mão-de-obra braçal: pela utilização de equipamentos de manuseio e transporte de
material adequados, com a diminuição dos transportes manuais.
Redução dos custos de materiais: por meio do acondicionamento e transporte para diminuir as
perdas ou estragos de materiais.
Redução de custos em despesas gerais: através de menores despesas de transporte e menores
níveis de estoque de materiais.

Controle De Estoques

105
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão de uso futuro. Tem, como
objetivo, atender a demanda, assegurando a disponibilidade de produtos. Sua formação é onerosa, uma
vez que representa de 25% a 40% dos custos totais.
Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro, é necessário que haja uma sincronização
perfeita entre a demanda e a oferta de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar um estoque
essencialmente para atender a demanda, minimizando seus custos de formação.

Classificação dos estoques

Estoques de Matérias-Primas (MPs)


Os estoques de MPs constituem os insumos e materiais básicos que ingressam no processo produtivo
da empresa. São itens iniciais para a produção.

Estoques de Produtos em Elaboração ou Processamento


Os estoques de materiais em processamento - também denominados materiais em vias - são
constituídos de materiais que estão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o
processo produtivo da empresa. Não estão nem no almoxarifado - por não serem mais MPs iniciais - nem
no depósito - por ainda não serem produtos acabados.

Estoques de Produtos Acabados


Referem-se aos produtos já prontos e acabados, cujo processamento foi completado inteiramente.
Constituem o estágio final do processo produtivo e já passaram por todas as fases.

Estoque em Trânsito
São os estoques que estão em trânsito entre o ponto de estocagem ou de produção. Quanto maior a
distância e menor a velocidade de deslocamento, maior será a quantidade de estoque em trânsito.
Exemplo: produtos acabados sendo expedidos de uma fábrica para um centro de distribuição.

Estoques em Consignação
Estoque de produtos com um cliente externo que ainda é propriedade do fornecedor. O pagamento
por estes produtos só é feito quando eles são utilizados pelo cliente.

Finalidades

Abaixo descrevemos as diversas finalidades dos estoques:

Melhora do nível de serviço oferecido


Os estoques auxiliam no marketing da empresa, uma vez que podem ser oferecidos produtos com
mais descontos, com quantidades mais adequadas, com mais vantagens para os clientes que precisam
de fornecimento imediato ou de períodos curtos de ressuprimento.
Isso representa maiores vantagens competitivas, diminuição nos custos e maiores lucros nas vendas.

Métodos geradores de eficiência no manuseio


A geração de pequenos lotes de compras implica maiores custos de fretes, uma vez que não há volume
suficiente para obter descontos oferecidos aos maiores lotes.

Outra finalidade dos estoques é possibilitar descontos no transporte de grandes lotes equivalentes
à capacidade dos veículos, gerando, assim, fretes menores.

Proteção contra oscilações na demanda ou no tempo de ressuprimento


Devido à impossibilidade de se conhecerem as demandas pelos produtos ou seus tempos de
ressuprimento de maneira exata no sistema logístico e, para garantir a disponibilidade do produto, deve-
se formar um estoque adicional (estoque de segurança). Este é adicionado ao estoque regulador para
atender às necessidades da produção e do mercado.

Proteção contra situações inesperadas


Algumas situações inesperadas podem atingir as empresas de maneira inesperada. Por exemplo:
greves, incêndios, inundações, etc. A manutenção do estoque de reserva é uma maneira viável de garantir
o fornecimento normal nessas ocasiões.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Custos do Estoque

• Custo de colocação do pedido: custo da operação de compra


• Descontos de preços para quantidades: pequenas compras podem ser mais caras
• Custo pela falta de estoque: suprimento de emergência sempre é muito caro
• Custo de capital de giro: contrair empréstimo para fazer estoque
• Custo de armazenagem: custo da operação de armazenagem
• Custo de obsolescência: estocagem por longos períodos corre este perigo

Sendo assim, todo e qualquer armazenamento de material gera determinados custos, que são: juros;
depreciação; aluguel; equipamentos de movimentação, deterioração; obsolescência; seguros; salários;
conservação.
Todos eles podem ser agrupados nas seguintes modalidades:
- Custos de capital (juros, depreciação);
- Custos com pessoal (salários, encargos sociais);
- Custos com edificação (aluguéis, impostos, luz, conservação);
- Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipamento).

Controle do estoques

Princípios básicos para o controle de estoques


Para se organizar um setor de controle de estoque, inicialmente deveremos descrever suas principais
funções:
1. Determinar o que deve permanecer em estoque. Número de itens;
2. Determinar quando se deve reabastecer o estoque. Prioridade;
3. Determinar a quantidade de estoque que será necessário para um período pré-determinado;
4. Acionar o departamento de compras para executar a aquisição de estoque;
5. Receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades;
6. Controlar o estoque em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre sua posição;
7. Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados;
8. Identificar e retirar do estoque os itens danificados.
9. Existem determinados aspectos que devem ser especificados, antes de se montar um sistema de
controle de estoque.

Um deles refere-se aos diferentes tipos de estoques existentes em uma fábrica. Os principais tipos
encontrados em uma empresa industrial são: matéria-prima, produto em processo, produto acabado e
peças de manutenção.

Controle de Estoque pelo Tipo de Demanda


Os estoques podem ser controlados, adotando-se diversos tipos de critérios.
Se considerarmos a natureza de sua demanda, teremos as seguintes classificações:
• Estoques de demanda permanente: são estoques daqueles produtos que requerem ressuprimento
contínuo, pois seus produtos são consumidos durante todas as fases do ano. Ex: creme dental;
• Estoques de demanda sazonal: são estoques de produtos comercializados em determinados
momentos do ano. Ex: Árvores de Natal;
• Estoques de demanda irregular: são estoques cuja venda de seus produtos não pode ser prevista
na íntegra. Ex: automóveis a gasolina x automóveis a álcool;
• Estoques de demanda em declínio: ocorre no caso de produtos que estão sendo retirados do
mercado em razão do declínio da demanda. Ex: Fitas VHS x DVDs;
• Estoques de demanda derivada: ocorrem no caso de itens que são usados na linha de produção
de alguns produtos acabados. Ex: Pneus de automóveis em razão das vendas do produto acabado, que
é o automóvel.

Técnicas de Controle de Estoque


Os métodos mais tradicionalmente utilizados são os seguintes:
• Empurrar estoques (push): utilizado, quando há mais de um depósito no sistema de distribuição.
Ocorre quando o que é vendido é maior que a necessidade dos estoques.

107
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
• Puxar Estoques (pull): Apenas o estoque necessário para se atender a demanda daquele produto
precisa ser mantido. As quantidades mantidas tendem a ser menores do que no método push.
• Ponto de Reposição (estoque mínimo): objetiva reduzir os custos de manutenção de estoques,
mas sem correr o risco de não se atender a demanda. O objetivo é encontrar o nível ótimo de estoques
para um determinado produto. Para isso, é necessário que o estoque esteja devidamente controlado e
que determine o ponto de reposição (PR).

Alguns critérios de avaliação de estoques:

Método PEPS
Primeiro que entra, primeiro que sai, do inglês, FIFO (first-in, first-out), ou seja, os primeiros artigos a
entrarem no estoque, serão aqueles que sairão em primeiro lugar, deste modo o custo da matéria-prima
deve ser considerado pelo valor de compra desses primeiros artigos.
O estoque apresenta uma relação forte com o custo de reposição, pois esse estoque representa os
preços pagos recentemente. Adotar este método, faz com que haja oscilação dos preços sobre os
resultados, pois as saídas são confrontadas com os custos mais antigos, sendo esta uma das principais
razões pelas quais alguns se mostram contrários a este método.

As vantagens desse método consistem no controle preciso dos materiais, pois são ordenados em uma
base contínua de acordo com sua entrada, o que é importante, quando se trata de produtos sujeitos a
mudança de qualidade, decomposição, deterioração etc.; o resultado obtido revela o custo real dos artigos
específicos utilizados nas saídas; os artigos utilizados são retirados do estoque e a baixa dos mesmos é
dada de uma maneira sistemática e lógica.

Método UEPS
Último a entrar, primeiro a sair, do inglês LIFO (last-in first-out) é um método de avaliar estoque
bastante discutido. O custo do estoque é obtido como se as unidades mais recentes adicionadas ao
estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras unidades vendidas (saídas).
Pressupõe-se, deste modo, que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao
custo das mesmas. Segue-se que, de acordo com o método UEPS, o custo dos artigos vendidos (saídas)
tende a refletir no custo dos artigos comprados mais recentemente (comprados ou produzidos). Também
permite reduzir os lucros líquidos expostos.
As vantagens de utilização deste método consistem na apuração correta de seus custos correntes; o
estoque é avaliado em termos do nível de preço da época em que o UEPS foi introduzido; é uma forma
de se custear os artigos consumidos de uma maneira realista e sistemática; em períodos de alta de
preços, os preços maiores das compras mais recentes, são ajustados mais rapidamente às produções,
reduzindo o lucro. No entanto, não é aceito pela legislação brasileira.

Custo Médio
É o método utilizado nas empresas brasileiras para atendimento à legislação fiscal. Empresas
multinacionais com operações no Brasil frequentemente têm de avaliar o estoque segundo o método da
matriz, e também segundo o custo médio para atendimento à legislação brasileira.
Esse método permite que as empresas realizem um controle permanente de seus estoques, e que a
cada aquisição, o seu preço médio dos produtos seja atualizado, pelo método do custo médio ponderado.

Questões

01. (TRT 8ª Região - Analista Judiciário - CESPE) Com relação à gestão de materiais, assinale a
opção correta.
(A) Um objetivo da função compras é a obtenção de um fluxo contínuo de suprimentos para
atendimento das necessidades da empresa.
(B) Em processo de fornecimento por pressão adotado por órgão do governo federal, entrega-se o
material ao usuário conforme requisição ou pedido de material.
(C) No governo federal, o recebimento implica obrigatoriamente aceitação.
(D) Lote econômico de compra consiste em carga constituída de embalagens de transporte arranjadas
ou acondicionadas de modo a facilitar seu manuseio, transporte e armazenagem por meios mecânicos,
como uma unidade.
(E) Os itens A da classificação ABC de determinado estoque são os que apresentam maior valor
financeiro unitário.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
02. (TSE - Analista Judiciário - CESPE) A coordenação das atividades de aquisição, guarda,
movimentação e distribuição de materiais é responsabilidade da administração de materiais. Com relação
a esse assunto, assinale a opção correta.
(A) A ocorrência de custos de armazenagem depende da existência de materiais em estoque e do
tempo de permanência desses materiais no estoque.
(B) Se determinado material tem consumo mensal de 30 unidades, tempo de reposição e estoque
mínimo de um mês e inexistem pedidos pendentes de atendimento desse material, então seu ponto de
pedido é igual a 90 unidades.
(C) Ruptura de estoque é o termo que caracteriza nível de estoque igual a zero e impossibilidade de
atendimento a uma necessidade de consumo.
(D) Para uma adequada gestão de materiais essenciais ao funcionamento de suas operações, as
organizações devem maximizar os investimentos em estoque desses materiais.

03. (TCE/ES - Analista Administrativo - CESPE) Assinale a opção correta a respeito da gestão de
estoques.
(A) A rotatividade ou antigiro é calculada pela relação entre o consumo anual e o estoque médio do
produto.
(B) As técnicas de previsão de consumo são qualificadas em três classes: projeção, explicação e
predileção.
(C) Tempo de reposição refere-se àquele decorrido entre a fabricação do produto pelo fornecedor, sua
separação, emissão do respectivo faturamento e sua preparação para o transporte.
(D) Os inventários gerais devem ser efetuados exclusivamente ao final do exercício.
(E) No sistema de estocagem fixa, devem ser utilizadas duas fichas mestras de controle: uma com o
saldo total do item, e outra, com o controle de saldo por local de estoque.

04. (SEGER/ES - Analista Executivo - CESPE) Primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS) e último
que entra, primeiro que sai (UEPS) são métodos de valoração que se destinam a
(A) codificação de estoques.
(B) avaliação dos estoques.
(C) compras.
(D) controle de estoques.
(E) classificação de estoques.

05. (Petrobras - Técnico de Administração e Controle Júnior – CESGRANRIO) Uma empresa que
transporte uma mercadoria por vias urbanas não exclusivas e depois por via de cabotagem está utilizando,
respectivamente, os seguintes modais:
(A) rodoviário e metroviário
(B) rodoviário e ferroviário
(C) rodoviário e marítimo
(D) metroviário e ferroviário
(E) metroviário e marítimo

06. (DNIT - Analista em Infraestrutura de Transportes – ESAF) Com relação a modais de transporte
no Brasil, assinale a opção que apresenta uma assertiva incorreta.
(A) O principal modo de transporte no Brasil é o rodoviário, respondendo por mais da metade do volume
de movimentação nacional de cargas e por quase metade do transporte interestadual de passageiros.
(B) O modal ferroviário tem como característica marcante a elevada capacidade de carga. Além de
comportar grandes volumes, o modal se destaca pela eficiência energética e pelo menor impacto
ambiental causado, quando comparado aos transportes rodoviário e aquaviário.
(C) O desequilíbrio na participação do modo hidroviário na matriz de transportes é nítido no Brasil.
Além de impactos significativos na redução da emissão de gases poluentes e na redução do custo de
frete, uma maior participação do transporte hidroviário na matriz do Brasil contribuiria para a redução do
fluxo de caminhões nas rodovias, o que diminuiria os acidentes de trânsito e possibilitaria menores gastos
com a manutenção dos corredores rodoviários.
(D) A rede de rodovias federais pavimentadas reflete, em especial, os avanços conseguidos
principalmente na década de 1970, quando o país direcionou seus investimentos para o modal rodoviário.
No entanto, esses investimentos diminuíram gradativamente até seu ponto mais baixo, em meados dos

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
anos 1990, tendo comprometido a qualidade da malha frente à necessidade do setor e da expansão da
economia nacional.
(E) O transporte aquaviário de passageiros é uma das principais formas de locomoção na Região Norte
do país. Essa região possui vasta malha hidrográfica interligando diversos municípios de difícil acesso
rodoviário. O transporte fluvial é, assim, relevante para as comunidades locais e assume forte papel
socioeconômico.

Gabarito

01.A / 02.C / 03.B / 04.B / 05.C / 06.B

Comentários

01. Resposta: A
Objetivos básicos de uma seção de compras:
a) Obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção;
b) Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que afete a
operacionalidade da empresa;
c) Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de quantidade e
qualidade definidos;
d) Procurar sempre dentro de uma negociação justa e honesta as melhores condições para a empresa,
principalmente em condições de pagamento.

02. Resposta: C
a) ERRADA
Existem custos de armazenagem que independem da existência de estoque. Ex: conta de Luz, aluguel
do local, salário de funcionários, imposto (IPTU)
b) ERRADA
O ponto de pedido se calcula com a fórmula PP= Estoque Mínimo + (Consumo x tempo de reposição).
Como o consumo é de 30 unidades por mês, o estoque mínimo para 1 mês é de 30 unidades. 30+ (30x1)
= 30+ 30= 60
c) CORRETO Item auto explicativo. Ruptura de estoque = Estoque Zero
d) ERRADA
Os investimentos em estoque devem ser sempre o MÍNIMO possível. As organizações devem
MINIMIZAR os investimentos em estoque.

03. Resposta: B
As técnicas de previsão do consumo podem ser classificadas em três grupos:
a) Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão
no tempo futuro da mesma forma do que no passado; segundo a mesma lei observada no passado, este
grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa.
b) Explicação: procuram-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionem as mesmas
com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas
de regressão e correlação.
c) Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado
estabelecem a evolução das vendas futuras.

04. Resposta: B
Avaliar um estoque significa estimar quanto capital encontra-se imobilizado em estoque. Essa
avaliação é feita a partir dos preços dos itens de material que temos em estoque. Há três métodos de
avaliação de estoque mais comumente empregados nas organizações, são eles:
CUSTO MÉDIO OU MÉDIA PONDERADA MÓVEL: adota-se um preço médio entre todas as entradas
e saídas.
PEPS OU FIFO: na saída do estoque, consideram-se os itens mais "antigos". O que resta no estoque
são os itens com os preços de mercado mais atualizados.
UEPS OU LIFO: na saída do estoque, consideram-se os itens mais "recentes". O que resta no estoque
são os itens com os preços de mercado mais desatualizados.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
05. Resposta: C
CABOTAGEM = Transporte Marítimo (Navegação entre portos marítimos de um mesmo país). A
cabotagem se contrapõe à navegação de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes
nações.
RODOVIÁRIO = transporte pelas rodovias, em caminhões, carretas, etc.

06. Resposta: B
O gabarito é a letra B, sendo que o erro da afirmativa B é a seguinte: “Embora o modal ferroviário tenha
a característica marcante de ter uma elevada capacidade de carga, o erro está em comparar e afirmar
que no modal ferroviário a eficiência energética é maior e impacto ambiental é menor do que o causado
pelos transportes rodoviário e aquaviário”. Na verdade o que invalida essa alternativa, deixando-a
incorreta, é a comparação com o aquaviário. Isto quer dizer que se fosse apenas comparando com o
rodoviário, o entendimento estaria correto, porém, ao comparar com o aquaviário, a afirmativa torna-se
errada.
Veja que, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, a eficiência energética é
maior no transporte aquaviário, depois vem o transporte ferroviário, sendo que o rodoviário fica em último
lugar em eficiência energética.
Do mesmo modo, vale dizer que, quanto à emissão de poluentes, o transporte rodoviário é o que mais
emite dióxido de carbono (CO2) e óxidos de nitrogênio (NOx), sendo o mais poluente, em seguida vem o
transporte ferroviário e como o menos poluente, vem em último lugar o aquaviário.
Dessa forma, podemos concluir que essa alternativa fica incorreta, pois apesar da capacidade de carga
elevada e mesmo que tal modal de transporte seja muito eficiente energeticamente e tenha um baixo
impacto ambiental, quando comparado com o modal aquaviário, o ferroviário perde em termos de
eficiência enérgica e impacto causado no ambiente.

3. NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA: Noções fundamentais de arquivo; arquivos


correntes, intermediários e permanentes; protocolo, código de classificação;
tabela de temporalidade

Arquivologia é a ciência que estuda as funções, os princípios, as técnicas do arquivo. O profissional


que exerce atividade ligada a arquivologia pode ser chamado de arquivista.
Busca gerenciar informações que possam ser registradas em documentos de arquivos, é muito comum
utilizar-se de técnicas, normas e outros procedimentos no processo de identificação, organização,
desenvolvimento, processamentos, análise, coleta, utilização, publicação, fornecimento, circulação,
recuperação e armazenamento das informações.

Profissional Arquivista
Algumas atribuições do profissional são:
- Gerenciar as informações;
- Realizar atividades de conservação;
- Preservação de documentos
- Gestão documental;
- Disseminação da informação que se encontra nos documentos;
- Atuar em prol da preservação do patrimônio documental de uma pessoa física ou pessoa jurídica,
entre outras.

O arquivista pode atuar tanto em instituições públicas como privadas, agindo na manutenção dos seus
arquivos, centros de documentação, instituições culturais entre outras. Outras atividades realizadas pelo
profissional arquivista é a elaboração de instrumentos de pesquisa e recuperação da informação.
O gerenciamento da informação, o desenvolvimento das teorias, e as práticas de gestão foram
extremamente importantes, intensamente revolucionárias e fundamentais para o desenvolvimento da
arquivologia. Esse gerenciamento da informação conta ainda com desenvolvimento de projetos,
planejamentos, estudos e técnicas de organização sistemática e implantação de instituições e sistemas
arquivísticas.
Embora existam muitas técnicas, ferramentas, estudos que buscam a conservação de arquivos, um
grande desafio encontrado nesta área é que muitas empresas/organizações não tem uma preocupação
específica pelos seus arquivos.

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Princípios Arquivísticos

Constituem o marco principal da diferença entre a arquivística e as outras ciências documentárias. São
eles:

Princípio da Proveniência: fixa a identidade do documento, relativamente a seu produtor. Por este
princípio, os arquivos devem ser organizados em obediência à competência e às atividades da instituição
ou pessoa legitimamente responsável pela produção, acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos
originários de uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva individualidade, dentro de
seu contexto orgânico de produção, não devendo ser mesclados a outros de origem distinta.

Princípio da Organicidade: as relações administrativas orgânicas se refletem nos conjuntos


documentais. A organicidade é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, funções e
atividades da entidade produtora/acumuladora em suas relações internas e externas.

Princípio da Unicidade: não obstante, forma, gênero, tipo ou suporte, os documentos de arquivo
conservam seu caráter único, em função do contexto em que foram produzidos.

Princípio da Indivisibilidade ou Integridade: os fundos de arquivo devem ser preservados sem


dispersão, mutilação, alienação, destruição não autorizada ou adição indevida.

Princípio da Cumulatividade: o arquivo é uma formação progressiva, natural e orgânica.

Princípio do Respeito pela Ordem Original: princípio segundo o qual os arquivos de uma mesma
proveniência devem conservar a organização estabelecida pela entidade produtora, a fim de se preservar
as relações entre os documentos como testemunho do funcionamento daquela entidade. Em outras
palavras, princípio segundo o qual o arquivo deveria conservar o arranjo dado pela entidade coletiva,
pessoa ou família que o produziu.

Princípio da Pertinência (ou Temático): os documentos deveriam ser reclassificados por assunto,
sem levar em consideração a proveniência e a classificação original.

Princípio da Reversibilidade: todo procedimento ou tratamento empreendido em arquivos pode ser


revertido, se necessário.

Princípio da Proveniência Territorial (ou Princípio da Territorialidade): os arquivos deveriam ser


conservados em serviços de arquivo do território no qual foram produzidos, exceto os documentos
elaborados pelas representações diplomáticas ou resultantes de operações militares.

Princípio da Proveniência Funcional: com a transferência de funções de uma autoridade para outra
como resultado de mudança política ou administrativa, documentos relevantes ou cópias são também
transferidos para assegurar a continuidade administrativa. Também chamado Pertinência Funcional.

Os princípios referidos unanimemente pelos diferentes autores, como fundamentais, são os Princípios
da Proveniência e do Respeito pela Ordem Original.
Só através do respeito a estes princípios, se pode proceder corretamente à organização dos arquivos.
De fato, tentativas de realizar por outras formas, que não pelo seguimento destes princípios, falharam,
pois levaram muitas vezes à perda da informação (essencial) sobre o significado e contexto dos
documentos e sobre as suas relações, assim como dificultaram o seu acesso e o trabalho do arquivista.

O nível de importância dos arquivos está relacionado com a maneira como são geridos. Para que os
arquivos alcancem um nível de importância ainda maior, é necessário que sejam geridos da forma correta,
a fim de evitar o acúmulo de massas documentais desnecessárias, de agilizarem ações dentro de uma
instituição, enfim, que cumpram a sua função, seja desde o valor probatório até o cultural.
Sendo assim, ter seus documentos arquivados corretamente e devidamente organizados é uma
iniciativa que precisa ser cultivada sempre, e os motivos vão desde agilidade na hora de encontrar o que
procura, até a praticidade de dividir o espaço com outras pessoas e trazer eficiência ao trabalho.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
É extremamente importante que os documentos de arquivos estejam sempre organizados por datas,
colocados em pastas separadas e devidamente identificados com etiquetas ou marcações nas caixa-
arquivos, de modo que sua localização seja rápida caso necessária.

Dica: Entidade Produtora é Pessoa Física ou Jurídica identificada como geradora de arquivo. Pode
ser chamada também de Produtor.

Documentos

Um documento é qualquer meio que comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de


uma afirmação. É uma unidade de registro de informação independente do suporte utilizado.
Juridicamente, os documentos podem ser considerados como atos, cartas ou escritos que carregam um
valor probatório. Os documentos preservados pelo arquivo podem ser classificados por diferentes tipos
em vários suportes.
O documento arquivístico pode ser produzido ou recebido durante uma atividade realizada por uma
pessoa ou por uma organização, deve possuir conteúdo, contexto e estrutura de modo que sirva como
prova da atividade. É uma informação registrada.
Assim, todo documento é uma fonte de informação como, por exemplo: o livro, a revista, o jornal, o
manuscrito, a fotografia, o selo, a medalha, o filme, o disco, a fita magnética etc.
Dessa forma, observa-se que os documentos de arquivos são gerados, recebidos e acumulados,
devido às funções naturais de uma entidade coletiva ou corporativa, pessoa ou família, podendo estar
registrados em diversos suportes informacionais.

Arquivo
O Arquivo89 é um conjunto de documentos criados ou recebidos por uma organização, firma ou
indivíduo. Esses documentos são fontes das informações utilizadas para a execução de
tarefas/atividades, reunidos por acumulação ao longo das atividades e isso ocorre independentemente
do suporte ou da natureza, sejam em atividades que envolvem pessoas físicas ou empresas em geral.
O arquivo é: a reunião de documentos conservados, visando à oportunidade que poderão oferecer
futuramente. Para ser funcional um arquivo deve ser planejado, instalado, organizado e mantido de acordo
com as necessidades inerentes aos setores.
Os arquivos são mantidos por entidades públicas federais, estaduais e municipais, assim como
institucionais comerciais. Para Martins90 o arquivo também pode ser definido como “a entidade ou órgão
administrativo responsável pela custódia, pelo tratamento documental e pela utilização dos arquivos sob
sua jurisdição”.
Os conjuntos de atas de reuniões da Diretoria, de projetos de pesquisa e de relatórios de atividades,
mais os conjuntos de dossiês de empregados, prontuários médicos, de boletins de notas, de fotografias
etc., constituem-se o Arquivo de uma Unidade por exemplo, e devem naturalmente refletir as suas
atividades.
O termo arquivo pode também ser usado para designar:
a) um documento de arquivo ou um documento digital (Ex.: Word, Excel);
b) um conjunto de documentos;
c) um móvel para guarda de documentos;
d) o local onde o acervo documental arquivístico deverá ser conservado, de acordo com denominações
específicas: Arquivo, Arquivo Central, Arquivo Geral, ou até mesmo Arquivo Morto.
e) o órgão governamental ou institucional cujo objetivo seja o de guardar e conservar documentos de
arquivo.

Durante a atividade arquivística adota-se o seguinte glossário:


Arquivo: Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou
privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades, independentemente da natureza do
suporte.

Arquivo central: Arquivo responsável pela normalização dos procedimentos técnicos aplicados aos
arquivos de uma administração, podendo ou não assumir a centralização do armazenamento. Também
chamado arquivo geral. Em alguns países, a expressão designa o arquivo nacional.

89 VALENTINI, Renato. Arquivologia para concursos / Renato Valentini. – [4. ed.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
90 Martins, N.R. Noções básicas para organização de arquivos ativos e semiativados. Rio de Janeiro: 1998.

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Fundo: Conjunto de documentos de uma mesma proveniência. Termo que equivale a um arquivo.
Quanto ao conceito de fundos, concebido como o conjunto de documentos provenientes de um órgão,
deve-se atentar para duas classificações constantes da Teoria Arquivística:

a) Fundo Fechado: quando o órgão gerador da documentação não mais produz ou acumula
documentos em virtude geralmente da cessação de suas atividades. Por exemplo, uma instituição
governamental que deixou de funcionar e foi extinta ou uma pessoa física que faleceu.

b) Fundo Aberto: quando o organismo produtor e acumulador da documentação ainda se encontra


em atividade, continuando a gerar documentos arquivísticos. Por exemplo, o arquivo da Rede Globo de
Televisão é considerado um fundo aberto.

A principal finalidade dos arquivos é servir à administração, constituindo-se, com o decorrer do tempo,
em base do conhecimento da história. Além disso, deve-se considerar que a função básica do arquivo é
tornar disponíveis as informações contidas do acervo documental sob sua guarda.
Suas principais funções:
• Guarda
• Conservação
• Disponibilização

Logo, deve facilitar o acesso aos documentos pelos consulentes. Pode se perceber que o setor de
arquivo auxilia a empresa nos seus processos de tomada de decisão, além de ser importante também
para provar fatos organizacionais. Seu papel objetiva também salvaguardar a documentação histórica
relevante para a constituição da memória institucional.

Conceitos Complementares

- A totalidade dos documentos conservados em um arquivo recebe o nome de acervo.


- O acesso é a disponibilidade de um arquivo para consulta.
- As embalagens destinadas à proteção dos documentos e a facilitar o seu manuseio, são chamadas
de acondicionamento.
- O conjunto de operações de armazenamento e acondicionamento de documentos é o arquivamento.
Armazenamento → guarda
Acondicionamento → embalagem (proteção aos documentos)
Por exemplo: alguns documentos deixaram de ser consultados com frequência, tendo sido, por essa
razão, transferidos ao arquivo intermediário, a fim de aguardarem a sua destinação final. Neste arquivo,
tais documentos foram empacotados e colocados nas estantes de aço.
a) Qual foi a forma de acondicionamento usada?
Os pacotes, que servem para proteger o documento.

b) Qual o local de armazenamento dos documentos empacotados?


Eles foram guardados nas estantes de aço.

A Gestão de Documentos é o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua


produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua
eliminação ou recolhimento para a guarda permanente.

Classificação Básica de Arquivos

Há vários tipos de arquivos, tudo depende dos objetivos e competências das entidades que os
produzem e podem ser classificados segundo as entidades criador-mantenedoras:
- Públicas: federal, estadual, municipal.
- Privadas: institucionais (empresas, escolas, igrejas, sociedades, clubes, associações).
- Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.

Temos também os arquivos que guardam e organizam documentos cujas informações são registradas
em suportes diferentes do papel como discos, filmes, fitas, dvd’s, cartões de memória, etc., e são
chamados de Especiais. Estes podem fazer parte de um arquivo mais completo.

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Existem aqueles que guardam documentos gerados por atividades muito especializadas como os
arquivos médicos, de imprensa, de engenharia, literários e que muitas vezes precisam ser organizados
com técnicas e com materiais específicos. São denominados como arquivos Especializados.

Tipos de Pastas
Os tipos de pastas mais comuns são:

Pastas Suspensas: indicada para o arquivamento de documentos em tamanhos oficio ou A4. Os


documentos são arquivados na posição vertical dentro da pasta, e a pasta é colocada em estantes.
Possuem etiquetas laterais para identificação da documentação ou da pasta. É muito utilizado em arquivo
corrente.

Pastas Intercaladoras: essas pastas não utilizam varões nem visores, e destina-se à guarda de
pequenos volumes de papéis.

Pasta A/Z: ideal para o arquivamento de documentos em tamanhos oficio ou A4. Os documentos são
arquivados na posição vertical e ordenadas de A a Z. Possibilita a colocação de guias indicando nome ou
nº do documento ou pasta. É muito utilizado em arquivo corrente.

Pasta Sanfonada: confeccionada em diversos tamanhos. Possuem divisórias e guias para indicar o
assunto. É ideal para o arquivamento de documentos utilizados em atividades externas, pois há maior
mobilidade do usuário para o arquivamento de documentos em tamanho oficio ou A4.

Pasta Americana: confeccionada em diversos tamanhos. Pasta estilo caso policial que possui aba
para identificações. É usada para o arquivamento de documentos utilizados em atividades externas, pois
há maior mobilidade do usuário para o arquivamento de documentos em tamanho oficio ou A4.

Fichário: se classifica como arquivo permanente. O fichário é um móvel de aço próprio para fichas,
que pode ter uma, duas, três ou quatro gavetas ou estar conjugado com gavetas para fichas e
documentos.

No fichário horizontal, as fichas são guardadas em posição horizontal, uma sobre as outras (modelo
KARDEX). As fichas são fixadas por meio de bastões metálicos presos às gavetas, desta disposição das
hastes resulta que a primeira ficha presa, a partir do fundo, ficará inteiramente visível, deixando que a
imediatamente inferior apareça uma faixa correspondente à dimensão da barra, e assim sucessivamente,
lembrando o aspecto de uma esteira. As faixas que aparecem funcionam como verdadeiras projeções,
nas quais são feitas anotações.
O fichário vertical é aquele em que as fichas são guardadas em posição vertical, uma atrás das outras,
geralmente separadas por guias. É o modelo mais usado por ser mais econômico. As gavetas ou bandejas
podem comportar um grande número de fichas.

O arquivo, quando bem organizado:


- Transmite ordens;
- Evita repetição desnecessária de experiências;
- Diminui a duplicidade de documentos;
- Revela o que está por ser feito, o que já foi feito e os resultados obtidos;
- Constitui fonte de pesquisa para todos os ramos administrativos;
- Auxilia o administrador a tomada de decisões.

CICLO DE VIDA DOS DOCUMENTOS.91

No âmbito da disciplina arquivística, são estabelecidas etapas para o efetivo gerenciamento dos
documentos. O ciclo de vida dos documentos arquivísticos é tratado pela teoria das três idades. Seu
objetivo é classificar os estágios ou fases pelas quais passam os documentos dentro da instituição
(corrente, intermediária e permanente). Este é, com certeza, um dos assuntos mais presentes em provas
de concursos públicos em matérias sobre Noções de Arquivologia.

91 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

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A “Teoria das três idades”, ou o ciclo de vida dos documentos (administrativos), ou os estágios de
evolução dos arquivos” – a nomenclatura muda, mas o tema é um só.
São 3 (três) as idades, ou 3 os ciclos, ou 3 os estágios: corrente, intermediário e permanente (assim
definidos em 1973, por Jean Jacques Valette):

1. Arquivo de Primeira Idade ou Corrente: “constituído de documentos em curso ou consultados


frequentemente, conservados nos escritórios ou em repartições que os receberam e os produziram ou
em dependência próximas de fácil acesso.

2. Arquivo de Segunda Idade ou Intermediário: “constituído de documentos que deixaram de ser


frequentemente consultados, mas cujos órgãos que os receberam e os produziram pode ainda solicitá-
los para tratar de assuntos idênticos ou retomar um problema novamente focalizado. Não há necessidade
de serem conservados próximos aos escritórios”.

3. Arquivo de Terceira idade ou Permanente: “constituído de documentos que perderam todo valor
de natureza administrativa e que se conservam em razão de seu valor histórico ou documental e que
constituem os meios de conhecer o passado e a sua evolução. Estes são os arquivos históricos
propriamente ditos, pois é nessa fase que os documentos são arquivados de forma definitiva”.

Esquema mnemônico para você não esquecer das 3 (três idades):


Corrente → corre → tramita (consulta frequente)
Intermediário → transitoriedade (consulta não frequente)
Permanente → preservados sempre (matéria-prima da história)

Válido ressaltar que as 3 idades são complementares, cada uma corresponde à uma forma diferente
de conservar e tratar os documentos e consequentemente, uma organização adequada.

O que define, de forma decisiva, a fase na qual o documento arquivístico está alocado é, por um lado
a frequência de uso dos documentos pela entidade produtora ou acumuladora e, por outro, a identificação
dos valores administrativo (primário) e histórico (secundário) presentes ou não os documentos.

Arquivos correntes92
Os arquivos correntes são assim considerados porque geralmente estão em tramitação, mas é
importante enfatizar que em muitos casos, mesmo sem movimentação os documentos podem ser assim
considerados. O critério que define tal status para tais arquivos é relacionado à frequência de sua
utilização ou consulta.
Localização Física
Os documentos de primeira idade estão geralmente localizados próximos aos seus setores
empresariais produtores e são conhecidos também, pela terminologia arquivística, como arquivos ativos.
Tais documentos possuem valor administrativo para a empresa, valor este chamado de primário. Dentre
as atividades realizadas no âmbito da fase corrente, podem ser destacadas as de protocolo,
arquivamento, consulta, expedição e empréstimo de documentos.
Acesso aos documentos

92 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
No caso dos arquivos correntes há acesso restrito ao órgão produtor (gerador). Quem responde pelos
documentos são os setores de origem.

Fonte: Santos e Reis, 2013.

Arquivos Intermediários93
Quanto aos arquivos intermediários, pode-se afirmar que eles poderão ser consultados e utilizados de
modo esporádico por seus produtores, pois já cumpriram os seus principais objetivos na idade corrente
junto à Administração.
Localização Física
Dessa forma, os documentos que já não são mais necessários nos departamentos empresariais devem
ser transferidos para um arquivo central ou um arquivo geral, que possua esse caráter de guarda
intermediária, a fim de serem cumpridos prazos precaucionais (discricionários) antes da destinação final
deles (ou seja, a eliminação ou recolhimento para guarda permanente). Apesar de estarem longe dos
setores organizacionais produtores, tais documentos ainda pertencem a eles. Esses arquivos são também
conhecidos como semiativos e, juntamente com os arquivos correntes, são também possuidores de valor
primário.
Acesso aos documentos
O acesso ao documento pelo público somente apenas quando a sua fonte geradora autorizar. Os
documentos ainda pertencem ao setor de origem. A função destes arquivos é apenas a de guardar o
documento para o referido setor.

Arquivos Permanentes
Os arquivos permanentes, por sua vez, são aqueles que deverão ser arquivados, são aqueles que
deverão ser arquivados definitivamente e que, portanto, não podem ser eliminados jamais. Esses
documentos devem ser preservados por apresentarem um valor histórico-cultural (secundário), ou seja,
não mais possuem o valor primário.
São classificados como permanentes, por exemplo, os documentos que revelam a origem, a
constituição e a evolução da instituição, normas, regulamentos e outros que se caracterizam como
históricos para a instituição.
Localização Física
Os pesquisadores são o seu principal público. Por essa razão, devem estar localizados junto aos
centros culturais ou próximos às universidades, com salas de consultas, a fim de receber os usuários em
locais bem acessíveis e em um ambiente mais adequado.
Ao contrário das idades corrente e intermediária, tais arquivos são abertos ao público, isto é, não há
restrições quanto à possibilidade de pesquisa por terceiros. Esta idade é também chamada de inativa,
tendo como principais atividades a reunião da documentação histórica, o – arranjo – isto é, a classificação
desses arquivos -, a conservação e a descrição dos documentos.
Acesso aos documentos

93 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

117
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Neste caso, portanto o acesso é liberado ao público (não há restrições). Os documentos passam a
fazer parte do acervo dos arquivos permanentes, não pertencendo mais ao setor de origem do mesmo,
devido ao seu valor secundário.
Quando determinado conjunto de documentos é colocado em um arquivo permanente, mas ainda não
pertence ao seu acervo, é denominado de “arquivo em depósito”. Isso pode ocorrer quando, em uma
empresa, não existe um arquivo intermediário para guardar os documentos que, embora sejam pouco
consultados, ainda possuem valor primário para a administração. Dessa forma, a fim de liberar espaço
nos arquivos correntes, esses documentos vão para o arquivo permanente de um determinado
organismo, embora continuem pertencendo ao setor de origem, até cessar totalmente o seu valor
administrativo.

Dicas Mnemônicas:
Arquivo corrente – valor primário
Arquivo intermediário – valor primário
Arquivo permanente – valor secundário

Transferência e recolhimento94

- Quando um documento passa do arquivo corrente para o intermediário, dizemos que houve uma
transferência de documentos.
- Quando um documento passa do arquivo intermediário para o permanente, dizemos que houve um
recolhimento de documentos.

Observações:
a) em certos casos, determinados documentos podem passar (ser recolhidos) do arquivo corrente
direto ao permanente (obedecendo a Tabela de Temporalidade da instituição), sem passar pelo arquivo
intermediário. Quando isso ocorrer, também dizemos que houve um recolhimento de documentos;
b) um documento de valor permanente pode voltar a ser corrente. Por exemplo, um processo
“engavetado” há muito tempo pode ser desarquivado (certo assunto nele registrado volta a ser objeto de
debate, após anos de esquecimento), tornando-se novamente muito consultado pela administração por
algum período.

Um mnemônico que você pode trabalhar para não esquecer sobre o arquivo permanente: As pessoas
de mais idade ainda têm o costume de dizer, ao ir dormir: “vou me recolher”, pois as suas atividades
naquele dia já se encerraram. Por isso, associem o arquivo permanente (a última idade deste contexto, a
da documentação mais antiga) sempre ao termo recolhimento.
Os documentos transferidos para os arquivos intermediários ou recolhidos para os arquivos
permanentes continuam tendo valor. Se deixassem de tê-lo, seriam eliminados. Portanto, tais
procedimentos são realizados por causa da “frequência de uso dos documentos” e não em função do seu
valor.

Prazo de guarda dos documentos nos arquivos95

Arquivos Anos
Correntes (setoriais) 1 ano
Gerais ou centrais (continuação da idade corrente) 5 a 10 anos
Intermediários 20 anos
Permanentes (tempo de existência do documento, e 25 ou 30 anos, a contar data de sua produção
não de sua guarda) ou do fim de trâmite
Fonte: Bellotto, 2004 96.

Os documentos de arquivo são acumulados nos respectivos setores (órgãos produtores) com uma
frequência constante. Novos documentos são produzidos/ recebidos quase que diariamente.

94 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.
95 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.
96 Heloisa Liberalli Bellotto, Arquivos permanentes. Tratamento documental. Segunda edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: FGV, 2004, 320pp. ISBN 85-
225-0474-1.

118
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Depois de um certo tempo (em torno de 1 ano), os arquivos correntes (setoriais) não têm mais espaço
para guardar um número maior de documentos.
Assim sendo, aqueles menos consultados são mandados para um arquivo central do respectivo órgão
produtor, onde permanecem por tempo aproximado de 5 a 10 anos.
Após este tempo, os documentos são transferidos para os arquivos intermediários, neles ficando por
cerca de 20 anos, no aguardo do destino que os cercam. Se não tiverem valor secundário, serão
eliminados; caso contrário, serão recolhidos aos arquivos permanentes, a fim de serem guardados para
sempre. Geralmente, os documentos recolhidos nesses arquivos nasceram há 25 ou 30 anos.

Valor primário e valor secundário dos documentos 97

- Valor primário (ou imediato, ou administrativo) – uso dos documentos pelo órgão de origem (produtor),
baseando-se nos fins de sua criação.
- Valor secundário (ou permanente, ou de arquivo, ou mediato) – uso dos documentos pelo órgão
produtor e por terceiros, baseando-se em fins diversos daqueles para os quais eles foram gerados. O
documento é utilizado como fonte de pesquisa e informação.
Os documentos relacionados à origem e aos objetivos da instituição possuem valor secundário e, na
terceira fase do ciclo vital, são de guarda permanente.

Quando determinado conjunto de documentos é colocado em um arquivo permanente, mas ainda não
pertencente ao seu acervo, é denominado “arquivo em depósito 98”.

Por exemplo, se cair em uma prova a seguinte afirmação:

“Os documentos de valor secundário são arquivados definitivamente nos arquivos


intermediários.”

Certo ou errado?

Afirmação errada, porque valor secundário é valor permanente (arquivos permanentes).


Logo, após determinado tempo, os documentos de valor secundário serão recolhidos em definitivo aos
arquivos permanentes.

Termos associados às idades dos arquivos99

Podemos associar vários termos aos arquivos correntes, intermediários e permanentes.


Por exemplo, os arquivos administrativos são associados aos correntes, os pré-arquivos aos
intermediários e os arquivos históricos aos permanentes. Nos diversos concursos têm caído essas
associações, mencionam os seguintes termos: arquivo ativo e arquivo morto. Para o candidato ter
melhores possibilidades de acertar uma questão com tais conteúdos, basta saber que o ativo está ligado
ao corrente, e o morto, ao permanente.
Dessa forma, a questão torna-se fácil, desde que o concursando domine tal tema abordado.

Todos os documentos de arquivo nascem com uma finalidade administrativa – valor primário –pois são
gerados em decorrência dos atos ou funções administrativos de um organismo. Desse modo, em termos
gerais, é possível constatar que os documentos não nascem com um valor histórico ou secundário. Tal
valor cultural é, geralmente, adquirido após transcorrido um determinado período. Um exemplo disso é a
carta de Pero Vaz de Caminha. A famosa carta nasceu destituída de qualquer valor histórico. Ela foi
elaborada com uma finalidade de caráter administrativo, isto é, informar ao rei de Portugal o
descobrimento das terras brasileiras.

A título de ilustração, a fim de exemplificar e motivar a produção de maior sentido sobre este específico
assunto, coloca-se a seguir um exemplo prático, que acontece geralmente em muitas organizações.
Pode aqui, então, ser considerada a seguinte situação:

97 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.
98 VALENTINI, R. Arquivologia para Concursos: Teoria e 166 questões – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
99 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

119
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Em uma empresa X, a política de arquivos estabelecida define que os assentamentos individuais dos
funcionários devem permanecer arquivados no setor de pessoal dessa empresa, enquanto o referido
colaborador estiver trabalhando, ou seja, enquanto sua situação for de atividade na organização.
Após o desligamento do funcionário da empresa, por quaisquer motivo (exoneração, demissão, etc.),
o seu respectivo assentamento individual deverá ser transferido para o Arquivo Geral da Instituição, que
passará a custodiar a referida pasta do ex-colaborador. É nessa fase intermediária de arquivamento que
o documento irá aguardar um determinado prazo, estabelecido por uma Tabela de Temporalidade de
Documentos, para ser, finalmente, eliminado ou descartado, respeitada a legislação trabalhista,
previdenciária e outros aspectos.
Nessa situação, já que a política de arquivos da empresa X estabelece essa forma de processo (aqui
concebido como atividade ou fluxo de trabalho ou workflow) e, além disso, determina o descarte do
documento após certo período legal (prescrição), o assentamento individual do ex-funcionário não será
arquivado definitivamente na instituição, isto é, não irá à fase permanente de arquivamento. Dessa forma,
então, ele será apenas um arquivo corrente e um arquivo intermediário.
É possível, agora, concluir que todos os documentos serão obrigatoriamente correntes. Há uma
probabilidade muito grande de passarem pela fase intermediária, de forma a aguardar prazos
administrativos e legais. E, certamente, poucos conseguirão viver eternamente de forma perpétua.

Comentários sobre alguns termos100:

1º) Alguns termos pouco usados no Brasil: “Records Centers” – Centros Intermediários de
Documentos, como é conhecido o arquivo intermediário nos EUA e Canadá; Limbo, na Grã-Bretanha;
Purgatório, nos Estados Unidos da América.
2º) Núcleos de arquivo são os arquivos setoriais, ou seja, os arquivos descentralizados, onde os
documentos são consultados com frequência.
3º) Arquivos administrativo, ativo, vivo, de movimento, em curso – associados aos arquivos correntes
devido à finalidade dos arquivos (funcional, administrativa, imediata), com documentos consultados
constantemente, como já sabemos, estando ou não em movimentação (tramitando).
4º) Pré arquivo – termo originário da França (Pré archivage); ligado ao arquivo intermediário, vem antes
dos arquivos propriamente ditos – os permanentes.
5º) Os termos associados aos arquivos intermediários devem-se ao fato de os documentos estarem
nesta idade aguardando a sua destinação final. Daí a sua característica: transitoriedade. Além disso,
também o uso não mais frequente dos documentos (não mais ativo). Exemplo da diminuição gradativa da
frequência está implicitamente no termo: semiativo. Um documento, quando torna-se semiativo, se não
tiver valor secundário, será eliminado; caso contrário, será recolhido ao arquivo permanente.
6º) Os termos associados aos arquivos permanentes estão intimamente relacionados com a “última
idade” – por exemplo: definitivo, final; também estão ligados ao valor secundário (fonte de pesquisa e
informação) do documento – por exemplo: histórico.
7º) O termo arquivo morto de vez em quando cai em prova. Este termo popularizou-se e é muito
utilizado até nas grandes empresas. Caso caia, é só pensar nos arquivos permanentes.
Comentário: Os profissionais da área arquivística não utilizam o termo “arquivo morto”, pois é
inadequado, uma vez que os documentos de valor secundário devem ser preservados em caráter
definitivo, devido ao seu valor histórico, probatório e informativo, como já vimos anteriormente.
Representam a matéria-prima da história, sendo muito importantes (não devem ser descartados),
podendo ser consultados pelos pesquisadores/administradores a qualquer tempo, em face de seu uso
científico, social e cultural. O termo utilizado pelos arquivistas é arquivo permanente ou histórico, pois
morto dá ideia de algo sem vida. E, se assim fosse, seria ilógico guardar documentos irrelevantes.
8º) Os arquivos intermediários só devem ser criados caso fique comprovada a importância deles no
ciclo documental. Geralmente, existem em âmbito governamental (público), pois documentos oficiais há
em grande quantidade, além de estarem dispersos fisicamente. Quanto à documentação de natureza
privada, apenas empresas de grande porte e detentoras de massa documental preocupam-se em
construir pré-arquivos. Quando ocorre a passagem dos documentos da idade corrente para a segunda
idade, o arquivista irá conferir a documentação transferida, providenciando, em seguida, medidas de
conservação e restauro dos documentos. A classificação proveniente dos arquivos correntes será
mantida.

100 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Os coordenadores dos depósitos de guarda intermediária devem101:

- atender às solicitações feitas pelos órgãos produtores;


-aplicar as tabelas de temporalidade, a fim de selecionar os documentos para eliminação ou
recolhimento;
- administrar as transferências de novos documentos para o seu arquivo, assim como o recolhimento
de documentos de valor secundário para o arquivo definitivo.
A criação dos limbos deve-se, principalmente, à economia de espaço, pessoal, equipamento e tempo.
Com o propósito de se evitar a multiplicação de depósitos e manter a política arquivística obedecendo a
um padrão predeterminado, o arquivo intermediário deverá ser subordinado ao arquivo permanente.

Questões

01. (DPE/MT – Assistente Administrativo – FGV) A adoção da Teoria das 3 idades revolucionou as
técnicas arquivísticas e, consequentemente, o uso dos arquivos. Segundo essa teoria, os arquivos
passam:
(A) por 3 estágios distintos de arquivamento: corrente, intermediário e permanente, de acordo com as
espécies documentais neles contidas.
(B) por 3 procedimentos técnicos distintos de arquivamento: eventual, intermediário e inativo, de
acordo com o valor dos documentos.
(C) por 3 finalidades distintas de arquivamento: ativo, inativo e corrente, de acordo com os assuntos
dos documentos.
(D) por 3 finalidades distintas de arquivamento: histórico, probatório e informativo, de acordo com o
uso que se faz dos documentos.
(E) por 3 estágios distintos de arquivamento: corrente, intermediário e permanente, de acordo com o
uso que se faz dos documentos.

02. (TRT – 3ª Região – Analista Judiciário – Arquivologia – FCC) O Dicionário brasileiro de


terminologia arquivística associa a teoria das três idades ao ciclo vital dos documentos porque
(A) em cada uma das três idades previstas na teoria os documentos devem passar, cada qual, por um
ciclo de vida completo.
(B) toda teoria necessita de um ciclo vital para que sua formulação seja plenamente aceita.
(C) essa teoria consagra que os documentos de arquivo podem passar por três idades durante sua
vida útil.
(D) o ciclo vital não pode prescindir de uma teoria para poder ser plenamente aceito.
(E) o documento não seria de arquivo se a teoria não aceitasse seu ciclo vital completo.

03. (Câmara Municipal de Caruaru – Técnico Legislativo – FGV) Segundo a teoria das três idades,
os arquivos que têm sob sua guarda documentos de uso eventual pela administração que os produziu,
devendo ser conservados em depósitos de armazenagem temporária, aguardando os prazos, são os
arquivos
(A) correntes.
(B) intermediários.
(C) permanentes.
(D) de primeira idade.
(E) de terceira idade

04. (CRO/SP – Assistente Administrativo – VUNESP) O ciclo de vida dos documentos é


determinante na intervenção e gestão do arquivo, dessa forma,
(A) todos os documentos produzidos na instituição devem ser recolhidos para o arquivo permanente
no período definido pela legislação.
(B) os documentos em idade corrente de arquivamento e que apresentam valor administrativo e
vigência atual, devem ser armazenados em locais próximos à área de produção.
(C) todos os documentos produzidos na instituição devem ser transferidos aos arquivos centrais ou
intermediários como medida de precaução.
(D) os documentos em idade corrente de arquivamento e que apresentam vigência finalizada devem
ser mantidos próximos à área de produção.
101 SANTOS, J.T; REIS, L. Arquivologia Facilitada. Teoria e mais de 500 questões comentadas. 2ª edição – Campus Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Recurso eletrônico.

121
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(E) os documentos que perderam a vigência administrativa, porém são providos de valor secundário
ou histórico cultural, devem ser mantidos nos arquivos intermediários.

05. (TC/DF - Técnico de Administração Pública – CESPE) No que se refere ao gerenciamento da


informação e à gestão de documentos, julgue os itens subsequentes.
Após passarem pelos arquivos correntes, os documentos de arquivo podem ser eliminados, ser
encaminhados ao arquivo intermediário, ou, ainda, ser recolhidos aos arquivos permanentes.
( ) Certo ( ) Errado

06. (METRÔ/DF- Arquivista – IADES) Com relação aos documentos que ainda preservam o valor
primário, mas contam com um prazo de guarda muito extenso e não são consultados com frequência,
assinale a alternativa que indica o local em que eles devem ficar guardados.
(A) Protocolo.
(B) Setorial.
(C) Corrente.
(D) Intermediário.
(E) Permanente.

07. (Ceitec S.A - Técnico Administrativo e Operacional - IADES/2016) No que se refere aos tipos
de arquivo, é correto afirmar que a (o)
(A) divisão em arquivos corrente, intermediário e permanente são gradações relacionadas ao valor do
documento.
(B) recolhimento para o arquivo intermediário deve ocorrer em prazos preestabelecidos.
(C) recolhimento só acontece com documentos que possuem valor histórico, probatório ou informativo.
(D) arquivo morto é aquele no qual se mantêm os documentos que não apresentam mais valor para a
instituição.
(E) arquivo permanente é invariavelmente maior que o intermediário, justamente por guardar toda a
informação da organização.

Respostas

01. E / 02.C / 03. B / 04. B / 05.Certo / 06. D / 07. C

Comentários

01. Resposta: E.
TEORIA DAS TRÊS IDADES: Teoria segundo a qual os arquivos passam por três estágios: corrente,
intermediário ou permanente, de acordo com a frequência de uso por suas entidades produtoras e a
identificação de seus valores primário e secundário

02. Resposta: C.
A teoria das três idades referem-se aos estágios (corrente, intermediário e permanente) que os
documentos podem passar (os documentos não passam necessariamente por todos os estágios, podem
passar da corrente para o permanente, por exemplo).

03. Resposta: B.
O arquivo de Segunda Idade ou Intermediário: é constituído de documentos que deixaram de ser
frequentemente consultados, mas cujos órgãos que os receberam e os produziram pode ainda solicitá-
los para tratar de assuntos idênticos ou retomar um problema novamente focalizado.

04. Resposta: B.
Arquivo de Primeira Idade ou Corrente: “constituído de documentos em curso ou consultados
frequentemente, conservados nos escritórios ou em repartições que os receberam e os produziram ou
em dependência próximas de fácil acesso.”

05. Resposta: Certo.


Após passarem pelos arquivos correntes, os documentos de arquivo podem ser eliminados, ser
encaminhados ao arquivo intermediário, ou, ainda, ser recolhidos aos arquivos permanentes.

122
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Lembre-se que Transferência é para o arquivo intermediário e Recolhimento é para o arquivo
permanente.

06. Resposta: D.
Os arquivos intermediários são aqueles que poderão ser consultados e utilizados de modo esporádico
por seus produtores, pois já cumpriram os seus principais objetivos na idade corrente junto à
Administração. Dessa forma, os documentos que já não são mais necessários nos departamentos
empresariais devem ser transferidos para um arquivo central ou um arquivo geral, que possua esse
caráter de guarda intermediária, a fim de serem cumpridos prazos precaucionais (discricionários) antes
da destinação final deles (ou seja, a eliminação ou recolhimento para guarda permanente). Apesar de
estarem longe dos setores organizacionais produtores, tais documentos ainda pertencem a eles. Esses
arquivos são também conhecidos como semiativos e, juntamente com os arquivos correntes, são também
possuidores de valor primário.
O acesso ao documento pelo público somente apenas quando a sua fonte geradora autorizar. Os
documentos ainda pertencem ao setor de origem. A função destes arquivos é apenas a de guardar o
documento para o referido setor.

07. Resposta: C
a) Errado. Essa divisão está relacionada à tramitação do documento e à sua utilidade. São gradações
relacionadas ao valor do documento. Valor é primário e secundário.
b) Errada. A transferência é a ida do documento para o arquivo intermediário.
c) Correta. Recolhimento é a ida do documento para o arquivo permanente.
d) Errado. Se o documento não possui mais valor, deverá ser eliminado, respeitados os prazos da
tabela de temporalidade.
e) Errado. Não há relação do tipo de arquivo e seu tamanho. No arquivo permanente, deve-se guardar
apenas os documentos com valor histórico.

PROTOCOLO

Antes de qualquer coisa, apresentaremos os conceitos de gestão documental e protocolo, que serão
de grande importância para uma melhor compreensão do tema proposto.
“Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à
sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua
eliminação ou recolhimento para a guarda permanente” (Lei Federal nº 8.159, de 8-1-1991).
A gestão de arquivos é um processo essencial no andamento da organização. É necessário
estabelecer uma série de práticas que garanta a organização e preservação de arquivos, para que a
empresa possa tomar decisões, recuperar informações e preservar a memória dos arquivos.
O gerenciamento de documentos arquivísticos assegura à empresa ter um maior controle sobre as
informações que produzem e/ou recebem, racionalizar o layout onde os documentos são guardados,
desenvolver as atividades com maior rapidez e eficiência e melhorar o atendimento aos clientes.

Protocolo102 é a denominação geralmente atribuída a setores encarregados do recebimento, registro,


distribuição e movimentação dos documentos em curso; denominação atribuída ao próprio número de
registro dado ao documento; Livro de registro de documentos recebidos e/ou expedidos.

Segundo Manual de Procedimentos de Protocolo, Expedição e Arquivo 103, o Protocolo é responsável


pelo recebimento e distribuição de correspondências, documentos e processos, assim como pelo controle
do seu fluxo na instituição. Por meio de suas atividades, apoiadas num sistema operacional eletrônico, é
que se tornam possíveis a consulta e a localização de processos ou documentos que tenham sido
entregues ao Protocolo.
É de conhecimento comum o grande avanço que a humanidade teve nos últimos anos. Dentre tais
avanços, incluem-se as áreas que vão desde a política até a tecnológica. Tais avanços contribuíram para
o aumento da produção de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua importância para a área
da arquivística, no sentido de ter despertado nas pessoas a importância dos arquivos. Entretanto, seja
por descaso ou mesmo por falta de conhecimento, a acumulação de massas documentais desnecessárias
foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por inviabilizar que os arquivos cumpram suas

102PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004. p. 27
103 BRASIL. ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. Coordenação-Geral de Documentação e Informação. Manual de Procedimentos de Protocolo, Expedição e
Arquivo. Brasília: AGU, 2010. 157 p. , il.

123
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
funções fundamentais. Para tentar sanar esse e outros problemas, que é recomendável o uso de um
sistema de protocolo.
Durante a sua tramitação, os arquivos correntes podem exercer funções de protocolo (recebimento,
registro, distribuição, movimentação e expedição de documentos), daí a denominação comum de alguns
órgãos como Protocolo e Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm seu início.
Geralmente, as pessoas que lidam com o recebimento de documentos não sabem, ou mesmo não
foram orientadas sobre como proceder para o documento cumpra a sua função na instituição. Para que
este problema inicial seja resolvido, a implantação de um sistema de base de dados, de preferência
simples e descentralizado, permitindo que, tão logo cheguem às instituições, os documentos fossem
registrados, pelas devidas pessoas, no seu próprio setor de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação
diminuiria o montante de documentos que chegam as instituições, cumprem suas funções, mas sequer
tiveram sua tramitação ou destinação registrada.

O estudo dos protocolos, em Arquivologia, pode ser dividido em duas partes:


Uma refere-se a estrutura e funcionamento do setor institucional de protocolo.
E a outra se refere ao tratamento e a classificação dos documentos arquivísticos em ostensivos e
sigilosos.

Com relação a primeira parte, serão apresentadas quais as funções e a importância do setor de
protocolo e a segunda parte serão abordadas as diversas situações em que podem ser classificados os
documentos no setor de protocolo, de acordo com a legislação brasileira vigente para essa finalidade. O
respeito a classificação definida pela legislação é importante visando o perfeito cumprimento das funções
do protocolo de forma responsável, legal e eficaz.

O Setor de Protocolo104

Várias instituições possuem um setor que é destinado a recepção das correspondências e demais
documentos. No Brasil, em toda organização pública é possível encontrar um setor responsável pelo
registro e distribuição das correspondências produzidas e recebidas, e pela protocolização dos processos
e sua tramitação. Na área administrativa, esse setor é conhecido como Protocolo ou Protocolo e Arquivo,
ou Protocolo e Expedição.
A atividade de protocolo é típica da fase corrente, pois é nessa idade em que os documentos tramitam
bastante.
Assim, pode-se dizer que o protocolo executa sinteticamente as seguintes ações: recebimento da
correspondência (malotes, balcões, entre outros), separação da correspondência oficial da particular,
colocação do carimbo ou etiqueta de protocolo (contendo dados como data, hora de recebimento),
elaboração de resumo do assunto, e encaminhamento ao indivíduo ou órgão destinatário. O protocolo
visa também o controle dos documentos que ainda tramitam no órgão, assegurando a sua imediata
localização, e também é responsável pelas correspondências a outras instituições.

Protocolo está intimamente relacionado às atividades de controle. Dentre as atividades de controle,


podem ser consideradas:
• Recebimento;
• Classificação;
• Registro;
• Autuação;
• Distribuição;
• Movimentação (trâmite, fluxo);
• Expedição.

Processo
O processo de Protocolo começa com a entrada de correspondências, documentos e processos. Em
seguida, os documentos são verificados, analisados, registrados, autuados (quando for o caso) tramitados
e expedidos.

104 TIAGO, J. REIS, L. Arquivologia facilitada: teoria e mais de 500 questões comentadas. Rio de janeiro: Elsevier, 2013.

124
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Fonte: Manual de Procedimentos de Protocolo, Expedição e Arquivo

• Recebimento: recepção/entrada de documentos de origem interna ou externa.


• Classificação: Os documentos são anteriormente identificados e analisados atendendo ao plano de
classificação do órgão. Nesta etapa realiza-se também a juntada dos documentos recebidos. A juntada
de documentos constitui-se no ato de incluir formalmente no processo de protocolo originais ou cópias de
documentos, ou folhas contendo instruções, registro de decisões e informações; relevantes para o
assunto de que trata o processo ou protocolado. A juntada deverá ser efetuada em ordem cronológica de
apresentação de documentos, ou seja, na sequência em que os documentos, informações e decisões se
apresentarem como relevantes para o assunto em questão.
• Autuação e Registro: atribuição de número ao documento/conjunto documental e registro no
sistema de controle de protocolo, mediante processo manual, mecanizado ou informatizado. Além da
numeração dos documentos, as páginas também devem ser numeradas (paginação). A paginação é uma
numeração ordinal das páginas, que geralmente está localizada na parte superior ou inferior das páginas
de um documento.
• Distribuição e Expedição: saída/encaminhamento de documentos do protocolo para outro
setor/instituição. Distribuição (encaminhamento de documentos para setores internos/unidades da
mesma instituição). Expedição (encaminhamento de documentos para outras instituições).
• Controle e Movimentação (tramitação): mediante processo que pode ser: manual, mecanizado ou
informatizado, faz-se o controle do fluxo documental desde a entrada/criação do documento na instituição.
Os sistemas informatizados atendem com precisão esta trajetória documental traçando/registrando todo
o percurso do documento. A Tramitação de um documento dentro de uma instituição depende
diretamente se as etapas anteriores foram feitas da forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com o auxílio
do protocolo, saber sua exata localização, seus dados principais, como data de entrada, setores por que
já passou, enfim, acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da instituição. Isso agiliza as ações
dentro da instituição, acelerando assim, processos que anteriormente encontravam dificuldades, como a
não localização de documentos, não se podendo assim, usá-los no sentido de valor probatório, por
exemplo.
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este
a sua eliminação ou recolhimento.
É nesta etapa que a expedição de documentos torna-se importante, pois por meio dela, fica mais fácil
fazer uma avaliação do documento, podendo-se assim decidir de uma forma mais confiável, o destino do
documento.
Durante a tramitação, o processo recebe despachos das autoridades administrativas responsáveis
pelos setores que ele circula. Os despachos são pronunciamentos administrativos das autoridades
administrativas, que determinam as providencias que devem ser tomadas em cada caso específico ou
ainda que encaminham o processo para outros setores.
• Expedição: trata-se da saída da correspondência e demais documentos de uma instituição, a qual
envolve procedimentos inerentes às rotinas da expedição de documentos
Dentre as recomendações com relação a expedição de documentos, destacam-se:
- Receber a correspondência, verificando a falta de anexos e completando dados;
- Separar as cópias, expedindo o original;
- Encaminhar as cópias ao Arquivo.

Documentos Sigilosos e Ostensivos: quanto a natureza dos assuntos, os documentos podem ser
classificados como ostensivos e sigilosos. Os documentos classificados como ostensivos são os
documentos cuja divulgação não prejudica a administração. Os documentos classificados como sigilosos
são aqueles que devem ser de conhecimento restrito, necessitando de medidas especiais de salvaguarda
para a sua custódia e divulgação.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Considerações Adicionais sobre Recebimento: Algumas rotinas devem ser adotadas no registro
documental, afim de que não se perca o controle, bem como surjam problemas que facilmente poderiam
ser evitados (como o preenchimento do campo Assunto, de muita importância, mas que na maioria das
vezes é feito de forma errônea).
Principais atividades: recebe o documento; separa os documentos (oficial do particular, ostensivo do
sigiloso); encaminha os documentos de natureza sigilosa e particular aos determinados destinatários;
interpreta e classifica os documentos ostensivos; encaminha os documentos ao setor de registro e
movimentação.
Dentre as recomendações de recebimento e registro, destaca-se:
- Receber as correspondências, separando as de caráter oficial da de caráter particular, distribuindo
as de caráter particular a seus destinatários. Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso,
a fim de cumprirem suas funções, e para que isto ocorra, devem ser distribuídos e classificados da forma
correta, ou seja, chegar ao seu destinatário. Para isto, recomenda-se:
- Separar as correspondências de caráter ostensivo das de caráter sigiloso, encaminhado as de caráter
sigiloso aos seus respectivos destinatários;
- Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensivos por meio da leitura, requisitando a
existência de antecedentes, se existirem;
- Classificar o documento de acordo com o método da instituição; carimbando-o em seguida;
- Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao protocolo.
- Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a segunda via da ficha ao documento;
- Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com os dados das fichas de protocolo;
- Arquivar as fichas de protocolo.

É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem como regras, visto que cada instituição
possui suas tipologias documentais, seus métodos de classificação, enfim, surgem situações diversas.
Servem apenas como exemplos para a elaboração de rotinas em cada instituição.
Após a discussão das vantagens de implantação de um sistema de protocolo, cabe avaliar as
desvantagens do uso deste sistema, se feito de forma errônea.
Em um primeiro momento, deve-se pensar num sistema simples de inserção de dados, que venha a
atender as necessidades da empresa. Contudo, é essencial que as pessoas que trabalham diretamente
com o recebimento e registro de documentos, recebam um treinamento adequado, para que possam
executar essa tarefa da forma correta, visto que, se feito da forma errada, todo o trâmite do documento
pode ser comprometido. Deve-se esquecer a ideia de que basta inserir dados e números num sistema,
que todos os problemas serão resolvidos.
A própria conscientização dos funcionários, no sentido de que, se organizados e devidamente
registrados, as tarefas que necessitam do uso de documentos se tornarão mais fáceis para todos que
venham a executá-las, proporcionado assim um melhor rendimento de todo o pessoal. Portanto, fica claro
que o protocolo pode ser uma saída para os problemas mais comuns de tramitação documental, desde
que utilizado da forma correta. Do contrário, a implantação deste sistema pode ocasionar outros
problemas, talvez de cunho ainda maior.
Diante do quadro exposto, fica mais fácil entender porque as grandes instituições optam por um
sistema de protocolo. Independentemente do tamanho da instituição, a ideia da implantação de um
sistema de protocolo é válida, desde que algumas ações sejam tomadas no sentido de colaborar para
que este sistema atenda às necessidades para que foi criado. Esperamos que tenha ficado claro que de
nada adianta apenas idealizar e implantar um sistema de protocolo se não houver uma colaboração
instituição / funcionários.
É um procedimento relativamente simples, se comparado as facilidades que pode trazer. Fica ainda a
ideia que não se deve parar os estudos sobre tal assunto, visto que os suportes estão sempre em
transformação, necessitando assim de melhores condições na manutenção destes.

Desentranhamento
Consiste no ato de retirar/extrair do processo de protocolo qualquer documento anteriormente juntado
aos autos. (Ex. folhas, cópias, certidões, etc.).
O desentranhamento de documentos pode ocorrer por diversas razões: utilização das cópias em outro
processo; eliminação de cópias ou documentos juntados em duplicidade; necessidade de utilizar o original
de um documento junto a terceiros; retirada de documentos juntados indevidamente, etc.
O desentranhamento de documentos deverá ser formalmente solicitado pelo Órgão ou pessoa
interessada, através de requerimento.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Questões

01. (TRE/SP - Técnico Judiciário da Área Administrativa - FCC) Receber, registrar e distribuir
documentos, cuidando de sua tramitação, são atividades rotineiras do setor de
(A) embalagens.
(B) compras.
(C) transporte.
(D) reprografia.
(E) protocolo.

02. (IF/BA - Arquivista - FUNRIO) O conjunto de operações visando ao controle dos documentos que
ainda tramitam no órgão, de modo a assegurar sua imediata localização e recuperação, são atividades
de
(A) arquivo intermediário.
(B) arquivo permanente.
(C) arquivo setorial.
(D) arquivo especial.
(E) protocolo.

03. (SEPLAG/MG - Agente Governamental - IESES) “É a denominação geralmente atribuída a


setores encarregados do recebimento, registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso;
denominação atribuída ao próprio número de registro dado ao documento; livro de registro de documentos
recebidos e/ou expedidos. (PAES, Marilena Leite. Arquivos: teoria e prática. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV,
2004. p.27).”
O texto apresentado é referente ao conceito de:
(A) Expedição.
(B) Almoxarifado.
(C) Patrimônio.
(D) Protocolo.

04. (Polícia Científica/PE - Auxiliar de Perito - CESPE) A movimentação de um documento de um


setor para outro para que decisões sejam tomadas é uma atividade de protocolo denominada
(A) tramitação.
(B) registro.
(C) expedição.
(D) distribuição.
(E) classificação.

05. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I - CESPE) Na


administração de documentos, entre as rotinas do protocolo, a identificação dos metadados para controle
e recuperação de dados faz parte da rotina de
(A) movimentação.
(B) registro.
(C) classificação.
(D) tramitação.
(E) expedição.

06. (ANS - Técnico Administrativo - FUNCAB) Quando o protocolo movimenta o processo, enviando
o documento ao seu destinatário, localizado nas unidades internas da instituição, ele está executando a
atividade de:
(A) despacho.
(B) expedição.
(C) tramitação.
(D) diligência.
(E) distribuição.

07. (TRE/AL - Técnico Judiciário da Área Administrativa - FCC) Aos serviços de protocolo cabe,
entre outras atividades,
(A) acondicionar documentos de valor histórico.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(B) cuidar da tramitação dos documentos.
(C) armazenar documentos em fase intermediária.
(D) estabelecer regras de acesso aos documentos.
(E) aprovar tabelas de temporalidade de documentos.

Gabarito

01.E / 02. E / 03. D / 04.A / 05. B / 06. E / 07. B

Comentários

01. Resposta: E
O protocolo é o setor responsável por um conjunto de operações, sendo estes: recebimento, registro,
distribuição e movimentação dos documentos em curso.

02. Resposta: E
Idem ao 01. O protocolo é o setor responsável por um conjunto de operações, sendo estes:
recebimento, registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso.

03. Resposta: D
Idem ao 01. O protocolo é o setor responsável por um conjunto de operações, sendo estes:
recebimento, registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso.

04. Resposta: A
Atividades de Controle:
• recebimento;
• classificação;
• registro;
• autuação;
• distribuição;
• movimentação (trâmite, fluxo);
• expedição.

05. Resposta: B
Metadados são informações. Logo, a identificação dessas informações para uma posterior
recuperação é denominada registro.

06. Resposta: E
Distribuição: é a ação e o efeito de dividir algo entre destinatários, dar a algo o destino conveniente.
Enviar documento ao seu destinatário, localizado nas unidades internas da instituição.

07. Resposta: B
Várias instituições possuem um setor que é destinado a recepção das correspondências e demais
documentos. No Brasil, em toda organização pública é possível encontrar um setor responsável pelo
registro e distribuição das correspondências produzidas e recebidas, e pela protocolização dos processos
e sua tramitação. Na área administrativa, esse setor é conhecido como protocolo ou Protocolo e
Arquivo, ou Protocolo e Expedição.

CODIFICAÇÃO: O CÓDIGO DE CLASSIFICAÇÃO105

É o conjunto de tarefas, normas e procedimentos necessários ao estabelecimento de uma identificação


única para cada item. Assim, o item passa a distinguir-se de qualquer outro, facilitando o seu
gerenciamento.
O código de classificação de documentos de arquivo é um instrumento de trabalho utilizado para
classificar todo e qualquer documento produzido ou recebido por um órgão no exercício de suas funções
e atividades. A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um

105 Classificação, Temporalidade e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio da Administração Pública. Disponível em:

http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/resolucao_14.pdf.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
mesmo tema, como forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com
a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que
o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que o
gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física
dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
No código de classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais genericamente
denominados assuntos, encontram-se hierarquicamente distribuídos de acordo com as funções e
atividades desempenhadas pelo órgão. Em outras palavras, os assuntos recebem códigos numéricos, os
quais refletem a hierarquia funcional do órgão, definida através de classes, subclasses, grupos e
subgrupos, partindo-se sempre do geral para o particular.
Para este instrumento adotou-se o modelo de código de classificação decimal. Como o próprio nome
indica, o sistema decimal de classificação por assuntos constitui-se num código numérico dividido em dez
classes e estas, por sua vez, em dez subclasses e assim sucessivamente. As dez classes principais são
representadas por um número inteiro, composto de três algarismos, como se segue:

Classe 000
Classe 100
Classe 200
Classe 300
Classe 400
Classe 500
Classe 600
Classe 700
Classe 800
Classe 900

As classes principais correspondem às grandes funções desempenhadas pelo órgão. Elas são
divididas em subclasses e estas, por sua vez, em grupos e subgrupos, os quais recebem códigos
numéricos, seguindo-se o método decimal. Desta forma, tomando-se como exemplo a classe 000, tem-
se:

CLASSE 000 ADMINISTRAÇÃO GERAL


SUBCLASSE 010 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
GRUPO 012 COMUNICAÇÃO SOCIAL
SUBGRUPOS 012.1 RELAÇÕES COM A IMPRENSA
012.11 CREDENCIAMENTO DE JORNALISTAS

Note-se que os códigos numéricos refletem a subordinação dos subgrupos ao grupo, do grupo à
subclasse e desta, à classe. Esta subordinação é representada por margens, as quais espelham a
hierarquia dos assuntos tratados.
O Código de classificação de documentos de arquivo para a administração pública: atividades-meio,
possui duas classes comuns a todos os seus órgãos: a classe 000, referente aos assuntos de
ADMINISTRAÇÃO GERAL e a classe 900, correspondente a ASSUNTOS DIVERSOS.
As demais classes (100 a 800) destinam-se aos assuntos relativos às atividades fim do órgão. Estas
classes não são comuns, cabendo aos respectivos órgãos sua elaboração, seguindo orientações da
instituição arquivística na sua esfera específica de competência.
Compõe ainda este código o índice, instrumento auxiliar à classificação, no qual os assuntos são
ordenados alfabeticamente e remetidos ao código numérico correspondente.
Entendidos os mecanismos de elaboração do Código de classificação de documentos de arquivo,
serão apresentadas, a seguir, algumas explicações acerca das classes 000 e 900, e suas respectivas
subclasses.

CLASSE 000 – ADMINISTRAÇÃO GERAL

Nesta classe são classificados os documentos referentes às atividades relacionadas à administração


interna dos órgãos públicos, as quais viabilizam o seu funcionamento e o alcance dos objetivos para os
quais foram criados.

A Classe 000, ADMINISTRAÇÃO GERAL, tem como subclasses:

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
010 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
020 – PESSOAL
030 – MATERIAL
040 – PATRIMÔNIO
050 – ORÇAMENTO E FINANÇAS
060 – DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
070 – COMUNICAÇÕES
080 – (vaga)
090 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO GERAL
010 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Classificam-se os documentos relativos à criação, estruturação, funcionamento e organização interna
do órgão.

020 – PESSOAL
Nesta subclasse incluem-se os documentos relativos aos direitos e obrigações dos servidores lotados
no órgão, de acordo com a legislação vigente, bem como os direitos e obrigações da instituição
empregadora no que tange à assistência, proteção ao trabalho e concessão de benefícios.

030 – MATERIAL
São classificados os documentos referentes à administração dos materiais do órgão, necessários ao
desenvolvimento de suas atividades, incluindo as formas de aquisição e alienação, o controle do estoque
e da distribuição e a conservação e reparo.

040 – PATRIMÔNIO
Classificam-se os documentos referentes aos bens patrimoniais imóveis, veículos e semoventes
pertencentes ao órgão. Incluem-se, neste caso, as formas de aquisição e alienação, bem como os
serviços de manutenção, limpeza e recuperação.

050 – ORÇAMENTO E FINANÇAS


Classificam-se os documentos relativos à previsão e execução orçamentária e às operações contábeis
e financeiras referentes ao uso dos recursos públicos e comprovação de receita e despesa. Incluem-se,
ainda, a movimentação de conta corrente, balanços e prestações de contas aos tribunais de contas.

060 – DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO


Incluem-se nesta subclasse os documentos referentes à publicação, produção editorial, preparo,
impressão e distribuição de matérias, bem como à aquisição, controle, distribuição e acesso à
documentação bibliográfica do órgão. Incluem-se, ainda, os documentos referentes à produção, controle,
avaliação, arquivamento e destinação de documentos arquivísticos, como também os documentos
relacionados com as atividades de reprodução, conservação e informática.

070 – COMUNICAÇÕES
Classificam-se os documentos relacionados com a instalação, manutenção, operação e uso dos
recursos e serviços postais, de telecomunicações e de tecnologias da informação.

080 – (VAGA)
Esta subclasse mantém-se vaga para possíveis expansões e inserção de documentos referentes à
ADMINISTRAÇÃO GERAL, que resultem de novas atividades desenvolvidas pelo órgão.

090 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO GERAL


Incluem-se nesta subclasse documentos de caráter genérico relativos à ADMINISTRAÇÃO GERAL.
Utiliza-se, também, esta subclasse, como recurso para inclusão de assuntos que não possuam
classificação específica no Código de classificação de documentos de arquivo, bem como para evitar a
proliferação de subclasses que possam ser reservadas para possíveis expansões. Entretanto, os
documentos só poderão ser aqui classificados após a verificação da não-existência de outras subclasses
nas quais possam ser inseridos.

O mesmo se aplica aos últimos grupos:


019 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
029 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A PESSOAL

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
039 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A MATERIAL
049 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A PATRIMÔNIO
059 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A ORÇAMENTO E FINANÇAS
069 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES À DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
079 – OUTROS ASSUNTOS REFERENTES A COMUNICAÇÕES

Cabe ressaltar que, de acordo com as necessidades, os órgãos poderão desenvolver os grupos e
subgrupos referentes a outros assuntos. Os itens criados, bem como sua temporalidade e destinação,
deverão ser encaminhados à instituição arquivística pública na sua respectiva esfera de competência
para aprovação.

CLASSE 900 – ASSUNTOS DIVERSOS


Esta classe refere-se aos documentos de caráter genérico que se relacionam com as diversas
atividades desenvolvidas pelo órgão.

A classe 900, ASSUNTOS DIVERSOS, tem como subclasses:


910 – SOLENIDADES. COMEMORAÇÕES. HOMENAGENS
920 – CONGRESSOS. CONFERÊNCIAS. SEMINÁRIOS. SIMPÓSIOS. ENCONTROS.
CONVENÇÕES. CICLOS DE PALESTRAS. MESAS REDONDAS
930 – FEIRAS. SALÕES. EXPOSIÇÕES. MOSTRAS. CONCURSOS. FESTAS
940 – VISITAS E VISITANTES
950 – (vaga)
960 – (vaga)
970 – (vaga)
980 – (vaga)
990 – ASSUNTOS TRANSITÓRIOS

910 – SOLENIDADES. COMEMORAÇÕES. HOMENAGENS


Incluem-se nesta subclasse documentos referentes à organização de solenidades, comemorações,
homenagens, bem como aos discursos e palestras proferidas por dirigentes, servidores ou convidados.

920 – CONGRESSOS. CONFERÊNCIAS. SEMINÁRIOS. SIMPÓSIOS. ENCONTROS.


CONVENÇÕES. CICLOS DE PALESTRAS. MESAS REDONDAS
Classificam-se os documentos referentes a eventos, promovidos ou não pelo órgão.

930 – FEIRAS. SALÕES. EXPOSIÇÕES. MOSTRAS. CONCURSOS. FESTAS


Incluem-se nesta subclasse os documentos relativos a eventos promocionais, do órgão ou de outras
instituições, bem como material de divulgação.

940 – VISITAS E VISITANTES


Classificam-se os documentos referentes a solicitações de visitas, orientação e assessoramento a
visitantes.

950 a 980 – (VAGAS)


Estas subclasses mantêm-se vagas para possíveis expansões e inserção de documentos referentes
a ASSUNTOS DIVERSOS.

990 – ASSUNTOS TRANSITÓRIOS


Incluem-se nesta subclasse documentos de caráter genérico, tais como pedidos e cartas de
apresentação e recomendação; comunicações de posse, endereço e afastamento; convites; felicitações
e congratulações; protestos, reivindicações e oferecimentos diversos.

TABELA DE TEMPORALIDADE

Os arquivos possuem um ciclo vital composto pelas fases corrente, intermediária e permanente. Como
saber quando um arquivo cumpriu uma fase de seu ciclo de vida e passou para outra fase? A resposta
está na Tabela de Temporalidade, que é o instrumento que define os prazos de guarda e destinação final
dos documentos.

131
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
A tabela de temporalidade é criada pela comissão de avaliação de documentos formada por
funcionários que conheçam bem a organização, devendo ser aprovada pela autoridade competente da
instituição.
O Prazo de Guarda dos Documentos é um termo técnico da arquivologia que trata do tempo que cada
arquivo deverá permanecer nas fases correntes e intermediárias. As fases do ciclo de vida de um
documento são definas a partir do seu valor documental e de sua frequência de uso, que estão expressas
na Tabela de Temporalidade de Documentos - TTD.
A eliminação de documentos oficiais ou públicos só deverá ocorrer se prevista na tabela de
temporalidade do órgão, aprovada pela autoridade competente na esfera de sua atuação e respeitado o
disposto no art. 9° da Lei n° 8.159, de 8 de janeiro de 1991.

A Tabela de Temporalidade é definida como “Instrumento de destinação, aprovado pela autoridade


competente, que determina prazos de transferência, recolhimento, eliminação e mudança de suporte de
documentos.”

Assim sendo, pode-se definir a Tabela de Temporalidade como o instrumento resultante da etapa de
avaliação do valor dos documentos para a organização e que determina o seu prazo de guarda nas fases
corrente e intermediária, bem como sua destinação final, com vista a garantir o acesso à informação a
todos que dela necessitem. Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos
documentais produzidos e recebidos por uma instituição no exercício de suas atividades, os prazos de
guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanente, além
de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Observe o exemplo da tabela de temporalidade abaixo:

Assunto Prazo de Guarda (anos) Destinação final


Corrente Intermediária
Associações 03 03 Guarda Permanente
Cursos internos 04 - Guarda Permanente
Folha de Pagamento 05 95 Eliminação
Escala de férias 05 - Eliminação

Prazo de Guarda

O prazo de guarda representa o tempo em que um documento ficará arquivado, nas fases corrente e
intermediária. Esse prazo é estipulado pensando, também, nas necessidades de quem elaborou os
documentos. O prazo definido foi em anos.
Para tanto, deve ser definida uma ação concreta para especificar uma data para o conjunto de
documentos. Uma ação concreta poderá ser “até aprovação das contas ou até a quitação da dívida”.
Assim, esse prazo é definido em duas fases:

1ª) Fase Corrente


Fase em que o documento é frequentemente utilizado e deve estar próximo ao departamento que irá
utilizá-lo.

2ª) Fase Intermediária


Fase em que o documento ainda será utilizado pela administração, mas com menor frequência,
podendo ser levado para o depósito.

Segundo a realidade arquivística no Brasil, os prazos de guarda, nessas fases seguem as seguintes
variáveis:

1. Para os órgãos que possuem um local de armazenamento de documentos, mas necessitam de


serviços de arquivamento intermediário é preciso redefinir os prazos de acordo com as características de

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
cada fase, sem alterar o prazo total de guarda. Esses órgãos devem possuir um seguintes setores para
armazenamento:
- Arquivo Setorial: aquele que está dentro da organização;
- Arquivo Central: (fase intermediária I) que está no depósito dentro do órgão e pode ser requerido a
qualquer momento;
- Arquivo Intermediário: (fase intermediária II) a gestão será feita por uma instituição arquivística
pública nas esferas federal, estadual e municipal.

2. Por sua vez, para os órgãos com local para armazenamento (arquivo central), mas sem serviços de
arquivamento intermediário, deve-se utilizar o arquivamento corrente e o arquivo central funcionará como
arquivo intermediário. Para isso deverá obedecer os prazos e recolher o arquivo permanente.

3. Para os órgãos sem local para armazenamento, mas com serviços de arquivamento intermediário.
Os próprios órgãos poderão armazenar os documentos e estarão na fase de arquivamento corrente
(transferindo documentos), após o prazo de guarda, levar para o arquivo intermediário que recolherá o
arquivo permanente.

4. Já para os órgãos sem local para armazenamento e sem serviços de arquivamento intermediário,
os próprios órgãos farão o armazenamento dos documentos próximo ao local de trabalho
(armazenamento corrente) e a guarda intermediária pelo próprio órgão ou pelo arquivo público.

Destinação Final

Momento em que o documento já poderá ser eliminado, caso não represente valor secundário
(probatório ou informativo) ou a guarda permanente, quando os documentos são guardados para prova,
informação ou pesquisa.
A guarda permanente dos documentos será sempre feita por uma instituição arquivística pública, como
o Arquivo Nacional e arquivos públicos estaduais e municipais. Um exemplo disso é o Arquivo Público do
Distrito Federal, que guarda informações sobre a história da capital em diversos formatos multimídia.
Existem instituições que guardam os seus próprios arquivos permanentes, sob orientação técnicas dos
arquivos públicos, garantindo o intercâmbio de informações sobre os respectivos acervos.

Observações
Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e
aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos
documentais avaliados.

A necessidade de comunicação é tão antiga como a formação da sociedade humana, o homem, talvez
na ânsia de se perpetuar, teve sempre a preocupação de registrar suas observações, seu pensamento,
para deixar como legado às gerações futuras.
Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada mais é do que registrar e guardar. Por sua vez,
no seu sentido mais simples, guardar é arquivar.
Por muito tempo reinou uma completa confusão sobre o verdadeiro sentido da biblioteca, museu e
arquivo. Indiscutivelmente, por anos e anos, estas instituições tiveram mais ou menos o mesmo objetivo.
Eram elas depósitos de tudo o que se produzira a mente humana, isto é, do resultado do trabalho
intelectual e espiritual do homem.
O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, evita repetição desnecessária de experiências,
diminui a duplicidade de documentos, revela o que está por ser feito, o que já foi feito e os resultados
obtidos. Constitui fonte de pesquisa para todos os ramos administrativos e auxilia o administrador a
tomada de decisões.

Questões

01. (TRE/CE - Técnico Judiciário - FCC) A tabela de temporalidade é instrumento utilizado


(A) no controle da expedição de documentos.
(B) na organização dos documentos em estantes e prateleiras.
(C) na restauração de documentos deteriorados.

133
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(D) no processo de destinação dos documentos.
(E) na distribuição dos documentos por assunto.

02. (IF/MT - Auxiliar em Administração - UFMT) ___________ é o instrumento utilizado para


determinar os prazos em que os documentos devem ser mantidos nos arquivos correntes e ou
intermediários, ou recolhidos aos arquivos permanentes, estabelecendo critérios para microfilmagem ou
eliminação. Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
(A) Catálogo
(B) Tabela de equivalência
(C) Tabela de temporalidade
(D) Inventário analítico

03. (MPU - Analista de Documentação - FCC) Em uma tabela de temporalidade é importante indicar
prazos de
(A) retenção, isto é, sequência de diligências e ações prescritas para o andamento de documentos de
natureza administrativa, até seu julgamento ou solução.
(B) segurança, isto é, esquema preestabelecido para armazenamento, ordenação e classificação de
documentos de valor primário.
(C) vigência, isto é, qualidade pela qual permanecem efetivos e válidos os encargos e disposições
contidos nos documentos.
(D) jurisdição, isto é, competência legalmente atribuída a determinados documentos relacionados com
o patrimônio público.
(E) prescrição, isto é, condição pela qual se renovam os dispositivos que asseguram aquisição ou
perda de direitos contidos em documentos.

04. (ISSBLU/SC - Agente Administrativo - FURB) Quando falamos de tabela de temporalidade, nos
referimos ao documento que:
(A) Determina os documentos que ficam no arquivo corrente, no intermediário ou no permanente.
(B) Define prazos de guarda e destinação dos documentos.
(C) Define o tempo que cada documento permanece no arquivo corrente.
(D) Determina se os arquivos são franqueados, restritos ou confidenciais.
(E) Classifica os documentos como de valor primário ou secundário.

05. (CNMP - Analista do CNMP - FCC) A tabela de temporalidade de documentos de arquivo é um


instrumento de
(A) transferência.
(B) busca.
(C) destinação.
(D) tombamento.
(E) periodização.

06. (BNDES - Técnico de Arquivo - CESGRANRIO)

Assunto Prazo de Guarda (anos) Destinação final Observação


Corrente Intermediária

O formulário acima é a representação da tabela de


(A) classificação.
(B) avaliação.
(C) temporalidade.
(D) arquivamento.
(E) eliminação.

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07. (DPE/MT - Assistente Administrativo - FGV) A seguir temos a representação de uma pequena
parte de uma Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos sem os títulos de cada coluna:

I II III
Serviço telefônico 074 2 anos Eliminação
Listas telefônicas internas 074.2 Enquanto vigora Eliminação

Ações judiciais 091 De 5 a 95 anos Guarda permanente


Solenidades 910 1 ano Eliminação

As colunas I, II e III correspondem respectivamente, a:


(A) espécie documental, prazos de guarda e observação.
(B) assunto, código de classificação e prazos de guarda.
(C) plano de classificação, observação e prazos de guarda.
(D) código de classificação, prazos de guarda e destinação final.
(E) número do documento, ciclo documental e controle.

08. (IF/AP- Técnico em Arquivo - FUNIVERSA) A destinação final dos documentos em uma tabela
de temporalidade é o(a)
(A) transferência ao arquivo intermediário.
(B) transferência ao arquivo corrente.
(C) recolhimento ao arquivo setorial.
(D) recolhimento ao arquivo permanente.
(E) reformatação do suporte.

09. (SEGEP/MA - Agente Penitenciário - FUNCAB) A Tabela de Temporalidade de Documentos de


Arquivo resulta da atividade de:
(A) classificação, que recupera o contexto de produção dos documentos de arquivo agrupando-os de
acordo com o órgão produtor, a função, a subfunção e a atividade responsável por sua produção ou
acumulação.
(B) avaliação, que recupera o contexto de produção dos documentos de arquivo agrupando-os de
acordo com o órgão produtor, a função, a subfunção e a atividade responsável por sua produção ou
acumulação.
(C) avaliação, que define prazos de guarda para os documentos em razão de seus valores
administrativo, fiscal, jurídico-legal, técnico, histórico, autoriza a sua eliminação ou determina a sua
guarda permanente.
(D) avaliação, que define prazos de guarda para os documentos em razão de seus valores
administrativo, fiscal, jurídico-legal, técnico, histórico, que não permite a sua eliminação, determinando a
sua guarda permanente.
(E) classificação, que define prazos de guarda para os documentos em razão de seus valores
administrativo, fiscal, jurídico-legal, técnico, histórico, autoriza a sua eliminação ou determina a sua
guarda permanente.

10. (IF/PE - Arquivista - IF-PE/2017) Acerca da Tabela de Temporalidade, é INCORRETO afirmar que
se trata de um instrumento que:

(A) Auxilia no processo de avaliação com a finalidade de reduzir massa documental acumulada.
(B) Define os prazos de guarda e a destinação dos documentos.
(C) Autoriza a eliminação criteriosa de documentos.
(D) Dá visibilidade à hierarquia e reflete as funções, subfunções e atividades do organismo produtor.
(E) Em se tratando de documentos públicos, deve ser encaminhada para aprovação de instituição
arquivística competente de acordo com o que determina a lei.

Gabarito

01.D / 02. C / 03. C / 04. B / 05. C / 06. C / 07. D / 08. D / 09. C / 10. D

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Comentários

01. Resposta: D
A tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico resultante de avaliação, que tem por objetivos
definir prazos de guarda e destinação de documentos, com vista a garantir o acesso à informação a
quantos dela necessitem.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e
recebidos por uma instituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e
intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanente –, além de um campo para
observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

02. Resposta: C
A tabela de temporalidade é um instrumento da avaliação de documentos, estabelece os prazos em
que os documentos ficarão em cada fase (corrente, intermediária e permanente).

03. Resposta: C
A Tabela de Temporalidade é um instrumento arquivísitico de análise documental que tem como
objetivo:
- Eliminar documentos que não tenham valor secundário; ou
- Guardar permamentemente os documentos com valor secundário.
Para que tais objetivos sejam exercidos, é necessário observar na Tabela de Temporalidade os Prazos
de Guarda dos documentos.
Muitos bons concurseiros caíram nessa questão porque olharam na retenção o sinônimo de guarda,
estaria certo, se não fosse a definição em seguida:
a) Retenção, isto é, sequência de diligências e ações prescritas para o andamento de documentos de
natureza administrativa, até seu julgamento ou solução.
Tal definição não se compactua com o Prazo de Guarda que esta expressamente contida na alternativa
C:
c) Vigência, isto é, qualidade pela qual permanecem efetivos e válidos os encargos e disposições
contidos nos documentos.
Nessa alternativa vigência é sinônimo de Atualidade, usado para expressar que numa Tabela de
Temporalidade o Prazo de Vigência (Prazo de Atualidade) é a qualidade pelo qual um documento
permanece atual, e por isso é mantido no Arquivo Corrente, e dependendo o sua vigência, será
encaminhado para a Guarda Permamente por ter valor secundário. Nesse caso, ele não é atual no seu
uso, mas, é atual no sentido de comprovar ou informar fatos.

04. Resposta: B
Tabela de temporalidade é o instrumento/meio com o qual se determina o prazo de permanência de
um documento em um arquivo e sua destinação após este prazo, pois existem documentos que devem
ser guardados por mais tempo como os relacionados às áreas contábil, fiscal, financeira e pessoal. Ela é
muito utilizada pelos órgãos públicos, é importante frisar que a eliminação de documentos de arquivos,
devem obedecer às normas do CONARQ, em destaque os documentos produzidos por todos os órgãos
integrantes do poder público.

05. Respostas: C
Como visto, a tabela de temporalidade é um instrumento arquivístico resultante da avaliação dos
documentos. Ela tem por objetivos definir os prazos de guarda (tempo necessário para o arquivamento
dos documentos nas fases CORRENTE E INTERMEDIÁRIO, visando atender exclusivamente às
necessidades da administração que os gerou) e a destinação de documentos (encaminhamento de
documentos para guarda permanente, descarte ou eliminação), com vista a garantir o acesso à
informação aos que dela necessitarem, seja a própria instituição ou o público externo.

06. Resposta: C
Refere-se à tabela de Temporalidade.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
07. Resposta: D
A Tabela de Temporalidade de Documentos de Arquivo resulta da atividade de avaliação, que define
prazos de guarda para os documentos em razão de seus valores administrativo, fiscal, jurídico-legal,
técnico, histórico, autoriza a sua eliminação ou determina a sua guarda permanente.

08. Resposta: D
No campo da destinação final é registrada a destinação estabelecida que pode ser a eliminação,
quando o documento não apresenta valor secundário (probatório ou informativo) ou a guarda permanente,
quando as informações contidas no documento são consideradas importantes para fins de prova,
informação e pesquisa.

09. Resposta: C
A tabela de temporalidade deverá contemplar as atividades-meio e atividades-fim de cada órgão
público. Desta forma, caberá aos mesmos definir a temporalidade e destinação dos documentos relativos
às suas atividades específicas. Posteriormente, esta deverá ser encaminhada à instituição arquivística
pública para aprovação e divulgação, por meio de ato legal que lhe confira legitimidade.

10. Resposta: D
Dentre as alternativas expostas, a que não se enquadra na finalidade da tabela de temporalidade é a
questão D, as demais tem conceitos chaves que definem a tabela.
Questão A: Auxilia no processo de avaliação.
Questão B: Define os prazos de guarda e a destinação dos documentos
Questão C: Eliminação de documentos
Questão E: Encaminhamento para aprovação.

Noções básicas de conservação e preservação de documentos

Os acervos bibliográficos possuem um ciclo de vida e desde o momento da sua criação inicia-se o
processo de envelhecimento. Dessa forma, deduz-se a difícil tarefa das bibliotecas que possuem
materiais passíveis de alterações em decorrência de agentes como microrganismos, roedores, insetos e
outras pragas que encontram no próprio acervo sua fonte de alimentação.
Fatores naturais também podem influir na vida útil do acervo, tal como, a poluição atmosférica que
provoca a oxidação da celulose, até mesmo a umidade e luminosidade inadequadas são capazes de
provocar mudanças químicas no papel resultando em sua degeneração.
Um documento deve ser conservado em local apropriado, com temperatura e umidade baixas, em um
local elevado, e acondicionado de maneira adequada.
A identificação da natureza dos materiais componentes dos acervos e seu comportamento diante dos
fatores aos quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de
conservação para minimizá-los. Os acervos de bibliotecas e arquivos são em geral constituídos de livros,
mapas, fotografias, obras de arte, revistas, manuscritos, que utilizam, em grande parte, o papel como
suporte da informação, além de tintas das mais diversas composições.

Principais Operações de Conservação

a) Desinfestação: combate ou inibe as atividades dos insetos. O método mais eficiente para combatê-
los é a fumigação.
b) Limpeza: fase posterior à fumigação. Os documentos devem ser limpos com um pano macio, um
aspirador de pó, uma escova adequada.
c) Alisamento: documentos são passados a ferro.
d) Restauração: são utilizados determinados procedimentos para recuperar documentos em mau
estado físico de conservação. É feita por especialistas dessa área (requer muito conhecimento desses
profissionais).

 Tratamento químico realizado com produtos voláteis (gás) em um sistema hermético, visando a desinfestação de materiais que não podem ser submetidos à

outras formas de tratamento.

137
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Moi106 define preservação, conservação e restauração da seguinte forma:

Preservação: é um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional


que contribuem direta ou indiretamente para a preservação da integridade dos materiais.

Conservação: é um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de


degradação de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos
(higienização, reparos e acondicionamento).

Restauração: é um conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos


ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a não
comprometer sua integridade e seu caráter histórico.

Técnicas de Conservação

No processo de conservação, a primeira etapa a ser realizada é o diagnóstico das condições físicas
do documento e os fatores que influenciam na conservação e preservação.

Fatores de Deterioração em Arquivos e Bibliotecas


Temperatura e Umidade Relativa: o calor e a umidade relativa do ar influenciam diretamente na
conservação dos documentos, principalmente quando for em papel. O calor acelera a deterioração do
documento, e a umidade proporciona as condições necessárias para desencadear reações químicas nos
materiais. A temperatura recomendada é o mais próximo de 20ºC e a umidade entre 45% e 50%. A
circulação do vento também é importante para a amenizar os efeitos da temperatura e umidade do ar. O
monitoramento desses dois fatores é feito através do termo-higrômetro ou termohigrógrafo (aparelho
medidor de temperatura e umidade).

Radiação da Luz: toda fonte de luz (natural e artificial) emitem radiação nociva aos documentos,
principalmente a oxidação, tornando os papeis amarelados, quebradiços, escurecidos, e as tintas podem
desbotar ou mudar de cor, alterando a legibilidade dos documentos.

Qualidade do Ar: o controle da qualidade do ar é essencial para conservação dos documentos, e os


poluentes contribuem para a deterioração dos documentos e acervos. Há dois tipos de poluentes, os
gases e as partículas sólidas, que podem vir do ambiente externo ou podem ser gerados no próprio
ambiente.

Agentes Biológicos: os agentes biológicos que deterioram os acervos são, entre outros, insetos
(baratas, brocas, cupins), roedores e os fungos, e a presença destes dependem das condições ambientais
onde se encontram os documentos. As características ambientais que proporciona o aparecimento
desses agentes são a temperatura e umidade elevadas, pouca circulação do ar, falta de higiene, etc.

Conservação

Principais critérios para boa conservação dos arquivos:


Higienização: A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os documentos, portanto, a
higienização do ambiente deve ser um hábito de rotina, tornando-se uma ação preventiva para a
conservação. Cada item deve ser avaliado para receber a higienização adequada, exceto nos casos em
que o objeto apresenta condições como fragilidade física (rasgos, objetos com áreas finas), e papéis de
textura muito porosa (papel japonês, papel de textura fragilizada).
Os materiais utilizados para a limpeza superficial é realizada com pincéis, flanela macia, aspirador de
pó, e outros materiais (pinça, bisturi, cotonete, agulha).

Para uma melhor preservação de documentos107, veja algumas dicas relevantes:

1) A luz do dia (natural) deve ser abolida na área de armazenamento, porque enfraquece o papel.
A própria luz artificial deve ser usada com cuidado.

106 MOI, C. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: 2000
107 Arquivo Nacional. VALENTINI, 2013.

138
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
2) O ar seco e a umidade enfraquecem o papel, e esta provoca mofo.

3) A temperatura deve ser baixa. O calor constante destrói as fibras do papel. A umidade também
deve ser baixa. Tentar mantê-las estáveis sempre, sem oscilações.

4) As mãos devem estar sempre limpas e livres de sujeira e gorduras. Sempre que possível, utilize
luvas de algodão para manipular documentos, fotografias e gravuras.

5) Tintas e grafites podem causar danos à documentação, manchando, causando riscos,


perfurações ou rasgos.

6) Não dobre o canto da folha para marcar páginas. Esta dobra, no futuro, poderão causar o
rompimento do papel. Utilize marcadores de livros em papel livre de acidez.

7) Não umedeça o dedo com a saliva para virar as folhas de um livro. Ela afeta a sua saúde e
pode provocar o desenvolvimento de micro-organismos na documentação.

8) Não use clipes e grampos metálicos. Utilize clipes plásticos ou proteja os documentos com um
pequeno pedaço de papel na área de contato.

9) Evite cópias xerox de documentos. A luz ultravioleta causa danos cumulativos irreversíveis e o
manuseio provoca dobras e rasgos nas lombadas.

10) Cuidado ao retirar um documento de uma estante ou caixa. Evite rasgos, danos nas capas e
lombadas, segurando-o corretamente na parte mediana da encadernação.

11) Os poluentes são os principais agentes de deterioração dos acervos, catalisando reações
químicas danosas (levando à formação de ácidos; e sujam, arranham e desfiguram os materiais).

12) Utilizar aparelhos de ar condicionado somente se puderem ficar ligados durante o dia e à
noite; caso contrário, os danos são muito maiores.

13) Fitas de vídeo devem ser rebobinadas periodicamente e mantidas na posição vertical com
a bitola cheia voltada para baixo.

14) Disquetes e outros meios eletrônicos devem ser mantidos longe de campos
eletromagnéticos (computadores, aparelhos de som e TV etc.) e livres de poeira, umidade e
temperaturas altas.

Restauração

A restauração só é feita mediante diversos testes. O material de que a obra é feita tem de ser estudado,
para se desenvolver o melhor tratamento.
Mas se não há outro jeito e o livro está prestes a rasgar e/ou desmontar, é preciso levá-lo aos cuidados
de técnicos especialistas em restauração.
É importante mencionar que o reparo não faz com que os livros fiquem como se tivessem acabado de
sair da loja. A ética dos restauradores é respeitar a história de vida das obras, o interesse não é que
pareçam novas, mas que vivam um pouco mais.

O trato correto aos suportes de informação viabiliza a pesquisa, a construção da história e do


conhecimento de forma sólida. No âmbito da biblioteconomia, quando se fala de preservação e
conservação de documentos, o bibliotecário deve assumir uma posição de gestor da informação, ou seja,
deve assumir, deve ter uma postura de um profissional bem informado com noções mínimas dos agentes
que podem deteriorar o acervo.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Questões

01. (Polícia Científica/PE - Auxiliar de Perito - CESPE) No tratamento de uma massa documental
acumulada, o primeiro procedimento a ser realizado com foco na conservação e preservação deve ser
o(a)
(A) transferência.
(B) recolhimento.
(C) emulação.
(D) transcrição.
(E) higienização.

02. (ANS - Técnico Administrativo - FUNCAB) A preservação de documentos visa à manutenção da


integridade dos suportes documentais e do teor informacional dos documentos ao longo das épocas.
No que se refere à preservação e conservação de documentos, assinale a opção que contém uma
medida preventiva correta acerca dos procedimentos adotados nos arquivos.
(A) É indicado o uso de cola plástica comum para pequenas restaurações dos documentos em suporte
papel.
(B) O uso de luvas de borracha é recomendável para o manuseio das fotografias e dos negativos
existentes no acervo arquivístico.
(C) As embalagens devem ser de tamanho maior que os documentos em suporte papel a fim de se
evitar dobras e demais danos.
(D) A higienização dos documentos deve ser realizada somente nas fases corrente e intermediária.
(E) Para o registro de código de classificação nos documentos, deve ser utilizada caneta esferográfica
de cor preta.

03. (ANP - Técnico Administrativo - CESGRANRIO) Os documentos de arquivo exigem cuidados


específicos para não se deteriorarem. A luz direta, o ar seco, a umidade e a oscilação de temperatura são
fatores prejudiciais aos documentos.
Considerando-se que a umidade relativa do ar, no interior de um arquivo, encontra-se entre 70% e
90%, o que pode acontecer com os documentos?
(A) Surgimento de gelatina
(B) Desenvolvimento de laminação
(C) Oxidação da celulose
(D) Ressecamento do papel
(E) Desenvolvimento de fungos

04. (ANP - Técnico Administrativo - CESGRANRIO) Muitos arquivos têm grande parte de seus
acervos danificados, pois os cuidados restringem-se ao controle de insetos, por meio de inseticidas que
são tóxicos e que agridem o papel. Para evitar problemas futuros nos arquivos, recomenda-se
desenvolver um programa de preservação que deve ser iniciado pelo controle preventivo de agentes
patogênicos.

Para isso, o programa de preservação deverá ser desenvolvido com a adoção do seguinte
procedimento:
(A) profusão de enxofre
(B) higienização sistemática
(C) desestabilização de temperatura
(D) compactação periódica
(E) encapsulação sistêmica

05. (FUB - Técnico em Arquivo - CESPE) Em relação à preservação e à conservação de documentos,


julgue o item a seguir.
O documento de arquivo pode sofrer danos caso haja flutuações de temperatura e de umidade relativa
do ar no local onde esteja armazenado.
( ) Certo ( ) Errado

06. (IF/RN - Técnico em Arquivo - FUNCERN) Define-se conservação documental como um conjunto
de

140
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(A) medidas de ordem administrativa, política e operacional que contribuem direta ou indiretamente
para a preservação da integridade dos materiais.
(B) medidas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo
documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu
caráter histórico.
(C) ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de degradação de documentos ou
objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos.
(D) ações de prevenção continuada e de recuperação de danos advindos da degradação de
documentos ou objetos, causadas, ao longo do tempo e do uso, por fatores ambientais por meio de
tratamentos específicos.

07. (UFRJ - Auxiliar em Administração - PR-4Concursos) O termohigrógrafo é um instrumento muito


utilizado no que diz respeito às técnicas de conservação preventiva. Assim, podemos afirmar que sua
função é fornecer a:
(A) leitura momentânea da umidade relativa do ar ambiente
(B) medição de luz, umidade e temperatura relativa.
(C) medição e registro da temperatura e umidade relativa do ar ambiente.
(D) leitura da umidade e de partículas do ar ambiente.
(E) temperatura e a incidência de luz do ambiente.

08. (FUB - Técnico em Arquivo - CESPE) Em relação à preservação e à conservação de documentos,


julgue o item a seguir.
Uma alternativa para proteger documentos da poluição presente no ar é acondicioná-los em invólucros
que absorvam os poluentes.
( ) Certo ( ) Errado

09. (IF/PR - Arquivista - CETRO) Com relação à preservação, à conservação e à restauração, marque
V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A preservação pode ser definida como um conjunto de medidas e estratégicas em âmbito
administrativo, operacional e político que contribuem, direta ou indiretamente, para preservar a
integridade dos materiais.
( ) A conservação busca manter o documento o mais próximo possível do estado físico que possuía
na ocasião em que foi criado.
( ) O dano causado aos documentos em função da exposição à luz não é cumulativo.
(A) V/ V/ F
(B) F/ F/ V
(C) F/ V/ F
(D) F/ V/ V
(E) V/ V/ V

Gabarito

01.E. / 02. C / 03. E / 04. B / 05.CERTA / 06. C / 07. C / 08.Certa / 09. A.

Comentários

01. Resposta: E
a) Transferência: O documento passa da 1ª idade para a 2ª idade (arquivo corrente para arquivo
intermediário)
b) Recolhimento: O documento passa da 1ª ou 2ª idade para a 3ª idade (arquivo corrente ou
intermediário para arquivo permanente)
c) Emulação: Tem a ver com a padronização para a produção de documentos eletrônicos
d) Transcrição: Transcrever algo já documentado
e) Higienização: Técnica de conservação de documento, também chamada de Limpeza, consiste na
retirada de poeira.

02. Resposta: C
a) Errada. Usos recomendáveis da cola plástica: "Nivelar ou corrigir imperfeições em repintura
automotiva, peças metálicas, mármores, granitos."

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
b) Errada. As luvas que são recomendadas para manuseio de negativos são de algodão e não de
borracha.
c) Correta. As medidas de caixa, envelopes ou pastas devem respeitar formatos padronizados e
devem ser SEMPRE SUPERIORES às dos documentos que irão abrigar.
d) Errada. São atividades do arquivo permanente: arranjo, descrição, publicação, conservação e
referência. Higienização faz parte da conservação e é atividade de arquivo permanente.
e) Errada. Autuação de documentos que é atividade de protocolo, não tem relação com conservação
e preservação.

03. Resposta: E
Os fungos são microrganismos que se alimentam das substâncias orgânicas do papel. De modo geral,
se desenvolvem em condições de umidade e temperatura elevadas. Os fungos possuem uns filamentos
que podem promover alguns tipos de rasgos nos papéis. Porém, o pior dano são as manchas deixadas
como resultado de sua atividade de metabolização das substâncias que os alimentam. Esta ação gera a
ruptura da cadeia molecular da celulose, ocasionando sua fragilidade. Os ataques mais graves podem
acarretar o apodrecimento e a perda total do papel. A disseminação dos fungos se dá através dos esporos
(células reprodutoras), que são carregados por meio de diversos veículos, p.ex. correntes aéreas, gotas
d’água, insetos, vestuários, etc.

04. Resposta: B
Higienização Trata da eliminação mecânica de todas as sujidades que se encontram nos documentos
e dos agentes considerados agressores, tais como: os clipes oxidados ou não, os excrementos de insetos,
os grampos metálicos, os itens generalizados utilizados como marcadores de páginas, as poeiras e, todos
os elementos espúrios à estrutura física dos documentos.

05. Resposta: Certa


O ar seco e a umidade enfraquecem o papel, e esta provoca mofo, e a temperatura deve ser baixa. O
calor constante destrói as fibras do papel. A umidade também deve ser baixa. Tentar mantê-las estáveis
sempre, sem oscilações.

06. Resposta: C
A Conservação é um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de
degradação de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos
(higienização, reparos e acondicionamento).

07. Resposta: C
O termo-higrômetro ou termohigrógrafo é utilizado para realizar o monitoramento da umidade relativa
do ar e da temperatura.

08. Resposta: Certa


Invólucros absorverão os poluentes com o intuito de proteger os documentos, pois se os documentos
absorvessem (diretamente) poluentes, sua "vida útil" estaria comprometida.

09. Resposta: A
A Preservação é um conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional
que contribuem direta ou indiretamente para a preservação da integridade dos materiais. A Conservação
é um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de degradação de documentos
ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos (higienização, reparos e
acondicionamento). E Toda fonte de luz (natural e artificial) emitem radiação nociva aos documentos,
principalmente a oxidação, tornando os papeis amarelados, quebradiços, escurecidos, e as tintas podem
desbotar ou mudar de cor, alterando a legibilidade dos documentos.

Noções de métodos de arquivamento

Conceito dado pelo Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, revela que métodos de
arquivamento é: Sequência de operações que determina a disposição dos documentos de um arquivo ou

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
coleção, uns em relação aos outros, e a identificação de cada unidade. Resumindo, consiste na guarda
de documentos.

O uso de métodos de arquivamento apropriados é muito importante para o organismo, pois dessa
forma quem trabalha com a documentação irá organizá-la melhor (arranjo, disposição), a fim de recuperá-
la com rapidez quando for necessário.

Escolha do Método Adequado

Cada organismo deve adotar métodos de arquivamento que atendam às suas necessidades
específicas, levando-se em consideração a estrutura da entidade e as características dos documentos a
serem arquivados.
O ideal é a instituição não adotar um único método de arquivamento, e sim vários deles, considerando
sempre a documentação existente nos setores componentes de determinada empresa.

Métodos de Arquivamento

Os métodos de arquivamento são determinados pela natureza dos documentos a serem arquivados e
pela estrutura da entidade. São divididos em: Básicos e Padronizados.

Básicos
Podemos divididos em:
• alfabético (principal elemento a ser considerado num documento: nome)
• geográfico (principal elemento: local ou procedência)
• numérico (principal elemento: número)
• ideográfico (principal elemento: assunto)

Padronizados
São divididos em:
- Variadex: é o método alfabético, acrescentando cores (excelente auxiliar mnemônico) às letras.
Trabalha-se com 5 cores diferentes. As cores são atribuídas em função da 2ª letra do nome de entrada
no arquivo. As guias são coloridas e as notações alfabéticas.
Ex.: LETRAS → CORES
O, P, Q e abreviações → azul
Cores convencionadas:
A – D e abreviações – ouro ou laranja
E – H e abreviações – rosa ou amarelo
I – N e abreviações – verde
O – Q e abreviações – azul
R – Z e abreviações – palha ou violeta

As cores são cambiáveis, de acordo com as nossas conveniências


Obs.: Não precisa memorizar a tabela acima. Numa prova, aparece um nome específico, e aí basta
ao candidato usar as regras de alfabetação, e atribuir a cor em função da segunda letra do nome de
entrada no arquivo, como mostra o exemplo da cliente Carolina Souto Neto. A tabela vem inserida na
prova.

- Automático: usa-se para arquivar nomes, evitando acumular pastas de sobrenomes iguais. Combina
letras, números e cores

- Soundex: usa-se para arquivar nomes, reunindo-os pela semelhança da pronúncia, apesar de a
grafia ser diferente.

- Mnemônico: usa-se para codificar os assuntos através da combinação de letras em lugar de


números. As letras são consideradas símbolos, pelo fato de este método pretender auxiliar a memória do
arquivista, a fim de possibilitar, de forma mais ágil, a recuperação da informação.

- Rôneo: combina letras, números e cores. Está obsoleto.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Observações:
1ª) Os métodos numéricos podem ser: simples/cronológico/dígito-terminal
2ª) Os métodos ideográficos podem ser:
• alfabético (enciclopédico/dicionário)
• numérico (duplex/decimal /unitermo ou indexação coordenada)

Sistemas

Os métodos básicos e padronizados fazem parte de dois grandes sistemas, o Direto e Indireto

Sistema Direto
O próprio nome sugere: busca direta ao local de guarda do documento, sem o auxílio de índice ou
quaisquer outros instrumentos de pesquisa.
Exemplos: métodos alfabético e geográfico.

Sistema Indireto
Para recuperar o documento é necessário recorrer a um índice alfabético remissivo ou a um
determinado código.
Exemplo: métodos numéricos.

Descrição dos Métodos

Método Alfabético
É o sistema mais simples, fácil, lógico e prático, porque obedecendo à ordem alfabética pode-se logo
imaginar que não apresentará grandes dificuldades nem para a execução do trabalho de arquivamento,
nem para a procura do documento desejado, pois a consulta é direta.

Método Numérico Simples


Consiste em numerar as pastas em ordem da entrada do correspondente ou assunto, sem nenhuma
consideração à ordem alfabética dos mesmos, dispensando assim qualquer planejamento anterior do
arquivo. Para o bom êxito deste método, devemos organizar dois índices em fichas; numas fichas serão
arquivadas alfabeticamente, para que se saiba que numero recebeu o correspondente ou assunto
desejado, e no outro são arquivadas numericamente, de acordo com o número que recebeu o cliente ou
o assunto, ao entrar para o arquivo. Este último índice pode ser considerado tombo (registro) de pastas
ocupadas e, graças a ele, sabemos qual é o último número preenchido e assim destinaremos o número
seguinte a qualquer novo cliente que seja registrado.

Método Alfabético Numérico


Como se pode deduzir pelo seu nome, é um método que procurou reunir as vantagens dos métodos
alfabéticos simples e numérico simples, tendo alcançado seu objetivo, pois desta combinação resultou
um método que apresenta ao mesmo tempo a simplicidade de um e a exatidão e rapidez, no
arquivamento, do outro. É conhecido também pelo nome de numeralfa e alfanumérico.

Método Geográfico
Este método é muito aconselhável quando desejamos ordenar a documentação de acordo com a
divisão geográfica, isto é, de acordo com os países, estados, cidades, municípios etc. Nos departamentos
de vendas, por exemplo, é de especial utilidade para agrupar os correspondentes de acordo com as
praças onde operam ou residem.

144
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Método Específico ou por Assunto
Indiscutivelmente, o método específico, representado por palavras dispostas alfabeticamente, é um
dos mais difíceis processos de arquivamento, pois, consistindo em agrupar as pastas por assunto,
apresenta a dificuldade de se escolher o melhor termo ou expressão que defina o assunto. Temos o
vocabulário todo da língua à nossa disposição e justamente o fato de ser tão amplo o campo da escolha
nos dificulta a seleção acertada, além do que entra muito o ponto de vista pessoal do arquivista, nesta
seleção.

Método Decimal
Este método foi inspirado no Sistema Decimal de Melvil Dewey. Dewey organizou um sistema de
classificação para bibliotecas, muito interessante, o qual conseguiu um grande sucesso. Fora publicado
em 1876.
Dividiu ele os conhecimentos humanos em dez classes, as quais, por sua vez, se subdividiram em
outras dez, e assim por diante, sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, graças à sua base decimal.

Método Simplificado
Este a rigor não deveria ser considerado propriamente um método, pois, na realidade, nada mais é do
que a utilização de vários métodos ao mesmo tempo, com a finalidade de reunir num só móvel as
vantagens de todos eles.

Questões

01. (UFABC - Assistente em Administração - VUNESP/2019) Na biblioteca da Universidade


Saberes e Conhecimentos optou-se por organizar documentos tendo por base a divisão por 10 classes
principais, que, por sua vez, são divididas em subclasses. O nome desse método de arquivamento é
(A) Variadex.
(B) Duplex.
(C) Numérico dígito-terminal.
(D) De classificação decimal.
(E) Numérico cronológico.

02. (LIQUIGAS - Assistente Administrativo I - CESGRANRIO/2018) O conceito de arquivamento é


um dos mais significativos na arquivística brasileira, sendo assim definido:
(A) Série de etapas na qual passam os documentos, caracterizados em intervalos de tempo, de
acordo com sua frequência de utilização e vigência.
(B) Operação que consiste na guarda de documentos.
(C) Forma ou modelo de cada móvel destinado à guarda de documentos.
(D) Ordenação estrutural ou funcional dos documentos.
(E) Processo de análise de documentos de arquivo que visa a estabelecer o tempo de guarda.

03. (AL/RO - Assistente Legislativo - FGV/2018) O sistema de arquivamento em que é necessária


a consulta de um índice para localizar o documento, é chamado de
(A) Numérico.
(B) Alfabético.
(C) Direto.
(D) Indireto.
(E) Variável

04. (ARCON/PA - Auxiliar de Regulação de Serviços Públicos - IADES/2018) O método de


arquivamento é determinado pela(o)
(A) Natureza dos documentos.
(B) Espécie documental.
(C) Formato do documento.
(D) Suporte do documento.
(E) Gênero do documento.

Gabarito

01.D / 02. B / 03.D / 04.A

145
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Comentários

01. Resposta: D
É dividido em dez classes, as quais, por sua vez, se subdividiram em outras dez e assim por diante,
sendo infinita essa possibilidade de subdivisão, graças à sua base decimal.

02. Resposta: B
É a Sequência de operações que determina a disposição dos documentos de um arquivo ou coleção,
uns em relação aos outros, e a identificação de cada unidade. Resumindo, consiste na guarda de
documentos.

03. Resposta: D
No Sistema Indireto, para recuperar o documento é necessário recorrer a um índice alfabético
remissivo ou a um determinado código.

04. Resposta: A
Os métodos de arquivamento são determinados pela natureza dos documentos a serem arquivados e
pela estrutura da entidade.

Redação Oficial

REDAÇÃO OFICIAL

Caro(a) Candidato(a), o Manual de Redação da Presidência108 possui 6 capítulos. Em nossa apostila,


abordaremos apenas os Capítulos I e II, sendo os mais cobrados nas provas.

CAPÍTULO I - ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL

Comunicação Oficial

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são
necessários:
a) Alguém que comunique;
b) Algo a ser comunicado;
c) Alguém que receba essa comunicação.

No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o serviço público (este/esta ou aquele/aquela
Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum
assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; e o destinatário dessa comunicação é o público,
uma instituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo ou dos outros Poderes.
Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a finalidade do documento, para que o texto
esteja adequado à situação comunicativa.
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e nos expedientes oficiais
decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado se,
em sua elaboração, for empregada a linguagem adequada.
O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e
objetividade.

Redação Oficial

Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige

108 Manual de Redação da Presidência - 3° edição: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-


republica/manual-de-redacao.pdf

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
comunicações oficiais e atos normativos. Neste Manual, interessa-nos tratá-la do ponto de vista da
administração pública federal.
A redação oficial não é necessariamente árida e contrária à evolução da língua. É que sua finalidade
básica - comunicar com objetividade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular etc.
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à análise
pormenorizada de cada um de seus atributos.

Atributos da Redação Oficial


A redação oficial deve caracterizar-se por:
- Clareza e precisão;
- Objetividade;
- Concisão;
- Coesão e coerência;
- Impessoalidade;
- Formalidade e padronização;
- Uso da norma padrão da língua portuguesa.

Fundamentalmente, esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no art. 37: “A administração
pública direta, indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
(...)”. Sendo a publicidade, a impessoalidade e a eficiência princípios fundamentais de toda a
administração pública, devem igualmente nortear a elaboração dos atos e das comunicações oficiais.

Clareza e Precisão

Clareza: deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Pode-se definir como claro aquele texto
que possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se concebe que um documento oficial ou um ato
normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua
compreensão.
A transparência é requisito do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto oficial ou um ato
normativo não seja entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da publicidade não se esgota na
mera publicação do texto, estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja claro.

Para a obtenção de clareza, sugere-se:


- Utilizar palavras e expressões simples, em seu sentido comum, salvo quando o texto versar sobre
assunto técnico, hipótese em que se utilizará nomenclatura própria da área;
- Usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar as orações na ordem direta e evitar intercalações
excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
oração;
- Buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;
- Não utilizar regionalismos e neologismos;
- Pontuar adequadamente o texto;
- Explicitar o significado da sigla na primeira referência a ela;
- Utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando indispensáveis, em razão de serem
designações ou expressões de uso já consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as
em itálico, conforme orientações do subitem 10.2 deste Manual.

Precisão: complementa a clareza e caracteriza-se por:


- Articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
- Manifestação do pensamento ou da ideia com as mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia
com propósito meramente estilístico;
- Escolha de expressão ou palavra que não confira duplo sentido ao texto.

É indispensável, também, a releitura de todo o texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de


trechos obscuros provém principalmente da falta da releitura, o que tornaria possível sua correção. Na
revisão de um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreensão por seu destinatário.
O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
assuntos, em decorrência de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com que os tomemos
como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade.
Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e das abreviações
e os conceitos específicos que não possam ser dispensados.
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
compromete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no texto redigido.
A clareza e a precisão não são atributos que se atinjam por si sós: elas dependem estritamente das
demais características da redação oficial, apresentadas a seguir.

Objetividade
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para
conseguir isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as
secundárias.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto de alguma complexidade: as
fundamentais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las,
exemplificá-las; mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação alguma ao
texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o que também
proporcionará mais objetividade ao texto.
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informações, sem
subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que a objetividade suprime a
delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.

Concisão
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que
consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto
com o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis,
redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar caracterizações e comentários supérfluos,
adjetivos e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, um exemplo1 de período mal construído,
prolixo:

Exemplo: Apurado, com impressionante agilidade e precisão, naquela tarde de 2009, o resultado da
consulta à população acriana, verificou-se que a esmagadora e ampla maioria da população daquele
distante estado manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração realizada pela Lei no
11.662/2008. Não satisfeita, inconformada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao terceiro fuso,
a maioria da população do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto fuso, estando
cinco horas a menos que em Greenwich.

Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários, abusou-se no emprego de adjetivos


(impressionante, esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe confere carga afetiva
injustificável, sobretudo em texto oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados os excessos,
o período ganha concisão, harmonia e unidade:

Exemplo: Apurado o resultado da consulta à população acreana, verificou-se que a maioria da


população manifestou-se pela rejeição da alteração realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita com
a nova hora legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre demonstrou que a ela seria
melhor regressar ao quarto fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich.

Coesão e Coerência
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação,
a harmonia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando se
lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando
continuidade uns aos outros.
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um texto são: referência, substituição,
elipse e uso de conjunção.
A referência diz respeito aos termos que se relacionam a outros necessários à sua interpretação. Esse
mecanismo pode dar-se por retomada de um termo, relação com o que é precedente no texto, ou por

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
antecipação de um termo cuja interpretação dependa do que se segue.

Exemplo: O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção. Ele aguardou a decisão do Plenário.
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assinatura e de identificação no documento.

A substituição é a colocação de um item lexical no lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração.

Exemplo: O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder Executivo federal propôs reduzir as
alíquotas. O ofício está pronto. O documento trata da exoneração do servidor. Os governadores decidiram
acatar a decisão. Em seguida, os prefeitos fizeram o mesmo.

A elipse consiste na omissão de um termo recuperável pelo contexto.

Exemplo: O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particulares. (Na segunda oração,
houve a omissão do verbo “regulamenta”).

Outra estratégia para proporcionar coesão e coerência ao texto é utilizar conjunção para estabelecer
ligação entre orações, períodos ou parágrafos.

Exemplo: O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou o interesse de seu Governo pelo
assunto.

Impessoalidade
Decorre de princípio constitucional (Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois aspectos: o
primeiro é a obrigatoriedade de que a administração pública proceda de modo a não privilegiar ou
prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, sempre, o interesse público; o segundo, a abstração da
pessoalidade dos atos administrativos, pois, apesar de a ação administrativa ser exercida por intermédio
de seus servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao
interesse geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não devem ser
tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das
comunicações oficiais decorre:

a) da Ausência de Impressões Individuais de quem Comunica: embora se trate, por exemplo, de


um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, a comunicação é sempre feita em nome do
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que as comunicações
elaboradas em diferentes setores da administração pública guardem entre si certa uniformidade;

b) da Impessoalidade de quem Recebe a Comunicação: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre
concebido como público, ou a uma instituição privada, a outro órgão ou a outra entidade pública. Em
todos os casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal; e

c) do Caráter Impessoal do Próprio Assunto Tratado: se o universo temático das comunicações


oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural não caber qualquer tom
particular ou pessoal.

Não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de
uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação
oficial deve ser isenta da interferência da individualidade de quem a elabora. A concisão, a clareza, a
objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda,
para que seja alcançada a necessária impessoalidade.

Formalidade e Padronização
As comunicações administrativas devem ser sempre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunicações feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-
mail , o documento gerado no SEI!, o documento em html etc.), quanto para os eventuais documentos
impressos.
É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente do correto emprego deste

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível, mais do que isso: a formalidade
diz respeito à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora,
se a administração pública federal é una, é natural que as comunicações que expeça sigam o mesmo
padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas
as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer
necessária a impressão, e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização.
Consulte o Capítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas específicas para cada tipo de
expediente.
Em razão de seu caráter público e de sua finalidade, os atos normativos e os expedientes oficiais
requerem o uso do padrão culto do idioma, que acata os preceitos da gramática formal e emprega um
léxico compartilhado pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do padrão culto é, portanto,
imprescindível na redação oficial por estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas,
regionais; dos modismos vocabulares e das particularidades linguísticas.

Recomendações:
- A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra a sua simplicidade;
- O uso do padrão culto não significa empregar a língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
linguagem próprias do estilo literário;
- A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na redação de um bom texto.

Pode-se concluir que não existe propriamente um padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da
norma padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de
determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso
não implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O
jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

CAPÍTULO II - COMUNICAÇÕES OFICIAIS

A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os preceitos explicitados
anteriormente e além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que serão tratadas
em detalhe.

Pronomes de Tratamento
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
maneira indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário
atenção para o uso dos pronomes de tratamento em três momentos distintos: no endereçamento, no
vocativo e no corpo do texto.
No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início do documento. No corpo do texto, pode-se
empregar os pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por extenso. O endereçamento é o
texto utilizado no envelope que contém a correspondência oficial.

O Decreto nº 9.758, de 11 de abril de 2019, dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento


nas comunicações com agentes públicos da administração pública federal, alterando a forma de
tratamento destes agentes.
De acordo com o decreto não há mais o vocativo Excelentíssimo, nem o tratamento Vossa Excelência
nas correspondências oficiais. A partir de então, o tratamento entre agentes públicos é “Senhor”.
Veja um trecho deste decreto:
(...)
Pronome de tratamento adequado

Art. 2º O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com agentes públicos federais é
“senhor”, independentemente do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.

Parágrafo único. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino e para o plural.

Formas de tratamento vedadas

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Art. 3º É vedado na comunicação com agentes públicos federais o uso das formas de tratamento,
ainda que abreviadas:
I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
II - Vossa Senhoria;
III - Vossa Magnificência;
IV - doutor;
V - ilustre ou ilustríssimo;
VI - digno ou digníssimo; e
VII - respeitável.

§ 1º O agente público federal que exigir o uso dos pronomes de tratamento de que trata o caput ,
mediante invocação de normas especiais referentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do
mesmo modo.

§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo ou admoestar o interlocutor nos autos do


expediente caso haja erro na forma de tratamento empregada.
(...)

ATENÇÃO:
Este decreto cabe somente para as formas de tratamento aos Agentes
Públicos Federais, os demais agentes continuam com o tratamento de acordo
com o Manual de Redação da Presidência da República.

Concordância com os Pronomes de Tratamento


Os pronomes de tratamento apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias verbal,
nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala),
levam a concordância para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa Excelência ou Vossa Senhoria são
utilizados para se comunicar diretamente com o receptor.

Exemplo: Vossa Senhoria designará o assessor.

Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da


terceira pessoa.

Exemplo: Vossa Senhoria designará seu substituto. (E não “Vossa Senhoria designará vosso
substituto”)

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

Exemplo: Se o interlocutor for homem, o correto é: Vossa Excelência está atarefado. Se o interlocutor
for mulher: Vossa Excelência está atarefada.

O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer referência a alguma autoridade (indiretamente).

Exemplo: A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da Casa Civil (por exemplo, no endereçamento
do expediente)

Signatário
Cargos Interino e Substituto: na identificação do signatário, depois do nome do cargo, é possível utilizar
os termos interino e substituto, conforme situações a seguir: interino é aquele nomeado para ocupar
transitoriamente cargo público durante a vacância; substituto é aquele designado para exercer as
atribuições de cargo público vago ou no caso de afastamento e impedimentos legais ou regulamentares
do titular.
Esses termos devem ser utilizados depois do nome do cargo, sem hífen, sem vírgula e em minúsculo.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Exemplo: Diretor-Geral interino Secretário-Executivo substituto

Signatárias do Sexo Feminino: na identificação do signatário, o cargo ocupado por pessoa do sexo
feminino deve ser flexionado no gênero feminino.

Exemplo: Ministra de Estado Secretária-Executiva interina Técnica Administrativa Coordenadora


Administrativa

Grafia de Cargos Compostos: escrevem-se com hífen:


a) cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-geral, relator-geral, ouvidor-geral;
b) postos e gradações da diplomacia: primeiro-secretário, segundo-secretário;
c) postos da hierarquia militar: tenente-coronel, capitão-tenente;
d) cargos que denotam hierarquia dentro de uma empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-
chefe, editor-assistente, sócio-gerente, diretor-executivo;
e) cargos formados por numerais: primeiro-ministro, primeira-dama;
f) cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”: ex-diretor, vice-coordenador.

Atenção: nomes compostos com elemento de ligação preposicionado ficam sem hífen: general de
exército, general de brigada, tenente-brigadeiro do ar, capitão de mar e guerra;

O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o uso de iniciais maiúsculas em palavras usadas
reverencialmente, por exemplo para cargos e títulos (exemplo: o Presidente francês ou o presidente
francês).
Porém, em palavras com hífen, após se optar pelo uso da maiúscula ou da minúscula, deve-se manter
a escolha para a grafia de todos os elementos hifenizados: pode-se escrever “Vice-Presidente” ou “vice-
presidente”, mas não “Vice-presidente”.

Vocativo
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas comunicações oficiais, o vocativo será sempre
seguido de vírgula. Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, utiliza-se a expressão
Excelentíssimo Senhor ou Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula.

Exemplo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentíssimo Senhor Presidente do


Congresso Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas por Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor
ou Senhora seguido do cargo respectivo.

Exemplo: Senhora Senadora, Senhor Juiz, Senhora Ministra

Na hipótese de comunicação com particular, pode-se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a forma
utilizada pela instituição para referir-se ao interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte, eleitor etc.

Exemplo: Senhora Beneficiária, Senhor Contribuinte

Ainda, quando o destinatário for um particular, no vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora seguido
do nome do particular ou pode-se utilizar o vocativo “Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.

Exemplo: Senhora [Nome], Prezado Senhor

Em comunicações oficiais, está abolido o uso de Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.). Evite-se o
uso de “doutor” indiscriminadamente. O tratamento por meio de Senhor confere a formalidade desejada.

O Padrão Ofício

Havia apenas três tipos de expedientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela forma:
a) O ofício;
b) O aviso
c) Memorando.

152
1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Importante: Ficou abolida esta distinção e passou-se a utilizar o termo Padrão Ofício nas três
hipóteses.

Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o
que chamamos de padrão ofício. A distinção básica anterior entre os três eram:

- Aviso: era expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia;
- Ofício: era expedido para e pelas demais autoridades; e
- Memorando: era expedido entre unidades administrativas de um mesmo órgão.

A seguir, será apresentada a estrutura do padrão ofício, de acordo com a ordem com que cada
elemento aparece no documento oficial.

Partes do Documento no Padrão Ofício


Cabeçalho: é utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área determinada
pela formatação. No cabeçalho deverão constar os seguintes elementos:
a) Brasão de Armas da República: no topo da página. Não há necessidade de ser aplicado em cores.
O uso de marca da instituição deve ser evitado na correspondência oficial para não se sobrepor ao Brasão
de Armas da República;
b) Nome do órgão principal;
c) nomes dos órgãos secundários, quando necessários, da maior para a menor hierarquia;
d) Espaçamento: entrelinhas simples (1,0).

Exemplo:

Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico
oficial da instituição, podem ser informados no rodapé do documento, centralizados.

Identificação do Expediente
Os documentos oficiais devem ser identificados da seguinte maneira:
a) Nome do documento: tipo de expediente por extenso, com todas as letras maiúsculas;
b) Indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, padronizada como No;
c) Informações do documento: número, ano (com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede
o d) Documento, da menor para a maior hierarquia, separados por barra (/);
e) Alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplo: OFÍCIO No 652/2018/SAA/SE/MT

Local e Data do Documento


Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar da seguinte forma:
- Composição: local e data do documento;
- Informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se
deve utilizar a sigla da unidade da federação depois do nome da cidade;
- Dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os
demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
- Nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
- Pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
- Alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.

Endereçamento
É a parte do documento que informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos:

- Vocativo: na forma de tratamento adequada para quem receberá o expediente (ver subitem “4.1
Pronomes de tratamento”);
- Nome: nome do destinatário do expediente;

- Cargo: cargo do destinatário do expediente;

- Endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas:


a) primeira linha: informação de localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo
órgão, informação do setor;
b) segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por espaço simples. Na separação
entre cidade e unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso
de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação
da cidade/unidade da federação; e

- Alinhamento: à margem esquerda da página.

O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por


Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é
“Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou
“A Sua Senhoria a Senhora”.

Exemplo:
A Sua Excelência o Senhor
[Nome]
Ministro de Estado da Justiça
Esplanada dos Ministérios Bloco T
70064-900 Brasília/DF

À Senhora
[Nome]
Diretora de Gestão de Pessoas
SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I
70070-030 Brasília. DF

Ao Senhor
[Nome]
Chefe da Seção de Compras
Diretoria de Material, Seção
Brasília — DF

Assunto
O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado
da seguinte maneira:
- Título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de
dois-pontos;
- Descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial
maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
- Destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
- Pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
- Alinhamento: à margem esquerda da página.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Exemplo: Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão julho/2018. Assunto: Aquisição de
computadores.

Texto do Documentos
Deve seguir a seguinte padronização de estrutura:
I - Nos casos em que não seja usado para encaminhamento de documentos, o expediente deve conter
a seguinte estrutura:
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a
honra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito,
Comunico;
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o
assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; e
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto.

II - Quando forem usados para encaminhamento de documentos, a estrutura é modificada:


a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a
remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação,
que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem
ou signatário e assunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado;

b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do


documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há
parágrafos de desenvolvimento em expediente usado para encaminhamento de documentos.

III - tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do documento deve ser formatado da seguinte
maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos:
- Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
- Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- Numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o
primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito;
- Corpo do texto: tamanho 12 pontos;
- Citações recuadas: tamanho 11 pontos;
- Notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes
Symbol e Wingdings;

Exemplo:
Em resposta ao Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de
abril de 2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que trata da requisição do servidor Fulano
de Tal.
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do
Presidente da Confederação Nacional da Indústria, a respeito de projeto de modernização de técnicas
agrícolas na região Nordeste.

Fecho para Comunicações


Objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatário. Os modelos para fecho
anteriormente utilizados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério da Justiça, que
estabelecia quinze padrões.
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, é estabelecido o emprego de somente dois fechos
diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

- Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República:


Exemplo: Respeitosamente

- Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Exemplo: Atenciosamente

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a
rito e tradição próprios. O fecho da comunicação deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da página;
b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
c) espaçamento entre linhas: simples;
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; e
e) não deve ser numerado.

Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações
oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:

- Nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa
linha acima do nome do signatário;
- Cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas.
As preposições que liguem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
- Alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente.
Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Exemplo:
(espaço para assinatura) NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República

(espaço para assinatura) NOME


Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

Numeração de Páginas
É obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser centralizada na página
e obedecer à seguinte formatação:
-Posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
- Fonte: Calibri ou Carlito.

Formatação e Apresentação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:
- Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
- Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
- Margem lateral direita: 1,5 cm;
- Margens superior e inferior: 2 cm;
- Área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
- Área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
- Impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse
caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
- Cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário,
a impressão colorida para gráficos e ilustrações;
- Destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso
de itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de
formatação que afete a sobriedade e a padronização do documento;
- Palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
- Arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto
preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado,
preferencialmente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto
utilizados no serviço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
- Nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte
maneira:
Tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves

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do conteúdo.

Exemplo: Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

Exemplos de Ofício

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Tipos de Documentos

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais
de um órgão receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.

b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o


mesmo expediente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia,

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conjuntamente, o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes
constarão na epígrafe.

Exemplos: OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ.


OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé
as siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos
Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente
para:
- Propor alguma medida;
- Submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
- Informá-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos
em que o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos
os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência
numérica das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano
civil.

Forma e estrutura
As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

- Apontar, na Introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo


proposto; ou informar ao Presidente da República algum assunto;

- Indicar, no Desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal
para se solucionar o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais
detalhes sobre o assunto informado, quando for esse o caso; e

- Na Conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para
solucionar o problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no


Decreto nº 9.191, de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico
e parecer de mérito que permitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que
proponham a edição de ato normativo, tem como propósito:

- Permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


- Ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida
ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de
proposições normativas no âmbito do Poder Executivo;
- Conferir transparência aos atos propostos;
- Resumir os principais aspectos da proposta;
- Evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República


pelos ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou
ao Poder Judiciário.

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Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (SIDOF)

É a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação,


a administração e a gerência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do item
6.2.2, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a exposição
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.

Mensagem
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da
administração pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para
submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar
veto; enfim, fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas
assessorias caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

a) Encaminhamento de Proposta de Emenda Constitucional, de Projeto de Lei Ordinária, de


Projeto de Lei Complementar e os que Compreendem Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias,
Orçamentos Anuais e Créditos Adicionais: os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser objeto de nova mensagem, com solicitação de
urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada
com ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro-Secretário
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
anuais e créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos membros do Congresso
Nacional, e os respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão
é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual em sessão conjunta, mais
precisamente, “na forma do regimento comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está o
Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas.

b)) Encaminhamento de Medida Provisória: para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da


Constituição, o Presidente da República encaminha Mensagem ao Congresso, dirigida a seus Membros,
com ofício para o Primeiro- Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória.

c) Indicação de Autoridades: as mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de


pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do Tribunal
de Contas da União, presidentes e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes de
missão diplomática, diretores e conselheiros de agências etc.) têm em vista que a Constituição, incisos
III e IV do caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar
a indicação.
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a informação do número de Cadastro de Pessoa Física,
acompanha a mensagem.

d) Pedido de Autorização para o Presidente ou O Vice-Presidente da República se Ausentarem


do País por mais de 15 dias: trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, caput, inciso III
e art. 83), e a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. O Presidente da República,
tradicionalmente, por cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a
cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.

e) Encaminhamento de Atos de Concessão e de Renovação de Concessão de Emissoras de


Rádio e TV: a obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII
do caput do art. 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou a renovação da
concessão após deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na
mensagem a urgência prevista na Constituição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já define o prazo
da tramitação. Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente
processo administrativo.

f) Encaminhamento das Contas Referentes ao Exercício Anterior: o Presidente da República tem


o prazo de 60 dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame e parecer da
Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166,
§ 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput,
inciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.

g) Mensagem de Abertura da Sessão Legislativa: deve conter o plano de governo, exposição sobre
a situação do País e a solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI).
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere
das demais, porque vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de livro.

h) Comunicação de Sanção (com Restituição de Autógrafos): esta mensagem é dirigida aos


Membros do Congresso Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa onde se
originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos
três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de sanção.

i) Comunicação de Veto: dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a
mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as

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razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das demais
mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

j) Outras Mensagens Remetidas do Legislativo:


- Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).
- Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos
(Constituição, art. 49, caput, inciso I);
- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de
exportação (Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
- Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
caput, inciso VI);
- Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
- Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
- Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso
XI, e art. 128, § 2o);
- Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84,
inciso XIX);
- Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
- Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, §
4o);
- Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
- Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141,
parágrafo único);
- Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes
orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
- Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em
decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, §
8o);
- Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha
(Constituição, art. 188, § 1o).

Forma e Estrutura
As mensagens contêm:
- Brasão: timbre em relevo branco
- Identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
- Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, com o recuo de parágrafo dado ao texto;
- Texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
- Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de
seu signatário.

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Correio Eletrônico (e-mail)

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas
também na administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo
do contexto, pode significar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem
eletrônica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício.
Portanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a
extensão “.gov.br”, por exemplo.
Como sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade,
transformou-se na principal forma de envio e recebimento de documentos na administração pública.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
Valor Documental
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor
documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo os parâmetros de integridade, autenticidade e
validade jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP- Brasil.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem certificação digital ou com certificação
digital fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do ato por meio
documento físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor a aceitação de documento eletrônico que não
atenda os parâmetros da ICP-Brasil.

Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
padronização da mensagem comunicada. No entanto, devem-se observar algumas orientações quanto à
sua estrutura.

Campo “Assunto”
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao conteúdo global da mensagem.
Assim, quem irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia poderá,
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o conteúdo completo da mensagem para que não
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma da Previdência”.

Local e Data
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez que o próprio sistema apresenta essa
informação.

Saudação Inicial/Vocativo
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras
instituições, para receptores desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os
demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado
Senhor”, “Prezada Senhora”.

Exemplo: Senhor Coordenador, Prezada Senhora.

Fecho
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o
uso de abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de
amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem ser utilizados em e-mails
profissionais.
O correio eletrônico, em algumas situações, aceita uma saudação inicial e um fecho menos formais.
No entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos deve ser formal, como a que se usaria em
qualquer outro documento oficial.

Bloco de Texto da Assinatura


Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de
assinatura. A assinatura do e-mail deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone
do remetente.

Exemplo:
Maria da Silva Assessora
Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil (61)XXXX-XXXX

Anexos
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
do e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo
do anexo.
Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é realmente indispensável e se seria possível

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
colocá-lo no corpo do correio eletrônico.
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencaminhamento de anexos nas mensagens de resposta.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de
segurança. Quando se tratar de documento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente,
ser enviados, em formato que possa ser editado.

Recomendações
- Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não esteja
disponível, deve constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento;
- Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos computadores, mantêm-se a recomendação de tipo
de fonte, tamanho e cor dos documentos oficiais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;
- Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados
para mensagens profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
- A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam
outros documentos oficiais;
- O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem
ser utilizados;
- Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”,
usuais das conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
- Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois
denota agressividade de parte do emissor da comunicação.
- Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil
e de logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
- Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor
do destinatário.

Questões

01. (FUB - Assistente em Administração - CESPE/2018). Com base no Manual de Redação da


Presidência da República (MRPR), julgue o item que se segue.

A redação oficial constitui atos normativos e comunicações do poder público necessariamente


uniformes e destinados exclusivamente para órgão do serviço público.
( ) Certo ( ) Errado

02. (Câmara de Serrana/SP - Analista Legislativo – VUNESP/2019). De acordo com o Manual de


Redação da Presidência da República, os textos oficiais “por seu caráter impessoal, por sua finalidade de
informar com o máximo de clareza e concisão, requerem o uso do padrão culto da língua”. Tal preceito
está corretamente preservado em:

(A) Encaminhamos a Vossa Senhoria todos os documentos relativos ao processo, para vossa análise
das principais questões ali presente.
(B) A maioria dos documentos encaminhado já foram protocoladas na semana passada, mas ainda
existem alguns que fogem a essa condição.
(C). Em relação às cópias anexas, cumpre frisar que se trata de uma amostra representativa, adequada
para esse primeiro momento de análise.
(D) Todos os documentos solicitados foram encaminhados, embora tenha faltado dois que seriam
básicos para consolidar o relatório do departamento.
(E) Por haverem questões ainda controversas quanto aos documentos, deixamos eles sob os
cuidados dos advogados do setor para que sejam melhor analisados.

03. (UFSC - Assistente em Administração – UFSC/2019). Acerca dos aspectos gerais da redação
oficial, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
I. As comunicações oficiais requerem o uso do padrão culto da língua, o que implica o emprego de
linguagem rebuscada.
II. Os textos oficiais devem ser isentos de interferências pessoais em sua elaboração.
III. A concisão é uma qualidade dos textos oficiais e um texto conciso é aquele que transmite o máximo
de informações com o mínimo de palavras.

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1701984 E-book gerado especialmente para JOSILEILA RIBEIRO
(A) somente as afirmativas I e III estão corretas.
(B) somente as afirmativas II e III estão corretas.
(C) somente as afirmativas I e II estão corretas.
(D) somente a afirmativa III está correta.
(E) Todas as afirmativas estão corretas.

04. Prefeitura de Sapucaia do Sul/ RS - Secretário de Escola – FUNDATEC/2019). Segundo o


Manual de Redação, clareza e precisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade,
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua portuguesa são características do(a):

(A) Redação Oficial.


(B) Memorando Oficial.
(C) Documento Oficial.
(D) Redação Extraoficial.
(E) Ofício Circular.

05. (Prefeitura de Porto de Moz/PA - Agente Administrativo – FUNRIO/2019). Em uma frase, pode-
se dizer que Redação Oficial é:

(A) A maneira pela qual o Poder Jurídico redige atos jurisprudências e comunicações interpessoais.
(B) A maneira pela qual o Poder Autônomo redige atos públicos e comunicações contemporâneas.
(C) A maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.
(D) A maneira pela qual o Poder Complementar redige jurisprudências privadas e comunicações
interpessoais.
(E) A maneira pela qual o Poder Privado redige atos públicos e comunicações interpessoais.

06 (UFT - Assistente em Administração – UFMT/2019). Na coluna da esquerda, estão apresentados


elementos que demarcam a redação de um texto oficial, conforme o Manual de Redação da Presidência
da República, e na da direita, a caracterização de cada um. Numere a coluna da direita de acordo com a
da esquerda.

1. Objetividade
2. Impessoalidade
3. Clareza
4. Concisão
5. Coesão

( ) Condição que propicia na redação oficial a ausência de impressões individuais de quem elabora.
( ) Predicado do texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras.
( ) Singularidade que conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informações, sem
subterfúgios, sem excesso de palavras e de ideias.
( ) Condição que propicia imediata compreensão pelo leitor, bem como percepção da ideia transmitida
num texto por meio da articulação da linguagem comum ou técnica.
( ) Atributo que favorece a conexão, a ligação, a harmonia entre as partes de um texto.

Assinale a sequência correta.

(A) 1, 3, 2, 5, 4
(B) 2, 4, 1, 3, 5
(C) 4, 5, 3, 2, 1
(D) 5, 2, 4, 1, 3

07. (AL/GO - Policial Legislativo - IADES/2019). Na correspondência oficial, no que se refere à


adequação do formato do texto ao gênero, assinale a alternativa correspondente aos documentos que
seguem o padrão ofício.
(A) Aviso, mensagem e ofício.
(B) Telegrama, correio eletrônico e ofício.
(C) Memorando, ofício e aviso.

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(D) Ofício, correio eletrônico e aviso.
(E) Mensagem, telegrama e memorando.

08. (Petrobrás - Técnico em Administração e Controle Júnior - CESGRANRIO/2018) O Manual de


Redação Oficial da Presidência da República define objetivamente o memorando como uma modalidade
de comunicação que se estabelece entre unidades administrativas
(A) de órgãos internos ou externos de uma mesma área de atuação.
(B) de um mesmo órgão de uma instituição.
(C) que atuam em órgãos diferentes de uma mesma empresa.
(D) que não podem estar hierarquicamente em níveis diferentes.
(E) que não podem estar hierarquicamente no mesmo nível.

09. (CORE/BA - Auxiliar Administrativo - Dedalus Concursos/2018) Em uma comunicação oficial,


o fecho de uma correspondência expedida por um Senador a um Deputado Federal deverá ser:
(A) atenciosamente.
(B) cordialmente.
(C) gentilmente.
(D) respeitosamente.

10 (UFU-MG - Assistente em Administração - Banca: UFU-MG/2019). O correio eletrônico (e-mail)


é, sem dúvida, atualmente um dos mecanismos mais utilizados para a troca de mensagens entre órgãos
e instituições e para o envio de documentos oficiais.

Considerando-se as regras da redação oficial para este gênero, é correto afirmar que:
(A) o correio eletrônico oficial deve seguir uma estrutura padrão que o diferencia fundamentalmente
daquele utilizado nas trocas pessoais e cotidianas.
(B) pelo fato de apresentar uma estrutura mais flexível, é possível ignorar os pronomes de tratamento
característicos da comunicação oficial e utilizar, em sua escrita, as variantes não cultas da língua
portuguesa.
(C)em função de sua ampla utilização, a legislação vigente permite considerar como documento oficial
os correios eletrônicos sem certificação digital.
(D) apesar de sua flexibilidade estrutural, o correio eletrônico oficial deve respeitar algumas
características próprias da comunicação oficial, como os pronomes de tratamento e a norma culta da
língua portuguesa.

11 (UFES - Assistente em Administração – UFES/2019). Um diretor da Universidade Federal do


Espírito Santo precisa redigir um expediente oficial cujo destinatário é o reitor da Universidade.
Considerando essa informação, e com base no Manual de Redação da Presidência da República (2018),
é CORRETO afirmar:

(A) O nome da cidade onde foi expedido o documento não precisa ser redigido, somente a data, por
se tratar de uma comunicação interna.
(B) O tipo de documento a ser redigido é o memorando.
(C) A logomarca da Universidade deve constar, obrigatoriamente, no cabeçalho do expediente.
(D) O termo “doutor” deve ser usado indiscriminadamente, já que o texto é dirigido a uma autoridade
acadêmica.
(E) O texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira: alinhamento justificado, fonte
Calibri ou Carlito e corpo do texto com tamanho 12.

Gabarito

01.Errado / 02.C / 03.B / 04.A / 05.C / 06.B / 07.C / 08.B / 09.A / 10.D / 11. E

Comentários

01. Resposta: Errado


Na Redação Oficial quem comunica é sempre o serviço público e o destinatário dessa comunicação é
o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade pública.

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02.Reposta: C
Alternativa A - Errado: ''Para vossa análise ...'' no caso a concordância deveria ter sido feita na 3ª
Pessoa, ou seja '' sua análise ...'' , pois pronomes de tratamento levam a concordância para a 3ª Pessoa.
Alternativa B - Errado: Erro no uso do padrão culto , pois '' encaminhado'' deveria concordar com seu
referente '' documentos''.
Alternativa C - Correto.
Alternativa D - Errado: Erro de concordância de '' tenha faltado'' com seu sujeito '' dois que seriam ...''
Alternativa E - Errado: Erro de concordância do verbo ''haver'', que no sentido de existir é impessoal,
ficando na 3ª Pessoa do singular.

03.Resposta: B
As comunicações oficiais requerem o uso do padrão culto da língua, o que NÃO implica o emprego de
linguagem rebuscada. Deve -se preocupar com as palavras do texto ( mais simples possível). Não
podemos usar linguagem rebuscada com muitos termos técnicos, que demonstra um vocabulário refinado
e amplo. O texto deve ser simples, completo e entendido por todos.

04.Resposta A
A redação oficial tem por sua finalidade básica comunicar com objetividade e máxima clareza, impondo
certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
jornalístico, da correspondência particular etc.
A redação oficial deve caracterizar-se por: clareza e precisão; objetividade; concisão; coesão e
coerência; impessoalidade; formalidade e padronização; e uso da norma padrão da língua portuguesa.

05. Resposta C
É todo ato normativo e toda comunicação do Poder Público. Deve caracterizar-se pela impessoalidade,
uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.

06. Resposta B
2. Impessoalidade: Condição que propicia na redação oficial a ausência de impressões individuais de
quem elabora.
4. Concisão: Predicado do texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de
palavras.
1. Objetividade: Singularidade que conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as
informações, sem subterfúgios, sem excesso de palavras e de ideias.
3. Clareza: Condição que propicia imediata compreensão pelo leitor, bem como percepção da ideia
transmitida num texto por meio da articulação da linguagem comum ou técnica.
5. Coesão: Atributo que favorece a conexão, a ligação, a harmonia entre as partes de um texto.

07. Resposta: C
Os documentos que seguem o padrão oficio são:
a) o ofício
b) o aviso
c) memorando

08. Resposta: B
O Memorando é utilizado para comunicação entre órgãos de uma mesma instituição.

09. Resposta: A
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais, já no uso do e-mail, popularizou-se o uso
de abreviações como “Att.”

10. Resposta: D
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa
definir padronização da mensagem comunicada. No entanto, devem-se observar algumas orientações
quanto à sua estrutura evitando o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial. É preciso
respeitar as regras gramaticais

11. Resposta: E
A distinção básica anterior entre aviso, ofício e memorando era:

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a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia;
b) ofício: era expedido para e pelas demais autoridades; e
c) memorando: era expedido entre unidades administrativas de um mesmo órgão.
Na edição de 2018 ficou abolida a distinção e passou-se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
Assim o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos:
I espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
II recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
III numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o
primeiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito;
I corpo do texto: tamanho 12 pontos;
II citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
III notas de Rodapé: tamanho 10 pontos.

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