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Aula 4

O L IMITE T RIGONOM ÉTRICO


F UNDAMENTAL

Objetivo
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1 calcular limites usando o limite trigonométrico


fundamental.
Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

M ETA DA AULA
Continuar a apresentação de limites de funções.

I NTRODUÇÃO
Este é um bom momento para fazer um balanço dos conteúdos
que você aprendeu nas três aulas anteriores. Em outras palavras,
quais conceitos novos você conheceu? Quais limites você é ca-
paz de calcular? Quais serão os próximos passos? Bem, ve-
jamos.
Em primeiro lugar, você deve ter uma clara ideia do signifi-
cado da frase matemática

lim f (x) = L,
x→a

inclusive de sua interpretação geométrica.


Isso cobre uma boa parte do conteúdo teórico apresentado,
digamos assim. Do ponto de vista prático, você deve saber que
a partir das propriedades elementares dos limites de funções, se
p(x) é uma função polinomial, então

lim p(x) = p(a).


x→a

Por exemplo,
  √
lim
√ 2x2 − x − 2 = 2 − 2.
x→ 2

Mais ainda, você já deve dar conta de algumas complicações,


tais como calcular

x3 − 8 t +2−2
lim 2 ou lim .
x→2 x − 4 t→2 t −2

Praticando bem, você deve ter encontrado as respostas 3 e


1/4.
Finalmente, você deve estar fluente na linguagem dos limites
laterais.

56 C E D E R J
Você deve ter notado que as funções com que temos lidado
até agora são, essencialmente, funções algébricas. Veja, as funções

4 1 MÓDULO 1
algébricas são aquelas funções cujas leis de definição envolvem
um número finito de operações elementares, além das inversas
de funções que podem ser assim construı́das. Por exemplo, as
funções
3x − 7
f (x) = e g(x) = (2x + 5)2/3

AULA
2x + 1
são funções algébricas.
Muito bem, está na hora de incluirmos mais algumas funções
no nosso repertório de exemplos. As principais candidatas são
as funções trigonométricas, que já frequentaram nossas aulas,
pelo menos em rápidas aparições nos exemplos. Essas funções,
além das funções exponencial e logaritmo, cujas principais pro-
Essas funções,
priedades você aprendeu no Pré-Cálculo, formarão a quase to-
trigonométricas,
talidade de nossos exemplos.
exponencial e
Para lidarmos com essas funções, chamadas transcendentes, logaritmo, são
precisaremos de novas informações sobre os limites. chamadas
transcendentes para
Veja, agora, o que queremos estabelecer nesta aula. Vamos diferenciá-las das
mostrar que as funções seno e cosseno são bem comportadas em funções algébricas.
relação ao limite, isto é, vamos mostrar que, para todo número Esse nome é usado
real a ∈ R, porque elas
transcendem o
lim sen x = sen a e lim cos x = cos a.
x→a x→a universo das
funções algébricas.
Isso parece pouco, mas não é. Nós já usamos essas in-
formações em alguns exemplos, nas aulas anteriores. Tudo o
que você aprendeu sobre limites mais o que você já conhece
de funções trigonométricas devem levá-lo a crer na veracidade
dessas afirmações. Agora temos a oportunidade de prová-las.
Muito bem, uma vez que dispomos dessas informações, pas-
saremos a lidar com problemas tais como calcular
sen 5x 1 + cos x
lim ou lim .
x→0 x x→π x−π

Veja, temos duas indeterminações, uma vez que os limites


dos numeradores e dos denominadores são iguais a zero. A
técnica de que dispomos até o momento para lidar com tais pro-

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Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

blemas é a fatoração e a simplificação algébrica, que não pode


ser usada nesses casos, uma vez que as funções envolvidas são
transcendentes.
Como sair dessa situação? A resposta, em muitos casos, está
num limite muito especial, chamado limite trigonométrico fun-
damental. Ele funcionará como uma simplificação, nesses casos.
sen x
Vamos mostrar que lim = 1.
x→0 x
Você aprenderá a usar esse limite para levantar várias inde-
terminações que envolvem funções trigonométricas.
Agora que definimos a agenda da aula, vamos trabalhar.

T EOREMA DO C ONFRONTO

Você está prestes a aprender uma poderosa técnica de cálculo


de limites. Ela lhe será útil em muitas situações. Em linhas
gerais, o Teorema do Confronto afirma que, se uma função es-
tiver – nas vizinhanças de um dado ponto – pinçada por ou-
tras duas funções que tenham o mesmo limite nesse tal ponto,
então ela terá o mesmo comportamento neste ponto – elas terão
o mesmo limite. Veja, novamente, com mais detalhes.

TEOREMA 4.1 – Teorema do Confronto

Sejam f , g e h funções tais que, para um certo número a,


existe um número r > 0, tal que

(a − r, a) ∪ (a, a + r) ⊂ Dom( f ) ∩ Dom(g) ∩ Dom(h)

e, para todo x ∈ (a − r, a) ∪ (a, a + r),

f (x) ≥ g(x) ≥ h(x).

Nessas condições, se lim f (x) = lim h(x) = L, então


x→a x→a

lim g(x) = L.
x→a

58 C E D E R J
f

4 1 MÓDULO 1
As funções f e h
limitam, superior e
g inferiormente, a
função g. Como
L
ambas têm limite L,
quando x tende a a,

AULA
a o mesmo ocorre
h com f .

Figura 4.1: Gráficos de funções f , g e h, tais que f (x) ≥ g(x) ≥ h(x).

Há uma versão gastronômica para o nome desse teorema –


Teorema do Sanduı́che. Seja lá qual for a sua escolha de nome,
você verá que esse teorema é muito útil.
Veja como podemos aplicá-lo no exemplo a seguir.
 
Exemplo 4.1 

Seja g : R −→ R uma função tal que, se |x − 3| < 2, então

x2
x2 − 6x + 10 ≤ g(x) ≤ − + 2x − 2. Figura 4.2: Gráficos das
3 funções do Exemplo 4.1.

Assim,
lim g(x) = 1.
x→3

Realmente, se considerarmos f (x) = x2 − 6x + 10 e


x2
h(x) = − + 2x − 2, um cálculo direto mostra que
3
lim f (x) = 1 e lim h(x) = 1.
x→3 x→3

Portanto, o Teorema do Sanduı́che garante que lim g(x) =


x→3
1.
Note que podemos adaptar o teorema para o caso dos limites
laterais. Por exemplo, se soubermos que, para algum número a,

C E D E R J 59
Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

existe r > 0, tal que

(a − r, a) ⊂ Dom( f ) ∩ Dom(g) ∩ Dom(h)

e, para todo x ∈ (a − r, a),

f (x) ≥ g(x) ≥ h(x),

com lim f (x) = lim h(x) = L, então


x→a− x→a−

lim g(x) = L.
x→a−

Com as devidas modificações nas hipóteses, obtemos o mesmo


resultado para os limites à direita de a.

A PLICAÇ ÕES DO T EOREMA DO C ONFRONTO

Vamos usar o teorema para calcular alguns limites.


a. lim sen x = 0.
x→0
Note que o valor absoluto do seno de um arco é menor ou
igual ao valor absoluto do arco. Em outras palavras,

∀ x ∈ R, | sen x | ≤ | x |.

Veja, na figura a seguir, o que ocorre nas proximidades de


zero.

sen x x

Figura 4.3: Arco x com o respectivo seno.

O semicı́rculo tem raio igual a um (cı́rculo trigonométrico),


enquanto | sen x | é o comprimento do segmento vertical, | x |

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é o comprimento do arco. Dessa forma, se x ∈ R,

4 1 MÓDULO 1
0 ≤ | sen x | ≤ | x |.

Como lim | x | = 0 (limites laterais) e lim 0 = 0 (limite


x→0 x→0
da função constante igual a zero), obtemos

lim | sen x | = 0.

AULA
x→0

Agora, usamos o seguinte:

LEMA 4.1

Para todo a ∈ R,
lim f (x) = 0 se, e somente se, lim | f (x) | = 0.
x→a x→a

Portanto, lim sen x = 0.


x→0
Acabamos de calcular o primeiro limite de uma função tran-
scendental. Este foi um pequeno grande passo!
b. lim cos x = 1.
x→0
Neste caso, usamos o fato de que, para qualquer x ∈ R,

1 ≤ cos x ≤ 1 − | x |.

Veja, na figura a seguir, os gráficos das funções f (x) = 1,


g(x) = cos x e h(x) = 1 − | x |.

g(x) = cos x

h(x) = 1 − |x|

Figura 4.4: Gráficos da função constante 1, cosseno e h(x) = 1 − |x|.


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Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

Como lim 1 − | x | = 1 e lim 1 = 1 (limite da função


x→0 x→0
constante igual a um), obtemos

lim cos x = 1.
x→0

Exercı́cio 4.1
Esboce os gráficos das funções f (x) = | x |, g(x) = sen x e
h(x) = − | x |. Você deverá observar que, para todo x ∈ R,

−| x | ≤ sen x ≤ | x |.

Use essa informação para mostrar que lim sen x = 0.


x→0

M UDANÇA DE C OORDENADA

Um fato que usaremos com alguma frequência é que pode-


mos reescrever certos limites, fazendo uma mudança de coorde-
nadas para facilitar o cálculo.

LEMA 4.2

Considere a ∈ R e seja x = t + a, equivalente a t = x − a.


Então,
lim f (x) = L se, e somente se, lim f (t + a) = L.
x→a t→0

A mudança de coordenada corresponde a uma translação da


função na direção do eixo Ox.

L L
y = f (x) y = f (t + a)

a x −a t

Figura 4.5: Gráfico da função f . Figura 4.6: Gráfico da função transladada.


62 C E D E R J
Agora estamos em condições de mostrar que as funções trigonométricas
seno e cosseno são bem comportadas em relação ao limite. Isso

4 1 MÓDULO 1
quer dizer que, para todo número real a ∈ R,

lim sen x = sen a e lim cos x = cos a .


x→a x→a

AULA
Veja, para mostrar que lim sen x = sen a, usamos a identi-
x→a
dade trigonométrica sen (a + b) = sen a cos b + cos a sen b,
as propriedades de limites, e os limites lim sen x = 0 e
x→0
lim cos x = 1, que acabamos de calcular, assim como a mudança
x→0
de coordenadas x = t + a.

lim sen x = lim sen (t + a) =


x→a t→0
 
= lim sen a cost + cos a sen t =
t→0
   
= sen a lim cost + cos a lim sen t =
t→0 t→0
= sen a.

Exercı́cio 4.2
Use a identidade trigonométrica cos(a + b) = cos a cos b −
sen a sen b e as propriedades de limites de funções para mostrar,
de maneira semelhante ao que acabamos de fazer, que lim cos x =
x→a
cos a.

O L IMITE T RIGONOM ÉTRICO F UNDAMENTAL

É hora de lidarmos com novas indeterminações. Como


sen x
lim sen x = lim x = 0, o limite do quociente, lim é uma
x→0 x→0 x→0 x
indeterminação. Vamos levantar essa indeterminação, mostrando
que
sen x
lim = 1.
x→0 x
x
Na verdade, vamos mostrar que lim = 1.
x→0 sen x

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Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

Aplicaremos, mais uma vez, o Teorema do Confronto. Para


começar, observe as figuras a seguir.

A O
B
C

D E

A O

Figura 4.7: Arco OC positivo. Figura 4.8: Arco OD negativo.

A Figura 4.7 representa a situação em que o arco x, que liga


O até C, é positivo, enquanto a Figura 4.8 representa a situação
em que o arco x, que liga O até D, é negativo. Como estamos
tomando o limite quando x tende a zero, basta que consideremos
valores de x suficientemente próximos a zero.
Na situação em que x é positivo (Figura 4.7), o comprimento
do segmento OB é a tangente do arco x, enquanto o comprimento
do segmento AC é o seno de x. Portanto, se x está suficiente-
mente próximo de zero, com x > 0, temos

sen x ≤ x ≤ tg x.

Agora, veja a situação em que x é negativo (Figura 4.8). O


comprimento do segmento OE, com sinal negativo, é a tangente
de x e o comprimento do segmento AD, com sinal negativo, é
a tangente de x. Assim, na situação em que x está próximo de
zero, com x < 0, temos

sen x ≥ x ≥ tg x.

Resumindo, se x é um valor suficientemente próximo de


zero,
⎧ sen x

⎪ sen x ≤ x ≤ se x > 0;
⎨ cos x


⎩ sen x ≥ x ≥ sen x se x < 0.
cos x

64 C E D E R J
1
Multiplicando ambas inequações por (lembre-se, esta-
sen x

4 1 MÓDULO 1
mos considerando valores de x próximos a 0, mas diferentes de
0), obtemos o mesmo resultado,
x 1
1 ≤ ≤ .
sen x cos x

Realmente, no caso x < 0, sen x < 0, e as desigualdades são

AULA
invertidas no processo.
x
Ótimo! Agora, se fizermos f (x) = 1, g(x) = e h(x) =
sen x
1
= sec x, como lim f (x) = lim h(x) = 1, o Teorema do
cos x x→0 x→0
x
Confronto garante que lim = 1. Portanto,
x→0 sen x

1 sen x
lim x = lim = 1.
x→0 sen x x→0 x

Agora que estabelecemos o limite trigonométrico fundamen-


tal, vamos apreciá-lo um pouco, do ponto de vista geométrico.

I NTERPRETAÇ ÃO G EOM ÉTRICA DO L IMITE F UN -


DAMENTAL

sen x
Quando afirmamos que lim = 1, estamos dizendo
x→0 x
sen x
que, para valores próximos de zero, a função f (x) =
x
assume valores mais e mais próximos de 1. Veja o gráfico da
função na figura a seguir.

sen x
Figura 4.9: Gráfico da função f (x) = .
x

C E D E R J 65
Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

Uma outra interpretação para esse limite é que as funções


g(x) = sen x e h(x) = x (função identidade) tornam-se cada
vez mais parecidas, à medida que os valores assumidos por x
pertencem a uma pequena vizinhança de zero. Assim, se x as-
sume valores muito próximos de zero, porém é diferente de zero,
sen x
sen x ∼ x e, portanto, ∼ 1. É claro que a maneira adequada
x
de dizer isso é colocar
sen x
lim = 1.
x→0 x

A informação dada pelo limite é de caráter local, isto é,


quanto mais próximos do ponto em questão são tomados os va-
lores de x, mais precisa será a informação. O limite descreve
o comportamento da função em uma pequena proximidade do
ponto em questão.
Veja os gráficos de g(x) = sen x e de h(x) = x em duas
vizinhanças de zero. Uma de raio bem próximo de zero ( Figura
4.11) e outra de raio relativamente maior (Figura 4.10).

Figura 4.10: Gráficos de g Figura 4.11: Gráfico de f


e de h numa (grande) vizinhança e de g numa (pequena) vizi-
de zero. nhança de zero.

A PLICAÇ ÕES DO L IMITE F UNDAMENTAL T RIGO -


NOM ÉTRICO NO C ÁLCULO DE OUTROS L IMITES

Do ponto de vista operacional, espera-se que você use o


limite trigonométrico fundamental para calcular outros limites
trigonométricos. Dessa forma, o limite trigonométrico funda-
mental faz o papel das fatorações algébricas usadas nas aulas
anteriores para calcular os limites.

66 C E D E R J
Para isso, devemos ficar atentos ao argumento da função
seno. Veja, se lim f (x) = 0, então,

4 1 MÓDULO 1
x→a
 
sen f (x)
lim = 1.
x→a f (x)

 

AULA
Exemplo 4.2 

Vamos calcular
sen 5x
lim .
x→0 x

Solução: Neste caso, o limite do argumento da função seno, 5x,


é zero, quando x tende a 0. O problema é que o denominador
difere do argumento por uma constante. Portanto, precisamos
fazer um pequeno ajuste. Veja:
sen 5x sen 5x sen 5x
lim = lim 5 = 5 lim = 5 · 1 = 5.
x→0 x x→0 5x x→0 5x

 
Exemplo 4.3 

Veja o ajuste necessário para calcular o limite a seguir.
Solução:

sen (x − 1) sen (x − 1)
lim = lim =
x→1 x −1
2 x→1 (x − 1)(x + 1)
 sen (x − 1) 1 
= lim · =
x→1 (x − 1) (x + 1)
1
= 1· =
2
1
= .
2
 
Exemplo 4.4 

Nem sempre o limite resulta numa constante não-nula. Aqui
está um exemplo dessa situação.

C E D E R J 67
Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

Solução:

tg x2 sen x2
lim = lim =
x→0 x x→0 x (cos x2 )
x (sen x2 )
= lim 2 =
x→0 x (cos x2 )
sen x2 x
= lim · =
x→0 x2 (cos x2 )
0
= 1 · = 0.
1

Neste caso, precisamos multiplicar o numerador e o deno-


minador por x para que o argumento de seno, a função y = x2 ,
aparecesse no denominador. Esse tipo de manobra é comum no
cálculo do limite.
 
Exemplo 4.5 

O exemplo que estudaremos agora requer outro tipo de manobra.
Vamos calcular
1 − cos x
lim .
x→0 x

Solução: É claro que o limite apresenta uma indeterminação,


pois os limites do numerador e do denominador são ambos zero.
No entanto, não temos, exatamente, a função seno em vista.
Nesse caso, usaremos, também, um truque que você já conhece
– o conjugado!

1 − cos x  (1 − cos x) (1 + cos x)   1 − cos2 x 


lim = lim = lim =
x→0 x x→0 x (1 + cos x) x→0 x (1 + cos x)
 sen2 x   x (sen2 x) 
= lim = lim 2 =
x→0 x (1 + cos x) x→0 x (1 + cos x)
 sen x sen x x 
= lim · · = 1 · 1 · 0 = 0.
x→0 x x 1 + cos x

68 C E D E R J
Resumo

4 1 MÓDULO 1
Chegamos ao fim da aula, mas não ao fim das aplicações
do Teorema do Confronto. A demonstração desse teorema,
assim como as demonstrações dos dois lemas apresentados
nesta aula, decorrem naturalmente da definição de limite.
Voltaremos a falar sobre elas. No momento, o importante
é aprender as suas interpretações geométricas, assim como

AULA
as suas aplicações nos cálculos dos limites.
Veja que, nesta aula, você aprendeu que as funções
trigonométricas são bem comportadas em relação ao lim-
ite, assim como a usar o limite trigonométrico fundamen-
tal para levantar algumas indeterminações que envolvem
funções trigonométricas. Não deixe de praticar o que apren-
deu, fazendo os exercı́cios propostos.

Exercı́cio 4.3

1. Calcule os seguintes limites:


sen 3x x2
a. lim ; b. lim ;
x→0 2x x→0 sen x
sen (x2 − 1) 3x2
c. lim ; d. lim ;
x→1 x−1 x→0 tg x sen x
1 − cos 3x 1 − sec x
e. lim ; f. lim ;
x→0 x2 x→0 x2
tg2 3x sec 3x − sec x
g. lim ; h. lim ;
x→0 1 − cos x x→0 x2
sen x sen 3x x + sen x
i. lim ; j. lim .
x→0 tg 2x tg 4x x→0 x2 − sen x

2. Use as propriedades elementares de limites de funções e


os limites calculados na aula para mostrar que, se a =
(2n + 1) π
, para todo número inteiro n, então
2
lim tg x = tg a.
x→a

O que você pode dizer a respeito das outras funções trigonométricas?

C E D E R J 69
Cálculo I | O Limite Trigonométrico Fundamental

3. O Teorema do Confronto pode ser usado para mostrar que


o resultado a seguir é verdadeiro.

TEOREMA 4.2
Considere duas funções f e g com as seguintes propriedades:
a. para um certo a ∈ R, existe um r > 0, tal que
 
(a − r, a) ∪ (a, a + r) ⊂ Dom( f ) ∩ Dom(g) ;

b. existe um M > 0, tal que, se x ∈ (a − r, a) ∪ (a, a + r),


então |g(x)| ≤ M;
c.
lim f (x) = 0.
x→a
Então,  
lim f (x) · g(x) = 0.
x→a

Resumindo, o limite do produto de duas funções, uma de-


las limitada e a outra com limite igual a zero, também é
zero. A ideia da prova é a seguinte: para x ∈ (a − r, a) ∪
(a, a + r),

0 ≤ | f (x) · g(x)| ≤ | f (x)| M.

Como lim f (x) = 0, sabemos que lim | f (x)| M = 0.


x→a x→a
Agora, o Teorema do Confronto garante que lim | f (x) ·
  x→a
g(x)| = 0 e, portanto, lim f (x) · g(x) = 0. Use o
x→a
resultado para calcular os limites a seguir.
 
2 1
a. lim x sen
x→0 2x
 
1
b. lim (sen x ) cos 2
2
x→0 x
 
√ 1
c. lim ( x − 1) cos
x→1 (x − 1)3
 
√ 1
d. lim x sen .
x→0+ x
4. Sabendo que, para valores de x próximos a zero,

1 x2 1 − cos x 1
− < < ,
2 24 x2 2

70 C E D E R J
1 − cos x
o que você pode dizer a respeito de lim ?
x→0 x2

4 1 MÓDULO 1
5. Construa uma função f : R −→ R satisfazendo as seguintes
condições:
a. lim | f (x)| = 1;
x→0
b. f não admite limite quando x tende a 0.

AULA
Sugestão: pense em um degrau, por exemplo, e use os
limites laterais.

C E D E R J 71

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