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ISBN 978-85-63794-13-0
1ª EDIÇÃO
2015
© Editora Sport Training
Capa e imagens:
Alane Calmon dos Santos
Felipe Makihara Zucon
Preparação do original:
Luiz Antonio de Oliveira Ramos Filho
Leitura final:
Nanci Glade Gomes
Luiz Antonio de Oliveira Ramos Filho
Supervisão editorial:
Danhara Glade Gomes
Supervisão final:
Antonio Carlos Gomes
Projeto e editoração:
Fernando Henrique de Valentin Aguiar
CONSELHO EDITORIAL
Os originais da presente obra foram submetidos à comissão consultiva editorial, tendo
sido aprovados pelos consultores ad hoc responsáveis, e recomendada a sua publicação
na forma atual.
COMISSÃO EDITORIAL
Prof. Dr. Abdallah Achour Junior (UEL)
Prof. Dr. Antonio Carlos da Silva (UNIFESP)
Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes (CBAt)
Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes (UEL)
Prof. Dr. Edson Marcos de Godoy Palomares (Estácio de Sá)
Prof. Dr. Emerson Farto Ramirez (Universidade de Vigo – Espanha)
Prof. Dr. Enrico Fuini Puggina (USP)
Prof. Dr. Hélcio Rossi Gonçalves (UEL)
Prof. Dr. Hugo Tourinho Filho (USP)
Prof. Dr. João Paulo Borin (UNICAMP)
Profa. Dra. Ligia Andréa Pereira Gonçalves (UNIPAR)
Prof. Dr. Paulo Cesar Montagner (UNICAMP)
Prof. Dr. Paulo Roberto de Oliveira (UNICAMP)
Profa. Dra. Rosângela Marques Busto (UEL)
Prof. Dr. Sérgio Gregório da Silva (UFPR)
Prof. Dr. Tácito Pessoa de Souza Júnior (UFPR)
Prof. Dr. Valdomiro de Oliveira (UFPR)
Prof. Dr. Wagner de Campos (UFPR)
Prof. Me. Clovis Alberto Franciscon (CBAt)
Prof. Me. Pedro Lanaro Filho (UEL)
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais (Valentin e Emília), que trabalhado comigo em todos estes anos.
me deram apoio em todos os momentos A todos os treinadores e docentes que
desde o começo da minha carreira. São tem compartilhado comigo horas de traba-
meus maiores ídolos. lho tanto nas piscinas, em competições e
Meu irmão (Roberto), que sempre me treinamentos, assim como nas pesquisas
incentivou, principalmente nos momentos para o desenvolvimento da natação.
difíceis. Minha irmã (Marisol), que desde Enfim, a todos eles que foram os pilares
longa data me motiva e me dá os melhores da minha vida e onde tive a enorme sorte
conselhos. de poder fazer parte desta maravilhosa
A todos os nadadores que têm família.
APRESENTAÇÃO
Emerson Farto Ramirez
Quando fui convidado a escrever este A cada vez que conversamos, tenho a
prefácio, remeti meus pensamentos há certeza de ter em minha frente um profis-
tempos atrás quando conheci Emerson. sional capaz de se adaptar as novidades
Oriundo das Faculdades Integradas de tecnológicas bem como auxiliar com
Guarulhos (FIG) e pós-graduado na FMU, seus métodos e ferramentas professores,
tinha um acervo de ideias e pensamentos treinadores, etc., a construir através de
que fugiam a nossa realidade. Assisti aos bases científicas, treinos de resistência
antigos vídeos que produziu e que naque- aeróbia e anaeróbia capazes de evoluir um
la época já mostrava a modernidade de nadador desde as idades menores até a
sua linha de pensamento. alta qualidade de performance.
O tempo foi passando e o mestrado e Convido a todos os leitores a uma
doutorado vieram na Espanha (país de reflexão profissional sobre o conteúdo a
origem de seus familiares). Seus conhe- ser mostrado e uma análise detalhada em
cimentos foram se aprofundando no trein- cada item abordado a fim de poder com as
amento e com ele conceitos que amadu- informações adquiridas, formar um plano
receram através de seus contatos com de trabalho único, com sua própria person-
grandes autoridades mundiais no assunto. alidade e que relate a fiel concepção de
Hoje, tem sua própria linha de pensa- seus problemas e soluções, de como
mento e desenvolvimento singular de adaptar a teoria no seu dia a dia e mais
um programa que possa levar ao leitor, do que isto, programar o seu modo de ver
as informações para um planejamen- das ideias construídas através de um rol
to seguro e uma periodização capaz de de literaturas que jamais oferecerão todas
incrementar o sucesso de uma equipe de as soluções, pois no livro da vida o grande
natação. autor é você.
Saudações aquáticas.
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13
1. O CONCEITO DA RESISTÊNCIA....................................................................... 15
2. O TREINAMENTO DA RESISTÊNCIA AERÓBIA EM JOVENS......................... 18
3. MECANISMOS FISIOLÓGICOS QUE AFETAM A
CAPACIDADE AERÓBIA........................................................................................ 21
4. O TREINAMENTO ANAERÓBIO EM JOVENS.................................................. 26
5. CLASSIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
SEGUNDO O CRITÉRIO DE OBSERVAÇÃO......................................................... 35
Tipos de resistência com relação ao volume de musculatura
envolvida.............................................................................................................. 35
Tipos de resistência e a forma de obtenção de energia.................................. 35
Tipos de resistência com relação à forma de intervenção
com outras capacidades físicas....................................................................... 37
Tipos de resistência em relação às capacidades biomotoras
e os objetivos fisiológicos do treinamento da resistência............................. 39
Tipos de resistência em relação ao tempo de duração do nado.................... 41
Resistência de curta duração............................................................................. 41
Resistência de média duração........................................................................... 43
Resistência de longa duração I.......................................................................... 45
Resistência de longa duração II......................................................................... 46
Resistência de longa duração III........................................................................ 47
Desenvolvimento e Alto Rendimento 11
REFERÊNCIAS................................................................................................... 155
Desenvolvimento e Alto Rendimento 13
INTRODUÇÃO
1
O CONCEITO DA RESISTÊNCIA
2
O TREINAMENTO DA RESISTÊNCIA
AERÓBIA EM JOVENS
3
MECANISMOS FISIOLÓGICOS QUE
AFETAM A CAPACIDADE AERÓBIA
anaeróbio diminui com a idade dos 9-12 Isso nos leva a pensar que a puber-
anos (Atomi et al., 1986). Em geral, os dade é um momento crítico para atingir
meninos parecem ter um limiar mais alto e melhorar o potencial aeróbio e de
que as meninas. Ao contrário, em meninos resistência dos indivíduos, isso se não se
altamente treinados, onde esse valor não recorrer aos estímulos de cargas corre-
só não diminui como pode melhorar com spondentes.
o treinamento. Na Tabela 4, podemos Na Figura 3, Navarro (2000), demons-
observar a evolução da potência aeróbia tra as possibilidades de princípio e inten-
conforme a idade (Blimkie, Roche e Bar-Or, sificação do treinamento aeróbio em
1986). diferentes grupos de idade.
Desenvolvimento e Alto Rendimento 25
26 Emerson Farto Ramirez
4
O TREINAMENTO
ANAERÓBIO EM JOVENS
5
CLASSIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
SEGUNDO O CRITÉRIO DE OBSERVAÇÃO
máximos entre 1-2 minutos de até 50%. volta de 50% depois de aproximada-
Troup (1991) confirma esses dados com mente 30 segundos. Para esses tipos
nadadores de 100 e 200 metros livres. de intensidades, é conveniente um longo
Entretanto, Maglischo (2003), assina- aquecimento prévio (Neuman, 1991). Em
la que se tanto o sistema ATP-CP e poucos minutos, o sistema cardiovascular
o metabolismo anaeróbio fornecem a não pode estabelecer um total de estado
maior parte da energia para a prova de estável metabólico.
50 metros, o metabolismo anaeróbio é o Uma prova disso pode ser vista no
principal contribuinte para as distâncias contínuo aumento da concentração de
de 100 e 200 metros, ainda que o papel do lactato no sangue, o qual alcança seu
metabolismo aeróbio seja cada vez mais máximo valor somente depois da compe-
importante até os 200 metros (Tabela 10). tição, entre 5 e 10 minutos de recupera-
Na prática, a porcentagem anaeró- ção. Esse atraso ocorre porque existe um
bia do metabolismo energético com uma desequilíbrio entre o acúmulo e a renova-
carga de duração curta pode ser estimada ção do lactato com exercício de resistên-
sobre a base de concentração do lacta- cia de curta e média duração.
to no sangue depois de uma carga de Os fatores decisivos para o rendimen-
competição. Em indivíduos muito treina- to de RCD deverão ser, segundo Navarro
dos, os valores de lactato estarão acima (1998) e Neuman (1990, 1991):
dos 18-22 mMol/l. Os objetivos fisiológicos
na perspectiva da produção de energia da • Capacidade alática: capacidade de
RCD serão: dispor muita energia por unidade de
tempo, muito importante nas provas de
• Potência glicolítica; 50 metros;
• Capacidade glicolítica; • Potência glicolítica: capacidade de
• Potência aeróbia (especialmente despender muita energia por unidade
em provas que se aproximam de uma de tempo, por meio de uma atividade
duração de 2 minutos). e quantidade de enzimas da glicólise
anaeróbia, com uma maior incidência
O sistema cardiovascular fornece nos esforços por volta dos 45 segundos;
oxigênio para a musculatura exercitada. • Capacidade de tamponamento:
As catecolaminas (adrenalina e noradre- capacidade de atrasar a hiperacidez,
nalina) e o sistema nervoso simpático apesar da contínua produção de lacta-
garantem a plena eficiência em presta- to. A acidez pode afetar de alguma
ções desse tipo, chegando a frequência forma na prova de 50 metros, não de
cardíaca a valores individuais de 190-210 vido a queda severa do PH muscular,
bpm. O consumo máximo de oxigênio mas sim pode afetar no final da prova,
(VO2máx) pode ser solicitado em 100% já que antecede o ritmo de contração
apenas depois de um tempo de duração muscular;
de 40-60 segundos. • Tolerância lática: o nadador necessi-
O consumo de O2 cresce linearmen- ta aumentar sua capacidade para conti-
te desde o início da carga e alcança por nuar com o trabalho muscular, apesar
Desenvolvimento e Alto Rendimento 43
lático, além da capacidade aeróbia para oxigênio o mais elevado possível duran-
manter um elevado ritmo médio de esforço te o maior tempo possível;
durante toda a atividade. Isso vai depen- • Tolerância lática: capacidade para
der do nível de treinamento que possui o fornecer energia através do sistema
nadador a cada momento. anaeróbio glicolítico que é a capacida-
Os objetivos fisiológicos a partir da de de produzir muito lactato, uma vez
perspectiva da produção de energia da que a glicólise em 100% não pode ser
RMD seriam (Tabela 10): mantida por mais de 4 minutos;
• Glicogênio muscular: é o substrato
• Potência aeróbia; utilizado principalmente para produzir
• Capacidade aeróbia. energia aeróbia e anaeróbia neces-
sária para esse tipo de esforço. Ainda
Os fatores decisivos para o rendimento que não se agite por completo devido a
de RCD serão segundo Navarro (1998) e pouca margem de tempo, suas reservas
Neuman (1990, 1991): começam a ser bastante importantes
quando se aproximam dos 10 minutos;
• Potência aeróbia: o VO2máx é • Força e velocidade: possui menor
empregado plenamente, por isso, é importância que na RCD. As manifes-
relevante que o atleta/nadador dispo- tações de resistência de velocidade,
nha de um valor elevado; resistência de força lática e resistên-
• Capacidade aeróbia: a necessida- cia de força aeróbia têm uma especial
de de manter o consumo máximo de importância no rendimento.
Desenvolvimento e Alto Rendimento 45
RESISTÊNCIA DE oxidantes.
LONGA DURAÇÃO I O principal substrato energético nesse
caso é o glicogênio muscular e o extramus-
A Resistência de Longa Duração I (RLD cular (fígado), não se exigindo em nenhum
I) possui uma duração de carga dos 10 a caso a utilização total das reservas de
35 minutos e na natação está relaciona- glicogênio ou a sua compensação total. O
da a uma distância de 1500 metros. Ela metabolismo aeróbio cobre mais de 70%
possui um predomínio elevado de fibras da energia, enquanto que o metabolismo
de contração lenta de 60-70%. A distribui- anaeróbio, de 20-25% para a aceleração
ção de fibras está fixada geneticamente e (mudanças de ritmo e sprint final).
praticamente não pode ser modificada com Se for aumentada a frequência de
o treinamento, ao contrário da qualidade movimentos, também aumenta a porcenta-
metabólica. gem da glicólise, podendo chegar a uma
A possível transformação do perfil concentração média de lactato de 8-10
funcional da fibra intermediária (fibra do mMol/l (Figura 8). Quando a concentração
tipo II C ou fibra de contração rápida/lenta) de lactato supera os 7 mMol/l, é ativada a
supõe aproximadamente 5% do potencial ação antilipolítica do lactato (inibição do
das fibras do músculo. Segundo afirma metabolismo lipídico), tendo os carboidra-
Howald (1989), as fibras de contração tos como substrato principal de energia.
rápida/lenta transformam-se em fibras O sistema cardiocirculatório é solicita-
de contração rápida com um treinamento do a um alto nível, sendo que a frequên-
de resistência e com um treinamento de cia cardíaca alcança de 185 a 200 pulsa-
velocidade em fibras de contração rápidas ções por minuto e, por volta de 90-95%
46 Emerson Farto Ramirez
sobre a oxidação dos músculos implicados • Nível de limiar anaeróbio: pode ser
na atividade. Para conservar a temperatu- mais elevado que a RLD II (85 a 91% do
ra interna do corpo, termo regulação, são VO2máx) para manter um ritmo médio
produzidas enormes perdas de suor (3 a elevado de velocidade com concentra-
5 litros), que implicam uma maior visco- ções de lactato entre 2 e 3 mMol/l;
sidade do sangue e as perdas de eletró- • Consumo máximo de oxigênio: com
litos, especialmente sódio, cloro, potás- um VO2máx elevado, as condições de
sio e magnésio, prejudicando as funções utilização de oxigênio serão favoreci-
de condução nervosa e dos músculos das em condições de limiar anaeróbio;
(Navarro e Oca Gaia, 2011). • O glicogênio muscular e hepático:
Os depósitos de glicogênio nos múscu- esgotam-se totalmente, assim que for
los e fígado não são suficientes para conveniente, recomenda-se a ingestão
esforços intensos que duram mais de 90 de carboidratos durante o esforço;
minutos, daí a necessidade de ingestão de • Mobilização das gorduras e proteí-
líquidos e de alimentos. O consumo global nas: a porcentagem de oxidação das
de energia é de 2300 a 7000 kcal e estima- gorduras para produzir energia aeróbia
se que com um consumo de oxigênio de 3 pode alcançar de 30 a 70%. O forne-
l/min liberam-se aproximadamente 15 kcal/ cimento energético mediante a disso-
min e com 4 l/min 20 kcal/min, sendo que ciação proteica pode alcançar até 10%
25% dessa energia é utilizada para o traba- nos esforços mais longos;
lho muscular, enquanto que a porcentagem • Termo regulação: para regular
mais elevada 75% – destina-se à liberação a temperatura interna e manter as
de calor. funções de condução nervosa e dos
Os 95% da produção de energia são músculos, é necessário fornecer líqui-
via aeróbia, mas um nadador rápido com dos para evitar as perdas através da
um sprint final pode refletir de 3 a 5 mMol/l transpiração (3 a 5 litros) e eletrólitos
de lactato. Os ácidos graxos participam (Ni, Cl, H+, Mg).
com 30 a 50% na produção de energia,
podendo chegar até os 70% nos tempos
de duração mais prolongados. TIPOS DE RESISTÊNCIA EM
Tomar de 30 a 50 gramas de glicose por RELAÇÃO À ESPECIFICIDADE
hora de carga serve para manter a homeos- DA MODALIDADE ESPORTIVA
tase da glicose. Entretanto, esse aporte de
glicose não é suficiente devido à limitação Navarro e Oca Gaia (2011), distinguem
da absorção intestinal. Um mecanismo da a resistência básica, específica e compe-
compensação é a gliconeogênese que se titiva. No caso da resistência de base, a
evidencia no notável aumento do cortisol, mesma é entendida como:
na diminuição de um aminoácido, a alanina
e o forte aumento da ureia sérica. • A capacidade de executar um tipo
Os fatores decisivos para o rendimento de atividade independente do esporte
de RLD III são segundo Navarro (1998) e que implique muitos grupos musculares
Neuman (1990, 1991): e sistemas (sistema nervoso central,
Desenvolvimento e Alto Rendimento 49
6
METODOLOGIA DO
TREINAMENTO DA RESISTÊNCIA
Lorenzo et al. (2002) usam duas fases: de 4 mMol/l, Mader et al. (1976), em cujos
estudos iniciais localizou o limiar anaeró-
a) Abaixo do limiar anaeróbio, a relação bio, define essa zona como a mais idônea
entre oxigênio abastecido e atividade para a melhora da resistência aeróbia.
metabólica do músculo encontra-se Na natação, podemos utilizar distin-
próxima à unidade, ou seja, o sistema tos protocolos para determinar o limiar
cardiorrespiratório abastece o oxigê- anaeróbio. Os testes mais conhecidos
nio com quantidade suficiente para as são:
mitocôndrias do tecido muscular oxida-
rem o ácido pirúvico; • Teste escalonado progressivo de
b) Acima do limiar anaeróbio, o sistema 8x200m;
de fornecimento de oxigênio não repas- • Teste escalonado progressivo de
sa oxigênio suficiente ao músculo, de 4x400m;
maneira que parte do ácido pirúvico não • Teste de 8x100m de Maglischo;
pode oxidar-se na mitocôndria e reduz- • Teste de 6x400m de Maglischo;
se, então, o ácido lático. A ação evita • Teste de duas distâncias de Mader
que o potencial de redução do Citosol (2x400m);
cresça o suficiente, nessas condições, • Teste adaptado de três distâncias
aumenta a produção de CO2 e H+. (2x400 + 1x100m);
• Método de Griess (Maxlass).
A partir de certa intensidade, o ácido
lático produzido pelo organismo, especifi- Se um nadador possui um limiar
camente o músculo, pode apresentar dois anaeróbio correspondente a uma concen-
comportamentos: amortecer dentro das tração de lactato de 4 mMol/l, deveria ser
próprias células e/ou expulsar o sangue capaz, na teoria, de manter esse número
através das células musculares, traba- – e a velocidade em que se alcança esse
lho realizado em conjunto com outras nível – durante 30 minutos ou mais. As
moléculas, dando lugar à amortização concentrações de ácido lático que podem
pelos tamponamentos do plasma. Esses ser toleradas variam bastante de nadador
dois mecanismos não são excludentes e o para nadador.
organismo os utiliza sempre. O treinamento de limiar anaeróbio ou
Depois de 6-10 semanas, ao realizar um de aeróbio médio é um treinamento de
teste com velocidade determinada, consta- alta qualidade aeróbia. Em um nadador
ta-se uma redução importante nos níveis bem treinado, a frequência cardíaca está
de lactato no sangue. Após essa rápida geralmente em 20 abaixo da frequência
alteração inicial, as melhoras se “retran- cardíaca máxima (Navarro et al., 2003).
cam” com pouca redução na quantidade de
ácido lático acumulado (Rodriguez, 2000).
Podemos determinar o limiar a partir de CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO
uma concentração determinada de lacta-
to. As concentrações mais utilizadas são Se o nadador supera a velocidade
de 2, 5, 3 e 4 mMol/l. Na taxa metabólica que corresponde ao limiar anaeróbio,
Desenvolvimento e Alto Rendimento 63
consecutivas pode seguir a uma sessão minutos a 2 horas e também pode chegar a
de treinamento de capacidade e potên- ser de várias horas em casos determinados
cia anaeróbia, potência aeróbia ou uma como, por exemplo, nas travessias.
competição. É aconselhável conceder ao A intensidade da carga corresponde ao
nadador um dia completo de descanso na âmbito entre o limiar aeróbio e o anaeróbio
semana, mas nunca depois da competição (1,5 a 3 mMol/l de lactato) o que aproxima-
(Olbrecht, 2000). Para melhora da resis- damente supõe uns 60 a 80% da velocidade
tência aeróbia ligeira utiliza-se o método de competição. Como consequência, com
contínuo extensivo e o método de intervalo a prática desse método de treinamento,
extensivo. consegue-se uma maior economia do rendi-
mento cardiovascular, um melhor aprovei-
tamento do metabolismo lipídico, manter/
MÉTODO CONTÍNUO UNIFORME estabilizar o nível aeróbio alcançado e um
aprimoramento do ritmo de recuperação.
Caracteriza-se por um alto volume Os exercícios de treinamento do método
de trabalho sem interrupções e é utiliza- contínuo uniforme extensivo podem ser
do principalmente no período preparató- elaborados conforme demonstração na
rio (em um desenho convencional) ou no Tabela 22.
mesociclo de acúmulo (desenho contem- Como consequência, com esse tipo
porâneo – ver exemplo de planificação do de treinamento, seus efeitos fisiológicos
treinamento). O principal efeito é a melhora seriam:
e aperfeiçoamento da capacidade aeróbia,
em função da duração e a intensidade da • Maior economia do rendimento
carga que se emprega. cardiovascular;
• Melhor aproveitamento do metabolis-
mo lipídico;
MÉTODO CONTÍNUO • Maior estabilização do nível aeróbio
UNIFORME EXTENSIVO alcançado;
• Melhora do ritmo de recuperação do
A duração da carga é longa, de 30 nadador.
Desenvolvimento e Alto Rendimento 71
também quando se trabalha de costas. mínimo, vai demorar 48 horas para formu-
Nos nados borboleta e peito, é difícil lar-se por completo (Platonov, 1998). É
realizar muito trabalho aeróbio com nadado- recomendável a ingestão de bebidas isotô-
res dessa faixa etária. O alto nível de força nicas e de uma dieta rica em carboidratos
necessária para nadar corretamente esses a fim de uma reposição adequada durante
estilos não permite que o nado seja aeróbio. o esforço.
O timing correto nesses estilos é muito Com a finalidade de conhecer este
importante, assim, costuma ser prejudicial ritmo, os nadadores podem ser testados
subordinar o aspecto técnico para reali- a cada quatro semanas, fazendo um teste
zar trabalho aeróbio. Todavia, o trabalho progressivo. Ao finalizar cada repetição,
de técnica aeróbia e o trabalho de pernas retira-se uma pequena amostra de sangue
podem ser realizados corretamente nesses do dedo ou do lóbulo da orelha para conhe-
estilos. cer a concentração de lactato no sangue
após o exercício.
O ritmo de acúmulo de lactato aumenta
TREINAMENTO AERÓBIO DE suavemente desde o princípio, até alcan-
MODERADA INTENSIDADE çar um ponto crítico em que um peque-
no aumento de velocidade origina um
O treinamento aeróbio de moderada crescimento desproporcional do acúmulo
intensidade (AMI) abrange intensidades de lactato. O limiar anaeróbio é onde o
de nado com concentrações de lactato no organismo já não é capaz de eliminar todo
sangue entre 3 a 4 mMol/l em nadadores o lactato produzido.
adultos, porém nadadores com alto nível Nessa velocidade, o nadador obser-
de treinamento de resistência podem vará que é capaz de manter-se maior
alcançar um valor de 2,5 mMol/l de lactato. tempo, mas que também se fadigará mais
É por isso que também pode-se denomi- quando aumentar o limite de velocidade.
nar treinamento de limiar anaeróbio. Em Se o limiar anaeróbio é alcançado em uma
geral, o tipo de treinamento que melhora elevada porcentagem de consumo máximo
o limiar anaeróbio é o de nadar distâncias de oxigênio, o nadador terá maior capaci-
longas com descansos curtos, o proble- dade para o rendimento de resistência de
ma fundamental é saber manter o ritmo longa duração.
adequado. Nos métodos que veremos a seguir,
Se quisermos realizar o controle do o treinador pode desenhar objetivamen-
treinamento através da frequência cardía- te o ritmo de treinamento para melhorar
ca, essa deverá estar abaixo de 25 e 30 a capacidade de resistência do nadador.
batimentos em relação à FCmáx. Nesses Esse teste deve ser repetido após várias
esforços, utiliza-se o glicogênio muscular semanas, com a finalidade de reajustar o
e a quantidade do mesmo nos músculos ritmo de treinamento baseado nas melho-
esgota-se em mais de 60% em 45 minutos rias que o nadador tenha conseguido com
(Saltin e Karlsson, 1971) indo à velocidade o treinamento.
de limiar anaeróbio. Um exemplo do tipo de treinamento seria
A recuperação desse glicogênio, no 6x400 saindo cada 4’30’’ a um ritmo médio
Desenvolvimento e Alto Rendimento 79
mMol/l e com 20-30 batimentos por minuto aplicação de um teste de duas distâncias
abaixo da frequência cardíaca máxima. Em (2x400 metros) em um nadador. A concen-
função desses objetivos de treinamento é tração de lactato na primeira repetição é de
recomendável o seu uso no desenvolvi- 4,1 com um tempo de nado de 4’47’’. Na
mento da resistência básica ou da resis- segunda repetição, o nadador realiza um
tência específica de longa duração I, II e III. tempo de 4’30’’ e produz-se uma concen-
Na Tabela 30 são demonstrados tração de 8,7 mMol/l. O tempo equivalen-
exemplos para o treinamento aeróbio de te à intensidade em condições de limiar
moderada intensidade. anaeróbio sobre um valor fixo de 4 mMol/l
As velocidades tiveram variações é de aproximadamente 4’48’’ para esse
conforme o tipo de distância utilizada. Na nadador.
Tabela 31, é sugerido um exemplo para Para uma correta execução do teste, é
um nadador com determinadas marcas necessário que a concentração de lacta-
pessoais e os tempos a que deveria ir o to resultante da primeira repetição esteja
treinamento. próxima ou acima de 4 mMol/l. Caso for
A partir da velocidade média do teste abaixo, cometeríamos os erros aponta-
de T30min, podemos extrair as velocida- dos na Figura 22. O mesmo nadador
des para diferentes distâncias e descan- anterior repete o mesmo teste, mas, nessa
sos como mostra a Tabela 32, ou, ainda, ocasião, a primeira repetição é feita em
em função da distância percorrida durante um tempo mais lento (4’56’’), o que origina
o nado em 30 minutos, são determinados uma concentração de lactato inferior (2,9
os tempos de nado conforme a distância mMol/l). Seguindo o mesmo procedimento
e tempos de descanso que os nadadores para determinar a intensidade (ou o tempo)
devem utilizar. correspondente a uma concentração de
Um exemplo de tempos para a aplica- lactato de 4 mMol/l, o nadador reflete um
ção do método intervalado extensivo nas tempo superior com a mesma concentra-
zonas aeróbias de baixa e de moderada ção.
intensidades em distâncias de 100, 200 O problema acontece pelo fato de
e 400 metros com 10 segundos (baixa) e desenhar o gráfico com apenas dois
30 segundos (moderada) para nadadores pontos que refletem uma reta, quando o
(Tabela 33). acréscimo do lactato com a intensidade
Foram utilizadas outras fórmulas ajusta-se melhor a uma curva exponencial.
através da determinação da relação da Visto que a partir de 4 mMol/l a tendência
frequência cardíaca e velocidade de nado é mais linear, as determinações no caso A
que, na natação, têm sido utilizadas exten- são mais confiáveis que no caso B (Figura
sivamente, com distâncias de 100, 200 22).
e 400 metros, através de 2 nados sobre Um limiar anaeróbio individual pode
algumas das distâncias assinaladas a situar-se acima ou abaixo das velocida-
intensidades submáximas (na primeira des correspondentes a uma concentra-
repetição e máxima ou quase máxima na ção de lactato no sangue de 4 mMol/l, em
segunda repetição). alguns estudos, já foram relatados limia-
Na Figura 21, pode-se observar a res anaeróbios individuais variando de 1,3
Desenvolvimento e Alto Rendimento 85
ácido lático superiores a 4 mMol/l para os aumento do ácido lático acima do nível
10 a 20% restantes. de repouso; é o ponto em que o acrés-
Outras tentativas de elaborar métodos cimo de 1 mMol/l de lactato é igual a 1
para a determinação do limiar anaeróbio cm, e 0,10 m/s de aumento e a veloci-
individual são: dade em natação é igual a 2 cm.
alcance de todos, por isso alguns autores a) Nadar 3000 ou 8x500 com descansos
apresentam alguns testes para a determi- curtos tentando realizar o melhor ritmo
nação do limiar anaeróbio sem precisar possível. Esse ritmo que o nadador é
coletar nenhuma amostra de sangue e capaz de manter ajusta-se bastante ao
que, mesmo assim, são muito eficientes. ritmo do limiar anaeróbio. O tempo médio
Nos testes de campo não se pode garantir por 100 metros será utilizado como ritmo
a mesma padronização que em laboratório de treinamento. O nadador deverá reali-
(condições climáticas, temperatura, etc.). zar o teste periodicamente para reajustar
Somente com certas restrições, portan- as intensidades de treinamento;
to, servem seus resultados para efetuar b) Nadar 4x200 descansando de 2 a 3
comparações temporais. Os testes de minutos entre cada repetição. Controla-
campo mostram, entretanto, duas vanta- se o batimento nos primeiros 6 segun-
gens comparativas: em primeiro lugar, com dos, imediatamente depois de finalizar
eles pode-se conseguir uma maior afini- cada repetição. Para a determinação
dade com a modalidade esportiva e, em da velocidade correspondente ao limiar
segundo lugar, os mesmos pressupõem anaeróbio, o nado deve ser realizado
um treinamento. aumentando a velocidade cada 200
Na sequência são expostos outros metros, mas sempre em intensidades
testes: submáximas.
92 Emerson Farto Ramirez
minutos para nadadores bem treinados). através desse procedimento, tais como a
Com a finalidade de desenvolver a capaci- melhora na utilização de oxigênio (aumen-
dade de rendimento aeróbio específico to de número de mitocôndrias e ativida-
máximo, pelo menos 10% da carga total de das enzimas mitocondriais), se não
do treinamento devem ser trabalhados de também pelo aumento dos conteúdos dos
forma mista aeróbia-anaeróbia (Navarro e transportadores monocarboxilatos (MCT).
Oca Gaia, 2011). Esses MCT ajustavam para eliminar
A melhora do ritmo de eliminação de uma grande porção de ácido lático, (lacta-
lactato em nadadores está relacionada ao to/H+) transportando o lactato desde os
ritmo de limiar anaeróbio, mas hoje em dia músculos ativados ao sangue durante o
não se pode atribuir o benefício às altera- exercício. Portanto, os MCT são de grande
ções metabólicas provocadas no músculo importância à regulação no retardo da
104 Emerson Farto Ramirez
800 e 1500. Algumas características desse ILIE e ritmo de prova (RP). O início com o
método são (Sweetenhan e Atkinson, trabalho ILIE requer entre 2 e 4 semanas
2003): de trabalho prévio, com volumes mais
elevados e intensidades mais moderadas.
• Duração: 30-35’ de trabalho em um Na Tabela 40 é demonstrado o trabalho de
total de 45-50’; introdução ao treinamento intermitente de
• Intensidade: FC: 30-10 bpm; longa duração e intensidade elevada.
• Pausa: feminino – 33% do tempo de A progressão ao trabalho de ILIE é
trabalho; masculino – 66% do tempo de realizada em 4 passos. O primeiro deve-
trabalho; se realizar um treino de 30x100m com
• Ritmo: uniforme; descansos de 1’20’’ para as meninas e
• Controle: FC, tempo, número de 1’45’’ para os meninos, a uma intensida-
braçadas na 2ª metade da série. de de 20 batimentos abaixo da FCmáx.
Devem ser registrados todos os tempos
O sucesso dos nadadores australianos da série e o cálculo da média, neste caso
em provas de meio fundo reside em uma o T1. O segundo passo consiste em fazer
correta combinação de treinamentos de uma série de 30x100m com os mesmos
Desenvolvimento e Alto Rendimento 111
a 500 metros com a finalidade de dispor • 4x400m com 9’00’’, com 5-15 bpm
da duração de nado suficiente que permita abaixo da FCmáx;
alcançar a situação de máximo consumo • 6x200m com 6’00’’, com 5-15 bpm
de oxigênio. abaixo da FCmáx;
Os tempos de descanso aproximam- • 1x400m com 9’00’’; 2x300m com
se do tempo que dura o trabalho, repre- 7’00’’; 3x200m com 6’00’’, com 10-20
sentado na proporção (T:D = 1:1). Efeitos bpm abaixo da FCmáx.
fisiológicos: produção e restauração do
lactato no sangue, implicação das fibras II Recomenda-se muita cautela ao aplicar
(sempre que o VO2máx for maior que 90% esse método, uma vez que o efeito sobre
ou a força ocupar mais de 30%) e esgota- uma maior tolerância ao lactato será acres-
mento do depósito de glicogênio. centada quanto mais curta for a distância.
A capacidade aeróbia utilizando distân- Nesse método, a distância de 200 metros
cias de 400 a 500 metros e a potência pode gerar uma concentração de lactato
aeróbia utilizando distâncias de 200 e 300 muito elevada se o nadador imprimir uma
metros. Alguns exemplos na sequência: velocidade superior à necessária para
conseguir o VO2máx.
114 Emerson Farto Ramirez
transporta as membranas celulares até a faz o papel de uma bomba, capaz de ceder
mitocôndria. rapidamente seu conteúdo de oxigênio e
A mioglobina armazena oxigênio e o de se recarregar em pouco tempo (Hellard,
libera nas mitocôndrias quando há falta do 1998).
mesmo durante a contração muscular. Podemos dizer que permite aos múscu-
Essa reserva de oxigênio é utilizada los funcionarem permanentemente em um
durante a transição do estado de repouso elevado regime aeróbio enquanto se limita
ao exercício, ao proporcionar oxigênio para a produção de lactato. Portanto, efetua um
as mitocôndrias durante o retardo, entre o período de nado em alta intensidade, próxi-
início do exercício e a crescente liberação mo, igual ou superior à velocidade aeróbia
cardiovascular de oxigênio. Essa proteína máxima (VAM), seguido por um posterior
Desenvolvimento e Alto Rendimento 117
a duração é maior, sendo inevitável um ser maior, sempre que seja respeitada a
déficit. Só os exercícios de não mais de 30’’ intensidade requerida.
de esforço funcionam sobre esse princípio É muito importante que a intensidade
(Hellard, 1998). do trabalho não supere os 105% da veloci-
Os descansos devem ser curtos, entre dade aeróbia máxima. Alguns estudos
10’’-30’’ de recuperação como máximo, sugerem que, com intensidades superio-
sendo recomendável manter a frequên- res, o trabalho passa a ser fortemente
cia cardíaca em uma zona entre 10 a 20 anaeróbio (Biscioti, 2002) demonstrado na
batimentos, com a finalidade de que a Tabela 47.
solicitação seja ótima e se aproxime o Os nadadores de meio fundo e fundo
máximo possível a um esforço contínuo devem introduzir gradualmente o treina-
(Figura 38). mento intermitente na preparação para as
A recuperação entre as séries deve competições. Também é muito útil para
ser mais ampla, o suficiente para que a nadadores do estilo peito e borboleta que
frequência cardíaca abaixe de 120 bpm. O encontram muita dificuldade em realizar
volume da série será de 400 a 800 metros, trabalhos mistos aeróbios-anaeróbios em
porém a quantidade de treinamento pode seu próprio estilo de nado.
120 Emerson Farto Ramirez
si mesma, não contribui diretamente na sendo o número normal entre 7,35 e 7,45.
fadiga que ocorre em altas intensidades do Quando esses valores baixam de 7,35
exercício. entra em estado de acidose. Quanto maior
O acúmulo do próton (H+) coincide, mas for a acidose devido à diminuição do pH,
não é decorrente da produção de lactato, maior interferência na produção de força
que resulta na diminuição do PH celular nos músculos e redução do ritmo da glicó-
(acidose metabólica). Algumas enzimas lise, provocando a redução da velocidade
são bloqueadas quando o ritmo da glicóli- do nadador (Robergs, 2001).
se torna-se mais lento devido ao equilíbrio O íon lactato simplesmente difunde-se
químico dentro do músculo, que se torna através dos músculos e da corrente sanguí-
mais ácido. nea, sem nenhuma evidência que sugira
Existe também uma deterioração do um efeito negativo sobre a função muscular
ritmo de transmissão dos sinais elétricos ou a sobre a produção de energia. O lacta-
do neurônio motor até a fibra muscular que to pode ser reciclado no ciclo de produção
tarda mais a relaxar-se após a contração, de energia e utilizado positivamente para
preparando-se para a seguinte. Desse ajudar a produzir energia (Navarro e Oca
modo, o pH é a expressão matemática da Gaia, 2011).
concentração de H+. O organismo tenta Um elevado nível de lactato indica
manter o pH dentro de valores estreitos, que está sendo produzida uma grande
128 Emerson Farto Ramirez
Desenvolvimento e Alto Rendimento 129
quantidade de energia anaeróbia. A 200 metros, com volumes totais dos 100
adaptação ao treinamento não é a busca até os 400 metros. Os descansos devem
da redução na produção de lactato, mas a ser de 60 segundos para as distâncias
busca pela melhor adaptação do organis- menores e os descansos mais longos nas
mo e da musculatura na capacidade de distâncias maiores.
amortecimento do íon H+ com grandes Neste caso, Navarro e Oca Gaia (2011)
concentrações de lactato (ácido), conhe- dividem o treinamento anaeróbio lático
cida como capacidade de tamponamento. em duas orientações: capacidade lática e
Como consequência, esta melhora benefi- potência lática, sendo a primeira a qualida-
cia indiretamente a produção do ATP glico- de que permite ao nadador manter durante
lítico e facilita a manutenção de uma inten- o maior tempo possível uma determina-
sidade de nado mais elevada durante um da velocidade em condições de acidose
tempo prolongado. muscular sem redução do rendimento
Para o programa de treinamento, mecânico. Essa orientação de treinamento
devemos elaborar treinos com distâncias seria importante para nadadores de 200 e
entre 25 a 200 metros, numa intensidade 400 metros. A segunda orientação busca a
desde os ritmos de competição de 50 até máxima produção de lactato por unidade
130 Emerson Farto Ramirez
Desenvolvimento e Alto Rendimento 131
51, podem servir como orientação de de 200 metros), a Tabela 53 propõe uma
treinamento para um nadador que tem progressão de intensidades, ou seja, os
como melhor marca na prova de 200 dados a serem colhidos serão comparados
metros livre de 2 minutos. com a primeira coluna, com o tempo objeti-
vo de 30 segundos.
Caso o nadador realize o treino sem
MÉTODO DE SÉRIES MÉDIAS excessiva dificuldade, para o próximo
treinamento devem ser propostos ritmos
As séries devem ser realizadas a partir mais fortes, ensaiando com os tempos
de um volume entre 150 e 300 metros, com que se apresentam na segunda coluna e,
distâncias curtas de 25 a 100 metros e os assim, sucessivamente.
descansos entre as repetições são curtos, Na Tabela 54 propõem-se diferentes
de 10 a 30 segundos. Já a pausa entre treinos para desenvolver a capacidade
as séries deve ser no mínimo o dobro do lática para nadadores de diferentes catego-
tempo da série, entre 3 a 8 minutos. Nesse rias da natação.
caso, também estaríamos treinando o ritmo
de prova do nadador de 200 e 400 metros.
Seguindo o mesmo caso do nadador TREINAMENTO DA
anterior, propomos alguns exercícios de POTÊNCIA LÁTICA
treinamento com esse método (Tabela 52).
Com a mesma referência de tempo no O tempo de esforço para desenvol-
caso anterior (2 minutos para uma prova ver a potência lática estará entre os 20 a
Desenvolvimento e Alto Rendimento 133
De forma geral, pode-se afirmar que “um cronômetro. Isso significa que se
nadador está preparado para realizar uma compararmos com a cronometragem
determinada marca, quando pode nadar manual, é necessário fazer ajustes
uma distância menor que a da competição similares aos que se fazem com os
no tempo objetivo que cubra pelo menos tempos oficiais que se conseguem de
60% do total da prova”, durante uma série uma maneira ou outra (Tabela 58);
de repetições suficiente. 2. Os tempos são medidos com a
Por exemplo, um nadador de 100m, passagem da cabeça na maior parte
cujo objetivo é fazer 50’’ deveria realizar de referências ao longo da piscina,
a passagem de 60m a 28’’62, inicialmente enquanto que os toques na parede
numa repetição para, posteriormente num são medidos com o contato dos pés ou
ciclo longo de treinamento chegar a fazer 4 das mãos. Tal aspecto deve ser levado
ou 6 vezes em uma sessão. em consideração quando são medidos
Esse é um indicador de que está prepa- tempos, por exemplo, da segunda larga-
rado para fazê-lo na competição. Caso da, pois a tabela usa como referência
reproduza nos treinamentos a passa- o contato concreto de competição, ou
gem da competição prévia, provavelmen- seja, é ensaiado o ritmo próprio dos
te consiga apenas repetir sua marca. No 35m da segunda largada em 100m, o
entanto, essa não é uma regra fixa e é cronômetro será ativado quando os pés
possível que o nadador consiga obter contatarem por trás da virada e logo
resultados diferentes aos previstos em quando passar a cabeça nas bandeiras
ambas as circunstâncias. de saída em 15m;
Adaptando algumas pautas assinala- 3. É possível que sejam utilizadas
das pelas denominadas “Speed Charts”, é outras referências temporais e, portan-
necessário levar em consideração: to, serão realizados os ajustes perti-
nentes (Tabela 58). Por exemplo, o
1. Os tempos de passagem são momento em que se separam os pés na
eletrônicos ou registrados com vídeo saída (para excluir o tempo de reação),
140 Emerson Farto Ramirez
Desenvolvimento e Alto Rendimento 141
142 Emerson Farto Ramirez
o mesmo nas viradas, será medido o causa de um detalhe que está na saída;
tempo no momento em que se separam 4. O mesmo ocorre no momento de
os pés para excluir o giro/impulso de modelar os trechos intermediários com
uma virada de peito ou borboleta, etc. o número de braçadas (ou ciclos), a
frequência de ciclo ou longitude de ciclo,
Quando aplicamos as TTP ao treina- o número de respirações por largada, a
mento, estamos orientando a carga aos observação das referências de chega-
aspectos específicos da competição e à da à parede, a posição da cabeça na
execução de um modelo concreto de rendi- chegada, etc. Tudo isso deve ser prati-
mento. Portanto, esse modelo deve estar cado tal qual será realizado na compe-
acompanhado de todos os aspectos técni- tição, chegando a modelos excelentes
cos associados que, entre outros, convém para cada nadador;
destacar (Arellano, 2010): 5. A informação anterior faz parte
do conhecimento do rendimento do
1. O traje de nado utilizado em compe- nadador e, se for perguntado, qual a
tição deve ser incluído no protocolo de passagem que deve fazer em 25m,
treinamento do modelo de rendimento quantas batidas deve dar por trás da
competitivo; virada ou quantas braçadas deve dar
2. A técnica concreta de saída e a plata- na segunda largada? Deverá responder
forma específica da competição (deve de forma imediata, pois já deve ter claro
ser usada a plataforma com apoio para quais são seus objetivos ao ter pratica-
o pé posterior na saída. O mesmo para do de forma rotineira durante o treina-
o nado de costas, tirando os pés fora da mento.
água ou não); Outro exemplo de sua aplicação no
3. Número preciso de batidas subaquá- treinamento específico seria o de um
ticas a realizar, momento de início, nadador que se prepara para um treina-
momento de finalização, sincronização mento com intensidades a ritmo de 50m
subaquática de nado peito, momento e 100m. Pode-se combinar em um treino
de início subaquático, tempo de desli- (unidade de carga), repetições que estimu-
zamento posterior, respiração ou não lam a velocidade (por exemplo, 20m
por trás da imersão, etc. São alguns com saída) e repetições mais longas que
exemplos de aspectos a concretizar e estimulam a produção de lactato, mais
praticar nesse tipo de trabalho, sendo orientadas ao esforço de 100m.
de importância muito maior do que se Podendo ordenar-se de diferentes
crê. Por exemplo, se for feita uma batida maneiras em função da orientação principal
a menos ou a mais na saída em uma da carga (Tabela 59). Por exemplo, posso
prova de 50m ou 100m estilo borbole- orientar todas as distâncias ao treinamento
ta (fora dos riscos de desqualificação próprio de 100m e as passagens são todas
pelo fato de superar a distância permi- desse modelo de competição específi-
tida), afeta diretamente na chegada (ou cas ou bem combinadas em que umas se
virada), considerando que o nadador orientam aos tempos de passagem de 50
pode ficar perto ou longe do objetivo por e outras de 100. Isso fará com que a carga
Desenvolvimento e Alto Rendimento 143
longitude do ciclo (Tabela 60). e sei que quanto mais trabalho com as
Na Tabela 61 são propostos diferentes pernas, mais rápido sou capaz de nadar.
treinos para desenvolver a potência lática Sair rápido da virada quando os outros já
para nadadores das diferentes categorias estão cansados é um grande recurso”.
de natação. Apesar de que muitos clubes sofrem
limitações nas horas do treinamento, os
treinadores deveriam incluir séries de
TREINAMENTO DE PERNAS pernas em cada sessão. Infelizmente, na
maioria dos clubes não se realiza nem a
Pernas fortes são o componente funda- quantidade nem a intensidade necessária
mental para alcançar o máximo potencial de trabalho de pernas.
do nadador. Não só são à base de uma Se observarmos os nadadores ameri-
pernada forte e eficiente, mas também canos ou australianos, veremos que reali-
a chave para dirigir o corpo, realizar com zam 2000 ou 3000 metros de pernas em
potência a saída da plataforma e o impulso cada sessão, incluindo alguns sprints ou
nas viradas contra a parede. séries de ritmo exigente. Existem muitos
As pernas também desempenham um exemplos impressionantes de trabalhos de
papel, com frequência de muitíssimo valor, pernas por todo o mundo, incluindo uma
como componente da cadeia cinética que equipe universitária americana que faz
equilibra os mecanismos de braçada e regularmente 20x100m de pernas a cada
contribuem a uma posição de flutuação 1’50’’ com uma média menor que 1’30’’.
correta. A necessidade de empregar uma Uma simples análise das provas do
quantidade significativa de tempo e esfor- tipo 100 e 200m sugere que até 30% da
ço no treinamento para acondicionar as prova pode ser nadada por baixo da água
pernas e melhorar a técnica de batida não (2x15m em provas de 100, 4x15m em
deveria ser menosprezada. provas de 200). Ainda que muitas vezes
Há tempos sabemos que a ação das não se aproveite esse recurso completa-
pernas é importante na natação de compe- mente, os melhores nadadores realizam
tição, dotando de equilíbrio e de uma boa uma batida golfinho forte e rápida duran-
posição do corpo que minimiza a resistên- te grande parte da prova. Assim, conse-
cia. O que não está tão claro é o poten- guem uma boa posição do corpo “sobre” a
cial propulsivo das pernas (se existir) e o água, reduzindo a resistência ao avanço e
treinamento que deveria ser seguido para melhorando a velocidade de nado.
conseguir as velocidades de nado da elite As pernas também permitem melho-
mundial. Não é coincidência que os melho- rar o equilíbrio na braçada, ajudando a
res nadadores possuem também excelen- posicionar melhor o corpo na água, assim
tes desenvolvimento de pernas. como facilitando seu deslocamento. Se
Michael Phelps declarou recentemen- não for realizado um bom trabalho de
te, depois de bater o recorde mundial nos pernas em cada sessão, isso não aconte-
200 metros borboleta com 1’52’’09: “uma cerá.
grande parte do meu treinamento está As pernas têm sido consideradas tradi-
centrado na batida ondulatória subaquática cionalmente como pouco propulsivas.
Desenvolvimento e Alto Rendimento 145
146 Emerson Farto Ramirez
Ainda que seja difícil de quantificar, e varia de pernas deveriam ser incrementados
entre cada nadador, podemos dizer com progressivamente desde uma idade
certa segurança que as pernas contri- primária (10-13 anos), trabalhando
buem (direta ou indiretamente) em uma tanto a técnica como o condicionamen-
quantidade significativa a propulsão em to da batida simultânea e alternativa.
crawl, costas e borboleta. Não se deve ter medo de aumentar o
Para executar uma batida de pernas volume de trabalho de pernas realiza-
forte e explosiva, existem alguns fatores a do em idades primárias;
desenvolver (Peyrebrune e Turner, 2007): • Exige um mínimo de 3 batidas de
borboleta ao sair de cada virada, no
• Os tornozelos e os quadris devem caso de costas e borboleta, o número
ser extremadamente flexíveis. A de batidas aconselhado é de 5.
melhora nesse aspecto pode ser reali- Ainda que existam muitas coisas que
zada através de alongamentos especí- devemos levar em consideração para
ficos antes e depois de cada sessão de desenvolver uma boa batida de pernas,
treinamento; também há uma série de fatores a evitar.
• Os flexores do quadril, os glúteos, Erros comuns na técnica de pernas
os quadríceps e os gêmeos devem ser são:
muito fortes e condicionados especifi- • Batida de pernas demasiada alta
camente com a técnica adequada para (esforço desperdiçado em espirrar
nadar; água em demasia, somente os calca-
• O condicionamento físico fora da nhares deveriam romper a superfície);
piscina (incluindo a corrida) pode ser • Batida de pernas demasiada profun-
um bom recurso; da (causando uma desnecessária
• A ação de pernas deve ser rápida e resistência ao avanço e uma lentidão
rítmica, o que apenas pode ser obtido da ação das pernas, a batida não deve
através da prática contínua na água; ser muito mais profunda que a profun-
• Os melhores nadadores em batida didade do corpo);
de golfinho conseguem começar a • Uma excessiva flexão de joelhos,
batida ascendente quase antes que a costumeiramente observada como
batida descendente tenha acabado. uma ação similar ao “pedalar”;
As nadadeiras podem ajudar nesse • Quadris caídos: supõe-se pouca
aspecto, mas os nadadores não devem força no tronco;
depender delas demasiadamente; • Falta de coordenação na batida golfi-
• O volume e a intensidade do trabalho nho, causada pela perda de sequência
Desenvolvimento e Alto Rendimento 147
148 Emerson Farto Ramirez
estilo costas, a velocidade deve ser superior propostos alguns exemplos de séries de
a da melhor marca em 100m (105%). Para pernas, métodos alternativos para o treina-
um nadador estilo crawl acima de 90% e mento de pernas, tempos recomendá-
95% para um nadador estilo borboleta. veis para nadadores maiores e algumas
No nado peito, o teste de pernas deve ser recomendações gerais para melhorar essa
realizado com prancha. parte do treinamento.
A resistência aeróbia é outro dos
Estilo: BORBOLETA conteúdos básicos no trabalho de pernas.
Marca: 53’’5 (1,87m/s) Como temos dito anteriormente, o teste
1,87 x 0,95 = 1,77m/s = 14’’1 para 25m. que podemos calcular na resistência
aeróbia da batida seria realizar um treino
O treinador deve motivar seus nadadores de 12x100m com 1’25’’ de pernas, na
a trabalhar as pernas de acordo com a melhor média possível.
intensidade requerida pela série para evitar Um nadador com bom nível de resistên-
que “flutuem” com as pranchas. Inclusive, cia aeróbia deveria nadar a uma velocida-
quando a série não é de alta intensidade, os de aproximada de 85% da velocidade da
esportistas devem concentrar-se na técnica melhor marca em 100m pernas (MM100P).
da pernada e não conversar com os outros.
Alguns dos problemas que podem surgir no Estilo: CRAWL
treino de pernas: Marca: 50’’ (2,00m/s) MM100P: 1’14’’
(1,35m/s)
• Nadador conversar com colegas 1,35 x 0,85 = 1,15m/s – 1’27’’ para 100m.
durante o treino, sem a concentração
necessária; Sweetenham e Atkinson (2003)
• Utilizar a prancha de forma displicen- propõem diferentes séries nas diferentes
te, sem o devido esforço; intensidades de trabalho como pode ser
• Ao aproximar-se da parede, dar visto nas Tabelas 62, 63, 64 e 65.
braçadas nos 5m para fazer a virada. Com relação à resistência anaeróbia,
Isto é, num treino de 100m, 20m ele a capacidade para manter uma batida
estará deixando de treinar de forma eficiente na segunda parte da prova é
adequada; determinante para um bom rendimento.
• Despreocupação com o tempo de O rendimento da batida em trabalhos de
cada repetição; resistência anaeróbia é um aspecto básico
• Não conhecer sua média de série, do controle do treinamento. O teste que
sem ter parâmetros de melhorias no devemos realizar para calcular a resistên-
rendimento. A conscientização da cia anaeróbia da batida seria: 8x50m com
importância deste tipo de treino deve 1’15’’ de pernas, na melhor média possí-
começar já nas categorias menores (9 vel.
anos) já que é determinante no sucesso Um nadador com um bom nível de
ou no fracasso. resistência deveria nadar a uma velocida-
de superior a 95% da sua melhor marca
Nas Tabelas 62, 63, 64 e 65, são em 100m pernas.
Desenvolvimento e Alto Rendimento 151
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