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Tópicos de Matemática Elementar Vol. I
Tópicos de Matemática Elementar Vol. I
Djairo de Figueiredo
Ronaldo Garcia (Editor-Chefe)
JoséEspinar
JoséCuminato
Sílvia Lopes
Capa
Pablo Diego Regino ª1 -+ a2 + ... + a- - n >
Distribuição e vendas n
Sociedade Brasileira de Matemática
Estrada DonaCastorina, 110 Sala 109 - Jardim Botânico
22460-320 Rio de Janeiro RJ
Telefones: (21) 2529-5073 / 2529-5095
http://www.sbm.org.br / email:lojavirtual@sbm.org.br
ISBN 978-85-85818-80-7
2ª edição
MONIZ NETO, Antonio Caminha. 2ª impressão
Tópicos de Matemática Elementar: números reais / Caminha Muniz Neto. 2014
-2.ed. -- Rio de Janeiro: SBM, 2013. Rio de Janeiro
v.l; 235 p.(Coleção Professor de Matemática; 24)
ISBN 978-85-85818-80-7
Logaritmos - E. L. Lima
Análise Combinatória e Probabilidade com as soluções dos exercícios -
A. C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez
Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) -
E. L. Lima
Meu Professor de Matemática e outras Histórias - E. L. Lima
Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios - E. L. Lima com a
colaboração de P. C. P. Carvalho
Trigonometria, Números Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner,
Notas Históricas de J. B. Pitombeira
.. Coordenadas no Espaço - E. L. Lima
Progressões e Matemática Financeira - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
Construções Geométricas - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro
Introdução à Geometria Espacial - P. C. P. Carvalho
Geometria Euclidiana Plana - J. L. M. Barbosa
Isometrias - E. L. Lima
A Matemática do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
A Matemática do Ensino Médio Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
A Matemática do Ensino Médio Vol. 3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
Matemática e Ensino - E. L. Lima
Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
Episódios da História Antiga da Matemática - A. Aaboe
Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E. L. Lima
A Matemática do Ensino Medio Vol. 4 - Exercícios e Soluções - E. L. Lima, P. C. P.
Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
Construções Geométricas: Exercícios e Soluções - S. Lima Netto
Um Convite à Matemática - D.C de Morais Filho
Tópicos de Matemática Elementar - Volume 1 - Números Reais - A.. Caminha
Tópicos de Matemática Elementar - Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A.
Caminha
A meus filhos Gabriel e Isabela,
Tópicos de Matemática Elementar - Volume 3 - Introdução à Análise - A. Caminha
Tópicos .de Matemática Elementar - Volume 4 - Combinatória - A. Caminha na esperança de que um dia leiam este livro.
Tópicos de Matemática Elementar - Volume 5 - Teoria dos Números - A. Caminha
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Sumário
Prefácio
Prefácio à 2ª edição
3 Sistemas de Equações 69
3.1 Sistemas lineares e eliminação 70
3.2 Miscelânea . . . . . . . 80
4 Sequências Elementares 89
4.1 Fórmulas posicionais e recorrências 90
4.2 Progressões . . . . . . . . . . . . . 92
4.3 Recorrências lineares de ordens 2 e 3 102
4.4 Somatórios e produtórios 113 Prefácio
Matemática sem sujar as mãos. Assim sendo, em vários pontos dei- tes dos livros-texto do secundário, fazem sua aparição. Numa terceira
xei a cargo do leitor a tarefa de verificar aspectos não centrais aos etapa, o texto apresenta outros métodos elementares usuais no estudo
desenvolvimentos principais, quer na forma de detalhes omitidos em da geometria, quais sejam, o método analítico de R. Descartes, a tri-
demonstrações, quer na de extensões secundárias da teoria. Nestes ca- gonometria e o uso de vetores; por sua vez, tais métodos são utilizados
sos, frequentemente referi o leitor a problemas específicos, os quais se tanto para reobter resultados anteriores de outra(s) maneira(s) quanto
encontram marcados com* e cuja análise e solução considero parte in- para deduzir novos resultados.
tegrante e essencial do texto. Colecionei ainda, em cada seção, outros De posse do traquejo algébrico construído no volume inicial e do
tantos problemas, ,cuidadosamente escolhidos na direção de exercitar aparato geométrico do volume dois, discorremos no volume três sobre
os resultados principais elencados ao longo da discussão, bem como aspectos elementares de funções e certos excertos de cálculo diferencial
estendê-los. Uns poucos destes problemas são quase imediatos, ao e integral e análise matemática, os quais se fazem necessários em cer-
passo que a maioria, para os quais via de regra oferto sugestões ou tos pontos dos três volumes restantes. Prescindindo, inicialmente, das
soluções completas, é razoavelmente difícil; no entanto, insto veemen- noções básicas do Cálculo, elaboramos, dentre outros, as noções de
temente o leitor a debruçar-se sobre o maior número possível deles gráfico, monotonicidade e extremos de funções, bem como examina-
por tempo suficiente para, ainda que não os resolva, todos, passar a mos o problema da determinação de funções definidas implicitamente
apreciá-los como corpo de conhecimento adquirido. por relações algébricas. Na continuação, o conceito de função contínua
O primeiro volume discorre sobre vários aspectos relevantes do con- é apresentado, primeiramente de forma intuitiva e, em seguida, axio- ·
junto dos números reais e de álgebra elementar, no intuito de munir o mática, sendo demonstrados os principais resultados pertinentes. Em
leitor dos requisitos necessários ao estudo dos tópicos constantes dos especial, utilizamos este conceito para estudar a convexidade de gráfi-
volumes subsequentes. Após começar com uma discussão não axiomá- cos - culminando com a demonstração da desigualdade de J. J ensen -
tica das propriedades mais elementares dos números reais, são aborda- e o problema da definição rigorosa da área sob o gráfico de uma fun-
dos, em seguida, produtos notáveis, equações e sistemas de equações, ção contínua e positiva - que, por sua vez, possibilita a apresentação
sequências elementares, indução matemática e números binomiais; o de uma construção adequada das funções logaritmo natural e expo-
texto finda com a discussão de várias desigualdades algébricas impor- nencial. O volume três termina com uma discussão das propriedades
tantes, notadamente aquela entre as médias aritmética e geométrica, mais elementares de derivadas e do teorema fundamental do cálculo,
bem como as desigualdades de Cauchy, de Che~yshev e de Abel. os quais são mais uma vez aplicados ao estudo de desigualdades, em
Dedicamos o segundo volume a uma iniciação do leitor à geometria especial da desigualdade entre as médias de potências.
Euclidiana plana, inicialmente de forma não axiomática e enfatizando O volume quatro é devotado à análise combinatória. Começamos
construções geométricas elementares. Entretanto, à medida em que o revisando as técnicas mais elementares de contagem, enfatizando as
texto evolui, o método sintético de Euclides - e, consequentemente, construções de bijeções e argumentos recursivos como estratégias bá-
demonstrações - ganha importância, principalmente com a discussão sicas. Na continuação, apresentamos um apanhado de métodos de
dos conceitos de congruência e semelhança de triângulos; a partir desse contagem um tanto mais sofisticados, como o princípio da inclusão
;i ponto, vários belos teoremas clássicos da geometria, usualmente ausen- exclusão e os métodos de contagem dupla, do número de classes de
li
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Prefácio Prefácio
equivalência e mediante o emprego de métricas em conjuntos finitos. exemplos discutidos e dos problemas propostos ao longo do texto, boa
A cena é então ocupada por funções geradoras, onde a teoria elementar parte dos quais oriundos de variadas competições ao redor do mundo.
de séries de potências nos permite discutir de outra maneira problemas Finalmente, números complexos e polinômios são os objetos de
antigos e introduzir problemas novos, antes inacessíveis. Terminada estudo do sexto e último volume da coleção. Para além da teoria cor-
nossa excursão pelo mundo da contagem, enveredamos pelo estudo do respondente usualmente estudada no secundário, vários são os tópicos
problema da existência de uma configuração especial no universo das não padrão abordados aqui. Dentre outros, destacamos inicialmente
configurações possíveis, utilizando para tanto o princípio das gavetas a utilização de números complexos e polinômios como ferramentas de
de G. L. Dirichlet - vulgo "princípio das casas dos pombos" -, um contagem e a apresentação quase completa de uma das mais simples
célebre teorema de R. Dilworth e a procura e análise de invariantes demonstrações do teorema fundamental da álgebra. A seguir, estuda-
associados a problemas algorítmicos. A última estrutura combinatória mos o famoso teorema de 1. Newton sobre polinômios simétricos e as
que discutimos é a de um grafo, quando apresentamos os conceitos bá- igualmente famosas desigualdades de Newton, as quais estendem a de-
sicos usuais da teoria com vistas à discussão de três teoremas clássicos sigualdade entre as médias aritmética e geométrica. O próximo tema
importantes: a caracterização da existência de caminhos Eulerianos, concerne os aspectos básicos da teoria de interpolação de polinômios,
o teorema de A. Cayley sobre o número de árvores rotuladas e o teo- quando dispensamos especial atenção aos polinômios interpoladores
rema extremal de P. Turán sobre a existência de subgrafos completos de J. L. Lagrange. Estes, por sua vez, são utilizados para resolver
em um grafo. sistemas lineares de Vandermonde sem o recurso à álgebra linear, os
Passamos em seguida, no quinto volume, à discussão dos conceitos quais, a seu turno, possibilitam o estudo de uma classe particular de
e resultados mais elementares de teoria dos números, ressaltando-se sequências recorrentes lineares. O livro termina com o estudo das pro-
inicialmente a teoria básica do máximo divisor comum e o teorema priedades de fatoração de polinômios com coeficientes inteiros, racio-
fundamental da aritmética. Discutimos também o método da descida nais ou pertencentes ao conjunto das classes de congruência relativas
de P. de Fermat como ferramenta para provar a inexistência de solu- a algum módulo primo, seguido do estudo do conceito de número al-
ções inteiras para certas equações diofantinas, e resolvemos também gébrico. Há, aqui, dois pontos culminantes: por um lado, uma prova
a famosa equação de J. Pell. Em seguida, preparamos o terreno para mais simples do fechamento do conjunto dos números algébricos em
a discussão do famoso teorema de Euler sobre congruências, constru- relação às operações aritméticas básicas; por outro, o emprego de po-
indo a igualmente famosa função de Euler com o auxílio da teoria mais linômios ciclotômicos para provar um caso particular do teorema de
geral de funções aritméticas multiplicativas. A partir daí, o livro apre- Dirichlet sobre primos em progressões aritméticas.
senta formalmente o conceito de congruência de números em relação a Várias pessoas contribuíram ao longo dos anos, direta ou indire-
um certo módulo, discutindo extensivamente os resultados usualmente tamente, para que um punhado de anotações em cadernos pudesse
constantes dos cursos introdutórios sobre o assunto, incluindo raízes transformar-se nesta coleção de livros. Os ex-professores do Departa-
primitivas, resíduos quadráticos e o teorema de Fermat de caracteriza- mento de Matemática da Universidade Federal do Ceará, Marcondes
,, ção dos inteiros que podem ser escritos como soma de dois quadrados. Cavalcante França, João Marques Pereira, Guilherme Lincoln Aguiar
1
J O grande diferencial aqui, do nosso ponto de vista, é o calibre dos Ellery e Raimundo Thompson Gonçalves, ao criarem a Olimpíada Cea-
Prefácio
Prefácio
Prefácio
Prefácio à 2ª edição
Para a segunda edição fiz uma extensa revisão do texto e dos pro-
blemas propostos, corrigindo várias imprecisões de língua portuguesa
e de Matemática. Adicionei também alguns proble~as novos, no in-
tuito de melhor exercitar certos pontos da teoria, os quais não se en-
contravam adequadamente contemplados pelos problemas propostos
à primeira edição. Diferentemente da primeira edição, nesta segunda
edição as sugestões e soluções aos problemas propostos foram cole-
cionadas em um capítulo separado (o capítulo 8, para este volume);
adicionalmente, apresentei sugestões ou soluções a praticamente todos
os problemas do livro e, notadamente, a todos aqueles com algum grau
apreciável de dificuldade.
Especificamente para este volume, o capítulo 4 traz uma nova seção
(seção 4.3), a qual foi deslocada do volume 4, a fim de dar maior con-
sistência ao tratamento de sequências elementares que, agora, aborda
também sequências recorrentes lineares de segunda e terceira ordens.
Por fim, gostaria de aproveitar o ensejo para agradecer à comu-
nidade matemática brasileira, em geral, e a todos os leitores que me
Prefácio à 2ª edição
e racionais,
Q= { i; a, b E Z, b j O} ,
bem como as operações aritméticas elementares em tais conjuntos.
1
O Conjunto dos Números Reais 1.1 Aritmética em lR 3
2
ii I
li
'
,1,1
ser formado somente por algarismos 1, i.e., a lista deveria ser, a partir Os elementos de Ill são denominados números reais e o conjunto ]l
de certa posição, da forma (1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, ... ). Mas, se tal ocorresse, corno urn todo é o conjunto dos números reais 5 .
então, a partir dessa posição, não mais poderíamos ter algarismos O, No que segue, detalhamos o que cada urn dos itens (1), (II) e (III)
o que é urna contradição! • acima realmente significa.
Postulamos que o conjunto Ill dos números reais é munido corn duas
Informalmente, podemos resumir a discussão acima evidenciando
operações, denotadas + e · e respectivamente denominadas (por ana-
a seguinte deficiência do conjunto dos racionais: todo racional admite
logia corn as operações correspondentes ern Q) adição e multiplicação,
urna representação decimal, rnas nern toda representação decimal re-
as quais satisfazem os axiomas (1) a (7) a seguir:
presenta algum racional. Nesse ponto, a firn de suprir tal deficiência,
postulamos4 a existência de urn conjunto, o qual denotaremos Ill, (1) Consistência: para a, b E Q, o resultado a+ b da adição de
contendo Q e possuindo as seguintes propriedades: a e b é o rnesrno, quer consideremos a adição usual de Q ou
(1) As operações de adição, subtração, multiplicação e divisão ern a operação correspondente ern R Analogamente, o resultado
Q se estendem aos elementos de Ill, gozando ern Ill das rnesrnas a · b dà multiplicação de a e b é o rnesrno, quer consideremos a
propriedades que gozam ern Q. multiplicação usual de Q ou a operação correspondente ern Jll.
(II) A ordenação dos elementos de Q se estende aos elementos de Ill, (2) Comutatividade: as operações + e · são comutativas, i.e., sao
tarnbérn gozando, ern Ill, das rnesrnas propriedades que goza ern tais que a + b = b + a e a · b = b · a, para todos a, b E Ill.
Q; ern particular, todo elemento de Ill é negativo,· igual a zero ou
(3) Associatividade: as operações+ e · são associativas, i.e., são tais
positivo.
que a+ (b + e) = (a+ b) + e e a· (b · e) = (a· b) · e, para todos
(III) A toda lista (a 1 , a 2 , a 3 , ... ) de algarismos corresponde urn único a,b,c E R
elemento x E Ill, no sentido da discussão do início deste capí-
(4) Distributividade: a operação de multiplicação é distributiva ern
tulo, o qual será denotado x = O, a 1 a 2 a 3 .... Reciprocamente, a
relação à de adição, i.e., é tal que a· (b + e) = (a. b) +(a. e),
todo x E IJl correspondem urn único inteiro m e urna única lista
para todos a, b, e E R
(a 1 , a 2 , a 3 , ... ) de algarismos, tais que x = m+O, a1a2a3 ... , onde
+ representa a operação de adição ern Ill. (5) Existência de elementos neutros únicos: os números racionais O
4Um axioma ou postulado em uma certa teoria é uma propriedade imposta e 1 são elementos neutros, respectivamente, para as operações
como verdadeira. Uma das características fundamentais da Matemática como de adição e multiplicação ern Ill, i.e., tern-se O+ a = a e 1 . a = a,
ramo do conhecimento humano é a utilização do método axiomático, i.e., a para todo a E Ill.
aceitação do fato de que nem toda propriedade matemática pode ser deduzida a
partir de propriedades matemáticas previamente estabelecidas, sendo necessária a 5 Há maneiras de certa forma mais construtivas de se introduzir o conjunto dos
adoção a priori de um conjunto de axiomas. De outro modo, há um ponto em que números reais (veja, por exemplo, [34], ou, para uma abordagem mais profunda,
precisamos admitir que certas propriedades (os axiomas) sejam válidas per si, i.e., [12]). Nestas notas, optamos por uma abordagem que fosse a mais próxima possível
sem justificativa embasada na validade de outras propriedades. da experiência prévia do leitor médio.
i I
(6) Lei do cancelamento: se a, b E R são tais que a· b = O, então Por outro lado, usando o fato de que O é elemento neutro da
a= O ou b = O. adição e que tal operação é associativa, obtemos
I '
fato é totalmente análoga à do item anterior (cf. problema 3,
página 10). Doravante, denotaremos o inverso multiplicativo de
a E R, a =f O, por a- 1 , como é usual para os racionais. Problemas - Seção 1.1
(iii) Para a E R, tem-se a . O = O: a fim de verificar essa igualdade, 6 Rigorosamente falando, a validade dessa afirmação deveria ser demonstrada
denote a . O = e. Pela distributividade da multiplicação em como um teorema, o que pode ser feito com o auxílio do princípio de indução finita
relação à adição, temos (cf. capítulo 5). Todavia, a fim de tornar a leitura menos densa, optamos por nos
apoiar na experiência prévia do leitor médio, assumindo tal propriedade sem uma
e = a . O = a· (O+ O) = a · O+ a · O = e+ e. demonstração formal.
O Conjunto dos Números Reais l. 2 A relação de ordem em IR. 11
10
i i
12 O Conjunto dos Números Reais 1.2 A relação de ordem em JR 13
Corolário 1.3. Sejam r um real positivo e m e n naturais, com m > n. Prova. Pelo item (g) da proposição 1.2, temos a 2 , b2 ;:::: O. Portanto,
Então: segue do item (d) daquela proposição que a 2 + b2 ;:::: O. Suponha,
agora, que a -/=- O. Novamente pelo item (g) da proposição referida
(a) O< r < 1:::::} rm < rn. 2 '
temos a > O. Por outro lado, como b2 2:: O ainda é verdade, o item
'
(b) r > 1:::::} rm > rn. (e) da proposição garante que a 2 + b2 > O. •
Prova.
(a) Como r é positivo, multiplicando por r ambos os membros da
desigualdade r < 1, obtemos r 2 < r. Multiplicando ambos os membros
Problemas - Seção 1.2
dessa última desigualdade novamente por r, segue que r 3 < r 2 e, daí,
r 3 < r 2 < r. Prosseguindo dessa maneira, chegamos ao resultado l. * Prove os itens (b), (c) e (g) da proposição 1.2.
desejado, i.e.,
.. · < r 4 < r 3 < r 2 < r. 1 1 + 4-5
2. Prove que 2-3 1 1 + ···-99+100>5·
1 1 1
(b) A demonstração é essencialmente a mesma que aquela do ítem (a), 3. Para a e breais positivos tais que a < b, compare (i.e., decida
com a diferença de que, inicialmente, temos r > 1. • qual é o maior dentre) os números a+l
b+l e a+2
b+2.
Mostremos, no exemplo a seguir, como comparar certos números
4. (Torneio das Cidades.) São dados dez números reais tais que a
reais com o auxílio do corolário anterior.
soma de quaisquer quatro deles é positiva. Mostre que a soma
Exemplo 1.4. A fim de comparar os números 2100 + 310º e 410º, por dos dez números é positiva.
exemplo, basta ver que
5. Decida qual dentre os números 31 11 e 1714 é o maior.
2100 + 3100 < 3100 + 3100 = 2 . 3100
2 . 33 . 397 = 54 . 397 6. * Sejam dados n E N e a, b reais positivos quaisquer. Prove que:
< 64. 497 = 43. 497 = 4100_ (a) a < b se, e só se, a 2 < b2 .
Relações de desigualdade entre números reais serão estudadas em (b) a < b se, e só se, an < bn.
detalhe no capítulo 7; nessa ocasião, o corolário a seguir - em que pese (c) an + bn < (a + b r.
sua simplicidade :-- desempenhará um papel de grande importância.
7. (Hungria - adaptado.) Sejam a, b e e os comprimentos dos lados
Corolário 1.5. Para a, b E ~' tem-se de um triângulo retângulo, sendo e > a, b. Quem é maior: a3 +b3
ti
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ª2 + b2 >
-
o' (1.4) ou c3 ? Justifique sua resposta.
il1, ocorrendo a igualdade se, e só se, a= b = O. 8. Mostre que, para todo n EN, temos 12n + 22n + 32n ;:::: 2. 7n_
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O Conjunto dos Números Reais 1.3 A completude do conjunto dos reais 17
16
g. * Encontre todos os naturais a, b e e tais que a :s; b :s; e e i + t+ i 15. * Parar real não nulo e n natural, estendemos a noção de po-
tências de expoentes naturais ·definindo r-n = r~ . Por exemplo,
seja inteiro.
r- 1 = ~' r- 2 = r\, etc. Definindo também r 0 = 1, prove que,
10. (IMO.) Explique como escrever o número 100 como soma de para todos m, n EN, tem-se r = rm-n_ r:
parcelas naturais cujo produto seja o maior possível.
16. Se a e b são inteiros tais que os únicos fatores primos de b são 2
11. (Rússia.) Os números 2n e 5n têm representações decimais co- ou 5, prove que a expansão decimal de é finita. i
meçando, à esquerda, por um mesmo algarismo. Prove que tal 17. * Se x # O é um número real e n E N, prove que xn é positivo
algarismo deve ser igual a 3. se n for par, e xn tem o mesmo sinal de x se n for ímpar.
ª2 + b2 + c2 ::=::: O' para todo natural k ::=::: n. Em particular, segue da condição acima que
de sorte que O :::;; x :::;; 1. Os casos n = 2 e n = 3 ocorrem com tanta frequência que merecem
Resumimos o postulado acima dizendo que o conjunto lR dos nú- nomes especiais. Quando n = 2 (ex > O), escrevemos simplesmente
meros reais é completo. A esse respeito, veja também a discussão da Jx, em vez de ~ ' e dizemos que Jx é a raiz quadrada de x; quando
seção 1.5 e o problema 6 da seção 3.2 do volume 3. n = 3, dizemos que ,.yx é a raiz cúbica de x.
Reciprocamente, postulamos também que a todo número real posi- Intuitivamente, podemos entender porque existem raízes de núme-
tivo x corresponda um inteiro (não negativo) me uma lista (a 1 , a 2 , a 3 , ros reais ~ositivos examinando um exemplo simples. Por definição,
... ) de algarismos, tal que x = m + O,a 1 a 2 a 3 ... no sentido acima. Se temos v'2 = 2. Assim, como 12 < 2 < 22 , segue do problema 6,
m > O em= bn ... b1 b0 , com os b/s sendo seus algarismos, escrevemos página 15, que 1 < v'2 < 2; como 1,42 < 2 < 1,5 2 , segue nova-
mente do referido problema que 1,4 < v'2 < 1,5; analogamente, como
1,41 2 < 2 < 1,42 2 , temos que 1,41 < v'2 < 1,42 e, prosseguindo dessa
e dizemos que bn ... b1 b0 ,a 1 a 2 a3 .•• é a representação decimal de x. maneira, obtemos uma única lista (4, 1, 4, ... ) de algarismos, tal que
Conforme vimos no problema 2 da página 10, um número real é v'2 = 1,414 ... (veja também o problema 20, página 138).
racional exatamente quando sua representação decimal for finita ou in- Denominamos radiciação à operação de obtenção de raízes de um
finita e periódica. Por outro lado, números reais que não são racionais real positivo. Sugerimos ao leitor, neste momento, pelo menos ler
são denominados irracionais. Desse modo, os números irracionais são os enunciados dos problemas 1 e 2 da página 21, para uma extensão
aqueles números reais que não podem ser escritos como quocientes de parcial da operação de radiciação a reais negativos, assim como para ·
dois números inteiros ou, ainda, aqueles cuja representação decimal é as principais propriedades de tal operação.
infinita e aperiódica. Voltemo-nos, agora, a potências de números naturais. Um qua-
Até o presente momento, o único exemplo de número irracional que drado perfeito é um número natural que pode ser escrito na forma
conhecemos é o número 0,0101101110 ... (cf. exemplo 1.1). De certa m 2 , para algum m EN; assim, os quadrados perfeitos são os números
forma, tal exemplo é um tanto frustrante, uma vez que tal número 12 = 1, 22 = 4, 32 = 9, 42 = 16, etc. Um cubo perfeito é um
irracional é difícil de ser manipulado (i.e., é difícil fazer contas com natural que pode ser escrito na forma m 3 , para algum m EN; os cu-
ele). Remediamos um pouco esta situação no que segue. bos perfeitos são os números 13 = 1, 23 = 4, 33 = 27, 43 = 64, etc.
Do ponto de vista aritmético, uma grande vantagem do conjunto Mais geralmente, um natural n é uma potência perfeita se existirem
dos números reais, em comparação com o conjunto dos racionais, é a k > 1 inteiro em E N tais que n = mk. Nesse caso, dizemos que n
possibilidade de extrairmos raízes de números reais positivos. Mais é uma k-ésima potência perfeita, i.e. um dos naturais 1k 2k 3k
precisamente, dados x > O real e n E N, é possível provar que existe 4k, etc. Equivalentemente, dizer que n E ' N é uma k-ésima potência
' ' '
um único real positivo y tal que yn = x. Tal real positivo y será, perfeita é o mesmo que dizer que sua raiz k-ésima, {ln, é um número
doravante, denotado y = y'x e denominado a raiz n-ésima (lê-se natural.
enésima) de x ou, ainda, a raiz de índice n de x. Assim, O resultado a seguir, que assumiremos por ora sem demonstração,
fornece inúmeros exemplos de números irracionais. Para uma prova
do mesmo, referimos o leitor ao exemplo 1.23 do volume 5.
20 O Conjunto dos Números Reais
r
iit
f 1.3 A completude do conjunto dos reais 21
v'2( v'2 + v'3) + v'3( v'2 + v'3) 4. Sejam a, b, e e d números racionais e r um número irracional.
(2 + V6) + (V6 + 3) Se a + br = e + dr, prove que a = e e b = d.
5+2V6 5. Seja r um real positivo e k um inteiro maior que 1. Se r for
irracional, prove que os números ; e {Ir também são irracionais.
1
e, daí, y'6 = r 2;- 5 . Portanto, y'6 seria o quociente dos números ra-
'1
cionais r 2 - 5 e 2, de maneira que V6 seria ele mesmo um racional, o 6. (Canadá.) Sejam a, b e e números racionais, tais que a+ b./2 +
i
que é um absurdo pela proposição 1.6. Logo, a única possibilidade é cv'3 = O. Prove que a, b e e são todos nulos.
r ~ Q.
7. * Assumindo a validade do teorema fundamental da aritmética
Para terminar nossa discussão sobre números racionais e irracio- (cf. último parágrafo da página 3), prove que ./2 é irracional.
nais, note que o conjunto dos números irracionais não é fechado em 8. Seja, p E N um número primo e k > 1 um natural. Prove que o
relação às operações aritméticas. De fato, dado r irracional, temos número {IP é irracional.
que -r também é irracional, muito embora r + (-r) = O, um número
li'
22 O Conjunto dos Números Reais 1.4 A representação geométrica 23
que O determina sobre r, a qual chamamos positiva, sendo a outra a Figura 1.2: um ponto que não representa racional algum.
semirreta negativa, e um segmento f como padrão de comprimento.
Agora, associamos cada número racional a um ponto de r do seguinte
modo: primeiro, associamos O ao ponto O; em seguida (cf. figura 1.1), compasso, um ponto E sobre a semirreta positiva, tal que OE= OB.
dado um racional %, com a, b E N, marcamos, a partir de O e sobre Como OA = 1, segue do teorema de Pitágoras 8 que OE= OB = y'2.
a semirreta positiva, um segmento OA de comprimento af (i.e., OA Mas, como v'2 é irracional (cf. proposição 1.6 ou problema 7, página
é obtido justapondo-se, consecutivamente, a segmentos-padrão). Se 21), segue que E não está associado a nenhum número racional.
b = 1, associamos I = a ao ponto A. Se b > 1, particionamos OA Duas perguntas naturais colocam-se neste ponto: é possível marcar
em b segmentos iguais, marcando b - 1 pontos sobre OA; sendo B sobre r todos os números reais? Supondo que a resposta à pergunta
o ponto da partição mais próximo de O, associàmos % ao ponto B. anterior seja sim, após marcarmos todos os pontos de IR;. sobre r ainda
Não é difícíl mostrar que a construção descrita acima é consistente, no sobram em r pontos não marcados? Um dos axiomas da construção
sentido de que, trocando %por outra fração equivalente, obtemos um da Geometria Euclidiana plana9 , enunciado a seguir, garante que as
mesmo ponto B sobre r (a esse respeito, veja o problema 1, página 26). respostas a tais perguntas são respectivamente sim e não.
Uma construção análoga pode ser feita para os racionais negativos, Axioma 1.8. Existe uma correspondência biunívoca entre os pontos
de uma reta r e o conjunto dos números reais, a qual fica totalmente
9!.f
b
1--1
determinada pelas seguintes escolhas:
a
(a) Um ponto O sobre r para representar o número real O.
O B A r
(b) Uma semirreta, dentre as que O determina sobre r, onde são
Figura 1.1: racionais sobre a reta. marcados os reais positivos.
8 Recordamos que o teorema de Pitágoras, um dos mais celebrados teoremas da
Geometria Euclidiana plana, afirma que, em todo triângulo retângulo, o quadrado
marcados sobre a semirreta negativa. do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos
Ocorre que, ao assim fazermos, sobram muitos pontos sobre r, os catetos. Nestas notas, daremos duas provas do teorema de Pitágoras, a primeira
na proposição 4.9 e a segunda no exemplo 5.7 do volume 2. Uma terceira prova
quais não estão associados a nenhum número racional. Para exem-
elegante do mesmo pode ser encontrada em [8].
plificar, considere o ponto A associado ao número 1 e construa um 9 Para uma construção axiomática da Geometria Euclidiana plana, referimos o
quadrado OABC, como na figura 1.2. Em seguida, marque, com um leitor a [8].
24 O Conjunto dos Números Reais 1.4 A representação geométrica 25
Também, classificamos um intervalo finito, de extremidades a < b, Um subconjunto não vazio X e lR. é limitado superiormente se
respectivamente como fechado, fechado à esquerda, fechado à existir um número real M tal que
direita ou aberto quando tal intervalo for respectivamente igual a X e (-oo,M].
[a, b], [a, b), (a, b] ou (a, b) (note a correspondência das nomenclaturas
utilizadas com o fato do intervalo conter ou não conter as extremidades Nesse caso, dizemos que M é uma cota superior para X. Analo-
a ou b). Alternativamente, dizemos que [a, b) é aberto à direita e gamente, X e lR. não vazio é limitado inferiormente se existir um
(a, b] é aberto à esquerda. Por fim, aplicamos extensões óbvias número real m tal que
dessas nomenclaturas aos intervalos infinitos. A figura 1.4 mostra X e [m,+oo),
um intervalo aberto à direita [a, b), marcado em negrito sobre a reta e, sendo esse o caso, dizemos que m é uma cota inferior para X. Por
numerada. fim, X e lR. não vazio é limitado se X for simultaneamente limitado
superior e inferiormente.
o a b Dito de outra forma, um conjunto não vazio X e lR. é limitado
superiormente (resp. limitado inferiormente, limitado) se existir um
Figura 1.4: o intervalo aberto à direita [a, b). real positivo a tal que
Se 0 -=/=- X e lR é limitado superiormente e M é a menor cota Prova. Fixe y E Y qualquer. Como x ::; y, para todo x E X, temos
superior de X, dizemos que M é o supremo de X, e denotamos X e (-oo, y], i.e., y é uma cota superior para X. Portanto, X é
limitado superiormente e, sendo M = sup X (a menor cota superior
M =supX. de X), temos M::; y.
Observe agora que, como escolhemos y E Y arbitrariamente, o
Por outro lado, se 0 -=/=- Y e lR é limitado inferiormente, pode-se provar, argumento do parágrafo anterior mostra que, para todo y E Y, temos
como consequência da proposição 1.14 (cf. problema 6, página 34), M::; y. Portanto, Y e [M, +oo), i.e., M é uma cota inferior para Y.
que Y admite uma maior cota inferior m, também denominada o
Logo, Y é limitado inferiormente e, sendo m = inf Y (a maior cota
ínfimo de X. Denotamos, nesse caso,
inferior de Y), temos M ::; m. •
m = inf X. Nosso próximo resultado fornece uma condição suficiente para a
ocorrência da igualdade na proposição anterior.
Para uso futuro, colecionamos nos resultados a seguir algumas pro-
priedades úteis das noções de supremo e ínfimo. Proposição 1.18. Sejam X, Y e lR conjuntos não vazios, sendo X
limitado superiormente, Y limitado inferiormente e sup X ::; inf Y.
Proposição 1.16. Seja X e lR um conjunto não vazio e limitado Se, para todo n E N, existirem Xn E X e Yn E Y tais que Yn - Xn < ~,
superiormente, com M = sup X. Se n E N, então existe x E X tal então sup X = inf Y.
que
1 Prova. Sejam M = sup X, m = inf Y e suponha que fosse M < m.
M-- <x::; M. Como x ::; M < m ::; y, para todos x E X e y E Y, teríamos
n
Prova. Como M é a menor cota superior de X e M - ~ < M, o y-x~m-M,
número M - .ln não é uma cota superior de .X. Portanto, existe x E X
para todos x E X, y E Y. Mas, se escolhêssemos um natural n > m~M
tal que x > M - ~. Mas, como X e (-oo, M], devemos ter x ::;
(o que é possível, pelo axioma 1.11), nossas hipóteses garantiriam a
M. • existência de números reais Xn E X e Yn E Y tais que
O problema 7, página 34, traz um resultado análogo ao acima para 1
Yn - Xn < - < m - M,
ínfimos de conjuntos limitados inferiormente. n
o que nos dá uma contradição! Por fim, como a suposição de que
Proposição 1.17. Sejam X, Y e lR conjuntos não vazios. Se x ::; y
sup X < inf Y nos leva a uma conclusão contraditória, a única possi-
para todos x E X e y E Y, então X é limitado superiormente, Y é
bilidade é que seja sup X= inf Y. •
limitado inferiormente e
Uma última observação: comentamos anteriormente que, fixados
supX::; inf Y. x > O real e n > 1 natural, é possível provar a existência de um
1.5 Supremo e ínfimo 33
32 O Conjunto dos Números Reais
então X é não vazio (pois O E X) e limitado superiormente (pois, como (a) a< ª!b < b e a< a+ b;; < b.
x+ 1 > 1, O item (b) do corolário 1.3 garante que (x+ lr
> x+ 1 > X
(b) O intervalo (a, b) contém infinitos números racionais e infi-
e, daí, x+ 1 ~ X; analogamente, todo real maior que x+ 1 não pertence
nitos números irracionais.
a X, de maneira que X e (-oo, x + 1)).
Sendo não vazio e limitado superiormente, X tem supremo, di- 3. * O objetivo deste problema é generalizar o resultado do pro-
gamos y, e é possível mostrar (embora os detalhes sejam um tanto blema anterior, mostrando que entre dois números reais quais-
quanto envolventes) que yn = x. A ideia geral é a seguinte: quer sempre há um número racional e um número irracional (por
• Se yn < x, então somos capazes de obter um real positivo z tal causa dessa propriedade, dizemos que Q e lR. \ Q são densos em
que yn < zn < x. Mas tais desigualdades nos dão (cf. pro- JR.). Para tanto, sejam dados números reais a e b, com a < b, e
faça os seguintes itens:
blema 6, página 15) y < z E X, contradizendo o fato de que y é
uma cota superior de X.
(a) Mostre que basta considerar o caso a 2: O.
• Se yn > x, então somos capazes de obter um real positivo z (b) Prove que existe n E N tal que O < i < b - a e O< v,! <
tal que x < zn < yn. Agora, sendo a E X qualquer, segue de b-a.
an < x < zn < yn que (novamente pelo problema 6, página 15)
(c) Sendo a 2: Oe n E N escolhido como em (b), mostre que um
a < z < y e, daí, z é uma cota superior de X menor que y. Mas
isso contradiz o fato de que y é a menor cota superior de X.
dos números i, ~, ! ,...
e um dos números 2 3 v,!, '/!, '/!, ...
pertencem ao intervalo (a, b).
• Não pod~ndo ser yn < x nem yn > x, a única possibilidade é
que seja yn = x. 4. * Um número racional r E [O, 1] é dito diádico se existirem
k, n E Z tais que Os n s 2k e r = ; . Prove que o conjunto dos
racionais diádicos é denso em [O, l].
'I'.!''
1
6. * Se Y e ~
é não vazio e limitado inferiormente, prove que existe
uma maior cota inferior para Y.
35
Ili
I'
36 Produtos Notáveis e Equações 2.1 Identidades algébricas 37
1
1
(sempre que os resultados tiverem sentido em IR.), as quais denomina- í os valores reais possíveis das variáveis envolvidas. Para exemplificar,
consideremos a expressão algébrica E= (x + y) 2 . Pelas propriedades
mos operações algébricas. Assim, por exemplo, básicas das operações de adição e multiplicação de números reais (i.e.,
(x + y + z) 2 = [(x + y) + z] 2 x2 + y2 + z2
= (x + y) 2 + 2(x + y)z + z2
. 2
-----=-2.
xy+yz+ zx •
= (x 2 + 2xy + y2) + 2(xz + yz) it z O exemplo a seguir mostra como usar as identidades que conhece-
= x2 + y2 + z2 + 2xy + 2xz + 2yz.
• mos até agora para provar desigualdades 1 .
Observação 2.2. Alternativamente, é costume denominarmos pro- Exemplo 2.4 (Polônia). Se a e b são reais positivos dados, prove que
duto notável a uma identidade E = F tal que E é um produto de 4(a3 + b3 ) ~ (a+ b)3.
(pelo menos dois) polinômios e F a soma dos monômios resultantes
Prova. Desenvolvendo o segundo membro com o auxílio da identi-
da expansão desse produto. Assim, frequentemente nos referiremos às
dade do item (d) da proposição 2.1, é imediato que a desigualdade do
identidades dos itens (b), (d) e (e) da proposição acima como produ-
tos notáveis. Por outro lado, uma identidade E = F na qual E é um 1 Faremos uma discussão mais completa sobre desigualdades no Capítulo 7.
f
f
l
40 Produtos Notáveis e Equações
2.1 Identidades algébricas 41
enunciado é equivalente à desigualdade a3 + b3 2:: a2 b + ab2 . Basta, Sendo m = n2 + 3n + 1, temos m > 1, e daí
agora, ver que
Generalizamos o exemplo 1.7 no que segue. Um produto notável por vezes útil, mas não contemplado pela pro-
posição 2.1, é o dado pela igualdade
Exemplo 2.5 (Áustria). Sejam a e b racionais positivos tais que vah
é irracional. Prove que Ja + vb é irracional.
(x - y)(x - z) = x2 - (y + z)x + yz. (2.2)
Prova. Por contraposição, ·suponha que r = Ja + vb fosse racional.
Então r 2 = a + b + 2vah também seria racional. Mas aí, téríamos Observe que no segundo membro aparecem a soma S = y + z e o
produto P = yz de .y e z. Uma expressão do tipo x 2 - Sx + P, onde S
17 r2 - a- b
vao= , e P representam respectivamente a soma e o produto de dois números
2
ou expressões, é denominada um trinômio de segundo grau em
também racional, uma vez que no segundo membro da igualdade acima x. Assim, podemos ver (2.2) também como um produto notável que
o numerador e o denominador são números racionais. • fornece a fatoração de um trinômio de segundo grau:
Exemplo 2.6 (Canadá). Para cada n natural, mostre que o número
x2 - 8X +p = (X - y) (X - Z), (2.3)
n(n + l)(n + 2)(n + 3)
onde S = y + z e P = y z. A fatoração acima é por vezes denominada
nunca é um quadrado perfeito. fórmula de Viête.
Prova. Denote p = n(n + l)(n + 2)(n + 3). Temos Vejamos como aplicar a fórmula de Viête no exemplo a seguir.
p [n(n + 3)][(n + l)(n + 2)] Exemplo 2.7 (União Soviética). Sejam a, b e e números reais dois a
(n2 + 3n)[(n2 + 3n) + 2] dois distintos. Mostre que o número
(n2 + 3n) 2 + 2(n2 + 3n)
[(n2 + 3n) 2 + 2(n 2 + 3n) + 1] - 1
[(n2 + 3n) + 1] 2 - 1. é sempre diferente de zero.
42 Produtos Notáveis e Equações 2.1 Identidades algébricas 43
s a 2 (c - b) + b2 a - b2 c + c2 b -· c2 a
onde, na última igualdade, utilizamos (2.4).
•
a 2 (c - b) + (b 2 a - c2 a) + (c2 b - b2 c)
a2 (c - b) + a(b + c)(b - e)+ bc(c - b)
(e - b)[a2 - a(b +e)+ bc] Problemas - Seção 2.1
(e - b)(a - b)(a - e),
5. Para x, y, z =/=- O, simplifique a expressão 13. * Para n > 1 inteiro, mostre que
(x3 + y3 + z3)2 _ (x3 _ y3 _ z3)2
y3 + z3
6. Se a e b são números reais tais que ab = 1, simplifique a expressão 14. Racionalize o número 2+J+v'3·
(a-D(b+i) 15. Racionalize o número v2+v3. "' 1 3r,,, i.e., obtenha números inteiros a,
a2 - b2 b, e, d, e, f e g tais que
1 1
7. Se x e y são naturais tais que x 2 + 361 = y 2 , calcule os possíveis v'2 + ?133 = -[(av'2
g
+ b) + (cv'2 + d)\13 + (ev'2 + f)\7'9].
valores de x.
16. Sejam x, y e z números reais não nulos, tais que x + y + z = O.
8. Os reais a e b são tais que a+ b =me ab = n. Calcule o valor
Explique porque a soma de dois quaisquer dentre eles é diferente
de a 4 + b4 em termos de me n.
de zero e, em seguida, calcule os possíveis valores de cada uma
9. Se a 2 + b2 = 1, calcule os possíveis valores de 1 ::f:t das expressões abaixo:
( ) x2 y2 z2
10. (Hungria.) Sejam a, b, e e d números reais tais que a 2 + b2 = 1 e a (y+z)2 + (x+z)2 + (x+y)2 ·
c2 + d2 = 1. Se ac + bd = v.}, calcule o valor de ad - bc, sabendo (b) x3 y3 z3
(y+z) 3 + (x+z)3 + (x+y)3 ·
que se trata de um número positivo.
17. Dados números reais a e b, encontre o quociente da divisão de
11. (OBM.) Encontre todos os inteiros positivos x e y tais que x + a64 _ b64 por (a+ b)(a2 + b2)(a4 + b4)(as + bs)(a16 + b16).
y+xy = 120.
18. * Dados um inteiro n > 1 e a, b E JR, prove que são válidas as
12. * Para reais positivos e distintos x e y, prove que são válidas as seguintes fatorações:
seguintes racionalizaçõei2:
(a) an - bn = (a - b)(an-1 + an-2b + an-3b2 + ... + bn-1).
(a) 1 _
.jx±,jy -
..fii':f-y'Y
x-y (b) an + bn =(a+ b)(an-l - an- 2b + an- 3b2 - · · · + bn-l) se n
1 ~'Cf-~+W for ímpar.
(b) v'x±W - x±y
1 _ v'x±W 19. Fatore a expressão x 4 + 4y 4 como um produto de dois polinômios
(c) ~'Cf-~+W- x±y . de coeficientes inteiros.
2 De uma maneira informal, podemos pensar na operação de racionalização
20. (Canadá.) Prove que 6 divide a + b+ e se, e só se, 6 divide
como a retirada de raízes do denominador. a3+b3+c3.
1
46 Produtos Notáveis e Equações 2.2 Módulo e equações modulares 47
21. (Canadá.) Sejam a, b e e números reais tais que a + b+ e = O. 28. (Polônia.) Para inteiros positivos a :S b, faça os itens a seguir:
Mostre que a3 + b3 + c3 = 3abc.
(a) Mostre que b3 < b3 + 6ab + 1 < (b + 2) 3 .
22. Prove a fórmula do radical duplo, também conhecida como fór-
(b) Ache todos tais a e b para os quais a3 + 6ab + 1 e b3 + 6ab + 1
mula de Báskara3 : para todos os números reais a e b, com
sejam ambos cubos perfeitos.
a 2 ~ b ~ O, tem-se
Para exemplificar a definição acima, uma vez que -5 < O temos O exemplo a seguir mostra como resolver uma equação mais elaborada
l-51 = -(-5) = 5; analogamente, l-v'31 = -(-v'3) = v'3, etc. Mais envolvendo módulos.
geralmente, uma consequência imediata da definição é que lxl ~ Opara
Exemplo 2.10. Resolva a equação lx +li+ lx - 21 + lx - 51 = 7.
todo real x, ocorrendo a igualdade se e só se x = O. Ademais, tem-se
sempre Solução. Note primeiro que
x ~ lxl = 1- xi, x+ 1, se x ~ -1
com igualdade se e só se x ~ O. Note ainda que lx +li= { -x-1, se x < -1 '
com a e breais dados. Como lx - ai ~ O, tal equação não admite • -x + 8 = 7 {::} x = 1; como a condição -1 ~ 1 < 2 é satisfeita,
raízes quando b < O. Quando b ~ O, segue da definição de módulo que x = 1 é solução da equação.
deve ser x - a = b ou x - a = -b, donde temos as raízes
• x +4 = 7 {::} x = 3; como a condição 2 ~ 3 < 5 é satisfeita,
x =a+ b,a- b. x = 3 é solução da equação.
50 Produtos Notáveis e Equações 2.3 Equações de segundo grau 51
• 3x - 6 = 7 {::} x = 1; ; como a condição 1; ;::::: 5 não é satisfeita, 5. Resolva, para x E IR\ {O, 1}, a equação 1:1 = i::=~1.
não há soluções neste caso.
6. Sejam a, b, e números reais dados, com a< b. Discuta, em função
Logo, as raízes da equação são 1 e 3.
• de e, o número de soluções da equação
lx - ai + lx - bl = e.
Problemas - Seção 2.2 7. Para n > 1 inteiro, prove que a equação (em x E IR)
Faça o mesmo para ax + b ;::::: O, ax + b < O e ax + b ~ 0-. 8. (México.) Seja rum racional não negativo. Prove que
ax 2 + bx + c = a [(x + ~) 2a
2
- ~i .
4a2
(2.8) (2.9)
A identidade algébrica acima é a forma canônica do trinômio de Como (x + 2: ) 2 ~ O para todo x E IR, se a equação tiver raízes reais,
segundo grau ax 2 + bx + c. então deve ser .ó. ~ O. Nesse caso, é evidente de (2.9) (veja também o
;ª
problema 1, página 56) que x + =±~,donde segue o item (a).
Prova. Basta ver que
(b) Basta observar que
ax 2 + bx + c = a( x2 + ~ x + ~} -b - vE -b + vE b
----+ =--
= a (x + 2 ~x
a
+ _!e_2 - _!e_+
4a 2
9-)
4a a e
2a 2a a
=a[ (x2 + ~x
a
+ _!e_)
4a2
_ _!e_2 + 4acl
4a 4a2
(-b;aJK) (-b;aJK) (-b)2 - .ó.
4a2
c
a •
= a[(x + ~)
2a
2 - ~i
4a 2
• Observações 2.14.
1. Quando .ó. ~ O, a fórmula -b~~ para as raízes da equação de
segundo grau ax 2 + bx + c = O é conhecida como a fórmula de
Observação 2.12. A ideia de somar e subtrair certo termo a uma
Bhaskara.
expressão dada a fim de completar um quadrado, como feito após a
54 Produtos Notáveis e Equações 2.3 Equações de segundo grau 55
11. As fórmulas do item (b) da proposição acima são também co- somando membro a membro as relações acima, obtemos finalmente
nhecidas como fórmulas de Viete.
1.·,. 1
u 2 = 6u - 7 e v 2 = 6v - 7. Multiplicando a primeira dessas igualdades ~ + 492 > O.
1
t'
'
,1 por uk e a segunda por vk, onde k ~ Oé inteiro, obtemos as igualdades
11
1:
Agora, de acordo com o parágrafo imediatamente anterior a este e-
1
! xemplo, para mostrar que as raízes de qx 2 + (p - 2q)x + (1 - p) = O
li'
:li .·
56 Produtos Notáveis e Equações 2.3 Equações de segundo grau 57
são positivas, basta mostrarmos que a soma S' e o produto P' das 2. Sejam a, b e e reais dados. Se ac < O, mostre que a equação
mesmas são ambos positivos. Ora, desde que as raízes da equação ax 2 + bx +e= O tem duas raízes reais distintas.
x 2 + px + q = O são positivas, temos -p > O e q > O. Portanto, pelas
fórmulas de Viete, temos 3. Se as soluções da equação x 2 - lxl - 6 = O são raízes da equação
x 2 - ax + b = O, calcule os valores de a e b.
S' = 2q - P = 2 + -p > O
q q 4. Sejam b, e números reais dados, tais que a equação x 2 +blxl +e=
e O tenha raízes reais. Prove que a soma de tais raízes é sempre
l -p 1 -p
P' = - - = -
q q
+-
q
> O.
• igual a O.
De fato, segue do item (b) da proposição 2.13 que, para todo x real, 6. (IMO.) Em cada um dos casos (a) A = J2,(b) A = 1 e (c)
A= 2, encontre os valores reais de x para os quais tenhamos
a(x - a)(x - /3) a[x 2 - (a+ f3)x + a/3]
a [x 2 - ( - ~) x + ~] V+x J2x - 1 + V x - J2x - 1 = A.
'I,.''
11,,,
58 Produtos Notáveis e Equações 2.4 Equações polinomiais 59
16. Mostre que, para todos a, b, e E JR, sendo a # O, a equação ~q + J q2 + (r _ p2)3 + ~q _ J q2 + (r _ p2)3 + p,
1 1 1 onde p = -;ª, q = p3+bc;ªtad e r = 3cª (veja, contudo, os problemas 3, 9
- - + x---e= a-2
X - b e 10, página 64).
Para equações polinomiais (2.11) de grau n ~ 5, o matemático no-
possui exatamente duas raízes reais e distintas. rueguês Niels H. Abel e o matemático francês Évariste Galois, ambos
(
'·1·.
ax 4 + bx 2 + e = O, (2.12)
Para equações bicúbicas, i.e., equações do tipo Há, entretanto, uma sutileza envolvida na discussão acima: decerto
que toda raiz real x = a de (2.14) gera a raiz real j3 = a+ ;;- da
ax 6 + bx3 + e = O, (2.13)
equação a(y 2 - 2) + by + e = O. Contudo, a recíproca não é verdadeira:
podemos fazer uma discussão análoga à acima, reduzindo novamente nem toda raiz real y = j3 dessa última equação gera raízes reais x = a
o problema da determinação das raízes reais da mesma à resolução da equação recíproca inicial. De fato, uma vez obtida uma raiz real
de uma equação de segundo grau. Referimos o leitor ao problema 3, y = j3 de a(y 2 - 2) + by + e = O, a fim de obter as possíveis raízes
página 64, para a elaboração dos detalhes correspondentes. correspondentes da equação recíproca, temos de resolver a equação
Examinemos, por fim, equações recíprocas de grau 4, i.e., equa-
1
ções polinomiais de grau 4 da forma X+ - = /3,
X
ax 4 + bx 3 + cx2 + bx +a= O, ou, equivalentemente, x 2 - j3x +1 = O. Como o discriminante da
onde a, b e e são reais dados, sendo a #- O. O nome recíproca provém da mesma é
simetria dos coeficientes da equação (veja o problema 16, página 67). ~= /3 2 - 4,
Inicialmente, note que O não é raiz da equação, acima, uma vez que tal equação só terá raízes reais quando /3 2 -4 2'.: O, i.e., quando l/31 2'.: 2.
a #- O. Portanto, um número real x é raiz da mesma se, e somente se, Assim como com equações biquadradas, para encontrar efetiva-
for também raiz de mente as raízes reais de uma equação recíproca de grau 4 é mais prá-
b a tico seguir os passos que nos fizeram obter (2.15) a partir de (2.14).
ax 2 + bx + e + - + 2 = O, (2.14)
X X
equação obtida da equação original dividindo-se ambos os membros Exemplo 2.20. Encontre as raízes reais da equação de grau 4
daquela por x 2 • Escreva o primeiro membro da última equação acima 2x4 + 5x 3 + 6x 2 + 5x + 2 = O.
como
a ( x2 + : 2) + b( x + t) + e = O.
Solução. Dividindo ambos os membros por x 2 e reagrupando termos,
obtemos a equação
A ideia agora é efetuar a substituição de variável y = x + note, i;
contudo, que a implementação da mesma não é imediata, tendo-se
primeiro de notar, conforme (2.1), que
i,
Fazendo a substituição y = x + segue que y 2 = x 2 + ; 2 + 2, de modo
y 2
= ( X 1)
+ -;;;
2
= X
2
+ 2+ 1
X2 • que a equação acima equivale à equação
~ ~. A primeira dessas equaçoes equivale a x 2 + 2x + 1 = O x = ex é uma raiz real (não nula) da mesma, prove que existem
e, portanto, tem duas raízes reais, ambas iguais a -1. A segunda números reais /3 e I tais que vale a fatoração
equivale a 2x 2 + x + 2 = O, que tem discriminante .6. = -15 < O e,
x 3 + ax 2 + bx +e= (x - ex)(x 2 + /3x + 1 ).
portanto, não possui raízes reais. •
Conclua, a partir daí, que a equação polinomial em questão tem
no máximo três raízes reais. Nesse caso, sendo ex, /3 e I tais
raízes, mostre também que:
Problemas - Seção 2.4 (a) Se ex, /3 e I forem dois a dois distintos, então
ax 3 - x 2 - x - (a + 1) = O e ax 2 - x - (a + 1) = O (b) Se ex = /3 #- 1 , então
x 3 + ax 2 + bx + e = (x - ex )2 (x - 1 ).
têm uma raiz comum.
(c) Se ex = /3 = 1 , então
2. (União Soviética.) Faça os itens a seguir:
x 3 + ax 2 + bx +e= (x - ex) 3.
(a) Para x real, escreva o número x 3 - 3x 2 + 5x na forma
Este resultado generaliza a forma fatorada (2.10) de uma equa-
a(x - 1)3 + b(x - 1)2 + c(x - 1) + d, ção de segundo grau e é um caso particular do algoritmo da
divisão para polinômios6 .
com a,b,c,d E Z.
(b) Se x e y são reais tais que x 3- 3x 2 + 5x = 1 e y 3- 3y 2 + 5y =
6. (a) Mostre que o número real ex= {h + J5 + {h - J5 é raiz
da equação x 3 + 3x - 4 = O.
5, calcule os possíveis valores de x + y.
(b) Conclua que ex é um número racional.
3. * Elabore, para a equação bicúbica ax 6 + bx 3 + e = O, uma dis-
cussão análoga àquela feita no texto para equações biquadradas 7. * Estabeleça as relações entre coeficientes e raízes para uma
e que nos levou à proposição 2.18. equação polinomial do terceiro grau: se os reais a 0 , a 1 , a 2 e a 3
(a3 #- O) são tais que a equação polinomial de terceiro grau
4. Prove que uma equação bicúbica tem no máximo quatro raízes 3
reais. ~~~~~~~~~~~
a3x + a2x 2 + a1 x + a0 = O
5 Para maiores detalhes acerca desse ponto, assim como para a generalização do
5. * Considere a equação polinomial de terceiro grau x 3 + ax 2 + resultado do problema 7, página 65, remetemos o leitor ao capítulo 4 do volume
6.
bx +e= O, onde a, b e e são números reais dados, com e#- O. Se
66 Produtos Notáveis e Equações 2.4 Equações polinomiais 67
tem raízes reais x 1 , x 2 e X3, então 12. Se x é um real não nulo tal que x + ~ = 4, calcule o valor de
x4+ x~-
(2.16) 13. Se x 2 - x - 1 = O, calcule o valor de
10. Em relação à equação x 3 - llx + 16 = O, faça os seguintes itens: 16. Dados números reais a0 , a 1 , ... , an, com an -=/- O, a equação poli-
nomial
(a) Faça a substituição de variável x = u+v e obtenha a equa-
ção equivalente, nas duas variáveis u e v, à equação dada.
é dita recíproca se ak = ªn-k para O :::;; k :::;; n. Se a é uma raiz
(b) Imponha que uv = -}(-11) (i.e., -} do coeficiente de x na
equação dada) e conclua que a equação em duas variáveis
i
real dessa equação, prove que a -=f. O e que também é raiz da
mesma7.
do item (a) se transforma na equação bicúbica u 6 + 16u3 +
(1J )3 = o. 17. Faça os itens a seguir:
(c) Ache u e v, e conclua que uma raiz da equação do enunciado
(a) * Para um número real x-=/- O, obtenha uma expressão para
«
é
x 3 + ; 3 em função de y = x + ~.
' -8+ villIT + -8- villIT . (b) Use o item anterior para reduzir a equação recíproca ax 6 +
9 9
bx 5 + cx4 + dx 3 + cx 2 + bx + a = O, de grau 6, a uma equação
Os itens acima descrevem, num exemplo prático, as ideias por de polinomial de grau 3.
trás da fórmula de Cardano.
111
li
li,
lf
li
I'
1:
I'
CAPÍTULO 3
Sistemas de Equações
69
70 Sistemas de Equações 3.1 Sistemas lineares e eliminação 71
ax+by e 2x+my = 3
{ {
d'y f' ' mx+2y = ~
onde d'= d - !!fa e f' = f - E.e. Há agora três casos a considerar: seja impossível, possível indeterminado ou possível determinado.
aI
74 Sistemas de Equações 3.1 Sistemas lineares e eliminação 75
Solução. Trocando a segunda equação por ela mesma somada a - ~ (a fim de eliminar a variável x da segunda e da terceira equações),
vezes a primeira, obtemos o sistema equivalente obtemos o sistema equivalente
2x+my = 3
{
(2-~ )y
2
= H1-m)
1 3(4 - m)
x = 2(3 - my) = 2(4 - m2).
na segunda equação fornece y = b~ (d; - c;z) = b~ (d; - c;,1) . . 1º Eliminar a variável x da segunda e da terceira equações, tro-
2 2
Finalmente, como a 1 -=/=- O, a substituição na primeira equação cando-as por elas mesmas somadas a múltiplos apropriados da
dos valores assim obtidos para y e z nos dá uma único valor primeira equação, obtendo um sistema da forma
para x, e concluímos daí que o sistema é possível determinado.
c';
• Se = Oe d~ -/=- O, o sistema é impossível, uma vez que a terceira
- se resume a a· z = d"3 .
equaçao
• Se e~ = d~ = O, então a terceira equação se resume à igualdade 2º Eliminar a variável y (caso b; -=/=- O) da terceira equação, trocando-
Oz = o,·e o sistema como um todo se resume a ª por ela mesma somada a um múltiplo apropriado da segunda
equação, obtendo um sistema da forma
Como antes, mais vale guardar os passos genéricos acima que quaisquer Finalizamos essa discussão inicial sobre sistemas lineares obser-
detalhes da discussão anterior. Vejamos mais um exemplo. vando que o método de eliminação pode ser facilmente generalizado,
de maneira a estudar o sistema linear com m equações e n incógnitas
Exemplo 3.3. Encontre todos os valores reais de m para os quais o
sistema de equações a11X1 + a12X2 +' '' + a1nXn
seja impossível. onde os aij e bi são reais dados, com nem todos os aij iguais a zer9.
Solução. Multiplicando a primeira equação respectivamente por 2 Contudo, como não faremos uso sistemático de tais sistemas nestas
e por m, e subtraindo, também respectivamente, os resultados assim. notas, não desenvolveremos aqui a generalização correspondente. O
obtidos da segunda e terceira equações, obtemos o sistema equivalente leitor interessado pode consultar o Capítulo 1 de [26] para uma discus-
são geral acessível e completa de sistemas lineares. Um caso particular
x+y-mz = -1 de interesse será examinado na seção 6.2 do volume 6 (cf. proposição
{ (m - 2)y + (1 + 2m)z = 3
6.10).
(1 - m)y - (1 - m 2 )z = 2 + m
Sem= 1, a última equação se resume à igualdade impossível O= 3, e
o sistema original é impossível. Se m #- 1, troque a segunda equação
Problemas - Seção 3.1
por ela mesma, somada a -7'_-~ vezes a terceira, obtendo o sistema
equivalente ax+by=e
1. Suponha que, no sistema linear { , tenhamos a, b,
x+y-mz -1 ex+ dy= f
{ (m2 +m-l)z -m 2 -3m+7
1-m
e, d, e, f #- O. Prove que:
(1 - m)y - (1 - m 2 )z 2+m
(a) ~ #- ~ {::} o sistema é possível determinado.
Se m 2 + m - 1 = O, i.e., m = -l~v5, o sistema é impossível, uma vez ª =
(b) e ab = ' t ema e
7e {::} o s1s , passive
, 1m' det ermma
· do.
que -m2 - 3m + 7 #- O para tais valores de m; se m #- -l~v5, então a
segunda equação nos dá um único valor possível para z, o qual, subs-
(c) ~ = ~ #- y{::} o sistema é impossível.
tituído na terceira equação, fornece por sua vez um único valor para 2. Em relação ao sistema linear (3.2), faça os seguintes itens:
y; por fim, tais valores para y e z, substituídos na primeira equação,
nos dão um único valor para x, e o sistema é possível determinado. (a) Se b1 = b2 = · · · = bm = O, prove que o sistema sempre tem
Logo, os valores procurados param são m _:_ 1 ou m = -l~v5. • pelo menos uma solução.
80 Sistemas de Equações 3.2 Miscelânea 81
(b) Se o sistema tiver pelo menos duas soluções, então ele terá Proposição 3.4. Dados números reais Se P, o sistema
uma infinidade de soluções.
{
X +y = S
xy p (3.3)
3. Encontre todos os valores reais de a para os quais o sistema de =
equações
X+ 2y-3z = 4 possui soluções reais se e só se 8 2 2: 4P. Nesse caso, as soluções são
{ 3x-y + 5z = 2 dadas por x = a, y = /3 ou vice-versa, onde a e /3 são as raízes da
4x + y + (a 2 - 14)z =a+ 2 equação de segundo grau u 2 - Su + P = O.
Voltando-nos ao estudo de outros tipos relevantes de sistemas de Exemplo 3.5. Encontre todas as soluções reais do sistema de equa-
ções
equações, a proposição a seguir mostra como resolver sistemas de
segundo grau. { (x
2 + 1) (y 2 + 1) = 10
( X + y) (xy - 1) = 3 .
82 Sistemas de Equações 3.2 Miscelânea 83
Solução. Escrevendo o primeiro membro da primeira equação como Algumas equações aparentemente complicadas podem ser resolvi-
das facilmente se encontrarmos uma maneira de transformá-las em
(x 2 + l)(y 2 + 1) x2y2 + x2 + y2 + 1
sistemas de equações. Não há procedimento geral que diga quando ou
(xy) 2 + [(x + y) 2 - 2xy] + 1, como isso pode ser feito, de modo que cada equação deve ser analisada
chamando x + y de a e xy de b, obtemos o sistema separadamente. O exemplo a seguir mostra que um truque algébrico
frequentemente útil nesse sentido é a introdução de novas variáveis.
b2 + a 2 - 2b = 9
{
a(b-1)=3 · Exemplo 3.6 (Israel). Encontre as soluções reais da equação
Elevando a segunda equação ao quadrado e substituindo c2 = 10 - Utilizando duas vezes a fórmula (2.1) para o quadrado de uma soma,
a 2 no resultado, obtemos a equação biquadrada a 2(10 - a 2) = 9, de obtemos
maneira que a 2 = 1 ou 9 e, portanto, a= ±1 ou ±3. Temos então as
17 a 4 + b4 = (a2 + b2) 2 - 2a 2b2
possibilidades
[(a+ b) 2 - 2ab] 2 - 2(ab) 2
(a, e)= (1, 3), (-1, -3), (3, 1) ou (-3, -1) (9 - 2ab) 2 - 2(ab) 2
e, a partir daí, 81 - 36ab + 2(ab)2,
(x, y) = (1, -2), (-2, 1), (1, 2), (2, 1), (O, -3) ou (-3, O) • ab = 2, a+ b = 3: é imediato que, neste caso, a= 1 e b = 2 ou
vice-versa. Se a= 1, então 13 + x = 1 e daí x = -12. Se a= 2,
do sistema original.
• então 13 + x = 16 e daí x = 3.
Sistemas de Equações 3.2 Miscelânea 85
84
Solução. Podemos reescrever a equação dada na forma com incógnitas x 1 , x 2 , x 3 , onde a, b e e são reais dados, com a =I O.
Se~= (b - 1) 2 - 4ac, faça os seguintes itens:
(x 4 y 2 - 2x 2 y + 1) + (y 2 - 2y + 1) = O,
(a) Se ~<O, então não há solução real.
ou ainda
(x 2 y - 1) 2 + (y - 1) 2 = O. (b) Se ~ = O, então há exatamente uma solução real.
Assim, pelo lema anterior nossa equação equivale ao sistema 5. (Torneio das Cidades.) Encontre todas as soluções reais do sis-
tema
x 2 y- 1 = O , x 3 = 2y-1
{
y- l = o { y 3 = 2z -1 .
z 3 = 2x -1
cujas soluções y = 1, x = ±1 obtemos sem nenhuma dificuldade. •
86 Sistemas de Equações 3.2 Miscelânea 87
6. Resolva, para x, y E IR, a equação x 2 +2xy+3y 2 +2x+6y+3 = O. 14. (Romênia.) Ache todas as raízes reais da equação
7. (IMO.) Encontre todos os valores reais de a tais que o sistema
(em x, y e z)
J 4x 2 - x4 - 3+ J 4y2 - y4 + J 4z 2 - z4 +5 = 6.
x 2 + y 2 = 4z
{ 15. (Canadá.) Ache todas as soluções reais do sistema de equações
3x+4y+z = a
tenha uma solução única. 4x2
1+4x 2 = Y
{ 4y2 -
8. (NMC.) Ache todos os x, y, z reais maiores que 1 tais que 1+4:f2 - z
4z
1+4z 2 = X
3- + -
x+y+z+- 3- + -
x-l y-l z-l
3- = 2(vx + 2+ yíy+2 + Jz + 2)";
16. Para x > O real, prove que x + ~ 2:: 4. Em seguida, utilize esse
9. Ache todas as raízes reais da equação ,rx+s + ?'11 - x = 6. fato para resolver no conjunto dos reais positivos o sistema de
equações
10. Ache todas as raízes reais da equação J5 - J5="x = x.
x+1 = 5y
11. (Canadá.) Ache todas as raízes reais da equação x 2 + (x: 2
1) 2 = 3.
X
{ Y + 1 = 5z
4
z 4
z + 1X 5x
12. * Sejam E 1, E2, ... , En e Fi, F2, ... , Fn expressões tais que E 1 :::; 4
F1, E2:::; F2, ... , En:::; Fn. Prove que a equação 17. (União Soviética - adaptado.) Encontre todas as soluções reais
do sistema de equações
E1 + · · · + En = Fi + · · · + Fn
equivale ao sistema de equações x1+ 2Xl
E1 = F1 x2+2
x2
E2 = F2 X3+2
X3
CAPÍTULO 4
Sequências Elementares
89
90 Sequências Elementares 4.1 Fórmulas posicionais e recorrências 91
1. Calcule os quatro primeiros termos da sequência (an)n 2 1 definida Na definição acima, o número real r, diferença comum entre dois
por a 1 = 1 e ak+l = a~ + ak + 1 para todo k 2:: 1. termos consecutivos quaisquer da PA, é denominado a razão da mesma.
Note ademais que, para uma PA estar completamente determinada é
2. Escreva uma fórmula posicional para cada uma das sequências necessário, além de sua razão r, conhecermos seu termo inicial a 1 . Por
a seguir: exemplo, a sequência (ak)k 21 dada por a 1 = 2 e ak+l = ak + 3 para
k;:::: 1 é uma PA de termo inicial 2 e razão 3, totalmente determinada
(a) (1, -2, 3, -4, 5, -6, 7, -8, ... ). pela recorrência que deve ser satisfeita e pelo valor 2 do termo inicial.
(b) ( ! ,i, i, t, i, ~, i, ! ,...)· No entanto, se soubéssemos apenas que ak+l = ak+3 para todo k;:::: 1,
não teríamos uma só PA, pois não saberíamos como começá-la.
(c) (1, !, 3, i, 5, i, 7, !, ...)·
Exemplo 4.4. Se (ak)k 21 é uma PA de razão r, prove que as sequên-
3. Seja (an)n 21 uma sequência de reais positivos satisfazendo a re- cias (bk)k 2 1 e (ck)k 2 1, definida por bk = a2k e ck = a2k-l para todo
ª:~
corrência ak+l = 3 1 , para k 2:: 1. Se (bn)n 21 , é a sequência k 2:: 1 inteiro, também são PA's, ademais de razões iguais a 2r.
definida para n 2:: 1 por bn = ª~, obtenha uma recorrência satis-
feita pela mesma. Prova. Analisemos a sequência (bk)k 21 (o caso da sequência (ck)k 21 é
totalmente análogo), para o que basta mostrarmos que bk+l - bk = 2r
4. Escreva uma recorrência para cada uma das sequências a seguir: para todo k 2: 1. Pela definição de bk e pelo fato de (ak)k> 1 ser uma
PA de razão r, temos
(a) (1,ltl,3,5,9,17,31,57,105,183, .. J.
(b) ( 1, 2, 22 , 222 , 2222 , ....
) ª2(k+1) - a2k = a2k+2 - a2k
(a2k+2 - a2k+1) + (a2k+1 - a2k)
r +r = 2r,
4.2 Progressões
Comecemos nosso estudo de sequências elementares discutindo as
conforme desejado.
•
Uma outra caracterização recursiva útil para PA's é a dada na
progressões aritméticas.
proposição a seguir.
94 Sequências Elementares 4.2 Progressões 95
Proposição 4.5. Uma sequência (ak)k 21 de números reais é uma PA concluímos que
seesóse
(4.3) + an =
a1 ( a2 - r) + (ªn-l + r) = a2+ ªn-l,
a2 + ªn-l = (a3 - r) + (an-2 + r) = a3 + ªn-2,
Prova. Por definição, a sequência é uma PA se e só se a 2 - a 1 =
a3 - a 2 = · · ·, i.e., se e só se, para todo k ~ 1 inteiro, tivermos etc. Logo, sendo S = a 1 + a 2 + · · · + an, temos
ak+ 2-ak+l = ªk+l -ak, que é uma maneira equivalente de escrevermos
(4.3). •
28 2(a1 + a2 + a3 + · · · + ªn-2 + ªn-l + an)
(a1 + an) + (a2 + ªn-1) + (a3 + ªn-2) + · · · + (an + ai)
O próximo resultado ensina mais algumas propriedades interes- (a1 + an) + (a1 + an) + (a1 + an) + · · · + (a1 + an)
santes e úteis de uma PA; em particular, ele ensina como obter uma n parcelas
fórmula posicional para os termos de uma PA. O leitor deve se esforçar
para guardar as fórmulas nele constantes.
Solução. É claro que os termos da sequência em questão são todos Uma outra caracterização recursiva útil para (quase todas as) PG's
positivos, de maneira que podemos definir a sequência (bk)k?. 1 pondo é a dada na proposição a seguir.
bk = _.!._. A recorrência do enunciado nos dá então
ªk Proposição 4.11. Uma sequência (ak)k?.l de números reais não nulos
1 1 + 2ak 1 é uma PG se e só se
bk+l = - - = = - + 2 = bk + 2,
ªk+l ªk ªk
(4.5)
e daí (bk)k?.l é uma PA de termo inicial b1 = ; 1 = 1 e razão 2.
Portanto, tal PA coincide com aquela dos inteiros positivos ímpares, Prova. Por definição, a sequência é uma PG (de razão q) se e só se
e o exemplo anterior nos dá bk = 2k - 1 para todo k ;?: 1. Logo, ª2 a3 a4
------···-q
1 1 a3 '
ªk = - =
bk 2k - 1
. • a1 a2
linha i começa à esquerda por i e tem dois números a mais que 10. (Canadá.) Seja an a soma dos n primeiros termos da sequência
a linha i - 1. Calcule a soma dos termos da linha n.
O, 1, 1, 2, 2, 3, 3, 4, 4, ... , r, r, r + 1, r + 1, ....
1
2 3 4 (a) Obtenha uma fórmula para an em função de n.
3 4 5 6 7 (b) Prove que ªm+n - ªm-n = mn para todos os m e n naturais
4 5 6 7 8 9 10 tais que m > n.
2. Mostre que o número 11 ... 1 (n algarismos 1) é igual a 10~- 1 . 11. (Canadá.) Mostre que os números v'2, v'3 e v'5 não são todos
termos de uma mesma PA.
..___.
3. Calcule a soma 1 + 11 + 111 + · · · + 11 ... 1 em função de n .
12. Seja (ak)k 2 1 uma PG de razão q. Prove que, para n 2:: 1 inteiro,
n
temos
4. Se (ak)k 2 1 é uma PA de razão r, prove que a sequência (bk)k 21 ,
definida por bk = a~+l - a~, para todo k 2:: 1, também é uma
PA, e calcule sua razão em função de r. 13. Calcule o valor da soma
5. Seja (ak)k 21 uma PA de razão não nula e p, q, u, v naturais dados. 1 3 5 99
Prove que 2 + 22 + 23 + ... + 2so '
na qual a kª parcela da esquerda para a direita é igual ao quo-
ciente entre o kQtermo da PA 1, 3, 5, ... , 99 e o kQ termo da PG
6. Seja (ak)k 21 uma progressão aritmética de razão r #- O. Se : 1
2' 22' 23' ... ' 2so.
for um inteiro não negativo, prove que a soma de dois termos
quaisquer da PA também é um termo da PA. 14. (Macedônia.) Em uma PA não constante de números reais O
'
7. Seja (ak)k 21 uma PA tal que ap = a e aq = /3, com p #- q. quociente entre o primeiro termo e a razão é um número irra-
Calcule, em função de p, q, a, /3, o termo ap+q· cional. Prove que não há três termos distintos dessa P A que
estejam em PG.
8. (Romênia.) Uma soma finita de inteiros ímpares e consecutivos
(mais de um inteiro) é igual a 73 . Encontre tais números. 15. A sequência (ak)k 2 1 é uma progressão aritmético-geométrica se,
para cada inteiro k 2:: 1, tivermos ak = bkck, onde as sequências
9. A PA (akh>i é formada por naturais dois a dois distintos. Prove (bk)k21 e (ck)k 2 1 são respectivamente uma PA e uma PG. Cal-
que ela contém infinitos naturais compostos2 dentre seus termos. cule, em função de n, b1, c1 e das razões q, r respectivamente da
2 Recordamos (cf. introdução ao capítulo 1) que um natural n > 1 é composto PA e da PG, o valor da soma dos n primeiros termos de uma tal
se pudermos escrever n = ab, para certos naturais a, b > 1. sequência (ak)k 21 .
102 Sequências Elementares 4.3 Recorrências lineares de ordens 2 e 3 103
16. Calcule, em função de n, o nº termo da sequência (ak)k2:1 dada onde r e s são constantes reais dadas, não ambas nulas. Consoante
por a 1 = 2 e ak+l = 2ak - 1 para todo inteiro k ;?: 1. o caso das PG's, uma tal recorrência é dita linear, de segunda or-
dem e com coeficientes constantes, em alusão ao fato de que cada
17. A sequência (an)n2:l satisfaz a1 = 1 e ak+l = 3ak -1 para k ;?: 1. termo, a partir do terceiro, é uma combinação linear com coeficientes
Faça os seguintes itens: constantes (i.e., uma soma de múltiplos constantes) dos dois termos
imediatamente anteriores.
(a) Se bn = an - !, prove que bk+l = 3bk para k;?: 1. Para sequências (an)n2: 1 satisfazendo recorrências como (4. 7), o te-
(b) Escreva os cinco primeiros termos de (bn)n2:1 e obtenha, em orema 4.16 a seguir ensina como calcular an em função de n. Antes de
seguida, a fórmula posicional correspondente. apresentá-lo, ilustremos a ideia por trás de sua prova com um exemplo
algébrico em que r e s têm valores dados.
(c) Obtenha uma fórmula posicional para ªn·
Exemplo 4.15. Seja (an)n2:1 a sequência dada por a 1 = 1, a 2 = 7 e,
18. Prove que não existe uma PG que tenha os números 2, 3 e 5
para k;?: 1 inteiro, ak+2 = 8ak+l - 15ak. Calcule an em função de n.
como três de seus termos.
Solução. Para k ;?: 1 inteiro, temos
para todo inteiro k ;?: 1, onde q é uma constante real não nula. Di-
zemos que a recorrência (4.6) é linear, de primeira ordem e com de modo que a sequência (ck)k2:l dada por ck = ak+l - 5ak é uma PG
coeficientes constantes, em alusão ao fato de que cada termo, a de razão 3. Uma vez que seu termo inicial é c1 = a 2 -5a 1 = 7 -5 = 2,
partir do segundo, é um múltiplo constante do termo imediatamente segue que ck = c1 · 3k-I = 2 · 3k-I _ Portanto, para todo inteiro k ;?: 1
temos o sistema de equações
anterior.
Vimos, também, que uma sequência (an)n2:1 é uma PA se, e so-
mfü1te se, satisfaz a recorrência (4.3). Nesta seção, nosso primeiro
propósito é estudar a classe mais geral das sequências (an)n2:1 que
satisfazem recorrências do tipo e, subtraindo membro a membro as relações acima, obtemos
(4.7) •
104 Sequências Elementares 4.3 Recorrências lineares de ordens 2 e 3 105
O procedimento exposto no exemplo acima pode ser facilmente Consideremos primeiro o caso a -=!=- f3. Subtraindo membro a mem-
generalizado, conforme ensina o resultado a seguir. bro as relações acima, segue que
Teorema 4.16. Seja (an)n2'.l uma sequência de números reais tal que,
para todo k ~ 1 inteiro, tenhamos
denotando
A= ª2 - f3a1 e B = _ a2 -aa1
onde r e s são constantes reais dadas, não ambas nulas. Se a equação a-(3 a-(3
x2 + rx + 8 = O tiver raízes reais a e /3, então existem constantes reais obtemos a fórmula do item (a).
A e B, determinadas pelos valores de a1 e a2, tais que:
Caso seja a = /3, as duas relações (4.8) são iguais, de modo que
(a) Se a-=!=- (3, então an = Aan-l + B/3n-l para todo n ~ 1. não temos informação suficiente para calcular ak. Usamos, então, o
seguinte artifício: é imediato verificar que as sequências uk = ak-l e
(b) Se a= (3, então an =(A+ B(n - l))an-l para todo n? 1. vk = (k-l)ak-l (o mesmo a que antes, raiz da equação x 2+rx+s = O)
satisfazem as recorrências
Prova. Lembre que a+ /3 = -r e a/3 = s. Assim, (4.7) pode ser
{ Uk+2 + ruk+l + SUk = Ü
reescrita como
vk+2 + rvk+l + svk = O
Definindo bk = ak+l - aak e ck = ak+l - f3ak, segue das relações acima ' (cf. problema 5). Assim, a ideia é procurarmos números reais A e
que (bk)k2'. 1 e (ck)k2:l são PG's de razões respectivamente iguais a /3 e a, B tais que, para todo inteiro k ~ 1, tenhamos ak = zk. Como tais
e termos iniciais respectivamente iguais a b1 = a2-aa1, C1 = a2 -f3a1. sequências satisfazem relações de recorrência idênticas, o problema 9,
Portanto, a fórmula para o termo geral de uma PG nos dá página 136, garante ser suficiente acharmos números reais A e B tais
que a1 = z1 e a 2 = z 2, ou seja, tais que
{
a1 = A
ou seja, a2 = (A+B)a
(4.8)
mas isso pode claramente ser feito, uma vez que a=-; -=!=- O.
•
106 Sequências Elementares , 4.3 Recorrências lineares de ordens 2 e 3 107
Na prática, utilizamos as fórmulas do teorema anterior do seguinte •. para todo inteiro k ~ 1. Mais precisamente, mostremos que
modo: dada uma sequência (an)n:::,: 1 tal que
F __ 1 { ( 1+
n - J5 . 2 J5) n
-
( 1_ J5) n}
2 , Vn ~ 1. (4.10)
para todo inteiro k ~ 1, onde r, s são constantes reais dadas e r-=/=- O, · Solução. A recorrência da sequência de Fibonacci pode ser escrita
calculamos as raízes reais da equação como Fk+2 - Fk+l - Fk = O e, portanto, tem equação característica
x 2 - x - 1 = O. Send~ a = 1+2v'5 e /3 = 1 - 2v'5 as raízes da mesma, segue
x2 + rx + s = O, do item (a) do teorema 4.16 que
3A sequência de Fibonacci desempenha um papel relevante em Combinatória, Exemplo 4.18. Seja (an)n:::,: 1 uma sequência de números reais satis-
conforme veremos no volume 4. fazendo a recorrência ak+l = rak + s para todo k ~ 1, onde r e s são
108 Sequências Elementares 4.3 Recorrências lineares de ordens 2 e 3 109
Teorema 4.19. Seja (an)n>l uma sequência de números reais tal que,
uma recorrência linear de segunda ordem com coeficientes constantes.
para todo k ~ 1 inteiro, tenhamos
A equação característica correspondente,
x2 - (r + l)x + r = O,
onde r, s e t são constantes reais dadas, não todas nulas. Se a equação
tem raízes r e 1, de maneira que an = Arn-l + B. Lembrando que:
característica x 3 + rx 2 + sx + t = O tiver raízes reais a, /3 e 'Y, então
a 2 = ra 1 + s, as constantes A e B podem ser obtidas resolvendo-se .o ·
existem constantes reais A, B e C, determinadas pelos valores de a 1 ,
sistema °'2 e a3 , tais que:
{ A+B = a1 , .
Ar+ B = ra1 + s (a) Se a #- /3 #- "( #- a, então an = Aan-l + B13n-l + C"(n- 1, para
portanto, A= a 1 e B = s, de sorte que todo n ~ 1.
Consideremos, agora, os casos (a), (b) e (c) separadamente: para todo inteiro k ~ 1. Explicite an em função de n.
x 3 + rx 2 + sx + t = (x - a)3.
Problemas - Seção 4.3
É, agora, fácil mostrar que as sequências bn = ( n - 1)an-l e Cn =
(n -1)2an-l satisfazem a mesma recorrência que a sequência (an)n::::1, l. Seja (an)n::::1 a sequência dada por a 1 = 1, a 2 = 4 e, para todo
de sorte que o mesmo sucede com Un = (A+B(n-l)+C(n-1) 2 )an- 1 . inteiro positivo k, ak+ 2 = 5ak+l - 6ak. Calcule ari em função de
O resto é como nos itens (a) e (b). • n.
Exemplo 4.20. Seja (an)n::::1, a sequência tal que a1 1, ª2 = 4, 2. Seja (an)n::::1 a seqüência dada por a 1 = 3, a 2 = 5 e, para k ~ 1
a3 = 14 e inteiro, ak+2 = 3ak+l - 2ak. Prove que an = 2n + 1 para todo
n EN.
112 Sequências Elementares 4.4 Somatórios e produtórios 113
3. Seja (an)n21 a sequência dada por a 1 = 3 e ak+l = 2ak - 1 para 4.4 Somatórios e produtórios
k 2: 1. Calcule an em função de n.
Introduzimos agora as notações L (lê-se sigma) para somas e TI
4. * Se a equação x 2 + rx + s = O tem duas raízes iguais a a, prove (lê-se pi) para produtos, as quais se revelam muito úteis no contexto
que as sequências uk = ak-l e vk = (k - l)ak-l satisfazem as de sequências.
relações de recorrência
Definição 4.21. Dada uma sequência (ak)k21, escrevemos 1 aj I:7=
para denotar a soma a 1 + a 2 + · · · + an, e lemos o somatório dos aj,
{ uk+2 + ruk+l + suk
o para 1 ::::;; j ::::;; n. Assim,
vk+2 + rvk+l + svk o
L aj =
n { a1
+ a2 + · · · + an
, se n = 1
se n > 1
5. * Se as sequências (un)n21 e (vn)n21 satisfazem as recorrências j=l a1
de segunda ordem uk+2+ruk+1 +suk = Oe vk+ 2+rvk+l +svk = O Como caso particular da definição acima, se (ak)k 21 for uma sequên-
para todo k 2: 1, prove que a sequência (zn)n 21 dada para k 2: 1 cia constante, digamos com ak = e para todo k 2: 1, teremos clara-
por zk = Auk + Bvk (onde A e B são const~ntes reais) satisfaz mente
n n
uma recorrência análoga, Zk+ 2 + rzk+l + szk = O.
Lªj = Lc = nc.
j=l j=l
6. * Complete a prova do teorema 4.19.
Uma das utilidades da notação L se deve ao fato dela tornar fácil
7. Em relação à sequência (an)n21, tal que a1 = 1e a manipulação de somas com grande número de parcelas, ainda mais
quando cada parcela for, ela mesma, uma soma. Por exemplo, dadas
sequências (akh21 e (bk)k 21 , a associatividade e a comutatividade da
adição de reais garantem que
igualdade que se escreve, com a notação L, como Uma fórmula equivalente (obtida da fórmula acima esc.revendo n +1
n n no lugar de n), que será por vezes utilizada no lugar de (4.14), é
cLªi = Lcªi· n
(4.13).
j=l j=l L(aj+l - aj) = an+l - a1, (4.15)
j=l
Em outras palavras, é possível partir um somatório de somas em dai
t s. Uma qualquer das fórmulas (4.14) ou (4.15) é conhecida como a
ou ros somatórios, bem como pôr uma constante em evidência em um ;
somatório. '. fórmula para uma soma telescópica. A ideia por trás do nome é
a seguinte: assim como olhando num telescópio encurtamos a imensa
Exemplo 4.22. Calcule, em função de n E N, 0 valor da soma / distância de um corpo celeste a nossos olhos, a fórmula acima encurta
I:;=1 (2k + 1). O caminho entre uma soma inicial de muitas parcelas e o cálculo do
resultado da mesma.
Solução. Aplicando as propriedades acima, obtemos A fórmula da soma telescópica é uma das principais vantagens da
notação L· Justifiquemos essa afirmação examinando dois exemplos
n n n n
interessantes.
I:(2k + 1)
k=l
I:2k+ I:1 = 2I:k+n
k=l k=l k=l Exemplo 4.23. Deduza a fórmula para o termo geral de uma PA
n(n + 1) utilizando a fórmula da soma telescópica.
2· +n = n 2 + 2n
2 '
Solução. Se a sequência (ak)k:2".l é uma PA de razão r, então (4.15)
o~de a penúltima igualdade segue da fórmula do item (b) da proposi- fornece
çao 4.6. • n-l n-l
an - a1 = L(ªHl - aj) = L
r = (n - l)r,
j=l j=l
A notação L é particularmente útil para fazermos cancelamentos
em somas. Mais precisamente, dada uma sequência (ak)k:2".l, efetuando
os cancelamentos intermediários na soma
donde an = a1 + (n - l)r. •
Para o próximo exemplo, dizemos que uma sequência (ak)k>l é
uma PA de segunda ordem se a sequência (bk)k:2".l, dada para k 2: 1
por bk = ak+ 1 - ak, for uma PA não constante. Para construir uma
PA de segunda ordem (ak)k>l, podemos começar com uma PA não
obtemos an - a1 como resultado. Com o uso da notação L, podemos constante, por exemplo
escrever a igualdade acima como
(3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, ... ).
n-l
L(aj+l - aj) = an - a1. (4.14) Em seguida, estipulamos o termo inicial da PA de segunda ordem,
j=l digamos a 1 = 2 e, a partir daí, calculamos a 2 , a3 , . . . a partir das
:, i
1
116 Sequências Elementares 4.4 Somatórios e produtórios 117
relações a2 - a1 = 3, a3 - a2 = 7, a4 - a3 = 11, etc. Obtemos assim, Em que pesem os exemplos acima, se quisermos utilizar a fórmula
para a PA dada acima, a PA de segunda ordem para a soma telescópica para calcular somas L-]= 1 bi de termos de
uma sequência dada (bk)k::::: 1, teremos primeiro de conseguir enxergar
(2, 5, 12, 23, 38, 57, 70, ... ).
as parcelas bi como diferenças ªi+i - ai entre termos consecutivos de
V~mos a partir desse exemplo que uma PA de segunda ordem só fica uma mesma sequência (ak)k::::: 1. A dificuldade nesse raciocínio é que
totalmente determinada se conhecermos seus três primeiros termos. não sabemos de antemão quem é a sequência (ak)k2'.l· Vejamos alguns
De fato, só sabendo seus três primeiros termos é que teremos os dois exemplos:
primeiros termos da PA não constante formada pelas diferenças.
Exemplo 4.25. Considere a sequência (ak)k> 1 dada por a 1 = 1 e
Exemplo 4.24. Dada uma PA de segunda ordem (ak)k::::: 1, prove que
a --- ªk -
(n - l)(n - 2)r k+l - 1 + kak
an = a1 + (a2 - ai)(n - 1) + 2 , (4.16)
para todo inteiro positivo k. Calcule an em função de n.
onde r = a3 - 2a2 + a 1 é a razão da PA não constante formada pelas
diferenças entre termos consecutivos de (ak)k>l· Solução. Como os termos da sequência (ak)k2'.l são todos positivos
(por quê?), podemos definir a sequência (bk)k::::: 1 pondo bk }k A
Solução. Denote bk = ªk+i - ak para todo k ~, 1. As fórmulas da relação do enunciado nos dá então
soma telescópica e para a soma dos termos de uma PA finita nos dão
1 1 + kak 1
~ ~
(n - l)(b1 + bn-1) . bk+l = - - = =- + k = bk + k,
an - a1 = L..,,(aj+l - aj) = L..,, bj = 2 ªk+1 ak ak
j=l j=l de maneira que, pela fórmula para somas telescópicas,
Por outro lado, aplicando a fórmula para o termo geral de uma PA, n-1 n-1 ( )
~ ~ nn-l
obtemos bn - b1 = L..,,(bk+l - bk) = L..,, k = 2 ,
k=l k=l
bn-1 = b1 + (n - 2)r = (a2 - a1) + (n - 2)r,
onde na última igualdade usamos a fórmula para a soma dos termos
e daí de uma PA finita. Portanto,
(n - l)(b1 + bn-1) b _ b n(n - 1) _ 1 n(n - 1) _ n 2 - n +2
ª1 + 2
n- 1 + 2 - + 2 - 2 '
a + (n - 1)(2(a2 - a1) + (n - 2)r)
·
1 2
(n- l)(n- 2)r
d •
e a1 an =
1
bn =
2
n2-n+2· •
a1 + (n - 1) (a2 - a1) + 2 . Para o próximo exemplo defina, para cada inteiro positivo n, o
fatorial de n, denotado n!, como o produto de todos os naturais desde
Por fim, observe que
1 até n (por convenção, 1! = 1), i.e., 2! = 2, 3! = 6, 4! = 24, 5! = 120,
• etc. Veja que, em geral, temos (k + 1)! = (k + 1) · k!.
118 Sequências Elementares 4.4 Somatórios e produtórios 119
Exemplo 4.26 (Canadá). Calcule, em função de n, o valor da soma e divisão. De fato, dados um número real e e sequências (ak)k:::: 1 e
0j=1J'(J.'!) ·
'\"'n (bk)k::::1, temos
Solução. A fim de utilizar a fórmula da soma telescópica, temos pri-
meiro de conseguir escrever j(j!) como uma diferença ªiH - aj, de
termos consecutivos de uma mesma sequência. Fazemos isso obser- a1a2 · · · an ª1 a2 an
--···-
vando que b1b2 · · · bn b1 b2 bn
e
j(j!) = [(j + 1) - l]j! = (j + 1) · j! - j! = (j + 1)! - j!. cn(a1a2 · · · an) = (ca1)(ca2) · · · (can)
Portanto, pondo ak = k! para k?: 1, temos (a segunda igualdade acima desde que os bj sejam todos não nulos).
Escrevendo ambos os membros dessas identidades usando produtórios,
n n n
obtemos as igualdades
j=l j=l j=l
= an+l - a1 = (n + 1) ! - 1!
= (n + 1)! - 1.
• Tij=l n
Também podemos introduzir uma notação bastante útil para re-
n
ªj = II ªib· e cn
n n
II ai= II (cai)·
presentar produtos, conforme ensina a seguinte Tij=l b·J
n
j=l J j=l j=l
Definição 4.27. Dada uma sequência (akh::::1, escrevemos TI7= 1 aj Vejamos um exemplo de aplicação de tais fórmulas.
para denotar o produto aia 2 ... an, e lemos o produtório dos aj,
Exemplo 4.28. Calcule, em função de n, o valor de TI~=l ( 2 + Ü.
para 1 ~ j ~ n. Assim,
Solução.
se n 1
I .=nl aj
J
= { ª1
ª1 ª2 ... ªn '
=
se n > 1
n! =
n
IIj.
j=l
(4.17) •
Analogamente ao caso de somatórios, a notação TI é particular-
Assim como com somatórios, a utilidade da notação TI se deve mente útil para a realização de cancelamentos em produtos, de acordo
ao fato dela comutar formalmente com os símbolos de multiplicação com a fórmula para produtos telescópicos, colecionada na seguinte
120 Sequências Elementares 4.4 Somatórios e produtórios 121
Proposição 4.29. Se (ak)k2'.l é uma sequência de reais não nulos, 3. A sequência (an)n>l é dada por a1 = 1 e an+l = an + 8n para
então n n 2:: 1. Calcule an em função de n.
II aj+l
a·
_
-----
a1
an+. 1
(4.18)
4. * Calcule, em função de n EN, o valor da soma E;= 2 (k~l)k'
j=l J
Prova. Como com somas telecópicas, basta observarmos que os fato- 5. A sequência (ak)k2'.l é uma PA. Prove que, para todo inteiro
res intermediários do produto do primeiro membro acima se cancelam. positivo n, temos
Em símbolos,
n-l
n
II
.
ªj+l _
-- -
aJ·
-
a2
ª1 ª2 a3
a4
. -a3 . - · · · -an- . -
ªn-1
ªn+l
-
an
_ ªn+l
- --
ª1 •
J=l
6. Prove que, para todo inteiro positivo n, tem-se
Exemplo 4.30. Examinemos novamente o exemplo 4.28 à luz de pro- .
1 1 1 1 1
dutos telescópicos. Para tanto, veja primeiro que, como antes, - 2 + - 2 + - 2 +". + - 2 < 2 - -.
1 2 3 n n
1. Prove que uma sequência (ak)k2'. 1 é uma PA de segunda ordem (a) Para k natural, escreva (k + 1) 2 + k 2 + k 2 (k + 1) 2 como um
se, e só se, ak+2 - 2ak+l + ak i=- O e ak+3 - 3ak+2 + 3ak+l - ak = O quadrado perfeito.
para todo inteiro k 2:: 1.
(b) Use o item (a) e somas telescópicas para calcular o valor da
2. Seja (ak)k2'.1 a sequência definida por a 1 = 1 e an+l = an +3n-l soma
99
para todo inteiro positivo n. Calcule, em função de n, o n-ésimo 1 1
termo dessa sequência. k=l
L k 2 + (k + 1) 2 + 1.
122 Sequências Elementares 4.4 Somatórios e produtórios 123
11. * (OBM.) Seja (Fk)k?.1 a sequência de Fibonacci, i.e., a sequência 19. (Macedônia.) Ache todos os valores de n para os quais possamos
dada por Fi = 1, F2 = 1 e Fk+ 2 = Fk+l + Fk, para todo k ~ 1 escrever o conjunto A = {1, 2, 3, ... , 4n} como a união de n
inteiro. Calcule, em função de n, o valor da soma -
1 FFFk+i .
k k+2
L;_ conjuntos, dois a dois disjuntos e com 4 elementos cada, tais que
em cada um deles um dos elementos seja igual à média aritmética
12. A sequência (ak)k2:l é uma PA. Prove que, para todo inteiro dos três demais.
positivo n, temos
n-1 l 20. (China.) Calcule o maior inteiro menor ou igual que o número
n-1
~ yÍak + ytak+1 1 1 1 1
S = - + - + - + .. · + - - -
JI v12 v'3 vrnooo.
13. (a) Fatore a expressão x4 + x2 + 1.
(b) Use o item (a) para calcular o valor da soma L;=l k 4 +~ 2 +1.
21. * Dados inteiros positivos n e p, prove que:
14. (Austrália.) Calcule o valor da soma
(a ) k p < (k+l)P+l-kp+l
p+l < (k + 1)P, para todo k E N.
(b) "'n-1 kP nP+l "'n kP
999999 l L..,k=l < p+l < L..,k=l .
CAPÍTULO 5
Indução Finita
125
126 Indução Finita
127
Assim, a fim de mostrarmos que P(n) é verdadeira para todo n EN, Para fazer uma demonstração por indução, temos de verificar que:
basta mostrarmos que A = N, ou ainda, pelo primeiro princípio de
indução, que 1. P(l) é verdadeira.
e queremos deduzir que P(k + 1) também é verdadeira, i.e., que Mas desde que estamos supondo a validez de P(k), segue que
k
1 + 3 + · · · + (2k - 1) + (2(k + 1) - 1) = (k + 1)2. I:l + (k+ 1) 2
j=l
Mas desde que estamos supondo a validez de P(k), segue que
1
6k(k + 1)(2k + 1) + (k + 1) 2
1 + 3 + · · · + (2k - 1) + (2k + 1) = k2 + (2k + 1) = (k + 1)2.
1
Portanto, por indução, P(n) é verdadeira para todo n EN. •
6(k + l)[k(2k + 1) + 6(k + 1)]
1
Exemplo 5.4. Para cada n E N, a soma dos n primeiros quadrados 6(k + l)(k + 2)(2k + 3).
perfeitos é igual a
1 Portanto, por indução P(n) é verdadeira para todo n EN. •
6n(n + 1)(2n + 1).
Uma forma ligeiramente mais geral do primeiro princípio de indu-
Prova. Como o k-ésimo quadrado perfeito é o número k2 , a propri- ção pode ser enunciada como abaixo.
edade P(n) é, neste caso
Axioma 5.5. Sejam a E N e A e {a, a+ 1, a+ 2, ... } um conjunto
n 1
P(n): Lj2 = 6 n(n + 1)(2n + 1).
satisfazendo as seguintes condições:
j=l (a) a E A.
Como antes, para fazer uma demonstração por indução temos de ve- (b) Se k E A, então k + 1 E A.
rificar que:
Então A = { a, a + 1, a + 2, ... } .
i. P(l) é verdadeira.
Essa variante do princípio de indução dá mais versatilidade a sua
ii. P(k) verdadeira=} P(k + 1) verdadeira. aplicação como método de demonstração. Mais uma vez, suponhamos
Venºficar 1.. e, novamente 1me
. dºiat o: 12 = 1(1+1)(2·1+1) . p ara venºficar dada uma propriedade P( n) do natural n, a qual queremos demonstrar
6
ii. supomos que P(k) é verdadeira, i.e., supomos que ser verdadeira para todo natural a partir de um certo a (ou seja, para
todo natural n 2:: a). Para isso definimos o conjunto
k
Obtemos, assim, a seguinte variante mais geral da receita de de-.; (na verdade, essa última desigualdade vale para todo inteiro k ~ 1).
monstração por indução. portanto, combinando as duas últimas desigualdades acima obtemos
que (k+ 1)! > 2k+1, i.e., que P(k+ 1) é verdadeira. Logo, por indução
Proposição 5.6. Dados a E N e uma propriedade P(n) do natural
p(n) é verdadeira para todo inteiro n ~ 4. •
n, temos P(n) verdadeira para todo natural n ~ a, se e só se as duas
condições a seguir forem satisfeitas: Antes de apresentar outro exemplo, façamos uma pequena observa-
ção quanto à terminologia: numa demonstração por indução, o passo
(a) P( a) é verdadeira; P(k) =} P(k + 1) é em geral denominado passo de indução. Para
(b) P(k) verdadeira=} P(k + 1) verdadeira. executá-lo, supomos que P(k) é verdadeiro (o que constitui nossa hi-
pótese de indução), e então deduzimos que P( k + 1) também é ver-
Essa forma mais geral de demonstração por indução é às vezes dadeiro. Assim, uma prova por indução nos moldes da proposição 5.6
realmente necessária. O próximo exemplo ilustra esse ponto. pode ser resumida do seguinte modo:
Exemplo 5.7. Para todo natural n ~ 4, temos n! > 2n. • identificação da propriedade P(n) a ser provada;
Prova. Observe primeiro que temos realmente de começar com pelo • caso inicial: verificação da validade de P(a);
menos n = 4, pois a desigualdade não é válida para n = 1, 2, 3. A
propriedade P(n) que desejamos provar é: • hipótese de indução: suposição da validade de P(k).
Queremos deduzir a veracidade de P(k + 1), i.e., que (k + 1)! > 2k+ 1 . Exemplo 5.8 (OBM). Para cada inteiro n > 2, mostre que existem n
Para isso veja que, pela veracidade de P(k), temos naturais dois a dois distintos, tais que a soma de seus inversos é igual
a 1.
(k + 1)! = (k + 1) · k! > (k + 1) · 2\
Prova. Façamos indução sobre n ~ 3. Para verificar o caso inicial,
por outro lado, segue de k ~ 4 que basta notar que
1 1 1
-+-+-=l.
2 3 6
132 Indução Finita , 133
Suponhamos, por hipótese de indução, que para um certo k ~ 3 bezerro inicialmente retirado e faça sair um dos que ficou da primeira
natural existam naturais x 1 < x 2 < · · · < Xk tais ·que vez. Temos novamente k bezerros, ao menos um dos quais branco.
Novamente por hipótese de indução todos os k bezerros serão bran-
1 1 1
-+-+···+-=l. cos. Mas o que saiu da segunda vez já era branco, de modo que os
X1 X2 Xk
k + 1 bezerros são brancos. •
!
Multiplicando ambos os membros da igualdade acima por e somando Evidentemente, há algum absurdo na prova acima, uma vez que a
!a ambos os membros da igualdade resultante, obtemos então afirmação do enunciado não reflete a realidade. O problema é que não
1 1 1 1 fomos bem sucedidos no passo de indução, uma vez que o argumento
-+-+-+···+-=l.
2 2x 2x 2xk acima não funciona para uma sala com 2 alunos, como é imediato
1 2
verificar.
Agora, desde que 2 < 2x 1 < 2x 2 < · · · < 2xk, obtivemos k+ 1 naturais Há ainda uma outra forma importante de indução, o segundo
dois a dois distintos com soma dos inversos igual a 1, completando princípio de indução (também chamado princípio de indução
assim nosso passo de indução. • forte), que passamos a descrever agora.
Ao usar o princípio de indução para demonstrar algo, devemos Axioma 5.10. Seja A e N um conjunto satisfazendo as seguintes
ter muito cuidado com a execução do passo de indução, sob a pena de condições:
chegarmos a conclusões absurdas. Para melhor ilustrar o que queremos
(a) 1 E A.
dize.r com isso, considere o seguinte exemplo clássico.
(b) Se {1, ... ,k} e A então k+ 1 E A.
Exemplo 5.9. Se, em uma certa fazenda, ao menos um bezerro é
branco, prove que todos os bezerros dessa fazenda são brancos. Então A= N.
Assim, sendo Sj = uí + ví e somando as duas relações acima obtemos, Mas como também temos n - 2k < 2k (veja acima), segue que 2ª0 +
obtemos para todo k ~ 2 que 2ª1 +. · · + 2ª1 < 2k, e daí a1 < k. Portanto,
também garante que sk e sk_ 2 têm mesma paridade (i.e., ou são ambos: n = 2bo + 2b1 + ... + 2b1
pares ou ambos ímpares). Mas desde que s 0 e s 1 são ambos pares, < 2º + 21 + ... + 2bl
segue novamente por indução que sn é par para todo n natural. • 2b1+l - 1
'
Exemplo 5.12. Todo número natural pode ser escrito de uma única' de maneira que 2ªi < 2b1+1 e, portanto, ªí < bz + 1, i.e., ªí :S bz.
maneira como soma de potências de 2 com expoentes inteiros não Trocando os papéis de ªí e bz na discussão acima, concluímos analo-
negativos e dois a dois distintos, dita sua representação binária. gamente que b1 ::::; aj, e daí aí = b1• Denotando ªí = b1 = k, digamos,
Prova. Provemos por indução forte que, para cada n natural, existe segue que
uma maneira única representação binária de n. Para n = 1, temos 1 ='
n _ 2k = 2ªº + 2ª1 + ... + 2ªi-1 = 2bo + 2b1 + ... + 2b1-1.
2°, e obviamente essa é a única representação possível. Suponha agora , ,
que o resultado desejado seja verdadeiro para todo natural menor que Utilizando agora a parte de unicidade da hipótese de indução, segue
n. de n - 2k < n que j - 1 = l - 1 e a0 = b0 , a1 = b1, ... , ªí-1 = bz-1,
Mostremo~ inicialmente que existe uma representação binária de n. como desejado. •
Para tanto, tome a maior potência de 2 menor ou igual ·a n, digamos
Antes de seguirmos para os exercícios, mais uma observação. Nem
2k. Então
sempre usar indução é a melhor maneira de demonstrar algo. Um
exemplo é a fórmula da soma dos n primeiros inteiros positivos. Tente
de maneira que O ::::; n - 2k < 2k. Se n - 2k . :____ O, nada mais há a fazer. demonstrá-la por indução e compare com a prova obtida por meio da
Senão, 1 ::::; n - 2k < n, e por hipótese de indução existem inteiros teoria de progressões aritméticas ...
não-negativos O::::; a0 < a 1 < · · · < az tais que
n - 2k = 2ªº + 2ª1 + · · · + 2ª1.
136 Indução Finita •
137
Problemas - Capítulo 5 prove que an = bn, para todo n 2 1. Em seguida, estenda esse
resultado ao caso em que as sequências (an)n;:::1 e (bn)n;:,: 1 satis-'
1. Prove por indução que a soma dos n primeiros inteiros positivos
façam uma mesma recorrência linear de terceira ordem e com
e, 1gua
. l a -n(n+l)
2- .
coeficientes constantes.
2. Prove que, para todo inteiro n 2 1, temos
10. Seja (ak) uma sequência de reais não nulos tais que, para todo
3 3 n(n + 1) )
2 n 2 2, tenhamos
13 +2 +···+n = ( 2 n-1 l
n-1
L
k=l ªkªk+l
3. Prove que, para todo inteiro positivo n, tem-se
Prove que a sequência é uma P A.
1 1 1 1 1 1
1--+--···+
2 3 2n - 1
=-+--+···+2
n n+1
1
n-
11. (Bulgária - adaptado.) * A sequência (an)n;:,: 1 de reais é definida
por a1 = 1 e, para n 2 1 inteiro, an+I = a~ - an + 1. Prove que,
4. (Canadá.) Para n inteiro positivo, seja h( n) = 1+ +} + · · · + ! t. para todo inteiro n 2 1, temos:
Prove que
(a) an+1=l+a1···ªn·
n + h(l) + h(2) + h(3) + · · · + h(n - 1) = nh(n). (b) E~i=l 1._
a;
= 2- 1
a1a2, .. an
.
12. Prove que, para todo n natural, temos 22n > nn.
5. Mostre que, para cada inteiro n > 1, temos
13. Seja (Fn)n;:,:1 a sequência de Fibonacci (cf. exemplo 4.17). Prove
1. 2 + 2 · 3 + · · · + (n - l)n = !(n - l)n(n + 1). que, para todo n EN, as identidades a seguir são verdadeiras:
3
15. Dado a = 1+/5 , faça os seguintes itens: 21. * Mostre que, se temos n 1 maneiras de escolher um objeto do
tipo 1, n 2 maneiras de escolher um objeto do tipo 2, ... , nk
(a) Prove que an = Fn ·a+ Fn-I, para todo inteiro n ~ 1, onde
maneiras de escolher um objeto do tipo k, então o número de
(Fn)n>I é a sequência de Fibonacci.
maneiras de escolher, simultaneamente, um objeto de cada um
(b) Ache todos os n E N tais que an - n 2a seja inteiro. dos tipos de 1 a k é n 1 ... nk.
16. (Macedônia.) Seja x um real não nulo tal que x + x- 1 E z. 22. * Prove que um conjunto com n elementos tem exatamente 2n
Prove que xn + x-n E Z para todo inteiro n. subconjuntos.
17. (OBM.) Sejam (xkh2'.1 e (yk)k2'. 1 sequências de números reais 23. (Índia.) Prove que, para n ~ 6, todo quadrado pode ser partici-
tais que, para todo n natural, temos Xn+I = x~ - 3xn e Yn+i = onado em n outros quadrados.
y~ - 3Yn· Se x~ = Y1 + 2, mostre que x~ = Yn + 2 para todo n
natural. 24. (Alemanha.) Dado n E N, prove que podemos montar um tabu-
leiro 2n x 2n usando uma peça 1 x 1 e vários L-tridominós (peças
18. (Putnam.) Seja (xn)n2'.0 uma sequência de reais não nulos sa- do formato abaixo, onde cada quadradinho tem lado 1)
, tisfazendo, para todo n E N, a recorrência x~ - Xn-IXn+I = 1.
Prove que existe um número real a tal que Xn+i = axn - Xn-I
para cada n EN.
19. (França.) Seja (ak)k2'.l uma sequência de reais positivos tal que
25. Prove que 3n divide 43n - i - 1, para todo inteiro n ~ 1.
a1 = 1 e
26. (França.) Prove que para n > 5 inteiro, existem n inteiros posi-
tivos tais que a soma dos inversos de seus quadrados seja igual
para todo n ~ 1. Prove que an = n para todo n ~ 1.
a 1.
20. * Fixado um número real a> 1, seja (xn)n>I uma sequência tal 27. (Rússia.) Seja n um inteiro positivo ímpar. Em um campo
que y'a, < X1 < y'a, + 1 e Xk+l = ! (Xk + x:), para todo k ~ 1.
aberto, n crianças estão de tal modo posicionadas que, para
cada uma delas, as distâncias às outras n - 1 crianças são todas
Prove que, para todo n ~ 1, temos
distintas. Cada criança tem uma pistola d'água e, ao som de um
apito, atira na criança mais próxima de si. Mostre que uma das
crianças permanecerá enxuta ..
O resultado do problema a seguir é conhecido como o princípio 28. (Suécia.) Prove que, para todo n natural, existe uma única
fundamental da contagem. sequência (aj)j2'.l de inteiros tais que O :::; aj :::; j, para todo
140 Indução Finita
j 2: 1, e
n = a1 · 1! + a2 · 2! + a3 · 3! + · · · .
29. * Prove O teorema de Zeckendorff: todo número natural pode
ser unicamente escrito como soma de números de Fibonacci de
índices maiores que 1 e não consecutivos.
CAPÍTULO 6
Binômio de Newton
n!={ n;=l
1, se n = O
j, se n 2: 1
141
142 Binômio de Newton 6.1 Números binomiais 143
Em princípio poderia parecer mais razoável definirmos O! = O, mas rnembro da igualdade acima:
as razões para a convenção O! = 1 logo ficarão evidentes.
( n - 1) (n - 1) (n - 1)! (n - 1)!
Definição 6.2. Dados inteiros n e k, com O S k S n, definimos o
k + k- 1 = k!(n - 1 - k)! + (k - l)!(n - k)!
número binomial (~) por (n - 1)! (1 1 )
= (k - l)!(n - 1 - k)! k + n - k
n! (n - 1)! n
(;) k!(n - k)! · (k - l)!(n - 1 - k)! k(n - k)
Mostramos, abaixo, as linhas iniciais do triângulo de Pascal, con- obtemos a entrada da linha n e coluna k. Isto é mais difícil de dizer do
soante a construção acima descrita: que entender e verificar, e permite obtermos recursivamente os valores
Triângulo de Pascal numéricos dos números binomiais (~). A tabela a seguir mostra os
(~) valores numéricos· do números binomiais (~) para O S n S 6, obtidos
com o auxílio da relação de Stiefel.
(~) G) Valores numéricos das entradas do triângulo de Pascal
Veremos adiante que uma das principais utilidades do triângulo Exemplo 6.6. Calcule, para cada n EN, o valor da soma
de Pascal é fornecer um processo fácil e rápido para a obtenção da
expansão do binômio (x + Yt, conforme a proposição 6.8 a seguir.
Por enquanto, vamos estabelecer algumas identidades relacionadas às
suas linhas, colunas e diagonais.
A fórmula da proposição a seguir é conhecida como o teorema
das colunas do triângulo de Pascal.
(6.4)
onde na última igualdade usamos a relação de Stiefel. Portanto, segue Prova. Desde que (n;j) = (n!j), temos pelo teorema das colunas que
por indução que (6.3) é verdadeira para todo k EN e todo n ::=:: O. •
Problemas - Seção 6.1 8. * Para inteiros n e k tais que O ::; k ::; n, prove que o conjunto
{1, 2, ... , n} tem exatamente (~) subconjuntos de k elementos.
1. Prove que (2;) é par, para todo n EN.
se n é par, e
(Z) < ( 7) < " ' < ( n~l) (n!1) > " ' > ( ~)
se n é ímpar.
j=O
(n - ~ - 1)'
J
Teorema 6.8. Para n EN, temos
onde, Ln 21 J denota o maior inteiro menor ou igual a n 21 , i.e.,
ln;lJ={ n
n- 3
-2-,
21 , se n for ímpar
se n for p.ar
(6.5)
150 6.2 A fórmula do binômio 151
Prova. Façamos uma demonstração por indução sobre o expoente n 0 u, o que é o mesmo,
do binômio. Para n = 1, temos
~
~
(k +l 1)· X
k+l-l z
Y,
l=l
t{ [G) + (z ~
k
(x + y)'+l x•+l + x•+l-'y' + y•+1 Exemplo 6.10. Encontre o menor n EN para o qual haja, no desen-
= 1)]
volvimento binomial de (x Jx + ; 4 ) n, algum termo independente de
Exemplo 6.11. Sejam k EN e a, b, r E Q, com r > O tal que y'r é Escrevendo (1 +x)
2 n = (1 )n(l +x +xt e aplicando a ambos os membros
irracional. Então: a fórmula do binômio, obtemos
(a) Existem e, d E Q tais que (a+ bJr)k =e+ dJr.
(b) Se (a + bJr)k = e + dJr, com e, d E Q, então (a - bJr)k :::
e- dyr.
Comparando os coeficientes de xn na primeira e última expressões
Prova.
acima e usando (6.1), obtemos
(a) Desenvolvendo o binômio (a+ bJr)k, obtemos
(a+ bvrt = I:: (~)ªk-jrl..;:;:; + vr I:: (~)ªk-jbi~.
O< '<k
_J_
2lj
) O< '<k
_J_
2ló
)
(2:) = ,&n (:) (;) = t (;) (n ~i) t (7)
=
2
Fazendo
e= L (~)ak-irJ..;:;:i e d= L (~)·ak-ibi~:
0:5cj9 J 0:5cj9 J
2b 2ló
Exemplo 6.12. Usemos a fórmula do desenvolvimento binomial para Corolário 6.13. Para n EN, temos
demonstrar a identidade de Lagrange:
(a) L7=o (;) = 2n·
Prova. Para o item (a) basta fazer x = y = 1 na fórmula do desen- Solução. Primeiramente, para todo j EN, temos
volvimento de (X + y r.
Quanto a (b), fazendo inicialmente X = 1 e
. n! n!
y = -1 na fórmula do binômio, obtemos (verifique!)
J j!(n - j)! = (j - l)!(n - j)!
1
[,":
1
1
O- O~n ( ; ) - O~n ( ; )
(n - ! 1)
n (j - l)!(n - j)! = n j - 1 ·
(n - 1)
_J_ _]_
2lj 216
Portanto, segue do teorema das linhas que
Denotando A= Lo:<:;j:<:;n (n) eB = Lo:<:;j:<:;n ('''.'), segue do item (a) e da
2lj J 2IJ J
relação acima que
{
A+ B = 2n
•
A-B = O
Portanto, temos que A= B = 2n- 1 .
Por exemplo, para k = 3 podemos calcular em função de n os valores 3. Mostre que (1, l t 2: 2 ~0 (n 2 + 19n + 200).
das somas (~) + (;) + (~) +· · ·, (~) + (~) + (;) +· · · e (;) + (~) + (;) +· · ·.
A dedução correspondente utiliza a fórmula de multiseção, obtida com 4. (OCM.) Calcule, sem efetuar diretamente os cálculos, o valor da
o auxílio de números complexos. A esse respeito, veja o teorema 3.21 soma
1 1 1 1 1 1
e o problema 3:2.5 do volume 6 ou, ainda, a referência [36]. 10! + 3!8! + 5!6! + 7!4! + 9!2! + 11!.
Terminemos este capítulo com uma aplicação do teorema das linhas 5. Encontre o termo máximo no desenvolvimento de (1 + !)65 .
a mais um cálculo de somas.
6. (Baltic Way). Sejam a, b, e e d números reais tais que a 2 + b2 +
Exemplo 6.15. Para cada n EN, calcule ovalor da soma (a+ b) 2 = c2 + d2 + (e+ d) 2 . Prove que a4 + b4 + (a+ b) 4 =
c4 + d4 + (e+ d) 4 • .
termo pelo expoente de x no termo. Prove que a soma de todos · Prove a fórmula de expansão trinomial
, e, 1gua
' 1a ~
2n+1 1
esses numeras .
(x+y+zr = ~
L.....t(n) ºkl
. k l xJy z' (6.7)
9. Para a E Z \ {O}, calcule o valor das somas L]=o (;)jaJ e j+k+l=n J, '
L]=o (;)j2.
onde a notação L acima é uma abreviação para a soma de todos
10. A sequência (akh2>:1 é uma PA. Prove que, para todo inteiro
J
os monômios do tipo ( .: xi yk z 1, quando j, k, l assumem todos
n > 1, valem as identidades
J,'
os possíveis valores inteiros não negativos tais que J. + k+l = n.
x5+ y5 + z5
xyz(xy + yz + zx)
t
j=l
(~)F2n+l-j
J
= F2n+l - 1,
I:
(-l)k (1991 -
1991 - k k
k) = _1_.
1991
comecemos definindo, para inteiros não negativos j, k, l tais que k=O
j + k + l = n, o número trinomial C.~,
1) por
( n ) n!
j, k, l = j!k!l!.
158 Binômio de Newton
CAPÍTULO 7
1.
Desigualdades Elementares
x+x 3 +l~5x4 .
159
160 Desigualdades Elementares 7.1 A desigualdade triangular 161
Doravante, sempre que não houver perigo de confusão, denomi- se, e só se, ab 2 O. Mas como a, b =/=- O, teremos igualdade se, e só se,
naremos desigualdades (algébricas) às inequações que se tornam ab > O. •
desigualdades verdadeiras para todos (ou quase todos 1 ) os valores pos- Corolário 7.2. Para todos a e breais, temos
síveis das variáveis.
Este capítulo é um convite inicial ao estudo sistemático de desi- JJal - lbJI::; ia - bJ,
gualdades algébricas. Nosso objetivo primordial aqui é discutir alguns
ocorrendo a igualdade se, e só se, a e b têm um mesmo sinal.
exemplos interessantes de desigualdades, para a derivação das quais
usamos as ferramentas desenvolvidas até agora. Um tratamento mais Prova. Aplicando a desigualdade triangular com a - b no lugar de a,
completo pode ser encontrado em [37]; veja também as seções 5.4 e obtemos
6.5 do volume 3, bem como a seção 5.2 do volume 6. JaJ = J(a - b) + bJ ::; Ja - bl + Jbl,
e daí Jal - Jbl ::; ia - bl. Repetindo agora o argumento acima trocando
7 .1 A desigualdade triangular os papéis de a e b, segue que lbl - Jal ::; Ja - bJ. Segue então daí que
o que é claramente verdadeiro. Segue também dos cálculos anteriores Ja + b + el ::; ia+ bJ + Jel ::; Jal + Jbl + lei, (7.2)
que Ja + bJ = JaJ + Jbl se, e só se, ab = labJ, o que por sua vez ocorre i.e., para obter a desigualdade para três números reais
10 significado da expressão quase todos nesse contexto ficará claro à medida
em que prosseguirmos nosso estudo. la+ b + el ::; Jal + Jbl + JeJ, (7.3)
162 Desigualdades Elementares
7.2 A desigualdade entre as médias
163
análoga àquela obtida em (7.14), e que, portanto, chamaremos tam-
bém de desigualdade triangular.
1. * Prove a versão geral da desigualdade triangular, enunciada no
texto como o teorema 7.3.
Se a igualdade ocorre na desigualdade acima, devemos ter também
a igualdade em todas as desigualdades em (7.2), donde em particular 2. Prove que, para todo x E IR, tem-se
em la+bl:::; lal + lbl. Portanto, segue da proposição 7.1 que a e b têm
sinais iguais. Ocorre que podemos também escrever lx - li+ lx - 2J + Jx - 3J + · · · + Jx - lOOJ 2': 50 2.
la+ b + cl :::; lal + lb + cl :::; lal + lbl + lei, 3. Faça os seguintes itens:
de maneira que se a igualdade ocorre em (7.3), então os números b (a) Se O:::; x -< y, prove que 2-
l+x -
< _]/_
l+y·
e e também devem ter sinais iguais. Reciprocamente, se a, b e e. (b) Sejam a, breais quaisquer, prove que
têm todos um mesmo sinal, digamos a, b, e < O (o caso a, b, e > O é
análogo), então a+ b +e< O, de maneira que
1+
'ª''ª' + JbJ > + bJ'ª 'ª
1 + JbJ - 1 + + bJ.
la+ b + cl =-(a+ b +e)= (-a)+ (-b) +(-e)= lal + lbl + lei-
7.2 A desigualdade entre as médias
Mostramos então que há igualdade em (7.3) se, e só se, a, b e e têm
todos um mesmo sinal. Conforme veremos aqui, a observação básica para o estudo siste-
Analogamente, uma fácil indução permite estabelecer a seguinte mático de desigualdades é o próprio fato de que o quadrado de todo
generalização da discussão acima, também conhecida na literatura número real é não-negativo, sendo igual a zero se, e só se, 0 número
como a desigualdade triangular. em questão for também igual a zero.
. Para começar, para x, y E IR sabemos que (JxJ - Jyl) 2 2': o, com
Teorema 7.3. Para números reais não nulos a 1 , a 2, ... , an, temos a igualdade ocorrendo se, e só se, Jxl = IYI· Se desenvolvermos a
expressão entre parênteses, chegamos à desigualdade Jxl 2+1Yl2 2': 2lxyl
ou, o que é o mesmo,
x2 + y2
Ademais, a igualdade ocorre se, e só se, a 1 , a 2, ... , an tiverem todos 2 2': JxyJ, (7.5)
um mesmo sinal.
com a igualdade se, e só se, lxl = lyJ.·
Prova. Veja o problema 1.
• Por outro lado, partindo de dois reais positivos quaisquer a e b e
fazendo x = y'a 2': O e y = Vb 2': O, segue de (7.5) que
a+b
-2- 2': VciJ, (7.6)
Problemas - Seção 7~1
com a igualdade ocorrendo se, e só se, yía = Vb, i.e., se, e só se, a = b.
164 Desigualdades Elementares 7.2 A desigualdade entre as médias 165
A simplicidade da desigualdade acima esconde sua importância. Exemplo 7.5. Para x, y, z reais positivos, temos sempre
Ela é um caso particular de uma desigualdade bem mais geral que ·
discutiremos adiante, denominada a desigualdade entre as médias a- x2 + y 2 + z2 ~ xy + xz + yz, (7.7)
ritmética e geométrica (veja o teorema 7.10 a seguir). Por ora, vejamos
ocorrendo a igualdade se, e somente se, x = y = z.
como deduzir outras desigualdades interessantes a partir dela.
Exemplo 7.4. Para números reais positivos x e y, temos: Prova. Para obter a desigualdade, basta somar membro a membro as
desigualdades parciáis
(a) x + ~ ~ 2, ocorrendo a igualdade se, e só se, x = 1. x2+y2
2 ~ xy,
>
+t ~
x2+z2
(b) ~ x!y, ocorrendo a igualdade se, e só se, x = y. - 2- _ xz,
y2+z2
-2- ~ yz.
Prova.
(a) Aplicando a desigualdade (7.6) com a= x e b = ~' obtemos Note agora que, se x = y = z, então a desigualdade do enunciado clara-
mente se torna uma igualdade. Reciprocamente, se ao menos uma das
lR
x+->2
X -
x·-=2 '
X
d~si~ualdades acima for estrita (i.e., não for uma igualdade), digamos
x !Y > xy, então uma generalização óbvia do item (e) da proposi-
com igualdade se, e só se, x = ~' i.e., se, e só se, x = 1 (uma vez que ção 1.2 garante que, após somarmos as mesmas membro a membro
x > O por hipótese). !Y
(com a primeira delas trocada por x 2 2 > xy), obteremos
2
(b) Basta desenvolver o produto do enunciado e aplicar em seguida a
x + y 2 + z 2 > xy + xz + yz.
desigualdade do item (a), com ~y no lugar de x:
Portanto, a fim de que ocorra a igualdade na desigualdade do enunci-
H avera., 1gua
. ld·a d e se, e so, se, Y
x -
- ;,
y 1.e.,
. se, e so' se, x 2 -- y 2 . M as Os próximos dois exemplos estendem a desigualdade 7.6 para três
como x, y > O, tal condição é equivalente a termos x = y. e quatro reais positivos. Comecemos com o caso de quatro números.
Outra possibilidade é aplicar a desigualdade (7.6) duas vezes, mul-
tiplicando os resultados: Exemplo 7.6. Dados reais positivos a, b, c, d, temos
(x + y) (! + !) ~ 2y'xy · 2y;·y
X y ~ = 4.
a + b+ e + d
4 ~
4r-;-;
vabcd, (7.8)
Segue diretamente de (7.6) que haverá igualdade se, e só se, x = y. • com igualdade se, e só se, a = b = e = d.
166 Desigualdades Elementares 7.2 A desigualdade entre as médias 167
Prova. Já sabemos que ª!b ~ ,Jab e c;d ~ vcd,. Daí, Mas o exemplo 7.6 garante que tal ocorre se, e só se, a= b =e= -ifábc
. . ,,.
1.e., se, e so se, a = b = e. •
'
a+b+c+d
4 Neste ponto, o leitor provavelmente está formulando a generaliza-
A igualdade ocorre se, e só se, tivermos igualdade em todas as ção natural das desigualdades (7.6), (7.8) e (7.9), que também ante-
desigualdades acima. Para haver igualdade na primeira delas, devemos cipamos ser verdadeira. Todavia, antes de enunciá-la vamos dar uma
ter ª!b
= ,Jab e c;d
= vcd, e daí a= b e e= d. Para haver igualdade aplicação interessante de (7.9) ao cálculo de volumes de sólidos.
na última desigualdade, devemos ter -Jab = vcd ou, ainda, (à luz de Exemplo 7.8. Dentre todos os paralelepípedos retângulos com soma
a= b e e= d) H = vc2, i.e., a= e. Daí, a igualdade se dá se, e só total dos comprimentos das 12 arestas igual a 48cm, explique por que
se, a = b = e = d. • o cubo de lado 4cm é aquele de maior volume2 .
O exemplo acima suscita naturalmente a pergunta sobre a validez
Solução. Na figura 7.1, temos um paralelepípedo retângulo com com-
de uma desigualdade similar para três números reais positivos. Con-
primento, largura e altura respectivamente iguais a x, y e z cen-
forme já antecipamos, esse é de fato o caso; entretanto, a dedução da
tímetros, e tend~ soma das 12 arestas igual a 48cm, i.e., tal que
desigualdade análoga à acima não é tão imediata quanto a do exemplo
x + Y + z = 12. E um fato bem conhecido que o volume V de um tal
anterior (veja, contudo, o problema 12, página 174).
a + b + e + -ifábc
4 ~
«
abcvaoc.
3r.--_b
3 U~a dis,cussão interessante sobre cálculo de volumes, onde é em particular
x, y, z > O ex+ y + z = 12. Ora, segue imediatamente de (7.9) que Teorema 7.10. Dados n > 1 reais positivos a 1 , a 2 , ... , an, sua mé-
dia aritmética é sempre maior ou igual que a média geométrica. Em
V= xyz ~ ( X+ y+Z
3 ) 3 (312 )3 = 64,
= símbolos:
(7.10)
i.e., o volume V é igual a no máximo 64cm3 . Sabemos ainda do exem- ,
ocorrendo a igualdade se, e só se, a 1 = a2 = ··· = ªn·
plo 7.7 que o volume será igual a 64cm3 (i.e., que teremos a igualdade
na desigualdade acima) se, e só se, x = y = z, e, portanto, se, e só se, Prova. Façamos a prova em dois passos.
x = y = z = 4cm. Assim, o paralelepípedo de volume máximo sujeito , Primeiramente, provemos por indução que a desigualdade dese-
às condições do enunciado é o cubo de aresta 4cm. 1 jada é verdadeira sempre que n for uma potência de 2, ocorrendo a
igualdade se, e só se, a 1 = a 2 = · · · = ªn· Para tanto, temos de ve-
Antes de enunciar a generalização das desigualdades (7.6), (7.8) e rificar o caso inicial n = 2 (o que já foi feito ao longo da discussão
(7.9), precisamos da definição a seguir.
que estabeleceu (7.6)), formular a hipótese de indução (para n = 2i,
Definição 7.9. Para n > 1 números reais positivos digamos) e executar o passo de indução (deduzir o caso n = 2i+1 a
definimos sua: partir do caso n = 2i). Mas desde que 2i+1 = 2 · 2i, basta supormos
que a desigualdade seja verdadeira para quaisquer k reais positivos,
(a) Média aritmética como o número i(a 1 + a2 + · · · + an)· com igualdade se, e só se, os k números forem todos iguais, e deduzir
a partir daí que ela também será verdadeira para quaisquer 2k reais
(b) Média geométrica4 como o número y'a 1 a 2 · · · ªn·
positivos, com igualdade novamente se, e só se, todos os números fo-
No contexto da definição acima, o que fizemos em (7.6) e nos exem- rem iguais. Para estabelecer esse fato, considere os 2k reais positivos
plos 7.6 e 7.7 foi mostrar que as médias aritméticas de dois, três ou a1, a2, ... , a2k· Então:
quatro reais positivos são sempre maiores ou iguais que as respectivas
médias geométricas, só havendo igualdade em cada caso quando os
1 2k
2kLªi
12 (1k ~ + k1~
k
ªi
k
ªk+i
)
ao número em questão se deva ao caso n = 2, quando, para a, b > O, o número Para haver igualdade, devemos ter igualdade em· todas as passagens.
../a6 e a desigualdade (7.6) realmente encerram significados geométricos - veja o Então, deve ser
problema 4.2.21 do volume 2. No entanto, para n 2: 3, o adjetivo geométrica carece
de significado geométrico.
;f
170 Desigualdades Elementares.'. 7.2 A desigualdade entre as médias 171
A partir daí, segue que a1+ a2+ · · · + an + (2k - n)a ;2:: 2ka ou, ainda, Prova. Basta ver que
n-1 l n-1 ( 1 ) n-1 kn + .+ 1
I:: kn + j +n
j=O
~
~ kn+j
+1 = ~
~
J
kn+j
J=Ü J=Ü
Para haver igualdade, segue da primeira parte que a 1 = a 2 = · · · =
an = a = · · · = a. Em particular, todos os números a 1 , a 2 , ... , an n nII-1 kn + j + 1 - f f+
k1
> n k . -n k '
devem ser iguais. Finalmente, é fácil ver que se esses números forem j=O n +J
todos iguais, então haverá igualdade. •
onde aplicamos a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica
O corolário a seguir generaliza o item (b) do exemplo 7.4. Para uma vez. Note que, como os números (kn + j + l)/(kn + j) são dois
uma prova alternativa do mesmo, veja o problema 22, página 176. a dois distintos, não há igualdade, razão do sinal > acima. •
172 Desigualdades Elementares 7.2 A desigualdade entre as médias 173
Exemplo 7.13 (APMO). Se a, b e e são reais positivos, prove que 3. Dados números reais a< b < e, prove que a equação
n
(1+ íD (1+ (1+ ~) 2 2 (1+ ª~t)
Prova. Desenvolvendo o primeiro membro, obtemos
1 1 1
--+--+--=0
x-a x-b x-c
tem exatamente duas raízes reais e distintas.
b) (
( 1 + ~) ( 1 + ~ 1+
e) a+c b+c
~ = 2 + -b- +-a-+ -e-,
a+b
4. (OBM.) Sejam a, b, e reais positivos dados. Prove que
S= (a+b+c) (~+t+~)-3 6. (Estados Unidos.) Prove que, para todos a, b, e reais positivos,
tem-se
=~(a+ b +e)(!+!+!)+ !(a+ b +e)(!+ t + ~) - 3
3 a b e 3 a 1 1
3 -) +!·9-3
-----+ + . 31 1
<-.
> ~(a+b+c) ( - a + b + abc
3 3 b3 + c3 + abc c3 + a + abc - abc
- 3 {/abc 3
2(a+b+c) • Para os dois problemas a seguir o leitor precisará de um pouco de
{/abc Geometria Euclidiana Plana. Mais precisamente (cf. figura 7. 2),
sendo a= BC, b = AC e e= AB os comprimentos dos lados
de um triângulo ABC, existem x, y, z > O tais que a= y + z,
b = x + z e e= x + y: basta tomar x, y e z como sendo iguais
Problemas - Seção 7.2
aos comprimentos dos segmentos determinados sobre os lados
* Generalize O item (a) do exemplo 7.4. Mais precisamente, de ABC pelos pontos de tangência com os mesmos do círculo
1. prove que, se x é um numero
, real nao - 1x + 11
- nu1o, entao x >_ 2, inscrito em ABC (provaremos tais afirmações em detalhe no
ocorrendo a igualdade se, e só se, lxl = l. volume 2). No contexto de desigualdades envolvendo os lados a,
b e e de um triângulo, a substituição dos mesmos respectivamente
.
2. Para a, b reais . .
positivos,
3
prove que ba + ª >- a
b3 2 + b2 · Quando
por y + z, x + z e x + y é conhecida como a transformação de
ocorre a igualdade? Ravi.
7.2 A desigualdade entre as médias 175
174 Desigualdades Elementares
A
(ab + ac + bc) 2 ?. 3abc(a + b + e).
11. (Inglaterra.) Prove que 3a4 + b4 ?. 4a3 b, para todos os reais não 19. (BMO.) Prove que, para todo n natural, tem-se:
nulos a e b, ocorrendo a igualdade se, e só se, lal = lbl e ab > O.
(a) (n + ir ?. 2nn!.
12. * Prove diretamente, i.e., sem apelar para a desigualdade (7.9),
(b) (n + 1r(2n +ir?_ 6n(n!) 2 .
que a3 + b3 + c3 ?. 3abc.
176 Desigualdades Elementares
7.3 A desigualdade de Cauchy 177
20. (Eslovênia.) Sejam dados x E IR em E N, com x > O. Prove 24. (Romênia.) Sejam n > 1 inteiro e O < a1 < a2 < · · · < an reais
que dados. Prove que
1 1 1 1
x(x + l)(x + 2) · · · (x +m - 1) 2: m! x +2+3+··+;:;;;. n-2 1
ªi + bi 2: la1b1I,
(b) Aplique a desigualdade entre as médias para cada uma das a~+ b~ 2: la2b2I, (7.12)
parcelas :; + :: do somatório acima e obtenha (7.11).
a~+ b~ 2: la3b3I,
23. Prove a desigualdade ponderada entre as médias: sejam
ocorrendo a igualdade se, e só se, la1I = lb1I, la2I = lb2I, la3I = lb3I.
a 1 , a 2 , ... , an reais positivos e k1 , k2 , ... , kn inteiros positivos
Somando membro a membro as desigualdades acima, obtemos
com soma dos inversos igual a 1. Prove que
(ai + a~ + a~) + (bi + b~ + b~) (ªi + bi) + (a~ + b~) + (a~ + b~)
> 2(la1b1I + la2b2I + la3b3I)
> 2la1b1 + a2b2 + a3b3I,
ocorrendo a igualdade se, e só se, a1 = a2 = · · · = ªn· (Observe
que o caso k1 = k2 = · · · = kn = ~ corresponde à desigualdade onde na última desigualdade aplicamos a desigualdade triangular para
usual entre as médias aritmética e geométrica.) três números, (7.3).
178 Desigualdades Elementares 7.3 A desigualdade de Cauchy 179
quando conveniente, utilizar (7.4) em vez de (7.3) (veja o problema 2, Prova. Para 1 S j S n seja Yj = Xn+l - Xj. Pela desigualdade de
página 182). • Cauchy, temos
Daremos outra prova para a desigualdade de Cauchy posterior- yfx"ijj1 + · · · + JxYn S vx1 ++ XnVYl + + Yn
º. º º º º
{
3(x2 + y2 + z2) + ª2 + b2 + c2 = 6
ax + by + cz = 2 · ocorrendo a igualdade se, e só se, a 1 , ... , an e b1 , ... , bn forem positi-
vamente proporcionais, i.e., se, e só se, existir um real positivo À, tal
não possui soluções reais x, y, z.
que ai = Àbi para 1 S i S n.
Prova. Supondo o contrário, teríamos pela desigualdade de Cauchy
Prova. Façamos a prova para n = 3, sendo o caso geral inteiramente
que
análogo. Uma vez que ambos os membros de (7.14) são números reais
4 = (ax + by + cz) 2 S (a2 + b2 + c2)(x 2 + y2 + z 2).
não-negativos, basta mostrar que o quadrado do primeiro membro é
Assim, sendo u = a 2 + b2 + c2 e v = x 2 + y2 + z 2, teríamos u + 3v = 6 menor ou igual que o quadrado do segundo membro, i.e., que
e uv ~ 4. Neste ponto, a desigualdade entre as médias aritmética e
geométrica nos daria
J
(ai +bi) 2 +(a,+b,) 2 +(a,+b:,) 2 :S: ( ai+ a;+ a!+ J1,; + !?, + bl) 2
Mas como em ambas as expressões temos a parcela (ªi + a§ + aD + 4. Sejam a1, a2, a3 , a4 reais positivos. Prove que
(bi + b§ + b~), a desigualdade do enunciado é equivalente a
1. Dados números reais x e y tais que 3x+4y = 12, calcule o menor 3\79 < v2x + 3 + J2y + 3 + v2z + 3 ~ 3V5.
valor possível de x 2 + y 2 .
Quando a segunda desigualdade vira uma igualdade?
2. Prove o caso geral (7.13) da desigualdade de Cauchy.
8. Seja n > 2 inteiro. Prove que
3. Dados reais positivos a 1 , a 2 , ... , an, definimos sua média quadrá-
tica como o número
/(';j + /(;) + · ··+ /(;j S v'n(2" -1).
Jªi + a§ : · · · + a~.
9. (União Soviética - adaptado.) Se x, y, z > O, use a desigualdade
Prove a desigualdade entre as médias quadrática e aritmética: de Cauchy para provar que
Jªi + a§ + · · · + a~ 2: ª1 + a2 + · · · + an ,
n n
(7.15)
x2 y2 z2 y z x
-+-+-
y2 z2 x2 ->-+-+-
x y z'
com igualdade se, e só se, a1 = a2 = ··· = ªn· ocorrendo a igualdade se, e só se, x = y = z.
184 Desigualdades Elementares 7.4 Mais desigualdades 185
10. (APMO.) Sejam a1, a2, ... , an, b1, b2, ... , bn reais positivos irmãos Bernoulli5 , sendo conhecida como a desigualdade de Ber-
dados, tais que a1 + a2 + · · · + an = b1 + b2 + · · · + bn. Mostre noulli. Apesar de sua aparente simplicidade, veremos que ela se revela
que bastante útil em aplicações.
n 2 1 n
~ _a_k- > - ~ ªk· Proposição 7.18 (Bernoulli). Dados n natural ex> -1 real, temos
~ak+bk - 2~
k=l k=l
(1 + xt ~ 1 + nx,
11. (Torneio das Cidades.) Sejam a 1, a 2, · · · , an reais positivos da-
ocorrendo a igualdade para n > 1 se, e só se, x = O.
1
dos. Prove que
Prova. Façamos indução sobre n, sendo o caso n = 1 imediato. Su-
ponha, por hipótese de indução, que (l+x)k ~ l+kx; como l+x > O,
ternos
va + b - e+ vb + e - a+ ve+ a - b ::; va + v'b + vc ocorrendo a igualdade se, e só se, (1 + x)k = 1 + kx e kx 2 = O, i.e., se,
e só se, x = O. •
e explique quando ocorre a igualdade. Exemplo 7.19. Dados n natural e a e breais positivos, mostre que
13. Sejam a1, a2, ... , an, b1, b2, ... , bn, c1, c2, ... , Cn reais positivos ( 1 + ~) n + ( 1 + ~) 1i ~ 2n+1,
dados. Mostre que
ocorrendo a igualdade se, e só se, a = b.
Prova. Dividindo ambos os membros da desigualdade do enunciado
por 2n, vemos que basta provar que
Basta, agora, aplicar a desigualdade entre as médias para obter suponha que temos igualdade emtal desigualdade. Como (ai-aj)(bi-
2b 2a
b
-a + - - 1 > 2
-
ff1b
-·--1=0
2b 2a '
bj) ~ O para todos os índices i, j, para haver igualdade devemos ter
(ai-aj)(bi -bj) = O para todos i,j = 1, ... , n. Se existisse 1 ~ k ~ n
tal que bk < bk+l, então b1 ~ · · · ~ bk < bk+l ~ · · · ~ bn, e a condição
·
com 1gua a e se, e so' se, 2ªb = 2bª, 1.e.,
ldd • se, e so' se, a= b.
e combinando essas duas desigualdades obtemos Exemplo 7.23 (Turquia). Sejam n > 1 inteiro e x 1, x2, ... , Xn reais
positivos tais que E~=l x;
= 1. Encontre o valor mínimo da expressão
n 5
xi
conforme desejado. Por fim, a condição de igualdade é óbvia a partir i=l X1 + · · · + .......X· + · · · + X n '
i
.ª1 + ª2 + .. ·+ ªn n
>--.
- S-Xn
ou, ainda,
n 1 n2
~->-- (7.18)
~ s - a· - (n - l)s ·
i=l i
Para garantirmos que n2(~-l) é o menor valor possível, devemos Isso é o mesmo que
mostrar que ele sempre é atingido. Para tanto basta vermos que, como
L~=l x;= 1, a condição de igualdade na desigualdade de Chebyshev
impõe que seja x 1 = x 2 = · · · = Xn = }n, e com tais valores todas as
desigualdades utilizadas se tornam igualdades. • o que por sua vez contraria o fato de que a permutação (b1, b2, ... , bn)
dos a/s maximiza a soma a 1x1 + a 2x 2 + · · · + anXn máximo. Logo,
A próxima desigualdade que apresentamos é conhecida como a de- b1 < b2 < · · · < bn. . •
sigualdade do rearranjo.
Proposição 7.24. Sejam a 1 < a 2 < · · · < an reais positivos dados. Se Exemplo 7.25. Dados a, b e e reais positivos, mostre que:
(x 1, x 2, ... , Xn) é uma permutação qualquer de (a1, a2, ... , an), então
n-1 n-1 n-1
Lªiªn-i S LªiXi S
i=l i=l
Lª~,
i=l
(b) a+b+c
abc -
< _!_
a2
+ l_b2 + l_c2 ·
ocorrendo a igualdade na primeira (resp. segunda) desigualdade acima Prova.
se, e só se, Xi = ªn-i (resp. Xi = ai) para 1 S i S ·n. (a) Suponha, sem perda de generalidade, que as b se. Uma aplica-
Prova. Mostremos como maximizar a soma a1X1 + a2x2 + · · · + anXn, ção direta da desigualdade do rearranjo nos dá
sendo o raciocínio para minimizá-la totalmente análogo.
Como o número de permutações (x 1, x 2, ... , xn) dosa/sé finito, há a3 + b3 + c3 = a 2 · a + b2 · b + c2 · e 2: a 2 · b + b2 · e + c2 · a.
pelo menos uma delas que maximiza a soma a 1x 1 + a 2x 2 + · · · + anXn,
Se (b1, b2, ... , bn) é uma tal permutação, queremos mostrar que bi = ai (b) Podemos novamente supor, sem perda de generalidade, que a :=:;
s s
para 1 i n, e para tanto basta mostrarmos que deve ser b1 < b2 < b S e. A desigualdade a ser provada é equivalente a
· · · < bn. Suponha o contrário, i.e., que existam índices i < j tais que
bi > bj. Defina a permutação (b~, b;, ... , b~) dos a/s pondo
a2 bc + ab2 c + abc2 s (ab) 2 + (bc) 2 + (ca)2.
bk, se k-/=i,j Mas a sb S e implica em ab ac s s bc. Portanto, aplicando a
b~ = { bi, se k = j desigualdade do rearranjo, obtemos
bj, se k = i
Então
n n
L aib~ - L aibi Uma ideia muito útil em certos tipos de problemas de desigualda-
i=l i=l des é tentar utilizar um argumento similar ao apresentado na prova da
(aibj + ajbi) - (aibi + ajbj) desigualdade do rearranjo como técnica de argumentação. Colocamos
(ai - aj)(bj - bi) > O. tal ideia em prática no exemplo a seguir.
192 Desigualdades Elementares 7.4 Mais desigualdades 193
Exemplo 7.26 (Taiwan). Seja n > 2 inteiro. Calcule o maior valor Levando em conta a definição dos y/s, temos então que
possível da expressão n-2
L XiXj(Xi + Xj),
~E L Xi(Xn-l + Xn)(xi + Xn-l + Xn)
i=l
I:::;i<j:::;n n-2 n-l
Nossa última desigualdade é devida ao matemático norueguês do Exemplo 7.28 (Romênia). Faça os seguintes itens:
século XIX N. H. Abel, sendo conhecida como a desigualdade de
(a) Sejam n > 1 inteiro e x1, ... , Xn, y1 , ... , Yn reais positivos tais
Abel.
que X1Y1 < X2Y2 < · · · < XnYn e, para 1 :S: k :S: n, x 1 + · · · + xk 2
Teorema 7.27 (Abel). Sejam n > 1 natural e a1, a2, ... , an, b1, . Y1 + · · · + Yk· Prove que
b2 , ... , bn números reais dados, com a1 2 a2 2 · · · 2 an 2 O. Se
1 1 1 1 1 1
M e m denotam, respectivamente, os elementos máximo e mínimo do - + -+ ... +-:::;; -+-+ ... +-.
X1 X2 Xn Yl Y2 Yn
conjunto de somas {b1, b1 + b2, ... , b1 + b2 + · · · + bn}, então
ma1 :S: a1b1 + a2b2 + · · · + anbn :S: Ma1. (b) Se A= {a1,a2, ... ,an} é um conjunto de inteiros positivos, tal
que dois quaisquer de seus subconjuntos têm somas de elementos
Prova. Provemos a desigualdade da direita, sendo a prova da desi- . distintas, prove que
gualdade da esquerda totalmente análoga.
Faça s 0 = O e si = b1 + · · · + bi para 1 :S: i :S: n. Então
n n n n-1
L aibi = L
ai(si - si-1) = L
aisi - L
ai+1si Prova.
i=l i=l i=l i=O
(a) Inicialmente, observe que
n-1
:S: LM(ai -
i=l
ai+1) + Man = Ma1. • Por outro lado, a condição x 1
1 :::;; k :::;; n pode ser escrita como
+ · · · + Xk > y1 + · · · + Yk para
L aibi = L(ai - ªH1)si + ansn (7.20) para 1 :S: k :S: n. Assim, fazendo ai = ~
x,y, e bi = xi -yi para 1 -< i <
temos a1 > a2 > · · · > an > O, b1 + · · · + b·i -> O e xi-Yi = a·b·
- n,
para
i=l i=l x·y· i i,
1 :::;; i :::;; n. ' '
é conhecida como a identidade de Abel, sendo quase tão útil quanto
a desigualdade de Abel em si. Aplicando a desigualdade de Abel a (7.21), obtemos então
Terminemos esta seção apresentando uma belíssima aplicação da n 1 n 1
desigualdade de Abel, na qual utilizaremos também o fato de que L ~ - L - 2 an · min { b1 + · · · + bi; 1 :S: i :::;; n} 2 O.
i=l Yi i=l Xi
todo conjunto com k elementos possui exatamente 2k subconjuntos
distintos. Para uma prova deste último fato, referimos o leitor ao (b) Suponhamos, sem perda de generalidade, que a 1 < a 2 < · · · < an
problema 22, página 139, ou, ainda, ao teorema 1.12 do volume 4. e seja Bk = { a1, ... , ak} para 1 :::;; k :::;; n. A hipótese feita sobre o
196 Desigualdades Elementares 7.4 Mais desigualdades 197
conjunto A garante que todos os 2k -1 subconjuntos não-vazios de Bk 3. Sejam a, b, e reais positivos. Prove que
têm somas distintas de elementos. Mas, como cada uma dessas somas 1 1 1 as + bs + cs
é um número natural e a 1 + · · · + ak é a maior delas, concluímos que -+-+-<----
ª b e - a3b3c3
4. (OIM.) Encontre todas as soluções reais positivas do sistema de
equações
Observando, agora, que 2k - 1 = 2° + 21 + · · · + 2k- 1, temos que
{
X1 + X2 + · · · + X1994 = 1994
a1 + ~2 + · · · + ak 2::: 20 21
+ + ··· + 2k-l
, xf + x~ + · · · + xf994 = xl + x~ + · · · + xl994
para 1 :S k :S n. Por outro lado, é óbvio que 5. Sejam a1, a 2 , a3 , a4 reais positivos. Prove que
- J -
de modo que a desigualdade do item (a) fornece , ocorrendo a igualdade se, e só se, a 1 = a 2 = a3 = a4 .
2. (Estados Unidos.) Para m, n naturais, seja a 8. Para a, b, e reais positivos e n EN, prove que
Prove que an bn cn an-1 + bn-1 + cn-1
- - + - - + -
b+c a+c a+b -
- > - - -2- - - -
198 Desigualdades Elementares 7.4 Mais desigualdades 199
9. Sejam x, y e z reais positivos tais que xyz = 1. Prove que 15. (Taiwan.) Sejam n ~ 3 inteiro e x 1 , x 2 , ... , Xn reais não nega-
tivos cuja soma é igual a 1. Prove que:
3 3 z3 3
X + y + > -.
(1 + y)(l + z) (1 + x)(l + y) (1 + x)(l + y) - 4
11. (Eslovênia.) Dados 2n reais positivos a1, a2, ... , a2n, como deve-
17. Sejam ai, bi números reais tais que a 1 ~ a 2 ~ · · · ~ a 1 > O e
mos arranjá-los em pares de modo que a soma dos n produtos
b1 ~ a1, b1b2 ~ a1a2, ... , b1b2 ... bn ~ a1a2 ... ªn· Mostre que
dos números de cada par seja máxima?
CAPÍTULO 8
•. 1
Soluções e Sugestões
Seção 1.1
1. Escreva %= á = r, obtendo a = br, e = dr e, em seguida, a ±e=
r(b ± d).
2. Seja x = O,a1a2a3 ... e suponha que a sequência (a1, a2, a3, .. . ) seja
periódica, como em (1.3), digamos. Se y EN é o inteiro com represen-
tação decimal b1b2 ... bp, conclua, a partir daí, que IOl+Px = y+ l01x,
de sorte que x = wi+P-lOP, um número racional. Reciprocamente,
seja x = %, com a, b E N e O < a :S b. Se Yk E N é o inteiro com
representação decimal a1 a2 ... ak, use o algoritmo da divisão para
concluir que lOka = byk + rk, com O :S rk < b. Em seguida, use o
fato de que só há um número finito de possibilidades para rk para
concluir pela existência de naturais l e p, tais que rl+p = rz. A partir
daí, conclua que a sequência (a1, a2, a3, .. . ) é da forma (1.3), com
b1 = ªl+l, b2 = ªl+2, · · ·, bp = ªl+p·
201
202 203
3. Imite a prova da unicidade do inverso aditivo, trocando + por ·eO 8. A desigualdade do enunciado equivale a ( ~ r +(*r +(~ r
2: 2. Esta
por 1. última desigualdade é trivial para n = 1 ou n = 2; para n 2: 3, aplique
a + (-1 )a; em seguida, use a unicidade do inverso aditivo. 9. Comece observando que, se a 2: 4, então O< i+i+i:::::; :t+:t+:t < 1,
5. Dentre as representações decimais acima, a única que não corres-
i t i
de sorte que + + não pode ser inteiro ..
ponde a um número racional é a do item (d); para provar essa última 10. Se a > 5 é inteiro, mostre que 4(a -4) > a; conclua, a partir daí, que
afirmação fato, observe que, na representação decimal em questão, . não é vantajoso termos parcelas maiores que 5. Em seguida, operando
aparecerão sequências arbitrariamente longas de zeros. Para escrever trocas semelhantes, descarte parcelas iguais a 4 ou 5. Por fim, mostre,
as representações dos itens (a), (b) e (c) como frações irredutíveis, de maneira análoga, que é mais vantajoso termos mais parcelas iguais
siga os passos delineados na sugestão ao Problema 2. a 3 que parcelas iguais a 2.
5. Argumente como no exemplo 1.4, utilizando o fato de que 31 < 32 = 14. Para o item (a), observe que
25 e 17 > 16 = 24 .
(rsr = (rs) ... (rs) = (r ... r). (s ... s) = rnsn.
6. Para os itens (a) e (b), comece observando que a n < bn se, e so' se, ~ -..,......, -..,......,
n n n
(!!)n < 1· em seguida aplique o resultado do corolário 1.3. Quanto a
b ' ' n
(c)' comece observando que an + bn < (a+ br se, e só se, ( a:b) + Para os demais itens, argumente de modo análogo.
(a!b) n< 1; em seguida, aplique o resultado do corolário 1.3. 15. Considere separadamente os casos m < n, m =nem> n, aplicando
convenientemente o item (b) do problema anterior em cada um deles.
7. Use o fato de que a 3 < e· a 2 e b3 < e· b2 e, em seguida, aplique o
teorema de Pitágoras - cf. item (c) da proposição 4.9 do volume 3. 16. Se b = 2k · 51 e n = max{k, l}, então %= a· 2 n~;~5n-t.
Soluções e Sugestões 205
204
Seção 1.5
t
17. Se n = 2k, com k EN, escreva xn = (x 2 e, em seguida, aplique o
item (g) da proposição 1.2. O caso em que n é ímpar pode ser tratado
1. Para o item (a), suponha, por contradição, que a > O. Então, pela
analogamente.
propriedade Arquimediana, podemos escolher n E N tal que n > l
um absurdo. Para o item (b), escolha n E N tal que n > e-;/. ª'
Seção 1.3
2. Para o item (b), suponha que r1, ... , rn E (a, b) n Q, com r 1, ... , rn
2. Para o item (a), por exemplo, mostre que ( yÍXYr = xy e ( :r:/x f/Yr == dois a dois distintos. Ser= min{r1, ... , rn}, então r E (a, b) n Q e,
xy; em seguida, use a unicidade da raiz n-ésima.
pelo item (a), podemos temos a < ªtr< r. Fazendo rn+l = ªtr,
temos então que r1, ... , rn, rn+l E (a, b) n (Q, com r 1, ... , rn, rn+l
3. Por contraposição1 , mostre que, se b # O, então r é racional.
dois a dois distintos. Por fim, argumente com números irracionais de
maneira análoga, utilizando a segunda parte do item (a).
4. Reduza este problema ao anterior.
5. Argumente por contraposição. 3. Para o item (a), suponha que temos a validade do resultado quando
a 2: O. Se b ::::; O, então -b 2: O e, por (a), existem r E (Q e a E
6. Se ab # O, desenvolva (a + b)2)2 = (-c\/'3) 2 para concluir que v'2 lR \ (Q tais quer, a E (-b, -a). Portanto, -r, -a E (a, b), com -r E
seria racional, o que é um absurdo. Portanto, ab = O e, daí, a = O ou (Q e -a E lR \ (Q. Se a ::::; O < b, mostre que basta aplicarmos o
b = O. Aplique, então, o resultado do Problema 3. resultado que supomos conhecido ao intervalo (O, b). Para o item (b),
use a propriedade Arquimediana dos naturais para obter n E N tal
7. Por contradição, suponha que J2 = %, com a e b naturais primos que n > b~· Por fim, quanto a (c), comece usando a propriedade
entre si, de maneira que 2b2 = a 2 . A partir dessa igualdade, mostre Arquimediana para garantir a existência de m E N tal que !!:! > b
n
que a é par e, daí, que b é par, chegando a uma contradição. (resp. m:;(2
> b); em seguida, mostre que se m for o menor natural
satisfazendo tal condição, então m > 1 e (m-~)v'2 E (a, b).
8. Imite a sugestão do problema anterior, trocando 2 por p.
1 Uma proposição da forma A * B (i.e., Se A, então B) pode ser provada de 4. Adapte os itens (b) e (c) do problema anterior ao caso presente.
forma direta, por contraposição ou por contradição. No primeiro caso, assumimos
a veracidade da asserção A e deduzimos a veracidade da asserção B diretamente;
no segundo caso, assumimos que a asserção B é falsa e deduzimos, diretamente, 5. Use o item (b) do Problema 3.
que a asserção A também é falsa; por fim, no terceiro caso, assumimos que a
asserção A é verdadeira e a asserção B é falsa e deduzimos diretamente, a partir
6. Use o exemplo 1.13, juntamente com a proposição 1.14.
daí, uma contradição (i.e., deduzimos que uma asserção obviamente falsa deveria
ser verdadeira, o que é impossível de ocorrer). Para uma revisão mais ampla
sobre Lógica e métodos de demonstração, sugerimos ao leitor uma das excelentes 7. Adapte a prova da proposição 1.16 ao caso presente.
referências [14] ou [42].
206 Soluções e Sugestões 207
Seção 2.1 4. Aplicando sucessivamente os itens (b) e (a) da proposição 2.1, obte-
mos
1. Para (a), basta desenvolver o segundo membro, obtendo
1 - (~ )-2 1- (;)2
(x-y)(x+y) =x(x+y)-y(x+y) (ytx - y'Y)2 + 2..fiy (x - 2..fiy + y) + 2..fiy
= (x 2 + xy) - (xy + y2) x 2 - y2 (X - y) (X + y) X - Y
= x2 -y2. x (x + y)
2 x (x + y)
2 ~·
1-3(ab) 2 a6+b6
de sorte que aB+bB = aB+bB = 1. 14. Aplicando o item (a) do problema 12 duas vezes, obtemos
10. Observe que 1 2+v2-v'3 2+v2-v'3
2 + v2 + v'3 - (2 + \1'2)2 - (v'3) 2 3 + 4\1'2
(ac + bd) 2 + (ad - bc) 2 =
(2 + v2 - v'3)(3 - 4\1'2)
= (a2c2 + 2acbd + b2d2) + (a 2d2 - 2adbc + b2c2)
32 - (4\1'2)2
= a2(c2 + d2) + b2(d2 + c2) = (a2 + b2)(c2 + d2).
= -~(2 + V2 - v'3)(3 - 4\1'2).
23
11. Somando 1 a ambos os membros da igualdade, obtemos
15. Note primeiro que, para todo x real, tem-se x 3 + 3 = x 3 + (~) 3 =
11 2 = 121 = x + y + xy + 1 = (x + l)(y + 1).
(x + ~)(x 2 - x~ + W). Fazendo x = \1'2, obtemos
Mas, como x+l, y+l > 1, a única possibilidade viável é que tenhamos
2\1'2 + 3 = (v'2 + W)(2 - v'2 · W + W).
X+ 1 = y + 1 = 11.
Portanto,
12. Para o item (a), segue do item (a) da proposição 2.1, com y'x e Jy
no lugar de x e y, respectivamente, obtemos 1 2-v2-~+W
3 + 2\1'2
1
2 - v2 · ~ + ijg 3 - 2\1'2
(y'x ± y'y) (y'x =f y'y)
3 + 2\1'2 3 - 2\1'2
y'x =f vY y'x =f vY (3 - 2\1'2)(2 - v'2. W + W).
( y'x)2 - (yY)2 X - y
Quanto a (b), aplicando o item (c) da proposição 2.1, com ijx e ,ify 16. Basta substituir y + z = -x, x + z = -y e x + y = -z. Em (a),
no lugar de x e y, respectivamente, e observando que ( tfx) 2 = .if:x2 e obtemos
( tfx) 3 = x (e analogamente para y), obtemos x2 y2 z2 x2 y2 z2
---+ + =--+--+--=3.
(y+z)2 (x+z)2 (x+y)2 (-x)2 (-y)2 (-z)2
1 ·~=f~+W
A nalogamente, x3 y3 z3 - 3
tfx±W (tfx±W)(~=F~+W) (y+z) 3 + (x+z)3 + (x+y)3 - - ·
~=f~+W 17. Aplicando o item (a) da proposição 2.1 sucessivas vezes, obtemos
x-y
ª64 _ b64 = (a32 + b32)(a32 _ b32)
Por fim, (c) segue, imediatamente, de (b).
= (a32 + b32)(a16 + b16)(a16 _ b16)
13. Pelo item (a) do problema anterior, temos = (a32 + b32)(a16 + b16)(a8 + bs)(as _ bs)
= (a32 + b32)(a16 + b16)(a8 + b8)(a4 + b4)(a4 _ b4)
2 ( v'n + 1 _ v'n) = 2 (n + 1) - n = 2 < _2_ = __!___,
Jn + 1 + y'n Jn + 1 + y'n 2yln yln = (a32 + b32)(a16 + b16) ... (a2 + b2)(a2 _ b2)
A outra desigualdade pode ser provada de modo análogo. = (a32 + b32)(a16 + b16) ... (a2 + b2)(a + b)(a - b),
210 Soluções e Sugestões 211
de sorte que Agora, corno (a+ b) +(a+ e)+ (b + e) = 2(a + b + e), o qual é urn
ª64 _ b64 número par, ternos que ao menos urn dentre a+ b, a+ e ou b + e é par,
(a+ b)(a2 + b2)(a4 + b4)(a8 + b8)(a16 + b16) = (a32 + b32)(a + b). de maneira que 3(a + b)(a + c)(b + e) é urn múltiplo de 6. Portanto,
6 I (a+b+c) ~6 I (a+b+c) 3
18. Para o item (a), basta ver que
~ 6 [a 3 + b3 + c3 + 3(a + b)(a + c)(b + e)]
1
19. Mais geralmente, fatoremos x 4n+4y4n, onde n EN, usando a fórmula 22. Corno a + Va 2 - b ~ a - Va 2 - b, ambos os membros da igualdade
para o quadrado de urna sorna corno inspiração: desejada são reais não negativos, de sorte que basta mostrarmos que
seus quadrados são iguais, i.e., que
X4n + 4y4n (x2n)2 + (2y2n)2
[(x2n)2 + (2y2n)2 + 2X2n. 2Y2n] _
(x2n + 2Y2n)2 _ (2xnyn)2
2X2n. 2Y2n a±Vb-(ª+~) + (ª-~)
(x2n + 2y2n + 2xnyn)(x2n + 2y2n _ 2xnyn).
(ª+~) (ª-~)
±2
20. Segue do exemplo 2.8 quer
{i4(a+b) ~ Ta+Vb {:} {i4(x3+y3) ~x+y Analogamente, partindo de a+ e+ f = -(b +e+ d), obtemos
{:} 4(x3 + y3) ~ (x + y)3
(a+ e)(a + f)(e + f) = -(b + c)(b + d)(c + d).
{:} 3(x 3 + y 3) ~ 3xy(x + y)
{:} (x + y)(x 2 - xy + y 2 ) ~ xy(x + y) Por fim, multiplicando as duas últimas identidades acima e cance-
{:} x 2 - xy + y 2 ~ xy lando o fator comum (e+ d) (e + f), obtemos a identidade do enunci-
ado.
{:} (x-y) 2 ~ O,
214 Soluções e Sugestões 215
28. Veja que dessa equação é ~ = -39 < O, não há raízes reais. Portanto, a
equação dada não possui soluções. Quanto a (b), há dois casos a
b3 < b3 + 6ab + 1 :::; b3 + 6b2 + 1 < b3 + 6b2 + 12b + 8 = (b + 2) 3 .
considerar: x 2 - 3x 2'. O ou x 2 - 3x < O. No primeiro caso, que
Portanto, se b3 + 6ab + 1 deve ser um cubo perfeito, devemos ter equivale a x(x - 3) 2'. O, temos lx 2 - 3xl = x 2 - 3x. A equação dada
se reduz então a x 2 - 3x = x - 1, cujas raízes são x = 2 ± J3. Destas,
b3 + 6ab + 1 = (b + 1) 3 = b3 + 3b2 + 3b + 1, somente x = 2+v3 satisfaz a condição x(x-3) 2'. O, sendo portanto a
única raiz válida. O segundo caso equivale a x(x-3) < O, e nele temos
e segue daí que 2a = b + l. Substituindo b = 2a - 1 em a3 + 6ab + 1, lx 2 -3xl = -(x 2 :__3x). Assim, a equação dada se reduz a -(x 2 -3x) =
obtemos que o número a 3 + 6a(2a - 1) + 1 = a 3 + 12a2 - 6a + 1 deve x-1, ou ainda x 2 -2x-1 = O, cujas raízes são x = 1 ± J2. Somente
ser um cubo perfeito. Mas é imediato verificar que x = 1 + vÍ2 cumpre a condição x(x -3) < O, sendo então a única raiz
a 3 < a3 + 12a2 -
2. Para a primeira desigualdade, interprete lx - ai como a distância de • 3x - 2 < O e x + 1 2'. O: aqui temos l3x - 21 = -(3x - 2) e
x a a na reta numerada. Para as outras três desigualdades, adapte a lx+ll = x+l, de modo que a equação dada se torna -(3x-2) =
sugestão dada à primeira. (6 - x) ( x + 1). Essa equação é idêntica à do item anterior, tendo
portanto raízes x = 4 ± Js. Novamente nenhuma delas satisfaz
3. Analise separadamente os casos (i) x, y 2'. O, (ii) x 2'. O > y, (iii) as condições dadas.
y 2'. O > x e (iv) x, y < O, mostrando que a igualdade se verifica em
• 3x - 2 < O e x + 1 < O: deixamos ao leitor a tarefa de terminar
todos eles.
a análise desse caso.
4. Para (a) consideremos dois casos: se x-1 2'. O, então lx-11 = x-1 e
Por fim, (d), (e) e (f) podem ser resolvidos com a utilização de argu-
a equação dada se resume a x 2 +5(x-1)+11 = O, i.e., x 2 +5x+6 = O.
mentos análogos aos acima.
Suas raízes são x = - 2 ou -3, mas nenhuma delas cumpre a condição
de ser x 2'. l; logo, não há soluções neste caso. Se x - 1 < O, então 5. Analise separadamente os casos x < O, O< x < 1, x > l. O conjunto
lx-11 = 1-x e a equação fica x 2 -5x+16 = O. Como o discriminante solução é (-oo,O) U (1,+oo).
216 Soluções e Sugestões 217
6. Como IYI ~ y e 1 - YI = IYI para todo real y, temos lx - ai ~ x - a e uma vez que r ~ O e v'2 > 1.
lx - bl = lb - xi ~ b - x. Portanto, para que a equação dada tenha
alguma raiz real x, devemos ter 9. Note primeiro que, dados dois reais distintos x e y, tem-se
Seção 2.3 Por fim, quanto ao item (c), fazendo a susbtituição y = x 2 + 18x
transformamos a equação dada em y + 30 = 2y'y + 45. Elevando
1. Resolva a equação equivalente x 2 - a 2 = O.
ambos os membros ao quadrado, segue que (y + 30) 2 = 4(y + 45) ou,
2. Basta observar que ~ = b2 - 4ac > O. ainda, y2 + 56y + 720 = O, cujas raízes são y = -36 ou -20. Destas,
somente y = -20 nos serve, uma vez que y + 30 = 2y'y + 45 nos dá
3. Como x 2 = lxl 2 , as soluções da primeira equação são os números reais y + 30 2: O e y + 45 2: O, i.e., y 2: -30. Portanto, x 2 + 18x + 20 = O
x tais que lxl = 3 ou lxl = -2, i.e., x = ±3. Portanto, a= 3+ (-3) == e, daí, x = -9 ± y'61.
O e b = 3( -3) = -9.
6. Observe, inicialmente, que x 2: ~'afim de que v'2x - 1 tenha sentido
4. Se x = a for raiz da equação dada, então a 2 +biai+ e= O. Mas aí, no conjunto dos reais. Também, x 2: v'2x - 1, a fim de que os ra-
dicandos das raízes quadradas do primeiro membro tenham sentido.
(-a) 2 + bl - ai +e= a 2 + biai +e= O, Mas, como
equação do terceiro modelo são 2 e -7, temos que-~= -5. Assim, 13. Parafraseie a solução do problema anterior.
a equação do primeiro modelo é ax 2 + 5ax - 6a = O, cujas raízes são
as mesmas da equação x 2 + 5x - 6 = O, i.e., -6 e 1. 14. Substituindo x por a, obtemos a igualdade a 2 = a + 1 e, a partir
dela, sucessivamente
8. Segue da proposição 2.13 que a+ b = -a e ab = b. A segunda
igualdade fornece a = 1, valor que substituído na primeira equação
a 4 = (a 2 )2 = (a + 1) 2 = a 2 + 2a + 1 = 3a + 2
nos dá b = -2. e
9. Novamente pela proposição 2.13 (aplicada às duas equações), temos a 5 =a· a 4 ~ a(3a + 2) = 3a2 + 2a = 3(a + 1) + 2a = 5a + 3.
-a = a 2 + /3 2 = (a+ /3) 2 - 2a/3 = 13 - 2 · 9 = -5 e b = a 2 /3 2 = Portanto, a 5 - 5a = 3.
(a/3) 2 = 92 = 81. Portanto, a+ b = 86.
15. Como as raízes são inteiros com produto igual a 5, concluímos que elas
10. Uma possibilidade é a equação x 2 - Sx + P = O, onde são (i) 1 e 5 ou (ii) -1 e -5. No primeiro caso, m = -(1 + 5) = -6,
S =u3 +v3=(u+v)(u2 -uv+v 2 ) ao passo que, no segundo, m = -((-1) + (-5)) = 6.
= -[(u + v) 2 - 3uv] 16. A equação dada é equivalente a
= -[(-1) 2 - 3(-1)] = -4
x2 - (b +e+ 2a2 )x + [bc + a2 (b + e)] = O.
e
P = u 3 v 3 = (uv) 3 = (-1) 3 = -1. Para que as raízes de tal equação sejam sempre reais e distintas, basta
mostrarmos que sempre se tem ~ > O. De fato,
11. Uma possibilidade é a equação x 2 - S'x + P' = O, onde
(b +e+ 2a2 ) 2 - 4[bc + a 2 (b + e)]
S' = (aS + P) + (/38 + P) =(a+ /3)8 + 2P = 82 + 2P (b + c) 2 + 4a4 - 4bc = (b - c) 2 + 4a4 > O,
e uma vez que a =/:- O.
P' = (aS + P)(/38 + P) = a/38 2 +(a+ /3)SP + P 2 = 282 P + P 2 , 17. Fazendo x - .! = a, obtemos x 2 - ax - 1 = O (1) e daí .! = x - a
X ' ' X
Logo, a equação original se torna x =via+ Jl - (x - a) ou, ainda,
º
Agora, segue de (a) que as igualdades do enunciado podem ser rees- juntamente com a relação ab = -1. Quanto ao item- (b), use o
critas como resultado do problema anterior para mostrar que x 3 + 3x - 4 =
(x- l)(x 2 + x + 4), de modo que x = 1 é a única raiz real da equação
(x - 1)3 + 2(x - 1) + 3 = 1 e (y - 1)3 + 2(y - 1) + 3 = 5. x 3 + 3x -4 = O.
Somando membro a membro as identidades acima, chegamos a 7. Use o resultado do problema 9.
(x - 1)3 + (y - 1)3 + 2(x + y - 2) = O. 8. Para calcular o valor da primeira expressão, use as relações (2.16),
Substituindo juntamente com a identidade a 2 + {3 2 + "t2 = (a+ f3 + 1') 2 - 2(a/3 +
ª'Y + /3"(); para as duas últimas, comece observando que, uma vez que
(x - 1) 3 + (y - 1) 3 = (x + y - 2)[(x - 1) 2 - (x - l)(y - 1) + (y - 1) 2] a é raiz da equação, temos a 3 = 3a - 1, e analogamente para f3 e 'Y·
na relação acima e colocando a + b - 2 em evidência, obtemos final- Em seguida, some membro a membro as relações assim obtidas.
mente 9. Expanda a expressão (y + d) 3 + a(y + d) 2 + b(y + d) + e e imponha
(x + y - 2)[(x - 1) 2 - (x - l)(y - 1) + (y - 1) 2 + 2] = O. que o coeficiente de y 2 seja igual a O.
17. Para o item (a), veja a sugestão ao problema 11. Para o item (b), Seção 3.2
argumente como feito no texto para equações biquadradas.
1. Basta manipular as equações do sistema e usar produtos notáveis.
3. Aplique o algoritmo de escalonamento, nos moldes do exemplo 3.3. ambos de solução imediata.
226 Soluções e Sugestões 227
A fim de que a solução do sistema seja única, o discriminante dessa 10. Introduza a variável y = y'5 - x para transformar a equação dada
equação de segundo grau (em x) deve ser igual a zero, i.e., devemos em um sistema de duas equações em x e y.
ter 11. Observe, inicialmente, que
36(a - z) 2 = lOO[(a - z) 2 - 64z]
x2
ou, ainda, (a - z) 2 = lOOz. Sendo esse o caso, temos (da equação de x2+--- x2+ (1- _ 1 )2
is
segundo grau em x acima) x = (a - z) e (da segunda equação do
(x + 1) 2 x+l
2 1 2
sistema) y = 2f(a - z). Portanto, a solução do sistema será única se, X +l+ ---
(x+1)2 x+l
e só se, a equação (em z) (a - z) 2 = lOOz tiver uma única solução.
2
( x + 2x + 1) + ( 1 2
Uma vez que ela equivale a z 2 -2z(a+50) +a 2 = O, seu discriminante 2 - 2x - - -
x + l) x+l
também deve ser igual a zero, i.e., devemos ter (a+ 50) 2 = a 2 . Logo,
( )2 1 2
a= -25. X+ 1 + ( l) - 2(x + 1) - - - + 2.
x+ 2 x+l
228 Soluções e Sugestões 229
Fazendo a substituição y =x+ 1 + 1/(x + 1), obtemos Podemos transformar as demais equações de modo análogo, obtendo
o sistema abaixo, equivalente ao original:
2 1 2
(x + 1) + (x + 1)2 = y - 2, u 2 + 4 = 4v, v 2 + 4 = 4w, w 2 + 4 = 4u.
Somando membro a membro as três equações acima, chegamos a
e nossa equação simplifica em (y 2 - 2) - 2y + 2 = 3, ou ainda y2 -
2y - 3 = O, cujas raízes são 3 e -1. Então, temos (u - 2)2 + (v - 2)2 + (w - 2) 2 = O
J1 - (2 - x 2)2 + J 4 - (2 - y2)2 + Jg - (2 - x2)2 de modo que y 2: )2. Do mesmo modo, concluímos que x, z 2: )2.
< JI + v4 + V9 = 1 + 2 + 3, Agora, somando membro a membro as equações do sistema, obtemos
2 2 2
X+ y + Z = - + - + -.
X y Z
de sorte que que deve ser 2 - x 2 = 2 -y 2 = 2 - z 2 = O, i.e., x = ±J2, Uma vez que u >~para u > J2, segue que, se ao menos um dentre
y = ±J2, z = ±J2. x, y, z for maior que )2, então
2 2 2
15. Observe primeiro que se x = O então y = z = O, valendo uma observa- x+y+z>-+-+-.
X y Z
ção análoga caso seja y = O ou z = O. Portanto podemos supor, sem
perda de generalidade, que xyz =/:- O. Faça 1/x = u, 1/y = v, 1/z = w. Isso nos diz que deve ser x = y = z = )2. Assim, as soluções do
Então sistema são
1 1 + 4x 2 1 u2
v= = y4x 2 = 4x2 + 1 = 4 + 1. X = y = Z = v2 OU X = y = Z = -V2.
230 Soluções e Sugestões 231
Seção 4.1 6. Seja a1 = rm, com m inteiro não negativo. Pela fórmula para o termo
geral, temos
2. (a) ªn = n, para n 2 1 ímpar, e ªn = (-1r- 1 n, para n 2 1 par; (b)
n+l' para n -> 1·' (c) an = n, para n 2 1 ímpar, e an =
an = _!2__ para !i, ak + az = 2a1 + (k + l - l)r = a1 + (m + k + l - l)r = am+k+l·
n 2 1 par.
7. A fórmula para o termo geral de uma PA fornece as relações a= ap =
3. Basta observar que
a1 + (p- l)r, (3 = aq = a1 + (q-l)r e ap+q = a1 + (p+q-l)r, onde
ré a razão da PA. Considerando as duas primeiras relações como um
sistema linear em a1 e r, expresse tais quantidades em função de a,
(3, p e q; em seguida, substitua os valores assim obtidos na expressão
4. Para o item (a), temos a1 = a2 = a3 = 1 e ak = ªk-1 + ªk-2 + ªk-3, para ap+q·
para k 2 4. Para o item (b), temos a1 = 1 e ªk+l = 2ªk, para k 2 1.
8. Sendo 2n - 1 o menor desses inteiros e k sua quantidade, a fórmula
para o termo geral de uma PA garante que o maior dos números é
Seção 4.2 igual a (2n-1) + 2(k -1) = 2n + 2k- 3. Portanto, sua soma é igual
a
1. Observe que a nª- linha começa, à esquerda, com n e tem 2n - 1 1
números. 2[(2n -1) + (2n + 2k - 3)]k = 73 ,
de sorte que (2n + k - 2)k = 73 . Agora, como 2n + k - 2 2 k > 1, a
..__.....,
2. Escreva 11 ... 1 como uma soma de potências de 10. única possibilidade é 2n + k - 2 = 72 e k = 7, de modo que n = 22.
n
3. Use o resultado do problema anterior. 9. Sejam r a razão da PA e a2 = m, de sorte quer EN em> 1. Então
4. Basta mostrarmos que a diferença bk+l - bk não depende de k; au- amk+2 = a2 + ((mk + 2) - 2)r = m+ mkr = m(l + kr),
tomaticamente, o resultado dessa diferença nos dará a razão da PA
claramente um número composto.
(bk)k?-.1· Por definição, temos
10. O item (b) segue imediatamente de (a); quanto a este, considere se-
(a~+ 2 - a~+l) - (a~+l - a~) paradamente os casos n par e n ímpar.
(ak+2 - ªk+1)(ak+2 + ªk+i) - (ak+l - ak)(ak+l + ak)
11. Por contradição, suponha que am = v'2, an = J3" e ap = v'5, onde
r(ak+2 + ªk+i) - r(ak+l + ak)
(ak)k?-.1 é uma PA em, n e p são naturais dois a dois distintos. Usando
r(ak+ 2 - ak) = r · 2r = 2r 2 a fórmula do termo geral, calcule ;=;;:.
e, daí, a razão da PA (bk)k?-.1 é 2r 2 . 12. Use a fórmula para o termo geral no primeiro membro.
5. Aplique a fórmula do termo geral para ap + aq e au + ªv· 13. Adapte a solução do exemplo 4.14.
232 Soluções e Sugestões
233
14. Suponha, por contradição, que exista uma tal PA (ak)k2'.1 de razão r, Para o item (b), segue de (a) que 2bn+2 - bn+l = 3 = 2bn+l - bn e,
i.e., tal que ~1 ~ Q mas a;,= amap para certos índices distintos m, n daí,
e p. Use a fórmula do termo geral para chegar a uma contradição.
2bn+2 - 3bn+l + bn = O.
15. Adapte a solução do exemplo 4.14. Como b1 = 5 e b2 = Jl + 24a2 = 4, o teorema 4.16 garante que
bn = 3 + !.
2 Por fim, quanto a (c), segue de (a) e de (b) que
16. Considere a sequência (bk)k2'.1, dada por bk = ªk - 1.
m-p
( ~) = im-n)(m-p) = (2)m-n
5
Seção 4.4
Ou ainda 2n-p . 5m-n = 3m-p. Obtenha, a partir daí, uma contradi-
' ' 1. Se (ak)k2'.1 é uma PA de segunda ordem, então (ak+l - ak)k2'.1 é uma
ção.
PA não constante, de forma que existe r-=/= O tal que (ak+2 - ªk+1) -
(ak+l - ak) = r, para todo k 2: 1. Em particular, para todo k 2: 1,
Seção 4.3 temos ªk+2 - 2ak+l + ak -=/= O e
1. Aplique o resultado do teorema 4.16.
2. Aplique o resultado do teorema 4.16. A recíproca pode ser provada de maneira análoga.
3. Inicialmente, observe que ak+2 - ªk+l = (2ak+l - 1) - (2ak - 1) = 2. Escreva ak+l - ªk = 3k - 1 e use somas telescópicas.
2ak+l - 2ak ou, ainda, ak+2 - 3ak+l + 2ak = O, para k 2: 1. Aplique, 3. Escreva ªk+i - ak = 8k e use somas telescópicas.
agora, o resultado do teorema 4.16.
4 . Observe que (k-l)k
1
= 1
k-l - k1 e use somas t e1escop1cas.
, ·
4. Use o fato de que x 2 + rx + s = (x - a) 2 .
5. O problema anterior é um caso particular deste.
7. Para o item (a), a recorrência do enunciado fornece
6. Veja que, para k > 1, temos l 2 < (k_!l)k; use, em seguida, o resultado
do problema 4.
4b~+l = 4(1 + 24ak+l) = 4 + 6(1 + 4ak + Jl + 24an)
7. Imite o argumento do problema 4, escrevendo
= 4 + 6 ( 1 + i(b~ - 1) + bk)
1 1( 1 1 )
= b~ + 6bk + 9 = (bk + 3) 2 · (4k - 1) (4k + 3) = 4 4k - 1 - 4k + 3 .
234 Soluções e Sugestões 235
8. Para o item (a), basta observar que 12. Racionalize a fração vtak+~
ªk ªk+l
- veja o problema 12, página 44 - e,
em seguida, use somas telescópicas.
(2k + 1) 3 - (2k - 1) 3 24k 2 + 2 = 16k2 + 8k 2 + 2
13. Para o item (a), veja que x 4 + x 2 + 1 = (x 4 + 2x 2 + 1) - x2 =
16k2 + (2k - 1) 2 + (2k + 1)2.
(x 2 + 1) 2 . .,. . x 2 = (x 2 + 1- x)(x 2 + 1 + x). Quanto ao item (b), use o
Quanto a (b), basta escrevermos item (a) para escrever
n k k
(2n + 1) 3 - 2 = Z:)(2k + 1) 3 - (2k - 1) 3 ] + (33 - 2) k4 + k2 + 1 (k2 + k + 1) (k2 - k + 1)
k=2
n 1 ( 1 1 )
2 k2 - k + 1 k2 + k + 1
I)(4k) 2 + (2k + 1) 2 + (2k - 1) 21+ 25
k=2 e, em seguida, use somas telescópicas.
n
1)(4k) 2 + (2k + 1) 2 + (2k - 1)2] + 42 + 32, 14. Racionalize a fração do somatório - veja o problema 12, página 44 -
k=2 e use somas telescópicas em seguida.
observando que a última expressão acima é uma.soma de (n-1) · 3 +, 15. Racionalize a fração do somatório - veja o problema 12, página 44 -
2 = 3n - 1 quadrados perfeitos. e use somas telescópicas em seguida.
9 . Note que _k_
(k+l)!
= (k+l)-l =
(k+l)!
1rk. - (k 11) 1
+ . e somas telescópicas. 16. Inicialmente, observe que
10. Para o item (a), observe que (k + 1) 2 + k2 + k 2 (k + 1) 2 = k 4 + 2k3 +
3k2 + 2k + 1 = (k2 + k + 1)2. Quanto ao item (b), segue de (a) que ÍI (1- \)
j=2 J
ÍI (1 -;)
j=2
II (1 + ;)J
J j=2
1
+ 1 + l --
k2 (k+1) 2
(k2 + k + l) 2 _ k2 + k + 1
k2 (k + 1) 2 - k ( k + 1) .
= ÍI (j ~ 1) ÍI (j ~ 1) .
j=2 J j=2 J
Basta, agora, observar que Agora, faça ak = k, para k 2:: l. Segue da proposição 4.29 que
k2 + k + 1 1 1
k(k + 1) = l + k(k + 1) = l + k -
1
k+ 1 ÍI (1- ~2)
j=2 J
ÍI (ª:~1) ÍI (ª~~1)
j=2 J j=2 J
k=O
3
xk
Xk)3 + X3.
k
Como 1 - Xk = 1- t
1 1 = x101-k, temos A2j-1 = 8(j - 1) + {1, 3, 4, 8} e A2j = 8(j - 1) + {2, 5, 6, 7}.
101 3
s=L 3 xk 3 (Aqui, para X C JR, definimos o conjunto X +t por X +t = {x+t; x E
k=O XlOl-k + Xk X}). Uma vez que 3·4 = 1+3+8 e 3·5 = 2+6+7 é imediato verificar
e podemos escrever que os conjuntos Ai definidos como acima satisfazem as condições do
enunciado.)
~xf ~xf
28 = ~ 3 3+ ~ 3 + 3
k=O X101-k + xk k=O X101-k xk 20. Pelo resultado do problema 13, página 45, temos
~ xf ~ xio1-k
~ 3 3+~ 3 + 3 (vn+l-vn)vn = Jn 2 +n-v'n,2,
k=O X101-k + xk k=O X101-k xk
101
L X; +
3 3
X101-; =
101
L 1 = 102. < v(n+ff-Vn'~~
k=O X101-k + Xk k=O
e, daí,
Logo, S = 51.
1
18. Fatore o numerador e o denominador da fração do produtório. Em
2(vn+ 1-vn) < vn"
seguida, se ªk = k 2 - k + 1, mostre que ªk+l = k 2 + k + 1 e use Analogamente, obtemos
produtos telescópicos.
1
19. Mostremos que o que se pede é possível se, e só se, n for par. Para vn < 2(vn-v'n=l).
provar que n deve ser par, seja
Essas duas desigualdades nos dão
{1, 2, 3, ... , 4n} = A1 U · · · U An,
10000 10000 l 10000
uma partição satisfazendo as condições do enunciado e, para 1 :S k :S
n, seja Xk E Ak o elemento que é igual à média aritmética dos três ~ (v'k+l - vlk) < ~ vk < ~ ( Vk - ~ ) .
demais. Então 4xk = :ExEAk x e segue que
Mas
n n
4 L Xk = L L x= L x = 1 + 2 + · · · + 4n = 2n(4n + 1), 10000
L (v'kTI - vlk) = 2v10001 - 2v12
k=l k=lxEAk xEA
k=2
donde n( 4n + 1) deve ser par. Como 4n + 1 é ímpar, segue que n deve e
ser par. Para a recíproca, seja n = 2k, k inteiro, e escrevamos 10000
onde Portanto, se mostrarmos que 2V10001 - 2V2 > 197, seguirá que o
238 Soluções e Sugestões 239
maior inteiro menor ou igual a S é igual a 198. Para esse fim, veja Capítulo 5
21. Para o item (a), fatorando (k+l)P+l-kP+l com o auxílio do resultado 1 + 2 + ... + k + (k + 1) = k(k + 1) + (k +
2
1) = (k + l)(k + 2)
2 .
do problema 18, página 45, obtemos
p+l
2. Segue da hipótese de indução que
(k + l)P+l - kP+l = I)k + 1y+1-jkj-l
j=l
p+l
< ~)k + l)p+l-j(k + l)j-l
j=l
= (p + l)(k + l)P. 3. Segue da hipótese de indução que
Analogamente, 1 1 1 1 1 .
1--+--···+----+--=
p+l 2 3 2k - 1 2k 2k + 1
1 1 1 1 1
(k + l)P+l - kP+l = L(k + l)p+l-jkj-l
= k + k + 1 + ... + 2k - 1 - 2k + 2k + 1
j=l
1 1 1 1
p+l
= k + 1 + ... + 2k - 1 + 2k + 2k + 1.
> L kp+l-jkj-l = (p + l)kP.
j=l
4. Pela hipótese de indução, temos
Quanto ao item (b), segue de (a) e da fórmula para somas telescópicas
que (k+l)+h(l)+h(2)+h(3)+···+h(k-l)+h(k) = l+kh(k)+h(k),
nP+l - 1 nP+l
<-- de forma que basta mostrar que 1 + (k + l)h(k) = (k + l)h(k + 1) ou,
p+l p+l
ainda, que (k + l)(h(k + 1) - h(k)) = 1. Mas
e
n n kP+l - (k - l)P+l nP+l
1
~kP>~ p+l p+l (k + l)(h(k + 1) - h(k)) = (k + 1) · -k- = 1.
+1
240 Soluções e Sugestões 241
10. Suponha que (a1, a2, ... , am) é uma PA de razão r. A partir de Os demais itens são totalmente análogos.
15. Inicialmente, note que a é raiz de p(x) = x 2 - x - 1, de sorte que 18. Basta provarmos que o quociente Xn+i!Xn-I independe de n. Isto é
a 2 = a + 1. Assim, temos por indução que imediato por indução, uma vez que mostremos que
xk+l+--
xk+l
Desenvolvendo o segundo membro, obtemos
( xk + _.!._)
xk
(x + !).- (xk-1 + _1 )
x xk-1 al+l = a~+l + k(k + l)ak+l
akal - ªk-1 E Z,
ou, ainda, ª~+1-ªk+1-k(k+l) = O. Daí, é imediato que ak+l = k+l.
e o passo de indução está completo. Pelo segundo princípio de indução
segue que an E Z para todo n E N. Para concluir, basta ver que 20. Se Xk > -/a, então
ao = 2 e, se n < O for inteiro, então an = ª-n, que já provamos ser
inteiro. Assim, an E Z para todo n E Z. Xk+l - Vo, = -12 (xk - 2va, + .!!____) = - 1-(xk - va,) 2 > Ü.
Xk 2Xk
17. Segue da hipótese de indução que Para a outra desigualdade, comecemos observando que, se x ~ y >
x~+l = (xf - 3xk) 2 = x~ - 6xÍ + 9x~ -ja, então x + ~ ~ y +~;de fato,
= (Yk + 2) 3 - 6(yk + 2) 2 + 9(yk + 2)
= Yl - 3yk + 2 = Yk+l + 2.
244 Soluções e Sugestões 245
Agora, se Xk < va, + 2k1:_l , então, a partir da desigualdade acima, quadrados em k outros quadrados, obtendo uma partição de Q em
obtemos 4 - 1 + k = k + 3 quadrados. Para terminar, é suficiente mostrar
xk+l -Hx· +:.) '., Hvã+ va: ,.k) como particionar um quadrado qualquer em 6, 7 e 8 outros quadra-
2•~1 + dos. O argumento acima trivializa o caso de 7 quadrados, uma vez
que sabemos particionar todo quadrado em 4 quadrados e, portanto,
< ~ ( vra + 2L1 + Ja) = vra + 2\ · também em 4 + 3 = 7 quadrados. Para os casos de 6 ou 8 quadrados,
comece particionando um quadrado dado em m 2 outros quadradi-
nhos iguais, de maneira análoga à decomposição de um tabuleiro de
21. Suponha que temos n 1 maneiras de escolher um objeto do tipo 1, n2
xadrez em suas 64 = 82 casas. Em seguida, escolha (m - 1)2 desses
maneiras de escolher um objeto do tipo 2, ... , nk maneiras de escolher
quadradinhos, de modo a formar um quadrado maior, contido no qua-
um objeto do tipo k e nk+I maneiras de escolher um objeto do tipo
drado original e tendo um canto em comum com o mesmo. Restaram
k + 1. Para escolher um objeto de cada um desses tipos, comece
m 2 - (m - 1) 2 = 2m - 1 quadradinhos, de forma que o quadrado
escolhendo um objeto de cada um dos tipos de 1 a k. Por hipótese
original ficou particionado e 1 + (2m - 1) = 2m outros quadrados.
de indução, há n 1 ... nk escolhas possíveis. Por outro lado, para cada
Por fim, fazendo m = 3 ou m = 4, obtemos partições do quadrado
uma delas, continuamos tendo nk+l maneiras de escolher um "Objeto
original em 6 ou 8 quadrados.
do tipo k + 1, de sorte que o número de maneiras· de, adicionalmente,
escolher um objeto de tipo k + 1 é igual a 24. Tome um tabuleiro 2k x 2k e o divida em quatro tabuleiros 2k-l x 2k-l;
em seguida, posicione a peça 1 x 1 e um L-tridominó de forma que,
juntas, elas cubram o quadrado 2 x 2 no centro do tabuleiro maior ·
e com lados paralelos aos lados do mesmo. Por fim, encaixe uma
hipótese de indução para concluir o que se pede.
22. Basta mostrar que ln = {1, 2, ... , n} tem exatamente 2n subconjun-
tos. Para o passo de indução, i.e., ao considerar os subconjuntos de 25. Se 43 k-i - 1 = 3kq, para algum q E N, então
Ik+l, lembre que esses podem ser de um dentre dois tipos: ou subcon-
juntos de Ik, ou subconjuntos de Ik+l que contém o elemento k + 1. 43k - 1 = (43k-l)3 - 1 = (43k-l - 1)[(43k-l)2 + 43k-l + 1]
Do primeiro tipo há, por hipótese de indução, 2k subconjuntos. Os = 3kq[((43k-l)2 - 1) + (43k-l - 1) + 3]
subconjuntos do segundo tipo são da forma A U {k + 1}, com A eh;
portanto, há 2k subconjuntos desse tipo. Contabilizando ambas as
= 3kq[(43k-l - 1)(43k-l + 1) + 3kq + 3]
,
possibilidades, conclmmos que h+1 tem, ao to do, 2k + 2k - 2k+l = 3kq[3kq(43k-l + 1) + 3kq + 3]
subconjuntos. = 3k+lq[3k-lq(43k-l + 1) + 3k-lq + 1].
23. Inicialmente, afirmamos que, se todo quadrado pode ser particionado
em k outros quadrados, então todo quadrado pode ser particionado 26. Se k 2: 6 e a1, a2, ... , ak são inteiros tais que
em k + 3 quadrados. De fato, partindo de um quadrado Q, divida-o 1 1 1
em quatro outros quadrados; em seguida, particione um desses quatro -+-+···+-
a2 a2 a2
= 1,
1 2 k
246 Soluções e Sugestões 247
29. Façamos a prova por indução sobre m. Para m = 1, 2, 3 o resultado o que é um absurdo. Agora, se Fn+l = Ft 1 + · · · + Ftr + Fn então
é imediato. Suponha então que, para um certo n ~ 3, todo m ~ Fn
possa ser escrito unicamente da maneira pedida e tome Fn < m ~
Fn+l· Sem= Fn+l nada há a fazer. Senão,
e, pela unicidade da representação de Fn-l, teríamos que outra re-
O < m - Fn < Fn+l - Fn = Fn-1 < Fn. presentação de Fn+l seria Fn+l = Fn + Fn-1, a qual não satisfaz as
condições do enunciado.
Por hipótese de indução existem r ~ 1 e inteiros 1 < t1 < · · · < tr < n
tais que
m- Fn = Ft 1 + · · · + Ftr, (b) Fn < m < Fn+l: mostremos que Fn é necessariamente um termo
da representação. De fato, se
com tj+l - tj > 1 para 1 ~ j < r. Daí, m = Ft 1 + · · · + Ftr + Fn e
afirmamos que n - tr > 1. De fato, se n - tr = 1 teríamos
7. Defina an como a soma do segundo membro da igualdade que deseja- 5. O termo geral de tal desenvolvimento é (6;) 3\ . Agora, expandindo
mos estabelecer. Em seguida, mostre que a1 = 1, a2 = 1 e, utilizando os números binomiais envolvidos, obtemos
a relação de Stiefel, que an+2 = an+I + an, para todo n 2:: 1.
2. Segue do problema anterior que A = 4n e (argumentando analoga- a 4 + b4 + 2a3 b + 3a 2b2 + 2ab3 = c4 + d4 + 2c3 d + 3c2d2 + 2cd3 .
mente àquele problema) B = 12n- 1 . Portanto,
Por fim, basta observar que
3n-l
-4-,
L n. ja · = L an
n ( ) 3 n (
n-1 ·
. _ 1 ) a3 - 1 = an(l + a)
n-1
j=O J j=l J
252 Soluções e Sugestões 253
t (~)j2
J=Ü J
=tn(~ =:)j
J=l J
=:)(j-1) +
= tn(nJ_
J=l
tn(nJ_
J=l
=:) x5 + y5 + z5 = x5 + y5 + (-x _ y)5 = x5 + y5 _ (x + y)5
= x 5 + y 5 - (x 5 + 5x 4 y + 10x 3 y 2 + 10x 2 y 3 + 5xy 4 + y5)
=L n (n - 2) + ~ (n - 1)
n(n-1) ._ 2 n L..., ._ 1
= -(5x4 y + 5xy4 + 10x3 y 2 + 10x2 y 3 )
j=2 J j=l J = -5xy[(x 3 + y 3) + 2xy(x + y)]
= n(n - 1) · 2n- 2 + n · 2n-l. = -5xy(x + y)[(x 2 - xy + y 2 ) + 2xy]
= -5xy(-z)[(x 2 + 2xy + y 2 ) - xy]
10. Use a fórmula para o termo geral de uma PA e o resultado do problema = 5xyz[(x + y)(x + y) - xy] = 5xyz[(x + y)(-z) - xy]
anterior.
= -5xyz(xy + yz + zx).
11. Escreva i = 1 + a, com a> O, e use o fato de (1 + ar 2": 1 + na. 14. Aplicando a fórmula do desenvolvimento binomial duas vezes, obte-
mos
12. Fazendo a= Ja+ v'b, obtemos (a-Jar = b. Agora, argumentando
· como na prova do exemplo 6.11, concluímos que ·
para certos inteiros ao, a1, a2, ... , an:._2, ªn-1· Portanto,
+ ªn-2an- 2 + ªn-4ün- 4 + · · ·) - b] 2 =
[(an
= a (ªn-la n-1 + ªn-30 n-3 + · · · )2 · Agora, observe que
de sorte que a é raiz da equação polinomial (de grau 2n) (n) (n- l)
l k - (n-k-l)!k!l!'
n!
. [(xn + ªn-2Xn- 2 + an-4Xn- 4 + · · ·) - b] 2 - de forma que basta fazer j = n - k - l para obter a fórmula do
- a ( ªn-IX n-1 + an-3X n-3 + · · · )2 = O. enunciado.
correspondentes.
L (.J nk l )
j+k+l=n ' '
= (1+1+1r e
.
L
J+k+l=n
(-1) 1 ( . :
J, '
l) = (1+1-1r. ou, ainda, 8n = 1 - ~~~20 8m. A partir daí, é imediato provar que,
para todo inteiro não negativo n, tem-se
18. Faça indução sobre n 2".: 1; para a execução do passo de indução
você precisará utilizar a relação de Stiefel e a recorrência que define
a sequência de Fibonacci.
Pela recorrência acima, temos 82 = O, 8 3 = 8 4 = -1, 85 = O,
19. Vamos mostrar que 86 = 81 = 1 e, após uma fácil indução, que, se 6 divide m - n, então
8m = 8n, Portanto,
995
""""( l)k
Li -
1991 (1991 -
1991 - k k
k) = 1.
k=O
995
'"""(-l)k
Li
k=O
1991 (1991 -
1991 - k k
k) = 81991 - 819s9
Para tanto, veja que
= 85 - 83 = O- (-1) = 1.
995
L(- 1) k 1991 (1991 -
1991 - k k
k) -_
k=O Seção 7.1
- 995
- L (- 1)
k=O
k
k k) + L ( 1)
(1991 - 995 -
k=O
k k k(1991k- k)
1991 - 1. Faça indução sobre n 2".: 2.
_
995
- L(- 1) k (1991 -
k
k) + L(
995
_
1)
k (1990 -
k-1
k) · 2. Agrupe adequadamente as parcelas em pares e, em seguida, aplique
k=O k=O a desigualdade triangular para se livrar da variável x.
Li (-1) k
8n = """" (n -k k) , _Y__ xl+x= y(l+x)-x(l+y) = y-x >O
k~O l+y (l+x)(l+y) (l+x)(l+y) - ·
256 Soluções e Sugestões 257
Assim, como la+ bl ::::; lal + lbl, segue de (a) que 5. Sendo x o comprimento do lado do quadrado que deve ser recortado
de cada canto da folha, ficaremos com uma caixa de dimensões 2 - 2x
la+bl
<
lal + lbl 3 - 2x e x. Escolha números reais positivos a, b e e tais que a(2 -
'
1 + la+bl 1 + lal + lbl 2x)+b(3-2x)+cx independa de x e a(2-2x) = b(3-2x) =ex.Em
1+ 1:i1+ lbl + 1+ 1:1+ lbl seguida, aplique a desigualdade entre as médias a fim de maximizar
o volume da caixa.
lal lbl
< 1 + lal + 1 + lb\" 6. Mostre, inicialmente, que a3 + b3 2: (a + b)ab. Em seguida, deduza a
part'ir d ai, que a3+b3+abc
1 < e
_ abc(a+b+c), obtendo desigualdades análogas
Seção 7.2 para as outras duas parcelas do primeiro membro. Em seguida, some
2. Veja primeiro que ordenadamente as três desigualdades assim obtidas.
É claro que haverá igualdade se e só se a = b. Em seguida, utilize a desigualdade entre as médias para seis números.
3. Para x =I a, b, e, resolver a equação do enunciado equivale a resolver 9. Agrupando adequadamente as parcelas do primeiro membro em pares
a equação de segundo grau e utilizando a desigualdade (7.11), obtemos
b+d d+b _ b d ( 1 1 ) 4
b +e+ d+ a - ( + ) b +e+ a+ d 2: (b+d) · (b +e)+ (a+ d)'
4. Escreva o primeiro membro como a(a + b +e)+ bc e, em seguida,
aplique a desigualdade (7.6). Agora, basta somar membro a membro as duas desigualdades acima.
258 Soluções e Sugestões 259
10. Fatorando o numerador do primeiro membro e simplificando a fração 14. Aplique novamente a desigualdade (7.7).
assim obtida, concluímos que basta mostrar a desigualdade
15. Expanda o segundo membro utilizando a identidade (2.5). Após efe-
1 +X+ x2 + ... + x2n-l + x2n 2: (2n + l)xn tuar as simplificações óbvias, aplique três vezes ao primeiro membro
ou, ainda, a desigualdade do Exemplo 2.4. Em seguida, utilize a desigualdade
(7.9).
basta provar que 20. Para 1 ::; k ::; m-1, aplique a desigualdade entre as médias à soma x+
k = x + 1 + · · · + 1. Em seguida, multiplique as m - 1 desigualdades
(ab) 2 + (bc) 2 + (ca) 2 2: abc(a + b + e). ~
k
assim obtidas.
Fazendo x = ab,y = bc,z =caem (7.7), obtemos
21. Como Lj=l(S-xj) = (n-l)S, a desigualdade do enunciado equivale
(ab) 2 + (bc) 2 + (ca) 2 x2 + y2 + z2
a
> xy+yz+zx
abc(a + b + e).
260 Soluções e Sugestões 261
Basta, então, aplicar a desigualdade (7.11). 25. Substituindo a, b e e na desigualdade desejada respectivamente por
22. Para o item (a), desenvolva o produto do primeiro membro. Para O 6x 6, 6y6 e 6z6, mostre que basta provarmos a desigualdade
item (b), aplique o resultado do problema 8, página 149 (com k = 2) 7x12 + 12x6y6 + 7y6 z6 + 9y12 + 9x6 z6 2:
para concluir que o somatório do segundo membro do item (a) possui
!n(n - 1) parcelas; em seguida, use a desigualdade entre as médias 2: 2x3 y9 + 6x 9 y 3 +6x 2y 8 z 2 + 12x5 y 5 z 2 +6x4 y 4 z 4 + 6xy 7 z 4 + 6x 8 y 2z 2.
para dois números para concluir que :; + 2: 2, para todos 1 :=::; i < :! Para tanto, escreva a expressão do primeiro membro como a soma
j :=::; n.
de sete outras expressões tais que, aplicando a desigualdade entre as
23. Veja que médias a cada uma delas, obtenhamos as sete parcelas do segundo
membro; por exemplo,
k1k2 · · · kn (_!_
k1
+ _!_ +
k2
··· + __!_)
kn
=PI+ P2 + · · · +p
n,
i=l
24. Faça ao = O e aplique a desigualdade (7.11) para obter com igualdade se, e só se, existir um real não nulo À tal que ~1
1 1 ~
ªl = · · · = ª1 = À, i.e., se, e só se, os números a1, ... , an forem todos
---+···+
aj - ªj-l a1 - ao
>L
aj
iguais. Dividindo ambos os membros da desigualdade acima por n,
obtemos a desigualdade do enunciado.
Em seguida, some membro a membro as desigualdades acima para 1 :=::;
j :=::; n e agrupe os termos iguais para obter a desigualdade procurada. 4. Aplique a desigualdade do problema anterior ao numerador de cada
Por fim, conclua que há igualdade se e só se a sequência (ak)k>l for parcela do somatório acima. Em seguida, some os resultados assim
uma PA. - obtidos.
262 Soluções e Sugestões
263
> n2
- '
obtemos
para todos xi, x2, ... , Xn reais positivos. Para tanto, faça aj = Jxí, n a2 n n b2 n b2
bj = ~ e aplique a desigualdade de Cauchy. I: k = L(ªk - bk) + I: k = I: k .
k=l ªk + bk k=l k=l ªk + bk k=l ªk + bk
6. Multiplique ambos os membros por a+ b +e+ d e use a desigualdade
de Cauchy para quatro números, com a1 = ..ja, a2 = v'b, a3 = Jc,, Portanto,
a4 = Vd, e b1 = }a, b2 = ,/b,
b3 = }c, b4 = )a,. Alternativamente, n 2 1 n n a2 + b2 1 n
aplique a desigualdade (7.11), escrevendo e=~+~ e~~ c/ + c;
2 2, I: ªk ~ 2 Lªk {::} I: / / ~ 2 I:(ak +bk)-
d = 4d + 4d + 4d + 4d e d=
16 1 1 1 1 k=l ªk + bk k=l k=l k + k k=l
d/4 + d/4 + d/4 + a]4·
Então, basta mostrarmos que
7. Para a primeira desigualdade, seja S = ,J2x + 3+.J2y + 3+,J2z + 3.
Aplicando a desigualdade entre as médias para três números, obtemos X2 + y2 X+ y
--->--
x+y - 2 '
S ~ 3{!(2x + 3)(2y + 3)(2z + 3)
para todos os reais positivos x e y, o que decorre imediatamente da
= 3{!8xyz + 12(xy + xz + yz) + 18(x + y + z) + 27 desigualdade entre as médias quadrática e aritmética.
> 3~18 · 3 + 27 = 3'19.
11. Faça ªn+l = a1. Para 1 ~ j ~ n, podemos escrever, usando a
Para a segunda desigualdade, aplique a desigualdade entre as médias desigualdade de Cauchy,
quadrática e aritmética para três números - cf. problema 3 - com
a1 = ,J2x + 3, a2 = ,J2y + 3 e a3 = ,J2z + 3, juntamente com o fato (1 + aj)
2
=
a·
(1 · 1 + .Ja:i+i · __ ) 2~ (1 + ªH1) (1 + a.2)
J - _J_ ,
de que x + y + z = 3. ~ ªi+l
de modo que
8. Aplique a desigualdade entre as médias quadrática e aritmética - cf.
1 + ªJ > (1 + ªi )2
problema 3- com ak = [ff;, juntamente com o item (a) do corolário ªH1 - 1 + ªi+l
6.13.
Multiplicando membro a membro as desigualdades assim obtidas para
9. Pela desigualdade de Cauchy, temos j= 1, 2, ... , n, chegamos à desigualdade desejada.
x2 y2
( -+-+-
y2 z2
z2 ) ( y2
x2
z2
-+-+-
z2 x2
x2 )
y2
~ (::: . ~ + ~ . ~ + ~ . :::) 2 12. Opere a transformação de Ravi - cf. parágrafo que antecede o pro-
y Z Z X X y blema 7, página 174 - para mostrar que a desigualdade em questão
+ ~ + :::) 2
equivale à desigualdade
= (~
X y Z
264 Soluções e Sugestões 265
para x, y e z reais positivos. Em seguida, observe que, pela desigual- Seção 7.4
dade entre as médias quadrática e aritmética, temos
1. Comece obsevando que
6. Vamos mostrar que, para todo n > 1, tem-se 8. Por simetria podemos supor, sem perda de generalidade, que a~ b ~
e. Desse modo, obtemos b.!.c ~ a.!-c ~ a.!-b. Aplicando a desigualdade
de Chebyshev e (7.11), obtemos
onde Ài indica que Ài não aparece na soma. Veja agora que, para
cada par (i,j) comi< j, a soma
aparecerá em (8.2) exatamente uma vez, o que significa que 9. Supondo, sem perda de generalidade, x ~ y ~ z, use a desigualdade
de Chebyshev para concluir que a expressão do enunciado é maior ou
igual que
(x
3 + y3 + z 3 ) . (x + 1) + (y + 1) + (z + 1)
A igualdade ocorre quando todos os ai 's forem iguais ou todos os 3 (x + l)(y + l)(z + 1) ·
bi 's forem iguais. Finalmente, a desigualdade de Chebyshev usual
corresponde ao caso particular em que Ài = i,
para 1 :S i :S n.
Em seguida, aplique a desigualdade de Chebyshev ao primeiro fator
e a desigualdade entre as médias ao segundo fator para concluir que
7. Aplique a desigualdade de Chebyshev para concluir que a expressão a última expressão acima é maior ou igual que (t!;)
2 , onde t = }(x +
do primeiro membro é maior ou igual que y + z). Por fim, use a desigualdade entre as médias para concluir que
t>_ 1 e, em segmºd a, prove que t ~ s =} (t+1)2
3t3 3s 3
~ (s+1)2.
12. Adapte, ao presente caso, a ideia da prova da desigualdade do rear- MG (Y1 + Yn - a, Y2, ... , Yn-1, a) > MG (Yi, Y2, · · ·, Yn-1, Yn)·
ranjo.
Veja que, dentre os números Yi + Yn - a, Y2, ... , Yn-i, a há ao menos
13. Para o item (a), basta ver que dois iguais a a. Se os números Yi + Yn - a, Y2, ... , Yn-1, a forem todos
iguais, teremos
a(x + y - a) - xy = (ax - xy) + a(y - a)= -x(y - a)+ a(y - a)
=(y-a)(a-x)~O, MA (yi + Yn - a, Y2, ... , Yn-i, a)= MG (Yi + Yn - a, Y2, ... , Yn-1, a)
uma vez que y ~ a ~ x. Quanto ao item (b), queremos provar que, e, daí,
dados n > 1 e reais positivos x1, ... , Xn, tem-se sempre
MA (Yi, Y2, · · ·, Yn-1,Yn) = MG (Yi, Y2, · · ·, Yn-i, Yn)·
MA (x1, ... , Xn) ~ MG (x1, ... , Xn),
Senão, operamos uma terceira troca, como acima. Observe que esse
onde MA e MG denotam respectivamente média aritmética e média algoritmo termina após um número finito de passos, quando todos
geométrica. Para isso podemos supor, sem perda de generalidade, os números de nossa lista serão iguais a a. Quando isso ocorrer, as
que x1 :=:; .. · :=:; Xn, com X1 < Xn, Seja ainda a = MA (x1, ... , Xn), médias aritmética e geométrica dos números serão iguais. Mas, como
Segue que x1 < a < Xn, Imitando a prova do item (a), obtemos cada operação que fizemos preserva a média aritmética e aumenta a
a(x1 + Xn - a)> x1xn, de modo que média geométrica segue que, inicialmente, tínhamos
MA (x1 + Xn - a, x2, ... , Xn-1, a) = MA (x1, x2, ... , Xn-i, Xn) MA (xi, x2, ... , Xn-i, a) > MG (xi, x2, ... , Xn-i, a).
Soluções e Sugestões 271
270
Por fim, observe que tal desigualdade é uma aplicação imediata da LXi(Xi+l + Xi+3) ~ Ü,
i=l
desigualdade do rearranjo.
o que é um absurdo. Logo, a fim de que a sequência (xi, x2, ... , xn)
15. (Por Emanuel Augusto de Souza Carneiro.) Façamos uma prova por maximize a expressão E(x1, x2, ... , Xn), ao menos um dos xi's deve
indução sobre n, deixando o caso inicial n = 3 como exercício_. Mais ser igual a O. Suponha, sem perda de generalidade, que Xn = O. Então
precisamente, mostremos que, a fim de maximizar a expressão do
primeiro membro, um dos Xi 's deve ser igual a O, com o quê recairemos Ema:x = E(x1, X2, ... , Xn-1, O)
2 2 2 2
na hipótese de indução. Para tanto, seja = X1 X2 + X2X3 + X3X4 + · · · + Xn-2Xn-1
< 2 2 2 2 2
_ X1X2 + X2X3 + X3X4 + · · · + Xn-2Xn-1 + Xn-lXl
4
<-
- 27'
e suponha que a expressão assume seu valor máximo 2 para alguma
sequência (xi, x2, ... , Xn) tal que nenhum dos xi's é igual a O. Subs- onde, na última desigualdade, utilizamos a hipótese de indução.)
tituindo Xn-1 por O e x1 por x1 +xn-1, obtemos uma nova expressão,
17. Faça,\= bi/ai, para 1 ~ j ~ n, e conclua que
a qual é menor ou igual que a original, i.e., é tal que
2 Aqui,
Por fim, use a condição do enunciado e a desigualdade entre as médias
estamos supondo, implicitamente, que existe uma sequência
(xi, x2, ... , Xn), tal que X1 + X2 + · · · + Xn = 1 e E(x1, X2, ... , Xn) é máximo.
para mostrar que À1 + · · · + Àk 2: k.
Apesar desse fato poder ser provado rigorosamente, uma tal demonstração foge ao
escopo dessas notas, de forma que não a apresentaremos ~qui.
272 Soluções e Sugestões
APÊNDICE A
Glossário
ORM: Olimpíada Rioplatense de Matemática. [2] ANDREWS, G. (1994). Number Theory. Dover.
Putnam: The William Lowell Mathematics Competition (a principal [3] AKOPYAN, A. V. e ZASLAVSKY A. A. (2007). Geometry of
competição universitária de Matemática dos Estados Unidos). Conics. American Mathematical Society.
?7A
Referências 277
276 Referências
[9] BARBOSA, J. L. M. (1995). Geometria Hiperbólica. Instituto [22] GARCIA, A. e LEQUAIN, Y. (2002). Elementos de Álgebra.
Nacional de Matemática Pura e Aplicada. Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada.
[21] DE FIGUEIREDO, D. G. (2002). Números Irracionais e Trans- [34] LIMA, E. L. (2004). Curso de Análise, Vol. 1. Instituto Nacional
cendentes. Sociedade Brasileira de Matemática. de Matemática Pura e Aplicada.
278 Referências
Referências 279
[35] LIMA, E. L. (2009). Curso de Análise, Vol. 2. Instituto Nacional [48] VAINSENCHER, I. (1996). Introdução às Curvas Algébricas
de Matemática Pura e Aplicada. Planas. Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada.
[36] LOZANSKY, E. e ROUSSEAU, C. (1996). Winning Solutions.
[49] VAN LINT, J. H. e WILSON, R. M. (2001). Combinatorics.
Springer-Verlag. Cambridge University Press.
[37] MITRINOVIC, D. (1964). Elementary Inequalities. Noordhoff.
[50] WILF, H. (1994). Generntingfunctionology. Academic Press.
[38] MOREIRA, C. G. e KOHAYAKAWA, Y. (2001). Tópicos em
[51] YAGLOM, I. M. (1962). Geometric Trnnsformations I. The
Combinatória Contemporânea. Instituto Nacional de Matemá-
Mathematical Association of America.
tica Pura e Aplicada.
281
282 ÍNDICE REMISSIVO ÍNDICE REMISSIVO 283