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Complemento de

conteúdo 01 Elementos de Máquinas I

Aluno Data Curso / Turma Professor


19/08/13 Engenharia Mecânica Everton Farina, Me Eng.º

TEORIAS PARA FALHAS ESTÁTICAS

1. Teoria da Tensão Normal Máxima

Esta teoria, estabelece que a falha ocorre sempre que a maior tensão principal se iguala ao limite

de escoamento ou à resistência a ruptura do material. Se estabelecermos que σ1 é a maior das


tensões principais, esta teoria estabelece que a falha por escoamento ocorrerá sempre que σ1 =
σe e a falha por ruptura ocorrerá sempre que σ1 = σr.

Esta teoria estabelece que somente a maior tensão principal conduz à falha e deve-se desprezar
as demais. Devido a este fato, esta teoria é importante somente para fins de comparação. Suas
previsões não concordam com a experiência e ela pode conduzir a resultados inseguros.

Elaborando-se um gráfico com as tensões σe t e σe c e marcando-se as tensões σ1 e σ2, num


sistema de eixos ortogonais, esta teoria estabelece que a falha ocorrerá sempre que um ponto

cujas coordenadas sejam σ1 e σ2 cai sobre ou fora do gráfico. Os pontos situados no primeiro e
terceiro quadrantes estão na região segura, enquanto que os pontos nos demais quadrantes
estão numa região insegura.
Neste critério, nota-se que só se obtém um verdadeiro ponto de teste onde o diagrama corta o
eixo.

Figura 1 - Gráfico da Teoria da Tensão Normal Máxima


Conforme o critério de falha escolhido (escoamento ou ruptura), a teoria da tensão norma
máxima estabelece que a falha ocorrerá quando:

Equação 1 ou e ou

Se o critério de falha for o escoamento, o fator de segurança N pode ser determinado por:

ou

Se o critério de falha for a ruptura, o fator de segurança N pode ser determinado por:

Equação 2 ou

2. Teoria da Tensão Máxima de Cisalhamento

Esta teoria se aplica somente a materiais dúcteis. Ela estabelece que o escoamento começa
sempre que a tensão cisalhante máxima em uma peça for igual a tensão cisalhante máxima do

corpo de prova quando este inicia o escoamento. Assim, o escoamento inicia quando
Para um estado duplo de tensões, sabe-se que a máxima tensão de corte é:

Equação 3

Importante: nesta teoria σ1 > σ2 > σ3


Aqui é importante lembrar que no estado duplo de tensões, a menor tensão σ3 = 0;

Equação 4

Deve-se notar que esta teoria prevê que o limite de escoamento ao cisalhamento seja a metade

do limite de escoamento à tração, isto é:

Assim, se igualarmos as equações acima e aplicarmos um coeficiente de segurança N, obteremos


a seguinte expressão:

Equação 5 ou
A Figura 2 ilustra o gráfico da teoria da tensão cisalhante máxima para tensões biaxiais. Nota-se
que o gráfico é o mesmo da teoria da tensão normal máxima, quando as duas tensões principais
tem o mesmo sinal.

Figura 2 - Gráfico da Teoria da Tensão Cisalhante Máxima.

3. Teoria de Huber-von Mises - Hencky ou da Máxima Energia de Distorção

Esta teoria também é conhecida por teoria da energia de distorção. Esta teoria é um pouco mais
difícil de ser aplicada do que a teoria da tensão máxima de cisalhamento, e é melhor no emprego
para materiais dúcteis. É empregada para definir o início do escoamento, tal como a teoria da
tensão máxima de cisalhamento.

Huber-von Mises-Hencky postularam que o escoamento não era um simples fenômeno de tração
ou compressão, mas, ao contrário, era relacionado de algum modo à distorção angular do
elemento tensionado.

Esta teoria surgiu a partir da Teoria da máxima energia de deformação que previa que o
escoamento começaria sempre que a energia total de deformação armazenada no elemento
tensionado se tornasse igual à energia total de deformação de um elemento de um corpo de
prova submetido a um teste de tração, na ocasião do escoamento.

A teoria da máxima energia de distorção não é mais usada, porém e a precursora da teoria de
von Mises-Hencky. Assim pensou-se em subtrair da energia total de deformação a energia
usada para provocar uma variação de volume, resultando na energia da distorção.

Para fins de análise e projeto, é importante definir uma tensão de von Mises (tensão efetiva)
dada pela equação abaixo:

Equação 6
À teoria de von Mises prevê que a falha por escoamento ocorre sempre que:

Equação 7

Assim, se igualarmos as equações acima e aplicarmos um coeficiente de segurança N, obteremos


a seguinte expressão:

Equação 8 ou

Na Figura 3 podemos observar o gráfico das tensões de von-Mises

Figura 3 - Grafico da Teoria da energia de distorção

Conforme estudos desenvolvidos, relatado por Shigley (1984), a teoria da energia de distorção
prevê o escoamento com maior precisão em todos os quadrantes. Considerando então esta teoria
como a mais correta, nota-se pela figura abaixo que a teoria da tensão cisalhante máxima
sempre conduzirá a resultados do lado da segurança (gráfico esta contido dentro do gráfico da
teoria da energia de distorção).

Por outro lado, nota-se que a teoria da tensão normal máxima conduz a resultados seguros
somente se o sinal das duas tensões principais for igual. Para a torção pura utiliza-se a teoria da
energia de distorção ou a teoria da tensão cisalhante máxima.
Figura 4 - Comparação das três teorias de falhas estáticas para materiais dúcteis e tensões biaxiais

4. Teoria de Coulomb Mohr

A teoria de Coulomb Mohr deve ser usada como critério de falhas quando o material é frágil, as
cargas aplicadas são estáticas e principalmente quando as tensões de resistência a tração forem
iguais as de compressão, isto é:

Conforme Shigley (1984), a teoria de Coulomb-Mohr às vezes é denominada de teoria do atrito


interno e baseia-se nos resultados de dois testes, o de tração e o de compressão.
Esta teoria é mais conservadora principalmente no quarto quadrante.

A Figura 5 ilustra a teoria de Coulomb-Mohr com seus pontos característicos

Figura 5 - Gráfico da Teoria de Coulomb-Mohr

5. Teoria de Mohr Modificada


As observações deixadas pela teoria de Mohr modificada para materiais frágeis são uma
adaptação da teoria da máxima tensão normal. Conforme Juvinall (1983), esta teoria representa
resultados mais confiáveis do que a teoria da máxima tensão normal.

Esta teoria é usada preferencialmente quando o material frágil não apresenta as tensões de
resistência a tração e compressão iguais ou seja é preferível quando

Algumas características dos materiais frágeis segundo Shigley (1984) são: (i) O diagrama tensão
x deformação é uma linha contínua até o ponto de falha; a falha ocorre por fratura; estes
materiais não possuem limite de escoamento; (ii) A resistência a compressão é geralmente,
muitas vezes maior que a resistência à tração; (iii) O limite de ruptura à torção é
aproximadamente o mesmo que o limite de resistência a tração;

A Figura 6 ilustra um caso de tensões biaxial no qual estão indicados dois eixos ortogonais, σ1 e
σ2.

Figura 6 -

A teoria de Mohr modificada é melhor explicada através de uma abordagem gráfica.

Figura 7 - Gráfico representativo da teoria de Mohr modificada para materiais frágeis no 1º e 4º


quadrantes
Considerando três casos de estado plano de tensões, chamados A, B, C, conforme indicado na
Figura 7 e utilizando-se um coeficiente de segurança N as tensões e resistências relacionam-se
conforme os casos abaixo(Norton, 1997):
a. Para o ponto A, onde o prolongamento da reta OB intercepta a curva envelope no ponto A'
teremos:

Equação 9

b. Para o ponto B, onde o prolongamento da reta OB intercepta a curva envelope no ponto B'
teremos:

Equação 10

c. Para o ponto C, onde o prolongamento da reta OC intercepta a curva envelope no ponto C'
teremos:

Equação 11

Segundo Norton, 1997 Dowling desenvolveu um conjunto de expressões para determinar as


tensões efetivas envolvendo as três tensões principais:

Equação 12

Equação 13

Equação 14

O maior dos seis valores (C1, C2, C3, σ1, σ2, σ3) é a tensão efetiva sugerida por Dowling.

Equação 15

Assim, o coeficiente de segurança pode ser determinado por:

Equação 16
Se todos os valores forem negativos, então a tensão efetiva será zero. Note porém que devido a
este fato, não poderemos utilizar a equação acima para calcular o coeficiente de segurança pois
N →∞.

A teoria de Mohr modificada explica melhor a falha no quarto quadrante.


A escolha da teoria para determinação de falhas estáticas dependerá do projetista. A análise do
tipo de carregamento e do material são fatores importantes na seleção.

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