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CPOOC

o SUPLEMENTO LITERÁRIO DO DIÁRIO

DE NOTICIAS NOS ANOS 50

Andrl Luis Faria Co�to .

FUNDICão GETULIO YlRGIS


CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAçAO DE
HISTÓRIA CONTEMPORANEA DO BRASIL

RIO DE JANEIRO

(815.3)
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o SUPLEMENTO LITERARIO DO DIARIO


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DE NOTICIAS NOS ANOS 50

André Luis Faria Co�to

� .

FUNDAÇAO GETULIO VARGAS


CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇAO

DE HISTORIA CONTEMPORANEA DO BRASIL

1992
t r'J i.JD_A_Ç__t. _
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! O_V_A _R_GA S_...J
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L

Coordenação editorial: Cristina Mar� Paes da Cunha

Revis�o de teKto: Dora Rocha

Digitação: Diná Leal As.sis

C 87 1 s

Couto, Luis' André F aria. L


O suplemento literário do Diário de Notícias
nos anos 50 / L u i s André'Faria Couto. - Rio
de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentaçãol
de História Contemporânea do Brasil, 1 9 9 2 .

5 6 f . -'(TeKto CPDOC)
Bibliografia: f. 55 - 5 6 .

1. Intelectuais - Rio de Janeiro tR.J.}


2. Imprensa. I. Centro de Pesquisa e Docum�n­
tação de História Contemporânea do Brasil.
11. Titulo.

CDU 3 1 6 . 3� (8 1 6 . 5)
CDD 30 1 . 4 4 5 0 9 8 1 . 53
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JJ,. J.,j 9 !J J.

-··· TD9)�� 9� )
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FUNDAÇÃO r,�TC'8 VARGAS 1
CPDDC

SUMARIO

APRESEIH AÇ;.O

INTRODUÇ':'G 01

O DIARIG DE NOTIcr;.s.

O SUPLEMENTO LITERARIO. 04

I. O POSICIONAMENTO POLITICO ... : . . o o • • • o • • • • • • • • o • • • o 0 0 0 o 08

aI. POLITICA NACIONAL. 08

bl. POLITICA INTERNACIONAL. 21

11. O PENSAMENTO CATOLICO .. 26

111. A PRODUÇriO LITERARIA.. 32

IV. AS CIENCIAS SOCIAIS E SEU VIES FOLCLORISTA . . . o . o o o 0 0 . 42

V. O SLDN E OS TEMAS DE SUA EPOCA. 48

BIBLIOGRAFI'; . . . . . . ..J oJ
��
APRESENTACAO

Este' tt::'xto, "

Ci�ncias SOCl�lS no RIO de Janeiro" "desenvolvIda sob minha

coordenação. Uma de m inh as preocupações lnlCl�l� f 01 nla�ldar ü

campo lnt,electual carlOCà nos an D o,; 50 , p ro c u r- ã n do c.onhec.l::'( fllC'lnu(

outro� esp�çu� de ulvulgaç;ü 00 �aber . Se, na cldade do Rl0 de

Ja n e I ro , a unIverSIdade n�o ope ra v a ent�o coma centro da �ld�

intelectu"l � cil?ntLfica, to r na - s e re levante conhecer ünde

est"vam estes outros esp"ços de debate, de

interseç;o entre questões da s ocl e d ade e do mundo lntel


· ectual.

Decidi pr1Vllegi"r os espaços abertos na grande lmp r en s a a t r a vj s

dos suplementos l iter ár IO S dos JornaIS carIocas, na SUPOSIção J�

que ali estariam relaci onados a produç;o sociológica da �poca e o

leque de q uest � e s culturaiS, eccn


i 5micas

sociedade.

Optei pela pesquisa no Suplemento Litert.,-io do Di4,-io �

Noticias , ji que, nos d e p oi mentos que me concederam, Costa Pinto

e Guerreiro Ramo s declararam ter "i publicado a rt lgo s . Tamb�fll,

neste suplemento Afr�nio Coutinho h a v ia publicado a coluna

"Correntes Cru2adas", procurando c ons t rulr um nov o perf il para u

critlco llterirlo.

I
A an�llse vela revelar qU� o Suplem�nto do Diá(lQ d�

NoticldS Tal um v eiculo de ldélas conserv adoras, que mesmo na

área de cI�nClas � o c l ais enfatIz oU uma v�rt�nte tradIcionalista,

�epresentada pelos est�dos folcl6rlLos.

o resultado d� p esquIsa ficou p ortdn t o aqu�m J� Mlnha

hlP6tes� Por outro l a do , o trabal h o de ·Andr� LUIS FarIa Couto

fICOU além de mI n ha e�pectatlva, e são suas qualidades que me

levam a dl v ul g � - l o no Te�to CPDOC.

LuCl� Ll�Pl 01iV�I(�

11
INTRODUÇAO

campo 1ntelectual car10ca nos anos 50. Para 1SSO concentramos ..

no ssa no " 5up 1 em,=, n to L 1 t fn- i.. ,- 1 o" do ... ·


ULII.. _
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(SLDN) procuramo�' estabel�cer o que �rd.

veiculado por u dfllblldnte

intelectual dQ periodo. A e�colhd do Dl�rlQ de NQli, la> se Jevt<u

ao c.nt t!,- 10'-

como órgão veíc.u10

boa parte da r � f r at á r l a dO

aufor i tarismo do Estado Novo. A opç;o �or um suplem�nto l'it�rárlü

como objeto pr1v i leg1ado de trabdl h o se deveu, �or �Ud ve�, dO

pap e l que tais publicaç5es cumprem ao proporC1onar um cana I de

entre a p r odu ç � u intelectual e mesmo ac a J i m i c a , em suas

div e rsas áreas, e um público mr.ic:. 't1implo, c.onc.lJmidnr dl?�s'?c;. ben�

culturais, mas n�o necessariamente espec1alizado. Por outro

lado, os suplementos, �lém de abrlr espaço para que a produç�o �

a critica 11tercl.'-ldS, a. hlstó'-la, eiS cl�nLid.':J '=tOCla.!S, CiS

·amp I iem o �eu P�bl i co, dc�ba.m mUltas vezes, num pais carente de

publicaçaes especializadas como o nosso,. por supr1r necess1dades

relativ�s à c l r c ul a ç : o de ldéias �ntr� um p �b l lC O nl�is restrito .

Dessa fo rm a , nosso trabalho procurou determinar quai..,

s�o os tem as pr1v1 l eg1ados pelo "Suplemento" no da

déc�da. a manelra como tals temas são abordado�, os autores malS

1
recorrentes . Procuramos tamb�m apontar a ausincla de temas e

autores que fazem parte da lmagem que hoje temos da década de 50,

e que no ent�nto ��o aparece� em suas p�91nas, a não S�r

esporadlcament",. Uma avaliaçio da llnha edl torial do jornal

na quele per iodo nos p a r e ce u fundamental para que compreendissemos

melhor o por quê da preferincla por cer tos assun tos e ab o r d age n s e

do desi nteresse por outros.

Destacamos os se9uint�s temas, que pudemos constatar

serem o� mais recorrentes e que ti veram,' cad� um de 1 e s , um

capftulo específic.o para serem melhor abo rd ados : 1) o

·PosiClonamento poli ti co fren te às grandes ques tões naClonalS e

i nternacionais; 2) o pensamento c�t6Iico; 3) A an álise da

produçio liter ária do período e o deba te teórico d ce r ca do papel

da crítica l l t e r á r la ; 4) As clênclas SOClalS e seu viés

folclorista, amplamente dominante no SLDN.

a forma como os grandes temas da ( nac i o na l ). s mo ,

desenvolvi mentismo, novos mbvimentos çulturais . etc.) SdO

tratados (ou não o sio) pelos colabo,-adores do "Suplemen to". Como

se pOde notar, trata-se de temas diversificados, sem vinculo

entre si e que obvi amente não seria abordados com pr ofundidade .

Nosso objetivo é apenas mapear de forma sumária os ass un tos que

tiveram destaque. Optamos pela trin�cri�io de partes dos artigos

para que a próprla "voz" dos autores possa deixar mais cla,-o o

tipo de enfoque que era privi legiado por eles.

o DIARIO DE NOTICIAS

o Di'(io de Notícias foi fundado em 12 de j unho de 1930

por Orlando Ribeiro Dantas e circulou até o ano . de 1974.

principio o Jornal demonstrou simpatias pe l a Re vo l u çio Je 30 e

. .......
pelo tenentismo. No entanto, Jd em 1932 distanciou-se do governo

ao apOlar o movimento constitucionalista. O apoio às candidaturas

presidenciais de Borges de Medelros em 1934 e de A rm ando Sales

de Oliveira em 1937 demonstram clara mente a posiç�o contrária a

Vargas, POSiÇ�O essa Que ga nharia toda a sua força durante o

Estado Novo. Ness� perlodo, o Di4['IQ de Noticias a ssumlU o papel

d� ÜPOSIÇ�O a o regime, um do� �nicos a

resistir às press5es politica� e econômicas provenientes do

governo federa 1 . Tal postura garantiu a Orlando Dantas' . grande

prest igio, e o jornal atingiu �xatamente ai o seu auge. Nelson

.Werneck Sodré, em sua �istÓciª da imprensa braSIleira ao

comentar a censura e a cooptaç�o dos jornais pelo Estado Novo,

nos dIZ; "Entre os jornais t?mpresarials, '-êat-1SS1WOS foram os que

n�o se corromperam. ConstitUiU e xemplo digno de lembrança o caso

excepCIon a l do Dl � rlQ de NotiCIas, do Rio, em que Orla ndo Ribeiro

D a nt a s manteve atitude de compostura" ( Sodré, 1966, P . 439).

Samuel Wainer em suas mem6rlasl ao falar ' da lmprensa

bra sileira nos anos 40 e 50 , ressalta a import�ncia do j ornal

"Os grandes jornais brasileiros, .os que rea lmente contavam,

editados no Rio de Ja neiro. O maior deles era o Correio da Manhg,

o poderoso feudo de Paulo Bittencourt, seguido pelo DldriQ de

Noticias, da fa milla Dantas" (Wa irier', 89, P. 1 33).

A redemocratizaç�o do pais em 1945 encontrou o DIário J�

Noticias no auge de seu prestigio, Que iria durar pelo menos até

1953, ano da morte de Orlando Dantas. Iniciou-se a partir dai um

processo lento mas irreversivel de decadência. A�é o fin"l da

década, o jornal manteve sempre .uma postura politica mente

militante, criticando governos duramente,

candidaturas em periudos eleitorals, abrindo espaço e danJo

. .
.. ..
destaque a determinadas correntes polillCi<S o

posiclonamento politlCO do J o r nal , QU8 S8 refletia lntt:'n':Jõ.mentt:'

nas páginas d� �eu suplemento, sera �sludGdo malS adiante.

o SUPLEMENTO LITERARIO

50 conh ec eram uma verdadelra " onda'" de .suplem�r,tu';;J culturu.J.'.:1

p u bl i c a do s por di versos Jornais do RiO de.Janeiro e sg:o Paui.ú.

Nessas publiCaçÜ"., escrt!Vla.

lntelectualldade braslleira do p�riodo. O "Suplemento

do de

Jardim, f 01 espaço d� dlfus;ü da poeS.la concreta e c onta va dlnJa

com mUltos colaboradores pr est i g iad o s . No "Suplemento LIL�(�rlO"

do Estado dté S. Paula escre�lanl Antanio Cindido, Wl!';;Jon Mdrlins,

Lou ri v al Gomes Machadú, Skbato Magaldl, Paulo Emi,iJ Sdlt:'';;J

Gomes, entre outros. Outros jornals, como � Folhd da

NOIte, o �o r.!.r
C .!d. .!... ..l n !.
... .!.M.!.a!!.!J ",
!!...
", h ;:;� , para f 1 C a rmos restritos ap enas

alguns exemplos, tamb�m publicavam s eus. cadernos de c ul tur • .

O " Sup l em., n t o do Diáclo

publlcado sempre aos dOmlngos, te v e o seu lanc.mténto


������� ��
19-16.
--

Contudo, s uas origens remontam ao iniclo do 1930,

quando já .,Xlstia um supl.,mento de v a rled ades m Ist u rava

artigos feminlnos com artlgos re ferentes a literatur. e

sociaIS. A partir de 1946 ele é am p l i a d o , mas permanece

dedicando e s p a ço d as su n to s como moda femlnlna, palavras cru�adas

etc. Du rant e certo tempo havla i n cl usi ve c ol u n a s

assuntos agropecuá'-lOS ("Produç:;o ("u�-d.l") t1 à hom'1opatia

é a h o m e op a t la"). No decol-t-er do s anos 50 essas seç0tc!';, '-'dU

d eslocadas para outras partes do jornal, e aú final d ... d';'Lr"l.. "


"Suplemento" POSSUI uma estrutura �dltorlal prÓXI0ld U (,1 do.

Durante todo o periodo �QUI estudado o SLDN fei dirigido

por Raul LImei, que assinava coluna C "Movlnlt::'nll..i

pos te'-lormente denominada ("Livros .. f ato s " ) Tal

corno sugerem seu� titulas, essa co�una se r�suml� a 11ÜllCLa('

lançdmentos do mercado editorial braslleIro. Raramente �ra -feito

um coment�rlO rndlS aprofundado �obre um �lvro, e Quando ISSO

acontecla invariavelmente era para tecer e l 09 i o � � obr� dU

autor. Do ponto de vista da critlc� literária proprlamente d!ta,

essa coluna nio tinha maior lnter�sse.

o SLDN possuia um corpo de cplaboradores flxos, entr�

eles alguns que estiveram pr�sentes durante tod� � d�c�d� d8

regularmente, outros que tamb�m �sllveram sempre presentes , mas

n�D de form ... t�o r�yular; hdvla os durante alguns anos

assinaram uma coluna, e havla ainda os colaboradores oca91un�1�.

Entre que colãboraram durante tod� � décadét

pOdemos Alceu Amoroso Lima, o Trlst;;o de Ath a�dl2

("Letras e problemas unlversais"), figura centr .. 1 fIO SLDNj

colabor�dor mesmo nos periodo� em que esteve ause�te do país,

autor de artigos sobre os mais diversos assuntos: pol1ticêl,

filosofia, literatura etc. Afrânio Cüullnhu

("Correntes cruzadêlS"), U-ltlC.O .-espon sáve 1

divulgaç;;o dos postulados do new crlticism no Brasil;

Gersen, comentarista do panoramét cultuial europeu1 Raquel

Queiroz (crônicas) j (Cl-ôfllcas) i Henrlqu.t:'

(teatro); Manoel DlEgUes J�nlor, que �S�lnava a coluna "Fülclüt-e

e h lstória"; Paulo RÓnitlj Hl;-'t:'S da Md.ta Machado F i 1;" ü; eh lafl�


S ing, D a ni e l de Carval ho, que e s cr e V lô sobr� SUaS da

República Velha; Enelda; Oswaldino Marques (poesla); Geir Campüs

(poes ia)

Entre os colaboraaore� que e s tl v eram mais presentes atê

a m et a d e da décoda de 50 temos: Josué de Costro, cUJa ü b ,.-d.

GeupolHF" tom!:! oblerodu

naquele m o mento , "



.

( " A ntologl a da p o e ';;) l a unl v e rs al " ) ; Renato Alm",da

f o l c l ó ,- , C O S ) ; Aderbal J u r e ma; Eduardo Tourlnho e Ivan Pedro de

Mar t· , ns .

Da m e t a d e d a década em diante destacam-se. Mirlo Saroto

("Arte' s plástlcas"), Théo Srand;;o, figu'-d

m uit o im p or ta n te, católlCO Que escrevia sobre

a ss u n tos va r l a d o s; Di n a h Silveira de OUelrQ2; Cecilia

D a lton T r eV1 S a n j Telmo Vergara; A de l i no Temisloclt::''::)

Linh a r e s ; A. Cas e m i ro da Sil vd ; Lui s .Clt::'ment.::-

Maga l h ã e s Bastos; Mlroel S ilveir a .

Entre os colaboradores o ca S l on a l S encontramos alguns

dos principais intel�ctuais brasileiros em atlvidade na �poca,

tais c om o S e rgi o B u a r q u e d e Ho la nd a , Gilberto Fr e�re, Guerrei,-Q

R a mo s , J o s ué Mont e l o , C a r l os D ru m m o n d de Andrade , Edlson Carnelro

e out ros . Destacamos ainda a existlncla, por períodos maIS ou

menos l on g os , d e c o 1 un a s esP e c ia 1 i �
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("Brasil sonoro a c a rgo de Mari.za arquit�turrt

urbanismo (a cargo de Rubens do Amaral Portela, dlSCQS ("No mundo

'
dos d iscos " , p o r AluislO R och a ) e uma seção de contos

por P a ulo R6nal e Aurélio Buarque de �olanda.

Mas s e eXlstla u m a " o n d a " d e suplementus cultu(d.l�

p a is , havia também critlcas a ·"pon l "-,,do

6
superfiCialidade, No fdld

" d e cad ên C la dos sup l e m en tos llterárlos", abr l ndo

claro� para o s u p le me nto em que eSCr-ev.id ("Pr-t?s�nça." -' 06. 09. 33)

Uma cri tlca maiS c on t un de n te f 01 felta por N elson Werneck

em um a série de artlgos publlcados no Jornal

aceSSÓriO, para o s ub al ter n o, para 'o secundário, as

páginas dos JornalS, mas prlncl palmen te �s. da Impr ensa da capltal

do país, com a literatura b em domlnguelra dos supl eme ntos , A

força de ,se fazer aSSlm domlnguelra, aSSlm chela de gala e aSSlm

e f i?me ra , essa l lte ratu ra já a ssu miu traços partlculares, tem um

quadro seu. constltuiu-se como que COis a � parte na atlvld .. d"

ge ral da l i t e ra tua do m om en to " , R ess al t a

ln equ i voca subalternldade em qu e se os

su plementos, seu ca r át e r efêmero, sua dlre t r lz ao lazer, à Pet.U5d.,

à o C losi da de, COlsa domlnguelfa, aos d�as em que, com a trégud

no tr abal h o , é poss í v e l cUldar de alg um a COisa sem import âr,c iô,

gratuita, fác 1 1 e v azia ,(, ,) E o dia do pijama, da cal m a, da.

familia, do ajan tarado burguês, das longas manhãs quentes, em que

o co r p o p ed e uma cad e ira confortável, o re pouso macld e os

suplementos, Neles, como na s fitas de farwest, nadd p e rtu rba d

santa paz da cons ci ªnci a , não toca nas causas sagradas, não bi<te

com os santuários do pen s am en t o, e também nia 91niistlCCi

nen h uma de raciocinlo , é tudo mUlto plano , muito chão, mUlto

'
domingueit-o, muito plácido," (Sod,-é, 1990 , p .83-85)

Ao analisar o SLDN, especiflcament�, Nels6n W��n��k (\:0

é menos r Igoroso: "No s upleme n to do DIáriO dt;' NQtíçla,«, t?m Que a.

inovaç�o de cor r e p res en to u algo de revolucloná�lo, contlnu�ffi as

mesmas c ria t u r as a d lz e r as m e sma 'o C.Ol'odS, ':>ub d

7
caprichosa de Raul Llma, que pagIna �qull0 ludu LonlO qu�nl

organlza o sup l emen t o do Jorn a l de algum semlná'-lO do

interior. . ) Raul Llma COPla rellglosamente a orelh. dOb

1 1vros ... ·Em outro art i go: "Com o sup l eme nto do D i áriO de NQtiçlçt ....

estamos em pleno tradlclonallsmo lller�(lo. Tradlclonallsmo �ue

TlgU',-CiS, nQS

mesmos lugares, t r a t ando p o u c o m� l s ou menos do s �I e smo� t �m�� . "

(Sod r é , "Resenha dos suplementos", Ultima Hora, 04 e 11/04/::;7).

I - O POSICIONAMENTO POLITICO

Al POLITICA NACIONAL

Famoso durante o Estado Novo por suas

contrtt.ria5 ao reglme, man t t?v�. d.PÓ� Cf.

redemocratlzaç�o do pais o costume de manlfestar suas opç��s

p oliticas de manelra eHP l iclta . Asslm se deu nos anos 50 ,

p a r t i c u l armen t e n os periodos e le l tor a ls , Q�ando.podemos notar a

forma pela Qual o J 6rn a l s e p o sic i on a va. PosiClonamentos esses

Que acabarIam por se refletlr nas pá9inas do " Su p le me nto

Literário".

A OPOSIção a Vargas e à sua herança Tal a rnaxc.a

principal da o r i entação política do jornal nos anos 50. Já nil.s

e l e i ções presldenclals de 1950 o Diário de Notijlas, c om o de

resto quase toda a g rande i mprensa brasileIra, se 'Jogou n o apOlO

de c ldldo à c an d � d atu ra do Brlgadelro Eduard o Gomes, lançado peia

UDN. Em 1 de o u t u b r o de 1950, dO I S dlas ant�� Jo p l e ito,

'
Jornal conclamava em 'sua pr I me lra pá\llna: "Pela segunda vez e ln

sua e�lstênc l a quebra o Dl�ClQ d= NQtíçlas a sev�rldade com qu�

o b ede c é a sua pag lnaç�O, abrInd o margem, na prlm�lr� p��lnd �drri

B
um ape l o aos que o l ê e m, e que , pela t i ragem sup e r l o r a cem m ll

ewe m p l a r e s das edlções d o s d o mlng o s d evem ap rOW l m a r- s e de quase

me i o m i l h �o de l e l t o re s . ( . . . ) M a i s u m a vez n o s·. empen h a m o s na

peleja c om a plen i t ude d e n o s s � convlcç�o democr'tlca.( . . ) E

f a z end o-o com esse f or t e s�nt l m ent o , mal� uma v�� u faze mo� �em

nada ac e l t a r da c a m p an h a a que demos t ud o e s em nada ,

abso l u t a m e n t e n ad a , p l el t e a r da v i t órla, que a n t e v e m os . "

( 0 1 . 1 0 . 50 ) A c om p a n h a o t ew t o u m g r and e r e t ra t o do c�ndidato

u d en l s t a .

Durante t od a o s e g un d o per1odo presldenclal de Va r g as a

Jorn a l m ant e v e POS1 �0 de comba t e a o g o v e rno . Essa p o s t ura Que

v o l t o u· a se m an l f e s t a r d u r ant e o g o ve rna Juscel1nü

Kub l t s c h e c k A t r an s c r l ç ã o d e p e q u enos t r e c h o s de d01S editorlals

do j o rria l que se re ferem ao g o verno J K , u m no c o meço e o u t ra no

fim d e s u a g e s t �o , demon s t r a a dlSPOS1Ção d o J orn al :

"Ao en f r ent a r o g o v e rno o t e rc e l ro m�s de s ua

ew i s t ê n c i a , lmpossível ao obs e r v a d o r dos a c o n t e c lm e n t o s Dol í t ico�

evi t ar a ewc l a m a ç ão : Tão n ov o e t ão d e c rjp l fo' E , · com eTelta,

, ... fJ,·táculo de uma d ec replt ude Que se nos depara em t od a s as

setores d e a t i vld a d e g o v e rnament a l , s e j a o PDI1t l c o , Q ec o n 6 m lc o

ou o a d m i n i s t r a t i vo . " (05 . 0 4 . 56)

"Após a n un C l a r r e l t eradas vezes o seu p r o p ós!t o de

sanear as f i n an ç a s p úb l i c a s , c h e g and o a deno m l na r 1960 o ano da

recuperação da m o eda , o Sr. Kub l t sc heck pa r e c e t�r t om ado , nas

últlmas s e ma n a 6 , rumo d l amet ra l me n t e opos t o , que.se ajust a , no

e n t a n to, p e r f e i t ame� t eJ � sua c o n d uJa n o s Qua t ro anos p re c ede n t e s

do seu g o v e rno , se é ·que aSS l m pode ser d en omin a d a sua n e fas t a

p ass a g e m p e l a adminlstração d o país." < 1 9.04 . 6 0 )

Em 1 9 58 , por ocas i:o das elelç�es para o Congre�so e

9
g o v e r n os e s t a d u a i s , a a l lança en t re o PTS e o PC8 e r a d i arlamen t e

d e n un c i ad a pelo jornal, que u t i l lz a v a f or t e l in guagem

ant i c o m u nlst a . Em e d i t or i a l que t raz o t itul o de "Inoc en t es

út e i s " p od e mos l er: "Os ú l t i m o s a c o n t ec i men t o s da vida p o l í t i c ...

n a c i on a l , que a . oPlnl�o p ú b l l c a v em acomp a n h ando c o m J u s t i f i c ' vel

i n t e r e sse, p rovam à �ocle d a d e que não e r am d e s t lt u í das de

fun d amen t o a s n os s as r e i t e r a d a» a d v e r t ên c i as s o b r e os pe r i g o s d a·

p s e u d o- i n a t i v i d a d e d os b o l c h e v i s t a s p a t r i c l o s . O Sr. Luís C a r l os

P r e s t es foi l i berado em t e rmos pela j us t lç a c r l m i n a l · n uma �poca

d e v e r as p r o p i c i a às a g i t a ç ões que e l e agora est' p r o v oca n d o com a

s i m p l es c a t á l l se da s u a p re s e n ç a Est amos a g ora , t odos , p ag a n d o o


,
pesado tribu t o por aque l a t o l e râ n c i a c om p l a c en t e . " (24.09. 58)

Um ou t ro e d i t or i a l (de 2 1 .09 . 58) se r e fe r e ":s, c o m u n h ã o

de i n t eresses que un e , p ub l i c a m e n t e , homens c o mo o Sr . Jo�o

Gou l a r t e Lu is C a rl os P res t es , a mbos s u s p elt os , para não d iz e r

f r a n c amen t e desl eais a o· r e g l m e . "


.

Tais p os i ç õ e s p ol í t i c a s �e r e f l et i rão em art i g o s

p ub l i c a d o s no SLDN , onde T r i s t �o de � t h � � d e ,· R a q u e l de Que i r oz e

Gust a vo C o r ç ã o e m d i v e rsas o c a�lões se m a n i f es t a r ã o a

t es e s s e m e l h an t es às da l inha ed i t orlal do j or n a l .

Em 1 9 5 0 T r i s t ão d e At h a � d e e R a c q u el de Q u e l roz m l l i t am

i n t e n s amen t e em favor d a c an d i d a t u r a E d u a r d o Gomes . o p r i me l ro

q ua l i f i c a a c am p a n h a do B r l g a d e i r o c om o "uma onda de autêntl.co

i d e a l ismo que s e l e van t ou de n ovo em t o d o o pais,que p a r eceu,por

um momen t o , vol t ar ao t em p o d a s l ut as de Rui 8arbosa cont r a

Pinhe i ro M a c h a d o". E mesmo l ame n t an d o a aproK i mação c om os

i n t eg r a l i s t as a f i r m a: "de q u a l quer forma a v i . t ó r i a do 8 r lgade l r o

nas e l e i ç õe s de t er ç a - f e i r a s e r ' a ún l c a forma de g a r an t l r i

10
democracia brasIlelra, tão yreCárIa e InCIPIente, um futurü me n üS

incerto." (01.10.50)

R a q ue l de Queil'OZ é tamb�m bastante· di r e ta e

pergunta. " até ond e Irá realmente o saudoslsmo das grandes massas

ur bana s p e la obra dema gÓg i c a do pela

propaganda tl'aba1hista?( No momento, s6 u ma COISó lmporta. a

sobreVlvênCIa do regIme d emocrátIco. lm p o r ta

GetúliO". (0110.50)

Duas semanas depois, Ja c o nstata d a a der r ota de s u as

POSiÇões, T ristão de Atha�de "O POVO manIfestou

nitidamente pela OPOSlÇ�o ao governo e pela· recusa da revoluç;ü

mora l , pre f e r in d o a volta ao passado d ltatoric.1 pela.

hiPnotização das massas e sua docll adesão a um mlto: o mlt 0-

GetúliO , O mito-Vargas. O p e r sonallsmo , .t 111' ,·1

de Atha�de d emons tra, p a I' sl n a 1 , bastante clare2a ao

an a li sar O fenÔmeno getu1ista. Mesmo condenando veementemente a

ditadura do E stad o Novo, re c onh ece ele que ".pe1a .prlmeira vez se

ate n dia a uma eXigênCia justa dos nossos tempos, a ascensão das

classe s trabalhadoras. Fal a aspecto slmp á t i co do Estado Novo.

Fal a segredo de sua popularidade entre as massas".(2�.09.50) Sua

interpretação da vitórla e 1 eltora 1 de Vargas s e gue a mesma linha:

"Na tenta t iv a de uma exegese do 3 de outubro, co me Ça mos POI-

d esta ca r o se u as pe c t o reac i on ár I O e neo-fascista. E lo g o em

s egu id a o seu as p e cto autentlcamente p opula r .

incontestável que o fenameno qUeremista 'tem u m a f e ição de massa e

r e pre senta em n o s s a hist6rla s ocI al . a rep e r c us sio e a e><pressão

po1 ít lca de um movimf!nto u ni v e t-sa l j a Que tantas ve 2 es temüs

feito a l us ã o nessas colunas: a ascensão d o trabalho, Que Junlo a

e ma n c I Pa çã o são os dO i S fenômenos SOClalS malS

11
impo rtantes do século X X.(" ,) é um tato inconte stável Que

Getúl i o fo i o candi dato das massas tr abalhadoras,"(05,11.50) A

própr i a heterogene i dade das fo r ças antl-getulistas e r a percebida

e apontada p o r Trlstão de Atha�de como uma grave debl lldade: "E

um fato g r ave que grande pa�te da oPoslção de Vargas não � arte do

seu oportunlsmo polítlco ou das suas ameaças às liberdade s

democráticas Que são o s verdadeiros motlvos pelos QUalS o devemos

repudiar e Slm do medo de uma polítlca s oc i al avançada,(" ,) Esse

anti-queremlsmo capitallsta baseado no temor da ascensão das

massas e na leglslação soclal avanç ada, foi a causa ma i S e V i dente

da derrota do brlg adeirlsm o e de sua apresentação ao elei torado

como um fenÔmeno de c l asse e não de ldélas, " (15.10,50) A ausincla

do povo no mOVimento que derrubou o Estado Novo também é lembrada

em artlgo seu (01,10 50),

Os lame ntos peja derrota, contudo, n ã o o fazem adepto de

solu ções golplstas. Ao cont ,-árlo" combate-as convlctamente:

"Nosso dever de democratas, que consideram ,infeliz e pet-lgos a a

escolha das urna�, em 3 de o utubro, é de armar desde 1090 a

vig ilância na oPoslção e mostrar que não é aderlndo, coligando-se

e muit o menos apelando pra qualquer solução ' golplsta ,

mi I itarlsta, e><tralegal, que se conseguirá elevar o nivel

político naci onal e preparar um futuro menos sombrlO p a ra os

nossos filhos,(, ,) Não é o voto que está err.do como s i stema de

seleção po lítlca,(" ,) Seu erro está em ter escolhldo para

consertar os erros passados, o mesmo home�,( :,l

e leições malS democrata do Que nunca," (22,10,50)

Raquel de Q ue l r o z também se POSlClona contra o golpe

representado pe l a e><lgêncla de malorla absoluta para se dar posse

ao presi dente e lelto (12,11,50) Em outro artlgo a escritord

12
l a men t a o p e q uen o p a p e l que os esc r i t o re s e j or n a l i s t as a c a b am

d e se m p e n � a n d o n os p ro c e s s o s e l e l tora i s , um ve l h o d rama que

i n sl s t e em p e r se g ui r os · i n t e l ec t u a i s : . . f ra c a s s a m o s

c om p l e t a men t e t od o s os que , j o r n a l ls t as e esc rlt o re s , nos

i m a g l n á v a mos em con t a t o c om o povo , n o s l l u d ia m o s , cUld a n d o que

éramos i n t érpre t e s d o seu pen s a m e n t o . � d o l orosa verdade é que o

p ov o n�o nos li, o p o v o n�o n o s . c o n h e c e . E a p e q u e�a parte d ele

que nos lê n�o n o s esc u t a . O povo n �o se lnt e r e s s a a b s o l �t amen t e

pe l o que d l zem o s . No fundo o que n ó s s o mos é u m d l v e r t i men t o de

g r � - f i n os - ou q u a n d o m Ul t o , d e pe q u e n o s b u r g u e ses . ( . . . ) Q ue será

que há en t re n6s e o p o v o? Que será que nos fal t a para

i n t e re s s a r ? " (29.10.50)

O g o ve r n o Dut ra , que term l n a va , me receu e l o g 10s c o n t i d os

a c o m p a n ha d o s de alg u m a s ressa l va s : " D u t ra foi i lllPOP U 1 ar . Um

l ou v o r , en t ret a n t o , l he não pode ser n e g a d o: manteve as

l i b e r d a d es pol it lcas e de �odo part i c u l a r a l lb e r d a d e de

i m p ren s a . " ( A t ha� d e , 01.10.50) T rls t � o de At h a � d e r e s sa l v a a

c a s s a ç �o dos m an d a t o s c om u n l s t as , Que foi uma vlolincla

a n t i d em o c r á t l c a e uma t át l c a e r r a d a " . R a q u el de Q u eli-oz a n allsa o

g o ver n o Dut ra na mesma l i nha , a d l c i o n an d o c on t u d o u m t oq u e de

i ron l a e uma dose de a l a r ml s m o d i an t e da vol t a de V ar g as: "Dut ra

de i xa o governo e , apesar de n � o ser g r a n de CO I s a , va i deixar

s a u d a d es . ( . .) que val i a , q ue i m p o r t gn c i a ' t i n h a uma l i g e i ra

c a s s a ç�o d e mandatos, que a fin a l f 01 fei t a c om t od a a máscara

da l eg a l i d a d e e r e l a t i vo re s p ei t o às c o n ven i inc i as - se vem por

ai o fechamento do C o n g r e s s o?( : . . ) O F i l i n t o es t á desempregado,

esp e r an d o vez. ( .) o d o u t o r L o u r i val r e c a l c ad o e ain d a por Clm�

disp o s t o a ser o ma l o r homem d o r eg l me . ( ) V�O voltar em massa

13

:.: .
.. ...
os desfiles de menlnos em camIsetas, desmalando ao so 1, em

homenagem à raça." ( 1 4 . 0 1 . 51)

A crlse do governo Vargas em 1954 também se refletiu no

"Suplemento", que altura Já contava com a

semanal do pen s ador católICO Gu�tavo Corç;o, wscrItor de es t 1 i o

bast ante agresslvo

ma to u o maJor Rubens Vaz, Co r ç: o esc r evia: "0 Ineu maior

nl sto tudo, é que os fatos devorem os fat.os, que os ilssuntos

puxe.m os assuntos, e que o clamor de lnd19ndç�O pública venha

esmorecer, de Ixando sem de s a g ra vo o sangu� do Júvem OfiCial (.

Um pt.V" ',1'11. m t " i t t', rl a não é um povo. Quando mUlto será massa Que se

move por determinlsmos hlstórlcos, como dlzem os marxIstas."

(15. 0 8 ',54)

O sUicídIO de Vargas não fez com que desaparecessem as

a Cusações de corrupção ao seu governo Trlstão de Atha�de, apesar

de l a menta r o episódlo, man�ém-se duro em suas ao

presldente, demonstrando alnda plena consciêncla dos efeltos Que

'
o suicidlo teria sobre a oposi çd:o; "EvadIndo-se voluntal"lamente

da vlda, Getólio Vargas não entrou par� a hl jt6 r ia como diz no

documento que deiHou para a posterldade,(, Por orgulho ou por

temor, seja porque for, o fato é que " longe de trazer ao Brasil a

solução para os seus males presentes, ess a morte velO anular ou

pelos menos atenuar de muit o os beneficIos' que adviriam o

nosso pais, de uma ren�ncia vol un tári a e digna, que lhe

per mltido passar O po der leg al me nte ao s eu sucessor

constltu.Clona1, sem qu�bra da ordem jurid!Cd. ) nadó

dlsso a tenU3.r� 05 erl-05 do seu governo, que arruinou O Br as i 1

material e moralmente," ( 29 . 0 8 ,54 )

Já Gustavo Corção se utlliza de yma md.l�

14
v i o l en t a . Chama Vargas de "president e su i c i d a " e o

d u p l i c i d ad e : " Nã u h .. dout r l n a malS di ,íCl l d" c a r a c t e r l z a l- ,

mais d i fio l de do que a obra pol í t lca do

presiden t e . Seu t raço carac t er í st I c o p r ln c l P a l - se lSto �e p ode

c h am a r de t r aç o c arac t er i s t 1 c o - f ql s � m p r e o d� uma l n J � c l ; r á v� �

d up l l c l d a d e Se er� b oa a l n t en ç � o , se era Slnc�ro 'o seu

amo r p e l os h �m l l d e s , e n t �o esse hom�m s ingul ar t erá rea � l �ado a

mals e N t r a o r d 1 n ir l a d 1 s soc 1 açio en t r e a part e l n t er l or e a parte

eNt e r 1 0r de sua obra . " C on t u d o , mesmo Çl u l t r a - c o n s e r v a d o r ! ,, ", o d o;,

Corçio nio fez c om que ele d e i Na s s e de reconhecer no mesmo art lgo

a or i g 1 n a l 1 d a d e do get u l i smo : " G e t ú l i o V " y· y a s l ornou p úb l I C O

v 1 va a g r a n de r e a l i d ad e dos t empos p r e s o;, n t e s : o p r o b 1 e rfl d.

J ust 1 ça s oc i a l , Que as c l asses c o n s e }- v a d o r a s Querem

o b s t 1 n adamen t e 19norar . até que g rande p ar t e da

b u r g ue s i a que hOJ e se a l eg r a c om a mu d an ç a d o r e g l Ol f! t enha a

secret a .e s p e r a n ç a de Que o f1m d" G"t úl i o Vargas seJ a t amb é m o

fim d as r e 1 v i n d 1 c aç5es t raba l h i s t as . Esse" o d etes t a v a m pel o que

ele t inha de b om , se é v e rd ad e que e �a G oa a sua l � t e n ç ;o . O lato

i n co n t e s t áve l é que ele f a l ou nOS num1 l d es . C om s l ncer l dade ou

cálculo só De u s sabe - ele d i r l g l u- s e a essa h u m a n l da d e

rel egada ao e s que c lm en t o , t or n a n d o -os c on sci e n t e de sua

eNist ênc l a . " ( 05 . 09 . 54 )

Como se s ab e , o suicidio de Vargas c ausou g ra n d e c om o ç : o

no pais . Con t ud o o c a l en d á r IO e l " , t or a l Toi man t l d o , e l og o em

seg u i d a t I vemos e l e i ç5es p ara o Cong resso N a c i on a l e o

E N e c ut l v o Le g i s l a t i vo est adua l s . Como era de se e s p e r i:t r , o

p l e i to foi p r o f u n d amen t e marc ado . p e l o I mp ac t o d o s a c o n t e c l ln e n t ú s

r ec e n t es , e a f i gura de V ar g a s e s t e v e no c en t r o d"s a t en ç Je s . o

" s u p l e me n t o " ma l s uma ve2 abr lu espaço par a ITI l l 1 t f&. n c l o

lS
el e 1t ora l de seu s c o l ab o r a d o r e s , e n t re os qua i s de

At h a� d e e Corção c on t i nuavam a se dest acar . O primeiro c h amava a

a t en ç ã o para os "t rês g ra n d e s p e r 1 g os Que semp re a c omp a n h a m as

urn as : a ab s t enção ; .0 f a n a t 1 S OlO e a rebe l d i a " . E malS um a vez

r e c u s a. v a " opção pelo 901 pe : "Se recor remos às urn as . c o mo me l O

d emoc rát 1 c o de esco l he r os n OSS05 g ove r n a n t e s , a p r I me I r a . regra

do J og o é re s p e l t a r o resu l t aQo dessas u rn as , Q ua l qu e r Que ele

sej a ( 26 . 09 . 5 4 )

Corç ão ap a r e c eu um número ma 1 0 r de vezes para fa l ar das

·
e l e l ç 5es , c om e ç a n d o por um c h amamen t o às c l asses méd i as p ara que

assum i ssem o p a pe l que segundo eles l hes c "b i a . A qu i flca c l ara "

su a v l s lI o <i l l t i s t a do p rocesso p o l í t l C'O ; suas p os l ç üe s quase Que

c O\'" r e s p o n d e m carlcat ura d i UDN fe i t a por seus adversár los ,

a c en t ua n d o o et erno d i s t an c l am en t o en t re o p art ido o

e l e 1 t orad o : " S ub s 1 s t e um p rob l ema a ser r e so l v i d o : c omo c on s eg u l r

que os h ome n s ma l s c ap a zes , i n f l uênc 1 a út i l

soc i ed a d e , possam i n f l u i r e f 1 c azmen t e e p ro p o rc i on a l men t e às suas

c a p ac i d ad e s?" Apesar de se d 1 zer um � e f e n s o r do vot o un l v e r sa l ,

C o r c; ã o · in s ist e em uma s o l u ç ão para "o prob l ema de l n f l u i! n c 1 a

a o. n i ve l de c u l t ura ou de posse al go que

r e s t a b e l eça a j ust iç a ap aren t ement e fer 1 d a pelo vot o

quan t i t at i vo e i g ua l i t ár l o" . Sug e re , port an t o , que a c l asse méd i a

mi l it e i n f l ua sobre o e l e i t orad o : " N lI o bast a P01S vot ar cert o .

E bom mas é p ou c o . ( . E r e a l men t e r ld í c u l o Que um

c o l o que n a u rn a u m s6 vot o 19ual ao da sua l a v ad e i r a . Nós

n lI o sonhamos uma soc 1 e d a d e sem c l a sse . Ao c on t r � r 1 o , n05SO 1deal

d e m oc r á t I C O é o de uma s o c l, e d a d e f 1 n ame n t e e r l camen t e

h 1 e r a r q u i z a d ,, " . ( 1 9 . 0 9 . 5 4 )

As a r t i c u l aç 5e s g o l p lst as q u e a n t e c ed e r a m a � l e i ç ;o

16
JK e que envol veram o p r e s l d en t e C a f é F l l h o e set ores C lVlS e

m i l i t ares foram d e sd e o primelro momen t o v i o l en t amen t e c o mb a t i d a s

por T r i st ão d e At ha�de e Corç ão . Est e se p e r g un t a s e n ão e r a m os

a n t i g os adversár los da d l t adura que ped iam uma n ov a d i t adura

( 04 . 09 . 5 5 ) E acusa o s g o l p l st as d e "pregadores da . s u b v e r s ão " ,

t ítulo de um de seus a r t l g os . Já no inicio de 1 95 5 , an t e s

p or t a n t o d o quad ro e l e i t o r a l se def in i r , C o r ç ã o c o b r a v a de C a r l o s

Lacerda uma p o s l ç ão ma i s c l ara sobre a sol ução gol p ista no c as o

da c o n so l l d a ç ã o d a c a n d l d a t u r. a d e JK : "Se o j Ol- n a l l s t ;i n ã o adm l t e

o golpe e n t ão deve t ornar ma l S c l ara e ma i s e fe t i va a sua

repu g n ân c l a . ( T i vesse eu o prest i g l o e a coragem do Sr .

C a r l os L a c e rd a , dlrla a o p r e s i d en t e Ca f é F i l h o que o man i f es t o

dos m i l i t ares , ma l g ra d a sua a � a rªn c l a c on v e n c l o n a l , p arec eu-me de

uma i n sup o r t áve l i mp e r t i n ê n c i a . " (06 . 02 . 55 ) T r i s t ão de At ha�de ,

p or sua vez , dizla que " o M a n l f e s t o d o s M i l i t ar e s e o e n d osso que

lhe d eu o d i g n o p r e s i de n t e da Rep�b l i c a r e p �e s e n t a m p a ssos de

ret roc esso n o c a m l n h o i n t e t- n o d e n o s s a p re p a r a ç ã o à d emoc rac i a " .

A seu ver , a c an d i d a t u r a JK , a p e s a r d.e s e c o n s t i. t u i r n o " e xpoen t e

máx i mo · d o saud o s l smo getul iano, e p o r p ior que ele se j a , é uma

1 e g a.! m e n r e j eg i t l m a , t io l eg i t i ma c om o ser l a a

candidat ura de qua l quer d o s ofic iais generais que ass inaram o

i n fe l i z Man i fe s t o " . (06 . 0 2 . 5 5 )

Meses depo i s , com o quad ro d e .c an d i d a t uras já definido,

os l i d e r es catól iCOS se e n g a j aram c om e n t u s i asmo n a c am p a n h a de

Juarez Távora . T r l st ão de A t h a � d e n os d l z a p oucos d las da

e l e i ç ão : "Quan t o mais se a p rox i ma o dia 3 de O U t u b l- O e ma i s se

e x a l t am os ân i mos , m a i s me c onvenç o d e que s ó há um camlnho

cert o : vot ar na chapa J u a r e z - M i l t on S�O t rê s os c a ln i n h o s

errados o golpe; a a b s t e n ç ã o ou o v o t o e m b ra n c o ; e o vo t o em

17
i . rUNO ACÃO r;FTú UQ vt,RG AS
c oc e

qua l quer dos out ros t rês c a n d i d a t os . Com Juarez e c on t ra o golpe,

qual quer que s e J a o resu l t ad o d a s e l e I Ç õe s . " ( 1 1 . 09 . 55 )

Os out ros t rês c an d l d a t os e r a m o governador m l n e l ro

Jusce l i no K ub i t sc h e c k , · o e H - g o v e r n a d o r p a u l i s t a Ad emar de Barros

e o l i d e I" l n t e g ra l l st a · Pl inlo Sal gado . Gust avo C o r ç ;;o

c a r ac t e r l zava a c an d l d a t u r a d e J u s c e l i n o c omo u m a " c o m p o s l çc ;; o d"

n e g oc l smo p e s sed l s t a , de qUe � e m l smo J an g u l s t a e de c o o l u n i sffio ,

t rê s C O l s a s d i fe r e n t e s que se e n c o n t r a m n o d e n o m l n ad o r c om u m da

d e so r d e m e da c o r r up ç ã o , e � p ior que · o a d e m a r l s m o " . ( 1 1 . 09 . 5 5)

Já a c a n d ldat ura de P l i n l o Sa l gado p reoc upava C o r ç ;; o d .- V l d o à su�

penet raçãQ en t re o e l e i t orado conservador . Por I S SO [ o r ç ;; o d e d l c a

pelo menos d01S a r t l g o s n o p e r i o d o p ré -e l e i t o r a l para a t ac a r a

f lgura do an t l g o l i d e I" l n t eg ra l i s t a , e d e fe n d e r a necessl dade de

c o n c en t r a r es forços no ap O l O a J u a r e z T á vo r a (18 .- 25 . 09 . 5 5 ) .

Trlst�o de At ha�de t a m b é m c l as s l f l c a J K como a al lança do alto

n e g óC 1 0 �om o t ra b a l h l s mo qUere m l s t a e o c o mu n i s m o ; Ademar de

Barros represen t a o " p op u l i s m o d e m a g Ó g ic o " , e Pl inio S al g ad o o

"me s s i an i smo n eo fa s c i s t a " . ( 23 . 1 0 . 55 )

C u r i osamen t e , nas e l e i ç õ e s d e 1 9 58 e 1 960 não houve

art i gos que t ra t assem da que s t �o e l e i t o r a l n o SLDN . E isso apesar

da i n t en s a p a rt i c i p a ç ã o d o J or n a l nas c am p a n h a s , eHPressa em seus

edit oria i s . O governo JK nunca foi Ob j e t o de c r i t l c as d i re t as por

p ar t e dos c o l aboradores do " S u p l emen t o " , nem mesmo d e T r l s t ão de

At ha�de e G u s t avo C o rç l o . q u e c on t l n u a r a � a esc r e v e r reg u l armen t e

para o j ornal .

A n a l i sa n d o em c on j u n t o os a r t i g os que t l" a t a v " rn

d i r e t a m en t e da pol it ic a b ra s l l e i r a n o decorrer d a década de 50 ,

podemos c on s t a t a r que sua principal marca f0 1 o c. o m b a t e ê:l. ú

g e t u l l s rn o e à sua h e r an ç a . N o r m a l me n t e tal

18
l evando ao apO l O a candl daturas d a U D N , principal part ido d ó<

OP05 1 Ç � O , mas n�o p o d emos d i zer Que o DIárIo de Notic1as ou O seu

" Sup l e m e n t o L i t erár l o" e�p ressassem uma m l l l t ân c l a u d e ni s t a .

T r l s t lo . de At h a � d e , . o c o l a b o ra d o r ma l S l l us t r e e as s í du o do

"Sup l e ment o " , a f l rmava que j am a i s havia pertencido a um· part HJú

pol í t iCO � qu e J a ma i S pert encer i a , apesar de v e r n o s p a r t l d os um

elemento fund ament a l para a v i d a d emoc r á t l ca 1 08 . 08 . 54 1 . Raque l

de Que i roz , que dedl cou m u i t o s d e s e u s ar t i g os a comb ater o

getul lsmo, em um d e l es f e z uma r á p i d a . c a r a c t e r i z a ç � o · do qu a d r o

p ar t i d á r i O brasi l eiro . Sobre a UDN d izia ela: "Tem a e n v e r g ad u r a

e o s diri g e nte s c apa z e s d e o e l evarem à P OS i Ç �O de me l h o r p a r t i do

d emoc r á t i c o - no se n t i d o do l i be r a l i s �o burguis . I n fe l i zmen t e a

UDN não t em c o r r e s p o n d i do ás e s p e r an ç a s que p r ov oc ou .

Cont rad l Ç õ e s de s ua p r óp r l a T o r maç ão i d e o l óg i c a , p e rsona l ismo

e�cessivo das suas f i g uras maiS e m i nentes, é a UDN um part i d o

che i o d e. b oa s i n t e n ç ões e d e grandes hom ens e que e n t ret a n t o

marcha de capitulaç ã o e m C à P i t u l a ç �o , de d e l- r o t a em d e l- r o t a . "

Ainda para Raquel de Que iro z " o P T B e· o P S P s :;' o m e r a s e�pressões

do p e rsonal ismo de V ar g as e A d.ema r " , e o PSD "é u l)1 a espéc i e d e

a j untamento de ch·e f es d e t od o s os mat i ze s POl it iCOS , gen t e Que se

arran j a d e qua l q u e r m anei r a l . . 1 e não sofre se quer as p e r i ód icas

mord i d as de c on s c i ên C i a que at acam a UDN " . 1 1 6 . 09 . 5 1 1

G u s tav o Corção t am b é m c on c o r d a que os part idos

e � i s t e nt e s se acham em mau esta d o , s�o l n c o e t- e nte s e

i n c o n s e qU e n t e s , são i n e f i c a ze s na 1 inha do que deviam ser"


:
Mas

faz a r e s sa l v a : o que n � o se j ust l f i c a � a t l- a n s m u t a ç ã o em

filoso f ia e a co n s e q U e n t e p r e g aç ; o d e u m a p ol ít ica ap a r t i dá r i a ,

suprap art idár ia ou ant l P ar t i d á r i a , Que só poder� ag ravar o

p r ob l e m a e p reparar a a t om i 2 a ç � o s oc lal , que é a D reparaç�o dQ�

19
re g i me s t o t a l i t á r- i o s . " (31 . 10 . 5 4 ) Da UDN C o r- ç i: o por d l ve r s as

vezes c ob r o u c oe r ê n c l a p o l i t. i c a e dout r I nárIa . Fez

ressa l vas aos deput ados que apesar de e l e i t os pela l eg e n J "

ud e n l sta não p ossu í a m , segundo ele, uma p o s i ç i; o

p a r t l d is r l a "

Por flm, um ou t ro aspec t o re feren t p ao P O S 1 C 1 0n a m e n t o

pol it lCO Que marca o SLDN é a Qua�e ausênc l d da " e s ' lU e r d a " em

suas p á g l nas . Já p u d e m o s p erceber Que o J ornal p ossu i a uma f e l ç ão

for t emen t e an t l c omun l s t a , o que se e V l d e n C l OU t ambém na a u s ê n C I a.

de pessoas l lg ad as ao P C B n a s p ág l n a s do " S u p l e m en t o " . Re s s a l te-

se que era s l g n l f l c a t i vo o n úm e r o d e l n t e l ec t ua l s b r a s l l e l ros Que

d u r an t e os a n o s 50 m l l l t avam ou s l m p a� l z " v a m com O PCB . Poucos

desses i n t e l ec t ua l s t I v e r a m a c esso a o J or n a l , mesmo que para

e s c re v e r sobre assun t os sem v i n cu l os d i r e t os c om a pol i t lca . As

p ou c a s re ferênc i as ao PCB eram semp re de c a rá t e r negat lvo, mesmo

q u an d o n �o assumIam u m t om f r a n c amen t e ag r e s S I VO . Em art igo de

1950 , R a que l d e Que i ro z c ome n t a a a p r o M l �a ç � o . e n t r e o PCB

V a r g as e ressal t a que a c a rac t e r i s t lc a ma i s ' n otáve l das

r e a l i z a ç õe s do part ldo de Pres t es no Bras i l t em sldo uma

p e r m a n ên c i a 110 fracass o , uma c o n s t ânc l a n o golpe .e r r a d o " . A

au t or a p revê , e n t ão , novo fracasso p ara o PCB : Agora os

c o m u n l s t a s e s t �o s e me t e n d o com Get ú l l o ( o d iabo, p a ,- a e l es ,

é que o Capoe lra Ve l h o é Get úl i o . Afinal a c a r r e l r a d o h omem já é

h i s t 6r l a . Deu ra s t e I r a n os t en e n t e s , deu rast e I ra em Pedro

Ernest o , d eu r as t e i r a em Z é A mér l c o , e m 'A n t 6 n l o Ca r l os , qua n t os ,

quan t o s . . ) Ora , os c o m u n l s t a s � e l h o r do que t l1 n g u é m sabem

d i sso" . E t er m I n a d I z en d o : "O due l o va I ser duro; p I or é Que com

t als adversár Ios o e s p e c t ador n � o e n c on t r a n Inguém por

t orcer : S6 l he re s t a deseJar Que , fe l t o a briga da

20
com a verd e , cada uma en g u l a a ou t r a e ac abem d e s a p a r e c en d o

duas . " < 12 . 1 1 . 50 )

o Pa r t l d o Soc l a 1 1 s t a B r a s l l e l ro ( P SB ) a lnda t eve , no

,n ic io da década, um- � s p a ç o r a 2o�ve l no SLDN . ' O en t �o deput ado

Dom l n g o s V e l asc o , em uma S�r le de ar t l g os d e n ·o m l n a d o s

"EsP l r l t ua 1 1 2ação

f a vor de um soc l a 1 1 smo c on t r á r l o a o m a t e r l a 1 i s mo marxl s t a e ma I S

p rÓ X l m o do c r l s t l a n l s m o - s oC l a 1 . Fez alnda a d e fe s a de al guns

part ldos de orlent ação soc l a 1 - d e m oc r a t a na Europa ( S u é C: l a e

I n g l at erra ) .

No flna1 de década , Quando os ed l t or l a i s do

N o t iÇlas l n s l s t l am em denún c l a s c on t r a a a l lança PTB-PCB .nas

e 1 e l ç ões de 1 958 , o SLDN não abrlU espaço para a r t l g os sobre o

t ema , até p o r que n esse período a po1 i t lca f0 1 assun t o

p r a t l c amen t e ausen t e de suas p á g ln as . o an t l c omun l smo e s t eve

p re s e n t e de uma forma mais i n t en s a no " S u p l e me n t o " exat amen t e no

infclo da décad a , nos anos de auge da Guerra Frla, quan d o o SLDN

possu i a uma página i n t e i ramen t e dedlcada à pol í t lca

i n t e r n a c i on a l . Ana l i saremos me l h or esse asp e c t o a seg u l r .

B) POL I T I C A I N TERNAC I O N A L

Ao l n i c i ar-se a década de 50 , a Guerra da Cor é i a 1 evavd

o mundo ao auge da Guerra Fr i a . No Brasl l , ainda nos anos 40 , os

c om u n i s t a s já havlam sido p os t o s na l l eg a l ldade , e seus

p a r l amen t ares haVlam s� d o c a s s ad o s . A Guerra da Co r é i a t r o u x E!

novos d ebat es em t or n o de um malor ou menor al l n h amen t o do Brasi l

aos Est ados Un l d o s no p l an o mund i a l TalS d l SC u SSões g a n h a r a. m

corpo n os me i os m i l i t ares , onde hdvla p a r t � d á r l Os da Dart l c l Paç�o

21
e da n�o p a r t l c l p aç io brasl l elra no confl l t o c o r e an o . Nesse

m o me n t o , o D l á r Io dp Notirias a s s u m I U um d i sc urso f o r t e men t e

a n t l c o m u n i s t a '. A sua cobert ura d a Gue r r a d a Cor � l a se faZIa c om

man c h e t es que m l s t uravam ap o l og i a p r ó-oc l d en t a l c om d enúnc i as do

perlgo c omun l s t a ' · . Em maio de 1 95 1 , por exemp l o , o J or n a l

ap n,s"n l av" a se g u l n t e manchet e : " V lg orosa o f en s l v a para a c ab a r

c om os c omun I s t a s " . Em agost o , d e l >< a n d o de l ad o o t om

t r l u n f a l i st a , a f l r mava : " Ev i ta r a guerra e c on servar a p a i! . Esse

o p r o P ós i t o de t od a a pol í t lca e >< t e r n a da Grã-Bret anha e d os

p ovos oc i d en t a l s que se " r m am n um mov l m e n t o de l eg i t ima d e fe s a . "

(01 .08 . 51 )

Esse " c l l ma " de Guerr" Frla c heg ou ao SLDN a t ravés de


,

uma p á g i n a d e d l c ad a à pol ít lca l n t e r n a c l on a l Que a cada número

r e p r od u z i a a r t l g os de c o l aboradores e s t r an g e l r o s , ent re 05 qual s

d e s t a c� r a m - s e Wa l t er L ' P p man n , D or o t h � Thomp�on e George F , e l d l ng

E l l iot . Esses art l g O s r e p io d u z i a m em l in h as gerals a ' re t Ó r l c a

p r ó-oc l d e n t a l e a n t l c om u n l s t a , não i mp e d l n d o Que t a n s p a r e c es s e m ,

é v e r d ad e , as d ivergênc las e >< i s t e n t e s no l n t e r l or do b l oc o

o c i d en t a l .

Os t emas t rat ados s�o o s t·e m a s c l ás s i c os da Guerra Fria :

as c on d i ç ões p ara o r e a r m a me n t o da A l eman h a , a e fe t i v a ç io e

c o n s o l i d aç i o de uma a l l an ç a m l l i t ar ent re os p a í se s do b l oc o

oc id en t al , a p a r t l c l P aç ão d e p a í ses c om g o ve r n os de i nsP l r a ç ão

d i re i t i st a ( E s p an h a . e T u r q u i ,, ) nessa mIl itar, a

i n st ab l l i d ad e n os Bál c ã s ( Gric l a e I u g o s l áv l a ) , o mac a r t h i s mo n o s

E st a d o s ' Un i d o s , a l ém , i c l aro, d o. c on f l l t o c o r e an o .

Wa l t e r L l p p mann c a r ac t e r l z ava seus art i g os por um�

de fesa i n c on d l c i o n a l dos Est ados U n l dos e d o· b l o c o oC l d en t a l Ao

se re fe r i r à URSS , L i p pmann inslst la em e s t ereót lPos ant l -

22
c o m u n i s t a s. , c om o s e p od e p e r c e b e r n e s t a p a s s a g e m em q u e c omen t a

os p r o n unc iamen t o s do g overn o soviét ico : " O t? s t i l o s ov i é t i c o é a

e s p éc i e de a s s e rç ã o Que se faz c om c a ra de b r on ze . Não V lsa

ajudar ou p e rsuad i r . E um est i l o 'ap r o p r i a d o à i n s t r u ç�o de

au t ô m a t o s . Baseia-se nB sup o s i ç ão �e Que aque l es a quem é

d irigido n �o rep l ic a rão Em cada frase expressa a segura n ç a de

que o que diz é verd�de por que foi d i t o, . e nada se prec i s a

p ro v ar , p o r que s6 os I n imigos do Est ado Sov i é t i c o t er i a m algo a

C O Íl t € s t õ. �- . "

D o r o t h !j por sua ve z , mesmo man t e n d o uma

p o s i ç ão f r a ri c a m e n t e p r6 -oc l d e n t� l , anal isa os ac o n t e c i m e n t o s de

uma forma mais e �u i l i b r a d a e menos man i que i s t a . E o Que se n ot a


.

quand� e l a se re fere ao c o m p o r t amen t o d as pot�ncias oC i d en t a i s

d i an t " da ONU : "Os fl o S S O S p o r t a-vozes c a l r am no h áb i t o de

r e f e r i r-se às Nações Un i d as c om o se fossem e l as a p en a s aque l a

part e da o r g an i z a ç ã o l n t e r n a C l on a l que est á assoc l ad a , sob a

l i d erança a m e r I c an a , �a r a re s l s t l r à ag ressão em qual quer

parte " ( 28 01 . 51 l Em out ros art igos seus e n c on t ramos uma crlt �ca

à h i st erla an t l c omun l s t a : "No p ro c e s s o de t ravar , ou de p reparar-

se .para t ravar , duas guerras c on t r a governos t ot a l i t ári os , os

Est ados Un idos e s t ão d an d o passos g lgant escos na d ireção do

t ot a l i t a r l s m o . Um d e sses g randes p assos é a c h am a d a ' Lei do

'
C on t r o l e d os Verme l h o s , ap rovada p or ambas as C a s a s. do

Con g r e s s o . ( . . l est á-se t or n a n d o p e r l goso t er qual quer modo de

pensar p �óp r I o , perl goso mesmo combat er-se o c omun I sm o , a não s e r"

pelo mé t od o o f i c i a l me n t e p re sc r l t o dos j u r a m e n t os de

l e a l d a d e . " ( 22 . 1 0 . 50 l O Senador Mac C a r t h !j t ambém é a l vo de

c r ít lcas : "O McCart h ismo p arece t er at ing ido a t ais p r o p o r ç õe s

que t od o s t emem fazer q ua i s q u e r crit icas à ordem soc � a l com

23
receIO de serem c o n s i d e r a d os c omun i s t a s ou s i m p a t i z an t e s . "

( 09 . 0 9 . 5 1 > P ro t est a ainda con t ra a condenação ue Jul ius e Ethel

Rosemb e r g , segundo ela i n j ust amen t e acusados .

Essa c o l una oe "pol i t ica int ernac ional " permaneceu até

fins d e . 1 952 . A l ém d e l a , ent ret ant o , do i s . out ros c o l aboradores

t ra t aram de assun t os rel a t ivos à pol ít ica l n t e rnac lon al com c ert a

f r e qUin C l a no t ra n s c o r r e r da d é c ad a . são e l es T r i s t ão d e A t h a� d e .

e Josué d e Cast ro . T r i s t ão d e At h a � d e reproduz t am b ém , em l i n h as

'' 0 p ",- C/ c ti ;- a

c omen t a r suas · l mp resSões após v iagem à Europa , nos diz e s t ar

c o n ven c i d o de q u e ·a g u e r r a e·ra a Úl t lma esperan ç a dos c omun i s t a s ,

i �c a p a z e s de se a f i rm a r por melOS e c o n ôm i c o s , polít icos ou

i n t e l ec t ua i s . Acusa a pol it ica e >.< t e r n a sov l é t i c a de

" imper i a l ist a " e c o m e n t a o s a c o n t e c i m e n t os na Coréia c omo uma

ag r e s são d o l m p e r i a l i s m o s ov i é t l C O " . ( 1 7 . 1 2 . 5 0 ) Porém . sua post ura

n ão Q i mp e d e de c on d e n a r o a n t i c omun i smo exac e r b a do : ." 0

macart ismo ( Se n a d o r M c Ca r t h � ) e o m a c a r t u r l s mo ( general Doug l a s

Mac Art hur ) são as duas f o r mas , l n fe r i o r e super lor , do neo-

f a s c i s mo n o r t e-amer i c an o . ( ) O que se vi é a f i g u ra marc l a l de

Mac Arthur , a g l Ór l a mll itar, o poder mun d l a l dos E s t ados Un i d o s ,

a n e ce s s i d a d e d e v e n c e r o c omun i smo p e l as armas e p e l a pol i C i a , a

e f l C l en C l a p r o d u t i va d o c ap i t a l i s mo , o p ro t e c i o n i s mo am e r i c a n o

sobre a Europa e a ASla, a necessl dade de se apoiar t od o s os

reg imes a ut or l t ár i os do mun d o , desde que se man l festem c on t r á r l oS

à U n i ão Soviét i c a . " ( 13 . 05 . 5 1 l . Con t ra d i t o n a m e n t e , porém, a f i rma

que os EUA d evem dar a p o i o à d i t ad u r a f' a s c l s t a ( segundo ele

p r Óp r i o ) de Franco n a Espanha , em t roca d a c e ssão d e b a s e s a é r e a s

em t e r r i t ór i o e s p an h o l ( 18 . 1 1 . 51 1 . Poucos anos depo i s , com o

dec l i n i o d a Guerra Frla , a l n vasão n o r t e - am e r i c a n a n a Gua t e ma l a é

24
por ele c �n d e n a d a 1 0 1 . 08 : 5 4 1 ; E n t r e t an t o , no i n i c i o da década sua

posição i c l aramen t e favor'v e l a um maior a l l n h am en t o com as

p o t ên c i a s oc i d e n t a i s . No c on f l i t o e n t r e URSS e EUA T r l s t ão de

A t h a� d e deixa bem c l ar a a sua p o s i ç ão , segundo a qu a l não pode

h av e r n e u t r a l i d ad e en t re "os q u e n e g' a m a I i b e rd ad e e os que rt

d e f e n d em l . , I E o caso da Rúss i a Sov i é t l c a e dos Est ados Un l d o s ,

os dois pÓl os d a forç a � o l i t i c o-soc l a l do mun d o m o d e r n o , ' Podemos

crit lcar os que d e fe n d em mal a l i b e r d ad e , mas n�o p od e mos

sen t i d o rac ional de l i'b e r d a d e , " C2 1 . 1 0 . 5 1 1 A i n d a em 1 955 , ao se

'
referi r à campanha do "O p e t r ó'l e o i nosso " , T r l s t ão de At h a � d e

fa l a de uma " c a 'm p a n h ... sov i ét i c a d o p e t ró l e o i n o s so " . 1 08 , 05 , 55 )

Josué de Cast ro foi um c o l aborador que se d i feren c iou

r a d i c a l men t e de t od o s os out ros ao escrever sobre qu e s t õ e s

r e f e r en t e s à pol i t ica l n t e r n a c i on a l , Méd i c o , espec l a l i zado no

e s t ud o de p rob l emas l l gados à a l i men t aç ã o , Josué d'e Cast r o

p u b l i c ou em 1951 o 1 i v r,o G e opo l it lca da fome , obra

r e p e r c u s s :l o i n t ernac ional , Ent re 1 95 1 e 1 955 foi p r es l d e n t e do

Con s e l h o E x ec u t i v o d a FAO-ONU . e e n t re 1955 e 1962 foi deput ado

federal pe l o PTB p e rn a m b u c a n o , Como p a r l ame n t a r de fendeu a

aut od e t e r m l n a ç ã o d e Cuba e o reat amen t o d i p l om't i c o d o Bras l l com

a URSS , Em art igo p ub l i c ad o em 1951 , ano do l an ç ame n t o de

G e opo l ltica da fome e auge da Guerra Fria , Josué de C a s t ro fazia

uma a n tt. l i s e favor'vel dos reg imes do l est e europeu no que dlZ
'
respe i t o a i n d i c ad o r e s sÓc i o-ec on6m l c os I c r esc l m en t o l ndust r i a l "

p rodução ag r i c o l a , p a d rão al i meh t a r , renda per cap i t a et c , ) ,

r e s s a l t an d o que a qu e l a párte do c on t i n en t e europeu sempre foi

mais pobre q u e o Oc i d en t e e que a l i nunca se h av i a an t e r i ormen t e

c on s o l i d a d o o reg i me d e m o c r i t l c o 1 0 1 , 07 , 5� ) , Em 1 955 , art igo seu

25
seme l h a n t e exa l t a as " c on q u i s t a s " da Revo l u ç ão C h i n esa

< 1 3 . 05 . 55) .

Cabe ainda a qu I ' t r a n s c r e v e r um t recho de art igo de

Gus t avo Co�ção sobre a i n vasão d a H u n� r i a e m L956 , num momen t o

p rop i c i o à e x p l i c i t a ç ão das p OS I ç õe s p o l í t i c as desse l í der

' ·
catól ico c o n s e rva d o r : " A m i n h a aversão pel a est rut ura c u l t ural da

a g o n i z an t e c iv i l i zação l ib eral b u r gues a , já t an t as vezes

p roc l a m ad a , n�o me i mp ed e d e ver o a b I smo d e pos s i b i l i d ad e e de

e s p e r a n ç·a s que ainda separa o b l oc o o c i d e n t a l democrát i c o e o

b l oc o t ot al i t ár i o soviét ico . ( . . . ) E é com essa d i s t i n ç ão , de

c ap i t al i m p o r t :l n c i a , que .me separo c at eg o r i c a men t e , e até

ag ress i vamen t e , dos que j u l g am t er at i n g i d o o m a i s e l evado p ic o

da sabedoria pol ít ica, qu a n d o se Inst alam num an t i amer i c an i smo

p r i má r i o . ,. ( 1 8 . 1 1 . 56 )

11 - O PENSAMENTO CATOL ICO

O p e n sa men t o c a t ól i c o est eve p resen t e c om b a s t an t e

f r e qUên c i a no SLDN . Na maior i a dos números do " S u p l emen t o "

p od e mos e n c on t rar pelo menos um art igo � rat ando da vida

e sp I r i t u a l , dos dogmas c a t ó l icos , anál ises d o momen t o mund I a l sob

um p r i sm a c a t ó l i c o , ou mesmo art Igos que ex a l t am o u c omen t a m a

obra de a l guma f i g u r a p r e e m i n en t e d o c a t o l i c i s mo . Vár ios foram os

c o l aboradores que se o c u p aram desse t ema, mas é sobre Trist ão de

A t h a� d e e G us t avo Corção q u e c o n c e n t raremos nossas a t e n ç õe s ma i s

uma vez . Trat a-se de d u a s p e r s o n a l i d a� e s d o u n i ve r s o catól ico

b r a s i l e i ro · c u j as op i n i n e s s e m p r e r e p e r c u t i r a m n ã o só ent re os

memb ros da I g rej a Cat ól i c a , mas t am b é m e n t re u m púb l ico mais

amp l o . Ne l son Wern e c k Sod r é , na mesma c o l un a do j ornal VItima

Hora na qual resen h av a o s sup l emen t os l i t e rár i o s d a época a que

26
p ud e mos nos re fer I r a n t e r I ormen t e , most r a n d o sua s

severas ao SLON , ao e sc r e v e r soo re os d01S p e n s a d o re s C at ó l I C OS

mudava de t om : "O sup l emen t o se s a l va pela qu a l l d a d e de a l g un s d ..

seus p ermanen t es

me r ec em debat e Am a r g o , pess l m i st a , negandO tudo. o

c on v e r so um háu 1 1 m a n t:! J a d o r- ce

At h a�d e , g rande flgura l l t er �r l d h' mais de t rint a anos const l t U I

um dos raros exemp l os de f ldel ldade do e sc r i t or ao seu rtl 1 5 t e r .

Essa m i l i t ânC ia c o n t l n u a d a .. sem paysa , sem r" € P O U S O , merece

apreço, Q U a I S qU e r sej am as d l verg�nC las com o con t e�do de se u s

art i g os . Hon e s t o nos seus p on t o s de vist a . T r l s t �o de Atha�de t em

um l ug a r m a r c ad o em nossas l et r as e a J�d a a l evant ar a m o n o t o fl l. c'

do Su p l e me n t o do D 1 �,- 1Q de �iQt íCIdS . " ( \t


,,t..lu.
t....
. ..l
l m!L"
iI
·_--"
hC\,
o" C..:1
rª 0 4 . 0 4 . ::; 7 )

C o me n t a n d o as enc i c l lcas papa l S , T '- l s t ã o de A th a � d e

a f l rm a em um de seus art 19O5 : "O que a I g re J a c on d e n o u n ;; o fOl a

l i b e r d ad e , nem O p r o gr e s so , nem a C I V I I I Z " Ç ;; O , nem a d e m o c r a C l ôl ,

como parece t an t o aos revol u c l on � r l os c om o a os reac l o ná rl O� do

s écul o xx . O que ela cond enou f01 a c � v i l l 2 a ç ;;0 bu r g u e sa . FOl uma

c on c e p ç ã o de vlda baseada no l n d i v l d ua l l s mo no

c aP l t a l l smo l n d u st r l a l , no a g n o s t i c l s mo f i l osÓf l c o , no h e d on i s m o

S OC i a l I no p ro g r e s s o lndefin ldo, no E s t ad o na

s ec u l a r l z a ç ã o de t od a s as l n s t l t u l ç õe s e na p os s e do poder por

uma c l as se favorec i d a que sub l r a c om a R e vo l u ç ã o Francesa e

t r an s f e r i r a p ara Sl os p r l v i l éY lOS das ant l gas n o b r e z as de

s a n g u í:!' . ( 07 . 0 1 . 51 > A essa post ura ldeal lst a de b u s c a. de uma

a l t e r n a t l va en t r e c a p i t a l i sm o e c omun i sm o j u n t a - ., e , no

p e n s a m en t o de T r l s t ;; o de At ha�dR. uma d e fesa l n t r il n s l g e n t e dos

d ogmas c a t ól l C oS e da aut o r l d ade papal : "De t od a s as partes do

mundo m l l h �e s de seres h u ol a n o s est arâo c om os OUV idos do �sp i r l t u

27
vo l t ados p ara Roma a f i m d e e sc u t a r a p roc l amaç ão de ma i s um

d og m a de sua fé . . . ) Todos vo l t ad o s p a ra Roma e a t r avés do pa1

c omum dos fIé1 S , p ara a figura d a que l e que merec e u , ent re t od a s

as c r iat uras humanas , a d ist inção slngular de ser a única que se

pode apresen t ar ao mun d o c omo t en d o receb i d o , em sua p l en i t ud e , õ

g r aç a d 1 v 1 n a . Ave MarIa , Che i a d e Graç a " " ( 2 9 . 1 0 . 50 ) Ou ainda :

"A I g r eJ a é, ant es de t ud o , pedra , permanênc i a , e s t ab i l i d ade ,

i n amov i b i l i d ade em face d a p a s s a g em d o t emp o , do n a s c i men t o e da

mort e das p a 1 x�e s , das 1 n s t i t u 1 ç õe s , d o s erros ou d as verdades

parc i a i s , dos reg 1mes pol i t 1COS, dos i mp é �lOs ma 1 S a r r o g an t e s ,

das r i quezas ou dos f l ag e l o s , de t u dQ o que de mal ou de b om

surge e se esva 1 , no d inam1smo da evo l u ç ão c on t í n ua . A IgreJa é,

em face de t ud o isso, n�o a p e n as a 1 ma g e m , o r e f l exo , mas do

prÓpria p resença d e D eu s , 1St O é , do i mu t áve l , do ext e r n o , do

p e r fe i t o . " ( 22 . 08 . 54 )

A g rande f on t e I n s p i r a d o r a d e Tris t � o d e A t h a� d e foi o

p e n samen t o e a obra de Jac ques �a r i t a i n . Dec l arando-se um

"mar i t a 1 n 1 st a " , d e d 1 c ou em d I versos mome n t o s V á Y' l O S a r t i g os à

..... ... ..("; - - -' . . ....


.... " .... , � � C' .., t::' I I ';:, d U U I \
.
H J d r- t ,I.. U 1II a. 1 S
- - - - - _ ...

l e io Hari t a i n , ma i s me c o n v e n ç o d e q u e n e n h um p e n s a d o r pol í t 1co

mod e r n o ma i s f o r t emen t e l i g o u d e m o d o o r g ân i c o e 1 n d i ss o l ú v e l os

p rin c i p i as a u t ê n t i c os da razão e da p r óp r i a n at u r e z a d a s c o i sa s ,

com os e n s i n a m e n t o s h i s t ór i c o s m a 1 S c an d e n t e s . Nessa l uta de vid a

e de mort e en t re t ot a l i t a r i smos e d em o c r a c I a s , que vai marcar õ

f I g ura his t Ó r i c a d o Séc u l o XX, a f i l os o f i a pol í t Ica de Marit ai n

ficará para as fut uras g e r a ç õe s , c om o já é p ar a a n ossa , c om o o

monume n t o mais SÓl 1 d o de uma const rução soc 1 a l que at enda

s i m u l t an e ame n t e �s exig ê n C 1 a S ma 1 S profundas da Orde m , da

·
Li b e r d a d e , e d� Ju s t i ç a . Den t ro d e l a é que a Reforma Soc 1 a l e a

28
a s c e n s �o do P ro l e t a r I a d o poder�o operar-se p a c I f I c a me n t e , sem Que

o mundo de f l c ar en t r e g u e ao J ug o do l mp e r l a l l smo

sovIét ICO , às d l t aduras neo- fasc l s t as ou �os p r I v I l �� l OS a d l 0S 0 S

do burguês . " ( 1� . 04 . 5 1 ) Em um m (j m � n l ü ,

c o me n t ando

mIm, o l Ivro de J . Mar I t aln t ro u H e o c on f u r t o de v�r f O r lrlU 1 c,. ..J ü ,

d e s e n vo l v l d o , o p e n s a m en t o que ob sc uramen t e me p � r s e g u l a. , e que

mals de uma vez t en t e i e >< p r- i m J. r . " ( 1 2 . 1 0 . :i 8 )

Cabe aqUI u �a r e f e r �n c l a espec l a l d t raJ et ó r l a de A l c eu

Amoroso L l ma , que em 1919 a d o t ou o p s e u d �n i mo de

At ha�d e , Ele fOl a f l g ur� ma I S I m po � t �n t � dO SLDN , o" a e c úm � ç ou a

esc rever em 1 947 . No decorrer de SUd l on g a

e xp e r I m � n t ou a l g u ffi à s mudd n Ç a s I mp o r t an t e s e m seus P O S I C l o n a m en t o s

dos p r ob l emas PO l i t l C OS , S OC I a I S , re l l g i o sos e

f i l o só f l C � S . Após de �ender pos t u l a d o s l i berals nos p r l m e i ro s anos

de suas at lvl dades em 1 92 8 c on v e r t e u - s e aú

c a t o l i C I s mo , Passou 8 n t �o a se dest acar como um dos p en s a d o r e s de

maIor p re s t i g i O l lg ados a p r O K l mo u de pos l ç 5�s

d l re i t i s t as . C h e g ou a S l mp a t i z a r c om os l n t eg ra l i s t a s e V1U

de Franco na Espanha uma vlt ória da I g rej a Cat ó l i c a . Na

década de 40 c omeçou a I- e v e r seus pr l n c í po s f i l os ó f i co s e

p o l í t l C OS e, d l s t an c l an d o - s e das po s l ç õ e s d i rel t l stas, v o l t ou de

forma a d e f en d e r POSiÇões l iberaiS . Como a f 1 i- m a W I l so n

Mart l n s , os que já na d é c ad a de 40 1. J en t l f i c a V d m A l ceu Cümo

p e r t en c en t e a uma esquerda c a t &l i c a ( Ma r t l n s , 1 977 ) Sua .f é no

c at o l l C lsmo p e r m an e c e u f l rme a t ravés dos an o s , Na década de 50,

T r i s t ão de At ha�de perc orreu l en t amen t e u ma t ra J e t ór I d r' u m a

P O S I Ç õe s cada ve2 mais " P l- o g r' P- S s l s t a s " , aue a C Ci b a )- a m p o r l e v i1 - 1 0

a uma f or t e e deC i d i d a o P o s l ç io ao reg lme m l l i t ar no pós-64 . Os

2?
anos 50 , c u r l osamen t e , t �m sldo rel egados ao segundo p l ano por

a q ue l e s que ana l i sam sua t raJ et ór i a . Dto Ma r l a CarpeauM , em

que an a l l sa a vlda e a obra de Amoroso L i ma , p rat l c ampn t e n�o se

re fere à década de 50 Sua anái lse se c on c e n t r a no p e r í od o d a.

c on ve r s �o ao c a t o l i c i s mo ( " A d i=! U S à d l s p on l b l l l d a d � " ) no tlm 0 0 :-;,

anos 20 . no InícIO do p rocesso de reVi são p o l í t l c o- f l l osó f l c a dos

anos 40 e no p e r i od o de c o mb a t e ao aut o r l t a r l s mo de ,1 964 em

d i an t e ( CarpeauM , 1 97 8 ) ZUen l r Ven t u r � e A n t ôn l o Car l os V l l aç a ,

em ar t i gos rec en t e m.e n t e pub l i c ados em r l �m e r o do "Caderno de

Idéias" do do Bras1! d e d i c ad o a Amoroso L i ma , t ambém

p r l v l l e g l am os per iodos ana l i sados por Carp eaux e d e i xam os anos

50 de l ado , Trat a-se r e a l me n t e de um p e r l od o em aue as

de Al ceu mudam l e n t a me n t e e vezes parecem mesmo

c on t ra d i t ó r i a s .

Como p o d e mos Ver �os art i g os aquI men c i o n a d o s , . T r l s t �o

de Atha�de de fende de ma n e i r a a p a i Mon a d a os dogmas do c a t o l �c l s m Q

e p os l c l on a - s e c l aramen t e a favor do b l oc o oC i d e n t a l d u r an t e a

Guerra Fr i a ; ape sar de a l g umas ressa l va s , refere-se � URSS e ao

J
m a r >< l s m o sempre de forma n e g a t I va " Mas ao mesmo t empo JG

d e m on s t r a t od a a nat ureza c on f l l t uo s a e mut an t e de suas POSiÇões

ao se d e f en d e r dos que o acusam de "varI ações em s u a s op i n i õ e s

"Sou um h omem que p rocura a ve r d a d e e que sabe f a z e r' a d ist Inçdo

en t re a Verdade e a� verdad es , A Verd a d e foi � l canÇada em 1 928 e ,

g ra ç a s à Deus , nunca ma i s os meus OUV i d as se d e l Haram sedUZ I r

p e l as sere ias . Quan t o à� verd ad�� , porém, Ist o é, a t ud o

que ndo é da e s s ên C i a sobrenat ural da I g reJ a e d e p en d e , a cada

momen t o , do e K e rc i c I O de n os s a r az�o e do nosso bom senso , essas

SdO a l c a n ç a d ii s l e n t ii m e n t e e c om um e s forçq n em

c on f I r m a POS I Ç ões a n t e r I O )- e s . Se t en h o , POIS, mu d a d o em

30
anos de c on t a t o c o n t i n u o c om a é p o c a ma l S ag i t ada da h i st ó r i a

human a , é apenas o p rosseg u i men t o do mesmo e s f o r ç o que me l e vou ,

em 1 928 , a abandonar a d l S p on i b i l i d a d e g i d i an a para ac e i t ar o

Dogma c omo uma l l b e r t aç ão . E se l og o depols dessa c onversão

l evado , c o mo t an t o s out ros , a c on fu n d l r a. t � certo p on t o o


'
c a t o l l C l s mo c om o d i re i t l smo , c on se g u i � am b é m j g r a r; a's a Deus ,

l i b e r t a r -me c om o t empo d e s s e n ovo engano . ( . . . l Há que

querem c on f u n d l r a I g reJ a Cat ól i c a c om o med i e v a l i smo , · . c o m o

f e u d·a 1 1 s m o , c o m o p a t r l a r c a l i s mo , c o m o a b so l u t l smo mon á r qu i c o ,

· com o l e g i t l m i s mo , c om a l a t l n i d ad e , c om o d l re i t l smo , c om o

c o n s e r v a d o r l s mo , com o c a p , t a l , smo . ( Se o s o c l a l i s mo

assum l r em nosso sé c u l o u m a mon o p o l í s t l c a , ag ress lva ,

d l t at or i a l , c o mo ocorre com o Comun l s mo Sov l é t l c o puro, será ma!s

f ác l l real l zar a d ou t r l n a soc l a l da numa soc i e d ad e

s oc l a l l s t a e q u i l l b r a d a que numa soc l e d a d e c a P l t a l l s t a . " ( 1 9 . 09 . 54 l

Gu s t a v o C o r ç :l. o , por ' seu t ur n o , era um · pens ador de

p os l ç õe s mu 1 t o ma l s r í g l d as e l mu t áve i s . I d en t i f l c an d o-se c om

p o s i ç õe s u l t ra-conservadoras , Corç ão , Que se c on v e r t e u ao

c at o l i c l smo em 1 936 e d u r an t e c e r t o t e mpo sofreu i n f l uên c l a s de

T r i s t ll o de A t h a !j d e , a c a b ou t en d o uma t ra j e t ó r i a bas t a n t e

d i ferenC lada da . d est e � l t l mo . D i ferenças que se a C E;' n t u a r a m no

p ós-64 , mas Que já n a d é c ad a de 50 se faZlam sent i r . o t recho

t ra n s c r i t o a seg u i r n os d á bem a n o ç ã o d o p e n samen t o de Gust avo

"D
Corç ã o , de sua reJ e l ç ã o às m u d an ç a s e seu apego à t rad l ç ão : "

t od a s as ext ravag �nc ias que a human l d ade vem p r a t l c an d o desde o

pecado origlnal , ora pela ação lnd l v ldual de a l gum de seus

memb ros , ora pela a t i v i d a d e c o n J un t a d e uma n aç ã o � n en huma me

parece mais lncr ivel e ma i s c 8m l c a do que a dos E n L 1 2 l op e d i s t as

A E n c i c l op éd l a v l n h a c omo o João Bat ista d a · f e r vo r o s a

31
dos a t eu s do s éc u l o d e ze n ove : p r e p a r a va as veredas do

h eg e l i a n i sm o , d o p o s i t i v i s mo e d o m a r K i smo . O s éc u l o d e zolt o , se

n�o fossem os mus l c o s , seria p ar a a h uman i d a d e o mai s e n c ab u l a n t e

dos dez ou vinte ú) t i m o s da h lstória . An t e s de P ro d u z i r a

r ev o l u ç ã o , que viria derrubjr o t r on o de F ran ç a , que era o c en t r o

de g rav i d ade de um reg lme , t r a z i a o � i en t i f i c i sm o e r a c i o n a l lsmo ,

os i n g re d i e n t e s que d u ran t e sic u l os h ão d e a l iment ar a bu rr l c e

pedan t e e h�o de dar a mu i t os ln f e l i z e s a i l u s ão de

i n t e l l g l'ln c l a . " ( 0 4 . 0 1 . 5 9 )

111 - A PRODUÇAO L I TERAR I A

Ao an a l i sarmos o SLDN sob o p on t o de vlst a da l l t eratura

e n c o n t ramos mat e r i a l de t l po var i ad o . T e mo s os c r o n i s' t a c:. ,

c o n t i s t as e poet as que f r e q U e n t e men t e c o l aboravam c om o J orna l ,

t emos os c r i t i c os / c ome n t a d o res do que se p roduzia e n t ão na

l i t erat ura b r as i l e i r a e mund l a l , t emos ainda a que l es que

p o l emi zavam sobre o papel da crit lca . l i t er i r i a .

Seman a l men t e o SLDN p ub l i c ava a c o l un a "O c on t o da

01 �
J OI;; UI O ' I ca I U 1 !:f a l l J. L; c u a \,( u e Ul a. � 5 t ar d e p as sou a
_ _ _ _ _ _ _ ._ _ _ _ _ _ -J _

d ividi-la c om Aurél i o Buar que de Hol anda . Ai apareC lam sempre

p e q u e n os c on t o s de aut ores os ma i s dlver s i f i cados . Aut ore s

b r as i l e i r os e e s t r an g e i r os , aut ores c on s a g rados e d e s c on h e c l d os ,

con t emporaneos ao j ornal e de ép o c as p a ssadas . Podemos citar, a

t it u l o de i l us t r a ç ã o , a p resen ç a d e n omes c omo João d o R i o , An t an

T c h ec h o v , B aud e l ai re , Eç a de Que i ro z , José Louz e i ro , Da l t on

Trevi san , Ba1 2 ac , Machado de ASS 1 S , M áH i mo Gork i , Raque l de

Que i roz , Grac i l l ano Ramos .

Hav i a t am b é m d i versos c ron l s t a s que c o l a b or ava m

32
r eg u l a r men t e ( ú nl o " S u p l e llJ � n t ú " : H o m t!' r o H O Ill t:.' m , D a l t ún T r t:.' V 1 S ct fl ,

Ene l d a , Te l mo Ve r g a r a e mU l t os out r os dut úr�s de f O r-l 'fl il Ç d U .

d l v e r s i f l c ad a . P oe t a s t ambém f r ,, � U e n t a v a m o 5LDN , · ma s com POUCO

bri lho . Os n omes m a l'S freqUen t es t:.' r a m O s w a l d r !l Q Ma r ques , Ge l (

Campos , D I rceu QUl n t an l l h a � H av l a aInda a c o l un d " A rl t ú l ó � � Q

p oe s i a unIversa l " organ l �ad� por R . :1 � y a l h ; � s J�n lQ( , 0 n d'e t::! r a m

rep r od U 2 l d o s p oem a s de aut ores c l áss l L OS Jd PO�Sla mun d l a l de

t od o s os t em p o s , acompanhados semp re de a l guns d .dos

sumár los .

A crit lcd ou o c omen t � r l ú J orn a l i � t l L u �üb re "s u !.:; r a s

l dnÇ adas no BrasI l e no exter ior eram f e l t os �ur um numero mU l t o

g r a n d e' de c o l aboradores . Ressa l L �-s� que , n u �ue

p r o d u ç ;; o b r a S l l e l t- a , g ,- a n d e d e s t a q u td t;! r- a dado "

l l t erat ur" r e g I on a l Mesmo o d es�a

ve r t e n t e da l l t e r a t.u r a U /TI n p roduçdO d I nda

s l gn l f l c a t lv" l u .! . Na malor par t e das vezes

c o m e n t ci '- l O S e l og I O S O S a au t o r �s Que n�o ha�� r l am de S� f l rmar

que hOJ e nos s�o c omp l � t a men t � desconhec l d os . O � n t i1 o deput ado

Aderb a l Jurema , por exemp l o , em a p r e s e n t a. r n ov o s

va l o re s " da l i t e r a t u r a n o r d e s t l n a , aut ores de �uem hOJe Já n ;o

t e mo s nat i c l a . E o que flca exemp l l f l c ad o n est a p a ssag e m :

" De p a r o - m e c om d 01 S em 1 9 50 , de

e sc r i t o r e s n o rd e s t l n o s , p r ov l n c i a n ú � l e� i t l mqs , qU� n;o �r reddr�m

o pé de s u a. t e t- t- Ci p a t- a p ,- o J e t a r - s e na 1 i t e ,- a t u r a . " Trat a-se do

c ea rens e Fram �ar t l n s , do p e r n ct m b u c a n o LUIZ B�l t r;o � d� I S I- d. �l

Fe l l p e 1 1 1 . 03 . 5 1 ) .

Ess" Lul to do " r e g I o n d, l " , ", x e m p l l f l <. « d o

p as s ag em aC lma , era f r e qUen t � e se faZ l a sen t i r t am b é m r, u

33
c o n t eúd o de mU l t as a r t l g os pub l l cados no SLDN . N�o ,,,' t r a t d. V c1 ,

p orém , apenas do Nordest e . Ou t r a s r e 9 1 Õ �� , n o t <i d a m e n t e

GeraIs e o Su l do pais, m � r e C l am re ferinc las . O' � u � "

notar que o " r e g l o n a- l " e s t eve sempre em eVld"nc l. no SLDN : "O

f e n f, m e n o

afIgura p r o rn l s s o r , V "l S í V t:! 1 �

acent os n o v I d ad e e de r e n O V êl ç d U ,

i n t e l ec t u a l ( . . . 1 Em verdad e , os mOV l men t o s d l g amo� reg iona l . � l .s

se m p r e con s t l t u í '- d m o ;; m .. !l o de n o o, s o s m O V l m � n t os ou e sc o l as

l i t e r á r I as . A,nda est á bem próMlmo o m od e r n I s m o par. v e r mos

marcadamen t e ,- e g l o n a l e le fol . " ( C ou t H , h ú , · '; f r ;; n 1 0 , 0 6 . 0 2 : :::; 5 ) Ou

suas ob ras

p o r que l mp l , c a n uma de ' sn oL s ' , num de

V I r t u o s I smo de l e t rados que n�o possuem ou n�u o, e d a.

forç d t e l � r Ic a necessar l a para serem lnt �rpretes dos s e n t I m e n t os

e dos d r amas de seu povo . ( . Um PGi�1 (.l U , malS ci l n d a, uma

reg I ão c omo a n ossa , onde O h o mem V I ve 1 1 9 dd o umb e l i c a l me n t e às

c on d I ç ões f í s 1 c as do melO, n�o pode a p r e se n t a r uma l i t e rat ura sem

a marca dessa re a l l d ad e a m b l e n t a l . " ( J u r e m a , · Ad e r b a l , 2 6 . 0 8 . :::; 1 )

De t od o s os t emas aSSOC I ados à l lter a t u r a p r e s en t e s no

SLDN , o que n o s p ar e c e u ma I S l n t e r e s s an t e f0 1 O deb a te ac e r c a d.

forma e do papel da c ri t I c a l i terár I a . para

Cout i n h o , que desde 1948 e por t od a a décadd de 50 d e f e n d e u .. na

sua c o l un a s e m'a n a l " C o r,r e n t e s c r u z a d a. s " I n ovo� P Q � t u l d d o ':J P cl "" d. o

d a c r í t Ica . AI �m de A f ( � n 1 o' C ou t i n h o mu i t o s

C )- i t l L O � c.. o l a b o r a t- a m no " Su p l �m�n l o " , e n t r- e e le s H e r- á L l 1 t o S d l � ,="

que c h e g ou ter uma c o l u n d. ( " No t a "

Tem i s t uc l es L l n h a r�s , Raul Lima, e o do "emp r e p r esen t e

34
de A t h a !;l d e . C e n t r a remos nossa at enção. c on t u d o . em A f r dn i ú

C ou t i n h o . qu e . J un t o . c om o paul ist a An t ô n i o Când i d o . l an ç o u as

bases para o e xe r c i c i o de· uma nova crit ica no B ... a s i I .

U t i l l z a ... e m o s n ão só CfS .. r t lgos por e re p u b l i c ad o s no Piário de

N o t i cias , c omo t am b é m sua I n t ... o d u ç ã o a uma c o l e t ;;' n ti: a �e al gun�

desses a r t i g os publ icada em 1 953 e que t ambém ... � c e b e u o nome de

Co... ... e n t es c ... uz a d as .

. A p r e o c u P ea ç ã'o i n i c l .. I de Af 'dn io Cou t i n h o ..

c on s t i t u i ç ã o da c r i t Ica l i t e r á "' l a enqua n t o c .. m p o .. u t ô n o " , o da

a t i v i d ad e i n t e l ec t ual . Uma crit ica . q u e c o n s i d e ... .. s s e as c on d i ç �� �

s o c i a i·s e h i s t ó r i c .. s da p r o d u ç ão l i t i! r � r i d , fUélS

p r i V i l eg i asse t a is d e t e ... m l n a ç Õ ti: s . r e s s .. l t a n d o s e mp r e .. .. n d l l s �


.

p ", o P "' l amen t e est é l l c " da obra l . i t e ,- d ,- i a . "A L r i l i c .. �. .. C H' a de

aU H i l i a r na c om p r eensio da ob ra , um melO e n50 um fim, � um "le i o

útil às v e i! E' � , por veze� p e r t u r b ad o r . nem semp r e

i n d i s p ens á v e l ( Cout inho . 1 953 ) Ao .. n a l i s á r a obra l iter�ridl

dizia. o crit iCO deve p "' l v i l e g i a r a est rut ura int r i n seca d essa

obra . o que há de espec i f i c o e I n d i s p en sável heI". o que de fato

const i t u i o fat o l i t er á r i o : "Os fat ores e x t r i n sec o s não t "m o

m o n op ó l i o da f o r maç ão . ... t isl ica. nem mesmo a I mp o r t ân c i a que se

l h es at r ibui . P o d em o u não estar p r esen t e s . na � ê n es e da obra e

não s a t i s fazem de t od o q u an d o pret endem e xp l i c a r a n a t u r e za do

p r od u t o es t é t i c o . Por �i não passam . Quando est ão p r e s en t e s . de

meros e l emen t os c o n d i c i o n an t e s . i n c ap a ze s d e. e s g o t a r .. m ú

mist ériO da c r iação « ,- t í s t i c a . · .. ( Co u t i n h o . 1953 )

Em uma out ra p as s a g e m A f r �n i o C ou t i n h o d e m o n s t r d.

valor izar u m p o u c o ma i s as det erminaç 5�s h i s t 6 r i c o - � o c i o 1 6 9 1 (: d �

da obra l i t er á r i a e combat e i n c l S i v a m ti: n t e a un i l at er a l idad� na

33
crit lca : "O Ideal c r i t Ico � ver d aL r a � m � l QL o , um

l n t r- l n l,:, �cos , s o c. I o l ó g I C O , h l l;:, l 6 r l L U ,

c u l t ur a l ) p r e d om í n I o de Ufll

d e l es . " "A f o r m a ç ;( ü n ova L r i l iCd

. ,
f r o n t a l m e l'l l e Jü ��LU 1 Ü XIX . d L r i l l C d.

.. l 1 L t:! ( d. f- l d

p e r g un t ava - l h e por que , c omo s� o r l g l n uu

a o

g e n t1 t l C es. , � � l ,- u t u ,. d i. 1 1;:, t d ,

l n t r i n l,:, � C d , � n! vez de b u s c a r d or Igem do �oema , p rocura e s t ud a r a

sua n a t u r e z Ci . a sua e s t r u t u r d. , I,:, t? y u n d ú C1 ':JUd. • u f. i c. l d C:::t J t::' · , (l '!) J. e' J. ,!)

const an t es de sua e K l s t ê n � l .. c o mo tal ( . ) Um p on t o � , L od a V l a ,

f u n d ame n t a l , 1 i t t:! r d. r l ü

c om o

ou t r o s � a t os da vId a , sem c on t u d u s d c r l T l c d (. o qu� d � v e' " '" u

p on t o d .. C ,- i t l C. c. , o n ú c. l e u

i n t r i n l,:, e c o . " ( 1 5 . 07 . :J 6 )

Em n os

diZ que : "Sem · d Ú'l 1 d .. , os d01S c '- i l i c o s que flI d l S

pen sar , por essa é P UCd , de modo t eó r I C O � s i s t em� t l c o , o p r o b l e ll i d

l i t erat ura foram A f r ;;' Il 1 0 Cout inho A n t éi n l U

C â f . d l d o . " ( B ê:t. ,- b o s a , 1 990 )

Um segundo p on t o .l. fIl P o f t a n l t:' J e fen d l d o por A f r d r, l. U

e s p o n t ét n e a m e n t e . U hl d.

do E \.l U d n l u

36
malor e "

p rod uz i d a , ma i or o seu va l or . E n e c e s� � r l o a de u m cf.

c on s c l �n c i � �r i t l c d para cf. nossa l i t erat ura , que venha cor r i g i r �

a t i t ud e a c r í t i c. ca � emp í r ica , �egun d o a qu"l " l i t erat ura U Il1

v l r g en s , l oc a l , i n d l s c i p l i n .. d o ,

orig inal C on t r a o mi to do a u t o c t o n Is m o abso l u l u , do

o r i g i ro " l i d a d e i n c. o n d I C l o n a l , a p r esent amos a n o ç io

vál i d a , do �t il , nio com ��p í r i t o d e uu de

l oc a l e a p o ;, � í v e l de Utild

1 i t erat ura m ad u r a e c onSC i e n t e , � lfI1P 1 e ;, m e n t e t:t rtl P i f l (. d .

( Co u t i n h o , op . c i t )

A c r laç io des�a " c. ü n � L i ;; n L i " L r í t i c ,, " depend� do

sup e r i or e s i s t em � t i c o d a ;, l e t ras . Ess� e um dos de


. .
·
b at a l h a " de A f r il n i o C ü u t l n h o . Para �le l i t e ra t u r a se " n s L n .. " se

apre�d e , e o ensino da l i t e r a t ura nbs n i ve i s wédlO

f u n d a m en t a l que se f o r me u m " c l i m .. de o u t o c r i t i c .. nos

aut ores e de g os t o pol ic iado e e X I g en t e n o p ú b.l i c o " . S u ..

da i n s t i t uc i o n a l i z ac�o un i v e r s i t � r i a do enSino de l e t ras d D cf. t- e C �

em d i versos a r t i g os : "O i n s t rumen t o d essa r e f o r ma de conc e i t os e

mét odos de t r ab a l h o i n t e l ec t ua l t e rá de ser o ensino � up e r i o r d"

l e t ras m i n i s t rado nas Fac u l d a d e s de F i l o so f I a e Let ras c r i Ci n d L

p rofessores de l et ras e l i t e r á r i u" ,

est es , por sua ve z , me l h o r a n do ú enSino de l e t r il s no c u r ':> u

s e c u n d á·r i o . " ( Co u t i n h o , OP . Clt ) .. "Nunca será d e ma i S ,- � " e t l t-

a g rande r e vo l u ç i o a rea l l za r -se en t re n6s no t erreno cul t ural , "

de ordem me t od o l óg i c a . O nl � t o d ü � l ud o Que nos

c a r ê n c. .l a é - e s p o n s á v t! l
• d e f i c l td n C l d S . E III é l ú d o

37
p r od u t o e f i c. i e n l e . " ( 2 7 . 1 1 . 4 9 )

"Verdade é, ndo e 5 QU e ç a m o s de ass l�a l ar , que J d. ü c d nl l. n h o

abert o pela c l ar i v iden t e adm l n l s t raç;o de A r ma n d o Sal ws D l i u e l r .. ,

ao F l l o ., o f i a . E

que , no a UDF

do g ê n t:.' r o a inda ent re n ós . F a .! dó na s u o<

dest r u l ç;0 . " ( 16 . 1 0 . 4 9 ) " Um dos aspe c t os mais c u r I OSO S malS

·
n e fast os da t r d. b a l h ú de

l et ras , l i g ad o p ort an t o ao a u t od i d a t l s m o , do O S

no esforço � rit ICO . De < 1U .. n d o .. m qu a n d o , v .. m o s essas

d e fesas

as i nd ev i d as t en t a t i va s de c on t r o l e da r az;o da d i s c l p l i n ..

re f l eXiva . ( . . A fal ta de base un l ve r s l t � ( l d

d l V l fl 1 2 C1. Ç ;' U das f a c u l d .. d e s lmp rOV l sadoras . "

( 1 0 . 0 3 . :::; 7 )

Esse r igor d e fen d i d o por A f r a n i o. C ou l l n h o p a, r d o

exerc íC I O da c r i t ic a l i t e r á r i a l eva-o o< d e s qua l i f i c a r os dOIS

modos t r ad i c i o n a i s p e l os qua i s ela fe i t a : o

j orna l í " t ico" e a "crít ica D re v i e w

c on s i d e r a d o c oma mero n o t i C i ár i o sob r e l iv r o s , acompanhada de

op i n i5es pessoa i s sab r e · a obra s e m n e n h Um critério "c lent í flCú" ,

E o t iPO de a t i V i dade , ' �egun d o Afr�nlo, �xe r c lda P O i- p essoas

d e s v i a d as de out ras at i V i d ad es , · que se ocupam d .. c r i t i c o< " " 01 ter

se espec i a l i zado nel a . " N ii a l h es fa l t a mU l t o

t a l en t o . ( , . . ) Fa l ece- l h es , p o r ;;: m , �m r eg r a , f O r' rll do l,. ; CJ L ,- í t l L d. , u ni do

38

I .
: to' "
v i ��o de c on j u n t o , uma f 1 l osofia u n I forme da Lit eratura, um corpo

de p a d rões de av a l l a ç ã o . São d i l e t an t e s da c r i t i c a . " ( 0 1 . 08 . 48 ) "A

c r í t ica subj et 1 v 1 s t a de t ipo j orn a l í s t i c o o u de c ome n t á r i o , e um

J og o arb i t rá r 1 0 p e s s o �l Nos�a crít 1ca, d es c o n t a d os a l guns n omes

que a souberam d ig n i f i c ar e e l evar g r aças a qu a l i d a d e s

exc ep c i on a i s , f l C OU 1mpregnada de um esp i r 1 t o su�e r f i c i a l p o r qu e

se exerceu até hoj e nos rodapés semana 1 s . ( . . . ) Con f u n d i n d o-se a

at lvidade crít ica com a crit 1ca de rodapé de J ornal , a c r í t i c d.

bra�i l e l ra não a d qU 1 r 1 U sub s t ân c 1 a nem p r e en c h e u sua espec í f i c Q

função . ( . . . ) Pode-se d i zer que a f i l os o f i a que 1 n SP I r a a c r í t icQ

de r od a p é é a f i l os o f i a do a c h 1 s mo : eu ac h o , eu ache i , não

ache i , ou e n t ;' o , gost e i , não g os t e i ( . Quem conhece. o que a

v e r d a de 1 r a crit 1ca vem p roduz indo a t u a l men t e no mun d o Inteiro;

quem est á d par dos seus es f o r ç os para t ornar-se uma c lênc i a da

l i t er a t u r a , com recur�os e mét odos p r óp r 1 0 s de abor d a g e m do

f e n ôm e n o l it erár 1o, com o ob J e t ivo de ana l i s á- l o , 1 n t erpre t á- l o e

j u l gá- l o que é est a a sua t r ipl ice f i n a l 1 d ade , não pode

c on f o r m a r - s e em que seJ a ' re d u z i d a ao mero c o men t a r i sm ú

j or n a l i s t i c o de cunho subj et ivo . E ' m 1 s t er est abel eci- l a em

sói i d os fun d am e n t o s , numa e p i s t emo l o g i a , num s i st ema de val ores ,

num corpo de n o r ma s , sem o que a val oração crit ica é um ato vaz i o

e sem c on s e q Ui n c i as . " < 1 3 . 0 5 . 56 )

A out ra v e r t en t e c r 1 t icada por A f r�n i o Cou t i n h o é a dOb

i m p r e s s i on i s t a s : " I mpress lon i smo c r i t i c'o � 1 i t erat ura fe i t a da

L i t erat ura , é uma r e c r l di�o ' a t r av � s da obra l i t e r �T l a . N;o � u ln �

s i mp l e s op i n I ão s o b r e 1 i v t- o s o'u um mero d i sc u r s o à margem ou em

t orno das ob r a s . " ( 0 1 . 0 8 . 48 ) "O que resu l t a de l og o n�o tt ü

j u l g amen t o , f i n � l i d ad e p r ec i p ua d a c r i t Ic a , mas uma r e c r l aç ;o d

part ir da obra c o m en t a d a . Come ç a o aut or f a l an d o da obra , mas aos

39
POUCOS s en t e - s e que se va i d i s t an c i a n d o , p erdendo o c o n t at o C O III

ela, e em seu l ug a r vai c r e s c en d o sua p r óp r i a p e r s on a l i d a d e ,

s e n t i me n t o s , l m p ress5Hs . ( . . 1 A fol has t an t as , Já n;o es t á mai�

p resent e a o b r a q u e m ot i v o u a d l g r ess ;o , mas s o me n t e o c omen t a d or .

O r esu l t a d o é uma segund a Qbra de arte . ( . . 1 Ma s de . cr i t i ca há

al i b e m p ou c o . " < 1 2 . 02 . 30 1

A r i g idez com que Afr�n i o Cou t i n h o d e fe n d e uma nova ·

cr i t i ca" fica b a s t an t e e V i d en t e ao comen t ar o prefáC iO que

An t ô n i O Cin d i d o ( c r i t iCO qUe · d ive rsas v e z e s m e r e c e u se u s e l o g l os l

esc reveu para a r e e d l ç :o d o l l v r o E'�lOªS dvtJ15ªs, do J� en t ;o

fa l ec id o Pl inio B a l- r e t o : "Pret ende r , c omo faz An t ôn i O Cind i d o ,

no desconce r t an t e p r e f i. c i o a p o s t o a o 'v o l u m e , e >< a l t a r - I h e a O b l- "

de c omen t a r l s t " l l t er�r io , " p on t o d e c l aSSi ficá- l a de c r i t lc" H

i n S i n u ar um" r e ab l l i t a ç ã o · d o i mp r ess i on i smo crí t ico por e s se

mod e l o é um p ou c o d e ma I S . Nln9u�m l r � a f i r m ar que n;o se p ossa

fazer a�ue l e t iPO de C r it iC a . E u m d i r e i t o de quem qUi ser . Mas

s e r i a d U V i d o so e d e c e p c l on " n t e que , por e >< e mp l o , An t ôn i O Cindldo

o f i z e ss e . Por que , em v e r d ad e , já m e d é i i m U l t a C 0 1 S� ent re o t em p o

em que se permi t ia fazer a que l e t iPO de crit ica e o

n osso . " ( 1 0 . 1 0 . 58 1

Essa rig idez e int ransi gênC i a de Afrân i o Cout i n h o na

d e fe s a de suas t es e s g e rou por d i ve r s a s v@ z e s prot e st os nas

p róp r i as páginas do SLDN . Ivan Ped r o · d e Ma�t i n s , d e fen dendo a

crit ica J orna l í � t l c a e negando a sua d l f � r e n cl a ç ã o d e uma c r it i C a

e s p ec i a l i za d a e t éc n i c a , esc reve : "Acaso a <t r í t ica j ornal í s t l L ã

não é es p e c i a l i z a d a e t é c n l C. a ? Os nomes ma i s i m p o r t a n t es da

crit ica não usam o J ornal para seu mister? ( . . . I Não há l a1

d i fer en ç a , c r i t ica l it erária é uma só . G � n e r� l i t eráriO em �i e

40
Raul o d l re t o r do SLDN . se a s s ume en quan t o

not i c l a r i st a d e l l vros e d e fend e o esp aç o p a r a tal at l v l d ad e : "A

crit lca d e s e r t ou da lmp �ensa . Eis o fat o que t odos a s s l n a l am e de

que m u i t os se qUe l x am . recordando os t empos dos bons rodapés nos

J orn a l s . sob ret udo n os sup l e m en t o s l l t er�r 1 0s . Para que o púb l 1C u

não f 1 c asse l n t e l ramen t e sem 1 n formaç �es s l s t e má t l c a s sobre as

ed lções que vão se n d o l ançadas �o país. h i. os not 1 c 1 a�l st as

mel hores ou P lores , maiS o u m e n o s c om o o s re�l ewers nos J o '- n Ci i �

a n g l o - s a x õe s . A 'l U 1 está um . Meus reg 1 s t �os são por nat ureza

s u má r 1 o s . ( Quando me pronunClO sobre d e fe 1 t o s e v 1 r t udes de

um l l vro não o f a ç o c omo crít 1CO. t od o s o s a b'e fTI , mas acaso

est are� p r 1 va d o de fazê- l o . alnda que sej a c om o s l mp l e s

Não suponho que p ara em l t 1 r os J u í z os que t enho l an ç a d o a qU l sej a

p r e c l so · reg 1 s t rar-me n um I n st 1 t u t o da Ordem dos

L i t e r á r 1 os . t 1rar pat en t e para o exerc í c lo dessa p rof 1 ssio e usar

a r e s p ec t l v a t og a . esc rever sempre umas d u zen t as l inhas . c en t o e

o l t ent a c on s 1 d e r a ç õ e s erud l t as a o

l i t er a t u r a c om p a r a d a· e l n f l u ên c l as . " ( 2 7 . 0 2 . 55 )

Herác 1 i t o Sa l e s chega a t r oc a r l nsu l t os com A f râ n l O ,

t 2� � 5 s 1 m l l ado ó s post u l ados do

norte-amer i c a n o , d e t u r p a n d o- o . Te m ís t oc l e s L 1 n ha res t am b é m

c om b a t e os excessos da n ov a c r i t i c a e su a " febre de m e t od o l 0 9 1 a " .

Por f1m c ab e r e f e r 1 r m o - n o s a o e n t en d l men t o que

C ou t i n h o P OS S U l da � e l açia e n t re crít 1ca l l t e rá r l k e c 1 ênc 1 a . Em

d iversos art 1 g os seus e n c on t r am o s o t er m o "crít lca c l en t í f í c a " em

oPos 1 ç ão ao " l mp r e s s l o n l sm o " á "críl lca j O l- n a l í s t l c a "

reVlew C on t u d o . em u m out ro t ex t o o au t or n os e s c l a. r e c e um

pouco mais sobre a sua P O S 1 Ç ;' O . "Cada c l ê n c. la C t- l a o seu

mét odo· de aconJa c om o seu o b J e t l va . Para · desen vol ver-se um

41
método c ient i fico de a p l i c a ç ;o � l I t er a t u r a há que p r o c u r a ..-

s u b o r d i n á- l o �s d e t ermInaç ões do fat o l i t e rár I o , ob j e t I vo

pecul iar d� crit ica l i t erárIa , A crit ica j am a I s será uma c i ê n c i a ,

mas �oder' absorver c ad a vez ' ma i s o esp i r i t o c lent i fico , ( " , )

Para ev i t ar o e qu i voc o é que será sempre van t a j os o n ã o falar em

crit Ica c l en t i f i c a , mas s l m p l esmen t e em crit ica , ( , ) Sem

j u l g a men t o n �o há crit ica, e n l SSO a crit ica d i st i n9ue�se da

Mas para j u l gar o c r i t i c o necess l t a de um c or p o de

c r i t é r l os o u p a d r õ e s o b J e t l vo s , o que f a z ' c om que a c r i t��a não

p os s a ser ve r d a d e l r a m e n t e c r i t l c a e n q u an t o p e r m a n e c e r no p l an o

i m p r e s s i on l s t a , l ncompat ivel c om o j u i zo de va l or , pois o

i m p r e s's i on i s m o é s ub j e t i v l s t a e re l a t i v i s t a na sua f i d e l i dade �

i m p r e s s li o s e n s i v e l , à emoção , " ( Cout i n h o , op , cit , )

IV - A S CIENCIAS SOC IAIS E SEU VIES FOLCLORISTA

As c i ên c i a s S OC l a l S , nas suas d iversas mo d a l i d � d e s ,

e s t lio p r esen t es c om c e r t a f r e q U ên c i a n o SLDN , Art igos d e d i c ados

aos est udos sobre a soc i e d ad e , p a r t i c u l armen t e a b r as i l e ira ,

podem ser encon t rados d u r an t e t od a a , d é c ad a , Gilberto Fre�re

Guerre lro Ramos

d e f e n d e u rn a soc i o l o g i a n a c i on a l e "em mang as de c a m i sa " , Josué d e

Cast r o d l scorre sobre p rob l emas relat ivos a a l i m en t a ç � o e

subnut rIção no BraS I l e no mun d o ; J a i me C OT t e s ã o esc reve sob re

Por t ug a l e o B r a s i l - C o l Ôn i a ; Sérg i o B ua r q u e de Hol anda t amb é m

aparece no inic i o da d é �a d a , Obras i mp o r t a n t es c omo a s d e D an t e

Mo r e i r a Le i t e , V i an a Moog e oul r o s ' s � o c om e n t a d a s com malOr ou

menor d e s t a que , Al guns aut ores de i mp o r t an c l a inegável c o mo

'
F l ores t an Fernandes e a ma i or part e d Çl s membros ' d o r SEB s�o quase

42
que t o t a l me n t e i gnorados . Presen Ças e ausên c i a s i part e , a

ve r t en t e que 1 n d i sc u t 1 ve l men t e merece o ma10r espaço n o SLDN é a

dos est udos f o l c l ó r l c os . R e n a t o A l me i d a , Ed i son Carne 1 r o , Ad e l i n o

B r a n d :l o , Marlsa Llra, Theo Brandão e p r i n c 1 p a l men t e Manoe l

D i égues Jr . s ã o n omes que e n c o n t ramos c om f r e q U ên c l a em suas

p âg l n a s . Manoel D légues Jr . , o ma 1 S assí duo , POSSU1 uma c o l una

fixa, " Fo l c l o r e e h 1 s t ór i a " , onde faz p e qu e n a s obse rvaç ões

acerca dos est udos f o l c 1 6r l c o s d e sen v o l v l dos n o p a í s e o ferece

i n formações sobre even t os re l a t i vos ao t ema . Mar i sa L i ra t ambém

ass i n a uma c o l una f i xa , "Bras i l sonoro" , onde esc reve sOD r e a

mÚ S l c a bras 1 l e 1 ra , sempre sob u m p r 1 sma fol� 1 6r l c o . Esse d es t a que

i n c om p a r av e l me n t e malor dado A v e r t ent e f o l c l or l s t a fez c om que

c o n c e n t r a s s e mo s nela a nossa an i l l s e , em que p e se a inegável

i mp o r t � n c i a d o s d e ma l s c l en t i st as SOC 1 a l S t ambém p r esen t e s .

E bom d est ac a rmos que os anos 50 c onheceram uma amp l a

mob i l i z a ç ã o dos e s t u d i osos d o f o l c l ore pelo rec o n h e c i men t o e

v a l or i za ç ã o dos seus e s t u d o s. . Essa mob l l i z a ç ão n ã o se rest r i n g l u

ao Bras i l e t eve como marco d ec i s i vq a · o r i e n t aç ã o . d a UNESCO no

i med i a t o PÓs-guerra , p ro c u r a n d o en q u a d r a r o fo l c i ore c omo um

v a l o r i z a ç ão d as espec l f i c i d ades c a r a c t e r í st l c a s de c ad a p ovo

p r op i c i a r i a a c o n s t r ução de i d en t i d a d e s p r 6p r i a s a c ad a um d e l es .

Tal orient ação r e f l e t i u-se no Bras l l j i em 1 947 , Quando foi

a C o m i s s :l o N a c i on a l d o Fol c l ore ( CNF L l . Es t a foi a

primeira 'in ic iat iva de um e s forç o que se e s t en d e r i a pela década

seg u i n t e , quan d o foram p r omov i d os os C o n g r e ssos Bras i l e i ros de

Fo l c l ore nas c ldades do Rio de jan e i r o ( 1 95 1 1 , Cur i t lba ( 1 953 1 ,

Sal vador ( 1 957 1 e Por t o A l eg re ( 1 9 59 1 ; o C o n g re s s o I n t � T n a c j, ü (l .:l l

43
do Fol c l ore , em 5;0 P au l o ( 1954 ) ; e a C a mp an h a de

De fesa do F o l c l ore ( CSDF ) , em 1 9 58, pelo p res l den t " J u sc � 1 1 n ú

K ub l t s c h ek Ne ss e s c o n g re s sos houve I n t en sos deba t es s ob r e

conc e i t uaç50 p re C l s a do Que e fol c l ore � sobre sua c l as s l f l c a ç � o

c omo aut ônoma ou c amp o do saber s u b o rd l n a d o

an t rop o l og l a cu l t u ra l Ou i:s. soc i o l o g i a . aqUI

en t rar em d et a l h es sob r e esses' debat es , i m p o r t Ci n d o

r e s sa l t a r que ne l es h ouve a p a r t l c l p a ç i; o de f l g U ,- a S

S l g n l f l cat l vas da s oc i o l og l a e da ã r) t r o p o l 0 9 1 a no B r- i:1 s J. 1

( C a va l c a n t l e V l l h e n �, 1 9 90 )

Tod a s �ssas l n l c l at l vas merec eram grande d e s t a que no

SLDN J ond e e n G on t r am o s c om 8 n t � r l O S , e i o� l os e resenhas fe i t as Dor

vár iOS c o l aboradores . Cabe aqUI ressa l t ar ainda que as

s oc l a l s ' de uma m an e i r a ge ra l V I Vi am um p e r í od o de

I n i C i at ivas . D e mo n s t r a m l S SO a rea l i zaç;o da I e da II R e Ll n l d: ü

Bras i l e l r a de An t r op b l og 1 a , r e s p e c t i v a me n t e no RIO de J a ri e l r- O � �I

1 953 e em Sal vador em 1 955 , e do I B r a s i l e l ro de

S oc l o l og l a r e a l i z a d o · e nl S;o P au l o em 195 4 , e a c r l aç �o de c e n t ros

de p e s qu i s a �rea d as SOC l a I S , c omo o Cen t ro

Sup e r l o r de Est udos Bras i l e l ros ( I SEB ) em 1 95 7 , o Ce n t r o

L a t i n o - A me r i c an o de Pes qu i s a em C l � n c ia s Soc l a l s ( CLAPCS ) , t am b é m

em 1 957 . En t re t an t o , esses emp reen d l m e n t o s de grande a l cance pa�&

os ru m o s que as c l an c i as S OC l a I S V I e ram a t om a r no Br�s l l nem de

l onge t i veram a nas p á g I n as do SLDN , Que

a l c an ç ad a p e l as l n l c l a t l vas d l ret amen t e v l n c u l adas dOS est udos '

fol c l ór lcos . Hegem8n l c a para as r e s p o n s � ve l s pelo SLDN , a v e r t e n t· e

fo l c l or l st a ser l a , e n t r e t an t o , m a r g i n a l l z'a d a no p r o c. e s � ü

c o n s o l i d a ç âo das c l§nc las S OC I a I S c om o d l s cip l 1 n a u n i vp r S l t á r i a

44
Ess" &n t a se dada ao est udo do fol c l ore no SLDN

re l ac i on a-se c om a v a l o r i zação a1 1 t a m b é m d ad a aos est udos .de

cunho r e g i on a l . Em d i ve rs o s momen t os , · em art igos r e f e-r e n t e s aos

assun t os ma i s v a r 1 a d os - c omo Ji pudemos perceber ao t ratar da

l i t erat ura - n o t amos essa post ura exa 1 t ador a d o r e g i o n a 1 � s mo . E o

G u t? nos d IZ, por exemp l o , .J ú s u � de Cast ro Quan d o , ao anal Isar o

p en samen t o soc l a l no Pós-I Gue r r a , enfat l za as obras Que p rocuram

" c on h e c e r as nossas rea l 1 d aoes , p e n e t r a t- os nossos proü l ema� ,

e n c ont r " r s o l u ç õ <! s n a C i on a 1 S para esses p rob l e m a s " . Desses

est udos ':dest acam-se n os ú l t lmos t empos os de cat ego r i a r eg i on a l ,

os de r e g l on a 1 1 smo o b J e t l vo que sem perderem o sent ido do

e dO " " c l on " l se c on c en t r a� em pen et rar c om rigor "s

m a rc an t e s .d o r e g i on a l , a cor 1 De a I , a

s l n g u 1 a r l d ad e g eog r � f l c a e soc l a 1 Que dá 1 n d i v i d u a 1 i d a d .e .à

p aI s a g e m natural e humana . Const l t u l esse t IPO de r e g l on � 1 1 � m ú

l sen t o das "fet adas superva 1 0r l �açõ�s do P l t oresco - uma 'das malS

fort es carac t e r i s t l c as de a f i rm aç ão de nossa cul tura, c om o

c r i ação p róp r i a e aut ônuma . " < 1 2 . 08 . 5 1 >

M a n oe l D i eg ue s Jr . t ambém ress a l t a a i mp o r t â n C I a d os

est udos r e g i on a i s e corpor i f i c a bem o t ipo de i n t ir p r e t � ç ã o que

assoc l a o n ac i o n a l e o regional : "Ser i a S U p é i" t l U O fa l a r da

i m p o r t �n c i a dos e s t udos r e g i on a i s para o c o n h ec i me n t o do

Bras i l . ( . o est udo da reg ião, num país c om o o B r a S i l , c on t i n ua

sendo b áS I c a ou Ind l s p en s á ve l ; é o mat er l a l i mp r esc l n d í v e 1

e l a b o r a ç ã o. de est udos g e ," a i s . " ( 2 4 . 0 6 . 5 1 ) " Se m c on h e C l men t o das

pecul l a r l d ad e s r e g I on a I s , num p a í s d e eKt ensão c omo o nosso ,

d i fici 1 se t orna c o n h e c e r mos o p róp r l o pai s em seu c o n j un t o

Nossa un i dade cul t ural , por p a r " d o xa l que p "reÇa , resu l t a em

grande parte d essas pe c u l i a r i d a d e s r e g i on a i s , d ess" d i v� r � i d �u �

45
de c on d i ç õe s que nos dá ou p roporC I onam o e qu I l í b r I o . E a t rav é s

do reg i on a 1 é Que s e c h e g a a o n a c l o n a 1 .- " ( 0 5 . 1 2 . 5 4 )

o fo l c l ore é v I st O c om o u m I n s t rume n t o e s s en c I a l à

c omp r e e n sZo do s oc I a l , e �á t od o um esforço para c on c e I t u á - l o

c omo uma C O I sa v i va . que a S S'O C l a o

" fol c 1 6r l c o" ao " P I t oresco" e p rocura-se e l evá - l o ;' c a t e g or i a de

C l �n C l a . As passagens a seg u I r exemp l I f I c a m esses e s f o r ç os ,

d e I xando ver ao mesmo t em p o a d i fIcul dade de uma c on c e i t uaç ã o

mais p r e C l ':. a .

"O que p r eC I samos t er p re s e n t e é Que fol c l ore é C O l Sd

viva, n�o é r e l í qU I a de museu - é algo que se r enova t odos os

d ias . ' Caaa g e r a ç � ü a d I C I on a sua p róD r l a eHPer linC la à h e r a n ç d.

rec eb i d a d as dn t e r i ores . " ( Ma r t i n s , I van Ped r o , 1 7 . 0 9 . ::; 0 )

"Nad a ma I S l amen t á v e l e I n t o l e rá ve l do . que a

cont rafração de a l go t ão sé r I O , bel o e I mp o r t a n t e c om o é a

reprodução de c o s t umes e t ra d i c I o n a I s man I fest ações de arte

e s p o n t :l n e a do povo . Como s e s ab e , o fa l so . " t í P I C O " , o c h a mad o

" re g i on a l " , exib indo c a r I c at uras · g rot escas e S Ó rd i d as de nossa

g en t e do i n t er i or , j á se an d a rot u l ando de fo l c l ór I c o , o que e

p o s i t i v ame n t e c orromp e r , c on t r a d I z e r , J u s t i f i c an d o- s e a reação

dos c u l t or e s da c i �n c i a aSS I m c o n s p u r c a d a . " ( L i ma , R au l . 2 6 . 08 . 5 1 >

"E c l aro que o fol c l ore não é o exót i c o , o p l t O l- e s c o , c

c u r i o so ; não é d i v e r t i m en t o , nem é d i s t r aç ã o . E uma c l inc i a qu e ,

c omo as d ema I s C l enc las h u m a n a s ou SOC I a i s , estuda o h om e m

at ravés de um d e seus aspec t os , das at I V I dades que decorrem da

VIda p op u l a r : as man i fest açõe� c on s e r v a d a s ora l me n t e ou

t ransmi t idas pela de t écn icas

r ud l m e n t a r e s , nos d I v e r s os g rupos humanos . E, no con j u n t o dessa

46
, i Gn c i a do h o me m , uma das c 1 ên c 1 as a n t rop o l ó 9 1 c o -

, u l t ura i s . " ( D1 égues Jr . M a n oe l , 2 1 . 08 . 55 )

"O fo l , l ore é o c on � u n t o d as m a n i f e s t a ç õe s não


'
i n s t i t u, i on a l l z a d a s d. vida e sp i r i t u al e das formas de c u l t u(�

mat e r1 a l dela decorrent es ou a ela assoc 1 ad as , nos p o vos

p r i m i t lvos e nas c l asses p o p u l ares das soc i e d a d e s c i v i l izadas . "

( Dl égues Jr . , 27 . 1 0 . 57 >

" Em C l�nc 1a se busca a r e p e t i ç ão d e um f a t o em c on d 1 ç õe s

i d G n t i c as e repet e-se o exame d o mesmo a t é c omp r o v a r Que as

mesmas C 0 1 sa s p roduzem os mes mos e f e i t os p ara dai deduZ 1 r uma

le1 . E deste. modo que parece ser conven 1 e n t e enc am 1 n har os

t r a b a l h os f o l c 1 6 r 1 c os . As t eses a t u a 1 s' d e v e r 1 a m t raçar l im 1 t es às

p e s qu 1�as , est aoe l ec e r rot e l ro s para as mesmas , p r opor b a ses para

uma o r g a n l z a ç ão econom l c amen t e a u t o - su f l c i en t e ded 1cada aos

est udos f o l c l Or l c o s . Deve r - s e - l a est udar os m e l OS de · l lg ar os

cursos de 50C l o l 09 i a ao fo l c l ore ou d�

p r o f i s s i on a l i z a ç ão d o fol c l or l s t a , en f i m � ever-se- i a buscar dar a

esse campo de c u l t ur a os i ns t rumen t os para desenvol ver-se . "

( Ma d i n s , I va n Ped r o , 1 5 . 07 . 5 1 )

Para f l n a l l zar , ser l a l n t e ressan t e t r an s c r eve r mos um

t re c h o de art 1 90 de Har i sa Lira, onde a autora p rocura definir �

que é " fo l c l o r e " . e o que é " p op u l a r " : "O que n ão se pode

c on fu n d i r , ab so l ut amen t e , é a mús i c a pop u l a r com a mús i c a

f o l c l Or i c a . Mú s i c a fo l c l ór i c a é a que a1 c a n ç ou o anon i ma t o pela

P Y' e f e r G n c i a i r r e c u s á v e l . .d a s g e r a ç õe s que a t r ad i c i on a l l za r a m .

Mús l c a p op u l a r , de qua l quer r e g 'l ã o , t em a u t o r con hec i d o , seJ a ele

ma i S p op u l a r ou n�o , mas que cria, f a z o u p l ag i a uma me l od i a no

r i t mo p re f e r i d o . " ( 06 . 1 0 . 57 >

47

-'
• l' .
I FUNDAÇÃO rlFTú LlO VARGAS
� CPODe .

v - O S L D N E OS TEMAS DE SUA EPOCA

Conc l u i n d o nosso t r ab a l h o , ach amos pert in ent e s i t uarmos

o SLDN em rel ação aos t emas ma l S f r e qU e n t e s no debat e i n t e l ec t ua l

d os anos 50 e a i magem que nos foi l eg a d a da vida da soc i e d a d e

bras i l eira n a que l e momen t o .

A pr imeira metade d a . d éc ad a foi marcada pela vol t a de ·

Get � l l o Vargas ao poder , pela t ra j e t ó r � a cont urbada de seu

governo e, por fim , p e l o . su i c 1 d i o do p r e s i d e n t e. . A f e i ç ão

n a c i on a l l s t a que Vargas p ro c u rou d a r a o seu segundo p e r iodo

p r es i d e n c i a l p o l ar i zou o p i n l õe s e p o s i c i on amen t os pol í t ico�,

t en d o a c am p a n h a do "O pet r6leo é n o s's o " f i c ad o c om o um emb l e ma

da é p oc a . Como p ud emos ver na parte dest e t rabal h o dedi cada à

pol it ica n a c l on a l , o SLDN se Pos i c lonou i n s i s t e n t e men t e .c o·n t r a

Varg as , d en un c i ou o " m ar d e l ama " , a p o i ou os set ores p o l 1 t i c os

que e � i g i am a sua ren�n c i a e, j un t o com esses se t o r e s , f o i pego de

surpresa pelo e p i sód i o do suic ídio . O debate acerc a das p ropost as

n ac i o n a l i s t a s , no ent ant o , n �o mob i l i zou seus c o l a b or a d o r e s .

Predomin avam os a t a qu e s a f igura de Vargas e ao seu p a ss a d o de

d l t ad o r , as a c u s aç ões de c o r r up ç ã o ao seu g overno e o permanen t e

rec e i o de um n ovo p e r 1 0d o d e a u t o r i t a r i sm o .

c o l a b o r a d o re s do SLDN apresent aram a r g u m en t o s c on t ra as

p ro p o s t as n a c i on a l i s t a s . Acusava-se Vargas de ser um d � m a g og o ,

mas n �o havia r e ferên c i a s ao n a c i on a l i smo c o mo frut o dessa

d emagog i a . Da mesma forma t a is p ropost a s em momen t o a l g um t o r a fl'

defend i d a s ; sob re elas p r e d om i n ou o s i l �n c i o .

Na segunda met ade da d �c a d a a t e mà � i c a do n a c i on a l i s m o

gan hou as c ores do d e s e n vo l v i men t i smo . J u sc e l i n o K ub i t st h e k

d e s l oc ou o debat e , e �a l t o u o papel do c ap i t a l es t r a n g e l r o p a ra o

48
d e se nv ü l v l me n t o

in l C 1 0 U u m s u r t o l n d u s t r l al i zant e que d e I xou marcas no p a i s . Umd

l d eolo g l a d e s en volv l m entist a a p a r e ce u e g a n h ou f o rç d , pol ar 1 z a n do

o d eb a t e sobre a v l da n a c i o n al . o ISEB, o r g d n i s rn G

g o v e l'" n a m e n t a l que " fa b l'" l Ca Va" 1 d e o l 09 1 a s ca pazes de d a I'"

s u s t e n t a ç ;; o ao desenvo l v I me n t o e c on ô m l C O As t es te ," da C E F' A L

fo r a m t l'" a z l d a s pa ra o d eb a t e e e n r l quec l d a s c om I'" e f 1 p >< õ e s

p r o d Ll Z l d a s a q Ll l por t e u r l C OS e x p re SS l VOS . No IS EB

.;. u r g l r a m d l S S B fl s t e s In t er n a s r � feren t es ao ti P O de na c I o n al l sm o

qUe n ece S S I da des do dese nvol V I me nto

e C O fl ü m l C O . o S L ON , p O l'"e m , 1 9 n O l'" Ou toda ess a mo v lme n ta ç i: o em

suas P � g l n a S n � o n o t am o s a p r e s e n ç � d � s s e d e b a t � . Com a

R a mo s , os l s eO l an o s nem s� quer a p � � ec i a m

p á g l n a s . · E mesmo G u e r r· e lro a par eceu som e n t e alg umas poucas ve z e G ,

n Ll m p e l'" i odo d n t e r l or i funda��o do I SE B , C r i t l c a s a o I SE B t ambém

n :1 o a pa l'" e C lam , A d I s c u ss ã o ,"o b re o p a pel a s e ,-


' des empe n ha'd o pe l o

E s t a do na v l d a S Óc lo -ec o n ô m l c a do pa i � ou so b r e a s t eor 1as' Que

a soc I ed a d e b r a s i l e i t- a em

d u a l is tas n �o fO I pe l'"c e b l da p elos respons áve ls pelo "Suple m e n to" ,

=. s s i !""! t � � i � e P'"! t r e n � I nN P o Que cons ide r amos hoj e

como os t emas da q u el a é p o c a f Ica a I n da ma is evi de n t e Q ua n do , já

em 1959 , Gus tavo Corç � o , numa sérIe de ar t I gos , resol vem abordar

a p ro b l em á tica do " s u b d e s e n vo l v l m en t o " , C o r ç ão trata o ass u n t o a

p art i r d e uma p e r s p e c t i v a i n t e i ,- ã m e n t e "est ran h a " aü deb�t e

se t ravava . No t r ec h o t r a n s c r l t o a se g U lr , o n de p ro c u r a

" b o ''- d a ...- o " f a t o l- é t I C O d o s u b d e s envol v lm e n l o" , o autor d e i xa isso

b r? fll c 1 a ,- ü : "A ldél a de c om e ç a r por uma de re c u r so s

f I n an c e i r os , como o Pl ano Marsh a l , s6 vale p' " r a uma n a ç i:. o de a l lo

n ivel de c ul t u r a Que sofreu uma avar l a g ra ve ( , Para um p a i ....

49
sub d e sen vo l v l d o a l d é l a não se ap l i c a , p o r Que o pres lden t e ou

d l t ad or � e l as aman t e s , em J ó ias e a u t om ove l S , o ;,

r e c u rsos obt ldos das pot �nc l as ma l s r l c as , ou ent �o t eri a

fant ást l c a de fazer uma c ldade n ova . A l n J e ç �O .f i n a n c t-' l r a será

quase l n f a l l ve l m en t e mal a� l l c ad a no pais su b d e se n v o l v l d o

, sub desenvo i v l d o . O �n l c o modo de o

c irculo V l C I OSO e o de c o m e t; d r p t! l a por t a desprezada p e l os

d e s e n vo l v l men t l s t a s . o de c om e Ç a r pelo r e c o n h e c l m en t o do

p r Imado do eSP l r i t ua l e pela r ea t l v aç i o das energ l a s p r op r i a men t e

h um a n a s . " (21 .06 . 5 9 ) Na semana seg u l n t e Corç�o � rossegulu na sua

· c a r a c t erl z a ç ;; o I d ea l l s t a do f e n ôm e n o do " s u b d e s e n vo l v I m e n t o " ,

reIvinü lcando n ü v a me n t � um t r a t a m e.tH o d l f e r !? fl c i a d ü

q u e s t �o : p r e C I SO sal lent ar o papei r e l evan t e d os fat ores

mo ra l s e pol l t l c os nessa esp é c i e de at rofla ou de paral i s l a de um

n a c I un a l , p u ( 'i u l? os s e� u l d or � s do e C ü n ú nl l S m ü , i -=. t ü da

d out r i n a que a f i rma a p r lmazia do e c on ôm I C O , fazem u m· ma I

i n c a l c u l áv e l aos p a í se s pob res e at rasados quand o c on s e g uem

I ncu l c ar a e w p l l c aç � o do s u b �e s e n v o l v l m e n t o , e até de t od a

em t e rmos de c·a u s a s econômI cas . O d e mô n l o do

::! � de

ressen t i men t o s , p a ra p r os s e g u i r a sua t arefa de d e s u ma n l z a ç i o do

mun d o . E n 6 s , ( . .. . . ) t emos de a c e l t a l- ma l S est a da f i l os o f i a do

s u b d e s e n v o l v l m e t"it o . " ( 2 8 . 06 .5 9 ) Na v e rd a d e , Co r ç �o , ao a b or d a r

esse assun t o , e s t ava mais p r e o c u p a d o � om o que ele c h a m a.

dec l i n l o dos va l ores e S P Lr I t u a I s no mun d o modern o , s�perados p or

val ores mat e r l ais . Nad a a ver , p o r t an t o , com a d l sc u ss:o em t orno

do d e s e n vo l v l m e n t o t aI c omo ela · er a c o l oc a d a c o n c r e t itrlt t? n t �

n a q u c? l e fll ü m e n t o .

50
P o d e m os com cert eza assoc l ar essa " 001 1 5 5 :: 0 " d o SLDN no

que s e r e f E< r e aos t emas " c l á s 'O l C O S " da pol í t ica na E< r a J K c o m o

a f a s t a me n t o d e l i b e r a d o d e seu s c o l a b o ra d o r e s d e t e mas � i ra t amen t e

p o l i t l c os o c on t r a s t e en t r e o I n t e n so e n v o l V i men t o d e a l g un s de

seus c o l a b o r a d u r e s n a s c a m p a n h a s e l e l t o r a l s d a p r i m e i r a m E< t a d E< da

década , lnc l u I ndo aí a e 1 e l ç do d e 1 9�5 v�nc l d a por Jusc e 1 1 n o , e a

post ura d E< n :; o E< n V 0 1 V l m E< n t o nas c am p an h a s segu i n t es ( 1938 e 1 9 60 )

evidenc iam que uma nova orient ação era d i t ada ao " Su p l e m e n t o " . A

c on s t a n t e perp l eN l dade d i ant e de resu l t ados e l e i t ora i S que

l n s 1 5t lam em c on t r a � l a r seus c o l aboradores t a l ve z e � p l 1 qu e essa

op ç i o por um sup l emen t o l i t e r á r io l on g e de emba t es p o l í t i C OS

A c on t é c e que o deoat e sobre as p ropos t�s d e s e n vo l v l m e n t i s t a s I bM

bast ant e a l ém de 1 ut as p 0 1· í t 1 C a s Imed I a t as . D i sc u t i a-se os

dest inos do pais, o seu fut 4ro , e por ma i S que o d e s e n v o l v i me n t o

se v i n c u l asse i r r e m e d l a V e l m E< n t e � f i g u r a d e JK , nio se res t r i n g i a

a e s se vincu l o . Era um debat e n a C i o n al , Que envol V I a amp l os

set ores SOC i a I S e da i n t e l ec t ua l I d ade bras i l e I r a , e é rea l men t e

int r i9ante que o SLDN , com seu l e qu e bast ante amp l o �e a S 6 un t 06 ,

t en h a i g n o ra o o e � a t amen t e esse debat e .

Mas os anos JK foram t a m b ém �nnG rl P p f � r v P Gr � n r l �

c u l t ural . O final d a d éc a d a de 50 no Bras l l c on h e c e u uma sjrie d ",

mov imen t os como a bossa nova , a poeSIa c o n c ret a , o C l nema n ovo ,

que compuseram um Quadro de tal s o f l s t l c a ç ão Que p a r e C I a.

c on f i rmar no c ampo c u l t ur a l as e N p ec t a t l v a s que o l d e :" t- i o

a e s e n vo l V lmen t i s t a t raçava p ara a SOC Iedade bras i l e i ra . O SLDN ,

p o r ém , t e n d eu a I gnorar t ambém e�5es m OV I men t o s , Y" a r a m e n t e se

referindo a e l e6 .

A poeS l a concret a , que t e ve num ou t ro SUp l emen t o

c u l t ur a l - o "Sup l emen t o Dom i n i c a l " d o Jo r n a l do BraS i l - o seu

51
veicu l o de d l v u l g a ç �o , '01 t o t a l me n t e 1 9 n orad a pelo

de A p r o d u ç ão poét Ica ve l c u l a d a pelo SLDN

c on t l n u ou ex a t amen t e a mesma após o s u r g 1 m é' n t o do mov 1 me n t o

concret 1st a , c o mo se nada t I vesse a c on t ec endo b sua vol t a .

mÚS I c a braS I l e lra, 1 9 u a l ment e , não t ev e o seu t r a t ame n t o

a l t erado C on t i n u ou a ser abordad� SO� um p r l sma f o l c l 6 ,.' l c o

C ü i u fl ã m e n O i-

slgn l f lcado par" o SLDN . Co m o c l nemd 4 h lst6ria Tal U'm poucü

d i f e r e n t e:- o f l l me R10 40 Graus d� Ne l son Pere l r" dos S an t o s fD l

c omen t a d o e e l 0 9 1 ado � m al guns a r t l g os O Crit 1co Luis

i n t r od u Z 1 U em seus art l gos re l a t l v am en t e f r t:" yU e n l e s d, l g u m a s

o b se r v a ç õe s ' sobre l l ngu"gem C l n e lll'a t o y r á t' l L a , bem Que

d em on s t r as se ma I S p e d an t l smo dO que �t ua l l za ç ; 0 no dssun t o ,

qua 1 q u e r ' f o rm a , o c i nema novo t ambém não como um

fenümeno de c on j u n t o , an á l 1 ses so b r e o seu

s i g n l f 1 c ad o en quan t 6 mov 1 men t o est êt l C O . M é' s m o a const rução de

Bras i l l a , qUe p r ovave l me n t e m o t l vou o � u r 9 l me n t o da c'o l u n a

" A r QU l t e t u r a e u rb a n i s mo " , n ão me r ec e u a n á l l ses ma I S

a p r o f u n d ad "s . O p r Óp r 1 0 respon sável pela nova c o l un a , Rub e n s do

da

n ov a cap it al , o faZ la para crit lcar a i n i c 1at l v a .

Em t e mos dos

anos 50 com a r ea l 1 d a d e que o SLDN refl et e , n;o e n c on t r a m o s mUl t a

c o r r e s p o n d &n c l a . Na" pág1naS do " S u p l e m Et n t o " o o t l m 1 sm o da era JK

n�o eXlst e , o d e s e n vo l v l m e n t l sm o n�o p r oduz empo l g a ç ; u , �

n�o assume f o rm a s c on c r e t a s , Bra�í l i d n�Q se t o r' n a s i mb o i o J e um '

novo rumo para o Bras i l , a bat 1da nova no v 1 0 1 ;0 de Joio G i l berto

n 'd o se faz OUVI r , as c r6n l c a s s ob r e o c o t l d" l a n o do p ovo car loca

n d: o nos f a l am da eufor 1a pelo t itulo mund i a l ' de f u t .. b o l ,


c gmera na mão e uma l dela na c abeç a não são su f l c l e n t e s pa�a se

faze� um C Inema n ovo e I n s t l 9 dn t e .

Ao p e rc e b e r mos o cont rast e t�o eVIden t e en t �e a l ma g e m

qu e hOJ e nos é dada de uma epoca e a l ma g e m Que um J o�nal dessa

mesma época P � Od U 2 I U del a , nos vem f o � ç o s amen t e a pe�gun t a : DO�

que

que essa ��oca de o t l m l s mo f 01 t ra t ad a c om t an t o p P S S l m l s mo por

homens e mu l h e�es que a est avam v Ivendo n a� u e l e momen t o? Os anos

JK , c om o qu a l q u e r out ro p e r i od o h IstórICO, possuem

c on t � a d l Ç õe s , sua comp l ex Id ade . Um t ra b a l h o como o Que

d es e n v o l vemos a qu I , com seus I l m i f es e v i d e ri t e s , n�o p r e t e n d eu - '"

nem pod i a p r e t e n Cl t? t- - " r a a l ü !3 r a f a f " g. �poc a �m sua l o t a l l dade .

Ocup "mo-nos recomenda

g e n e � a l i zaç ões . O resu l t ado de nossa p e S qU l S a , en t r e t an t o , . nos

p a", na cont ramão das l n t e r p r e t a ç õe s ma l S f r e qUen t e s sob re a epock

por nós e s t u d ad a . I n t e r p r e t a ç õe s Que , e s't a n d o Já c on s o l i d a d a s há

aI g um � empo , vêm sendo v a l o r l �adas nos � l t l m os anos . I sso t ud o

n os c o l oca na Quem parece

c on t r a r l a r o senso comum . Sob r a i s so rest a-nos f"ze r duas ú l t l m a s

n h ';; � V" \ / -:;' õ � __ r" o_ . _� . _� _ 1 _ ._ - n � ..! ._ � _ _I _.


- - - - • • - .,. .... 'I;. � . • , "' ' ' ' 0::: ''' ' ..... , l". , Coa I G w+g' •\' YS'

Not;CJa5 e um J o rn a l Que d efende uma p o s l ç ão p o l í t i c d.

i n s i s t e n t emen t e d e��ot ad a na é p oc a . Seus c o l aboradores se apegam

a post ul ados f i l o só f I c o s e est ét icos bast ant e c onse rvadores . Há

at é um Gust avo Co�ç ão , f i gura que fica a l amen t ar o fim do Ant Igo

Reg i me . N�o é p r e C I SO mU l t o es forç o p a ra Que a

.. t u � m a " do SLDN f0 1 a t � op e l ad a pela h i st 6r l a . Mas por o u t r'o l ad o

nos p a t- e c e � iJ e não se t rat a de pessoas " l un á t l c a s


" , sem n e n h um

v in c u l o com o s eu t e mp o . Afinal t ra t a-se de um 6rg3o da g rande

I mp r en s a , que POSSUI m l l hares de l e l t ores e qu e entre seus

53
c o l aooradores p essoas que m an t l veram fort e presl lg 10 alnda por

mU l t o t em p o a p ós o pe riod o aqul an a l l s a d o . A f igura de A l ceu

Amoroso Lima é exemp l o l negável d l S SO

ASS lm , rest a-nos o l h ar com uma certa reserva p a ra a

l ma g e m de o t l m l sm o que vem se a f l rm a n d o so b re os anos JK . Esses

" an o s dourados" n�o f o ram c o nst r u í d o s , p or acas o , a· posterIorl'?

Lemb r emos que a al l an ç a e n t r e o PSD o l igarça e o PTa t r ab � l h l s t a

dom i n ou com cert a f ac i l l d a d e a cena e l e it oral bras l l e l ra por t od o

o p er l od o 1 9 4 5-64 . A sua ú nl c a g r a n d e derrot a foi e x a t ame n t e no

mom e n t o da sucess�o de Jusc e l ino . Se os anos eram dourados , o Que

fez c om que o c an d ldato da s i t uaçlo n�o vencesse as e l e i ç 5es? O

c an d l d at o d e r ro t a d o e r a o h omem que havia g a r a n t i d o c om f i rmeza o

man d a t o de JK . N�o f01 por fal t a de lden t i f lcaç�o com J u s c e l in o

que Lot t perdeu as e l el Ç 5 e s . A� re f l e x 5 e s que t im sldo fe l t a s

sobre a qu e l e per iodo nlo t �m fe l t o esse QUes t l o namen t o e, no

e n t an t o , nos parec e ser exat amen t e e�sa a qu e s t : o Que nos �

a p r e s e n t id a com ma l S forç a .

54
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56

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