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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DAS


RELAÇÕES PARASITO-HOSPEDEIRO

KASSYA LOPES EPAMINONDAS MARTINS

Avaliação do processo cicatricial utilizando biomembrana de


látex de Hancornia speciosa e Regederm® em feridas de
espessura total induzidas experimentalmente em ratos
Wistar

Goiânia
2016
i
KASSYA LOPES EPAMINONDAS MARTINS

Avaliação do processo cicatricial utilizando biomembrana de


látex de Hancornia speciosa e Regederm® em feridas de
espessura total induzidas experimentalmente em ratos
Wistar

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Biologia das
Relações Parasito-Hospedeiro da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do Título de
Mestre

Orientador: Prof. Dr Ruy de Souza Lino


Junior
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto de
Melo Reis

Goiânia
2016

ii
iii
Programa de Pós-Graduação em Biologia das Relações Parasito-Hospedeiro
da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno (a): Kassya Lopes Epaminondas Martins


Orientador (a): Prof. Dr Ruy de Souza Lino Junior
Co-orientador (a): Prof. Dr. Paulo Roberto de Melo Reis

Membros:
1. Prof. Dr Ruy de Souza Lino Junior

2. Dra. Fátima Mrué

3. Prof. Dr. Helio Galdino Júnior

Data: 02-09-2016

iv
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu orientador, pela excelente orientação, sem a qual o
mesmo não seria possível, dedico também a minha família pela compreensão e
amor nos momentos de ausência, em especial a minha mãe Marlene e meu marido
Marcelo.

v
AGRADECIMENTOS

Inicialmente a Deus, pela vida e possibilidade de trilhar esta jornada, e por colocado

pessoas tão especiais em meu caminho.

Ao professor Ruy, pela confiança e oportunidade de trabalhar ao seu lado, me

mostrando o caminho da ciência e sendo um exemplo de profissional e de vida.

Ao professor Paulo Roberto, pelo incentivo, acolhimento e amizade.

Aos professores Luciane e Pablo, pela colaboração e disponibilidade em colaborar

com este trabalho.

Ao meu marido Marcelo, pela ajuda e companhia durante intermináveis horas de

experimento.

Aos companheiros de Laboratório que compartilharam momentos de aprendizado e

experiências.

A todos os amigos de passagens, que de alguma forma contribuíram para este

trabalho.

vi
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO/REVISÃO DA LITERATURA .................................................. 1


2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 14
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15
3.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 15
3.2 Objetivos específicos........................................................................................... 15
4 MÉTODOS ............................................................................................................. 16
4.1 Materiais ..................................................................................................... .........16
4.1.1 Soro fisiológico ............................................................................................... ..16
4.1.2 Regederm® ...................................................................................................... 16
4.1.3 Biomembrana de látex de Hancornia speciosa ................................................ 16
4.2 Tipo de estudo e aspectos éticos ........................................................................ 17
4.3 Animais de experimentação ................................................................................ 17
4.4 Padronização do ambiente .................................................................................. 17
4.5 Procedimento para lesão..................................................................................... 18
4.6 Procedimento para tratamento ............................................................................ 19
4.7 Procedimento para eutanásia.............................................................................. 19
4.8 Procedimento para avaliação .............................................................................. 20
4.8.1 Avaliação macroscópica ................................................................................... 20
4.8.2 Avaliação microscópica .................................................................................... 20
4.8.3 Análise estatística dos dados ........................................................................... 21
5 RESULTADOS .................................................................................................... 22
5.1 Análise macroscópica ..................................................................................... 22
5.2 Análise microscópica ...................................................................................... 29
6 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 34
6.1 Limitações/vantagens do estudo ................................................................... 40
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 40
ANEXS..................................................................................................................... 52

Anexo 01 - Parecer do Comitê de Ética

vii
TABELAS E FIGURAS

Curso temporal da porcentagem da contração das feridas


Tabela 1-
experimentalmente induzidas em ratos.............................................22

Mediana da formação de crosta nas feridas excisionais aos 3, 7, 14 e


Tabela 2 -
21 dias após indução da lesão..........................................................23

Análise microscópica das feridas experimentalmente induzidas na


Tabela 3 - pele de ratos aos 3, 7, 14 e 21 dias após indução da lesão excisional
...........................................................................................................29
Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em

Figura 1 - ratos nos grupos G1, G2 e G3 aos 03 dias após a indução da lesão
incisional...........................................................................................24
Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em
Figura 2 - ratos nos grupos G1, G2 e G3 aos 07 dias após a indução da lesão
incisional...........................................................................................25
Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em
Figura 3 - ratos nos grupos G1, G2, G3 e G4 aos 14 dias após a indução da
lesão incisional.................................................................................26
Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em
Figura 4 - ratos nos grupos G1, G2, G3 e G4 aos 21 dias após a indução da
lesão incisional..................................................................................27

Fotomicrografia da pele de ratos aos 03 dias após indução da lesão


Figura 5 -
excisional nos grupos G1, G2 e G3..................................................30

Fotomicrografia da pele de ratos aos 07 dias após indução da lesão


Figura 6 -
excisional nos grupos G1, G2 e G3..................................................31

Fotomicrografia da pele de ratos aos 14 dias após indução da lesão


Figura 7 -
excisional nos grupos G1, G2, G3 e G4............................................32

Fotomicrografia da pele de ratos aos 21 dias após indução da lesão


Figura 8 -
excisional nos grupos G1, G2, G3 e G4............................................33

viii
RESUMO

A utilização do látex de Hevea brasiliensis no tratamento de feridas foi


amplamente estudada com o curativo na forma de biomembrana,
atualmente está disponível comercialmente o Regederm®, um gel-creme
indicado no tratamento de feridas cutâneas. Além disso, o látex de
Hancornia speciosa também tem sido utilizado na cicatrização de feridas,
por apresentar atividade angiogênica e anti-inflamatória. O presente
trabalho tem como objetivo comparar os efeitos da biomembrana de H.
speciosa com Regederm® na cicatrização de feridas. Utilizou-se 70 ratos
Wistar, divididos em G1 – soro fisiológico, G2 Regederm®, G3 –
biomembrana de látex de H. speciosa e G4 misto Regederm®/soro
fisiológico, com 5 animais para cada dia experimental, a eutanásia foi
realizada aos 3, 7, 14 e 21 DAI (dias após a indução da lesão). Foram
realizadas análises morfométricas, macroscópicas e microscópicas dos
processos patológicos gerais. Verificamos que a biomembrana de látex de
H. speciosa minimizou a necrose e inflamação durante as fases inflamatória
e proliferativa, e induziu angiogênese similar ao Regederm®. Durante a fase
de maturação o Regederm® continuou estimulando angiogênese, o que não
foi visto no tratamento com biomembrana de látex de H. speciosa. O
estímulo de fibroblastos foi intenso no tratamento com Regederm® e grupo
misto Regederm®/soro fisiológico durante as fases proliferativa e de
maturação, diferente do que foi visto no tratamento com biomembrana de
látex de H. speciosa, que inibiu essas células; o Regederm® tendeu a
manter o infiltrado na forma de mononucleares durante a fase de
maturação. Portanto, o Regederm® foi similar ao controle na fase
inflamatória e proliferativa, contribuindo para a angiogênese, mas ao longo
do tempo tendeu a aumentar o tempo de permanência de células
inflamatórias; a biomembrana de látex de H. speciosa minimizou a necrose
e inflamação durante as fases iniciais, estimulou a angiogênese, e cessou
estes estímulos durante a fase de maturação, o tratamento misto minimizou
os efeitos angiogênicos tardios do Regederm®, porém a inflamação foi
mantida, levando ao atraso na cicatrização, com menor contração da ferida.

ix
ABSTRACT

The use of Hevea brasiliensis latex in the wound treatment have been widely studied
as a biomembrane bandage. Nowadays it is comercially available as Regederm®, a
gel-ointment indicated in the use of cutaneous wounds treatment. Also the Hevea
brasiliensis látex has been used in the wound healing because of its angiogenic and
anti-inflammatory ativities. The presente study aimed the comparison of the healing
effects of H. speciosa biomembrane and Regederm®. 70 Wistar rats divided in
G1 – control group, treated with physiologic solution, G2 – treated with Regederm®,
G3 – treated with H. speciosa biomembrane, G4 – mixed treatment with
Regederm® and physiologic solution. The euthanasia occurred at 3, 7, 14 and
21 days after the induction (DAI) of the incisional injury. Morphometric,
microscopic and macroscopic analysis were performed evaluating the
general pathologic processes. It was possible to observe that the H.
speciosa biomembrane decreased necrosis and inflammation during the
inflammatory and proliferative phases of the healing process. The
angiogenesis observed was similar to the one found in the Regederm®
treated group. During the maturation phase of the healing process the
Regederm® continued to stimulate the angiogenesis which was not
observed in the H. speciosa biomembrane treated group. There was an
intense stimulus of fibroblastos with the Regederm® treated group and the
mixed treatment group in the proliferative and maturation phases of the
healing process while in the H. speciosa biomembrane treated group there
was an inhibition of these cells. It was possible to observe that in the
Regederm® treated group there was a continuous inflammation of the tissue
during the maturation phase of the healing process. Therefore it is possible
to conclude that Regederm® contributed to the healing process in its
inflammatory and proliferative phases but tended to perpetuate the
inflammation process. While the H. speciosa biomembrane decreased
necrosis and inflammation during the initial phases of the healing process,
stimulated angiogenesis and interrupted these stimuly during the maturation
phase of the healing process. The mixed treatment group decreased the
delayed angiogenic effects of Regederm® however the inflammation was

x
sustained leading to a delay in the healing process with less wound
contraction.

xi
1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA

A intervenção humana no processo cicatricial, sejam tais feridas provocadas


por acidentes ou durante procedimentos, ocorre desde a antiguidade, demonstrando
que já se reconhece, há muito tempo, a importância de proteger o organismo,
cuidando das feridas para evitar que haja complicações (Mandelbaum et al, 2003;
Alvim et al, 2006; Penhavel et al 2016).
Apesar do nível de conhecimento científico, ainda tem-se buscado
medicamentos que atendam às necessidades dos pacientes, com custo
relativamente baixo e com eficácia garantida, principalmente para o tratamento de
lesões crônicas (Reinke & Sorg, 2012; Velnar et al, 2009). Os medicamentos
derivados de plantas, sempre foram utilizados levando em consideração a cultura
popular (Nicoletti et al, 2010, Ferreira-A et al, 2008).
Ainda que tenhamos muitos recursos e tecnologias disponíveis, é importante
avaliar o contexto em que estamos inseridos, visto que a acessibilidade é parte
essencial para a avaliação da viabilidade de um tratamento, pois muitos recursos
são importados e patenteados por empresas multinacionais, sendo a cicatrização de
feridas um desafio constante (Mandelbaum et al, 2003; Velnar et al, 2009).
Um produto, para ser considerado eficaz no tratamento de feridas deve ser
fácil de ser removido, propiciar conforto ao paciente, não exigir trocas freqüentes, ter
uma boa relação custo-benefício, melhorar a migração epidérmica, induzir
angiogênese e síntese do tecido conjuntivo, fornecer ou manter a superfície da
ferida com umidade ideal e a periferia da lesão seca e protegida, ter facilidade de
aplicação e se adaptar a diversas partes do corpo (Mandelbaum et al, 2003; Dhivya
et al, 2015), o ambiente úmido é importante para formar o ambiente ideal para a
cicatrização fisiológica, além de limitar a reação inflamatória, necrose, progressão da
lesão e tamanho da cicatriz (Zhai & Maibach, 2007; Junker et al, 2013).
Considerando a grande biodiversidade brasileira e a necessidade de
aprimorar os tratamentos para feridas, ainda há muito a ser pesquisado sobre o
potencial terapêutico nos conhecimentos difundidos em nossa cultura popular, sendo
de grande importância utilizar recursos disponíveis aproveitando matérias-primas
encontradas nas regiões, para que se possam desenvolver tecnologias mais simples
e baratas, conforme vem sendo apoiado pela Declaração de Alma-Ata (1978) e

1
criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2006,
apoiando inclusive o uso da fitoterapia no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
(Nicoletti et al, 2010; Figueredo et al, 2014).
As plantas são fontes importantes de produtos com potencial terapêutico,
visto que, já servem de princípio ativo para vários fármacos disponíveis no mercado.
O Brasil tem uma grande biodiversidade com cerca de 100.000 espécies
catalogadas, mas apenas 8% foram estudadas e somente 1.100 em relação ao
potencial medicinal (Nicoletti et al, 2010). Apesar da quantidade de medicamentos
disponíveis, e dos grandes avanços na compreensão dos processos de reparação
tissular, há trabalhos que demonstram ainda haver grande incidência e prevalência
de lesões crônicas, levando a um grande impacto psíquico, social e econômico,
sendo as ulceras crônicas nos pés e pernas uma das principais causas de
afastamento do trabalho no Brasil, pois os pacientes com úlceras crônicas
apresentam pouco domínio de sua vitalidade, dificultando realização de atividades
diárias (Mandelbaum et al, 2003; Souza et al, 2013).
Neste contexto o látex natural tem se mostrado de grande importância
merecendo destaque o látex de H. brasiliensis, planta conhecida como seringueira
que fornece um material biocompatível com atividade angiogênica que já foi testado
e comercializado na forma de biomembrana denominada Biocure®, atualmente há
um produto na forma de gel-creme, disponível comercialmente com o nome
Regederm® que tem um grande potencial cicatrizante fazendo com que feridas
fechem em poucos dias (Pele nova, 2014; Mrué, 2000). No entanto, o uso tópico do
Regederm® tem algumas restrições, pois há casos de alergia ao látex em até 17%
da população (Almeida et al, 2014; Bousquet et al. 2006).
Considerando as plantas lacitíferas como importantes fontes de biomateriais
foram feitas pesquisas que evidenciaram semelhanças entre o látex de H.
brasiliensis e o de H. speciosa, popularmente conhecida como mangaba, com o
diferencial de a H. speciosa ter menos proteínas em sua estrutura o que sugere um
menor potencial alergênico (Malmonge et al. 2009).
Recentemente, trabalhos evidenciaram o potencial do látex de H. speciosa,
em contribuir de modo a acelerar o processo cicatricial e revelou uma atividade anti-
inflamatória, podendo ser um biomaterial promissor para cicatrização de feridas
(Almeida et al, 2014; Marinho et al, 2011; Torres-Rêgo et al 2016). Além disso, a
fruta também tem sido estudada, corroborando os resultados anteriores, Torres-
2
Rêgo et al (2016) sugeriram que as moléculas bioativas presentes no extrato da
fruta seriam rutina e ácido clorogênico, que foram responsáveis por inibir edema de
orelha, migração celular e citocinas em camundongos.
A H. speciosa é uma planta lacitífera de clima tropical, nativa do Brasil com
ampla distribuição no país. A palavra mangaba tem origem indígena e significa
‘coisa boa de comer’, é uma fruta rica em ferro e vitamina C (Silva JR, 2004). Apesar
de ser uma fonte de látex, o produto mais explorado é a fruta, que tem sabor e
aroma inconfundíveis, sendo bastante utilizado na indústria alimentícia na forma de
polpas, sucos e sorvetes, outras partes da planta tem propriedades terapêuticas,
fazendo parte da medicina popular, a casca tem propriedade adstringente, o látex
usado contra traumas, inflamações, diarréia, tuberculose, úlceras, herpes e o chá da
folha contra cólica menstrual (Silva JR, 2004). Além disso, tem sido usada no
tratamento de doenças inflamatórias, hipertensão, dermatite, doenças hepáticas,
diabetes e distúrbios gástricos (Torres-Rêgo, et al 2016).
O látex de H. speciosa mostrou-se compatível com sistemas vivos, não
apresentou citotoxicidade e mostrou-se com atividade angiogênica semelhante à H.
brasiliensis (Almeida et al, 2014).

A pele humana
A pele é um órgão complexo, que recobre toda a superfície do corpo, sendo
composta de uma parte epitelial de origem ectodérmica, a epiderme e uma parte
conjuntiva de origem mesodérmica, a derme. Em continuidade á derme, tem-se a
hipoderme ou tecido celular subcutâneo que serve de ligação com os órgãos e
tecidos subjacentes. (Junqueira & Carneiro, 2011).
A epiderme é a camada mais superficial, com epitélio pavimentoso
estratificado queratinizado capaz de auto-regeneração (Young, 2001). A maioria das
células dessa camada são os queratinócitos, mas também há presença de
melanócitos, células de Langerhans e de Merkel (Junqueira & Carneiro, 2011).
A derme é o tecido conjuntivo que serve de sustentação para a epiderme
unindo a pele ao tecido subcutâneo, ou hipoderme. É formada por duas camadas de
limites pouco distintos: a papilar, superficial e a reticular, mais profunda. A papilar é
mais delgada formada por tecido conjuntivo frouxo onde se formam as papilas
dérmicas e há pequenos vasos sanguíneos nessa camada responsáveis pela
nutrição e oxigenação da epiderme. A camada reticular é mais espessa formada por
3
tecido conjuntivo denso, nessa camada há muitas fibras elásticas assim como na
papilar, que são responsáveis pela elasticidade da pele; há também vasos, nervos,
folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas (Junqueira & Carneiro,
2011), fibroblastos, mastócitos, células T e B, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos
(Watt & Fujiwara, 2011).
A hipoderme é a camada mais profunda formada por tecido conjuntivo frouxo
que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes, dependendo da
região e do grau de nutrição do organismo pode haver uma camada de tecido
adiposo, que, quando desenvolvida forma o panículo adiposo funcionando como
isolante térmico protegendo o corpo contra o frio (Junqueira & Carneiro, 2011).
O colágeno é uma proteína presente em grande quantidade na pele, com
grande importância na cicatrização. Há mais de 20 tipos geneticamente diferentes
classificados de acordo com sua estrutura e função. A síntese está relacionada
principalmente a fibroblastos, condoblastos e osteoclastos; mas há evidências que
outras células também o produzam (Junqueira & Carneiro, 2011).
O colágeno tipo I é o mais frequente e predomina em ossos e tendões, o tipo
III é mais encontrado em tecidos moles, como vasos sanguíneos, derme e fáscia. A
derme sã tem cerca de 80% de colágeno tipo I e 20% de colágeno tipo III (Campos
et al, 2007).
O colágeno tipo III é considerado imaturo, sendo o primeiro a ser formado na
ferida em fase de cicatrização, sendo depois substituído pelo colágeno tipo I que
fornece mais força tênsil à ferida (Campos et al, 2007).
A pele não é um simples tecido de proteção, embora essa seja uma
característica muito importante, na pele também ocorrem diversas interações
moleculares e celulares que devidamente reguladas coordenam diversas respostas
importantes ao meio ambiente (Robbins & Cotran, 2010). Tendo quatro funções
principais: proteção, sensação, termo-regulação e funções metabólicas; a pele
promove proteção contra luz ultravioleta agressões mecânicas, químicas ou
térmicas, e também protege contra a desidratação e invasão microbiana. Também
tem a função de permitir diversas sensações com receptores para o tato, pressão,
dor e temperatura. Outro papel muito importante é a termo-regulação, processo pelo
qual o corpo é isolado para prevenir a perda de calor utilizando pêlos e tecido
adiposo, caso seja necessária a perda de calor esta ocorre pelo suor e fluxo

4
sanguíneo aumentado na rede vascular da derme (Young, 2001; Resende et al,
2006).
Também há funções metabólicas, pois o tecido adiposo subcutâneo serve de
reserva energética na forma de triglicerídeos e também se processa na pele a
conversão da vitamina D na sua forma ativa (Young, 2001).

Fisiopatologia das feridas


As feridas são classificadas como de espessura parcial quando acometem
superficialmente a derme, tendo como resultado final uma cicatriz praticamente
imperceptível e de espessura total quando se estende ao tecido celular subcutâneo,
ocorrendo um processo mais complexo de cicatrização (Mandelbaum et al, 2003).
As feridas de espessura parcial (derme incompleta) são reparadas por
reepitelização dos anexos da parte não acometida, formando uma cicatriz mínima.
Já a ferida de espessura total (derme completa) necessita formar o tecido de
granulação sendo que a reepitelização ocorre somente nas margens da ferida, por
isso a cicatriz é perceptível (Mandelbaum et al, 2003).
A perda da integridade da pele compromete suas funções e para repará-las o
organismo o faz pela cicatrização.

Cicatrização
A cicatrização é o processo complexo pelo qual um tecido lesado é
substituído por tecido conjuntivo vascularizado, sendo semelhante caso a lesão seja
traumática ou ocasionada por necrose. Em quaisquer dessas situações a primeira
reação do organismo é a instalação de um processo inflamatório, onde haverá um
exsudato de células inflamatórias que reabsorve o sangue extravasado e os
produtos da destruição tecidual, em seguida há atividade regulada de fibroblastos e
outras células que farão deposição de tecido conjuntivo cicatricial que será
remodelado resultando em diminuição da cicatriz (Bogliolo, 2003; Rosique et al,
2015). O processo cicatricial ocorre da mesma forma, independente do agente que
causou a lesão, ele envolve todo o organismo de forma dinâmica e coordenada
envolvendo células, citocinas, fatores de crescimento do sangue e da MEC, e
diversas reações bioquímicas para a restauração tissular. Esse processo pode ser
dividido didaticamente em três fases: inflamação, proliferação e maturação (Campos
et al, 2007; Tazima et al, 2008; Dhivya et al, 2015). A separação em fases é
5
arbitrária, pois todas elas interagem entre si, mas a distinção é importante para
melhor compreensão do processo, essa separação leva em consideração
principalmente os aspectos macroscópicos e histológicos predominantes (Balbino et
al. 2005).

Fase inflamatória
A fase inflamatória se inicia com danos nos capilares, onde o sangue em
contato com o colágeno e MEC (matriz extracelular) culmina na formação de um
coágulo de fibrina e fibronectina, que detém o sangramento e irá servir de arcabouço
para a migração inicial de células, as plaquetas presentes no coágulo fazem
quimiotaxia para células inflamatórias, fibroblastos e células endoteliais (Robbins &
Cotran, 2010; Campos et al, 2007; Darby, et al 2014).
Macroscopicamente a inflamação é caracterizada por eritema, calor, edema e
dor, relacionados à vasodilatação e aumento da permeabilidade, ao nível celular
ocorre um processo coordenado envolvendo sistema nervoso, citocinas, quimiocinas
e fatores de crescimento (Baum & Arpey, 2005; Tazima et al, 2008).
Microscopicamente é possível observar uma grande quantidade de células
polimorfonucleares que são as primeiras a chegar ao local, seguido de
mononucleares que, assim como os polimorfonucleares secretam citocinas pró-
inflamatórias (Baum & Arpey, 2005; Oliveira & Dias, 2012).
As Metaloproteinases (MMP’s) são produzidas na forma inativa por células
inflamatórias ativadas e células epiteliais, fibroblastos e células vasculares
endoteliais e ativadas por outras proteases no ambiente da ferida, atuam na fase
inflamatória auxiliando na remoção da MEC danificada e bactérias, além disso, são
importantes caso haja a formação de biofilmes digerindo a ligação entre o biofilme e
o leito da ferida (Gibson et al, 2009).
A resposta inflamatória culmina no aumento da permeabilidade vascular,
edema e quimiotaxia de neutrófilos, que aderem à parede do endotélio e produzem
radicais livres que, auxiliam na destruição bacteriana e são gradativamente
substituídos por macrófagos que, finalizam o desbridamento iniciado pelos
neutrófilos e secretam fatores de crescimento e citocinas que contribuem para a
angiogênese, fibroplasia e formação da MEC, ocorrendo a transição para fase
proliferativa (Campos et al, 2007).

6
Fase proliferativa
A proliferação é a responsável pelo fechamento da lesão (Mendonça &
Coutinho-Netto, 2009). Compreendendo o 4° dia após a lesão até o término da
segunda semana e resulta na restauração da perfusão vascular perdida no momento
da lesão (Campos et al, 2007; Darby, et al 2014).
Nessa fase, a MEC provisória começa a ser substituída por tecido de
granulação (Baum & Arpey, 2005). Ocorrendo também a proliferação e migração de
células do tecido conjuntivo e reepitelização da superfície da ferida. Essa fase é
dividida em quatro etapas principais: epitelização, angiogênese, formação de tecido
de granulação e fibroplasia (Campos et al, 2007).
A epitelização se caracteriza pela migração de queratinócitos não danificados,
esse processo ocorre em toda a superfície de feridas de espessura parcial e
somente nas bordas das feridas de espessura total, ocorre então hiperplasia epitelial
influenciado por fatores de crescimento (Maldelbaum et al, 2003).
A angiogênese é estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e se
caracteriza pela migração de células endoteliais e formação de capilares. A
formação de novos vasos sanguíneos é essencial para o suprimento de oxigênio e
nutrientes para o metabolismo celular (Mendonça & Coutinho-Netto, 2009). A
aparência granular do tecido nessa fase se deve principalmente aos capilares
invasores (Baum & Arpey, 2005). A angiogênese também é importante para a
proliferação de fibroblastos que irão formar a cicatriz, mas deve ser regulada
adequadamente, caso isso não ocorra há atraso e alterações da cicatrização
(Wietecha & DiPietro, 2013).
As MMP’s tem grande importância nessa fase da cicatrização, pois degradam
a membrana basal permitindo angiogênese e que células endoteliais vasculares
migrem dos capilares próximos; além disso tem um papel fundamental na contração
da ferida através das MMP’s secretadas por miofibroblastos (Gibson et al, 2009).
A formação do tecido de granulação ocorre devido à atividade dos fibroblastos
e células endoteliais; o TGF-ß estimula os fibloblastos a produzirem colágeno tipo I e
a transformarem em miofibloblastos, que promovem a contração da ferida (Campos
et al, 2007).

7
Fase de maturação ou remodelamento
A fase de maturação é marcada pela tentativa de recuperar a estrutura
tecidual normal, envolve alterações no colágeno e na MEC, dura meses sendo a
responsável pelo aumento da força tênsil e diminuição da cicatriz e do eritema
(Mandelbaum et al, 2003).
A característica mais importante dessa fase é a deposição de colágeno de
maneira organizada (Campos et al, 2007). Ocorre substituição do tecido de
granulação por uma cicatriz envolvendo alterações na MEC, que passa de provisória
para definitiva, e o fenótipo apresentado depende da intensidade e equilíbrio dos
fenômenos que ocorreram (Mendonça & Coutinho-Netto, 2009).
O colágeno depositado inicialmente é mais delgado que o colágeno presente
na pele normal, com o tempo fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que
promovem a lise da matriz antiga formada principalmente de colágeno tipo III e um
colágeno mais espesso é produzido (Colágeno tipo I), o sucesso da cicatrização
depende do equilíbrio entre a síntese de colágeno tipo I e degradação de colágeno
tipo III, onde deve prevalecer a síntese, resultando em um aumento da força tênsil
da ferida (Campos et al, 2007). Uma cicatriz normal tem cerca de 80% da força tênsil
da pele normal, não é volumosa e é plana (Mandelbaum et al, 2003).
Neste contexto, as MMP’s são de grande importância, atuando na contração e
remodelamento da MEC; as MMP’s continuam a ser produzidas por muito tempo
após o fechamento da ferida e atuam removendo lentamente a MEC desorganizada
que vai sendo gradualmente substituída por uma estrutura mais organizada (Gibson
et al, 2009; Page-McCaw et al, 2007)
Sendo assim, o reparo tissular é um processo complexo envolvendo a
interação entre células estromais e circulatórias que são ativadas por uma gama de
mediadores químicos, fragmentos de células e MEC, microorganismos e alterações
físico-químicas do local da lesão e áreas próximas, a ativação das células leva a
modificações na expressão gênica e fenótipos, a produção e presença desses
mediadores são essenciais para o processo de cicatrização, pois, a migração
celular, a mitose de células locais e formação de MEC são imprescindíveis para o
sucesso do reparo. Durante o processo há reações catabólicas e anabólicas, que se
coordenam harmoniosamente para que a cicatrização ocorra de forma satisfatória,
com o tecido formado com o máximo de semelhança possível com o tecido original
(Balbino et al, 2005).
8
Tratamento de feridas
Uma vez que o tecido epitelial esteja lesionado, inicia-se o processo
fisiológico de cicatrização de feridas, buscando restabelecer a homeostase tecidual
(Balbino et al, 2005), os principais objetivos do tratamento de feridas é o alívio da
dor e o fechamento rápido mantendo a funcionalidade do tecido com uma cicatriz
esteticamente satisfatória, atualmente a compreensão de todos os processos
envolvidos na reparação e regeneração de tecidos tem aumentado substancialmente
(Singer & Clark, 1999; Dreifke et al 2015).
As feridas são classificadas de modo geral como agudas e crônicas. Feridas
agudas podem ser superficiais ou de espessura total e são resolvidas dentro cerca
de três semanas, caso a inflamação persista a ferida torna-se crônica e pode durar
de meses a anos (Korting et al, 2011). Foi estabelecido que o tratamento padrão de
feridas agudas e crônicas deve buscar manter a umidade local, nas pequenas
feridas agudas superficiais o desenvolvimento da resposta do organismo deve
ocorrer por si só, devendo-se ter o cuidado apenas de evitar complicações através
da limpeza e algum tratamento que mantenha a umidade (Korting et al, 2011). O
tratamento úmido quando comparado ao tratamento em ambiente seco, tem
promovido maior taxa de reepitelização e cicatriz com tamanho reduzido (Junker et
al 2013). Além disso, o curativo ideal deve ser não aderente a ferida, possibilitando a
troca sem maiores danos, e propiciar o desbridamento visando melhorar a migração
de células e ação enzimática (Dhivya et al, 2015).
Apesar de grandes avanços científicos, a busca por medicamentos eficazes e
com menor custo para a cicatrização de feridas tem se mostrado um desafio
constante devido à relevância clínica da cronificação de lesões (Reinke & Sorg,
2012; Velnar et al, 2009). A utilização de substâncias de origem natural, sempre foi
um hábito frequente na cultura dos mais diferentes povos, desde os tempos mais
remotos as plantas foram utilizadas para terapêutica utilizando conhecimento
empírico que foi passado entre gerações. (Nicoletti et al, 2010; Ferreira-A et al,
2008).
Diversos tratamentos têm sido propostos para o tratamento de feridas,
visando ajudar no reparo tecidual, dentre eles temos polímeros, extratos de plantas,
curativos físicos, laser, oxigênio hiperbárico, matrizes dérmicas, terapia de pressão
negativa, doxiciclina, minociclina, alginato (Serra et al, 2014; Rosique et al, 2015;
9
Fife et al, 2007; Steingrimsson et al, 2012; Dhivya et al, 2015). No entanto, apesar
de haver atualmente vários tipos de curativos disponíveis comercialmente, não há
ainda, nenhum produto com qualidade superior de cura de feridas, principalmente
para feridas crônicas que geralmente não conseguem atingir a cura integral (Dhivya
et al, 2015).
Buscando atender à constante necessidade de intervenção terapêutica nas
diversas formas de lesões, pesquisadores têm sido encorajados a buscar materiais
capazes de atender a critérios essenciais da biocompatibilidade, inocuidade, fácil
manuseio, acessibilidade e baixo custo (Mrué et al, 2004; Dhivya et al, 2015).
Nesse contexto o látex de plantas vem recebendo destaque como uma fonte
importante de biomaterial, classifica-se como tal, qualquer material não vivo utilizado
na medicina capaz de interagir com um sistema vivo visando reparar e restaurar
funções comprometidas por degeneração ou traumatismo (Hench, 2006). O
biomaterial deve ser também flexível, inerte e biocompativel (Rodgers et al, 1981).

Látex de H. brasiliensis
O látex de H. brasiliensis, planta popularmente conhecida como seringueira
tem se mostrado uma importante descoberta, apresentando alta capacidade
angiogênica e biocompatibilidade com sistemas vivos (Mrué, 2000). O látex natural é
um material biocompatível com alta resistência mecânica, apresenta elasticidade,
baixo custo e acelera a angiogênese (Ereno, 2006).
Os estudos com o látex de H. brasiliensis tiveram inicio em 1993 com a
iniciativa dos pesquisadores Joaquim Coutinho e Fátima Mrué, as pesquisas, desde
o início já se mostraram bastante promissoras, pois o látex tem uma ação indutora
da angiogênese semelhante ao fator de crescimento vascular endotelial,
comprovada em pesquisas em 1997 (Pele Nova, 2014).
Em 1994, na Universidade de São Paulo (USP), foi desenvolvida a
biomembrana de látex de H. brasiliensis que se mostrou biocompatível e
apresentou-se como um material promissor para reparação tissular (Mrué et al,
2004). Inicialmente os estudos foram desenvolvidos utilizando biomembrana, onde
foram demonstradas várias aplicações tais como sua utilização como substituto
esofágico em cães, induzindo a cicatrização das paredes do órgão lesado e também
angiogênese, reepitelização, formação de novas glândulas da submucosa e fibras
musculares (Mrué, 1996), cicatrização de feridas em orelhas de coelhos em 07 dias
10
(Mrué, 2000) e, implantado no estômago de coelhos, como substituição a um
fragmento, fornecendo um arcabouço para o desenvolvimento de todas as camadas
deste orgão (Ferreira et al, 2014). O material derivado do látex mostrou-se
biocompatível com tecidos humanos, sendo utilizado na forma de membrana em
enxerto após timpanoplastia, onde induziu maior vascularização do tecido (Araujo et
al, 2012) e também como revestimento da cavidade aberta nas
timpanomastoidectomias, onde se revelou um método eficaz com capacidade
angiogênica facilitando a epitelização da cavidade (Sousa et al, 2007). A
biomembrana de látex de H. brasiliensis foi pesquisada por vários anos e em 2004
foi aprovada pela Vigilância Sanitária (ANVISA) para ser comercializada, recebendo
o nome de Biocure® (Pele Nova, 2014).
Em 2009 foi lançado pela Pele Nova um novo produto tendo como princípio o
látex de H. brasiliensis, o Regederm®, um medicamento na forma de gel-creme que
representou um grande achado científico, pois tem grande potencial de cicatrização
(Pele Nova, 2014).
O Regederm® contém proteínas bioativas do soro do látex da H. brasiliensis,
sendo indicado como acelerador do processo cicatricial em úlceras cutâneas de
etiologia arterial, diabética, mista, venosa neuropática, hansênica e por pressão no
estágio crônico (Sbacv, 2012).
O medicamento age estimulando a quimiotaxia de células inflamatórias,
angiogênese, proliferação celular de fibroblastos e a síntese de colágeno reforçando
a MEC e regulando a síntese de colagenase (Sbacv, 2012).
A Proteína bioativa F1 do látex de H. brasiliensis, utilizada na fabricação do
Regederm® foi testada quanto à eficácia e segurança in vitro e in vivo. O estudo da
eficácia foi realizado utilizando Membrana Corioalantóide (CAM), e mostrou que a
proteína aumenta significativamente o número e espessura dos vasos sanguíneos,
evidenciando o estímulo fibroblástico. Posteriormente foram realizados testes em
Fibroblastos dérmicos humanos que comprovou sua eficácia (Pele Nova, 2014).
Foi realizado estudo in vitro constatando que a Proteína Bioativa F1 induz um
aumento de 15% na síntese de colágeno por fibroblastos em derme humana,
sugerindo que F1 favorece a síntese da MEC e também o seu reforço. Nesse
mesmo estudo foi evidenciado que Regederm®, devido à presença da proteína F1
protege levemente os fibroblastos da derme humana da citotoxicidade da radiação

11
UVA e protege a MEC de colágeno da degradação por colagenase inibindo sua
atividade em 68%, efeito similar à indometacina (Pele Nova, 2014).
O uso do Regederm® no presente trabalho seguiu as orientações do
fabricante e buscou mimetizar seu uso em seres humanos. Esse medicamento é
disponível comercialmente sendo indicado no tratamento e cicatrização de feridas
cutâneas de qualquer etiologia. A indicação do fabricante é que seja feita a limpeza
da ferida com soro fisiológico, seguida de aplicação tópica, e cobertura do local com
gaze ou outro curativo (Valeant, 2015).

Látex de H. speciosa
A H. speciosa, planta popularmente conhecida como mangaba vem sendo
usada na medicina popular para tratamento de doenças como acne, verrugas,
diabetes, gastrite e inflamação (Silva JR, 2004). O látex de H. speciosa tem grande
semelhança físico-química com o látex de H. brasiliensis, com o diferencial de ter
menos proteínas e, portanto ter menos possibilidade de causar alergias (Malmonge
et al, 2009). Este biomaterial foi testado quanto á sua caracterização físico-química,
biocompatibilidade através dos testes de citotoxicidade e genotoxicidade, e a
capacidade angiogênica através do teste da CAM, e apresentaram resultados
promissores evidenciando ser um bom biomaterial para aplicações médicas Os
testes de citotoxicidade e genotoxicidade foram feitos em células de fibroblastos de
ratos e mostrou que o látex da H. speciosa é biocompativel (Almeida et al, 2014).
Foi realizado o teste da MCA para análise da atividade angiogênica do
Regederm® e látex de H. speciosa eluído em água e estabilizado em amônia. As
membranas corioalantóides foram tratadas e avaliadas após 72 horas de incubação
para verificar a resposta angiogênica, após esse período as CAMs foram fixadas em
solução de formaldeído 3,7%, processadas e incluídas em parafina, coradas por
hematoxilina-eosina e analisadas por microscopia de luz. Os vasos sanguíneos
formados foram quantificados, e verificou-se que o látex de H. speciosa induziu
maior intensidade de angiogênese do que o controle negativo e indutor, a
estabilização do látex de H. speciosa em amônia induziu sobrevivência de células
menor e genotoxicidade significativa, por outro lado, o látex de H. speciosa eluído
em água mostrou atividade angiogênica significativa sem nenhum efeito genotóxico
ou citotóxico (Almeida et al. 2014).

12
Floriano et al (2016) utilizou membranas de látex de H. brasiliensis e H.
speciosa em estudos in vivo de regeneração óssea, em ensaio de calvária em
coelhos, e mostrou que ambas as membranas são capazes de promover
regeneração óssea com qualidade, e são biomateriais com importante
aplicabilidade, resistência e elasticidade para o tratamento de defeitos ósseos.
A biomembrana de látex de H. speciosa utilizada no presente trabalho foi
desenvolvida a partir do látex coletado na estação experimental da Universidade
Estadual de Goiás, no município de Ipameri e após o preparo foi esterilizada no
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares em São Paulo (Almeida et al. 2014).
Este material mostrou-se compatível com sistemas vivos, apresentou potencial
angiogênico significativo e não apresentou citotoxicidade (Almeida et al. 2014). A
biocompatibilidade tem sido considerada um dos principais itens para validar um
biomaterial para aplicação em humanos (Mrué et al, 2004). Nas feridas de
espessura total, em especial, a biomembrana pode ser uma forma de proteção,
evitando o ressecamento da ferida, pois, segundo Mandelbaum et al (2003) a
umidade é importante para a cicatrização das feridas.

13
2 JUSTIFICATIVA

Levando em consideração a importância de se pesquisar novas formas de


intervir no processo cicatricial, buscando obter matérias primas de fácil acesso que
possam fazer com que os medicamentos sejam acessíveis a toda população, sendo
assim, foi investigado no presente estudo, a avaliação da atividade cicatricial
utilizando soro fisiológico, Regederm®, biomembrana de látex de H. speciosa e um
grupo misto Regederm®/soro fisiológico usando como ensaios biológicos feridas de
espessura total.
A biomembrana de látex de H. brasiliensis foi patenteada, aprovada pela
Anvisa e comercializada pela Pele Nova, recebendo o nome de Biocure®; mas
apesar de vários trabalhos demonstrarem sua eficácia, o produto foi retirado do
mercado e substituído por um gel-creme com o mesmo princípio ativo, recebendo o
nome Regederm®, até o momento esse material na forma de gel-creme tem poucos
estudos demonstrando seus efeitos nesse novo modo de apresentação.
O Regederm® foi escolhido por ser indicado no tratamento de feridas
cutâneas de qualquer etiologia, tiveram seus resultados comparados com outros três
grupos experimentais, utilizando soro fisiológico, biomembrana de látex de H.
speciosa e grupo misto Regederm®/Soro fisiológico.
A escolha do ensaio de feridas ofereceu condições para se reproduzir feridas
de espessura total em ratos, para o acompanhamento e estudo do desenvolvimento
do processo cicatricial, buscando fazer uma análise comparativa entre os
tratamentos realizados.
Para a realização do presente estudo, lesões por excisão cirúrgica foram
induzidas no dorso de ratos Wistar, e submetidas ao tratamento tópico de acordo
com cada grupo experimental. É importante mencionar que existem limitações
inerentes ao modelo experimental, devido à diferença de resposta frente à lesão em
humanos e ratos, mas o modelo oferece condições de controle de variáveis difíceis
de serem normalizadas em humanos e tem potencial para demonstrar os efeitos dos
produtos.

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3 OBJETIVOS

Objetivo geral
O presente estudo tem como objetivo descrever e comparar o processo
cicatricial de feridas de espessura total em ratos submetidos ao tratamento com soro
fisiológico, Regederm®, biomembrana de látex de H. speciosa e um grupo misto
onde o Regederm® foi utilizado até os 07 dias após a indução da lesão e
posteriormente a lesão foi tratada com soro fisiológico até os 21 dias após a indução
da lesão.

Objetivos específicos
Descrever e comparar os aspectos morfométricos (contração da ferida) do
processo de cicatrização de feridas em ratos tratados com soro fisiológico,
Regederm®, biomembrana de látex de H. speciosa e grupo misto.
Descrever e comparar os aspectos anatomopatológicos incluindo a macro e
microscopia, do processo de cicatrização de feridas, em ratos submetidos a
tratamento com soro fisiológico, Regederm®, biomembrana de látex de H. speciosa
e grupo misto.

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4 MÉTODOS

4.1 Materiais
4.1 Tipo de estudo e aspectos éticos
Estudo experimental prospectivo para avaliação do efeito cicatricial do soro
fisiológico, Regederm®, biomembrana de látex da H. speciosa e grupo misto no
tratamento de feridas excisionais experimentalmente induzidas em ratos Wistar. Foi
realizado no Laboratório de Estudos Experimentais e Biotecnológicos LEB/PUC
Goiás e no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública IPTSP/UFG e aprovado
pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás sob o protocolo nº 16-1 em 30 de março de 2015 (Anexo 01).

4.2 Animais de experimentação


Para a realização deste estudo foram utilizados 70 ratos, saudáveis, da
espécie Rattus novergicus albinus com 02 a 03 meses de idade e peso corpóreo
entre 200 e 300 gramas no início do experimento, provenientes do Biotério da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

4.3 Padronização do ambiente


Os animais foram adaptados ao Laboratório de Estudos Experimentais e
Biotecnológicos (LEB) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e mantidos 03
animais por gaiola, de polipropileno, forradas com maravalha. A adaptação dos
animais ao ambiente proposto priorizou o bem estar, de forma que as gaiolas
ficaram próximas, para diminuir o estresse entre os animais.
A luminosidade, a temperatura, a intensidade de ruído e a umidade relativa do
ar foram as do ambiente geral. Água e ração comercial para a espécie foram
oferecidos aos animais ad libitum. A higienização das gaiolas foi realizada duas
vezes por semana.
Para o procedimento experimental, os animais foram distribuídos
aleatoriamente nos grupos:
Grupo 1 – controle soro fisiológico: Animais submetidos à lesão e tratados
com soro fisiológico.
Grupo 2 – Regederm®: Animais submetidos à lesão e tratados com
Regederm®.
16
Grupo 3 - Biomembrana: Animais submetidos à lesão e tratados com
biomembrana de látex da H. speciosa.
Grupo 4 – Misto Regederm® e soro fisiológico: Animais submetidos à lesão e
tratados com Regederm® até 07 DAI e posteriormente com soro fisiológico até 21
DAI.

Todos os grupos foram compostos por 20 ratos que foram igualmente


distribuídos e eutanasiados aos 3, 7, 14 e 21 dias de tratamento para
acompanhamento dos parâmetros morfométricos e anatomopatológicos do processo
de cicatrização, além da análise comparativa dos tratamentos realizados.
Os animais foram manipulados de forma cuidadosa, sempre no final da tarde,
pelo mesmo pesquisador que possui treinamento apropriado para realização deste
estudo. Além disso, a sala de manutenção dos animais com a lesão encontra-se
fisicamente separada da sala de manipulação de animais.

4.4 Procedimento para lesão


Para o procedimento de lesão, os animais foram inicialmente pesados e
anestesiados por via intraperitoneal com Ketamina 10% e Xilazina 2%, solução
0,1ml/100g (preparo da solução: 0,2 ml de água para injeção, 0,6 ml de Ketamina e
0,3 ml de Xilazina); para a injeção foi utilizada agulha 20-22. Foi feita também a
lubrificação ocular com soro fisiológico para prevenir ulceração de córnea nos
animais submetidos à anestesia com Ketamina, pois este medicamente inibe o
piscar dos olhos.
Após a anestesia, os animais foram posicionados em decúbito ventral, foi
realizada tricotomia manual e antissepsia da área a ser lesionada com gaze estéril
embebida em álcool 70%. A área a ser lesionada foi delimitada utilizando um molde
de acrílico medindo 2x2 cm de área e uma caneta. Para o procedimento de lesão
primeiramente é feito um corte superficial com o bisturi, posteriormente vai sendo
feita a profundidade do corte até o limite da pele, sem lesionar o tecido muscular, a
partir da área do corte inicial a pele é desprendida delicadamente do Panicullus
carnosus com o auxílio de uma tesoura, a partir daí o tecido foi retirado com o auxílio
de uma tesoura. Posteriormente retirou-se o fragmento (±1,5 mm) de tecido
(epiderme e derme) com um bisturi cirúrgico e tesoura, preservando o panniculus
carnosus.
17
Após o procedimento houve higienização do local da lesão com gaze estéril
(100% algodão) embebida em soro fisiológico.
Durante 07 dias pós-lesão, os animais foram medicados com Ibuprofeno
100mg (30 ml/kg), para diminuir a sensação dolorosa.
A observação macroscópica e eutanásia foram realizadas nos dias 3, 7, 14 e
21 dias após indução da lesão.

4.5 Procedimento de tratamento


Após a lesão e durante o período de tratamento, foram mantidos 03 animais
por gaiola. A lesão foi protegida por um curativo oclusivo durante todo o
experimento, para manter a ferida fechada, úmida e dificultar que os outros animais
da mesma gaiola lesionem ainda mais a ferida. O curativo foi importante também
para evitar que a ferida resseque evitando a necessidade de desbridamento.
Logo após a lesão e diariamente, no mesmo horário, as feridas foram limpas
cuidadosamente com gaze estéril embebida em soro fisiológico, e logo após tratadas
de acordo com o grupo a que pertenciam, quando aplicável, foi feita também a troca
diária do tecido mourim que cobria a lesão e a cobertura pela manta que mantinha o
curativo oclusivo.
O tratamento foi realizado de acordo com o grupo em estudo:
No grupo 1, o soro fisiológico foi aplicado diretamente na área lesionada, esse
procedimento foi repetido 01 vez ao dia até 21 dias.
No Grupo 2, o Regederm® foi aplicado diretamente na área lesionada em
quantidade suficiente para cobrir toda a lesão formando uma camada delgada. Esse
procedimento foi repetido 01 vez ao dia até 21 dias.
No Grupo 3, a biomembrana de H. speciosa foi aplicada em tamanho
suficiente para cobrir toda a lesão, trocada a cada 03 dias, até 21 dias.
No grupo 4, o Regederm® foi aplicado diretamente na área lesionada, 01 vez
ao dia até 07 dias e posteriormente o soro fisiológico foi aplicado diretamente na
área lesionada 01 vez ao dia até 21 dias.

4.5.1 – Soro fisiológico


Foi utilizado para a realização dos curativos a Solução de Cloreto de Sódio
0,9%, da marca Arboreto, adquirida comercialmente, conservada e utilizada a
temperatura ambiente.
18
4.5.2 – Regederm®
O Regederm® foi adquirido comercialmente, fabricado pelo Instituto
Terapêutico Delta Ltda, comercializado pela Valeant Farmacêutica do Brasil Ltda,
foram utilizados os lotes 00104700, 00114406 e 00115763. O produto foi mantido e
utilizado a temperatura ambiente, para a realização dos curativos o gel-creme foi
aplicado de maneira uniforme, formando uma camada delgada sobre a lesão, a
aplicação foi feita utilizando uma espátula esterilizada.

4.5.3 – Biomembrana de látex de H. speciosa


As biomembranas de Látex de H. speciosa foram produzidas com látex
proveniente de uma plantação da Universidade Estadual de Goiás, em Ipameri-
Goiás. O látex foi coletado a partir de uma incisão na casca, e postos em um
recipiente estéril. O corte foi de aproximadamente 10 cm de comprimento por 0,5 cm
de profundidade, foi diluída em água purificada com T=2. Visando para impedir a
coagulação, posteriormente o látex foi centrifugado por 5 minutos a 3500 rpm para
promover a sedimentação das impurezas retidas durante a coleta do material, o
sobrenadante foi utilizado para a preparação das biomembranas. Para isso, foi
depositado cerca de 10 ml de soro em uma placa de Petri (10,00 ± 0,05 cm de
diâmetro), e incubado por 72 horas a 55°C para a completa polimerização.
Posteriormente as biomembranas foram recortadas, perfuradas visando criar
poros e embaladas em papel grau cirúrgico, foram então encaminhadas para
esterilização no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN-Brasil) por
radiação gama realizada em um Gammacell 220, com uma fonte de cobalto (Co60),
e uma dose de 25 kGy [22].

4.6 Procedimento para eutanásia


A eutanásia nos animais foi feita nos dias determinados, e o procedimento
realizado de acordo com as Diretrizes da Prática de Eutanásia do Conselho Nacional
de Controle de Experimentação animal (CONCEA). O método de escolha para
eutanásia está de acordo com a Resolução 714, de 20 de julho de 2002, sendo
adequados para a idade, espécie e peso dos animais, e proporcionou a morte rápida
do animal, diminuindo o estresse.

19
Nos dias experimentais propostos, os animais foram pesados, foi feito o
cálculo da dose anestésica necessária, foram então submetidos à eutanásia com
excesso de anestésicos (Tiopental) na dosagem de 0,4ml/100g utilizando seringa
de 5ml e agulha 6mm x 0,25 mm, por via intraperitoneal. Após a constatação da
morte os animais foram posicionados em prancha para o registro fotográfico,
utilizando máquina fotográfica Sony Cyber-shot. Posteriormente foi feita a retirada do
fragmento de tecido da área da cicatriz, utilizando bisturi, tesoura e pinça; foi retirada
toda a área da lesão, com uma borda de tecido saudável ao redor da lesão de
aproximadamente 0,5 cm, o fragmento foi constituído de pele e tecido subcutâneo,
preservando o plano muscular, os fragmentos foram colocados em formaldeído
tamponado a 10% para fixação. Para análise foi utilizada a faixa central de tecido.
As carcaças dos animais foram acondicionadas em freezer a -20°C, até o
momento de serem encaminhadas para incineração na empresa Incinera
Tratamento de Resíduos Ltda, onde foi feita a sua disposição final.

4.7 Procedimentos de avaliação


4.7.1 Avaliação macroscópica
As fotos das lesões foram transferidas para um computador e analisadas
utilizando-se o software Image J 1.3.1.
Aos 3, 7, 14 e 21 DAI as lesões foram fotografadas e avaliadas quanto à
presença de crosta de forma semi-quantitativa, seguindo os seguintes critérios:
ausente, discreta caso tenha comprometimento de até 25% da área; moderada,
caso tenha de 26 a 50% e acentuado se houver acima de 50%.
Para determinação do grau de contração da área da ferida foi utilizada a
fórmula proposta por Al-Watban & Andres (2000) e Oliveira et al (2000):
Contração relativa da ferida (%) = [(Área lesada inicial – Área lesada
contraída)/Área lesada inicial]x100

4.7.2 Avaliação microscópica


Para a avaliação histológica foram retirados fragmentos de cada ferida,
fixados em formaldeído tamponado a 10%, processado e corado com Hematoxilina e
Eosina (HE), de acordo com Luna (1968).
Foram analisados os seguintes processos patológicos gerais na derme:
necrose/crosta, fibrina, infiltrado inflamatório de polimomorfonucleares (PMN),
20
infiltrado de mononucleares (MN), angiogênese, fibroblastos e colágeno. Esses
aspectos foram classificados de forma semi-quantitativa, seguindo os seguintes
critérios: ausente (score = 0), discreta (score = 1) caso tenha comprometimento de
até 25% da área; moderada (score = 2), caso tenha de 26 a 50% e acentuado (score
= 3) se houver acima de 50% (Fantinati et al, 2016).

4.7.3 Análise estatística dos dados


A análise estatística foi realizada por meio do programa Sigma Stat 2.3.
Todas as variáveis foram testadas quanto à distribuição normal e variância
homogênea.
Para análise da contração da ferida foi utilizado o teste Anova e o pós teste
Holm-Sidak, para análise da crosta e microscopia foi utilizado o teste Kruskal-Wallis
e pós-teste de Dunn’s.
As diferenças observadas foram consideradas significantes quando (p<0,05).

21
5 RESULTADOS

5.1 Análise macroscópica


Quanto à contração da ferida observou-se que o G1 soro apresentou
contração da ferida significativamente maior (p<0,05) nos 07 DAI em relação ao G2
Regederm® e ao G3 biomembrana. Aos 14 DAI houve maior contração da ferida no
G1 soro quando comparado ao G2 Regederm® e ao G4 misto, e o G3 biomembrana
apresentou maior contração em relação ao G2 Regederm® e G4 misto. Aos 21 DAI
houve maior contração da ferida no G1 soro quando comparado ao G2 Regederm®
e ao G4 misto, também houve maior contração no G3 biomembrana e G2
Regederm® quando comparado ao G4 misto (tabela 01).
Após 21 dias de tratamento observou-se a porcentagem das feridas que
fecharam completamente: 80% do G1 soro, 20% do G2 Regederm®, 80% do G3
biomembrana e 40% do G4 misto.

Tabela 01: Curso temporal da porcentagem da contração das feridas


experimentalmente induzidas em ratos
DAI G1 G2 G3 G4 p Holm-Sidak
Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP
07 62,8±4,3 43,8±4,0 42,3±13,7 0,004* G1>G2
G1>G3
14 92,5±1,1 82,3±3,3 90,2±2,6 79,3±3,0 <0,001* G1>G4
G3>G4
G1>G2
G3>G2
21 94,8±2,0 88,3±4,5 90,3±1,8 81,8±3,0 <0,001* G1>G4
G3>G4
G1>G2
G2>G4
Legenda: DAI=dias após a indução da lesão; DP: desvio padrão; G1 soro fisiológico; G2 Regederm®; G3

biomembrana de látex de H. speciosa; G4 misto Regederm®/soro fisiológico. Teste estatístico Anova e pós

teste Holm-Sidak.

22
Aos 03 DAI foi possível observar os processos patológicos gerais
característicos da fase de resposta inflamatória, no 7DAI da fase proliferativa e nos
14 e 21 DAI da fase de maturação (tabela 02 e figuras 01, 02, 03 e 04).
Na fase inflamatória e proliferativa, aos 03 e 07 DAI respectivamente, notou-
se houve maior intensidade de crosta no grupo tratado com Regederm® quando
comparado ao grupo tratado com biomembrana de látex de H. speciosa. Durante a
fase de maturação aos 14 e 21 DAI não houve diferença entre grupos analisados
(tabela 02 e figuras 01, 02, 03 e 04).

Tabela 02. Mediana da formação de crosta nas feridas excisionais aos 3, 7,


14 e 21 dias após indução da lesão

DAI G1 G2 G3 G4 p Dunn’s

3 2,0 3,0 0,0 0,003* G2>G3/G1>G3


7 2,0 2,0 0,0 0,012* G2>G3
14 0,0 1,0 1,0 1,0 0,402
21 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0
Legenda: DAI - dias após indução da lesão; G1 soro fisiológico, G2 Regederm®; G3 biomembrana de
látex de H. speciosa e G4 misto Regederm®/soro fisiológico. M:média; DP: desvio padrão. Para a
análise estatística, as alterações foram consideradas da seguinte forma: 0 – ausente; 1 – discreto; 2 –
moderado; 3 – acentuado; e submetido ao teste Mann-Witney e pós teste de Dunn’s . Resultado
estatisticamente significante quando p<0,05. n=5

23
Figura 01: Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em ratos nos grupos G1 soro fisiológico
(A), G2 Regederm® (B) e G3 biomembrana de látex de H. speciosa (C), aos 03 dias após a indução da lesão.

24
Figura 02: Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em ratos nos grupos G1 soro fisiológico
(A), G2 Regederm® (B) e G3 biomembrana de látex de H. speciosa (C), aos 07 dias após a indução da lesão.

25
Figura 03: Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em ratos nos grupos G1 soro fisiológico
(A), G2 Regederm® (B), G3 biomembrana de látex de H. speciosa (C) e G4 misto Regederm® /soro fisiológico
(D), aos 14 dias após a indução da lesão.

26
Figura 04: Lesões Lesões por excisão cirúrgica, experimentalmente provocadas em ratos nos grupos G1 – soro
fisiológico (A), G2 – Regederm® (B), G3 – biomembrana de látex de H. speciosa (C) e G4 – misto Regederm®
/soro fisiológico (D), aos 21 dias após a indução da lesão.

27
5.2 Análise microscópica
Na fase inflamatória, aos 03 DAI houve maior intensidade (p<0,05) de
necrose, fibrina e infiltrado polimorfonuclear nos grupos G1 soro e G2 Regederm®
quando comparado ao G3 biomembrana (tabela 03 e figura 05).
Na fase proliferativa, aos 07 DAI, houve maior intensidade (p<0,05) de
necrose e infiltrado polimorfonuclear nos grupos G1 soro e G2 Regederm® quando
comparado ao G3 biomembrana. Quanto à angiogênese houve maior intensidade
(p<0,05) nos grupos G2 Regederm® e G3 biomembrana quando comparado ao G1
soro. Analisando a presença de colágeno houve maior intensidade (p<0,05) nos
grupos G1 soro e G2 Regederm® quando comparado ao grupo 03. (tabela 03 e
figura 06).
Na fase de maturação aos 14 DAI, houve maior intensidade de necrose e
infiltrado polimorfonuclear (p<0,05) nos grupos G2 Regederm® e G4 misto quando
comparado aos grupos G1 soro e G3 biomembrana. Analisando o infiltrado
mononuclear houve maior intensidade (p<0,05) nos grupos G2 Regederm® e G4
Misto quando comparado ao G3 biomembrana. A angiogênese apresentou-se com
maior intensidade nos grupos G1 soro, G2 Regederm® e G4 misto quando
comparado ao G3 biomembrana (tabela 03 e figura 07).
Na fase de maturação aos 21 DAI houve maior intensidade (p<0,05) de
angiogênese no G2 Regederm® quando comparado aos grupos G1 soro, G3
biomembrana e G4 misto. Quanto à presença de fibroblasto houve maior intensidade
(p<0,05) nos grupos G1 soro, G2 Regederm® e G4 misto quando comparado ao G3
iomembrana (tabela 03 e figura 08).

28
Tabela 03. Análise microscópica das feridas experimentalmente induzidas na pele de ratos
aos 3, 7, 14 e 21 dias após indução da lesão excisional
Processos
DAI G1 G2 G3 G4 p Dunn’s
patológicos

3 3,0 3,0 2,0 0,007* G1>G3 / G2>G3


7 2,0 2,0 0,0 0,006* G2>G3/G1>G3
Necrose/Crosta
14 0,0 1,0 0,0 1,0 0,001* G2>G1/G2>G3/G4>G1/G4>G3
21 0,0 0,0 0,0 0,0 1,000

3 3,0 3,0 2,0 0,031* G1>G3/G2>G3


7 0,0 0,0 0,0 0,360
Fibrina
14 0,0 0,0 0,0 0,0 1,000
21 0,0 0,0 0,0 0,0 1,000
3 3,0 3,0 2,0 0,001* G1>G3/G2>G3
Infiltrado 7 2,0 2,0 0,0 0,011* G1>G3/G2>G3
polimorfonuclear 14 0,0 1,0 0,0 1,0 0,001* G2>G1/G2>G3/G4>G1/G4>G3
21 0,0 0,0 0,0 0,0 1,000

3 2,0 2,0 2,0 , 1,000


Infiltrado 7 3,0 3,0 3,0 1,000
mononuclear 14 2,0 3,0 1,0 3,0 0,010* G2>G3/G4>G3
21 1,0 2,0 1,0 2,0 0,010* G2>G3/G4>G3/ G2>G1/G4>G1

3 1,0 1,0 1,0 0,727


7 2,0 3,0 3,0 0,011* G2>G1/G3>G1
Angiogênese G1>G3/G4>G3
3,0 3,0 2,0 3,0 0,003*
14 G2>G3
21 1,0 3,0 1,0 2,0 0,010* G2>G1/G2>G3/G2>G4

3 1,0 1,0 1,0 1,000


7 3,0 3,0 2,0 0,001* G1>G3/G2>G3
Fibroblasto
14 3,0 3,0 3,0 3,0 1,000
21 3,0 3,0 2,0 3,0 0,012* G1>G3/G2>G3/G4>G3

3 0,0 0,0 0,0 1,000


7 1,0 1,0 1,0 0,116
Colágeno
14 2,0 2,0 2,0 2,0 0,251
21 2,0 2,0 2,0 2,0 0,096
Legenda: DAI - Dias após a indução da lesão; G1 soro fisiológico, G2 Regederm®, G3 biomembrana de látex de H.

speciosa e G4 misto Regederm®/soro fisiológico. Para a análise estatística, as alterações foram consideradas da
seguinte forma: 0 – ausente; 1 – discreto; 2 – moderado; 3 – acentuado; e submetido ao teste de Kruskal Wallis e pós
teste de Dunn’s. Resultado estatisticamente significante quando p<0,05.

29
Figura 05: Fotomicrografia da pele de ratos aos 03 dias após indução da lesão excisional nos grupos G1 - soro,
G2 - Regederm®, G3 - biomembrana de látex de H. speciosa e G4 – misto Regederm®/soro fisiológico.
Coloração Hematoxilina e Eosina.

30
Figura 06: Fotomicrografia da pele de ratos aos 07 dias após indução da lesão excisional nos grupos G1 - soro,

G2 - Regederm®, G3 - biomembrana de látex de H. speciosa e G4 – misto Regederm®/soro fisiológico.


Coloração Hematoxilina e Eosina.
31
Figura 07: Fotomicrografia da pele de ratos aos 14 dias após indução da lesão excisional nos grupos G1 - soro,

G2 - Regederm®, G3 - biomembrana de látex de H. speciosa e G4 - misto Regederm®/soro fisiológico.


Coloração Hematoxilina e Eosina.

32
Figura 08: Fotomicrografia da pele de ratos aos 21 dias após indução da lesão excisional nos grupos G1 - soro,

G2 - Regederm®, G3 - biomembrana de látex de H. speciosa e G4 – misto Regederm®/soro fisiológico.


Coloração Hematoxilina e Eosina.
33
6 DISCUSSÃO

Neste estudo foi feita a avaliação da cicatrização de feridas excisionais


experimentalmente induzidas em ratos Wistar, utilizando como tratamentos: soro
fisiológico, Regederm®, biomembrana de látex de H. speciosa e um grupo misto de
Regederm® nas fases iniciais e soro nas fases finais, os resultados foram
comparados entre si através da análise dos processos patológicos gerais
macroscópicos e microscópicos.
As feridas foram induzidas no dorso dos animais, posteriormente limpas com
soro fisiológico e tratadas de acordo com o grupo a que pertencia. O leito da ferida
foi coberto com curativo esterilizado feito com tecido mourim, com o objetivo de
absorver o exsudato, permitir a aeração do tecido e manter o meio úmido, o animal
foi coberto por uma manta com a finalidade de manter o curativo no local da ferida.
De acordo com a literatura, o uso de curativo oclusivo tem vantagens tais como:
evitar que a ferida resseque e forme crosta, o que pode dificultar a formação do novo
epitélio (Mandelbaum et al, 2003), aumentar a absorção das substancias aplicadas,
amenizar a dor na ferida, estimular fatores de crescimento, enzimas necessárias
para o desbridamento e proteger a ferida (Zhai & Maibach, 2007). Porém a oclusão
deve permitir que ocorram trocas gasosas entre o leito da ferida e o meio ambiente
(Dhyvya et al, 2015). A proteção neste modelo experimental teve grande
importância, pois, além de simular curativos como são feitos em seres humanos,
evita que outros animais da mesma gaiola tenham acesso à ferida e manteve o
curativo úmido.
O tratamento com Regederm® em um estudo experimental de cicatrização
em excisão cirúrgica em ratos Wistar, induziu maior velocidade de fechamento das
feridas, em relação ao grupo tratado com soro fisiológico, porém, o estudo citado foi
realizado sem a utilização de curativos oclusivos, algumas feridas ressecaram e foi
feito o desbridamento cirúrgico aos 07 dias após a indução da lesão (Mercês, 2015),
feridas abertas formam crosta e, para que seja o ambiente seja ideal para o
desenvolvimento do processo de cicatrização, a ferida deverá ser mantida úmida
(Mandelbaum et al, 2003; Rosique et al, 2015). Outro estudo utilizando o
Regederm® em feridas excisionais em ratos Wistar, com tratamento a cada 3 dias e
também sem a utilização de curativos oclusivos, mostrou que não houve diferença
significativa quanto a cicatrização das feridas até os 14 dias (Penhavel, et al 2016,).
34
Os dados apresentados diferem do presente estudo, onde o tratamento com soro
fisiológico levou a maior contração das feridas quando comparados ao tratamento
com Regederm® aos 07, 14 e 21 DAI, essa discordância de resultados pode estar
relacionada à diferença entre os métodos, principalmente devido ao uso de curativos
oclusivos que mantém o curativo úmido.
Durante a fase inflamatória observamos na macroscopia que o tratamento
com Regederm® e soro fisiológico fez com que a área lesionada apresentasse maior
intensidade de crosta, o que pôde ser foi confirmado microscopicamente, pois, tais
tratamentos fizeram com que o tecido apresentasse mais necrose e inflamação
quando comparado ao tratamento com biomembrana de látex de H. speciosa.
Esses dados sustentam o uso do látex em forma de membrana em detrimento ao
uso do Regederm®.
O tratamento com Regederm® estimulou a migração de leucócitos
polimorfonucleares semelhante ao controle negativo, e ambos com maior
intensidade quando comparado a biomembrana de látex de H. speciosa, mostrando
que a biomembrana teve ação anti-inflamatória. Esses dados diferem de outros
estudos onde foi demonstrado que o látex de Hevea brasiliensis induziu o aumento
de células inflamatórias no início do processo de reparo, foi demonstrado em
camundongos que receberam implantes subcutâneos de biomembrana de látex de
H. brasiliensis, o aumento significativo do infiltrado inflamatório, no segundo dia após
o implante, mesmo em camadas mais profundas da pele (Andrade et al, 2011); e no
estudo de Frade et al (2012), na cicatrização de úlceras venosas crônicas em seres
humanos utilizando biomembrana de látex de H. brasiliensis tal, foi evidenciado
aumento de mieloperoxidase, e maior expressão de IL-1B e iNOS por
imunohistoquímica. Também foi verificado intenso infiltrado polimorfonuclear e
angiogênese após um implante de biomembrana de látex de H. brasiliensis em
estômago de coelhos, por análise macroscópica e histológica do tecido formado
(Ferreira et al, 2014). Os estudos citados diferem do presente trabalho, pois neles
houve um incremento na migração de células inflamatórias com o uso do látex de
Hevea brasiliensis enquanto que nesse trabalho a intensidade foi semelhante ao
controle negativo, além disso, nos estudos citados não houve a comparação com o
tratamento com soro fisiológico.
No presente estudo, durante a fase proliferativa o mesmo padrão de resposta
foi apresentado, com a biomembrana de látex de H. speciosa agindo de forma a
35
minimizar a necrose e a inflamação, de forma benéfica, pois a necrose na ferida
tende a possibilitar a contaminação bacteriana (Diefenbeck et al, 2013), além de
alterar a permeabilidade do tecido e a migração de células, sendo de grande
importância o seu controle. Nesse contexto o látex de H. speciosa vem se
mostrando como um agente anti-inflamatório eficaz, inibindo a migração e a ativação
de células inflamatórias, conforme foi constatado por Marinho et al (2011), que
demonstrou atividade anti-inflamatória do látex através da inibição do óxido nítrico,
PGE2 e citocinas IL-6 e TNF.
Os resultados utilizando a biomembrana de látex de H. speciosa, no presente
trabalho, levaram a achados semelhantes ao que foi constatado por Borsari et al
(2014), utilizando a biomembrana de látex de H. brasiliensis, tais como, a prevenção
da formação de crosta durante todas as fases da cicatrização e o aspecto visual da
lesão com a formação de camada viscosa protegendo e mantendo a umidade da
ferida. Portanto, o potencial de impedir a formação de crosta parece ser atribuído
não somente ao princípio ativo, mas sim da apresentação do curativo em forma de
membrana.
Ainda na fase proliferativa, a intensidade da angiogênese foi similar quando
utilizada a biomembrana de látex de H. speciosa e o Regederm®, no presente
trabalho, tão necessária nesse estágio do processo de reparo tecidual. Esse papel
indutor da angiogênese utilizando derivados do látex de H. brasiliensis, também foi
observado por Frade et al (2012) que demonstraram por meio de estudos clínicos e
histopatológicos que o tratamento com a biomembrana de látex de H. brasiliensis
induziu a cicatrização com resposta rápida e mudança no perfil das feridas crônicas
de perna principalmente na fase inflamatória. Além disso, o látex de H. speciosa
utilizado no modelo da MCA induziu angiogênese acentuada semelhante ao
Regederm® e maior que o controle negativo e inibidor (Almeida, et al 2014). Borsari
et al (2014) observou intensa angiogênese e reparação do tecido acelerada na
utilização da biomembrana de látex de H. brasiliensis, principalmente nos tempos
iniciais, corroborando com os resultados aqui encontrados. De acordo com a
literatura, a angiogênese é essencial para o crescimento de órgãos, reprodução e
reparação de feridas, permitindo a proliferação, migração, regulação e diferenciação
de células dos vasos (Ferreira et al, 2009), migração de macrófagos e fibroblastos
para o local da ferida, possibilitando a produção da MEC e posteriormente o
colágeno que formará a cicatriz (Tazima et al, 2008).
36
Durante a fase de maturação aos 14 DAI o estímulo angiogênico no grupo
tratado com biomembrana de látex de H. speciosa cessou, havendo menos
angiogênese quando comparado ao grupo controle, o que pode ser considerado um
fator positivo devido a fase em que se encontra o processo de reparo, por outro lado
o Regederm® e o tratamento misto ainda estimula novos vasos semelhante ao
controle negativo. Aos 21 DAI, o Regederm® continuou estimulando a angiogênese
de maneira acentuada quando comparado aos demais grupos, o que resulta em
prejuízo, pois esse estímulo deveria estar regredindo, segundo Ferreira et al (2009)
quando bem regulada, a angiogênese deve ocorrer durante determinado período de
tempo, e somente até que o objetivo fisiológico seja alcançado. Por outro lado, o
tratamento com biomembrana de látex de H. speciosa diminuiu e cessou o estímulo
angiogênico durante a fase de maturação. A presença acentuada de angiogênese
assim como foi verificado neste estudo com o uso do Regederm®, também foi
observada em um estudo utilizando biomembrana de látex de H. brasiliensis na
cicatrização de úlceras venosas crônicas em seres humanos, onde foi observada
maior tendência a granulação após 30 dias de tratamento, e em alguns pacientes
hipergranulação, porém nesse estudo houve redução do processo inflamatório e
mudança do perfil da lesão após 60 dias (Frade et al, 2012), segundo a literatura a
angiogênese nestes casos se deve ao incremento na produção de VEGF (fator de
crescimento endotelial vascular) na área lesionada (Domingos et al, 2012). Essa não
supressão da angiogênese também difere do que foi demonstrado em um estudo
utilizando biomembrana de látex como substituição de bexiga em coelhos onde foi
constatado que a biomembrana induziu resposta inflamatória e angiogênese
temporária que acompanhou a redução do processo inflamatório (Domingos et al,
2012).
Quanto à presença de fibroblastos no leito da ferida observamos que a
biomembrana de látex de H. speciosa induziu menor intensidade dessas células aos
07 e 21 DAI, quando comparado aos tratamentos com soro fisiológico, Regederm® e
tratamento misto, o que pode ser considerado um fator negativo especialmente
durante a fase proliferativa e positivo durante a fase de maturação.
Ainda na fase de maturação, aos 21 DAI observamos que no tratamento com
Regederm® a intensidade do infiltrado mononuclear é persistente, o que pode levar
a características de ferida crônica, o tratamento misto por sua vez, não levou a
diferença significativa quando comparado ao tratamento com Regederm®
37
integralmente, mostrando que o efeito deste medicamento foi mantido tardiamente,
com a permanência do infiltrado mononuclear quando comparado aos demais
tratamentos, inclusive o controle negativo. A presença de infiltrado mononuclear em
moderada intensidade na lesão na fase de maturação tende a perpetuar o processo
inflamatório por meio da produção excessiva de citocinas, atuando de forma
prejudicial ao processo de reparo tecidual, pois a ferida crônica tende a não
cicatrizar até que o processo inflamatório seja reduzido (Diegelman & Evans, 2004,
Baum e Arpey, 2005; Zhao et al, 2013; Elliott et al, 2015). Esses dados foram
distintos dos encontrados em outro estudo que utilizou biomembrana de látex de H.
brasiliensis na cicatrização de feridas cirúrgicas em ratos wistar, onde aos 14 dias
houve redução do infiltrado inflamatório, que continuou decrescendo até os 21 dias
(Andrade, 2012).
Essa possível indução de um perfil crônico de lesão devido ao uso do
Regederm® difere de estudos (Frade et al, 2012; Domingos et al, 2012; Mrué et al,
2004; Andrade, 2012) onde foi utilizando a biomembrana de látex de H. brasiliensis,
pois ela foi extensivamente utilizada em úlceras crônicas, e levou a mudança para
um perfil agudo, o contrário do que temos verificado em nosso trabalho, porém há
diferenças importantes inerentes aos modelos experimentais e modo de
apresentação do produto.
No presente trabalho, a análise histológica do tecido formado após a
utilização do Regederm® como indutor do processo cicatricial mostrou que tecido
não estava, ainda, em fase de maturação/resolução da lesão, diferindo de outro
trabalho realizado que utilizou biomembrana de látex de H. brasiliensis em feridas
por excisão cirúrgicas em ratos, onde após 21 dias de tratamento houve
regeneração completa da epiderme e derme, com os estratos usuais, cristas
epidérmicas, vasos, fibras colágenas, células do conjuntivo e anexos cutâneos, a
hipoderme com adipócitos e tecido conjuntivo frouxo (Borsari, 2008). Esses
resultados sugerem que, possivelmente o Regederm® tem induzido respostas
diferentes da biomembrana de látex de H. brasiliensis, apesar de ter o mesmo
princípio ativo.
O Regederm® é um produto que tem como princípio ativo o soro da H.
brasiliensis, porém tem também em sua composição óleo de girassol, óleo de oliva
hidrogenado, éster de oliva, fenoxietanol, óleo vegetal hidrogenado, lecitina, esteróis
de soja, manteiga de karité, triglicerídeos de ácido graxo, óleo de Camelina Sativa,
38
ésteres de manteiga de Karité e soro de H. brasiliensis (Valeant, 2015), por outro
lado a composição do Biocure® era látex de H. brasiliensis purificado por técnica
específica protegida por patente (Mrué et al, 2004; Paulo et al, 2005), portanto as
composições são diferentes, o que pode estar levando a diferentes respostas, a
biomembrana de látex de H. brasiliensis foi amplamente estudada e teve seu
potencial terapêutico confirmado em inúmeros trabalhos, porém o Regederm® tem
poucos trabalhos publicados evidenciando seus efeitos, e um estudo semelhante
demonstra essa diferença de respostas que foi encontrada no presente trabalho
(Penhavel, et al 2016).
Segundo Mendonça & Coutinho-Netto, (2009) durante a fase de maturação a
maioria dos vasos, fibroblastos e células inflamatórias deve desaparecer do local
levando a formação de cicatriz com reduzido número de células, caso isso não
ocorra pode haver a formação de quelóides e cicatrizes hipertróficas; esse equilíbrio
do tipo de resposta não foi visto no presente trabalho nas fases finais de resolução
da lesão no grupo tratado com Regederm®, sendo que, após a fase de
remodelagem no processo normal de cicatrização, a vascularização abundante
formada na fase de granulação deve regredir a semelhantes ou menores que aos
observados anteriormente à lesão (Pinho et al, 2004).
No presente estudo, verificamos que, o Regederm® apresentou aumento de
elementos característicos das fases iniciais do processo de cicatrização, mas no
decorrer do tempo tendeu a dificultar a cicatrização da ferida, mostrando ser eficaz
no início da cicatrização, para testar tal hipótese foi feito um grupo experimental
onde o Regederm® foi utilizado até os 07 dias após a indução da lesão e
posteriormente o tratamento foi finalizado utilizando soro fisiológico, com isso houve
diminuição da intensidade de angiogênese como seria esperado, porém o resultado
final não foi satisfatório visto que resultou em menor contração da ferida do que o
grupo tratado somente com Regederm®, mostrando que mesmo utilizando esse
tratamento somente durante 07 dias, os efeitos são mantidos até a fase de
maturação.
Portanto, nossos resultados indicam que a biomembrana de látex de H.
speciosa é um biomaterial promissor para uso em cicatrização de feridas, pois tem
fatores que diminuem a inflamação e a necrose durante as fases inflamatória e
proliferativa, e seus efeitos são auto limitados, pois tende a aumentar a angiogênese
quando esta é necessária e diminuir à medida que o tecido vai passando para a fase
39
de maturação, o que não ocorreu com o Regederm®, que manteve elementos pró
inflamatórios e angiogênese durante a fase de maturação.

6.1 Limitações / Vantagens do estudo


O estudo da cicatrização de feridas em ratos visando buscar
desenvolvimento de possibilidades terapêuticas que sejam importantes no
tratamento em seres humanos tem algumas limitações inerentes ao modelo
experimental devido às diferenças entre a pele humana e a pele animal.
A absorção percutânea de medicamentos de aplicação tópica é diferente em
seres humanos e ratos, devido a diferenças entre a barreira epitelial desses animais,
assim como a quantidade de ácidos graxos livres, triglicerídeos e a densidade de
folículos pilosos (Avci et al, 2013).
O modelo de feridas excisional em pele de rato é utilizado em experimentos,
para avaliação de epitelização, contração, reconstrução dérmica, inflamação,
quimiotaxia, angiogênese, produção e organização da matriz (Avci et al, 2013).
Os ratos têm um músculo (panniculus carnosus) subcutâneo, que está
ausente em seres humanos, devido à presença desse músculo a cicatrização de
feridas em ratos se faz por contração e formação de colágeno enquanto que nos
seres humanos ocorre por reepitelização (Avci et al, 2013).
Por outro lado, em seres humanos há grande dificuldade de se padronizar as
formas de lesão encontradas e também o tratamento realizado, mostrando umas das
vantagens dos estudos em animais, pois estes são provenientes do mesmo local,
tem o mesmo tipo de alimentação e estarão em um mesmo ambiente, variáveis
difíceis de serem controladas em seres humanos.

40
7 CONCLUSÕES

Regederm® induziu resposta inflamatória semelhante ao soro fisiológico


durante as fases iniciais do processo de cicatrização, mas durante a fase de
maturação tendeu a perpetuar a migração de células inflamatórias, enquanto que a
biomembrana de látex de H. speciosa mostrou efeito anti-inflamatório. As feridas
tratadas com soro fisiológico e biomembrana de látex de H. speciosa fecharam mais
rapidamente que as feridas tratadas com Regederm®.
Durante a fase inflamatória e proliferativa a biomembrana de látex de H.
speciosa preveniu a formação de crosta e a migração de leucócitos
polimorfonucleares. A biomembrana de látex de H. speciosa inibiu a migração de
fibloblastos durante a fase proliferativa e de maturação.
A biomembrana de látex de H. speciosa mostrou-se um importante
biomaterial para a cicatrização de feridas, levando a menos necrose/crosta e
inflamação, com diminuição da angiogênese, infiltrado inflamatório e migração de
fibroblastos durante a fase de maturação.
O Regederm® mostrou-se um eficiente fator angiogênico, porém induziu
respostas não esperadas durante a fase de maturação, com permanência de
infiltrado inflamatório e angiogênese, que já deveriam ter cessado.
O tratamento misto minimizou a angiogênese durante a fase de maturação,
porém o efeito do Regegerm® com relação ao infiltrado de mononucleares se
manteve tardiamente.

41
REFERÊNCIAS

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ratos diabéticos. Ribeirão Preto [Tese de Doutorado em Ciências Médicas],
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ANEXOS

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética

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