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Ano 11
Nº 50
Jan/Fev 2014
ISSN 0100-1485

ENTREVISTA
Zehbour
Panossian,
Diretora de
Inovação do
Instituto de
Pesquisas
Tecnológicas do
Estado de São
Paulo – IPT

RESINAS
RESINAS SINTÉTICAS
SINTÉTICAS

NA LINHA DE FRENTE
CONTRA A CORROSÃO
Sumário50:Sumário/Expedient36 2/13/14 2:08 PM Page 1

Sumário

A revista Corrosão & Proteção é uma publicação oficial da


ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão, fundada em
17 de outubro de 1968. ISSN 0100-1485

Av. Venezuela, 27, Cj. 412


Rio de Janeiro – RJ – CEP 20081-311
Fone: (21) 2516-1962/Fax: (21) 2233-2892
www.abraco.org.br

Diretoria Executiva – Biênio 2013/2014


Presidente
Eng. Rosileia Mantovani – Jotun Brasil

Vice-presidente
4
Dra. Denise Souza de Freitas – INT Editorial
Diretores O desafio das próximas 50 edições
Aécio Castelo Branco Teixeira – química união
Eng. Aldo Cordeiro Dutra
Cesar Carlos de Souza – WEG TINTAS
M.Sc. Gutemberg de Souza Pimenta – CENPES
Isidoro Barbiero – SMARTCOAT 6
Eng. Pedro Paulo Barbosa Leite
Dra. Simone Louise Delarue Cezar Brasil Entrevista
Uma vida dedicada à corrosão no IPT
Conselho Científico
M.Sc. Djalma Ribeiro da Silva – UFRN
M.Sc. Elaine Dalledone Kenny – LACTEC
M.Sc. Hélio Alves de Souza Júnior
Dra. Idalina Vieira Aoki – USP 8
Dra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTEC
Eng. João Hipolito de Lima Oliver – ABRACO Informa
PETROBRÁS/TRANSPETRO I Seminário Brasileiro de Pintura Anticorrosiva
Dr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPE
Dr. Luís Frederico P. Dick – UFRGS
M.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPT
Dra. Olga Baptista Ferraz – INT
Dr. Pedro de Lima Neto – UFC 12
Dr. Ricardo Pereira Nogueira – Univ. Grenoble – França
Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ Resinas Sintéticas
Na linha de frente contra a corrosão
Conselho Editorial
Eng. Aldo Cordeiro Dutra – INMETRO
Dra. Célia A. L. dos Santos – IPT
Dra. Denise Souza de Freitas – INT
Dr. Ladimir José de Carvalho – UFRJ 19
Eng. Laerce de Paula Nunes – IEC
Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ Notícias do Mercado
Simone Maciel – ABRACO
Dra. Zehbour Panossian – IPT

Revisão Técnica 34
Dra. Zehbour Panossian (Supervisão geral) – IPT
Dra. Célia A. L. dos Santos (Coordenadora) – IPT Opinião
M.Sc. Anna Ramus Moreira – IPT
M.Sc. Sérgio Eduardo Abud Filho – IPT Mudança cultural para um novo Brasil
M.Sc. Sidney Oswaldo Pagotto Jr. – IPT Juan Quirós
Redação e Publicidade
Aporte Editorial Ltda.
Rua Emboaçava, 93
São Paulo – SP – 03124-010
Fone/Fax: (11) 2028-0900
aporte.editorial@uol.com.br Artigos Técnicos
Diretores 20 28
João Conte – Denise B. Ribeiro Conte
Estudo da corrosão em frestas de ligas Discussão sobre falhas em
Editor
Alberto Sarmento Paz – Vogal Comunicações
de alta resistência à corrosão por revestimentos ricos em zinco
redacao@vogalcom.com.br meio de ensaios eletroquímicos Por Sidney O. Pagotto Jr. e Neusvaldo
Repórter Por Cristiane Vargas Pecequilo, Zehbour Lira de Almeida
Carlos Sbarai Panossian, Renata Angelon Brunelli e
Projeto Gráfico/Edição Neusvaldo Lira de Almeida
Intacta Design – julio@intactadesign.com

Gráfica
Ar Fernandez

Esta edição será distribuída em fevereiro de 2014.

As opiniões dos artigos assinados não refletem a posição da


revista. Fica proibida sob a pena da lei a reprodução total ou
parcial das matérias e imagens publicadas sem a prévia auto-
rização da editora responsável.

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Editorial50:Editorial36 2/11/14 5:39 PM Page 1

Carta ao leitor

O desafio das próximas 50 edições

sta edição comemorativa da Revista Corrosão & Proteção, que completa 50 edições, nos leva
a uma reflexão sobre o papel de um veículo de comunicação voltado ao compartilhamento do co-
nhecimento tecnológico. Como ferramenta de comunicação da Associação Brasileira de Corrosão
(ABRACO), a revista tem o compromisso de incorporar em sua linha editorial os valores e a filosofia de
trabalho da entidade que é a de congregar toda a comunidade técnico-empresarial do setor.
Como difundir o estudo da corrosão e os seus métodos de prevenção e de controle sem contar com um
eficiente instrumento de comunicação? Os profissionais da área necessitam atualização constante e conteú-
do profundo, filtrado e avaliado por um corpo de colaboradores da mais alta competência e prestígio pela
relevância profissional conquistada ao longo de suas atividades profissionais.
Para tanto, pesquisadores, mestres, doutores, professores formam o Conselho Editorial da Revista, além
de entidades de pesquisa e profissionais de renome do setor que se dedicam de forma competente e abne-
gada a levar aos leitores os principais avanços tecnológicos no combate à corrosão.
O tema é desafiador e os números também. Há estudos confiáveis da World Corrosion Organization,
EUA, estimando que os custos com a prevenção e o combate à cor-

“ Estamos engajados para dar continuidade a ações


cada vez mais efetivas que aprimorem o principal
veículo de comunicação do setor de prevenção e
rosão correspondem a 2,8 % do Produto Interno Bruto (PIB) mun-
dial, considerando-se apenas os custos diretos, algo em torno de 1,96
trilhão de dólares americanos, montante que justifica todo o empe-
nho para minimizar custos tão elevados, superiores ao PIB de 176
países de uma lista de 184 nações, tendo como base o ranking do
combate à corrosão: a Revista Corrosão & Proteção Fundo Monetário Internacional (FMI).

” Podemos imaginar o quanto é desafiador o compromisso de todos


nós: 1,96 trilhão de dólares são corroídos todos os anos, recurso capaz
de contribuir de forma significativa para suprir, por exemplo, a falta de escolas, alimentos, remédios, mora-
dias e hospitais.
Estamos engajados para dar continuidade a ações cada vez mais efetivas que aprimorem o principal
veículo de comunicação do setor de prevenção e combate à corrosão: a Revista Corrosão & Proteção.
Alguém poderá questionar se os veículos online e as redes sociais não cumprem de forma mais eficiente esse
papel de comunicação. Precisamos entender que recorremos aos sites de pesquisa somente quando estamos
determinados a obter o conhecimento e/ou a adquirir um produto ou serviço. Por sua vez, a revista impres-
sa ainda nos parece mais eficaz, pois induz o leitor ao interesse e ainda conta com o aval do refinamento do
conteúdo, uma vez que toda informação é filtrada e validada. Então, mãos à obra, pois 50 novas edições
aguardam o nosso empenho.

Destaques – Nesta edição, trazemos uma entrevista especial com a Doutora Zehbour Panossian, do
IPT, contando um pouco de sua trajetória profissional na área de pesquisa e desenvolvimento. O tema
“resinas” é apresentado a partir de apuração realizada com os fabricantes de resinas e também com os
aplicadores, permitindo traçar um panorama bastante atual deste tema. Também o Seminário de
Pintura, organizado pela ABRACO, merece destaque especial pela importância que o tema tem na área
de proteção anticorrosiva.
Finalmente, vale lembrar que entre 19 e 23 de maio, a cidade de Fortaleza sediará o maior evento sobre
corrosão que se realiza no Brasil, o INTERCORR 2014 – 34º Congresso Brasileiro de Corrosão e o 2nd
International Corrosion Meeting. O evento será palco para a apresentação de conferências, mesas-redondas
e trabalhos inéditos, reunindo a expertise mais representativa do setor. Participe e acompanhe a cobertura
completa do evento nas próximas edições.

Boa leitura!

Os editores

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Anuncio Intercorr 2014:Anuncio Intercorr 11/29/13 3:46 PM Page 1

O maior evento internacional de


corrosão realizado no Brasil

19 a 23 de maio de 2014
Fortaleza – CE Inscr
até 1/3/2 ições
014 terã
20 % o
de desco
nto
Eventos envolvidos
• 34º Congresso Brasileiro de Corrosão
• 5th International Corrosion Meeting
• X Congreso Iberoamericano de Corrosión y Protección
• 19º Concurso de Fotografia de Corrosão e Degradação
de Materiais
• 34ª Exposição de Tecnologias para Prevenção e
Controle da Corrosão

www.abraco.org.br/intercorr2014
Entrevista50:Entrevista36 2/11/14 5:47 PM Page 1

Entrevista

Foto: Divulgação IPT


Zehbour
Panossian

Uma vida dedicada à corrosão no IPT


Zehbour Panossian, quando criança, tinha o sonho de ser médica para salvar vidas, mas teve que
abandoná-lo para trabalhar ao lado da família e, depois de vencer muitos desafios, tornou-se
diretora de Inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, o IPT

pesquisadora Zehbour Pa- Comitê Brasileiro de Corrosão, Química da USP, mas só poderia
nossian possui bacharela- tendo trabalhado na elaboração ingressar no curso se conseguisse
do em Física (1975), li- do projeto de norma “Termino- passar no exame de ingresso. Pas-
cenciatura em Física (1977) e logia em Corrosão”. sados seis meses, fui fazer o exame
doutorado em Físico-química e com minha experiência educa-
(1981), todos pela Universidade Como surgiu o interesse pela cional mais a profissional consegui
de São Paulo (USP). É pesquisa- corrosão? passar em primeiro lugar. Então
dora do Laboratório de Corrosão Zehbour Panossian – Quando iniciei meu mestrado junto com o
e Proteção (LCP) desde 1976 e cheguei ao Brasil, ainda pequena, trabalho no IPT e, depois de dois
Diretora de Inovação, a partir de vinda do Líbano por vontade de anos, meu orientador disse que
2012, no Instituto de Pesquisas meu pai, sonhava em ser médica e minha tese estava ficando muito
Tecnológicas do Estado de São trabalhar para as pessoas carentes, boa e sugeriu que fizesse o doutora-
Paulo, o IPT. É professora convi- mas tive que deixar o sonho de do direto e antes de completar 30
dada da Universidade de São lado para ajudar minha família e, anos de idade já tinha meu diplo-
Paulo, atuando no Departamen- aos 14 anos, já dava aulas parti- ma de doutora. Naquela época,
to de Metalurgia e de Materiais culares. Além disso, também aju- era muito raro ser doutor com essa
da Escola Politécnica desde 1985. dava meu pai na loja que ele tinha idade. Tive um casal de filhos que
Também é vice-chairman do Co- no bairro do Brás. Depois dessa mudou minha vida, pois eles se
mitê STG 35 – NACE e re- fase, ao completar 18 anos iniciei tornaram a razão do meu viver.
presentante do Brasil no Inter- minha carreira na indústria, na Logo depois assumi a chefia do
national Corrosion Council. Inte- área de tratamento de superfície. Laboratório de Corrosão do IPT.
gra o Conselho Deliberativo da Depois de me formar no curso téc-
ABNT e é consultora ad hoc do nico em química, cursei física na Quais foram os desafios dessa
CNPq, FINEP, FAPESP e USP e quando conclui o curso já nova fase dentro do IPT?
CYTED. Tem experiência na tinha seis anos de experiência pro- Zehbour – Acredito que o grande
área de química, com ênfase em fissional como técnica química. desafio era transformar aquele pe-
eletroquímica, atuando princi- Foi quando apareceu uma oportu- queno laboratório no que ele é ho-
palmente em corrosão e proteção nidade no IPT para trabalhar em je, com quase 40 profissionais e
contra corrosão, eletrodeposição eletrodeposição no Laboratório de mais de 4.000 metros quadrados
e tratamento de superfície. Co- Corrosão e Proteção. de área construída. Não foi nada
ordena projetos de pesquisa e fácil chegar até aqui. Tivemos
desenvolvimento tecnológico, dá Quais as dificuldades encon- muitos altos e baixos nesse tempo
assessoria em corrosão e proteção, tradas no começo da carreira? todo, mas atualmente somos co-
especialmente na otimização de Zehbour – Eu me recordo que ao nhecidos internacionalmente e re-
processos produtivos na área de chegar na Metalurgia da Poli, em cebemos pedidos de trabalhos de
tratamento de superfície, e presta busca do mestrado, fui surpreendi- outros países. Estamos elaborando
serviços tecnológicos para o setor da ao ouvir que “Mulher e Física propostas de trabalho para atender
produtivo. Tem forte atuação em aqui não entra”, mas mesmo assim duas empresas de óleo e gás da Eu-
normalização na ABNT – CB 43 não desisti. Fui até o Instituto de ropa, já fizemos outros trabalhos
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Entrevista50:Entrevista36 2/11/14 5:47 PM Page 2

no exterior. Fazemos ensaios e aná- o interesse das empresas estrangeiras seus trabalhos na nossa instituição.
lises, análise de falhas por corrosão, que estão nos procurando para a O requisito é que os projetos dos
serviços tecnológicos para melhorar realização de diversos trabalhos. alunos tenham sinergia com as
linhas de produção de revestimen- Isso é motivo de muito orgulho pa- áreas de atuação do IPT. O objeti-
tos metálicos, de tintas, de sistemas ra nós e mostra que estamos no vo maior do programa é estreitar as
de proteção catódica. Nossos esfor- caminho certo. relações do Instituto com a Acade-
ços atualmente estão voltados para mia. Também vamos lançar as re-
revestimentos ecologicamente cor- O que mudou no IPT? gras oficiais para os profissionais do
retos, incluindo a substituição do Zehbour – Em 2014, o IPT vai IPT que queiram fazer mestrado
cianeto. Já fizemos um banho eco- completar 115 anos de existência ou doutorado. Vamos dar continui-
logicamente correto para o cobre e e o Laboratório, 51. O Laborató- dade ao Programa de Estímulo à
vamos fazer para o latão. rio de Corrosão e Proteção foi Inovação e à Produtividade Tecno-
fundado pelo professor Dr. Ste- lógica que tem por objetivo premi-
Existe algum projeto novo que phan Wolynec, a quem considero ar o profissional que tiver o maior
mereça algum destaque? um grande visionário. O professor número de artigos publicados, para
Zehbour – Estamos atuando forte- foi uma referência profissional pa- quem desenvolveu patentes e para
mente na corrosão de armaduras ra mim e tudo o que aprendi foi grupos com maior faturamento em
na construção civil, voltadas para com ele. Wolynec me confiou a P&D, entre outros. Temos ainda os
construções com vida útil superior disciplina de “Mecanismos de ele- projetos de capacitação dos profis-
a 100 anos ou que usam material trodeposição de metais” do curso sionais do IPT financiados pelo
cimentício de qualidade inferior. do pós-graduação do Departa- Governo do Estado de São Paulo, o
Trabalhamos com barras de aço mento de Metalurgia e Materiais programa de estágio no exterior
galvanizado e barras de aço inoxi- da Escola Politécnica da USP, com o prazo máximo de oito meses,
dável. Iniciamos um projeto fi- onde ministro esta disciplina há sempre lembrando que todos os
nanciado pelo próprio IPT que 24 anos como professora-convida- temas devem estar relacionados com
objetiva o estudo de aços inoxi- da. Ele teve a percepção da im- as áreas de atuação do Instituto.
dáveis, tanto os tradicionais como portância do estudo da corrosão Vale destacar ainda que também
o lean duplex. Não faz muito tem- no Brasil. Hoje, o grupo que atua recebemos pesquisadores estrangei-
po recebemos investimentos de cer- no Laboratório colhe os frutos da ros. Em 2013, só no LCP foram
ca de 17 milhões de reais da Petro- semente que ele plantou. Sou a recebidos um da França, dois da
bras para modernização do Labo- atual diretora de Inovação do Ins- Alemanha e três de Portugal. Para
ratório. Com esse aporte, fizemos tituto e sigo a filosofia do profes- esse ano, temos programado o inter-
melhorias na infraestrutura e ad- sor Wolynec, que sempre associou câmbio com mais um da Alema-
quirimos uma série de equipa- ciência à tecnologia. nha e três de Portugal. Isso nos
mentos dedicados não só ao setor mostra que para os laboratórios que
de óleo e gás, mas também a outras Quais as novidades para este atuam em normalização, partici-
áreas. Por conta disto, temos atua- ano no IPT? pam de congressos, têm forte intera-
do fortemente neste setor e somente Zehbour – Vamos receber em feve- ção com a indústria e um cunho
para ele desenvolvemos mais de 50 reiro a primeira turma de alunos acadêmico, o sucesso é garantido.
projetos, a maioria voltada para a do programa Novos Talentos do Ins- Voltando ao IPT, no ano passado
integridade de dutos e equipamen- tituto. O objetivo do programa é batemos recorde de faturamento,
tos. Também é importante desta- apoiar as atividades de pesquisa e depositamos 11 patentes e publi-
car o grande volume de publicações desenvolvimento de estudantes de camos cerca de 230 artigos. Meu
técnicas que produzimos. Desde a mestrado e doutorado, inclusive maior desejo é continuar traba-
inauguração, em 1963, o pessoal participantes do pós-doutorado. lhando para o crescimento do IPT,
do Laboratório já publicou mais Além dos alunos do curso de mes- tornando-o uma instituição reco-
de 400 artigos, a grande maioria trado tecnológico do próprio IPT, o nhecida mundialmente. Quero ver
no País e sempre objetivando di- programa foi aberto para can- os universitários que estiverem se
vulgar o nosso trabalho para o se- didatos das demais instituições de formando tendo o sonho de traba-
tor produtivo nacional. Participa- ensino e pesquisa. Há diversas for- lhar no IPT. Deixo registrada a fe-
mos regularmente de congressos, mas de apoio previstas pelo progra- licidade que tenho pelo meu casal
inclusive dos internacionais, para ma Novos Talentos. Nosso objetivo é de filhos e o orgulho de ser casada
tornar marcante a presença do proporcionar os recursos e os meios com um grande pesquisador do
IPT. Nossa participação faz crescer para que os alunos desenvolvam IPT, Neusvaldo Lira de Almeida.
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ABRACO Informa

Fotos: Nathália Vianna Brito


I Seminário Brasileiro de Pintura Anticorrosiva

Mesa-redonda, da esquerda para a direita: Fernando de Loureiro Fragata, Celso Gnecco, Joaquim
Quintela, Roberto Mariano, Segehal Matsumoto, Adauto Riva e Fábio Krankel

A Associação Brasileira de Corrosão – ABRACO realizou no dia 5 de dezembro de 2013, no hotel


Golden Tulip Regente, em Copacabana, no Rio de Janeiro, o “I Seminário Brasileiro de Pintura
Anticorrosiva”. A cerimônia de abertura e de encerramento do evento foi realizada pelo engenheiro
Aldo C. Dutra, um dos pilares mais importante na vida da ABRACO.
“A ideia do Seminário foi discutir os avanços tecnológicos de grande relevância técnica neste setor,
com a participação de profissionais de várias empresas, fabricantes de tintas, institutos de pesquisa, uni-
versidades, aplicadores de tintas, entre outros especialistas”, explicou o mediador do evento Fernando
de Loureiro Fragata.
Para Fragata esse seminário foi a materialização de uma ideia que já tinha sido concebida. “O resul-
tado foi um sucesso em função não apenas por conta dos trabalhos publicados, mas principalmente por
causa da quantidade de pessoas que participaram do seminário. Inclusive o auditório estava com sua
capacidade esgotada. Vale ressaltar que muitos queriam participar e não puderam devido a falta de
vagas. Isso mostra a grandiosidade técnica do evento”.
Marcelo Rufo, da Air Products, abriu o ciclo de palestras com um trabalho no qual abordou o tema
Exsudação Amínica em Tintas Epóxis. Dentro de sua palestra falou sobre a importância de se conhecer
esse fenômeno, como evitá-lo, as consequências e o efeito nefasto que o mesmo acarreta aos revesti-
mentos por pintura. Rufo também apresentou os mecanismos para evitar que essa falha ocorra na pin-
tura e sobre as novas tecnologias que estão sendo implantadas para evitar que esse problema ocorra.
Logo depois foi a vez de Osmar Dresdi, da Replan/Petrobras analisar os benefícios e as dificuldades
na preparação de superfícies metálicas de tanques de armazenamento. Ainda sobre a experiência da
Petrobras na utilização de tintas intumescentes em plataformas, Gilberto Laudares Silva e Álvaro Terra,
trocaram informações com o público presente. O tema seguinte foi sobre equipamento de jato abrasi-
vo portátil para preparação de superfícies nos serviços de manutenção, apresentado por Ricardo
Lorizzola, da RC Tintas.
O encerramento da primeira parte do evento ocorreu com uma das palestrantes mais esperadas do
dia, com o engenheiro Joaquim Pereira Quintela, da Petrobras/Cenpes, sobre o passado, o presente e o
futuro das tintas anticorrosivas e as novas tecnologias para o setor de pintura anticorrosiva. Ao final de
sua participação, Quintela recebeu uma grande homenagem da empresa Sponge-Jet pela sua luta ao

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Quintela recebe uma homenagem da empresa Sponge-Jet

longo dos anos no segmento de tintas anticorrosivas, de pintura anticorrosiva e de combate à corrosão.
“Eu achei uma homenagem mais do que justa para um pesquisador que já escreveu seu nome na
história da pintura anticorrosiva, nos cenários nacional e internacional”, comentou Fernando Fragata,
seu grande amigo há mais de 30 anos.
Na sequencia dos trabalhos, foi a vez de Fábio Paranhos, da Mac Seal, falar sobre a segunda parte
do tema “Equipamentos de Jato Abrasivo Portáteis” para preparação de superfícies nos serviços de
manutenção. Em seguida, coube a Roberto Mariano, da Akzo Nobel, a apresentação da palestra sobre
a especificação de esquemas de pintura com base em normas internacionais.
Um dos pontos altos do seminário ocorreu durante a mesa redonda, que serviu para discutir temas
importantes da pintura anticorrosiva no Brasil e
reuniu grandes nomes como Celso Gneco, da
Sherwin-Williams; Joaquim Quintela, da Petro-
bras/Cenpes; Fernando Fragata, do Cepel;
Roberto Mariano, da Akzo Nobel; Segehal Mat-
sumoto, consultor; Adauto Riva, da Renner Herr-
mann; e Fábio Krankel, da Weg Tintas.
“O tema principal da mesa redonda foi o grau
de limpeza SP11 na norma SSPC. Um dos pontos
amplamente debatido foi se no Brasil deveria ser
aceito ou não a utilização de pistola de agulha
como ferramenta principal para obtenção do
referido grau de limpeza. Além disso, represen-
tantes da Petrobras informaram que a intenção da
empresa é abolir os graus de limpeza St2 e St3, fato
esse bastante discutido no Seminário. Como resul-
tado, surgiram várias ideias a serem trabalhadas
para futura implantação, sendo que uma delas é a
elaboração de uma norma brasileira para contem- Simone Maciel, coordenadora do evento, dirigiu os
plar o grau de limpeza SP11, porém fazendo-se as trabalhos de apresentação da cerimônia

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A plateia acompanhou com muito interesse o programa do seminário

alterações necessárias para que a mesma alcance o objetivo desejado no Brasil”, comentou o mediador
Fernando Fragata.
A palestra de encerramento foi apresentada de forma conjunta por Celso Gnecco e Fernando
Fragata. Essa palestra teve como objetivo mostrar para a comunidade técnico-científica as propriedades
das tintas de acabamento poliaspárticas de forma comparativa com as tintas tradicionais à base de poli-
uretano alifático. Segundo os palestrantes, trata-se de uma tecnologia muito importante uma vez que
tais tintas possuem alto teor de sódio, baixa viscosidade e permite a obtenção de altas espessuras por
demão, o que pode tornar o sistema de proteção anticorrosiva mais econômico e eficiente e ser execu-
tado de forma mais rápida.
No encerramento do evento, Fernando Fragata destacou que os objetivos foram plenamente
alcançados. O alto nível das palestras e a intensa discussão dos temas apresentados foram os pontos
fortes do seminário.
Celso Gnecco destacou a iniciativa de Fer-
nando Fragata ao valorizar os Inspetores de Pin-
tura níveis 1 e 2 que a ABRACO vem formando
ao longo dos anos. Estes profissionais merecem
respeito pelos bons serviços prestados ao país.
Ainda sobre o Seminário, Celso sugere que os
próximos sejam semestrais, pois os temas a serem
debatidos são muitos, a evolução das tintas, das
técnicas de preparo de superfície e dos equipa-
mentos de pintura é muito rápida e não dá para
esperar um ano para realizar o próximo evento.
Em sua opinião, os próximos Seminários deveri-
am ter a duração de dois dias.
Segundo Simone Maciel, Coordenadora de
Eventos da ABRACO, o sucesso do Seminário se
deu devido a escolha correta das palestras apresen-
tadas, a qualidade e o alto nível técnico dos pales-
trantes, o apoio dos patrocinadores, a participação
dos presentes na discussão dos trabalhos e por fim Confraternização entre dois ícones da Abraco,
a metodologia utilizada na organização. Fernando de L. Fragata e Aldo C. Dutra

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InstitucionalABRACO49:AnuncioABRACO 11/29/13 12:16 PM Page 1

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO

MISSÃO
Difundir e desenvolver o conhecimento da corrosão e da proteção anticorrosiva, congregando empresas, entidades
e especialistas e contribuindo para que a sociedade possa garantir a integridade de ativos, proteger as pessoas e o meio
ambiente dos efeitos da corrosão.

ATIVIDADES
Cursos
Ministra cursos em sua própria sede, que conta com modernas instalações. Também são realizados cursos em parceria
com importantes instituições nacionais de áreas afins e cursos in company, sempre com instrutores altamente qualificados.

Eventos
Organiza periodicamente diversos eventos como: congressos, seminários, palestras, workshops e fóruns, com o objetivo de
promover o intercâmbio de conhecimento e informação, além de compartilhar os principais avanços tecnológicos do setor.

Qualificação e Certificação
Mantém um programa de qualificação e certificação de profissionais da área de corrosão e técnicas anticorrosivas, por meio
do seu Conselho de Certificação e do Bureau de Certificação.

Biblioteca
Possui uma Biblioteca especializada nos temas corrosão, proteção anticorrosiva e assuntos correlatos. O acervo é composto
por livros, periódicos, normas técnicas, trabalhos técnicos, anais de eventos e fotografias da ação corrosiva.

CB-43
Coordena o CB-43 – Comitê Brasileiro de Corrosão, que abrange a corrosão de metais e suas ligas no que concerne à
terminologia, requisitos, avaliação, classificação, métodos de ensaio e generalidade. O trabalho é desenvolvido desde 2000,
após aprovação da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Comunicação
Utiliza canais de comunicação para informar ao mercado e à comunidade técnico-empresarial todas as novidades da área,
conquistas da Associação, dos filiados e de parceiros, por meio de boletins eletrônicos, site, redes sociais e revista.

Associe-se à ABRACO e aproveite seus benefícios:


√ Descontos em cursos e eventos técnicos;
√ Descontos significativos nas aquisições de publicações na área de corrosão e proteção anticorrosiva;
√ Descontos em anúncios na Revista Corrosão & Proteção;
√ Recebimento de exemplares da Revista Corrosão & Proteção;
√ Pesquisas bibliográficas gratuitas na Biblioteca da ABRACO;
√ Inserção do perfil da empresa no site institucional da ABRACO.
E muito mais!

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Resinas Sintéticas

Na linha de frente contra a corrosão


Aplicáveis em diversas áreas, as resinas sintéticas são a “alma” de uma tinta
e têm importância vital quando o assunto é proteção anticorrosiva

Por Alberto Paz

resina sempre esteve presente na história da humanidade. Até na de vendas e marketing da Hunts-
Bíblia, podemos verificar a alta estima que gozavam resinas ve- man, Ronny Konrad.
getais como o incenso e a mirra. Sem falar do âmbar, resina de Eles abordaram como as re-
árvore fossilizada mais conhecida, talvez, por ter se tornado uma ver- sinas atuam para a proteção con-
dadeira cápsula do tempo ao “capturar” e preservar desde folhas até tra a corrosão, a preocupação de
pequenos animais em seu interior (veja a figura da abertura da matéria). tornar as linhas de produção
Hoje, as resinas continuam a fazer parte de nosso dia a dia. A ciên- mais limpas, a posição do merca-
cia conseguiu produzi-las artificialmente, tornando-as quase onipre- do brasileiro em relação aos ou-
sentes em nossa vida. Assim, podemos encontrá-las em todos tros países e inovações no setor.
os objetos plásticos e até onde menos esperamos como, “Os polímeros são a ‘alma’ de
por exemplo, nas cordas de instrumentos musi- uma tinta. São eles que determi-
cais, como o violino, melhorando a fricção nam o processo de secagem, a
da corda com o arco. Mas, o que traz o forma de aplicação, a camada e a
tema para a Revista Corrosão & maior parte das características fi-
Proteção é sua atuação como ele- nais do revestimento aplicado.
mento chave para a proteção an- Hoje em dia, existem várias tec-
ticorrosiva. As resinas sintéticas nologias que atuam como base
são polímeros amplamente para os revestimentos anticorro-
usados, na forma de soluções sivos, tais como poliuretano e
ou dispersões, na produção de epóxi, ambos com funções nas
tintas e adesivos, sendo o prin- etapas de pintura”, sentencia Al-
cipal constituinte de uma tinta berto Hassessian.
por ser a responsável pela forma- Ele explica que, inicialmente,
ção da película protetora. os polímeros devem ter excelente
Portanto, a maioria das proprie- aderência no substrato, prote-
dades físico-químicas de uma tinta de- gendo-o das ações das intem-
pende basicamente do tipo de resina em- péries e de todos os elementos
pregado em sua produção. Também é impor- que possam iniciar um processo
tante citar que, dos componentes básicos de uma oxidativo.
tinta (resina, solvente, pigmento e aditivos), é a resina “As resinas são fornecidas às
que propiciou nos últimos anos a grande evolução ocorri- indústrias de tintas e vernizes que
da no desenvolvimento técnico das tintas, principalmente para produzem os revestimentos por
torná-las de baixo impacto ambiental. meio de fórmulas desenvolvidas
Para traçar um panorama sobre o setor, foram consultados espe- em seus próprios laboratórios,
cialistas que foram divididos em duas categorias: os fabricantes de adicionando pigmentos, cargas,
resinas e os aplicadores de revestimento de alto desempenho. Por aditivos e solventes para posteri-
terem, em boa parte da etapa produtiva, situações operacionais, de ormente entregar a tinta a ser
desenvolvimento, de inovação, entre outros pontos, bastante distintos, aplicada nas indústrias produto-
optou-se por essa separação objetivando uma abordagem mais precisa ras de equipamentos e estruturas
e interessante para os leitores. metálicas”, diz Hassessian.
Juliana Serafim comenta ain-
Fabricantes de resinas da que as resinas epóxis podem
Foram consultados nesta seção o gerente da unidade de negócios ser utilizadas em diversos tipos
CAS (Tintas, Adesivos e Especialidades) para a América Latina da de formulação de tintas anticor-
Bayer MaterialScience, Alberto Hassessian; a especialista técnica do rosivas. “Podem ser produzidas
negócio epóxi da Dow na América Latina, Juliana Serafim; e o gerente tintas líquidas de manutenção e
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proteção industrial, para ambi- um novo polímero, que é termofixo. Esse polímero formado apresen-
entes de diferentes níveis de agres- ta grande interação com o substrato resultando em excelente aderên-
sividade e corrosividade; também cia sobre o metal a ser protegido, além de excelente propriedade de
tintas em pó para uso em linha barreira e resistência química derivada da composição do filme
branca e outras aplicações mais polimérico e também das ligações cruzadas (crosslinking) obtidas após
críticas como pintura com epóxi a reação química entre resina epóxi e agente de cura. Essas caracterís-
termo-fundido (fusion bonded ticas – aderência, composição e barreira – fazem da tinta epóxi aplica-
epoxy) de tubulações enterradas da e curada uma excelente barreira contra agentes externos (umidade,
ou submersas. Outras aplicações maresia, produtos químicos) retardando a ação deles sobre o metal e,
incluem as indústrias de embala- assim, protegendo-o contra a corrosão”, explica Juliana.
gens metálicas e também auto- Ronny Konrad amplia a abordagem e comenta que os sistemas
motiva original (OEM)”. epóxi, ou seja, a combinação de uma resina epóxi e um agente de cura,
Ela argumenta também sobre são comumente utilizados como veículos/ligantes na formulação de
a ação dos agentes de cura. Eles revestimentos na proteção contra a corrosão. “As resinas epóxi são pro-
podem ser de diferentes tipos, duzidas através da reação dos componentes bisfenol A ou F e a epi-
como poliamidoaminas, aminas cloridrina e variando seu peso molecular com maior adição de bisfenol
alifáticas e cicloalifáticas, contri- A ou F podemos produzir diversos tipos de resina epóxi que possuem
buem de maneira importante no propriedades distintas, por exemplo: resina epóxi do bisfenol A com
desempenho da tinta anticorrosi- menor peso molecular é utilizada na formulação de revestimentos
va, complementando as propri- líquidos, se aumentarmos o peso molecular desta mesma resina com
edades de aderência, velocidade adição de bisfenol A em sua estrutura, alteramos suas propriedades e
de secagem e cura e resistência se apresenta como uma resina sólida em seu estado físico, utilizada na
química necessárias a esse tipo de fabricação de FBE (fusion boding epoxy) aplicada como revestimento
tinta, por exemplo. contra a corrosão em gasodutos”, diz Ronny.
“A resina epóxi e o agente de O especialista ainda comenta que o maior desafio para os sistemas
cura de uma formulação conven- epóxi é a degradação do filme causada pelos raios ultravioleta (UV).
cional de tinta anticorrosiva “Um sistema epóxi que combina todas as suas excelentes propriedades
reagem entre si quimicamente de de adesão, resistência química, térmica e mecânica e com resistência aos
maneira irreversível formando raios UV seria um produto imbatível na proteção contra a corrosão”.

Foto: Tinôco Anticorrosão

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A respeito da confecção de produtos que tenham menor impac- está no mesmo nível dos países
to ambiental, as resinas apresentaram algumas inovações nos últi- mais industrializados”.
mos anos tanto em sua aplicação quanto em seu próprio processo Exclusivamente em termos de
de produção. qualidade e desempenho das re-
Segundo Hassessian, da Bayer e formado em química industrial e sinas, segundo Juliana Serafim, o
engenharia química, há duas vertentes para revestimentos ambiental- Brasil se encontra em posição si-
mente compatíveis: sistemas base água e sistemas de elevado teor de milar aos países mais industria-
sólidos, que são caracterizados por baixo VOC (componentes orgâni- lizados, como Estados Unidos e
cos voláteis). “A Bayer possui essas duas tecnologias, mas em geral, Europa, oferecendo produtos de
quando se busca uma alta produtividade devido ao processo de altíssima qualidade para os fabri-
secagem rápida e de alta camada, os poliuretanos e os poliaspárticos cantes de tintas. “Em alguns seg-
atendem aos requisitos de produtos ecologicamente corretos. O mentos de mercado, como tintas
grande desafio está na conscientização de que o custo de um revesti- anticorrosivas para petróleo &
mento não está ligado somente ao preço do litro da tinta, mas sim gás, o Brasil encontra-se bastante
quanto ao custo do metro quadrado aplicado, que pode ser reduzido avançado comparado a outros
com a tecnologia poliuretânica e poliaspártica”, comenta Hassessian, países, com tintas de alto teor de
lembrando que a Bayer, como a inventora da tecnologia de poliure- sólidos e até sem solventes, for-
tano, é especializada neste segmento também com a tecnologia de muladas com resinas e agentes de
poliaspárticos e, em sua grande parte, como acabamento, devido à sua cura de baixa viscosidade. Porém,
alta resistência aos raios UV. na maioria dos segmentos, as tin-
Juliana explica, em linhas gerais, as principais preocupações na tas sem solvente e principalmente
produção de resinas epóxi em relação ao meio ambiente. “Seguindo a as de tecnologia base água estão
tendência mundial de busca por produtos de menor impacto ambi- em fase de amplo desenvolvimen-
ental, muitos formuladores e também usuários finais da cadeia de tin- to e implementação, enquanto na
tas têm se preocupado em reduzir em suas tintas a quantidade de sol- Europa, por exemplo, as tintas à
ventes considerados ambientalmente agressivos, partindo para formu- base de água já são largamente
lações com níveis mais altos de sólidos. Outra opção que vem sendo utilizadas”, avalia Juliana.
desenvolvida pelo mercado são as tintas epóxi base água, que apresen- Ainda sobre a posição do Bra-
tam desempenho semelhante às tintas base solvente em algumas apli- sil em relação aos países mais
cações, porém com impacto menor na saúde e no meio ambiente”, diz industrializados, Alberto Hasses-
a especialista da Dow, que é mestre em engenharia química. sian comenta que, ao longo dos
últimos anos, falou-se cada vez
Hoje e amanhã mais de produtos com alto teor
Os especialistas também comentaram como está o Brasil neste mer- de sólidos ou mesmo isentos de
cado, tanto quanto à produção ambientalmente mais correta quanto à solventes, que apresentam baixo
qualidade e desempenho das resinas, em relação aos países mais indus- dano ao meio ambiente. “No en-
trializados. Segundo Ronny Konrad, “atualmente não utilizamos ma- tanto, ainda há muito que avan-
térias primas renováveis na fabricação de resinas epóxi e um dos princi- çar neste campo. É necessário es-
pais fatores que não coloca o Brasil como um forte produtor de resina tabelecer uma verdadeira força
epóxi é a dependência da importação de sua matéria prima, por exem- tarefa, incluindo os fabricantes
plo, não existe no Brasil e na América do Sul nenhum produtor de epi- de tintas, fornecedores de maté -
cloridrina. Referente à qualidade e ao desempenho das resinas, o Brasil rias primas e de equipamentos de

Elastômero Securit 2®
Tecnologia pioneira e líder. Agregando valor
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7HO‡)D[‡PWLQRFR#WLQRFRDQWLFRUURVDRFRPEU‡ZZZWLQRFRDQWLFRUURVDRFRPEU
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pintura, usuário-final, aplicado- Já Hassessian acredita que as inovações devam acontecer a partir da
res, especificadores e outros, para propagação e especificação de sistemas de baixo VOC e de alta cama-
que se estabeleçam critérios que da. “Somente então poderemos verificar o aumento de sistemas de no-
visem atender às necessidades de vas tecnologias”.
proteção do substrato e do meio
ambiente”, argumenta. Aplicadores de revestimentos de alto desempenho
Finalmente, sobre a possibili- A Revista Corrosão & Proteção consultou quatro empresas que
dade de inovações no segmento, desenvolvem e fabricam revestimentos anticorrosivos. A Polinova,
Ronny Konrad comenta que os empresa nacional localizada no Rio de Janeiro, por exemplo, anun-
sistemas epóxi estão sempre em cia a oferta de cerca de 60 produtos para a proteção e manutenção
evolução para atender as deman- de equipamentos industriais, como tanques de armazenamento de
das dos usuários, principalmente petróleo ou de produtos químicos e máquinas de processamento de
no que se refere aos agentes de minérios.
cura do sistema epóxi. “Os sis- Segundo Fábio Barcia, sócio-fundador e diretor técnico da empre-
temas epóxi hoje oferecem maior sa, a resina epóxi é um dos polímeros mais versáteis, pois possibilitam
tempo de aplicação com menor desenvolver produtos com diferentes características físicas – viscosi-
tempo de cura, maior aderência dade e dureza. “Na composição de revestimentos, a resina epóxi atua
em substratos úmidos, maior re- como barreira física entre o substrato metálico e o agente corrosivo”,
sistência química e térmica. Po- comenta. Para ampliar a proteção, Barcia informa que são incorpora-
rém, as exigências nas aplicações dos aos produtos formulações de pigmentos anticorrosivos. “Também
são inúmeras e nos proporciona incorporamos cargas cerâmicas, metálicas e minerais a fim de desen-
um excelente campo de pesquisa volver produtos para recuperação de equipamentos desgastados e dan-
para inovação de nossos produ- ificados pela ação do tempo de uso”.
tos, como sistemas com versatili- Empenhada em ampliar o portfólio de soluções em sistema epóxi,
dade combinando alta resistência a Polinova possui projeto em parceria com a Universidade Federal do
química, térmica, alta velocidade Rio de Janeiro (UFRJ), financiado pela FINEP, para desenvolver uma
de cura e aderência em substratos nova família de revestimentos e massas epóxi contendo nanotubos de
úmidos, sistemas epóxi com resis- carbono e resinas nanomodificadas, e os primeiros resultados mostra-
tência a degradação causada pelos ram um desempenho entre 20 % e 30 % superior aos produtos dis-
raios UV, entre outras questões”. poníveis no mercado nacional.

Foto: Tapmatic do Brasil

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Além de inovar em produtividade, a empresa também está de olho ras, entre outros. “Os materiais
na produção limpa. “Dos 60 produtos disponíveis somente dois con- usados são fabricados pela alemã
tém solventes”, comenta Barcia, formado em Química e mestre e Multimetall, e são polímeros me-
doutor em Ciência e Tecnologia de Polímeros. tálicos e cerâmicos bicomponen-
A Tapmatic do Brasil, fabricante dos produtos Quimatic, uma tes com base epoxídica para a con-
empresa 100 % nacional ligada às congêneres dos Estados Unidos e da servação de metais e ligas em plan-
Suíça para o desenvolvimento de novos produtos para atender o mer- tas, estruturas e componentes”.
cado de especialidades químicas, para manutenção e produção indus- Segundo Emerson, os produ-
trial, tem uma linha específica de revestimento epóxi. São, no total, 11 tos podem ser aplicados em fra-
produtos para atender as diferentes demandas do usuário final. tura, em condições críticas de
Localizada em Barueri, a região da Grande São Paulo, a empresa desgaste, corrosão, cavitação,
informa que seus revestimentos de alto desempenho, fabricados à base com exigências térmicas e quími-
de resina epóxi polimerizada com agentes de cura, são voltados para a cas, podendo os componentes
recuperação e proteção por barreira para superfícies metálicas e de metálicos serem tratados de for-
concreto contra a corrosão por agentes químicos agressivos e corrosão ma preventiva e corretiva. “São
por solicitações mecânicas (cavitação, erosão e abrasão). Assim, pro- produtos inovadores, desenvolvi-
tegem bombas, tanques, silos, válvulas, tubulações, estruturas metáli- dos na Alemanha com tecnolo-
cas, entre outros equipamentos. gia avançada. São altamente
Segundo a empresa, todos os produtos da linha de revestimentos resistentes quimicamente mes-
epóxi têm certificados de desempenho emitidos por laboratórios inde- mo em altas temperaturas com
pendentes, e salienta a importância do laboratório próprio para atuar foco em aderência extrema e atu-
constantemente na evolução e aprimoramento dos produtos, além de ando como barreira de prote-
buscar soluções pontuais para o mercado brasileiro. ção”, argumenta.
A TecnoFink, localizada em Belo Horizonte (MG), é uma empresa É a aderência que Emerson
especializada em manutenção industrial, oferecendo soluções e produ- cita como grande diferencial.
tos para diversas situações, dentre elas para proteção contra a corrosão, “Os polímeros metálicos podem
manutenção e limpeza industrial. Quanto às aplicações dos produtos à aderir diretamente em superfí-
base de resina, Emerson Paula, gerente comercial da empresa, explica cies contaminadas com hidrocar-
que as aplicações são para aumentar a vida útil dos equipamentos, assim bonetos, petróleo bruto e todos
como reparos e revestimentos em tanques, tubulações, bombas, estrutu- seus derivados, mesmo com va-

Foto: Tinôco Anticorrosão

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zamentos ativos. Temos também te, de fácil aplicação e elevado desempenhado em ambientes corro-
no portfólio, produtos com- sivos, como atmosferas marinhas e poluídas”, diz Marcelo Tinôco,
patíveis que aderem em super- sócio-gerente da empresa.
fícies úmidas e até submersas de O revestimento atua na proteção anticorrosiva de equipamentos
água”, exemplifica. críticos, tais como flanges, válvulas, frestas, parafusos, porcas, cantos
Outro ponto importante, vivos, grampos e junções de materiais dissimilares. Tinôco pontua que
segundo o gerente comercial da a solução já foi testada em operações muito críticas como nas platafor-
empresa, é a produção limpa. mas de produção offshore da Petrobras (UO-BC e UO-Rio), plantas
“Atualmente a preocupação petroquímicas da Braskem, na Siderúrgica ArcelorMittal, em termi-
ambiental é condição mercado- nais da Transpetro e Petrobras Gás & Energia, e em minas de potássio
lógica de sobrevivência empre- (Sergipe) e de fosfato (Peru) da Vale. “Temos resultados de sete anos
sarial e, dessa forma, estamos de bom desempenho, sem corrosão, conforme evidenciado nas pla-
sempre alinhados para atuar taformas UO-BC”, reforça Tinôco.
atendendo essa demanda”. A empresa informa que os resultados positivos fizeram alguns
Com sede no Rio de Janei- clientes optarem, em 2013, pelo uso do seu revestimento elastomérico
ro, a Tinôco Anticorrosão atua, na fase de construção e montagem de novas plantas industriais, não
desde 1961, no desenvolvimen- mais apenas na fase de manutenção. Esses sãos os casos da Vale Peru,
to de tecnologias que visam re- Basf e MPX/Eneva.
duzir o custo de manutenção. O desafio atual a que se propôs a empresa é garantir dez anos sem
“Para proteção anticorrosiva de corrosão nos flanges e válvulas das novas plataformas e navios da
condições especiais e equipa- Petrobras. “O objetivo é atingir a garantia contratual de dez anos sem
mentos considerados críticos corrosão, o que resultará em uma relevante redução de custos com
desenvolvemos um inovador manutenção e pintura para a Petrobras”, conclui Tinôco.
revestimento elastomérico, à Os editores agradecem a colaboração do engenheiro químico e con-
base de água, monocomponen- sultor Fernando de Loureiro Fragata na elaboração desta matéria.

Foto: Tinôco Anticorrosão

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Notícias do Mercado

Ex-presidente da ABRACO lança livro


O engenheiro Laerce de Paula Nunes, especializado em cor-
rosão e deterioração de materiais e ex-presidente da ABRACO,
lançou o livro O Brasil e a visão de futuro: a miopia de uma
nação, pela Editora Interciência. Esta é a primeira incursão de
Laerce de Paula em livros não técnicos. Anteriormente, já havia
publicado cinco livros técnicos: Proteção Catódica, Pintura In-
dustrial na Proteção Anticorrosiva, Fundamentos de Resistência à
Corrosão, Introdução à Metalurgia e aos Materiais Metálicos,
Materiais – Aplicações de Engenharia – Seleção – Integridade.
Gigante em praticamente todos os aspectos que se queira ana-
lisar, o que motiva a existência de tanta pobreza no país? É a par-
tir desse questionamento que Laerce de Paula desenvolveu suas
ideias, fazendo uma análise sobre a gestão do Brasil.
Para mais informações, acesse www.editorainterciencia.com.br
ou telefone (21) 2581-9378.

Como pintar sem remover a ferrugem


O processo de preparação de grandes superfícies metálicas enferru-
jadas para pintura é uma das etapas mais importantes do processo de
pintura e, ao mesmo tempo, uma etapa muito trabalhosa, consideran-
do o alto custo e tempo investido para garantir a total remoção de fer-
rugem por processos mecânicos.
Segundo a Quimatic Tapmatic, o processo funciona, em linhas
gerais, da seguinte forma: com uma escova de aço é realizada uma leve
limpeza para remoção da ferrugem solta; para remover essa ferrugem
utiliza-se um pincel ou rolo para aplicar duas demãos de PCF, con-
siderando um intervalo de cinco horas entre as demãos. Após 12 horas
da última demão de PCF, a superfície está pronta para receber tinta de
acabamento do tipo esmalte sintético ou à base de resina epóxi ou a
base de PU.
Para mais informações, acesse www.quimatic.com.br.

Recuperação de solventes: uma decisão sustentável


Questão presente na rotina de empresas de diferentes portes, o
destino dos solventes após o uso é um assunto pertinente. Além da
ameaça que representa ao meio ambiente, o resíduo desse material
frequentemente ocupa espaço significativo no pátio das empresas e é
um gerador de altos custos de armazenagem e descarte.
Consciente dessa situação vivida por muitos de seus clientes, a
WS Equipamentos decidiu comercializar no mercado brasileiro uma
solução da SET (Sistema Europeu de Tecnologia) para reciclagem de
solventes oriundos dos processos de limpeza de equipamentos de
pintura. O equipamento conhecido como Recuperador de Solventes
proporciona, por meio do processo de destilação do químico, a se-
paração entre solvente líquido e resíduos sólidos.
Para mais informações, acesse www.wsequipamentos.com.br.

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Artigo Técnico

Estudo da corrosão em frestas


de ligas de alta resistência
à corrosão por meio de
ensaios eletroquímicos
Crevice corrosion of high corrosion resistance alloy through electrochemical tests

Resumo aço inoxidável superdúplex SAF break the passive layer inside the
O uso de ligas de alta resis- 2507 com a solução sugerida na crevice, exposing the alloy to a more
tência à corrosão vem crescendo ASTM G 61, porém com acaba- aggressive electrolyte. This hypothe-
decorrente das condições mais mento superficial do eletrodo de sis suggests that the test according to
agressivas dos novos campos de trabalho diferente daquele indi- ASTM G 61 is not suitable for as-
petróleo e gás. Assim, a avaliação cado pela norma, objetivando sessing susceptibility to crevice corro-
Por Cristiane da resistência destes materiais à verificar se tais ensaios teriam a sion of the most corrosion-resistant
Vargas Pecequilo corrosão localizada passa a ser de capacidade de refletir os resulta- alloys. This paper discusses the re-
extrema importância. Estudos dos obtidos em campo. sults obtained through cyclic poten-
Co-autores: mostraram que há divergências tiodynamic polarization measure-
Zehbour entre os resultados obtidos em Abstract ments for a super duplex stainless
Panossian, ensaios de campo de longa du- The use of high corrosion resist- steel (SAF 2507) carried out ac-
Renata Angelon ração e ensaios eletroquímicos ance alloys, such as duplex stainless cording to ASTM G 61, but with
Brunelli e baseados na ASTM G 61 para steels, has grown due to more ag- a different surface finishing from
Neusvaldo Lira ligas de alta resistência à cor- gressive conditions of new oil and that indicated by the standard. The
de Almeida rosão, no que se refere ao tipo de gas fields, such as the pre-salt. Thus, aim of this change is verify if such
acabamento superficial. Uma li- evaluation of properties of these tests have the ability to reflect the
ga deste tipo não mostrou sus- materials related to localized corro- results obtained in the field.
ceptibilidade à corrosão por pite sion became a factor of utmost
e em frestas no ensaio eletro- importance. Studies showed that Introdução
químico, o que foi observado there is no agreement between the A corrosão em frestas consiste
após ensaios em campo, para de- results obtained in long term field em uma das formas de ataque
terminado acabamento superfi- tests with those obtained in electro- mais frequente e menos reconhe-
cial (jateado). Uma possível ex- chemical tests based on ASTM G cida, sendo um problema que
plicação para este fato é que, no 61 for high corrosion resistance al- em geral envolve os metais pas-
ensaio de campo de longa du- loys with regard to the type of sur- siváveis e, portanto, materiais
ração, além da influência da con- face finishing. An alloy of this type relativamente resistentes à cor-
dição da superfície do material, o showed no susceptibility to pitting rosão, como, por exemplo, aços
tempo seja suficiente para que o and crevice corrosion in electro- inoxidáveis, titânio e alumínio.
eletrólito dentro das frestas se chemical tests, which was observed Por esta razão, a corrosão em
modifique e assuma valores de after field tests, for a given surface frestas é frequentemente negli-
pH suficientemente baixos para finishing (blasted). An alloy of this genciada, levando a falhas pre-
quebrar a camada passiva dentro type showed no susceptibility to pit- maturas de estruturas e equipa-
da fresta, expondo a liga a um ting and crevice corrosion in elec- mentos, algumas vezes com con-
eletrólito mais agressivo, sugerin- trochemical tests, which was ob- sequências catastróficas. A ocor-
do que o ensaio segundo a served after field tests, for a given rência deste problema limita-se a
ASTM G 61 não é adequado surface finishing (blasted). One pos- frestas muito estreitas que são
para avaliar a susceptibilidade à sible explanation for this is that in formadas quando são utilizadas
corrosão em frestas das ligas mais the long duration field tests, besides gaxetas, parafusos e arruelas, es-
resistentes à corrosão. Este tra- the influence of the material sur- tando presente também em jun-
balho discute resultados de en- face finishing, the time is long e- tas sobrepostas e depósitos de su-
saios conduzidos por meio do le- nough for the electrolyte inside the perfície (deposição de areia, pro-
vantamento de curvas de polari- crevices suffer a modification and dutos de corrosão permeáveis,
zação potenciodinâmicas, para o assume a pH value low enough to incrustações marinhas e outros
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sólidos), além de outras hetero- ciação da corrosão em frestas. com Betts e Boulton 1, diversas
geneidades superficiais, como Oldfield observou que uma su- dificuldades têm sido enfrenta-
trincas, borrifos de solda e outros perfície decapada em ácido é das para transpor os resultados
defeitos metalúrgicos 1-2. Para mais resistente do que superfí- obtidos em laboratório para situ-
que ocorra a corrosão, a fresta cies lixadas 4. Em peças cuja as- ações reais de utilização. O pro-
deve ser grande o suficiente para pereza de suas superfícies pro- blema mais comum decorre das
permitir o acesso do meio corro- move o contato entre as mes- restrições geométricas: a variação
sivo e suficientemente pequena mas, há um amplo espectro de da abertura/profundidade da
para prevenir o transporte de “aberturas” de frestas e o mode- fresta pode fornecer, para meios
matéria entre o anólito e o ca- lamento matemático desen- similares, resultados bem dife-
tólito, funcionando como célula volvido por Watson e Postleth- rentes para as mesmas ligas 1.
oclusaa. Segundo Shreir 3, as waite 5 mostrou que as frestas Muitos trabalhos têm sido
aberturas típicas de frestas são da mais estreitas (ou microfrestas) publicados 7-12 objetivando a
ordem de 0,025 mm a 0,1 mm. podem iniciar a corrosão. Com avaliação da resistência à cor-
São muitos os fatores que isto, considerando superfícies rosão localizada (pite e em fres-
exercem influência na resistência preparadas por meio de lixa- tas) de aços inoxidáveis por
à corrosão em frestas dos metais mento mecânico, pode-se pro- meio de técnicas eletroquími-
e ligas passiváveis. Em relação var que, independentemente da cas, especialmente curvas de
aos meios, são fatores influen- grana da lixa utilizada, sempre polarização anódicas potencio-
ciadores a temperatura, a veloci- haverá uma quantidade sufi- dinâmicas. Inclusive já existem
dade relativa metal/meio, a pre- ciente de microfrestas; portan- metodologias normalizadas pa-
sença de cloro, de ozônio, de to, a corrosão em frestas não ra esta finalidade, citando-se a
íons cloreto, de gás sulfídrico tende a variar muito com a gra- norma ASTM G 61 13 que trata
(H2S), como também, a origem na da lixa utilizada no acaba- da susceptibilidade à corrosão
do meio, por exemplo, no caso mento superficial das peças. localizada (por pite e em fres-
da água do mar, se é natural ou Como exemplo, pode-se citar o tas) de ligas de ferro, níquel e
sintética. estudo realizado por Kain 6, no cobalto, por meio de curvas de
Outros fatores a serem con- qual ensaios de corrosão em polarização anódicas potencio-
siderados são a composição da frestas realizados com aço ino- dinâmicas cíclicas, norma esta
liga (níquel, cromo, molib- xidável AISI 316 em água do muito utilizada para a avaliação
dênio, nitrogênio etc.), a mi- mar natural mostraram um ní- dos aços inoxidáveis austení-
croestrutura (inclusões, segun- vel comparável de ataque para ticos, como o AISI 304 e o
das fases, heterogeneidades na as superfícies preparadas por AISI 316, visto que já se tem
estrutura etc.), a geometria das meio de lixamento com lixa de acumulado dados sobre o de-
frestas, a formação de pares grana 60 e de grana 600. sempenho em campo destes
galvânicos, a relação de área ca- Como o mecanismo de cor- materiais por longos tempos.
todo/anodo e os tratamentos de rosão em frestas é muito seme- No entanto, um estudo desen-
superfície. lhante ao da corrosão por pite, os volvido pelos autores 14-17 mos-
Com relação aos tratamen- ensaios eletroquímicos de avali- trou que, para aços de alta resis-
tos de superfície, Oldfield 4 es- ação da susceptibilidade de um tência, como os aços inoxidá-
tudando o mecanismo de cor- material à corrosão em frestas veis dúplex e superdúplex, os
rosão em frestas em aços inoxi- podem, em princípio, serem os resultados obtidos pelos ensaios
dáveis em água do mar verifi- mesmos da corrosão por pite, eletroquímicos ainda merecem
cou a grande influência da ru- desde que se tenha algum tipo de ser tratados com mais cuidado.
gosidade superficial e do pré- dispositivo em contato com a Neste estudo, o superdúplex
tratamento (mecânico ou ele- amostra formando uma fresta 7-8. SAF 2507, quando submetido
troquímico) na resistência à ini- Vale destacar que, de acordo ao ensaio eletroquímico segun-
do a norma ASTM G 61 13,
a. Células oclusas (occluded cells) são aquelas em que o anodo e o catodo de um proces- com acabamento superficial li-
so de corrosão encontram-se fisicamente separados, de modo que o eletrólito junto ao xado indicado pela mesma, não
anodo, denominado anólito, tem dificuldade de misturar-se com o eletrólito junto ao mostrou susceptibilidade à cor-
catodo, denominado católito. Por esta razão, mesmo que no início do processo corro- rosão por pite e em frestas. No
sivo, ambos os eletrólitos tenham as mesmas características, devido à formação dos entanto, este mesmo aço apre-
produtos das reações anódica e catódica, estas vão sofrendo alterações e, com isto, após sentou corrosão em frestas em
algum tempo, o anólito pode ser completamente diferente do católito em termos de ensaios de imersão de corrosão
pH, natureza e concentração de constituintes presentes nas soluções 2. em frestas realizados em campo
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no Flutuante Isabel b. Corpos


a b
de prova desta liga, com acaba-
mento superficial jateado e lixa-
do até grana 600, com disposi-
tivos formadores de fresta (con-
feccionados com base na norma
ASTM G 78 18), foram expostos
nas águas rasas do canal da ci-
dade de São Sebastião, litoral de
São Paulo. Após 150 dias de ex-
posição, foi verificada corrosão
nas frestas dos corpos de prova
com acabamento jateado.
Portanto, comparando os re-
sultados dos ensaios eletroquími-
cos realizados com o aço inoxi-
dável superdúplex SAF 2507
com os resultados obtidos nos
ensaios de imersão em campo,
ambos realizados para o acaba-
mento superficial lixado, verifi-
ca-se concordância entre as téc- Figura 1 – Célula de ensaio utilizada, similar à célula eletroquímica de
nicas. No entanto, para o acaba- Tait. (a) Célula montada com a solução de ensaio NaCl a 3,56 %,
mento superficial jateado, este mostrando o posicionamento do contraeletrodo de platina e do capilar de
material se mostrou susceptível à Luggin com o eletrodo de referência de calomelano saturado e desaeração
corrosão em frestas nos ensaios da solução por meio do borbulhamento de gás nitrogênio.
em campo. Assim, para verificar (b) Representação esquemática da célula desenvolvida, com a seta em
se os ensaios eletroquímicos têm vermelho indicando a fresta circunferencial formada, por meio da
a capacidade de refletir os resul- utilização do anel de Viton®
tados dos ensaios em campo, se
faz necessária a condução de ensaio similar à célula eletroquí- eletrodos foram preparados de
ensaios com superfícies jateadas. mica de Tait, conforme mostra a duas maneiras diferentes, ou
Para isto, curvas de polariza- Figura 1, com área exposta apro- seja, lixados a seco e também
ção do aço SAF 2507 em meio ximada de 12,56 cm2, na qual a jateados (o jateamento foi feito
cloretado foram levantadas tanto formação da fresta proposital foi após o lixamento dos corpos de
para o acabamento superficial li- conseguida por meio de um anel prova). Antes de cada ensaio, os
xado como para o jateado, com o de vedação (de Viton®) colocado corpos de prova lixados ou ja-
monitoramento do pH junto à entre o cilindro de vidro da célu- teados foram submetidos à la-
interface liga/eletrólito durante o la e os eletrodos de trabalho da vagem com água e detergente,
levantamento das curvas. Os en- liga SAF 2507 (indicado pela seta desengraxe com acetona e se-
saios foram conduzidos tendo co- vermelha na Figura 1b). cagem. Antes da polarização, os
mo base a norma ASTM G 61 13. Para a realização dos ensaios eletrodos de trabalho foram
eletroquímicos, foram estabeleci- expostos por 24 h a uma at-
Materiais e Métodos das as seguintes condições: mosfera controlada (23 °C
• eletrólito: solução de NaCl a ± 2 °C e 60 % de umidade re-
Ensaios eletroquímicos 3,56 %, pH inicial igual a 7,55, lativa) com o objetivo de se ob-
Os ensaios eletroquímicos como indicado na norma ter um grau similar de passiva-
realizados basearam-se na norma ASTM G 61 13; ção das superfícies de todos os
ASTM G 61 13, mas com modi- • eletrodos de trabalho: foram eletrodos de trabalho ensaiados;
ficação, ou seja, a introdução de utilizados corpos de prova da • eletrodo de referência: calome-
uma fresta proposital. Para isto, liga SAF 2507 de dimensões: lano saturado (ECS);
foi desenvolvida uma célula de 100 mm x 70 mm x 4 mm. Tais • capilar de Luggin: foi utilizada
a mesma solução dos ensaios,
b. O Flutuante Isabel é uma estação de corrosão instalada no canal da cidade de São ou seja, NaCl a 3,56 % no capi-
Sebastião, SP. Foi construído com recursos da FINEP e da Petrobras, com o objeti- lar, de acordo com o indicado
vo de ensaiar materiais metálicos expostos a ambiente offshore. na norma ASTM G 61 13;
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a balho utilizados (área ensaiada


igual a 12,56 cm2), a corrente
de inversão foi igual a 62,8 mA.
Todos os ensaios foram feitos
em duplicata.
O potenciostato marca PAR,
modelo 273 A foi utilizado para
o levantamento das curvas de
polarização potenciodinâmicas,
enquanto o monitoramento do
pH nas vizinhanças da interface
liga/eletrólito durante o levanta-
mento destas curvas foi realizado
por meio do pHmetro marca
Metrohm, modelo 780.
Após cada ensaio, as superfí-
cies dos eletrodos de trabalho fo-
ram examinadas utilizando um
microscópio eletrônico de var-
redura (MEV) do tipo FEG –
Field Emission Gun, marca FEI,
modelo Quanta 400.
b1 c d
2 Região não ensaida(1) Região não ensaida(2) Resultados e Discussão
As curvas de polarização cí-
clicas obtidas para o aço super-
dúplex SAF 2507 com corrente
3 1000 x 1000 x de reversão igual a 62,8 mA
(5 mA/cm2), juntamente com os
e f g valores de pH medidos a diferen-
Região não ensaida(1) Fresta circunferencial(3) Fresta circunferencial(3) tes potenciais, estão apresentadas
nas Figuras 2 (a) e 3 (a) para cada
Fresta circunferencial(3) acabamento superficial (lixado e
jateado, respectivamente), na so-
100 x 1000 x 5000 x
lução 3,56 % NaCl com pH ini-
cial igual a 7,55. Os aspectos
visuais das frestas formadas nos
Figura 2 – SAF 2507 – Acabamento Lixado – (a) curva de eletrodos de trabalho são apre-
polarização potenciodinâmica cíclica para o acabamento superficial sentados nas Figuras 2 (b) e 3 (b),
lixado do aço inoxidável superdúplex SAF 2507 em solução de NaCl a acabamentos lixado e jateado,
3,5 % desaerada, com pH inicial igual a 7,55 e monitoramento de pH; respectivamente, após o levanta-
(b) aspecto visual da fresta formada no eletrodo de trabalho lixado, mento das curvas de polarização.
decorrente da utilização do anel de vedação de borracha na célula de Nestas figuras também são apre-
ensaio; (c) região não ensaiada (aumento 1000x); (d) região ensaiada – sentadas imagens detalhadas, ob-
centro (aumento: 1000 x); (e) interface região não ensaiada / região tidas por MEV/FEG, da super-
ensaiada (aumento: 100 x); (f) dentro da fresta circunferencial – fície de tais eletrodos de trabalho.
aumento: 1000 x; (g) dentro da fresta circunferencial - aumento: 5000 Observando as Figuras 2 (b)
x. Imagens obtidas no MEV/FEG e 3 (b), tanto para o acabamento
lixado como para o jateado, po-
• eletrodo auxiliar: platina, no • velocidade de varredura: de-se verificar o manchamento
formato de um cesto cilíndrico 0,167 mV/s, de acordo com o da região circunferencial na fres-
com área aproximada de indicado na ASTM G 61 13; ta proposital formada sob o anel
54 cm2; • corrente de inversão: de Viton®, região esta que ficou
• desaeração do eletrólito: obtida 5 mA/cm2, de acordo com o bem demarcada. O eletrodo
por meio do borbulhamento de indicado na ASTM G 61 13. jateado apresentou perda de bri-
N2 na solução por 60 min; Assim, para os eletrodos de tra- lho (indicando o ataque da liga)
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em toda a região ensaiada, en- a


quanto o eletrodo lixado apre-
sentou somente um mancha-
mento da região central, com a
perda de brilho da superfície lixa-
da partindo da região circunfe-
rencial em direção ao centro, mas
tal ataque não se deu por com-
pleto. As imagens detalhadas da
região circunferencial, Figuras 2 e
3, mostraram que houve ataque
ao metal, sendo este ataque mais
pronunciado para o acabamento
jateado, principalmente na região
central. A intensidade de ataque
pode ser melhor percebida quan-
do se compara a imagem da re-
gião ensaiada com a região não
ensaiada.
A análise das curvas de polari-
zação cíclicas deste aço em ambos
os acabamentos superficiais (Fi-
guras 2 (a) e 3 (a)), mostra que b1 c d
ocorreu um aumento brusco da 2 Região não ensaiada(1) Região não ensaiada(2)
corrente quando o potencial atin-
giu valores muito positivos, a sa-
ber: 1,00 V (ECS) (maior valor
obtido) para o acabamento super- 3 1000 x 1000 x
ficial lixado e de 1,05 V (ECS)
(maior valor obtido) para o aca- e f g
bamento jateado. Estes potenciais Região não ensaiada(1) Fresta circunferencial(3) Fresta circunferencial(3)
são superiores ao potencial de
equilíbrio da reação de redução Fresta circunferencial(3)
do oxigênio:
- 100 x 1000 x 5000 x
O2 + 4H+ + 4e ↔ 2H2O (1)

Para uma solução natural- Figura 3 – SAF 2507 – Acabamento Jateado – (a) curva de
mente aerada (pressão parcial de polarização potenciodinâmica cíclica para o acabamento superficial
oxigênio igual a 0,2 atm) de jateado do aço inoxidável superdúplex SAF 2507 em solução de NaCl a
pH = 7,55, o potencial de equi- 3,5 % desaerada, com pH inicial igual a 7,55 e monitoramento de pH;
líbrio da reação (1) é de (b) aspecto visual da fresta formada no eletrodo de trabalho
0,54 V (ECS), a saber: jateado, decorrente da utilização do anel de vedação de borracha na
célula de ensaio; (c) região não ensaiada (aumento 1000x); (d) região
EO2/H2O = 1,228 – 0,0591pH (2) ensaiada – centro (aumento: 1000 x); (e) interface região não ensaiada
/ região ensaiada (aumento: 100 x); (f) dentro da fresta
EO2/H2O = circunferencial – aumento: 1000 x; (g) dentro da fresta
= 1,228 – 0,0591 x 7,55 (3) circunferencial – aumento: 5000 x. Imagens obtidas no MEV/FEG
-
EO2/H2O = 1,228 – 0,446 (4) cial de equilíbrio do oxigênio é (2H2O → O2 + 4H+ + 4e ), ou
menor ainda. Isto indica que, seja, ocorre a decomposição da
EO2/H2O = quando a curva de polarização água com formação de gás oxi-
= 0,78 V(H) = 0,54 V(ECS) (5) atinge um valor de potencial pou- gênio. Obviamente, logo que se
co menor do que 0,541 V (ECS), atinge este potencial, a veloci-
Para a condição desaerada, tem início a ocorrência da reação dade desta reação é muito baixa e
empregada no estudo, o poten- (1) no sentido da oxidação aumenta com o aumento da po-
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ria menor no caso do eletrodo de


trabalho jateado, já que a cama-
da passiva é menos efetiva.
Finalmente, vale discutir a
adequação da norma ASTM G
61 13 para verificação da suscep-
tibilidade à corrosão em frestas
do aço estudado. Segundo esta
norma, a liga estudada não seria
susceptível à corrosão localizada
(pite e frestas) devido ao aumen-
to brusco da corrente ter ocorri-
do a potenciais maiores do que a
da reação (1). De fato, nos meios
naturais, valores de potenciais
tão altos não podem ser alcança-
dos, visto que a reação de maior
potencial de equilíbrio é a da
oxidação da água. Isto indicaria
que este material não é susceptí-
vel à corrosão em frestas nos mei-
os naturais, o que inclusive é ci-
Figura 4 – Comparação das curvas de polarização potenciodinâmica tado na norma ASTM G 61 13.
cíclicas do aço inoxidável SAF 2507 para os acabamentos superficiais No entanto, conforme já
lixado e jateado, em solução de NaCl, com pH inicial igual a 7,55 mencionado, os ensaios de cam-
po mostraram a ocorrência de
larização anódica. ocorre devido à reação de de- corrosão em frestas do aço estu-
No presente estudo, a cor- composição da água que se dá dado com acabamento jateado.
rente continua baixa por cerca de através da camada de óxidos que Muito provavelmente, os ensaios
500 mV acima do potencial de continua protegendo a liga. de campo, sendo mais agressivos
equilíbrio do oxigênio (Figuras 2 Nestas condições, o pH junto ao devido ao maior tempo de dura-
(a) e 3 (a)) decorrente da alta eletrólito não sofre acidificação ção e à presença de cracas e ou-
resistência à corrosão do aço acentuada. Este mesmo estudo tros animais marinhos aderidos à
superdúplex: provavelmente a mostrou que o ataque do eletro- superfície dos corpos de prova e
camada passiva formada sobre a do de trabalho (observado nas sobre os dispositivos formadores
liga em estudo polariza a reação Figuras 2 (b) e 3 (b)) só ocorre de frestas, permitiram o estabe-
da decomposição da água. A quando a manutenção do poten- lecimento de modificações do
ocorrência da reação de oxidação cial a valores suficientemente aci- eletrólito (diminuição significati-
da água pode ser percebida pela ma do potencial de quebra deter- va do valor do pH) dentro da
diminuição gradativa do pH do mina a diminuição do pH. Esta fresta a níveis capazes de quebrar
eletrólito medido nas proximi- conclusão é corroborada pela a camada passiva num potencial
dades do eletrodo de trabalho Figura 4. Nesta figura, o poten- abaixo do potencial de equilíbrio
(Figuras 2 (a) e 3 (a)). cial no qual ocorreu o aumento da reação (1), fenômeno este fa-
O aumento brusco da cor- brusco da corrente para o eletro- cilitado pelo acabamento jateado
rente observado nas Figuras 2 (a) do jateado foi praticamente igual que apresentou uma camada
e 3 (a) poderia ser associado, (até ligeiramente maior acom- passiva com características me-
além da reação de oxidação da panhando a curva da reação de nos protetoras. De fato, nas cur-
água, à quebra da camada passi- oxidação da água) ao do eletrodo vas de polarização da Figura 4,
va. Em um estudo anterior con- lixado, ambos superiores ao po- pode se verificar que, a camada
duzido pelos autores 17, foi tencial de equilíbrio da reação passiva formada sobre a superfí-
mostrado que não há sinais de (1). Porém a corrente passivação cie jateada é menos efetiva, já
ataque da superfície do eletrodo da superfície jateada foi cerca de que sua corrente de passivação é
trabalho quando este é mantido dez vezes maior do que a superfí- cerca de dez vezes maior do que
por 30 minutos a potenciais cie lixada. Se tivesse ocorrido a a corrente de passivação da su-
pouco acima do potencial de quebra da camada passiva, certa- perfície lixada. Sabe-se que su-
quebra, indicando que a quebra mente o potencial de quebra se- perfícies rugosas são mais suscep-
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tíveis à corrosão em frestas, devi- nisms, modelling and mitigation. 11. CARVALHO, M.P.M.; BASTOS, I.
do à grande influência da rugosi- British Corrosion Journal, v. 28, n. 4, p. N. Estudo da corrosão por crevice de
dade superficial e do pré-trata- 279-295, 1993. aços inoxidáveis. In: 10ª
mento na resistência à iniciação 2. PANOSSIAN, Z. Corrosão e proteção CONFERÊNCIA SOBRE TEC-
deste tipo de corrosão, como contra corrosão em equipamentos e NOLOGIA DE EQUIPAMEN-
citado na literatura e exposto na estruturas metálicas. 1. ed. São Paulo: TOS, 10, 2009, Salvador. Anais…
introdução do presente trabalho. Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Salvador: Associação Brasileira de
Muito provavelmente, nos ensai- 1993. 2 v. v.1, cap. 6. 280 p. Ensaios Não Destrutivos e Inspeção,
os de campo com corpos de pro- 3. SHREIR, L. L. Corrosion. 2. ed. 2009. Pen Drive 10a Coteq.
va com superfície lixada, a cor- London: Newnes-Butterworths, 1977. 12. FERNANDES, F.A.P.; PICON,
rosão em fresta se manifestaria 2 v. v 1: metal/environment reactions. p. C.A.; TREMILIOSE-FILHO, G.;
num período maior de ensaio. 1:143-1:148. HECK, S.C. Comparação do desem-
Face ao exposto, acredita-se 4. OLDFIELD, J. W. Crevice corrosion penho sob corrosão de aços inoxidáveis
que o ensaio da norma ASTM G of stainless steels in seawater. Avesta supermartensíticos em água do mar
61 13 não é adequado para classi- Corrosion Managment, ACOM Report natural e sintética. In: 10ª
ficar a susceptibilidade à cor- n° 1-1988, Avesta AB, Avesta, CONFERÊNCIA SOBRE TEC-
rosão em frestas das ligas mais Sweden, 1988. NOLOGIA DE EQUIPAMEN-
resistentes à corrosão como o do 5. WATSON, M. K.; POSTLETH- TOS, 10, 2009, Salvador. Anais…
presente estudo (aço inoxidável WAITE, J. Numerical simulation of Salvador: Associação Brasileira de
superdúplex), devendo este en- crevice corrosion: the effect of the crevice Ensaios Não Destrutivos e Inspeção,
saio ser substituído por outro em gap profile. Corrosion Science, v. 32, 2009. Pen Drive 10a Coteq.
que se considere a acidificação n. 11, p. 1253-1262, 1991. 13. ASTM - AMERICAN SOCIETY
do meio. Os autores estão con- 6. KAIN, R. M. Effects of surface finish FOR TESTING AND MATERI-
duzindo ensaios com levanta- on the crevice corrosion resistance of ALS. 1986 (Reapproved 2009). G
mento de curvas de polarização stainless steels in seawater and related 61: Standard Test Method for
com a mesma solução sugerida environments. In: NACE Corrosion/90, Conducting Cyclic Potentiodynamic
pela ASTM G 61 13, porém com 1991, Cincinnati. Proceedings… Polarization Measurements for
valores de pH mais baixos e já Cincinnati: NACE International, Localized Corrosion Susceptibility of
verificaram que quando se abaixa 1991. p. 508/1-508/21. Iron-, Nickel-, or Cobalt-Based Alloys.
o pH da solução de cloreto de 7. WOLYNEC, S. Técnicas eletroquími- Pennsylvania. 5 p.
sódio 3,56 %, o aumento brusco cas em corrosão. São Paulo: Editora da 14. PANOSSIAN, Z.; PECEQUILO,
de corrente ocorre em potenciais Universidade de São Paulo, 2003. cap. C. V.; MATOS, R. B.; ALMEIDA,
abaixo do potencial da oxirre- 7. 166 p. N. L.; PIMENTA, G. S. Avaliação
dução de oxigênio (reação (1)). 8. SRIDHAR, N.; DUNN, D. S.; do desempenho dos aços inoxidáveis
Espera-se que estes ensaios per- BROSSIA, C. S.; CRAGNOLINO, AISI 316L e superdúplex AISI F53
mitam o estabelecimento de G. A.; KEARNS, J. R. Crevice quanto à corrosão em frestas. In: 11ª
uma metodologia mais segura Corrosion. In: Corrosion Tests and CONFERÊNCIA SOBRE TEC-
para avaliar a susceptibilidade de Standards Manual. Philadelphia: NOLOGIA DE EQUIPAMEN-
corrosão em frestas dos aços do ASTM, 2005. p. 221-232. TOS, 11, 2011, Porto de Galinhas.
tipo estudado neste trabalho. 9. SZKLARSKA-SMIALOWSKA, Z. Anais... Porto de Galinhas:
Pitting and crevice corrosion. Houston: Associação Brasileira de Ensaios Não
Conclusão NACE International, 2005. cap. 18. Destrutivos e Inspeção, 2011. 1 CD
O ensaio normalizado 590 p. 11a Coteq.
ASTM G 61 13 para verificação 10. PEREIRA, E. GOMES, J.A.C.P. 15. PANOSSIAN, Z.; PECEQUILO,
da susceptibilidade à corrosão Influência do gás carbônico na C. V.; ALMEIDA, N. L.; MATOS,
em frestas por meio de técnicas resistência à corrosão por pites de aços R. B.; PIMENTA, G. S. Avaliação
eletroquímicas, não é adequado inoxidáveis austeníticos e austeno-fer- por meio de ensaios de imersão da
para prever, de maneira geral, a ríticos em água do mar sintética com resistência à corrosão em frestas dos
susceptibilidade à corrosão em elevada concentração de íons cloreto. aços AISI 316L e AISI F53. Corrosão
frestas das ligas mais resistentes à In: In: 11ª CONFERÊNCIA e Proteção, v. 8, p. 28-32, 2011.
corrosão, como é o caso da liga SOBRE TECNOLOGIA DE 16. PANOSSIAN, Z.; PECEQUILO,
SAF 2507. EQUIPAMENTOS, 11, 2011, C. V.; ALMEIDA, N. L.; PIMEN-
Porto de Galinhas. Anais… Porto de TA, G. S. Performance evaluation of
Referências Bibliográficas Galinhas: Associação Brasileira de AISI 316L and super duplex AISI
1. BETTS, A. J.; BOULTON, L. H. Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, F53 stainless steels regarding crevice
Crevice corrosion: review of mecha- 2011. 1 CD 11a Coteq. corrosion. In: 18th International

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Corrosion Congress, 2011, Perth.


18th International Corrosion Cristiane Vargas Pecequilo Neusvaldo Lira de Almeida
Congress, 2011 Mestre em Engenharia, Pesquisadora Mestre em Engenharia, Chefe do
17. PANOSSIAN, Z.; PECEQUILO, Assistente do Laboratório de Corrosão e Laboratório de Corrosão e Proteção do
C. V.; BRUNELLI, R. A.; PIMEN- Proteção do Instituto de Pesquisas Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
TA, G. S. Avaliação da susceptibili- Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. Estado de São Paulo S.A. – IPT
dade à corrosão em frestas de ligas de – IPT
alta resistência à corrosão por meio de Contato com a autora:
ensaios eletroquímicos. In: INTER- Zehbour Panossian vargas@ipt.br
CORR 2012, 2012, Salvador. Doutora em Ciências, Professora convida-
Anais… Salvador: Associação da da Escola Politécnica da Universidade
Brasileira de Corrosão, 2012. 1 CD de São Paulo e Diretora de Inovação do
INTERCORR 2012. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
18. ASTM - AMERICAN SOCIETY Estado de São Paulo S.A. – IPT
FOR TESTING AND MATERI-
ALS. 2001 (Reapproved 2007). G Renata Angelon Brunelli
78: Standard Guide for Crevice Técnica química do Laboratório de
Corrosion Testing of Iron-Base and Corrosão e Proteção do Instituto de
Nickel-Base Stainless Alloys in Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Seawater and Other Chloride- Paulo S.A. – IPT
Containing Aqueous Environments.
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Artigo Técnico

Discussão sobre falhas em


revestimentos ricos em zinco
Discussion of failures in Zn-rich coatings

Resumo PVC/CPVC adequada, a geo- Introdução


Amplamente utilizadas nas metria dos pigmentos também Nas décadas de 60 e 70 do
mais diversas aplicações da área pode resultar em baixa resistên- século passado, as tintas ricas em
industrial, tintas de fundo ricas cia mecânica. Neste trabalho, zinco, tanto as orgânicas e inor-
em zinco são adequadas para serão discutidos os fatores prin- gânicas, foram amplamente uti-
aplicação em estruturas metáli- cipais que poderão acarretar fa- lizadas na indústria naval e em
Por Sidney O. cas expostas a ambientes agres- lhas neste tipo de revestimento. aplicação offshore. Mais tarde,
Pagotto Jr. sivos. No entanto, estas tintas tintas de fundo (primers) de zin-
são mais propensas a certos ti- Abstract co etil silicato foram mais uti-
pos de falha e, dentre os fatores Zinc-rich paints are widely lizadas, mas atualmente parece
que afetam o desempenho des- used in many applications, haver um “retorno” das tintas de
tas tintas, pode-se citar o tama- mainly in marine and industrial fundo epóxi rico zinco. O epóxi
nho e a distribuição dos pig- environments, for corrosion pro- rico em zinco apresenta algumas
mentos de zinco na tinta, assim tection of carbon steel due to its vantagens, quando comparado
Neusvaldo L. como a relação PVC/CPVC cathodic protection properties. com os silicatos de zinco: as con-
de Almeida (Pigment Volumetric Concentra- However, these paints are prone dições de cura são menos exi-
tion/Critical Pigment Volumetric to some types of failures basically gentes (epóxis curam mais rapi-
Concentration). A diminuição related to composition and appli- damente e não dependem de
do PVC torna o revestimento cation process. Among the factors umidade elevada no processo de
mais flexível e com maior ade- affecting the behavior of these cura), aplicações de camadas
rência ao substrato, enquanto paints, the size and the distribu- subsequentes são mais fáceis,
que o aumento favorece a for- tion of pigments in the paint, as pois apresentam menor proba-
mação de poros no filme, e, por well as the PVC/CPVC ratio are bilidade de formação de poros
conseguinte a absorção de ar particularly important. The low (WEINELL, 2007). Sabe-se que
nos interstícios dos pigmentos, PVC/CPVC ratio makes the coat- a porosidade nos revestimentos à
prejudicando as propriedades ing more flexible and more adher- base de silicatos é muito maior e
de adesão/coesão do revesti- ent to the substrate, but too bad isto pode causar retenção de sol-
mento. Para proteger catodica- cathodic protection. The high vente e resultar na formação de
mente o substrato, é necessário PVC/CPVC ratio promotes a bolhas por exemplo. São menos
que haja continuidade elétrica good cathodic protection, but very exigentes no que se refere à pre-
entre os pigmentos de zinco e bad mechanics properties such as paração de superfície. Tudo isso
entre estes e o substrato. Por adhesion and cohesion of the coat- faz com que as tintas de fundo
outro lado, para garantir uma ing. Thus, to ensure good adhesion epóxi rico em zinco sejam mais
boa aderência ao substrato e to the substrate, a good cohesion of atraentes tanto nos trabalhos de
uma boa coesão da camada, de- the layer and a suitable cathodic manutenção, como também em
ve haver uma quantidade míni- protection, there must be a very aplicações onde requisitos de
ma de resina que envolva os well established PVC/CPVC preparação de superfície não po-
pigmentos. Para garantir um ratio. Even if there will be an dem ser satisfeitos.
bom desempenho de resistência appropriate PVC/ CPVC ratio, Utilizadas com sucesso nas
à corrosão e boas propriedades the geometry of the pigments can mais diversas aplicações da área
mecânicas, a tinta deve ser for- also result in low mechanical industrial e marinha, as tintas de
mulada com uma relação PVC/ strength. This paper discusses the fundo ricas em zinco são ade-
CPVC muito bem estabelecida main factors that could cause fail- quadas para aplicação em estru-
e, mesmo com uma relação ures in this type of coating. turas metálicas expostas a ambi-
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plo, se é possível conseguir os


mesmos requisitos de proteção
catódica com um teor mais baixo
de pó de zinco.

Proteção catódica galvânica


com zinco
O zinco é usado com sucesso
para proteção contra a corrosão
do aço-carbono por possuir uma
excelente resistência à corrosão
intrínseca nos mais variados mei-
os de exposição e em especial na
atmosfera. Além dessa caracterís-
tica, o zinco é anódico em rela-
ção ao ferro o que lhe confere a
capacidade de proteger o aço
Figura 1 – Representação esquemática do comportamento do também catodicamente, como
revestimento de zinco ilustra a Figura 1. Por esta razão,
o zinco é o metal mais utilizado
entes agressivos. No entanto, es- rosão e boas propriedades me- como revestimento para prote-
tas tintas são mais propensas a cânicas, a tinta deve ser formula- ção contra a corrosão.
certos tipos de falha. Entre os fa- da com uma relação PVC/ Os mecanismos envolvidos
tores que afetam o desempenho CPVC muito bem estabelecida. na proteção catódica pelos reves-
destas tintas, pode-se citar o ta- Se o PVC << CPVC, o revesti- timentos ricos em zinco são
manho e a distribuição dos pig- mento apresentará boas carac- idênticos àqueles envolvidos nos
mentos de zinco na tinta, assim terísticas de adesão/coesão e bai- revestimentos de zinco por imer-
como a relação PVC/CPVC xa capacidade de proteção cató- são a quente, aspersão térmica
(Pigment Volumetric Concentra- dica; se o PVC >> CPVC, o re- etc. Assim, os revestimentos ricos
tion/Critical Pigment Volumetric vestimento promoverá excelente em zinco, pelo menos inicial-
Concentration). A diminuição do proteção catódica, mas terá fraca mente, também são capazes de
PVC torna o revestimento mais adesão/coesão. Além disso, mes- proteger catodicamente o aço
flexível e com maior aderência ao mo com uma relação PVC/ desde que o aço e o zinco estejam
substrato; enquanto que o au- CPVC adequada, a geometria expostos simultaneamente no
mento favorece a formação de dos pigmentos também pode mesmo eletrólito. Na ausência
poros no filme e, consequente- resultar em baixa resistência me- de eletrólito, não há nenhuma
mente, a absorção de ar nos in- cânica. Dimensões variadas de proteção catódica e nestas con-
terstícios dos pigmentos ocupan- pigmentos fazem com que os es- dições, a proteção contra a cor-
do o espaço das resinas, prejudi- paços intersticiais que deveriam rosão do aço é apenas por efeito
cando as propriedades de adesão ser ocupados pela resina sejam barreira.
e coesão do revestimento. Para ocupados pelos pigmentos de Teores adequados de pig-
que uma tinta rica em zinco pro- menores dimensões, resultando mentos e concentrações adequa-
teja catodicamente o substrato, é em deficiência do constituinte das de resina são fundamentais
necessário que haja continuidade ligante. para que o revestimento tenha
elétrica entre os pigmentos de O objetivo deste trabalho é boas propriedades mecânicas e
zinco e entre estes e o substrato. discutir alguns aspectos que pos- seja capaz de proteger catodica-
Por outro lado, para garantir sam comprometer o desempe- mente o substrato. Em tintas
uma boa aderência ao substrato e nho de sistemas de revestimentos com pigmentos esféricos de zin-
uma boa coesão da camada, deve baseados em tintas de fundo co, a condução elétrica só pode
haver uma quantidade mínima epóxi rico em zinco. As crescen- ocorrer através do contato tan-
de resina que envolva os pigmen- tes exigências para o desempe- gencial entre os pigmentos. Este
tos, tipicamente uma camada nho de tintas de fundo ricos em contato tangencial deve ocorrer
monomolecular recobrindo cada zinco, além de fatores não rela- entre os pigmentos e entre os
pigmento. Para que estes revesti- cionados com questões técnicas, pigmentos e a interface pigmen-
mentos possam garantir bom de- sugerem novos desenvolvimen- to/substrato, como mostra a
sempenho de resistência à cor- tos nesta área, como por exem- Figura 2.
C & P • Janeiro/Fevereiro • 2014 29
Sidney50:Cristiane43 2/11/14 5:01 PM Page 3

lamento destes e impede a con-


tinuidade elétrica entre si e entre
estes e o substrato. Por outro la-
do, o aumento da quantidade de
pigmentos (aumento do PVC)
favorece a formação de poros no
filme da tinta, propiciando assim
a absorção de ar nos interstícios
dos pigmentos, ocupando o es-
paço das resinas e prejudicando,
desta forma, as propriedades de
adesão e coesão do revestimento.
Pelo exposto, para promover
proteção catódica ao substrato, é
Figura 2 – Representação da condução elétrica entre os pigmentos e entre necessário que haja continuidade
os pigmentos e o susbstrato elétrica entre os pigmentos de
zinco e entre estes e o substrato.
Tintas ricas em zinco mas, a saber: são de utilização Mas, para garantir uma boa ade-
Apesar de amplamente uti- mais complexa, necessitam de rência ao substrato e uma boa
lizadas em pinturas industriais, uma formulação mais precisa e coesão da camada, deve haver
as tintas de fundo ricas em zinco são mais propensas a alguns tipos uma quantidade mínima de resi-
exigem cuidados quanto à sua de falha do que outros revesti- na que envolva os pigmentos, ti-
formulação, preparo e aplicação. mentos (HARE, 1998). picamente uma camada mono-
A utilização de esquemas de pin- Dentre os fatores que afetam molecular. Teoricamente, pig-
tura é uma conhecida e eficiente o desempenho das tintas de fun- mentos esféricos de zinco de
maneira de proteger estruturas do ricas em zinco, destacam-se o dimensões uniformes são dispos-
metálicas contra a corrosão. Em tamanho e a distribuição dos pig- tos em uma matriz romboédrica.
geral, os esquemas de pintura mentos de zinco na tinta de fun- Assim, do ponto de vista geomé-
tradicionais são compostos por do, assim como a relação PVC/ trico, a disposição destes pig-
uma tinta de fundo, uma tinta CPVC. O PVC de uma tinta po- mentos resultaria em um PVC
intermediária e uma tinta de aca- de ser descrito como a concen- de 74 %. Na prática, tem sido
bamento, tendo a tinta de fundo tração de pigmento em volume obtido um PVC da ordem de
a função primária de garantir na película seca, e é dado pela 64 %. No entanto, como é co-
uma boa aderência ao substrato. expressão: mum uma variação nas dimen-
Esquemas de pintura mais mo- sões dos pigmentos, os de meno-
dernos incorporam também pig- PVC = {Vp/( Vp + Vr)} x 100, res dimensões ocupam os espa-
mentos anticorrosivos, capazes ços resultantes da disposição das
de proteger o substrato, seja por onde: esferas maiores e elevam o valor
proteção anódica, ou por pro- • PVC = concentração de pigmen- do PVC (HARE, 1998).
teção catódica. Dentre as tintas tos em volume, dado em %; Os revestimentos ricos em
de fundo mais utilizadas, desta- • Vp= volume do pigmento, em %; zinco, apesar das excelentes pro-
cam-se as tintas ricas em zinco, • Vr= volume da resina, em cm3. priedades de resistência à cor-
pois teores adequados de zinco rosão, possuem vários problemas
conferem às tintas deste tipo ca- O PVC crítico ou CPVC é a seja de formulação, seja de apli-
racterísticas de proteção catódica maior quantidade de pigmento cação ou mesmo após a apli-
quando aplicada sobre substratos que o veículo pode agregar, sem cação. Independente da origem
ferrosos, tais como aço-carbono haver descontinuidade do filme. do problema, as consequências
e ferro fundido. Do ponto de vista das proprie- são quase sempre as mesmas:
O uso de tintas de fundo ri- dades mecânicas, o aumento da baixa resistência ao cisalhamento
cas em zinco é adequado para quantidade de resina (diminui- que resulta em falha coesiva da
aplicação em estruturas metálicas ção do PVC) torna o revestimen- camada. Para que estes revesti-
expostas a ambientes agressivos, to mais flexível e com maior ade- mentos possam garantir bom
onde é preciso utilizar esquemas rência ao substrato e maior coe- desempenho de resistência à cor-
de pintura com maior resistência são; mas também, um teor alto rosão e boas propriedades mecâ-
à corrosão. No entanto, estas tin- de ligante entre pigmentos adja- nicas, a tinta deve ser formulada
tas apresentam alguns proble- centes de zinco resulta em iso- com uma relação PVC/CPVC
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Figura 3 – Propriedades mecânicas e proteção catódica de tintas ricas em zinco em função da relação PVC /
CPVC (HARE, 1998)

muito bem estabelecida. Se o mentos fazem com que os espa- Agitação da tinta antes da
PVC << CPVC, o revestimento ços intersticiais que deveriam ser aplicação
apresentará boas características ocupados pela resina sejam ocu- Uma agitação deficiente po-
de adesão/coesão e baixa pro- pados pelos pigmentos de me- de determinar falta de homo-
teção catódica; por outro lado, se nores dimensões, resultando em geneização da mistura, principal-
o PVC >> CPVC, o revestimen- falta do constituinte ligante. mente se a tinta estiver armaze-
to promoverá excelente proteção É sabido que as tintas ricas nada há algum tempo. Neste ca-
catódica, mas terá fraca adesão/ em zinco possuem baixa coesão so, uma quantidade muito maior
coesão. A Figura 3 ilustra, esque- e que qualquer esquema de pin- de pigmentos será aspergida na
maticamente, os efeitos do PVC tura deve suportar, sem apre- estrutura potencializando a pro-
em uma tinta rica em zinco. sentar defeitos, as deformações babilidade de ocorrência de falha
Entretanto, mesmo com uma a que o substrato for submetido coesiva. Por isto, a constante ho-
relação PVC/CPVC adequada como tração e cisalhamento por mogeneização da tinta é uma
(da ordem de 1), problemas co- exemplo. Quando as estruturas boa medida que deve ser adotada
mo sedimentação e geometria metálicas ficam sujeitas a varia- para minimizar este problema.
dos pigmentos também podem ções importantes de temperatu-
resultar em baixa resistência me- ra e umidade, a tinta interme- Over spray
cânica. diária e o acabamento acom- Este defeito ocorre quando
No primeiro caso, porque se panham a movimentação da es- as partículas da tinta atingem a
ocorrer uma sedimentação mui- trutura, pois em geral não tem superfície do substrato quase
to rápida dos pigmentos, pratica- problemas coesivos. No entan- secas, devido à evaporação mui-
mente não há espaço nem tempo to, a tinta de fundo rica em to rápida do solvente e é mais
suficiente para encapsulamento zinco pode não acompanhar es- comum em tintas de secagem
destes pigmentos pela resina, tes movimentos oscilatórios, rápida. Dentre as causas mais
uma vez que há uma grande di- resultando em rompimento da comuns, destacam-se a distân-
ferença de densidade específica camada e gerando grandes bo- cia muito grande entre a pistola
entre esta e os pigmentos. lhas secas. Problemas desta na- e a superfície, pressão de ar
Além disso, a homogeneiza- tureza ainda podem ocorrer, muito elevada, aplicação com
ção torna-se extremamente difí- mesmo que a tinta esteja ade- muito vento, temperatura am-
cil, especialmente quando as tin- quadamente formulada; isto é, biente muito elevada, entre ou-
tas estão armazenadas há algum com uma relação PVC/ CPVC tras. Nestas condições, as partí-
tempo. No segundo caso, por- adequada e sem problemas de culas atingem a superfície sem
que dimensões variadas de pig- sedimentação. molhamento suficiente para
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Sidney50:Cristiane43 2/11/14 5:01 PM Page 5

com solvente. A espectroscopia


no infravermelho se baseia no
fato de que as moléculas estão
em um estado constante de vi-
bração. Assim, é razoável pensar
uma molécula como um conjun-
to de esferas (átomos) ligadas por
meio de molas (ligações quími-
cas que prende a molécula ao
conjunto). Dependendo do tipo
Figura 4 – Falha de sistema composto de tinta rica em zinco, por cura de átomos e o tipo de ligações
deficiente da tinta de fundo químicas, partes das moléculas
irão vibrar com frequências dife-
garantir uma boa aderência en- proveniente da tinta de fundo. rentes. A frequência de vibração
tre a tinta e o substrato e entre Outras áreas podem apresentar é muito dependente da estrutura
os próprios pigmentos. É im- corrosão do substrato, mas no- da molécula. Isto significa que,
portante manter a distância tadamente de baixa intensidade. quando a luz infravermelha é fei-
correta entre a pistola e a super- Um dos métodos mais co- ta incidir sobre ou através de
fície a ser revestida. Utilizar o muns e menos dispendiosos de uma amostra e se a frequência da
diluente adequado e respeitar a investigar problemas relaciona- luz infravermelha corresponder a
diluição máxima recomendada dos à cura é realizar o teste de uma das vibrações nas moléculas
pelo fabricante da tinta. resistência ao solvente. Como que constituem a amostra, a
esses revestimentos curam por amostra irá absorver uma parte
Aplicação da tinta reação química, a resistência dessa luz particular. A Figura 4
intermediária sem respeitar aos solventes do revestimento mostra um sistema de revesti-
o intervalo entre demãos aumenta com a cura. A norma mento com tinta de fundo rica
A aplicação de tintas inter- ASTM D5402 recomenda um em zinco que apresetou falha por
mediárias, sem que a tinta de ensaio com gaze embebida com cura deficiente.
fundo esteja completamente metil-etil-cetona (MEK) ou ou-
curada, pode determinar a res- tro solvente especificado. A área Corrosão
solubilização parcial da tinta de de teste é então avaliada quanto A resistência à corrosão ofe-
fundo, reduzindo o teor de re- a alterações na aparência, du- recida pelos revestimentos de
sina entre os pigmentos e con- reza, ou espessura, e o tecido zinco ao aço-carbono é alta-
sequentemente a coesão. Se- pode ser avaliado quanto a al- mente dependente da capacida-
gundo Hare (1998), a presença terações de cor compatíveis de de transferência de corrente
de uma quantidade substancial com a do revestimento. Alter- galvânica pela tinta de fundo ri-
de zinco na superfície inferior nativamente, pode ser usado ca em zinco; enquanto a con-
de uma tinta de acabamento de- também cotonetes em substi- dutividade do sistema estiver
laminada é indicativa de uma fa- tução à gaze (ASTM D4752). preservada e existir zinco sufi-
lha coesiva causada por uma cura Embora este teste seja rápido ciente para atuar como anodo o
deficiente da tinta de fundo. e avalie com uma boa aproxi- aço estará protegido. Para se be-
Quando isto acontece, há mação o grau de cura de tintas, neficiar desta propriedade, no
ruptura do revestimento, e par- ele não é apropriado para detec- entanto, deve-se considerar vá-
te do revestimento fica aderida tar por exemplo pequenas dife- rios aspectos relacionados com
ao substrato e a parte rompida renças de cura. Além disto, deve- a formulação da tinta e também
fica aderida à tinta interme- se considerar que nem todos os com o processo de aplicação.
diária. Nestes casos, não há cor- revestimentos curados adequa- Uma relação balanceada de
rosão do substrato e este apre- damente têm a mesma resistência PVC/CPVC é capaz de garantir
senta coloração acinzentada, ti- ao solvente. uma excelente resistência mecâ-
picamente de zinco; pois parte Dependendo do caso, é mais nica do revestimento e também
do revestimento ficou ali aderi- recomendável, lançar mão de uma excelente proteção catódi-
da. Dependendo das condições análises em laboratório como a ca. Se esta relação for muito
de agressividade da atmosfera espectroscopia na região do in- menor que 1, o revestimento
local, muitas regiões apresen- fravermelho para a investigação terá boas propriedades mecâni-
tam produtos de corrosão bran- de grau de cura. Estas são muito cas e nenhuma proteção catódi-
cos característicos de zinco, mais sensíveis do que um teste ca; por outro lado, se a relação
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Sidney50:Cristiane43 2/11/14 5:01 PM Page 6

PVC/CPVC for maior que 1, Primers for Corrosion Protection. Pesquisador do Laboratório de Corrosão e
ter-se-á excelente proteção cató- CORROSION 2007, March 11 - Proteção do Instituto de Pesquisas
dica e baixa resistência mecânica. 15, 2007, Nashville, Tennessee. Tecnológicas – IPT.
No que se refere ao processo HARE, C. H.: Zinc-Rich Primers I:
de aplicação, uma homogenei- Design Principles. Journal of Neusvaldo Lira de Almeida
zação frequente e um atendi- Protective Coatings & Linings, July Mestre em Metalurgia e Materiais pela
mento rigoroso ao intervalo de 1998, p. 17-37. Escola Politécnica da USP. Chefe do
aplicação entre demãos especifi- HARE, C. H.: Trouble with Zinc-Rich Laboratório de Corrosão e Proteção – IPT.
cado podem evitar problemas Primers, Part I: Non-Topcoated
relacionados com falha coesiva Systems. Journal of Protective Contato com o autor: sidneyjr@ipt.br
destes revestimentos. Estudos Coatings & Linings, Aug. 1998, p.
estão sendo conduzidos com 29-46.
objetivo de reduzir o conteúdo HARE, C. H.; Trouble with Zinc-Rich
de zinco neste tipo de revesti- Primers, Part II: Multi-Coat Paint
mentos mantendo-se as carac- Systems. Journal of Protective
terísticas de proteção catódica. Coatings & Linings, Sept. 1998, p.
O sucesso deste desenvolvi- 34-48.
mento contribuirá sobremanei- WELDON, D. G.: Failure Analysis and
ra para minimizar perdas rela- Degree of Cure. Journal of Protective
cionadas com problemas de for- Coatings & Linings, July 2005.
mulação e/ou de aplicação.

Referências bibliográficas Sidney Oswaldo Pagotto Júnior


WEINELL, C. E.; RASMUSSEN, S. Mestre em Engenharia Mecânica pela
N.; Advancement in Zinc Rich Epoxy Universidade Estadual de Campinas.
Opinião50:Opinião40 2/11/14 5:21 PM Page 1

Opinião

Juan Quirós

Mudança cultural para um novo Brasil


O debate nos anos eleitorais, como este 2014, os embates programáticos e filosóficos,
a permanente vigilância das oposições e a retórica são enriquecedores para a democracia

ala-se muito na imprensa ideias, a participação da sociedade nas discussões dos grandes temas na-
e nos círculos empresari- cionais e possibilitam que a opinião pública posicione-se.
ais, com justificadas ra- No entanto, governantes e parlamentares não podem nortear sua
zões, sobre a necessidade de se gestão e seu trabalho tendo como parâmetro essencial as próximas
realizarem as chamadas reformas eleições, como se o cotidiano nacional fosse uma novela voltada a con-
estruturais, principalmente a po- quistar pontos de audiência, conforme as emoções, o humor e as pre-
lítica, a previdenciária, a tributá- ferências do público. A prioridade é a solução dos problemas, a expan-
ria e a trabalhista, sempre poster- são do PIB, a qualidade do ensino e da saúde, os investimentos públi-
gadas pelo Congresso Nacional e cos e a gestão eficaz. Quanto à oposição, não deve ficar torcendo pelo
o Governo Federal. Sem dúvida, caos para ter mais argumentos de crítica contra a situação e tentar
elas são mesmo necessárias para vencê-la nas urnas. Encerrada cada eleição, a classe política deve tra-
adequar o arcabouço legal brasi- balhar em favor e não contra o País. É assim que ocorre na maioria das
leiro às realidades mais contem- nações que conquistaram o desenvolvimento.
porâneas dos cenários mundiais. Quanto aos empresários, a mudança cultural que deles se espera
No entanto, mesmo que efetiva- transcende à sua já decisiva e importante missão de empreender, inves-
das, terão efeito limitado como tir, criar empregos, gerar riquezas e pagar impostos. É necessário que se
fator de estímulo e crescimento engajem de modo mais efetivo na política, na mobilização cidadã da
econômico se o Brasil não em- sociedade, no debate dos grandes temas e na proposição de mudanças
preender uma ampla transforma- positivas. Sua experiência, capacidade de gestão e olhar pragmático do
ção cultural, focada de modo fir- mundo são elementos essenciais para o aperfeiçoamento do setor
me no desenvolvimento. público e o avanço do Brasil.
Esse processo, no qual já esta- A terceira grande mudança cultural diz respeito ao choque de pro-
mos atrasados a esta altura da dutividade, de modo a se atender às exigências e expectativas dos
segunda década do Século XXI, grandes investidores: recursos humanos qualificados e eficientes; logís-
assenta-se sobre três vertentes es- tica eficaz; e inovação. O nosso fantástico mercado de 200 milhões de
senciais: a postura da classe po- habitantes não é mais suficiente para atrair investimentos produtivos,
lítica; a atitude dos empresários; que miram nossos consumidores, mas podem conquistá-los, neste
e, atrelado a ambas, um consis- mundo globalizado, com produtos fabricados em qualquer lugar do
tente choque de produtividade. Planeta. O capital para ampliar e erguer novas fábricas e empresas da
É premente refletir sobre isso e área de serviços somente ficará e virá para o Brasil se tivermos alta pro-
partir para a ação. Não há mais dutividade em todo o sistema econômico.
tempo a perder! Sem essas três mudanças culturais, continuaremos por muito
No primeiro caso, é preciso tempo a ser uma economia de renda média e dificilmente alcan-
que os ocupantes de cargos ele- çaremos os padrões das nações desenvolvidas. Seguiremos com bai-
tivos no Poder Executivo e no xo crescimento do PIB, discutindo medidas pontuais para a cor-
Legislativo coloquem cada vez reção de rumos e priorizando as urgências, em detrimento das
mais os interesses do Brasil acima estratégias. Enquanto isso, assistimos a numerosas outras nações,
das questões partidárias e políti- com potencial muito menor do que o nosso, decolarem para um
cas. O debate nos anos eleitorais, futuro de prosperidade!
como este 2014, os embates pro-
gramáticos e filosóficos, a perma-
nente vigilância das oposições e a Juan Quirós
retórica são enriquecedores para a Presidente do Grupo Advento e do LIDE Campinas e vice-presidente da FIESP
democracia. Permitem a troca de Contato: juan.quiros@grupoadvento.com.br

34 C & P • Janeiro/Fevereiro • 2014


Associadas50:Associados35 2/11/14 4:09 PM Page 1

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