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Ministério da Educação e Desporto

Escola Secundária Polivalente Cesaltina Ramos

1 Função exponencial e função logarı́tmica


1.1 Estudo intuitivo da função exponencial
1.1.1 Potência de base positiva e expoente real
Consideram-se doravante as potências ab com a ∈ R+ e b ∈ R, acerca das
quais são importantes duas observações:
i) Toda a potência de base positiva e expoente real é um número positivo.

a > 0 =⇒ ab > 0

ii) Para as potências de base positiva e expoente real são válidas as seguintes
propriedades (P):

P1. ab · ac = ab+c (a ∈ R+ , b ∈ R e c ∈ R)
ab
P2. = ab−c (a ∈ R+ , b ∈ R e c ∈ R)
ac
P3. (a · b)c = ac · bc (a ∈ R+ , b ∈ R+ e c ∈ R)
 a c ac
P4. = c (a ∈ R+ , b ∈ R+ e c ∈ R)
b b
c
P5. a = ab·c (a ∈ R+ , b ∈ R e c ∈ R)
b

1.1.2 Definição da função exponencial


Dado o número a ∈ R+ \ {1}, chama-se função exponencial de base a à
função f de R em R que associa a cada número real x o número ax .
Simbolicamente:

f : R −→ R
x 7−→ ax
Exemplos de funções exponenciais
 x em R:
1 √
a) f (x) = 2x b) g(x) = c) h(x) = ex d) r(x) = 10x e) t(x) = ( 2)x
2

1.1.3 Gráfico da função exponencial


Relativamente ao gráfico cartesiano da função f (x) = ax (a ∈ R+ \ {1})
pode-se dizer que:
i) a curva representativa está toda acima do eixo dos xx, pois f (x) = ax > 0,
∀x ∈ R;
ii) corta o eixo dos yy no ponto de ordenada 1;

iii) se a > 1 é o de uma função crescente e se 0 < a < 1 é o de uma função


decrescente;

1
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iv) toma um dos aspectos da figura abaixo.

Exemplos:
 x
1
a) Gráfico da função f (x) = 2x : b) Gráfico da função g(x) = :
 −2 2
1 1 1
f (−2) = 2−2 = = g(−2) = = 22 = 4
22 4 2
 −1
1 1
f (−1) = 2−1 = g(−1) = =2
2 2
  0
1
f (0) = 20 = 1 g(0) = =1
2
 1
1 1
f (1) = 21 = 2 g(1) = =
 2 2 2
1 1
f (2) = 22 = 4 g(2) = =
2 4
x −2 −1 0 1 2 x  −2 −1 0 1 2
1 1 1 x 1 1
f (x) = 2x 1 2 4 g(x) = 4 2 1
4 2 2 2 4

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c) Gráficos das funções: d) Gráficos


 das funções:
1 x
 x  x
1 1
f (x) = ex , g(x) = 5x e h(x) = 10x . r(x) = , s(x) = e t(x) = .
e 5 10

1.1.4 Propriedades da função exponencial


Como se pode constatar da observação dos gráficos das funções exponenciais

f : R −→ R
x 7−→ ax (a ∈ R+ \ {1}) ,

as mesmas caracterizam-se pelas seguintes propriedades:

1. O seu domı́nio é R.
Df = R

2. O seu contradomı́nio é R+ .

Df = R+

3. f é injectiva (não existem objectos distintos com a mesma imagem).

ax1 = ax2 =⇒ x1 = x2 , ∀x1 , x2 ∈ R

3
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4. No estudo da variação de f considera-se dois casos:

Se a > 1 Se 0 < a < 1


f é estritamente crescente f é estritamente decrescente
(quanto maior o objecto, tanto (quanto maior o objecto, tanto
maior a sua imagem). menor a sua imagem).
x1 < x2 =⇒ ax1 < ax2 , ∀x1 , x2 ∈ R x1 < x2 =⇒ ax1 > ax2 , ∀x1 , x2 ∈ R

Verifica-se também que: Verifica-se também que:


x < 0 =⇒ ax < 1 x < 0 =⇒ ax > 1
x = 0 =⇒ ax = 1 x = 0 =⇒ ax = 1
x > 0 =⇒ ax > 1 x > 0 =⇒ ax < 1

1.1.5 Equações exponenciais


Equações exponenciais são equações com incógnita no expoente.
Exemplos: √ x √
2x = 64, 3 = 3 81, 4x − 2x = 0.
Um dos métodos fundamentais para a resolução das equações exponenciais
é o método de redução a uma base comum. Este método é aplicado
quando ambos os membros da equação são redutı́veis a potências da mesma
base a (a ∈ R+ \ {1}).
Pelo facto de a função exponencial f (x) = ax ser injectiva, pode-se concluir
que potências iguais e da mesma base têm os expoentes iguais, isto é:

ab = ac ⇐⇒ b = c, (a ∈ R+ \ {1} e b, c ∈ R)

Exemplos:

1. Resolver as seguintes equações exponenciais:


1 √ x √
a) 2x = 64 b) 8x = c) 3 = 3 81
32
Resolução:

a) 2x = 64 ⇐⇒ 2x = 26 ⇐⇒ x = 6. S = {6}

1 x 1
b) 8x = ⇐⇒ 23 = 5 ⇐⇒ 23x = 2−5 ⇐⇒ 3x = −5 ⇐⇒
32 2 
5 5
⇐⇒ x = − . S= −
3 3
√ x √ 1 √
3 x 4 x 4
c) 3 = 3 81 ⇐⇒ (3 2 )x = 34 ⇐⇒ 3 2 = 3 3 ⇐⇒ = ⇐⇒
  2 3
8 8
⇐⇒ x = . S=
3 3

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2. Resolver as equações exponenciais abaixo:


a) (2x )x−1 = 4 b) 32x−1 · 93x+4 = 27x+1
√ √
x

2x
c) 5x−2 · 252x−5 − 53x−2 = 0
Resolução:
2
a) (2x )x−1 = 4 ⇐⇒ 2x −x = 22 ⇐⇒ x2 − x = 2 ⇐⇒ x2 − x − 2 = 0
⇐⇒ x = 2 ∨ x = −1. S = {−1, 2}
3x+4 x+1
b) 32x−1 · 93x+4 = 27x+1 ⇐⇒ 32x−1 · 32 = 33 ⇐⇒
⇐⇒ 3 2x−1 ·36x+8 =3 3x+3 ⇐⇒ 38x+7 =3 3x+3 ⇐⇒  
4 4
⇐⇒ 8x + 7 = 3x + 3 ⇐⇒ 5x = −4 ⇐⇒ x = − . S= −
5 5
√ √x

2x 3x−2 x−2 2x−5 3x−2
⇐⇒ 5 2 · 52 x = 5 2x ⇐⇒

c) 5x−2 · 252x−5 = 5
x−2 4x−10 3x−2
5 2 + x = 5 2x ⇐⇒ x−2 2 +
4x−10
x = 3x−2
2x ⇐⇒
x2 −2x 8x−20 3x−2 2
⇐⇒ 2x + 2x = 2x ⇐⇒ x + 3x − 18 = 0 ⇐⇒
⇐⇒ x = −6 ∨ x = 3. S = {−6, 3}
3. Resolver a equação exponencial: 2x−1 + 2x + 2x+1 − 2x+2 + 2x+3 = 120
Resolução:
Resolve-se colocando 2x em evidência.
2x−1 + 2x + 2x+1 − 2x+2 + 2x+3 = 120 ⇐⇒
⇐⇒ 2x · 2−1 + 2x + 2x · 21 
− 2x · 22 + 2x · 23 = 120 ⇐⇒
1 15
⇐⇒ 2x + 1 + 2 − 4 + 8 = 120 ⇐⇒ 2x · = 120 ⇐⇒
2 2
⇐⇒ 2x = 16 ⇐⇒ 2x = 24 ⇐⇒ x = 4. S = {4}
4. Resolver as seguintes equações exponenciais:
a) 4x − 2x = 56 b) 4x+1 − 9 · 2x + 2 = 0
Resolução:
x
a) 4x − 2x = 56 ⇐⇒ 22 − 2x − 56 = 0 ⇐⇒ (2x )2 − 2x − 56 = 0
Empregando uma incónita auxiliar, isto é, fazendo 2x = y, tem-se:
y 2 − y − 56 = 0 ⇐⇒ y = 8 ∨ y = −7
Mas y = 2x , então:
2x = 8 ∨ 2x = −7
Observe-se que a condição 2x = −7 é impossı́vel em R, pois 2x > 0, ∀x ∈
R. Logo vem:
2x = 8 ⇐⇒ 2x = 23 ⇐⇒ x = 3. S = {3}

b) 4x+1 − 9 · 2x + 2 = 0 ⇐⇒ 4 · 4x − 9 · 2x + 2 = 0 ⇐⇒
⇐⇒ 4 · (2x )2 − 9 · 2x + 2 = 0
Fazendo 2x = y, tem-se:
1
4y 2 − 9y + 2 = 0 ⇐⇒ y = 2 ∨ y =
4

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Mas y = 2x , então:
1
2x = 2 ∨ 2x = ⇐⇒ 2x = 21 ∨ 2x = 2−2 ⇐⇒
4
⇐⇒ x = 1 ∨ x = −2. S = {−2, 1}

1.1.6 Inequações exponenciais


Inequações exponenciais são inequações com incógnita no expoente.
Exemplos: √ x √
2x > 32, 5 > 3 25, 4x − 2 < 2x .
Tal como em equações exponenciais, um dos métodos fundamentais para
a resolução das inequações exponenciais é o método de redução a uma
base comum.
Lembre-se que a função exponencial f (x) = ax é crescente se a > 1 e de-
crescente se 0 < a < 1, portanto:

para a > 1 tem-se: ab > ac ⇐⇒ b > c, (b, c ∈ R)


para 0 < a < 1 tem-se: ab > ac ⇐⇒ b < c, (b, c ∈ R)

Exemplos:
1. Resolver as seguintes
 inequações
x exponenciais:
3 125 √ x √
a) 2x > 128 b) > c) 3 2 < 4 8
5 27
Resolução:

a) 2x > 128 ⇐⇒ 2x > 27


Como a base é maior que 1, vem: x > 7.
S = {x ∈ R : x > 7} ou S = ]7, +∞[
 x  x  3  x  −3
3 125 3 5 3 3
b) > ⇐⇒ > ⇐⇒ >
5 27 5 3 5 5
Como a base está compreendida entre 0 e 1, vem: x 6 −3.
S = {x ∈ R : x 6 −3} ou S = ]−∞, −3]

3
x √ x 3
c) 2 < 4 8 ⇐⇒ 2 3 < 2 4
x 3 9
Como a base é maior que 1, tem-se: < ⇐⇒ x < .
  3 4  4
9 9
S= x∈R:x< ou S = −∞,
4 4
2. Resolver as seguintes inequações exponenciais:
 3x+1  x−1
x 2x−7 1 1 1+2x−x 2 1
a) (3 ) > b) x
·4 >
27 2 8

x−1 x+1

x+1 x−1

c) 7 · 7 < 343
Resolução:

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1
a) (3x )2x−7 >
2
⇐⇒ 32x −7x > 3−3 ⇐⇒ 2x2 − 7x > −3 ⇐⇒
27
2 1
⇐⇒ 2x − 7x + 3 > 0 ⇐⇒ x < ∨ x > 3.
  2  
1 1
S = x∈R:x< ∨x>3 ou S = −∞, ∪]3, +∞[
2 2

 3x+1  x−1
1 1 2
b) · 41+2x−x
> ⇐⇒
2x 8
 x 3x+1 " −2 #1+2x−x2 " 3 #x−1
1 1 1
⇐⇒ · > ⇐⇒
2 2 2
 3x2 +x  −2−4x+2x2  3x−3
1 1 1
⇐⇒ · > ⇐⇒
2 2 2
 5x2 −3x−2  3x−3
1 1
⇐⇒ > ⇐⇒ 5x2 − 3x − 2 6 3x − 3 ⇐⇒
2 2
1
⇐⇒ 5x2 − 6x + 1 6 0 ⇐⇒ 6 x 6 1.
  5  
1 1
S= x∈R: 6x61 ou S= ,1
5 5

x−1
√ √
x+1
√ x+1 x−1 3
c) 7x+1 : 7x−1 <
343 ⇐⇒ 7 x−1 : 7 x+1 < 7 2 ⇐⇒
x+1 x−1 3 x+1 x−1 3
⇐⇒ 7 x−1 − x+1 < 7 2 ⇐⇒ − < ⇐⇒
x−1 x+1 2
x+1 x−1 3 −3x2 + 8x + 3
⇐⇒ − − < 0 ⇐⇒ <0
x−1 x+1 2 2(x + 1)(x − 1)
1
x −∞ −1 − 1 3 +∞
3
−3x2 + 8x + 3 − − − 0 + + + 0 −
x+1 − 0 + + + + + + +
x−1 − − − − − 0 + + +
−3x2 + 8x + 3
− s/s + 0 − s/s + 0 −
2(x+ 1)(x − 1) 
1
S = x ∈ R : x < −1 ∨ − < x < 1 ∨ x > 3 ou
  3
1
S = ]−∞, −1[ ∪ − , 1 ∪ ]3, +∞[
3
3
3. Resolver a inequação: 2x − 2x+1 − 2x+2 − 2x+3 + 2x+4 <
4
Resolução:
3
2x − 2x+1 − 2x+2 − 2x+3 + 2x+4 < ⇐⇒
4
3
⇐⇒ 2 − 2 · 2 − 2 · 2 − 2 · 2 + 2x · 24 < ⇐⇒
x x x 2 x 3
4

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3 3 1
⇐⇒ 2x (1 − 2 − 4 − 8 + 16) < ⇐⇒ 2x · 3 < ⇐⇒ 2x < ⇐⇒
4 4 4
⇐⇒ 2x < 2−2 ⇐⇒ x < −2.
S = {x ∈ R : x < −2} ou S = ]−∞, −2[

4. Resolver as seguintes inequações:


1
a) 32x+2 −3x+3 > 3x −3 b) 2x −1 > 21−x c) 4x+ 2 +5·2x +2 > 0
Resolução:

a) 32x+2 − 3x+3 > 3x − 3 ⇐⇒ 32x · 32 − 3x · 33 − 3x + 3 > 0 ⇐⇒


⇐⇒ 9 · (3x )2 − 28 · 3x + 3 > 0
Fazendo 3x = y, tem-se:
1
9y 2 − 28y + 3 > 0 ⇐⇒ y < ∨y >3
9
Mas y = 3x , logo:
1
3x < ∨ 3x > 3 ⇐⇒ 3x < 3−2 ∨ 3x > 31 ⇐⇒ x < −2 ∨ x > 1.
9
S = {x ∈ R : x < −2 ∨ x > 1} ou S = ]−∞, −2[∪]1, +∞[

2
b) 2x − 1 > 21−x ⇐⇒ 2x − 1 > ⇐⇒ (2x )2 − 2x > 2 ⇐⇒
2x
⇐⇒ (2x )2 − 2x − 2 > 0
Fazendo 2x = y, tem-se:
y 2 − y − 2 > 0 ⇐⇒ y < −1 ∨ y > 2.
Mas y = 2x , logo:
2x < −1 ∨ 2x > 2
Observando que 2x < −1 é uma condição impossı́vel, pois 2x > 0, ∀x ∈
R, vem:
2x > 2 ⇐⇒ x > 1.
S = {x ∈ R : x > 1} ou S = ]1, +∞[

1 1
c) 4x+ 2 + 5 · 2x + 2 > 0 ⇐⇒ 4x · 4 2 + 5 · 2x + 2 > 0 ⇐⇒
⇐⇒ 2 · (2x )2 + 5 · 2x + 2 > 0
Fazendo 2x = y, vem:
1
2y 2 + 5y + 2 > 0 ⇐⇒ y < −2 ∨ y > −
2
Mas y = 2x , logo:
1
2x < −2 ∨ 2x > −
x
2
Atendendo a que 2 < −2 é uma condição impossı́vel em R, tem-se:
1
2x > − ⇐⇒ x ∈ R.
2
1
(isto é, 2x > − é uma condição universal em R, pois 2x > 0, ∀x ∈ R)
2
S=R

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1.2 Estudo da função logarı́tmica


1.2.1 Definição de logaritmo de um número
Sendo a e b números reais positivos, com a 6= 1, logaritmo de b na base a
é o expoente que se deve dar à base a para se obter b.
Simbolicamente:

loga b = x ⇐⇒ ax = b a, b ∈ R+ , a 6= 1


Em loga b = x diz-se que:

a é a base do logaritmo, b é o argumento do logaritmo e x é o valor do logaritmo.

Exemplos

1. Aplicando a definição, tem-se:


1 1
a) log2 8 = 3, pois 23 = 8 b) log3 = −2, pois 3−2 =
9 9
c) log5 5 = 1, pois 51 = 5 d) log7 1 = 0, pois 70 = 1
3 3 3
e) log4 8 = , pois 4 2 = 22 2 = 23 = 8
2  −2
1
f) log0,2 25 = −2, pois (0, 2) =
−2 = 52 = 25
5

2. Calcular, pela definição, os seguintes logaritmos:


1 √
4
a) log2 b) log4 8 c) log0,25 32 d) log √
3
5 5
8
Resolução:
1 1
a) log2 = x ⇐⇒ 2x = ⇐⇒ 2x = 2−3 ⇐⇒ x = −3
8 8
3
b) log4 8 = x ⇐⇒ 4x = 8 ⇐⇒ 22x = 23 ⇐⇒ 2x = 3 ⇐⇒ x =
2
 x
1
c) log0,25 32 = x ⇐⇒ (0, 25)x = 32 ⇐⇒ = 32 ⇐⇒ 2−2x =
4
25 ⇐⇒
5
⇐⇒ −2x = 5 ⇐⇒ x = −
2

4
√ x √ x 1 x 1 3
d) log √
3
5 5 ⇐⇒ 3 5 = 4 5 ⇐⇒ 5 3 = 5 4 ⇐⇒ = ⇐⇒ x =
3 4 4

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1.2.2 Consequências da definição


Decorrem da definição de logaritmo as seguintes propriedades para a, b, c ∈
R+ , com a 6= 1.
1. loga 1 = 0

2. loga a = 1

3. loga ab = b

4. aloga b = b

5. loga b = loga c ⇐⇒ b = c
Aplicação das propriedades 3. e 4.
1. Calcular o valor de:
1 √
4
a) log2 b) log4 8 c) log0,25 32 d) log √
3
5 5
8
Resolução:
1
a) log2 = log2 2−3 = −3
8
1 3 3
b) log4 8 = log22 23 = log22 23×2× 2 = log22 22 2
=
2
5 5×(−2)×(− 12 )
− 5
c) log0,25 32 = log 1 32 = log2−2 2 = log2−2 2 = log2−2 2−2 2 =
4

5
=−
2
√4 1 1 1
 1 3
4 3
d) log √
3
5 5 = log 1 5 4 = log 1 5 4 × 3 ×3 = log 1 53 =
53 53 53 4
2. Calcular o valor de:
a) 3log3 2 b) 8log2 5 c) 31+log3 4 d) 5log25 2
Resolução:
a) 3log3 2 = 2
log2 5 3
b) 8log2 5 = 23 = 2log2 5 = 53 = 125
c) 31+log3 4 = 31 · 3log3 4 = 3 · 4 = 12
 1 log25 2 1 1 √
d) 5log25 2 = 25 2 = 25log25 2 2 = 2 2 = 2

OBS: De entre os logaritmos nas diversas bases, são particularmente importantes:


i os logaritmos neperianos (base e) indicados pela notação loge x ou ln x;
ii os logaritmos decimais (base 10) indicados pela notação log10 x ou log x.

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1.2.3 Propriedades operatórias dos logaritmos


1º Logaritmo do produto
O logaritmo de um produto de dois factores é igual à soma dos logarimtos
dos factores.
Simbolicamente:

a, x, y ∈ R+ , a 6= 1

loga (x · y) = loga x + loga y

Demonstração:
Atendendo a que x = aloga x e y = aloga y (propriedade 4. da subsecção 1.2.2),
tem-se:
loga (x · y) = loga (aloga x · aloga y ) = loga aloga x+loga y =
= loga x + loga y (propriedade 3. da subsecção 1.2.2) c.q.d.

OBS: Esta propriedade pode ser extendida ao caso do logaritmo de um


produto de mais de 2 factores, isto é:

a, x1 , x2 , . . . , xn ∈ R+ , a 6= 1

loga (x1 · x2 · . . . · xn ) = loga x1 + loga x2 + . . . + loga xn

Exemplos:
a) log5 (3 · 4) = log5 3 + log5 4

b) log4 (2 · 3 · 5) = log4 2 + log4 3 + log4 5

c) log3 [x · (x − 2)] = log3 x+log3 (x − 2), se, e somente se, x > 0 e x−2 > 0,
isto é, x > 2.

2º Logaritmo do quociente
O logaritmo de um quociente é igual à diferença entre o logaritmo do divi-
dendo e o logaritmo do divisor.
Simbolicamente:
x
loga = loga x − loga y a, x, y ∈ R+ , a 6= 1

y
Demonstração:
Atendendo a que x = aloga x e y = aloga y , tem-se:
x aloga x
loga = loga log y = loga aloga x−loga y = loga x − loga y c.q.d.
y a a
OBS: Como consequência desta propriedade, decorre:
1
a, y ∈ R+ , a 6= 1

loga = − loga y
y
1
Com efeito, loga = loga 1 − loga y = 0 − loga y = − loga y.
y

Exemplos:

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2
a) log5 = log5 2 − log5 3
3
2·3
b) log = log (2 · 3) − log 5 = log 2 + log 3 − log 5
5
2
c) log = log 2 − log (3 · 5) = log 2 − log 3 − log 5
3·5
x
d) log2 = log2 x − log2 (x + 1), se x > 0
x+1
x+1
e) log3 = log3 (x + 1) − log3 (x − 1), se, e somente se, x + 1 > 0 e
x−1
x − 1 > 0, isto é, x > 1.
3º Logaritmo da potência
O logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente pelo logaritmo
da base.
Simbolicamente:
loga xy = y · loga x a, x, ∈ R+ , a 6= 1, y ∈ R


Demonstração:
Atendendo a que x = aloga x , tem-se:
y
loga xy = loga aloga x = loga ay·loga x = y · loga x c.q.d.

OBS: Como consequência desta propriedade, decorre:


√ 1 loga x
a, x ∈ R+ , a 6= 1, n ∈ N

loga n
x= · loga x =
n n
√ 1 1 loga x
Com efeito, loga n
x = loga x n = · loga x = .
n n

Exemplos:
a) log3 25 = 5 · log3 2

3 1
b) log5 2= · log5 2
3
1
c) log2 = log2 3−4 = −4 · log2 3
34
d) log (x − 1)4 = 4 · log (x − 1), se, e somente se, x − 1 > 0, isto é, x > 1.
Exercı́cios:
1. Desenvolver aplicando as propriedades operatórias dos logaritmos (a,
b e c são reais positivos):
2ab a 3 b2 a3
a) log2 b) log3 4 c) log 2 √
c c b c
Resolução:

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2ab
a) log2 = log2 (2ab) − log2 c = log2 2 + log2 a + log2 b − log2 c =
c
= 1 + log2 a + log2 b − log2 c
a3 b2
b) log3 4 = log3 a3 b2 − log3 c4 = log3 a3 + log3 b2 − log3 c4 =

c
= 3 log3 a + 2 log3 b − 4 log3 c
a3 √  √
c) log 2 √ = log a3 − log b2 c = log a3 − log b2 − log c =
b c
1
= 3 log a − 2 log b − log c
2
2. Qual é a expressão cujo desenvolvimento logaritmı́co é:

1 + log2 a − log2 b − 2 log2 c (a, b e c são reais positivos)?

Resolução:
1 + log2 a − log2 b − 2 log2 c = log2 2 + log2 a − (log2 b + 2 log2 c) =
2a
= log2 2a − log2 b · c2 = log2

b · c2
2a
A expressão é 2 .
bc
4º Mudança de base
Há situações em que logaritmos em bases diferentes necessitam ser transfor-
mados para uma única base conveniente. Isso é feito mediante a propriedade
seguinte:
logc b
a, b, c ∈ R+ , a 6= 1, c 6= 1

loga b =
logc a
Demonstração:
Atendendo a que a = clogc a e b = clogc b , tem-se:
(log b)·(logc a)·( log1 )
loga b = logclogc a clogc b = logclogc a c c ca =
 logc b logc b
= logclogc a clogc a logc a = log a c.q.d.
c

Exemplos:

a) log3 5 transformado para a base 2 fica


log2 5
log3 5 =
log2 3
b) log2 7 transformado para a base 10 fica
log 7
log2 7 =
log 2
c) log100 3 transformado para a base 10 fica
log 3 log 3 1 √
log100 3 = = = log 3 = log 3
log 100 2 2

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A mudança de base pode também ser assim apresentada:

a, b, c ∈ R+ , a 6= 1, c 6= 1

loga b = logc b · loga c

loga b
Com efeito, logc b · loga c = · loga c = loga b.
loga c

OBS: Como consequência da propriedade da mudança de base, decorre:


1
a, b ∈ R+ \ {1}

loga b =
logb a
logb b 1
Com efeito, loga b = = .
logb a logb a

Exemplos:
1 1
a) log8 2 = =
log2 8 3
1 1
b) log100 10 = =
log 100 2
1 1
c) loge5 e = 5
=
ln e 5

1.2.4 Definição da função logarı́tmica


Dado o número a ∈ R+ \ {1}, chama-se função logarı́tmica de base a à
função f de R+ em R que associa a cada x o número loga x.
Simbolicamente:

f : R+ −→ R
x 7−→ loga x
Exemplos de funções logarı́tmicas em R+ :
a) f (x) = log2 x b) g(x) = log 1 x c) h(x) = log x d) ln x
2

1.2.5 Gráfico da função logarı́tmica


Com relação ao gráfico cartesiano da função f (x) = loga x (a ∈ R+ \ {1})
pode-se dizer que:
i) a curva representativa está toda à direita do eixo dos yy, pois só os
números positivos têm logaritmo;

ii) corta o eixo dos xx no ponto de abcissa 1, pois loga 1 = 0, ∀a ∈


R+ \ {1};

iii) se a > 1 é o de uma função crescente e se 0 < a < 1 é o de uma função


decrescente;

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iv) toma um dos aspectos da figura abaixo.

Exemplos:

a) Gráfico da função f (x) = log2 x: b) Gráfico da função g(x) = log 1 x:


     2 2
1 1 1 1 1
f = log2 = log2 2−2 = −2 g = log 1 = log 1 =2
4 4 4 2 4 2 2
1 1 1 1
f = log2 = log2 2−1 = −1 g = log 1 = 1
2 2 2 2 2

f (1) = log2 1 = 0 g(1) = log 1 1 = 0


2  −1
1
f (2) = log2 2 = 1 g(2) = log 1 2 = log 1 = −1
2 2 2
 −2
1
f (4) = log2 4 = log2 22 = 2 g(4) = log 1 4 = log 1 = −2
2 2 2
1 1 1 1
x 1 2 4 x 1 2 4
4 2 4 2
f (x) = log2 x −2 −1 0 1 2 g(x) = log 1 x 2 1 0 −1 −2
2

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c) Gráficos das funções: d) Gráficos das funções:


f (x) = ln x, g(x) = log5 x e h(x) = log10 x. r(x) = log 1 x, s(x) = log 1 x e t(x) = log 1 x.
e 5 10

1.2.6 Propriedades das funções logarı́tmicas


Como se pode constatar da observação dos gráficos das funções logarı́tmicas

f : R+ −→ R
x 7−→ loga x (a ∈ R+ \ {1}) ,

as mesmas caracterizam-se pelas seguintes propriedades:

1. O seu domı́nio é R+ .
Df = R+

2. O seu contradomı́nio é R.

Df = R

3. A função tem um zero para x = 1.

loga x = 0 ⇐⇒ x = a0 ⇐⇒ x = 1

4. f é injectiva (não existem objectos distintos com a mesma imagem).

loga x1 = loga x2 =⇒ x1 = x2 , ∀x1 , x2 ∈ R

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5. No estudo da variação de f considera-se dois casos:

Se a > 1 Se 0 < a < 1


f é estritamente crescente f é estritamente decrescente
(quanto maior o objecto, tanto (quanto maior o objecto, tanto
maior a sua imagem). menor a sua imagem).
x1 < x2 =⇒ loga x1 < loga x2 , ∀x1 , x2 ∈ R x1 < x2 =⇒ loga x1 > loga x2 , ∀x1 , x2 ∈ R

Verifica-se também que: Verifica-se também que:


0 < x < 1 =⇒ loga x < 0 0 < x < 1 =⇒ loga x > 0
x = 1 =⇒ loga x = 0 x = 1 =⇒ loga x = 0
x > 1 =⇒ loga x > 0 x > 1 =⇒ loga x < 0

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