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CENTRO EDUCACIONAL DOM ALBERTO

ENSINO DE BIOLOGIA

PATRÍCIA SANTOS FRANCO

A INTERFERÊNCIA HUMANA NA BIODIVERSIDADE E A SUA RELAÇÃO


COM AS PANDEMIAS

PERUÍBE
2020
TÍTULO DO TCC: A INTERFERÊNCIA HUMANA NA BIODIVERSIDADE E A
SUA RELAÇÃO COM AS PANDEMIAS

Franco, Patrícia Santos.

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também
que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou
extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas
públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos
dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais
e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO- Com o desenvolvimento do mundo de uma forma acelerada e descontrolada, a


biodiversidade vem sofrendo sérias consequências resultantes das ações humanas e, gerando,
com isso, um grave desequilíbrio na natureza. O problema desse desequilíbrio são os
transtornos que resultam destas ações, destacando-se o cenário atual com a pandemia: é o
exemplo da COVID-19. O que é perceptível quando uma tragédia como esta acontece é a
dificuldade do homem de lidar com o invisível, sem respostas imediatas para controlar o que
assola a humanidade, apesar de já ter passado por isso em épocas passadas. Dessa forma e
com esses pontos levantados o trabalho passa a discutir um dos seus objetivos, como o ensino
de biologia pode contribuir para que fortaleça ações de preservação e respeito a natureza, e
como o professor mediador do conhecimento pode gerar provocações na vida do educando
para que esse seja um agente ativo dentro de uma sociedade contribuindo com atitudes que
diminuam as catástrofes que vem crescendo cada vez mais. O trabalho segue com uma
metodologia partindo de um referencial teórico com a seleção de autores que discorrem sobre
os assuntos garantindo um resultado mais consistente na pesquisa, podendo apresentar
reflexões que contribuam na formação de cidadãos mais coerentes e equilibrados dentro de
uma sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Biodiversidade. Ensino de Biologia. Relação homem e natureza.


1.INTRODUÇÃO

O artigo pretende discutir a biodiversidade e a sua relação com o


homem e como o ensino de biologia pode discorrer esse assunto de forma
que contribua na formação de cidadãos mais coerentes para lidar com as
diversas questões ambientais e sociais.
Com o enfrentamento da COVID- 19 que marcou o mundo no atual
século, diversas questões ambientais precisam ser discutidas com mais
eficácia, analisando quais ações e atitudes o homem tem tido com a natureza.
Cada vez mais é comum ver a evolução do mundo e o desejo pelo capital,
mas para que isso aconteça, na necessidade de expansão, o homem precisa
destruir diversos espaços na natureza, comprometendo a sua biodiversidade,
onde é notório este grave desequilíbrio. Sabe-se que o coronavírus (COVID-
19) é uma doença de caráter zoonótico, e é transmitida entre animais e entre
seres humanos, e podem ameaçar de forma significativa a nossa saúde.
Analisando-se os acontecimentos globais durante um século, pode-se
perceber que os surtos zoonóticos estão cada mais frequentes. O relatório
elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), no ano de 2016 já alertou sobre esse problema, ressaltando que a
cada ano, surgem, em média, cerca de 3 novas doenças nos seres humanos,
geralmente infecciosas sendo que cerca de 75% destas são
zoonóticas. Acredita-se que o novo coronavírus sofreu uma das suas muitas
mutações, adquirindo assim a capacidade de se “hospedar” em seres
humanos a partir da relação destes com diferentes espécies de animais, como
por exemplo o morcego e uma animal conhecido na China como pangolim. E
mesmo com os avanços tecnológicos e científicos, o desenvolvimento de uma
cura ou de uma vacina é um processo normalmente demorado e com isso
muitas vidas são perdidas; é neste ponto que se fazem necessárias as
discussões sobre o assunto preservação e respeito a natureza e ao meio
ambiente.
Com essas considerações, o objetivo é discutir como esse assunto
pode ser tratado no ensino de biologia e como pode causar provocações nos
educandos de forma que não fiquem apenas na condição de um agente
passivo e sim que possa ser ativo, pensante e que em um ato democrático e
de cidadania possam contribuir com a sociedade, pois a educação visa na
formação de cidadão mais coerentes. É preciso lembrar sempre que a saúde
humana encontra-se intimamente ligada a saúde ambiental.
Para essas questões é necessário entender além dos conceitos sobre
biodiversidade e sim saber como lidar com essas questões na prática, para
isso é necessário o dinamismo do ensino ao qual o professor não deve
apenas transferir os conteúdos e sim gerar ações que desperte o interesse no
educando sobre o assunto de forma mais realista e coerente.
Como metodologia, o trabalho parte de um referencial teórico, com a
seleção de autores e revisões literárias que discutam os assuntos como
natureza, biodiversidade, educação, ensino de biologia, contribuições
essenciais para um resultado mais eficaz na pesquisa.
O trabalho é estruturando em três momentos, o primeiro com uma
introdução do trabalho, o segundo é o desenvolvimento com um
aprofundamento das questões e inquietações apresentadas na introdução e a
terceira parte encerra com as considerações finais do trabalho.

2. BIODIVERSIDADE, NATUREZA E A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE


BIOLOGIA PARA ESSAS QUESTÕES.

O homem sempre esteve ligado a natureza, porém esse envolvimento


ao longo dos anos vem se tornando algo cada vez mais agressivo. Sabe-se
que os vírus estão presentes naturalmente no planeta e muitas vezes são
capazes de causar doenças nos seres humanos; estes vírus geralmente
vivem em seu habitat natural tendo como hospedeiros “naturais” alguns
animais silvestres (Jones et al. 2008); porém, as ações humanas quebram
esse ciclo, forçando o vírus a sofrer mutações e recombinações genéticas a
fim de encontrar hospedeiros viáveis e é justamente isso que está
acontecendo atualmente.
As ações humanas causadas por atividades antrópicas (como
mineração, pecuária, extração de madeira entre outras) gera um aumento do
contato dos animais silvestres que vivem nestes ambientes e, além disso,
outras atividades clandestinas como a caça e venda de destes animais para
consumo humano pode agravar ainda mais a atual situação.
É de extrema urgência que o homem comece a se conscientizar da sua
responsabilidade com o meio ambiente; por mais que hajam discussões e
debates sobre o assunto, ainda é perceptível que os indivíduos não têm
levado a sério essa questão. Os centros urbanos são ampliados e isso tem
gerado catástrofes e destruição do meio ambiente e de sua biodiversidade, e
isso afeta a humanidade, tanto no âmbito social, quanto relacionado a saúde
humana, como enfatiza Cunha e Guerra:

Todavia, quanto mais poderosa é a maquinaria, mais riscos ela


provoca para a vida humana e tanto maior é a pressão econômica
para tirar dela mais lucro e desempenho. Explorando as riquezas da
Terra, a forma capitalista de produzir afeta diretamente o meio
ambiente, muitas vezes provocando impactos negativos irreversíveis
ou de difícil recuperação. Hoje os riscos produzidos se expandem em
quase todas as dimensões da vida humana, obrigando-nos a rever a
forma como agimos. (CUNHA E GUERRA, 2003, p. 28)

Na medida em que o interesse dos indivíduos é apenas o crescimento,


não levando em conta o desequilíbrio natural, catástrofes e doenças podem
acontecer; por isso é necessário refletir sobre a biodiversidade para poder
manter o equilíbrio. Nos dias atuais o mundo foi “paralisado” devido ao
Coronavírus, mais popularmente conhecido como COVID – 19, levantando
novamente diversas questões referente a ordem natural.
Quando pandemias surgem é notável que ela tem uma grande relação
do homem com a natureza, com ambientes alterados destruídos; é de
extrema importância refletir sobre como o homem deve se relacionar com
essa questão, e como suas ações afetam a biodiversidade, que pode ser
definida como:
Variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos
e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que
fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,
entre espécies e de ecossistemas (BRASIL, 2000, p. 09).

Dessa forma é possível refletir como a degradação dessa


biodiversidade vem se dando em larga escala e quando não há equilíbrio,
muitas doenças podem surgir; dessa forma, Alho (2012, p. 157) faz a
seguinte consideração “a modificação de ecossistemas naturais torna o
ambiente mais suscetível para o aparecimento de doenças”, ou seja, vírus
podem ser transmitidos com mais facilidade mediante a tanta degradação,
Souza, Rosa e Antiqueira (2020) relacionam que é comum a aproximação de
insetos transmissores ao homem, pois com a destruição do habitat é
tendencioso esse acontecimento.
Sendo assim, é necessário repensar cada vez mais quais são as reais
necessidades de um homem no meio ambiente e como esses podem gerar
um ambiente menos perigoso:
Com o aumento da população, da expansão urbana, da conversão da
cobertura vegetal natural em pastos e extensas monoculturas,
construções de hidrelétricas, introdução de espécies exóticas
invasoras e demais transformações do ambiente natural ocorre o
progresso da destruição de habitat. Dessa maneira, destroem-se
ecossistemas naturais, que são sistemas extremamente complexos, e
muitas espécies são perdidas. A perda de habitat de múltiplas
maneiras está associada às mudanças climáticas, à destruição da
vegetação natural, que com a queima da biomassa, libera gases do
efeito estufa, dentre outras consequências. (SOUZA, ROSA, E
ANTIQUEIRA, 2020, p.48)

Um ambiente “natural”, quando “invadido” e/ou destruído pelo homem,


com certeza não traz segurança; sendo assim, as doenças e surtos coletivos
nesse âmbito podem ser mais comuns e, se medidas para frear as ações
destrutivas não forem tomadas, a tendência é que questões relacionadas à
saúde tonem-se mais frequentes, conforme ressaltam Souza, Rosa e
Antiqueira em relação a Covid-19:
A super exploração da natureza traz crises fatais, dentre elas a perda
da biodiversidade, mudanças climáticas, e nada mais atual que a
pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, já sendo
considerada uma das mais graves crises vividas na história. A
disseminação de doenças desconhecidas está ligada integralmente a
destruição da natureza. (SOUZA, ROSA E ANTIQUEIRA, 2020, p.48)

Percebe-se que, mesmo com a alta tecnologia e com o avanço das


pesquisas científicas, uma nação, um país ou uma cidade, nunca estão
preparados para lidar com situações que levam o caos os sistemas de saúde;
isso evidencia o que há tempos muitos já sabem: são consequências das
ações do homem sobre natureza e sua biodiversidade.
Ao relacionar a biodiversidade ao vírus, é possível destacar que esses
também fazem parte da Biodiversidade, como argumenta Joly e Queiroz
(2020, p.68) “são as entidades biológicas mais abundantes da Terra, que se
originaram há cerca de 3,5 bilhões de anos”, sendo assim, a partir do
momento que o homem modifica o seu habitat natural, os vírus tendem a se
espalhar e com a desconstrução dos seus espaços é mais fácil que doenças
surjam e sejam transmissíveis, como ressalta Joly e Queiroz:
Não resta a menor dúvida de que a biodiversidade é a fonte de vírus,
que eles estão presentes na maioria das formas de vida no nosso
planeta, desde bactérias até plantas e animais. Mas, obviamente, isso
não significa que a biodiversidade seja uma ameaça para nossa
espécie. Nós também fazemos parte da diversidade de espécies que
habita este planeta. O problema decorre da forma como nós
interagimos com as demais espécies. (JOLY E QUEIROZ, 2020, p.
69)

O problema mediante a citação anterior está sendo nessa relação entre


o homem e os seres pertencentes a esta biodiversidade. Dessa forma, é
possível discutir como a escola pode tratar esses assuntos com seus alunos
de forma que gere um espaço de reflexão e como o ensino de biologia pode
tratar essas questões, fazendo que o educando seja um agente de
transformação na sociedade e quem saber contribuir com medidas que
amenizem tanto caos, seja como cidadãos ou como agentes que pleiteiem
pelas questões ambientais.
De primeiro momento, fazendo uma contextualização do ensino em
biologia, as PCNs (parâmetros curriculares nacionais) fazem a seguinte
consideração:

É objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua


diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um
conjunto de processos organizados e integrados, no nível de uma
célula, de um indivíduo, ou ainda de organismos no seu meio. O
aprendizado da Biologia deve permitir a compreensão da natureza
viva e dos limites dos diferentes sistemas explicativos, a
contraposição entre os mesmos e a compreensão de que a ciência
não tem respostas definitivas para tudo, sendo uma de suas
características a possibilidade de ser questionada e de se
transformar. (BRASIL, 2004, pg. 14)

Sendo assim, o aluno deve ser capaz de construir saberes que


ultrapassem os muros escolares, sendo possível ser mais consciente para
possíveis transformações.
Ao lidar com a construção do conhecimento, o educador, os currículo, o
planejamento não deve ficar pautado em apenas transferir ideias, como uma
espécie de cumprimento de regras, o saber tem que ser algo que seja
concreto na vida de um educando, se a ideia aqui é trabalhar a biodiversidade
e a relação do homem com a natureza, esse assunto não deve ser passado
ao aluno apenas de forma metódica e teórica e sim deve partir da
compreensão da sua realidade a assim agregar aos valores adquiridos na
sala de aula, sobre isso é possível apontar:
No plano pedagógico testemunha-se a organização e a legitimação
da passagem de um ensino centrado em saberes disciplinares a um
ensino definido pela produção de competências verificáveis em
situações e tarefas específicas. Essas competências devem ser
definidas com referências às situações que os alunos deverão ser
capazes de compreender e dominar. Em síntese, em vez de se partir
de um copo de conteúdos disciplinares existentes, com base no qual
se efetuam escolhas para cobrir os conhecimentos considerados mais
importantes, parte-se das situações concretas, recorrendo-se às
disciplinas na medida das necessidades requeridas por essas
situações (RAMOS, 2002, p.221)

O conhecimento deve estar pautado nas ideias reais, na realidade do


aluno, para que as associações possam fazer sentido, porque se o professor,
a escola não apresentar esse caminho para o educando com certeza esse vai
questionar qual é a função de aprender determinado assunto se não gera um
fundamento viável a sua realidade, ainda sobre o ensino de biologia:

A decisão sobre o que e como ensinar em Biologia, no Ensino Médio,


não se deve estabelecer como uma lista de tópicos em detrimento de
outra, por manutenção tradicional, ou por inovação arbitrária, mas sim
de forma a promover, no que compete à Biologia, os objetivos
educacionais, estabelecidos pela CNE/98 para a área de Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Um tema central para a
construção de uma visão de mundo é a percepção da dinâmica
complexidade da vida pelos alunos, a compreensão de que a vida é
fruto de permanentes interações simultâneas entre muitos elementos,
e de que as teorias em Biologia, como nas demais ciências, se
constituem em modelos explicativos, construídos em determinados
contextos sociais e culturais. (BRASIL, 2004, p. 15)

Ensinar é possibilitar compreender, discorrer por exemplo sobre a


biodiversidade, relação do homem com a natureza e agregar no contexto de
pandemia, por exemplo, não é apenas apresentar o educando macetes para
compreenderem esses assuntos e sim gerar um espaço de debate para que
esses compreendam sua realidade e a partir da mediação e provocação do
professor o aluno possa associar na sua vida de forma que busque um
caminho diferente em suas ações relacionados a vida, ao meio e ao espaço.
Ainda sobre a biodiversidade, o professor ao fazer a abordagem deve
compreender como passar isso ao aluno para que não crie um conceito
utópico sobre o assunto, mas como esses podem e devem refletir suas ações
e a sua relação com o meio, dessa forma abordar na sala de aula:

Tratar a biodiversidade em contextos educacionais implica não


somente aspectos conceituais, mas também a compreensão das
dimensões culturais, econômicas, sociais e ambientais envolvidas nos
desafios desse campo. Entende-se, desse modo, que a educação
para a biodiversidade não pode, hoje, prescindir da discussão de sua
dimensão conservacionista. (MARANDINO, SELLES E FERREIRA
2009, p. 189)

O aluno através das provocações do educador deve entender como


pode somar nas questões sociais e ambientais, como descrito na citação
anterior, um indivíduo que não compreende suas próprias ações, dificilmente
vai contribuir para o progresso de uma sociedade.
Dialogar com os alunos sobre a biodiversidade é poder instigar o
entendimento de como a sociedade tem se relacionando e quais atitudes os
indivíduos tem tomado para amenizar o caos ambiental, pois o aluno precisa
compreender que uma má relação pode gerar um desiquilíbrio, por isso a
necessidade de refletir a sociedade brasileira é indispensável na condução
desses diálogos:

A sociedade brasileira é uma sociedade autoritária, sociedade


violenta, possui uma economia predatória de recursos humanos e
naturais, convivendo com a naturalidade com a injustiça, a
desigualdade, a ausência de liberdade e com os espantosos índices
das várias formas institucionalizadas – formais e informais – de
extermínio físico e psíquico e de exclusão social, política e cultural.
(BOFF, p. 40,2000).

O aluno precisa ser convidado a refletir suas ações e atitudes com o


meio, não de uma forma que ele entenda que é importante preservar o meio,
os seres naturais, mas sim como ele deve agir para amenizar as catástrofes,
pois a educação é um pilar capaz de abrir caminhos para formação de
cidadãos mais justos e coerentes.
Sobre o ensino, é relevante discutir também a relação do professor com
a aprendizagem, esse precisa estar em constante busca para que possa
apresentar aos seus educandos possibilidades de reflexões despertando o
interesse pelos conteúdos apresentados, por isso a necessidade de uma
constante busca, onde a formação continuada é indispensável, sobre isso,
Garcia (1999, p.26) destaca que “a formação de professores é uma área de
conhecimento, investigação e propostas teóricas e práticas”, com diversas
ferramentas será possível o professor construir caminhos que proporcione um
dinamismo mais agradável e desperte com mais força o desejo do aprender
em seus alunos, ainda sobre o assunto:
A Formação continuada busca novos caminhos de desenvolvimento,
deixando de ser reciclagem, como preconizava o modelo clássico,
para tratar de problemas educacionais por meio de um trabalho de
reflexividade sobre as práticas pedagógicas e de uma permanente
(re) construção da identidade docente. (MIZUKAMI, 2002, p.28)

Pensando em métodos e abordagens a formação continuada permite


ao professor como citado anteriormente buscar novos caminhos, pois é
necessário levar em consideração que a cada dia o mundo passa por diversas
transformações, se o professor não estiver apto a se desconstruir diariamente
dificilmente vai proporcionar uma educação de qualidade, pautada na
realidade dos seus alunos.
O professor precisa ser plástico e estar atento em modificar suas ações
na medida que as adaptações são necessárias para um diálogo coerente, por
exemplo, pensando no contexto de pandemia, o assunto sobre biodiversidade
passa a ganhar novos sentidos e o professor precisar levar essas discussões
de forma que desperte provocações no educando para que esse entenda
como relacionar a aprendizagem com a sua vivência de mundo, então o
educador precisa ser capaz de se modificar:
Enquanto os docentes não modificarem e redimensionarem sua
prática profissional para ações mais igualitárias, isto é, não se
posicionarem efetivamente como responsáveis pelo ato de educar, o
professor terá diante de si um obstáculo e não um estímulo para
aproveitar todas as oportunidades de formação permanente.
(GOMES, 2007 p.8).

A educação precisa ser estimulante e apta para transformar; e ainda no


contexto da necessidade da formação continuada, o professor encontra um
outro desafio que é a diversidade presente nos espaços escolares, ou seja, o
conteúdo pode ser o mesmo, mais os alunos não, sendo assim é necessário o
educador ter uma visão sensível sobre cada aluno, para saber como fazer as
abordagens educacionais de forma que alcance a todos os aprendentes, pois
em uma sala de aula o público será heterogêneo, ou seja, o professor não
pode selecionar um assunto e achar que vai chegar a todos da mesma forma,
por isso quanto mais esse estiver preparado e for capaz de conhecer o seu
público melhor será a relação entre professor e aluno, sobre o pensamento de
uma educação que muitas vezes permanece um estado de homogeneidade:

Constatamos, assim, uma escola desenhada para promover a


homogeneidade e negara diversidade inerente à pessoa humana.
Uma escola que, embora se expandindo por meio de um processo de
universalização do ensino, contribui ainda para a manutenção da
exclusão por dentro de seus muros, por meio de metodologias
descontextualizadas e descompassadas, programações lineares,
temporalidade inflexível e categorias como de sucesso e insucesso,
normalidade e anormalidade atraso e fracasso escolar. (ALMEIDA
1992, p.51)

Na aprendizagem a exclusão dever ser banida, por isso é necessário


pensar no contexto que está vivendo e inserido para então selecionar o
conteúdo de acordo essa diversidade, pois uma escola deve ser capaz de
fazer com que seus alunos entendam que o mundo é muito mais além e deve
ser um espaço que estimule o conhecimento de forma progressista, uma
escola aberta é capaz de derrubar muros de incoerência e assim formar
cidadãos críticos e capazes de fazer a diferença na sociedade.
Com todas essas considerações é possível compreender que educar é
uma porta que permite tirar qualquer um do estado de passividade e fazer do
ser um agente ativo, no assunto biodiversidade e a relação do homem com a
natureza, fica claro que no contexto escolar esse assunto deve ser abordado
não de uma forma metódica e sim instigando que o educando saia da sua
zona de conforto e seja capaz de pensar em estratégias que modifiquem o
meio e alinhando esse pensamento ao contexto da COVID- 19, fica claro que
o homem não está preparado para lidar com crises e com a sua gana de
destruição, coisas piores podem acontecer se medidas não forem refletidas e
pensadas para amenizar o caos.

3. CONCLUSÕES

Com as questões discorridas ao longo deste artigo, é possível notar


que a biodiversidade é assunto que deve estar em pauta, ser discutido e
refletido cada vez mais com coerência e força, pois um meio desiquilibrado
poder causar muitas catástrofes e doenças, permitindo que situações como o
caso da COVID-19, possam causar uma devastação mundial.
É notável que a relação do homem com o meio ambiente está cada vez
mais agressivo e desrespeitoso, pois a necessidade de crescimento urbano e
o desejo pelo capital, faz com que ele se torne cada vez mais incoerente com
as suas ações com o meio, destruindo aquilo que pode gerar proteção e
alimento; uma sociedade que proporciona cada vez mais desiquilíbrio,
prejudica não apenas um indivíduo, mas desestrutura um coletivo seja
humano ou ambiental.
Com tantas devastações, a sociedade vem apresentando cada vez
mais precariedade principalmente na sua relação com a saúde, onde fica claro
que ele não está imune de sofrer com a presença de um vírus e suas .Dessa
forma, considera-se que o assunto é de extrema relevância para ser discutido
no ensino de biologia; porém a escola e seus respectivos educadores não
podem levar essas discussões de forma superficial e metódica e sim instigar
os educandos para que sejam agentes de transformação, pois o ensino é um
caminho capaz de modificar o pensamento engessado, formando cidadãos
mais coerentes e preparados para lidar com a sociedade, contribuindo no seu
progresso de forma saudável e sustentável, pois o assunto biodiversidade não
deve ser entendido apenas como um conteúdo a ser cumprido pela escola e
sim fazer que com os estudantes enxerguem o seu meio e como podem fazer
a diferença nele.
Ainda no contexto da educação, é necessário refletir a formação
continuada dos professores, pois com o mundo cada vez mais em
transformação e os espaços escolares cada vez mais diversificado e dinâmico
o professor não pode manter apenas um único pensamento e sim ser capaz
de dominar diversas ferramentas que faça do ensino algo dinâmico e
estimulante.
Com isso, pode-se concluir que, sendo possível então se fazer uma
reflexão sobre o tema biodiversidade, e a relação do homem com a natureza,
as ações do contexto educacional devem ser construídos e discutidos de
forma que os cidadãos sejam cada vez mais conscientes das suas ações, pois
se não refletirem as devastações causadas ao meio natural, com certeza a
tendências das tragédias tendem aumentar na medida que o homem não
observa o futuro, mas apenas o hoje e o agora.
4. REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, V. M. M. Dificuldades Escolares e o Desenvolvimento da


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