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O que é editora?

Segundo a ABNT NBR 6029:2006:

Casa publicadora, pessoa(s) ou instituição(ões) responsável(eis) pela


produção editorial de uma publicação.

Segundo o dicionário Houaiss:

1 casa ou instituição que edita;


2 título dado a esse estabelecimento; editorial
Tipos de editora
O mercado editorial de livros tem uma diversidade enorme em nosso
país. São em torno de 800 editoras em funcionamento de todos os
tamanhos e linhas editoriais possíveis.

Entidades da categoria:

cbl.org.br snel.org.br libre.org.br


As diferenças, é claro, têm impacto
nos métodos de trabalho de
produção editorial, assim como no
tamanho das equipes, seu ritmo de
tarefas e os valores pagos aos
profissionais contratados
e freelancers.

Vamos ver a seguir os principais


tipos de editora por publicação.
Literárias
• Publicam autores de prestígio na área de ficção, incluindo muitos
estrangeiros.
• São as editoras mais prestigiadas.
• Dirigem-se a um público mais culto, de nível superior e postura
crítica.
• O trabalho de produção editorial costuma ser mais meticuloso.
Técnicas e religiosas
• Publicam autores respeitados em determinado meio (direito,
administração, pedagogia, religião), tanto nacionais quanto
estrangeiros.
• Dirigem-se a um público já familiarizado com seus temas ou com
grande interesse em conhecê-los.
• O trabalho de produção editorial precisa respeitar as
particularidades da área específica com a qual trabalha, e tomar
decisões levando em conta vocabulário e usos daquele segmento.
Universitárias
• Publicam autores do meio acadêmico.
• Algumas são subsidiadas e podem sobreviver independentemente
do mercado.
• Dirigem-se a um público de professores e estudantes universitários,
em geral muito atentos e críticos.
• O trabalho de produção editorial requer conhecimento das
formalidades acadêmicas e cuidadoso acompanhamento de
bibliografia, citações e semelhantes detalhes de texto e conteúdo.
Infantis e juvenis
• Publicam livros ilustrados, atraentes, para venda em livrarias e para
o governo, principalmente de autores nacionais.
• Dirigem-se a um público diversificado: pais e professores;
funcionários do governo colocados na função de julgar obras a
serem adotadas; e os próprios jovens e crianças, em teoria leitores
das obras.
• O trabalho de produção editorial foca as necessidades específicas
do segmento, como atender aos requisitos pedagógicos de escolas
e programas governamentais, assim como trabalhar a linguagem de
acordo com a idade dos leitores e produzir ilustrações adequadas.
• Exemplos: SM, Manati, Callis, Companhia das Letrinhas (selo
editorial da Companhia das Letras), DCL, Dubolsinho (cooperativa
de editoras).
Didáticas
• Publicam obras para serem adotadas pelos programas
do governo.
• Trabalham principalmente com obras extensas (vários
volumes, uma para cada ano de ensino) de autores
nacionais.
• São editoras grandes, que acompanham de perto todos
os programas do governo.
• O trabalho de produção editorial precisa abarcar as
muitas especificidades desses livros, tanto as de forma,
como exercícios, ilustrações, livro do professor com
indicações de aula; quanto de conteúdo, como material
dentro dos parâmetros pedagógicos ditados pelo
governo.
Interesse geral
• Publicam obras de giro rápido de autores na maior parte estrangeiros.
• São editoras muito ágeis e competitivas.
• Dirigem-se ao público dito geral, pouco crítico e informado.
• O trabalho de produção editorial exige principalmente rapidez e
capacidade de definir o que é importante comercialmente.
Editoras universitárias
As universidades como conhecemos hoje têm origem na Idade Média
e são típicas da cultura ocidental: nasceram no início do século XIII,
quase simultaneamente na Itália, na França e na Inglaterra.

Desde seu início, havia dois modelos de universidade:

De um lado, estavam as universidades da Região Norte da Europa,


de forte caráter eclesiástico, cujas disciplinas dominantes eram as
artes liberais e a teologia.

De outro lado, as mediterrâneas, associações de estudantes com o


predomínio do direito e, secundariamente, da medicina. Mesmo que
um controle eclesiástico também se impusesse nesse último modelo,
permanecia exterior à própria universidade. (ALVES, 2014, p. 2-3).
Nesse contexto, pode-se notar já no princípio da criação dessas
instituições, independentemente de sua natureza ou do modelo
adotado, certa relação entre o ensino superior, os livros e a leitura a
partir do próprio processo de ensino e aprendizagem.

“O surgimento das universidades na Europa – final do século XII,


início do século XIII – contribuiu para o aparecimento de um público
leitor diferenciado: professores que buscavam textos, obras de
referência, comentários (…), e alunos em busca de material de
estudo” (MARQUES NETO; ROSA, 2010, p. 333).
Boa parte das editoras universitárias surgiu a partir das oficinas de
impressão dentro das universidades.

[...] Leilah Bufrem, ao admitir que algumas editoras universitárias


teriam evoluído a partir da imprensa universitária, sugere que outras
podem ter sido criadas de maneira diversa ou mesmo que algumas
continuaram como imprensa ou gráfica por mais tempo. Isso explica,
em parte, por que durante muito tempo se confundiu gráfica e editora
– o que eventualmente ocorre ainda hoje. (ALVES, 2014)

Gráfica x Editora
O surgimento das editoras universitárias brasileiras, segundo Bufrem,
foi uma experiência da década de 1960, tendo refluído logo após a
criação das primeiras editoras em 1961 e 1962 (UnB e USP,
respectivamente). O período estacionário corresponde à época de
radicalização da ditadura militar, quando as publicações universitárias
se restringiram aos materiais administrativos pelas imprensas e
gráficas universitárias (BUFREM, 2001, p. 34).
[...] não é simples a identificação da primeira editora universitária
brasileira. Faltam critérios comuns que definam as características de
uma editora universitária no momento de seu surgimento e para
determinar suas diferenças em relação aos serviços gráficos
simplesmente.

Imprensa, gráfica ou editora universitária, no caso da Editora da UnB


verifica-se uma particularidade que a distingue das outras: o nome de
um intelectual do peso de Darcy Ribeiro ligado a ela, o que, de algum
modo, reforçaria o argumento de pioneirismo da UnB, incluindo aí o de
sua editora com projeto definido. (ALVES, 2014, p. 5).
Entre as editoras universitárias, “a mais antiga e prestigiosa é a da
Universidade de Brasília, fundada em 1961, simultaneamente com a
criação da própria universidade, dentro de uma concepção moderna
do ensino superior”, nos moldes do projeto cultural e pedagógico
idealizado por Darcy Ribeiro para a UnB (BUFREM, 2001, p. 274).

Darcy Ribeiro nasceu em Minas Gerais (1922) e


morreu em Brasília (1997). Foi um antropólogo,
escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco
em relação aos índios e à educação no país. Na
década de 1960, foi um dos responsáveis pela
criação da Universidade de Brasília. Foi ainda o
primeiro reitor dessa instituição.
Bufrem (2001, p. 36) afirma que, no período de autoritarismo a partir
de 1964, embora algumas imprensas universitárias tenham se
desenvolvido apoiadas em conselhos editoriais, outras não possuíam
linha editorial ou mesmo compromisso com a universidade.

MAS O QUE É LINHA EDITORIAL?


O site Amigos do livro traz um glossário que apresenta os
significados de diversos conceitos relacionados ao universo do
livro, entre eles, define:

Linha Editorial
Perfil de publicações de uma editora.

Fonte: <http://www.amigosdolivro.com.br/secao.php?id=439>

Os diferentes tipos de editoras elaboram linhas editoriais próprias.


De acordo com a Política Editorial da UFRN*, as publicações da
EDUFRN atendem às seguintes linhas editoriais:

I – editoria de publicação institucional;


II – editoria técnico-científica;
III – editoria de recursos didático-pedagógicos;
IV – editoria artístico-cultural;
V – editoria de obras clássicas.

*RESOLUÇÃO No 139/2014-CONSEPE, de 22 de julho de 2014.


1 A Editoria de Publicação Institucional tem por objetivo divulgar
informações e políticas da UFRN.

2 A Editoria Técnico-Científica destina-se à divulgação de obras de


conhecimento especializado e sistematizado de interesse
acadêmico.

3 A Editoria de recursos didático-pedagógicos propõe-se a


divulgar a produção científica, tecnológica, artístico-cultural e
literária, voltada ao apoio às atividades de ensino em todos os
níveis.
(cont.)

4 A Editoria Artístico-Cultural destina-se à publicação de obras


artístico-culturais e literárias.

5 A Editoria de Obras Clássicas destina-se à reedição de obras de


referência no campo da ciência e do pensamento.
Retornando ao histórico das editoras universitárias no Brasil, Sirleide
Pereira (2012) afirma que a Editora da UFRN está entre as seis
primeiras editoras universitárias públicas do país. Na sequência:
Editora da UFPE, Editora da UFBA, Editora da UFPB, Editora da UNB,
Editora da UFRN, Editora da USP.

O surgimento da EDUFRN data de 6 de fevereiro de 1966, quando foi


criada a Imprensa Universitária da UFRN, depois denominada Editora
Universitária da UFRN.
Atual logomarca, utilizada a partir de 2014.
Conselho editorial
O conselho editorial de uma editora
universitária consiste em um grupo
de especialistas oriundos de
diferentes áreas do conhecimento,
que, a partir de suas especialidades,
constitui um grupo diversificado,
permitindo à Editora atuar
estrategicamente na execução de
sua política editorial.
Entre as funções atribuídas a um conselho editorial de uma editora
universitária, estão:

• Orientar a política editorial por meio de discussões sobre aspectos


estratégicos para a Editora;
• Aprovar normas de submissão de propostas à publicação;
• Avaliar originais, com vistas à aprovação ou não da publicação,
baseando-se em critérios predefinidos, incluindo o mérito acadêmico e o
científico;
• Sugerir livros a serem publicados;
• Recomendar novas edições de livros já publicados.
• Conferir legitimidade à publicação, bem como ao catálogo da editora,
uma vez que as obras submetidas passam por um processo seletivo
colegiado, realizado por especialistas na área abordada.
Referências

ALVES. Maíra de Oliveira. Editoras universitárias: experiências do livro impresso ao


digital. XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Foz do Iguaçu, PR – 2
a 5/9/2014. Disponível em: http://www.intercom.org.br/sis/2014/resumos/R9-2557-1.pdf>.
Acesso em: 26 ago. 2015.

BUFREM, Leilah Santiago. Editoras universitárias no Brasil: uma crítica para a


reformulação da prática. São Paulo: Edusp: Com-Arte; Curitiba: Editora da UFPR, 2001.

MARQUES NETO, José Castilho; ROSA, Flávia Garcia. Editoras universitárias: academia
ou mercado? Reflexões sobre um falso problema. In: BRAGANÇA, Aníbal; ABREU, Marcia
(Org.). Impresso no Brasil: dois séculos de livros brasileiros. São Paulo: Unesp; Rio de
Janeiro: Biblioteca Nacional, 2011.

PEREIRA, Francisca Sirleide. Memória da produção científica da EDUFRN: 1962-1980.


Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. (Dissertação de Mestrado).
Universidade Federal da Paraíba, 2012.

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