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AMOR DE PERDIÇÃO (CAMILO CASTELO

BRANCO)

Características da novela
• Concentração de episódios conducentes à ação principal e
consequente ausência de episódios colaterais;
• Rapidez do ritmo narrativo;
• Número reduzido de personagens;
• Concentração do espaço e do tempo;
• Quase inexistência de descrição;
• Ausência de digressões;
• Frequência do diálogo como expressão dos momentos de tensão
dramática;
• Extensão (menor do que a do romance).

Tempo da história
• A ação decorre nos finais do século XVIII, início do século XIX.
• A ação principal dura 6 anos: de 1801 a 1807.
• 1801 – Simão tem 15 anos; Domingos Botelho é corregedor
em Viseu;
• 1803 – Teresa escreve a Simão, dizendo-lhe que o seu pai a
ameaça de ir para o convento;
• 1804 – Simão é preso com 18 anos;
• 1805 – 1807 – Simão encontra-se preso, antes de ser
degredado;
• 1807 – Simão parte para o degredo, na Índia a 17 de março;
• 1807 – A 28 de março, Simão morre e é lançado, ao mar.

Personagens
• Simão
• Nasce em 1784.
• Tem 15 anos, à data de início da ação, em 1801; estuda
humanidades em Coimbra.
• Características hereditárias psíquicas e fisionómicas (anúncio
do realismo): “génio sanguinário”, rebeldia e coragem,
inconformismo político – herança de seu tio paterno, Luís
Botelho (que matara um homem, em defesa de seu irmão
Marcos) e de seu avô paterno, Fernão Botelho (que fora
encarcerado por suspeita de uma tentativa de regicídio, em
1758 (cf. Cap. I) e ainda de seu bisavô Paulo Botelho Correia
(que era considerado "o mais valente fidalgo que dera Trás-os-
Montes” (cf. Cap. I). É belo como a sua mãe, ainda que viril.
• Após a visão de Teresa, Simão transforma-se: distancia-se da
ralé de Viseu; torna-se caseiro; cumpre os seus deveres de
estudante; passeia pelo campo, procurando o espaço natural,
em detrimento do espaço social.
• Quando Teresa é obrigada a sair da janela, local onde via
Simão e, posteriormente, quando lhe comunica o desejo do
seu pai de que ela se case com o seu primo Baltasar, Simão
revela-se de novo rebelde. A par desta faceta, irá, porém,
surgir uma outra: a sua nobreza de alma, que se manifesta no
momento em que deseja poupar um dos criados de Baltasar,
que tentara matar Simão, pelo facto de o homem se encontrar
ferido.
• Surge, entretanto, mais outra faceta de Simão: a de poeta, que
se manifesta nas cartas que escreve a Teresa (cf. Cap. X).
• O seu sentimento exacerbado de honra é também notável –
ele manifesta-se pelo facto de Simão enfrentar sempre aqueles
que se lhes opõem, pelo facto de se ter negado a fugir, depois
de ter morto Baltasar, em legítima defesa, e ainda por recusar
qualquer ajuda da família, aceitando a sua condenação à forca
e, depois, ao degredo. O seu código de honra conduzi-lo-á, em
última análise, à sua tragédia. Este sentimento valer-lhe-á a
admiração de personagens como João da Cruz e ainda
daquelas que se situam numa esfera social marcada por
valores conservadores, como é o caso do desembargador
Mourão Mosqueira.
• O sentimento de dignidade é, por outro lado, inseparável da
possibilidade de realização do seu amor – é assim que Simão
não acede ao pedido de Teresa, para que cumpra os dez anos
de pena, em Portugal, na cadeia, afirmando: “Quero ver o céu
no meu último olhar, não me peças que aceite dez anos de
prisão. Tu não sabes o que é a liberdade cativa dez anos! Não
compreendes a tortura dos meus vinte meses.” Com efeito,
para Simão o amor associa-se à liberdade e à sua integridade
pessoal. Simão representa o herói romântico antissocial, por
excelência. Ele significa a oposição a uma sociedade podre e
aos seus valores anti-humanos. Na sua última carta a Teresa,
incluída no Cap. XIX, escreve: “Vou. Abomina a pátria,
abomina a minha família; todo este solo está nos meus olhos
cobertos de forcas, e quantos homens falam a minha língua,
creio que os ouço vociferar as imprecações do carrasco. Em
Portugal, nem a liberdade tem opulência; nem já agora a
realização das esperanças que me dava o teu amor, Teresa!”.
• Morre a 28 de março de 1807, no beliche do navio que o
transportava para o degredo e o seu corpo é lançado ao mar.
• Teresa
• Tem 15 anos.
• Destaca-se pela sua beleza.
• É o paradigma da mulher-anjo, pela sua delicadeza e pela
grandiosidade dos seus sentimentos.
• Revela autonomia, para a época, sobretudo, quando se recusa
a casar com Baltasar.
• É astuta, determinada e orgulhosa.
• Manifesta uma força de vontade e uma desenvoltura viris.
• Esta personagem não tem uma evolução psicológica, pelo que
é considerada uma personagem plana.
• Mariana
• Tem 24 anos.
• O narrador salienta a sua beleza física.
• Caracteriza-se pela sua intuição, pelo poder de predição,
enfim, pelo misticismo popular.
• Apresenta complexidade humana, ao nível das emoções que
experimenta e da esperança que acalenta de poder ser amada
por Simão e ficar junto dele.
• Esta personagem apresenta a evolução psicológica, pois o seu
amor motiva as suas esperanças e os seus desalentos,
oscilando entre emoções que fazem vibrar a sua dimensão
humana.
• João da Cruz
• É uma personagem que se aproxima bastante do protótipo do
homem popular português.
• Pela antítese das emoções que experimenta e pelas atitudes
que apresenta, é considerado o tipo do “bom bandido”.
• Ele é, simultaneamente, bondoso, grato, corajoso e violento.
• Caracterizam-no, ainda, a sua linguagem de cariz popular, pelo
realismo da expressão.
• Baltasar
• É a personagem que, pelos seus defeitos, se opõe a Simão,
fazendo sobressair as qualidades exemplares do herói.
• É cobarde, mesquinho e vingativo.
• A sua vaidade torna-o incapaz de esquecer o seu orgulho
ferido e de compreender o amor que Simão e Teresa sentem
um pelo outro.
• Representa os valores sociais instituídos e fossilizados,
contribuindo para a tragédia final.
• Tadeu de Albuquerque e Domingos Botelho
• Representam o antagonismo motivado pelo preconceito de
honra social.
• São inflexíveis nas suas decisões e baseiam-se no seu próprio
orgulho e nas suas conveniências sociais.
• Preferem perder os filhos, reduzindo-os à dimensão de objetos,
a perder a dignidade social.
• D. Rita Preciosa
• Representa a convencionalidade do sentimento materno – age
mais por obrigação familiar do que por motivos afetivos; ajuda
Simão porque esse é o seu papel e não porque o amor de mãe
a leve a perdoar e a compreender as atitudes do filho.
• Ritinha
• Distingue-se das outras irmãs de Simão pela sua capacidade
afetiva.
• Representa, para Simão, o único laço familiar genuíno. Porque
é conduzida por aquilo que sente e não pelas convenções que
lhe são impostas.
• A sua ligação a Simão leva-a a ser ela a relatora da sua
história ao autor da obra, quando este era criança.

Simbologia
• As grades simbolizam, não apenas as grades materiais que
aprisionam Simão, mas aos grilhões sociais que o condenam e
motivam a sua clausura.
• A janela, elemento que aparece na história amorosa
shakespeariana, Romeu e Julieta, é o local onde os dois amantes
se veem pela primeira vez. Elemento de ligação entre o interior e o
exterior, a janela está conotada simbolicamente com a interioridade
de Simão e de Teresa e com a sociedade. Ela funciona, então,
como cisão entre as personagens e o espaço social em que estas
se inserem. Associada aos olhos, órgãos de perceção (a janela
também se liga à recetividade da luz exterior) que, por sua vez, são
“o espelho da alma”; a sua simbologia situar-se-á ainda ao nível de
dois outros espaços presentes na obra, através dos sentimentos
das personagens: o aqui (espaço terreno de hostilidade) que se
opõe ao além (espaço da esperança e da ilusão fecundante).
• Os fios simbolizam a ligação eterna dos amantes, que não se
desfaz após a morte (os fios envolvem as cartas de Teresa a
Simão); a sua significação remete para a união total do par
amoroso. Por outro lado, os fios são também o símbolo da união
dos diferentes estados da existência – Simão e Teresa acreditam
que permanecerão unidos após a morte. Aliás, o facto de as cartas
e os respetivos fios que as envolviam terem sido lançados ao mar,
espaço ligado à criação e à vida, permite a reafirmação desta ideia.
O fio remete igualmente para o destino, ligado ao mito das três
parcas (a primeira dá o fio, ou seja, a vida, a segunda enrola-o –
trata-se da fase que corresponde à vida do individuo – e a terceira
corta-o – é o momento da morte). Aqui, o tempo associa-se ao
destino que terá que ser cumprido. Os fios separam-se das cartas,
após a morte das personagens, quando mariana, suicidando-se, as
remete para o elemento líquido. Podemos ainda relacionar os fios
com a aranha, isto é, o fio evoca, neste sentido, a ilusão, a
realidade enganadora. Não esqueçamos que as grades que
aprisionaram Simão e Teresa não são mais do que o alargamento e
a equivalência simbólica dos fios (os fios da aranha formam a teia,
que aprisiona os seres que nela caem). Simão, após a morte, é
envolto num lençol, o lençol, que lembra o sudário de Cristo e
representa o amor, a paixão, o sofrimento e a morte dos humanos
(etimologicamente paixão significa morte). Cristo morreu para
redimir os pecados dos homens; Simão morre vítimas dos seus
iguais.
• O mar. O corpo de Simão é deitado ao mar, fonte de vida e,
metaforicamente, local de renascimento. O mar espelha o céu, o
espaço em que os amantes acreditavam como único local onde
poderiam realizar o seu amor puro, mas condenado pelos homens.
• O avental assume, na obra, um valor polissémico – por um lado,
associa-se à condição social de Mariana; por outro, liga-se ao
sofrimento, pois é com ele que Mariana limpa as lágrimas que chora
por Simão. Este elemento do traje de Mariana encontra-se, também,
no âmbito da referência ao seu estado de loucura ao saber que
Simão ia ser preso – é assim que, na cadeia da Relação do Porto,
Simão tem sobre uma mesa um caixote de pau-preto que, para
além de conter as cartas de Teresa, “ramalhetes secos, os seus
manuscritos do cárcere de Viseu”, guardava igualmente o avental
de Mariana, “o ultimo com que ela, no dia do seu julgamento,
enxugou as lágrimas e arrancara de si no primeiro instante de
demência”. Simão, antes, pedir a João da Cruz que cuidasse de sua
filha, pois ela tinha nascido “debaixo da [sua] má estrela”, o que a
condenava a um irremediável sofrimento motivado por um amor que
não era correspondido. A simbologia do avental reúne, deste modo,
o trabalho e o martírio, significando o percurso de Mariana na terra
uma forma de purificação. No último capítulo, Mariana atira-se ao
mar para se juntar a Simão e o comandante do navio que
transportava Simão para o degredo viu “enleado no cordame, o
avental, e à flor da água um rolo de papéis que os marujos
recolheram na lancha”.

Resumo de “Amor de Perdição”


Capítulo 1
Em 1779, Domingos Botelho, fidalgo de Vila Real de Trás-os-
Montes que exercia a função de juiz de fora em Cascais, casa com D.
Rita Preciosa, uma dama do paço que era «uma formosura». Em 1784,
quando nasce Simão, o penúltimo dos filhos (o casal teve dois filhos e
três meninas: Manuel, Simão, Maria, Ana e Rita), Domingos Botelho
consegue transferência para Vila Real, sua «ambição suprema». Aí, são
recebidos pela nobreza da vila. D. Rita estranha o atraso das gentes,
respondendo com altivez à cordialidade; também desdenha das
comodidades. É construída uma nova casa. Apesar de não ter razão,
Domingos Botelho sofre com os ciúmes, temendo não conseguir
preencher o coração de sua mulher e porque se considera muito feio
(comparando-se, mitologicamente, a Vulcano casado com Vénus). Em
1790, consegue transferência para Lamego, o que muito desagrada a
D. Rita.
Em 1801, Domingos Botelho exerce funções de corregedor em Viseu.
Manuel, o filho mais velho, e Simão estudam em Coimbra (o «segundo
ano jurídico» e Humanidades, respetivamente), enquanto as meninas
preenchem a vida de D. Rita. Manuel escreve ao pai queixando-se do
«génio sanguinário» do irmão (este comprava pistolas, convivia com
perturbadores, insultava os habitantes e incitava-os a lutarem com ele).
Domingos Botelho admira a bravura do filho, mas Manuel insiste nas
suas queixas e pede mesmo para seguir outro rumo. Com esse objetivo,
vai para Bragança para se tornar cadete. Simão, por sua vez, passa nos
exames, sendo perdoado pelo seu comportamento.
Aos poucos, D. Rita passa a ter desgosto por ter um filho como Simão.
Este tem amigos e companheiros que a família não aprova (escolhendo-
os na plebe de Viseu), escarnece das genealogias e faz com que as
irmãs mais velhas o temam. Também Domingos sente aversão por
Simão.
Quando estão a terminar as férias, um dos criados de Domingos Botelho
quebra, por acidente, umas vasilhas, enquanto dá de beber a um
macho, sendo espancado pelos aguadeiros. Simão, que por ali passa,
toma o partido do criado e acaba por partir «muitas cabeças». Após a
queixa dos feridos, Simão foge para Coimbra, com o dinheiro da mãe,
ficando a aguardar o perdão do pai. O corregedor desiste de deter o
filho.
Capítulo 2
Em Coimbra, Simão permanece convencido da sua valentia, deliciando-
se com as memórias do espancamento, que o incitam a novos atos. O
ambiente que encontra na Universidade é propício à exaltação.
Contaminado pelo espírito revolucionário, defende um «batismo de
sangue». Torna-se jacobino e um apologista da ideia regicida.
Devido às suas ideias, é preso, mas consegue sair do cárcere
académico por ingerência da família. Perde o ano letivo e vai para Viseu.
Aí, a sua personalidade sofre uma mudança considerável, tendo na sua
origem o facto de Simão estar apaixonado pela sua vizinha («Simão
Botelho amava»). Ele tem 17 anos; ela, 15. A separar as duas famílias
existe um ódio antigo, o qual teve na sua origem questões de justiça (o
facto de Domingos Botelho ter decidido contra os Albuquerque). Os dois
apaixonados fazem planos.
Na véspera de Simão partir para Coimbra, Teresa é arrancada da
janela. Simão ouve os gemidos da amada e sofre devido à sua
impotência. Antes de partir, opção que considera melhor para si e para
Teresa, recebe dela um bilhete. Diz-lhe que o pai ameaçara encerrá-la
num convento, por causa dele, e pede-lhe que vá para Coimbra.
Simão torna-se estudante exemplar e vai escrevendo a Teresa, que,
entretanto, deixa de temer o convento. Manuel Botelho regressa à
universidade e estranha o irmão, quieto e «alheado».
Em fevereiro de 1803, Simão recebe uma carta surpreendente de
Teresa.

Capítulo 3
Teresa e Rita, a irmã predileta de Simão, trocam olhares à janela. Vão
falando, e Teresa chega a revelar o seu amor por Simão, pedindo-lhe
que guarde segredo. A cumplicidade é descoberta, causando a ira de
Domingos Botelho.
Tadeu de Albuquerque planeia casar Teresa com o primo, Baltasar
Coutinho, crendo que, com a sua brandura, a filha esquecerá Simão.
Mas, no diálogo com Baltasar, Teresa recusa a união. Dada a
assertividade de Teresa, o primo diz-lhe que fará tudo para a salvar das
«garras» de Simão.
Tadeu de Albuquerque decide fazer entrar Teresa num convento,
dizendo-lhe que a considera morta. Teresa promete julgar-se «morta
para todos os homens, menos para seu pai».
Capítulo 4
O capítulo abre com uma caracterização de Teresa, a partir do diálogo
com Baltasar Coutinho, destacando o narrador que ela é uma mulher de
«orgulho fortalecido pelo amor». Por carta, Teresa relata o sucedido a
Simão, omitindo apenas as ameaças do primo.
A vida de Teresa parece regressar à normalidade (não entrara no
convento, não se falava em casamento e Baltasar Coutinho estava
ausente), até ao momento em que o pai lhe diz que, nesse dia, ela deve
casar com Baltasar. Teresa responde descrevendo aquilo que lhe é
pedido como um sacrifício e afirmando que odeia o primo. Tadeu
amaldiçoa a filha e diz-lhe que ela morrerá num convento. Ao sobrinho
Baltasar, diz que não lhe pode dar a mão de Teresa porque já não tem
filha. Teresa acaba por não ser enviada para um convento, segundo o
conselho do primo, e escreve uma carta a Simão contando-lhe o
sucedido. Simão fica fora de si e planeia matar Baltasar, mas abandona
esta ideia ao perceber que essa ação o afastaria de Teresa para
Sempre.
O estudante resolve ir a Viseu para ver a filha de Tadeu. Como precisa
de um sítio seguro onde ficar, o arrieiro recomenda-lhe a casa de um
primo seu, que fica perto de Viseu. Simão envia uma carta a Teresa e
combinam um encontro às onze horas, no dia do aniversário desta. À
hora combinada, Simão fica surpreendido por ouvir música vinda de
uma casa que ele sempre considerara triste e sem vida.

Capítulo 5
Teresa sai da sala onde se festeja «com estrondo» o seu aniversário. O
primo percebe a sua agitação. Levando uma capa para não ser
reconhecida, Teresa é perseguida pelo primo, mas, assustada, regressa
ao baile. Baltasar acaba por ser cruzar com Simão, que o interroga em
tom ameaçador. Percebendo que Simão está armado com duas
pistolas, Baltasar acaba por recuar. Simão só consegue distinguir um
vulto.
Teresa escreve novamente a Simão e combinam novo encontro para a
noite seguinte. Na casa onde o estudante estava alojado vive Mariana,
filha do ferrador. Esta contempla demoradamente Simão e diz-lhe que
adivinha para ele alguma desgraça «por amor duma fidalga de Viseu».
O ferreiro João da Cruz conta a Simão a história que o fazia «dever um
favor» ao corregedor Domingos Botelho (por causa deste, o ferreiro
escapara à forca). O pai de Mariana também conhece Baltasar Coutinho
e conta a Simão que o morgado de Castro Daire lhe pedira que matasse
um homem a troco de dinheiro: esse homem era Simão Botelho. João
da Cruz ainda o aconselha a não ir ver Teresa, mas Simão mantém a
sua ideia.

Capítulo 6
Três vultos estão reunidos, à noite, perto da porta do quintal de Tadeu
de Albuquerque. Um deles é Baltasar Coutinho e prepara, com os seus
criados, uma cilada para Simão. João da Cruz e o cunhado, o arrieiro,
executam um plano para ajudar Simão, conseguindo este estar com
Teresa e sair sem ser visto. Depois disto, João da Cruz diz-lhe para
seguir rapidamente para casa, temendo o ataque dos homens de
Baltasar, que estariam escondidos. O ferreiro fica aflito ao perceber que
não chegarão ao local a tempo de proteger Simão de uma emboscada.
Este acaba por ser ferido com um tiro, e os criados de Baltasar Coutinho
morrem às mãos de João da Cruz, que receia deixar testemunhas do
sucedido e quer acabar as «obras» que começara. No fim, perante
aquilo que considera crueldade (o facto de o ferreiro ter matado um
homem que estava ferido e tinha implorado pela sua vida), Simão «teve
um instante de horror do homicida».

Capítulo 7
Simão recebe os curativos do ferrador, mas piora dos seus ferimentos.
Preocupa-o mais, no entanto, o facto de não ter novidades de Teresa.
Esta envia-lhe uma carta em que conta o comportamento estranho do
pai e do primo e se mostra muito preocupada por ter ouvido falar na
morte dos criados de Baltasar. Simão responde-lhe de modo a
tranquilizá-la. Baltasar e Tadeu de Albuquerque (que fora conivente no
atentado contra a vida de Simão) acabam por não se envolver no
assassinato dos criados, uma vez que não havia provas contra o filho
do corregedor.
Tadeu de Albuquerque toma a decisão de encerrar Teresa num
convento do Porto. Assim, até que toda a documentação esteja tratada,
Teresa fica num convento de Viseu. Leva consigo tinteiro, papel e o
maço das cartas de Simão. As suas últimas palavras, dirigidas às irmãs
de Baltasar, revelam orgulho e firmeza. Ao entrar no mosteiro, sente-se
livre, porque o seu coração está livre, mas em breve percebe que está
errada a respeito da vida monacal e que também ali reina a mentira e a
falsidade. No diálogo com as freiras, Teresa é confrontada com muitas
intrigas, percebendo que aquele não é um «exemplar viver» e que é
tudo menos um «refúgio da virtude». Antes de adormecer, Teresa
escreve novamente a Simão.
Capítulo 8
Mariana desmaia ao ver a ferida de Simão, deixando o pai surpreendido,
uma vez que a rapariga estava habituada a curativos. Torna-se a
enfermeira de Simão. João da Cruz conta ao filho do corregedor que
Mariana não tem querido casar, apesar dos vários pretendentes.
Naquela casa, enquanto o ferreiro fala e a filha costura, com o seu
avental de linho, vê Simão «um quadro rústico», «sublime de
naturalidade».
Mariana continua a pressentir para Simão uma desgraça e conta-lhe
que teve um sonho em que viu muito sangue e uma pessoa caída numa
cova funda. Respondendo ao ceticismo de Simão, diz-lhe que tudo o
que sonha acontece. Quando sabe que Teresa foi encerrada num
convento, Mariana tem um assomo de alegria, que só um «observador
perspicaz veria». Na resposta, Simão revolta-se, condena a submissão
e promete tirar Teresa do convento.
João da Cruz percebe que Simão está sem dinheiro. Mariana pensa
numa forma de lho entregar sem que Simão pudesse recusar. Este
acaba por perceber que é amado pela filha do ferreiro e sente-se bem
com esse facto («no amor que nos dão é que nós graduamos o que
valemos na nossa consciência»), apesar de saber que não poderia
retribuir.

Capítulo 9
Simão suspeita que Mariana o quer afastar de Teresa. Dando
continuação ao que havia combinado com a sua filha, João da Cruz,
que tinha saído de casa, entrega dinheiro a Simão, dizendo-lhe que
tinha sido enviado por D. Rita. Mariana age sem qualquer interesse,
sabendo que Simão não lhe pertence. Teresa continua a enviar cartas
a Simão e fala-lhe da vida pouco virtuosa do convento.
As diligências de Tadeu de Albuquerque chegam ao fim, e Teresa é
enviada para o convento de Monchique. Procura avisar Simão, mas a
mendiga que lhe levava as cartas é surpreendida. A informação chega
a Simão porque a mendiga vai a casa do ferrador e conta o sucedido.
Dominado pela raiva, Simão quer dirigir-se ao convento e libertar
imediatamente Teresa. Mariana oferece-se para fazer chegar uma carta
de Simão a Teresa e sofre em silêncio a sua dor, vivendo «um obscuro
martírio».
Capítulo 10
Mariana leva a carta ao convento onde se encontra Teresa. Nos seus
pensamentos, sonha ser amada como ela. Acabam por conversar as
duas. Teresa deseja que Simão não faça nada no momento da sua
partida para o convento de Monchique, no Porto, porque isso seria muito
perigoso. Enquanto regressa a casa, Mariana pensa na beleza de
Teresa («linda como nunca vi outra!»). Simão ouve de Mariana o
recado, mas mantém a ideia de ver Teresa antes de esta partir para o
Porto.
Na carta que escreve, Simão considera Teresa perdida e dá a entender
os seus intuitos quando afirma que «o rancor sem vingança é um
inferno». Quando Simão sai, de noite, escuta as palavras de Mariana e
sente que ela é o seu «anjo da guarda». Os dois despedem-se como se
fosse para sempre.
Simão chega ao convento e aguarda pela madrugada, quando chega a
comitiva que levaria Teresa. Nessa comitiva está Baltasar. Teresa
reafirma, perante o pai, a intenção de entrar num convento. Troca
algumas palavras com Baltasar, evidenciando sentir por ele
repugnância. Simão aparece e, depois de ofensas trocadas com
Baltasar, este aperta-lhe a garganta, morrendo em seguida com um tiro
dado pelo filho de Domingos Botelho. Depois do sucedido, surge João
da Cruz, que pede a Simão que fuja. Esta recusa e, quando o meirinho-
geral lhe quer proporcionar a fuga, insiste em assumir as
responsabilidades: «Fui eu.»

Capítulo 11
Os Botelhos recebem a notícia da morte de um homem às mãos de
Simão. Domingos Botelho toma conhecimento da prisão do filho e pede
ao juiz de fora que trate Simão como qualquer outro criminoso,
afirmando que não protege «assassinos por ciúmes» e que desconhece
aquele homem. A partir das palavras do juiz, fica a saber-se que Simão
afirmara ter matado o «algoz da mulher que amava» e negara tê--lo feito
em legítima defesa.
Simão é alojado num dos melhores quartos do cárcere, mas «nu e
desprovido do mínimo conforto». Recebe o almoço que sua mãe enviou
e uma carta desta, pela qual fica a saber que o dinheiro que lhe fora
dado era, afinal, do ferrador João da Cruz. Simão recusa o almoço, e o
criado que lho levara acredita na sua demência.
Mariana, em lágrimas, visita Simão na cadeia. Este diz-lhe que não tem
família e pede-lhe que lhe compre uma banca, uma cadeira, tinteiro e
papel. Simão fica a saber que Teresa fora levada para o Porto depois
de ter perdido os sentidos. Mariana diz a Simão que será uma irmã para
ele.

Capítulo 12
O corregedor e a família partem de Viseu para Vila Real. Através da
carta de uma das irmãs de Simão (a que o narrador teve acesso e que
fora escrita cinquenta e sete anos depois do sucedido), sabe-se que
Simão fora condenado a morrer na forca e que, enquanto estava preso,
teve a companhia da filha de um ferrador, que cuidava dele «com
abundância e limpeza». Sabe-se também que o pai de Simão se
manteve severamente inflexível e impediu que as cartas de D. Rita
chegassem ao filho. Aos que lhe pediam que intercedesse a favor de
Simão, respondia que a forca era para todos. Só decidira agir devido ao
pedido desesperado de um membro da família, António da Veiga («tio-
avô muito velho e venerando», segundo dizia a carta da irmã de Simão).
No início de março de 1805, Simão é transferido para as cadeias da
Relação do Porto.
No dia do julgamento, Simão assume o crime e reage com violência
quando é pronunciado o nome de Teresa Clementina de Albuquerque.
Depois da sua condenação à forca, Mariana, profundamente
transtornada, é levada nos braços do seu pai. Entra depois num delírio,
pedindo que a matem. Simão chora depois de perceber o quanto
Mariana o ama («até ao extremo de morrer»). Devido à demência,
Mariana deixa de visitar Simão. Este, consciente de todo o sofrimento
que causara, não opta pelo suicídio por considerar a forca (a morte) um
triunfo quando se age por honra e por considerar cobardia escolher a
morte quando não há esperança.

Capítulo XIII
Teresa parte para o Porto com uma criada, Constança, que tivera por
ela um «raio de piedade» e que a informara sobre a prisão de Simão.
Pede que a deixem fugir para se despedir de Simão, mas a criada fá-la
mudar de ideias. Chega ao convento de Monchique, no Porto, sendo
recebida pela sua tia, a abadessa. A esta conta Teresa todos os
acontecimentos e, juntas, leem as cartas de Simão. Sem forças para a
rebelião, começa a aceitar a morte. Por conselho da tia, deixa de
escrever a Simão.
Teresa vai adoecendo, e os médicos julgam-na incurável. Ao saber
disto, Tadeu de Albuquerque pensa apenas na sua «honra», que quer
deixar «imaculada». Quando sabe que Simão havia sido condenado à
morte, Teresa lamenta apenas o facto de ainda estar viva. Numa carta
que lhe escreve, considera-se sua esposa, diz-se pronta a morrer com
ele e pede-lhe que não tenha «saudades da vida».
Em diálogo com o capelão, Teresa ainda tem forças para argumentar a
favor da união das «almas esposas» no Céu. Quando o seu estado
piora, o pai decide tirá-la do convento, para o que também contribui o
facto de Simão ter sido transferido para uma prisão no Porto. Antes de
partir, Teresa recebe ainda uma carta do condenado. Nesta, Simão
pede-lhe que não morra porque ainda há esperança de uma absolvição
ou comutação da sentença e ele amá-la-á em toda a parte, mesmo no
degredo. Teresa sente a dor da contradição de estar perto da morte e
ter esperança.

Capítulo XIV
Tadeu de Albuquerque chega ao convento com a intenção de levar
Teresa para Viseu de modo a afastá-la de Simão. Teresa recusa-se a
sair do convento e diz que a morte reparará todos os erros da sua vida.
Acrescenta que só sairá do convento como «cadáver» e que a morte
será uma glória: «A minha glória neste longo martírio seria uma forca
levantada ao lado da do assassino.» A prelada informa que não tirará
Teresa à força, como deseja o pai, deixando-o dominado por uma
«hedionda» raiva.
Tadeu de Albuquerque tenta, então, apelar às autoridades judiciais, sem
sucesso. Vários desembargadores parecem «inclinados à clemência» a
respeito da situação de Simão. Um deles, que fora amigo de D. Rita
Preciosa, fala-lhe mesmo da «grandeza» daquele «homem de dezoito
anos» e critica Tadeu de Albuquerque por não ter permitido que a sua
filha amasse tal homem, de genealogia tão ilustre.

Capítulo XV
No dia 13 de março de 1805, na cadeia do Porto, Simão tem perto de si
as cartas de Teresa, o que escrevera no cárcere de Viseu e o avental
de Mariana. Aí escreve as suas reflexões, quando é interrompido por
João da Cruz, que lhe diz que Mariana «voltou ao seu juízo». Simão
pede-lhe que entregue uma carta no convento de Monchique, o que vem
a acontecer. Simão alegra-se com a certeza de que pode voltar a
corresponder-se com Teresa.
Informado de que Mariana regressaria para o ajudar, Simão exprime a
culpabilidade de se sentir responsável pelo destino da filha do ferrador,
considerando--a um «anjo de caridade». João da Cruz conta-lhe uma
história reveladora da «bravura da moça» e, emocionado, revela saber
a profunda paixão de Mariana por Simão.
Capítulo XVI
O narrador conta um incidente que lhe ocorre, relacionado com Manuel
Botelho, irmão de Simão. Este tinha fugido para Espanha com uma
amante, cujo marido era estudante em Coimbra. Quando os recursos
de D. Rita, que o sustentava, acabaram, pediu ao filho que viesse para
Vila Real. Manuel Botelho veio com a sua «dama».
Ao visitar Simão na cadeia, é recebido com grande frieza. Simão nega
esmolas, dizendo que só as receberia de Mariana, que estava ao seu
lado.
Nessa tarde, Manuel é visitado pelo desembargador e pelo corregedor
do crime. O desembargador informa-o de que Simão será condenado a
dez anos de degredo na Índia. Acrescenta que a absolvição é
impossível, uma vez que Simão confessa o crime, descrevendo-o como
um «doido desgraçado com sentimentos nobilíssimos». Sobre Teresa,
informa que recuperara a saúde. O desembargador e o corregedor
partem desconfiados, pensando que Manuel tem consigo uma mulher
casada com quem fugira (sua concubina) e não a irmã. Na carta que
escreve a Domingos Botelho, o corregedor relata o encontro.
Domingos Botelho percebe o que sucedera e acaba por interferir.
Manda a amante do filho regressar aos Açores e condena o seu filho
por ser um desertor. O narrador tece comentários sobre as expectativas
dos leitores, referindo o facto de existir, no Frei Luís de Sousa, uma
morte por vergonha. Quando obtém o perdão, Manuel Botelho muda de
regimento para Lisboa.

Capítulo XVII
João da Cruz está em casa com a sua cunhada, Josefa, e sofre com as
saudades de Mariana. Decide, então, ir visitá-la ao Porto. No entanto,
aparece um cavaleiro encapotado que o mata devido a um crime antigo.
O narrador tece considerações sobre as incoerências da «índole» deste
homem (em quem os «instintos sanguinários» coexistiam com a
«nobreza da alma»). Josefa escreve a Mariana para lhe dar a notícia.
Mariana sofre, temendo a demência. Simão trata-a como irmã e amiga
da sua alma.
Capítulo XVIII
Mariana vai a Viseu recolher a herança paterna. Vende as terras e deixa
a casa a sua tia, tomando a decisão de seguir Simão. Este não fica
surpreendido, mas teme que Mariana desconheça a dura realidade do
degredo. A filha de João da Cruz diz nada temer: «Verá como eu
amanho a vida.» Simão diz que há de viver com o peso de se sentir
responsável pelo seu destino. Mariana responde-lhe dando a entender
que o acompanhará na morte. Simão repete que se sente infeliz por não
poder fazer de Mariana sua mulher, mas acaba por aceitar que ela o
acompanhe.
Mariana passa a sentir um «secreto júbilo», que preenche o seu
coração. Este, sendo de mulher, tem ciúmes de Teresa, ciúmes que
eram «infernos surdos». Por vezes, lamenta que Simão sofra por
Teresa, mas nunca hesita quando se trata de ajudar na comunicação
entre os dois apaixonados.
Domingos Botelho acaba por voltar a interceder pelo filho e consegue
que a pena do degredo seja alterada e Simão cumpra a sentença na
prisão de Vila Real. Mas Simão recusa, preferindo «a liberdade do
degredo». A prisão é, para ele, «mais atroz que a morte». O seu nome
aparece, então, no catálogo dos degredados para a Índia.

Capítulo XIX
O narrador tece comentários sobre a relação entre a verdade e a ficção
do romance.
Depois de dezanove meses de prisão, Simão sonha com «um raio de
sol». Já não tem ânsia de amar. Para ele, os dez anos presos são piores
do que o degredo. Teresa tinha-lhe pedido que aceitasse esses dez
anos, com a esperança de poderem casar. Se Simão partisse para o
degredo, ela perdê-lo-ia. Simão responde dizendo que é preferível a
morte: «Caminhemos ao encontro da morte.» A pátria e a família
merecem a sua abominação.
Na resposta, Teresa despede-se, sabendo que o seu fim está próximo:
«Vejo a aurora da paz.» Simão deixa de falar, perturbando ainda mais
Mariana, que permanece ao seu lado.
Em março de 1807, Simão recebe uma intimação para partir na primeira
embarcação que levantava âncora do Douro para a Índia. Depois desta
notícia, Simão começa a ter acessos de loucura. Teme não ver Teresa
e morrer longe dela, considerando-a uma «mártir».
Capítulo XX
Em 17 de março de 1807, Simão embarca no cais da Ribeira para a
Índia. Mariana acompanha-o. O dinheiro que sua mãe lhe enviara,
Simão distribui-o pelos companheiros de viagem, assumindo a sua
dignidade «demente».
Antes de partir, Simão contempla o convento de Monchique. Nele vê um
vulto, o de Teresa. Na véspera, despedira-se e ela enviara uma trança
dos seus cabelos. Nesse mesmo dia, à noite, Teresa despede-se de
todas as freiras com um beijo. Na manhã seguinte, lê todas as cartas
de Simão. São elas «hinos à felicidade prevista». Depois, emaça-as
com fitas de seda dos raminhos de flores que Simão atirara para o seu
quarto. Compara a sua vida às pétalas das flores, quase todas
desfeitas, e entrega o maço de cartas à sua criada, Constança. Ora e
aceita um caldo «para a viagem». Pede depois à criada que a leve ao
mirante, de onde vê Simão.
No momento em que Teresa o vê, Simão recebe as cartas que ela lhe
fizera chegar. Quando o navio parte, Simão ainda acena ao ver Teresa.
Ela é já «um cadáver que saiu da sepultura», desaparecendo pouco
depois. Também Simão é já um morto: «como o cadáver
embalsamado». Mais tarde, depois de o navio ficar retido devido ao mau
tempo, Simão recebe a notícia dada pelo comandante: Teresa morrera.
O comandante comove-se perante a dor de Simão e a atrocidade do
«quadro» e diz-lhe quais foram as últimas palavras de Teresa: «Simão,
adeus até à eternidade!»
Simão pede ao comandante para proteger Mariana. Mas tanto ela como
ele já «cismam» na morte.
Conclusão
Simão lê a última carta de Teresa, a carta de um espírito, da sua
«esposa do Céu»: «É já o meu espírito que te fala, Simão.» É uma carta
de despedida profundamente triste, como o destino de ambos. Teresa
diz-lhe que não poderia viver e recorda a felicidade com que os dois
sonharam nas cartas trocadas, nos últimos três anos.
Depois da leitura, Simão adoece, sofrendo com a febre, as ânsias e o
delírio. Pede a Mariana que, se ele morrer no mar, atire ao mar a
correspondência e todos os seus papéis.
Em 27 de março, Mariana parece ter envelhecido e Simão continua a
delirar, atormentando-se com a recordação dos seus sonhos de
felicidade. No seu delírio, refere também a possibilidade de Mariana o
acompanhar no Céu: «ser-te-emos irmãos no Céu».
Simão morre e Mariana beija-o pela primeira e última vez. Quando o
corpo de Simão é lançado à água, Mariana atira-se e braceja para se
abraçar ao cadáver. Os homens que tentam salvar Mariana recolhem a
correspondência de Simão e Teresa, que estava «à flor da água».
Na última linha do texto, encontra-se a informação de que Manuel
Botelho, irmão de Simão, é o pai do autor do livro

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