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Mulheres na engenharia da UFSC – apresentação do coletivo

feminista e levantamento do número de alunas e professoras


Marina Weyl Costa¹; Júlia May Vendrami²; Andreza Marques²; Clarice Scheibe
Ribeiro³
¹ Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica UFSC
² Graduanda de Engenharia Civil UFSC
³ Graduanda de Engenharia Elétrica UFSC
E-mail da Autora Correspondente: mweylc@gmail.com
RESUMO

O coletivo feminista Mulheres na Engenharia UFSC surgiu da união de estudantes com objetivo de
apoio e fortalecimento mútuo. Em pouco mais de um ano de existência, o coletivo manteve a rotina de
encontros semanais, alternando entre debates, compartilhamento de vivências e reuniões
organizativas. Para algumas, trata-se da primeira experiência de auto-organização. Para as veteranas
em movimentos sociais, a novidade é criar e gerir algo do início. Juntas, criamos laços de amizade e
nos apropriamos da universidade e da engenharia. Desde o início, movimentamos a pauta feminista
com diversas atividades. Trouxemos ao Centro Tecnológico (CTC) trabalhadoras da área tecnológica
para compartilhar experiências na mesa redonda “Mulheres na Engenharia”. Organizamos uma barraca
da denúncias de opressões e assédio no Trote Integrado do CTC. Promovemos as palestras
“Introdução ao Feminismo” e “Relacionamentos Abusivos”. Iniciamos um grupo de estudos de livros
feministas. Além disso, para entender melhor o contexto social e embasar as ações do coletivo,
quantificamos a desigualdade de gênero existente nas engenharias e outros cursos do CTC. Utilizando
os dados disponibilizados pela universidade referentes ao segundo semestre de 2017, levantamos o
número de mulheres através da contagem simples dos nomes, identificando-os como padrões
masculinos ou femininos. Na graduação, observou-se que menos de 30% dos estudantes dos cursos
avaliados são mulheres. É interessante perceber que quanto mais “dura” é considerada a engenharia,
menos mulheres: não chegamos a 15% nas engenharias mecânica, elétrica, de controle e automação
e em ciências da computação. Já nas engenharias têxtil e de alimentos somos maioria. Para os
programas de pós-graduação estudados, a tendência se mantém: arquitetura e urbanismo e engenharia
de alimentos possuem predominância feminina; ciências da computação e engenharias mecânica e
elétrica têm forte predominância masculina; os outros ficam em uma zona intermediária, entre 33% e
54% de presença de mulheres. Estes dados sugerem que, ultrapassadas as barreiras do ingresso e da
graduação, a opção pela pós-graduação ocorre com a mesma frequência para engenheiras e
engenheiros. Nos cursos com menos mulheres, o que chama atenção são os números brutos: há
apenas duas mulheres entre os 46 doutorandos de ciências da computação, por exemplo. Por fim, o
mesmo levantamento foi feito entre os docentes da pós-graduação. Em todos os cursos há menos
professoras do que professores. Na engenharia de alimentos, no qual as mulheres representam 70%
dos discentes, somente 35,7% dos docentes são do gênero feminino. A engenharia mecânica tem
apenas uma professora, enquanto aengenharia de automação e sistemas não existe nenhuma.Os
dados obtidos mostram que além de minoria social, em muitas engenharias, nós mulheres somos
também minoria numérica, o que torna mais difícil o combate ao machismo. Os dados foram divulgados
por meio da página do coletivo no Facebook, gerando discussões sobre o tema e trazendo o debate
para a comunidade universitária. Uma das postagens alcançou mais de 20 mil pessoas, auxiliando,
inclusive, na divulgação do grupo. Foram suscitadas questões sobre a importância de
representatividade, e o quanto preconceitos atrapalham avaliações ditas "neutras". Enquanto coletivo
feminista, estamos lutando por uma engenharia mais inclusiva e igualitária.
Palavras-chave: Feminismo. Representatividade. Percentual de mulheres na engenharia.

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