Você está na página 1de 53

Como a criança lida com esse tema?

Quando a criança o reconhece?

Desde cedo a criança tem noções sobre a morte

Por meio de experiências


Dormir e acordar

Padrões periódicos (noite e dia)


Esconde-esconde

Desaparecer e aparecer
Ser ou não ser

Fantasiar (deixar de ser quem é)


Jogos de Computador

Morte divorciada da realidade


cotidiana (Jogos)
Televisão: violência e morte

Morte divorciada da realidade cotidiana


(Televisão)
Animal de estimação

Morte associada com a


realidade cotidiana
Morte real

Experiências concretas com a morte


Questões centrais

 O que acontece quando a gente morre?

 Para onde que a gente vai quando a


gente morre?
Fica dormindo - Vai para o céu
E quando vai acordar? Quando vai
voltar do céu?
Foi morar com papai do céu
E me deixou sozinho....?
Foi viajar...
E não dá para ligar para ele?...
Irreversibilidade

O corpo físico não pode viver depois


da morte
Não funcionalidade

Todas as funções definidoras da vida


cessam com a morte
Universalidade

Tudo o que é vivo morre


1- Nível descritivo
 Relata o que observa diretamente
 Relata o que os outros lhe contam a respeito da morte
 Sabe que o morto não se mexe
 Apresenta sentimentos associados à experiência da
morte de alguém
2 - Nível Causal
 O estado de não vida é explicado por conta da cessação
das funções vitais
 Descreve aspectos corporais do morto
 Identifica as causas dos sentimentos associados à
morte
3 – Nível Inferencial
 Ultrapassa ao que é diretamente observado = adquire o
conceito abstrato de morte
 Infere as consequências da morte para si e para os
outros
 Experimenta incertezas sobre a possibilidade de
existência de uma “outra vida” ou de uma “vida após a
morte”
 Entende as implicações positivas e negativas do
significado da morte para si e para os outros
Sempre se considerar:

 Idade cronológica
 Estrutura geral do desenvolvimento
cognitivo = o que ela pode e consegue
entender
3-4 anos
 Ignorância do significado da morte
 Morte não se aplica a elas
 Têm medo da morte
 Morte é doença e acidente

Nível descritivo
Até 5 anos
 A morte é um evento impossível
 A morte é reversível, temporária e não definitiva
 Personifica a morte
 Atribui vida e consciência ao morto
 Associa morte com imobilidade

Nível descritivo
A partir dos 5 aos 7 anos

 Acha que não vai morrer


 A morte é irreversível, mas evitável
 Acredita que o morto pode ouvir, ver e sentir
A partir dos 7 anos aos 9 anos
 Adquire a noção de mortalidade pessoal: sabe que vai
morrer.
 Vai morrer no futuro, quando estiver bem velho
 Relaciona morte com causas violentas

Nível Causal
A partir dos 9 anos
 Reconhece a morte como cessação das atividades do
corpo
 Reconhece a morte como inevitável
 Reconhece o processo de deterioração do corpo
 Entende a morte como um processo comum a todos os
seres humanos

Nível Causal
Dos 11 anos em diante

 Enumeram um maior número de causas da morte


 Teorizam sobre o que acontece depois da morte
 A morte pode ocorrer por causas naturais
 Preocupa-se com a natureza da “outra vida”

Nível Inferencial
Doença + Hospitalização = Morte
Tenho medo de morrer
 Você pode me proteger?
 Você vai ficar comigo até o final ou vai me
abandonar?
 O que está acontecendo comigo? Você sabe?
Você pode me explicar?
Criança gravemente doente e
ameaçada de morte pessoal

Cinco etapas de conhecimento em relação à sua


condição:

1- Percebe a gravidade da doença


2- Acha que irá melhorar, apesar de sofrer com os efeitos
colaterais provocados pelas drogas que toma
3-Compreende os objetivos e procedimentos do tratamento a que é
submetida e acha que apesar de permanentemente doente ainda
irá melhorar

4- Conhece os ciclos de recaídas de sua doença, sem ainda


incorporar a possibilidade de sua morte, mas entende que nunca
mais irá melhorar

5- A morte se torna parte do ciclo da doença da criança ocorrendo a


internalização do prognóstico fatal, a criança atinge o
conhecimento de que a morte é final e irreversível e percebe que
está morrendo
Criança Terminal
 Crianças de menos de 6 anos: reagem à separação da
família e hospitalização decorrentes da doença
 Associação entre morte e separação = desamparo
 Pais que as protegem estão longe

 Todas: percebem a separação e o distanciamento entre


ela e as figuras representativas dos adultos
significantes (pais/médicos) no ambiente hospitalar
 São mais ansiosas do que as que estão doentes crônicas
e sob risco de morte
Paciente Adulto Terminal

“há várias maneiras de lidar com o fato de que todas as


vidas, incluídas as das pessoas que amamos, têm um
fim” (Elias, 2001:7).
Impacto para quem assiste
 “A visão de uma pessoa moribunda abala as fantasias
defensivas que as pessoas constroem como uma muralha
contra a ideia de sua própria morte” (Elias, 2001:17)

 Somos os únicos que temos consciência da nossa finitude

 A forma como vivemos o luto é aprendida de acordo com


normas e valores culturais de cada sociedade
Cuidado com o paciente terminal
A esperança é um sentimento fundamentado em valores. É
preciso conhecer os valores, as crenças que os pacientes
têm, a fim de que o cuidado esteja em consonância com
esses valores. A esperança se liga ao sentimento de
amparo. A desesperança ao desamparo.

Percepção do tempo em pacientes terminais: sensação


subjetiva de que o tempo parou ou passa mais devagar,
as horas se arrastam – reflexo de uma certeza interior de
que não há mais perspectiva futura.
• A recusa em aceitar a morte por parte de familiares e
equipe de saúde pode ser de fato nociva ao paciente.

• Todos temos graus variáveis de alienação e autonomia.


A assistência prestada ao paciente terminal deve estar em
sintonia com esses diferentes graus nele. É importante
tomar cuidado com a postura extremamente paternalista
que desrespeita a autonomia do paciente.
Estágios diante da morte
Kübler-Ross identifica cinco estágios de reação diante da
morte e do morrer no paciente terminal:

• negação e isolamento
• raiva
• barganha
• depressão
• aceitação.
NEGAÇÃO E ISOLAMENTO
 Defesa utilizada pelo Ego para aliviar o impacto da
notícia e seu consequente sofrimento psíquico. Muitas
vezes é resultado de um choque inicial pela forma como
é dada a notícia, se traduzindo na verbalização da
impossibilidade do ocorrido.

 Sua duração dependerá da estrutura psíquica de cada um


e dos recursos internos que dispõe para lidar com o
sofrimento. Também sofrerá forte influência da forma
como as pessoas ao seu redor lidam com a situação e o
sofrimento que lhes causa.
 Geralmente não apresenta uma duração longa, até pela
confrontação com a realidade cotidiana do tratamento do
paciente, mas há casos em que junto com a raiva pode se
manter inalterada até o final.

 Pode apresentar-se de forma parcial: o doente nega a


doença e a gravidade mas não recusa o tratamento.
 os profissionais que cuidarem da assistência dos
pacientes nessa fase não devem interferir nesse
mecanismo de defesa, apenas respeitá-lo (sem
compactuar com ele ou alimentá-lo) permitindo
através de um acolhimento integral ao paciente que
ele mesmo siga o curso de conscientização da
gravidade de seu quadro. As informações devem ser
dadas, mas não devem ser usadas como forma de
aterrorizar o paciente com objetivo de coagi-lo a
aceitar alguma intervenção.
RAIVA
 Diante da impossibilidade de manter a negação por
muito tempo surge a raiva expressa por atitudes
agressivas e de revolta contra o meio a seu redor
(familiares, profissionais, amigos...) e contra Deus.

 São comuns questionamentos do tipo: “por que eu?”;


“o que foi que eu fiz?” ; por que justo comigo?”

 Igualmente nesta fase é importante uma conduta


profissional de acolhimento e aceitação deste
sentimento e da agressividade que ele resulta.
BARGANHA
 Em geral é a fase com menor tempo de duração, mas
de grande importância para o paciente. É o momento
da negociação com entidades divinas ou o “destino”
por mais tempo de vida em troca da mudança de
comportamento.

 É frequente que essa tentativa de barganha se dê


motivada pelo desejo de mais tempo para
concretizar algum objetivo específico, realizar um
desejo ou se redimir perante alguém.
 Da mesma forma é importante a oferta de um
acolhimento que ajude o paciente a superar a culpa por
ações do passado ou pelo que deixou de fazer.
DEPRESSÃO
 Pode surgir logo no início e durar com intensidade
diferenciada até o final, mas em geral surge quando
todas as outras defesas falham e já passou pelos estágios
de negação, raiva e barganha. O que frequentemente
acontece quando o paciente já se encontra bastante
debilitado fisicamente, em internação.

 Nesta fase podem ocorrer dois tipos de depressão: a


reativa e a preparatória.
DEPRESSÃO PREPARATÓRIA
 Uma reação de preparação para o fim, de luto pela
perda de tudo aquilo que mais ama, muitas vezes é
necessária para que se entre na fase de aceitação.

 Pode acontecer de não ser bem compreendida pela


família que insiste em incutir ânimo no paciente para
que ele continue lutando.

 Cabe ao profissional que acompanha o caso o apoio


à família para que respeite o momento do paciente e
também ela possa fazer o seu luto.
ACEITAÇÃO
 Fase em que se dá o desapego. Não há mais sofrimento
psíquico expresso pelo desespero, raiva, angústia ou
depressão. O paciente se prepara para sua morte.

 Muitos pacientes nessa fase apresentarão a necessidade


de um acompanhamento em que quase não existe a
comunicação verbal, o que não deve se traduzir por seu
abandono. A necessidade é da presença atenta,
acolhedora e paciente. O desejo é de não morrer só.
Bibliografia Recomendada
Markan, Ursula. Luto: esclarecendo suas dúvidas. São
Paulo: Ágora, 2000.
Torres, Wilma da Costa. A criança diante da morte:
desafios. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1999.

Você também pode gostar