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Tales de Mileto

Tales de Mileto ʹ (+ ou- 640-548 a. C) Tales é considerado o pai da filosofia grega, o primeiro
homem sábio. Foi um homem que viajou muito. Ospensadores de Mileto iniciaram uma física e
uma cosmologia. O universo eraconsiderado um campo com pares opostos das qualidades
sensíveis. É de Talesa frase de que á água é a origem de todas as coisas. Tudo seria alteração
daágua, em diversos graus. O alimento de toda a coisa é úmido. Aristóteles afirmou que ele foi
o primeiro a atribuir uma causa material para a origem douniverso. Também era matemático,
geômetra e físico. Aparece nas listas dos Sete Sábios da Grécia. Outra frase que pode ser dele é
a de que tudo estácheio de deuses, ou seja, a matéria é viva. Dizem que previu um eclipse
solar ecalculou a altura de uma pirâmide. Em Aristóteles há um trecho dizendo que era sabido
ser uma afirmação de Tales que a alma é algo que se move. Teve comodiscípulo Anaximandro.

Anaximandro

Anaximandro ʹ (+ ou ʹ 610-547 a. C) é um filósofo da escola jônica, natural deMileto e


discípulo de Tales. Foi geógrafo, matemático, astrônomo e político. Escreveu um livro, Sobre
a natureza, que se perdeu. É considerado autor deum mapa do mundo habitado e iniciador da
astronomia. Afirmou que a origem de todas as coisas seria o apeíron, o infinito. O mundo se
dissolveria neletambém. É apenas um mundo dentre muitos. Ao contrário de Tales não deu
àgênese um caráter material. O apeíron é eterno e indivisível, infinita e indestrutível. O
princípio é o fundamento da geração de todas as coisas, a ordem do mundo evoluiu do caos
em virtude deste princípio. Teve comodiscípulo Anaxímenes.

Anaxímenes

Anaxímenes ʹ (+ ou ʹ 588-524 a.C.) foi um filósofo da escola jônica, que tem como
característica básica explicar a origem do universo ou arché a partir de uma substância única
fundamental. Refutando a teoria da água de Tales, e do ápeiron de Anaximandro, Anaxímenes
ensinava que essa substância era o ar infinito, pneuma ápeiron. O universo resultaria das
transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, ou condensação, o vento, a nuvem, a água e a
terra e por último pedra. Esse era o processo por qual passava uma substância primordial, e
resultava na multiplicidade, os quatro elementos. O ar tinha o eternoelemento. Escreveu uma
obra, como Anaximandro: Sobre a natureza. Dedicou-se àmeteorologia, foi o primeiro a
considerar que a lua recebe a luz do sol. Era companheiro de Anaximandro. Hegel diz que
Anaxímenes ensina que nossa alma é ar, e ele nos mantémunidos, assim um espírito e o ar
mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa.

A substância da origem volta a ser uma coisa determinada como em Tales. Anaxímenes
identificou o ar talvez porque tenha visto seu movimentoincessante, e que a vida e o ar andam
juntos, na maioria dos casos. A respiração é um processo vivificante, dependemos dela
durante toda a nossa vida. Ele via que no céu existem nuvens, e que a matéria possui
diferentes graus de solidez.

Outra frase que consta nos fragmentos é "O sol largo como uma folha".
Pitágoras

Pitágoras ʹ (século VI a.C.) Conhece-se muito pouco sobre a vida desse filósofo, pois foi uma
figura legendária, e é difícil distinguir o que é verdade e o que é mentira. Nasceu em Samos,
em uma época em que na Grécia estava instituído o culto ao deus Dioniso. Os órficos (de
Orfeu) acreditavam na imortalidade da alma e em reencarnação (metempsicose), e para se
livrar desse ciclo, necessitavam da ajuda de Dioniso, deus libertador. Pitágoras postulou como
via de salvação em vez desse deus, a matemática. Acreditava na divindade do número. O um é
o ponto, o dois determina a linha, o três gera a superfície e o quatro produz o volume. Os
pitagóricos concebem todo o universo como um campo em que se contrapõe o mesmo e o
outro. É de Pitágoras o teorema do triângulo retângulo. Fundou uma seita, em que a salvação
dependia de um esforço humano subjetivo, e que tinha iniciação secreta. Os números
constituem a essência de todas as coisas segundo sua doutrina, e são a verdade eterna. O
número perfeito é o dez, por causa do triângulo místico. Os astros são harmônicos. Foi
Pitágoras que inventou a palavra filosofia ʹ (amizade ao saber).

A escola de Pitágoras gerou os pitagóricos, que procuraram aperfeiçoar o sistema


filosófico original. Eles floresceram em uma colônia grega na Itália. Pregavam o ideal da
salvação do homem, tinham um caráter místico e espiritualista, e davam à matemática um
caráter matemático.

Muitos filósofos foram também matemáticos, que atribuem ao universo a lógica dos números
e em muitos pontos de sua doutrina buscam a matemática para fundamentar a sua lógica. É
uma visão mecanicista, que identifica no mundo o raciocínio matemático. Platão exaltava a
geometria, por essa ter um caráter

abstrato. Outros filósofos matemáticos importantes foram Descartes, Leibniz e Bertrand


Russel. Spinoza escreveu um livro chamado A ética demonstrada pelo método geométrico, que
é o método euclidiano de expor.

Heráclito de Éfeso

Heráclito ʹ (+ ou ʹ 540-470 a. C) nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, descendente do


fundador dacidade. É considerado o mais importante dos pré-socráticos. É dele a frase de que
tudo flui. Não entramos no mesmo rio duas vezes e o sol é novo a cada dia. É o filósofo do
devir, a lei do universo, tudo nasce se transforma e se dissolve, e todo o juízo seria falso,
ultrapassado. Desprezava a plebe, não participou da política e desprezou a religião, os antigos
poetas e os filósofos de seu tempo. É o primeiro pré-socrático com um número razoável de
pensamentos, que são um tanto confusos, e por isso tem o nome de Heráclito, o obscuro. São
aforismos. Foi muito crítico. Chama a atenção, além da pluralidade, para os opostos. Tanto o
bem como o mal são necessáriosao todo. Deus se manifesta na natureza, abrange o todo e é
crivado de opostos. O logos é oprincípio cósmico, elemento primordial, e a razão do real, a
inteligência. A verdade se encontra no devir, não no ser. Com sentidos poderosos, poderíamos
vê-lo. O pensamento humano participa e é parte do pensamento universal. O fogo é eterno,
um dia tudo se tornará fogo. O sol seria da largura de um pé humano. A felicidade não está nos
prazeres do corpo. A morte é tudo que vemos despertos, e tudo o que vemos dormindo é
sono. Existe a harmonia visível e a invisível. A alma não tem limites, pois seu logos é profundo
e aumenta gradativamente. O pensar é comum a todos. A terra cria tudo, e tudo volta para
ela.

Hegel identifica em Heráclito a dialética: Heráclito concebe o absoluto como processo, com
a dialética, exterior, um raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa da coisa dissolvendo-se a
si mesma, a dialética imanente do objeto, situando-se na contemplação do sujeito,
objetividade de Heráclito, compreendendo a dialética como princípio. O ser não é mais que o
não ser. O fogo condensa-se, e apagado vira água. Encontramos em Heráclito algo comum
entre os sábios: o desprezo pelo populacho, (como era comum Nietzsche dizer) e instituições
dominantes. Teria sua experiência lhe dado base para isso?

Ele pode ter contemplado com os seus próprios olhos o devir, movimento inteligente do
universo e maravilhoso. Encontrou fogo na alma humana, comparou-a com uma chama que se
apaga na morte. Identificou o infinito na natureza, não apenas o matemático, mas o que
constitui a essência das coisas. Pois todas as coisas têm uma essência, e o fluxo da alma é tão
fundo que não tem fim.

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foram os primeiros filósofos do período socrático. Esses se opunham à filosofia pré -
socrática dizendo que estes ensinavam coisas contraditórias e repletas de erros que
não apresentavam utilidade nas polis (cidades). Dessa forma, substituíram a nat ureza
que antes era o principal objeto de reflexão pela arte da persuasão.

Os sofistas ensinavam técnicas que auxiliavam as pessoas a defenderem o seu


pensamento particular e suas próprias opiniões contrárias sobre o mesmo para que
dessa forma conseguisse seu espaço. Por desprezarem algumas discussões feitas pelos
filósofos, eram chamados de céticos até mesmo por Sócrates que se rebelou contra
eles dizendo que desrespeitavam a verdade e o amor pela sabedoria. Outros filósofos
ainda acreditavam que os sofistas criavam no meio filosófico o relativismo e o
subjetivismo.

Dentre os sofistas, pode-se destacar: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico,


Crítias, Antifonte e Trasímaco, sendo que destes, Protágoras, Górgias e Isócrates foram
os mais importantes. Estes, assim como os outros sofistas, prezavam pelo
desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão. Uma
conseqüência importante que se fez pelos sofistas foi a abertura da filosofia para todas
as pessoas das polis que antes era somente uma seita intelectual fechada formada
apenas por nobres.

Protágoras difundiu a frase: ͞O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que
são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são͟. Por meio dela e de
outras, foi acusado de ateísta tendo seus livros queimados em praça pública, o que o
fez fugir de Atenas e refugiar-se em Sicília.

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O segundo período da história do pensamento grego é o chamado período sistemático.
Com efeito, nesse período realiza -se a sua grande e lógica sistematização, culminando
em Aristóteles, através de Sócrates e Platão , que fixam o conceito de ciência e de
inteligível, e através também da precedente crise cética da sofística. O interesse dos
filósofos gira, de preferência, não em torno da natureza, mas em torno do homem e
do espírito; da metafísica passa-se à gnosiologia e à moral. Daí ser dado a esse
segundo período do pensamento grego também o nome de antropológico, pela
importância e o lugar central destinado ao homem e ao espírito no sistema do mundo,
até então limitado à natureza exterior.

Esse período esplêndido do pensamento grego - depois do qual começa a decadência -


teve duração bastante curta. Abraça, substancialmente, o século IV a.C., e compreende
um número relativamente pequeno de grandes pensadores: os sofistas e Sócrates, daí
derivando as chamadas escolhas socráticas menores, sendo principais a cínica e a
cirenaica, precursoras, respectivamente, do estoicismo e do epicurismo do período
seguinte; Platão e Aristóteles, deles procedendo a Academia e o Liceu, que
sobreviverão também no período seguinte e além ainda, especialmente a Academia
por motivos éticos e religiosos, e em seus desenvolvimentos neoplatônicos em
especial - apesar de o aristotelismo ter superado logicamente o platonismo.

É certo, não obstante, que as obras completas de Demócrito (que incluem as obras de
Leucipo e outros, bem como as de Demócrito) continuaram a existir, porquanto a
escola as conservou em Abdera e Teos ao longo dos tempos helenísticos. Por isso, foi
possível para Trasilo, sob o reinado de Tibério, fazer uma edição das obras de
Demócrito, organizada em tetralogias, exatamente como sua edição dos diálogos de
Platão. Mesmo isso não foi suficiente para preservá -las. Os epicuristas, que tinham a
obrigação de ter estudado o homem a quem deviam tanto, detestavam qualquer tipo
de estudo, e provavelmente nem se preocuparam em multiplicar os exemplares de um
escritor cujas obras teriam sido um testemunho permanente para a carência de
originalidade que caracterizou o próprio sistema deles.

Sabemos extremamente pouco sobre a vida de Demócrito. Como Protágoras, era


natural de Abdera na Trácia, uma cidade que nem mereceria a reputação proverbial de
embotamento, considerando que pode dar origem a dois homens de tanta
envergadura. Quanto à data do seu nascimento, temos apenas conjeturas para nos
orientar. Em uma das principais obras, afirmou que elas foram escritas 730 anos após a
queda de Tróia; não sabemos; porém, quando, segundo a suposição dele, isto
ocorrera. Havia nessa época e posteriormente diversas eras em uso. Disse também
algures que, quando Anaxágoras era velho, ele era jovem, e a partir dai concluiu-se
que nasceu em 460 a.C. Parece, entretanto, cedo demais, visto estar baseado na
hipótese de que tinha quarenta anos quando se encontrou com Anaxágoras, e a
expressão "jovem" sugere menos que esta idade. Demais, cumpre -nos encontrar um
espaço para Leucipo entre eles [Demócrito] e Zenão. Se Demócrito morreu, como se
diz, com a idade de noventa ou cem anos, de qualquer maneira ainda vivia quando
Platão fundara a Academia. Mesmo a partir de fundamentos meramente cronológicos,
é falso classificar Demócrito entre os predecessores de Sócrates, e obscurece o fato de
que, como Sócrates, ele tentou responder ao seu distinto concidadão Protágoras.

Demócrito foi discípulo de Leucipo, e temos uma prova contemporânea, a de Glauco


de Régio, que também os pitagóricos foram seus mestres. Um membro posterior da
escola, Apolodoro de Quizico, diz que tomou conhecimento por intermédio de Filolau,
o que parece muito provável. Isto esclarece o seu conhecimento geométrico, bem
como, outros aspectos do seu sistema. Sabemos, outrossim, que Demócrito falou nas
obras das doutrinas de Parmênides e Zenão, que chegou a conhecê -las através de
Leucipo. Fez menção a Anaxágoras, e parece ter dito que a sua teoria do sol e da lua
não era original. Isto pode referir se à explicação dos eclipses, que geralmente fora
atribuída em Atenas, e sem dúvida alguma na Jonia, a Anaxágoras, ainda que
Demócrito naturalmente estivesse ciente de ser ela pitagórica.

Diz-se ter visitado o Egito, mas há uma certa razão para se acreditar que o fragmento
onde isto é mencionado (fragmento 298 b) é apócrifo. Há um outro (fragmento 116)
no qual ele diz: "Eu fui a Atenas e ninguém tomou conhecimento de mim". Se
disseisto, sem dúvida deu a entender que não conseguira causar uma impressão tal
como o fizera o seu mais brilhante concidadão Protágoras. Por outro lado, Demétrio de
Falerão afirmou que Demócrito jamais visitou Atenas; então é possível que este
fragmento também seja apócrifo. Seja como for, ele deve ter despendido a maior
parte do seu tempo no estudo, ensinando e escrevendo em Abdera. Não era um
sofista itinerante do tipo moderno, mas sim o cabeça de uma escola regular.

A verdadeira grandeza de Demócrito não está na teoria dos átomos e do vazio, que ele
parece ter exposto bem conforme a tinha recebido de Leucipo. Menos ainda está no
seu sistema cosmológico, que deriva mormente de Anaxágoras. Pertence inteiramente
a uma outra geração que a desses homens, e não está preocupado de modo especial
em encontrar uma resposta a Parmênides. A questão à qual tinha que se dedicar era a
de sua própria época. A possibilidade de ciência havia sido negada, bem como todo o
problema do conhecimento levantado por Protágoras, e era isto que exigia uma
solução. Ademais, o problema do comportamento torna ra-se premente. A
originalidade de Demócrito, portanto, está precisamente na mesma linha que a de
Sócrates.

Teoria do Conhecimento

Demócrito procedeu como Leucipo ao fazer uma avaliação puramente mecânica da


sensação, e é provável que ele seja o autor da doutrina minuciosa dos átomos com
respeito a este assunto. Uma vez que a alma se compõe de átomos como qualquer
outra coisa, a sensação deve consistir no impacto dos átomos externos sobre os
átomos da alma, e os órgãos dos sentidos devem ser simplesmente ''passagens" (póroi
= poros) através das quais estes átomos se introduzem. Disto decorre que os objetos
da visão não são estritamente as coisas que nós mesmos presumimos ver, mas as
"imagens" (deíkela, eídola) que os corpos estão constantemente emitindo. A imagem
na pupila do olho era considerada como a coisa essencial em visão. Não é, porém, uma
semelhança exata do corpo do qual provém, pois está sujeita às distorções causadas
pela interferência do ar. Este é o motivo por que vemos as coisas a distância de um
modo embaraçado e indistinto, e por que, se a distância for grande, não podemos vê -
las de modo algum. Se não houvesse ar, mas somente o vazio, entre nós e os objetos
da visão, isto não seria assim; "poderíamos ver uma formiga rastejando no
firmamento". As diferenças de cor devem-se à lisura ou aspereza das imagens ao tato.
A audição explica-se de uma maneira similar. O som é uma torrente de átomos que
jorram do corpo sonante e produzem movimento no ar entre ele [corpo] e o ouvido.
Chegou, portanto, ao ouvido junto com aquelas porções do ar que se Ihe assemelham.
As diferenças de paladar são devidas às diferenças nas figuras (eide, skhémata) dos
átomos que entram em contato com os órgãos desse sentido; e o olfato explica -se
semelhantemente, embora não com os mesmos detalhes. De modo idêntico, o tato,
considerado como o sentido pelo qual sentimos o calor e o frio, o molhado e o seco e
outros que tais, é afetado de acordo com a forma e o tamanho dos átomos chocando
nele.

Aristóteles afirma que Demócrito reduziu todos os sentidos ao tato, e é realmente


verdade se entendermos por tato o sentido que percebe qualidades, tais como forma,
tamanho e peso. Este, todavia, deve ser cautelosamente distinguido do sentido
próprio do tato, que acima foi descrito. Para comp reender esta questão, temos que
considerar a doutrina do conhecimento "legítimo" e "ilegítimo".

É aqui que Demócrito entra nitidamente em conflito com Protágoras, que asseverou
serem todas as sensações igualmente verdadeiras para o objeto sensível. Demócrito,
pelo contrário, considera falsas todas as sensações dos sentidos próprios, posto que
elas não têm uma contrapartida real fora do objeto sensível. Nisto, naturalmente, está
em conformidade com a tradição eleática onde repousa a teoria atômica. Parmênid es
afirmara claramente que o paladar, as cores, o som e outros semelhantes eram apenas
"nomes" (onómata), e é bastante idêntico a Leucipo que disse algo de parecido, apesar
de não haver razão de se acreditar que ele tenha elaborado uma teoria sobre o
assunto. Seguindo o exemplo de Protágoras, Demócrito foi obrigado a ser explícito
com referência à questão. Sua doutrina, felizmente, foi -nos preservada através de suas
próprias palavras. "Por convenção (nómo)": disse ele (fragmento 125), "há o doce; por
convenção há o amargo; por convenção há o quente e por convenção há o frio; por
convenção há a cor".Porém, na realidade (etee), há os átomos e o vazio. Deveras, as
nossas sensações não representam nada de externo, apesar de serem causadas por
algo fora de nós, cuja verdadeira natureza não pode ser apreendida pelos sentidos
próprios. Esta é a razão por que a mesma coisa às vezes dá a sensação de doce e às
vezes de amargo. "Pelos sentidos", afirmou Demócrito (fragmento 9),"nós na verdade
não conhecemos nada de certo, mas somente alguma coisa que muda de acordo com
a disposição do corpo e das coisas que nele penetram ou Ihe opõem resistência". Não
podemos conhecer a realidade deste modo, pois "a verdade jaz num abismo"
(fragmento 117). Vê-se que esta doutrina tem muito em comum com a distinção
moderna entre as qualidades primárias e secundárias da matéria.

Demócrito, pois, rejeita a sensação como fonte de conhecimento, exatamente como


fizeram os pitagóricos e Sócrates; contudo, como eles, ressalva a possibilidade de
ciência, afirmando que existe uma outra fonte de conhecimento que não a dos
sentidos próprios. "Há", diz ele (fragmento 11), "duas formas de conhecimento
(gnóme): o legítimo (gnesíe) e o ilegítimo (skotíe). Ao ilegítimo pertencem todos estes:
a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. O legítimo, porém, está separado
daquele". Esta é a resposta de Demócrito a Protágoras. Ele diz que o mel, por exemplo,
é tanto amargo quanto doce, doce para mim e amargo para você. Na realidade, é "não
mais tal do que tal" (oudènmãllontoion è toion). Sexto Empírico e Plutarco afirmaram
claramente que Demócrito argüiu contra Protágoras, e o fato, por conseguinte, está
fora da discussão.

Ao mesmo tempo, não se pode ignorar que Demócrito dera uma explicação
puramente mecânica deste conhecimento legítimo, como o fizera do ilegítimo.
Defendeu, com efeito, que os átomos fora de nós poderiam afetar diretamente os
átomos da nossa alma sem a intervenção dos órgãos dos sentidos. Os átomos da alma
não se restringem a algumas partes específicas do corpo, mas nele penetram em
qualquer direção, e não há nada que os impeça de ter contato imediato com os
átomos externos, chegando assim a conhecê-los como realmente são. O
"conhecimento legítimo" é, afinal de contas, da mesma natureza do "ilegítimo", e
Demócrito recusou-se, como Sócrates, a fazer uma separação absoluta entre os
sentidos e o conhecimento. "Pobre Mente", imagina ele os sentidos dizerem
(fragmento 125); "é por causa de nós que conseguiste as provas com as quais atiras
contra nós. Teu tiro é uma capitulação." O conhecimento "legítimo" não é, apesar de
tudo, pensamento, mas uma espécie de sentido interno, e seus objetos são como os
"sensíveis comuns" de Aristóteles.

Como seria de esperar de um seguidor dos pitagóricos e de Zenão, Demócrito ocupou -


se com o problema da continuidade. Em uma passagem digna de nota (fragmento
155), ele o confirma desta forma: "Se um cone fosse cortado por um plano em linha
paralela à base, o que se deveria pensar das superfícies das duas partes cortadas?
Seriam iguais ou desiguais? Se forem desiguais, farão irregular o cone, pois ele terá
muitas incisões em forma de degraus e muitas asperezas. Se forem iguais, então as
partes cortadas serão iguais, e o cone terá a aparência de um cilindro, que é composto
de círculos iguais e não desiguais, o que é o maior absurdo". Segundo um comentário
de Arquimedes, parece que Demócrito prosseguiu afirmando que o volume do cone
era a terça parte do volume do cilindro sobre a mesma base e do mesmo peso, cujo
teorema foi demonstrado primeiro por Eudoxo. É evidente, pois, que ele estava
empenhado em problemas tais como aqueles que finalmente deram origem ao
método infinitesimal do próprio Arquimedes. Vemos mai s uma vez como foi
importante a obra de Zenão como um fermento intelectual.
A Sofística

Após as grandes vitórias gregas, atenienses, contra o império persa, houve um triunfo
político da democracia, como acontece todas as vezes que o povo sente, de repente , a
sua força. E visto que o domínio pessoal, em tal regime, depende da capacidade de
conquistar o povo pela persuasão, compreende -se a importância que, em situação
semelhante, devia ter a oratória e, por conseguinte, os mestres de eloqüência. Os
sofistas, sequiosos de conquistar fama e riqueza no mundo, tornaram -se mestres de
eloqüência, de retórica, ensinando aos homens ávidos de poder político a maneira de
consegui-lo. Diversamente dos filósofos gregos em geral, o ensinamento dos sofistas
não era ideal, desinteressado, mas sobejamente retribuído. O conteúdo desse ensino
abraçava todo o saber, a cultura, uma enciclopédia, não para si mesma, mas como
meio para fins práticos e empíricos e, portanto, superficial.

A época de ouro da sofística foi - pode-se dizer - a segunda metade do século V a.C. O
centro foi Atenas, a Atenas de Péricles, capital democrática de um grande império
marítimo e cultural. Os sofistas maiores foram quatro. Os menores foram uma plêiade,
continuando até depois de Sócrates, embora sem importância filosófica.

Protágoras foi o maior de todos, chefe de escola e teórico da sofística.

Moral, Direito e Religião

Em coerência com o ceticismo teórico, destruidor da ciência, a sofística sustenta o


relativismo prático, destruidor da moral. Como é verdadeiro o que tal ao sentido,
assim é bem o que satisfaz ao sentimento, ao impulso, à paixão de cada um em cada
momento. Ao sensualismo, ao empirismo gnosiológicos correspondem o hedonismo e
o utilitarismo ético: o único bem é o prazer, a única regra de conduta é o interesse
particular. Górgias declara plena indiferença para com todo moralismo: ensina ele a
seus discípulos unicamente a arte de vencer os adversários; que a causa seja justa ou
não, não lhe interessa. A moral, portanto, - como norma universal de conduta - é
concebida pelos sofistas não como lei racional do agir humano, isto é, como a lei que
potencia profundamente a natureza humana, mas como um empecilho que incomoda
o homem.
Desta maneira, os sofistas estabelecem uma oposição especial entre natureza e lei,
quer política, quer moral, considerando a lei como fruto arbitrário, interessado,
mortificador, uma pura convenção, e entendendo por natureza, não a natureza
humana racional, mas a natureza humana sensível, animal, instintiva. E tentam criticar
a vaidade desta lei, na verdade tão mutável conforme os tempos e os lugares, bem
como a sua utilidade comumente celebrada: não é verdade - dizem - que a submissão
à lei torne os homens felizes, pois grandes malvados, mediante graves crimes, têm
freqüentemente conseguido grande êxito no mundo e, aliás, a experiência ensina que
para triunfar no mundo, não é mister justiça e retidão, mas prudência e habilidade.

Então a realização da humanidade perfeita, segundo o ideal dos sofistas, não está na
ação ética e ascética, no domínio de si mesmo, na justiça para com os outros, mas no
engrandecimento ilimitado da própria personalidade, no prazer e no domínio violento
dos homens. Esse domínio violento é necessário para possuir e gozar os bens terrenos,
visto estes bens serem limitados e ambicionados por outros homens. É esta, aliás, a
única forma de vida social possível num mundo em que estão em jogo unicamente
forças brutas, materiais. Seria, portanto, um prejuízo a igualdade moral entre os fortes
e os fracos, pois a verdadeira justiça conforme à natureza material, exige que o forte, o
poderoso, oprima o fraco em seu proveito.

Quanto ao direito e à religião, a posição da sofística é extremista também,


naturalmente, como na gnosiologia e na moral. A sofística move uma justa crítica,
contra o direito positivo, muitas vezes arbitrário, contingente, tirânico, em nome do
direito natural. Mas este direito natural - bem como a moral natural - segundo os
sofistas, não é o direito fundado sobre a natureza racional do homem, e sim sobre a
sua natureza animal, instintiva, passional. Então, o direito natural é o direito do mais
poderoso, pois em uma sociedade em que estão em jogo apenas forças brutas, a força
e a violência podem ser o único elemento organizador, o únic o sistema jurídico
admissível.

A respeito da religião e da divindade, os sofistas não só trilham a mesma senda dos


filósofos racionalistas gregos do período precedente e posterior, mas - de harmonia
com o ceticismo deles - chegam até o extremo, até o ateísmo, pelo menos
praticamente. Os sofistas, pois, servem-se da injustiça e do muito mal que existe no
mundo, para negar que o mundo seja governado por uma providência divina.
Protágoras de Abdera

Protágoras nasceu em Abdera - pátria de Demócrito , cuja escola conheceu - pelo ano
480. Viajou por toda a Grécia, ensinando na sua cidade natal, na Magna Grécia, e
especialmente em Atenas, onde teve grande êxito, sobretudo entre os jovens, e foi
honrado e procurado por Péricles e Eurípedes. Acusado de ateísmo, tev e de fugir de
Atenas, onde foi processado e condenado por impiedade, e a sua obra sobre os deuses
foi queimada em praça pública. Refugiou-se então na Sicília, onde morreu com setenta
anos (410 a.C.), dos quais, quarenta dedicados à sua profissão. Dos princ ípios de
Heráclito e das variações da sensação, conforme as disposições subjetivas dos órgãos,
inferiu Protágoras a relatividade do conhecimento. Esta doutrina enunciou -a com a
célebre fórmula; o homem é a medida de todas as coisas. Esta máxima significava mais
exatamente que de cada homem individualmente considerado dependem as coisas,
não na sua realidade física, mas na sua forma conhecida. Subjetivismo, relativismo e
sensualismo são as notas características do seu sistema de ceticismo parcial. Platão
deu o nome de Protágoras a um dos seus diálogos, e a um outro o de Górgias.

Górgias de Leôncio

Górgias nasceu em Abdera, na Sicília, em 480-375 a.C - correlacionado com


Empédocles - representa a maior expressão prática da sofística, mediante o
ensinamento da retórica; teoricamente, porém, foi um filósofo ocasional, exagerador
dos artifícios da dialética eleática. Em 427 foi embaixador de sua pátria em Atenas,
para pedir auxílio contra os siracusanos. Ensinou na Sicília, em Atenas, em outras
cidades da Grécia, até estabelecer-se em Larissa na Tessália, onde teria morrido com
109 anos de idade. Menos profundo, porém, mais eloqüente que Protágoras, partiu
dos princípios da escola eleata e concluiu também pela absoluta impossibilidade do
saber. É autor duma obra intitulada"Do não ser", na qual desenvolve as três teses:

Nada existe; se alguma coisa existisse não a poderíamos conhecer; se a


conhecêssemos não a poderíamos manifestar aos outros. A prova de cada uma destas
proposições e um enredo de sofismas, sutis uns , outros pueris.

No Górgias de Platão, Górgias declara que a sua arte produz a persuasão que nos move
a crer sem saber, e não a persuasão que nos instrui sobre as razões intrínsecas do
objeto em questão. Em suma, é mais ou menos o que acontece com o jornalismo
moderno. Para remediar este extremo individualismo, negador dos valores teoréticos
e morais, Protágoras recorre à convenção estatal, social, que deveria estabelecer o que
é verdadeiro e o que é bem!

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Sócrates (em grego antigo: ɇʘʃʌɳʏɻʎ, transl. Sōkrátēs; 469ʹ399 a.C.[1]) foi um filósofo
ateniense, um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental, e um dos
fundadores da atual Filosofia Ocidental. As fontes mais importantes de informações
sobre Sócrates são Platão, Xenofonte e Aristótele s (Alguns historiadores afirmam só se
poder falar de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter deixado
nada escrito de sua própria autoria.). Os diálogos de Platão retratam Sócrates como
mestre que se recusa a ter discípulos, e um homem pied oso que foi executado por
impiedade. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia se escalava o
belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava -se ao parto das
idéias (Maiêutica) dos cidadãos de Atenas, mas era indiferente em relação a seus
próprios filhos.

O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão


(Apologia e Críton). Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação (beber o
veneno chamado cicuta) se tivesse desistido da vida justa. M esmo depois de sua
condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda de
amigos. A razão para sua cooperação com a justiça da pólis e com seus próprios
valores mostra uma valiosa faceta de sua filosofia, em especial aquela que é descrita
nos diálogos com Críton.

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