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Questão: O cultivo de hortaliças em ambiente protegido tem aumentado no

Brasil, principalmente devido a uma série de vantagens em relação ao cultivo


tradicional, dentre as quais podemos citar: melhor controle da irrigação, menor
dano mecânico, melhor qualidade do produto, menor incidência de doenças e
pragas, maior facilita no manejo, possibilidade de produção de hortaliças o ano
inteiro, manejo mais eficiente dos nutrientes, dentre outras vantagens. Entretanto,
devido a menor área de cultivo que se delimita ao tamanho do “ambiente
protegido/ estufa”, buscar o aumento de produtividade por área é de extrema
importância. Dentre as técnicas recentemente que veem sendo utilizadas estão a
de aplicação de bioestimulantes, diante desta informação, descora sobre as
vantagens da aplicação de bioestimulantes em hortaliças cultivadas em
ambientes protegidos.

Resposta

O aumento da produtividade em hortaliças produzidas em cultivo protegido


é de grande importância para o setor. Dentre as técnicas utilizadas para esse fim,
a aplicação de bioestimulantes têm se mostrada uma técnica promissora e com
bons resultados (SERCILOTO, 2018; ZANDONADI, 2021).
A utilização de substâncias, tais como o bioestimulante ajudam na
produção de hormônios vegetais e, quando aplicados de forma exógena e em
pequenas concentrações (OLIVEIRA et al., 2011), possuem ações similares aos
grupos de hormônios vegetais conhecidos: citocininas, giberelinas, auxinas e
etileno (TAIZ, L. et al., 2009).
Estes produtos atuam promovendo o equilíbrio hormonal das plantas,
favorecendo a expressão do seu potencial genético e estimulando o
desenvolvimento do sistema radicular, divisão celular, aumento na altura das
plantas e consequentemente aumento na produção (OLIVEIRA et al., 2011).
Os bioestimulantes também podem auxiliam na nutrição mineral, atuando
sobre proteínas das membrana, facilitando o transporte de solutos dentro das
células, aumentando assim o transporte iônico, e consequentemente a absorção
de mais nutrientes (CARVALHO; CASTRO, 2014).
Como exemplos de bioestimulantes podem ser citados quatro grupos
principais de substâncias: os aminoácidos e hidrolisados de proteínas, as
substâncias húmicas, os microrganismos e inóculos, e os extratos de algas
(CALVO et al., 2014, SERCILOTO, 2018). Todos os grupos possuem produtos
comerciais disponíveis no mercado brasileiro. E podem ser utilizados na
agricultura sustentável devido aos possíveis efeitos positivos sobre a fisiologia
vegetal (ZANDONADI, 2021).
Diversos trabalhos veem sendo desenvolvidos com a aplicação de doses
de bioestimulantes em hortaliças cultivadas em ambientes protegidos
(FRIEDRICH et al., 2020). Dentre as hortaliças o pimentão apresenta resposta
para essa técnica. A aplicação das doses de bioestimulantes (100 mL em plantas
enxertadas e 150 mL p.c. 100 L H2O-1 em pé-franco) promoveu um incremento
de produtividade de pimentões em 22,5% em plantas enxertadas e de 41% em
plantas pé-franco (PALANGANA et al., 2012).
Para a cultura do tomate resultados indicam que o bioestimulante traz
benefício à cultura nas doses de 0,10 e 0,20%, com incrementos na
produtividade de 7,2 e 9,6%, respectivamente, comparado aos tratamentos
testemunhas (GUIMARÃES et al., 2012).
A utilização de bioestimulante obtidos a partir do extrato da alga
(Ascophyllum nodosum) na produção de mudas de beterraba em ambiente
protegido proporcionou incrementos nas características vegetativas, dentre elas
aumento do sistema radicular, maior comprimento da parte aérea e maior
comprimento de folhas, características as quais posteriormente auxiliaram o
estabelecimento das mudas a campo (FRIEDRICH et al., 2020).
Outro estudo utilizando bioestimulante obtidos a partir do extrato da alga,
avaliou o efeito na aplicação em mudas de batata-doce, entre os resultados
encontrados está que o bioestimulante otimizou a formação de mudas de batata
doce, contribuindo para o aumento de vigor e consequente precocidade das
mesmas (NEUMANN et al., 2017).
Desta forma, os bioestimulantes podem ser considerados uma ferramenta
potencial no manejo e no aumento de produção de hortaliças, apesar da sua
utilização ser recente, estudos demonstram bons resultados a exemplo do
pimentão (PALANGANA et al., 2012), da beterraba (FRIEDRICH et al., 2020), do
tomateiro (GUIMARÃES et al., 2012), e da batata doce produzidos sobre cultivo
protegido (NEUMANN et al., 2017).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, M. E. A.; CASTRO, P. R. C. Extratos de algas e suas aplicações na


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FRIEDRICH, J. C. C.; MENEGUSSO, F. J.; SILVA, L. S.; LAZARETTI, N. S.;


ECHER, M. M. Bioestimulante: uso em produção de mudas e resultados na
produção comercial. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.27392-27409.
2020.

GUIMARÃES, L. S.; GOTO, R.; SANDRI, M. A.; YOSHIDA, T. H. Efeito do uso de


biorreguladores e do tamanho das mudas na produção de tomateiro.
Horticultura Brasileira, 30: S3554-S3560. 2012.

NEUMANN, E. R. et al. Produção de mudas de batata doce em ambiente


protegido com aplicação de extrato de Ascophyllum nodosum. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 35, n. 4, out/dez. p.490-498. 2017.

PALANGANA, F. C.; SILVA, E. S.; GOTO, R.; ONO, E. O. Ação conjunta de


citocinina, giberelina e auxina em pimentão enxertado e não enxertado sob
cultivo protegido. Horticultura Brasileira, 30: 751-755. 2012.

SERCILOTO, C. M. Extratos de Algas e seus efeitos em frutos e hortaliças.


Revista Campo e Negócios – Hortifruti. Agosto de 2018.

TAIZ, L. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal (6a.ed.). Porto Alegre:


Artmed, 618 p. 2009.

ZANDONADI, D. B. Bioestimulantes e produção de hortaliças. Embrapa


Hortaliças. Artigo de divulgação na mídia. INFOTECA-E. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1051012/1/
EDICAO19b.pdf > Acesso em 03 abril 2021.

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