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Uso 

racional de energia elétrica na indústria 
 
Apresentaremos a seguir algumas medidas no sentido de racionalizar o uso da energia elétrica nos seus diversos usos finais em 
uma  indústria.  Como  poderá  ser  visto,  algumas  orientações  são  de  fácil  execução  e  implementação,  enquanto  que  outras 
poderão demandar investimentos que deverão ser adequadamente analisados. 
Procuramos destacar aos responsáveis por essa área nas indústrias as oportunidades que existem para se reduzir a quantidade 
de energia utilizada. 
 
Transformadores 
 Verificar se o transformador está superdimensionado, pois suas perdas aumentam com a sobra de potência; 
 Quando possível, troque o transformador por um modelo mais eficiente; 
 Nunca deixe transformadores sem carga conectados à rede de AT. 
 
Iluminação 
 Evitar luzes acesas em ambientes desocupados; 
 Utilizar luz natural quando possível; 
 Instalar número de interruptores conforme necessidade do local a fim de permitir a setorização da iluminação; 
 Verificar se o nível de iluminação é apropriado para o ambiente e/ou tarefa; 
 Efetuar a limpeza de lâmpadas e luminárias. A sujeira reduz o fluxo luminoso exigindo maior número de lâmpadas acesas. 
Há casos em que a simples limpeza ocasiona aumento de 60% no nível de iluminação. 
 Utilizar lâmpadas mais eficientes: Eficiência luminosa é um parâmetro também de decisão. Ele define quantos lúmens (lm) a 
lâmpada ilumina por Watt (W) consumido. Quanto maior esse número, melhor a eficiência luminosa.  
 
Tipo de lâmpada Eficiência luminosa 
Lâmpadas incandescentes  12 lm/W 
Lâmpadas fluorescentes compactas  60 lm/W 
Lâmpadas LED  80 lm/W
 
 Observando  a  questão  de  segurança,  diminuir  iluminação  de  pátios,  estacionamentos,  garagens,  áreas  de  circulação  e 
depósitos; 
 Instalar telhas translúcidas na área de produção; 
 Quando possível, utilizar iluminação localizada no lugar da geral; 
 Utilize luminárias com refletores de alto desempenho; 
 Se houver possibilidade, evitar o uso de difusores nas luminárias, pois diminuem o fluxo luminoso; 
 Evite pintar paredes e tetos com cores escuras que exigirão lâmpadas com maior potência para a iluminação do ambiente. 
Limpe  regularmente  essas  paredes  e  tetos  para  uma  melhor  reflexão  da  luz  evitando  a  necessidade  de  uma  maior 
iluminação artificial. 
 
Motores elétricos 
 Verificar se o tempo de operação do motor pode ser reduzido; 
 Não utilizar motores elétricos com potência superdimensionada. É bastante comum se trabalhar com potências superiores 
às necessárias como um fator de segurança. Quando um motor elétrico indica uma determinada potência em sua placa, ele 
estará apto a fornecer esta potência como sendo útil, ou seja, disponível na ponta do eixo. Assim, não há necessidade de 
fatores  de  segurança  desde  que  a  potência  dimensionada  esteja  correta.  Observando‐se  uma  curva  típica  de  um  motor 
(rendimento  e  fator  de  potência),  nota‐se  que  quanto  menor  o  grau  de  utilização  do  motor,  pior  será  seu  rendimento  e 
fator de potência. 
 Manter o motor limpo para diminuir seu aquecimento; 
 Sempre que possível e viável, instalar motores mais eficientes (alto rendimento), que fornecem a mesma potência útil na 
ponta do eixo que os outros motores consumindo menos energia (motor alto rendimento). 
 Desligar motores sempre que possível. É comum deixar um motor funcionando à vazio sob alegação de evitar o aumento de 
consumo e demanda em conseqüência de uma nova partida. Isto também é um fator de desperdício.  Apesar da corrente de 
partida de um motor ser alta (7 a 8 vezes a nominal), a potência consumida na partida é baixa e o tempo de duração é em 
torno  de  10  segundos,  não  afetando  assim  a  demanda  que  é  medida  em  intervalos  de  15  minutos.  Deve‐se  sim  evitar  a 
partida simultânea de vários motores e várias partidas seguidas num mesmo motor, pois irá provocar um aumento na sua 
temperatura; 
 Quando  possível  utilizar  para  partidas  de  motores  chaves  soft‐starter  que  possibilitam  o  ajuste  do  torque  do  motor  às 
necessidades do torque da carga, de modo que a corrente absorvida será a mínima necessária para acelerar a carga. 

 
 Observar atentamente o acoplamento dos motores, pois quanto menor o seu rendimento, mais potência perde‐se, ou seja, 
menos potência é transmitida do motor à máquina acionada. A maior incidência em acoplamentos é por polias e correias e 
a fim de se maximizar o seu rendimento observe o alinhamento, a tensão das correias e o paralelismo. 
 
Ar comprimido 
 Verificar  se  é  possível  reduzir  a  necessidade  de  ar.  Muitas  vezes  o  ar  comprimido  é  utilizado  na  limpeza  de  máquinas  e 
roupas de funcionários (neste caso com riscos de segurança); 
 Eliminar vazamentos no sistema de ar comprimido (geração, distribuição e uso final). 
 Evitar tubulações restritivas  que aumentem a perda de pressão, forçando o compressor a produzir ar comprimido a uma 
pressão mais alta; 
 Captar  o  ar  fora  da  casa  dos  compressores  (ar  mais  frio).  Para  cada  3ºC  a  menos  na  temperatura  do  ar  aspirado,  o 
compressor consumirá 1% a menos de potência para entregar o ar nas mesmas condições; 
 Instalar filtro de ar na entrada do compressor e mantê‐lo limpo. Isso diminui a energia para comprimir o ar; 
 Compressor e tanque de armazenamento devem ter uma capacidade adequada (evita que o compressor trabalhe em vazio). 
O reservatório deve ser de 6 a 10 vezes a capacidade do compressor na mesma unidade; 
 Produzir ar comprimido na pressão adequada ao uso dos equipamentos; 
 Utilizar, quando viável, inversor de freqüência no controle do compressor. 
 
Diâmetro do furo  Vazamento de ar a 5 bar Vazamento de ar a 5 bar  Energia de compressão 
 (mm)  (l/s)  (m3/min) (kW/h) 
1  1  0,06 0,3 
3  10  0,6  3,1 
5  27  1,62  8,3 
10  105  6,3 33 
 
Ventiladores e bombas 
 Verificar se a bomba ou o ventilador são os corretos para a aplicação e se estão operando dentro das melhores condições 
de uso; 
 Verificar a possibilidade de reduzir a operação da bomba/ventilador; 
 Muitas  vezes  esses  equipamentos  não  requisitam  a  potência  integral  do  motor  durante  todo  o  seu  período  de 
funcionamento  necessitando  assim  um  controle  da  vazão.  Isto  pode  ser  feito  mecanicamente  através  de  registros  o  que 
resulta em baixa eficiência, pelo fato do motor trabalhar a plena carga. O método mais eficiente para controle da vazão é 
através do uso de inversores de freqüência que possibilitam a variação da velocidade dos motores absorvendo assim apenas 
a energia necessária; 
 Evitar vazamentos nos sistemas de distribuição; 
 Verificar se a bomba/ventilador está quente, barulhenta ou vibra. Uma correia solta pode desperdiçar de 5‐10% da energia 
transmitida. 
 
Refrigeração  
Regular  o  termostato  das  câmaras  frias  de  modo  a  manter  a temperatura  interna  do  ambiente dentro  da  faixa  recomendada 
para o armazenamento de produtos; 
 Procurar armazenar na mesma câmara produtos que necessitem a mesma temperatura de armazenagem; 
 Programar o horário de transporte de mercadorias para as câmaras, diminuindo assim, o tempo de permanência da porta 
aberta; 
 Usar nas câmaras frigoríficas lâmpadas frias a fim de diminuir a carga térmica e mantenha o nível de iluminação adequado; 
 Usar cortina de ar ou de borracha quando não houver antecâmara, reduzindo assim a infiltração de ar quente no espaço 
refrigerado; 
 Verificar o isolamento das câmaras e das linhas de refrigeração; 
 Evitar  a  instalação  dos  condensadores  em  locais  sujeitos  a  raios  solares,  sem  ventilação  natural  ou  perto  de  outros 
equipamentos que irradiam calor; 
 Verificar a limpeza dos tubos dos condensadores, o que prejudica a circulação do ar e da água, aumentando o consumo de 
energia elétrica; 
 Instalar o compressor o mais perto possível do evaporador (evite distâncias acima de 15 metros o que eleva o consumo de 
energia elétrica); 
 Evitar o acúmulo de gelo no evaporador obstruindo a passagem do ar e elevando o consumo de energia. 
 
 

 
Sistema de ar condicionado 
 Manter portas e janelas fechadas ao usar o aparelho; 
 Manter filtros limpos de modo a garantir a boa circulação do ar. Filtros sujos forçam o aparelho a trabalhar mais; 
 Evitar lâmpadas incandescentes nos ambientes com ar condicionado (elas produzem mais calor que outras); 
 Ajuste a temperatura do termostato de modo que a temperatura adequada seja mantida; 
 Desligar os aparelhos de ar condicionado pelo menos 1 (uma) hora antes do encerramento do expediente; 
 Impedir incidência de raios solares no aparelho; 
 Evite a obstrução do ar com cortinas, móveis ou outros objetos que dificultam a circulação do ar. 
 
Condutores 
 Certifique‐se  da  qualidade  e  do  dimensionamento  dos  condutores  de  má  qualidade  ou  subdimensionados,  aumenta  as 
perdas  durante  o  transporte  da  energia.  Verifique  sempre  que  possível,  as  conexões,  apertando  os  parafusos  de  fixação, 
pois conectores folgados aumentam as perdas, além de colocar em risco os condutores e as instalações como um todo. 
 Verifique  se  os  condutores  estão  excessivamente  quentes.  Condutores  superaquecidos  são  perigosos  para  a  instalação  e 
estão desperdiçando energia. Certifique‐se que os condutores estejam de forma correta, de acordo com as definições do 
projetista. 
 
Estufas e fornos 
 Quando  utilizar  estufas  ou  fornos  elétricos,  aquecidos  com  resistência  elétrica,  certifique‐se  que  a  isolação  térmica  da 
estufa  ou  forno  esteja  em  bom  estado,  pois  o  calor  que  sai  está  aumentando  o  consumo  de  energia  para  atingir  a 
temperatura desejada no interior. 
 Para a utilização de estufas e fornos elétricos. Deve‐se sempre que possível, evitar o resfriamento total do equipamento, 
pois o consumo de energia para atingir a temperatura ideal com certeza será grande. 
 Ao utilizar estufas e fornos elétricos, instale, quando possível, controladores eletrônicos de temperatura, que racionalizam o 
consumo de energia, evitando desperdícios. 
 
Harmonicas 
 Com  a  utilização  em  massa  de  equipamentos  eletrônicos  nas  indústrias,  um  componente  novo  e  importante  surgiu  para 
influenciar  no  Projeto  e  Operação  de  Sistemas  Elétricos  Industriais:  são  as  chamadas  Harmônicas,  que  são  ondas 
eletromagnéticas com freqüências múltiplas de 60 Hz, geradas pelos componentes eletrônicos, etc. 
 Verifique se existem harmônicas, principalmente de ordens ímpares, circulando pelas suas instalações elétricas. 
 É  necessária  a  limitação  da  circulação  das  harmônicas  pelos  condutores,  pois  elas  causam  aumento  de  temperatura,  e 
conseqüente desperdício de energia. 
 As concessionárias já estão autorizadas a medir e cobrar pelas Harmônicas liberadas na rede elétrica. O não cumprimento 
desta medida deve‐se apenas à falta de medidores fabricados no Brasil, o que deve acontecer muito brevemente. 
 
QGBT ‐ Quadro Geral de Baixa Tensão 
 Verifique se os barramentos estão corretamente dimensionados, pois barras subdimensionadas esquentam e, além de pôr 
em risco as instalações, consomem energia para nada. 
 Utilize  dispositivos  de  seccionamento,  comando  e  proteção  de  boa  qualidade  e  corretamente  dimensionados,  a  fim  de 
evitar aquecimento indesejável. 
 Todas  as  proteções  deverão  estar  corretamente  dimensionadas  e  coordenadas,  a  fim  de  eliminar  os  efeitos  de  curto 
circuitos e sobrecargas o mais rapidamente possível. 
 Evite  a  temperatura  excessiva  no  QGBT,  pois  condutores  e  dispositivos  aquecidos  apresentam  um  aumento  na  sua 
resistência e conseqüentemente um aumento nas perdas. 
 
Outros  
 Não desperdiçar água, resultando em menor bombeamento; 
 Analisar eficiência do isolamento térmico (quanto mais quente a superfície maior a perda de calor); 
 Manter os fornos, estufas e secadores ligados apenas o tempo necessário; 
 Manter as portas de alimentação dos fornos, estufas e secadores o menor tempo possível aberta; 
 Estudar a viabilidade de trocar os equipamentos por outros mais eficientes; 
 Minimizar as perdas na produção (retrabalho). 
 Controlar o fator de potência da instalação acima de 0,92. 
 
Importante 
 Evitar funcionar equipamentos elétricos entre 17:00 h às 20:00 h. Este horário é o mais crítico para o consumo de energia. 

 
 Utilização de energias alternativas como aquecimento solar para água de vestiários, refeitório e áreas administrativas e 
células fotovoltaicas para geração de energia em escritórios e áreas administrativas. 
 Instalar um transformador menor, exclusivo para a alimentação da iluminação, de modo que ela fique ligada durante o 
serviço de limpeza, vigilância e nos horários em que a empresa não esteja funcionando; 
 Torres de resfriamento são normalmente esquecidas, ficando com as bombas ligadas e todos os ventiladores em operação. 
Use somente os equipamentos que forem essenciais à operação e instale sistema de desligamento dos ventiladores quando 
a temperatura da água estiver dentro dos parâmetros de projeto. 
 

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