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Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento

Humano do Estado do Mato Grosso

SMASDH-MT
Perfil Profissional Nível Médio: Perfil Oficial Administrativo

JL064-N9
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA

Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano do Estado do Mato Grosso - SMASDH

Perfil Profissional Nível Médio: Perfil Oficial Administrativo

Edital de Concurso Público Nº001/2019/SMASDH

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Noções de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Legislação Básica - Profº Rodrigo Gonçalves e Fernando Zantedeschi
História e Geografia de Mato Grosso - Profº Heitor Ferreira
Conhecimentos Específicos- Profº Fernando Zantedeschi e Profª Silvana Guimarães

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho
Christine Liber

DIAGRAMAÇÃO
Thais Regis
Renato Vilela

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
TEXTO: Interpretação de texto informativo ou literário..................................................................................................................... 01
FONÉTICA: fonema e letra; classificação dos fonemas (vogais, semivogais e consoantes); encontros vocálicos;
encontros consonantais; dígrafos; sílabas; tonicidade das sílabas................................................................................................ 18
ORTOGRAFIA Emprego das letras maiúsculas e minúsculas; acentuação gráfica; representação das unidades de
medida; emprego do hífen........................................................................................................................................................................... 20
MORFOLOGIA: Emprego, flexões e classificações das classes gramaticais. SINTAXE: A estrutura da oração
(classificação eemprego dos termos); a estrutura do período composto (classificação e emprego das orações);
emprego dos sinais de pontuação; regência verbal e nominal; a ocorrência da crase, concordância verbal e
nominal................................................................................................................................................................................................................. 24

NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ambiente operacional Windows (XP). Fundamentos do Windows, operações com janelas, menus, barra de
tarefas, área de trabalho, trabalho com pastas e arquivos, localização de arquivos e pastas, movimentação e
cópia de arquivos, pastas, criação e exclusão de arquivos e pastas, compartilhamentos e áreas de transferência;
Configurações básicas do Windows: resolução da tela, cores, fontes, impressoras, aparência, segundo plano e
protetor de tela; Windows Explorer.......................................................................................................................................................... 01
Ambiente Intranet e Internet. Conceito básico de internet e intranet e utilização de tecnologias, ferramentas e
aplicativos associados à internet. Principais navegadores. Ferramentas de busca e pesquisa.......................................... 11
Processador de textos. MS Office 2003/2007 – Word. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e salvar
documentos. Digitação. Edição de textos. Estilos. Formatação. Tabelas e tabulações. Cabeçalho e rodapé.
Configuração de página. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos de teclado. Uso dos recursos.................. 22
Planilha Eletrônica. MS Office 2003/2007 – Excel. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e Salvar
documentos. Estilos. Formatação. Fórmulas e funções. Gráficos. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos
de teclado. Uso dos recursos....................................................................................................................................................................... 44
Correio eletrônico. Conceitos básicos. Formatos de mensagens. Transmissão e recepção de mensagens. Catálogo
de endereços. Arquivos anexados. Uso dos recursos. Ícones. Atalhos de teclado................................................................. 60
Segurança da Informação. Cuidados relativos à segurança e sistemas antivírus.................................................................... 63

LEGISLAÇÃO BÁSICA
Constituição Federal/88 - Princípios Fundamentais da (arts. 1º ao 4º)....................................................................................... 01
Lei nº 8069/90 - ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Título I – Dos Direitos Fundamentais)............................ 02
Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso (Título II Dos Direitos Fundamentais)......................................................................... 04
Lei Nº 13.146/2015 – Estatuto do Deficiente (Titulo I Das disposições Preliminares e Título II Dos Direitos Fun-
damentais)........................................................................................................................................................................................................... 09
Lei Orgânica do Município de Cuiabá de 15 de dezembro de 2004 e posteriores alterações............................................ 20
Lei Complementar nº 093 de 23 de Junho de 2003, que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos da
Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Município de Cuiabá................................................................. 47
SUMÁRIO
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
História de Mato Grosso:
Período Colonial Os bandeirantes: escravidão indígena e exploração do ouro;..................................................................... 01
A fundação de Cuiabá: Tensões políticas entre os fundadores e a administração colonial;.................................................... 03
A fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade e a criação da Capitania de Mato Grosso;................................................... 06
A escravidão negra em Mato Grosso. Período Imperial.................................................................................................................... 07
Período Imperial A crise da mineração e as alternativas econômicas da Província......................................................................... 09
A Rusga;................................................................................................................................................................................................................ 10
Os quilombos em Mato Grosso.................................................................................................................................................................... 12
Os Presidentes de Província e suas realizações...................................................................................................................................... 13
A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai e a participação de Mato Grosso.................................................................. 15
A economia de Mato Grosso após a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai.................................................................... 16
O fim do Império em Mato Grosso............................................................................................................................................................ 17
Período Republicano O coronelismo em Mato Grosso..................................................................................................................... 21
Economia de Mato Grosso na Primeira República: usinas de açúcar e criação de gado........................................................ 23
Relações de trabalho em Mato Grosso na Primeira República........................................................................................................ 25
Mato Grosso durante a Era Vargas: política e economia................................................................................................................... 25
Política fundiária e as tensões sociais no campo................................................................................................................................... 30
Os governadores estaduais e suas realizações...................................................................................................................................... 33
Tópicos relevantes e atuais de política, economia, sociedade, educação, tecnologia, energia, relações internacionais,
desenvolvimento sustentável, segurança, ecologia e suas vinculações históricas.................................................................. 34

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Recebimento, encaminhamento e arquivamento de documentos oficiais. Documentação. Noções de
arquivo: conceito, tipos, importância, organização, conservação, proteção de documentos. Sistemas e
métodos de arquivamento................................................................................................................................................................. 01
Redação oficial e seus modelos. Formas de tratamento e abreviaturas. Endereçamento de correspondências. 19
Administração de materiais: conceitos, etapas, controle de estoque, almoxarifado, recebimento e
armazenagem......................................................................................................................................................................................... 51
Processos administrativos: objeto, princípios, análise, encaminhamento, noções de protocolo.......................... 68
Atos administrativos............................................................................................................................................................................ 78
Bens públicos: aquisição, destinação gestão.............................................................................................................................. 87
Serviços públicos: princípios, formas de prestação. Processo administrativo disciplinar e responsabilidade
do agente público................................................................................................................................................................................. 96
Noções de administração pública: princípios fundamentais da administração pública; organização
administrativa: centralização, descentralização, controle da administração pública.................................................. 106
Servidores públicos: regime jurídico; direitos e deveres; código de ética; responsabilidade dos servidores... 127
Contratos administrativos; noções de licitação: modalidades; dispensa, inexigibilidade.......................................... 148
Lei Orgânica do Município de Cuiabá............................................................................................................................................ 161
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
TEXTO: Interpretação de texto informativo ou literário................................................................................................................................................. 01
FONÉTICA: fonema e letra; classificação dos fonemas (vogais, semivogais e consoantes); encontros vocálicos; encontros
consonantais; dígrafos; sílabas; tonicidade das sílabas................................................................................................................................................... 18
ORTOGRAFIA Emprego das letras maiúsculas e minúsculas; acentuação gráfica; representação das unidades de medida;
emprego do hífen.......................................................................................................................................................................................................................... 20
MORFOLOGIA: Emprego, flexões e classificações das classes gramaticais. 5. SINTAXE: A estrutura da oração (classificação
eemprego dos termos); a estrutura do período composto (classificação e emprego das orações); emprego dos sinais de
pontuação; regência verbal e nominal; a ocorrência da crase, concordância verbal e nominal.................................................................... 24
Compreender significa
TEXTO: INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
INFORMATIVO OU LITERÁRIO O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
Interpretação Textual O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
ficar e decodificar). contexto, acrescentando ideias que não estão no
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com pela imaginação.
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada insuficiente para o entendimento do tema desen-
de seu contexto original e analisada separadamente, po- volvido.
derá ter um significado diferente daquele inicial. • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. questão.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun- escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
damentações), as argumentações (ou explicações), que uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na deração é o que o autor diz e nada mais.
prova.
Coesão e Coerência
Normalmente, em uma prova, o candidato deve:
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
gumentação, de um processo, de uma época (nes- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
quais definem o tempo). um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
renças entre as situações do texto. que se vai dizer e o que já foi dito.
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
uma realidade. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
• Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
vras. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
Condições básicas para interpretar semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
tecedente.
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- Os pronomes relativos são muito importantes na in-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação
cia, a saber:
e de síntese; capacidade de raciocínio.
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
Interpretar/Compreender
qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar significa:
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
o objeto possuído.
Através do texto, infere-se que...
como (modo)
É possível deduzir que...
onde (lugar)
O autor permite concluir que... quando (tempo)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... quanto (montante)

1
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
EXERCÍCIOS COMENTADOS
aparecer o demonstrativo O).
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
Dicas para melhorar a interpretação de textos AOCP-2015)

O verão em que aprendi a boiar


• Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
éramos
mais informação você absorver com a leitura, mais
chances terá de resolver as questões. IVAN MARTINS
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom-
pa a leitura. Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
forem necessárias. gosto especial.
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
conclusão). mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
• Volte ao texto quantas vezes precisar. dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
do autor. diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
compreensão. a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de insuspeitada.
cada questão. Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
• O autor defende ideias e você deve percebê-las.
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in-
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
teiramente.
fo geralmente mantém com outro uma relação de
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- coberta temporã.
que muito bem essas relações. Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
a ideia mais importante. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora segui boiar.
da resposta – o que vale não somente para Inter-
pretação de Texto, mas para todas as demais ques- Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
tões! anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
clusão. esqueceram de como tudo isso é bom.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
tem a outros vocábulos do texto. ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
isso, curiosamente, não é fácil.
SITES
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. bre a vida em geral.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
-provas> rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
LÍNGUA PORTUGUESA

com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. Também somos profundamente modificados por ele. A


html> cada momento da vida, quando achamos que tudo já
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Suspeito que isso tenha importância também para os re-
lacionamentos.

2
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação. Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em menos medo = correta.
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos re-
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen- lacionamentos amorosos para que eles não se desfa-
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia çam = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
do outro e de si mesmo, no mundo. Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
eles sejam vividos intensamente = incorreta – ser me-
sam ser aprendidas.
nos objetivo nos relacionamentos.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode rosas = incorreta – ser mais emoção.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada não pensando em algo ruim.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos 2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS –
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013)
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for- Uma crise bancária pode ser comparada a um venda-
ma relaxada e consciente um grande amor. val. Suas consequências sobre a economia das famílias e
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra- das empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque relacionam-se em suas operações de compra, venda e
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- troca de mercadorias e serviços de modo que cada fato
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações econômico, seja ele de simples circulação, de transfor-
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações mação ou de consumo, corresponde à realização de ao
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser. menos uma operação de natureza monetária junto a um
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas intermediário financeiro, em regra, um banco comercial
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar. que recebe um depósito, paga um cheque, desconta um
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se título ou antecipa a realização de um crédito futuro. A
aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. estabilidade do sistema que intermedeia as operações
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me- monetárias, portanto, é fundamental para a própria se-
gurança e estabilidade das relações entre os agentes
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
econômicos.
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e
mais prazer, com mais intensidade e menos medo. contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se titulares de ativos financeiros fujam do sistema financei-
pode tentar boiar. ro e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimô-
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar- nio, em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos,
tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html em estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se
evitar esse tipo de distorção, é fundamental a manuten-
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To- ção da credibilidade no sistema financeiro. A experiên-
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de cia brasileira com o Plano Real é singular entre os países
que adotaram políticas de estabilização monetária, uma
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar vez que a reversão das taxas inflacionárias não resultou
e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal- na fuga de capitais líquidos do sistema financeiro para os
ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos ativos reais.
medo. Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964,
LÍNGUA PORTUGUESA

c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio-


so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam que criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe
vividos intensamente. simultaneamente as funções de zelar pela estabilidade
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- da moeda e pela liquidez e solvência do sistema finan-
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. ceiro.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: <
acontecer. www.bcb.gov.br > (com adaptações).

3
Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibi- moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
lidade de se preverem as consequências de ambos os cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
fenômenos. porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
( ) CERTO ( ) ERRADO der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que
[...]
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse- do-dinheiro/
quências de ambos os fenômenos. Acessado em 20/03/2018
Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com-
parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco- De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis. rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.


b) proteger os bens dos clientes de bancos.
Lastro e o Sistema Bancário c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
[...] e) preservar as economias das pessoas.
Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
banqueiros se deram conta de que ninguém estava
de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma-
metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei- nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro
se deram conta de que ninguém estava interessado em nos cofres.
trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re- Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in-
serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do correta
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar correta
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas incorreta
economias seguramente guardadas. Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
correta
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e
reta
principalmente de valores em contas bancárias, já não
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria- 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o A leitura do texto permite a compreensão de que
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi-
explicação permaneceu controversa e escondida por nário.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
Bank of England de 2014. d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e Resposta: Letra A.
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
bancos = correta
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
números em uma tabela com meu nome e pede que eu imaginário = nem todo
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
LÍNGUA PORTUGUESA

lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o tros clientes


banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
dinheiro tomei. vidados = desde que não paguem a dívida

4
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge abai- tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
xo, publicada no momento da intervenção nas atividades suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
de segurança do Rio de Janeiro, em março de 2018. sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-
lidade, apresentam figuras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar-
dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
como meio de pagamento por seus possuidores, por ser
mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé-
dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das
cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO instituições bancárias.
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História,
seguinte informação: 1694/1984.

a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co- Depreende-se do texto que duas características das
metidos no Rio; moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação
b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem- de formas em sua superfície e a associação de seu valor
-feita; monetário a atributos como beleza.
c) a linguagem do personagem mostra intimidade com o
( ) CERTO ( ) ERRADO
interlocutor;
d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char- Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas
ge; características das moedas se mantiveram ao longo do
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre- tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a
sença do Exército. associação de seu valor monetário a atributos como
beleza = errado (é o inverso).
Resposta: Letra D. Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex-
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re-
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do
poder das sociedades.

7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo


Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
denota, além da agressão física, diversos tipos de impo-
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar
guinte informação: ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
mes cometidos no Rio = inferência correta pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:
do bem-feita = inferência correta
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimidade a) Presa por mensagem racista na internet;
com o interlocutor = inferência correta b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
da charge = incorreta d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
a presença do Exército = inferência correta
Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra-
6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR – cista na internet = como a repressão política, familiar
ou de gênero
CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014)
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê-
As primeiras moedas, peças representando valores, ge- nero
ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-


século VII a.C. As características que se desejava ressaltar nico = não consta na Manchete acima
eram transportadas para as peças por meio da pancada Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o surgi- Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê-
mento da cunhagem a martelo e o uso de metais nobres, nero
como o ouro e a prata, os signos monetários passaram a Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho es-
ser valorizados também pela nobreza dos metais neles
cravo = o desgaste causado pelas condições de trabalho
empregados.

5
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) PE-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda Texto CG1A1AAA

A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica-
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, Mas, o que significa “cultura da paz”?
conforme estabelecido na legislação. Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami- e os adultos da compreensão de princípios como liber-
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi-
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na
se beneficiar do barateamento do combustível. sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico paz tem de procurar soluções que advenham de dentro
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei- da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para em sentido negativo, quando se traduz em um estado
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po- de não guerra, em ausência de conflito, em passividade
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
condenada a um vazio, a uma não existência palpável,
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep-
defendido pelos diversos instrumentos institucionais de ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a
que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público, prática da não violência para resolver conflitos, a prática
Forças Armadas etc. do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá-
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope-
suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan- ração planejada e o movimento constante da instalação
do, do qual depende a sobrevivência física da população. de justiça.
Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
autoridades desenvolvam planos de contingência. samento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
O Globo, 31/05/2018.
de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca- temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
é dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
c) lastrear leis e regras na Constituição. mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
d) punirem-se os responsáveis por excessos. tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
expressão do pensamento. = incorreto cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = lamentos e centros de comunicação e associações.
incorreto
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor- sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
reto sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
= incorreto o ambiente.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos, direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
brar a educação para a paz.
conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
sos.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap-
tações).

6
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão 11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU-
de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi- NESP-2015) Leia a tira.
dos como

a) obstáculos para a construção da cultura da paz.


b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
d) etapas para a construção da cultura da paz.
e) consequências da construção da cultura da paz.

Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru-


ção da cultura da paz. = incorreto (Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
paz. = incorreto Com sua fala, a personagem revela que
Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
= incorreto a) a violência era comum no passado.
Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz. b) as pessoas lutam contra a violência.
Em “e”: consequências da construção da cultura da paz. c) a violência está banalizada.
= incorreto d) o preço que pagou pela violência foi alto.
Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er- Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no
radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas passado. = incorreto
para construção da paz. Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incor-
reto
10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU- Em “c”: a violência está banalizada.
NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está
banalizada, nem há mais “punições” para os agressi-
vos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

(https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)

Considerando a relação entre a fala do personagem e a


(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular É correto associar o humor da charge ao fato de que
a onda é a necessidade de
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
a) demonstrar respeito às religiões. otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
b) realizar um ritual místico. pleto confinamento.
c) divertir-se com os amigos. b) os dois personagens estão muito bem informados so-
d) preservar uma tradição familiar. bre a economia, o que não condiz com a imagem de
e) esquivar-se da sujeira da água. criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
personagens, pois eles demonstram preocupação
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re-


ligiões. = incorreto com a aparência.
Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto os personagens, que estão acostumados a pagar caro
Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto por eles nos presídios.
Em “e”: esquivar-se da sujeira da água. e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
O personagem pula a onda para que não seja atingido para os personagens, dada a condição em que se en-
pelo lixo que se encontra no mar. contram.

7
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma 14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
em uma situação de completo confinamento. = incor-
reto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) expectativa, que é:

Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
as figurinhas da Copa b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor-
cionar figurinhas; = incorreto
naleiros estão levando seus estoques para casa quando
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até
esportivos;
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
dos por mensagens de celular. reto
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa pelo filho; = incorreto
adequada é: Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
trário. = incorreto
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
celular e da carteira nos roubos urbanos; incomum: assuntos sociais.
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei-
ra como alvo de desejo dos assaltantes; 15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser-
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que ve a charge abaixo.
vendem as figurinhas da Copa;
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da No caso da charge, a crítica feita à internet é:
Copa nas bancas de jornais; = incorreto
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
alvo principal dos ladrões. = incorreto b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular c) o risco de contatos perigosos;
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também d) o abandono dos estudos regulares;
passaram a ser alvo dos assaltantes. e) a falta de contato entre membros da família.

8
16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV- 17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI-
2018) Observe a charge a seguir: NISTRATIVA – IBFC-2017)

Texto II

A observação dos elementos não verbais do texto é res-


ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
de tais elementos, deve ser entendida como:
A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
destacando o fato de o cientista: a) complementar.
b) semelhante.
c) conflitante.
a) ter alcançado o céu após sua morte; d) antitética.
b) mostrar determinação no combate à doença; e) idealizada.
c) ser comparado a cientistas famosos;
d) ser reconhecido como uma mente brilhante; Resposta: Letra D. As imagens mostram um con-
e) localizar seus interesses nos estudos de Física. traste entre o desenvolvimento do computador e do
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino,
Resposta: Letra A. Em “a”: a criação de uma depen- elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra
dência tecnológica excessiva; “antitética” significa “oposta, oposição”.
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = in-
18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
correto ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. =
incorreto
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de-
pendência tecnológica - expressa em sua fala.

Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após


sua morte; = incorreto
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
= incorreto
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor-
reto
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas
= incorreto Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara-
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- mente vistas através da representação de uma família de
retirantes, Cândido Portinari
távamos esperando”.
a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
b) permite visualizar a degradação da figura humana e
o retrato da figura da morte afugentada pelos perso-
LÍNGUA PORTUGUESA

nagens.
c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
à desigualdade social.
d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
tos da realidade observável.

9
Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática, A linguagem não literária é própria para a transmissão
assim como a descrição dos personagens e do am- do conhecimento, da informação, no âmbito das neces-
biente, de forma sutil e dinâmica. sidades da comunicação social. É a língua na sua função
Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu- pragmática, empregada pela ciência, pela técnica, pelo
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos jornalismo, pela conversação entre os falantes.
personagens. Podemos estabelecer o seguinte confronto entre as
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co- duas formas:
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela-
cionados à desigualdade social. Linguagem Literária Linguagem não Literária
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo Intralinguística Extralinguística
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe ambígua clara/exata
aos fatos da realidade observável. conotação denotação
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi-
sugestão precisão
cos de uma família vítima da seca.
transfiguração da realidade realidade
subjetiva objetiva
Linguagem Verbal e Não Verbal
ordem inversa ordem direta
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem Intertextualidade
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos Intertextualidade acontece quando há uma referên-
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade? cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem pode ocorrer com outras formas além do texto, música,
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se alusão à outra ocorre a intertextualidade.
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando Apresenta-se explicitamente quando o autor informa
se escreve. o objeto de sua citação. Num texto científico, por exem-
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- plo, o autor do texto citado é indicado; já na forma im-
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O plícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, duas formas: a Paráfrase e a Paródia.
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! Paráfrase
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem
do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi
não verbal!
dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano
Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários. Texto Original
Alguns exemplos:
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. Minha terra tem palmeiras
Placas de trânsito. Onde canta o sabiá,
Imagem indicativa de “silêncio”. As aves que aqui gorjeiam
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
SITE
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- Paráfrase
cao/linguagem.htm>
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
LÍNGUA PORTUGUESA

A Linguagem Literária e a não Literária Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.


Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
A linguagem literária é bem diferente da linguagem Eu tão esquecido de minha terra...
não literária. A linguagem literária é bela, emotiva, senti- Ai terra que tem palmeiras
mental, trazendo as figuras de linguagem como a metá- Onde canta o sabiá!
fora, a metonímia, a inversão, etc. Apresenta o fantástico (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
que precisa ser descoberto através de uma leitura atenta. Bahia”).

10
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é O objetivo do texto é passar conhecimento para o lei-
muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia. tor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia.
Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o Exemplos de textos explicativos são os encontrados em
texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança manuais de instruções.
do sentido principal do texto, que é a saudade da terra Informativo: Tem a função de informar o leitor a res-
natal. peito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de
jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas.
Paródia Uso da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do
singular.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar Descrição: Um texto em que se faz um retrato por es-
outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos- crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o
da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de inter- adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa aborda-
pretação, a voz do texto original é retomada para trans- gem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou
formar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio-
de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse ridade. Significa “criar” com palavras a imagem do objeto
processo há uma indagação sobre os dogmas estabeleci- descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou
dos e uma busca pela verdade real, concebida através do da personagem a que o texto se refere.
raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem Narração: Modalidade em que se conta um fato, fic-
uso contínuo dessa arte. Frequentemente os discursos tício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
de políticos são abordados de maneira cômica e contes- gar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos
tadora, provocando risos e também reflexão a respeito do mundo real. Há uma relação de anterioridade e pos-
da demagogia praticada pela classe dominante. Com o terioridade. O tempo verbal predominante é o passado.
mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, Estamos cercados de narrações desde as que nos contam
uma paródia. histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a
Texto Original “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano.
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou
Minha terra tem palmeiras explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto
Onde canta o sabiá, dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos,
As aves que aqui gorjeiam juntamente com o texto de apresentação científica, o re-
Não gorjeiam como lá. latório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em prin-
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). cípio, o texto dissertativo não está preocupado com a
persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento,
Paródia sendo, portanto, um texto informativo.
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrá-
Minha terra tem palmares rio, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o
onde gorjeia o mar ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o
os passarinhos daqui texto, além de explicar, também persuade o interlocutor
não cantam como os de lá. e modifica seu comportamento, temos um texto disser-
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). tativo-argumentativo.
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs- solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e
titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião
e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por ou assinados, editorial.
Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sen- Exposição: Apresenta informações sobre assuntos,
tido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à expõe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Es-
escravidão existente no Brasil. trutura básica; ideia principal; desenvolvimento; conclu-
são. Uso de linguagem clara. Exemplo: ensaios, artigos
ESTUDO DE TEXTO(S) científicos, exposições.
Injunção: Indica como realizar uma ação. É também
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor utilizado para predizer acontecimentos e comportamen-
LÍNGUA PORTUGUESA

que também é transmitida através de figuras, impreg- tos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
nado de subjetivismo. Exemplo: um romance, um conto, na sua maioria, empregados no modo imperativo. Há
uma poesia... (Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal). também o uso do futuro do presente. Exemplo: Receita
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma de um bolo e manuais.
mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Exem- Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas
plo: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral,
(Denotação, Claro, Objetivo, Informativo). como pausas e retomadas.

11
Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais 1. O nascimento da crônica
pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual per-
guntas são feitas pelo entrevistador para obter informa- “Há um meio certo de começar a crônica por uma tri-
ção do entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas vialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-
fontes para obter declarações que validem as informa- -se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um
ções apuradas ou que relatem situações vividas por touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Res-
personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe vala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se
uma pauta que contém informações que o ajudarão a algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre
construir a matéria. Além das informações, a pauta su- a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la
gere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a glace est rompue está começada a crônica. (...)
serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter cos- Machado de Assis. Crônicas Escolhidas. São Paulo:
tuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre Editora Ática, 1994.
o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será en-
trevistada. Munido deste material, ele formula perguntas Publicada em jornal ou revista onde é publicada, des-
que levem o entrevistado a fornecer informações novas tina-se à leitura diária ou semanal e trata de aconteci-
e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para mentos cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por
perceber se o entrevistado mente ou manipula dados não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia,
nas suas respostas, fato que costuma acontecer princi- que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os
palmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos
quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ân-
instituição pública sobre um problema que está a afe- gulo, singular.
tar o fornecimento de serviços à população, ele tende a O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em prin-
evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o cípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação
que considera positivo na instituição. É importante que o com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos
tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do
repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar
modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos
a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo,
pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas gran-
nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará indu-
des cidades.
zindo as respostas ou perdendo a objetividade.
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer
As entrevistas apresentam com frequência alguns
que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura.
sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o
De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana
travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes col-
e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal.
chetes, que servem para dar ao leitor maior informações Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua
que ele supostamente desconhece. O título da entrevista durabilidade no tempo.
é um enunciado curto que chama a atenção do leitor e O que é linguagem?
resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em
letra maiúscula e recebe maior destaque da página. Na É o uso da língua como forma de expressão e comu-
maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a nicação entre as pessoas. Agora, a linguagem não é so-
letra minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal mente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas
da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunica-
pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia mos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
do entrevistado aparece normalmente na primeira pá- Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
gina da entrevista e pode estar acompanhada por uma a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entre- utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível
vistado e que aparecem em destaque nas outras páginas se ter algo fundamentado e coerente! Assim, a lingua-
da entrevista são chamadas de “olho”. gem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou
Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica quando se escreve.
é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da
(Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos verbal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para se
em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. comunicar. O objetivo, neste caso, não é de expor ver-
Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as balmente o que se quer dizer ou o que se está pensan-
principais características da crônica, técnicas de sua reda- do, mas se utilizar de outros meios comunicativos, como:
ção e terá exemplos. placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos
Uma das mais famosas crônicas da história da litera- visuais.
tura luso-brasileira corresponde à definição de crônica Vejamos:  um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
como “narração histórica”. É a “Carta de Achamento do uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou te-
LÍNGUA PORTUGUESA

Brasil”, de Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados ao levisionado, um bilhete? Linguagem verbal!
rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a iden-
gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, tificação de “feminino” e “masculino” através de figuras
uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: na porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem
não verbal!

12
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
anúncios publicitários.

Observe alguns exemplos:

Imagem indicativa de “silêncio”.


Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.

Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. 

1. Linguagem como forma de Ação e Interação


Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem ver-
bal (óxente, polo Norte 2100) e não verbal (imagem: sol, A concepção da linguagem ainda é bastante debatida
cactos, pinguim). entre os linguistas, que até hoje ainda não chegaram a um
consenso da sua concepção. Ela é sintetizada de três maneiras
diferentes, sendo que o modo que mais utilizamos em nossos
relacionamentos com outras pessoas é a de ação e interação.
Neste modo, a linguagem funciona como uma “ati-
vidade” de ação/interação entre os envolvidos nesta co-
municação. Os interlocutores expõem algo ao outro para
que este seja induzido a interagir na conversa, que pode
ser verbal, não verbal, mista e digital.
A atividade de comunicação é indispensável ao ser
humano e aos animais. Existem diversos meios de comu-
nicação:
→ Entre os animais: a dança das abelhas, os odores, as
produções vocais (como no caso das aves)
→ Entre os homens: a dança, a pintura, a mímica, os
  gestos, os sinais de trânsito, os símbolos, a lingua-
gem dos surdos-mudos, a dos deficientes visuais, a
Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bici- linguagem computacional, a linguagem matemáti-
cleta”, atrás “quebra-molas”. ca, as línguas naturais etc.

De um modo geral, dá-se o nome de linguagem a


todos os meios de comunicação: linguagem animal e lin-
guagem humana, em linguagem não verbal e linguagem
verbal. O termo é, pois, empregado à aptidão humana de
associar os sons produzidos pelo aparelho fonador hu-
mano a um conteúdo significativo e utilizar o resultado
LÍNGUA PORTUGUESA

  dessa associação para a interação verbal. Fala-se, pois,


em linguagem verbal.
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário É um termo muito amplo: as línguas naturais (portu-
masculino”. guês, inglês, por exemplo) são manifestações desse algo
mais geral. Saussure, o linguista genebrino, concebia a
linguagem em duas partes: a língua e a fala, e era a pri-
meira o seu objeto de estudo; embora, reconhecesse a
interdependência entre elas.

13
Enquanto sistema de signos, a linguagem é um códi- 1.5. As funções da linguagem
go - um conjunto de signos sujeitos a regras de combi-
nação e utilizado na produção e na compreensão de uma Para entendermos com clareza as funções da lingua-
mensagem. gem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da
comunicação.
O signo é compreendido por:  Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação
- Significante, veículo do significado (parte perceptí- não acontece somente quando falamos, estabelecemos
vel, sensível); um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente
- Significado, o que se entende quando se usa o signo em todos (ou quase todos) os momentos.
(parte inteligível). Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho,
com o livro que lemos, com a revista, com os documen-
Os linguistas compreendem que há no processo de tos que manuseamos, através de nossos gestos, ações,
comunicação seis elementos:  até mesmo através de um beijo de “boa-noite”.
- Emissor (remetente), envia a mensagem;  É o que diz Bordenave quando se refere à comuni-
- Receptor (destinatário), recebe a mensagem; cação: “A comunicação confunde-se com a própria vida.
- Mensagem - informação veiculada;  Temos tanta consciência de que comunicamos como de
- Código, sistema de signos utilizados para codificar que respiramos ou andamos. Somente percebemos a
a mensagem;  sua essencial importância quando, por acidente ou uma
- Contexto (referente), aquilo a que a mensagem se refere; doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. (Bor-
- Contato (canal), veículo, meio físico utilizado para denave, 1986. p.17-9)”
transmitir a mensagem.
No ato de comunicação, percebemos a existência de
1.1. Concepção de linguagem alguns elementos, são eles:
▪ Emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser
De acordo com o prof. Luiz C. Travaglia, no seu li- uma única pessoa ou um grupo de pessoas).
vro  Gramática e Interação, admite-se para a linguagem ▪ Mensagem: é o conteúdo (assunto) das informações
admite três concepções: que ora são transmitidas. 
▪ Receptor: é aquele a quem a mensagem é endere-
1.2. Linguagem como expressão do pensamento çada (um indivíduo ou um grupo), também conhe-
cido como destinatário.
Se a linguagem é expressão do pensamento, quando ▪ Canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensa-
as pessoas não se expressam bem é porque não sabem gem é transmitida.
elaborar o pensamento. Se o enunciador expressa o que ▪ Código: é o conjunto de signos e de regras de com-
pensa, sua fala é resultado da sua maneira própria de binação desses signos utilizados para elaborar a
organizar as suas ideias. O texto, dessa forma, nada tem mensagem: o emissor codifica aquilo que o recep-
a ver com o leitor ou com quem se fala, e sim, somente tor irá decodificar.
com o enunciador. Nessa linha de pensamento encontra- ▪ Contexto: é o objeto ou a situação a que a mensa-
-se a gramática normativa ou tradicional. gem se refere.
1.3. Linguagem como instrumento de comunica- Partindo desses seis elementos, Roman Jakobson,
ção linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da
linguagem, os quais são muito úteis para a análise e pro-
Neste conceito a língua é vista como um código, que dução de textos. As seis funções são:
deve ser dominado pelos falantes para que as comuni-
cações sejam efetivadas. A comunicação, pois, depende 1. Função referencial: referente é o objeto ou situa-
do grau de domínio que o falante tem da língua como ção de que a mensagem trata. A função referencial pri-
sistema. O falante utiliza-se dos conceitos estruturais que vilegia justamente o referente da mensagem, buscando
conhece para expressar o pensamento; o ouvinte deco- transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função
difica os sinais codificados por ele e transforma-os em predomina nos textos de caráter científico e é privilegia-
nova mensagem. Essa linha de pensamento pertence ao do nos textos jornalísticos.
estruturalismo e também ao gerativismo. 2. Função emotiva: através dessa função, o emissor
imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emo-
1.4. Linguagem como forma ou processo de inte- ções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a pre-
ração sença do emissor.
Exemplo: “[…] Mas quem sou eu para censurar os
Nesta concepção o falante realiza ações, age e intera- culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário
ge com o outro (com quem ele fala). Dessa forma, a lin- chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se
LÍNGUA PORTUGUESA

guagem toma uma dimensão mais ampla e não uniforme, ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de
pois inserindo num contexto ideológico e sociocultural, mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e per-
ela não tem direção preestabelecida vai depender unica- guntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte
mente da interação entre os dois sujeitos. Fazem parte do que eu, responde que quer porque quer vingança e
dessa corrente a Teoria do Discurso, Linguística Textual, responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo
Semântica Argumentativa, Análise do Discurso, Análise que eu morra depois. Se assim for, que assim seja [...]”.
da Conversação. (Fragmento de A hora da estrela, de Clarice Lispector)

14
3.  Função conativa:  essa função procura organizar 5. Função metalinguística: quando a linguagem se
o texto de forma que se imponha sobre o receptor da volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio
mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensa- referente, ocorre a função metalinguística.
gens em que predomina essa função, busca-se envolver Linguagem utilizada para falar, explicar ou descrever
o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar o próprio código: esse é o principal objetivo da função
este ou aquele comportamento. Nos tipos de textos em metalinguística. Nas situações em que ela é empregada,
que a função conativa predomina, é possível perceber o geralmente na poesia e na publicidade, a atenção está
uso da 2ª pessoa como maneira de interpelar alguém, voltada para o próprio código:
além do emprego dos  verbos no  imperativo para con-
Exemplo:
vencer o interlocutor:

Exemplo:

4. Função fática: a palavra fática significa “ruído, ru-


mor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas for-
mas usadas para chamar a atenção (ruídos como psiu,
ahn, ei). Essa função ocorre quando a mensagem se
orienta sobre o canal de comunicação ou contato, bus-
cando verificar e fortalecer sua eficiência. Tipo de mensa- 6. Função poética: quando a mensagem é elaborada
gem cujo objetivo é prolongar ou interromper uma con- de forma inovadora e imprevista, utilizando combina-
versa. Nela, o emissor utiliza procedimentos para manter ções sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias,
contato físico ou psicológico com o interlocutor: temos a manifestação da função poética da linguagem.
Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético
Exemplo: e surpresa. É muito encontrada na Literatura, especial-
“(...) Olá, como vai? mente na poesia, a função poética apresenta um texto
Eu vou indo e você, tudo bem? no qual a função está centrada na própria mensagem,
Tudo bem eu vou indo correndo rompendo com o modo tradicional com o vemos a lin-
guagem.
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe …
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
LÍNGUA PORTUGUESA

Oh! Não tem de quê


Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí (…)”.
(Trecho da música Sinal Fechado, de Paulinho da Vio-
la).

15
Exemplo: Antigamente

“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles


e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os
janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses
debaixo do balaio.”
Carlos Drummond de Andrade

Comparando-o à modernidade, percebemos um


vocabulário antiquado.

B) Variações regionais: São os chamados dialetos,


que são as marcas determinantes referentes a di-
ferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra
mandioca que, em certos lugares, recebe outras
nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Fi-
gurando também esta modalidade estão os sota-
ques, ligados às características orais da linguagem.
Essas funções não são exploradas isoladamente; de
modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e
identificar a finalidade principal do texto. também ao grau de instrução de uma determinada
pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jar-
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS gões e o linguajar caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de
A linguagem é a característica que nos difere dos
certos grupos, como os surfistas, cantores de rap,
demais seres, permitindo-nos a oportunidade de
tatuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados
expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor
ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico.
nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso
Representando a classe, podemos citar os médicos,
cotidiano e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao
advogados, profissionais da área de informática, dentre
convívio social. Dentre os fatores que a ela se relacionam
destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: outros.
o nível de formalidade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um Vício na fala
modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante Para dizerem milho dizem mio
para a que a mesma pudesse exercer total soberania Para melhor dizem mió
sobre as demais. Para pior pió
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa Para telha dizem teia
o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem Para telhado dizem teiado
gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez E vão fazendo telhados.
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve Oswald de Andrade
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
desta forma um estigma. SITE
Compondo o quadro do padrão informal da Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, gramatica/variacoes-linguisticas.htm>
as quais representam as variações de acordo com as
condições sociais, culturais, regionais e históricas em que Tipologia e Gênero Textual
é utilizada. Dentre elas destacam-se:
A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a A todo o momento nos deparamos com vários textos,
língua apresenta, a mesma sofre transformações sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
ao longo do tempo. Um exemplo bastante repre- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
LÍNGUA PORTUGUESA

sentativo é a questão da ortografia, se levarmos que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
em consideração a palavra farmácia, uma vez que interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à em um texto escrito.
linguagem dos internautas, a qual se fundamenta É de fundamental importância sabermos classificar
pela supressão dos vocábulos. Analisemos, pois, o os textos com os quais travamos convivência no nosso
fragmento exposto: dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos
textuais e gêneros textuais.

16
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um A escolha de um determinado gênero discursivo
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa depende, em grande parte, da situação de produção,
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum ou seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre os locutores e os interlocutores, o meio disponível para
alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
veicular o texto, etc.
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esferas
e Dissertação. de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo,
são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
As tipologias textuais se caracterizam pelos entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica são
aspectos de ordem linguística comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclopédia,
artigo ou ensaio científico, seminário, conferência.
Os tipos textuais designam uma sequência definida
pela natureza linguística de sua composição. São
observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
relações logicas. Os tipos textuais são o narrativo, Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
descritivo, argumentativo/dissertativo, injuntivo e Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
expositivo. Paulo: Saraiva, 2010.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de Português – Literatura, Produção de Textos &
ação demarcados no tempo do universo narrado, Gramática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
como também de advérbios, como é o caso de Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
antes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em
seu carro quando ele apareceu. Depois de muita
conversa, resolveram... SITE
B) Textos descritivos – como o próprio nome http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-
indica, descrevem características tanto físicas textual.htm
quanto psicológicas acerca de um determinado
indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem
demarcados no presente ou no pretérito
imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a EXERCÍCIOS COMENTADOS
asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
um assunto ou uma determinada situação que 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNICO
se almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE – 2015)
razões de ela acontecer, como em: O cadastramento
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto, Ouro em Fios
não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
benefício. A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. O ouro
uma modalidade na qual as ações são prescritas
de forma sequencial, utilizando-se de verbos já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. Enquan-
expressos no imperativo, infinitivo ou futuro do to cientistas e governos buscam novas fontes de energia
presente: Misture todos os ingrediente e bata no sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT:
liquidificador até criar uma massa homogênea. - Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a
E) Textos argumentativos (dissertativo) – iluminação natural.
Demarcam-se pelo predomínio de operadores - Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
argumentativos, revelados por uma carga - Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do am-
ideológica constituída de argumentos e contra-
biente.
argumentos que justificam a posição assumida
acerca de um determinado assunto: A mulher do - Utilize o computador no modo espera.
mundo contemporâneo luta cada vez mais para Fique ligado! Evite desperdícios.
conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que Energia elétrica.
significa que os gêneros estão em complementação, A natureza cobra o preço do desperdício.
não em disputa. Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações)
Há no texto elementos característicos das tipologias expo-
Gêneros Textuais sitiva e injuntiva.
LÍNGUA PORTUGUESA

São os textos materializados que encontramos em


nosso cotidiano; tais textos apresentam características ( ) CERTO ( ) ERRADO
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, apresenta tal característica.
blog, etc.

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Leia o texto a seguir e responda à questão..
FONÉTICA: FONEMA E LETRA;
Como nasce uma história CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
(fragmento) (VOGAIS, SEMIVOGAIS E CONSOANTES);
ENCONTROS VOCÁLICOS; ENCONTROS
Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve
CONSONANTAIS; DÍGRAFOS; SÍLABAS;
do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o
que dizia a tabuleta no alto da porta. TONICIDADE DAS SÍLABAS
— Sétimo — pedi.
A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção
se fixou num aviso que dizia: Ortografia
É expressamente proibido os funcionários, no ato da subi-
da, utilizarem os elevadores para descerem. A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de pro- reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
blema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
língua são grafados segundo acordos ortográficos.
então duas regras mestras que deveriam ser rigorosa-
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
mente obedecidas. Uma afirmava que o sujeito, sendo
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
infelizmente já não me lembrava. é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal que e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de maneira etimologia (origem da palavra).
chocante aos delicados ouvidos de um escritor que se preza.
Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, enten- 1. Regras ortográficas
deria o que se pretende dizer neste aviso. Pois um tijolo
de burrice me baixou na compreensão, fazendo com que A) O fonema S
eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no ato São escritas com S e não C/Ç
da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
simples e correta de formular a proibição: radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
É proibido subir para depois descer. - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
É proibido subir no elevador com intenção de descer. censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quan- submergir - submersão / divertir - diversão / im-
do ele estiver subindo. pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
Se quiser descer, não tome o elevador que esteja subindo. - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
Mais simples ainda: sentir - sensível / consentir – consensual.
Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo.
De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que São escritos com SS e não C e Ç
Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a  Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-
enunciação de algo que não quer dizer absolutamente minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
nada: Se quiser descer, não suba. minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
Fernando Sabino. A volta por cima. Rio de Janeiro: Re- imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
cord, - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
1995, p. 137-140. (Com adaptações.)
meter - compromisso / submeter – submissão.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
2. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE – trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
2008) O gênero textual apresentado permite o emprego  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
da linguagem coloquial, como ocorre, por exemplo, em Exemplos: ficasse, falasse.
“Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro” e “um
tijolo de burrice”. São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-
( ) CERTO ( ) ERRADO car.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
Resposta: Certo. O gênero é a crônica, conta fatos cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
do dia a dia de maneira descontraída, o que permite a  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,
LÍNGUA PORTUGUESA

utilização de uma linguagem mais próxima do leitor; uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car-
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
 Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
sorto – absorção.

18
B) O fonema z  Depois de ditongo: frouxo, feixe.
São escritos com S e não Z  Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é Exceção: quando a palavra de origem não derive de
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui- outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa. São escritas com CH e não X
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
tamorfose. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, sicha.
quis, quiseste.
 Nomes derivados de verbos com radicais termi- E) As letras “e” e “i”
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
empreender - empresa / difundir – difusão. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
– pesquisar. FIQUE ATENTO!

São escritos com Z e não S Há palavras que mudam de sentido


 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de quando substituímos a grafia “e” pela
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – grafia “i”: área (superfície), ária (melodia)
beleza. / delatar (denunciar), dilatar (expandir) /
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- emergir (vir à tona), imergir (mergulhar)
gem não termine com s): final - finalizar / concreto / peão (de estância, que anda a pé), pião
– concretizar. (brinquedo).
 Consoante de ligação se o radical não terminar
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho. #FicaDica

C) O fonema j Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto


São escritas com G e não J à ortografia de uma palavra, há a possibili-
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, dade de consultar o Vocabulário Ortográ-
gesso. fico da Língua Portuguesa (VOLP), elabo-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, rado pela Academia Brasileira de Letras. É
gim. uma obra de referência até mesmo para
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com a criação de dicionários, pois traz a grafia
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, atualizada das palavras (sem o significado).
bege, foge. Na Internet, o endereço é www.academia.
Exceção: pajem. org.br.

 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, 2. Informações importantes


litígio, relógio, refúgio.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu- Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
gir, mugir. núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
surgir. dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
minado com j: ágil, agente. lampejar/relampear/relampar/relampadar.

São escritas com J e não G ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS


 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: 1. Por que / por quê / porquê / porque
jiboia, manjerona.
POR QUE (separado e sem acento)
LÍNGUA PORTUGUESA

 Palavras terminadas com aje: ultraje.

D) O fonema ch É usado em:


São escritas com X e não CH 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba- gação) = Por que você não veio ontem?
caxi, xucro. 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
lagartixa. que faltara à aula ontem.

19
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = SITE
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
ortografia
POR QUÊ (separado e com acento)

Usos: ORTOGRAFIA EMPREGO DAS LETRAS


1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS;
Você faltou. Por quê? ACENTUAÇÃO GRÁFICA; REPRESENTAÇÃO
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por DAS UNIDADES DE MEDIDA; EMPREGO DO
quê? HÍFEN

PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)

Usos: Acentuação Gráfica


1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri- Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
final) = Compre agora, porque há poucas peças. se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
2. como conjunção subordinativa causal, substituível Por isso, vamos às regras!
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
que se antecipou. 1. Regras básicas

PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Usos: Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge- com menos intensidade, são denominadas de átonas.
ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
2. ONDE / AONDE cadas como:
Onde = empregado com verbos que não expressam Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a ideia de movimento = Onde você está?
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
papel
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
que expressam movimento = Aonde você vai?
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
3. MAU / MAL Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
mau elemento. os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
Mal = pode ser usado como - ré.
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. 2 Os acentos
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova? A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal letras representam as vogais tônicas de palavras
não compensa. como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi-
ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ditongos abertos).
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
LÍNGUA PORTUGUESA

C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”


Paulo: Saraiva, 2010. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
Saraiva, 2002.
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã

20
2.1 Regras fundamentais 2.3 Acento Diferencial

A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
Indicativo do mesmo verbo).
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
terminadas em: Os demais casos de acento diferencial não são mais
i, is: táxi – lápis – júri utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – ticais são definidos pelo contexto.
fórceps Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou junção (com relação de finalidade).
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
#FicaDica
#FicaDica Quando, na frase, der para substituir o
“por” por “colocar”, estaremos trabalhan-
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare do com um verbo, portanto: “pôr”; nos
que esta palavra apresenta as terminações demais casos, “por” é preposição: Faço
das paroxítonas que são acentuadas: L, I isso por você. / Posso pôr (colocar) meus
N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. livros aqui?
Assim ficará mais fácil a memorização!
2.4 Regra do Hiato
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí- acento: saída – faísca – baú – país – Luís
tonas são acentuadas, independentemente de sua Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
2.2 Regras especiais Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh:
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos ra-i-nha, ven-to-i-nha.
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
palavras paroxítonas. Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
tonas):
FIQUE ATENTO!
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos Antes Agora
abertos estiverem em uma palavra oxíto- bocaiúva bocaiuva
na (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
acentuados: dói, escarcéu. feiúra feiura
Sauípe Sauipe

O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi


Antes Agora abolido:
assembléia assembleia
LÍNGUA PORTUGUESA

idéia ideia Antes Agora


geléia geleia crêem creem
jibóia jiboia lêem leem
apóia (verbo apoiar) apoia vôo voo
paranóico paranoico enjôo enjoo

21
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
#FicaDica Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
que não recebem mais acento como antes: ( ) CERTO ( ) ERRADO
CRER, DAR, LER e VER.
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os 3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012) Os
garotos deem o recado! vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem acen-
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! to gráfico com base na mesma regra de acentuação gráfica.
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
à tarde! ( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada
As formas verbais que possuíam o acento tônico na em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton-
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.

Antes Depois 4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As


apazigúe (apaziguar) apazigue palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com
averigúe (averiguar) averigue a mesma regra de acentuação gráfica.

argúi (arguir) argui ( ) CERTO ( ) ERRADO


Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = mo-
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, nossílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm.
Unidades de medidas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Os símbolos das unidades de medida são escritos
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
20km, 120km/h.
Paulo: Saraiva, 2010.
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm Na indicação de horas, minutos e segundos, não
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
nutos e trinta e quatro segundos).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
O símbolo do real antecede o número sem espaço:
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em ra vertical ($).
conformidade com a mesma regra ortográfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Hífen

Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
LÍNGUA PORTUGUESA

terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa- para ligar os elementos de palavras compostas (como
roxítona terminada em ditongo ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
terminada em ditongo. para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
Observação: nestes casos, admitem-se as separações uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí- compa-/nheiro).
tonas.

22
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma B) Não se emprega o hífen:
Ortográfica: 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi-
xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
1. Em palavras compostas por justaposição que for- em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
que se unem para formam um novo significado: microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
ro, recém-casado. 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- o segundo elemento começar com “o”: coopera-
gumas exceções continuam por já estarem con- ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor,
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, coedição, coexistir, etc.
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
queima-roupa, deus-dará.
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
paraquedista, etc.
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc. feito, benquerer, benquerido, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
per- quando associados com outro termo que é Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
-racional, etc. não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di- do, pressuposto, propor.
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, -humano, super-realista, alto-mar.
etc. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
semi-hospitalar, super-homem. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au- SITE
to-observação, etc. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
ortografia
O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
#FicaDica
Lembrete da Zê! 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
Ao separar palavras na translineação (mu- pe – 2013 – adaptada)
dança de linha), caso a última palavra a ser
escrita seja formada por hífen, repita-o na A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in- dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
LÍNGUA PORTUGUESA

flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. de comunicação, os quais são indispensáveis para que
Na próxima linha escreverei: “-inflamató- os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
rio” (hífen em ambas as linhas). Devido à acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
diagramação, pode ser que a repetição do exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
hífen na translineação não ocorra em meus que a lei lhes impõe.
conteúdos, mas saiba que a regra é esta! Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).

23
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes. Exemplos:
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto Dionísio, Netuno.
nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de- e) Nos nomes de festas e festividades.
manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon- Exemplos:
tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez, Natal, Páscoa, Ramadã.
substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
do acontecimento. f) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacio-
nais.
( ) CERTO ( ) ERRADO Exemplos:
ONU, Sr., V. Ex.ª.
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a g) Nos nomes que designam altos conceitos reli-
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in- giosos, políticos ou nacionalistas.
correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há Exemplos:
a necessidade de avaliar a segunda substituição. Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Estado, Nação,
Pátria, União, etc.

Emprego das iniciais maiúsculas e minúsculas Observação: esses nomes escrevem-se com ini-
cial  minúscula quando são empregados em sentido
1) Utiliza-se inicial maiúscula: geral ou indeterminado.
a) No começo de um período, verso ou citação di- Exemplo:
reta. Todos amam sua pátria.

Exemplos: Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:


Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em
qualquer lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Pa- a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e
raíso.” edifícios.
Exemplos:
“Auriverde pendão de minha terra, Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Que a brisa do Brasil beija e balança, Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Estandarte que à luz do sol encerra Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
As promessas divinas da Esperança…”
(Castro Alves) Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/
fono/fono23.php
Observações:

- No início dos versos que não abrem período, é fa- MORFOLOGIA: EMPREGO, FLEXÕES


cultativo o uso da letra maiúscula. E CLASSIFICAÇÕES DAS CLASSES
Por Exemplo: GRAMATICAIS. 5. SINTAXE: A ESTRUTURA
DA ORAÇÃO (CLASSIFICAÇÃO E EMPREGO
“Aqui, sim, no meu cantinho, DOS TERMOS); A ESTRUTURA DO
vendo rir-me o candeeiro, PERÍODO COMPOSTO (CLASSIFICAÇÃO
gozo o bem de estar sozinho E EMPREGO DAS ORAÇÕES); EMPREGO
e esquecer o mundo inteiro.»
DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO; REGÊNCIA
VERBAL E NOMINAL; A OCORRÊNCIA
- Depois de dois pontos, não se tratando de citação
direta, usa-se letra minúscula. DA CRASE, CONCORDÂNCIA VERBAL E
Por Exemplo: NOMINAL

“Chegam os magos do Oriente, com suas dádi-


vas: ouro, incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) ESTRUTURA DAS PALAVRAS

b) Nos antropônimos, reais ou fictícios. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
Exemplos: ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi-
LÍNGUA PORTUGUESA

Pedro Silva, Cinderela, D. Quixote. mos em seus menores elementos (partes) possuidores de
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí-
c) Nos topônimos, reais ou fictícios. da por três elementos significativos:
Exemplos: In = elemento indicador de negação
Rio de Janeiro, Rússia, Macondo. Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra
d) Nos nomes mitológicos. Ável = elemento indicador de possibilidade

24
Estes elementos formadores da palavra recebem o cant-á-sse-is:
nome de morfemas. Através da união das informações cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor- a segunda pessoa do plural)
nar claro”.
D) Vogal temática
Morfemas = são as menores unidades significativas Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
radical às desinências, é chamado de vogal temá-
1. Classificação dos morfemas tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
portador de significado. É através do radical que verbos como os nomes apresentam vogais temá-
podemos formar outras palavras comuns a um ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
grupo de palavras da mesma família. Exemplo: as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de (da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
palavras que se agrupam em torno de um mesmo = partir).
radical denomina-se família de palavras.
D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). ríamos pensar que essas terminações são desinên-
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações vogais temáticas que se liga a desinência indica-
ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio- dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
nado em número (singular e plural) e pessoa (pri- terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se qui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama-
va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
concluir que existem morfemas que indicam as fle- caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de temática é -a pertencem à primeira conjugação;
desinências. Há desinências nominais e desinên- aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
cias verbais. gunda conjugação e os que têm vogal temática -i
pertencem à terceira conjugação.
C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
número dos nomes. Para a indicação de gênero, o E) Interfixos
português costuma opor as desinências -o/-a: ga- São os elementos (vogais ou consoantes) que se in-
roto/garota; menino/menina. Para a indicação de tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
número, costuma-se utilizar o morfema –s, que in- mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por
dica o plural em oposição à ausência de morfema, exemplo:
que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga- Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re- 2. Formação das Palavras
vólveres; cruz/cruzes.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva-
C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi- das, palavras simples, palavras compostas.
nências verbais pertencem a dois tipos distintos. A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua por-
Há desinências que indicam o modo e o tempo tuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
(desinências modo-temporais) e outras que indi- B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua por-
cam o número e a pessoa dos verbos (desinência tuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, flori-
LÍNGUA PORTUGUESA

número-pessoais): cultura.
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra-
cant-á-va-mos: dical: azeite, cavalo.
cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in- de um radical: couve-flor, planalto.
dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
primeira pessoa do plural) As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
mentos ligados por hífen.

25
2.1. Processos de Formação de Palavras
#FicaDica
Na Língua Portuguesa há muitos processos de for-
A derivação regressiva “mexe” na estrutura
mação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a de- da palavra, geralmente transforma verbos
rivação, a composição, a onomatopeia, a abreviação e o em substantivos: caça = deriva de caçar, sa-
hibridismo. que = deriva de sacar
A derivação imprópria não “mexe” com a
2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos palavra, apenas faz com que ela pertença a
uma classe gramatical “imprópria” da qual
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (de- ela realmente, ou melhor, costumeiramen-
rivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A te faz parte. A alteração acontece devido à
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. presença de outros termos, como artigos,
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por exemplo:
por acréscimo de prefixo. O verde das matas! (o adjetivo “verde” pas-
In feliz / des leal sou a funcionar como substantivo devido à
Prefixo radical prefixo radical presença do artigo “o”)

B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida 2.4. Composição


por acréscimo de sufixo.
Feliz mente / leal dade Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
Radical sufixo radical sufixo radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação.
C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés- A) Justaposição: ocorre quando os elementos que
cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín- formam o composto são postos lado a lado, ou
tese formam-se principalmente verbos. seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
En trist ecer -roupa, segunda-feira, girassol.
Prefixo radical sufixo B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
elementos que formam o composto aglutinam-se
En tard ecer e pelo menos um deles perde sua integridade so-
prefixo radical sufixo nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho +
Há dois casos em que a palavra derivada é formada acre).
sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir
regressiva e a derivação imprópria. certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom.
2.3. Derivação Abreviação – é a redução de palavras até o limite
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por (pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia).
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo,
na formação de substantivos derivados de verbos. Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
(substantivo) – deriva de pescar (verbo) ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
obtida pela mudança de categoria gramatical da reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im-
forma, mas somente na classe gramatical. puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “por- puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si-
quê” deriva da conjunção porque) glas impuras).
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
do verbo olhar). Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
LÍNGUA PORTUGUESA

móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam-


bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).

26
1. Locução adjetiva
EXERCÍCIOS COMENTADOS Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo: cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
a) sufixação freio (paixão desenfreada).
b) prefixação
c) parassíntese Observe outros exemplos:
d) justaposição
e) aglutinação de águia aquilino

Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos de aluno discente


a junção de um prefixo com um radical, portanto: de- de anjo angelical
rivação prefixal (ou prefixação). de ano anual
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – de aranha aracnídeo
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO de boi bovino
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
de cabelo capilar
de:
de cabra caprino
a) palavra composta de campo campestre ou rural
b) palavra primitiva
c) palavra derivada de chuva pluvial
d) neologismo de criança pueril
de dedo digital
Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o de estômago estomacal ou gástrico
prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é de falcão falconídeo
palavra derivada do processo de formação de palavras
de farinha farináceo
chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
basta “derivada”! de fera ferino
de ferro férreo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de fogo ígneo


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de garganta gutural
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de gelo glacial
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. de guerra bélico
– São Paulo: Saraiva, 2010. de homem viril ou humano
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
de ilha insular
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
de inverno hibernal ou invernal
SITE de lago lacustre
Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
Classes de palavras
de madeira lígneo
Adjetivo de mestre magistral
LÍNGUA PORTUGUESA

de ouro áureo
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte-
rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor- de paixão passional
dando com este em gênero e número. de pâncreas pancreático
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de porco suíno ou porcino
(plural e feminino, pois concordam com “praias”). dos quadris ciático

27
de rio fluvial Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de sonho onírico Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
de velho senil Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
de vento eólico Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
de vidro vítreo ou hialino
5. Flexão dos adjetivos
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Observação: 6. Gênero dos Adjetivos


Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª
referem (masculino e feminino). De forma semelhante
série. / O muro de tijolos caiu.
aos substantivos, classificam-se em:
2. Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática): A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa,
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função mau e má.
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan- Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
do como adjunto adnominal ou como predicativo (do feminino somente o último elemento: o moço norte-a-
sujeito ou do objeto). mericano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
3. Adjetivo Pátrio (ou gentílico) B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas-
culino como para o feminino: homem feliz e mulher
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. feliz.
Observe alguns deles: Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável
no feminino: conflito político-social e desavença político-
Estados e cidades brasileiras: -social.

7. Número dos Adjetivos


Alagoas alagoano
Amapá amapaense A) Plural dos adjetivos simples
Aracaju aracajuano ou aracajuense Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Amazonas amazonense ou baré substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
Belo Horizonte belo-horizontino ruins, boa e boas.

Brasília brasiliense Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Cabo Frio cabo-friense função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa-
lavra que estiver qualificando um elemento for, original-
Campinas campineiro ou campinense mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva.
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti-
4. Adjetivo Pátrio Composto vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio-
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami-
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei- sas cinza, ternos cinza.
ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, Motos vinho (mas: motos verdes)
erudita. Observe alguns exemplos: Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
África afro- / Cultura afro-americana
B) Adjetivo Composto
Alemanha germano- ou teuto-/Competições É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
teuto-inglesas malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape-
nas o último elemento concorda com o substantivo a que
América américo- / Companhia américo-africana
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular.
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses Caso um dos elementos que formam o adjetivo com-
LÍNGUA PORTUGUESA

China sino- / Acordos sino-japoneses posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
Espanha hispano- / Mercado hispano-português é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua-
Europa euro- / Negociações euro-americanas lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo
Grécia greco- / Filmes greco-romanos composto inteiro ficará invariável. Veja:

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Camisas rosa-claro.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Ternos rosa-claro. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Olhos verde-claros. Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.

Observação: Observe alguns superlativos sintéticos:


Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, benéfico - beneficentíssimo
vestidos cor-de-rosa. bom - boníssimo ou ótimo
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- comum - comuníssimo
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
cruel - crudelíssimo
8. Grau do Adjetivo difícil - dificílimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- doce - dulcíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- fácil - facílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
fiel - fidelíssimo
A) Comparativo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser seres. Essa relação pode ser:
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade todas.
No comparativo de igualdade, o segundo termo da  De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto todas.
ou quão.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
perioridade dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- antepostos ao adjetivo.
ferioridade O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
rior, grande/maior, baixo/inferior. a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
 As formas menor e pior são comparativos de su- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
mau, respectivamente. nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
exemplo: Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
elementos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
duas qualidades de um mesmo elemento. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
ferioridade SITE
Sou menos passivo (do) que tolerante. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
LÍNGUA PORTUGUESA

morf32.php
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito Advérbio
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
tivo e apresenta as seguintes modalidades: Compare estes exemplos:
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali- O ônibus chegou.
dade de um ser é intensificada, sem relação com O ônibus chegou ontem.
outros seres. Apresenta-se nas formas:

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Advérbio é uma palavra invariável que modifica o B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
do próprio advérbio. sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(bem) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- quando, de quando em quando, a qualquer mo-
jetivo (claros) mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
centar ideia de: pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Tempo: Ela chegou tarde. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Lugar: Ele mora aqui. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Modo: Eles agiram mal. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Negação: Ela não saiu de casa. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Dúvida: Talvez ele volte. te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
1. Flexão do Advérbio dalosamente, bondosamente, generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, bitavelmente.
porém, admitem a variação em grau. Observe: E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
modo que o comparativo do adjetivo: vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): quem sabe.
Renato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
 de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
fala melhor que João. mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
B) Grau Superlativo I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
O superlativo pode ser analítico ou sintético: bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- durante a adolescência.
nato fala muito alto. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
de modo aos meus amigos por comparecerem à festa.
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
tíssimo. Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
Observação: ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
comuns na língua popular. tarde possível.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
A criança levantou cedinho. (muito cedo) em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.
2. Classificação dos Advérbios
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
De acordo com a circunstância que exprime, o advér- Há palavras como muito, bastante, que podem apare-
bio pode ser de: cer como advérbio e como pronome indefinido.
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco- Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de- Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
esquerda, ao lado, em volta.

30
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
#FicaDica verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
Como saber se a palavra bastante é advérbio dade e de tempo, respectivamente.
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefi-
nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
substituir o “bastante” por “muito”, estamos Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
diante de um advérbio; se der para substituir reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Paulo: Saraiva, 2010.
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
4. Advérbios Interrogativos morf75.php

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? Artigo


por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Interrogação Direta Interrogação Indireta ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Onde mora? Indaguei onde morava. riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns]).
Por que choras? Não sei por que choras. A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
Aonde vai? Perguntei aonde ia. determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
Donde vens? Pergunto donde vens.
muito.
Quando voltas? Pergunto quando voltas. B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
5. Locução Adverbial da! Umas candidatas foram aprovadas!

Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
nariamente por uma preposição. Veja: numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, teúdo.
para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
em geral, frente a frente, etc. Janeiro, Veneza, A Bahia...
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Quando indicado no singular, o artigo definido pode
hoje em dia, nunca mais, etc. indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, No caso de nomes próprios personativos, denotando
o adjetivo e outro advérbio: a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
Chegou muito cedo. (advérbio) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
Joana é muito bela. (adjetivo) Pedro é o xodó da família.
De repente correram para a rua. (verbo) No caso de os nomes próprios personativos estarem
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: os Incas, Os Astecas...
Essa matéria é mais bem interessante que aquela. Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do


O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér- artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
bio: Cheguei primeiro. Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
adverbial desempenham na oração a função de adjunto dos. (qualquer classe)
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér- cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
bio. Exemplo:

31
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve Podemos separá-las por ponto:
ter é uns vinte anos. Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
O artigo também é usado para substantivar palavras
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
“mas”. Já em:
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser Espero que eu seja aprovada no concurso!
usado: Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas segunda “completa” o sentido da primeira (da oração princi-
conhecidas: O professor visitará Roma. pal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce a
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- função de objeto direto do verbo da oração principal).
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
bela Roma. 3. Conjunções Coordenativas
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria São aquelas que ligam orações de sentido completo
sairá agora? e independente ou termos da oração que têm a mesma
Exceção: O senhor vai à festa? função gramatical. Subdividem-se em:
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
didato cuja nota foi a mais alta. não), não só... mas também, não só... como também,
bem como, não só... mas ainda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Não só dança, mas também canta.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
expressando ideia de contraste ou compensação.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi.
no entanto, não obstante.
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
SITE fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
Conjunção Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.

Além da preposição, há outra palavra também inva- D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
palavras de mesma função em uma oração: conseguinte, por isso, assim.
Marta estava bem preparada para o teste, portanto
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e não ficou nervosa.
São Paulo. Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
1. Morfossintaxe da Conjunção que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- Não demore, que o filme já vai começar.
cem propriamente uma função sintática: são conectivos. Falei muito, pois não gosto do silêncio!

2. Classificação da Conjunção 4. Conjunções Subordinativas

De acordo com o tipo de relação que estabelecem, São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
LÍNGUA PORTUGUESA

as conjunções podem ser classificadas em coordenati- las dependente da outra. A oração dependente, intro-
vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro. de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni- começado quando ela chegou.
dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já O baile já tinha começado: oração principal
no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
conjunção depende da existência do outro. Veja: ela chegou: oração subordinada

32
As conjunções subordinativas subdividem-se em in- F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
tegrantes e adverbiais: pressa um fato relacionado proporcionalmente
à ocorrência do expresso na principal. São elas:
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por à medida que, à proporção que, ao passo que e
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- as combinações quanto mais... (mais), quanto me-
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: nos... (menos), etc.
que, se. O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
Quero que você volte. (Quero sua volta) casseiam.

Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- Observação:


ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo São incorretas as locuções proporcionais à medida
com a circunstância que expressam, classificam-se em: em que, na medida que e na medida em que.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ocorrência da oração principal. São elas: porque, G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
que, como (= porque, no início da frase), pois que, ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
que, etc. que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
sim que), etc.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expres- A briga começou assim que saímos da festa.
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
impedir sua realização. São elas: embora, ainda H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por pressa ideia de comparação com referência à ora-
mais que, posto que, conquanto, etc.
ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
binado com menos ou mais), etc.
a hipótese ou a condição para ocorrência da prin-
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a
não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
#FicaDica que, de modo que, sem que (= que não), de forma
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na
Você deve ter percebido que a conjunção con- oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
dicional “se” também é conjunção integrante. tanto, tamanho), etc.
A diferença é clara ao ler as orações que são Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia exame.
da condição para que recebamos um telefo-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
FIQUE ATENTO!
sei se farei o concurso. Não há ideia de
condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da Muitas conjunções não têm classificação
oração principal (sei) pede complemento (ob- única, imutável, devendo, portanto, ser clas-
jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe sificadas de acordo com o sentido que apre-
algo”). Portanto, a oração em destaque exerce sentam no contexto (destaque da Zê!).
a função de objeto direto da oração principal,
sendo classificada como oração subordinada
substantiva objetiva direta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
prime a conformidade de um fato com outro. São reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con- Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

soante, etc. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-


O passeio ocorreu como havíamos planejado. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- SITE


nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
principal. São elas: para que, a fim de que, que, por- morf84.php
que (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.

33
Interjeição J) Desculpa: Perdão!
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma Puxa! Pô! Ora!
decorrente de uma situação particular, um momento ou O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
um contexto específico. Exemplos: P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Deus!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
hum: expressão de um pensamento súbito = inter- R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
jeição
Saiba que:
O significado das interjeições está vinculado à ma- As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita frem variação em gênero, número e grau como os no-
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
em que for utilizada. Exemplos: voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
Psiu! de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
contexto: alguém pronunciando esta expressão na só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha- plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
mando! Ei, espere!”
Psiu! 2. Locução Interjetiva
contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên- Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
cio!” expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
puxa: interjeição; tom da fala: decepção análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale- ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes- essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
sante! 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
minha frente. classes gramaticais podem aparecer como inter-
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
As interjeições podem ser formadas por: Francamente! (Advérbios)
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô 3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
 palavras: Oba! Olá! Claro! -frase” porque sozinha pode constituir uma men-
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio!
Deus! Ora bolas! Fique quieto!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
1. Classificação das Interjeições tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
Comumente, as interjeições expressam sentido de: que! Quá-quá-quá!, etc.
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! 5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó”
Atenção! Olha! Alerta! com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! “ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
dosa e pura!” (Olavo Bilac)
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!


Ânimo! Adiante!
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
te! Essa não! Chega! Basta! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá-
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
ra Deus! Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.

34
SITE Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
morf89.php forço e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
Numeral flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
triplas do medicamento.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- duas terças partes.
minada sequência.
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex- dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
trata de numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem de sentido. É o que ocorre em frases como:
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas “Me empresta duzentinho...”
palavras consideradas numerais porque denotam quan- É artigo de primeiríssima qualidade!
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos: O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
década, dúzia, par, ambos(as), novena. segunda divisão de futebol)
1. Classificação dos Numerais 3. Emprego e Leitura dos Numerais
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi- Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car- mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
século, par, dúzia, década, bimestre.
separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil no-
vecentos e noventa e dois.
#FicaDica Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
As palavras anterior, posterior, último, ante-
penúltimo, final e penúltimo também indi- Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por
cam posição dos seres, mas são classificadas dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhen-
como adjetivos, não ordinais. tos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais
quintos, etc. até décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o nume-
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação ral venha depois do substantivo;
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. Ordinais Cardinais
2. Flexão dos numerais João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/ D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
cardinais são invariáveis.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os numerais ordinais variam em gênero e número:


Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

35
#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
LÍNGUA PORTUGUESA

oitenta octogésimo - oitenta avos


noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo

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quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gêne-
ro ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá-
bulos não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o
= do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pro-
nome “aquilo”).

#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para determiná-lo
como um substantivo singular e feminino: A matéria que estudei é fácil!

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Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Irei à festa sozinha. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
artigo; o segundo, preposição. penhadas por grupos de palavras.
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
2. Classificação dos Substantivos
apostila. = Nós a trouxemos.

2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci- A) Substantivos Comuns e Próprios


das por meio das preposições: Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Modo = Saiu aos prantos. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Lugar = Sempre a seu lado. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Assunto = Falemos sobre futebol. cidade (em oposição aos bairros).
Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Fim ou finalidade = Vim para ficar. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Instrumento = Escreveu a lápis. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Posse = Vi as roupas da mamãe. tivo comum.
Autoria = livro de Machado de Assis Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Companhia = Estarei com ele amanhã.
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Matéria = copo de cristal.
Meio = passeio de barco. homem, mulher, país, cachorro.
Origem = Nós somos do Nordeste. Estamos voando para Barcelona.
Conteúdo = frascos de perfume.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
prepositiva por trás de. B) Substantivos Concretos e Abstratos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ser que existe, independentemente de outros seres.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Os substantivos concretos designam seres do mundo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São real e do mundo imaginário.
Paulo: Saraiva, 2010. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Brasília.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
ma.
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
res que dependem de outros para se manifestarem ou
Substantivo existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende
veis, as quais denominam todos os seres que existem, de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
za é um substantivo abstrato.
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
Os substantivos abstratos designam estados, quali-
 lugares: Alemanha, Portugal
 sentimentos: amor, saudade dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
 estados: alegria, tristeza ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
 qualidades: honestidade, sinceridade (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
 ações: corrida, pescaria (sentimento).
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Morfossintaxe do substantivo  Substantivos Coletivos

Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun- Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como outra abelha, mais outra abelha.
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di- Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do

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Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. pinacoteca pinturas, quadros
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas
Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais
assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas
alcateia lobos romanceiro poesias narrativas
acervo livros revoada pássaros
antologia trechos literários selecionados sínodo párocos
arquipélago ilhas talha lenha
banda músicos tropa muares, soldados
bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores vara porcos
batalhão soldados 3. Formação dos Substantivos
cardume peixes
A) Substantivos Simples e Compostos
caravana viajantes peregrinos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
cacho frutas terra.
cancioneiro canções, poesias líricas O substantivo chuva é formado por um único ele-
mento ou radical. É um substantivo simples.
colmeia abelhas
concílio bispos A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
único elemento.
congresso parlamentares, cientistas Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
elenco atores de uma peça ou filme agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos-
esquadra navios de guerra to.
enxoval roupas A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas-
falange soldados, anjos satempo.
fauna animais de uma região
B) Substantivos Primitivos e Derivados
feixe lenha, capim
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
flora vegetais de uma região de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa.
frota navios mercantes, ônibus B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina
de outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
girândola fogos de artifício derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
horda bandidos, invasores
4. Flexão dos substantivos
junta médicos, bois, credores, exa-
minadores O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
júri jurados vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
legião soldados, anjos, demônios Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
LÍNGUA PORTUGUESA

leva presos, recrutas meninão / Diminutivo: menininho


malta malfeitores ou desordeiros A) Flexão de Gênero
manada búfalos, bois, elefantes, Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
matilha cães de raça a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
molho chaves, verduras a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.

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Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e  Substantivos terminados em -or:
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Veja estes títulos de filmes:  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
O velho e o mar tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
Um Natal inesquecível - profetisa
Os reis da praia  Substantivos que formam o feminino trocando o
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que -e final por -a: elefante - elefanta
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
A história sem fim culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Uma cidade sem passado  Substantivos que formam o feminino de maneira
As tartarugas ninjas especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
anteriores: czar – czarina, réu - ré
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor-
mes 7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni-
formes
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho- Epicenos:
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
para o feminino. Classificam-se em: Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo forma para indicar o masculino e o feminino.
se faz mediante a utilização das palavras “macho” Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
macho e o jacaré fêmea. chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- palavras macho e fêmea.
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in- A cobra macho picou o marinheiro.
divíduo. A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o 8. Sobrecomuns:
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e Entregue as crianças à natureza.
a artista.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
Substantivos de origem grega terminados em ema masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
sintoma, o teorema. ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
 Existem certos substantivos que, variando de A criança chorona chamava-se João.
gênero, variam em seu significado: A criança chorona chamava-se Maria.
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e Outros substantivos sobrecomuns:
a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca- a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au- boa criatura.
mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con- o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); Marcela faleceu
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). 9. Comuns de Dois Gêneros:
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor- Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
mes
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- aluna. vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a A distinção de gênero pode ser feita através da análi-
ao masculino: freguês - freguesa se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

 Substantivos terminados em -ão: fazem o femini- tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante;
no de três formas: um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa repórter francês - repórter francesa.
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã A palavra personagem é usada indistintamente nos
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - acentuada preferência pelo masculino: O menino desco-
sultana briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.

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Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: B) Flexão de Número do Substantivo
O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem. Em português, há dois números gramaticais: o singu-
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
fotográfico Ana Belmonte. que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó rística do plural é o “s” final.
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o 11. Plural dos Substantivos Simples
proclama, o pernoite, o púbis.
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Exceção: cânon - cânones.
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
São geralmente masculinos os substantivos de ori- em “ns”: homem - homens.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- O plural de caráter é caracteres.
coma, o hematoma. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. -se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- cônsul e cônsules.
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
duas maneiras:
gre. / Uma Londres imensa e triste.
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
10. Gênero e Significação
Observação:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
duas maneiras:
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen- variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), de três maneiras.
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
na administração da crisma e de outros sacramentos), a 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
(vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou- Observação:
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves), Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun- dois – e até três – plurais:
cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen- aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos
tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo- ancião – anciões/anciães/anciãos
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), charlatão – charlatões/charlatães
LÍNGUA PORTUGUESA

o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), corrimão – corrimãos/corrimões


o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria- guardião – guardiões/guardiães
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a vilão – vilãos/vilões/vilães
pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador), Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
a voga (moda). o látex - os látex.

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12. Plural dos Substantivos Compostos Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
A formação do plural dos substantivos compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
lavras que formam o composto e da relação que esta- Observação:
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
seis e alguns dez.
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
malmequer/malmequeres.
15. Plural dos Diminutivos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma- pãe(s) + zinhos = pãezinhos


dos de: animai(s) + zinhos = animaizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
feitos chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- farói(s) + zinhos = faroizinhos
mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
flore(s) + zinhas = florezinhas
quando formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas mão(s) + zinhas = mãozinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e papéi(s) + zinhos = papeizinhos
alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco- nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
-recos funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
quando formados de: pai(s) + zinhos = paizinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pé(s) + zinhos = pezinhos
-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca- pé(s) + zitos = pezitos
valo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como deter- 16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, sempre que a terminação preste-se à flexão.
Os Napoleões também são derrotados.
peixe-espada - peixes-espada.
As Raquéis e Esteres.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
saca-rolhas escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
13. Casos Especiais shorts, os jazz.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de
o louva-a-deus e os louva-a-deus acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
o bem-te-vi e os bem-te-vis os réquiens.
o bem-me-quer e os bem-me-queres Observe o exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Este jogador faz gols toda vez que joga.


o joão-ninguém e os joões-ninguém. O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
14. Plural das Palavras Substantivadas 18. Plural com Mudança de Timbre
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Certos substantivos formam o plural com mudança
classes gramaticais usadas como substantivo apresen- de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos. fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Singular Plural
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
corpo (ô) corpos (ó) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
fogo fogos Paulo: Saraiva, 2010.
forno fornos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
fosso fossos
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
imposto impostos São Paulo: Saraiva, 2002.
olho olhos
SITE
osso (ô) ossos (ó) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
ovo ovos morf12.php
poço poços
Pronome
porto portos
posto postos Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
tijolo tijolos forma.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- homem destrói a natureza...
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
etc. superior à natureza, por isso ele a destrói...
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
Observação: mos (homem e natureza).
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de Grande parte dos pronomes não possuem significa-
molho (ó) = feixe (molho de lenha). dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. referência exata daquilo que está sendo colocado por
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do mais pronomes têm por função principal apontar para as
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). -lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
com sentido de plural: ma específica para cada pessoa do discurso.
Aqui morreu muito negro. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
improvisadas. Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
C) Flexão de Grau do Substantivo fala]
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: se fala]
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
rado normal. Por exemplo: casa Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama- variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú-
nho do ser. Classifica-se em: mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad- rência através do pronome seja coerente em termos de
jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. gênero e número (fenômeno da concordância) com o
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- enunciado.
dicador de aumento. Por exemplo: casarão. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
LÍNGUA PORTUGUESA

nossa escola neste ano.


3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama- [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
nho do ser. Pode ser: cia adequada]
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti- [neste: pronome que determina “ano” = concordân-
vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. cia adequada]
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in- [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
dicador de diminuição. Por exemplo: casinha. cordância inadequada]

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Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, 2. Pronome Oblíquo Átono
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
1. Pronomes Pessoais são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indican- Lista dos pronomes oblíquos átonos
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 1.ª pessoa do singular (eu): me
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 2.ª pessoa do singular (tu): te
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 1.ª pessoa do plural (nós): nos
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 2.ª pessoa do plural (vós): vos
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
FIQUE ATENTO!
A) Pronome Reto Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
peciais depois de certas terminações verbais:
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r,
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
o pronome assume a forma lo, los, la ou las,
flores.
ao mesmo tempo que a terminação verbal é
Os pronomes retos apresentam flexão de número,
suprimida. Por exemplo:
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl- fiz + o = fi-lo
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do fazeis + o = fazei-lo
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é dizer + a = dizê-la
assim configurado:
1.ª pessoa do singular: eu 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
2.ª pessoa do singular: tu pronome assume as formas no, nos, na, nas.
3.ª pessoa do singular: ele, ela Por exemplo:
1.ª pessoa do plural: nós viram + o: viram-no
2.ª pessoa do plural: vós repõe + os = repõe-nos
3.ª pessoa do plural: eles, elas retém + a: retém-na
tem + as = tem-nas
Esses pronomes não costumam ser usados como
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu B.2 Pronome Oblíquo Tônico
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for- dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon- e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram- função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
-me até aqui”. ção tônica forte.
Frequentemente observamos a omissão do pronome Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
formas verbais marcam, através de suas desinências, as
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
boa viagem. (Nós)
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
B) Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na Observe que as únicas formas próprias do pronome
sentença, exerce a função de complemento verbal tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob- (ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
jeto indireto) caso reto.

Observação: As preposições essenciais introduzem sempre prono-


O pronome oblíquo é uma forma variante do prono- mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
LÍNGUA PORTUGUESA

me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o forma:
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem Não há mais nada entre mim e ti.
variação de acordo com a acentuação tônica que pos- Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
suem, podendo ser átonos ou tônicos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.

44
Há construções em que a preposição, apesar de sur-
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma #FicaDica
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver-
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- O pronome é reflexivo quando se refere à
nome, deverá ser do caso reto. mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei-
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. to): Eu me arrumei e saí.
Não vá sem eu mandar. É pronome recíproco quando indica reci-
procidade de ação: Nós nos amamos. / Olha-
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” mo-nos calados.
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- O “se” pode ser usado como palavra exple-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil tiva ou partícula de realce, sem ser rigoro-
para mim! samente necessária e sem função sintática: Os
exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
A combinação da preposição “com” e alguns prono- que eles se foram?
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial C) Pronomes de Tratamento
de companhia: Ele carregava o documento consigo. São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
Ela veio até mim, mas nada falou. tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de pessoa. Alguns exemplos:
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
prova, até eu! (= inclusive eu) Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas giosos em geral
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes- Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos, rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
próprios, todos, ambos ou algum numeral. professores de curso superior, ministros de Estado e de
Você terá de viajar com nós todos. Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
Estávamos com vós outros quando chegaram as más te da República (sempre por extenso)
notícias. Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer-
Ele disse que iria com nós três. sidades
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
3. Pronome Reflexivo Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio-
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- nários de igual categoria
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe de direito
a ação expressa pelo verbo. Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
Lista dos pronomes reflexivos: cerimonioso
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui- nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
lherme já se preparou. pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
Ela deu a si um presente. no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
Antônio conversou consigo mesmo. pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes ultraformal ou literária.
com esta conquista.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se Observações:
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
LÍNGUA PORTUGUESA

dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-


pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
encontro.
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
ca, agiu com propriedade.

45
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- posse. Podem ter outros empregos, como:
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
excelência que esse deputado supostamente tem anos.
para poder ocupar o cargo que ocupa. C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
possessivos e os pronomes oblíquos empregados celência trouxe sua mensagem?
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhe- livros e anotações.
cidos. 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco- 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa- prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
mos a chamar alguém de “você”, não poderemos para que não ocorra redundância: Coloque tudo
usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver- nos respectivos lugares.
bo na terceira pessoa.
5. Pronomes Demonstrativos
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
A) Em relação ao espaço:
ou Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
pessoa que fala:
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos Este material é meu.
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da
pessoa com quem se fala:
4. Pronomes Possessivos Esse material em sua carteira é seu?

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
(coisa possuída). quem se fala:
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do Aquele material não é nosso.
singular) Vejam aquele prédio!

NÚMERO PESSOA PRONOME B) Em relação ao tempo:


Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
singular primeira meu(s), minha(s) relação à pessoa que fala:
singular segunda teu(s), tua(s) Esta manhã farei a prova do concurso!
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
singular terceira seu(s), sua(s) rém relativamente próximo à época em que se situa a
plural primeira nosso(s), nossa(s) pessoa que fala:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s) Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen-
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo
Note que: remoto:
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical Naquele tempo, os professores eram valorizados.
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
LÍNGUA PORTUGUESA

objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se
naquele momento difícil. falará ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
Observações: fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa-
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul- lará:
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
obrigado, seu José. ortografia, concordância.

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Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
mos! um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
Este e aquele são empregados quando se quer fazer cam-se em:
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
termo referido em primeiro lugar e este para o referido A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
por último: lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Paulo], aquele [Palmeiras]) Algo o incomoda?
Quem avisa amigo é.
ou
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
Paulo], aquele [Palmeiras]) certa(s).
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Cada povo tem seus costumes.
invariáveis, observe: Certas pessoas exercem várias profissões.
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Note que:
aquela(s). Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. nomes indefinidos adjetivos:
Também aparecem como pronomes demonstrativos: algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
aquilo. tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses- vários, várias.
te.) Menos palavras e mais ações.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te Alguns se contentam pouco.
indiquei.)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va- riáveis e invariáveis. Observe:
riam em gênero quando têm caráter reforçativo:  Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Eu mesma refiz os exercícios. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Elas mesmas fizeram isso. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
Eles próprios cozinharam. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
Os próprios alunos resolveram o problema. todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
tas.
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.  Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo,
 tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria. nada, algo, cada.
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. *Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re- rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele, plural é feito em seu interior).
à mencionada em primeiro lugar. Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
em com pronome demonstrativo: àquele, àquela, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no Trabalho todo dia. (= todos os dias)
que estava vendo. (no = naquilo)
LÍNGUA PORTUGUESA

São locuções pronominais indefinidas: cada qual,


6. Pronomes Indefinidos cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur- qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando ou outra, etc.
quantidade indeterminada. Cada um escolheu o vinho desejado.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
-plantadas.

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7. Pronomes Relativos

São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).

O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.

Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou en-
cantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.


LÍNGUA PORTUGUESA

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

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Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
lavras: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
 como (= pelo qual) – desde que precedida das Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
palavras modo, maneira ou forma: São Paulo: Saraiva, 2002.
Não me parece correto o modo como você agiu sema-
na passada. SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
 quando (= em que) – desde que tenha como morf42.php
antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame. 9. Colocação Pronominal

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
numa só frase. pronomes oblíquos átonos na frase.
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. #FicaDica
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de de complemento verbal (objeto). Por isso, memo-
gente que conversava, (que) ria, observava. rize:
OBlíquo = OBjeto!
8. Pronomes Interrogativos
Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
São usados na formulação de perguntas, sejam elas mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini- devem ser observadas na linguagem escrita.
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
variações), quanto (e variações). A próclise é usada:
Com quem andas?  Quando o verbo estiver precedido de palavras
Qual seu nome? que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- jamais, etc.: Não se desespere!
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso B) Advérbios: Agora se negam a depor.
oblíquo quando desempenha função de complemento. C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. quem tudo!
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
lhe ajudar. esforçou.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao nidade.
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.  Orações iniciadas por palavras interrogativas:
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- Quem lhe disse isso?
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta  Orações iniciadas por palavras exclamativas:
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não Quanto se ofendem!
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).  Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou Que Deus o ajude.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,  A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi- nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
dos de preposição. material amanhã. / Tu sabes cantar?
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
que eu estava fazendo. Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para verbo. A mesóclise é usada:
mim o que eu estava fazendo. Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. prol da paz no mundo.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
Paulo: Saraiva, 2010. lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. ria. Veja: Não se realizará...

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Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem. #FicaDica
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa- Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
nharia nessa viagem). significa “antes”! Pronome antes do verbo!
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. em Inglês – que significa “fim, final!). Prono-
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não me depois do verbo!
forem possíveis: Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: verbo
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Não era minha intenção machucá-la. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
se inicia período com pronome oblíquo). reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Vou-me embora agora mesmo. Paulo: Saraiva, 2010.
Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo SITE
no concurso, mudo-me hoje mesmo! http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a -pronominal-.html
proposta fazendo-se de desentendida.
VERBO
10. Colocação pronominal nas locuções verbais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
 Após verbo no particípio = pronome depois do tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
verbo auxiliar (e não depois do particípio): nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
Tenho me deliciado com a leitura! é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
Eu tenho me deliciado com a leitura! outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Eu me tenho deliciado com a leitura! no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

 Não convém usar hífen nos tempos compostos e 1. Estrutura das Formas Verbais
nas locuções verbais:
Vamos nos unir! Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Iremos nos manifestar. os seguintes elementos:

 Quando há um fator para próclise nos tempos A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não -ava; fal-am. (radical fal-)
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo-
cupar”). B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
11. Emprego de o, a, os, as exemplo: fala-r. São três as conjugações:
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, - E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Chame-o agora. C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
Deixei-a mais tranquila. designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo)
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan- / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
número (singular ou plural):
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am, falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
LÍNGUA PORTUGUESA

em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se (indica a 3.ª pessoa do plural.)
para no, na, nos, nas.
Chamem-no agora.
Põe-na sobre a mesa.

50
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
FIQUE ATENTO! jugação completa. Os principais são adequar, pre-
O verbo pôr, assim como seus derivados caver, computar, reaver, abolir, falir.
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju-
gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci- e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
do do infinitivo, revela-se em algumas formas singular. Os principais verbos impessoais são:
do verbo: põe, pões, põem, etc.
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
Existiam)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Houve duas guerras mundiais. (Houve = Acontece-
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- ram)
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
3. Classificação dos Verbos Estava frio naquele dia.
Classificam-se em: 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi- reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
cal inalterado durante a conjugação e desinências
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
Modo Indicativo:
xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
conjugação completa.
canto falo Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
cantas falas Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
canta falas
cantamos falamos 4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
cantais falais tempo: Já passa das seis.

cantam falam 5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
#FicaDica Chega de promessas.
Observe que, retirando os radicais, as desi-
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
nências modo-temporal e número-pessoal
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
outro verbo e perceberá que se repetirá o referência a sujeito expresso anteriormente (por
fato (desde que o verbo seja da primeira exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
conjugação e regular!). Faça com o verbo classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
“andar”, por exemplo. Substitua o radical tais verbos, pessoais.
“cant” e coloque o “and” (radical do verbo
andar). Viu? Fácil! 7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
Dá para me arrumar uma apostila?
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
LÍNGUA PORTUGUESA

fizesse.
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con-
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
Observação:
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar,
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/ convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que
corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera- indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar,
ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema latir, piar).
permanece inalterado.

51
Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
LÍNGUA PORTUGUESA

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

52
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
LÍNGUA PORTUGUESA

sermos nós
serdes vós
serem eles

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4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
LÍNGUA PORTUGUESA

hajas houvesses houveres há hajas


haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

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4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
LÍNGUA PORTUGUESA

presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

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Há verbos que também são acompanhados de pro- Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis-
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmen- mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
te pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos 1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na futebol.
pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Por exemplo: Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa-
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular. momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
5. Modos Verbais futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
“verificarei” ou “vou verificar”.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
C) Particípio: quando não é empregado na formação
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadei-
dos tempos compostos, o particípio indica, geral-
ro. Existem três modos:
mente, o resultado de uma ação terminada, flexio-
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu
nando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
estudo para o concurso. Terminados os exames, os candidatos saíram.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilida-
de: Talvez eu estude amanhã. Quando o particípio exprime somente estado, sem
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estu- nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
de, colega! função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
pela turma.
6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-


mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas
nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) (Ziraldo)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
8. Tempos Verbais
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- Tomando-se como referência o momento em que se
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diver-
exemplo: sos tempos.
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro. A) Tempos do Modo Indicativo
Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às colégio.
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual, mas que não foi
não apresenta desinências, assumindo a mesma forma
completamente terminado: Ele estudava as lições
do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte ma- quando foi interrompido.
neira: Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) momento anterior ao atual e que foi totalmente
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) terminado: Ele estudou as lições ontem à noite.
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudara as lições quando os amigos chegaram.
(forma simples).
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adje- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
ocorrer num tempo vindouro com relação ao mo-
tivo ou advérbio. Por exemplo:
mento atual: Ele estudará as lições amanhã.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode


advérbio) ocorrer posteriormente a um determinado fato
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) passado: Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação B) Tempos do Modo Subjuntivo
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída: Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro. momento atual: É conveniente que estudes para o
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro. exame.

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Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaRA vendeRA partiRA RA Ø


cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

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1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM
1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantES vendAS partAS E A S


cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

58
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais CantAI vós Que vós canteis


Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

59
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM
 O verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

60
#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.

A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:


Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.

Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.


LÍNGUA PORTUGUESA

Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.

Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Preju-
dicaram-me. / Fui prejudicado.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, por-
que o sujeito não pode ser visto como agente, paciente ou agente paciente.

61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Resposta: Letra C.Corrigindo o inadequado:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. milar ao que dispenso aos homens religiosos.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
Paulo: Saraiva, 2010. verdadeiramente virtuosos.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
SITE
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
morf54.php
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
EXERCÍCIOS COMENTADOS ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRABALHO – FCC – 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
TRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez bal obtida será:
não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom-
pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significa- a) seria despertada.
tiva para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como b) teria sido despertada.
fora dela. c) despertar-se-á.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos d) fora despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os e) teriam despertado.
elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
por: Resposta: Letra A. Os ateus despertariam a ira de
qualquer fanático
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
d) acrescentariam − trariam− contribuíram 4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ-
RIA – FCC – 2012)
Resposta: Letra E. Questão que envolve correlação ...ela nunca alcançava a musa.
verbal. Realizando as alterações solicitadas, segue Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
como ficariam (em destaque): verbal resultante será:
Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui-
riam a) alcança-se.
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam b) foi alcançada.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri- c) fora alcançada.
buíram d) seria alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram e) era alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri-
buíram = correta
Resposta: Letra E. Temos um verbo na voz ativa, en-
tão teremos dois na passiva (auxiliar + o verbo da
2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO oração da ativa, no mesmo tempo verbal, forma par-
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO ticípio): A musa nunca era alcançada por ela. O verbo
TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego “alcançava” está no pretérito imperfeito, por isso o
do elemento sublinhado na seguinte frase: auxiliar tem que estar também (é = presente, foi =
pretérito perfeito, era = imperfeito, fora = mais que
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao perfeito, será = futuro do presente, seria = futuro do
que dispenso aos homens religiosos. pretérito).
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira- 5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
LÍNGUA PORTUGUESA

mente virtuosos. ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO


c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin- TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui
dir os que se dizem homens de fé. chegando à constatação de que todo perfil de rede social
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada é um retrato ideal de nós mesmos.
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra alteração
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de seja feita na frase, o elemento grifado pode ser substituído
fazer o mesmo com aqueles que não a têm. por:

62
a) ademais. Resposta: Letra A. “Era” = verbo “ser” no pretérito im-
b) conquanto. perfeito do Indicativo. Procuremos nos itens:
c) porquanto. Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
d) entretanto. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
e) apesar. dicativo
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
Resposta: Letra D. Contudo é uma conjunção adver- to do Indicativo
sativa (expressa oposição). A substituição deve utilizar Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo
outra de mesma classificação, para que se mantenha
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
a ideia do período. A correta é entretanto.
elas)
6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre pa-
8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO –
rênteses deverá flexionar-se no singular para preencher
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o
adequadamente a lacuna da frase:
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his-
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único
o peso de suas mais graves decisões. período, o segmento destacado deverá ser antecedido
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) de vírgula e substituído por
tomar decisões sem medir suas consequências.
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- a) perante ao qual
tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. b) de cujo
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- c) o qual
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor d) frente à quem
humana. e) de quem

Resposta: Letra C. Flexões em destaque e sublinhei os Resposta: Letra E. Voltemos ao trecho: ... meu saudoso
termos que estabelecem concordância: amigo Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmen-
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar te... = a única alternativa que substitui corretamente o
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. trecho destacado é “de quem ouvi oralmente”.
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir
sobre o peso de suas mais graves decisões. 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou-
re tomar decisões sem medir suas consequências. = tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis-
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse
a função de sujeito (subjetiva) tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos- casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. de conservação de documentos”, disse Cavalcanti.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade,
O termo sublinhado faz referência a
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta
a dor humana.
a) pessoas.
b) acervo.
c) Academia.
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem d) tempo.
Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As- e) casa.
sis... Resposta: Letra B. Ao trecho: a guardiã desse tipo de
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da acervo, que (o qual) é muito difícil de ser guardado...
frase acima está em:
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
A forma verbal está corretamente transposta para a voz
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-


paço... passiva em:
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
Charles Baudelaire. a) estava organizando
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar- b) tinha organizado
ros na literatura... c) organizando-se
e) ... para depois casá-las... d) foi organizado
e) está organizado

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Resposta: Letra D. Temos: sujeito (o marechal), verbo d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
na ativa (organizou) e objeto (o acervo). Como há um fado deve saber que comprometerá sua integridade.
verbo na ativa, ao passarmos para a passiva teremos e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
dois (o auxiliar no mesmo tempo que o verbo da ativa comprometer a integridade dos documentos.
+ o particípio do verbo da voz ativa = organizado). O
Resposta: Letra E. Em “a”: Para que se mantesse
objeto exercerá a função de sujeito paciente, e o su-
(mantivesse) sua autenticidade, o documento não po-
jeito da ativa será o agente da passiva (ufa!). A frase
deria receber qualquer tipo de retificação.
ficará: O acervo foi organizado pelo marechal. Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
protegeram.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude poderam (puderam) contar com a proteção de uma
a comer... assinatura digital.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
sublinhado acima está também sublinhado em:
mento criptografado deve saber que comprometerá
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou sua integridade.
as amas... Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. rem sem comprometer a integridade dos documentos
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- = correta
dústria de consumo...
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] 14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
e) Hoje há algo novo nesse cenário. FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a
trajetória da utopia no país.
Resposta: Letra D.
que nos ajude = presente do Subjuntivo Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo verbal resultante será:
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
bém mais-que-perfeito) do Indicativo a) foram marcados.
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi- b) foi marcado.
cativo c) são marcados.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo d) foi marcada.
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In- e) é marcada.
dicativo

12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Resposta: Letra E. Temos um verbo (no tempo pre-
FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões sente) na ativa, então teremos dois na passiva (auxi-
ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... liar [no tempo presente] + particípio de “marcam”) =
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Assim, a trajetória da utopia do país é marcada pelos
verbal resultante será: sessenta anos de história.

a) é privilegiado. 15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO


b) sendo privilegiadas. – SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017) Consi-
c) são privilegiados.
dere as seguintes frases:
d) foi privilegiado.
e) são privilegiadas. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
Resposta: Letra C. Há um verbo na ativa, então tere- empregados nessas frases está em destaque em:
mos dois na passiva (auxiliar + o particípio de “privi- a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
legia”) = O Estado e o mundo são privilegiados pelo com que o cérebro humano não considere útil gravar
modelo ainda dominante. esses dados [...]
13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
– FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de -número de informações.
LÍNGUA PORTUGUESA

acordo com a norma culta na seguinte frase: c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
não poderia receber qualquer tipo de retificação. que morou quando era criança?
b) Os documentos com assinatura digital disporam de e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu-
algoritmos de criptografia que os protegeram. zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...]
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
contar com a proteção de uma assinatura digital.

64
Resposta: Letra D. Os verbos das frases citadas estão Resposta: Letra C. Aos itens:
no Modo Imperativo (expressam ordem). Vamos aos Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
itens: presente
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
fazem = presente do Indicativo rito perfeito
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
imperativo afirmativo (ordens)
Indicativo
Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = preté-
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
rito imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
= presente do Indicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- 18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
sente do Indicativo Em – O destino me prestava esse pequeno favor: comple-
tava minha identificação com o resto da humanidade, que
16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI- tem sempre para contar uma história de objeto achado;
CIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em que a – o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
palavra em destaque na frase pertence à classe dos adje- expressão:
tivos (palavra que qualifica um substantivo).
a) o resto da humanidade.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu- b) esse pequeno favor.
tanásia... c) minha identificação.
d) O destino.
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
e) completava.
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
a morte. Resposta: Letra A. Completava minha identificação
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... com o resto da humanidade, que (a qual) tem sempre
e) E como seria a verdadeira boa morte? para contar uma história de objeto achado = pronome
relativo que retoma o resto da humanidade.
Resposta: Letra E. Em “a”: Existe grande confusão =
substantivo 19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013)
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- Considere o trecho a seguir.
É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
te = pronome
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-
distanciar a morte = substantivo tences, conservando-os junto ao corpo.
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- mente, as lacunas do texto.
jetivo
a) sejam ... mantesse
17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – b) sejam ... mantém
2014) As formas verbais conjugadas no modo impera- c) sejam ... mantivessem
d) seja ... mantivessem
tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão
e) seja ... mantêm
destacadas em
Resposta: Letra C. Completemos as lacunas e depois
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- busquemos o item correspondente. A pegadinha aqui
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades é a conjugação do verbo “manter”, no presente do
incomuns. Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pertences, conservando-os junto ao corpo.
pro estúdio e ponha a rádio no ar.
20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário, CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audio-
LÍNGUA PORTUGUESA

locutor não chegava para os textos de abertura, pu- visuais. – as palavras em destaque expressam, correta e
blicidade, chamadas. respectivamente, circunstâncias de
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já a) dúvida e modo.
suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala- b) dúvida e tempo.
vras. c) modo e afirmação.
d) negação e lugar.
e) negação e tempo.

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Resposta: Letra E. C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de tado afetivo: Que dia abençoado!
tempo. D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
prova será amanhã.
21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
2013) Assinale a alternativa que completa respectiva- (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa- sujeito e predicado.
drão de conjugação verbal. O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
quando __________ um diploma de mestrado, mas há algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
cursos profissionalizantes. vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
a) obtiver … divirgem Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
b) obter … divergem
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
c) obtesse … devirgem
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
d) obter … divirgem
e) obtiver … divergem estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
Resposta: Letra E. Há quem acredite que alcançará o do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
sucesso profissional quando obtiver um diploma de de ligação):
mestrado, mas há aqueles que divergem de opinião e O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
procuram investir em cursos profissionalizantes. (predicado verbal)
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP – cleo é “fácil” (predicado nominal)
2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
modifica o substantivo, com ele concordando em gênero por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
e número, assinale a alternativa em que a palavra desta- tido completo. O período pode ser simples ou composto.
cada é um adjetivo.
Período simples é aquele constituído por apenas
a) ... um câncer de boca horroroso, ... uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
b) Ele tem dezesseis anos... Chove.
c) Eu queria que ele morresse logo, ... A existência é frágil.
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
Período composto é aquele constituído por duas ou
Resposta: Letra A. mais orações:
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo Cantei, dancei e depois dormi.
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral Quero que você estude mais.
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às 1.1. Termos da Oração
famílias = substantivo
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs- 1.1.1 Termos essenciais
tantivo
O sujeito e o predicado são considerados termos es-
Frase, oração e período senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem ora-
1. Sintaxe da Oração e do Período ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter-
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para mo que estabelece concordância com o verbo.
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por O candidato está preparado.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
Os candidatos estão preparados.
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
jou muito ontem à noite.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
LÍNGUA PORTUGUESA

verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-


nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a no singular: candidato = está).
partir de seu sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem por substantivos, o que a torna uma função substantiva
formula uma pergunta: Que dia é hoje? da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
faz um pedido: Dê-me uma luz! pria) também podem exercer a função de sujeito.

66
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- Bateram à porta;
tantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- nistro.
plo: substantivo)
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- ou composto:
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Os meninos bateram à porta. (simples)
do sujeito. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
pode ser simples ou composto. ca dos verbos que não apresentam complemento
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é direto:
possível identificar claramente a que se refere a concor- Precisa-se de mentes criativas.
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não Vivia-se bem naqueles tempos.
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Trata-se de casos delicados.
Estão gritando seu nome lá fora. Sempre se está sujeito a erros.
Trabalha-se demais neste lugar. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- de indeterminação do sujeito.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos: dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
Nós estudaremos juntos.
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
A humanidade é frágil.
pais casos de orações sem sujeito com:
Ninguém se move.
 os verbos que indicam fenômenos da natureza:
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
Amanheceu.
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
Está trovejando.
As crianças precisam de alimentos saudáveis.
 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
O sujeito composto é o sujeito determinado que
tempo em geral:
apresenta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro. Está tarde.
Ela e eu sabemos o conteúdo. Já são dez horas.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. Faz frio nesta época do ano.
Há muitos concursos com inscrições abertas.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum
a referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Predicado é o conjunto de enunciados que contém
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do a informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvin-
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido te. Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente
pela desinência verbal ou pelo contexto. enuncia um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o
Abolimos todas as regras. = (nós) predicado é aquilo que se declara a respeito deste su-
Falaste o recado à sala? = (tu) jeito. Com exceção do vocativo - que é um termo à par-
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- te - tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- predicado.
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os Chove muito nesta época do ano.
pronomes não estejam explícitos. Houve problemas na reunião.
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
to na desinência verbal “-mos” Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
sinência verbal “-ais” objeto direto.
As questões estavam fáceis!
Mas: Sujeito simples = as questões
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós Predicado = estavam fáceis
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Sujeito = uma ideia estranha
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Predicado = passou-me pelo pensamento
LÍNGUA PORTUGUESA

refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso


contrário, teríamos uma oração sem sujeito. Para o estudo do predicado, é necessário verificar
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nado de duas maneiras: nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que siderar também se as palavras que formam o predicado
o sujeito não tenha sido identificado anteriormen- referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
te: oração.

67
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres 1.2 Termos integrantes da oração
de opinião. Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
Predicado complemento nominal são chamados termos integrantes
da oração.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra Os complementos verbais integram o sentido dos
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
ligam direta ou indiretamente ao verbo. cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
A cidade está deserta. plementos diretamente, sem a presença de preposição,
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- ou indiretamente, por intermédio de preposição.
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como O objeto direto é o complemento que se liga direta-
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o mente ao verbo.
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = Houve muita confusão na partida final.
predicativo do sujeito). Queremos sua ajuda.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
significativo um verbo: A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
Chove muito nesta época do ano. muns referentes a pessoas:
Estudei muito hoje! Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
Compraste a apostila? (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
processos. de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
cansar a Vossa Senhoria.
O predicado nominal é aquele que tem como nú- C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo a crise)
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
ligação). Gosto de música popular brasileira.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, Necessito de ajuda.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado 1.2.1 Objeto Pleonástico
do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
relacionadas. objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
A função de predicativo é exercida, normalmente, por ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
um adjetivo ou substantivo. tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No ves Dias)
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto). objeto pleonástico

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- Ao traidor, nada lhe devemos.


nificativo, indicando processos. É também sempre por
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com O termo que integra o sentido de um nome chama-se
o termo a que se refere. complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O dia amanheceu ensolarado; ta por intermédio de preposição:
As mulheres julgam os homens inconstantes. A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta vra “necessária”
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
LÍNGUA PORTUGUESA

um verbal e outro nominal. 1.3 Termos acessórios da oração e vocativo


O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Os termos acessórios recebem este nome por serem
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
o complemento homens com o predicativo “inconstan- junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tes”. tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
oração.

68
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- 1.4 Períodos Compostos
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
de uma oração em sua composição. Sendo assim:
a pé àquela velha praça.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
O adjunto adnominal é o termo acessório que deter-
ção)
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- Estou comprando um protetor solar, depois irei à
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. orações)
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
numerais e os pronomes adjetivos. protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu orações).
amigo de infância. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
entre as orações de um período composto: uma relação
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- de coordenação ou uma relação de subordinação.
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o Duas orações são coordenadas quando estão juntas
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
verbo. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta português deixou uma obra originalíssima. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta deixou-a. Estou comprando um protetor solar, depois irei à
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: praia. (Período Composto)
adjunto adnominal) Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta deixou-a inacabada. 2. Irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
do objeto) Separando as duas, vemos que elas são independen-
tes. Tal período é classificado como Período Composto
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um por Coordenação.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
relaciona apenas ao substantivo. mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Sindéticas.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um A) Coordenadas Assindéticas
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se- São orações coordenadas entre si e que não são li-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus-
tapostas.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem- Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se- B) Coordenadas Sindéticas
gunda-feira passei o dia mal-humorado. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
valor na oração, em: coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
com o mundo. explicativas.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação. Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
nho, tudo forma o carnaval.  Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi- principais conjunções são: e, nem, não só... mas também,
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida. não só... como, assim... como.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- Comprei o protetor solar e fui à praia.
LÍNGUA PORTUGUESA

vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não


 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
senão.
tantivadas esse papel na linguagem.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
João, venha comigo!
Li tudo, porém não entendi!
Traga-me doces, minha menina!

69
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer... bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
quer; seja...seja. bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. onde, como).

 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas O garoto perguntou qual seu nome.
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, Oração Subordinada Substantiva
por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
posto ao verbo). Não sabemos quando ele virá.
Passei no concurso, portanto comemorarei! Oração Subordinada Substantiva
A situação é delicada; devemos, pois, agir.
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, Substantivas
na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- Conforme a função que exerce no período, a oração
mingo. subordinada substantiva pode ser:
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal:
1.4.2 Período Composto Por Subordinação É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
Quero que você seja aprovado!
Oração principal oração subordinada É fundamental que você compareça à reunião.
Observe que na oração subordinada temos o verbo Oração Principal Oração Subordinada Substan-
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu- tiva Subjetiva
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam #FicaDica
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
Observe que a oração subordinada substantiva
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
pode ser substituída pelo pronome “isso”.
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
Assim, temos um período simples:
explícitas.
É fundamental isso ou Isso é
fundamental.
Podemos modificar o período acima. Veja: Desta forma, a oração correspondente a “isso”
Quero ser aprovado. exercerá a função de sujeito.
Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-


ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su- ção principal:
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-  Verbos de ligação + predicativo, em construções
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí- É bom que você compareça à minha festa.
 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou-
citas (como no exemplo acima).
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anun-
ciado, Ficou provado.
Observação:
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admi-
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
rar - importar - ocorrer - acontecer
mente, introduzidas por preposição.
Convém que não se atrase na entrevista.
Observação:
A) Orações Subordinadas Substantivas
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- do singular.
tegrante (que, se).
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do


Não sei se sairemos hoje. verbo da oração principal:
Oração Subordinada Substantiva Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva Todos querem que você seja aprovado. (Todos
querem isso)

70
Oração Principal Oração Subordinada Substanti- 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter-
va Objetiva Direta mo da oração principal.
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: Aposto
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
e “se”: A professora verificou se os alunos estavam Oração subordinada
presentes. substantiva apositiva reduzida de infinitivo
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações (Fernanda tinha um grande sonho: isso)
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às B) Orações Subordinadas Adjetivas
vezes regidos de preposição), nas interrogações Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso. sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do Esta foi uma redação bem-sucedida.
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição. Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
minal)
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai
papel:
insiste nisso) Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Subordinada Substantiva Oração Principal Oração Subordinada
Objetiva Indireta Adjetiva
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na Perceba que a conexão entre a oração subordinada
oração. adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
Oração Subordinada Subs- relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
tantiva Objetiva Indireta nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
4. Completiva Nominal = completa um nome que (no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
pertence à oração principal e também vem marcada por ciona como sujeito).
preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento. #FicaDica
Complemento Nominal Vale lembrar um recurso didático para
reconhecer o pronome relativo “que”: ele
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= sempre pode ser substituído por: o qual - a
Sentimos orgulho disso.)
qual - os quais - as quais
Oração Subordinada Substantiva
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
Completiva Nominal
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
As orações subordinadas substantivas objetivas in- o qual estuda.
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
orações subordinadas substantivas completivas nominais
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- Quando são introduzidas por um pronome relativo e
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
segundo, um nome. vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
do verbo da oração principal e vem sempre depois do sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
verbo ser. gerúndio ou particípio).
Nosso desejo era sua desistência.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.


Predicativo do Sujeito Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
era isso) relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Oração Subordinada Substantiva perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
Predicativa bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
me relativo e seu verbo está no infinitivo.

71
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti- bial depende da exata compreensão da circunstância que
vas exprime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
Na relação que estabelecem com o termo que carac- minha vida.
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem minha vida.
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou “senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
-se subordinadas adjetivas explicativas. vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Exemplo 1: tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
passava naquele momento. possível reduzi-la, obtendo-se:
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
nha vida.
No período acima, observe que a oração em desta- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
le momento. Observação:
Exemplo 2: A classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
O homem, que se considera racional, muitas vezes age tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
animalescamente. oração.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- biais
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con- A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
ceito de “homem”. àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
que se declara na oração principal. Principal conjunção
Saiba que: subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu-
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- ções causais: como (sempre introduzido na oração ante-
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a que, visto que.
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati- forte.
vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Já que você não vai, eu também não vou.
C) Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
qual ela se subordina. Repare:
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
1. Faltei à aula porque estava doente.
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
a introduz (assim como acontece com as coordenadas exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
sindéticas). aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
LÍNGUA PORTUGUESA

pois seus olhos ficaram vermelhos.


Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
Oração Subordinada Adverbial cia, é efeito do que se declara na oração principal.
A oração em destaque agrega uma circunstância de São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
acessórios que indicam uma circunstância referente, via Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

72
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
concretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Re- subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
duzida de Infinitivo) nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
tiva para que.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
como necessário para a realização ou não de um Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso principal. Principal locução conjuntiva subordina-
na oração principal. tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
(maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
Se o regulamento do campeonato for bem elabora- (mais), quanto menos...(menos).
do, certamente o melhor time será campeão. À proporção que estudávamos mais questões acer-
Caso você saia, convide-me. távamos.
À medida que lia mais culto ficava.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
da oração principal, isto é, admitem uma contra- I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- expresso na oração principal, podendo exprimir
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
de expectativa. Principal conjunção subordinativa rioridade. Principal conjunção subordinativa tem-
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun- poral: quando. Outras conjunções subordinativas
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas:
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- assim que, logo que, todas as vezes que, antes que,
sar de que. depois que, sempre que, desde que, etc.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Só irei se ele for.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
A oração acima expressa uma condição: o fato de
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Compare agora com: 3. Orações Reduzidas
Irei mesmo que ele não vá.
As orações subordinadas podem vir expressas como
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial tivo subordinativo que as introduza.
concessiva. É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
Observe outros exemplos: É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
Embora fizesse calor, levei agasalho. sença do conectivo)
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais É preciso estudar = oração subordinada substantiva
comparativas estabelecem uma comparação com a subjetiva reduzida de infinitivo
ação indicada pelo verbo da oração principal. Prin- É preciso que se estude = oração subordinada subs-
cipal conjunção subordinativa comparativa: como. tantiva subjetiva
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
4. Orações Intercaladas
Você age como criança. (age como uma criança age)
São orações independentes encaixadas na sequência
• geralmente há omissão do verbo. do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar-
te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou vessões.
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
para a execução do que se declara na oração prin- sunto.
LÍNGUA PORTUGUESA

cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-


tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
como, consoante e segundo (todas com o mesmo SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
valor de conforme). Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
direitos iguais. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.

73
SITE CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
frase-periodo-e-oracao Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos.

EXERCÍCIOS COMENTADOS No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na


terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 – jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en- “apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
traram em campo em prol do programa “Pai Presente”, e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o número e gênero se correspondem. A correspondência
nome do pai em sua certidão de nascimento. (...) de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai ser verbal ou nominal.
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
gula porque tem natureza restritiva. 1. Concordância Verbal

( ) CERTO ( ) ERRADO É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
seu sujeito.
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- em número e pessoa. Veja os exemplos:
do a informação, o que dará a entender que TODAS as
pessoas não têm o nome do pai na certidão.
2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di- A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
plomata – cespe – 2014 – adaptada) 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular

Os candidatos à vaga chegarão às 12h.


A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
1.1.1. Casos Particulares
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
mo que a crônica é um gênero menor.
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
parte de...) seguida de um substantivo ou prono-
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
me no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da plural.
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que ram proposta.
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
mão certa profundidade de significado e certo acaba- dalos destruiu / destruíram o monumento.
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. Observação:
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta- unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
ções). aos elementos que formam esse conjunto.
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir” B) Quando o sujeito é formado por expressão que
(R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos. indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO ( ) ERRADO tantivo, o verbo concorda com o substantivo.


Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Resposta: Errado. Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
imagina uma literatura = transitivo direto de.
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
(transitivo direto e indireto) mas Olimpíadas.
pode servir de caminho = intransitivo

74
Observação: F) O pronome “que” não interfere na concordância;
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: do singular.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- Fui eu que paguei a conta.
ram um ao outro) Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu- Sou eu quem faz a prova.
ral, a concordância deve ser feita levando-se em Não serão eles quem será aprovado.
conta a ausência ou presença de artigo. Sem arti-
go, o verbo deve ficar no singular; com artigo no G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
plural, o verbo deve ficar o plural. sumir a forma plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
Estados Unidos possui grandes universidades.
taram os poetas.
Alagoas impressiona pela beleza das praias.
Este candidato é um dos que mais estudaram!
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, singular:
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro Nem uma das que me escreveram mora aqui.
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
pronome pessoal.  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
Quais de nós são / somos capazes? tantivo, o verbo pode:
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- que faça o mesmo).
vadoras.
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
Observação: luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a condição).
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Vossa Excelência está cansado?
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. Vossas Excelências renunciarão?
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
ver no singular, o verbo ficará no singular. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
Qual de nós é capaz? de acordo com o numeral.
Algum de vós fez isso. Deu uma hora no relógio da sala.
Deram cinco horas no relógio da sala.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Soam dezenove horas no relógio da praça.
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
Baterão doze horas daqui a pouco.
verbo deve concordar com o substantivo.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Observação:
85% dos entrevistados não aprovam a administração
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
do prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
1% dos alunos faltaram à prova.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
 Quando a expressão que indica porcentagem não Soa quinze horas o relógio da matriz.
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
com o número. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
25% querem a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
LÍNGUA PORTUGUESA

1% conhece o assunto. gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de


existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
 Se o número percentual estiver determinado por cam fenômenos da natureza. Exemplos:
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se- Havia muitas garotas na festa.
-á com eles: Faz dois meses que não vejo meu pai.
Os 30% da produção de soja serão exportados. Chovia ontem à tarde.
Esses 2% da prova serão questionados.

75
1.2. Sujeito Composto Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- “adição”. Já em:
bo, a concordância se faz no plural: Juca ou Pedro será contratado.
Pai e filho conversavam longamente. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
Sujeito píada.

Pais e filhos devem conversar com frequência. Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no
Sujeito singular.

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin- outro”, a concordância costuma ser feita no sin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece gular.
sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece Um ou outro compareceu à festa.
sobre a terceira (eles). Veja: Nem um nem outro saiu do colégio.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.  Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Segunda Pessoa do Plural (Vós) “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
cleos recebem um mesmo grau de importância e
Pais e filhos precisam respeitar-se. a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
Terceira Pessoa do Plural (Eles) “e”.
O pai com o filho montaram o brinquedo.
Observação: O governador com o secretariado traçaram os planos
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- para o próximo semestre.
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é O professor com o aluno questionaram as regras.
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
de “tomaríeis”. Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: O pai com o filho montou o brinquedo.
em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei- O governador com o secretariado traçou os planos
to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo para o próximo semestre.
do sujeito mais próximo. O professor com o aluno questionou as regras.
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Compareceram todos os candidatos e o banca. composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Compareceu o banca e todos os candidatos. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- vesse uma inversão da ordem. Veja:
dância é feita no plural. Observe: “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O governador traçou os planos para o próximo semes-
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. tre com o secretariado.”
“O professor questionou as regras com o aluno.”
1.2.1. Casos Particulares
Casos em que se usa o verbo no singular:
 Quando o sujeito composto é formado por nú- Café com leite é uma delícia!
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica O frango com quiabo foi receita da vovó.
no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
A coragem e o destemor fez dele um herói. pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
 Quando o sujeito composto é formado por núcleos o verbo ficará no plural.
dispostos em gradação, verbo no singular: Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
LÍNGUA PORTUGUESA

Nordeste.
gundo me satisfaz.
 Quando os núcleos do sujeito composto são uni- Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no notícia.
plural, de acordo com o valor semântico das con-
junções: Quando os elementos de um sujeito composto são
Drummond ou Bandeira representam a essência da resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
poesia brasileira. é feita com esse termo resumidor.

76
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa- Quando o sujeito ou o predicativo for:
tia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
na vida das pessoas. SER concorda com a pessoa gramatical:
Ele é forte, mas não é dois.
1.2.2 Outros Casos Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
O Verbo e a Palavra “SE” B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há mente, com o que estiver no plural:
duas de particular interesse para a concordância verbal: Os livros são minha paixão!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Minha paixão são os livros!
B) quando é partícula apassivadora.
Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos  horas e distâncias, concordará com a expressão
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na numérica:
terceira pessoa do singular: É uma hora.
Precisa-se de funcionários. São quatro horas.
Confia-se em teses absurdas. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
metros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in- estar expressa ou subentendida:
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes- Hoje é dia 26 de agosto.
Hoje são 26 de agosto.
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
Exemplos:
de e for seguido de palavras ou expressões como
Construiu-se um posto de saúde.
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
Construíram-se novos postos de saúde.
fica no singular:
Aqui não se cometem equívocos
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Alugam-se casas.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
#FicaDica  Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
Para saber se o “se” é partícula apassivadora tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
ou índice de indeterminação do sujeito, tente concordará o verbo.
transformar a frase para a voz passiva. Se a No meu setor, eu sou a única mulher.
frase construída for “compreensível”, estaremos Aqui os adultos somos nós.
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
“se” será índice de indeterminação. Veja: Observação:
Precisa-se de funcionários qualificados. Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
Tentemos a voz passiva: sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
Funcionários qualificados são precisados (ou o pronome sujeito.
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” Eu não sou ela.
destacado é índice de indeterminação do Ela não é eu.
sujeito.
Agora:  Quando o sujeito for uma expressão de sentido
Vendem-se casas. partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
correta! Então, aqui, o “se” é partícula A grande maioria no protesto eram jovens.
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz O resto foram atitudes imaturas.
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
semelhança? Agora é só memorizar!) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma
LÍNGUA PORTUGUESA

locução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas


O Verbo “Ser” concordâncias:
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- desenho.
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
do sujeito.  A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
tivo sofre flexão:

77
As crianças parece gostarem do desenho. Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho jetivo fica no singular ou plural.
aas crianças) A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).

FIQUE ATENTO! C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:


Com orações desenvolvidas, o verbo PARE- O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
CER fica no singular. Por exemplo: As pare- vo não for acompanhado de nenhum modificador:
des parece que têm ouvidos. (Parece que as Água é bom para saúde.
paredes têm ouvidos = oração subordinada O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
substantiva subjetiva). modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
tivo: Esta água é boa para saúde.

Concordância Nominal D) O adjetivo concorda em gênero e número com os


pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
A concordância nominal se baseia na relação entre trou-as muito felizes.
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
minal. terioso.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
seguintes regras gerais: função adjetiva e concorda normalmente com o
nome a que se refere:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
Cristina saiu só.
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
Cristina e Débora saíram sós.
denunciavam o que sentia.

B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,


Observação:
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
essa flexão nos seguintes casos:
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
 Adjetivo anteposto aos substantivos: Eles só desejam ganhar presentes.
O adjetivo concorda em gênero e número com o
substantivo mais próximo.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. #FicaDica
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. houver coerência com o segundo, função de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. adjetivo, então varia:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Ele está só descansando. (apenas descan-
 Adjetivo posposto aos substantivos: sando) - advérbio
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
plural se houver substantivo feminino e masculi- Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
no). descansando)
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfei- G) Quando um único substantivo é modificado por
tos. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
A indústria oferece atendimento e localização perfei- das as construções:
LÍNGUA PORTUGUESA

tos.  O substantivo permanece no singular e coloca-se


Observação: o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, espanhola e a portuguesa.
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- portuguesa.
do há substantivos de gêneros diferentes.

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1. Casos Particulares Alerta - Menos

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per- Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
mitido sempre invariáveis.
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Os concurseiros estão sempre alerta.
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se Não queira menos matéria!
referem possuir sentido genérico (não vier prece-
dido de artigo). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É proibido entrada de crianças. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Em certos momentos, é necessário atenção. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
No verão, melancia é bom. Paulo: Saraiva, 2010.
É preciso cidadania. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não é permitido saída pelas portas laterais. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
o verbo como o adjetivo concordam com ele. SITE
É proibida a entrada de crianças. http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.
Esta salada é ótima. php
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - EXERCÍCIOS COMENTADOS


Quite
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú- pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência
mero com o substantivo ou pronome a que se referem. e Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre
Seguem anexas as documentações requeridas. na segunda pessoa do plural e no feminino, exigem fle-
A menina agradeceu: - Muito obrigada. xão verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome
Muito obrigadas, disseram as senhoras. possessivo que faz referência ao pronome de tratamento
Seguem inclusos os papéis solicitados. também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo que
Estamos quites com nossos credores. remete ao pronome de tratamento deve concordar em
gênero e número com a pessoa — e não com o pronome
Bastante - Caro - Barato - Longe — a que se refere.

Estas palavras são invariáveis quando funcionam ( ) CERTO ( ) ERRADO


como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân-
tivos, ou numerais. cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem
(pronome adjetivo) se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
As casas estão caras. (adjetivo) homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
Achei barato este casaco. (advérbio) “Vossas Senhorias gostariam de um café?”.
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bási-
Meio - Meia cos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – Ces-
pe – 2017)
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi Texto CB3A2BBB
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva- O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
riável: A candidata está meio nervosa. estão na base das Constituições democráticas modernas.
LÍNGUA PORTUGUESA

A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-


conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
#FicaDica em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim tempo, o processo de democratização do sistema in-
saberei que se trata de um advérbio, não ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
de adjetivo: “A candidata está um pouco do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
nervosa”. gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos

79
humanos, democracia e paz são três elementos funda- 4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos 2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocida-
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra- de, persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge
cia; sem democracia, não existem as condições mínimas a noção contemporânea de agilidade, transformada em
para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras, principal característica de nosso tempo.
a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramati-
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns cal para o texto, ser flexionada no plural, para concordar
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que com “velocidade, persistência, relevância, precisão e fle-
não tenha a guerra como alternativa, somente quando xibilidade”
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
( ) CERTO ( ) ERRADO
Estado, mas do mundo.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson
Resposta: Errado. O verbo está concordando com o
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adapta-
termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
ções).
5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Conhe-
Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A- cimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO
2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 – adapta-
substituídos, respectivamente, por da) (...) Há décadas, países como China e Índia têm envia-
do estudantes para países centrais, com resultados muito
a) não existe e não têm. positivos.(...)
b) não existe e inexiste. A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída
c) inexiste e não há. por Fazem.
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre-
Resposta: Letra C. Busquemos o contexto: gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”
não há democracia = poderíamos substituir por “não
existe”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sen-
Regência Verbal e Regência nominal
tido de “existir”)
- sem democracia, não existem as condições míni-
Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
mas para a solução pacífica dos conflitos = sentido ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
de “existir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no nome (regência nominal) e seus complementos.
plural, já que devemos concordar com “as condições
mínimas”. A única “troca” adequada seria o verbo “ha- 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
ver” – que pode ser utilizado com o sentido de “exis-
tir”. Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e A regência verbal estuda a relação que se estabele-
protegidos, inexiste democracia; sem democracia, não ce entre os verbos e os termos que os complementam
há as condições mínimas para a solução pacífica dos (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
conflitos. juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
regência, o que corresponde à diversidade de significa-
3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co- dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
mércio Exterior – Analista Técnico Administrativo – contexto em que forem empregados.
cespe – 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
com os resultados das negociações”, o adjetivo estará cor- contentar.
retamente empregado se dirigido a ministro de Estado A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve con- agrado ou prazer”, satisfazer.
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
cordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
“agradar a alguém”.
Excelência”.
O conhecimento do uso adequado das preposições
( ) CERTO ( ) ERRADO é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
LÍNGUA PORTUGUESA

verbal (e também nominal). As preposições são capazes


Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for de modificar completamente o sentido daquilo que está
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; sendo dito.
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle- Cheguei ao metrô.
xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento Cheguei no metrô.
é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
gendo as demais concordâncias. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.

80
A voluntária distribuía leite às crianças. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite com as crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega- reira)
do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti- mor)
vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun-
to adverbial). C) Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- Os verbos transitivos indiretos são complementados
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- gem uma preposição para o estabelecimento da relação
rentes formas em frases distintas. de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
A) Verbos Intransitivos tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se
Os verbos intransitivos não possuem complemento. utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re- de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa- que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
nhá-los. quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
pronomes átonos lhe, lhes.
Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad- Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
para indicar destino ou direção são: a, para. posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
reitos iguais para todos.
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
Ricardo foi para a Espanha.
mentos introduzidos pela preposição “a”:
Adjunto Adverbial de Lugar
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
Responder - Tem complemento introduzido pela
por em ou a.
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
último jogo. dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
B) Verbos Transitivos Diretos Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados Respondeu-lhe à altura.
por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao Observação:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, mente.
objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, mentos introduzidos pela preposição “com”.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Antipatizo com aquela apresentadora.
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre- vernam para uma minoria privilegiada.
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
visitar. D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
Amo aquele rapaz. / Amo-o. panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
LÍNGUA PORTUGUESA

Amo aquela moça. / Amo-a. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Amam aquele rapaz. / Amam-no. verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. sas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Observação: Objeto Indireto Objeto Direto
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Paguei o débito ao cobrador.
adnominais): Objeto Direto Objeto Indireto

81
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Observação:
com particular cuidado: Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Agradeci o presente. / Agradeci-o. termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. prefixo existente no próprio verbo (pre).
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. cado
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
Informar tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. curso linguístico muito importante, pois além de permitir
Informe os novos preços aos clientes.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
vos preços)
tre os principais, estão:
Na utilização de pronomes como complementos, veja
as construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre- Agradar
ços. Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou nhos, acariciar, fazer as vontades de.
sobre eles) Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Observação: agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
A mesma regência do verbo informar é usada para os introduzido pela preposição “a”.
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- to: O cantor desagradou à plateia.
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
o) de uma criança. Aspirar
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
Pedir pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
de pessoa. pirávamos a ele)
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Pedi-lhe favores. soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
Objeto Indireto Objeto Direto utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
tantiva Objetiva Direta Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- tar assistência a, auxiliar.
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
palavra licença estiver subentendida.
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em ciar, estar presente, caber, pertencer.
casa. Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- Essa lei assiste ao inquilino.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
LÍNGUA PORTUGUESA

transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de


Preferir lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto conturbada cidade.
indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. Chamar
Prefiro trem a ônibus. Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
licitar a atenção ou a presença de.

82
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- As afirmações da testemunha procediam, não havia
má-la. como refutá-las.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Você procede muito mal.
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
dicativo preposicionado ou não. sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
A torcida chamou o jogador mercenário.
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
O avião procede de Maceió.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Custar vontade de, cobiçar.
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Querem melhor atendimento.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Queremos um país melhor.
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
reduzida de infinitivo. Visar
Muito custa viver tão longe da família.
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custou-me (a mim) crer nisso. O gerente não quis visar o cheque.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
A Gramática Normativa condena as construções que O ensino deve sempre visar ao progresso social.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
pessoa: Custei para entender o problema. tar público.
= Forma correta: Custou-me entender o problema.
Esquecer – Lembrar
Implicar Lembrar algo – esquecer algo
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
implicavam um firme propósito. nal)
B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
Como transitivo direto e indireto, significa compro- exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o li-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões vro.
econômicas. No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti- e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com tanto, transitivos indiretos:
quem não trabalhasse arduamente. Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Namorar Eles se esqueceram da prova.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto: Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
Todos obedeceram às regras. brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Ninguém desobedece às leis. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado
LÍNGUA PORTUGUESA

“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias
vezes.
Proceder Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto momentos é sujeito)
adverbial de modo.

83
Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Contíguo a Impróprio para Semelhante a


Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

84
Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA)


O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências
infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos,
independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos
adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente
de caráter transnacional — com a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a
estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico de drogas,
articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e
repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos.
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.

Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do
vocábulo “conexos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é
a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de caráter transnacional — com a crimi-
nalidade e a violência.
O termo está se referindo à associação – associação do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalidade
(2) (associação daquilo [1] com isso [2])

Estrutura Textual

Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a capacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
elaboramos todas as informações que recebemos e orientamos as ações que interferem na realidade e organização de
nossos escritos. O que lemos é produto de um pensamento transformado em texto.
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pensar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira or-
ganizada do leitor compreender as nossas ideias. A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer dizer,
por meio da comunicação.
Para isso, os elementos que compõem o texto se subdividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Todos
eles devem ser organizados de maneira equilibrada.

Introdução
LÍNGUA PORTUGUESA

Caracterizada pela entrada no assunto e a argumentação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa etapa.
Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém, em
textos mais curtos, essa proporção não é equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos mais
longos, em que o assunto é exposto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma parte pre-
cedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm de 25
a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.

85
Desenvolvimento - Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu-
são, o autor acaba se perdendo na argumentação
A maior parte do texto está inserida no desenvolvi- final.
mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são Em relação à abertura para novas discussões, a con-
elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus- clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin-
tentam e dão base às explicações e posições do autor. tes fatores:
É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi- - Para não influenciar a conclusão do leitor sobre te-
zação das ideias em uma sequência que permite formar mas polêmicos, o autor deixa a conclusão em aber-
uma relação equilibrada entre os dois lados. to.
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um - Para estimular o leitor a ler uma possível continui-
determinado tema no desenvolvimento, e é através desse dade do texto, o autor não fecha a discussão de
que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon- propósito.
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con- - Por apenas apresentar dados e informações sobre o
clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui. tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o cluir o assunto.
escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con- - Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au-
clusão. Daí a importância em planejar o texto. tor enumera algumas perguntas no final do texto.
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre- autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni-
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos. ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen-
Os principais erros cometidos no desenvolvimento tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên-
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei- cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais
ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
enxuto possível.
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
SITE
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
Disponível em:
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
<http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac-
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/>
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
definir uma linha lógica de raciocínio.

Conclusão

Considerada como a parte mais importante do texto,


é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
cluindo...”, “Em conclusão...”.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
características de textos bem redigidos.
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
ficam muito longas:
- O problema aparece quando não ocorre uma ex-
ploração devida do desenvolvimento, o que gera
uma invasão das ideias de desenvolvimento na
conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda-
LÍNGUA PORTUGUESA

mentação do desenvolvimento está na conclusão


precisar de maiores explicações, ficando bastante
vazia.
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
texto em que o autor fica girando em torno de
ideias redundantes ou paralelas.
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita-
mente dispensáveis.

86
3. (PREFEITURA DE PAULÍNIA-SP – AGENTE DE FISCA-
LIZAÇÃO – FGV-2016)
HORA DE PRATICAR! Descaso com saneamento deixa rios em estado de
alerta
1. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014-ADAP- A crise hídrica transformou a paisagem urbana em muitas
TADA) cidades paulistas. Casas passaram a contar com cisternas
e caixas-d’água azuis se multiplicaram por telhados, la-
A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar jes e até em garagens. Em regiões mais nobres, jardins e
mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so- portarias de prédios ganharam placas que alertam sobre
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos a utilização de água de reúso. As pessoas mudaram seu
foram usados com essa finalidade, como o chocolate, comportamento, economizaram e cobraram soluções.
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue- As discussões sobre a gestão da água, nos mais diversos
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação aspectos, saíram dos setores tradicionais e técnicos e ga-
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo nharam espaço no cotidiano. Porém, vieram as chuvas,
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o as enchentes e os rios urbanos voltaram a ficar tomados
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo por lixo, mascarando, de certa forma, o enorme volume
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis de esgoto que muitos desses corpos de água recebem
de fazer quando os valores eram contados em bois ou diariamente.
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, É como se não precisássemos de cada gota de água des-
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo- ses rios urbanos e como se a água limpa que consumi-
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma mos em nossas casas, em um passe de mágica, voltasse
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano a existir em tamanha abundância, nos proporcionando o
960, mas elas não se espalharam para outros lugares e luxo de continuar a poluir centenas de córregos e milha-
caíram em desuso no fim do século XIV. res de riachos nas nossas cidades. Para completar, todo
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo esse descaso decorrente da falta de saneamento se re-
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de verte em contaminação e em graves doenças de veicu-
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma lação hídrica.
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- Dados do monitoramento da qualidade da água – que
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, realizamos em rios, córregos e lagos de onze Estados
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e brasileiros e do Distrito Federal – revelaram que 36,3%
dos pontos de coleta analisados apresentam qualidade
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da
ruim ou péssima. Apenas 13 pontos foram avaliados com
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América.
qualidade de água boa (4,5%) e os outros 59,2% estão
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações).
em situação regular, o que significa um estado de alerta.
Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para
Divulgamos esse grave retrato no Dia Mundial da Água
medir riquezas e trocar mercadorias”.
(22 de março), com base nas análises realizadas entre
março de 2015 e fevereiro de 2016, em 289 pontos de
( ) CERTO ( ) ERRADO
coleta distribuídos em 76 municípios.
(MANTOVANI, Mário; RIBEIRO, Malu. UOL Notícias,
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
abril/2016.)
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado, nas
sociedades complexas, a violência deixou de ser uma fer- “Porém, vieram as chuvas, as enchentes e os rios urbanos
ramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento voltaram a ficar tomados por lixo, mascarando, de cer-
da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada ta forma, o enorme volume de esgoto que muitos desses
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam corpos de água recebem diariamente”. Sobre os compo-
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se nentes desse segmento do texto, assinale a afirmativa
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz: correta.

a) uma informação sobre o significado de um termo an- a) A forma verbal “vieram” se refere a “chuvas”, “enchen-
teriormente empregado; tes” e “rios”.
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimen- b) O adjetivo “enorme” indica uma quantidade específica.
LÍNGUA PORTUGUESA

to; c) O termo “corpos de água” se refere a chuvas e en-


c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes- chentes.
ma coisa; d) A expressão “de certa forma” indica uma quantidade
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito aproximada.
antes; e) O particípio “tomados” se refere exclusivamente a
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. “rios”.

87
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) Em conformidade com a norma-padrão da língua portu-
Os produtos ecológicos estão dominando as prateleiras guesa, a lacuna na última frase do texto deve ser preen-
do comércio. Mesmo com tantas opções, ainda há resis- chida com:
tência na hora da compra. Isso acontece porque o custo
de tais itens é sempre mais elevado, em comparação com a) nas quais.
o das mercadorias tradicionais. Com os temas ambien- b) aonde.
tais cada vez mais em pauta, é normal que a consciência c) para a qual.
ecológica tenha aumentado entre os brasileiros. Se por d) que.
um lado o consumidor deseja investir em produtos me- e) cujo.
nos agressivos ao meio ambiente, por outro ele não está
disposto a pagar mais de cinco por cento acima do valor
6. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
normal. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Pro-
teste – Associação de Consumidores. A análise foi feita a BRANCO-SP - QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS DA
partir de um levantamento realizado em 2012. De acordo POLÍCIA MILITAR – 2015)
com a Proteste, quase metade dos entrevistados afirma-
ram que deixaram de comprar produtos devido às más ... folgávamos de imaginar a dor da separação, se houves-
condutas ambientais da companhia. Dos entrevistados, se separação, a tristeza de um e de outro, à proporção que
72% disseram que, na última compra, levaram em consi- o mar, como uma toalha elástica, se fosse dilatando entre
deração o comportamento da empresa, em especial, sua nós; e, semelhantes às crianças, que se achegam ao regaço
atitude em relação ao meio ambiente. Ainda assim, 60% das mães, para fugir a uma simples careta, fugíamos do
afirmam que raramente ou nunca têm informações sobre suposto perigo, apertando-nos com abraços.
o impacto ambiental do produto ou do comportamento
da empresa. Já 81% das pessoas acreditam que o rótulo No contexto, os termos se, como e para, em destaque,
de sustentabilidade e responsabilidade social é apenas estabelecem, respectivamente, relações de
uma estratégia de marketing das empresas.
(Ciclo vivo, 16.05.2013, http://zip.net/brl0k1. Adaptado) a) dúvida, qualidade e concessão.
b) dúvida, comparação e negação.
O termo Isso, em destaque no primeiro parágrafo, refe- c) condição, comparação e finalidade.
re-se ao fato de
d) concessão, intensidade e finalidade.
a) o consumidor demonstrar resistência na hora de com- e) condição, qualidade e concessão.
prar produtos ecológicos.
b) os consumidores ficarem confusos com tantas opções 7. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
de produtos ecológicos. INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
c) os produtos ecológicos estarem dominando as prate-
leiras do comércio brasileiro. Mulheres e poder contra o culto da ignorância ma-
d) o custo dos produtos ecológicos ser sempre excessi- chista
vamente elevado no Brasil.
e) a oferta de produtos ecológicos ser maior em compa- A representação das mulheres no parlamento brasileiro
ração com a de mercadorias tradicionais. é uma questão fundamental em nossa cultura política. A
desproporção é espantosa tendo cerca de 90% dos car-
5. (PC-SP - PERITO CRIMINAL – VUNESP-2013) gos ocupados por homens e apenas cerca de 10% por
mulheres.
Veteranos criminosos Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
mulheres ocupando cargos nos espaços de poder em
A Guerra do Vietnã se faz presente até hoje. De acordo geral. No mundo da iniciativa privada os números não
com uma dissertação de Jason Lindo e Charles Stoecker,
são diferentes. Mulheres trabalham demais, são maioria
a violência vivida e praticada pelos soldados dos EUA no
em algumas profissões, mas ocupam pouquíssimos car-
Vietnã se manifesta até hoje em sua vida civil. A proba-
bilidade de um veterano branco ser preso por um crime gos de poder. Como se fosse um direito natural, o poder
violento é significativamente mais alta do que para al- é reservado aos homens em todos os níveis enquanto
guém que não tenha sido convocado naquele período as mulheres sofrem sob estereótipos e idealizações tam-
– apesar de os tribunais serem mais lenientes com ve- bém naturalizados.
teranos em transgressões menos graves do que com os O ato de naturalizar corresponde a um procedimento
não combatentes. moral e cognitivo que se torna hábito. Por meio dele,
Os autores do texto presumem que o trauma de guerra passamos a acreditar que as coisas são como são e não
não modifica tanto a personalidade, mas diminui o limiar poderiam ser de outro modo. Nem poderiam ser ques-
do senso de violência dos ex-soldados. Desde os anos tionadas.
LÍNGUA PORTUGUESA

1960, o Exército dos Estados Unidos vem promovendo Mesmo assim, há questões básicas relativas ao que cha-
o “Programa de Dessentivização” – um esforço para au- mamos de sociedade patriarcal às quais ninguém pode
mentar o limite do que é suportável para os ex-soldados. se furtar. Nessa mesma sociedade em que o poder con-
Isso é feito especialmente por meio de simulações de cerne aos homens, não podemos dizer que às mulheres
guerra muito realistas, ________ o inimigo se parece com foi reservada a violência? Alguém terá coragem de dizer
um iraquiano. que isso é natural sem ferir princípios morais que sus-
(Geo, N.º 40, 2012) tentam a sociedade como um todo? Sabemos que a vio-

88
lência contra as mulheres é uma constante cultural. Ela 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)
é física e simbólica, psíquica e econômica e se aprovei-
ta da naturalização da suposta fragilidade das mulheres
construída por séculos de discursos e práticas misóginas.
Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres. [...]
Na ausência de questionamento, o machismo aparece
como culto da ignorância útil na manutenção da domi-
nação que depende do confinamento das mulheres na
esfera da vida doméstica para que se mantenham longe
do poder. O machismo se mostra como o que há de mais
arcaico em termos de ética e política. O machismo é uma
forma de autoritarismo que volta à cena em nossa época.
Enquanto isso, a violência doméstica simplesmente cres-
ce e as mulheres continuam afastadas do poder. Mas por
quanto tempo? O humor da tira é trazido pela frase do menino, que mar-
Ao longo da história, a consciência da condição das ca a influência da internet, mas a charge tem uma incoe-
mulheres entre a violência e o poder teve um de seus rência, que é:
momentos mais importantes na conquista do voto pelas
sufragistas. Hoje, o direito à candidatura e à eleição, o a) o menino mostra uma idade que ainda não permite o
direito a ser votada, nos mostra um outro mundo pos- controle da internet;
sível. [...] b) os pais mostram uma completa distância do universo
Marcia Tiburi, 5 de abril de 2017 Disponível em: <ht- dos internautas;
tps://revistacult.uol.com.br/home/mulheres-e-poder- c) a absoluta falta de autoridade dos pais diante de um
contra-o-culto-da-ignorancia-machista> (adaptado) menino tão jovem;
d) na fala do menino não haveria sinais da presença da
A sequência semântica argumentativa é iniciada no 4.º internet;
parágrafo por “Mesmo assim” cuja significação no con- e) as palavras do menino contrariarem a observação dos
texto permite afirmar que pais.

a) mantém-se a direção do significado expresso pela in- 10. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS PARA TO-
formação anterior. DOS OS CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE-2017-A-
b) tal expressão pode ser substituída por “então”, conec- DAPTADA)
tor de igual valor.
c) diante da menção de um determinado ponto de vista, Texto CG2A2AAA
há uma contrariedade.
d) por se tratar de um novo parágrafo, não há qualquer Em sua definição, o voto em branco é aquele que não
tipo de relação com o anterior. se dirige a nenhum candidato entre os que disputam as
eleições. São considerados, portanto, votos estéreis, por-
8. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- que não produzem frutos. Os votos nulos, por sua vez,
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) “A Copa do Mundo da são aqueles que, somados aos votos em branco, com-
Rússia só começa no dia 22 de junho, mas a febre dos põem a categoria dos votos estéreis, inválidos ou, como
álbuns com os jogadores das seleções já se espalhou e che- denominou o Tribunal Superior Eleitoral, votos apolíticos.
gou até ao plenário de uma assembleia legislativa brasi- Logo, os votos em branco e os nulos são votos que, a
leira”. Nesse segmento inicial há a utilização de uma con- princípio, não produzem resultado nem influenciam no
junção adversativa (MAS), que opõe as seguintes ideias: resultado do pleito.
Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor
a) apesar de a Copa ser na Rússia, ela já começou em que apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por
outros países da Europa; diversas razões. Esses motivos podem embasar tanto a
b) apesar de ser um assunto popular, as figurinhas estão postura dos que votam em branco quanto a dos que vo-
em várias assembleias legislativas; tam nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o
c) apesar de ser uma competição mundial, o tema passou voto. Assim sendo, não é razoável diferenciar o voto em
a ser uma febre no país sede da Copa; branco do voto nulo. Deve-se considerar a essência do
d) apesar de não ser um assunto “sério”, a Copa do Mun- ato, a sua real motivação, que é a invalidação. É evidente
LÍNGUA PORTUGUESA

do é tema discutido em várias assembleias legislativas; que não se sabe, ao certo, a razão que motiva cada elei-
e) apesar de a Copa só começar futuramente, ela já co- tor a votar em branco ou nulo; entretanto, em ambos os
meçou em uma assembleia legislativa brasileira. casos, não há dúvida quanto à invalidade do voto por
ele dado.
Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado demo-
crático de direito: a legitimidade das eleições majoritárias
no Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n.º 1, jan./abr. 2013,
p. 36-8 (com adaptações).

89
No segundo parágrafo do texto CG2A2AAA, a forma ver- 12. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O
bal “fazê-lo” remete a período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
podem trocar de posição é:
a) “o resultado final”
b) “embasar tanto a postura dos que votam em branco a) A arte é a mais bela das mentiras;
quanto a dos que votam nulo” b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) “voto em branco ou nulo” c) A forma segue a emoção;
d) “apresentar voto em branco ou nulo” d) A obra de arte: uma interrupção do tempo;
e) Na arte não existe passado nem futuro.
e) “comparecer às urnas no dia das eleições”
13. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL
11. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
E TRANSPORTE – CESPE-2015)
I – CESGRANRIO-2018)
TEXTO II
Na internet, mentiras têm pernas longas
A partir de uma ação do Ministério Público Federal
Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”, (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
mas nestes tempos de internet parece que a situação se determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
“longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in- descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
formações verdadeiras. a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal- RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom- apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas, respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos
formando “cascatas” de compartilhamento.
da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que,
Ao compararem os padrões de compartilhamento des-
nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas.
sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram
Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a
que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez, veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
aumentando o número de “degraus” da cascata - e com tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
maior abrangência do que os considerados verdadeiros. tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
A tendência também se manteve, independentemente legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
forte quando versavam sobre política do que os demais, se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; terro- ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
rismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; e próprio exercício de outros direitos fundamentais.
desastres naturais. Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil
de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
poucos seguidores e novatos nas redes. terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
— Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as prejudicando.
pessoas não têm tempo nem condições para verificar
se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado- ( ) CERTO ( ) ERRADO
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As
14. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
redes sociais colocam todas as informações no mesmo
BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso,
LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.
uma fonte confiável de uma não confiável.
BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas.
O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

No trecho “independentemente do tema geral que os ru-


mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
LÍNGUA PORTUGUESA

res, por ter sentido equivalente, é:

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas (www.arionaurocartuns.com.br)

90
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o 17. (TRE-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
mesmo sentido em: TRATIVA – FCC-2017-ADAPTADA) O Centro de Memó-
ria Eleitoral do TRE-SP foi criado em agosto de 1999 e tem
a) Só vence quem concorre. por objetivo a execução de ações... O segmento subli-
b) Mariana veio só, infelizmente. nhado estará corretamente substituído, com o sentido
c) Pedro estava só, quando cheguei.
preservado, por:
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.
a) visa à
15. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR- b) propõe-se da
SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS PM/2014) Leia a c) promove à
tira. d) reivindica à
e) promulga a

18. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)

TEXTO - Ressentimento e Covardia

Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os


usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
legislação específica que coíba não somente os usos mas
os abusos deste importante e eficaz veículo de comu-
nicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros
meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da
imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem
como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da in-
formática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposi-
(Folha de S.Paulo, 13.09.2013)
ção dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas
No plano da linguagem verbal, o efeito de humor da vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está
charge decorre do emprego com duplo sentido da pa- em sua pré-história.
lavra Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na
internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e
a) Amor. escritores em geral, os mais comuns são os textos atri-
b) você. buídos ou deformados que circulam por aí e que não
c) parar. podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso.
d) impulso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem au-
torização do autor um texto qualquer, ainda que em ci-
16. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI-
CIÁRIA – IBFC-2017) tação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou
difamação, também. E em caso de falsear a verdade pro-
positadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar
espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei
do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais
expressão de ressentidos e covardes do que de liberda-
de, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 –
adaptado)

O humor do texto orienta-se pela relação entre os ele- A internet tem produzido uma série de neologismos se-
mentos verbais e não-verbais. Quanto aos primeiros, mânticos, ou seja, vocábulos antigos a que foram acopla-
destaca-se a ambiguidade, ou seja, a possibilidade de dos sentidos novos; NÃO está nesse caso:
LÍNGUA PORTUGUESA

mais de uma interpretação do seguinte termo:


a) sítio;
a) “claro”. b) navegar;
b) “chefe”. c) deletar;
c) “fiz”. d) arquivo;
d) “retirada”. e) provedor.
e) “sustentável”.

91
19. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
com seu significado, o conjunto de características for- por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as a) independente = com dependência;
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras b) pública = de publicidade;
c) relevante = de relevância;
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
d) sociais = de associados;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras e) mobilizador = de motivação.
em destaque).
(1) advérbio 23. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(2) pronome Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
(3) conjunção o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
(4) substantivo ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
um adjetivo.
( ) “Não há prisão pior [...]”
( ) “O lugar de estudo era isso.” a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “E o olho sem se mexer [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” c) Eu queria que ele morresse logo, ...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
tou.” mílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
A sequência está correta em
24. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 “que” em destaque funciona como pronome relativo.
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 a) “É uma maneira de expressar a vontade que a gente
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
20. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
pronome indefinido. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
votar”.
a) “Ele não exige fatos...”.
b) “Era um ídolo para mim.”. 25. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
c) “Discordo dele.”. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
e) “O bom humor está disponível a todos...”. creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
21. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) como ocorre em:
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
os termos destacados são, respectivamente, a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
a) artigo e pronome. b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
b) artigo e preposição. que índio não sabe nada.
c) O branco está preocupado que não chove mais em
c) preposição e artigo.
alguns lugares.
d) pronome e artigo. d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
e) preposição e pronome. trajetória.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
22. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
– FGV-2017) 26. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa-
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo- drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor-
retamente empregado em:
roso e independente. A agenda pública é determinada
LÍNGUA PORTUGUESA

pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele- a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró-
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo poles importante papel no desenvolvimento da eco-
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- da hierarquia urbana.
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é b) Conforme o grau de influência e importância interna-
sempre das empresas de conteúdo independentes”. cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017) diferentes classes, a maior parte delas na Europa.

92
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a como a Casa de Portugal e um grande número de casas
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gócios e a cultura. formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
de um atendimento bastante diversificado, como jor- área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
nais, teatros, cinemas, entre outros. preferida pelos mais abastados.
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sala-
dades globais como verdadeiros polos de influência zaristas e opositores em manifestação na cidade. In:
internacional, devido à presença de sedes de grandes ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de
empresas transnacionais e importantes centros de Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1.
Adaptado.
pesquisas.
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
27. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às papel gramatical está repetido corretamente em:
exigências de concordância da norma-padrão da língua
portuguesa em: a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
da cidade.
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
ses as notícias falsas. cariam ricos.
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas. na cidade.
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
sultaram na criação de serviços especializados. empregos.
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
reais porque vem acompanhados de títulos chamati- tas de trabalho.
vos.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que 29. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
67% das pessoas consultam os jornais diariamente. – CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
destacada foi realizada de acordo com as exigências da
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- norma-padrão da língua portuguesa em:
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-
Texto I rio que se promova novos estudos sobre mecanismos
de proteção mais eficazes.
Portugueses no Rio de Janeiro b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
de grande porte permite que se suspeitem dos hac-
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- kers responsáveis.
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
tos milhões de dólares.
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- guerra virtual pela informação, necessitam-se de es-
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, tudos mais aprofundados.
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas porção incontrolável, é aconselhável que se estabele-
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais ça novas restrições de utilização pelos jovens.
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais 30. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para normas de concordância e a adequada articulação entre
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de tempos e modos verbais estão plenamente observadas
bebidas. na frase:
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-


zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio.
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
significativo de patrícios e algumas associações de por- marca autoral inconfundível, elas terão deixado de
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu constituir textos clássicos desse gênero.
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta-
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá
da colônia, se localizam outras associações portuguesas, alcançado uma relevância jamais vista.

93
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na 34. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO DE
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014) Assi-
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. nale a alternativa em que as regras da concordância fo-
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- ram cumpridas.
recer matéria para uma boa crônica, desde que não
falte ao cronista recursos de grande imaginação. a) Se houvessem mais bombeiros, certamente o número
de incêndios diminuiria.
b) A maioria dos incêndios é provocada por falta de cui-
31. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018)
dado das pessoas.
A concordância está em conformidade com a norma-pa- c) Sem dúvida, no Brasil, falta condições para que os
drão na seguinte frase: bombeiros possam trabalhar dignamente.
d) Não existe soluções fáceis para a precariedade das
a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema condições de trabalho dos bombeiros.
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito. e) Já fazem muitos anos que se sabe das péssimas condi-
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as ções de trabalho dos bombeiros!
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
texto literário. 35. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina- NESP-2018) Assinale a alternativa em que, ao contrário
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. da construção “aquela rapaz”, segue-se a lei fundamental
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à da concordância, de acordo com a norma-padrão.
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
a) Quando o despacho chegou, a primeira coisa que o
não ser influenciadas.
advogado fez foi conferir os documentos anexos.
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
b) Era um dia ensolarado, e não se sabe como foi atrope-
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório lado aquela mulher em uma avenida tranquila.
de leituras. c) Parece-me que este ano está chovendo muito, mas
ainda assim há menas chuvas do que em anos ante-
32. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL riores.
– VUNESP-2014) Assinale a alternativa que preenche, d) As crianças brincavam no jardim, colhendo flores colo-
correta e respectivamente, as lacunas da frase, de acordo rida e presenteando-se num gesto emocionante.
com a norma-padrão da língua portuguesa. e) Quando entraram na casa abandonada, uma cobra es-
_________ situações _________ a batalha contra as doenças tava escondido ali. Assustaram-se, pois era um bicho
torna-se um fracasso. perigoso.

a) Existe ... em que 36. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-


b) Existem ... em que DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que
a substituição dos trechos destacados na passagem – O
c) Existem ... a qual
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es-
d) Existem ... em cuja
tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
e) Existe ... as quais metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor-
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal.
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
NESP-2014) Assinale a alternativa correta quanto à con- a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à dis-
cordância. posição.
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
a) Como as pessoas não são obrigado a produzir provas c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi- d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposi-
mentos dificilmente seria condenada. ção.
b) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição
contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi-
mentos dificilmente seriam condenadas. 37. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada)
c) Como as pessoas não é obrigada a produzir provas
Leia as frases.
contra si mesmas, aquelas que recusasse os procedi-
mentos dificilmente seria condenada. As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas alarmantes.


contra si mesmas, aquelas que recusassem os proce-
dimentos dificilmente seriam condenadas. Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
e) Como as pessoas não são obrigada a produzir provas mente convertidos .......... estados depressivos.
contra si mesma, aquelas que recusassem os procedi-
mentos dificilmente seriam condenada. Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
cidade é considerada doença.

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Para que haja coerência com a regência nominal estabe- Quanto à regência verbal ou nominal, assinale a alternativa
lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem que apresenta uma frase da letra da música, reescrita, de
ser preenchidas, respectivamente, por: acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.

a) ao … com … na a) A dor que ele se refere é a da traição.


b) ao … em … à b) Ela traiu aquele que merecia seu verdadeiro amor.
c) do … com … na c) Ele tem esperança que seja encontrada solução para
d) com o … em … para seu caso amoroso.
e) com o … para … à
d) Muitos casos amorosos o perdão não deve ser nega-
do.
38. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
e) Algumas pessoas têm convicção que sofrer por amor
2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está cor-
reta: é cafonice.

a) Ela queria namorar com ele. 41. (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
b) Já assisti a esse filme. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR -
c) O caminhoneiro dormiu no volante. IADES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos desta-
d) Quando eles chegam em Campo Grande? cados no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no ele-
e) A moça que ele gosta é aquela ali. vador”, fossem empregados, respectivamente, Esquecer e
gostar, a nova redação, de acordo com as regras sobre
39. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – regência verbal e concordância nominal prescritas pela
2014) A regência nominal está correta em: norma-padrão, deveria ser

a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo a) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
falso. b) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
b) As meninas têm aversão de verduras. c) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador.
c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos. d) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador.
d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano. e) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
42. (PETROBRAS – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA
40. (INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
– SECRETÁRIA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia TODOS OS CARGOS – NÍVEL SUPERIOR – CESGRAN-
trechos da letra da música dos compositores José Carlos RIO/2014 - adaptada) No trecho “podemos utilizar essa
Figueiredo, Antônio Carlos Marques Pinto e José Ubaldo mesma abordagem no nosso organismo, sem necessaria-
Avila para responder à questão. mente nos limitarmos a meios tradicionais, como edu-
cação e desenvolvimento cultural.”, o verbo limitar, no
Você abusou sentido de restringir, exige a presença da preposição “a”.
Me magoa, maltrata e quer desculpa Essa exigência de preposição também se observa na re-
Me retruca, me trai e quer perdão gência da forma verbal destacada em:
Me ofende, me fere e não tem culpa
a) A eliminação de doenças consideradas incuráveis re-
Jesus Cristo, eu não sei quem tem razão. presenta a principal meta da tecnologia moderna.
Esse fogo, essa farsa, essa desgraça b) A tentativa de criação de seres humanos superdotados
Me corrompe e corrói meu coração confirma a nova perspectiva da ciência atual.
Há momentos que eu paro e acho graça c) As pesquisas sobre o futuro da humanidade conduzem
a descobertas inimagináveis há poucos anos.
Procuro, e não acho a solução. d) Os desafios éticos acompanham a possibilidade de
Você abusou,
programar filhos capazes de se tornarem gênios.
e) Os novos tempos resgatam a crença de que haverá
Tirou partido de mim, abusou
invenções importantes para prevenir as doenças.
Mas não faz mal
É tão normal ter desamor
É tão cafona sofrer dor 43. (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUN-
Que eu já não sei CAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a
norma culta da língua quanto à regência verbal.
LÍNGUA PORTUGUESA

Se é meninice ou cafonice o meu amor.

Que me perdoem, se eu insisto neste tema a) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
b) Eu esqueci do seu nome.
Se o quadradismo dos meus versos, c) Você assistiu à cena toda?
Vai de encontro aos intelectos, d) Ele chegou na oficina pela manhã.
Que não usam o coração, e) Sempre obedeço as leis de trânsito.
Como expressão...

95
44. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/ De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa
AL – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – ANATOMIA E se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro re-
NECROPSIA – COPEVE/2014) Considere o trecho constrói o passado juntando os “tijolos” de dados, mas
sublinhado em: “Apenas trinta e cinco pessoas assistiram somente o ato de acessar as lembranças já modifica e
à projeção de dez filmes de dois minutos de duração cada distorce a realidade.
um, no dia 28/12/1895” (História Viva, janeiro/2005). Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
Nas reescritas abaixo, em qual alternativa ocorreu danos sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
à norma culta? mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
a) compareceram a projeção de dez filmes. to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
b) viram a projeção de dez filmes. neural para o processo de geração das falsas memórias,
c) assistiram aos dez filmes. haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
d) foram assistir à projeção de dez filmes. plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
e) presenciaram a projeção de dez filmes. evidências de que, por mais real que aparente ser, um
fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
45. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- deiro. A memória humana não é como uma memória de
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com computador, não está certa o tempo todo.”
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
está INCORRETA em: meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo en-
b) A ferida não se curava com os remédios. trevistado afirmou que, dependendo de como se conduz
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. uma acareação, ela pode confundir a pessoa interrogada.
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).
lha.
O trecho “a memória não pode ser considerada um papel
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun-
carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
dada.
forma: não pode-se considerá-la papel carbono.
46. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A
( ) CERTO ( ) ERRADO
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de
MIM é:
49. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017)
De acordo com os padrões da língua portuguesa, assina-
a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista; le a alternativa correta.
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mu-
lher; a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar”
c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão; se classifica como verbo transitivo direto, pois quem
d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso; ama, ama alguém.
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra. b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desem-
penha função sintática de complemento nominal por
47. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- complementar o sentido de adjetivos, advérbios ou
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O substantivos abstratos, além de constituir emprego de
segmento em que a substituição do termo sublinhado ênclise.
por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é: c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o
termo em destaque pode ser substituído por “Demo
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei- lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o em-
xou de ser-lhe; prego do pronome oblíquo como complemento do
b) “podemos definir violência” / podemos defini-la; verbo.
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di- d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”,
versos tipos de imposição” / denota-los; te.mos.um clássico emprego de mesóclise.
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” / e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado
consideremos-lo; exemplifica o uso de próclise.
e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
50. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
48. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de NESP-2014)
LÍNGUA PORTUGUESA

11 a 26 – CESPE-2013)
Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte- Compras de Natal
cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos
sequer percebem que determinadas lembranças foram A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades.
criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé- __________ de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões
rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de que não sobem, anjos e santos que não __________ , estre-
detalhamento das memórias reais. las que jamais estiveram no céu.

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As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano 54. (TRE-PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão NISTRATIVA – FCC-2017) A substituição do elemento
de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coi- sublinhado pelo pronome correspondente, com os ne-
sas que possam representar beleza e excelência. cessários ajustes no segmento, foi realizada de acordo
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em po-
com a norma padrão em:
bres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil
anos, num abrigo de animais, em Belém.
(Cecília Meireles, Quatro Vozes. Adaptado) a) quem considera o amor abstrato = quem lhe consi-
dera abstrato
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, b) consideram o amor algo ingênuo e pueril = conside-
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- ram-lhe algo ingênuo e pueril
pectivamente, com: c) parece que inviabiliza o amor = parece que inviabili-
za-lhe
a) Se enche … movem-se d) o ressentimento é cego ao amor = o ressentimento
b) Se enchem … se movem
lhe é cego
c) Enchem-se … se move
d) Enche-se … move-se e) o amor não vê a hipocrisia = o amor não lhe vê
e) Enche-se … se movem
55. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
51. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) As- CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
sinale a alternativa correta quanto à colocação prono- Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
minal, de acordo com a norma-padrão da língua portu- aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
guesa. escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
a) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
b) O homem se indignou quando propuseram-lhe que a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
abrisse a bolsa que encontrara. supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
c) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos “a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. cola”.
d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- vos “relação” e “escola”.
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
nos.
nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
52. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR- vos “relação” e “escola”.
SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A fra- d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
se – Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
– está corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
pontuação e à colocação pronominal em: e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
visse.
b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu can-
to. 56. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
visse. tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada ves- da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
se. crase.
53. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017- Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho está
se está corretamente empregado.
reescrito conforme a norma-padrão da língua portugue-
sa, com a expressão destacada substituída pelo pronome
correspondente. a) O memorando refere-se à documentos enviados na
semana passada.
a) ... o prazer de contar aquelas histórias... → ... o prazer b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
de contar-nas... cia urgente.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) ... meio século sem escrever livros. → ... meio século c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
sem escrevê-los. pessoas já desestimuladas.
c) ... puxo a mesinha... → ... puxo-lhe...
d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
d) ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He-
consta na lista.
mingway... → ... livro que reúne-as...
e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
e) O médico que atendia pacientes... → O médico que
flexível e são responsáveis.
lhe atendia...

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57. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor- ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre- novos lançamentos.
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase, e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
devendo ocorrer o mesmo na frase: de crédito para não serem surpreendidas com valores
muito altos.
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar. 61. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. NESP-2014)
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
panhia. especialistas, quase metade delas está associada _____
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
sempenho. bate efetivo _____ embriaguez ao volante.

58. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da respectivamente, com:
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
ser empregado na palavra destacada em: a) às … a
b) as … à
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- c) à … à
nada a programação que a empresa pretende desen- d) às … à
volver. e) à … a
b) As ações destinadas a atrair um número maior de
clientes são importantes para garantir a saúde finan- 62. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
ceira das instituições.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
acento indicativo de crase está corretamente empregado
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora
em:
do mercado formal de trabalho.
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova
com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
moeda virtual.
b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
e) Os participantes do seminário sobre mercado financei-
ro foram convidados a comparar as importações e as rem a sua postura.
exportações em 2017. c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
ções muito mais severas.
59. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo dos demais motoristas e de pedestres.
de crase está de acordo com a norma-padrão em: e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
nova lei para que ela possa funcionar.
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens
à esmo. 63. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou mente, as lacunas do texto a seguir.
à prazo.
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
danças na trama. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
à emissora. uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
60. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
GRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da lín- e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
gua portuguesa, o acento grave indicativo da crase deve balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
ser empregado na palavra destacada em: das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, duas mil mulheres.
em geral, pequena variação de funções quando com- (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
LÍNGUA PORTUGUESA

parados a versões anteriores.


b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa a) à … às … a
junto a crianças do ensino fundamental para ver como b) a … as … a
elas se comportam no ambiente virtual. c) a … às … a
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- d) à … às … à
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme e) a … as … à
o depoimento de professores.

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64. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO 67. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014-ADAPTADA) GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encontra de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser portuguesa em:
acrescentado em:
a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
a) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos... fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos disposi-
tivos móveis dos passageiros.
(dispor de todos) b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
b) ... por meio dos quais se transmitem as humanidades... grande, porém não é capaz de absorver uma presença
− (ciências humanas) maior de produtos vindos do exterior.
c) ... a todas as camadas sociais. − (qualquer classe social) c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
d) ... se nos referimos a coisas completamente diferen- lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
tes... − (uma coisa completamente diferente) nacionais.
e) ... são um obstáculo a indivíduos independentes. (cria- d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
ção de indivíduos independentes)
com que os juros cresçam pouco.
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
65. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está ver, se a importação vale a pena.
empregado de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa em: 68. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
no campo da política: é menor nas publicações rela- danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
cionadas às catástrofes naturais. do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
os usuários compartilham informações com as quais ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
concordam: pois não verificam as fontes antes. das por violações das leis antitrust — apenas um item de
c) As informações enganosas são mais difundidas do que uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
por um instituto de pesquisa.
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in-
uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados
quase impossível. por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos
entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí- nos Estados Unidos da América durante uma década in-
cias sem fonte confiável. teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam-
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São
66. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
retamente em: Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên- ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons- imediatamente depois de “e”.
trangimentos às empresas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
quem está conectado de quem não faz parte do mun- 69. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU-
do digital. NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta
c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que quanto à pontuação.
confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças.
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão e
dados e checar se as informações refletem a realidade. entendeu o pedido de minha mãe.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é ensi-


e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
nada, aos médicos nas faculdades.
tas porque não estão preocupados em conferir, pon- c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença en-
tos de vista alternativos. tre, parada cardíaca e morte.
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol-
ta, foi bastante contestado.
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca,
os processos de reanimação.

99
70. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA 73. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
frase inteiramente correta é: - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se neste trecho tem a função de:
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as a) Separar o aposto.
escolhas produzidas pelo escritor. b) Delimitar o sujeito.
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde c) Delimitar uma nova oração.
partem os humanistas uma vez que é nela, que se d) Separar o vocativo.
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas e) Marcar uma pausa forte.
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar,
as escolhas produzidas pelo escritor. 74. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013)
partem os humanistas, uma vez que é nela que se es- O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es-
tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as por processos que culminaram na sua formalização insti-
escolhas produzidas pelo escritor. tucional e na ampliação de sua área de atuação.
d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito
partem os humanistas, uma vez que é nela que se lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição.
estabelecem não apenas as relações de sentido mas, Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena-
também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
as escolhas produzidas pelo escritor. de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
partem os humanistas, uma vez que é nela que se
procurador da Fazenda (defensor do fisco).
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
escolhas produzidas pelo escritor.
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui-
71. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que
brasileira.
se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
substituídas por travessão, EXCETO em:
Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula
a) Não se trata de defender a tradição, família ou pro- após “colonial” é utilizada para isolar aposto.
priedade...
b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu ( ) CERTO ( ) ERRADO
amigo, um homem...
c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes,
já traz...

72. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-


MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.

O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta


sentido

a) restritivo.
b) explicativo.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) conclusivo.
d) comparativo.
e) alternativo.

100
43 C
GABARITO 44 A
45 C
1 CERTO 46 D
2 D 47 B
3 E 48 ERRADO
4 A 49 B
5 A 50 E
6 C 51 D
7 C 52 C
8 E 53 B
9 D 54 D
10 D 55 E
11 B 56 D
12 C 57 B
13 CERTO 58 A
14 A 59 E
15 D 60 E
16 E 61 D
17 A 62 A
18 C 63 B
19 A 64 E
20 E 65 E
21 A 66 D
22 C 67 C
23 A 68 CERTO
24 A 69 A
25 D 70 E
26 C 71 A
27 E 72 B
28 E 73 D
29 C 74 ERRADO
30 C
31 C
32 B
33 D
34 B
35 A
36 E
37 B
LÍNGUA PORTUGUESA

38 B
39 C
40 B
41 E
42 C

101
ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA

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102
ÍNDICE

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ambiente operacional Windows (XP). Fundamentos do Windows, operações com janelas, menus, barra de tarefas, área
de trabalho, trabalho com pastas e arquivos, localização de arquivos e pastas, movimentação e cópia de arquivos,
pastas, criação e exclusão de arquivos e pastas, compartilhamentos e áreas de transferência; Configurações básicas do
Windows: resolução da tela, cores, fontes, impressoras, aparência, segundo plano e protetor de tela; Windows Explorer. 01
Ambiente Intranet e Internet. Conceito básico de internet e intranet e utilização de tecnologias, ferramentas e aplicativos
associados à internet. Principais navegadores. Ferramentas de busca e pesquisa.............................................................................. 11
Processador de textos. MS Office 2003/2007 – Word. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e salvar
documentos. Digitação. Edição de textos. Estilos. Formatação. Tabelas e tabulações. Cabeçalho e rodapé. Configuração
de página. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos de teclado. Uso dos recursos............................................................. 22
Planilha Eletrônica. MS Office 2003/2007 – Excel. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e Salvar documentos.
Estilos. Formatação. Fórmulas e funções. Gráficos. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos de teclado. Uso dos
recursos............................................................................................................................................................................................................................. 44
Correio eletrônico. Conceitos básicos. Formatos de mensagens. Transmissão e recepção de mensagens. Catálogo de
endereços. Arquivos anexados. Uso dos recursos. Ícones. Atalhos de teclado............................................................................................. 60
Segurança da Informação. Cuidados relativos à segurança e sistemas antivírus................................................................................. 63
AMBIENTE OPERACIONAL WINDOWS (XP). FUNDAMENTOS DO WINDOWS, OPERAÇÕES
COM JANELAS, MENUS, BARRA DE TAREFAS, ÁREA DE TRABALHO, TRABALHO COM
PASTAS E ARQUIVOS, LOCALIZAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, MOVIMENTAÇÃO
E CÓPIA DE ARQUIVOS, PASTAS, CRIAÇÃO E EXCLUSÃO DE ARQUIVOS E PASTAS,
COMPARTILHAMENTOS E ÁREAS DE TRANSFERÊNCIA; CONFIGURAÇÕES BÁSICAS DO
WINDOWS: RESOLUÇÃO DA TELA, CORES, FONTES, IMPRESSORAS, APARÊNCIA, SEGUNDO
PLANO E PROTETOR DE TELA; WINDOWS EXPLORER.

Windows XP

O Windows XP foi lançado em 2001 e ele era um sistema operacional bastante completo e confiável, por isso po-
de-se dizer que ele foi uma versão muito bem sucedida, importante mencionar que o encerramento do seu suporte foi
em abril de 2014.

Figura 8: Tela de login do Windows XP

Figura 9: Desktop do Windows XP


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ele foi sucessor de uma versão considerada fracassada que foi o Windows Me (Millennium Edition), lançado em
2000, e é considerado por muitos o principal responsável em recuperar a confiança dos clientes Microsoft. Seu lança-
mento foi dia 25 de outubro de 2001 e chamou a atenção por trazer uma nova interface gráfica e eliminar os problemas
de estabilidade encontrados no ME.
A interface gráfica do Windows XP ficou conhecida por ser muito mais intuitiva e agradável, afinal as janelas cinzas,
e barras quadradas foram substituídas por uma interface colorida, com padrão azul, e botões mais arredondados e visí-
veis. Outra grande novidade foi o botão iniciar, que ficou maior, com mais atalhos e possibilidades de fixar programas,
mudança essa que permaneceu até o Windows 7.

1
Outros aspectos visuais trazidos pelo Windows XP, panorama geral que permite concluir que aplicativo ou
foram as novas camadas e efeitos para o desktop, além driver está causando problemas. Isso é possível pois ele
de apresentar um papel de parede padrão que viria a se monitora a data de instalação de drivers e programas,
tornar icônico. Os usuários poderiam ainda travar a barra execução de aplicativos, updates do Windows, travamen-
de tarefas e evitar que houvesse mudanças das configu- to de programas, e tudo mais que possa afetar a estabili-
rações no espaço. dade do sistema operacional - e com isso é fácil concluir
O XP foi apresentado ainda em diferentes edições, quando um novo programa ou driver está causando pro-
além de estar disponível em 32 e 64 bits. A versão Home blemas no sistema operacional. O Monitor de Confiabi-
Edition era voltada para o uso doméstico e trazia ferra- lidade também tem a opção de verificar soluções para
mentas mais simples para o usuário comum. Já a edição todos os problemas listados.
Professional tinha como público empresas e usuários Além disso, o Windows 7 também vem com a opção
com conhecimentos avançados. Houve ainda uma ver- de restauração de sistema e drivers, permitindo que você
são Media Center Edition, mas esta nunca foi colocada à retorne a um status ou driver anterior ao atual caso este
venda e era entregue somente sob encomenda. apresente algum problema.
Em relação as funcionalidades, o grande destaque foi Por fim, o NTFS (tipo de partição) do Windows 7 é
o suporte a dispositivos Plug and Play, famoso plugar e mais completo e avançado do que o do Windows XP,
usar que acabou com etapas burocráticas de instalação, pois é o mesmo utilizado no Windows Server 2008.
não exigindo que o computador fosse desligado ao re- Quando ocorre algum problema em disco ou na partição
mover um dispositivo externo, como um pendrive. do Windows XP, por exemplo, o sistema operacional ten-
Outra novidade na funcionalidade foi a tecnologia ta corrigi-lo (às vezes durante horas) via chkdsk no pró-
ClearType, que facilitava a visualização de textos em tela ximo boot. O NTFS do Windows 7, por outro lado, utiliza
LCD, novidades na época. Além disso, ele melhorou o o self-healing (auto-correção) e o problema é reparado
consumo de energia para a utilização em dispositivos imediatamente sem que o usuário sequer saiba disso.
móveis como notebook e tablets, e incluiu a possibilida- Além disso, ele permite corrigir problemas em arquivos
de sistema (como o Win32k.sys) - algo que o Windows
de de inicializar a máquina mais rapidamente e hibernar.
XP não consegue. Neste item Windows 7 x Windows XP,
Além disso, passou a dar suporte às redes Wireless
o Windows 7 ganha.
e DSL, melhorando a alternância entre contas de usuá-
rios, permitindo que o indivíduo acesse outra conta sem
Usabilidade
fechar seus programas abertos. Além disso, introduziu a
O Windows 7 facilita o dia-a-dia das pessoas com no-
funcionalidade de assistência remota, o que possibilitou
vidades que tornam as tarefas mais rápidas e eficientes.
que pessoas conectadas à Internet pudessem assumir o
Entre elas estão:
controle da máquina para realizar suporte técnico ou au- - Central de Contas do Usuário (UAC) que protege o
xiliar uma tarefa. usuário sem incomodá-lo
Quanto as atualizações e até mesmo o encerramen- - Pesquisa integrada ao sistema operacional
to do suporte, pode-se dizer que o XP teve três gran- - Bibliotecas, que organizam os arquivos e facilitam o
des atualizações, que ficaram conhecidas como Service seu uso em rede local
Packs. O primeiro foi lançado no dia 9 de setembro de - Aero Snap, que ao arrastar uma janela para a lateral
2002, adicionando o suporte ao formato USB 2.0 e a pos- da tela, esta é automaticamente expandida e ocu-
sibilidade de definir padrões de programas. O SP2 chegou pa metade da tela (ou tela cheia se for arrastada
em 6 de agosto de 2004 com foco na segurança do sis- para cima)
tema. Já o SP3 foi distribuído em 6 de maio de 2008 com - Aero Peek, que torna as janelas transparentes para
correções de segurança e melhoras no desempenho. você visualizar ou acessar rapidamente o desktop
No dia 8 de abril de 2014, a Microsoft encerrou o su- - Aero Shake, que ao chacoalhar uma janela faz com
porte ao Windows XP SP3, não oferecendo mais atualiza- que todas as demais sejam automaticamente mi-
ções ou correções de segurança para o sistema. nimizadas

Comparando o Windows XP com o Windows 7 Essas melhorias na usabilidade não devem ser des-
consideradas ou vistas como “frescura”, pois elas podem
Estabilidade economizar dezenas de horas de trabalho por ano! Mais
O Windows 7 é muito mais estável do que o Windows uma vantagem para o Windows 7 na comparação Win-
XP, e isso acontece por diversos motivos. Inicialmente ele dows 7 x Windows XP.
foi desenvolvido para dar maior proteção à memória, iso-
lando-a de problemas externos. Exemplo clássico: você Segurança
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

instala um novo driver de placa de vídeo, e ele trava pois Há um mundo de diferença entra a segurança do
tem um bug. Enquanto o Windows XP trava por completo Windows XP e a do Windows 7. Embora algumas pes-
(ou o computador é reiniciado), o Windows 7 se recupera soas achem que basta instalar um navegador atual para
normalmente do travamento utilizando um driver padrão se manter seguro na web, nada mais ilusório: estes mes-
de vídeo, e isso não afeta os demais programas abertos. mos navegadores não conseguem proteger o usuário se
O Windows 7 vem com o Monitor de Confiabilidade. eles estão sendo executados em um sistema operacional
Ele monitora constantemente o computador, salvando com capacidade de proteção limitada. O navegador não
informações importantes quando há alguma falha de impede ataques remotos nem ataques que utilizam vul-
aplicativo ou do Windows, e com isso o usuário tem um nerabilidades existentes no sistema operacional.

2
Além disso, vulnerabilidades no Windows 7 são mui- Windows
to menos perigosas do que a mesma vulnerabilidade no
Windows XP, pois o Windows 7 tem diversas proteções O Windows assim como tudo que envolve a informá-
adicionais que diminuem o poder de ação dos malwares. tica passa por uma atualização constante, os concursos
Entre elas estão ASLR, PatchGuard, UAC, PMIE e outras públicos em seus editais acabam variando em suas ver-
tecnologias que bloqueiam e impedem ataques externos sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto
por vias desconhecidas. Além disso, o antivírus gratuito as versões do Windows quanto do Linux.
da Microsoft (MSE – Microsoft Security Essentials) pode O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
ser utilizado por qualquer pessoa que tenha Windows software, um programa de computador desenvolvido por
Original, protegendo-a contra malwares. programadores através de códigos de programação. Os
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
Hardware e performance são considerados como a parte lógica do computador,
Atualmente muitos computadores e notebooks vêm uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
com 4GB de memória RAM ou mais - e o Windows XP apenas quando o computador está em funcionamento. O
não aproveita isso. Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
Tanto o Windows XP quanto o Windows 7 “enxergam” o primeiro a ser instalado na máquina.
até 4GB RAM nas suas versões 32-bits - mas ao contrário Quando montamos um computador e o ligamos pela
do XP, o Windows 7 tem versões 64-bits perfeitamente primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu-
utilizáveis, isto é, o mercado lançou programas e perifé- mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti-
ricos que funcionam perfeitamente no Windows 7, mas lizarmos todos os recursos do computador, com toda a
não para o Windows XP. qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a
Embora exista uma versão 64-bits do Windows XP, Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard-
praticamente ninguém a usa pois não há drivers para pe- ware, temos que instalar o SO.
riféricos nem programas que aproveitam o seu potencial. Após sua instalação é possível configurar as placas
E um detalhe que poucos sabem é que o limite de para que alcancem seu melhor desempenho e instalar
4GB de memória se aplica  à soma da memória RAM + os demais programas, como os softwares aplicativos e
memória da placa de vídeo + memória dos periféricos utilitários.
PCI + ACPI + tudo mais que esteja instalado no compu- O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge-
tador que utilize memória (exceto pendrive, disco rígido rencia os demais programas.
e cartões de memória, obviamente). A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits
Isso significa que se você utiliza  uma poderosa pla- e 64 bits está na forma em que o processador do com-
ca de vídeo de 2GB de memória (algo relativamente co- putador trabalha as informações. O Sistema Operacional
mum) no Windows XP, este acessará menos de 2GB de de 32 bits tem que ser instalado em um computador que
memória RAM independentemente da quantidade de tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits
memória RAM instalada no computador. E quanto me-
tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
nos memória RAM, menos performance o computador
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows,
terá. A solução é utilizar um sistema operacional comple-
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais
to de 64-bits como o Windows 7.
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso
ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta de pro-
Custo Benefício
cessos para dentro e para fora da memória, pelo arma-
O Windows XP foi inaugurado em 2001, ou seja, para
zenamento de um número maior desses processos na
hardwares equivalentes da época, os requisitos mínimos
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo
do Windows XP são inferiores até mesmo aos smart-
phones mais simples de hoje em dia: Pentium 233 MHz, no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o
64MB RAM e 1,5GB de espaço em disco! É preciso dizer desempenho geral do programa”.
mais?
O Windows 7 funciona muito bem até mesmo em Windows 7
hardware limitado, como netbooks com 1GB RAM e pro-
cessador de 1GHz, além de estar preparado para utilizar Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
todo potencial das tecnologias atuais:  processadores 1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito
multi-core, muita memória RAM, discos SSD, drive de em computador e clique em Propriedades.
Blu-Ray, USB 3.0, placas de vídeo caseiras que processam 2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
3 trilhões de cálculos por segundo (quatro placas dessas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

trabalhando juntas superam o total de cálculos por se- “Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
gundo do supercomputador mais rápido do planeta de você precisará de um processador capaz de executar
2001 - e ele tinha 8.192 processadores!), e tecnologias uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um
que utilizamos atualmente e que seriam consideradas sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan-
coisas de ficção científica quando o Windows XP foi cria- do você tem uma grande quantidade de RAM (memória
do. de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB
Na prática não existem motivos razoáveis para um ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de
computador utilizar o Windows XP ao invés do Windows 64 bits pode processar grandes quantidades de memó-
7. ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema

3
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários Ícones – são imagens representativas associadas a
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com programas, arquivos, pastas ou atalhos.
frequência”. Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
caso, é possível instalar: 1. Criação de pastas (diretórios)
- Sobre o Windows XP;
- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
(Win Vista), também 32 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
- Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 em um computador e formatar o HD durante
a insta- lação;
- Win 7 em um computador sem SO;

Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual


tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
chave do produto, que é um código que será solicitado
durante a instalação.

Vamos adotar a opção de instalação com formatação


de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
poration:
- Ligue o seu computador, de forma que o Windows
seja inicializado normalmente, insira do disco de
instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
desligue o seu computador.
- Reinicie o computador.
- Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
isso, e siga as instruções exibidas.
- Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
Figura 64: Criação de pastas
ou outras preferências e clique em avançar.
- Se a página de Instalação Windows não aparecer
e o programa não solicitar que você pressione al- #FicaDica
guma tecla, talvez seja necessário alterar algumas
configurações do sistema. Para obter mais infor- Clicando com o botão direito do mouse
mações sobre como fazer isso, consulte. Inicie o em um espaço vazio da área de trabalho
seu computador usando um disco de instalação do ou outro apropriado, podemos encontrar a
Windows 7 ou um pen drive USB. opção pasta.
- Na página Leia os termos de licença, se você aceitar Clicando nesta opção com o botão esquerdo
os termos de licença, clique em aceito os termos do mouse, temos então uma forma prática
de licença e em avançar. de criar uma pasta.
- Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
que em Personalizada.
- Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
- Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
- Quando a formatação terminar, clique em avançar.
- Siga as instruções para concluir a instalação do Figura 65: Criamos aqui uma pasta
Windows 7, inclusive a nomenclatura do compu- chamada “Trabalho”.
tador e a configuração de uma conta do usuário
inicial.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conceitos de organização e de gerenciamento de in-


formações; arquivos, pastas e programas.

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar


arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
vamos no computador, estamos criando um arquivo.

4
Por meio do botão Iniciar, também podemos:
- desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máqui-
Figura 66: Tela da pasta criada na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la nome e senha de outro usuário, tendo assim um
e agora criaremos mais duas pastas dentro dela: ambiente com características diferentes para cada
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o usuário do mesmo computador.
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

2. Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com
de tarefas, que traz uma série de particularidades, como: um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones coloca-
dos como atalhos na barra de tarefas para serem
Figura 68: Barra de tarefas acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato idioma que está sendo usada pelo teclado.
com todos os outros programas instalados, pro- 4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones
gramas que fazem parte do sistema operacional são configurados para entrar em ação quando o
e ambientes de configuração e trabalho. Com um computador é iniciado. Muitos deles ficam em exe-
clique nesse botão, abrimos uma lista, chamada cução o tempo todo no sistema, como é o caso
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Iniciar, que contém opções que nos per- de ícones de programas antivírus que monitoram
mitem ver os programas mais acessados, todos constantemente o sistema para verificar se não há
os outros programas instalados e os recursos do invasões ou vírus tentando ser executados.
próprio Windows. Ele funciona como uma via de 5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
acesso para todas as opções disponíveis no com- relógio constantemente na sua tela, clicando duas
putador. vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse íco-
ne, acessamos as Propriedades de data e hora.

5
#FicaDica
Outra forma de restaurar é usar a opção
“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho


muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
Figura 70: Propriedades de data e hora t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora, cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
especificar se o relógio do computador está sincronizado esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
automaticamente com um servidor de horário na Inter- com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe, (canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
um horário diferente do que realmente deveria mostrar, que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe está marcada.
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos.

Figura 71: Restauração de arquivos


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

enviados para a lixeira

A restauração de objetos enviados para a lixeira pode Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas
ser feita com um clique com o botão direito do mouse
sobre o item desejado e depois, outro clique com o es- Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:
querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente Por meio do clique com o botão direito do mouse na bar-
o arquivo para seu local de origem. ra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos
acessar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do
menu iniciar”.

6
3. Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alterar


configurações do Windows, como aparência, idioma, confi-
gurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele é pos-
sível personalizar o computador às necessidades do usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do
sistema e da segurança”, permite a realização de
backups e restauração das configurações do sis-
tema e de arquivos. Possui ferramentas que per-
mitem a atualização do Sistema Operacional, que
exibem a quantidade de memória RAM instalada
no computador e a velocidade do processador.
Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Firewall para tornar o computador mais protegido.
Figura 73: Propriedades da barra de - Rede e Internet: mostra o status da rede e possibili-
tarefas e do menu iniciar ta configurações de rede e Internet. É possível tam-
bém definir preferências para compartilhamento
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: de arquivos e computadores.
- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela - Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
seja posicionada em outros cantos da tela que não hardwares como impressoras, por exemplo. Tam-
seja o inferior, ou seja, impede que seja arrastada bém permite alterar sons do sistema, reproduzir
com o botão esquerdo do mouse pressionado. CDs automaticamente, configurar modo de eco-
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul- nomia de energia e atualizar drives de dispositivos
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar instalados.
maior aproveitamento da área da tela pelos pro- - Programas: através desta opção, podemos realizar a
gramas abertos, e a exibe quando o mouse é posi- desinstalação de programas ou recursos do Windows.
cionado no canto inferior do monitor. - Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui alte-
ramos senhas, criamos contas de usuários, deter-
minamos configurações de acesso.
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela,
menu iniciar e barra de tarefas.
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação
de números e moedas.
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com-
putador às necessidades visuais, auditivas e moto-
ras do usuário.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu 3.1. Computador


Iniciar
Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em
Pela figura acima podemos notar que é possível a Computador. A janela a seguir será aberta:
aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 21: Barra de Ferramentas Figura 76: Computador

7
Observe que é possível visualizarmos as unidades de 2. Redimensionar as tiles
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada.
Vemos também informações como o nome do computa- Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
dor, a quantidade de memória e o processador instalado tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
na máquina. reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
Windows 8 destacar no computador.

É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o 3. Grupos de Aplicativos


Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu-
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá- parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
rios acostumados com o antigo visual desse sistema. podem ser renomeados.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas 4. Visualizar as pastas
as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini-
ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, A interface do programas no computador podem ser
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
para ter acesso aos programas que mais utiliza. usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer 5. Compartilhar e Receber
um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando
uma das pastas e não encontre algum comando, clique Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en-
com o botão direito do mouse para que esse painel apa- viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção
reça. Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há tam-
A organização de tela do Windows 8 funciona como bém a opção Dispositivo que é usada para receber e enviar
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com conteúdos de aparelhos conectados ao computador.
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica-
tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa 6. Alternar Tarefas
área de trabalho, que representam aplicativos de versões
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe- Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
automaticamente. lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo-
A tela pode ser customizada conforme a conveniência dernos.
do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela,
mas podem ser encontrados clicando com o botão direi- 7. Telas Lado a Lado
to do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que
um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique Esse sistema operacional não trabalha com o concei-
com o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar to de janelas, mas o usuário pode usar dois programas
na Tela Inicial. ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa acom-
panhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
1. Charms Bar computador.

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa 8. Visualizar Imagens


e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura- O sistema operacional agora faz com que cada vez
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que que você clica em uma figura, um programa específico
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se-
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this
no sistema e configurada de acordo com a página em Program as Default.
que você está.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus- 9. Imagem e Senha


ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial
e em seguida escolha a cor da tela. O usuário também O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao
pode selecionar desenhos durante a personalização do invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
papel de parede. acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um

8
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. 4. Windows 10 Education
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou- as necessidades do meio educacional. Também tem seu
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize método de distribuição baseado através da versão aca-
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, dêmica de licenciamento de volume.
repita os movimentos para acessar seu computador.
5. Windows 10 Mobile
10. Internet Explorer no Windows 8
Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- sia como um sistema operacional único, os smartphones
gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de com o Windows 10 possuem uma versão específica do
ferramentas e menus. sistema operacional compatível com tais dispositivos.

Windows 10 6. Windows 10 Mobile Enterprise

O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no porativo. Também estará disponível através do Licencia-
mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
sões é ficar com um visual mais de smart e touch. Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
para o mercado corporativo.

7. Windows 10 IoT Core

IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet


of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
Figura 77: Tela do Windows 10 soft indica como requisitos básicos dos computadores:
• Processador de 1 Ghz ou superior;
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver- • 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
sões (com destaque para as duas primeiras): 64bits);
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
1. Windows 10 • Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
ou maior.
É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a
maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2. Windows 10 Pro
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere
Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro- que o usuário de um computador com sistema opera-
teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc- cional Windows 7 tenha permissão de administrador e
ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de deseje fazer o controle mais preciso da segurança das
Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má- conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu-
quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu-
realizar conexões a uma rede corporativa. rança avançado do firewall do Windows para especificar
precisamente quais aplicativos podem e não podem fa-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. Windows 10 Enterprise zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes
podem, ou não, ser externamente acessados.
Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
do Licenciamento por Volume, voltado a empresas. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede


de fogo) é um dispositivo de uma rede de compu-
tadores que tem por objetivo aplicar uma política de
segurança a um determinado ponto da rede. O fire-

9
wall pode ser do tipo filtros de pacotes, proxy de apli- 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
cações, etc. Os firewalls são geralmente associados a Windows, não há possibilidade de o usuário interagir
redes TCP/IP. com o sistema operacional por meio de uma tela de
Este dispositivo de segurança existe na forma de soft- computador sensível ao toque.
ware e de hardware, a combinação de ambos é cha-
mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade ( ) CERTO ( ) ERRADO
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con- Resposta: Errado. As versões mais recentes do Win-
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do dows existe este recurso. Para usá-lo há a necessidade
grau de segurança desejado. de que a tela seja sensível ao toque.

2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a


a atualização de programas na plataforma Linux a serem computadores com outros sistemas operacionais, com-
efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem
por meio das opções install e upgrade, respectivamente. de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando das por meio de interrupção do fornecimento de energia
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador elétrica.
do sistema.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional pos-
sui a vantagem de não perder dados caso a máquina
Resposta: Errado. O comando para a atualização é seja desligada por meio de interrupção do forneci-
“sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar pa- mento de energia elétrica.
cotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O co-
mando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo 7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização
realmente permite a usuários comuns obter privilégios GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux,
de outro usuário como o administrador podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
mando.
3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu-
tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o ( ) CERTO ( ) ERRADO
aumento da memória virtual possibilita a redução do
consumo de memória RAM em uso, o que permite exe- Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas de ini-
cutar, de forma paralela e distribuída, no computador, cialização GRUB e LILO para realizar a sua configura-
uma quantidade maior de programas. ção, assim como é possível alterar as opções de inicia-
lização do Windows (em Win+Pause, Configurações
( ) CERTO ( ) ERRADO Avançadas do Sistema, Propriedades do Sistema, Ini-
cialização e Recuperação).
Resposta: Errado. O que torna esta alternativa mais
eficaz é o uso da memória em um dispositivo alterna- 8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Conside-
tivo (para o PC não “travar”), e não uma redução de re que um usuário de login joao_jose esteja usando o
consumo de memória RAM em uso, visto que esta op- Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
ção foi projetada para ajudar quando a memória RAM de um computador com ambiente Windows 7. Considere
do PC for insuficiente para a execução de demasiados ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
programas. apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
do Windows Explorer, as seguintes informações: Biblio-
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste- tecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais
ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo, provável que tais arquivos e pastas estejam contidos no
diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no di-
cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são retório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos.
gravados nas unidades de disco nas quais permanecem
até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux. Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_jose\
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas


( ) CERTO ( ) ERRADO estarem em outro diretório, se forem feitas configu-
rações customizadas pelo usuário. Mesmo na configu-
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windo- ração em português o diretório dos documentos do
ws conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si usuário continua sendo nomeado em inglês: “docu-
pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS. ments”. Portanto, a afirmação de que o diretório seria
“C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta.
O item considera o comportamento padrão do siste-
ma operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação

10
não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente ria, espionagem, phishing - roubos de identidade, assun-
a este sistema software. A premissa de que a informa- tos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, sendo
ção fosse apresentada na barra de ferramentas não destacados com mais exaltação, entre outros problemas.
compromete o entendimento da questão.” Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessida-
de de compartilhar conhecimento e estabelecer relações
9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No com pessoas a distância. Na década de 1960, durante
ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com
arquivos de um diretório para um pen drive. objetivos militares: interconectar os centros de comando
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a 1. Alguns tipos de Redes de Computadores
execução de vários comandos por meio de um con-
sole. O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos Antigamente, os computadores eram conectados
entre diretórios e arquivos para dispositivos. em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
cais. Mas, com a evolução das redes de computadores,
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
clicar a opção , será exibida uma janela por mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
meio da qual se pode verificar diversas propriedades do cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet,
arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos. DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN,
Em computadores do tipo PC, a comunicação com peri- MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela,
féricos pode ser realizada por meio de diferentes interfa- ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por
ces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens. cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.).
Veja alguns tipos de redes:
( ) CERTO ( ) ERRADO Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth;
Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que po- Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
dem ser consultadas ao se ativar as propriedades de que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
um arquivo estão as opções: tamanho e os seus atri- um prédio ou um campus de universidade;
butos.
Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
AMBIENTE INTRANET E INTERNET. CON- 10km. Ex.: TV à cabo;
CEITO BÁSICO DE INTERNET E INTRANET Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
E UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRA- WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
MENTAS E APLICATIVOS ASSOCIADOS À geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
INTERNET. PRINCIPAIS NAVEGADORES. Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
FERRAMENTAS DE BUSCA E PESQUISA
das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
REDES DE COMPUTADORES
Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
Redes de Computadores refere-se à interligação por Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
meio de um sistema de comunicação baseado em trans- eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
missões e protocolos de vários computadores com o ob- Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
jetivo de trocar informações, entre outros recursos. Essa para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
ligação é chamada de estações de trabalho (nós, pontos grandes distâncias.
ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre computa- 2. Topologia de Redes
dores espalhados pelo mundo que permite a comunica-
ção entre os indivíduos, quer seja quando eles navegam Astopologias das redes de computadores são as es-
pela internet ou assiste televisão. Diariamente, é necessá- truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
rio utilizar recursos como impressoras para imprimir do- tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cumentos, reuniões através de videoconferência, trocar mostram a localização de cada componente da rede que
e-mails, acessar às redes sociais ou se entreter por meio serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
de jogos, etc. modo que os dados trafegam na rede:
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas estão in-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à inter- terconectadas por pares através de um roteamento de dados;
net nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
o crescimento das redes de computadores também tem to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
seu lado negativo. A cada dia surgem problemas que hub ou switch;
prejudicam as relações entre os indivíduos, como pirata-

11
Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em au- Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto
tomação industrial e na década de 1980 pelas redes Token do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é
Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores são entre- pensada de forma a realizar a sua expansão.
ligados formando um anel e os dados são propagados de Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o cabea-
computador a computador até a máquina de origem; mento de rede. Ele poderá transformar os sinais recebi-
Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri- dos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar de
meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se serem transmissores de informações para outros pontos,
a computadores conectados em formato linear, cujo ca- eles também diminuem o desempenho da rede, poden-
beamento é feito sequencialmente; do haver colisões entre os dados à medida que são ane-
Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas xas outras máquinas. Esse equipamento, normalmente,
estão interligadas por um mesmo canal através de paco- encontra-se dentro do hub.
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast). Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras
3. Cabos estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra
máquina consegue enviar um determinado sinal até que
Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
física utilizada para conectar computadores em rede, es- lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
tando relacionados a largura de banda, a taxa de trans- portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os
missão, padrões internacionais, etc. Há vantagens e des- Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis.
vantagens para a conexão feita por meio de cabeamento. Bridges: É um repetidor inteligente que funciona
Os mais utilizados são: como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua de relacionar diferentes arquiteturas.
velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,
lojas de informática ou produzidos pelo usuário; mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis, portas de entrada e melhor performance, podendo ser
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA, utilizado para redes maiores.
suporte não encontrado em computadores mais novos; Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências como um tipo de ponte na camada de rede do modelo
eletromagnéticas. OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
diferentes fabricantes), identificando e determinando um
#FicaDica IP para cada computador que se conecta com a rede.
Após montar o cabeamento de rede é neces- Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da-
sário realizar um teste através dos testadores dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os
de cabos, adquirido em lojas especializadas. roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami-
Apesar de testar o funcionamento, ele não nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
detecta se existem ligações incorretas. É pre- gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
ciso que um técnico veja se os fios dos cabos caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
estão na posição certa. tráfego.
Modem: Dispositivo responsável por transformar a
onda analógica que será transmitida por meio da linha
4. Sistema de Cabeamento Estruturado telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
trabalho, em uma grande empresa, são necessárias várias ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
conexões e muitos cabos, sendo necessário o cabeamen- servidor são conhecidos como clientes.
to estruturado. Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e tem- entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede
po, tanto para fazer a instalação, quanto para a remoção depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas
da rede. Ele é feito através das tomadas RJ-45 que pos- são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
sibilitam que vários conectores possam ser inseridos em
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

um único local, sem a necessidade de serem conectados Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet
diretamente no hub. e Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado busca na Web.
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um O objetivo inicial da Internet era atender necessida-
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
inseridos em um rack. JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano,
na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec-

12
tar os computadores de departamentos de pesquisas e - URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão
bases militares, para que, caso um desses pontos sofres- de recursos, serve para endereçar um recurso na web,
se algum tipo de ataque, as informações e comunicação é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em acessar um determinado site.
outros pontos estratégicos. Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co-
nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
Faz a solicitação de um arquivo de
fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador http://
hiper mídia para a Internet.
de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da
informação poderia ser realizado por várias rotas, assim, Estipula que esse recurso está na
caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados rede mundial de computadores
www
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre- (veremos mais sobre www em um
ga da informação, é importante mencionar que a maior próximo tópico).
distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme- É o endereço de domínio. Um
tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as endereço de domínio representará
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na
a troca de informações de computadores de universi-
Internet.
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu Indica que o servidor onde esse site
nome passa a ser, INTERNET. está
.com
A evolução não parava, além de atingir fronteiras hospedado é de finalidades
continentais, os computadores pessoais evoluíam em comerciais.
forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter- .br Indica queo servidor está no Brasil.
net deixou de conectar apenas computadores de univer-
sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
que demonstram a finalidade e organização que o criou,
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil
como:
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co-
.gov - Organização governamental
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta
.edu - Organização educacional
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua
.org - Organização
difusão nos tempos atuais.
.ind - Organização Industrial
Um marco que é importante frisar é o surgimento do
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá- .net - Organização telecomunicações
fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta- .mil - Organização militar
josa, pois até então, só era possível a existência de textos. .pro - Organização de profissões
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .eng – Organização de engenheiros
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido E também, do país de origem:
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que .it – Itália
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS- .pt – Portugal
SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de .ar – Argentina
Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo .cl – Chile
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível .gr – Grécia
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
tendimento da informação trocada entre eles. Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos
A internet funciona o tempo todo enviando e rece- que se trata de um site hospedado em um servidor dos
bendo informações, por isso o periférico que permite a Estados Unidos.
conexão com a internet chama MODEM, porque que ele - HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Se-
MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po- melhante ao HTTP, porém permite que os dados
dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP. sejam transmitidos através de uma conexão cripto-
grafada e que se verifique a autenticidade do ser-
1. Protocolos Web vidor e do cliente através de certificados digitais.
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transfe-
Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou- rência de arquivo, é o protocolo utilizado para po-
tros que são largamente usados na Internet: der subir os arquivos para um servidor de internet,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissional
trocar informações na Internet. Quando digitamos um utiliza um desses programas FTP ou similares e exe-
site, automaticamente é colocado à frente dele o http:// cuta a transferência dos arquivos criados, o manu-
Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br seio é semelhante à utilização de gerenciadores de
Onde: arquivo, como o Windows Explorer, por exemplo.
http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí- - POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto
dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter dos Correios permite, como o seu nome o indica,
texto, som, imagem, filmes e links. recuperar o seu correio num servidor distante (o

13
servidor POP). É necessário para as pessoas não
ligadas permanentemente à Internet, para pode- #FicaDica
rem consultar os mails recebidos offline. Existem
duas versões principais deste protocolo, o POP2 e O endereço de Home Pages tem o seguinte
o POP3, aos quais são atribuídas respectivamente formato:
as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio de http://www.endereço.com/página.html
comandos textuais radicalmente diferentes, na tro- Por exemplo, a página principal do meu pro-
ca de e-mails ele é o protocolo de entrada. jeto de mestrado:
- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro- http://www.youtube.com/canaldoovidio
tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários 4. Plug-ins
acessos simultâneos e várias caixas de correio,
além de poder criar mais critérios de triagem. Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo dade do Browser em recursos específicos - permitindo,
padrão para envio de e-mails através da Internet. por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja
Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas
que verifica se o endereço de e-mail do destinatá- de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci-
rio está corretamente digitado, se é um endereço dade impressionante. Maiores informações e endereços
existente, se a caixa de mensagens do destinatário sobre plug-ins são encontradas na página:
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
de e-mails ele é o protocolo de saída. Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/
- UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua Indices/
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
Permite que a aplicação escreva um datagrama en- temos uma relação de alguns deles:
capsulado num pacote IP e transportado ao des- - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
tino. É muito comum lermos que se trata de um etc.).
protocolo não confiável, isso porque ele não é im- - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
plementado com regras que garantam tratamento - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
de erros ou entrega. PCX, etc.).
- Negócios e Utilitários.
2. Provedor - Apresentações.

O provedor é uma empresa prestadora de serviços INTRANET


que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é
necessário conectar-se com um computador que já este- A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
ja na Internet (no caso, o provedor) e esse computador uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
deve permitir que seus usuários também tenham acesso empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
a Internet. de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada na Internet. Como um jornal editado internamente, e que
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais
que é a conexão física que interliga o provedor de aces- e departamentos, mesclando (com segurança) as suas
so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida informações particulares dentro da estrutura de comuni-
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet cações da empresa.
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse O grande sucesso da Internet, é particularmente da
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link evolução da informática nos últimos anos.
como o backbone possui uma velocidade de transmis- Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso, multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati-
que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces- zaram o acesso à informação através de redes de com-
so e um endereço eletrônico na Internet. putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

base de usuários, já familiarizados com conhecimentos


3. Home Page básicos de informática e de navegação na Internet. Fi-
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
Pela definição técnica temos que uma Home Page é custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga-
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com- nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede”
putadores rodando um Navegador (Browser), que per- e começar a acessar e colocar informação. O resultado
mite o acesso às informações em um ambiente gráfico inevitável foi a impressionante explosão na informação
e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de disponível na Internet, que segundo consta, está dobran-
informações dentro das Home Pages. do de tamanho a cada mês.

14
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei- resume quase somente em clicar nos links que remetem
to, que tem interessado um número cada vez maior de às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse
interessadas em integrar informações e usuários: a intra- tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
net. Seu advento e disseminação promete operar uma fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
revolução tão profunda para a vida organizacional quan- o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu- quantidade de informações nela armazenadas.
tadores, no final da década de 80.
4. A intranet é baseada em quatro conceitos:
1. O que é Intranet?
- Conectividade - A base de conexão dos computa-
O termo “intranet” começou a ser usado em meados dores ligados por meio de uma rede, e que podem
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se transferir qualquer tipo de informação digital entre
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno- si;
logias projetadas para a comunicação por computador - Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis- dores e sistemas operacionais podem ser conecta-
te em uma rede privativa de computadores que se baseia dos de forma transparente;
nos padrões de comunicação de dados da Internet pú- - Navegação - É possível passar de um documento
blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas a outro por meio de referências ou vínculos de
HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão documentos;
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida- - Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
de de uso propiciada pelos programas de navegação na acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
Web, os browsers. rer graças à execução de programas aplicativos,
que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
2. Objetivo de construir uma Intranet tadores que acessam a rede (também chamados
de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
Organizações constroem uma intranet porque ela é a arquitetura da intranet: cliente-servidor).
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien- - A vantagem da intranet é que esses programas
te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da são ativados através da WWW, permitindo grande
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de flexibilidade. Determinadas linguagens, como Java,
capital com conhecimentos das operações e produtos da assumiram grande importância no desenvolvimen-
empresa. to de softwares aplicativos que obedeçam aos três
conceitos anteriores.
3. Aplicações da Intranet
5. Mecanismos de Buscas
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
municações corporativas em uma intranet dá para sim- Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
operacional) os diversos profissionais de uma empresa. de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
exemplo: otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
- Marketing e Vendas - Informações sobre produ- acesso a resultados mais relevantes.
tos, listas de preços, promoções, planejamento de Os mecanismos de buscas contam com operadores
eventos; para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no en-
- Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de tanto, pode não interessar a você, caso não seja um prati-
Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida- cante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis e estão
des de membros das equipes, situações de proje- listados abaixo. Realize uma busca simples e depois aplique
tos; os filtros para poder ver o quanto os resultados podem ser
- Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- mais especializados em relação ao que você procura.
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

manuais de qualidade; 5.1. -palavra_chave


- Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
tilas, políticas da companhia, organograma, opor- Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa-
tunidades de trabalho, programas de desenvolvi- lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca
mento pessoal, benefícios. por computação, provavelmente encontrarei na relação
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa-
Para acessar as informações disponíveis na Web cor- ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação
porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei- -ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência
nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se serão omitidos.

15
5.2. +palavra_chave Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você di-
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de ficilmente encontrará problemas para rodar vídeos, tanto
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga offline como por streaming (neste caso, o download e a
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com- exibição do vídeo são simultâneos, como na TV Terra).
putação, terei como retorno uma gama mista de resul- Atualmente, devido à evolução da internet com os
tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais,
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma há uma grande demanda por programas para trabalhar
busca do tipo computação + ciência SP. com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra-
5.3. “frase_chave” mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento
ou conversão de imagens.
Retorna uma busca em que existam as ocorrências Porém, muitos destes programas não são o que se
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes.
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta Caso o que você precise seja apenas um programa para
da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples
foi empregada. ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
5.4. palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes- mento especial para as suas mais variadas imagens.
se caso, como as duas palavras chaves são populares, os O Picasa está com uma versão cheia de inovações que
dois resultados são apresentados em posição de desta- faz dele um aplicativo completo para visualização de fo-
que. tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen-
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de
5.5. filetype:tipo imagem do computador.
As ferramentas de edição possuem os métodos mais
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de avançados para automatizar o processo de correção de
extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi- imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra programa consegue identificar e corrigir todos os olhos
chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele-
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei-
DOC. tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais.
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa
5.6. palavra_chave_01 * palavra_chave_02 biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen-
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con-
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados apenas as fotos que contém pessoas.
em que os termos inicial e final aparecem, independente Depois de tudo organizado em seu computador, você
do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa- pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar-
cebook * msn e veja o resultado na prática. tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via
6. Áudio e Vídeo Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em
A popularização da banda larga e dos serviços de poucos segundos.
e-mail com grande capacidade de armazenamento está O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve
aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro- e com uma interface gráfica simples porém otimizada e
blema é que a profusão de formatos de arquivos pode fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade
tornar a experiência decepcionante. com este tipo de programa. Ele também dispõe de al-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A maioria deles depende de um único programa para guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces- operações como copiar e deletar imagens até o efeito
sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple- alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o um clique.
caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des- Além disso sempre é possível a visualização de ima-
de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação gens pelo próprio gerenciador do Windows.
é automática.

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7. Transferência de arquivos pela internet 4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir
FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên- que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte- tador como um servidor remoto de FTP, bastando
ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam buído dinamicamente.
como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não 9. Grupos de Discussão e Redes Sociais
texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico São espaços de convivências virtuais em que grupos
e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
sempre transferida como uma informação textual, en- vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri- entre outras ações.
zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário). As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo-
Um servidor FTP é um computador que roda um pro- lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi-
grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu:
capaz de se comunicar com outro computador na Rede Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni-
que o esteja acessando através de um cliente FTP. dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, para que elas próprias criassem suas páginas na internet.
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas- a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas.
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo). No mesmo ano, também surge uma plataforma que
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de permite a interação com antigos colegas da escola, o
diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do Classmates.
sistema. Isto é muito importante, porque garante um Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma
nível de segurança adequado, evitando que estranhos que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto-
tenham acesso a todas as informações da empresa. grafias.
Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”,
o que acontece em geral é que a conexão é posicionada Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda-
no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais deira rede social, o Friendster.
comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede
tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é social de caráter profissional do mundo.
indispensável que o usuário possua um username e uma E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di- Facebook, surgem o Orkut e o Flickr.
zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta- Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença
belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:
criado para a conta do usuário – diretório home, e dali • Estabelecimento de contatos pessoais (relações de
ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só amizade ou namoro).
escrever e ler arquivos nos quais ele possua. • Networking: partilha e busca de conhecimentos
Assim como muitas aplicações largamente utilizadas profissionais e procura emprego ou preenchimen-
hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema to de vagas.
operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon- • Partilha e busca de imagens e vídeos.
sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet. • Partilha e busca de informações sobre temas va-
riados.
8. Algumas dicas • Divulgação para compra e venda de produtos e
serviços.
1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
• Jogos, entre outros.
número de conexões simultâneas para evitar uma
sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci-
sível é a faixa de horário de acesso, que muitas
das, destacamos:
vezes é considerada nobre em horário comercial,
• Facebook: interação e expansão de contatos.
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de-
• Youtube: partilha de vídeos.
sativado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site chamadas de voz.
sendo acessado. • Instagram: partilha de fotos e vídeos.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arqui- • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
vo verifique se você está usando o modo correto, são conhecidas como “tweets”.
isto é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
no caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, • Skype: telechamada.
etc.), o modo é binário. Esta prevenção pode evitar • LinkedIn: interação e expansão de contatos pro-
perda de tempo. fissionais.

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• Badoo: relacionamentos amorosos. Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta afir-
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas. ma que somente arquivos no formato PDF, poderiam
• Messenger: envio de mensagens instantâneas. ser impressos, o que torna o item errado, o comando
• Flickr: partilha de imagens. para impressão não verifica o formato do arquivo, tão
• Google+: partilha de conteúdos. somente o local onde está o arquivo a ser impresso.
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme-
lhante ao Twitter. 2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em
uma intranet, for disponibilizado um portal de informa-
10. Vantagens e Desvantagens ções acessível por meio de um navegador, será possível
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
Existem várias vantagens em fazer parte de redes ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um configurado o servidor do portal.
crescimento tão significativo ao longo dos anos.
Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
As redes também facilitam a relação com quem está
mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
trem fisicamente.
Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
de pessoas ao mesmo tempo.
Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
um acontecimento, a preparação de uma manifestação
ou a mobilização de um grupo para um protesto.
No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
é a falta de privacidade.
Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
para algumas precauções.
Com base na figura acima, que ilustra as configurações
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
#FicaDica 9, julgue os próximos itens.
Por ser algo muito atual, tem caído muitas ( ) CERTO ( ) ERRADO
questões de redes sociais nos concursos
atualmente. Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol)
é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que
permite ao seu computador trocar informações com
um servidor que abriga um site. Isso significa que, uma
EXERCÍCIOS COMENTADOS vez conectados sob esse protocolo, as máquinas po-
dem receber e enviar qualquer conteúdo textual – os
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma códigos que resultam na página acessada pelo nave-
impressora estiver compartilhada em uma intranet por gador.
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar- O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou
quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão outras conexões propícias a phishing (fraude eletrô-
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar nica) e hackers, pessoas mal-intencionadas podem
no navegador web a seguinte url: atravessar o caminho e interceptar os dados transmiti-
, em dos com relativa facilidade. Portanto, uma conexão em
que deve estar acessível via rede e HTTP é insegura.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-


deve ser do tipo PDF. tocol Secure), que insere uma camada de proteção na
transmissão de dados entre seu computador e o ser-
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
( ) CERTO ( ) ERRADO é criptografada, aumentando significativamente a se-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con-
versassem uma língua que só as duas entendessem,
dificultando a interceptação das informações.
Para saber se está navegando em um site com crip-

18
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente, Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome mento de arquivos entre seus usuários
do site, já que a conexão segura também identifica pá-
ginas na Internet por meio de seu certificado. ( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser- Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função
vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar principal é enviar mensagens e não o compartilha-
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir mento de arquivos. Ainda que algumas redes permi-
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80 tam o compartilhamento de fotos e gifs animados, o
de destino no endereço do proxy. objetivo não é o compartilhamento de arquivos e nem
todas as redes citadas na questão permitem.
( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor pro- versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
xy e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual, mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços são mostrados detalhes como a data da instalação e o
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ usuário que executou a operação.
virtuais separados. Para que uma estação de usuário
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede ( ) CERTO ( ) ERRADO
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas ver-
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80. sões do Firefox, contudo o histórico não contém o
usuário que executou a operação. Este recurso está
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE Atualizações – Histórico de atualizações.
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada. 8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
( ) CERTO ( ) ERRADO o usuário pode registrar os sítios que considera mais im-
portantes e recomendá-los aos seus amigos.
Resposta: Errado. Somente é solicitado a autentica-
ção se o servidor assim estiver configurado, do con- ( ) CERTO ( ) ERRADO
trário nenhuma senha é solicitada, além de que foi de-
finido para a rede Interna e não para acesso à Internet. Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um ser-
viço online que o Internet Explorer usa para recomen-
5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere dar sítios de que o usuário possa gostar, com base nos
que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos sítios visitados com frequência. Para acessá-lo, basta
computacionais, permanentemente conectados à Inter- clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos.
net, que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o
Outlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o Considere que um delegado de polícia federal, em uma
usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter- sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela
net message access protocol), em detrimento do POP3 ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do
(post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o DPF, cujo endereço eletrônico está indicado no campo
conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa- . A partir dessas informações, julgue os itens de
mente, fazer o download das mensagens para o compu- 09 a 12.
tador em uso.
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O con-
( ) CERTO ( ) ERRADO teúdo da página acessada pelo delegado, por conter da-
dos importantes à ação do DPF, é constantemente atua-
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos o lizado por seu webmaster. Após o acesso mencionado
padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que tem a acima, o delegado desejou verificar se houve alteração
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

função de baixar as mensagens do servidor de e-mail desse conteúdo.


para o computador que o programa foi configurado. Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
Quando o POP é substituído pelo IMAP, essas men- condições de verificar se houve ou não a alteração men-
sagens são baixadas para o computador do usuário cionada, independentemente da configuração do IE6,
só que apenas uma cópia delas, deixando no servidor mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja
as mensagens originais; quando o acesso é feito por em modo online.
outro computador essas mensagens que estão no ser-
vidor são baixadas para este outro computador, dei- ( ) CERTO ( ) ERRADO
xando sempre a original no servidor.

19
Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma Noções básicas de ferramentas e aplicativos de na-
nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste vegação e correio eletrônico
modo o arquivo novamente, se houver alterações, es-
tas serão exibidas, caso contrário o arquivo será reexi- Um browser ou navegador é um aplicativo que opera
bido sem alterações. através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar- contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
mazenamento de informações em arquivos denomina- as partes do mundo.
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
sistema de segurança instalado em um computador. Para são programas de computador especializados em vi-
reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
para impedir que cookies sejam armazenados no com- web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
uso do menu . cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
( ) CERTO ( ) ERRADO todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer sequentemente um dos melhores navegadores existen-
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
e, em Configurações, mover o controle deslizante até muito fácil de utilizar.
em cima para bloquear todos os cookies e, em segui-
da, clicar em OK.

11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o


acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com- Figura 1: Símbolo do Google Chrome
putador do delegado, é correto concluir que as informa-
ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
criptografado. #FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas relacio-
( ) CERTO ( ) ERRADO nadas a guia anônima que não deixa rastro
(senhas, auto completar, entre outros), e é
Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N
que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma se
conclui que não há uma criptografia, se fosse o proto-
colo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum tipo Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente na-
de criptografia do tipo SSL. vegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não ter
uma interface tão amigável, porém é um dos navegadores
12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por mais rápidas e com maior segurança contra hackers.
meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
nas páginas contidas no diretório histórico do IE6. Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox

( ) CERTO ( ) ERRADO Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande


desempenho, porém especialistas em segurança o consi-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: Certo. É possível através do botão descrito, dera o navegador com menos segurança.
o botão de histórico, que se encontre informações das
páginas acessadas anteriormente, e também permite
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.

Figura 3: Símbolo do Opera

20
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de
navegador considerado pelos especialistas e possui uma Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere
Apple existem versões para Windows. para o computador as mensagens armazenada sem sua
caixa postal no servidor.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de en-
vio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um
usuário descarregue suas mensagens de umservidor.
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori-
Figura 4: Símbolo do Safari zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave- escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de
gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é discussão.
um programa preparado para explorar a Internet dando
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo Um pouco de história
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo. A internet é uma rede de computadores que liga os
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a-
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro-
car informações sobre pesquisas e armamentos que não
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim,
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer foi criado o  projeto Arpanet  pela Agência para Projeto
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos
EUA.
#FicaDica Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone-
Glossário interessante que abordam internet xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
e correio eletrônico ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe-
de mensagens indesejadas. cutada a  World Wide Web (www), sistema que contém
Browser: Programa utilizado para navegar milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons,
na Web, também chamado de navegador. etc) que também ficou conhecido como rede mundial.
Exemplo: Mozilla Firefox. Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
Cliente de e-mail: Software destinado a ge- projeto que pode ser considerado o princípio da World
renciar contas de correio eletrônico, possi- Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabo-
bilitando a composição, envio, recebimento, rado uma nova proposta para o que ficaria conhecido
leitura e arquivamento de mensagens. A se- como WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a
guir, uma lista de gerenciadores de e-mail partir disso surgiu o “http” (em português significa pro-
(em negrito os mais conhecidos e utilizados tocolo de transferência de hipertexto). Vinton Cerf tam-
atualmente): bém é um personagem importante e inclusive é conheci-
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook do por muitos como o pai da internet.
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail (Li-
nux) e Windows Mail. #FicaDica
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
próprio endereço, chamado URL, ele facili-
Outros pontos importantes de conceitos que podem
ta a navegação e possui características es-
ser abordado no seu concurso são:
pecíficas como a falta de  acentuação grá-
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions – Exten-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

fica  e palavras maiúsculas. Uma url possui


sões multiuso do correio da Internet): Provê mecanismos
o http (protocolo), www (World Wide Web),
para o envio de outros tipo sde informações por e-mail,
o nome da empresa que representa o site,
como imagens, sons, filmes, entre outros.
.com (ex: se for um site governamental o fi-
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
nal será .gov) e a sigla do país de origem
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores
daquele site (no Brasil é usado o BR).
de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Correio):
Programas clientes de e-mail, como o Mozilla Thunder-
bird, Microsoft Outlook Express etc.

21
Mecanismos de Buscas

Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno exatamente o que você queria pode trazer algumas horas de
trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem de certa forma
“adivinhar” o que se passa em sua cabeça, lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja otimizada poupará
seu tempo e fará com que você tenha acesso a resultados mais relevantes.
Os mecanismos de buscas contam com operadores para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no entanto,
pode não interessar e você, caso não seja um praticante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis e estão listados
abaixo. Realize uma busca simples e depois aplique os filtros para poder ver o quanto os resultados podem sem mais
especializados em relação ao que você procura.

-palavra_chave
Retorna um busca excluindo aquelas em que a palavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca por com-
putação, provavelmente encontrarei na relação dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computação“. Contudo, se
eu fizer uma busca por computação -ciência , os resultados que tem a palavra chave ciência serão omitidos.

+palavra_chave
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga ao
exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo computação, terei como retorna uma gama mista de resultados. Caso
eu queira filtrar somente os casos em que ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma busca do tipo com-
putação + ciência SP.

“frase_chave”
Retorna uma busca em que existam as ocorrências dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia exatas ao
que foi inserido. Assim, se você realizar uma busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta da palavra FAZER,
verá resultados em que a frase idêntica foi empregada.

palavras_chave_01 OR palavra_chave_02
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por exem-
plo, e terá como resultado de sua busca, páginas relevantes sobre pelo menos um dos dois temas- nesse caso, como as
duas palavras chaves são populares, os dois resultados são apresentados em posição de destaque.

filetype:tipo
Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de extensão especificada. Por exemplo, em uma busca filetype:pdf
jquery serão exibidos os conteúdos da palavra chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos de extensão
podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT, DOC

palavra_chave_01 * palavra_chave_02
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados em
que os termos inicial e final aparecem, independente do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo facebook
* msn e veja o resultado na prática.

PROCESSADOR DE TEXTOS. MS OFFICE 2003/2007 – WORD. CONCEITOS BÁSICOS. CRIAÇÃO


DE DOCUMENTOS. ABRIR E SALVAR DOCUMENTOS. DIGITAÇÃO. EDIÇÃO DE TEXTOS. ESTI-
LOS. FORMATAÇÃO. TABELAS E TABULAÇÕES. CABEÇALHO E RODAPÉ. CONFIGURAÇÃO DE
PÁGINA. CORRETOR ORTOGRÁFICO. IMPRESSÃO. ÍCONES. ATALHOS DE TECLADO. USO DOS
RECURSOS

Word 2003
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As versões do Microsoft Word era quase sempre a mesma, e todas elas oriundas do WordPad, a versão 2003 foi a
última versão a moda antiga, vamos dizer assim, ela era formada por menus e uma barra de ferramentas fixa mais vol-
tada para a parte de formatação de texto, e as demais funções ficavam dívidas em menus, conforme mostra a figura 28.

22
Figura 28: Tela do Microsoft Word 2003

Também é possível personalizar a sua barra de ferramentas clicando com o botão direito e selecionando novos
painéis, que vão desde Contagem de Palavras e Desenho até Visual Basic e Formulários. O problema é que, conforme
você adiciona novas funções, a interface começa a ficar cada vez mais carregada e desorganizada.
Uma das características foi a mudança do logotipo do Office duas ferramentas que estrearam no Office 2003, fo-
ram: InfoPath e o OneNote. O OneNote é uma caderneta eletrônica de anotações e organizador que toma notas como
aplicação do texto, notas manuscritas ou diagramas, gráficos e de áudio gravado, o Office 2003 foi a primeira versão a
usar cores e ícones do Windows XP.

MS Word 2007

O Word 2007 é um processador de texto, constituindo uma poderosa ferramenta de auxílio à elaboração de docu-
mentos.
Com este aplicativo, você pode criar uma grande diversidade de documentos, utilizando recursos como tabelas,
gráficos, índices, imagens, som, vídeo e texto em colunas entre muitos outros.
Nesta nova versão, o Word surge com uma nova interface, em que os tradicionais menus de opções desaparecem
e dão lugar a uma faixa de opções com diversas guias, onde podemos encontrar, mais facilmente, os comandos neces-
sários para executar as tarefas que nos propomos realizar.

1. Explorando a janela do Word

1.1 Acessando o Word


Há várias formas de acessar o Word. A mais utilizada é clicar no botão Iniciar, Todos os programas, Microsoft Office,
Microsoft Office Word 2007. Observe a figura abaixo:

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1.2 Conhecendo a área de trabalho do Word


Logo que abrimos o Word, um documento é criado automaticamente com o nome de Documento 1, e é visualizada
uma janela, como a demonstrada na figura.

23
Menu – Clicando sobre o Botão Office , no canto superior esquerdo, aparecerão funções como Salvar, Impri-
mir e Fechar entre outras, que são as principais ações de controle da janela do Word.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Do lado direito do Botão Office, você poderá personalizar a Barra de ferramentas de acesso rápido, clicando na
Caixa de listagem (lista de opções disponíveis) .

Para ativar ou desativar um comando, basta clicar sobre ele.

24
Barra de Título – Mostra o título do programa e o nome do documento (arquivo) que está aberto.

Faixa de opções – A faixa de opções é o local onde estão os principais comandos do Word, separados por guias:
Início, Inserir, Layout da Página, Referências, Correspondências, Revisão e Exibição.

Botão ajuda – Acessa a ajuda do Office Online ou a local (salva no computador).


Controle da janela – Controles para Minimizar , Maximizar ( ficar do tamanho da tela), Restaurar (poder ser redi-
mensionada conforme necessidade) e Fechar a janela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Réguas – As réguas horizontais e verticais são usadas para defi nir e visualizar os recuos de parágrafos, tabulação,
margem das páginas e largura das colunas, quando trabalhamos com tabelas (fi gura 8). Para habilitá-las ou desabilitá-
-las, basta clicar no botão Régua, que fi ca no canto superior direito (abaixo da faixa de opções).

25
Barra de rolagem – As barras de rolagem permitem que você navegue pelo documento, quando a página for maior
que a tela, clicando sobre as setas ou arrastando o botão de rolagem.

Abaixo da barra de rolagem, há botões para tornar essa navegação mais rápida:
Página anterior e Próxima página .

No botão Selecionar objeto da procura, é possível, por exemplo, procurar uma palavra, gráfico, tabela etc. em todo
o documento.

Barra de status – Mostra informações sobre o documento atual, tais como o número de páginas e a página atual.
Está localizada na margem inferior da tela.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

26
Modos de exibição – Os modos de exibição são encontrados à direita da barra de status e permitem alterar a visua-
lização do documento.

Área do documento – Local em que os textos são digitados e editados. Nessa área, observamos uma barra vertical
piscando, chamada de cursor ou ponto de inserção.
Qualquer caractere será inserido à esquerda do cursor.

1.3 Obtendo ajuda


Para obter ajuda, é só clicar no botão Ajuda , localizado no canto superior direito da janela, ou pressionar a tecla
F1. Abrir-se-á, então, uma janela, como mostra a figura:

Curiosidade!

Quando você abrir a janela de Ajuda, o Word tentará conectar-se automaticamente ao Office Online. Isso acontece,
pois o conteúdo online é mais completo e atualizado, mas, se você quiser usar o Conteúdo Offline (instalado junto com
o Office sem a necessidade de estar conectado à internet), basta clicar no botão Conectado ao Office Online e na opção
Mostre conteúdo apenas deste computador .

Encerrando
Existem várias formas de encerrar o Word. Uma delas é clicar no Botão Office e na opção Fechar.
Caso haja alguma alteração em seu documento que não tenha sido salva, aparecerá a seguinte mensagem:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica!
A forma mais rápida de encerrar o Word é clicar no controle Fechar, em sua janela

27
1.4 Entendendo melhor o menu do Word
Vamos, agora, trabalhar com cada uma das opções do menu do Word, visualizadas ao clicar no Botão Office:

Essa opção abre uma janela como a ilustrada na figura abaixo. Nela, você pode escolher um modelo (layout) para o
novo documento. O modelo padrão é Documento em branco.

Adicionando texto
No documento criado, vamos inserir um pequeno texto, que será utilizado posteriormente para praticarmos os de-
mais comandos. O Word apresenta um grande número de configurações que eliminam a necessidade de atentar para
como o texto vai ficar na página, diferentemente do tempo da máquina de escrever. Ao começar a digitar, o cursor se
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

movimenta para a direita, e os caracteres que você digita vão aparecendo à esquerda dele. Digite o texto abaixo e não
se preocupe em como fazer o cursor passar para a linha seguinte. Isso é feito automaticamente e se chama rearranjo
de linhas.

28
Usando a tecla ENTER para criar uma nova linha
Observe que, ao chegar ao final da linha de texto, o
cursor vai automaticamente para a linha seguinte.
Para fazer o cursor passar para a próxima linha antes
que ele atinja a margem direita, é necessário pressionar
a tecla ENTER.
Você só precisará usar a tecla ENTER em duas situa-
ções:
• Para terminar um parágrafo.
• Para criar uma linha em branco entre parágrafos,
figuras, gráficos etc.

Usando modelos prontos para criar documentos


Para salvar (gravar) um documento, clique no Botão A seguir, vamos ver alguns modelos de documentos
Office e, em seguida, em Salvar. Vale lembrar que o do- que podem ser feitos com o auxílio do Word. Para aces-
cumento é salvo com as alterações feitas até o momento sá-los, clique no Botão Office e, em seguida, no botão
da ação de salvar, isto é, tudo o que você fizer depois Novo. Após selecionar o modelo desejado, basta clicar
dela não estará salvo, enquanto não clicar novamente em em Baixar.
Salvar.
Quando você fechar e abrir o arquivo novamente, ele
estará da forma como estava quando foi salvo pela últi-
ma vez. O arquivo terá a extensão .docx , que é inserida
automaticamente pelo Word.
Dicas !
Para facilitar a busca por seus documentos, há algu-
mas dicas quanto à nomeação de arquivos quando for
salvá-los:
• Use palavras-chave que facilitem a memorização.
• Digite as iniciais em maiúsculas.
• Evite preposições entre as palavras.
• Evite acentos e cedilhas.
• Insira datas, se necessário.

Exemplo:
Para salvar um relatório semanal de atividades, um
bom nome seria RelSemAtiv_12_Dez.
Nesse caso, o 12_Dez identifica a semana a que se
refere o relatório, sem ser necessário abri-lo.
Vamos salvar o documento que acabamos de digitar
com o nome de Parte_Pratica. Conforme mostra a figura abaixo, na lista ao lado dos
É importantíssimo o hábito de manter o documen- botões do menu, há uma área chamada Documentos
to salvo. Contudo, caso você se esqueça de salvá-lo e, Recentes. Nela, aparecem os últimos documentos aces-
por algum problema, o computador se desligue ou trave sados com o ícone no canto direito. Para fixar um
inesperadamente, ainda há possibilidade de recuperar o documento na lista dos mais recentes, basta clicar nesse
documento, graças ao recurso Recuperação automática ícone, que ficará assim: .
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de arquivos.
Como? Recuperação automática de arquivos?
Sim! Sem que você note, de tempo em tempo, auto-
maticamente, o Word salva o arquivo, para que, em oca-
siões inesperadas, você não perca seu trabalho.
Assim, na ocasião seguinte em que você abrir o Word
2007, aparecerá uma janela com a lista de todos os
documentos recuperados. Para abrir qualquer um dos
arquivos, basta clicar sobre ele.

29
Ao clicar no botão Abrir, aparecerá uma janela em
que você deve procurar o arquivo que deseja abrir.

Para imprimir o arquivo aberto, é necessário ter al-


guma impressora conectada ao computador ou a uma
rede local.
Clique no Botão Office e posicione o mouse no botão
Imprimir : aparecerão três opções, como vemos na tela
abaixo :

Ao localizar o arquivo desejado, clique sobre ele e em


Abrir.

Para salvar um documento no Word, você deve clicar • Imprimir – Abre uma janela com configurações que
no Botão Office e, em seguida, em Salvar. permitem selecionar a impressora, páginas a serem
Se houver necessidade de salvar o arquivo com outro impressas, número de cópias etc.
nome ou em outro local, clique no Botão Office e, em
seguida, em Salvar como. Em seguida, digite o nome de- =
sejado e/ou selecione o local desejado (HD, CD, Pendrive
etc.) e clique em Salvar.

• Impressão Rápida - Imprime diretamente, sem ne-


nhuma configuração.
• Visualização de Impressão – Possibilita conferir
como ficará impresso seu documento. Para voltar
à visualização layout de impressão, clique no botão
Fechar Visualização de Impressão

1.5 A faixa de opções


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A faixa de opções mostra os comandos mais utili-


zados agrupados por temas, para que você não precise
procurá-los em vários menus, assim facilitando o traba-
lho.

30
A seguir, apresentamos a faixa de opções e como tra- Alguns grupos têm uma seta diagonal no canto infe-
balhar com ela. rior direito chamada de Iniciador de Caixa de Diálogo.
Ao clicar nela, você verá mais opções relacionadas a esse
1.5.1 Conteúdo da faixa de opções grupo.
Há três componentes básicos na faixa de opções. É
bom saber como cada um se chama para compreender 2. EDITANDO UM DOCUMENTO
como utilizá-lo. Inserindo texto
Para inserir texto no documento (uma letra, uma pa-
lavra, um parágrafo, uma página etc.), basta posicionar
o cursor no local desejado e digitar os dados a serem
inseridos.
Vale lembrar que a inserção ocorrerá à esquerda do
cursor.

Deletando (apagando) texto


1. Guias – Há sete guias básicas na parte superior.
Cada uma representa uma área de atividade e, em
cada uma delas, os comandos são reunidos por
grupos. Por exemplo, a guia Início contém todos
os comandos que você utiliza com mais frequência
e os botões Recortar, Copiar e Colar, que estão no
grupo Área de transferência.
2. Grupos – Cada guia tem vários grupos que
mostram os itens relacionados em conjunto.
3. Comandos – Um comando é um botão, uma caixa
para inserir informações ou um menu.

Dica

Formatando caracteres e parágrafos


Utilizaremos os comandos da guia Início para traba-
lharmos com as formatações mais comuns de caracteres
e parágrafos, que incluem mudança de fonte, cor, tama-
nho, alinhamento de texto etc.
Um novo recurso do Office 2007 que facilita a for-
A faixa de opções facilita a localização de todas as matação do documento é o preview ou pré-visualização
funções. No entanto, você pode querer trabalhar com de uma alteração sem ter que aplicá-la. Por exemplo,
seu documento em um espaço maior. Se esse for o caso, para alterar o tipo de fonte (letra), conforme você pas-
é possível ocultá-lo, dando um clique duplo na guia ativa. sa o mouse pelas fontes instaladas, o texto selecionado
Para ver os comandos novamente, basta dar outro clique é, automaticamente, visualizado como ficará. E isso vale
duplo em uma das guias. para algumas das opções de formatação: cor, tamanho e
estilo dentre outras.
Confira abaixo os grupos de cada uma das guias:
• Início – Área de transferência, Fonte, Parágrafo, Es- Alterando a fonte, a cor e o tamanho do caractere ou
tilo e Edição. texto
• Inserir – Páginas, Tabelas, Ilustrações, Links, Cabeça- Utilizaremos o grupo Fontes para trabalharmos com
lho e Rodapé, Texto e Símbolos. caracteres e textos.
• Layout da Página – Temas, Confi gurar Página, Plano Para fazer as alterações desejadas, é necessário que o
de Fundo da Página, Parágrafo e Organizar. texto esteja selecionado.
• Referências – Sumário, Notas de Rodapé, Citações Abra o arquivo Parte_Pratica e selecione a palavra
e Bibliogra fi a, Legendas, Índice e Índice de Auto- “melhores”. Clique na caixa de diálogo para abrir as op-
ridades. ções de fonte e vá passando o mouse sobre elas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Correspondências – Criar, Iniciar Mala Direta, Gravar Observe que a palavra selecionada vai sendo visuali-
e Inserir Campos, Visualizar Resultados e Concluir. zada de acordo com o tipo de fonte sobre a qual o pon-
• Revisão – Revisão de Texto, Comentários, Controle, teiro do mouse é deslocado. Após escolher a fonte dese-
Alterações, Comparar e Proteger. jada, clique sobre ela.
• Exibição – Modo de Exibição de Documento, Mos-
trar/Ocultar, Zoom, Janela e Macros.

31
Em seguida, faça o mesmo com a opção de tamanho.
Dica
Quando você seleciona um texto e passa o mouse so-
bre ele, aparece uma caixa de ferramentas, com algumas
opções de formatação, para tornar seu trabalho mais rá-
pido.

Alterando o alinhamento de linhas ou parágrafos


Agora, utilizaremos os comandos do grupo Parágrafo
, da guia Início .
O texto da linha em que estiver posicionado o cur-
sor ou o parágrafo selecionado poderão ser alinhados de
O mesmo procedimento deverá ser adotado para al- quatro formas:
terar a cor do realce do texto, que, por padrão, é sem
cor; a cor da fonte, que, por padrão, é preta; e o estilo de
sublinhado, que, por padrão, é desativado. No caso dos
demais comandos, o efeito só será visualizado após ser
aplicado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilizando a régua para definir margens e marcações


de parágrafos

32
A régua é a ferramenta que de fi ne as margens do documento, do texto selecionado e as marcações de parágrafo.

Margem do documento
Na régua, existem marcadores que defi nem as margens esquerda e direita do documento. Veja a figura:

Observe que há números antes e depois dos marcadores. Essa numeração é o valor da margem em centímetros. Por
padrão, as margens iniciam-se em 0cm e terminam em 15cm.
Ao passar o mouse por um dos marcadores, aparecerá uma seta. Se você clicar nela e arrastá-la, alterará as margens
do documento.

Por exemplo, abra o arquivo Parte_Pratica e arraste a margem esquerda, até que o número 1 seja o único visuali-
zado. Isso indicará que há 1cm de margem esquerda para todo o documento. Para determinar a margem direita em
14cm, basta arrastá-la até o número 14.
O texto deverá ficar semelhante ao apresentado na figura abaixo.

Margem do parágrafo selecionado


As margens esquerda e direita, bem como a marcação de parágrafo do texto selecionado, são de fi nidas pelos
marcadores ao clicarmos sobre eles e arrastá-los.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

-- Marcação do parágrafo
-- Margem esquerda
-- Margem direita

33
1 – Margem esquerda em 0cm.
2 – Parágrafo em 2cm.
3 – Margem direita em 15cm.
4 – Após o ENTER, o cursor fica automaticamente na
posição 2cm.

Todos os comandos vistos até agora podem ser efe-


tuados, clicando-se no Iniciador de Caixa de Diálogo do
grupo Parágrafo.

Tanto marcadores quanto numeradores podem ser


inseridos nos parágrafos selecionados.
Há mais de uma maneira de iniciar uma lista. Uma das
mais utilizadas é criar a lista automaticamente, à medida
que os dados são digitados.
Se você precisar de uma lista com marcadores, basta
digitar um asterisco (*), seguido de um espaço: o asteris-
co se transforma em marcador, e a lista é iniciada. Quan-
do terminar de digitar o primeiro item, pressione ENTER,
e um novo marcador aparecerá na linha seguinte.
Existem vários símbolos que você pode usar para ini-
ciar uma lista. O marcador padrão é o bollet •. Ao abrir
a caixa de diálogo Marcadores, você poderá utilizar um
marcador existente ou Definir Novo Marcador

Trabalhando com marcadores, numeradores e listas


As listas desempenham várias funções, desde resumir
informações a facilitar sua compreensão e assimilação.
As listas podem ser numeradas ou apresentar marcado-
res.

Os símbolos disponíveis dependerão da fonte sele-


cionada. Na figura, a fonte é Wingdings. Também pode-
rão ser adicionadas imagens.
Para criar automaticamente listas numeradas, digite
o número 1 e um ponto (1.), seguido de um espaço. O
numerador padrão é 1. De modo semelhante ao anterior,
ao abrir a caixa de diálogo Numeração , você poderá uti-
Se você tiver uma sequência de informações, uma lis- lizar um formato ou Definir Novo Formato de Número.
ta numerada será essencial para informar o número de
itens rapidamente. Criando lista de vários níveis
As listas podem apresentar um nível único ou vários Podemos criar automaticamente listas de vários ní-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

níveis. Na lista de nível único, todos os itens têm a mes- veis. Para isso, basta pressiona o botão e selecio-
ma hierarquia e o mesmo recuo. Já a lista de vários níveis nar o modelo desejado.
significa que há uma lista dentro de
outra. Veja abaixo a diferença entre ambas:

34
Para que os subníveis apareçam, basta clicar no botão
Aumentar recuo . Veja o exemplo abaixo:

1. VITAMINAS
1.1 Complexo B
1.1.1. B1
1.1.2. B2
1.1.3. B12

2. SAIS MINERAIS
Caso você avance um recuo a mais do que o deseja-
do, basta clicar no botão Diminuir recuo .

Interrompendo a lista
A maneira mais fácil de interromper a criação de uma
lista é pressionar a tecla ENTER duas vezes. Ao fazer isso, Essa opção possibilita trabalhar com o seguinte:
você estará pronto para iniciar um novo parágrafo em • Bordas – Coloca borda no texto selecionado ou no
uma nova linha. parágrafo.
• Borda da página – Coloca uma borda em todas as
Inserindo bordas e sombreamento páginas do documento.
Para dar destaque a palavras, parágrafos, páginas, • Sombreamento – Permite definir cor de Preenchi-
imagens e células (tabelas) entre outros objetos, o Word mento e estilo dos padrões do texto ou parágrafo
dispõe do recurso de borda e de sombreamento. selecionado.
Abra o arquivo Parte_Pratica e selecione o trecho
“Microsoft Office Word 2007”. Quando trabalhamos com tabelas, a utilização de
Dê um clique na seta que abre a caixa de diálogo do bordas torna melhor e mais agradável a visualização.
botão Bordas e Sombreamento .
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe que as opções apresentadas permitem colo- Movendo partes do documento


car bordas na parte inferior, superior etc. Clique na opção Ainda observando o parágrafo já mencionado, você
Bordas e Sombreamento. decide que a frase “Agora é hora de se familiarizar com
o Microsoft Offi ce Word 2007.” deve ser a última e não
a primeira.
Você não precisa excluí-la e digitá-la novamente. Em
vez disso, mova-a, realizando uma operação de recortar
e colar: recorte a frase para excluí-la do local atual e, em
seguida, cole-a no novo local.

35
Primeiro, selecione a frase inteira.

Em seguida, clique em Recortar , no grupo Área de Transferência . Observe que a frase desaparece do texto.

Em seguida, mova o cursor para o fim do parágrafo, onde deseja que a frase apareça e, no grupo Área de Transfe-
rência, clique em Colar .

Dica!
Um atalho de teclado para recortar é CTRL+X e para colar é CTRL+V.
Quando você começar a editar o documento com frequência, verá como esse atalho é rápido e conveniente.
Os itens recortados ou copiados permanecem na Área de Transferência, até que você saia de todos os programas
do Office ou os exclua, clicando no item desejado e, em seguida, em Excluir ou em Limpar tudo.

Copiando partes do documento


Os procedimentos para copiar partes de um documento são praticamente os mesmos de recortar. A diferença é que
o conteúdo será mantido na posição original.
Selecione o trecho “obtenha ajuda”:

Em seguida, clique em Copiar , no grupo Área de Transferência. Observe que o trecho permanece no local de
origem.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em seguida, mova o cursor para o fim do parágrafo, onde deseja que a frase apareça e, no grupo Área de Transfe-
rência, clique em Colar.

36
Observe que o texto foi duplicado.
Dica!
Um atalho de teclado para copiar é CTRL+C e para colar é CTRL+V.

Utilizando estilos rápidos


No grupo Estilos, temos a Galeria de Estilos Rápidos, que exibe em miniatura diversas combinações de formatação.
Quando você posicionar o ponteiro do mouse sobre uma das miniaturas, poderá ver como o estilo rápido afetará o
texto selecionado.

Abra o arquivo Parte_pratica e dê dois ENTER após 2007, para que a frase fique como se fosse um título. Selecione
a frase como no exemplo abaixo:

Em seguida, posicione o mouse nos estilos rápidos existentes e observe o resultado.


O estilo utilizado na figura foi Referência intensa.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão Alterar Estilos permite selecionar estilos rápidos para todo o documento e não apenas para a área selecio-
nada.

37
Localizando e substituindo textos
Imagine se, em um relatório ou trabalho de escola, você tivesse que procurar ou substituir uma palavra que aparece
50 vezes, em diferentes pontos do texto. Isso levaria bastante tempo, não é mesmo?
Um recurso muito útil é o de localização e substituição rápida de uma palavra ou frase. Para isso, utilizamos os co-
mandos do grupo Edição, da guia Início.

Localizando texto
Abra o arquivo Parte_Pratica e copie o parágrafo pelo menos três vezes.

Clique no grupo Edição e, em seguida, selecione a opção Localizar . Observe a figura:


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em seguida, digite a palavra word na caixa de texto Localizar. Para localizar cada ocorrência, clique em Localizar
próxima. E para localizar todas as ocorrências de uma vez, clique em Localizar em e em Documento principal.

38
Para cancelar uma pesquisa em andamento, pressio- Selecionando textos, objetos e formatações
ne ESC . No grupo Edição, ainda temos a opção Selecionar,
que permite Selecionar Tudo (seleciona todo o docu-
Localizando e substituindo texto mento), Selecionar Objetos (imagens, gráficos etc.) e
É possível substituir automaticamente uma palavra ou Selecionar texto com formatação semelhante (mesma
frase por outra. Por exemplo, é possível substituir Word fonte, cor, tamanho, etc.).
por Excel.
Observação: O texto de substituição usará a mesma
capitalização que o texto a ser substituído, ou seja, se
você pesquisar por WORD e substituí-lo por Excel, o re-
sultado será EXCEL.
Clique em Edição e, em seguida, selecione a opção

Substituir . Observe, na figura abaixo


que a caixa de diálogo apresentada é muito semelhante
à anterior:

Para selecionar texto com formatação semelhante,


selecione uma das ocorrências com a formatação deseja-
da e clique na opção correspondente.

Revisando o texto
Assim que um documento é finalizado, fazer uma
boa revisão é essencial. Para isso, pode-se utilizar a guia
Revisão, composta pelos seguintes grupos:
Na caixa de diálogo Localizar, digite o texto que de-
seja pesquisar e, na caixa Substituir por , digite o texto de
substituição.

• Revisão de Texto – Permite verificar erros ortográ-


ficos e gramaticais, pesquisar em dicionários, tra-
duzir o texto para outros idiomas e ainda contar as
palavras do documento.
• Comentários – Permite inserir informações impres-
sas ou não no documento, com o objetivo de es-
clarecer possíveis dúvidas quanto ao conteúdo.
Para localizar a próxima ocorrência do texto, clique • Controle e Alterações – Possibilitam ao revisor do
em Localizar Próxima. Caso queira substituí-la, clique em texto sinalizar, de forma simples e prática, as áreas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Substituir. Ao clicar em Substituir, o cursor irá para a pró- do documento que foram alteradas.
xima ocorrência do texto. Para substituir todas as ocor- • Comparar – Compara duas versões do mesmo do-
rências, clique em Substituir Tudo. cumento, ou combina versões de vários autores
em um único documento.
Indo para um ponto específico do documento • Proteger – Restringe a formatação e a edição do
Ao clicar nas opções Localizar ou Substituir , você terá documento por parte de outros usuários, o acesso
acesso à guia Ir para, que, como o título sugere, permite a alterações no documento a pessoas específicas e
a você ir diretamente a um ponto do documento, que a adição de comentários, mas sem alterações sig-
pode ser uma Página, Seção, Linha etc. nificativas.

39
Verificando e corrigindo ortografia e gramática
Por padrão, automaticamente, o Word verifica a or-
tografia e a gramática, enquanto o texto é digitado. Isso
evita que tenhamos que fazer uma revisão final antes de
entregar o documento a seu destinatário. Porém, nem
sempre o que o Word identifica como erro ortográfico
ou gramatical está realmente errado. Por essa razão, você
pode aceitar ou não a mudança sugerida.
Digite o arquivo “Soneto_de_Fidelidade”:
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamentu.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a
Que não seja imortal, posto que é chama quantidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inse-
Mas que seja in fi nito enquanto dure. rir Tabela ou Desenhar a Tabela, Inserir uma planilha do
Soneto de Fidelidade Excel ou usar uma Tabela Rápida que nada mais são do
Vinicius de Moraes, “Antologia Poética”, Editora do que tabelas prontas onde será somente necessário alte-
Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96. rar o conteúdo.
Observe que a palavra pensamento está escrita de
forma errada e se encontra sublinhada em vermelho. Isso
indica problema ortográfico. Já a palavra cada está subli-
nhada em verde, o que indica problema gramatical.
Clique no botão Ortografia e Gramática : será
visualizada uma tela semelhante à da figura abaixo.

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa,


por exemplo, que contenha células de diferentes alturas
A palavra que o Word entende como grafada erro- ou um número variável de colunas por linha semelhante
neamente aparecerá destacada em vermelho e, na caixa à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma
Sugestões, serão apresentadas opções para corrigi-la. Es- tabela. Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você
colha a que melhor se ajusta ao texto e clique em Alterar. pode utilizar o topo

Tabelas Cabeçalho e Rodapé


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As tabelas são com certeza um dos elementos mais O Word sempre reserva uma parte das margens para o
importantes para colocar dados em seu documento. Use cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
tabelas para organizar informações e criar formas de pá- rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.
ginas interessantes e disponibilizar seus dados. Para in-
serir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão Tabela.

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Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Para aplicar números de páginas automaticamente
Número de Página. em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página,
apenas tome o cuidado de escolher Inicio da Página se
optar por Fim da Página ele aplicará o número da página
no rodapé. Podemos também aplicar cabeçalhos e ro-
dapés diferentes a um documento, para isso basta que
ambos estejam em seções diferentes do documento. O
cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar
a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o
cabeçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento
Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador.
A imagem será inserida no local onde estava seu cur-
sor.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos
opções de caixas para que você possa digitar seu texto. elementos gráficos. Ao inserir a imagem é possível ob-
Ao clicar em Editar Cabeçalho o Word edita a área de servar que a mesma enquanto selecionada possui uma
cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para caixa pontilhadas em sua volta, para mover a imagem
alteração do cabeçalho. de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o local de-
sejado, se precisar redimensionar a imagem, basta clicar
em um dos pequenos quadrados em suas extremidades,
que são chamados por Alças de redimensionamento.
Para sair da seleção da imagem, basta apenas clicar em
qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a imagem,
A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pon- a barra superior mostra as configurações de manipulação
tilhado, o restante do documento fica em segundo plano. da imagem.
Tudo o que for inserido no cabeçalho será mostrado em
todas as páginas, com exceção se você definiu seções
diferentes nas páginas.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos


Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a
imagem e adicionar ou remover o contraste. Podemos
recolorir a imagem.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

41
Entre as opções de recolorir podemos colocar nos- no botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer
sa imagem em tons de cinza, preto e branco, desbotar para Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas
a imagem e remover uma cor da imagem. Este recurso ou mais imagens e você precisa mudar o empilhamento
permite definir uma imagem com fundo transparente. A delas. A opção Trazer para Frente do Texto faz com que
opção Compactar Imagens permite deixar sua imagem a imagem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma ima-
mais adequada ao editor de textos. gem e ao selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT),
Pode-se aplicar a compactação a imagem seleciona- você poderá alinhar as suas imagens.
da, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a O último grupo é referente às dimensões da imagem.
resolução da imagem. A opção Redefinir Imagem retor-
na a imagem ao seu estado inicial, abandonando todas
as alterações feitas. O próximo grupo chama-se Sombra,
como o próprio nome diz, permite adicionar uma sombra
a imagem que foi inserida.
No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher
algumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e
cor da sombra. Ao lado deste botão é possível definir a Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-
posição da sombra e no meio a opção de ativar e desa- mensionar a imagem definindo Largura e Altura.
tivar a sombra. No grupo Organizar é possível definir a Os comandos vistos até o momento estavam disponí-
posição da imagem em relação ao texto. veis da seguinte forma, pois nosso documento esta salvo
em.DOC – versão compatível com Office XP e 2003. Ao
salvar o documento em .DOCX compatível somente com
a versão 2010, acontecem algumas alterações na barra
de imagens.
No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao cli-
car no item Cor. Em estilos de imagem podemos definir
bordas e sombreamentos para a imagem.
O primeiro dos botões é a Posição, ela permite definir Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem
em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto. Clip Art
Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem
parte do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela
ABA Inserir, clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela
abre-se a opção de consulta aos clip-Art.

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposi-
ção da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela
esta inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na
opção Quebra Automática de Texto nesse mesmo gru-
po. Ao colocar a sua imagem em uma disposição com o
texto, é habilitado alguns recursos da barra de imagens.
Como bordas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto


com o botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique
em seu texto onde o Clip-Art deve ser adicionado e cli-
que em Colar (CTRL+V) As configurações de manipula-
ção do clip-art são as mesmas das imagens.
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a
sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções
de Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar

42
Formas Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteú- cores e Pré-definidas.
do do texto Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser
aplicada, se quer ela mais para o claro ou escuro, pode
definir a transparência do gradiente e como será o som-
breamento.
Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a
cor 1 e cor 2, o nível de transparência e o sombreamento.
Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas
cores de preenchimento prontas.
A Guia Textura permite aplicar imagens como textu-
ras ao preenchimento, a guia Padrão permite aplicar pa-
drões de preenchimento e imagem permite aplicar uma
imagem Após o grupo Estilos de Forma temos o grupo
sombra e após ele o grupo Efeitos 3D.
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas
formas. Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor
do 3D, alterar a profundidade, a direção, luminosidade e
superfície. As demais opções da Forma são idênticas as
das imagens.

SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas
ao seu documento.

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a
barra passa a ter as propriedade para modificar a forma.

WordArt
O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos
a ferramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a fer- temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte
ramenta Editar Forma essa ferramenta permite trabalhar Office, ele ainda mantém a mesma interface desde a ver-
os nós da forma – Algumas formas bloqueiam a utiliza- são do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos
ção dessa ferramenta. Abaixo dela temos a ferramenta o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt e
de caixa de texto, que permite adicionar uma caixa de clique sobre ele.
texto ao seu documento. Estando com uma forma fecha-
da, podemos transformar essa forma em uma caixa de
texto. Ao lado temos o Grupo Estilos de Forma.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua forma.


Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as
cores, contorno e alterar a forma.
A opção Imagem preenche sua forma com alguma
imagem. A opção Gradação permite aplicar tons de gra-
diente em sua forma. Ao clicar em Mais Gradações, será Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Di-
possível personalizar a forma como será o preenchimen- gite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do
to do gradiente. WordArt

43
O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamen-
tos. No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D,
Organizar e Tamanho.

PLANILHA ELETRÔNICA. MS OFFICE 2003/2007 – EXCEL. CONCEITOS BÁSICOS. CRIAÇÃO DE


DOCUMENTOS. ABRIR E SALVAR DOCUMENTOS. ESTILOS. FORMATAÇÃO. FÓRMULAS E FUN-
ÇÕES. GRÁFICOS. CORRETOR ORTOGRÁFICO. IMPRESSÃO. ÍCONES. ATALHOS DE TECLADO.
USO DOS RECURSOS

Excel 2003

No começo da sua vida, o Excel tornou-se alvo de um processo judicial de marca registrada por outra empresa que
já vendia um pacote de software chamado “Excel” na indústria financeira. Como resultado da disputa, a Microsoft foi
solicitada a se referir ao programa como “Microsoft Excel” em todas as press releases formais e documentos legais.
Contudo, com o passar do tempo, essa prática foi sendo ignorada, e a Microsoft resolveu a questão quando ela com-
prou a marca registrada reservada ao outro programa. Ela também encorajou o uso das letras XL como abreviação
para o programa; apesar dessa prática não ser mais comum, o ícone do programa no Windows ainda é formado por
uma combinação estilizada das duas letras, e a extensão de arquivo do formato padrão do Excel até a versão 11 (Excel
2003) é .xls, sendo .xlsx a partir da versão 12, acompanhando a mudança nos formatos de arquivo dos aplicativos do
Microsoft Office.
Foi a última versão ao modo antigo com menus e uma caixa de ferramenta fixa como podemos ver na Figura 46

 Figura 46: Tela Excel 2003


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma inovação marcante do Excel 2003 são as células em forma de lista: com elas fica mais fácil analisar e gerenciar
dados relacionados, ordenando-os como preferir com um simples clique do mouse. Para transformar qualquer inter-
valo de células em uma lista.

MS-EXCEL 2007

O Excel 2007 é um programa para elaboração de planilha eletrônica, constituindo poderosa ferramenta de auxílio à
execução de trabalhos que envolvem cálculos matemáticos.

44
Com esse aplicativo, você pode criar uma grande diversidade de documentos, utilizando recursos como fórmulas,
atualização automática de resultados, gráficos elaborados em 3D e classificação por valores preestabelecidos entre
muitos outros.
Nesta versão, o Excel surge com uma nova interface, em que os tradicionais menus de opções desaparecem e dão
lugar a uma Faixa de Opções com diversas guias, onde podemos encontrar, mais facilmente, os comandos necessários
para executar as tarefas que nos propomos realizar.

Explorando a janela do Excel

Acessando o Excel
Há várias formas de acessar o Excel. A mais utilizada é clicar no botão Iniciar, Todos os programas, Microsoft Office,
Microsoft Office Excel 2007.

Área de trabalho do Excel


Logo que abrimos o Excel, um documento é criado automaticamente com o nome de Pasta1 e é visualizada uma
janela como a demonstrada na figura.

Menu – Clicando sobre o Botão Office, no canto superior esquerdo da janela do Excel, aparecerão funções como
Salvar, Imprimir e Fechar entre outras, que são as principais ações desse aplicativo.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Do lado direito do Botão Office , você poderá personalizar a Barra de Ferramentas de Acesso Rápido (figura
4), clicando na Caixa de listagem (lista de opções disponíveis) . Para ativar ou desativar um comando, basta clicar
sobre ele.

45
Barra de Título – Mostra o título do programa e o nome da pasta de trabalho que está aberta (figura 5).

Botão Ajuda – Acessa a ajuda do Office Online ou a local (salva no computador).


Controle da Janela – Controles para Minimizar (aparece na barra de tarefas), Maximizar (fica do tamanho da tela),
Restaurar (pode ser redimensionada conforme a necessidade) e Fechar (fecha a janela). Você poderá utilizá-los para o
Excel ou para cada pasta aberta.

Faixa de Opções – A Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Excel, separados por guias:
Início, Inserir, Layout da Página, Fórmulas, Dados, Revisão e Exibição.

Caixa de nomes – Exibe o nome da célula ativa, formado pela letra da coluna e o número da linha. Por exemplo, A1.
Caso várias células estejam selecionadas, será exibido o nome da primeira.

Célula – Área de dados limitada por linhas e colunas.

Célula ativa – Célula que receberá o conteúdo a ser digitado.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Linha – Conjunto de células na posição horizontal.

46
Botões de movimentação entre planilhas – Permitem
movimentar-se entre as planilhas que não estão sendo
visualizadas na guia de planilhas.
Coluna – Conjunto de células na posição vertical.

Guia de planilhas – Exibe os nomes das planilhas que


fazem parte da pasta e permite inserir novas planilhas.

Barra de status – Mostra informações sobre a planilha


atual, tais como se a célula está sendo editada, se o con-
teúdo está pronto etc. Fica localizada na margem inferior
da tela.
Modos de exibição – As opções de exibição são en-
Intervalo de célula – Duas ou mais células seleciona- contradas à direita da Barra de status e permitem alterar
das. a visualização da planilha.

Entendendo melhor o menu do Excel

Ao clicar no Botão Office , encontraremos as


seguintes funções:

Inserir função – Insere uma fórmula pré-desen-


volvida que simplifica e reduz as fórmulas na planilha.
Barra de fórmulas – Local onde os valores digitados
(números, fórmulas e textos) serão visualizados e edita-
dos.

Expandir barra de fórmulas – Aumenta a visuali-


zação da Barra de fórmulas. Está localizado à direita dela.
Divisores de planilha vertical e horizontal – Dividem a
planilha vertical ou horizontalmente para facilitar a visua-
lização dos dados. Estão localizados nas barras de rola-
gem vertical e horizontal respectivamente.
Barras de rolagem – Permitem navegar pela planilha,
quando ela for maior que a tela.

Novo – Nela, você pode escolher um modelo (layout)


para o novo documento. O modelo padrão é Pasta de
trabalho em branco.
Atenção!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Uma pasta de trabalho do Excel é um arquivo que


contém uma ou mais planilhas, que podem ser usadas
para organizar diversos tipos de informações relaciona-
das.

47
Inserindo dados
Por padrão, a pasta de trabalho é criada com três pla-
nilhas. Cada uma delas tem um nome na guia de planilha:
Plan1, Plan2 e Plan3. Os dados são inseridos na planilha
ativa.
Para navegar entre elas, basta clicar sobre seu nome.
Vamos inserir alguns dados na pasta criada, a ser utili-
zada posteriormente para praticarmos os demais coman-
dos.
Ao começar a digitar, você verá o conteúdo na célula
e na Barra de fórmulas. Digite os dados e pressione a
tecla ENTER para mover o cursor para a célula abaixo ou
a tecla TAB para mover o cursor para a célula à direita.
Se você pressionar a tecla ESC, o conteúdo digitado
será cancelado.
Usando modelos prontos para criar planilhas
A seguir, vamos ver alguns modelos de planilhas que
podem ser feitos com o auxílio do Excel. Para acessá-los,
clique no Botão Office e, em seguida, no botão Novo.
Após selecionar o modelo desejado, basta clicar em Bai-
xar.
Abrir – Ao lado dos botões do menu, há uma área
com o título Documentos Recentes. Nessa área, aparece-
rão os últimos documentos acessados com o ícone
no canto direito. Para fixar um documento na lista dos
mais recentes, basta clicar neste ícone, que apresentará a
Você deve ter observado que o conteúdo da célula
A3 – Pasta polionda – é maior que a largura da coluna e
seguinte forma: ·.
“invadiu” a célula B3. Isso acontece, porque a célula B3
está vazia.
Assim que ela for preenchida, o conteúdo será visuali-
zado parcialmente. Mais adiante, veremos como resolver
esse problema.
Agora, insira mais estes dados:
Ao clicar no botão Abrir, aparecerá uma janela. Nela,
você deve procurar o arquivo que deseja abrir.
Ao localizar o arquivo desejado, clique em Abrir.
Salvar como – Para salvar uma pasta de trabalho no
Excel, você deve clicar no Botão Office e, em seguida,
em Salvar.
Se for preciso salvar a pasta de trabalho com outro
nome ou em outro local, clique no botão Salvar como,
digite o nome desejado e/ou selecione o local desejado
(HD, CD, pendrive etc.) e clique em Salvar.
Imprimir – Para imprimir uma planilha, é necessário
ter uma impressora conectada ao computador ou a uma
Salvar – Para salvar (gravar) uma pasta de trabalho,
rede local.
clique no Botão Office e, em seguida, em Salvar. Vale
Ao clicar no botão Imprimir, aparecerão três opções,
lembrar que a pasta de trabalho é salva com as altera-
como vemos na figura:
ções realizadas até o momento da ação de salvar, isto
é, tudo o que você fizer depois disso não estará salvo,
enquanto não clicar novamente em Salvar.
O arquivo terá a extensão .xlsx, que é inserida auto-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

maticamente pelo Excel. Vamos salvar a pasta de traba-


lho que acabamos de criar com o nome de Parte_Pratica.
Não se esqueça de que todas as planilhas serão salvas
e não apenas a atual.

48
• A opção Imprimir abrirá uma janela com configu- A seguir, apresentamos a Faixa de Opções e como
rações que permitirão selecionar a impressora, trabalhar com ela.
planilhas e páginas a serem impressas, número de
cópias etc. O que há na Faixa de Opções?
Há três componentes básicos na Faixa de Opções.
Veja quais são e como utilizá-los.

1. Guias – Há sete guias básicas na parte superior.


Cada uma representa uma área de atividade e
apresenta os comandos reunidos por grupos. Por
exemplo, a guia Início contém todos os comandos
que você utiliza com mais frequência. E os botões
Recortar, Copiar e Colar estão no grupo Área de
• A opção Impressão Rápida imprime diretamente, transferência.
sem nenhuma configuração. 2. Grupos – Cada guia tem vários grupos, que mos-
• A opção Visualizar Impressão permite conferir como tram os itens relacionados em conjunto.
ficará seu documento. 3. Comandos – Um comando é um botão, uma caixa
para inserir informações ou um menu.
Para voltar à visualização normal, clique no botão Fe-
char Visualização de Impressão. Dica!
Fechar – Existem várias formas de encerrar o Excel. A Faixa de Opções facilita a localização de todas as
Uma delas é clicar no Botão Office e no botão Fechar. funções. No entanto, você pode querer trabalhar com
Caso haja alguma alteração em sua pasta de trabalho seu documento em um espaço maior. É possível ocul-
que não tenha sido salva, aparecerá a seguinte mensa- tá-la, dando um clique duplo na guia ativa. Para ver os
gem: comandos novamente, basta dar outro clique duplo em
uma das guias.
Confira abaixo os grupos de cada uma das guias:
• Início – Área de transferência, Fonte, Alinhamento,
Estilo, Células e Edição.
• Inserir – Tabelas, Ilustrações, Gráfico, Link e Texto.
• Layout da Página – Temas, Configurar Página, Di-
mensionar para Ajustar, Opções de Planilha e Or-
ganizar.
• Fórmulas – Biblioteca de funções, Nomes definidos,
Auditoria de fórmulas e Cálculo.
Dica! • Dados – Obter dados externos, Conexões, Classifi-
A forma mais rápida de encerrar o Excel é clicar no car e filtrar, Ferramentas de dados e Estrutura de
controle Fechar, em sua janela. tópicos.
Lembre-se de que o primeiro controle refere-se ao • Revisão – Revisão de texto, Comentários e Altera-
programa e o segundo, à pasta de trabalho. ções.
• Exibição – Modo de exibição de pasta de trabalho,
Mostrar/Ocultar, Zoom, Janela e Macros.

Alguns grupos têm uma seta diagonal no canto infe-


rior direito, chamada de Iniciador de Caixa de Diálogo.
Ao clicar nela, você verá mais opções relacionadas a esse
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Faixa de Opções grupo.


A Faixa de Opções mostra os comandos mais utili-
zados agrupados por temas, para Que você não precise Guias de Planilha
procurá-los em vários menus, facilitando o trabalho.

49
Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de
planilha, estas guias permite que se possa em um único
arquivo armazenar mais de uma planilha, inicialmente o
Excel possui três planilhas, e ao final da Plan3 temos o
ícone de inserir planilha que cria uma nova planilha. Você
pode clicar com o botão direito do mouse em uma plani-
lha existente para manipular as planilhas.

Podemos também nos movimentar com o teclado,


neste caso usamos a combinação das setas do teclado
com a tecla SHIFT.

Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova


planilha, excluir uma planilha existente, renomear uma
planilha, mover ou copiar essa planilha, etc...

Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta Entrada de textos e números
movimentar o retângulo (cursor) de seleção para a po- Na área de trabalho do Excel podem ser digitados ca-
sição desejada. A movimentação poderá ser feita através racteres, números e fórmulas.
do mouse ou teclado. Ao finalizar a digitação de seus dados, você pode
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um pressionar a tecla ENTER, ou com as setas mudar de cé-
clique em cima dela e observe que a célula na qual você lula, esse recurso somente não será válido quando estiver
clicou é mostrada como referência na barra de fórmulas. efetuando um cálculo.
Caso precise alterar o conteúdo de uma célula sem
precisar redigitar tudo novamente, clique sobre ela e
pressione F2, faça sua alteração e pressione ENTER em
seu teclado.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fá-
cil e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cál-
culos mais complexos e vários valores. Existem funções
para os cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos.
Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta Por exemplo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo
manter pressionado o mouse e arrastar selecionando as que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que
células em sequência. com a função o processo passa a ser mais fácil. Ainda
conforme o exemplo pode-se observar que é necessário
sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se
nos cálculos a referência de células (A1) e não somente
valores.
A quantidade de argumentos empregados em uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-


gumentos podem ser números, textos, valores lógicos,
referências, etc...

Operadores

Se precisar selecionar células alternadamente, clique Operadores são símbolos matemáticos que permitem
sobre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL fazer cálculos e comparações entre as células. Os opera-
e vá clicando nas que você quer selecionar. dores são:

50
Vamos montar uma planilha simples.

Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na


barra de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao
clicar sobre a célula onde está o resultado, você poderá
ver como se chegou ao resultado pela barra de fórmulas.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior


que a sua largura, podemos acertar isso da seguinte for-
ma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, po-
siciono o mouse entre as colunas, o mouse fica com o
formato de uma flecha de duas pontas, posso arrastar
para definir a nova largura, ou posso dar um duplo clique
Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o
que fará com que a largura da coluna acerte-se com o
cálculo da segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente.
conteúdo. Posso também clicar com o botão direito do
Observamos então que a coluna representada pela letra
mouse e escolher Largura da Coluna.
não muda, muda-se somente o número que representa
O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total
a linha, e se nossa planilha tivesse uma grande quantida-
de cada produto (quantidade multiplicado por valor uni-
de de produtos, repetir o cálculo seria cansativo e com
tário) e depois o total de todos os produtos. certeza sujeita a erros. Quando temos uma sequência de
Para o total de cada produto precisamos utilizar o cálculos como a nossa planilha o Excel permite que se
operador de multiplicação (*), no caso do Mouse temos faça um único cálculo e ao posicionar o cursor do mouse
que a quantidade está na célula A4 e o valor unitário está no canto inferior direito da célula o cursor se transfor-
na célula C4, o nosso caçulo será feito na célula D4. Po- ma em uma cruz (não confundir com a seta branca que
deríamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me traria permite mover o conteúdo da célula e ao pressionar o
o resultado, porém bastaria alterar o valor da quantida- mouse e arrastar ele copia a fórmula poupando tempo).
de ou o V. unitário que eu precisaria fazer novamente Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte
o cálculo. O correto é então é fazer =A4*C4 com isso cálculo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada
eu multiplico referenciando as células, independente do pratico em planilhas maiores. Quando tenho sequências
conteúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que ali se de cálculos o Excel permite a utilização de funções.
tenha um número. No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a sua
estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se com o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sinal de igual (=), escreve-se o nome da função, abrem-se


parênteses, clica-se na célula inicial da soma e arrasta-se
até a última célula a ser somada, este intervalo é representa-
do pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se os parênteses.
Embora você possa fazer manualmente na célula o
Excel possui um assistente de função que facilita e muito
a utilização das mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio
do Excel dentro do grupo Edição existe o botão de fun-
ção.

51
A primeira função é justamente Soma, então clique na
célula e clique no botão de função.
Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da
semana, horas, etc...

Inserção de linhas e colunas


Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é
simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito
do mouse em uma linha e depois clicar em Inserir, a linha
será adicionada acima da selecionada, no caso a colu-
na será adicionada à esquerda. Para excluir uma linha ou
uma coluna, basta clicar com o botão direito na linha ou
coluna a ser excluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Cé-
lulas que está na ABA inicio.

Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta


a soma e o intervalo de células pressione ENTER e você
terá seu cálculo.

Formatação de células
A formatação de células é muito semelhante a que
vimos para formatação de fonte no Word, basta apenas
que a célula onde será aplicada a formatação esteja sele- Através da opção Formatar podemos também definir
cionada, se precisar selecionar mais de uma célula, basta a largura das linhas e colunas.
selecioná-las.
As opções de formatação de célula estão na ABA Ini-
cio.

Auto Preenchimento das Células


Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na
célula A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao se-
lecionar ambos, o Excel entende que preciso copiar uma
sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2
o número 3, ele entende que agora a sequência é de dois
em dois.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

52
Algumas outras funções Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e
Vamos inicialmente montar a seguinte planilha dentro do conjunto de funções desta categoria a função
Máximo abaixo é apresentado uma breve explicação da
utilização desta função. Se precisar de mais detalhes da
utilização da função clique sobre o link Ajuda sobre esta
função.

Em nosso controle de atletas vamos através de algu-


mas outras funções saber algumas outras informações
de nossa planilha.
O Excel possui muitas funções, você pode conhecer
mais sobre elas através do assistente de função.

Máximo
Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células.
Em nossa planilha vamos utilizar essa função para sa-
ber é a maior idade, maior peso e a maior altura.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna
de idade na linha de valores máximos E15 e monte a se-
guinte função =MAXIMO(E4:E13). Com essa função es-
tamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é
valor máximo encontrado.

Vamos repetir o processo para os valores máximos do


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

peso e da altura.

Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de MIN


Inserir Função, você pode digitar uma descrição do que Mostra o valor mínimo de uma seleção de células.
gostaria de saber calcular, pode buscar por categoria, Vamos utilizar essa função em nossa planilha para
como Financeira,m Data Hora etc..., ao escolher uma ca- saber os valores mínimos nas características de nossos
tegoria, na caixa central serão mostradas todas as fun- atletas.
ções relativas a essa categoria.

53
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte
função =MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encon-
trado.

Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura o processo é o mesmo.

Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores.
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber os valores médios nas características de nossos atletas.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte
função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo
encontrado.

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de controle de atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios da
planilha, deixaremos com duas casas decimais.
Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos um recurso muito interessante do Excel que é o aninhamento
de funções, ou seja, uma função fazendo parte de outra.
A função para o cálculo da média da Idade é =MÉDIA(E4:E13) clique na célula onde está o cálculo e depois clique
na barra de fórmulas.
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com isso fizemos com que caso exista números após a vírgula o
mesmo será arredonda a somente uma casa decimal. Caso você não queira casas decimais coloque após o ponto e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vírgula o número zero.


Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em relação aos parênteses, observe que foi aberto uma após a
função ARRED e um a pós a função MÉDIA então se deve ter o cuidado de fechá-los corretamente. O que auxilia no
fechamento correto dos parênteses é que o Excel vai colorindo os mesmos enquanto você faz o cálculo

54
Função SE
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do Excel e provavelmente uma das mais complexas para
quem está iniciando.
Esta função retorna um valor de teste_lógico que permite avaliar uma célula ou um cálculo e retornar um valor
verdadeiro ou um valor falso.
Sua sintaxe é =SE(TESTELÓGICO;VALOR VERDADEIRO;VALOR FALSO).
=SE - Atribuição de inicio da função;
TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na célula quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra célula,
um caçulo, um número ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar entre aspas.
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando o teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo,
um número ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos acrescentar em nossa planilha de controle de atletas uma
coluna chamada categoria.

Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade menor que 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso
categoria Profissional. Então a lógica da função será que quando a Idade do atleta for menor que 18 ele será Juvenil e
quando ela for igual ou maior que 18 ele será Profissional.
Convertendo isso para a função e baseando-se que a idade do primeiro atleta está na célula E4 à função ficará:
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.)

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Explicando a função.
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verificado se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
“Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos criar uma tabela em separado com a seguinte definição.
Até 18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado profissional e acima dos 30 anos será considerado
Master.
Nossa planilha ficará da seguinte forma.

55
Temos então agora na coluna J a referência de idade, e na coluna K a categoria.
Então agora preciso verificar a idade de acordo com o valor na coluna J e retornar com valores verdadeiros e falsos
o conteúdo da coluna K. A função então ficará da seguinte forma:

=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6))
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, onde verificamos se a idade que consta na célula E4 é
menor que o valor que consta na célula J4.
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro deste teste lógico, no caso o texto “Juvenil”.
SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se valor da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o
segundo valor verdadeiro, é importante ressaltar que este teste lógico somente será utilizado se o primeiro teste der
como falso.
K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o segundo teste lógico estiver correto.
K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógicos derem como falso.
Permite contar em um intervalo de valores quantas vezes se repete determinado item. Vamos aplicar a função em
nossa planilha de controle de atletas
Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

56
Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em nossa planilha quantos atletas temos em cada categoria.

A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4) onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que
é o resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de atletas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo
mudando-se somente a categoria que está sendo buscada.

Funções de Data e Hora


Podemos trabalhar com diversas funções que se baseiam na data e hora de seu computador. As principais funções
de data e hora são:
=HOJE( ) Retorna a data atual.
=MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual
=ANO(HOJE()) Retorna o ano atual
=HORA(AGORA()) Retorna à hora atual
=MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual
=SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual
=AGORA( ) Retorna a data e à hora
=DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana em número
=DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre uma data inicial e uma data final.

Para exemplificar monte a seguinte planilha.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram trabalhadas durante cada dia.
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos pela data de entrada de manhã, com isso sabemos quantas
horas foram trabalhadas pela manhã na mesma função faço a subtração da saída no período da tarde pela entrada do
período da tarde e somo os dois períodos.

57
Repita o processo para todos os demais dias da semana, somente no sábado é preciso apenas calcular a parte da
manhã, ou seja, não precisa ser feito o cálculo do período da tarde.

Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe coloque um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato
Moeda. Vamos agora então calcular quanto ele ganhou por dia, pois temos quantas horas ele trabalhou durante o dia
e sabemos o valor da hora. Como temos dois formatos de números precisamos durante o cálculo fazer a conversão.
Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.

Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos como referência de hora o valor da célula B6, multiplicamos pelo
valor que está em B7, essa parte calcula somente à hora cheia então precisamos somar os minutos que pega a função
MINUTO e multiplica a quantidade de horas pelo valor da hora, como o valor é para a hora o dividimos então por 60
Após isso coloque o valor em formato Moeda.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

58
Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos os dias então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa ser
copiado, o número 60 por ser um número não é muda.
=HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou na semana, faça a soma de todos os dias trabalhados.

Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra 20:40, porém nessa semana o funcionário trabalhou mais de
40 horas, isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao chegar em 23:59:59, então preciso fazer com que o Excel entenda
que ele precisa continuar a contagem.
Clique na faixa do grupo número na ABA Inicio, na janela que se abre clique na categoria Hora e escolha o formato
37:30:55 esse formato faz com que a contagem continue.

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a receber e faça a soma dos valores totais.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

59
Inserção de Objetos reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
ao que aprendemos no Word, as opções de inserção de o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
objetos estão na ABA Inserir. rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos de
Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, teclado para a realização de diversas funções dentro do
caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc. Outlook. Para você começar os seus estudos, anote alguns
Como a maioria dos elementos já sabemos como im- atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta apertar
plementar vamos focar em Gráficos. Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada mensagem
aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso em considera-
ção inclua os atalhos de teclado na sua rotina de estudos e
vá preparado para o concurso com os principais na cabeça.
CORREIO ELETRÔNICO. CONCEITOS BÁSI- Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
COS. FORMATOS DE MENSAGENS. TRANS- profissionais que compartilham uma mesma área é o
MISSÃO E RECEPÇÃO DE MENSAGENS. compartilhamento de calendário entre membros de uma
CATÁLOGO DE ENDEREÇOS. ARQUIVOS mesma equipe.
ANEXADOS. USO DOS RECURSOS. ÍCONES. Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
ATALHOS DE TECLADO concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Correios Eletrônicos
O calendário é uma ferramenta bastante interessante
do Outlook que permite que o usuário organize de for-
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
os agentes de usuários e os agentes de transferência de
compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo
de forma a ter um maior controle das atividades que de-
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
vem ser realizadas durante o seu dia a dia.
transferência realizam um processo de envio dos agentes
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
usuários e servidores de e-mail. que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
Os agentes de transferência usam três protoco- parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
los:  SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP que pode ser uma ótima pedida para profissionais den-
é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os tro de uma mesma equipe, principalmente quando um
computadores. O POP é muito usado para verificar men- determinado membro entra de férias.
sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao Para conseguir utilizar essa função basta que você en-
servidor suas mensagens são levadas do servidor para o tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
discada. por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
no seu Outlook.
Já o IMAP também é um protocolo padrão que per- Nessa janela é que você vai poder escolher todas as
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele informações que vão ser compartilhadas com quem você
possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per- deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen-
mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem dário de forma simples e detalhada de fácil visualização
acessa o e-mail de vários locais diferentes. para quem você deseja enviar uma mensagem.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra-
balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró-
#FicaDica pria para deixar os comunicados enviados por e-mail
Um e-mail hoje é um dos principais meios com uma aparência mais profissional.
de comunicação, por exemplo: Dessa forma, é considerado um conhecimento básico
canaldoovidio@gmail.com saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão
quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com dentro de um concurso público.
é a tipagem. Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de
seus estudos do conteúdo básico de informática para a
sua preparação para concurso. Ao contrário do que mui-
Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô- ta gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar
nicas em um único computador, sem necessariamente uma assinatura é bastante simples, de forma que perder
estarmos conectados à Internet no momento da criação pontos por conta dessa questão em específico é perder
ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor- pontos à toa.

60
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão de
Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde você deve
clicar. Feito isso, você vai conseguir adicionar as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem maiores problemas.
No Outlook Express podemos preparar uma mensagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na figura acima,
ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a seguir:

Figura 6: Tela de Envio de E-mail

#FicaDica
Para: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário da
mensagem. Campo obrigatório.
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou o contato registrado no Outlook do destinatário que
servirá para ter ciência desse e-mail.
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam ocultos.

Assunto: campo onde será inserida uma breve descrição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase sobre o
conteúdo da mensagem. É um campo opcional, mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento pode levar o
destinatário a não dar a devida importância à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
A mensagem, após digitada, pode passar pelas formatações existentes na barra de formatação do Outlook:
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma
criadora do Mozilla Firefox).
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail  que não necessita de instalação no computador do usuário, já
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que funciona como uma página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu
login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de
e-mail está instalado para acessar seu e-mail.

61
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori-
#FicaDica dade foi definida, pois o botão fica realçado.
Segmentos do Outlook Express
Painel de Pastas: permite que o usuário 3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário
salve seus e-mails em pastas específicas e preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o
dá a possibilidade de criar novas pastas; Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e
Painel das Mensagens:  onde se concentra enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois,
a lista de mensagens de determinada pasta percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes-
e quando se clica em um dos e-mails o mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com
conteúdo é disponibilizado no painel de o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário,
conteúdo. agora com o anexo. Assinale a alternativa correta.
Painel de Conteúdo:  esse painel é onde
irá aparecer o conteúdo das mensagens a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica-
enviadas. mente apagada no computador do destinatário e
Painel de Contatos: nesse local se concentram substituída pela segunda mensagem, uma vez que
as pessoas que foram cadastradas em sua ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme-
lista de endereço. tente.
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a
segunda mensagem não foi transmitida, permanecen-
do no computador do destinatário apenas a primeira
EXERCÍCIOS COMENTADOS mensagem.
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que es- ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
tejam longe de seu computador pessoal. A partir de e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
qualquer outro computador no mundo, o usuário pode, pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no com o mesmo assunto e mesmo remetente.
próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais
novas mensagens. Resposta: Letra D. Alternativa “A” está incorreta, pois
todas mensagens enviadas são armazenadas de forma
( ) CERTO ( ) ERRADO
independente, novas mensagens com mesmo assun-
to ou ainda idênticas a anteriores não influenciam em
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar o
mensagens já enviadas.
servidor de e-mail, e não a máquina dousuário (com-
Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente
putador cliente remoto).
possível enviar mensagens com mesmo assunto ou
ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens
2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS-
-Outlook 2010, em sua configuração padrão, quando uma anteriores.
mensagem está sendo preparada, o usuário pode indicar Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
aos destinatários que a mensagem precisa de atenção uti- gens serão enviadas, independentemente do destina-
lizando a marca de _________________. Esse recurso pode ser tário ler as anteriores.
encontrado no grupo Marcas, da guia Mensagem. Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece-
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen- beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
che corretamente a lacuna do enunciado. segunda, com o anexo.
Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
a) SPAM. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
b) Alta Prioridade. mo destinatário.
c) Baixa Prioridade.
d) Assinatura Personalizada. 4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
e) Arquivo Anexado. João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
as seguintes características:
Resposta: Letra B. É possível sinalizar a mensagem De: Pedro
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como sendo de alta prioridade quando se deseja que Para: João; Marta
as pessoas saibam que a mensagem precisa de aten- Cc: Ricardo; Ana
ção urgente. Se a mensagem é apenas um informativo Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
ou se está enviando um e-mail sobre um tema que padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
não precisa ser priorizado, defina o indicador de baixa gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
prioridade. Isso significa que João usou a opção:
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem
um indicador específico na lista de mensagens ou nos a) Responder.
cabeçalhos. b) Arquivar.

62
c) Marcar como não lida. 6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a
d) Responder a todos. imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
e) Marcar como lida configuração padrão. A página exibida no navegador foi
completamente carregada.
Resposta: Letra A. Se o João deseja “responder” ao
e-mail recebido de Pedro, e deseja responder apenas
ao remetente já se pode eliminar as alternativas “B”,
“C” e “E” por não terem correspondência com a função
“Resposta”.
Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
receberiam a mensagem.

5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013)Observe o ar-


gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo-
gle, na ilustração apresentada a seguir.

Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida será

a) imediatamente fechada.
b) enviada para impressão.
c) atualizada.
d) enviada por e-mail.
Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al- e) aberta em uma nova aba.
ternativa correta.
Resposta: Letra C.
a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras. a) Imediatamente fechada.
b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar ۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
como antônimo do que foi digitado. ۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados b) Enviada para impressão.
pesquisados. ۰ Ctrl + P
d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re- c) Atualizada.
lacionados ao argumento digitado. ۰ F5
e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará d) Enviada por e-mail.
os seus sinônimos ۰ CTRL + Enter (MS Outlook)
e) Aberta em uma nova aba.
Resposta: Letra A. O comando “entre aspas” duran- ۰ Ctrl + T = abre uma nova aba
te uma busca, efetua a busca pela ocorrência exata ۰ Ctrl + N = abre um novo comando
de tudo que está entre as aspas, agrupado da mesma
forma, desta forma, para esta questão será retornado
o resultado da ocorrência “garota de Ipanema”.
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta- SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. CUIDA-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale- DOS RELATIVOS À SEGURANÇA E SISTE-
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan- MAS ANTIVÍRUS
der G. Bell.

Segurança da informação: procedimentos de se-


gurança
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A Segurança da Informação refere-se às proteções exis-


tentes em relação às informações de uma determinada em-
presa, instituição governamental ou pessoa. Ou seja, aplica-
-se tanto às informações corporativas quanto às pessoais.
Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
posta ao público para consulta ou aquisição.

63
2. Mecanismos de segurança
#FicaDica
Antes de proteger, devemos saber: O suporte para as orientações de segurança pode ser
- O que proteger; encontrado em:
- De quem proteger; Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
- Pontos frágeis; ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
- Normas a serem seguidas. assegura a existência da informação) que a suporta.
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
limitam o acesso à informação, que está em ambien-
A Segurança da Informação se refere à proteção te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro
existente sobre as informações de uma determinada modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele-
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa- mento mal-intencionado.
ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por Existem mecanismos de segurança que sustentam os
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para controles lógicos:
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou a modificação da informação de forma a torná-la
aquisição. ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso, algo-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não ritmos determinados e uma chave secreta para, a
de ferramentas) para definir o nível de segurança que há partir de um conjunto de dados não criptografa-
e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho- dos, produzir uma sequência de dados criptografa-
rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran- dos. A operação contrária é a decifração.
ça de certa informação pode ser influenciada por fatores - Assinatura digital: Um conjunto de dados cripto-
comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo grafados, agregados a um documento do qual são
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas função, garantindo a integridade e autenticidade
mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir do documento associado, mas não ao resguardo
ou modificar tal informação. das informações.
- Mecanismos de garantia da integridade da infor-
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi- mação: Usando funções de “Hashing” ou de checa-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade gem, é garantida a integridade através de compa-
— representa as principais características que, atualmen- ração do resultado do teste local com o divulgado
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa- pelo autor.
ção da segurança para um certo grupo de informações - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
que se almeja proteger. Outros fatores importantes são sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligen-
a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do tes.
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri- - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
vacidade é também uma grande preocupação. um documento.
Portanto as características básicas, de acordo com os - Integridade: Medida em que um serviço/informa-
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- ção é autêntico, ou seja, está protegido contra a
guintes: entrada por intrusos.
- Confidencialidade – especificidade que limita o - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
acesso a informação somente às entidades autên- proposital de simular falhas de segurança de um
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário sistema e obter informações sobre o invasor en-
da informação. ganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de fato
- Integridade – especificidade que assegura que a in- explorando uma fraqueza daquele sistema. É uma
formação manipulada mantenha todas as caracte- espécie de armadilha para invasores. O HoneyPot
rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário não oferece forma alguma de proteção.
da informação, incluindo controle de mudanças e - Protocolos seguros: Uso de protocolos que ga-
garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu- rantem um grau de segurança e usam alguns dos
tenção e destruição). mecanismos citados.
- Disponibilidade – especificidade que assegura que
a informação esteja sempre disponível para o uso 3. Mecanismos de encriptação
legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au-
torização pelo proprietário da informação.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Autenticidade – especificidade que assegura que #FicaDica


a informação é proveniente da fonte anunciada e
que não foi alvo de mutações ao longo de um pro- A criptografia vem, originalmente, da fusão
cesso. entre duas palavras gregas:
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade • CRIPTO = ocultar, esconder.
que assegura a incapacidade de negar a autoria • GRAFIA= escrever
em relação a uma transação feita anteriormente.

64
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o chegar a terceiros.
destinatário que saiba a chave de encriptação possa de- Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
criptar e ler a mensagem com clareza. pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
Permitem a transformação reversível da informação pública para codificar e a chave privada para decodificar,
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta algoritmos utilizados, estão:
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, - RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algo-
produzir uma continuação de dados encriptados. A ope- ritmos de chave assimétrica mais usados, em que
ração inversa é a desencriptação. dois números primos (aqueles que só podem ser
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli-
privada. cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci-
A chave pública é usada para codificar as informa- so fazer fatoração, que significa descobrir os dois
ções, e a chave privada é usada para decodificar. primeiros números a partir do terceiro, sendo um
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para cálculo difícil. Assim, se números grandes forem
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não utilizados, será praticamente impossível descobrir
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o o código. A chave privada do RSA são os números
emissor e receptor original possui. que são multiplicados e a chave pública é o valor
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método que será obtido.
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes um problema matemático que o torna mais segu-
e tentativas de invasão. ro. É muito usado em assinaturas digitais.
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, Noções de Vírus
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
criptografia. Firewall é uma solução de segurança fundamentada
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a de rede para determinar quais operações de transmissão
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
de combinações e decodificar a mensagem, que mes- fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
criptografia. fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves Para melhor compreensão, imagine um firewall como
simétricas e as chaves assimétricas sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
usada para a codificação e decodificação. Entre os algo- car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
ritmos que usam essa chave, estão: objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
de 56 bits, que corresponde à aproximadamente devida autorização.
72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
número extremamente elevado, em 1997, quebra- ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
ram esse algoritmo através do método de ‘tentati-
porta para se instalar em um computador sem o usuário
va e erro’, em um desafio na internet.
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a
tadores externos não autorizados, entre outros.
1024 bits. Além disso, ele tem várias versões que
Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
diferenciam uma das outras pelo tamanho das
de barreira que verifica quais dados podem passar ou não.
chaves.
Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabelecimento
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é
um dos melhores e mais populares algoritmos de de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo usuário.
criptografia. É possível definir o tamanho da chave Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 bits. configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
- IDEA (International Data Encryption Algorithm): É computador ou na rede. O problema é que esta condi-
um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
com o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
software. aguarde autorização do usuário ou administrador para
ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
As chaves simétricas não são absolutamente seguras ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
quando referem-se às informações extremamente valio- rão automaticamente permitidos.
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa-

65
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con- Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
figurado para permitir automaticamente o tráfego de de- pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja belecer regras que impeçam o acesso de determinados
mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras, endereços externos, assim como que proíbam a comu-
como conexões a serviços de e-mail. nicação entre computadores internos e determinados
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um serviços remotos.
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí- Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli- xy para tarefas complementares: o equipamento pode
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
que está explicitamente bloqueado. teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan- cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu- dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
rança internos mais específicos ou oferecendo um refor- seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
ço extraem procedimentos de autenticação de usuários, instante, por exemplo); determinados recursos podem
por exemplo. ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias entre outros.
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
pecíficas do que será protegido, características do siste- tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. zar determinados acessos.
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, exige que determinadas configurações sejam feitas nas
embora ofereça um nível de segurança significativo. ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
Para compreender, é importante saber que cada pa- vegador de internet) para que a comunicação aconteça
cote possui um cabeçalho com diversas informações a sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi- O proxy transparente surge como uma alternativa
rewall então analisa estas informações de acordo com as para estes casos porque as máquinas que fazem parte
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
O firewall de aplicação, também conhecido como responder adequadamente, como se a comunicação, de
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma fato, fosse direta.
solução de segurança que atua como intermediário entre É válido ressaltar que o proxy transparente também
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
servidores potentes por precisarem lidar com um grande um malware enviando dados de uma máquina para a
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
interessantes de segurança porque não permitem a co- bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-
municação direta entre origem e destino. seguir se comunicar externamente, o malware teria que
A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei- ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar mente não acontece; no proxy transparente não há esta
diretamente com a internet, há um equipamento entre limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
entre o proxy e a internet. Observe: 1. Limitações dos firewalls

#FicaDica
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Firewalls têm lá suas limitações, sendo que


estas variam conforme o tipo de solução e
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são
recursos de segurança bastante importantes,
mas não são perfeitos em todos os sentidos.

Figura 91: Proxy

66
Seguem abaixo algumas dessas limitações: podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
mas comprometer o desempenho da rede (ou teragir com o mesmo.
mesmo de um computador). Esta situação pode Como novos vírus são criados de maneira quase
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
trutura capaz de superar o problema; grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
- A verificação de políticas tem que ser revista pe- novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
riodicamente para não prejudicar o funcionamento necer em execução durante todo tempo que o sistema
de novos serviços; informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
- Novos serviços ou protocolos podem não ser de- ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
vidamente tratados por proxies já implementados; malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma sites de entrada e saída visitados.
atividade maliciosa que se origina e se destina à Um antivírus pode ser complementado por outros
rede interna; aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
atividade maliciosa que acontece por descuido do de vírus.
usuário - quando este acessa um site falso de um Então, antivírus são os programas criados para man-
banco ao clicar em um link de uma mensagem de ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
e-mail, por exemplo; maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata- dados de seu computador.
cantes experientes podem tentar descobrir ou ex- Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
plorar brechas de segurança em soluções do tipo; colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
que não passa por ele. Se, por exemplo, um usuá- sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
rio acessar a internet em seu computador a partir seu computador vulnerável aos ataques.
de uma conexão 3G (justamente para burlar as res- E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
2. Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
gramas de software que são implementados sem o con- estragos muito grandes.
sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
proprietário de um computador e que cumprem diver- no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
perda de dados, alteração de funcionamento, interrup- todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
ção do sistema e propagação para outros computadores. deles para proteger seu sistema operacional.
Os antivírus são aplicações de software projetadas A maioria dos softwares antivírus possuem serviços
como medida de proteção e segurança para resguardar de atualização automática. Abaixo há uma lista com os
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos antivírus mais conhecidos:
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
computadores. sui versão de teste.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
namento comum que com frequência compara o código e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de cionalidades).
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
determinar se trata de um elemento prejudicial para o ware.com.br - Possui versão de teste.
sistema. Também pode reconhecer um comportamento
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus

67
É importante frisar que a maioria destes desenvolve- de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re- que permita a contaminação de computadores (normal-
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são mente milhares) em pouco tempo.
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
de propagação. serem necessariamente vírus, estes três nomes também
representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
Figura 92: Principais antivírus do mercado atual plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
2. Tipos de Vírus propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” so a determinados sites (como sites de software antivírus,
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- por exemplo).
tem a invasão de um computador alheio com espanto- Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
o executa, o programa atua de forma diferente do que ferramenta desenvolvida especialmente para combater
era esperado. aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
Ao contrário do que é erroneamente informado na nem anti-spywares conseguem “pegar”.
Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele
correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com
computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total-
novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também,
rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi-
mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex-
em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
clusivamente, como definição para programas que cap-
hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo
tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar considere a mensagem.
informações como passwords, logins e quaisquer dados,
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando 3. Política de segurança da Informação
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD Hoje as informações são bens ativos da empresa,
visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas imagine uma Universidade perdendo todos os dados
visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo
oferecidas. mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma
Worms (vermes) podem ser interpretados como um série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne-
tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi- rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pal diferença entre eles está na forma de propagação: ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais
os worms podem se propagar rapidamente para outros importantes de uma organização, contribuindo decisiva-
computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma mente para a uma maior ou menor competitividade, por
rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma- isso é necessária a implementação de políticas de segu-
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o rança da informação que busquem reduzir as chances de
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz fraudes ou perda de informações.
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de A Política de Segurança da Informação é um docu-
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail mento que contém um conjunto de normas, métodos e
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-

68
municados a todos os funcionários, bem como analisado
e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
do mudanças se fizerem necessárias. HORA DE PRATICAR!
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC 1. (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas ADMINISTRATIVO) Um computador é um equipamen-
para a gestão de segurança da informação, na qual po- to capaz de processar com rapidez e segurança grande
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, quantidade de informações.
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança Assim, além dos componentes de hardware, os compu-
da informação em uma organização. tadores necessitam de um conjunto de softwares deno-
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC minado:
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados
que representa um ponto de vista, um dado processado a) arquivo de dados.
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor b) blocos de disco.
antes de ser processado, a partir do seu processamento, c) navegador de internet.
ele passa a ser considerado uma informação, que pode d) processador de dados.
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci- e) sistemaoperacional.
mento produzido como resultado do processamento de
dados. 2. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO –
De fato, com o aumento da concorrência de mercado, ADMINISTRATIVA) As características básicas da segu-
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to- rança da informação — confidencialidade, integridade e
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen- disponibilidade — não são atributos exclusivos dos siste-
to da interconectividade, a informação está agora expos- mas computacionais.
ta a um crescente número e a uma grande variedade de
ameaças e vulnerabilidades. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix),
“segurança da informação é a proteção da informação de 3. (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JURÍ-
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do DICA) São ações para manter o computador protegido,
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- EXCETO:
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne-
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade, a) Evitar o uso de versões de sistemas operacionais ultra-
integridade e a disponibilidade, onde: passadas, como Windows 95 ou 98.
A confidencialidade é a garantia de que a informa- b) Excluir spams recebidos e não comprar nada anuncia-
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem do através desses spams.
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação c) Não utilizar firewall.
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio- d) Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo sem-
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade. pre utilizar um perfil mais restrito.
A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis e) Não clicar em links não solicitados, pois links estranhos
para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física. muitas vezes são vírus.
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban- 4.(Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Segu-
cária de uma pessoa. rança do Trabalho) A ferramenta Outlook :
A integridade é a garantia da exatidão e completeza
da informação e dos métodos de processamento (NBR a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos
ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada, os e-mails, calendários e contatos de um usuário.
falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com o
integridade é garantida quando se mantém a informação Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7.
no seu formato original. c) permite que todas as pessoas possam ver o calendá-
A disponibilidade é a garantia de que os usuários rio de um usuário, mas somente aquelas com e-mail
autorizados obtenham acesso à informação e aos ati- Outlook.com podem agendar reuniões e responder a
vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/ convites.
IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não
para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope- funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em tele-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um fones com Android.


incidente de segurança da informação por quebra de e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas do
disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de pacote de webmail Office 356 da Microsoft.]
sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
de disponibilidade.

69
5. (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um 9. (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará
computador com o sistema operacional Windows insta- - Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma
lado, um funcionário deseja enviar 50 arquivos, que jun- de prevenir perda de informações. Qual é o Backup que
tos totalizam 2 MB de tamanho, anexos em um e-mail. só efetua a cópia dos últimos arquivos que foram criados
Para facilitar o envio, resolveu compactar esse conjunto pelo usuário ou sistema?
de arquivos em um único arquivo utilizando um softwa-
re compactador. Só não poderá ser utilizado nessa tarefa a) Backup incremental
o software:  b) Backup diferencial
c) Backup completo
a) 7-Zip. d) Backup Normal
b) WinZip. e) Backup diário
c) CuteFTP.
d) jZip. 10. (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departa-
e) WinRAR. mento) Como é chamado o backup em que o sistema
não é interrompido para sua realização?
6. (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direito)
Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em portu- a) Backup Incremental.
guês, é correto afirmar que, b) Cold backup.
c) Hot backup.
a) para mostrar tipos diferentes de informações sobre d) Backup diferencial.
cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão e) Backup normal
Classificar na barra de ferramentas da janela e esco-
lher o modo de exibição desejado. 11. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo)
b) quando você exclui um arquivo do disco rígido, ele Um funcionário precisa conectar um projetor multimídia
é apagado permanentemente e não pode ser poste- a um computador. Qual é o padrão de conexão que ele
riormente recuperado caso tenha sido excluído por deve usar?
engano.
c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta clicar a) RJ11
com o botão direito do mouse sobre ele e selecionar a b) RGB
opção Enviar para a lixeira. c) HDMI
d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas que d) PS2
estão no mesmo disco rígido, ele será compartilhado e) RJ45
entre todos os usuários que possuem acesso a essas
pastas. 12. (SABESP 2014 - FCC - Analista de Gestão - Ad-
e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do disco ministração) Correspondem, respectivamente, aos ele-
rígido para uma mídia removível, como um pen drive, mentos placa de som, editor de texto, modem, editor de
ele será copiado. planilha e navegador de internet:

7. (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema a) software, software, hardware, software e hardware.
operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado b) hardware, software, software, software e hardware.
a manipulação de arquivos é: c) hardware, software, hardware, hardware e software.
d) software, hardware, hardware, software e software.
a) kill e) hardware, software, hardware, software e software.
b) cat
c) rm 13. (DEMAE/GO 2016 - UFG - Agente Administrativo)
d) cp Um computador à venda em um sítio de comércio ele-
e) ftp trônico possui 3.2 GHz, 8 GB, 2 TB e 6 portas USB. Essa
configuração indica que:
8. (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas
- Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um a) a velocidade do processador é 3.2 GHz.
desenvolvedor Android deseja inserir a funcionalidade b) a capacidade do disco rígido é 8 GB.
de backup em uma aplicação móvel para, de tempos em c) a capacidade da memória RAM é 2 TB.
tempos, armazenar dados automaticamente. A classe da d) a resolução do monitor de vídeo é composta de 6 por-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

API de Backup (versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a: tas USB.

a) BkpAgent; 14. (IF-PA 2016 - FUNRIO - Técnico de Tecnologia da


b) BkpHelper; Informação) São dispositivos ou periféricos de entrada
c) BackupManager; de um computador:
d) BackupOutputData;
e) BackupDataStream. a) Câmera, Microfone, Projetor e Scanner.
b) Câmera, Mesa Digitalizadora, Microfone e Scanner.
c) Microfone, Modem, Projetor e Scanner.

70
d) Mesa Digitalizadora, Monitor, Microfone e Projetor. a) pwd, mv e rm.
e) Câmera, Microfone, Modem e Scanner. b) md, ls e rm.
c) mkdir, cd e rmdir.
15. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO- d) cdir, lsdir e erase.
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) Acerca dos ambientes Li- e) md, cd e rd.
nux e Windows, julgue os itens seguintes.2No sistema
operacional Windows 8, há a possibilidade de integrar-se 19. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
à denominada nuvem de computadores que fazem parte ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema
da Internet. operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes de
computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema ope-
( ) CERTO ( ) ERRADO racional aberto, o Linux, comparativamente aos demais
sistemas operacionais, proporciona maior facilidade de
16. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁ- armazenamento de dados em nuvem.
TICA) Alguns programas do computador de Ana estão
muito lentos e ela receia que haja um problema com o ( ) CERTO ( ) ERRADO
hardware ou com a memória principal. Muitos de seus
programas falham subitamente e o carregamento de ar- 20. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO) Acer-
quivos grandes de imagens e vídeos está muito demo- ca de organização e gerenciamento de informações, ar-
rado. Além disso, aparece, com frequência, mensagens quivos, pastas e programas, de segurança da informação
indicando conflitos em drivers de dispositivos. Como ela e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
utiliza o Windows 7, resolveu executar algumas funções subsequentes.1Um arquivo é organizado logicamente em
de diagnóstico, que poderão auxiliar a detectar as causas uma sequência de registros, que são mapeados em blocos
para os problemas e sugerir as soluções adequadas. de discos. Embora esses blocos tenham um tamanho fixo
Para realizar a verificação da memória e, em seguida do determinado pelas propriedades físicas do disco e pelo sis-
tema operacional, o tamanho do registro pode variar.
hardware, Ana utilizou, respectivamente, as ferramentas:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Diagnóstico de memória do Windows e Monitor de
desempenho.
21. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC-
b) Monitor de recursos de memória e Diagnóstico de
NICO ADMINISTRATIVO - RH) Paulo utiliza em seu tra-
conflitos do Windows.
balho o editor de texto Microsoft Word 2010 (em portu-
c) Monitor de memória do Windows e Diagnóstico de
guês) para produzir os documentos da empresa. Certo
desempenho de hardware. dia Paulo digitou um documento contendo 7 páginas de
d) Mapeamento de Memória do Windows e Mapeamen- texto, porém, precisou imprimir apenas as páginas 1, 3, 5,
to de hardware do Windows. 6 e 7. Para imprimir apenas essas páginas, Paulo clicou no
e) Diagnóstico de memória e desempenho e Diagnóstico Menu Arquivo, na opção Imprimir e, na divisão Configu-
de hardware do Windows. rações, selecionou a opção Imprimir Intervalo Personali-
zado. Em seguida, no campo Páginas, digitou
17. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO -
EXECUÇÃO DE MANDADOS) Beatriz trabalha em um a) 1,3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
escritório de advocacia e utiliza um computador com o b) 1;3-5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
Windows 7 Professional em português. Certo dia notou c) 1−3,5-7 e clicou no botão Imprimir.
que o computador em que trabalha parou de se comu- d) 1+3,5;7 e clicou na opção enviar para a Impressora.
nicar com a internet e com outros computadores ligados e) 1,3,5;7 e clicou no botão Imprimir.
na rede local. Após consultar um técnico, por telefone,
foi informada que sua placa de rede poderia estar com 22. (TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXE-
problemas e foi orientada a checar o funcionamento do CUÇÃO DE MANDADOS) João trabalha no departamento
adaptador de rede. Para isso, Beatriz entrou no Painel de financeiro de uma grande empresa de vendas no varejo
Controle, clicou na opção Hardware e Sons e, no grupo e, em certa ocasião, teve a necessidade de enviar a 768
Dispositivos e Impressoras, selecionou a opção: clientes inadimplentes uma carta com um texto padrão,
na qual deveria mudar apenas o nome do destinatário e
a) Central de redes e compartilhamento. a data em que deveria comparecer à empresa para nego-
b) Verificar status do computador. ciar suas dívidas. Por se tratar de um número expressivo de
c) Redes e conectividade. clientes, João pesquisou recursos no Microsoft Office 2010,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

d) Gerenciador de dispositivos. em português, para que pudesse cadastrar apenas os da-


e) Exibir o status e as tarefas de rede. dos dos clientes e as datas em que deveriam comparecer
à empresa e automatizar o processo de impressão, sem ter
18. (FHEMIG 2013 - FCC - TÉCNICO EM INFORMÁTI- que mudar os dados manualmente. Após imprimir todas as
CA) No console do sistema operacional Linux, alguns correspondências, João desejava ainda imprimir, também
comandos permitem executar operações com arquivos de forma automática, um conjunto de etiquetas para colar
e diretórios do disco. nos envelopes em que as correspondências seriam coloca-
Os comandos utilizados para criar, acessar e remover um das. Os recursos do Microsoft Office 2010 que permitem
diretório vazio são, respectivamente, atender às necessidades de João são os recursos

71
a) para criação de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
b) de automatização de impressão de correspondências disponíveis na guia Mala Direta do Microsoft PowerPoint 2010.
c) de banco de dados disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Word 2010.
d) de mala direta e etiquetas disponíveis na guia Inserir do Microsoft Word 2010.
e) de banco de dados e etiquetas disponíveis na guia Correspondências do Microsoft Excel 2010.

23. (TCE/SP 2012 - FCC - AUXILIAR DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA II) No editor de textos Writer do pacote BR
Office, é possível modificar e criar estilos para utilização no texto. Dentre as opções de Recuo e Espaçamento para um
determinado estilo, é INCORRETO afirmar que é possível alterar um valor para

a) recuo da primeira linha.


b) recuo antes do texto.
c) recuo antes do parágrafo.
d) espaçamento acima do parágrafo.
e) espaçamento abaixo do parágrafo.

24. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, para ordenar,
por data, os registros inseridos na planilha, é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar no menu Dados e, na
lista disponibilizada, clicar ordenar data.

( ) CERTO ( ) ERRADO

25. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) A planilha abaixo foi criada utilizando-se
o Microsoft Excel 2010 (em português).

A linha 2 mostra uma dívida de R$ 1.000,00 (célula B2) com um Credor A (célula A2) que deve ser paga em 2 meses
(célula D2) com uma taxa de juros de 8% ao mês (célula C2) pelo regime de juros simples. A fórmula correta que deve
ser digitada na célula E2 para calcular o montante que será pago é

a) =(B2+B2)*C2*D2.
b) =B2+B2*C2/D2.
c) =B2*C2*D2.
d) =B2*(1+(C2*D2)).
e) =D2*(1+(B2*C2)).

26. (MINISTÉRIO DA FAZENDA 2012 - ESAF - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO) O BrOffice é uma suíte
para escritório gratuita e de código aberto. Um dos aplicativos da suíte é o Calc, que é um programa de planilha eletrô-
nica e assemelha-se ao Excel da Microsoft. O Calc é destinado à criação de planilhas e tabelas, permitindo ao usuário
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a inserção de equações matemáticas e auxiliando na elaboração de gráficos de acordo com os dados presentes na
planilha. O Calc utiliza como padrão o formato:

a) XLS.
b) ODF.
c) XLSX.
d) PDF.
e) DOC.

72
27. (TRT 1ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA 29. (TRT 11ª 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - JU-
ADMINISTRATIVA) Após ministrar uma palestra sobre DICIÁRIA) Em um slide mestre do BrOffice.org Apresen-
Segurança no Trabalho, Iracema comunicou aos funcio- tação (Impress), NÃO se trata de um espaço reservado
nários presentes que disponibilizaria os slides referentes que se possa configurar a partir da janela Elementos
à palestra na intranet da empresa para que todos pudes- mestres:
sem ter acesso. Quando acessou a intranet e tentou fazer
o upload do arquivo de slides criado no Microsoft Po- a) Número da página.
werPoint 2010 (em português), recebeu a mensagem do b) Texto do título.
sistema dizendo que o formato do arquivo era inválido c) Data/hora.
e que deveria converter/salvar o arquivo para o formato d) Rodapé.
PDF e tentar realizar o procedimento novamente. Para e) Cabeçalho.
realizar a tarefa sugerida pelo sistema, Iracema
30. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ASSISTENTE TÉC-
a) clicou no botão Iniciar do Windows, selecionou a op- NICO ADMINISTRATIVO - RH) No Microsoft Internet
ção Todos os programas, selecionou a opção Micro- Explorer 9 é possível acessar a lista de sites visitados nos
soft Office 2010 e abriu o software Microsoft Office últimos dias e até semanas, exceto aqueles visitados em
Converter Professional 2010. Em seguida, clicou na modo de navegação privada. Para abrir a opção que per-
guia Arquivo e na opção Converter. Na caixa de diá- mite ter acesso a essa lista, com o navegador aberto, cli-
logo que se abriu, selecionou o arquivo de slides e ca-se na ferramenta cujo desenho é
clicou no botão Converter.
b) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint a) uma roda dentada, posicionada no canto superior di-
2010, clicou na guia Ferramentas e, em seguida, clicou reito da janela.
na opção Converter. Na caixa de diálogo que se abriu, b) uma casa, posicionada no canto superior direito da
clicou na caixa de combinação que permite definir o janela.
tipo do arquivo e selecionou a opção PDF. Em seguida, c) uma estrela, posicionada no canto superior direito da
clicou no botão Converter. janela.
c) abriu a pasta onde o arquivo estava salvo, utilizando os d) um cadeado, posicionado no canto inferior direito da
recursos do Microsoft Windows 7, clicou com o botão janela.
direito do mouse sobre o nome do arquivo e selecio- e) um globo, posicionado à esquerda da barra de ende-
nou a opção Salvar como PDF. reços.

d) abriu o arquivo utilizando o Microsoft PowerPoint 31. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
2010, clicou na guia Arquivo e, em seguida, clicou na GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito de redes de
opção Salvar Como. Na caixa de diálogo que se abriu, computadores, julgue os itens subsequentes. Lista de
clicou na caixa de combinação que permite definir o discussão é uma ferramenta de comunicação limitada a
tipo do arquivo e selecionou a opção PDF. Em seguida, uma intranet, ao passo que grupo de discussão é uma
clicou no botão Salvar. ferramenta gerenciável pela Internet que permite a um
e) baixou da internet um software especializado em fazer grupo de pessoas a troca de mensagens via email entre
a conversão de arquivos do tipo PPTX para PDF, pois todos os membros do grupo.
verificou que o PowerPoint 2010 não possui opção
para fazer tal conversão. ( ) CERTO ( ) ERRADO

32. (CEITEC 2012 - FUNRIO - ADMINISTRAÇÃO/CIÊN-


28. (SERGIPE GÁS S/A 2013 - FCC - ADMINISTRADOR) CIAS CONTÁBEIS/DIREITO/PREGOEIRO PÚBLICO) Na
Em um slide em branco de uma apresentação criada uti- internet o protocolo_________ permite a transferência de
lizando-se o Microsoft PowerPoint 2010 (em português), mensagens eletrônicas dos servidores de _________para
uma das maneiras de acessar alguns dos comandos mais caixa postais nos computadores dos usuários. As lacunas
importantes é clicando-se com o botão direito do mouse se completam adequadamente com as seguintes expres-
sobre a área vazia do slide. Dentre as opções presentes sões:
nesse menu, estão as que permitem
a) Ftp/ Ftp.
a) copiar o slide e salvar o slide. b) Pop3 / Correio Eletrônico.
b) salvar a apresentação e inserir um novo slide. c) Ping / Web.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

c) salvar a apresentação e abrir uma apresentação já exis- d) navegador / Proxy.


tente. e) Gif / de arquivos
d) apresentar o slide em tela cheia e animar objetos pre-
sentes no slide.
e) mudar o layout do slide e a formatação do plano de
fundo do slide.

73
33. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - AS- 37. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO -
SISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO AD- ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação,
MINISTRATIVO) Em uma rede local, cujas estações de julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim
trabalho usam o sistema operacional Windows XP e en- denominado em virtude de diversas analogias poderem
dereços IP fixos em suas configurações de conexão, um ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos.
novo host foi instalado e, embora esteja normalmente
conectado à rede, não consegue acesso à internet distri- ( ) CERTO ( ) ERRADO
buída nessa rede.
Considerando que todas as outras estações da rede es- 38. (MPE/PE 2012 - FCC - TÉCNICO MINISTERIAL -
tão acessando a internet sem dificuldades, um dos moti- ADMINISTRATIVO) Existem vários tipos de vírus de
vos que pode estar ocasionando esse problema no novo computadores, dentre eles um dos mais comuns são ví-
host é rus de macros, que:

a) a codificação incorreta do endereço de FTP para o do- a) são programas binários executáveis que são baixados
mínio registrado na internet. de sites infectados na Internet.
b) a falta de registro da assinatura digital do host nas b) podem infectar qualquer programa executável do
opções da internet. computador, permitindo que eles possam apagar ar-
c) um erro no Gateway padrão, informado nas proprieda- quivos e outras ações nocivas.
des do Protocolo TCP/IP desse host. c) são programas interpretados embutidos em docu-
d) um erro no cadastramento da conta ou da senha do mentos do MS Office que podem infectar outros do-
próprio host. cumentos, apagar arquivos e outras ações nocivas.
e) um defeito na porta do switch onde a placa de rede d) são propagados apenas pela Internet, normalmente
desse host está conectada. em sites com software pirata.
e) podem ser evitados pelo uso exclusivo de software le-
34. (CASA DA MOEDA 2012 - CESGRANRIO - ASSIS- gal, em um computador com acesso apenas a sites da
TENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO - APOIO ADMI- Internet com boa reputação.
NISTRATIVO) Para conectar sua estação de trabalho a
uma rede local de computadores controlada por um ser- 39. (SABESP 2012 - FCC - ANALISTA DE GESTÃO I -
vidor de domínios, o usuário dessa rede deve informar SISTEMAS) Sobre vírus, considere:
uma senha e um[a]
I. Para que um computador seja infectado por um vírus
a) endereço de FTP válido para esse domínio. é preciso que um programa previamente infectado seja
b) endereço MAC de rede registrado na máquina cliente. executado.
c) porta válida para a intranet desse domínio. II. Existem vírus que procuram permanecer ocultos, in-
d) conta cadastrada e autorizada nesse domínio. fectando arquivos do disco e executando uma série de
e) certificação de navegação segura registrada na intra- atividades sem o conhecimento do usuário.
net. III. Um vírus propagado por e-mail (e-mail borne vírus)
sempre é capaz de se propagar automaticamente, sem a
35. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE - ANA- ação do usuário.
LISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com IV. Os vírus não embutem cópias de si mesmo em outros
relação a redes de computadores, julgue os próximos programas ou arquivos e não necessitam serem explici-
itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é ca- tamente executados para se propagarem.
racterizada por abranger uma área geográfica, em teoria,
ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que os da- Está correto o que se afirma em
dos trafeguem com taxas acima de 100 Mbps.
a) II, apenas.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
36. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - d) I, II e III, apenas.
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à certifi- e) I, II, III e IV.
cação digital, julgue os itens que se seguem.O certificado
digital revogado deve constar da lista de certificados re-
vogados, publicada na página de Internet da autoridade 40. (MPE/PE 2012 - FCC - ANALISTA MINISTERIAL -
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

certificadora que o emitiu. INFORMÁTICA) Sobre Cavalo de Tróia, é correto afirmar:

( ) CERTO ( ) ERRADO a) Consiste em um conjunto de arquivos .bat que não


necessitam ser explicitamente executados.
b) Contém um vírus, por isso, não é possível distinguir as
ações realizadas como consequência da execução do
Cavalo de Tróia propriamente dito, daquelas relacio-
nadas ao comportamento de um vírus.

74
c) Não é necessário que o Cavalo de Tróia seja executado 36 Certo
para que ele se instale em um computador. Cavalos de
Tróia vem anexados a arquivos executáveis enviados 37 Certo
por e-mail. 38 C
d) Não instala programas no computador, pois seu único 39 B
objetivo não é obter o controle sobre o computador,
mas sim replicar arquivos de propaganda por e-mail. 40 E
e) Distingue-se de um vírus ou de um worm por não
infectar outros arquivos, nem propagar cópias de si
mesmo automaticamente.

GABARITO

1 E
2 Certo
3 C
4 B
5 C
6 E
7 A
8 C
9 A
10 C
11 C
12 E
13 A
14 C
15 Certo
16 A
17 D
18 C
19 Errado
20 Certo
21 A
22 A
23 C
24 Errado
25 D
26 B
27 D
28 E
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

29 B
30 C
31 Errado
32 B
33 C
34 D
35 Errado

75
ANOTAÇÕES

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76
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO BÁSICA

Constituição Federal/88 - Princípios Fundamentais da (arts. 1º ao 4º)............................................................................................... 01


Lei nº 8069/90 - ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Título I – Dos Direitos Fundamentais)................................... 02
Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso (Título II Dos Direitos Fundamentais)................................................................................... 04
Lei Nº 13.146/2015 – Estatuto do Deficiente (Titulo I Das disposições Preliminares e Título II Dos Direitos Fundamen-
tais)................................................................................................................................................................................................................................. 09
Lei Orgânica do Município de Cuiabá de 15 de dezembro de 2004 e posteriores alterações...................................................... 20
Lei Complementar nº 093 de 23 de Junho de 2003, que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos da Admi-
nistração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Município de Cuiabá.................................................................................. 47
Também importante destacar que se trata de uma re-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 - PRINCÍPIOS pública “federativa”, ou seja, é uma república composta
FUNDAMENTAIS DA (ARTS. 1º AO 4º). por estados federados (estados-membros) e municípios
que não podem se dissolver por vontade de quem quer
que seja.
Princípios fundamentais: Os fundamentos que regem a República são: sobe-
rania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela sociais do trabalho de da livre iniciativa, além do pluralis-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- mo político. A soberania tem duplo aspecto, tanto interno
trito Federal, constitui-se em Estado democrático de como externo.
direito e tem como fundamentos: Do ponto de vista externo, a soberania informa aos
I - a soberania; demais países que dentro de nossos limites regem-se
II - a cidadania; nossas próprias leis e que não serão aceitas interferências
III - a dignidade da pessoa humana; de outros; assim como do ponto de vista interno, têm-se a
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; obrigatoriedade de obediências às nossas leis, por quem
V - o pluralismo político. quer que seja, independente de serem brasileiros ou não.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o A cidadania é a manifestação expressa de que todos
exerce por meio de representantes eleitos ou direta- aqueles que estiverem em solo brasileiro terão sua dig-
mente, nos termos desta Constituição. nidade respeitada, ainda que aos estrangeiros. Também
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô- defendemos os valores sociais do trabalho, já que acima
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. de tudo tem sua função econômica, mas também social,
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú- permitindo ao indivíduo se inserir no contexto social.
blica Federativa do Brasil: O pluralismo político também merece atenção, uma
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; vez que a República Federativa do Brasil não adotou uma
II - garantir o desenvolvimento nacional; única ideologia político-partidária.
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir O artigo 2º traz em seu bojo a teoria da separação de
as desigualdades sociais e regionais; poderes. No Brasil, cada um dos três poderes constituídos
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de atuará de forma livre, sem interferência dos demais, po-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- rém, deverão agir harmonicamente entre si.
mas de discriminação. Os objetivos da república encontram-se previstos no
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas art. 3º e tem por escopo a orientação do legislador no
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: tocante a suas ações que refletem diretamente no povo.
I - independência nacional; Podemos, por sinônimo, considerar que os objetivos são
II - prevalência dos direitos humanos; metas que nossa República deve alcançar. São eles:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
III - autodeterminação dos povos;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
IV - não-intervenção;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
V - igualdade entre os Estados;
as desigualdades sociais e regionais;
VI - defesa da paz; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
VII - solução pacífica dos conflitos; gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; de discriminação.
manidade; Por fim, no artigo 4º encontramos os princípios que
X - concessão de asilo político. orientam as relações internacionais entre o Brasil e os
manidade; demais países. Vejamos:
X - concessão de asilo político. I - independência nacional;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus- II - prevalência dos direitos humanos;
cará a integração econômica, política, social e cultural III - autodeterminação dos povos;
dos povos da América Latina, visando à formação de IV - não-intervenção;
uma comunidade latino-americana de nações. V - igualdade entre os Estados;
O art. 1º da CF/88 tem diversos elementos que mere- VI - defesa da paz;
cem atenção face ao conteúdo de valores que carrega. VII - solução pacífica dos conflitos;
Em primeiro, informa o artigo que a constituição rege VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
as normas da república federativa do Brasil. O vocá- IX - cooperação entre os povos para o progresso da
bulo “república” informa que todo poder vem do povo humanidade;
e como tal deve ser respeitado. X - concessão de asilo político.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

A democracia brasileira é chamada de democracia Cabe também destacar que o parágrafo único do art.
participativa, posto que o povo pode se manifestar di- 4º traz uma incumbência ainda maior para o Brasil no que
retamente (plebiscito, referendo, entre outros) ou, em tange as relações internacionais. O Brasil, também tem
determinadas situações, por seus representantes legal- por princípio buscar a integração econômica, política, so-
mente constituídos Exemplo: deputados, senadores, etc). cial e cultural dos povos da América Latina, visando à for-
mação de uma comunidade latino-americana de nações.

1
#FicaDica LEI Nº 8069/90 - ECA – ESTATUTO DA
Fundamentos: socidivaplu = soberania, CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (TÍTULO I –
cidadania, dignidade da pessoa humana, DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS).
valores sociais do trabalho e livre iniciativa,
pluralismo político.
Comentários à lei nº 8.069/90

Título II
Dos Direitos Fundamentais
EXERCÍCIOS COMENTADOS Capítulo II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
1. (Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: TCM-BA
Prova: Auditor Estadual de Infraestrutura). O princí- Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
pio fundamental da Constituição que consiste em fun- dade, ao respeito e à dignidade como pessoas huma-
damento da República Federativa do Brasil, de eficácia nas em processo de desenvolvimento e como sujeitos
plena, e que não alcança seus entes internos é: de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis.
a) o pluralismo político.
b) a soberania. Entre os direitos fundamentais garantidos à criança
c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre e ao adolescente que são especificados e aprofundados
iniciativa. no ECA estão os direitos à liberdade, ao respeito e à dig-
d) a prevalência dos direitos humanos. nidade.
e) a dignidade da pessoa humana.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
Resposta: Letra B. A soberania não se confunde com aspectos:
autonomia. A soberania revela que nosso Estado não I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
se subordina a nenhum outro país e que, as leis aqui comunitários, ressalvadas as restrições legais;
vigentes não podem sofrer interferência de outros II - opinião e expressão;
países. III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
2. (Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: CGM de V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis-
João Pessoa - PB Prova: Conhecimentos Básicos - Car- criminação;
gos: 1, 2 e 3). À luz do disposto na Constituição Federal VI - participar da vida política, na forma da lei;
de 1988 (CF), julgue o item a seguir, acerca dos princípios VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
constitucionais e dos direitos fundamentais. Conforme a
CF, o poder emana do povo e é exercido por meio de re- O artigo 16 aborda diversas facetas do direito de
presentantes eleitos, não havendo previsão do exercício liberdade: locomoção, opinião e expressão, religiosa e
do poder diretamente pelo povo. política. Cria, ainda, duas facetes específicas deste direi-
to: liberdade para brincar e divertir-se e liberdade para
( ) CERTO ( ) ERRADO buscar refúgio, auxílio e orientação, processos estes es-
senciais para o desenvolvimento do infante.
Resposta: Errado. O Brasil adota a democracia partici-
pativa, ou seja, o povo participa diretamente dos rumos Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
do Estado, assim como o faz por seus representantes de da integridade física, psíquica e moral da criança
eleitos. A democracia participativa é exatamente a jun- e do adolescente, abrangendo a preservação da ima-
ção da possibilidade de manifestação das decisões pelo gem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias
próprio povo como por seus representantes eleitos de e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
forma direta.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian-
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra-
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
ou constrangedor.
Os direitos ao respeito e à dignidade abrangem a
proteção da criança e do adolescente em todas facetas
LEGISLAÇÃO BÁSICA

de sua integridade: física, psíquica e moral.

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de


ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico
ou de tratamento cruel ou degradante, como formas
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família am-

2
pliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos exe- Os defensores da “Lei da Palmada” utilizam estudos
cutores de medidas socioeducativas ou por qualquer de psicólogos e educadores para argumentar que não é
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá- necessário utilizar qualquer tipo de agressão física, mes-
-los ou protegê-los. mo a mais leve, para educar uma criança.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni- Capítulo IV
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
ou o adolescente que resulte em: Lazer
a) sofrimento físico; ou
b) lesão; Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educa-
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma ção, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado- preparo para o exercício da cidadania e qualificação
lescente que: para o trabalho, assegurando-se-lhes:
a) humilhe; ou I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
b) ameace gravemente; ou cia na escola;
c) ridicularize. II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família amplia- recorrer às instâncias escolares superiores;
da, os responsáveis, os agentes públicos executores de IV - direito de organização e participação em entida-
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre- des estudantis;
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá- V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo residência.
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro ciência do processo pedagógico, bem como participar
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras san- da definição das propostas educacionais.
ções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplica-
das de acordo com a gravidade do caso: Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitá- agremiações recreativas e de estabelecimentos con-
rio de proteção à família; gêneres assegurar medidas de conscientização, pre-
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- venção e enfrentamento ao uso ou dependência de
quiátrico; drogas ilícitas.
III - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
tação; Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento adolescente:
especializado; I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclu-
V - advertência. sive para os que a ele não tiveram acesso na idade
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se- própria;
rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui-
outras providências legais. dade ao ensino médio;
Os artigos 18-A e 18-B foram incluídos no ECA pela III - atendimento educacional especializado aos por-
Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, que estabelece o tadores de deficiência, preferencialmente na rede re-
direito da criança e do adolescente de serem educados e gular de ensino;
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças
cruel ou degradante. Também ficou conhecida como “Lei de zero a cinco anos de idade;
do Menino Bernardo”1 e “Lei da Palmada”. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
Em que pesem as aparentes boas intenções da lei no e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
sentido de evitar situações extremas como a do menino VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
Bernardo, assassinado após incontáveis ameaças e agres- condições do adolescente trabalhador;
sões físicas por parte de seus responsáveis, seu conteúdo VII - atendimento no ensino fundamental, através de
é bastante criticado. Afinal, é claro que a lei coloca todo programas suplementares de material didático-esco-
e qualquer tipo de agressão física no mesmo patamar. lar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Considerado o teor da lei, mesmo uma palmada numa § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
criança é proibida. público subjetivo.
Os críticos da “Lei da Palmada” apontam que ela adota § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
uma posição extrema e impõe uma indevida intervenção poder público ou sua oferta irregular importa respon-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

do Estado nos ambientes familiares, retirando o poder sabilidade da autoridade competente.


disciplinar garantido aos pais na educação de seus filhos. § 3º Compete ao poder público recensear os educan-
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
1 O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência
morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS). Os acusa- à escola.
dos são o pai e a madrasta do menino, com ajuda de uma amiga e
do irmão dela. Segundo as investigações, Bernardo procurou ajuda
para denunciar as ameaças que sofria.

3
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de específicas em relação ao idoso fazem parte da Política
ensino. Nacional do Idoso.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino CAPÍTULO II


fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os ca- Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
sos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegu-
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco- rar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade,
lar, esgotados os recursos escolares; como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políti-
III - elevados níveis de repetência. cos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e
nas leis.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experi- § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os
ências e novas propostas relativas a calendário, seria- seguintes aspectos:
ção, currículo, metodologia, didática e avaliação, com I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
do ensino fundamental obrigatório. II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os IV – prática de esportes e de diversões;
valores culturais, artísticos e históricos próprios do V – participação na vida familiar e comunitária;
contexto social da criança e do adolescente, garan- VI – participação na vida política, na forma da lei;
tindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
fontes de cultura. § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
União, estimularão e facilitarão a destinação de recur- de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos
sos e espaços para programações culturais, esportivas pessoais.
e de lazer voltadas para a infância e a juventude. § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, co-
locando-o a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
LEI Nº 10.741/2003 - ESTATUTO DO O Estado e a sociedade devem assegurar à pessoa ido-
IDOSO (TÍTULO II DOS DIREITOS sa a liberdade, o respeito e a dignidade. O §1º especifica o
FUNDAMENTAIS). direito à liberdade, que compreende o direito de ir e vir, opi-
nião e expressão, crença e culto religioso, esportes e diver-
sões, vida familiar e comunitária, vida política, refúgio, auxílio
TÍTULO II e orientação. O §2º especifica o direito ao respeito como
Dos Direitos Fundamentais inviolabilidade de qualquer tipo de integridade física, psíqui-
ca e moral. O §3º especifica o direito à dignidade como o
CAPÍTULO I direito de não ser posto em qualquer tipo de tratamento de-
Do Direito à Vida sumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo CAPÍTULO III


e a sua proteção um direito social, nos termos desta Dos Alimentos
Lei e da legislação vigente.
O envelhecimento é colocado como um direito perso- Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma
nalíssimo. A ideia é de que envelhecer é um processo da lei civil.
natural que não deve ser combatido, evitado ou nega-
do a todo custo. É, ainda, direito social, ou seja, direito Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
humano de segunda dimensão. idoso optar entre os prestadores.
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa
a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser
políticas sociais públicas que permitam um envelheci- celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor
mento saudável e em condições de dignidade. Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de
título executivo extrajudicial nos termos da lei proces-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Cabe ao Estado desenvolver políticas públicas que sual civil.


garantam o direito à vida e à saúde das pessoas idosas. Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e condições econômicas de prover o seu sustento, im-
atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou in- põe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito
diretamente, com a participação de entes públicos ou pri- da assistência social.
vados, que visam assegurar determinado direito de cida-
dania, de forma difusa ou para determinado seguimento

4
A obrigação alimentar decorre da intervenção do - Por meio do Sistema Único de Saúde – SUS: é o sis-
poder estatal, dos familiares, cônjuges e até mesmo da tema público de saúde brasileiro, um dos maiores
sociedade (ao realizar atos de caridade), em relação a do mundo, mas a sua presença não exclui a possi-
quem se encontra impossibilitado de fazê-lo por meios bilidade de atuação privada no setor (até mesmo
próprios. Sendo importante notar que os alimentos não devido à previsão sobre atenção integral);
abrangem tão somente a alimentação, mas também ou- - Assegurado o acesso universal e igualitário: o aces-
tras utilidades necessárias para o usufruto de uma vida so ao sistema público de saúde deve ser garantido
digna. a todas pessoas e em condições de igualdade ma-
O artigo 1695 do Código Civil Brasileiro estabelece terial, ou seja, considerando as específicas necessi-
que “são devidos os alimentos quando quem os preten- dades das pessoas (por isso, é devido o tratamento
de não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu diferenciado ao idoso e ao idoso com deficiência
trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se re- ou limitação);
clamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário - Conjunto articulado e contínuo: as práticas de pre-
ao seu sustento”. venção, promoção, proteção e recuperação devem
E ainda o artigo 1694, também do Código Civil, dis- ser adotadas de forma constante e planejada e,
põe que “podem os parentes, os cônjuges ou compa- para tanto, interligada;
nheiros pedir uns aos outros os alimentos de que neces- - Atenção especial às doenças que afetam a popula-
sitam para viver de modo compatível com a sua condição ção idosa: liga-se ao aspecto da igualdade material
social, inclusive para atender às necessidades de sua e ao da atenção especial.
educação”.
Por fim, estabelece o §1° do dispositivo supramencio- § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
nado: “os alimentos devem ser fixados na proporção das serão efetivadas por meio de:
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa I – cadastramento da população idosa em base terri-
obrigada”. torial;
Desses dispositivos legais, pode-se extrair que são II – atendimento geriátrico e gerontológico em am-
dois os pressupostos principais para se reclamar alimen- bulatórios;
tos, quais sejam, a necessidade de quem pleiteia em con- III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
sonância com a possibilidade de quem os fornecerá. especializado nas áreas de geriatria e gerontologia
O reconhecimento da solidariedade implicaria ad- social;
mitir que todos os obrigados fossem responsáveis de IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,
igual modo e por igual valor. Como regra, não há soli- para a população que dele necessitar e esteja impossi-
dariedade de alimentos no direito de família. Contudo, bilitada de se locomover, inclusive para idosos abriga-
por força da lei especial, é incontestável que o Estatuto dos e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas
do Idoso disciplinou de forma contrária às Leis Civis de ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas
1916 e 2002, adotando como política pública (art. 3º), a com o Poder Público, nos meios urbano e rural;
obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontolo-
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta priori-
gia, para redução das sequelas decorrentes do agravo
dade a efetivação do direito à alimentação. Para tanto,
da saúde.
mudou a natureza da obrigação alimentícia de conjunta
para solidária, com o objetivo de beneficiar sobremanei-
O §1º fixa as formas especiais de tratamento da po-
ra a celeridade do processo, evitando discussões acerca
pulação idosa, percebendo-se que a atuação se dá na
do ingresso dos demais devedores, não escolhidos pelo
vertente de controle da população para viabilizar um
credor-idoso para figurarem no polo passivo. Ex.: Se um
melhor tratamento, o qual deve ser especializado e se
idoso tiver três filhos e um deles não pagar o valor devi-
do, poderá exigir do outro. dar tanto em ambientes especializados quanto de forma
domiciliar.
CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde Obs.: geriatria é a especialidade médica que estuda e
trata das doenças ligadas ao envelhecimento; e geron-
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do tologia é o estudo dos fenômenos fisiológicos, psicoló-
idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – gicos e sociais relacionados ao envelhecimento do ser
SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, humano.
em conjunto articulado e contínuo das ações e servi-
ços, para a prevenção, promoção, proteção e recupe- § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
ração da saúde, incluindo a atenção especial às doen- gratuitamente, medicamentos, especialmente os de
ças que afetam preferencialmente os idosos. uso continuado, assim como próteses, órteses e outros
LEGISLAÇÃO BÁSICA

recursos relativos ao tratamento, habilitação ou rea-


De forma semelhante à Constituição Federal quanto bilitação.
ao direito à saúde em geral, o Estatuto do Idoso fixa: O idoso tem direito a tratamento gratuito da saúde,
- Direito à atenção integral: é a atenção plena, em inclusive recebendo medicamentos, próteses, órteses e
todas dimensões, tanto paliativa quanto preventi- outros recursos.
va – os objetivos, afinal, são prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde;

5
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de Embora o direito a acompanhante no tratamento de
saúde pela cobrança de valores diferenciados em ra- saúde seja assegurado, caberá ao profissional de saúde
zão da idade. responsável decidir quanto ele é possível, justificando
A questão da discriminação do idoso nos planos de por escrito eventual impossibilidade.
saúde é complexa, porque não inviabiliza, segundo a ju- Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas facul-
risprudência pátria, de forma plena o reajuste por faixa dades mentais é assegurado o direito de optar pelo
etária. O STJ disse que é possível reajustar por faixa etá- tratamento de saúde que lhe for reputado mais favo-
ria se houver previsão contratual, se não forem aplicados rável.
percentuais desarrazoados, se preenchidos os requisitos Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de
da Lei nº 9.656/1998 (dispõe sobre os planos e seguros proceder à opção, esta será feita:
privados de assistência à saúde), observância da boa-fé I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
objetiva que impede reajustes absurdos e desproporcio- II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador
nais (REsp 866.840/SP, j. 07/06/2011). ou este não puder ser contatado em tempo hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limi- vida e não houver tempo hábil para consulta a cura-
tação incapacitante terão atendimento especializado, dor ou familiar;
nos termos da lei. IV – pelo próprio médico, quando não houver curador
ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar
o fato ao Ministério Público.
As pessoas idosas com condições peculiares devem
receber tratamento diferenciado, especializado.
O idoso não perde sua autonomia para a tomada de
decisões, de modo que caberá a ele decidir sobre sua
§ 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso enfer- própria saúde sempre que estiver em suas plenas facul-
mo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será dades. Havendo incapacidade, permanente ou transitó-
admitido o seguinte procedimento: ria, a ordem de tomada de decisões é a seguinte:
I - quando de interesse do poder público, o agente - Situações não emergenciais – se houver curador, ele
promoverá o contato necessário com o idoso em sua tem prioridade, se não houver a decisão cabe ao fa-
residência; ou miliar, mas se não houver nenhum dos dois caberá
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará ao médico, que informará ao Ministério Público.
representar por procurador legalmente constituído. - Situações de urgência – risco de vida + ausência de
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento tempo hábil – cabe ao médico decidir.
domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos
ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou con- critérios mínimos para o atendimento às necessidades
veniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação
para expedição do laudo de saúde necessário ao exer- dos profissionais, assim como orientação a cuidadores
cício de seus direitos sociais e de isenção tributária. familiares e grupos de autoajuda.
Caberá às instituições de saúde atender a critérios
Os §§ 5º e 6º foram incluídos pela Lei nº 12.896/2013 mínimos que viabilizem o atendimento especializado,
e trata do comparecimento do idoso enfermo em órgãos devendo treinar e capacitar outras entidades que atuem
públicos, inclusive para realização de perícias: paralelamente a elas.
- Interesse do poder público – agente público deve ir
até a residência; Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de vio-
- Interesse pessoal – representação por procurador. lência praticada contra idosos serão objeto de notifi-
* As perícias do INSS devem se realizar em domicílio. cação compulsória pelos serviços de saúde públicos e
privados à autoridade sanitária, bem como serão obri-
gatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oi-
seguintes órgãos:
tenta anos terão preferência especial sobre os demais
I – autoridade policial;
idosos, exceto em caso de emergência.
II – Ministério Público;
Trata-se de prioridade especial no atendimento de III – Conselho Municipal do Idoso;
saúde. IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é asse- § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
gurado o direito a acompanhante, devendo o órgão contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada
de saúde proporcionar as condições adequadas para em local público ou privado que lhe cause morte, dano
LEGISLAÇÃO BÁSICA

a sua permanência em tempo integral, segundo o cri- ou sofrimento físico ou psicológico.


tério médico. § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde res- prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259,
ponsável pelo tratamento conceder autorização para de 30 de outubro de 1975 (dispõe sobre a organização das
o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossi- ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Na-
bilidade, justificá-la por escrito. cional de Imunizações, estabelece normas relativas à noti-
ficação compulsória de doenças, e dá outras providências).

6
O artigo 19 foi alterado e teve dispositivos incluídos O exercício ao direito à educação, cultura, esporte,
pela Lei nº 12.461/2011. lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços dos
Sua redação é um pouco confusa e inadequada. Traba- idosos deve respeitar sua peculiar condição de idade,
lha com notificações que devem ser comunicadas a órgãos fundado efetivamente em razões de igualdade material,
competentes tanto práticas de violência (por qualquer a fim de proporcionar um tratamento justo ao idoso em
ação ou omissão praticada em local público ou privado, seu meio social.
sendo violência todo caso de morte, dano ou sofrimento O respeito à peculiar condição de idade implica em
físico ou psicológico) quanto de doenças epidemiológicas afirmar que na medida de suas condições físicas e emo-
(com risco de transmissão em larga escala). Cabe a comu- cionais de usufruir de educação, cultura, esporte, lazer,
nicação aos órgãos descritos nos incisos do caput – au- diversões, espetáculos, produtos e serviços aos idosos
toridade policial, Ministério Público, Conselhos Municipal, devem ser destinados oportunidades de participar do
Estadual e Federal; além dos órgãos de vigilância sanitária meio social em que vive sem lhe acrescentar fardo al-
e outros fixados na Lei nº 6.259/1975. gum tendo em vista a sua vulnerabilidade, condição esta
alçada em caráter de princípio a ser buscado por todos.
CAPÍTULO V Constitui obrigação do Poder Público criar oportuni-
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer dades de acesso do idoso à educação, adequando cur-
rículos, metodologias e material didático aos programas
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor- educacionais a ele destinados. O idoso que necessitar
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que obter formação escolar regular deve ter acesso a pro-
respeitem sua peculiar condição de idade. cesso educativo como as demais pessoas na sociedade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso CAPÍTULO VI


do idoso à educação, adequando currículos, metodolo- Da Profissionalização e do Trabalho
gias e material didático aos programas educacionais a
ele destinados. Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo profissional, respeitadas suas condições físicas, inte-
relativo às técnicas de comunicação, computação e de- lectuais e psíquicas.
mais avanços tecnológicos, para sua integração à vida
moderna. Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer traba-
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de ca- lho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação
ráter cívico ou cultural, para transmissão de conheci- de limite máximo de idade, inclusive para concursos,
mentos e vivências às demais gerações, no sentido da ressalvados os casos em que a natureza do cargo o
preservação da memória e da identidade culturais. exigir.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de concurso público será a idade, dando-se preferência
ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao ao de idade mais elevada.
processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização
do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir Art. 28. O Poder Público criará e estimulará progra-
conhecimentos sobre a matéria. mas de:
I – profissionalização especializada para os idosos,
Art. 23. A participação dos idosos em atividades cultu- aproveitando seus potenciais e habilidades para ati-
rais e de lazer será proporcionada mediante descontos vidades regulares e remuneradas;
de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos II – preparação dos trabalhadores para a aposenta-
para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, doria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por
bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme
seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços sociais e de cidadania;
ou horários especiais voltados aos idosos, com finali- III – estímulo às empresas privadas para admissão de
dade informativa, educativa, artística e cultural, e ao idosos ao trabalho.
público sobre o processo de envelhecimento.
Como corolário da garantia de proteção ao idoso e
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão do princípio da dignidade que lhes deve ser conferido
às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo o idoso tem direito ao exercício de atividade profis-
da vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou sional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais
a distância, constituídos por atividades formais e não e psíquicas.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

formais. O trabalho é um direito fundamental da pessoa hu-


Parágrafo único. O poder público apoiará a criação mana que não deve encontrar óbice em seu tempo de
de universidade aberta para as pessoas idosas e in- vida. A idade somente pode ser considerada um empeci-
centivará a publicação de livros e periódicos, de lho ao exercício do trabalho somente quando em bene-
conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que fício do idoso.
facilitem a leitura, considerada a natural redução da
capacidade visual.

7
CAPÍTULO VII Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco)
Da Previdência Social anos, que não possuam meios para prover sua subsis-
tência, nem de tê-la provida por sua família, é assegu-
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do rado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos
Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
concessão, critérios de cálculo que preservem o valor Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer
real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, membro da família nos termos do caput não será
nos termos da legislação vigente. computado para os fins do cálculo da renda familiar
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manuten- per capita a que se refere a Loas.
ção serão reajustados na mesma data de reajuste do salá-
rio-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou
de início ou do seu último reajustamento, com base em casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação
percentual definido em regulamento, observados os crité- de serviços com a pessoa idosa abrigada.
rios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. § 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar,
é facultada a cobrança de participação do idoso no
Art. 30. A perda da condição de segurado não será con- custeio da entidade.
siderada para a concessão da aposentadoria por idade, § 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho
desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma
contribuição correspondente ao exigido para efeito de de participação prevista no § 1o, que não poderá ex-
carência na data de requerimento do benefício. ceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício pre- previdenciário ou de assistência social percebido pelo
visto no caput observará o disposto no caput e § 2o do idoso.
art. 3o da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu re-
ou, não havendo salários-de-contribuição recolhidos a presentante legal firmar o contrato a que se refere o
partir da competência de julho de 1994, o disposto no caput deste artigo.
art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a bene- social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a de-
fícios, efetuado com atraso por responsabilidade da pendência econômica, para os efeitos legais.
Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice Já a assistência tem caráter não-contributivo visando
utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Re- ao amparo das pessoas necessitadas, conforme a pre-
gime Geral de Previdência Social, verificado no período visão do art. 230 da CRFB/88, que a assistência social
compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e será prestada a quem dela necessitar independente de
o mês do efetivo pagamento. contribuição.A assistência tem caráter não-contributivo
visando ao amparo das pessoas necessitadas, conforme
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a a previsão do art. 230 da CRFB/88, que a assistência so-
data-base dos aposentados e pensionistas. cial será prestada a quem dela necessitar independente
de contribuição.
A data base de uma categoria profissional é a data
destinada a correção salarial e a discussão e revisão das
CAPÍTULO IX
condições de trabalho fixadas em acordo, convenção ou
Da Habitação
dissídio coletivo.
Este Estatuto ao dispor sobre o regime da Previdên-
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio
cia Social reconhece que este constitui direito essencial a
da família natural ou substituta, ou desacompanhado
conferir dignidade ao trabalhador em especial aos idosos
que por muito tempo contribuíram a fim de fazer jus a de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda,
este benefício. em instituição pública ou privada.
A Previdência Social constitui um seguro coletivo que visa
a cobertura de riscos sociais, cujo objetivo está delineado no § 1o A assistência integral na modalidade de entidade
art. 1° da Lei 8.213/1991, que é assegurar aos seus benefi- de longa permanência será prestada quando verificada
ciários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
incapacidade, desemprego voluntário, idade avançada, tem- carência de recursos financeiros próprios ou da família.
po de contribuição, encargos familiares e prisão ou morte § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao ido-
daqueles de quem dependiam economicamente. so fica obrigada a manter identificação externa visível,
sob pena de interdição, além de atender toda a legis-
CAPÍTULO VIII lação pertinente.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Da Assistência Social § 3o As instituições que abrigarem idosos são obriga-


das a manter padrões de habitação compatíveis com
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, as necessidades deles, bem como provê-los com ali-
de forma articulada, conforme os princípios e diretri- mentação regular e higiene indispensáveis às normas
zes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.
Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde
e demais normas pertinentes.

8
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou nos estacionamentos públicos e privados, as quais de-
subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de verão ser posicionadas de forma a garantir a melhor
prioridade na aquisição de imóvel para moradia pró- comodidade ao idoso.
pria, observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das uni- Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança
dades habitacionais residenciais para atendimento do idoso nos procedimentos de embarque e desem-
aos idosos; (Redação dada pela Lei nº 12.418, de 2011) barque nos veículos do sistema de transporte coletivo.
II – implantação de equipamentos urbanos comunitá- (Redação dada pela Lei nº 12.899, de 2013)
rios voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanís- Está presente no Estatuto o direito fundamental do
ticas, para garantia de acessibilidade ao idoso; idoso ao transporte. Estabelece-se que os idosos maiores
IV – critérios de financiamento compatíveis com os de 65 (sessenta e cinco) anos tem assegurado a gratuida-
rendimentos de aposentadoria e pensão. de dos transportes coletivos públicos urbanos e semiur-
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas banos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando
para atendimento a idosos devem situar-se, preferen- prestados paralelamente aos serviços regulares.
cialmente, no pavimento térreo. (Incluído pela Lei nº Assim, essa gratuidade compreende o transporte ur-
12.419, de 2011) bano coletivo, aquele transporte público oferecido a to-
das as pessoas a fim de que se desloquem diariamente
As ações do Estado visando conferir a pessoa idosa mo- na realização de suas atividades diversas e o transporte
radia digna devem alcançar os programas habitacionais, semiurbano que tem as características do transporte co-
públicos ou subsidiados com recursos públicos, sendo que letivo, mas é prestado em áreas que ultrapassa os limites
nestes programas o idoso deve ter prioridade na aquisição de municípios, em grandes centros metropolitanos. Essa
de imóvel para moradia própria. Alguns requisitos devem benesse não alcança os serviços de transportes seletivos
ser observados nestes programas visando minimizar a si- destinado a determinadas categorias de pessoas, como
tuação do idoso e a conferir-lhe moradia digna, como a servidores de determinado órgão ou empresa pública,
reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades estudantes etc., como também não alcança o serviço de
habitacionais residenciais para atendimento aos idosos. transporte especial, como os ônibus executivos que ofe-
recem serviço e atendimento diferenciado ao usuário.
CAPÍTULO X
Do Transporte
LEI Nº 13.146/2015 – ESTATUTO DO
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica DEFICIENTE (TITULO I DAS DISPOSIÇÕES
assegurada a gratuidade dos transportes coletivos PRELIMINARES E TÍTULO II DOS DIREITOS
públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços FUNDAMENTAIS).
seletivos e especiais, quando prestados paralelamente
aos serviços regulares.
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso É possível dividir em quatro fases a história da cons-
apresente qualquer documento pessoal que faça pro- trução da dignidade das pessoas com deficiência, fase da
va de sua idade. Intolerância em que a pessoa com deficiência era con-
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este siderada símbolo de impureza e castigo divino; fase da
artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assen- Invisibilidade em que o indivíduo era tolerado, mas ex-
tos para os idosos, devidamente identificados com a pla- cluído da sociedade, fase assistencialista em que há cui-
ca de reservado preferencialmente para idosos. dados para com a vida do deficiente, mas apenas nas ca-
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etá- sas de misericórdia e a fase atual a humanista em que se
ria entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, trabalha para inserção e a igualdade pela dessas pessoas
ficará a critério da legislação local dispor sobre as no convívio social2. A fase humanista é orientada pelo
condições para exercício da gratuidade nos meios de paradigma dos direitos humanos, na qual emergiram
transporte previstos no caput deste artigo. os direitos à inclusão social, com ênfase na relação da
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual pessoa com deficiência e do meio em que ela se insere,
observar-se-á, nos termos da legislação específica: além da necessidade de eliminar obstáculos e barreiras
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo (culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados.
para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) sa- Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da
lários-mínimos; ONU, que reconhece a deficiência como resultado da
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no míni- interação entre indivíduos e seu meio ambiente, não re-
mo, no valor das passagens, para os idosos que exce- sidindo apenas intrinsecamente no indivíduo3. A Lei nº
LEGISLAÇÃO BÁSICA

derem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior 13.146/2015 é o estopim nacional da fase humanista da
a 2 (dois) salários-mínimos. 2 TISESCU, Alessandra Devulsky da Silva; SANTOS, Jackson Passos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes de- Apontamentos históricos sobre as fases de construção dos Di-
finir os mecanismos e os critérios para o exercício dos reitos Humanos das Pessoas com Deficiência. Disponível em:<h-
direitos previstos nos incisos I e II. ttp://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=24f984f75f37a519>.
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos Acesso em: 20 fev. 2016.
3 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas
internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

9
proteção da pessoa com deficiência, vindo elaborada em O título II (artigos 10 a 52) dispõe sobre os direitos fun-
consonância com a Constituição Federal de 1988 e com damentais como direito à vida, à saúde, à educação, à mo-
a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas radia, declarados pela Constituição Federal de 1988, que
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados garante a todas as pessoas não só aos deficientes. Dispõe
em Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados ainda sobre direitos fundamentais de extrema importância
pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009, os quais para que o deficiente esteja em igualdade com os demais
são dotados de força de normativa constitucional. como à habilitação e a reabilitação, capacitando-o para
Com efeito, veda-se a discriminação das pessoas uma disputa inclusive para o mercado de trabalho.
portadoras de deficiência, o que não significa que é im- O título III (artigos 53 a 76) traz um dos temas mais
pedido que a lei garantia distinções que permitam um importantes e discutidos da atualidade, a questão da
tratamento igualitário destas pessoas na vida em socie- acessibilidade. Visto que garante a pessoa com deficiên-
dade – pois não basta garantir a igualdade formal na cia ou com mobilidade reduzida viver da forma mais in-
lei sem a criação de instrumentos e políticas voltados dependente possível para exercer seus direitos de cida-
aos grupos vulneráveis como o das pessoas portadoras dania, podendo ter participação ativa na sociedade.
de deficiência. Na tentativa de propiciar esta igualdade O título IV (artigos 77 e 78) aborda as questões da
material surge o Estatuto da Proteção da Pessoa com ciência e tecnologia, deve o poder público investir no de-
Deficiência. senvolvimento científico e tecnológico com o intuito de
Em 6 de julho de 2015 foi assinada a lei 13.146/2015, melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiên-
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, cia tanto profissional, quanto pessoal.
podendo ser também chamado de Estatuto da Pessoa O título I (artigos 79 a 87) da segunda parte dispõe
com Deficiência. Entrou em vigor em janeiro deste ano. sobre o acesso a justiça, deve o poder público garantir a
Devendo sempre preservar o princípio da dignidade hu- pessoa com deficiência o seu pleno acesso à justiça, em
mana. igualdade de oportunidades com as demais pessoas da
sociedade, além de garantir a pessoa deficiente o exercí-
O princípio da dignidade humana foi positivado, em cio de sua capacidade legal.
várias Constituições do pós-guerra, assim como a Decla- O título II (artigos 88 a 90) trata dos crimes e das in-
ração das Nações Unidas, que em seu artigo 1º garante frações administrativas, punindo quem por algum motivo
a liberdade e igualdade com relação a dignidade e os praticar, induzir ou mesmo incitar discriminação de pessoa
direitos. Constituição Federal Brasileira de 1988 garan- com deficiência, aquele que desviar bens, proventos, bene-
te que todos são iguais perante a lei, podendo garantir fícios, abandonar pessoa com deficiência, ou mesmo utilizar
uma verdadeira tutela da pessoa humana (LOUSADA, cartão magnético ou outros mecanismos para tentar pre-
2015). judicar e obter vantagem indevida para si ou para outrem.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015) foi divi- O título III (artigos 92 a 125) trata das disposições fi-
do em 2 (dois) livros, sendo eles I e II. O livro I (parte ge- nais e transitórias, é criado pelo estado um cadastro na-
ral) subdivide-se em 4 (quatro) títulos, já o livro II (parte cional de inclusão da pessoa com deficiência (cadastro-
especial) subdivide-se em 3 (três) títulos. -inclusão), para que haja por parte do Estado um maior
O título I traz os 9 (nove) primeiros artigos, divididos controle sobre a real situação do deficiente seja ele físico,
em 2 (dois) capítulos, incluindo ainda uma seção única. mental ou intelectual no Brasil.
O capítulo I apresenta as disposições gerais distribuídos Dentro do título III existe um “Título IV em que trata
nos 3 (três) primeiros artigos. O artigo 1º do Estatuto ga- da alteração na redação do Código Civil de 2002, com
rante que a lei foi introduzida no ordenamento jurídico relação a capacidade civil das pessoas com deficiência,
brasileiro com o intuito de assegurar e promover os di- após a vigência do Estatuto da Pessoa com deficiência, o
reitos já em vigência no país, reconhecendo a igualdade indivíduo não será mais caracterizado como pessoa ab-
entre as pessoas, proporcionando o exercício dos direi- solutamente incapaz e sim plenamente capaz.
tos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com O Estatuto foi criado sob forte influência da Conven-
deficiência, buscando a inclusão social e cidadania. Os ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
artigos 2º e 3º traz a definição de Pessoa com Deficiên- Protocolo Facultativo, seguido pelo Brasil desde 2009.
cia, acessibilidade, desenho universal, barreiras, dentre Sendo sua criação necessária para que o protocolo seja
outros conceitos que estão presentes no dia a dia do de fato regularizado internamente, já que o Estado Parte
indivíduo com deficiência. deve criar normas internas que possibilitem colocar em
O capítulo II (artigos 4º a 8º), trata da questão da prática aquilo estabelecido no tratado.
igualdade e da não discriminação, são propósitos já de-
fendidos pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa
com Deficiência e seu Protocolo facultativo, devendo os #FicaDica
Estados Partes criarem normas internas para diminuir ou
O Estatuto da Pessoa com Deficiência
mesmo eliminar a discriminação entre as pessoas, além
consolida a perspectiva humanista acerca
LEGISLAÇÃO BÁSICA

de proporcionar a plena igualdade de condições peran-


da pessoa com deficiência, corroborando
te a sociedade, possibilitando a essas pessoas uma con-
vivência social digna. Devendo a sociedade denunciar a Convenção sobre os Direitos das Pesso-
a autoridade qualquer forma de ameaça ou mesmo de as com Deficiência e seu Protocolo Facul-
violação de direitos da pessoa com deficiência. A seção tativo.
única (artigo 9º) garante ao deficiente o atendimento
prioritário em todos os campos da sua vida.

10
#FicaDica ços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus
A acessibilidade é direito que garante à sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
pessoa com deficiência ou com mobilida- instalações abertos ao público, de uso público ou pri-
de reduzida viver de forma independente vados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na
e exercer seus direitos de cidadania e de rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade
participação social. reduzida;
Inclui direito à inclusão por meio do aces- II - desenho universal: concepção de produtos, am-
so à informação, tecnologias assistivas e bientes, programas e serviços a serem usados por to-
participação política. das as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de
projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia
assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promo-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o ver a funcionalidade, relacionada à atividade e à par-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ticipação da pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida, visando à sua autonomia, independência,
LIVRO I qualidade de vida e inclusão social;
PARTE GERAL IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
TÍTULO I comportamento que limite ou impeça a participação
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exer-
CAPÍTULO I cício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
DISPOSIÇÕES GERAIS movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso
à informação, à compreensão, à circulação com segu-
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pes- rança, entre outros, classificadas em:
soa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiên- a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
cia), destinada a assegurar e a promover, em condições espaços públicos e privados abertos ao público ou de
de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades uso coletivo;
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
sua inclusão social e cidadania. públicos e privados;
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Conven- c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e e meios de transportes;
seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso d) barreiras nas comunicações e na informação: qual-
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
9 de julho de 2008 , em conformidade com o proce- que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebi-
dimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição mento de mensagens e de informações por intermé-
da República Federativa do Brasil , em vigor para o dio de sistemas de comunicação e de tecnologia da
Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto informação;
de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos
de agosto de 2009 , data de início de sua vigência no que impeçam ou prejudiquem a participação social da
plano interno. pessoa com deficiência em igualdade de condições e
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela oportunidades com as demais pessoas;
que tem impedimento de longo prazo de natureza fí- f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem
sica, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em inte- o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;
ração com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua V - comunicação: forma de interação dos cidadãos
participação plena e efetiva na sociedade em igualda- que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive
de de condições com as demais pessoas. a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comu-
biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional nicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos
e interdisciplinar e considerará:       (Vigência) multimídia, assim como a linguagem simples, escrita
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digita-
corpo; lizados e os modos, meios e formatos aumentativos e
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias
III - a limitação no desempenho de atividades; e da informação e das comunicações;
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV - a restrição de participação. VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações


§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para e ajustes necessários e adequados que não acarretem
avaliação da deficiência.        (Vide Lei nº 13.846, de ônus desproporcional e indevido, quando requeridos
2019) em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance condições e oportunidades com as demais pessoas, to-
para utilização, com segurança e autonomia, de espa- dos os direitos e liberdades fundamentais;

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VII - elemento de urbanização: quaisquer componen- § 1º Considera-se discriminação em razão da
tes de obras de urbanização, tais como os referentes a deficiência toda forma de distinção, restrição ou
pavimentação, saneamento, encanamento para esgo- exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito
tos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilumina- ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o
ção pública, serviços de comunicação, abastecimento reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
e distribuição de água, paisagismo e os que materiali- liberdades fundamentais de pessoa com deficiência,
zam as indicações do planejamento urbanístico; incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes fornecimento de tecnologias assistivas.
nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicio- § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à
nados aos elementos de urbanização ou de edificação, fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
de forma que sua modificação ou seu traslado não Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de
provoque alterações substanciais nesses elementos, toda forma de negligência, discriminação, exploração,
tais como semáforos, postes de sinalização e simila- violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento
res, terminais e pontos de acesso coletivo às teleco- desumano ou degradante.
municações, fontes de água, lixeiras, toldos, marqui- Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada
ses, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza no caput deste artigo, são considerados especialmente
análoga; vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o ido-
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que te- so, com deficiência.
nha, por qualquer motivo, dificuldade de movimenta- Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil
ção, permanente ou temporária, gerando redução efe- da pessoa, inclusive para:
tiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação I - casar-se e constituir união estável;
motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
lactante, pessoa com criança de colo e obeso; III - exercer o direito de decidir sobre o número de fi-
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Ser- lhos e de ter acesso a informações adequadas sobre
viço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência reprodução e planejamento familiar;
Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da co- IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterili-
munidade, com estruturas adequadas, que possam zação compulsória;
contar com apoio psicossocial para o atendimento das V - exercer o direito à família e à convivência familiar
necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e comunitária; e
e adultos com deficiência, em situação de dependên- VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e
cia, que não dispõem de condições de autossusten- à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade
tabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou de oportunidades com as demais pessoas.
Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade com-
rompidos;
petente qualquer forma de ameaça ou de violação aos
XI - moradia para a vida independente da pessoa
direitos da pessoa com deficiência.
com deficiência: moradia com estruturas adequadas
Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os
capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e
juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos
individualizados que respeitem e ampliem o grau de
que caracterizem as violações previstas nesta Lei, de-
autonomia de jovens e adultos com deficiência;
vem remeter peças ao Ministério Público para as pro-
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da fa-
vidências cabíveis.
mília, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família
cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade,
no exercício de suas atividades diárias, excluídas as a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
técnicas ou os procedimentos identificados com pro- à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à ali-
fissões legalmente estabelecidas; mentação, à habitação, à educação, à profissionaliza-
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce ção, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e
atividades de alimentação, higiene e locomoção do es- à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultu-
tudante com deficiência e atua em todas as atividades ra, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à
escolares nas quais se fizer necessária, em todos os ní- comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos,
veis e modalidades de ensino, em instituições públicas à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência
e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos familiar e comunitária, entre outros decorrentes da
identificados com profissões legalmente estabelecidas; Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pes- das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Faculta-
soa com deficiência, podendo ou não desempenhar as tivo e das leis e de outras normas que garantam seu
funções de atendente pessoal. bem-estar pessoal, social e econômico.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

CAPÍTULO II Seção Única


DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO Do Atendimento Prioritário

Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade
não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. de:

12
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; CAPÍTULO II
II - atendimento em todas as instituições e serviços de DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
atendimento ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é
quanto tecnológicos, que garantam atendimento em um direito da pessoa com deficiência.
igualdade de condições com as demais pessoas; Parágrafo único. O processo de habilitação e de rea-
IV - disponibilização de pontos de parada, estações bilitação tem por objetivo o desenvolvimento de po-
e terminais acessíveis de transporte coletivo de pas- tencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas,
sageiros e garantia de segurança no embarque e no cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profis-
desembarque; sionais e artísticas que contribuam para a conquista
V - acesso a informações e disponibilização de recur- da autonomia da pessoa com deficiência e de sua par-
sos de comunicação acessíveis; ticipação social em igualdade de condições e oportu-
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; nidades com as demais pessoas.
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei
e administrativos em que for parte ou interessada, em baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessi-
todos os atos e diligências. dades, habilidades e potencialidades de cada pessoa,
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos observadas as seguintes diretrizes:
ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao I - diagnóstico e intervenção precoces;
seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos II - adoção de medidas para compensar perda ou li-
incisos VI e VII deste artigo. mitação funcional, buscando o desenvolvimento de
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, aptidões;
a prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos III - atuação permanente, integrada e articulada de
protocolos de atendimento médico. políticas públicas que possibilitem a plena participa-
ção social da pessoa com deficiência;
TÍTULO II IV - oferta de rede de serviços articulados, com atua-
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ção intersetorial, nos diferentes níveis de complexida-
CAPÍTULO I de, para atender às necessidades específicas da pessoa
DO DIREITO À VIDA com deficiência;
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pes-
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignida- soa com deficiência, inclusive na zona rural, respei-
de da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. tadas a organização das Redes de Atenção à Saúde
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou (RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema
estado de calamidade pública, a pessoa com deficiên- Único de Saúde (SUS).
cia será considerada vulnerável, devendo o poder pú- Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de
blico adotar medidas para sua proteção e segurança. reabilitação para a pessoa com deficiência, são garan-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obri- tidos:
gada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos
a tratamento ou a institucionalização forçada. para atender às características de cada pessoa com
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com de- deficiência;
ficiência em situação de curatela poderá ser suprido, II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
na forma da lei. III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da materiais e equipamentos adequados e apoio técnico
pessoa com deficiência é indispensável para a reali- profissional, de acordo com as especificidades de cada
zação de tratamento, procedimento, hospitalização e pessoa com deficiência;
pesquisa científica. IV - capacitação continuada de todos os profissionais
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação que participem dos programas e serviços.
de curatela, deve ser assegurada sua participação, no Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão pro-
maior grau possível, para a obtenção de consentimento. mover ações articuladas para garantir à pessoa com
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência e sua família a aquisição de informações,
deficiência em situação de tutela ou de curatela deve orientações e formas de acesso às políticas públicas
ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena
houver indícios de benefício direto para sua saúde participação social.
ou para a saúde de outras pessoas com deficiência Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput des-
e desde que não haja outra opção de pesquisa de te artigo podem fornecer informações e orientações
eficácia comparável com participantes não tutelados nas áreas de saúde, de educação, de cultura, de es-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

ou curatelados. porte, de lazer, de transporte, de previdência social, de


Art. 13. A pessoa com deficiência somente será aten- assistência social, de habitação, de trabalho, de em-
dida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido preendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção,
em casos de risco de morte e de emergência em saúde, proteção e defesa de direitos e nas demais áreas que
resguardado seu superior interesse e adotadas as sal- possibilitem à pessoa com deficiência exercer sua ci-
vaguardas legais cabíveis. dadania.

13
CAPÍTULO III III - aprimoramento e expansão dos programas de
DO DIREITO À SAÚDE imunização e de triagem neonatal;
IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pes- Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de
soa com deficiência em todos os níveis de complexida- saúde são obrigadas a garantir à pessoa com deficiên-
de, por intermédio do SUS, garantido acesso universal cia, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados
e igualitário. aos demais clientes.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saú-
deficiência na elaboração das políticas de saúde a ela de da pessoa com deficiência no local de residência,
destinadas. será prestado atendimento fora de domicílio, para fins
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas de diagnóstico e de tratamento, garantidos o trans-
éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação porte e a acomodação da pessoa com deficiência e de
dos profissionais de saúde e contemplarão aspectos seu acompanhante.
relacionados aos direitos e às especificidades da Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em ob-
pessoa com deficiência, incluindo temas como sua servação é assegurado o direito a acompanhante ou
dignidade e autonomia. a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à de saúde proporcionar condições adequadas para sua
pessoa com deficiência, especialmente em serviços permanência em tempo integral.
de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida § 1º Na impossibilidade de permanência do
capacitação inicial e continuada. acompanhante ou do atendente pessoal junto à
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados pessoa com deficiência, cabe ao profissional de saúde
à pessoa com deficiência devem assegurar: responsável pelo tratamento justificá-la por escrito.
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º
equipe multidisciplinar; deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre adotar as providências cabíveis para suprir a ausência
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, do acompanhante ou do atendente pessoal.
inclusive para a manutenção da melhor condição de Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação
saúde e qualidade de vida; contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio de
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, trata- cobrança de valores diferenciados por planos e segu-
mento ambulatorial e internação; ros privados de saúde, em razão de sua condição.
IV - campanhas de vacinação; Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o aces-
V - atendimento psicológico, inclusive para seus fami- so aos serviços de saúde, tanto públicos como priva-
liares e atendentes pessoais; dos, e às informações prestadas e recebidas, por meio
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e
de recursos de tecnologia assistiva e de todas as for-
à orientação sexual da pessoa com deficiência;
mas de comunicação previstas no inciso V do art. 3º
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito
desta Lei.
à fertilização assistida;
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto pú-
VIII - informação adequada e acessível à pessoa com de-
blicos quanto privados, devem assegurar o acesso da
ficiência e a seus familiares sobre sua condição de saúde;
pessoa com deficiência, em conformidade com a le-
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o
gislação em vigor, mediante a remoção de barreiras,
desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais;
X - promoção de estratégias de capacitação perma- por meio de projetos arquitetônico, de ambientação
nente das equipes que atuam no SUS, em todos os de interior e de comunicação que atendam às especi-
níveis de atenção, no atendimento à pessoa com defi- ficidades das pessoas com deficiência física, sensorial,
ciência, bem como orientação a seus atendentes pes- intelectual e mental.
soais; Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de violência praticada contra a pessoa com deficiência
locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutri- serão objeto de notificação compulsória pelos serviços
cionais, conforme as normas vigentes do Ministério da de saúde públicos e privados à autoridade policial e ao
Saúde. Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também Pessoa com Deficiência.
às instituições privadas que participem de forma Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-
complementar do SUS ou que recebam recursos -se violência contra a pessoa com deficiência qualquer
públicos para sua manutenção. ação ou omissão, praticada em local público ou priva-
Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas do, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico
à prevenção de deficiências por causas evitáveis, in- ou psicológico.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

clusive por meio de:


I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puer- CAPÍTULO IV
pério, com garantia de parto humanizado e seguro; DO DIREITO À EDUCAÇÃO
II - promoção de práticas alimentares adequadas e
saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, preven- Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com
ção e cuidado integral dos agravos relacionados à ali- deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo
mentação e nutrição da mulher e da criança; em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a

14
vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e
possível de seus talentos e habilidades físicas, senso- de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma
riais, intelectuais e sociais, segundo suas característi- a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, pro-
cas, interesses e necessidades de aprendizagem. movendo sua autonomia e participação;
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da co- XIII - acesso à educação superior e à educação profis-
munidade escolar e da sociedade assegurar educação sional e tecnológica em igualdade de oportunidades e
de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a condições com as demais pessoas;
salvo de toda forma de violência, negligência e discri- XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos
minação. de nível superior e de educação profissional técnica e
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, tecnológica, de temas relacionados à pessoa com defi-
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e ciência nos respectivos campos de conhecimento;
avaliar: XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e de condições, a jogos e a atividades recreativas, espor-
modalidades, bem como o aprendizado ao longo de tivas e de lazer, no sistema escolar;
toda a vida; XVI - acessibilidade para todos os estudantes, traba-
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, vi- lhadores da educação e demais integrantes da comu-
sando a garantir condições de acesso, permanência, nidade escolar às edificações, aos ambientes e às ati-
participação e aprendizagem, por meio da oferta de vidades concernentes a todas as modalidades, etapas
serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem e níveis de ensino;
as barreiras e promovam a inclusão plena; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
III - projeto pedagógico que institucionalize o aten- XVIII - articulação intersetorial na implementação de
dimento educacional especializado, assim como os políticas públicas.
demais serviços e adaptações razoáveis, para atender § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e
às características dos estudantes com deficiência e ga- modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o
rantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII,
igualdade, promovendo a conquista e o exercício de XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo
sua autonomia; vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como pri- natureza em suas mensalidades, anuidades e matrícu-
meira língua e na modalidade escrita da língua por- las no cumprimento dessas determinações.
tuguesa como segunda língua, em escolas e classes § 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da
bilíngues e em escolas inclusivas; Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo,
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas deve-se observar o seguinte:
em ambientes que maximizem o desenvolvimento I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na
acadêmico e social dos estudantes com deficiência, fa- educação básica devem, no mínimo, possuir ensino
vorecendo o acesso, a permanência, a participação e a médio completo e certificado de proficiência na Li-
aprendizagem em instituições de ensino; bras;          (Vigência)
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando dire-
novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais cionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos
didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnolo- cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir
gia assistiva; nível superior, com habilitação, prioritariamente, em
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração Tradução e Interpretação em Libras.    (Vigência)
de plano de atendimento educacional especializado, Art. 29. (VETADO).
de organização de recursos e serviços de acessibilida- Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e perma-
de e de disponibilização e usabilidade pedagógica de nência nos cursos oferecidos pelas instituições de en-
recursos de tecnologia assistiva; sino superior e de educação profissional e tecnológica,
VIII - participação dos estudantes com deficiência e públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes
de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da medidas:
comunidade escolar; I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o nas dependências das Instituições de Ensino Superior
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, (IES) e nos serviços;
vocacionais e profissionais, levando-se em conta o ta- II - disponibilização de formulário de inscrição de exa-
mes com campos específicos para que o candidato
lento, a criatividade, as habilidades e os interesses do
com deficiência informe os recursos de acessibilidade
estudante com deficiência;
e de tecnologia assistiva necessários para sua partici-
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos
pação;
LEGISLAÇÃO BÁSICA

programas de formação inicial e continuada de pro-


III - disponibilização de provas em formatos acessíveis
fessores e oferta de formação continuada para o aten-
para atendimento às necessidades específicas do can-
dimento educacional especializado;
didato com deficiência;
XI - formação e disponibilização de professores para o
IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de
atendimento educacional especializado, de tradutores
tecnologia assistiva adequados, previamente solicita-
e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro- dos e escolhidos pelo candidato com deficiência;
fissionais de apoio;

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V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada CAPÍTULO VI
pelo candidato com deficiência, tanto na realização DO DIREITO AO TRABALHO
de exame para seleção quanto nas atividades acadê- Seção I
micas, mediante prévia solicitação e comprovação da Disposições Gerais
necessidade;
VI - adoção de critérios de avaliação das provas escri- Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao tra-
tas, discursivas ou de redação que considerem a sin- balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente
gularidade linguística da pessoa com deficiência, no acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades
domínio da modalidade escrita da língua portuguesa; com as demais pessoas.
VII - tradução completa do edital e de suas retificações § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado
em Libras. ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
CAPÍTULO V § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em
DO DIREITO À MORADIA igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
a condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia igual remuneração por trabalho de igual valor.
digna, no seio da família natural ou substituta, com § 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com
seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou deficiência e qualquer discriminação em razão de
em moradia para a vida independente da pessoa com sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento,
deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva. seleção, contratação, admissão, exames admissional
§ 1º O poder público adotará programas e ações e periódico, permanência no emprego, ascensão
estratégicas para apoiar a criação e a manutenção profissional e reabilitação profissional, bem como
de moradia para a vida independente da pessoa com exigência de aptidão plena.
deficiência. § 4º A pessoa com deficiência tem direito à
§ 2º A proteção integral na modalidade de residência participação e ao acesso a cursos, treinamentos,
inclusiva será prestada no âmbito do Suas à pessoa educação continuada, planos de carreira, promoções,
com deficiência em situação de dependência que não bonificações e incentivos profissionais oferecidos pelo
disponha de condições de autossustentabilidade, com empregador, em igualdade de oportunidades com os
vínculos familiares fragilizados ou rompidos. demais empregados.
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsi- § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência
diados com recursos públicos, a pessoa com deficiência acessibilidade em cursos de formação e de capacitação.
ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas
imóvel para moradia própria, observado o seguinte: de trabalho e emprego promover e garantir condições
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das uni- de acesso e de permanência da pessoa com deficiência
dades habitacionais para pessoa com deficiência; no campo de trabalho.
II - (VETADO); Parágrafo único. Os programas de estímulo ao em-
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de preendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos
acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de participação da pessoa com deficiência e a disponibi-
adaptação razoável nos demais pisos; lização de linhas de crédito, quando necessárias.
IV - disponibilização de equipamentos urbanos comu-
nitários acessíveis; Seção II
V - elaboração de especificações técnicas no projeto Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profis-
que permitam a instalação de elevadores. sional
§ 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste ar-
tigo, será reconhecido à pessoa com deficiência bene- Art. 36. O poder público deve implementar serviços e
ficiária apenas uma vez. programas completos de habilitação profissional e de
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os reabilitação profissional para que a pessoa com defici-
critérios de financiamento devem ser compatíveis com ência possa ingressar, continuar ou retornar ao campo
os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação
família. e seu interesse.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessada § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em
nas unidades habitacionais reservadas por força do critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa
disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades de habilitação ou de reabilitação que possibilite à
não utilizadas serão disponibilizadas às demais pes- pessoa com deficiência restaurar sua capacidade e
soas. habilidade profissional ou adquirir novas capacidades
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 33. Ao poder público compete: e habilidades de trabalho.


I - adotar as providências necessárias para o cumpri- § 2º A habilitação profissional corresponde ao processo
mento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e destinado a propiciar à pessoa com deficiência
II - divulgar, para os agentes interessados e benefici- aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões
ários, a política habitacional prevista nas legislações para exercício de profissão ou de ocupação, permitindo
federal, estaduais, distrital e municipais, com ênfase nível suficiente de desenvolvimento profissional para
nos dispositivos sobre acessibilidade. ingresso no campo de trabalho.

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§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação CAPÍTULO VII
profissional e de educação profissional devem ser dotados DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
de recursos necessários para atender a toda pessoa com
deficiência, independentemente de sua característica Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os
específica, a fim de que ela possa ser capacitada para benefícios no âmbito da política pública de assistên-
trabalho que lhe seja adequado e ter perspectivas de cia social à pessoa com deficiência e sua família têm
obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir. como objetivo a garantia da segurança de renda, da
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desen-
reabilitação profissional e de educação profissional volvimento da autonomia e da convivência familiar e
deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e comunitária, para a promoção do acesso a direitos e
inclusivos. da plena participação social.
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos
profissional devem ocorrer articuladas com as redes termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto
públicas e privadas, especialmente de saúde, de articulado de serviços do âmbito da Proteção Social
ensino e de assistência social, em todos os níveis e Básica e da Proteção Social Especial, ofertados pelo
modalidades, em entidades de formação profissional Suas, para a garantia de seguranças fundamentais no
ou diretamente com o empregador. enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em risco, por fragilização de vínculos e ameaça ou viola-
empresas por meio de prévia formalização do contrato ção de direitos.
de emprego da pessoa com deficiência, que será § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa
considerada para o cumprimento da reserva de vagas com deficiência em situação de dependência deverão
prevista em lei, desde que por tempo determinado e contar com cuidadores sociais para prestar-lhe
concomitante com a inclusão profissional na empresa, cuidados básicos e instrumentais.
observado o disposto em regulamento. Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação não possua meios para prover sua subsistência nem
profissional atenderão à pessoa com deficiência.
de tê-la provida por sua família o benefício mensal de
1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de
Seção III
7 de dezembro de 1993.
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
CAPÍTULO VIII
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
deficiência no trabalho a colocação competitiva, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime
na qual devem ser atendidas as regras de acessibilida- Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à apo-
de, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva sentadoria nos termos da Lei Complementar nº 142,
e a adaptação razoável no ambiente de trabalho. de 8 de maio de 2013.
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa
com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho CAPÍTULO IX
com apoio, observadas as seguintes diretrizes: DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURIS-
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiên- MO E AO LAZER
cia com maior dificuldade de inserção no campo de
trabalho; Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cul-
II - provisão de suportes individualizados que atendam tura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade
a necessidades específicas da pessoa com deficiência, de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe
inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia garantido o acesso:
assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente I - a bens culturais em formato acessível;
de trabalho; II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pes- atividades culturais e desportivas em formato acessí-
soa com deficiência apoiada; vel; e
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos em- III - a monumentos e locais de importância cultural e
pregadores, com vistas à definição de estratégias de a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais
inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitu- e esportivos.
dinais; § 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual
V - realização de avaliações periódicas; em formato acessível à pessoa com deficiência, sob
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; qualquer argumento, inclusive sob a alegação de
LEGISLAÇÃO BÁSICA

VII - possibilidade de participação de organizações da proteção dos direitos de propriedade intelectual.


sociedade civil. § 2º O poder público deve adotar soluções destinadas
Art. 38. A entidade contratada para a realização de à eliminação, à redução ou à superação de barreiras
processo seletivo público ou privado para cargo, fun- para a promoção do acesso a todo patrimônio cultural,
ção ou emprego está obrigada à observância do dis- observadas as normas de acessibilidade, ambientais
posto nesta Lei e em outras normas de acessibilidade e de proteção do patrimônio histórico e artístico
vigentes. nacional.

17
Art. 43. O poder público deve promover a participação § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo
da pessoa com deficiência em atividades artísticas, in- deverão ser localizados em rotas acessíveis.
telectuais, culturais, esportivas e recreativas, com vis-
tas ao seu protagonismo, devendo: CAPÍTULO X
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
e de recursos adequados, em igualdade de oportuni-
dades com as demais pessoas; Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pes-
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e soa com deficiência ou com mobilidade reduzida será
nos serviços prestados por pessoa ou entidade envol- assegurado em igualdade de oportunidades com as
vida na organização das atividades de que trata este demais pessoas, por meio de identificação e de elimi-
artigo; e nação de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
III - assegurar a participação da pessoa com deficiên- § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de
cia em jogos e atividades recreativas, esportivas, de la- transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em
zer, culturais e artísticas, inclusive no sistema escolar, todas as jurisdições, consideram-se como integrantes
em igualdade de condições com as demais pessoas. desses serviços os veículos, os terminais, as estações,
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação
ginásios de esporte, locais de espetáculos e de con- do serviço.
ferências e similares, serão reservados espaços livres § 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições
e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo desta Lei, sempre que houver interação com a matéria
com a capacidade de lotação da edificação, observado nela regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a
o disposto em regulamento. autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo de serviços de transporte coletivo.
devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, § 3º Para colocação do símbolo internacional de
de boa visibilidade, em todos os setores, próximos acesso nos veículos, as empresas de transporte
aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se coletivo de passageiros dependem da certificação de
áreas segregadas de público e obstrução das saídas, acessibilidade emitida pelo gestor público responsável
em conformidade com as normas de acessibilidade. pela prestação do serviço.
§ 2º No caso de não haver comprovada procura pelos Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto
assentos reservados, esses podem, excepcionalmente, ao público, de uso público ou privado de uso coletivo
ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não e em vias públicas, devem ser reservadas vagas pró-
tenham mobilidade reduzida, observado o disposto ximas aos acessos de circulação de pedestres, devi-
em regulamento. damente sinalizadas, para veículos que transportem
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este pessoa com deficiência com comprometimento de
artigo devem situar-se em locais que garantam a mobilidade, desde que devidamente identificados.
acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo de-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, vem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garanti-
resguardado o direito de se acomodar proximamente da, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada
a grupo familiar e comunitário. e com as especificações de desenho e traçado de acor-
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve do com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
emergência acessíveis, conforme padrões das normas devem exibir, em local de ampla visibilidade, a
de acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da credencial de beneficiário, a ser confeccionada e
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, fornecida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão
em caso de emergência. suas características e condições de uso.
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no ca- § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
put deste artigo devem atender às normas de acessi- artigo sujeita os infratores às sanções previstas no inciso
bilidade em vigor. XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) .          (Redação
sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
deficiência.       (Vigência) § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência é vinculada à pessoa com deficiência que possui
não poderá ser superior ao valor cobrado das demais comprometimento de mobilidade e é válida em todo o
pessoas. território nacional.
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre,
construídos observando-se os princípios do desenho aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os
LEGISLAÇÃO BÁSICA

universal, além de adotar todos os meios de acessi- portos e os terminais em operação no País devem ser
bilidade, conforme legislação em vigor.        (Vigên- acessíveis, de forma a garantir o seu uso por todas as
cia)        (Reglamento) pessoas.
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão § 1º Os veículos e as estruturas de que trata o ca-
disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de put deste artigo devem dispor de sistema de comu-
seus dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 nicação acessível que disponibilize informações sobre
(uma) unidade acessível. todos os pontos do itinerário.

18
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência Resposta: Letra A. Em “a”, nos termos do art. 11 do
prioridade e segurança nos procedimentos de Estatuto da Pessoa com Deficiência: “A pessoa com
embarque e de desembarque nos veículos de deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a
transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas. intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a ins-
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de titucionalização forçada”.
acesso nos veículos, as empresas de transporte Em “b”, o diagnóstico e a intervenção precoces sur-
coletivo de passageiros dependem da certificação de gem como direito fundamental ligado diretamente à
acessibilidade emitida pelo gestor público responsável habilitação e reabilitação (art. 15, I).
pela prestação do serviço. Em “c”, o consentimento prévio, livre e esclarecido da
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de pessoa com deficiência é indispensável para a reali-
turismo, na renovação de suas frotas, são obrigadas zação de tratamento, procedimento, hospitalização e
ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 desta pesquisa científica (art. 12).
Lei.         (Vigência) Em “d”, não havendo pessoa com deficiência interes-
Art. 50. O poder público incentivará a fabricação sada na unidade reservada, ela será disponibilizada
de veículos acessíveis e a sua utilização como táxis para outras pessoas (art. 32, §3º).
e vans , de forma a garantir o seu uso por todas as Em “e”, o direito fundamental ao trabalho se refere à
pessoas. promoção e garantia de acesso e de permanência da
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar pessoa com deficiência no campo de trabalho (art. 35).
10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pes-
soa com deficiência.         (Vide Decreto nº 9.762, de 2. (TRT 21ª REGIÃO-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO –
2019) (Vigência) ÁREA JUDICIÁRIA – FCC – 2017) Nos termos da Lei n°
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou 13.146/2015, o atendimento da pessoa com deficiência
de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido:
pessoa com deficiência.
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos a) será admitido, exclusivamente, em casos de risco de
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos morte, e desde que preenchidos os demais requisitos
veículos a que se refere o caput deste artigo. legais, tendo em vista que a ausência de consentimen-
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a ofe- to é absolutamente excepcional.
recer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com b) só será admitido em casos de risco de morte e de
deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de emergência em saúde, e desde que preenchidos os
sua frota.        (Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vi- demais requisitos legais.
gência) c) será admitido em qualquer circunstância, desde que
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no as autoridades públicas vislumbrem tal necessidade,
mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, vi- haja vista a presunção de vulnerabilidade da pessoa
dros elétricos e comandos manuais de freio e de em- com deficiência.
breagem. d) não será admitido em qualquer hipótese, por expressa
vedação legal.
e) será admitido, exclusivamente, em casos de risco de
morte, inexistindo qualquer outro requisito legal a ser
observado em tais hipóteses.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra B. Em “a” e “e”, também se admite
1. (DPE-AM – ANALISTA JURÍDICO DE DEFENSO- nos casos de emergência em saúde (art. 13), havendo
RIA – CIÊNCIAS JURÍDICAS – FCC – 2018) A lei brasi- exigências legais a serem observadas.
leira de inclusão da pessoa com deficiência, que instituiu Em “b”, disciplina o art. 13 do Estatuto da Pessoa com
o Estatuto da Pessoa com Deficiência, previu como di- Deficiência: “A pessoa com deficiência somente será
reitos fundamentais da pessoa com deficiência o direito: atendida sem seu consentimento prévio, livre e escla-
recido em casos de risco de morte e de emergência
a) à não submissão à institucionalização forçada, como em saúde, resguardado seu superior interesse e ado-
direito ligado à vida. tadas as salvaguardas legais cabíveis”.
b) ao diagnóstico e intervenções precoces, como direito Em “c”, apenas se admite em circunstâncias específi-
fundamental ligado à saúde. cas.
c) de consentir de forma prévia, livre e esclarecida, antes Em “d”, admite-se em alguns casos – risco de morte e
de qualquer procedimento, hospitalização ou pesqui- emergência em saúde.
sa científica, como direito ligado à reabilitação.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

d) de reserva de percentual de unidades habitacionais, 3. (TRT 21ª REGIÃO-RN – ANALISTA JUDICIÁRIO –


oriundas de programas habitacionais, mesmo no caso ÁREA JUDICIÁRIA – FCC – 2017) Considere:
de não surgirem interessados, como direito ligado à
habitação. I. Deficiência Física.
e) de prioridade no atendimento, com maior facilidade II. Deficiência Mental.
no campo de trabalho, como direito ligado à assistên- III. Deficiência Intelectual.
cia e previdência social. IV. Deficiência Sensorial.

19
Nos termos da Lei n° 13.146/2015, os espaços dos ser- 4. organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
viços de saúde, tanto públicos quanto privados, devem concessão ou permissão, os seus serviços públicos;
assegurar o acesso da pessoa com deficiência, em con- 5. dispor sobre administração, utilização e alienação
formidade com a legislação em vigor, mediante a remo- de seus bens;
ção de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de 6. adquirir bens, inclusive através de desapropriação
ambientação de interior e de comunicação que atendam por necessidade, utilidade pública ou por interesse so-
às especificidades das pessoas com deficiência. Tal nor- cial;
ma destina-se às deficiências constantes em: 7. elaborar o seu Plano Diretor, através do Instituto de
Planejamento e Pesquisa Urbana;
a) I, II e IV, apenas. 8. promover o adequado ordenamento territorial, me-
b) I e III, apenas. diante planejamento e controle do uso, do parcela-
c) I, II, III, e IV. mento e da ocupação do solo urbano;
d) II e III, apenas. 9. estabelecer as servidões necessárias aos seus ser-
e) I e IV, apenas. viços;
10. regulamentar a utilização dos logradouros pú-
Resposta: Letra C. Em “I”, “II”, “III” e “IV”, todas as de- blicos, especialmente no perímetro urbano, tomando
ficiências enumeradas estão incorporadas ao Estatuto, providências quanto a:
conforme o art. 2º: “Considera-se pessoa com defici- a) prover o transporte coletivo urbano, que poderá ser
ência aquela que tem impedimento de longo prazo operado através de concessão ou permissão, ou de for-
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o ma direta;
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode b) prover o transporte individual de passageiros;
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade c) fixar e sinalizar os locais de estacionamentos de ve-
em igualdade de condições com as demais pessoas”. ículos, os limites das “zonas de silêncio” e de trânsito e
Mencionam-se as deficiências física (I), mental (II), in- tráfego em condições especiais;
d) disciplinar os serviços de carga e descarga e fixar
telectual (III) ou sensorial (IV).
tonelagem máxima permitida a veículos que circulem
em vias públicas municipais;
e) definir e regulamentar a execução dos serviços e
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE atividades desenvolvidas nas vias urbanas;
CUIABÁ DE 15 DE DEZEMBRO DE 2004 E 11. sinalizar as vias urbanas e as estradas municipais,
bem como regulamentar e fiscalizar sua utilização;
POSTERIORES ALTERAÇÕES. 12. prover sobre limpeza das vias e logradouros públi-
cos, remoção e destino do lixo domiciliar e de outros
resíduos de qualquer natureza;
TÍTULO I 13. ordenar as atividades urbanas, fixando condições
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES e horários para funcionamento de estabelecimentos
Capítulo I industriais, comerciais e similares, observadas as nor-
DO MUNICÍPIO mas federais pertinentes;
14. dispor sobre o serviço funerário e dos cemitérios,
Art. 1º O Município de Cuiabá, Capital do Estado de encarregando-se da administração daqueles que fo-
Mato Grosso, é pessoa jurídica de direito público in- rem públicos e fiscalizando os pertencentes a ativida-
terno, dotada de autonomia política, administrativa, des privadas;
financeira e legislativa, nos termos consagrados pelas 15. prestar serviços de atendimento à saúde da po-
Constituições Federal, Estadual e por esta Lei. pulação;
Art. 2º São poderes do Município, independentes e 16. manter programas de educação pré-escolar e de
harmônicos entre si, o Legislativo e o Executivo. ensino fundamental;
Art. 3º São símbolos do Município de Cuiabá: o Bra- 17. regulamentar, autorizar e fiscalizar a afixação de
são, o Hino e a Bandeira, representativos da cultura, cartazes e anúncios, bem como a utilização de quais-
da história e tradição do seu povo. quer outros meios de publicidade e propaganda, nos
locais sujeitos ao poder de polícia municipal;
Capítulo II 18. dispor sobre depósito e destino de animais e mer-
DA COMPETÊNCIA cadorias apreendidas, em decorrência de transgressão
da legislação municipal;
Art. 4º Ao Município de Cuiabá compete: 19. dispor sobre registro, vacinação e captura de ani-
I - dispor sobre assunto de interesse local, cabendo- mais, com a finalidade de erradicação da raiva e de
-lhe, entre outras, as seguintes atribuições: outras moléstias de que possam ser portadoras ou
LEGISLAÇÃO BÁSICA

1. elaborar o plano plurianual, as diretrizes orçamen- transmissoras;


tárias e os orçamentos anuais, nos termos da seção II, 20. constituir guardas-municipais destinadas à prote-
do título IV, da Constituição Federal; ção das instalações, bens e serviços municipais, con-
2. Instituir e arrecadar tributos de sua competência, forme dispuser a lei;
bem como prestar contas e publicar balancetes; 21. promover a guarda da Documentação Pública
3. arrecadar e aplicar rendas que lhe pertencerem, na e Histórica do Município e franquear sua consulta a
forma da lei; quem delas necessitar;

20
22. promover e incentivar o turismo local, como fator TÍTULO II
de desenvolvimento social e econômico; DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
23. quanto aos estabelecimentos industriais, comer- Capítulo I
ciais e similares, agir dentro dos seguintes critérios: DO PODER LEGISLATIVO
a) conceder ou renovar licença para localização, insta- SEÇÃO I
lação e funcionamento; DA CÂMARA MUNICIPAL
b) revogar a licença daqueles cujas atividades se tor-
narem prejudiciais à saúde, à higiene, ao bem-estar, à Art. 6º O Poder Legislativo é exercido pela Câmara
recreação, ao sossego público ou aos bons costumes; Municipal, composta de Vereadores, eleitos através
c) promover o fechamento daqueles que funcionarem do sistema proporcional, representando o povo, com
sem licença ou em desacordo com a lei; mandato de quatro anos.
24. estabelecer e impor penalidades por infração das § 1º Cada legislatura terá a duração de quatro anos,
leis e regulamentos pertinentes; compreendendo a cada sessão, dois períodos legisla-
25. apoiar as entidades representativas comunitárias, tivos.
materializando, se legais e necessárias, as reivindica- § 2º O número de Vereadores será fixado pela Justiça
ções que forem apresentadas; Eleitoral, tendo em vista a população do Município e
26. criar, juntamente com outros Municípios, progra- observados os limites estabelecidos na Constituição
mas através de consórcios para promoverem o desen- Federal e Estadual.
volvimento e superar limitações de problemas comuns.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no Art. 7º São condições de elegibilidade para o mandato
que couber. de Vereador, na forma da Lei Federal, em especial:
I - a nacionalidade brasileira;
Art. 5º Ao município de Cuiabá cabe, sem prejuízo da II - o pleno exercício dos direitos políticos;
competência da União e do Estado, observando nor- III - o alistamento eleitoral;
mas de cooperação estabelecidas por lei complemen- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
tar federal: V - a filiação partidária;
I - zelar pela guarda da Constituição, das Leis e das VI - a idade mínima de dezoito anos e;
Instituições Democráticas e conservar o patrimônio VII - ser alfabetizado.
público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção Art. 8º A Câmara Municipal reunir-se-á anualmente,
na sede do Município, de 15 de fevereiro a 30 de junho
e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
e de 1º de agosto a 15 de dezembro.
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
§ 1º As reuniões para essas datas serão transferidas
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos
para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem
e as paisagens naturais notáveis, e os sítios arqueo-
em sábados, domingos e feriados.
lógicos;
§ 2º A Câmara se reunirá em sessões ordinárias, ex-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza-
traordinárias ou solenes, conforme dispuser o seu Re-
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri-
gimento Interno.
co, artístico e cultural; § 3º A convocação extraordinária da Câmara Munici-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- pal far-se-á:
cação, à ciência e à pesquisa; I - pelo Prefeito, em caso de urgência ou interesse pú-
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição blico relevante;
em qualquer de suas formas; II - pelo Presidente da Câmara ou a requerimento da
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; maioria dos membros da Casa, em caso de urgência
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o ou interesse público relevante.
abastecimento alimentar; § 4º Na sessão legislativa extraordinária, a Câmara
IX - promover programas de construção de moradias Municipal somente deliberará sobre a matéria para a
e a melhoria das condições habitacionais e do sanea- qual for convocada.
mento básico; § 5º As sessões serão públicas, salvo deliberação em
X - combater as causas da pobreza e os fatores de contrário de 2/3 (dois terços) dos Vereadores, para ca-
marginalização, promovendo a integração dos setores sos especificados no Regimento Interno.
desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de Art. 9º As deliberações da Câmara serão tomadas por
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus
e minerais em seu território; membros, salvo disposição em contrário constante na
XII - estabelecer e implantar política de educação para Constituição Federal e nesta Lei Orgânica.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

a segurança do trânsito.
Art. 10 O Ano Legislativo não será encerrado sem a
deliberação sobre o projeto de lei de diretrizes orça-
mentárias.

Art. 11 Compete privativamente à Câmara Municipal,


dentre outras, as seguintes atribuições:

21
I - eleger sua Mesa Diretora, bem como destituí-la na § 2º O Vereador que não tomar posse na sessão pre-
forma desta Lei Orgânica e do Regimento Interno; vista no parágrafo anterior deverá fazê-lo dentro do
II - elaborar e votar o Regimento Interno; prazo de 15 (quinze) dias do início do funcionamento
III - organizar os seus serviços administrativos e prover normal da Câmara, sob pena de perda do mandato,
os respectivos cargos; salvo motivo justo, aceito pela maioria absoluta dos
IV - criar, alterar ou extinguir cargos dos serviços ad- membros da Câmara.
ministrativos e fixar os respectivos vencimentos; § 3º A eleição da Mesa da Câmara para o 2º biênio
V - conceder licença ao Prefeito, ao Vice-Prefeito e aos far-se-á em 20 de dezembro do 2º ano de cada le-
Vereadores para afastamento do cargo; gislatura e a posse dar-se-á no dia 1º de janeiro se-
VI - apreciar e julgar as contas do Prefeito, deliberan- guinte. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica
do sobre o parecer do Tribunal de Contas do Estado, nº 1/1990)
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias após seu rece- § 4º No ato da posse e ao término do mandato, cada
bimento, observados os seguintes preceitos: Vereador, Prefeito e Vice Prefeito deverá fazer a decla-
a) o parecer do Tribunal somente deixará de prevalecer por ração de seus bens, a qual ficará arquivada na Câma-
decisão de dois terços (2/3) dos membros da Câmara; ra, constando das respectivas atas o seu resumo.
b) rejeitadas as contas, serão estas, imediatamente, re- § 5º O mandato da Mesa será de dois anos, vedada a
metidas ao Ministério Público, para os fins de direito; recondução para o mesmo cargo na eleição imediata-
VII - julgar e decretar a perda do mandato do Prefeito, mente subsequente.
Vice-Prefeito e dos Vereadores, nos casos indicados na
Constituição Federal e nesta Lei Orgânica; Art. 13 A Câmara terá comissões permanentes e tem-
VIII - autorizar a realização de empréstimos, operação porárias, constituídas na forma e com atribuições de-
ou acordo externo de qualquer natureza, de interesse finidas no Regimento Interno ou no ato que resultar
do Município; de sua criação.
IX - proceder a tomada de contas do Prefeito, através § 1º As comissões temporárias, criadas por delibera-
de Comissão Especial, quando não apresentada à Câ- ção do Plenário, serão destinadas ao estudo de assun-
mara, dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da tos específicos e à representação da Câmara em con-
sessão legislativa; gressos, solenidades ou outros atos públicos.
X - aprovar convênio, acordo ou qualquer outro ins- § 2º As comissões Parlamentares de Inquérito, que te-
trumento celebrado pelo Município com a União, o rão poderes de investigação próprios das autoridades
Estado, outra pessoa jurídica de direito público inter- judiciais, além de outros previstos no Regimento In-
no ou entidades assistenciais culturais, beneficentes e terno da Casa, serão criadas pela Câmara Municipal,
educacionais;(Inciso declarado inconstitucional pelo mediante requerimento da maioria absoluta dos seus
TJ-MT no julgamento da Adin 33 de 10/02/94). membros, para a apuração de ato ou fato determina-
XI - convocar os Secretários Municipais ou ocupantes do, e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o
de cargos da mesma natureza, através do Executivo caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
Municipal, para prestar esclarecimento sobre matéria promova a responsabilidade civil ou criminal dos in-
de sua competência; fratores. (Declarado inconstitucional pelo TJ-MT no jul-
XII - deliberar sobre suas reuniões, bem como, esta- gamento da ADIN, Classe II, nº 124 em 22/08/2002).
belecer e mudar temporariamente o seu local de fun-
cionamento; Art. 14 A Mesa da Câmara, a pedido de qualquer Vere-
XIII - conceder título de cidadão honorário e demais ador, encaminhará requerimentos escritos de informa-
honrarias a pessoas que reconhecidamente tenham ções, por meio do Chefe do Executivo, aos Secretários
prestado relevantes serviços ao Município, mediante Municipais ou Diretores equivalentes.
Decreto Legislativo aprovado pelo voto de, no mínimo,
2/3 (dois terços) de seus membros; SEÇÃO II
XIV - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, DA MESA DIRETORA
incluindo os da Administração Indireta;
XV - fixar os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito Art. 15 A Mesa, dentre outras atribuições, compete:
e dos Secretários Municipais através de lei; (Redação I - tomar todas as medidas necessárias à regularidade
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003) dos trabalhos legislativos;
XVI - deliberar mediante resolução, sobre assuntos de II - propor projetos que criem ou extingam cargos nos
sua economia interna, inclusive alteração de remune- serviços da Câmara e fixem os respectivos vencimentos;
ração dos servidores da Câmara, e nos demais casos, III - apresentar projetos de lei dispondo sobre aber-
através de Decreto Legislativo. tura de créditos suplementares ou especiais, através
do aproveitamento total ou parcial das consignações
Art. 12 A Câmara reunir-se-á em sessão solene em orçamentárias da Câmara;
LEGISLAÇÃO BÁSICA

1º de janeiro, no primeiro ano da legislatura, para a IV - representar, junto ao Executivo, sobre necessida-
posse de seus membros e eleição de Mesa, bem como des de economia interna;
para a posse do Prefeito e Vice-Prefeito. V - nos projetos de competência exclusiva da Mesa da
§ 1º A posse ocorrerá em sessão solene, que se reali- Câmara, não serão admitidas emendas que aumen-
zará independente de número, sob a Presidência do tem a despesa prevista, ressalvando o disposto no in-
Vereador mais votado dentre os presentes, e em caso ciso II, deste artigo, desde que aprovados por maioria
de empate do mais idoso. absoluta dos membros da Câmara.

22
Art. 16 Dentre outras atribuições, compete ao Presi- SEÇÃO IV
dente da Câmara: DOS VEREADORES
I - representar a Câmara em Juízo e fora dele;
II - dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legislati- Art. 18 Os Vereadores gozam de inviolabilidade por
vos e administrativos da Câmara; suas opiniões, palavras e votos no exercício do man-
III - fazer cumprir o Regimento Interno; dato e na circunscrição do Município.
IV - promulgar as Resoluções e Decretos Legislativos;
V - promulgar as leis com a sanção tácita ou cujo veto Art. 19 É vedado ao Vereador:
tenha sido rejeitado pelo Plenário, e não tenham sido I - desde a expedição do diploma:
promulgadas pelo Prefeito Municipal; a) firmar ou manter contrato com o Município, com
VI - fazer publicar os atos da Mesa, as Resoluções, De- suas autarquias, fundações, empresas públicas, so-
cretos Legislativos e as Leis que vier a promulgar; ciedades de economia mista ou com suas empresas
VII - autorizar as despesas da Câmara; concessionárias de serviço público, salvo quando o
VIII - requerer ao órgão competente por decisão da contrato obedecer a cláusulas uniformes; (Declarada
Câmara, parecer sobre a inconstitucionalidade de lei insconstitucional pelo TJ-MT no julgamento da ADIN
ou ato municipal; nº 46, classe 1 em 27/07/1997)
IX - solicitar, por decisão da maioria absoluta da Câ- b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu-
mara, a intervenção no Município, nos casos admiti- nerado, inclusive os de que seja demissível “ad nutum”,
dos pela Constituição Federal e pela Constituição Es- nos órgãos referidos na alínea anterior, ressalvada a
tadual; posse em virtude de concurso público, aplicando-se,
X - manter a ordem no recinto da Câmara, podendo nesta hipótese, o disposto no artigo 38 da Constituição
solicitar a força necessária para esse fim; Federal;
XI - encaminhar, para parecer prévio, a prestação de II - desde a posse:
contas da Câmara ao Tribunal de Contas do Estado. a) ocupar cargo, função de que seja demissível “ad nu-
tum” nas entidades referidas na alínea “a” do inciso I,
SEÇÃO III salvo o cargo de Secretário Municipal ou equivalente;
DAS ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA MUNICIPAL (Retirada a Liminar T.J-MT, Adin 33 de 10/02/94)
b) exercer outro cargo eletivo federal, estadual ou mu-
Art. 17 Compete a Câmara Municipal, com a sanção nicipal;
do Prefeito, legislar sobre as matérias de competência c) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa
do Município e, especialmente, no que se refere ao se- que goze de favor decorrente de contrato com pessoa
guinte: jurídica de direito público do Município, ou nela exer-
I - tributos municipais, autorizando isenções e anistias cer função remunerada;
fiscais e a remissão de dívidas, quando for o caso; d) patrocinar causa junto ao Município em que seja
II - orçamento anual, plano plurianual e diretrizes or- interessada qualquer das entidades a que se refere a
çamentárias, autorizando a abertura de créditos su- alínea “a” do inciso I.
plementares e especiais, se necessários;
III - obtenção e concessão de empréstimos e operações Art. 20 Perderá o mandato o Vereador:
de créditos, bem como a forma e os meios de paga- I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas
mento; no artigo anterior;
IV - concessão de serviços públicos; II - cujo procedimento for declarado incompatível com
V - concessão de direito real de uso de bens munici- o decoro parlamentar ou atentatório às instituições
pais; vigentes;
VI - concessão administrativa de uso de bens muni- III - que utilizar-se do mandato para a prática de atos
cipais; de corrupção ou de improbabilidade administrativa;
VII - alienação de bens imóveis; IV - que deixar de comparecer, em cada sessão legis-
VIII - aquisição de bens imóveis, salvo quando se tra- lativa anual, à terça parte das sessões ordinárias da
tar de doação sem encargos; Câmara, salvo doença comprovada, licença ou missão
IX - criação e extinção de cargos e funções públicas e autorizada pela Entidade;
fixação dos respectivos vencimentos; V - que fixar residência fora do Município;
X - criação, estruturação e conferencia de atribuições VI - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos.
a Secretários ou Diretores equivalentes e órgãos da § 1º Além de outros casos definidos no Regimento
Administração Pública; Interno, considerar-se-á incompatível com o decoro
XI - plano Diretor de Desenvolvimento Integrado; parlamentar o abuso das prerrogativas asseguradas
XII - delimitação do perímetro urbano e estabeleci- ao Vereador ou a percepção de vantagens ilícitas ou
LEGISLAÇÃO BÁSICA

mento de critérios para a expansão urbana; imorais.


XIII - denominação e alteração de denominação de § 2º Nos casos dos incisos I e II, a perda do manda-
próprios, vias e logradouros públicos; to será declarada pela Câmara, por voto nominal de
XIV - ordenamento, parcelamento, uso e ocupação do maioria absoluta, mediante provocação da Mesa ou
solo urbano; de partido político representado na Câmara, assegu-
XV - tarifas dos serviços públicos praticados pela Pre- rada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda à Lei
feitura ou concessionárias; Orgânica nº 1/2001)

23
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III e IV, a perda do Art. 24 A Lei Orgânica Municipal poderá ser emenda-
mandato será declarada pela Mesa da Câmara, pedi- da mediante proposta:
da em ofício ou mediante provocação de qualquer de I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
seus membros ou de partido político representado na Municipal;
Casa, assegurada ampla defesa. II - do Prefeito Municipal;
III - de iniciativa popular.
Art. 21 O Vereador poderá licenciar-se: § 1º A proposta será votada em dois turnos com in-
I - por motivo de saúde, devidamente comprovado e terstício mínimo de 10 (dez) dias, e aprovada por 2/3
Licença Gestante; (dois terços) dos membros da Câmara Municipal.
II - para tratar, sem remuneração, de interesse par- § 2º A emenda à Lei Orgânica Municipal será promul-
ticular, desde que o afastamento não seja inferior a gada pela Mesa da Câmara, com o respectivo número
30 (trinta) dias e não ultrapasse a 120 (cento e vinte) de ordem.
dias por sessão legislativa e, neste caso, o Vereador § 3º A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vi-
não poderá reassumir o exercício do mandato antes gência de estado de sítio ou de intervenção no Muni-
do término da licença; cípio.
III - para desempenhar missões temporárias, de cará-
ter cultural ou de interesse do Município. Art. 25 A iniciativa das leis cabe a qualquer Vereador,
§ 1º Não perderá o mandato, considerando-se au- ao Prefeito e ao eleitorado que a exercerá sob a forma
tomaticamente licenciado, o Vereador investido no de moção articulada, subscrita, por um mínimo de 5%
cargo de Secretário Municipal ou Diretor equivalente, (cinco por cento) do total do número de eleitores do
conforme previsto no art. 19, inciso II, alínea “a” desta Município.
Lei Orgânica. (Retirada a Liminar T.J-MT)
§ 2º Ao Vereador licenciado nos termos dos incisos I Art. 26 As leis complementares somente serão apro-
e III, a Câmara poderá determinar o pagamento, no vadas se obtiverem maioria absoluta dos votos dos
membros da Câmara Municipal, observados os de-
valor que estabelecer e na forma que especificar, de
mais termos de votação das leis ordinárias.
auxílio-doença ou de auxílio especial.
Parágrafo Único - Serão leis complementares, dentre
§ 3º O auxílio de que trata o parágrafo anterior pode-
outras, as previstas nesta Lei Orgânica:
rá ser fixado no curso de legislatura e não será com-
I - código Tributário do Município;
putado para o efeito de cálculo da remuneração dos
II - código de Obras e Edificações;
Vereadores.
III - plano Diretor de Desenvolvimento Integrado;
IV - código Sanitário e de Posturas do Município;
§ 4º Independentemente de requerimento, considerar- V - código de Defesa do Meio Ambiente e Recursos
-se-á como licenciado o Vereador privado, tempora- Naturais;
riamente, de sua liberdade, em virtude de processo VI - lei Instituidora do Regime Jurídico Único dos Ser-
criminal em curso. vidores Municipais;
§ 5º Na hipótese do § 1º, o Vereador poderá optar pela VII - lei Orgânica Instituidora da Guarda-Municipal;
remuneração do mandato. VIII - lei de Criação de Cargos, Funções ou Empregos
§ 6º A licença prevista no inciso II e III deste artigo de- Públicos. (Declarado inconstitucional pelo TJ-MT no
pende de aprovação do Plenário e, no caso do inciso I, julgamento da Adin 33 de 10/02/94) (Revogado pela
a licença será concedida pela Mesa Diretora. Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
Art. 22 Dar-se-á a convocação do suplente de Verea- Art. 27 São de iniciativa exclusiva do Prefeito as leis
dores, nos casos de vaga ou de licença do titular por que disponham sobre:
prazo superior a 120 (cento e vinte) dias. I - criação, transformação ou extinção de cargos, fun-
§ 1º O suplente de Vereador convocado deverá tomar ções ou empregos públicos na Administração Direta,
posse no prazo de 10 (dez) dias, contados da convoca- autárquica e fundacional e sua remuneração;
ção, salvo justo motivo aceito pela Câmara. II - servidores públicos, seu regime jurídico, provimen-
§ 2º Enquanto a vaga a que se refere o parágrafo an- to de cargos, estabilidade e aposentadoria;
terior não for preenchida, calcular-se-á o “quorum” III - criação e extinção de Secretarias e órgãos da Ad-
em função dos vereadores remanescentes. ministração Pública;
IV - matéria orçamentária e a que autorize abertu-
SEÇÃO V ra de crédito ou conceda auxílio, prêmios e subven-
DO PROCESSO LEGISLATIVO ções.(Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº
11/2003)
Art. 23 O processo legislativo municipal compreende Parágrafo Único - Não será admitido aumento da des-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

a elaboração de: pesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do


I - emendas à Lei Orgânica Municipal; Prefeito Municipal.
II - leis complementares;
III - leis ordinárias; Art. 28 O Prefeito poderá solicitar urgência para apre-
IV - resoluções; ciação de projetos de sua iniciativa, considerados re-
V - decretos legislativos. levantes, os quais deverão ser apreciados no prazo de
45 (quarenta e cinco) dias.

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§ 1º Decorrido, sem deliberação, o prazo previsto no Capítulo II
“caput” deste artigo, o projeto será obrigatoriamen- DO PODER EXECUTIVO
te incluído na ordem do dia até que se ultime a sua SEÇÃO I
votação, sobrestando-se a deliberação sobre qualquer DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO
outra matéria, exceto veto e leis orçamentárias.
§ 2º O prazo referido neste artigo não corre no período Art. 32 O Poder Executivo Municipal é exercido pelo
de recesso da Câmara e nem se aplica aos projetos de Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais ou Di-
codificação e de lei complementar. retores com cargos equivalentes.
Parágrafo Único - Aplica-se à elegibilidade para Pre-
Art. 29 O projeto de lei aprovado pela Câmara será, feito e Vice-Prefeito o disposto no Art. 7º, desta Lei
no prazo de 10 (dez) dias úteis, enviado ao Prefeito Orgânica e a idade mínima de vinte e um anos.
Municipal, que, concordando, o sancionará no prazo
de 15 (quinze) dias úteis. Art. 33 A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito rea-
§ 1º Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias úteis, o si- lizar-se-á simultaneamente, nos termos estabelecidos
lêncio do Prefeito importará em sanção tácita. no Art. 29, incisos I e II da Constituição Federal.
§ 2º Se o Prefeito considerar o projeto, no todo ou em § 1º Será considerado eleito Prefeito o candidato que,
parte, inconstitucional ou contrário ao interesse pú- registrado por partido político, obtiver a maioria ab-
blico, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de 15 soluta dos votos, não computados os em branco e os
(quinze) dias úteis, contados da data do recebimento nulos.
e comunicará dentro de 48 (quarenta e oito) horas ao § 2º Se nenhum candidato alcançar maioria absolu-
Presidente da Câmara, os motivos do veto. ta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até
§ 3º O veto parcial somente abrangerá texto integral vinte dias (20) após a proclamação do resultado, con-
do artigo, de parágrafo, de inciso e de alínea. correndo os dois candidatos mais votados e conside-
§ 4º O veto será apreciado no prazo de 15 (quinze) rando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos
dias, contados do seu recebimento, com parecer ou válidos.
sem ele, em uma única discussão e votação. § 3º Ocorrendo, antes de realizado o segundo turno,
§ 5º O veto somente será rejeitado pela maioria abso- morte, desistência ou impedimento legal do candida-
luta dos vereadores, mediante votação nominal. (Re- to, convocar-se-á dentre os remanescentes, o de maior
dação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 2/2001) votação.
§ 6º Esgotado, sem deliberação, o prazo estabelecido § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, remanes-
no § 4º, o veto será colocado na “Ordem do Dia” da cendo, em segundo lugar, mais de um candidato com
sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, a mesma votação qualificar-se-á o mais idoso.
até a sua votação final.
§ 7º Se o veto for rejeitado, o projeto será enviado ao Art. 34 O Prefeito e Vice-Prefeito, no ato da posse,
Prefeito Municipal para promulgação, no prazo de 48 prestarão compromisso de manter, defender e cumprir
(quarenta e oito) horas. a Lei Orgânica, observar as leis da União, do Estado
§ 8º Se o Prefeito não promulgar a lei nos prazos pre- e do Município, promover o bem geral dos munícipes
vistos, e ainda no caso de sanção tácita, o Presidente e exercer o cargo sob inspiração da democracia, da
da Câmara a promulgará, e se este não o fizer no pra- legitimidade e da legalidade.
zo de 48 (quarenta e oito) horas, caberá ao 1º Vice- Parágrafo Único - Decorridos dez dias da data fixada
-Presidente fazê-lo, em igual prazo. para a posse, se o Prefeito ou o Vice-Prefeito, salvo
§ 9º A manutenção do veto não restaura a matéria motivo de força maior, não tiver assumido o cargo,
suprimida ou modificada pela Câmara. este será declarado vago.

Art. 30 Os projetos de resolução disporão sobre maté- Art. 35 Substituirá o Prefeito, no caso de impedimento
rias de interesse interno da Câmara e os projetos de e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Prefeito.
decreto legislativo sobre os demais casos de sua com- § 1º O Vice-Prefeito não poderá se recusar a substituir
petência privativa. o Prefeito, sob pena de extinção do mandato.
Parágrafo Único - Nos casos de projeto de resolução § 2º O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que
e de projeto de decreto legislativo, considerar-se-á en- lhe forem conferidas por lei, auxiliará o Prefeito, sem-
cerrada, com a votação final, a elaboração da norma pre que por ele for convocado para missões especiais.
jurídica, que será promulgada pelo Presidente da Câ- Art. 36 Em caso de impedimento do Prefeito e do Vice-
mara. -Prefeito ou vacância dos respectivos cargos, assumirá
a administração municipal o Presidente da Câmara.
Art. 31 A matéria constante de projeto de lei rejeita- Parágrafo Único - O Presidente da Câmara, recusan-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

do somente poderá constituir objeto de novo projeto, do-se, por qualquer motivo, a assumir o cargo de Pre-
na mesma sessão legislativa, mediante proposta da feito, renunciará, incontinente, à sua função de diri-
maioria absoluta dos membros da Câmara. (Declara- gente do Legislativo, ensejando, assim, a assunção do
do inconstitucional pelo TJ-MT no julgamento da Adin seu substituto imediato, ou a eleição de outro mem-
33 de 10/02/1994) bro, para ocupar como Presidente da Câmara, a chefia
do Poder Executivo, não havendo substituto.

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Art. 37 Verificando-se a vacância dos respectivos car- X - enviar à Câmara os projetos de leis relativos ao
gos de Prefeito e inexistindo Vice-Prefeito, observar- orçamento anual e ao plano plurianual do Município
-se-á o seguinte: e das autarquias;
I - ocorrendo a vacância nos três primeiros anos de XI - encaminhar à Câmara, até 15 de abril, a prestação
mandato, dar-se-á eleição noventa dias após a sua de contas, bem como os balanços do exercício findo;
abertura, cabendo aos eleitos completar o período dos XII - encaminhar aos órgãos competentes os planos
seus antecessores; de aplicação e as prestações de contas exigidas em lei;
II - ocorrendo a vacância no último ano do mandato, XIII - fazer publicar os atos oficiais;
assumirá o Presidente da Câmara, que completará o XIV - prestar à Câmara, dentro de 15 (quinze) dias
período. úteis, as informações pela mesma solicitada, salvo
prorrogação, a seu pedido e por prazo determinado,
Art. 38 O mandato do Prefeito é quatro anos, vedada em face da complexidade da matéria ou da dificul-
a reeleição para o período subsequente, e terá início dade de obtenção nas respectivas fontes, dos dados
em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. pleiteados;
XV - superintender a arrecadação dos tributos, bem
Art. 39 O Prefeito e o Vice-Prefeito, quando no exer- como a guarda e a aplicação da receita, autorizando
cício do cargo, não poderão, sem licença da Câmara as despesas e pagamento dentro das disponibilidades
Municipal, ausentar-se do Município por período de orçamentárias ou dos créditos votados pela Câmara;
15 (quinze) dias, sob pena de perda do cargo ou do XVI - colocar à disposição da Câmara, dentro de 10
mandato. (dez) dias de sua requisição, as quantias que devam
§ 1º O Prefeito regularmente licenciado terá direito a ser despendidas de uma só vez e até o dia 20 de cada
perceber a remuneração, quando: mês, os recursos correspondentes às suas dotações or-
I - impossibilitado de exercer o cargo, por motivo de çamentárias, compreendendo os créditos suplementa-
doença devidamente comprovada; res e especiais;
II - em gozo de férias; XVII - aplicar multas previstas em lei e contratos, bem
III - a serviço ou em missão de representação do Mu- como revê-las quando impostas irregularmente;
nicípio. XVIII - resolver sobre os requerimentos, reclamações
§ 2º O Prefeito gozará férias anuais de trinta (30) dias, ou representações que lhe forem dirigidas;
sem prejuízo da remuneração. XIX - convocar extraordinariamente a Câmara quan-
do o interesse da administração o exigir;
SEÇÃO II XX - aprovar projetos de edificação e planos de lote-
DAS ATRIBUIÇÕES DO PREFEITO amento, arruamento e zoneamento urbano ou para
fins urbanos;
Art. 40 Ao Prefeito, como chefe da administração, XXI - apresentar, anualmente, à Câmara, relatório
compete dar cumprimento às deliberações da Câma- circunstanciado sobre o estado das obras e dos ser-
ra, dirigir, fiscalizar e defender os interesses do Mu- viços municipais, bem assim o programa para o ano
nicípio, bem como adotar, de acordo com a lei, todas seguinte;
as medidas administrativas de utilidade pública, sem XXII - organizar os serviços internos das repartições
exceder as verbas orçamentárias. criadas por lei, sem exceder as verbas para tal desti-
nadas;
Art. 41 Compete ao Prefeito, entre outras atribuições: XXIII - contrair empréstimos e realizar operações de
a iniciativa das leis, na forma e casos previstos nesta crédito, mediante prévia autorização da Câmara;
Lei Orgânica; XXIV - providenciar sobre a administração dos bens do
I - a iniciativa das leis, na forma e casos previstos nes- Município e sua alienação, na forma da lei;
ta Lei Orgânica; XXV - organizar e dirigir, nos termos da lei, os serviços
II - representar o Município em Juízo e fora dele; relativos às terras do Município;
III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis apro- XXVI - desenvolver o sistema viário do Município;
vadas pela Câmara e expedir os regulamentos para XXVII - conceder auxílios, prêmios e subvenções, nos
sua fiel execução; limites das respectivas verbas orçamentárias e do pla-
IV - vetar, no todo ou em parte, os projetos de leis no de distribuição, prévia e anualmente aprovado pela
aprovados pela Câmara; Câmara;
V - decretar, nos termos da lei, a desapropriação por XXVIII - solicitar o auxílio das autoridades policiais do
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse so- Estado, para garantia do cumprimento de seus atos;
cial; XXIX - adotar providências para a conservação e sal-
VI - expedir decretos, portarias e outros atos adminis- vaguarda do patrimônio municipal;
LEGISLAÇÃO BÁSICA

trativos; XXX - publicar, até 30 (trinta) dias após o encerramen-


VII - permitir ou autorizar o uso de bens municipais, to de cada bimestre, relatório resumido da execução
por terceiros; orçamentária;
VIII - permitir ou autorizar a execução de serviços por XXXI - subscrever ou adquirir ações, realizar ou au-
terceiros; mentar capital de Sociedade de Economia Mista ou
IX - prover os cargos públicos e expedir os demais atos de Empresa Pública, desde que haja recursos hábeis,
referentes à situação funcional dos servidores; mediante autorização da Câmara Municipal;

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XXXII - dispor, a qualquer título, no todo ou em parte, I - cumprir e fazer cumprir de acordo com as instru-
de ações ou capital que tenha subscrito, adquirido, re- ções recebidas do Prefeito, as leis, resoluções, regula-
alizado ou aumentado, mediante autorização da Câ- mentos e demais atos do Prefeito e da Câmara;
mara Municipal; II - fiscalizar os serviços distritais;
XXXIII - enviar à Câmara Municipal projeto de lei que III - atender as reclamações das partes e encaminhá-
discipline sobre o regime de concessão e permissão de -las ao Prefeito, quando se tratar de matéria estranha
serviços públicos; às suas atribuições ou quando lhe for favorável a de-
XXXIV - decretar estado de calamidade pública. cisão proferida;
Parágrafo Único - O Prefeito poderá delegar, por de- IV - indicar ao Prefeito providências necessárias ao
creto, a seus auxiliares, as funções administrativas Distrito;
previstas nos incisos IX, e XXI deste artigo. V - prestar contas ao Prefeito, mensalmente ou quan-
do lhe forem solicitadas.
SEÇÃO III
DA PERDA E EXTINÇÃO DO MANDATO Art. 47 O Administrador Regional, em caso de licença
ou impedimento, será substituído por pessoa de livre
Art. 42 É vedado ao Prefeito e ao Vice-Prefeito acei- escolha do Prefeito.
tar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,
inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum” na TÍTULO III
Administração Pública Direta ou Indireta, ressalvada GOVERNO MUNICIPAL E ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
a posse em virtude de concurso público, aplicando-se, CA
nesta hipótese, o disposto no artigo 38, da Constitui- Capítulo I
ção Federal. (Liminar T.J.) DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Parágrafo Único - A infração ao disposto neste artigo
importará em perda do mandato. Art. 48 A Administração Pública Municipal é o conjun-
to de órgãos e entidades institucionais, orçamentários,
Art. 43 As incompatibilidades declaradas no art. 19, financeiros patrimoniais e humanos dotado de poder
seus incisos e letras, estendem-se, no que forem apli- normativo, regulamentar, de polícia, disciplinar e hie-
cáveis, ao Prefeito e aos Secretários Municipais ou Di- rárquico, destinado ao fomento, intervenção, serviço
retores equivalentes. público, legislativo e execução das decisões do gover-
no para a consecução dos interesses coletivos. (Reda-
Art. 44 São crimes de responsabilidade e infrações ção dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
político-administrativas do Prefeito, os previstos em § 1º A Administração Pública Municipal direta com-
Lei Federal. preende os órgãos e serviços da estrutura administra-
Parágrafo Único - O Prefeito será julgado pela prática tiva do Poder Executivo ou do Poder Legislativo.
de crime de responsabilidade, perante o Tribunal de § 2º A Administração Pública indireta compreende as
Justiça e por infrações político-administrativas, peran- entidades dotadas de personalidade jurídica própria
te a Câmara Municipal. realizada por: (Redação dada pela Emenda à Lei Or-
gânica nº 12/2003)
Art. 45 Será declarado vago, pela Câmara Municipal,
I - autarquia;
o cargo de Prefeito, quando:
II - fundação de direito público ou privado;
I - ocorrer falecimento, renúncia ou condenação por
III - empresa pública; e
crime funcional ou eleitoral;
IV - sociedade de economia mista;
II - deixar de tomar posse, sem motivo justo aceito
pela Câmara, dentro do prazo de dez (10) dias;
Art. 49 A Administração pública direta e indireta de
III - infringir as normas dos artigos 19 e 30 desta Lei
todos os Poderes do Município de Cuiabá obedecerá
Orgânica;
IV - perder ou tiver suspensos os direitos políticos. aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Art. 46 São auxiliares diretos do Prefeito: I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
I - os Secretários Municipais ou Diretores equivalentes; síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es-
II - os Administradores Regionais dos Distritos ou das tabelecidos em Lei, assim como aos estrangeiros, na
Administrações Regionais a serem criadas por Lei. forma da lei;
§ 1º Os auxiliares diretos do Prefeito farão declaração II - a investidura em cargo ou emprego público de-
de bens no ato da posse e no término do exercício do pende de aprovação prévia em concurso público de
cargo, as quais ficarão arquivadas, constando das res- provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
pectivas atas o seu resumo. za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º Os Administradores das Regionais e dos Distritos, prevista em lei, ressalvada as nomeações para cargo
serão de livre nomeação e exoneração pelo Chefe do em comissão declarado em lei de livre nomeação e
Poder Executivo, sendo enquadrados na Estrutura Or- exoneração;
ganizacional do Gabinete do Prefeito. (Redação dada III - o prazo de validade do concurso público será de
pela Emenda à Lei Orgânica nº 1/1996) até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
§ 3º Aos Administradores Regionais, como delegados IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
do Executivo compete: de convocação, aquele aprovado em concurso público

27
de provas ou de provas e títulos será convocado com XVIII - a administração fazendária e seus servidores
prioridade sobre novos concursados para assumir car- fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
go, na carreira; jurisdição, precedência sobre os demais setores admi-
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente nistrativos, na forma da lei;
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos XIX - somente por lei específica poderá ser criada au-
em comissão, preenchidos por servidores de carreira tarquia e autorizada instituição de empresa pública,
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, bendo à lei complementar, neste último caso, definir
chefia e assessoramento; as áreas de sua atuação;
VI - é garantido ao servidor público o direito à livre XX - depende de autorização legislativa, em cada caso,
associação sindical; a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos no parágrafo anterior, assim como a participação de
limites definidos em lei específica; qualquer delas em empresa privada;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e as obras, serviços, compras e alienações serão contra-
definirá os critérios de sua admissão; tados mediante processo de licitação pública que asse-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por gure igualdade de condições a todos os concorrentes,
tempo determinado para atender a necessidade tem- com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
porária de excepcional interesse público; mento, mantidas as condições efetivas da proposta,
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsí- nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
dio de que trata o art. 56 somente poderão ser fixados cias de qualificação técnica e econômica indispensável
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa à garantia do cumprimento das obrigações. (Redação
privativa de cada caso, assegurada revisão geral anu- acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
al, sempre na mesma data e sem distinção de índi- § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
e campanhas dos órgãos públicos deverão ter caráter
ces; (Redação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº
educativo, informativo ou de orientação social, dela
12/2003)
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
que caracterizem promoção pessoal de autoridades
cargos, funções e empregos públicos da administra-
ou servidores públicos. (Redação dada pela Emenda à
ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
Lei Orgânica nº 12/2003)
de qualquer dos Poderes do Município, dos detentores
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III,
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
implicará a nulidade do ato e a punição da autorida-
os proventos, pensões ou outra espécie remunerató- de responsável, nos termos da lei. (Redação dada pela
ria percebidos cumulativamente, ou não, incluídas as Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
vantagens pessoais, não poderão exceder o subsídio § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribu- usuário na administração pública direta e indireta,
nal Federal; regulando especialmente: (Redação acrescida pela
XII - os vencimentos ou subsídio dos cargos do Poder Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
Legislativo não poderão ser superiores aos pagos pelo I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
Poder Executivo; públicos em geral, asseguradas à manutenção de ser-
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- dica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
neração de pessoal do serviço público; II - o acesso dos usuários a registros administrativos
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servi- e as informações sobre atos de governo, observado o
dor público não serão computados nem acumulados disposto no art. 5º, X e XXXIII da Constituição Federal;
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; e
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de III - a disciplina da representação contra o exercício
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva- negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
do o disposto na Constituição Federal; na administração pública.
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
horários, observado em qualquer caso o disposto no função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
inciso XI: sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
a) a de dois cargos de professor; em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
científico; ou ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
LEGISLAÇÃO BÁSICA

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
sionais de saúde, com profissões regulamentadas. respectivas ações de ressarcimento.
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
e funções e abrangem autarquias, fundações, empre- reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
sas públicas, sociedades de economia mista, suas sub- derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
sidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
mente, pelo poder público; contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao Parágrafo Único - Na eleição para a escolha do Di-
ocupante de cargo ou emprego da administração di- retor de Ação Social e Conselho Fiscal do IPEMUC,
reta ou indireta que possibilite o acesso a informações excetua-se do disposto no “Caput”, podendo votar to-
privilegiadas. dos os servidores que contribuem mensalmente para a
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financei- referida instituição. (Redação dada pela Emenda à Lei
ra dos órgãos e entidades da administração direta e Orgânica nº 4/1995)
indireta poderá ser ampliada mediante contrato a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, Art. 52 O município instituirá o conselho de política de
que tenha por objeto a fixação de metas de desempe- administração e remuneração de pessoal, integrado
nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor por servidores designados pelos respectivos poderes.
sobre:
I - o prazo de duração do contrato; Art. 53 A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
II - os controles e critérios de avaliação de desempe- mais componentes do sistema remuneratório obser-
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri- vará:
gentes; e I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
III - a remuneração do pessoal. xidade dos cargos componentes de cada carreira;
§ 9º O disposto no inciso IX aplica-se às empresas pú- II - os requisitos para a investidura; e
blicas e às sociedades de economia mista, e suas sub- III - as peculiaridades dos cargos.
sidiárias, que receberem recursos do Município para
pagamento de despesas com pessoal ou de custeio Art. 54 O Município poderá manter escola de governo
geral. para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos públicos, constituindo-se a participação nos cursos um
de aposentadoria decorrentes do art. 60 desta lei, com dos requisitos para a promoção na carreira, facultada,
a remuneração do cargo, emprego ou função pública, para isso a celebração de convênios ou contratos entre
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta lei, os entes federados.
os cargos eletivos e os cargos em comissão declara-
dos em lei de livre nomeação e exoneração. (Redação Art. 55 Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003) público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX da Constituição Fe-
Capítulo II deral, podendo a lei estabelecer requisitos diferencia-
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS dos de admissão quando a natureza do cargo o exigir.

Art. 50 Ao servidor público da administração direta, Art. 56 O detentor de mandato eletivo e os Secretários
autárquica e fundacional, no exercício de mandato Municipais serão remunerados exclusivamente por
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003) de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, verba de representação ou outra espécie remunera-
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do 49, X e XI desta lei.
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
pela sua remuneração; Art. 57 A remuneração dos servidores públicos orga-
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- nizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de artigo 56 desta lei.
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu-
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- Art. 58 Os Poderes Executivo e Legislativo publicarão
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; anualmente os valores do subsídio dos cargos públi-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para cos.
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
será contado para todos os efeitos legais, exceto para Art. 59 A lei disciplinará a aplicação de recursos or-
promoção por merecimento; ou çamentários provenientes da economia com despesas
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
afastamento, os valores serão determinados como se aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
no exercício estivesse; (Redação acrescida pela Emen- dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
da à Lei Orgânica nº 12/2003) modernização, reaparelhamento e racionalização do
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Art. 51 Da Direção das entidades da Administração prêmio de produtividade.


Pública Municipal Indireta e Fundacional e seus res-
pectivos conselhos ou órgão normativo participarão, Art. 60 O servidor público municipal será aposentado
obrigatoriamente, pelo menos um diretor e um conse- na forma prevista no artigo 40 da Constituição Fede-
lheiro, representante dos servidores, eleitos por estes, ral.
mediante voto direto e secreto, dentre filiados de asso-
ciação profissional e sindicatos da categoria.

29
Art. 61 São estáveis após 03 (três) anos de efetivo exer- ou servidor que negar ou retardar a sua expedição,
cício os servidores nomeados para cargo de provimen- assim como atender as requisições judiciais em igual
to efetivo em virtude de concurso público e só perderá prazo, se outro não fixado pela lei ou autoridade ju-
o cargo o servidor: diciária.
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
gado; Art. 65 O Poder Executivo publicará e enviará ao Po-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja der Legislativo num prazo máximo de 30 (trinta) dias
assegurada ampla defesa; ou após o encerramento de cada trimestre, relatórios
III - mediante procedimento de avaliação periódica de completos sobre os gastos publicitários da administra-
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- ção direta e indireta.
rada ampla defesa.
§ 1º Invalidada por sentença judicial a demissão do Art. 66 O não cumprimento no disposto neste capítulo
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual implicará em nulidade do contrato e punição da auto-
ocupante do cargo, se estável, será reconduzido ao ridade responsável nos termos da lei. (Redação dada
cargo de origem, sem direito à indenização, e aprovei- pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003)
tado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço. Capítulo IV
§ 2º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- DAS OBRAS E SERVIÇOS MUNICIPAIS
de, o servidor estável ficará em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até Art. 67 Lei Municipal, observadas as normas gerais
seu adequado aproveitamento em outro cargo. estabelecidas pela União, disciplinará o procedimen-
§ 3º Como condição para a aquisição da estabilidade, to de licitação, imprescindível à contratação de obras,
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por serviços, compras e alienações no Município.
comissão instituída para essa finalidade § 1º Fica proibida a participação de empresas envolvi-
das em todo e qualquer ato que configure corrupção,
Art. 62 As normas administrativas que criam, modifi- nos processos de licitação, para vendas ou prestações
cam ou extinguem direitos dos servidores públicos da de serviços ao Poder Executivo Municipal, bem como à
administração pública direta ou indireta do município Câmara Municipal.
serão estabelecidas somente através de lei. (Redação § 2º Confirmada a participação das referidas Empre-
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 12/2003) sas em atos que ferem os preceitos de ordem moral, e
que estejam qualificadas no artigo acima, serão elas
impedidas e afastadas do Cadastro Municipal.
Capítulo III
§ 3º Caso o envolvimento supra for comprovado, após
DA PUBLICIDADE DOS ATOS
o término do processo de licitação, e inclusive no de-
correr da transação quer de compra, quer de prestação
Art. 63 Os atos da administração pública municipal
de serviços, imediatamente o contrato deverá ser res-
em geral serão publicados na “Gazeta Municipal” ou
cindido, não cabendo ônus da rescisão ao Município.
no “Diário Oficial do Estado” ou na falta de ambos em
§ 4º Nas licitações do Município e de suas Entidades
jornal de grande circulação.
de administração, direta, indireta e fundacionais, ob-
§ 1º Os Poderes Executivo e Legislativo organizarão servar-se-ão, sob pena de nulidade, os princípios de
a publicação das leis e atos municipais na imprensa isonomia, publicidade, probidade e vinculação ao ins-
local, através de licitação. trumento convocatório.
§ 2º Os Poderes Executivo e Legislativo organizarão
registros de seus atos e documentos de forma a pre- Art. 68 Nenhuma obra pública, salvo nos casos de ex-
servar-lhes a inteireza e possibilitar-lhes a consulta e trema urgência devidamente justificados, será realiza-
extração de cópias e certidões, sempre que necessário. da sem que conste:
§ 3º A publicidade a que se refere esse artigo é restri- I - o respectivo projeto;
ta ao território do município, exceto aquelas inseridas II - o orçamento do seu custo;
em órgão de comunicação impressos em circulação III - a indicação dos recursos financeiros para atendi-
nacional. mento das respectivas despesas;
§ 4º As empresas estatais sujeitas a concorrência de IV - a viabilidade do empreendimento, sua conveniên-
mercado deverão restringir sua publicidade ao seu cia e oportunidade para o interesse público;
objetivo social, não estando sujeitas ao determinado V - os prazos para o seu início e término.
no § 3º.
§ 5º Verificada a violação o disposto neste artigo, ca- Art. 69 O Município organizará e prestará, diretamen-
berá a Câmara Municipal, por maioria absoluta, de- te ou sob regime de concessão ou permissão, os servi-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

terminar a suspensão imediata da propaganda ou ços públicos de sua competência.


publicidade. § 1º O transporte coletivo, direito do munícipe é dever
do poder público, terá caráter essencial e será presta-
Art. 64 Os Poderes Executivo e Legislativo são obriga- do, de preferência, diretamente pelo Município.
dos a fornecer a qualquer interessado, no prazo máxi- § 2º A concessão de serviço público será outorgada
mo de 15 (quinze) dias, certidões de atos, contratos e mediante contrato precedido de concorrência e auto-
decisões, sob pena de responsabilidade da autoridade rização legislativa.

30
§ 3º A permissão de serviço público, sempre a título Art. 78 A alienação de bens municipais, subordinada
precário, será outorgada por decreto, após edital de à existência de interesse público devidamente justifi-
chamamento de interessados, para escolha do melhor cado, será sempre precedida de avaliação e obedecerá
pretendente. às seguintes normas:
§ 4º Os serviços concedidos e permitidos ficarão sem- I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla-
pre sujeitos à regulamentação e fiscalização do Mu- tiva e concorrência, dispensada esta nos casos de:
nicípio, incumbindo aos que os executem sua perma- a) doação, devendo constar do contrato dos encargos
nente atualização e adequação às necessidades dos do donatário, o prazo de seu cumprimento e a cláu-
usuários. sula de retrocessão, sob pena de nulidade do ato; (Li-
§ 5º O Município poderá intervir na prestação dos ser- minar T.J.)
viços concedidos ou permitidos para corrigir distorções b) permuta.
ou abusos, bem como retomá-los, sem indenização, II - quando móveis, dependerá de licitação, dispensa-
desde que executados em desconformidade com o da esta nos seguintes casos:
contrato ou ato, ou quando se revelarem insuficientes a) doação, que será permitida exclusivamente para
para o atendimento dos usuários. fins de interesse social;
b) permuta.
Art. 70 As tarifas dos serviços públicos e de utilidade § 1º O Município, no que se refere à venda ou doação
pública deverão ser fixadas pelo Prefeito, tendo em de seus bens imóveis, outorgará concessão de direito
vista a justa remuneração, segundo critérios estabe- real de uso, mediante prévia autorização legislativa e
lecidos em lei. concorrência.
§ 2º A concorrência poderá ser dispensada por lei,
Art. 71 Fica o Poder Executivo Municipal obrigado a quando o uso se destinar à concessionária de serviço
encaminhar cópias dos projetos e contratos dos servi- público, a entidades assistenciais ou quando houver
ços e obras públicas às entidades representativas das relevante interesse público, devidamente justificado.
Comunidades envolvidas. (Liminar T.J.) § 3º A venda aos proprietários de imóveis lindeiros de
áreas urbanas remanescentes e inaproveitáveis para
Capítulo V edificação, resultantes de obras públicas, dependerá
DA DIVISÃO POLÍTICA E GEOGRÁFICA DO MUNI- de prévia avaliação e autorização legislativa.
CÍPIO § 4º As áreas resultantes de modificação de alinha-
mento serão alienadas nas mesmas condições, quer
Art. 72 Lei Municipal específica manterá atualizada a sejam aproveitáveis ou não.
definição dos limites do perímetro urbano do Muni-
cípio. Art. 79 O uso de bens municipais por terceiros poderá
ser feito mediante concessão, permissão ou autoriza-
Art. 73 Os limites do território do Município só podem ção, se o interesse público o justificar.
ser alterados na forma estabelecida na Constituição § 1º A concessão administrativa dos bens públicos de
Federal. (Retirada a Liminar T.J.) uso especial e dominial far-se-á mediante contrato
Parágrafo Único - Compete ao Município, observada precedido de autorização legislativa e concorrência,
a legislação estadual, a criação, organização e supres- dispensada esta, por lei, quando o uso se destinar a
são de distritos. concessionária de serviço público e entidades assisten-
ciais, ou quando houver interesse público relevante,
Art. 74 Lei específica criará e definirá as Administra- devidamente justificado.
ções Regionais, bem como os limites de suas respecti- § 2º A permissão, que poderá incidir sobre qualquer
vas jurisdições. bem público, será feita a título precário, por decreto.
§ 3º A autorização, que poderá incidir sobre qualquer
Capítulo VL bem público, será feita por portaria, para atividades
DO PATRIMÔNIO MUNICIPAL ou usos específicos e transitórios, pelo prazo máximo
de 90 (noventa) dias.
Art. 75 Integram o Patrimônio do Município os bens
móveis e imóveis, direitos e ações que, por qualquer TÍTULO IV
título, lhe pertençam. DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, FINANCEIRO E ORÇA-
Parágrafo Único - O Palácio Alencastro é bem público MENTOS
inalienável. Capítulo I
DAS RECEITAS MUNICIPAIS
Art. 76 Cabe ao Prefeito a administração do Patrimô- SEÇÃO I
LEGISLAÇÃO BÁSICA

nio Municipal, respeitada a competência da Câmara DAS DISPOSIÇÕES GERAIS


quanto aos bens utilizados, em seus serviços.
Art. 80 Constituem receitas do Município:
Art. 77 A aquisição de bens imóveis, por compra ou I - tributos que lhe são constitucionalmente discrimi-
permuta, dependerá de prévia avaliação e autorização nados, compreendendo impostos, taxas e contribui-
legislativa. ções de melhoria;

31
II - transferências provenientes de sua participação na Parágrafo Único - A interrupção na prestação dos ser-
arrecadação de tributos da União e do Estado; viços públicos desobriga o contribuinte de pagar as
III - rendas de seus bens, serviços e atividades compre- tarifas ou taxas correspondentes ao período do servi-
endendo preços públicos e preços privados; ço paralisado e receber em dinheiro na mesma razão,
IV - financiamento, empréstimo, subvenções, auxílios caso o mesmo tenha efetuado o pagamento em cota
e doações de outras entidades e pessoas. única.
Parágrafo Único - Os preços e tarifas públicas serão
fixadas pelo Executivo, por decreto e observadas as Art. 84 A contribuição de melhoria poderá ser institu-
normas gerais de Direito Financeiro e as leis atinentes ída por lei e cobrada dos proprietários de imóveis em
à espécie. decorrência da execução de obras públicas municipais.

SEÇÃO II Art. 85 O produto da arrecadação das taxas e das con-


DOS TRIBUTOS tribuições de melhoria destinam-se, exclusivamente,
ao custeio dos serviços e atividades ou das obras pú-
Art. 81 Atendidos os princípios da Constituição Fede- blicas que lhes dão fundamento. (Liminar T.J.)
ral e as normas do Direito Tributário estabelecidos em
Lei Complementar Federal, sem prejuízo de outras ga- Art. 86 O Município instituirá por lei contribuição so-
rantias que a legislação municipal assegura ao contri- cial, a ser cobrada de seus servidores, para custeio, em
buinte, poderá o Município instituir, através de leis, os beneficio destes, do Sistema Municipal de Previdência
seguintes tributos: e Assistência Social.
I - impostos;
II - taxas; Art. 87 Lei Municipal poderá instituir Unidade Padrão
III - contribuições de Melhorias; Fiscal Municipal, para efeito de atualização dos crédi-
IV - contribuição Social. (Liminar T.J.) tos fiscais do Município.

Art. 82 Compete ao Município instituir impostos sobre: Art. 88 A concessão de isenção e de anistia ou remis-
I - Propriedade Predial e Territorial Urbana (I.P.T.U.): são fiscal dependerá de autorização legislativa, em lei
a) o IPTU poderá ser progressivo, ou regressivo, nos específica, aprovada por maioria absoluta dos mem-
termos da lei municipal, de forma a assegurar o cum- bros da Câmara Municipal.
primento da função social da propriedade; § 1º A remissão de créditos tributários somente poderá
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato ocorrer nos casos de calamidade pública ou notória
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão fí- pobreza do contribuinte. (Retirada a Liminar T.J-MT,
sica, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de ga- no julgamento da Adin 33 de 10/02/1994)
rantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição: § 2º A concessão de isenção, anistia ou moratória não
a) este imposto compete ao Município da situação do gera direito adquirido e será revogada de ofício, sem-
bem e não incide sobre transmissão de bens e direi- pre que se apure que o beneficiário não satisfazia ou
tos incorporados ao patrimônio de pessoas jurídicas deixou de satisfazer as condições.
em realização de capital, nem sobre a transmissão
de bens e direitos decorrentes de fusão, incorporação, Art. 89 O Município divulgará, até o último dia útil
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses do mês subsequente ao da arrecadação, os montan-
casos, a atividade preponderante do adquirente for tes de cada um dos tributos arrecadados, bem como
a compra e venda desses bens ou direito, locação de os recursos recebidos, os valores de origem tributária
bens imóveis ou arrendamento mercantil. entregues e a entregar e a expressão numérica dos
III - vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos critérios de rateio.
(IVV) ;
IV - serviços de qualquer natureza, não compreen- SEÇÃO III
didos na competência do Estado e definidos em Lei DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
Complementar Federal (ISS).
Parágrafo Único - Sempre que possível, os impostos Art. 90 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas
terão caráter pessoal e serão graduados segundo a ao contribuinte, é vedado ao Município:
capacidade econômica do contribuinte, facultando à I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
administração tributária, especialmente para conferir II - instituir tratamento desigual entre contribuintes
efetividade a esse objetivo, identificar, respeitados os que se encontrarem em situação equivalente, proibida
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, qualquer distinção em razão de ocupação profissional
os rendimentos e as atividades econômicas do contri- ou função por eles exercidas e, independente da deno-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

buinte. minação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;


III - cobrar tributo:
Art. 83 As taxas só poderão ser instituídas por lei mu- a) em relação ao fato gerador, ocorrido antes do início
nicipal, em razão do exercício do poder de polícia ou da vigência da lei que o houver instituído ou aumen-
pela utilização efetiva ou potencial dos serviços públi- tado;
cos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido pu-
ou postos à sua disposição pelo Município. blicada a lei que o institui ou aumentou.

32
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; ou relativas a títulos ou valores mobiliários, incidente
V - instituir imposto sobre: sobre o ouro, quando definido em lei federal como ati-
vo financeiro ou instrumento cambial.
c) patrimônio, renda ou serviços uns dos outros;
d) templos de qualquer culto; Art. 92 O Município receberá vinte e cinco por cento
e) patrimônio, renda ou serviço de partidos políticos, dos recursos que o Estado receber da União, nos ter-
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos mos do art. 159, inciso II, da Constituição Federal.
trabalhadores, das instituições de educação e de as-
sistência social, sem fins lucrativos, observados os re- Capítulo II
quisitos da lei; DO PLANEJAMENTO MUNICIPAL
f) os imóveis tombados pelos órgãos competentes; SEÇÃO I
g) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua DISPOSIÇÕES GERAIS
impressão;
VI - estabelecer diferenças tributárias entre bens e ser- Art. 93 O Governo Municipal manterá processo de pla-
viços de qualquer natureza, em razão de sua proce- nejamento, visando promover o desenvolvimento do
dência ou destino. Município, o bem da população e a melhoria da pres-
§ 1º A vedação expressa na alínea “a” do inciso V é tação dos serviços públicos municipais.
extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo poder público, no que se refere ao pa- Art. 94 O Planejamento Municipal deverá orientar-se
trimônio, à renda e aos serviços, vinculadas às suas pelos seguintes princípios básicos:
finalidades essenciais ou delas decorrentes. I - democracia e transparência na sua elaboração e no
§ 2º O disposto na alínea “a”, do inciso V e no parágra- acesso às informações disponíveis;
fo anterior não compreende o patrimônio, a renda e os II - eficiência e eficácia na utilização dos recursos fi-
serviços relacionados com a exploração de atividades nanceiros, técnicos e humanos disponíveis;
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empre- III - complementaridade e integração de políticas, pla-
endimentos privados, ou em que haja contraprestação nos e programas setoriais;
ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem IV - viabilidade técnica e econômica das proposições,
exonera o promitente comprador da obrigação de pa- avaliada a partir do interesse social da solução e dos
gar o imposto relativamente ao bem imóvel. benefícios públicos;
§ 3º As vedações expressas na alínea “b” e “c” do inci- V - respeito e adequação à realidade local e regional
so Vl, compreendem somente o patrimônio, a renda e e consonância com os planos e programas estaduais e
os serviços relacionados com as finalidades essenciais federais existentes.
das entidades nelas relacionadas.
§ 4º A vedação estabelecida na alínea “b” do inciso V Art. 95 A elaboração e a execução dos planos e dos
será suspensa sempre que caracterizado o dano por programas do Governo Municipal obedecerão às dire-
ação ou omissão, comprovada pelo órgão competente, trizes de um Plano Diretor e terão acompanhamento
na forma da lei. e avaliação permanentes, de modo a garantir o seu
êxito e assegurar sua continuidade, no horizonte do
SEÇÃO IV tempo necessário.
DA PARTICIPAÇÃO DO MUNICÍPIO NAS RECEITAS
TRIBUTÁRIAS Art. 96 O planejamento das atividades do Governo
Municipal obedecerá às diretrizes deste capítulo e será
Art. 91 Pertencem ao Município: feito por meio de elaboração e manutenção atualiza-
I - Produto da arrecadação do imposto da União, so- da, entre outros, dos seguintes instrumentos:
bre rendas e produtos de qualquer natureza, incidente I - plano Diretor;
na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, II - plano de Governo;
pelo Município, pelas autarquias e fundações que ins- III - lei de Diretrizes Orçamentárias;
titua e mantenha; IV - orçamento Anual;
II - Cinquenta por cento do produto da arrecadação V - plano Plurianual.
do imposto da União, sobre propriedade territorial ru- Parágrafo Único - Aos instrumentos do planejamento
ral, relativamente aos imóveis situados no município municipal mencionados neste artigo deverão incorpo-
(IPTR); rar-se as propostas constantes dos planos e dos pro-
III - Cinquenta por cento do produto da arrecadação gramas setoriais do Município.
do imposto do Estado, sobre propriedade dos veículos
automotores licenciados no Município (IPVA); SEÇÃO II
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV - Vinte e cinco por cento do produto arrecadado do DA COOPERAÇÃO DAS ENTIDADES NO PLANEJA-
imposto do Estado, sobre operações relativas à circu- MENTO MUNICIPAL
lação de mercadorias e sobre prestação de serviços de
transportes interestadual e intermunicipal e de comu- Art. 97 O Município buscará, por todos os meios ao seu
nicação (ICMS); alcance, a cooperação das entidades representativas
V - Setenta por cento de produto da arrecadação do no planejamento municipal.
imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro

33
Parágrafo Único - Para fins deste artigo, entende-se § 3º O Orçamento Anual compreenderá:
como entidade representativa o grupo legalmente or- I - o orçamento fiscal da administração direta munici-
ganizado, de fins lícitos. pal, incluindo fundos especiais;
II - os orçamentos das entidades de administração in-
Art. 98 O Município submeterá à apreciação das En- direta, inclusive das fundações instituídas pelo Poder
tidades, antes de encaminhá-los a Câmara Municipal, Público Municipal;
os projetos de lei do Plano Plurianual, do Orçamento III - o orçamento de investimentos das empresas em
Anual e do Plano Diretor, a fim de receber sugestões que o Município, direta ou indiretamente, detenha a
quanto à oportunidade e ao estabelecimento de prio- maioria do capital social com direito a voto;
ridades das medidas propostas. IV - o orçamento da seguridade social, abrangendo
§ 1º O Poder Público Municipal estabelecerá calendá- todas as entidades e órgãos a ela vinculadas, da admi-
rio da realização das assembleias gerais de 1º de feve- nistração direta ou indireta, inclusive fundações insti-
reiro à 30 de maio de cada ano, onde serão discutidas tuídas e mantidas pelo Poder Público Municipal.
as prioridades para o orçamento do ano subsequente.
(Liminar T.J.) Art. 101 Os orçamentos previstos no § 3º do artigo an-
§ 2º Os projetos de que trata este artigo ficarão à dis- terior serão compatibilizados com o plano plurianual
posição das Entidades durante 30 (trinta) dias, antes e as diretrizes orçamentárias, evidenciando os progra-
das datas fixadas para a sua remessa à Câmara Mu- mas e políticas do Governo Municipal.
nicipal. (Liminar T.J.)
Art. 102 Os projetos de Lei Orçamentária serão acom-
Art. 99 Para elaboração do Orçamento Anual, o Po- panhados de demonstrativos dos efeitos decorrentes
der Executivo terá a participação popular, através de das isenções, anistias, remissões, subsídios, e benefí-
assembleias gerais em todos os bairros, onde a equipe cios de natureza financeira, tributária e creditícia.
de planejamento acatará as solicitações de priorida-
des dos bairros, distritos e zona rural. (Liminar T.J.) Art. 103 A Lei Orçamentária Anual não conterá dis-
positivo estranho à previsão de receita e à fixação de
SEÇÃO III despesa, não se incluindo na proibição a autorização
DOS ORÇAMENTOS para a abertura de créditos suplementares e contrata-
ção de operações de créditos, ainda que por antecipa-
Art. 100 Leis de iniciativa exclusiva do Poder Executivo ção de receita, nos termos da lei.
estabelecerão:
I - o Plano Plurianual; Art. 104 Os projetos de lei relativos ao Plano Plurianu-
II - as Diretrizes Orçamentárias; al, às Diretrizes Orçamentárias, ao Orçamento Anual,
III - os Orçamentos Anuais; e aos créditos adicionais, bem como suas emendas, se-
§ 1º O Plano Plurianual compreenderá: rão apreciadas pela Câmara Municipal e, se for o caso,
I - diretrizes, objetivos e metas para as ações munici- aprovados pela maioria absoluta de seus membros.
pais de execução plurianual; § 1º As emendas ao projeto de lei do Orçamento Anu-
II - investimentos de execução plurianual; al ou aos projetos que o modifiquem serão admitidas,
III - gastos com a execução de programas de duração desde que:
continuada. I - sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a
§ 2º As Diretrizes Orçamentárias compreenderão, as Lei de Diretrizes Orçamentárias;
prioridades da Administração Pública Municipal, quer II - indiquem os recursos necessários, admitidos ape-
de órgãos da Administração direta, quer da adminis- nas os provenientes de anulação de despesas, excluí-
tração indireta, com as respectivas metas, incluindo a das as que incidem sobre:
despesa de capital para o exercício financeiro subse- a) dotação para pessoal e seus encargos;
quente; b) serviço da dívida.
I - as prioridades da Administração Pública Munici- III - estejam relacionadas com:
pal, quer de órgãos da Administração direta, quer da a) a correção de erros e omissões;
Administração indireta, com as respectivas metas, in- b) os dispositivos do texto do projeto de lei.
cluindo a despesa de capital para o exercício financei- § 2º As emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orça-
ro subsequente; mentárias não poderão ser aprovadas quando incom-
II - orientações para a elaboração da Lei Orçamentá- patíveis com o Plano Plurianual;
ria Anual, § 3º O Prefeito poderá enviar mensagem à Câmara
III - alterações na legislação tributária; Municipal, propondo modificações nos projetos a que
IV - autorização para a concessão de qualquer vanta- se refere este artigo, enquanto não iniciada a votação
LEGISLAÇÃO BÁSICA

gem ou aumento de remuneração; criação de cargos nas Comissões, da parte cuja alteração é proposta ;
ou alterações de estrutura de carreira, bem como a § 4º Aplicam-se aos projetos mencionados neste arti-
admissão de pessoal a qualquer título, pelas unidades go, no que não contrariar o disposto neste capítulo, as
governamentais da administração direta ou indireta, demais normas relativas ao processo legislativo;
inclusive as fundações instituídas e mantidas pelo Po- § 5º Os recursos financeiros que, em decorrência de
der Público Municipal, ressalvadas as empresas públi- veto, emenda ou rejeição total ou parcial do projeto
cas e as sociedades de economia mista. de Lei Orçamentária Anual, ficarem sem despesas cor-

34
respondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso, § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será
mediante créditos especiais ou suplementares, com admitida para atender despesas imprevisíveis e urgen-
prévia e específica autorização do processo legislativo. tes, como as decorrentes de calamidade pública.

Art. 105 O Prefeito enviará à Câmara projeto de lei: Capítulo III


I - das Diretrizes Orçamentárias, até 31 de março de DA EXECUÇÃO E FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FI-
cada exercício; NANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
II - do Orçamento Anual, até o dia 15 de setembro de
cada exercício. Art. 107 O Município organizará a sua contabilidade
Parágrafo Único - Junto com o projeto da Lei Orça- de modo a evidenciar, com transparência, os fatos li-
mentária Anual, o Prefeito encaminhará também o gados à administração financeira, orçamentária, pa-
projeto de lei do Plano Plurianual correspondente ao trimonial e industrial.
período necessário, para que tenha vigência perma-
nente de um mínimo de três anos. Art. 108 A fiscalização contábil, financeira, orçamen-
tária, operacional e patrimonial do município e das
SEÇÃO IV entidades de sua administração pública direta e in-
DAS VEDAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS direta, quanto à legalidade, legitimidade, economi-
cidade, aplicação das subvenções e renúncias de re-
Art. 106 São vedados: ceitas, será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
I - o início de programas ou projetos não incluídos na mediante controle externo e pelo sistema de controle
Lei Orçamentária Anual; interno do Poder Executivo Municipal.
II - a realização de despesas ou a assunção de obriga- Parágrafo Único - As contas do Município, após pa-
ções diretas que excedam aos créditos orçamentários recer prévio, ficarão, durante 60 (sessenta) dias, anu-
ou adicionais; almente, à disposição de qualquer contribuinte para
III - a realização de créditos que excedam ao montan- exame e apreciação.
te das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas
mediante créditos suplementares ou especiais com Art. 109 Os recursos correspondentes às dotações or-
finalidade precisa, aprovadas pelo Legislativo Munici- çamentárias do Legislativo, inclusive, os créditos suple-
pal, por maioria absoluta; mentares e especiais serão entregues em duodécimos
IV - a vinculação de receita de imposto a órgãos, fun- até o dia vinte de cada mês, em contas estabelecidas
na programação financeira.
dos ou despesas, ressalvadas a destinação de recur-
sos para o desenvolvimento do ensino e prestação de
Art. 110 A despesa de pessoal ativo e inativo ficará
garantias às operações de crédito por antecipação de
sujeita aos limites estabelecidos na Lei Complementar
receita;
a que se refere o artigo 16 da Constituição Federal.
V - a abertura de crédito suplementar ou especial, sem
(Retirada a Liminar TJ-MT, no julgamento da Adin 33,
prévia autorização legislativa e sem indicação dos re-
de 10/02/94)
cursos correspondentes;
Parágrafo Único - A concessão de qualquer vantagem
VI - a transposição, o remanejamento ou a transfe- ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou
rência de recursos de uma categoria de programação a alteração da estrutura de carreiras, bem como a ad-
para outra ou de um órgão para outro, sem prévia missão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e
autorização legislativa; entidades da administração direta ou indireta, inclusi-
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; ve fundações instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
VIII - a utilização, sem autorização legislativa especí- co, só poderão ser feitas:
fica, de recursos do orçamento fiscal para suprir ne- I - se houver prévia dotação orçamentária, suficiente
cessidades ou cobrir déficit de empresas, fundações e para atender às projeções de despesas de pessoal e
fundos especiais; aos acréscimos dela decorrentes;
IX - a utilização de recursos do Orçamento da Seguri- II - se houver autorização específica na Lei de Diretri-
dade Social, para finalidade que não seja a específica zes Orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas
de sua criação; e as sociedades de economia mista;
X - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem III - desde que autorizadas por maioria absoluta do
prévia autorização legislativa. Poder Legislativo. (Adin 33 - Improcedente).
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse
um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia Art. 111 O Poder Executivo publicará e enviará à Câ-
inclusão no Plano Plurianual, ou sem lei que autorize mara Municipal, até 30 (trinta) dias após o encerra-
a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. mento de cada bimestre, relatório resumido da execu-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vi- ção orçamentária dos órgãos da administração direta,
gência no exercício financeiro em que forem autori- das autarquias, das empresas públicas, das sociedades
zados, salvo se o ato de autorização for promulgado de economia mista e das fundações instituídas e man-
nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em tidas pelo Poder Público.
que, reaberto nos limites dos seus saldos, serão incor- § 1º A Câmara Municipal publicará relatório resumido
porados ao Orçamento do exercício financeiro subse- de sua execução orçamentária, até 15 (quinze) dias
quente. após o encerramento de cada bimestre.

35
§ 2º A requerimento de qualquer Vereador serão for- Art. 120 Até 60 (sessenta) dias após início de sessão
necidas cópias de documentos no prazo de 15 (quinze) legislativa de cada ano, o Prefeito Municipal encami-
dias, sob pena de, em não o fazendo, cometer o Poder nhará ao Tribunal de Contas do Estado as contas do
Executivo infração político-administrativa, capitulada Município, que se comporão de:
em lei. I - demonstrações contábeis, orçamentárias e finan-
ceiras consolidadas dos órgãos da administração dire-
Art. 112 Imediatamente após a promulgação da Lei ta bem como as dos Fundos Especiais, das Fundações
Orçamentária Anual, o Poder Executivo elaborará a e das Autarquias, instituídas e mantidas pelo Poder
programação financeira, levando em conta os recur- Municipal e de Empresas Municipais;
sos orçamentários, para utilização dos respectivos cré- II - notas explicativas às demonstrações de que trata
ditos pelas unidades administrativas. este artigo;
Parágrafo Único - O disposto nesse artigo aplica-se III - relatório circunstanciado da gestão dos recursos
aos Poderes Executivo e Legislativo, seus fundos, ór- públicos municipais, no exercício demonstrado.
gãos e entidades da administração direta e indireta,
inclusive fundações instituídas. Art. 121 São sujeitas à tomada de prestação de contas
os agentes da Administração Municipal responsável
Art. 113 O pagamento da despesa regularmente pro- por bens e valores pertencentes ou confiados à Fazen-
cessada e não constante da programação financeira da Pública Municipal.
mensal da unidade, importará na imputação de res- § 1º A tesouraria do Município, ou servidor que exer-
ponsabilidade ao seu ordenador. ça a função correlata, fica obrigada à prestação do
boletim diário da tesouraria, que será fixado em local
Art. 114 As arrecadações das receitas próprias do Mu- próprio na sede da Prefeitura Municipal.
nicípio e de suas entidades de administração indireta § 2º Os demais agentes municipais arrecadadores
poderão ser feitas através de rede bancária privada, apresentarão as suas respectivas prestações de contas
mediante convênio. (Retirada a Liminar TJ-MT) até 05 (cinco) dias após o dia em que o valor tenha
sido recebido.
Art. 115 Serão destinados à Associação dos Municípios § 3º Prestará contas qualquer pessoa física ou entida-
e União dos Vereadores de Mato Grosso, à razão de
de pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
metade para cada uma, 1% (um por cento) da arre-
administre bens e valores municipais ou pelos quais o
cadação do fundo de participação dos Municípios no
Município responda, ou que, em nome deste. assuma
ICMS.(Declarado inconstitucional pelo TJ-MT, no jul-
obrigações de natureza pecuniária.
gamento da Adin 33 de 10/02/1994)
TÍTULO V
Art. 116 As alterações orçamentárias durante o exercí-
cio se representarão:
DA ORDEM ECONÔMICA
I - pelos créditos adicionais, suplementares, especiais Capítulo I
e extraordinários; DISPOSIÇÕES GERAIS
II - pelos remanejamentos, transferências e transpo-
sições de recursos de uma categoria de programação Art. 122 O Município, dentro de sua competência, or-
para outra. ganizará a ordem econômica e social, conciliando a
Parágrafo Único - O remanejamento, a transferência liberdade de iniciativa com os superiores interesses da
e a transposição somente se realizarão, quando auto- coletividade.
rizadas em lei específica que contenha a justificativa.
Art. 123 Na promoção do desenvolvimento econômi-
Art. 117 As receitas e despesas orçamentárias serão co, o Município agirá, sem prejuízo de outras iniciati-
movimentadas através de caixa única, regularmente vas, no sentido de:
instituída. I - fomentar a livre iniciativa;
II - privilegiar a geração de empregos;
Art. 118 A Câmara Municipal terá a sua própria con- III - utilizar tecnologias de uso intensivo de mão-de-
tabilidade e sua própria tesouraria, por onde movi- -obra;
mentará os recursos que lhe forem liberados. IV - racionalizar a utilização de recursos naturais;
V - proteger o meio ambiente;
Art. 119 O contribuinte poderá questionar a legitimi- VI - proteger os usuários dos serviços públicos e os
dade das contas, mediante requerimento por escrito e consumidores;
por ele assinado, perante a Câmara Municipal. VII - dar tratamento privilegiado à pequena produção
§ 1º O Legislativo Municipal apreciará as objeções ou artesanal ou mercantil, às microempresas e às peque-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

impugnações do contribuinte, em sessão ordinária nas empresas locais, considerando sua contribuição
dentro de no máximo 20 (vinte) dias, a contar do seu para a democratização de oportunidades econômicas,
recebimento; inclusive para os grupos sociais mais carentes;
§ 2º Se acolher o requerimento, remeterá o expediente VIII - estimular o associativismo, cooperativismo e as
ao Tribunal de Contas para pronunciamento, e ao Pre- microempresas;
feito para defesa e explicações, depois do que julgará IX - eliminar entraves burocráticos que possam limitar
as contas em definitivo. o exercício da atividade econômica;

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X - desenvolver ação direta ou reivindicativa junto a e) estabelecimento de convênios com creches comu-
outras esferas do governo, de modo a que sejam, entre nitárias e filantrópicas, bem como, sua sistemática
outros, efetivados: avaliação.
a) assistência técnica; § 3º O educador de creche deverá estar vinculado a
b) crédito especializado ou subsidiado; Secretaria Municipal de Educação, na área de educa-
c) estímulos fiscais e financeiros; ção infantil (creches e pré-escola), com formação mí-
d) serviços de suporte informativo ou de mercado. nima do nível médio.
§ 4º Num prazo máximo de 08 (oito) anos deverá ser
Art. 124 O trabalho é obrigação social e garantido a estipulado para que os educadores de creches obte-
todos o direito ao emprego e à justa remuneração, que nham a qualificação necessária à atuação na área.
proporcionem existência digna na família e na socie- § 5º A expansão da rede de creches municipais, dentro
dade. dos padrões de qualidade, poderá, prioritariamente,
ser direcionada a população periférica urbana e da
Art. 125 O Município manterá órgãos especializados, zona rural, a ser realizado em caráter emergencial.
incumbidos de exercer ampla fiscalização dos servi- § 6º O ensino de 1º grau, da 5ª a 8ª séries deverá ser
ços públicos por ele concedidos e da revisão de suas implantado, gradativamente, com participação técni-
tarifas. ca e financeira do Estado. (Redação dada pela Emenda
à Lei Orgânica nº 2/1996)
Art. 126 A fiscalização de que trata este artigo com-
preende o exame contábil e as perícias necessárias à Art. 130 O Poder Público promoverá a ampliação, re-
apuração das inversões de capital e dos lucros auferi- cuperação e aparelhamento das escolas da rede mu-
dos pelas empresas concessionárias. nicipal.

Art. 127 O Município desenvolverá esforços para pro- Art. 131 O Município organizará e manterá sistema
teger o consumidor através de: de ensino próprio, com extensão correspondente às
I - orientação e gratuidade de assistência jurídica, in- necessidades locais de Educação Geral e qualificação
dependente da situação social e econômica do recla- para o trabalho, respeitando às diretrizes e às bases fi-
mante; xadas pela Legislação Federal e disposições supletivas
II - criação de órgãos no âmbito da Prefeitura Munici- da Educação Estadual.
pal, para defesa do consumidor;
III - atuação coordenadora com a União e o Estado. Art. 132 A administração pública municipal assegu-
rará o conteúdo mínimo para a educação pré-escolar
TÍTULO VI e o ensino de primeiro grau, de maneira a propiciar
DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE formação básica comum.
Capítulo I
DA EDUCAÇÃO Art. 133 As unidades escolares terão autonomia na
definição da política pedagógica, respeitados, em seus
currículos, os conteúdos mínimos estabelecidos a nível
Art. 128 O Município organizará seu sistema de ensi-
nacional, tendo como referência os valores culturais
no, garantindo a todos ensino de qualidade, gratuito
e artísticos nacionais e regionais, a iniciação técnico-
e em todos os níveis, pautado nos ideais de igualdade,
-científica e os valores ambientais.
liberdade e solidariedade social, visando o pleno de-
senvolvimento da pessoa humana.
Art. 134 É dever do Município prover as necessidades
em recursos humanos e materiais de forma eficiente
Art. 129 A educação pré-escolar e o ensino de 1º grau,
para atender a demanda do ensino da pré-escola e do
nível I a IV e as creches, para crianças e jovens, é prio-
1º grau.
ritariamente responsabilidade do Município, assim
como a educação para adultos, que a elas não tiverem Art. 135 O dever do Município com a Educação será
acesso em idade própria. efetivado mediante a garantia de:
§ 1º É de responsabilidade do Município, através da 1. presença do atendimento educacional especializado
ação conjunta entre as Secretarias de Educação, Bem- aos portadores de deficiência;
-Estar Social e Saúde, garantir a infraestrutura física e 2. criação de recursos para Programas Educativos, tais
de pessoal adequada para a realização do serviço de como televisão, jornais, rádios, com objetivo de orien-
creche no âmbito dos programas de saúde, educação tar e conscientizar a coletividade;
e assistência. 3. priorização para atendimento em creches dos ir-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

§ 2º As creches deverão estar vinculadas diretamente mãos de portadores de deficiência, a fim de possibili-
a Secretaria de Educação que se responsabilizará por: tar às mães maior assistência ao filho deficiente;
a) manutenção; 4. oportunidade aos portadores de deficiência de rece-
b) gestão; berem educação especial, através de meios e em locais
c) qualificação dos profissionais através de formação adequados, a fim de melhor atender às peculiaridades
específica; que lhes são inerentes;
d) criação de planos de cargos e carreiras;

37
5. atendimento aos educandos adolescentes e adultos, Art. 142 O Município deverá elaborar seu plano de
através de oficinas de trabalho devidamente apare- Educação, de duração plurianual visando à articula-
lhadas; ção, integração e desenvolvimento da educação, bus-
6. atendimento especializado à criança, a partir do cando:
nascimento, compreendendo ações de prevenção, I - erradicar o analfabetismo;
educação precoce, educação pré-escolar, em centros II - capacitar recursos humanos;
especializados, creches e escolas; III - valorizar o pessoal do magistério;
7. gratuidade do ensino na pré-escola e nos de 1º e 2º IV - promover o conhecimento humanístico, científico
graus a todos os portadores de deficiência, através de e tecnológico;
Bolsas de Estudo, subsidiadas pelo Município, quando V - elaborar estatuto e plano único de carreira para
este não dispuser de número suficiente de Escolas para todos os profissionais do magistério.
atender à demanda;
8. gratuidade do ensino de 1º e 2º graus, através de Art. 143 O Município aplicará da receita resultante de
Bolsas de Estudo, a todos os portadores de necessi- impostos, inclusive a proveniente de transferências, na
dades especiais, que demonstrarem efetivo aprovei- manutenção e desenvolvimento da educação escolar,
tamento e comprovarem a falta ou insuficiência de os seguintes percentuais:
recursos; a) um mínimo de 30% (trinta por cento), durante o
9. recenseamento dos educandos portadores de neces- ano de 1.991;
sidades especiais de educação, e oferta de meios para b) um mínimo de 35% (trinta e cinco por cento), a par-
a avaliação diagnóstica, e encaminhamento à frequ- tir do ano de 1.992. (Retirada a Liminar TJ-MT)
ência dos serviços de atendimento especial;
10. acesso e permanência nos níveis mais elevados de Art. 144 A distribuição dos recursos públicos assegu-
ensino, segundo as capacidades individuais; rará prioridade ao atendimento das necessidades do
11. manutenção de programa de suplementação ali- ensino de 1º grau atendido pelo Município.
mentar aos educandos portadores de deficiência;
12. atuação, em colaboração com o Estado, em Edu- Art. 145 Fica criado o Fundo único Municipal de: Edu-
cação Especial. cação, órgão subordinado à Secretaria Municipal de
Parágrafo Único - O Poder Público disporá de normas Educação, cujas atribuições e competências serão
de construção de escolas, logradouros, prédios de uso definidas através de lei ordinária, num prazo de 180
público, fabricação de veículos coletivos, que permi- (cento e oitenta) dias, após a promulgação desta Lei
tam o acesso adequado às pessoas portadoras de de- Orgânica. (Retirada a Liminar TJ-MT)
ficiências.
Art. 146 Os recursos públicos serão destinados às es-
Art. 136 O ensino religioso não será obrigatório e, colas do Município, podendo, excepcionalmente, se-
quando for ministrado, não poderá restringir-se a ape- rem dirigidos às escolas comunitárias e filantrópicas,
nas uma religião. na forma de recursos humanos, conforme normas es-
tabelecidas, pelo Conselho Municipal de Educação.
Art. 137 Constará de matéria do currículo da rede mu-
nicipal de educação, além do inglês, o espanhol, como Art. 147 É proibida qualquer forma de isenção tribu-
línguas estrangeiras. tária ou fiscal, para as atividades de ensino privado.

Art. 138 A educação física é considerada disciplina re- Art. 148 Fica proibida qualquer forma de financia-
gular e de matrícula obrigatória em todos os níveis mento com verbas públicas, para atividades do ensino
de ensino, ministrada por profissional com habilitação privado.
específica.
Parágrafo Único - Lei ordinária disciplinará a prática Art. 149 O ensino na zona rural deverá ter dotação
de educação física, de acordo com o costume, condi- específica para o desenvolvimento de suas atividades.
ção física individual e vínculo de emprego.
Art. 150 O Município deverá implantar, gradativa-
Art. 139 A educação ambiental será enfatizada em mente, o sistema de ensino em turno integral.
todas as séries e graus de ensino, nas disciplinas que
disponham de instrumental ou conteúdo para estudos Art. 151 A merenda escolar é direito de todos os estu-
ambientais. dantes, da criança ao adulto, não podendo faltar nas
zonas urbanas e rurais.
Art. 140 Os poderes públicos instalarão bibliotecas nas
LEGISLAÇÃO BÁSICA

sedes do Município e distritos. Art. 152 O Município garantirá meio de transporte,


para atender os alunos da rede municipal na zona
Art. 141 O Município instituirá na rede municipal de rural.
ensino programas educativos sobre o processo de en-
velhecimento, visando à capacitação e à integração Art. 153 O Município implantará dispositivos para a
do idoso na sociedade. segurança no trânsito nas proximidades das Unidades
Escolares.

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Art. 154 O Escotismo deverá ser considerado como b) a autonomia das entidades desportivas e aos di-
método complementar na Educação. rigentes de associações, quanto à sua organização e
funcionamento;
Art. 155 O dirigente municipal de ensino deverá ser c) a destinação de recursos humanos, financeiros e
escolhido dentre os profissionais da educação. materiais para a promoção do desporto educacional
e, em casos específicos, para o desporto de alto ren-
SEÇÃO I dimento;
DA CULTURA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTU- d) o tratamento diferenciado para o desporto não pro-
RAL fissional, sendo vedado o custeio de despesas para o
desporto profissional.
Art. 156 Compete ao Município, quanto ao patrimônio
histórico-cultural: Art. 158 As ações do Poder Público Municipal e a des-
I - definir e proteger em seu espaço territorial e físi- tinação de recursos para o setor priorizarão:
co, áreas urbanisticamente e/ou arquitetonicamente a) o esporte amador;
representativas e de importância histórica e artística, b) o lazer popular;
e/ou cultural, que passam a compor o Patrimônio c) a criação e manutenção de instalações esportivas e
Municipal, ficando vedadas quaisquer alterações que recreativas nos programas e projetos de urbanização e
comprometam a integridade dos 65 atributos que jus- moradia popular e nas unidades educacionais, exigin-
tificam a sua proteção; do igual participação da iniciativa privada.
II - viabilizar a criação da Comissão Técnica, com a
participação, a fim de identificar e estudar seu patri- SEÇÃO II
mônio natural, histórico e paisagístico; DOS DEFICIENTES E DOS IDOSOS
III - acatar o tombamento do Conjunto Arquitetônico,
Urbanístico e Paisagístico de Cuiabá, já devidamente Art. 159 Ao Município caberá:
identificado, estudado e reconhecido pela Sociedade I - apoiar e incentivar o idoso a apresentar as tradições
Nacional e cujo tombamento foi publicado no Diário em praças públicas da cidade e/ou centros comunitá-
Oficial; (Retirada a Liminar TJ-MT, no julgamento da rios, a fim de reforçar e transmitir nossas raízes cultu-
Adin 33 de 10/02/94) rais à nova geração;
IV - estimular e promover a recuperação física do pa- II - apoiar permanentemente os artistas e artesãos
trimônio edificando, criando incentivos à recuperação idosos.
física das edificações de propriedade particular, e pro-
movendo a proteção das características urbanísticas e Art. 160 O Município garantirá o acesso aos portado-
a revitalização dos conjuntos tombados e/ou signifi- res de deficiência às fontes de cultura e lazer, através
cativos dentro do Município; da eliminação de barreiras que a arquitetura atual
V - criar formas de fiscalização permanente e controle possa apresentar.
da depredação e/ou destruição criminosa ou não, do
Patrimônio Arquitetônico Urbanístico e Paisagístico Art. 161 O Município garantirá a participação de pes-
do Município; soas portadoras de deficiência em todas as atividades
VI - criar formas eficazes de autuação e multa das de lazer e cultura, através de:
obras irregulares, revertendo as multas diretamen- I - incentivo às editoras de obras literárias, por meio de
te para a recuperação do imóvel em questão; (Reti- anistias e isenções fiscais, quando publicarem percen-
rada a Liminar TJ-MT, no julgamento da Adin 33 de tual de suas obras editadas em escrita BRAILE;
10/02/94) II - criação, manutenção e apoio ao funcionamento de
VII - garantir o socorro de urgência às edificações em biblioteca, arquivos, museus, fototecas, espaços cêni-
vias de ruir, mantendo para isso uma equipe de operá- cos, cinematográficos, videográficos e musicais.
rios orientados por técnicos competentes;
VIII - firmar convênios com instituições idôneas para a Art. 162 Caberá ao Município construção, de instala-
realização de programas de divulgação, recuperação e ções adequadas à prática de desportos, bem como sua
socorro ao patrimônio edificado do Município; manutenção e de recursos especializados, para defi-
IX - cooperar com os projetos, programas e ações de cientes e idosos, na seguinte forma:
nível estadual e federal, que promovem a proteção do I - incentivo a práticas esportivas, através de realiza-
meio ambiente edificado no Município. ção de programas permanentes de educação física;
II - inclusão no calendário de eventos, com promoções
Capítulo II específicas, referentes aos desportos e ao lazer.

SEÇÃO I Art. 163 A promoção, o apoio e o incentivo aos esportes,


LEGISLAÇÃO BÁSICA

DOS DESPORTOS atividades corporais e ao lazer serão garantidos, mediante:


a) o incentivo à pesquisa no campo da Educação Físi-
Art. 157 É dever do Município fomentar práticas des- ca, do Desporto e do lazer social;
portivas formais e não-formais, observando-se: b) programas de construção, preservação e manuten-
a) a garantia de atendimento de atividades corporais, ção de áreas para a prática esportiva e o lazer comu-
do desporto, lazer às crianças, principalmente no âm- nitário, com alternativas de utilização para os porta-
bito escolar e aos deficientes e idosos; dores de deficiência e idosos;

39
c) provimento dos cargos e encargos por profissionais VI - Investimento em técnicas alternativas e tecnolo-
habilitados na área específica dos cargos atinentes à gias apropriadas que visam à promoção, proteção e
educação física e ao desporto, tanto nas instituições recuperação da saúde, tais como Fitoterapia, Medicina
públicas como nas privadas; Alternativa, entre outras;
d) garantia do acesso da comunidade às instalações VII - priorização do atendimento integral aos portado-
de lazer e esporte das escolas e centros esportivos do res de deficiências, fornecendo todos os equipamen-
Município, sob orientação de profissionais habilitados, tos necessários à sua integração social, abrangendo a
nos horários e dias que não prejudiquem a prática pe- atenção primária, secundária e terciária;
dagógica formal. VIII - garantia do direito à autorregulação da ferti-
lidade como livre decisão do homem, da mulher ou
Capítulo III do casal, tanto para exercer a procriação como para
DA SAÚDE evitá-la, provendo por meios educacionais, científicos
e assistenciais:
Art. 164 A saúde é direito de todos os Munícipes e de- a) é vedada qualquer forma de indução por parte de
ver do poder público, assegurada mediante políticas instituições públicas e privadas;
sociais, econômicas e ambientais que visem à elimi- b) a medida ora garantida será implantada em con-
nação do risco de doenças e de outros agravos e o junto com o programa de assistência integral da saú-
acesso universal e igualitário às ações e serviços para de da mulher.
sua promoção, proteção e recuperação.
SEÇÃO II
Parágrafo Único - Entende-se como saúde a resultante DO MODELO ASSISTENCIAL
das condições de alimentação, habitação, educação,
renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liber- Art. 167 As ações de saúde, no âmbito do Município,
dade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de reger-se-ão por um modelo assistencial que contem-
saúde, garantidas através de um plano de desenvolvi- pla as ações promocionais preventivas e curativas, in-
mento urbano elaborado de acordo com o Art. 301 da tegradas por meio de uma rede assistencial composta
Constituição do Estado de Mato Grosso. pelos níveis básico, geral, especializado e de interna-
ção, conforme a complexidade do quadro epidemio-
Art. 165 O conjunto das ações e serviços de saúde do lógico local.
Município de Cuiabá integra uma rede regionalizada
e hierarquizada, é desenvolvido por órgãos e insti- SEÇÃO III
tuições públicas, federais, estaduais e municipais, de DO MODELO DE SERVIÇOS
administração direta e indireta, e constitui o Sistema
Único de Saúde (SUS), que é regulamentado por esta Art. 168 Os serviços municipais de saúde compreende-
lei. rão unidades com as seguintes características:
Parágrafo Único - O setor privado participa do SUS I - a unidade básica de serviços de saúde será o Centro
em caráter complementar, segundo diretrizes deste, de Saúde e sua rede-satélite de postos com capacida-
mediante contrato ou convênio, através de licitação de de realizar serviços gerais de atendimento curativo,
pública, tendo preferência as entidades filantrópicas e integrado a prática de saúde coletiva, tais como:
sem fim lucrativo. a) controle ambiental, de vetores, roedores e reserva-
tórios;
SEÇÃO I b) doenças endêmicas, imunizações, vigilância sanitá-
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ria e epidemiológica;
c) acompanhamento nutricional e controle das condi-
Art. 166 O Sistema Único de Saúde será regido pelos ções de saúde de populações de risco;
seguintes princípios fundamentais: d) atendimento a doenças profissionais, acidente de
I - comando único normativo gerencial e administra- trabalho e vigilância das condições de trabalho;
tivo exercido pela Secretaria Municipal de Saúde, em II - os serviços especializados constituir-se-ão em Am-
articulação com a Secretaria do Estado da Saúde; bulatórios, Unidades Mistas e Policlínicas, com capa-
II - integralidade na prestação das ações de Saúde; cidade tecnológica de diagnóstico e terapia das espe-
III - gratuidade dos serviços prestados, sendo vedada cialidades médicas;
a cobrança ao usuário pela prestação de serviços de III - os serviços de alta complexidade compreenderão
assistência à saúde mantidos pelo poder público ou serviços especializados que envolvam a utilização de
serviço privado, contratado ou conveniado pelo Siste- tecnologia complexa que atenda nosologias e proce-
ma Único de Saúde; dimentos, tais como: câncer, hemodiálise, transplantes
LEGISLAÇÃO BÁSICA

IV - controle social através de participação e fiscaliza- e outras de complexidade semelhante;


ção da Comunidade; IV - os serviços previstos no inciso anterior poderão
V - articulação com as instâncias técnicas e de apoio ser organizados por este Município, quando suas ne-
em infraestrutura da Secretaria de Estado da Saúde, cessidades exigirem, por um conjunto de Municípios
tais como: Divisão de Recursos Humanos, Programas em consórcios, ou pelo Estado quando se ultrapassar a
Estratégicos, Rede de Informação e Manutenção de capacidade de resposta do Município, de acordo com
Equipamentos, e outros; o Art. 225 da Constituição do Estado de Mato Grosso.

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SEÇÃO IV
DA GESTÃO Art. 173 O Poder Público Municipal deverá elaborar e
implantar, através de lei, um “Plano Municipal de Meio
Art. 169 O Sistema Único de Saúde será gerido e ad- Ambiente e Recursos Naturais”.
ministrado pela Secretaria Municipal de Saúde, coad-
juvado pelo Conselho Municipal de Saúde. Art. 174 Cabe ao Poder Público, através de seus ór-
§ 1º Os titulares dos cargos de direção e assessora- gãos da administração direta, indireta e fundacional:
mento da Secretaria Municipal de Saúde, enquanto no I - preservar e restaurar os processos ecológicos essen-
desempenho da função, não poderão exercer outros ciais das espécies e dos ecossistemas;
cargos de Chefias ou Direção em órgãos da Adminis- II - definir, criar, implantar e administrar áreas e seus
tração Pública, filantrópicos ou privados. componentes representativos de todos os ecossistemas
§ 2º Fica assegurada a gestão democrática na área originais do espaço territorial do Município, a serem
de saúde, com eleições direta para cargos de chefias especialmente protegidos, sendo a alteração e supres-
de Unidades, Hospitais e Pronto Socorro, com a par- são, inclusive dos já existentes, permitidas somente
ticipação da comunidade civil organizada da área de por meio de lei e vedada qualquer utilização que com-
saúde, segundo normas a serem definidas no Código prometa a integridade dos atributos que justifiquem
Sanitário Municipal. (Retirada a Liminar TJ-MT) sua proteção;
III - garantir a educação ambiental em todos os níveis
SEÇÃO V de ensino e a conscientização pública para a preserva-
DO FINANCIAMENTO E ORÇAMENTO ção do meio ambiente;
IV - proteger a fauna e a flora, vedadas as práticas
Art. 170 O Sistema Único de Saúde será financiado que coloquem em risco sua função ecológica, provo-
com recursos da seguridade social, provenientes do quem extinção de espécies ou submetam os animais
Orçamento do Município, Transferências Federais, Es- a crueldade;
taduais e de outras fontes. V - proteger o meio ambiente e combater a poluição
§ 1º A saúde constitui-se em prioridade do Município, em qualquer de suas formas;
materializada através de recursos financeiros anualmen- VI - promover, no que couber, adequado ordenamento
te previstos em seu orçamento e efetivamente aplicados. territorial mediante planejamento e controle do uso,
§ 2º O Município aplicará percentual nunca inferior do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
a 15% (quinze por cento) do orçamento anual, com VII - proteger o patrimônio natural local, asseguran-
as despesas na área de saúde. (Parágrafo declarado do-lhe a perpetuação e minimização do impacto am-
inconstitucional pelo TJ-MT, no julgamento da Adin 33 biental, observada a legislação e a ação fiscalizadora
de 10/02/94) federal e estadual;
§ 3º É vedada a destinação de recursos públicos para VIII - promover o zoneamento antrópico-ambiental
auxílios ou subvenções a instituições privadas de saú- local, como instrumento para o zoneamento estadual,
de que tenham fins lucrativos. contendo dados sobre os ambientes naturais, paisa-
gens notáveis, mananciais d`água, áreas de relevante
TÍTULO VII interesse ecológico, do ponto de vista fisiográfico, eco-
Capítulo I lógico, hídrico e biológico, como também dos ambien-
DO MEIO AMBIENTE tes alterados pela ação humana, através de atividades
SEÇÃO I poluidoras e degradadoras;
DISPOSIÇÕES GERAIS IX - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
Art. 171 Todos têm direito ao meio ambiente saudá- e minerais em seu território;
vel e ecologicamente equilibrado, bem de uso comum X - proteger as florestas, estimulando e promovendo o
do povo e essencial à adequada qualidade de vida, reflorestamento ecológico em áreas degradadas, ob-
impondo-se a todos e, em especial, ao Poder Público jetivando especialmente a proteção de encostas e dos
Municipal, o dever de defendê-lo e preservá-lo para o recursos hídricos bem como a consecução de índices
benefício das presentes e futuras gerações. mínimos de cobertura vegetal;
Parágrafo Único - O direito ao ambiente saudável es- XI - criar e manter áreas verdes, na proporção mínima
tende-se ao de trabalho, ficando o Município obriga- de 10 (dez) metros quadrados por habitante, sendo o
do a garantir ao trabalhador sua defesa contra toda e Poder Executivo responsável pela remoção de invaso-
qualquer condição nociva à sua saúde física e mental. res e/ou ocupantes dessas áreas;
XII - exigir o reflorestamento, com utilização preferen-
Art. 172 Nos serviços públicos prestados pelo Municí- cial de espécies nativas, de áreas de preservação per-
pio na sua concessão, permissão e renovação, deverão manente, principalmente matas ciliares;
LEGISLAÇÃO BÁSICA

ser avaliados o serviço realizado e seu impacto am- XIII - criar e manter viveiros de mudas destinadas à
biental. arborização de vias e logradouros públicos;
Parágrafo Único - As empresas concessionárias ou XIV - recuperar a vegetação em áreas urbanas, segun-
permissionárias de serviço público deverão atender do critérios definidos em lei;
rigorosamente aos dispositivos de proteção ambien- XV - fazer levantamento ecológico do território urba-
tal, não sendo permitida a renovação da permissão ou no e rural, de forma a reservar áreas para produtos
concessão no caso e reincidência da infração. hortifrutigranjeiros;

41
XVI - requisitar, a realização periódica de auditorias Art. 179 Não poderão ser desafetadas as áreas verdes
nos sistemas de controle de poluição, e prevenção de e praças públicas, enquanto estiverem servindo às fi-
riscos de acidentes nas instalações e atividades de sig- nalidades para que foram criadas, salvo, quando origi-
nificativo potencial poluidor, incluindo a avaliação de- nárias de projetos de loteamento. (Retirada a Liminar
talhada dos efeitos de sua operação sobre a qualidade TJ-MT, no julgamento da Adin 33 de 10/02/94) (Re-
física, química e biológica dos recursos ambientais, dação dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 1/2000)
bem como a saúde dos trabalhadores e da população
afetada; Art. 180 O proprietário de lote urbano que conservar
XVII - garantir o amplo acesso dos interessados a in- adequadamente no mínimo 10% (dez) por cento de
formações sobre as fontes e causas da poluição, da seu imóvel com áreas verdes, terá diminuição no im-
degradação ambiental e, em particular, aos resultados posto territorial urbano, na forma da lei.
das monitoragens e das auditorias a que se refere o
inciso XVI deste artigo; Art. 181 O Poder Público Municipal, através de seu
XVIII - informar sistematicamente e amplamente a órgão específico analisará os aspectos relativos à po-
população sobre os níveis de poluição, a qualidade do luição sonora em todos os licenciamentos, de acordo
meio ambiente, as situações de riscos de acidentes e com normas já previstas em lei estadual e federal.
a presença de substâncias potencialmente danosas à
saúde na água potável e nos alimentos; Art. 182 Do Orçamento Municipal deverão constar
XIX - promover medidas judiciais e administrativas de obrigatoriamente verbas destinadas ao funcionamen-
responsabilização dos causadores de poluição ou de to do Conselho e implantação da política de defesa e
degradação ambiental; proteção ao meio ambiente.
XX - incentivar a integração das Universidades, Ins-
tituições de Pesquisa e Associações Civis nos esforços SEÇÃO II
para garantir e aprimorar o controle da poluição, in- DOS RECURSOS MINERAIS
clusive no ambiente de trabalho;
XXI - estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a Art. 183 Fica terminantemente proibida a exploração
utilização de fontes alternativas não poluentes, bem mineral, por pessoas físicas ou jurídicas no perímetro
como de tecnologias poupadoras de energia; urbano das cidades, distritos e vilas, podendo, entre-
XXII - exigir o inventário das condições ambientais das tanto, ser explorada na área rural, desde que previa-
áreas sob ameaça de degradação ou já degradadas; mente autorizada pelos órgãos competentes na área
XXIII - promover a compostagem do lixo doméstico, municipal, estadual e federal e sejam obedecidos os
industrial e hospitalar, sendo vedada a instalação de critérios técnicos para a preservação do meio ambien-
seu depósito fora das áreas estabelecidas para a refe- te original.
rida compostagem.
Art. 184 O produto dos recursos financeiros recolhidos
Art. 175 O Município deverá formar consórcios com pelo Município, advindo da exploração mineral, deve-
outros municípios, objetivando a solução de proble- rá ser aplicado preferencialmente para minimizar os
mas comuns relativos ao saneamento básico e pre- custos da degradação dessa consequência.
servação dos recursos hídricos e naturais, sendo sua
formação assegurada também com a participação de SEÇÃO III
recursos financeiros estaduais e federais. DOS RECURSOS HÍDRICOS

Art. 176 As pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou pri- Art. 185 O Poder Municipal manterá o Plano de Recur-
vadas, que exerçam atividades consideradas de ação sos Hídricos e instituirá, por lei, sistema de gestão dos
efetiva potencialmente poluidora, ou que possam cau- recursos financeiros e os mecanismos institucionais
sar danos ambientais, serão obrigadas a: necessários para garantir:
I - responsabilizar-se pela coleta e tratamento de resí- I - a utilização racional e armazenamento das águas,
duos poluentes por ela elaborados; superficiais e subterrâneas;
II - automonitorar suas atividades, de acordo com o II - o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e
requerido tecnicamente pelo órgão ambiental compe- o rateio das respectivas obras, na forma da lei;
tente. III - a proteção das águas contra os regimes que pos-
sam comprometer o uso, atual ou futuro;
Art. 177 São indispensáveis as terras públicas patri- IV - a defesa contra outros eventos, que ofereceram
moniais ou devolutas do Município, necessárias à pro- riscos à saúde, à segurança pública e prejuízos econô-
teção dos ecossistemas naturais, devendo ter destina- micos ou sociais.
LEGISLAÇÃO BÁSICA

ção exclusiva para esse fim.


Art. 186 O Município celebrará convênios com o Es-
Art. 178 O direito do usucapião especial, assegurado tado para a gestão por este, das águas de interesse
na Constituição Federal, não incidirá ou não se apli- exclusivamente local, condicionada às políticas e di-
cará sobre as áreas públicas destinadas à preservação retrizes estabelecidas de planos estaduais de bacias
ambiental. hidrográficas, de cuja elaboração também participará.

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Art. 187 Constarão do Plano Diretor disposições rela- II - órgão central: Secretaria Municipal de Planeja-
tivas ao uso, à conservação, à proteção e ao controle mento e Coordenação;
dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, no III - órgão de planejamento: Instituto de Pesquisa e
sentido: Desenvolvimento Urbano;
I - de serem obrigatórios à conservação e proteção das IV - órgãos executivos setoriais: todos aqueles inte-
águas, de área de preservação para abastecimento grantes da Administração Municipal, Estadual e Fe-
das populações, inclusive através de implantação de deral, direta ou indireta, responsáveis total ou par-
matas ciliares; cialmente pela execução dos programas setoriais de
II - de zoneamento de áreas inundáveis, com restrições interesse imediato do desenvolvimento urbano;
de edificação nelas e, evitar maior velocidade de esco- V - órgãos colaboradores: entidades civis representati-
amento à montante por retenção superficial; vas dos setores organizados do Município.
III - da implantação de programas permanentes, vi-
sando à racionalização do uso das águas para abaste- Art. 193 Para assegurar as funções sociais do Municí-
cimento público, industrial e para irrigação; pio, propriedade, o Executivo Municipal poderá utilizar
IV - da implantação de sistemas de alerta e defesa ci- os instrumentos contidos nesta Lei.
vil, para garantir a segurança e a saúde pública, quan-
do de eventos hidrológicos indesejáveis. Art. 194 O Plano Diretor para ser elaborado, deverá
ser constituído de pelo menos três partes: fundamen-
Art. 188 O Município e o Estado estabelecerão pro- tação, diretrizes e instrumentação.
gramas conjuntos, visando ao tratamento dos dejetos § 1º A fundamentação do referido plano será expli-
urbanos e industriais e de resíduos sólidos, de prote- citada pelos objetivos, caracterização, diagnósticos e
ção e de utilização racional das águas, assim como de prognósticos, alternativas e critérios de avaliação;
combate às inundações, à erosão e à poluição. § 2º As diretrizes deverão abranger pelo menos os as-
pectos relativos ao tipo, à intensidade no uso do solo,
Art. 189 Cabe ao Poder Municipal exigir que a capta- ao sistema viário e respectivos padrões, à infraestrutu-
ção em curso d`água para fins industriais, seja feita ra e aos equipamentos sociais da propriedade urbana
à jusante do ponto de lançamento dos afluentes lí- e do Município;
quidos da própria indústria, sendo proibido o despejo § 3º A instrumentação do “Plano Diretor” será cons-
de qualquer substância poluente capaz de tornar as tituída de documentos legais, técnicos, orçamentários,
águas impróprias, ainda que temporariamente para o financeiros e administrativos, de forma a integrar per-
consumo e utilização normais ou para a sobrevivência feitamente os programas, orçamentos e instrumentos
das espécies. do Município com suas diretrizes, viabilizando sua im-
plantação.
Art. 190 Todo e qualquer cidadão tem legitimidade
para apresentar ao Ministério Público Estadual, de- Art. 195 O Plano Diretor só terá validade legal, após
núncia formal por escrito de qualquer dano ou ame- a aprovação pelo Legislativo Municipal das seguintes
aça ao patrimônio ecológico ambiental do Município. Leis:
I - lei do Zoneamento e Uso do Solo;
Capítulo II II - lei do Parcelamento do Solo;
DO DESENVOLVIMENTO URBANO III - código de Defesa do Meio Ambiente e Recursos
SEÇÃO I Naturais;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS IV - código de Obras e Edificações;
V - código Sanitário e de Posturas do Município.
Art. 191 Os objetivos da Política de Desenvolvimento Parágrafo Único - O Plano Diretor deverá ser apre-
Urbano serão os de garantir plenamente as funções sentado suficientemente documentado, na forma de
sociais da cidade e o bem-estar dos habitantes. peças gráficas e relatórios que traduzam adequada-
mente a sua instrumentação, de maneira a torná-lo
Art. 192 A Política de Desenvolvimento Urbano orien- um documento facilmente compreensível e acessível
tará a ação do Executivo Municipal, relativa à distri- aos munícipes.
buição da população e das atividades urbanas no seu
território, definindo as prioridades respectivas, assegu- Art. 196 O Município instituirá, através de Lei Especí-
rando as condições gerais para o desenvolvimento da fica, os critérios e os requisitos mínimos para a defini-
produção, comércio, dos serviços, e particularmente ção e delimitação da área urbana da cidade.
para a plena realização dos direitos dos cidadãos.
§ 1º A Política Municipal do Desenvolvimento Urbano SEÇÃO II
LEGISLAÇÃO BÁSICA

será implantada, por meio de um sistema municipal DA HABITAÇÃO E DO SANEAMENTO


próprio.
§ 2º Compõem o Sistema Municipal de Desenvolvi- Art. 197 O Município se incumbirá de promover e exe-
mento Urbano os órgãos públicos federais, estaduais e cutar programas de construção de moradias popula-
municipais, estruturados nas seguintes formas: res, com lotes urbanos para assentamento da popula-
I - órgão superior: Conselho Municipal de Desenvolvi- ção de baixa renda e garantir condições habitacionais
mento Urbano; e de infraestrutura urbana, em geral as de saneamen-

43
to básico e transporte, assegurando-se sempre um ní- Parágrafo Único - As informações referentes a essas
vel compatível com a dignidade da pessoa humana. concessões serão acessíveis à consulta pública.
Parágrafo Único - O Poder Público dará apoio à cria-
ção de cooperativas e outras formas de organização, Art. 203 As áreas contíguas às rodovias terão trata-
que tenham por objetivo a realização de programas mento especifico através de disposições urbanísticas
de habitação popular. de defesa da segurança dos cidadãos e do patrimônio
paisagístico e arquitetônico das cidades.
Art. 198 O Poder Municipal estabelecerá, através da
Lei, Política Municipal de Habitação e Saneamen- Art. 204 O transporte coletivo de passageiros rodo-
to, que deverá prever a articulação e integração das viário e urbano realizado no Município é um serviço
ações daquele e a participação das comunidades or- público de caráter essencial e de responsabilidade do
ganizadas, bem como os instrumentos institucionais e Poder Público, incluindo-se também o transporte indi-
financeiros de sua execução. vidual de passageiros.
§ 1º Os recursos públicos constantes nesse plano se-
rão priorizados para o atendimento das necessidades Art. 205 A regra geral para adjudicação dos serviços
sociais, e serão previstos no Plano Plurianual e de In- de exploração do transporte coletivo é a licitação pú-
vestimento do Município e no Orçamento Municipal. blica.
§ 2º Quanto ao Saneamento, medidas serão estabe-
lecidas juntamente com as demais atividades da ad- Art. 206 É dever do Poder Municipal fornecer trans-
ministração pública, visando assegurar a ordenação porte condizente com o poder aquisitivo da população
especial das atividades públicas e privadas, para uti- sendo que o reajuste desta tarifa só poderá ocorrer
lização racional da água, do solo e do ar, de modo a com a mesma frequência e período do reajuste sala-
compatibilizar os objetivos de preservação e melhoria rial dos servidores públicos municipais e numa taxa
da qualidade da saúde pública e meio ambiente. nunca superior ao percentual desse mesmo reajuste.
§ 3º O Município apoiará e estimulará pesquisa que
vise à melhoria das condições habitacionais. Art. 207 Poderão ser criadas comissões especiais de
trabalho constituídas por membros do Conselho, téc-
Art. 199 O Poder Público Municipal, em colaboração nicos convidados que contribuam para analisar, estu-
com os segmentos sociais organizados, promoverá e dar e propor soluções para os problemas específicos
executará programas de interesse social, que visem do transporte coletivo.
prioritariamente, à:
I - regularização fundiária; SEÇÃO IV
II - dotação de infraestrutura básica e de equipamen- DA POLÍTICA AGRÍCOLA
tos sociais;
III - solução do “déficit” habitacional e dos problemas Art. 208 As terras e outros bens públicos do Município
da sub-habitação. não poderão ser locados ou arrendados, salvo me-
diante autorização legislativa.
SEÇÃO III
DOS TRANSPORTES Art. 209 Os proprietários rurais que tiverem suas ter-
ras valorizadas por projetos do Poder Público, pagarão
Art. 200 O transporte coletivo urbano é direito funda- a correspondente contribuição de melhoria, cumprin-
mental do cidadão, cabendo ao Município assegurar do o disposto no artigo 145, III e § 1º da Constituição
as condições de uso e qualidade do sistema à popula- Federal.
ção como também o acesso a ele.
Parágrafo Único - Os sistemas viários e os meios de Art. 210 Os agricultores que tiverem suas terras atin-
transportes subordinar-se-ão à preservação da vida gidas pela execução de projetos do Poder Público Mu-
humana, à segurança e ao conforto dos cidadãos, à nicipal, como parques ecológicos, vias de transportes
defesa da ecologia e do patrimônio arquitetônico e ou barragens, serão indenizados da seguinte forma:
paisagístico e às diretrizes de uso do solo. a) mediante a outorga definitiva de imóveis de carac-
terísticas e valor equivalentes;
Art. 201 São isentos de pagamento de tarifas nos b) em dinheiro, sempre no valor do mercado imobiliá-
transportes coletivos urbanos: rio regional, no ato da escritura de transferência.
a) pessoas maiores de sessenta e cinco anos, se ho-
mem e de sessenta anos se mulher, mediante apresen- Art. 211 A todo proprietário, cujo prédio não seja adja-
tação de documento oficial de identificação; cente a águas públicas, cabe o direito de uso das mes-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

b) pessoas de qualquer idade, portadoras de deficiên- mas para abastecimento de suas moradias ou para
cia física, sensorial ou mental, devidamente compro- fins agrícolas.
vada, e seu acompanhante. (Surdo e Mudo). (Redação
dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 3/1994) Parágrafo Único - Os proprietários das áreas interme-
diárias são obrigados a dar servidão de passagem aos
Art. 202 A execução do sistema será feito de forma respectivos encanamentos ou canais.
direta, ou por concessão, nos termos da lei municipal.

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Art. 212 Se houver interesse social, o Município poderá Art. 217 A Lei Orçamentária do Município fixará anu-
mediante prévia indenização em dinheiro, promover almente as metas físicas a serem atingidas pela Polí-
desapropriações para o fim de fomentar a produção tica Agropecuária, alocando os recursos necessários à
agropecuária e de organizar o abastecimento alimen- sua execução.
tar.
Art. 218 O exercício da atividade de extração ou explo-
Art. 213 Os proprietários rurais municipais que se fize- ração florestal no Município fica condicionado à ob-
rem representar por entidades de classe, terão espaço servação das normas de legislação federal pertinente,
garantido para comercialização nas feiras livres. sendo vedada a saída de madeira em toras.
Parágrafo Único - A vedação a que se refere este arti-
Art. 214 Nos limites de sua competência, o Município go aplica-se ao pescado “in natura”, na forma da lei.
colaborará na execução do Plano Nacional de Refor-
ma Agrária, com os meios, instrumentos e recursos ao Art. 219 O Município, em consonância com o Estado e
seu alcance. a União, definirá nos termos da lei, uma política para
o setor florestal, priorizando a utilização dos seus re-
Art. 215 Observados os limites de sua competência, cursos e observando às normas de preservação e con-
o Município planejará, através de lei específica, sua servação dos mesmos.
própria “Política Agrícola”, em que serão atendidas as
particularidades da agricultura regional. SEÇÃO V
§ 1º Será assegurada a participação de produtores ru- DA POLÍTICA INDUSTRIAL E COMERCIAL
rais, de trabalhadores rurais, de engenheiros agrôno-
mos e florestais, de médicos veterinários e zootécnis- Art. 220 O Município, através da lei, elaborará sua Po-
tas e técnicos agrícolas, representados por associações lítica Industrial e Comercial.
de classe, na elaboração do planejamento e execução
da Política Agrária do Município. Art. 221 As isenções tributárias às indústrias, só serão
§ 2º Participarão do planejamento e execução da Polí- permitidas àquelas que estiverem em fase de instala-
tica Agrícola, efetivamente produtores e trabalhadores ção e por tempo determinado em lei específica.
rurais, representados por suas entidades de classe. Parágrafo Único - As microempresas receberão trata-
§ 3º Incluem-se no planejamento da Política Agrícola, mento jurídico diferenciado, visando ao incentivo de
as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesquei- sua criação, preservação e desenvolvimento, dentro
ras e florestais. das obrigações administrativas e tributárias.
§ 4º Serão compatibilizadas as ações da Política Agrí-
cola com a do Meio Ambiente. SEÇÃO VI
DO COOPERATIVISMO
Art. 216 Na formulação da Política Agrícola serão le-
vados em conta, especialmente: Art. 222 O Município apoiará o cooperativismo como
I - os instrumentos creditícios e fiscais; instrumento de desenvolvimento das diferenças so-
II - a política de preços e custos de produção, a comer- ciais.
cialização, armazenagem e estoques reguladores;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o cooperativismo, o sindicalismo e o associativis- Art. 1º No ano de 1990, a participação popular de que
mo; trata o artigo 98 § 1º, terá suas assembleias realizadas
VI - a habitação, educação, e saúde para o trabalha- no período de 1º (primeiro) de maio a 30 (trinta) de
dor rural; julho.
VII - a proteção do meio ambiente; Parágrafo Único - A participação popular de que trata
VIII - a recuperação, proteção e a exploração dos re- o caput deste artigo será regulamentada por Lei Com-
cursos naturais; plementar, no prazo de 6 (seis) meses, após a promul-
IX - a formação profissional e educação rural; gação desta Lei.
X - o apoio à agroindústria;
XI - o desenvolvimento da propriedade, em todas as Art. 2º Lei complementar definirá tratamento tribu-
suas potencialidades a partes do zoneamento agro- tário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
ecológico; cooperativas.
XII - o incentivo à produção de alimentos de consumo
interno; Art. 3º A adequação do Código Tributário à Lei Orgâ-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

XIII - a diversificação e rotatividade de culturas; nica será feita até o dia 5 de outubro de 1990.
XIV - a classificação de produtos e subprodutos de ori-
gem vegetal e animal; Art. 4º Após a aprovação desta lei, o Executivo terá
XV - as áreas que cumprem a função social da pro- prazo de 180 (cento e oitenta) dias para a elaboração
priedade. do plano de cargos, salários e carreira, democratica-
mente elaborada com a participação dos sindicatos
das categorias.

45
Art. 5º Promulgada a Lei Orgânica, o Executivo terá Art. 15 O Município viabilizará, em conjunto com o
o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, para elaborar o Estado e a União, os recursos necessários ao término e
Código de Defesa do Meio Ambiente, e recursos natu- equipamento do “Fórum de Cuiabá”.
rais, que estabelecerá as penalidades decorrentes de
sua violação. Art. 16 Os Secretários Municipais equiparam-se aos
demais servidores da municipalidade, para os efei-
Art. 6º Caberá ao Município num prazo de 07 (sete) tos de apuração de responsabilidade, na forma a ser
anos, encampar e assumir a responsabilidade do en- disposta no Estatuto dos Servidores do Município de
sino de 1º grau, da 5ª a 8ª série, com a participação Cuiabá.
técnica e financeira do Estado.
Art. 17 Ficam criados os seguintes Conselhos:
Art. 7º O Regimento Interno da Câmara Municipal, I - conselho Municipal de Educação, Vinculado à Se-
será elaborado no prazo máximo de 90 (noventa) dias, cretaria Municipal de Educação;
após a promulgação desta Lei. II - conselho Municipal de Cultura, vinculado à Secre-
taria de Cultura e Turismo;
Art. 8º Todas as escolas públicas da rede municipal de III - o Conselho Municipal de Esporte e Recreação Pú-
ensino determinarão, no mínimo uma vez por mês, o blica, vinculado à Secretaria Municipal de Educação;
hasteamento do Pavilhão Nacional, Estadual e Muni- IV - conselho Municipal de Promoção dos Direitos e
cipal, com o acompanhamento do canto dos respecti- Defesa da Criança e do Adolescente, vinculado à Se-
vos hinos. cretaria Municipal de Promoção Social, a ser regula-
Parágrafo Único - A solenidade a que se refere este mentado nos termos das Constituições Federal e Es-
artigo deverá contar com a presença de todo o corpo tadual;
docente, discente e administrativo da escola. V - conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente,
vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento e
Art. 9º O Poder Municipal deverá instituir um “Plano Coordenação;
Diretor”, através de leis, um ano após a promulgação VI - conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano,
desta Lei Orgânica. órgão coordenador da Política de Desenvolvimento
§ 1º A elaboração, ordenação e implantação do Plano Urbano, vinculado à Secretaria Municipal de Planeja-
Diretor de Desenvolvimento Urbano será atribuição mento e Coordenação;
do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano VII - conselho Municipal de Transporte, vinculado ao
(IPDU). Núcleo de Gerenciamento de Transporte Coletivo, ou
§ 2º É garantida a participação popular, através de ao órgão que o suceder na política de transporte;
entidades representativas da Comunidade, nas fases VIII - conselho de Desenvolvimento Agrícola do Muni-
de elaboração, implantação do Plano Diretor, e no
cípio, vinculado à Secretaria Municipal de Agricultura
Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano a ser
e Abastecimento;
definido em leI -
IX - conselho Municipal de Saúde, vinculado à Secreta-
ria Municipal de Saúde;
Art. 10 Fica assegurada nas Unidades Escolares e nos
X - conselho Municipal de Assistência Social, vincula-
Departamentos da Secretaria Municipal de Educação
do à Secretaria Municipal do Bem-Estar Social. (Reda-
a eleição para Diretores conforme regulamentação do
ção dada pela Emenda à Lei Orgânica nº 2/1994)
Conselho Municipal de Educação.

Art. 11 Fica criado o Conselho Deliberativo nas Uni- Art. 18 Todos os Conselhos criados na presente Lei Or-
dades Escolares, vinculado à Secretaria Municipal de gânica serão definidores da política de suas respec-
Educação. tivas áreas, tendo caráter deliberativo, consultivo e
recursal, e serão compostos paritariamente pelo Poder
Art. 12 Os fundos de qualquer natureza poderão ser Executivo, representantes dos Trabalhadores do Setor
criados e regulamentados em lei. e representantes dos Usuários.
§ 1º O Executivo terá prazo de 240 (duzentos e qua-
Art. 13 O Município, através de seus poderes Legis- renta) dias, após a promulgação desta Lei Orgânica,
lativo e Executivo, garantirá a edição do texto da Lei para a instalação dos conselhos.
Orgânica, através da Imprensa Oficial ou particulares. § 2º Os Conselhos acima criados serão regulamenta-
Parágrafo Único - A Lei Orgânica Municipal será colo- dos através de leis, no prazo máximo de 240 (duzentos
cada, gratuitamente, à disposição das Escolas, Cartó- e quarenta) dias, a partir da promulgação da presente
rios, Sindicatos, Igrejas, e outras Instituições represen- Lei Orgânica.
tativas da Comunidade, de modo que cada cidadão
LEGISLAÇÃO BÁSICA

cuiabano possa receber um exemplar. Art. 19 Fica criado o Instituto de Previdência e Assis-
tência Social do Município de Cuiabá - IPEMUC -, cuja
Art. 14 O Município no prazo de 4 (quatro) anos, con- regulamentação se dará por lei, no prazo de 180 (cen-
tados da promulgação desta Lei, viabilizará recursos to e oitenta) dias, após a promulgação desta.
necessários para construção, equipamento e instala-
ção do Palácio Pascoal Moreira Cabral, sede do Poder
Legislativo Cuiabano.

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Art. 20 O Município assegurará às Unidades Escolares g) Lotação: corresponde aos cargos e funções atribu-
autonomia administrativa, financeira, patrimonial e a ídos às várias unidades administrativas e importa na
existência de mecanismos democráticos, que permi- distribuição nominal dos servidores para cada repar-
tam o controle dos recursos destinados às mesmas e tição ou serviço, sendo que a lotação e a relotação
de suas despesas. (Adin 33, Liminar TJ-MT) constituem prerrogativas e discricionariedade da ad-
ministração pública dentro do quadro a que perten-
Art. 21 A revisão da Lei Orgânica Municipal será rea- cem no órgão ou entidade.
lizada após 5 (cinco) anos, contados de sua promul- h) Referência: o conjunto dos níveis de subsídio das
gação, pelo voto da maioria absoluta dos membros funções de um cargo. É a hierarquização das funções
da Câmara. específicas, com o objeto de qualificar profissional-
mente o grupo das categorias.
Cuiabá, 05 de Abril de 1990. i) Padrão funcional: o subconjunto de um cargo, que se
diferencia entre si principalmente pela natureza dos
conhecimentos e experiências envolvidas, respeita-
das as características profissionais e a divisão técnica
LEI COMPLEMENTAR Nº 093 DE 23 DE e social do trabalho.
JUNHO DE 2003, QUE DISPÕE SOBRE O j) Promoção: a passagem do servidor de uma classe ou
ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS padrão para a imediatamente superior no respecti-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, vo grupo de carreira que pertence, obedecidos os
AUTÁRQUICA E FUNDACIONAL DO critérios de avaliação de desempenho, qualificação
MUNICÍPIO DE CUIABÁ. profissional e outros previstos na lei da carreira.
k) Enquadramento: o processo através do qual os ser-
vidores serão enquadrados nos cargos e carreiras,
Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Pú- respeitada a situação funcional de cada servidor.
blicos da Administração Pública Direta, Autárquica e Fun-
dacional do no Município de Cuiabá. Os cargos públicos são criados por lei e são acessíveis
Considera-se servidor público toda pessoa legalmen- aos brasileiros e estrangeiros que preencham os requisitos.
te investida em cargo público. É proibido a administração pública condicionar às ca-
Todos os prazos serão contados em dias corridos, racterísticas de cor, sexo, idade, credo religioso ou qual-
excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do ven- quer outra forma de discriminação, em especial para fins
cimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil de admissão e dispensa ou para fins de vantagem, remu-
seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja ex- neração, progressão ou promoção do servidor.
pediente. São requisitos básicos para provimento e investidura
Consideram: em cargo público: a nacionalidade brasileira e estrangeiros
a) Quadro: o conjunto de cargos de carreiras, cargos na forma da lei, o gozo dos direitos políticos, a quitação
isolados e funções públicas integrantes da estrutu- com as obrigações militares, eleitorais e com o fisco mu-
ra organizacional da Administração Pública direta, nicipal, o nível de escolaridade exigido para o exercício do
autárquica e fundacional do Município de Cuiabá. cargo, maioridade civil, aptidão física e mental e a idonei-
b) Carreira: o conjunto hierarquizado de cargos, sub- dade moral.
divididos em classes dispostas hierarquicamente As formas de provimento são através da nomeação, da
de acordo com o grau de dificuldade das atribui- promoção, da readaptação, da reversão, do aproveitamen-
ções e para acesso privativo dos titulares dos car- to da reintegração e da recondução.
gos que a integram, mediante provimento origi- A seleção dos candidatos será realizada por concurso
nário. público, nos casos de recrutamento geral, para provimento
c) Classe: o conjunto de atribuições do mesmo grau por nomeação, e/ou por promoção, nos casos de recruta-
de complexidade mantendo correspondência com mento preferencial, observada a lei da carreira.
o desenvolvimento das escalas de referência com O concurso público será de provas ou de provas e tí-
igual padrão de atribuições e responsabilidade. tulos, e pode ser realizado em diversas etapas. O concurso
d) Cargo público: o lugar instituído na organização do terá fixação de edital para os candidatos inscrever-se, me-
serviço público, com denominação própria, atribui- diante o cargo que lhe couber.
ções, responsabilidades específicas e estipêndio O aprovado no concurso público deverá comprovar os
correspondente, para ser provido e exercido por requisitos exigidos no edital na data da posse, sendo que
um titular, na forma estabelecida em lei. é proibido a abertura de novo concurso enquanto houver
e) Cargo de carreira: o conjunto de atividades e atri- candidato aprovado em concurso anterior com prazo de
buições que refletem a diversidade das ações e validade não expirado. É reservado 10% das vagas para de-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

serviços previstos na estrutura organizacional, des- ficientes físicos.


dobrando-se em padrões, podendo compreender A promoção tem o objetivo de escolher servidores efe-
uma ou mais classes. tivos para o desenvolvimento na carreira e será realizada
f) Função pública: a atribuição ou o conjunto de atri- de acordo com a lei, exigindo, dentre outros requisitos:
buições que a Administração confere a cada ca- curso de treinamento com aproveitamento ou prova obje-
tegoria profissional ou comete individualmente a tiva, títulos, conforme a natureza do cargo e produtividade.
determinados servidores eventuais.

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A nomeação do concurso será realizada pelo Prefeito A remuneração e os proventos NÃO PODEM ser ob-
Municipal, em caráter efetivo, quando se tratar de cargo jeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos
provido mediante aprovação prévia em concurso público, de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
e, em comissão, quando se tratar de cargo de provimento É assegurado ao servidor o direito de requerer, pedir
em comissão de livre nomeação e exoneração. reconsideração, recorrer e de representar ao Poder Pú-
A posse é o que possibilita a investidura do cargo públi- blico, em defesa de direito ou interesse legítimo.
co, o qual, é competente para dar: Este requerimento, deverá ser despachado no prazo
de 5 (cinco) dias e o pedido de reconsideração e recurso
I - O Prefeito Municipal, aos ocupantes de cargos de decididos dentro de 30 (trinta) dias.
sua confiança imediata e os de provimento efetivo do Caberá recurso dirigido ao superior hierárquico do
Poder Executivo da Administração Direta, suas Funda- chefe prolator da decisão recorrida, em linha horizontal,
ções e Autarquias; até o Secretário Municipal ou responsável pelo órgão ou
II - O Presidente da Câmara, aos ocupantes de cargos entidade, como também, caberá recurso administrativo
de confiança e aos de cargos de provimento efetivo. ao Prefeito Municipal, como última instância administra-
A posse ocorre pela assinatura do respectivo termo tiva, contra as decisões das autoridades hierarquicamen-
pela autoridade competente e pelo empossado, no qual te inferiores sendo indelegável sua decisão.
deverão constar as atribuições, as responsabilidades, os O prazo para interposição de pedido de reconside-
direitos e os deveres inerentes ao cargo público a ser ocu- ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
pado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão
qualquer das partes, mas ressalvados os atos de ofício pre- recorrida.
vistos em lei. O direito de petição prescreve:
A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta) dias contados I - em 5(cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
da publicação do ato de provimento, e prorrogável uma cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
vez, por igual período, a critério da administração. afetem interesse patrimonial e créditos resultantes da
No ato da posse, o servidor apresentará declaração de relação funcional;
bens e valores que integram seu patrimônio e declaração II - em 120 (cento e vinte dias), nos demais casos, salvo
quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou quando outro prazo for fixado em lei.
função pública.
O prazo para o servidor empossado em cargo público Será concedido licença ao servidor em casos de do-
entrar em exercício será de 05 (cinco) dias, contados da ença em pessoa da família, de afastamento do cônjuge
data da posse, sob pena de exoneração. ou companheiro, para o serviço militar, para atividade
Os servidores públicos da administração direta e indi- política, para capacitação, gestante, e etc.
reta cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das O servidor poderá afastar-se do exercício do cargo
atribuições pertinentes aos respectivos cargos públicos, para servir a outro órgão ou entidade, para o exercício
respeitada a duração máxima de 40 (quarenta) horas se- de mandato eletivo, e para estudo ou missão em outro
manais e 08 (oito) horas diárias. município não limítrofe ou no exterior.
Quando o servidor entra em exercício, o mesmo, ficará O servidor perderá a remuneração do dia que faltar
sujeito a estágio probatório por período de 3 (três) anos, ao serviço, sem motivo justificado, sendo que as faltas
durante o qual será objeto de avaliação para o desem- justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força
penho do cargo, e observados critérios como idoneidade maior poderão ser compensadas a critério da chefia ime-
moral, aptidão, disciplina, assiduidade, pontualidade, efici- diata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
ência, capacidade de iniciativa, produtividade, responsabi- É permitida a ausência do servidor regularmente ma-
lidade e dedicação ao serviço. Sendo que, caso o servidor triculado em instituição de ensino, pública ou privada,
não seja aprovado neste estágio, ele será exonerado. sem prejuízo de sua remuneração, limitada a 06 (seis)
A vacância do cargo público decorrerá de exoneração, dias por ano e 03 (três) dias por semestre, nos seguintes
de demissão, de readaptação, de aposentadoria, posse em casos:
outro cargo inacumulável, ou de falecimento. I - durante o dia de prova em exame final do ano ou
A Remuneração é a retribuição pecuniária a que tem di- semestre letivo; ou
reito o servidor compreendida pelo subsídio acrescido do II - durante o dia de prova em exame supletivo e de
complemento constitucional. Já o subsídio é a retribuição habilitação a curso superior.
pecuniária, fixada em parcela única, a que terá direito o ser- Parágrafo único: O servidor, sob pena de ser conside-
vidor pelo exercício de cargo público. rado faltoso ao serviço, deverá comprovar perante a
chefia imediata:
I - previamente, a frequência mínima obrigatória exi-
FIQUE ATENTO! gida para cada disciplina e respectivo horário sema-
LEGISLAÇÃO BÁSICA

Caso o servidor encontrar-se em débito com nal;


o erário, que for demitido, exonerado ou que II - mensalmente, o comparecimento às aulas; e
tiver sua aposentadoria ou disponibilidade III - atestado escolar com 02 (dois) dias de antecedên-
cassada, terá o prazo de 60 (sessenta) dias cia da data que se realizarão os exames e sua ausên-
para quitar o débito. cia.

48
É assegurado ao servidor pai, mãe ou responsável le- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
gal por portador de necessidades especiais ou deficien- de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-
tes físicos, em tratamento médico-hospitalar, fica autori- blica;
zado a se ausentar do exercício do cargo, por período de X - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
até 50% (cinquenta por cento) da carga horária cotidiana repartições públicas municipais, salvo quando se tra-
a que estiver sujeito. tar de benefícios previdenciários ou assistenciais de
Para efeito de apuração do tempo de serviço deverá parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com-
ser convertida assim: panheiro;
a) 1 (um) dia convertido em 24 (vinte e quatro) horas; XI - receber propina, comissão, presente ou vantagem
b) 1 (um) mês convertido em 30 (trinta) dias; e de qualquer espécie, em razão de suas atribuições
c) 1 (um) ano convertido em 365 (trezentos e sessenta funcionais, DENTRE OUTROS.
e cinco) dias.
O servidor responde civil, penal e administrativamen-
São deveres do servidor: te pelo exercício irregular de suas atribuições.
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
go público; comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
II - ser leal às instituições a que servir; erário ou a terceiros.
III - observar as normas legais e regulamentares; Já a responsabilidade penal abrange os crimes e con-
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
nifestamente ilegais; Por fim, a responsabilidade administrativa resulta de
V - atender com presteza e celeridade: ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, praticado
a) ao público em geral, prestando as informações re- no desempenho do cargo ou função ou em razão deles.
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; As sanções civis, penais e administrativas poderão
b) à expedição de certidões requeridas para defesa cumular-se, sendo independentes entre si.
de direito ou esclarecimento de situações de interesse São penalidades disciplinares, a advertência, a sus-
pessoal; pensão, a destituição de cargo em comissão, a destitui-
c) às requisições do Poder Legislativo e para a defesa ção de função comissionada, a demissão, e a cassação de
da Fazenda Pública. aposentadoria ou disponibilidade.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as A demissão será aplicada nos seguintes casos:
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo I - crime contra a administração pública;
público; II - abandono de cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação III - inassiduidade habitual;
do patrimônio público; IV - improbidade administrativa;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- repartição;
ministrativa; VI - insubordinação grave em serviço;
X - ser assíduo e pontual ao serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso VIII - aplicação irregular de dinheiro público, DENTRE
de poder; e OUTROS.
XIII - apresentar-se convenientemente trajado em ser-
viço ou com uniforme, quando for o caso. Configura abandono de cargo a ausência intencional
Ao servidor é proibido: do servidor ao serviço por mais de 30(trinta) dias conse-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem cutivos.
prévia autorização do chefe imediato; Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com- inativo que houver praticado, na atividade, falta punível
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; com demissão.
III - recusar fé a documentos públicos; As penalidades disciplinares serão aplicadas pelo Pre-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de feito Municipal, quando se tratar de suspensão por mais
documento e processo ou execução de serviço; de 30 trinta) dias e demissão, cassação de aposentadoria
V - promover manifestação de desapreço pessoal e pe- ou disponibilidade de servidor ou quando se tratar de
jorativo no recinto da repartição; destituição de cargo em comissão ou função de confian-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos ça; ou pelo Secretário Municipal ou cargo equivalente,
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição nas demais penalidades.
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi- A ação disciplinar prescreverá:
LEGISLAÇÃO BÁSICA

nado; I - em 05 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis


VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- com demissão e cassação de aposentadoria ou dis-
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a ponibilidade e destituição de cargo em comissão ou
partido político; função de confiança;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou II - em 05 (cinco) anos, quanto à ação punitiva da ad-
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren- ministração pública contada da publicação da decisão
te até o segundo grau; final no processo administrativo;

49
III - em 02 (dois) anos, quanto à suspensão; e
IV - em 06 (seis) meses, quanto à advertência.
HORA DE PRATICAR!
Sendo que, o prazo de prescrição começa a correr da
data em que o fato se tornou conhecido. 1. (TCE-PA - Auditor de Controle Externo - Área Ad-
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no ministrativa - Serviço Social - CESPE/2016) Julgue o
Poder Executivo é obrigada a comunicar o fato à Corre- item subsecutivo, acerca do Estatuto da Criança e do
gedoria-Geral do Município para a apuração, mediante Adolescente (ECA).
sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse- De acordo com o ECA, é considerada criança a pessoa
gurando ao indiciado o devido processo legal, contradi- com até doze anos de idade incompletos.
tório e ampla defesa.
Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar ( ) CERTO ( ) ERRADO
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
(trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou 2. (DPU - Assistente Social - CESPE/2016) Segundo as
disponibilidade, ou destituição de cargo ou função em normas contidas na legislação social voltada para os di-
comissão, será obrigatória a instauração de processo ad- reitos sociais e proteção de crianças e adolescentes, jul-
ministrativo disciplinar. gue o seguinte item.
O processo administrativo disciplinar no Poder Exe- Para o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo,
cutivo será instaurado pelo Corregedor-Geral e conduzi- é prioritária a aplicação de medidas privativas ou restri-
do por Comissão Disciplinar de 3 (três) membros, sendo tivas de liberdade em estabelecimento educacional, de
presidido pelo Corregedor Geral e com 2 (dois) membros modo a garantir a inclusão social dos egressos do siste-
servidores estáveis, sendo um indicado pela Corregedo- ma socioeducativo.
ria-Geral e outro indicado pela autoridade superior do
órgão que integra o acusado, dentre ocupantes de car- ( ) CERTO ( ) ERRADO
gos efetivos superiores ou de mesmo nível, ou de nível
de escolaridade igual ou superior ao do acusado. 3. (TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária - CES-
O processo administrativo disciplinar se desenvolve PE/2015) Julgue o próximo item, de acordo com o dis-
na instauração, com a publicação do ato que constituir posto no Código de Defesa do Consumidor e no Estatuto
a comissão, com a defesa prévia, instrução probatória, da Criança e do Adolescente (ECA).
defesa final e relatório final, e com o julgamento. De acordo com o ECA, o conselho tutelar pode aplicar,
O prazo para a conclusão do processo administrati- conforme a gravidade do caso, medida de encaminha-
vo disciplinar não excederá 90 (noventa) dias, contados mento a tratamento psicológico ou psiquiátrico aos
da data de publicação do ato que constituir a Comissão, pais que apliquem castigo físico ou tratamento cruel ou
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as degradante como formas de disciplina ou correção do
circunstâncias o exigirem. comportamento de criança ou adolescente.
O processo administrativo disciplina compreende a
fase cognitiva e instrutória e obedecerá aos princípios do ( ) CERTO ( ) ERRADO
devido processo legal, contraditório e ampla defesa ao
acusado, permitindo-lhe a utilização dos meios e recur- 4. (DPE-PE - Defensor Público - CESPE/2015) No item
sos admitidos em direito. abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida
O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer de uma assertiva a ser julgada conforme as normas do
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos ECA e o entendimento do STJ.
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocên- Alberto, adolescente condenado a cumprir medida so-
cia do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. cioeducativa de internação, diante da inexistência de
estabelecimento apropriado na cidade de residência de
seus pais, foi custodiado em unidade distante, em razão
da superlotação da unidade mais próxima. Nessa situa-
ção, houve violação ao direito absoluto do adolescente
previsto no ECA: Alberto deveria ter sido enviado para a
localidade mais próxima do domicílio dos seus pais, mes-
mo que a unidade de custódia estivesse superlotada.

( ) CERTO ( ) ERRADO
LEGISLAÇÃO BÁSICA

50
5. (DPE-PE - Defensor Público - CESPE/2015) No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada conforme as normas do ECA e o entendimento do STJ.
Marcelino, maior imputável, fotografou sua sobrinha, de treze anos de idade, enquanto ela tomava banho. As fotos
mostravam as partes íntimas da adolescente e algumas imagens mostravam apenas os órgãos genitais da garota.
Apurou-se que Marcelino jamais praticou qualquer ato libidinoso com a sobrinha nem divulgou o material fotográfico
obtido e que ele utilizava as fotos apenas para satisfazer a própria lascívia. Nessa situação, Marcelino responderá por
crime previsto no ECA, uma vez que registrou cena pornográfica envolvendo adolescente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE/2018 – PC/SE) Conforme disposições constitucionais a respeito da organização da segurança pública, julgue
o item a seguir.
As polícias militares, os corpos de bombeiros militares e as polícias civis subordinam-se aos governadores dos estados,
do Distrito Federal e dos territórios.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (IDECAN/2017 – SEJUC/RN) “O objetivo fundamental da segurança pública é a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do patrimônio (Art. 144 da CF/88). Segundo o constitucionalista Pedro Lenza, podemos
distinguir a) polícia administrativa lato sensu; b) polícia de segurança, dividida esta em X1 e polícia judiciária. As fun-
ções de polícia judiciária da União são desempenhadas pela Polícia Federal e a competência remanescente é da X4. No
âmbito estadual, a X1 fica a cargo dos seguintes órgãos: X2 e X3. 

(LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2012.) 

Os termos que podem substituir os códigos em destaque correta e respectivamente são 

a) polícia ostensiva / segurança viária / polícia civil / polícia administrativa.


b) polícia administrativa / forças auxiliares / guarda municipal / polícia civil.
c)  polícia ostensiva / polícia militar / guarda municipal / polícia administrativa.
d) polícia administrativa / polícia militar / corpo de bombeiros militar / polícia civil. 

8. (IBFC/2017 – TJ/CE) A administração do Estado brasileiro é subdividida em esferas Federal, Estadual e Municipal.
Assinale abaixo alternativa que não contém atividade de competência exclusiva do Município: 

a) Instituir e arrecadar imposto incidente sobre os serviços locais


b) Prestar serviço de transporte público nos limites da cidade
c) Legislar sobre assuntos de interesse municipal
d) Criar distritos, com observância à legislação estadual
e) Prestar, exclusivamente, serviço de atendimento à saúde da população
LEGISLAÇÃO BÁSICA

9. (FUNDATEC/2018 – AL/RS) Entre os profissionais que atuam na área de segurança patrimonial, há um entendi-
mento de que não existe segurança perfeita, total ou absoluta. Eles afirmam que o que existe é segurança satisfatória.
Dentre as afirmações abaixo, qual NÃO propicia uma segurança satisfatória?

a) Retardar ao máximo uma possibilidade de agressão.


b) Evitar ações de integração operacional com colegas de serviço.

51
c) Desencadear forças, no menor espaço de tempo possí-
vel, capazes de neutralizar a agressão verificada. ANOTAÇÕES
d) Relatar fatos que permitem reduzir a segurança nas
instalações.
e) Reforçar medidas de detecção e alarme nas portas e ________________________________________________
aberturas do prédio.
_________________________________________________
10. (CONSULPLAN/2012 - Prefeitura de Porto Velho-
_________________________________________________
-RO) Sobre as medidas de segurança, analise.
_________________________________________________
I. Estatísticas: são as barreiras perimetrais como lagos,
montanhas, muros ou cercas. _________________________________________________
II. Dinâmicas: são as ações do próprio vigia e seus supe-
riores. _________________________________________________
III. Estáticas: são os sistemas de iluminação, alarme e co-
_________________________________________________
municação.
_________________________________________________
Está(ão) correta(s) apenas a(s) alternativa(s)
_________________________________________________
a) I
b) II _________________________________________________
c) I, II _________________________________________________
d) II, III
e) I, II, III _________________________________________________

11. (CESPE/2018 - PGM/AM) Conforme regras e inter- _________________________________________________


pretação da CF, julgue os itens subsequentes, relativos a
_________________________________________________
autonomia municipal e intervenção de estado-membro
em município. No âmbito de sua jurisdição, compete ao _________________________________________________
município a fixação do horário de funcionamento de es-
tabelecimentos comerciais, uma vez que se trata de as- _________________________________________________
sunto de interesse local.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO
_________________________________________________

1 CERTO _________________________________________________
2 ERRADO _________________________________________________
3 ERRADO
_________________________________________________
4 ERRADO
5 CERTO _________________________________________________
6 CERTO _________________________________________________
7 D
_________________________________________________
8 E
_________________________________________________
9 D
10 E _________________________________________________
11 CERTO _________________________________________________
LEGISLAÇÃO BÁSICA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

52
ÍNDICE

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

História de Mato Grosso:


Período Colonial Os bandeirantes: escravidão indígena e exploração do ouro;............................................................................... 01
A fundação de Cuiabá: Tensões políticas entre os fundadores e a administração colonial;.......................................................... 03
A fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade e a criação da Capitania de Mato Grosso;........................................................ 06
A escravidão negra em Mato Grosso. Período Imperial.............................................................................................................................. 07
Período Imperial A crise da mineração e as alternativas econômicas da Província......................................................................... 09
A Rusga;.......................................................................................................................................................................................................................... 10
Os quilombos em Mato Grosso............................................................................................................................................................................. 12
Os Presidentes de Província e suas realizações............................................................................................................................................... 13
A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai e a participação de Mato Grosso............................................................................ 15
A economia de Mato Grosso após a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai................................................................................ 16
O fim do Império em Mato Grosso...................................................................................................................................................................... 17
Período Republicano O coronelismo em Mato Grosso................................................................................................................................ 21
Economia de Mato Grosso na Primeira República: usinas de açúcar e criação de gado............................................................... 23
Relações de trabalho em Mato Grosso na Primeira República................................................................................................................ 25
Mato Grosso durante a Era Vargas: política e economia................................................................................................................................ 25
Política fundiária e as tensões sociais no campo............................................................................................................................................. 30
Os governadores estaduais e suas realizações............................................................................................................................................... 33
Tópicos relevantes e atuais de política, economia, sociedade, educação, tecnologia, energia, relações internacionais,
desenvolvimento sustentável, segurança, ecologia e suas vinculações históricas........................................................................... 34
ticas geográficas da nova terra e fundar povoamentos.
HISTÓRIA DE MATO GROSSO: PERÍODO Para iniciar a colonização foi implantando na colônia o
COLONIAL OS BANDEIRANTES: sistema de Capitanias Hereditárias, isto é, o governo por-
ESCRAVIDÃO INDÍGENA E tuguês dividiu as terras e resolveu doá-las para elemen-
EXPLORAÇÃO DO OURO; tos da nobreza. Desta forma, o governo português estava
transferindo o custo da colonização aos particulares.
Respectivamente a implantação das Capitanias Here-
Para compreender a fase inicial da colonização do ditárias, a metrópole decidiu escolher a cana-de-açúcar
Mato Grosso, é preciso fazer um paralelo com o processo como produto econômico para promover o projeto colo-
de colonização do Brasil. A colonização do Brasil foi um nizador. A opção pela cana-de-açúcar explica-se pela ex-
empreendimento da Coroa Portuguesa e se deu no início periência de Portugal no cultivo deste produto, nas suas
do século XVI, deste modo, esteve inserida nos moldes colônias africanas, isto é, Açores, Cabo Verde e Madeira.
do mercantilismo. Outro fator importante foi a vastidão de terras, as condi-
Sendo assim, a política mercantilista caracterizou o ções climáticas e geográficas (solo massapé), assim como
Estado Moderno e teve como objetivo o fortalecimento a existência de um mercado consumidor na Europa.
do Estado e o enriquecimento da burguesia. Para alcan- Desta forma, o plantio da cana de açúcar e a produção
çar os seus objetivos, a política mercantilista tinha como de seus derivados se deu inicialmente em São Vicente, e
base, os seguintes princípios básicos: posteriormente na região nordeste, porém a Capitania
 A base da riqueza de um país era medida pelo acú- do Pernambuco foi a principal produtora. A produção do
mulo de metais preciosos. açúcar ocorreu através do sistema de plantation: produ-
 Cabia ao Estado manter uma balança comercial fa- ção agrícola baseada no latifúndio (grande propriedade
vorável, isto é, as exportações deveriam ser maio- de terra), monocultura (somente produção de açúcar),
res que as importações. com mão-de-obra escrava e voltada para atender o mer-
 O protecionismo aos produtos nacionais evitando cado externo.
desta maneira que mercadorias semelhantes ou O sucesso deste empreendimento econômico se deu
iguais entrassem no país. também pela participação dos holandeses, que financia-
 O estabelecimento de colônias para a produção de vam a produção. A maquinaria para os engenhos, ins-
matérias-primas baratas, assim como a exploração trumentos de trabalho e aquisição de escravos africanos
das riquezas minerais ajudariam a suprir as neces- eram financiados pelos holandeses, que em troca rece-
sidades básicas das metrópoles. beram o monopólio do refino e da distribuição do açúcar
 O pacto colonial que estabeleceu que as colônias no mercado europeu.
somente podiam comercializar com as suas metró- Sendo assim, o açúcar representava a riqueza das
poles e a criação de Companhias de Comércio que capitanias do nordeste, a Capitania de São Vicente não
garantiam o monopólio do sistema colonial. obteve com este produto o mesmo sucesso, pois a sua
produção não podia concorrer com a capitania do Per-
Deste modo, os estados europeus, que adotaram o nambuco e da Bahia, pois a capitania de São Vicente era
mercantilismo tinha como preocupação resguardar às distante dos mercados europeus e o solo dessa região
suas colônias dos demais países, e por isso se empenha- era imprópria para a agricultura. Portanto, esses fatores
ram em cuidar diretamente da administração, impondo a acarretaram na decadência do açúcar em São Vicente.
colônia uma pesada cobrança de impostos. Entretanto a Assim sendo, com a decadência açucareira, São Vi-
medula do sistema colonial, residia no pacto colonial. É cente tentou ainda desenvolver uma agricultura de sub-
no pacto colonial que está a exploração mercantil, que a sistência cultivando arroz, feijão e milho. A população
colonização incorporou da expansão comercial, da qual de São Vicente diante da pobreza resolveu investir em
foi um desdobramento. outros empreendimentos para superar a crise econômi-
Ademais, nos primeiros trinta anos do “descobrimen- ca, entretanto, tudo foi em vão. Assim diante destas cir-
to”, Portugal não se empenhou em implantar um siste- cunstâncias, o homem do planalto vicentino buscou nas
ma administrativo no Brasil, uma vez que o seu interesse bandeiras a saída para a sua crise.
maior era o comércio das especiarias no Oriente. Nos Na tentativa de superar a crise econômica que aba-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

primeiros anos da “descoberta”, o governo português tia a capitania, as bandeirantes enfrentaram os perigos,
preocupava-se somente em enviar expedições de reco- as incertezas do sertão para aprisionar índios, que eram
nhecimento e explorar o pau-brasil existente na Mata conduzidos para o planalto paulista para serem usados
Atlântica. como mão-de-obra. Assim muitos jovens da Capitania
A política portuguesa com relação ao Brasil mudou partiam para o interior da colônia em busca de cativos
somente a partir de 1530, quando se inicia de forma e para montar as suas expedições recebiam ajuda finan-
efetiva a colonização. Essa mudança de postura ocorreu ceira dos pais ou do sogro, que financiam as expedições
devido aos ataques de contrabandistas franceses no li- pensando em aumentar os seus lucros. Essas expedições
toral brasileiro e pelo enfraquecimento do comércio de contavam com a presença de sertanistas, que conduziam
especiarias. os jovens na viagem. Portanto, nem todos os paulistas
Com isso, seguindo as determinações de Dom João eram bandeirantes por vocação.
III, rei de Portugal, a expedição de Martim Afonso de Outrossim, as bandeiras consistiam em grupos de ho-
Sousa chegou ao Brasil em 1530. Essa expedição visava mens que saiam organizados em expedições particulares
expulsar os franceses do litoral, observar as caracterís- com o objetivo de penetrar pelos sertões a procura de ín-

1
dios para o cativeiro, de negros foragidos da escravidão Sendo assim, nesse embate, os portugueses foram vi-
e posteriormente à procura de metais preciosos. As ban- toriosos e após o conflito, o governo português passou a
deiras eram organizadas militarmente, sendo compos- controlar as minas. Os paulistas diante da derrota resol-
tas de centenas de homens. Além dos paulistas, muitas veram continuar as suas incursões pelo interior. Foi nesse
bandeiras eram compostas de estrangeiros, desertores e contexto histórico que se deu a chegada dos paulistas ao
fugitivos da justiça. atual Estado de Mato Grosso.
Sendo assim, para adentrarem no sertão, os ban- Para tanto, inicialmente, os paulistas chegaram a essa
deirantes usavam principalmente os caminhos fluviais. região com a intenção de buscar índios para a escravidão.
Ao atravessarem os rios, enfrentavam vários obstáculos Apesar da legislação portuguesa combater à escraviza-
como cachoeiras, corredeiras e saltos. Para sanar essas ção do índio, o comércio de negros da terra (índios) era
dificuldades, optavam muitas vezes em continuar a via- bastante frequente. Os paulistas ao entrarem em Mato
gem a pé. Por isso era comum, os bandeirantes transpor- Grosso, logo perceberam que na região habitavam muitas
tar barcos e canoas por terra. tribos indígenas, como os Coxiponé, Beripoconé, Bororo,
Deste modo, os bandeirantes, logo perceberam que Paresi, Caiapó, Guicuru, Paiaguá e muito outros grupos.
para superar as dificuldades precisavam domar a na- Desta forma, muitos paulistas penetraram por estes
tureza, e para isso buscaram o saber indígena. Aliás, a sertões interessados na captura destes índios. No entan-
presença de índios nas expedições foi fundamental, pois to, foi com a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que
eram utilizados como guias, batedores, coletores de ali- os interesses dos paulistas e de Portugal cresceriam por
mentos ou guarda-costas da expedição. esse território. Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de
Incumbia aos índios guiarem os paulistas pelos rios, Campos chegou a região do Coxipó-Mirim para aprisio-
carregar as mercadorias, procurar nas matas os frutos sil- nar o índio Coxiponé para levá-lo para São Paulo. No ano
vestres, as raízes, lagartos e cobras para saciar a fome dos seguinte, a bandeira de Pascoal Moreira Cabral avançou
bandeirantes. Nas viagens mais longas, os bandeirantes pó essa região à procura do índio coxiponé, e acabou
estabeleciam pequenos arraias e roças para abastecer os encontrando ouro. Segundo o cronista Barbosa de Sá,
sertanistas. Nestas expedições, às vezes, alguns índios os homens da bandeira ao lavarem os seus pratos no rio
eram despachados com antecedência para plantar os ali- Coxipó acabaram encontrando o ouro por acaso.
mentos que serviriam para sustentar o corpo principal Ademais, a presença da bandeira de Pascoal Moreira
da expedição e os cativos na viagem de regresso. Muitas Cabral naquele local incomodou os índios aripoconé, que
destas roças acabaram dando origem a povoações no in- acabaram atacando os paulistas. A sorte destes bandei-
terior do Brasil, a exemplo disso temos em Mato Grosso; rantes foi que neste instante, a bandeira dos Irmãos An-
o Arraial de São Gonçalo. tunes chegou e prestou socorro a Pascoal Moreira Cabral
No decorrer da viagem ao ficarem doentes, os ban- e os seus homens. Após o combate com os indígenas, os
deirantes buscavam principalmente na medicina indíge- bandeirantes fundaram o Arraial da Forquilha, que rece-
na o tratamento adequado para curar os seus males. Não beu esse nome por estar localizado na confluência dos
estamos afirmando com isso que desprezavam a sua me- rios Coxipó, Peixe e Mutuca. Assim a expedição de Pas-
dicina, pois traziam também em suas bagagens maletas
coal Moreira Cabral deu início a colonização da região.
com poções e bisturis para a prática da sangria. Para o
Sendo assim, em 1722, o paulista Miguel Sutil chegou
confronto com os índios que resistiam à sua dominação,
a região com o propósito de fazer uma visita a sua roça.
os paulistas utilizavam arcos e as flechas, lanças, facões,
O bandeirante pediu aos dois índios que estavam em sua
machados, mas não dispensavam o uso das armas de
companhia que fossem buscar mel. Aliás, como já men-
fogo como a espingarda e a carabina.
cionamos anteriormente, o mel, as frutas silvestres e as
raízes eram usados na alimentação dos bandeirantes, e
#FicaDica encontrá-las era uma das tarefas dos silvícolas.
Deste modo, os índios de Miguel Sutil retornaram somen-
Podemos verificar que para alcançar os seus te ao anoitecer e ao serem admoestados pelo bandeirante, o
objetivos e enfrentar as dificuldades impos- mais ladino respondeu-lhe: vos viestes buscar ouro ou a bus-
tas pelo cotidiano, os bandeirantes domina- car mel. A seguir, os índios colocaram na mão de Miguel Sutil
ram os índios, destruíram aldeias inteiras e o ouro encontrado. Na madrugada, o paulista colocou os gen-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

ainda se apropriaram do seu conhecimento. tios para mostrar o lugar no qual haviam encontrado o ouro.
Este achado estava nas proximidades do córrego da Prainha,
Em 1674, a bandeira de Fernão Dias Falcão encontrou e passou a ser denominado de “Lavras do Sutil”. Havia tanto
em Minas Gerais uma pequena quantidade de ouro, e ouro nessas minas, que as Lavras do Sutil foram consideradas
em 1694, Bartolomeu Bueno da Silva descobriu jazidas como “a maior mancha que teria se encontrado no Brasil”.
de auríferas na Serra de Itaberaba. A descobertas destas
minas correram pela colônia, chegou a Portugal, atraindo
FIQUE ATENTO!
muitos aventureiros a região. A chegada desses aventu-
reiros causou um descontentamento nos paulistas, que Com a notícia da descoberta chegou ao Ar-
passaram a chamar pejorativamente os forasteiros de raial da Forquilha, levando muitas pessoas
“emboabas”. Tal atitude e a ganância pelo ouro acabou a migrarem para as “Lavras do Sutil”. Assim
provocando um conflito entre os paulistas e os portu- teria início o povoamento às margens do
gueses que vieram em busca do ouro em Minas Gerais, a córrego da Prainha dando origem a atual
Guerra dos Emboabas. cidade de Cuiabá.

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vencerem a resistência dos índios fundaram o arraial ce-
A FUNDAÇÃO DE CUIABÁ: TENSÕES lebrando uma missa em oferenda a Nossa Senhora da
POLÍTICAS ENTRE OS FUNDADORES E A Penha de França, lavraram a Ata de Fundação, aos oito
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL dias do mês de abril da era de mil setecentos e dezenove
anos, neste arraial de Cuiabá, fez junta o Capitão-Mor
Pascoal Moreira Cabral com seus companheiros e ele re-
Dentro do processo histórico que culminou na fun- quereu a eles este termo de certidão para a notícia do
dação de Cuiabá, e nos debates políticos em torno da descobrimento novo que achamos no ribeirão do Coxi-
administração colonial, devemos destacar que nas narra- pó, invocação de Nossa Senhora da Penha de França, de-
tivas dos primeiros portugueses que aportaram no Brasil, pois que foi enviado, o Capitão Antônio Antunes com as
é bastante evidente o sonho de encontrar metais precio- amostras do ouro que levou do ouro aos Senhor General.
sos no território colonizado. Desta forma, com a petição do dito Capitão-Mor, fez
Deste modo, a notícia do descobrimento de ouro e a primeira entrada aonde assistiu um dia e achou pinta
prata pelos espanhóis no Potosí, aguçou mais ainda o de vintém e de dois e de quatro vinténs a meia pataca, e
desejo do governo metropolitano em descobrir ouro e a mesma pinta fez na segunda entrada em que assistiu,
prata na sua colônia. Com isso, Portugal preparou ex- sete dias, ele e todos os seus companheiros às suas cus-
pedições para penetrar em direção ao interior. Essas ex- tas com grandes perdas e riscos em serviço de Sua Real
pedições deveriam reconhecer as potencialidades eco- Majestade. E como de feito tem perdido oito homens
nômicas da terra brasileira, e ainda verificar se havia no brancos, negros e que para que a todo tempo vá isto a
interior a existência de minerais. notícia de sua Real Majestade e seus governos para não
Com isso, naquele período, o desejo pelas riquezas perderem seus direitos e, por assim, por ser verdade, nós
minerais povoou o imaginário dos europeus, que acredi- assinamos todos neste termo o qual eu passei e fielmen-
tavam na existência no interior da América de “uma mon- te a fé do meu ofício como escrivão deste arraial. Pascoal
tanha de Prata” de um “reino branco” em um país mítico Moreira Cabral, Simão Rodrigues Moreira, Manoel dos
denominado de Paitati. Ainda acreditavam na existência
Santos Coimbra, Manoel Garcia Velho, Baltazar Ribeiro
de uma serra resplandecente de prata e esmeraldas que
Navarro, Manoel Pedroso Louzano, João de Anhaia Le-
ficava nas cabeceiras do rio São Francisco.
mos, Francisco de Sequeira, Asenço Fernandes, Diogo
A partir disso, apesar de todo o interesse na busca
Domingues, Manoel Ferreira, Antônio Ribeiro, Alberto
dos metais preciosos, as expedições oficiais fracassaram
Velho Moreira, João Moreira, Manoel Ferreira Mendonça,
e foi somente ao final do século XVII, que apareceram as
Antônio Garcia Velho, Pedro de Godois, José Fernandes,
primeiras notícias de um descobrimento de ouro signifi-
Antônio Moreira, José Paes Silva.
cativo na região das Gerais. A descoberta destas minas
Com isso, coube aos irmãos Antunes levar a notícia
acarretou em um intenso fluxo migratório para aquela
região. Segundo as estimativas do período, em 1776, a da descoberta do ouro à Capitania de São Paulo infor-
população de Minas Gerais, excluindo os índios, supera- mando ao governador, Pedro de Almeida Portugal sobre
va a 300 mil almas, o que representava 20% da popula- o ocorrido. Nesse ínterim, a população do arraial da For-
ção total da América Portuguesa e o maior aglomerado quilha elegeu Pascoal Moreira Cabral como Guarda-Mor
da colônia. Regente. Um dos atributos de Pascoal Moreira Cabral
Assim sendo, além desse processo migratório para o seria a de defender o arraial de invasões. Entretanto a
interior da colônia, o governo português criou um apara- eleição deste bandeirante contrariava o pacto colonial,
to administrativo que visava fiscalizar as minas evitando uma vez que este estabelecia que a colônia estava subor-
o contrabando. Em 1707, para garantir o recolhimento dinada a metrópole. Assim competia a metrópole tomar
dos impostos, o governo metropolitano promulgou o as decisões administrativas.
Regimento das Minas, no qual, esse regimento foi res- Desta forma, o governo português não confirmou a
ponsável pela criação de uma instituição fiscalizadora, a nomeação de Pascoal Moreira Cabral, e em 1724, no-
Intendência das Minas. meou como Capitão-Mor Fernão Dias Falcão e para o
Deste modo, a Intendência das Minas deveria julgar cargo de Superintendente Geral das Minas, João Antu-
todas as questões surgidas entre os mineradores, assim nes Maciel. Pascoal Moreira Cabral ficou extremamente
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

como fazer a distribuição das datas (lotes para o minera- insatisfeito com a decisão do governo metropolitano,
dor explorar). A legislação portuguesa estabeleceu tam- e por isso solicitou novamente ao rei a confirmação da
bém que a quinta parte (20%) do ouro extraído nas mi- sua função administrativa. Em correspondência enviada a
nas pertencia a Portugal. Entretanto a sede pelo ouro e a Portugal, o bandeirante alegou “por seis anos nestes ser-
ganância de Portugal levou a metrópole a implantar nas tões, ocupado no serviço real serviço de Vossa Majesta-
minas outros impostos, como por exemplo, a capitação de, trazendo em minha companhia 56 homens brancos,
e a derrama. fora os escravos e servos, sustentando-os a minha custa”
Com isso, no Mato Grosso, veremos que a história e ainda acrescentou que “perdera um filho e quinze ho-
não seria diferente, com a descoberta do ouro no rio Co- mens brancos e alguns escravos e achava-se destituídos
xipó-Mirim se formou neste local um núcleo populacio- de cabedais e com família de mulher e duas filhas e filho,
nal, o Arraial da Forquilha. peço a Vossa Majestade ponha os olhos os neste seu leal
Com a formação do Arraial, a população que era vassalo como for servido”. Apesar de todas as considera-
composta pelos integrantes da bandeira dos irmãos An- ções tecidas pelo bandeirante paulista, o governo metro-
tunes e da bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que após politano confirmou a nomeação de Fernão Dias Falcão.

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Portanto, a nomeação de Fernão Dias Falcão e de João
Antunes Maciel diminuiu o poder local, criando condi- FIQUE ATENTO!
ções para que o governador de São Paulo, Rodrigo César As monções eram expedições que partiam
de Menezes, desenvolvesse nas minas de Cuiabá, uma da Capitania de São Paulo trazendo as Minas
rígida tributação e fiscalização evitando o contrabando de Cuiabá vários produtos como, alimentos,
do ouro. Contudo, Rodrigo César de Menezes sabia da remédios, produtos de luxo, ferramentas de
forte influência dos Irmãos Lemes nas minas. Assim com trabalho, escravos, dentre outros. Traziam
o propósito de combater o poder dos Lemes, Rodrigo também as autoridades governamentais,
César de Menezes ofereceu a estes um importante cargo aventureiros e elementos do clero.
administrativo. Os Lemes rejeitaram o cargo e o gover-
nador de São Paulo encontrou como saída, o confronto
armado. Com as monções para chegar a Cuiabá, seguiam os
Com isso, as tropas do governador preparam uma caminhos fluviais, partiam do rio Tietê até chegar ao Por-
emboscada para os Lemes, e estes foram executados. Con- to Geral (Cuiabá). A viagem durava aproximadamente
comitantemente a morte dos Lemes, falecia em Cuiabá Pas- seis meses e ao atingir a região do Pantanal podiam en-
coal Moreira Cabral. Desta forma, Rodrigo César de Menezes frentar sérios problemas, isto é, o ataque dos espanhóis
aniquilou definitivamente o poder local e tomou a decisão ou dos índios que habitavam aquela região. As canoas
mudar para Cuiabá (1726). A mudança de Rodrigo César de utilizadas para o trajeto eram esculpidas no interior de
Menezes consistia na verdade em uma das suas estratégias um tronco de árvore e eram guiadas por pilotos que pos-
proceder a fiscalização e a tributação das minas. suíam muita prática.
Em 1727, o Governador elevou o arraial de Cuiabá a Desta forma, inicialmente as primeiras monções
categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. adotaram como itinerário a seguinte rota: rio Tietê, rio
Com essa decisão, o governador anunciou: Grande, rio Anhanduí, rio Pardo, travessia por terra nos
“(...) se faça uma povoação grande na melhor parte campos das vacarias, e continuavam a viagem pelos rios,
que houver (...) aonde haja água e lenha (...): e o melhor seguindo pelo rio Meteteu, rio Paraguai e o rio Cuiabá.
meio de se adiantar na dita povoação o número de mo- Esse trajeto posteriormente foi abandonado devido as
radores é estes que fazem as suas casas (...). E como (...) suas dificuldades, pois ao atravessar o campo das va-
nas ditas Minas há telha e barro capaz para ela, deve ani- carias, os homens da expedição tinham que carregar as
mar e persuadir aos mineiros e mais pessoas que fizerem mercadorias, as canoas e ainda corriam o risco de enfren-
as suas casas, as façam logo de telha, porque além de tar os espanhóis, que estavam nas proximidades explo-
serem mais graves, são também mais limpas e tem me- rando a prata da região. Logo os monçoeiros adotaram
lhor duração (...)” uma nova rota, então a viagem tornou-se totalmente
Desta forma, assim a pequena vila começou a crescer, fluvial, entretanto novas dificuldades surgiram como o
seguindo às margens do córrego da Prainha, subindo e ataque dos índios caiapós, guaicurus e paiaguás.
descendo morros e encostas. Seguindo as jazidas, prin- Sendo assim, os caiápos nas proximidades de Cama-
cipalmente à margem esquerda do córrego, iniciava-se quã atacavam as expedições, com seus temidos porretes,
as construções de moradias e também nas proximidades atacavam mortalmente os passageiros das monções. Por
desta margem, localizava-se uma esplanada na qual foi outro lado, os índios paiaguás e os guaicurus chegaram a
edificada a Igreja da Matriz. Em 1730, o Ouvidor Geral e se aliar para atacar as monções que vinham para Cuiabá.
Corregedor deu início às obras da cadeia. Entretanto, os mais temíveis eram os paiaguás. O medo
Ademais, com a elevação de Cuiabá a categoria de de um ataque dos índios paiaguá não era infundado,
“vila” foi criado o Senado da Câmara (Câmara Municipal). pois em 1730, estes índios atacaram a “expedição do ou-
vidor Antônio Alves Lanhas, na qual morreu cento e oito
Foram eleitos os primeiros vereadores, escolhidos entre
pessoas entre elas o ouvidor.”
os elementos da elite local, isto é, proprietários de ter-
Assim, segundo Rolim de Moura, ao relatar a sua via-
ras de minas e de escravos. Também foi implantado um
gem à Mato Grosso, os índios paiaguás tinham como ar-
sistema rigoroso de cobrança dos impostos, destacando
mas arco, flecha e também lanças pequenas com pontas
dentre eles o quinto. A taxação exagerada de impostos
de ferro. Seus ataques aconteciam nos rios, em canoas
associada as técnicas rudimentares da extração do ouro
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

e eram muitos cautelosos para atacar. Primeiramente


levaram à exaustão das minas, e consequentemente a observavam as vítimas e somente depois efetuavam o
migração da população para outras regiões, e a desco- ataque. Em decorrência a todas essas dificuldades, os
berta de novas minas. Foi neste período, que em 1734, produtos comercializados pelos monçoeiros eram ven-
os Irmãos Paes de Barros descobriram ouro na região do didos em Cuiabá a um preço exorbitante, o que acabou
Guaporé. gerando um processo inflacionário nas minas.
Por fim, com a decadência aurífera muitos prefeririam Outrossim, além das monções fluviais havia as mon-
retornar a São Paulo, outros partiram para Goiás, pois em ções terrestres, que abasteciam a região de gado. Desde
1725, Bartolomeu Bueno (Anhanguera), descobriu ouro os meados do 1730, os caminhos terrestres que ligavam
às margens do rio Vermelho em Goiás. O interesse pelo Cuiabá as minas de Goiás já eram usados. Era através
ouro atraiu muitas pessoas as minas de Cuiabá e tam- deste caminho, que Mato Grosso recebia o gado. Em-
bém levou o governo metropolitano a criar mecanismo bora Cuiabá fosse margeado pelos rios Cuiabá e Coxipó,
de controle e exploração das minas. O abastecimento abundantes em peixes, cronistas como Barbosa de Sá,
das Minas se deu principalmente através das Monções. narraram que os habitantes da vila tinham muito apreço
pela carne.

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Deste modo, assim durante o período colonial ti- Deste modo, em 1632, uma bandeira paulista invadiu
vemos em Mato Grosso o desenvolvimento de uma as missões espanholas em São José, Angeles, São Pedro
pecuária voltada para o abastecimento interno, de bai- e São Paulo. Assim a escravidão indígena era o motivo do
xa produtividade, na qual o gado era criado solto pelo atrito entre os bandeirantes e os jesuítas. Os bandeiran-
pasto. No século XVIII, a fazenda que mais se destacou tes a procura do silvícola ultrapassarem a linha demarca-
na criação do gado foi a Fazenda Jacobina, em Cáceres. tória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, adentran-
Além das monções, o abastecimento das minas se deu do no território espanhol.
também através do desenvolvimento de uma agricultura Portanto, como já destacado anteriormente, os ban-
de subsistência. deirantes ao entrarem pelos “sertões” acabaram encon-
Assim, o cultivo da terra não foi uma tarefa fácil para trando o ouro. O ouro acabou atraiu ao interior da colô-
o colonizador, pois teve que enfrentar muitas dificulda- nia muitas pessoas que sonhavam em enriquecer. Essa
des como o aparecimento de uma terrível praga de ra- onda migratória acabou provocando o surgimento de ar-
tos que devoraram as plantações e os paios aonde havia
raias e vilas no interior do país. Foi nesse quadro, que se
grãos armazenados. A agricultura de subsistência visava
deu a ocupação de Mato Grosso. Entretanto, apesar da
abastecer as minas e se desenvolveu em núcleos popula-
descoberta de ricas jazidas auríferas, as minas de Cuiabá
cionais situados nas proximidades de Cuiabá, como por
entraram em decadência na primeira metade do século
exemplo, Serra Acima (Chapada) e Rio Abaixo (Santo An-
XVIII.
tônio do Leverger).
Assim sendo, com a exaustão das minas de Cuiabá,
Com isso, nessas localidades eram produzidos arroz,
feijão, milho, mandioca, entretanto, a cana- de- açúcar foi a população começou a migrar para outras regiões da
o produto mais significativo para a população. O governo colônia. A notícia desta migração preocupou o governo
metropolitano tinha como atrativo somente o ouro, e por português, pois a fixação da população era fundamental
isso proibiu a instalação de engenhos na região. Porém a para garantir a posse do território, que de acordo com as
determinação não foi obedecida, pois a cana-de-açúcar disposições do Tratado de Tordesilhas pertencia aos es-
dava aos habitantes o açúcar, que produz energia para o panhóis. Assim pensando em garantir a posse do interior
trabalho, o melado que combate a anemia, que vitimava da Colônia, Portugal passou a desenvolver uma política
a população, e a cachaça que era usada como uma ma- voltada para a proteção da fronteira.
neira de mitigar o sofrimento da vida dura no sertão. As- Uma das primeiras decisões do governo português
sim às margens do rio Cuiabá e em Serra Acima surgiram para assegurar a posse deste vasto território foi o des-
os nossos primeiros engenhos. membramento de Mato Grosso da Capitania de São Pau-
Desta forma, a partir do século XVII, o governo portu- lo. Desta maneira, em 1748, Dom João V decidiu criar a
guês teve o seu território ampliado na América. Portugal Capitania de Mato Grosso e para governá-la, o rei no-
tinha a pretensão de estender os seus domínios até a meou como seu primeiro Capitão-General Antônio Ro-
Cordilheira dos Andes. A conquista do território se deu lim de Moura. Em 1750, as disputas territoriais entre os
através da pecuária, das missões jesuíticas e das bandei- portugueses e espanhóis, foram decididas pelo Tratado
ras. A pecuária impulsionou a ocupação do sertão nor- de Madri.
destino, pois muitas fazendas voltadas para a criação do A partir disso, a defesa dos interesses portugueses
gado surgiram ao longo do rio São Francisco. ficou a cargo de Alexandre de Gusmão, que através do
Ademais, no tocante aos jesuítas, estes chegaram a “uti possedetis” garantiu a Portugal o domínio da Bacia
colônia com o objetivo de expandir a fé católica e para Amazônica e da região oeste do Brasil. O princípio do“uti
isso assumiram a missão de cuidar da catequese do ín- possedetis” afirmava que a terra pertencia a quem a co-
dio e da educação. Interessados na conversão do índio loniza.
adentraram para o interior instalando as suas missões Portanto, Alexandre de Gusmão usando deste apara-
ou reduções no Vale Amazônico e na região sul. No vale to jurídico, argumentou que o território em disputa per-
amazônico, os jesuítas através do trabalho do índio co- tencia à Coroa portuguesa, pois foram os portugueses
letavam drogas do sertão, isto é, cravo, canela, cacau, que fundaram as vilas e arraiais, e consequentemente
guaraná e as ervas medicinais. Esses produtos eram co- povoaram o interior do Brasil.
mercializados no mercado europeu por preços elevadís- Ainda segundo o Tratado de Madri, os portugueses
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

simos, pois eram considerados como especiarias. concordaram, em troca do reconhecimento pela Espanha
Destarte, as missões ao sul da colônia foram idealiza- das fronteiras fluviais ocidentais do Brasil, em renunciar
das por Anchieta, que encaminhou aquela região vários ao controle da Colônia de Sacramento e das terras ime-
inacianos com a intenção de encontrar nativos e territó- diatamente ao norte, no estuário do Prata, um objetivo
rio para instalar as aldeias. Mais ao sul, perto da foz do que os espanhóis havia muito aspiravam alcançar pela
Piquiri, no Paraná, e na margem do rio Ivaí com Villa- força. (...) O tratado determinava a evacuação dos jesuítas
-Rica-del-Guairá, os jesuítas espanhóis também funda- e dos índios convertidos das missões uruguaias e exigia
ram as suas missões em 1544. Além da pecuária e das uma inspeção apurada no local da linha de demarcação
missões, as bandeiras foram fundamentais para amplia- entre as Américas espanhola e portuguesa por duas co-
ção do território português. As razias dos bandeirantes missões associadas.
se deram principalmente no período da União Ibérica Desta forma, com o Tratado de Madri, Gusmão ga-
(1580-1640). Os bandeirantes penetraram para o interior rantiu a posse do território para Portugal e deu ao Brasil
a procura dos gentios, para a escravidão. praticamente a sua configuração atual. Após as decisões
tomadas pelo Tratado de Madri, o governo metropoli-

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tano se empenhou em efetivar o uti possedetis, e resol- prazerosamente chafurdarem na lama. Com relação, as
veu construir na região do Guaporé, a primeira capital de casas mencionaram que térreas, as paredes de adobe,
Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade. aterradas ou com ladrilhos de tijolo, que eram escuras
e tristes.
Rolim de Moura se empenhou também em desenvol-
#FicaDica ver uma política de povoamento e militarização da re-
Através da construção e povoamento da ca- gião. Para alcançar os seus objetivos, o capitão-general
pital, Portugal visava assegurar a posse de estabeleceu:
todo o interior de sua colônia, essa medida  Isenção de imposto e perdão temporários das dí-
relacionava-se aos imperativos da política vidas;
colonial espanhola, que pretendia estender  Criou a Companhia dos Dragões visando a milita-
os seus domínios a leste e se possível domi- rização da fronteira e a disciplinarização da popu-
nar Cuiabá e Mato Grosso. lação;
 Fixou um marco divisor na barra do rio Jauru (Mar-
co do Jauru);
 Fundou a Aldeia jesuítica de Santa Anna (1751).
A FUNDAÇÃO DE VILA BELA DA Sendo assim, com a finalidade de abastecer a capi-
SANTÍSSIMA TRINDADE E A CRIAÇÃO DA tal, o governo português criou em 1755, a Companhia
CAPITANIA DE MATO GROSSO de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Essa companhia
tinha o monopólio do comércio em Vila Bela. A Compa-
nhia de Comercio foi criada pelo Marques de Pombal,
Quando analisamos a fundação da Vila Bela da San- ministro do rei Dom José I. De acordo com o ministro, a
tíssima Trindade, foi Antônio Rolim de Moura, capitão- Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão “era
-general da Capitania de Mato Grosso, recebeu a instru-
o único modo de retirar o comércio de toda a América
ção do governo português de edificar a capital de Mato
portuguesa das mãos dos estrangeiro”.
Grosso. Segundo a determinação real, a capital seria
Outrossim, para atingir vila Bela da Santíssima Trinda-
construída na região oeste, ás margens do Guaporé e em
de, as embarcações da Companhia de Comercio do Grão-
um lugar saudável.
-Pará e Maranhão usavam o Porto de Belém. Ao partirem
Assim sendo, a região do Guaporé foi ocupada desde
de Belém, as embarcações da companhia navegavam pe-
1732, quando os irmãos Paes de Barros trilharam a região
las águas dos rios amazonas, Madeira e Mamoré. Traziam
a procura de índios para o aprisionamento. E foi em bus-
produtos de luxo, ferramentas de trabalho e alimentos. A
ca dos índios pareci, que esses bandeirantes descobriram
as minas de Mato Grosso. A descoberta do ouro promo- empresa era importadora de produtos oriundos do mar
veu o surgimento na região de povoações como São do Norte, do Báltico e do Mediterrâneo. Porém, a prin-
Francisco Xavier e Santana, mas havia também morado- cipal mercadoria comercializada pela empresa eram os
res ás margens do rio Jauru, do rio Galera e do Guaporé. escravos. Ao regressarem ao porto de Belém, a empresa
Em seguida, construir a capital nesta região era ex- levava o ouro produzido em Vila Bela.
tremamente interessante para Portugal, uma vez que, Desta forma, com a decadência das minas de ouro
Vila Bela da Santíssima Trindade seria a base do domínio do Guaporé, a Companhia de Comércio do Grão- Pará e
português e além disso consistia em uma nova jazida au- Maranhão parou de abastecer o Mato Grosso. Além das
rífera. Rolim de Moura procurou seguir as diretrizes do mercadorias comercializadas pela Companhia de Comér-
governo metropolitano, entretanto, cometeu um erro, cio, o abastecimento de Vila Bela da Santíssima Trindade
construiu a capital em terras baixas e paludosas, sujei- se dava também através de uma agricultura de subsis-
tas a frequentes inundações, uma região marcada pela tência, na qual eram cultivados como produtos agríco-
insalubridade. las o milho e o feijão. Porém, as atividades agrícolas não
Deste modo, a população de Vila Bela seria constan- foram capazes de atendem as necessidades básicas da
temente acometida por várias enfermidades. Essa carac- população.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

terística acabou influenciando o imaginário do coloniza- Portanto, com a escassez de alimentos era provocada
dor, que passou a ter a visão de Mato Grosso como um pelas pragas, insetos ou mesmo pelo excesso das chuvas
grande hospital. Desta maneira, Mato Grosso passou a ou das cheias dos rios que acabaram provocando a fome
ser apontado pelas autoridades médicas, pelos viajan- e a subnutrição, tornando o corpo da população suscetí-
tes e cronistas como um lugar nocivo à saúde. Para a vel às moléstias. Ao final do século XVIII, o governo por-
construção da capital vieram da Capitania de São Paulo tuguês interessado em fortificar e povoar as fronteiras
artífices, ferreiros e oficiais, contudo foram os negros os das colônias, como também povoar o território, tomou
maiores responsáveis pela sua edificação. novas medidas.
Ademais, ainda com relação a construção da capital,
o médico-viajante Alexandre Rodrigues Ferreira, à servi- Assim sendo, pensando em solucionar as disputas
ço da metrópole, em viagem científica, visitou Vila Bela territoriais, Portugal e a Espanha assinaram o Tratado de
entre 1789-1791. Na sua narrativa, o viajante afirmou que Santo Ildefonso (1777), que reafirmou a hegemonia de
a capital possuía um traçado irregular, tinha ruas retas e Portugal sobre a bacia Amazônica, bem como das vias
estreitas, sem calçamento, onde podia se ver os porcos de comunicação entre Mato Grosso e outras regiões da

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América. Nesse período, governava a Capitania de Mato Deste modo, os escravos eram vistos como mercado-
Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres ria, o seu trabalho e corpo pertencia ao seu proprietário.
(1772- 1789). Como mercadoria eram vendidos, alugados ou mesmo
Deste modo, para garantir a posse de Portugal, o re- emprestados. Além disso, quando tomavam atitudes que
ferido capitão-general criou importantes povoados em desagradavam o seu proprietário eram punidos com cas-
posições estratégicas, como por exemplo, Albuquerque tigos físicos. Um Alvará de 1741 estabeleceu que o ne-
(Corumbá), Vila Maria de Cáceres (Cáceres), Casalvasco, gro que fugisse do cativeiro teria o seu corpo marcado à
São Pedro D’El Rey (Poconé) e Cocais (Livramento). brasa e se ato repetisse a sua orelha deveria ser cortada.
Destarte, em Casalvasco, o governador seguiu os Assim, diante de tanto desprezo e sofrimento, os ne-
princípios de construção adotados em Portugal, isto é, gros resistiram, lutaram contra a escravidão. Resistiram
ruas direitas, retas, praças e edifícios que expressavam desde que partiram da África fazendo rebeliões a bordo
a imagem de uma povoação “civilizada”. Para povoar a dos navios, cometiam suicídio, infanticídio, aborto, assas-
vila, foi enviado muitos índios, oriundos da Província de sinavam os feitores e proprietários. Entretanto, a resis-
Moxos. Aliás a mesma tática de povoamento foi utilizada tência mais praticada era as fugas. Ao abandonarem os
em Vila Maria de Cáceres, ou seja, o capitão-general para engenhos, as minas, as casas dos senhores, os negros se
povoá-la enviou índios da Província de Chiquitos. Ainda refugiaram nas matas formando comunidades denomi-
o governo ofereceu sementes e ferramentas da fazenda nadas de quilombos.
real às pessoas, para que pudessem iniciar as suas plan- Portanto, os quilombos eram comunidades formadas
tações. principalmente pelos negros que fugiam da escravidão.
Nos quilombos, os negros plantavam e criavam animais
para a sua subsistência. Os quilombolas viviam em cons-
#FicaDica tantes guerra com os senhores e as autoridades, pois re-
presentavam uma ameaça à ordem colonial. O quilombo
O governo português para garantir a pos- mais importante do período colonial foi o de Palmares,
se do território, recrutou índios e chegou a localizado na Serra da Barriga, no atual Estado do Ala-
conferir indulto aos criminosos. Além disso, goas.
Luiz de Albuquerque construiu o Forte de
Coimbra (Sul) às margens do rio Paraguai e
na margem direita do rio Guaporé, o Forte FIQUE ATENTO!
Príncipe da Beira. Mato Grosso tivemos também muitos qui-
lombos, entretanto, alguns ganharam des-
taque devido ao seu tamanho, as caracterís-
A ESCRAVIDÃO NEGRA EM MATO GROSSO ticas da sua população ou mesmo pela sua
prolongada existência.

O processo de colonização da América Portuguesa


foi baseado na escravidão negra, desta forma, os negros
eram adquiridos na África, nos entrepostos comerciais ou
feitorias estabelecidas no litoral, e, posteriormente, trazi-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
dos ao Brasil, para atuar como escravos.
Deste modo, os chefes políticos e religiosos nego- 1. Esse quilombo [Quariterê, em 1769, próximo a Cuia-
ciavam com os europeus os seus prisioneiros de guerra, bá], liderado pela Rainha Tereza, vivia não apenas de suas
recebendo em troca tabaco, aguardente e outras merca- lavouras, mas da produção de algodão que servia para
dorias. Os africanos eram levados pelos traficantes em vestir os negros e, segundo alguns autores, até mesmo
embarcações com péssimas condições higiênicas, muitos para funcionar como produto de troca com a região. Pos-
não resistiam à viagem e por isso esses navios, eram cha- suía ainda duas tendas de ferreiro para transformar os
mados de navios tumbeiros. Os traficantes para amenizar ferros utilizados contra os negros em instrumentos de
trabalho.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

os sofrimentos dos negros distribuíam maconha. Assim


privados da liberdade, separados da sua família, da sua Sua destruição foi festejada como ato de heroísmo, em
terra natal, os africanos foram obrigados a conviver com Portugal. (...)
a escravidão. (Jaime Pinsky, A escravidão no Brasil)
Com isso, os principais grupos de africanos que apor-
taram no Brasil foram os bantos, provenientes de Angola, A respeito dos quilombos, pode-se dizer que
Moçambique, Congo e Guiné, e os sudaneses, originários
da Nigéria e da Costa do Marfim. Os escravos recém- a) não representavam ameaça à ordem colonial, na me-
-chegados da África eram denominados de “boçais” e os dida em que não visavam pôr em questão o poder
aculturados, que já falavam a língua portuguesa eram de- metropolitano.
nominados de “ladinos”. Os escravos nascidos na colônia
eram chamados de “crioulos”. Geralmente aos crioulos e b) sua duração efêmera revela a pequena adesão dos es-
aos mestiços eram reservados os trabalhos mais amenos cravos às tentativas de contestação violenta ao regime
como as tarefas domésticas, enquanto aos africanos ca- escravista.
bia o trabalho pesado.

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c) o combate violento à organização quilombola era uma 3. “A grande lavoura açucareira na colônia brasileira ini-
prioridade, por esta representar a negação da estrutu- ciou-se com o uso extensivo da mão de obra indígena
ra social e produtiva escravista. (...) Do ponto de vista dos portugueses, no período de
d) mantinham relação permanentemente hostil com a escravidão indígena, o sistema de relações de trabalho
população vizinha, constantemente ameaçada pelos era algo que fora pormenorizadamente elaborado. Tal
raptos de mulheres brancas. período foi também aquele em que o contato entre os
e) sua organização interna priorizava os aspectos mili- europeus e o gentio começou a criar categorias e defini-
tares, o que acabava por inviabilizar a realização de ções sociais e raciais que caracterizaram continuamente
outras atividades. a experiência colonial.”
(Schwartz, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na
Resposta: Letra C. Os quilombos representavam um sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 2005, p. 57)
espaço de resistência ao latifúndio escravista exporta-
dor conhecido como plantation. Ao longo do período Sobre o trabalho escravo durante o período colonial é
colonial, surgiram vários quilombos nas diversas re- correto afirmar que
giões brasileiras que, de certa forma, representavam
a negação da estrutura social e produtiva escravista. a) o uso da mão de obra indígena estendeu-se durante
As demais alternativas estão incorretas. Os quilombos todo o período colonial. No primeiro momento, du-
foram uma das formas de resistência à ordem colo- rante a extração do pau-brasil, os portugueses utili-
nial. Os quilombos não tiveram rápida duração e ti- zavam o escambo. No segundo momento, a partir da
veram muito apoio dos escravos e quilombolas que produção canavieira, foi organizada a escravidão dos
concebiam este espaço como o local da liberdade. Os povos indígenas.
quilombos não priorizavam um aspecto militar e nem b) desde o primeiro contato com os portugueses, os in-
tinham relação de hostilidade com a vizinhança. dígenas foram submetidos ao trabalho escravo. Seja
na extração do pau-brasil seja na grande lavoura ca-
2. A História do Brasil colonial apresenta o movimento navieira, o sistema escravista baseado na mão de obra
de entradas, bandeiras e monções como um importante nativa predominou diante de outras formas de traba-
fator para o processo de ocupação das áreas do interior lho.
da colônia, uma vez que a ocupação originada da ativida- c) a partir da necessidade de mão de obra para a produ-
de canavieira se limitava, naqueles tempos, aos espaços ção canavieira, os povos indígenas foram submetidos
próximos ao litoral. à escravidão. Porém, a partir da chegada dos primeiros
Atente ao que se diz a seguir sobre essas expedições, e grupos de africanos, a escravidão indígena foi paula-
assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for tinamente abandonada até chegar ao fim em meados
falso. do século XVII.
d) a escravidão indígena foi implantada durante o cha-
( ) Enquanto as bandeiras eram financiadas exclusiva- mado Período Pré-colonial e tinha como objetivo
mente pela coroa portuguesa, as entradas eram expe- usar o máximo de mão de obra para a extração do
dições fluviais privadas que usavam os rios nordestinos. pau-brasil. Com a implantação da grande lavoura e a
( ) Os bandeirantes foram importantes personagens na chegada dos africanos, a escravidão indígena perdeu
destruição dos quilombos, pois uma das modalidades de força e foi abandonada no século XVIII.
bandeirantismo foi a do sertanismo de contrato. e) após utilizar o trabalho indígena com o escambo, os
( ) As monções, expedições fluviais que adentravam ao portugueses recorrem à sua escravização. Isso se deve
interior da colônia, foram muito importantes na coloni- à necessidade portuguesa de mão de obra para a
zação dessa região, partindo do rio Tietê que nasce em grande lavoura e à indisposição indígena para o traba-
São Paulo. lho aos moldes europeus. No século XVII, é substituída
( ) As bandeiras, expedições oficiais de apresamento definitivamente pela escravidão africana.
de indígenas, não tiveram importância na prospecção de
metais preciosos como o ouro, que se deu somente atra- Resposta: Letra A. Apesar de possuírem característi-
vés das entradas. cas culturais que dificultavam sua utilização nas gran-
des lavouras, os indígenas foram submetidos à escra-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

A sequência correta, de cima para baixo, é: vidão pelos portugueses a partir do ciclo do açúcar.
Num primeiro momento, como mão de obra principal.
a) F, F, V, V. Depois, como mão de obra secundária junto aos ne-
b) F, V, V, F. gros africanos.
c) V, F, F, V.
d) V, V, F, F. 4. No Brasil do século XVIII, a mineração marcou o des-
locamento do eixo econômico para o Centro, incorpo-
Resposta: Letra B. É importante destacar que as ter- rando os territórios que viriam a compor as capitanias de
ras no interior da colônia já estavam ocupadas pelos Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Sobre essa atividade,
nativos. As bandeiras foram expedições particulares e leia as seguintes afirmações:
não foram financiadas pela coroa portuguesa. As ban-
deiras atuaram na caça ao índio, prospecção de me- I. A ocupação das regiões mineradoras ocorreu de modo
tais preciosos e na defesa das propriedades através do diverso daquela ocorrida nas áreas litorâneas e pecuaris-
sertanismo de contrato. tas, pois deu início à urbanização do interior.

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II. O Rio de Janeiro foi o porto de escoamento do ouro Resposta: Letra B. Correção a partir das incorretas
para a Europa e ingresso de mercadorias que iam para [I] e [III]. Os bandeirantes paulistas visando fugir da
as minas. miséria, isolamento e da pobreza realizaram diversas
III. O Rio Grande do Sul integrou-se à economia nacional atividades como aprisionar índios e a caça ao ouro.
enviando gado de corte e animais de carga para a região As atividades realizadas pelos bandeirantes não pos-
mineradora, tendo a vila de Sorocaba (SP) como principal suíam nenhuma relação com o modelo de colônia de
eixo comercial. povoamento desenvolvido no Norte das Treze colô-
IV. A estratificação social nas minas era marcada por uma nias. Da mesma forma, os bandeirantes paulistas não
grande participação dos setores populares e dos escra- ensinaram as técnicas da agricultura para os nativos.
vos na tomada de decisões.
V. A convergência dos caminhos no centro do país foi
denominada de Cruzeiro Rodoviário. PERÍODO IMPERIAL. A CRISE DA
MINERAÇÃO E AS ALTERNATIVAS
Está correto apenas o que se afirmar em ECONÔMICAS DA PROVÍNCIA.
a) I, II e V.
b) I, II e III. No decorrer do século XVIII, a descoberta de ricas ja-
c) II, III e IV. zidas auríferas no interior da colônia atraiu milhares de
d) II, IV e V. pessoas, que vinham com o intuito de enriquecer. O ouro
e) III, IV e V. promoveu o surgimento de vilas e povoações em Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás, dando origem a uma socie-
Resposta: Letra B. A atividade mineradora ocorrida dade marcada pela instabilidade.
no Brasil século XVIII provocou inúmeras transfor- Deste modo, a sociedade das Minas era bastante di-
mações no país, tais como, o deslocamento do eixo versificada, pois além de ser constituída de mineradores,
econômico do nordeste para o centro, mudança da era composta também pelos negociantes, advogados,
capital de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, padres, proprietários de terras, artesãos, burocratas, mili-
esboçou um mercado interno, surgiram cidades, con- tares, índios aculturados, e escravos negros.
tribuiu para integrar as regiões. Escravos e populares Com isso, na base da sociedade estavam os escravos,
não participavam das decisões importantes. A Estrada que trabalhavam duramente na extração do ouro. Mui-
Real era um importante caminho que ligava o litoral tas vezes, devido as péssimas condições de trabalho, os
carioca até as áreas mineradoras. escravos acabavam padecendo vítimas de enfermidades
como a disenteria, a malária, ou até mesmo em acidentes
5. No período colonial, o Brasil foi marcado por expedi- de trabalho. A curta estimativa de vida levava os brancos
ções internas, com destaque para as Bandeiras. Lideradas a adquirirem com frequência novos escravos.
pelos paulistas, as Bandeiras percorriam os sertões, onde Assim sendo, as estimativas apontam que nas Minas
passavam meses, ou mesmo anos. havia uma concentração de negros e mulatos. A presença
Sobre esse fenômeno histórico, considere as afirmativas: maciça dos mulatos está relacionada a uma característica
da sociedade colonial brasileira, isto é, a mestiçagem.
I. As Bandeiras organizaram a sociedade do interior a A partir disso, é possível observar que a riqueza ficou
partir do modelo norte-americano de colônias de povo- nas mãos de poucas pessoas, e que parcela significativa
amento. da população livre tinha um baixo poder aquisitivo. Logo,
II. Os rumos das principais Bandeiras foram Minas Gerais, a sociedade da mineração em seu conjunto foi extrema-
Goiás, Mato Grosso e Paraná, tendo algumas delas che- mente pobre. Embora a sociedade mato-grossense apre-
gado até o Paraguai. sentasse as características relatadas acima, ela possuía as
III. Os bandeirantes ensinaram aos índios técnicas de suas especificidades. Por exemplo, a Vila Real do Senhor
agricultura para que desenvolvessem a colônia econo- Bom Jesus de Cuiabá, contava com uma população pe-
micamente. quena, mas bastante diversificada.
IV. Os objetivos principais dos bandeirantes foram o Destarte, a sua composição social era formada por
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

apresamento de índios para serem escravizados e a bus- brancos, provenientes de Portugal e de outras capitanias,
ca por metais preciosos. de índios como o guató, o guaná, o bororo e o pareci, de
V. As Bandeiras foram responsáveis pela expansão terri- africanos e seus descendentes, de negros forros.
torial do Brasil para muito além da linha de Tordesilhas. Outrossim, a decadência das minas de ouro e dia-
mante estiveram relacionadas a fatores como a perda de
Está correto apenas o que se afirmar em: valor no mercado internacional (no caso dos dois mine-
rais), baixos teores e as difíceis condições geológicas das
a) I, II e IV. minas (no caso do ouro), primitivismo das técnicas de
b) II, IV e V. mineração utilizadas até então no Brasil e falta de inves-
c) II, III e IV. timentos nas minas de extração.
d) III e V. Ademais, se somaram a estes problemas à exaustão
e) III, IV e V. dos depósitos de ouro e diamante, também ocasionada
pelo desconhecimento da manipulação do solo de ex-
tração e as próprias deficiências técnicas da mineração.

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Alguns pesquisadores consideram que muitos donos de Com isso, a crise aumentou gerando mais insatisfa-
minas desconheciam as técnicas avançadas de minera- ções com relação a Dom Pedro I, quando o imperador
ção e não tinham interesse na aplicação destas. outorgou a Constituição de 1824. A Constituição do Im-
Sendo assim, a grande questão é que em todas as pério estabeleceu o voto censitário, isto é, para votar era
fases da mineração havia deficiências técnicas que aca- necessário comprovar uma renda mínima anual. Desta
baram por levar a um processo de desinteresse, pelo me- forma, o voto censitário acabou marginalizando as ca-
nos em fins do século XVIII e início do XIX, pela extração madas populares do processo político. Tal decisão pro-
do ouro. vocando muito descontentamento entre os segmentos
Portanto, deve-se considerar que tal processo se ca- populares.
racterizou pela utilização de técnicas muito rudimentares Sendo assim, a constituição de 1824 estabeleceu
de extração e uso de ferramentas pouco resistentes. Até também que a monarquia era hereditária e a existência
final do século XIX era, também, muitíssima pequena a de quatro poderes, sendo o poder moderador de uso
produção de ferro concorrendo para dificultar ainda mais exclusivo do imperador. Através do poder moderador, o
a extração de rochas, das quais muitas ainda hoje com- imperador tinha o direito de dissolver a Câmara dos De-
põem o cenário de diversas cidades. putados, bem como o de nomear e demitir o Conselho
de Ministros. Na realidade, o poder moderador agia nos
momentos de desentendimento político entre o Legis-
#FicaDica lativo e o Executivo. Assim devido ao poder moderador,
o Império brasileiro foi caracterizado por uma excessiva
A crise daquele período não pôs fim a co- centralização do poder nas mãos do imperador.
biça estatal. Ainda hoje, centenas de povos Ademais, outro fator que desgastou o governo de
indígenas e comunidades da floresta têm de Dom Pedro I foi a crise econômica que assolava o país. A
conviver com as constantes ameaças sobre crise em parte era resultante da dívida externa, contraída
suas terras por conta das riquezas presen- com a Inglaterra no momento do rompimento dos la-
tes no subsolo. Talvez, se aprendêssemos ços coloniais com Portugal. A dívida externa contribuiu
um pouco com a História, saberíamos que para que o Brasil se tornasse dependente da Inglater-
de nada nos adianta explorar o que não se ra. Em virtude da dependência econômica, Dom Pedro
retém em detrimento de nossa diversidade I renovou com este país os Tratados de 1810, por mais
cultural. quinze anos. Os Tratados de 1810 concedeu privilégios
alfandegários aos produtos ingleses e acabou impedindo
a industrialização do país.
A RUSGA  Com isso, para agravar mais ainda a situação, o im-
perador recorria a empréstimos para aparelhar o Exército
e contratar mercenários ingleses, para sufocar revoltas,
Desde o início do século XIX, a Corte Portuguesa che- como a Confederação do Equador, e a Guerra da Cis-
gou ao Brasil fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte. platina. Diante da crise que abatia o governo imperial,
Ao aportar na colônia, D. João decretou a Abertura dos D. Pedro I pressionado pela elite e pelo povo brasileiro
Portos às Nações Amigas. Com essa medida, o Príncipe resolveu abdicarem 7 de abril de 1831. Logo depois, o
Regente, rompeu o pacto colonial favorecendo o proces- imperador regressou a Portugal.
so de independência do Brasil. Desta forma, a Constituição de 1824 previa em seu
Sendo assim, a independência se deu através de um texto, que seu filho Pedro de Alcântara seria o seu suces-
arranjo político entre a elite brasileira e Dom Pedro I, e foi sor de Dom Pedro, porém como herdeiro do trono tinha
fortemente influenciada pelas ideias liberais. Contudo, o somente cinco anos em 1831, a legislação determinava
liberalismo da elite brasileira era bastante limitado, uma que o país seria governado pelos regentes até que prín-
vez que as camadas populares foram marginalizadas do cipe-herdeiro atingisse a maioridade. Desta forma, o pe-
processo de independência. Após a independência, o Bra- ríodo regencial consistiu em um momento de transição
sil continuou a manter as estruturas sociais e econômicas entre o Primeiro e Segundo Reinado.
existentes no período colonial. Na verdade, o interesse da Assim, com a implantação das regências, a elite brasi-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

elite brasileira era promover a independência, mas tendo leira subiu ao poder, representando de fato a concretiza-
sob o seu controle o poder político, e a manutenção dos ção independência. O período regencial foi caracterizado
seus interesses, ou seja, o latifúndio e a escravidão. pelo surgimento dos partidos políticos, destacando-se os
Deste modo, em 1822, Dom Pedro I foi aclamado restauradores, que pregavam a volta de Dom Pedro I, os
imperador do Brasil. Contudo, o Primeiro Reinado seria moderados, que defendiam a centralização e os exalta-
muito breve, pois o governo de Dom Pedro I foi marca- dos, encarados como os mais radicais, pois apregoavam
do por uma profunda crise política, que culminou na sua a descentralização.
abdicação. A crise do Primeiro Reinado estava relaciona- Em 1834, esses partidos entram em uma nova fase. A
da a alguns fatores, como por exemplo, a dissolução da partir deste período, a política brasileira seria articulada
Assembleia Constituinte em 1823. Os constituintes bra- pelo Partido Liberal ou Progressista (descentralização) e o
sileiros tinham como objetivo limitar o poder do impera- Partido Conservador ou Regressista (Centralização). Com
dor. Porém, Dom Pedro I contrariado com atitude da elite isso, esses partidos políticos eram compostos principal-
brasileira resolveu fechar a Assembleia. mente pelos membros da elite brasileira, uma vez que a
constituição em exercício era a mesma, e lembremos que

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está determinou que o voto era censitário. Assim apesar Ademais, assim os liberais, tendo à frente João Poupi-
das alterações políticas advindas com o período regen- no Caldas inflamaram mais ainda o povo contra os por-
cial, as camadas populares continuaram marginalizadas tugueses, que eram chamados pela população de “brasi-
do poder político. leiros adotivos” ou de “bicudos” . Habitualmente se ouvia
Assim sendo, a crise econômica não foi superada du- pelas ruas de Cuiabá, a população gritando “embarca
rante as regências, o latifúndio continuou a dominar a bicudo, embarca, embarca, canalha vil, que os brasileiros
estrutura fundiária do país, e a elite continuou a defender não querem bicudos no seu Brasil.”
a manutenção da escravidão. Esses fatores contribuíram Porém, esse sentimento não era específico aos portu-
para a eclosão de rebeliões, pois estas eram sintomas do gueses, na verdade havia na Província uma aversão aos
desajustamento social e político que o país passava des- estrangeiros. Com o objetivo de derrubar os conservado-
de o início do século XIX. Assim, o período regencial foi res do poder e usando esse sentimento de xenofobia, o
caracterizado pela intranquilidade política, uma vez que liberal João Poupino Caldas buscou a apoio das camadas
as rebeliões ameaçavam os interesses da elite. populares para a causa do Partido Liberal. Para o povo, os
Logo, durante a década de 30, havia uma guerra ci- liberais representavam a solução para a crise econômica
vil no país. Muitas províncias brasileiras foram palco de e social.
levantes armados, nas quais fazendeiros, tropas, peque- Assim, diante da forte crise política, Antônio Correa da
nos proprietários, índios, homens livres pobres e escra- Costa foi afastado das suas funções pelo Conselho da Pro-
vos lutaram contra a centralização do poder ou contra à víncia, que indicou em 28 de maio de 1834, João Poupino
pobreza e a escravidão. A exemplo temos a Cabanagem, Caldas, como Presidente da Província de Mato Grosso.
no Pará, a Balaiada, no Maranhão, a Sabinada, a Revolta Desta forma, a posse de João Poupino Caldas não
dos Malês e a Cemiterada, na Bahia, a Farroupilha no Rio trouxe as mudanças esperadas ocorrendo com isso uma
Grande do Sul e a Rusga, em Mato Grosso. cisão no partido liberal. O povo por sua vez ficou extre-
Deste modo, assustados com as rebeliões, o gover- mamente descontente e via em Poupino Caldas um trai-
no regencial criou a Guarda Nacional. A Guarda Nacional dor. Assim os liberais exaltados contando com o apoio
era uma milícia composta por cidadãos em armas, isto é, das camadas populares saíram às ruas na noite do dia
os senhores de escravos auxiliados pelos seus capangas, 30 de maio de 1834. Os liberais exaltados, o povo e até
teriam a responsabilidade de conter as revoltas, cabia a mesmo alguns soldados da Guarda Nacional se reuniu
eles a manutenção da ordem. Foi neste contexto históri- no Campo do Ourique (antiga Assembleia Legislativa do
co, que aconteceu a Rusga. Estado de Mato Grosso) iniciando a Rusga.
Portanto, esse movimento social ocorrido em Mato João Poupino Caldas ao receber a notícia da revolta
Grosso, em 1834, teve a sua origem na disputa pelo poder pediu ao bispo de Cuiabá, Dom José Reis, que tentas-
entre os liberais e os conservadores. Os conservadores se conter a fúria popular. O bispo atendendo ao pedido
possuíam entre os seus membros muitos portugueses, do governante foi ao Campo do Ourique portando um
defendiam a centralização e se reuniam na Sociedade Fi-
crucifixo com a intenção de exorcizar o povo. Tal atitude
lantrópica. No início do ano de 1834, a província de Mato
mostrou que o religioso não via que a revolta da popula-
Grosso tinha na sua presidência, o conservador, Antônio
ção tinha as suas raízes nas estruturas sociais e econômi-
Maria Correa.
cas existentes na Província. Apesar de todos os esforços,
Com isso, os liberais por sua vez, pregavam a descen-
e do seu prestígio social e religioso, Dom José não foi
tralização e participavam da Sociedade dos Zelosos da
capaz de conter a fúria popular.
Independência. Havia no partido duas facções; os mode-
rados que desejavam afastar os portugueses dos cargos Sendo assim, a população então partiu sobre o co-
públicos e os exaltados, que apoiavam os moderados no mando do liberal Antônio Patrício da Silva Manso, toma-
tocante aos portugueses, mas as suas reivindicações iam ram o Quartel dos Municipais, apoderando-se das armas
mais além, ou seja, não aceitavam que os Presidentes de e munições, e por volta meia noite gritavam pelas ruas de
Província fossem nomeados pela Regência, e em diversas Cuiabá, “morte aos bicudos”. A medida que os rebeldes
ocasiões chegaram a contestar a figura de Dom Pedro e avançavam, muitos portugueses e brasileiros abastados
o sistema monárquico. foram assassinados. Depois de tomar Cuiabá, os rebeldes
Dentro dessa perspectiva, os liberais almejavam o avançam em direção a Chapada dos Guimarães, Poconé
poder e sabiam que a população estava bastante insatis- e Santo Antônio do Rio Abaixo.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

feita, pois viviam em extrema miséria e além disso, culpa- O movimento durou de maio a setembro de 1834,
vam os conservadores pela sua péssima condição social. e somente foi controlado com a posse de Antônio Pe-
As camadas populares tinham também muita aversão dro de Alencastro, na presidência da Província. Em 1837,
aos portugueses, pois estes eram proprietários de esta- Poupino Caldas foi assassinado, entretanto, o seu pro-
belecimentos comerciais e vendiam os seus produtos a cesso crime foi arquivado, pois o chefe de polícia não
preços exorbitantes à população. encontrou os responsáveis pelo crime.
Deste modo, segundo o Visconde de Taunay em sua
obra “A cidade do ouro e das ruínas”, a aversão aos por-
tugueses já existia em Mato Grosso desde o período da
independência. Na Província havia muitos portugueses,
e estes tornaram-se alvos da malquerença, pois domi-
navam o comércio local, e de acordo com a Constituição
de 1824 possuíam direito à cidadania, e muitos tinham
influência política.

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alforriar os negros idosos da Capitania. O interesse de
FIQUE ATENTO! João de Albuquerque era povoar e vigiar a fronteira con-
A repressão ao movimento demorou e a tra um possível ataque dos espanhóis.
justiça somente veio tomar conhecimento Outrossim, os negros que receberam a sua carta de
depois de três meses, sendo assim, essa alforria deveriam em troca proteger a fronteira para Por-
omissão se deu porque João Poupino Cal- tugal. O governador tomou importantes medidas para
das, um dos revoltosos e insufladores do concretizar os seus objetivos, como por exemplo, foram
povo assumiu a direção da Província e per- entregues sementes, ferramentas e animais de criação
tencia ao partido liberal. Portanto, para a para os moradores da Aldeia da Carlota.
justiça, a rusga foi motivada por um grupo
de subversivos, de inimigos da Pátria e da FIQUE ATENTO!
ordem pública.
A atitude do capitão-general mostra que
ainda ao final do século XVIII, o governo
português continuava interessado em efe-
tivar o uti possedetis.
OS QUILOMBOS EM MATO GROSSO 

Seguindo essa lógica, o quilombo do Rio do Manso


O processo de formação dos quilombos em Mato
representou uma ameaça aos proprietários de terras e
Grosso, passa por vários processos de transição, deste de escravos de Mato Grosso, na segunda metade do sé-
modo, o quilombo do Piolho localizava-se na região do culo XIX, mais precisamente, no contexto da Guerra da
Guaporé, nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trin- Tríplice Aliança (1865-1870). Esse quilombo localizava-
dade. A sua população era composta por negros, índios -se em Chapada dos Guimarães, e a sua população era
cabixis e pelos caburés (mestiços). formada por negros, desertores da Guerra do Paraguai
Com isso, a formação deste quilombo estava relacio- e por criminosos que buscavam segurança e refúgio. A
nada a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Mara- população masculina era predominante, o que levava os
nhão, que abastecia a capital de escravos. Desde o início negros a investirem em ataques a sítios e fazendas para
da ocupação de Vila Bela, os negros resistiam à domina- capturarem mulheres.
ção dos seus proprietários, fugiram e acabaram forman- Deste modo, a notícia deste quilombo trouxe a po-
do o quilombo. pulação da província muita insegurança, pois apesar das
Sendo assim, o quilombo do Piolho era governado reclamações, atitudes mais efetivas não podiam ser toma-
pela rainha Teresa de Benguela, que era assessorada por das, pois faltavam forças policiais. Nesse período, a guer-
um gabinete formado por homens. Produziam a sua so- ra exigia constantemente que milícias fossem conduzidas
brevivência, através de uma agricultura e pecuária de para a guerra, portanto, não havia na Província, soldados
subsistência. No tocante ao religioso, havia um sincre- suficientes para destruir o quilombo do Rio do Manso. Foi
tismo, isto é, a religiosidade apresentava elementos do somente ao término da guerra, que o governo provincial
catolicismo e da religião afro. Em 1778, com a falência da conduziu forças policiais para aniquilar o quilombo.
Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, os Com isso, o documento abaixo deixa evidente os
proprietários de terras se viram sem mão-de-obra, e com problemas causados pela população do quilombo, bem
isso empreenderam esforços para a captura e a destrui- como, a preocupação das autoridades provinciais em
ção do quilombo. combatê-lo. Em 1867, o chefe de Polícia de Cuiabá, Fir-
Deste modo, apoiados pelo capitão-general, Luís de mo José de Matos, enviou ao Presidente da Província de
Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, os proprietários Mato Grosso, Couto de Magalhães, o seguinte Ofício do
chefe de Polícia Firmo José de Matos, Cuiabá, 1867.
de terras em Vila Bela se organizaram para a invasão ao
“Sendo reconhecido que nas cabeceiras do Rio do
Piolho. O quilombo foi destruído, a rainha Teresa ao pre-
Manso existe um grande quilombo, para onde continuada-
senciar o ataque da bandeira cometeu o suicídio negan-
mente vão os escravos fugidos desta capital (Cuiabá) e dos
do a voltar à escravidão, e os negros que sobreviveram
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

mais distritos vizinhos e bem mais desertores do Exército


ao embate foram conduzidos à Vila Bela, aonde foram e criminosos, e, segundo comunicação que acabo de re-
identificados pelos seus antigos donos e aqueles que não ceber do Subdelegado de Polícia do Rosário, constatando
foram reconhecidos foram enviados a Cadeia Pública. que os mesmos negros e desertores tem de costume irem
No ano de 1791, João de Albuquerque de Melo Perei- a essa vila, de onde conduzem mulheres para o quilombo;
ra e Cáceres recebeu dos proprietários de escravos uma julgo de necessidade tomar-se providências no sentido de
solicitação, que forças legais fossem conduzidas nova- combatê-lo a fim de que não se tenha de lamentar fato de
mente a região do Guaporé para a destruição e captura maior gravidade. Entretanto, sendo inconveniente na pre-
de escravos fugitivos. Sob ordem do capitão-general, o sente situação distrair-se forças do serviço de guerra, pro-
quilombo do Piolho desta vez foi totalmente abatido. ponho a V.Exª o aumento do destacamento do Rosário.”
Ademais, a Aldeia da Carlota foi fundada pelo Capi- Portanto, além desses quilombos a historiografia re-
tão-General João de Albuquerque de Melo Pereira e Cá- gional tem destacado a existência de outros, a saber, o
ceres. A comunidade localizava-se no território do antigo Mutuca em Chapada dos Guimarães e do Pindaituba, nas
quilombo do Piolho, portanto na região do Guaporé. O proximidades de Chapada dos Guimarães, e o quilombo
capitão-general para formar essa comunidade resolveu de Mata Cavalos, localizado em Livramento.

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1847-1848 João Crispiano Soares.
#FicaDica
1848 Manuel Alves Ribeiro
Atualmente os remanescentes dos quilom-
1848 Antônio Nunes da Cunha.
bolas de Mata Cavalo, no município de Nos-
sa Senhora do Livramento reivindicaram na 1848-1849 Joaquim José de Oliveira.
Justiça a posse definitiva das terras dos seus 1849-1851 João José da Costa Pimen-
antepassados. Em 2002, a INTERMAT-Insti- tel.
tuto de Terras de Mato Grosso, outorgou o
título definitivo da área à Fundação Cultu- 1851-1857 Augusto Leverger.
ral Palmares, do governo Federal. A seguir, 1857-1858 Albano de Souza Osório.
o presidente Lula assinou um decreto, no
1858-1859 Joaquim Raimundo Dela-
qual reconheceu que o INCRA teria a fun-
mare.
ção de identificar, reconhecer, delimitar, de-
marcar e titular as terras dos descendentes 1859-1862 Antônio Pedro de Alencas-
dos quilombolas. Apesar dessas iniciativas tro.
do governo federal, os conflitos entre os 1862-1863 Herculano Ferreira Pena.
remanescentes dos quilombolas, os fazen-
deiros e grileiros persistem. 1863 Augusto Leverger.
1863-1865 Alexandre Manuel Albino de
Carvalho.
1865-1866 Augusto Leverger.
OS PRESIDENTES DE PROVÍNCIA E SUAS
REALIZAÇÕES 1866-1867 Albano de Souza Osório.
1867-1868 José Vieira Couto de Maga-
lhães.
Período Governador 1868 João Batista de Oliveira.
1825-1828 José Saturnino da Costa 1868 Albano de Souza Osório.
Pereira.
1868-1869 José Antônio Murtinho.
1828-1830 Jerônimo Joaquim Nunes.
1869-1870 Augusto Leverger.
1830-1831 André Gaudie Ley.
1870 Luís da Silva Prado.
1831-1833 Antônio Correa da Costa.
1870 Antônio de Cerqueira Cal-
1833 André Gaudie Ley das.
1833-1834 Antônio Correa da Costa. 1870-1871 Francisco Antônio Raposo.
1834 José de Melo Vasconcelos 1871 Antônio de Cerqueira Cal-
1834 João Poupino Caldas das.
1834-1836 Antônio Pedro de Alencas- 1871-1872 Francisco José Cardoso Jú-
tro nior.
1836 Antônio Correa da Costa. 1872-1874 José de Miranda Reis.
1836 Antônio José da Silva 1874-1875 Antônio de Cerqueira Cal-
das.
1836-1838 José Antonio Pimenta Bue-
no. 1875-1878 Hermes Ernesto da Fonseca.
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1838 José da Silva Guimarães. 1878 João Batista de Oliveira.


1838-1840 Estevão Ribeiro de Resende. 1878-1879 João José Pedrosa.
1840 Antônio Correa da Costa. 1879-1881 Rufino Enéas Gustavo Fal-
cão.
1840-1842 José da Silva Guimarães.
1881 José Leite Galvão.
1842-1843 Antônio Correa da Costa.
1881-1883 José Maria de Alencastro.
1843 José da Silva Guimarães.
1883 José Leite Falcão.
1843 Manuel Alves Ribeiro.
1883-1884 Manuel de Almeida Gama
1843 José Mariano de Campos.
Lobo D’Eça.
1843-1844 Zeferino Pimentel Moreira
1884-1885 Floriano Peixoto.
Freire.
1844-1847 Ricardo José Gomes Jardim

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1885 José Joaquim Ramos Fer- Na província do Mato Grosso, a aprovação da lei Eu-
reira. sébio de Queiroz não trouxe transformações sensíveis,
uma vez que o número de escravos existente na provín-
1885-1886 Joaquim Galdino Pimentel. cia era suficiente. Além disso, a economia extrativista da
1886 Antônio Augusto Ramiro de poaia, da erva-mate e da borracha, devido as suas par-
Carvalho. ticularidades, optou pelo trabalho do homem livre. As-
sim os escravos existentes eram absorvidos na economia
1886-1887 Álvaro Rodovalho açucareira.
Marcondes dos Reis. Sendo assim, para garantir o suprimento de mão-de-
1887 Antônio Augusto Ramiro de -obra para os produtores de açúcar foi necessário apelar
Carvalho. para o tráfico interprovincial de escravos. O surgimen-
1887 José Joaquim Ramos Fer- to do tráfico interno de escravos estava relacionado a
reira. proibição do tráfico intercontinental, pois com o fim do
abastecimento de escravos, as províncias do nordeste
1887-1889 Francisco Rafael de Melo passaram a abastecer as demais províncias brasileiras,
Rego. solucionado o problema da falta de mão de obra.
1889 Antônio Herculano de Souza No Mato Grosso, o governo para assegurar a mão-
Bandeira. -de-obra escrava aos produtores de açúcar chegou a es-
tabelecer uma taxa de 30% sobre cada escravo que fosse
1889 Manuel José Murtinho. vendido a outra província. A Lei Eusébio de Queiroz fa-
1889 Ernesto Augusto Cunha voreceu para que muitos escravos utilizados no serviço
Matos. doméstico em Cuiabá fossem transferidos para a lavoura
canavieira. Desta forma, em 1868-1869, ocorreu a dimi-
Em meados do século XIX, a economia cafeeira esta- nuição do número de escravos urbanos em Cuiabá. A
va em franca expansão, favorecendo a industrialização, diminuição da quantidade de escravos na capital da Pro-
que acarretou o crescimento desorganizado de cidades víncia foi ocasionada pela epidemia de varíola (1867), que
como São Paulo e o Rio de Janeiro. Neste período, mui- dizimou muitos escravos, pela Guerra do Paraguai, uma
tos imigrantes europeus chegaram ao Brasil atraídos vez que muitos escravos foram enviados aos campos de
pelo sonho de enriquecimento, de fazer a América. Vie- batalha, pelo deslocamento de escravos domésticos para
ram trabalhar nas fazendas de café, aonde eram extre- a economia açucareiro em expansão, pela abolição do
mamente explorados e logo perceberam que o sonho de trafico negreiro e posteriormente as demais leis aboli-
enriquecimento estava bastante distante, pois o acesso cionistas acabaram dificultando mais ainda a aquisição
a terra tornou-se mais difícil com a promulgação da Lei de escravos.
de Terras (1850), que estabeleceu que as terras devolutas Assim sendo, no tocante as atividades urbanas, os
deviam ir a leilão. Assim a propriedade da terra tornou-se escravos além de trabalharem nos serviços domésti-
inacessível ao homem pobre do campo. cos, eram encontrados trabalhando como carpinteiros,
Deste modo, cansados da exploração dos fazendei- oleiros, sapateiros, dentre outras funções. Pelas ruas de
ros, muitos imigrantes foram para São Paulo trabalhar Cuiabá, os escravos podiam ser vistos no comércio am-
nas fábricas engrossando as fileiras dos moradores dos bulante, negociando mercadorias que eram vendidas
cortiços. Essas moradias abrigavam os setores sociais para manter a sua sobrevivência ou adquirir a sua carta
marginalizados, que viviam amontoados em péssimas de alforria.
condições de higiene. Portanto, com a abolição do tráfico, o preço do escra-
Com isso, as transformações econômicas e sociais vo aumentou e as fugas tornaram-se mais frequentes. Os
exigiam mudanças nas relações de produção, provocan- jornais que circulavam na província noticiavam as fugas,
do uma crise do sistema escravista. Desta maneira, o go- dando detalhes físicos do escravo fujão e prometendo
verno imperial preocupou-se em atender os diferentes recompensa e prêmios. A exemplo, temos o anúncio:
posicionamentos sobre a extinção da escravidão. Havia Gritava-se com a quantia de 150 $ 000 a quem capturar
aqueles que eram partidários de um fim de escravidão os escravos Modesto e Zeferino, pertencentes ao senhor
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lenta e gradual, outros advogavam a libertação imediata Urbano José de Arruda.


e ainda havia aqueles que defendiam a sua manutenção. Já em 1871 com a aprovação da Lei do Ventre Livre, o
Ademais, a Inglaterra interessada na expansão do governo imperial determinou a liberdade para as crianças
mercado consumidor, pressionava o governo imperial nascidas na escravidão. Porém essa lei foi pouco cumpri-
para finalizar o tráfico de escravos intercontinental. Dian- da, pois os proprietários de escravos alteravam as datas
te destas pressões, o governo imperial interessado em de nascimento e evitavam batizar as crianças, para impe-
atender aos diferentes interesses, iniciou a promulgação dir a execução da lei. Em 1885, a Lei Saraiva Cotegipe ou
das leis abolicionistas. Em 1850, foi aprovada a Lei Eu- dos Sexagenários, que concedeu a liberdade aos negros
sébio de Queiroz, que estabeleceu o fim do tráfico de idosos, não promoveu também muitas alterações, uma
escravos, contudo foi somente em 1888, com a assina- vez que muitos escravos faleciam antes de conseguir
tura da Lei Áurea que a escravidão chegou ao fim. Essas usufruir dos seus direitos. De acordo com o Relatório da
alterações ocorridas na região sudeste acabaram reper- Agricultura, em 1888, na Província de Mato Grosso havia
cutindo na Província de Mato Grosso. somente 20 sexagenários libertos.

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Contudo, é importante salientar, que os idosos alfor- nização ao país. Inicialmente, o Paraguai foi governado
riados preferiam continuar a viver nas fazendas dos seus por José Gaspar de Francia, que extinguiu a escravidão,
antigos donos, pois não possuíam terra no campo e nem conferiu liberdade religiosa e diversificou a agricultura.
uma profissão qualificada para irem para a cidade. Para- Durante o seu governo, as terras improdutivas da elite e
lelamente as leis abolicionistas, ocorreu em Mato Grosso, do clero foram confiscadas para a reforma agrária.
o surgimento de Sociedades de Emancipação. Essas so- Desta forma, Carlos Lopes, deu continuidade à políti-
ciedades sobreviviam com muitas dificuldades financei- ca de desenvolvimento empreendida na gestão anterior,
ras, pouco podendo fazer pelo fim da escravidão. Porém, com isso construiu estradas de ferro, linhas telegráficas e
os escravos libertados pelas sociedades de emancipação estaleiros. Aboliu as restrições à navegação internacional
continuavam sob a tutela de seus antigos proprietários. nos rios que cruzavam o território paraguaio. Com isso,
Sendo assim, durante a crise do escravismo, as cartas em 1857, o governo paraguaio permitiu que navios bra-
de alforria tornaram-se bastante corriqueiras, entretan- sileiros chegassem a Província de Mato Grosso através
to favoreciam principalmente as mulheres e as crianças, da navegação do rio Paraguai (livre navegação da Bacia
pois os escravos do sexo masculino eram imprescindíveis Platina).
nas atividades econômicas. A seguir apresentamos abai- Entretanto, após Carlos Lopes, o seu filho, Francisco
xo um exemplo de carta de alforria. Solano Lopes assumiu o governo do Paraguai, Solano
Com isso, foi assinada concebo liberdade a minha es- Lopes deu continuidade a uma política econômica volta-
crava Isabel pelos bons serviços que me prestou durante da para o desenvolvimento autônomo do país. Para isso
pouco tempo que está em meu poder, pois quando a dinamizou a lavoura de algodão, concedeu isenção de
comprei foi mesmo para fazer-lhe este ato caritativo. Es- impostos alfandegários para máquinas e equipamentos
pero que como prometo não seria desconhecida a este importados. Logo podemos assegurar que o Paraguai se
benefício e continuará a morarem minha casa e servir-me despontava como uma nação auto- suficiente.
sito que não tenho quem me sirva sem constrangimento. Com isso, esse modelo de desenvolvimento entrava
Cuiabá, 19 de marco de 1880. em choque com os interesses econômicos da Inglaterra.
Assim tornou-se estratégico para o capitalismo inglês, a
destruição do Paraguai. No ano de 1850, Brasil e Paraguai
FIQUE ATENTO! afirmaram um tratado, no qual estabeleceram o compro-
Podemos afirmar que o abolicionismo atin- misso de defender a independência do Uruguai. Porém,
giu a Província de Mato Grosso, contudo, em agosto de 1864, o Brasil ameaçou de invadir o Uru-
nesse período a economia da Província já guai para derrubar o governo de Aguirre.
estava sustentada na mão de obra livre, Desta forma, ao saber da intenção do governo bra-
logo a crise do escravismo não abalou a sileiro, Solano Lopes, presidente do Paraguai, informou
economia mato-grossense. ao governo imperial, que a invasão colocava em risco o
equilíbrio político do Prata. O governo brasileiro ignorou
o posicionamento de Solano Lopes, e em setembro de
1864, o Brasil invadiu o Uruguai.
A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTRA Mediante a essa situação, o Paraguai reagiu, e em
O PARAGUAI E A PARTICIPAÇÃO DE MATO novembro deste mesmo ano, Solano Lopes aprisionou a
GROSSO  navio brasileiro “Marquês de Olinda”, que trazia a bordo
o novo presidente da Província de Mato Grosso, Frede-
rico Carneiro de Campos. A seguir, o governo paraguaio
No decorrer do Segundo Reinado, a política externa declarou guerra ao Brasil. No mês seguinte ao aprisio-
brasileira esteve direcionada para garantir a paz interna namento do navio brasileiro em Assunção, Solano Lopes
nos países do Prata, onde tínhamos interesses econômi- ordenou a invasão da Província de Mato Grosso. O dita-
cos a defender, e em assegurar a livre navegação da ba- dor paraguaio tinha informações que a província militar-
cia Platina, o acesso mais rápido e seguro para chegar à mente estava indefesa e que as forças militares brasilei-
Província de Mato Grosso. ras eram precárias.
Com isso, buscando atender os seus objetivos, o go- Deste modo, contando com a participação de 9.000
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

verno brasileiro promoveu intervenções armadas na Ar- soldados, as forças paraguaias tomaram Corumbá, o For-
gentina e no Uruguai, e ainda levou o Brasil a uma guerra te de Coimbra, Dourados, Miranda e Nioaque. Com isso,
contra a República do Paraguai. ao tomar conhecimento da tomada de Corumbá pelas
Sendo assim, a Guerra do Paraguai provocou a morte tropas de Solano Lopes, a população da província teve
aproximadamente de 130 mil pessoas, aumentou con- muito medo, pois os paraguaios eram vistos pelos mato-
sideravelmente a dívida externa brasileira, pois o Brasil -grossenses como bárbaros.
gastou nos campos de batalha 614 mil réis, o equivalente Desta forma, acreditando na possibilidade de uma
a onze vezes o orçamento do governo imperial. invasão paraguaia a Cuiabá, Augusto Leverger, o Barão
Para compreendermos a guerra, é necessário fazer de Melgaço, organizou uma expedição de homens de-
um recuo histórico, logo, em 1814, o Paraguai ficou in- nominada de “Voluntários Cuiabanos”. Essa expedição se
dependente e ao contrário do Brasil que adotou a mo- dirigiu a Colina de Melgaço para aguardar os paraguaios,
narquia, fez a sua opção pela República. Sendo assim, o entretanto, estes não vieram. Ao retornar a Cuiabá, os
governo republicano no Paraguai foi consolidado através voluntários foram recebidos como heróis pela popula-
de ditaduras, que trouxeram desenvolvimento e moder- ção.

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Com isso, a guerra trouxe também muita insegurança mílias inteiras faleceram vítimas da bexiga, fazendo com
com relação aos escravos, pois em consequência da fal- que a polícia arrombasse as portas de diversas casas e
ta de soldados, os brancos temiam uma rebelião. Além encontrassem no seu interior todos os seus membros
disso, as autoridades policiais eram alertadas sobre os mortos e os corpos em estado adiantado de putrefação.
ataques dos negros do quilombo do Rio do Manso, em A varíola dizimou uma parcela significativa da po-
Chapada dos Guimarães. Os negros deste quilombo ha- pulação mato-grossense, contudo a documentação do
bitualmente assaltavam sítios e fazendas nas imediações período não revela com exatidão o número de vítimas.
de Cuiabá e de Chapada para roubar mulheres. De Acordo com Joaquim Moutinho, cronista que viveu
Sendo assim, o quilombo do Rio do Manso tornou- e sentiu na pele a dor provocada pela doença, o quadro
-se também bastante temido devido à presença de de- estatístico apresentado pela polícia não era preciso, pois
sertores da guerra. Esses desertores eram soldados que era fundamental para as autoridades governamentais da
fugiam do acampamento militar, eram procurados pela Província esconder do governo central a realidade, pois
justiça e por segurança refugiavam-se no quilombo do a revelação do número exato dos mortos denunciava a
Rio do Manso. Outra situação difícil para a população foi inoperância destas autoridades.
o aumento exorbitante do preço dos alimentos. Com a Desta forma, em 1867, o comando das forças aliadas
tomada de Corumbá e consequentemente com o blo- estava com Caxias. Foi neste momento, que um surto de
queio da Bacia Platina, a província ficou isolada não rece- cólera, impediu o avanço das forças aliadas sobre o Pa-
bendo mais mercadorias. A população se viu então priva- raguai. Um pequeno destacamento de soldados tentou
da de muitos produtos, como por exemplo, o sal. invadir o Paraguai através do Mato Grosso, atingindo
Deste modo, em consequência do seu alto preço, os Laguna. Porém as dificuldades encontradas como a falta
comerciantes agindo com esperteza passaram a vender de abastecimento e o medo da cólera fizeram a tropa
salitre no lugar do sal, com a intenção de esperar que recuar. Perseguida pelos paraguaios, a coluna em fuga
o produto encarecesse mais para obter mais lucro. O perdeu muitos homens vítimas da cólera.
governo provincial ao tomar conhecimento deste fato, Portanto, a partir de 1868, os ataques do exército bra-
resolveu confiscar o sal que estava em posse dos nego-
sileiro e da marinha se intensificaram, e em 1869 já era
ciantes.
evidente a perda do Paraguai. No ano seguinte, Caxias
Ademais, para agravar mais ainda a fome da popu-
pediu afastamento do conflito e foi substituído pelo
lação, em janeiro de 1865, as águas do rio Cuiabá trans-
Conde D’Eu, que conduziu os soldados brasileiros até ao
bordaram destruindo as roças de subsistência localiza-
final do combate. Em 1870, as tropas brasileiras tomaram
das nas proximidades das margens do rio. A situação
a acampamento de Solano Lopes em Cerro Cora. Esse
somente foi contornada, quando a Bolívia assumiu junto
embate ocasionou na morte do ditador paraguaio e con-
ao governo brasileiro a responsabilidade de abastecer de
sequentemente encerrou o conflito bélico.
alimentos a Província. Essa notícia foi muito bem recebi-
da, pois a população mato-grossense temia que a Bolívia
apoiasse o governo paraguaio.
Com isso, em 1867, as forças brasileiras retomaram #FicaDica
Corumbá, entretanto, foi durante este acontecimento
que soldados do Exército brasileiro foram conduzidos a A Guerra do Paraguai foi um conflito mili-
Cuiabá por estarem demasiadamente doentes. Ao che- tar que ocorreu na América do Sul, entre os
gar a Cuiabá, os soldados foram enviados à Santa Casa anos de 1864 e 1870. Nesta guerra o Para-
de Misericórdia. O médico atendente não conseguiu pe- guai lutou conta a Tríplice Aliança formada
los sintomas diagnosticar a moléstia, e somente após o por Brasil, Argentina e Uruguai, a Tríplice
falecimento dos doentes, que os médicos constaram que Aliança saiu vencedora, entretanto, sem
se tratava da varíola. Porém era tarde demais, a enfermi- grandes benefícios.
dade se propagou pela cidade afetando os seus mora-
dores.
Infelizmente, o poder público não teve tempo de
organizar cordões sanitários, e uma das alternativas en- A ECONOMIA MATOGROSSENSE APÓS A
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

contradas para conter o surto epidêmico foi construir um GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTRA O
cemitério para abrigar as vítimas da bexiga, o Cemitério PARAGUAI 
de Nossa Senhora do Carmo, chamado pelos populares
de Cae-Cae. A seguir, o texto abaixo nos demonstra os
efeitos que a doença provocou no comportamento dos Como consequência do término da guerra, a Provín-
cuiabanos. cia de Mato Grosso passou por muitas transformações,
Com a propagação rápida da doença, a população pois a reabertura da bacia Platina permitiu que a Pro-
teve o seu cotidiano alterado de maneira trágica e vio- víncia participasse do capitalismo internacional através
lenta, justificou todo o seu sofrimento e tanta desgraça da exportação de produtos do extrativismo vegetal e da
como castigo de Deus. O bispo de Cuiabá, Dom José Reis pecuária, e da importação de produtos industrializados.
preparou os fiéis para uma procissão que percorreu to- Segundo a historiadora Edil Pedro só em sua obra, O co-
das as casas onde havia um doente. A doença não esco- tidiano dos viajantes nos caminhos fluviais de Mato Gros-
lhia sexo, a condição social do indivíduo e quanto menos so (1870-1930), nesse período o trânsito de embarcações
a idade, afetando, portanto, crianças, jovens e idosos. Fa- brasileiras e estrangeiras pelo rio Paraguai tornaram-se

16
corriqueiras, pois a navegação da bacia Platina passou a
ser o principal caminho por todos aqueles que queriam #FicaDica
chegar e sair da Província de Mato Grosso.
Deste modo, a rota fluvial que atendia Mato Grosso Sendo assim, o que se pode assistir foi um
processo onde as desigualdades sociais iam
tinha nos rios Cuiabá e Paraguai, os seus principais per-
ficando cada vez mais explícitos, mais con-
cursos. Os navios ao saírem de Cuiabá, atingiam o São
trastantes, senhores que podiam ostentar
Lourenço e a seguir o Paraguai, o Paraná, e daí o Oceano
sobrados bem decorados em contraposição
Atlântico. Ao sair de Cáceres, a viagem era feita pelo rio
a uma maioria de livres pobres, libertos e
Paraguai e a seguir o Paraná, e depois através do Oceano
escravos que habitavam casas rústicas, de
chegavam a Corte. As embarcações que seguiam esses
paredes de adobe e destituídos dos mais
caminhos eram grandes, enquanto as que navegavam do
elementares princípios de civilidade.
Prata a Corumbá eram médias, contudo confortáveis, e
as embarcações que iam para o interior da Província de
Mato Grosso eram vapores menores.
Sendo assim, a navegação do Prata promoveu o sur-
O FIM DO IMPÉRIO EM MATO GROSSO
gimento de uma burguesia comercial, proprietária de
Casas de Comércio, que surgiram principalmente nas ci-
dades portuárias como Cuiabá, Cáceres, Corumbá, Porto
Murtinho, Bela vista e Ponta Porã. A partir da década de 1870, ‘puderam-se perceber os
Com isso, as casas de comércio negociavam diversos primeiros sinais de crise do regime monárquico. O sur-
artigos importados como tecidos, móveis e brinquedos, gimento e o crescimento do Partido Republicano, o des-
e ao mesmo tempo comercializavam os produtos ma- gaste político do Imperador decorrente de conflitos com
to-grossenses. Assim a livre navegação da bacia Plati- o Exército, de atritos com a Igreja e de tensões com a eli-
na representou para a Mato Grosso uma alternativa de te agrária são algumas das principais evidencias de que
a monarquia brasileira estava com os seus dias contados.
superar a debilidade econômica. Além disso juntamen-
Entretanto, para entendermos o processo de desa-
te com as mercadorias, ideias vindas de outros centros
gregação do regime monárquico, torna-se necessário
eram consumidas. Por exemplo, os cuiabanos passaram
analisar o que Boris Fausto chama de “razões de fundo”,
a confeccionar os seus trajes e a decorar as suas residên-
ou seja, o impacto das transformações socioeconômicas
cias seguindo os padrões de Buenos Aires e Montevideo.
verificadas no pais a partir de 1850, além das implicações
Ademais, outra mudança provocada pela guerra foi
da vitória brasileira na Guerra do Paraguai.
o aumento territorial da Província, pois ao término da
Deste modo, para identificarmos os setores sociais in-
guerra, a Argentina e o Brasil tomaram posse de áreas
teressados na proclamação da república, remontaremos
territoriais do Paraguai, para ser mais preciso, o Paraguai
as transformações socioeconômicas ocorridas no país a
perdeu 150.000 Km² de seu território.
partir de 1850. Ao final do século XIX, a modernização do
Outrossim, a guerra exterminou a população guara-
pais era evidente: as relações capitalistas eram predomi-
ni, ao iniciar o conflito armado o país contava aproxi-
nantes em vários setores da economia, principalmente
madamente com 800.000 habitantes, quando terminou,
na área cafeeira do Oeste Paulista; o mercado interne di-
restavam 200.000. A sua economia que anteriormente
namizou-se, oferecendo novas opções de investimentos;
era próspera estava agora totalmente debilitada, o seu
as indústrias espalharam-se pelos grandes centros urba-
parque industrial foi totalmente destruído, as riquezas do
nos do país e o setor de transportes ampliou-se através
extrativismo vegetal foram cedidas a empresas estran-
da expansão das ferrovias.
geiras, as terras públicas usadas pelos camponeses foram
Com isso, ao mesmo tempo, a sociedade também
vendidas a ingleses, holandeses e aos norte-americanos.
passou por mudanças: a burguesia cafeeira (elite agrá-
Diante da terrível conjuntura, muitos paraguaios migra-
ria de mentalidade empresarial) tornou-se a classe social
ram para a Província de Mato Grosso em busca de espe-
mais importante face a decadente aristocracia tradicio-
rança, de uma vida melhor.
nal, as camadas medias urbanas cresceram, ganhando
Portanto, em Mato Grosso, muitos desses paraguaios
maior representação social, e os militares tiveram seu
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

foram tratados pela população e até mesmo pelas au-


prestígio aumentado, devido à participação na Guerra do
toridades governamentais como a escória da sociedade.
Paraguai.    
Para os agentes da imigração, as paraguaias eram mu-
Desta forma, essas transformações implicariam, ne-
lheres perdidas, de baixa espécie, consideradas as fezes
cessariamente, a alteração do quadro político. A mo-
da sociedade mato-grossense. Desta forma, apesar da
narquia não atendia mais aos interesses do país. Para a
reabertura da bacia Platina, a modernização da Província
burguesia cafeeira, o unitarismo impedia a autonomia
aconteceu lentamente, pois, além da resistência ao novo,
administrativa e econômica das províncias, levando as
não podemos esquecer das precariedades econômicas
áreas mais dinâmicas do país (São Paulo, Minas Gerais,
de uma província pobre e dependente do governo im-
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul) a sustentar as mais po-
perial.
bres. Além disso, não permitia que seus problemas mais
urgentes, tais como a abolição da escravidão, a imigração
e a construção de ferrovias fossem resolvidos de forma
autônoma. Também criticavam as instituições monárqui-
cas, por não se adequarem mais a nova realidade do país.

17
Ademais, o Parlamento era dominado pela aristocra-
cia agrária (senhores de terras e escravos), impedindo, FIQUE ATENTO!
assim, o controle do poder pelas lideranças mais dinâ- O positivismo, conjunto de princípios e
micas do país. Para as camadas médias urbanas, o siste- ideias filosóficas formuladas pelo francês
ma eleitoral, baseado no voto indireto e censitário, era Augusto Comte, no século XIX, propunha a
o grande obstáculo para a concretização de seu desejo: organização do Estado sob a forma de uma
participar das decisões políticas do país. republica ditatorial, como meio de garantir,
Outrossim, para os militares, o direito de participação simultaneamente, a ordem e o progresso da
política era negado pelo governo imperial. O prestígio nação. Essas ideias foram amplamente di-
conseguido com a Guerra do Paraguai não foi suficiente vulgadas nas escolas militares, tendo como
para par fim ao “descaso do governo em relação ao Exér- maior expoente, Benjamin Constant. A pro-
cito”. Como você pode perceber, a burguesia cafeeira, as posta de uma ditadura militar como solu-
classes medias e o Exército eram os setores do país mais ção para a modernização do país começou
descontentes com a monarquia. Para eles, a república a ganhar corpo.
aparecia como uma “solução natural”.
Entretanto, a queda da monarquia, em 1889, foi resul-
tado de uma crise que se instalou nos mais diversos seto-
res do país. Essa crise refletiu-se nas chamadas questões
imperiais, que levaram o Império a perder o apoio de EXERCÍCIOS COMENTADOS
importantes setores da sociedade brasileira: o Exército, a
Igreja e a elite agrária tradicional. 1. Após séculos de tensão entre os países da região Pla-
 Questão Militar: conflitos envolvendo o Exército e tina, Brasil e Paraguai entraram em guerra. Sobre o tema
o governo imperial, que culminaram na punição de da Guerra do Paraguai, é correto assinalar:
oficiais militares, devido a pronunciamentos polí-
ticos. O Exército, descontente, reage retirando seu a) Foi decisivo para o processo de constituição da Repú-
apoio a monarquia. blica, porque os militares, em contato com as tropas
 Questão Religiosa: atritos envolvendo o governo inglesas, aderiram à ideologia inglesa antimonarquis-
imperial e os bispos do Pará e Olinda. Devido a ta.
vigência do Beneplácito (direito do imperador de b) Foi um conflito que envolveu o Brasil, o Paraguai, o
decidir na aplicação ou não das determinações ca- Uruguai e a Argentina, em torno do espólio comer-
nônicas da Santa Fé), o imperador não atendeu as cial proporcionado pela disputa de território e rios na
determinações da Bula Sylabus (Papa Pio IX), que Região do Prata e Mato Grosso. Foi amplamente in-
impunha uma série de medidas contra a maçona- centivado pela Inglaterra que se beneficiava do livre
ria. A Igreja retira seu apoio a monarquia, desejan- comércio defendido pelo Brasil e Argentina contra a
do a separação Igreja / Estado. posição Paraguaia, que buscava restringir a presença
 Questão Abolicionista: insatisfação da elite agrária inglesa nos rios e portos da região.
tradicional com a abolição da escravidão feita sem c) As contínuas invasões de ladrões de gado em terras
a indenização que reivindicavam do governo im- paraguaias e os seguidos conflitos por jurisdição fo-
perial. A aristocracia agrária retira seu apoio a mo- ram as motivações decisivas para que o Paraguai se
narquia, dando origem a um grupo denominado juntasse ao Uruguai na luta contra o Brasil.
“republicanos de 13 de maio”. d) O Paraguai desafiou o poder dos ingleses no conti-
nente porque intencionava se aliar ao Brasil nas diver-
Portanto, percebendo a situação difícil em que se gências comercias entre o Brasil e a Inglaterra.
encontrava, o governo imperial ainda tentou recuperar e) Foi um conflito que envolveu o Brasil, o Paraguai, o
seu prestígio. Enviou à Câmara um projeto de reformas Uruguai e a Argentina em torno da navegação do Rio
políticas, visando a modernização do país, que propu- da Prata e os territórios do Mato Grosso. A Guerra não
nha, dentre outras coisas, a autonomia administrativa e contou com o apoio Inglês para nenhum dos lados,
a liberdade de fé religiosa. Porém, era tarde demais. A pois se beneficiava do monopólio da navegação do
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15 de novembro de 1889, os militares, chefiados pelo Paraguai, parceiro principal dos ingleses.
Marechal Deodoro da Fonseca e apoiados pelos diversos
setores republicanos do país, deram um golpe que pôs Resposta: Letra B. A Guerra do Paraguai, 1865-1870,
fim  a  monarquia. Na mesma noite, foi organizado um envolveu a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai)
governo provisório para a recém-criada Republica dos contra a República do Paraguai. O fator determinante
Estados Unidos do Brasil. para o conflito foi a formação dos Estados Nacionais
na América do Sul, em especial o acesso aos rios da
Bacia do Prata. Também havia o interesse inglês no
conflito. A Inglaterra foi a parceira que financiou a Trí-
plice Aliança.

18
2. O fato de ser a única monarquia na América levou os d) demonstram como a inabilidade diplomática das na-
governantes do Império a apontarem o Brasil como um ções envolvidas provocou uma guerra prolongada e
solitário no continente, cercado de potenciais inimigos. muito cara, que, em última instância, gerou forte de-
Temia-se o surgimento de uma grande república lidera- pendência econômica da região durante o resto do
da por Buenos Aires, que poderia vir a ser um centro de século XIX.
atração sobre o problemático Rio Grande do Sul e o iso- e) realçam a importância do Uruguai e da Argentina
lado Mato Grosso. Para o Império, a melhor garantia de como provocadores desse conflito regional porque
que a Argentina não se tornaria uma ameaça concreta defendiam que a navegação do estuário do Prata fos-
estava no fato de Paraguai e Uruguai serem países inde- se exclusividade dessas nações, trazendo imediato
pendentes, com governos livres da influência argentina. prejuízo à Inglaterra.
(Francisco Doratioto. A Guerra do Paraguai, 1991.)
Resposta: Letra C. Os estudos feitos entre 1970 e
Segundo o texto, uma das preocupações da política ex- 1980 mostraram que, além dos países envolvidos no
terna brasileira para a região do Rio da Prata, durante o conflito (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), a Ingla-
Segundo Reinado, era terra teve papel decisivo na ocorrência da Guerra do
Paraguai, incentivando e financiando a Tríplice Aliança
a) estimular a participação militar da Argentina na Tríplice no conflito.
Aliança.
b) limitar a influência argentina e preservar a divisão po- 4. “No início do século XVII, temos as primeiras referên-
lítica na área. cias, nos documentos, a escravos fugidos que formam
c) facilitar a penetração e a influência política britânicas uma comunidade na área dos Palmares, na região serra-
na área. na a cerca de 60 quilômetros da costa do atual estado de
d) impedir a autonomia política e o desenvolvimento Alagoas, por volta de 1605. (...) Em 1667, os quilombo-
econômico do Paraguai. las começaram a atacar fazendas para conseguir armas,
e) integrar a economia brasileira às economias paraguaia libertar escravos e vingar-se de senhores e feitores. (...)
e uruguaia. Os ataques portugueses intensificaram-se nos anos
seguintes, sem sucesso, até que o paulista Domingos
Resposta: Letra B. A preocupação de d. Pedro II com Jorge Velho ofereceu-se para conquistar os índios de
relação ao rio da Prata era a possibilidade de a Argen- Pernambuco, em 1685, o que abria as portas para sua
tina invadir e dominar o Rio Grande do Sul e o Mato atuação, também, no combate aos escravos fugidos e
Grosso. agrupados em Palmares.”
FUNARI, Pedro Paulo e CARVALHO, Aline Vieira de. Palmares, on-
3. A partir da década de 1970, ganhou espaço a interpre- tem e hoje. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2005, pp. 11-13.
tação de que o imperialismo inglês foi a causa da Guerra
do Paraguai, deflagrada em dezembro de 1864. Segundo “Em meados de 1887, escravos fugidos de várias partes
essa vertente, o trono britânico teria utilizado o Império da província, estimulados pelos caifazes, organizaram
do Brasil, a Argentina e o Uruguai para destruir um su- no Mont Serrat, em Santos, no litoral paulista, o Quilom-
posto modelo de desenvolvimento paraguaio, industria- bo do Jabaquara – uma verdadeira cidade, de onde seus
lizante, autônomo, que não se submetia aos mandos e ocupantes saíam para trabalhar nas minas de carvão ou
desmandos da potência de então. Estudos desenvolvidos como carregadores de café no porto. Foi a maior colônia
a partir da década de 1980, porém, revelam um panora- de escravos fugidos no período.
ma bastante distinto. O Quilombo do Jabaquara fazia parte de uma rede de
(Francisco Doratioto. Paraguai: guerra maldita. Em: Luciano Figuei- quilombos muito mais ampla, ligada à Confederação
redo, História do Brasil para ocupados, 2013. Adaptado) Abolicionista – criada em 1883 na sede do jornal Gazeta
da Tarde, na cidade do Rio de Janeiro por José do Pa-
Os novos estudos sobre a Guerra do Paraguai trocínio, João Clapp, André Rebouças, Aristides Lobo e
muitos outros intelectuais, jornalistas, empresários etc.”
a) questionam a superioridade militar da aliança entre
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VAINFAS, Ronaldo e outros. História. São Paulo: Editora Saraiva,


Argentina, Brasil e Uruguai e consideram que a vitória 2014. p. 485.
dessas nações derivou mais de algumas circunstâncias
favoráveis do que da competência bélica. Os textos permitem afirmar que os quilombos no Brasil
b) apontam para o expansionismo territorial do Impé-
rio do Brasil como o principal causador dessa guerra, a) eram comunidades constituídas por negros fugidos da
como pode ser verificado por meio das pretensões escravidão e brancos abolicionistas, estabelecidas em
brasileiras por territórios divisos com o Paraguai e a todas as regiões, duramente combatidas pelos colo-
Argentina. nizadores portugueses e pelos industriais do império.
c) atribuem a responsabilidade do conflito aos quatro b) foram numerosos nas regiões economicamente mais
países envolvidos, que estavam em um momento par- importantes do país, como Alagoas e São Paulo, onde
ticular de suas histórias, porque se encontravam em a massa de escravos concentrava-se para abastecer,
meio aos processos de construção e consolidação dos respectivamente, várias atividades urbanas e as lavou-
Estados Nacionais. ras de cana-de-açúcar.

19
c) romperam a unidade do movimento de resistência dos convencido de que Buenos Aires ambicionava ser o cen-
negros à escravidão, acolhendo indígenas e outros tro de um Estado que abrangesse o antigo vice-reino do
trabalhadores dispostos a participar de uma alternati- Rio da Prata, incorporando o Paraguai.
va à sociedade baseada no latifúndio, na monocultura (Adaptado de Francisco Doratioto, Maldita Guerra: nova história
e na escravidão. da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.
d) tiveram papel significativo na resistência à escravidão 471.)
desde o período colonial, e no império receberam o
apoio de setores progressistas da sociedade favorá- Sobre o contexto histórico a que o texto se refere é cor-
veis à abolição da escravidão sem indenização aos reto afirmar que:
proprietários.
a) A Guerra do Paraguai foi um instrumento de consoli-
Resposta: Letra D. Questão trata da existência de dois dação de fronteiras e uma demonstração da política
importantes quilombos em épocas diferentes da His- externa do Império em relação aos vizinhos, embora
tória brasileira: Palmares, erguido no Período Colonial tenha gerado desgastes para Pedro II.
e Jabaquara, erguido no Segundo Reinado. Como os b) As motivações econômicas eram suficientes para em-
textos afirmam, ambos os quilombos resistiram às in- preender a guerra contra o Paraguai, que pretendia
vestidas do poder estatal, ainda que não eternamente. anexar territórios do Brasil, da Bolívia e do Chile, em
Fica claro, também, que no Segundo Reinado existia busca de uma saída para o mar.
uma rede de quilombos ajudados por defensores da c) A Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai,
causa abolicionista, como André Rebouças. mas foi contida pela interferência do Brasil e pela pres-
são dos EUA, parceiros estratégicos que se opunham à
5. Em 1835, a Regência Una foi assumida por Diogo Fei- recriação do vice-reino do Rio da Prata.
jó. Foi eleito em votação apertada, com pouco mais da d) O mais longo conflito bélico da América do Sul matou
metade dos votos, numa demonstração clara de que milhares de paraguaios e produziu uma aliança entre
enfrentaria grande oposição em seu governo. Logo ex- indígenas e negros que atuavam contra os brancos
plodiram rebeliões em várias províncias, alguma reivin- descendentes de espanhóis e portugueses.
dicando mais poder, outras com objetivos separatistas e
até mesmo tendência republicana. Todas com maior ou Resposta: Letra A. O texto destaca a política externa
menor mobilização popular. do 2º Reinado na América Latina, entendida como he-
VAINFAS, Ronaldo ET AL. História. São Paulo: Saraiva, v. 2, 2010, p. gemônica ou imperialista, ou seja, que busca o predo-
207. mínio frente aos demais países, defendendo, quando
necessário, a intervenção direta. A Guerra do Paraguai
No clima de rebeliões do período descrito no texto, as deve ser entendida como parte do imperialismo brasi-
maiores mobilizações populares ocorreram leiro, que interveio tanto na Argentina como no Uru-
guai, antes de enfrentar o Paraguai.
a) na Cabanagem do Grão-Pará, na Balaiada do Mara- Terminada a Guerra, o Brasil, vitorioso, teve que en-
nhão e nos Malês, na Bahia. frentar uma forte elevação da dívida externa com a
b) na guerra da Cisplatina, no quilombo dos Palmares e Inglaterra e os novos movimentos defensores do abo-
na guerra de independência na Bahia. licionismo e da República.
c) na Revolução Pernambucana de 1817, na Confedera-
ção do Equador e na guerra dos Mascates. 7. Analise a imagem abaixo, e responda:
d) na campanha da Maioridade, na pressão pela abdica-
ção de D. Pedro I e na declaração de guerra do Brasil
ao Paraguai.
e) em todas as províncias do Sul e do Sudeste, onde pre-
valecia a maioria da população rural, carente de aten-
dimento por parte dos setores governamentais.
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Resposta: Letra A. Em termos de mobilização popular


– ou seja, da participação efetiva da população de bai-
xa renda nos movimentos – as rebeliões que se desta-
caram foram Cabanagem, Balaiada e Malês.

6. A política do Império do Brasil em relação ao Para-


guai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi
o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a
garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de
Mato Grosso com o restante do Brasil. O segundo obje- Publicado em 1865 como propaganda da guerra do Pa-
tivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando raguai, o cartaz acima reflete a defesa do conflito por
as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo membros da elite intelectual, que apresentava, entre
permanente do Império, até o seu fim em 1889, foi o de outros, o argumento de que o presidente do Paraguai,
procurar conter a influência argentina sobre o Paraguai, Solano Lopes

20
a) ameaçou a soberania brasileira ao tentar incorporar II. A constituição de uma confederação nos moldes bo-
territórios na região nordeste do país. livarianos, capaz de unir diferentes etnias indígenas da-
b) criou a Confederação do Prata, aliando-se à Argenti- queles países.
na e ao Uruguai contra os interesses econômicos do III. A política expansionista do Paraguai, efetivada, na
Brasil. época, pela conquista de áreas do Mato Grosso.
c) rompeu as relações comerciais com o Brasil, prejudi- IV. A presença britânica na região, que defendeu as suas
cando a exportação brasileira, que dependia do mer- iniciativas socioeconômicas opondo-se aos interesses da
cado paraguaio. Argentina.
d) invadiu e conquistou áreas territoriais brasileiras na
região do Mato Grosso, para garantir a construção do Assinale a alternativa correta.
Grande Paraguai.
e) estabeleceu regras para assegurar a livre navegação na a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
bacia do Prata, que prejudicavam o monopólio brasi- b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
leiro na região. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Resposta: Letra D. A Guerra do Paraguai envolveu e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
diversos interesses internacionais e a área alvo era a
Bacia do Prata, estratégica, do ponto de vista comer- Resposta: Letra B. O rio da Prata sempre gerou con-
cial, para diversas nações. De fato houve a invasão de flitos entre as nações que o rodeavam. Desde a Guer-
terras do Mato Grosso e esse foi o pretexto brasileiro ra Cisplatina, questões como a livre navegação pelos
para iniciar a Guerra. rios Paraguai e Paraná estavam em pauta, e as ideias
Vale lembrar que no ano anterior o Brasil invadiu o expansionistas paraguaias começaram a ganhar força
Uruguai e derrubou seu governo, que era aliado dos a partir do governo de Solano López, que queria en-
paraguaios e que a Inglaterra não tinha interesse no contrar um jeito de abrir caminho entre o Paraguai e
desenvolvimento autônomo daquele país. o mar, fazendo com que o país buscasse a invasão de
algumas localidades, como o Mato Grosso, no Brasil.
Texto para próxima questão:

PERÍODO REPUBLICANO. O CORONELISMO


EM MATO GROSSO

Ao pensar no processo de formação republicana no


Estado do Mato Grosso, precisamos compreender que
em 15 de novembro de 1889, os militares do Exército
brasileiro proclamaram a República. Entretanto o ideal
republicano não era novo no Brasil, pois desde o sécu-
lo XVIII, movimentos em prol da independência, como
a Inconfidência Mineira e a Conjuração dos Alfaiates, já
idealizavam o regime republicano.
Contudo, foi somente ao final do século XIX, que a
República foi instaurada. Deste modo, com certeza um
fator determinante foi a adesão dos fazendeiros de café.
Os cafeicultores do oeste paulista interessados em de-
fender os seus interesses econômicos, advogavam a fa-
vor do regime, uma vez que a República daria uma maior
autonomia aos Estados.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

Sendo assim, os fazendeiros do Vale do Paraíba, de-


fensores da Monarquia, em 1888 com a assinatura da
Lei Áurea perderam seus escravos e não receberam do
Estado nenhuma indenização. Contrariados, esses fazen-
deiros passaram a apoiar a oposição. Desta maneira, a
decretação do fim da escravidão foi um dos fatores que
8. A histórica disputa pelo controle geopolítico da Bacia provocaram a queda do Império.
do Prata colocou em guerra, no período de 1864 a 1870, Ademais, outro fator foi o descontentamento dos mi-
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. O conflito envolveu litares com o governo imperial. Com o término da Guerra
distintos interesses, entre os quais: do Paraguai, os militares foram fortemente influencia-
dos pelo positivismo de Augusto Comte. Sonhavam com
I. As questões de livre navegação nos rios Paraguai e Pa- uma república centralizada, uma ditadura republicana.
raná, caminhos naturais de acesso ao estuário do Prata. Desejavam participar ativamente da vida política do país,
contudo, apesar das vitórias na Guerra do Paraguai, o

21
sistema político era monopolizado pela aristocracia tra- Desta forma, Antônio Maria Coelho criou durante a
dicional. Tal situação gerou um profundo descontenta- sua gestão, o Partido Republicano Nacional, reunindo po-
mento entre os militares. líticos do Partido Republicano e do Partido Conservador.
Com isso, além da crise com os militares, o gover- Porém, Antônio Maria viria surgir contra o seu governo
no imperial também teve que enfrentar uma crise com forças de oposição. Manuel Jose Murtinho e Generoso
a Igreja Católica. Essa crise foi motivada pela prisão dos Paes de Leme Souza Ponce, forças opositoras ao gover-
bispos de Belém e Olinda. A prisão dos religiosos esta- nador, pressionam Antônio Maria, que diante da crise
va relacionada a Encíclica “Syllabus”, que condenava a política acabou renunciando. Com a sua renúncia, tomou
participação de católicos na maçonaria. Entretanto, Dom posse no governo do Estado, Frederico Sólon Sampaio.
Pedro II desautorizou a bula papal e permitiu que fiéis Com isso, no Rio de Janeiro, depois de promulgada
católicos pudessem frequentar a maçonaria. O bispo de a Constituição de 1891, Deodoro foi eleito indiretamen-
Belém e de Olinda desobedeceu às determinações do te como previa o texto constitucional como presidente,
imperador, e por isso foram condenados à prisão. e como vice-presidente foi eleito Floriano Peixoto. Em
Assim em 15 de novembro, apoiados pelos cafeicul- Mato Grosso, Sólon Sampaio organizou a Assembleia
tores e pelas classes médias urbanas, o Marechal Deodo- Constituinte Estadual que elegeu como governador de
ro da Fonseca conduziu as tropas militares na proclama- Mato Grosso, Manuel Jose Murtinho (Presidente do Es-
ção da República. A notícia da proclamação da República tado) e Generoso Paes Leme de Souza Ponce (Vice-Pre-
chegou tardiamente em Mato Grosso, mas foi bem acei- sidente do Estado).
ta pela população. Os jornais que circulavam em Mato O governo de Deodoro foi caracterizado por uma
Grosso noticiaram com entusiasmo a novidade declaran- crise política. O Presidente governava desrespeitando a
do que a República daria a população “a liberdade ple- constituição, demitiu os governadores dos Estados de
na, a igualdade civil, a fraternidade, chama ao Serviço da Minas Gerais e de São Paulo e ainda fechou o Congresso
Pátria todos os que na pátria habitem; e acreditamos que Nacional. As atitudes de Deodoro desagradaram a oli-
podemos em tempo dizer que jamais tão bela coopera- garquia e provocaram fortes reações. No Rio de Janeiro
ção no Brasil se efetuou. Viva a confederação Brasileira!” eclodiu a 1ª Revolta da Armada, que tinha como líder
Deste modo, as ideias republicanas circulavam em Custodio de Melo. Os rebeldes reivindicavam a renún-
Mato Grosso desde o final do século XIX. Os seus par- cia de Deodoro. Pressionado pelas forças oposicionistas,
tidários chegaram a fundar em 1888, o Partido Republi- Deodoro renunciou.
cano Mato-Grossense e para defender os seus princípios Em Mato Grosso, Manuel Jose Murtinho e Generoso
chegaram a fundar o jornal “A República”. Esse período Paes Leme de Souza Ponce, com a renúncia de Deodoro
foi marcado pelo governo dos marechais: Deodoro e Flo- tiveram o seu poder ameaçado, crescendo contra esse
riano Peixoto. grupo oligárquico uma forte oposição no sul de Mato
Deodoro ao proclamar a República se tornou presi- Grosso.
dente do Governo Provisório. Nessa fase política foi elabo- Já com a renúncia de Deodoro tomou posse Floria-
rada a primeira constituição republicana que estabeleceu: no Peixoto. Entretanto, a constituição de 1891 previa em
 Presidencialismo seu artigo 42, que se o presidente renunciasse antes de
 Federalismo completar dois anos de governo, o vice não podia subir
 Sistema Representativo, que foi dominado por São ao poder, e as eleições deveriam ser convocadas. Assim
Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro. a posse de Floriano Peixoto contrariava a constituição,
 Voto Aberto porém o marechal de ferro tinha o apoio da oligarquia.
 Voto: 21 anos, sexo masculino e alfabetizados, ex- Assim sendo, ao tomar posse viu surgir contra o seu
ceto aos padres, soldados e mendigos. governo, oposicionistas que afirmavam que o governo
de Floriano era inconstitucional, ilegal. Em Mato Grosso,
Deodoro ainda nomeou governadores para os esta- essa oposição estava no sul, que promoveu um movi-
dos brasileiros. Para governar Mato Grosso foi escolhi- mento para derrubar do governo Manuel José Murtinho.
do o General Antônio Maria Coelho, que foi muito bem A oligarquia do sul não reconhecia o governo do Estado,
aceito pela população. O jornal Mato –Grosso, em 31 de instalaram com isso uma Junta Governativa que tinha no
dezembro de 1889 publicou a seguinte saudação ao Pre- comando João da Silva Barbosa, que inclusive tentou ins-
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sidente do Estado de Mato Grosso: tituir no sul o Estado Livre de Mato Grosso ou a Repúbli-
ca Transatlântica. Os sulistas chegaram a cogitar em pedir
“Acha-se como governador de Mato Grosso, o Exmo. ajuda a República do Prata ou até mesmo hipotecar o
Senhor General Antônio Maria Coelho. Com a nova for- Estado a Inglaterra para atingir os seus objetivos. Partin-
ma de governo que operou-se em todo o Brasil, no dia do de Corumbá, os opositores vieram para Cuiabá com a
15 de novembro ultimo, o governo Provisório não podia intenção de depôr o governo do Estado.
fazer melhor escolha, porquanto, a nomeação justa do Outrossim, para aniquilar a oposição e se manterem
Exmo. Sr. para governador de Mato Grosso, nos colocou no poder, Generoso Ponce, à frente de uma força pa-
em posição segura de ajudar o Sr. Exmo,... porque é filho ramilitar denominada “Divisão Floriano Peixoto” conse-
de Mato Grosso, simpático, e ainda mais tendo sido o guiu vencer os opositores e Manuel Jose Murtinho foi
herói da retomada de Corumbá. O general Antônio Maria novamente recolocado na presidência do Estado. A se-
Coelho há de fazer um bonito governo, por enquanto, guir Generoso Ponce comandando a “Divisão Floriano
todos os mato-grossenses acham-se satisfeitos com a Peixoto” dirigiu-se ao sul para aniquilar os últimos focos
distinta nomeação.” de oposição.

22
Essa luta pelo poder promovido pelas oligarquias Em Mato Grosso, como já foi mencionado anterior-
mato-grossense marcou o início da república em Mato mente, as lutas políticas entre a oligarquia do norte e a
Grosso. As camadas populares estiveram à margem des- oligarquia do sul eram frequentes. Na verdade, o regime
tas intrigas políticas, e não puderam participar efetiva- republicano veio consolidar uma situação já existente, ou
mente das decisões políticas, portanto, não podiam de seja, conflitos pelo poder em nível local e regional.
fato exercer o direito à cidadania. Tal situação nos repor-
ta a Lima Barreto, que em sua obra “Policarpo Quaresma”
#FicaDica
demonstrou o comportamento político vigente no pe-
ríodo republicano ao afirmar que o “Brasil não tem povo, A violência se intensificou com o regime
tem público”. Assim o povo mato-grossense assistiu o republicano, e com o coronelismo, o ban-
desenrolar dos fatos impotentes e perplexos com as lu- ditismo local aumentou consideravelmente.
tas políticas travadas pelas oligarquias em disputa pelo Assim a região mato-grossense passou a
poder. ser conhecida como “terra sem lei” aonde a
Portanto, depois de vencidas as primeiras dificulda- única lei obedecida era o calibre 44.
des que caracterizaram os primeiros anos da República,
os republicanos históricos (civis) passaram a exigir o po-
der que até aquele momento esteve com os militares.
Com a consolidação da república, as eleições diretas são ECONOMIA DE MATO GROSSO NA
realizadas tomando posse na presidência em 1894, Pru- PRIMEIRA REPÚBLICA: USINAS DE
dente de Morais. O presidente eleito era civil, paulista e AÇÚCAR E CRIAÇÃO DE GADO
fazendeiro de café, portanto, o seu governo assinala a
subida ao poder da oligarquia cafeeira.
Entretanto, a força política da oligarquia cafeeira O processo de proclamação da República promoveu
ocorreu principalmente na gestão do presidente Cam- no país um conjunto de transformações que visavam de-
pos Sales, que para sustentar o poder da oligarquia ca- senvolver as potencialidades econômicas do Brasil com
feeira construiu importantes estratégias políticas. Dentre
o objetivo de tornar o país uma fronteira aberta ao capi-
os mecanismos políticos construídos por Campos Sales,
talismo internacional. Dentro deste contexto, Rodrigues
destacou-se a “política dos Estados”, assim denominado
Alves, presidente da República em 1906, através do pre-
pelos seus idealizadores, ou a “política dos governado-
feito Capital federal Pereira Passos remodelou o Rio de
res”.
Janeiro, construiu avenidas largas, demoliu os cortiços
Deste modo, a política dos governadores consistia em
existentes no centro da capital e iniciou uma política sa-
um acordo entre o presidente da república e os gover-
nitária, que tinha a frente o médico sanitarista Osvaldo
nadores dos Estados, que durante as eleições deveriam
apoiar a candidato da oligarquia cafeeira à presidência Cruz, que combateu ás doenças que mais vitimavam a
recebendo em troca favores políticos. Os governadores população carioca, como a varíola, a peste bubônica e a
também apoiavam os candidatos da oligarquia paulista febre amarela. A urbanização e o saneamento do Rio de
e mineira nas eleições para a formação da bancada dos Janeiro tinham como um dos seus principais objetivos
deputados e senadores, que iriam compor o Congresso atrair investimentos estrangeiros a capital federal.
Nacional. Paralelamente a modernização da capital do Brasil, a
Destarte, esse mecanismo político acabou fortalecen- elite brasileira adotou novas condutas de comportamen-
do em todo o país os coronéis, que através das fraudes, to, de lazer e de vestir, que se inspiravam principalmente
da manipulação dos votos controlavam os votos da sua na França, essa mudança de hábitos e de comportamen-
região. A expressão “coronel’ é originaria da Guarda na- tos foi denominada de Belle Époque. Assim o governo
cional criada no período regencial para conter as rebe- brasileiro pautado nos princípios do positivismo defen-
liões que ocorriam pelo país, e que ameaçavam os in- diam a necessidade de promover a modernização do
teresses das elites regionais. Com este título, concedido país adequando-o ao capitalismo internacional. Para que
pelo governo imperial, o poder central autorizava os che- esse projeto de modernidade fosse realmente concreti-
fes locais para possuir “gente armada” a seus serviços. O zado, as autoridades governamentais deviam patrocinar
título era entregue ao chefe municipal de prestígio e a a integração do território brasileiro. Foi neste contexto,
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ele cabia todo o poder decisório ao nível do município: que em 1904, se iniciou a construção da Estrada de Ferro
econômico, político, judicial e policial. Noroeste do Brasil.
Com isso, no período republicano, os coronéis eram Sendo assim, deste o fim da guerra do Paraguai
geralmente grandes proprietários de terra, detentores (1870), a integração de Mato Grosso as demais provín-
de poder econômico, possuíam prestigio social e poder cias brasileiras se davam através da navegação pela bacia
político nas suas localidades. Controlavam os votos da do Prata. A principal via de comunicação entre São Paulo,
população mais pobre, que viviam sob a sua influência. Rio de Janeiro e Corumbá ou Corumbá- Cuiabá ocorria
Exigiam dos seus agregados, da população fidelidade através do rio do Prata e do rio Paraguai.
total. Assim nas eleições, os coronéis controlavam cur- Com isso, na segunda metade do século XIX, os
rais eleitorais, isto é, um depósito de votos. Muitas vezes conflitos bélicos entre os países platinos mostraram as
para obter os votos, os coronéis recorriam a violência autoridades governamentais como era vulnerável a na-
para obrigar a população a votar em seus candidatos. vegação fluvial pelo Prata e não havia uma via interna
Esse voto dirigido e obtido através da violência ficou co- rápida que ligasse Mato Grosso ao restante do país. Foi
nhecido como “voto de cabresto”. nesta perspectiva, que o governo republicando idealizou

23
a construção de uma estrada de ferro para Mato Gros- Com isso, Farquhar foi aos Estados Unidos contratar
so, uma vez que através dos seus trilhos teríamos uma engenheiros para conduzir as obras da ferrovia. Desta
comunicação e um transporte de pessoas, matérias-pri- maneira, em janeiro de 1907, engenheiros, trabalhadores
mas, e produtos industrializados de forma mais eficiente, de várias nacionalidades e técnicos americanos chega-
e além disso a ferrovia vinha ao encontro dos interesses ram a Santo Antônio do Rio Madeira. Em agosto de 1907,
do governo federal em integrar as regiões do país, em Farquhar comprou a concessão de Catrambi fundando a
modernizá-lo. Madeira-Mamoré Railway Company.
Ademais, com a construção da ferrovia também era Assim sendo, com o intuito de controlar as doenças
interessante ao governo federal, pois iria permitir o es- que imperavam na região, Farquhar contratou uma equi-
coamento da produção boliviana até o Porto de Santos. pe médica, enfermeiros, farmacêuticos e construiu o hos-
Nesse período, o governo federal estava interessado em pital Candelária, em Santo Antônio. Mesmo com essas
estreitar as suas relações diplomáticas com a Bolívia. As- medidas, as mortes eram inevitáveis, e por isso o empre-
sim partindo de Bauru (São Paulo) em 1905, a construção sário tinha que constantemente contratar mais mão-de-
da estrada de ferro seguiu em direção ao noroeste, e che- -obra, no exterior.
gou ao rio Paraná em 1910, atingiu Porto Esperança, as Ademais, na tentativa de diminuir a incidência das
margens do rio Paraguai, em 1914, e chegou a Corumbá doenças e consequentemente das mortes, o empresário
divisa com a Bolívia somente em 1952, finalizando assim contratou o médico sanitarista Oswaldo Cruz para estu-
a sua construção. Em 1919, o governo federal acampou a dar o quadro sanitário da região. Ao chegar em Santo
Estrada de Ferro de Bauru a Porto Esperança, passando a Antônio, o médico instalou-se no hospital Candelária, e
ser denominada de “Estrada de Ferro Noroeste do Brasil”. percorreu a linha da ferrovia até o rio Jaci-Paraná. Ao fi-
Desta forma, para a sua construção, o governo federal nalizar o seu estudo sobre a região, Oswaldo Cruz apon-
teve que disponibilizar vultosos investimentos. Para isso, tou Santo Antônio como um foco de doenças e listou as
o governo federal recorreu ao capital internacional, que enfermidades que mais afetavam a região: pneumonia,
produzia todo o equipamento ferroviário como as pon- sarampo, ancilostomose, beribéri, disenteria, hemoglo-
tes e os trilhos. Assim esse empreendimento interessou o binúria. Febre-amarela, calazar (leishmaniose visceral) e
capital inglês e francês. As grandes empreiteiras do país a mais temida de todas, a malária.
também se beneficiaram com a construção da Estrada de Outrossim, em 1912, apesar das inúmeras dificulda-
Ferro, pois davam suporte as obras, através de emprésti- des, a ferrovia foi finalmente inaugurada, porém, o pre-
mos. Desta maneira, a Noroeste do Brasil atendeu aos in- ço da borracha caiu no mercado internacional devido à
teresses dos setores privados nacionais e internacionais concorrência com o sudeste asiático. Além disso, o canal
e permitiu que o Estado como agenciador deste projeto do Panamá foi concluído em 1915, tornando os fretes
promovesse o desenvolvimento econômico nacional, e mais baratos na região. Assim a Estrada de Ferro Madeira
especialmente de Mato Grosso. - Mamoré não deu os lucros esperados. O Mato Grosso
Ademais, a estrada de ferro provocou mudanças para tem a economia baseada na agropecuária, principalmen-
o Estado, como por exemplo, o crescimento dos índices te na produção de soja e na criação de gado. A região
de migração, pois durante a sua construção muitas pes- Centro-Oeste tem sua economia baseada no setor da
soas migraram para o sul de Mato Grosso para trabalhar agricultura. Há outros também, como: o extrativismo mi-
na sua edificação e ao final das obras prefeririam conti- neral e vegetal, a indústria, dentre outros.
nuar a residir no Estado. Assim surgiram no sul de Mato Portanto, no segmento da agricultura há o cultivo de
Grosso muitas vilas e cidades. Por outro lado, a estrada milho, mandioca, abóbora, feijão e arroz. Além disso, os
de ferro acarretou na decadência econômica de Corum- grãos que eram plantados nas regiões sul e sudeste tam-
bá, que perdeu a importância econômica que obtivera no bém vêm para o Centro-Oeste, que são o café, o trigo
século XIX, sendo substituída por novos polos econômi- e a soja. Na economia mato-grossense, a agricultura e
cos com o Campo Grande, Porto Esperança e Ponta Porá. a pecuária se sobressaem. A agricultura com a exporta-
Deste modo, desde o início do século XX, através do ção de grãos. A soja é o principal cultivo e produto das
Tratado de Petrópolis, o governo republicano comprou exportações. Na época colonial, os principais produtos
o Acre pelo valor de dois milhões de libras esterlinas, e agrícolas eram a cana-de-açúcar, soja, turismo, algodão,
assumiu o compromisso de construir a estrada de ferro erva-mate, a poaia, e a borracha. A criação de gados era
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

Madeira-Mamoré. A compra do Acre estava relacionada outra comum do período.


a exploração da borracha e devido à presença de traba-
lhadores brasileiros, em especial os nordestinos, que se
dedicavam a extração do látex. . #FicaDica
A retomada da construção da Estrada de Ferro Madei- Atualmente a Estrada de Ferro Madeira -
ra - Mamoré tinha como objetivo ligar a Bolívia ao Ocea- Mamoré não pertence mais ao território de
no Atlântico, escoar do Amazonas as riquezas do extrati- Mato Grosso, pois em 1943, Getúlio Vargas
vismo vegetal que interessava ao comercio internacional. fundou o Território Federal do Guaporé, e
Para a sua construção, um edital de concorrência restrito com isso anexou Santo Antônio do Rio Ma-
a empresários brasileiros foi publicado. O vencedor da deira e Guajará-Mirim ao novo território.
concorrência foi o engenheiro Joaquim Catrambi, que Posteriormente este território seria o atual
juntamente com o engenheiro Percival Farquhar teriam a Estado de Rondônia..
concessão da ferrovia.

24
Com isso, o poder dos usineiros (coronéis) começou
RELAÇÕES DE TRABALHO EM MATO a dar sinais de declínio a partir de 1930, com a ascensão
GROSSO NA PRIMEIRA REPÚBLICA  de Vargas à presidência da República. Getúlio Vargas deu
início a uma política de combate ao coronelismo, através
da ação dos interventores federais. Para Mato Grosso, o
As usinas foram instaladas ao longo do rio Cuiabá, governo Vargas nomeou Mena Gonçalves, que combateu
ao final do século XIX, no momento em que a escravidão o regime de escravidão existente nas usinas.
chegava ao fim. Assim havia na região, mão-de-obra dis-
ponível para as usinas. Entretanto, os usineiros reclama-
vam da disponibilidade de trabalhadores, alegando que #FicaDica
a escassez de mão-de-obra causava danos a produção. No entanto em Mato Grosso, esse poder iria
Essa falta de braços para o trabalho estava relacionada se estender pelas décadas seguintes e da-
a vastidão de terras e a possibilidade da caça e da pesca ria evidências de sua decadência somente
para sobrevivência. No entanto, a partir da segunda me- quando os segmentos sociais conseguiram
tade do século XX, os homens pobres foram compelidos se organizar em sindicatos, associações ou
ao trabalho assalariado, pois a ocupação das terras para federações, lutando pelos seus direitos e
o cultivo do açúcar e para a pecuária, expulsou a popula- contra o jugo dos coronéis.
ção mais pobre das áreas próximas aos centros urbanos,
e além disso, surgiram proibições legais sobre a pesca no
rio Cuiabá, nas proximidades da cidade.
Deste modo, as usinas dispunham de mão de obra MATO GROSSO DURANTE A ERA VARGAS:
fixa, mas no período de safra, o usineiro contratava mais POLÍTICA E ECONOMIA
trabalhadores temporários. Os camaradas (trabalhadores
das usinas) residiam nas usinas e cuidavam desde do cul-
tivo da cana-de-açúcar até a produção do açúcar. Estes Entre as décadas de 20 e 30, a industrialização e a
trabalhadores eram demasiadamente explorados, tinha urbanização passaram a compor o cenário econômico
uma jornada de trabalho extenuante, que se iniciava à e social do país, que anteriormente era predominan-
meia noite e ia até as seis da tarde. te agrário. Embora, o café continuasse a ser o principal
Ademais, além disso, o trabalhador era espoliado de exportação, o surto industrial de 1914-1918 trouxe
pelo usineiro através do “sistema de caderneta”. Os em- transformações a sociedade brasileira. Essas mudanças
pregados eram obrigados a consumir os produtos co- provocaram também alterações políticas, uma vez que
mercializados na venda da usina, que eram vendidos a novos setores sociais como as classes medias urbanas, a
preços exorbitantes. Os produtos comprados eram ano- burguesia industrial e o operariado questionavam as es-
tados na caderneta, porém o empregado não conseguia truturas políticas que sustentavam a oligarquia cafeeira.
saldar as dívidas e desta maneira, estava endividado e Com isso, apesar dos governos oligárquicos terem
preso ao usineiro. enfrentado vários movimentos sociais, que expressavam
Deste modo, os trabalhadores eram tratados como o descontentamento das camadas populares, a oligar-
escravos, e quando resistiam à dominação, desobede- quia cafeeira se manteve inabalável. Porém, uma crise
ciam aos capatazes ou tentavam fugir eram severamente política interna se deu durante o pleito eleitoral de 1909,
castigados no tronco e a seguir trancados em solitárias. quando Rui Barbosa e Hermes da Fonseca disputaram a
O depoimento abaixo de um camarada da Usina de Ari- presidência da República. Hermes da Fonseca foi eleito, e
cá, demonstra a dor, o sofrimento e a impotência dos a oligarquia cafeeira foi capaz de superar essa fase.
trabalhadores com relação aos mal tratos dos patrões: Em 1929, a oligarquia cafeeira foi novamente abalada,
“A usina deu trabalho, deu vida pro pobre que não com a crise dos Estados Unidos, que debilitou os países
tinha comida. Aí o homem virava bicho, só fazia geme e capitalistas. Com a queda dos preços do café no mercado
chora, para come tinha que inté suá sangue. Tinha coro- internacional, o setor cafeeiro se viu em franca decadên-
né que ajudava a gente, aguns era mardito, ruim, manda- cia. Paralelamente, na década de 20, a oligarquia cafeeira
va bate e mata tudo aqueles que não queria fica na usina enfrentou o movimento tenentista, que tinha como obje-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

pra trabalha. Nós pobre, sem nada pra vive, calava com tivo derrubá-la do poder.
as morte, trabalhava, não tinha voz naquele silenço que O Tenentismo ameaçou principalmente o governo
defendesse nós. Delegado de policia nem pensa, era afi- de Artur Bernardes (1922-1926), entretanto, as forças
lhado ou coroné e nós trabalhava quieto, comia quieto, legalistas controlaram o movimento, e os rebeldes se
morria quieto.” exilaram na Bolívia. Apesar do insucesso dos tenentes,
Sendo assim, para controlar e disciplinar os trabalha- o governo oligárquico entrou em decadência, pois o te-
dores, os usineiros contavam com tropas de homens ar- nentismo mostrou a insatisfação de setores do Exército
mados. Durante o período republicano, a autoridade e o ao governo oligárquico.
poder do usineiro ia além da sua propriedade. Os usinei- Outro desgaste que promoveu a falência da oligar-
ros eram detentores de força política, chegando inclusive quia foi a sucessão presidencial. Em 1929, a crise eco-
a nomear os delegados de polícia, que contribuíam para nômica, provocada pela desvalorização do café levou o
a preservação do poder destes coronéis. Desta forma, os presidente Washington Luís a romper com a Política Café
trabalhadores sentiam vigiados e submetidos as ordens com Leite, isto é, a sucessão presidencial entre Minas Ge-
e aos desmandos dos usineiros. rais e São Paulo. Para essas eleições o candidato indicado

25
pelo presidente foi o paulista Júlio Prestes, no entanto, cutivo e o Legislativo, podiam deliberar posturas e atos
deveria ser Antônio Carlos de Andrade, chefe do Partido municipais, e teriam nos estados governados por eles,
Republicano de Minas Gerias. os mesmos poderes que cabiam ao governo Provisório.
O rompimento deste acordo acarretou em insatisfa- Com isso, em Mato Grosso, Getúlio destituiu do car-
ções, e dentro do Partido Republicano Paulista aconteceu go de governador Aníbal de Toledo e indicou como in-
uma cisão, nascendo assim o Partido Republicano De- terventor federal Antônio Mena Gonçalves, que tomou
mocrático. Os tenentes reanimaram-se na tentativa de medidas que visavam minar o poder dos oligarcas, que
combater o domínio político dos paulistas, as oligarquias anteriormente tinham o seu poder e interesses sustenta-
dissidentes do Rio Grande do Sul e da Paraíba apoiaram dos pela oligarquia cafeeira. Em Mato Grosso, a política
o rompimento de Minas Gerais com São Paulo. de Mena Gonçalves afetou principalmente os usineiros,
Com o intuito de derrubar a oligarquia paulista, as oli- que eram coronéis que detinham o poder na região, pois
garquias dissidentes formaram a Aliança Liberal, formada apoiavam a oligarquia paulista.
por Minas Gerais, Paraíba e o Rio Grande do Sul. As oli- Desta forma, Mena Gonçalves não foi o único inter-
garquias dissidentes não apresentavam propostas revo- ventor federal em Mato Grosso, posteriormente o pre-
lucionárias, porém propunham mudanças que atendiam sidente indicou como interventores federais para Mato
o anseio das camadas populares, como o voto secreto Grosso, Artur Antunes Maciel e Leônidas de Matos. A
e o voto feminino, o estabelecimento de uma jornada troca de interventores cabia ao Presidente da República
de trabalho de oito horas. A Aliança Liberal lançou como e a lei estabelecia que o interventor seria exonerado a
candidato à presidência Getúlio Vargas, representante da critério do Governo Provisório.
oligarquia gaúcha e como vice-presidente, João Pessoa A mudança dos interventores demonstrava o interes-
representante da Paraíba. se do governo Provisório pelo Estado de Mato Grosso.
As eleições aconteceram em 1930, a máquina da Esse cuidado estava relacionado as insatisfações dos oli-
corrupção política paulista funcionou (voto de cabresto, garcas com as decisões do governo Vargas. Mena Gon-
fraudes, violência, dentre outras) novamente e Júlio Pres- çalves enfrentou uma forte reação das oligarquias, que
tes, candidato paulista venceu as eleições. Vargas obteve não aceitaram as mediadas impostas pelo interventor, e
aproximadamente oitocentos mil votos, e o candidato este por sua vez chegou a decretar a prisão de alguns
oficial foi eleito com um milhão de votos. coronéis. Assim, os coronéis em protesto, reclamaram ao
Diante destes resultados, as oligarquias dissidentes governo federal e Mena Gonçalves foi destituído.
com o apoio dos tenentes iniciaram os preparativos para No ano de 1932, Getúlio nomeou como interventor
um movimento armado. O estopim usado para começar federal Artur Antunes Maciel, que recebeu a incumbência
uma luta para derrubar a oligarquia paulista foi o assassi- de conquistar a população mato-grossense ao governo
nato de João Pessoa, que fora candidato a vice-presiden- getulista. Este ano foi bastante intranquilo para o gover-
te pela Aliança Liberal. no getulista, pois as elites gaúchas e mineira romperam
Assim em 3 de outubro de 1930 iniciou-se a “revo- com o presidente, acusando-o de ditador. A situação se
lução”, e já no dia 24 de outubro Washington Luis foi agravou mais ainda, quando em 9 de julho de 1932, os
deposto. Com a derrubada da oligarquia, os rebeldes paulistas iniciaram a Revolução Constitucionalista.
apoiaram a subida de Vargas ao poder, em 3 de novem- Os rebeldes paulistas desejavam na verdade recupe-
rar o poder perdido com a “Revolução de 1930”, embora
bro de 1930.
afirmassem à população paulista, que o movimento era
necessário, pois Vargas governava o país inconstitucio-
FIQUE ATENTO! nalmente. Assim a bandeira levantada pela elite paulista,
para conseguir a adesão dos setores populares era que
Terminava desta forma a dominação da
a revolução tinha como objetivo dar ao Brasil uma cons-
oligarquia cafeeira, mas as relações sociais
tituição.
continuavam as mesmas. Podemos consi-
São Paulo rompeu o movimento esperando a adesão
derar que a Revolução de 30 foi feita pelas
das elites mineiras e gaúchas, mas estas acabaram se re-
oligarquias dissidentes para acabar com a
conciliando com o presidente. Na realidade, São Paulo
política café com leite.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

somente contou com a participação de um pequeno des-


tacamento, proveniente do sul de Mato Grosso e coman-
dado pelo general Bertoldo Klinger.
Deste modo, ao subir ao poder, Getúlio Vargas pro- O apoio do sul de Mato Grosso a causa paulista esta-
curou combater as estruturas de sustentação criadas va associado ao anseio do sul de Mato Grosso pela divi-
pela política-café-com leite, e para isso desenvolveu uma são do Estado. No decorrer da Revolução Constituciona-
série de mecanismos que visavam reorganizar o Estado. lista, o sul de Mato grosso se separou criando o Estado
Nessa fase política, foram fechados o Congresso Nacio- do Maracaju, que foi governado pelo médico, Vespasiano
nal, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Martins.
Municipais. A Revolução Constitucionalista durou três meses, Ge-
Para governar os estados, Getúlio interveio derruban- túlio levantou a suspeita do separatismo paulista e com
do do poder os antigos governadores (oligarcas), exceto isso conseguiu manter os outros estados a seu lado.
em Minas Gerais, e nomeou para governar os estados, Sem armas, e isolados, os paulistas não resistiram muito
os interventores federais, que geralmente eram tenen- tempo. Após ter controlado o movimento em São Pau-
tes. Aos interventores federais cabia exercer o poder Exe- lo, Vargas combateu o movimento separatista no sul de

26
Mato Grosso e convocou eleições para formação de uma de Santo Antônio do Leverger. Contudo, essas medidas
assembleia constituinte para elaborar uma constituição provocaram insatisfações e como Vargas não pretendiam
para o Brasil. hostilizar a população mato-grossense e as forças políti-
Vargas pretendia garantir o domínio política na as- cas regionais, mais sim conquistar a sua simpatia e apoio,
sembleia constituinte, pois essa instituição seria a res- o presidente resolveu nomear para Mato Grosso outro
ponsável pela eleição do presidente, e lógico Vargas interventor federal; Artur Antunes Maciel. Ao iniciar a sua
pretendia se candidatar. Assim a participação de Mato gestão, Artur Antunes seguindo a legislação que conferia
Grosso no movimento constitucionalista levou Vargas a aos interventores o direito de escolher os prefeitos do
dar mais atenção aos acontecimentos políticos que ocor- município, nomeou para a Prefeitura de Poconé, Manuel
riam em Mato Grosso. Foi neste momento, que aconte- Nunes Rondon.
ceu a repressão ao Tanque Novo, em Poconé. Desta forma, para conquistar a população de Poconé
Sendo assim, o Tanque Novo localiza-se nas imedia- e do Tanque Novo, Artur Antunes e o prefeito auxiliavam
ções de Poconé e na década de 30, durante o governo financeiramente a população carente da região e para
provisório de Vargas, os moradores deste vilarejo foram abrigar os doentes que chegavam a procura uma benção
alvos de uma intensa repressão política promovida pelo de Doninha, edificaram um barracão. Essa prática políti-
governo. Esse movimento social ocorreu, em 1933, no ca, assim como a relação entre a população do Tanque
momento em que Getúlio Vargas convocava as eleições Novo e as autoridades governamentais revelam que a
para a formação de uma Assembleia Constituinte para comunidade de Doninha ainda não representava uma
elaborar uma Constituição para o país. ameaça política mais efetiva ao governo getulista.
Foi nesse reduto próximo a Poconé, que residia Lau- Entretanto, os rumos dessa relação começaram a se
rinda Lacerda Cintra, uma dona de casa, que vivia mo- alterar a partir de 1932. Neste ano ocorreu em São Paulo
destamente cercada pelos seus filhos. Em Poconé, essa a Revolução Constitucionalista, através da qual a oligar-
mulher era conhecida pelos moradores da região como quia paulista queria retomar o poder, mas alegava para
Doninha. Doninha ficou conhecida, pois segundo os ha- a população que o movimento lutava por uma constitui-
ção. Os paulistas contaram somente com o apoio do sul
bitantes de Poconé, era sensitiva. Tinha visões da santa
de Mato Grosso, que enviou tropas lideradas por Bertol-
“Jesus Maria José”, curava as enfermidades e fazia previ-
do Klinger.
sões sobre o futuro.
Depois de três meses de luta armada, o governo Var-
A notícia das curas de Doninha acabou conduzindo a
gas combateu as forças oposicionistas e abriu as eleições
essa localidade inúmeras pessoas, que vinham em busca
para a escolha dos representantes que iriam compor a
de uma solução para os seus males. Depois de curados
Assembleia Constituinte. Para a realização dessas elei-
muitos preferiram se estabelecer naquele lugar, surgin-
ções, o governo permitiu a formação de partidos polí-
do assim uma comunidade fortemente influenciada pela ticos. No Mato Grosso, surgiu o Partido Liberal Mato-
Doninha, e que tinha o seu cotidiano voltado para as prá- -grossense, que representava as forças situacionistas; o
ticas religiosas. Aos seus moradores era proibido o uso Partido Constitucionalista de Mato Grosso, formada pela
de bebidas alcoólicas e jogos de azar. oposição e o Partido da Liga Eleitoral Católica.
Os coronéis de Poconé durante a república oligarquia, Ademais, o domínio de Vargas na Assembleia Cons-
logo enxergaram que poderiam obter votos na região tituinte era crucial para o seu continuísmo político, pois
através do apoio político de Doninha. Para isso, os coro- além de elaborar a constituição, os constituintes iriam
néis ajudavam a Doninha e a sua gente com donativos. eleger o presidente da república. Desta maneira, o go-
Assim, foi usando desta artimanha, que os coronéis verno Vargas deu início a perseguições para garantir a
nas eleições de 1930, conseguiram que a população de vitória dos candidatos da situação.
Poconé votasse no candidato da oligarquia paulista, Júlio
Prestes. Assim, a vitória de Júlio Prestes demonstrou que
os coronéis e a população da região eram oposição a #FicaDica
Aliança Liberal.
Destarte, após a sua derrota nas urnas, a Aliança Li- Com relação a Mato Grosso, o governo no-
beral articulou um levante armado, a Revolução de 1930. meou outro interventor federal para Mato
Através deste golpe, as oligarquias dissidentes contaram Grosso, Leônidas Antero de Matos, pode se
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

com a colaboração dos tenentes, aniquilando definiti- observar nesse instante, uma mudança de
vamente a oligarquia paulista. A seguir, Getúlio Vargas conduta governamental para o Estado.
apoiado pelos rebeldes tomou posse na Presidência.
Ao subir ao poder, Vargas empreendeu uma política Leônidas de Matos recebeu a incumbência de afas-
administrativa voltada para combater em cada estado da tar a oposição a Vargas, e para isso indicou como novo
Federação, as forças políticas que sustentaram o governo prefeito para Poconé, Antônio Correa da Costa. O novo
oligárquico. Desta forma, destituiu os antigos governa- prefeito começou a sua perseguição aos opositores de
dores, e nomeou para governar os estados, os interven- Getúlio enviando para o Tanque Novo uma força policial
tores federais. para prender Doninha e os seus seguidores. Foram pre-
Como mencionamos anteriormente, Mena Gonçal- sos sob a acusação de serem baderneiros e de assaltarem
ves foi indicado como o primeiro interventor federal do fazendas nas proximidades de Poconé.
governo Vargas em Mato Grosso. Este interventor fede- Não havia nenhuma veracidade nas acusações, na
ral empreendeu medidas que visavam combater o po- verdade as perseguições estavam relacionadas às elei-
der dos coronéis, em especial dos usineiros da região ções para a composição da Assembleia Constituinte,

27
pois Doninha e a população da região declararam que
apoiavam para essas eleições, a oposição, isto é, o Par- FIQUE ATENTO!
tido Constitucionalista. Assim para escapar da prisão, O Estado Novo foi um período marcado
muitos dos seus seguidores fugiram do cerco da polícia pela suspensão dos direitos e das liberda-
adentrando pelo Pantanal. Porém, Doninha foi detida e des democráticas. Os opositores ao regime
somente foi liberada, quando Vargas garantiu a vitória do eram presos pela Polícia Secreta, que era
seu candidato nas eleições. dirigida em todo o território nacional pelo
Deste modo, ao sair da prisão, Doninha preferiu mu- mato-grossense Filinto Müller.
dar com a sua família para Cáceres, e viveu nesta cidade
tendo visões e fazendo curas até o fim dos seus dias. Em
1934, a Assembleia Constituinte elegeu Getúlio Vargas à Desta forma, para construir a população uma imagem
Presidência da República. Nessa fase política, o governo positiva da ditadura, o governo criou o Departamento de
Vargas enfrentou conflitos entre os grupos políticos que Imprensa e Propaganda (DIP), através do qual incentivou
disputavam o poder e eram fortemente influenciados pe- a música popular brasileira, impôs a censura e estimulou
las ideologias radicais que cresciam nos países europeus, o culto à personalidade de Vargas.
e culminariam na Segunda Guerra Mundial. Paralelamente interferiu na economia, com a intenção
Em 1934, Luís Carlos Prestes que participou do movi- de modernizar a economia brasileira. Vargas acreditava
mento tenentista na década de 20 retornou do exílio em em um desenvolvimento autônomo e independente do
Moscou como membro do PCB. Outros líderes do movi- capital estrangeiro. Na sua visão era preciso investir na
mento tenentista, também se filiaram ao partido. Verifi- industrialização cabendo ao Estado garantir a infraestru-
ca-se, portanto, o surgimento no interior do PCB, de uma tura necessária ao desenvolvimento do país.
esquerda de origem militar. No tocante, a administração Getúlio Vargas indicou
Assim, os comunistas brasileiros fundaram uma agre- para governar os estados brasileiros, os interventores fe-
miação política, a Aliança Libertadora Nacional (ANL), derais. Os interventores eram oligarcas que defendiam
que além dos comunistas congregava socialistas. A ANL os interesses do presidente em sua região. Para Mato
reunia operários, parcelas da classe média e a setores da Grosso, o presidente nomeou como interventor federal
baixa oficialidade do Exército brasileiro. Pregavam o na- Júlio Muller, irmão de Filinto Muller, que como mencio-
cionalismo, o anti-imperialismo e a reforma agrária. namos anteriormente era o chefe da Polícia Política da
Desta forma, em oposição aos ideais da Aliança Na- ditadura getulista.
cional Libertadora, havia a Ação Integralista Brasileira Portanto, Júlio Muller foi interventor federal de Var-
(AIB) fundada por Plínio Salgado, que atraiu segmentos gas em Mato Grosso durante o governo ditatorial. O seu
da burguesia brasileira, da Igreja e do Exército. Inspira- governo foi caracterizado pela construção de obras, que
dos no fascismo europeu, os integralistas ou camisas visavam modernizar a capital de Mato Grosso. Era impor-
verdes, combatiam os princípios democráticos, defen- tante modernizar Cuiabá, uma vez que o sul reivindicava
diam a propriedade privada e a instalação de um gover- junto ao governo federal a transferência da capital para a
no autoritário no país. Os princípios políticos pregados cidade de Campo Grande.
pelos integralistas atraíram a simpatia de Vargas a AIB, Para concretizar os seus objetivos, o interventor bus-
mas o crescimento da ANL, que chegou a ter 1.600 sedes, cou recursos financeiros junto ao governo federal. Ainda
preocupava Getúlio Vargas e os setores conservadores para atingir os seus propósitos, escolheu para dirigir as
do Exército. obras a construtora Coimbra Bueno, e o engenheiro Cás-
No ano de 1935, o presidente conseguiu do Con- sio Veiga de Sá era o engenheiro responsável pelas obras
gresso a aprovação da Lei de Segurança Nacional. A lei em Cuiabá. A escolha de Júlio Muller não foi aleatória,
visava conter o movimento operário e o comunismo, e pois a empresa construtora escolhida para modernizar
baseando-se nela o Congresso determinou o fechamen- Cuiabá foi a responsável pela construção de Goiânia.
to da Aliança Nacional Libertadora. Os comunistas em Dentre as principais obras construídas na gestão de Júlio
represália, liderados por Luís Carlos Prestes, organizaram Muller apontamos:
uma tentativa frustrada de uma revolução social. O le-  A residência dos governadores.
vante fracassado dos partidários da ANL ficou conheci- Grande Hotel, construído na Avenida Getulio Var-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO


do como Intentona Comunista. Logo após a derrota do gas, e que atualmente é a sede da Secretaria de
movimento, Vargas e os aliados começaram a preparar a Cultura do governo de Mato Grosso.
instalação de um Estado Autoritário. Em seus discursos a  A ponte “Julio Müller sobre o rio Cuiabá.
população, o presidente argumentava que o país estava  A abertura da Avenida Getulio Vargas.
ameaçado pelo avanço do comunismo.  A instalação da Estação de Tratamento de Água, na
Ademais, em 22 de setembro de 1937, a imprensa rua Presidente Marques.
noticiou a descoberta de um plano comunista para a to-  A fundação do Liceu Cuiabano na Avenida Getulio
mada do poder. Era o Plano Cohen, na verdade um pla- Vargas.
no forjado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, membro  A fundação do Cine-Teatro localizado na Avenida
da AIB. O Congresso Nacional e a população brasileira Getulio Vargas.
aterrorizados pela possibilidade de uma nova rebelião
comunista apoiaram a implantação de uma ditadura, o Ao final do ano de 1937, Getúlio Vargas anunciou à
Estado Novo. nação o projeto de colonização e interiorização do país
denominado de “Marcha para o Oeste”. Segundo o dis-

28
curso do presidente, a ocupação da região Amazônica e Foi dentro desta conjuntura que o governo se negou a
do oeste brasileiro era uma necessidade urgente e ne- fazer um novo arrendamento de terras no sul de Mato
cessária. Na fala proferida por Vargas, este afirmou: Grosso para a Companhia Mate-Laranjeira.
“Temos de enfrentar corajosamente, sérios problemas Desta maneira, o Estado deveria criar uma infraestru-
de melhoria das nossas populações, para que o conforto, tura necessária para atender a colonização e combater
a educação e a higiene não sejam privilégios de regiões a especulação da terra. Ainda no contexto da “Marcha
ou de zonas. Os benefícios que conquistastes devem ser para o Oeste”, o governo estimulou a criação de Colônias
ampliados aos operários rurais, aos que insulados nos Agrícolas. Essas colônias agrícolas estavam subordinadas
sertões, vivem distantes das vantagens da civilização. ao Ministério da Agricultura, eram formadas em peque-
Mesmo porque, se não o fizermos, corremos o risco de nas propriedades, e deviam cultivar produtos agrícolas
assistir ao êxodo dos campos e superpovoamento das de largo consumo. A exemplo, o governo federal criou
cidades – desequilíbrio de consequências imprevisíveis, em Mato Grosso, a colônia de Dourados.
capaz de enfraquecer ou anular os efeitos da campanha O governo Vargas fundou também as colônias milita-
de valorização integral do homem brasileiro, para dotá- res e de fronteiras, pois não esqueçamos, que na Europa
-lo de vigor econômico, saúde física e energia produtiva.” ocorria a Segunda Guerra mundial, suscitando no gover-
no brasileiro a preocupação em defender os territórios
Não é possível mantermos a anomalia tão perigosa de fronteira. Para criar essas colônias, o governo expro-
como a de existirem camponeses sem gleba própria, priou as terras da Brasil Railway, que estavam concen-
num país onde os vales férteis como a Amazônia per- tradas nas fronteiras de Mato Grosso e Santa Catarina
manecem incultos e despovoados de rebanhos, extensas com a Bolívia, Paraguai e Argentina. Além dessa empresa,
pastagens, como as de Goiás e as de Mato Grosso. O a política de Vargas atingiu a “Brasil Land”, que possuía
discurso acima deixa evidente as propostas e as preocu- terras em Corumbá e Cáceres, Fomento Argentino que
pações do governo estado-novista. acumulava terras em Porto Murtinho.
Em um momento marcado por uma intensa repres-
são, a propaganda da “Marcha para o Oeste” divulgada
pelos meios de comunicação consistia em uma estraté-
#FicaDica
gia que visava sensibilizar a sociedade brasileira, criar um Apesar de todos os esforços em defesa de
estado de comoção social. Por isso, o discurso oficial se uma colonização pautada na pequena pro-
referiu a esse projeto de colonização como o verdadeiro priedade, as propostas não avançaram em
sentido de brasilidade, isto é, os brasileiros marchando consequência das dificuldades materiais e
juntos, conduzidos por um único chefe (Vargas) para que do preparo dos colonos. Com o fim da dita-
se consumasse a conquista e exploração de novos terri- dura de Vargas (1945), as terras destinadas
tórios. a colonização foram redistribuídas ficando
Desta forma, a colonização proposta na “Marcha para em posse de poucas pessoas.
o Oeste” aconteceria baseada na pequena propriedade.
Para Vargas e mesmo para intelectuais como Cassiano
Ricardo, a pequena propriedade amenizaria os conflitos
Ademais, em 1943, com a Segunda Guerra Mundial,
sociais no sudeste, no campo e promoveria o desenvolvi-
o governo brasileiro acreditava na possibilidade de uma
mento industrial do país. Deste 1933, Vargas já defendia
imigração europeia em direção ao interior do Brasil.
o retorno do homem ao campo como solução para su-
Além disso, as autoridades governamentais viam a região
perar as crises sociais que se agravavam em decorrência
do Araguaia, entre Goiás e o Mato Grosso, como o Brasil
da intensificação da urbanização na região sudeste. Por
desconhecido, pronto a ser explorado, e consequente-
isso, no programa da “Marcha para o Oeste”, defendeu
mente integrado ao território nacional.
que a aquisição de terras deveria ser facilitada e os paga-
Contudo, essa região desconhecida pelo homem
mentos parcelados. branco era habitado por dezenas de nações indígenas,
Vargas ainda argumentou sobre a necessidade de que possuíam uma atividade econômica voltada para su-
obter capitais nacionais para serem empregados nas
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

prir as necessidades do cotidiano. Esse imenso território,


conquistas das regiões “atrasadas”. Para atingir as suas cercado pelas florestas, pelos rios abundantes, era rico
metas, o governo anunciou a desapropriação de latifún- em produtos do extrativismo vegetal e mineral, e por isso
dios improdutivos. Essa medida contrariou os interesses acabou despertando o interesse de garimpeiros, capita-
dos latifundiários, que afirmaram que a Igreja através da listas, do governo federal e dos militares.
Encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, condenava Deste modo, assim motivado pela defesa do territó-
a erradicação completa da propriedade privada, mas não rio e pelos interesses do capital, Getúlio Vargas em 1943,
a sua divisão e indenização feita pelo Estado. Outros ale- depois de sobrevoar a região do Araguaia e constatar
gavam que somente a produção agrícola em larga escala a sua imensidão e o seu potencial econômico anun-
era capaz de atender a demanda da industrialização. ciou a nação a criação da Expedição Roncador- Xingu.
Apesar de todo esse combate, o Estado Novo conti- A expedição estava sob a coordenação do ministro da
nuou a defender a necessidade de efetivar a colonização Coordenação de Mobilização Econômica, João Alberto,
do oeste do Brasil. Assim o governo, deixou de arrendar que declarou à imprensa carioca que a expedição tem
terras devolutas, pois segundo o projeto cabia ao Estado objetivos não apenas desbravadores, mas principalmen-
adquirir terras, lotear e ceder aos trabalhadores rurais. te colonizadores. Não pode ter a marcha rápida de um

29
meteoro, colhendo aqui e ali informações geográficas e
cientificas. Nem tem simplesmente o desígnio de chegar FIQUE ATENTO!
a um determinado lugar sem deixar pelo trajeto nenhum O contato com os brancos provocou mu-
marco de sua passagem. Os lugares atingidos serão lu- danças no interior das sociedades indígenas,
gares conquistados para a civilização, integrados na eco- como o decréscimo da produção artesanal.
nomia nacional. Outra mudança significativa foi a perda da
Assim, para o Getúlio Vargas e o ministro João Alber- autoridade dos chefes indígenas, pois os
to, a Expedição Roncador -Xingu seria responsável pela poderes dos funcionários do Parque eram
integração da região oeste ao país. A expedição inicial- bem maiores. Apesar desses pontos negati-
mente foi comandada pelo Coronel Flaviano Vanique, e vos a política de Saúde Pública desenvolvi-
era composta por sertanejos recrutados na região Cen- da na administração dos irmãos Villas-Boas
tro-Oeste. Em 1943, os expedicionários começam uma garantira a vida de muitos índios.
longa marcha para a região do Araguaia. Adentraram
pelo território considerado como desconhecido, enfren-
tando os animais ferozes, e mantiveram o primeiro con-
tato com os povos indígenas. Logo, o governo federal POLÍTICA FUNDIÁRIA E AS TENSÕES
certificou que precisava arregimentar mais homens. SOCIAIS NO CAMPO
Essa viagem fantástica foi noticiada pela imprensa
brasileira e acabou atraindo a expedição os irmãos Vil-
las Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo), que embora não O processo de formação republicana no Mato Grosso,
fossem sertanejos, acabaram sendo aceitos pelo gover- passou por uma série de revoltas, sendo assim, desde o
no. Ao entrarem no Araguaia, a expedição se deparou início do regime republicano, muitos movimentos sociais
com os índios Xavantes. Este foi o primeiro contato do empreendidos pelas camadas populares denunciavam a
povo xavante com o homem branco. Os xavantes se de- insatisfação da população citadina e urbana com o go-
dicavam principalmente a caça, e nesse primeiro contato verno republicano. Em Mato Grosso, os movimentos so-
ficaram bastante assustados fugindo para as matas. ciais que aconteceram durante a vigência da república
Sendo assim, com a posse na presidência da Repú- foram desencadeados por grupos políticos regionais em
blica de Eurico Gaspar Dutra, os irmãos Villas Boas assu- disputa pelo poder. Deste modo, a seguir abordaremos
miram a chefia da Expedição Roncador –Xingu. Sob a li- os principais movimentos sociais que marcaram a histó-
derando dos Villas-Boas, a expedição entrou em contato ria de Mato Grosso.
com os diversos povos indígenas que habitavam aquela
região. A expedição percorreu aproximadamente 1.500 O Massacre da Baía do Garcez (1901)
quilômetros, e em decorrência dos seus trabalhos vilas e
cidades foram surgindo, campos de aviação foram cons- Esse movimento social ocorreu ao final do governo
truídos e mantiveram contato com 5 mil índios, das mais do presidente Campos Sales (1898-1902), e caracterizou
variadas etnias. a política dos governadores em Mato Grosso. Além disso
Para atingir os seus objetivos de forma mais efetiva, a garantiu a ascensão no governo do Estado, do usineiro
expedição se dividiu em dois grupos; um avançava pela Antônio Paes de Barros, conhecido em Mato Grosso por
selva, e o outro montava os acampamentos que poste- Totó Paes de Barros.
riormente deram origem as primeiras vilas da região. A Contudo, a origem deste conflito foi caracterizada
exemplo, podemos citar, Aragarças em Goiás e Barra do pela violência e teve as suas raízes nas eleições gover-
Garças em Mato Grosso. O governo federal para promo- namentais de 1898. Nessas eleições, o coronel Generoso
ver o povoamento dessas cidades estimou a imigração. Ponce, pertencente ao Partido Republicano indicou como
Sendo assim, os irmãos Villas Boas à medida que man- candidato ao governo do Estado, João Félix Peixoto de
tinham contatos com os povos indígenas, conhecendo a Azevedo. A indicação acabou suscitando a rivalidade en-
sua diversidade cultural passaram a idealizar a criação do tre Ponce e os Murtinho, uma vez que Manuel José Mur-
Parque Indígena do Xingu. A criação dessa reserva indí- tinho apoiava como candidato José Maria Metelo.
gena somente foi criada oficialmente em 19 de abril de Com isso, vale ressaltar, que neste momento, os Mur-
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

1961, durante a presidência de Jânio Quadros quando o tinho possuíam projeção nacional, pois Manuel José
Congresso Nacional aprovou o Decreto nº 50.455, que Murtinho era ministro do Supremo Tribunal Federal, en-
estabeleceu as suas fronteiras legais. quanto que seu irmão, Joaquim Murtinho era ministro
Portanto, os irmãos acreditavam que a criação de re- da Fazenda de Campos Sales. Lembremos ainda, que os
servas e parques indígenas seriam uma proteção para os Murtinho eram acionistas da Companhia Mate Laranjeira,
índios. Defendiam que a integração do índio a sociedade que detinha o monopólio da extração da erva-mate no
brasileiro deveria ser lenta, para a garantir a sobrevivên- sul de Mato Grosso e com certeza, a grande potência
cia do índio, as identidades étnicas e culturais desses po- econômica do Estado.
vos. Os irmãos Villas Boas estiveram à frente na direção Sendo assim, após o rompimento de Ponce e dos
do Parque e durante a sua administração organizaram Murtinho, as eleições aconteceram e a vitória coube a
programa médico de assistência aos índios, promovendo João Felix Peixoto de Azevedo. Manuel José Murtinho
vacinações para combater as epidemias que grassavam inconformado com a vitória do candidato de Ponce, rea-
entre os índios, especialmente o sarampo. giu a situação, recorrendo ao governo federal e com o
apoio do presidente da República formou uma força pa-

30
ramilitar denominada “Legião Campos Sales”, que tinha publicada no jornal “A Reação”, e emite um visão de uma
no comando o coronel Totó Paes de Barros. A “Legião pessoa que preferiu o anonimato para expressar a sua
Campos Sales” cercou a Assembleia Legislativa Estadual, posição sobre o comportamento e as atitudes do gover-
em Cuiabá, para anular as eleições que deram vitória a nador Antônio Paes de Barros.
Peixoto de Azevedo.
Deste modo, com a anulação, novas eleições foram Senhores Redatores da “Reação”
realizadas, vencendo Antônio Pedro Alves de Barros, que
tinha o apoio dos Murtinho, logo da oligarquia cafeeira. Completamente alheio às lutas políticas e aos interes-
O governo de Antônio Pedro Alves de Barros foi bastante ses partidários, mas não indiferente à sorte desgraçada
intranquilo, pois esse governante logo recebeu a notí- que está reservada a nossa terra, se nela persistir, como
cia da existência de forças oposicionistas. Para conter os norma, o regime de ódio aí inaugurado pela polícia do
focos de oposição, Totó Paes de Barros comandou uma Sr. Totó Paes – que como verdadeiro possesso é hoje a
tropa de homens armados; a “Divisão Patriótica”. Logo, própria encarnação do demônio – pelos males que tem
Totó Paes de Barros descobriu que a oposição estava implantado, perseguindo sem tréguas os seus desafetos,
escondida em Santo Antônio do Leverger, na Usina da mandando matá-los e confiscando em seu proveito e no
Conceição, que aliás era de propriedade de João Paes de de seus irmãos Henrique e José os bens e a fortuna, te-
Barros, irmão de Totó Paes. nho longamente refletido nos males que nos assober-
Em posse desta importante informação, Totó Paes de bam, ameaçando o nosso futuro.
Barros cercou a propriedade prendendo os suspeitos. A Vejo na obsessão do malvado Regulo de Itaicy um
seguir conduziu os prisioneiros a Baía do Garcez, locali- caso patológico interessante e digno de estudo da psi-
zada entre Santo Antônio do Leverger e Cuiabá. Neste quiatria; não é possível que tal homem, com essa perver-
local, os prisioneiros foram barbaramente assassinados e são dos sentimentos morais tantas vezes revelada tenha
seus corpos lançados nas águas da Baía. um cérebro são, funcionando de modo regular.
No ano seguinte aconteceu o inesperado, as chuvas (sic) O homem está louco e deve ir ao Hospício.
não vieram no período previsto, as águas da Baía seca- Vosso patrício, am° cr° ob°
ram revelando o crime hediondo cometido por Totó Paes
de Barros. Apesar da revelação, o crime ficou impune e N. N.
Totó Paes de Barros, líder do Partido Republicano Cons-
titucional, venceu as eleições ao governo do Estado to- O excessivo poder de Totó Paes de Barros, as perse-
mando posse em 1902. guições e as mortes dos seus opositores acabaram pro-
vocando o medo e o descontentamento das camadas
Revolta de 1906 populares a sua administração. Além disso, como já men-
cionamos anteriormente, provocou a união de dois ini-
Totó Paes de Barros ao assumir a presidência do Esta- migos implacáveis, Generoso Ponce e os Murtinho, que
do em 1902 manteve-se fiel ao Presidente da República, se aliaram a oligarcas da oposição em Corumbá dando
Rodrigues Alves, representante da oligarquia cafeeira. origem a Coligação, que começou a construir estratégias
Entretanto, Totó Paes de Barros parecia não compreen- para aniquilar o poder de Totó Paes de Barros.
der que para se manter no poder não bastava estabele- Sendo assim, a Coligação, em 16 de maio de 1906,
cer uma aliança política somente com o governo federal, deu início aos seus planos, destruiu o comando da polí-
mais ampliar o pacto político á nível regional. Desta ma- cia, e cortou a comunicação de Cuiabá, Cáceres e Corum-
neira, Totó Paes de Barros acabou contando apenas com bá com a capital Federal. A seguir, a Coligação partiu em
o apoio do seu grupo político, o que favoreceu o cresci- direção a Cuiabá.
mento de um movimento oposicionista ao governador. Anteriormente ao rompimento das comunicações
Embora Totó Paes tenha sido eleito com o apoio dos com o Rio de Janeiro, o governador pediu ao presidente
Murtinho, ao tomar o poder se distanciou destes oligar- Rodrigues Alves, que enviasse em seu socorro uma ex-
cas, que consequentemente passaram a fazer oposição pedição militar, uma vez que o número de soldados a
ao governador. O rompimento entre Totó Paes de Barros serviço do Estado não era suficiente para conter a Coli-
e os Murtinho levaram esses oligarcas a se aproximarem gação. Atendendo ao pedido do governador, Rodrigues
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

do grupo de Generoso Ponce, do qual anteriormente Alves enviou a Mato Grosso, a “Expedição Dantas Barre-
eram inimigos políticos. A união de Ponce e dos Mur- to”, composta de dois mil soldados.
tinho tinha como principal objetivo derrubar do poder A Coligação chegou a Cuiabá pelo rio Coxipó, e en-
Totó Paes de Barros. trou na cidade facilmente. Ao receber a notícia da che-
Com relação a Generoso Ponce, este oligarca era opo- gada do grupo oposicionista, as forças do governo, que
sição a Totó Paes de Barros desde o período da sua elei- eram lideradas por Totó Paes de Barros tentaram con-
ção, e contrariado com a vitória de Totó Paes de Barros tê-la, no morro do Bom Despacho e na Prainha. Porém
nas urnas, Ponce mudou de Mato Grosso estabelecendo a tentativa foi em vão, pois a Coligação dominou a rua
residência no Paraguai. Barão de Melgaço, atingiu o largo da Mandioca e São
Neste país, Generoso Ponce fundou o jornal “A Rea- Benedito.
ção”, especializado em tecer críticas ao governador e a Ao perceber o avanço vitorioso da Coligação, Totó
sua administração. O jornal “A Reação” era feito no Pa- Paes resolveu fugir para as proximidades da Fábrica de
raguai e circulava clandestinamente no Estado de Mato Pólvora, no Coxipó.
Grosso. O documento abaixo refere-se a uma matéria

31
Porém a Coligação acabou descobrindo o esconderijo xar o governo. Esse confronto entre Pedro Celestino e
de Totó Paes de Barros, e seguindo para o local, o grupo Manuel Escolástico provocou a formação de um governo
oposicionista sob o comando de Generoso Ponce entrou paralelo em Mato Grosso.
em confronto com o governador, que acabou atingido Em Cuiabá ficou na direção do governo, Caetano de
por uma bala e faleceu no local. Albuquerque e em Corumbá, Manuel Escolástico. Essa
Logo depois deste episódio, a expedição “Dantas atitude acarretou em lutas armadas entre as oligarquias
Barreto” chegou a Cuiabá, mais nada podia fazer, e ime- e tal situação era totalmente inconstitucional. O gover-
diatamente retornou ao Rio de Janeiro levando a infor- no federal ao tomar conhecimento do ocorrido resolveu
mação ao presidente Rodrigues Alves do falecimento de decretar intervenção federal em Mato Grosso em 1917.
Totó Paes de Barros. Com a morte de Totó Paes de Barros, O presidente da república em exercício naquele pe-
assumiu o governo de Mato Grosso, o vice-governador. ríodo, Venceslau Brás indicou como interventou fede-
Pedro Leite Osório. ral Camilo Soares, que governou o Estado durante três
meses, no entanto, no entanto, este governante não foi
Caetanada (1916) capaz de conter as brigas entre as oligarquias e os seus
bandos armados. Desta forma, Venceslau Brás resolveu
Depois de eliminar Totó Paes de Barros, a antiga for- nomear outro interventor, escolhendo o bispo de Cuia-
ça de oposição; a Coligação se transformou no Partido bá, D. Aquino Correa. D. Aquino Correa era respeitado
Republicano Conservador (PRC), liderado por Generoso no norte e no sul e foi somente com a sua posse, que os
Ponce e Pedro Celestino. Entretanto, a discórdia entre Pe- conflitos entre os coronéis e o banditismo diminuíram.
dro Celestino e os membros do seu partido logo se ini- Portanto, podemos considerar que a Caetanada ex-
ciaram, quando a Companhia Mate Laranjeira, a grande pressou a luta política entre as oligarquias nortistas e su-
potência econômica do sul, pediu ao governo do Estado listas na condução política do Estado de Mato Grosso.
um novo arrendamento de terras. No tocante ao Governo de Dom Aquino Correa, a sua
Pedro Celestino mostrou-se contrário a aprovação gestão foi caracterizada por um período de tranquili-
dade, uma vez que as disputas entre os coronéis foram
deste arrendamento, pois defendia que essas terras de-
combatidos. Durante o seu governo foi comemorado
veriam ser usadas para promover a colonização de Mato
com festividades o bicentenário da fundação de Cuiabá,
Grosso, que na opinião do oligarca, era a melhor alter-
ocorreu a inauguração da luz elétrica, foi introduzido o
nativa para promover o progresso do Estado de Mato
primeiro automóvel em Cuiabá, foram edificadas edifí-
Grosso.
cios públicos, pontes em Três lagoas e Cuiabá, foi criado
Apesar de todos os argumentos defendidos por Pedro
o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, a Aca-
Celestino, a Companhia mate Laranjeira obteve um novo
demia Mato-grossense de Letras, instalação do Observa-
arrendamento. Não esqueçamos, que a Companhia Mate tório Meteorológico e Sismográfico, e Dom Aquino ainda
Laranjeira tinha como um dos seus principais acionistas conferiu a Cuiabá, a alcunha de “cidade verde”, devido a
os Murtinho, que possuíam enorme projeção na políti- presença de árvores frutíferas como mangueiras, laran-
ca nacional. Assim derrotado no seu posicionamento e jeiras, cajueiros, dentre outras, nos quintais cuiabanos.
contrariado, Pedro Celestino rompeu com o partido e
fundou o Partido Republicano Mato-Grossense. (PRMG). Morbeck e Carvalhinho
Em 1915, a disputa pela condução política do Estado
contou com a participação dos seguintes partidos políti- Ao iniciar a século XX, a região leste de Mato Grosso
cos: Partido Republicano Conservador, o Partido Liberal e recebeu uma onda migratória de nordestinos que foram
o Partido Republicano Mato-grossense. A vitória dessas atraídos pelas jazidas de diamantes existentes principal-
eleições coube a Caetano de Faria Albuquerque, do Par- mente nas proximidades dos rios Cassununga e Garças.
tido Republicano Conservador. A intensa migração deu origem a muitos núcleos de po-
Ao assumir o governo, Caetano de Albuquerque in- voamento, como Alto Araguaia, Guiratinga, Poxoreo, Bar-
dicou para o seu secretariado membros do seu partido, ra do Garças, Itiquira, Tesouro, dentre outras.
porém resolveu nomear um secretário do Partido Repu- Foi neste contexto que chegou ao leste do Estado,
blicano Mato-Grossense. Tal nomeação gerou duras crí- José Morbeck, oriundo da Bahia, que logo se tornou o
ticas entre os seus partidários, porém agradou o PRMG chefe político local, e que durante os pleitos eleitorais
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

que conferiu o apoio ao governador. Caetano de Albu- conquistava os votos dos moradores daquela região.
querque tomou então a decisão de romper com o PRC Morbeck impunha o seu poder através da violência,
e acabou se filiando no PRMG. Essa situação provocou para isso contava com bandos armados e homens de sua
uma guerra entre grupos armados do PRC e do PRMG. total confiança, como por exemplo, Manuel Balbino de
Para agravar mais ainda a crise política, Caetano de Al- Carvalho, conhecido intimamente pelo apelido de Car-
buquerque foi acusado pelo PRC de favorecer os produ- valhinho.
tores de borracha, no tocante, a cobrança dos impostos. Em 1926, Pedro Celestino, presidente do Estado de
Desgostoso com o rumo dos acontecimentos, Caetano Mato Grosso, almejando dominar politicamente o leste
de Albuquerque pediu a Assembleia Legislativa Estadual começou a agir para aniquilar o poder de Morbeck. A
o seu afastamento da Presidência do Estado tomando estratégia arquitetada pelo governador para derrubar
posse o vice-governador Manuel Escolástico do PRC. Morbeck era aliciar o seu fiel companheiro Carvalhinho.
Decorridos alguns dias, Caetano de Albuquerque pe- Em 1925, Pedro Celestino por coincidência do desti-
diu ao Supremo Tribunal Federal a sua volta ao governo no, viu a possibilidades dos seus planos serem atingidos.
do Estado. Porém, Manuel Escolástico não aceitou dei- Neste ano, um grupo de garimpeiros pediu a José Mor-

32
beck permissão para a realização de um baile na região. Para combater os conflitos armados no leste, o go-
Essa região, rica em produção de diamantes era extre- vernador recentemente empossado tomou a decisão de
mamente violenta. Assim Morbeck, na condição de chefe nomear como novo delegado do Araguaia e do Garças,
político local, apreensivo com a insegurança que reinava Valdomiro Correa.
na zona de garimpo, permitiu a realização do Baile “Fe- Portanto, Carvalhinho inconformado com essa in-
cha Nunca”, mas para evitar problemas durante a fes- dicação, cobrou do governo do Estado uma pesada
tança, Morbeck mandou Carvalhinho cuidar do baile. En- indenização. Como o governo não deu resposta a sua
tretanto, Carvalhinho passou essa responsabilidade para exigência, Carvalhinho e seu bando resolveram atacar o
Reginaldo, que possuía um bando armado a serviço de quartel. Logo depois dessa façanha, Carvalhinho fugiu
Morbeck. A festa foi um verdadeiro fracasso ocorrendo para Goiás. Porém, Mario Correa da Costa ao ter notícias
muitas mortes, e Reginaldo foi responsabilizado e dela- do paradeiro de Carvalhinho e de seu bando, enviou um
tado pelo moradores do leste como o responsável pelo destacamento de soldados para Goiás para prendê-los.
ocorrido naquela noite. Depois de preso, o governo do Estado obrigou Carvalhi-
Morbeck mandou prender Carvalhinho conduzindo-o nho a desfilar pelas principais ruas de Cuiabá, numa de-
a Cuiabá. Porém ao chegar à capital de Mato Grosso foi monstração de que o “terror” do leste foi definitivamente
libertado, mas acabou falecendo vítima de um atentado, combatido. Em 1930 com a ascensão ao poder de Vargas,
no Coxipó da Ponte. Carvalhinho foi libertado.
A notícia da sua morte foi recebida no leste, e Carva-
lhinho acreditava piamente que Morbeck encomendou a
morte do seu amigo. Neste momento aconteceu o que Pe- OS GOVERNADORES ESTADUAIS E SUAS
dro Celestino desejava, o assassinato de Reginaldo provo- REALIZAÇÕES
cou uma fragilidade na amizade de Morbeck e Carvalhinho.
Depois deste incidente, Morbeck e Carvalhinho via-
jaram ao Rio de Janeiro. Carvalhinho marcou um encon- Governadores do Mato Grosso
trou em segredo com Pedro Celestino, que naquele mo-
mento estava também na capital federal. 1889-1891: Antônio Maria Coelho.
Neste encontro, Carvalhinho recebeu a informação 1891: Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro.
da sua nomeação como Delegado de Polícia da região
do Araguaia e Garças e para agente arrecadador dos tri- 1891: José Da silva Rondon.
butos das Minas de Garimpo. Ao retornar ao hotel onde 1891: João Nepomuceno de Medeiros Mallet.
estava hospedado com Morbeck revelou ao amigo o seu 1891-1892: Manoel José Murtinho.
encontro com o governador, bem como, a sua nova fun-
ção. Inconformado com a traição do amigo, Morbeck re- 1892: Junta Governativa
tornou imediatamente para Mato Grosso, com o objetivo 1892: Luiz Benedito Pereira Leite.
de preparar uma emboscada para receber Carvalhinho.
Carvalhinho, orgulhoso da sua nomeação, ficou no 1892: Junta Governativa.
Rio de Janeiro dando entrevistas aos jornalistas cariocas 1892:Luiz Benedito Pereira Leite.
sobre a sua atuação como delegado do leste, de como 1892: André Virgilio Pereira de Albuqueruqe.
combateria o banditismo e conseqüentemente a violên-
cia nos garimpos. Ao retornar a Santa Rita do Araguaia, 1892: José marques Fontes.
local de sua moradia, Carvalhinho foi surpreendido du- 1892: Generoso Ponce Leme de Souza Ponce.
rante a madrugada por Morbeck e seu bando. Para fugir ao
cerco de Morbeck, Carvalhinho se atirou nas águas do rio 1892-1895: Manoel José Murtinho.
Araguaia. Mas a sua fuga, tinha como destino final, a Bahia, 1895-1897: Antônio Correa da Costa.
aonde foi arregimentar homens para voltar a Mato Grosso 1897: Antônio Cesário de Figueiredo
e acertar as contas com Morbeck. Em Salvador, Carvalhinho
entrou em contato com o governador Pedro Celestino pe- 1897-1898: Antônio Correa da Costa.
dindo proteção para o seu retorno a Mato Grosso.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

1898-1899: Antônio Cesário de Figueiredo.


Carvalhinho retornou ao leste, e com seu bando con-
quistou Lageado, Cassunungsa e Santa Rita do Araguaia. 1899: Antônio Leite de Figueiredo.
Morbeck diante do avanço das tropas de Carvalhinho, foi 1899-1900: Antônio Pedro Alves de Barros.
ao Rio de Janeiro pedir ao governo federal ajuda finan-
1900: João Paes de Barros.
ceira para a contratação de homens e para a compra de
armas e munições. Para obter o financiamento, Morbeck 1900-1903: Antônio Pedro Alves de Barros.
alegou ao governo federal, que essa contribuição finan- 1903-1906: Antônio Paes de Barros.
ceira era fundamental para combater a Coluna Prestes,
que naquele instante passava por Mato Grosso. 1906-1907: Pedro Leite Osório.
Ao voltar do Rio de Janeiro, Morbeck e Carvalhinho 1907-1908: Generoso Paes leme de Souza Ponce.
fizeram da região leste um palco de guerras. A rivalida-
1908-1911: Pedro Celestino Correa da Costa.
de entre os seus bandos somente foi amenizada com a
posse do novo governador do Estado, Mario Correa da 1911-1915: Joaquim Augusto da Costa Marques.
Costa.

33
1915-1917: Caetano Manoel de Faria Albuquerque. 2011-2014: Silval da Cunha.
1917: Camilo Soares de Moura. 2015-2018: Pedro Taques.
1917: Cipriano da Costa Ferreira. 2019 (eleito e início o mandato): Mauro Mendes.
1917-1918: Camilo Soares de Moura.
1918-1922: Dom Francisco de Aquino Correa.
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE
1922-1924: Pedro Celestino Correa da Costa.
POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE,
1924-1926: Estevão Alves Correa. EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA, ENERGIA,
1926-1930: Mario Correa da Costa. RELAÇÕES INTERNACIONAIS,
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,
1930: Aníbal de Toledo.
SEGURANÇA, ECOLOGIA E SUAS
1930: Sebastião Rabelo Leite. VINCULAÇÕES HISTÓRICAS
1930-1931: Antonio Mena Gonçalves.
1931-1932: Artur Antunes Maciel. O estado do Mato Grosso está localizado na Região
1932-1934: Leônidas Antero de Mattos. Centro-Oeste do Brasil, faz fronteira com os estados de
1934-1935: César de Mesquita Serva. Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Rondônia,
Tocantins e com a Bolívia. É o terceiro maior estado do
1935: Fenelon Muller. país em extensão territorial. Mato Grosso apresenta a
1935: Newton Cavalcanti. menor densidade demográfica dos três estados do Cen-
tro-Oeste.
1935-1937: Mario Correa da Costa. Sendo assim, os estados do Mato Grosso e Mato
1937: Manuel Ari da Silva Pires. Grosso do Sul compunham um único estado brasileiro.
1937-1945: Julio Strubing Müller. Entretanto, em 1977 o governo federal decretou a divi-
são do mesmo, alegando dificuldade em desenvolver a
1945-1946: Olegário Moreira de Barros região diante de sua grande extensão e diversidade. O
1946: Wladislau Garcia Gomes. norte, menos populoso e mais pobre, permaneceu como
Mato Grosso. O sul do território, mais próspero e popu-
1946-1947: José Marcelo Moreira. loso, passou a ser Mato Grosso do Sul.
1947-1950: Arnaldo Estevão de Figueiredo. Após o processo de separação dos estados, o estado
1950-1951: Jary Gomes. do Mato Grosso ficou com a região menos favorecida
financeiramente, porém demonstrou um grande cres-
1951-1956: Fernando Correa da Costa. cimento nesses anos todos, e hoje é o terceiro maior
1956-1961: João Ponce de Arruda. estado brasileiro. A economia do estado gira em torno
da agricultura, com destaque para plantações de soja e
1961-1966: Fernando Correa da Costa. algodão.
1966- 1971: Pedro Pedrossian. A extensão territorial do Mato Grosso é de 903.329,700
1971-1975: José Manoel Fontonilhas Fragelli. quilômetros quadrados, conforme contagem populacio-
nal realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geo-
1975-1978: José Garcia Neto. grafia e Estatística (IBGE), totaliza  3.035.122 habitantes
1978-1979: Cássio Leite de Barros distribuídos em 141 municípios. O crescimento demo-
gráfico é de 1,9% ao ano; a densidade demográfica é
1979-1983: Frederico Sólon Sampaio. de aproximadamente  3,3 hab/km². A população mato-
1983-1986: Julio José de Campos. -grossense se distribui de forma desigual, com desertos
1986-1987: Wilmar Peres de Faria. demográficos ao norte e áreas urbanas populosas, como
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

Cuiabá e Várzea Grande.


1987-1990: Carlos Gomes Bezerra. O relevo do estado é pouco acidentado e alterna um
1990-1991: Edison de Freitas. conjunto de grandes chapadas, no planalto Mato-gros-
sense, com altitude entre 400 e 800 metros, e áreas de
1991: Móises Feltrin. planície pantaneira, sempre inundadas pelo rio Paraguai
1991- 1995: Jayme Veríssimo de Campos. e seus afluentes. É caracterizado por planalto e chapadas
1995-1999: Dante de Oliveira no centro, planície com pântanos a oeste e depressões
e planaltos residuais a norte. O ponto mais elevado é a
1999-2002: Dante de Oliveira. serra Manto Cristo, com 1.118 metros de altitude.
2002-2003: José Rogério Salles. A cobertura vegetal é composta por cerrado na por-
ção leste, floresta Amazônica a noroeste e pantanal a
2003: Blairo Maggi. oeste. O clima é tropical. Os principais rios do estado
2007-2010: Blairo Maggi. são: Araguaia, Cuiabá, das Mortes, Juruena, Paraguai, São
2010: Silval da Cunha. Lourenço, Teles Pires, Xingu.

34
Deste modo, com o desenvolvimento do estado, e a
criação de diversas cidades no interior, fez com que as
pessoas de todo o Brasil tivessem interesse nesse cres- EXERCÍCIOS COMENTADOS
cimento e fossem conhecer de perto as oportunidades
que o estado oferece. E consequentemente deram uma 1. A partir de 1938, o Governo Vargas empreendeu a cha-
chance e estão lá até hoje. mada “Marcha para Oeste”. Leia atentamente o que se
A capital do estado é a cidade de Cuiabá, fundada em diz acerca dos objetivos e desdobramentos dessa “Mar-
8 de abril de 1719, começou às margens do rio Coxipó, cha”.
com o surgimento do Arraial da Forquilha, povoamen-
to que deu origem à capital. Sua população atual é de I. O objetivo inicial era incorporar as regiões que formam
551.098 habitantes e possui extensão territorial de 3.363 os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
quilômetros quadrados. à malha econômica do País.
Outras cidades importantes do estado são: Várzea II. A “Marcha” tinha o objetivo de incentivar a migração
Grande, Rondonópolis, Sinop, Cáceres, Tangará da Serra, interna criando estradas e apoiando o desenvolvimento
Barra do Garças. O maior responsável pela economia é a industrial.
agropecuária, que gera 40,8% do Produto Interno Bruto III. Essa marcha gerou conflitos de terras e confrontos en-
(PIB) do estado, o setor de serviços representa 40,2% do tre migrantes e comunidades indígenas, resultando em
PIB, o setor industrial corresponde a 19% do PIB. Atual- muitas mortes.
mente o estado é o maior produtor de soja do país, IV. A partir desses conflitos surgiu a proposta de criação
sendo o grão o maior produto de exportação do Mato de reservas fechadas para as comunidades indígenas,
Grosso. O polo de algodão, cujo principal centro é o mu- isolando-as em seu próprio território.
nicípio de Rondonópolis, chega a produzir 1,2 milhão de
toneladas por ano. O crescimento econômico anual do É correto o que se afirma em
estado supera a média brasileira. O rebanho bovino é um
dos maiores do país. a) I e II apenas.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do esta- b) I, III e IV apenas.
do é de 0,796, ocupando a 11° posição entre os estados c) II, III e IV apenas.
do Brasil. Cerca de 90% dos habitantes com mais de 15 d) I, II, III e IV.
anos são alfabetizados. 
Deste modo, existe  um grande  déficit  nos serviços Resposta: Letra B. A afirmativa [II] está incorreta, por-
de saneamento ambiental, visto que cerca de 50% das que Vargas incentivou a ocupação de regiões com
residências não têm coleta de esgoto e acesso à rede vazios demográficos no Centro-Oeste para, além de
de água tratada. A taxa de mortalidade infantil é de 19,2 povoar, poder integrar essas regiões à produção in-
para cada mil nascidas vivas. O estado apresenta grande dustrial do Sudeste. Logo, o Centro-Oeste deveria se
riqueza cultural, que é representada pelo Cururu, Siriri, tornar um polo fornecedor de matéria-prima para as
Rasqueado Cuiabano, o Boi, a Serra, a Dança de São Gon- indústrias do Sudeste, e não um polo industrial.
çalo, a Dança dos Mascarados, o Chorado, Congo, entre
outras. 2. “Entre as numerosas empresas então criadas, vale
Dentro da culinária, se destacam os pratos típicos: destacar a Companhia Fomento Industrial e Agrícola de
Maria Isabel, farofa de banana, pacu assado, pacu na fo- Mato Grosso, autorizada a funcionar pelo decreto nú-
lha de bananeira, moqueca de pintado, bolo de arroz, mero 70, de 21 de março de 1891. No Estatuto a Com-
frango com pequi e linguiça cuiabana. Ademais, o arte- panhia expunha os seus fins: aquisição e exploração de
sanato é representado pela viola de concho, bonecas de uma ampla propriedade no estado de Mato Grosso de
pano, artesanato em madeira, cerâmica, trançados feitos 350 léguas quadradas e 250 mil cabeças de gado. Seria
através de fibras vegetais de taquara e as redes bordadas. produzido extrato de carne embalado em latas e barris
fabricados na própria fazenda.
Dentre outras atividades, relacionam-se a fabricação de
#FicaDica velas, sabão, gelatina, couro e derivados de boi, além de
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

madeira para construção.


Na atualidade, o Mato Grosso é um dos Os empreendedores pretendiam criar vinte núcleos co-
principais produtores e exportadores de loniais com quinhentas famílias cada, construir estradas
soja do Brasil. A cidade de Rondonópolis vicinais e uma estrada de ferro, sem esquecer a possibi-
se destaca por ser um dos principais muni- lidade de fundar novas fábricas para beneficiar produtos
cípios exportadores, sendo o maior do Es- da lavoura. A Companhia emitiu 200 mil ações de cinco
tado. Entre os 10 municípios mais ricos do libras esterlinas cada.
Centro-Oeste, oito são do estado do Mato VILLA, Marco Antonio. O nascimento da República no Brasil: a pri-
Grosso. É um dos estados mais ricos em re- meira década do novo regime.
lação a exploração de minérios. São Paulo, Ática, 1997, p. 31-32. (adaptado)

O texto acima faz referência a um momento no qual o


governo brasileiro

35
I - interveio em favor de uma proposta industrialista.
II - estimulou o consumo de produtos de origem animal.
III - incentivou a “Marcha para o Oeste”, visando interiorizar a economia nacional.
IV - criou leis, facilitando o estabelecimento de empresas de capital aberto.

São corretas apenas as afirmativas


a) III e IV.
b) II e III.
c) I e IV.
d) I e II.

Resposta: Letra C. Nos anos iniciais da república, a prioridade do governo, em nível econômico era a agricultura. No
entanto, uma série de atividades paralelas foi estimulada. O texto trata de uma situação específica, em uma região
considerada de pouca importância para a economia brasileira e que recebeu estímulo para o desenvolvimento de
atividades industriais tendo como base a atividade pecuarista. Percebe-se pelo texto, que os investimentos eram
feitos em moeda inglesa (libra esterlina), demonstrando os interesses estrangeiros em ampliar a participação na
economia nacional (como ocorria desde o segundo reinado).

3. A agricultura no Brasil, ao longo da história, experimentou diversos ciclos e transformações, indo desde a economia
monocultora, pautada principalmente na produção de cana-de-açúcar durante o período colonial, até as recentes
transformações e expansão do café e da soja. Atualmente, essas transformações ainda ocorrem, sobretudo garantindo
transformações técnicas ocorridas a partir do século XX, como a mecanização da produção e a modernização das ati-
vidades. Atualmente a produção agrícola é altamente estimulada, gerando especialização em determinadas áreas do
país e a produção de determinados cultivos.

Leia as seguintes afirmativas sobre os principais produtos da agricultura comercial brasileira.

I. Durante muito tempo, o produto manteve-se circunscrito ao Paraná e a São Paulo, produzindo pelo regime de par-
ceria. Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo conservam a dianteira da produção. Bahia e Rondônia surgiram como
novas áreas produtoras, com uma particularidade: são cultivadas, principalmente, por paranaenses, antigos produtores
do norte do Paraná.
II. Expandiu-se com maior vigor no país, durante os anos 70, notadamente nos estados do Paraná e do Rio Grande do
Sul. Cultura típica de exportação, está cada vez mais voltada para o mercado interno em razão do crescente consumo
de derivados na alimentação do brasileiro. Atualmente, verifica-se sua expansão nas áreas do cerrado, sobretudo nos
estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia;
III. Apesar de ser um produto cultivado no Brasil desde o século XVI, sua produção foi estimulada, a partir de 1975, com
a criação de programas federais de incentivos. O Estado de São Paulo detém mais da metade da produção nacional,
mas também se pode encontrar em Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, além de estados nordestinos (Zona da Mata);
IV. Produto largamente cultivado para atender à demanda da indústria, tem no estado de São Paulo seu principal pro-
dutor. Paraná e Minas Gerais estão se convertendo em novas e importantes áreas de produção. O Brasil é um grande
exportador de derivados do produto, principalmente para os EUA;

Sobre os principais produtos da agricultura comercial brasileira é correto afirmar que as afirmativas se referem respec-
tivamente aos seguintes:

a) I. café, II. soja, III. cana-de-açúcar e IV. laranja.


b) I. soja, II. café, III. laranja e IV. cana-de-açúcar.
c) I. cana-de-açúcar, II. café, III. laranja e IV. soja.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

d) I. laranja, II. cana-de-açúcar, III. soja e IV. café.


e) I. café, II. laranja, III. cana-de-açúcar e IV. soja.

Resposta: Letra A. O Brasil é um dos líderes mundiais nas exportações de commodities agrícolas (produtos básicos
ou semimanufaturados com preço definido em bolsas de valores) devido à mecanização, biotecnologia, fertilizantes
e agrotóxicos. Destacam-se o café (produção concentrada em MG, ES, PR, SP, BA e RO), a soja (Centro-Oeste, PR, RS
e MAPITOBA), o açúcar (SP, Centro-Oeste, PR e Zona da Mata do Nordeste) e o suco de laranja (SP e SE).

4. Em 2014, o Brasil se consolidou como o país que possui a segunda maior área plantada com transgênicos no mundo,
com destaque para os estados do Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os cultivos com maior proporção
de transgênicos são:

a) soja, milho e algodão.


b) laranja, cana-de-açúcar e soja.

36
c) café, milho e cana-de-açúcar.
d) soja, arroz e trigo.
e) algodão, tomate e laranja.

Resposta: Letra A. A alternativa [A] está correta porque 89% da soja, 76% do milho e 50% do algodão plantados
no país são geneticamente modificados e, portanto, são os cultivos com maior proporção de transgênicos.

5. Analise a imagem abaixo, e responda:

Nos últimos meses, iniciativas em hidrovias, rodovias e ferrovias registraram algum avanço para a abertura da chamada
saída Norte, ou Arco Norte, que poderá, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), reduzir em mais de
30% o custo do frete da produção do Mato Grosso enviada ao exterior, o que possibilitaria um adicional de renda de
10% para o produtor de soja e de 20% para o de milho. Da porteira da fazenda até o porto, o custo do transporte da
produção brasileira é mais de quatro vezes superior ao dos Estados Unidos.
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

Adaptado de O Globo, 14/03/2016.

Com a implantação dos projetos logísticos mencionados, a competitividade dos fazendeiros brasileiros será mais in-
tensificada pelo seguinte fator:

a) eliminação de impostos aduaneiros


b) localização dos mercados consumidores
c) qualidade dos artigos comercializados
d) rapidez do deslocamento das mercadorias

Resposta: Letra B. A implantação de infraestruturas de transportes como rodovias, hidrovias e ferrovias em direção
ao norte objetiva reduzir os custos nas exportações de produtos do agronegócio como a soja. Como grande parte
dos mercados consumidores estão no hemisfério norte, a exemplo da União Europeia, o investimento em infraestru-
tura é fundamental para a competitividade dos produtos brasileiros.

37
II. A maioria dos desmatamentos ocorre no chamado
arco de desflorestamento da Amazônia, faixa de terra
HORA DE PRATICAR! que vai do noroeste do Pará, passando pelo norte do
Mato Grosso e por Rondônia, até o Acre.
1. Durante o governo Vargas, no final da década de 1930, III. O avanço das empresas agropecuárias e madeireiras
um projeto de desbravamento do território brasileiro fi- sobre as áreas indígenas tem aumentado os conflitos so-
cou conhecido como “A Marcha para o Oeste”, visando ciais na Amazônia, principalmente nos estados do Pará,
explorar e ocupar as regiões Centro-Oeste e Norte. Uma Mato Grosso e Rondônia.
expedição, comandada pelos irmãos Villas-Boas, em
1943, destacou-se pela descoberta de inúmeras etnias Quais estão corretas?
indígenas, até então desconhecidas. Como resultado, foi
demarcada oficialmente, em 1961, uma das maiores áre- a) Apenas I.
as indígenas do Brasil e do mundo, situada no estado de b) Apenas II.
Mato Grosso, que é c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
a) a Terra Indígena Kayapó. e) I, II e III.
b) o Parque Indígena de Tumucumaque.
c) a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. 4. O Brasil possui grande parte do seu território na Ama-
d) o Parque Indígena do Xingu. zônia. Além dos estados da Região Norte, a Floresta
e) a Terra Indígena Waimiri-Atroari. abrange áreas de outros estados. Assinale a alternativa
que apresenta somente estados abrangidos pela Floresta
2. Os estados amazônicos perseguem estratégias diver- Amazônica.
sas para consolidar o povoamento e alcançar o desen-
volvimento sustentável. Todos têm o ecoturismo como a) Maranhão e Sergipe
atividade básica, mas suas outras estratégias variam con- b) Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
sideravelmente em função de seus contextos históricos, c) Mato Grosso e Maranhão
culturais e políticos, da sua localização geográfica e dos d) Goiás e Minas Gerais
níveis em que foram afetados pelo recente processo de e) Mato Grosso do Sul e Bahia
ocupação.
(BECKER, B. K. Por que não perderemos a soberania sobre a Ama- 5. Analise a imagem abaixo, e responda:
zônia? In: ALBUQUERQUE, E. S. (org.). Que país é esse? Pensando o
Brasil contemporâneo. São Paulo: Globo, 2005, p. 275.)

Com base no texto e nos conhecimentos de geografia,


assinale a alternativa correta.

a) A fronteira agropecuária avança pelo cerrado do Cen-


tro-Oeste e atinge a porção da Amazônia Legal, no
norte do Mato Grosso e oeste do Maranhão, tornando
a pecuária extensiva um vetor de desenvolvimento na
porção oriental do Pará.
b) As políticas de colonização executadas ao longo da
rodovia Transamazônica produziram, no estado do
Amazonas, um padrão de desenvolvimento apoiado
na agricultura intensiva.
c) Os avanços recentes da biotecnologia permitiram im-
plantar em Rondônia um modelo econômico baseado
na contiguidade das florestas tropicais.
d) O insucesso da Zona Franca de Manaus demonstrou
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

a vocação extrativista da bacia amazônica, redirecio-


nando as políticas de incentivos para este último setor. Realidades, como essa da ilustração, sempre foram co-
e) A fronteira da pecuária extensiva vem se expandindo muns no Brasil. Os fluxos migratórios internos determina-
no estado do Mato Grosso porque o seu território não ram a ocupação de grandes extensões de seu território.
está incluído na legislação que delimita a Amazônia Nos séculos XVII e XVIII, a procura por metais preciosos
Legal. levou paulistas e nordestinos a Minas Gerais, Goiás e
Mato Grosso. Com a expansão do café pelo interior de
3. Com relação à Amazônia brasileira, considere as afir- São Paulo, chegavam levas de mineiros e nordestinos. No
mações abaixo. século XIX, o ciclo da borracha ajudou a povoar a região
Norte por nordestinos. No século XX, as atividades agrí-
I. Apesar de os cursos de água serem considerados vias colas e industriais levaram ao Sudeste milhares de bra-
de transporte, as estradas de rodagem são, atualmente, sileiros de todas as partes, principalmente, nordestinos.
os principais corredores de escoamento de população e
de produtos ao longo da floresta amazônica.

38
A respeito das migrações internas atuais, é incorreto afir-
mar que ANOTAÇÕES
a) nos últimos anos, o Centro-Oeste foi a região que mais
recebeu migrantes devido à expansão do agronegócio ________________________________________________
da cana-de-açúcar e aos investimentos destinados à
implantação industrial, fruto da descentralização do _________________________________________________
Sudeste.
_________________________________________________
b) a Região Sudeste, grande atrativo de migrantes duran-
te anos, já constata declínio migratório em razão do _________________________________________________
aumento do desemprego. Em 2005, atinge seu ponto
mais alto de perdas, 269 mil moradores, segundo da- _________________________________________________
dos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
c) os movimentos migratórios estão mais intensos den- _________________________________________________
tro dos próprios estados, com o desenvolvimento de
_________________________________________________
polos industriais dentro e fora das grandes capitais.
d) os fluxos migratórios, muitas vezes, desestabilizam fa- _________________________________________________
mílias que, sem condições de sobrevivência, abando-
nam suas regiões de origem sem perspectivas imedia- _________________________________________________
tas de satisfazê-las em outras áreas do país.
e) a Região Nordeste mantém sua tendência histórica, _________________________________________________
pois ainda é a principal área de origem dos migrantes _________________________________________________
no Brasil.
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39
ANOTAÇÕES

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ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Recebimento, encaminhamento e arquivamento de documentos oficiais. Documentação. Noções de arquivo: conceito,
tipos, importância, organização, conservação, proteção de documentos. Sistemas e métodos de arquivamento................. 01
Redação oficial e seus modelos. Formas de tratamento e abreviaturas. Endereçamento de correspondências...................... 19
Administração de materiais: conceitos, etapas, controle de estoque, almoxarifado, recebimento e armazenagem.............. 51
Processos administrativos: objeto, princípios, análise, encaminhamento, noções de protocolo.................................................... 68
Atos administrativos....................................................................................................................................................................................................... 78
Bens públicos: aquisição, destinação gestão........................................................................................................................................................ 87
Serviços públicos: princípios, formas de prestação. Processo administrativo disciplinar e responsabilidade do agente
público................................................................................................................................................................................................................................. 96
Noções de administração pública: princípios fundamentais da administração pública; organização administrativa:
centralização, descentralização, controle da administração pública.......................................................................................................... 106
Servidores públicos: regime jurídico; direitos e deveres; código de ética; responsabilidade dos servidores............................. 127
Contratos administrativos; noções de licitação: modalidades; dispensa, inexigibilidade................................................................... 148
Lei Orgânica do Município de Cuiabá..................................................................................................................................................................... 161
RECEBIMENTO, ENCAMINHAMENTO E ARQUIVAMENTO DE DOCUMENTOS OFICIAIS.
DOCUMENTAÇÃO. NOÇÕES DE ARQUIVO: CONCEITO, TIPOS, IMPORTÂNCIA,
ORGANIZAÇÃO, CONSERVAÇÃO, PROTEÇÃO DE DOCUMENTOS. SISTEMAS E MÉTODOS DE
ARQUIVAMENTO.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA

Para iniciar nosso estudo, vamos, primeiramente, fazer uma distinção entre três conceitos que frequentemente se
confundem.

1.Arquivística: princípios e conceitos

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados
durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam
ser registradas em documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências)
nos dá sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos,
instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por
pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”
Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.
“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus
sucessores, para fins de prova ou informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer
de suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950)
(citado por PAES, Marilena Leite, 1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso
de sua atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.”
(PAES, Marilena Leite, 1986).
De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para
conservar o acervo.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes. Vejamos:

1
O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo,
que se caracteriza como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade,
suporte, modo de produção, utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por
um processo natural que decorre da própria atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma
pessoa física, jurídica ou por uma família no exercício das suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios
e por outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada,
são relevantes no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influen-
ciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua im-
parcialidade explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos
aos quais os documentos se referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam
com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, por-
tanto, apresenta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada,
guardada e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação,
que são a Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados,
porém, frisa-se que trata-se de conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2
2. Arquivos Públicos

Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:


“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades,
por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções
administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público,
por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua
documentação à instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.”
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter
público – mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera
de governo.

3. Arquivos Privados

De acordo com a mesma Lei citada acima:


“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas
ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz
respeito à pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público,
pois os órgãos que compõe a administração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também
pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Comercial: companhias, empresas, etc.

A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida
pelo Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou
públicos, instituições culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e
disseminação da informação contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um
pessoa (física ou jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um todo.
Também é função do arquivista recuperar informações ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.

3
4. Gestão da informação e documentos 5. Diagnóstico

Um documento (do latim documentum, derivado de Como diagnóstico entendemos a análise das
docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo informações básicas (quantidade, localização, estado
gráfico, que comprove a existência de um fato, a exatidão físico, condições de armazenamento, grau de crescimento,
ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, frequência de consulta e outros) sobre os arquivos, a
documentos são frequentemente sinônimos de atos, fim de implantar sistemas e estabelecer programas de
cartas ou escritos que carregam um valor probatório. transferência, recolhimento, microfilmagem, conservação
Documento arquivístico: Informação registrada, e demais atividades”.
independente da forma ou do suporte, produzida ou É uma etapa que antecede a aplicação de um
recebida no decorrer da atividade de uma instituição programa de gestão de documentos, representando
ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura uma ferramenta que é capaz de retratar determinado
suficientes para servir de prova dessa atividade. contexto da situação em que se encontra um conjunto
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma de documentos, considerando volume, gênero, natureza
tarefa de considerável importância para as organizações dos documentos, suporte, espécie, tipologia, nível de
atuais, sejam essas privadas ou públicas, tarefa essa conservação e período cronológico.
que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de
Documentos, importante ferramenta que auxilia na É preciso ter critérios que ajudem a selecionar
gestão e no processo decisório. o método mais apropriado à realidade pretendida,
reconhecer o melhor momento para sua aplicação,
A gestão de documentos representa um enfim, é preciso estudar os diferentes métodos a ponto
conjunto de procedimentos e operações técnicas de sentir-se seguro para fazer a escolha, pois “o talento
referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e do pesquisador consiste em adequar os métodos às
arquivamento em fase corrente e intermediária, visando necessidades dos objetos” (LOPES, 1997, p. 45).
a sua eliminação ou recolhimento para a guarda
permanente. É o instrumento norteador da implantação da política
arquivística institucional
Através da Gestão Documental é possível definir qual a
politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui O diagnóstico nos permite dois tipos de levantamento,
o patrimônio arquivistico. Outro aspecto importante sendo o institucional e o documental.
da gestão documental é definir os responsáveis pelo
processo arquivistico. Institucional
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela
implantação do programa de gestão, que envolve ações - Tempo histórico de existência
como as de acesso, preservação, conservação de arquivo, - Tamanho e diversidade dos acervos acumulados
entre outras atividades. - Variação e abrangência das atividades presentes e
Por assegurar que a informação produzida terá passadas
gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com - Número de pessoas vinculadas e as características
possibilidade de ser rastreada, a Gestão de Documentos estruturais
favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO, - Uso de tecnologia da informação variadas, de redes
processos esses que para determinadas organizações de computadores, digitalização, microfilmagem,
são de extrema importância ser adquirido. etc.
Outras vantagens de se adotar a gestão de
documentos é a racionalização de espaço para guarda Documental
de documentos e o controle deste a produção até
arquivamento final dessas informações. - Quantidades dos documentos, expressas de acordo
A implantação da Gestão de Documentos associada com regras aceitas universalmente (metragem li-
ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias near, em unidades ou bits)
do Gerenciamento Eletrônico de Documentos deve ser - Características diplomáticas – tipologias documen-
efetiva visando à garantia no processo de atualização da tais – que os individualizam
documentação, interrupção no processo de deterioração - Conteúdos informacionais genéricos, expressos de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos documentos e na eliminação do risco de perda do modo sintético e hierárquico


acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas - Unidades físicas de arquivamento, isto é, a movela-
que permitam acesso à informação pela internet e ria e embalagens utilizadas
intranet. - Modo original de arquivamento – classificação, ava-
A Gestão de Documentos no âmbito da administração liação e descrição – mesmo que empírico e basea-
pública atua na elaboração dos planos de classificação dos do no senso comum
documentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) - Existência e modo de uso de tecnologias da infor-
e comissão permanente de avaliação. Desta forma é mação
assegurado o acesso rápido à informação e preservação - Características das instalações e situação dos acer-
dos documentos. vos no que se refere à preservação

4
Para realizar o diagnóstico respeita-se cinco ETAPAS essenciais:
1. Pesquisa da legislação e histórico do órgão;
2. Elaboração de roteiros de entrevistas/questionários;
3. Visitas para aplicação de entrevistas/questionários;
4. Análise dos dados coletados;
5. Elaboração de diretrizes.

De uma forma geral, realizar um diagnóstico de arquivo significa fazer uso de informações gerais sobre quem o
produziu, informações essas que são conseguidas por meio de questionários, entrevistas e relatos fornecidos pelo
arquivista.

O Diagnóstico pode ser de três tipos, como veremos a seguir.

5.1. Diagnóstico Estratégico

Também denominado de análise do ambiente, tem por objetivo mapear o maior número possível de variáveis que
de alguma forma afetam direta ou indiretamente uma organização.
De acordo com Chiavenato e Sapiro (2004) o diagnóstico estratégico se subdivide em duas modalidades:
a) diagnóstico estratégico interno: situação frente ás dinâmicas ambientais, relacionando as suas forças e fraquezas,
criando as condições para a formulação de estratégias que representam o melhor ajustamento do elemento no
ambiente em que se situa;
b) Diagnóstico estratégico externo: procura antecipar oportunidades e ameaças para a concretização da visão, da
missão e dos objetivos.

5.2. Diagnótico Físico Ambiental

Deve ser feito com base no relatório do estado de conservação e no mapeamento de danos no ambiente, buscando
identificar as causas da degradação neles registrados.

5.3. Diagnóstico Organizacional

É voltado para conhecer os Recursos humanos, físicos e materiais do arquivo, sem aprofundar em questões físico-
ambiental de conservação, nem apegar-se as questões de fluxo.

O diagnóstico se apresenta, portanto, como uma necessária ferramenta para a gestão documental, pois, fornece
informações estruturadas para o provimento das ações no decorrer do processo de gerenciamento arquivístico,
tendo como principais dados a serem coletados a estrutura, as funções, as atividades e, por conseguinte, ao fluxo de
informações que permeiam a organização, absorvendo assim, a complexidade e a diversidade de documentos e de
informações existentes dentro destas.

6. Arquivos correntes, intermediários e permanentes

O arquivo também pode ser classificado quanto à sua evolução ou frequência de uso, onde temos aqui três tipos
arquivisticos que correspondem cada um a uma fase/idade do arquivo, conforme a Teoria das Três Idades:

Arquivo Corrente - Valor Primário - Representa Fase Obrigatória


Arquivo Intermediário - Valor Primário – Aguarda destino
Arquivo Permanente - Valor Secundário – Preservação definitiva
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5
Vejamos:

7. Protocolo

Composto por: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.


Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado
de forma eficaz, é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento,
registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas
de forma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento
de produção de documentos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são
registrados assim que chegam à organização.
A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole
ou problemas decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação
ou recolhimento.

6
8. Avaliação de documentos deve analisar o contexto de produção documental em
que atua, partindo da premissa de conseguir adequar o
As funções de classificação e avaliação são essenciais instrumento no ambiente organizacional, como elemento
para a gestão dos documentos, pois permitem que associado às atividades administrativas, como acrescenta
as informações sejam organizadas racionalmente – Gonçalves (1998, p. 23), “a elaboração do plano não pode
facilitando a sua recuperação – e, quando não investidas estar desconectada da preocupação com sua aplicação”.
de valor administrativo, histórico ou cultural, sejam Enquanto isso, a tabela de temporalidade de
adequadamente eliminadas. documentos é definida por Bernardes e Delatorre
De acordo com Lopes (1997), a classificação pode ser (1998) como um instrumento aprovado por autoridade
descrita como a sequência de operações que, de acordo competente, que regula a destinação final dos
com as estruturas organizacionais, funções e atividades documentos, definindo prazos para a guarda dos
de uma organização, visam a distribuir os documentos documentos em função de seus valores administrativos,
em classes e subclasses. Bernandes e Delatorre (2008) legais e fiscais, determinando os prazos para sua
descreve que entre os objetivos e benefícios da transferência, recolhimento ou eliminação. A tabela
classificação, destacam-se: a recuperação do contexto de temporalidade pode ser considerada o principal
original de produção de documentos, visibilidade instrumento do processo de avaliação de documentos,
às funções, subfunções e atividades do organismo proporcionando, como resultados práticos, a inexistência
produtor, controle de trâmites, atribuição de códigos de massas documentais acumuladas e o descarte de
numéricos, além de fornecer subsídios para a avaliação informações supérfluas.
dos documentos. Por ser um processo que requer procedimentos
A avaliação de documentos, fase posterior à legais (inclusive atendendo prazos definidos em lei
classificação, cumpre a função de descartar o que não para execução de determinadas tarefas do processo),
seja de interesse para as atividades das organizações, a avaliação de documentos requer atenção redobrada
como, também, para a sociedade em geral, que busca pelos arquivistas, para que sua efetivação não seja
informações para conhecer seu meio, seu passado e
comprometida.
constituir uma identidade. Frente a isso, os critérios
Os instrumentos que servem de referência são o
de avaliação devem ser pautados na visão crítica dos
Código de Classificação, Temporalidade e Destinação de
possíveis usos da informação arquivística. Bernardes e
Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio
Delatorre (2008) explicam que existem documentos que
da Administração Pública e a Tabela de Temporalidade
jamais podem ser eliminados, pois comprovam fatos e
e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos
atos fundamentais para nossa existência civil e para nossa
às Atividades-Fim das Instituições Federais de Ensino
vida pessoal. Ao mesmo tempo, não é possível e nem
Superior (IFES).
desejável que todos os documentos sejam preservados,
afinal, documentos que cumprem uma função importante Segundo o Arquivo Nacional (2001), a adoção desses
durante determinado tempo, posteriormente, perdem instrumentos, além de possibilitar o controle e a rápida
o seu valor original, devendo ser eliminados, para que recuperação de informações, orienta as atividades
não dificultem o acesso a outros documentos com valor de racionalização da produção e fluxo documentais,
informativo e probatório relevantes. avaliação e destinação dos documentos, aumentando
Os principais instrumentos que possibilitam a eficácia dos serviços arquivísticos da administração
a classificação e avaliação de documentos são, pública em todas as esferas.
respectivamente, o plano de classificação e a tabela Portanto, o desenvolvimento da gestão de
de temporalidade. Ambos devem ser constituídos com documentos e informações interfere na qualidade das
referência aos preceitos arquivísticos (de organicidade, informações utilizadas pelas organizações e, para atingir
coerência, adaptabilidade, etc.), adequando-se ao esse objetivo, as adoções de instrumentos voltados à
contexto de produção informacional. A construção de classificação e avaliação tornam-se indispensáveis.
um plano de classificação é observada por Gonçalves
(1998), na qual: Resumidamente, a avaliação documental, que tem
Definir atividades-fim e atividades-meio e relacioná-las base na teoria das Três Idades, é uma atividade essencial
a funções mais abrangentes já significa reunir elementos do ciclo de vida documental arquivístico, na medida
para a classificação dos documentos. A reunião lógica de em que define quais documentos serão preservados
funções e atividades, com a percepção de sua maior ou para fins administrativos ou de pesquisa e em que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

menor autonomia ou subordinação interna, permitirá a momento poderão ser eliminados ou destinados aos
elaboração do plano de classificação(GONÇALVES, 1998, arquivos intermediário e permanente, segundo o valor e
p. 22). o potencial de uso que apresentam para a administração
O estabelecimento das classes e subclasses de que os gerou e para a sociedade.
um plano de classificação pode ser por três critérios:
funcional, no qual as classes correspondem à função Suas principais vantagens são:
dos documentos; estrutural, de acordo com a estrutura - Redução da massa documental.
organizacional de determinada instituição; e, por assunto, - Agilidade na recuperação de documentos e infor-
referente aos conteúdos registrados nos documentos. mações.
A definição de qual método é o mais adequado, por - A conservação dos documentos de guarda perma-
consenso, torna-se uma definição do arquivista, que nente.

7
- A racionalização da produção e do fluxo dos documentos de arquivo.
- A eliminação dos documentos desprovidos de valor, gerando ganho de espaço físico.
- A otimização dos gastos com recursos humanos, materiais e financeiros.
- Incremento à pesquisa.
- Garantia da constituição do patrimônio arquivístico.

8.1. Sistemas de classificação de documentos de arquivo

O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na
elaboração de um plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas.
Quanto mais simples forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da docu-
mentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última
análise, focando a estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização
sempre que se entender conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como
forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação,
transferência, recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base
no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso da informação nele contida. A
classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados, constituindo-se em referencial básico
para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e
atividades desempenhadas pelo órgão.
A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:
De acordo com a entidade criadora
• PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
• INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-
lucrativas, sociedades e associações.
• COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
• FAMILIAR ou PESSOAL- arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.
De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo de vida de um arquivo)
• ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a documentação mais atual e frequentemente consultada.
Pode ser mantido em local de fácil acesso para facilitar a consulta.
• ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do arquivo corrente, porque
deixaram de ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos órgãos que os produziram e
os receberam, se surgir uma situação idêntica àquela que os gerou.
• ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se encontram os documentos que perderam o valor
administrativo e cujo uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados somente por causa de seu
valor histórico, informativo para comprovar algo para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça como
os fatos evoluíram.

De acordo com a extensão da atenção


Os arquivos se dividem em:
• ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo corrente.
• ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os documentos correntes provenientes dos diversos órgãos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que integram a estrutura de uma instituição.

De acordo com a natureza de seus documentos


• ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias,
microformas (fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado não apenas
quanto ao armazenamento das peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, controle e conservação.
• ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo técnico, é responsável pela guarda os documentos
de um determinado assunto ou setor/departamento específico.

De acordo com a natureza do assunto


• OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam a administração

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• SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, com divulgação restrita

De acordo com a espécie


• ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente ad­ministrativas;
• JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais;
• CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orienta­ção jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca
alternativas para evitar a esfera judicial.

De acordo com o grau de sigilo


• RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-autorizada possa comprometer planos, operações ou
ob­jetivos neles previstos;
• SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, instalações, projetos, planos ou operações de interesse
nacional, a assuntos diplomáticos e de inteligência e a pla­nos ou detalhes, programas ou instalações estratégicos,
cujo conhecimento não autorizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Estado;
• ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à so­berania e à integridade territorial nacionais, a plano ou ope­
rações militares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tec­nológico
de interesse da defesa nacional e a programas eco­nômicos, cujo conhecimento não autorizado possa acar­retar dano
excepcionalmente grave à segurança da so­ciedade e do Estado.

8.2 Arquivamento e ordenação de documentos

O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que visa ao acondicionamento e armazenamento dos


documentos no arquivo.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades competentes, o documento deverá ser encaminhado ao
seu destino para arquivamento, após receber despacho final.
O arquivamento é a guarda dos documentos no local estabelecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa
toda a atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente poderá ficar perdido quando solicitado
posteriormente.
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua
eliminação.
As operações para arquivamento são:

1) Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;


2) Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir um código conforme o assunto;
3) Ordenar os documentos na ordem sequencial;
4) Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que
tratam do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
5) Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar uma pasta para cada código, evitando a classificação
“diversos”;
6) Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de acordo com a ordem estabelecida – cronológica,
alfabética, geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não exista o original manter uma
única cópia;
7) Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em caixa ou pasta apropriada, identificando externamente
o seu conteúdo e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8) Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os documentos/processos estão armazenados.

Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizontal e a vertical.


- Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário.
É indicado para arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões, pois evitam marcas e dobras
nos mesmos.
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

arquivos correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos documentos.

Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo, devemos considerar tantos os métodos quanto os
sistemas.
Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibilidade ou não de recuperação da informação sem o
uso de instrumentos.
Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro
semelhante) para localizar um documento em um arquivo.

Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema direto de busca e/ou recuperação, como por
exemplo, os métodos alfabético e geográfico.

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Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos
numéricos.

A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classificados dentre de um mesmo assunto.
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e categorizada previamente para posterior
arquivamento.

Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos documentos, podendo ser:

9. Tabela de temporalidade

Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência,
recolhimento, descarte de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores
(primário/administrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo
de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários
na instituição. 
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma
instituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final –
eliminação ou guarda permanente, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:

1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de


acordo com as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados
alfabeticamente para agilizar a sua localização na tabela.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e
intermediária, visando atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação da
aposentadoria; e até quitação da dívida.

Os prazos são preferencialmente em ANOS


Os prazos são determinados pelas:
Normas
Precaução
Informações recaptulativas
Frequência de uso

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3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos
quanto à destinação dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.
A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

10. Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivos

Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados
procedimentos específicos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação
durante o prazo de guarda estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

FIQUE ATENTO!
Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente.
As alternativas são diversas, como dispositivos externos de gravação, porém, o mais indicado hoje, é
armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança, a facilidade de acesso.

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Armazenamento - utilizar preferencialmente soluções de baixo custo
direcionadas à obtenção de níveis de temperatura
1. Áreas de armazenamento e umidade relativa estabilizados na média, evitan-
do variações súbitas;
1.1. Áreas Externas - reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos
quando os equipamentos de climatização não pude-
A localização de um depósito de arquivo deve prever rem ser mantidos em funcionamento sem interrupção;
facilidades de acesso e de segurança contra perigos - proteger os documentos e suas embalagens da inci-
iminentes, evitando-se, por exemplo: dência direta de luz solar, por meio de filtros, per-
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e sianas ou cortinas;
de inundações, como margens de rios e subsolos; - monitorar os níveis de luminosidade, em especial
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de das radiações ultravioleta;
combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, - reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâm-
e construções irregulares; padas fluorescentes, aplicando filtros bloqueado-
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos ín- res aos tubos ou às luminárias;
dices de poluição atmosférica, como refinarias de - promover regularmente a limpeza e o controle de
petróleo; insetos rasteiros nas áreas de armazenamento;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como in- - manter um programa integrado de higienização do
dústrias e depósitos de munições, de material bé- acervo e de prevenção de insetos;
lico e aeroportos. - monitorar as condições do ar quanto à presença de
poeira e poluentes, procurando reduzir ao máximo
1.2. Áreas Internas os contaminantes, utilizando cortinas, filtros, bem
como realizando o fechamento e a abertura con-
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão trolada de janelas;
atender às necessidades de funcionalidade e conforto, - armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios
enquanto as de armazenamento de documentos devem magnéticos e ópticos em condições climáticas es-
ser totalmente independentes das demais. peciais, de baixa temperatura e umidade relativa,
obtidas por meio de equipamentos mecânicos
2. Condições Ambientais bem dimensionados, sobretudo para a manuten-
ção da estabilidade dessas condições, a saber: fo-
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa tografias em preto e branco T 12ºC ± 1ºC e UR
e de trabalho devem receber tratamento diferenciado 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35%
das áreas dos depósitos, as quais, por sua vez, também ± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e
devem se diferenciar entre si, considerando-se as UR 40% ± 5%.
necessidades específicas de preservação para cada tipo
de suporte. 2.1. Acondicionamento
A deterioração natural dos suportes dos documentos,
ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que Os documentos devem ser acondicionados em
são aceleradas por flutuações e extremos de temperatura mobiliário e invólucros apropriados, que assegurem sua
e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes preservação.
atmosféricos e às radiações luminosas, especialmente A escolha deverá ser feita observando-se as
dos raios ultravioleta. características físicas e a natureza de cada suporte. A
A adoção dos parâmetros recomendados por confecção e a disposição do mobiliário deverão acatar as
diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e normas existentes sobre qualidade e resistência e sobre
de umidade relativa entre 45% e 60%) exige, nos climas segurança no trabalho.
quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos,
sofisticados, resultando em altos custos de investimento promove a proteção contra danos físicos, químicos e
em equipamentos, manutenção e energia. mecânicos. Os documentos devem ser guardados em
Os índices muito elevados de temperatura e umidade arquivos, estantes, armários ou prateleiras, apropriados
relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação a cada suporte e formato.
promovem a ocorrência de infestações de insetos e o Os documentos de valor permanente que apresentam
desenvolvimento de microorganismos, que aumentam grandes formatos, como mapas, plantas e cartazes,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

as proporções dos danos. devem ser armazenados horizontalmente, em mapotecas


adequadas às suas medidas, ou enrolados sobre tubos
Com base nessas constatações, recomenda-se: confeccionados em cartão alcalino e acondicionados
- armazenar todos os documentos em condições am- em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
bientais que assegurem sua preservação, pelo pra- armazenado diretamente sobre o chão.
zo de guarda estabelecido, isto é, em temperatura As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
e umidade relativa do ar adequadas a cada suporte computador, devem ser armazenadas longe de campos
documental; magnéticos que possam causar a distorção ou a perda
- monitorar as condições de temperatura e umidade de dados. O armazenamento será preferencialmente em
relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir mobiliário de aço tratado com pintura sintética, de efeito
de metodologia previamente definida; antiestático.

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As embalagens protegem os documentos contra a poeira e danos acidentais, minimizam as variações externas de
temperatura e umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em casos de desastre.
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser
empilhadas. Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpeza, de forma a proteger os documentos.
As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar formatos padronizados, e devem ser sempre iguais
às dos documentos que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser preenchidos para proteger o documento.
Todos os materiais usados para o armazenamento de documentos permanentes devem manter-se quimicamente
estáveis ao longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afetem a preservação dos documentos.
Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder às
expectativas de preservação dos documentos.
No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, recomenda-se o uso de invólucros internos de papel
alcalino, para evitar o contato direto de documentos com materiais instáveis.

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO

A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na tabela de temporalidade dependem de três aspectos:

FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS DE ARQUIVOS

Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores
aos quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de conservação para
minimizá-los.
A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos impressos, e o papel é basicamente composto por
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fibras de celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e descobrir soluções para evita-los é
um grande passo na preservação e na conservação documental.
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas
dessa degradação ocorrer, como veremos a seguir:

1. Fatores ambientais

São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do
Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar.

-Temperatura e umidade relativa

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O calor e a umidade contribuem significativamente manuseio dos documentos e regras de higiene do
para a destruição dos documentos, principalmente local;
quando em suporte-papel. O desequilíbrio de um - manter vigilância constante dos documentos contra
interfere no equilíbrio do outro. O calor acelera acidentes com água, secando-os imediatamente
a deterioração. A velocidade de muitas reações caso ocorram.
químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. - Roedores
A alteração da umidade relativa proporciona as A presença de roedores em recintos de bibliotecas
condições necessárias para desencadear intensas e arquivos ocorre pelos mesmos motivos citados
reações químicas nos materiais. acima. Tentar obstruir as possíveis entradas para
A circulação do ar ambiente representa um fator os ambientes dos acervos é um começo. As iscas
bastante importante para amenizar os efeitos da são válidas, mas para que surtam efeito devem ser
temperatura e umidade relativa elevada. definidas por especialistas em zoonose. O produto
deve ser eficiente, desde que não provoque a
- Radiação da luz morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais nos mesmos moldes citados acima: temperatura
de acervos, provocando consideráveis danos e umidade relativa controladas, além de higiene
através da oxidação. periódica.
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção
dos acervos: - Ataques de insetos
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto
persianas que bloqueiem totalmente o sol; revestimentos, provocam perdas de superfície e
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam manchas de excrementos. As baratas se reproduzem
no controle da radiação UV, tanto nos vidros de no próprio local e se tornam infestação muito
janelas quanto em lâmpadas fluorescentes. rapidamente, caso não sejam combatidas.
Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos
- Qualidades do ar imensos em acervos, principalmente em livros. A
O controle da qualidade é muito importante porque fase de ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto
os gases e as partículas sólidas contribuem muito se reproduz por acasalamento, que ocorre no
para a deterioração de materiais de bibliotecas e próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o
arquivos, destacando que esses poluentes podem papel e seus derivados, como também a madeira
tanto vir do ambiente externo como podem ser do mobiliário, portas, pisos e todos os materiais à
gerando no próprio ambiente. base de celulose.
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os
2. Agentes biológicos materiais para chegar à fase adulta. Na fase adulta,
acasala e põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se
Os agentes biológicos de deterioração de acervos repete.
são, entre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não
roedores e os fungos, cuja presença depende quase que só para as coleções como para o prédio em si.
exclusivamente das condições ambientais reinantes nas Os cupins percorrem áreas internas de alvenaria,
dependências onde se encontram os documentos. tubulações, conduítes de instalações elétricas,
rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas
- Fungos vezes fora do alcance dos nossos olhos.
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de Chegam aos acervos em ataques massivos, através de
alimento e umidade para sobreviver e proliferar. estantes coladas às paredes, caixas de interruptores
O alimento provém dos papéis, amidos (colas), de luz, assoalhos etc.
couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator
indispensável para o metabolismo dos nutrientes e 3. Intervenções inadequadas nos acervos
para sua proliferação. Essa umidade é encontrada
na atmosfera local, nos materiais atacados e na Trata-se de procedimentos de conservação que
própria colônia de fungos. Além da umidade e realizamos em um conjunto de documentos com o
nutrientes, outras condições contribuem para o objetivo de interromper ou melhorar seu estado de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

crescimento das colônias: temperatura elevada, degradação e que as vezes, resultam em danos ainda
falta de circulação de ar e falta de higiene. maiores.
As medidas para proteger o acervo de infestação de Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar
fungos são: exige um conhecimento das características individuais
- estabelecer política de controle ambiental, dos documentos e dos materiais a serem empregados
principalmente temperatura, umidade relativa e ar no processo de conservação.
circulante
- praticar a higienização tanto do local quanto 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
dos documentos, com metodologia e técnicas
adequadas; O manuseio inadequado dos documentos é um fator de
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao degradação muito frequente em qualquer tipo de acervo.

14
O manuseio abrange todas as ações de tocar no 8. Higienização
documento, sejam elas durante a higienização pelos
funcionários da instituição, na remoção das estantes ou A sujidade é o agente de deterioração que mais
arquivos para uso do pesquisador, nas foto-reproduções, afeta os documentos. A sujidade não é inócua e, quando
na pesquisa pelo usuário etc. conjugada a condições ambientais inadequadas, provoca
5. Fatores de deterioração reações de destruição de todos os suportes num acervo.
Portanto, a higienização das coleções deve ser um hábito
Como podemos ver, os danos são intensos e muitos de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos,
razão por que é considerada a conservação preventiva
são irreversíveis. Apesar de toda a problemática dos
por excelência.
custos de uma política de conservação, existem medidas
- Processos de higienização
que podemos tomar sem despender grandes somas de
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de
dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos desses acervos de bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza
agentes. de superfície e, portanto, é mecânica, feita a seco, com o
Alguns investimentos de baixo custo devem ser feitos, objetivo de reduzir poeira, partículas sólidas, incrustações,
a começar por: resíduos de excrementos de insetos ou outros depósitos
• treinamento dos profissionais na área da conservação de superfície.
e preservação; - Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto
• atualização desses profissionais (a conservação é deve ser avaliado individualmente para determinar se a
uma ciência em desenvolvimento constante e a higienização é necessária e se pode ser realizada com
cada dia novas técnicas, materiais e equipamentos segurança. No caso de termos as condições abaixo,
surgem para facilitar e melhorar a conservação dos provavelmente o tratamento não será possível:
documentos); • Fragilidade física do suporte
• monitoração do ambiente – temperatura e umidade • Papéis de textura muito porosa
relativa em níveis aceitáveis; - Materiais usados para limpeza de superfície - a re-
• uso de filtros e protetores contra a luz direta nos moção da sujidade superficial (que está solta so-
documentos; bre o documento) é feita através de pincéis, flanela
macia, aspirador e inúmeras outras ferramentas
• adoção de política de higienização do ambiente e
que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, es-
dos acervos;
pátula, agulha, cotonete;
• contato com profissionais experientes que possam
assessorar em caso de necessidade. - Limpeza de livros
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha,
6. Características gerais dos materiais empregados pincel macio, aspirador, flanela macia, conforme o
em conservação estado da encadernação;
- Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela
Nos projetos de conservação/preservação de acervos lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou
de bibliotecas, arquivos e museus, é recomendado pincel, limpar os cortes, começando pela cabeça
apenas o uso de materiais de qualidade arquivística, do livro, que é a área que está mais exposta à su-
isto é, daqueles materiais livres de quaisquer impurezas, jidade. Quando a sujeira está muito incrustada e
quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. Suas intensa, utilizar, primeiramente, aspirador de pó
características, em relação aos documentos onde são de baixa potência ou ainda um pedaço de carpete
aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, sem uso;
reversibilidade e inércia. - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha,
Dentro das especificações positivas, encontramos numa primeira higienização;
vários materiais: os papéis e cartões alcalinos, os - Oxigenar as folhas várias vezes.
poliésteres inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, os
- Higienização de documentos de arquivo - mate-
papéis orientais, borrachas plásticas etc., usados tanto
riais arquivísticos têm os seus suportes geralmente
para pequenas intervenções sobre os documentos como
quebradiços, frágeis, distorcidos ou fragmenta-
para acondicionamento. dos. Isso se deve principalmente ao alto índice de
acidez resultante do uso de papéis de baixa qua-
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lidade. As más condições de armazenamento e o


para a conservação de acervos excesso de manuseio também contribuem para a
degradação dos materiais. Tais documentos têm
Como já enfatizamos anteriormente, é muito que ser higienizados com muito critério e cuidado.
importante ter conhecimentos básicos sobre os materiais
que integram nossos acervos para que não corramos o - Documentos manuscritos - os mesmos cuidados
risco de lhes causar mais danos. para com os livros devem ser tomados em relação
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, aos manuscritos. O exame dos documentos, testes
são de grande importância para a estabilização dos de estabilidade de seus componentes para o uso
documentos. dos materiais de limpeza mecânica e critérios de
intervenção devem ser cuidadosamente realizados.

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- Documentos em grande formato
• Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de
borracha, após testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e embebido em álcool. Muito sensíveis
à água, esses papéis podem ter distorções causadas pela umidade que são irreversíveis ou de difícil remoção.
• Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica.
Todo cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento.
• Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção especial na limpeza. Em mapas impressos, desde que
em boas condições, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas.

9. Pequenos reparos

Os pequenos reparos são diminutas intervenções que podemos executar visando interromper um processo de
deterioração em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a critérios rigorosos de ética e técnica e
têm a função de melhorar o estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não sejam obedecidos, o risco
de aumentar os danos é muito grande e muitas vezes de caráter irreversível.
Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos devem ser tratados por especialistas da área. Os demais
documentos permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os materiais utilizados para esse fim devem
ser de qualidade arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve obedecer a técnicas
e procedimentos reversíveis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum
obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.

FIQUE ATENTO!
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equi-
pamentos de Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de proteção e pró-pé/
bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios,
protegendo assim a saúde do profissional.

TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS: microfilmagem; automação; preservação, conservação e


restauração de documentos.

Segundo Bellotto (1989), a Tipologia Documental é a ampliação da Diplomática (ocupa-se da estrutura formal dos
atos escritos de origem governamental e/ou notarial) em direção à gênese documental, perseguindo a contextualização
nas atribuições, competências, funções e atividades da entidade geradora/acumuladora. Assim, o objeto da Diplomática
é a configuração interna do documento, o estudo jurídico de suas partes e dos seus caracteres para atingir sua
autenticidade, enquanto o objeto da Tipologia, além disso, é estudá-lo enquanto componente de conjuntos orgânicos,
isto é, como integrante da mesma série documental, advinda da junção de documentos correspondentes à mesma
atividade. Nesse sentido, o conjunto homogêneo de atos está expresso em um conjunto homogêneo de documentos,
com uniformidade de vigência.
A Tipologia Documental como parte integrante da identificação Arquivística é etapa do tratamento dos documentos,
informações e conhecimento e se fundamenta na metodologia da Diplomática para identificar o documento contido
nos arquivos (Digitalizado, digital, papel, microfilme etc.).
Nessa configuração interna do documento, pontua-se alguns aspectos como, espécie (Designação do documento
segundo seu aspecto formal), o tipo (espécie e mais a sua finalidade – Ex. Especie = atestado / tipo = médico).
O tipo documental agrega à espécie documental uma atividade/função/finalidade.
Já o SUPORTE é o material sobre o qual as informações são registradas. Ex: Fita magnética, filme de nitrato, papel,
HD, CD, DVD, pendrive, nuvem.

1. Microfilmagem
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É o serviço de armazenamento e preservação de informações, através da captação das imagens dos documentos
por processo fotográfico.
A microfilmagem é uma técnica que propicia uma maneira prática fácil e econômica de registrar, distribuir e localizar
dados manuscritos, registros impressos ou ilustrados.

16
Seus principais benefícios são:

Outros aspectos relevantes quanto à microfilmagem, conforme a Lei nº 5.433/68, que Regula a microfilmagem de
documentos oficiais e dá outras providências

- Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfilmados não poderão ser eliminados antes de seu arquiva-
mento;
- Quando houver conveniência, ou por medida de segurança, poderão excepcionalmente ser microfilmados docu-
mentos ainda não arquivados, desde que autorizados por autoridade competente;
- Os documentos de valor histórico não deverão ser eliminados, podendo ser arquivados em local diverso da repar-
tição detentora dos mesmos;
- É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade que autenticar os documentos oficiais arquivados, para
efeito de microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes;
- Entende-se por microfilme o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens,
por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução;
- O armazenamento do filme original deverá ser feito em local diferente do seu filme cópia;
- A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á por meios que garantam sua inutilização, sendo a
mesma precedida de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme cópia;
- Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em filme de documentos microfilmados, para produzirem
efeitos legais em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade competente detentora do filme
original;
- Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior, somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
• autenticados por autoridade estrangeira competente;
• tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a firma da autoridade estrangeira que os houver
autenticado;
• forem acompanhados de tradução oficial. 

- Tipos: microfilmagem de substituição (aplicada nos arquivos correntes e intermediários) e microfilmagem de pre-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

servação (aplicada nos arquivos permanentes).

2. Automação. 
 
É o gerenciamento eletrônico dos documentos que funciona com softwares e hardwares específicos e usa as mídias
ópticas para armazenamento.
Tem por finalidade otimizar e racionalizar a gestão documental.
Permite, através de sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos, gerenciar a produção, uso e
destinação dos documentos arquivísticos produzidos em uma organização.

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3. Preservação, conservação e restauração de documentos.

Conforme já visto acima, esses procedimentos podem ser conceituados como:

Preservar e conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de arte, etc) é defendê-los da ação dos agentes
físicos, químicos e biológicos que os atacam.
Através desses procedimentos mantemos protegido o patrimônio documental e cultural, preservando assim a
história, seja de fatos ocorridos em uma organização como se preserva e, consequentemente, passa-se a diante toda a
história percorrida e vivida por uma sociedade.

Por isso, devem ser impedidos quaisquer danos e destruição causados pelas mais diversas ameaças conforme vimos
acima, mantendo assim, o registro das informações originais, para que essas auxiliem na construção de uma futura
geração, através da memória institucional que estará resguardada.
Fonte e texto adaptado de: www.agu.gov.br/CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/Murilo Billig Schäfer/Dijeison
Tiago/Rayssa Macedo/ Simone Francisco da Silva/George Melo Rodrigues/Norma Cianflone Cassares

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item que se segue.
O princípio da proveniência e o resultado de sua aplicação — o fundo de arquivo — impõem-se à arquivologia, pois
esta tem como objetivo administrar documentos de pessoas físicas ou jurídicas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Certo” O principio em questão fixa a identidade do documento (seja de pessoa física ou jurídica) a quem
o produziu, organizando-os de forma a obedecer a competência e às atividades de sua origem produtora.

2. (ABIN - 2018 CESPE) Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item que se segue.
Os arquivos de um órgão público existente há mais de cem anos fazem parte de um fundo aberto.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Certo” Se a instituição ainda está em atividade, como no caso, e continua gerando arquivo, trata-se de
fundo aberto.

3. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca de princípios e de conceitos arquivísticos, julgue o item que se segue.
A imparcialidade, como característica do documento de arquivo, diz respeito à criação, à manutenção e à custódia de
arquivos. 

( ) CERTO ( ) ERRADO

18
Resposta: “Errado” Imparcialidade: refere-se ao fato 7. (FUB – 2014 - CESPE) Acerca da tabela de tem-
de que os documentos arquivísticos são inerentemen- poralidade de documentos, julgue o próximo item.
te verdadeiros. Os documentos arquivísticos retratam A tabela de temporalidade de documentos de arquivo
com fidelidade os fatos e atos que atestam. Deve-se é o instrumento de gestão arquivística responsável pela
ressaltar que o contexto de produção dos documen- organização dos documentos.
tos deve ser levado em consideração para se extrair a
verdade dos fatos contidos nos registros documentais ( ) CERTO ( ) ERRADO
O enunciado se refere à autenticidade do arquivo.
Resposta: “Errado” A tabela de temporalidade é um
4. (ABIN – 2018 - CESPE) A respeito da gestão de docu- instrumento de destinação que determina prazos e
mentos, julgue o item a seguir. condições de guarda, não sendo responsável pela or-
A gestão de documentos compreende a definição da po- ganização desses documentos, sendo que essa, é um
tarefa do plano de classificação.
lítica arquivística, a designação de responsabilidades, o
planejamento do programa de gestão e a implantação
do programa de gestão.
8. (SEDF - 2017 – CESPE) Em relação aos conceitos e
princípios da arquivística, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO De acordo com a teoria das três idades, arquivos podem
ser correntes, intermediários ou permanentes.
Resposta: “Certo” Por Gestão de Documento com-
preende-se o conjunto de procedimentos e operações ( ) CERTO ( ) ERRADO
técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso,
avaliação e arquivamento em fase corrente e interme- Resposta: “Certo” Arquivo Corrente - Valor Primário -
diária, visando a sua eliminação ou recolhimento para Representa Fase Obrigatória
a guarda permanente. Arquivo Intermediário - Valor Primário – Aguarda des-
Politicas arquivisticas, definição de responsáveis, pro- tino
grama de gestão, entre outras atividades, são decor- Arquivo Permanente - Valor Secundário – Preservação
rentes da implantação da Gestão de Documentos. definitiva

5. (ABIN – 2018 - CESPE) No que se refere a protocolo,


julgue o item subsequente.
O protocolo providencia a tramitação dos documentos REDAÇÃO OFICIAL E SEUS MODELOS.
de arquivo e toma decisões sobre as demandas contidas FORMAS DE TRATAMENTO E
neles. ABREVIATURAS. ENDEREÇAMENTO DE
CORRESPONDÊNCIAS.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: “Errado” A finalidade principal do proto-


colo é permitir que as informações e documentos se- Redação oficial é o meio utilizado para o estabeleci-
jam administradas e coordenadas de forma concisa, mento de relações de serviço na administração pública
e corresponde ao modo uniforme de redigir atos nor-
otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessá-
mativos e comunicações oficiais. Para que se alcance a
rios, de forma que mesmo havendo um aumento de
efetividade dessas relações, são traçadas normas de lin-
produção de documentos sua gestão seja feita com
guagem e padronização no uso de fórmulas e estética
agilidade, rapidez e organização. para as comunicações escritas, as quais são revestidas de
Não inclui-se nesse processo, nenhuma tomada de certas peculiaridades restritas ao meio.
decisão. As comunicações oficiais devem primar pela objeti-
vidade, transparência, clareza, simplicidade e impessoa-
6. (SEDF – 2017 - CESPE) Com relação às funções arqui- lidade.
vísticas de criação, classificação e avaliação de documen- Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve ex-
tos, julgue o item seguinte.  trair uma única interpretação, há de procurar ser com-
Documentos de um acervo que podem ser amplamen- preensível por todo e qualquer cidadão brasileiro.
te divulgados à sociedade são considerados ostensivos Com esses cuidados, é possível aprimorar um item
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

quanto à natureza do assunto. fundamental na profissionalização do servidor, na racio-


nalização do trabalho e na redução dos custos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
Resposta: “Certo” Em se tratando de classificação de maneira pela qual o Poder Público redige atos normati-
documentos, quando falamos da natureza do assunto, vos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de
falamos de assunto que pode ser divulgado ou de as- vista do Poder Executivo.
sunto que requer restrição no acesso. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa-
Ostensivo se refere ao se se revela, que se mostra, por- lidade, uso do padrão culto de linguagem, concisão,
tanto está correto, trata-se de assunto que tem livre formalidade e uniformidade, clareza e precisão, objeti-
acesso. vidade, coesão e coerência.

19
Essas quatro ultimas características foram acrescenta- Essa prática foi mantida no período republicano.
das no novo manual de redação oficial. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clare-
Vejamos: za, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
Precisão: o atributo da precisão complementa a clare- aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
za e caracteriza-se Por: permitir uma única interpretação e ser estritamente im-
- articulação da linguagem comum ou técnica para a pessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. linguagem.
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, des- Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
de que usada de forma que não haja dúvidas na cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
informação. sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
- manifestação do pensamento ou da ideia com as receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
mesmas palavras, evitando o emprego de sinôni- Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
mos com proposito meramente estilístico. a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
- escolha de expressão ou palavra que não confira tratados de forma homogênea (o público).
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
duplo sentido ao texto.
buscou fazer das características específicas da forma ofi-
cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que
Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao assunto
se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. uma forma específica de linguagem administrativa, o
Para conseguir isso, é fundamental que o redator saiba de que coloquialmente e pejorativamente se chama  buro-
antemão qual é a ideia principal e quais são as secundarias. cratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
Coesão e coerência: é indispensável que o texto tenha e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, construção de frases.
a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. A redação oficial não é, portanto, necessariamente
Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali-
se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
aos outros. língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
jornalístico, da correspondência particular, etc.
Apresentadas essas características fundamentais da
#FicaDica redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
Todo o texto precisa estar conectado, para cada uma delas.
isso, fique atento à regência nominal e ver-
- Uso do padrão culto de linguagem
bal, usando das preposições corretas de
A necessidade de empregar determinado nível de
acordo com a intenção do texto.
linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de
um lado, do próprio caráter público desses atos e co-
Fundamentalmente esses atributos decorrem da municações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais,
Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou es-
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos tabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regu-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos lam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é
alcançado se em sua elaboração for empregada a lin-
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
guagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo
oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com cla-
a publicidade e a impessoalidade princípios fundamen-
reza e objetividade.
tais de toda administração pública, claro está que devem As comunicações que partem dos órgãos públicos fe-
igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci-
ções oficiais. dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
Não se concebe que um ato normativo de qualquer o uso de uma linguagem restrita a determinados gru-
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou pos. Não há dúvida que um texto marcado por expres-
impossibilite sua compreensão. A transparência do sen- sões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
tido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável dificultada.


que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. Ressalte-se que há necessariamente uma distância
A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente
concisão. dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração
Além de atender à disposição constitucional, a forma de costumes, e pode eventualmente contar com outros
dos atos normativos obedece a certa tradição. Há nor- elementos que auxiliem a sua compreensão, como os
mas para sua elaboração que remontam ao período de gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns
nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato- dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de- escrita incorpora mais lentamente as transformações,
zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
o número de anos transcorridos desde a Independência. de si mesma para comunicar.

20
A língua escrita, como a falada, compreende diferen- Para a obtenção de clareza, sugere-se:
tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer tido comum, salvo quando o texto versar sobre
de determinado padrão de linguagem que incorpore ex- assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um menclatura própria da área;
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há as orações na ordem direta e evitar intercalações
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
da língua, a finalidade com que a empregamos. guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca- oração;
ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo
máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso o texto;
do padrão culto da língua. Há consenso de que o pa- d) não utilizar regionalismos e neologismos;
drão culto é aquele em que a) se observam as regras da e) pontuar adequadamente o texto;
gramática formal, e b) se emprega um vocabulário co- f) explicitar o significado da sigla na primeira referên-
mum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante cia a ela; e
ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto g) utilizar palavras e expressões em outro idioma ape-
na redação oficial decorre do fato de que ele está aci- nas quando indispensáveis, em razão de serem de-
ma das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas re- signações ou expressões de uso já consagrado ou
gionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias de não terem exata tradução. Nesse caso, grafe-as
linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a em itálico, conforme orientações do subitem 10.2
pretendida compreensão por todos os cidadãos. deste Manual.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a
simplicidade de expressão, desde que não seja confundi- Precisão
da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso O atributo da precisão complementa a clareza e ca-
do padrão culto implica emprego de linguagem rebus- racteriza-se por:
cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de a) articulação da linguagem comum ou técnica para a
linguagem próprios da língua literária. perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
Pode-se concluir, então, que não existe propriamen- b) manifestação do pensamento ou da ideia com as
te um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní-
do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É mia com propósito meramente estilístico; e
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas c) escolha de expressão ou palavra que não confira
expressões, ou será obedecida certa tradição no empre- duplo sentido ao texto.
go das formas sintáticas, mas isso não implica, necessa-
riamente, que se consagre a utilização de uma forma de É indispensável, também, a releitura de todo o texto
linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos
jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreen- obscuros provém principalmente da falta da releitura,
são limitada. o que tornaria possível sua correção. Na revisão de
A linguagem técnica deve ser empregada apenas um expediente, deve-se avaliar se ele será de fácil
em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso compreensão por seu destinatário. O que nos parece
indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio
mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são que adquirimos sobre certos assuntos, em decorrência
de difícil entendimento por quem não esteja com eles fa- de nossa experiência profissional, muitas vezes, faz com
miliarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá- que os tomemos como de conhecimento geral, o que
-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça,
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. precise os termos técnicos, o significado das siglas e das
abreviações e os conceitos específicos que não possam
- Clareza e precisão ser dispensados.
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são
Clareza elaboradas certas comunicações quase sempre compro-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assuntos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos- atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
sibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se conce- indesejável repercussão no texto redigido.
be que um documento oficial ou um ato normativo de A clareza e a precisão não são atributos que se atin-
qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que jam por si sós: elas dependem estritamente das demais
dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa- características da redação oficial, apresentadas a seguir.
rência é requisito do próprio Estado de Direito: é inacei-
tável que um texto oficial ou um ato normativo não seja - Objetividade
entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja
publicidade não se esgota na mera publicação do texto, abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir
estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual
claro. é a ideia principal e quais são as secundárias.

21
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe - Coesão e coerência
em todo texto de alguma complexidade: as fundamen- É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
tais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas exis- entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto
tem também ideias secundárias que não acrescentam in- tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
formação alguma ao texto, nem têm maior relação com verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
que também proporcionará mais objetividade ao texto. Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto coerência de um texto são: referência, substituição, elipse
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, e uso de conjunção.
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que A referência diz respeito aos termos que se relacio-
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou tor- nam a outros necessários à sua interpretação. Esse me-
na o texto rude e grosseiro. canismo pode dar-se por retomada de um termo, relação
com o que é precedente no texto, ou por antecipação de
- Concisão um termo cuja interpretação dependa do que se segue.
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue Exemplos:
transmitir o máximo de informações com o mínimo de O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção.
palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como Ele aguardou a decisão do Plenário.
economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar O TCU apontou estas irregularidades: falta de assina-
passagens substanciais do texto com o único objetivo tura e de identificação no documento.
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de A substituição é a colocação de um item lexical no
excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração.
nada acrescentem ao que já foi dito.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve Exemplos:
evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjeti- O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
vos e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
um exemplo1 de período mal construído, prolixo: O ofício está pronto. O documento trata da exonera-
1 O exemplo de período mal construído foi elabora-
ção do servidor.
do, para fins didáticos, a partir do exemplo de período
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em se-
bem construído, por sua vez, extraído da Exposição de
guida, os prefeitos fizeram o mesmo.
Motivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21
A elipse consiste na omissão de um termo recuperá-
de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a).
vel pelo contexto.
Exemplo:
Exemplo:
Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os
naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à popu-
lação acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do
maioria da população daquele distante estado manifes- verbo “regulamenta”).
tou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração Outra estratégia para proporcionar coesão e coerên-
realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, incon- cia ao texto é utilizar conjunção para estabelecer ligação
formada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao entre orações, períodos ou parágrafos.
terceiro fuso, a maioria da população do Acre demons-
trou que a ela seria melhor regressar ao quarto fuso, es- Exemplo:
tando cinco horas a menos que em Greenwich. O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários, o interesse de seu Governo pelo assunto.
abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante, es-
magadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe - Impessoalidade
confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto A impessoalidade decorre de princípio constitucional
oficial, que deve primar pela impessoalidade. Eliminados (Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois as-
os excessos, o período ganha concisão, harmonia e uni- pectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a admi-
nistração pública proceda de modo a não privilegiar ou
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dade:
prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, sempre, o
Exemplo: interesse público; o segundo, a abstração da pessoalida-
Apurado o resultado da consulta à população acrea- de dos atos administrativos, pois, apesar de a ação admi-
na, verificou-se que a maioria da população se mani- nistrativa ser exercida por intermédio de seus servidores,
festou pela rejeição da alteração realizada pela Lei no é resultado tão-somente da vontade estatal.
11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal vin- A redação oficial é elaborada sempre em nome do
culada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre serviço público e sempre em atendimento ao interesse
demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos
fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich. expedientes oficiais não devem ser tratados de outra for-
ma que não a estritamente impessoal.

22
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que Em razão de seu caráter público e de sua finalidade,
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- os atos normativos e os expedientes oficiais requerem o
ções oficiais decorre: uso do padrão culto do idioma, que acata os preceitos
a) da ausência de impressões individuais de quem da gramática formal e emprega um léxico compartilhado
comunica: embora se trate, por exemplo, de um pelo conjunto dos usuários da língua. O uso do padrão
expediente assinado por Chefe de determinada culto é, portanto, imprescindível na redação oficial por
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do estar acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sin-
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável táticas, regionais; dos modismos vocabulares e das parti-
padronização, que permite que as comunicações cularidades linguísticas.
elaboradas em diferentes setores da administração Recomendações:
pública guardem entre si certa uniformidade; - a língua culta é contra a pobreza de expressão e não
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- contra a sua simplicidade;
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre - o uso do padrão culto não significa empregar a
concebido como público, ou a uma instituição pri- língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. linguagem próprias do estilo literário;
Em todos os casos, temos um destinatário conce- - a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
bido de forma homogênea e impessoal; e na redação de um bom texto.
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado:
Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
se o universo temático das comunicações oficiais
drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
se restringe a questões que dizem respeito ao in-
padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
teresse público, é natural não caber qualquer tom
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
particular ou pessoal. ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
Não há lugar na redação oficial para impressões pes- consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mes- ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
mo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
da interferência da individualidade de quem a elabora. Classificação da correspondência
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de • Patente
que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais • Confidencial ou secreta
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária A correspondência confidencial ou secreta nunca
impessoalidade. deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á dire-
ção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada, de
- Formalidade e padronização preferência em livro próprio.
As comunicações administrativas devem ser sem- A correspondência particular, como é lógico, também
pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica- destinatários.
ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o A correspondência dita patente, é que vai entrar no
documento gerado no SEI!, o documento em html etc.), circuito de tratamento.
quanto para os eventuais documentos impressos.
É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento. Abertura
Não se trata somente do correto emprego deste ou A abertura da correspondência é importante referir a
daquele pronome de tratamento para uma autoridade de forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a inuti-
certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito lização do conteúdo.
à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteú-
do para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida
cuida a comunicação.
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são
A formalidade de tratamento vincula-se, também,
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos
à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior.
a administração pública federal é una, é natural que as
comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Registro das entradas


tabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma- Geralmente esta fase da correspondência concentra-
nual, exige que se atente para todas as características da -se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais
redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o
dos textos. outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem das
A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes cópias não pode ser feita sem antes ser colocado o res-
para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer ne- pectivo carimbo da entrada contendo a data e o número
cessária a impressão, e a correta diagramação do texto da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, mas
são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca- tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a cor-
pítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas respondência recebida.
específicas para cada tipo de expediente.

23
Distribuição • Quando a correspondência for registrada, junta-
A distribuição da correspondência pode ser feita de mente com a cópia, deve ser arquivado um exem-
diversas formas, mas sempre de forma a poder ser con- plar do talão de aceitação;
trolada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado livro de • No caso do registro ser com aviso de recepção,
protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia de remessa este, após ser devolvido pelo destinatário com a
de documentos que os descreve e agrupa por destinos, respectiva assinatura, deve também ser arquivado
acompanhando-os até a recepção. Aí é assinado um du- com a cópia da correspondência.
plicado que comprova a entrega.
Para se redigir uma boa correspondência, é necessá-
Resposta ou Arquivo
ria objetividade na exposição do pensamento, é preciso
Depois de ser lida, a correspondência deve ser conve-
buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras em-
nientemente tratada.
O que significa que: pregadas, e assim estabelecer uma melhor relação entre
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, a as ideias.
correspondência vai imediatamente para o arqui-
vo, com a devida indicação no canto superior es- “Se escrever cartas é um sinal de boa educação, escre-
querdo e a assinatura do ordenante; ver corretamente é prova de boa instrução e inteligência”.
• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas as (Jane S. Singer)
anotações necessárias para a sua execução ou, en-
tão, se for o caso, o próprio destinatário encarre- Há vários tipos de correspondência, e cada uma pos-
gar-se-á de a escrever. sui suas características, com suas normas e técnicas. O
estilo e as técnicas aplicadas em correspondências se
Não esquecer que: atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O estilo
• Toda a correspondência urgente deve ter uma res- depende dos conhecimentos dominados pelo redator, e
posta imediata; este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão apresenta-
• Não se deve adiar a resolução de assuntos pen- das ao longo do trabalho.
dentes, tornando-os eternamente esquecidos. A Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até
execução de uma carta resposta implica disponibi- outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja
lidade de tempo e disponibilidade mental.
para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más
notícias. Da habilidade social do remetente virá seu su-
cesso com o destinatário. Será preciso conhecer os có-
Portanto, a redação da carta deve ser executada por
uma pessoa experiente, de forma a minimizar as perdas de digos de comportamento deste para que a mensagem
tempo e conseguir uma boa qualidade de comunicação. surta efeito.
A resposta pode ser executada de diversas formas: Tipos de Correspondência
• Ditado direto, em que o processador de texto exe- Quando se fala de correspondência, pensa-se logo
cuta diretamente o texto que lhe é transmitido; em uma simples carta, em mensagem escrita para trata-
• Ditado indireto, onde o processador de texto exe- -se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações são
cuta o texto através de uma minuta, um registro bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou outros
que estenografou ou um registro gravado. rumos, não perdendo suas características especiais. A
correspondência tomou rumos diferentes, em diversas
Assinatura áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos
Depois de finalizada a correspondência deve ser de utilitários, como os de um industrial e seus compradores,
novo lida e em seguida assinada. A organização das ou os que dizem respeito à comunicação comercial, ban-
grandes empresas implica que o correio e expedição es- cária, judicial e de tantas instituições sociais. Usualmente,
teja pronto até determinada hora, de forma a ser levado divide-se a correspondência em:
a despacho. a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais ou
menos íntimas, sobre assuntos da vida privada, tais como
Registro de saída
notícias do quotidiano, da família, de viagens, agradeci-
O registro das saídas também é normalmente feito
mentos, convites, pêsames. A espécie mais particular de
em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais e
todas é a chamada carta de amor, onde se expressam as
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

encaminhadas devidamente.
nuanças do sentimento mais humano de todos.
Expedição e Arquivo b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do-
Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito cumentos ligados a transações comerciais, industriais e
deve-se verificar se: também financeiras, tais como assuntos bancários, inves-
• A carta está datada e assinada; timentos, empréstimos, câmbios, etc.
• Contém o material referido em anexo; c) Oficial: quando provém de instituições do serviço
• O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por público, tanto civis como militares, ou a elas se dirige.
fim... Abrange atos dos poderes legislativo, executivo e judi-
• Toda a correspondência que é expedida da empre- ciário, requerimento dos cidadãos, avisos à população,
sa deve possuir em arquivo a respectiva cópia; etc.

24
Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas so- um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
ciais diversas, como uma carta de um cidadão, solicitan- padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
do um favor comercial a um amigo pertencente a essa haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
área de atividades. A distinção recomendável é utilizar ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
nas cartas particulares uma linguagem mais espontânea, sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
mais rica em calor humano (salvo em comunicados im- consagre a utilização de  uma forma de linguagem bu-
pressos, tais como convites, participações, que serão li- rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
dos não só pelos interessados, mas por outras pessoas ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
fora do círculo de amizade do remetente), deixando para
as cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem ape- Os atos administrativos são classificados como:
lar para aspectos afetivos, e para cartas ou documentos
oficiais reservar uma formulação impessoal, mais dis- ATOS DE CORRESPONDÊNCIA
tanciada e formal, que veicule a mensagem de forma Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos,
clara, mas sem pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a entidades e presidentes de comissões da Administração
um governador de Estado, por exemplo, sempre se fará do Município comunicam ao público assunto de seu in-
mencionando-se o cargo e não familiarmente o “prezado teresse e solicitam a sua participação.
fulano”. Carta: Forma de correspondência por meio da qual
os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a
Atos Oficiais personalidades e entidades públicas e particulares para
Os atos oficiais são entendidos como atos de caráter tratar de assunto oficial.
normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos Circular: Correspondência oficial de igual teor, expe-
cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos pú- dida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes de
blicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for unidades administrativas a vários destinatários.
empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com Exposição de Motivos: Correspondência por meio da
os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de qual os secretários e autoridades de nível hierárquico
informar com clareza e objetividade. A necessidade de equivalente expõem assuntos da Administração Munici-
empregar determinado nível de linguagem nos atos e pal para serem solucionados por atos do Prefeito.
expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca- Quando a exposição de motivos tratar de assuntos
ráter público desses atos e comunicações; de outro, de que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser
sua finalidade. assinada pelos Secretários envolvidos.
As comunicações que partem dos órgãos públicos fe- Além do caráter informativo, a exposição de motivos
derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci- pode propor medidas ou submeter projeto de ato nor-
dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar mativo à apreciação da autoridade competente.
o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos.
Não há dúvida que um texto marcado por expressões de Memorando: Correspondência utilizada pelas chefias
circulação restrita, como a gíria, os regionalismos voca- no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para expor
bulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão difi- assuntos referentes a situações administrativas em geral.
cultada. Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível
A língua escrita, como a falada, compreende dife- hierárquico diferente.
rentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. O Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do
mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter im- Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expondo
pessoal, por sua finalidade de informar com o máximo sobre matérias que dependem de deliberação da Câma-
de clareza e concisão, eles requerem o uso do  padrão ra. A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, entre
culto  da língua. Há consenso de que o padrão culto é outros: encaminhamento de projeto de lei complementar
aquele em que: ou financeira; pedido de autorização para o Prefeito e o
Observam-se as regras da gramática formal; Vice-Prefeito se ausentarem do Município por mais de 15
Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos dias; encaminhamento das contas referentes ao exercício
usuários do idioma. anterior; abertura da sessão legislativa; comunicação de
É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso sanção de veto.
do padrão culto na redação oficial decorre do fato de Ofício: Meio de comunicação utilizado entre dirigen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas tes de órgãos e entidades e titulares de unidades da Pre-
ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das feitura ou ainda destes para com a Administração Esta-
idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, dual, Federal e Empresas Privadas.
que se atinja a pretendida compreensão por todos os Telegrama: Forma de correspondência em que são
cidadãos. transmitidas comunicações de absoluta urgência e com
Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra a reduzido número de palavras, uma vez que a sua princi-
simplicidade de expressão, desde que não seja confundi- pal característica é a síntese.
da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que, de
do padrão culto implica emprego de linguagem rebus- acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar,
cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o
linguagem própria da língua literária. pedido seja deferido, ou seja, aprovado.

25
ATOS ENUNCIATIVOS Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei
Apostila: Documento que complementa um ato ofi- ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua
cial, em geral ligado à vida funcional dos servidores pú- aprovação por decreto do Prefeito.
blicos, fixando vantagens pecuniárias, retificando ou al-
terando nomes ou títulos. ATOS DE AJUSTE
O ato deve ser publicado e registrado no assenta- Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre
mento funcional. É sempre assinado pelo titular do órgão a administração pública e particulares, vislumbrando, de
expedidor. um lado, o objeto do acordo, e de outro, a contrapresta-
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá ção correspondente (remuneração).
solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade Convênio: Acordo firmado por entidades públicas, ou
pedido para que decida sobre o assunto. entre estas e organizações particulares, para realização
O despacho pode ser interlocutório ou decisório: de objetivos de interesse comum dos partícipes.
O Interlocutório é breve e baseado em informações
Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um
ou parecer, e consta do corpo do processo (quando hou-
ato originário - contrato ou convênio - quando verificada
ver). Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade
a necessidade de alteração de uma das condições ajus-
competente, podendo, contudo, ser elaborado e assina-
tadas.
do por outros servidores desde que lhes seja delegada
competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De
ordem”. ATOS COMPROBATÓRIOS
O decisório defere ou indefere solicitações. Alvará: Documento firmado por autoridade compe-
Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre tente, certificando, autorizando ou aprovando atos ou
assuntos submetidos à sua consideração. É um ato ad- direitos.
ministrativo usado com mais frequência por conselhos, Ata: Documento que registra, com o máximo de fide-
comissões, assessorias e equivalentes. lidade, o que se passou em uma reunião, sessão públi-
Relatório: Documento em que se relata ao superior ca ou privada, congresso, encontro, convenção e outros
imediato a execução de trabalhos concernentes a deter- eventos, para comprovação, inclusive legal, das discus-
minados serviços ou a um período relativo ao exercício sões e resoluções havidas.
de cargo, função ou desempenho de atribuições. A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às
ATOS NORMATIVOS mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou
Decreto: Ato emanado do Poder Público, com força entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem
obrigatória, que se destina a assegurar ou promover a rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou
ordem política, social, jurídica e administrativa. É por espaços em branco.
meio de decretos que o chefe do Governo determina a A linguagem utilizada na redação é bastante sumária
observância de regras legais. e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por
Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares de Coor- sua característica de simples resumo de fatos. Também,
denações, Departamentos, Presidentes de Comissões, em decorrência disso, os verbos são empregados sempre
além de outras autoridades de nível hierárquico equiva- no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser
lente, determinam providências a serem cumpridas por evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas
unidades orgânicas e/ou servidores subordinados. e valores, de preferência, são escritos por extenso. A re-
Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
dação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos fatos
(por delegação do Prefeito) expedem determinações
ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre eles.
gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as retifica-
servidores para substituições eventuais e execução de
ções feitas à anterior.
atividades.
Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, tendo Para os erros constatados no momento da redação,
como característica fundamental o estabelecimento de consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula retifica-
normas, diretrizes e orientações para a consecução dos tiva “digo”. Se forem notados erros após a redação, há o
objetivos. recurso da expressão “em tempo”.
É válida para assuntos normativos ou de Atestado: Documento em que se comprova um fato
reconhecimento de excepcionalidade. e se afirma a existência ou inexistência de uma situação
Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos titu- de direito da qual se tenha conhecimento em favor de
alguém.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lares de órgãos e entidades e presidentes de comissões,


que se destina a fixar condições e prazos para a legitima- Certidão: Documento oficial onde se transcrevem da-
ção de ato ou fato administrativo, a ser concretizado pela dos de assentamentos funcionais com absoluta precisão.
Administração Municipal. A certidão deve ser escrita sem abertura de pará-
Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade grafos, emendas ou rasuras. Quando houver engano ou
dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em uni- omissão, o certificante o corrigirá com “digo”, colocado
dades organizacionais, especifica as respectivas compe- imediatamente após o erro.
tências, define as atribuições de seus dirigentes e indica Declaração: Documento de manifestação administra-
seus relacionamentos interno e externo. Os regimentos tiva, declaratório da existência ou não de um direito ou
serão postos em vigor por decreto do Prefeito, referen- de um fato.
dado pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato.

26
Os atos administrativos são compostos pelos seguin-  Concordância de pessoa
tes elementos:
1. Competência - É a condição primeira para a vali- Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, as
dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser formas de tratamento exigem verbos e pronomes refe-
realizado validamente sem que o agente disponha rentes a elas na terceira pessoa: 
de poder legal para praticá-lo. • Vossa Excelência solicitou...
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atin-
• Vossa Senhoria informou...
• Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria
gir. Não se compreende ato administrativo sem fim e sua equipe para... Na oportunidade, teremos a
público. honra de ouvi-los...
3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o
ato administrativo constitui elemento vinculado A pessoa do emissor
e indispensável à sua perfeição. A inexistência da O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo,
forma induz à inexistência do ato administrativo. poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a pri-
A forma normal do ato administrativo é a escrita, meira do plural (plural de modéstia). Não pode, no en-
embora atos existam consubstanciados em ordens tanto, misturar as duas opções ao longo do texto: 
verbais, e até mesmo em sinais convencionais, • Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência...
como ocorre com as instruções momentâneas de • Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência...
superior a inferior hierárquico, com as determi- • Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência...
nações da polícia em casos de urgência e com a • Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência...
sinalização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua
escrito em forma legal não se exporá à invalidade. (Excelência, Senhoria, etc.)
4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito • Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento di-
ou de fato que determina ou autoriza a realização reto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem se
do ato administrativo. O motivo como elemento fala, ou a quem se dirige a correspondência (equi-
integrante da perfeição do ato, pode vir expresso vale a  você): Na expectativa do atendimento do
em lei, como pode ser deixado a critério do admi- que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa Se-
nistrador. Em se tratando de motivo vinculado pela nhoria nossas atenciosas saudações. 
lei, o agente da administração, ao praticar o ato, • Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pes-
fica na obrigação de justificar a existência do mo- soa de quem se fala (equivale a ele fala): Na aber-
tivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos tura do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor
invalidável por ausência da motivação. da PUCRS falou sobre o Plano Estratégico. 
5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação,
a modificação ou a comprovação de situações jurí-
Abreviatura das formas de tratamento
dicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades
sujeitas à atuação do Poder Público. Neste sentido, A forma por extenso demonstra maior respeito, maior
o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida
meio dele a administração manifesta o seu poder ao Presidente da República. Fique claro, no entanto, que
e a sua vontade ou atesta simplesmente situações qualquer forma de tratamento pode ser escrita por ex-
pré-existentes. tenso, independentemente do cargo ocupado pelo des-
tinatário.
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
Vossa Magnificência
Concordância com os pronomes de tratamento
 É assim que manuais mais antigos de redação ensinam
Os pronomes de tratamento apresentam certas pe- a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito
cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar,
culiaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento
pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa grama- tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente
tical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a
para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa Excelência ou fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser
Vossa Senhoria são utilizados para se comunicar direta- simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor. 
mente com o receptor.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quanto às formas de tratamento não foi alterado nes- Pronomes de Tratamento


sa última atualização do manual.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra-
 Concordância de gênero  tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De
acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por-
Com as formas de tratamento, faz-se a concordância tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”,
com o sexo das pessoas a que se referem: 
passou-se a empregar, como expediente linguístico de
• Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a
distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
assistir ao III Seminário da NOVA.
tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
• Vossa Excelência será informada (mulher) a respei-
o autor:
to das conclusões do III Seminário da NOVA.

27
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fin- Concordância com os Pronomes de Tratamento
gir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela Os pronomes de tratamento (ou de  segunda pessoa
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con-
com o tratamento de vossa  mercê, vossa senhoria  (...); cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refi-
assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e ram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a con-
vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” cordância para a terceira pessoa. É que o verbo concor-
A partir do final do século XVI, esse modo de trata- da com o substantivo que integra a locução como seu
mento indireto já estava em voga também para os ocu- núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto»;
pantes de certos cargos públicos.  Vossa mercê  evoluiu «Vossa Excelência conhece o assunto».
para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono- Da mesma forma, os pronomes possessivos referi-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
dos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não
to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
«Vossa ... vosso...”).
civis, militares e eclesiásticas.
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
Umas das características do estilo da correspondên-
cia oficial e empresarial é a  polidez, entendida como o o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pes-
ajustamento da expressão às normas de educação ou soa a que se refere, e não com o substantivo que com-
cortesia. põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o
A polidez se manifesta no emprego de fórmulas de correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senho-
cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não, sim- ria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência
plesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de suge- está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
rir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no cuidado
de evitar frases agressivas ou ásperas (até uma carta Emprego dos Pronomes de Tratamento
de cobrança pode ter seu tom amenizado, fazendo-se
menção, por exemplo, a um possível esquecimento...); no Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tra-
emprego adequado das formas de tratamento, dispen- tamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira
sando sempre atenção respeitosa a superiores, colegas indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se di-
e subalternos. rige. Na redação oficial, é necessário atenção para o uso
dos pronomes de tratamento em três momentos distin-
No que diz respeito à utilização das formas de trata- tos: no endereçamento, no vocativo e no corpo do texto.
mento e endereçamento, deve-se considerar não apenas No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início
a área de atuação da autoridade (universitária, judiciária, do documento. No corpo do texto, pode-se empregar os
religiosa, etc.), mas também a posição hierárquica do car- pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por
go que ocupa.  extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelo-
pe que contém a correspondência oficial.
Breve História dos Pronomes de Tratamento
Vocativo
O uso de pronomes e locuções pronominais de trata-
mento tem larga tradição na língua portuguesa. De acor-
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas co-
do com Said Ali, após serem incorporados ao português
municações oficiais, o vocativo será sempre seguido de
os pronomes latinos tue vos, “como tratamento direto da
vírgula.
pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, uti-
a empregar, como expediente linguístico de distinção e
de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento liza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentís-
de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: sima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula.
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em
fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualida- FIQUE ATENTO!
de eminente da pessoa de categoria superior, e não a
Aqui temos outra mudança.
ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu
O manual atualizado traz a possibilidade de
rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
se utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e


adotaram-se na hierarquia eclesiástica  vossa reverên- oficio estiver sendo direcionado para PAR-
cia, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” TICULAR.
A partir do final do século XVI, esse modo de trata- Senhor Governador... (para autoridades)
mento indireto já estava em voga também para os ocu- Prezado fulano de tal... (para particular)
pantes de certos cargos públicos.  Vossa mercê  evoluiu
para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição Como visto, o emprego destes obedece a secular tra-
que provém o atual emprego de pronomes de tratamen- dição. São de uso consagrado:
to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
civis, militares e eclesiásticas.

28
a) do Poder Executivo; Vossa Senhoria  é empregado para as demais auto-
Presidente da República; ridades e para particulares. O vocativo adequado e o
Vice-Presidente da República; endereçamento que deve constar no envelope são:
Ministros de Estado;          
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do   Ao Senhor
Distrito Federal;                     Fulano de Tal
Oficiais-Generais das Forças Armadas;              Rua ABC, no 123
Embaixadores;               70.123 – Curitiba. PR
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu-
pantes de cargos de natureza especial;                             Senhor Fulano de Tal,
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;            
Prefeitos Municipais. Escrevo a Vossa Senhoria (...)

b) do Poder Legislativo: Como se depreende do exemplo acima, FICA DIS-


Deputados Federais e Senadores; PENSADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO ILUSTRÍS-
Ministro do Tribunal de Contas da União; SIMO para as autoridades que recebem o tratamento
Deputados Estaduais e Distritais; de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; do pronome de tratamento Senhor.
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE
TRATAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
c) do Poder Judiciário: indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o
Ministros dos Tribunais Superiores; apenas em comunicações dirigidas a pessoas que
Membros de Tribunais; tenham tal grau por terem concluído curso universitá-
Juízes; rio de doutorado. É costume indevido designar por dou-
tor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito
d) outros: Auditores da Justiça Militar. e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor
O vocativo  a ser empregado em comunicações confere a desejada formalidade às comunicações.
dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Se- Mencionemos, ainda, a forma  Vossa Magnificência,
nhor, seguido do cargo respectivo: empregada por força da tradição, em comunicações diri-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, gidas a reitores de universidade.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Na- Corresponde-lhe o vocativo:
cional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribu- Magnífico Reitor,
nal Federal.
      Agradeço a Vossa Magnificência por (...)
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo: Os pronomes de tratamento e vocativos para religio-
Senhor Senador, sos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Senhor Juiz, Em comunicações dirigidas ao Papa:
Senhor Ministro,
Senhor Governador, Santíssimo Padre,
No envelope, o endereçamento das comunicações di-
rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá Rogo a Vossa Santidade que (...)
a seguinte forma:
Em comunicações aos Cardeais:
A Sua Excelência o Senhor Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Fulano de Tal Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
Ministro de Estado da Justiça
70.064-900 – Brasília. DF Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

A Sua Excelência o Senhor Em comunicações a Arcebispos e Bispos:


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Senador Fulano de Tal Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo /


Senado Federal Bispo,
70.165-900 – Brasília. DF
Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)
 Senhor Ministro,
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superio-
Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO DO res religiosos:
TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades arrola- Reverendíssimo Senhor  Monsenhor / Cônego /
das na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que Superior religioso
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
sua repetida evocação. Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

29
Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:
Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,
Rogo a Vossa Reverência que (...)
Veja o quadro a seguir, que:
• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;
• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.
Autoridades Universitárias

Cargo ou Abreviatura Sin- Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função gular Plural
Ao Magnífico Rei-
tor
Magnífico Rei-
V. Mag.as ou V.
tor
Vossa Magnificên- V. Mag.ª ou V. Magas. ou
cia Maga.
Reitores ou
ou ou Ao Excelentíssimo
Vossa Excelência V. Exa. ou V. Ex.ª Senhor Reitor
Excelentíssimo
V.Ex.as  ou V.Exas. Nome
Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Senhor Vice-Rei-
Excelentíssimo
tor 
Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. Senhor Vice-
Nome
-Reitor
Cargo
Endereço
Assessores
Pró-Reitores Ao Senhor
Diretores V.S.ª ou Senhor + car- Nome
Vossa Senhoria V.S.as ou V.Sas.
Coord. de V.Sa. go Cargo
Departamen- Endereço
to

Autoridades Judiciárias

Por Ex- Abreviatura Abreviatura


Cargo ou Função Vocativo Endereçamento
tenso Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Desembargadores Ao Excelentíssimo Senhor
Membros de Tribu- Vossa Ex- V.Ex.as ou V. Excelentíssimo Nome 
V.Ex.ª ou V. Exa.
nais celência Exas. Senhor + cargo Cargo
Presidentes de Tri- Endereço
bunais
Procuradores
Promotores
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ao Meritíssimo Senhor
Juiz
Meritíssimo Se-
Meritíssi- nhor Juiz 
ou
mo Juiz
M.Juiz ou V.Ex.ª,
Juízes de Direito ou V.Ex.as
ou
V. Exas. Ao Excelentíssimo Senhor
Vossa Ex-
Juiz
celência Excelentíssimo
Nome 
Senhor Juiz
Cargo
Endereço

30
Autoridades Militares

Cargo ou Fun- Por Exten- Abreviatura Abreviatura


Vocativo Endereçamento
ção so Singular Plural
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais Vossa Ex- V.Ex.ª ou V. Excelentíssimo Nome 
V.Ex. , ou V. Exas.
as
(até Coronéis) celência Exa. Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Se- Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
nhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Cargo ou un- Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
ção Singular Plural
A Sua Excelência Re-
verendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Arcebispos Nome 
Reverendíssima V. Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência Re-
verendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Bispos Nome 
Reverendíssima V. Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
Eminentíssimo A Sua Eminência Re-
Vossa Eminência V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas.
Reverendíssimo verendíssima
ou Vossa Emi- ou ou
Cardeais ou Eminentís- Nome 
nência Reveren- V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou
simo Senhor Cargo
díssima Ema. Revma. V. Emas. Revmas.
Cardeal Endereço
Ao Reverendíssimo
Cônego
Vossa Reveren- V. Rev.ma
V. Rev.mas
Reverendíssimo
Cônegos Nome 
díssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo
Frade
Vossa Reveren- V. Rev.ma
V. Rev.mas
Reverendíssimo
Frades Nome 
díssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade
Cargo
Endereço
A Reverendíssima
Irmã
Vossa Reveren- V. Rev.ma
V. Rev.mas
Reverendíssimo
Freiras Nome 
díssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Irmã
Cargo
Endereço
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ao Reverendíssimo
Monsenhor
Vossa Reveren- V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome 
díssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
Santíssimo Pa- A Sua Santidade o
Papa Vossa Santidade V.S. -
dre Papa

31
Ao Reverendíssimo
Padre / Pastor
ou
Sacerdotes em
Vossa Reveren- V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Pa- Ao Reverendo Padre
geral e pas-
díssima ou V. Revma. ou V. Revmas. dre / Pastor / Pastor
tores
Nome 
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Abrevia-
Cargo ou Abreviatura
Por Extenso tura Sin- Vocativo Endereçamento
Função Plural
gular
A Sua Alteza Real
Nome 
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome 
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade 
Vossa Majes- Nome 
Imperadores V.M. VV. MM. Majestade
tade Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome 
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Majes- Nome 
Reis V.M. VV. MM. Majestade
tade Cargo
Endereço
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

32
Autoridades Civis

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Chefe da Casa Civil
e da

Casa Militar

Cônsules

Deputados

Embaixadores
Ao Excelentíssimo
Governadores
Senhor
Vossa Exce- V.Ex.ª ou V.Ex.as
Excelentíssimo
Nome 
Ministros de Estado lência V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo
Cargo
Endereço
Prefeitos

Presidentes da Repú-
blica

Secretários de Estado

Senadores

Vice-Presidentes de
Repúblicas
Demais autoridades Ao Senhor
não contempladas Vossa Se- V.S.ª ou V.S.as Nome
Senhor + Cargo
com tratamento es- nhoria V. Sa. ou V. Sas. Cargo
pecífico Endereço

Forma de Diagramação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:


- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou Carlito
(antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto
utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas
ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
para gráficos e ilustrações;
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0
cm;
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta pos-
terior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
+ número do documento + palavraschave do conteúdo.

33
Fechos para Comunicações
FIQUE ATENTO!
O fecho das comunicações oficiais possui, além da De acordo com essas alterações, os ti-
finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o des- pos memorando e aviso foram abolidos e
tinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo uti- passou-se a utilizar o termo ofício nas três
lizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério hipóteses.
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com
o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes A diagramação proposta para esse expediente é de-
para todas as modalidades de comunicação oficial: nominada padrão ofício.
a) para autoridades superiores, inclusive o Presiden-
te da República: A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
        Respeitosamente, ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento
aparece no documento oficial.
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
rarquia inferior: Partes do documento no padrão ofício
        Atenciosamente,
Cabeçalho
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações diri- O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do
gidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e documento, centralizado na área determinada pela for-
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual matação.
de Redação do Ministério das Relações Exteriores. No cabeçalho deverão constar os seguintes elemen-
tos:
Identificação do Signatário a) brasão de Armas da República: no topo da página.
Não há necessidade de ser aplicado em cores. O
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden- uso de marca da instituição deve ser evitado na
te da República, todas as demais comunicações oficiais correspondência oficial para não se sobrepor ao
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as Brasão de Armas da República.
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da b) nome do órgão principal;
identificação deve ser a seguinte: c) nomes dos órgãos secundários, quando necessá-
rios, da maior para a menor hierarquia; e
(espaço para assinatura) d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a


assinatura em página isolada do expediente. Transfi-
ra para essa página ao menos a última frase anterior ao Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,
fecho. endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico
oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
O Padrão Ofício do documento, centralizados.
Antes das ultimas alterações do Manual de Redação,
tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e Memo- Identificação do expediente
rando.
A distinção básica anterior entre os três era: Os documentos oficiais devem ser identificados da
a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros seguinte maneira:
de Estado, para autoridades de mesma hierarquia; a) nome do documento: tipo de expediente por ex-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) ofício: era expedido para e pelas demais autorida- tenso, com todas as letras maiúsculas;
des; e b) indicação de numeração: abreviatura da palavra
c) memorando: era expedido entre unidades adminis- “número”, padronizada como No;
trativas de um mesmo órgão. c) informações do documento: número, ano (com
quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede
o documento, da menor para a maior hierarquia,
separados por barra (/); e
d) alinhamento: à margem esquerda da página.

34
Local e data do documento

Na grafia de datas em um documento, o conteúdo deve constar da seguinte forma:


a) composição: local e data do documento;
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a
sigla da unidade da federação depois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os demais dias do
mês. Não se deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.

Endereçamento

O endereçamento é a parte do documento que informa quem receberá o expediente.


Nele deverão constar os seguintes elementos:
a) vocativo: na forma de tratamento adequada para quem receberá o expediente;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas:
primeira linha: informação de localidade/logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, infor-
mação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e uni-
dade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão,
não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade da federação; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

O pronome de tratamento no endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Exce-
lência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
Quando o tratamento destinado ao receptor for Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao Senhor”
ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria a Senhora”.

Assunto
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não
se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

35
Texto do documento

O texto do documento oficial deve seguir a seguinte padronização de estrutura:


I – nos casos em que não seja usado para encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte
estrutura:
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho
o prazer de, Cumpre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico;
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; e
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto.

II – quando forem usados para encaminhamento de documentos, a estrutura é modificada:


a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do docu-
mento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e assunto
de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado; e

b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há parágrafos de desenvol-
vimento em expediente usado para encaminhamento de documentos.

III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos:
- espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
- recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
- numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágra-
fo. Não se numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito;
- corpo do texto: tamanho 12 pontos;
- citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
- notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fechos para comunicações

O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatário.
Os modelos para fecho anteriormente utilizados foram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério da Justiça,
que estabelecia quinze padrões.
Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos dife-
rentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos: Atenciosamente,

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Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição
próprios.

O fecho da comunicação deve ser formatado da seguinte maneira:


a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da página;
b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
c) espaçamento entre linhas: simples;
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; e
e) não deve ser numerado.

Identificação do signatário

Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do
nome do signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições
que liguem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Numeração das páginas

A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação.


Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Formatação e apresentação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:


a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

colorida para gráficos e ilustrações;


i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico,
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a sobriedade e a padronização do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado
para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencial-
mente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço
público, tais como DOCX, ODT ou RTF.

37
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira:
tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do con-
teúdo

Seguem exemplos de Ofício:


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tipos de documentos

Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos os
tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.
Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar-se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis variações:

a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão
receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente
para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo
expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas
ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Definição e finalidade

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o as-
sunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos,
sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das
exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:


a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou infor-
mar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar
o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto
informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que per-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mitam a adequada avaliação da proposta.


O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

41
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos minis-
tros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A exposição de motivos deve estar adequados ao sis- b) Encaminhamento de medida provisória:
tema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Docu- Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons-
mentos Oficiais) tituição, o Presidente da República encaminha Mensa-
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos gem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício
Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntando
elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramita- cópia da medida provisória.
ção, a administração e a gerência das exposições de mo-
tivos com as propostas de atos a serem encaminhadas c) Indicação de autoridades:
As mensagens que submetem ao Senado Federal a
pelos Ministérios à Presidência da República.
indicação de pessoas para ocuparem determinados car-
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo
gos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do
do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores do
que informa o nome do ministro que assinou a exposição Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes de
de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer missão diplomática, diretores e conselheiros de agências
jurídico da Pasta. etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e IV do
caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacio-
Mensagem nal competência privativa para aprovar a indicação.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial O curriculum vitae do indicado, assinado, com a infor-
entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mação do número de Cadastro de Pessoa Física, acom-
mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao panha a mensagem.
Poder Legislativo para informar sobre fato da administra-
ção pública; para expor o plano de governo por ocasião d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
da abertura de sessão legislativa; para submeter ao Con- ce-Presidente da República se ausentarem do país por
gresso Nacional matérias que dependem de deliberação mais de 15 dias:
de suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comu- Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
nicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da com-
e da Nação. petência privativa do Congresso Nacional. O Presidente
da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni-
ministérios à Presidência da República, a cujas assesso- cação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
rias caberá a redação final. gens idênticas.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: e) Encaminhamento de atos de concessão e de reno-
vação de concessão de emissoras de rádio e TV:
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti- A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art.
lei complementar e os que compreendem plano 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos outorga ou a renovação da concessão após deliberação
anuais e créditos adicionais: do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Des-
Os projetos de lei ordinária ou complementar são en- cabe pedir na mensagem a urgência prevista na Consti-
viados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- tuição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já define o
gência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou renova-
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser ção, acompanha a mensagem o correspondente proces-
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. so administrativo.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos mem-
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com
anterior:
ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Pre-
O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
sidência da República ao Primeiro-Secretário da Câma- após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Con-
ra dos Deputados, para que tenha início sua tramitação gresso Nacional as contas referentes ao exercício ante-
(Constituição, art. 64, caput). rior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados rea-
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento lizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput, in-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os ciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu
respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secre- Regimento Interno.
tário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento Deve conter o plano de governo, exposição sobre a
comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está situação do País e a solicitação de providências que jul-
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § gar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O porta-
5o), que comanda as sessões conjuntas. dor da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência
da República. Esta mensagem difere das demais, porque
vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas
em forma de livro.

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h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos): Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso
Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o
número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da Repú-
blica terá aposto o despacho de sanção.

i) Comunicação de veto:
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar,
se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no Diário Oficial
da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:


- Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).
- Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49,
caput, inciso I);
- Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
- Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso
VI);
- Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
- Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
- Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art. 128, §
2o);
- Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
- Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
- Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
- Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
- Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
- Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
mentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
- Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);

- Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
188, § 1o).

Forma e estrutura
As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco
b) identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com
o recuo de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Correio eletrônico (e-mail)
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às ca-
racterísticas de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também na
administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode signi-
ficar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.

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Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão
“.gov.br”, por exemplo.
Como sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na prin-
cipal forma de envio e recebimento de documentos na administração pública.

Valor documental
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor documental,
isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identida-
de do remetente, segundo os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira – ICP-Brasil.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem certificação digital ou com certificação digital fora ICP-
-Brasil; contudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do ato por meio documento físico assinado ou
por meio eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil.
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda os
parâmetros da ICP-Brasil.

Forma e estrutura

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir padroniza-
ção da mensagem comunicada. No entanto, devem-se observar algumas orientações quanto à sua estrutura.

Campo “Assunto”
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, localizar a
mensagem na caixa do correio eletrônico.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o conteúdo completo da mensagem para que não pareça, ao
receptor, que se trata de mensagem não solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais preciso seria
“Agendamento de reunião sobre a Reforma da Previdência”.

Local e data
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez que o próprio sistema apresenta essa informação.

Saudação inicial/vocativo
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras instituições,
para receptores desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais documentos ofi-
ciais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada Senhora”.

Fecho
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abrevia-
ções como “Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados, não são fechos
oficiais e, portanto, não devem ser utilizados em e-mails profissionais.
O correio eletrônico, em algumas situações, aceita uma saudação inicial e um fecho menos formais. No entanto, a
linguagem do texto dos correios eletrônicos deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro documento oficial.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Bloco de texto da assinatura


Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assina-
tura do e-mail deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.

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Anexos No Manual de Redação Oficial, temos ainda um
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA
imagens de diversos formatos é uma das vantagens do E GRAMÁTICA.
e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e
trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo. de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua
Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é elaboração, levou-se em conta amplo levantamento feito
realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à
corpo do correio eletrônico. sintaxe e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual
Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencaminha- de uma parte eminentemente prática, à qual se possa
mento de anexos nas mensagens de resposta. recorrer sempre que houver incerteza quanto à grafia de
determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma
Os arquivos anexados devem estar em formatos frase, ou à adequada expressão a ser utilizada.
usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. As noções gramaticais apresentadas neste capítulo
Quando se tratar de documento ainda em discussão, os referem-se à  gramática formal, entendida como o con-
arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em for- junto de regras fixado a partir do padrão culto de lin-
mato que possa ser editado. guagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos con-
ceitos da Gramática dita  tradicional  (ou  normativa). A
Recomendações aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria,
- Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de forçosamente, em discussão de teoria linguística, o que
confirmação de leitura. Caso não esteja disponível, não parece apropriado em um Manual que tem óbvia
deve constar da mensagem pedido de confirma- finalidade prática.
ção de recebimento; Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradi-
- Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos cional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre
computadores, mantêm-se a recomendação de secundárias em relação à gramática natural, ao saber
tipo de fonte, tamanho e cor dos documentos ofi- intuitivo que confere competência linguística a todo
ciais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta; falante nativo. Não há gramática que esgote o repertório
- Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem de possibilidades de uma língua, e raras são as que
ser utilizados, pois não são apropriados para men- contemplam as regularidades do idioma.
sagens profissionais, além de sobrecarregar o ta- Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das
manho da mensagem eletrônica; regras gramaticais não é suficiente para que se escreva
- A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada bem. No entanto, o domínio da correção ortográfica, do
com o mesmo cuidado com que se revisam outros vocabulário e da maneira de estruturar as frases certa-
documentos oficiais; mente contribui para uma melhor redação. Tenha sem-
- O texto profissional dispensa manifestações emo- pre presente que só se aprende ou se melhora a escrita
cionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser escrevendo.
utilizados;
- Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteú-
redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais do do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
das conversas na internet, ou neologismos, como abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo
“naum”, “eh”, “aki”; gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que
- Não se deve utilizar texto em caixa alta para se refere ao uso do hífen.
destaques de palavras ou trechos da mensagem Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse
pois denota agressividade de parte do emissor da assunto e segue o link para análise do conteúdo do Ma-
comunicação. nual na íntegra:
- Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, in- http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-ofi-
clusive das Armas da República Federativa do Brasil cial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-re-
e de logotipos do ente público junto ao texto da publica/
assinatura.
- Não devem ser remetidas mensagem com tamanho Hífen
total que possa exceder a capacidade do servidor O hífen é usado em palavras compostas, com pro-
do destinatário. nomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-alas, pós-moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a,


sa-ú-de.
FIQUE ATENTO!
Prefixos e Elementos de Composição
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manu- Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de
al de Redação composição. Veja o quadro a seguir:

48
Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, In-
sobre-humano, supra-hepático,
tra-, Sobre-, Supra-, Ultra-
ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.
H/R
Hiper-, Inter-, Super- Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano, inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por exemplo
“subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-mestre
Soto-, Vice-, Vizo-
(substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados
pró-democracia.
próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá hífen.
Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor, propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
apresentarem elevado grau de independência Exemplos com H: geo-histórico,
e possuírem uma significação mais ou menos mini-hospital, neo-helênico,
delimitada, presente à consciência dos falan- proto-história, semi-hospitalar.
tes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, arqui-inimigo, auto-observação,
Hidro-, Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, eletro-ótica, micro-ondas,
Multi-, Neo-, Pluri-, Proto-, Pseudo-, Retro-, micro-ônibus, neo-ortodoxia,
Semi-, Tele- semi-interno, tele-educação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo
que este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’,
dobram-se essas letras.
Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.

2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, mesmo diante de palavras começadas por ‹e›.
Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, reedição.

3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por r ou
s, estas consoantes serão duplicadas e não se utilizará o hífen.

49
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalida- Exemplos: ex-
de, autorretrato, contrarregra, contrassenso, extrasseco, - alferes
infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc. guarda-
-chuva
Por favor, diga-
FIQUE ATENTO!
-nos logo o que aconteceu.
Não confunda as grafias das palavras au-
torretrato e porta-retrato. A primeira é Conheça algumas diferenças de significação que o
composta pelo prefixo auto-, o que justi- uso (ou ausência) do hífen pode provocar:
fica a ausência do hífen e a duplicação da
consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado,
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata- Significado sem uso do Significado com uso do
-se de uma forma do verbo “portar”. Assim, hífen hífen
esse substantivo composto deve ser sempre Ao meio-dia = às 12h
grafado com hífen.

4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo Meio dia = metade do dia


terminar em vogal e o segundo elemento começar
por vogal diferente, não se utilizará o hífen.
Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada, agroin-
dustrial, contraindicação, infraestrutura, intrao-
cular, plurianual, pseudoartista, semiembriagado, Pão duro = pão envelheci-
ultraelevado, etc. do

5) Não se utilizará o hífen nas formações com os pre- Pão-duro = sovina


fixos des- e in-, nas quais o segundo elemento ti-
ver perdido o “h” inicial.
Exemplos:desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.

6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao pos- Cara suja = rosto sujo
suir função prefixal. Cara-suja = espécie de
Exemplos: não violência, não agressão, não periquito
comparecimento.

Lembre-se:
Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os
elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc.
Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal,
tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, tetra-
plégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:
- Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos pode  
haver duas formas de grafia. Copo de leite = copo com  
Exemplos: leite Copo-de-leite = flor
“Hidroavião” e “hidravião”;
“hidroenergia” e “hidrenergia”

- No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado


apenas quando houver função de substantivo (= de as-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sociado).
Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico

- Travessão e Hífen
Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
um sinal de pontuação mais longo do que o hífen. Para ter acesso ao conteúdo completo da parte gra-
matical, acesse nosso site e adquira nossos materiais de
-  Hífen e translineação Língua Portuguesa para complementar seus estudos.
Havendo coincidência de fim de linha com o hífen,
deve-se, por  clareza gráfica, repeti-lo no início da linha
seguinte.

50
Movimentação de Material: controla e normaliza
as movimentações dos materiais: recebimento, forneci-
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS: mento, devoluções, transferências entre outras ações de
CONCEITOS, ETAPAS, CONTROLE DE movimentação dos materiais.
ESTOQUE, ALMOXARIFADO, RECEBIMENTO Cadastro: cabe a esse subsistema o cadastramento
E ARMAZENAGEM. de fornecedores, pesquisa de mercado e compras.

2. Subsistemas Específicos
“A Administração de Materiais consiste em ter os Segundo Razzonili Filho (2012) os materiais podem
materiais necessários na quantidade certa, no local cer- ser classificados nos seguintes subsistemas: Normaliza-
to e no tempo certo à disposição dos órgãos que com- ção, Controle, Aquisição e Armazenamento.
põem o processo produtivo da empresa” (CHIAVENATO, Subsistema Normalização: tem como função selecio-
2005, p. 36 - 37). nar, padronizar e especificar os materiais. Classifica e codi-
A administração de materiais tem como foco atuar no fica os materiais garantindo a uniformidade dos materiais
controle e planejamento de materiais e na relação entre que entram no processo produtivo para que o produto
as necessidades de suprimentos de uma organização e final atenda às especificações da produção e a qualidade
os recursos financeiros e operacionais da mesma, geran- exigida.
“Entende-se por normalização a forma como são or-
do dessa forma condições cada vez mais favoráveis para ganizadas as atividades, como definem as normas e a
seu desenvolvimento. utilização de regras; bem como a elaboração, publicação
“A Administração de Materiais envolve a totalidade e disseminação do uso das normas e regras, como o ob-
dos fluxos de materiais da empresa, desde a programa- jetivo de selecionar, avaliar e certificar os fornecedores
ção de materiais, compras, recepção, armazenamento da organização” (RAZZOLINI FILHO, 2012, p. 32).
no almoxarifado, movimentação de materiais, transporte As principais atividades do Subsistema Normalização:
interno e armazenamento no depósito de produtos aca- Normalização e padronização de materiais; Classificação
bados” (CHIAVENATO, 2005, p. 38). de materiais.
Subsistema Controle: responsável pela gestão e va-
SUBSISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATE- loração dos estoques da organização, ou seja, determina
quando e como comprar, busca garantir que os materiais
RIAIS estejam em quantidade necessária, no tempo preciso, com a
qualidade requerida e tenham sido adquiridos pelo melhor
1. Subsistemas típicos preço.

Controle de Estoque: esse subsistema é responsável


pela gestão do estoque, logo cabe a ele o planejamento #FicaDica
e a programação de material por meio de análise, previ- Valoração pode ser conceituado como a de-
são, controle e ressuprimento. terminação de qualidade ou valor a algo.
Aquisição / Compra de Material: esse subsistema
é responsável pela aquisição dos materiais, logo, suas
principais ações são a gestão, negociação e contratação Subsistema Aquisição: responsável pela realização
de compras de material. Tal subsistema deve assegurar de compras dos materiais de acordo com as informações
que os materiais adquiridos estejam na quantidade cer- e especificações apontadas pelo Subsistema Controle
ta, na qualidade requerida e a entrega seja realizada no (por meio de requisições), para que as compras realiza-
prazo estabelecido. Além disso, deve preocupar-se com das respondam às necessidades da organização, evitan-
o preço dos materiais adquiridos negociando-o com o do-se assim desperdícios por aquisição de materiais fora
fornecedor. do padrão exigido ou em quantidades desnecessárias.
O Subsistema aquisição “também é responsável pela
Inspeção de Recebimento: subsistema que tem por
venda (alienação) dos materiais inutilizáveis ou inservíveis, e
responsabilidade realizar a verificação física e documen- mesmo do patrimônio da organização que esteja obsoleto
tal do recebimento de material, ou seja, deve inspecionar ou já completamente depreciado” (RAZZOLINI FILHO, 2012,
se o material recebido está de acordo com as normas p. 33 e 34).
e exigências solicitadas e estabelecidas quando da sua Também atua em sintonia com o Subsistema Norma-
aquisição. lização na busca de fornecedores aprovados pela norma-
Classificação de Material: cabe a esse sistema identi- lização e o Subsistema de Armazenamento na verificação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ficar (especificar), classificar, codificar, cadastrar e catalo- da estocagem dos materiais.


gar os materiais. Subsistema Armazenamento: recepciona os mate-
Armazenagem/Almoxarifado: tem por objetivo en- riais, armazena e os distribuem para os departamentos.
carregar-se pela gestão física dos estoques. Dentre suas Além disso, inspeciona e controla a qualidade dos mate-
riais, especialmente a qualidade da guarda e movimen-
atividades estão: recepção de material, expedição de ma- tação dos materiais, para que entrem nos processos pro-
terial, guarda, preservação, embalagem. dutivos com qualidade garantida. Também é responsável
Controle e Distribuição de Materiais: esse subsiste- pela movimentação interna e seu transporte. Além do
ma controla os materiais e sua distribuição aos diversos controle qualitativo, exerce o controle quantitativo que
setores da empresa, ou seja, após classificados os mate- dentre suas ações estão: conferência, contagem, registro
riais devem seguir para as áreas que os solicitaram. e documentação.

51
Proporcionar economias de escala por meio da com-
pra ou produção de lotes econômicos; pela flexibilidade
EXERCÍCIOS COMENTADOS do processo produtivo; pela rapidez e eficiência no aten-
dimento às necessidades (CHIAVENATO, 2005, p. 68).
1. (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR – SUPERIOR –
FAU – 2016) As funções da Administração de Materiais CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES
são, EXCETO:
Os estoques são classificados em:
a) Compras. Estoques de matérias-primas (MPs): São os insumos e
b) Vendas. materiais básicos necessários para o processo de produ-
ção. São os elementos iniciais e principais para a produ-
c) Transporte.
ção da empresa, seja de produtos ou serviços.
d) Armazenagem.
e) Manuseio.
#FicaDica
Resposta: Letra B. A função de vendas compete a
Área de Vendas, não sendo função de responsabilida- Insumos são os elementos diretamente
de da Administração de Materiais. Segundo Chiavenato necessários para a produção de produtos
(2005, p. 36-37) “A Administração de Materiais consiste ou serviços, como matéria-prima, equipa-
em ter os materiais necessários na quantidade certa, no mentos e outros.
local certo e no tempo certo à disposição dos órgãos
que compõem o processo produtivo da empresa”, logo,
dentre suas funções podem ser consideradas compras
(aquisição), transporte (movimentação), armazenagem ▪ Estoques de materiais em processamento (ou em
vias)
e manuseio.
É composto por materiais que estão em fase de pro-
cessamento nas diversas seções do processo produtivo,
ESTOQUE ou seja, são os materiais que estão em processo de pro-
dução ou em vias de serem processados.
INTRODUÇÃO
▪ Estoques de materiais semiacabados
O estoque representa papel importante na operacio-
nalização da empresa, pois ao passo que deve ser bem São materiais parcialmente acabados, seu processo
definido a corresponder às necessidades de produção da produtivo está em estágio intermediário de acabamen-
empresa, não pode ser um gerador de custos desnortea- to. Estão quase acabados, dessa forma encontram-se em
dos e de desperdícios. estágio mais avançado do que os materiais em proces-
samento.
CONCEITO DE ESTOQUE
▪ Estoques de materiais acabados (ou componentes)
O Estoque pode ser definido como a quantidade de
materiais que é armazenada para determinado fim. Tais Este estoque é composto por materiais ou componen-
materiais podem ser matérias-primas, materiais em pro- tes acabados que serão anexados ao produto acabado.
cessamento, materiais semiacabados, materiais acaba-
dos, produtos acabados. ▪ Estoques de produtos acabados (PAs)
Esses materiais são estocados e em determinado mo-
mento serão requisitados para processamento. Ou seja, E composto pelos produtos prontos (acabados), ou
o estoque possui um sortimento de materiais que em al- seja, o processo produtivo foi completamente finalizado
gum momento será utilizado seja no processo produtivo. e o produto já está pronto para o fornecimento.
Segundo Viana (2009, p.109) estoque pode ser defi-
nido como
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Materiais, mercadorias ou produtos acumulados para
utilização posterior, de modo a permitir o atendimen- 1. (COREN-SP – AGENTE DE ALMOXARIFADO – MÉ-
to regular das necessidades dos usuários para a con- DIO – VUNESP – 2013) Os estoques de matérias-primas
tinuidade das atividades da empresa, sendo o estoque (MPs) são constituídos por:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gerado, consequentemente, pela impossibilidade de


prever-se a demanda com exatidão. a) insumos e materiais básicos para a produção dos pro-
dutos ou serviços da empresa.
FUNÇÕES DO ESTOQUE b) produtos já prontos e acabados, cujo processamento
foi completado inteiramente.
As principais funções do estoque são: c) componentes já acabados e prontos para serem ane-
Garantir que a empresa seja abastecida com materiais xados ao produto.
sempre que necessário, neutralizando ou minimizando d) materiais semiacabados, em estágio intermediário de
os efeitos gerados por problemas no fornecimento de acabamento.
materiais, tais como demoras, atrasos, sazonalidade dos e) materiais que estão em fase de processamento e pro-
suprimentos e demais dificuldades. dutos já finalizados ou semiacabados.

52
Resposta: Letra A. Os estoques de matérias-primas 2. Método do consumo do último período
(MPs) são compostos por insumos e materiais básicos Tal método visa a previsão de consumo do próximo
para produção dos produtos ou serviços da empresa, período baseado no consumo ou demanda do período
ou seja, são os elementos iniciais e primordiais neces- anterior. Caso o consumo seja crescente de um período
sários para o processamento de produtos ou serviços. ao outro, é possível acrescentar uma certa quantidade a
cada período.
Exemplo:
2. (DCTA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLO-
GIA AEROESPACIAL – ASSISTENTE EM C&T ASSISTEN-
TE 1 (ALMOXARIFADO) – MÉDIO – VUNESP – 2013) Consumo do último pe- Previsão de Consumo
Pode-se considerar estoque como a (o): ríodo do próximo período
Mês de Fevereiro: Mês de Março:
a) capacidade produtiva total em relação à disponibilida- 150 unidades 150 unidades
de de matéria-prima no mercado.
b) conjunto de materiais que está disponível para ser re- 3. Método da Média Móvel
quisitado e utilizado no processo produtivo.
c) crescimento e evolução das variações decorrentes do Nesse método a previsão de consumo para o próxi-
cálculo do giro de estoque e ponto de pedido. mo período baseia-se nas médias de consumo dos pe-
d) planejamento de utilização dos materiais de consumo ríodos anteriores.
Exemplo: Cálculo da previsão de consumo para o mês
e produtos de acordo com o recebimento dos pedi- de junho pelo Método da Média Móvel:
dos.
e) posicionamento da quantidade de materiais em trânsi-
to e em produção vinculado a transações de compras. Período Consumo Unidade
Fevereiro 120
Resposta: Letra B. O Estoque pode ser definido como
Março 150
a quantidade de materiais que é armazenada para ser
utilizada no processo produtivo quando requisitado. De Abril 160
acordo com Chiavenato (2005, p.67) “o estoque consti- Maio 110
tui todo o sortimento de materiais que a empresa pos-
sui e utiliza no processo de produção de seus produtos/ Média Móvel: 120 + 150 + 160 + 110
serviços”. 4
Média Móvel: 540 = 135
PREVISÃO DE CONSUMO PARA OS ESTOQUES 4
Previsão de consumo para mês de Junho: 135 unida-
Dentre as técnicas de previsão de estoque, três se des.
destacam:
Projeção: utiliza dados passados (mês ou meses an- #FicaDica
teriores) para previsão de demanda futura (quantida-
de adequada a ser adquirida). Essa técnica é de caráter Para o cálculo do Método da Média Móvel
quantitativo (referem-se a quantidades). utiliza-se a fórmula para cálculo de Média
Explicação: assim como a projeção, essa técnica tam- Simples, que se baseia na soma das unida-
bém é de caráter quantitativo. A explicação relaciona ati- des dividida pela soma da quantidade de
vidades produtivas ou comerciais passadas com outras períodos.
variáveis.
Predileção: baseada na opinião de especialistas (fun-
4. Método da Média Móvel Ponderada
cionários experientes, conhecedores de fatores influen-
tes em vendas e mercado) os quais estabelecem a evolu- Nesse método os valores por período recebem pesos,
ção das vendas futuras. para tanto, os valores de períodos mais recentes rece-
bem pesos maiores do que os de períodos mais antigos.
1. Evolução do consumo
Exemplo:
Cálculo da previsão de consumo para o mês de Junho
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Modelo de evolução horizontal de consumo: também


conhecido como consumo médio horizontal, nesse mo- pelo Método da Média Móvel Ponderada:
delo há evolução do consumo de maneira horizontal e
sua tendência é quase invariável ou constante. Consumo Uni-
Período Peso
Modelo de evolução de consumo sujeito a tendência: dade
a possibilidade de consumo médio aumenta ou diminui Fevereiro 120 1
no decorrer do tempo e das situações do mercado.
Modelo de evolução sazonal de consumo: nesse mo- Março 150 2
delo há previsões de oscilações regulares (positivas ou Abril 160 3
negativas) de consumo, ou seja, o consumo é sazonal.
Maio 110 4

53
Média Móvel Ponderada: Resposta: Letra C. Com base no método da média
(120 x 1) + (150 x 2) + (160 x 3) + (110 x 4) móvel para 3 períodos, a previsão de consumo para
10 janeiro será de 106 unidades, conforme cálculo:
Média Móvel Ponderada: 1340 = 134 Média Móvel: 102 + 105 + 111 = 318 = 106
10 3 3
Previsão de consumo para mês de Junho: 134 unida-
des. Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
Errado.
#FicaDica
4. (TJ-DF – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
Para o cálculo do Método da Média Móvel TRATIVA – MÉDIO – CESPE – 2008) Considere o consu-
Ponderada deve-se multiplicar os valores mo de determinado material apresentado a seguir.
pelo peso dado a cada um deles, após, so-
ma-se os resultados dos valores multiplica-
mês unidades
dos e dividindo pela soma dos pesos.
janeiro 250
fevereiro 280
5. Método da Média com Ponderação Exponencial
março 320
Esse método é semelhante ao Método de Média Móvel abril 290
Ponderada, porém há um acréscimo de parcela do erro an- maio 300
terior de previsão. Nesse método consideram-se algumas
variáveis como tendência e sazonalidade ocorridas no tem- junho 310
po.
Nessa situação, a previsão de consumo para julho será
superior a 310 unidades, se for empregado o método do
último período para previsão do consumo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Errado. O método do último período visa
3. (TSE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA a previsão de consumo do próximo período baseado
– SUPERIOR – CESPE – 2007) Considere o seguinte con- no consumo ou demanda do período anterior. Logo, a
sumo de determinado material. previsão de consumo para julho será de 310 unidades.
60 unidades em março
CUSTOS DOS ESTOQUES
70 unidades em abril
85 unidades em maio
88 unidades em junho Custos de estoques ou custos de estocagem referem-
94 unidades em julho -se aos custos que todo material gera ao ser estocado.
98 unidades em agosto Duas variáveis impactam no custo de estoque, que
98 unidades em setembro são a quantidade de material em estoque e o tempo de
102 unidades em outubro permanência desse material em estoque. Ou seja, quanto
105 unidades em novembro maior a quantidade e o tempo que o material ficará em
111 unidades em dezembro estoque, maior será o custo de estoque.
Os custos podem ser agrupados em modalidades
Com base nos dados acima e considerando que os estu- como: Custo com pessoal: salários dos recursos huma-
dos acerca de estoques dependem da previsão do con- nos, encargos sociais. Custo de capital: juros e deprecia-
sumo de material, assinale a opção incorreta. ção. Custo com edificação: aluguel, água, luz, impostos.
a) Com base no método da média com ponderação exponen- Custo de manutenção: obsolescência, deterioração, con-
cial, apenas o consumo do mês de dezembro será utilizado servação de equipamentos.
na fórmula de cálculo da previsão do consumo para o mês
de janeiro. 1. Custos de Armazenagem
b) Para reduzir a influência do baixo consumo nos meses
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de março e abril na previsão de consumo para janeiro,


é correto utilizar o método da média móvel ponderada, Os Custos de Armazenagem se referem aos custos
caracterizado pela aplicação de pesos maiores aos da- gerados pelo acondicionamento e movimentação dos
dos de consumo mais novos e pesos menores aos dados materiais, tais como mão de obra, aluguel do armazém,
mais antigos. salários do pessoal do armazém, quantidade de material,
c) Com base no método da média móvel para 3 perío- tempo de permanência do material, seguros, deprecia-
dos, a previsão de consumo para janeiro é superior ção de máquinas e equipamentos entre outros.
a 111 unidades por causa da tendência crescente de Os custos podem ser variáveis, como quantidade de
consumo. material e tempo de permanência. Ou fixos como aluguel
d) Com base no método do último período, a previsão de do armazém, salários do pessoal do armazém, seguros
consumo para janeiro é de 111 unidades. entre outros.

54
Cálculo do Custo de Armazenagem
CA = Q/2 · T · P · I
Onde: #FicaDica
Q: Quantidade de material em estoque no período O Custo de Estoque (CE) refere-se a soma
considerado
dos Custos de Armazenagem e o Custo do
T: Tempo de armazenamento
P: Preço unitário do material Pedido.
I: Taxa de armazenamento expressa em porcentagem CE = CA + CP
do preço unitário
Para cálculo da fórmula do Custo de Armazenagem
(CA), é preciso utilizar mais uma fórmula a fim de calcular 3. Custo de falta de estoque
a Taxa de Armazenamento (I).
A Taxa de Armazenamento é expressa pela soma das Esses custos ocorrem quando a demanda deixa de ser
Taxas de armazenamento físico, Taxa de retorno do ca- atendida por haver itens em falta no estoque da empre-
pital empatado em estoque, Taxa de seguro do material sa. Podem ser classificados em: Custos de Vendas Perdi-
estocado, Taxa de transporte, manuseio e distribuição do das, ou seja, houve perda da venda por indisponibilidade
material, Taxa de obsolescência do material, Outras taxas, do produto; Custo de Atraso: gastos gerados pelo atraso
como mão-de-obra, água, luz etc. As quais serão classifi-
da entrega do produto ao cliente.Os custos de falta de
cadas em Ta, Tb, Tc, Td, Te e Tf.
Ta: Taxa de armazenamento físico estoques não podem ser calculados, visto que o resul-
Ta= 100 · A · Ca tado qualitativo se sobressai ao quantitativo, ou seja, a
C·P insatisfação do cliente gera impacto qualitativo à empre-
Onde: sa (o que não se pode quantificar), ela não só perdeu
A: Área ocupada pelo estoque aquela venda, mas pode perder vendas futuras não só
Ca: Custo anual do metro quadrado de armazena- a esse cliente, mas a outros os quais ele poderá efetuar
mento propagandas negativas, ou seja, esse custo vai além da
C: Consumo anual do material receita que a empresa deixou de realizar ao não vender
P: Preço unitário do material o produto ao cliente.

Tb: Taxa de retorno do capital empatado em estoque


Tb = lucro
Q·P EXERCÍCIOS COMENTADOS
Onde:
Q · P = Valor dos produtos estocados
Tc: Taxa de seguro do material estocado 5. (SEE-RJ – PROFESSOR DOCENTE – ADMINISTRA-
Tc = 100 · Custo anual do seguro ÇÃO – SUPERIOR – CEPE-RJ – 2007) Todo e qualquer
Q·P armazenamento de material gera determinados custos,
Td: Taxa de transporte, manuseio e distribuição do que podem ser agrupados em custos de capital, com
material pessoal, com edificação e de manutenção. Um exemplo
Td = 100 · Depreciação anual do equipamento de custo de capital é:
Q·P
Te: Taxa de obsolescência do material a) impostos
Te = 100 · Perdas anuais por obsolescência b) deterioração
Q·P c) aluguel
Tf: Outras taxas, como mão-de-obra, água, luz etc. d) salário
Tf = 100 · Despesas anuais
e) depreciação
Q·P
Resposta: Letra E. Os custos podem ser agrupados
Logo, a Taxa de Armazenamento (I) será a soma de
todas essas taxas: em modalidades como: Custo com pessoal: salários
I = Ta + Tb + Tc + Td + Te + Tf dos recursos humanos, encargos sociais. Custo de
capital: juros e depreciação. Custo com edificação:
2. Custo de Pedido (CP) aluguel, água, luz, impostos. Custo de manutenção:
obsolescência, deterioração, conservação de equipa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Segundo Chiavenato, 2005, p. 95, “o Custo do Pedido mentos.


(CP) é o valor em moeda corrente dos custos incorridos
no processamento de cada pedido de compra”. Ou seja, Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
o custo do pedido se refere ao valor que a empresa gas- Errado.
tou para realizar o pedido do material para o fornecedor.
Fórmula para cálculo do Custo de Pedido: 6. (ANS – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CES-
CP = CAP PE – 2005) Os custos de armazenagem aumentam em
N
função da quantidade em estoque e do tempo de per-
Onde:
manência em estoque, mas não chegam a zero se o es-
CAP: Custo anual dos pedidos
N: Número de pedidos no ano toque for zero.

55
Resposta: Certo. Duas variáveis impactam no custo Transporte: saída dos produtos do fornecedor até o
de estoque, que são a quantidade de material em recebimento dos mesmos pela empresa compradora.
estoque e o tempo de permanência desse material De acordo com Viana (2006, p. 156) o tempo de res-
em estoque. Ou seja, quanto maior a quantidade e o suprimento é composto por tempos internos da empre-
tempo que o material ficará em estoque, maior será sa, como também por externo:
o custo de estoque. Mesmo tendo um estoque zero
a) TPC - Tempo de Preparação da Compra
de materiais, ainda há custos de estoque, visto que há
b) TAF - Tempo de Atendimento do Fornecedor
variáveis que ainda geram gastos, como aluguel do ar-
mazém, depreciação de equipamentos, entre outros. c) IT - Tempo de Transporte
d) TRR - Tempo de Recebimento e Regularização
NÍVEIS DE ESTOQUE Onde: TR = TPC + TAF + TT + TRR

1. Curva dente de serra 3. Ponto de Pedido

A Curva Dente de Serra é demonstrada graficamente O Ponto de Pedido (PP) indica o ponto (ou nível de
por linhas que formam uma imagem parecida com um estoque) em que há necessidade de reposição (ressupri-
serrote, por isso o nome Dente de Serra. mento) do estoque.
Ela apresenta as flutuações de estoques (geometri-
Cálculo do Ponto de Pedido:
camente apresenta o comportamento dos estoques ao
longo do tempo) por meio da identificação do tempo PP = Em + (C × Tr)
de reposição e nível de ressuprimento. Dessa forma, a Onde:
empresa poderá tomar decisões necessárias para o co- PP: Ponto de Pedido
nhecimento e controle das atividades de reposição dos Tr: Tempo de Reposição
estoques. C: Consumo Médio Mensal
Por exemplo, com a utilização da Curva Dente de Em: Estoque Mínimo
Serra, a empresa conseguirá visualizar graficamente a
movimentação (entrada e saída) de um material do es-
toque, visualizando melhor os pontos de estoque míni- #FicaDica
mo e estoque máximo.
O eixo x (horizontal) representa o tempo decorrido, Ponto de Pedido também conhecido como
enquanto o eixo y (vertical) representa a quantidade do Ponto de Reposição (PR) ou Ponto de Enco-
material em estoque. menda (PE).

4. Intervalo de Ressuprimento

O Intervalo de Ressuprimento (IR) determina o tempo


existente entre uma reposição e outra, entre dois pontos
de pedido, ou seja, o tempo equivalente entre dois res-
suprimentos consecutivos.

5. Estoque Máximo

O Estoque Máximo define a quantidade máxima de


estoque permitida para determinado material, ou seja,
Disponível em: <http://universidadeestoque.com.br/
blog/index.php/grafico-dente-de-serra/>. é a quantidade máxima do material a ser mantida em
estoque.
2. Tempo de Reposição ou de Ressuprimento O cálculo do estoque máximo é definido pela soma
do Estoque mínimo com o Lote Econômico de Compra
O Tempo de Reposição ou de Ressuprimento (Tr) refe- (quantidade ideal a ser comprada).
re-se ao tempo gasto para reposição do estoque, desde Emáx = Em + Lote Econômico de Compra
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a verificação das necessidades para reposição do esto- Onde:


que até a chegada dos materiais no almoxarifado. Em: Estoque Mínimo
• Três partes do Tempo de Reposição ou de Ressu-
primento:
6. Ruptura de estoque
• Emissão do pedido: emissão do pedido do departa-
mento de compras ao fornecedor.
• Preparação do pedido: tempo em que o fornecedor Ponto em que o estoque encontra-se em nível zero,
recebeu o pedido de compra, preparação dos pro- ou seja, o estoque torna-se nulo, entretanto ainda existe
dutos do pedido pelo fornecedor até o momento demanda do material. A demanda existe, porém a em-
em que estão prontos para o transporte à empresa presa não pode atender visto que o estoque está nulo.
compradora.

56
7. Giro de estoque

O Giro de estoque define a rotatividade de estoque em determinado período de tempo.


Cálculo do Giro de Estoque:
Giro de Estoque = Consumo Médio Anual
Estoque Médio

#FicaDica
O índice do Giro de Estoque demonstra a saída das mercadorias da empresa, ou seja, as vendas. Logo,
quanto maior o índice de Giro de Estoque, melhores resultados da empresa.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

7. (ANCINE – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR – CESPE – 2006) O conceito de estoque máximo diz respeito
ao número máximo de unidades de um determinado item de estoque e é definido da seguinte forma: estoque máximo =
estoque mínimo - lote de compra.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. O Estoque Máximo define a quantidade máxima de estoque permitida para determinado mate-
rial. É determinado pela soma do estoque mínimo com o lote de compra (e não a subtração).

8. (TRE-PB – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2007) Um material é consumido a uma
razão de 3.000 unidades por mês, e seu tempo de reposição é de dois meses. O ponto de pedido, uma vez que o estoque
mínimo deve ser de um mês de consumo é igual a:

a) 3.000 unidades.
b) 6.000 unidades.
c) 9.000 unidades.
d) 12.000 unidades.
e) 15.000 unidades.

Resposta: Letra C. O cálculo do Ponto de Pedido é determinado pela seguinte fórmula.


PP = Em + (C · Tr). Onde: PP: Ponto de Pedido, Tr: Tempo de Reposição, C: Consumo Médio Mensal, Em: Estoque
Mínimo.
De acordo com a questão, o Tr equivale a 2 meses, C equivale a 3.000 unidades, assim como o Estoque Mínimo
equivale a 3.000 (um mês de consumo). Portanto:
PP = Em + (C · Tr)
PP = 3.000 + (3.000 · 2) = 3.000 + 6.000 = 9.000 unidades

CLASSIFICAÇÃO ABC

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 79) “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que a maior parte do investimento em
materiais está concentrada em um pequeno número de itens”.
Ou seja, a Classificação ABC ordena os itens consumidos conforme um valor financeiro. Os itens quando ordenados
são divididos em três classes A, B e C:
Classe A: poucos itens, porém com peso no investimento em estoque bem elevado. Até 10% ou 20% dos itens em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estoque, com valor de 80% aproximadamente. Poucos itens, porém de elevada importância.
Classe B: quantidade média de itens (35% a 40%) que possui valor de consumo de 15% aproximadamente. Itens de
importância relativa.
Classe C: grande quantidade de itens (40% a 50%) com valor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos esto-
ques. A classe C compõe os itens mais numerosos, porém menos importantes.

57
#FicaDica
As porcentagens de classificação não são fixas, sendo valores de porcentagens aproximados, podendo
variar para mais ou para menos.

Com a classificação ABC a atenção dada a cada item é relativa a importância do mesmo. Aos itens da Classe A há
uma maior concentração de atenção, embora sejam poucos itens, são os de maiores valores monetários. Aos itens da
classe B a atenção é menor, e aos itens da classe C a atenção aos itens é ainda mais reduzida, muitas vezes tratados por
processos mais automáticos ou semiautomáticos que não exigem muitos esforços e tempo de decisão.

Tabela com acumulação dos estoques para composição da classificação ABC

Código do Valor do estoque Porcentagem Valor do estoque Porcentagem


Classificação
item do item do item acumulado acumulada (%)
1 012 360.000 36,0 360.000 36,0
2 025 280.000 28,0 640.000 64,0
3 011 100.000 10,0 740.000 74,0
4 015 70.000 7,0 810.000 81,0
5 009 55.000 5,5 865.000 86,5
6 014 28.000 2,8 893.000 89,3
7 016 22.000 2,2 915.000 91,5
8 005 20.000 2,0 935.000 93,5
9 017 15.000 1,5 950.000 95,0
10 018 10.000 1,0 960.000 96,0
Demais itens 40.000 4,0 1.000.000 100,0
CHIAVENATO, 2005. p. 80.
Por meio dessa tabela é possível realizar a divisão dos itens nas classes A, B e C.
Percebe-se que os itens 1 a 4 representam acumuladamente 81% do valor monetário do estoque, logo pertencem
a Classe A.
Os itens de 5 a 10 representam acumuladamente 15% do valor monetário do estoque, logo pertencem a Classe B.
Já os demais itens representam 4% do valor monetário do estoque e pertencem a Classe C.
A Classificação ABC pode ser transformada na curva ABC ou Curva de Pareto.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

58
EXERCÍCIOS COMENTADOS EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
Errado. Errado.

9. (SERPRO – TÉCNICO – SUPORTE ADMINISTRATIVO 11. (ANP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR


– MÉDIO – CESPE – 2013) O gerente que adota a classifi- – CESPE – 2013) No modelo de lote econômico, a quan-
cação ABC para controle do seu estoque possui uma pe- tidade ótima de estoques que deve compor cada pedido
quena quantidade de produtos na denominada classe C. de compra é aquela em que os valores dos custos dos
pedidos são iguais aos dos custos de manutenção dos
( ) CERTO ( ) ERRADO estoques.

Resposta: Errada. De acordo com a classificação ABC, ( ) CERTO ( ) ERRADO


a classe C é composta por grande quantidade de pro-
dutos com valor de consumo acumulado baixo. Resposta: Certo. O modelo de lote econômico busca
o equilíbrio entre o custo de manutenção de estoque
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou e o curso de aquisição do pedido, logo, quando há
Errado. uma igualdade entre esses dois itens, pode-se definir
que houve uma quantidade ótima de estoques.
10. (TJ-AJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – CESPE
– 2012) Ao se classificar um almoxarifado com base na 12. (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO – FORMAÇÃO
classificação ABC, os itens mais volumosos e que agre- EM ENGENHARIA – SUPERIOR – CESGRANRIO – 2013)
gam pouco resultado para a organização devem ser in- Uma empresa utiliza o Lote Econômico de Compra (LEC)
cluídos na(s) classe(s): para repor o estoque de uma das suas peças cuja deman-
da anual é de 90.000 unidades. Se o custo de colocação
a) A e C. de um pedido é de R$ 4.000,00, e o custo de manutenção
b) B e C. de estoques é de R$ 20,00 por peça por ano, qual é o LEC
c) A. utilizado?
d) B.
e) C. a) 30
b) 60
Resposta: Letra E. De acordo com a classificação ABC,
c) 4.243
a classe C é composta por grande quantidade de pro-
d) 6.000
dutos (itens mais volumosos) com valor de consumo
e) 12.000
acumulado baixo (agregam pouco resultado para a
organização).
Resposta: Letra D. Para cálculo do Lote Econômi-
co de Compra (LEC) utiliza-se a seguinte fórmula
Lote Econômico de Compras
Onde: C: Consumo ou demanda, CP: Custo do Pedido,
O Lote Econômico de Compra (LEC) baseia-se na de- CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma-
finição de reabastecimento do estoque pelo menor custo nutenção unitário.
possível, ou seja, decide a quantidade de itens a ser re- Logo, em resposta a questão, aplica-se a fórmula:
posta (comprada) pelo menor custo possível em busca
de um equilíbrio econômico entre custo de manutenção
de estoque e o custo de aquisição do pedido.
Fórmula para o cálculo do LEC:

Onde: Just in time


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

C: Consumo ou demanda
CP: Custo do Pedido O Just in Time (JIT), método surgido no Japão, visa a
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma- produção dos itens exatamente no momento em que são
nutenção unitário necessários, dessa forma, busca a redução de desperdí-
cios por meio da redução de estoques, minimização de
defeitos e retrabalho. O Justi in Time visa à produção na
quantidade necessária, no momento certo para atender a
demanda com mínimo de estoque ou estoque zero, seja
estoque em produtos acabados, estoque de produtos
semiacabados ou estoque de matéria-prima. Está pauta-
do na melhoria contínua da produtividade.

59
O Just in Time é conhecido como o sistema que “puxa” a produção, visto que a produção só acontece conforme a
necessidade sinalizada pelo comprador. Ao contrário dos sistemas tradicionais que “empurram” a produção, ou seja,
produzem mesmo que não haja a demanda, depois da produção, “empurram” o produto para a possível demanda.

1. Kanban

Kanban é considerada uma das técnicas do Just in Time. A palavra japonesa Kanban significa cartão ou sinal. Essa técnica
controla a retirada dos materiais e a transferência para outro estágio da operação. Além disso, serve para informar a quanti-
dade a ser produzida no processo em que se encontra.
Slack et. al (2006, p. 368) define alguns tipos de Kanban:
“Kanban de transporte: usado para avisar o estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferi-
do para uma destinação específica [...] Kanban de produção: sinal para um processo produtivo de que ele pode começar
a produzir um item para que seja colocado em estoque [...] Kanban do fornecedor: usado para avisar ao fornecedor que
é necessário enviar material ou componentes para um estágio da produção.”

EXERCÍCIOS COMENTADOS

Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou Errado.

13. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESPECIALIDADE GESTÃO HOSPITALAR – SUPERIOR – CESPE –


2018) Na administração dos estoques just in time, se mantém um estoque de segurança para que, na necessidade do
produto, o material já esteja disponível.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O Just in time visa à produção na quantidade necessária, no momento certo para atender a de-
manda com mínimo de estoque ou estoque zero. Portanto, não prevê estoque de segurança.

14. (IF-RS – PROFESSOR – GESTÃO, PRODUÇÃO E LOGÍSTICA – SUPERIOR – 2010) O _________ é usado para avisar o
estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica. A alternativa que
completa corretamente o sentido desse conceito é:

a) Kanban;
b) Kanban de produção;
c) Kanban do fornecedor;
d) Kanban do cliente interno;
e) Kanban de transporte.

Resposta: Letra E. Segundo Slack et. al (2006, p. 368) Kanban de transporte é usado para avisar o estágio anterior
que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica.

AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

“A Avaliação dos estoques é o levantamento do valor financeiro dos materiais - desde as matérias-primas iniciais,
os materiais em processamento, semi-acabados ou acabados, até os produtos acabados – tomando por base o preço
de curso ou o preço de mercado” (CHIAVENATO, 2005, p. 88). A avaliação de estoque é composta por alguns métodos:
Avaliação do Custo Médio, Avaliação pelo Método PEPS (FIFO), Avaliação pelo Método UEPS (LIFO) e Avaliação pelo
Custo de Reposição.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Custo Médio

Nesse método os custos médios são aplicados no lugar dos custos efetivos. Ou seja, os materiais ao saírem do esto-
que são calculados pelo custo médio de sua aquisição. Esse método visa ao longo prazo, aproximar pelo custo médio
aos custos reais dos materiais comprados. Esse é considerado o método mais utilizado.

60
Quadro: Cálculo pelo Custo Médio

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,50 225,00 250 4,30 1075,00
23/04 50 4,50 225,00 200 4,25 850,00
03/05 325 50 4,00 200,00 250 4,20 1050,00

2. Método PEPS (FIFO)

PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que as primeiras unida-
des compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo ou a serem vendidas.
Ou seja, as unidades que foram adquiridas primeiro e estão a mais tempo no estoque serão as primeiras a saírem.
Dessa forma, existe maior probabilidade do valor do estoque estar sempre atualizado ao valor do mercado, visto que
ele será composto pelas últimas unidades que entram, uma vez que as unidades que estão a mais tempo no estoque sairão
primeiro.

Quadro: Cálculo pelo Método PEPS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Preço Preço Preço
Data NF Qtide. Total $ Qtde. Total $ Qtde. Total $
unit. unit. unit.

02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00


06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 5,00 250,00 250 4,20 1050,00
23/04 50 5,00 250,00 200 4,00 800,00
03/05 150 4,00 600,00 50 4,00 200,00

3. Método UEPS (LIFO)

UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last In - First Out) determina que as unidades armazenadas mais
recentemente no estoque (ou seja, as unidades que entraram por último) são as primeiras unidades a serem destinadas
à produção e/ou à venda.
Por meio desse método, entende-se que os custos dos itens que saíram primeiro refletem os custos dos itens re-
centemente comprados ou produzidos.

Quadro: Cálculo pelo Método UEPS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

unit. unit. unit.


02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,00 200,00 250 4,40 1100,00
23/04 50 4,00 200,00 200 4,50 900,00
03/05 100 4,00 400,00 100 5,00 500,00
12/05 50 5,00 250,00 50 5,00 250,00

61
4. Custo de Reposição

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 89) “é o custo de reposição de estoque que ajusta a avaliação financeira dos
estoques. Assim o valor dos estoques é sempre atualizado em função dos preços de mercado”.
Geralmente é utilizado o seguinte cálculo para definição do Custo de Reposição:
CR = PU + ACR
Onde:
CR: Custo de Reposição
PU: Preço Unitário do material
ACR: Acréscimo do Custo de Reposição em porcentagem (%)

EXERCÍCIOS COMENTADOS

15. (GÁS BRASILIANO – CONTADOR JUNIOR – SUPERIOR – IESES – 2017) Com base no controle de estoques de um
determinado produto, pelo PEPS, temos: Estoque Inicial em 01/03/X17 composto por 40 unidades, adquiridas no valor de
R$ 2.000,00 cada. No dia 06/03/X17 compra de 20 unidades, no valor de R$ 3.000,00 cada. No dia 10/03/X17 venda de
20 unidades por R$ 2.500,00 cada. No dia 20/03/X17 venda de 30 unidades por R$ 3.500,00 cada. Qual o saldo total em
R$ no estoque?

a) R$ 35.000,00
b) R$ 30.000,00
c) R$ 5.000,00
d) R$ 40.000,00

Resposta: Letra B. Pelo método PEPS, os primeiros produtos a entrarem no estoque serão os primeiros produtos a
saírem. Logo, de acordo com a questão apresentada, saíram 40 produtos ao custo de R$ 2.000,00 e 10 produtos ao
custo de 3.000,00, totalizando a saída de R$ 110.000. O estoque continha R$ 140.000,00 em peças (R$ 80.000,00 do
estoque inicial + R$ 60.000,00 adquiridas no dia 06/06/X17). Portanto restaram R$ 30.000,00 em custo de peças em
estoque (R$ 140.000,00 – R$ 110.000,00), conforme demonstrado no quadro abaixo.

Entradas Saídas Saldo em estoque


Data Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
01/03/ 40 2.000 80.000
X17
06/03/ 20 3.000 60.000 60 2.333 140.000
X17
10/03/ 20 2.000 40.000 40 2.500 100.000
X17
20/03/ 20 2.000 40.000 20 3.000 60.000
X17
10 3.000 30.000 10 3.000 30.000

16. (CFR-PI – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CRESCER – 2016) Com relação à gestão de um estoque, qual
critério utilizado dá destaque à ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque?

a) UEPS.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) LIFO.
c) PEPS.
d) MPM.

Resposta. Letra C. PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que
as primeiras unidades compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo
ou a serem vendidas. Ou seja, utiliza como critério a ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque.

62
ALMOXARIFADO CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS POR TIPO DE DE-
MANDA
INTRODUÇÃO
A Classificação de Materiais por Tipo de Demanda
O almoxarifado é o espaço destinado à armazenagem divide-se em Materiais de Estoque e Materiais Não de
dos materiais iniciais, em sua maioria as matérias-primas, Estoque.
mas também podem ser compostos por materiais secun-
dários e demais materiais necessários ao processo produ- 1. Materiais de estoque
tivo.
Diferente de depósito, este é o espaço destinado à Os Materiais de Estoque devem existir em estoque
armazenagem de produtos acabados. para utilização futura. Para esses materiais são determi-
Os materiais necessários ao processo produtivo são nados critérios e parâmetros de ressuprimento automá-
adquiridos dos fornecedores externos pelo departamen- tico para que eles nunca faltem em estoque. Tais critérios
to de compras. e parâmetros são baseados na previsão da demanda e na
O departamento de compras, após aprovação dos importância para a empresa.
materiais pelo órgão de Controle de Qualidade, libera Classificação dos Materiais de Estoque:
os mate­riais comprados para entrada ao almoxarifado.
Os materiais ao chegarem ao almoxarifado são ar- a) Quanto à aplicação:
mazenados e passam a seguir ao processo produtivo •M  ateriais produtivos: materiais ligados direta-
somente quando requisitados pelas diversas seções por mente e indiretamente ao processo produtivo.
meio da Requisição de Materiais. •M  atérias-primas: materiais básicos e insumos que
formam os itens iniciais e integram o processo
01. Classificação de materiais produtivo da empresa.
•P  rodutos em fabricação: materiais em processa-
A classificação de materiais é o processo que tem por mento, materiais que estão sendo processados.
objetivo agrupar os materiais por características comuns. Por estarem em processamento, não se encon-
A classificação de materiais é responsável pela identi- tram no almoxarifado e nem no estoque final.
ficação, simplificação, codificação, normalização, padro- •P  rodutos acabados: produtos pertencentes ao
nização e catalogação dos materiais. estágio final do processo produtivo, produtos fi-
nalizados.
a) Identificação: primeira etapa responsável por •M  ateriais de manutenção: materiais aplicados em
classificar os materiais. Analisa e registra as carac- manutenção, sua utilização é repetitiva.
terísticas físico/químicas e aplicações do material. •M  ateriais improdutivos: materiais que não consti-
b) Simplificação: redução da grande diversidade de tuem o produto no processo produtivo (materiais
itens destinados a uma mesma finalidade, nesse de limpeza, materiais de escritório).
caso havendo dois ou mais materiais destinados •M  ateriais de consumo geral: materiais de consu-
a uma mesma finalidade é recomendável escolha mo, utilizados em diversas áreas da empresa, de
pelo uso de apenas uma delas. maneira repetitiva, porém não são utilizados para
c) Codificação: após a classificação, são atribuídos fins de manutenção.
códigos representativos aos materiais para que se-
jam identificados. b) Quanto ao valor do consumo anual: para obtenção
d) Normalização: definem as normas, ou seja, as de resultados positivos no processo de gerencia-
prescrições relativas ao uso do material. mento de estoques, se faz necessário e importante
e) Padronização: responsável por estabelecer padrões a separação dos materiais, definindo o que é im-
relacionados a peso, medidas e formatos aos mate- portante quanto ao valor de consumo e o que não
riais, de maneira a evitar muitas variações entre os é tão importante, ou seja, o que é essencial, do que
materiais. é secundário. Para essa separação utiliza-se a Cur-
f) Catalogação: ordena os dados do material de for- va ABC. De acordo com Chiavenato (2005, p. 79)
ma lógica para que suas informações sejam facil- “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que
mente identificadas. a maior parte do investimento em materiais está
concentrada em um pequeno número de itens”.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

02. Atributos para classificação de materiais •M  ateriais A: poucos itens, porém com peso no
investimento em estoque bem elevado.
• Abrangência: a classificação deve abranger um •M  ateriais B: quantidade média de itens que pos-
número elevado de características do material; sui valor de consumo de 15% aproximadamente.
• Flexibilidade: permite interfaces entre os diversos Itens de importância relativa.
tipos de classificação de forma a obter visão ampla •M  ateriais C: grande quantidade de itens com va-
do gerenciamento de estoques. lor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos
• Praticidade: o processo de classificação deve ser estoques. A classe C compõe os itens mais nume-
prático, ou seja, direto e simples. rosos, porém menos importantes.

63
c) Quanto à importância operacional: define a im- Por problemas
portância operacional dos materiais no processo Material importado
de Obtenção
produtivo para não prejudicar a continuidade de
produção operacional. Por problemas de pre- Material com utilização de
• Materiais X: materiais de aplicação não importan- visão difícil previsão
te, podendo haver similares na empresa; Material de reposição de
• Materiais Y: materiais de aplicação de média im- Por razões de segurança
alto custo
portância, podendo haver similar ou não;
• Materiais Z: materiais de aplicação muito impor- Material para equipamento
tante, não há similar. Sua falta acarreta a paraliza- vital da produção
ção da produção. Material de reposição de
alto custo
02. Materiais de não estoque VIANA, 2006, p.56.

Materiais comprados para utilização imediata. Não MATERIAIS OBSOLETOS E INSERVÍVEIS


são estocados, ou podem ser estocados temporariamen-
te no almoxarifado. Isso, pois, no processo produtivo Essa classificação compõem os materiais são obso-
podem existir necessidades de materiais de demanda letos (antigos, ultrapassados) ou inservíveis (inúteis) por
imprevisível, ou seja, materiais em que não há regula- isso devem ser eliminados, pois compõem um estoque
ridade de consumo, não havendo definição de parâme- morto.
tros para ressuprimento automático. A aquisição desses
existe por solicitação direta do usuário de acordo com a
constatação da necessidade.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
MATERIAIS CRÍTICOS
1. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
De acordo com Viana (2006, p.56) Materiais Críticos TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
“são materiais de reposição específica de um equipa- CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) A classifica-
mento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja ção de materiais busca uma organização que permita a
demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é melhor gestão dos materiais em um dado processo. Um
tomada com base na análise de risco que a empresa cor- bom sistema de classificação deve possuir os seguintes
re, caso esses materiais não estejam disponíveis quando atributos:
necessário”.
a) simplicidade, precisão e abrangência;
Razões para existência de Materiais críticos b) abrangência, flexibilidade e praticidade;
c) praticidade, durabilidade e precisão;
d) durabilidade, simplicidade e precisão;
Por problemas e) precisão, praticidade e maneabilidade.
Material importado
de Obtenção
Existência de um único Resposta: Letra B. Os atributos para classificação
fornecedor de materiais são: Abrangência: a classificação deve
abranger um número elevado de características do
Escassez no mercado material; Flexibilidade: permite interfaces entre os di-
Material estratégico versos tipos de classificação de forma a obter visão
ampla do gerenciamento de estoques; Praticidade: o
De difícil fabricação ou
processo de classificação deve ser prático, ou seja, di-
obtenção
reto e simples.
Por razões econômicas Material de elevado valor
Material com elevado cus- 2. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
to de armazenagem TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) Um sistema
Material com elevado cus- de classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

to de transporte
Por problemas de arma- a) identificação – simplificação – codificação – normaliza-
Material perecível ção – padronização – catalogação;
zenagem e transporte
b) catalogação – simplificação – especificação – normati-
Material de alta periculo- zação – aglutinação – codificação;
sidade c) catalogação – complementação – identificação – nor-
Material de elevado peso matização – padronização – codificação;
d) sintetização – simplificação – normatização – padroni-
Material de grandes di- zação – codificação – identificação;
mensões e) catalogação – simplificação – flexibilização – normali-
zação – padronização – codificação.

64
Resposta: Letra A. A classificação de materiais é o pro- Quadro comparativo entre opções de inventário:
cesso que tem por objetivo agrupar os materiais por
características comuns. A classificação de materiais é Inventário Anual Inventário Rotativo
responsável pela identificação, simplificação, codifi-
cação, normalização, padronização e catalogação dos Esforço concentrado, pro- Sem grandes esforços,
materiais. duzindo pico de custo. com custos distribuídos.
Gera impacto nas ativi- É possível a continuidade
dades da empresa, com de atendimento com o
INVENTÁRIO almoxarifado de portas almoxarifado de portas
fechadas. abertas.
O inventário refere-se a contagem dos materiais
existentes na empresa, ocorridas periodicamente, com Incremento da produ-
Produtividade da mão-
o objetivo de comparar com os estoques registrados e tividade, com ações
-de-obra decrescente
contabilizados em controle da empresa. Dessa forma é preventivas, que, sem
ocorrendo falhas durante
possível comprovar a existência dos materiais e a exa- consequência, reduzem
o processo.
tidão dos mesmos. Ou seja, os inventários confrontam as falhas.
a realidade física dos estoques em relação aos registros Almoxarifes tornam-se
Almoxarifes “reaprendem”
contábeis. especialistas no processo
ano após ano.
Por essa razão, o inventário pode ser considerado um e no ajuste.
instrumento de gerenciamento de grande relevância e O feedback imediato ele-
importância. va a qualidade, havendo
As causas divergências motivação e participação
1. Inventários anuais não são identificadas. geral; assim, as causas das
divergências são rapida-
O Inventário anual é realizado em época de balanço. mente identificadas.
Para efetuá-lo exige-se a paralisação das atividades para
contagem dos materiais. Portanto impraticáveis em em- Confiabilidade não me- Aprimoramento contínuo
presas de grande porte, pela inviabilidade de paralização lhora. da confiabilidade.
das atividades. VIANA, 2006, p. 384.

2. Inventários rotativos MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

O inventário rotativo é um processo de recontagem Movimentação de Materiais refere-se a todo o flu-


física de todo o estoque e ocorre de maneira contínua, xo de materiais ocorrido dentro da empresa. Em todo e
em frequência pré-determinada, seja esta diária, sema- qualquer sistema de produção existe a movimentação de
nal, mensal. O Inventário Rotativo pode utilizar os recur- materiais.
sos de informática para inventariar os materiais. O Inven- A movimentação de materiais tem por objetivo ga-
tário Rotativo pode ser: rantir o abastecimento das seções de produção e a sequên-
cia do processo entre as várias seções que o envolvem.
a) Inventário Automático: realizado quando surge Esta pode ser horizontal (em um espaço plano e em
ocorrência de eventos que indicam possível diver- um mesmo nível) ou vertical (em prédios que contém an-
gência ou para garantir confiabilidade de estoque dares ou níveis de altura).
em relação a materiais vitais. Os eventos podem De acordo com Chiavenato (2005, p. 145) as princi-
ser: saldo zero no sistema de controle, requisição pais finalidades da movimentação de materiais são:
de material atendida parcialmente, requisição de
material não atendida, material crítico requisitado, 1. Aumentar a capacidade produtiva da empresa
material crítico recebido e transferência de locali-
zação. A eficiência na movimentação de materiais permite
b) Inventário Programado: programado em sistema utilizar a capacidade produtiva da empresa de maneira
em períodos estabelecidos e por amostragem de plena, e às vezes, até aumentá-la. Tal aumento pode ocor-
itens. rer devido:
Redução do tempo de fabricação;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) Inventário a Pedido: realizado quando solicitado


em sistema seja pela administração de materiais Incremento da produção por meio do abastecimento
ou controladoria. Podem ser solicitados devido fa- de materiais intensificado;
lhas de processamento, solicitações do almoxarife, Utilização racional da capacidade de armazenagem.
da gestão da auditoria ou por outros motivos.
2. Melhorar as condições de trabalho

Contribuindo para que as pessoas tenham melhores


condições de trabalho, vez que deve proporcionar maior
segurança e redução de acidentes, redução das fadigas,
aumento da produtividade da mão-de-obra.

65
3. Reduzir os custos de produção por meio da re- 1. Atividades do departamento de compras
dução da mão de obra braçal
Preparação do Processo de Compras: recebimento de
Vez que são utilizados equipamentos de manuseio e documentos e elaboração do processo de compra;
transporte, redução dos custos de materiais visto que são Planejamento da Compra: nessa etapa verifica a indi-
acondicionados e transportados de maneira a evitar per- cação de fornecedores e elabora condições gerais e es-
das e danificações aos materiais e redução de custos em pecíficas relacionadas à compra;
despesas por meio de despesas menores de transporte e Seleção de Fornecedores: seleciona os fornecedores
níveis de estoque de materiais reduzidos. com enfoque na abertura de concorrência, analisa o de-
sempenho dos fornecedores, analisa suas capacidades
Instrução: Em algumas questões a seguir, preencha nos em atender as necessidades da empresa;
campos a seguir o campo designado com o código C, Concorrência: nessa etapa surge a negociação com os
caso julgue o item CERTO; ou o campo designado com o fornecedores, a fim de verificar quais atendem a necessi-
código E, caso julgue o tem ERRADO. dade de compra. Nessa etapa há expedição de consulta,
abertura, análise e avaliação de propostas;
Contratação: definição dentre as propostas da con-
corrência pelo fornecedor ideal para a aquisição dos ma-
EXERCÍCIOS COMENTADOS teriais, a definição ocorre pela equalização das propos-
tas. Nessa fase há a realização do pedido;
3. (FBN – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO I, II E III – Controle de entrega: acompanhamento com o forne-
MÉDIO – 2013 – FGV) O inventário físico é um impor- cedor desde o pedido até a fase de entrega, recebimento
tante instrumento de controle de estoques. A respeito da do material, análise de quantidade e qualidade de acor-
sua obrigatoriedade, é correto afirmar que do com as exigências contratadas, e encerramento do
processo.
a) ele identifica eventual discrepância entre a apuração
do estoque físico e do estoque contábil. ESTRATÉGIAS DE AQUISIÇÃO DE RECURSOS MATE-
b) ele permite a reanálise da arrumação física do estoque RIAIS
frente aos registros contábeis.
c) ele exige a verificação do tamanho das embalagens e 1. Verticalização
do volume a ser estocado.
d) ele obriga a redução dos custos de recebimento frente A Verticalização prevê que a empresa tentará produzir
aos registros contábeis. internamente tudo o que puder para suprir a produção
até o produto final. Se necessário comprará de terceiros
Resposta: Letra A. O inventário tem o objetivo de as menores quantidades possíveis.
comparar os estoques físicos aos estoques registrados Vantagens: a empresa possui independência em re-
e contabilizados em controle da empresa. Ou seja, os lação à terceirização, maior lucratividade, visto que ab-
inventários confrontam a realidade física dos estoques sorve os lucros que repassaria aos fornecedores, maior
em relação aos registros contábeis. autonomia, domínio em relação a tecnologias próprias.
Desvantagens: alto investimento, menor flexibilidade,
4. (AGU – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – CESPE – estrutura da empresa deve ser ampla (estrutura física, hu-
2010) Com relação à administração de materiais, julgue mana e material).
os itens a seguir. Os inventários rotativos são efetuados
no final de cada exercício fiscal da empresa e incluem a 2. Horizontalização
totalidade dos itens de estoque de uma só vez.
A Horizontalização prevê que a empresa comprará de
CERTO ( ) ERRADO ( ) terceiros o máximo dos itens necessários para composi-
ção do produto final.
Resposta: Errado. O inventário rotativo é um proces-
so de recontagem física do estoque e ocorre de ma- Vantagens: custos reduzidos, flexibilidade na defini-
neira contínua, em frequência pré-determinada, seja ção dos volumes de produção (sendo esses menores,
esta diária, semanal, mensal. visto que itens serão adquiridos de terceiros), engenharia
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

simultânea (empresa e fornecedor), esforços concentra-


dos apenas no produto principal da empresa.
ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS Desvantagens: controle tecnológico reduzido, depen-
dência elevada de terceiros, lucros menores, menor do-
INTRODUÇÃO mínio tecnológico.

Compra significa basicamente a procura e providência


de entrega de materiais necessários à empresa de acordo
com as especificações exatas, qualidade e quantidade re-
querida, no prazo estabelecido, a um preço adequado e
justo.

66
há duas estratégias possíveis: a verticalização e a horizon-
talização. Podem ser apontadas como desvantagens da
EXERCÍCIOS COMENTADOS verticalização:

1. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL UNI- I. perda de flexibilidade;


VERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR – II. maior investimento (custos maiores);
UFPR – 2017) A empresa ALFA, presente há 15 anos no III. dependência de terceiros.
mercado, abrirá uma nova fábrica e com isso precisará
de novos insumos para sua operação. A equipe de com- Pode-se afirmar que:
pras precisará estruturar o processo para adquirir esses
novos insumos visando atender essa nova necessidade. a) somente I está correta.
Assinale a alternativa que representa a sequência ideal b) somente II está correta.
do processo de compras a ser estabelecido. c) somente III está correta.
d) há apenas duas afirmativas corretas.
a) Preparação do processo, planejamento da compra, e) todas estão corretas.
seleção de fornecedores, concorrência, contratação e
controle da entrega. Resposta: Letra D. As desvantagens da verticalização
b) Planejamento da compra, preparação do processo, incluem perda de flexibilidade e maior investimento.
seleção de fornecedores, concorrência, contratação e Porém não há dependência de terceiros, uma vez que a
controle da entrega. empresa prioriza por produzir todos ou a maior quan-
c) Preparação do processo, planejamento da compra, tidade de itens para a produção do produto final. A
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e dependência de terceiros ocorre estratégia de horizon-
controle da entrega. talização.
d) Planejamento da compra, preparação do processo,
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
controle da entrega. OU SUPPLY CHAIN MANAGEMENT
e) Preparação do processo, planejamento da compra,
concorrência, contratação, seleção de fornecedores e De acordo com Slack et. al (2006, p. 305) a expressão
controle da entrega. rede de suprimentos é utilizada para “designar todas as
unidades produtivas que estavam ligadas para prover o
Resposta: Letra A. A sequência ideal do processo de suprimento de bens e serviços para uma empresa e para
compras são Preparação do Processo de Compras (fase gerar a demanda por esses bens e serviços até os clientes
de elaboração do processo de compra), Planejamen- finais”.
to da Compra (indicação de fornecedores e elabora A rede de suprimentos é formada pela cadeia de su-
condições gerais e específicas relacionadas à compra), primentos que gerencia todas as tarefas, atividades e
Seleção de Fornecedores (seleciona os fornecedores unidades produtivas que ligadas fluem bens e serviços,
com enfoque na abertura de concorrência, analisa o para dentro e para fora da empresa, na busca de agregar
desempenho dos fornecedores e sua capacidade de valor a todos os envolvidos na cadeia.
suprimento), Concorrência (negociação com os for-
necedores: expedição de consulta, abertura, análise e A Gestão da Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain
avaliação de propostas), Contratação (definição pelo Management (SCM) refere-se a um processo integrado
fornecedor ideal e realização do pedido), Controle de que envolve fornecedores, produtor, distribuidores e
entrega (acompanhamento com o fornecedor desde o clientes no compartilhamento de informações e planeja-
pedido até a fase de entrega, recebimento do material mentos que visam o canal mais eficiente e mais competi-
e encerramento do processo). tivo para prover suprimentos.
A Cadeia de Suprimentos visa otimizar os processos
2. (CRQ 18ª – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO objetivando a satisfação do cliente e a criação de vanta-
– QUADRIX – 2016) Vários são os tipos ou critérios de gem competitiva.
classificação de materiais, determinados em função das in- Segundo Chiavenato (2005, p. 112)
formações gerenciais desejadas pelo gestor de materiais. O SCM permite visualizar todo o processo de gera-
A possibilidade de fazer ou comprar é um desses critérios ção continuada de valor desde a chegada da ma-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e tem por objetivo prover a informação de quais materiais téria-prima até a entrega do produto acabado ao
poderão ser produzidos internamente pela organização e cliente final de maneira integrada e sistêmica. Esse
quais deverão ser adquiridos no mercado. As categorias é o ciclo integral que vai da matéria-prima entregue
de classificação podem ser assim listadas: • materiais a se- pelo fornecedor até a chegada do produto acabado
rem produzidos internamente; • materiais a serem adqui- ao consumidor final.
ridos; • materiais a serem recondicionados (recuperados)
internamente; • materiais a serem produzidos ou adquiri- Para haver as ações integradas entre os diversos par-
dos (depende de análise caso a caso pela organização). A ticipantes da Cadeia de Suprimentos, há necessidade de
decisão sobre produzir ou adquirir um item de material no uso avançado de tecnologia da informação, por meio de
mercado é tomada pela cúpula da organização, conside- sistemas de gerenciamento de informações e pesquisas
rando os custos e a estrutura envolvida. Nesse contexto, operacionais modernos e avançados.

67
Assim, podemos definir Direito Administrativo como
o conjunto de princípios e regras que regulam o exercício
EXERCÍCIOS COMENTADOS
da função administrativa exercida pelos órgãos e agentes
estatais, bem como as relações jurídicas entre eles e os
1. (COBRA TECNOLOGIA S.A. – TÉCNICO ADMINIS- demais cidadãos.
TRATIVO – MÉDIO – ESPP – 2012) __________ é a inte-
gração dos processos do negócio, desde os fornecedores Não devemos confundir Direito Administrativo com
até o consumidor final, que assegure os suprimentos de a Ciência da Administração. Apesar da nomenclatura ser
produtos, serviços e informações, de tal forma que acres- parecida, são dois campos bastante distintos. A admi-
cente valor ao cliente. nistração, como ciência propriamente dita, não é ramo
jurídico. Consiste no estudo de técnicas e estratégias de
a) Administração de Materiais. controle da gestão governamental. Suas regras não são
b) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. independentes, estão subordinadas às normas de Direi-
c) Gestão do Estoque. to Administrativo. Os concursos públicos não costumam
d) Compras. exigir que o candidato tenha conhecimentos de técnicas
administrativas, mas requerem que conheçam a Admi-
Resposta. Letra B. A Gestão da Cadeia de Suprimen- nistração como entidade governamental, com suas prer-
tos ou Supply Chain Management (SCM) refere-se a rogativas e prestando serviços para a sociedade.
um processo integrado que envolve fornecedores,
produtor, distribuidores e clientes no compartilha- Determinar a natureza jurídica de um ramo do Direito
mento de informações e planejamentos que visam o significa, de modo geral, estabelecer em qual grupo ele
canal mais eficiente e mais competitivo para prover pertence. Podemos classificar os ramos de Direito brasi-
suprimentos. Busca otimizar os processos objetivando leiro em dois grandes grupos: os ramos de Direito Públi-
a satisfação do cliente e a criação de vantagem com- co, e os de Direito Privado. Quanto à natureza jurídica,
petitiva. não há dúvida de que o Direito Administrativo é ramo
de Direito Público. Isso porque o Direito Administrativo
regula as atividades estatais na gestão de seus negócios,
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS: recursos e pessoas. A simples presença do Poder Público
OBJETO, PRINCÍPIOS, ANÁLISE, faz com que ele não se enquadre no grupo do Direito Pri-
ENCAMINHAMENTO, NOÇÕES DE vado, que são os ramos jurídicos cujas regras disciplinam
PROTOCOLO. as atividades dos particulares.

#FicaDica
Administração vem do latim “administrare”, que signi- São ramos de Direito Público: Direito Consti-
fica direcionar ou gerenciar negócios, pessoas e recursos, tucional, Administrativo, Tributário, Penal, Pro-
tendo sempre como objetivo alcançar metas específicas. cesso Penal, Processo Civil, Eleitoral, Ambiental,
A noção de gestão de negócios está intimamente ligada Urbanístico, Trabalhista, entre outros. Somente
com o ramo de Direito Administrativo. Compreender as o Direito Civil, o Direito Empresarial e o Direito
noções básicas de Direito Administrativo significa definir do Trabalho pertencem à esfera de Direito Pri-
a ele um conceito, determinar sua natureza, as fontes de vado. O Direito do Trabalho é uma anomalia,
onde se origina, e também os princípios que o regem. pois apresenta natureza mista.

CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS As fontes do Direito são os elementos que dão ori-
gem ao próprio direito. O Direito Administrativo tem al-
A doutrina possui divergências quanto ao conceito gumas peculiaridades em relação a suas fontes que são
de Direito Administrativo. Enquanto uma corrente dou- importantes para nossos estudos.
trinária define Direito Administrativo tendo como base a
ideia de função administrativa, outros preferem destacar Primeiramente, devemos salientar que o Direito Ad-
o objeto desse ramo jurídico, isso é, o Estado (Adminis- ministrativo não é ramo jurídico codificado. Isso quer
dizer que não existe na legislação brasileira um “Códi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tração Pública e Estado são utilizados como sinônimos),


composto por seus órgãos e agentes. Há também uma go de Direito Administrativo”. A matéria encontra-se de
terceira corrente de doutrinadores que, ao conceituar um modo muito mais amplo. É possível verificar normas
Direito Administrativo, evidenciam as relações jurídicas administrativas presentes, por exemplo, na Constituição
existentes entre as pessoas e os órgãos do Estado. Federal de 1988, em seu art. 37, que estabelece os mem-
Embora haja essa diferença de correntes na doutri- bros da Administração Pública e seus princípios; na Lei
na, nenhuma delas está incorreta. Todos os elementos nº 8.666/1993, que dispõe sobre normas de licitações e
apontados fazem parte do Direito Administrativo. Por contratos administrativos; na Lei nº 8.987/1995, que re-
isso, vamos conceituá-lo utilizando todos esses aspectos gulamenta as concessões e permissões de serviços públi-
em comum. cos para entidades privadas; entre outros.

68
É costume dividir as fontes de Direito Administrati- Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível
vo em fontes primárias e fontes secundárias. As fontes que os princípios e as regras são normas que apresen-
primárias são aquelas de caráter principal, são capazes tam força cogente máxima. Porém, como os princípios
de originar normas jurídicas por si só. Já as fontes se- possuem valores fundamentais de um ramo jurídico, são
cundárias são derivadas das primeiras, por isso possuem considerados hierarquicamente superiores. Violar uma
caráter acessório. Elas ajudam na compreensão, interpre- regra é um erro grave, mas violar um princípio é erro
gravíssimo: é cometer ofensa a todo um ordenamento
tação e aplicação das fontes de direito primárias.
de comandos.
São fontes de Direito Administrativo:
Os princípios de Direito Administrativo estão expres-
sos no caput do artigo 37 da Constituição Federal. Por
isso, muitos costumam denominá-los como Princípios
a) Legislação em sentido amplo, seja na Constituição, Constitucionais de Direito Administrativo. Prescreve o ar-
seja nas Leis esparsas, nos Princípios, em qualquer tigo constitucional que:
veículo normativo.
b) Doutrina, todo o trabalho científico realizado por
um renomado autor, seja uma obra, ou um parecer A administração pública direta e indireta de qualquer
jurídico, com o objetivo de divulgar conhecimento; dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fed-
c) Jurisprudência, o conjunto de diversos julgados eral e dos Municípios obedecerá aos princípios de le-
num mesmo sentido; galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
d) Costumes jurídicos, tudo que for considerado eficiência [...]
uma conduta que se repete no tempo. Importante
1. Princípio da legalidade
frisar que, das fontes mencionadas, apenas a Lei
é fonte primária do Direito Administrativo, sendo
O princípio da legalidade remete ao fato de que a Ad-
o único veículo habilitado para criar diretamente ministração Pública só pode fazer aquilo que a lei permi-
obrigações de fazer e não fazer. A doutrina, a juris- te. Trata-se de uma garantia de que nenhum agente es-
prudência, e os costumes jurídicos são considera- tatal tenha poderes para agir fora da lei e praticar abusos
das fontes secundárias. contra os cidadãos. Os membros da Administração são
absolutamente submissos às leis, não podem expressar
FIQUE ATENTO! vontades pessoais. Este princípio, além de passar segu-
A jurisprudência pode, excepcionalmente, rança jurídica ao indivíduo, limita o poder do Estado.
apresentar força cogente igual às leis quan- O princípio da legalidade é fruto do próprio Estado
do versar sobre matéria disposta em Súmu- de Direito. O art. 5º, II, da CF/1988, dispõe que “ninguém
la Vinculante do Supremo Tribunal Federal. será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se-
Trata-se de decisão colegiada de cumpri- não em virtude de lei;”. Mas o princípio da legalidade, no
mento obrigatório, conforme dispõe o art. Direito Administrativo, ganha um contorno especial. Por
103-A da CF/1988. ser ramo de Direito Público, o princípio da legalidade im-
põe que o Poder Público não pode agir por vontade pró-
Por fim, convém estudar os Princípios de Direito Ad- pria, e que todos os seus atos estejam previstos em lei.
ministrativo. Por motivos didáticos, costuma-se dividir as Completamente distinta é a aplicação da legalidade em
normas cogentes em regras e princípios. um ramo de Direito Privado, pois os particulares agem
com ampla liberdade para praticar os atos da vida civil
Regras são normas cogentes que traduzem um co- e empresarial. Assim, o princípio da legalidade é mais
mando direto, são criadas pelo legislador (portanto, são brando, e configura apenas em atribuir limites às liber-
positivadas), e são utilizadas para a solução de casos dades dos cidadãos.
concretos e específicos.
2. Princípio da impessoalidade
Os princípios, por sua vez, delimitam os valores fun-
damentais de um ramo do Direito, possuem conteúdo O princípio da impessoalidade, como o próprio nome
muito mais abrangente. São considerados de hierarquia diz, impõe à Administração Pública um dever de agir com
superior, dado o seu caráter geral e abstrato. Os prin- imparcialidade na defesa do interesse público. É vedado
cípios são descobertos pela doutrina, através da análise qualquer forma de discriminação ou tratamento diferen-
das regras, retirando os aspectos concretos desta. O le- ciado entre os administrados.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

gislador, dessa forma, tem um papel indireto na criação Tal princípio é de extrema importância pois ele tam-
dos princípios. bém traduz em uma diferença entre a Administração e
os seus agentes enquanto pessoas físicas. A atuação dos
agentes públicos é sempre imputada ao Estado. O agir
#FicaDica impessoal da Administração faz com que a responsabi-
As regras são específicas, e sempre positivadas
lidade pela execução de seus atos recaia somente nela
na legislação. Já os princípios, mais gerais, po-
mesma. Por isso que, em regra, havendo má conduta de
dem ser, ou não, positivados, ou seja, previstos um agente público, capaz de causar danos a outrem, a
expressamente ou podendo ser implícitos, in- responsabilização para a reparação dos danos é imputa-
terpretados pelas fontes secundárias com base da à própria Administração, e não ao agente que prati-
nas regras. cou a conduta danosa.

69
3. Princípio da moralidade 5. Princípio da eficiência

Este princípio diz respeito aos atos administrativos O princípio da eficiência é de origem mais recente.
praticados pelo Poder Público. Trata-se de um requisi- Foi adicionado ao dispositivo constitucional por meio da
to de validade desses atos, assim como a legalidade e a Emenda Constitucional nº 19/1998. Este princípio zela
impessoalidade. Sem a moralidade, a própria Administra- pela implantação de um modelo de administração ge-
ção perderia o seu motivo de existir, pois tornar-se-ia em rencial, voltada para um maior alcance de resultados na
algo completamente inútil. atuação do Poder Público.
Não basta apenas que os agentes exerçam suas fun- É também dever do servidor público prestar serviço com
ções: é imprescindível que exerçam uma “boa-adminis- economicidade, celeridade, redução de custos e desperdí-
tração”. Muitos concursos gostam de fazer uma compa- cios; sempre buscando atingir os melhores resultados com
ração entre a moralidade administrativa e a moral comum produtividade e rendimento funcional. Esses são os valores
a todos os cidadãos, embora é evidente que trata-se de principais da eficiência, garantindo à sociedade uma real
dois conceitos bastante distintos: enquanto a moral co- efetivação dos propósitos necessários, como por exemplo,
mum se baseia nas ideias de honestidade, boa-fé, deco- saúde, educação, etc.
ro, e lealdade, a moral administrativa toma por base tais A adoção da eficiência fez com que a Administra-
valores, e atribui a seus agentes algo a mais, qual seja, o ção Pública brasileira elevasse de patamar, pois com a
dever de zelar pela boa execução de seu serviço. reforma proposta pela EC nº 19/1998, surge o modelo
Nossa legislação impõe a moralidade aos agentes de administração pública gerencial, que se contrapõe
da Administração em diversos dispositivos. Além, claro, ao modelo passado de administração burocrática, que
do preceito disposto no caput do art. 37, temos também apresentava maior ênfase em processos e ritos do que
o conteúdo do art. 5º, LXXIII, também da CF/1988 que no alcance de objetivos e resultados.
permite qualquer cidadão propor ação popular que vise Contudo, a eficiência não autoriza sua prevalência em
a anular ato lesivo à moralidade administrativa. Temos relação ao princípio da legalidade. A busca por melhores
também o preceito do art. 166 da Lei nº 8.112/1990, que resultados deve estar sempre nos ditames da Lei. Lem-
elenca como deveres dos servidores públicos ser leal às bre-se que o Estado é pessoa jurídica de Direito Públi-
instituições que servir. Por fim, o art. 85, V, da CF/1988, co e, por isso a ele não é aplicável a lógica da iniciativa
determina como crime de responsabilidade do Presiden- privada. Não pode, por exemplo, objetivar ao lucro, não
te da República os atos que atentarem contra a probida- são aplicáveis as regras de compliance, encontradas com
de na administração. maior frequência nas grandes empresas privadas, entre
outros.
4. Princípio da publicidade

Para que os atos sejam conhecidos pela sociedade, é #FicaDica


necessário que eles sejam publicados e divulgados. So- Para facilitar a memorização dos princípios
mente com a publicação de certos atos é que passarão constitucionais administrativos, lembre-se
a ter eficácia no âmbito jurídico. Por isso a grande im- da palavra “limpe”!
portância da publicidade dos atos administrativos: além • Legalidade
de demonstrar transparência para com os administrados, • Impessoalidade
trata-se de uma questão de eficácia jurídica erga omnes, • Moralidade
isso é, que é de conhecimento por todas as pessoas. • Publicidade
Além disso, o princípio da publicidade também se tra- • Eficiência
duz no direito que toda pessoa tem para obter acesso
a informações de seu interesse. Ou, nos termos do art.
5º, XXXIII, da CF/1988: “todos têm direito a receber dos PROCESSO ADMINISTRATIVO
órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no Como vimos anteriormente, a Administração é o ato
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recur-
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so- sos, com o objetivo de alcançar metas definidas.
ciedade e do Estado” A gestão de uma empresa ou organização faz-se de
Os atos gerais da Administração sempre serão publi- forma que as atividades sejam administradas com plane-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cados no Diário Oficial. Já os atos individuais, cujo des- jamento, organização, direção e controle.
tinatário é uma pessoa certa, ou os atos internos da Ad- Segundo alguns autores (Montana e Charnov), o ato
ministração, serão comunicados pela pessoa interessada. de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou-
A publicidade dos atos administrativos, todavia, com- tras pessoas na busca de realizar objetivos da organiza-
porta algumas exceções, isso é, hipóteses em que é au- ção bem como de seus membros.
torizado o sigilo das informações: nos casos em que a O processo administrativo apresenta-se como uma
divulgação promova riscos para a segurança do Estado sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados
ou da sociedade (art. 5º, XXXIII da CF/1988); ou que pos- todos à obtenção de um resultado final. O procedimento
sam atingir a intimidade dos envolvidos (art. 5º, X, da é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e
CF/1988). progressivamente ordenados em vista da produção des-
se resultado.

70
O devido processo legal simboliza a obediência às normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia constitu-
cional concedida a todos os administrados, assegurando um julgamento justo e igualitário, assegurando a expedição
de atos administrativos devidamente motivados bem como a aplicação de sanções em que se tenha oferecido a diale-
ticidade necessária para caracterização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais já têm demonstrado essa posição
no sistema brasileiro, qual seja, de defesa das garantias constitucionais processuais no sentido de conceder ao cidadão
a efetividade de seus direitos.
Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos cidadãos inúmeros direitos e não garantisse a eficácia destes.
Nesse desiderato, o princípio do devido processo legal ou, também, princípio do processo justo, garante a regularidade
do processo, a forma pela qual o processo deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados os atos processuais
e administrativos.
Cabe ressaltar que o princípio do devido processo legal resguarda as partes de atos arbitrários das autoridades
jurisdicionais e executivas.
O processo é composto de fases e atos processuais rigorosamente seguidos, viabilizando às partes a efetividade do
processo, não somente em seu aspecto jurídico-procedimental, mas também em seu escopo social, ético e econômico,
assegurando o cumprimento dos princípios constitucionais processuais, somente aí ter-se-á a efetivação de um Estado
Democrático de Direito.
Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do público, mediante processo justo e mediante a segurança
dos trâmites legais do processo.

FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

A administração, assim como suas funções, sofreu constantes mudanças, muito visíveis no último século. Com a
chegada de novas tecnologias, novas formas de produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil e financeira
as teorias assim como a prática precisaram adaptar-se a uma nova realidade administrativa.
Das funções da administração de Henri Fayol (precursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que são
demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
Planejar, isso significa que você terá que criar planos para o futuro de sua organização. Nesse momento, começa-
mos a programar o que estava no planejamento com o objetivo claro de colocar em prática o que está no papel, e é
durante este passo da programação que vemos a estrutura organizacional, a situação da empresa e das pessoas que
a compõem.
A segunda função da administração é organizar. Afinal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? É aquela
que sabe onde, fisicamente, se encontra o que é necessário no momento certo? Que transforma o ambiente/local de
trabalho dela em um ambiente de fácil entendimento para qualquer um encontrar o que precisa? Também, mas, no
sentido que Fayol define, é que as empresas são feitas de pessoas e de estrutura física, essa função administrativa utiliza
da parte material e social da empresa.
A terceira função é comandar. Essa função serve para orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a organização
para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.
A quarta função é coordenar. Sem dúvidas, essa é uma função primordial para motivar as pessoas que estão em um
ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto aos que têm relação em se esforçarem com o objetivo
de cumprirem metas e, de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
E, por último, a quinta função administrativa é controlar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá
menos desempenho que uma que tenha. Segundo Fayol, essas cinco funções administrativas conduzem a uma ad-
ministração eficaz das atividades da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação
formaram uma só função, a de Direção. Então as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Dirigir
e Controlar).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

71
Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Disponível em: COELHO, Fernando; Carlos Alberto Bonezzi; Luci Léia De Oliveira Pedraça; Paulo Roberto Motta; Car-
los Ramos. Internet: <www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br>. (Adaptado.)

1. Planejamento Estratégico

O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente permite associá-lo desde a um curso de ação bas-
tante preciso até ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.
A estratégia pode ser considerada um instrumento: o planejamento estratégico. Essa parte do planejamento estratégico
corresponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos fortes e fracos da or-
ganização, e das empresas e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para fora, o planejamento
cumpriria a função de orientar as ações da organização para que ela possa buscar oportunidades e a própria sobrevivência.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e interven-
ção, além de processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da “vivência” cotidiana da organização em seus
embates internos e com o ambiente.

2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos e técnicas


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O planejamento estratégico poderia ser definido como um processo de gestão que apresenta, de maneira inte-
grada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua missão, sua
orientação, seus objetivos, suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para assegurar sua imple-
mentação. É a identificação de fatores competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de
ação que resultem em vantagem competitiva, com base na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para
um determinado período. Portanto, o planejamento estratégico não deve ser considerado apenas como uma afirmação
das aspirações de uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito para transformar essas aspirações em reali-
dade. Quando se considera a metodologia para o desenvolvimento do planejamento estratégico nas empresas, têm-se
duas possibilidades, que se definem:
• em termos da empresa como um todo, “aonde se quer chegar e depois se estabelece “como a empresa está para
se chegar à situação desejada”; ou

72
• em termos da empresa como um todo “como se - Negócio: É o ramo de atuação da organização, de-
está” e depois se estabelece “aonde se quer che- limita o campo em que ela estará desenvolvendo
gar”. Pode-se considerar uma terceira possibilidade suas atividades. Está muito ligado ao tipo de pro-
que é definir “aonde se quer chegar” juntamente duto ou serviço que a organização oferece e nem
com “como se está para chegar lá”. Cada uma des- sempre é tão óbvio. Por exemplo, o negócio da Co-
sas possibilidades tem a sua principal vantagem. penhagen não é chocolates e sim presentes finos.
No primeiro caso, é a possibilidade de maior criati- Para exemplificar com uma organização pública, o
vidade no processo pela não existência de grandes negócio do TCU é o “controle externo da adminis-
restrições. A segunda possibilidade apresenta a tração pública e da gestão dos recursos públicos
grande vantagem de colocar o executivo com o pé federais”.
no chão quando inicia o processo de planejamento
estratégico. - Visão de futuro: É considerada como os limites
que os principais responsáveis pela empresa conseguem
O planejamento estratégico é o processo por meio do enxergar dentro de um período de tempo mais longo e
qual a estratégia organizacional será explicitada. uma abordagem mais ampla. Representa o que a empre-
Podemos identificar, como características do planeja- sa quer ser em um futuro próximo ou distante
mento estratégico:
- É responsabilidade da cúpula da organização; A visão deve ser:
- Envolve a organização como um todo; • Compartilhada e apoiada por todos na organiza-
- Planejamento de longo prazo; ção
- Outros níveis do planejamento (tático e operacional) • Abrangente e detalhada
serão desdobrados dele. • Positiva e inovadora
• Desafiadora mas viável
• Transmitir uma promessa de novos tempos
Um bom planejamento estratégico deve, em seu iní-
• Agregar um aspecto emocional
cio, incluir a definição do referencial estratégico da or-
ganização. Este referencial é o grande guia das organi-
Exemplos de visão:
zações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o
Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em
seu posicionamento frente ao mercado. Representam o
administração tributária e aduaneira, referência nacional
planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são
e internacional”.
as bases para que a organização possua uma estratégia
TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con-
sólida e sustentável.
tribuir para o aperfeiçoamento da administração pública”.
Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de - Valores: Representam o conjunto dos princípios,
futuro e os valores organizacionais. crenças e questões éticas fundamentais de uma
empresa, bem como fornecem sustentação a todas
- Missão: pode ser entendida como o papel que a as suas principais decisões.
empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera-
os benefícios que a sua atividade produtiva - seja cionalização do planejamento estratégico.
ela industrial, comercial ou prestação de serviços - Os valores da empresa devem ter forte interação com
trará para a coletividade ou, pelo menos, aos seus as questões éticas e morais da empresa
clientes. Missão é, portanto, a função social da ati-
vidade da empresa dentro de um contexto global.
Vejamos quatro exemplos de missão organizacional: #FicaDica
Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração
tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e res- Por mais simples que pareçam estes concei-
peito ao cidadão, em benefício da sociedade”. tos, comumente são cobrados de forma que
gerem dúvidas, portanto, é muito importan-
te que consiga identificar não só o concei-
MPOG – “Promover o planejamento participativo e a
to, mas como diferenciá-lo em uma situação
melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sus-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prática.
tentável e socialmente includente do País”. A empresa bem-sucedida tem uma visão do
TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recur- que pretende, e esta visão trabalhada em
sos públicos, em benefício da sociedade”. consonância com seus valores, tendo como
Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas ati- base em seu modelo de gestão a missão que
vidades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados fornece à empresa o seu impulso e sua di-
nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços reção.
de qualidade, respeitando o meio ambiente, consideran-
do os interesses dos seus acionistas e contribuindo para
o desenvolvimento do país”.

73
2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do 2.3. Analisar fatores externos da empresa
negócio.
• considerações políticas, legais de cidadania da co-
- Através da visão é possível identificar quais são as munidade;
expectativas e os desejos dos acionistas, conselhei- • atratividade da indústria, mudanças da indústria e
ros e elementos da alta administração da empresa, condições competitivas;
tendo em vista que esses aspectos proporcionam • oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de
o grande delineamento do planejamento estraté- fazer com que a estratégia de uma empresa seja
gico a ser desenvolvido e implementado. A gerên- socialmente responsável, significa conduzir as
cia deve definir: “quem são”, “o que fazem” e “para atividades organizacionais eticamente e no inte-
onde estão direcionados”, estabelecendo um curso resse público geral, responder positivamente às
para a organização. prioridades e expectativas sociais emergentes, de-
A visão pode ser considerada como os limites que os monstrar boa vontade de executar as ações antes
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- que ocorra um confronto legal, equilibrar os in-
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma teresses dos acionistas com os interesses da so-
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- ciedade como um todo e comportar-se como um
senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da bom cidadão na comunidade. A estratégia de uma
vontade de uma pessoa. empresa deve fazer uma combinação perfeita da
A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto indústria com as condições competitivas e ainda
procura-se determinar qual o negócio da empresa, por precisa ser direcionada para conquistar oportuni-
que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a dades de crescimento. Do mesmo modo a estra-
empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui se procura tégia deve ser equipada para proporcionar defesa
responder à pergunta básica: “Aonde se quer chegar com do bem-estar da empresa e do seu desempenho
a empresa?” “Na realidade, a missão da empresa repre-
futuro contra ameaças externas.
senta um horizonte no qual a empresa decide atuar e
vai realmente entrar em cada um dos negócios que apa-
2.4. Analisar fatores internos da empresa
recem neste horizonte, desde que seja viável sobre os
vários aspectos considerados”.
• pontos fortes e pontos fracos da empresa e capaci-
dades competitivas;
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez
• ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios
considerados viáveis e interessantes para a empresa,
éticos dos executivos;
passam a ser denominados propósitos da empresa.
• valores compartilhados e cultura da empresa. A es-
Os objetivos correspondem à explicitação dos seto- tratégia deve ser muito bem combinada com os
res de atuação dentro da missão que a empresa já atua pontos fortes, os pontos fracos e com as capaci-
ou está analisando a possibilidade de entrada no setor, dades competitivas da empresa, ou seja, deve ser
ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzi- baseada naquilo que ela faz bem e deve evitar
da. As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob- aquilo que ela não faz bem. Os pontos fortes bá-
jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se sicos de uma organização constituem uma impor-
à competitividade da empresa e as perspectivas de longo tante consideração estratégia pelas habilidades e
prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se capacidades que fornecem para aproveitar deter-
com medidas como o crescimento das receitas, retorno minada oportunidade, aonde podem proporcionar
sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai- vantagem competitiva para a empresa no merca-
xa e retorno dos acionistas. do e potencialidade que tem para se tornar a base
da estratégia. As ambições, valores, filosofias de
2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os obje- negócio, atitudes perante o risco e crenças éticas
tivos. dos gerentes têm influências importantes sobre a
estratégia e são impregnadas nas estratégias que
Estabelecer estratégia significa definir de que maneira eles elaboram. Os valores gerenciais também mo-
pode se atingir os objetivos de desempenho da empre- delam a qualidade ética da estratégia de uma em-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sa. A estratégia é concebida como uma combinação de presa, quando os gerentes têm fortes convicções
ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria éticas, exigem que sua empresa observe um estrito
em desenvolvimento e eventos competitivos. Raramente código de ética em todos os aspectos do negócio,
a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alte- como por exemplo, falar mal dos produtos rivais.
rada. Há necessidade de adaptação de acordo com as As políticas, práticas, tradições e crenças filosóficas
variáveis do mercado, necessidades e preferências do da organização são combinadas para estabelecer
consumidor, manobras estratégias de empresas concor- uma cultura distinta. Em alguns casos as crenças e
rentes. cultura da empresa chegam a dominar a escolha
das mudanças estratégicas.

74
O planejamento estratégico deve estar alinhado a 3. Modelo ou matriz de Ansoff
este referencial.

Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo


analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas
conforme seus autores.

Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com-


preende quatro etapas principais:

A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta-


pa busca compreender a situação atual da empre-
sa, e as decisões que foram tomadas e levaram a
tal posição. Deve considerar o referencial estraté-
gico, os produtos e mercados atuais ou potenciais
da organização, as vantagens competitivas (ele-
mentos capazes de diferenciar a organização de
outras no mercado), o desempenho atual e o uso Temos dois componentes principais no modelo: Mer-
de recursos. cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia- quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. empresariais possíveis:
C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em
D) Elaboração do plano estratégico. explorar produtos tradicionais em um mercado tradicio-
nal.
A análise de ambiente corresponde à avaliação de Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex-
variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis o produto para um público específico, como os torcedo-
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- res de um time”.
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
governabilidade da organização. produtos novos a mercados tradicionais.
Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi- consiste em explorar novos produtos em novos merca-
co apresenta estas etapas: dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi- tégia de diversificação.
são, a análise externa, análise interna e análise dos
concorrentes; Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-
b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini- to estratégico, 3 grupos:
ção da razão de ser da empresa e as consequências - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
de tal definição; forte identidade própria para o serviço ou produto,
que o torne nitidamente distinto dos produtos e
c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati-
serviços dos concorrentes. Isso significa enfatizar
vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão
uma ou mais vantagens competitivas, como qua-
dizer como a organização deve atuar para alcançar
lidade, serviço, prestígio para o consumidor, estilo
os objetivos definidos. Instrumentos quantitativos,
do produto ou aspecto das instalações.
basicamente, são aqueles ligados ao planejamento
- Liderança de custo: consiste em oferecer produtos
orçamentário;
ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em
- Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste
que se avalia se o que está sendo feito correspon- em escolher um segmento do mercado e concen-
de ao que foi planejado trar-se nele. Por exemplo, produtores de alimentos
orgânicos oferecem um alimento mais caro, mas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

concentrado em um nicho específico de clientes.

4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)

O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-


los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,
as interferências dos campos político, econômico e social
nos planos de governo.

75
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar Na prática temos três tipos de planejamentos:
significa pensar antes de agir, pensar sistematicamen-
te, com método; explicar cada uma das possibilidades e
analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; pro-
por-se objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os mo-
mentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realida-
de, identificando-se os problemas que os atores
sociais declaram. Abandona o conceito de setor,
utilizado no planejamento tradicional, e passa a
trabalhar com o conceito de problemas. “Na expli-
cação da realidade temos que admitir e processar
informação relativa a outras explicações de outros
atores sobre os mesmos problemas, isto é, a abor-
dagem deve ser sempre situacional, posicionada
no contexto”.
• Momento normativo: como se formula o plano.
Produzir as respostas de ação em um contexto de
incerteza. Definir a situação ideal. “O central neste
modelo de planejamento é discutir a eficácia de
cada ação e qual a situação objetivo que sua re- Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de mé-
alização objetiva, cada projeto e isso só pode ser dio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afe-
feito relacionando os resultados desejados com os tam somente uma parte da empresa.
recursos necessários e os produtos de cada ação” Tem como eixo central otimizar determinadas áreas
• Momento estratégico: examinar a viabilidade po- de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto,
lítica do plano e do processo de construção de trabalha com decomposição dos objetivos e políticas es-
viabilidade política das operações não viáveis na tabelecidas no planejamento estratégico.
situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode ser”. O planejamento tático é desenvolvido em níveis or-
Busca desenhar as melhores estratégias para viabi- ganizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível ge-
lizar a máxima eficácia do plano. rencial ou departamental, tendo como principal finalida-
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. de a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a
“Neste momento é importante debater o sistema consecução de objetivos previamente fixados, segundo
de gestão da organização e até que ponto ele está uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
pronto para sustentar o plano e executar as estra- orientadoras para o processo decisório organizacional.
tégias propostas”. Características Principais:
- Processo permanente e contínuo;
Os principais pressupostos teóricos do método PES - Aproxima o estratégico do operacional;
são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, - Aproxima os aspectos incertos da realidade;
que apontam as diferenças entre o PES e os demais mé- - É executado pelos níveis intermediários da organi-
zação;
todos de planejamento estratégico:
- Pode ser considerado uma forma de alocação de
1) como explicar a realidade?
recursos;
2) como conceber um plano?
- Tem alcance mais limitado do que o planejamento
3) como tornar viável o plano necessário?
estratégico, ou seja, é de médio prazo;
4) como agir a cada dia de forma planejada? - Produz planos mais bem direcionados às atividades
organizacionais.
5. Planejamento Tático

Planejamento é a primeira das funções administrati-


vas, e está relacionada com tudo aquilo que a organiza-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção pretende fazer, executar, alcançar.


Podemos considerar o planejamento como “o ato de
determinar as metas da organização e os meios para al-
cançá-las”.

76
Questões essenciais:
- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
desenvolvimento e implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
execução e implantação.

77
ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceitos, requisitos, elementos, pressupostos,


classificação e espécies

Conceitos e pressupostos

O ato administrativo é uma espécie de fato adminis-


trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica
do direito administrativo.
Por seu turno, “a expressão atos da Administração
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que
Ciclo básico dos três tipos de planejamento
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema
administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade,
entre os atos da Administração se enquadram atos
#FicaDica que não se caracterizam propriamente como atos ad-
O planejamento estratégico é o ponto de ministrativos, como é o caso dos atos privados da Ad-
partida da organização e tem como  fun- ministração. Exemplo: os contratos regidos pelo direito
ção  antecipar o que a organização de- privado, como a compra e venda, a locação etc. No mes-
verá fazer e quais objetivos deverão ser mo plano estão os atos materiais, que correspondem aos
atingidos, enquanto quem formaliza  as fatos administrativos, noção vista acima: são eles atos da
metodologias de desenvolvimento é o Administração, mas não configuram atos administrativos
planejamento tático e quem executa é o
típicos. Alguns autores aludem também aos atos políti-
operacional.
cos ou de governo”1.
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
Fonte e textos adaptados de: www periodicos.unifor-
mg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis-
Grzybovski/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos tração, referentes às ações da Administração no atendi-
Xavier mento de seus interesses e necessidades operacionais e
instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e obri-
gações que os particulares. O regime jurídico será o de
EXERCÍCIO COMENTADO direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra
de bens de consumo, contratação de água/luz/internet.
1. (TRE-TO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE Basicamente, envolve os interesses particulares da Admi-
– 2017) nistração, que são secundários, para que ela possa aten-
O direito administrativo consiste em um conjun- der aos interesses primários – no âmbito destes interesses
to de regramentos e princípios que regem a atuação da primários (interesses públicos, difusos e coletivos) é que
administração pública, sendo esse ramo do direito cons- surgem os atos administrativos, que são atos públicos da
tituído pelo seguinte conjunto de fontes: Administração, sujeitos a regime jurídico de direito público.
Os atos administrativos se situam num plano superior
de direitos e obrigações, eis que visam atender aos inte-
a) lei em sentido amplo e estrito, doutrina, jurisprudência
e costumes. resses públicos primários, denominados difusos e coleti-
vos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressu-
b) lei em sentido amplo e estrito, jurisprudência e nor- postos de existência e validade diversos dos estabelecidos
mas.
para os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na
c) costumes, jurisprudência e doutrina. Lei de Ação Popular e na Lei de Processo Administrati-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) lei em sentido amplo, doutrina e costumes. vo Federal. Ao invés de autonomia da vontade, haverá
a obrigatoriedade do cumprimento da lei e, portanto, a
e) lei em sentido estrito, jurisprudência e doutrina. administração só poderá agir nestas hipóteses desde que
esteja expressa e previamente autorizada por lei2.
Resposta: Letra A. As leis são fontes primárias e ime-
diatas de direito administrativo, independentemente
se adveio de processo originário do Poder Legislativo 1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
ou não. Além da legislação, a doutrina, jurisprudência tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
e os costumes também são fontes de direito adminis- 2 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri-
trativo, porém secundárias ou mediatas. ma Cursos Preparatórios, 2004.

78
motivo legal. Nos casos em que o motivo legal
#FicaDica não está descrito na norma, a lei deu competência
Atos da Administração ≠ Atos administrativos. discricionária para que o sujeito escolha o motivo
Atos privados da Administração = atos da Ad- legal (o motivo deve ser oportuno e conveniente).
ministração → regime jurídico de direito pri- A teoria dos Motivos Determinantes afirma que os
vado. motivos alegados para a prática de um ato admi-
Atos públicos da Administração = atos admi- nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que
nistrativos → regime jurídico de direito públi- a prática de um ato administrativo mediante a ale-
co. gação de motivos falsos ou inexistentes determina
a sua invalidade.
5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou de-
Fato e ato administrativo clara, manifestando a vontade do Estado. A lei não
fixa qual deve ser o conteúdo ou objeto de um ato
Fato administrativo é a “atividade material no exercí- administrativo, restando ao administrador preen-
cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem cher o vazio nestas situações. O ato é branco/in-
prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos definido. No entanto, deve se demonstrar que a
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrati- prática do ato é oportuna e conveniente.
vos voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por
atos administrativos, que formalizam a providência Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do
desejada pelo administrador através da manifesta- objeto do ato é discricionária não significa que seja arbi-
ção da vontade; 2ª) por condutas administrativas, que trária, pois deve se demonstrar a oportunidade e a con-
refletem os comportamentos e as ações administrativas, veniência.
sejam ou não precedidas de ato administrativo formal. Já
os fatos administrativos naturais são aqueles que se origi- Mérito = oportunidade + conveniência
nam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem
na órbita administrativa. Assim, quando se fizer referência
a fato administrativo, deverá estar presente unicamente a
#FicaDica
noção de que ocorreu um evento dinâmico da Adminis-
tração”3. Para memorizar, note que os requisitos do ato
Requisitos ou elementos administrativo se apresentam sob o mnemôni-
co ComFiFoMOb:
1) Competência: é o poder-dever atribuído a deter- COMpetência
minado agente público para praticar certo ato ad- FInalidade
ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente FOrma
público devem estar revestidos de competência. A Motivo
competência é sempre fixada por lei. Objeto
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad-
ministrativo foi abstratamente criado pela ordem
jurídica. A lei estabelece que os atos administrati- Competência administrativa: conceito e critérios
vos devem ser praticados visando a um fim, nota- de distribuição
damente, a satisfação do interesse público. Contu-
do, embora os atos administrativos sempre tenham A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
por objeto a satisfação do interesse público, esse sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos-
interesse é variável de acordo com a situação. Se a sível impor que um único órgão as exercesse por com-
autoridade administrativa praticar um ato fora da pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os
finalidade genérica ou fora da finalidade específi- diversos órgãos que compõem a Administração Pública.
ca, estará praticando um ato viciado que é chama- Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Ad-
do “desvio de poder ou desvio de finalidade”. ministração Pública é conhecida como competência.
3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no Conceitua Carvalho Filho4 que “competência é o cír-
mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma es- culo definido por lei dentro do qual podem os agentes
crita. Eventualmente, pode ser praticado por sinais exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ou gestos (ex.: trânsito). A forma é sempre fixada que a competência administrativa pode ser colocada em
por lei. plano diverso da competência legislativa e jurisdicional.
4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato A competência é pressuposto essencial do ato admi-
administrativo e dela se extrai o motivo, que é o nistrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
acontecimento real que autoriza/determina a prá- Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a
tica do ato administrativo. É o ato baseado em fa- lei e a CF fixam as competências primárias, que abran-
tos e circunstâncias, que o administrador por esco- gem o órgão como um todo; podendo existir atos in-
lher, mas deve respeitar os limites e intenções da ternos de organização que fixam as divisões de compe-
lei. Nem sempre os atos administrativos possuem tências dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos.
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

79
A competência se reveste de dois atributos essen- a Administração Pública manifestar-se obrigatoriamente,
ciais: inderrogabilidade, pois não se transfere de um qualificando o silêncio como manifestação de vontade.
órgão a outro por mera vontade entre as partes ou por Nesses casos, é possível afirmar que estaremos diante de
consentimento do agente público; e improrrogabili- um ato administrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio
dade, pois um órgão competente não se transmuta em é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos
incompetente mesmo diante de alteração da lei super- de ato administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao
veniente ao fato. silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de
O ato praticado por sujeito incompetente prescin- certo prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua
de de pressuposto essencial para o ato administrativo,
determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante
sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir
de um fato jurídico administrativo”5.
efeitos.
É possível fixar os critérios de competência nos se-
guintes moldes: Classificação
a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da
função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta- a) Classificação quanto ao seu alcance:
rias de diversas especialidades. 1) Atos internos: praticados no âmbito interno da
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
atividades mais complexas a agentes/órgãos de administrativos.
graus superiores dentro dos órgãos. 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter- Administração, atingindo administrados e contra-
ritorial de atividades. tados. São obrigatórios a partir da publicação.
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com-
petência por tempo determinado, notadamente b) Classificação quanto ao seu objeto:
diante de algum evento específico, como de cala- 1) Atos de império: praticados com supremacia em
midade pública. relação ao particular e servidor, impondo o seu
obrigatório cumprimento.
Avocação e delegação de competência 2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con-
dição com o particular, ou seja, sem usar de suas
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a
prerrogativas sobre o destinatário.
competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
3) Atos de expediente: praticados para dar anda-
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
os casos de delegação e avocação legalmente admi- mento a processos e papéis que tramitam interna-
tidos”. mente na administração pública. São atos de rotina
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a administrativa.
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver
subordinação; ou horizontal, quando não houver subordi- c) Classificação dos atos quanto à formação (pro-
nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser cesso de elaboração):
revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou
Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos. agente da Administração.
Avocar é solicitar o que seria de competência de ou- 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade
tro para sua esfera de competência. Basicamente, é o de mais de um órgão ou agente administrativo.
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior 3) Ato composto: nasce da manifestação de vonta-
pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe- de de um órgão ou agente, mas depende de ou-
rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical. tra vontade que o ratifique para produzir efeitos e
O silêncio no direito administrativo tornar-se exequível.
Relacionada à questão da forma do ato administrati-
vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra-
d) Classificação quanto à manifestação da vonta-
tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um
de:
ato válido. Neste sentido:
1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma-
“Uma questão interessante que merece ser analisada
nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

no tocante ao ato administrativo é a omissão da Admi-


nistração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem
Essa omissão é verificada quando a administração deve- os atos administrativos unilaterais.
ria expressar uma pronuncia quando provocada por ad- 2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani-
ministrado, ou para fins de controle de outro órgão e, festação de vontade de duas pessoas.
não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silên- 3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela
cio da administração não é um ato jurídico, mas quando vontade de mais de duas pessoas.
produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico ad- Ex.: Contrato administrativo.
ministrativo. [...] Denota-se que o silêncio pode consistir
em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou
5 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio admi-
não. Em determinadas situações poderá a lei determinar
nistrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.

80
e) Classificação quanto ao destinatário:
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, #FicaDica
com finalidade normativa, atingindo uma gama de Dentre as classificações, merece destaque
pessoas que estejam na mesma situação jurídica aquela que recai sobre o caráter vinculado ou
nele estabelecida. O particular não pode impug- discricionário de um ato administrativo.
nar, pois os efeitos são para todos. Ato vinculado – Obrigatório
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter- – Não há margem para a Administração cum-
minada, criando situações jurídicas individuais. O prir de outra forma
particular atingido pode impugnar. – A lei fixa requisitos e pressupostos de forma
expressa e clara, rejeitando margem de inter-
f) Classificação quanto ao seu regramento: pretação.
1) Atos vinculados: são os que possuem todos os Ato discricionário – Facultativo
pressupostos e elementos necessários para sua – O administrador decidirá caso a caso confor-
prática e perfeição previamente estabelecidos em me critérios de oportunidade e conveniência
lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis- (o denominado mérito do ato administrativo)
trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se – Há margem de interpretação que a própria
denomina ato de exercício obrigatório. lei deixa, afinal, a lei não pode tudo regular e
2) Atos discricionários: são os atos que possuem impedir por completo a atuação do adminis-
parte de seus pressupostos e elementos previa- trador porque se caracterizaria ingerência do
mente fixados pela lei autorizadora. No mínimo, Legislativo no Executivo.
a competência, a finalidade e a forma estão pre- – Não significa que o administrador pode agir
viamente fixados na lei – são os pressupostos de forma arbitrária, se seu ato discricionário
vinculados. Aquilo que está em branco ou inde- não atender a parâmetros de razoabilidade e
finido na lei será preenchido pelo administrador. proporcionalidade poderá ser questionado.
Tal preenchimento deve ser feito motivadamente
com base em fatos e circunstâncias que somente
o administrador pode escolher. Contudo, tal esco-
lha não é livre, os fatos e circunstâncias devem ser FIQUE ATENTO!
adequados (razoáveis e proporcionais) aos limites Cabe controle judicial dos atos administrativos
e intenções da lei. discricionários? Não quanto ao mérito, porém
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos sim no caso de violação de parâmetros gerais
administrativos se classificam em vinculados ou discri- do Direito Administrativo, como os princípios
cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o da administração pública.
procedimento quase que plenamente delineados em
lei, enquanto os discricionários são aqueles em que o
dispositivo normativo permite certa margem de liber- Atributos
dade para a atividade pessoal do agente público, es- 1) Imperatividade: em regra, a Administração de-
pecialmente no que tange à conveniência e oportuni- creta e executa unilateralmente seus atos, não de-
dade, elementos do chamado mérito administrativo. A pendendo da participação e nem da concordância
discricionariedade como poder da Administração deve do particular. Do poder de império ou extroverso,
ser exercida consoante determinados limites, não se que regula a forma unilateral e coercitiva de agir
constituindo em opção arbitrária para o gestor público, da Administração, se extrai a imperatividade dos
razão porque, desde há muito, doutrina e jurisprudência atos administrativos.
repetem que os atos de tal espécie são vinculados em 2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração
vários de seus aspectos, tais como a competência, forma pode concretamente executar seus atos indepen-
e fim”6. dente da manifestação do Poder Judiciário, mesmo
quando estes afetam diretamente a esfera jurídica
de particulares.
3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou
publicado pela Administração é presumivelmente
verdadeiro, seja na forma, seja no conteúdo, o que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

se denomina “fé pública”. Evidente que tal presun-


ção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de
ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação
declaratória de falsidade, que irá argumentar que
houve uma falsidade material (violação física do
documento que traz o ato) ou uma falsidade ide-
ológica (documento que expressa uma inverdade).
4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Admi-
nistração agir se presume que o fez conforme a
lei. Tal presunção é relativa (juris tantum), podendo
6 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revis-
contudo ser ilidida por qualquer meio de prova.
ta_artigos_leitura&artigo_id=3741

81
Resposta: Errado. Licença é o ato administrativo uni-
#FicaDica lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
Todo ato administrativo tem presunção de àquele que preencha os requisitos legais o exercício
veracidade e de legitimidade, mas nem todo de uma atividade.
ato administrativo é imperativo (pode precisar
da concordância do particular, a exemplo dos Atos administrativos em espécie
atos negociais).
1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos vi-
sando a correta aplicação da lei. São exemplos:
decretos, regulamentos, regimentos, resoluções,
deliberações, entre outros.
EXERCÍCIOS COMENTADOS A Administração, por intermédio da autoridade que
tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
1. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - explicar e especificar um comando já contido em lei. Não
CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi-
atos da administração pública. vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o
Todos os fatos alegados pela administração pública são Legislativo poderá sustar o ato.
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad- Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei, nomos. A Constituição Federal prevê a competência do
em decorrência das presunções de veracidade e de legiti- Presidente da República para dispor sobre a organiza-
midade, respectivamente. ção e o funcionamento da administração pública federal,
conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
( ) CERTO ( ) ERRADO sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Resposta: Certo. Conforme a presunção de veracida- [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização
de, todo ato editado ou publicado pela Administração e funcionamento da administração federal, quando não
é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já de acor- órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi-
do com a presunção de legitimidade, sempre que a cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu
Administração agir se presume que o fez conforme a poder regulamentar: regulando para buscar a fiel execu-
lei. Ambas presunções são relativas (juris tantum). ção de uma lei específica ou para organizar a adminis-
tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos
2. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - chamados decretos autônomos7).
CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se
refere a atos administrativos, julgue o item que se segue. 2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento
Na classificação dos atos administrativos, um critério co- da Administração e a conduta de seus agentes.
mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato Possuem, assim, um caráter interno.
pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple- Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada-
xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois mente, os poderes de ordenar, comandar, fiscalizar e
ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de
com um só conteúdo e finalidade. competência, avocação de competência, expedição de
ordem de serviço e instruções específicas (de caráter não
( ) CERTO ( ) ERRADO normativo).
Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o que São exemplos: instruções, circulares, avisos, portarias,
nasce por meio da manifestação de vontade de um órgão ofícios, despachos administrativos, decisões administra-
(unipessoal ou colegiado) ou agente da Administração. tivas.
Já o ato complexo é aquele que nasce da manifestação
de vontade de mais de um órgão ou agente adminis- 3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre
trativo (o ato é uno, mas ocorrerá a manifestação de Administração e administrado em consenso. Em
mais de um agente, todas igualmente relevantes). Já o suma, o particular solicita e a Administração res-
ato composto nasce da manifestação de vontade de um ponde – daí haver uma certa bilateralidade, que,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

órgão ou agente, mas depende de outra vontade que o contudo, se difere da típica bilateralidade de negó-
ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível. cios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma
relação de contraprestação usual nos contratos.
3. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- Como são solicitados pelo particular, estes atos não
VA - CESPE/2018) A respeito do direito administrativo, são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente,
dos atos administrativos e dos agentes públicos e seu o poder público terá discricionariedade em atender ou
regime, julgue o item a seguir. não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável).
A licença consiste em um ato administrativo unilateral e São exemplos: licenças, autorizações, permissões,
discricionário. aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia.
7 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
( ) CERTO ( ) ERRADO
Paulo: Saraiva, 2011.

82
4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Admi-
nistração certifica ou atesta um fato sem vincular ao Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles que
seu conteúdo. São atos administrativos apenas no tem por objetivo definir os parâmetros de execução
sentido formal, pois não manifestam uma vontade da lei e, como ela, possuem generalidade e abstração.
da Administração, mas sim apenas declaram certa in- Consideram-se atos normativos os decretos e as reso-
formação. Não possuem conteúdo decisório. luções. Contudo, as circulares, cujo propósito é circular
São exemplos: atestados, certidões, pareceres. uma informação interna importante ao desempenho
das funções do órgão, orientando seus servidores, ca-
5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições recem de generalidade e abstração, inserindo-se na ca-
aos servidores. Se insere no campo do poder disci- tegoria de atos ordinatórios, cujo propósito é viabilizar
plinar. o exercício do poder hierárquico, disciplinando o fun-
São exemplos: advertências, suspensões, cassações e cionamento da administração e a atuação dos agentes.
destituições.
2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
Parecer: responsabilidade do emissor
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Julgue o
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por item a seguir, relativo a atributos, espécies e anulação
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles dos atos administrativos.
que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
estariam em regra excluídos os atos de juízo, conheci- tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad-
mento e opinião; por outro lado, se os atos administrati- ministrativo ordinatório.
vos abrangem toda declaração do Estado, teoricamente
poderiam ser englobados os atos de juízo, conhecimento ( ) CERTO ( ) ERRADO
e opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que
exteriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões. Resposta: Certo. Regulamento tem por fim disciplinar
É possível classificar os pareceres em: parecer facul- o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e
tativo, quando faculta algo a alguém (geralmente auto- abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem
ridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem a de serviço visa determinar a um servidor que exerça
sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada; determinada atividade de sua alçada, caracterizando-
parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas -se por sua especificidade e pela relevância no exer-
no aspecto de emanar de um agente especializado, com cício do poder hierárquico pela Administração, sendo
habilidade técnica específica, sem relação de hierarquia; assim um ato ordinatório.
parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas
não há obrigação em se seguir a opinião emanada; pare- Validade, vícios, convalidação e extinção do ato ad-
cer normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato ministrativo
como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do
que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião Validade, eficácia e autoexecutoriedade do ato ad-
necessariamente deve ser seguida. ministrativo
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o
parecer, deverá ser considerada a natureza do parecer Destaca-se esquemática trazida por Baldacci9:
para determinar se há ou não responsabilidade solidá-
- Quando todos os pressupostos especiais exigidos por
ria. No caso em que o parecer não vincula o adminis-
lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito
trador, podendo este praticar o ato seguindo ou não o
(P).
posicionamento defendido e sugerido por quem emitiu
o parecer, este não pode ser considerado responsável - Quando estes pressupostos preenchidos respeita-
solidariamente com o agente que possui a competência rem o que a lei exige, falamos que é válido (V).
e atribuição para o ato administrativo decisório. Contu- - Quando está apto a surtir seus efeitos próprios fala-
do, no caso de parecer vinculante, há responsabilidade mos que é eficaz (E).
solidária8.
1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes
em regra.
2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos po-
EXERCÍCIOS COMENTADOS dem não ser eficazes se estiver pendente o imple-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mento de condição.
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - CES- 3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido
PE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos adminis- é, em regra, ineficaz.
trativos. 4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido
São exemplos de atos administrativos normativos os decre- pode ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e
tos, as resoluções e as circulares. for relevante para a segurança jurídica manter tais
efeitos.
( ) CERTO ( ) ERRADO 5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfei-
8 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O parecer to não é válido e nem eficaz.
jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acerca da
natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. Âmbi- 9 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri-
to Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012. ma Cursos Preparatórios, 2004.

83
6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfei- Vícios do ato administrativo
to pode gerar efeitos impróprios, que não depen-
dem da execução do ato, como o efeito impróprio Os vícios dos atos administrativos podem se referir
reflexo (repercussão em outros atos ou situações a sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do
jurídicas) e o efeito impróprio prodrômico (efeito sujeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação
de natureza procedimental que implica numa pro- de função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode
vidência ou etapa necessária para aperfeiçoamen- caracterizar excesso de poder, quando excede os limites
to do ato, como a manifestação de um segundo da competência que tem, o sujeito pode incidir no crime
agente ou órgão). de abuso de autoridade; pode se detectar função de fato,
7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito quando quem pratica o ato está irregularmente investido
pode preencher os requisitos de validade, mas se no cargo, emprego ou função – situação com aparên-
lhe faltar um pressuposto especial será imperfeito cia de legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de
e, logo, ineficaz.
incapacidade do sujeito – pode haver impedimento ou
suspeição, ambos casos de anulabilidade.
Quanto à autoexecutoriedade, atributo do ato ad-
Os vícios dos atos administrativos também podem se
ministrativo, em regra, a Administração pode concreta-
mente executar seus atos independente da manifestação referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato
do Poder Judiciário, mesmo quando estes afetam direta- ilegal = nulo; diverso do previsto legalmente para o caso
mente a esfera jurídica de particulares. concreto; impossível (exemplo: a nomeação para cargo
que não existe); imoral; indeterminado (desapropriação
Ato administrativo inexistente de bem não definido com precisão).
Os vícios podem atingir a forma, quando a lei ex-
A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega pressamente exige e não é respeitada, e ainda o motivo,
relevância jurídica aos chamados atos administrativos quando pressupostos de fato e/ou de direito não existem
inexistentes sob o fundamento de que seriam equivalen- e/ou são falsos.
tes aos atos nulos. Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio são desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o
Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra- agente pratica ato administrativo sem observar o inte-
tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com- resse público e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei.
portamentos que correspondem a condutas criminosas, Teoria dos motivos determinantes
portanto, fora do possível jurídico e radicalmente veda-
das pelo Direito”. “A teoria dos motivos determinantes está relaciona-
O ato inexistente é aquele que não reúne os elemen- da a prática de atos administrativos e impõe que, uma
tos necessários à sua formação e, assim, não produz vez declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado.
qualquer consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado.
embora reúna os elementos necessários a sua existência, Para que haja obediência ao que prescreve a teoria, no
foi praticado com violação da lei, da ordem pública, dos entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compa-
bons costumes ou com inobservância da forma legal10. tível com o resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos
determinantes não condiciona a existência do ato, mas
Atos administrativos nulos e anuláveis/Teoria das
sim sua validade”12.
nulidades
Convalidação do ato administrativo
“Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor-
malmente resultante da ausência de um de seus elementos
constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles (por Convalidação é o ato administrativo que, com efeitos
exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com objeto retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a tor-
não previsto em lei e o ato praticado com desvio de finalida- ná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato pos-
de). O ato nulo está em desconformidade com a lei o com os terior que sana um vício de um ato anterior, transforman-
princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo) e seu defeito do-o em válido desde o momento em que foi praticado.
não pode ser convalidado (corrigido). O ato nulo não pode Há alguns autores que não aceitam a convalidação
produzir efeitos válidos entre as partes. [...] Ato inexistente dos atos, sustentando que os atos administrativos so-
é aquele que possui apenas aparência de manifestação de mente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam
vontade da administração pública, mas, em verdade, não se à convalidação seriam os atos anuláveis.
origina de um agente público, mas de alguém que se pas-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sa por tal condição, como o usurpador de função. [...] Ato Existem três formas de convalidação:
anulável é o que apresenta defeito sanável, ou seja, passível - Ratificação: é a convalidação feita pela própria auto-
de convalidação pela própria administração que o praticou, ridade que praticou o ato;
desde que ele não seja lesivo ao interesse público, nem cau- - Confirmação: é a convalidação feita por autoridade
se prejuízo a terceiros. São sanáveis o vício de competência superior àquela que praticou o ato;
quanto à pessoa, exceto se se tratar de competência exclusi- - Saneamento: é a convalidação feita por ato de ter-
va, e o vício de forma, a menos que se trate de forma exigida ceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o
pela lei como condição essencial à validade do ato”11. ato nem por autoridade superior.
10 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/auditor-fiscal-do-
-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-administrativo-inexis- descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
tente.htm 12 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-que-consiste-
11 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo -a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-maria-ferraz-de-sousa

84
Não se deve confundir a convalidação com a conversão do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regularizar
a situação, ele é transformado em outro, de diferente tipologia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado, poderá
ser convertido, transformando-se em ato válido.

Extinção dos atos administrativos


Pode se dar nas seguintes situações:
1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto
de vista jurídico.
2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será considerado
extinto.
3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada do
ato administrativo em decorrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou administrativamente, preservando-
-se os direitos dos terceiros de boa-fé; por revogação, que é a retirada do ato administrativo em decorrência da
sua inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da
Lei, efetuando-se a revogação na via administrativa; cassação, que é a retirada do ato administrativo em decor-
rência do beneficiário ter descumprido condição tida como indispensável para a manutenção do ato; contrapo-
sição ou derrubada, que é a retirada do ato administrativo em decorrência de ser expedido outro ato fundado
em competência diversa da do primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao daquele, de modo a inibir a
continuidade da sua eficácia; caducidade, que é a retirada do ato administrativo em decorrência de ter sobre-
vindo norma superior que torna incompatível a manutenção do ato com a nova realidade jurídica instaurada.
4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua conti-
nuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que concedem privilégios e prerrogativas.
5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar
concordância, tida como indispensável para que o ato pudesse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro
beneficiário recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse será extinto.

Cassação

Cassação é a retirada do ato administrativo em decorrência do beneficiário ter descumprido condição tida como
indispensável para a manutenção do ato. Embora legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se torna ilegal na
sua execução a partir do momento em que o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Por exemplo, uma
pessoa obteve permissão para explorar o serviço público, porém descumpriu uma das condições para a prestação des-
se serviço. Vem o Poder Público e, a título de penalidade, procede a cassação da permissão.

Anulação

Anulação é a retirada do ato administrativo em decorrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou adminis-
trativamente, preservando-se os direitos dos terceiros de boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com
efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegitimidade. Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e
legitimidade) e pela Administração Pública (aspectos legais e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as
consequências passadas, presentes e futuras.

Revogação

Revogação é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em face


dos interesses públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via administrati-
va. Trata-se da extinção de um ato administrativo legal e perfeito, por razões de conveniência e oportunidade, pela
Administração, no exercício do poder discricionário. O ato revogado conserva os efeitos produzidos durante o tempo
em que operou. A partir da data da revogação é que cessa a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. Só
pode ser praticado pela Administração Pública por razões de oportunidade e conveniência, não cabendo a intervenção
do Poder Judiciário. A revogação não pode atingir os direitos adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc, não retroage.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

85
#FicaDica

Anulação Revogação Convalidação


Correção de atos com vícios que
Retirada de atos válidos e não
Retirada de atos inválidos podem ser sanados, respeitado
viciados, respeitado o direito
eivados por vícios ilegais o interesse público e preservado
adquirido
o direito de terceiros
Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc
Cabe por parte da Administração Cabe apenas por parte da Cabe apenas por parte da
e do Judiciário Administração Administração
Incide sobre atos vinculados e Incide apenas atos Incide sobre atos vinculados ou
discricionários discricionários discricionários
Se o vício for insanável a Sempre será um ato
anulação é um ato vinculado; Sempre será um ato discricionário, pois o
se o vício for sanável é um ato discricionário, pois apenas se administrador pode optar
discricionário (pode optar por revogam atos com esta natureza entre anulação e convalidação
convalidar) quando o vício for sanável
Justificativa - conveniência e Justificativa - supremacia do
Justificativa - ilegalidade
oportunidade interesse público
Prazo - 5 anos Não há prazo Não há prazo

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
No caso de vício de competência, cabe a revogação do ato administrativo, desde que sejam respeitados eventuais
direitos adquiridos de terceiros e não tenha transcorrido o prazo de cinco anos da prática do ato.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Em se tratando de vício de competência, cabe anulação, pois a revogação incide sobre o mérito
do ato administrativo, já a competência vem definida em lei, o que torna o ato de sua definição vinculado. Sendo
vinculado o ato, a existência de vício poderá gerar anulação ou convalidação, sendo que a segunda apenas será
possível se o vício de competência for sanável e a critério discricionário do administrador.

2. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos
administrativos.
O ato administrativo praticado com desvio de finalidade pode ser convalidado pela administração pública, desde que
não haja lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Para que um ato possa ser convalidado, é necessário observar se o vício é sanável. Não são sa-
náveis os vícios que afetam diretamente um dos elementos do ato administrativo – e a finalidade é um deles. Sem a
devida finalidade, nenhum ato atende seu preceito máximo, a legalidade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito dos
atos da administração pública.
A motivação do ato administrativo pode não ser obrigatória, entretanto, se a administração pública o motivar, este
ficará vinculado aos motivos expostos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. O enunciado descreve a clássica teoria dos motivos determinantes, segundo a qual, uma vez exa-
rado o motivo do ato, este vinculará o administrador. Neste sentido, por exemplo, se forem resolvidos os problemas
expostos no motivo para a negação de uma solicitação, a decisão deverá mudar.

86
Federais (art. 33, idem), bem como os bens da Adminis-
tração Pública Indireta, inclusive os bens particulares,
BENS PÚBLICOS: AQUISIÇÃO, DESTINAÇÃO pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Privado, mas
GESTÃO que são afetados à prestação de um serviço público,
como os bens das empresas públicas, sociedades de eco-
nomia mista, concessionárias e permissionárias.

CONCEITO DE BENS PÚBLICOS 1. Características dos bens públicos

Denomina-se domínio público o conjunto de bens, Os bens públicos, em regra, pertencem à Administra-
móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, pertencentes ção Pública. Por esse motivo, são dotados de um regime
ao Estado. Bens públicos, na verdade, é uma expressão
jurídico especial que os diferenciam dos bens particula-
mais abrangente, uma vez que existem bens constituin-
tes do patrimônio público que são regidos pelas regras res. De modo geral, podemos identificar quatro atributos
de Direito Privado. essenciais dos bens públicos:
Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O di- a) Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não
reito brasileiro não apresenta uma concepção satisfa- podem ser vendidos livremente como os bens
tória na visão dos autores administrativos. No mínimo, particulares, pois a legislação impõe certas condi-
utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que dispõe:
ções específicas para a alienação de tais bens. Há
“São públicos os bens do domínio nacional pertencentes
às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os autores que preferem a denominação alienação
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que per- condicionada. Pela inalienabilidade, também po-
tencerem”. Tal conceito, todavia, não é unanimemente demos afirmar que os bens públicos não podem
aceito pelos doutrinadores administrativistas, que divide ser embargados, hipotecados, desapropriados, pe-
seu posicionamento baseado nas seguintes correntes: nhorados, reivindicados, e nem poderão ser objeto
a) Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- de servidão.
dem estar absolutamente correto o dispositivo b) Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição
legal do Código Civil, e que o conceito de bens judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfazer
públicos deve abranger somente os bens que a execução promovida por outra. Ao dizer que os
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas de bens públicos são inalienáveis, pela lógica, conclui-
Direito Público. Embora esta seja a corrente mais -se que eles também não podem ser penhorados. É
aceita para os concursos públicos, entendemos
que ela peca em não incluir na concepção de bem a impenhorabilidade, inclusive, que justifica a exis-
público os bens das empresas públicas e socieda- tência de execução especial contra a Fazenda Públi-
des de economia mista. ca e da ordem dos precatórios disposto no art. 100
b) Corrente inclusivista: defendida por autores como da CF/1988, sendo impossível promover a execução
Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes Mei- normal dos bens da Administração pelas regras do
relles, consideram bens públicos todos os bens Código de Processo Civil. A impenhorabilidade tam-
pertencentes à Administração Pública Direta e
Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corrente bém atinge os bens públicos das empresas públicas,
não deixa clara a diferença de regime jurídico entre sociedades de economia mista e concessionárias,
os bens utilizados para a prestação de um serviço que são afetados à prestação de um serviço público.
público, e os bens destinados à exploração de ati- c) Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos, a
vidade econômica. imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso sig-
c) Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais
nifica que os bens públicos não são passíveis de
correta, pois define bens públicos não só aque-
les pertencentes as pessoas jurídicas de Direito usucapião, que é a forma de aquisição da proprie-
Público, como também os bens afetados a uma dade com a posse contínua de imóvel ao longo do
prestação de um serviço público. Os bens afe- tempo (art. 183, § 3º, da CF/1988, e art. 102 do CC).
tados às prestações de serviços públicos, mesmo Trata-se de uma característica atribuída a todos os
que não pertencentes a pessoas jurídicas de Direi- bens públicos, inclusive os bens dominicais.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

to Público, possuem atributos específicos dos de-


mais bens públicos, tais como a impenhorabilida-
de. Essa é a corrente defendida por Celso Antônio
Bandeira de Mello.

Com base no conceito disposto, podemos incluir


como bens públicos: os bens da Administração Pública
Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF/1988), dos
Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo critério resi-
dual, são todos aqueles não pertencentes à União e aos
Estados, como ruas, praças, parques), e dos Territórios

87
estarem destinados a um interesse público, não
podem ser alienados. São os bens de uso espe-
EXERCÍCIO COMENTADO cial, como as repartições públicas, mercados mu-
nicipais, veículos da Administração, etc; b.3) patri-
moniais disponíveis, são os bens que podem ser
1. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO – DEFENSORIA onerados e legalmente passíveis de alienação. É o
– FCC – 2018) Considerando a definição trazida pelo ar- caso dos bens dominicais ou dominiais, como as
tigo 98 do Código Civil brasileiro, segundo a qual são terras devolutas.
públicos os “bens do domínio nacional pertencentes às c) Quanto à destinação: os bens, sob esse critério,
pessoas jurídicas de direito público interno”, estão sub- poderão ser de três tipos:
c.1) bens de uso comum do povo;
metidos a regime jurídico de direito público os bens dos
c.2) bens de uso especial;
entes federativos: c.3) bens dominicais.

a) de suas autarquias e de empresas públicas, presta-


doras de serviço público e exploradoras de atividade EXERCÍCIO COMENTADO
econômica.
b) das entidades pertencentes à Administração indireta,
inclusive os das pessoas jurídicas de direito privado 2. (PAULIPREV-SP – PROCURADOR AUTÁRQUICO –
qualificadas pelo Poder Público como Organizações VUNESP – 2018) No tocante a bem público, é correto
Sociais. afirmar que:
c) de suas autarquias, fundações, de empresas públicas e
a) a alienação de bens imóveis, como regra, dependerá
de sociedades de economia mista, estas quando sujei-
de autorização legislativa, de avaliação prévia e de lici-
tas a regime jurídico de direito público
tação, realizada na modalidade de concorrência
d) de suas fundações privadas e autarquias, sendo que
b) afetação de bem a uso comum dependerá de avalia-
em relação a estas, apenas os afetados à prestação de ção prévia, assim como de autorização legislativa ou
serviços públicos. decreto.
d) de suas autarquias e de fundações públicas. c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se
confunde com concessão de uso, porque é forma de
Resposta: Letra E. Lembre-se que existem entidades alienação hoje admitida apenas para terras devolutas
pertencentes à Administração Indireta que possuem da União, Estados e Municípios.
personalidade jurídica de Direito Privado, como as d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre de-
empresas públicas e as sociedades de economia mis- penderão de lei.
ta. O referido artigo do Código Civil considera como e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio,
bens públicos apenas aqueles pertencentes às pes- que ocorre sempre que a Administração não mais ne-
soas jurídicas de Direito Público, como as autarquias cessita do bem expropriado, e o particular o aceita em
e as fundações públicas. A doutrina tende a ser mais retorno.
abrangente que o referido texto legal.
Resposta: Letra A. Alternativas B e D estão incorretas
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS porque o processo de afetação não depende de uma
lei específica, podendo se dar tacitamente pela ativi-
O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe- dade administrativa natural do Estado, ou até mesmo
cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, estabe- por iniciativa do proprietário particular. Alternativa C
lecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art. 99), a está errada pois não existe tal limitação para a alie-
inalienabilidade dos bens de uso comum e uso especial nação de bens públicas para as terras devolutas. Al-
(art. 100), a admissão de alienação dos bens dominicais ternativa E está incorreta, pois na verdade descreve
(art. 101), a imprescritibilidade dos bens públicos (art. hipótese de retrocessão, e não alienação.
102), e sua forma de utilização (art. 103).
Em relação a classificação dos bens públicos, a doutri-
USO DOS BENS PELO ADMINISTRADO
na costuma agrupá-los em três grupos:
Importante determinar as modalidades diferentes do
a) Quanto à titularidade: é o critério que estabelece
uso de bens públicos pelo administrado. Quanto à sua
os bens públicos de acordo com o nível federativo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

destinação, os bens públicos poderão ser de uso comum


da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser: do povo, de uso especial, ou ainda dominicais.
a.1) federais, a.2) estaduais, a.3) municipais, ou a.4)
distritais. 1. Bens de uso comum
b) Quanto à disponibilidade: os bens podem ser:
b.1) indisponíveis por natureza, que não possuem São os bens do domínio público, abertos a utilização
natureza patrimonial e insuscetíveis à qualquer universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, o
alienação ou oneração. Sãos os bens de uso co- meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, entre
mum do povo, como os mares, o meio ambiente, outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC prescre-
paisagens naturais, etc; b.1) patrimoniais indispo- ve que são bens públicos “os de uso comum do povo,
níveis, que apesar de terem valor de mercado, por tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”.

88
Pela sua característica de utilização universal, os bens
de uso comum são inalienáveis. Isso significa que, en- FIQUE ATENTO!
quanto mantiverem esse status de utilização geral por O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no jul-
toda a população, não poderá ser vendido ou onerado gamento do RESP nº 1.296.964 no dia 7 de
(art. 100 do CC). Para que possam ser devidamente alie- dezembro de 2016, firmou entendimento de
nados, precisam passar pelo processo de desafetação, ser possível que particulares possam discutir
hipótese em que se transformam em bens dominicais. a posse de imóvel localizado em área pública
Apesar da utilização ser comum a todos, nada impede sem destinação específica, por meio da tute-
que a utilização desses bens seja remunerada, ou seja, os la judicial possessória. Apesar de não haver
bens de uso comum não são obrigatoriamente gratuitos a possibilidade de transferência da proprie-
(art. 103, CC). dade do Estado ao particular, é possível que
2. Bens de uso especial este seja possuidor de referido imóvel domi-
nical, tendo por fundamento valores consti-
Também denominados bens do patrimônio admi- tucionais como a função social da proprie-
nistrativo, são os bens que apresentam uma destinação dade e o máximo aproveitamento do solo.
(finalidade) específica, e por isso, são considerados ins- Assim, podemos resumir o entendimento do
trumentos para a execução de serviços públicos. São os STJ na possibilidade do particular adquirir
prédios das repartições públicas, os cemitérios, os mer- posse ad interdicta de imóvel público, isso é,
cados municipais, os matadouros, etc. O art. 99, II, do CC admite proteção da posse pela via judicial,
assim dispõe que são bens públicos: “os de uso especial, mas a referida posse não enseja a usucapião,
tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou ou ad usucapionem.
estabelecimento da administração federal, estadual, ter-
ritorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias”
Assim como os bens de uso comum, os bens espe- 4. Alienação dos bens públicos
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado à sua
utilização específica e essencial para a prestação de um Os bens estatais, em regra, são inalienáveis. Porém,
serviço público, compondo o patrimônio indisponível tal regra comporta exceções. O legislador, para proteger
da Administração Pública. A sua alienação somente será o interesse público, impôs que a alienação dos bens pú-
possível também pela sua transformação em bens domi- blicos devesse seguir uma série de requisitos especiais,
nicais pela desafetação. que variam dependendo da pessoa a quem esses bens
pertençam. Tais requisitos encontram-se dispostos no
3. Bens dominicais art. 17 da Lei nº 8.666/1993, os quais agrupamos dessa
forma para fins didáticos:
São também denominados bens do patrimônio fis- I) Bens imóveis pertencentes às entidades da Admi-
cal da Administração. Não possuem uma destinação nistração Direta e autarquias e fundações necessi-
específica, podendo ser utilizado sem qualquer finalida- tam de interesse público devidamente motivado,
de pela Administração. São as terras devolutas, terrenos autorização legislativa, prévia avaliação, e proce-
baldios, carteiras de escolas públicas, títulos da dívida dimento de licitação na modalidade concorrência.
pública, etc. II) Bens imóveis pertencentes às empresas públicas,
A grande distinção entre os bens dominicais sobre os sociedades de economia mista e paraestatais ne-
demais é a ausência de interesse público na sua utiliza- cessitam de interesse público motivado, prévia
ção: os bens dominicais possuem apenas interesse pa- avaliação e procedimento de licitação na modali-
trimonial e secundário do Estado. Nesse sentido, o art. dade concorrência.
99, III, do CC assim prescreve serem dominicais os bens III) Bens móveis, independentemente de a quem per-
“que constituem patrimônio das pessoas jurídicas de di- tençam, necessitam de interesse público motivado,
reito público, como objeto de direito pessoal, ou real, avaliação prévia, e procedimento de licitação em
de cada uma destas entidades”. Mas os bens dominicais qualquer modalidade.
não precisam pertencer somente à Administração Direta.
Segundo o parágrafo único do artigo 99 do referido Có- Para os bens imóveis pertencentes à União, a Lei nº
digo: “Não dispondo a lei em contrário, consideram-se 9.636/1998 disciplina sobre os requisitos para a venda de
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de tais bens em seu artigo 24, in verbis:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

direito público a que se tenha dado estrutura de direito


privado”. O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta Art. 24. A venda de bens imóveis da União será feita
ao grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten- mediante concorrência ou leilão público, observadas
centes às fundações governamentais de Direito Privado as seguintes condições:
que não possuem destinação específica para a execução I - na venda por leilão público, a publicação do edital
de um serviço público. observará as mesmas disposições legais aplicáveis à
concorrência pública;
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances dis-
tintos para cada imóvel;
III - REVOGADO

89
IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará, Resposta: Letra B. O erro da alternativa diz respeito
no ato do pregão, sinal correspondente a, no mínimo, a usucapião, que é modo de aquisição originária da
10% (dez por cento) do valor da arrematação, comple- propriedade, e não derivada. No entanto, vale a pena
mentando o preço no prazo e nas condições previstas conferir o conteúdo das outras alternativas para fins
no edital, sob pena de perder, em favor da União, o de aprendizagem. Alternativa A está correta, o STJ já
valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, decidiu que é possível a penhora de bens pertencen-
se for o caso, a respectiva comissão; tes às pessoas jurídicas de Direito Privado. Alternativa
V - o leilão público será realizado por leiloeiro oficial C está correta, é o texto do art. 20, VIII, da CF/1988
ou por servidor especialmente designado; (o dispositivo utiliza o termo “hidráulica” ao invés de
VI - quando o leilão público for realizado por leiloeiro ofi- “hidroelétrica”). Alternativa D está correta, é o enten-
cial, a respectiva comissão será, na forma do regulamen- dimento da Súmula nº 650 do STF. Alternativa E está
to, de até 5% (cinco por cento) do valor da arrematação correta porque a utilização de bens públicos pode ser
e será paga pelo arrematante, juntamente com o sinal; remunerada, como forma de conservação da coisa pú-
VII - o preço mínimo de venda será fixado com base blica e proteção de seus usuários.
no valor de mercado do imóvel, estabelecido em ava-
liação de precisão feita pela SPU, cuja validade será BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE
de doze meses;
VIII - demais condições previstas no regulamento e no Matéria bastante cobrada em concursos públicos, os
edital de licitação. bens públicos podem ser dos mais diversos, exigindo do
candidato a memorização dos mesmos. Por outro lado,
5. Afetação e desafetação o estudo dos diversos tipos de bens é bastante autoex-
plicativo. Esmiuçaremos apenas aqueles que apresentam
Afetação é um termo que apresenta várias acepções alguma peculiaridade que justifique o detalhamento.
distintas. A acepção aceita pela maioria dos autores é a Conforme dispõe o art. 20 da CF/1988, são bens da
condição estática e atual de um bem público, que está União:
servindo a alguma finalidade pública. São os bens de
uso comum e de uso especial, como as paisagens naturais Art. 20. São bens da União:
de uso comum a todos, e o prédio de uma unidade hospi- I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
talar, cuja finalidade pública é a promoção da saúde. rem a ser atribuídos;
Por outro lado, desafetação é a situação de bem II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das
público que não se encontra servido a nenhuma uti- fronteiras, das fortificações e construções militares,
lidade pública em específico. São os bens dominicais, das vias federais de comunicação e à preservação am-
como o terreno baldio pertencente ao Estado. A desafe- biental, definidas em lei;
tação sempre ocorre mediante redação de lei específica, III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
nunca poderá ser tácita, isso é, não pode ser promovida terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
pelo simples desuso do referido bem. Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
EXERCÍCIO COMENTADO com outros países; as praias marítimas; as ilhas oce-
ânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que con-
3. (PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR – PROCURA- tenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
DOR DO MUNICÍPIO – FAUEL – 2018 )Sobre os bens afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
públicos, assinale a alternativa incorreta: federal, e as referidas no art. 26, II (as áreas, nas ilhas
oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
a) Apesar de o Código Civil de 2002 não incluir no con- excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios
ceito de bens públicos aqueles pertencentes às pesso- ou terceiros;)
as jurídicas de direito privado e atrelados à prestação V – os recursos naturais da plataforma continental e
de serviços públicos, o Superior Tribunal de Justiça re- da zona econômica exclusiva;
conhece a impenhorabilidade desses bens. VI – o mar territorial;
b) Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião, mo- VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dalidade de aquisição derivada da propriedade, mas é VIII – os potenciais de energia hidráulica;


plenamente possível bens particulares serem usucapi- IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
dos pelo Poder Público. X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
c) Os potenciais de energia hidroelétrica pertencem à queológicos e pré-históricos;
União, mesmo se localizados em rios estaduais. XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
d) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, res-
salvadas as terras que eram possuídas pelos nativos Terras devolutas são terras públicas, em regra, sem
no passado remoto, são de propriedade da União. destinação (bens dominicais) pelo Poder Público e que
e) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou em nenhum momento integraram o patrimônio de um
retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela particular, ainda que estejam irregularmente sob sua
entidade a cuja administração pertencer. posse. O art. 5º do Dec-Lei nº 9.760/1946, que dispõe

90
sobre os bens imóveis da União, define que pertencem à
União “na faixa da fronteira, nos Territórios Federais e no
Distrito Federal, as terras que, não sendo próprios nem
EXERCÍCIO COMENTADO
aplicadas a algum uso público federal, estadual territorial 4. (TRT-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
ou municipal, não se incorporaram ao domínio privado”. Um Município pretende se desfazer de um prédio onde
O termo “devoluta” dá a ideia de terra “devolvida”, ou “a funciona uma unidade escolar, mediante alienação por
ser devolvida ao Estado”. As demais terras devolutas meio de licitação, pois ela se insere em região que se
pertencem aos Estados. tornou bastante valorizada para empreendimentos imo-
A origem histórica das terras devolutas teve seu início biliários. Editou decreto autorizando a licitação. Esse ato:
com a colonização portuguesa, que adotou o sistema de
concessão de sesmarias para a distribuição de terras, por a) é ilegal, considerando que a alienação depende de lei
meio das capitanias hereditárias. Havia, para os donos autorizando a alienação e desafetando o bem de uso
desses lotes de terra, o dever de demarcá-las, sob a pena especial.
de reversão das terras à Coroa. Ocorre que, com a inde- b) é válido e regular, ficando condicionado à prévia deso-
pendência do Brasil, as terras que não foram trespassa- cupação do imóvel.
das, assim como as que foram revertidas à Coroa, passa- c) é inválido, não podendo ser considerado o resultado
ram a integrar o domínio imobiliário do Estado brasileiro, da licitação, independentemente de anulação.
englobando todas essas terras que não ingressaram no d) é aderente ao princípio da eficiência, tendo em vista
domínio privado por título legítimo ou por não recebe- que o interesse público será mais e melhor atendido
rem destinação pública. com a receita oriunda da alienação e destinada a ou-
tras políticas públicas.
Os recursos minerais podem ser explorados livre-
e) deve ser revogado, pois viola a norma legal que exige
mente pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal,
avaliação prévia e desafetação para somente então o
bem como as entidades da Administração Pública Indire-
bem poder ser alienado.
ta (autarquias, fundações, etc), para o uso exclusivo em
obras públicas por eles executadas diretamente. Quanto
Resposta: Letra A. Pela leitura da questão, percebe-se
ao aproveitamento desses recursos minerais, o art. 2º
que estamos diante de um bem público de uso es-
do Dec-Lei nº 227/1967 (Código de Minas) estabelece
pecial (o prédio onde funciona unidade hospitalar). A
que o aproveitamento dos recursos minerais será feito
possibilidade de alienação de tal bem se dá mediante
mediante concessão, autorização, licenciamento, regime processo de desafetação, que será feita pela edição
de permissão, ou até mesmo regime de monopólio, de- de lei específica autorizando a alienação. A “pegadi-
pendendo de cada caso. Dessa forma, conclui-se que a nha” da questão encontra-se na alternativa E. Como a
exploração de recursos minerais precisa de obrigatória desafetação necessita de lei específica autorizando tal
homologação, respeitando os direitos minerários em vi- procedimento, é ato vinculado, o que significa que só
gor nas áreas onde devam ser executadas as obras. pode ser extinto pela sua anulação, e não revogação.
Por fim, as terras tradicionalmente ocupadas por
índios são protegidas pela União, sendo vedada a sua Domínio público terrestre: evolução do regime jurí-
exploração econômica, haja vista serem inalienáveis e dico das terras públicas (urbanas e rurais) no Brasil
imprescritíveis (art. 231, § 4º, da CF/1988). As terras indí-
genas, dessa forma, são classificadas como bens públicos “Em uma primeira plana, cuida destacar que o regime
de uso especial. de terras públicas sofreu maciças mutações com o trans-
O art. 26 da Constituição Federal elenca os bens pú- correr da história, desde a descoberta do Brasil. Inicial-
blicos dos Estados. Cada inciso é autoexplicativo, não mente, todas as terras pertencerem à Coroa Portuguesa,
havendo necessidade de acrescentar pormenores. eis que se tratava de aquisição originária, consistente no
direito de conquista, que vigorava à época. Como bem
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: anota Hely Lopes Meirelles, ‘no Brasil todas as terras fo-
ram, originariamente, por pertencentes à Nação Portu-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, guesa, por direito de conquista’. Sucessivamente, o do-
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na mínio, de natureza estatal, passou ao Brasil-Império e ao
forma da lei, as decorrentes de obras da União; Brasil-República. Com o advento da evolução do regime,
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- diversas áreas públicas foram sendo, de maneira pau-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio latina, transferidas a particulares, apesar de ocorrer de
da União, Municípios ou terceiros; maneira desordenada e não serem os critérios adotados
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à para a privatização de o domínio imobiliário ser muito
União; bem conhecidos.
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as Anote-se, por oportuno, que os instrumentos mais
da União. conhecidos foram as concessões de sesmaria e as con-
cessões de data. A primeira era espécie de concessões era
‘assemelhadas à atual doação com encargos, outorgadas
no sistema de capitanias hereditárias e, logo depois, pe-
los governadores gerais’. Frise-se que os sesmeiros deve-
riam cumprir determinadas obrigações, dentre as quais o

91
cultivo da terra. As concessões de data, por sua vez, ‘era sua origem no latim devolutu, cujo sentido é o de des-
a doação que as Municipalidades faziam de terrenos das penhar, precipitar, rolar de cima, afastar-se. Em razão do
cidades e vilas para a edificação particular’. Com efeito, exposto, o termo devoluto passou a gozar de sentido de
tais concessões eram outorgadas a título gratuito. Salien- devolvido, adquirido por devolução, vago, desocupado.
te-se, ainda, que a transferência de terras públicas aos Desta feita, ao ser empregado em um sentido jurídico,
particulares poderia se efetivar por meio de compra e as terras devolutas passaram a ser conceituadas como
venda, doação, permuta e legitimação de posses. aquelas que se afastam do patrimônio das pessoas jurí-
Nesta esteira, a Lei Imperial nº 601, de 18.09.1850, dicas públicas sem se incorporarem, por qualquer título,
que dispõe sobre as terras devolutas do Império, foi res- ao patrimônio de particulares. ‘As terras devolutas fazem
ponsável por traçar os aspectos conceituais de terras de- parte do domínio terrestre da União, dos Estados, do Dis-
volutas, exigindo que sua alienação se desse por venda, e trito Federal e dos Municípios e, enquanto devolutas, não
não mais gratuitamente, salvo específicas áreas localiza- têm uso para serviços administrativos’.
das em zonas limítrofes com outros países, numa faixa de Não é demais ponderar que as terras devolutas per-
dez léguas, as quais poderiam ser concedidas gratuita- tenciam a Nação, até que sobreviesse a proclamação da
mente. O aludido diploma foi responsável, ainda, por tra- República; por meio da Constituição da República de
tar da revalidação das concessões de sesmarias e outras 1891 foram transferidas aos Estados-membros, confor-
do Governo geral e provincial; sobre a legitimação das me disposição contida no artigo 64, e alguns destes as
posses, estabeleceu o comisso; e, instituiu o processo de transpassaram, em parte, aos Municípios. A regra vigente
discriminação das terras públicas das particulares. ‘Não é que as terras devolutas são pertencentes aos Estados,
é, portanto, desarrazoada a regra segundo a qual toda alcançando as terras devolutas não compreendidas en-
terra, sem título de propriedade particular, se insere no tre as da União. A Constituição Federal de 1988, em seu
domínio público’. Quadra ponderar que a denominada artigo 20, inciso II, atribuiu à União as ‘terras devolutas
Lei de Terras foi regulamentada pelo Decreto Imperial nº indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
1.318, de 30.11.1854, que foi responsável pela criação da construções militares, das vias federais de comunicação e
Repartição Geral de Terras Públicas, bem como regulou
à preservação ambiental, definidas em lei’. A conjugação
a medição de terras públicas, a legitimação das particu-
dessas normas acena que apenas algumas terras devo-
lares e a venda das terras públicas. Igualmente, o decre-
lutas continuaram sob o domínio da União, pertencendo
to ora aludido instituiu as terras reservadas e a faixa de
aos Estados todas as demais.
fronteiras, bem como estabeleceu o regime de fiscaliza-
É fácil denotar que pela forma como foram transfe-
ção das terras devolutas e regulou o registro paroquial”13.
ridas as propriedades, diversos conflitos surgiram. Com
o escopo de trazer solução ao problema, foi editada a
Terras devolutas
Lei nº. 6.383, de 07 de Dezembro de 1976, que dispõe
“Inicialmente, denominam-se terras devolutas aque- sobre o processo discriminatório de terras devolutas da
las áreas que, conquanto integrando o patrimônio de União e dá outras providências, cujo escopo primitivo é
pessoas federativas, não são empregadas para quaisquer o de definir as linhas demarcatórias do domínio público
finalidades públicas específicas. Neste sentido, Meirel- e privado. A ação contida no diploma legal suso men-
les anota que ‘terras devolutas são todas aquelas que, cionado ‘se inicia com o chamamento dos interessados
pertencentes ao domínio público de qualquer das enti- para exibir seus títulos de propriedade e termina com o
dades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Pú- julgamento do domínio e subsequente demarcação para
blico, nem destinadas a fins administrativos específicos. o registro’. ‘A Ação Discriminatória é o procedimento
São bens públicos ainda não utilizados pelos respectivos judicial adequado para que o Estado comprove que as
proprietários’. Prima anotar que tais acepções encontram terras são devolutas, distinguindo-as das particulares’.
guarida na Lei Imperial nº 601/1850, notadamente em Cuida salientar que, em âmbito federal, a discriminação
seu artigo 3º, §1º, ao regularizar o sistema dominial, dis- de terras é promovida pelo Instituto Nacional de Coloni-
tinguindo o público do privado. Por sua vez, o Decreto- zação e Reforma Agrária (INCRA)”14.
-Lei nº 9.760, de 05 de Setembro de 1946, que dispõe
sobre os bens imóveis da União e dá outras providências, Vias e Logradouros Públicos
acresce, em termos conceituais, que as terras devolutas
são caracterizadas como as não aplicadas a algum uso “As terras ocupadas com as vias e logradouros públi-
público federal, estadual ou municipal, alcançando, ain- cos são pertencentes às Administrações que os construí-
da, as das faixas de fronteiras, conforme a redação apre- ram, sendo que mencionadas áreas podem ser bens de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sentada no caput do artigo 5º daquele. uso comum do povo ou bens de uso especial. Estradas
há que, embora de domínio público, são reservadas a de-
Em outros termos, as terras devolutas são áreas sem terminadas utilizações ou a certos tipos de veículos, ten-
utilização, nas quais não são desempenhadas qualquer do em vista sua destinação ou seu revestimento; noutras
serviço administrativo, ou seja, não apresentam qualquer estradas o uso é pago, por meio de tarifa de pedágio ou
serventia para o Poder Público. O termo devolutas tem rodágio; em outras, o trânsito é estabelecido em confor-
midade com o horário ou a tonelagem máxima, o que as
13 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras
Públicas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasí- 14 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi-
lia-DF: 22 nov. 2012. Disponível em: <http://www.conteudo- cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov.
juridico.com.br/?artigos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti-
03 mar. 2017. gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017.

92
caracterizam como verdadeiro instrumento administrati- Já a concessão administrativa trata-se de uma autori-
vo, de uso especial, sem que sobrevenha a generalização zação dada pela administração para a utilização do bem
das utilizações do passado, que as estabelecem como público sepultura, que cria o direito de permanecer se-
bens de uso comum de todos. Ademais, as mesmas pon- pultado. É um negocio jurídico (contrato) bilateral, pois
derações têm assento para os terrenos ocupados pelas se forma com a união a vontades”16.
estradas de ferro.
As estradas de rodagem compreendem, além da faixa Portos
de terra ocupada com o revestimento da pista, os acos-
tamentos e as faixas de arborização, que são áreas per- Desde 2013, portos passaram a ser vistos como “bem
tencentes ao domínio público da entidade que as erige, público construído e aparelhado para atender a necessi-
afigurando-se como verdadeiros elementos integrantes dades de navegação, de movimentação de passageiros
da via pública. Essas áreas são originariamente do Poder ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e
Público que as utiliza como rodovia ou são transferidas cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdi-
através dos meios comuns de alienação ou, ainda, inte-
ção de autoridade portuária”.
gradas ao domínio público, de maneira excepcional, por
destinação, que as torna impassíveis de reivindicação por
seus proprietários primitivos. A aludida transferência por Utilização dos bens públicos: autorização, permis-
destinação decorre do fato da transformação da proprie- são e concessão de uso, ocupação, aforamento, con-
dade privada em via pública sem oportuna oposição do cessão de domínio pleno
particular, independentemente de qualquer transcrição ou
formalidade administrativa. Todavia, nada impede que o Quem pode estabelecer regras quanto ao uso de
particular busque a justa indenização do dano provocado bens públicos é o seu titular.
pelo Poder Público por essa desapropriação indireta. A principal obrigação dos titulares é a de conservar
As estradas de ferro, em razão do regime administra- o bem, segundo os arts. 23, inc. I, e 144, § 8.º, ambos da
tivo adotado pelo Brasil, tanto podem pertencer ao do- Constituição Federal.
mínio público de qualquer das entidades estatais como Para a transferência de uso de bens podem ser usa-
de propriedade particular, exploradas mediante conces- dos os seguintes instrumentos:
são federal ou estadual. Por um corolário de simetria, as - Autorização de uso: é um ato administrativo unila-
terras ocupadas pelas vias férreas seguem a natureza teral, discricionário e precário, pelo qual a Adminis-
da estrada a que se destinam. Oportunamente, as vias e tração, no interesse do particular, transfere o uso do
áreas de metrô são bens do domínio público, de uso es- bem público para terceiros por prazo de curtíssima
pecial, pertencentes à entidade titular do serviço metro- duração, com dispensa de licitação. Exemplos: trans-
viário e sujeitas ao regime administrativo afixado na Lei porte de carga inflamável pelas ruas do município,
nº 6.149/1974, inclusive no que toca à sua segurança”15. fechamento de rua para comemorações.
- Permissão de uso: é um ato administrativo unila-
Cemitérios públicos teral, discricionário e precário, pelo qual a Adminis-
tração, no interesse da coletividade, transfere o uso
“Com relação aos cemitérios públicos, estes são clas- de um bem público para terceiros, mediante licitação
sificados como bens públicos de uso especial. Desta (quando houver mais de um interessado). Não há
forma, podem ser administrados tanto pelo Município prazo certo e determinado. São exemplos de permis-
quanto por terceiros. Os cemitérios públicos são subme-
são de uso: instalação de bancas de jornal, colocação
tidos as normas do Poder Público. No cemitério Público
de mesas e cadeiras em calçadas, instalação de boxes
não pode haver compra e venda do direito de sepultura,
em mercados municipais, barracas em feiras livres. A
isso porque os bens públicos não podem ser objeto de
domínio de particular. A sepultura tem a finalidade es- doutrina admite a possibilidade de permissão de uso
pecifica de sepultamento, sendo um bem público de uso qualificada – aquela que, possuindo prazo certo e de-
especial, se não haveria a sua descaracterização. terminado, retira o caráter de precariedade.
Se houvesse compra e venda nesse caso, os bens se- - Concessão de uso: é um contrato administrativo
riam transferidos ao domínio privado, o que se constitui- pelo qual transfere-se o uso de um bem públi-
ria na originação da propriedade. Apesar disso, há muitas co para terceiros, para uma finalidade específica,
legislações municipais que falam da compra e venda. mediante condições previamente estabelecidas.
O contrato possui prazo certo e determinado e a
Quando o Poder Público legitima o particular de usar precariedade desaparece. Exemplos: instalação de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o bem público, significa que a pessoa passa a ter a per- restaurante em aeroporto, lanchonete em parques.
missão de ter o direito sobre a sepultura. Ela é dada a Trata-se de um ato bilateral; se a Administração
titulo precário, não envolvendo qualquer direito do par- rescindir o contrato antes do término, caberá a ela
ticular contra a Administração pública. É um ato admi- indenizar.
nistrativo unilateral, e nesse caso a utilização do bem - Concessão de direito real de uso (variante da con-
público sepultura é perpetua ou temporária (com prazo cessão de uso): incide sobre bens públicos não-
estabelecido). -edificados, para urbanização, edificação, indus-
trialização.
15 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi-
cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov. 16 BRAVO, Thiago. Direito funerário. Disponível em: <https://thi-
2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti- bravo.jusbrasil.com.br/artigos/169156416/direito-funerario-cemi-
gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017. terios>. Acesso em: 03 mar. 2017.

93
- Cessão de uso: é um contrato administrativo, em vos do Município, que incluem proporcionalidade entre
que o uso de um bem público é transferido de um a ocupação e a infraestrutura, necessidade de proteção
órgão para outro, dentro da própria Administra- de áreas frágeis e/ou de interesse cultural, harmonia do
ção. É ato não precário porque possui prazo certo ponto de vista volumétrico, etc.
e determinado. Para que a cessão de uso seja efe- O zoneamento vem sofrendo muitas críticas. A primei-
tuada exige-se autorização legislativa. ra delas refere-se à rigidez do instrumento, visto que a
permissão de uso, por parte do Poder Público, acontece na
Limitações administrativas base do ‘ou tudo ou nada’. Em outras palavras, a Prefeitura
consulta a tabela e, com base nela, permite a construção
“Limitação administrativa é uma determinação geral, da edificação, tal como está no projeto, ou nega totalmen-
pela qual o Poder Público impõe a proprietários indeter- te. Não existe meio-termo. A outra crítica ao zoneamento
minados obrigações de fazer ou de não fazer, com o fim tradicional é o fato dele ser, em muitos casos, excludente,
de garantir que a propriedade atenda a sua função social. na medida em que estabelece zonas nas quais a ocupação
As limitações administrativas devem ser gerais, diri- tende a ser composta apenas por grupos homogêneos,
gidas a propriedades indistintas e gratuitamente. Para principalmente das classes mais altas”18.
situações individualizadas de conflito com o interesse
público, deve ser empregada a servidão administrativa Polícia edilícia
ou a desapropriação, por meio de justa indenização.
As limitações podem atingir tanto a propriedade imó- Trata-se do exercício do poder de polícia no que tan-
ge às edificações urbanas, de competência do município,
vel como o seu uso e outros bens e atividades particula-
em regra.
res. O seu objeto é bem variado, exemplos: permissão de
vistorias em elevadores de edifícios, fixação de gabaritos,
Zonas fortificadas e de fronteira
ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária, obri-
gação de dirigir com cinto de segurança. “Faixa de fronteira, em uma acepção conceitual, é a
Características: área de cento e cinquenta quilômetros de largura, que
a) são atos administrativos ou legislativos de caráter corre paralelamente à linha terrestre demarcatória da di-
geral (todas as demais formas de intervenção pos- visa entre o território nacional e os países estrangeiros,
suem indivíduos determinados, são atos singula- sendo considerada como imprescindível para se pro-
res); mover a defesa do território nacional. São considerados
b) têm caráter de definitividade (igual ao das servi- como pertencentes à União os terrenos das fortificações,
dões, mas diverso da natureza da ocupação tem- bem como as construções bélicas necessárias.
porária e da requisição); Em relação às terras devolutas, situadas nessas faixas,
c) o motivo das limitações administrativas é vinculado e concedidas pelo Estado a terceiros, a transferência está
a interesses públicos abstratos (nas outras manei- limitada ao uso, permanecendo, pois, o domínio com a
ras de intervenção, o motivo é sempre a execução União, mesmo que tolerante esta com os possuidores.
de serviços públicos específicos ou obras); A alienação pelo Estado a particulares de terras su-
d) ausência de indenização (nas demais formas, pode postamente situadas em faixa de fronteira não gera, ape-
ocorrer indenização quando há prejuízo para o nas, prejuízo de ordem material ao patrimônio público
proprietário)”17. da União, mas ofende, sobretudo, princípios maiores da
Constituição Federal, relacionados à defesa do território
Zoneamento e à soberania nacional. Em tal situação, o particular pre-
judicado tem direito à reparação dos prejuízos ocasiona-
“O zoneamento é um instrumento amplamente uti- dos pelo alienante, sendo possível, para tanto, o ajuiza-
lizado nos planos diretores, através do qual a cidade é mento da competente ação de indenização.
dividida em áreas sobre as quais incidem diretrizes dife- As restrições e as condições de uso e de alienação
renciadas para o uso e a ocupação do solo, especialmen- de terras alocadas nessas faixas de fronteira são dis-
ciplinadas pela Lei n° 6.634/1979. Por sua vez, a Lei n°
te os índices urbanísticos.
9.871/1999 estabeleceu o lapso temporal de dois anos
Alguns de seus principais objetivos são:
para que os detentores de títulos, ainda não ratificados,
- Controle do crescimento urbano;
de alienação ou concessão de terras feitas pelo Estado
- Proteção de áreas inadequadas à ocupação urbana; na faixa de fronteira, requeiram a competente ratifica-
- Minimização dos conflitos entre usos e atividades; ção junto ao Instituto Nacional de Colonização e Refor-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Controle do tráfego; ma Agrária. Após o decurso do lapso assinalado, ou não


- Manutenção dos valores das propriedades e do sta- sendo possível a ratificação, o diploma legal prevê a pos-
tus quo sibilidade de declaração da nulidade do título, por meio
de ato motivado, com ciência ao interessado e publica-
O zoneamento busca alcançar esses objetivos atra- ção do ato no Diário Oficial, tal como o cancelamento
vés do controle de dois elementos principais: o uso e o dos correspondentes registros e consequente registro do
porte (ou tamanho) dos lotes e das edificações. Através imóvel em nome da União no competente Registro de
disso, supõe-se que o resultado final alcançado através Imóveis”19.
das ações individuais esteja de acordo com os objeti-
18 http://urbanidades.arq.br/2007/11/zoneamento-e-planos-dire-
17 https://ffsfred.jusbrasil.com.br/artigos/256074990/diferencas- tores/
-entre-limitacao-administrativa-e-ocupacao-temporaria 19 RANGEL, Tauã Lima Verdan Rangel. Comentários às Terras Públi-

94
Florestas Ocupação temporária

A competência para legislar sobre florestas é concor- Trata-se de restrição que atinge transitoriamente a
rente (artigo 24, VI), e para a sua preservação, comum exclusividade de uma propriedade particular, de forma
(artigo 23, VII). São consideradas pelo Código Civil bens gratuita ou remunerada, em benefício do interesse cole-
imóveis e seguem a sorte das terras a que aderem. Se as tivo. Em caso de dano, há direito à indenização.
terras forem públicas, serão bem público. O seu regime Hipóteses: artigo 36, Decreto nº 3.365/1941 – uso de
jurídico é estabelecido pelo Código Florestal. terrenos contíguos a estrada em construção para posi-
cionar máquinas e equipamentos; artigo 80, §1º, Lei nº
8.666/1993 – rescisão de contratos administrativos que
Tombamento
versem sobre serviços essenciais; artigo 35, §3º, Lei nº
8.987/1995 – extinção de concessão.
Trata-se de modalidade de intervenção na proprieda-
de que não acarreta perda da posse, mas apenas restri-
ções ao uso, com o objetivo de preservar o patrimônio
histórico e artístico. Pode recair sobre bens móveis ou EXERCÍCIOS COMENTADOS
imóveis, cuja conservação seja de interesse público. Será
aberto um processo administrativo, no qual o IPHAN – 1. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Muni-
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional cípio - CESPE/2017) Acerca da intervenção do Estado
profere parecer determinando se há valor histórico e ar- na propriedade, das licitações e dos contratos adminis-
tístico e, em caso afirmativo, qual o valor existente. En- trativos, julgue o seguinte item. Situação hipotética: A
cerrado o procedimento, registra-se no livro do tombo. Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza decidiu
Como regra, o tombamento não gera direito à indeniza- ceder espaço de suas dependências para a instalação de
ção, a não ser que o proprietário comprove que sofreu lanchonete que atendesse aos procuradores, aos servi-
prejuízo em razão dele. dores e ao público em geral. Assertiva: Nessa situação,
por se tratar de ato regido pelo direito privado, não será
Servidões administrativas necessária a realização de processo licitatório para a ces-
são de uso pelo particular a ser contratado.
Trata-se de direito real de uso e gozo em favor do
( ) CERTO ( ) ERRADO
Poder Público (para prestar serviço público) ou em favor
da coletividade (para preservação de interesse público). Resposta: Errado. Nos termos da Lei nº 9.363/98,
O proprietário não perde a propriedade, mas apenas a em sue artigo 18, § 5o, “a cessão, quando destinada
exclusividade sobre ela. Ao proprietário surgirá a obriga- à execução de empreendimento de fim lucrativo, será
ção de tolerar que se faça ou se deixe fazer. onerosa e, sempre que houver condições de compe-
As servidões administrativas podem ser instituídas por titividade, deverão ser observados os procedimentos
lei, por acordo entre as partes ou por sentença judicial. licitatórios previstos em lei”.
Quando a servidão administrativa é instituída, em re-
gra será permanente, mas é possível que fatos ulteriores 2. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Muni-
acarretem a sua extinção. cípio - CESPE/2017) A respeito de bens públicos e res-
ponsabilidade civil do Estado, julgue o próximo item.
Requisição da propriedade privada Situação hipotética: Determinado município brasileiro
construiu um hospital público em parte de um terreno
A requisição administrativa é uma intervenção do Es- onde se localiza um condomínio particular. Assertiva:
tado para atender a necessidades urgentes. Tem escopo Nessa situação, segundo a doutrina dominante, obede-
constitucional: cidos os requisitos legais, o município poderá adquirir o
bem por usucapião.
Artigo 5º, CF. [...]
( ) CERTO ( ) ERRADO
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida-
de competente poderá usar de propriedade particular,
Resposta: Certo. O particular não pode adquirir os
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bens públicos por usucapião, porque eles são impres-


houver dano; [...]. critíveis, mas o Poder Público pode adquirir os bens
particulares por usucapião. Neste sentido, se entende
O que justifica a requisição administrativa é o peri- do artigo 100, CC: “os bens públicos de uso comum do
go público iminente. Cessado o perigo, a coisa ocupada povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
é devolvida ao proprietário, cabendo indenização caso conservarem a sua qualificação, na forma que a lei de-
ocorra algum dano a ela. terminar”.

cas: Ponderações Singelas. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 22 nov.


2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?arti-
gos&ver=2.40728&seo=1>. Acesso em: 03 mar. 2017.

95
#FicaDica
SERVIÇOS PÚBLICOS: PRINCÍPIOS,
Forma direta – próprio Estado;
FORMAS DE PRESTAÇÃO. PROCESSO
Forma indireta – delegação por contrato:
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E Concessão;
RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO. Permissão;
Autorização;
Forma indireta – delegação legal (empresas
Concessão, permissão, autorização e delegação; públicas e sociedades de economia mista).
serviços delegados.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, Serviços indelegáveis


diretamente ou sob regime de concessão ou permis-
são, sempre através de licitação, a prestação de ser- Existem serviços próprios do Estado, que são aque-
viços públicos. les que se relacionam intimamente com as atribuições
Parágrafo único. A lei disporá sobre: do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
I - o regime das empresas concessionárias e permis- públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con- quais não podem ser delegados a particulares. Tais ser-
dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con- viços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos
cessão ou permissão; ou de baixa remuneração.
II - os direitos dos usuários; Todos os serviços públicos que não são próprios do
III - política tarifária; Estado são delegáveis.
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Descentralização: concessão e permissão (art. 2º,
O referido artigo dispõe que a prestação dos servi- Lei nº 8.987/95)
ços públicos é de titularidade da Administração Pú-
blica, podendo ser centralizada ou descentralizada. Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres-
Sempre que a prestação do serviço público for descen- tação do serviço público feita pelo poder concedente,
tralizada, por meio de concessão ou permissão, deve- mediante licitação na modalidade concorrência, à pes-
rá ser precedida de licitação. As duas figuras, concessão soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem
ou permissão, surgem como instrumentos que viabilizam capacidade de desempenho por sua conta e risco, com
a descentralização dos serviços públicos, atribuindo-os prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é
para terceiros, são reguladas pela Lei nº 8.987/95. averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será
da Administração Pública, que possui competência para de responsabilidade do concessionário – que responde
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a
cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis-
de descumprimento. tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie
A Administração Pública pode decidir executar ela de contrato administrativo.
mesma um serviço público através de órgãos que inte- Permissão de Serviço Público: é a delegação a título
gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através precário, mediante licitação feita pelo poder concedente
de uma pessoa que integre a sua Administração indireta à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato
mista e fundações públicas); além de poder resolver que administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer
a execução do serviço público será transferida a particu- momento.
lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con-
dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão Responsabilidade civil
e autorização de serviço.
Os particulares, no máximo, assumem a execução do Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces-
serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a sionário/permissionário. Responde por danos causados
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prestação pode ser centralizada quando a própria Admi- ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se
nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi-
quando a Administração Pública passa a execução para co), independente da vítima ser ou não usuária do servi-
terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo
Administração Direta. provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de
causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex-
ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade
é subjetiva.

96
Subconcessão Poder Público.
- serviços de utilidade pública – são os que a Admi-
Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da nistração, reconhecendo a sua conveniência para
concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li- a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce
mites: autorização ou concordância do poder constituin- que sejam prestados por terceiros.
te, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação
de direitos e obrigações perante a Administração Públi- b) Quanto aos destinatários:
ca. A subconcessão pode ser parcial. - serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a
Administração presta sem ter usuários determina-
Conceito de serviço público dos para atender à coletividade no seu todo. Ex.:
iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
Serviço público é todo aquele prestado pela adminis- mensuráveis. Daí porque devem ser mantidos por
tração ou por particulares debaixo de regras de direito tributo, e não por taxa ou tarifa.
público para a preservação dos interesses da coletivi- - serviços individuais ou uti singuli – são os que pos-
dade. A titularidade da prestação de um serviço público suem usuários determinados e utilização particular
sempre será da Administração Pública, somente poden- e mensurável para cada destinatário. São remune-
do ser transferido a um particular a execução do serviço rados por taxa ou tarifa.
público. As regras serão sempre fixadas unilateralmente
pela Administração, independentemente de quem esteja #FicaDica
executando o serviço público. Qualquer contrato admi- Classificação:
nistrativo aos olhos do particular é contrato de adesão. – Quanto à essencialidade:
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser Públicos propriamente ditos;
a Administração ou um particular, fazendo-o sob regras Serviços de utilidade pública.
de direito público e com vistas a preservar o interesse – Quanto aos destinatários:
público. Gerais;
Individuais.
#FicaDica
Serviço público
– Pode ser prestado pelo Estado ou não; Princípios aplicáveis
– Contudo, a titularidade é da Administração;
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e
– Devem ter por foco a preservação do
modernização na prestação do serviço público;
interesse público;
b) Princípio da universalidade: significa que os servi-
– O Estado pode delegar a prestação em casos
ços devem ser estendidos a todos administrados;
determinados.
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação
de discriminações entre os usuários;
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in-
Caracteres jurídicos terrupção;
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas
Somente por regras de direito público é possível módicas aos usuários;
prestar serviços públicos. Para distinguir quais serviços f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
são públicos e quais não, deve-se utilizar as regras de ser tratados com urbanidade;
competência dispostas na Constituição Federal. Sempre g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço
que não houver definição constitucional a respeito, de- público deve ser prestado de maneira satisfatória
vem-se observar as regras que incidem sobre aqueles ao usuário;
serviços, bem como o regime jurídico ao qual a atividade h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser
se submete. Sendo regras de direito público, será servi- prestado de forma que coloque em risco a vida
ço público; sendo regras de direito privado, será serviço dos usuários.
privado.
Continuidade da Prestação do Serviço Público
Classificação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se


Meirelles20 apresenta a seguinte classificação dos ser- o princípio da continuidade de sua prestação.
viços públicos: Num contrato administrativo, quando o particular
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é
a) Quanto à essencialidade: a Administração, entretanto, que descumpre suas obri-
- serviços públicos propriamente ditos – são aqueles gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo
prestados diretamente pela Administração para a em vista o princípio da continuidade da prestação.
comunidade, por reconhecer a sua essencialidade Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar
e necessidade de grupo social. São privativos do à Administração Pública uma prerrogativa que não existe
para o particular, colocando-a em uma posição superior
20 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São em razão da supremacia do interesse público.
Paulo: Malheiros, 1993.

97
Quanto à continuidade da prestação do serviço públi- Ninguém fixa o valor inicial, é automático e pré-es-
co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ- tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o
são constitucional de que somente lei específica poderia aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor
definir os termos e limites deste direito no setor público deixe de ser módico.
e afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a
lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve Usuário do serviço público
total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí-
nimos à população. O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tra-
tam dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo
dos previstos no Código de Defesa do Consumidor. É um
rol exemplificativo, incluindo-se outros, como: direito do
#FicaDica consumidor (artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos ór-
Princípio da continuidade dos serviços públi- gãos públicos informações de interesse particular, coleti-
cos: vo ou geral (artigo 5º, XXXIII, CF); mandado de segurança
– Os serviços públicos não poderão ser inter- para proteger direito líquido e certo em caráter residual
rompidos; (artigo 5º, LXIX, CF).
– Devem ter a devida regularidade;
– Os funcionários não podem praticar greve #FicaDica
em serviços essenciais e imprescindíveis. Os usuários têm direito, nos termos do artigo
7o, Lei nº 8.987/1995:
– Receber serviço adequado;
Prestação de serviço adequado – Receber informações para defesa dos inte-
resses individuais e coletivos;
O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro, – Obter e utilizar o serviço, com liberdade de
módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con- escolha.
tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º):
- em situação de emergência, como no caso de atos Extinção
de vandalismo de terceiros;
- com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou As causas de extinção estão descritas no artigo 35:
de segurança das instalações e em caso de inadimple- termo, que é o término do prazo descrito; encampação,
mento do usuário (no caso de inadimplemento, o usuá- que é a extinção por razões de interesse público; cadu-
rio deve ser notificado, conferindo-se a oportunidade de cidade, que é a extinção por descumprimento de obri-
pagamento antes da interrupção, bem como de defesa, gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção
alegando que não deve, que deve menos ou que precisa durante a vigência pelo descumprimento das obrigações
parcelar). pelo poder público; anulação, que é a extinção por força
da configuração de ilegalidade; falência, que é a extinção
Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum por conta de falta de condições financeiras para conti-
do serviço. nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte,
que é o falecimento da parte contratada em contrato
O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis-
personalíssimo.
põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
Reassunção e reversão
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos Reassunção, que é a retomada da execução de um
essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um conflito entre serviço público pelo poder público uma vez extinta a
a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor concessão.
(Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter- Reversão, que é a transferência de bens utilizados du-
pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código rante a concessão para o patrimônio público a partir da
de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os extinção da concessão.
Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen-
cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então, Permissão e autorização
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi-


dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter- Serviços concedidos são aqueles que o particular exe-
rompidos por inadimplemento. cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados
por tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato.
Política tarifária Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi-
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação
A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação ao público e, por ato unilateral (termo de permissão),
do concessionário/permissionário. É através dela que se comete a execução aos particulares que demonstrarem
garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos- capacidade para seu desempenho. A permissão é uni-
se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio- lateral, precária e discricionária. Serve para serviços de
nais tributários, o que não ocorre. utilidade pública.

98
Por fim temos os serviços autorizados que são aque- Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e edital de licitação, ato justificando a conveniência
discricionário, consente na sua execução pelo particular da outorga de concessão ou permissão, caracteri-
para atender a interesses coletivos instáveis ou a emer- zando seu objeto, área e prazo.
gência transitória.
Capítulo II
LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995 DO SERVIÇO ADEQUADO

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da prestação de serviço adequado ao pleno atendi-
Constituição Federal, e dá outras providências. mento dos usuários, conforme estabelecido nesta
Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: de regularidade, continuidade, eficiência, segu-
rança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
Capítulo I prestação e modicidade das tarifas.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES § 2º A atualidade compreende a modernidade das
técnicas, do equipamento e das instalações e a
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras sua conservação, bem como a melhoria e expan-
públicas e as permissões de serviços públicos reger- são do serviço.
-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Fe- § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do
deral, por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e serviço a sua interrupção em situação de emergên-
pelas cláusulas dos indispensáveis contratos. cia ou após prévio aviso, quando:
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Fede- I - motivada por razões de ordem técnica ou de se-
gurança das instalações; e,
ral e os Municípios promoverão a revisão e as adap-
II - por inadimplemento do usuário, considerado o
tações necessárias de sua legislação às prescri-
interesse da coletividade.
ções desta Lei, buscando atender as peculiaridades
das diversas modalidades dos seus serviços.
Capítulo III
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distri-
to Federal ou o Município, em cuja competência se Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de
encontre o serviço público, precedido ou não da exe- 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos
cução de obra pública, objeto de concessão ou per- usuários:
missão; I - receber serviço adequado;
II - concessão de serviço público: a delegação de II - receber do poder concedente e da concessionária
sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante informações para a defesa de interesses individu-
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa ais ou coletivos;
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre ca- III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de es-
pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco colha entre vários prestadores de serviços, quando for
e por prazo determinado; o caso, observadas as normas do poder concedente.
III - concessão de serviço público precedida da IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
execução de obra pública: a construção, total ou cessionária as irregularidades de que tenham co-
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melho- nhecimento, referentes ao serviço prestado;
ramento de quaisquer obras de interesse público, V - comunicar às autoridades competentes os atos
delegada pelo poder concedente, mediante licitação, ilícitos praticados pela concessionária na prestação
na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou do serviço;
consórcio de empresas que demonstre capacidade VI - contribuir para a permanência das boas con-
para a sua realização, por sua conta e risco, de forma dições dos bens públicos através dos quais lhes são
que o investimento da concessionária seja remunera- prestados os serviços.
do e amortizado mediante a exploração do serviço ou Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de
da obra por prazo determinado; direito público e privado, nos Estados e no Distrito Fe-
IV - permissão de serviço público: a delegação, a deral, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao
título precário, mediante licitação, da prestação de usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

serviços públicos, feita pelo poder concedente à pes- de seis datas opcionais para escolherem os dias de
soa física ou jurídica que demonstre capacidade para vencimento de seus débitos.
seu desempenho, por sua conta e risco.
Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à Capítulo IV
fiscalização pelo poder concedente responsável DA POLÍTICA TARIFÁRIA
pela delegação, com a cooperação dos usuários.
Art. 4º A concessão de serviço público, precedida Art. 8º (VETADO)
ou não da execução de obra pública, será formalizada Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fixa-
mediante contrato, que deverá observar os termos da pelo preço da proposta vencedora da licitação
desta Lei, das normas pertinentes e do edital de lici- e preservada pelas regras de revisão previstas nes-
tação. ta Lei, no edital e no contrato.

99
§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação espe- V - melhor proposta em razão da combinação dos
cífica anterior e somente nos casos expressamente critérios de menor valor da tarifa do serviço público
previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicio- a ser prestado com o de melhor técnica;
nada à existência de serviço público alternativo e VI - melhor proposta em razão da combinação dos
gratuito para o usuário. critérios de maior oferta pela outorga da concessão
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de com o de melhor técnica; ou
revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio VII - melhor oferta de pagamento pela outorga
econômico-financeiro. após qualificação de propostas técnicas.
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encar- será admitida quando previamente estabelecida no
gos legais, após a apresentação da proposta, quando edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas
comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, precisas para avaliação econômico-financeira.
para mais ou para menos, conforme o caso. § 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV,
§ 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros
afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o e exigências para formulação de propostas técnicas.
poder concedente deverá restabelecê-lo, concomi- § 3º O poder concedente recusará propostas mani-
tantemente à alteração. festamente inexequíveis ou financeiramente incom-
§ 5º A concessionária deverá divulgar em seu sítio ele- patíveis com os objetivos da licitação.
trônico, de forma clara e de fácil compreensão pelos § 4º Em igualdade de condições, será dada preferên-
usuários, tabela com o valor das tarifas praticadas e a cia à proposta apresentada por empresa brasileira.
evolução das revisões ou reajustes realizados nos últi- Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não
mos cinco anos. (Incluído pela Lei nº 13.673, de 2018) terá caráter de exclusividade, salvo no caso de
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições inviabilidade técnica ou econômica justificada no
do contrato, considera-se mantido seu equilíbrio ato a que se refere o art. 5º desta Lei.
econômico-financeiro. Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada que, para sua viabilização, necessite de vantagens
serviço público, poderá o poder concedente prever, em ou subsídios que não estejam previamente auto-
favor da concessionária, no edital de licitação, a pos- rizados em lei e à disposição de todos os concor-
sibilidade de outras fontes provenientes de recei- rentes.
tas alternativas, complementares, acessórias ou § 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a pro-
de projetos associados, com ou sem exclusividade, posta de entidade estatal alheia à esfera político-
com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, ob- -administrativa do poder concedente que, para sua
servado o disposto no art. 17 desta Lei. viabilização, necessite de vantagens ou subsídios do
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste poder público controlador da referida entidade.
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a § 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que
aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do trata este artigo, qualquer tipo de tratamento tri-
contrato. butário diferenciado, ainda que em consequência
Art. 12. (VETADO) da natureza jurídica do licitante, que comprometa a
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em fun- isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os
ção das características técnicas e dos custos es- concorrentes.
pecíficos provenientes do atendimento aos distintos Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo
segmentos de usuários. poder concedente, observados, no que couber, os cri-
térios e as normas gerais da legislação própria sobre
Capítulo V licitações e contratos e conterá, especialmente:
DA LICITAÇÃO I - o objeto, metas e prazo da concessão;
II - a descrição das condições necessárias à presta-
Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ção adequada do serviço;
ou não da execução de obra pública, será objeto de III - os prazos para recebimento das propostas, julga-
prévia licitação, nos termos da legislação própria e mento da licitação e assinatura do contrato;
com observância dos princípios da legalidade, mo- IV - prazo, local e horário em que serão forneci-
ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento dos, aos interessados, os dados, estudos e projetos
por critérios objetivos e da vinculação ao instru- necessários à elaboração dos orçamentos e apresen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mento convocatório. tação das propostas;


Art. 15. No julgamento da licitação será considerado V - os critérios e a relação dos documentos exigi-
um dos seguintes critérios: dos para a aferição da capacidade técnica, da ido-
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser neidade financeira e da regularidade jurídica e fiscal;
prestado; VI - as possíveis fontes de receitas alternativas,
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder complementares ou acessórias, bem como as pro-
concedente pela outorga da concessão; venientes de projetos associados;
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos VII - os direitos e obrigações do poder concedente e
nos incisos I, II e VII; da concessionária em relação a alterações e expan-
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no sões a serem realizadas no futuro, para garantir a
edital; continuidade da prestação do serviço;

100
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâ- perante o poder concedente pelo cumprimento do
metros a serem utilizados no julgamento técnico e contrato de concessão, sem prejuízo da responsabi-
econômico-financeiro da proposta; lidade solidária das demais consorciadas.
X - a indicação dos bens reversíveis; Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que
XI - as características dos bens reversíveis e as previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce-
condições em que estes serão postos à disposição, dido, determinar que o licitante vencedor, no caso
nos casos em que houver sido extinta a concessão an- de consórcio, se constitua em empresa antes da ce-
terior; lebração do contrato.
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos,
das desapropriações necessárias à execução do ser- projetos, obras e despesas ou investimentos já efe-
viço ou da obra pública, ou para a instituição de servi- tuados, vinculados à concessão, de utilidade para a
dão administrativa; licitação, realizados pelo poder concedente ou com a
XIII - as condições de liderança da empresa res- sua autorização, estarão à disposição dos interessa-
ponsável, na hipótese em que for permitida a partici- dos, devendo o vencedor da licitação ressarcir os dis-
pação de empresas em consórcio; pêndios correspondentes, especificados no edital.
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referi- certidão sobre atos, contratos, decisões ou parece-
das no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; res relativos à licitação ou às próprias concessões.
XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre-
cedida da execução de obra pública, os dados relati- Capítulo VI
vos à obra, dentre os quais os elementos do projeto DO CONTRATO DE CONCESSÃO
básico que permitam sua plena caracterização, bem
assim as garantias exigidas para essa parte específica Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de con-
do contrato, adequadas a cada caso e limitadas ao cessão as relativas:
valor da obra; I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço;
de adesão a ser firmado. III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or-
definidores da qualidade do serviço;
dem das fases de habilitação e julgamento, hipó-
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
tese em que:
para o reajuste e a revisão das tarifas;
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou
V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con-
o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com
cedente e da concessionária, inclusive os relaciona-
os documentos de habilitação do licitante mais bem
dos às previsíveis necessidades de futura alteração
classificado, para verificação do atendimento das con-
e expansão do serviço e consequente modernização,
dições fixadas no edital;
II - verificado o atendimento das exigências do edital, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e
o licitante será declarado vencedor; das instalações;
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e
analisados os documentos habilitatórios do licitante utilização do serviço;
com a proposta classificada em segundo lugar, e as- VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equi-
sim sucessivamente, até que um licitante classificado pamentos, dos métodos e práticas de execução do ser-
atenda às condições fixadas no edital; viço, bem como a indicação dos órgãos competentes
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto para exercê-la;
será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que
econômicas por ele ofertadas. se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação;
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participa- IX - aos casos de extinção da concessão;
ção de empresas em consórcio, observar-se-ão as X - aos bens reversíveis;
seguintes normas: XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamen-
I - comprovação de compromisso, público ou particu- to das indenizações devidas à concessionária, quando
lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con- for o caso;
sorciadas; XII - às condições para prorrogação do contrato;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da pres-
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos tação de contas da concessionária ao poder concedente;
V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor- XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi-
ciada; nanceiras periódicas da concessionária; e
IV - impedimento de participação de empresas con- XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver-
sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais gências contratuais.
de um consórcio ou isoladamente. Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de
§ 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover, serviço público precedido da execução de obra pú-
antes da celebração do contrato, a constituição e blica deverão, adicionalmente:
registro do consórcio, nos termos do compromisso I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execu-
referido no inciso I deste artigo. ção das obras vinculadas à concessão; e

101
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessio- § 2º A assunção do controle ou da administração
nária, das obrigações relativas às obras vinculadas à temporária autorizadas na forma do caput deste arti-
concessão. go não alterará as obrigações da concessionária e de
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o seus controladores para com terceiros, poder conce-
emprego de mecanismos privados para resolução de dente e usuários dos serviços públicos.
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in- § 3º Configura-se o controle da concessionária, para
clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em os fins dispostos no caput deste artigo, a proprieda-
língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de resolúvel de ações ou quotas por seus financia-
de setembro de 1996. dores e garantidores que atendam os requisitos do
Art. 24. (VETADO) art. 116 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser- § 4º Configura-se a administração temporária da
viço concedido, cabendo-lhe responder por todos os concessionária por seus financiadores e garantido-
prejuízos causados ao poder concedente, aos usu- res quando, sem a transferência da propriedade de
ários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida ações ou quotas, forem outorgados os seguintes po-
pelo órgão competente exclua ou atenue essa respon- deres:
sabilidade. I - indicar os membros do Conselho de Administra-
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe- ção, a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acio-
re este artigo, a concessionária poderá contratar com nistas, nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, 15 de dezembro de 1976; ou administradores, a se-
acessórias ou complementares ao serviço concedido, rem eleitos pelos quotistas, nas demais sociedades;
bem como a implementação de projetos associados. II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem
§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores
e os terceiros a que se refere o parágrafo anterior em Assembleia Geral;
reger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecen- III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta
do qualquer relação jurídica entre os terceiros e o
submetida à votação dos acionistas ou quotistas da
poder concedente.
concessionária, que representem, ou possam repre-
§ 3º A execução das atividades contratadas com ter-
sentar, prejuízos aos fins previstos no caput deste
ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula-
artigo;
mentares da modalidade do serviço concedido.
IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos pre-
vistos no contrato de concessão, desde que expressa- previstos no caput deste artigo.
mente autorizada pelo poder concedente. § 5º A administração temporária autorizada na forma
§ 1º A outorga de subconcessão será sempre prece- deste artigo não acarretará responsabilidade aos fi-
dida de concorrência. nanciadores e garantidores em relação à tributação,
§ 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromis-
direitos e obrigações da subconcedente dentro dos sos com terceiros, inclusive com o poder concedente
limites da subconcessão. ou empregados.
Art. 27. A transferência de concessão ou do contro- § 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo
le societário da concessionária sem prévia anuência da administração temporária.
do poder concedente implicará a caducidade da Art. 28. Nos contratos de financiamento, as conces-
concessão. sionárias poderão oferecer em garantia os direi-
§ 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata o tos emergentes da concessão, até o limite que não
caput deste artigo, o pretendente deverá: comprometa a operacionalização e a continuidade da
I - atender às exigências de capacidade técnica, ido- prestação do serviço.
neidade financeira e regularidade jurídica e fiscal ne- Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon-
cessárias à assunção do serviço; e go prazo, destinados a investimentos relacionados a
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contratos de concessão, em qualquer de suas moda-
contrato em vigor. lidades, as concessionárias poderão ceder ao mu-
§ 2º (Revogado). tuante, em caráter fiduciário, parcela de seus cré-
§ 3º (Revogado). ditos operacionais futuros, observadas as seguintes
§ 4º (Revogado). condições:
Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis-
de concessão, o poder concedente autorizará a as- trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter
sunção do controle ou da administração tempo- eficácia perante terceiros;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rária da concessionária por seus financiadores e II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste
garantidores com quem não mantenha vínculo artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em re-
societário direto, para promover sua reestruturação lação ao Poder Público concedente senão quando for
financeira e assegurar a continuidade da presta- este formalmente notificado;
ção dos serviços. III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo
§ 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conce- serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in-
dente exigirá dos financiadores e dos garantidores dependentemente de qualquer formalidade adicional;
que atendam às exigências de regularidade jurídica IV - o mutuante poderá indicar instituição financei-
e fiscal, podendo alterar ou dispensar os demais re- ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos
quisitos previstos no inciso I do parágrafo único do dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária
art. 27. o faça, na qualidade de representante e depositária;

102
V - na hipótese de ter sido indicada instituição finan- Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita
ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste por intermédio de órgão técnico do poder concedente
artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen-
essa os créditos para cobrança; te, conforme previsto em norma regulamentar, por
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser comissão composta de representantes do poder con-
depositados pela concessionária ou pela instituição cedente, da concessionária e dos usuários.
encarregada da cobrança em conta corrente bancária
vinculada ao contrato de mútuo; Capítulo VIII
VII - a instituição financeira depositária deverá trans- DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA
ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que
as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exi- Art. 31. Incumbe à concessionária:
gíveis; e I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à
Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada
II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
a retenção do saldo após o adimplemento integral do
vinculados à concessão;
contrato.
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder con-
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão consi-
derados contratos de longo prazo aqueles cujas obri- cedente e aos usuários, nos termos definidos no con-
gações tenham prazo médio de vencimento superior a trato;
5 (cinco) anos. IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as
cláusulas contratuais da concessão;
Capítulo VII V - permitir aos encarregados da fiscalização livre
DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen-
tos e às instalações integrantes do serviço, bem como
Art. 29. Incumbe ao poder concedente: a seus registros contábeis;
I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar per- VI - promover as desapropriações e constituir servi-
manentemente a sua prestação; dões autorizadas pelo poder concedente, conforme
II - aplicar as penalidades regulamentares e contra- previsto no edital e no contrato;
tuais; VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à
III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con- prestação do serviço, bem como segurá-los adequa-
dições previstos em lei; damente; e
IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne-
Lei e na forma prevista no contrato; cessários à prestação do serviço.
V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta- Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-
rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do -de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe-
contrato; las disposições de direito privado e pela legislação tra-
VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula- balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre
mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con- os terceiros contratados pela concessionária e o poder
cessão; concedente.
VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
Capítulo IX
que serão cientificados, em até trinta dias, das provi-
DA INTERVENÇÃO
dências tomadas;
VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na con-
à execução do serviço ou obra pública, promovendo
as desapropriações, diretamente ou mediante outorga cessão, com o fim de assegurar a adequação na
de poderes à concessionária, caso em que será desta a prestação do serviço, bem como o fiel cumpri-
responsabilidade pelas indenizações cabíveis; mento das normas contratuais, regulamentares e
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para legais pertinentes.
fins de instituição de servidão administrativa, os bens Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do
necessários à execução de serviço ou obra pública, poder concedente, que conterá a designação do inter-
promovendo-a diretamente ou mediante outorga de ventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

poderes à concessionária, caso em que será desta a da medida.


responsabilidade pelas indenizações cabíveis; Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente
X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedi-
preservação do meio-ambiente e conservação; mento administrativo para comprovar as causas
XI - incentivar a competitividade; e determinantes da medida e apurar responsabili-
XII - estimular a formação de associações de usuários dades, assegurado o direito de ampla defesa.
para defesa de interesses relativos ao serviço. § 1º Se ficar comprovado que a intervenção não ob-
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder conce- servou os pressupostos legais e regulamentares será
dente terá acesso aos dados relativos à adminis- declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imedia-
tração, contabilidade, recursos técnicos, econômi- tamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de
cos e financeiros da concessionária. seu direito à indenização.

103
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de ou disposições legais ou regulamentares concernen-
até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se in- tes à concessão;
válida a intervenção. III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
concessão, a administração do serviço será devolvi- caso fortuito ou força maior;
da à concessionária, precedida de prestação de contas IV - a concessionária perder as condições econômi-
pelo interventor, que responderá pelos atos praticados cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
durante a sua gestão. prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades im-
Capítulo X postas por infrações, nos devidos prazos;
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO VI - a concessionária não atender a intimação do po-
der concedente no sentido de regularizar a prestação
do serviço; e
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
VII - a concessionária não atender a intimação do po-
I - advento do termo contratual;
der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,
II - encampação; apresentar a documentação relativa a regularidade
III - caducidade; fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da
IV - rescisão; Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
V - anulação; e § 2º A declaração da caducidade da concessão deverá
VI - falência ou extinção da empresa concessionária ser precedida da verificação da inadimplência da con-
e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de em- cessionária em processo administrativo, assegurado o
presa individual. direito de ampla defesa.
§ 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce- § 3º Não será instaurado processo administrativo de
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios inadimplência antes de comunicados à concessioná-
transferidos ao concessionário conforme previsto no ria, detalhadamente, os descumprimentos contratuais
edital e estabelecido no contrato. referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo
§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção para corrigir as falhas e transgressões apontadas e
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos para o enquadramento, nos termos contratuais.
levantamentos, avaliações e liquidações necessários. § 4º Instaurado o processo administrativo e compro-
§ 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das vada a inadimplência, a caducidade será declarada
instalações e a utilização, pelo poder concedente, de por decreto do poder concedente, independente-
todos os bens reversíveis. mente de indenização prévia, calculada no decurso do
§ 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti- processo.
go, o poder concedente, antecipando-se à extinção da § 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior,
concessão, procederá aos levantamentos e avaliações será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra-
necessários à determinação dos montantes da indeni- to, descontado o valor das multas contratuais e dos
zação que será devida à concessionária, na forma dos danos causados pela concessionária.
arts. 36 e 37 desta Lei. § 6º Declarada a caducidade, não resultará para o
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual poder concedente qualquer espécie de responsabili-
dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou
far-se-á com a indenização das parcelas dos inves-
compromissos com terceiros ou com empregados da
timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
concessionária.
amortizados ou depreciados, que tenham sido realiza-
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido
dos com o objetivo de garantir a continuidade e atuali- por iniciativa da concessionária, no caso de descum-
dade do serviço concedido. primento das normas contratuais pelo poder conce-
dente, mediante ação judicial especialmente intentada
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do para esse fim.
serviço pelo poder concedente durante o prazo da Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste
concessão, por motivo de interesse público, median- artigo, os serviços prestados pela concessionária não
te lei autorizativa específica e após prévio pagamento poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão
da indenização, na forma do artigo anterior. judicial transitada em julgado.
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

retará, a critério do poder concedente, a declaração de Capítulo XI


caducidade da concessão ou a aplicação das san- DAS PERMISSÕES
ções contratuais, respeitadas as disposições deste ar-
tigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as Art. 40. A permissão de serviço público será forma-
partes. lizada mediante contrato de adesão, que observará
§ 1º A caducidade da concessão poderá ser declara- os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e
da pelo poder concedente quando: do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade- e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
quada ou deficiente, tendo por base as normas, crité- concedente.
rios, indicadores e parâmetros definidores da qualida- Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto
de do serviço; nesta Lei.

104
Capítulo XII amortização de ativos imobilizados definidos pelas
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS legislações fiscal e das sociedades por ações, efetua-
da por empresa de auditoria independente escolhida
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à con- de comum acordo pelas partes.
cessão, permissão e autorização para o serviço de § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
radiodifusão sonora e de sons e imagens. eventual indenização será realizado, mediante ga-
Art. 42. As concessões de serviço público outorga- rantia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais,
das anteriormente à entrada em vigor desta Lei iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada
consideram-se válidas pelo prazo fixado no contrato de investimentos e de outras indenizações relaciona-
ou no ato de outorga, observado o disposto no art. 43
das à prestação dos serviços, realizados com capital
desta Lei.
próprio do concessionário ou de seu controlador, ou
§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato
originários de operações de financiamento, ou obti-
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão
ou entidade do poder concedente, ou delegado a dos mediante emissão de ações, debêntures e outros
terceiros, mediante novo contrato. títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o
§ 2º As concessões em caráter precário, as que es- último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer
tiverem com prazo vencido e as que estiverem em a reversão.
vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de § 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
legislação anterior, permanecerão válidas pelo prazo trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas
necessário à realização dos levantamentos e avalia- de novo contrato que venha a disciplinar a prestação
ções indispensáveis à organização das licitações que do serviço.
precederão a outorga das concessões que as substi- Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de ser-
tuirão, prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e viços públicos outorgadas sem licitação na vigên-
quatro) meses. cia da Constituição de 1988.
§ 3º As concessões a que se refere o § 2º deste arti- Parágrafo único. Ficam também extintas todas as
go, inclusive as que não possuam instrumento que concessões outorgadas sem licitação anteriormente à
as formalize ou que possuam cláusula que preveja Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te-
prorrogação, terão validade máxima até o dia 31 de nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados
dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho
quando da entrada em vigor desta Lei.
de 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente,
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se
as seguintes condições:
encontrem atrasadas, na data da publicação des-
I - levantamento mais amplo e retroativo possível
dos elementos físicos constituintes da infraestrutura ta Lei, apresentarão ao poder concedente, dentro de
de bens reversíveis e dos dados financeiros, contá- cento e oitenta dias, plano efetivo de conclusão das
beis e comerciais relativos à prestação dos serviços, obras.
em dimensão necessária e suficiente para a realiza- Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente
ção do cálculo de eventual indenização relativa aos o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
investimentos ainda não amortizados pelas receitas oferecer condições efetivas para o término da obra, o
emergentes da concessão, observadas as disposi- poder concedente poderá declarar extinta a conces-
ções legais e contratuais que regulavam a prestação são, relativa a essa obra.
do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos an-
teriores ao da publicação desta Lei; Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44
II - celebração de acordo entre o poder concedente desta Lei, o poder concedente indenizará as obras
e o concessionário sobre os critérios e a forma de e serviços realizados somente no caso e com os
indenização de eventuais créditos remanescentes de recursos da nova licitação.
investimentos ainda não amortizados ou deprecia- Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste
dos, apurados a partir dos levantamentos referidos artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para
no inciso I deste parágrafo e auditados por institui- fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou
ção especializada escolhida de comum acordo pelas
atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité-
partes; e
rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15
III - publicação na imprensa oficial de ato formal
desta Lei.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de autoridade do poder concedente, autorizando a


prestação precária dos serviços por prazo de até 6 Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
(seis) meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, cação.
mediante comprovação do cumprimento do dispos- Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.
to nos incisos I e II deste parágrafo.
§ 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Independên-
§ 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves- cia e 107º da República.
timentos será feito com base nos critérios previstos
no instrumento de concessão antes celebrado ou,
na omissão deste, por avaliação de seu valor eco-
nômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e

105
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que
se segue.
EXERCÍCIOS COMENTADOS A concessionária deverá ser responsabilizada pelos danos
causados a usuários.
1. (PGM/AM - PROCURADOR DO MUNICÍPIO - CES-
PE/2018) Julgue o item que se segue, relativo a serviços ( ) CERTO ( ) ERRADO
públicos e aos direitos dos usuários desses serviços.
De acordo com o STJ, o princípio da continuidade do Resposta: Certo. A responsabilidade é objetiva, con-
serviço público autoriza que o poder público promova a forme a normativa constitucional e infraconstitucional.
retomada imediata da prestação do serviço no caso de Neste sentido: “Art. 37, § 6º, CF. As pessoas jurídicas de
extinção de contrato de concessão por decurso do prazo direito público e as de direito privado prestadoras de ser-
de vigência ou por declaração de nulidade, desde que viços públicos responderão pelos danos que seus agen-
tal poder realize previamente o pagamento de indeni- tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
zações devidas. o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa. Art. 25, Lei nº 8.987/95. Incumbe à con-
( ) CERTO ( ) ERRADO cessionária a execução do serviço concedido, cabendo-
-lhe responder por todos os prejuízos causados ao po-
Resposta: Errado. Nos termos do informativo 546, der concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a
STJ, declarada a nulidade de permissão outorgada fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou
sem licitação pública, mesmo antes da Constituição atenue essa responsabilidade”.
de 1988 exigi-la, é possível ao magistrado estabele-
cer, independentemente de eventual direito a indeni-
zação do permissionário, prazo máximo para o termo NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
final do contrato de adesão firmado precariamente;
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
sendo que a retomada do serviço pela administração
não depende do prévio pagamento de eventual inde-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; ORGANIZAÇÃO
nização, que deverá ser pleiteada pela empresa nas ADMINISTRATIVA: CENTRALIZAÇÃO,
vias ordinárias. DESCENTRALIZAÇÃO, CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 – CESPE/2018) A res-
peito de concessão administrativa, julgue o item sub- Princípios Básicos da Administração Pública
secutivo.
Em caso de inadimplemento do usuário, o fornecimento Os princípios que regem a atividade da Administração
de serviço público pode ser interrompido pelo conces- Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma
sionário, sendo desnecessária a notificação. positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados
segundo a interpretação das normas jurídicas. Temos
( ) CERTO ( ) ERRADO princípios gerais de Direito Administrativo, os princípios
constitucionais, e os princípios infraconstitucionais.
Resposta: Errado. É exigida a notificação prévia do
usuário, conforme artigo 6°, § 3º, da Lei nº 8.987/95: 1. Princípios Gerais da Administração Pública
“Não se caracteriza como descontinuidade do serviço
a sua interrupção em situação de emergência ou após Os princípios gerais de Direito Administrativo, são os
prévio aviso, quando: I - motivada por razões de or- princípios basilares desse ramo jurídico, sendo aplicáveis
dem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por ante o fato da Administração Pública ser considerada
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da pessoa jurídica de direito público.
coletividade”. O princípio da supremacia do interesse público
é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à
Administração Pública. A supremacia do interesse público
3. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA sobre o privado é um aspecto fundamental para o exercício
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Alguns meses após da função administrativa. Podemos citar como exemplo a
a assinatura de contrato de concessão de geração e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

desapropriação de um imóvel pertencente a um particular:


transmissão de energia elétrica, a falta de chuvas com- o particular pode ter interesse em não ter seu bem
prometeu o nível dos reservatórios, o que deteriorou as desapropriado, ou achar o valor da indenização injusto,
condições de geração de energia, elevando os custos da mas ele não pode ter interesse em extinguir o instituto da
concessionária. A agência reguladora promoveu, então, expropriação administrativa. Trata-se de um instituto que
alterações tarifárias visando restabelecer o equilíbrio deve existir, independentemente da sua vontade.
econômico-financeiro firmado no contrato. Todavia, sem Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
que houvesse culpa ou dolo da concessionária, o for- certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
necimento do serviço passou a ser intermitente, o que que ao Estado também lhe incumbe uma série de
provocou danos em eletrodomésticos de usuários de deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilidade
energia elétrica. do interesse público. Tal princípio pressupõe que o

106
Poder Público não é dono do interesse público, ele deve serviços com perfeição ao invés de se preocupar
manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe. É por com procedimentos e outras burocracias. A ado-
isso que ele não pode se desfazer de patrimônio público, ção da eficiência, todavia, não permite à Adminis-
contratar quem ele quiser, realizar gastos sem prestar tração agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio
contas a seu superior, etc. Tais atos configuram em desvio da legalidade.
de finalidade, uma vez que o objetivo principal deles não
é de interesse público, mas apenas do próprio agente, ou
de algum terceiro beneficiário. FIQUE ATENTO!
Lembre-se da palavra “limpe”, para melhor
2. Princípios Constitucionais da Administração memorizar os princípios constitucionais:
Pública Legalidade
Impessoalidade
São os princípios previstos no Texto Constitucional, Moralidade
mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo Publicidade
o referido dispositivo: “A administração pública direta e Eficiência
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 3. Princípios Infraconstitucionais
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim,
esquematicamente, temos os princípios constitucionais da: Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito
1) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
Direito, as atividades do gestor público estão sub- não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação
missas a forma da lei. A legalidade promove maior infraconstitucional. É o caso do disposto no caput do
segurança jurídica para os administrados, na medi- artigo 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
da em que proíbe que a Administração Pública pra-
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
tique atos abusivos. Ao contrário dos particulares,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
que podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe,
jurídica, interesse público e eficiência”.
a Administração só pode realizar o que lhe é ex-
pressamente autorizado por lei.
3.1 Princípio da Autotutela
2) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú-
blica deve ser imparcial, de modo que é vedado
A autotutela diz respeito ao controle interno que a
haver qualquer forma de tratamento diferenciado
Administração Pública exerce sobre os seus próprios
entre os administrados. Há uma forte relação entre atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo
a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse
age por interesse próprio não condiz com a finali- público, não é necessária a intervenção judicial para que
dade do interesse público. a própria Administração anule ou revogue esses atos.
3) Moralidade: a Administração impõe a seus agen- Não havendo necessidade de recorrer ao Poder
tes o dever de zelar por uma “boa-administração”, Judiciário, quis o legislador que a Administração possa,
buscando atuar com base nos valores da moral co- dessa forma, promover maior celeridade na recomposição
mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir
A moralidade não é somente um princípio, mas maior proteção ao interesse público contra os atos
também requisito de validade dos atos adminis- inconvenientes.
trativos. Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999:
4) Publicidade: a publicação dos atos da Administra- “A Administração deve anular seus próprios atos, quando
ção promove maior transparência e garante eficá- eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
ao direito fundamental que toda pessoa tem de os direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador
obter acesso a informações de seu interesse pe- é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do
los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório.
direito ponha em risco a vida dos particulares ou A Administração pode revogar os atos inconvenientes,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a mas tem o dever de anular os atos ilegais.
vida íntima dos envolvidos. A autotutela também tem previsão em duas súmulas
5) Eficiência: implementado pela reforma adminis- do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A
trativa promovida pela Emenda Constitucional nº Administração Pública pode declarar a nulidade de seus
19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Ad- próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administração pode
ministração de alcançar os seus resultados de uma anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
forma célere, promovendo melhor produtividade tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
e rendimento, evitando gastos desnecessários no revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
exercício de suas funções. A eficiência fez com que respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
a Administração brasileira adquirisse caráter ge- os casos, a apreciação judicial”.
rencial, tendo maior preocupação na execução de

107
3.2 Princípio da Motivação 3.4 Princípio da Razoabilidade

Também pode constar em algumas questões como Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção
“princípio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma de competência. Todo poder tem suas correspondentes
técnica de controle dos atos administrativos, o qual impõe limitações. O Estado deve realizar suas funções com
à Administração o dever de indicar os pressupostos de coerência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas
fato e de direito que justificam a prática daquele ato. atender à finalidade prevista na lei, mas é de igual
A fundamentação da prática dos atos administrativos importância o como ela será atingida. É uma decorrência
será sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da lógica do princípio da legalidade.
Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos e incoerentes, são incompatíveis com o interesse público,
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela
VII, da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão própria entidade administrativa que praticou tal medida.
observados, entre outros, os critérios de: VII - indicação Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do
a decisão”. A motivação é uma decorrência natural poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar
do princípio da legalidade, pois a prática de um ato traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra
administrativo fundamentado, mas que não esteja seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
previsto em lei, seria algo ilógico. de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado
Convém estabelecer a diferença entre motivo e que tem por escopo limitar e condicionar o exercício de
motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida direitos individuais e o direito à propriedade privada.
administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A
motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato 3.5 Princípio da Proporcionalidade
ou de direito, que justifica a prática da referida medida.
Exemplo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por O princípio da proporcionalidade tem similitudes
ultrapassar limite de velocidade, a infração é o motivo com o princípio da razoabilidade. Há muitos autores,
(ultrapassagem do limite máximo de velocidade); já o inclusive, que preferem unir os dois princípios em uma
documento de notificação da multa é a motivação. A nomenclatura só. De fato, a Administração Pública deve
multa seria, então, o ato administrativo em questão. atentar-se a exageros no exercício de suas funções.
Quanto ao momento correto para sua apresentação, A proporcionalidade é um aspecto da razoabilidade
entende-se que a motivação pode ocorrer voltado a controlar a justa medida na prática de atos
simultaneamente, ou em um instante posterior a prática administrativos. Busca evitar extremos, exageros, pois
do ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motivação podem ferir o interesse público.
intempestiva, isso é, aquela dada em um momento Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999,
demasiadamente posterior, é causa de nulidade do ato deve o Administrador agir com “adequação entre meios
administrativo. e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições
e sanções em medida superior àquelas estritamente
3.3 Princípio da Finalidade necessárias ao atendimento do interesse público”. Na
prática, a proporcionalidade também encontra sua
Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder
Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão de polícia.
observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento Esses não são os únicos princípios que regem as
a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial relações da Administração Pública. Porém, escolhemos
de poderes ou competências, salvo autorização em lei”. trazer com mais detalhes os princípios que julgamos
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da ser mais característicos da Administração. Isso não quer
primazia do interesse público. O primeiro impõe que o dizer que outros princípios não possam ser estudados ou
Administrador sempre aja em prol de uma finalidade aplicados a esse ramo jurídico. A Administração também
específica, prevista em lei. Já o princípio da supremacia deve atender aos princípios da responsabilidade,
do interesse público diz respeito à sobreposição do ao princípio da segurança jurídica, ao princípio do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

interesse da coletividade em relação ao interesse privado. contraditório e ampla defesa, ao princípio da isonomia,
A finalidade disposta em lei pode, por exemplo, ser entre outros.
justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
ato, além de ser devidamente motivado, possui um fim
específico, com a devida previsão legal. O desvio de
finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tornam
nulo o ato praticado pelo Poder Público.

108
Resposta: Letra C. A letra A está incorreta, pois ve-
rificada algum vício de ilegalidade em qualquer ato
EXERCÍCIOS COMENTADOS administrativo, a medida adequada é a anulação, não
a revogação. A letra B está incorreta, pois a atuação
1. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO da Administração Pública é sempre subordinada ao
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Em relação aos princípios que comando legal, uma vez que vigora, na atuação dos
regem a atuação da Administração Pública, é correto agentes públicos, o princípio da legalidade. A letra D
afirmar que: está incorreta pois descreve uma hipótese de compe-
tência privativa do Chefe do Poder Executivo. A letra
a) em relação ao princípio da legalidade, a Administração E está incorreta, pois a criação de pessoas jurídicas
Pública não é obrigada a fazer ou deixar de fazer algu- diversas é característica do fenômeno da descentra-
ma coisa senão em virtude de lei. lização.
b) o princípio da eficiência impõe ao agente público um
modo de atuar que produza resultados favoráveis à 3. (PGE-TO – PROCURADOR DO ESTADO – FCC – 2018)
consecução dos fins a serem alcançados pelo Estado. Acerca das modernas correntes doutrinárias que buscam
c) o princípio da eficiência, dada a sua natureza finalística, repensar o Direito Administrativo no Brasil, Carlos Ari
é prevalente em face do princípio da legalidade. Sundfeld observa:
d) são aplicáveis à Administração Pública exclusivamente “Embora o livro de referência de Bandeira de Mello
continue saindo em edições atualizadas, por volta
aqueles princípios mencionados no caput do art. 37
da metade da década de 1990 começou a perder aos
da Constituição da República Federativa do Brasil, que
poucos a capacidade de representar as visões do meio
são o da legalidade, da impessoalidade, da moralida-
– e de influir [...] Ao lado disso, teóricos mais jovens
de, da publicidade e da eficiência. lançaram, com ampla aceitação, uma forte contestação a
e) o princípio da publicidade decorre do direito dos ad- um dos princípios científicos que, há muitos anos, o autor
ministrados em ter acesso a informações de interesse defendia como fundamental ao direito administrativo
particular ou coletivo e, por essa razão, não admite a [...].”
existência de informações públicas sigilosas. (Adaptado de: Direito administrativo para céticos, 2a ed.,
p. 53)
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois pelo
princípio da legalidade, a Administração Pública é O princípio mencionado pelo autor e que esteve sob
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sem- forte debate acadêmico nos últimos anos é o princípio da
pre em virtude de lei. A letra C está incorreta, pois o
princípio da eficiência não pode, jamais, se sobrepor a) presunção de legitimidade dos atos administrativos.
à legalidade. A letra D está incorreta, pois à Admi- b) processualidade do direito administrativo.
nistração Pública são aplicados diversos princípios, e c) supremacia do interesse público.
não apenas aqueles contidos no caput do artigo 37 da d) moralidade administrativa.
CF/1988. A letra E está incorreta, pois as informações e) eficiência.
sigilosas devem ser resguardadas, e constituem em
uma exceção ao princípio da publicidade. Resposta: Letra C. O princípio da supremacia do in-
teresse público é considerado um princípio basilar da
2. (ALESE – ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO própria estrutura da Administração Pública. Significa
– FCC – 2018) A Administração pública possui algumas que os interesses da comunidade são mais importan-
prerrogativas inerentes às suas funções, que lhe tes que os interesses individuais, razão pela qual a Ad-
permitem agir, em alguns casos, de modo a sobrepor ministração, como titular e defensora dos interesses
a vontade dos particulares, em prol do atendimento do públicos, recebe da lei poderes e prerrogativas espe-
interesse público. Nesse sentido, considera-se exemplo ciais não extensivas aos particulares. Tais prerrogativas
podem ser: desapropriar bem imóvel de particular, fe-
dessa prerrogativa o poder de:
char um estabelecimento comercial que não cumpre
com as regras de vigilância sanitária, etc.
a) revogar licitações, por razões de conveniência e opor-
tunidade e para atendimento do interesse público, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
sempre que se identificar ilegalidades nos procedi-
mentos. 1. Conceito de Administração Pública
b) limitar o direito de particulares, discricionariamente,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sempre que a situação de fato demonstrar essa neces- Administração Pública é uma expressão que pode
sidade, independentemente de previsão legal. comportar pelo menos dois sentidos: na sua acepção
c) alterar unilateralmente os contratos administrativos, subjetiva, orgânica e formal, a Administração Pública
por motivos de interesse público, mantido o equilíbrio confunde-se com a pessoa de seus agentes, órgãos, e
econômico-financeiro do contrato. entidades públicas que exercem a função administrativa.
d) editar decretos autônomos para disciplinar matérias Já na acepção objetiva e material da palavra, podemos
em tese, com efeitos gerais e abstratos, diante de la- definir a administração pública (alguns doutrinadores
cunas legais. preferem colocar a palavra em letras minúsculas para
e) criar pessoas jurídicas como forma de desconcentra- distinguir melhor suas concepções), como a atividade
ção das atividades da Administração pública. estatal de promover concretamente o interesse público.

109
Também podemos dividir, na acepção material, 2.1 Autarquias
em administração pública lato sensu e stricto sensu.
Em sentido amplo, abrange não somente a função As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público
administrativa, como também a função política, interno, criadas por legislação própria, que tem por
incluindo-se nela os órgãos governamentais. Em sentido
escopo exercer as funções típicas da Administração
estrito, administração pública envolve apenas a função
administrativa em si. Pública. Seu conceito também encontra-se disposto no
O Decreto-Lei nº 200/1967 é a legislação que art. 5º, I, do Dec-Lei nº 200/1967: “Para os fins desta
dispõe sobre a organização administrativa, além de lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo,
estabelecer diretrizes para a Reforma Administrativa. Para criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio
compreender melhor o que vem a ser a Administração e receita próprios, para executar atividades típicas da
Direta e Indireta, é imprescindível conhecer sobre os Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
fenômenos da desconcentração e descentralização. funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada.”
2. Descentralização e Administração Indireta
A doutrina tende a classificar as autarquias nos
Descentralização é a técnica em que a Administração seguintes grupos:
Pública atribui suas competências à pessoas jurídicas I) Administrativas: são as autarquias comuns,
autônomas, criadas por ela própria para esse fim. É apresentam regime jurídico ordinário. Exemplo:
considerada um princípio fundamental da própria Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Administração, nos termos do art. 6º, III, do Dec-Lei nº II) Especiais: possuem maior autonomia em relação
200/67. as autarquias administrativas devido a presença
Na descentralização, costuma-se utilizar com bastante de certas características, como a presença de
frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º, § 2º, II, dirigentes com mandato fixo. Podem se subdividir
da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, consideram-
se: II – entidade - a unidade de atuação dotada de em: b.1) especiais stricto sensu (Banco Central); e
personalidade jurídica”. Entidade da Administração, b.2) agências reguladoras (Anatel, Anvisa).
assim, é qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço III) Corporativas: são as corporações profissionais,
público foi outorgado pela entidade federativa, isso é, que promovem o controle e a fiscalização de
pelas pessoas jurídicas de Direito Público interno (União, categorias profissionais. Exemplos: Crea, CRO,
Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.). Os membros CRM.
federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de IV) Fundacionais: são as fundações públicas,
controle e fiscalização do serviço prestado pela entidade entidades que arrecadam patrimônio para o
outorgada. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas
cumprimento de um objetivo específico. Exemplos:
criadas pelo próprio Estado para atingir determinada
finalidade denomina-se Administração Indireta ou Funai, Procon, Funasa.
Descentralizada. V) Territoriais: são as autarquias de controle da
Se as entidades são dotadas de personalidade União, também denominadas territórios federais
jurídica própria, elas têm responsabilidade pelos danos e (art. 33 da CF/1988). A atual Constituição aboliu os
prejuízos causados por seus agentes públicos, podendo territórios federais remanescentes.
responder judicialmente pela prática desses atos. VI) Associativas: são as autarquias criadas pelo
As entidades da Administração Indireta podem ter resultado de uma celebração de consórcio público,
personalidade jurídica de Direito Público ou de Direito também denominadas associações públicas. Se o
Privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
contrato de consórcio público envolver múltiplos
respeito ao procedimento de criação dessas entidades
autônomas. entes da Federação, tais autarquias podem ser
As pessoas jurídicas de direito público são criadas transfederativas. Exemplo: associação criada entre
por lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade União, Estados e Municípios para a construção de
jurídica advém no momento em que tal legislação entra um teatro.
em vigor no âmbito jurídico, não havendo necessidade
de registro em cartório. 2.2 Fundações Públicas
As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são
autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja, As fundações públicas são consideradas espécies de
a legislação deve permitir que ela exista, para que o
autarquias, possuindo diversas características similares.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Poder Executivo regulamente suas funções mediante a


expedição de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec-
forma, está condicionada ao seu registro em cartório. Lei nº 200/1967: “a entidade dotada de personalidade
São pessoas jurídicas de Direito Público, membros jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em
da Administração Indireta: as autarquias, as fundações virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento
públicas, agências reguladoras e associações públicas. de atividades que não exijam execução por órgãos ou
São pessoas jurídicas de Direito Privado: as empresas entidades de direito público, com autonomia administrativa,
públicas, as sociedades de economia mista, as fundações patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
governamentais com estrutura de pessoa jurídica de direção, e funcionamento custeado por recursos da União
Direito Privado, as subsidiárias, e os consórcios públicos
e de outras fontes.”. A Funai, Funasa, o IBGE, são alguns
de Direito Privado.
exemplos de fundações públicas.

110
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que 2.4 Associações públicas
o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como
entidades com personalidade jurídica de Direito Privado. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição são os entes responsáveis pela regulamentação dos
de 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal consórcios públicos e dos convênios de cooperação,
distinção: “somente por lei específica poderá ser criada autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, como a transferência total ou parcial de encargos, serviços,
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
transferidos (art. 241 da CF/1988).
sua atuação”.
Dessa forma, concluímos que as fundações podem Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, entes federados, e que tem por objeto medidas de
dependendo do que a lei instituidora da fundação delimitar mútua cooperação, denominam-se consórcio públicos.
quanto as suas competências. Todavia, importante frisar Os consórcio públicos são disciplinados pela Lei nº
que, mesmo as fundações de regime jurídico privado deve 11.107/2005. Uma das características mais distintas dos
obediência às normas públicas, e não à legislação civil. consórcios é a possibilidade deles possuírem natureza de
Direito Público ou de Direito Privado.
2.3 Agências Reguladoras Consórcios de Direito Privado obedecem às normas
da legislação civil. Possuem regime celetista, embora
O surgimento das agências reguladoras possui fortes não possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a
relações com a época das privatizações na segunda Administração Pública. Já os consórcios de direito público
metade dos anos 1990. Neste contexto, as agências são as associações públicas propriamente ditas, podendo
reguladoras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs nos 8
ser inclusive transfederativas se integrarem todas as esferas
e 9, ambas de 1995, para atuar como órgãos reguladores,
das pessoas consorciadas (federal, estadual, municipal).
fiscalizadores e controladores da iniciativa privada, que
passaram a desenvolver as tarefas originalmente atribuídas
ao Estado. Alguns exemplos de agências reguladoras: 2.5 Empresas públicas e sociedades de economia mista
Aneel, Anatel, Ancine, ANP, entre outros.
As agências reguladoras também são autarquias sob Empresas estatais são as pessoas jurídicas de Direito
um regime especial, se diferenciando das autarquias Privado pertencentes à Administração Indireta. São duas: as
comuns em dois aspectos. Os dirigentes das agências empresas públicas, e as sociedades de economia mista.
reguladoras, primeiramente, gozam de estabilidade, não As empresas públicas e as sociedades de economia
podem ser exonerados por qualquer motivo, ao contrário mista apresentam características em comum:
das autarquias, em que seus dirigentes atuam em cargos A) Atuação na prestação de serviços públicos ou
de comissão. Assim, os dirigentes das agências têm maior no desenvolvimento de atividade econômica:
proteção contra o desligamento forçado, promovendo as empresas exploradoras de atividade econômica
maior estabilidade no exercício de seu cargo.
geralmente recebem menor controle pela
Todavia, esses mesmos dirigentes possuem um mandato
Administração, embora também apresentem certas
fixo, pois seus cargos não são vitalícios. A existência de
mandato fixo garante também maior segurança jurídica, desvantagens, como não ter imunidade a impostos,
visto que a sua ocupação naquela posição privilegiada e seus bens não tem natureza pública, podendo ser
tem prazo determinado para se encerrar. A duração dos penhorados.
mandatos pode variar dependendo da cada agência, B) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União:
podendo ser de 3 anos como na Anvisa, 4 anos como na bem como do Poder Judiciário, no que couber.
Aneel, ou até 5 anos como na Anatel. C) Contratação de bens e serviços mediante prévia
As agências reguladoras podem ser classificadas: licitação: a licitação é processo utilizado a fim de
I) Quanto à sua origem: a) agências federais; b) promover uma competição justa com as empresas
estaduais; c) municipais; d) distritais. privadas do mesmo setor. Tal imposição não é
II) Quanto à atividade preponderante: a) agências de exigida para as empresas públicas e sociedades
serviço, que exercem as funções típicas; b) agências de economia mista exploradoras de atividade
de polícia, que exercem fiscalização das atividades econômica.
econômicas; c) agências de fomento, que ajudam a
D) Obrigatoriedade de realização de concurso
desenvolver o setor privado; d) agências de uso de
público: trata-se de uma forma de avaliar os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

bens públicos.
III) Quanto à previsão constitucional: a) agências com melhores funcionários dentro de um grupo seleto
referência constitucional (a Anatel tem previsão no de candidatos.
art. 21, XI, da CF/1988); b) agências sem referência E) Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus
constitucional, são a grande maioria. membros são denominados empregados públicos,
IV) Quanto ao instante de sua criação: a) agências salvo as hipóteses de contratação para cargo
de primeira geração (1996 a 1999) na época das comissionado. É também vedada a acumulação de
privatizações; b) de segunda geração, de 2000 cargos, empregos ou funções públicas.
a 2004; c) de terceira geração, que adveio com F) Impossibilidade de decretar sua falência: nos
as agências pluripotenciárias (2005 em diante), termos do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.
exercendo múltiplas funções simultaneamente.

111
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital público,
e regime organizacional livre (art. 5º, II, do Dec-Lei nº 200/1967), podendo ser organizadas como sociedade anônima, ou
de responsabilidade limitada, ou ainda sociedade por comandita de ações. São empresas públicas: o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF), e a Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista tem seu conceito legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São pessoas
jurídicas de direito privado, cuja criação também depende de autorização legal e registro em cartório, possui a maioria de
seu capital público, e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades anônimas. São sociedades de economia
mista: Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás.
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira diz
respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o Dec-Lei nº
200/1967 dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas admite-se também o capital de origem estadual
e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de origem privada, mas pelo menos 50%
mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. Além disso, outra diferença relevante é em relação
à forma de sua organização: as sociedades de economia mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade
anônima, trata-se de disposição legal do próprio Dec-Lei nº 200/1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa
imposição, podendo adotar a estrutura que desejar. Uma terceira e igualmente importante diferença diz respeito ao foro
competente para dirimir conflitos de ordem judicial: enquanto que as ações que possuem as empresas públicas como
parte no processo são de competência da Justiça Federal, as ações envolvendo as sociedades de economia mista são de
competência da Justiça Estadual, exceto se houver relevante interessa da União no pleito, caso em que a competência
é absorvida pela Justiça Federal. No tocante a questões de ordem trabalhista, todavia, o foro competente é a Justiça do
Trabalho.
Esquematicamente, temos:

Diferenças entre as empresas estatais Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Composição do capital Integralmente Público Misto (a maioria deve ser público)
Forma de organização Forma Livre Sociedade Anônima
Justiça Estadual (salvo casos de interesse da
Foro competente Justiça Federal
União)

2.4 Desconcentração e Administração Direta

Desconcentração é a técnica utilizada para o exercício de competências administrativas, mediante órgãos públicos
despersonalizados e vinculados hierarquicamente aos entes da Federação. Há a repartição das atribuições entre os órgãos
públicos pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierárquica. Difere-se da descentralização
justamente nesse aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias, fundações, etc, não tem personalidade
jurídica própria, e por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes descentralizados, permanecendo vinculados
hierarquicamente ao Estado.
Muito importante para a desconcentração é a noção de órgão público. Nos termos do art. 1º, § 2º, I, da Lei nº
9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta”. Assim, podemos definir órgão público um núcleo de competências do Estado, sem personalidade
jurídica própria. Por ser órgão despersonalizado, não pode integrar no polo ativo ou passivo das ações que objetivam
a reparação de danos causados pelo exercício da Administração, devendo a pessoa jurídica a que o órgão pertence ser
acionada em tais hipóteses.

A Teoria do Órgão (também pode aparecer como princípio da imputação volitiva) é uma
invenção doutrinária que procura imputar as ações cometidas pelos agentes e servidores
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

públicos à pessoa jurídica a que ele esteja ligado. Pela teoria do órgão, os agentes públicos
não podem responder pessoalmente pelos atos que praticam no exercício de suas funções,
uma vez que a responsabilidade pela execução de tais tarefas é do Estado, sendo represen-
tado por seus órgãos e entes com personalidade jurídica própria.

112
Há, inclusive, uma classificação quanto as diferentes III) Desconcentração hierárquica ou funcional: o
espécies de órgãos, que poderão ser: elemento diferenciador é a relação de subordina-
A) Quanto à posição estatal: ção e hierarquia entre os órgãos públicos. Exem-
a.1) órgãos independentes são os que representam plo: os tribunais administrativos possuem subordi-
o Estado em seus Três Poderes, não havendo uma nação em relação aos órgãos de primeira instância.
relação de hierarquia entre os mesmos (Congresso
Nacional, Câmara dos Deputados, Tribunais, Varas As técnicas da desconcentração e da descentralização
Judiciais, etc); não são presentes, apenas, na Administração Direta
a.2) órgãos autônomos, são os órgãos subordinados e Indireta, respectivamente. As obras doutrinárias
diretamente à cúpula da Administração. Têm gran- costumam colocar tais formas juntas apenas para
de autonomia administrativa, financeira e técnica, fins didáticos. É perfeitamente possível que haja, por
caracterizando-se como órgãos diretivos (Ministé- exemplo, a criação de órgãos dentro de uma autarquia,
rio Público, Defensoria Pública, AGU, PGR, etc).
ou de uma empresa pública; bem como é possível ocorrer
a.3) órgãos superiores, possuem poder de direção,
a descentralização na Administração Central, na criação
controle, decisão e comando dos assuntos de sua
de um Estado novo.
competência específica. Representam as primeiras
divisões dos órgãos independentes e autônomos
(Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos, Divi-
sões, etc);
a.4) órgãos subalternos: são os que se destinam à
EXERCÍCIOS COMENTADOS
execução dos trabalhos de rotina, cumprem ordens
superiores. (Portarias, seções de expediente, etc). 1. (SEAD-AP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FCC
– 2018) A desconcentração e descentralização, como
B) Quanto à composição: formas de organização administrativa, interferem na
b.1) órgãos simples: são aqueles que possuem ape- conclusão acerca da incidência do controle interno e
nas um único centro de competência, sua caracte- externo porque:
rística fundamental é a ausência de outro órgão em
sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho de a) somente os órgãos administrativos, unidades de exe-
suas funções; cução que são criadas quando da utilização do modelo
b.2) órgãos compostos: são aqueles que possuem de descentralização, estão sujeitos a controle externo
em sua estrutura outros órgãos menores, seja com e interno em igualdade de extensão e consequências.
desempenho de função principal ou de auxilio nas b) o controle exercido pela Administração pública central é
atividades, as funções são distribuídas em vários mais rigoroso sobre as entidades que integram a Admi-
centros de competência, sob a supervisão do órgão nistração pública indireta, em especial no que se refere à
de chefia. possibilidade de anulação de atos e contratos praticados.
c) os Tribunais de Contas exercem controle externo sobre
C) Quanto à forma de atuação funcional: os atos praticados pela Administração pública indireta
c.1) órgãos singulares: são aqueles que decidem e exclusivamente no que se refere à legalidade, não lhes
atuam por meio de um único agente, o chefe. Pos- sendo autorizada análise de economicidade ou de ou-
suem agentes auxiliares, mas sua característica de tros parâmetros de aspecto discricionário.
singularidade é desenvolvida pela função de um
d) o exame realizado pelo Poder Judiciário abrange po-
único agente, em geral o titular;
deres revisionais, anulatórios e revogatórios para os
c.2) órgãos coletivos: são aqueles que decidem pela
atos e contratos realizados pelas pessoas jurídicas de
manifestação de muitos membros, de forma con-
junta e por maioria, sem manifestação de vontade direito público que integram a Administração indireta.
de um único chefe. A vontade da maioria é imposta e) o controle interno realizado pela própria Administra-
de forma legal, regimental ou estatutária. ção inclui a inerente possibilidade de revogação de
seus atos, o que não se estende aos entes integrantes
Todos esses órgãos, somados à União, os Estados, da Administração indireta, que ficam sujeitos aos li-
Municípios e o Distrito Federal, compõem a denominada mites do poder de tutela exercido pela Administração
Administração Direta, ou Centralizada. central.
Em relação às modalidades de desconcentração, a
doutrina tende a classificar a desconcentração em três Resposta: Letra E. A letra A está incorreta pois os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

espécies distintas: órgãos públicos são criados pela técnica da descon-


I) Desconcentração territorial ou geográfica: é centração. Além disso, não são os únicos a sofrerem
aquela em que todos os órgãos recebem as mes- controle. A letra B está incorreta pois os entes da Ad-
mas competências em relação à matéria, a diferen- ministração Indireta possuem certa autonomia em
ça encontra-se apenas nas regiões em que devem relação ao Poder Central, o que faz seu controle ser
atuar. É o caso da Delegacias de Polícia. menos rigoroso. A letra C está incorreta, pois o Tribu-
II) Desconcentração material ou temática: é a que nal de Contas exerce o que se denomina de controle
distribui as competências administrativas tendo em financeiro completo sobre todo o Poder Executivo, en-
vista a especialização de cada órgão em um assun- volvendo aspectos além da legalidade. A letra D está
to específico. Exemplo: o Ministério da Cultura da incorreta, pois ao Poder Judiciário somente é atribuído
União. poderes anulatórios, isso é, somente tem competência

113
para decidir sobre a legalidade (ou falta de) dos atos regulamentar. E, a despeito de não terem personalidade
e contratos administrativos. Sobre a letra E, apesar do jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais
conteúdo ser um pouco ambíguo, a banca buscou próprias que, quando infringidas por outro órgão, admitem
exigir, além dos conhecimentos de desconcentração defesa até mesmo por mandado de segurança.”
e descentralização, atributos especiais sobre controle (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
interno (poder hierárquico) e externo (poder de tutela) Brasileiro. 15.ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
1990, p. 59)
2. (TRT 6ª REGIÃO-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Na hipótese de a Com base no texto transcrito e no regime jurídico dos
Administração pública estadual pretender descentralizar órgãos administrativos, é correto afirmar:
serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa
jurídica ainda inexistente, sujeita a regime jurídico a) O texto transcrito aborda a teoria do mandato, por
administrativo e com personalidade de direito público: meio da qual aos agentes públicos seriam delegados
poderes para que agissem em nome e no interesse
a) deve criar por lei específica autarquia, que passará a do Estado.
integrar a Administração pública indireta estadual. b) Os órgãos públicos são centros de competências
b) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, instituídos para o desempenho de funções estatais,
que integrará a Administração pública direta. através de seus agentes, cuja atuação é imputada à
c) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira pessoa jurídica a que pertencem.
instituída por lei e a segunda pelo registro de seus c) O texto transcrito traz uma concepção de órgão que
atos constitutivos, ambas integrantes da Administra- contraria a formulação da teoria do órgão, atribuída
ção pública indireta. a Otto Gierke, que criou uma doutrina para justificar
d) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública como se dá a manifestação da vontade do Estado por
ou sociedade de economia mista, todas por lei especí- meio de seus órgãos, por meio da noção de que os
fica, a última por lei complementar e as três integran- agentes públicos, ao agir, expressam a vontade do
tes da Administração pública indireta. Estado.
e) deve criar por lei específica autarquia, que passará a d) Por serem despersonalizados, os órgãos públicos não
integrar a Administração pública direta estadual jun- mantêm relações funcionais com terceiros, dos quais
tamente com o ente instituidor. resultam efeitos jurídicos externos.
e) No texto, é apresentada a teoria da representação,
Resposta: Letra A. A letra B está incorreta, pois as au- pela qual a vontade dos agentes exprimiria a vontade
tarquias são criadas por lei, não precisam de autoriza- do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela.
ção legislativa, vez que são pessoas jurídicas de direito
público. A letra C e D estão incorretas, pois tanto as Resposta: Letra B. O texto apresenta o que a dou-
empresas públicas como as sociedades de economia trina denomina de Teoria do Órgão. Nas lições de
mista são pessoas jurídicas de direito privado. A letra Otto Gierke, o Estado, no exercício de suas atribui-
E está incorreta, pois as autarquias integram a Admi- ções, atua mediante órgãos, núcleos de competência
nistração Indireta, ou Descentralizada. despersonalizados. A imputação de responsabilidade
pela execução de tais atribuições não pode ser feita
3. (PREFEITURA DE CARUARU-PE – PROCURADOR DO ao órgão ou a seus agentes, e sim a pessoa jurídica
MUNICÍPIO – FCC – 2018) Considere o texto abaixo. que o representa.
“Os órgãos integram a estrutura do Estado e das demais
pessoas jurídicas como partes desses corpos vivos, dotados Controle da Administração Pública
de vontade e capazes de exercer direitos e contrair
obrigações para a consecução de seus fins institucionais. Controle da Administração Pública é o exercício de vi-
Por isso mesmo, os órgãos não têm personalidade jurídica gilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional,
nem vontade própria, que são atributos do corpo e não das exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com
partes, mas na área de suas atribuições e nos limites de sua relação a outro.
competência funcional expressam a vontade da entidade a “O controle do Estado pode ser exercido através de
que pertencem e a vinculam por seus atos, manifestados duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
através de seus agentes (pessoas físicas). Como partes das renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

entidades que integram, os órgãos são meros instrumentos que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
de ação dessas pessoas jurídicas, preordenados ao Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
desempenho das funções que lhes forem atribuídas pelas tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
normas de sua constituição e funcionamento. Para a encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e
eficiente realização de suas funções, cada órgão é investido contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem
de determinada competência, redistribuída entre seus o crescimento de qualquer um deles em detrimento de
cargos, com a correspondente parcela de poder necessária outro e que permitem a compensação de eventuais pon-
ao exercício funcional de seus agentes. tos de debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à
Embora despersonalizados, os órgãos mantêm relações força de outro. São realmente freios e contrapesos dos
funcionais entre si e com terceiros, das quais resultam Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses casos
efeitos jurídicos internos e externos, na forma legal ou é a demonstração do caráter que tem o controle político:

114
seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das instituições Classificação das formas de controle
democráticas do país. O controle administrativo tem li-
nhas diversas. Nele não se procede a nenhuma medida “O poder-dever de controle é exercitável por todos os
para estabilizar poderes políticos, mas, ao contrário, se Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
pretende alvejar os órgãos incumbidos de exercer uma administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa em
das funções do Estado – a função administrativa. Enquan- todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agentes. Por
to o controle político se relaciona com as instituições po- esse motivo, diversas são as formas pelas quais o controle se
líticas, o controle administrativo é direcionado às institui- exercita, sendo, destarte, inúmeras as denominações adota-
ções administrativas. [...] Podemos denominar de controle das” 24.
da Administração Pública o conjunto de mecanismos ju- - Conforme o âmbito da administração
rídicos e administrativos por meio dos quais se exerce a) Por subordinação: exercido por meio dos pata-
o poder de fiscalização e de revisão da atividade ad- mares de hierarquia dentro da mesma Administra-
ministrativa em qualquer das esferas de Poder”21. ção. Trata-se de controle tipicamente interno.
O princípio da legalidade e o princípio das políticas b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad- são atribuídos poderes de fiscalização e revisão em
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, relação a pessoa diversa. Trata-se de controle tipi-
a ideia central, quando se fala em controle da Adminis- camente externo.
tração Pública, reside no fato de que o titular do patri-
mônio público (material e imaterial) é o povo, e não a - Conforme a iniciativa
Administração, razão pela qual ela se sujeita, em toda a a) De ofício: executado pela própria Administração
sua atuação, sem qualquer exceção, ao princípio da in- quando está regularmente exercendo as suas fun-
disponibilidade do interesse público”22. ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa
da autotutela, que a permite invalidar ou revogar
suas condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF).
b) Provocado: ocorre mediante provocação de ter-
#FicaDica
ceiro, postulando a revisão do ato administrativo
Controle da Administração é: dito ilegal ou inconveniente.
- Faculdade de vigilância, orientação e corre-
ção que um poder, órgão ou autoridade exer- - Conforme a origem ou a extensão do controle
ce sobre a conduta funcional de outro;
- Regulamentado por diversos atos norma- a) Controle interno: é aquele realizado pelas auto-
tivos, os quais trazem regras, modalidades e ridades no âmbito do próprio órgão ou entida-
instrumentos para sua organização; de em que atuam no âmbito da administração.
- O que assegura que a Administração vá atuar Exemplo: chefe que na repartição controla os seus
de acordo com princípios jurídicos, previstos subordinados; corregedoria que faz inspeção em
no artigo 37, caput, CF – legalidade, impesso- um fórum.
alidade, moralidade, publicidade e eficiência. Basicamente, sempre se está diante de controle in-
terno quando um Poder exerce controle sobre ele mes-
mo, isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo
Elementos e natureza jurídica do controle fiscalizando Legislativo e Executivo fiscalizando Execu-
tivo.
Segundo Carvalho Filho23, dois são os elementos bási- Quando, no exercício do controle interno, uma au-
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e toridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da
a revisão são os elementos básicos do controle. A fiscali- entidade responsável pelo controle externo, notada-
zação consiste no poder de verificação que se faz sobre a mente um Tribunal de Contas, haverá responsabilidade
atividade dos órgãos e dos agentes administrativos, bem solidária entre a autoridade que praticou a ocultação e
como em relação à finalidade pública que deve servir de a autoridade que praticou o ilícito.
objetivo para a Administração. A revisão é o poder de
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham b) Controle externo: é aquele realizado por um Po-
vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade der que é diferente do Poder fiscalizado, exterio-
de alterar alguma linha das políticas administrativas para rizando um sistema de freios e contrapesos. É o
que melhor seja atendido o interesse coletivo”. caso do controle de atos do Executivo por deci-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para o autor, a natureza jurídica do controle é de sões do Poder Judiciário, ou mesmo da sustação
princípio fundamental da administração pública, con- de ato normativo do Executivo pelo Legislativo,
forme teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que asse- além do julgamento de contas do Presidente da
gura também que o controle deve ser exercido em todos República pelo Congresso Nacional, e de audito-
níveis e em todos órgãos. rias do Tribunal de Contas da União quanto ao
Executivo federal.
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- c) Controle externo popular: realizado pelo contri-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31,
22 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo §3º, CF; artigo 74, §2º, CF).
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.
23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- 24 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

115
- Conforme o momento a ser exercido Entre os meios de controle, destacam-se:
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes - Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é
do início da prática ou antes da conclusão do ato inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o exer-
administrativo. cício dos órgãos superiores em relação aos infe-
b) Controle concomitante: exercido durante a rea- riores;
lização do ato, verificando a sua validade enquan- - Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas en-
to ele é praticado. tidades de administração indireta vinculadas a um
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever Ministério, não havendo subordinação;
os atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou - Recursos Administrativos: serve para provocar o re-
confirmando. Envolve atos como os de aprova- exame do ato administrativo pela própria Adminis-
ção, homologação, anulação, revogação ou con- tração Pública.
validação. - Direito de petição: é um direito fundamental con-
ferido a toda pessoa de defender seus direitos e
- Conforme a amplitude ou a natureza do con- noticiar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV,
trole CF). Pode ser exercido por diversas vias, como re-
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati- presentação (denúncia de irregularidade perante a
cado em conformidade com a lei. O controle pode Administração, Tribunal de Contas ou outro órgão
ser interno ou externo. O resultado final é a confir- de controle), reclamação administrativa (oposição
mação ou a rejeição do ato, anulando-o. expressa a ato administrativo que ofenda direito ou
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade interesse legítimo, podendo ser interposta perante
e a conveniência administrativas do ato controla- o Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo
do. Trata-se do controle sobre a atuação discricio- contrariar súmula vinculante), pedido de reconsi-
nária da Administração Pública, mantendo-o ou deração (solicitação de mudança da decisão pela
revogando-o. Diz-se que o Judiciário não pode própria autoridade que praticou um ato), recurso
fazer este controle, o que é verdade, em termos: hierárquico próprio (solicitação de mudança da deci-
o Judiciário não pode controlar a atividade discri- são por autoridade hierarquicamente superior àque-
cionária que é legítima, mas se ela exceder parâ- la que praticou o ato), recurso hierárquico impróprio
metros de razoabilidade e proporcionalidade pode (solicitação de mudança da decisão por autoridade
fazê-lo. Nesta questão se insere a polêmica sobre diversa, com competência especificada em lei, porém
o controle judicial de políticas públicas. não hierarquicamente superior àquela que praticou
o ato), revisão (solicitação de alteração em punição
aplicada pela Administração no exercício do poder
#FicaDica disciplinar diante do surgimento de fatos novos).
- Quanto ao órgão que o exerce - Controle social: é aquele exercido pela própria so-
Executivo ciedade, em demanda emanada de grupos sociais,
Legislativo no exercício da atividade democrática que tem
Judiciário amparo constitucional notadamente na garantia
- Quanto ao fundamento pelo artigo 37, §3º, CF de edição de lei que regule
Hierárquico formas de pdevolutivo irá continuar correndo.
Finalístico
- Conforme a origem Súmula 429, STF. A existência de recurso administra-
Interno tivo com efeito suspensivo não impede o uso do man-
Externo dado de segurança contra omissão da autoridade.
Popular
- Quanto à atividade administrativa Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
Legalidade nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa e
Mérito judicial, considerando que são independentes entre si. Aliás,
- Quanto ao momento de exercício apenas existem duas hipóteses em que o esgotamento dos
Preventivo recursos administrativos é imposto: trata-se de demanda
Concomitante perante a justiça desportiva, conforme o artigo 217, §1º,
Corretivo CF; se ocorre contrariedade de súmula vinculante na via ad-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ministrativa e o administrado pretende invoca-la mediante


reclamação, conforme artigo 7º, §1º, Lei nº 11.417/2006. Em
Controle exercido pela administração pública todos os demais casos, tal exigência é proibida.
Outra questão que merece ser abordada no campo
É o controle exercido pela Administração quanto dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus,
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra-
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciá- ção de modo a agravar a situação do administrado. De-
rio quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange à vido a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a refor-
legalidade quanto em relação à conveniência. É sempre matio in pejus em recurso administrativo modificando
um controle interno, que deriva do poder-dever de au- a decisão recorrida é permitida, mas o recorrente deverá
totutela. ter oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já

116
em se tratando de reformatio in pejus em processo de § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova
revisão, há vedação. Quanto à possibilidade de gravame documental e dirigida ao presidente do tribunal.
na primeira hipótese, a doutrina afirma que apenas é per- § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada
mitida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido e distribuída ao relator do processo principal, sem-
praticado em desconformidade com a lei, considerados pre que possível.
critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
aplicação indevida da tese jurídica e sua não apli-
pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva. cação aos casos que a ela correspondam.
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada § 5º É inadmissível a reclamação:
administrativa, que basicamente é uma “situação jurídi- I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
ca pela qual determinada decisão firmada pela Adminis- reclamada;
tração não mais pode ser modificada na via administrati- II – proposta para garantir a observância de acórdão
va”25, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da de recurso extraordinário com repercussão geral re-
coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede conhecida ou de acórdão proferido em julgamento
a rediscussão da matéria em qualquer via. de recursos extraordinário ou especial repetitivos,
quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
- Reclamação § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recur-
so interposto contra a decisão proferida pelo órgão
Segundo Di Pietro26, “a reclamação administrativa é o
reclamado não prejudica a reclamação.
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor pú- Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
blico, deduz uma pretensão perante a Administração Públi- I - requisitará informações da autoridade a quem
ca, visando obter o reconhecimento de um direito ou a cor- for imputada a prática do ato impugnado, que as
reção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de lesão”. prestará no prazo de 10 (dez) dias;
A primeira referência à reclamação no ordenamento II - se necessário, ordenará a suspensão do processo
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 ou do ato impugnado para evitar dano irreparável;
ano para que ocorra a prescrição: III - determinará a citação do beneficiário da deci-
são impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a para apresentar a sua contestação.
Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu
pedido do reclamante.
representante em prestar os esclarecimentos que lhe Art. 991.  Na reclamação que não houver formula-
forem reclamados ou o fato de não promover o anda- do, o Ministério Público terá vista do processo por
mento do feito judicial ou do processo administrativo 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para infor-
durante os prazos respectivamente estabelecidos para mações e para o oferecimento da contestação pelo
extinção do seu direito à ação ou reclamação. beneficiário do ato impugnado.
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tri-
não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser bunal cassará a decisão exorbitante de seu julga-
formulada, prescreve em um ano a contar da data do do ou determinará medida adequada à solução da
ato ou fato do qual a mesma se originar. controvérsia.
Art. 993.   O presidente do tribunal determinará o
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento
imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o
mais usual com a fixação em lei da possibilidade de sua acórdão posteriormente.
apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o ato ad- Logo, a reclamação é uma forma bastante diferen-
ministrativo contrariar súmula vinculante. As hipóteses ciada de controle da administração porque é exercido
de reclamação são ampliadas pelo Código de Processo tipicamente por órgão externo sem superioridade hie-
Civil de 2015: rárquica, notadamente, tribunal que componha o Po-
der Judiciário. Por isso, autores como Carvalho Filho27
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou afirmam que se trata mais de controle jurisdicional do
do Ministério Público para: que de controle administrativo.
I - preservar a competência do tribunal;
- Pedido de reconsideração e recurso hierárqui-
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
co próprio e impróprio
III – garantir a observância de enunciado de súmula Todos são espécies do gênero direito de petição,
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal que confere o direito fundamental de toda pessoa
em controle concentrado de constitucionalidade; buscar perante a administração a alteração de um ato
IV – garantir a observância de acórdão proferido em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

administrativo ou representar a prática de ato ilegal


julgamento de incidente de resolução de demandas ou abusivo.
repetitivas ou de incidente de assunção de competên-
cia; Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, inde-
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer pendentemente do pagamento de taxas: a) o direi-
tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdi- to de petição aos Poderes Públicos em defesa de
cional cuja competência se busca preservar ou cuja direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b)
autoridade se pretenda garantir. a obtenção de certidões em repartições públicas, para
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. teresse pessoal.
26 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. 27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
São Paulo: Atlas editora, 2010. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

117
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- - Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999);
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma - Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam 180 dias (infração leve), a contar do conhecimento
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre- de sua prática (Lei nº 8.112/1990);
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” - Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de- nº 9.784/1999).
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis-
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri-
- Representação e reclamação administrativas
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz
As representações e as reclamações administrativas
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos re-
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de cursos hierárquicos e do pedido de representação, espé-
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de cies de recursos administrativos, mas que se diferenciam
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti- daqueles por serem autônomos e não incidentais.
tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos Assim, trata-se de exercício deste direito de forma
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
do direito de obter certidões ser dissociado do direito administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
de petição. à administração para a devida apreciação.
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur-
so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio Na representação é feita uma denúncia de irregula-
denota-se que o processo administrativo ainda está em ridade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Admi-
curso, pois uma autoridade tomou uma decisão adminis- nistração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
trativa da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de re- como o Ministério Público.
curso incidental). A diferença entre as três modalidades Na reclamação administrativa se dá uma oposição
está na autoridade que apreciará o pedido de alteração expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte-
da decisão administrativa.
resse legítimo.
No pedido de reconsideração, será a própria auto-
ridade que praticou um ato, reconsiderando nestes mol-
des a decisão que foi tomada. - Sistemas de controle jurisdicional da administra-
No recurso hierárquico próprio, será a autoridade ção pública: contencioso administrativo e sistema da
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, jurisdição una
tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico Sistema administrativo é o regime que um Estado
inerente à estrutura escalonada da administração. Esta adota para controlar os atos administrativos ilegais ou
é a forma típica de se recorrer da decisão administrativa. ilegítimos praticados pela Administração em seus di-
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês,
diversa, com competência especificada em lei, porém também conhecido como sistema do contencioso ad-
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ministrativo; e inglês, também denominado sistema do
ato. Na verdade, a reclamação administrativa perante o controle judicial, judiciário ou da jurisdição una.
STF pode ser enquadrada nesta categoria. O sistema francês se caracteriza por excluir os atos
administrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a
- Prescrição administrativa uma jurisdição especial do contencioso administrativo
Significa perda de prazo para apresentar uma preten- que é composta por tribunais de caráter administrativo.
são perante a Administração. No caso, o administrado Neste sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição,
não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas havendo a jurisdição comum composta pelos órgãos do
sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos
Poder Judiciário que resolve os litígios não abrangidos
de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou
pelo contencioso administrativo e a jurisdição especial
revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a
composta apenas por tribunais de natureza administrativa.
favor da administração, convalidando seus atos), caso em
Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos)


prevista no artigo 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipóte- do Poder Judiciário no controle dos atos administrativos.
se de perda do prazo para o exercício do poder punitivo Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário
(prescrição correndo a favor do administrado e contra a possui competência para resolver todos os litígios, tan-
administração, que não mais poderá aplicar a punição), to os administrativos quanto os estritamente privados.
que é a típica prescrição administrativa, e de perda de As decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas
prazo para que seja adotada determinada providência pela força da coisa julgada, que impede a rediscussão de
administrativa (prescrição correndo a favor do adminis- matérias já decididas em juízo em seu mérito.
trado e contra a administração, que não mais poderá
anular seus próprios atos dos quais decorram efeitos be-
néficos aos administrados, salvo prova de má-fé).

118
No Brasil adota-se o sistema inglês. “O controle judicial sobre atos da Administração é
exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Ju-
- Advocacia pública administrativa diciário tem o poder de confrontar qualquer ato adminis-
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública trativo com a lei ou com a Constituição e verificar se há
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União, ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/93. Ele irá à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a sua invali-
assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos de dação de modo a não permitir que continue produzindo
natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, sendo efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como
tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU presta correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar o
consultoria apenas para o Presidente da República. Os que se denomina normalmente de mérito administrati-
Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam con- vo, vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar
sultoria para as Consultorias Jurídicas: os critérios de conveniência e oportunidade dos atos,
que são privativos do administrador público”, sob pena
Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administra-
de se violar a cláusula fundamental da separação dos Po-
tivamente subordinados aos Ministros de Estado, ao
Secretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias deres28.
da Presidência da República e ao Chefe do Estado- Quanto ao momento em que o controle judicial de-
-Maior das Forças Armadas, compete, especialmente: verá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma pos-
I - assessorar as autoridades indicadas no caput deste artigo; terior, quando os atos administrativos já estão produzin-
II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos res- do efeitos no mundo jurídico. Em situações excepcionais
pectivos órgãos autônomos e entidades vinculadas; o controle pode ser prévio, por exemplo, quando a lei
III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos autoriza a concessão de liminar diante de fumus boni iu-
tratados e dos demais atos normativos a ser unifor- ris e periculum in mora.
memente seguida em suas áreas de atuação e coor- Existem atos que se sujeitam a controle especial,
denação quando não houver orientação normativa do são eles:
Advogado-Geral da União; a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
IV - elaborar estudos e preparar informações, por soli- trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema-
citação de autoridade indicada no caput deste artigo; nados da cúpula política do país, no exercício de
V - assistir a autoridade assessorada no controle inter- competências organizacionais-administrativas
no da legalidade administrativa dos atos a serem por constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário
ela praticados ou já efetivados, e daqueles oriundos de não pode controlar os critérios governamentais
órgão ou entidade sob sua coordenação jurídica;
que direcionam a edição de atos políticos. Contu-
VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito
do Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças do, o controle de legalidade e o controle de cons-
Armadas: titucionalidade são possíveis.
a) os textos de edital de licitação, como os dos respec- b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
tivos contratos ou instrumentos congêneres, a serem nam do Poder Legislativo com caráter genérico,
publicados e celebrados; abstrato e geral são passíveis de controle. Entre-
b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilida- tanto, se trata de controle de constitucionalidade,
de, ou decidir a dispensa, de licitação. que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi-
leiro adota duas vias de realização de tal controle,
#FicaDica a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci-
dentalmente sem ação específica; e a via da ação,
Controle administrativo é o controle que o
com caráter concentrado, exercida por meio de
Executivo e os órgãos internos do Legislativo
ações específicas – ação direta de inconstituciona-
e do Judiciário exercem sobre suas próprias
lidade, ação direta de constitucionalidade, argui-
atividades, buscando mantê-las conforme a lei.
ção de descumprimento de preceito fundamental.
Se exerce por:
c) Atos interna corporis: são os atos praticados den-
Fiscalização hierárquica – Dos órgãos supe-
tro da competência interna e exclusiva dos diversos
riores em relação aos inferiores, corrigindo as
órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo,
atividades dos agentes;
as competências de elaboração de regimentos in-
Recursos administrativos – Meios que permi-
ternos. Como os atos são internos e exclusivos, não
tem que os administrados provoquem o ree-
é possível fazer o controle sobre as razões que le-
xame de decisões internas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

varam à elaboração. Contudo, o controle de vícios


de ilegalidade e de inconstitucionalidade é plena-
Controle judicial mente válido.

O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei
os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá- ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofen-
rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é sa a direitos dos administrados é passível de controle
possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a judicial. Ciente disso, o legislador cria inúmeros meca-
revogação, porque significaria análise de mérito, que o
Judiciário não pode fazer. 28 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

119
nismos específicos para que tal controle seja realizado, pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei-
como mandado de segurança, ação popular, ação civil ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito
pública, mandado de injunção, habeas data, habeas cor- público ou privado, tratando-se de ação persona-
pus e as próprias ações do controle de constitucionali- líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
dade. Entretanto, não se trata de rol taxativo de formas que a propõe. Legitimados passivos são entidades
pelas quais é possível exercer tais pretensões contra a governamentais da Administração Pública Direta e
Administração, porque em tese é possível utilizar qual- Indireta nas três esferas, bem como instituições, ór-
quer tipo de ação judicial que venha a socorrer adequa- gãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta-
damente à inibição de violação ou ameaça a direito pela dores de serviços de interesse público que possuam
dados relativos à pessoa do impetrante. Está regu-
Administração. Sobre os meios específicos, aponta-se:
lado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997.
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento e) Mandado de segurança individual (artigo 5º,
de exercício direto da democracia, permitindo ao ci- LXIX, CF): Trata-se de remédio constitucional com
dadão que busque a proteção da coisa pública, ou natureza subsidiária pelo qual se busca a invali-
seja, que vise assegurar a preservação dos interes- dação de atos de autoridade ou a suspensão dos
ses transindividuais. Trata-se de ação constitucional, efeitos da omissão administrativa, geradores de
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade abuso de poder. São protegidos todos os direitos
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio líquidos e certos à exceção da proteção de direitos
histórico e cultural. O legitimado ativo deve ser ci- humanos à liberdade de locomoção e ao acesso
dadão, ou seja, aquele nacional que esteja no pleno ou retificação de informações relativas à pessoa do
gozo dos direitos políticos. O legitimado passivo é impetrante, constantes de registros ou bancos de
o ente da Administração Pública, direta ou indire- dados de entidades governamentais ou de caráter
ta, ou então a pessoa jurídica que de algum modo público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
lide com a coisa pública. A regulação está na Lei nº A natureza é de ação constitucional de natureza ci-
4.717/65. vil, independente da natureza do ato impugnado
b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote- (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra-
balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na
ger o patrimônio público e social, o meio ambiente
iminência de violação a direito líquido e certo, ou
e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade
reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
ativa é do Ministério Público, da Defensoria Pública, dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui-
das pessoas jurídicas da administração direta e in- do e certo, que é aquele que pode ser demonstra-
direta e de associação constituída há pelo menos 1 do de plano mediante prova pré-constituída, sem
ano em área de pertinência temática. A legitimidade a necessidade de dilação probatória, isto devido
passiva é de qualquer pessoa, física ou jurídica, que à natureza célere e sumária do procedimento. A
tenha cometido dano ou tenha colocado sob amea- legitimidade ativa é a mais ampla possível, abran-
ça o patrimônio público e social, o meio ambiente e gendo não só a pessoa física como a jurídica, na-
outros direitos difusos e coletivos. A regulação está cional ou estrangeira, residente ou não no Brasil,
na Lei nº 7.437/85. bem como órgãos públicos despersonalizados e
c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser- universalidades/pessoas formais reconhecidas por
ve para proteger a liberdade de locomoção. Apenas lei. Legitimado passivo é a autoridade coatora deve
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
vir. Trata-se de ação constitucional de cunho pre- no exercício de atribuições do Poder Público. Neste
dominantemente penal, pois protege o direito de ir viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que
e vir e vai contra a restrição arbitrária da liberdade. “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
Pode ser preventivo, para os casos de ameaça de praticado o ato impugnado ou da qual emane a
ordem para a sua prática”. Encontra-se regulamen-
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “sal-
tada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009.
vo conduto”, ou repressivo, para quando ameaça já f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
tiver se materializado. Legitimado ativo é qualquer CF): Visa a preservação ou reparação de direito lí-
pessoa pode manejá-lo, em próprio nome ou de quido e certo relacionado a interesses transindivi-
terceiro, bem como o Ministério Público (artigo 654, duais (individuais homogêneos ou coletivos), e de-
CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e pa- vido à questão da legitimidade ativa, pertencente
ciente é aquele que está sendo vítima da restrição à a partidos políticos e determinadas associações.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

liberdade de locomoção. As duas figuras podem se Trata-se de ação constitucional de natureza civil, in-
concentrar numa mesma pessoa. Legitimado passi- dependente da natureza do ato, de caráter coletivo.
vo é pessoa física, agente público ou privado. Está A legitimidade ativa é de partido político com re-
regulamentado nos artigos 647 a 667 do Código de presentação no Congresso Nacional, bem como de
Processo Penal. organização sindical, entidade de classe ou asso-
d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro- ciação legalmente constituída e em funcionamento
teção do acesso a informações pessoais constantes há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos
de registros ou bancos de dados de entidades go- líquidos e certos que atinjam diretamente seus in-
vernamentais ou de caráter público, para o conhe- teresses ou de seus membros. Encontra-se regula-
cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação mentado pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, que
constitucional que tutela o acesso a informações regulamenta o mandado de segurança individual.

120
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois - Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan-
requisitos constitucionais para que seja proposto ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da
o mandado de injunção são a existência de norma União e das entidades da administração direta e
constitucional de eficácia limitada que prescreva indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas micidade, aplicação das subvenções e renúncia de
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cida- receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
dania; além da falta de norma regulamentadores, mediante controle externo, e pelo sistema de con-
impossibilitando o exercício dos direitos, liberda- trole interno de cada Poder.
des e prerrogativas em questão. Assim, visa curar Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
não regulamentar as normas de eficácia limitada que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
para que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de subvenções e renúncia de receitas.
ação constitucional que objetiva a regulamenta-
ção de normas constitucionais de eficácia limita- - Tribunal de Contas da União
da. Legitimado ativo é qualquer pessoa, nacional O Tribunal de Contas da União é órgão integrante
ou estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, do Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo
que titularize direito fundamental não materializá- no controle financeiro externo da Administração Públi-
vel por omissão legislativa do Poder público, bem ca. No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que
como o Ministério Público na defesa de seus inte- couber, aos respectivos Tribunais e Conselhos de Con-
resses institucionais. Não se aceita a legitimidade tas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e
ativa de pessoas jurídicas de direito público. Regu- orçamentária.
lamentado pela Lei nº 13.300/2016.
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da
#FicaDica União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui-
Controle judiciário é o controle exercido pe- ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso
los órgãos do Poder Judiciário sobre os atos Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu-
administrativos dos Três Poderes (inclusive do nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao
próprio Judiciário) no que tange a atividades Congresso Nacional que o faça):
administrativas. Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres-
Verifica-se a legalidade e a legitimidade do ato so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
impugnado. de Contas da União, ao qual compete:
Abrange ações específicas constitucionalmen- I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
te previstas, denominadas remédios constitu- sidente da República, mediante parecer prévio que de-
cionais. verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais res-
Controle legislativo ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações
Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra- co federal, e as contas daqueles que derem causa a
ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser prejuízo ao erário público;
exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad-
Entre os meios de controle, destacam-se: ministração direta e indireta, incluídas as fundações
- Controle Político: tem por base a possibilidade de instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas
fiscalização sobre atos ligados à função adminis- as nomeações para cargo de provimento em comis-
trativa e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, são, bem como a das concessões de aposentadorias,
compete exclusivamente ao Congresso Nacional reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos-
“fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- teriores que não alterem o fundamento legal do ato
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, concessório;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

incluídos os da administração indireta”. Do poder IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
genérico de controle podem ser depreendidos ou- Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
tros poderes, como o poder convocatório, que ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
permite à Câmara ou Senado convocar Ministro contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
de Estado ou autoridade relacionada ao Presidente trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
(artigo 50, CF); o poder de sustação, que permite Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos referidas no inciso II;
do Poder Executivo que exorbitem do poder regu- V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
lamentar ou dos limites de delegação legislativa” nacionais de cujo capital social a União participe, de
(artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões Par- forma direta ou indireta, nos termos do tratado cons-
lamentares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF). titutivo;

121
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas- c) Quanto à economicidade: verificação do custo-
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste -benefício dos gastos da administração;
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis- d) Quanto à aplicação de subvenções: verificação
trito Federal ou a Município; sobre a correta destinação das verbas previstas no
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso orçamento;
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual- e) Quanto à renúncia de receitas: verificação da vali-
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização dade da postura de renúncia a receitas que o go-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- verno deveria receber, devendo sempre ser justi-
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções ficada.
realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida- #FicaDica
de de despesa ou irregularidade de contas, as san-
Controle legislativo é aquele exercido pelo
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
Contas, com relação às atividades administra-
erário;
tivas do Executivo e do Judiciário.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Classifica-se em controle político ou financei-
as providências necessárias ao exato cumprimento da
ro.
lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
dos e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregula- EXERCÍCIO COMENTADO
ridades ou abusos apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUS-
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
TIÇA AVALIADOR FEDERAL - CESPE/2018) Acerca
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
dos princípios e dos poderes da administração pública,
cabíveis.
da organização administrativa, dos atos e do contro-
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
le administrativo, julgue o item a seguir, considerando
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
a legislação, a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
superiores.
respeito.
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli-
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, administrativo sob o aspecto da economicidade.
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
( ) CERTO ( ) ERRADO
- Controle da atividade financeira do Estado
O controle financeiro é uma das espécies de controle Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legis-
parlamentar ou legislativo, ao lado do controle político. lativo atinge atos administrativos do Executivo e do
No controle financeiro o objeto se relaciona às recei- Judiciário. Sendo assim, o Legislativo controla o Exe-
tas, às despesas e à gestão dos recursos públicos, enfim, cutivo tanto no aspecto da legalidade quanto no do
toda matéria que abranja finanças públicas. mérito do ato administrativo, de modo que se o Exe-
Quanto às formas de controle, pode se dar em con- cutivo praticar um ato contrário à economicidade o
trole interno, sendo que cada Poder possui órgãos in- Legislativo poderá exercer controle sobre ele.
ternos destinados à verificação dos recursos do erário;
ou em controle externo, sendo o tipo de controle no 2. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
âmbito federal feito pelo Congresso Nacional e pelo Tri- BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Acerca do
bunal de Contas da União. controle da atividade financeira do Estado e do contro-
As áreas fiscalizadas são: contábil (registro de receitas le exercido pelos tribunais de contas, julgue o próximo
e despesas), financeira (depósitos bancários, empenhos, item.
pagamentos e recebimento de valores), orçamentário Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(orçamento e fiscalização dos registros), operacional atribuições, representar ao poder competente sobre irre-
(atividades administrativas em geral) e patrimonial (bens gularidades ou abusos apurados.
públicos).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
a) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo
da lei; 71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso
b) Quanto à legitimidade: trata-se de controle ex- Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
terno de mérito, consistente em verificação ao Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar
respeito aos princípios jurídicos da boa adminis- ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
tração; apurados”.

122
3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES- #FicaDica
PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos, - Teoria da irresponsabilidade – O rei não pode
tipos e formas de controle na administração pública. fazer nada errado – Estados não podem ser
Os tipos e as formas de controle da atividade adminis- responsabilizados.
trativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade - Teorias civilistas – Uma delas era a teoria da cul-
que o exercita ou o fundamenta. pa comum do Estado, que equiparava o Estado
a um indivíduo qualquer, logo, deveria ser anali-
( ) CERTO ( ) ERRADO sado na conduta do Estado ação/omissão, nexo
causal e dano; outra delas é a teoria da respon-
Resposta: Certo. As classificações básicas do controle sabilidade subjetiva do agente público, pela qual
se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislati- apenas o agente público deveria responder pelo
vo, Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico); dano causado por sua ação/omissão com dolo ou
origem (interno, externo, popular); atividade adminis- culpa, mas o Estado ficaria isento.
trativa (legalidade ou mérito); momento de exercício - Teoria da culpa administrativa – É a primei-
(preventivo, concomitante, corretivo). ra teoria a reconhecer a responsabilidade do
Estado de indenizar, ultrapassada a concepção
de culpa do agente público. O Estado seria res-
Responsabilidade Civil do Estado ponsabilizado desde que demonstrada a falta
do serviço e o dano gerado por esta falta.
A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- - Teoria do risco administrativo – É a mais atu-
ciocínio de que a principal consequência da prática de al e adotada no ordenamento brasileiro. O
um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de Estado tem obrigação de indenizar indepen-
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização dentemente da falta do serviço ou da culpa do
que se refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um agente público.
ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar
as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o
equilíbrio social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras Responsabilidade civil do Estado no direito brasi-
da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o res- leiro
sarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por
aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pe- grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
los danos que seus agentes causem durante a prestação consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
violação aos direitos humanos reconhecidos.
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
Histórico decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.30
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
“Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
no mundo ocidental era a de que o Estado não tinha os limites da herança, embora existam reflexos na ação
qualquer responsabilidade pelos atos praticados por que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
seus agentes. A solução era muito rigorosa para com os na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
particulares em geral, mas obedecia às reais condições tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
políticas da época. O denominado Estado Liberal tinha li- passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
mitada atuação, raramente intervindo nas relações entre A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra-
particulares, de modo que a doutrina de sua irresponsa- ciocínio de que a principal consequência da prática de um
bilidade constituía mero corolário da figuração política ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de repa-
de afastamento e da equivocada isenção que o Poder rar o dano, mediante o pagamento de indenização que se
Público assumia àquela época. A ideia anterior, da intan- refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam
gibilidade do Estado, decorria da irresponsabilidade do às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar
monarca, traduzida nos postulados ‘the king can do no o ressarcimento do dano que sofreu quanto responden-
do por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”29.


tado tem o dever de indenizar os membros da sociedade
pelos danos que seus agentes causem durante a presta-
ção do serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma
violação aos direitos humanos reconhecidos. Trata-se de
responsabilidade extracontratual porque não depende
de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos
genéricos pré-determinados, que perpassam pela leitura
concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927)
com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- 30 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Paulo: Saraiva, 2005.

123
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legis-
os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por lações específicas estabelecem casos em que não se apli-
um grupo de pessoas que desempenham as atividades cará a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva:
estatais diversas. Assim, viola direitos o agente que o re- Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
presenta, fazendo com que o próprio Estado seja respon- causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
sabilizado por isso civilmente, pagando pela indenização Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
(reparação dos danos materiais e morais). Sem prejuízo,
independentemente de culpa, nos casos especificados
com relação a eles, caberá ação de regresso se agiram
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvol-
com dolo ou culpa.
Genericamente, os elementos da responsabilidade ci- vida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
vil se encontram no art. 186 do Código Civil: risco para os direitos de outrem.
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente mo- #FicaDica
ral, comete ato ilícito. O ordenamento jurídico brasileiro adota a te-
oria do risco administrativo, a qual reconhece
Este é o artigo central do instituto da responsabili- a obrigação de reparar o dano independen-
dade civil, que tem como elementos: ação ou omissão temente da falta do serviço ou da culpa do
voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como agente público. Basicamente, a teoria do risco
se deve), culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de administrativo reconhece a existência de res-
cometer uma violação de direito e culpa é a falta de di- ponsabilidade civil objetiva do Estado.
ligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a
ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o pre-
juízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou co-
letivo, moral ou material, econômico e não econômico). Responsabilidade por ato comissivo do Estado;
Conforme o caso, a culpa será ou não considerada Responsabilidade por omissão do Estado
necessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a cul- No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons-
pa é fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da
é conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual responsabilidade objetiva:
não havendo culpa, não há responsabilidade.
A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em deter- Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
minadas situações, a reparação de um dano cometido blico e as de direito privado prestadoras de serviços
sem culpa. Sempre que isso acontece, entende-se que públicos responderão pelos danos que seus agentes,
a responsabilidade é legal ou objetiva, não dependendo nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
de culpa, bastando o dano e o nexo de causalidade (a
direito de regresso contra o responsável nos casos de
culpa pode ou não existir, mas nem é avaliada).
dolo ou culpa.
Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pres-
suposto do dano indenizável; enquanto que na respon- Logo, para que se caracterize a responsabilidade
sabilidade objetiva o elemento culpa é excluído (restam do Estado basta a comprovação dos elementos ação,
apenas ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo nexo causal e dano, como regra geral. Contudo, toma-
substituído pelo risco. das as exigências de características dos danos acima co-
Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se
responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, que para o Estado ser responsabilizado por um dano,
sendo imprescindível a demonstração do nexo causal. ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não
Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se cabe exigir do Estado uma excepcional vigilância da so-
entender que a culpa é insuficiente para regular todas as ciedade e a plena cobertura de todas as fatalidades que
situações de responsabilidade civil. A responsabilidade possam acontecer em território nacional.
objetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas Diante de tal premissa, entende-se que a responsabi-
fica circunscrita aos seus próprios limites, notadamente,
lidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
quando a atividade – por sua natureza – representar risco
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras
para os direitos de outrem.
Logo, uma das teorias que justificam a responsabili- palavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas
dade objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa condições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de
que exerce alguma atividade cria um risco de dano para agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarre-
tando em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

terceiros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a no-


ção de culpa para a noção de risco). São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva: municipal, buracos não sinalizados na via pública, ten-
Art. 186, CC. Aquele, que por ação ou omissão volun- tativa de assalto a um usuário do metrô resultando em
tária, negligência ou imprudência, violar direito e cau- morte, danos provocados por enchentes e escoamento
sar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática
comete ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa lato e não tomou providência para evitá-las, morte de deten-
sensu (sentido amplo), que envolve tanto o dolo quan- to em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com
do a culpa stricto sensu (sentido estrito, de negligên- negligência, etc.
cia, imprudência ou imperícia).

124
Requisitos para a demonstração da responsabili- Todas estas excludentes geram a exclusão do ele-
dade do Estado mento nexo causal, que é o liame subjetivo entre a
ação/omissão e o dano, não do elemento culpa, que
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, es- envolve o aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em
pecial e anormal. Certo é o dano real, existente. regra, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, de
Especial é o dano específico, individualizado, que modo que a ausência de culpa ainda caracteriza a res-
atinge determinada ou determinadas pessoas. ponsabilidade. Logo, caso se esteja diante de uma hi-
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas pótese de responsabilidade civil do Estado subjetiva por
comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- omissão, também a ausência de culpa excluirá o dever
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não de indenizar.
responde por todo assalto que ocorra, a não ser
que na circunstância específica possuía o dever de a) Fortuito
impedir o assalto, como no caso de uma viatura Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se
presente no local - muito embora o direito à se- de fato externo à conduta do agente de natureza inevi-
gurança pessoal seja um direito humano reconhe- tável (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo
cido). 393, parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atribu-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe to de caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível,
dentro da administração pública, tenha ingressado mas é externo e inevitável, logo, o caso é fortuito).
ou não por concurso, possua cargo, emprego ou Fortuito interno é diferente de fortuito externo. For-
função. Envolve os agentes políticos, os servido- tuito interno se relaciona com a atividade ordinária do
res públicos em geral (funcionários, empregados causador do dano – há responsabilidade, por exemplo,
ou temporários) e os particulares em colaboração falha dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito
(por exemplo, jurado ou mesário). externo não é introduzido pelo agente, por exemplo, as-
3) Dano causado quando o agente estava agindo salto, infarto, chuva forte. No fortuito interno o risco é de
nesta qualidade - é preciso que o agente esteja dentro pra fora, no fortuito externo é de fora pra dentro.
lançando mão das prerrogativas do cargo, não Apenas no primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-
agindo como um particular. -se necessário o vínculo com a atividade.
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança,
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por diz que fazem parte do risco da instituição financeira os
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atin- golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu-
gida. Assim, não é qualquer caminho que permite a res- lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ).
ponsabilização civil do Estado, mas somente aquele que
é causado por um agente público no exercício de suas b) Fato exclusivo da vítima
funções e que exceda as expectativas do lesado quanto Quem provocou o dano foi a própria vítima.
à atuação do Estado. Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múl-
tipla ou autoria plural – 2 condutas concorrentes para
produzir um único dano. Somente reduz o montante de
#FicaDica danos.
Tomada a teoria da responsabilidade objetiva,
que exige ação, nexo causal e dano, pode-se c) Fato de terceiro
dizer que são requisitos da responsabilidade São casos em que a causa necessária para o dano não
do Estado: foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima.
Fato do serviço – A ação foi praticada por um O agente, na contestação, fará nomeação à autoria – ge-
agente público; rando exclusão, não o futuro regresso da denunciação
Nexo de causalidade – Entre o fato do serviço da lide.
e o dano; Terceiro não identificado – o agente não se responsa-
Dano – Causado pelo agente público no exer- biliza, pois não teve um comportamento – act of God (do
cício da função. inglês, ato de Deus) – fortuito externo.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reparação do dano
Causas excludentes e atenuantes da responsabili-
dade do Estado Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o
fato de que a prática de um ato ilícito gera um dever
Não é sempre que o Estado será responsabilizado. de reparação. Há muito, o dever de reparação se dava
Há excludentes da responsabilidade estatal, aprofun- pela causação de dano igual ao ofensor; nos ditames do
dadas abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de ter- direito moderno, o dever de reparação se consolida pela
ceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos alcances obrigação de indenizar (tanto pelo dano material quanto
da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. pelo dano moral).

125
Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências – e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen-
súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde- dentes entre si.
nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento
da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Es-
tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo tado é diretamente acionado e responde pelos atos de
seus servidores que violem direitos, cabendo eventual-
dano extrapatrimonial, como não há preço que repare a
mente ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos
ofensa à dignidade, o que se busca é uma compensação da responsabilidade penal e da responsabilidade admi-
ou satisfação (compensa-se pois o valor é uma resposta nistrativa aciona-se o agente público que praticou o ato.
do Judiciário no sentido de que a ofensa não ficará im- Destaca-se a independência entre as esferas civil, penal
pune; satisfação é a postura do Estado de responder pela e administrativa no que tange à responsabilização do
ofensa à dignidade). A palavra adequada para designar agente público que cometa ato ilícito.
ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo 948, que fala
em outras reparações, trazendo lucro cessante e dano #FicaDica
emergente nos incisos).
O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun- O fato de o agente público ter agido com
damental a reparação do dano moral. Hoje, não há dú- culpa apenas é relevante para os fins de re-
vida de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano gresso, ou seja, o Estado poderá retomar do
moral – é o dano moral puro, presente na expressão “ain- agente o valor da indenização se ele agiu
da que exclusivamente moral” do artigo 186, CC. com culpa ou dolo. Se o agente não tiver agi-
do com dolo ou culpa, ainda assim o Estado
Direito de regresso terá que indenizar (devido à adoção da teo-
ria do risco administrativo para fins de res-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: ponsabilidade objetiva do Estado), mas não
terá direito de regresso.
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
blico e as de direito privado prestadoras de serviços Responsabilidade primária e subsidiária
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o O Estado responde diretamente pelos danos causa-
direito de regresso contra o responsável nos casos de dos por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que
dolo ou culpa. estão vinculados a qualquer dos órgãos da administra-
Este artigo deixa clara a formação de uma relação ju- ção direta ou indireta: trata-se de responsabilidade pri-
mária, embora exista o direito de regresso.
rídica autônoma entre o Estado e o agente público que
Contudo, existem situações em que o Estado apenas
causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não
relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas conces-
caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano sionárias e delegatárias de serviços públicos. No caso,
causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar. tem-se responsabilidade subsidiária.
Direito de regresso é justamente o direito de acionar o
causador direto do dano para obter de volta aquilo que Responsabilidade do Estado por atos legislativos
pagou à vítima, considerada a existência de uma relação e judiciais
obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição
que o agente compõe. “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais,
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- a exemplo da construção de obras públicas) administra-
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente tivos que causem danos a terceiros a regra é a respon-
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que sabilidade civil do Estado, mas por atos legislativos (leis)
e judiciais (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
princípio, o Estado não responde por prejuízos decorren-
condutas incompatíveis com o comportamento ético tes de sentença ou de lei, salvo se expressamente impos-
dele esperado.31 ta tal obrigação por lei ou oriunda de culpa manifesta no
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- desempenho das funções de julgar e legislar.
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabili- Poder Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente po-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou derão causar dano reparável (certo, especial, anormal,
omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário referente a uma situação protegida pelo Direito e de va-
(Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor lor economicamente apreciável). Com efeito, a lei age de
terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes públi- forma geral, abstrata e impessoal e suas determinações
cos que pratiquem atos violadores de direitos humanos constituem ônus generalizados impostos a toda coletivi-
se sujeitam à responsabilidade penal e à responsabi- dade. Nesse particular, o que já se viu foi a declaração de
responsabilidade patrimonial do Estado por ato baseado
lidade administrativa, todas autônomas uma com re-
em lei declarada, posteriormente, como inconstitucional.
lação à outra e à já mencionada responsabilidade civil.
Assim, a edição de lei inconstitucional pode obrigar o Es-
Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
tado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa
31 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar.
Método, 2011.

126
A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen- Resposta: Certo. Embora a regra seja a da respon-
to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou sabilidade objetiva do Estado, o entendimento domi-
a terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de con- nante é de que nos casos de omissão a responsabili-
denações pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em dade é subjetiva, isto é, cabe demonstrar que o Estado
revisão criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos se omitiu com dolo ou culpa e assim causou o dano.
casos em que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133 Contudo, segue-se a regra geral quando o Estado tiver
do Código de Processo Civil, responde, pessoalmente, um dever específico de proteção (ex.: Estado tem o
por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injus- dever específico proteger o detento sob sua guarda;
tificado de atos ou providências de seu ofício, não se tem caso outro detento atente contra sua integridade físi-
responsabilidade patrimonial do Estado. A responsabili- ca e o Estado nada fizer, deverá indenizar).
dade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”32.
4. (STM - CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR - CONHE-
CIMENTOS BÁSICOS - CESPE/2018) Julgue o item a
EXERCÍCIOS COMENTADOS seguir, relativo ao regime jurídico dos servidores públi-
cos civis da União, às carreiras dos servidores do Poder
1. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) A respeito Judiciário da União e à responsabilidade civil do Estado.
de danos causados a particular por agente público de Um servidor público federal que, no exercício de sua fun-
fato (necessário ou putativo), julgue o item a seguir. ção, causar dano a terceiros poderá ser demandado dire-
O Estado terá o dever de indenizar no caso de dano provo- tamente pela vítima em ação indenizatória.
cado a terceiro de boa-fé por agente público necessário.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. O artigo 37, § 6o, CF estabelece uma
Resposta: Certo. A teoria da responsabilidade objetiva dupla proteção: ao mesmo tempo que todo cidadão será
está esculpida no artigo 37, § 6o, CF: “As pessoas jurídi- indenizado por danos que agentes públicos lhe causem,
cas de direito público e as de direito privado prestado- mesmo sem culpa ou dolo; o agente público tem direito
ras de serviços públicos responderão pelos danos que de ser demandado apenas pelo próprio Estado em ação
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, de regresso, não podendo ser diretamente demandado
assegurado o direito de regresso contra o responsável pelo cidadão que sofreu o dano.
nos casos de dolo ou culpa”. Assim, o terceiro de boa-fé
lesado pode sim demandar contra o Estado, que terá o
dever de indenizar. O Estado, por sua vez, poderá reto-
mar o valor da indenização do agente público necessá- SERVIDORES PÚBLICOS: REGIME
rio caso ele tenha agido com dolo ou culpa. JURÍDICO; DIREITOS E DEVERES; CÓDIGO
DE ÉTICA; RESPONSABILIDADE DOS
2. (EBSERH - ADVOGADO - CESPE/2018) A respeito SERVIDORES.
de danos causados a particular por agente público de fato
(necessário ou putativo), julgue o item a seguir.
Em razão do princípio da proteção da confiança, quando o SERVIDORES PÚBLICOS
dano for causado por funcionário público putativo, o Estado
não responderá civilmente perante particulares de boa-fé.
1. Conceito de agente públicos
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,
( ) CERTO ( ) ERRADO
são agentes públicos as pessoas que exercem uma
Resposta: Errado. A jurisprudência e a doutrina domi- função pública, ainda que em caráter temporário ou
nantes reconhecem a teoria da aparência no que se re- sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
fere ao chamado agente de fato, pela qual o terceiro de e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que,
boa-fé lesado por aquele que se comporte como agen- dentro da organização da Administração Pública,
te público e tenha todas as aparências de sê-lo deve ser exercem determinada função pública.
indenizado pelo Estado devido ao dano que sofreu. O Assim, podemos dizer que agente público é gênero,
agente de fato deve ser tido como se agente público o o qual comporta diversas espécies, como os agentes
fosse e o Estado deve indenizar, preservado o direito do políticos, os agentes militares, os servidores públicos
terceiro de boa-fé. estatutários, os empregados públicos, os agentes
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar


3. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- cada um deles com maiores detalhes.
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo
à responsabilidade civil do Estado. 1.1 Agentes políticos
Excetuados os casos de dever específico de proteção, a
responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas Os agentes políticos possuem como característica
é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na principal o fato de exercerem uma função pública de alta
atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade. direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições,
( ) CERTO ( ) ERRADO e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão
de extinguir a relação destes com o Estado de modo
32 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/Responsabili-
automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se,
dade-Civil-do-Estado

127
dessa forma, que a sua vinculação com o Estado não é Além da estabilidade, é também assegurado aos
profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes servidores estatutários alguns direitos trabalhistas (art.
políticos os parlamentares, o Presidente da República, o 39, § 3º, da CF/1988), como:
prefeitos, os governadores, bem como seus respectivos a) salário mínimo,
vices, ministros e Estado e secretários. b) remuneração de trabalho noturno superior ao
diurno,
1.2 Agentes Militares c) repouso semanal remunerado,
d) férias remuneradas,
e) licença à gestante, etc.
Os agentes militares constituem uma categoria
a parte dos demais agentes políticos, uma vez 1.4 Empregado Público
que as instituições militares possuem fortes bases
fundamentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar Diferentemente do que ocorre com os servidores, os
de também apresentarem vinculação estatutária, seu empregados públicos são contratados mediante regime
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
não àquela aplicável aos servidores civis. São agentes Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma
militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos vinculação contratual. A contratação de empregados
de Bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito
Territórios, bem como os demais militares ligados ao privado integrantes da Administração Indireta (empresas
Exército, Marinha, e Aeronáutica. Algumas características públicas, sociedades de economia mista, consórcios, etc).
que merecem destaque são: a proibição de sindicalização Além disso, o ingresso de tais pessoas também depende
dos militares, a proibição do direito de greve, e a da sua aprovação em concurso público.
O regime dos empregados públicos é menos protetivo
proibição à filiação partidária.
do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de que
os empregados públicos não gozam da estabilidade
1.3 Servidores Públicos que os servidores possuem. Ao serem empossados, os
empregados passam por um período de experiência de 90
De modo geral, podemos dizer que a Constituição dias. Todavia, mesmo após esse período, os empregados
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes públicos podem ser dispensados.
para os agentes estatais: o regime estatutário ou de A diferença dos empregados públicos para com
cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos os demais consiste no fato de que a sua demissão será
públicos. Os servidores públicos são contratados pelo sempre motivada, após regular processo administrativo,
regime estatutário, enquanto os empregados públicos admitindo-se contraditório e a ampla defesa. Importante
são contratados pelo regime celetista, que muito se lembrar que, para a Administração Pública, a motivação de
assemelha com as regras contidas na CLT. seus atos, bem como o tratamento impessoal, e a finalidade
Assim, denomina-se servidor público o agente pública são princípio norteadores de sua atuação. Uma
demissão imotivada de um empregado público seria
contratado pela Administração Pública, direta ou indireta,
absolutamente inadmissível nessas condições.
sob o regime estatutário, sendo selecionado mediante
concurso público, para ocupar cargos públicos, possuindo 2. Regime dos Servidores Públicos Federais: Lei nº
vinculação com o Estado de natureza estatutária e não- 8.112/1990
contratual.
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela O regime dos servidores públicos possui ampla
Lei Federal nº 8.112/1990, também conhecida como previsão normativa. Além do renomado artigo 37 da
Estatuto do Servidor Público. Um grande destaque do Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos
regime de cargos públicos é a aquisição de estabilidade, a Lei nº 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos
após o período de estágio probatório. A estabilidade Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurídico
permite que o servidor não possa ser desligado de dos servidores públicos da União, autarquias, fundações,
suas funções, a não ser pelas hipóteses previstas agências reguladoras e associações, todas em âmbito
constitucionalmente, como a sentença judicial transitada federal. Bastante exigida em concursos públicos, convém
salientar as principais características a respeito do regime
em julgado, processo administrativo disciplinar, ou a não
dos servidores públicos.
aprovação em avaliação periódica de desempenho (art.
41, § 1º, da CF/1988). A estabilidade dos cargos públicos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2.1 Cargos Públicos: conceito e provimento


se configura em uma maior vantagem para o servidor
público em geral, em relação aos empregados públicos. Para todos os efeitos legais, o servidor público está
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que são intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Conforme
vitalícios, que trazem ainda mais vantajosos pelo fato dispõe o art. 3º do Estatuto dos Servidores, cargo público
de seu estágio probatório ser menor (2 anos, sendo de é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas
3 anos para os cargos não-vitalícios), bem como a sua na estrutura organizacional que devem ser cometidas a
perda se dar apenas mediante sentença condenatória um servidor. Os cargos públicos, acessíveis a todos os
transitada em julgado. São vitalícios os cargos de brasileiros, são criados por lei, com denominação própria
Magistratura, do Tribunal de Contas, e os cargos dos e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento
membros do Ministério Público. em caráter efetivo ou em comissão.

128
A criação, transformação, e extinção de cargos, sofre acidente e acaba perdendo algum membro
empregos ou funções públicas depende sempre de uma essencial para dirigir poderá ser readaptado para
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo um executar uma função similar, mas não idêntica a
cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar mediante anterior. Na hipótese do servidor readaptando
expedição de decreto pelo Poder Executivo. se mostrar completamente inválido para exercer
Para ocupar um cargo público, é necessário haver qualquer cargo, ele será compulsoriamente
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato aposentado.
administrativo constitutivo e hábil para a investidura do D) Reversão: outra forma de provimento derivado,
servidor no respectivo cargo. Com relação a requisitos
em que temos o retorno à atividade de um servidor
para a investidura em cargo público, dispõe o art. 5º da
aposentado por invalidez, ou por puro e simples
Lei nº 8.112/1990: “São requisitos básicos para investidura
interesse da Administração, desde que a) tenha
em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira; solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha
II - o gozo dos direitos políticos; sido voluntária; c) estável quando na atividade;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício anteriores à solicitação; e) haja cargo vago (art. 25
do cargo; do Estatuto dos Servidores Públicos). A reversão
V - a idade mínima de dezoito anos; far-se-á para o mesmo cargo ou para o cargo
VI - aptidão física e mental.” resultante de sua transformação. Em termos de
remuneração, o servidor que retornar à atividade
Há diversas formas de provimento dos cargos por interesse da Administração perceberá a
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: remuneração do cargo que voltar a exercer, em
1) Quanto à durabilidade: O provimento pode ser a) substituição da aposentadoria que recebia (art. 25,
de caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade § 4º, idem).
e até mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou b) E) Aproveitamento: mais uma forma de provimento
em comissão, quando o referido cargo não goza derivado consistente no retorno de servidor em
de estabilidade, podendo o servidor ser destituído disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório
ad nutum. para cargo de atribuições e vencimentos
2) Quanto à preexistência de vínculo: temos o
compatíveis com os do anteriormente ocupados
provimento a) originário, que não depende
(art. 30 da Lei nº 8.112/1990). Será tornado sem
de vinculação jurídica anterior com o Estado
(nomeação); ou b) derivado, se o referido servidor efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade
já possuía algum vínculo com o Estado (promoção, se o servidor não entrar em exercício no prazo
remoção, readaptação). legal, salvo comprovada doença por junta médica
oficial (art. 32, idem).
O art. 8º da Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre as formas F) Reintegração: é a forma de provimento derivado
de provimento em cargos públicos: que ocorre pela reinvestidura do servidor estável
A) Nomeação: trata-se da única forma de provimento no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo
originário, uma vez que não exige uma relação resultante de sua transformação, na hipótese de
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A sua demissão ser invalidada por decisão judicial
nomeação depende sempre de prévia habilitação ou administrativa, tendo direito também ao
em concurso público de provas, ou de provas ressarcimento de todas as vantagens (art. 28,
e títulos. Além disso, a nomeação poderá ser caput, Lei nº 8.112/1990). Encontrando-se provido
promovida não somente em caráter efetivo, como o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido
também para os cargos de confiança ou em ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
comissão (art. 9º, I e II, da Lei nº 8.112/1990) aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em
B) Promoção: é uma forma de provimento derivado, disponibilidade (art. 28, § 2º, idem).
haja vista que ela beneficia somente os servidores
G) Recondução: por fim, a recondução é a forma de
que já ingressaram em cargos públicos em caráter
provimento derivado consistente no retorno do
efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o
servidor público estável ao cargo anteriormente
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as


diretrizes do sistema de carreira na Administração probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela
Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da
parágrafo único, da Lei nº 8.112/1990). Lei nº 8.112/1990). Uma situação excepcional é a
C) Readaptação: é, também, uma forma de da extinção do cargo durante o período de estágio
provimento derivado, pois trata-se de hipótese de probatório. Nessas condições, segundo a Súmula
atribuição ao servidor para um cargo com funções nº 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o
e responsabilidades distintas e compatíveis com servidor será exonerado.
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
física ou mental, verificada em inspeção médica.
Assim, por exemplo, um motorista de ônibus que

129
2.2 Acumulação de cargo, emprego, e função 4) Indenizações: são valores pagos aos servidores,
pública mas que não integram seus vencimentos. O
Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções Estatuto prevê algumas hipóteses de recebimento
públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídico de indenizações:
brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de cargos e 4.a) Ajuda de custo por mudança, devida como
empregos públicos. Tal proibição se estende, inclusive, forma de compensar as despesas de instalação de
para as entidades da Administração Indireta. O caput do servidor que tiver exercício em nova sede, ocorren-
art. 118 da Lei nº 8.112/1990 dispõe no mesmo sentido: do mudança de seu domicílio;
“Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada 4.b) Ajuda de custo por falecimento: devido à fa-
a acumulação remunerada de cargos públicos”. Apesar mília do servidor que vier a falecer na nova sede,
do referido texto legal dispor sobre agentes públicos sendo devido para custear o transporte para a lo-
no âmbito federal, entendemos que também possa ser
calidade de origem;
aplicado aos agente públicos dos Estados, Municípios, e
4.c) Diárias por deslocamento: devida ao servidor
Distrito Federal.
que se afastar, por motivos de serviço, da sede em
Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
Constituição Federal dispõe de um rol de casos caráter transitório, para outro local dentro ou fora
excepcionais em que é permitida a acumulação dessas do país, receberá tal indenização como forma de
funções. Há entendimento praticamente unânime de que ajuda no custeio do processo de mudança;
trata-se de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas 4.d) Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento das
aquelas hipóteses de acumulação de cargos. despesas comprovadamente realizadas pelo servi-
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos dor com aluguel de moradia ou com hospedagem
constitucionalmente autorizadas são: realizado por algum hotel, dependendo do preen-
A) Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a); chimento de alguns requisitos, como não ter um
B) Um cargo de professor com outro técnico ou imóvel funcional disponível para uso, seu cônjuge
científico (art. 37, XVI, b); não ser ocupante de imóvel funcional, ou que ne-
C) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais nhuma outra pessoa que resida com o servidor re-
na área da saúde (art. 37, XVI, c); ceba a mesma indenização, etc.
D) Um cargo de vereador com outro cargo, emprego 5) Gratificações, Adicionais e Retribuições: O art.
ou função pública (art. 38, III); 61 do Estatuto dos Servidores Públicos também
E) Um cargo de magistrado e outro de magistério prevê o pagamento das seguintes gratificações: I
(art. 95, par. único, I); - retribuição pelo exercício de função de direção,
F) Um cargo de membro do Ministério Público e
chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; IV
outro de magistério (art. 128, § 5º, II, d).
- adicional pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas ou penosas; V - adicional pela prestação
2.3 Direitos e vantagens dos servidores públicos
de serviço extraordinário; VI - adicional noturno;
A Lei nº 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elenca VII - adicional de férias; VIII - outros, relativos ao
diversos direitos e gratificações aos servidores públicos, local ou à natureza do trabalho; IX - gratificação
os quais são de grande importância conhecer. Vejamos por encargo de curso ou concurso.
as principais gratificações:
1) Vencimentos: consiste na retribuição pecuniária Em relação as férias, o servidor fará jus a trinta dias
pelo exercício do cargo público, cujo valor é de férias para cada 12 meses de serviço, que podem ser
previamente fixado em lei. Os vencimentos de acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso
cargos efetivos são, em regra, irredutíveis. de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112/1990).
2) Remuneração: mais abrangente, é o vencimento Poderão ser parceladas em até três períodos, desde
do cargo, somado a todas as outras vantagens que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da
pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor administração pública, na forma do § 3º do mesmo
pago ao servidor público, independentemente de dispositivo legal.
sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigente As licenças estão dispostas nos artigos 81 e seguintes
(art. 39, § 3º, da CF/1988). da Lei dos Servidores Públicos Federais. Conceder-se-á
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3) Regime de subsídios: trata-se de uma forma licença ao servidor:


especial de remuneração, feita em uma única
I - por motivo de doença em pessoa da família;
parcela. O regime de subsídios, previsto no
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com-
art. 39, § 4º, da CF/1988, foi introduzido com a
panheiro;
finalidade de coibir os “supersalários” comumente
existentes no regime de servidores públicos III - para o serviço militar;
brasileiros. Importante ressaltar que recebem por IV - para atividade política;
subsídios somente os Chefes do Poder Executivo, V - para capacitação;
parlamentares, magistrados, ministros de Estado, VI - para tratar de interesses particulares;
secretários estaduais, membros do Ministério VII - para desempenho de mandato classista.
Público e da Advocacia Pública, entre outros.

130
Apesar de haver previsão para concessão de licença X - ser assíduo e pontual ao serviço;
por prêmio por assiduidade, tal hipótese acabou sendo XI - tratar com urbanidade as pessoas;
revogada pela Lei nº 9.527/1997. As licenças, como se XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
depreende, são hipóteses de desligamento temporário de poder.
do servidor com o seu respectivo cargo, havendo uma Ao mesmo tempo, o artigo 117 da mesma Lei impõe
expectativa para o seu retorno. As licenças poderão ser
aos servidores públicos diversas proibições. Trata-
concedidas com ou sem remuneração, a depender de
se de uma matéria que exige grande capacidade de
cada situação.
Os afastamentos, que não se confundem com as memorização, mas que não necessita se alongar com
licenças, são hipóteses em que há um desligamento diversos detalhes.
permanente do servidor com o seu cargo, e em regra, Art. 117. Ao servidor é proibido:
não há um prazo determinado para o seu retorno. Estão I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
previstos nos artigos 93 e seguintes da Lei nº 8.666/1990. prévia autorização do chefe imediato;
São quatro hipóteses: II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
I – para servir a outro órgão ou entidade; petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
II – para exercício de mandato eletivo; III - recusar fé a documentos públicos;
III – para estudos ou missões no exterior; IV - opor resistência injustificada ao andamento de
IV – para participação em programa de pós-gradua-
documento e processo ou execução de serviço;
ção stricto sensu dentro do País.
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no
Sobre o afastamento para exercício de mandato recinto da repartição;
eletivo (art. 94, Lei nº 8.666/1990), importante frisar que, VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
tratando-se de mandato de Prefeito, o servidor deve ser casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
afastado, mas poderá optar, dentre as duas remunerações, que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
àquela que lhe for mais vantajosa, (valores maiores, mais nado;
benefícios, etc). Essa é a única exceção: para todos os VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi-
outros tipos de mandatos, na esfera federal, estadual liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
e municipal, não há essa possibilidade de escolha de partido político;
remuneração. VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren-
2.4 Deveres e responsabilidades dos servidores
te até o segundo grau civil;
Apesar da grande quantidade de direitos e IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
vantagens, o Estatuto dos Servidores Públicos também de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-
atribui aos mesmos diversos deveres, com base no blica;
regime disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a X - participar de gerência ou administração de so-
instauração de processo disciplinar para a apuração de ciedade privada, personificada ou não personificada,
infrações funcionais. exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista,
Nos termos do artigo 116 da Lei nº 8.112/1990: cotista ou comanditário;
Art. 116. São deveres do servidor: XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
go
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares; segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
nifestamente ilegais; de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
V - atender com presteza; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
a) ao público em geral, prestando as informações re- estrangeiro;
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa XV - proceder de forma desidiosa;
de direito ou esclarecimento de situações de interesse XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
pessoal; ção em serviços ou atividades particulares;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;


XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des- cia e transitórias;
ta, ao conhecimento de outra autoridade competente XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
para apuração; patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
VII - zelar pela economia do material e a conservação horário de trabalho;
do patrimônio público; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; quando solicitado.
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad-
ministrativa;

131
Por fim, em relação à responsabilidade dos D) Cassação de Aposentadoria ou da
servidores públicos, o art. 121 da Lei nº 8.112/1990 é Disponibilidade: o servidor inativo que houver
bastante claro ao dispor que “O servidor responde civil, praticado falta punível com a demissão, terá a sua
penal e administrativamente pelo exercício irregular aposentadoria, ou sua disponibilidade cassada.
de suas atribuições”. Vemos, então, que de uma única E) Destituição de Cargo ou Função Comissionada:
conduta praticada pelo referido servidor, pode ensejar caso o servidor ocupante de cargo não efetivo
em responsabilização em três esferas distintas. A cometa uma das faltas passíveis da pena de
responsabilidade civil do servidor público decorre da suspensão e demissão, poderá perder o seu cargo
prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam capaz
de confiança ou função comissionada.
de causar danos materiais ao erário (patrimônio público),
ou a terceiros.
A responsabilidade penal do servidor tem seu Por fim, importante ressaltar que ao servidor é
fundamento na apuração de uma conduta criminal, isso conferido direito de petição, na forma do artigo 104 e
é, a hipótese em que o servidor público possa praticar seguintes da Lei nº 8.666/1990, para requerer direitos
um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade penal é, e interesses próprios em face do Poder Público. O
definitivamente, a mais grave e perigosa, uma vez que ela requerimento será dirigido à autoridade competente
pode repercutir nas demais esferas, tanto pela condenação para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a
do servidor condenado, como pela sua absolvição pela que o servidor estiver imediatamente subordinado. Deve
falta de provas materiais ou pela negação de sua autoria, ser respeitado o princípio do contraditório e da ampla
sendo essas últimas hipóteses apenas exceções. defesa, dando espaço para que tanto o servidor público
A responsabilidade administrativa, por outro lado,
como o Estado possam impugnar todos os pontos do
consiste na instauração de processo disciplinar (art.
116 e seguintes, Lei nº 8.112/1990), pelo qual haverá a requerimento, apresentar sua defesa técnica escrita,
verificação da conduta delituosa do agente, bem como e interpor recursos (art. 107, Lei nº 8.666/1990) das
a aplicação da pena mais adequada. Imprescindível decisões que lhe prejudicarem.
reforçar que a aplicação de qualquer pena ao servidor O direito de requerer decaí: em 5 (cinco) anos, quanto
público pressupõe um processo administrativo, sendo aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria
assegurado ao acusado direito ao contraditório e a ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial
ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, a presença do e créditos resultantes das relações de trabalho; ou em
advogado em todas as fases do referido processo (Súmula 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
nº 343 do STJ). Todavia, tal entendimento vem sofrendo outro prazo for fixado em lei.
alteração, pois o STF já reconheceu em Súmula Vinculante
nº 5 entendimento de que a falta de defesa técnica no
processo administrativo disciplinar não é inconstitucional.
Em relação às penalidades administrativas aplicáveis
aos servidores públicos, a Lei nº 8.112/1990 (art. 127)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
prevê aplicação das seguintes sanções:
A) Advertência: é a sanção mais branda, aplicável 1. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
por escrito para o servidor que cometer atos como: – AGENTE DE POLÍCIA LEGISLATIVA – FCC – 2018)
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar fé Jaime exerce o cargo remunerado de professor público
a documento público; retirar qualquer documento em determinada instituição de ensino, no período
da repartição sem a devida autorização; manter sob matutino e, após aprovação em concurso público, nos
sua chefia cônjuge, companheiro ou parente até o termos da lei, pretende exercer também o mesmo cargo
segundo grau; entre outros.
remunerado em uma outra instituição pública de ensino,
B) Suspensão: aplicável somente quando o servidor
é reincidente nas faltas puníveis por advertência, no período noturno. Sua esposa, Rosa, exerce cargo
desde que não tipifiquem infrações sujeitas a público científico remunerado no período vespertino e
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser tem interesse em prestar concurso para exercer também
aplicada por prazo maior a noventa dias. cargo remunerado de professora em uma instituição
C) Demissão: trata-se da penalidade mais grave pública de ensino superior no período noturno. Com
atribuída ao servidor público, uma vez que tem o base apenas nas informações fornecidas e de acordo
condão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão com a Constituição Federal, obedecidos os limites
será aplicada nos casos em que o servidor: cometer remuneratórios eventualmente aplicáveis, a acumulação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

crime contra a administração pública; abandonar de cargos pretendida é:


seu cargo; improbidade administrativa; praticar
conduta escandalosa na repartição; ofender
a) vedada ao Jaime e à Rosa.
fisicamente, em serviço, outro servidor; revelar
segredo o qual obteve devido a sua função; b) permitida apenas ao Jaime.
corrupção; receber propina, comissão, ou outra c) permitida apenas à Rosa.
vantagem de qualquer espécie em razão de suas d) permitida ao Jaime e à Rosa.
atribuições; etc. Muitas dessas hipóteses impedem e) permitida ao Jaime e à Rosa, desde que se trate de
que o infrator retorne ao serviço público federal, cargos integrantes de Administrações de diferentes
por isso tratar-se de uma das penalidades mais esferas da federação.
gravosas.

132
Resposta: Letra D. O caso de Jaime é permitido pelo Resposta: Letra B. As letras A e D estão incorretas, pois
ordenamento jurídico, uma vez que estamos diante é permitido prorrogação do afastamento por igual pra-
da hipótese de acumulação de dois cargos de profes- zo, na forma do parágrafo único do art. 147 da Lei nº
sor, com compatibilidade de horários (art. 37, XVI, a, 8.112/1990. A letra C e E estão incorretas, pois não há
CF/1988). O caso de Rosa também é permitido. Assu- previsão legal de prorrogação do prazo para 180 dias.
mindo que seja aprovada em concurso, é permitido
a Rosa acumular um cargo de professor, com outro Prezado candidato, a seguir preparamos a lei referida
cargo de natureza técnica ou científica (art. 37, XVI, b, comentada em seus principais tópicos para auxilia-lo no
CF/1988), havendo compatibilidade de horários (perí- estudo. Visto a extensão da lei, não deixe de conferir o
odo vespertino = à tarde).
material na íntegra no site oficial do Planalto: http://www.
2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA
ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter- planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8112compilado.htm.
minado servidor público federal tenha solicitado licença
para tratar de interesses particulares, a qual, contudo, O regime jurídico dos servidores públicos civis da
restou negada pela Administração. Entre os possíveis União, das autarquias e das fundações públicas federais
motivos legalmente previstos para negativa, nos termos
disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m): LEI Nº 8.112/1990
I. Estar o servidor no curso de estágio probatório.
II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em 1. Direitos e deveres do servidor público
comissão.
III. Razões de conveniência da Administração. Para que o cidadão se torne servidor público, o mes-
mo deverá realizar e passar na prova ou na prova de títu-
Está correto o que se afirma em: los, conforme o edital dispor.
a) I, II e III.
b) II, apenas. Passando no concurso, o indivíduo deverá apresentar
c) II e III, apenas. declaração de bens e valores que estiverem em seu nome,
d) I e III, apenas. realizar inspeção médica oficial (comprovando aptidão físi-
e) I e II, apenas. ca) para que então, possa tomar posse de seu cargo com
a respectiva assinatura do termo, onde constara a função,
Resposta: Letra A. A licença para tratar de assun- carga horaria, direitos, deveres, dentre outros.
tos pessoais consta no caput do art. 91 da Lei nº O servidor público terá o prazo de 15 dias para entrar
8.112/1993. Em I, o fato do servidor estar em estágio em exercício de sua função, ou então, em caso de car-
probatório faz com que ele não possa ter concedida li- go de confiança, o mesmo poderá ser exonerado de seu
cença para tratar de assuntos pessoais, Em II, somente cargo (conforme a legislação e edital estiver prevendo).
pode ser concedida a referida licença para os servido- A jornada de trabalho dos servidores será fixada em
res ocupantes de cargo efetivo, não se estende para os
razão das atribuições pertinentes aos cargos, respeita-
servidores ocupantes de cargo em comissão. Em III, se
a Administração entender que, por razões de conve- da a duração máxima do trabalho semanal de quarenta
niência, a licença poderia lhe trazer grandes prejuízos, horas e observados os limites mínimo e máximo de seis
ela pode não concedê-la ao servidor. horas e oito horas diárias, respectivamente. Em caso de
cargo de confiança ou cargo de comissão, o mesmo será
3. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – submetido a regime de integral dedicação ao serviço,
2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como medida observado o disposto no art. 120, podendo ser convoca-
cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na do sempre que houver interesse da Administração.
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do Entrando em exercício de sua função, o servido público
processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento ficará em estágio probatório pelo período de 24 meses. Para
do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 dias, sem prejuízo poder averiguar sua aptidão e capacidade, serão observa-
da remuneração. Ocorrendo o término desses 60 dias, dos a assiduidade, a disciplina, a capacidade de iniciativa, a
produtividade e a responsabilidade do servidor.
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
Durante o estágio probatório, o servidor poderá:
ainda que não concluído o processo.
b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, 1) poderá exercer quaisquer cargos de provimento
findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não em comissão ou funções de direção, chefia ou as-
concluído o processo. sessoramento no órgão ou entidade de lotação, e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, somente poderá ser cedido a outro órgão ou en-
findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o pro- tidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
cesso não tiver sido concluído, hipótese em que po- cargos de provimento em comissão do Grupo-
derá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180 dias. -Direção e Assessoramento Superiores  -  DAS, de
d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte- 2) somente poderão ser concedidas as licenças e os
se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV,
prazo máximo de trinta dias. 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180 de curso de formação decorrente de aprovação em
dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que concurso para outro cargo na Administração Públi-
não concluído o processo. ca Federal.

133
Caso o servidor não for aprovado durante este está- Caso o servidor faltar o serviço e não justificar o mes-
gio, o mesmo será exonerado, ou então, em caso de ser- mo perderá a remuneração do dia, ou, em caso de atra-
vidor estável, deverá retornar ao seu antigo cargo. sos, saídas antecipadas do trabalho e etc, o servidor per-
Quatro meses antes de findar o estágio probatório, o derá parte da remuneração diária.
servidor irá ser submetido à homologação da autoridade
competente a avaliação do desempenho do servidor. Du-
rante este tempo de avaliação, o serviço não será suspen- #FicaDica
so nem interrompido.
Após 3 anos de efetivo serviço o servidor ganhará es- Mediante autorização do servidor, poderá
tabilidade no emprego, bem como, apenas poderá ser haver consignação em folha de pagamento
mandado embora em caso de sentença judicial transitada em favor de terceiros, a critério da adminis-
em julgado ou de processo administrativo disciplinar no tração e com reposição de custos, e não po-
qual lhe seja assegurada ampla defesa. derá exceder a 35% (trinta e cinco por cen-
to) da remuneração mensal, sendo que 5%
FIQUE ATENTO! ficará reservado para pagamento de despe-
Caso o servidor, durante seu serviço e esta- sas contraídas através do cartão de crédito
bilidade, sofrer dano a sua capacidade física e saque por meio de cartão de crédito.
ou mental, o mesmo poderá ser readapta-
do a uma outra função que seja adequada
a sua limitação.
Ressalta-se que a remuneração e o provento do ser-
vidor não poderão ser objeto de arresto, sequestro ou
Dos Direitos e Vantagens do Servidor penhora, exceto em caso de pensão alimentícia.

A título de informação, importante esclarecer que o VANTAGENS


vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
cargo público, com valor fixado em lei. Já a remuneração Além dos vencimentos, o servidor poderá receber
é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens ainda indenizações (não incorporam aos vencimentos e
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. proventos), gratificações e adicionais incorporam aos
Todo servido público investido em função ou cargo vencimentos e proventos.
em comissão, receberá uma remuneração de acordo com a) Indenizações
o art. 62: Como exemplo de indenizações temos:
Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo inves- I – Ajuda de custo: seria as compensações de despe-
tido em função de direção, chefia ou assessoramento, sas de instalação do servidor em um novo domici-
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Es-
lio, pois ele começa a exercer suas atividades em
pecial é devida retribuição pelo seu exercício.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remune- outra sede. As despesas de transporte (passagem,
ração dos cargos em comissão de que trata o inciso II bagagens e bens) do servidor e de sua família cor-
do art. 9o. rem por conta da administração, devido a altera-
Art.  62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal ção de seu domicilio.
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da A ajuda de custo será calculada sobre a remuneração
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia do servidor, não podendo exceder a importância corres-
ou assessoramento, cargo de provimento em comis- pondente a 3 (três) meses.
são ou de Natureza Especial a que se referem os arts. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de manda-
3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. to eletivo. Ainda assim, caso o servidor não aparecer na
Parágrafo único.   A VPNI de que trata o  caput  deste nova sede no prazo de 30 dias, o mesmo deverá restituir
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de re- a ajuda de custo.
muneração dos servidores públicos federais. 
II – Diárias: As diárias são concedidas por dia de afas-
tamento (eventual ou temporário) a qual consiste
FIQUE ATENTO!
em deslocamento do servidor e as diárias servem
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nenhum servidor receberá remuneração parar custear pousada, locomoção, alimentação,


inferior ao salário mínimo, bem como, não dentre outras. As diárias são devidas pela metade
poderá perceber, mensalmente, a título de
quando o deslocamento não exigir pernoite fora
remuneração, importância superior à soma
da sede, ou quando a União custear, por meio di-
dos valores percebidos como remunera-
verso, as despesas extraordinárias cobertas por di-
ção, em espécie, a qualquer título, no âm-
árias.
bito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
tros de Estado, por membros do Congresso Caso o servidor receber a diária e não se deslocar,
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal o mesmo terá que devolver em 5 dias o valor pago, ou,
Federal. caso ele se deslocar, porém, pela metade do tempo, de-
verá devolver o valor excedente.

134
Não fará jus a diárias o servidor que se deslocar per- A gratificação natalina não será considerada para cál-
manentemente, bem como, o que se deslocar dentro da culo de qualquer vantagem pecuniária.
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou c) adicional de atividades insalubres, perigosas ou
microrregião, constituídas por municípios limítrofes e penosas: os servidores que laborarem com habi-
regularmente instituídas, ou em áreas de controle inte- tualidade em ambientes em locais insalubres ou
grado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e em contato permanente com substâncias tóxicas,
competência dos órgãos, entidades e servidores brasi- radioativas ou com risco de vida, fazem jus aos adi-
leiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite cionais de insalubridade e de periculosidade, de-
fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão vendo optar por um deles, caso labore em todos
sempre as fixadas para os afastamentos dentro do terri- esses ambientes.
tório nacional. O direito ao adicional de insalubridade ou periculosi-
III – Auxilio Moradia: consiste no ressarcimento das dade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos
despesas comprovadamente realizadas pelo servi- que deram causa a sua concessão.
dor com aluguel de moradia ou com meio de hos- Os servidores a que se refere este artigo serão sub-
pedagem administrado por empresa hoteleira, no metidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
prazo de um mês após a comprovação da despesa
pelo servidor. d) adicional pela prestação de serviço extraordiná-
rio:   o serviço extraordinário será remunerado
Será concedido esta indenização nos casos: com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em
a) não exista imóvel funcional disponível para uso relação à hora normal de trabalho. Somente será
pelo servidor; permitido serviço extraordinário para atender a si-
b) o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe tuações excepcionais e temporárias, respeitado o
imóvel funcional; limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.
c) nenhuma outra pessoa que resida com o servidor e) adicional noturno: o serviço noturno, prestado em
receba auxílio-moradia; horário compreendido entre 22 (vinte e duas) ho-
d) o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha re- ras de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá
o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
sidido no Município, nos últimos doze meses, aonde
cento), computando-se cada hora como cinquenta
for exercer o cargo em comissão ou função de con-
e dois minutos e trinta segundos.
fiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta
f) adicional de férias: Independentemente de solicita-
dias dentro desse período, DENTRE OUTROS.
ção, será pago ao servidor, por ocasião das férias,
um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da
O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
remuneração do período das férias. No caso de o
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
servidor exercer função de direção, chefia ou as-
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado sessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
ocupado. respectiva vantagem será considerada no cálculo
Em caso de falecimento, exoneração, colocação de do adicional.
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição g) gratificação por encargo de curso ou concurso: A
de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso so-
um mês. mente será paga se exercer as seguintes atividades:
IV – Gratificações Adicionais: Além do vencimento e atuar como instrutor em curso, participar de ban-
das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos cas, participar de aplicação de provas e exames,
aos servidores as seguintes retribuições, gratifica- dentre outros, porém, sem prejuízo das atribuições
ções e adicionais: do cargo de que o servidor for titular, devendo ser
a) retribuição pelo exercício de função de direção, objeto de compensação de carga horária quando
chefia e assessoramento: ao servidor ocupante de desempenhadas durante a jornada de trabalho.
cargo efetivo investido em função de direção, che-
fia ou assessoramento, cargo de provimento em
comissão ou de Natureza Especial é devida retri- FIQUE ATENTO!
buição pelo seu exercício
Será concedido licença para o funcionário
b) gratificação natalina: a gratificação natalina corres-
público para serviço militar, para serviço
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ponde a 1/12 (um doze avos)  da remuneração a


de política, por motivo de doença em pes-
que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
soa da família, afastamento do cônjuge ou
mês de exercício no respectivo ano.A fração igual companheiro, para capacitação e para tra-
ou superior a 15 (quinze)  dias será considerada tar de interesses pessoais.
como mês integral.

A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de São deveres dos servidores:
dezembro de cada ano. O servidor exonerado perceberá I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car-
sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses go;
de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da II - ser leal às instituições a que servir;
exoneração. III - observar as normas legais e regulamentares;

135
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
nifestamente ilegais; de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
V - atender com presteza: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
a) ao público em geral, prestando as informações re- estrangeiro;
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
b)  à expedição de certidões requeridas para defesa XV - proceder de forma desidiosa;
de direito ou esclarecimento de situações de interesse XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
pessoal;
ção em serviços ou atividades particulares;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe- cia e transitórias;
rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des- XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
ta, ao conhecimento de outra autoridade competente patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
para apuração; horário de trabalho, DENTRE OUTROS.
VII - zelar pela economia do material e a conservação
do patrimônio público; Saúde e qualidade de vida no serviço público
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- O servidor público que estiver ativo ou inativo, bem
ministrativa; como sua família, terá direito a assistência médica, hos-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; pitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, os
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
quais serão prestados pelo Sistema Único de Saúde –
SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
de poder. vinculado o servidor, ou mediante convênio ou contrato,
Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento
XII será encaminhada pela via hierárquica e aprecia- parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inati-
da pela autoridade superior àquela contra a qual é vo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos ou
formulada, assegurando-se ao representando ampla seguros privados de assistência à saúde.
defesa. Caso seja exigida perícia, avaliação ou inspeção mé-
dica, na ausência de médico ou junta médica oficial, será
É proibido aos servidores: realizado um convênio com unidades de atendimento do
sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Na-
prévia autorização do chefe imediato; cional do Seguro Social.
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos; FIQUE ATENTO!
IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de Se o agente não conseguir fazer a pericia,
documento e processo ou execução de serviço; avaliação ou a inspeção médica conforme
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no o mencionado á cima, será contratado uma
recinto da repartição; prestação de serviço de pessoa jurídica, a
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
qual constituirá junta médica especifica-
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
mente para esses fins. 
que seja de sua responsabilidade ou de seu subordi-
nado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi- Ainda assim, a União e suas entidades autárquicas e
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a fundacionais ficam autorizadas a celebrar convênios ex-
partido político; clusivamente para a  prestação de serviços de assistência
VIII  -  manter sob sua chefia imediata, em cargo ou à saúde para os seus servidores ou empregados ativos,
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren-
aposentados, pensionistas, bem como para seus respec-
te até o segundo grau civil;
tivos grupos familiares definidos com entidades de au-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou


de outrem, em detrimento da dignidade da função pú- togestão.
blica; Os grupos familiares deverão patrocinar por meio de
X - participar de gerência ou administração de so- instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publi-
ciedade privada, personificada ou não personificada, cados até o dia 12/02/2006 e devem possuir autorização
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, de funcionamento do órgão regulador.
cotista ou comanditário; Os convênios celebrados depois da data (12/02/2006)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a somente poderão sê-lo na forma da regulamentação es-
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- pecífica sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o pelo mesmo órgão regulador, no prazo de 180 (cento e
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; oitenta) dias da vigência da presente Lei.      

136
A União ainda fica autorizada em contratar, median- e) Consideram-se cargos públicos apenas aqueles
te licitação, operadoras de planos e seguros privados de para os quais se prevê provimento em caráter efetivo.
assistência à saúde que possuam autorização de funcio- Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a to-
namento do órgão regulador, e o valor do ressarcimento dos os brasileiros, são criados por lei, com denomina-
fica limitado ao total despendido pelo servidor ou pen- ção própria e vencimento pago pelos cofres públicos,
sionista civil com plano ou seguro privado de assistência para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
à saúde.  
Ainda assim, caso a família pessoal do servidor precise DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
de tratamento de saúde por mais de 30 dias no período
de 12 meses, serão considerados como efetivo exercício Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
esse afastamento. blico Civil do Poder Executivo Federal.
O agente sempre precisará passar por perícia oficial,
exceto quando a licença para tratamento de saúde for Consolidando um padrão de comportamento ético,
inferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano. merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste ponto.
Considerados os princípios administrativos basilares
EXERCÍCIO COMENTADO do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma
específico que estabelece a ação ética esperada dos ser-
1. (TRE-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-
2017) No que se refere ao Regime Jurídico dos Servido- -se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o
res Públicos Civis da União, assinale a opção correta. qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria
de profissionais, assemelhando-se no formato aos Có-
a) A Lei n.º 8.112/1990 reúne as normas aplicáveis aos digos de Ética que costumam ser adotados para varia-
servidores públicos civis da União, das autarquias e das categorias profissionais (médicos, contadores...), mas
das empresas públicas federais. diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico,
b) Tanto os servidores estatutários quanto os celetis- logo, coativo.
tas submetem-se ao regime jurídico único da Lei n.º A respeito dos motivos que ensejam a criação de um
8.112/1990. Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que
c) Os cargos públicos dos órgãos dos Poderes Legislativo existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos
e Judiciário são criados por lei, e os dos órgãos do Po- da conduta humana podem ser reunidas em um instru-
der Executivo, por decreto de iniciativa do presidente
mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi-
da República.
to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação
d) O regime estatutário é o regime jurídico próprio das
desta ciência que se consubstancia em uma peça magna,
pessoas jurídicas de direito público e dos respectivos
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa-
órgãos públicos.
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera
e) Consideram-se cargos públicos apenas aqueles para
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização
os quais se prevê provimento em caráter efetivo.
do exercício passam a controlar a execução de tal peça
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um
Resposta: Letra D. a) A Lei n.º 8.112/1990 reúne
as normas aplicáveis aos servidores públicos civis da indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse
União, das autarquias e das empresas públicas federais. no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a
 Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido- ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor-
res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito
em regime especial, e das fundações públicas federais. geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética
 b)Tanto os servidores estatutários quanto os celetis- e de uma educação pertinente que conduza à vontade
tas submetem-se ao regime jurídico único da Lei n.º de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina
8.112/1990. da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas
 Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido- mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co-
res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali-
em regime especial, e das fundações públicas federais. dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o
é que uma norma comportamental deva reger a prática
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) Os cargos públicos dos órgãos dos Poderes Legis-


lativo e Judiciário são criados por lei, e os dos órgãos profissional no que concerne a sua conduta, em relação
do Poder Executivo, por decreto de iniciativa do presi- a seus semelhantes” 33. Logo, embora se reconheça que o
dente da República. indivíduo tem particularidades no desempenho de suas
Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a to- funções, isto é, que emprega algo de sua personalida-
dos os brasileiros, são criados por lei, com denomina- de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol
ção própria e vencimento pago pelos cofres públicos, de condutas padronizadas genericamente, as quais cor-
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. respondem ao melhor desempenho profissional que se
d) O regime estatutário é o regime jurídico próprio pode ter, um desempenho ético.
das pessoas jurídicas de direito público e dos res-
33 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
pectivos órgãos públicos.
2010.

137
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Consti-
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis tucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em
abrange as relações com os utentes dos serviços, os co- Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns organização e funcionamento da Administração Pública
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- Federal, quando não houver aumento de despesa nem
fissão representam as variações entre os diversos estatu- criação ou extinção de órgãos públicos, e também para
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível mente uma grande força de interpretação, que chegaria
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con-
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 34.
duta para servidores públicos estaria inserta na organiza-
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge-
ção e funcionamento da Administração Pública Federal.
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a
Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare-
informações privilegiadas no exercício do cargo.
ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional
Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con- em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de
siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen-
sobre a organização e o funcionamento da administração to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituição Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas
Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação
bem como expedir decretos e regulamentos para sua às normas processuais, como a obrigação de criação de
fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
organização e funcionamento da administração federal, blicos federais”.
quando não implicar aumento de despesa nem criação Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou dos decretos autônomos terem surgido após o Decreto
cargos públicos, quando vagos”. Exatamente por causa nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, real-
desta atribuição que o Código de Ética em estudo adota mente. Contudo, trata-se de uma norma secundária que
a forma de decreto e não de lei, já que as leis são elabora- encontra bases em normas primárias, quais sejam a Lei
das pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional). nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas as di-
O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado retrizes estabelecidas no Código de Ética são repetidas
exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo, em leis federais e decorrem diretamente do texto cons-
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora sejam titucional. Assim, a adoção da forma de decreto não sig-
factíveis decretos autônomos35, não é o caso do decreto nifica, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam
em estudo, o qual encontra conexão com diplomas como obrigatórias: o servidor público federal que desobede-
as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públi- cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante
cos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade admi- a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações
nistrativa), além da Constituição Federal. Assim, o Decreto ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar
nº 1.171/94 não é autônomo! até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen-
sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito
Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas de
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins
conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de obri-
de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re-
gatoriedade dele. Autores como Azevedo36 se posicionam
gras determinantes da instituição de Comissões de Ética.
pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decreto 1171
é inconstitucional, na medida em que impõe regras de
condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima diz,
#FicaDica
no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’ O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e
e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990
pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art. – Regime Jurídico dos Servidores Públicos Ci-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5º é a norma primária, não podendo ser confundida com vis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei de
a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela Improbidade Administrativa.
norma secundária. Assim, não poderia ser imposta ne-
nhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
uma norma secundária, porque só a norma primária tem O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
34 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo
2010. em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como
35 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de
São Paulo: Saraiva, 2011. 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho
36 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível
de 1992,
em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

138
DECRETA: ANEXO

Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional Código de Ética Profissional do Servidor Público
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que Civil do Poder Executivo Federal
com este baixa.
CAPÍTULO I
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Seção I
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta Das Regras Deontológicas
dias, as providências necessárias à plena vigência do
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da O Direito como valor do justo é estudado pela Filoso-
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser- fia do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica,
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou ou, no plano empírico e pragmático, pela Política do Di-
emprego permanente. reito37. Deontologia é uma das teorias normativas se-
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética gundo as quais as escolhas são moralmente necessá-
será comunicada à Secretaria da Administração Fede- rias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre
ral da Presidência da República, com a indicação dos as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre
respectivos membros titulares e suplentes. o que deve ser feito, considerada a moral vigente. Por
sua vez, a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos
deveres e dos direitos dos operadores do Direito, bem
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
como de seus fundamentos éticos e legais, consolidan-
blicação. do o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem
traduzem o comportamento moral esperado do servidor
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência público não só enquanto desempenha suas funções, mas
e 106° da República. também em sua vida social.
ITAMAR FRANCO Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz
Romildo Canhim respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se
Os principais elementos que podem ser extraídos do dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de
preâmbulo do Código de Ética são: regras e princípios que regem a conduta de um profis-
Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de-
da República à época e, como tal, permanece válido até terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú- a uma deontologia própria a regular o exercício de sua
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decre- profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O
to ser expedido para substituí-lo (revogação expressa). Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em
O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais: sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata
de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei-
no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou
tos a especificidade destas normas.
alguns incisos do Código e que será estudado oportu-
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética,
namente. isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da
Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do moral, daí porque não se preocupa com a previsão de
artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti-
regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90 co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência
referem-se aos deveres e proibições do servidor público entre a conduta antiética e a necessidade de punição ad-
federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de ministrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética
improbidade administrativa. foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor- promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as
nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública. discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti-
Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu ções, até com naturalidade.
cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões “Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter
de Ética, as quais não podem ser compostas por servido- para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver-
res temporários. dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des-
O decreto conferiu um prazo para cada uma das en- tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita
tidades da administração pública federal direta ou in- a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria
dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

direta para constituir em seu âmbito uma Comissão de


condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são
Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas
efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever profissionais são aquelas indispensáveis, sem as quais
de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto não se consegue a realização de um exercício ético com-
na administração direta quanto na indireta. A Comissão petente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Tais
de Ética será composta por: três servidores ou empre- virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os
gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanen- alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o profis-
te. A constituição (quando foi criada) e a composição sional ao êxito em seu desempenho” 38.
(quem a compõe) da Comissão deverão ser informadas
à Secretaria da Administração Federal da Presidência da 37 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002.
República.
38 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,

139
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
buscando atendimento no órgão público em questão, decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio- injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da caput, e § 4°, da Constituição Federal.
mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servi-
sempre como princípio de uma legislação universal”39. dor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno,
o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consci- menor relevância para aquelas fundamentais, que envol-
ência dos princípios morais são primados maiores que vem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais
devem nortear o servidor público, seja no exercício do valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é
cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exer-
cício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, preciso escolher acima de tudo entre honesto e desones-
comportamentos e atitudes serão direcionados para to, evidencia-se que o Código busca mais do que o res-
a preservação da honra e da tradição dos serviços pú- peito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
blicos. Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
Primeiramente, vale compreender o sentido de algu- qual o inciso em estudo faz remissão.
mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
autoridade moral; por decoro, compostura e decência; Art. 37. A administração pública direta e indireta de
por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
efeito esperado.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama
de consciência dos princípios morais: sei que devo agir de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto de e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de- § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
sempenho das minhas funções, devo me manter sério e tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
comprometido, desempenhando cada uma das atribui- função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível, sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
o melhor que eu puder prestar.
Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
cício de suas funções, porque ele participa da sociedade Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as
e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, consequências dos atos de improbidade administra-
por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma tiva, que poderão variar conforme o grau de gravidade
pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, (uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a
ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a pa- devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se enten-
lavra-chave para a vida particular do servidor público, de por ressarcir o erário).
preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo, III - A moralidade da Administração Pública não se
quem se sentiria bem em ser atendido por um funcioná- limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
rio que é sempre visto embriagado em bares ou provo-
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co-
cando confusões familiares, por mais que os serviços por
ele desempenhados sejam de qualidade? mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade,
O comportamento ético do servidor público na sua na conduta do servidor público, é que poderá consoli-
vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo, dar a moralidade do ato administrativo.
houver uma razoável exigência do servidor se comportar Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera
moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras particular. O servidor público não deve pensar por uma
típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171, pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve
de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda
todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde- que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com
pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu- a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor


público está envolto em um sistema onde a moral tem seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre-
forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú- valecer sobre o particular.
blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que
deveria saber que a promoção profissional e o adequado é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que
cumprimento das atribuições do cargo estão condicio- é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim,
nados também pela ética e, assim, pelo comportamento o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor
particular do servidor. não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja,
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem
2010.
comum, sob pena de violar a moralidade.
39 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Bar-
rera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

140
IV - A remuneração do servidor público é custeada pe- No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, vidor receba do particular qualquer verba extra: sua
até por ele próprio, e por isso se exige, como contra- remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
partida, que a moralidade administrativa se integre no postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
Direito, como elemento indissociável de sua aplicação
seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
em fator de legalidade. que vive.
O servidor público deve colocar de lado seus inte-
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no VI - A função pública deve ser tida como exercício
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços profissional e, portanto, se integra na vida particular
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên- de cada servidor público. Assim, os fatos e atos veri-
cia do ser humano, como tem sido objeto de referência ficados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
vida funcional.
seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são
Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti-
de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos ca lembra que um funcionário público carrega consigo a
problemas. Quando o trabalho é executado só para au- imagem da administração pública, ou seja, não é servi-
ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro dor público apenas quando está desempenhando suas
lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be- funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com melhor funcionário público da repartição se a vida parti-
consciência do bem comum, passa a existir a expressão cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá- coerência, compostura e moralidade também na vida
vel de acordo com seu alcance em face da comunidade. particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma
pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente,
de seus deveres sociais.
tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor- VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
re com a sua comunidade e muito menos com a socieda- tigações policiais ou interesse superior do Estado e
de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número da Administração Pública, a serem preservados em
expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o processo previamente declarado sigiloso, nos termos
destino de nações, partindo da ausência de conduta vir- da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
sua omissão comprometimento ético contra o bem co-
seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
mum, imputável a quem a negar.
tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses Como visto, a publicidade é um princípio basilar da
de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se administração pública, ao lado da moralidade. Como tal,
acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú-
em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem blico negar o acesso à informação por parte do cidadão,
condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be-
caminho justo, adequado, para o benefício geral” 40. nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po-
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe- demos justificar o não cumprimento quando fatores de
ordem muito superior o possam impedir, pois o descum-
rante a comunidade deve ser entendido como acrés-
primento será sempre uma lesão à consciência ética” 41.
cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
ser considerado como seu maior patrimônio. FIQUE ATENTO!
O cidadão paga impostos e demais tributos apenas O dispositivo autoriza que os atos adminis-
para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor trativos não sejam públicos em situações ex-
serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so- cepcionais, quais sejam segurança nacional,
ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que investigações policiais e interesse superior
sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor do Estado e da Administração Pública.
público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor
aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária
ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao aos interesses da própria pessoa interessada ou da Ad-
Estado. ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou
Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con- estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do
forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniqui-
violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju- lam até mesmo a dignidade humana quanto mais a
dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio. de uma Nação.

40 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 41 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

141
Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe- Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
referir à função desempenhada, por exemplo, negando do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
a prática de um ato ou informando erroneamente um ci- danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
à Administração Pública. clara a formação de uma relação jurídica autônoma en-
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá tre o Estado e o agente público que causou o dano no
se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon-
ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação. sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado
Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi
ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá- anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
-los e corrigi-los. é justamente o direito de acionar o causador direto do
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, con-
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço siderada a existência de uma relação obrigacional que se
pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus
forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
dano moral. Da mesma forma, causar dano a qual-
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
quer bem pertencente ao patrimônio público, deterio-
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
rando-o, por descuido ou má vontade, não constitui
apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade condutas incompatíveis com o comportamento ético
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas espe- dele esperado.43
ranças e seus esforços para construí-los. A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
Quem nunca chegou a uma repartição pública ou cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um contraditório e ampla defesa.
funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro
fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
tempo necessário e tomando as devidas cautelas. Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto
O instituto da responsabilidade civil é parte inte- é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que im-
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal plique num dano. Apesar deste dano não ser econômico,
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação isto é, de a dor causada não ter meio de compensação
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que
pagamento de indenização que se refere às perdas e da- a compense razoavelmente.
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri-
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas za dano material. No caso, há um correspondente finan-
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.42 ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até deteriorado.
os limites da herança, embora existam reflexos na ação
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es-
na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
pera de solução que compete ao setor em que exerça
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
suas funções, permitindo a formação de longas filas,
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do
Genericamente, os elementos da responsabilidade ci-
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética
vil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que,
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave
por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
dano moral aos usuários dos serviços públicos.
dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior,
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

central do instituto da responsabilidade civil, que tem


relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei-
como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como
xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com-
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou
petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente
dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma viola-
quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o
ção de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal
inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando
(relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre-
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente,
guiça e desânimo.
que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,
econômico e não econômico).
42 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São 43 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Paulo: Saraiva, 2005. Método, 2011.

142
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às “É inequívoco que o trabalho individual influencia
ordens legais de seus superiores, velando atentamen- e recebe influências do meio onde é praticado. Não é,
te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua
negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral,
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho pode realizar importantes feitos que alcançam repercus-
da função pública. são ampla” 45.
Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
#FicaDica
decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe As regras deontológicas do Código de Ética
o respeito ao que o superior determina, executando as trazem uma concepção abrangente de de-
funções da melhor forma possível. veres comportamentais do servidor público,
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem que adiante são aprofundadas de forma
em seu grupo repousa no fato de que as associações mais específica no inciso XIV.
possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi-
líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres
se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas Seção II
que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in- Dos Principais Deveres do Servidor Público
divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so-
matória deles em classe profissional, tem seu comporta- XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
mento específico, guiado pela característica do trabalho Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir continuidade no tratamento do agir moral esperado
uma ordem que permita a evolução harmônica do traba- do servidor público. No caso, são elencados alguns de-
lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de veres essenciais que devem ser obedecidos.
uma tutela no trabalho que conduza a regularização do “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
individualismo perante o coletivo” 44. o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti-
negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe-
e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro-
vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a
ao serviço público. execução de um trabalho” 46.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- função ou emprego público de que seja titular;
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
público, o que quase sempre conduz à desordem nas buições inerentes à posição de que seja titular.
relações humanas. b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
O servidor público tem obrigação de comparecer reli- rendimento, pondo fim ou procurando prioritaria-
giosamente em seu local de trabalho no horário determi- mente resolver situações procrastinatórias, prin-
nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando cipalmente diante de filas ou de qualquer outra
inevitáveis, devem ser justificadas. espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
Os demais funcionários e a sociedade sempre fi- setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
cam atentos às atitudes do servidor público e qualquer evitar dano moral ao usuário;
percepção de relaxo no desempenho das funções será O desempenho de funções deve se dar de forma
observada, notadamente no que tange a ausências fre- eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que
quentes. adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi-
fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estrutura organizacional, respeitando seus colegas e que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço
cada concidadão, colabora e de todos pode receber quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive
colaboração, pois sua atividade pública é a grande para evitar dano moral ao cidadão.
oportunidade para o crescimento e o engrandecimen- c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
to da Nação. integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
O bom desempenho das funções ao agir conforme o quando estiver diante de duas opções, a melhor e
esperado pela sociedade implica numa boa imagem do a mais vantajosa para o bem comum;
servidor público, o que permite que ele receba apoio dos Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores
demais quando realmente precisar. 45 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
44 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 46 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

143
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos
da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, superiores ou de pessoas que contratem ou busquem
sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade. serviços do poder público: obtenção de favores, benefí-
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- cios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas.
dição essencial da gestão dos bens, direitos e ser- Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
viços da coletividade a seu cargo; j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de cias específicas da defesa da vida e da segurança
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten- coletiva;
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En-
que ele seja preservado. quanto não for elaborada uma legislação específica para
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
aperfeiçoando o processo de comunicação e con- de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n°
tato com o público; 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
A atitude ética esperada do servidor público consis- l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado,
atendendo da melhor forma possível os usuários. refletindo negativamente em todo o sistema;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
princípios éticos que se materializam na adequada exigindo as providências cabíveis;
prestação dos serviços públicos; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
Os funcionários públicos nunca podem perder de vis- balho, seguindo os métodos mais adequados à sua
ta o dever ético que eles possuem com relação à socie- organização e distribuição;
dade como um todo, que é o de respeito à moralidade
Os três incisos acima reiteram deveres constantemen-
insculpida no texto constitucional. “A consciência ética
te enumerados pelo Código de Ética como o de com-
busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal
parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o
um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa
de comunicação de atos contrários ao interesse públi-
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é
co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de
de todos; isso requer vida administrativa e política trans-
preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e
parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda
a coletividade”47. organizado).
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
ção, respeitando a capacidade e as limitações in- cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
dividuais de todos os usuários do serviço público, ções, tendo por escopo a realização do bem co-
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção mum;
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei-
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
forma, de causar-lhes dano moral; disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com ao servidor público participar sempre que for benéfico à
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale melhoria de suas funções.
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa- “O valor do exercício profissional tende a aumentar à
do caracteriza dano moral, cabendo reparação. medida que o profissional também aumentar sua cultu-
ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te- os demais, como são os relativos às culturas filosóficas,
mor de representar contra qualquer comprometi- matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em
mento indevido da estrutura em que se funda o elites cultas te garantida sua posição social, porque se
Poder Estatal; habilita às lideranças e aos postos de comando no po-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo
quicos, de contratantes, interessados e outros que impossível negar tal evidência [...]”48.
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
gens indevidas em decorrência de ações imorais, quadas ao exercício da função;
ilegais ou aéticas e denunciá-las; A roupa vestida pelo servidor público também refle-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú- te sua autoridade moral no exercício das funções. Por
blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de- exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan-
sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des-
Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede- caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias,
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente compatíveis com a seriedade esperada da Administração
quando perceber que a atitude de seu superior contraria Pública e de seus funcionários.
os interesses do bem comum, nem que deva ter medo q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
colegas. onde exerce suas funções;
47 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo: 48 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
FTD, 2010. 2010.

144
A regulamentação das funções exercidas pelos ór- a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao tempo, posição e influências, para obter qualquer
servidor público se manter atualizado. favorecimento, para si ou para outrem;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as O cargo público é para a sociedade, não para o indi-
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi-
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal
mantendo tudo sempre em boa ordem. da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado artigo 317 nos seguintes termos:
do servidor público, refletindo a prestação do serviço
com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem co- Corrupção passiva
mum. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
quem de direito; antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
As atividades de fiscalização são usuais no serviço devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena -
público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri-
buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina. b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas servidores ou de cidadãos que deles dependam;
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é
dos usuários do serviço público e dos jurisdiciona- uma clara violação ao dever ético.
dos administrativos; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela conivente com erro ou infração a este Código de
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe- Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, Como visto, é dever do servidor público denunciar
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
invocá-las, o servidor público será levado a sério. obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun- o erro do outro é algo solidário, porque todos os erros
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha cometidos numa função pública são prejudiciais à socie-
ao interesse público, mesmo que observando as dade.
formalidades legais e não cometendo qualquer d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
violação expressa à lei; exercício regular de direito por qualquer pessoa,
O servidor público deve agir conforme a lei determi- causando-lhe dano moral ou material;
na, observando-a estritamente, preservando assim os in- O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de
teresses da sociedade. forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua material aos usuários e ao Estado.
classe sobre a existência deste Código de Ética, es- Na esfera penal, pode incidir no crime de prevarica-
timulando o seu integral cumprimento. ção (art. 319, CP):
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico
que trata das atitudes do servidor público esperadas e Prevaricação
vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
a sua leitura àqueles que o desconheçam. te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex-
pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
Seção III pessoal:
Das Vedações ao Servidor Público Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

XV - É vedado ao servidor público; e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos


Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con- ao seu alcance ou do seu conhecimento para aten-
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um dimento do seu mister;
rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por A incorporação da tecnologia aos serviços públicos,
um juízo de interpretação das regras éticas até então es- aproximando-o da sociedade, é chamada de governança
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tudadas. eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com


tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do ser-
viço prestado.
#FicaDica f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
Não será necessário gravar todas estas regras caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
se o candidato se atentar ao fato de que elas interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
se contrapõem às atitudes corretas até en- cionados administrativos ou com colegas hierar-
tão estudadas. Por óbvio, não agir da forma quicamente superiores ou inferiores;
estabelecida caracteriza violação dos deveres O funcionário público deve agir com impessoalidade
éticos, o que é proibido. na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual-
mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.

145
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
comissão, doação ou vantagem de qualquer es- blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
pécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
o cumprimento da sua missão ou para influenciar em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-
outro servidor para o mesmo fim; dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
A remuneração do servidor público já é paga pelo
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan- por servidor público que o administra ou guarda.
do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas.
âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
encaminhar para providências;
As informações que são acessadas pelo funcionário
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, público somente devem ser aproveitadas para o bom
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (mo- desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda
dificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi-
dados de documentos pode configurar o crime previsto co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera
no artigo 313-A, do Código Penal: vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-
lação de sigilo funcional, pois utilizar-se de informações
Inserção de dados falsos em sistema de informações obtidas no âmbito interno da administração, nos casos
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autoriza- em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime,
do, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir in- previsto no artigo 325, do Código Penal:
devidamente dados corretos nos sistemas informati-
zados ou bancos de dados da Administração Pública Violação de sigilo funcional
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
(dois) a 12 (doze) anos, e multa. -lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite se o fato não constitui crime mais grave.
do atendimento em serviços públicos;
Como visto, o funcionário público deve atender com n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor- habitualmente;
mações da maneira mais correta e verdadeira possível, Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão,
sem mentiras ou ilusões. valores morais inerentes à boa prestação do serviço pú-
j) desviar servidor público para atendimento a inte- blico.
resse particular; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da
pessoa humana;
Todos os servidores públicos são contratados pelo Es-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte-
nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor- O servidor público, seja na vida privada, seja no exer-
dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo, cício das funções, não deve se filiar a instituições que
pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon-
para consultórios para agendar consultas, fazer compras ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é
num supermercado. um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo-
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen- res tradicionais.
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
pertencente ao patrimônio público; CAPÍTULO II
Os bens que se encontram no local de trabalho per- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu-


sivamente para a prestação do serviço público, não po- XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
civil e administrativamente, bem como criminalmente fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
por peculato (art. 312, CP). exerça atribuições delegadas pelo poder público, de-
verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
Peculato de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa-
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta-
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou mente de imputação ou de procedimento suscetível de
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: censura.

146
“Estabelecido um código de ética, para uma classe, Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin-
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito,
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen- quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú-
te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A blica vigente.
fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de
classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das #FicaDica
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se
em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou - Todas as entidades da administração públi-
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem me- ca federal direta ou indireta devem constituir
nor, deriva-se de atos propositadamente praticados. Os em seu âmbito uma Comissão de Ética que
órgãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um irá apurar as infrações ao Código de Ética.
papel relevante de garantia sobre a qualidade dos servi- - A Comissão será composta por três servi-
ços prestados e da conduta humana dos profissionais” 49. dores ou empregados titulares de cargo efe-
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função tivo ou emprego permanente.
de orientação e aconselhamento, devendo se fazer - A constituição (quando foi criada) e a
presentes em todo órgão ou entidade da administração composição (quem a compõe) da Comissão
direta ou indireta. deverão ser informadas à Secretaria da Ad-
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar ministração Federal da Presidência da Repú-
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito blica.
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar
a instauração desses processos, mediante trabalho de XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de ético, entende-se por servidor público todo aquele
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
a consciência de sua adesão às normas ético-profissio-
jurídico, preste serviços de natureza permanente,
nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui-
de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais
ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
respeito ao serviço público e à dignidade social de cada
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades
dos deveres e das vedações previstas, através de um tra-
de economia mista, ou em qualquer setor onde
balho de cunho educativo com os servidores públicos
federais. prevaleça o interesse do Estado.
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen-
XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25). tal importância para fins de concurso público, pois define
quem é o servidor público que se sujeita a ele.
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos “Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
organismos encarregados da execução do quadro de neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe-
carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta cimento exigido preferencialmente para tal execução e
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo- pela identidade de habilitação para o exercício da mes-
ções e para todos os demais procedimentos próprios ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da
da carreira do servidor público. sociedade, específico, definido por sua especialidade de
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética desempenho de tarefa” 50.
fornecerá as informações sobre os funcionários a ela Elementos do conceito de servidor público:
submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
alimentar processo administrativo disciplinar. exemplo, prestação de serviços como jurado ou
mesário), contrato (contratação direta, sem con-
XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. curso público, para atender a uma urgência ou
25). emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o
caso da nomeação por aprovação em concurso
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co- público) - enfim, não importa o instrumento da
missão de Ética é a de censura e sua fundamentação vinculação à administração pública, desde que es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

constará do respectivo parecer, assinado por todos os teja realmente vinculado;


seus integrantes, com ciência do faltoso. b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-
A única sanção que pode ser aplicada diretamente cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só
pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena por um dia, como no caso do mesário de eleição, é
mais branda pela prática de uma conduta inadequada servidor público, da mesma forma que aquele que
que seja praticada no exercício das funções. Nos demais foi aprovado em concurso público e tomou posse;
casos, caberá sindicância ou processo administrativo com ou sem retribuição financeira - por exem-
disciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá plo, o jurado não recebe por seus serviços, mas
elementos para instrução. não deixa de ser servidor público;
49 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 50 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. 2010.

147
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à adminis- Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
tração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
que tenha algum vínculo com o poder estatal. servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
O conceito é o mais amplo possível, abrangendo vestimentas adequadas ao exercício da função”.
autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista, enfim, qualquer
entidade ou setor que vise atender o interesse do CONTRATOS ADMINISTRATIVOS; NOÇÕES
Estado. DE LICITAÇÃO: MODALIDADES; DISPENSA,
INEXIGIBILIDADE

EXERCÍCIOS COMENTADOS Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e


constante da aquisição de bens e serviços para a ma-
1. (EBSERH - Analista Administrativo - Administração nutenção tanto das necessidades essenciais, quanto das
- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regi- supérfluas. Dentro dessa realidade de consumo, abor-
me dos servidores públicos federais e à ética no serviço dar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para que
público. a gestão pública aplique de maneira consciente o orça-
Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór- mento disponível para manutenção de bens e serviços.
gãos da administração pública federal direta, sendo fa- Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem
seguir uma série de trâmites e regras para que sejam
cultativas para entidades da administração indireta.
aplicados da forma mais vantajosa, com o menor gasto
e a melhor qualidade. Trata-se de uma tarefa complexa,
( ) CERTO ( ) ERRADO devido às influências que podem provocar do ponto de
vista econômico, social e político no município ou região
Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está de atuação, devendo, portanto, ser realizada com aten-
expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI: ção e cuidado, de forma a satisfazer os direitos e garan-
“Em todos os órgãos e entidades da Administração tias do cidadão e cuidar para que não haja desperdício.
Pública Federal direta, indireta autárquica e funda- O legislador brasileiro elaborou uma série de nor-
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça mas a serem seguidas com o intuito de padronizar as
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser aquisições e alienações. Dentre elas, destacam-se a
criada uma Comissão de Ética [...]”. Lei nº 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, XXI, da
Constituição Federal, instituindo normas para licitações
2. (STJ - Conhecimentos Básicos - Cargos: 10 e 12 - e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº
10.520/2002 (Lei do Pregão).
CESPE/2018) Considerando os conceitos, princípios e
A licitação é obrigatória para toda Administração Pú-
valores da ética e da moral, bem como o disposto na Lei blica e deve seguir vários princípios, conforme preconi-
nº 8.429/1992, julgue o item a seguir. zado no art. 37, caput, XXI, da Constituição Federal:
A consciência moral deve nortear o comportamento do
servidor público, que deve sempre apresentar conduta Art. 37 – A administração pública direta e indireta de
ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
lhe imponha conduta imoral e antiética. trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
( ) CERTO ( ) ERRADO dade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
XX – Ressalvados os casos específicos na legislação, as
Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em obras, serviços, compras e alienações serão contrata-
sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode dos mediante processo de licitação pública que asse-
desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores. A gure igualdade de condições a todos os concorrentes,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de paga-
previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto nº
mento, mantidas as condições efetivas da proposta,
1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigên-
pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, cias de qualificação técnica e econômica indispen-
interessados e outros que visem obter quaisquer favo- sáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de
ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”. COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Adminis- O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Ca-
tração - CESPE/2017) À luz da legislação que rege os deia de Suprimentos das organizações.
atos administrativos, a requisição dos servidores distritais Segundo Martins et al. (2006, p. 81):
e a ética no serviço público, julgue o seguinte item.
Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti- A função de compras assume papel verdadeiramente
estratégico nos negócios de hoje em face do volume de
mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui
recursos, principalmente financeiros envolvidos, deixando
vedação relativa a comportamento profissional e atitu-
cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma
des éticas no serviço.
atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e
não um centro de lucros.
( ) CERTO ( ) ERRADO

148
Nas empresas estatais e autárquicas, como também I – nos casos de haver um fornecedor exclusivo de de-
no serviço público em geral, o processo de compras terminado material, equipamento ou gênero, vedada
obedece uma série de requisitos, conforme estabelece a a preferência de marca, devendo haver a compro-
Lei nº 8.666, de 21/6/1993, alterada pela Lei nº 8.883, de vação de exclusividade por meio de atestado fornecido
8/6/1994, motivo pelo qual se tornam totalmente trans- por órgão competente;
parentes. II – para a contratação de serviços técnicos, dentro do
Sabemos que há várias diferenças entre o processo conceito de serviços técnicos previsto pela própria Lei
de compra no sistema privado e no sistema público, mas 8666/93 em seu artigo 13 e
destacamos como principal: III – para a contratação de profissional de qualquer
• Compras na Administração Pública – FORMALIDA- setor artístico, desde que consagrad
DE o pela crítica especializada ou pela opinião pública.
• Compras na Administração Privada – INFORMALI-
DADE Dispensa da licitação só ocorrerá nos casos previs-
tos no artigo 24 da Lei 8.666/1993, que seguem descritos
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois prin- a seguir:
cípios preliminares devem ser seguidos:
• A definição precisa do seu objeto; É dispensável a licitação: Nos casos de guerra, grave
• A existência de recursos orçamentários que garan- perturbação da ordem ou calamidade pública; Quando
tam o pagamento resultante. sua realização comprometer a segurança nacional, a
juízo do Presidente da República; Quando não acudirem
A seguir, as condições necessárias para validar o pro- interessados à licitação anterior, mantidas, neste caso, as
cesso de compras públicas: condições preestabelecidas; Na aquisição de materiais, eq-
• Avaliar a necessidade (planejamento); uipamentos ou gêneros que só podem ser fornecidos por
• Definir o quanto adquirir; produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
• Verificar as condições de guarda e armazenamen- bem como na contratação de serviços com profissionais
to; ou firmas de notória especialização; Na aquisição de obras
• Buscar atender o princípio da padronização; de arte e objetos históricos; Quando a operação envolver
• Obter as informações técnicas quando necessárias; concessionário de serviço público ou, exclusivamente, pes-
• Proceder a pesquisas de mercado; soas de direito público interno ou entidades sujeitas ao
• Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua seu controle majoritário; Na aquisição ou arrendamento
dispensa / inexigibilidade; de imóveis destinados ao Serviço Público; Nos casos de
• Indicar (empenho) os recursos orçamentários. emergência, caracterizada a urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízos ou comprometer
O principal elemento que justifica o processo licita- a segurança de pessoas, obras, bens ou equipamentos;
tório para realização de compras no setor público é a Nas compras ou execução de obras e serviços de pequeno
TRANSPARÊNCIA que este representa. vulto, entendidos como tal os que envolverem importância
Portanto, conceituando temos que: inferior a cinco vezes, no caso de compras e serviços, e a
Licitação é o procedimento administrativo pelo qual cinquenta vezes, no caso de obras, o valor do maior salário
uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adqui- mínimo mensal.
rir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo con-
dições por ela estipuladas previamente, convoca interes- Diferença entre inexigibilidade e dispensa, segundo
sados na apresentação de propostas, a fim de selecionar Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “a diferença básica entre
a que se revele mais conveniente em função de parâme- as duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há
tros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este possibilidade de competição que justifique a licitação; de
procedimento visa a garantir duplo objetivo: de um lado, modo que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na
proporcionar às entidades governamentais possibilidade competência discricionária da Administração. Nos casos
de realizarem o negócio mais vantajoso; de outro, asse- de inexigibilidade, não há possibilidade de competição,
gurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda
participação nos negócios que as pessoas administrati- às necessidades da Administração; a licitação é, portanto,
vas entendam de realizar com os particulares. inviável”.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DISPENSA E INEXIBILIDADE PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO

Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Mu- O processo de licitatório também se baseia em prin-
nicípios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão cípios, como vemos a seguir:
obrigados a licitar, em obediência às pertinentes leis de O art. 3º, da Lei nº 8.666/1993, prevê a observância
licitação, o que é ponto incontroverso. dos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade,
Inexigibilidade de Licitação: A obrigatoriedade so- moralidade, igualdade, publicidade, probidade adminis-
mente não se aplica em determinados casos descritos a trativa, vinculação ao instrumento convocatório, julga-
seguir, conforme art. 25, da Lei 8.666/1993: mento objetivo e demais correlatos.

149
O Princípio da Legalidade Princípio da Eficiência

Vincula o administrador a fazer apenas o que a lei Consiste no dever da Administração realizar a função
autoriza, sendo que, na licitação, o procedimento deverá administrativa com rapidez, perfeição e rendimento.
desenvolver-se não apenas com observância estrita às le- Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade
gislações a ele aplicáveis, mas também ao regulamento, Pela Razoabilidade, as decisões administrativas de-
caderno de obrigações e ao próprio edital ou convite, vem ser amparadas e pautadas em justificativas racionais,
segundo Hely Lopes Meirelles. com fulcro no bom senso
A não observação desse princípio impregnará o pro-
cesso licitatório de vício, trazendo nulidade como con- Princípio da Competitividade
sequência.
Competitividade garante a livre participação a todos,
O Princípio da Isonomia ou Igualdade porém, essa liberdade de participação é relativa, não sig-
nificando que qualquer empresa será admitida no pro-
Consiste na ideia de que todos devem receber trata- cesso licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma em-
mento paritário, em situações uniformes, não sendo ad- presa fabricante de automóveis tencionar participar de
mitidos privilégios ou discriminações arbitrárias. um processo de licitação, quando o objeto do certame
seja compra de alimentos.
Princípio da igualdade É pelo Princípio da Competitividade que o edital não
pode conter exigências descabidas, cláusulas ou condi-
Além de consistir na obrigação de tratar isonomi- ções que restrinjam indevidamente o possível universo
camente todos os licitantes, também significa ensejar a de licitantes para aquele certame.
qualquer interessado que atender às condições indispen-
sáveis de garantia, a oportunidade de disputar o certame. Princípio da Vinculação

Princípio da Impessoalidade Administração e licitantes vinculam-se ao estabeleci-


do no edital ou carta-convite.
Para evitar a preferência por alguma empresa especi-
ficamente, cuja não observação implicaria prejuízo para Princípio do Julgamento Objetivo
a lisura do processo licitatório, e como consequência a
decretação da nulidade do processo, ou seja, estabele- A Administração está obrigada a efetuar o julgamen-
ce que “a atividade administrativa deve ser destinada a to das propostas com base nos critérios já definidos no
todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral, instrumento convocatório.
sem determinação de pessoa ou discriminação de qual-
quer natureza”. Princípio da Motivação

Princípio da Moralidade Todas as decisões administrativas devem ser sempre


justificadas por escrito no processo da licitação, motiva-
O Princípio da Moralidade significa que a Adminis- das, ou seja, o agente responsável pela tomada da deci-
tração Pública, além de obedecer à Lei, deve respeitar a são deve enunciar expressamente os motivos de fato e
moral, adotar condutas honestas. de direito que justificam determinada decisão.
Destaca-se como diz Marcio Cammarosano, o prin-
cípio da moralidade não é a moral comum, mas sim a MODALIDADES DE LICITAÇÃO
moralidade juridicizada.
A licitação, como espécie de processo administrativo,
Princípio da Publicidade é dividida em seis modalidades distintas:
Concorrência – é a modalidade de licitação própria
Visa a tornar a futura licitação conhecida dos inte- para contratos de grande valor, em que se admite a par-
ressados e dar conhecimento aos licitantes bem como à ticipação de quaisquer interessados, cadastrados ou não,
sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse que satisfaçam as condições do edital, convocados com a
princípio é garantir aos cidadãos o acesso à documenta- antecedência mínima prevista na lei, com ampla publici-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ção referente à licitação, bem como sua participação em dade pelo órgão oficial e pela imprensa particular.
audiências públicas Tomada de preços – é a licitação realizada entre inte-
ressados previamente registrados, observada a necessá-
Princípio da Probidade Administrativa ria habilitação, convocados com a antecedência mínima
prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e
Atos de improbidade (são aqueles que apresentam em jornal particular, contendo as informações essenciais
imoralidade administrativa especialmente qualificada, da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A
por atuar de forma desonesta, corrupta, dolosa). Além de nova lei aproximou a tomada de preços da concorrência,
serem inválidos, ensejam a aplicação de sanções severas exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastra-
a seus autores. mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento
das propostas.

150
Convite – é a modalidade de licitação mais simples, Enfim, ao passo que os tipos de licitação estão rela-
destinada às contratações de pequeno valor, consistin- cionados à recepção de propostas, as modalidades estão
do na solicitação escrita a pelo menos três interessados relacionadas aos demais procedimentos administrativos
do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas adotados na gestão do processo licitatório.
propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite
não exige publicação, porque é feito diretamente aos es- EDITAL DE LICITAÇÃO
colhidos pela Administração por meio de carta-convite.
A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento É o instrumento pelo qual a Administração leva ao
convocatório seja afixada em local apropriado, esten- conhecimento público a abertura de concorrência, de to-
dendo-se automaticamente aos demais cadastrados da mada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condições
mesma categoria, desde que manifestem seu interesse de sua realização e convoca os interessados para a apre-
até vinte e quatro horas antes da apresentação das pro- sentação de suas propostas.
postas;
Concurso – é a modalidade de licitação destinada à Como lei interna, vincula a Administração e os parti-
escolha de trabalho técnico ou artístico predominante- cipantes.
mente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição Funções do edital:
de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a • Dá publicidade à licitação;
oferta de remuneração; • Identifica o objeto licitado e delimita o universo
Leilão – é espécie de licitação utilizável na venda de das propostas;
bens móveis e semoventes e, em casos especiais, tam- • Circunscreve o universo dos proponentes;
bém de imóveis. • Estabelece os critérios para análise e avaliação dos
Pregão – é a modalidade de licitação destinada à con- proponentes e das propostas;
tratação de bens e serviços comuns, independentemente • Regula atos e termos processuais do procedimen-
de seu valor, estando disciplinada na Lei nº 10.520/2002. to;
Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos • Fixa cláusulas do futuro contrato.
padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
tivamente definidos pelo edital, sem grande necessidade Quanto à sua habilitação, por vezes denominada
de avaliações detalhadas, visto que a relação dos bens “qualificação”, é a fase do procedimento em que se ana-
ou serviços comuns encontra-se disposta em anexo do lisa a aptidão dos licitantes.
Decreto Federal nº 3.555/2000, posteriormente alterado Detalhe Importante:
pelo Decreto Federal nº 7.174/2010. • Aptidão – qualificação indispensável para que a
proposta possa ser objeto de consideração.
• Sem aptidão – o órgão competente não habilita.
FIQUE ATENTO!

Não confundir modalidades de licitação Observa-se: modalidade de licitação, chamada “con-
com tipos de licitação. vite”, inexiste a fase de habilitação – aqui a aptidão é
Por modalidade, compreendemos o proce- presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante
dimento por meio do qual o agente público que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados a
selecionará a melhor proposta para a Admi- participar do certame, admitindo, também, eventual inte-
nistração Pública. ressado, não convidado, mas cadastrado.
Já tipo de licitação, é o que determina os Classificação – momento em que as propostas admi-
critérios para a escolha da melhor proposta. tidas são ordenadas em função das vantagens que ofe-
recem, na conformidade dos critérios de avaliação esta-
belecidos no edital.
Existem três tipos básicos de licitação: A classificação é dividida em duas fases:
Menor preço – neste caso, o que vale é o menor pre- • Abertura de envelopes “proposta” – a abertura é
ço. Teoricamente, esse menor preço pode chegar a zero feita em ato público, previamente designado, la-
(ou até mesmo preço negativo). Muitas empresas aca- vrando-se ata circunstanciada ao final.
bam aceitando preços menores que o viável economi- • Julgamento das propostas – objetivo e conforme
camente porque interessa a elas outros fatores como a os tipos de licitação.
vinculação da imagem a determinado projeto ou a con-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

quista de um novo cliente; As propostas que estiverem de acordo com o edital


Melhor técnica – em alguns casos, principalmente serão classificadas na ordem de preferência, na escolha
quando o trabalho é complexo, o órgão público pode conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apre-
basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o sentarem em conformidade com o instrumento convoca-
vencedor; tório serão desclassificadas. Não se pode aceitar propos-
Menor preço e melhor técnica – neste caso, os dois ta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios
parâmetros são importantes. Assim, no próprio edital de ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório
licitação deve estar claro o peso que cada um dos parâ- não tenha estabelecido limites mínimos (Art. 44, § 3º, da
metros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se Lei 8.666/1993).
possa fazer uma média ponderada.

151
FASES DO PROCESSO DE LICITAÇÃO Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Comple-
mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabe-
O processo de licitação é dividido em duas fases: fase leceu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empre-
interna e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem- sa de Pequeno Porte, ocorreu a adoção de novas regras
-se em fases específicas. de licitações públicas, dando tratamento diferenciado e
favorecido às microempresas e empresas de pequeno
1. Fase interna porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, com relação à prefe-
Fase preliminar da licitação que compreende os se- rência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
guintes atos: definição do objeto a ser contratado, esti- Públicos. Na prática, os direitos são: deverão apresentar
mativa do custo do contrato, reserva da receita orçamen-
toda a documentação exigida para efeito de comprova-
tária, elaboração do instrumento convocatório, exame do
ção de regularidade fiscal, mesmo que com restrições.
edital ou carta-convite pela assessoria jurídica, autoriza-
ção para licitar e publicação do edital. Porém, havendo alguma restrição, será assegurado o
prazo de dois dias úteis, prorrogáveis por igual período,
1.1 Fase de Abertura cujo termo inicial corresponderá ao momento em que o
proponente for declarado o vencedor do certame, para
Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado a regularização da documentação. Outro privilégio é o
com a abertura de processo administrativo, devidamen- direito de preferência nas situações de empate, ou seja,
te autuado, protocolado e numerado, contendo a au- quando as propostas apresentadas pelas microempresas
torização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10%
e do recurso para a despesa, e ao qual serão juntados superiores à proposta mais bem classificada. No caso do
oportunamente: o edital ou convite e respectivos anexos; pregão, aplica-se às propostas que não sejam superiores
comprovante das publicações do edital ou da entrega a 5% da proposta com o menor valor. Dessa forma, a
do convite; ato de designação da comissão de licitação, microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem
do leiloeiro, administrativo ou oficial, ou do responsável classificada poderá apresentar proposta de preço inferior
pelo convite; original das propostas e dos documentos àquela considerada vencedora do certame, situação em
que as instruem; atas, relatórios e deliberações da Comis- que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por
são de Licitação; pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
fim, o legislador ainda permitiu a promoção de licitação
sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de ad-
pública, desde que os valores envolvidos não superem
judicação do objeto da licitação e da sua homologação;
recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às microempresas
respectivas manifestações e decisões; despacho de anu- e empresas de pequeno porte.
lação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
fundamentado circunstancialmente; termo de contrato 2.3 Fase de Homologação e Adjudicação
ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
publicações e demais documentos relativos à licitação. Uma vez concluída a fase de classificação e julgamen-
to, a autoridade superior à Comissão de Licitação, com
2. Fase externa fundamento no poder-dever que lhe é atribuído, pode-
rá, alternativamente: homologar os atos administrativos
2.1 Fase de Habilitação praticados, confirmando o resultado da licitação; revogar
os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação
Após a publicação do edital, tem início a fase externa toda, motivada por razões de interesse público, que de-
da licitação, que é caracterizada pela habilitação e pela corram de fato superveniente devidamente comprovado,
seleção do melhor licitante, dentre os habilitados. Para a pertinente e hábil para justificar tal conduta ou anular
habilitação nas licitações, será exigido dos interessados: os atos administrativos praticados ou mesmo a licitação
documentação relativa à habilitação jurídica, qualificação toda, motivada por ilegalidade relacionada ao processo
técnica, qualificação econômico-financeira, regularidade
licitatório, mediante parecer escrito e devidamente fun-
fiscal e prova de que o interessado não empregue em
trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de de- damentado.
zoito anos, bem como não empregue em qualquer tra- Com o resultado homologado, o licitante cuja pro-
balho menores de dezesseis anos, salvo na condição de posta tiver sido selecionada terá o direito à adjudicação
aprendiz, a partir de quatorze anos. A inabilitação do lici- do objeto da licitação. A adjudicação consiste na atribui-
tante importa preclusão do seu direito de participar das ção do objeto da licitação àquele cuja proposta tenha
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

fases subsequentes do processo licitatório. sido selecionada, para imediata execução do contrato.

2.2 Fase de Classificação e Julgamento 2.4 Inversão de fases no procedimento licitatório

O julgamento das propostas será objetivo, devendo Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº
a Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite 11.196/2005 e pela Lei nº 10.520/2002, prevendo que
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação e o edital de licitação estabelecerá a inversão da ordem
os critérios previamente estabelecidos no ato convoca- das fases de habilitação e julgamento nas modalidades
tório. No caso de empate entre duas ou mais propostas, de pregão e concorrência para outorga de concessões
deverá ser observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da Lei e permissões de serviços públicos. Nesses casos, uma
de Licitações. vez encerrada a fase de classificação das propostas, será

152
aberto o envelope com os documentos de habilitação partes. Essa finalidade econômica é incompatível com os
do licitante mais bem classificado. Uma vez constatado contratos administrativos, que rege-se pelas normas de
o atendimento às exigências editalícias, o licitante será Direito Público, que apresenta como um de seus princí-
declarado vencedor. Por outro lado, caso o licitante me- pios sistêmicos a primazia do interesse público sobre o
lhor classificado seja inabilitado, serão analisados os do- privado.
cumentos do licitante classificado em segundo lugar, e Em relação a competência para legislar sobre a maté-
assim sucessivamente. ria, o art. 22, XXVII da CF/1988 prescreve ser competência
exclusiva da União legislar sobre normas gerais de licita-
CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO ções e contratos administrativos. Isso, no entanto, não
impede que outras entidades federativas possam legislar
O Poder Público, no exercício de suas funções admi-
sobre contratos administrativos, ainda que em caráter
nistrativas, muitas vezes tende a estabelecer diversas re-
lações jurídicas com particulares, criando vínculos espe- suplementar, editando regras mais específicas. Assim, o
ciais de colaboração com a esfera privada. Tais conexões correto seria dizer que a competência para legislar sobre
podem ser instrumentalizadas mediante um contrato. Se contratos administrativos é concorrente entre a União, os
tal contrato estiver subordinado às regras de Direito Ad- Estados, Munícipios e Distrito Federal. A lei que dispõe
ministrativo, então estamos diante de um contrato ad- sobre normas gerais dos contratos administrativos é a Lei
ministrativo. Federal nº 8.666/1993.
O contrato administrativo não corresponde aos con- Por fim, importante salientar a exigência de prévia
tratos elaborados pelas pessoas na esfera privada. Isso licitação para a celebração do contrato administrativo.
significa que seu regime apresenta características espe- Trata-se de um pressuposto que, estando ausente, pode
ciais, que a distinguem do resto dos contratos de Direito macular a existência, validade e a eficácia do contrato. A
Privado. exigência de prévia licitação é somente para os contratos
administrativos.

Contrato administrativo, assim, é um pacto bilateral


estabelecido entre a Administração Pública, agindo nessa
qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas entidades, sub-
EXERCÍCIO COMENTADO
metido ao regime jurídico administrativo, cuja finalidade
1. (UNIFAP – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
é a consecução de objetivos de interesse público. Deste
DEPSEC – 2018)
conceito, podemos destacar alguns aspectos específicos
dos contratos administrativos. Marque a alternativa que corresponde ao conceito de
Ao dizermos que contrato administrativo é o contrato administrativo:
pacto bilateral ajustado pela Administração Pública,
agindo nessa qualidade, significa que, em pelo menos a) Contrato administrativo é uma modalidade inexisten-
um dos polos da relação jurídica deve haver a figura do te tendo em vista que renomados doutrinadores lhes
Estado (contratante), como pessoa jurídica de Direito negam a existência.
Público, que se apresenta em relação de superiorida- b) É o ajuste celebrado entre Administração Pública
de em face dos particulares. Os terceiros, dessa forma, e pessoas jurídicas de direito privado objetivando a
são as pessoas físicas (contratados) que não integram a prestação de serviços não essenciais à população.
Administração Pública. Todavia, há alguns casos em que c) É o ajuste que a Administração celebra com pessoas
tal avença pode ser estabelecida com outras entidades físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a con-
administrativas, visando a cooperação mútua e a perse- secução de fins públicos, segundo regime jurídico de
cução de objetivos comuns entre os órgãos e entidades direito público.
da Administração, como é o caso dos consórcios esta- d) É o ajuste celebrado em Administração Pública e em-
belecidos entre a União e um Estado, ou Município, por presas privadas com o objetivo de prestar serviços que
exemplo.
não podem ser supridos diretamente pela administra-
A submissão ao regime jurídico administrativo sig-
ção.
nifica dizer que, para os contratos administrativos vigo-
e) Contrato administrativo é uma modalidade dos con-
ram os princípios e regras de Direito Administrativo. Não
basta apenas a Administração Pública estar em um dos tratos em geral destinado a prover emprego e renda
polos contratuais, pois a mesma pode realizar ajustes de a pessoas desempregadas e que tem vinculação com
determinados grupos políticos.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

natureza não-administrativa, podendo celebrar contra-


to de locação sobre determinado imóvel, por exemplo.
Tal hipótese é de contrato da Administração, que não se Resposta: Letra C. Lembre-se dos aspectos essenciais
confunde com o contrato administrativo. Contratos da do conceito de contrato administrativo apresentado: A)
Administração é gênero, do qual o contrato administra- pacto bilateral; B) presença da Administração Pública; C)
tivo é espécie. regime jurídico de Direito Público; D) finalidade de aten-
Outra característica que o diferencia dos demais der o interesse público; e E) exigência de prévia licitação.
contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que é a
consecução de objetivos de interesse público. Os con-
tratos da esfera privada, geralmente, tendem a apenas
buscar os melhores resultados e trazer lucros para as

153
ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Uma característica importante é o regime pelo qual o
contrato de obra pública pode adotar:
A legislação brasileira contempla várias espécies de
contratos administrativos. Importante destacar aqueles a) Regime de empreitada: a Administração põe a
que aparecem com maior frequência nas questões de execução da obra por conta e risco do contratado,
concursos. mediante uma remuneração previamente ajustada.
As obras são de grande porte.
1. Contrato de prestação de serviço b) Regime de tarefa: nessa modalidade, as obras são
de pequeno porte, o pagamento pelo serviço é pe-
É o contrato que tem por objeto a prestação de uma riódico, e realizado após um processo de avaliação
atividade, a fim de promover uma determinada utilidade, por um fiscal do órgão contratante.
de interesse para a Administração Pública, ou para a co-
letividade. Trata-se de uma avença com uma obrigação 4. Contrato de concessão de serviço público
de fazer, podendo ser dividida em:
O termo “concessão” é empregado para designar a
a) Serviços comuns: são os serviços que podem ser atividade da Administração Pública de delegar ao parti-
realizados por qualquer pessoa, não se exige co- cular a prestação de um serviço, ou a execução de obra
nhecimentos específicos. pública, ou ainda o uso de bem público. Contrato de
b) Serviços técnicos profissionais generalizados: concessão de serviço público é aquele pelo qual a
são aqueles que, para a execução do serviço, é ne- Administração promove a prestação indireta de um
cessária alguma habilitação específica, como ser- serviço, delegando-o a particulares. Exemplos: a cons-
viço de construção imposto a algum engenheiro. trução de linha ferroviária ou metrô para transporte de
c) Serviços técnicos profissionais especializados: passageiros, transmissão áudio sonora (rádio) ou por
são os que exigem conhecimentos mais apurados imagens e sons (televisão), etc. Possui previsão legal na
e específicos para a execução do serviço, como na Lei nº 8.987/1995 (Lei de Concessões dos Serviços Pú-
elaboração de um parecer técnico. blicos), bem como previsão constitucional no art. 175 da
d) Trabalhos artísticos: que tem relação com ati- CF/1988:
vidades artísticas, como escultura, pintura, música, Constituição Federal de 1988
etc. Art. 175. Incumbe ao poder público, na forma da
São exemplos de contratos administrativos: coleta de
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
lixo, instalação, operação, reparação, manutenção, trans-
missão, sempre através de licitação, a prestação de
porte de bens, trabalhos técnico-profissionais, etc.
serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
2. Contrato de fornecimento
I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
É o contrato pelo qual a Administração adquire bem
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
móvel para sua utilização nas repartições públicas ou em
estabelecimentos públicos. Exemplos: contrato de forne- dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
cimento de alimentos para escolas de rede pública. Apre- cessão ou permissão;
sentam-se em três vertentes:
Lei nº 8.987/1995
a) Fornecimento integral: a entrega do bem é reali- Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
zada tudo de uma vez só. (...)
b) Fornecimento parcelado: a entrega é feita em fra- II - concessão de serviço público: a delegação de sua
ções, obedecendo uma programação previamente prestação, feita pelo poder concedente, mediante lici-
estabelecida. O fornecimento é considerado encer- tação, na modalidade de concorrência, à pessoa ju-
rado somente com a entrega da última “parcela”. rídica ou consórcio de empresas que demonstre ca-
c) Fornecimento contínuo: não há um prazo fixo pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
para se encerrar, o fornecimento se estende ao e por prazo determinado;
longo do tempo.
3. Contrato de obra pública Dessa forma, podemos concluir que a prestação do
serviço público pode ocorrer diretamente pela Adminis-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Consiste no ajuste em que a Administração escolhe tração Pública, ou indiretamente, mediante delegação
uma empresa privada com o objetivo de realizar a cons- do serviço a concessionários e permissionários que, por
trução, ampliação, ou reforma de bem imóvel destinado expressa determinação legal, necessita de prévio proce-
ao público, ou em prol do interesse público. As obras pú- dimento de licitação.
blicas poderão ser: de equipamento urbano; equipamen- A concessão de serviço público é contrato adminis-
to administrativo; empreendimento de utilidade pública; trativo bilateral, o que significa que depende, para a sua
ou ainda um edifício público. Obra não se confunde com formação, além dos requisitos essenciais a todo negócio
prestação de serviço, pois as obras podem ser remune- jurídico dispostos no art. 104 do Código Civil (agente ca-
radas mediante contribuição de melhoria junto aos con- paz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei), a
tribuintes, enquanto que o serviço só pode ser cobrado convergência de vontades distintas. Temos de um lado o
mediante arrecadação de taxas. poder concedente, que tem por objetivo a execução do

154
serviço público em prol da coletividade; e do outro, a en- a) Prazo determinado: o contrato de concessão deve
tidade concessionária que deve executar o serviço, com o possuir um termo final, sendo inadmissível sua ce-
objetivo de lucrar mediante a arrecadação de tarifas dos lebração por prazo indeterminado. Há a possibili-
usuários beneficiados com aquele serviço. O contrato dade de prorrogação do contrato.
deve ser obrigatoriamente por escrito, e rege-se pelas b) Cobrança de tarifas aos usuários: essa é a forma
regras de Direito Administrativo. pela qual a concessionária deve ser remunerada na
Ao mencionar a transferência para pessoa jurídica concessão do serviço público. As tarifas não pos-
privada, quis o legislador que a delegação do serviço suem natureza tributária: são uma contraprestação
não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas, mas contratual, devida a todas as pessoas que utiliza-
somente à empresa ou a um consórcio de empresas. É o rem o serviço prestado. A legislação impõe que as
caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade de eco- tarifas a serem cobradas devem ser módicas, sen-
nomia mista, na prestação do serviço de abastecimento do um dos critérios de julgamento da fase de lici-
de água no Estado de São Paulo. tação (art. 15, I, da Lei nº 8.987/1995).
Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
tação de serviço público. A delegação ocorre apenas 4.1 Obrigações do poder concedente
sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titularida-
de, que continua sendo do poder concedente. Apesar da execução do serviço público não ser fei-
Além dessas características gerais, convém analisar ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei nº
outros aspectos típicos dos contratos de concessão de 8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado. São
serviço: deveres do poder concedente:
a) Procedimento de licitação: antes da concessão I) Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço con-
do serviço público, é obrigatório o procedimento cedido.
licitatório na modalidade de concorrência (art. 2º, II) Intervir na execução do serviço, nos casos previstos em
II, da Lei nº 8.987/1995). É possível, também, que lei.
haja a inversão das fases de habilitação e julga- II) Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no con-
mento das propostas, assimilando-se mais com a trato.
modalidade de pregão (art. 18-A, idem). IV) Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas cobra-
das.
b) Exigência de lei específica: o legislador é quem
V) Atender as reclamações e outras queixas advindas
decide a forma específica para a prestação do ser-
dos usuários, zelando pela boa qualidade do serviço.
viço público. Deve haver a promulgação de lei cuja
VI) Declarar os bens necessários à execução do serviço
matéria seja unicamente o regramento da conces-
de necessidade ou utilidade pública.
são do referido serviço.
c) Concessionário assume à prestação do serviço
4.2 Obrigações da concessionária
por sua conta: significa dizer que, quaisquer danos
decorrentes da execução do serviço público são de Incumbe à concessionária do serviço público (art. 31
responsabilidade da empresa concessionária. da Lei nº 8.987/1995):

FIQUE ATENTO! I) Prestar o serviço de maneira adequada, utilizando-


-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
O STF, no julgamento do RE nº 591.874/MS,
nos casos previstos na lei ou no contrato.
em agosto de 2009, adotou o entendimento
II) Prestar contas da gestão do serviço ao poder con-
de que a concessionária prestadora do ser-
cedente e aos usuários.
viço público tem responsabilidade objetiva
III) Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e
e direta de indenizar os danos causados
as cláusulas contratuais, havendo possibilidade de
tanto pelos usuários, quanto por terceiros
pedir indenização pela inexecução do contrato.
não-usuários do referido serviço. Respon-
IV) Promover desapropriações e construir servidões
sabilidade objetiva é aquela em que não in-
administrativas, mediante autorização do poder
cumbe à vítima a necessidade de comprovar a
concedente.
existência de dolo ou culpa do agente infrator.
V) Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne-
Responsabilidade direta significa admitir, no
cessários à prestação do serviço.
caso, que o Estado, como poder concedente,
está indiretamente obrigado a reparar os da-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4.3 Formas de extinção da concessão


nos causados na execução de serviço público,
possuindo responsabilidade subsidiária. Isso
Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987/1995 dispõe sobre as
significa que a Administração só será obriga-
modalidades de extinção da concessão do serviço públi-
da a indenizar caso a entidade concessionária
co. São seis ao todo:
não possua condições e patrimônio suficien-
tes para arcar com as despesas da indenização
a) Advento do termo contratual: trata-se da extin-
por conta própria.
ção do contrato pelo encerramento de seu prazo
de vigência. É a extinção natural do contrato, haja
vista que nosso direito não admite contrato de
concessão por prazo indeterminado.

155
b) Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 da tar o seu aceite. Trata-se de uma característica presente
Lei nº 8.987/1995, é “a retomada do serviço pelo também nos contratos administrativos: as regras enclau-
poder concedente durante o prazo da concessão, suradas no contrato administrativo são unilateralmen-
por motivo de interesse público, mediante lei auto- te elaboradas pelo poder concedente, antes mesmo do
rizativa específica e após prévio pagamento da in- processo de licitação. A possibilidade de alteração dessas
denização (...)”. Como o encerramento do contrato regras é inexistente.
não se deu por infração, é incabível a aplicação de Apesar das semelhanças, não parece correto admitir
sanções ao contratado. que a permissão seja uma espécie de contrato regulado
c) Caducidade: é a modalidade em que a execução por normas de Direito Privado, com princípios completa-
do serviço não é realizada, no todo ou em parte, mente distintos dos princípios administrativos. Todavia,
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à há diversos autores que admitem tal possibilidade, inclu-
concessionária. A caducidade deve ser declarada, sive o próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento
havendo a ocorrência de um dos eventos descritos da ADI nº 1.491/1990. Por isso, para todos os efeitos, é
no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987/1995, tais como: melhor afirmar que trata-se de uma modalidade contra-
a concessionária paralisar o serviço, descumprir tual sui generis. Assim, permissão de serviço público é
cláusula contratual, não cumprir as penalidades contrato administrativo por adesão.
impostas, etc. Importante destacar as diferenças entre permissão e
d) Rescisão por culpa do poder concedente: Caso a concessão de serviço público, que podem determina-
o poder concedente descumpra com alguma regra das com base nos seguintes requisitos:
estabelecida no instrumento contratual, a conces-
sionária tem direito a ingressar em juízo, objetivan- a) Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni-
do à indenização dos danos decorrentes da extin- lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral.
ção contratual. A indenização, neste caso, abrange b) Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode
somente os danos emergentes (o que efetivamen- ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi-
te perdeu), e não os lucros cessantes (o que ele cas (empresas) podem ser concessionárias.
poderia ter ganhado).
e) Anulação: é a modalidade de extinção em que c) Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
consta-se vício de legalidade no contrato. O con- maior aporte de capital, a permissão admite inves-
trato perde sua eficácia desde a sua concepção (ex timentos de pequeno ou médio porte.
d) Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
tunc), o que significa que a concessionária não faz
dida de licitação na modalidade de concorrência.
jus à indenização, exceto quanto a parte já execu-
Não há essa exigência para a permissão.
tada do contrato.
e) Quanto à forma da outorga: a concessão se dá
f) Decretação de falência: como a concessão é con-
mediante promulgação de lei específica. A permis-
trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
são necessita apenas de autorização legislativa.
tantes têm grande relevância para a execução do
serviço, havendo o desaparecimento da empresa 6. Contrato de gerenciamento
concessionária mediante falência, ou o falecimento
de empresário individual, o vínculo contratual tam- Contrato de gerenciamento é aquele em que a Ad-
bém desaparece. ministração transfere a um particular (gerenciador) a
condução de um empreendimento, havendo reserva de
5. Permissão de serviço público competência decisória final. O que difere essa modalida-
de de contrato de construção de obra, ou da prestação
A permissão é outra forma da Administração Pública de serviço, é o fato do gerenciador possuir maior auto-
de delegar a execução de serviço público para os particu- nomia executória para o desenvolvimento de suas tare-
lares, também possui previsão no art. 175 da CF/1988. A fas. O Estado apenas atuará no controle dos resultados
permissão é unilateral, discricionária, precária, e intuitu almejados pelo gerenciador. O gerenciador deve exercer
personae (personalíssima), promove a delegação do ser- uma atividade especializada, atuando em nome próprio
viço público mediante prévia licitação para um particular e por sua conta na execução das obrigações contratuais.
denominado permissionário.
Questão controvertida é a natureza jurídica da per- 7. Contrato de gestão
missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

passou a tratar a permissão como se fosse um contrato Contrato de gestão é termo utilizado para desig-
de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do nar, de modo amplo e genérico, qualquer acordo entre
parágrafo único do artigo 175 da Carta Magna: “I - o re- o Poder Público e as organizações sociais ou agências
gime das empresas concessionárias e permissionárias de executivas, a fim de fixar metas de desempenho, com-
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de prometendo-se a assegurar maior autonomia e liberda-
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, de gerencial para tais associações, promovendo maior
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão”. Toda- controle na produção dos resultados (art. 5º da Lei nº
via, contrato de adesão é remetente aos contratos de Di- 9.637/1998). Tal modalidade contratual foi introduzida
reito Privado, principalmente nas relações de consumo. Tal no ordenamento jurídico brasileiro, primeiro, pela EC nº
modalidade de contrato é elaborada unilateralmente pelo 19/1998, possuindo características típicas do modelo de
fornecedor, obrigando a parte aderente apenas manifes- administração gerencial.

156
A finalidade do contrato de gestão é, nos termos do b) Parcerias patrocinadas: é aquela em que o servi-
art. 5º da Lei nº 9.637/1998, promover fomento e a exe- ço prestado pelo investidor privado não é autos-
cução de atividades relativas ao ensino, à pesquisa cientí- suficiente, não sendo financeiramente sustentável
fica, à preservação do meio ambiente; à saúde, à cultura, por si próprio, ou uti singuli. Para tanto, o parcei-
etc. No contrato de gestão deve constar, além das obri- ro público deverá remunerar o parceiro privado
gações e encargos do Poder Público e das organizações em pecúnia (art. 2º, § 1º, da Lei nº 11.079/2004).
sociais, a especificação do programa de trabalho, bem Isso significa que há duas fontes de receita para
como os limites e critérios a título de remuneração dos o investidor privado: uma é a tarifa cobrada pelo
dirigentes e membros das organizações (art. 7º, I e II, da usuário, e a outra advém de contraprestação pelo
Lei nº 9.637/1998). parceiro público.

8. Termo de parceria Em relação a vedações, o art. 2º, § 4º, da Lei nº


11.079/2004 determina três hipóteses em que não é pos-
Trata-se de acordo firmado entre a Administração e sível a celebração de parceria público-privada: quando
as organizações da sociedade civil de interesse público o valor contratual for inferior a vinte milhões de reais;
(OSCIPs), estabelecendo um vínculo de cooperação, fo- quando o período da prestação do serviço for inferior a
mento e execução de atividades consideradas de interes- cinco anos; ou nas hipóteses de fornecimento de mão de
se público (art. 9º da Lei nº 9.790/1999). Seus objetivos e obra, instalação de equipamentos, e construção de obra
modo de operação são bastante similares aos contratos pública.
de gestão celebrado com as organizações sociais, pois
no termo de parceria também há a busca por um con- 10. Consórcio Público
trole de resultados, característica essencial do modelo de
administração gerencial. Consórcio público é o contrato administrativo mul-
tilateral, firmado entre as entidades federativas, com a
finalidade de perseguir objetivos comuns. Do consórcio,
#FicaDica há um processo de criação de uma nova pessoa jurídica
O termo “OSCIP” não se refere a uma pessoa que pode ser de direito público (associação pública), ou
jurídica própria. Trata-se, na verdade, de uma de direito privado, atendendo os requisitos da legislação
qualificação jurídica especial atribuída a dife- civil, nos termos do art. 6º da Lei nº 11.107/2005.
rentes tipos de entidades privadas atuando Possui fundamento legal no art. 241 da CF/1988:
em áreas típicas do setor público com inte-
resse social. Essas entidades podem ser finan- A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
ciadas pelo próprio Estado ou pela iniciativa disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e
privada, porém jamais apresentam finalidade os convênios de cooperação entre os entes federados,
lucrativa. É o caso das ONGs e outras entida- autorizando a gestão associada de serviços públicos,
des do Terceiro Setor. bem como a transferência total ou parcial de encar-
gos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
dos serviços transferidos.

9. Parceria Público-Privada Com a finalidade de regulamentar o referido disposi-


tivo constitucional, a Lei nº 11.107/2005 dispõe sobre a
As parcerias público-privadas (PPPs) são contratos celebração dos consórcios públicos.
administrativos de concessão, podendo apresentar-se A Lei dos Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2004) es-
na modalidade de concessão patrocinada ou concessão tabelece alguns requisitos essenciais que devem constar
administrativa, na forma do caput do art. 2º da Lei nº como cláusulas obrigatórias do consórcio público. En-
11079/2004. contram-se dispostas no art. 4º da referida Lei. Devem
Há, também, uma faixa de valores mínima para a sua constar em todo contrato de consórcio público dados
realização. A Lei nº 13.529/2017 altera o texto do art. 2º, § relevantes como a identificação dos entes da Federação,
4º, I, da Lei nº 11.079/2004, que passa a impor a vedação a área de atuação do consórcio, as normas de funciona-
da celebração de PPP “cujo valor do contrato seja inferior mento da assembleia geral, o número e as formas de re-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)”. muneração dos empregados públicos, as condições em


As Parcerias Público-Privadas comportam duas espé- que o consórcio deve celebrar convênios, contratos de
cies: gestão e termos de parceria, entre outros.

a) Parcerias administrativas: na maioria dos casos, 11. Contrato de convênio


a concessão patrocinada é utilizada quando a Ad-
ministração é usuária direta ou indireta do serviço Convênio é o acordo celebrado entre entidades pú-
prestado pelo investidor privado. Por ser autossu- blicas de qualquer tipo, ou ainda entre eles e alguma
ficiente na geração de recursos, ou uti universi, é entidade particular, a fim de promover uma cooperação
incabível a cobrança de contraprestação pelo par- entre os conveniados para almejarem um objetivo de in-
ceiro público (art. 2º, § 2º, da Lei nº 11.079/2004). teresse comum a todos.

157
Embora similar ao consórcio, não são o mesmo con- b) Presença da Administração Pública: ao menos
trato. Os consórcios devem obrigatoriamente serem ce- em um dos polos contratuais a Administração deve
lebrados por entidades da Federação, ou seja, não cabe estar presente. É considerado elemento necessário,
a iniciativa privada nos consórcios públicos, o que não mas não suficiente para caracterizar o contrato ad-
ocorre com os convênios. Além disso, dos consórcios re- ministrativo.
sultam a criação de uma pessoa jurídica nova e autôno-
ma, nos termos da Lei nº 11.107/2004, o que não ocorre c) Relação de desigualdade entre as partes: ao
com os convênios. contrário do que ocorre nos contratos de nature-
za privada, as partes não se encontram em pé de
igualdade nos contratos administrativos.
EXERCÍCIO COMENTADO d) Mutabilidade das cláusulas: no ramo de Direito
Privado, vigora o princípio do pacta sunt servanda,
2. (CEMIG-MG – TÉCNICO DE GESTÃO ADMINIS- que se traduz no fiel cumprimento das cláusulas
TRATIVA – FUMARC – 2018) do contrato. O contrato tem “força de lei” entre
Para efeitos da Lei 8.666/93, considera-se contrato: particulares. Todavia, no Direito Administrativo,
esse princípio não é aplicável com a mesma abran-
gência, uma vez que a Administração Pública pode
a) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da
alterar unilateralmente as referidas cláusulas, cau-
Administração Pública e particulares, em que haja um
sando instabilidades na relação contratual. Essa
acordo de vontades para a formação de vínculo e a es-
mutabilidade, porém, não pode ocorrer nas cláu-
tipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de-
sulas que dizem respeito à remuneração do con-
nominação utilizada. tratado sem a sua anuência.
b) todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da e) Cláusulas exorbitantes: são as disposições contra-
Administração Pública e particulares, em que haja uma tuais que conferem privilégios e poderes especiais
adesão de vontades para a formação de ação e a esti- à Administração Pública, que se apresenta em po-
pulação de obrigações recíprocas, seja qual for a de- sição de superioridade em relação ao contratado.
nominação utilizada no propósito de serviços. As cláusulas exorbitantes conferem poderes para a
c) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades Administração poder: rescindir o negócio unilate-
da Administração Pública, em que haja um acordo de ralmente, alterar o objeto unilateralmente, aplicar
vontades para a formação de vínculo e a estipulação sanções administrativas, entre outras hipóteses.
de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação f) Formalismo: Em regra, os contratos de Direito Ad-
utilizada no ato comercial. ministrativo são solenes, o que significa que não
d) todo e qualquer reajuste entre órgãos ou entidades podem ter forma livre como alguns contratos par-
particulares, em que haja um acordo de ações para ticulares. Em regra, os contratos administrativos
a formação de vínculo e a estipulação de obrigações devem ser feitos por escrito.
individuais, seja qual for a denominação utilizada. g) Confiança recíproca entre as partes: os contratos
administrativos também são personalíssimos (ou
Resposta: Letra A. A alternativa transcreve o texto intuitu personae), pois a escolha do contratado se
disposto no art. 2º, par. único, da Lei nº 8.666/1993: dá pela análise de requisitos subjetivos e objetivos,
“Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e mediante procedimento de licitação. Dessa forma,
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Ad- a subcontratação, isso é, a transferência total ou
ministração Pública e particulares, em que haja um parcial da responsabilidade pela execução do ser-
acordo de vontade para a formação de vínculo e a viço para outra pessoa, somente será possível se
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a estiver prevista no edital de licitação.
denominação utilizada”.

CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRA- EXERCÍCIO COMENTADO


TIVOS 3. (TRT6-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
Constatada pela Administração a inexecução do contrato
Sobre os contratos administrativos em geral, impor- pela empresa contratada, a Lei nº 8.666/1993 autoriza:
tante estabelecer suas principais características, que os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

distinguem dos demais contratos privados. São elas: a) rescisão do ajuste na hipótese de descumprimento to-
tal e a aplicação de sanções, previstas na lei e no ins-
a) Submissão ao Direito Administrativo: enquanto trumento convocatório, no descumprimento parcial,
os contratos privados regem-se pelas regras de este que, no entanto, não autoriza a sua rescisão.
Direito Civil e Empresarial, os contratos adminis- b) rescisão do contrato tanto na hipótese de descumpri-
trativos são regidos por normas de Direito Público, mento total como na de descumprimento parcial do
cujo sistema é elaborado para que o conjunto de ajuste.
normas e princípios possam viabilizar a defesa do c) aplicação de sanções, previstas na lei e no instrumento
interesse público. Somente as cláusulas referentes convocatório, não sendo possível a rescisão do ajuste,
à remuneração do contratado são regidas pelas em razão do princípio da continuidade da prestação do
normas privadas. serviço público.

158
d) anulação do contrato e o pagamento de indenização
ao contratado pela parte executada do ajuste. #FicaDica
e) anulação do contrato e o levantamento da garantia
prestada, esta como forma de indenização pela parte Para compreender a manutenção do equilí-
brio econômico-financeiro nos contratos ad-
não executada do ajuste.
ministrativos, importante salientar a Teoria da
Imprevisão. Trata-se de uma corrente, com
Resposta: Letra B. Pela leitura do art. 77 da referida
aplicação também nos ramos de Direito Pri-
Lei nº 8.666/1993, a rescisão do contrato administra-
vado, que admite que as condições das partes
tivo se dá pelo seu descumprimento total ou parcial.
podem sofrer alterações desde o início da sua
Não confundir rescisão com anulação, que verifica um
celebração. Pela ocorrência de algum even-
vício de ordem legal no presente ato. Lembre-se que
to imprevisto pelas partes, pode ocorrer um
todos os atos administrativos presumem-se legais e
grande desequilíbrio na relação contratual, fa-
legítimos até a apresentação de prova em sentido zendo com que uma das partes tenha lucros
contrário (presunção juris tantum). excessivos, e a outra se prejudique ainda mais
com a execução do contrato. Por isso, admi-
EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS te-se a possibilidade de revisão de algumas
cláusulas. Diz-se que os contratos que admi-
Importante também fazer uma breve análise sobre o tem revisão regem-se pelo vernáculo do rebus
processo de formalização dos contratos administrativos. sic stantibus (“enquanto as coisas se manti-
Quanto ao modo de celebração, os contratos adminis- verem nesse estado”), em oposição ao pacta
trativos só podem ser celebrados por escrito, pois são sunt servanda (“os pactos devem ser cumpri-
contratos solenes, com forma prevista em lei (art. 60, par. dos”). Nos contratos administrativos aplica-se
único, da Lei nº 8.666/1993). O contrato administrativo com maior frequência a rebus sic stantibus.
só será verbal, excepcionalmente, nas pequenas compras
de pronto pagamento, feitas em regime de adiantamen-
to. Outro requisito importante para que o contrato admi-
nistrativo possa produzir seus efeitos é a sua publicação
com os aditivos na imprensa oficial.
Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da
CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório, a
1. Cláusulas Exorbitantes
manutenção das condições efetivas da proposta. O art.
65, II, d, da Lei nº 8.666/1990, seguindo esse raciocínio,
Uma das características fundamentais dos contratos
dispõe que:
administrativos é a presença de cláusulas atípicas e espe-
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser al-
ciais. As cláusulas exorbitantes conferem à Administra-
terados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
ção Pública poderes para agir dentro do contrato, poden-
do desequilibrar a relação jurídica pactuada. Isso porque a II - por acordo das partes:
própria Administração encontra-se em posição de superio- (...)
ridade, na relação contratual estabelecida com o particular. d) para restabelecer a relação que as partes pactu-
As cláusulas exorbitantes possuem respaldo legal na aram inicialmente entre os encargos do contratado e
Lei nº 8.666/1993 e, portanto, não podem ser conside- a retribuição da administração para a justa remuner-
radas abusivas. Exemplificando, a Administração Públi- ação da obra, serviço ou fornecimento, objetivando
ca poderá: exigir garantias, alterar o objeto do contrato a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
unilateralmente, exigir a manutenção do equilíbrio eco- inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
nômico-financeiro, aplicar penalidades, rescindir unilate- imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
ralmente o negócio. incalculáveis, retardadores ou impeditivos da ex-
ecução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior,
2. Equilíbrio econômico-financeiro contratual caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual”.
Também denominada equação econômico-financei-
ra, consiste em uma garantia estabelecida, no momento A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
da celebração do contrato, para a manutenção do equilí- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Reajus-
te é a terminologia que designa a atualização dos valores
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

brio dos encargos assumidos e da remuneração percebi-


da pelo particular, garantindo a este uma certa margem remuneratórios ante as perdas econômicas ou majoração
de lucro pela execução do negócio. de insumos. As regras de reajuste devem estar previstas
no próprio instrumento contratual.
A revisão, por sua vez, corresponde a alterações no
valor efetivo da tarifa, geralmente sem previsão contra-
tual, utilizado em circunstâncias em que a recomposição
por reajuste se torna impossível. Há, nesse caso, um au-
mento real do valor pago ao contratado, ao contrário do
reajuste, que apenas atualiza o aspecto pecuniário da
remuneração.

159
As hipóteses mais comuns para a autorização da re- III - VETADO
composição econômico-financeira do contrato são: IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro-
a) Alteração unilateral do contrato: qualquer modi- gramas de informática, podendo a duração estender-
ficação, pela Administração Pública, seja quantita- se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o
tiva ou qualitativa, do objeto principal do contrato, início da vigência do contrato.
enseja a recomposição do equilíbrio econômico-
-financeiro. Trata-se de uma circunstância interna Dessa forma, pode-se afirmar que é possível a pror-
do contrato. Exemplo: aumento do número de es- rogação do contrato administrativo, ocorrendo um au-
tações de linha ferroviária a serem construídas. mento no seu prazo de vigência, com a manutenção das
b) Fato do príncipe: é evento externo ao contrato, condições anteriores e em relação a mesma pessoa do
de natureza geral, provocado pelo Poder Público. contratado, desde que justificada por escrito e autoriza-
Ocorre quando o próprio Estado, mediante ato le- da pela esfera competente.
gal, modifica as condições do contrato, provocan-
do prejuízo ao contratado. Tal interferência gera
indenização para o particular prejudicado com a
alteração unilateral do Estado. Exemplo: aumento da EXERCÍCIO COMENTADO
carga tributária elaborado pelo próprio contratante.
c) Fato da Administração: traduz-se em uma con- 4. (SABESP-SP – ANALISTA DE GESTÃO – FCC – 2018)
duta irregular praticada pelo Poder Público, que Suponha que a SABESP tenha contratado, mediante pré-
não necessariamente impede, mas pode retardar vio procedimento licitatório, um consórcio de empresas
a execução do contrato. Trata-se de ato com cará- para a construção de uma adutora. Ocorre que, no curso
ter específico, relacionado com o próprio contra- da execução do contrato, houve majoração de alíquota
to, o que distingue do fato do príncipe. Exemplo: de imposto incidente sobre o faturamento da empresa,
a construção de estrada em local residencial em ensejando alegação da mesma de alteração das con-
que a Administração não providencia mecanismos dições econômicas em que se pautou no momento da
essenciais a desapropriação daqueles imóveis. celebração do contrato. De acordo com as disposições
d) Álea econômica extraordinária: é o evento ex- da Constituição Federal e da Lei nº 8.666/1993, referida
terno ao contrato e estranho à vontade das partes. empresa:
Por ser fato imprevisível e inevitável capaz de cau-
sar desequilíbrio contratual, enseja a revisão tari- a) somente fará jus ao reequilíbrio econômico-financeiro
fária, desde que comprovada a imprevisibilidade do contrato se a majoração envolver imposto estadu-
e estranheza do fato, bem como o desequilíbrio al, caracterizando, assim, fato da administração.
anormal na equação econômico-financeira. Exem- b) terá direito ao reequilíbrio da equação econômico-
plo: aumento da carga tributária por entidade dis- -financeira do contrato, se comprovada a repercussão
tinta do contratante. da majoração em relação ao preço ofertado, operan-
e) Interferências imprevistas: são eventos ocorridos do-se a correspondente recomposição mediante adi-
durante a execução do contrato, de ordem mate- tivo contratual.
rial, que causem dificuldades no cumprimento das c) não fará jus ao reequilíbrio econômico-financeiro do
tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente contrato, eis que a avença, pela sua natureza, pressu-
onerosos para uma das partes. Exemplo: desaba- põe a assunção de todos os riscos pelo contratado,
mento de terras em área destinada a construção
salvo os decorrentes de caso fortuito ou força maior.
de imóvel público, devido a fortes chuvas.
d) poderá fazer jus ao reequilíbrio econômico financeiro
do contrato, desde que o risco de criação ou majora-
3. Da execução dos contratos administrativos
ção de impostos tenha sido alocado ao poder público,
Segundo o art. 57 da Lei nº 8.666/1993, o prazo dos havendo, em tal tipo de contrato, ampla margem para
contratos administrativos fica adstrito à vigência dos tal alocação em face da omissão legislativa.
respectivos créditos orçamentários, sendo impossível a e) terá direito à adequação do preço ofertado às con-
celebração de contrato administrativo por tempo inde- dições econômicas existentes no momento da entre-
terminado. Mas o mesmo dispositivo comporta três ex- ga do objeto, incluindo alterações supervenientes de
ceções: preços de seus insumos, que sempre representa álea
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei econômica extraordinária.
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orça-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mentários, exceto quanto aos relativos: Resposta: Letra B. Pela leitura do enunciado percebe-
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados -se que estamos diante da hipótese de recomposição
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais do equilíbrio econômico-financeiro por álea econô-
poderão ser prorrogados se houver interesse da Ad- mica (a majoração de impostos sobre faturamento da
ministração e desde que isso tenha sido previsto no empresa). A “pegadinha” da questão encontra-se na
ato convocatório; alternativa E. As alterações supervenientes do preço
II - à prestação de serviços a serem executados de de insumos representam álea ordinária, é um even-
forma contínua, que poderão ter a sua duração pror- to previsível no mundo empresarial, pois decorre da
rogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à própria flutuação de preços no mercado. Por isso, não
obtenção de preços e condições mais vantajosas para configura hipótese de reajuste.
a administração, limitada a sessenta meses;

160
DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DOS CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS EXERCÍCIO COMENTADO
Se os contratos administrativos são celebrados por 5. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO DE DEFENSO-
prazo determinado, isso significa que, eventualmente, eles RIA – FCC – 2018)
devem se extinguir. Assim, o contrato administrativo ad- Suponha que uma empreiteira que celebrou contrato de
mite as seguintes hipóteses de extinção: pela execução e obras com entidade integrante da Administração pública
conclusão do seu objeto, pelo término de seu prazo, por tenha atrasado, por diversas vezes, a entrega de etapas
anulação motivada por defeito que o macule, ou ainda por do empreendimento, descumprindo o cronograma con-
rescisão. tratual e gerando prejuízos à contratante. De acordo com
Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei nº 8.666/1993 admi- as disposições da Lei nº 8.666/1993, a empreiteira:
te três tipos de rescisão contratual: a rescisão unilateral,
decretada pela Administração Pública sem a necessidade a) somente estará sujeita à aplicação de multa ou sus-
de autorização judicial, ensejando indenização do contra- pensão do direito de contratar com a Administração
tado, exceto se deu causa à rescisão; a rescisão amigável, se constatada fraude ou má-fé.
feita de comum acordo entre ambas as partes, geralmente
b) poderá ser instada ao pagamento decorrente de ree-
não enseja indenização; e a rescisão judicial, hipótese em
quilíbrio econômico-financeiro até o limite do valor do
que há a interferência do Poder Judiciário em razão do
contrato, descabendo outras sanções administrativas.
inadimplemento pelo Poder Público ou pelo contratado.
c) deverá, obrigatoriamente, ser declarada inidônea para
Para que o contratado tenha o direito de ser indeni-
zado, provocado pela extinção do contrato administrati- contratar com a Administração.
vo, precisa preencher alguns requisitos. Primeiramente, a d) não poderá sofrer sanções administrativas, porém res-
extinção contratual deve ser antecipada, pois seria ilógico ponde pelas perdas e danos devidamente comprovadas.
pedir reparação de danos em hipóteses em que o contra- e) está sujeita à aplicação de multa de mora, na forma
to se extinguiu naturalmente pelo regular adimplemento prevista no contrato, que poderá ser descontada dire-
do negócio. Além disso, sua relação jurídica com o Poder tamente da garantia contratual.
Público não pode ser precária, pois atos precários são re-
vogáveis pelo Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o Resposta: Letra E. Alternativa A está incorreta pois a
contratado deve ter agido de boa-fé durante a execução empreiteira também pode sofrer sanções como adver-
contratual, pois se o particular tivesse agido com intenção tência e a declaração de inidoneidade (art. 87). Alter-
de extinguir o negócio (agir de má-fé), não lhe seria ca- nativa B está errada pois há a possibilidade de aplicar
bível o dever de indenizar, haja vista que ninguém pode multa concomitantemente com outras sanções admi-
beneficiar-se da própria torpeza. nistrativas. Alternativa C está errada pois não existe
Nos casos de anulação, o dever de indenizar persiste obrigatoriedade de declarar a idoneidade da emprei-
ainda que o contrato apresente vício legal, devendo a Ad- teira para celebrar contrato com a Administração. Al-
ministração indenizar o contratado pelo que este houver ternativa D está incorreta pois estamos diante de um
executado até a data em que ela for declarada e por ou- contrato administrativo e, por isso, as regras quanto as
tros prejuízos regularmente comprovados, contanto que sanções administrativas devem ser aplicadas no caso
não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilida- mencionado.
de de quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei nº
8.666/1993).
O art. 87 da Lei nº 8.666/1993 apresenta o rol de san- LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ
ções aplicáveis ao contratado pela inexecução, total ou
parcial, do contrato administrativo, in verbis:
Prezado candidato, a lei indicada já foi abordada em
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato Legislação Básica. Não deixe de conferir!!!
a Administração poderá, garantida a prévia defesa,
aplicar ao contratado as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
catório ou no contrato;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - suspensão temporária de participação em licitação


e impedimento de contratar com a Administração, por
prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou con-
tratar com a Administração Pública enquanto perdu-
rarem os motivos determinantes da punição ou até
que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será con-
cedida sempre que o contratado ressarcir a Adminis-
tração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

161
b) A temática de Direito Administrativo está relacionada
à própria Administração do Estado. Desta feita, esse
HORA DE PRATICAR ramo do Direito não se relaciona com o Direito Penal,
pois a responsabilização na função administrativa é
1. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDATEC – meramente civil.
2018) c) Apesar de sua característica multidisciplinar, o Direito
Acerca da formação histórica do Direito Administrativo, Urbanístico deixa de interagir com o Direito Adminis-
analise as seguintes assertivas: trativo em razão da atuação dos chamados observa-
tórios sociais.
I. O Direito Administrativo tem origem na Idade Média, d) A função administrativa do Estado é direcionada uni-
período histórico em que a vontade do monarca passa a camente à atuação do Poder Executivo, o que implica
se subordinar à lei. afirmar que as atividades para a pacificação social de-
II. O direito francês se notabiliza como a principal influ- correm do efetivo exercício do referido Poder.
ência na formação do Direito Administrativo brasileiro, e) Pelas regras constitucionais, os princípios da admi-
de onde importamos institutos importantes como o con- nistração pública são aplicados à administração dire-
ceito de serviço público, a teoria dos atos administrati- ta, cabendo à administração indireta a aplicação dos
vos, da responsabilidade civil do estado e da submissão princípios de direito civil.
da Administração Pública ao princípio da legalidade.
III. Devido à organização do Estado brasileiro, composto
por diferentes entes políticos dotados de competências 4. (CRO-BA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – IDIB –
legislativas próprias para disciplinar suas atividades ad- 2017)
ministrativas, a codificação do Direito Administrativo em O Direito Administrativo tem como fontes norteadoras
âmbito nacional se torna inviável. quatro principais objetos, são eles:
Quais estão corretas?
I. A doutrina.
a) Apenas I. II. A jurisprudência.
b) Apenas III. III. A lei.
c) Apenas I e II. IV. Os poderes constituídos.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
a) Apenas os itens I e II estão corretos.
b) Apenas os itens II e III estão corretos.
2. (JUCEPAR-PR – CONTADOR – PUC-PR – 2017) c) Apenas os itens I, II e III estão corretos.
Sobre o conceito de função administrativa, é correto afir- d) I, II, III e IV estão corretos.
mar que:
5. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS –
a) a função administrativa se exerce de modo sigiloso, 2017)
em regra, pois os assuntos da Administração devem De acordo com o texto a seguir o direito público tem
ficar imunes às interferências indevidas de terceiros. como objetivo primordial o atendimento ao bem-estar
b) a função administrativa é exercida de ofício nos termos
coletivo.
definidos em Lei, cabendo, todavia, ao administrador
público a análise da conveniência e oportunidade da
atuação nos casos em que isso seja previsto em lei. [...] em primeiro lugar, as normas de direito público,
c) cabe ao Poder Judiciário rever decisões administrativas embora protejam reflexamente o interesse individual,
no que se refere ao seu mérito, podendo decidir pelo têm o objetivo primordial de atender ao interesse pú-
administrador nos casos em que entenda que a deci- blico, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer
são tomada não é a mais adequada. que o direito público somente começou a se desenvol-
d) a função administrativa dirige-se à satisfação dos inte- ver quando, depois de superados o primado do Direito
resses dos que ocupam os cargos públicos.
Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que
3. (CODEM-PA – ANALISTA FUNDI- tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a
ÁRIO-ADVOGADO – AOCP – 2017) do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim
A função administrativa do Estado, bem como a atuação único do direito (própria do individualismo) pelo prin-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

daqueles que a desempenham, está regulada pelo Direi- cípio que hoje serve de fundamento para todo o direito
to Administrativo. Dessa forma, considerando o conceito público e que vincula a Administração em todas as suas
e as funções desse ramo do Direito Público e suas rela- decisões [...].
ções com as outras disciplinas jurídicas, assinale a alter- Dl PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Adminis-
nativa correta. trativo. 30.ed.
São Paulo: Atlas, 2017, p 96.
a) A presente área jurídica mantém relações íntimas com
o Direito Constitucional, uma vez que é o presente
ramo do Direito quem trata dos princípios basilares da Diante disso, as “pedras de toque” do regime jurídico-
função administrativa, tal como da legalidade, morali- -administrativo são:
dade e publicidade.

162
a) a supremacia do interesse público sobre o interesse 8. (PREFEITURA BELO HORIZONTE-MG – PROCU-
privado e a impessoalidade do interesse público. RADOR MUNICIPAL – CESPE – 2017)
b) a supremacia do interesse público sobre o interesse Considerando as modernas ferramentas de controle do
privado e a indisponibilidade do interesse público. Estado e de promoção da gestão pública eficiente, assinale
c) a indisponibilidade do interesse público e o princípio a opção correta acerca do direito administrativo e da admi-
da legalidade. nistração pública.
d) a supremacia da ordem pública e o princípio da lega-
lidade.
a) Em função do dever de agir da administração, o agen-
e) a supremacia do interesse público e o interesse priva-
do e o princípio da legalidade. te público omisso poderá ser responsabilizado nos
âmbitos civil, penal e administrativo.
b) O princípio da razoável duração do processo, incluído
6. (PC-AC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – na emenda constitucional de reforma do Poder Judici-
2017) ário, não se aplica aos processos administrativos.
Quanto ao conceito de Direito Administrativo, às respon- c) Devido ao fato de regular toda a atividade estatal, o
sabilidades dos servidores públicos civis, aos atos admi-
direito administrativo aplica-se aos atos típicos dos
nistrativos, ao controle da Administração Pública e ao
processo administrativo regido pela Lei n° 9.784/1999, é Poderes Legislativo e Judiciário.
correto o que se afirma em: d) Em sentido objetivo, a administração pública se iden-
tifica com as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes
públicos e, em sentido subjetivo, com a natureza da
a) O administrado tem o direito de ser tratado com res- função administrativa desempenhada.
peito pelas autoridades e servidores. Contudo, este
direito não implica na possibilidade de exigência da
Administração, pelo administrado, de um dever de fa- 9. (CRF-DF – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IA-
cilitação do exercício de seus direitos. DES – 2017)
b) O Direito Administrativo é um conjunto de regras e O Direito Administrativo no Brasil não é codificado. As
princípios que confere poderes desfrutáveis pelo Esta- normas administrativas encontram-se difundidas na
do para a consecução do bem comum e da finalidade Constituição Federal e em diversas leis e diplomas nor-
pública. Esta concepção, portanto, não compreende mativos. São usualmente apontados como fontes do Di-
deveres da Administração em favor dos administrados reito Administrativo a lei, a jurisprudência, a doutrina e
que, para este ramo do direito, são objetos da relação os costumes. Considerando-se esse assunto, é correto
jurídico administrativa. afirmar que a jurisprudência pode ser conceituada como:
c) Os servidores públicos civis podem, como regra, ser
responsabilizados, de modo concomitante, nas esferas a) qualquer veículo nominativo que expresse a vontade
civil, criminal e administrativa. popular.
b) um conjunto de regras não escritas, porém observadas
d) O Poder Judiciário não pode praticar atos administra- de modo uniforme pela sociedade.
tivos, mas apenas atos da administração. c) um conjunto de teses, ou seja, construções teóricas
e) O controle da Administração Pública no Brasil é rea- produzidas por estudiosos do Direito que expressam
lizado por meio do sistema do contencioso adminis- o modo como os operadores da área jurídica devem
trativo. compreender as determinações legais.
d) atos normativos infralegais expedidos pela Adminis-
7. (PC-AC – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – tração Pública.
2017) e) reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido a
Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo e Ad- respeito de determinado tema.
ministração Pública, é correto afirmar que:
10. (PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP –
a) governo democraticamente eleito e Estado são noções 2014)
intercambiáveis para o Direito Administrativo. O conceito de Direito Administrativo é peculiar e sin-
b) um órgão público estadual pode ser criado por meio tetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos
de Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

por meio de Portaria de Secretário de Estado, desde tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os
que editada por delegação do Governador. fins desejados pelo Estado. A par disso, é fonte primária
c) fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar
do Direito Administrativo:
a relação existente entre Administração Pública e seu
corpo de agentes públicos.
d) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é a) a jurisprudência.
representada pelos agentes públicos e seus bens. b) os costumes.
e) o órgão público é desprovido de personalidade jurídi- c) os princípios gerais de direito.
ca. Assim, eventual prejuízo causado pela Assembleia d) a lei, em sentido amplo.
Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao e) a doutrina.
Estado do Acre.

163
11. (PC-PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2016)
Acerca de conceitos inerentes ao direito administrativo e GABARITO
à administração pública, assinale a opção correta.
1 D
a) O objeto do direito administrativo são as relações de
natureza eminentemente privada. 2 B
b) A divisão de poderes no Estado, segundo a clássica 3 A
teoria de Montesquieu, é adotada pelo ordenamento 4 C
jurídico brasileiro, com divisão absoluta de funções.
5 B
c) Segundo o delineamento constitucional, os poderes
do Estado são independentes e harmônicos entre si e 6 C
suas funções são reciprocamente indelegáveis. 7 E
d) A jurisprudência e os costumes não são fontes do di-
8 A
reito administrativo.
e) Pelo critério legalista, o direito administrativo compre- 9 E
ende os direitos respectivos e as obrigações mútuas 10 D
da administração e dos administrados.
11 C
12 B
12. (PC-ES – MÉDICO LEGISTA – FUNCAB – 2013)
No Direito Administrativo contemporâneo, a expressão
que define o núcleo diretivo do Estado, alterável por elei-
ções e responsável pela gerência dos interesses estatais e
pelo exercício do poder político é:

a) Administração Pública.
b) Governo.
c) Poder Público.
d) Controladoria.
e) Gerência Fiscal.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

164

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