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Representações Cartográficas

O sistema UTM
Joel Gripp Junior
Professor da Universidade Federal de Viçosa Departamento de Engenharia Civil.
- Graduado em Egenharia de Agrimensura - UFV
- Mestrado em Ciências Geodésicas - UFPR
- Doutorado em Ciência Florestal - UFV
Disponível em:
ftp://www.ufv.br/Dea/Disciplinas/Daniel/AP_GPS_ENG_432/Material_GPS_e_Afins/Sistema_Geodesico_Sistema_UTM_v2_Prof_Joel.pdf

Acesso em 11 fev 2015


Representações Cartográficas: o Sistema UTM

A confecção de um mapa normalmente começa(*) a partir da redução da superfície da Terra em seu tamanho,
como é o caso de um globo.
•A transformação de uma superfície esférica em uma superfície plana, recebe a denominação de projeção
cartográfica.
•A localização de qualquer lugar na Terra pode ser mostrado num mapa. Hoje um mapa pode ser feito numa
forma analógica (no papel) ou na forma digital.
(*) hoje com a cartografia digital isto não mais é necessário, pois podemos imaginar uma representação numa escala 1/1, ou seja, com
as dimensões reais.
Representações Cartográficas: o Sistema UTM

•Cartografia é a arte e ciência de graficamente representar um área que está numa


superfície curva (superfície terrestre) em uma superfície plana como em um mapa
ou gráfico (normalmente no papel ou na forma digital).
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Na geodesia, assim como na cartografia trabalha-se rotineiramente com as


seguintes superfícies: Superfície física da terra, superfície do geóide e
superfície matemática (elipsóide ou esferóide)

ísica
ie F
erfíc
Altitude G Altitude or
eodésica tometrica

Sup
Ondulaçã
.M.M. o do Geóid
Geoide = N e
e
Elipsóid

Na Cartografia trabalha-se também com uma superfície de projeção (PLANO, CONE ou CILÍNDRO)
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Forma Matemática da Terra

ÅEsferóide (que pode ser definido por um parâmetro(R= raio))

ÅElipsóide de revolução (que para ser definido


necessita de dois parâmetros (semi-eixo maior = a
e semi-eixo menor = b ou achatamento ))

a
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•Projeta-se os pontos do modelo matemático da terra para um plano,


cilindro ou cone tangentes ou secantes ao modelo matemático

As projeções cilíndricas podem ser:

Transversal
Equatorial Equatorial Obliqua
secante Oblí
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Devido às deformações que sempre estão presentes numa


representação cartográfica, deve-se escolher em função das
necessidades de uso (finalidade), o tipo de carta ou mapa a ser
produzido. Surge aí as seguintes denominações para as
Projeções:
• Projeções Equivalentes Æ conservam as áreas
• Projeções Eqüidistantes Æ conservam as distâncias
• Projeções Conformes Æ conservam os ângulos e formas

Nas representações de pequenas extensões de terras as


deformações devido a curvatura terrestre podem ser
negligenciadas, e neste caso temos as Representações
Topográficas ou Plantas Topográficas, podendo então
extrair informações a respeito das grandezas geométricas
Distâncias, Áreas e Ângulos sem deformações
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S uperfície Física

Diferentes caminhos
Terra

que se pode seguir

Superfície de Referência
para confeccionar uma
carta: E lipsóide

(da superfície curva da terra E sferóide


esfera-m odelo

até uma superfície plana) C ilíndro

Superfície de Projeção
C one P lano

Sistema Plano Retangular


Representações Cartográficas: o Sistema UTM

•Para chegar numa representação cartográfica, é necessário conhecer as


posições geográficas dos pontos que definem o elemento a ser
representado. Um ponto fica bem definido com suas coordenadas
geográficas ou geodésicas: latitude, longitude e altitude

rm ic al
Su
pe

N o V e rt
rfíc

al
ie
fís
ic a
PN

h
H

ic h
nw
Og

ee
Gr

Geoid
H =h+O g

e
I
O

PS

As coordenadas geográficas que são angulares não são


apropriadas para atividades corriqueiras de determina-
ções de grandezas geométricas (ângulo, distância e área)
Elipsóide Esferóide
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Altitude Ortometrica (h) e Altitude Geométrica ou Geodésica (H)

r m ic a l
Su
pe

N o V e rt
rfíc

al
ie f
ís ic
a
PN

h
H
ic h
nw

Og
ee
Gr

Geoid
H =h+O g

e
I
O A altitude obtida com
GPS é a geométrica (H).
Para conhecê-la necessita-se
da Ondulação do geoide (Og)
O não conhecimento da Og com
precisão, é um dos fatores que
PS faz com que a precisão altimé-
trica dos resultados fornecidos
com GPS seja menor.
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Na cartografia estuda-se os diferentes procedimentos matemáticos a


serem seguidos para levar um ponto da superfície curva da terra para o
plano (mapa ou carta)
X = F(I,O) e y = F´(I,O)
PN

PLANO
ich
nw

Y
ee
Gr

I
O y P´

x X

PS

Não conseguimos uma solução perfeita, ou seja, temos que conviver


com deformações de natureza angular, linear e superficial.
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Modelo matemático da terra


Existem muitos elipsóides representativos da forma da terra, que foram
definidos em diferentes ocasiões e por diferentes autores, diferindo um
pouco os correspondentes parâmetros. Entre este os mais comuns são:

ELIPSÓIDE
ou Sist Geod
ANO a D Observações / País que o
adota

Erastotenes ~250AC ~6.000.000 Primeira determinação


Bessel 1.841 6.377.397m 1/299,15 Índias orientais, Japão e N//e
da China
Clarke 1.866 6.378.206 1/294,98 EUA
krassowski 1.940 6.378.245 1/298,3 Russia e Europa Oriental
Internacional 1.924 6.378.388 1/297 Brasil (até 1979)
(Hayford)
Córrego Alegre
ERI 67 (SAD 69) 1.967 6.378.160 1/298,25 Brasil (até 2004)
WGS 84 1.980 6.378.137 1/298,257

SIRGAS2000 1.980 6.378.137 1/298,257 Brasil (atual)


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Sistema geodésico
Um sistema geodésico é definido por um elipsóide e o posicionamento deste em relação a terra. O elipsóide pode ser
geocêntrico onde o seu centro coincide com o centro de massa da terra, ou então, quase geocêntrico, onde ele é
posicionado adaptando-se ao território a ser utilizado.
Z
Zg

a
ísic
erfíc
ie f PN Datum
Sup
Superfície física (Elipsóide e Geóide coincidentes)
Centro de massa da terra

ic h
nw
ee
Gr

G

id e

Yg

Xg (O SIRGAS2000 é geocêntrico, já no
SAD69 adaptou-se o elipsóide à região.)
PS
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O SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO:
No Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) usado até o final de 2004, a imagem
geométrica da terra era definida pelo Elipsóide de Referência Internacional de 1967
(SGR-67), e o datum coincide com o Datum Sul Americano - SAD-69, que está
situado na localidade denominada CHUÁ próximo à cidade de Uberaba, Minas Gerais.
Neste datum considerou-se a ondulação do geóide como sendo nula, ou
seja, coincidiu-se o elipsóide a geóide, fazendo com que o elipsóide se adapte ao
nosso território, não importando com isto o fato de o centro do Elipsóide não
coincidir com o centro de massa da terra.
Até 1979 o sistema geodésico brasileiro adotava o elipsóide de Hayford com
datum Córrego Alegre, também próximo a Uberaba.
Entrou em vigor agora neste início de ano (2005) o novo Sistema Geodésico
Brasileiro, denominado SIRGAS2000 (SIstema de Referência Geocêntrico para as
Americas) em sua realização no ano de 2000. Utilizou-se estações de referência de
coordenadas no ano 2000, entre estas estações, temos uma instalada em Viçosa
(Latitude = 20o 45’ 41,4020” s e Longitude = 42o 52’ 11,9622”w)

Mais informações no site: www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia


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SISTEMA DE PROJEÇÃO MAIS UTILIZADO:


UTM – Universal Transversal de Mercator

A idéia da Projeção Transversa de Mercator tem suas raízes no século 18, mas não foi utilizada
praticamente até após a Segunda Guerra Mundial quando foi adotada pelo exército americano em
1947. O nome Universal é devido à utilização do elipsóide de Hayford (1924), que era conhecido
como elipsóide Universal, como modelo matemático de representação do globo terrestre, e também
por ter uso consagrado mundialmente. Transversa é o nome dado a posição ortogonal do eixo do
cilindro em relação ao eixo de rotação do elipsóide. Mercator (1512-1594), holandês, considerado pai
da cartografia, foi o idealizador da projeção que apresenta os paralelos como retas horizontais e os
meridianos como retas verticais.

Adotada por muitas agências de cartografia nacionais e internacionais, inclusive a OTAN, é comumente
usado em cartografia topográfica e temática, para referenciamento de imagens de satélite e como sistema
de coordenadas para bases cartográficas para Sistemas de Informação Geográfica.
No Brasil o sistema UTM vem sendo usado pelos órgãos do governo que tratam de mapeamento desde
1955 para o mapeamento sistemático do país.
Com a nova lei que obriga o georeferenciamento de todos os imóveis rurais para o registro (Lei
número 10.267), cada vez o sistema UTM será mais utilizado.
Representações Cartográficas: o Sistema UTM

SISTEMA DE PROJEÇÃO MAIS UTILIZADO:


UTM – Universal Transversal de Mercator
Meridiano de Secância

Meridiano Extremo PN
Meridiano Extremo

 R


R

PS
Meridiano Central

Cilindro é secante ao modelo matemático da terra (Elipsóide).


O cilindro é posicionado de forma Transversal em relação ao eixo de rotação da terra
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Coordenadas Retangulares do sistema UTM

Hemisfério Sul: No equador


N=10.000.000 m e no MC E=500.000 m
Meridiano Extremo PN
Meridiano Extremo

800 Km
600 Km
500 Km

700 Km
10.000 Km

9.000 Km
R

 R 8.000 Km
P
7.000 Km

R

6.000 Km

PS Para o hemisfério norte considera-se


Meridiano Central
a ordenada no equador nula (N=0)
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Para as regiões polares


Coordenadas Retangulares do sistema UTM
O sistema de projeção UTM traz grandes distorções
próximo à região polar, assim utiliza-se para estas
regiões a Projeção Universal Polar Estereográ-
fica (UPS), que é uma Projeção Plana Conforme.

Polar

O sistema UTM é usado para as regiões compreendidas


entre as latitudes 80o Sul até 84o Norte
Representações Cartográficas: o Sistema UTM

Numeração dos Fusos e identificação das Zonas (*)

Antimeridiano de Greenwich
180°
174°
PN 162°
168°

158°
1
3 2
4

6° 6°

A 0°

B
C 8° 23
12°
48°

42°

PS

Greenwich
Os meridianos extremos dos fusos são múltiplos de 6o

(*) nomenclatura compatível com a articulação sistemática das cartas adotado no Brasil atendendo a convenção
de Londres, datada de 1909. A partir de uma carta na escala 1/1.000.000 (6o de amplitude em longitude e 4o
de amplitude em latitude), confecciona-se cartas em outras escalas.
Os militares dos EUA fazem, no sentido Norte-Sul, uma divisão em segmentos de 8°, e utilizam uma nomenclatura
somente entre os paralelos 84° N e 80° S, começando a 80° S, com a letra C até a letra X. As letras I e O são
omitidas porque podem ser confundidos com números.
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Numeração dos Fusos a partir do Anti-meridiano de Greenwich

1 60

60 fusos Fuso

180oW 0o 180oE

60 fusos planificados
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Eixos de coordenadas diferentes em fusos diferentes (para cada


fuso utiliza-se um cilindro que é planificado)
PN

Fuso 24
Fuso 23
R
 R R R

R
R 

PS

(Para representar a terra temos 60 fusos / cilindros)


Representações Cartográficas: o Sistema UTM

Na cartografia, o Brasil é subdividido em fusos de 6º de amplitude em longitude


e zonas de 4º de amplitude em latitude

(Para representar o Brasil necessitamos de 8 fusos)


Representações Cartográficas: o Sistema UTM

O sistema UTM é conforme, ou seja, não deforma os ângulos ou a forma.


As distâncias sofrem deformações como ilustrado nos esquemas a seguir:

3 3

Equador

E = 680.000 m K = 1
E = 320.000 m K = 1
Meridiano de secância

Meridiano de secância
Meridiano central

Meridiano extremo
Meridiano extremo

E = 834.000 m K = 1,001
E = 500.000m K = 0,9996
E = 166.000 m K = 1,001

No meridiano central, por convenção, adota-se um coeficiente


de deformação (ko) igual a 0,9996, o que implica numa defor-
Coeficiente de deformação (K) mação de 40 cm em 1000 m no elipsóide. Isto equivale a uma
deformação relativa de 1 / 2.500.
Nos meridianos extremos o coeficiente é k=1,001 o que implica
Grandeza na sup de projeção Cilindro
K numa deformação de 1 m em 1000 m, e uma deformação rela-
Grandeza na sup de referência Elipsóide tiva de 1 / 1.000
Nos meridianos secantes, a distorção é nula (K=1) sendo esta linha
meridiana chamada de Linha de Distorção Zero
Representações Cartográficas: o Sistema UTM
Problemas que podem surgir: Região localizada em mais de um fuso

A B

O q O q O q O q O q

Pontos próximos no terreno mas localizados em fusos diferentes (abscissas com grande diferença)
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Um outro fator que deve ser observado por quem utiliza coordenadas UTM é a diferença
entre o norte definido por coordenadas UTM (Norte de quadricula) e o norte geográfico.
O Norte de quadrícula é definido segundo uma linha vertical e paralela ao meridiano
central.

Estes nortes formam um ângulo que chamamos de convergência meridiana plana, e que pode assumir
valores consideráveis em função da posição ocupada pelo ponto. Por exemplo, aqui em Viçosa assume
um valor em torno de 47’

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