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1. Introdução.
A Síndrome de Down (SD) é a alteração genética de maior ocorrência em
todo o mundo, consiste em alteração cromossômica causadora de retardo mental,
caracterizada pela presença de um cromossomo extra no par 21, entre outras
formas (PORTO, 2010).
É caracterizada como condição genética, que leva seu portador a apresentar
uma série de características físicas e mentais específicas (HENN; PICCININI;
GARCIAS; 2008) A síndrome pode ser diagnosticada logo após o nascimento
devido à manifestação dos seus principais fenótipos, como: hipotonia muscular
generalizada, occipital achatado, pescoço curto e grosso, prega única na palma das
mãos e alteração no comprimento dos membros (Barbosa, 2011), mais tarde além
das características físicas a criança com SD pode apresentar diversas
anormalidades estruturais e funcionais no sistema nervoso, que podem ser
evidenciadas pelo atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alterações nos
domínios da linguagem e memória são acentuadas e acabam dificultando a
aprendizagem (Freire, 2014).
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Um portador de síndrome de Down, pode estar presente em qualquer família
independentemente de sua nacionalidade, raça, classe social e gênero da criança.
Estas crianças tem o direito de desenvolver as suas potencialidades em todos
os aspectos da vida através de uma educação adequada. A educação ajuda a
promover a sua integração na sociedade e promove a independência e o controle de
suas vidas.
Quanto ao processo de reabilitação, ou podemos dizer até uma habilitação
em capacidades em desenvolvimento, esta deve associada a educação adequada
promover o processo de independência, sendo uma obrigação da área da saúde,
garantida a qualquer individuo, visto que a saúde é direito de todos.
2. Objetivos.
Descrever a importância da estimulação precoce em portadores da SD em
seus primeiros anos de vida, pois a criança possui o desenvolvimento motor alterado
devido a fatores genéticos.
Verificar os principais tratamentos descritos na literatura atual, resultados da
intervenção proposta e verificar os métodos de estudos empregados.
3. Justificativa.
As crianças portadoras de SD necessitam de estímulos para seu
desenvolvimento motor e cognitivo assim elevando suas potencialidades, quando
estes estímulos são fornecidos de forma adequada em tenra idade os resultados
tender a ser atingidos precocemente proporcionando um repertório neuropsicomotor
mais abrangente.
4. Revisão bibliográfica.
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a 10%); obesidade e envelhecimento precoce. Em termos de desenvolvimento, a
síndrome de Down, embora seja de natureza subletal, pode ser considerada
geneticamente letal quando se considera que 70–80% dos casos são eliminados
prematuramente. (MOREIRA, 2000).
A sequência das habilidades motoras de uma criança pode ser considerada
fixa. Porém o ritmo de cada criança vai depender do ambiente em que vive bem
como do aprendizado e da experiência (MATTOS, 2010).
4.2 Fisioterapia.
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tenham sido já instalados, ou seja, nos primeiros quatro meses de vida do bebê
seria a época essencial para se iniciar o programa de intervenção.
Entende-se que os primeiros anos de vida são considerados críticos para o
desenvolvimento infantil, visto a plasticidade cerebral, que favorece o
desenvolvimento de todas as capacidades da criança. A plasticidade neuronal no
cérebro em desenvolvimento aliada a experiências apropriadas neste período é
fundamental para o desenvolvimento apropriado das funções dos sistemas neurais
(NASCIMENTO, 2010)
A estimulação deve começar a ser realizada a partir do nascimento,
principalmente pelos primeiros encontros entre os pais e o bebê, são fundamentais
para o engajamento emocional e para a experiência de vinculação. Os programas de
estimulação precoce iniciaram-se nos Estados Unidos na década de 60, e no Brasil
em 1973.
Foram internacionalmente deslocando seu foco do modelo centrado na
criança para um modelo que inclui a família e a comunidade (ALMEIDA, 2004).
No decorrer do processo terapêutico percebeu-se modificação do
relacionamento entre mãe e bebê, grande melhora da afetividade, aumento do
contato visual e físico, maior interação e aceitação sobre a SD e sobre as
intercorrências que podem acontecer no desenvolvimento. Além de tudo, as mães
apresentaram melhora na autoestima e maior envolvimento nas atividades de
estimulação do bebê (DÉA; DUARTE, 2009).
O bebê com síndrome de Down poderá ter um atraso para atingir o
desenvolvimento motor de uma criança normal, entretanto há inúmeras variações no
tempo de aquisição dos marcos do desenvolvimento, como por exemplo, o andar
podendo ser atingido com 1 ano de idade e outras que somente aos 5 anos
desenvolveram tal habilidade.
Este fato ira depender não somente da hipotonia muscular e da amplitude de
movimento, mas principalmente dos estímulos oferecidos pela equipe multidisciplinar
e do estimulo da família (DÉA; DUARTE, 2009).
5. Materiais e métodos.
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6. Resultados e discussão.
Após a análise inicial realizada com base nos títulos e nos resumos de 45
artigos que falam sobre estimulação precoce, foram selecionados 10 artigos que
preenchessem os critérios de inclusão. Estes descrevem tratamentos
fisioterapêuticos em crianças de até 4 anos de idade com diagnostico de Síndrome
de Down.
LooperJ, GMFM foi utilizado para testar Todas as crianças Órteses podem ter um efeito
Ulrich o desenvolvimento de apresentaram negativo sobre o
(2010) habilidades motoras. aumento significativo desenvolvimento de habilidades
Separados 2 grupos um que nas pontuações
motoras bruta global.
recebeu treino em esteira GMFM ao longo do
outro que recebeu treino em tempo.
esteira e órteses
suprameleolar.
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atendimentos, aplicou-se o para a criança e seu do desenvolvimento de crianças
protocolo IRDI (Indicadores diagnostico realizava de 0 a 4 anos de idade
Clínicos de Risco para o uma função de aumentou consideravelmente.
Desenvolvimento Infantil). maternagem.
Toble,et al Eficácia da Após as Etapas I e II, Diante dos dados obtidos nesse
(2013) hidrocinesioterapia em um foi observado estudo, conclui-se que a técnica
participante com Síndrome de aumento de três de hidrocinesioterapia foi
Down, sexo masculino, 1 ano pontos no escore
benéfica para o
e 4 meses de idade, com bruto da AIMS,
perda auditiva bilateral de grau desenvolvimento de habilidades
severo. O desenvolvimento motoras grossas de um lactente
motor foi avaliado por meio da com Síndrome de Down e
Alberta Infant Motor Scale perda auditiva bilateral de grau
(AIMS). severo
Almeida, O objetivo deste trabalho é Como resultado ficou Concluiu que a criança com SD
Moreira ; descrever o trabalho e a evidente a não tem uma idade exata para
Tempski importância da Fisioterapia a importância do aquisição de cada etapa do
(2013) criança com SD. fisioterapeuta para o
desenvolvimento. O papel do
Atendimento de crianças com desenvolvimento
idade zero e 18 anos. motor, além de atuar fisioterapeuta é estimular junto
como educador em à equipe multiprofissional à
saúde junto a família. família, o desenvolvimento
motor destas crianças,
respeitando o seu tempo e
valorizando suas
potencialidades.
Bastos et O artigo teve como objetivo Foi encontrado nas A Fisioterapia é de fundamental
al, (2013) analisar a Fisioterapia instituições importância para reabilitação do
Aquática como primeira entrevistadas, paciente com síndrome de
escolha dos profissionais para 63,42% têm como
Down, minimizando efeitos
o tratamento da síndrome de primeira escolha de
Down na cidade de Fortaleza. tratamento para negativos desta disfunção.
síndrome de Down
a Fisioterapia
Aquática.
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Após observar os artigos revisados, ficou evidente que a estimulação precoce
é essencial para a maturação neural e global do desenvolvimento motor da criança
com síndrome de Down, além da equipe multidisciplinar o fisioterapeuta é de
extrema importância para seu desenvolvimento motor.
A fisioterapia auxilia a criança a realizar suas etapas de desenvolvimento o
mais próximo do normal, além de que, cada criança tem seu próprio tempo de
desenvolvimento que é influenciado por estímulos dados pelo ambiente externo e
pela família.
Durante a revisão foram encontrados diversos tipos de tratamento
fisioterapêutico e da equipe multidisciplinar.
Barbosa et al (2011) relata que os efeitos da Shantala na interação entre mãe
e filho foram positivos, pois proporcionou uma melhor qualidade de vida para as
crianças e já para as mães uma melhor aceitação da doença gerando um maior
vínculo com os filhos. Além dos benefícios já citados ocorreu uma melhora na
qualidade do sono, na motricidade e no aperfeiçoamento dos movimentos das
crianças.
Carvalho et al (2010) cita que com a Shantala para os portadores de
síndrome de Down obteve evolução em vários aspectos, dentre eles: o
comportamental, motor, no desenvolvimento da linguagem, da coordenação motora
de membros superiores e inferiores, na melhora dos tônus e no controle cervical e
na qualidade de vida. Entretanto Batista (2012), relata que em seu experimento que
obteve melhores resultados que os autores citados anteriormente utilizando a
técnica de Shantala, porem este deve ter obtido tal sucesso devido a associação de
técnicas implicando uma estimulação mais global disponibilizando uma maior
quantidade e variedade de estímulos para o SNC.
Toble et al (2013), realizou estudo com um lactante, o qual recebeu
tratamento de Hidrocinesioterapia associada também ao método neuroevolutivo e
intervenção em solo, observando este estudo, em meu ponto de vista, pouco
relevante, pois a hidrocinecioterapia foi aplicada somente uma vez durante o
tratamento de 24 sessões em 19 semanas. O paciente obteve ganhos significativos,
mas o ideal seria ter mais sessões da técnica para melhor observação dos
benefícios do método proposto pelo autor. Porém o que se observa que seus
resultados foram similares ao Barbosa (2012) que também realizou várias técnicas
associadas em seu estudo.
Bastos (2011) que abordou em sua pesquisa os tipos de técnicas utilizadas
pelos fisioterapeutas, constatou que a primeira escolha de tratamento
fisioterapêutico é a fisioterapia aquática (63,42% dos entrevistados), onde traz
benefícios como liberdade dos movimentos, aumento da sociabilização pois se tem
um ambiente agradável auxiliado por atividades lúdicas e terapêuticas, assim a
criança ira alcançar uma melhor correção postural, previne complicações
osteomusculares, melhora do sistema respiratório alem dos efeitos psicológicos
agregados.
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A importância da relação entre pais e filho ficou evidente nas pesquisas
realizadas pelos autores Cabral; Almeida; Lignani (2010) e Barbosa et al (2011), pois
os portadores da Síndrome de Down requerem da família maior tempo e dedicação,
especialmente se estiverem em fase de crescimento, período em que os estímulos,
cuidados e atenção são fundamentais para seu desenvolvimento.
Ressaltar que Barbosa et al (2011), observou em seu estudo que um bom
relacionamento entre filho e pais associada a Massagem Shantala ocorre a
diminuição nos níveis de aceticolamina e produção ativa de neurotransmissores
responsáveis pela sensação do bem-estar como consequência a criança ira ter
relaxamento, resistência a barulhos esternos, a diminuição de ocorrências de cólicas
e amplia o laço entre pais e filho.
Mattos; Bellani (2010) afirma que o acompanhamento dos pais durante as
sessões com a equipe multidisciplinar tem benefícios tanto para criança como para
si, passando eles a estar mais próximo ao desenvolvimento de seu filho, a mãe a ter
condições de maior conscientização e consequentemente proporcionara a oferta de
estímulos no cotidiano para o processo de reabilitação. E resaltado em seu trabalho
a importância da estimulação precoce, onde destaca que o início desta deve ser em
casa local onde a criança passa a maior parte do seu tempo.
A importância da Fisioterapia ficou evidente nos trabalhos pesquisados,
principalmente Almeida; Moreira; Tempski (2013), destaca que o papel do
fisioterapeuta é estimular junto a equipe multidisciplinar a participação da família, o
desenvolvimento motor destas crianças, respeitando o seu tempo e valorizando
suas potencialidades pois cada criança tem um desenvolvimento diferenciado de
acordo com o tempo de inicio da terapia e até os aspectos comportamentais de seus
pais, fato que influência no seu desenvolvimento.
LooperJ, Ulrich DA (2010), realizou sua pesquisa com o objetivo de constatar
o uso de órtese precoce em combinação com esteira em crianças com síndrome de
Down em comparação com criança que recebeu treino de esteira somente. Seus
resultados não foram positivos, em nenhum dos grupos que passaram pela
intervenção proposta, isso poderá ter ocorrido devido a própria característica da
síndrome que proporciona hipotonia generalizada e lentificação dos movimentos,
que talvez não se sua proposta de tratamento não se adequou as necessidades
destas crianças.
Além da fisioterapia motora outro tratamento que faz parte da equipe
multidisciplinar que atua para melhor desenvolvimento da criança com síndrome de
Down é a fonoaudiologia. Onde Giacchini; Tonial; Mota (2013), realizou um estudo
onde firam avaliados 11 crianças com idade de 12 meses a 4 anos, idade ideal para
estimulação onde ainda suas maturidades neurais e motoras ainda estão em
desenvolvimento. Destes 11 sujeitos 3 possuem a síndrome de Down, 4 com
paralisia cerebral e 4 com atraso no desenvolvimento motor.
A linguagem oral tem importância fundamental para seu desenvolvimento,
pois e um dos aspectos marcantes no seu desenvolvimento, eles apresentam
dificuldade de articulação das palavras, ou seja, de realizar os movimentos
necessários para produção da fala que exige um controle muscular envolvido
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complexo que e afetado pela hipotonia dos músculos envolvidos na produção da fala
como lábios, língua e bochecha.
Os resultados da pesquisa foram positivos para evolução das crianças,
observou que a instrumentalização fonoaudiologica adequada os pacientes com SD
apresentaram uma considerável melhora do tônus, dos músculos, da face, sendo
necessário e essencial o acompanhamento de um fonoaudiologia nos setores de
estimulação precoce.
De acordo com a pesquisa realizada neste trabalho e evidente a importância
da estimulação precoce para criança com síndrome de Down, a fisioterapia e
essencial nos seus primeiros anos de vida. Constatado que a técnica mais utilizada
foi a Shantala, além dela outras técnicas associadas a ela que gerou efeitos
positivos no desenvolvimento geral das crianças avaliadas.
7. Conclusões.
Foi compreendido que é de extrema importância a estimulação precoce da
criança portadora de Síndrome de Down, o qual o acompanhamento da fisioterapia e
suas técnicas empregadas e a equipe multidisciplinar se tem resultados positivos em
seu desenvolvimento global.
A relação entre a criança e pais ficou evidente, citados pelos autores que a
inserção da família como parte ativa tem resultado positivo no tratamento,
demonstrando que a troca de informações dos terapeutas com os pais é relevante,
para que estes entendam a importância da terapia continuada e da prática funcional
para a aprendizagem da função motora de seu filho.
As técnicas fisioterapêuticas empregadas de predileção dos autores foram a
Shantala e a hidroterapia, porem verificou-se que os resultados mais positivos
ocorreram quando há associação de técnicas e participação ativa dos pais durante
as sessões de fisioterapia assim agregando conhecimento destes e continuidade do
tratamento em casa.
A intervenção precoce deve ser adotada em período de tenra idade assim
oferecendo estímulos a um sistema em desenvolvimento potencializando a
neuroplasticidade existente neste momento.
Desta forma concluímos que a criança com SD é beneficiada por este
tratamento, mas que ainda necessitamos de maiores pesquisas, com maior N e
métodos mais confiáveis pois o estudo verificou que a grande maioria dos autores
levantados não utilizou nenhum método de randomização e nem de grupo controle.
8. Referências.
ALMEIDA, Munique Dias de; MOREIRA, Maria Cecilia dos Santos; TEMPSKI,
Patricia Zen. A intervenção fisioterapêutica no ambulatório de cuidado a pessoa com
síndrome de Down no Instituto de Medicina Física e Reabilitação HC FMUSP. Acta
Fisiatrica. São Paulo, v. 20, n. 1, p.55-62, jun. 2013.
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BARBOSA, Karina Crepaldi et al. Efeitos da Shantala na interação entre mãe e
criança com síndrome de down. Revista brasileira de crescimento e
desenvolvimento humano. São Paulo, v. 21, n. 2, p. 356-361, 2011 .
BASTOS, Renata Monteiro et al. Fisioterapia Aquática Como Primeira Escolha dos
Profissionais para o Tratamento da Síndrome de Down na Cidade de Fortaleza-
Ce. Corpvs/rev. dos Cursos de Saúde da Faculdade Integrada do
Ceará, Fortaleza, v. 27, n. 1, p.38-43, set. 2013.
LOOPER J, ULRICH DA. Effect of treadmill training and supramalleolar orthosis use
on motor skill development in infants with Down syndrome: a randomized clinical
trial. Physical therapy. 2010;90(3):382-90.
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NASCIMENTO, R.; Piassão, C. Avaliação e estimulação do desenvolvimento
neuropsicomotor em lactentes institucionalizados. Revista de Neurociências. São
Paulo, v.18, n.4, p.469-478, 2010.
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