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INTRODUÇÃO À LÓGICA

Elaboração: Prof. Fernando Antonio C. Mendonça

UNIDADE 1 – ESTUDO DA LÓGICA ELEMENTAR

1.1. Noções da lógica formal


Proposições: são afirmações, sobre as quais se pode afirmar serem
verdadeiras (V) ou falsas (F). Chamamos V ou F de valor lógico da proposição.
A Lógica Matemática segue as duas seguintes regras fundamentais como
princípios (ou axiomas):
i) Princípio da não-contradição: uma proposição não pode ser verdadeira e
falsa ao mesmo tempo;
ii) Princípio do terceiro excluído: toda proposição somente pode ser ou
verdadeira ou falsa, não existindo uma terceira opção.

Lógica Matemática: lógica bivalente.

Exemplo: analise as seguintes proposições e determine se são verdadeiras ou


falsas.

p. O Planeta Terra faz parte do Sistema Solar. V

2. A Terra é redonda? Não é uma proposição, pois não faz uma afirmação, e
sim uma interrogação (pergunta).

q.

mmc (7, 20) = mmc (7, 2².5) = 7.20 = 140.

r. Todas as leis do Direito estão corretas. V

S. Paula gosta de teatro e Pedro não gosta de praia. V


1.2. Proposições simples e compostas

Proposição simples (átomo, ou proposição atômica): letra minúscula.

Proposição composta (molécula, fórmula proposicional, ou ainda proposição


molecular): letra maiúscula.

1.3. Quantificadores universal e existencial

Quantificador universal: Para todo, qualquer. ∀.

Exemplo: Todo homem é da espécie homo sapiens.

O número k = 2n é par, para todo n natural.

k = 2n é par, ∀n∈ℕ.

Quantificador existencial: existe. Existe algum. Há. Tem pelo menos um. ∃

Exemplo: No conjunto dos números naturais, existe elemento neutro da


multiplicação.

∃n∈ℕ; n.x = x.
p: Existe raiz quadrada real de número negativo. F

q. ∈ ; √ ∈ V

r. Não existe, no conjunto dos números reais, a raiz quadrada de um número


real negativo. V

q r. As proposições q e r são equivalentes.


1.4. Conectivos
São palavras usadas para formar novas proposições a partir de outras.

e, ou, ou .... ou, não, se ... então, se e somente se ... então.

Símbolos:

Conectivo Nome “técnico” Símbolo


e Conjunção (conectivo conjuntivo) ∧
ou Disjunção (conectivo disjuntivo) ∨
ou ... ou Disjunção dupla (disjunção excludente) ∨ .... ∨ ≡ ⊻
se ... então Condicional →
se e Bicondicional ↔
somente
se ... então

Diagramas de Venn

Ex.:

p: n é um número natural não-nulo par menor do que 10.

q: n é um número natural múltiplo de 3 e menor do que 10.

A ≡ p∧q: n é um número natural não-nulo menor do que 10 tal que n é


par e múltiplo de 3.

Conjuntos: P∩Q = {6}.


B ≡ p∨q: n é um número natural menor do que 10 tal que n é par não-
nulo ou n é múltiplo de 3.

P∪Q = {0, 2, 3, 4, 6, 8 ou 9}.

C ≡ ∨p∨q: n é um número natural menor do que 10 tal que ou n é par


não-nulo ou n é múltiplo de 3.

P∪Q – P∩Q = (0, 2, 3, 4, 8, 9}.


p: Não vai chover.

q: Vou à praia.

D ≡ p→q: Se não vai chover, então vou à praia.

P ⊂ Q.
E ≡ q→p: Se vou à praia, então não vai chover.

Q ⊂ P.

F ≡ p↔q: Se, e somente se, não vai chover, então vou à praia.

G ≡ q↔p: Se, e somente se, vou à praia, então não vai chover.

F e G são fórmulas proposicionais equivalentes.

(P ⊂ Q) ∧ (Q ⊂ P) P ≡ Q.
1.5. Tabelas-verdade

Definição (LEVADA, 2011): o valor lógico de qualquer proposição composta


depende unicamente dos valores lógicos das proposições simples
componentes, ficando por eles univocamente determinado.

2n  2² = 4  quantidade de linhas da tabela-verdade.

Proposição composta por dois átomos:

p: Willian vai ao cinema.

q: Rosane gosta de piscina.

A: p ∨ q: Willian vai ao cinema ou Rosane gosta de piscina.

n é a quantidade de proposições simples que compõem a proposição


composta.

p q A ≡ p∨ q
V V V
V F V
F V V
F F F
Na disjunção (ou), se pelo menos uma das proposições for verdadeira, a
disjunção será verdadeira.
B: p ∧ q: Willian vai ao cinema e Rosane gosta de piscina.

p q B ≡ p∧ q
V V V
V F F
F V F
F F F
Na conjunção (e), todas as proposições precisam ser verdadeiras para a
conjunção ser verdadeira.

C: p ⊻ q ≡ ∨ p ∨ q: ou Willian vai ao cinema ou Rosane gosta de piscina.

p q C ≡ ∨ p∨ q
V V F
V F V
F V V
F F F

Na disjunção exclusiva ou excludente (ou ... ou), se pelo menos uma das
proposições for verdadeira, a disjunção será verdadeira, exceto se as
proposições forem simultaneamente verdadeiras.
D: p → q: Se Willian vai ao cinema então Rosane gosta de piscina.

p q D ≡ p→ q
V V V
V F F
F V V
F F V
5=5V

2.5 = 2.5

10 = 10 V

p: 5 = 7 F

5.0 = 7.0

q: 0 = 0 V

E: p ↔ q: Se, e somente se, Willian vai ao cinema então Rosane gosta de piscina.

E: p ↔ q: Willian vai ao cinema se, e somente se, Rosane gosta de piscina.

p q D ≡ p→ q D’ ≡ q → p E ≡ p↔ q
V V V V V
V F F V F
F V V F F
F F V V V

Na Bicondicional, é necessário que as duas condicionais sejam verdadeiras.


Proposição composta por três átomos:

X: p, q, r.

23 = 8 linhas

p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

1.6. Negação de proposições

Símbolos de negação: ¬ ou ~.

CONECTIVO NEGAÇÃO
e ou
ou e
todo ∀ (quantificador existe algum que não (quantificador particular
universal afirmativo) negativo)
Ex.: p: Todo discente do Prof. Fernando gosta de Lógica.
Negação: ~p: Existe algum discente do Prof. Fernando que não gosta de
Lógica
nenhum (quantificador ∃ existe algum (quantificador particular positivo)
universal negativo)
Ex.: q: Nenhuma pessoa curte frio a -20°C.
Negação: ~q: Existe alguma pessoa que curte frio a -20°C.
existe algum ∃ nenhum (todo ... não) (quantificador universal
(quantificador particular negativo)
positivo)
Ex.: r: Existe algum membro da ABL que é analfabeto.
Negação: ~r: Nenhum membro da ABL é analfabeto.
Negação: ~r: Todo membro da ABL não é analfabeto.
algum ... não Todo (quantificador universal positivo)
(quantificador particular
negativo)
Ex.: s: Existe alguma criança que não gosta de chocolate.
Negação: ~s: Toda criança gosta de chocolate.
Condicional (p → q) p∧ ¬q
Bicondicional (p ↔ q) ¬( ∨ p ∨ q)

Negação da condicional

p q p→q ¬q p∧ ¬q ¬(p∧ ¬q)


V V V F F V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V F V

(p → q) ≡ ¬(p∧ ¬q) ⇒ ¬ (p → q) = p∧ ¬q

Negação da Bicondicional

p q p↔q ∨p∨q ¬( ∨ p ∨ q)
V V V F V
V F F V F
F V F V F
F F V F V

p ↔ q ≡ ¬( ∨ p ∨ q) ⇒ ¬(p ↔ q) ≡ ∨ p ∨ q.
1.7. Tautologias

Uma proposição composta é uma tautologia se for sempre verdadeira,


independentemente das proposições simples que a compõem.

Ex.: (p ∧ q) → (p V q).
p q p ∧q pVq (p ∧ q) → (p V q)
V V V V V
V F F V V
F V F V V
F F F F V

É uma tautologia, pois é sempre verdadeira, para qualquer valor lógico das
proposições simples que a compõem (p, q).

Ex.: [(p V q) ∧ (p ∧ s)] → p.


p q s pVq p ∧s A ≡ [(p V q) ∧ (p [(p V q) ∧ (p ∧ s)]
∧ s)] →p
V V V V V V V
V V F V F F V
V F V V V V V
V F F V F F V
F V V V F F V
F V F V F F V
F F V F F F V
F F F F F F V

É uma tautologia, pois é sempre verdadeira, para qualquer valor lógico das
proposições simples que a compõem (p, q, r).

1.8. Sentenças logicamente falsas (contradições)


Uma proposição composta é uma contradição se for sempre falsa,
independentemente das proposições simples que a compõem.
Ex.: p ↔ ¬p.
p ¬p p ↔ ¬p
V F F
F V F
É uma contradição, pois é sempre falsa, para qualquer valor lógico das
proposições simples que a compõem (p, q).

1.9. Sentenças abertas


São aquelas cujo valor lógico somente poderá ser determinado se for
especificada alguma informação desconhecida. Não são proposições.

Ex.:
(I) 4x – 12 = 0 sentença aberta
(I)’ 4x – 12 = 0 ↔ x = 3. Proposição verdadeira
(II) 2x – 2 > 1 sentença aberta
(II)’ 2x – 2 > 1 ↔ x > 3/2. Proposição verdadeira
(III) x + y = 0 sentença aberta
(III)’ x + y = 0 ↔ x = -y. Proposição verdadeira
(IV) x.y = 0 sentença aberta
(IV)’ x.y = 0 ↔ x ∨ y = 0. Proposição verdadeira
(V) 5.(z+7) = 5z + 35. Proposição (tautologia = identidade)
(VI) 5.(z+7) = 5z + 33. Proposição (contradição)

1.10. Paradoxos lógicos


Semelhante à contradição, mas parte de proposições verdadeiras e chega-se a
um impasse lógico.
Ex.: Esta frase é falsa.
Se a frase for verdadeira, ela afirmará que é falsa. Paradoxo lógico.
Se a frase for falsa, ela afirmará que não é falsa. Paradoxo lógico.

Ex.: Somente sei aquilo que nada sei. Parcialmente paradoxal.


Se a proposição for verdadeira, ela afirmará que eu somente sei o que eu não
sei. Paradoxo lógico.

Se a proposição for falsa, ela afirmará verdadeiramente o seguinte:


Somente sei aquilo, de pelo menos isto, que sei. Não é paradoxo. É uma
tautologia.
Outros exemplos:
 Paradoxo do hotel de Hilbert
 Aquiles e a tartaruga
 Paradoxo do enforcamento inesperado
 Paradoxo da Predestinação
 Paradoxo de Teseu
 Paradoxo de Curry
 Paradoxo de Epicuro

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