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Nº 9 - ABRIL - MAIO/2003

ÍNDICE Protetores de linha


Veja o que pode estar presente, como

Notícias 3
perturbação, nas linhas de transmissão de
energia ou de dados, e a maneira de fazer a
melhor proteção.
30
Inversores vetoriais:
Problemas e soluções 7 explorando os fundamentos
Saiba o que acontece com o motor elé-

Controle inteligente:
trico no ambiente do controlador e também
o significado dos eixos Q e D aplicados no
processo de controle vetorial.
33
será o fim dos cartões de entrada e saída?
Entenda como a distribuição do controle Imprecisão nas medidas
inteligente dá mais autonomia aos disposi-
tivos de campo e muda a configuração bá- 9 Entenda os conceitos de tomada de me-
sica dos processos de automação. dição, grandeza e precisão da medida, mos-
tra como é feita a classificação dos “erros”
e apresenta os principais tipos de desvio.
37
Mercado de robôs
caminha para o "gargalo"
Este artigo mostra algumas tendências
do mercado de robôs no Brasil.
10 Comunicação serial
na indústria usando o protocolo RS-232
O protocolo RS-232 é uma das formas
mais usadas para enviar dados de uma
máquina a um computador, e vice-versa.
39
Analisadores industriais
Aqui são apresentados os elementos que
englobam a análise industrial e também os
principais conceitos da instrumentação ana- 13 Manutenção preditiva e pró-ativa
O que as vantagens das manutenções
lítica
preditiva e pró-ativa trazem para os proces-
sos produtivos.
44
Válvulas direcionais
Conheça os elementos aplicados no con-
trole do sentido de movimento, força e velo-
cidade dos atuadores pneumáticos.
15 Distúrbios no fornecimento de energia
46
Veja os principais tipos e como preveni-los.

Mesa XY
A mesa XY é uma associação de vários Tolerância geométrica - 2ª parte
componentes elétricos e mecânicos de alta Conheça os modos de representação do
responsabilidade, precisão e confiabilidade.
Esse artigo trata destes componentes. 20 quadro de tolerância, elementos de referên-
cia e principalmente o conceito de campo 52
de tolerância.

Sensores de posição
com tecnologia da magneto-restrição Vistas ortogonais e foto-realismo
A tecnologia de sensor linear: a da magneto- Crie vistas ortogonais com base em de-
restrição permite a construção de um sensor senhos tridimensionais e utilize os recur-
totalmente sem contato entre o cursor e ele-
mento sensor, entre inúmeras outras vantagens.
26 sos de renderização, aplicação de materi-
ais e iluminação no AutoCAD.
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AUTOMAÇÃO
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS

MECATRÔNICA
NOTÍCIAS
Foundation Fieldbus vira guia de bolso

O s sete níveis do “Foundation Fieldbus” e toda a


sua literatura didática são descritos por Ian
Entre um capítulo e outro, os autores dão dicas
sobre como sanar dúvidas na aplicação do
Verhappen e Augusto Pereira no livro que leva o mes- “Foundation Fieldbus” ou obter a melhor performance
mo nome. Em formato de Guia de Bolso, o “Foundation desta tecnologia. Na última parte do trabalho, os au-
Fieldbus” traz os níveis do protocolo, cabeamento, fon- tores apresentam toda a “sopa de letrinhas” que en-
tes de alimentação, documentação, integração do sis- volvem a automação e que são citadas no decorrer
tema, comissionamento, além da localização e repa- dos textos.
ro de defeitos. Augusto Pereira trabalhou na implantação do pri-
Uma série de gráficos e significados de siglas fo- meiro projeto de “Foundation Fieldbus” no mundo (fá-
ram incorporados ao trabalho para que o leitor se si- brica da Deten, em Camaçari – Bahia) em 1994. Há
tue dentro da arquitetura de automação industrial. A dois anos, durante uma reunião da ISA – entidade in-
proposta do livro é tornar-se uma fonte de referência ternacional de engenheiros e instrumentistas - ficou
para técnicos e engenheiros à me- sabendo que o canadense Ian
dida que essa tecnologia vai sen- Verhappen gostaria de escrever uma
do explorada. Os autores enfatizam literatura explicativa sobre
que o guia de bolso “Foundation “Fieldbus”. Augusto, que já detinha
Fieldbus” não pretende ser um ma- know-how e material técnico sobre
nual completo sobre tudo o que há a tecnologia, aceitou de imediato.
para aprender sobre essa Até o final de 2003, os dois au-
tecnologia. Ian e Augusto acredi- tores lançarão o segundo livro refe-
tam que o “Foundation Fieldbus” é rente ao assunto. Trata-se de uma
uma tecnologia em constante evo- aplicação prática de “Foundation
lução, motivo pelo qual seria impos- Fieldbus” na Fyncrude Oil & Gas,
sível reunir todas as informações empresa onde trabalha Ian
em um único trabalho. Verhappen.

Novos softwares para Yaskawa traz CLP para o Brasil


aquisição de dados
Yaskawa Elétrica do Brasil passou a contar com

A Fluke acaba de acrescentar dois pacotes de


software à sua linha de produtos para aquisi-
A uma família de controladores para implementar
seus projetos de automação no Brasil. A proposta
ção de dados no ambiente industrial. Desenvolvido da empresa não é a de vender o produto de forma
pela Indusoft, o Fluke DAQ é indicado para a confi- isolada, mas sim integrado a projetos onde possa
guração de instrumentos e gerenciamento de ten- fornecer seus painéis e inversores de freqüência.
dências, enquanto que o Fluke HMI (Human-Machine Este último produto continua sendo o responsável
Interface) amplia as capacidades dos Sistemas de por 50% da receita da empresa no Brasil, seguido
Aquisição de Dados. Esta última ferramenta apre- de servo-acionamentos (20%), sistemas de enge-
senta programação com base na “tecnologia orien- nharia (20%) e robôs (10%). Em 2002, a empresa
tada a objeto” para permitir que os usuários expan- alcançou faturamento de R$ 35 milhões crescendo
dam e integrem com facilidade seus sistemas num 20% em relação a 2001. Em nível mundial, a
grande número de características disponíveis. Yaskawa é uma empresa de US$ 3 bilhões.

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NOTÍCIAS

Conversor Fieldbus Cursos e eventos


para saída discreta Acompanhe alguns dos Cursos, Feiras e Seminários que rondam o mundo
da automação industrial. As entidades técnicas, faculdades e fabricantes apre-
Smar está lançando no merca- sentam vários temas interessantes que vão desde os sensores e medidores
A do um conversor para saída até os níveis mais complexos baseados em inteligência artificial.
discreta, em Fieldbus Foundation,
ISA
que permite a integração entre o A Instrumentation, Systems and Automation Society (ISA), através de seu
controle de sinal contínuo e o con- Distrito IV, promove em São Paulo, nos dias 22 e 23 de abril, o curso de “Variabi-
trole de sinais discretos. O instru- lidade de processos: causas, conseqüências e auditorias para sua redução”. Já
mento é indicado para a geração em maio (dias 13 e 14) é vez de aprender mais sobre controladores lógicos no
de alarmes, válvulas “on/off”, ati- curso “A Norma IEC 61131-3 - Programação de Controladores”. Maiores infor-
mações sobre esses e outros cursos podem ser obtidas pelo telefone (11) 5521-
vação de micromotores, sinaliza-
0296, ou através do endereço eletrônico: info@isadistrito4.org.br
ção, acionamentos, controles de
bombas, esteiras, elevadores e Novitec 2003
outras cargas DC e AC. De 16 a 20 de junho, a cidade de Paulínia (118 km a nordeste de São Paulo)
Batizado de FR302, o produto será palco do evento “Novitec – Feira de Novidades em Tecnologias de Automação”.
integra a família de outros Além de cobrir áreas da automação industrial, a feira terá algumas novidades
conversores da empresa que con- como a exposição de ferramentas elétricas, mecânicas, pneumáticas, de corte,
acessórios para máquinas operatrizes e injetoras. Também incluirá produtos do
versam em Fieldbus: IF302 para
setor de energia, entre os quais, geradores, equipamentos de média e alta ten-
4-20 mA; FP302 para pressão; são, de iluminação e de conservação de energia. Outras informações pelo telefo-
DC302 para entradas e saídas dis- ne: (19) 3844-3019 ou através do site da organizadora www.wm2.com.br
cretas; e HI302 para o protocolo
Hart. Internamente, o FR302 pos- Bicsi Brasil
sui dois relés de estado sólido e Tudo sobre cabeamento estruturado, desde normas, infra-estrutura e
é encontrado nas versões: dois automação predial e residencial até chegar à planta externa e networking. Esse é
o foco do evento “Bicsi Brasil” que acontecerá de 20 a 22 de maio (das 12h às
contatos normalmente aber tos,
20h) no Centro de Convenções Frei Caneca (São Paulo). De acordo com a
dois contatos normalmente fecha- entidade que promove o evento, o Brasil movimenta por ano US$ 160 milhões
dos e um contato aberto e outro com serviços de cabeamento. Informações sobre o “Bicsi Brasil-2003” podem
fechado. ser obtidas através do (11) 3055-1310.
A capacidade de “Link master”
faz com que o FR302 trabalhe como Automação em processos metalúrgicos
A Associação Brasileira de Metalurgia (ABM) promoverá nos dias 15 e 16 de
“backup LAS”, aumentando assim
outubro, em Santos (litoral sul paulista), o VII Seminário de Automação de Proces-
a disponibilidade do sistema. Se- sos. A principal atração do evento será a apresentação de soluções tecnológicas
gundo a empresa, uma interessan- voltadas para a produção de ferro e aço. Na ocasião, a Siemens irá premiar a
te aplicação é a interface para melhor solução inovadora em metalurgia. No período de 1994 a 2002, o segmento
atuadores elétricos, transformando- investiu US$ 13,9 bilhões em desenvolvimento tecnológico. Mais informações
os em dispositivos Fieldbus, útil em podem ser obtidas através do site www.abmbrasil.com.br ou pelo telefone (11)
atualização e reinstrumentação de 5536-4333 com Luciana Solitão.
plantas. O bloco funcional PID Step
Altus Partner‘s Automation
pode ser ideal em casos onde é ne- Com o objetivo de estreitar o seu relacionamento com o mercado de
cessário modular válvulas sem a automação, a Altus realiza em São Paulo o “Altus Partner`s Automation Workshop
requisição do retorno da posição 2003”. Em sua segunda edição, o evento será realizado nos dias 7 e 8 de maio no
real (feedback). Hotel Novotel-Center Norte (das 13h às 21h). Além da exposição de produtos
parceiros da Altus, o evento também terá cursos e palestras. Os visitantes pode-
rão mexer em alguns equipamentos no laboratório (que será montado no local).
Informações através do telefone (51) 589-9521 com Mariângela Zambom
(mari@altus.com.br)

Simpósio em Bauru
O Campus da Unesp em Bauru (343 km a noroeste de São Paulo) realizará,
de 14 a 17 de setembro deste ano, o VI Simpósio Brasileiro de Automação Inteli-
gente (SBAI). Promovido pelo Departamento de Engenharia Elétrica, da Faculda-
de de Engenharia, e pela rede Manufacturing Automation Network, o SBAI é
promovido a cada dois anos e reúne pesquisadores da área de automação que
utilizam técnicas de inteligência artificial e áreas correlatas. Nos três dias de
evento haverá workshop, minicursos e competição de robôs móveis autônomos.
Mais informações: (14) 221-6116 c/ Marcelo Franchin ou e-mail :
FR302, solução para interface fieldbus.
visbai@feb.unesp.br

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AUTOMAÇÃO
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS

HP e Microsoft divulgam tecnologia XML no país


ma parceria entre a HP e a Microsoft está permi- ta a oportunidade de empregar mais recursos no setor
U tindo divulgar a tecnologia XML (eXtensible Markup de pesquisas”, afirma Rodolpho Cardenuto, vice-presi-
Language) em todo o território nacional. Nos Estados dente do grupo de sistemas pessoais da HP Brasil.
definidos pelas duas empresas há a participação de Um dos primeiros projetos acontece com a Associa-
um terceiro parceiro que fica responsável pela sele- ção Paulista dos Cirurgiões Dentistas, na área de en-
ção de bolsistas, participantes de empresas e estu- sino a distância.
dantes de graduação. Em São Paulo, por exemplo, o O centro de tecnologia XML também foi montado
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas S/A – é na cidade de Recife com a participação do Centro de
a terceira ponta responsável André Campos/divulgação Informática da Universidade Fede-
pela disseminação de novas ral de Pernambuco, o Centro de Es-
tecnologias. tudos e Sistemas Avançados do Re-
Em um ambiente dotado de cife, a Empresa de Fomento de
vários laboratórios, estudantes Informática de Pernambuco, a Qualiti
e profissionais poderão desen- Software e o complexo tecnológico
volver softwares com padrões Porto Digital.
de qualidade reconhecidos in- Para o diretor-presidente do Porto
ternacionalmente. O acesso a Digital, Pier Carlo Sola, o centro traz
essas ferramentas permitirá a boas perspectivas para a região. “A
integração de sistemas volta- inauguração do Centro de Tecnologia
dos para o varejo, meio ambi- XML, focado na qualidade do software,
ente e cadeias produtivas. representa um passo fundamental na
“A criação do centro em par- São Paulo e Recife já contam com Centro construção do ecossistema do Porto
tecnológico em XML
ceria com a Microsoft represen- Digital”, observa.

Manutenção entra na era informatizada Advantech reduz em


esponsável pelo perfeito funcionamento de máquinas, a manutenção 25% preço de Tablet PC
R ganha novos aliados à medida que o Brasil desenvolve seu parque
industrial. Alguns desses aliados são os sistemas informatizados que postando na expansão do mer-
ganham espaço no mercado devido à facilidade que proporcionam a en-
genheiros e técnicos.
A cado brasileiro de computadores
portáteis, a Advantech Brasil deverá
Mais conhecidas como softwares de manutenção, essas ferramen- iniciar a fabricação nacional de Tablet
tas deram um grande salto na “sub-área” denominada manutenção PCs ainda em 2003. A estratégia de
preditiva. Hoje, há empresas fabricantes de equipamentos, como moto- divulgação da empresa também in-
res e válvulas, que produzem seu próprio software de manutenção clui a redução de 25% do valor do
preditiva, ou como preferem alguns “software de gerenciamento de ati- MobiPanel, seu modelo de Tablet PC
vos”. Também é possível encontrar empresas que trabalham nesse ni- lançado em agosto do ano passado.
cho de mercado específico. Encontram-se nessa categoria empresas O MobiPanel foi desenvolvido para
como Datastream e MRO Software que, respectivamente, são detento- oferecer uma solução wireless que
ras das soluções MP2 e Máximo. permita acesso a banco de dados via
Já a SKF, outra empresa que possui soluções para a manutenção Internet ou Intranet em tempo real. “O
informatizada, lançou recentemente o aplitude, ferramenta que integra sis- grande diferencial é sua resistência”,
temas para o monitoramento de condições de máquinas, diagnósticos avalia Carlos Alberto Farineli, diretor
informatizados e SDCDs (Sistemas Digitais de Controle Distribuído). de tecnologia da Advantech.
“Esta iniciativa é mais um passo na orientação da SKF em apoi- Com sistema operacional
ar clientes industriais através de serviços baseados em tecnologia Windows CE 3.0 e processador Intel
desenhados para reduzir custos totais da operação, maximizar efi- StrongARM de 206 MHz, o
ciência na manutenção e aumentar a produção por meio da MobiPanel foi desenvolvido para
otimização da eficiência do ativo”, comenta Phil Knights, presidente atuar em linhas de produção indus-
da SKF Service Division. De acordo com informativo da empresa, o trial, redes varejistas, distribuido-
aplitude tem o objetivo de auxiliar na informatização do processo e ras, hospitais, construção civil,
suporte à tomada de decisões. telecom e empresas de utilities.

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NOTÍCIAS

Rockwell Automation cresce 13% e firma parcerias acadêmicas


Rockwell Automation, uma das gigantes da Seguindo essa tendência, a Rockwell Automation
A automação industrial, encerrou seu ano fiscal de
2002 com um crescimento de 13%, o que representa
enviou 20% da sua produção para a matriz norte-ame-
ricana. A exportação já responde por 10% da receita
um faturamento bruto de R$ 194 milhões. A área de da subsidiária brasileira. “As exportações que tinham
sensores foi a que representou a maior taxa de cresci- por principal destino a matriz nos EUA, começaram a
mento com 40%, seguida pela parte de softwares com abrir novas portas”, disse Danilo Talanskas, presiden-
30%, inversores de freqüência com 22% e centros de te da subsidiária brasileira.
controle de motores com 29%. A empresa também centrou foco na área acadê-
Vale lembrar que as empresas de automação no mica para aumentar o intercâmbio de informações
Brasil tiveram fôlego maior a partir de agosto de 2002 com professores e com os futuros funcionários de
com a desvalorização mais acentuada do real. Os fa- chão-de-fábrica das companhias. Em 2002, ela pa-
bricantes que importam produtos repassaram parte dos trocinou a modernização das instalações do CPCT
custos, enquanto que as empresas com produção lo- – Centro de Pesquisa e Capacitação Tecnológica em
cal tiveram seus preços mais competitivos e abriram Automação Industrial – da USP; ajudou a criar o
novas portas para a exportação. Laboratório de Automação Industrial da Faculdade
de Engenharia da Fundação Álvares Penteado; e
assinou acordo com a Universidade de Brasília para
acelerar o processo de aprendizagem do quadro de
professores e alunos em geral.
Em 2003, a Rockwell pretende aumentar seus la-
ços com a área acadêmica. Uma das ações prevê a
concessão de bolsas de iniciação científica para alu-
nos que desejam continuar na área acadêmica. Outro
foco de parcerias da empresa acontece com firmas
que, até então, podiam ser consideradas como con-
correntes. Foi o caso do licenciamento que a
multinacional americana fechou com a Smar. Desde o
ano passado, a Rockwell passou a desenvolver produ-
tos com a tecnologia “Foundation Fieldbus”. Segundo
alguns diretores da Rockwell, o único objetivo é obter
Talanskas: Exportações abriram novas portas.
melhores resultados na área de processo.

O mundo da ciência robótica


Q uais são os tipos de robôs utilizados no parque industri-
al? Quais as tendências e as aplicações especiais? As res-
postas dessas perguntas estão sendo respondidas no livro
“Robótica Industrial – Aplicação na Indústria de Manufatura
e Processos”. Editado pela Edgard Blücher, o livro teve a
coordenação de Vitor Ferreira Romano, professor da Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro e apresenta essa fascinan-
te máquina de produção industrial.
Em 256 páginas, o trabalho foi dividido em três partes
para uma melhor organização dos assuntos. Em “Funda-
mentos Elementares”, o leitor tem uma noção do que es-
tuda a ciência robótica; em “Robótica Aplicada”, o foco é
apresentar casos típicos de manufatura; e em “Comple-
mentos”, o leitor fica conhecendo as potencialidades do
uso dessas máquinas e seu impacto econômico social.

6 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
PROBLEMAS E...

Defeitos em contatores...o que fazer?


Alaor Mousa Saccomano

or mais que os dispositivos de acionamento continu- Então, veremos algumas dicas que poderão salvar
P em evoluindo sempre, em muitos casos, equipamen-
tos consagrados por sua robustez e desempenho nunca
a situação e melhorar muito o desempenho dos equi-
pamentos, que são excelentes para manobrar motores
“caem de moda”. É o velho clichê: “em time que está e cargas altamente indutivas, e até puramente resistivas.
ganhando....”, assim, para manobrar cargas em vários Basicamente, um contator é uma chave magnéti-
ciclos, o contator (figura 1) ainda é o melhor produto. ca composta de:
- conjunto bobina
- conjunto de contatos
- carcaça de suporte.
Assim, poderemos agrupar os principais defeitos
de modo a abranger as principais partes do contator.

DEFEITOS NA BOBINA

A bobina é o coração do contator. É graças a ela


que o mesmo realiza o movimento automático de atra-
car os contatos. Os principais problemas apresenta-
dos com relação à bobina são os seguintes:

Queima por subtensão:


Quando uma bobina é submetida a valores de ten-
são inferiores aos estipulados pelos fabricantes, isto
Figura 1 - Contator em corte. é, subtensão, ocorrem a dilatação do conjunto bobinado
e também deformações no suporte da bobina (figura
No ambiente fabril, os agentes agressores estão 2) de forma que o núcleo fica preso no mesmo. Ten-
sempre presentes: atmosferas alcalinas, umidade, vi- sões inferiores às definidas na classe de operação
bração, variações de tensão de alimentação, poeiras, (Classe 1: 80% da tensão nominal da mesma para
óleos e soluções, entre tantos outros que tendem a tensão mínima) levam a este tipo de dano. Normal-
diminuir a vida útil dos componentes, principalmente mente, estes eventos acontecem por distúrbios na
daqueles que possuem movimento, como no caso do rede de alimentação e quedas de tensão devidas a
contator. E aliando-se a isso, uma manutenção pre- erros de dimensionamento, sobrecargas na rede, li-
ventiva/preditiva pobre e desconhecimentos sobre as- nhas muito distantes da alimentação, cabos
pectos de cargas e manobras (categorias de empre- subdimensionados e maus contatos nas conexões.
go e classe de operação de tensão – princípios bási- Uma investigação minuciosa em equipamentos que
cos da norma IEC947-4-1) fazem com que um com- são geralmente abordados por estes defeitos, obser-
ponente que poderia resistir por quase 1 milhão de vando os problemas causadores já citados, são sufi-
manobras (dentro dos limites normalizados), não dure cientes para resolver esta situação. Além de compro-
mais do que seis meses. meter e danificar permanentemente o conjunto

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 7


...SOLUÇÕES

Figura 3 – Queima por sobrepressão ou surto.


Figura 2 – Queima por subpressão.
tema de alimentação da bobina, a falta de um trans-
bobinado, a subtensão pode não propiciar o total fe- formador de comando para também isolar o coman-
chamento dos contatos de força, levando-os a se do do sistema dos outros compartimentos do cir-
danificarem. cuito e quando um mesmo contator aciona várias
cargas indutivas ao mesmo tempo. Em contatores
Queima por sobretensão: de comando, deve-se ter sempre em mente o res-
Quando a bobina é sujeita a tensões superiores peito aos valores da categoria de emprego do mes-
ao valor máximo especificado (110% do valor nomi- mo (na maior parte dos casos AC-15).
nal quando em Classe 1), surge este tipo de defeito.
Normalmente, surtos e rajadas de tensão (picos de Ruído ou zumbido:
alta tensão) são os responsáveis pelo ocorrido. É É caracterizado por problemas nos contatores quan-
facilmente notado o escurecimento da isolação (fi- do têm entre seus núcleos resíduos ou partículas só-
gura 3) e deformações no corpo de bobina (fica uma lidas, ou até o anel de curto-circuito com pequenos
fina faixa escura na isolação). Os surtos de tensão rompimentos, quebrando o circuito magnético que é
são grandes descargas únicas nas bobinas. As raja- responsável por manter o contator atracado quando
das são caracterizadas por valores pouco menores da passagem por zero volts no ciclo da alimentação
que os surtos, mas mais repetitivos. senoidal em AC. Em qualquer caso, nunca lixe o nú-
Os principais motivos para este tipo de defeito cleo de um contator, pois removerá as camadas pro-
ser freqüente são o mau dimensionamento do sis- tetoras anti-oxidantes, danificando-o por completo.

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AUTOMAÇÃO
REPOR
REPORTTAGEM
ESPECIAL

Contr ole Inteligente:


Será o Fim dos Car tões
Cartões
de Entrada e Saída?
Sérgio Vieira

m boa parte das centenas é empregada em indústrias de ma- aconteceu e nunca vai parar, ou

E de fábricas e indústrias bra-


sileiras, a arquitetura de um
processo de automação se-
gue uma configuração básica: na
base do sistema estão os dispositi-
nufatura (automobilística, eletrodo-
mésticos, etc).
Apesar da distribuição do contro-
le inteligente ser apoiada em PC, pelo
que foi constatado pela Revista
seja, encontra-se sempre em evo-
lução. "Os módulos de entrada e
saída (I/Os) nunca morrerão porque
os controles são múltiplos", prevê.
Para ele, a inteligência totalmente
vos e sensores; em um nível acima Mecatrônica Atual, o controlador ló- distribuída demandaria uma efici-
estão o controlador lógico progra- gico não deixa de existir. "Temos ência muito grande dos instrumen-
mável (CLP) e as IHMs (Interfaces quatro salas de controle e 26 tos de campo, coisa que não acon-
Homem-Máquina); mais acima está controladores", diz Diego Zucal, lí- tece ainda hoje. "A coordenação
o sistema supervisório e os siste- der de automação da Planta Nordes- dos trabalhos fica muito difícil",
mas de gestão. Durante um bom tem- te da Monsanto. De acordo com disse Rocha, lembrando que siste-
po, esse tem sido o esquema utili- Zucal, a empresa distribuiu o contro- mas baseados em PC e, por con-
zado quando se pretende automa- le com a idéia de levar a inteligência seqüência em Windows, podem
tizar um processo industrial. Entre- para o campo, porém, algoritmos apresentar sérios problemas.
tanto, novas filosofias de controle mais avançados de controle continu- Terceirização - Considerado
têm aparecido no ambiente industri- am a ser desempenhados pelos como o coração de um processo
al que mudam um pouco o aspecto controladores. "Para quem quer fa- automatizado, o controlador lógico
dessa pirâmide. zer alterações futuras fica complica- programável, cada vez mais, vem
Uma dessas filosofias é a distri- do deixar de lado os cartões de en- se tornando uma commoditie entre
buição do controle inteligente que dá trada e saída e o módulo inteligen- os fabricantes desses equipamen-
mais autonomia aos dispositivos de te". A Planta Nordeste da Monsanto tos. Hoje, 75% de um CLP é base-
campo e muda a configuração do (Camaçari/BA) , que foi inaugurada ado em metodologias de controle,
esquema descrito acima. Essas pla- em 2001, tem 8 mil pontos de con- ou seja, software - parte que não
taformas são baseadas em PC e trole. pode ser terceirizada. Nesse avan-
utilizam softwares modulares para Para Paulo Rocha, gerente de ço, o Brasil perdeu a oportunidade
gerenciamento de ativos integrados. produto, a descida para o campo de fabricar o hardware para países
Esse novo conceito apareceu de da inteligência de controle sempre como a China e a Índia.
forma mais abrangente há dez anos,
quando percebeu-se que o controle
de uma planta industrial poderia ser
feito por um PC, em vez de se utili-
zar um controlador específico.
"Ao invés de ter um CLP e um
SDCD, você tem a distribuição do
controle inteligente", diz Augusto
Pereira, engenheiro da Emerson
Process Management, uma das
empresas que caminha nessa filo-
sofia de controle e que já implantou
vários sistemas no país. Vale lem-
brar que esse conceito caminha ape-
nas em plantas de processo indus-
trial (indústrias de açúcar e álcool,
petroquímica, papel e celulose, quí-
mica, petróleo, etc). A filosofia não

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REPOR
REPORTTA GEM

Mercado de robôs
caminha para o
“gargalo” Sérgio Vieira
onsiderado como ferra- O Brasil possui hoje 7 mil robôs instalados.

C menta-símbolo quando se
fala em automação indus-
trial, o robô vive um dra-
ma para a disseminação de seu uso
e operação no Brasil. Há um enor-
Há dez anos não passavam de 500.

sor do Departamento de Engenharia


Mecânica, da Universidade Federal do
menta José Reinaldo Silva, profes-
sor do Departamento de Mecatrônica
me interesse no seu emprego em Rio de Janeiro. da Escola Politécnica da Universi-
processos industriais, entretanto, a Dados da Rede de Automação da dade de São Paulo. Juntamente com
falta de treinamento de usuários e Manufatura (Manet) estimam que 60% o professor Vitor Romano e outros
conhecimentos de programação im- dos robôs instalados no Brasil estão quinze pesquisadores de várias Uni-
pede seu desenvolvimento no par- executando serviços de solda e, mes- versidades do país, ele coordena a
que industrial brasileiro. mo assim, sem muita criatividade na Rede Manet.
O “gargalo” vivido por essas má- exploração dos parâmetros da Para resolver o problema de
quinas acontece, principalmente, soldagem. Geralmente, essas máqui- reprogramação de robôs, a ter-
nas empresas de pequeno e médio nas caminham na aplicação sol- ceirização tem sido apontada pelos
porte. Nessa faixa industrial de em- dagem/pintura, característica básica pesquisadores como a alternativa
presas, o robô fica limitado a exe- das multinacionais de veículos, as mais econômica que as empresas
cutar tarefas repetitivas, limitando- quais, respondem por 80% da base estão encontrando para reprogramar
se à produção de um único produto. de robôs instalados. robôs. Os raros profissionais exis-
“Seria muito importante que os usuá- “Poucos robôs são aplicados na tentes no mercado ficam encarrega-
rios usufruíssem ao máximo a ca- montagem, inserção de chips e ou- dos de elaborar todo o planejamen-
pacidade dessas máquinas para a tras tarefas menos convencionais e to e treinamento necessários para a
produção de diferentes produtos”, que alavancariam a pequena e média aplicação pedida pelo cliente.
avalia Vitor Ferreira Romano, profes- empresa de base tecnológica”, co- Se o robô pode desenvolver ou-
tras funções dentro de uma empre-
sa, qual seria o motivo então para a
vulgarização do uso dessa máquina
e o desinteresse em reprogramá-lo?

10 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
REPOR
REPORTTAGEM
fotos: ABB/divulgação

40% do preço de um robô corresponde aos impostos.

Talvez a resposta esteja dentro da dizado segue o know-how pré-exis- Na Kuka Roboter, que tem apenas
indústria automobilística que, como tente e tem um forte componente o robô industrial como produto, o par-
foi citado acima, concentra a maio- prático e imediatista”. Com essa que instalado já chega a 900 unida-
ria dessas máquinas. forma de aprendizado, as mon- des. Seu principal cliente é a
Empresas como Ford, GM e tadoras têm conseguido suprir as Volkswagen (VW) que tem apenas
Volkswagen possuem em média 200 necessidades do mercado au- robôs dessa marca em todas as suas
robôs instalados em diversos seto- tomotivo que são volume de pro- plantas industriais. Parte das suas
res da fábrica (soldagem, pintura e dução e similaridade de operações vendas começa a caminhar para a
estamparia). Só a Ford instalou realizadas, mesmo que em mode- indústria alimentícia, produtos de hi-
mais de 240 robôs na sua unidade los de veículos diferentes. giene, autopeças, polimentos de me-
de Camaçari (BA), inaugurada em O desinteresse em programação tais, etc.
outubro de 2001. Por se tratar de de robôs pode ser sentido em cur- Para os pesquisadores, a base ins-
empresas estrangeiras, a decisão sos realizados por empresas como talada e que deve ser operada no dia-
de quais, quantos e como esses a Yaskawa, uma das quinze fabri- a-dia é mais importante que o núme-
robôs serão utilizados, vem das cantes que atuam no país. “Houve ro de unidades vendidas. Mas, mes-
matrizes. vários cursos que realizamos que mo nesse ponto, parece que há um
“Nesse cenário, as aplicações não apareceu ninguém”, argumen- déficit na mão-de-obra qualificada.
de cada robô estão intimamente ta José Luiz Rubinato, gerente ge- “Boa parte dos cursos oferecidos são
associadas a sua função dentro da ral da Yaskawa Elétrica do Brasil. teóricos, as partes de aplicação, in-
cadeia produtiva”, comenta Vitor Na sua avaliação, o mercado brasi- serção no chão-de-fábrica, flexibilida-
Romano. As montadoras promo- leiro consome hoje em torno de 100 de e reaproveitamento de tarefas não
vem o treinamento dos técnicos robôs/ano. Aumentos significativos são sequer citadas”, argumenta José
que irão operar os robôs, segundo nesse número só acontecem quan- Reinaldo, lembrando que os profissio-
as características operacionais que do há a implantação de fábricas nais se formam engenheiros mecâni-
eles devem enfrentar no dia-a-dia. multinacionais, como foi o caso da cos, mecatrônicos, elétricos e alguns
Essas operações podem ser en- Ford. Vale lembrar que fatos como em Ciência da Computação. Nenhum
contradas em qualquer outra plan- esse não acontecem todo dia no deles vai trabalhar para uma firma que
ta industrial já em funcionamento, Brasil. Na Yaskawa, o faturamento precisa de um bom técnico programa-
seja na Europa, EUA, Argentina ou com robôs representa 10% da re- dor offline. A grande maioria dos téc-
Turquia. “Isto significa que o apren- ceita. nicos que operam os robôs têm cur-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 11


REPOR
REPORTTA GEM

sos de curta duração e voltados ape-


nas à operação básica do equipamen-
to, em geral fornecidos pelo próprio
representante da marca.
José Reinaldo vê a necessidade
da pequena e média empresa explo-
rar a flexibilidade de sites e máqui-
nas para promover a sua inserção no
mercado moderno, e isto implica em
contar com técnicos um pouco mais
especializados. Na sua opinião, o
Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI) é o único lugar do
Brasil onde se formam técnicos para
aplicações gerais de Robótica.
Pouco gente sabe, mas a Ro-
bótica é uma ciência que reúne vári-
as áreas do conhecimento.
Além do aspecto de programação,
No Brasil, o robô está limitado a repetição de movimentos.
para que um robô possa funcionar,
é necessário ter as mínimas condi-
ções para sua instalação “física”, dis- Empresas Nº de robôs*
ponibilidade de energia, unidades de
potência corretamente dimensio- ABB 1800
nadas, escolha de garras e fer-

*fonte: empresas
Kuka 900
ramentas adequadas, “lay-out” do
Fanuc 300
chão-de-fábrica, logística (suprimen-
to de componentes e matéria-prima, outras empresas 4000
sincronia de operações, movimenta-
Robôs industriais instalados no Brasil.
ção de peças, embalagem, vendas
e serviços pós-venda), testes para
ajuste dos parâmetros, manutenção A construção de robôs industriais ver esse problema, a Rede Manet
preventiva e corretiva, etc. requer um elevado investimento finan- tem um projeto de fazer retroffiting
Vanguarda – Apesar das dificul- ceiro até chegar ao desempenho apre- desses robôs substituindo o con-
dades, o Brasil é considerado como sentado pelos fabricantes. Diversas trole original. O trabalho, que é de-
um dos países de elevado conheci- empresas de tecnologia nacional se- senvolvido junto com laboratórios
mento no campo da Robótica. Quan- riam capazes de desenvolver esses de Portugal, possibilita ter uma má-
do a oportunidade aparece, há o de- equipamentos, porém o grande núme- quina velha, mas em bom estado.
senvolvimento de projetos bem su- ro de concorrentes internacionais no O controle é feito diretamente do
cedidos que vão da área industrial mercado, que já está saturado, vem PC e pode impulsionar a base tec-
ao campo do entretenimento. Só causando uma substancial redução nológica na pequena e média em-
para citar alguns: A UFRJ desenvol- do custo para a aquisição dessas presa, principalmente, naquelas
veu um robô para atuar em exten- máquinas. Esse fato vem inibindo as que visam o mercado internacional.
sas lâminas de água; já a Universi- iniciativas de se produzir robôs no Com o robô é possível atingir pa-
dade Federal de Minas Gerais país. Em aplicações não industriais, drões de qualidade e produção num
(UFMG) trabalha num robô que atua as indústrias e instituições de pes- curto espaço de tempo e, conse-
em inspeção da rede elétrica; na Uni- quisa nacionais podem facilmente qüentemente, aumentar a carteira
versidade Estadual Paulista (Unesp) concorrer no mercado. de clientes.
o trabalho foi em cima de um robô Cerca de 40% do preço de um O robô de solda é o mais consu-
para inspeção da rede de água; a robô industrial hoje vem dos impos- mido por esses novos clientes que
Universidade de Campinas tos. O preço dessas máquinas cai estão aparecendo no mercado. Indús-
(Unicamp) desenvolveu um robô pela metade depois de um ano de trias de autopeças e de eletrodomés-
para auxiliar deficientes; o próprio uso. A ligação maior entre fabrican- ticos (principalmente a linha branca:
professor Vitor Romano foi quem te e seus clientes está no controle geladeira, fogão, frezzer, etc.) pas-
desenvolveu o robô acoplado de uma da máquina. Depois de dez anos saram a ter uma maior redução de
câmera e que atua no Sambódromo de uso, um robô manipulador, por custos de mão-de-obra, redução com
do Rio de Janeiro durante os dias exemplo, está em bom estado, mas custos de materiais e elevado índi-
de carnaval. com controle obsoleto. Para resol- ce de segurança.

12 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
DISPOSITIVOS
DISPOSITIVOs
ELETRÔNICA

Analisadores Instrumentação
analítica de
processo

industriais Gilberto Branco

de uma amostra do processo que por


Instrumentação
ele flui continuamente. analítica de
- Sistema de amostragem - Equi- laboratório
pamento de operação, em geral auto-
mático, com a finalidade de retirar
continuamente do processo, uma
amostra, enviando-a, após prepara-
ção, ao analisador.
Os analisadores são construídos,
geralmente, de modo a receberem uma
amostra dentro de certas condições
padronizadas de pressão, temperatu-
ra, umidade, poeira e corrosividade. As
condições da amostra, dentro do pro-
cesso, fogem, geralmente, dos padrões
estabelecidos para o analisador.
O sistema de amostragem age
como elo de ligação entre o processo
e o analisador, transformando um flu-
Figura 1 – Classificação.
xo, inicialmente impróprio para análi-
Instrumentação se, em uma amostra representativa
analítica e perfeitamente mensurável. tica de laboratório e instrumentação
Devido à infinidade de processos analítica de processo (figura 1).
existentes nas indústrias, existe, con- A figura 2 esquematiza a confi-
staremos apresentando, a seqüentemente, uma variedade de guração básica de um sistema para

E par tir desta edição, uma


série de ar tigos visando
desmistificar os “segredos”
da instrumentação analítica aplica-
da a processos industriais. O objeti-
sistemas de amostragem, cada qual
adaptado as condições peculiares da
amostra a ser analisada.

INSTRUMENTACÃO ANALÍTICA
instrumentação analítica de proces-
so, que será o objetivo desta série
de publicações. Os analisadores de
processo podem (ou não) ter a ne-
cessidade de utilizar um sistema de
vo deste trabalho é apresentar os amostragem específico. Usualmen-
princípios de medição das variáveis Conceitos gerais te, existem tipos de analisadores
mais utilizadas na indústria, bem que não necessitam de tratamento
como, apresentar e comentar os pro- - Análise qualitativa - É a deter- de amostra e têm o sensor em con-
blemas mais comuns nestes tipos minação dos componentes de uma tato direto com o processo, por
de processos e suas soluções. mistura sólida, líquida ou gasosa. exemplo, o pH e condutividade para
Estamos iniciando este trabalho - Análise quantitativa - É a deter- análise de líquidos e óxido de
com uma introdução ao assunto com minação da quantidade de cada com- zircônia para análise de gás (Oxi-
alguns comentários pertinentes. ponente de uma amostra. Ela é ex- gênio). Em outros a instalação de
Os sistemas de análise industri- pressa em concentração numa das um sistema específico para o con-
ais englobam, geralmente, os seguin- seguintes unidades: % Vol , g/m3 , dicionamento de amostra é impres-
tes elementos: ppm Vol , ppb Vol. cindível pois, do contrár io, os
- Instrumento de análise ou analisadores sofreriam danos
analisador - Equipamento sofistica- Classificação irreversíveis tornando a operação
do, de operação automática e inde- cara e ineficiente, por exemplo, a
pendente, que tem a finalidade de A instrumentação analítica se análise de gases em geral (NOx,
medir uma ou mais características classifica em instrumentação analí- SO 2, etc.).

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 13


DISPOSITIVOS

dimento à legislação ambiental vigen-


te no local, bem como o bem estar
de funcionários e da comunidade
onde a empresa se localiza. Por
exemplo monitorar a emissão de ga-
ses tais como, NOx, SO 2, CO, etc.
em chaminés de caldeiras, termoelé-
tricas, etc.

PRINCIPAIS PARTES
DO ANALISADOR
Figura 2 – Esquema básico de configuração de um sistema analítico
Dentre outros componentes do
analisador propriamente dito podemos
destacar basicamente o detector, que
é o “coração” do equipamento e que é
capaz de converter a variável física
ou a reação química em sinal elétri-
co, sinal este que será enviado então
para ser tratado eletronicamente e
convertido para fornecer ao usuário
um sinal elétrico/eletrônico padrão
para poder ser utilizado pelo sistema
de controle da planta onde o equipa-
mento estiver instalado (figura 3).
Figura 3 – Principais partes do analisador.
DESEMPENHO DO
SISTEMA ANALÍTICO
FUNCÕES DO SISTEMA - Manter a segurança de homens
DE AMOSTRAGEM e equipamentos, permitindo ao usu- Precisão dos resultados e conti-
ário a intervenção ou a monitoração nuidade de funcionamento - Esta é
No entanto, não podemos esque- das condições do processo / ambi- a principal preocupação do usuário
cer que o sistema de condicionamen- ente visando a manutenção das con- quanto a um sistema de análise e para
to de amostra deve ser capaz de dições mínimas para a manutenção que possa ser obtida, o usuário deve
compatibilizar as características dela da segurança pessoal e patrimonial. obrigatoriamente atentar para os pon-
às condições necessárias a perfeita Por exemplo a monitoração da quan- tos, a seguir, antes e após a implanta-
operação do analisador, porém a tidade de CO (Monóxido de Carbo- ção de um equipamento de análise:
amostra nunca pode perder a sua no) emitido durante um processo de - Projeto
representatividade nas condições do queima. - Aplicação adequada
processo para a variável sob análi- - Otimizar a eficiência de equi- - Manutenção preventiva e corre-
se. pamentos, visando um melhor apro- tiva
O sistema de amostragem é veitamento da matéria-prima e, por - Sobressalentes - disponibilidade
constituído por um conjunto de equi- conseguinte, a redução dos custos pelo fabricante.
pamentos que possibilitam: operacionais da planta. Por exemplo
- A captação da amostra; a medição do teor de O2 (Oxigênio) De nada adiantará a aquisição de
- O transporte da amostra; em uma caldeira para manutenção um excelente equipamento se o usu-
- O condicionamento da amostra; da melhor relação ar/combustível ário não atender estas orientações bá-
- O descar te / reprocesso da para que a queima seja adequada. sicas, pois corre-se o risco de termos
amostra; - Melhorar/manter a qualidade aplicado uma grande quantidade de
- A admissão de padrões. de produtos fabricados, através da dinheiro em um produto que não aten-
manutenção da variável monitorada derá a expectativa.
FUNCÕES DO ANALISADOR dentro dos padrões exigidos por nor- Em nossas próximas edições es-
mas ou regulamentos. Por exemplo taremos apresentando uma visão
O analisador de processo tem a medir o pH de produtos alimentícios mais detalhadas dos tipos de medi-
função de fornecer dados para que, ou remédios para que o produto ção, bem como, das soluções para
através da intervenção do homem ou atenda a legislação. os problemas mais comuns apresen-
de controle automático, seja possí- - Controlar a emissão de tados por aplicações que utilizam a-
vel: efluentes industriais, visando o aten- nalisadores industriais. Até lá.

14 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


MECÂNICA INDUSTRIAL

Mesa
XY Samir Kassouf

As mesas XY podem receber vá- em 3 m/s, e um cuidado especial espaço considerável no projeto. Cha-
rias denominações técnicas como deve ser dado às aplicações onde a mamos a atenção do leitor que já vis-
mesas car tesianas, mesas posi- mesa seja instalada na vertical, pois lumbrou uma aplicação deste tipo de
cionadoras, coordenados ou pick & a vida do fuso nesse caso deve ser mesa, que ela é contra-indicada na-
place. Esta variedade de nomes ex- bem avaliada. Pela característica de quelas aplicações onde a mesa fi-
plica em parte a variada gama de trabalho de um só flanco da rosca que na posição vertical, pois o rom-
aplicações que podemos destinar a do fuso, sua versatilidade referente pimento da correia acarreta a queda
esse produto nos diversos setores ao controle das folgas (e conseqüen- do material deslocado. Um ponto po-
da indústria. temente de sua precisão) é maior e, sitivo para este tipo de mesa é a
A mesa XY, na verdade, é a as- portanto, indicado para as aplicações manutenção baixa, e característica
sociação harmoniosa de vários com- de alta precisão como pick & places, da troca rápida da correia, que não
ponentes elétricos e mecânicos de mesas de usinagem, cabeçotes de deixa o dispositivo parado, sem pro-
alta responsabilidade e precisão, e leitura, etc. duzir, por longo tempo.
de alta confiabilidade (figura 1). Há uma característica interes-
Basicamente, temos dois tipos de sante a se observar nesse tipo de COMPOSIÇÃO DA MESA XY
mesa XYcomerciais, visto que o cus- mesa, onde a miniaturização das
to dos motores lineares são ainda guias, fusos e rolamentos possibili- Guias Lineares
muito mais altos para essas aplica- tam a construção de mesas de pe-
ções padrão. Como características quenas dimensões (mesa miniatura). As guias, carros ou buchas linea-
determinantes de cada podemos ci- Já as mesas fabricadas com cor- res são dispositivos de movimenta-
tar que a mesa acionada por fusos reias sincronizadas são mais velo- ção linear de baixo coeficiente de
de esferas recirculares (o fuso de zes (podendo chegar a 5 m/s), po- atrito (0,001), onde várias carreiras
esferas recirculares é o mais indica- rém menos precisas, e são mesas de esferas trabalham em um circuito
do para esse tipo de aplicação devi- nas quais conseguimos altas acele- fechado, e são responsáveis pelo
do ao seu alto rendimento, próximo rações e desacelerações, ideais pra suporte e translado de uma carga,
de 95%, e um baixo desgaste, além aplicações em sistemas de monta- normalmente presa à guia, que por
das características que discultiremos gens. Sua miniaturização é mais di- sua vez corre em um trilho de alta
no decorrer desse ar tigo) Suas fícil e restrita pelas dimensões das dureza.
velocidades máximas são limitadas polias sincronizadas que ocupam um Basicamente, os projetos de me-
sas XY mais modernos aceitam dois
tipos de guias: a circular e a
prismática.
No caso das guias circulares
quando mencionamos que esta é do
tamanho 40 ou tamanho 25, estamos
nos referindo ao diâmetro externo do
eixo de trabalho (em mm, a regra já
não vale para polegada). Já nas
prismáticas (todas padronizadas em
milímetros) os tamanhos 15, 25, 35,
etc. representam, em muitos casos
(não sendo regra) a largura do trilho
de trabalho em mm. Veja na figura
Figura 1 - Mesa XY.
2, um projeto especial e dedicado,

20 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

onde utilizamos dois pares dessas de elevada


guias para movimentar um carro carga, onde
(com acionamento por motor de pas- trabalha um
so) para perfuração de lonas de freio. tipo aberto de
Guias circulares - A guia circu- bucha (veja a
lar é a menos crítica, pode ser figura 3).
fabricada em aço ou em material Referente
polimérico com insertos de aço tem- a lubrificação,
perado, sendo este último uma ten- já existem vá-
dência mais atual de mercado. São rios fabrican-
fabricadas desde o tamanho miniatu- tes que envi-
ra, como 0,18 pol (ou 5 mm), até am as guias já Figura 2 - Projeto onde se utilizaram dois pares de guias circulares.
2 pol.(ou 50 mm) ou mais. A guia cir- lubrificadas
cular é indicada nos projetos de para toda a
transporte de uma carga onde não vida (exemplo das guias prismáticas rística importante deverá ser a bai-
haja muita precisão com folgas late- da ABBA, ou THOMSON), mas para xa velocidade de trabalho da
rais ou rigidez do conjunto, por exem- aquelas que terão que se enquadrar guia.Caso a graxa seja inevitável na
plo, onde as cargas de trabalho não nos planos de lubrificação das fábri- aplicação, usar graxas a base de lítio
devem ser muito grandes. Há tam- cas, sugerimos a aplicação do mes- e evitar aquelas à base de bissulfeto
bém um menor comprometimento da mo óleo destinado aos rolamentos de molibdênio por atacar os anéis de
qualidade da base onde a guia será da fábrica (tão abundante em qual- vedação.
instalada. quer oficina de manutenção), ou para O curso de deslocamento da guia
Uma característica impor tante simplificar, o mesmo óleo aplicado é muito importante para garantir a
dessas guias é a sua capacidade de nos fusos da esfera. recirculação de todas as esferas de
absorver desalinhamentos de mon- Podemos simplificar ábacos e to- um circuito e sua total lubrificação.
tagem, que podem chegar a até 0,5º. mar como base os fusos de esferas, Uma prova visível de que isto não
A velocidade de trabalho não deve que funcionarão também na maioria está ocorrendo, é o desgaste visual
ultrapassar os 3 m/s, visto que aci- dos casos das guias lineares: quan- do trilho. Como outra regra de simpli-
ma dessa velocidade as esferas pa- do a velocidade de trabalho é alta e ficação podemos citar a necessida-
tinam, ao invés de rolar, e desgas- a carga a ser transportada é baixa, de de um deslocamento mínimo da
tam os eixos. sugerimos um lubrificante de baixa bucha de duas vezes o comprimen-
As guias circulares devem ser viscosidade (32 a 68 cst), já quando to da mesma (desconsiderando os
instaladas sempre aos pares. Uma as características da aplicação são selos).
boa regra a ser obedecida é que nas opostas a essa, ou seja, baixa veloci- As buchas sem esferas são mo-
montagens onde a distância entre as dade de trabalho em altas cargas, delos que apresentam um termoplás-
guias do mesmo trilho é "L", a dis- recomendamos os lubrificantes de tico de baixo coeficiente de atrito em
tância entre os trilhos deverá ser ao alta viscosidade (90 cst). Os selos constante contato com os trilhos.
redor de 3 L. Caso haja a necessida- são comuns às guias oferecidas no Esse tipo de bucha pode ser indica-
de de uma distância menor entre as mercado e têm como características do para a indústria alimentícia onde
guias recomenda-se o uso de guias principais, o confinamento do lubrifi- os equipamentos estão sujeitos a
duplas ou chamadas de "twin block" cante na jaula de esferas e a limpe- lavagens periódicas, para ambientes
ou blocos gêmeos. za do fuso ou guia, retirando meca- com contaminantes severos como
Outra dica, que parece ser óbvia nicamente os contaminantes maio- limalha de ferro, plásticos ou areia,
nos projetos mas que na prática não res. A graxa só deve ser utilizada em ou mesmo nas aplicações onde às
é seguida, é que a quantidade míni- aplicações específicas por poder di- buchas devam ser mergulhadas em
ma de guias para um projeto correto minuir a vida das guias com o acúmu- água ou em soluções químicas.
é quatro. Os eixos são superfícies lo de contaminantes, outra caracte- As buchas termoplásticas são
de alta dureza (60 a 65 RC de dure- largamente utilizadas pela indústria
za) e com desvios de tolerância mui- automobilística, e elas estão espa-
to pequenos para proporcionar um lhadas por nossos veículos em mais
deslocamento uniforme e sem trava- de 20 pontos articulados.
mentos no percurso, sendo que eles Guias lineares "quadradas" ou
podem ser suportados apenas em prismáticas - Estas são guias de
suas extremidades (normalmente em alta rigidez (neste caso também cha-
aplicações de pequena carga) ou madas de "patins"), apresentando as
suportados em toda sua extensão por mesmas características das guias
uma base de alumínio parafusada ao circulares de baixa manutenção, bai-
Figura 3 - Guias lineares circulares.
eixo, nesse caso para as aplicações xo atrito, agora aliada as caracterís-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 21


MECÂNICA INDUSTRIAL

ticas de uma capacidade de carga xando-o em condições similares às Observe que em nenhum dos
maior e a alta rigidez . de um fuso novo. Porém, a mais co- exemplos dados, um erro de posiciona-
Tomemos como exemplo o fabri- mum em nosso país é a recupera- mento pequeno poderia prejudicar o
cante ABBA que apresenta os mo- ção da pista, limpeza e troca das processo. Já na indústria de usinagem,
delos BR15, 20, 25, 30, 35, 45 e 55. esferas (que devem estar dentro da ou nos processos de fabricação de
Estas guias apresentam variados mesma tolerância de diâmetro). As fibras ópticas, uma folga na castanha
modelos, capacidades de carga, jo- esferas encontradas comercialmen- pode comprometer o processo. Nas
gos radiais, tolerâncias, etc. No con- te não se enquadram na tolerância e mesas destinadas a essas aplicações
ceito desse fabricante, também não dureza exigidas nas aplicações com a solução encontrada foi a de se com-
há a necessidade do plano de lubrifi- fusos de esferas. A utilização des- por duas castanhas e tensioná-las uma
cação, pois a guia já vem com o lu- sas fará com que sempre algumas contra a outra, fazendo com que a
brificante para a vida. esferas (as maiores) se sobrecarre- folga seja retirada do sistema (chama-
guem, e tenham sua vida encurtada, mos de pré-carga), e nessas aplica-
FUSOS DE ESFERAS além de que ao se desintegrarem, ções usamos fusos retificados. Exis-
elas estarão prejudicando as outras te também a castanha simples pré-
Os fusos de esferas (figura 4) são esferas, visto que seus fragmentos carregada, onde diferentes ângulos de
os responsáveis pelo transporte fí- se prenderão à pista do fuso, geran- hélice na castanha do fuso geram um
sico da carga nas mesas XY. Sua do mais danos aos equipamentos. tensionamento interno a mesma.
concepção, utilizando esferas Segundo a Kalatec Automação, que As folgas referentes ao fuso de
recirculantes, possibilita um transla- faz este serviço há mais de oito anos, esferas são estabelecidas como pa-
do suave, uniforme, de baixo atrito 20% dos fusos que chegam para re- drão em um comprimento de 1 pé
da carga e até livre de folga em cer- paro, não têm condições de recupe- (304,8 mm). Por exemplo, a norma
tas aplicações. Oferecidos nas mais ração devido a pistas muito danifi- ISO estabelece como grau 5, que o
diversas versões como: castanha cadas ou tubos de retorno (interno ou desvio máximo em 304,8 mm do fuso
simples, castanha dupla com pré- externos) gastos e sem similares deverá ser 0,001 pol ou 0,0254 mm.
carga ajustável, castanha simples entre as marcas mais populares. A especificação técnica do fuso co-
com pré-carga fixa ou castanha sim- Basicamente temos dois tipos de meça atrelada à velocidade de deslo-
ples com pré-carga ajustável. fusos no mercado, o chamado "rola- camento da mesa. As mesas mais
Hoje em dia, no Brasil, devido a do" onde o processo de compressão velozes deverão ter passos maiores,
grande variedade de fabricantes e de um tarugo entre duas ferramentas por exemplo, 16 a 25 mm, já as de
modelos encontrados no mercado, de conformação concede uma pista velocidades menores podem e devem
há por vezes a necessidade de re- de rolagem em hélice, e o “retificado”, usar fusos com passos menores
cuperação do fuso, pois existem fa- que sofre ainda um processo de retifi- como 9 ou 12 mm, visto que com isso
bricantes que utilizam valores de pas- cação gerando superfícies mais uni- não sobrecarregam o acionamento.
sos completamente diferentes dos formes e com isso uma maior preci- Nas empresas especializadas,
normalmente encontrados no merca- são. A diferença de custo entre os dois normalmente a especificação técni-
do (ou castanhas com dimensões é sensível, sendo que os fusos rola- ca dos fusos fica a cargo de três
especiais). Como a fábrica não tem dos são utilizados em movimentos de ábacos que analisam a velocidade
acesso ao software de comando para transporte, como exemplo, em uma crítica, a compressibilidade e a vida
implementar uma compensação des- mesa de deslocamento de um leitor do fuso.
se avanço, o que resta é a recupera- de umidade (usado em uma máquina
ção do conjunto. de papel, impressoras, etc.), que deve CELA
Esta recuperação pode se enqua- "varrer" constantemente, em movi-
drar em quatro modalidades que vão mentos repetitivos, a largura da bobi- O que chamamos de "cela" nada
desde a simples limpeza do fuso até na e coletar dados de umidade, para mais é do que a plataforma de con-
a retificação completa de sua pista uma possível correção nos processos tato da mesa, onde será fixado nos-
(com um novo tratamento térmico por anteriores de secagem. Ou ainda, num so equipamento (ou em aplicações
têmpera e a troca de esferas), dei- sistema de corte e solda de chapas, mais raras o ponto que ficará fixo,
onde a primeira mesa é responsável com o deslocamento de toda massa
pela "puxada" do material, ou seja, a inercial da mesa passando por ele).
mesa quantifica o material a ser tra- Observe que as dimensões da
balhado, uma segunda mesa executa "cela" deverão ser baseadas no equi-
a aproximação do sistema de solda e pamento a ser instalado nela, evi-
uma terceira aproxima e desloca um tando-se ao máximo superdimen-
disco de corte à operação final (pode- sioná-la, lembrando que a mesma
ríamos até num estágio próximo ter deverá ser transportada também pelo
uma mesa encarregada do acionamento (podendo até ser
Figura 4 - Fuso de esferas.
empilhamento das chapas). fabricada em alumínio com alívio de

22 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

materiais para diminuição de peso e cações, isto não é necessário. do por tanto ser especialmente
inércia e, conseqüentemente, dimi- Uma das vantagens dos fabrican- projetados e construídos para isso
nuição de seu acionamento). tes atuais, como a AMP (Applied Mo- (figura 7).
No caso de um ambiente conta- tion Industries - USA), é a utilização Como todos os redutores, eles
minado onde haja a necessidade de de um "HUB" que consegue contro- são responsáveis pelo aumento de
uma proteção sanfonada, a mesma lar, de maneira simples e uniforme, torque do motor ou a redução da inér-
deverá ter uma de suas extremida- até oito motores de passo ou servos. cia da carga a ser transportada. Ba-
des fixa na cela. Normalmente a Outra vantagem é a programação sicamente existem dois tipos de re-
"cela" alojará em sua base a casta- simples que dispensa manual ou co- dutores de precisão no mercado. O
nha do fuso e no mínimo as quatro nhecimentos prévios de programa- primeiro são os redutores planetári-
guias (ou mais), o que já lhe outor- ção, além da capacidade de teste on- os que apresentam características
gará um tamanho mínimo. line. de trabalho definidas como rendimen-
Os drivers já vêm com caracte- tos de 85 a 95%, folgas ao redor de
MANCAIS DE APOIO rísticas de um PLC, isto é, eles apre- 10’ e instalação em linha, ocupando
sentam a capacidade de receber pro- um pequeno espaço na aplicação
Nas extremidades dos fusos e gramas, apresentam oito entradas e ( design extremamente compacto).
guias temos os rolamentos e seus 3 saídas digitais programáveis e Esses modelos são limitados por
mancais, normalmente esses são configuráveis via software e, como aplicações onde se necessite de alto
especificados levando-se em consi- já foi dito, este software pode con- torque.
deração as forças que lhes são im- trolar desde um eixo solitário até a Há também um modelo de redu-
postas pelo fuso, pela carga ou até integração de oito eixos (salientan- tor de coroa-sem-fim com baixíssimo
forças externas, assim como as con- do novamente que o software é de backlash (menor que os redutores
dições do ambiente de trabalho, que fácil compreensão dispensando co- planetários e trabalhando com torque
poderão até exigir retentores nas nhecimentos prévios de programa- maiores, e um dos fabricantes, a
extremidades das mesas. ção, o que dá acesso até ao "chão- girard transmissions, da França, tra-
de-fábrica" de programá-lo). Veja na balha com esses redutores, onde se
ACIONAMENTOS figura 6. pode definir três tipos básicos de
Existem também os drivers que folgas:
Uma mesa XY pode ser aciona- recebem apenas um sinal de pulso BASIC - folga < 10´
da por motores AC, DC, AC síncrono, padrão TTL e um sinal de direção, de MEDIUM - folga < 5´
motor de passo, servomotor, etc. um PLC, por exemplo. EXPERT - folga < 1´
Levando-se em consideração o grau Com esses dois sinais, o driver é Sendo que, no modelo Expert
de precisão e confiabilidade exigido, totalmente dirigível e programável, pode-se ainda ajustar a folga, na
os dois últimos acionamentos são os agora via PLC ou outro indexer com tentativa de minimizá-la com o des-
mais utilizados. essas saídas. gaste do uso, ou adequá-la a apli-
Os perfis de operação dos servos cação. Esses conjuntos já vêm
e dos steppers são muito similares, REDUTORES com o acoplamento sem folga ade-
sendo que o servo é mais utilizado quado, caixas leves fabricadas em
nas operações onde há uma dinâmi- Os redutores aplicáveis às mesas liga alumínio-magnésio, não têm
ca maior de movimentos e onde ve- XY, devem manter as características chavetas de conexão (o que
locidades de trabalho superior a 1200 de alta precisão do sistema, deven- inviabilizaria uma aplicação com
RPM devam ser alcançadas. Obser-
vamos que o motor de passo é a al-
ternativa mais barata para acionar
estas mesas, por apresentar a ca-
racterística de trabalhar em "looping
aberto", isto é, sem nenhum dispo-
sitivo como encoders e resolvers (fi-
gura 5) que fiquem constantemente
checando e corrigindo seu posiciona-
mento; sendo que a ausência dos
mesmos propicia drivers de controle
mais simples (sem PID) e, porque
não dizer, menos custosos.
Em um motor de passo pode ser
incluído um encoder, deixando-o com
as características de um servo, mas Figura 5 - Encoders e resolvers.
podemos dizer que em 95% das apli-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 23


MECÂNICA INDUSTRIAL

Os mais indicados para fontes especiais, limitadores de


as mesas XY são Jaw torque etc.
(ou aranha), Oldham e Já como equipamentos especiais
Bellows, sendo que o se- podemos citar, além das guias
gundo modelo é o que, na poliméricas Nyliner e Fluornyliner,
prática, mais se adequa uma guia especial fabricada pela
às mesas por poder ser Thomson Industries, indicada para
tri-partido, sendo que um ambientes de elevada contaminação
cubo de alumínio fica li- e com elevadíssima capacidade de
gado ao eixo do motor e carga, a guia especial chamada de
um segundo cubo preso Roundway, ela tem alta durabilidade
ao fuso e, na montagem, e baixa manutenção.
um disco polimérico de Para aplicações especiais a car-
acetal fará o trabalho de ga será suportada por roletes de aço
Figura 6 - IHM, Hub, dois drivers programáveis com fonte e
dois sem fonte. conectar e de corrigir os de extrema dureza. Uma corrente
desalinhamentos desses que desliza na lateral dos roletes é
dois eixos principais. Ou- responsável por sua recirculação dos
tra vantagem desse modelo é que a mesmos sobre um eixo de apoio.
peça de desgaste, isto é, o disco de Para ilustrar nossa aplicação, pode-
acetal pode ser facilmente reposto e mos dizer que uma guia Roundway
o mesmo pode ser utilizado em rota- simples pode carregar até 20 tonela-
ções tão altas como 4000 rpm e em das, já o modelo duplo transporta até
ambientes com severa contaminação. 30 toneladas de carga.

PROTEÇÕES MONTAGEM

As mesas podem ainda ser prote- A montagem de uma mesa XY é


gidas contra contaminantes externos um processo laborioso de paciência,
Figura 7 - Exemplo de redutor.
fazendo uso de proteções externas onde o cuidado com a montagem dos
ou coifas, que têm por objetivo cobrir diversos componentes se refletirá no
folga zero) e várias opções de mon- o fuso e as guias e isolá-los do meio desempenho do equipamento.Vamos
tagens. ambiente. Essas proteções são fibras aqui nos ater à montagem das bu-
ou tecidos revestidos de uma cama- chas circulares, que são mais fáceis
ACOPLAMENTO da plástica, comumente sanfonadas e de menos comprometimento no
ELÁSTICO SEM FOLGA (para acompanhar os movimentos projeto. Já para as prismáticas, os
das mesas), muitas vezes feitas de procedimentos são mais criteriosos
Outro componente de fundamen- material especial para se adaptar às exigindo equipamentos e dispositi-
tal necessidade é o acoplamento condições do cliente. vos dedicados.
elástico e precisão (especiais) que Por exemplo: Uma mesa aplicada Dois pontos de fundamental im-
como todo acoplamento deve absor- em um autoforno pode receber uma portância devem ser considerados:
ver desalinhamentos laterais e an- camada de alumínio para evitar as ¨ Alinhamento dos mancais
gulares, sem ter a temida folga dos constantes fagulhas do processo. Há ¨ Paralelismo dos eixos.
sistemas. também as proteções telescópicas, É necessário assegurar que a al-
É muito comum aplicações onde feitas de alumínio ou aço que podem tura da base do mancal da guia até
tudo é feito com muito critério e preo- ser uma boa alternativa para essas o eixo esteja dentro de 0,025 mm, e
cupação, mas que o detalhe do aplicações de alta temperatura e alto caso isto não esteja ocorrendo, cal-
acoplamento com folga zero é ne- grau de contaminantes. ços calibrados devem ser colocados
gligenciado, sendo um fator de erro na base dos mancais. Aqui vale tam-
no produto e de performace não tan- PERIFÉRICOS bém ressaltar que as guias abertas
to visível (figura 8). E EQUIPAMENTOS ESPECIAIS (com trilhos totalmente apoiados),
Infelizmente, para esse produto são menos suscetíveis ao problema
ainda não temos nenhum fabricante Os equipamentos periféricos são de desnível na montagem. Sua ca-
nacional, dependendo inteiramente aqueles usados esporadicamente racterística construtiva nos habilita
do mercado externo. Podemos citar nos projetos como proteções, enco- a desprezar pequenas diferenças
como os modelos de acoplamentos ders, redutor, acionamento, chave fim- nestas cotas.
mais comuns: Corrugado ( Bellows de-curso, chave de fim-de-curso rota- Os mancais podem ser monta-
type), Membrana (Membrane type), tivo (ligada ao eixo do fuso), mano- dos às "celas", seguindo as seguin-
Oldham, Universal, Multibiam e Jaw. plas para acionamentos manuais, tes determinações:

24 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

ao lado usado de referência na letra gundo eixo deve se alinhar, e ser pa-
"b", e aperte em definitivo seus pa- rafusado em definitivo.
rafusos de fixação. e - Como última etapa, um reló-
Com isso, garantimos que os gio comparador pode se apoiar na
mancais estão propriamente alinha- "cela" e checar seu desvio em todo
dos. Agora vamos alinhar os eixos o curso da mesa.
que não podem exceder 0,025 mm
de paralelismo em todo o seu com- CONCLUSÃO
primento. Isto pode ser conseguido
com o seguinte procedimento: As mesas XY são, hoje em dia,
a - Monte um dos eixos (total- os meios de transporte e posiciona-
Figura 8 - Exemplo de redutor. mente suportados ou só nas extre- mento de precisão mais econômicos
midades) com baixo aperto nos pa- do mercado. Na atualidade existe
a - A placa ou cela deverá ter um rafusos de fixação. uma constante perseguição da Pneu-
lado de referência ou fresado, onde b - Usando um dispositivo de ali- mática e Hidráulica para posiciona-
os mancais das guias serão presos. nhamento como laser, alinhe um dos mentos precisos e repetitivos, mas
b - Monte firmemente dois eixos, referenciando-o em relação à esses objetivos ou ainda não foram
mancais referenciando-os por um base de fixação do equipamento. alcançados (deixando as por tas
lado de referência, garantindo com c - Depois da fixação deste pri- abertas para a proliferação dos mais
isso seu perpendicularismo. meiro eixo, o segundo eixo deverá variados projetos de mesas nas fá-
c - Monte o segundo par de ser montado com uma leve pressão bricas de todo mundo) ou necessi-
mancais no lado oposto, dando uma nos parafusos de aperto. tam de vários periféricos para conse-
leve pressão nos parafusos. d - Agora, com toda a "cela" co- guir a precisão necessária, encare-
d - Insira o eixo pelos mancais e locada sobre eixos, e em movimen- cendo e inviabilizando muito o
cheque as distâncias, com relação tos repetitivos de ida e volta, o se- projeto. ¨

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 25


DISPOSITIVOS

Sensores de posição
com a tecnologia
magneto-restrição
Gilberto Abrão Jana Filho

s sensores de posição li-

O near vêm sendo cada vez


mais utilizados em au-
tomação de máquinas. Sua
aplicação mais comum é em
servocontroles, mas há várias outras
possibilidades como, por exemplo, no
controle de nível de líquidos.
Existem várias tecnologias para
o controle de posição linear. As mais
comuns são a régua potenciométrica
e a régua óptica. A primeira possui
um potenciômetro resistivo em seu
interior e a resposta dada na saída é
uma resistência proporcional à posi-
ção do cursor; já a régua óptica fun-
ciona com o mesmo princípio do
encoder, gerando pulsos proporcio-
nais à posição do cursor.
A mais moderna tecnologia de
sensor linear é a da magneto-restri-
ção (magnetostriction, em inglês). Ela
permite a construção de um sensor
totalmente sem contato entre o Figura 1 – Princípio de funcionamento do sensor
cursor e o elemento sensor, além de magnetorestritivo.
proporcionar altíssima resolução, in-
formação da posição de forma abso-
luta (não sendo necessária a colo- Wiedemann: quando uma corrente so sônico é gerado e retorna à ca-
cação de sensores de referência) e passa pelo guia de onda, na presen- beça do sensor, é detectado e o
múltiplas opções de sinal de saída. ça de um campo magnético, uma temporizador pára.
força torcional é exercida sobre ele. 3- Como a velocidade de pro-
O QUE É A A seqüência de eventos de uma pagação do pulso é conhecida e
MAGNETO-RESTRIÇÃO medição de posição é: precisa (tipicamente 0,35 µs/mm),
1- Um pulso de corrente, chama- o tempo medido representa a dis-
A magneto-restrição é a proprie- do pulso de interrogação, é aplicado tância entre a cabeça do sensor
dade apresentada por alguns materi- ao guia de onda (o circuito é comple- e o cursor.
ais ferromagnéticos, onde o material tado por um fio de cobre de retorno), 4- O tempo medido serve para
se expande ou se contrai quando e um temporizador é inicializado. Este gerar a saída desejada que pode ser
colocado em um campo magnético pulso gera um campo que percorre o analógica (4-20 mA, 0-10V,...),
(veja figura 1). O elemento sensor guia de onda. Profibus, Devicenet, SSI, etc..
de um sensor magneto-restritivo de 2- Na posição do cursor há um
posição é o “guia de onda”, um longo magneto que gera um campo mag- AS VANTAGENS
e fino fio ou tubo de material nético e este causa a torção no guia
ferromagnético. Outra característica de onda. Quando o pulso de interro- Os sensores magneto-restriti-
destes materiais é o efeito gação encontra esta torção, um pul- vos de posição possuem diversas

26 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
DISPOSITIVOS

Figura 2 – Sensores para montagem


externa.

vantagens em relação a outras


tecnologias. A possibilidade de fa-
zer uma medição sem contato per-
mite que a vida útil deste tipo de
sensor seja muito superior à da ré-
gua potenciométrica, visto que esta
última sofre desgaste pelo contato
que desliza sobre seu elemento
sensor.
Outra grande vantagem é que,
como não há contato, é possível que
o elemento sensor e o circuito ele-
trônico do sensor magneto-restritivo
possam sem montados em en-
capsulamentos totalmente à prova
de pó e de líquidos.
A faixa de atuação do sensor pode
chegar até 15 metros (dependendo
do modelo), enquanto seus concor-
rentes chegam a poucos metros.
Além disso, esta tecnologia per-
mite que mais de um cursor possa
ser instalado em um mesmo Figura 3 – Sensor para montagem interna em cilindro hidráulico.
sensor, possibilitando uma grande
economia em algumas aplicações.
Outra possibilidade é que além da
saída proporcional à posição, é
possível termos uma saída propor-
cional à velocidade de movimento
do cursor.

MODELOS
DISPONÍVEIS

Há três tipos básicos de monta-


gem disponíveis:
- Para montagem externa (veja fi-
gura 2), que é instalado ao lado do
dispositivo a ser medido, e este é
mecanicamente ligado ao cursor.
Existem cursores que podem desli-
zar sobre o sensor e outros que po-
dem flutuar sobre ele.
- Para montagem interna em ci-
Figura 4 – Vista em corte da montagem em cilindro hidráulico.
lindro hidráulico (observe a figura 3),

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 27


DISPOSITIVOS

Figura 5 – Sensores com haste


flexível.

Figura 7 – Sensores empregados em uma máquina injetora.

- Servoválvula - ±0-50 mA ou ±10 mação para controlar a taxa ou a


V; este tipo de sensor (figura 6) pos- quantidade de plástico alimentado ou
sui um servocontrolador embutido e expandido dentro do molde.
permite o controle da servoválvula - Cilindros pneumáticos: o sen-
Figura 6 – Sensores tipo
servoválvula. diretamente, sem o uso de um servo sor pode ser instalado ao lado do
controlador externo. cilindro para informar sua posição
atual.
que possui uma haste de aço inox A resolução alcançada por estes - Máquinas injetoras de metal:
onde o elemento sensor é instalado. sensores pode chegar a 0,002 mm o sensor informa a posição do cilin-
Este tubo pode suportar pressão de para a saída digital ou infinita para dro hidráulico que força o metal para
mais de 5000 psi e é instalado dentro saída analógica. dentro do molde.
do cilindro (que deve ter seu êmbolo - Indústria do entretenimento: o
furado). Um magneto é instalado no APLICAÇÕES sensor pode informar a posição de
êmbolo (figura 4), e com isto tem-se cadeiras ou plataformas móveis uti-
a medida da posição do cursor do ci- Devido a sua alta vida útil e sua lizadas em diversos brinquedos de
lindro. Este tipo de montagem tem robustez, o sensor magneto-restritivo realidade virtual.
uma grande vantagem, pois há gran- de posição linear pode ser usado em - Nível de líquidos: com o uso
de redução do espaço ocupado para diversas aplicações industriais ou até de um sensor com haste de aço inox
instalação do sensor. Além disso, no mesmo comerciais. com uma bóia munida do magneto,
caso de uma manutenção, pode-se re- - Máquinas injetoras: os sensores é possível medir o nível de diversos
tirar somente a eletrônica e o elemento podem ser utilizados em três locais: tipos de líquido, inclusive combustí-
sensor, ficando o tubo de aço inox o controle da injeção, o controle da veis, uma vez que se pode usar um
dentro do cilindro. extração e o controle da abertura do sensor magneto-restritivo com segu-
- Sensor com haste flexível (na molde (observe a figura 7). Com o rança intrínseca.
figura 5), que permite a instalação uso deste sensor pode-se reduzir sen- - Máquinas agrícolas: o sensor
em locais onde era impossível a ins- sivelmente o índice de trocas das ré- tem diversas aplicações; uma delas
talação de sensores de posição. guas potenciométricas comuns. é controlar a profundidade que o ara-
- Cilindros hidráulicos: como foi do deve penetrar na terra.
Com relação ao tipo de sinal de dito anteriormente, a instalação den-
saída pode-se escolher entre: tro do cilindro hidráulico facilita a ins- Além destas, existem ainda apli-
- analógica - 0-20 mA, 4-20 mA talação e permite inúmeras aplica- cações na siderurgia, máquinas de
ou 0-10 V; ções. processamento de alimentos, simu-
- SSI – interface serial síncrona - Prensas e dobradeiras: pode- ladores de vôo, etc.
24 ou 25 bits, binário ou gray code; se reduzir o tempo de preparação de
- Profibus-DP; máquina tendo uma informação ab- Sites sugeridos
- Interbus-S; soluta da posição. - www.temposonics.com
- CANopen; - Máquinas de molde por sopro: - www.metaltex.com.br
- Devicenet; o sensor pode dar o retorno de infor-

28 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


ENERGIA

Protetores
de
linha Newton C. Braga

Além de energia e dados, uma linha de transmissão pode tra-


zer muito mais do que a energia e a informação de que precisa-
mos. Assim, de forma indesejável, podem chegar surtos,
transientes e outras perturbações capazes de afetar não somen-
te a qualidade da energia e a integridade dos dados como tam-
bém causar sérios danos aos equipamentos conectados.

anto a energia que chega atra- são de energia ou de dados, pode

T vés de uma linha de transmis-


são como os dados que vêm
pelos cabos não são puros,
nem completamente livres de pertur-
bações ou deformações.
induzir picos de tensão de curta
duração, mas de valores muito ele-
vados.
Quando um raio se estabelece,
mesmo que seja através de um pára-
Figura 1 – Campo de corrente criado
pelo raio.

Em artigos na Revista Saber Ele- raios, conforme mostra a figura 1,


trônica, abordamos por diversas ve- um campo de corrente é criado indu-
zes os problemas que decorrem da zindo tensões cujo valor depende jus-
qualidade da energia e também os tamente do gradiente desse campo.
meios para evitar que eles apare- Um cabo que atravesse esse
çam, ou se aparecerem, a forma de campo de correntes pode ser sub-
saná-los. metido a um processo de indução
Os equipamentos industriais que extremamente intenso, capaz de fa-
utilizam dados enviados por cabos e zer aparecer picos perigosos que se
sendo ainda alimentados por energia propagam até os dispositivos liga-
vinda da rede local, são sensíveis a dos em suas extremidades.
uma série de perturbações que pre- Verifica-se que os efeitos de uma
cisam ser evitadas. descarga atmosférica podem afetar Figura 2 – Centelha entre cabo
Operação de forma indevida, quei- equipamentos eletrônicos a uma dis- e ponte.
ma freqüente de circuitos ou até mes- tância de até 3 km.
mo acidentes podem ser causados Evidentemente, uma descarga causar a queima completa de todos
por problemas que não são gerados direta no cabo ou num poste que fixe os seus circuitos.
no próprio equipamento, mas que esse cabo, é ainda mais perigosa. Também é importante observar
vêm de fora na forma de picos de Centelhas saltam com facilidade que os picos de tensão, gerados por
tensão, surtos e transientes. entre estruturas metálicas e cabos descargas atmosféricas, não ocor-
ou entre cabos, conforme ilustra a rem apenas durante uma tempesta-
DESCARGAS ATMOSFÉRICAS figura 2, criando também uma situa- de com raios.
ção de indução de pulsos perigosos A presença de cargas na atmos-
Uma das principais fontes de per- de alta tensão, os quais se propa- fera é constante, e as descargas
turbações que afetam a transmissão gam até os equipamentos conecta- podem acontecer até mesmo em dias
de energia e de dados através de ca- dos a esses cabos. sem nuvens.
bos expostos ao meio ambiente é a Os picos de tensão que apare- Faiscamentos devidos a cargas
resultante de descargas atmosféricas. cem nas extremidades dos cabos e acumuladas no ar, com menor in-
Um raio, mesmo que caia a uma que portanto são aplicados aos equi- tensidade, podem perfeitamente
distância considerável do local por pamentos, podem chegar a milhares surgir gerando transientes da mes-
onde passa uma linha de transmis- de volts com energia suficiente para ma forma, capazes de causar da-

30 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ENERGIA

Figura 3 – Faiscamentos a cargas


acumuladas.

nos aos equipamentos, veja a fi-


gura 3.
Para proteger os equipamentos
contra esses picos de transientes,
que podem atingir valores elevados, Figura 4 – Protetor tipo Figura 5 – Protetor para linha
existem diversas técnicas. “shunt”. telefônica.

AS PROTEÇÕES
Para as tensões normais do circui-
A idéia básica de um sistema de to, que correspondem aos sinais ou à
proteção é desviar para a terra o pico energia que está sendo transmitida,
de alta tensão que se propaga atra- eles apresentam uma resistência
vés da linha de transmissão de ener- muito alta, não afetando o circuito.
gia ou de dados, antes que ele che- No entanto, para tensões acima
gue ao equipamento sensível. de um determinado valor (que é a ten-
Esse sistema é denominado são nominal do dispositivo), eles co-
"shunt", sendo o mais comum. mutam, apresentando uma resistên-
Dessa forma, para a proteção da cia muito baixa.
Figura 6 – Curva característica de um
linha de alimentação, ligamos o dis- Conforme ilustra a figura 7, onde varistor de óxido de zinco.
positivo em paralelo com ela, na en- temos a estrutura granulada de um
trada do equipamento, observe a fi- dispositivo desse tipo, uma cente- Na figura 8 temos um exemplo
gura 4. lha ocorre através do dispositivo des- dessas tomadas.
Para uma linha de transmissão de viando a energia do pulso de Evidentemente, para máquinas
dados como, por exemplo uma linha transiente. Nesse desvio da energia industriais e outros equipamentos
telefônica, ligamos o dispositivo em temos dois fatores importantes a sensíveis, o varistor pode ser agre-
paralelo antes da entrada no equipa- considerar. gado internamente à entrada de ener-
mento. Atente para a figura 5. O primeiro, é que o dispositivo gia do circuito.
A ligação à terra é muito impor- deve ser capaz de absorver a ener-
tante, se bem que em alguns casos gia da centelha, o que, nos casos Centelhadores
seja aproveitado, o retorno da pró- mais graves como, por exemplo, na
pria linha ligado à terra. queda de um raio próximo ao próprio Os centelhadores são dispositi-
O dispositivo utilizado é normal- cabo, pode superar sua capacidade vos de proteção que se baseiam
mente algum tipo de componente que causando sua destruição. na rigidez dielétrica do ar ambien-
apresente uma resistência elétrica O segundo, é que os efeitos do te. O ar é um isolante até determi-
muito baixa para o transiente, mas centelhamento através do dispositi- nado ponto. Se a tensão superar um
que seja visto como um circuito aber- vo são cumulativos, ou seja, a cada determinado valor, o ar perde suas
to para o sinal ou energia que deve pulso absorvido a centelha "gasta" propriedades isolantes, ioniza-se e
chegar ao equipamento. um pouco o dispositivo, queimando passa a conduzir intensamente a
Diversos são os dispositivos em- granulos de sua estrutura e, com o corrente elétrica. É o que sucede
pregados para essa finalidade. tempo, ele pode deixar de funcionar. com a própria descarga atmosféri-
Os varistores são muito usados ca, quando a umidade da chuva,
Varistores nas tomadas protegidas de compu- no momento em que ela se forma,
tadores, mas que servem para qual- reduz a rigidez dielétrica do ar a
Os varistores de óxido de zinco quer tipo de equipamento de uso do- ponto de permitir o aparecimento
(SIOVs, MOVs, etc.) são componen- méstico ou mesmo industrial que te- das descargas entre as nuvens e
tes que têm uma curva característica nha sensibilidade a surtos que se entre as nuvens e o solo na forma
semelhante à mostrada na figura 6. propaguem pela rede de energia. de raio.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 31


ENERGIA

Para o ar seco, a rigidez dielétrica O tipo de gás também determina


do ar é de aproximadamente 10 000 quanta energia o protetor pode ab-
V/cm, para eletrodos planos. sorver sem que ele mesmo seja
Isso significa que duas placas de destruído.
metal separadas por uma distância
de 1 cm, conforme visto na figura 9, Circuitos
podem isolar uma tensão de até comerciais
10.000 V.
Uma tensão maior "rompe" o Na figura 11 temos um exemplo
dielétrico que é o ar, e a centelha apa- de protetor que emprega diversos
rece. dispositivos diferentes de modo a se
Para eletrodos em forma de pon- obter energia limpa para alimentação
ta, a distância diminui, e é aí que de um equipamento a partir da rede
Figura 8 – Tomada protegida.
entra em cena o centelhador usado de 220 V.
na proteção de linhas telefônicas e Conforme o leitor pode ver, na
de dados de muitos equipamentos, entrada temos um protetor a gás du-
inclusive telefones comuns. plo para uma tensão de 260 V. Esse
Esse componente é formado por dispositivo conduz para a terra qual-
duas pontas ou agulhas separadas quer pulso de tensão ou transiente
por uma distância que depende de cujo valor de pico ultrapasse os 260
qual seja a tensão que desejamos V.
para que ele entre em ação. Acom- A seguir, temos 3 varistores de
panhe a figura 10. óxido de zinco de 180 V que atuam
Se um pico de tensão, causado se o pico de tensão estiver num va-
por uma descarga atmosférica, por lor intermediário entre o pico da rede Figura 9 – Isolação de até
exemplo, chegar ao centelhador, ocor- de energia (155 V, aproximadamen- 10 kV.
re a ionização do ar entre suas pon- te) e os 260 V.
tas e uma faísca surge absorvendo Finalmente, temos 3 diodos
a energia e evitando que ela chegue zeners de 180 V que proporcionam a
ao aparelho. proteção final para o equipamento
alimentado.
Centelhadores a gás Os resistores de baixo valor em
série com o circuito não causam
Dentro de uma ampola cheia de perdas apreciáveis na tensão e ao
gás são colocados eletrodos. mesmo tempo servem como
O tipo de gás é que determina fusistores, ou seja, abrem o circui-
basicamente a tensão de ionização, to se ocorrer um curto, quer seja
e portanto, o ponto de condução. devido a problemas na proteção,
Quando a tensão de condução é quer seja devido a problemas no
atingida, o gás ioniza-se e passa a próprio equipamento protegido que Figura 10 – Centelhador para proteção
de linha telefônica.
apresentar uma resistência muito tenham outras causas.
baixa.
Nessas condições, o pulso de alta
tensão presente na linha protegida é
desviado para a terra.

Figura 7 – Centelha através da estrutura


granulada do varistor. Figura 11 – Circuito protetor para linha de 220 V que utiliza diversos dispositivos.

32 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
AUTOMAÇÃO
SOFTW
ROBÓTICA
ARE
SOFTWARE

Inversores vetoriais:
Explorando
os fundamentos
Alaor Mousa Saccomano

Neste artigo, abordaremos o detalhamento do funcionamento


de um inversor acionado por controle vetorial. Em uma perspec-
tiva conceitual, para um assunto muito discutido e extremamente
Rockwell/divulgação

complexo, verificaremos o que acontece com o motor elétrico no


ambiente do controlador e entender o significado dos eixos Q e D
aplicados no processo de controle vetorial.

s inversores de freqüência a questão: como funciona o controle cessitam, além do valor de sua in-

O para acionamento de mo-


tores de indução trifásicos
são, sem sombra de dúvi-
da, alguns dos equipamentos mais
utilizados hoje na indústria, devido
de um Inversor Vetorial?
Vários ótimos livros têm sido es-
critos, sempre na maior parte, senão
em todos os casos, apresentando a
abordagem matemática do assunto,
tensidade, definições mais específi-
cas quanto a direção (“de onde vem
e para onde vai”) e logicamente o sen-
tido (“está vindo ou indo?”). Estas
são ditas vetoriais. Lembrando da Ma-
às grandes facilidades encontradas que é, por si só, extremamente com- temática, um vetor é um segmento
nestes poderosos equipamentos, plexa. Tentaremos, com o mínimo de orientado que define intensidade, di-
quanto ao controle de velocidade e abordagem matemática possível, reção e sentido. Entre as inúmeras
torque, sentido de rotação, proteções esclarecer os pontos de um modo aplicações para vetores, temos as
internas contra faltas e erros de mais conceitual. que definem força, velocidade e ace-
processamento, falhas de sobrecar- leração. Veja na figura 1.
ga e sobretemperatura, possibilida- VETORES E VETORES... Além disso, há todo um universo
de de conexões via redes industriais matemático para atuação de vetores:
com outros dispositivos, sistemas de Para entendermos o comporta- adição de vetores, produto vetorial,
controles internos para aplicação em mento do controle vetorial, inicial- espaço e sub-espaço… que nós omi-
sistemas de controle de vazão e flu- mente vamos tentar explorar o que tiremos aqui, apesar de que com esse
xo… e poderíamos destacar outros vem a ser um vetor. Os elementos conhecimento tudo ficaria mais fácil.
inúmeros benefícios agregados a que definem uma situação física, ca- Bom, é só voltar aos livros de Geo-
este produto. Não há produtos mais racterizando-a de modo completo é metria Analítica…
confiáveis e de melhor resposta di- denominado de grandeza, ou melhor,
nâmica (resposta rápida e de robus- grandeza física. Esta, basicamente MAIS CONCEITOS
ta estabilidade) do que os inverso- pode ser definida quanto ao aspecto
res de freqüência. intensidade, isto é, definida apenas Ainda visando facilitar ao leitor, al-
Se, contudo, nos concentrarmos em base numérica. Por exemplo, o gumas definições devem ser enunci-
apenas no “inversor puro”, temos tempo, área, volume, temperatura… adas. Não podemos perder a oportu-
basicamente três pontos importan- entre outros são exemplos de gran- nidade de homenagear aqueles que
tes: a estrutura de potência, o dezas que podem ser totalmente ca- muito contribuíram para o nível do de-
controlador e a interface com o usuá- racterizadas apenas com um valor senvolvimento tecnológico que che-
rio. Diversos ótimos artigos já foram numérico. Já, outras grandezas ne- gamos, desde Faraday, Maxwell,
publicados a respeito de inversores, Lenz, Henry, Ampère, Tesla, Gauss,
inclusive na revista Saber Eletrôni- Volta, entre tantos outros. Alguns se-
ca. Nossa intenção é agregar algu- rão diretamente citados, pois muitas
ma informação à já existente, contri- das leis enunciadas/descobertas por
buindo para o desenvolvimento têm, com todo o direito, seus nomes.
tecnológico de todos. Na realidade, Lei de Lenz: O físico russo
o nosso objetivo é tentar responder Figura 1 - Vetor. Heinrich Lenz estabeleceu a relação

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AUTOMAÇÃO

entre o sentido da corrente elétrica Tensão induzida por movimen- que é responsável pelo fluxo, e no-
induzida em um circuito e o campo to relativo: Quando determinado con- venta graus defasado deste, isto é,
magnético variável que a induziu. Ele dutor atravessa ou se movimenta em quadratura, o eixo de quadratura
observou que, ao induzirmos uma (certamente com velocidade) sobre que responde pelo torque.
corrente em um condutor ou grupo um campo magnético, surge no mes- Assumiremos, a partir daqui, a
destes, ela criará um campo que se mo certa f.e.m. (força eletromotriz) figura 3 como nosso ponto de apoio.
oporá à variação do campo que a induzida devido ao movimento, que Temos nesta uma MI, especificamen-
produziu. Assim, em uma bobina, pode ser dada por: te, um motor “gaiola de esquilo” isto
quando sujeita à ação de uma cor- é, no estator estão os enrolamentos
rente induzida, sempre aparecerá um onde: trifásicos defasados 120 o entre si e
campo que se oporá a qualquer varia- B: densidade do fluxo no rotor apenas barras cur to-
ção de campo magnético sobre si. q: cargas elétricas do condutor circuitadas. Lembrando que utilizare-
Guardando as devidas proporções, v: velocidade do movimento. mos como aproximação à conven-
podemos dizer que há uma certa ção do desacoplamento da MCC
inércia na bobina quando da forma- O CONTROLE VETORIAL (máquina de corrente contínua), ou
ção de campo magnético. melhor dizendo, a idéia é demons-
Tensão induzida ou indução Para entendermos o controle trar de um modo simples como po-
eletromagnética: Quando um ímã se vetorial de campo, devemos lembrar demos “modelar” um motor polifásico
move sobre um condutor ou próximo que a idéia é controlar a velocidade (no caso trifásico) em um sistema
(melhor, no interior) de uma bobina e o torque de modo independente, de dois eixos, sendo um deles o de
haverá a indução de um campo mag- como em uma MCC (máquina de campo de excitação e o outro de
nético (tensão induzida) sobre a mes- corrente contínua), só que aplicando quadratura ou enrolamento de com-
ma. Cessado o movimento, também o conceito em uma MI (máquina de pensação. Consideraremos, com
cessa o efeito. indução, preferencialmente do tipo muita aproximação, que o número de
Campo magnético: Quando um motor assíncrono trifásico). Na MCC, espiras do enrolamento do estator é
condutor é percorrido por uma cor- temos sempre um eixo do campo, o mesmo do rotor. Isto se faz neces-
rente elétrica, surge em torno deste sário para simplificar os cálculos.
um campo magnético proporcional à Se a corrente iqs for repentinamen-
corrente. O sentido das linhas do cam- te injetada no enrolamento sQ, tere-
po magnético estabelecido pode ser mos, pela lei de Lenz, que a corren-
obtido pela famosa “ regra da mão te que irá fluir no rotor o fará causan-
direita”: segure o condutor com a sua do um fluxo que se oporá ao incre-
mão direita de maneira que o dedo mento da corrente no enrolamento
polegar aponte o sentido da corrente sQ. As direções das correntes estão
(figura 2). Os seus dedos apontarão marcadas na figura 3. O sentido de
no sentido das linhas de campo. Já i’r é oposto ao de iqs.
quanto a uma espira (bobina), o cam- O efeito da injeção de corrente no
po magnético gerado dependerá do estator pode ser mais bem explica-
raio da espira e da intensidade da do através de um diagrama espacial
corrente elétrica. Quanto maior a cor- vetorial (figura 4). As adições das
rente, maior o valor do campo. Quan- Figura 2 - Regra da mão direita. correntes ids e iqs geram a corrente
to maior o raio da espira, menor o estatórica, de modo que logo após a
valor do campo. injeção da corrente, teremos:
Intensidade de campo magné-
tico (H): É a força magnética dada Então, facilmente percebe-se que
por unidade de pólo magnético, co- a corrente que gera os pólos magné-
nhecida também como força ticos no enrolamento estatórico, dita
magnetizante. corrente magnetizante, é a corrente
Fluxo magnético (Φ): É o núme- do eixo D.
ro total de linhas de força, que for- Desse modo, temos que o rotor
mam um campo magnético. irá se movimentar. Mas suponhamos
Densidade do fluxo magnético que o rotor seja mantido travado e,
(B): É o número de linhas de força não havendo movimente no rotor, não
que atravessam perpendicularmente há o aparecimento de f.e.m. de mo-
certa área. vimento, levando a corrente a se des-
Força magnetomotriz (f.m.m ou Figura 3 - Diagrama conceitual de uma MI vanecer, por causa da constante de
): É a força pontual ao longo do ca- com o enrolamento estatórico em tempo L/R do circuito do rotor. Isto é
minho do fluxo. quadratura..
notado pelo decréscimo do vetor i’r.

34 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
AUTOMAÇÃO
SOFTW
ROBÓTICA
ARE
SOFTWARE

Nesta situação, o vetor corrente Denominaremos, como na maioria dos A corrente de magnetização é
magnetizante e fluxo não coincidem artigos acadêmicos, de ρ este ângu- calculada a partir de:
com o eixo D. lo. Ele não pode ser medido diretamen-
Para que o eixo d permaneça ali- te, mas sim estimado. Um modo se-
nhado com o vetor corrente de ria verificar a taxa de variação desse
magnetização, há a necessidade de ângulo com o passar do tempo em Todas as variáveis das duas ex-
que o estator se movimente de um função da corrente e velocidade de pressões anteriores podem ser cal-
certo incremente (figura 5), que cha- evolução do rotor. Assim, temos: culadas a partir da velocidade an-
maremos de δµ m, em direção a i s. gular do motor e da corrente do
Porém como é sabido que o estator estator, tendo já as informações de
é fixo, quem se movimenta, em sen- indutância de magnetização, cons-
tido oposto, é o rotor. Havendo, en- sendo: tante rotórica, resistências de
tão, movimento relativo do rotor em ω: a velocidade angular do eixo rotor estator e rotor e indutância de rotor
relação ao estator, melhor dizendo, isq: corrente estatórica referenciada ao e estator, potência e velocidade no-
ao fluxo magnético do estator, ocor- eixo q minal. Em sistemas com realimen-
re que as barras do rotor cortam o imr: corrente de magnetização tação via encoder, terá a medição
fluxo, tendo conseqüentemente ten- tr: constante rotórica direta da velocidade angular do rotor.
são induzida nas barras. Observe Quanto aos sistemas em que a
que se tem tensão induzida de mo- mesma é estimada, tem-se a forma-
vimento relativo. ção sensorless.
Na figura 6, temos que ir conti- O processador do sistema deve-
nuará ortogonal (isto é, 90o defasa- rá decompor a corrente resultante do
dos) do fluxo magnetizante. estator, que na realidade é compos-
Mantendo-se o fluxo constante, ta pelas correntes das fases R-S-T,
isto é, a parcela da corrente estatórica defasadas 120o elétricos e equilibra-
que se responsabiliza pela das em um sistema de dois eixos
magnetização da MI, isto é, a corren- ortogonais como nas MCC, mas ali-
te id deve ser mantida constante, o nhadas com o enrolamento do
torque se controlará pela parcela da estator. Essa “transformação de co-
Figura 4 - Vetores espaciais da MI em
corrente excedente exigida para gerá- quadratura, momentos após a injeção ordenadas” é matematicamente pro-
lo. A corrente iq, que se pode dizer de corrente. cessada utilizando-se um sistema
que é controlada independentemente matricial de transformação:
no sistema, gerará torque elétrico (TE)
proporcional ao seu valor:

Entre uma das muitas maneiras


de se calcular a constante k, pode-
Com os valores calculados de
ria ser:
isa e isb, e armazenados, o sistema
possibilita o cálculo do vetor fluxo.
A conversão inversa, ou transfor-
mação 2 para 3, calcula as corren-
Quando se aplicam esses proce- tes do estator a partir das coorde-
dimentos em motores trifásicos, nor- Figura 5 - Vetores da MI simulando o nadas d e q referenciadas ao pró-
malmente escolhe-se um valor bási- movimento nos eixos Q e D.
prio estator:
co de torque para que o sistema de
controle vetorial tenha por base em
seu sistema de controle. Na prática,
se ajusta o fluxo de modo que em re-
gime permanente tenha-se eficiência
máxima. A eficiência de torque será
máxima sempre que id for igual à iq. Na real validação para se obter
as correntes id e iq, com a posição
UM POUCO DE MATEMÁTICA do ângulo do fluxo magnético. Para
tanto, o processador do controle
O conhecimento da posição do vetorial deverá calcular as coordena-
ângulo do fluxo magnético entre o rotor das do fluxo rotórico. A escolha das
Figura 6 - Posição dos vetores da MI, após coordenadas do fluxo rotórico ou
e o estator é fundamental para a rotação do estator.
implementação do controle vetorial. transformação e-jρρ, é dado por:

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AUTOMAÇÃO

Figura 7 - Diagrama de blocos do controle vetorial indireto do fluxo rotórico.

processador já possui tabelas com-


pletas de ρ, cos ρ e sin ρ, prontas
para uso. A aplicação de proces-
sadores digitais de sinais ou mi-
E completando, a escolha das
crocontroladores dedicado é impres-
coordenadas do fluxo estatórico, ou
cindível para aplicações práticas e
transformação ejρρ, será:
industriais nos inversores.

CONCLUSÃO

Nossa intenção foi municiar o lei-


APLICANDO EM tor de informações mais “quentes”
UM SISTEMA sem muito apelo matemático do fun-
DE CONTROLE cionamento de um sistema de con-
VETORIAL INDIRETO... trole vetorial. Em artigos futuros, se
possível, abordaremos aspectos
Apresentamos ao leitor que dese- mais práticos do uso de inversores
ja uma implementação um sistema escalares e vetoriais.
com Controle Indireto (figura 7). Nes- Uma vasta bibliografia pode ser
te caso, o comando do torque será utilizada por aqueles interessados em
função do sinal de erro de velocida- se aprofundar mais no assunto, prin-
de, que é processado por um cipalmente os leitores que possuem
controlador do tipo PI, impondo cer- algum domínio matemático e de pro-
to atraso compensado pelo gramação, e conhecimentos em ele- Figura 6 - Algoritmo para implementação de
processador (normalmente um DSP) controle vetorial indireto.
trônica de potência. Uma boa dica é
e evitando erros de ganho. Os valo- olhar os applications notes do DSP
res de fluxo também podem ser im- da Texas Instruments (família afoitos (e que dominam o inglês),
postos como função da velocidade TMS320). Em termos de literatura, sugerimos procurar: Eletric Motor
nominal (fluxograma ao lado). há uma excelente tradução do livro Drivers – Modeling , analysis and
Observa-se que os cálculos de- de Muhammad H. Rashid, cujo título control - do autor R. Krishnan e
vem ser feitos em alta velocidade, é “Eletrônica de Potência”. O livro do Control of Eletric Drives, de W.
gerando grande trabalho de Cyril Lander, segunda edição Leonhard. Por fim, para quem tem
processamento e necessidade de traduzida em português, “Eletrônica acesso ao IEEE, é possível encon-
grandes espaços de memória no Industrial”, também serve como ma- trar muitas informações abrangentes
processador. Em muitos casos, o téria introdutória. Para os mais e completas.

36 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


MECÂNICA AUTOMAÇÃO
MECÂNICAINDUSTRIAL
INDUSTRIAL

Imprecisão
nas
medidas
Douglas Ribeiro dos Santos

incerteza na medição para metidos durante a tomada de uma (m1,m2,m3,...,mn), tomadas da mes-

A alguns pode parecer um as-


sunto sem grande importân-
cia ou que chama pouco a
atenção, no entanto, é um tema rele-
vante para o meio industrial.
medida estão diretamente ligados ao
tipo de grandeza. Assim, a importân-
cia de fazer esse destaque é que
realizar uma tomada de medida da
grandeza comprimento é bem dife-
ma maneira e sob as mesmas con-
dições, o valor mais provável (m)
dessa grandeza medida é obtido atra-
vés da média aritmética dos valores
experimentais alcançados, ou seja:
Muitos são os fatores que afetam rente de realizar uma tomada de m = (m 1 + m 2 + ...+ m n) / n
a tomada de medição, que variam medida da grandeza corrente elétri-
de grandeza para grandeza e da ca, ou ainda da grandeza acidez ou DESVIO ABSOLUTO PARA
precisão da medida. de medição do pH. CADA MEDIDA
A tomada de medição é o ato A precisão da medida está dire-
de medir dentro de um ambiente de- tamente ligada ao uso ou finalidade Denomina-se desvio absoluto
finido, ou seja, depende de condições da peça ou processo que estamos ( dw) para uma determinada medida
como temperatura, pressão, umida- controlando, visando a fabricação de de ordem ( w ) como sendo a dife-
de, luminosidade, entre outros, e de- um produto ou serviço. Não se deve rença entre o valor medido ( m w) e
pende também da condição do ope- confundir aqui a função de uma peça o valor mais provável ( m) encon-
rador, capacitação profissional, saú- do equipamento com o todo; ou em trado através da média aritmética.
de e nível de satisfação profissional. processo onde se controla várias dw = m w - m
A tomada de medidas também grandezas, com certeza, algumas
depende do instrumento e do método serão mais importantes que outras. DESVIO RELATIVO PARA
de medição. Desse modo, algumas CADA MEDIDA
medidas são tomadas diretamente CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS
através do instrumento ou por um ope- Denomina-se desvio relativo (drw)
rador em um determinado ambiente, Erros sistemáticos para uma determinada medida de or-
outras são obtidas através de méto- São aqueles decorrentes de cau- dem (w) como sendo o quociente en-
dos de tomada de medida como, por sas constantes e afetam as medi- tre o desvio absoluto (d w) e o valor
exemplo, alguns processos químicos. das sempre da mesma maneira. É o mais provável (m) encontrado atra-
Em relação ao instrumento, pode- caso, por exemplo, de um recipiente vés da média aritmética.
mos fazer algumas considerações graduado com o fundo amassado, drw = d w / m
que influenciarão diretamente na qua- que invariavelmente mede um volu-
lidade da medida, por exemplo, data me menor do que o existente, mas DESVIO MÉDIO ABSOLUTO
de fabricação do instrumento, mate- em um valor constante. PARA UM CONJUNTO DE N
rial empregado na fabricação, data de MEDIDAS :
aferição, guarda e transporte do ins- Erros acidentais
trumento, entre outras. São erros resultantes de causas Denomina-se desvio médio abso-
Em alguns instrumentos de me- indeterminadas e afetam de modo luto (d m ) para um conjunto de n me-
dição o operador precisa se imprevisível a tomada de medidas didas, como sendo a média aritméti-
posicionar corretamente diante do como, por exemplo, a variação de ca dos módulos dos desvios absolu-
instrumento para não realizar uma temperatura, umidade, pressão. Esse tos de cada uma das n medidas.
leitura errada (erro de paralaxe); em tipo de erro não pode ser eliminado, d m = | d 1| + | d 2| + ... + | d n| / n
outros, o instrumento fornece o va- mas pode ser atenuado.
lor da medição em um cursor, como DESVIO MÉDIO RELATIVO PARA
por exemplo, o paquímetro (figura 1). MÉDIA ARITMÉTICA UM CONJUNTO DE N MEDIDAS
Entende-se por grandeza como
sendo a variável a ser medida, e cer- O postulado de Gauss, expressa Denomina-se desvio médio rela-
tamente os erros que podem ser co- que para uma série de medidas tivo (dmr) para um conjunto de n me-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 37


MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 1 – Paquímetro.

didas como sendo o quociente entre para apresentar a medida na forma vidosos, porém o terceiro algarismo
o desvio absoluto (d m) e o valor mais escrita, isso porque o desvio médio o é. Para saber o número de algaris-
provável (m) encontrado através da relativo (dmr), é um índice que indica mos significativos, contamos a par-
média aritmética. a precisão da medida, quanto menor tir da esquerda para a direita todos
dmr = d m / m o desvio médio relativo, maior a pre- os algarismos (inclusive o duvidoso).
cisão do resultado. Neste caso temos 3 algarismos sig-
APRESENTANDO O Quando os valores medidos esti- nificativos.
RESULTADO DE UMA verem relativamente próximos, tere- Outros exemplos:
SÉRIE DE MEDIDAS mos uma boa precisão, mas não se a) 17 - dois algarismos significativos
deve confundir precisão com exati- (1 é certo e 7 é duvidoso) ;
A esta altura, o leitor estará per- dão. b) 21,0 – três algarismos significa-
guntando, qual a importância de to- Teremos uma boa exatidão da tivos (2 e 1 são certos e 0 é duvido-
das estas fórmulas, ou como elas medida quando o valor medido esti- so) ;
poderão ser úteis para melhorar a ver próximo do valor real. c) 63.070 - cinco algarismos signifi-
confiabilidade de uma medida? Sua precisão está relacionada cativos (6,3,0 e 7 são certos e 0 é
Se assumirmos que para a toma- aos erros acidentais, quanto maior duvidoso).
da de uma determinada medida m o número de amostras de uma de-
foram realizadas várias n medidas terminada medida, melhor será a pre- Fizemos uma breve abordagem
m 1 + m 2 + ...+ m n, através da mé- cisão do resultado, pois quando se do tema “imprecisão nas medidas”,
dia aritmética, obteve-se o valor mais calcula a média, o valor final calcu- também conhecido como teoria dos
provável (m), um desvio médio ab- lado estará mais próximo do valor erros ou ainda incerteza na medição,
soluto (d m ) e um desvio médio rela- real. Apresentamos os conceitos básicos,
tivo (dmr). A exatidão de uma medida depen- mencionamos os tipos de erros, sem
O verdadeiro valor da medida m, de de erros acidentais e sobretudo abordar os considerados grosseiros,
não é possível de se obter, porém de erros sistemáticos. os quais são causados por falta de
podemos chegar a um valor com atenção ou imperícia do operador do
uma confiança considerável, saben- ALGARISMOS instrumento, que são os erros de cál-
do que o valor da medida está den- SIGNIFICATIVOS culo, leitura, cópia ou mesmo de
tro do seguinte intervalo m - d m e m paralaxe.
+ d m, ou seja : Algarismos significativos são to- A importância desta teoria se re-
m - d m < m < m + d m , costuma- dos aqueles onde temos certeza e vela quando da necessidade de
se expressar a dimensão da seguin- mais um algarismo onde existe dúvi- apresentar um relatório, fazer uma
te forma: da, por exemplo: experiência, ou mesmo realizar um
m = m ± d m, um exemplo para a Após uma seqüência de medidas, teste na concorrência de vaga por
expressão da tomada de uma medi- chegou-se a quatro valores, qual o emprego. Assim, certamente o as-
da de diâmetro: valor da medição ? Sendo os valores sunto não pára por aqui, mas já é
Ø = (10,50 ± 0,04 ) mm. os seguintes: um bom início para começar a es-
8,24 m? 8,25 m? Ou 8,26 m? tudar ou mesmo aplicar em algum
O leitor pode perceber que não Das três leituras, podemos notar trabalho que você esteja desenvol-
usamos o desvio médio relativo (dmr) que os algarismos 8 e 2 não são du- vendo.

38 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ELETRÔNICA

Comunicação serial na
Indústria usando o
protocolo
Newton C. Braga
RS-232
gados em um sistema básico de co-
Os equipamentos usados na Indústria e em Robótica estão municação usando o protocolo RS-
232 (definido pela norma EIA232).
cada vez mais “inteligentes”, utilizando recursos da informática
tanto para controle quanto para informar uma central sobre o OS TIPOS DE SINAIS
andamento da produção. Uma das formas mais empregadas para
Os sinais enviados estão na for-
enviar dados de uma máquina a um computador, e vice-versa, é
ma serial conforme já explicamos,
através de uma linha de comunicação serial sendo a mais conhe- o que significa que os bits são envia-
cida a RS-232. Veja, nesse artigo, como funcionam as comunica- dos seqüencialmente, um a um, atra-
vés de uma linha única de comuni-
ções RS-232 e o que elas podem fazer por seus equipamentos.
cações.
Eles são representados por ní-
veis de tensão e a comunicação é
s modos de comunica- máquinas (sensores e efetores) e os bilateral, ou seja, “full-duplex”, que

O ção entre os elementos


são divididos normalmen-
te em duas categorias:
terminação simples e diferencial. O
protocolo RS-232 foi estabelecido
computadores que as controlam.
O interfaceamento 232 pressupõe
um aterramento entre os dois dispo-
sitivos envolvidos na comunicação de
dados chamados DTE e DCE.
inicialmente tinha uma velocidade
relativamente baixa de 20 Kb/s com
um alcance também pequeno.
No protocolo RS-232, as tensões
na faixa de +3 a +15 volts são reco-
em 1962 e era chamado EIA232. Ele DTE significa Data Ter minal nhecidas como níveis baixos, en-
foi criado para ser usado com as an- Equipment e normalmente consiste quanto que as tensões de -3 a -15
tigas máquinas de teletipo, mas de- de um PC. DCE quer dizer Data volts são reconhecidas como níveis
vido a sua simplicidade e versatili- Circuit-terminating Equipment e con- altos. Observe que a lógica negati-
dade tornou-se um padrão que até siste no elemento que irá receber (ou va aplicada ao caso visa a obten-
hoje é adotado em aplicações de cur- enviar) os sinais de controle ao PC. ção de maior segurança na transmis-
ta distância, principalmente as que Na figura 1 mostramos o modo são dos dados. Em determinadas
envolvem a comunicação entre as como os dois dispositivos são interli- documentações técnicas essa ten-
são pode ser encontrada com valo-
res até -25 V e +25 V.
Na figura 2 temos um gráfico em
que as faixas de sinais são repre-
sentadas.
Note que a faixa entre -3 V e +3
V consiste numa região
“indeterminada” em que não há re-
conhecimento de nível lógico, da
mesma forma que acontece com os
circuitos lógicos digitais comuns em
que também temos essa faixa.
É interessante observar que al-
gumas variações ocorrem para essa
Figura 1 – Interligação de dois dispositivos utilizando o protocolo RS-232. faixa. Assim, para o padrão V.10, a

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 39


ELETRÔNICA

faixa morta está entre +0,3 V e - 0,3


V, ao passo que existem dispositi-
vos que podem trabalhar com níveis
de tensão menores que 1 V.
Devemos ainda lembrar que mui-
tos computadores modernos aceitam
a tensão 0 V como nível alto. Com
isso, circuitos alimentados por 5 V
podem excitar diretamente dispositi-
vos RS-232 sem a necessidade de
gerar tensões negativas.
É claro que esse estreitamento da
faixa faz com que tenhamos certas
limitações na velocidade e distância
em que as comunicações podem ser
feitas.
Figura 2 – Faixas de sinais.
O uso de tensões positivas e ne-
gativas leva ao sistema a denomi-
nação “diferencial”. O emprego de
sinais diferenciais tem por finalidade
minimizar os efeitos de ruídos, ou
ainda da própria influência de
aterramentos.
A faixa ampla de valores de ten-
são possibilita, inclusive, que os si-
nais sejam transmitidos por longos
percursos sem que haja uma atenua-
ção considerável que reduza sua
amplitude tendo efeitos sobre sua
integridade.
É importante notar que a inser-
ção de um instrumento ou circuito de
prova que tenha uma impedância re-
lativamente baixa como, por exem-
plo, um LED em um circuito RS-232
Figura 3 – Circuito equivalente a um sistema de comunicação RS-232.
para verificação de funcionamento,
faz com que as tensões caiam para
valores bem próximos dos mínimos do cabo. Se for elevada, poderá fa- - Drivers que precisam de alimen-
da faixa indicada. zer com que, na comutação, sejam tação simétrica como os da série
Também há exemplos de peri- geradas tensões maiores do que 25 1488. A maioria dos PCs emprega
féricos cujos circuitos são alimen- V ou que o máximo recomendado esse tipo;
tados diretamente por estas ten- pelo fabricante do dispositivo. Essas - Drivers de baixa potência que
sões (não possuem fontes de ten- tensões podem causar danos aos exigem fontes simples de +5 V. Esse
são próprias), caso em que a que- circuitos. tipo de driver possui um conversor DC/
da de tensão que acontece na li- DC interno para conversão de tensão.
nha pode ser muito importante para LIMITES DE CORRENTE E Muitos tipos de microcontroladores
seu funcionamento. Nessas situa- TENSÃO para uso industrial o utilizam;
ções, é preciso manter os cabos - Drivers de baixa potência para
mais curtos do que nas aplicações Uma porta RS-232 pode fornecer 3,3 V que operam de acordo com o
convencionais. uma corrente limitada a um disposi- padrão EIA562 encontrados em
As portas RS-232 são projetadas tivo remoto. O número de linhas de notebooks e laptops.
para suportar a condição de circuito saída, o tipo de CI de interface e o
aberto, caso em que a tensão atinge estado das linhas de saída devem O circuito equivalente a um siste-
o valor máximo e a condição de cur- ser considerados quando se projeta ma de comunicação RS-232 é ilus-
to-circuito no cabo, sem o perigo de um sistema. trado na figura 3.
danos aos componentes. Os tipos de CIs drivers usados São definidos 25 sinais, mas na
No entanto, é preciso tomar cui- na porta serial podem ser divididos prática são usados menos de 10. São
dado no que se refere à indutância em três categorias: eles:

40 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ELETRÔNICA

Pino 2 - Transmissão de dados Siglas Significados


de DTE para DCE;
Pino 3 - Transmissão de dados CTS Clear To Send (DCE para DTE)
de DCE para DTE; DCD Data Carrier Detected (tom de um modem)
Pino 20 - DTR, o equipamento do DCE para o DTE
DTE está operando (também indica-
DCE Data Communications Equipment (ex.: modem)
do por DTE Ready);
Pino 6 - DSR - o equipamento DSR Data Set Ready (DCE para DTE)
DCE está operando; DSRS Data Set Rate Selector (DCE para DTE)-
Pino 4 - RTS - pedido de DTE não usado comumente
para iniciar o envio;
DTE Data Terminal Equipment
Pino 5 - CTS - DCE está pronto (ex.: computador, impressora, etc.)
para receber;
DTR Data Terminal Ready (DTE para DCE)
Pino 8 - DCD - o DCE detecta a
portadora; FG Frame Ground (blindagem ou chassi)
Pino 7 – Massa;
NC No Connection
Pino 1 - Terra de proteção.
RCk Receiver (externo) Clock Input
Os sinais menos usados são: RI Ring Indicator (tom de discagem detectado)
Pinos 15, 17, 24 - Clock empre-
gado apenas nas comunicações RTS Ready to Send (DTE para DCE)
síncronas. RxD Received Data (DCE para DTE)
Na tabela 1 temos os nomes das
SG Signal Ground (terra do sinal)
siglas mais usadas em inglês.
SCTS Secondary Clear to Send (DCE para DTE)
CONEXÕES SDCD Secondary Data Carrier Detected
(tom de um modem do DCE para o DTE)
As conexões entre os dispositivos
SRTS Secondary Ready to Send (DTE para DCE)
DTE e DCE de um sistema RS-232
usam diversos tipos de conectores SRxD Secondary Received Data (DCE para DTE)
cujas pinagens são padronizadas. STxD Secondary Transmitted Data (DTE para DCE)
Na figura 4 vemos a pinagem de
um conector DB-9, definida pela nor- TxD Transmitted Data (DTE para DTE)
ma EIA-574, encontrada nas portas Tabela 1 – Siglas mais utilizadas.
de comunicações do PC e que é usa-
da na comunicação assíncrona de
dados (RS-232/V.24). - Sinal de saída do driver (carre-
Para aplicações assíncronas tam- gado): +/- 5 V a +/- 15 V;
bém encontramos um conector mo- - Impedância de carga do driver:
dular cuja pinagem é definida pela 3 a 7 kohms;
norma EIA-561. Esse conector é - Taxa de crescimento (máx): 30
mostrado na figura 5, onde também V/µs;
são vistos os sinais encontrados em -Resistência de entrada do recep-
cada uma das oito linhas. tor: 3 k a 7 kohms.
Para o conector DB25, que use
dados binários seriais, temos a A maioria das 22 linhas de sinais
pinagem ilustrada na figura 6. do padrão EIA232 pertencem a co-
Especificações: nexões em que o DCE é um modem,
- Modo de operação: terminal sim- caso em que se usa um protocolo
ples; que exige todas elas.
-Total de drivers e receptores Para aplicações industriais em
numa linha: 1 driver e 1 receptor; que o dispositivo remoto ligado ao
- Comprimento máximo de cabo: PC não é um modem, ou ainda onde
50 pés (15 metros); dois dispositivos DTE são interliga-
- Máxima velocidade de transmis- dos, um número menor de linhas é
são de dados: 20 kb/s; necessário.
- Tensão máxima de saída: +/- 25 Assim, as ligações dos pinos 15,
V; Figura 4 – Pinagem do conector DB-9. 17 e 24 são utilizadas somente se o

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 41


ELETRÔNICA

protocolo exigir uma transmissão um) em um “pacote” de tamanho de- para 0) há o reconhecimento do
síncrona. finido no formato ASCII. aviso de início de transmissão de
É interessante observar que em A quantidade de bits de cada pa- mensagem.
muitos casos, como a norma é usa- cote pode variar de 5 a 8, os quais No final do pacote de bits de da-
da para interligação direta, as carac- são enviados depois de um sinal dos é enviado também um bit de
terísticas de equipamentos de fabri- de start que é reconhecido quando paridade que serve para verificar se
cantes diferentes podem não casar, a linha, que está normalmente no a informação chegou correta, e de-
e isso pode acarretar problemas de nível 1 (negativa), passa para o pois um bit de stop.
funcionamento. nível 0 (positiva). No flanco des- Se este foi o último pacote, o ní-
cendente do sinal (passagem de 1 vel da linha se mantém alto (1); mas
A TRANSMISSÃO se um novo pacote deve ser envia-
do, temos nova transição do nível 1
Na figura 7 mostramos a forma para o zero, que é reconhecida como
como um caractere típico ASCII é start, e o processo se repete.
transmitido. Observe que o sincronismo des-
O modo mais comum de trans- te modo de transmissão é feito com
missão de sinais é o assíncrono (em base no bit de start de cada pacote.
que não há necessidade do trans- No entanto, este processo de
missor estar sincronizado com o re- transmissão traz alguns problemas
ceptor, pois ele é informado quando quando se pretende uma velocidade
cada “pacote de dados” começa e muito alta.
termina) dispondo de bits de start e Para altas velocidades, o forma-
stop . to usado é aquele que apresentamos
Assim, o sinal é formado por bits na figura 6 onde temos um ou dois
individuais que são enviados (um a Figura 5 – Conector modular. bytes de sincronismo.

Figura 6 – Conector DB25.

42 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ELETRÔNICA

No caso do código ASCII, este


byte é o 0010110, seguindo-se en-
tão dois bytes de dados. Como a
transmissão deve ser contínua,
bytes de sincronismo devem ser in-
tercalados quando necessário.

PROTOCOLOS

Há duas técnicas de protocolos


de comunicação: a de protocolo por
sinais e de protocolo por códigos.
No “protocolo por sinais” são em-
pregados alguns dos sinais da pró-
pria norma EIA232 para que os dis-
positivos conectados possam (ou
não) receber as informações. Podem
ser empregados dois pares de sinais
para esta finalidade como o DTR/
DSR ou ainda o RTS/CTS.
No primeiro caso, o sinal DTR ou Figura 7 – Forma como um caractere típico ASCII é transmitido.
RTS indica que o dispositivo DTE
está conectado e pronto, enquanto
que o sinal DSR ou CTS indica que nais, ele envia uma série de pacotes estar atentos a algo mais do que o
é o dispositivo DCE que está pron- que finaliza com o código ETX. número de condutores do cabo e sua
to. Assim que o receptor termina de “bitola”. Precisaremos ainda estar
No protocolo por códigos há di- assimilar a informação enviada e atentos à:
versas técnicas possíveis todas ba- está pronto para receber mais, ele a) Impedância característica
seadas em códigos. Uma delas é a envia ao transmissor o sinal ACK. Os (ohms) - essa especificação é ba-
que utiliza os códigos XON pacotes de informação adotados por seada nas características físicas
(caractere DC3 no ASCII) e XOFF este protocolo variam em tamanho do cabo e representa a impedância
(caractere DC1 em ASCII) para que de 80 a 132 bytes. que um fio de comprimento infinito
o receptor possa avisar se está ou apresenta. Se essa impedância for
não em condições de receber as in- CONSIDERAÇÕES igual à da terminação, o circuito do
formações. SOBRE CABOS outro lado “vê” esse cabo como se
O funcionamento deste protocolo ele não tivesse carga e fosse do-
pode ser descrito em detalhes da Pode-se enviar sinais com segu- tado de um comprimento infinito,
seguinte maneira: inicialmente parti- rança em uma linha a distâncias mai- evitando assim a ocorrência de re-
mos da condição em que o receptor ores que os 15 metros especificados flexões dos sinais capazes de tra-
está pronto para receber informa- como limite, mas isso depende de zer problemas.
ções, quando, então, o transmissor diversos fatores. b) Capacitância Shunt (pF por
começa seu envio. Evidentemente, não é possível metro ou pé) - é a capacitância apre-
No momento em que a memória blindar ou evitar de modo efetivo ruí- sentada pelo fio por unidade de com-
do receptor se aproxima do ponto de dos em um par trançado. Mesmo que primento adotada. Deve ser a menor
saturação, o receptor envia ao trans- seja feita a blindagem, podemos evi- possível.
missor um sinal XOFF para que ele tar os ruídos externos, mas não os c) Velocidade de propagação - (in-
pare de enviar as informações. Quan- problemas gerados internamente no dicada em porcentagem da veloci-
do a memória esvazia, à medida que próprio cabo. dade da luz).
o receptor vai usando as informa- À medida que a velocidade au-
ções, e chega a um nível que pode menta, os problemas de velocidade CONCLUSÃO
receber mais, um sinal XON é envia- se tornam cada vez mais acentua-
do ao transmissor. dos pelo efeito da capacitância do Não basta interligar um PC a uma
É possível também encontrar em próprio cabo. Blindando cada fio do ou mais máquinas para se usar efi-
algumas aplicações o protocolo que par, ou ainda usando fios de baixa cientemente o protocolo RS-232. Co-
usa os caracteres ASCII ETX e ACK. capacitância, esse inconveniente nhecendo o modo como ele funcio-
O funcionamento deste protocolo é problema pode ser eliminado. na, podemos evitar problemas sim-
o seguinte: partindo do momento em Ao escolhermos um cabo para ples como, por exemplo, os causa-
que o transmissor pode receber si- uma interface RS-232, deveremos dos pelos cabos.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 43


MANUTENÇÃO

uma parada não programada na pro-

Manutenção dução devido a qualquer falha do


equipamento.
Alguns exemplos de práticas de
pr editi
prediti
editivva manutenção preventiva:
- Troca do óleo lubrificante segun-
e pró-a ti
pró-ati
tivva do as especificações do fabricante.
- Limpeza.
Alexandre Capelli - Troca de peças por tempo de
uso, e não por análise do estado real.
Como reduzir custos e prolongar a vida - Conferência dos ajustes, mesmo
útil das suas máquinas e equipamentos. que não haja sinais de que estes es-
tejam fora dos limites de tolerância.
A manutenção preditiva, a grosso
CONCEITOS IMPORTANTES modo, é um aperfeiçoamento da pre-
À medida que a concor- ventiva. Através de equipamentos,
softwares e instrumentos, ela prevê

T
rência fica cada vez mais emos certeza que não há
confusão sobre a diferença quando uma falha poderá ocorrer.
acirrada, práticas antes con-
entre a manutenção correti- As análises de vibrações, tempe-
sideradas irrelevantes torna- va (e a preventiva). Aliás, ratura, química, e estrutural são as
ram-se, hoje, vitais para a esta última ganhou grande destaque mais comuns nessa técnica de ma-
sobrevivência de uma em- no final da década de 80, aqui no Bra- nutenção.
presa no mercado. Um sil, com os famosos programas de A grande diferença entre a
QT (Qualidade Total). Uma das “fer- preditiva e a preventiva é sua
exemplo clássico disso é a
ramentas” célebres, e que até hoje assertividade. Enquanto a manuten-
manutenção. Neste artigo, ainda é muito utilizada, é a TPM (si- ção preventiva troca uma peça pura
faremos uma breve expla- gla inglesa para Manutenção Total e simplesmente pelo seu tempo de
nação sobre as vantagens Preventiva). uso, a preditiva analisa sua condição
que a manutenção preditiva Entretanto, não é raro confundir- real. A troca, então, só será realiza-
se manutenção preditiva com preven- da se o estado da peça em questão
e pró-ativa podem trazer estiver fora dos padrões normais,
tiva; e preditiva com pró-ativa.
para os processos produti- A manutenção preventiva é aque- não importando seu tempo de uso.
vos. la que ocorre antes da quebra da má- Fica óbvia sua vantagem sobre a
quina. Sua função é evitar que haja preventiva, pois, além de trocar so-
mente o que se faz necessário, isto
acontece em tempo hábil antes da
quebra.
Ora, qual leitor que nunca trocou
uma peça de seu carro preventiva-
mente, e essa, mesmo sendo mais
nova e original, falhou antes de uma
semelhante instalada na ocasião da
montagem de seu veículo?!
De forma alguma estamos des-
prezando a manutenção preventi-
va. Claro que ela tem uma impor-
tância fundamental, porém, ainda
utilizando o carro como exemplo,
seria muito mais econômico um sis-
tema que indicasse, por exemplo,
quantos quilômetros você ainda
poderia rodar com segurança sem
trocar a “correia denteada”, ao in-
vés de simplesmente trocá-la após
completar 50 mil quilômetros.
Ambas as filosofias de manuten-
ção (preventiva e preditiva) ocorrem
na máquina, ou equipamento. A pró-

44 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MANUTENÇÃO

ativa, por outro lado, surge no meio peça específica de uma máquina. Já a análise estrutural (dilatações,
em que ele está instalado. - Eliminar gastos com mão-de- vibrações, etc.) pode ser monitorada
Sua função é determinar as cau- obra para desmontagens desneces- eletronicamente.
sas das falhas, geralmente ligadas sárias para inspeção.
a fatores externos ao equipamento - Aumentar o tempo contínuo de MANUTENÇÃO PRÓ-ATIVA
propriamente dito. operação (disponibilidade).
“Qual a razão de instalarmos sis- - Reduzir paradas não programa- Falar sobre quais parâmetros de-
temas de climatização de ar (ar con- das (trabalhos de emergência). vemos considerar na manutenção pró-
dicionado) em um escritório, ou qual- - Impedir o aumento de danos. ativa é impossível. “Cada caso é um
quer outro ambiente informatizado?” - Aproveitar ao máximo a vida útil caso”.
De imediato podemos citar duas: dos componentes de um equipamen- Apenas para exemplificar melhor,
aumentar o conforto dos funcionários, to. a própria consulta ao fabricante da
e evitar sobre-aquecimento dos PCs. - Aumentar a confiabilidade da máquina sobre qual o melhor modelo
“Qual delas podemos considerar máquina e do produto final. para seu produto, pode, ao meu ver,
uma manutenção pró-ativa?”. ser considerada uma prática de ma-
Ambas, visto que tanto uma quan- Execução da manutenção nutenção pró-ativa.
to outra resultará na diminuição do ín- preditiva “Mas isso não é tarefa do setor de
dice de falhas e, conseqüentemente, projeto e desenvolvimento?”.
em um aumento de produtividade e Há duas formas de realizar a ma- Sim, mas quem disse que ele não
confiabilidade, seja pela redução do nutenção preditiva: através de instru- depende da manutenção, e vice-ver-
erro humano ou da máquina. mentos e com pessoal qualificado, sa?!
Resumindo, a manutenção pró- ou automaticamente pela própria má- Ora, imaginemos um torno CNC
ativa atua nas variáveis ligadas as quina. cujo eixo-árvore é equipado com um
condições de uso, e na determina- Os fenômenos mais comuns sob motor de 10 HP. Dependendo da geo-
ção e eliminação das causas poten- análise preditiva são de origem me- metria da peça, tempo de usinagem
ciais de falhas cânica (vibrações, pressão, tempe- estimado, dureza do metal, etc., tal-
Um programa de treinamento dos ratura, aceleração, etc.), porém, fe- vez, sua vida útil já esteja compro-
funcionários a respeito do correto nômenos elétricos também têm sido metida no ato da compra.
manuseio e operação de uma máqui- alvo de estudos recentemente. A O relacionamento franco entre for-
na é um exemplo de manutenção pró- qualidade da energia elétrica é um necedor e cliente, bem como empre-
ativa. Colocá-la em um ambiente con- deles. sa e funcionário, são fundamentais
trolado (temperatura, umidade, etc.) De qualquer modo, todos eles para o processo de uma manutenção
é outro. podem ser monitorados e controla- pró-ativa.
dos através da intervenção huma- “Quer uma sugestão para come-
REDUÇÃO DE CUSTOS na. Neste caso, planilhas, instru- çar seu programa?”.
mentos, e pessoal qualificado são Então faça uma pesquisa sobre o
Segundo o Comitê Panamericano empregados para a execução do que o pessoal no “chão-de-fábrica”
de Engenharia de Manutenção – processo. pensa a respeito do que pode contri-
Copiman, as empresas que utilizam Com o avanço tecnológico, en- buir para a redução das paradas não
metodologia pró-ativa, e preditiva tretanto, muitas máquinas já vêm programadas. Analise tudo; pegue um
possuem entre 48% a 78% a mais equipadas com sensores (de vibra- caso que lhe pareça mais coerente;
de eficiência operacional. ção, temperatura, defor mação, ponha em prática tais idéias; compa-
Além disso, há uma significativa etc.) e softwares preditivos, que re os resultados.
maximização do ciclo de vida e do são capazes de informar o estado Falo por mim, mas, toda vez que
retorno sobre seus ativos. das suas par tes críticas. A IHM faço isso, fico pasmo com minha “ino-
(Interface homem-máquina) em cência”.
MANUTENÇÃO PREDITIVA conjunto com PLCs, atualmente,
são muito utilizadas para esta fun- CONCLUSÃO
Agora que já definimos cada uma ção. Através de mensagens na tela,
delas, vamos a uma rápida análise o próprio operador pode programar De um modo geral, pode-se afir-
dos principais parâmetros de manu- a parada da máquina para sua ma- mar que a aplicação de programas de
tenção preditiva. nutenção. manutenção preditiva e pró-ativa nas
Infelizmente, nem tudo pode ser indústrias resulta, a médio e a longo
Objetivos de manutenção monitorado automaticamente. A aná- prazo, em reduções da ordem de 2/3
preditiva lise química (óleos lubrificantes e re- nos prejuízos com interrupções ines-
frigerantes, por exemplo) ainda é fei- peradas de produção, além de 1/3 nos
- Determinar, com antecipação, a ta sob intervenção humana, pelo me- gastos com a “manutenção” desne-
necessidade de manutenção em uma nos na maioria dos casos. cessária ou incorreta.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 45


ENERGIA

Distúrbios no
fornecimento
de energia
Osmar Brune

Equipamentos eletro-eletrônicos podem ser perturbados por Por outro lado, sobretensões e
“swells” são causados quase que
um fornecimento de energia de má qualidade. Além disso, eles unicamente pelas concessionárias
podem piorar a qualidade do fornecimento de energia. Do ponto de energia, resultando de variações
de vista do equipamento, no primeiro caso trata-se de um proble- bruscas de carga, ou de correções
do fator de potência. Estes distúrbi-
ma de imunidade, e no segundo trata-se de um problema de emis- os raramente causam problemas em
sões. Estes dois conceitos, e outros, foram abordados no primei- equipamentos eletrônicos que incor-
ro artigo desta série (EMC e EMI: Compatibilidade e Interferência porem fontes de alimentação regu-
ladas.
Eletromagnética). Interrupções de energia podem
Nesta edição, analisaremos diversos tipos de distúrbios no sis- durar de poucos segundos até vári-
tema de fornecimento de energia, suas causas típicas, como eles as horas, e normalmente são cau-
sadas por tempestades, falhas em
podem afetar equipamentos e como, em contrapartida, equipa-
transformadores, acidentes ou des-
mentos podem gerar distúrbios no sistema de fornecimento de ligamento de disjuntores.
energia. Serão analisadas, também, técnicas para prevenir estes
problemas. Variações de freqüência

Tais variações normalmente se


OS TIPOS DE DISTÚRBIO - Distúrbios de maior duração do dão devido à má regulação de ge-
que alguns poucos segundos são cha- radores. Tais distúrbios são raros em
s distúrbios são classifi- mados subtensões ou sobretensões; grandes sistemas interligados, onde

O cados em 5 áreas:
- variações de tensão;
- variações de freqüência;
- distorções na forma de onda;
- transientes;
- interrupções de energia é o ter-
mo utilizado para perda total de ener-
gia por mais do que alguns poucos
segundos.
a freqüência tipicamente é mantida
muito próxima de 60 Hz. Além dis-
so, as variações são compensadas
num período de 24 hs, para que re-
lógios e outros dispositivos basea-
- ruídos contínuos. Por outro lado, variações de ten- dos nesta freqüência não percam
são muito rápidas, menores do que precisão. Variações de freqüência
A figura 1 ilustra os principais meio ciclo de onda (8,33 ms em 60 ocorrem em geralmente em peque-
tipos, em cada uma destas áreas. Hz), são classificados em outra área nos sistemas de energia indepen-
(transientes). dentes alimentados por pequenos
Variações de tensão Concessionárias de energia podem geradores.
causar “sags” e subtensões. Existem Grande parte dos equipamentos
Há três tipos, dependendo da sua casos em que a tensão é reduzida eletrônicos não são afetados por pe-
duração: deliberadamente em picos de deman- quenas variações de freqüências.
- Distúrbios de pequena duração, da. Usuários também podem causá- Muitos são fabricados para funcio-
variando desde meio ciclo até pou- los, por exemplo, ao energizar cargas nar na faixa de 47 Hz a 63 Hz, aten-
cos segundos, são chamados de de alta potência. Subtensões e “sags” dendo tanto aos mercados de 50 Hz
“ swells ” (aumentos de tensão) e profundos podem causar problemas como de 60 Hz. Motores e transfor-
“sags” (diminuições de tensão). Não em equipamentos eletrônicos, fazen- madores ferro-ressonantes, no en-
encontramos termos equivalentes do com que suas fontes de alimenta- tanto, podem ser afetados por varia-
em português; ção tenham déficit de energia. ções de freqüência.

46 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ENERGIA

Distorções na forma de onda

Tais distorções incluem tanto


distorções de tensão como de corren-
te, relativas a uma senóide pura. Con-
siderando que qualquer forma de onda
diferente de uma senóide pura con-
tém harmônicas, este problema é
freqüentemente referido como
distorção harmônica. Um termo co-
mum é “total harmonic distortion”
(THD), que é simplesmente toda a
energia harmônica residual, depois de
remover a freqüência fundamental.
Há dois tipos de distorção harmô-
nica: de tensão e de corrente. Dis-
torções de tensão podem ser causa-
das por equipamentos de distribuição
defeituosos, ou por fontes de alta im-
pedância que convertem quaisquer
distorções de corrente em distorções
de tensão. Distorções de corrente são
causadas por cargas não lineares,
Figura 1 – Tipos de distúrbios no fornecimento de energia.
tais como fontes chaveadas, que
drenam pulsos estreitos de energia
no pico da senóide, ao invés de con- Os transientes podem ser gerados
sumir corrente em todo o ciclo (ver dentro ou fora da instalação do consu-
figura 2). midor. Fontes externas de transientes
Esses tipos de distorção não cau- típicas são descargas atmosféricas
sam problemas em equipamentos (raios), chaveamento de capacitores
eletrônicos, mas distorções de cor- de compensação de fator de potência,
rente provocam estresse severo em e falhas no sistema de distribuição de
equipamentos de distribuição de energia. Fontes internas de transientes
energia, ocasionando aquecimento Figura 2 – Distorção de corrente. tipicamente incluem motores ou outras
de transformadores, mau funciona- cargas indutivas, e chaveamento de
mento de motores, e desbalanço em mente, não encontramos traduções contatos de relés. Chaveamentos de
sistemas trifásicos sobrecarregando adequadas para “spikes” e “notches”. relés, muito comuns em sistemas de
condutores neutros. Ambos ainda podem ser chamados automação industrial, produzem arcos
Algumas normas européias, des- de “glitches”. A duração de transi- que se constituem numa série de pul-
de janeiro de 2001, estão limitando entes pode variar de nanossegundos sos que podem perturbar seriamente
harmônicas geradas por equipamen- até alguns poucos milissegundos, e sistemas microprocessados.
tos eletrônicos. Nos Estados Unidos, a amplitude pode variar de poucos Duas normas comuns sobre tran-
há uma pressão econômica, pois as volts até milhares de volts. sientes que se aplicam a equipamen-
concessionárias sobretaxam usuári- Os transientes são problemas tos eletrônicos abrangem as descar-
os que distorcem a corrente. Prova- sérios para equipamentos eletrôni- gas atmosféricas e o transiente elétrico
velmente, haverá uma demanda em cos modernos. Eles podem causar rápido (“ electrically fast transient ”,
embutir nos equipamentos eletrôni- danos devido a altos níveis de ten- EFT). São normas voluntárias nos
cos sistemas de correção de fator são ou energia, bem como podem Estados Unidos, incluídas na ANSI/
de potência. perturbar o funcionamento devido IEEE C62.41. Na Europa, aparecem na
aos rápidos tempos de subida e des- IEC 61000-4-4 (EFT) e IEC 61000-4-5
Transientes cida. (surtos), que foram adotadas pela Co-
Sistemas digitais são particular- munidade Européia com normas euro-
Transientes são distúrbios de pe- mente suscetíveis a perturbações, péias EN61000-4-4 e EN61000-4-5.
quena duração, bem menor do que pois um “glitch” causado por um
um ciclo (16,6 ms em 60 Hz ou 20 transiente pode ser interpretado Ruído contínuo
ms em 50 Hz), que tanto podem au- como um pulso lógico válido, cau-
mentar a forma de onda (“spikes”) sando os mais variados tipos de Este tipo refere-se a perturbações
como diminuí-la (“notches ”). Nova- comportamentos anômalos. repetitivas e com uma freqüência bem

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 47


ENERGIA

mais alta do que a freqüência da li-


Falhas Causas típicas
nha de alimentação. Em baixas fre-
qüências, este ruído pode estar as- Perturbação em sistema digital “Spikes” ou EFT
sociado com faiscamento de esco-
Perturbação em sistema analógico “Sags” ou “Swells”, sobretensões
vas de motores, lâmpadas fluores- ou subtensões
centes ou fontes chaveadas. Em fre-
qüências maiores, este ruído inclui Perda em memória Déficit de energia, devido a subtensões ou
interrupções de fornecimento de energia.
RFI (Radio Frequency Interference)
proveniente de transmissores de rá- Dano Transientes de alta voltagem, como
dio próximos que se acopla nas li- descargas atmosféricas
nhas de energia.
Figura 3 – Tipos de falhas X causas típicas.
A maior parte dos equipamentos
eletrônicos pode conviver com uma
dose pequena de ruído contínuo, par- Danos provocados por ligeiras Perturbações em sistemas
ticularmente equipamentos que in- subtensões ou “swells” não são co- analógicos devidas
corporam algum tipo de filtro EMI para muns, especialmente quando fontes a “Sags” e “Swells”
emissões. Tais filtros, embora reguladas ou “full-range” são utiliza-
projetados para evitar emissões, são das. Circuitos analógicos tipicamente
bidirecionais, e ajudam também a não são afetados por transientes rá-
aumentar a imunidade. Perturbações em sistemas pidos, devido a sua baixa banda de
digitais devidos a Spikes freqüência. Entretanto, podem ser
TIPOS DE FALHAS CAUSADAS rápidos e ruído vulneráveis a variações lentas como
PELOS DISTÚRBIOS “sags” e “swells”. Estes efeitos são
A causa mais comum de pertur- críticos em estágios com baixo ní-
As falhas provocadas por distúr- bações em sistemas digitais são os vel de sinal, nos quais pequenas
bios destes tipos podem variar des- altos “slew rates” (ou baixíssimos variações na tensão de alimentação
de danos graves até pequenas per- tempos de subida/descida de sinais). podem ser amplificados para os es-
turbações. Além disso, diferentes ti- Neste caso, as altas derivadas de tágios subseqüentes. A melhor es-
pos de distúrbios atingem diferentes tensão (dV/dt) ou de corrente (dI/dt) tratégia de combate a este problema
partes de um sistema, como mostra são as responsáveis pelos proble- é colocar reguladores locais para os
a figura 3. É importante ter isto em mas. circuitos analógicos críticos.
mente para definir uma estratégia Quanto maior o “slew rate” (dV/
para enfrentar o problema. dt ou dI/dt), maior a probabilidade Perdas de memória devidas a
de um “spike” se acoplar ao circui- subtensões ou interrupções
Danos devidos a altos to digital através de uma capa- de energia
níveis de energia citância ou indutância parasítica, e
causar problemas na forma de pul- Se a tensão baixar demais por um
As causas mais prováveis de sos falsos. Quanto mais rápida for período suficientemente longo, a fon-
danos são os transientes de alta ten- a lógica digital, mais aumenta este te de alimentação poderá não con-
são. O mais severo normalmente é problema, pois então a freqüência seguir manter a tensão de saída. Se
a descarga atmosférica, que pode equivalente destes “spikes” se houver memória RAM, dados serão
atingir níveis como 6000 V e 2000 aproxima da freqüência do circui- perdidos, a menos que algumas pre-
A. Os mecanismos de destruição to. cauções tenham sido tomadas, tais
são ruptura por alta tensão, aqueci- Mas, afinal, as fontes de alimen- como utilizar uma bateria backup.
mento por excesso de energia, ou tação não possuem filtros passa-bai- Deve-se ter cuidado em dimen-
ambos. xa, que deveriam eliminar estes sionar os armazenadores de energia,
Eventualmente, a destruição “spikes”? Infelizmente, a maior par- como capacitores. Normalmente é
pode ser tolerada em alguns tipos de te destes filtros torna-se ineficiente necessário garantir o funcionamento
equipamentos, desde que o equipa- acima de 100 kHz ou 1 MHz. Muitos de equipamentos considerando uma
mento não atinja uma condição in- filtros de linha comerciais, acima de perda total de energia pelo menos por
segura, como incendiar-se. Este é o 30 MHz, não introduzem nenhuma meio ciclo de rede (8,33 ms em 60
caso de produtos como TVs e video- atenuação. Como grande parte da Hz, 10 ms em 50 Hz). Muitas
cassetes, onde o custo da proteção energia dos transientes rápidos está interrrupções de energia são mais
total seria proibitivo. Mas esta filoso- acima de 30 MHz, não há nada que curtas que meio ciclo de rede. Alguns
fia não é recomendada, por exem- os pare. Por exemplo, um pulso de dispositivos de proteção utilizados
plo, em controles industriais, onde EFT com 5 ns de tempo de subida, em fontes de alimentação para su-
normalmente deve-se utilizar a má- possui uma freqüência equivalente da primir transientes costumam atuar no
xima proteção. ordem de 60 MHz. início de um ciclo, e serem

48 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ENERGIA

Figura 4 – Perda de 1/2 ciclo devida a


proteção “Crowbar”. Figura 5 – Objetivos típicos para subtensões e sobretensões.

desativados no próximo meio ciclo, fase de projeto do produto. Adicionan-


quando ocorre a reversão da tensão do dispositivos adequados, você
AC (ver figura 4). pode eliminar a necessidade de pro-
teção externa, obtendo um produto
ESPECIFICANDO UMA FONTE mais robusto, com menos problemas
DE ALIMENTAÇÃO misteriosos no campo.

Se você quer especificar uma fon- Modos comum e diferencial


te de alimentação para seus proje-
tos, aqui vão algumas sugestões Antes de iniciarmos, você deve
baseadas em diversos documentos entender um conceito. Correntes de
e especificações de teste. ruído podem fluir de dois modos, con-
forme ilustra a figura 6.
“Sags”, “Swells”, subtensões Figura 6 – Modo comum X modo diferencial. No modo diferencial, a tensão de
e sobretensões ruído aparece entre os condutores
Transientes com alto individuais onde a corrente flui (fase
A figura 5 mostra uma curva de nível de energia e neutro). A corrente de ruído flui no
suscetibilidade a variações de ten- mesmo caminho da corrente intencio-
são. A curva diz que a fonte deve Para ambientes hostis ou aplica- nal (no fase e neutro, com sentidos
tolerar uma sobretensão de 106% e ções críticas, sugere-se utilizar a opostos nestes dois condutores).
uma subtensão de 87% em regime especificação para descargas at- No modo comum , a tensão de
permanente. Ademais, deve tolerar mosféricas descrita na IEEE ruído aparece entre os condutores
um perda total de energia por um tem- C62.41. Estes testes simulam sur- onde a corrente flui (fase e neutro) e
po inferior a ½ ciclo de rede (8,33 tos induzidos por descargas atmos- o terra. As correntes fluem em fase
ms em 60 Hz).Também deve tolerar féricas em linhas de energia. Este entre si (no mesmo sentido) nos con-
uma sobretensão de 300% para teste muitas vezes é considerado dutores fase e neutro, e em sentido
transientes de 100 µs, 200% para destrutivo, mas não pode levar o oposto retornam pelo terra. Um caso
transientes de 1 ms, e assim por di- equipamento a uma situação perigo- especial do modo comum ocorre
ante. Esta curva é recomendada pela sa, como um incêndio. quando a corrente de ruído flui em
norma IEEE 1100. fase nos condutores neutro, fase e
Ruído contínuo terra de segurança, e retorna por um
Transientes com baixo nível terra externo.
de energia Recomenda-se um subconjunto Estas distinções são importan-
do método GS102 MIL-STD-461, li- tes, pois algumas medidas de pre-
Recomenda-se utilizar a norma mitando a freqüência entre 150 kHz venção só eliminam um dos tipos de
IEC 1000-4-4 (“Electromagnetic e 80 MHz, e regulando a amplitude ruído. Além disso, o modo de ruído
compatibility for industrial process entre 1 e 3 Vrms. normalmente dá uma pista para a
measurement and control equipment origem do ruído. Distúrbios de modo
– Part 4 – Electrically fast transient/ PREVENÇÃO DOS PROBLEMAS diferencial provavelmente provêm do
burst requirements”). Este teste si- mesmo circuito, ou seja, são condu-
mula faiscamentos provocados por Agora que você já está ciente dos zidos. Ruídos de modo comum tipi-
relés ou cargas indutivas, que podem problemas e de suas ramificações, camente são acoplados por irradia-
provocar problemas em circuitos di- estudemos algumas medidas de pre- ção. De uma forma geral, ruídos de
gitais microprocessados. venção que podem ser aplicadas na modo diferencial predominam em fre-

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 49


ENERGIA

qüências abaixo de 1 MHz, enquan- mum e diferencial. A figura também


to os de modo comum predominam mostra um pequeno indutor opcional
em freqüências acima de 1 MHz. no terra de proteção, que reforça a
filtragem em modo comum. Isto pode
Dispositivos de proteção ser eficaz contra ruídos de modo
comum produzidos por motores ou
A seguir, apresentamos alguns dis- descargas atmosféricas. Este indutor
positivos de proteção que você pode- deve ser pequeno o suficiente para
rá incluir em seu equipamento para Figura 7 – Protetor de transientes híbrido. não bloquear a descarga de 60 Hz
minimizar os efeitos dos distúrbios contra o terra de segurança.
mais comuns em linhas de energia. limitadores e “crowbar” num disposi- Filtros são defesas importantes
tivo híbrido. Tais dispositivos inclu- contra ruídos de RF, mas podem
Protetores de transientes em proteções de alta velocidade e falhar devido a instalação ou pro-
Protetores de transientes impe- para altas quantidades de energia a jeto deficientes. A seguir, citam-se
dem que a energia vinda da linha ul- um custo razoável. Pode-se utilizá- alguns problemas comuns com fil-
trapasse determinados níveis, e in- los na proteção de fontes primárias tros, assumindo que sejam filtros
cluem três tipos de dispositivos: tu- em sistemas robustos, no entanto, passa-baixa, que é a configuração
bos de gás, varistores de metal-óxi- em nível de equipamentos eletrôni- mais comum para controle de in-
do (MOVs) e diodos zeners de silí- cos individuais, MOVs ou zeners terferência.
cio. Cada tipo tem seus prós e con- normalmente são suficientes. - A faixa de freqüência do ruído
tras, dependentes do tempo de res- Os protetores de transientes de- é muito alta. Embora filtros passa-
posta e capacidade de energia. vem ser instalados tanto entre linhas baixa ideais atenuem todas as fre-
Pode-se dividir os dispositivos em de entrada de alimentação (fase e qüências acima de determinado li-
dois tipos: limitadores (“clamping”) e neutro), quanto entre linhas e o ter- mite, filtros reais começam a dei-
“crowbar”. Limitadores impedem que ra, para prover proteção de modo xar passar freqüências altas devido
a tensão passe de determinado limi- comum e diferencial. A figura 7 mos- a capacitâncias e indutâncias pa-
te mantendo-a neste limite, enquan- tra um exemplo de dispositivo híbri- rasíticas. Como regra, pode-se es-
to dispositivos de “crowbar” produzem do que provê este tipo de proteção. perar que um filtro comece a falhar
um curto-circuito momentâneo quan- Observa-se um dispositivo “crowbar” entre 100 e 1000 vezes sua freqüên-
do a tensão limite é excedida. (tubo de gás) ligado ao terra do chas- cia de projeto. Por exemplo, se foi
Diodos zener e MOVs são dis- sis (modo comum), que pode ser re- projetado para 20 kHz, ele começa
positivos limitadores. Eles limitam querido em produtos destinados ao a perder eficiência acima de 2 MHz.
a tensão e dissipam a energia adi- mercado europeu. Agências européi- Em torno de 20 MHz, ele fica com-
cional. Estes dispositivos tipicamen- as de segurança preocupam-se com pletamente ineficiente. A solução
te são quantificados em Joules de eventuais curtos ao chassis, e as- para isso é colocar vários estágios
energia que podem dissipar. Seus sumem que um curto num tubo de de filtragem. Um estágio poderia fil-
tempos de resposta são rápidos, gás é bem menos provável do que trar de 10 kHz a 1 MHz, outro de 1
sendo os diodos zener mais rápidos num zener ou MOV. MHz a 100 MHz, e outro de 100 MHz
do que os MOVs. Em contrapartida, a 1 GHz.
MOVs geralmente podem dissipar Filtros EMI - Aterramento pobre. Conexões
mais energia, o que os torna mais Tais filtros são dispositivos line- de baixa impedância são fundamen-
robustos para proteção de linhas de ares armazenadores de energia. tais para boa filtragem de altas fre-
energia. Eles atenuam tanto “spikes” quan- qüências. A figura 9 ilustra este pro-
Tubos de descarga de gás são to “notches” na forma de onda de blema num filtro π simples. A alta
dispostivos “crowbar”. Quando o gás energia. Sendo dispositivos linea- impedância de aterramento (pode
se ioniza, a tensão sobre o arco res, eles agem proporcionalmente, ser resistiva ou indutiva) permite
ionizante cai para um nível muito ao invés de limitar a tensão em que as altas freqüências escapem
baixo, e a maior parte da energia é determinado nível. Filtros são utili- do filtro.
refletida ao invés de absorvida. Esta zados para remover baixos níveis
energia deve ser desviada para o ter- de energia RF contínua, embora Transformadores de isolação
ra. Os tempos de resposta são pio- também atenuem transientes de al- Transformadores de isolação são
res do que os de dispositivos ta freqüência. transformadores de potência sem
limitadores, mas ainda são adequa- A maior parte dos filtros de linha conexão direta entre primário e se-
dos para descargas atmosféricas, EMI comerciais protegem em modo cundário. Desta maneira, existe
para as quais esta proteção é muito comum e diferencial. A figura 8 exi- isolação entre a entrada de energia
utilizada. be um filtro EMI típico, que combina e a carga. Devido à isolação, eles
Alguns protetores de transientes indutores de modo comum e diferen- oferecem uma proteção contra ruí-
comerciais combinam dispositivos cial, com capacitores de modo co- dos de modo comum. Proteção em

50 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
ENERGIA

Onda. O problema cresce de manei-


ra astronômica, proporcionalmente
ao uso de cargas eletrônicas e fon-
tes chaveadas.
Na Europa, já estão surgindo nor-
mas para limitar este tipo de harmô-
nicas (EN61000-3-2). Nos Estados
Unidos, concessionárias de energia
sobretaxam consumidores com fator
de potência pobre. Os grandes usuá-
Figura 8 – Exemplo de Filtro EMI.
rios, em conseqüência disso, irão
pressionar os fabricantes de equipa-
mentos para diminuir as harmônicas
modo diferencial também é ofereci- geradas.
da pelas próprias bobinas. Os efeitos da geração de harmô-
Infelizmente, a isolação e a blin- nicas na distribuição de energia são
dagem se degradam à medida que a sérios. Podem sobreaquecer transfor-
freqüência cresce, devido a ca- madores e fiações de neutro em sis-
pacitâncias parasíticas entre os temas trifásicos, pois harmônicas
enrolamentos de entrada e saída. A triplas (múltiplos ímpares de 3, como
isolação em altas freqüências pode 3a, 9a, 15a, ...) se somam ao invés
ser melhorada adicionando blinda- de se cancelarem.
gens capacitivas entre enrolamentos Figura 9 – Filtro com aterramento pobre.. Alguns dispostivos de estado
para interceptar correntes indesejá- sólido estão surgindo para reduzir
veis. Estas blindagens podem pro- Deve-se colocar protetores de as harmônicas geradas por fontes
ver atenuação em modo comum ou transientes e filtros no ponto de en- chaveadas. Estes “pré-reguladores”
diferencial, dependendo de onde são trada do equipamento para mi- distribuem a corrente drenada pela
conectadas. O segredo é interceptar nimizar a poluição das conexões fonte pelo ciclo inteiro, ao invés de
as correntes de ruído e fazê-las internas. Quando se usam tanto produzir efeito similar ao mostrado
retornar para sua fonte. Para modo protetores de transientes quanto fil- na figura 2. Seu custo é razoável,
comum, conecte a blindagem no ter- tros, é preciso instalar os protetores mesmo para produtos que devem
ra, e para modo diferencial conecte mais próximos da entrada de ener- ser altamente competitivos em pre-
no neutro. As conexões da blindagem gia para proteger os filtros e outros ço. E espera-se que o custo caia,
devem ser curtas para minimizar sua dispositivos internos. se todos os equipamentos come-
indutância. Pode ser necessário combinar çarem a utilizar este tipo de dispo-
Transformadores de isolação fun- mais do que um método de prote- sitivos.
cionam melhor em baixas freqüênci- ção, dependendo dos problemas
as, até 10 MHz, ou para transientes contra os quais desejamos nos pre- CONCLUSÕES
com tempos de subida ou descida venir ou solucionar. Lembre-se que
de até 300 ns. A maior parte dos ruí- transformadores de isolação funcio- Este segundo artigo da série so-
dos provocados por motores ou des- nam melhor em freqüências baixas, bre EMC/EMI abordou as interfe-
cargas atmosféricas estão nesta fai- e filtros funcionam melhor em fre- rências e emissões ligadas ao for-
xa. No entanto, transformadores de qüências maiores. Portanto, a com- necimento de energia. Esperamos
isolação não funcionam bem para binação de dispositivos pode propor- que tenha sido útil para esclarecer
transientes de alta velocidade, como cionar grande variedade de prote- a origem de tais problemas, forne-
EFT (5 ns) ou ESD (1 a 3 ns). ções. O mesmo princípio vale para cendo métodos para preveni-los e
protetores de transientes. Você pode solucioná-los.
A Importância da instalação utilizar um dispositivo zener (rápi- Outros artigos desta série pros-
do, baixa energia) em conjunto com seguirão abordando outros tipos de
Instalação adequada é essencial um tubo de descarga de gás (lento, interferências eletromagnéticas,
para cada um dos dispositivos de alta energia). como ESD e RFI.
proteção descritos anteriormente. É
necessário manter os terminais dos Geração de harmônicas por
Bibliografia
componentes curtos para minimizar equipamentos do usuário
indutâncias. O mesmo vale para co- - Daryl Gerke e Bill Kimmel -
nexões de filtros e blindagens de A origem deste problema já foi EDN: The Designer's Guide to
transformadores de isolação para o discutida anteriormente neste artigo, Electromagnetic Compatibi-
terra. na seção Distorções na Forma de lity - Kimmel Gerke Associates Ltd.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 51


MECÂNICA INDUSTRIAL

Tolerância
geométrica
2ª parte Adriano Ruiz Secco

Para interpretar e fazer as indicações de tolerâncias geométricas nos dese-


nhos técnicos é necessário conhecer os modos de representação do quadro
de tolerância, elementos de referência e principalmente o conceito de campo
de tolerância, extremamente importante para o entendimento da aplicação e
verificação das tolerâncias geométricas no processo de produção.

INDICAÇÃO NO ELEMENTO Se a mesma característica de to- lerância para cada elemento. Em vez
TOLERADO lerância geométrica e o mesmo va- disso, as indicações de tolerância
lor de tolerância forem especificados podem ser feitas como mostram as
ma forma de indicar a to- para vários elementos distintos, não figuras 5 e 6.

U lerância geométrica no de-


senho técnico consiste em
ligar o quadro de tolerân-
cia diretamente ao contorno do ele-
mento tolerado por meio de uma li-
é necessário repetir o quadro de to- Nos dois exemplos, a tolerância

nha auxiliar (linha contínua estrei-


ta) com uma seta na sua extremi-
dade (figura 1).
Uma alternativa consiste em ligar
o quadro de tolerância a uma linha
auxiliar no prolongamento do contor-
no, se a tolerância se aplicar à linha
ou à própria superfície (figura 2).
Quando a tolerância for aplicada Figura 1 - Indicação no contorno do Figura 2 - Indicação no prolongamento do
a um eixo ou ao plano médio de um desenho. contorno do desenho.
elemento cotado, o quadro de tole-
rância pode ser ligado à linha de ex-
tensão, em prolongamento à linha de
cota. Ver figura 3.
O quadro de tolerância pode ser
ligado diretamente ao eixo ou plano
médio tolerado, quando a tolerância
se aplicar a todos os elementos co-
muns a este eixo ou a este plano
médio (figura 4). Figura 3 - Indicação no prolongamento da linha de cota.

52 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

de planeza, de no
máximo 0,1mm,
aplica-se igualmen-
te aos três elemen-
tos indicados nos
desenhos.

INDICAÇÃO NO
ELEMENTO
DE REFERÊNCIA

Em alguns dos
exemplos analisa-
dos anteriormente, Figura 4 - Indicação no eixo ou plano médio.
os quadros de tole-
rância apresenta-
vam uma ou mais
letras maiúsculas
representando os
elementos de refe-
rência para verifica-
ção do elemento to-
lerado.
Nos desenhos
técnicos, essas
mesmas letras
maiúsculas devem
ser inscritas num
quadro e ligadas Figura 5 - Indicação a elementos comuns. Figura 6 - Indicação a elementos comuns.
ao elemento de
referência por uma
linha auxiliar (li-
nha contínua es-
treita), que termi-
na num triângulo
cheio ou vazio,
apoiado sobre o
elemento de refe-
rência (figura 7).
A base do triân-
gulo pode apoiar-se
Figura 7 - Indicação da referência Figura 8 - Indicação no elemento de referência
diretamente no
contorno do ele-
mento de referência ou no seu pro-
longamento. Só não é permitido apoi-
ar a base do triângulo diretamente
sobre uma linha de cota.
Quando o elemento de referência
for um plano médio de uma parte co-
tada, ou um eixo, a base do triângulo
pode ser apoiada numa extensão da
linha de cota (figura 8).
Na figura 9, à direita, onde o ele-
mento de referência é o plano mé-
dio do rasgo retangular, uma das se-
tas foi suprimida por falta de espa-
ço, o que é aceitável segundo a nor-
Figura 9 - Indicação no plano médio ou eixo.
ma técnica.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 53


MECÂNICA INDUSTRIAL

A base do triângulo pode ser zonas de tolerância. Essas zonas CAMPO DE TOLERÂNCIA
apoiada diretamente sobre o eixo correspondem ao que a norma NBR
ou plano médio do elemento de re- 6409:1997 chama de campo de to- A tolerância geométrica para um
ferência, quando se tratar do eixo lerância, conceito extremamente im- elemento, define uma região dentro
ou plano médio de um elemento úni- portante para o entendimento da apli- da qual o elemento tolerado deve es-
co ou do eixo ou plano médio co- cação e verificação das tolerâncias tar contido. Portanto, campo de to-
mum a dois elementos (figura 10). geométricas. Este conceito será ex- lerância é o espaço onde devem
Se for possível ligar diretamente plicado, em linhas gerais, no próximo estar localizados os desvios de for-
o quadro de tolerância ao elemento tópico. Depois, será retomado quan- ma, de posição e de orientação do
de referência, por uma linha auxiliar, do se tratar de cada um dos tipos de elemento tolerado, em relação à sua
pode-se dispensar a representação tolerância geométrica, em detalhes. forma geométrica ideal.
das letras (figura 11).
Para indicar que a tolerância res-
tringe-se a uma parte limitada de um
comprimento ou superfície, deve-se
usar uma linha traço e ponto larga para
delimitar a região tolerada (figura 12).
Do mesmo modo, se apenas par-
te do elemento de referência for to-
mada como base para verificação da
característica tolerada, esta parte
deve ser delimitada no desenho pela
linha traço e ponto larga (figura 13).
Se houver restrições quanto à for-
ma em alguma parte definida do ele- Figura 10 - Indicação no plano médio comum.
mento tolerado, a região correspon-
dente também deve ser delimitada
pela linha traço e ponto larga e uma
nota deve ser escrita próxima ao qua-
dro de tolerância especificando o tipo
de restrição aplicável (figura 14).

REPRESENTAÇÃO DAS
COTAS BÁSICAS

São chamadas de cotas bási-


cas as dimensões teoricamente
exatas que determinam a posição,
o perfil de uma linha ou de uma su-
perfície qualquer ou a inclinação de
um elemento.
Essas cotas não devem ser to- Figura 11 - Indicação de referência sem letras.
leradas diretamente. No desenho,
elas são representadas emoldura-
das, como mostra a figura 15 .
No exemplo, as cotas de locali-
zação dos furos aparecem dentro de
um quadro, o que significa que se tra-
tam de cotas básicas. A tolerância
de posição aparece indicada em re-
lação ao centro de cada furo, toman-
do como referência as arestas hori-
zontal e vertical da peça. Este tipo
de indicação tem por objetivo evitar
o acúmulo de erros de localização
dos elementos na produção da peça.
As várias tolerâncias geométricas
são definidas com suas respectivas Figura 12 - Indicação de referência a uma parte delimitada.

54 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

Figura 13 - Indicação de referência na parte delimitada. Figura 14 - Indicação de referência com restrições de forma.

Dependendo da caracte-
rística tolerada e da maneira
como a tolerância é indicada
no desenho técnico, o cam-
po de tolerância é caracteri-
zado por:

Área dentro de um círculo.

Na figura 16, o ponto de


intersecção determinado pe-
las coordenadas “X” e “Y”
admite uma tolerância circu-
lar de diâmetro “t”. O detalhe
ampliado do campo de tole-
rância ao lado indica que,
para a peça ser aprovada, o
ponto efetivo deve estar em Figura 15 - Indicações de cotas básicas.
qualquer posição dentro da
área circular de diâmetro “t”.

Área entre dois círculos.

Neste exemplo (figura


17), o campo de tolerância é
determinado pela área entre
dois círculos concêntricos dis-
tantes radialmente de “t”. A
peça para ser aprovada deve
apresentar efetivamente seu
contorno dentro desta área.

Área entre duas retas


paralelas.
Figura 16 - Área dentro de um círculo.
Na figura 18, o campo de

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 55


MECÂNICA INDUSTRIAL

tolerância de retitude t é de-


limitado pelas duas linhas pa-
ralelas r e s. Isso significa
que a aresta tolerada, na
peça pronta, deverá apresen-
tar um perfil que não ultrapas-
se os limites determinados
pelas duas paralelas r e s.

Espaço dentro de um
cilindro.

No exemplo da figura 19,


o valor da tolerância precedi-
do pelo símbolo de diâmetro
indica tratar-se de um campo
Figura 17 - Área entre dois círculos concêntricos.
de tolerância cilíndrico.

Figura 18 - Área entre duas retas paralelas. Figura 19 - Espaço dentro de um cilindro.

Espaço entre dois cilindros


coaxiais.

Neste caso (figura 20), o campo


de tolerância tem a forma cilíndrica
e corresponde à região delimitada por
dois cilindros coaxiais distantes ra-
dialmente de “t”. O contorno cilíndri-
co efetivo deve estar entre esses
dois cilindros coaxiais.

Espaço entre dois planos parale-


los (figura 21).

Aqui o campo de tolerância t


Figura 20 - Espaço entre dois cilindros coaxiais. compreende a região situada entre

56 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
MECÂNICA INDUSTRIAL

fornece as “pistas” para determinar


a forma de verificação das tolerân-
cias indicadas nos produtos aca-
bados.
O entendimento do significado de
cada tipo de tolerância se completa
à medida em que é dada a oportuni-
dade de visualizar a forma de verifi-
cação da característica tolerada. Por
essa razão, para cada tipo de tole-
Figura 21 - Espaço entre dois planos paralelos. rância geométrica apresentada será
mostrado pelo menos um método de
tidos nessa região verificação.
entre os dois planos. A verificação das características
de tolerância geométrica pode ser fei-
Espaço dentro de um ta com o uso de dispositivos relati-
paralelepípedo. vamente simples, desde que este-
jam de acordo com os princípios ge-
Quando um mesmo rais de medição e de verificação.
elemento é tolerado em
duas direções distintas,
o campo de tolerância
- ERRATA: A norma
resultante tem a forma
prismática. Na peça NBRISO 27G8-1: 2001 tem
Figura 22 - Espaço dentro de um paralelepípedo.
pronta, os pontos do a classe de tolerância “C”
elemento tolerado po- para grosso e “V” para
os dois planos paralelos, dem situar-se em qualquer região den- muito grosso, diferente do
eqüidistantes da superfície ideal tro do paralelepípedo determinado por apresentado no último
projetada no desenho. Na peça aca- t1 e t2 (figura 22).
A visualização dos campos de
artigo: “g” (grosso) e “mg”
bada, a planeza será considerada
satisfatória, se todos os pontos da tolerância para cada característica (muito grosso).
superfície tolerada estiverem con- tolerada, é impor tante porque

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003 57


SOFTW ARE
SOFTWARE

AutoCAD 3D - 5a Parte

Vistas or togonais
ortogonais
e foto-r ealismo
foto-realismo
Sérgio Eduardo Macedo Rezende

(para isso precisamos do raio de cur-


vatura), enquanto que o chamfer cor-
tará essas quinas chanfrando a peça
selecionada.
Vamos utilizar primeiro o fillet .
Assim, faça os desenhos da figura
1 e, para acionar o comando, vá ao
menu superior, clique em Modify e
selecione a opção fillet. Podemos
seguir os passos abaixo para obter-
mos a figura 2.
Command: fillet
Current settings: Mode = TRIM,
Radius = 10.0000

pós conhecer os principais

A comandos relacionados às
superfícies e aos sólidos,
este é o último artigo da
série de AutoCAD 3D. Precisamos
lembrar que não basta saber o que
foi aqui abordado, uma vez que a
prática é fundamental, pois com
ela saberemos manipular as figu-
ras tridimensionais, e os coman-
dos serão lembrados com facilida-
de. Nesta parte final, vamos utili-
zar o fillet e o chamfer 3D e apren-
deremos a criar vistas ortogonais
com base em desenhos
tridimensionais. Para encerrar, apli-
caremos os conceitos mais impor-
tantes sobre renderização, aplica-
ção de materiais fazendo o dese-
nho parecer bastante real (recurso
fotorrealístico) e comandos bási-
cos de iluminação.

FILLET E CHAMFER

Estes comandos têm função se-


melhante a duas dimensões. O fillet
Figura 1 – Modelo para fillet e chamfer. Figura 2 – Resultado do fillet.
é utilizado para arredondar quinas

58 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
SOFTW ARE
SOFTWARE

Select first object or [Polyline/ 1 edge(s) selected for fillet. Specify other surface chamfer
Radius/Trim]: (Clique na quina do blo- distance <10.0000>: 8
co ou do cilindro) Se nestas figuras utilizarmos um Select an edge or [Loop]: (Clique
Enter fillet radius <10.0000>: 2 raio de, por exemplo 10, não será novamente na quina)
Select an edge or [Chain/Radius]: possível aplicar o comando, uma vez Select an edge or [Loop]: (Dê
(Dê Enter) que o raio terá dimensão superior ao Enter)
das figuras.
O acionamento do comando PAPERSPACE E PROJEÇÕES
chamfer pode ser feito pelo menu su- ORTOGONAIS
perior, ou como mostrado abaixo, para
obtermos o resultado da figura 3: Ao fazermos um desenho em
Command: chamfer três dimensões, poderá ser neces-
(TRIM mode) Current chamfer sário criar suas projeções
Dist1 = 10.0000, Dist2 = 10.0000 ortogonais em duas dimensões para
Select first line or [Polyline/ que elas sejam cotadas e impres-
Distance/Angle/Trim/Method]: (Clique sas. Normalmente, trabalhamos no
na quina desejada) ambiente Modelspace em que cons-
Base surface selection... truímos os desenhos habituais.
Enter surface selection option Para criar uma folha de desenho,
[Next/OK (current)] <OK>: (Dê Enter) precisamos converter o ambiente
Specify base surface chamfer para a opção Paperspace . Primei-
Figura 3 – Resultado do chamfer. distance <10.0000>: 4 ramente, construa o desenho da
figura 4 para usarmos como mo-
delo, e em seguida vamos digitar o
comando solview chegando na tela
da figura 5.
Command: solview
Regenerating layout.
Enter an option [Ucs/Ortho/
Auxiliary/Section]: u (Utilizaremos o
ucs como base)
Enter an option [Named/World/?/
Current] <Current>: (Dê enter)
Enter view scale <1>: 10 (Para o
desenho ficar maior)
Specify view center: (Clique no
meio da tela)

Figura 4 – Sólido para exemplo. Podemos perceber que a figura


que apareceu na tela é a vista pa-

Figura 5 – Paperspace. Figura 6 – Enquadrando o desenho.

MECATRÔNICA ATUAL Nº 9
5 - ABRIL/2003
DEZEMBRO/2002 59
SOFTW ARE
SOFTWARE

ralela ao UCS, correspondendo à Specify view center <specify senho com outras vistas como a fron-
vista superior do desenho (figura viewport>: (Dê Enter) tal e isométrica, bastando para isso
6). Specify first corner of viewport: aplicar o vpoint conforme desejado.
(Clique em um ponto inicial para en- Agora vamos diferenciar as linhas
quadrar o desenho com uma borda, ocultas das visíveis, siga estes co-
figura 6) mandos:
Specify opposite corner of Command: soldraw
viewport: (Clique em um ponto dis- Select viewports to draw..
tante do inicial para encerrar o Select objects: (Clique na borda
enquadramento) em torno da peça, figura 8, ela fica-
Enter view name: Superior (Nome rá pontilhada)
da vista, para diferenciar de outras One solid selected.
que podem ser criadas) Select objects: (Dê Enter)
Figura 7 – Layers criados automaticamente.
UCSVIEW = 1 UCS will be saved Command: pspace (Para traba-
with view lharmos com as vistas como em um
Enter an option papel)
[Ucs/Ortho/
Auxiliary/Section]: Aparentemente, não houve mu-
(Dê Enter) danças, no entanto, o AutoCAD co-
locou as linhas ocultas no layer “Su-
Perceba que o perior-HID” e as linhas visíveis no
AutoCAD criou au- layer “Superior-VIS”. No layer “Supe-
tomaticamente vá- rior-Dim” podem ser colocadas as
rios layers (figura cotas do desenho.
7). Em cada um Para observarmos os efeitos dos
deles iremos apli- comandos vamos mudar algumas
car um recurso di- características destes layers afetan-
ferente. Ainda
estamos na opção
Modelspace que
permite que po-
Figura 8 – Selecionando a borda. sicionemos o de-

Figura 10 – Resultado final.

Figura 11 – Aplicando solview para uma


Figura 9 – Mudando as propriedades dos layers. vista isométrica.

60 MECATRÔNICA ATUAL Nº 9 - ABRIL/2003


AUTOMAÇÃO
SOFTW ARE
SOFTWARE

Figura 12 – Exemplo de renderização


foto-realística.

do as linhas do desenho. Para isso Figura 13 – Desenho para treino.


acione o comando layer clicando no
ícone correspondente ou digitando com um aspecto mais próximo do
layer. Na caixa de diálogo mude a cor real, utilizamos o comando render.
da linha do layer “Superior-VIS” e do Para acioná-lo, clique no ícone ren-
layer “Superior-HID” como ilustrado der da toolbar render como mostra-
na figura 9 e veja os resultados na do na figura 14. Vamos precisar
figura 10. bastante desta toolbar para outros
Podemos fazer com que as linhas recursos. Assim, vá até o menu Figura 14 – Toolbar render.
invisíveis fiquem tracejadas. Basta superior em View,
na opção linetype da caixa de diálo- Toolbars..., e des-
go do layer escolher o tipo de linha taque a toolbar
desejado. Lembre-se que pode ser render. Após acio-
necessário mudar a escala com o narmos o render
comando ltscale . Se tivéssemos clicando no ícone
mudado o vpoint anteriormente para correspondente
uma vista isométrica, chegaríamos na toolbar ou
à figura 11. digitando no menu
de comandos apa-
RENDERIZANDO E recerá a caixa de
APLICANDO RECURSOS diálogo da figura
FOTO-REALÍSTICOS 15. Bastará, en-
tão, clicar em ren-
Finalmente, vamos colocar em der para vermos
prática um dos recursos mais mos- os resultados. O
trados do AutoCAD conferindo apa- aspecto inicial do
rência melhor aos nossos dese- desenho poderá
nhos. Daremos enfoque aos co- não ficar muito
mandos foto-realísticos que permi- bom, mas vamos
tem transformar um simples sóli- fazer isso melho-
do em um objeto com o aspecto rar bastante. Caso
de algum material. Pode ser ma- a cor não seja boa Figura 15 – Caixa de diálogo para renderização.
deira, metal, plástico e até vidro, para se trabalhar,
selecionaremos diversos tipos que é só digitarmos o comando
farão a diferença em um projeto, ddchprop, clicar no desenho e mu-
veja a figura 12. Para complemen- dar sua cor na propriedade color.
tar, utilizaremos um pouco do re- Para finalizar, vamos aplicar um
curso de iluminação para dar des- material no nosso desenho fazendo
taque a algumas partes de nossos uso do recurso foto-realístico. Para
desenhos. isso, clicamos no ícone Materials
Faça um desenho simples como (Figura 16) da toolbar render e ve-
a mola exibida na figura 13 para remos a caixa de diálogo da figura
usá-la como exemplo. Quando de- 17. Agora, precisamos carregar da
Figura 16 – Ícone materials.
sejamos ver nosso desenho 3D biblioteca os materiais que deseja-

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Figura 18 – Caixa de diálogo Materials Library.

nente do desenho Photoreal. Este procedimento é mui-


Figura 17 – Caixa de diálogo Materials. ou associando o to importante, caso contrário o ma-
material a um terial não será aplicado. Agora, clique
mos clicando no botão Materials layer inteiro, isto é, todas as par- em Render e observe os resultados
Library, conforme a figura 18. Po- tes que estiverem no mesmo layer na figura 20.
demos verificar que há diversos serão do mesmo material. Como
materiais disponíveis, dos quais va- nosso desenho é simples vamos ILUMINAÇÃO
mos selecionar alguns que impres- aplicar a primeira opção. Clique no
sionam bastante. Muitas vezes, ao material Chrome Lake e em segui- Complementando os recursos
instalar o AutoCAD, este recurso de da no botão Attach e selecione a foto-realísticos, podemos criar em
materiais não foi selecionado. Clique mola para que ela seja deste ma- nosso desenho um ambiente com
em algum material e no botão terial. luzes de diversos tipos. Vamos, aqui,
Preview. Se a esfera ou cubo exem- Para ver os resultados, digite ren- dar uma introdução sobre este recur-
plo ficar sempre verde significa que der no menu de comandos ou pelo so com um exemplo prático. Siga
este pacote de materiais não foi ins- ícone correspondente e na caixa de estes passos para construir um am-
talado. Se não houver problemas, diálogo render (figura 15) em biente simples nas posições
destaque, por exemplo, o material Rendering Type selecione a opção indicadas:
Chrome Lake e clique em Import
para carregá-lo. Faça o mesmo com
os materiais Chrome Sky, Chrome
Gifmap e Cyan Metalic. Em segui-
da, clique em OK, para desenhos
envolvendo mecanismos e peças
metálicas eles serão bastante ade-
quados.
Para que a peça fique mais des-
tacada com os materiais a “dica” é
clarear este material. Na caixa de
diálogo Materials clique em
Chrome Lake e no botão Modify,
aparecerá a caixa de diálogo
Modify Standard Material . Nela, vá
em Colors e ajuste as barras de
rolagem em 0.5 como ilustrado na
figura 19.
O próximo passo é associar os
materiais com os desenhos dese-
jados. Podemos fazer isso de duas Figura 19 – Clareando o material.
formas: clicando em cada compo-

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AUTOMAÇÃO
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Command: vpoint Specify diameter for base of xa de diálogo Lights (figura 22) es-
Current view direction: cylinder: 20 colha a opção Point Light e clique
VIEWDIR=0.000 0,0.0000,1.0000 Specify height of cylinder or no botão New. Dessa forma cria-
Specify a view point or [Rotate] [Center of other end]: 40 remos um novo ponto de luz na
<display compass and tripod>: -1,- caixa de diálogo New Point Light
1,1 Agora, configuraremos a ilumina- (figura 23). Digite um nome no es-
Regenerating model. ção acionando o comando de luz paço Light Name e clique no bo-
Command: box digitando light no menu de coman- tão Modify para digitarmos a po-
Specify corner of box or [CEnter] dos ou pelo ícone correspondente sição da luz, em seguida, digite
<0,0,0>: 0,0,0 (figura 21) na toolbar render. Na cai- 0,200,100 no menu de comandos,
Specify corner or [Cube/Length]:
l
Specify length: 200
Specify width: 200
Specify height: 5
Command: cylinder
Current wire frame density:
ISOLINES=4
Specify center point for base of
cylinder or [Elliptical] <0,0,0>:
100,100,5
Specify radius for base of cylinder
or [Diameter]: d

Figura 22 – Caixa de diálogo Lights.

Figura 20 – Resultado final.

Figura 21 – Ícone Light. Figura 23 – Caixa de diálogo New Point Light.

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a intensidade cai até zero, digite 60. Real para chegar nos resultados da
Dessa forma entre 30 graus e 60 figura 27.
graus haverá uma região de penum- Bem, vimos as principais carac-
bra, acima de 60 graus não haverá terísticas das luzes mais importan-
spotlight, observe a figura 26. tes, há diversos recursos comple-
Digite 80 na intensidade. Clique em mentares que podem ser assimila-
Modify para digitarmos as coorde- dos à medida em que haja neces-
nadas do sentido da spotlight. Para sidade. Com certeza, para fazer um
este exemplo digite 100,100,10 bom desenho representativo, os
para o alvo e 50,100,100 para a recursos ensinados são mais que
Figura 24 – Aplicação de luz pontual. origem. Aplique render não esque- suficientes.
cendo de colocar na opção Photo Chegamos ao final da série de
artigos sobre o AutoCAD 3D. Foram
ensinados os principais conceitos e,
para ganhar prática, é preciso dese-
nhar peças cada vez mais comple-
xas. Isso demanda tempo, mas os
resultados serão visíveis. Quando se
utiliza um recurso pela primeira vez,
poderá demorar para chegar nos re-
sultados, mas depois ficará mais fá-
cil. Então, façam bom uso do
AutoCAD, e até mais!

Figura 25 – Aplicação de luz Spotlight. Figura 26 – Fallof e Hotspot.

para posicionar a luz distante do ci-


lindro, a intensidade luminosa pode
ser em torno de 300. Clique em OK
nas duas caixas de diálogo. Digite
render e não se esqueça de colocar
na opção Photo Real conforme ex-
plicado antes (figura 15) e clique no
botão render para ver os resultados
da figura 24.
Para encerrar, criaremos uma
spotlight. Na caixa de diálogo Lights
selecione a opção Spotlight , clique
em New e vamos digitar o nome da
nova luz (Figura 25). Em seguida
temos a opção Hotspot para digitar
o ângulo de abertura mais brilhante,
digite 30. Fallof é a abertura maior,
do ângulo de Hotspot até o de Fallof Figura 27 – Resultado do Spotlight.

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