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Fisiologia do Exercício Efeitos do exercício, Bioenergética e Fibras musculares

Efeitos do exercício, Bioenergética e Tipos de fibras


musculares

Introdução
O exercício se traduz, fisiologicamente, em contração muscular esquelética.
Deve-se diferenciar o que é exercício e o que é atividade física: atividade física é
qualquer contração muscular que eleve o gasto energético em repouso, e exercício físico
é um subtipo de atividade física realizado com objetivo de ganhar condicionamento
físico ou de executar algum tipo de tarefa. A diferença fundamental é que a atividade
física é realizada como um meio, enquanto o exercício físico tem um fim. Exemplo:
trabalhando o indivíduo está fazendo atividade física, ao contrário do indivíduo que vai
jogar bola, cuja finalidade é fazer exercício.

Efeitos agudo, subagudo e crônico do exercício


Fisiologicamente, é necessário entender o que é um efeito agudo e o que é um
efeito crônico do exercício. Efeito agudo é toda aquela manifestação fisiológica que
ocorre durante o exercício. Por exemplo: durante o exercício, há aumento da freqüência
cardíaca, aumento da pressão arterial, diminuição da resistência vascular periférica,
aumento da secreção de hormônio do crescimento e ocorre hipovolemia. O exercício
aumenta a demanda energética e a produção de calor, sendo, portanto, um estresse para
o organismo.
Efeito subagudo é tudo aquilo que ocorre imediatamente após a prática do
exercício, como, por exemplo: a pressão arterial diminui nos períodos pós-esforço, de
modo que, se um indivíduo se exercita todos os dias, nas horas após a prática do
exercício, sua pressão arterial estará mais baixa. Então, pode-se usar o exercício como
tratamento coadjuvante para hipertensão arterial, por exemplo.
Do ponto de vista hemodinâmico, durante o exercício, há o aumento do débito
cardíaco, da freqüência cardíaca e do volume sistólico, numa proporção maior do que a
diminuição da resistência vascular periférica. Logo, há o aumento da pressão arterial
sistólica e a diastólica permanece a mesma.
Ao longo do tempo, esse estresse provoca um efeito adaptativo, então, há os
efeitos crônicos do exercício. O débito cardíaco de um atleta permanece o mesmo de
um indivíduo sedentário; o que muda é a forma como se gera esse débito cardíaco. O

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indivíduo treinado aerobicamente vai apresentar uma freqüência cardíaca de


repouso menor com um volume sistólico maior. Em um exercício físico, ao se atingir
a freqüência cardíaca máxima, essa permanece igual à de um indivíduo sedentário,
porém é atingida em um tempo maior do que o mesmo. A freqüência cardíaca em
repouso é menor no treinado, mas a máxima é a mesma do sedentário. Logicamente,
isso representa um consumo de oxigênio muito maior; o organismo consome mais
oxigênio pelo aumento do volume sistólico.

Bioenergética do exercício
• Introdução
• A via anaeróbica alática
• A via anaeróbica lática
• A via aeróbica

Introdução
O exercício é uma atividade ativa, portanto, demanda muita energia. A
quantidade de ATP de reserva que se tem no organismo é muito pequena: só é capaz de
ser utilizada em contrações que duram, no máximo, 3 segundos. Então, o organismo
desenvolveu, ao longo dos milênios, a capacidade de ressintetizar o ATP.
A musculatura esquelética possui um sistema muito eficiente (de,
aproximadamente, 20%) de transferência de energia química, do ATP, em energia
mecânica, dos movimentos. A energia que obtemos para ressintetizar ATP vem dos
alimentos.
Há 3 vias de ressíntese de ATP: anaeróbica, que pode ser alática (não tendo
ácido lático como produto final) ou lática (ácido lático como produto final); e aeróbica
(reações que dependem do oxigênio).
O processo bioquímico que deflagra esses mecanismos é a baixa do ATP de
reserva, estimulando a ressíntese. Todas as vias de ressíntese de ATP são
estimuladas simultaneamente; o que determina qual delas irá participar mais é a
intensidade e duração de determinado exercício, pois cada uma dessas vias possui
características bioquímicas diferentes.

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O ponto mais importante desse tema é a mensagem de que a prática de


exercícios físicos é a medida de maior impacto em saúde pública, na melhoria da
qualidade de vida e sobrevida, a mais barata e com maiores evidências.

A via anaeróbica alática


O processo pelo qual há liberação de energia para ressíntese, através da via
anaeróbica alática, é a hidrólise da creatina-fosfato, uma molécula existente no
músculo esquelético, que se constitui em uma creatina ligada a um radical fosfatídico de
alta energia. A hidrólise da molécula libera energia, que é utilizada na contração
muscular; não é usado o oxigênio e não se forma ácido lático. Esta via está envolvida
em exercícios rápidos ou situações de transição imediata.
Um exemplo cotidiano de exercício anaeróbico alático é atividade de curta
duração: dar uma corrida rápida para pegar um ônibus, subir um lance de escada,
carregar um objeto por uma distância curta. Demora cerca de 8 a 10 segundos, 3 vezes
a mais do que o ATP de reserva suporta (cerca de 3 segundos). Quanto mais
prolongado, mais aeróbico é o exercício; depois de 2 minutos, a via aeróbica começa
a se tornar prioritária.

A via anaeróbica lática


A via anaeróbica lática é a aceleração específica da via glicolítica, com
liberação de ácido lático, que é a molécula de piruvato modificada. A vantagem da via
lática é ser mais potente, mas possui como desvantagem a produção de ácido lático,
após alguns segundos. Há mecanismos que inibem a via glicolítica, como a acidose
intramuscular. O lactato é reaproveitado pelo organismo; entretanto, o H+ livre no
músculo provoca acidose muscular, causando dor e queimação. A acidose também
inibe a ligação entre o cálcio e a tropomiosina, ou seja, há inibição do próprio
mecanismo de contração. A duração é intermediária: mais de 10 segundos e menos
de 2 minutos; para durar mais de 2 minutos, deve-se baixar a intensidade, passando a ser
aeróbico.
A subida de alguns lances de escada pode ser considerada como uma atividade
que demanda a via anaeróbica lática.

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A via aeróbica
A via aeróbica envolve a via glicolítica, formando ácido pirúvico que passa pela
mitocôndria, ciclo de Krebs e cadeia respiratória. O oxigênio chega como aceptor final
de elétrons para formar água. A molécula de glicose é quebrada na via glicolítica,
formando 2 moléculas de piruvato, com 3 carbonos. No final, a molécula de glicose
libera água e CO2, lembrando uma reação inversa de fotossíntese.
A desvantagem da via aeróbica é a sua lentidão, sendo dependente de várias
enzimas, de oxigênio e da passagem de piruvato para dentro da mitocôndria. Para
funcionar efetivamente, demora de 1 a 2 minutos. Os exercícios tipicamente aeróbicos
são de longa duração e intensidade moderada. Uma corrida ou pedalada longas
podem ser consideradas como exercícios aeróbicos.

Tipos de fibras musculares


Os mamíferos possuem miócitos do tipo I e do tipo II. As fibras musculares do
tipo I têm características que as tornam adaptadas para exercícios aeróbicos; são as
fibras lentas e vermelhas, pois possuem mais mioglobina.
As do tipo II são rápidas, adaptadas para exercícios de potência,
principalmente a fibra do tipo II-B. A do tipo II-A é intermediária entre a do tipo I e II.
O que determina a fibra ser do tipo I ou tipo II é sua inervação, logo, isso é
determinado geneticamente, porém, a mudança de II-A para II-B e vice-versa é bastante
plástica e dependente de treinamento físico. Se um indivíduo treina aerobicamente, as
fibras do tipo II-B se tornam II-A, pois se tornam mais parecidas com as do tipo I. Se
o treino é anaeróbico, as fibras do tipo II-A se transformam em II-B.
Todos os músculos do organismo possuem proporções diferentes de fibras,
dependo da ação dos mesmos.

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