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XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

A IMPORTÂNCIA DA MITIGAÇÃO DO DESCARTE DE


COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS PARA O MEIO AMBIENTE
Fernanda Pereira dos Santos1, Francisco Ferreira de Melo2, Alex Souza Moraes3, Estela Moraes Carneiro4
Romario Jonas de Oliveira Veloso 5.

Introdução
No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é quem regulamenta as
especificações dos produtos combustíveis, dessa maneira, é ilegal a comercialização de produtos que não obedeçam aos
critérios estabelecidos pela agência. De acordo com Bowersox et al. (2006), as distribuidoras de combustíveis devem
garantir que os produtos finais comercializados para seus clientes (postos de combustíveis) estejam aptos para o consumo,
pois é essa atitude que irá determinar a parceria e fidelização com os mesmos.
Neste sentido, uma distribuidora de combustíveis, que compreende em sua logística o armazenamento, transporte e
distribuição do produto para os clientes finais (postos revendedores), trazem consigo a consciência dos impactos negativos
que a atividade pode ocasionar ao meio ambiente, uma vez que podem poluir solo, água e ar. Segundo Rodrigues (2005),
além da qualidade dos produtos verificados no terminal de armazenamento, é preciso ter o cuidado no momento da
realização do transporte. Veículos em péssimas condições podem comprometer a especificação do produto e ao chegar
ao cliente, ser observado que o produto a ser descarregado encontra-se não especificado, gerando dessa maneira, custos e
retrabalho para a distribuidora em ter de reprocessar o produto e o transtorno gerado junto ao cliente final, tendo em vista,
que o mesmo precisava abastecer seu posto para a realização de suas vendas.
Além disso, é necessário monitorar a qualidade da especificação do produto, pois em diversas situações o mesmo pode
vir a estar impróprio para venda e sem possibilidade de reprocessamento, tendo como única solução viável o descarte do
combustível. Descarte esse que gerará custos para a empresa e maiores extrações de matéria prima para a confecção de
novos produtos combustíveis. Tomando por base essa contextualização, este trabalho buscou entender e propor uma
melhoria simples e econômica para a mitigação do descarte de produtos perigosos.

Material e métodos
O estudo foi realizado no período de fevereiro a setembro de 2019, em uma distribuidora de combustíveis, com sede
na cidade do Recife - PE. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi analisado, mais especificamente, o setor de Qualidade
e Meio Ambiente (QMA) da empresa. Este é responsável pelo controle de qualidade dos produtos combustíveis, em todos
os processos, seja no recebimento, armazenamento, movimentação e abastecimento ao cliente, monitorando e mitigando
os riscos ambientais que estejam presentes em todos esses processos.
Para que esse trabalho fosse realizado, foi necessário primeiramente conhecer os indicadores da área de QMA, que
são constantemente monitorados e avaliados. Para cada indicador, existe um Procedimento Gerencial Padrão (PGP), que
também se tornaram informações relevantes para a consolidação deste estudo. Dois pontos principais foram analisados
para as interpretações dos dados colhidos, primeiramente a constante preocupação na especificação do produto,
principalmente para evitar o descarte do produto perigoso contaminado e segundo, a necessidade de que a atividade de
transporte seja realizada de acordo com as legislações ambientais pertinentes.

Resultados e Discussão

1
Primeiro Autor é Engenheira Ambiental e Sanitarista, Centro Universitário Maurício de Nassau. R. Guilherme Pinto, 114 - Graças, Recife - PE,
CEP 52011-210. E-mail: fernandapereirawebb@gmail.com
2
Segundo Autor é Discente de Engenharia Elétrica, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho.
Rua Cento e Sessenta e Três, 300 - Garapu, Cabo de Santo Agostinho - PE, CEP 54518-430.
3
Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros,
s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
4
Quarto Autor é Discente de Engenharia Ambiental, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,
Recife, PE, CEP 52171-900.
5
Quinto Autor é Discente de Engenharia Eletrônica, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho.
Rua Cento e Sessenta e Três, 300 - Garapu, Cabo de Santo Agostinho - PE, CEP 54518-430.
XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

De acordo com os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, n° 12.305/2010, no Art 7° diz que: “II - não
geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos”. O parágrafo em questão demonstra que a não geração de resíduo pode ser aplicada em todas as
situações, inclusive para combustíveis líquidos. Caso o não gerar não seja possível, em último caso, o responsável deve
disponibilizar o rejeito de maneira adequada.
O descarte de combustíveis líquidos gera diversos transtornos, pois o despejo incorreto provoca modificações nas
características do solo e da água, dessa maneira poluindo o meio ambiente. É importante ressaltar que atitudes que não
sejam pautadas na sustentabilidade, podem ser caracterizadas como crimes ambientais, gerando punições previstas em
leis que variam de multas até a paralisação temporária ou definitiva da atividade
Segundo Freitas (2005), à medida que a competição entre as organizações aumenta, o cliente torna-se cada vez mais
exigente e crítico em relação aos serviços prestados. Dessa maneira, os clientes estão cada dia mais preocupados com o
meio ambiente e começam a buscar empresas que se preocupem com a sustentabilidade do seu negócio. Além da questão
ambiental e satisfação dos clientes, a distribuidora estudada também se preocupa com o custo que precisa gerar para
disponibilizar de maneira ambientalmente correta o resíduo a ser descartado.
De acordo com Miranda (1997) ao investigar 129 descartes de produtos perigosos com caminhões tanques de diversas
distribuidoras de combustíveis, descobriu-se que 124 apresentaram deficiência em relação a empresa distribuidora ao
garantir que o Caminhão Tanque (CT) estivesse com condições apropriadas para uso. Conforme a (Fig.1), a quantidade
de descarte de produtos perigosos realizados pelos clientes (postos revendedores) da distribuidora estudada foram apenas
03 casos, onde a causa raiz detectada sempre foi em relação a estrutura do caminhão tanque, confirmando dessa maneira
o estudo realizado por Miranda.
Figura 1 - Quantidade de descarte de combustíveis em relação ao fornecedor e cliente na distribuidora estudada no ano de 2019

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Quantidade de descarte - Fornecedor Quantidade de descarte - Cliente

Dessa maneira, em relação ao descarte, é importante que a distribuidora em questão invista a cada carregamento no
check list padrão do CT, com previsão de ser utilizado em dezembro do ano de 2020. Isso garantiria, que o veículo Cost
Insurance and Freight (CIF), ou seja, o veículo próprio da distribuidora estivesse em conformidade quanto aos requisitos
mínimos para a realização de um carregamento.
Mantendo o controle dos check list dos tanques de armazenamento de combustíveis, que já é realizado, juntamente
com o do caminhão tanque, as quantidades de descarte seriam mínimas. Pois com o contrato existente entre fornecedores
e distribuidora, o combustível advindo dos agentes de produção seria de responsabilidade dos mesmos, necessitando da
distribuidora, apenas o controle dos seus armazenamentos e carregamentos ao cliente final.

Conclusões
Por meio desse trabalho objetivou-se entender a importância de investigar a não especificação dos combustíveis
líquidos, buscando a mitigação do descarte e contribuindo com uma menor utilização de recursos naturais para a geração
de maiores quantidades de combustíveis.
Em relação ao descarte de combustíveis junto aos clientes, através de uma análise dos motivos que levaram os 03
descartes que ocorreram no ano de 2019, foi constatado que todos estavam relacionados com problemas na estrutura do
caminhão tanque. De uma maneira simples, como proposta de sanar esses descartes, um “check list” foi confeccionado
para ser implantado no final de 2020 nas frotas próprias da distribuidora. Desta maneira, é possível verificar que com
ações simples é possível gerar melhorias até mesmo em um setor tão complexo, quanto o de produtos perigosos. Isso
demonstra como o crescimento sustentável pode estar presente em diferentes atividades, gerando lucro para a empresa,
melhorias para a sociedade e preservação dos recursos naturais.
XXII Semana de Engenharia Florestal da UFRPE: Recife, 16 a 20 de novembro de 2020.

Referências
BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J., & COOPER, M. B. Gestão Logística de Cadeias de Suprimentos. Porto Alegre:
Bookman, 2006.
BRASIL. Lei n° 12.305/10, que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
FREITAS, B.T. Marketing de relacionamento. In: ABEMD – Associação brasileira de marketing direto: Marketing direto
no varejo. São Paulo: Makron Books, 2005.
MIRANDA, M.G. Novo paradigma do conhecimento de combustíveis na América Latina. Cadernos de Pesquisa, São
Paulo, n. 100, p. 49-56, mar. 1997.
RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte. 3° ed. São Paulo: Aduaneiras, 2005.

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