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Excelentíssimo Senhor Douto Juiz de Direito da Vara da

Fazenda Pública da Comarca de XXXXXXXXX

O representante do Ministério Público que


esta subscreve, no exercício de suas atribuições legais,
com fundamento no art. 129 da CF, Lei das Licitações e
Contratos Administrativos, e Lei da Improbidade
Administrativa, vem, respeitosamente, apresentar a
presente ação de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA,
escorada no inquérito civil que a acompanha, em face
de (qualificação e endereços indicados:

(Indicados)
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pelas razões de fato e de Direito a seguir expostas:

1 – DOS FATOS.

1.1. – DOS VÍCIOS NO PROCEDIMENTO


LICITATÓRIO.

1.3. DO E. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO.

1.4. DAS RÉS XXXXXXXXX E XXXXXXXXXXXXXXX.

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2 – DO DIREITO E DA IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA.

Reza o inciso XXI do art. 37 da


Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta,


indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:
...
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação,
as obras, serviços, compra e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
permitirá as exigências de qualificação técnica e

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econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.

A regulamentação da determinação
constitucional, veio através da Lei 8.666/83, com
alterações promovidas pelas Leis nºs 8.883/94 e
9.648/98.

Expresso, sobre o tema, o art. 2º “caput” da lei de


regência:

Art. 2º - As obras, serviços, inclusive de publicidade,


compras, alienações, concessões, permissões, locações
da Administração Pública, quando contratadas com
terceiros, serão necessariamente precedidas de
licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

Interessa, também, trazer a colação, o


contido no art. 3º da Lei de Licitações, que fixa a
finalidade da licitação.

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Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia e a selecionar a
proposta mais vantajosa para a Administração e será
processada e julgada em estrita conformidade com os
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.

No caso concreto, à partir da elaboração


de projeto básico para outra unidade hospitalar,
absolutamente fraudulento o processo licitatório.

Quanto a execução do contrato pouco, ou


quase nada, precisa ser dito.

Quase nada foi realizado, apesar de


aditamentos ilegais, tanto para majoração de preço (por
conteúdo, e valor), quanto para prorrogação do contrato.

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Resta nítida, portanto, a improbidade
administrativa, com quebra da impessoalidade, e
despesas ilegais.

A Constituição Federal sanciona os atos


de improbidade administrativa, ao dispor no § 4º, do
artigo 37, que :

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão


a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.”

A lei 8.429/92, ao complementar o texto


constitucional e conferir ao Ministério Público
legitimação para agir nos casos de improbidade
administrativa, definiu de maneira ampla o alcance da
norma, a ela sujeitando tanto “qualquer agente público,
servidor ou não, contra a administração direta, indireta
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ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, ...”, quanto
“àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direita ou
indireta”.1

Ora, conforme demonstrado nos itens


anteriores, os demandados praticaram atos lesivos ao
patrimônio público, fraudando a licitude de processo
licitatório, e liberando verba pública sem observância
das normas pertinentes. Com isso, gastaram mal
recursos públicos.

Assim sendo, os demandados praticaram


atos que, conforme disciplina da Lei n. 8.429/92, se
enquadram entre aqueles que causam prejuízo ao
erário, na forma do que está regulado na lei referida,
com especial destaque para o caput de seu artigo 10, e
seus incisos VIII e XI:
1 Arts. 1º, 2º e 3º.
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Art. 10. Constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário, qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta
Lei, e notadamente:
...
VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou
dispensa-lo indevidamente;
...
XI – liberar verba pública sem a estrita observância
das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para sua aplicação irregular;

Portanto, a par do reconhecimento judicial


da necessidade de ressarcimento do erário, é de rigor a
aplicação da regra constitucional sancionadora dos atos
de improbidade administrativa.

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Para as réu xxxxxx e xxxxx, a
incidência é a do art. 11 da LIA, já que negligenciaram
suas tarefas, prevaricaram, não agiram com a
honestidade e impessoalidade devida, deixando de
cumprir a lei. Foram desleais à administração a que
estavam ligadas.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que


atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições, e, notadamente:
...
II – retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
ofício;

3 – DOS PEDIDOS.

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Face ao exposto, é a presente para
requerer a Vossa Excelência, se digne determinar a
autuação desta com os documentos que a instruem
(principal e apensos), e também:

I – notificação dos réus para, se o


desejarem, apresentar defesa preliminar, em 15 dias;

II – a intimação do Governo do Estado,


para integrar a lide na qualidade de litisconsorte ativo,
nos termos do artigo 17 § 3º, da Lei Federal 8.429/92;

III – a remessa de cópia integral à


Promotoria de Justiça Criminal desta Comarca, para
apuração de eventuais infrações penais;

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IV – o recebimento da inicial, com a
citação dos requeridos para contestarem a presente
ação no prazo legal e sob pena de revelia;

V – a produção de todas as provas


imprescindíveis em Direito admitidas;

VI – se digne julgar procedente a ação,


para o fim de reconhecer a ilegalidade das condutas dos
réus, anulando integralmente o processo licitatório e
aditivos em apreço, e todos os pagamentos respectivos
(seja pelo vício na contratação, seja pelos da execução
do contrato), e condená-los por infração ao art. 10
“caput” da Lei 8.429/92, e seus incisos VIII e XI,
aplicando-lhe as penas previstas no inciso II do art. 12
da lei de regência a saber: solidariamente,
ressarcimento integral do dano ( total despendido com a
contratação, em valores atualizados mensalmente,
desde cada desembolso, pelo IPC/FIPE, acrescido de
1% de juros de mora ao mês sobre o principal, até a
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data do efetivo recolhimento); perda da função pública,
atual e futura, suspensão dos direitos políticos por oito
anos; pagamento de multa civil de duas vezes o valor do
dano; e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de cinco anos;

VII – Para as rés xxx e xxxxxx, a


condenação deverá ser por infringência ao caput do art.
11, da Lei de Improbidade, e seu inciso II, com as penas
do inciso III do art. 12, a saber: perda da função pública,
atual e futura, suspensão dos direitos políticos por cinco
anos, pagamento de multa civil de 100 vezes o valor de
suas remunerações, proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de 3 anos.

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VIII – desde logo, requer-se a expedição
de ofício ao xxx, para que informe, com os documentos
pertinentes, a remuneração total destas rés em
setembro de 2009.

Dá-se a causa o valor de R$ (valor do


dano, contratos e aditivos, mais os das multas
pleiteadas, sem atualização).

Termos em que,
Pede deferimento.

xxxx, 23/2/2017.

Promotor de Justiça.

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