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PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO CONTÁBIL E TRIBUTÁRIA

ISAQUE CASTRO

A RELEVÂNCIA DA GESTÃO TRIBUTÁRIA NAS EMPRESAS


NA ERA PÓS-PANDEMIA DE CORONAVÍRUS
2

Salvador
2020

ISAQUE CASTRO

A RELEVÂNCIA DA GESTÃO TRIBUTÁRIA NAS EMPRESAS


NA ERA PÓS-PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Artigo científico apresentado à Faculdade Dom Alberto


para obtenção de pós-graduação em Gestão Contábil
e tributária.
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Salvador
2020

A RELEVÂNCIA DA GESTÃO TRIBUTÁRIA NAS EMPRESAS


NA ERA PÓS-PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Isaque Castro 1

RESUMO

No que tange ao sistema de tributação do Brasil, é pacífica a opinião doutrinária


quanto à sua complexidade. Isto porque, o país exige o pagamento de diversos
tributos, estes escalonadas em taxas, impostos e contribuições, por assim ser, é
extremamente caro ser contribuinte no Brasil. A carga tributária nacional se torna
ainda mais pesada quando o contribuinte é uma pessoa jurídica, mesmo porque, o alto
índice de impostos ou taxas arcados, majora os custos das empresas e o equilíbrio
entre a conta e a receita se torna uma verdadeira guerra. Ainda neste sentido, as
empresas encontram diversas normas expedidas pela União, pelos Estados e
Municípios, compelindo-as a acompanhar as mudanças advindas de leis, decretos e
outros atos que norteiam o sistema tributário. Por assim ser, é de se convir que o setor
contábil e fiscal de uma empresa precisa trabalhar de modo planejado, de forma a
preparar-se para o enfrentamento da carga tributária que lhe é imposta. Outrossim,
diante das demandas ocasionadas pela atual pandemia que assola o planeta, a
maioria das empresas brasileiras sentiram seus ganhos minorarem de modo jamais
vivenciados. Mesmo porque, o combate à proliferação do corona vírus requer o
distanciamento social e a suspensão de diversos setores econômicos, e aí se incluem
as pessoas jurídicas que não estão escalonadas como serviços essenciais. Nesta
senda, o presente estudo busca explanar a importância da gestão tributária nas
empresas na era pós-pandemia de corona vírus. Para tanto, será feito um
levantamento bibliográfico com revisão de literatura, de modo que a relevância da
gestão tributária nas empresas seja aferida.

ABSTRACT

Regarding the Brazilian tax system, doctrinal opinion regarding its complexity is
peaceful. This is because, the country demands the payment of several taxes, which
are staggered in fees, taxes and contributions, so it is extremely expensive to be a
taxpayer in Brazil. The national tax burden becomes even heavier when the taxpayer is
a legal entity, not least because, the high rate of taxes or fees borne, increases the
costs of companies and the balance between the account and revenue becomes a real
war. Still in this sense, companies find several rules issued by the Union, by States and
Municipalities, compelling them to follow the changes arising from laws, decrees and
other acts that guide the tax system. As such, it must be said that the accounting and

1
Graduando ........... E-mail:
4

tax sector of a company needs to work in a planned manner, in order to prepare itself
to face the tax burden imposed on it. Furthermore, in view of the demands caused by
the current pandemic that is plaguing the planet, most Brazilian companies have felt
their gains diminish in a way they have never experienced. The fight against the
proliferation of the corona virus requires social distance and the suspension of several
economic sectors, and that includes legal entities that are not classified as essential
services. Along this path, the present study seeks to explain the importance of tax
management in companies in the post-pandemic era of corona virus. To this end, a
bibliographic survey will be carried out with a literature review, so that the relevance of
tax management in companies is assessed.

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; 1 O SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO; 2 O


“CUSTO BRASIL” PARA AS EMPRESAS; 3 O IMPACTO DA PANDEMIA POR
CORONAVÍRUS NAS EMPRESAS BRASILEIRAS; 4 DENIFIÇÃO E
PRINCIPAIS ASPECTOS DA GESTÃO TRIBUTÁRIA EMPRESARIAL; 5 A
RELEVÂNCIA DA GESTÃO TRIBUTÁRIA NAS EMPRESAS
NA ERA PÓS-PANDEMIA DE CORONAVÍRUS; 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS;
REFERÊNCIAS.

INTRODUÇÃO

O direito tributário, no enxergar da maioria doutrinária, é um ramo do


direito público. Isto porque, a preponderância do interesse coletivo no direito
dos tributos é evidente, daí derivando o caráter cogente de suas normas,
inderrogáveis pela vontade dos sujeitos da relação jurídico-tributária.
Em outros termos, o direito tributário é a disciplina jurídica dos tributos.
Com isso se abrange todo o conjunto de princípios e normas reguladores da
criação, fiscalização e arrecadação das prestações de natureza tributária. As
definições do direito tributário insistem, com frequência, na tônica de que o
objeto desse setor do ordenamento jurídico são as relações entre o Estado
(como credor) e os particulares (como devedores).
Ademais disso, é uníssona a ponderação de que o Sistema Tributário
Brasileiro é demasiadamente complexo e com isso, há uma sobrecarga
tributária nacional que culmina, principalmente, na majoração exacerbada do
chamado “custo Brasil”.
O “custo Brasil” se trata da nomenclatura utilizada para indicar os
elevados níveis de impostos, taxas e tributos que precisam ser adimplidos
5

pelas empresas brasileiras ou estabelecidas no país. Haja vista que, devido à


complexidade do sistema tributário regente no país, além daqueles tributos
devidos à União, ainda precisam ser arcados aqueles estabelecidos pelos
Estados e Municípios, ensejando em um emaranhado de leis que mudam
constantemente.
Há de se convir que, se a elevada carga tributária e o alto “custo Brasil”
já pesam sobremaneira nos cofres das empresas, que destinam boa parte de
seus lucros para ficar em dias com o fisco, quão custoso é, indiscutivelmente,
adimplir esses tributos quando o lucro empresarial é reduzido drasticamente ou
cessado abruptamente.
É o que vem ocorrendo desde os idos de março de 2020 até a presente
data, haja vista que, o mundo deparou-se com uma pandemia sem
precedentes, onde o principal enfrentamento da doença se dá por via do
isolamento social, que resultou em decretos estaduais e municipais, que
estabeleceram a suspensão de boa parte das atividades empresariais – como
fomento ao distanciamento social – sendo autorizado apenas a prestação de
serviço essencial, mesmo assim, de forma diminuta. Por certo, o lucro das
empresas restou estagnado ou zerado, entretanto, os tributos continuariam a
ser devidos.
Desta forma, fica claro que o setor contábil e fiscal de uma empresa
precisa trabalhar de modo planejado, de forma a preparar-se para o
enfrentamento da carga tributária que lhe é imposta, especialmente em razão
da pandemia acima retratada, evidenciando a importância de uma gestão
tributária empresarial bem planejada, de forma que todos os incentivos fiscais,
reduções tributárias e flexibilizações de normas atinentes ao tema, sejam
apreciadas e aproveitadas em prol da empresa.
Fato é que, tanto neste período de turbulência jamais vivenciado pelo
mundo, como na era pós-pandemia, será incontestável a necessidade de gerir
os gastos com o pagamento de impostos e tributos para que a pessoa jurídica
possa continuar a exercer a sua função social.
Nesta senda, o presente estudo busca explanar a importância da gestão
tributária nas empresas na era pós-pandemia de corona vírus. Para tanto, será
6

feito um levantamento bibliográfico com revisão de literatura, de modo que a


relevância da gestão tributária nas empresas seja aferida.

1 O SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

O conjunto de regras dispostas para regular a instituição, a cobrança, a


arrecadação e a partilha de tributos é denominado Sistema Tributário. Ou seja,
é o complexo orgânico formado pelos tributos instituídos em um país ou região
autônoma, bem como os princípios de normas que o comandam.
O Sistema Tributário Nacional brasileiro é um dos mais complexos do
mundo. Todavia, antes de tecer ponderações sobre o sistema tributário
brasileiro, imperioso entender o que é o tributo. Assim, explica Ricardo
Alexandre (2010) que se trata de um dever indispensável que atende ao
princípio da capacidade contributiva.
Neste sentido, o Código Tributário Nacional –CTN (Lei nº 5.172/1966),
em seu artigo terceiro, traz a definição de tributo como sendo:

Art.3 Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.”

Diante desta elucidação, é de se convir que não apenas em moeda pode


ser cobrado o tributo, mas também em outros meios correspondentes; de outro
lado, não pode ser utilizado como uma punição e somente poderá ser
estabelecido por lei, isto é, elimina-se a aprovação de tributos mediante
decretos ou medidas provisórias.
Com a leitura do art. 4° do Código Tributário Nacional e do art. 145 da
Constituição Federal, pode-se atentar que os tributos desmembram-se em
impostos, taxas e contribuição de melhoria.
7

Conquanto, uma observação mais aprofundada dos arts. 148 e 149 da


Constituição Federal revelam mais duas modalidades tributárias: o empréstimo
compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas.
(CARRAZZA, 2010) Destarte, o presente tópico será destinado ao estudo de
cada item que constitui o sistema tributário nacional.
De acordo com Kyodi Harada (2003), o imposto é o tributo que tem
como fato gerador uma situação apartada de qualquer atividade estatal singular
relativa ao contribuinte (Art. 16 do CTN). Assim sendo, imposto é o tributo que
não está subordinado a uma contraprestação direta a quem o está pagando.
Ainda sobre o assunto, assevera Luciano Amaro (2000), que as receitas
de impostos não são atribuídas para custear obras ou serviços em prol de
quem os paga, mas sim para serem utilizadas para custear as obrigações
gerais do estado, visando promover o bem coletivo.
Já sobre as taxas, é válido trazer à baila a definição de Luciano Amaro
(2000):

Taxa é o tributo que pode ser cobrado pela União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
que tem como fato gerador, o exercício do poder de polícia ou a
utilização efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível
prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição (Art. 77 do CTN).

Percebe-se do trecho acima colacionado que, a capacitação de fundar


as taxas é comum a todos os entes federados (União, Estados, Municípios e
Distrito Federal). O recolhimento público do lixo domiciliar é exemplo de uma
taxa.
Acerca da contribuição de melhoria, Eduardo Sabbag (2013) elucida que
se trata do tributo cobrado pelos entes federativos, no domínio de suas
respectivas atribuições, com a finalidade de fazer face ao custo de obra pública
de que suceda valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar
para cada imóvel beneficiado (Art. 81 do CTN).
Importante notar ainda que, Ricardo Alexandre (2010) frisa que o
responsável pela obra, membro da federação, tem o direito de exigir este
tributo dos contribuintes beneficiados por esta realização. Em que pese, ela
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pode ser cobrada simultaneamente pela União, Estados e Municípios desde


que os três participem da realização da obra pública.
As contribuições especiais têm previsão nos artigos 149 e 149-A da
Constituição Federal. Segundo Roque Carrazza (2010) são tributos cobrados
para custeio de atividades paraestatais e podem ser: sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse de categorias econômicas ou profissionais.
Ademais, sobre as contribuições especiais, a União tem a competência para
instituí-las.
Já o empréstimo compulsório, se caracteriza como o tributo que
somente pode ser instituído pela União. Assim, esclarece Eduardo Sabbag
(2013) que o mesmo só poderá ser instituído por via de lei complementar, nos
casos de: calamidade pública ou guerra externa ou sua iminência, que exijam
recursos extraordinários, isto é, além dos previsto no orçamento fiscal da União
e investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
As contribuições sociais são a principal forma de financiamento do
sistema de seguridade social brasileira. Assegura Kyodi Harada (2003), que
essa contribuição visa fomentar sistemas de saúde, a previdência social, a
assistência social além do seguro-desemprego ao trabalhador desempregado.
É de competência da União a instituição de tais tributos, porém os
trabalhadores do funcionalismo público estadual e municipal pagam este tipo
de contribuição ao ente federativo no qual estão empregados, em outras
palavras, Estados, Municípios e o Distrito Federal estão autorizados a cobrar
contribuições sociais de seus servidores. (HARADA, 2003)
Ensina Ricardo Alexandre (2010) que as contribuições de interesse de
profissionais são devidas pelo indivíduo que participa de determinado grupo
profissional com o intuito de auferir recursos à atividade de controle e disciplina
da profissão, são inclusos nesses grupos, por exemplo: OAB, CREA, CRM,
CRC. São de competência exclusiva da União.
Por outro lado, as contribuições de interesse das categorias econômicas,
têm o intuito de financiar grupos que protegem os interesses da classe
trabalhadora, da qual o contribuinte é integrante, em suma, os sindicatos.
Também são de competência exclusiva da União. (CARRAZZA, 2010)
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De outro giro, explica Kyodi Harada (2003), que aquelas contribuições


de intervenção no domínio econômico tem a função de regular determinado
mercado, para corrigir distorções (como a CIDE sobre a importação de
gasolina, diesel e gás),ou seja, vão além das funções essenciais do Estado de
Bem-Estar Social. Sua competência é exclusiva da União.
Por fim, o empréstimo compulsório está descrito na Magna Carta:

Art.148. A União, mediante lei complementar poderá instruir


empréstimos compulsórios: Para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência. No caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art.150, III, b

Assim, pode-se entender os empréstimos compulsórios como uma


prestação pecuniária com direito a restituição ao contribuinte. Cada cidadão
contribuirá de acordo com o princípio da capacidade contributiva.
Analisando o disposto no artigo 148, observa-se que no ordenamento
jurídico brasileiro, tal tributo pode ser instituído apenas em caso de custeio das
despesas extraordinárias causadas por calamidade pública; guerra, ou sua
iminência e de investimento público de caráter urgente. A União tem
competência exclusiva de tal tributo.
Desta forma, observa-se que o sistema tributário brasileiro é muito
completo, mesmo porque, taxas, impostos e contribuições ou empréstimos
compulsórios, podem ser instituídos por diversas razões, tais como:
calamidade pública, intervenção econômica de fomento à algum setor, melhoria
estrutural de ruas etc.
Por isso, necessário se faz entender as peculiaridades que regem o
“custo Brasil” para as empresas, vez que, conforme já mencionado alhures, a
pessoa jurídica comporta elevado custo tributário.

2 O “CUSTO BRASIL” PARA AS EMPRESAS

Com o passar dos anos, diante dos constantes debates ocorridos


nacionalmente sobre as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas
brasileiras e seus investidores, restou popularizada a expressão “custo Brasil”.
10

Embora não se tenha um conceito preciso, Ives Gandra Martins (2010)


explica que essa definição serve para incluir todos os itens que compõem os
custos das distorções nos sistemas produtivos das empresas brasileiras.
Em contra partida, Marilena Valetim (2019) opina que o chamado “custo
Brasil” é o conjunto de todos os gastos internos que acabam onerando
produtos ou serviços brasileiros, mormente os impostos em cascata, as
engrenagens da máquina burocrática e as distorções presentes na estrutura
tributária nacional.
Segundo Jhon Lopez (2018), os altos níveis de tributação são um
obstáculo para o bom desenvolvimento das empresas brasileiras. E para
comprovar este preceito, assinala que segundo dados do Movimento Brasil
Competitivo (2018), em parceria com o Ministério da Economia, este custo
hoje chega a representar cerca de 22% do PIB, ou seja, 1 trilhão e meio de
reais. Na prática, diversos fatores têm influência negativa no ambiente
empresarial brasileiro.
Entre as razões que oneram o Custo Brasil, está a folha de
pagamento das empresas. Apenas 45% dos recursos que as empresas
destinam hoje para a folha, isto é, menos da metade, é direcionado para o
trabalhador. O remanescente vai para o governo através de impostos, taxas
e contribuições. (VALENTIM, 2019)
Ainda neste sentido, colabora Ives Gandra Martins (2010) ao dizer
que os custos indiretos dos salários, os chamados "encargos sociais",
poderiam ser reduzidos, a bem da redução geral dos custos de produção e
do aumento geral da produtividade e competitividade brasileiras.
O Ministro da Fazenda Pedro Malan, para a Revista Veja (1994) é um
desses agentes que repetidas vezes expressou-se sobre o tema, mas não
respondeu, nem sugeriu modificações nas leis sobre as responsabilidades
do Estado na composição do custo Brasil, tendo em vista que eram de
interesse de outros setores sociais, notadamente da classe trabalhadora:

"Nós fomos ao longo de anos colocando penduricalhos, na forma de


contribuições na folha de pagamentos, fazendo com que essa
diferença hoje seja superior a 100%. A redução desse custo permite
não só a redução do Custo Brasil mas permite o aumento do emprego
11

e pode resultar também em aumento do salário real" (MALAN


DEFENDE, REVISTA VEJA 1994, p. 1-5)

Do mesmo modo, um dos analistas do mercado mais mencionado na


grande imprensa em se tratando da análise comparativa dos componentes
do "custo Brasil", Prof. José Pastore, da Faculdade de Economia e
Administração da USP, ensina que os encargos trabalhistas e a carga
tributária suportada pelas empresas brasileiras, recolhe PIS, Cofins, IPI,
IOF, CPMF, INSS, Incra, Sebrae, Sesi, Senai, FGTS, ICMS, IPTU, IPVA, IR,
Contribuição sobre o Lucro, salário-educação, seguro-acidente, Imposto de
Importação, guia de importação, contribuição sindical, entre outros tributos e
obrigações fiscais e parafiscais.
O mesmo Prof. retro mencionado fez um comparativo com os EUA, e
assinala que:
uma fábrica de New Jersey nos EUA paga somente a Previdência
Social, seguro-médico, seguro-desemprego, IPTU, e, uma vez por
ano, IR. Com estrutura tributária menor, as despesas administrativas
correspondem a somente 25% daquelas incorridas no Brasil [...].

O custo dos empréstimos também é substancialmente mais baixo, de


7,5% ao ano, em dólar, comparativamente a 21%, no Brasil. O custo
da folha de salários é mais elevado, nos Estados Unidos, mas nem
nisso o Brasil está em vantagem, pois a diferença é compensada pela
produtividade.

O empregado americano ganha US$ 1.800,00 mensais e, com os


encargos, custa US$ 2 182,50 para a empresa. No Brasil, esses
valores são, respectivamente, R$ 650,00 e R$ 1 373,45 (US$ 1
280,00) [...].

Verifica-se que, o empregado, nos Estados Unidos, custa menos para


a empresa, enquanto leva muito mais dinheiro para casa.
Em suma, esses tributos pagos pelas empresas brasileiras acabam
elevando o custo do produto para o consumidor final, o que prejudica
sobremaneira o empreendedorismo no país.
Por isso, uma gestão tributária nas empresas pode auxiliar de forma
positiva, mormente quando a pessoa jurídica é impactada por situações sem
precedentes, como se verá no tópico seguinte.

3 O IMPACTO DA PANDEMIA POR CORONAVÍRUS NAS EMPRESAS


BRASILEIRAS
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No o final do ano de 2019, foi noticiado que um novo vírus estava sendo
propagado na China, ocasionando sintomas gripais que progrediam
rapidamente para complicações respiratórias.
De acordo com Akim Nobre (2020), já em março de 2020, mais de um
milhão de pessoas já estavam infectadas e sistemas de saúde em colapso no
mundo todo.
A pandemia em comento é causada pelo Corona vírus, família de vírus
que circula principalmente entre animais, como morcegos e roedores, mas
passam a infectar também as pessoas quando a convivência é muito próxima e
os vírus sofrem mutações.
A capacidade de transmissão do corona vírus é muito elevada e, muito
embora não possua uma grande letalidade na população, tem a capacidade de
provocar estragos sistêmicos na saúde. (CESPEDES et al, 2020)
Como a Covid-19, ocasionada pelo novo corona vírus, apresentou-se de
modo avassalador, tendo revelado o seu potencial de contaminação por
simples contato da mucosa humana com o vírus espalhado no ar, explicam
Mateus Cespedes et al (2020) que a solução para conter a rápida massa
contaminada, seria o fomento ao distanciamento social.
Assim, tal como explanam Croda e Garcia (2020), o que ocasionou a
interrupção da circulação de bens, mercadorias e serviços, foi o isolamento
social determinado pelo Poder Público, atingindo-se em massa a atividade
econômica empresarial do Brasil.
Ocorre que, se faz imperioso recorrer às palavras de Gladston Mamede
(2008) para entender as razões pelas quais as empresas sofreram
razoavelmente com a pandemia de corona vírus.
Explana o doutrinador, que para o empresário, cada segundo tem valor
econômico, isso porque, a atividade econômica é organizada para produção ou
circulação de bens e serviços, exercida profissionalmente, de forma habitual,
nos termos do artigo 966 do CC brasileiro.
A "Função Social da Empresa" estará presente se dessa atuação gerar
empregos, o recolhimento de tributos, a circulação de riquezas, bem como a
realização de outros interesses difusos e coletivos. (GUSMÃO, 2011)
13

Sobrevém que, não bastassem as perdas causadas pelo isolamento


social às empresas com proibição de funcionamento, os empresários passaram
a amargar dissabores com desinformações e inseguranças sobre como ficaria
a tributação suportada pelas empresas impactadas pelo coronavírus. Pontua
Eduardo Sabbag (2013), que a resolução da questão pareceria simples, vez
que: sem atividade, sem receita, sem tributação!
A problemática ocorre com a tributação que incide mesmo com as
empresas paralisadas, enquanto estas nada produzem ou comercializam. Ou
seja, problema da manutenção dos empregos e do diferimento no pagamento
de encargos trabalhistas.
Sobre o assunto, destaca Melina Lukic (2014) que impostos como o
IPTU e o ITR, que têm como fatos geradores a propriedade, o domínio útil e a
posse de bem imóvel, cujos direitos são tributados permanentemente, não
importando se a atividade empresária está sendo ou não neste exercida.
Ademais, a coleta da Pesquisa Pulso Empresa – Impacto da Covid-19
nas empresas (PPEmp, 2020), realizada quinzenalmente, teve início em 15 de
junho de 2020, por meio de entrevista telefônica assistida por computador
(Computer Assisted Telephone Interview - CATI) em todo o Território Nacional.
Para a investigação da incidência e do grau de intensidade dos impactos da
pandemia na performance empresarial, o questionário, estruturado em dois
blocos, aborda a situação operacional da empresa e o seu ambiente de
negócio.
Os dados apontam que a covid-19 afetou de forma mais intensa
segmentos que, para a concretização de suas atividades, não podem prescindir
do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho,
como os serviços prestados às famílias, que incluem atividades como as de
bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção. (AGÊNCIA
BRASIL, 2020)
Segundo a pesquisa, os pedidos de falência no país subiram cerca de
30% em maio de 2020 em relação a abril deste mesmo ano,
concomitantemente encerrando a atividade econômica nos maiores mercados
do país devido ao lockdown e a quarentena para conter o avanço do novo
coronavírus.
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Tão logo, resta claro que, uma das aflições das empresas diante de um
cenário de retrocesso das atividades econômicas e de como manter seu fluxo
de caixa para fazer frente às despesas necessárias, como cumprir com a
obrigação do pagamento de aluguéis, funcionários e tributos.

4 DENIFIÇÃO E PRINCIPAIS ASPECTOS DA GESTÃO TRIBUTÁRIA


EMPRESARIAL

Antes de tecer ponderações sobre a gestão tributária empresarial, se faz


necessário compreender a importância da contabilidade tributária. Nesta
senda, pontua Ricardo Alexandre (2010) que a Contabilidade Tributária tem por
objetivo o estudo da teoria e a aplicação prática dos princípios e normas
fundamentais da legislação tributária.
Já Roque Carrazza (2010) destaca que a Contabilidade Tributária é uma
parte da contabilidade cuja responsabilidade é gerenciar os tributos imprevistos
nas diferentes atividades de uma empresa, a fim de amoldar o cotidiano
empresarial às obrigações tributárias.
De outro turno, assim entende Mônica Gusmão (2011):

a Contabilidade Tributária é responsável pelo gerenciamento dos


tributos imprevistos nas diversas atividades de uma entidade ou
grupo de entidade, de maneira a conciliar as suas atividades de
gerenciamento com as suas obrigações tributárias, a fim de evitar
possíveis sanções fiscais e legais.

Da análise dos escritos acima, percebe-se que a contabilidade tributária


pondera por meio de lançamentos adequados as operações fornecidas pelas
empresas, sendo que exercem o fato gerador dos tributos imprevistos sobre o
lucro ou outros resultados que definem os compromissos tributários.
E é justamente a partir da contabilidade tributária que a gestão tributária
ocorre. A gestão ou planejamento tributário, segundo Mateus Cespedes et al
(2020) refere-se ao estudo realizado preventivamente, no que tange antes do
cumprimento do fato administrativo, de maneira a pesquisar a sua implicação
jurídica e econômica e as perspectivas legais menos dispendiosas.
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Tanto é que, explica Melina Lukic (2014) que se trata de um sistema de


ações que tem por objetivo a redução de carga tributária e pode ser realizado
na forma de elisão fiscal, evasão fiscal ou elusão fiscal.
A elisão fiscal que dizer suprimir legalmente o evento do fator gerador,
isto significa, evadir, tornar mínimo o fato que daria origem ao tributo. A evasão
fiscal consiste em utilizar meios ilícitos com o objetivo de suprimir o
recolhimento do imposto já ocorrido pelo fato gerador, ocorrendo, desta forma,
a sonegação fiscal. E a elusão fiscal significa que há um questionamento da lei
tributária, buscando depreciar a aplicação. (HARADA, 2003)
Conforme Luciano Amaro (2000):

“[...] o planejamento tributário preventivo produz a elisão fiscal, ou


seja, a redução da carga tributária dentro da legalidade.” Bem como,
o perigo do mal planejamento é redundar a evasão fiscal, que é a
redução da carga tributária descumprindo determinações legais,
classificadas como crime da sonegação fiscal (lei n° 8137/90).”

Deste modo, o contribuinte evade-se do evento do fato gerador


temporariamente até que seja julgado pela justiça, todavia em contrapartida
deve assumir o risco do resultado. (MAMEDE, 2008)
Diante da informação supra, onde resta consignado que “o contribuinte
deve assumir o risco do resultado”, é de se convir que, uma gestão tributária
empresarial deve perpassar pelo julgamento da estrutura jurídica da empresa e
sempre que houver possibilidade deve conjeturar mecanismos que ajustem o
máximo de conforto para os gestores, de modo a resguardar o patrimônio
pessoal dos proprietários contra ocasionais reservas de cada negócio e das
arbitrariedades fiscais.
Segundo Kyioshi Harada (2003) além dos aspectos jurídicos e
societários torna-se importante que os gestores adotem costumes para
precaver as reservas, compreendendo revisões e auditorias referentes aos
seus procedimentos fiscais.
Sendo assim, resta patente que a redução tributária é imprescindível
para que a empresa se mantenha firme no mercado, uma vez que a redução
de custos faz com que a mesma tenha maior possibilidade de obter lucros e
menores preços.
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Razão pela qual, a gestão tributária empresarial é importante aliada


neste aspecto, ainda porque, se de um lado se deve minorar a carga de
tributos, de outro ponto, é importante atentar para as sanções previstas em lei.

5 A RELEVÂNCIA DA GESTÃO TRIBUTÁRIA NAS EMPRESAS


NA ERA PÓS-PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Conforme já suscitado alhures, a boa gestão do negócio com a análise


exata das leis, o pagamento dos impostos certos e, em mitos casos, a
diminuição da carga tributária, resta patente que a gestão tributária assegura
uma boa administração do negócio.
Mesmo porque, pontua Marilena Valetim (2019) que o acompanhamento
da legislação federal, estadual e municipal e as adequações necessárias para
atender a todos os requisitos impostos por essas regulamentações, dependem
de um bom planejamento tributário dentro da empresa envolvendo o controle
exato de entradas e saídas financeiras e de produtos.
Vale ainda dizer que, toda empresa que pretende ter garantia no
pagamento correto dos impostos deve proceder com uma gestão tributária no
intuito de diminuir quaisquer riscos envolvendo a companhia.
Exemplo de colapso no processo de gestão é que, em 2015, a Receita
Federal emitiu 25.598 intimações para as empresas de todo o país, informando
inconsistências dos dados apresentados. Caso eles não fossem corrigidos, os
empresários poderiam pagar multas entre 75% e 225% sobre o valor do tributo
que não foi adimplido. (LOPEZ, 2018)
Além disto, conforme as regras, os impostos que devem ser pagos ao
governo, muitas vezes é possível escolher a forma mais favorável de tributação
para sua empresa, reduzindo a carga tributária.
Incontestavelmente, tudo vai decorrer da situação de cada negócio.
Sendo assim, pondera Mônica Gusmão (2011) que um fator a ser considerado
é o planejamento para o futuro, já que ninguém abre uma companhia com a
intenção de falir, mas sim de obter lucro e crescimento.
17

Todavia, muito além de todas essas elucubrações acima, a pandemia


por corona vírus, que ensejou na proliferação da COVID-19 no Brasil,
acarretando a suspensão das atividades de milhares de empresas para garantir
o isolamento social e frear a contaminação em massa pelo vírus, deu novo azo
ao implemento da gestão tributária dentro do setor contábil empresarial.
Ocorre que, discorre Melina LUKIC (2014) que o desenvolver de uma
gestão tributária empresarial não deve se ater à períodos sazonais, mas sim,
deve ser aprimorada continuamente, independente de crises.
Sobre isso, explica Ives Gandra Martins (2010):

O cuidado que todo empresário deve ter é o planejamento. E nessa


questão também entra a parte fiscal. Ao decidir oferecer um novo
produto no mercado é preciso saber também quais os impostos que
recaem sobre ele a fim de evitar futuros problemas, é um grande
exemplo. Outra situação a ser examinada é que no início de cada ano
é possível reavaliar o regime tributário adotado e alterá-lo, caso isso
possa trazer alguma vantagem para o empreendedor.

Ao avaliar todas as chances, o gestor terá a informação apropriada para


diminuir a carga tributária e aumentar a habilidade da empresa, terá um
crescimento no seu caixa, suas obrigações estarão de acordo com a legislação
e a companhia ficará em evidência como boa gestora de seus negócios.
(VALETIM, 2019)
Assegura a Agência Brasil (2020), sob a ótica de Ricardo Alexandre
(2010), que em tempos de crise como a atual pandemia que assola o mundo, é
de praxe – e até esperado – que o governo crie iniciativas que visem minorar
os impactos econômicos que serão inevitáveis.
Assim, numa tentativa de diminuir o sofrimento de empresas que tiveram
a suspensão de suas atividades durante este período, o governo brasileiro
propiciou a dilatação de prazo ou diminuição de diversos impostos por via do
governo, a fim de aliviar o impacto da crise no caixa de empresas.
Entretanto, alerta Bruna Moser (2020) que:

São várias chances de fazer planejamento tributário nesta pandemia,


mas é preciso se ter em mente que não é simplesmente deixar de
pagar tributo, é fazer uma pesquisa e cortar os excessos. Sendo
assim, o empresário deve olhar para dentro de casa e identificar
oportunidades de redução de custos, de eficiência fiscal. Uma boa
alternativa para quem quer caixa, especialmente no âmbito federal, é
18

fazer um parcelamento ordinário de dívidas tributárias. Pode-se


parcelar em até 60 vezes e com multa de 20% e juros de acordo com
a taxa Selic (que neste momento estão baixos).

Outra possibilidade se deve àqueles impostos que incidem sobre vendas


de mercadorias e prestações de serviços, pois já há uma drástica redução de
renda e o lucro também vai diminuir. Assim, o ICMS, PIS/Cofins e ISS, podem
trazer grandes oportunidades de redução de tributos neste momento de
pandemia. (RACHE, 2020)
De modo mais prático, trazendo para a realidade contábil empresarial,
uma boa maneira de enfrentar a baixa de caixa, é descontar créditos do
PIS/Cofins relacionados a bens e serviços utilizados como na matéria-prima
para fabricação de produtos, depreciação de máquinas, bens recebidos em
devolução, entre outros particularidades previstas em lei.
Outro fator que se deve ter em mente, é a questão da doação. Isto
porque, com a proliferação da COVID-19 em âmbito nacional, as empresas
passaram a fazer doações para entidades carentes, ora com o fito exclusivo de
caridade, ora com a proposta de se fazer relevante ao marketing social.
Ocorre que, Rache et al (2020) destaca que, a rigor, quando a pessoa
jurídica faz uma doação, esse valor é indedutível da base do cálculo de
Imposto de Renda. Ele só é dedutível em situações específicas.
Por mais louvável que seja a atitude da empresa ao fazer a doação,
quando o fisco for fiscalizar, se quiçá tiver deduzido e não tiver base legal para
isso, pode ser questionado. Não foi editada nenhuma nova norma com a
pandemia.
Outra manobra fiscal benfazeja para as empresas, mormente aquelas
menores ou com baixo faturamento, é que há chances de aguardar para que o
tributo seja pago após o recebimento pela venda. Explica Daniele Lima (2020):

Muitas empresas realizavam o pagamento de tributos com base na


competência: ao realizar a venda, paga-se o tributo. Mas existe a
possibilidade de apenas arcar com os tributos quando efetivamente
receber o valor de suas compras. Pode-se trabalhar os regimes de
caixa e de competência para também evitar pagar tributos sobre
inadimplência.

Isto posto, é válido relembrar que um dos objetivos primazes da gestão


tributária é evitar problemas com a Receita. Por isso, ensina Bruna Moser
19

(2020) que é preciso estar bem assessorado, com um contador ou advogado


competente, tendo em vista que, não é um cenário difícil, pois se consegue
fazer um parcelamento de forma online das dívidas e com uma assessoria
competente, dificilmente terá problemas.
Outro ponto que merece atenção está no bojo da Magna Carta de 1988,
em que pese à tributação sob os imóveis, a Constituição da República prevê a
possibilidade de modificação da alíquota desses impostos, em caráter
extrafiscal, quando o uso do imóvel incorre em descumprimento da "Função
Social da Propriedade".
Em relação aos imóveis onde são exercidas atividades empresariais,
uma vez suspensas tais atividades por determinação do Estado – como no
caso da pandemia por corona vírus -, ainda que por força maior, as notáveis
medidas supramencionadas podem ser opostas ao fisco, tanto analogicamente,
numa espécie de "descumprimento inverso da Função Social pelo Estado",
quanto diretamente, no caso da restrição pelo Estado do uso do imóvel pelo
contribuinte. Podendo ocorrer o mesmo em casos de pagamento de IPVA em
veículos usados para a atividade da empresa. (PIRES, 2020) 
Insta ainda esclarecer que, uma vez iniciada a crise, muitas normas
foram e estão sendo criadas prevendo facilitações fiscais nas esferas
administrativas e judiciais:
 
NOME OBJETIVO
Resolução CGSN 154/20 Delonga em três meses o pagamento
dos tributos apurados no âmbito do
Simples Nacional.
Portaria PGFN7.820/20 Estipula condições para transação
extraordinária na cobrança da dívida
ativa da União
Portaria PGFN 7.821/20 Cessa no âmbito administrativo fiscal, o
prazo para impugnações em geral nos
processos, protestos, instauração de
novos procedimentos de cobrança,
inclusive de exclusão de contribuintes de
parcelamentos por inadimplência.
Portaria ME 103/20 Estabelece sobre medidas relacionadas
aos atos de cobrança da dívida ativa da
União, incluindo suspensão, prorrogação
e diferimento.
20

Portaria conjunta RFB Dispõe sobre a prorrogação do prazo de


e validade das Certidões Negativas de
Débitos e Positivas com Efeitos de
PGFN 555/20
Negativas relativas a Créditos Tributários
Federais e à Dívida Ativa da União.

Além disso, para reforçar o caixa, as empresas podem avaliar outras


formas de quitação e extinção dos seus débitos tributários, tais como: a
compensação, a transação, o parcelamento, os programas especiais de
pagamento de tributo e a dação em pagamento.
Com a compensação, atualmente é possível compensar tributos federais
de qualquer natureza, inclusive contribuições previdenciárias (INSS) e
contribuições destinadas a outras entidades (terceiros) com débitos de
contribuições e impostos federais. (PIRES, 2020)
Como discorre Bruna Moser (2020), por via da transação tributária,
recentemente regulamento pela Medida Provisória n. 899/2019, os
contribuintes podem celebrar acordos com a administração tributária federal
para pôr fim a litígios tributários e para o pagamento de débitos inscritos em
dívida ativa em condições especiais.
Há ainda, a forma de quitar débitos por via do parcelamento. Ensina
Gabriel Pires (2020) que para a alternativa de pagamento de tributos de forma
dividida, há diretrizes de parcelamento ordinário de débitos de tributos federais.
A maioria dos estados da Federação, bem como alguns municípios, também
possui legislação específica que autoriza o parcelamento ordinário dos tributos
devidos.
Os Programas Especiais de Pagamento de Tributos são leis especiais
publicadas pelos entes federativos que viabiliza o pagamento facilitado de
débitos tributários, com diminuições nos encargos legais e podem autorizar, em
situações específicas, o uso de precatórios para pagamento de tributos.
Recentemente não há em âmbito federal nem no Estado de São Paulo
programa especial de pagamento vigente. (MOSER, 2020)
Por sim, sobre a dação em pagamento, o Código Tributário Nacional
prevê a dação em pagamento em bens imóveis como uma das modalidades de
extinção do crédito tributário. Em âmbito federal, a Lei n. 12.259/2016
regulamentou o instituto e permite que o crédito tributário inscrito em dívida
21

ativa da União seja extinto, a critério do credor, mediante a dação em


pagamento em bens imóveis, desde que cumpridas às condições previstas em
lei. (PIRES, 2020)
Como as moratórias trazidas por essas normas apenas aumentam o
prazo para pagamento dos tributos, o prejuízo persistirá, e logo mais essa
conta chegará, acumulando com as demais despesas ordinárias. 
Vale salientar que o não pagamento dos tributos implica no episódio de
várias consequências negativas para a empresas, que vão desde a imposição
dos encargos moratórios (juros e multas) sobre os débitos não pagos, o
protesto dos valores devidos, o impedimento da renovação da sua certidão de
regularidade fiscal, até a inscrição em dívida ativa dos valores e o ajuizamento
de Execução Fiscal, além de outras complicações.
Por isso, gestores devem estar compenetrados no momento de
administrar esses pagamentos e não sofrerem, no futuro, com a amontoação
de tributos que foram postergados com os que deverão ser pagos
normalmente.
Quando o assunto versa sobre gestão tributária, é necessário apontar
que, de acordo com Gabriel Pires (2020) muitas empresas, independente do
atual tempo pandêmico, têm solidado a necessidade de reciclar neste setor
contábil empresarial, fato que, segundo o autor, exige uma nova cultura para
essas instituições e para aqueles que nela atuam.
Ensina Daniele Lima (2020) que o método de gestão tributária nunca
será igual entre uma empresa e outra, tendo em vista que existem realidades
distintas.
Destarte, muito embora já se encontrem práticas atinentes a programas
nacionais direcionados à gestão tributária empresarial, esses programas não
tem se demonstrado suficientes, já que modificações são necessárias,
mormente quando se trata de épocas de incertezas como crises econômicas e
o atual cenário de 2020, com a pandemia - sem precedentes - por corona vírus.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
22

O presente trabalho teve como fito explicar a relevância de uma


empresa possuir uma boa assessoria em gestão tributária, mormente em
tempos de incertezas como a atual pandemia enfrentada.
Outrossim, discorreu-se sobre a pandemia que assola o mundo, não
sendo diferente em território nacional. O corona vírus, que causa a covid-19 e
enseja síndrome respiratória de difícil enfrentamento (causando a falência
pulmonar), vem sendo enfrentada no mundo por via do distanciamento social,
vez que, a contaminação pelo vírus se dá por contato do mesmo por vias
aéreas.
Assim, houve a suspensão de diversos setores da economia, mormente
empresas que não prestavam serviço essencial, foram compelidas a fechar as
portas temporariamente, acarretando diversos prejuízos financeiros, ainda
porque, os tributos, a priori, continuavam a ser devidos.
Destarte, pontuou-se que, além das perdas causadas pelo isolamento
social às empresas com proibição de funcionamento, os empresários sofreram
com falta de informação e inseguranças sobre como ficaria a tributação
suportada pelas empresas impactadas pelo corona vírus.
Ocorre que, foi possível identificar neste estudo, que o Sistema
Tributário Nacional brasileiro é um dos mais complexos do mundo e esse
panorama culmina no chamado “custo Brasil”, que torna demasiadamente
elevado o custo tributário para as empresas.
Sobre esse assunto, foi possível constatar por meio do levantamento
bibliográfico que balizou esse trabalho, que as empresas brasileiras precisam
arcar com os encargos trabalhistas outras cargas tributária, tais como: PIS,
Cofins, IPI, IOF, CPMF, INSS, Incra, Sebrae, Sesi, Senai, FGTS, ICMS, IPTU,
IPVA, IR, Contribuição sobre o Lucro, salário-educação, seguro-acidente,
Imposto de Importação, guia de importação, contribuição sindical, entre outros
tributos e obrigações fiscais e parafiscais.
Todavia, em que pese toda essa carga sob o empresário brasileiro,
restou verificado que a contabilidade tributária empresarial pondera por meio
de lançamentos adequados, as operações fornecidas pelas empresas,
assessorando-as de modo significativo o pagamento de tributos.
23

Ademais, foi possível verificar que, o planejando tributário empresarial,


quando feito preventivamente, em observância com o cumprimento do fato
administrativo, minora a implicação jurídica e econômica e elimina as
perspectivas legais dispendiosas.
Tão logo, pode-se observar deste trabalho, que a gestão tributária dentro
da contabilidade empresarial objetiva reduzir a carga tributária dentro da
legalidade, evitando a evasão fiscal ou o descumprimento de leis que
acarretam crime da sonegação fiscal, ainda porque, a falta de pagamento de
tributos implica em consequências negativas para as empresas, que podem ser
condenadas à arcar com diversos encargos moratórios (juros e multas) sobre
os débitos não pagos, o protesto dos valores devidos, o impedimento da
renovação da sua certidão de regularidade fiscal, até a inscrição em dívida
ativa dos valores e o ajuizamento de Execução Fiscal, além de outras
consequências.
Com base nessas elucubrações trazidas neste estudo, foi possível aferir
que dados apontam que a covid-19 afetou de forma mais intensa segmentos
que incluem atividades como as de bares, restaurantes e hospedagem; além
do setor de construção.
Assim, quando uma pesquisa identificou que os pedidos de falência no
país subiram cerca de 30% em maio de 2020 em relação a abril deste mesmo
ano, o governo deferiu uma série normas para facilitar o pagamento de tributos
fiscais pelas empresas, nas esferas administrativas e judiciais.
Tal como foi possível assinalar do quadro colacionado ao tópico 5 (cinco)
deste artigo, percebe-se, por exemplo, que postergou-se por 03 (meses) o
adimplemento de tributos apurados na seara do Simples Nacional. Ao passo
que, as empresas com dívidas ativas na União, puderam gozar de transação
extraordinária e ainda, no âmbito administrativo, os prazos para impugnar
protestos ou novos procedimentos de cobrança foram suspensos.
Ou seja, dentre outras medidas trazidas, as supracitadas em muito
corroboram para que as empresas possam “respirar” em meio à tributação
ocorrida no atual cenário de COVID-19, sendo que, uma gestão ou
planejamento bem assessorado se faz imprescindível neste contexto. E aí se
inclui a relevância da gestão tributária nas empresas na era pós-pandemia.
24

Robustecendo essa assertiva, foi possível constatar que além de aderir


à flexibilização das normas deferidas pelo ente estatal, outras formas de
planejar o pagamento de tributos pode ser manejada por via de uma boa
gestão tributária contábil, isso porque, a Magna Carta de 1988, prevê a
possibilidade de modificação da alíquota de impostos, em caráter extrafiscal,
quando o uso do imóvel incorre em descumprimento da "Função Social da
Propriedade".
Vale dizer que, além de poder aderir à diversas flexibilizações na norma
tributária em razão da COVID-19, as empresas que possuem imóveis onde são
exercidas atividades empresariais, quando tiveram suspensas as suas
atividades, houve o "descumprimento inverso da Função Social pelo Estado",
quanto diretamente, no caso da restrição pelo Estado do uso do imóvel pelo
contribuinte. Sendo assim, o IPTU poderá sofrer reajuste, o mesmo ocorrendo
com o pagamento de IPVA em veículos usados para a atividade da empresa.
Diante destas explanações, não restam dúvidas de que é totalmente
relevante a gestão tributária empresarial, de um lado, pode minorar ou
postergar o pagamento de tributos – quiçá entender que são descabidos -, de
outro giro, pode-se aderir à flexibilização de normas estatais atinentes ao tema,
de maneira tal, que não se incorra em sonegações de impostos e sofra
sanções.

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