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FONTE: NICOLAU, Jairo. ”Partidos e Sistemas Partidários (1985-2009)”. In: LESSA, Renato (Coord. de área).

In: Horizontes das Ciências


Sociais Brasileiras: Ciência Política. São Paulo: ANPOCS, 2010. 402p. (pp.217-240)

1. PERTINÊNCIA DO TEXTO

Este texto é pertinente para a nossa pesquisa na medida em que nos ajuda a pensar sobre os partidos políticos e sistemas partidários, no que
concerne a questões teóricas e metodológicas dos estudos desses, dentre elas, questões tais quais: a Institucionalização dos partidos políticos
brasileiros; o estudo das Organizações Partidárias (Os partidos enquanto instituições burocraticamente organizadas, com uma estrutura, uma
hierarquia dirigente/funcional que funciona objetivando a obtenção de determinados objetivos, em especial o crescimento dos partidos)
(MICHELS, 1979); a questão do pessimismo presente nos estudos a respeito dos partidos políticos existentes no Brasil; os estudos a respeito dos
partidos e dos sistemas partidários de nosso país com um enfoque metodológico que aponta para a aplicação de questionários, bem como a
realização de estudos de caso e estudos comparativos; as relações entre a política e o Judiciário de nosso país, assim como a relação entre esta e a
esfera estatal – respectivamente o que se pode chamar de “Judicialização” e “Estatização” da política (LATOUR, 2005), flagrantemente dos
partidos políticos (o que pode ser exemplificado pelo Fundo Partidário1); pode-se encontrar no presente texto ainda, questões referentes ao
estudo das percepções que os indivíduos tem a respeito dos partidos políticos algo próximo da questão da identificação partidária; por fim, o
texto explorado discorre também sobre estudos referentes ao número de partidos existentes – fragmentação e volatilidade, o que pode nos auxiliar
no estudo dos partidos políticos do estado de Sergipe, mais especificamente nos diretórios estaduais desses, localizados na cidade de Aracaju. Em
suma, o presente texto nos auxilia na tentativa de compreender algumas das diferentes concepções e abordagens a respeito dos estudos dos

1 ?
Uma das principais fontes de receita dos partidos políticos é a oriunda do repasse das cotas do Fundo Partidário (Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos
Políticos), previsto no artigo 17, § 3º, da Constituição Federal, o qual é constituído pela arrecadação de multas eleitorais, doações de pessoas físicas ou jurídicas e dotações
orçamentárias da União. O Tribunal Superior Eleitoral é incumbido de fazer a respectiva distribuição aos órgãos nacionais dos partidos, obedecendo aos seguintes critérios:
5% do total do Fundo Partidário é destacado para entrega, em partes iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral e 95% são
distribuídos aos partidos que tenham direito a funcionamento parlamentar, na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara dos Deputados. Os órgãos
nacionais dos partidos políticos procederão à redistribuição da cota recebida às seções regionais, e estas às municipais, na forma do que dispuserem os respectivos estatutos,
cuja movimentação deve ser feita em estabelecimentos bancários oficiais. Os recursos provenientes do Fundo Partidário devem ser aplicados na manutenção das sedes do
partido, no pagamento de pessoal, na propaganda política, nas campanhas eleitorais, na criação e manutenção de instituto ou fundação de doutrinação e educação política e em
programas de promoção e difusão da participação política das mulheres.
partidos políticos, chamando-nos a problematizar questões como o pessimismo presente nos primeiros estudos realizados com instituições
partidárias, os fenômenos de “judicialização” e ”estatização” (LATOUR, 2005) dos partidos políticos, a percepção que os indivíduos que ocupam
cargos dirigentes/funcionais nos partidos têm a respeito de suas atividades bem como da própria política (incluindo a questão da identificação
partidária), assim como o fato de as organizações partidárias, através de suas atividades, poderem corroborar (ou não) para o sucesso eleitoral e o
número de partidos existentes no estado de Sergipe.

LATOUR, Bruno. ”Como prosseguir a tarefa de delinear associações”. In: LATOUR, Bruno. In: Reassembling the Social – An introduction to
Actor-Network-Theory, Oxford: Oxford University Press, 2005. (pp.1-18) Tradução de José Pinheiro Neves e Luis Tavares*

MICHELS, Robert. ”Tendências Burocráticas das Organizações Partidárias”. In: CARDOSO, Fernando Henrique; MARTINS, Carlos Estevam
(Orgs.). In: Política e Sociedade. SP: Companhia Editora Nacional, vol. 2, 1979. (Coleção Biblioteca Universitária; Volume 54) (pp. 73-89)

2. REFERENCIAIS TEÓRICOS

Auzira Alves Abreu; Maria do Socorro Braga; Argelina Figueiredo; Fernando Limongi; David Fleischer; Maria D’Alva Kinzo; Bolivar
Lamounier; Rogério Schmitt; Maria do Carmo Campello de Souza; Fabiano Santos; Celso Roma; Paulo Sérgio Peres; Jairo Nicolau; Yan
Carreirão; Nelson Rojas de Carvalho; Clovis Bueno Azevedo.

Sistemas Partidários; Partido; Institucionalização dos Partidos; Organização Partidária; Pessimismo com relação aos partidos políticos
brasileiros; Estudos de Caso; Estudos Comparativos; “Judicialização”; ”Estatização”; Comportamento Eleitoral; Percepção dos Partidos;
Fragmentação; Identificação Partidária; Volatilidade.

3. COMENTÁRIOS

“Até os anos 1960, a pesquisa sobre a vida partidária no Brasil era uma tarefa realizada por jornalistas, juristas e políticos.” (p.217)

O estudo sobre partidos e sistemas partidários é um tema clássico da reflexão política brasileira.
“A literatura sobre o tema produzida nas duas últimas duas décadas é vasta, incluindo desde análises produzidas por militantes e dirigentes
partidários até relatos jornalísticos, passando por um número crescente de dissertações e de teses defendidas em diversos departamentos de
Ciências Humanas (Comunicação, Sociologia, Antropologia, História e Direito).” (p.217)

O que se tem a respeito dos partidos e sistemas partidários no meio acadêmico brasileiro.

“Sistemas partidários são construções intelectuais que pretendem identificar certos atributos referentes ao padrão de competição entre os partidos
no âmbito nacional ou subnacional (estados e municípios, no caso do Brasil).” (p.219)

Sistemas Partidários – O que são.

“A atuação dos partidos neste cenário foi analisada de maneira mais aprofundada em três trabalhos: Kinzo (1993), Lima Jr. (1993), Mainwaring
(2002). Estes textos têm em comum um profundo pessimismo respeito do processo de institucionalização dos partidos brasileiros.” (p.220)

As impressões que se tinha, por parte dos autores dos estudos a respeito da institucionalização dos partidos políticos brasileiros, em sua maioria,
impregnadas por um forte pessimismo.

“O tom de pessimismo com relação aos partidos brasileiros é forte. A alta fragmentação partidária e a migração parlamentar também são vistas
como fortes evidências das dificuldades iniciais do sistema de partidos no Brasil.” (p.220)

Forte tom de pessimismo com relação aos partidos políticos brasileiros.

“Os 25 anos de experiência democrática já constituem um período suficiente para uma avaliação mais sistemática do papel que os partidos
desempenham no país, mas infelizmente faltam estudos mais amplos e, sobretudo, conectados com a agenda internacional de pesquisas sobre o
tema. É fundamental investigar o crescente papel do Estado (sobretudo o Judiciário) na regulação da vida partidária, sem contar a necessidade de
responder com mais evidência à questão clássica sobre os partidos em novas democracias: qual é o nível de institucionalização dos partidos
brasileiros?” (p.221)

Qual é o nível de institucionalização dos partidos brasileiros.


“Apesar de terem sido realizados em diferentes instituições, estes trabalhos têm algumas características comuns: a tentativa de relacionar a
atividade dos partidos aos principais eventos do cenário político nacional e o uso intensivo de entrevistas com as lideranças partidárias como
principal fonte de pesquisa.” (p.222)

Metodologias utilizadas nos estudos sobre partidos e sistemas partidários. Estudos de Caso.

“É interessante observar que o tema central dos estudos sobre os primeiros anos de vida partidária (Lima Jr., 1993; Kinzo, 1993; Minwaring,
2003) a afirmação de que no Brasil os partidos são frágeis e com reduzia institucionalização, não foi retomado pelos estudos posteriores.” (p.221)

Afirmação da baixa institucionalização e da fragilidade dos partidos não foi retomada nos estudos posteriores.

“A atuação dos partidos no Legislativo, particularmente na Câmara dos Deputados, despertou o interesse de parte significativa de comunidade
de cientistas políticos. Quando comparada a outras dimensões, a atividade dos partidos no Legislativo foi muito bem estudada. A facilidade de
obtenção de dados, aliada a uma agenda de pesquisa bem alimentada, provavelmente contribuiu para o interesse despertado pelo tema. Entre os
diversos tópicos analisados pelos estudiosos da atividade partidária na Câmara dos Deputados, dois merecem destaque: o grau de disciplina
partidária nas votações no plenário e a transferência dos deputados de um partido para outro durante o mandato (migração partidária).¹¹” (p.226)

Com base nos estudos existentes a respeito do funcionamento do Legislativo, podemos pensar o estudo da migração partidária dos funcionários
dos partidos.

“Em contraste com a reduzida produção sobre os partidos individuais, uma área que cresceu recentemente foi a de estudos comparados. Em
geral, os autores escolhem uma dimensão especifica da atividade partidária e comparam os atributos de cada um dos partidos em relação a esta
dimensão. Entre os tópicos selecionados para a comparação destacam-se os estudos sobre a percepção/opinião que os eleitores têm dos partidos,
e as pesquisas sobre a atuação dos partidos nos poderes Executivo e Legislativo.” (p.223)

Pesquisas sobre a atuação dos partidos, nos poderes Executivo e Legislativo.

“O conceito de identificação partidária foi introduzido pela Escola de Michigan para explicar o comportamento dos eleitores americanos. A
identificação partidária caracteriza e a orientação afetiva de um indivíduo para um determinado grupo de referência (partido). A ideia, derivada
dos estudos de psicologia social, é que os indivíduos identificam-se com coletividades como os partidos assim como se identificam com grupos
religiosos, étnicos e classe social (Holmberg, 2008, p.58). o conceito de identificação partidária tem sido largamente utilizado nos estudos sobre
comportamento eleitoral nos Estados Unidos e na Europa e é mensurado por intermédio de pesquisas de opinião. Um dos principais desafios da
literatura sobre o tema diz respeito às formas de mensuração do grau de envolvimento dos eleitores com os partidos (Holmberg, 2008).” (p.223)

O conceito de identificação partidária e os estudos de comportamento eleitoral.

“Nas modernas democracias, é impossível pensar no Poder Executivo sem considerar a situação dos Partidos. Os partidos são os principais
responsáveis por elaborar e implementar as políticas públicas, bem como emprestam seus quadros para ocuparem postos nos ministérios e em
níveis inferiores do governo (Thies, 2000). Apesar da centralidade do Executivo no sistema político brasileiro, poucos pesquisadores têm se
dedicado a estudá-lo. Quando observamos o grande número de trabalhos sobre a atuação dos partidos no Legislativo, a escassez de trabalhos
referentes ao Executivo fica mais acentuada.” (pp.224-225)

Lacunas nos estudos de Partidos e Sistemas Partidários no Brasil.

“Sua sugestão [Nicolau (2000)] é de que a variação esteja associada ao tipo de organização interna dos partidos. Pereira e Mueller (2003)
sugeriram que o sistema representativo brasileiro deveria ser pensado como duas arenas mais ou menos independentes, cada uma delas
funcionando com um sistema diferenciado de incentivos: os partidos seriam fracos na arena eleitoral e fortes na arena parlamentar.” (p.228)

Disciplina Partidária e Organização Interna do Partido.

“Nota 14 – Em março de 2007, uma resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) produziu forte impacto sobre a vida partidária brasileira. Uma
consulta do DEM, partido que recentemente perdera muitos deputados para outros partidos, questionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre
a quem pertencia a titularidade do mandato: ao partido ou ao deputado. O STF tomou a decisão de punir com a perda do mandato os
parlamentares e chefes do Executivo que deixaram o partido pelo qual foram eleitos, salvo se a mudança tiver uma das seguintes justificativas:
incorporação ou fusão de partido, criação de novo partido, mudança programática do partido, grave discriminação pessoal.” (p.229)

Como e porquê mudar ou não de Partido?


“Carvalho (2003) aprofundou as sugestões de Ames (2003) sobre a relação entre a geografia do voto e o comportamento legislativo no Brasil.
Em 1999, o autor fez um survey com os deputados federais com o propósito, entre outros, de obter a opinião deles sobre diversos temas. As
respostas revelam que os deputados valorizam simultaneamente atividades que os conectam diretamente às suas bases eleitorais (visitas aos
municípios, obtenção de recursos orçamentários para as bases, encaminhamento das demandas de prefeitos) e a atividade legislativa. Chama
particularmente a atenção dada pelos parlamentares às atividades de organização partidária para o seu sucesso eleitoral – sétimo lugar em
importância na escala de fatores que teriam contribuído para o sucesso eleitoral (Carvalho, 2003, p.155).” (p.229)

Estudos de Geografia do voto e Comportamento Legislativo no Brasil; O que importa mais, ou menos para um parlamentar.

“Uma das características mais marcantes da vida partidária brasileira no período entre 1985 e 2007 foi a migração partidária, processo de
transferência de políticos de um partido para outro (muitas vezes ao longo do mandato eletivo). O fenômeno afetou todos os cargos e níveis de
governo, mas foi estudado de maneira mais sistemática na Câmara dos Deputados (Nicolau, 1996; Schmitt, 1999; Melo, 2000; Santos, 2001;
Melo, 2004).” (p.229)

Estudos sobre migração partidária.

“O estudo sobre os partidos políticos brasileiros pós-1985 passou por dois grandes ciclos. O primeiro procurou descrever as características gerais
das agremiações criadas ao longo da década de 1980 por intermédio de estudos comparativos. Esta literatura, produzida até meados da década de
1990, é bastante pessimista quanto à institucionalização dos partidos no país – com exceção apenas da celebrada singularidade do PT. Um
segundo ciclo de estudos concentrou-se na atividade dos partidos na arena governamental, particularmente no Legislativo. De meados da década
de 1990 até o início da década seguinte, a atividade dos partidos na Câmara dos Deputados, particularmente a discussão sobre coesão e
disciplina, esteve no centro das atenções.” (p.229)

Estudos de Caso; Estudos Comparativos; Estudos de Comportamento Legislativo.

“Considerando o grande volume de dados e de argumentos mobilizados pelos autores que estudaram os partidos neste período, alguns tópicos
merecem uma atenção mais detida. O primeiro deles é a institucionalização (ou estruturação, consolidação) dos partidos no Brasil, tema central
dos primeiros estudos sobre os partidos brasileiros. Depois de 25 anos de experiência democrática, que balanço podemos fazer sobre os partidos
brasileiros? Eles estão institucionalizados? Temos um sistema de partidos realmente frágil quando comparado ao de outras democracias?.”
(p.231)

Institucionalização dos Partidos

“Creio que duas dimensões da atividade partidária no Brasil merecem estudos mais aprofundados. A primeira é um entendimento do processo de
envolvimento dos cidadãos com a vida partidária. Quantos são os indivíduos que efetivamente participam dos partidos? O que eles fazem? Como
diferenciar este envolvimento segundo a ideologia e o tamanho do partido? A segunda tem relação com a crescente regulação estatal da vida
partidária, processo que vem se aprofundando desde meados da década de 1990. Evidencias do processo de “estatização” dos partidos brasileiros
são a crescente dependência destes dos recursos estatais (fundo partidário e horário partidário/eleitoral) e a forte intervenção do Judiciário
(Judicialização) na atividade partidária, que ocorreu ao longo da década de 2000 (Marchetti, 2009).” (p.232)

O QUE FALTA AOS ESTUDOS SOBRE PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL.

“O estudo sobre a natureza do sistema partidário é um tema clássico da Ciência Política. No Brasil, o sistema partidário da Republica de 1946 foi
tema de estudos cuidadosos (Lima Jr., 1983; Soares, 1973; Souza, 1976; Kavarecha, 1991; Santos, 2003). O sistema partidário pós-1985 não
recebeu tratamento equivalente, seja em volume, seja em termos de profundidade.” (p.232)

Estudo sobre a natureza do Sistema Partidário – Tema Clássico da Ciência Política.

“A força dos estudos sobre sistemas partidários reside no fato de gerar categorias (na matriz qualitativa) ou indicadores (na matriz quantitativa)
capazes de resumir uma característica geral da unidade analisada (país ou unidades subnacionais), mas esses indicadores e categorias ganham
mais intensidade quando são utilizadas em estudos comparativos (no tempo ou entre unidades).” (p.233)

“Talvez os estudos de caso sobre o sistema partidário nacional tenham perdido a força nos últimos anos por conta desta especificidade
metodológica. Afinal, sem comparação com outras democracias, importa pouco dizer que temos uma fragmentação partidária X e uma
volatilidade.” (pp.234-235)

Pontos Fracos e Pontos Fortes dos estudos dos Sistemas Partidários.


Estudos sobre a formação de novos partidos. (p.234)

Deu-se ênfase aos aspectos negativos do nascente sistema de partidos: (CICLO 1)

Excessivo número de partidos criados;

Inconsistência ideológica das legendas;

A migração partidária;

Crise dos grandes partidos.

A vitória de Collor, no final dos anos 1980. (p.234)

Mais visões pessimistas quanto aos partidos políticos brasileiros.

(CICLO 2) Atividade dos partidos no executivo e no legislativo

A atividade partidária no legislativo – Disciplina e Coesão Partidárias.

Uma vertente dos estudiosos enfatizou uma dimensão mais positiva da atividade partidária. (p.234)

“É claro que outros pesquisadores foram mobilizados por preocupações diferentes. Entre elas, vale a pena destacar as pesquisas sobre a
percepção que os eleitores têm dos partidos e os estudos sobre a configuração do sistema partidário, particularmente a fragmentação e a
volatilidade [o número efetivo de partidos].” (p.235)

Estudos sobre a percepção que os eleitores têm dos partidos, bem como análises também da fragmentação e volatilidade destes.

“Que áreas merecem pesquisas mais detalhadas? Em primeiro lugar, não podemos abandonar as boas questões que mobilizaram os pesquisadores
ao longo destes anos. A questão fundamental dos estudos do primeiro ciclo permanece e merece novos estudos. Afinal o que podemos dizer
sobre o processo de institucionalização dos partidos políticos no Brasil? Em um cenário em que todas as legendas relevantes têm mais de vinte
anos de existência, será que ainda faz sentido classificar os partidos brasileiros como frágeis e com baixa institucionalização? O tema da
disciplina e da coesão também merece novos estudos. A possibilidade de os partidos de esquerda governarem o país (2003-2010) e a proibição da
migração partidária desde 2007 trouxeram elementos fundamentais para se repensar a atividade dos partidos no interior do Legislativo.” (p.235)

OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS JÁ ESTÃO INSTITUCIONALIZADOS?

“É necessário aprofundar os estudos sobre a percepção que os eleitores têm dos partidos. O desafio aqui é metodológico: é fundamental que, nas
pesquisas de opinião, se estabeleça um conjunto de perguntas padronizadas que sirvam para dimensionar o grau de envolvimento dos cidadãos
com os partidos, bem como avaliar de que maneira a percepção afeta as decisões eleitorais. Outro desejo é estudar de maneira mais sistemática
(como estudo de caso ou comparativamente) a organização dos partidos no Brasil. Sabemos muito pouco sobre como os partidos arrecadam seus
recursos, organizam as atividades e estruturam o poder decisório. E, sobretudo, quase nada sabemos sobre as redes criadas pelos partidos para
envolver os cidadãos em suas atividades (São de natureza corporativa Clientelista? Programaticamente orientadas?). Por fim, o recente processo
de “estatização” dos partidos brasileiros parece ser mais bem compreendido, particularmente à luz de pesquisas comparativas.” (p.235)

A necessidade de realizar estudos sobre as organizações partidárias; A necessidade de mais estudos sobre a percepção que os eleitores têm dos
partidos. A necessidade de mais estudos sobre o funcionamento dos partidos, bem como sobre a “judicialização” e “estatização”desses.

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