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Disciplina: Orgãos de Máquinas I


3º Ano,
Ano, 1º
1º semestre
semestre –
– M.
M. I.
I. Engª
Engª Mecânica
Mecânica (2008-09)
(2008-09)

Capítulo I

Parafusos de Ligação
Parafusos de Transmissão de Movimento

Bibliografia
 J E Shigley, C R Mischke, R G Budynas, Mechanical Engineering Design,
McGraw-Hill (2003)
 A C Ugural, Mechanical Design – An Integrated Approach, McGraw-Hill (2004)
 R C Juvinal, K M Marshek, Fundamentals of Machine Component Design,
John Wiley & Sons, Inc. (2006)

A. Sousa Miranda
Orgãos de Máquinas I
Parafusos
Parafusos

Sumário
 Tipos de parafusos: i) de ligação; ii) de transmissão do
movimento
 Nomenclatura. Normalização.
 Parafusos de transmissão:
Mecânica do movimento
Tensões
Rendimento
 Parafusos de ligação:
Pré-esforçamento de ligações aparafusadas
Binário de aperto
Dimensionamento (estático e dinâmico)
Carregamento excêntrico.
Orgãos de Máquinas I
Tipos
Tipos de
de parafusos
parafusos –
– Parafusos
Parafusos de
de ligação
ligação

 Parafusos de ligação, ou de fixação


parafusos com as mais diversas configurações, cuja principal
finalidade é fixar/posicionar uma peça relativamente a outra
Orgãos de Máquinas I
Parafusos
Parafusos de
de ligação
ligação
Orgãos de Máquinas I
Outros
Outros elementos
elementos de
de ligação
ligação -- REBITES
REBITES

Reservatório de pressão

Torre Eiffel

Locomotiva a vapor Ponte sobre o Rio Orange,


Africa do Sul

Before welding techniques and bolted joints were developed, metal framed buildings and
structures such as the Eiffel Tower and the Sydney Harbour Bridge were generally held together
by riveting. The RMS Titanic was constructed from approximately 3,000,000 rivets,
Orgãos de Máquinas I
Tipos
Tipos de
de parafusos
parafusos –
– Parafusos
Parafusos de
de transmissão
transmissão do
do movimento
movimento

 Parafusos de transmissão do movimento


todos os que têm por função transformar um movimento rotativo em
movimento de translacção da ‘porca’

Vporca = Nparaf x passo

Fuso de rosca quadrada Fuso de rosca trapezoidal

Fuso de esferas (maior precisão, menos atrito)


Orgãos de Máquinas I
Nomenclatura
Nomenclatura

 Passo (p) é a distância entre dois pontos consecutivos e homólogos da rosca, medida
paralelamente ao eixo do parafuso;
 Diâmetro exterior (de ) é o maior diâmetro da parte roscada, e
 Diâmetro interior (di ou dr ) é o menor diâmetro da parte roscada, correspondente à raiz
do filete

 Passo real (tr ), que é a distância entre dois pontos homólogos e consecutivos do
mesmo filete e que corresponde ao avanço do parafuso ao fim de uma rotação
 Passo aparente (ta ), como a distância entre dois pontos homólogos consecutivos da
rosca.

Designando o número de filetes (ou número de entradas) por i, a relação entre tr e ta é


dada por: tr= i . ta
Orgãos de Máquinas I
Normalização
Normalização

 Os parafusos de ligação são normalizados – Normas ISO, DIN, Normas Portuguesas, ...

 A normalização respeita à rosca (geometria), apenas.

 Os parafusos normalizados têm rosca ’direita’ (aperta rodando no sentido dos ponteiros),
e têm apenas 1 entrada (1 filete de rosca).

Designação normalizada: tipo de rosca, diâmetro nominal, passo (ou nº filetes por
polegada, no caso da normalização em unidades imperiais)
Exemplos
M 10x2 Parafuso de rosca triangular métrica, 10mm de diâmetro nominal, 2mm de passo.
Se se tratar da série normal, pode omitir-se o passo. (2 = 60º)
Tr 30 Parafuso de rosca trapezoidal (Tr), 30mm diâmetro nominal, série normal
S 48x8 Parafuso de rosca em dente de serra (S), diâmetro nominal 48mm, passo 8mm.

(Consultar normas...)
Orgãos de Máquinas I
Parafusos
Parafusos de
de transmissão
transmissão (rosca
(rosca quadrada)
quadrada) –
– Mec
Mec do
do movimento
movimento

 Binário de subida (aperto) e de descida (desaperto) da carga

=t =t

Subida Descida
Força tangencial, PR Força tangencial, PL

Parafuso de rosca quadrada


f – coef. atrito rosca/parafuso
 – ângulo inclinação do filete F(sen  f cos  F(f cos   sen )
P – força tangencial aplicada PR  PL 
para subida/descida cos   f sen cos   f sen )
T – binário de subida/descida
d Fd m  t  fd m  Fd m  fd m  t 
TP m Binário aplicado TR   d  ft  TL   d  ft 
2 2  m  2  m 
Orgãos de Máquinas I
Parafusos
Parafusos de
de rosca
rosca quadrada:
quadrada: Auto-imobilização
Auto-imobilização
Rendimento
Rendimento

 Condição de auto- imobilização, TL  0  fdm  t, ou ainda, f  tg 

A mesma conclusão pode ser retirada da análise Ft


do equilíbrio de forças no contacto (figura):
Fn
Há auto-imobilização quando, depois de retirado
o binário de aperto (PL=0), PL=0
=t

fN  Ft  f  tg 

 Rendimento – é uma medida da potência gasta para vencer o atrito

TR ( f  0 ) Ft Ft
 TR ( f  0 )   
TR 2 2 TR
Orgãos de Máquinas I
Parafusos de rosca trapezoidal (e triangular)

 A inclinação da superfície do filete de rosca (2=60º) origina


um aumento da força de atrito – efeito de cunha –

Os binários de subida (TR) e de descida (TL), são dados por

Fd m  t  fd m sec   Fd m  fd m sec   t 


TR   d  ft sec   TL   d  ft sec 
2  m  2  m 

 Condição de auto-imobilização, f > tg  .cos

 Rendimento – devido ao maior efeito do atrito,  é mais baixo nestes parafusos.


No entanto, são em geral preferidos por que:
- são mais fáceis de maquinar
- permitem a utilização de porcas ajustáveis, que podem compensar
o desgaste
Orgãos de Máquinas I
Atrito adicional no colar

 Nos casos em que há deslizamento entre o colar e a


carga (ou no aperto de parafusos de ligação), há um
atrito adicional que é preciso vencer – o atrito no colar

dc – diâmetro médio do colar


fc – coeficiente de atrito no colar

F fc d c
 Binário de atrito no colar, TC 
2

 Binário total, Subida: TR + TC


Descida: TL + TC
Orgãos de Máquinas I
Tensões nos parafusos de transmissão (1)

1. Torção no parafuso (sujeito ao binário aplicado, T)

T d i 16 T ð d4
Tensão de corte máxima, T   Io =
2 I o  d 3i 32

2. Tensão de corte na base da rosca

Área resistente ao corte, A = L (t/2) t – passo


h – altura porca
F
L h h h ð di
  L  d i    A= h
d i t t 2 t
di

F 2F Área resistente t/2


b  
A h  di L
Orgãos de Máquinas I
Tensões nos parafusos de transmissão (2)

3. Tensão de flexão na base da rosca, f e n


L

Mf t Ft Lt 3
f  4 com Mf  e I
I 4 12  8

6F
f 
h  di

4. Tensão de esmagamento no contacto, c

F  h (d e2  d i2 )
c  A
Ac 4t

4Ft
c  
 h (d e2  d i2 )
Orgãos de Máquinas I
Pré-esforçamento
Pré-esforçamento de
de ligações
ligações aparafusadas
aparafusadas (1)
(1)

Objectivos:  resistência a cargas exteriores de tracção


 resistência a esforços de corte (geração de atrito no contacto)

Fi – pré-tensão inicial no parafuso (aperto)


P – carga exterior aplicada
Pb – parte da carga exterior suportada pelo parafuso

Fi Pm – parte da carga exterior suportada pelas peças


Fb = Fi + Pb carga resultante no parafuso (tracção)
Fm = -Fi + Pm carga resultante nas peças (compressão)

Cálculo de Pb e Pm
 Pb Pm 
 Enquanto houver contacto das peças, b = m   b  m 
 kb k m 
( kb , km – constantes de rigidez do parafuso e dos membros, a calcular)
Orgãos de Máquinas I
Pré-esforçamento
Pré-esforçamento de
de ligações
ligações aparafusadas
aparafusadas (2)
(2)

Pb Pm  kb 
Então,  e Pb  Pm  P  Pb    P
kb km
 kb  km 
kb
Pm  P  Pb  (1  C) P com C
kb  km
Em resumo:

1. Havendo contacto na junta (membros comprimidos)

Fb = Fi + CP (força de tracção no parafuso)

Fm = - Fi +(1-C) P (Fm<0, força compressão nas peças)

2. A força exterior limite necessária para separar a junta (Fm= 0), é


Fi
- Fi +(1-C) Plim = 0  Plim =
(1-C )

3. Para um valor da força exterior aplicada P>Plim, os membros

estão separados,  Fb = P + Fi (parafuso suporta toda a carga)


Orgãos de Máquinas I
Determinação
Determinação da
da rigidez
rigidez da
da junta
junta (1)
(1)

kt
kd
 Constante de rigidez (k) – cociente entre a força
aplicada e a deformação correspondente (k = F/)
 A constante de rigidez equivalente (keq) de uma
associação em série de componentes de rigidez
(k1, k2) é dada por 1 1 1
= +
keq k1 k2

Rigidez do parafuso, kb

1 1 1 Ad E At E
= + kd = e kt =
k b k d kt ld lt

Ad At E
kb =
Ad l t + At ld
 No caso do parafuso roscar numa das peças, usa-se a
mesma expressão para calcular kb, mas agora com os
parâmetros definidos na figura de baixo.
Orgãos de Máquinas I
Determinação
Determinação da
da rigidez
rigidez da
da junta
junta (2)
(2)

Rigidez das peças (membros a ligar), km


1 1 1 1
= + + ..... +
k m k1 k 2 ki

1 1
Se k1<< restantes ki  ≈
k m k1

 Determinação exacta da rigidez das peças é difícil, porque


não é fácil de identificar a área que contribui para a deformação

Como aproximação é frequente adoptar o método do ‘cone de pressão’ (figura junta)


- assume-se que as tensões induzidas são uniformes na zona próxima do parafuso.

 Para parafusos normalizados de cabeça sextavada e peças do mesmo material


(mesmo E), km pode ser dado por,

km d
= A exp (B ) (constantes A e B
Ed L na tabela ao lado)
Orgãos de Máquinas I
Controlo
Controlo da
da pré-tensão
pré-tensão do
do parafuso
parafuso

Formas possíveis de controlar a pré-tensão na montagem dos parafusos:

i) Controlar o alongamento do parafuso  possível mas pouco prático ...

ii) Utilizar uma chave dinamométrica para fazer o aperto (mede o binário de aperto)

Usa-se frequentemente o método ii).

Relação binário (T) – força de aperto (Fi) correspondente:

Fi d m t + ð f d m sec á Fi f c d c
T= +
2 ð d m - f t sec á 2

que pode escrever-se na forma, T = K Fi d


Em termos médios, para parafuso/porca normalizados e
f = fc  0,15 obtém-se K = 0,2
(outros valores de K na tabela ao lado)
Orgãos de Máquinas I
Dimensionamento
Dimensionamento de
de parafusos
parafusos –
– carga
carga estática
estática (1)
(1)

 Como vimos, o parafuso fica sujeito à carga de tracção, Fb = Pb + Fi


Fb Pb Fi
A tensão de tracção no parafuso é ó= = + (At – área resistente à tracção)
At At At
 Seja Sp (tensão de prova – tensão limite de elasticidade) a tensão limite que o material do
parafuso pode suportar sem deformação permanente.
(tensão de
Introduzindo o factor de segurança, n, pode escrever-se rotura)

S p At - Fi (tensão de
n Pb Fi cedência)
+ = Sp ⇒ n=
At At Pb (tensão de prova)

 Qualquer valor de n>1 garante que a tensão aplicada no


parafuso () é inferior à tensão de prova Sp Sp  0,85 Sy

 Procedimento:
n, fixado
Fi, Pb, conhecidos retiro At  calculo d
Sp, especificado (material)
Orgãos de Máquinas I
Dimensionamento
Dimensionamento de
de parafusos
parafusos –
– carga
carga estática
estática (2)
(2)

Outra forma de dimensionar o parafuso, garantindo que a ligação nunca se separa.


 Impõe-se a condição de a carga exterior ser sempre inferior à requerida para a separação.
 A carga exterior (Po) que origina a separação das peças é dada por
km
Fm = 0  Pm = Fi  P = Fi
kb + k m o
Po
 Para não haver separação da junta deverá ser = no ⇒ Po = no P , (no > 1 )
P
 Então, pode escrever-se,
km Fi no>1 é o factor de segurança (factor de carga)
( no P) = Fi ⇒ no =
kb + km Pm que garante que não há separação da junta.
 Procedimento
- Selecciona-se o parafuso de tal forma que: Fi = 0,75 (At Sp ) – ligações não permanentes
Fi = 0,9 (At Sp ) – ligações permanentes

- Dá-se ao parafuso um aperto inicial, Fi = no Pm


Orgãos de Máquinas I
Dimensionamento
Dimensionamento de
de parafusos
parafusos –
– solicitações
solicitações de
de fadiga
fadiga (1)
(1)

 65% das roturas por fadiga dão-se na rosca do parafuso à face da porca ...

 Tensão limite de fadiga, Se = f  (1/Kf )  ....k’s f – limite fadiga do material


Kf – coef. redução à fadiga
(Tabela 9, apontamentos)
k’s – temp., acabamento, ...
 Na tabela ao lado é dada a tensão limite de
fadiga (Se), já corrigida (inclui o factor Kf)

 Nas ligações aparafusadas sujeitas a fadiga


é frequente a carga exterior no parafuso
variar entre zero e P.
 A carga no parafuso varia entre Fi e Fb

Fmáx = Fb = Fi + Pb Fmín = Fi
Fb - Fi kb P
óa = = ×
2 At kb + k m 2 At
Fmáx - Fmin Fb - Fi
Fa = =
2 2 Fi kb P F
óm = óa + = × + i
At kb + k m 2 At At
Orgãos de Máquinas I
Dimensionamento
Dimensionamento de
de parafusos
parafusos –
– solicitações
solicitações de
de fadiga
fadiga (2)
(2)

Diagrama de Goodman
 Sut foi especificado (material do parafuso)
e foram calculadas:
(m= a+ i)

Se – tensão limite de fadiga


a – tensão alternada
m – tensão média

 Determinam-se agora as tensões Sa , Sm
correspondentes ao ponto de rotura por fadiga (C)
(que dependem do critério de fadiga adoptado)

Critério de Goodman Critério de Gerber Critério ASME-elíptico

Sm = Sa i Sm = Sa i Sm = Sa i


Orgãos de Máquinas I
Dimensionamento
Dimensionamento de
de parafusos
parafusos –
– solicitações
solicitações de
de fadiga
fadiga (2)
(2)

Resolvendo para cada caso, obtém-se:


Gerber ASME - elíptico

Goodman

 Para qualquer dos critérios, o coeficiente de segurança à fadiga (nf ) é


dado por
Sa
nf = deverá ser nf >1
óa
 É também preciso verificar a cedência do parafuso à carga máxima (a tensão
máxima deve ser inferior à tensão limite de elasticidade, Sp )

Sp
np = deverá ser np>1
óm + óa
Orgãos de Máquinas I
Ligações
Ligações aparafusadas
aparafusadas (ou
(ou rebitadas)
rebitadas) aa trabalhar
trabalhar ao
ao corte
corte

l
Possíveis formas de rotura de parafusos a F
trabalhar ao corte – tensões aplicadas:
t
b) Flexão: f = M.c/I (M = F.t /2)
(raramente usado no dimensionamento)

c) Corte puro:  = F/A (A =  d2/4)


F

d) Tracção nas peças:  = F/A (A = l.t – área furos)

e) Esmagamento (paraf./peça):  = - F/A (A= d.t)

f), g) Arrombamento da baínha* - pode ser evitado se


a baínha for  1,5 d

* A ‘baínha’ da peça é a distância entre o bordo da peça/chapa


e o respectivo parafuso ou rebite.
Orgãos de Máquinas I
Ligações
Ligações com
com carregamento
carregamento descentrado
descentrado (1)
(1)

 Se os parafusos forem iguais, o centróide do grupo coincide com


o centro geométrico

 Os parafusos ficam sujeitos a corte, devido à sobreposição de


dois efeitos:
i) Esforço transverso, P
P
 força F’ por parafuso F′ = n – número de parafusos
n
ii) Momento, M = P a M = FA′′ rA + FB′′ rB + FC′′ rC ....
A carga suportada por cada parafuso depende da distância
ao centróide – parafusos mais afastados do centróide
suportam maior carga
FA′′ FB′′ FC′′
= = = .....
rA rB rC

M ri
 força F’’ por parafuso, Fi′′ =
rA2 + rB2 + rC2 + ....
Orgãos de Máquinas I
Ligações
Ligações com
com carregamento
carregamento descentrado
descentrado (2)
(2)

 O esforço de corte em cada parafuso obtém-se somando


vectorialmente F’ com F’’

 No caso geral, a posição do centróide do grupo é dada


por
n n
∑ Ai x i ∑ Ai yi
1 1
x= n y= n
∑ Ai ∑ Ai
1 1

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