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Introdução

O foco inicial será a oferta e o consumo de energia por fonte no Brasil e no mundo.
Mais adiante são discutidas as opções energéticas e os impactos delas nas mudanças
climáticas e no aquecimento global, provocados pela queima de combustíveis fósseis.
Por fim, é examinada a importância para o planeta das chamadas fontes alternativas e
renováveis de energia.

Objetivos
- Identificar e analisar a composição da matriz energética mundial e brasileira e sua
associação com a produção e o consumo de energia.
- Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para economizar energia e
evitar usos inadequados e predatórios dos recursos disponíveis.

Conteúdos específicos
Energia: matriz energética; fontes de energia; consumo de energia.

Áreas do conhecimento
Geografia, Ciências e História

Anos
6º ao 9º ano

Tempo estimado
Três aulas

Desenvolvimento das atividades


Primeira aula
Como se configura a matriz energética brasileira e mundial? Que alterações vêm
ocorrendo nos últimos anos em relação à oferta e ao consumo de energia? Como se
pode economizar energia na vida cotidiana e qual a importância disso? Essas e outras
questões podem ser objeto de planos de aula, projetos de trabalho na escola e sequências
didáticas sobre energia.
Os alunos dessas turmas podem examinar a oferta, a distribuição e o consumo de
energia no Brasil e no mundo. Com isso, vão obter um panorama do assunto, que pode
ser analisado posteriormente para criar propostas voltadas para a solução do problema.
Para começar, peça à turma para examinar e comparar os gráficos abaixo, com atenção
para a natureza das fontes (renováveis e não renováveis).

Oferta de energia no Brasil e no mundo


Robles/Pingado
Fonte: Ministério das Minas e Energia

Após o exame, divida os alunos em grupos e peça que prepararem pequenos relatórios
com os resultados. Aqui, você pode destacar alguns pontos: é possível observar que, no
mundo como um todo, há forte predominância das fontes fósseis (petróleo, carvão
mineral e gás natural) – que, juntas, constituem mais de 80% da oferta de energia. O
petróleo é o combustível que mais se destaca e, embora seu uso venha declinando,
estima-se que deverá permanecer nesse patamar por mais algumas décadas, até que
fontes de alto teor e eficiência energética possam substitui-lo. Destaque que os países do
Oriente Médio são os principais produtores de petróleo, entre eles Arábia Saudita, Irã e
Iraque. A Rússia também possui grandes reservas (não só de petróleo, mas também de
gás natural), o que permite ao país transformar esses recursos em arma geopolítica,
como nos contenciosos com a União Europeia, que consome o gás russo, e com a
Ucrânia, território de passagem dos dutos.

Os quadros energéticos regionais também oferecem informações relevantes: países


como Alemanha e Dinamarca vêm ganhando espaço na produção de energia eólica e
solar; no campo do carvão mineral, o destaque é a China, principal produtor e também o
maior consumidor. Como o carvão é um recurso não-renovável, o país vem sendo alvo
de severas críticas.

Ao comparar a matriz energética mundial com a brasileira, saltam à vista as diferenças


em relação à participação de fontes renováveis ou de menor impacto ambiental, como a
biomassa – em especial o etanol, produzido com base na cana de açúcar, e o biodiesel,
feito com diferentes matérias primas-vegetais, como mamona e babaçu – e a geração
hidrelétrica – que, como vimos em plano anterior, responde pela maior parte da energia
elétrica gerada no país. (para outros dados, consulte a reportagem Mais energia limpa,
menos carbono, no Planeta Sustentável).

Portanto, comparando-se com o cenário mundial, a matriz energética brasileira é mais


equilibrada e diversificada. É a que conta com maior participação das fontes renováveis
ou alternativas (para outros dados, consulte a reportagem Brasil: energia múltipla, no
Planeta Sustentável). Peça que a moçada organize os dados e informações em tabelas,
comparando as matrizes do Brasil e do mundo.

Segunda aula
Retome o debate com as turmas, agora enfatizando a questão do consumo de energia.
Proponha que os estudantes analisem o gráfico e o mapa a seguir.

Robles/Pingado

Robles/Pingado

Eles vão constatar que está ocorrendo um aumento consistente no consumo de energia
de todas as fontes no mundo. Os gráficos mostram uma preponderância do consumo das
fontes de origem fóssil – em especial o petróleo –, tanto no período atual como nas
projeções para as próximas décadas. Mas vale ressaltar que há também crescimento do
consumo de fontes ditas renováveis.

A distribuição regional do consumo não deixa margem a dúvidas: os países ricos,


agrupados no mapa na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico) respondem por mais de 50% do consumo energético mundial. Mas os
principais consumidores, especialmente de petróleo e derivados, são mesmo os Estados
Unidos. Essa potência econômica responde por 23% do consumo da energia mundial,
mesmo com apenas 5% da população do planeta.
No Brasil, por outro lado, houve forte crescimento do papel da biomassa, mantendo-se
também a importância da energia hidrelétrica. Ao mesmo tempo, cresceu também a
demanda e o consumo de petróleo, anunciando um risco de “carbonificação” de nossa
matriz energética. Como veremos nos próximos planos, isso pode ser intensificado com
a descoberta de volumosas reservas no pré-sal, no subsolo oceânico do sudeste do país.

Peça aos alunos que reúnam as informações e resultados das conversas e debates e
preparem uma dissertação individual sobre as perspectivas da geração e do consumo de
energia no Brasil e no mundo. Os resultados podem ser objeto de seminários e
apresentações na escola.

Avaliação
É essencial avaliar o domínio progressivo de conceitos, noções e processos. Entre eles,
os de matriz e fonte energética, recurso renovável e não-renovável, e consumo de
energia por fonte. Avalie o conjunto das produções de texto e a participação de cada um
nas tarefas individuais e coletivas. Nas dissertações, examine com atenção a
compreensão dos conceitos e processos relativos à geografia da energia. Não se esqueça
de reservar um tempo para que as turmas avaliem a experiência e o tema estudado.

Biodisel e Etanol

Introdução
Este é o segundo de uma série de quatro planos de aula sobre a questão da energia no
Brasil e no mundo. No plano anterior (Energia no mundo), foram examinados a oferta e
o consumo de energia por fonte em diferentes países e foi ressaltada a grande
dependência em relação aos combustíveis fósseis. Foram mostradas, também, situações
como a do Brasil, que conta hoje com uma matriz energética mais equilibrada e
diversificada. Neste e nos próximos planos, serão examinadas em detalhes as fontes de
energia alternativas ou complementares e seu potencial para substituir fontes
convencionais de elevado teor energético, mas poluentes e não-renováveis, como o
petróleo.

Na aula anterior, foi analisado o papel da energia hidrelétrica, em especial para o caso
brasileiro. Neste plano, vamos examinar a produção de etanol e de biodiesel no Brasil e
no mundo e seus usos e finalidades, fazendo uma comparação com as fontes fósseis. Se
necessário, retome com os estudantes dados e conceitos discutidos nas aulas anteriores.

Objetivos

Identificar e analisar processos produtivos, o papel e a importância da produção de


álcool combustível e biodiesel a partir de diferentes matérias-primas vegetais.
Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para economizar energia e
evitar usos inadequados e predatórios dos recursos disponíveis.

Conteúdos específicos
Energia: fontes de energia alternativas ou complementares; etanol.

Anos
6º ao 9º
Tempo estimado
Três aulas

Desenvolvimento das atividades

Primeira aula
Como vem se configurando a produção de etanol e biodiesel no Brasil e no mundo?
Quais seus usos e finalidades e também suas repercussões? Em que medida tais opções
energéticas podem ser uma alternativa frente ao uso de combustíveis fósseis? Como
ficará a situação do Brasil, que acaba de descobrir imensas reservas de petróleo nas
profundezas do oceano? São questões que chamam a atenção e podem mobilizar os
estudantes para estudos e pesquisas, projetos de trabalho e sequências didáticas na
escola.

Solicite à moçada que examine novamente o gráfico sobre o consumo mundial de


energia por fonte (vide aula Energia no mundo). Ele mostra que há crescimento no
consumo total em cada uma das fontes de energia consideradas. Embora o aumento seja
relativamente maior em outras fontes, as projeções indicam participação majoritária do
petróleo nos próximos anos. Em seguida, proponha o exame dos três gráficos a seguir.
Eles mostram um "estado da arte” da produção do etanol e do biodiesel no Brasil e no
mundo (para outros dados, consulte a reportagem O cenário do etanol, no Planeta
Sustentável).
Peça que os estudantes apresentem suas análises para toda a turma. Em seguida, discuta
os resultados coletivamente e faça alguns destaques. Por exemplo, o investimento em
fontes ditas alternativas vem sendo liderado pela energia eólica e pelos biocombustíveis,
respectivamente destinados à geração de energia elétrica e ao abastecimento de
veículos. Entre os grandes produtores de biocombustíveis estão o Brasil, com o etanol à
base de cana-de-açúcar, e os EUA, com o etanol feito do milho. Países da Europa vem
se dedicando à produção de biodiesel, casos da Alemanha e da França. Os
biocombustíveis deram um salto extraordinário de 1980 a 2005, com a produção sendo
multiplicada em oito vezes no período. No Brasil, já há experiências para a produção de
biodiesel a partir do dendê e da mamona, entre outras matérias-primas. No caso do
etanol, vale a pena destacar o papel do nosso país, que criou o programa nacional do
álcool já na década de 1970, em meio às duas crises do petróleo, enquanto os países da
Europa e os Estados Unidos só mais recentemente passaram a investir nessas opções.
No caso americano, a elevada produção de milho favoreceu o investimento no etanol à
base desse cereal. Como veremos adiante, o tema está cercado de polêmicas, em
especial no debate etanol x produção de alimentos. Solicite que, em pequenos grupos,
os jovens organizem os dados e conclusões preliminares. Para as próximas aulas,
proponha uma reflexão sobre os usos e destinações dessa opção energética. A quem ou
quais setores a nova produção de biocombustíveis está atendendo? Não estaria esta
opção reforçando um “modelo” (econômico, de transportes, de estilos de vida) que já
vem dando sinais claros de esgotamento?

Segunda e terceira aulas


Retome as discussões anteriores e proponha a elaboração de um quadro com as relações
custo-benefício do etanol combustível e da gasolina. Eles deverão anotar os custos
sociais e ambientais das opções e os eventuais benefícios e vantagens de cada um deles.
Em seguida, converse um pouco mais com a turma sobre os debates envolvendo a
produção de etanol. Seja de cana-de-açúcar, de milho ou de outra matéria-prima vegetal,
o álcool combustível tem a vantagem de ser menos poluente e renovável. Ocorre,
entretanto, que muito do esforço para gerar essa nova opção pode estar reforçando o
modelo rodoviário de transportes e a proeminência do uso do automóvel individual.
Para se ter uma ideia, a frota no Brasil em 1995 era de 25 milhões de veículos, devendo
dobrar esse número em 2010. Desse modo, a discussão sobre as fontes de energia
alternativas deve contemplar as necessidades do conjunto da população, que precisa de
meios de transporte mais eficientes, em especial nas grandes cidades. De outro lado, é
preciso diminuir o peso do automóvel que, além de poluir, contribui para os
congestionamentos urbanos e provoca imensas cirurgias nas cidades na busca de criar
novas vias, túneis, viadutos etc. – algo de custo elevado e retorno social questionável.
(para outros dados, consulte a reportagem Mais energia limpa, menos carbono, no
Planeta Sustentável)

Outro ponto importante é a relação entre a produção de cana e a devastação da


vegetação. Vale lembrar que, no Brasil, a cana avança sobre coberturas vegetais que
precisam ser protegidas, como as do cerrado e do Pantanal. Além disso, existe um
grande debate sobre a da produção de etanol x produção de alimentos. Comparando-se a
produção brasileira, à base de cana, com a norte-americana, à base de milho, dados
mostram que a primeira tem maior produtividade por hectare, ocupa menos percentual
de áreas plantadas e não concorre com a produção de alimentos. O milho, por sua vez,
além da menor produtividade, é um item básico da alimentação norte-americana e de
muitos outros países, que compram esse bem agrícola dos EUA. Para uma comparação
mais acurada, os estudantes poderão examinar os gráficos a seguir e tirar suas
conclusões:
Área plantada com cana-de-açúcar para o etanol e outras lavouras (Brasil)

Área plantada com milho para o etanol e outras lavouras (Estados Unidos)

Fonte: Revista Veja, ed. 2058, ano 41, n.17, p. 60-61; Planeta Sustentável

Para finalizar os debates, os estudantes poderão examinar, no caso brasileiro, o


significado e as prováveis repercussões da descoberta de enormes reservas de petróleo
no subsolo oceânico, o pré-sal. Se necessário, encomende uma rápida pesquisa sobre o
assunto. O petróleo situado na camada de pré-sal situa-se a aproximadamente 5 a 7 km
de profundidade em relação à superfície do oceano, num lençol na Bacia de Santos com
cerca de 800 km de extensão, do litoral paulista ao catarinense. Dados preliminares
indicam a possibilidade de existir até 80 bilhões de barris – o que certamente
transformaria o país num dos principais produtores mundiais, ao lado de países árabes e
da Venezuela, por exemplo. Muito comemoradas, as novas reservas significam também
a continuidade do uso de fontes fósseis e a carbonificação da matriz brasileira, de
consequências ambientais, sociais, políticas e econômicas já bem conhecidas. (para
outros dados, consulte a reportagem Brasil: energia múltipla, no Planeta Sustentável).
Os resultados poderão ser apresentados em meio eletrônico, com exposição oral para a
turma e outras classes da escola, ou em relatórios de pesquisa.
Avaliação
É essencial avaliar o domínio progressivo de conceitos, noções e processos, como os de
recursos e fontes energéticas renováveis e não-renováveis e suas relações com as
dimensões econômica, social e ambiental. Avalie o conjunto das produções de textos
explicativos, dos quadros e dos relatórios e apresentação de pesquisas. Reserve um
tempo para que as turmas avaliem a experiência e o tema estudado.

Energia Solar

Introdução
Este plano de aula é o terceiro de uma série de quatro propostas sobre a questão da
energia no Brasil e no mundo. Nos planos anteriores (Energia no mundo e Biodiesel e
etanol), foram examinados a oferta e o consumo de energia por fonte em diferentes
países, a matriz energética nacional, o papel dos combustíveis fósseis e as perspectivas e
impasses de fontes que vêm se consolidando nos últimos anos, como o etanol e o
biodiesel. Esse último campo é fundamental para se avaliar em que medida e em qual
prazo é possível criar alternativas viáveis e sustentáveis, capazes de transformar o
quadro de dependência em relação às fontes de origem fóssil e atenuar impactos sociais
e ambientais.

Neste plano, vamos examinar o papel da energia solar, suas formas de obtenção,
tecnologias e eventuais benefícios, em comparação com as demais fontes. Se necessário,
retome com a turma dados e conceitos apresentados nas aulas anteriores.

Objetivos
Identificar e analisar processos produtivos, o papel e a importância da produção de
energia a partir do aproveitamento da energia solar.
Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para economizar energia e
evitar usos inadequados e predatórios dos recursos naturais e sociais disponíveis.

Conteúdos
Energia: fontes de energia alternativas ou complementares; energia solar

Áreas do conhecimento
Geografia, Ciências e História

Ano
6º ao 9º ano

Tempo estimado
Três aulas

Desenvolvimento das atividades


Primeira aula
Como vem se desenhando a produção de energia a partir da radiação solar – ou energia
total incidente - na superfície da Terra? Quais são os desafios e obstáculos para que essa
fonte limpa e renovável possa se consolidar? Qual é o estado da arte do aproveitamento
da energia solar no Brasil e no mundo? Essas e outras questões podem ser objeto de
estudo e tema para estudos e pesquisas, projetos de trabalho e sequências didáticas para
as turmas do Ensino Fundamental.

Se necessário, retome com as turmas conceitos e informações básicas sobre a recepção


de raios solares na superfície da Terra. Converse com os estudantes sobre algumas
propriedades da energia obtida da radiação solar. Destaque que diversas fontes de
energia – hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis, das marés etc – são formas
indiretas de energia solar, pois tudo começa com ela. Um uso bastante comum e básico
é o aproveitamento da iluminação natural para clarear e aquecer ambientes. Em seus
outros usos, a fonte solar transformada em energia pode ser utilizada como fonte
térmica para aquecer fluidos ou ambientes ou para a geração de força mecânica ou
eletricidade, criada pelos efeitos dos raios solares sobre determinados materiais, como
os painéis ou coletores solares. No sul do Brasil, por exemplo, é comum o primeiro uso,
enquanto no Norte-Nordeste, constitui-se uma possibilidade de obtenção de energia
elétrica em comunidades isoladas dos sistemas de abastecimento (veja a reportagem O
Missionário da Energia, no Planeta Sustentável). Portanto, são diferenças baseadas nas
características climáticas e de posição dos lugares. Sobre a produção de energia elétrica
a partir da radiação solar, peça aos estudantes que examinem o gráfico e o mapa a
seguir:

Aumento da produção de energia a partir da radiação solar

Fonte: Dossiê Terra. Revista National Geographic Brasil. São Paulo: Abril, 2007, p. 69.

Brasil: Radiação solar global diária - média anual típica (Wh/m2.dia)


Fonte: ATLAS de Irradiação Solar no Brasil. 1998. (Adaptado), In: Atlas da Energia-
Aneel.

Assinale que, no mundo, já há iniciativas de diversos países para aproveitar a energia


solar por meio de painéis fotovoltaicos. De custo elevado, em alguns casos eles contam
com subsídios governamentais, como no Japão. O aproveitamento vem crescendo
também na Alemanha, China e Estados Unidos. O mapa do Brasil mostra as diferentes
disponibilidades de recepção de raios solares, com destaque para faixas do Norte-
Nordeste, o que não exclui usos e aplicações no restante do território nacional (veja a
reportagem A Vez da Energia Solar, no Planeta Sustentável).

Segunda e terceira aulas


Encomende uma pesquisa sobre a difusão, usos e aproveitamento da energia solar no
Brasil e no mundo. Peça que os estudantes recolham dados sobre iniciativas dos países
para a obtenção de energia a partir da radiação solar e avaliem os custos ou benefícios
dessa opção, comparadas a outras modalidades. Considere que estamos diante de uma
fonte limpa e renovável, mas que ainda apresenta custos elevados, em especial quando
se trata de geração de eletricidade em maior escala. Eles devem levantar também
exemplos de usos em comunidades rurais ou no abastecimento de escolas, unidades de
saúde e de preservação ambiental, no caso do Brasil. (para outros dados, consulte a
reportagem Mais Energia Limpa, Menos Carbono, no Planeta Sustentável).

Leve em conta também que uma das restrições ao aproveitamento da energia solar é a
menor eficiência dos sistemas de conversão de energia, o que implica o uso de grandes
áreas para instalação dos sistemas de painéis e células solares – mas em menor extensão
do que, por exemplo, a geração a partir de usinas hidrelétricas. Promova uma discussão
coletiva dos resultados e encomende dissertações individuais sobre o tema.

Sistema de geração fotovoltaica de energia elétrica

Fonte: Atlas da Energia – Aneel.

Energia Eólica

Introdução
Este é o último plano de aula de uma série de quatro propostas sobre energia no Brasil e
no mundo. Nos planos anteriores (Energia no mundo, Biodiesel e etanol, O uso da
energia solar), foram examinados a oferta e o consumo de energia por fonte em
diferentes países, a matriz energética brasileira, o papel dos combustíveis fósseis e as
fontes que vêm se consolidando nos últimos anos, como o etanol, o biodiesel e a energia
solar.

A expansão de fontes alternativas está entre os principais desafios energéticos do


mundo contemporâneo, para superar a dependência em relação aos combustíveis fósseis
e os presentes impactos sociais e ambientais de seu uso. Outro dado fundamental é o
fato de que o petróleo e o carvão mineral, por exemplo, são recursos finitos, não-
renováveis - o que impõe a busca por fontes limpas, sustentáveis, renováveis e viáveis
economicamente.

Neste plano, vamos examinar o papel da energia eólica, suas formas de obtenção,
tecnologias, benefícios e a capacidade instalada em diferentes países e regiões do
planeta para produzi-la. Se necessário, retome com os estudantes dados e conceitos
apresentados nas aulas anteriores.

Objetivos
Identificar e analisar os processos produtivos e a importância da energia eólica no Brasil
e no mundo
- Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para economizar energia e
evitar usos inadequados e predatórios dos recursos naturais disponíveis

Conteúdos específicos
Fontes de energia alternativas ou complementares; energia eólica
Ano
6º ao 9º ano

Tempo estimado
Três aulas

Desenvolvimento das atividades


Primeira aula
Como funciona a geração de energia a partir da força e do movimento dos ventos?
Como é possível captar essa energia natural para gerar eletricidade? Como está hoje a
implantação desse sistema nos diferentes países e regiões do planeta? Quais as regiões
com maior capacidade instalada? Em que pé está o Brasil em termos de energia eólica?
Essas são algumas das questões que devem ser respondidas para avaliar o uso de
energia eólica como fonte alternativa ou complementar no mundo atual.

Pergunte aos alunos o que sabem a respeito da energia eólica. Explique a eles que o
vento é uma das mais antigas fontes renováveis utilizadas pelo homem. A energia eólica
provém daenergia cinética contida nas massas de ar em movimento, que geram energia
de rotação capaz de movimentar turbinas eólicas ou aerogeradores. Tradicionalmente,
os moinhos de vento também utilizam essa energia para trabalhos mecânicos, caso do
bombeamento de água e da moagem de grãos.

As primeiras iniciativas de aproveitamento da energia eólica datam do século XIX, mas


foi apenas em 1976 que se instalou, na Dinamarca, a primeira turbina eólica comercial.
Inovações tecnológicas recentes, como a aerodinâmica das pás, vêm melhorando o
desempenho e a eficiência do sistema (para saber mais, acesse a aula Sopro de energia,
publicada no site de VEJA na Sala de Aula).

Peça que a turma analise a tabela, o gráfico e o mapa a seguir.


Ilustrações: Beto Uechi/Pingado

Com base nos dados, os estudantes vão perceber que, em países como Alemanha,
Espanha, Estados Unidos e Dinamarca, a energia eólica vai de vento em popa. Juntos,
os quatro respondem por cerca de 80% da capacidade instalada no mundo. Somadas
outras fontes alternativas, a Alemanha gerava, em 2007, 12,5% de sua eletricidade por
meio de fontes renováveis (para outros dados, consulte a reportagem A Arábia Saudita
do Vento, no Planeta Sustentável).

Há outras regiões do planeta que também têm potencial a ser aproveitado por apresentar
as condições naturais básicas necessárias: ventos constantes até 50 metros de altitude,
com velocidade de 7 a 8 metros por segundo. Entre elas estão o Brasil e o continente
africano. Peça que a moçada registre os resultados e pesquise para a próxima aula o que
vem sendo feito em nosso país em relação à produção de energia eólica.

Segunda e terceira aulas


Proponha à turma uma avaliação do potencial eólico brasileiro, identificando as
principais áreas de geração desse tipo de energia no Brasil. Solicite que os jovens
examinem o mapa a seguir, com o potencial eólico do Brasil. Ele foi produzido com
base em pesquisas da Agência Nacional de Energia Elétrica-Aneel e de universidades
que estão em condições climáticas distintas, como as zonas costeiras, campos abertos,
morros e montanhas.

Mapa 2 - O potencial eólico no Brasil (2003)

Ilustração: Beto Uechi/Pingado

A observação do mapa ajuda a turma a entender que algumas faixas do território


brasileiro têm grande potencial de aproveitamento da energia eólica. Entre elas, estão o
trecho costeiro Ceará–Rio Grande do Norte–Paraíba, chapadas ou serras no interior da
Bahia e Pernambuco e o litoral capixaba, fluminense e gaúcho. Em 2006 foi inaugurado
o parque eólico de Osório (RS), que está entre os maiores da América Latina (para
outros dados, consulte a reportagem Yes, Nós Temos Vento, no Planeta Sustentável).

Discuta com a moçada a geração de energia eólica e pontue que é uma fonte limpa e
renovável, mas traz algumas desvantagens: o risco para aves migratórias; certo nível de
ruído ou interferência em transmissões de TV; e a dependência de condições climáticas
favoráveis, como um regime de ventos constantes com intensidade regular.

No caso do Brasil, a produção e o consumo da energia eólica estão condicionados a


oscilações em outras fontes alternativas aos combustíveis fósseis, como a hidrelétrica e
o etanol à base de cana. O desafio atual é garantir a diversificação da matriz energética
nacional, com base em fontes que atenuem impactos ambientais e sociais (para outros
dados, consulte a reportagem Mais Energia Limpa, Menos Carbono, no Planeta
Sustentável).

Para terminar, peça aos alunos uma dissertação individual sobre a matriz energética
brasileira, usando como base as quatro aulas de fontes de energia deste site.

Brasil: Energia múltipla


Temos a matriz mais equilibrada entre as grandes
nações e muitas vias para expandir nossa geração,
com energia hidrelétrica, petróleo e biomassa
Por Paulo Montóia

No ano passado, 45,8% da energia usada pelos brasileiros veio de fontes renováveis,
como a água corrente e a cana-de-açúcar, e o restante, de fontes não renováveis,
principalmente petróleo e gás natural. É a matriz mais equilibrada entre as nações mais
populosas ou ricas do planeta. A média mundial de uso de energias renováveis é de
12,7%; essa média cai para 6,2% entre os 30 países-membros da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que inclui os Estados Unidos e
as mais ricas nações do globo.

Outro componente invejável de nossa matriz é que o país, recentemente, equilibrou sua
produção e seus gastos de petróleo e continua avançando nessa autonomia. Neste
momento, também consegue ampliar de forma significativa o uso de fontes renováveis
de energia. Em 2007, pela primeira vez, a cana-de-açúcar ocupou a segunda posição
como material mais utilizado para produzir energia (etanol) em nossa matriz,
suplantando a água – ou seja, a energia hidrelétrica, gerada pela força dos rios e das
águas represadas.

Mas, apesar de a água e a cana serem consideradas recursos renováveis e de o governo


estar investindo na produção de energia eólica e em outras fontes renováveis, o
Ministério de Minas e Energia prevê que a participação das energias renováveis na
matriz até 2030 pode até diminuir em vez de aumentar, o que mostra o tamanho de
nossos atuais desafi os energéticos.

DESAFIO CRESCENTE
Quando se observa o histórico de energia no Brasil, é de destacar que, não por acaso, o
país foi batizado a partir do nome do famoso pau-brasil e que, como numa premonição
histórica, esse nome deriva da palavra brasa (alusão à coloração avermelhada da
madeira). Somos ricos em recursos renováveis de energia, e, por isso mesmo, a queima
de lenha, a opção de energia mais simples e acessível ao ser humano, foi a que mais
persistiu no tempo. Ainda recentemente a queima de madeira era um recurso energético
importante na matriz brasileira.

Para ter uma idéia dos desafios à frente: o Brasil possui a quarta maior população
mundial, mas o consumo energético em 2007 foi de apenas 1,29 tep por habitante ao
ano, enquanto a média mundial é de 1,7 tep/hab. ao ano, e a média dos países ricos é de
4,7 tep/hab. Ainda temos de ampliar muito a nossa oferta de energia.

Segundo previsão oficial deste ano, nossa população poderá chegar a 2030 sendo cerca
de 40% a mais do que no Censo de 2000. É preciso, portanto, gerar energia para esse
crescimento de uso, além de buscar cobrir a defasagem de consumo médio por habitante
que nos separa do mundo desenvolvido. No cenário mais provável para o estudo acima,
o consumo brasileiro per capita deve subir para 2,33 tep/hab em 2030.

Veja este histórico destacado pelo Ministério de Minas e Energia: “Entre 1940 e 1950,
para uma população de cerca de 41 milhões de habitantes, dos quais 69% se
oncentravam no meio rural, o consumo brasileiro de energia primária era de apenas 15
milhões de tep. Trinta anos depois, em 1970, para uma população de mais de 93
milhões de habitantes, o consumo de energia primária já se aproximava de 70 milhões
de tep, valor 4,7 vezes maior. Mais 30 anos, em 2000, a população era quase o dobro,
ultrapassando 170 milhões de habitantes, e o consumo de energia se elevava a cerca de
190 milhões de tep, ou seja, um crescimento de quase três vezes.”

A EVOLUÇÃO DA MATRIZ
A primeira usina termelétrica para iluminação pública foi inaugurada em 1883, por dom
Pedro II. Mas a antiga matriz de energia do Brasil é marcada principalmente pela
queima de lenha, que até o início da década de 1940 gerava nada menos que 80% da
energia nacional. Nessa época, o país começou a desenvolver sua estrutura para a
indústria de base, com a inauguração, em 1942, da Companhia Vale do Rio Doce (para
extrair minério de ferro e também o carvão mineral), e, após uma crise de abastecimento
elétrico, a criação do sistema Eletrobrás e das primeiras represas hidrelétricas de grande
porte, como a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, no Nordeste, em 1945. Na
década de 1950 é fundada a Petrobras.

Daí para a frente, aumentar a geração de hidreletricidade tornou-se prioridade, e o


governo passou a construir represas grandes e gigantes, como as de Furnas, em Minas
Gerais (1965), Itaipu, na fronteira do Paraná com o Paraguai (1982), e Tucuruí, no Pará
(1984). Na década de 1970, no período chamado de “milagre econômico”, as cidades do
país crescem e a eletricidade passa a ter consumo cada vez maior e mais significativo na
matriz energética.

Atualmente, o principal potencial hidráulico do Brasil ainda pouco explorado está na


Região Norte, onde os desafios ambientais são os maiores já enfrentados. Um exemplo
é a usina de Balbina, no Amazonas, considerada um desastre por ambientalistas. A
represa alagou milhares de quilômetros quadrados de floresta, expulsou comunidades e
grupos ribeirinhos e afetou as populações de espécies vegetais e animais.

A vazão de água, porém, é pequena, a usina gera poucaenergia, mas a emissão de


dióxido de carbono (CO2) e de metano (CH4) para a atmosfera, produzidos pela floresta
submersa e em decomposição, é dez vezes maior do que a de uma usina termelétrica
com a mesma capacidade. O governo, porém, não vê outra via para enfrentar o
crescimento do consumo elétrico e encaminha a construção de duas usinas no rio
Madeira, Santo Antônio e Girau, em Rondônia. Na bacia dos rios Araguaia e Tocantins,
o governo discute a construção de 18 barragens, das quais uma está em andamento, a da
usina de Estreito, na divisa do Tocantins e do Maranhão.
Na década de 1990, o governo decidiu ampliar o uso do gás natural, seguindo uma
tendência adotada mundialmente. Em 1991 iniciou as discussões com a Bolívia para a
construção do gasoduto Brasil-Bolívia. Com 3.150 quilômetros de extensão, é um dos
maiores do planeta, entrou em operação por trechos, a partir de 1999, e é o principal
marco do aumento do uso de gás natural no país. Seu fornecimento se tornou ainda mais
importante após o colapso do abastecimento elétrico em 2001 (o “apagão”). Por causa
do nível baixo de água nas represas, o governo federal determinou cotas de consumo de
eletricidade e encareceu as tarifas, para reduzir a demanda e indenizar as maiores
companhias da área.

A crise do “apagão” serviu para que o governo federal acordasse para a necessidade de
maior segurança no sistema e montasse o Programa Prioritário de Termeletricidade. Ele
defi niu e iniciou a construção de cerca de 50 usinas termelétricas, movidas a óleo cru,
diesel e gás natural, principalmente ao redor das grandes metrópoles. Essas usinas são
acionadas, sobretudo, no início da noite, quando há picos de consumo de eletricidade.
Neste início de século, o Brasil está diversificando mais suas fontes de energia, para
utilizar biomassa na geração de eletricidade e de biodiesel, bem como energia eólica e
solar.

ÁLCOOL VERSUS GASOLINA


Pouco depois do primeiro choque de preços do petróleo, em 1973, o governo federal
iniciou dois programas ambiciosos de mudanças na matriz de energia: o Programa
Nacional do Álcool (Pró-Álcool), que se mostrou estratégico para substituir a gasolina
em transportes, e o Programa Nacional do Carvão (Pró-Carvão), para substituir na
indústria a queima de óleo combustível pela de carvão mineral. Esses programas
visavam a evitar que os preços dos combustíveis fósseis, com fornecimento dependente
do Oriente Médio, alimentassem a inflação, além de reduzir as importações.

No Pró-Álcool, o governo promoveu e financiou a construção de usinas de álcool.


Durante a década de 1980, cresceu a produção de álcool hidratado, que troca a gasolina
diretamente no tanque do veículo, e também a de álcool anidro (puro), adicionado à
gasolina para fazê-la render mais em volume, com o benefício de reduzir a emissão de
poluentes. A fabricação de automóveis e caminhões movidos a álcool começou em 1979
e chegou ao apogeu nos anos de 1983 a 1988, quando as vendas dos novos veículos a
álcool eram mais de 100% superiores às dos veículos a gasolina. Nesse período, o
consumo anual de álcool chegou ao ápice de 8 milhões de metros cúbicos ao ano, contra
10 milhões gasolina. No fim da década, houve crise de desabastecimento nos postos, e o
governo se viu forçado a importar metanol.

Mas, a partir de 1989, a industrialização e as vendas declinaram. Apesar da alta


momentânea nas cotações do petróleo em razão da Guerra do Golfo, em 1991, houve
estabilização do preço em patamares baixos durante a década de 1990. Assim, o álcool
deixou de ter preço atraente para o bolso do consumidor. Ao mesmo tempo, o açúcar
passou a ter preço elevado no mercado externo, tornando mais rentável às usinas utilizar
sua cana para produzir açúcar para exportação do que o álcool combustível. No fim da
década, o governo terminou por deixar o setor funcionar pelas regras de oferta e procura
do mercado.

Com isso, o Pró-Álcool acabou morrendo. A produção de veículos a álcool quase


acabou, mas não chegou a parar totalmente. Acontece que a estabilização econômica
iniciada a partir do Plano Real (1994) provocou aos poucos um crescimento na
fabricação e na venda de veículos, com forte impacto no trânsito das grandes cidades e
na matriz de energia brasileira. Com a alta no preço do petróleo, nos anos 2000, e o
início de produção e vendas de carros com motores flexfuel em 2003, o álcool
combustível voltou a ser consumido em grande escala nos postos e ganhou novo peso
no setor de transportes. Veja no gráfico esse aumento no consumo.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), as


vendas de carros flex, em apenas quatro anos, atingiram 69% do total de veículos
comercializados. Elas subiram de 49.264 no primeiro ano para 1.936.853 em 2007,
contra 767.446 automóveis a gasolina nesse mesmo ano. Os motores flex podem
funcionar com álcool ou gasolina separadamente ou juntos, com qualquer quantidade de
mistura. Caso falte um tipo de combustível, o outro pode ser usado, o que dá enorme
segurança ao consumidor. O impacto dessa mudança recente foi – e deve continuar
assim – grande na matriz energética brasileira.

PARA ALÉM DO ÁLCOOL


Com o crescimento da frota e do consumo de álcool, a demanda pelo combustível fora
dos picos de safra – quando há mais oferta de cana – faz aumentar o preço e eleva o
índice de infl ação, o que levou o governo federal a voltar a acompanhar o setor. O
governo atua por meio de ações do Ministério de Minas e Energia, de financiamentos do
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da empresa
federal Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entre outras instâncias.

Como o interesse por programas e fontes renováveis de energia é mundial, o setor


sucroalcooleiro do Brasil passou a atrair investidores privados de dentro e de fora do
país. A Petrobras e grandes fundos de pensão associaram-se a empreendimentos de
construção de usinas de álcool. O governo federal, por sua vez, passou a ver o etanol
como um produto com potencial exportador em crescimento.

Segundo dados da União dos Produtores de Bioenergia, na safra 2005-2006 havia no


Brasil 347 usinas de álcool. Para o período de 2010-2011, espera-se contar com 73
novas usinas, com mais 31 vindo a seguir. É um crescimento de 30% num prazo de
meia década: um número muito significativo, se observarmos que todos os números a
respeito de crescimento da indústria e da infra-estrutura em qualquer país, em prazos tão
pequenos, costumam ser, freqüentemente, abaixo de 5%.

PLANEJAMENTO É ESSENCIAL
Em relação à energia, é preciso sempre planejar com muita antecedência para não
comprometer o futuro. Um dos fatores importantes é equilibrar as fontes de energia
disponíveis com seu uso crescente, e quanto a isso o Brasil tem dois buracos históricos:
o consumo de óleo diesel e o do gás liquefeito de petróleo (GLP), vendido em botijão.
Isso ocorre porque o consumo desses dois combustíveis é maior do que o petróleo que
extraímos é capaz de produzir, mesmo o país tendo atingido em 2006 a auto-suficiência
em petróleo.

Para entender isso, é importante saber que o processo de refino, também conhecido
como craqueamento, consiste em aquecer o óleo bruto para produzir seus derivados.
Conforme a qualidade do petróleo extraído, mais grosso ou mais fino, e a temperatura
escolhida em cada etapa, é possível obter um ou mais produtos. Não dá para transformar
um barril de petróleo inteiro em óleo diesel ou gasolina, por exemplo. E, quando você
prioriza certo derivado, e produz uma quantidade maior dele, isso afeta a quantidade dos
outros derivados extraídos do refino.

Como mais de 50% de todo o combustível de transporte usado no país é o oleo diesel,
principalmente em caminhões e ônibus, a Petrobras prioriza sua produção. Essa
estratégia resulta, também, numa produção excedente de gasolina, que a empresa
exporta, gerando um saldo que ajuda a pagar as importações. Para cobrir o buraco de
GLP, além de importações feitas pela Petrobras, o governo decidiu aumentar a oferta de
gás natural, uma estratégia adotada internacionalmente.

AUTO-SUFICIÊNCIA
Como você já deve ter observado, cada nação necessita de determinada quantidade de
petróleo diariamente, e, quando consegue produzi-la, diz-se que o país se tornou auto-
suficiente em petróleo. O Brasil anunciou oficialmente sua auto-suficiência na produção
de petróleo em 21 de abril de 2006, em cerimônia no Rio de Janeiro.

Isso não significa que não importamos mais petróleo ou derivados, pois, como já foi
dito, a produção é complexa e envolve vários fatores. Um é que as necessidades de
quantidade de cada derivado mudam conforme os segmentos que os usam. E a Petrobras
produz e comercializa 80 produtos de petróleo. Se há um crescimento intenso do setor
de aviação, será preciso mais querosene para os aviões; mas, se o crescimento for no
setor de tecidos ou de petroquímicos, a demanda será por mais nafta, e assim por diante.
Se o volume produzido internamente de cada combustível não for suficiente, a Petrobras
o importa. O resultado é que a auto-suficiência é medida basicamente pelo aspecto
contábil, que aparece na balança comercial do país: se o Brasil importar petróleo, suas
exportações na área terão de ser maiores, para não haver déficit.

Outro fator importante é a capacidade de refino, pois, quando o país não tem o número
de refinarias necessário para processar o petróleo que extrai, também é preciso exportar
e importar. A Petrobras concentra 98% do refi no brasileiro e possui 11 refinarias dentro
do país e mais cinco no exterior. O governo planeja construir outras três até 2030, das
quais estão defi nidas uma no Nordeste e outra no Rio de Janeiro. Além disso, haverá
investimento para ampliar a capacidade de refino das usinas já existentes.

Em junho passado, o petróleo chegou a ser negociado a 147 dólares o barril. Nesse
cenário grave, repercutiu mundialmente o anúncio da descoberta de grandes jazidas de
petróleo e gás na bacia de Santos. Em 2003, a Petrobras havia confirmado a jazida
gigante de gás natural em Santos, batizada de Mexilhão. Em 2007 revelou a megajazida
de Tupi, que pode conter cerca de 8 bilhões de barris de petróleo, ou até bem mais.

A jazida de Tupi está localizada em rochas permeáveis abaixo de uma camada de sal de
até 2 quilômetros de espessura, sob o leito do oceano Atlântico, numa profundidade
total de até 7 mil metros. Se o volume for confirmado e explorável, vai se somar ao total
de reservas atuais, que é de 12 bilhões de barris. Até junho, a Petrobras informava ter
perfurado 16 poços nessa jazida, dos quais nove foram testados e revelaram óleo leve e
de boa qualidade.

RESUMO: ENERGIA
Definição
Toda energia provém do Sol e é armazenada na natureza. Nosso corpo sobrevive por
extrair a energia dos alimentos. Da mesma forma, a sociedade não funciona sem fontes
de energia.

FORMAS DE ENERGIA
Energias limpas são as que poluem menos e fazem menos mal ao clima e à saúde
humana.
Energias renováveis são as de fontes naturais, como o sol e os ventos, e que a natureza
repõe, como a água e a lenha. Energias sustentáveis são aquelas que garantem sua
reposição no decorrer do tempo.
Matriz energética
É o conjunto dos recursos de energia de uma sociedade, de uma região ou do mundo,
incluindo as formas como eles são usados. Ela abrange as fontes de energia primárias
(petróleo, água, carvão mineral, lenha, cana-de-açúcar e seu bagaço etc.), secundárias
(gasolina, querosene, óleo diesel, álcool etc.), as tecnologias de geração (mecânica,
térmica, nuclear, eólica etc.) e as formas e setores de consumo: eletricidade,
combustíveis para transporte, indústria, comércio e residências.

Matriz brasileira
Até 1940, a queima de lenha fornecia 80% da energia. Os recursos priorizados depois
foram o carvão mineral e a hidreletricidade (a partir da década de 1940), o petróleo
(anos 1950), grandes hidrelétricas e energia nuclear (1960), álcool (anos 1970 e 1980) e
gás natural (anos 1990).

Desequilíbrio
Mantido o ritmo econômico atual, o consumo mundial de energia poderá crescer 50%
até 2030, com destaque para o de Índia e China. Há o risco de um desequilíbrio entre a
oferta e a procura e até desabastecimento, principalmente de petróleo.

Alternativas
É preciso ampliar o uso de energias renováveis, como a da água, a dos ventos e a solar.
Nos transportes, podem-se usar álcool e biodiesel, que poluem menos do que o petróleo
e são renováveis. No setor elétrico, é possível substituir as usinas térmicas pelas
nucleares.

Willian Taciro
Irmo Celso

Divulgação

DIVERSIFICAÇÃO
Múltiplas formas da energia no Brasil: carvoeiros produzem carvão vegetal em Minas;
plataforma de petróleo em Campos (RJ); e, em 1980, os Fuscas movidos a álcool
combustível.

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