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Stakeholder engagement - parece palavrão, mas num é

não
Por Ana Luiza
A despeito dos palavrões que cercam o tema, como inclusividade,
materialidade ... e por aí vai, me diverti bastante fazendo uma reportagem
sobre engajamento de stakeholders para a última edição da EXAME, que
ainda está nas bancas. A propósito: meio que já nos acostumamos a ouvir o
termo, mas "engajamento de stakeholders" também é feio de doer, né?
Esqueçam então o xingamento e adotemos o "diálogo com partes
interessadas", expressão que felizmente caiu nas graças do povo. Bem, o
fato é que algumas das experiências interessantes de empresas que colhi
para a reportagem tiveram de ficar de fora ( é sempre assim, histórias de
mais, para páginas de menos), mas vou contá-las aqui. E vou começar com
o Itaú:
Assim como o Bradesco, que foi retratado na reportagem, o Itaú também
vem realizando painéis de stakeholders anualmente para avaliar seu
relatório de sustentabilidade e, por tabela, a sua estratégia. Lembrando: a
empresa realiza um "painel" quando convida seus principais stakeholders -
funcionários, clientes, fornecedores, ONGs, órgãos reguladores e
especialistas, entre outros - para que, presencialmente, exponham suas
opiniões e anseios em relação a alguma política da companhia.
Em meados de outubro do ano passado, o Itaú convidou 50 stakeholders
para opinar sobre o seu relatório. Apenas 32 compareceram ao painel (é
gente, fazer as partes interessadas se interessarem não é nada fácil, mas eu
vou falar sobre isso num outro post). O banco foi ousado e chamou até
executivos dos concorrentes para participar da discussão. E o que o pessoal
do Itaú escutou? Apenas um exemplo: "A gente acha o Itaú Cultural legal e
tal ... mas usem o site pra descrever em detalhe o que ele anda fazendo e
use o relatório para as ações mais estratégicas, que estão realmente
relacionadas ao negócio do banco". ( O painel que o Itaú realiza para avaliar
seu relatório é anual, mas no futuro, a idéia de Sônia Favaretto,
superintende de sustentabilidade do Itaú, é promovê-los três vezes ao ano)
Em 2007, o Itaú também promoveu um painel para legitimar a sua política
de risco socioambiental de crédito para empresas antes de lançá-la ao
mercado. E como esperado, ela foi alvo de uma série de críticas. Conclusão:
após o painel, o banco mexeu no texto da política para torná-lo mais claro -
reformulando a apresentação dos compromissos, dos objetivos e de sua
forma de aplicação -; trabalhou no aprimoramento da lista de atividades
classificadas como proibidas de serem financiadas e uma lista de atividades
classificadas como restritas; e criou uma ouvidoria específica para assuntos
socioambientais, entre outras medidas.

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