Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


COLEGIADO DE DIREITO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ATIVIDADE AVALIATIVA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL III

Macapá, janeiro de 2018.


DANIELLE GONCALVES
DIOGO XAVIER DE OLIVEIRA
ALTER ANDRINI

ATIVIDADE AVALIATIVA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL III

Trabalho escrito da disciplina Direito Processual


Civil III, sob orientação do Prof.º Simone
Palheta, apresentado à Coordenação do Curso de
Bacharelado em Direito do Departamento de
Filosofia e Ciências Humanas (DFCH) da
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP),
como pré-requisito final para o cumprimento das
etapas de avaliação da referida disciplina
ministrada no sexto semestre letivo na Turma de
Direito.

Macapá, fevereiro de 2018.


1. Teoria Geral da Execução

A relação jurídica que se estabelece entre autor, réu e juízo visando acertar
um direito controvertido ou então realizar um direito confirmado, chama-se
processo. Ele subdivide-se em processo de conhecimento e processo de execução.
O primeiro se dá quando a jurisdição provocada tiver a finalidade do acertamento
de um direito através de um procedimento comum ou especial. No segundo,
poderá o jurisdicionado acionar o Estado-Juiz para que se faça cumprir uma
obrigação já pactuada com um terceiro, ou já reconhecida por esse Estado-Juiz,
através da chamada Tutela Executiva.
Consoante doutrina de Luiz Rodrigues Wambier (2006), a tutela executiva
consiste na “atuação de um direito a uma prestação, ou seja, na atuação de uma
conduta prática do devedor”. Assim, o processo de execução busca, por meio da
apresentação em juízo de um título extrajudicial ou judicial, a satisfação de um
direito certo, líquido e típico entre um credor e um devedor, sanando uma
tribulação jurídica de inadimplemento entres os dois.
Mas o que são títulos executivos? Títulos executivos são títulos dotados de
obrigações exigíveis. Quando formada dentro de um processo judicial, são títulos
judiciais e estão previstos no art. 515 do NCPC; quando formada fora de um
processo judicial e por mera convenção das partes como um contrato civil, são os
títulos extrajudiciais. Estes estão previstos no art. 784 do NCPC.
Como a tutela executiva busca satisfazer somente o crédito do credor (o
exequente no processo) a tutela executiva atua unilateralmente, não ocorrendo
dentro dessa ação a satisfação de algum direito do executado, senão a própria
extinção do processo executivo que resultaria em seu beneficio.
Não obstante a tutela executiva se fundar sobre um direito certo e em prol do
exequente, Candido Dinamarco (2002) nos lembra que existe limites físicos e
políticos que podem trazer ineficácia ao processo “(...) certos óbices legítimos e
ilegítimos que os princípios e a própria vida antepõem a plenitude da tutela
jurisdicional executiva reduzindo legitimamente a potencialidade satisfativa da
execução forçada”.
A execução de uma dívida encontra limites políticos no sentido de que ela
recai somente sobre o patrimônio do devedor, com exceção do inadimplemento
voluntário de obrigação alimentícia. Ademais, o próprio âmbito do patrimônio do
devedor também sofre limitações para a satisfação da dívida, pois alguns bens são
consideráveis essenciais a vida digna do executado e não podem ser objeto de
penhora (e.g. imóvel que reside).
Quanto aos limites físicos ou naturais, uma dívida não poderá ser executada
se o próprio devedor não tiver patrimônio executável. Mas o que acontece neste
caso? Conforme art. 921, III, do NCPC, o processo será suspenso até que se
identifiquem bens executáveis. Não poderá também executar-se uma dívida
relativa a uma obrigação de entregar um bem se este bem tiver sido destruído.
Nesse caso, consoante os arts. 499 e 809 haverá uma conversão da dívida em
perdas e danos.

2. AÇÃO DE EXECUÇÃO

A ação de execução destina-se a satisfação do direito de crédito do exequente


comprovado em um titulo executivo. As normas que regem a ação de execução
estão previstas do art. 775 ao art. 925 do NCPC. Assim como demais ações,
contém dois requisitos de importante estudo.
O primeiro deles é a legitimidade para a causa (ad causam) prevista nos
artigos 778 e 779 do NCPC. Trata-se aqui da legitimidade passiva e ativa com
responsabilidade executiva para configurar um dos lados da ação. A parte para
ajuizar uma ação deve ter uma pertinência subjetiva com o direito material, no
caso uma obrigação, assim como contra aquele que será ajuizada a ação deverá
também ter essa pertinência.
Como exemplo, caso haja uma relação obrigacional de compra e venda entre
as partes com a constância de uma inadimplência, caberá às partes que firmaram
o contrato de compra e venda figurarem o lado exequente e executado da relação
processual pois a elas o direito material do crédito está vinculado. Entretanto,
frisa-se que há a possibilidade de um terceiro figurar a um dos lados da relação,
desde que legitimadas para agir em nome do executado/exequente. Caso um dos
polos forem ilegítimos por não terem relação material com a causa, deverá o
julgador extinguir o processo por ilegitmidade das partes.
O segundo requisito trata-se do interesse processual/interesse de agir na
execução e refere-se à necessidade-utilidade da execução. Consiste ele na
necessidade de existência de exigibilidade do crédito exequendo que se
caracteriza somente se tiver o inadimplemento na relação jurídica. Por exemplo,
só poderá ser executado um titulo caso o devedor já esteja em mora, caso
contrário ainda não há de se falar em exequibilidade.
Ademais, fala-se em interesse de agir sobre o prisma da adequação da ação
proposta para a satisfação do direito. Dessa forma, para que a ação executiva
seja a via adequada ela deve recair sobre um direito materializado em título
executivo judicial ou extrajudicial não prescrito e que esteja tipificado em lei.
Assim, não há interesse processual em propor uma ação sem aparelhar um título
executivo, pois este é a própria essência material da ação de execução.

3. PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

Além dos princípios comuns ao processo de conhecimento que também


devem ser sempre aqui neste contexto obedecidos (devido processo legal,
contraditório e a isonomia das partes), o processo de execução conta com
princípios próprios pelas peculiaridades da sua tutela jurisdicional, são eles:
princípio da patrimonialidade; princípio da efetividade da execução ou do
resultado; princípio da menor onerosidade ao devedor e princípio da
disponibilidade da execução.
Princípio da patrimonialidade encontra fundamento constitucional no art. 5 o
LXVII da CF e no artigo 789 do NCPC. Rege que a execução deve recair
somente no patrimônio do devedor e não sobre a própria pessoa. Historicamente
sabe-se que dívidas eram pagas com punições ao próprio corpo do devedor.
Hoje, o caráter da execução é sempre real, voltada aos bens que o devedor
dispõe (salvo exceção de não pagamento voluntário e inescusável de pensão
alimentícia conforme supracitado).
Princípio da efetividade da execução ou do resultado visa tornar o processo
executivo eficaz na satisfação da dívida para o credor. Através dele, a tutela
jurisdicional deve assegurar ao credor precisamente aquilo a que tem ele direito
(Elpidio Donizetti), no resultado mais próximo que se teria caso não tivesse
havido a transgressão do seu direito (Wambier). O artigo 831 é um exemplo do
princípio ao garantir que o penhor deve cair sobre tantos bens que forem
necessários para a satisfação integral da dívida.
Princípio da menor onerosidade ao devedor serve como um contrapeso ao
princípio da efetividade. Embora este busque uma alta efetividade ao processo
para o credor, o princípio da menor onerosidade traz um direcionamento de que
ocorra a satisfação do crédito da relação jurídica com os menores indicies de
onerosidade ao devedor. Há forte relação com os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade que balanceiam ambos lados da relação
jurídica.
Por fim, o princípio da disponibilidade da execução prevê que nenhum credor
é obrigado a executar judicialmente o devedor. Mesmo após instauração do
processo, e até mesmo dos embargos a execução, o exequente poderá desistir de
toda a execução ou apenas de alguma medida executiva (art. 775 NCPC)

REFERENCIAS

THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil.


Volume III. 50o Ed. Atlas, Sao Paulo. 2017

DONIZETTI, Elpidio. Curso Didatico de Direito Processual Civil. 19o Ed.


Atlas, Sao Paulo. 2016

Você também pode gostar