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CURSO TÉCNICO EM BIOTECNOLOGIA

INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO

ASPECTOS DA UTILIZAÇÃO DE MOLÉCULAS MONOCLONAIS PARA O


TRATAMENTO DE DOENÇAS ONCOLÓGICAS

ASPECTS OF THE USE OF MONOCLONAL MOLECULES FOR THE TREATMENT OF CANCER


DISEASES

JESUS, Gabriela Neto1; LYRA, Marisa Barbosa (Orientadora)2; COSTA, Mirian de oliveira
(Orientadora)3;

Resumo: De acordo com o Ministério da Saúde (MS), por meio do Instituto Nacional de Câncer (INCA),
mundialmente cerca de 7,6 milhões de indivíduos vão a óbito devido ao câncer todo o ano e, por ser
um uma enfermidade oriunda de uma proliferação de células anômalas do próprio organismo, os
tratamentos disponíveis são limitados e não específicos, promovendo a destruição extensa de células
não apenas cancerosas, como também a de células saudáveis. Nessa esfera, o aprimoramento de
terapias que utilizam moléculas monoclonais propiciam novas perspectivas no tratamento de doenças
oncológicas, devido a sua alta especificidade e ínfimas complicações e efeitos colaterais quando
comparadas aos ofertados hodiernamente. Por essa razão, o objetivo desse estudo foi esclarecer a
funcionalidade das moléculas monoclonais imunoterápicas, utilizando para isso um levantamento de
dados bibliográficos atrelado a aplicação de questionário e, baseando-se nos resultados encontrados,
é possível inferir que esses tipos de biofármacos são o método terápico mais inovador e que tem
demostrado claramente grandes avanços na cura do câncer. Todavia, apesar do desenvolvimento de
inúmeros artigos abordando o tema em diferentes perspectivas, todos eles correspondem, em suma, a
pesquisas bibliográficas e o número de estudos clínicos são ínfimos, elucidando o, até então,
dispendioso tratamento imunoterápico, pois não há suficientes trabalhos clínicos cujo objetivo visa a
acessibilidade da imunoterapia, apesar desse método ter se mostrado o mais promissor dos últimos
anos, uma vez que apresenta baixa toxicidade ao organismo e maior eficácia devido ao seu alto grau
de especificidade.

Palavras-chave: Imunoterapia; Câncer; Receptores Quiméricos; Anticorpos monoclonais.

1
Estudante do curso de Biomedicina do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) – Campus Vila
Velha.
2
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) – Campus Vila Velha.
3
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) – Campus Vila Velha.
Colet. de art. do curso de biomedicina, Vila Velha – ES, vol. 1, out. 2021
Aspectos da utilização de moléculas monoclonais para o tratamento de doenças oncológicas.
Abstract: According to the Ministry of Health (MOH), through the National Cancer Institute (INCA),
around 7.6 million individuals worldwide died from cancer every year, and because it is a disease arising
from a proliferation of the body's own anomalous cells, avaible treatments are limited and non-specific,
promoting the extensive destruction of not only cancer cells but also healthy cells. In this sphere, the
improvement of therapies that use monoclonal molecules provide new perspectives in the treatment of
oncological diseases due to their high specificity and minimal complications and side effects when
compared to those offered nowadays. This way, the aim of this study is to clarify the functionality of
monoclonal immunotherapeutic molecules using, for this, a survey of bibliographic data with an
application of a questionnaire and, based on the results found, it is possible to infer that these types of
biopharmaceuticals are the most innovative therapeutic method and that they have clearly shown great
advances in the cure of cancer. However, despite the development of numerous articles addressing the
topic from different perspectives, all of them correspond, in majority, to a bibliographic research and the
number of clinical researches is negligible, elucidating, so far, an expensive immunotherapeutic
treatment, as there are not enough clinical research whose objective is the accessibility of
immunotherapy, although this method has shown itself to be the most promising in recent years, once
it has low toxicity to the organism and greater efficacy due to its high degree of specificity.
Keywords: Immunotherapy; Cancer; Chimeric Receptors; Monoclonal Antibodies.

1 INTRODUÇÃO

A segunda principal condição causal de óbitos no mundo é originada por um conjunto


de doenças caracterizadas pelo crescimento exacerbado de células que, posteriormente,
originam neoplasias, como o câncer. Agravando a situação, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) prevê um aumento de até 81% em seus registros até 2040 (SILVA; FERNANDES;
2020). Atualmente, essa doença já é responsável por 30% das mortes na Europa e na América
do Norte e esse alto índice deve-se, em parte, aos procedimentos terápicos convencionais -
excisão cirúrgica, radioterapia e quimioterapia - que apresentam baixa seletividade e,
consequentemente, induzem uma resposta imunológica que, muitas vezes, não alcançam o
sucesso terapêutico desejado, além possuírem como efeito colateral a reincidência da doença
(ALBERTS; 2011).
O tratamento convencional mais agressivo é a quimioterapia, por ser uma terapia sistêmica
apresenta certo sucesso terapêutico, entretanto a toxicidade dos fármacos utilizados é alta e
o índice terapêutico é estreito já que pode afetar tecidos que se proliferam rapidamente, como
a medula óssea, o epitélio intestinal e os folículos pilosos. Os principais efeitos colaterais
causados são vômitos, náuseas, esterilidade, teratogenicidade e alopecia. A radioterapia é
uma forma de tratamento local que utiliza radiação com diferentes fontes de energia, podendo
ser gerada a partir de energia elétrica, liberando raios X e elétrons, ou a partir de isótopo
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radioativo, que gera raios gama. Os efeitos colaterais ocasionados são mais amenos, os
principais são anovulação ou azoospermia, epitelites, mucosites e mielodepressão. A excisão
cirúrgica, apesar de eficaz e não apresentar efeitos colaterais como os anteriores, com
exceção dos cirúrgicos, raramente elimina a quantidade necessária de todas as metástase.
Embora as células cancerosas possam ser eliminadas por diferentes processos
convencionais é possível observar uma grande dificuldade na eliminação de todas essas
células, principalmente quando se trata da excisão cirúrgica. Devido a isso, com intuito de
aumentar sua eficácia, é comumente utilizado dois ou mais processos de maneira simultânea,
de acordo com as particularidades de cada um, embasando-se sempre no tipo de câncer do
paciente. Além do mais, ao passo que os tratamentos matam as células cancerosas, eles
apresentam como consequência a toxicidade para as células normais do organismo,
provocando variados efeitos colaterais. (ROCHA; 2014).
Diante dessa realidade e das previsões futuras há a necessidade não só da inclusão de novos
tratamentos, mas também do barateamento deles, de modo a serem acessíveis as massas
de baixo poder aquisitivo. As alternativas mais eficazes até o presente momento são ofertadas
pela imunoterapia, primordialmente biofármacos de moléculas monoclonais, devido a sua alta
especificidade e reduzidas complicações e efeitos colaterais, sobretudo quando comparadas
aos métodos convencionais. Não obstante, o alto custo do tratamento é um empecilho ainda
presente, ocasionado, especialmente, pelos ínfimos investimentos em pesquisas que
possuem como objetivo barateá-lo.
Perante o exposto, o presente estudo visa evidenciar, analisar e descrever a utilização de
moléculas monoclonais e suas perspectivas futuras, por ser uma das alternativas mais
promissoras no combate as doenças oncológicas. Além disso, tem-se como intuito elucidar
as circunstâncias que permeiam os empecilhos responsáveis por obstruir o aprimoramento e
a acessibilidade de tais tratamentos na esfera nacional, sobretudo sua inserção no Sistema
Único de Saúde (SUS), já que, até o presente momento, é evidente o desinteresse por essas
entidades diante de tais avanços científicos.

2 MATERIAL E MÉTODOS (ou METODOLOGIA)

Trata-se de um estudo descritivo fundamentado na análise bibliográfica desenvolvida através


de pesquisas, artigos, livros e estudos clínicos publicados em revistas científicas da área de
saúde e coletadas em base de dados eletrônicas - como a Scielo e o Google Acadêmico -
atrelado a aplicação de questionário, com intuito de explicitar as informações contidas neste
trabalho.
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Aspectos da utilização de moléculas monoclonais para o tratamento de doenças oncológicas.
3 SISTEMA IMUNOLÓGICO E DOENÇAS ONCOLÓGICAS

As doenças oncológicas, que correspondem ao crescimento exacerbado e descontrolado de


células agressivas ao indivíduo, possuem resistência a apoptose e, uma vez que sua
multiplicação seja do tipo não controlada, podem evoluir à invasão de diferentes tecidos,
incluindo aqueles distantes de seu local de surgimento, processo denominado como
metástase (SILVA, FERNANDES, 2020). Compreende-se que a causalidade da condição se
dá através da interação de fatores genéticos e ambientais, sendo classificada como benigna
ou maligna. Os tumores benignos são neoplasias de crescimento lento, organizado e
delimitado, não apresentando chances de invadir outros tecidos, apresentando risco apenas
quando comprimem órgãos e tecidos adjacentes ou quando produzem uma quantidade
excessiva de substâncias biologicamente ativas, como hormônios. Em contraste, os tumores
malignos apresentam maior autonomia e capacidade de migrar para regiões distantes do
tumor inicial, originando metástases, o qual é muito agressivo e provoca a morte das células
normais do tecido afetado, como é o caso do câncer (ROCHA, 2014).

Evidências clínicas, experimentais e histopatológicas apontam que o sistema imune está


envolvido com a erradicação de neoplasias e, a partir disso, ocorreram diversos avanços nas
últimas décadas na identificação molecular dos antígenos tumorais bem como na
compreensão dos mecanismos tanto cancerígenos como imunológicos, em que vários deles
foram identificados para promover respostas antitumorais em pacientes com câncer
(ROCHA,2014). Todavia, indícios evidenciam que, apesar de o sistema imunológico ser capaz
de detectar e eliminar células tumorais, essas possuem mecanismos de escape e sua
funcionalidade fundamenta-se em enganar o sistema imune e interferir nas respostas contra
ele, tornando necessário a estimulação da resposta antitumoral, intrínseca ao organismo,
através de imunomoduladores (OLIVEIRA, GOMILDE, 2020).

Vários experimentos com animais e experiências clínicas provaram que os tumores


desencadeiam respostas imunológicas por expressarem antígenos. Desse modo, pressupõe-
se que a imunogenicidade dos tumores deve-se aos antígenos expressos nas células
tumorais, que são reconhecidos como estranhos pelo sistema imunológico, ocasionando a
ativação de células T. Os linfócitos T são as principais células envolvida na imunidade tumoral,
porém as respostas imunológicas contra os tumores são reiteradamente falhas e, dentre as
principais razões para a pouca efetividade imunológica na erradicação de tais células
anômalas, destacam-se o rápido crescimento e o elevado grau de disseminação do tumor
que, muitas vezes, superam a capacidade do sistema imunológico de eliminar todas as células
cancerosas; a capacidade de vários tumores possuírem mecanismos especializados para
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escaparem da resposta imunológica tumoral do indivíduo – perda de expressão de antígenos,
interrupção na expressão de moléculas de MHC (complexo principal de histocompatibilidade)
ou de moléculas envolvidas no processamento de antígenos, expressão de ligantes para os
receptores inibidores da célula T e indução das células T reguladores ou a secreção de
citocinas que suprimem as respostas imunológicas; e, por fim, a característica, presente em
vários tipos de tumores, de expressar somente alguns antígenos, portanto a maioria das
neoplasias são fracamente imunogênicos (ROCHA, 2014).

4 IMUNOTERAPIA

A imunologia é um tratamento de estimulação do sistema imunológico e a técnica é


revolucionária por ter como alvo direto não o tumor em si, mas a potencialização do sistema
imunológico humano, a fim de promover o reconhecimento e a eliminação tumoral, o que
proporciona a remissão durável da doença e baixa toxicidade ao organismo (SILVA,
FERNANDES, 2020).

Os primeiros estudos da imunoterapia aplicada ao câncer foram realizadas no século XIX,


mas avançaram a partir da década de 1980, justamente devido ao reconhecimento de
receptores celulares relacionados ao o estímulo das defesas do organismo, especificamente
nas células tumorais. Desde então essa técnica tem sido cada vez mais estudada e
aprimorada, demostrando grandes progressos.

Atualmente a imunoterapia pode ser ramificada em imunoterapia ativa e passiva. A


imunoterapia ativa tem como objetivo a indução de uma resposta imune de longa duração
específica para antígenos tumorais e a imunoterapia passiva consiste no fornecimento de uma
resposta imune específicas para antígenos tumorais através da administração de grandes
quantidades de anticorpos monoclonais ou receptores de antígenos quiméricos, por exemplo
(OLIVEIRA, GOMILDE, 2020).

4.1 Anticorpos Monoclonais

Os anticorpos monoclonais são imunoproteínas com ampla capacidade de reconhecer e ligar


de forma específica a antígenos tumorais, desencadeando respostas imunológicas. Esse
efeito terapêutico apresenta possivelmente uma maior efetividade e redução nos efeitos

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colaterais, em consequência de sua baixa ação toxicológica sobre as células normais
(VIEIRA, 2018).

De acordo com Vieira (2018):

(...) os mecanismos de ação dessas imunoglobulinas altamente específicas são efetivos,


através da capacidade de reconhecer e ligar-se as suas proteínas alvo na possibilidade de
alterar as ações e funções dessas moléculas importantes no processo da carcinogênese, além
de outros mecanismos, podendo, por exemplo, bloquear receptores ou fatores de crescimento
vitais para a célula, ou a destruição de partículas citotóxicas por indução apoptótica.

Os anticorpos sintetizados devem ser humanizados, devendo conter uma maior proporção de
sequência humana, com intuito de eliminar ou minimizar as respostas reacionais
imunologicamente desencadeadas, já que expressa grande proporção de moléculas de
anticorpo humano com a atividade biológica original. Estudos clínicos têm demostrado
resultados promissores na utilização de anticorpos monoclonais no tratamento de vários tipos
de tumores.

A ampla utilização dos anticorpos monoclonais é uma ferramenta viável na indústria


farmacêutica, pois aumentam a ação dos fármacos e minimizam suas reações, além de
viabilizarem o aumento da qualidade de vida dos pacientes e de sua sobrevida (VIEIRA,
2018).

4.2 Receptores de Antígenos Quiméricos de Células T

O tratamento fundamenta-se na modificação genética de linfócitos T com o propósito de


promover o reconhecimento de antígenos tumorais e de potencializar a resposta ao alvo via
sinais pró-estimulatórios intracelulares, ocasionando, além do retrocesso tumoral, uma
prolongada vigilância contra o retorno da condição. Diferentemente dos demais tratamentos,
essa técnica é específica ao organismo de cada paciente, sendo, caracteristicamente, um
medicamento de caráter vivo e capaz de autoperpetuar-se, criando cópias de si mesmo.
Atualmente, é uma das mais prósperas terapias dentro do meio científico, em vista de seu
extenso potencial ao tratamento oncológico e quantidade limitada de efeitos colaterais às
células saudáveis do paciente (SILVA, FERNANDES, 2020).

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Aspectos da utilização de moléculas monoclonais para o tratamento de doenças oncológicas.
De acordo com Silva e Fernandes (2020):

Sua metodologia consiste em uma variante da terapia celular adotiva baseada na transferência
de células geneticamente modificadas em laboratório para o indivíduo portador do tumor. Para
tal, inicialmente o sangue periférico do paciente é coletado via leucaférese, procedimento em
que o material biológico será separado especificamente para retenção de linfócitos com
posterior reinfusão dos componentes remanescentes ao indivíduo. A escolha de tais leucócitos
a serem separados se dá em virtude de constituírem parte essencial da resposta imunológica
adaptativa tumoral.

Os linfócitos são modificados in vitro, mais comumente por mecanismos virais que induzem a
formação de receptores tumorais específicos em sua superfície. As células então são
expandidas e administradas ao paciente.

O caráter promissor da terapia do receptor de antígeno quimérico despertou certo interesse


em algumas instituições nacionais, gerando investimentos em estudos clínicos nessa área e,
como consequência, proporcionaram certas mudanças nas técnicas empregadas no
tratamento. A técnica brasileira se diferencia por ser um dos primeiros protocolos em que o
fragmento de DNA é transferido por mecanismo não viral, ocasionando a redução do custo do
tratamento. A terapia foi testada no país em um modelo humano pela primeira vez em 2019
no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, o paciente era portador de Linfoma Não-Hodgkin.
O tratamento resultou em uma alta redução do tumor e em apenas um mês foi possível
abandonar o uso da morfina (SILVA, FERNANDES, 2020).

5 RESULTADOS

O formulário foi respondido por cento e três pessoas das mais variadas faixa etárias.

Faixa etária dos entrevistados Conhecimentos gerais sobre os


tratamentos disponíveis para o câncer
31%
15%
0 - 17 anos
Entrevistados que
18 - 30 anos 38%
3% tem conhecimento
31 - 40 anos
16% 62% Entrevistados que
41 - 55 anos
35% não conhecem

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Aspectos da utilização de moléculas monoclonais para o tratamento de doenças oncológicas.
Conhecimentos gerais acerca dos efeitos colaterais dos tratamentos
disponíveis

Entrevistados que conhecem por ter


tido contato direto com portadores
da doença
26%

Entrevistados que conhecem por ter


contato indireto com os portadores
2% da doença

72%
Entrevistados que desconhecem a
doença e suas complicações

Conhecimentos gerais sobre a Conhecimentos gerais sobre


imunoterapia e sua eficácia como biofármacos, os tipos utilizados no
tratamento para o câncer tratamento imunoterápico

Entrevistados que
28% conhecem a Entrevistados que
imunoterapia 36% conhecem

Entrevistados que Entrevistados que


64% não conhecem
72% desconhecem a
imunoterapia

Conhecimentos gerais sobre a


Conhecimento geral sobre a
aplicabilidade da imunoterapia no
especificidade dos tratamentos
tratamento de outros tipos de
imunoterápicos
doenças, como o lupus e a anemia
falciforme
Entrevistados
que conhecem Entrevistados
25% esse assunto que conhecem
29% essa
aplicabilidade
entrevistados
que não
Entrevistados
75% conhecem esse
71% que não
assunto
conhecem essa
aplicabilidade

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6 DISCUSSÃO

Atualmente classificado como um conjunto de mais de 100 patologias, o câncer é a segunda


causa de morte no país, sendo, a primeira, acidentes cardiovasculares, devendo ocupar tal
posição até 2029 (CARVALHO, 2019). Um dos indícios da veracidade dos dados, quando se
afirma o alto grau de incidência do câncer na sociedade brasileira, está evidenciado no terceiro
gráfico, que retrata o conhecimento geral acerca dos efeitos colaterais dos tratamentos do
câncer. Dos 103 entrevistados, 72% manifestaram ter contato direto com os portadores da
doença; um número extremamente alto e com exorbitante potencial de aumento, de acordo
com Ministério da Saúde (MS) e o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Entretanto, apesar de o câncer afetar drasticamente a qualidade de vida da população em


geral, os tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e os hospitais privados
– primordialmente radioterapia e quimioterapia – têm se mostrado cada vez mais ineficazes,
devido ao seu alto grau de toxidade e à sua probabilidade, cada vez maior, de provocar a
reincidência da doença (SILVA, FERNANDES, 2020). Essa última consequência, em
particular, afeta não só o indivíduo portador da doença, mas também o capital direcionado
aos tratamentos do câncer da rede pública de saúde, pois, com o exacerbado potencial de
reincidência da doença, o custo do tratamento de um único indivíduo apresenta grande
chances de se duplicar, ou triplicar, e assim por diante, demandando um investimento cada
vez maior.

Concomitante a essa realidade, novas terapias têm surgido nos últimos anos e vêm sendo
aprimoradas, obtendo-se excelentes resultados clínicos no retrocesso da doença e, em alguns
casos, na sua erradicação. O método imunoterápico que vem demonstrando maiores avanços
na área utiliza moléculas monoclonais como biofármacos. Esses medicamentos biológicos
estimulam o próprio organismo humano a reconhecer e combater as células cancerígenas,
promovendo também a proteção prolongada contra o retorno da doença, inviabilizando sua
reincidência. Porém, os custos dessa imunoterapia são muito superiores a dos tratamentos
convencionais, ainda que variem enormemente, de acordo com o estágio em que a doença é
detectada (CARVALHO, 2019). Como consequência, o dispendioso valor dessa forma
terápica inviabiliza sua implementação na grande maioria das redes de saúde, principalmente
a rede pública, por necessitar do redirecionamento dos escassos recursos governamentais.

As evoluções das pesquisas em biologia molecular do câncer possibilitam, além do


desenvolvimento de tratamentos cada vez mais eficazes, o seu barateamento,
proporcionando, dessa maneira, a acessibilidade necessária, como ocorreu nos estudos e

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testes clínicos da terapia dos receptores de antígenos quiméricos de células T, realizados no
Brasil. Os investimentos nessa pesquisa proporcionaram a formulação de um dos primeiros
protocolos que transfere o DNA através de mecanismos não virais, promovendo a redução do
custo do tratamento.

Infelizmente, a expansão de estudos clínicos, juntamente aos investimentos em pesquisas


nessa área, tem se mostrado escasso, produzindo obstáculos a serem ultrapassados. A falta
de investimento nesses estudos, diante do grave quadro de incidência do câncer, reflete
motivos mais profundos relacionados à doença, aos tratamentos convencionais e às terapias
imunoterápicas. Nessa esfera, é coerente inferir que um dos motivos que endossam essa
realidade é a ignorância generalizada, referente ao alto grau de incidência do câncer na
sociedade brasileira e suas alarmantes projeções futuras, o que acarreta, desse modo, certo
descaso sobre a eficácia dessas novas formas terápicas e suas consequências no meio
científico, remetendo, assim, a ideia de inutilidade dessas terapias inovadoras por já existir
algumas formas de tratamentos, desconsiderando as complicações e a taxa de insucesso
terapêutico desses procedimentos, há décadas, implementados nos organismos de saúde.

É possível observar, nos gráficos que retratam os conhecimentos gerais sobre a existência
da imunoterapia e a utilização de biofármacos, como ferramentas para combater o câncer, o
desconhecimento sobre o assunto, já que 72% e 64% dos entrevistados, respectivamente,
relataram nunca ter tido contado com os termos. A pouca disseminação desse assunto, no
meio social, reflete esse mesmo descaso e ignorância, refreando o avanço científico nessas
áreas.

7 CONCLUSÃO

As moléculas monoclonais, utilizadas para o tratamento imunoterápico do câncer, são


biofármacos de alta especificidade e de baixa toxicidade ao organismo, proporcionando uma
melhor sobrevida aos pacientes, já que possuem irrisório grau de reincidência da doença.
Contudo, em alinhamento com seu sucesso, empecilhos e dificuldades ainda são uma
significativa realidade, tais como o dispendioso custo do tratamento e o descaso geral para
com as novas técnicas, decorrente da ignorância acerca do câncer.

Apesar dos avanços tecnológicos propiciarem grandes progressos científico no combate às


doenças oncológicas, esses só serão acessíveis se apresentarem custo baixo ou, pelo

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menos, equivalente aos tratamentos convencionais, tornando as pesquisas clínicas, bem
como os investimentos, imprescindíveis para atingir esse objetivo.

REFERÊNCIAS

ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia
molecular da célula. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

CARVALHO, Sophia Costa. O acesso da imunoterapia no Sistema Único de Saúde no Brasil:


Um Desafio Complexo. Trabalho Individual de Conclusão apresentado à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para
a obtenção do título de Mestre em Gestão e Políticas Públicas, 2019.

GONÇALVES, Giuliana Augusta Rangel; PAIVA, Raquel de Melo Alves. Terapia gênica:
avanços, desafios e perspectivas. Revendo Ciências Básicas; Hospital Israelita Albert
Einstein, São Paulo, SP, Brasil 28 de junho de 2017.

OLIVEIRA, Beatriz Almeida; GOMIDE, Lígia Maria Micai. Imunoterapia no Tratamento do


Câncer. Revista Intersaúde, v. 1, n. 3, 2020. Centro Universitário Sudoeste Paulista,
Itapetinga-SP.

PEREIRA, Viviane da Costa; OLIVEIRA; Patrícia Aparecida Ferreira. Definição das terapias
celulares com receptores de antígenos quiméricos (CAR), receptores de células t (TCR) e
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Rev., Curitiba, v. 2, n. 2, p. 6, 1105-1124, mar./apr. 2019

ROCHA, Bianca Bonicenha. Imunoterapia para o Câncer. Monografia apresentada ao


Programa de Aprimoramento Profissional/CHR/SES-SP e FUNDAP, elaborada no Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo –
USP/Divisão de Assistência Farmacêutica, 2014.

SILVA, Isabele Coelho Canha. FERNANDES, Archangelo Padreca. Terapia do receptor de


antígeno quimérico de células t: funcionamento, progressos e perspectivas. Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 08, Vol. 01, pp. 59-87. Julho de 2020

VIEIRA, Uliane Pereira. Uso de Anticorpos Monoclonais na Terapia do Câncer. Instituto de


Pós Graduação em Hematologia Clínica e Imunohematologia de Banco de Sangue na
Academia de Ciência e Tecnologia. São José do Rio Preto – SP, 2018.

Colet. de art. do curso de biomedicina, Vila Velha – ES, vol. 1, out. 2021
Aspectos da utilização de moléculas monoclonais para o tratamento de doenças oncológicas.

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