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Faculdade de Direito de Lisboa – Ano letivo 2018/2019

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

Casos Práticos- Fontes do Direito (1)

Caso Prático 1

A Lei n.º 3/2010, de 4 de Maio entre outros, contém os seguintes preceitos: “(artigo
10.º) Os transportes públicos são de utilização gratuita, para os idosos com mais de 65 anos, no primeiro
sábado de cada mês.(artigo 12º) É expressamente proibida a mendicância em transportes públicos (artigo 3º)
Este Diploma entra em vigor no dia 7 de Maio de 2010”.
Apesar do que resulta do Lei n.º 3/2010, diariamente, são inúmeros os invisuais que
mendigam nas carruagens do Metropolitano de Lisboa, o que é visto com naturalidade por
todos os passageiros, e mesmo por alguns polícias que por vezes fazem ronda nas carruagens.
No entanto, certo dia, CRAFT, agente da PSP zeloso da lei e da ordem, que viajava na linha
amarela, surpreende EGA mendigando durante a viagem, interpelando-o.
Pronuncie-se sobre a licitude do comportamento de Ega

Caso Prático 2

Em janeiro de 2000, é publicado o DL X/2000, que regula o contrato de agência,


estabelecendo que o agente tem direito, após a cessação do contrato, a uma “indemnização
de clientela”, desde que agente tenha angariado novos clientes para a outra parte ou
aumentado substancialmente o volume de negócios com a clientela existente e a outra parte
venha a beneficiar consideravelmente, após a cessação do contrato, da atividade desenvolvida
pelo agente.
O diploma determina, porém, que não é devida “indemnização de clientela” se o
contrato tiver cessado por razões imputáveis ao agente.
Em novembro de 2005, é celebrado um contrato de agência entre a empresa A, como
principal, e a empresa B como agente. Devido a incumprimento das obrigações contratuais
do agente, o contrato foi resolvido pelo principal em outubro de 2013.
O agente pede, em tribunal português, a condenação do principal no pagamento da
“indemnização de clientela. Poderia o agente invocar que a resolução do contrato tinha sido
injustificada, por ter observado, na execução do contrato, um uso do comércio aplicável,

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I


apesar de a lei não remeter, relativamente aos aspetos da execução do contrato que estavam
em causa, para os usos?

Caso Prático 3

Suponha que numa localidade do litoral do país é habitual que, durante as férias do
Verão, os motociclistas circulem sem capacete ao longo da marginal marítima. Suponha,
também, que tal prática, que se verifica há vários anos, sempre foi tolerada pelas autoridades
locais, de tal forma que António, motociclista, em agosto de 2014, fez o que fazia há largos
anos: passeou-se de motociclo naquela marginal, sem capacete.
Admita, todavia, que nesse mesmo Verão, António foi autuado pelas autoridades
policiais, as quais, na sequência da instauração de um processo contraordenacional e tendo
por base o artigo 82.º do Código da Estrada, segundo o qual “Os condutores e passageiros de
ciclomotores, motociclos (…) triciclos e quadriciclos devem proteger a cabeça usando capacete de modelo
oficialmente aprovado, devidamente ajustado e apertado”, lhe aplicaram uma coima de € 300, acrescida
de uma sanção acessória de inibição de conduzir pelo período de 3 meses.
Ao defender-se judicialmente, António invocou dois argumentos: i) a existência de
uma tradição daquela localidade segundo a qual, durante as férias do Verão, os motociclistas
podem conduzir sem capacete na marginal, tradição seguida por todos; ii) a consequente
suspensão, por força daquela prática, da regra legal contida no artigo 82.º Código da Estrada
durante o período do Verão.
Por outro lado, tendo em conta o artigo 139.º do Código da Estrada, segundo o qual,
na determinação da sanção a aplicar, se manda atender à “(…)gravidade da contraordenação e da
culpa, tendo ainda em conta os antecedentes do infrator relativamente ao diploma legal infringido ou aos seus
regulamentos”, bem como à “situação económica do infrator”, António requereu também, em
tribunal, que o seu caso fosse julgado segundo juízos de equidade, invocando para o efeito que
o citado artigo 139.º acolhe a equidade enquanto critério exclusivo de decisão.

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