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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRAFICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

CARLOS DE BARROS RAMOS

CICLO HIDROLÓGICO

RECIFE
2007
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CARLOS DE BARROS RAMOS

CICLO HIDROLÓGICO

AULA MAGISTRAL

Trabalho apresentado à Coordenação do Curso


de Geografia da Universidade Federal de
Pernambuco para obtenção do título de
licenciado em Geografia

Orientadora: Profª. Drª Maria Fernanda Abrantes Torres

Recife
2007
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CARLOS DE BARROS RAMOS

CICLO HIDROLÓGICO

Trabalho apresentado à Coordenação do Curso


de Geografia da Universidade Federal de
Pernambuco para obtenção do título de
licenciado em Geografia

Recife, de Março de 2007

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________
Profª. Drª Maria Fernanda Abrantes Torres
Orientadora

___________________________________________________
Profº.Dr.Hernani Loebler Campos
Depto Geografia UFPE

___________________________________________________
Profª. MSc. Maria das Graças Kater Lins
Coordenadora do Curso de Licenciatura em Geografia UFPE
4

Dedico este trabalho à minha esposa Cristina,


amor e sustentáculo da minha vida, por todo o
apoio e incentivo em todos os momentos
nesses 15 anos de caminhada.
Às minhas filhas Vitória e Tais, razão do meu
viver e motivadoras de minhas conquistas.
Aos meus Pais, por acreditarem sempre em
mim, e nunca, apesar das dificuldades, terem
privado a mim e a meu irmão dos estudos.
Ao meu irmão, Alexandre, mesmo distante,
torce por mim.
A toda a minha família, avôs, tios primos, pela
convivência e bons exemplos que desde
criança forjaram meu caráter.
Aos meus amigos do 1/6 G.Av. que me
apoiaram, ajudaram e sempre me incentivaram
à Academia.
E finalmente aos meus amigos de turma pela
boa convivência de quatro anos de estudos, os
quais, com certeza, nos tornaram seres
humanos melhores.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, guiador da minha vida, protagonista das minhas

vitórias, por me fazer viver, crescer, ser útil e de poder, com sua permissão, contemplar e fluir

a beleza inigualável de sua perfeita obra prima: a Natureza.

Ao amigo Roberto Silva, economista formado pela UFPE, pela revisão de português.

À Profª Josiclêda Domiciano Galvincio, do Departamento de Geografia, que me

ajudou na estruturação e parte inicial deste trabalho.

À minha orientadora, Profª Maria Fernanda Abrantes Torres, por sua boa vontade,

pelo foco em licenciatura e responsável pela parte final deste trabalho nesta última etapa

acadêmica.

Ao Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco,

na pessoal da “inesquecível” Profª Graça, a “Gracinha”, pelo carinho nesses quatro anos.

“SE NADA MUDAR,


NADA MUDARÁ”.
(Justin Herald)
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Molécula da Água.........................................................................................12

Figura 2: A Formação do Planeta Terra.......................................................................13

Figura 3: A Distribuição da água na Terra...................................................................14

Foto 1: Mar de Boa Viagem, Recife-PE. 2006............................................................16

Foto 2: Foz do Rio São Francisco (AL/SE) 2005........................................................17

Foto 3: Lago “artificial” da Represa de Sobradinho, (PE/BA), 2006..........................18

Foto 4: Geleiras............................................................................................................19

Foto 5: Formação de Nuvens a 10 km de altura, Recife-PE, 2006..............................21

Figura 4: O Ciclo Hidrológico.....................................................................................22

Foto 6: A Precipitação (chuva). Base Aérea de Recife-PE, 2006................................23


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................08

1 A ÁGUA.................................................................................................................10

1.1 COMPOSIÇÃO DA ÁGUA – O MITO DA ÁGUA PURA...........................................12


1.2 A ORIGEM DA ÁGUA NO PLANETA TERRA.........................................................13
1.3 QUANTIFICAÇÃO GERAL DOS FLUXOS E RESERVAS DE ÁGUA..........................14
1.3.1 Oceanos e Mares.............................................................................................16
1.3.2 Os Rios e Os Lagos.........................................................................................17
1.3.2.1 Rios................................................................................................................17
1.3.2.2 Lagos..............................................................................................................18
1.3.3 As Geleiras.......................................................................................................19
1.3.4 A Atmosfera.....................................................................................................20

2 CICLO HIDROLÓGICO.....................................................................................22

2.1 FASES DO CICLO HIDROLÓGICO.........................................................................24


2.1.1 Evaporação e Evapotranspiração..................................................................24
2.1.1.1 Evaporação.....................................................................................................24
2.1.1.2 Transpiração...................................................................................................24
2.1.1.3 Evapotranspiração..........................................................................................25
2.1.2 Condensação....................................................................................................25
2.1.3 Precipitação......................................................................................................26
2.1.4 Infiltração.........................................................................................................26

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................27

REFERÊNCIAS.......................................................................................................28

APÊNDICE – Plano de Aula..................................................................................29


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INTRODUÇÃO

ÁGUA É VIDA, água elemento vital, água purificadora, água recurso renovável, são

alguns dos significados referidos em diferentes mitologias, religiões, povos e culturas, em

todas as épocas. O Brasil apresenta em todo seu território as condições necessárias ao

desenvolvimento da vida, já assinaladas por Aristóteles, no século IV aC – a presença

simultânea de terra, ar, água e calor. "Terra e ar existem em todos os lugares e com qualidade

propícia à vida em geral. Restam água e calor: se faltar um ou outro, a vida desaparece". Água

e calor não faltam ao Brasil e, relativamente, na região litoral do Nordeste.

A característica de renovabilidade das águas da Terra está intimamente ligada ao seu

permanente mecanismo de circulação, o chamado Ciclo Hidrológico. Neste quadro, a energia

de origem solar e a transpiração dos organismos transformam parte da água em vapor. Esse

sobe à atmosfera, condensando e formando nuvens. A água atmosférica volta na forma de

chuva principalmente, alimentando os rios, a umidade do solo e todos os estoques de água.

Neste trabalho intitulado Ciclo Hidrológico será mostrado como poderá ser

ministrada uma aula sobre o ciclo hidrológico para uma turma de 7ª série do ensino

fundamental. Serão utilizados recursos didáticos com o intuito de facilitar o aprendizado do

aluno e melhorar o entendimento do conteúdo.

Baseado nos parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia (MEC/SEF,1998) no 4º

ciclo (7ª e 8ª séries), serão usadas diferentes linguagens como meio de produzir, expressar e

comunicar idéias. Serão utilizados, também, diferentes recursos tecnológicos para promover e

construir conhecimentos, bem como questionar a realidade, formulando problemas e

buscando resolvê-los juntamente com os alunos, utilizando o pensamento lógico, a intuição, a


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capacidade crítica da turma e a criatividade, buscando na sala de aula o debate a fim de que,

professor-aluno e aluno-professor construam juntos o conhecimento.

Serão discutidos conceitos, componentes, surgimento da água na Terra, as fases do

ciclo hidrológico como: evaporação, condensação, precipitação e infiltração. Serão mostrados

fotos e ilustração, mapas, como recursos de apoio didático visando facilitar o aprendizado.

Opta-se por fotos e exemplos o mais próximo possível da realidade do aluno, sendo de fácil

associação com o seu dia-a-dia.

Também será marcada uma excursão didática passando pelo lago de Sobradinho

(PE/BA), “descendo” o Rio São Francisco, até sua foz (AL/SE), voltando pelo litoral até

chegarmos à praia de Boa Viagem (PE), para que o aluno veja, na prática, alguns conceitos

que foram expostos em sala de aula. Este contato direto com o objeto de estudo é

indispensável e extremamente importante para a ciência geográfica, confirmando e

solidificando o conhecimento do aluno, além de despertar o interesse. Afinal, o laboratório da

ciência geográfica, sem dúvida, extrapola as fronteiras das quatro paredes de uma sala de aula.

O objetivo deste trabalho escrito é conscientizar o leitor da importância da relação do

homem com o ciclo hidrológico e as conseqüências para a vida no Planeta, além de

compreender o conceito de ciclo e as partes que o compõem e entender a importância do ciclo

para o homem e para a Terra.


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1 A ÁGUA

“O século 20 tem testemunhado um crescimento demográfico sem precedentes: espera-se que a


população mundial, que em 1999 era de 6 bilhões, chegue a 7,9 ou 9,1 bilhões de pessoas em 2025. Em
conseqüência, a demanda de água para uso doméstico, industrial e agrícola também tem crescido
rapidamente”. (SELBORNE, Lord. 2002, Vol.3, p.45).

A água é a substância mais abundante na superfície do planeta, participando dos seus

processos modeladores pela dissolução de materiais terrestres e do transporte de partículas. É

o melhor e mais comum solvente disponível na natureza e seu papel no intemperismo químico

é evidenciado pela hidrólise. Nos rios, a água é responsável pelo transporte de partículas,

desde a forma iônica até cascalho e blocos, representando o meio mais eficiente de erosão da

superfície terrestre. Sob forma de gelo acumula-se em grandes volumes, inclusive geleiras,

escarificando o terreno, arrastando blocos rochosos e esculpindo a paisagem.

Sua importância na superfície terrestre é atestada ainda quando se comparam as áreas

cobertas por água e gelo com aquelas de terra firme: do total de 510x10 6Km² da superfície da

Terra, 310x106Km² são cobertos por oceanos, em contraposição a 184,94x10 6Km² de Terra

firme, resultando numa proporção entre superfície marítima e terra firme de 2,42:1.

Na natureza a água está presente em três estados físicos: líquido, na forma de chuva,

oceanos e rios; gasoso, no vapor de água do ar que respiramos e sólido, na forma de gelo, nos

pólos do planeta. A fase mais importante deste ciclo para o homem é justamente a fase

líquida, em que ela está disponível para pronta utilização.

É a água que mantém a vida sobre a Terra, pela fotossíntese, que produz biomassa pela

reação entre CO2 e H2O, sendo o corpo humano composto de 80% de água (TEIXEIRA, 2003,

p.114).

A água constitui parte integrante do organismo humano, representando proporção

considerável de sua composição. Além disso, desempenha funções fisiológicas fundamentais,

como: dissolver e diluir todos os componentes solúveis que entram no organismo ou que
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permanecem como constituintes celulares; constituir veículos de elementos e compostos a

serem excretados; regular a temperatura corporal pelo processo de absorção de calor de

evaporação no processo contínuo de transpiração.

Por todas essas razões, a água constitui elemento vital não só à natureza de modo

geral, como a todas as atividades desenvolvidas pelo homem. Neste caso, além das

necessidades ligadas aos processos biológicos, como alimento, matéria-prima, irrigação de

vegetais úteis, a água é necessária à navegação, à operação de energia elétrica, à refrigeração

de máquinas, aos processos químicos industriais e construtivos, à limpeza de ruas e ao

transporte de dejetos e resíduos em geral (BRANCO, 1991, p.3, p.4).


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1.1 COMPOSIÇÃO DA ÁGUA – O MITO DA ÁGUA PURA

Fonte: http://www.ana.gov.br

Aprende-se nos livros de ciências que a água é uma substância formada por duas

moléculas de Hidrogênio e uma de Oxigênio (H2O) (Figura 1).

Figura 1. Molécula da Água.

E também que se trata de uma substância sem cor, sem cheiro e sem gosto.

A água que chamamos de “pura” ou “mineral” carrega uma série de substâncias como

sais e outros compostos minerais trazidos por ela do solo ou do tratamento. A água totalmente

pura só pode ser produzida em laboratório (SILVA, 1998, p.49).


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1.2 A ORIGEM DA ÁGUA NO PLANETA TERRA

A origem da água na história da Terra está relacionada com a formação da atmosfera,

ou seja, a degaseificação do planeta (Figura 2). Este termo refere-se ao fenômeno de liberação

de gases por um sólido ou líquido quando este é aquecido ou resfriado. Este processo atuante

até hoje teve início na fase de resfriamento geral da Terra, após a fase inicial de fusão parcial.

Neste gradativo resfriamento e formação de rochas ígneas, foram liberados gases,

principalmente vapor de água (H2O) e gás carbônico (CO2). A geração de água sob forma de
Fonte: http://www.ana.gov.br

vapor é observada atualmente em erupções vulcânicas, sendo chamada de água juvenil

(TEIXEIRA, 2003, p.114).

Figura 2. A Formação do Planeta Terra.


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1.3 QUANTIFICAÇÃO GERAL DOS FLUXOS E RESERVAS DE ÁGUA

A quantificação dos fluxos e reservas de água do ciclo hidrológico global foi realizada

por diversos pesquisadores e os trabalhos recentes não apresentam entre si discrepâncias

marcantes.

Para as reservas de água os valores são apresentados na Figura 3.


Fonte: http://www.ana.gov.br

Figura 3. A Distribuição da água na Terra.

Essa quantificação estática não deixa transparecer a importância relativa de cada

reserva dinâmica do ciclo hidrológico. Por exemplo, a atmosfera armazena uma quantidade

ínfima de água disponível no planeta, mas dá origem à precipitação que é uma fase

fundamental na dinâmica do ciclo hidrológico. Outro exemplo de desproporção entre a


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importância dinâmica e a quantidade armazenada é a que se observa nas camadas superiores

dos solos, normalmente não-saturados: apenas 0,066 x 10 15 m³(0,08% das águas subterrâneas)

estão presentes nestes locais, em contraposição à sua importância no ciclo hidrológico, no

fenômeno da infiltração. No que diz respeito aos oceanos, a quantidade de água armazenada

(97%) é tão significativa quanto o seu papel no ciclo hidrológico (TUCCI, 2004, cap 2, p.39).

Os volumes de água armazenados no globo terrestre totalizam 1,36.10 9 km³, com a

seguinte distribuição: lagos de água doce (125.100 km³), lagos salinos (104.300 km³), meio

poroso e aqüíferos (9.048.500 km³), geleiras (29.199.700 km³), atmosfera (12.900 km³) e

oceanos (1.322.330.600 km³) (RIGHETTO, 1998, p.5).


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1.3.1 Oceanos e Mares

Os oceanos e os mares são os maiores armazenadores de água do mundo (Foto 1).

Entretanto, a água que lá está não pode ser utilizada para irrigação, uso doméstico ou

dessendentação. Apesar da existência de alguns processos de dessalinização, seu uso direto

fica inviável. Os oceanos e mares, no entanto, são os maiores contribuintes em quantidade de

água evaporada para o ciclo hidrológico, devido a sua enorme extensão superficial em contato

com a atmosfera (ventos) e exposta aos raios solares, fatores determinantes para evaporação.

A evaporação direta dos oceanos para a atmosfera corresponde a 361 x 10 12 m³, cerca

Foto de Carlos de Barros Ramos


de 85% do total evaporado, sendo os 15% complementares, 62 x 10 12 m³, devidos à

evapotranspiração dos continentes (TUCCI, 2004, cap. 2, p.39).

Foto 1: Mar de Boa Viagem, Recife-PE. 2006.


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1.3.2 Os Rios e Lagos

1.3.2.1 Rios

Os rios são cursos naturais de água doce, com canais definidos e fluxo permanente ou

sazonal para um oceano, lago ou outro rio (Foto 2). Dada a sua capacidade de erosão,

transporte e deposição, os rios são os principais agentes de transformação da paisagem,

agindo continuamente no modeladas do relevo (TEIXEIRA, 2003, cap.10 p.192).

Segundo Bigarella (1979), geomorfologicamente o termo rio aplica-se exclusivamente

para designar corrente canalizada ou confinada. Ele também pode referir-se aos canais sem

água das regiões mais secas. Geologicamente a palavra rio é empregada geralmente para

Foto de Carlos de Barros Ramos


referir o tronco principal de um sistema de drenagem. Em outras palavras, o rio constitui um

corpo de água corrente confinada num canal.

Foto 2: Foz do Rio São Francisco (AL/SE) 2005.


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1.3.2.2 Lagos

Os lagos são massas d’água estagnada, de origem natural (não antrópica), com

extensão superior a 0,1km², situadas em depressões do terreno e sem conexão com o mar.

Cerca da metade dos lagos conhecidos é de origem glacial e outro terço formado por

processos tectônicos (TEIXEIRA, 2003, cap.10, p.194).

Segundo a definição de Branco (1991, cap. 2, p.166), Lagos são corpos naturais de

água cujo movimento é bastante lento, quando comparado aos movimentos dos rios. A

atividade geológica é a principal responsável pela gênese dos lagos. Essa atividade tanto pode

levar milhares de anos, como pode ser associada a eventos catastróficos e súbitos.

Existem também os lagos artificiais, criados pelo homem para determinadas

atividades, como geração de energia. A hidroelétrica de Sobradinho (BA) possui o maior, em

extensão, lago artificial do mundo (Foto 3).

Foto de Carlos de Barros Ramos

Foto 3: Lago “artificial” da Represa de Sobradinho, (PE/BA), 2006.


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1.3.3 As Geleiras

Geleiras são massas continentais de gelo de limites definidos, que se movimentam

pela ação da gravidade (Foto 4). Originam-se pela acumulação de neve e sua compactação por

pressão transformando-a em gelo. A despeito de cobrirem hoje somente cerca de 10% da

Fonte: www.uniagua.org.br acesso 31.01.07


superfície emersa da Terra, as geleiras constituem um elemento importante na constituição

física do planeta (TEIXEIRA, 2003, cap. 11 p. 216).

É através da sublimação que as geleiras contribuem para o ciclo hidrológico, ainda que

de maneira pequena. Essa sublimação dar-se principalmente pela ação do vento.

Foto 4: Geleiras.
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1.3.4 A Atmosfera

De maneira geral, a atmosfera é considerada como a camada gasosa que envolve a

Terra. Entretanto, nela existem divisões e muitas outras particularidades, como pode ser

constatado nas definições de Righetto (1998) e Tucci (2004).

A atmosfera terrestre faz parte de um sistema global composto por diversas camadas

das quais se destaca a troposfera, camada mais próxima da atmosfera, com espessura em torno

de 12 km (9 km nos Pólos e 18 km no Equador), onde ocorrem os principais fenômenos

meteorológicos relacionados à vida e que engloba a hidrosfera, biosfera e litosfera. As

primeiras atividades vulcânicas da superfície da Terra produziram nuvens e chuvas, formando

os corpos d’água de superfície e uma atmosfera primitiva constituída de substâncias voláteis.

As emissões vulcânicas gasosas são compostas, em média, de 85% de vapor d’água, 10% de

gás carbônico e pequenos percentuais de nitrogênio e enxofre, sem a presença de oxigênio.

(RIGHETTO, 1998, p. 39).

A atmosfera terrestre é a camada gasosa que envolve a Terra e a acompanha em seus

movimentos. A troposfera apresenta maior espessura no equador (aproximadamente 16000m)

e menor nos Pólos (em média 8000m). Esta camada é o principal meio de transporte de massa

(água, partículas sólidas, poluentes, etc.), energia (energia térmica recebida do sol), e

quantidade de movimento (ventos) sobre a superfície da terra, dando origem assim aos

principais fenômenos meteorológicos de interesse na hidrometeorologia.

A umidade atmosférica é um elemento essencial do ciclo hidrológico. Ela é a fonte de

todas as precipitações e controla enormemente a taxa de evaporação do solo e reservatórios,

como também a transpiração dos vegetais. A umidade do ar refere-se unicamente ao vapor de

água contido na atmosfera, não levando em consideração a água nos estados líquido e sólido

(TUCCI, 2004, cap.3, p. 53).


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A atmosfera também possui uma diversidade de condições físicas importantes.

Entretanto, a maioria dos fenômenos meteorológicos acontece na fina camada inferior da

atmosfera com 8 a 16 km de espessura chamada de troposfera, onde está contida a quase

totalidade da umidade atmosférica, cerca de 90%. A água que circula no interior da atmosfera

constitui-se numa fase do ciclo hidrológico. A umidade no estado de vapor é invisível, sendo

as nuvens (foto 5) um conjunto de aerossóis visíveis de microgotícolas de água, mais

Foto de Carlos de Barros Ramos


umidade, e, dependendo da região e estação do ano, partículas de gelo (TUCCI, 2004, cap. 2,

p. 35).

Foto 5: Formação de Nuvens a 10 km de altura, Recife-PE, 2006.


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2 O CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico é o mecanismo dinâmico que propicia toda a circulação da água na

Terra através da evaporação, condensação, precipitação e infiltração. Não existe uma

seqüência ordinal no ciclo, tanto que alguns autores, como Tucci (2004), o “iniciam” pela

condensação e outros, como Villela (1975), pela evaporação.

Para melhor compreensão deste ciclo pode-se visualizá-lo como tendo início com a
Fonte: TEIXEIRA, Wilson [e outros]. Decifrando a Terra.

evaporação da água dos oceanos. O vapor resultante é transportado pelo movimento das

massas de ar. Sob determinadas condições o vapor é condensado formando as nuvens, que,

por sua vez, podem resultar em precipitação. Pode-se destacar e resumir o ciclo hidrológico

da seguinte maneira: circulação da água do oceano através da atmosfera para o continente,

infiltração e retorno, após detenção em vários pontos, para o oceano, através de escoamentos

superficiais ou subterrâneos e, em parte pela própria atmosfera (Figura 4) (VILLELA, 1975,

p.1, p.2).

Figura 4. O Ciclo Hidrológico.


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O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre a

superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar

associada à gravidade e à rotação Terrestre. Pode-se começar a descrever o ciclo hidrológico a

partir do vapor de água presente na atmosfera que, sob determinadas condições

meteorológicas, condensa-se, formando microgotícolas de água que se mantêm suspensas no

ar devido à turbulência natural. O agrupamento das microgotícolas, que são visíveis, com o

vapor de água, que é invisível, mais eventuais partículas de poeira e gelo, forma um aerossol

que é chamado de nuvem ou de nevoeiro, quando se forma junto ao solo. Através da dinâmica

Foto de Carlos de Barros Ramos


das massas de ar acontece a principal transferência de água da atmosfera para a superfície

terrestre, que é a precipitação (Foto 6).

Foto 6: A Precipitação (chuva). Base Aérea de Recife-PE, 2006.

A água que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo é um meio poroso, há

infiltração de toda precipitação que chega ao solo, enquanto a superfície do solo não se

satura. Em qualquer tempo e local por onde circula a água na superfície terrestre, seja nos

continentes ou nos oceanos, há evaporação para a atmosfera, fenômeno que fecha o ciclo

hidrológico (TUCCI, 2004, cap. 2, p.36).


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2.1 FASES DO CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico é constituído por quatro fases básicas: a evaporação, a condensação, a

precipitação e a infiltração. Cada fase possui suas peculiaridades que ao final culminará com o

início do seguinte.

2.1.1 Evaporação e Evapotranspiração

2.1.1.1 Evaporação

Villela (1975, p.82) define evaporação como a perda d’água para a atmosfera de uma

superfície líquida (ou sólida saturada) exposta livremente às condições ambientais.

Segundo Pinto (1976, cap.5, p.56), evaporação é o conjunto dos fenômenos de

natureza física que transforma em vapor a água da superfície do solo, a dos cursos de água,

lagos reservatórios de acumulação e mares.

Pela teoria cinética, considera-se que um certo número de moléculas com energia

maior do que a energia média para uma dada temperatura, e com energia suficiente para

vencer as forças atrativas provocadas pelas outras moléculas está sempre quebrando a

estrutura molecular na superfície da água líquida, com mudança de fase para o estado de

vapor (RIGHETTO, 1998, p. 119).

2.1.1.2 Transpiração

Perda de água para atmosfera em forma de vapor, decorrente das ações físicas e

fisiológicas dos vegetais (através dos estômatos) (VILLELA, 1975, p.82).


25

Transpiração é a evaporação devida à ação fisiológica dos vegetais. As plantas, através

de suas raízes, retiram do solo a água para suas atividades vitais. Parte dessa água é cedida à

atmosfera, sob a forma de vapor, na superfície das folhas (PINTO, 1976, cap.5, p.56).

2.1.1.3 Evapotranspiração

Para Villela, (1975, p.84), evapotranspiração é o conjunto evaporação do solo mais

transpiração das plantas. Os fatores que influenciam a evapotranspiração são aqueles já

citados, inerentes à evaporação e transpiração.

Para Pinto, (1976, cap.5, p.56), o conjunto das duas ações (evaporação e transpiração)

denomina-se evapotranspiração.

Em solos vegetados, o processo combinado de evaporação pela superfície do solo e

transpiração pelas plantas é chamado de evapotranspiração (RIGHETTO, 1998, p. 125).

2.1.2 Condensação

Villela (1975, p.41), define a condensação como o ar úmido das camadas baixas da

atmosfera é aquecido por condução, torna-se mais leve que o ar das vizinhanças e sofre uma

ascensão adiabática. Nessa ascensão ele expande e se resfria na razão de 1ºC por 100m

(expansão adiabática seca) até atingir a condição de saturação (nível de condensação). A

partir desse nível, em condições favoráveis, e com a existência de núcleos higroscópicos, o

vapor d’água condensa, formando minúsculas gotas em torno desses núcleos.

Segundo Pinto (1976, cap.2, p.7), a ascensão do ar provoca resfriamento que pode

fazê-lo atingir o seu ponto de saturação, ao que se seguirá a condensação do vapor de água

em forma de minúsculas gotas que são mantidas em suspensão, como nuvens ou nevoeiros.
26

2.1.3 Precipitação

Villela (1975, p.40), classifica a precipitação em geral como o termo de todas as

formas de umidade emanadas da atmosfera e depositadas na superfície terrestre como chuva,

granizo, orvalho, neblina, neve ou geada.

Para Pinto (1976, cap.2, p.7), entende-se por precipitação a água proveniente do vapor

de água da atmosfera depositada na superfície terrestre de qualquer forma, como chuva,

granizo, orvalho, neblina, neve ou geada.

Os fenômenos atmosféricos de precipitação ocorrem quando a condensação de vapor

d’água, com formação de nuvens, é suficientemente intenso e acompanhado de movimentos

das partículas de água, de maneira a ocorrer aglutinação de gotículas e formação de corpos

d’água com massas suficientes para serem precipitados (RIGHETTO, 1998, p. 137).

2.1.4 Infiltração

“Infiltração é o processo pelo qual a água penetra nas camadas superficiais do solo e

se move para baixo, em direção ao lençol d’água” [Wisler e Brater (8)] (VILLELA, 1975,

p.68).

Pinto (1976, cap.4, p.44), denomina de infiltração ao fenômeno de penetração da água

nas camadas de solo próximas à superfície do terreno, movendo-se para baixo, através dos

vazios, sob a ação da gravidade, até atingir uma camada-suporte, que a retém, formando então

a água do solo.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi observado no decorrer deste trabalho, a água está presente nas suas três fases

em todo o planeta (oceanos, geleiras, rios, lagos, atmosfera e etc), embora sua maior parte,

97,5%, seja salgada e imprópria para o uso direto.

O ciclo hidrológico seria, então, um “motor gerador da vida”, pois é a partir dele que a

água pode chegar aos mais diferentes lugares, tornando-se, em maior ou menor escala,

acessível aos seres vivos, dentre eles o homem. Estando presente e tornando possível uma

série de outros ciclos.

O ciclo hidrológico não é uniforme em sua distribuição; há lugares onde a evaporação

é maior ou menor que outros, mas ele ocorre em toda a Terra, basta haver água em qualquer

dos estados em contato com a atmosfera para que ele ocorra. Até mesmo as geleiras dos pólos

fornecem água por sublimação ao ciclo.

Sabe-se que sem água não existiria vida. Mas além da necessidade fisiológica a

humanidade a utiliza de diversas formas. Seu desperdício, poluição de rios e lagos, entretanto,

tem levado a uma redução cada vez maior da quantidade de água doce disponível no planeta,

com grandes conseqüências para todos.

Certamente agora o aluno compreende e é capaz não só de descrever os estágios do

ciclo, como também entender a sua importância para o homem e para a Terra.

Sabendo da importância da água, a criança de hoje, será, quem sabe, um governante

mais consciente ecologicamente amanhã, lutando por uma melhor qualidade das águas e,

conseqüentemente, da vida.
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REFERÊNCIAS

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BIGARELLA, José João; SUGUIO, Kenitito. Ambiente Fluvial.Ed. UFPR. Curitiba. 1979.

BRANCO, Samuel Murgel [e outros], Hidrologia Ambiental. Ed. Udusp. 1991

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Disponível


em:www.mec.gov.br/sef/estrut2/pcn/pdf/geografia.pdf. Acesso em: 30 Jan 2007, às 16:20h.

PINTO, Nelson L. de Sousa [e outros]. Hidrologia Básica. Ed. Edgard Blücher. São Paulo.
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RIGHETTO, Antonio Marozzi. Hidrologia e Recursos Hídricos. EESC / USP. São Carlos.
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2004.

VILLELA, Swami Marcondes; MATTOS, Arthur. Hidrologia Aplicada. São Paulo, McGraw-
Hill, 1975.
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PLANO DE AULA
Escola Estadual: Bartolomeu de Gusmão Disciplina: Geografia Data: 20/02/2007
Série: 7ª Professor: Carlos de Barros
Assunto: Ciclo Hidrológico
Justificativa da Disciplina: A disciplina Geografia aborda a dinâmica
do espaço geográfico natural e humanizado, possibilitando aos alunos
compreenderem essa dinâmica à sua volta. O estudo do ciclo Hidrológico
e sua relação, importância para a vida no planeta, são necessários para
que o alunado entenda que os recursos naturais e o homem se interagem.

OBJETIVOS CONTEÚDO PROCEDIMENTO RECURSOS DE APOIO PROCEDIMENTOS DE


PROGRAMÁTICO METODOLÓGICO DIDÁTICO AVALIAÇÃO
OBJETIVO GERAL:  A Água (2 min);  Aula expositiva  Uso do retroprojetor;  Os alunos serão
 Fazer o aluno  Composição da avaliados pela
perceber a relação do Água (2 min);  Recursos de imagem  Quadro de giz; participação nas
homem e o ciclo  Origem da água no aulas e capacidade
hidrológico e, a planeta Terra (2  Uso de mapas; de compreensão do
importância deste min); assunto;
para a vida no  Quantificação geral  Excursão Didática.
planeta. dos fluxos e reservas  Aplicação de
de água (5 min); exercícios sobre o
OBJETIVOS ESPECIFICOS:  Oceanos e Mares (2 conteúdo da aula;
 Compreender o min);
conceito do ciclo  Rios e Lagos (2  Confecção de um
hidrológico e suas min); texto, em grupo de
partes;  Geleiras (1 min); cinco alunos, sobre a
 Entender a  Atmosfera (3 min); excursão.
importância do ciclo  O Ciclo Hidrológico
para o homem (15 min);
 Fases do ciclo (10
min): evaporação;
condensação;
precipitação e
infiltração.
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