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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ANÁLISE DO DESEMPENHO HIGRO - TÉRMICO NAS FACHADAS


– ESTUDO DE CASO

Disciplina: Inovação Tecnológica em Vedações Verticais


Prof.: Fernando Barth
Autor: Simara Callegari
Florianópolis, Setembro de 2005
CAP 01 – INTRODUÇÃO

Qualidade deve ser associada a uma nova cultura a ser implementada, pois
compreende o entendimento, a aceitação e a prática de novas atitudes e valores
que devem ser incorporadas definitivamente no dia-a-dia da construção civil. A
qualidade deixou de ser um ponto abstrato nas discussões e decisões.
Atualmente é um indicador para se obter melhor relação custo-benefício e para
abreviar prazos de entrega de insumos e serviços. Isto é que faz o diferencial
entre as empresas competitivas das restantes.
A compatibilização compõe-se em uma atividade de gerenciar e integrar
projetos afins, visando o perfeito ajuste entre os mesmos, conduzindo para a
obtenção dos padrões de controle de qualidade de determinada obra. Tem como
objetivo minimizar os conflitos entre os projetos inerentes à determinada obra,
simplificando a execução, otimizando a utilização de materiais, tempo e mão de
obra, bem como as posteriores manutenções.
As edificações devem atender a requisitos e critérios de desempenhos
térmicos que satisfaçam o conforto dos seus usuários. Esse desempenho pode
ser sistematicamente avaliado através do uso de diversas ferramentas adequadas
as conferências de controle de qualidade, dentre as quais se baseia nas Normas
para avaliação do ambiente construído.
O desempenho térmico da edificação pode servir como subsídio nas
atividades preliminares de projeto, apresentando correlações entre características
arquitetônicas de fachada e de consumo energético.
Os resultados da avaliação pós – ocupação de obras existentes são
fundamentais e devem ser utilizadas juntamente com a análise crítica do projeto
do empreendimento em questão, antes da liberação deste projeto para a sua
execução. Esta análise enfoca e verifica a compatibilização entre os diversos
materiais empregados. Auxiliando no lançamento do produto futuro,
acompanhando as expectativas dos consumidores, as ondas mercadológicas e as
tendências de uso para só então arrecadar informações que auxiliam nas
diretrizes de um projeto e uma obra eficaz.

OBJETIVO:

Analisar e comparar o desempenho higro-térmico nas fachadas através de três


estudos de caso.

JUSTIFICATIVA:

• Necessidade de melhorar o desempenho das fachadas


• Necessidade de redução do consumo energético
• Importância da análise do desempenho térmico de vedações pré-
fabricadas
• Garantir a qualidade no projeto e na obra

MÉTODO/ ANÁLISE:

1. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS E ARQUITETÔNICAS: -


Levantamento (especificações materiais, desenhos, imagens).
2. ANÁLISE DE DESEMPENHO: - Conceitos básicos e cálculos. Análise do
desempenho térmico da fachada dos shoppings através das Normas
Técnicas vigentes Brasileira NBR 15220 e higro-térmico Espanhola NBE-
CT-79.

3. ANÁLISE COMPARATIVA: Elaboração de quadros comparativos de


desempenho entre os estudos de caso e as normas especificas.

4. PROPOSTA INTERVENÇÃO: - Melhorias ou troca de materiais se


necessário.

Este trabalho será embasado em estudo de casos para que se analise o


desempenho Higro – Térmico de uma parte da seção das vedações verticais.
Seção esta que predomina em cada um dos empreendimentos.

CAP 02 – CARACTERÍSTICAS

Os edifícios escolhidos são três shoppings centers em construção no Estado


de Santa Catarina, sendo eles: Shopping Santa Mônica e Shopping Florianópolis
localizados na cidade de Florianópolis, e Farol Shopping localizado na cidade de
Tubarão. Para cada unidade usaremos as seguintes convenções:
SA- Shopping A
SB- Shopping B
SC- Shopping C

Shopping Santa Mônica

O sistema construtivo para este edifício é composto por estruturas e painéis


de fachadas pré-fabricadas em concreto, conforme mostra a figura 1.
As fachadas deste empreendimento possuem três tons de cores que foram
utilizados na composição arquitetônica: branco, marfim e castanho. As peles de
vidro localizadas nas fachadas da Avenida Beira-mar Norte e Madre Benvenuta
são utilizadas para quebrar a monotonia e criar diversidade compositiva na
edificação. A figura 2 ilustra uma perspectiva do empreendimento.
As fachadas são produzidas em GRC (Glass Reinforced Concrete), com
utilização de fibra de vidro AR (resistente aos álcalis) com moldes metálicos
através do método spray-up. Neste empreendimento foram utilizados painés tipo
stud frame por representarem economia e leveza na vedação.

Figura 1 – Obra na etapa da estrutura Figura 2 – Perspectiva do empreendimento


Os painéis deste estudo de caso possuem uma camada com acabamento
superficial com aproximadamente 1mm de espessura que não possui fibra de
vidro, seguida de uma camada com 13mm de espessura de GRC.
Para garantir a estabilidade estrutural do sistema construtivo um bastidor
metálico é incorporado a placa de GRC.
Os painés de GRC são fixados a estrutura em seis pontos por meio de
cantoneiras parafusadas. Furos ablongos são necessários para garantir
expansões e retrações por variações de umidade e temperatura evitando tensões
excessivas e fissurações.
As juntas nos painéis pré-fabricados são importantes para garantir
estanqueidade a água e ao ar. As juntas de fachadas normalmente são seladas
com silicone ou poliuretano, pelo fato destes materiais apresentarem grandes
elasticidades.
Para impedir que os gases e chamas passem de um andar para outro foi
descriminada uma camada com blocos de concreto celular com 10cm de
espessura por possibilitar uma resistência ao fogo e 120 minutos. Outro fator que
contribuiu para a escolha deste bloco foi a baixa condutividade térmica do mesmo
proporcionada pelos poros cheios de ar. Os blocos foram posicionados no
alinhamento interno dos pilares, pois as lajes alveolares protendidas não
suportam cargas na borda.
As camadas da vedação vertical se dispõem como na figura 3.

Figura 3 – corte perspectivado mostrando as diversas camadas da vedação com painéis


pré-fabricados em GRC.
Shopping Florianópolis

O SB adotou na estrutura uma construção mista, intercalando Pré-


fabricados com estruturas moldadas “in loco”. Diferentemente do edifício anterior
este shopping utiliza blocos de concreto na sua vedação com acabamento em
revestimento cerâmico. Os blocos de concreto vazados possuem duas câmaras
de ar com 9 cm de espessura. Cuidados no projeto e na execução de fachadas
com revestimentos cerâmicos devem ser tomados para minimizar problemas
patológicos, tais como correta especificação do sistema em projeto, aplicação
correta das placas cerâmicas, assim como técnicas de execução e condições
climáticas.

Figura 4 – Estrutura em obras Figura 5 – Perspectiva empreendimento

Uma desvantagem deste sistema em relação aos pré-fabricados está


relacionada aos prazos de execução. Apesar de o bloco ser um elemento
industrializado, o seu assentamento é executado de forma artesanal, levando
muito tempo e gasto com mão de obra além dela ser diversificada e desperdício
de material.
As camadas da vedação vertical são dispostas conforme mostra figura 6.

Figura 6 – corte perspectivado mostrando as diversas camadas da vedação executada com


blocos de concreto estruturais.
Farol Shopping

A idéia era de aproveitar algumas instalações como fundação, contrapiso e


até a estrutura da cobertura da antiga indústria de fumo Souza Cruz. Mas a partir
dos primeiros contatos com estes itens no local, viu-se o estado precário já que se
tratava de uma edificação de quase meio século. Abandonando esta idéia
começou a demolição e na seqüência uma nova construção.

Figura 7 – Estrutura em obras

Figura 8 – Perspectiva empreendimento

Construção esta utilizando o sistema construtivo tradicional e “in loco”. Um


dos argumentos comentados pelos engenheiros de adotar este método seria sua
tipologia de edificação térrea. Se utilizado método de pré-fabricados ou
industrializados o orçamento acrescia 20% no orçamento. Outro fator além do
orçamento seria a falta ou a variada modulação concebida pela arquitetura
proposta.
Percebe-se assim uma construção que apresenta desperdícios de madeiras
utilizadas para formas, caixarias e escoras. Além do tempo de execução,
quantidade e custo de mão de obra.
Mesmo que o empreendimento esteja seguindo os prazos de construção,
todos estes fatores oneram muito nos orçamentos.

As camadas da vedação vertical são dispostas conforme mostra figura 9.


Figura 9 – corte perspectivado mostrando as diversas camadas da vedação executada com
blocos cerâmicos furados.

CAP 03 – CONCEITOS BÁSICOS

- Desempenho Higro - Térmico: Analisa as resistências térmicas das


camadas que compõe a vedação vertical, quantificando a transmitância térmica
da mesma e as resistências à passagem de vapor de água pelas vedações.
- Resistência Superficial Interna: Resistência térmica da camada de ar
adjacente à superfície interna de um componente que transfere calor por radiação
e/ou convecção.
- Resistência Superficial Externa: Resistência térmica da camada de ar
adjacente à superfície externa de um componente que transfere calor por
radiação e/ou convecção.
- Resistência Térmica Total: Associação das diversas resistências térmicas
do componente em questão com as resistências superficiais, interna e externa.
- Transmitância Térmica: A transmitância térmica de componentes, de
ambiente a ambiente, é o inverso da resistência térmica total.

Para os cálculos do desempenho térmico foram estudados a norma NBR


15220 e a norma espanhola NBE-CT-79. Todas as normas tratam da verificação
do desempenho térmico das edificações, sendo a norma espanhola mais rigorosa
quanto aos valores máximos permitidos para o fluxo de calor. Esta norma também
faz a distinção entre vedações leves, que possuem até 200Kg/m² e pesadas,
acima deste valor. A transmitância térmica máxima admitida para as vedações
leves é menor que a equivalente para as paredes pesadas, pois as leves
apresentarem menor capacidade térmica, devido a sua reduzida massa.
As fachadas estão em constante troca de calor e umidade com o ambiente
externo. Os fatores que determinam as temperaturas externas de uma certa
localidade são a latitude e a altitude, não importando em que hemisfério esteja.
Para se fazer a comparação entre as normas brasileira e espanhola, pode-
se escolher zonas climáticas similares, pela norma nos encaixamos na zona
bioclimática 2.

A tabela 10 mostra as transmitâncias térmicas da norma brasileira e da


norma espanhola.
Transmitância
Zona Climática Transmitância Térmica global
Norma Térmica (W/m²K) (W/m²K)

NBR 15220 2 U ≤ 3,6 -


Espanhola Vedação A U ≤ 1,2
CT-79 leve 1,2 – 2,10*
Vedação A U ≤ 1,8
pesada
Figura 10 – Tabela resumo das Normas.
* Os valores da transmitância global variam em função do fator de forma e da
zona climática (f= S / V)

- Condensação superficial: É a temperatura na superfície da parede.


- Temperatura de Orvalho na Superfície da Parede: Melhor temperatura de
condensação. Umidade relativa interna: 75%. Pela carta psicrométrica** acha-se
a temperatura de orvalho, que é de 12,94°C e a umidade absoluta C1 = 9,6 g/kg
de ar seco.
- Condensação intersticial: Estabelecer a contribuição no rebaixamento da
temperatura de cada componente da vedação. Temperatura externa 13,3°C, com
umidade relativa do ar em 95%.
- Resistividade: Resistência à passagem de vapor de água, estabelece a
contribuição da permeabilidade ao vapor de água de cada componente da
vedação.
**Carta psicrométrica em anexo

CAP 04 – CÁLCULOS HIGRO - TÉRMICO

Os cálculos das resistências térmicas são feitos como exemplos mostrados


na norma NBR 15220, seguindo da escolha das diferentes seções, calcula-se a
resistência térmica de cada uma das seções. Posteriormente faz-se a ponderação
entre elas, a ponderação total e a resistência térmica total e sua função inversa
que é a transmitância.
Os cálculos higro são feitos como exemplos mostrados na norma espanhola
CT-79, a partir destes resultados e monta-se o gráfico em formato de perfil da
parede mostrando os gradientes de temperatura do ar e da temperatura de
condensação, quando elas se cruzarem, indica que existe o risco de condensação
na vedação.
01) Fachada Shopping A

Seção de corte:

Figura 11 – corte mostrando as diversas camadas da vedação com painéis pré-fabricados


em GRC.
- Resistência Térmica na Vedação
Conforme o corte acima a vedação apresenta 56,2 cm de câmara de ar, portanto
foi adotado para esta câmara de ar o valor de 0,17 m² K/W conforme tabela B.1
do projeto de Norma Brasileira (1998).

Seção AA
Área da Face = 0,3 x 0,6 = 0,18 m²
Rta = e arg + e b con.cel. + ar + GRC
λ arg λ b con.cel.

Rta = 0,02 + 0,1 + 0,17 + 0,013


1,15 0,17 0,75

Rta = 0,0174 + 0,588 + 0,17 + 0,0173

Rta = 0,7767 (m² K) /W ------------ U = R = 1,29 W/(m²K) transmitância


1
Seção BB
Área da Face = 0,01 x 0,3 = 0,03 m²
Rtb = e arg + AR + GRC
λ arg

Rtb = 0,12 + 0,17 + 0,013


1,15 0,75

Rtb = 0,104 + 0,17 + 0,0173


Rtb = 0,2913 (m² K) /W --------------- U = R = 3,41 W /(m² K) transmitância
1
Ponderação (AA e BB)

Rp = Aa + Ab = 0,18 + 0,03 = 0,21 = 0,6274 (m² K)/W


Aa + Ab 0,18 0,03 0,2317 + 0,0103
Ra Rb 0,7767 0,2913

Seção CC
Área da Face = 0,8 x 6,5 = 5,2 m²
Rtc = e arg + e con + AR + GRC
λ λ

Rtc = 0,02 + 0,4 + 0,17 + 0,013


1,15 1,75 0,75

Rtc = 0,174 + 0,2286 + 0,17 + 0,0173

Rtc = 0,59 (m²K) /W

Ponderação Total

Pt = A Parede (9,2 x 6,5) + A Pilar


A parede A pilar
R ab R Pilar

Pt = 59,8 + 5,2 = 65 = 0,6243 (m² K) /W


59,8 5,2 95,31 + 8,81
0,6274 0,59 (104,12)

Resistência Térmica Total da Vedação de Ambiente a Ambiente

Rt = Rsi + RPar + Rse

Rt = 0,13 + 0,6243 + 0,04

Rt = 0,7943 ------------------------ U = 1 = 1,26 W (m² K) transmitância


R
- Cálculos HIGRO

Temperatura Média Mínima (Julho) = 13,3°C


Temperatura de conforto = 18°C
∆ T = 4,7 ° C

a) Condensação Superficial
Rt = Rsi + R con + Rse
Rt = 0,13 + 0,7767 + 0,04
Rt = 0,9467 (m²K) W

Q = t1 – Rsi x ∆t = 18°C – 0,13 x 4,7 = 18 – 0,645 = 17,35°C


Rt 0,9467

Temperatura de orvalho= 12,94°C


b) Condensação Intersticial

13,3°C ---------- 95% Umidade face externa


18°C ----------- 75% Umidade face Interna

∆t camada = Rn x ∆t
Rt

∆t Rsi = 0,13 X 4,7 = 0,64°C ∆t Rse = 0,04 x 4,7 = 0,19°C


0,95 0,95

∆t Reboco = 0,0174 x 4,7 = 0,09°C


0,95

∆t concreto celular = 0,0588 x 4,7 = 2,86°C


0,95

∆t AR = 0,17 x 4,7 = 0,84°C


0,95

∆t GRC = 0,0173 x 4,7 = 0,08°C


0,95

Resistividade (umidade 100%)

Rv = ϕ x e

Rv Reboco = 100 MNs/g x m x 0,02 = 2 MNs/g

Rv Concreto Celular = 77 x 0,1 = 7,7

Rv AR = 5,5 x 0,562 = 3,09

Rv GRC = 30 x 0,013 = 0,39

RV Total = 13,18 MNs/g

∆C = Rvn x ∆C ∆C = 75% (-) 95% (gráfico psicrométrico)


9,63 (-) 9 = 0,63 g/kg

∆C argamassa = 2 X 0,63 = 0,1 g ---------- 13,16°C


13,18

∆C concreto celular = 7,7 X 0,63 = 0,37 g ------ 12,75°C


13,18

∆C AR = 3,09 x 0,63 = 0,14g ----------- 12,54°C


13,18
∆C GRC = 0,39 x 0,63 = 0,02 g ----------- 12,54°C
13,18

Figura 12 – perfil mostrando as diversas camadas da vedação com painéis pré-fabricados


em GRC.
18°C – 13,3°C = Linha da Temperatura do Ar
13,50°C – 12,54°C = Linha de Condensação

Este sistema de vedação vertical é considerado leve possuindo massa de


140 kg/m², onde o máximo pela norma espanhola seria de até 200 kg/m².
A transmitância satisfaz a norma brasileira e apresenta valor próximo ao
limite estabelecido pela norma espanhola de U ≤ 1,20, neste estudo de caso a
transmitância foi 1,26 W (m² K).
Pela norma espanhola fazendo-se os cálculos Higro não há condensação na
fachada e nas suas camadas.
02) Fachada Shopping B

Seção de corte:

Figura 13 – corte mostrando as diversas camadas da vedação executada com blocos de


concreto estruturais.

- Resistência Térmica na Vedação

Rt = Rsi + e arg + e b con. estr. + ar + e b con. estr. + e arg + e arg. colante + e cer. + Rse
λ arg λ b con. estr.. λ b con. estr. λ arg λ arg. colante λ cer.

Rt = 0,13 + 0,02 + 0,025 + 0,17 + 0,025 + 0,02 + 0,005 + 0,008 + 0,04


1,15 1,75 1,75 1,15 1,15 0,90

Rta = 0,41 (m² K) / W ------------ U = R = 2,44 W / (m² K) transmitância


1
- Cálculos HIGRO

a) Condensação Superficial

Q = t1 – Rsi x ∆t = 18°C – 0,13 x 4,7 = 18 – 0,645 = 17,35°C


Rt 0,41

b) Condensação Intersticial
∆t camada = Rn x ∆t
Rt
∆t Rsi = 1,47°C ∆t Rse = 0,46°C
∆t Argamassa = ______0,19°C
∆t bloco concreto = ___0,16°C
∆t AR = ____________1,95°C
∆t bloco concreto = ___0,16°C
∆t Argamassa = ______0,19°C
∆t Argamassa Colante = 0,04°C
∆t Cerâmica = _______0,1°C

TOTAL = 4,7°C
Resistividade (umidade 100%)
Rv = ϕ x e
Rv Argamassa = 2
Rv bloco concreto = 1,5
Rv AR = 0,5
Rv bloco concreto = 1,5
Rv Argamassa = 2
Rv Argamassa Colante = 0,3
Rv Cerâmica = 0,64

TOTAL = 48,44 MNs/g

∆t Argamassa = 0,15g -------------------------- 13,27°C


∆t bloco concreto = 0,11g ---------------------- 13,1ºC
∆t AR = 0,03g -------------------------------------- 13,05ºC
∆t bloco concreto = 0,11g ---------------------- 12,87ºC
∆t Argamassa = 0,15g --------------------------- 12,63ºC
∆t Argamassa Colante = 0,02g ---------------- 12,60ºC
∆t Cerâmica = 0,06g ----------------------------- 12,50ºC

Figura 14 – perfil mostrando as diversas camadas da vedação executada com blocos de


concreto estruturais.
18°C – 13,3°C = Linha da Temperatura do Ar
13,50°C – 12,50°C = Linha de Condensação

Este sistema de vedação vertical é considerado pesado possuindo massa


de 250 kg/m², onde o máximo para fachada leve pela norma espanhola seria de
até 200 kg/m².
A transmitância satisfaz a norma brasileira e não satisfaz a norma
espanhola de U ≤ 1,80, neste estudo de caso a transmitância foi 2,44 W (m² K).
Pela norma espanhola fazendo-se os cálculos Higro não há condensação na
fachada e nas suas camadas.
03) Fachada Shopping C

Figura 15 – cortes mostrando as diversas camadas da vedação executada com blocos


cerâmicos furados.

- Resistência Térmica na Vedação


* Para efeito de cálculo consideram-se os furos dos blocos cerâmicos
retangulares.

Seção AA ------ R= 0,524 (m² K) /W


Seção BB ------ R= 0,133 (m² K) /W
Ponderação = 0,2854 (m² K) /W
Seção CC ------ R= 0,009 (m² K) /W
Ponderação Total= 0,3114 (m² K) /W
Resistência Total = 0,4814(m² K) / W ------------------- U = R = 2,07 W /(m² K)
1
- Cálculos HIGRO

a) Condensação Superficial
Q = t1 – Rsi x ∆t = 26,69°C
Rt

c) Condensação Intersticial
∆t Rsi = ___________0,85°C
∆t Rse = __________ 0,26°C
∆t argamassa = ____ 0,16°C
∆t bloco cer. = ______0,28°C
∆t ar = ____________ 3,15°C

TOTAL = 4,7°C

Resistividade (umidade 100%)


Rv Argamassa = 3
Rv bloco cerâmico = 1,44
Rv ar = 0,495

TOTAL = 4,935 MNs/g


13,5°
∆C argamassa = 0,195 --------------- 13,2°
∆C bloco cer. = 0,045 --------------- 13,13°
∆C ar = 0,02 --------------- 13,10°
∆C bloco cer. = 0,045 --------------- 13,02°
∆C ar = 0,02 --------------- 13,0°
∆C bloco cer. = 0,045 --------------- 12,92°
∆C ar = 0,02 --------------- 12,9°
∆C bloco cer. = 0,045 --------------- 12,81°
∆C argamassa = 0,195 --------------- 12,5°
Total 0,63

Figura 16 – perfil mostrando as diversas camadas da vedação executada com blocos


cerâmicos furados.

Este sistema de vedação vertical é considerado pesado possuindo massa


de 212 kg/m², onde o máximo para fachada leve pela norma espanhola seria de
até 200 kg/m².
A transmitância satisfaz a norma brasileira e não satisfaz a norma
espanhola de U ≤ 1,80, neste estudo de caso a transmitância foi 2,07 W (m² K).
Pela norma espanhola fazendo-se os cálculos Higro não há condensação na
fachada e nas suas camadas.
CAP 05 – QUADRO COMPARATIVO

Transmitância
Normas
Massa Bra. Esp.
Edifício Tipo de parede U
Kg/m² Leve* Pesada*
W (m² K)
U≤ 3,60 U≤ 1,20 U≤ 1,80
Placa GRC 13mm, ar
56,2cm, bloco concreto
Não
SA celular 10cm, 140 1,26 Satisfaz -
satisfaz
argamassa 2cm.
Total= 69,5cm
Bloco concreto 14cm c/ 2
furos, ar 9cm, argamassa
Não
SB 2,0cm ambos lados, painel 250 2,44 Satisfaz -
cerâmico 8mm. satisfaz
Total= 19,3cm
Bloco cerâmicos 9 furos
redondos com e=12cm e Não
SC argamassa 1,5cm ambos
212 2,07 Satisfaz -
satisfaz
lados. Total= 15cm
Bloco cerâmicos 6 furos
Alvenaria redondos com e=10cm e Não
argamassa 2,5cm ambos
284 2,28 Satisfaz -
Conv. satisfaz
lados. Total= 15cm
Figura 15 – tabela tipo paredes, massa, transmitância.
* A Norma Espanhola faz distinção entre vedações leves e pesadas. Sendo
considerada leve até 200 Kg/m² e pesadas acima deste valor.

Onde:
SA- Shopping A
SB- Shopping B
SC- Shopping C
AC- Alvenaria Convenciaonal

CAP 06 – CONCLUSÕES

Os estudos de caso possibilitaram a análise higro – térmica das principais


seções do processo de produção das fachadas de cada empreendimento.
Avaliando os resultados observados tanto em projeto quanto em obra, abre
margem a um bom prognóstico com relação ao produto final.
As normas brasileira e espanhola possibilitam a verificação e comparação do
desempenho térmico das edificações, sendo que esta última mostrou-se mais
rigorosa quanto aos valores admitidos para o fluxo de calor nas vedações. Sendo
assim nenhuma das fachadas analisadas passaram por esta norma inclusive o
sistema convencional, como mostra o quadro comparativo.
A melhor transmitância térmica para fachadas leves foi do AS com 1,26 W (m²
K) e para fachadas pesadas SC com 2,07 W (m² K). Considerando a questão de
massa o melhor sistema é do AS com 140 Kg/m² e o sistema construtivo mais
pesado é da alvenaria convencional com 284 Kg/m². Esta última também possui a
pior transmitância entre os estudos de caso, com 2,28 W (m² K).
As vedações dos edifícios não apresentaram condensações superficiais e
intersticiais, tendo que as temperaturas não foram inferiores às temperaturas de
condensação determinadas pela norma espanhola. Observa-se, no entanto que,
para temperaturas mais baixas, por exemplo, os 3°C possíveis de serem
alcançados nas regiões mais altas e frias do Brasil, existe o risco de condensação
nas camadas internas da vedação.
As vedações mais leves e flexíveis são as preferidas dos edifícios
comerciais como no SA, por representarem montagem mais rápida, com menores
equipamentos, porém não foi adotada na maioria dos estudos de caso como no
SB e no SC. Com a demanda cada vez maior de energia para equipamentos de
aquecimento e resfriamento, a massa térmica é tida como complemento do
desempenho térmico. Edificações com muita massa térmica gastam muito tempo
para o aquecimento ou resfriamento do interior dos edifícios. Isso representa
muito desperdício de energia e conseqüentemente de dinheiro.
CAP 07 – ANÁLISE GRÁFICA

GRÁFICO COMPARATIVO ESTUDO DE CASO

300
250
200 S.A
150 S.B
S.C
100 A.C
50
0
*ESPESSURA *MASSA *TRANSMITÂNCIA

*GRÁFICO PARA ANÁLISE DAS PROPORÇÕES, SEM ESCALA.

GRÁFICO ESPESSUARA TOTAL PAREDE


(cm)

70
60
50 S.A
40 S.B
30 S.C
20 A.C
10
0
ESTUDO DE CASO
GRÁFICO MASSA (Kg/m²)

300
250
200 S.A
150 S.B
S.C
100
A.C
50
0
ESTUDO DE CASO

GRÁFICO TRANSMITÂNCIA TÉRMICA


W(m²K)

2,5
2
S.A
1,5
S.B
1 S.C
A.C
0,5
0
ESTUDO DE CASO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT – NBR 15220


“Desempenho térmico de edificações - Parte 1: Definições, símbolos e unidades.”
2005.

NBR 15220 “Desempenho térmico de edificações - Parte 2: Métodos de cálculo


da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator de
calor solar de elementos e componentes de edificações”.

CALLEGARI, S. Como a ausência de programas de qualidade e a falta de


compatibilização nos projetos interferem no resultado final da construção civil.
UNISUL, 2004.

MINISTERIO DE OBRAS PUBLICAS Y URBANISMO - NBE-CT-79 – Norma


básica de la edificación: Condiciones térmicas en los edificios. 1. ed. Madrid.
ES. Ministerio de Obras Publicas Y Urbanismo. 1979.

VEFAGO, L. H. M. Projeto de pesquisa mestrado Pós-ARQ - UFSC, 2005.


ANEXO

30

30

25

25
20

20 15
)
C

U
TB

W (g/Kg)
15

10

P: 101.424KPa 10

5
5

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
TBS (°C)

CARTA PSICROMÉTRICA

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