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Rio de Janeiro
Março de 2016
APOIO À DECISÃO POR SIMULAÇÃO DE EVACUAÇÃO DE PESSOAL
EM NAVIOS MILITARES SOB AVARIA
Examinada por:
______________________________________________
Prof. José Marcio do Amaral Vasconcellos, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Raad Yahya Qassim, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Gilberto Bruno Ellwanger, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Ronaldo Carvalho Battista, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc.
MARÇO DE 2016
Sicuro, David Leonardo Lencastre
Apoio à Decisão por Simulação de Evacuação de
Pessoal em Navios Militares sob Avaria/ David Leonardo
Lencastre Sicuro. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2016.
XIV, 144 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: José Marcio do Amaral Vasconcellos
Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Oceânica, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 130-135.
1. Apoio à Decisão. 2. Navios Militares. 3. Escape e
Abandono. 4. Avarias. 5. Simulação Computacional. I.
Vasconcellos, José Marcio do Amaral. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de
Engenharia Oceânica. III. Título.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, acima de tudo, por ter permitido que tudo isso acontecesse.
iv
ACKNOWLEDGMENTS
To the Safety at Sea team, Glasgow, UK, for their support in the simulator
adaptation phase, specially to my instructor Yasmine Hifi for the attention and
dedication in teaching on the use of simulation software, to engineers Andrzej
Jasionowski and Alistair Murphy for their dedication in teaching the necessary concepts
of Naval Engineering to carry out the damage simulations, and to the computer
professionals Phil York and Hedge Rajath for the availability to make the changes
required in the simulation program.
To all staff of Ocean Engineering Program of COPPE / UFRJ and the staff of
the Department of Naval Architecture and Ocean Engineering of the University of
Strathclyde, in particular the secretary Thelma Will, for the competence, availability and
care dispensed to my integration to the university and my family to city of Glasgow,
Scotland. This city and the Scottish people welcomed us with open arms.
To Brazilian Navy and the Science Without Borders Program for their trust to
carry out this work and the opportunity of living abroad for me and my family whose
value is priceless.
To my wife Ivana and my daughter Gislaine for the support, patience and
company in good times and in difficult moments of this period.
v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Março/2016
vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.).
March/2016
Concern for the safety in environments with concentration of people has guided
the research in evacuation simulation systems in various scenarios, such as
shoppings, stadiums, passenger ships, etc. The application of simulators that are able
to represent different environments and also considering the individual characteristics
of each occupant allow us to simulate damages to study consequences. The simulation
process is an important decision support tool to design the re-configuration of
compartments and gateways and to improve the existing evacuation procedures as
well. New rules and safety guidelines can similarly be developed by well understanding
the evacuation process.
This work develops the using of these concepts in a naval environment under
damage considering all the specifics of this type of vessel as well as the individual
characteristics of a military crew in the presence of events such as fire and flooding. A
simulation computational system was chosen to be adapted to this new application and
the results obtained in a case study of a Brazilian Navy frigate are analyzed. The
objective of this study is to test the applicability of these results to subsidize decision
support in developing operating procedures and in checking the adequacy of existing
physical plants in order to obtain a safe and reliable test environment for the
development of new projects
vii
ÍNDICE
1 Introdução .............................................................................................................. 1
1.1 Contextualização............................................................................................. 1
1.2 Áreas de conhecimento envolvidas ................................................................. 2
1.3 Motivação e Objetivo ....................................................................................... 3
1.4 Contribuições .................................................................................................. 4
1.5 Organização do Documento ............................................................................ 5
viii
5.2.2 Definição de Agentes em um Navio de Guerra .................................. 45
5.2.2.1 Novos Comandos para a Identificação de Agentes ..............46
5.2.2.2 Procedimentos Auxiliares .....................................................46
5.3 Adaptações ao Transpor uma Passagem...................................................... 48
5.3.1 Tratamento para Abrir e Fechar as Passagens .................................. 48
5.3.2 Adaptação para Uso de Escotilhões .................................................. 51
5.4 Introdução de Funcionalidades no Simulador ................................................ 52
5.4.1 O Objetivo de Render um Membro da Tripulação .............................. 52
5.4.2 O Recurso de Rota Alternativa .......................................................... 53
5.5 Adaptações para Representar o Comportamento Militar ............................... 55
5.5.1 Mudanças na Modelagem Física da Planta ....................................... 56
5.5.1.1 Modelagem Convencional ....................................................57
5.5.1.2 Modelagem Adaptada ..........................................................59
5.5.2 Definição dos Parâmetros Demográficos ........................................... 62
5.5.3 Testes Comparativos: Convencional x Adaptada ............................... 65
ix
7.1 Avaliação das Adaptações Efetuadas no Simulador ................................... 117
7.2 Avaliação das Adaptações para Representar o Comportamento Militar ...... 118
7.3 Validação dos Resultados ........................................................................... 119
7.4 Discussão dos Resultados das Simulações ................................................ 121
7.4.1 Discussão dos Aspectos Técnicos ................................................... 121
7.4.2 Discussão dos Aspectos Decisórios ................................................ 124
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo híbrido de movimentação do agente ......................................... 32
Figura 2 - Fator de redução de velocidade vs Inclinação lateral do navio. ............. 36
Figura 3 - Representação de portas na versão anterior do EvE ............................. 50
Figura 4 - Representação de portas na versão customizada do EvE ..................... 50
Figura 5 - Representação de sinalização de saída alternativa ............................... 54
Figura 6 - Representação de rota com sinalização de saída alternativa ................ 54
Figura 7 - Modelagem convencional de compartimento ......................................... 57
Figura 8 - Compartimento côncavo e convexo ....................................................... 58
Figura 9 - Modelagem adaptada de compartimento ............................................... 60
Figura 10 - Planta de testes ................................................................................... 65
Figura 11 - Modelagem Convencional (Rota Primária)........................................... 66
Figura 12 - Congestionamento na Modelagem Convencional ................................ 67
Figura 13 - Modelagem Adaptada do Compartimento Chave................................. 68
Figura 14 - Modelagem Adaptada (Rota Primária e Saída Alternativa) .................. 68
Figura 15 - Formação de Fila na Modelagem Adaptada ........................................ 69
Figura 16 - Modelagem Adaptada Completa .......................................................... 69
Figura 17 - Formação de Fila e Escolha de Rota na Modelagem Adaptada ........... 70
Figura 18 - Gráfico de congestionamento no Compartimento Chave (Teste 1) ...... 71
Figura 19 - Gráfico de congestionamento no Compartimento Chave Adaptado ..... 72
Figura 20 - Fragata da Classe "Niterói" .................................................................. 74
Figura 21 - Fragata da Classe "Niterói" em modelo 3D gerado no EvE.................. 76
Figura 22 - Outra forma de apresentação do modelo 3D ....................................... 76
Figura 23 - Desenho do casco gerado no programa PolyCAD ............................... 78
Figura 24 - Desenho do casco com compartimentação interna.............................. 79
Figura 25 - Imagem do MONOLAX de simulação com avaria na proa ................... 80
Figura 26 - Imagem do MONOLAX de simulação com avaria a meia-nau ............. 80
Figura 27 - Imagem do MONOLAX de simulação com avaria na popa .................. 81
Figura 28 - Imagem para uma distribuição de temperatura gerada pelo FDS ........ 83
Figura 29 - Imagem para distribuição de CO2 gerada pelo FDS............................. 83
Figura 30 - Pontos de congestionamento no Caso 1 (Doutrina Vigente) ................ 89
Figura 31 - Histórico de congestionamentos no Caso 1 ......................................... 89
Figura 32 - Pontos de congestionamento no Caso 2.............................................. 92
Figura 33 - Histórico de congestionamentos no Caso 2 ......................................... 93
xi
Figura 34 - Pontos de congestionamento no Caso 3 (Proposta 1) ......................... 95
Figura 35 - Histórico de congestionamentos no Caso 3 (Proposta 1) ..................... 96
Figura 36 - Pontos de congestionamento no Caso 3 (Proposta 2) ......................... 98
Figura 37 - Histórico de congestionamentos no Caso 3 (Proposta 2) ..................... 99
Figura 38 - Pontos de congestionamento no Caso 3 (Proposta 3) ......................... 100
Figura 39 - Histórico de congestionamentos no Caso 3 (Proposta 3) ..................... 101
Figura 40 - Gráficos de Inclinação Lateral do Navio e Velocidade do Agente ........ 109
Figura 41 - Representação visual com avaria de alagamento ................................ 110
Figura 42 - Representação visual com avaria de incêndio. .................................... 115
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Sistemas de Evacuação - Quadro Comparativo .................................... 30
Tabela 2 - Proposta de Integração do Evi com Modelagens Hidrodinâmicas ......... 37
Tabela 3 - Proposta de Integração do Evi com Modelagens de Incêndio. .............. 40
Tabela 4 - Definição de Velocidades dos Agentes ................................................. 64
Tabela 5 - Tempos Obtidos nas Simulações Teste ................................................ 71
Tabela 6 - Quadro Comparativo dos Casos Simulados. ......................................... 102
Tabela 7 - Estado do Mar ...................................................................................... 107
Tabela 8 - Tempos de Prontificação em PA em Função do Estado do Mar ........... 108
Tabela 9 - Tempos de Prontificação em PA com Avarias de Alagamento .............. 112
Tabela 10 - Tempos de Prontificação em PA com Avaria de Incêndio ................... 116
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
AB Agent-Based
CA Cellular Automata
DV Doutrina Vigente
FD Fluid Dynamics
LG Lattice Gas
MB Marinha do Brasil
PA Postos de Abandono
PE Primary Exit
SF Social Forces
TN Tripulação Normal
xiv
1 Introdução
1.1 Contextualização
1
No entanto, outras áreas do setor naval estão despertando interesse na análise
operacional de procedimentos em situações críticas através da simulação de
evacuação. Especificamente no Brasil, a indústria petrolífera começou a dar os
primeiros passos nesta direção quando PONTE JR. (2012) discutiu a questão do
gerenciamento de riscos, a cultura de segurança e fatores humanos usando simulação
computacional para evacuação em instalações offshore.
2
1.3 Motivação e Objetivo
3
b) Obter, utilizando o simulador adaptado, resultados que permitam avaliar os
procedimentos atuais para evacuação da tripulação dos navios militares sob a
influência do estado do mar e em situações de avarias de alagamento e incêndio;
1.4 Contribuições
4
O objetivo secundário (d) permite auxílio para uma tomada de decisão visando
aprimoramentos na doutrina de segurança naval militar atual através de resultados
obtidos em simulações computacionais.
5
O Capítulo 6 é um estudo de caso no qual os modelos desenvolvidos são
aplicados a um navio específico. São explicadas as características desse navio e
relatadas as alterações e parametrizações dos modelos para o mesmo. Os resultados
obtidos em simulações de diversas situações de acordo com os objetivos que se
deseja atingir são apresentados e analisados.
6
2 Sistemas de Apoio à Decisão
Os sistemas de apoio à decisão cada vez mais têm sido utilizados em diversos
setores da atividade humana. Sempre que a quantidade de dados a serem analisados
é muito grande, com várias possibilidades de solução, podendo envolver diversas
áreas de expertise e/ou quando a exiguidade de tempo para decidir é crítica, logo se
sente a necessidade de uma ferramenta de auxílio que possa sugerir opções
confiáveis para a solução do problema.
Na indústria naval, grande parte dos sistemas de apoio à decisão têm sido
utilizados na área de projetos que atualmente é conhecida sob a nomenclatura
internacional de Design for Safety e Risk-Based Ship Design. O foco em segurança vai
ao encontro das expectativas da sociedade atual que está atenta ao seu bem estar e à
segurança nos transportes marítimos, bem como aos efeitos de acidentes marítimos
que afetam pesadamente o meio-ambiente. Além do aspecto social, há também o
aspecto econômico no qual as ferramentas computacionais de apoio à decisão
auxiliam na maximização da segurança e na minimização do custo de produção na
construção dos novos navios.
7
de transporte. Um grupo de trabalho foi criado em 1997 para coordenar e alinhar
projetos europeus relacionados com segurança naval, a maioria financiada pela EU-
Comission. O tema principal abordado foi chamado de Design for Safety, tendo como
objetivo integrar aspectos de segurança em todos os processos envolvidos no projeto
dos navios.
8
Especificamente na área militar, não foram encontradas referências em outras
marinhas sobre a utilização de sistemas de apoio à decisão relacionadas com estudos
de movimentação de pessoal a bordo, provavelmente devido ao sigilo envolvido. No
entanto, a Marinha do Brasil já tem um histórico de utilização desse tipo de sistema
desde 1999. A MB possui um sistema de apoio à decisão incorporado ao Sistema de
Controle de Avarias (SCAV) em vários navios da frota. O SCAV é um sistema
computacional embarcado para monitoração e controle de avarias. Um módulo de
apoio à decisão do SCAV, conhecido como SAD, é responsável pela geração de rotas
para a movimentação de pessoal a bordo em função do contexto atual do navio. O
principal propósito do SAD é sugerir uma rota otimizada para transferir um ferido de
qualquer ponto do navio a um destino escolhido, levando-se em conta o estado atual
de cada compartimento e de cada passagem (porta, escotilhão, etc.), com base na
monitoração de sensores instalados a bordo. O SAD também sugere rotas para a
extração de fumaça, considerando a possibilidade de fechamento e abertura de
passagens para a formação de um canal de extração, bem como o estado de
equipamentos de extração e ventilação de bordo. O SAD tem operação online e pode
ser acessado em rede para atender a consultas a partir de diversos pontos do navio. O
SAD foi totalmente desenvolvido pela MB, com o apoio do Departamento de
Computação Científica da Naval Postgraduate School (NPS), Monterey, USA
(SICURO et al., 2000).
9
3 Navios Militares - Definição do
Problema
Neste capítulo serão abordadas as especificidades do navio militar que servirão
de diretrizes para a adaptação a ser implementada no sistema de simulação do caso
civil. Também serão abordadas as normas de certificação de procedimentos
relacionados com o abandono de embarcações civis e militares, além de uma breve
visão da realidade da Marinha do Brasil no que diz respeito a sua frota atual.
10
menores velozes e com grande poder de destruição. Os pesados encouraçados e
cruzadores praticamente foram extintos. As fragatas e as corvetas passaram a
assumir o papel de escolta para a proteção da nau capitânia e dos navios de apoio,
como os navios de desembarque de tropas e os navios-tanque.
11
Atracado no porto;
Em "Abastecimento no Mar";
Em "Cruzeiro de Paz";
Em "Cruzeiro de Guerra";
Em "Postos de Combate"; e
12
3.1.4 Características da Tripulação
Para efeito de salvamento e/ou destruição do navio, o GSD deve contar com
pessoal habilitado a executar as seguintes tarefas: alijar pesos; realizar escoramento,
tamponamento e fixação de volumes; aparelhar o navio para um reboque; corrigir a
banda e compasso (manobra com a carga líquida); operar equipamentos de corte e
solda; reparar redes elétricas; prestar primeiros socorros; estabelecer comunicações
rádio e visuais; e utilizar explosivos.
13
Um documento que bem distingue esta duas etapas é a norma ISO 13702 (ISO
13702, 1999), a qual discorre sobre o controle e extinção de incêndios e explosões em
instalações de produção offshore. Segundo a norma, a etapa de escape está
associada ao ato das pessoas se afastarem de perigos iminentes (fogo, fumaça, risco
de explosão, etc.), dirigindo-se para um local onde os efeitos desses perigos sejam
reduzidos ou eliminados, mas ainda dentro do cenário do acidente. A etapa de
abandono sugere uma mudança de cenário: seja para uma situação de segurança ou
mesmo para um cenário de risco secundário, como por exemplo, sobrevivência no
mar, desde que este segundo cenário esteja fora da influência do cenário do acidente
que provocou a evacuação.
14
Anexo A) foi adaptado do documento (US NAVY, 1993), na seção "MOG-S-7-SF -
Preparation for Abandon Ship", com a finalidade de verificar o treinamento dos
militares durante a evacuação do navio. Com base em outro documento de acesso
ostensivo da MB, o “Manual de Sobrevivência no Mar” (CAAML, 2007), o abandono
pode ocorrer dentro de três situações relacionadas diretamente à reserva de
flutuabilidade do navio e à extensão da avaria: afundamento possível, provável e
iminente.
15
sob a sua responsabilidade, sendo acondicionados e transportados para a
embarcação do GSD;
16
7- somente após esta ordem são lançadas ao mar as embarcações de
sobrevivência, nelas embarcando o pessoal. As embarcações destinadas ao GSD
permanecem amarradas ao navio e as demais se afastam das proximidades do navio,
agrupando-se na medida do possível;
17
modelos de evacuação de navios, com o objetivo de investigar cenários de referência
adicionais para serem usados em análises de certificação. Todos esses movimentos
demonstram uma preocupação da comunidade internacional no aprimoramento dos
sistemas de simulação como ferramenta de apoio à decisão para o aperfeiçoamento
de normas e procedimentos de segurança naval civil.
18
Command) da US Navy datados da década de 90 (US NAVY, 1993). Estes
documentos foram incorporados a nossa doutrina através de um "Ato de Adoção"
assinado pelo comandante do Comando de Operações Navais em 2003. No entanto,
dependendo da origem do navio e de certas particularidades operacionais, nem
sempre todos os procedimentos podem ser adotados conforme o padrão americano.
Assim sendo, as normas e procedimentos do navio recém adquirido são traduzidos e
adaptados a nossa realidade operacional e são incorporadas à doutrina da MB. Como
se pode ver, estas circunstâncias levam a um conjunto heterogêneo de normas e
procedimentos sem uma identidade nacional ou internacional padronizada. Além
disso, se houver uma proposta de aperfeiçoamento de um determinado procedimento
sugerido pelo setor operacional de um navio, esta nova proposta é avaliada e, se
considerada benéfica, pode passar a ser adotada em diversos níveis, de acordo com a
sua abrangência e generalidade. Ou seja, o novo procedimento pode passar a valer
apenas para todos os navios da mesma classe, ou mais genericamente para todos os
navios da Força de Superfície, e assim por diante.
Navio Aeródromo São Paulo, construído na França entre 1957 e 1960, com
tripulação de 1030 homens mais 670 da operação aérea;
19
Fragatas da Classe "Niterói", de projeto inglês e parte da construção entre
Brasil e Inglaterra entre 1960 e 1970, com tripulação média de 217 homens;
Como visto na seção anterior, as datas dos projetos dos navios relacionados
como alvo para uma análise de abandono são da década de 80 para trás. Nesta
época, os projetos de navio tinham como foco principal a eficiência funcional operativa.
Aspectos relacionados à segurança da tripulação, como uma possível evacuação do
navio, eram difíceis de prever sem a disponibilidade de um simulador. Hoje em dia,
especialmente nas marinhas com mais recursos e com capacidade de projetar seus
próprios navios, o projeto voltado para a segurança (área da engenharia naval
conhecida internacionalmente como "Risk-Based Ship Design") passou a ter uma
importância maior (PAPANIKOLAOU, 2009).
20
Falar em projeto voltado para a segurança em marinhas com poucos recursos
poderia ser um tema um tanto inaplicável já que pouco se faz nesta área, uma vez que
a maioria dos navios com grande capacidade são antigos, com projetos estrangeiros e
comprados de outras marinhas. No entanto, as necessidades de modificação destes
navios para torná-los atualizados são frequentes, fazendo com que diversos setores
do navio passem por um re-projeto para receber um novo armamento ou um sensor
mais moderno. A maior reforma efetuada de forma sistemática pela MB teve como
alvo as Fragatas da Classe "Niterói", iniciada no final da década de 90. Os navios
desta classe cumpriram um extenso programa de modernização, conhecido como
Projeto ModFrag, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
21
4 Sistemas de Simulação de
Evacuação
A possibilidade de acidentes tais como incêndios, ameaças de bombas,
vazamentos de gás em recintos fechados como teatros, shoppings, estádios, sempre
assustaram os seres humanos. Erros na escolha dos caminhos para as saídas,
dificuldade em superar obstáculos, tanto quanto o próprio comportamento humano em
situações de pânico podem provocar graves consequências à integridade física dos
indivíduos na tentativa de salvar as próprias vidas. Diante disso, surge o seguinte
problema: como evacuar um grupo de pessoas de áreas perigosas considerando as
restrições físicas da planta de um dado cenário e as restrições de tempo para evitar
danos físicos ou mortes? Devido à dificuldade na obtenção de dados em evacuações
reais que pudessem levar a conclusões de como melhorar a geometria dos ambientes,
passagens e procedimentos para otimizar o tempo de saída das pessoas, há cerca de
duas décadas, a comunidade científica passou a pesquisar e desenvolver formas de
simular a evacuação de ambientes.
22
pessoais de cada indivíduo, tais como, idade, sexo, habilidades,
deficiências, conhecimento do ambiente, liderança e até comportamentos de
fundo psicológico.
A seguir, uma descrição sucinta de cada uma das sete técnicas de modelagem
aqui consideradas.
23
Modelagem em Rede Gasosa (Lattice Gas Models - LG)
o indivíduo pode ser atraído por outras pessoas (por exemplo, amigos e
familiares) ou objetos (por exemplo, janelas e portas).
24
tratar a heterogeneidade de um grupo e, por ser um sistema contínuo, ter uma
complexa implementação computacional.
25
A modelagem AB consiste da interação dinâmica de agentes com “poderes de
decisão”. É como se tivéssemos um sistema baseado em regras e fatos, isto é, um
sistema especialista “rodando” em cada agente no qual podemos configurar
características que podem tornar este agente mais ou menos apto a lidar com uma
situação apresentada. Esta interação consegue criar uma complexidade que torna o
sistema de simulação muito parecido com a realidade. Os agentes, agindo como
sistemas especialistas, ganham inteligência e propósito em suas ações. A localização
de cada agente, seu comportamento responsivo e com propósitos são codificados na
forma de algoritmos não procedurais em programas computacionais. Os algoritmos
que residem em cada agente podem ser diferentes uns dos outros (não apenas a
configuração de parâmetros), o que os torna realmente indivíduos: uns mais
inteligentes do que outros, uns mais responsivos do que outros, e assim por diante.
26
racional de escolha da ação a ser tomada, situações de confusão e pânico podem não
ser bem representadas neste tipo de modelagem. Além disso, o custo computacional
também é muito alto quando o número de participantes é grande. Provavelmente por
estas razões, este tipo de modelagem não foi muito explorado pela comunidade
acadêmica em simulações de evacuação de pedestres.
27
se mantém numa fila que não anda até retornar, arriscando outro caminho). TOYAMA
et al., (2006) combinou as técnicas de AB e CA no estudo do efeito de obstáculos
durante uma evacuação e "herding" ou “pastoreio” (pessoas tendem a seguir outras
aparentemente mais conhecedoras da solução de evasão).
Ainda por volta do ano 2000, o Fire Safety Engineering Group (FSEG) da
Universidade de Greenwich, Inglaterra, desenvolveu o sistema de evacuação
EXODUS (GALEA, 2001). Com a colaboração da companhia canadense Fleet
Technology, ganhou uma versão para navios chamada maritimeEXODUS baseada em
modelagem AB e CA, com estudos do deslocamento dos agentes sob os efeitos da
28
movimentação do navio baseados num simulador de movimentos chamado SHEBA
(BMT, 2002). O sistema de simulação maritimeEXODUS tem integração com
simulações de incêndio e representa os efeitos do calor e da toxidade dos gases nos
ocupantes do navio (CALDEIRA-SARAIVA et al., 2004).
Como pode ser observado, o início do século XXI marcou o aparecimento dos
sistemas de simulação de evacuação de ambientes baseados nas técnicas de
modelagem desenvolvidas na década anterior e existiu uma tendência para o uso de
determinadas técnicas nos principais sistemas de evacuação pesquisados. Desde as
29
suas criações, estes sistemas de simulação evoluíram em alguns aspectos, mas sem
grandes alterações nas suas essências, provavelmente por estarem ainda atendendo
aos seus propósitos. A seguir, na Tabela 1, são apresentadas as características de
três importantes sistemas da atualidade com aplicação em navios: AENEAS, Evi e
maritimeEXODUS.
Técnicas de Agent-based
Agent-based Agent-based
Modelagem Cellular Automata
Empregadas Cellular Automata Cellular Automata
Social Forces
Tipo de Grupo Heterogêneo Heterogêneo Heterogêneo
idade, sexo, tempo
Parâmetros Velocidade máx., Idade, sexo, tempo de reação, paciência,
individuais em tempo de reação, de reação, mobilidade, agilidade,
distribuição paciência, cansaço, velocidades no plano, velocidades,
probabilística coesão a grupos subindo e descendo resistência, coesão a
grupos
Capacidade de Sim Sim
criação de sub- Sim
grupos (Passageiros e (Passageiros e
(diversos)
demográficos tripulação) tripulação)
Dinâmica da
Microscópica Mesoscópica Microscópica
Movimentação
Modelagem Discreta, com grid de Discreta, com grid de
Semi-contínua
Espacial 40cm de lado 50cm de lado
Definido pelo usuário Algoritmo Dijkstra de Definido pelo usuário
Roteamento com sistema de busca de caminho com sistema de
potencial de células com custo mínimo potencial de células
Sim, baseado no Sim, baseado no
Movimentos do Sim, baseado em
Simulador simulador de
navio integrados à arquivo com dados
Hidrodinâmico movimentos SHEBA
simulação de Pitch e Roll
PROTEUS (BMT, 2002)
30
Gráficos, tabelas, Gráficos, tabelas, Gráficos, tabelas,
Saídas
visualização 3D visualização 3D visualização 3D
Análise estatística
Sim Sim Sim
de resultados
31
(CA) e contínua (SF). De modo a simplificar computacionalmente as possibilidades de
direção a serem escolhidas, um conjunto finito de direções é estabelecido para cada
agente e o objetivo do algoritmo é identificar em qual direção o agente terá a maior
progressão. Adicionalmente, um espaço pessoal contínuo é estabelecido no entorno
de cada agente, mantendo-o afastado dos obstáculos e também servindo de limitador
para a aproximação de outros agentes. Isto previne situações de conflito (deadlock)
nas quais dois ou mais agentes poderiam desejar o mesmo local como suas próximas
posições, especialmente quando a densidade de agentes naquele espaço aumenta.
Esta forma semi-contínua de modelar o espaço permite que o processo de
movimentação seja modelado com um nível mais alto de resolução espacial
(comparado com a técnica CA pura) e ainda ser capaz de rodar em tempo real ou
mais rápido, acelerando-se o tempo da simulação.
32
plataformas para extração de óleo e gás, tipo FPSO (Floating, Production, Storage and
Offloading). Esta parceria acadêmica propiciou um ambiente ideal para o
desenvolvimento conjunto das adaptações do simulador Evi para o caso militar.
Os agentes são criados para representar seres humanos. No Evi, cada agente
é individualizado através da definição de seus parâmetros demográficos (idade, sexo,
tempo de reação e velocidade) modelados como variáveis aleatórias com distribuições
de probabilidades definidas pelo usuário. Vassalos et al. (2003) diz que os atributos
psicológicos e fisiológicos dos seres humanos são quantidades não-determinísticas e
que esta imprevisibilidade inerente do comportamento humano, especialmente em
circunstâncias incomuns e estressantes, exige que este comportamento deva ser
modelado com alguma incerteza embutida. O Evi utiliza dados de experimentos reais
reconhecidos pela IMO conjugados com as devidas distribuições probabilísticas e
realiza amostragens de Monte-Carlo para derivar os valores de tempo de resposta e
velocidade para cada agente participante da simulação.
33
Os agentes são definidos como passageiros (Pax) ou integrantes da tripulação
(Crew). As simulações são montadas através de arquivos tipo texto chamados scripts.
Através destes scripts definem-se as condições iniciais da simulação, como o
posicionamento inicial dos agentes, e os objetivos de cada agente na simulação.
34
4.4.1 Evi e os Sistemas de Simulação de Avarias
35
submetida a pequenas variações de movimento sob aceleração constante, ela tem a
sua velocidade de marcha um pouco reduzida, mas consegue se adaptar à situação,
havendo uma predição do que fazer no próximo passo. É o caso de uma pessoa
andando pelo corredor de um vagão do metrô em movimento, por exemplo. No
entanto, quando a movimentação a que o indivíduo está sujeito é de pouca
previsibilidade, como os movimentos de um navio no mar, as correções que o nosso
cérebro sugere chegam atrasadas e não conseguimos antecipar os movimentos
corretamente. Isso provoca uma redução maior na velocidade porque o cérebro
prioriza a manutenção do equilíbrio do indivíduo.
36
O gráfico da Figura 2 (TSYCHKOVA, 2000) demonstra esta relação em que o
fator de redução varia de 1.0, para o ângulo de inclinação θ = 0o (sem redução), até o
valor 0.0, para o ângulo de inclinação máxima de θmáx = 20o (redução total), de acordo
com a equação no canto superior direito da mesma figura.
37
FDS como o sistema de simulação de incêndio a ser integrado ao Evi, na forma de
superposição de cenários de simulações, analogamente ao sistema Proteus 3.1.
O FDS também usa o método de arquivo texto com um script para definir todo
o cenário do que se pretende simular. O FDS representa todo o espaço em simulação
através de um reticulado tridimensional (MESH). O tamanho do elemento básico deste
reticulado pode ser definido pelo usuário no script. Quanto menor o elemento básico
do reticulado, maior o nível de detalhe da análise e, naturalmente, maior o tempo de
processamento da simulação. Cada elemento do reticulado contém as informações de
temperatura e concentração de gases conforme definido no script da simulação.
38
A equipe de desenvolvimento do simulador Evi também desenvolveu um
aplicativo chamado FDStoEvi.exe para transformar os resultados produzidos pelo
simulador FDS em um arquivo interpretável pelo Evi. Além da mudança de formato
dos dados, também foi aplicado um recurso para a redução do volume de dados
gerados. De todos os elementos do reticulado tridimensional do espaço sob
simulação, apenas é considerada uma fatia bidimensional, no plano xy (paralelo ao
chão), na altura de 1.60m, representando a altura aproximada da cabeça do agente.
39
Tabela 3 - Proposta de Integração do Evi com Modelagens de Incêndio.
Fator Descrição
40
5 Processo de Adaptação do
Simulador
Este capítulo descreve todo o processo de adaptação ao qual o sistema de
simulação foi submetido durante o desenvolvimento deste trabalho.
41
a inclusão de funcionalidades que implementasse situações preponde-
rantemente encontradas em um navio militar; e
42
oferecidos pelo sistema de simulação. Este script define o que acontecerá durante a
simulação: a tripulação é caracterizada e posicionada, objetivos são definidos para os
integrantes e eventos podem ser disparados numa escala temporal de
acontecimentos.
43
O trecho abaixo define toda a população da simulação em poucas linhas de
código. Aqui a função ClearPaxDemo limpa definições anteriores de passageiros e a
função AddPaxDemo define de uma só vez os percentuais de cada gênero que
apresentam as mesmas características de idade, tempo de reação e velocidades.
44
A definição das características demográficas dos membros da tripulação é
apresentada separadamente. Analogamente, a função ClearCrewDemo limpa
definições anteriores e a função AddCrewDemo define de uma só vez os percentuais
de cada gênero que apresentam as mesmas características de idade, tempo de
reação e velocidades.
45
5.2.2.1 Novos Comandos para a Identificação de Agentes
Note que o parâmetro número não faz sentido neste comando mas precisou ser
incluído por facilidade de implementação interna do código. Neste caso, este
parâmetro sempre deve ser definido com o valor 1.
46
Abaixo pode-se ver o exemplo de um procedimento chamado DefAgEX usado
para definir um agente do GSD numa situação de simulação de exercício de
afundamento provável. No caso o comandante do navio, do gênero masculino M, com
parâmetro de tempo de reação AT1m, posicionado inicialmente no compartimento d-1-
CrewService12, com o objetivo básico de atingir a área de abandono do navio
conhecida como MS3_Deck01_Port. A sintaxe para chamada deste procedimento para
este exemplo é mostrada abaixo:
Como se pode ver, esse novo comando tem uma estrutura semelhante aos
comandos originais apresentados anteriormente. O código em TCL deste
procedimento é descrito no Anexo C.
47
5.3 Adaptações ao Transpor uma Passagem
48
cada porta durante a modelagem da planta física no EvE e seus valores default são
zero. Assim que o agente se aproxima a uma certa distância da porta, distância esta
definida como "1 time step", função da velocidade do agente, a porta se abre em
opening time segundos. A distância de abertura da porta é calculada apenas em 2D (o
eixo z é ignorado) e o plano de rotas é construído da mesma maneira
independentemente se o status da passagem é aberto ou fechado. Neste estágio atual
de desenvolvimento desta funcionalidade considera-se que a porta se fecha
automaticamente após a passagem do agente, levando closing time segundos para
fechar completamente. No caso de um grupo de agentes desejar atravessar esta
passagem, o sistema tem inteligência suficiente para permitir a passagem de todo o
grupo antes de fechar novamente a passagem, respeitada uma distância máxima
limite de "2 time steps" entre os elementos do grupo ao se aproximar da porta.
Ultrapassado este limite de distância entre os agentes, a porta se fechará,
considerando o próximo agente como integrante de um possível novo grupo. Como foi
observado, o último agente a cruzar a passagem não permanece junto à mesma com
o intuito de fechá-la, já que ela se fechará automaticamente.
Outra alteração incluída nesta nova versão foi a inclusão dos parâmetros de
altura e elevação de uma porta. Este implemento na forma de tratar uma passagem,
embora seja bastante necessário em um navio militar devido a uma preocupação
maior com a estanqueidade entre compartimentos, contempla não apenas navios de
guerra mas todos o navios em geral, especialmente nas portas pertencentes aos
conveses mais baixos, abaixo da linha d'água. Os valores default escolhidos para
estes dois parâmetros foram: altura = 2 metros e elevação = 0 metros. O parâmetro de
elevação considera a distância em relação ao piso do convés, analogamente ao que
seria um degrau, para facilitar o entendimento. A forma de representação através da
interface gráfica também teve que ser alterada, pois na versão anterior não existia o
conceito de porta fechada. Ou a porta estava aberta ou estava bloqueada.
49
A Figura 5.1 mostra a representação na versão anterior de portas com altura
de 2m e elevação de 0m na condição bloqueada.
50
5.3.2 Adaptação para Uso de Escotilhões
A questão da inclinação da escada foi bem suportada pelo programa EvE, pois
este aceitou bem as modelagens de escadas com grande inclinação. A restrição da
inexistência do elemento de passagem escotilhão foi contornada das seguintes
maneiras:
Nos casos em que não existia a ante-sala, uma ante-sala "virtual" foi
introduzida no modelo. A porta desta ante-sala então assume as
propriedades do escotilhão real.
51
5.4 Introdução de Funcionalidades no Simulador
52
5.4.2 O Recurso de Rota Alternativa
53
Figura 5 - Representação de sinalização de saída alternativa
54
5.5 Adaptações para Representar o Comportamento Militar
55
ampla dos paradigmas comportamentais implementados na programação do código
do simulador escolhido. Assim sendo, uma nova forma de modelagem foi criada. Ela
compreende as seguintes linhas de ação:
56
5.5.1.1 Modelagem Convencional
57
A parte (a) da Figura 7 mostra um trecho da planta do convés 2 com o que se
deseja modelar: um fluxo de agentes vindos do corredor d2-corredor-01, dirigindo-se
para um compartimento maior, o d2-lobby-03, onde, na sua extremidade à ré, existe
uma escada que leva ao convés 1 acima, através do escotilhão E1. A parte (b) mostra
como normalmente se efetuaria a modelagem do compartimento d2-lobby-03,
buscando uma simplificação do modelo. Um compartimento pode ser representado no
modelo físico através de um ou mais elementos geométricos básicos (EGB)
(retângulos e/ou polígonos). Existe inclusive uma orientação no manual para usar
preferencialmente retângulos para evitar possíveis superposições de elementos
geométricos básicos, o que provoca avisos de alerta que podem reprovar o modelo
construído para uso no simulador Evi.
58
reunião de diversos elementos básicos irá então perfazer toda a área do
compartimento que se deseja representar.
59
Figura 9 - Modelagem adaptada de compartimento
Caso haja uma retenção, a fila começará a andar mais lentamente até provocar
o aumento de densidade de agentes no elemento geométrico Pol2, como podemos ver
60
na parte (d) da Figura 9. O novo modelo perceberá este aumento de densidade e
ativará um evento que tem como consequência o redirecionamento dos agentes que
estão se aproximando para outro caminho. Isto é implementado no Evi através da
seguinte combinação de comandos:
61
5.5.2 Definição dos Parâmetros Demográficos
Idade
Gênero
Tempo de reação
62
Maritime Safety Comitee, MSC.1/Circ.1238 em seu anexo 2. De acordo com este
documento, as distribuições de tempo de resposta para os cenários de referência,
baseados em dados de evacuação obtidos em avaliações reais no mar, devem ser
distribuições normais logarítmicas truncadas, da seguinte forma:
Velocidades
A configuração das velocidades foi feita tomando como base testes específicos
descritos por GLEN et al. (2003). Nesta pesquisa, medições de velocidade no plano e
em escadas com inclinação de 10 graus, utilizadas no acesso a escotilhões em navios
militares, foram realizadas, tendo-se como população alvo homens e mulheres com e
63
sem experiência com este tipo de equipamento. Militares reformados de ambos os
sexos pertencentes à Royal Navy e à Guarda Costeira foram voluntários e integraram
o grupo com experiência.
64
5.5.3 Testes Comparativos: Convencional x Adaptada
Nesta seção serão executadas simulações teste no simulador Evi para avaliar
a modelagem adaptada proposta nas seções anteriores. Uma pequena planta de
testes semelhante à utilizada na explicação da proposta será usada. Para facilitar a
apresentação, a planta de testes está contida em apenas um convés. Esta planta de
testes será modelada usando a técnica convencional adotada em navios de
passageiros e também com as adaptações propostas para representar o
comportamento do militar. O objetivo é avaliar as diferenças no comportamento dos
agentes e as variações de tempo de conclusão da movimentação programada.
65
Três situações de teste são simuladas:
1) modelagem convencional;
Teste 1:
66
Nesta simulação, o simulador Evi procura representar a situação observada em
um navio de passageiros. O dimensionamento da porta que separa o compartimento
chave do corredor de acesso principal está muito aquém do ideal para o fluxo
esperado, provocando um grande congestionamento.
Teste 2:
67
Figura 13 - Modelagem Adaptada do Compartimento Chave
68
Figura 15 - Formação de Fila na Modelagem Adaptada
Teste 3:
69
formação da fila continua favorecendo o desenrolar da movimentação. Apesar de não
haver um bloqueio na rota principal, desta vez a rota alternativa é utilizada. No
entanto, de uma maneira diferente. Como a rota principal não está bloqueada, não há
um redirecionamento total dos agentes para a rota alternativa. Alguns agentes
permanecem na fila na rota principal e alguns agentes "avaliam" que a fila está grande
e "escolhem" a rota alternativa. Como consequencia, é observada uma redução no
tempo total da movimentação, caracterizando os aspectos da tripulação militar se
comportar organizadamente e de conhecer o navio no qual servem. A redução do
tempo foi pequena, pois o caminho alternativo utilizado por alguns agentes tem trajeto
mais longo do que o trajeto principal, demonstrando que os resultados obtidos nesta
modelagem estão coerentes.
70
Tabela 5 - Tempos Obtidos nas Simulações Teste
71
Figura 19 - Gráfico de congestionamento no Compartimento Chave Adaptado
72
Na modelagem adaptada, os agentes se movimentam pelo compartimento
chave apenas pelos elementos geométricos básicos formadores da "fila forçada"
(EGB1, EGB4 e EGB6), pois apenas estes são definidos como rota primária. Desta
forma, foi necessária a apresentação de três gráficos para verificar esta informação de
congestionamento e comparar com o gráfico da página anterior.
73
6 Estudo de Caso
O navio de guerra escolhido para este estudo de caso foi uma Fragata da
Classe "Niterói", de projeto inglês, conhecido como Vosper Mk10. A classe é composta
de 6 navios: 4 construídos nos estaleiros da Vosper e 2 construídos no Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro na década de 70, com tripulação de até 217 homens. Os
navios foram lançados entre 1976 e 1980 e um dos integrantes da classe, a Fragata
Defensora, é mostrada na Figura 20.
Este navio foi especificado para ter grande autonomia operacional, com
capacidade de manter velocidades para a escolta de comboios rápidos e, quando
necessário, atingir altas velocidades. Operacionalmente, as fragatas desta classe
foram concebidas como plataformas multifuncionais, com algumas unidades com
ênfase para a guerra anti-submarino. No total, seis navios pertencem a esta classe,
74
todos com arranjos gerais bastante semelhantes apesar de terem funcionalidades ou
aplicações táticas diferenciadas.
O simulador Evi tem um módulo para a edição gráfica dos modelos a serem
utilizados nas simulações (EvE). A edição do modelo gráfico é geralmente executada
através de um trabalho de desenho de superposição à planta do arranjo geral do
navio. As plantas de cada convés são separadas e introduzidas no editor através da
importação de arquivos no formato ".dxf". Sobre a planta de cada convés é desenhada
a modelagem desejada, definindo-se os compartimentos e as passagens de
75
comunicação entre compartimentos e conveses. Uma preocupação especial se refere
à definição da escala e da origem de cada desenho, de modo que a superposição dos
desenhos dos conveses esteja perfeitamente casada, evitando problemas na
concepção total do modelo. O modelo do navio do estudo de caso foi preparado no
editor EvE utilizando-se as técnicas de modelagem propostas no capítulo 5. A Figura
21 ilustra uma visão geral desta modelagem 3D construída no editor EvE, usando o
simulador Evi.
76
A implementação das adaptações para representar o comportamento militar
dentro de um simulador idealizado para navios de passageiros ajudou muito no
aprendizado da utilização do editor de modelos físicos 3D EvE e do simulador Evi, dos
quais procurou-se obter o máximo possível dentro das suas possibilidades. Fazer com
que essa dinâmica de evacuação se assemelhasse a um comportamento natural de
uma tripulação militar através das estratégias apresentadas foi um processo que
requereu sucessivos ajustes na modelagem física, na forma e na posição dos
elementos geométricos que compõem os compartimentos considerados chave da
planta física do navio e na escolha das rotas primárias para se obter um
comportamento mais próximo do desejável.
77
Departamento de Arquitetura Naval, Oceânica e Engenharia Marítima da Universidade
de Strathclyde. Utilizando o PolyCAD, com o valioso suporte de seu desenvolvedor e
da equipe de Glasgow, foi possível no tempo disponível criar os desenhos necessários
para a geração dos arquivos para a simulação no Proteus 3.1.
78
Figura 24 - Desenho do casco com compartimentação interna.
79
temporal estabelecida para aquele experimento. Também é possível visualizar e
quantificar em tempo real o sentido do fluxo e a quantidade de água do mar que entra
e sai do navio durante uma simulação com avarias no casco, além dos efeitos de
superfície livre dentro dos compartimentos alagados. A visualização da simulação é
bastante interessante e permite sentir a continuidade uniforme dos movimentos do
navio, descartando a presença de erros numéricos grosseiros gerados na simulação.
80
Figura 27 - Imagem do MONOLAX de simulação com avaria na popa
81
6.2.3 Modelo de Incêndio
Esse arquivo pode ser editado para mudança das definições default dos
materiais das superfícies e para acrescentar dados específicos daquela simulação
desejada como o tempo de simulação e onde o incêndio se inicia na planta do navio.
A Figura 28 mostra uma região do navio sob simulação de incêndio, com foco
na análise da distribuição de temperatura, após 279,9s de simulação.
82
Figura 28 - Imagem para uma distribuição de temperatura gerada pelo FDS
83
observar os efeitos sofridos e a reação dos agentes durante uma avaria de
incêndio; e
84
6.3 Simulações de Exercícios de "Postos de Abandono"
85
6.3.1 Caso 1: Segundo a Doutrina Vigente
Para suprir essa falta de registros oficiais de tempo foi solicitada, durante a
fase de desenvolvimento desta tese, a execução de exercícios de abandono em uma
fragata da mesma classe do navio em estudo, nos quais foram medidos tempos de
referência para comparação com os resultados das simulações. Os exercícios foram
realizados considerando o navio sem bloqueios em suas rotas de escape, de acordo
com o a doutrina em vigor.
86
o alarme característico de PC. Rapidamente, toda a tripulação se posiciona em seus
postos e todas as ações subsequentes necessárias serão executadas a partir deste
posicionamento.
Nesse navio, dentro da doutrina vigente, são definidos quatro locais como
postos de abandono: dois em cada bordo, distribuídos simetricamente nos conveses
01 e 02, à meia-nau. Estes conveses estão localizados imediatamente acima do
convés principal, conhecido como convés 1. Estes locais de concentração da
tripulação após a fase escape ficam nas imediações dos equipamentos de lançamento
das balsas de salvatagem. Foram medidos os tempos de chegada aos postos de
abandono para o grupo da TN. A medição corresponde ao tempo entre o momento de
emissão da ordem do Comandante do navio "Tripulação: Preparar para Abandonar o
Navio; Guarnecer Postos de Abandono" e o momento em que o último elemento da TN
atinge o respectivo posto de abandono.
87
que existe uma preocupação do setor operativo na otimização destes procedimentos
no sentido de diminuir o número de militares a serem rendidos e também de diminuir a
distância inicial entre os envolvidos neste procedimento. O objetivo é minimizar o
tempo de início da execução das tarefas do pessoal do GSD e também minimizar
possíveis situações de movimentação em contra fluxo, já que a maioria da tripulação
está se dirigindo para seus postos de abandono.
Situações de rendição
88
Figura 30 - Pontos de congestionamento no Caso 1 (Doutrina Vigente)
89
Na Figura 30, observa-se que a região mais crítica de congestionamento é a
Região 1. A maioria do pessoal que pretende chegar aos PAs do convés 02 e ao PA
de bombordo do convés 01 busca essa rota devido às regras de trânsito a bordo. Esta
situação foi também observada no caso real.
90
Região com menor altura de costado, facilitando a descida para as balsas.
Situações de rendição
91
A relação entre os tempos simulados do Caso 1 (TSDV) e do Caso 2 (TSEB) é
apresentado abaixo:
92
Agents) representa o número de agentes (integrantes da TN) congestionados em cada
instante de tempo da simulação. O tempo de referência é o do caso 1 (TSDV).
93
Na condição de exercício real, os integrantes da TN utilizaram estas
mesmas rotas. Como a escolha pela rota para atingir o posto de abandono é
livre, supõe-se que neste caso o treinamento remanescente da doutrina
anterior tenha provocado um efeito de condicionamento ou hábito nos
integrantes da TN na escolha das mesmas rotas, inibindo uma tentativa por
outra opção; e
6.3.3.1 Proposta 1
Com base em observações "in loco" nos navios da classe em estudo, verificou-
se a existência de um escotilhão entre os conveses 01 e 02, justamente na região dos
Postos de Abandono do Convés 02. Essa passagem é apenas utilizada para a descida
de equipamentos, pequenas cargas ou mantimentos, não havendo uma escada de
acesso do convés 01 para o convés 02. A alteração proposta incluiria a instalação de
uma escada permanente que pudesse gerar uma rota adicional, apenas na situação
de abandono, visando reduzir o congestionamento na Região 1, reduzindo o tempo
final de prontificação nos Postos de Abandono originais.
94
As simulações foram realizadas em batelada de 50 rodadas e os resultados
desse caso foram os seguintes:
Situações de rendição
95
A Figura 34 representa o momento do pico de congestionamento determinado
pelo gráfico da Figura 35, o qual apresenta o histórico de congestionamentos durante
a movimentação da TN aos Postos de Abandono nesse caso. O eixo vertical (No. of
Agents) representa o número de agentes (integrantes da TN) congestionados em cada
instante de tempo da simulação. O tempo de referência é o do caso 1 (TSDV).
Como pode ser visto, a simples introdução de uma escada permanente para
acesso a um escotilhão já existente na planta original do navio provocou uma redução
importante no tempo de prontificação e na quantidade de agentes congestionados
durante a movimentação.
96
6.3.3.2 Proposta 2
Esta proposta tem com base o Caso 2 (único Posto de Abandono no Convôo).
Duas sugestões foram implementadas em simulação visando uma melhoria nos
resultados:
Situações de rendição
97
Análise dos pontos de congestionamento
Como pode ser visto, o novo fluxo de agentes em direção à popa proporcionou
um alívio no fluxo ascendente em direção à Região 1, sem chegar a causar um novo
congestionamento na subida do Convés 2 ao Convés 1 (principal) através do
escotilhão da popa. O alargamento da escada externa de acesso ao Convôo também
evitou um possível congestionamento provocado pelo pessoal que acessava a popa
pelo Convés 1 e pelo pessoal dos conveses abaixo que subia ao Convés 1 externo da
popa pelo escotilhão.
98
Figura 37 - Histórico de congestionamentos no Caso 3 (Proposta 2)
6.3.3.3 Proposta 3
Esta proposta sugere uma variação na proposta anterior. Essa variação inclui
uma alteração de sentido em um trecho de mão-única do navio. Esse tipo de alteração
envolve uma mudança de paradigma no treinamento do pessoal de bordo e deve ser
muito bem avaliada se vale a pena ser adotada.
99
As simulações foram realizadas em batelada de 50 rodadas e os resultados
dessa proposta foram os seguintes:
Situações de rendição
100
A Figura 38 representa o momento do pico de congestionamento determinado
pelo gráfico da Figura 39, a qual apresenta o histórico de congestionamentos durante
a movimentação da TN aos Postos de Abandono nesse caso. O pico máximo de
agentes congestionados nesse caso é de 30 agentes, enquanto que a média foi
calculada em 16,3 agentes ao longo de todo o tempo de movimentação. O eixo vertical
(No. of Agents) representa o número de agentes (integrantes da TN) congestionados
em cada instante de tempo da simulação. O tempo de referência é o do caso 1 (T SDV).
101
6.3.4 Consolidação dos Resultados dos Casos Simulados
Tempo de
Prontificação da TN
TSDV TSDV – 35,2% TSDV + 20,7% TSDV – 11,2% TSDV – 45,7%
em Postos de
Abandono
Regiões
1e2 1(a,b) e 2 1, 3 e 4 1e4 1
Congestionadas
Congestionamento
66 39 60 48 30
Máximo (# agentes)
Congestionamento
37,4 21,3 32,8 23,7 16,3
Médio (# agentes)
Necessidade de
Alterações na - Sim Não Sim Sim
Planta Física
Necessidade de
Alterações nos - Sim Sim Sim Sim
Procedimentos
Necessidade de
Violação de Regra - Não Não Não Sim
de Trânsito
Ganhos na
- Não Sim Sim Sim
Organização
102
6.3.5 Considerações sobre os Resultados Obtidos
Caso 1 x Caso 2
O Caso 3.1 representa uma tentativa de melhorar o Caso 1 (DV), pela inclusão
de um novo escotilhão. O Caso 3.2 representa uma tentativa de melhorar o Caso 2
(PPB), pela introdução de uma nova opção de rota e pelo alargamento de uma
escada. Na comparação de desempenho das alterações propostas, os principais
pontos destacados foram:
103
Congestionamentos: houve reduções equivalentes em ambos os casos.
Este fato novamente tornou este aspecto pouco relevante na diferenciação
das duas soluções;
Esta análise recomenda a adoção da solução do Caso 3.3 por conjugar uma
redução importante nos congestionamentos, uma redução significativa no tempo de
prontificação, além de incorporar ganhos na organização da evacuação. Esta solução
é indicada caso seja admitida uma mudança de paradigma na movimentação da
tripulação, permitindo-se uma violação de regra de trânsito no corredor externo de
boreste do Convés 01. Caso esta situação não seja admitida, tem-se como segunda
sugestão o Caso 3.2. Caso não se deseje optar pela mudança da localização dos
postos de abandono, indica-se a adoção da solução do Caso 3.1.
104
6.4 Simulações Integradas
105
estas simulações com o processo de simulação da evacuação no Evi, melhores e mais
realísticos serão os resultados da simulação como um todo.
106
No entanto, no caso das avarias de alagamento, também os efeitos do estado
do mar nos movimentos do navio serão considerados, pois todos os dados
superpostos são oriundos do mesmo simulador, no caso o Proteus 3.1.
107
descritos por Hasselmann, K. et al. (1973) para a modelagem do mar, foram criados
no simulador Proteus 3.1 três estados de mar para essa análise: fraco, grosso e alto.
Os valores obtidos são coerentes. O mar fraco praticamente não altera o tempo
de referência; o mar grosso já introduz uma dificuldade no deslocamento; e o mar alto
já impõem uma dificuldade considerável no deslocamento dos agentes. Este último
estado de mar teve a sua análise detalhada para uma melhor observação do efeito do
modelo de redução de velocidade adotado pelo Evi descrito anteriormente na seção
4.4.1.1. Integração do Evi com Simulações Hidrodinâmicas.
108
Figura 40 - Gráficos de Inclinação Lateral do Navio e Velocidade do Agente
109
6.4.2 Cenários com Avaria de Alagamento
110
provocadas incluem principalmente os casos intimamente relacionados com o papel
que a embarcação desempenha no cenário militar. De um modo geral, essas avarias
são provocadas por armamento inimigo durante um cenário de guerra ou por ações
terroristas em tempos de paz. Pode-se ainda incluir no rol de avarias provocadas
aquelas geradas por manifestações extremas da natureza como tufões e maremotos.
Devido aos inerentes riscos a que estão sujeitos, é esperado que os navios
militares sejam capazes de absorver maiores danos para manter sua capacidade de
combate nos momentos pós-avaria. Além disso, de acordo com as suas atribuições na
frota, é esperada uma capacidade maior de sobrevivência às avarias dos navios mais
importantes (por exemplo, os porta-aviões), comparativamente aos navios de escolta e
aos navios de suporte.
uma avaria de grandes proporções cujo tempo para uma reação fosse muito
curto. Com esse propósito foi definida como uma avaria de grandes
proporções aquela com dimensões até 15m em forma de rasgo, podendo
atingir mais de um compartimento no sentido longitudinal.
111
a maioria dos compartimentos tem sua dimensão longitudinal pequena; e
Esses dois fatores tornam o navio bastante seguro no que diz respeito ao
alastramento de um alagamento. Não existe a possibilidade do esquecimento de uma
porta aberta provocar o alastramento de um alagamento já que não existem portas nas
anteparas transversais do navio abaixo da linha d'água. Toda a movimentação é no
sentido vertical, sendo necessário atingir conveses mais elevados e depois descer
para se conseguir progredir no sentido longitudinal.
Tempo de Prontificação
Situação da Avaria da TN em Postos de
Baixas Abandono
Compartimentos Desvio
Local Extensão Média
Atingidos Padrão
pequena 1 0 TSDV + 17,9% 4,1%
Proa
grande 3 4 TSDV + 17,6% 4,7%
112
feito para mitigar o problema. O diferencial observado de acordo com a extensão da
avaria foi a quantidade de baixas entre os agentes. Nas avarias de pequenas
proporções houve tempo suficiente para os agentes se dirigirem aos acessos para os
conveses mais elevados, contendo o alagamento no compartimento afetado. Nas
avarias de maiores proporções não houve tempo dos agentes se evadirem,
provocando a baixa desses agentes lotados nos compartimentos afetados.
113
6.4.3 Cenário com Avaria de Incêndio
114
Figura 42 - Representação visual com avaria de incêndio.
Diante dessa restrição, foi preciso incluir no script de simulação comandos para
bloqueio de determinadas portas de modo a forçar os agentes a buscarem outras
opções de rota de escape em direção aos seus Postos de Abandono. A escolha das
portas bloqueadas correspondeu às zonas de estanqueidade à fumaça do navio. A
dinâmica da evacuação ocorreu sem maiores problemas para os agentes que, ao
perceberem os bloqueios, se evadiram através de rotas alternativas.
115
adotada pelo simulador FDS. Foi dado um offset de 1 a 3 minutos no tempo de reação
do pessoal do GSD que estava posicionado na região em avaria com o intuito de
simular uma ação de combate em relação ao incêndio em andamento. Os demais
integrantes da tripulação se mantiveram com as mesmas definições demográficas das
simulações efetuadas anteriormente.
Tempo de Prontificação
da TN em Postos de
Tempo de Exposição Abandono
Baixas
(min)
Desvio
Média
Padrão
1 1 TSDV + 1,4% 4,9%
116
7 Avaliação Geral dos Resultados
117
7.2 Avaliação das Adaptações para Representar o
Comportamento Militar
Outro aspecto é que não se tem como saber quão organizada seria uma
evacuação, mesmo num navio militar, quando todos estão, de fato, sob o risco
iminente de perder suas vidas. Por esse motivo, PONTE JR. (2012), que também usou
o Evi, optou por não interferir na forma dos agentes se comportarem na sua análise de
segurança do sistema de escape e abandono de uma unidade de exploração e
produção de óleo e gás offshore do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and
Offloading), mesmo com tripulação treinada, entendendo que o instinto de
sobrevivência humana pode prevalecer em situações de alto risco. Essa talvez possa
ser uma opção aceitável, especialmente num ambiente civil no qual o tipo de
treinamento está baseado em paradigmas diferentes dos que embasam a cultura
militar. Em suma, entendemos que esta é uma área de estudo de modelagem
extremamente complexa e ainda se está longe de conseguir representar o
comportamento humano fielmente.
118
Ainda analisando a movimentação dos agentes, se optou por definir a
velocidade de deslocamento no plano dentro de um valor condizente com uma
caminhada apressada (sem correr) visando reforçar a questão do comportamento
organizado. O simulador Evi permite apenas a definição de uma velocidade de
deslocamento no plano, de uma velocidade para subir escadas e uma velocidade para
descer escadas, dentro de uma distribuição probabilística escolhida. Acreditamos que
um parâmetro de fator de dificuldade deveria ser adotado para diferenciar os diversos
tipos de escada que existem num navio militar, fazendo variar a velocidade do agente
para cada uma delas. Essas restrições de modelagem certamente causaram uma
diferença entre o tempo real e o simulado no sentido de aumentar o tempo simulado
final. No entanto, essas variações ficaram dentro de uma faixa aceitável de acordo
com os tempos de referências disponíveis.
Diante destes fatos, entendemos que existem duas maneiras para a validação
do trabalho executado:
119
verificar o quanto as adaptações implementadas poderiam ter deteriorado o
simulador original a ponto de ser considerado inapto a partir das alterações
propostas.
Dentro da própria MB esse assunto ainda não tem a atenção compatível com a
importância que tem, por se tratar da segurança dos membros da instituição. Não por
culpa da instituição, mas pela questão cultural envolvida. Os parâmetros atuais
referentes a uma avaliação de um exercício de Postos de Abandono são baseados em
documentos da marinha americana de mais de vinte e cinco anos, os quais não
incluem a palavra "tempo" entre os parâmetros avaliados. O único dado obtido que
tem uma referência temporal relacionado com a movimentação de militares a bordo de
um navio de guerra é o tempo de prontificação de "Postos de Combate", que está
relacionado com a eficiência operacional de combate e não com a segurança da
tripulação no caso de necessidade de um abandono.
120
de modelar geometricamente o interior dos compartimentos introduzindo mecanismos
que privilegiaram a organização e o conhecimento do navio que o militar possui.
Os resultados obtidos neste trabalho serão discutidos sob dois pontos de vista:
121
realizadas no simulador original, na representatividade do modelo comportamental
proposto e na análise específica das opções de evacuação.
122
(andar para trás) especialmente num deslocamento no sentido longitudinal
do navio. Na medida em que o sistema de simulação hidrodinâmica adotado
pelo Evi para simulações integradas (Simulador Proteus 3.1) pode fornecer
até os três ângulos (roll, pitch e yaw), acredita-se que, nas próximas
versões, o simulador Evi poderá apresentar um modelo mais completo para
representar esta situação que assim retrataria melhor os efeitos dos
movimentos do navio na velocidade dos agentes.
123
Infelizmente, no período de desenvolvimento deste trabalho não se pôde contar com
essa parte já totalmente desenvolvida e validada.
124
quando o risco de morte é elevado. Essa é uma mudança de paradigma que
pretendemos introduzir numa possível nova doutrina: incluir o parâmetro tempo nas
análises de desempenho das soluções de evacuação. Tempos reduzidos na
prontificação em Postos de Abandono significam, por exemplo:
Menor exposição aos fatores agressivos gerados por avarias como o calor, a
fumaça, o risco de explosões e o avanço de alagamentos;
125
participa de diversos exercícios operacionais com marinhas de outros países, mas
como são apenas exercícios, não existem engajamentos reais, nenhuma avaria é
gerada e, consequentemente, não há como verificar se os procedimentos de
evacuação desses navios estão atualizados e otimizados.
126
8 Conclusões
127
O objetivo secundário (c) de obter resultados indicativos da existência de
gargalos em rotas de evacuação foi atingido. Propostas de solução foram produzidas e
analisadas de modo a minimizar o problema no navio em estudo.
128
Continuar o desenvolvimento conjunto com os desenvolvedores do
simulador utilizado neste trabalho, no sentido de validar todas as
adaptações implementas, bem como as que foram sugeridas, mas ainda
não foram finalizadas;
129
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135
Anexo A - Planilha de Avaliação de
Exercícios Adotada pela MB
136
137
Anexo B - Simulação Hidrodinâmica no
Sistema Proteus 3.1
O Sistema Proteus 3.1 necessita basicamente de dois arquivos de entrada para
efetuar a simulação hidrodinâmica de um navio intacto:
Quando se trata de uma análise com avarias no casco, o Sistema Proteus 3.1
necessita de três arquivos de entrada para efetuar a análise hidrodinâmica:
138
2 - análise estática (navio equilibrado);
O objetivo final é a obtenção dos arquivos de saída com extensão ".mot" para o
caso intacto de simulação hidrodinâmica e os arquivos com extensão ".mot" e ".wat1 a
.watn" para o caso com avaria. No arquivo ".mot" temos, numa escala temporal, o
posicionamento do navio em relação à posição de seu centro de gravidade de acordo
com a quantidade de graus de liberdade (Degrees of Freedom - DOF) definida para a
139
análise. Nos arquivos com extensão ".wat1 a .watn", também na mesma escala
temporal, ficam os dados condizentes com a acumulação de água do mar nos n
compartimentos internos definidos na modelagem geométrica do navio em estudo.
Todos estes arquivos estão no formato texto e serão utilizados pelo simulador Evi na
interação entre as simulações.
140
Anexo C - Exemplo de Comando na
Linguagem TCL
Abaixo é apresentado um procedimento gerado na linguagem TCL. Este trecho
de código representa um comando para o simulador Evi criado para complementar o
conjunto de comandos propriamente dito do simulador. Outrso comandos foram
gerados dentro da mesma metodologia.
#===========================================================
# DefAgEX - This procedure defines the agent's demographics,
# its initial position and default objective in
# EXERCISE CASE
#
# Inputs: type - Crew (GSD) or Pax (Non GSD)
# gender - M (normal) F (Crew with special tasks)
# name - identification inside the ship
# place - inicial position
# offset - awareness time to start simulation
# x - default objective (muster station)
#
# Outputs: agent id
#
if {$type == "Crew"} {
AddNamedCrew $name 1 $place
Objective $name "evac $obj"
} else {
AddNamedPax $name 1 $place
Objective $name "evac $obj"
}
if {$gender == "M"} {AssignGender $name 0.0} else {
AssignGender $name 100.0
}
AssignAge $name {uniform 30 12}
AssignAwareness $name "log_normal 3.00 0.5 $offset"
AssignSpeed $name {uniform 2.0 0.5 0.5 0.1}
return $name
}
141
Anexo D - Exemplos do Código de um
Script PolyCAD
Abaixo é apresentado um pequeno trecho de código usado em um script do
PolyCAD para a definição de compartimentos internos ao casco do navio modelado.
// COMPARTMENTS DEFINITION
// 3-4: A-V-1
Compartment AV1_1
Perm -0.97
Front 62.84
Back 61.00
Inside 0.00
Outside 7.00
Top 6.60
Bottom 0.00
Mirrored
Fit HULL
Sections 20
End
Compartment AV1_2
Perm -0.97
Front 61.00
Back 56.12
Inside 0.00
Outside 7.00
Top 6.60
Bottom 0.00
Mirrored
Fit HULL
Sections 10
End
OpenGroup AV1
AV1_1
AV1_2
End
142
usado para tanques de lastro. Este desenho interno teve como base o arquivo
Frag_HULL.geo importado no início do script.
143
Anexo E - Exemplos do Código de um
Script FDS
A definição geométrica de um compartimento (paredes, chão e teto) é feita
através dos comandos abaixo:
(* d-2-CrewPrivate305 *)
&OBST XB=14.39,14.39,5.00,3.66,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=14.39,14.39,3.66,2.31,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=14.39,18.06,2.31,2.31,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=18.06,21.73,2.31,2.31,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=21.73,21.73,2.31,3.66,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=21.73,21.73,3.66,5.00,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=21.73,18.06,5.00,5.00,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=18.06,14.39,5.00,5.00,6.60,8.60, SURF_ID='WALL_SURFACE' /
&OBST XB=14.39,21.73,2.31,5.00,6.60,6.60, SURF_ID='FLOOR_SURFACE' /
&OBST XB=14.39,21.73,2.31,5.00,8.60,8.60, SURF_ID='CEILING_SURFACE' /
&SURF ID = 'WALL_SURFACE'
RGB = 79,131,52
MATL_ID = 'GYPSUM PLASTER'
THICKNESS = 0.012 /
(* d-2-Door379 *)
&HOLE XB=8.548,8.568,-2.524,-1.704,6.60,8.60 /
144