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Psicologia e Saúde Mental

Puxão do passado
Parecia cedo, mas já em 1953 tínhamos um psicólogo, preocupado com os impactos que
sofreríamos no futuro. É exatamente neste sentido, que hoje, psicólogos estão se reunindo
para tratar de: “Novos rumos de tecnologia social”. Novamente, alguns cientistas da área de
humanas / sociais estão preocupados com os atuais e futuros impactos dos avanços
tecnológicos no nosso objeto de estudo: O homem.

Neste sentido, psicólogos comprometidos com o desenvolvimento desta nova visão


tecnológica deveriam planejar, compreender e prever situações contingentes ao tema. Neste
árduo caminho, nos debateremos com questões éticas, institucionais, organizacionais,
econômicas, limitações de técnicas, dentre outras implicações, é por isso que neste campo,
encontramos grupos de psicólogos e pedagogos unidos como uma única instância.

Nos últimos anos, as doenças mentais tiveram um aumento considerável. Segundo a OMS, o
Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. A depressão é o
mal do século XXI. A ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros. Mesmo assim, parte dessas
pessoas não possuem assistência médica adequada.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, as condições de saúde mental são


responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19
anos. Os dados também apontam que metade de todas as doenças mentais começa aos 14
anos. Infelizmente, a maioria não é diagnosticada e muito menos tratada. Consequentemente,
o suicídio torna-se a terceira causa de morte entre os adolescentes.

A assistência de pessoas com necessidade de tratamento e cuidados específicos em Saúde


Mental tem sido tratada com prioridade pelo Ministério da Saúde. Em 2019, R$ 97 milhões
foram investidos para fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de
Saúde (SUS). Um aumento de quase 200% em relação ao ano de 2018, que contou com R$ 33
milhões. Os serviços realizados nessa área compreendem a atenção a pessoas com depressão,
ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, além
de pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.

Em contrapartida, há o decreto 1.132 de 1903 que é o reflexo do empenho da classe


psiquiátrica, em reservar a si mesma um espaço de atuação. Segunda esta lei, o único lugar
autorizado a receber os doentes era o hospício, por reunir condições adequadas, e toda
internação estaria sujeita ao parecer do médico, detentor da "verdade" no que se refere à
alienação mental, transfigurando a imagem dos pacientes para “loucos crônicos”.

Todavia, falar sobre saúde mental ainda é um tabu porque está muito associada à doença
mental, à loucura, às perturbações variadas de ordem mental. Observamos que, antes da
medicina se desenvolver, as complicações emocionais e psicológicas eram explicadas por um
viés religioso/espiritual. Assim, as pessoas que enfrentavam dificuldades eram vistas como
“possuídas” ou influenciadas pelo demônio. Na Idade Moderna, as questões relacionadas
passaram a ser consideradas como ausência de condição crítica para avaliar as situações e
cuidar de si. Por esse motivo, as pessoas passaram a ser internadas, para que fossem tuteladas
por outros e, em consequência, eram privadas de seus direitos. Muitas destas acreditam
também e tem medo de que ao fazerem terapia vão ser classificadas como loucas e irão para
manicômios. Um exemplo foi o chamado "holocausto brasileiro", ocorrido no complexo
manicomial de Barbacena (1906 - 1996) em que os métodos de tratamento e as condições do
Manicômio causaram a morte de mais de 60 mil pessoas. Os tratamentos funcionavam à base
de tortura: utilizavam cadeiras elétricas, solitárias e camisas de força. Os pacientes eram
submetidos a situações precárias, como fome e sede.

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