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“LAUDO DE CAMARGO”
NÚCLEO DE PESQUISA
RIBEIRÃO PRETO
JUNHO/2021
JOICE ELEN SIQUEIRA
RIBEIRÃO PRETO
2021
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca
Central da UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto –
JOICE ELEN SIQUEIRA
Aprovação __/__/____
________________________________
Prof.
________________________________
Examinador(a)
________________________________
Examinador(a)
Dedico este trabalho de conclusão de
curso à minha família e amigos. Vocês
são as pessoas que mais me apoiaram
em minha escolha profissional e sempre
me mostraram que o estudo e o trabalho
valem a pena. Obrigada, aos meus
alicerces.
AGRADECIMENTO
Art. – Artigo
CBD – Canabidiol
CBN – Canabinol
CF – Constituição Federal
P/PG – Página
RE – Recurso Extraordinário
THC – Tetra-hidrocanabinol
INTRODUÇÃO
.
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1.1– O CONSUMO
Ainda que seja tratada pelos usuários recreativos como uma substância
natural, é evidente que o uso contínuo da maconha causa efeitos colaterais
graves no organismo, tanto a curto quanto a longo prazo.
1
Instituto do governo federal americano que trabalha na produção e fomento de pesquisas científicas
16
2
Povos semitas que viviam ao norte da Mesopotâmia na região dos rios Tigre e Eufrates (parte do
atual Irã, Iraque, Turquia, Síria e Kuwait)
3
Subgrupo dos indo-europeus, que se estabeleceu no planalto iraniano desde o final do terceiro
milênio.
4
Os Citas eram um antigo povo iraniano de pastores nômades equestres, viveram na região dos
Montes Altai onde as fronteiras de Mongólia, China, Rússia e Cazaquistão se encontram à região
do baixo Danúbio na Bulgária. Já os Trácios e os Dácios foram grupos indo-europeus com certo
grau de parentesco, que se estabeleceram nas regiões onde se localizam atualmente partes da
Romênia, Moldávia, leste da Ucrânia, Polônia, Eslováquia, Grécia, Turquia e Macedônia.
17
2
Cidade sede do governo dos Países Baixos, sendo a terceira maior do país. Com forte tradição
diplomática Haia também é sede da Organização das Nações e Povos Não Representados
(UNPO), da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e de numerosos outros
organismos internacionais ou não governamentais. A cidade é a sede de quatro tribunais
internacionais: o Tribunal Permanente de Arbitragem, o Tribunal Internacional de Justiça, o
Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, e a Corte Penal Internacional.
7
Projeto de lei estadunidense que visou sobretaxar a produção e venda de maconha em todo
território nacional
19
(...)
(...)
2006, que sofreu alguns vetos presidenciais, mas que não a alteraram
substancialmente. (...) Usuário, dependente e traficante de drogas são
tratados de maneira diferenciada. Para os primeiros, não há mais
possibilidade de prisão ou detenção, aplicando-lhes penas restritivas de
direitos. Para o último, a lei prevê sanções penais mais severas. Mesmo
para os traficantes, há distinção entre o pequeno e eventual traficante e
o profissional do tráfico, que terá penas mais duras. Para o dependente,
pode ser imposto tratamento médico ou atenuar a sua pena (SILVA,
2016, p. 15).
[...]
[...]
[...]
dizer quando se afirma que, nos casos concretos, os princípios têm pesos
diferentes e que os princípios com o maior peso têm precedência.
Conflitos entre regras ocorrem na dimensão da validade, enquanto as
colisões entre princípios - visto que só princípios válidos podem colidir -
ocorrem, para além dessa dimensão, na dimensão do peso. (ALEXY,
2008)
Outro exemplo que salta aos olhos nos Estados Unidos: Colorado. O
estado localizado na bela região das montanhas rochosas do meio-oeste, onde
encontra-se um dos rios mais importantes da América do Norte e uma das
economias mais prósperas do país, é um molde a ser observado com especial
atenção quando se fala no tema proposto neste trabalho. O estado do Colorado foi
pioneiro na legalização do consumo recreativo da cannabis, no ano de 2014, e
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desde então, segundo anúncio feito pelo próprio governo, já foram arrecadados
mais de 1 bilhão de dólares (mais de 5 bilhões de reais na cotação de
dezembro/2020) em taxas, licenças e impostos.
Entretanto, essa cifra talvez até acanhada, representa apenas uma
parcela de todo o ecossistema criado no estado em torno do comércio legal de
maconha: a iniciativa privada já contabilizou mais de 6,5 bilhões de dólares em
receita (mais de 33 bilhões de reais), com mais de 2.900 empresas licenciadas e
40.000 pessoas empregadas no ramo, tudo isso até junho de 2019.
9
Distrito Federal onde está localizada a capital dos Estados Unidos, a cidade de Washington.
10
Estado livremente associado aos EUA, localizado na Micronésia, composto por 14 ilhas do
Arquipélago das Marianas
11
Território também localizado no Arquipélago das Marianas, sob administração dos EUA
Desta maneira, no ano de 1920 entrou em vigor nos Estados Unidos a 18ª
Emenda à Constituição, através da qual ficaram nacionalmente proibidas a
fabricação, transporte e venda de qualquer espécie de bebida alcoólica.
polêmico Richard Nixon, que por volta de 1971 iniciou a implementação de uma
política socioeconômica que ficou conhecida popularmente como “Guerra as
Drogas”. O nome é autoexplicativo, mas trata-se de uma campanha liderada até
hoje pelos Estados Unidos, com o intuito de coibir e combater o tráfico de drogas,
através de intervenção e suporte militar, além de pacotes de ajuda econômica a
diversos países.
No início dos anos 70, o presidente Nixon elencou o uso de substâncias
ilegais como “o inimigo número 1” da sociedade americana à época. Na década
seguinte, mais precisamente o já citado Reagan assumiu a presidência, e
então essa política de tolerância zero foi levada a outro nível. A Casa Branca usou
até mesmo a primeira-dama, Nancy Reagan, como garota-propaganda da nova
campanha, fazendo visitas por escolas de todo o país além de comerciais
constantes na televisão e outras mídias. Em 8 de abril de 1986, o presidente
Reagan assinou um documento de cinco páginas intitulado “Narcotics and
National Security”, tratava-se de uma National Security Decision Directive (NSDD),
um instrumento através do qual o presidente dos EUA pode estabelecer
prioridades e diretrizes a respeito da política internacional e de defesa do país,
antes mesmo que o Congresso Americano apreciasse a questão.
Logo nas primeiras linhas da NSDD-221 Reagan deixa bem claro as suas
posições, ao afirmar que “a expansão do tráfico internacional de narcóticos [...]
adiciona outra significativa dimensão aos aspectos de aplicação da lei e saúde
pública e ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos” (NSDD-221, 1986,
p. 1). O presidente estadunidense ainda pontua no documento que “essa ameaça
seria especialmente séria fora das fronteiras dos EUA” e também que “a
combinação de organizações narcotraficantes internacionais, insurgentes rurais e
terroristas urbanos podem minar a estabilidade de governos locais”. A partir dessa
época, o governo americano liberou verbas que chegaram ao patamar de 1,7
bilhão de dólares para atender diversas frentes de aplicação dessas políticas.
Todo esse enorme custo humano e financeiro foi colocado nas costas da
sociedade americana e sem apresentar resultados satisfatórios. Na verdade,
essas medidas pouco fizeram para diminuir a disponibilidade de drogas nas ruas e
causaram certa disparidade racial na população carcerária americana, ao tratar de
forma distinta os detentos de acordo com as substâncias apreendidas sob sua
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infelizmente.
A situação é tão crítica em Idaho que o governo estadual teve que passar
a contratar vagas em prisões privadas de outros estados, como Texas e Arizona.
A população carcerária do estado quintuplicou nos últimos 35 anos, mesmo a taxa
de criminalidade estar em queda nos últimos 25 anos, seguindo uma tendência
nacional.
[...]
Ali mais de um terço dos presos (35%) foi condenado por infrações das
leis de drogas, que tiveram sentenças mínimas obrigatórias instituídas em
1992. Em 2019, primeiro ano do republicano Brad Little como governador
de Idaho, 35% dos novos detentos haviam sido enquadrados por
posse – e não tráfico – de drogas (FOLHA DE SÃO PAULO, 2020).
Por fim, depois de todo o discutido até aqui, entende-se que legalização
ou descriminalização da maconha, está amparada pela própria Constituição
Federal, essencialmente através dos princípios da liberdade de expressão e da
proporcionalidade. O respeito a esses princípios, à forma como o cidadão leva a
sua vida pessoal sem afetar negativamente os demais indivíduos à sua volta, deve
ser tomado como um dos pilares da construção de uma sociedade
verdadeiramente igualitária e socialmente justa, que respeita as individualidades e
as opções e opiniões de cada cidadão.
Infelizmente, os valores cristãos sob os quais a sociedade brasileira afirma
ter sido construída (respeito ao próximo e compaixão, principalmente) são um
40
agora com uma sanção restritiva de direitos apenas. A esse respeito, ensina o
professor e ex-procurador do Ministério Público de Minas Gerais Rogério Greco:
(...) o atual art. 28 da referida lei ainda incrimina a conduta de consumir
drogas. O que houve, na verdade, foi uma despenalização, melhor
dizendo, uma medida tão somente descarcerizadora, haja vista que o
novo tipo penal não prevê qualquer pena que importe em privação de
liberdade do usuário, sendo, inclusive, proibida sua prisão em flagrante,
conforme se dessume da redação constante do § 2º do art. 48 da Lei
Antidrogras (GRECO, 2016, p. 102).
conduta que não afeta a esfera jurídica de terceiros, nem é meio idôneo
para promover a saúde pública. 4. Independentemente de qualquer juízo
que se faça acerca da constitucionalidade da criminalização, impõe-se a
determinação de um parâmetro objetivo capaz de distinguir consumo
pessoal e tráfico de drogas. A ausência de critério dessa natureza produz
um efeito discriminatório, na medida em que, na prática, ricos são
tratados como usuários e pobres como traficantes. 5. À luz dos estudos e
critérios existentes e praticados no mundo, recomenda-se a adoção do
critério seguido por Portugal, que, como regra geral, não considera tráfico
a posse de até 25 gramas de Cannabis. No tocante ao cultivo de
pequenas quantidades para consumo próprio, o limite proposto é de 6
plantas fêmeas. 6. Os critérios indicados acima são meramente
referenciais, de modo que o juiz não está impedido de considerar, no
caso concreto, que quantidades superiores de droga sejam destinadas
para uso próprio, nem que quantidades inferiores sejam valoradas como
tráfico, estabelecendo-se nesta última hipótese um ônus argumentativo
mais pesado para a acusação e órgãos julgadores. Em qualquer caso,
tais referenciais deverão prevalecer até que o Congresso Nacional venha
a prover a respeito. 7. Provimento do recurso extraordinário e absolvição
do recorrente, nos termos do art. 386, III, do Código de Processo Penal.
Afirmação, em repercussão geral, da seguinte tese: “É inconstitucional a
tipificação das condutas previstas no artigo 28 da Lei nº 11.343/2006, que
criminalizam o porte de drogas para consumo pessoal. Para os fins da Lei
nº 11.343/2006, será presumido usuário o indivíduo que estiver em posse
de até 25 gramas de maconha ou de seis plantas fêmeas. O juiz poderá
considerar, à luz do caso concreto, (i) a atipicidade de condutas que
envolvam quantidades mais elevadas, pela destinação a uso próprio, e (ii)
a caracterização das condutas previstas no art. 33 (tráfico) da mesma Lei
mesmo na posse de quantidades menores de 25 gramas, estabelecendo-
se nesta hipótese um ônus argumentativo mais pesado para a acusação
e órgãos julgadores (STF, 2011).
Greco ainda afirma que "O Direito Penal deve, portanto, interferir o menos
possível na vida em sociedade, devendo ser solicitado somente quando os demais
ramos do Direito, comprovadamente, não forem capazes de proteger aqueles bens
considerados da maior importância" (GRECO, 2016, p. 97). Sob essa ótica, o
consumo da maconha não deveria ser tratado sob a esfera do Direito Penal,
devendo o Poder Público, a partir da legalização, adotar outros meios que
desestimulem o indivíduo a consumir tal droga, como campanhas educativas ou, já
sendo consumidor, fornecer ou facilitar o acesso a algum tratamento médico, caso
o uso da substância se torne um empecilho as atividades da vida cotidiana, assim
como ocorre para aqueles que se tornam viciados no consumo de drogas legais,
como o álcool ou o cigarro.
E por que é interessante frisar que o direito penal deve ser sempre a
ultima ratio? Porque sendo encarado como o último recurso a ser utilizado,
conseguimos visualizar que há maneiras mais eficientes de se tratar a questão do
usuário de maconha, que não a prisão, a exemplo as campanhas educativas, a
contrapropaganda do consumo de substâncias e as penas alternativas. É uma
forma de otimizar a atuação do poder judiciário e desafogar o sistema prisional.
(...) nós prendemos milhares de jovens primários e de bons
antecedentes por delitos associados ao tráfico. Pequenos traficantes, de
100 g, 200 g, até 1 kg. No mesmo dia em que este jovem entra na prisão,
por questão de sobrevivência se filia a uma facção e, então, passa a
dever favor a ela, ele e sua família, que do lado de fora se torna refém
das facções que operam nos presídios. Para criar uma vaga no sistema
penitenciário, o Estado gasta R$ 40 mil e, para manter um jovem na
prisão, R$ 2.000 por mês. Portanto, há um custo financeiro e, quando ele
volta para a rua, há um custo social. (BARROSO, 2017).
necessidade urgente, como fome – devem ser tratados do ponto de vista social.
“É uma questão muito mais social do que de polícia”, disse o advogado. “Em
relação ao tráfico, qualquer circunstância é usada para manter o regime mais gravoso.
Grande parte não tem histórico e são presos com pequenas quantidades de droga”,
concluiu.
Destarte, pode-se afirmar que no Brasil prende-se sim muitas pessoas
todos os anos, porém prende-se muito mal, e isso devido à precariedade do
sistema prisional e à letargia do Poder Judiciário, algo que só agrava a já penosa
situação pela qual passa o país no que se refere ao combate da criminalidade.
Qual o sentido que existe em se prolongar uma política pública por
décadas, sendo que ela não demonstra nenhum resultado prático, e esperar um
resultado diferente? Nenhum sentido. E novamente, a forma como o Estado brasileiro
trata o mero consumidor de substâncias entorpecentes serve apenas para abarrotar
as cadeias e delegacias de jovens primários e jogá-los nas mãos das grandes
facções criminosas atuantes lá dentro, mascarando a realidade e oferecendo uma
falsa percepção de solução de questões como a violência, o tráfico e a segurança
pública de uma forma geral.
Por esta razão, a legalização da maconha, que é uma droga
extremamente difundida, pode dar a oportunidade de réus primários e de bons
antecedentes não serem jogados no limbo das cadeias brasileiras, dando a essas
pessoas a oportunidade de reavaliarem as suas condutas e reconstruírem suas
vidas, sem a ameaça de serem cooptadas pelo crime organizado, algo que é
interessante do ponto de vista social e também econômico, dado o elevado custo de
manutenção desses indivíduos no sistema prisional.
Portanto, a legalização é uma política interessante para a sociedade como
um todo, pois a alivia do custo humano trazido por essa guerra às drogas e a sua
falsa percepção de solução dos problemas sociais, bem como alivia o Estado dos
gastos com a criação e manutenção de vagas no sistema prisional e todos os custos
agregados a isso. É uma boa parte do erário que poderia ser usada em áreas tão
carentes quanto, como a educação e a saúde pública, por exemplo, fatores que
contribuem muito para a superação do abismo gerado pela desigualdade social
gritante em nosso país, e que são sim, a receita para o desenvolvimento do Brasil
em todos os aspectos, para que seja realmente um país de todos os cidadãos.
46
[...]
[...]
Outro grande avanço que pode ser experimentado pelo Brasil no tocante a
medicina canábica é a regulamentação do plantio medicinal da erva, fato esse
que se consumado poderia reduzir consideravelmente os custos de produção de
tais medicamentos. O manifesto dos senadores acima mencionado também cita
os altos valores dos produtos importados, mas cuida de ponderar os riscos caso o
cultivo e plantio da maconha sejam permitidos em território nacional.
“Isso vai evitar que se possa cultivar maconha em nosso país, que a
Polícia Federal já disse claramente que é contra, que não tem como
controlar, assim como a Associação Brasileira de Psiquiatria e tantas
entidades”, aponta o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
[...]
Ou seja, o que se pode depreender dessa situação é que mais uma vez a
letargia do Poder Legislativo em regulamentar uma matéria, de forma muitas
vezes oportunista, causa males severos à população. O PL 399/2015 não busca
inventar novamente a roda, mas sim de efetivar um direito, uma garantia, que
já está no papel há 14 anos. É uma matéria que há muito urge ser colocada em
pauta, ser discutida realmente por pessoas bem-intencionadas, honestas
intelectualmente e que tragam critérios objetivos à conversa.
“Tudo que não precisamos aqui é polarizar essa discussão entre direita e
esquerda”, disse. “É muito triste tratarmos dessa forma um tema sobre
um medicamento que pode fazer com que uma criança pare de
convulsionar e os pais sabem que o remédio existe, mas não têm como
acessá-lo. Isso não é de direita ou de esquerda, isso é uma questão de
humanidade.”
Um estudo foi conduzido entre 2014 e 2015 com 214 pacientes nos
Estados Unidos, com idades entre 1 e 30 anos, todos portadores de doenças
neurológicas graves, como epilepsia, síndrome de Dravet ou de Lennox-Gastaut,
e todos os pacientes tinham algum grau de resistência às drogas usadas
normalmente nos tratamentos. Esses pacientes foram tratados diariamente com
doses de canabidiol variando entre 2 - 50mg/kg, e alguns resultados adversos
foram relatados, como sonolência, diarreia e fadiga.
que variam entre 10 e 400 mg não mostrou qualquer alteração significativa nos
exames neurológicos, psiquiátricos ou clínicos dos pacientes. Por fim, voluntários
portadores da doença de Huntington receberam altas doses diárias (700 mg) de
CBD e não apresentaram nenhum sinal de toxicidade no organismo. Isso
demonstra que o medicamento em questão pode ser oferecido em uma grande
variedade de doses.
Um último ponto atrativo a ser tratado neste trabalho é o fato que a ONU
reclassificou a Cannabis no começo de dezembro. A votação histórica retirou a
maconha do rol de drogas mais perigosas do mundo, que tem como exemplo a
heroína. O pleito em questão contou com a participação de 53 países, dos quais
27 votaram a favor, 25 contra (o Brasil um deles, de forma não surpreendente) e
um país se absteve. A Cannabis estava no Anexo IV da Convenção Única sobre
Entorpecentes, ao lado de opioides altamente viciantes e perigosos, desde 1961.
Obviamente cada país tem jurisdição para decidir sobre como classificará
a Cannabis, mas o ato aprovado pela ONU tem importância significativa no
tocante ao desenvolvimento da discussão sobre o futuro da erva, no consumo
recreativo bem como no medicinal, visto que muitos Estados baseiam-se nas
resoluções do órgão internacional para determinar suas diretrizes internas.
É bastante animador ver que essa discussão tem sido levada cada vez
mais à diante, e agora conta com a chancela da ONU. Ainda que exista um
movimento anticientífico e de negação da realidade tomando conta de uma parte
do mundo hoje em dia, que descredita instituições como a Organização das
Nações Unidas ou a Organização Mundial da Saúde por conta de inimigos
imaginários e ideologias imbecis, é excitante saber que a ciência e o pensamento
são como forças da natureza que não se podem deter, evoluem e mostram seu
valor nas mais complexas adversidades.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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em 15 anos, enquanto a de brancos cai 19%, mostra Anuário de Segurança
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proposta-que-simplifica-importacao-de-produtos-a-base- de-canabidiol.ghtml>.
Acessado em 08/01/2021.
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