Você está na página 1de 3

Crescimento econômico, pobreza e meio

ambiente: Perspectivas atuais dessa


relação
| jan 14, 2015 | 603 Visualizações

Fonte: Flickr / Ana Cotta O rápido crescimento econômico do país resultou na


intensificação da degradação do meio ambiente.

A relação entre crescimento, pobreza e meio ambiente mostrou-se ao longo de toda a


história bastante conflitante, uma vez que o crescimento econômico das nações
tradicionalmente se deu de maneira degradadora, sem a preocupação com o meio
ambiente.

De acordo com Harris (2004), a medida em que cresceram as atividades econômicas,


cresceu também o seu impacto sobre a esfera natural, trazendo novos problemas
ecológicos globais ao meio ambiente, revelando a finitude dos recursos.

O crescimento econômico, portanto, embora desejável na macroeconomia tradicional,


apresenta em toda a sua composição, danos irreversíveis ao meio ambiente. Muitas
nações têm apresentado várias iniciativas de utilização de tecnologias limpas em seu
processo produtivo, visando justamente mitigar tais danos ambientais, dadas as novas
demandas de mercado e exigências do Estado. Em especial aquelas mais desenvolvidas,
as quais são reconhecidamente as mais degradadoras.

Sobretudo, para os países pobres, este fenômeno é mais raro, uma vez que a
incorporação de tecnologias limpas no processo produtivo ainda é muito cara,
dificultando assim a sua adoção, devido à falta de recursos disponíveis nesses países.
Sendo estes os que mais sofrem tais impactos ambientais, além disso, seus recursos têm
sido pressionados pelos países ricos, os quais já dispõem de reduzida biocapacidade
ambiental e passam a impactar essas áreas mais pobres, contribuindo para a redução da
sua biodiversidade.

No caso do Brasil, observa-se uma grande controvérsia: de um lado sua incalculável


biodiversidade e do outro as grandes desigualdades socioeconômicas em seu interior, de
modo que mesmo com as melhorias no Índice de Desenvolvimento Humano
apresentadas nas últimas décadas, a desigualdade de renda continua semelhante a
verificada em 1960. Além disso, o rápido crescimento econômico do país resultou na
intensificação da degradação do meio ambiente e no empobrecimento dos serviços
ecológicos, provocando uma crescente perda da sua biocapacidade ao longo de todo o
século XX.

Essa relação entre o crescimento, pobreza e meio ambiente tem gerado preocupações a
nível global quanto ao futuro do planeta, levando a necessidade de se mensurar o
desenvolvimento sustentável das nações. Nesta perspectiva, é válido destacar a
importância da Pegada Ecológica, como índice de sustentabilidade mundialmente
conhecido, amplamente comentado, referenciado e citado em várias metodologias
(CONSTANZA, 2000; OPSCHOOR, 2000). Sendo utilizado com importante subsídio
para autoridades formularem suas políticas públicas sustentáveis nos seus respectivos
países.

A Pegada Ecológica mede as áreas terrestre e aquática necessárias para regenerar os


recursos naturais que um país consome, ou seja, mede a quantidade da terra,
biologicamente produtiva, necessária para prestar os serviços e gerar os recursos
produtivos, sendo representada pela utilização de uma unidade de medida denominada
hectare global – gha (WWF, 2014).

Os seus resultados apontam que o mundo caminha para um futuro insustentável e a


menos que as autoridades incluam em suas agendas de desenvolvimento políticas que
mitiguem significativamente os danos causados pelas suas atividades econômicas,
buscando alternativas de desenvolvimento sustentável para os seus países, o planeta não
conseguirá mais se autosustentar.

A mudança deve ocorrer prioritariamente nas nações mais desenvolvidas, visto que
estas são consideravelmente as mais poluidoras e degradadoras, o que pode ser revelado
pela Pegada Ecológica dessas áreas, as quais lideram o ranking das mais elevadas
mundialmente (WWF, 2014). Além disso, esses países detêm os menores níveis de
biocapacidade do planeta. Como resultado disso, seus impactos têm sido sentidos a
nível global, através da intensa liberação de CO2 para o planeta, acentuando
drasticamente as mudanças climáticas, o efeito estufa e o aquecimento global.

Depositphotos A Pegada Ecológica mede as áreas terrestre e aquática necessárias para


regenerar os recursos naturais que um país consome.

No caso do Brasil, a sua Pegada Ecológica corresponde atualmente a 2,9 hectares


globais por habitante, o que revela que o consumo médio dos recursos ecológicos por
cada brasileiro está relativamente próximo ao mundial que é de 2,7, bem acima do ideal
para o planeta que é de 1,8 gha. Atualmente o Brasil encontra-se na 56º posição entre os
países que consomem mais recursos naturais do que planeta é capaz de repor (WWF,
2012). Por outro lado, o país apresenta-se como grande credor mundial de
biocapacidade, entretanto esta mostrou-se decrescente nesse mesmo período, o que
evidencia a perda da qualidade ambiental resultante da intensificação dos danos
ambientais causados pelo homem.

A combinação entre crescimento econômico, redução da pobreza e meio ambiente, é


essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável das nações. Pois não se pode
se pensar em desenvolvimento, com redução da pobreza, sem considerar os aspectos
ambientais, diante dos riscos iminentes atuais. Os tomadores de decisões devem
estimular uma economia verde em suas nações, criando oportunidades sustentáveis de
crescimento para o seu país, considerando o meio ambiente, não como entrave para o
crescimento econômico, mas como o caminho de sucesso para sua promoção.  Nesta
perspectiva, o fato do Brasil ser um dos maiores credores mundiais de biocapacidade,
pode possibilitar que um novo caminho rumo a sustentabilidade possa ser trilhado
mundialmente. Aproveitando as oportunidades nas dificuldades. Assim, o planeta
vencerá, todos vencerão.

Referências

HARRIS, Jonathan e CODUR, Anne Marie. Macroeconomics and the Environment.


Global Development and Environment Institute Tufts University Medford, MA  02155.
2004. 37 p.

COSTANZA, R. The dynamics of the ecological footprint concept. Commentary-


Forum: The Ecological footprint. Ecological Economics, v. 32, p. 341-345, 2000.

OPSCHOOR, H. The ecological footprint: measuring rod or metaphor? Commentary.


Forum: The Ecological Footprint. Ecological Economics, v. 32, p. 363-365, 2000.

WWF. Living Planet Report 2014. Disponível aqui. Acesso em: setemb. 2014.

WWF. Living Planet Report 2012. Disponível aqui. Acesso em: setembro 2014.

Global Footprint Network. Advance the Science of sustentabilit. Disponível aqui.


Acesso: setembro de 2014.

Você também pode gostar