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Aula 1: Princípios constitucionais e os direitos fundamentais relacionados ao direito autoral

Introdução

Aula introdutória, analisando os princípios constitucionais, tendo como parâmetro a


“constitucionalização do direito civil”, que traz uma abordagem sistêmica do direito civil com
base nos princípios constitucionais como o princípio da dignidade humana, o princípio da
isonomia, o princípio da função social da propriedade entre outros, relativos aos direitos
autorais e à propriedade intelectual.

Serão abordados os princípios constitucionais e os direitos fundamentais dos cidadãos


assegurados e protegidos na Lei Maior brasileira, abrangendo o direito à honra, à imagem, à
intimidade, à vida privada das pessoas, à inviolabilidade de correspondência, o direito à
propriedade e os direitos autorais de obras artísticas, científicas e literárias, conforme está
preceituado no art. 5º, da Constituição Federal.

Objetivos
 Discorrer sobre os direitos básicos e fundamentais dos cidadãos assegurados na Constituição
Federal relacionados aos direitos autorais e à Propriedade Intelectual.
 Identificar as características e compreender o papel dos três poderes da União: Poder
Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário no processo de criação de uma sociedade
democrática.
 Analisar o direito de imagem, direito do esquecimento e as biografias não autorizadas.

O Direito
O Direito, como ciência constituída pela interação social, é extremamente dinâmico (Eros
Grau), impondo aos juristas uma devotada reflexão do Direito e dos institutos jurídicos, visando
acompanhar a evolução das relações sociais e, consequentemente, da própria ciência jurídica e
do direito constitucional, no caso específico.

O Brasil vivencia importantes avanços na concretização da democracia e na solidificação da


cidadania, especialmente a partir da Constituição Federal de 1988 — fundamento do
ordenamento jurídico brasileiro, protetora dos princípios, direitos e das garantias individuais e
coletivos, e da forma como o Estado é organizado, que não apenas elenca direitos, deveres e
garantias dos cidadãos e gestores públicos, mas também apresenta os mecanismos de defesa
para a sua efetiva concretização.

Mas, apesar dos avanços, os tempos atuais nos impingem a discutir conceitos fundamentais
como igualdade, liberdade, justiça, equidade, lei, moral, honestidade, lealdade, probidade,
relações do direito com a ética, com a política, com a sociedade, relações entre o público e o
privado e entre o individual e o coletivo.

Como muito bem nos lembra o Professor e Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto
Barroso, no início dos tempos era a força, depois os mitos gregos, por fim as leis. Inicialmente
leis morais, depois bíblicas (os Dez Mandamentos) e por fim as leis pautadas na vontade da
soberania popular, isto é, leis escolhidas diretamente pelo povo ou por seus representantes.
(BARROSO, 2015).
Cumpre ressaltar, no entanto, que o constitucionalismo entrou no vocabulário jurídico e político
há pouco mais de 200 anos, guardando relação direta com as experiências liberais na França, na
Inglaterra e nos Estados Unidos.

De modo amplo, constitucionalismo corresponde ao governo de leis e não de homens, pautado


em um documento de caráter político/jurídico máximo desta ordem, que deve por essência
traduzir um pacto entre homens livres e iguais que, abrindo mão de parte da sua liberdade,
encontram, neste documento, um consenso mínimo.

Ademais, pode-se complementar dizendo que constitucionalismo corresponde a poder limitado,


relacionando-se neste sentido com a noção de Estado de Direito (submissão às normas e
procedimentos regulamentados), pois só há este onde há o primeiro.

Assim, constitucionalismo corresponde ao exercício do Poder Estatal limitado, principalmente


pelos direitos fundamentais duramente conquistados pelos cidadãos, permitindo a cada
indivíduo o pleno exercício de direitos e vedando intervenções Estatais não pautadas na lei e na
Constituição.

Conceito de direto constitucional


Pode-se dizer que Direito Constitucional é um ramo do Direito Público destinado a estudar a
organização do poder político, do Estado, da estrutura do Estado e dos direitos fundamentais
que controlam o exercício e o abuso deste poder.

Para um dos mais importantes constitucionalistas brasileiros, José Afonso da Silva, o direito
constitucional “é o ramo do direito público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e
normas fundamentais do Estado”.

Esta decisão, nos termos do art. 947, §3º, vincula todos os juízes e órgãos fracionários do
referido tribunal. Trata-se, portanto, de uma jurisprudência uniformizadora, originada a partir de
um julgado.

Vejamos agora um julgado que representa a função tradicional do conceito de jurisprudência,


que ocorreu no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. O acórdão proferido no
julgamento da Apelação nº 1.0702.12.043817-2/0001 acompanhou as decisões reiteradas do
tribunal no sentido de reconhecer o requerimento de suspensão da execução como um negócio
processual atípico. A Ementa do julgado é clara neste sentido.

A Constituição Federal
A Constituição Federal é a Lei Maior brasileira, base de todo o direito e orienta genericamente,
de forma ampla todos os demais direitos. Toda lei criada infraconstitucionalmente deve
obedecer aos parâmetros constitucionais e não pode ferir os seus preceitos e princípios. A atual
e vigente Constituição brasileira é datada de 05 de outubro de 1988.

As constituições possuem em comum a supremacia formal, ou seja, o fato de ocuparem o ápice


da ordem jurídica, provendo fundamento de validade para o restante do ordenamento.

Kelsen propõe a imagem de uma pirâmide para representar a estrutura da hierarquia das leis no
ordenamento jurídico.
 Constituição Federal
 Leis (Complementares, Ordinárias)
 Medidas Provisórias
 Resoluções, Instruções Normativas, Portarias etc.

Há um pressuposto lógico segundo o qual devem ser cumpridas as normas elaboradas de acordo
com a Lei Maior, de acordo com os preceitos prescritos na Constituição.

O neoconstitucionalismo transformou significativamente a forma de interpretação e aplicação


das normas constitucionais, particularmente a partir da sua preocupação preponderante com a
ética e a moral.

Após ser promulgada, a Constituição só poderá sofrer mudança através de emendas.

Princípios básicos da constituição federal

A Constituição Federal, em seu art. 1º e incisos, prevê como princípios básicos da República
Federativa do Brasil os seguintes princípios:

a. A soberania (O Brasil é um país dotado de soberania para exigir o fiel cumprimento das
leis em seu território).
b. A cidadania (Proporciona o exercício dos direitos e deveres básicos do cidadão, sejam
eles sociais, civis e políticos).
c. A dignidade da pessoa humana (políticas públicas que devem ser criadas para viabilizar
o respeito ao cidadão por parte do Estado).
d. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (oportunizar a criação de empresas
com o fim de proteger as leis trabalhistas e o incentivo à iniciativa privada na produção
ou circulação de bens ou serviços).
e. O pluralismo político (garantir a participação do povo na democracia, assegurar a
liberdade de expressão, opinião e manifestação de pensamento).

Separação dos poderes


O Governo é uno, único, contudo, com a devida separação de acordo com cada Poder que
representa a União, cada qual com sua atribuição e função, que são os Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário.

Art. 2º da Constituição Federal: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

O Poder Legislativo
O poder legislativo é o poder incumbido de criar as leis que terão aplicabilidade na sociedade. É
o poder mais complexo dos três poderes da República Federativa do Brasil, conforme pode ser
observado abaixo.
No Brasil, o referido poder está subdividido em três esferas (federal, estadual ou distrital
(Brasília é Distrito Federal) e municipal) com independência entre si, com atuação em níveis
distintos de poder com forma, competência e finalidade firmadas pela Constituição Federal.

Na esfera federal representado pelo Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados).

Na esfera estadual, representado pela Assembleia Legislativa (Deputados Estaduais)

Na esfera municipal, representado pela Câmara dos Vereadores.

Importante destacar que o legislativo nacional não possui meramente a finalidade de legislar,
possuindo também a finalidade de fiscalizar a ordem pública.

Tem como finalidade a edição de leis de acordo com as suas competências, entretanto, há que se
firmar que o poder legislativo também possui a função fiscalizadora, através do Tribunal de
Contas que atua de forma operacional, contábil e financeira de todos os órgãos e funções
públicas.

O Poder Executivo
Na esfera federal o Poder Executivo é representado pelo Presidente da República, Vice-
Presidente e Ministros de Estado, todos com a missão de administrar o Estado dando-lhe
efetividade.

Na esfera estadual, representado pelo Governador, Vice-Governador e Secretários.

Na esfera municipal, representado pelo Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários.

O Brasil possui 26 estados, Distrito Federal e 5.568 municípios, de acordo com os dados do
IBGE atualizados em julho de 2020.

O Poder Executivo é caracterizado por ser o poder responsável pela gestão do país, com a
finalidade de exercer o do poder do Estado, ou seja, competência de ser a maior expressão do
poder de um Estado, encarregado de dar efetividade e cumprimento às leis vigentes do Estado.

Logo, caberá ao Poder Executivo determinar os caminhos que o Estado irá percorrer durante
suas políticas e propostas nos mais diversos setores da vida em sociedade.

O Poder Judiciário
Os órgãos do judiciário exercem a função jurisdicional, que é a função de “dizer” o direito, de
apreciar os conflitos levados à sua apreciação, que é exercida através de ações judiciais
propostas para que haja a possibilidade de composição dos litígios presentes na sociedade.

O Poder Judiciário tem a função de aplicar as leis vigentes no país e zelar pelo fiel cumprimento
dos preceitos previstos na Constituição Federal.

Conselho Nacional de Justiça (art. 92, I-A, 103-B §4º e


O Conselho Nacional de Justiça é o mais recente membro do Poder Judiciário que foi criado
através da Emenda Constitucional nº 45/2004, conhecida como a Reforma do Judiciário. É um
órgão de fiscalização das irregularidades que, porventura, possa ocorrer no Judiciário,
exercendo, ainda, o seu controle externo. Esta competência incide substancialmente sobre dois
temas:

 Atividade financeira e administrativa dos órgãos judiciais, e


 O cumprimento dos deveres funcionais das autoridades do poder judiciário.

O referido controle é maior do que o controle interno realizado pela Corregedoria de justiça, que
se restringe aos deveres funcionais. É também maior do que aquele exercido pelo Tribunal de
Contas, considerando que não atua apenas na esfera financeira, mas também na esfera
administrativa.

As ouvidorias de justiça atuam simultaneamente aos referidos órgãos e atuam na captação de


reclamações feitas por pessoas da sociedade e são levadas ao conhecimento do Conselho
Nacional de Justiça.

Direitos fundamentais dos cidadãos


São os direitos positivos, aquelas prerrogativas e instituições que o Estado efetiva na garantia da
dignidade, liberdade e igualdade de todos perante a lei, o que assegura relações jurídicas livres
de quaisquer discriminações, seja no âmbito social, pessoal ou profissional, capaz de
proporcionar um convívio adequado entre todos os membros da sociedade.

Essência e efetividade das normas sobre direitos fundamentais


São situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no ordenamento jurídico, em benefício
da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana; a eficácia e aplicabilidade das normas
que compreendem os direitos fundamentais subordinam-se não apenas ao seu enunciado, mas
também da estrutura e da infraestrutura do Poder competente para que todas as leis asseguradas
e positivadas sejam plenamente aplicadas e efetivadas.

Desta forma, os direitos fundamentais somente serão exercidos se forem devidamente


garantidos por uma ordem jurídica finamente adaptada.

Os direitos fundamentais e a Constituição de 1988 (CRFB)


No Art. 5° da Constituição Brasileira serão garantidos “aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no Brasil a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade e
à segurança, sendo estes os direitos fundamentais.” (art. 5º, caput, CF de 1988)

Estão resguardados e garantidos no art. 5º da Constituição Federal em seus 78 incisos e assim


prevê em seu caput:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Direitos fundamentais inerentes ao direito autoral
Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Art. 5º, IV - É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato.

As pessoas podem expressar seus pensamentos e vontades, contudo devem assumir a autoria do
que dizem, registram e produzem.

Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Ninguém tem o direito de invadir a privacidade de outra pessoa, seja por meio de ligação
telefônica, publicação de fotos ou comentários sobre uma pessoa sem que esta tenha autorizado,
cabendo indenização. No entanto, se for pessoa famosa ou local público, esse princípio fica
mitigado, em razão do princípio de liberdade de expressão e do interesse social que se sobrepõe
a esse.

Voltaremos a tratar do assunto nas aulas subsequentes em relação ao direito autoral e penal em
relação a casos semelhantes.

Art. 5º, XII -é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
(Vide Lei nº 9.296, de 1996)

Dessa maneira, assim como a correspondência e a conversa telefônica, o e-mail deve ser
preservado, com exceções conforme veremos na próxima aula.

Art. 5º XXII - é garantido o direito de propriedade;

 propriedade material, bens móveis ou imóveis, como casa, automóvel.


 Propriedade imaterial ou intelectual – livro, filme, música, foto, software.

Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

 quebra de patente por interesse coletivo.

Exemplo: O inventor de uma vacina contra o câncer pode registrar seu invento e estar protegido.
No entanto, como é caso de interesse da coletividade, a patente será quebrada para que o
governo utilize essa vacina, mas o seu direito como autor da obra e de receber pelo invento
continua preservado, conforme veremos na aula sobre direitos autorais.

Art. 5º - XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou


reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas obras; o autor é,
pois, titular de direitos morais e de direitos patrimoniais sobre a obra intelectual que produzir.

Como exemplo, podemos citar as obras de autores de livros e músicas que possuem o direito
autoral, ou seja, de ter o nome na obra e de auferir os lucros advindos desta obra.
Domínio Público
Toda propriedade intelectual está protegida pelos direitos autorais e após determinado tempo
fixado pela lei, entra em domínio público. Domínio público é o instrumento legal de liberação
das obras do copyright (todos os direitos reservados ao autor ou detentor dos direitos autorais),
extinguindo, assim, os direitos autorais, em que não mais haverá a exclusividade para explorar
economicamente a obra, ou seja, auferir lucro com a obra.

A Lei 9.610/98, lei brasileira que protege os direitos autorais, prevê em seu art. 41, que a regra
geral para que as obras entrem em domínio público é de 70 anos após a morte do seu autor.

Inicia-se a contagem desse tempo, conforme previsão legal, no dia 1º de janeiro do ano
subsequente ao falecimento do autor, obedecida a ordem sucessória da lei civil, (descendentes,
ascendentes, cônjuge e colaterais), conforme previsão do art. 1829 do Código Civil. Contudo, se
não houver deixado sucessores, a obra cairá em domínio público na data do falecimento de seu
autor.

Exemplo: as obras de Noel Rosa, Machado de Assis, Monteiro Lobato já entraram em domínio
público e qualquer pessoa pode utilizar e fazer as adaptações sem infringência dos direitos
autorais.

Uma obra protegida por copyright (todos os direitos reservados), em regra, não pode ser
licenciada, porém, há formas alternativas, como a licença CC, da organização Creative
Commons, que relativiza o conceito de direitos autorais para “alguns direitos reservados, em
que o autor permite que os fãs tenham acesso livre de sua obra sem infringência dos direitos de
autor.

Quando uma obra está em domínio público deve estar e ser acessível por toda a sociedade.

No caso de coautoria, quando a obra literária, artística ou científica for indivisível, o período
previsto para o domínio público é de 70 anos após a morte do último coautor sobrevivente,
conforme prevê o art. 42 da referida lei.

Art. 5º XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz


humanas, inclusive nas atividades desportivas;
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer
forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta
Constituição.
§ 1º – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no
art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
A Constituição Federal garante os direitos concernentes às mídias e meios de imprensa através
desses dispositivos legais.

Direito de Imagem
Conforme decisão do Conselho da Justiça Federal, através do Enunciado n. 279, da IV Jornada
de Direito Civil, deve haver uma ponderação de interesses e valores em relação ao direito de
abaixo, conforme abaixo:
“A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados,
especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em
caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem
como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa,
biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.”

Sobre a utilização de imagem para fins comerciais ou econômicos, assim decidiu o Superior
Tribunal de Justiça:

SÚMULA 403 STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
DIREITO CIVIL. DIREITOS DA PERSONALIDADE. UTILIZAÇÃO DE IMAGEM DE
PESSOA PÚBLICA SEM AUTORIZAÇÃO. FINALIDADE EXCLUSIVAMENTE
ECONÔMICA. EXISTÊNCIA DE DANO MORAL.
Ainda que se trate de pessoa pública, o uso não autorizado da sua imagem, com fins
exclusivamente econômicos e publicitários, gera danos morais. A jurisprudência do STJ firmou-
se no sentido de que a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com
fins econômicos ou comerciais independe de prova do prejuízo.

Dano Moral. Uso. Imagem. Matéria Jornalística


Trata-se de ação de indenização por danos morais pelo uso indevido de imagem decorrente de
publicação jornalística sem autorização, visto que exibiu, em primeira página, fotografia de
vítima em meio às ferragens de acidente automobilístico. Observa o Min. Relator que o direito à
imagem constitui um dos elementos integrantes do direito à personalidade (art. 11 do CC/2002)
e o legislador não deixou de conferir proteção à imagem e à honra de quem falece, uma vez que
essas permanecem perenemente nas memórias dos sobreviventes, como bens que se prolongam
para muito além da vida. Assim, assevera que a ofensa se materializa com o simples uso da
imagem sem autorização, ainda que tal utilização não tenha conteúdo vexatório, pois o direito à
imagem se integra de forma irrestrita na personalidade. Dessa forma, a utilização indevida da
imagem gera, autonomamente, indenização por perdas e danos (art. 12 do CC/2002).

Direito ao esquecimento
O direito ao esquecimento surge na discussão acerca da possibilidade de alguém impedir a
divulgação de informações que, apesar de verídicas, não sejam contemporâneas e lhe causem
transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, por decisão majoritária da Corte Suprema
do País, no dia 11.02.2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que é incompatível com
a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento que possibilite impedir, em razão
da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos em meios de comunicação.
Segundo a Corte, eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de
informação devem ser analisados caso a caso, com base em parâmetros constitucionais e na
legislação penal e civil.

O Tribunal, por maioria dos votos, negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 1010606,
com repercussão geral reconhecida, em que familiares da vítima de um crime de grande
repercussão nos anos 1950 no Rio de Janeiro buscavam reparação pela reconstituição do caso,
em 2004, no programa “Linha Direta”, da TV Globo, sem a sua autorização. Após quatro
sessões de debates, o julgamento foi concluído hoje, com a apresentação de mais cinco votos
(ministra Cármen Lúcia e ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e
Luiz Fux).

Na abordagem do assunto sob o aspecto sociológico, o antigo conflito entre o público e o


privado ganha uma nova roupagem na modernidade: a inundação do espaço público com
questões estritamente privadas decorre, a um só tempo, da expropriação da intimidade (ou
privacidade) por terceiros, mas também da voluntária entrega desses bens à arena pública.

Sob outro aspecto, referente à censura à liberdade de imprensa, o novo cenário jurídico apoia-se
no fato de que a CF, ao proclamar a liberdade de informação e de manifestação do pensamento,
assim o faz traçando as diretrizes principiológicas de acordo com as quais essa liberdade será
exercida, reafirmando, como a doutrina sempre afirmou, que os direitos e garantias protegidos
pela Constituição, em regra, não são absolutos. A explícita proteção constitucional à liberdade
de informação, fundada na inviolabilidade da vida privada, intimidade, honra, imagem e, nos
valores da pessoa e da família prevista no § 1º do art. 220, no art. 221 e no § 3º do art. 222 da
CF, parece sinalizar que, no conflito aparente entre esses bens jurídicos de especialíssima
grandeza, há, de regra, uma inclinação ou predileção constitucional para a liberdade de
expressão, embora o melhor equacionamento deva sempre observar as particularidades do caso
concreto.

Essa constatação se mostra consentânea com o fato de que o direito ao esquecimento é uma
decorrência lógica do princípio da dignidade da pessoa humana, e, quando há confronto entre
valores constitucionais, é preciso eleger a prevalência de um deles.

A tese de repercussão geral firmada no julgamento foi a seguinte:

“É incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento, assim


entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou
dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social –
analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e
de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais,
especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade
em geral, e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível”.

Publicação de biografias não autorizadas


A complexa questão envolvendo a publicação de biografias não autorizadas, matéria do Projeto
de Lei 393/2011, chegou à Corte Suprema (STF), por meio da Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº. 4815, envolvendo dois direitos constitucionalmente assegurados, quais
sejam, o direito de liberdade de expressão e os direitos da personalidade, como a imagem e a
honra, por exemplo.

O STF se pronunciou e afastou a exigência de autorização prévia para a realização de


publicações de biografias:

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIN) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação
de biografias. Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação
conforme a Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância
com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada,
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de
pessoas falecidas) (STF, 2015).
Questão 1: Os princípios constitucionais estão previstos no art. 1º da Constituição Federal e
todas as demais normas do ordenamento jurídico devem seguir a orientação desses princípios,
que são: De acordo com o art. 1º da Constituição Federal, a República Federativa do
Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania;
II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e
da livre iniciativa; V – o pluralismo político.

Questão 2: Compreende um dos Poderes da União e sua função principal é aplicar as leis e zelar
pelo fiel cumprimento da Constituição Federal. Poder Judiciário. A função do Judiciário é a
de aplicar as leis, resolver os conflitos levados à sua apreciação e zelar pelo fiel
cumprimento da Constituição Federal.

Questão 3: O art. 5º da Constituição Federal assegura a inviolabilidade dos direitos


fundamentais. São estes: Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Questão 4: Os direitos autorais estão entre os direitos fundamentais assegurados pelo art. 5º da
Constituição Federal em alguns de seus incisos. Assim, abaixo, estão elencadas as referidas
proteções, EXCETO: É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, mesmo por ordem judicial. Neste
caso, salvo por ordem judicial para esclarecimento de qualquer aspecto jurídico ou
judicial, como por exemplo, pessoas que postam no Facebook ou por e-mails comentários
racistas terão sua intimidade mitigada).

Questão 5: O direito à propriedade (material ou imaterial) é um dos direitos fundamentais


protegidos no art. 5º XXII da Constituição Federal. São exemplos de propriedade imaterial:
Música, Livro e Filme. Imaterial, pois é obra do espírito, criação, inspiração, dom,
talento).

Aula 2: Os princípios contratuais, os requisitos de validade de um contrato,


a formação de um contrato via web, o comércio eletrônico e o e-business à
luz do Direito Digital

Introdução

Nesta aula serão abordados o conceito de contrato e a identificação de seus elementos


constitutivos na formação das relações jurídicas.

Serão analisados os princípios que regem o Direito Contratual e a sua aplicação a


situações concretas, tanto no campo do direito físico, quanto no campo do direito
virtual.

Também em análise os contratos de adesão, o comércio eletrônico e e-Business e a


interpretação dos contratos.
Objetivos
 Discorrer sobre os princípios relevantes na formação dos contratos.
 Identificar os requisitos de validade do contrato firmado para estabelecer as mais
diversas relações jurídicas no cotidiano, incluindo o contrato via web.
 Analisar os contratos de adesão, o comércio eletrônico e o e-Business nas relações
jurídicas de direito contratual e consumerista com base no Direito Digital.

Introdução
Os contratos têm relação direta com o Direito das Obrigações, pois ao estabelecer uma
relação jurídica através de um contrato as partes assumem obrigações recíprocas que
devem ser adimplidas.

O contrato é a expressão das obrigações assumidas e em caso de haver inadimplência de


quaisquer partes contratantes haverá consequências jurídicas.

A importância de se conhecer tais institutos é explicitada por Flávio Tartuce (2017, p.


23): “Tanto a obrigação quanto o contrato assumem hoje ponto central do Direito
Privado, sendo apontados por muitos como os institutos jurídicos mais importantes de
todo o Direito Civil”.

O Código Civil Brasileiro não estabelece uma definição de contrato. Nesse sentido,
Flávio Tartuce (2017, p. 18) define:

“O contrato é um ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de


vontade, cujo objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e
deveres de conteúdo patrimonial. Os contratos são, em suma, todos os tipos de
convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de vontades e por
outros fatores acessórios”.

Condições de validade dos contratos


Os requisitos da validade do negócio jurídico estão elencados no art. 104, CC:

A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Notas

Vale ressaltar que o elemento principal para a existência de um contrato é à vontade.


Assim, a existência compreende vontade, sujeitos, objeto e forma. Para que o contrato
tenha validade é necessário preencher os requisitos do art. 104 do Código Civil acima
mencionado, ou seja, agente capaz para expressar o consentimento, através da
manifestação da vontade, objeto lícito e forma prevista em lei.

Agente livre e capaz


Considera-se capaz toda pessoa apta a ser sujeito de direitos e obrigações.

A lei revela que todas as pessoas são capazes, a partir da maioridade ou emancipação,
excluindo apenas os incapazes, devidamente definidos, e classificados de acordo com a
incapacidade, que pode ser absoluta (art. 3º do Código Civil), ou relativa (art. 4º do
Código Civil).

Os sujeitos incapazes só podem celebrar negócios jurídicos válidos, se estiverem


devidamente representados (absolutamente incapazes), ou assistidos (relativamente
incapazes) por seus representantes legais.

Objeto lícito, possível e determinável


Para que o negócio jurídico seja considerado válido, a lei dispõe que o objeto seja lícito
(legal, de acordo com a lei); possível (possibilidade de ser negociado de acordo com os
aspectos jurídicos, físicos, humanos etc. Não é possível vender terreno em outro planeta,
por exemplo); determinado (especificado no contrato como quantidade, qualidade,
marca, modelo etc.) ou determinável (pode não estar especificado no contrato, porém,
ser determinado até o término do referido negócio).

Forma prescrita ou não defesa em lei


Os contratos devem ser celebrados de acordo com a autonomia privada da vontade das
partes, porém, devem estar de acordo com a forma estabelecida por lei. Ex.: contrato de
compra e venda de imóvel deve ser celebrado através de escritura pública de compra e
venda.

Atenção!

A forma é a representação do acordo de vontades entre as partes. É a exteriorização do


conteúdo do contrato e possui três funções:

 Confirmar a manifestação de vontade;


 Comprovar a existência da declaração de vontade capaz de produzir efeitos jurídicos
para ambas as partes;
 Proteger a boa-fé de terceiros.
Dos Planos do Negócio Jurídico
O negócio jurídico somente poderá ser compreendido sob a análise de três planos ou
aspectos, que são: existência, validade e eficácia. E, somente com estes planos visíveis
pode se verificar sua plena realização, passando, portanto, a analisar cada um deles de
forma detalhada.

Plano da Existência
No plano da existência devemos considerar os pressupostos básicos para que o negócio
jurídico tenha eficácia, ou seja, preenche os requisitos mínimos para que possa surtir
efeitos.

Os requisitos essenciais de validade do negócio jurídico têm previsão legal no artigo


104 do Código Civil Brasileiro, com acréscimo do quarto item para acolher o elemento
de existência, conforme abaixo:

I. Agente;
II. Objeto;
III. Forma;
IV. Vontade Exteriorizada das partes;

A ausência de qualquer um destes elementos torna o negócio jurídico inexistente, ou


seja, impossível de ser formalizado, “frustrados os elementos de existência, não existe
na órbita jurídica, não podendo produzir, por conseguinte, qualquer efeito jurídico” nos
moldes do ensinamento de Cristiano Chaves de Farias (2015, p. 512).

Plano da Validade
Em tendo sido superado o plano de existência jurídico (presentes os quatro elementos
fundamentais) passa-se a estudar os pressupostos de validade do negócio jurídico, que
em estando ausente poderá ser o negócio considerado nulo ou anulável.

No plano de validade encontra-se a plena justificativa teórica do negócio jurídico,


exteriorizada a vontade das partes, forma, objeto, conteúdo e principalmente os limites
da autonomia privada.

Neste plano teremos a qualificação dos elementos que compõem o plano de existência
do negócio jurídico, a partir da leitura do artigo 104 do Código Civil Brasileiro,
conforme já visto.

Em sendo o agente maior de idade, ou emancipado, capaz; o objeto sendo lícito e


podendo ser determinado ou determinável, a forma do negócio estar dentro do que
estabelece a lei e a vontade das partes expressa e livre de qualquer vício, não existem
motivos para que seja declarado nulo ou anulável o negócio jurídico realizado pelas
partes.
Atenção!

Dos Contratos em Geral

LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. (CÓDIGO CIVIL)

Princípios fundamentais do Direito Contratual

1) Liberdade de contratar. Autonomia da vontade.


A liberdade de contratar é inerente ao ser humano e está relacionada com a opção da
pessoa ou das pessoas com quem determinado negócio será firmado, sendo uma
liberdade plena, em regra.
Toda pessoa possui plena autonomia privada da vontade para celebrar qualquer negócio
jurídico permitido ou não proibido por lei, consagrando, assim, a liberdade contratual.

2) Pacta sunt servanda e Rebus sic stantibus


Trata-se de pactos antigos, porém, ainda vigentes, que precisam ser observados nos
contratos.
Pacta sunt servanda – O contrato faz lei entre as partes. Obriga o seu cumprimento.
Observância do princípio da obrigatoriedade dos contratos.
No direito antigo, o cumprimento dessa cláusula era integral. Entretanto, na atual
concepção do Direito Civil, de acordo com os princípios constitucionais recepcionados
pelo Código Civil de 2002, o referido princípio foi relativizado em caso de constar
alguma abusividade no contrato visando a proteção da dignidade da pessoa humana.
Rebus sic stantibus - A referida cláusula está relacionada à teoria da imprevisão,
exigindo-se que as condições do contrato permaneçam iguais, desde a sua assinatura e
prolongada pelo tempo de sua vigência.
As partes devem estar cientes e de acordo com todas as cláusulas que devem estar claras
sobre o seu conteúdo, valor, objeto, prazos etc.

3) Função econômica e social do contrato


O art. 421 do Código Civil (CC) dispõe: “A liberdade de contratar será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato”.
A função social do contrato está relacionada com o elo de ligação dos contratantes com
a sociedade, porque o que se é contratado não deve ferir direitos de terceiros e nem
ofender os interesses sociais.

4) Princípio da probidade e boa-fé contratual


Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Probidade está relacionada com honestidade, lealdade, transparência, integridade. O


Princípio da boa-fé é uma cláusula geral que contempla uma regra de conduta e ética
adequada, proba, leal, honesta, que devem estar presentes em todas as relações jurídicas.

O referido princípio está relacionado com valores constitucionais supremos que


orientam as relações jurídicas contratuais e a autonomia da vontade de acordo com
todos os direitos e deveres inerentes aos interesses sociais que envolvem as relações
contratuais e extracontratuais, conforme previsão legal descrita no Código Civil de
2002:

 Obrigação de um padrão de conduta adequado por ambas as partes decorrente de


determinada relação negocial, no sentido de haver reciprocidade de cooperação e
interesses convergentes com o propósito de se alcançar a finalidade da função social
do contrato e a boa-fé contratual.

Bilateralidade dos contratos


Bilateralidade dos contratos.

Significa que o contrato faz lei entre as partes e gera obrigação para ambas as partes
contratantes.

Interpretação dos contratos


Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Não há um contrato de adesão, há contratos celebrados por adesão, como por exemplo,
os contratos de serviço de massa, como os de serviço de energia elétrica, gás, água,
bancos etc.

O art. 47 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que as cláusulas


contratuais sejam interpretadas sempre de maneira mais favorável ao consumidor,
independente de obscuridade ou ambiguidade da cláusula.

Contratos de adesão
O Código Civil não conceitua o contrato de adesão. O conceito está previsto no Código
de Defesa do Consumidor.

O art. 54 do CDC prevê que: “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.”

O contrato de adesão não é uma espécie contratual, porém, um método de contratação,


cuja forma de aceitação de um dos contratantes ocorre com a simples adesão a um
conteúdo preestabelecido pelo outro contratante (Marques, 2011). O aderente, em regra,
não tem poder de negociação. As cláusulas contratuais já estão previstas, concluídas e
finalizadas, não restando outra alternativa ao aderente, senão assinar o referido contrato.
O contrato via web ou eletrônico
O contrato eletrônico ou via web segue os mesmos princípios legais presentes na
formação de um contrato por escrito.

O contrato formalizado por meio eletrônico é realizado através da internet ou contato


telefônico, em que não há a presença física entre as pessoas, bastando haver a interação.
As partes contratantes expressam sua vontade e consentimento de forma simultânea a
determinadas ofertas, mesmo que não estejam presentes fisicamente, através de meios
eletrônicos como chats, aplicativos de mensagens como Whatsapp, sites, telemarketing
etc. Em alguns casos, o contrato eletrônico é firmado através do termo de condições
especificado e enviado no momento da aceitação contratual ou o contrato físico é
enviado posteriormente.

O contrato será considerado eletrônico quando for celebrado por meio digital ou quando
o bem ou serviço for digital, como e-books, serviços de músicas e filmes através
de streaming etc. assim também se verificará se for moeda como cartão de crédito,
débito automático, PIX, ou poderá ser o bem digital e o pagamento físico – através de
boleto bancário.

A emissão da aceitação contratual de acordo com os termos da oferta também emitida


por meios eletrônicos, caracteriza um contrato eletrônico.

A presença jurídica é o critério utilizado e não o da presença física para que o contrato
eletrônico seja firmado, conforme se depreende do art. 428, I do Código Civil, que
considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação semelhante
para contratar. Portanto, presentes são aqueles em que a aceitação pode ser feita
imediatamente à proposta com interação e no caso de o contratante não aceitar logo em
seguida ou necessitar de prazo para aceitar, a proposta será considerada entre ausentes.

De acordo com os civilistas Gagliano e Pamplona Filho (2015), os contratos eletrônicos


podem ser celebrados tanto entre presentes quanto entre ausentes: “nessa linha de
raciocínio, poderemos considerar, entre presentes, o contrato celebrado eletronicamente
em um chat (salas virtuais de comunicação), haja vista que as partes envolvidas mantêm
contato direto entre si quando de sua formação, e, por outro lado, entre ausentes, aquele
formado por meio de envio de mensagem eletrônica (e-mail), pois, nesse caso, medeia
um lapso entre a emissão da oferta e a resposta”.

A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online, em que há
interação como aplicativos de comunicação, como WhatsApp ou através de
telemarketing, é considerada como se a pessoa estivesse presente.

A relação entre a propriedade intelectual e o Código Civil


de 2002
O art. 524 do Código Civil assegura ao proprietário o direto de usar, gozar e dispor de
seus bens, e de reavê-los do poder de quem, injustamente os possua.
Assim existe a proteção da propriedade, seja material ou imaterial, considerando que se
for violada pode haver o direito de reivindicação inerente ao proprietário do bem.

O Comércio eletrônico e o e-Business


As operações de negociação de compra e venda firmadas pela internet são questões de
altíssima relevância jurídica nos dias atuais, considerando a utilização habitual de cartão
de crédito e fraudes diversas concernentes a dados, senhas e demais fatores relacionados
às novas tecnologias e meios de comunicação, como a Internet.

As operações de comércio eletrônico são semelhantes às realizadas de outras formas


físicas e presenciais, como o marketing direto de algumas empresas, como por outros
meios como a internet e o telemarketing, através de cartão de crédito ou boleto bancário
de forma que as transações online estejam padronizadas de acordo com os padrões de
conduta exigidos nos atos de comércio.

O Direito Digital busca resolver esta questão mediante a regulamentação dos


documentos eletrônicos como instrumentos juridicamente aceitos para comprovar a
veracidade das operações eletrônicas virtuais, procurando conseguir um alcance de
vários ordenamentos, já que de nada adianta ter padrões distintos no Brasil, na
Argentina, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Austrália — a operação pode ocorrer,
até mesmo envolvendo todos ao mesmo tempo.

O comércio eletrônico já foi recepcionado pela sociedade digital como um novo formato
de negócios, ampliado pelo avanço da tecnologia e das legislações que regulam esse
ramo do comércio mundial.

Os requisitos para garantir a segurança do Direito Digital e das relações comerciais


realizadas eletronicamente são as informações, a transparência, a utilização padronizada
da assinatura eletrônica com a observância de duas chaves assimétricas (verificação
simultânea do ID — Identidade Digital, ou seja, o cruzamento do código IP, e-mail e
CPF do comprador para seu reconhecimento online) e o contrato de seguro específico
para negociações online com pagamento de prêmio em caso de fraudes online.

As empresas que atuam de forma digital e virtual devem estar de acordo com o padrão
de informação e transparência no que diz respeito à publicidade de seus dados
específicos, com informações precisas sobre seus produtos e serviços, a observância das
leis que integram o ordenamento jurídico e tratam sobre o negócio jurídico específico,
se há seguro para operações online, o nível de atualização do software de segurança e as
referências cadastrais e de mercado para consulta do consumidor, caso necessário, assim
como a adaptação às leis de proteção de dados.

Atenção!

O cumprimento da exigência de transparência de informação faz com que não se caia na


modalidade de culpa in omittendo do Direito Civil (CC, art. 186), que responsabiliza
por danos causados devido à omissão de informações relevantes, estando este princípio
também previsto pelo Código de Defesa do Consumidor.

Deve-se ressaltar, por oportuno, outra modalidade de comércio eletrônico caracterizada


por serem empresas ambas as partes e não haver consumidor final na transação
comercial. Esse comércio entre empresas, o chamado Business-to-Business, ou somente
B2B, não se enquadra no Código de Defesa do Consumidor, que só se aplica ao
consumidor final de um produto.

Nesse mercado B2B concentra-se o maior volume de transações da Internet: os


metamercados, como são chamados os pontos de encontro virtuais entre empresas
compradoras e fornecedoras, que acarretam grande redução de custos operacionais para
seus participantes. Funcionam como pregões privados: muitas vezes o site pode ser
equiparado à figura do corretor.

Assumir a responsabilidade por eventuais problemas ocorridos nesse tipo de mercado é


de suma importância para que a empresa esteja adequada às normas e tenha
credibilidade nos negócios firmados online. O site deve ser corresponsável pelas
transações. Desta forma ocorre nos metamercados: a eficiência da Internet baseia-se em
sua capacidade de concentrar toda a operação virtualmente — minutas de contrato
online, recibos das transações etc., para que amplie a credibilidade junto aos
consumidores e a sua atuação de forma adequada.

Imprescindível que os contratos tenham cláusulas especiais e específicas, concernentes


ao mercado online, devendo observar: prazo, menção dos parceiros terceirizados,
responsabilidades assumidas, seguro, empresa certificadora da operação, endereços
eletrônicos de compra e venda autorizados, o domínio virtual, a preocupação com a
logística, com a entrega, buscando minimizar os riscos de quaisquer espécies de
equívocos ou falhas com o consequente impacto negativo para a marca.

Diversas empresas operam virtualmente os seus serviços através de call-centers,


geralmente terceirizados, com grande relevância na área da economia da companhia. Os
contatos dessas empresas com os clientes são virtuais, através de e-mail, chat ou
vídeo streaming ou de contato telefônico. Importante a informação sobre o horário de
funcionamento do serviço de call-center, seus meios de acesso e o tempo de retorno
para cumprir as exigências da lei e a satisfação do cliente para que haja um bom e
adequado atendimento ao consumidor.

As instituições que aderiram ao comércio eletrônico têm se deparado com diversos


desafios, não somente no que concerne a implantar novas tecnologias de ponta, mas
também na integração entre os sistemas e as disposições da web. As empresas devem
estar atentas aos planos, técnicas e procedimentos do e-commerce que exige alterações
para adequação das estratégias necessárias direcionadas aos negócios online, à
concorrência para uma excelente atuação no mercado para que se destaquem e estejam
preparadas para atender às mais diversas demandas na área. Indispensável haver uma
assessoria ou consultoria jurídica por parte de advogados especializados em direito
digital para a correta assistência dos negócios de seus clientes.
Notas

- Art. 47 CDC: As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao


consumidor.

- Art. 428, I, CDC: Deixa de ser obrigatória a proposta:

I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também
presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante.

- Pacta sunt servanda

Pacto mais antigo que existe. Significa que os contratos devem ser cumpridos. Esse pacto,
embora ainda vigente, está flexibilizado, considerando as cláusulas abusivas que possam estar
apostas num contrato. Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. No Estado
liberal, esse princípio era tomado como absoluto. No entanto, na concepção atual do direito
civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados pelo
CC/2002, tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade humana.

- Sujeitos:

Estipulante – Detém o poder negocial.


Aderente – Aceita cláusulas preestabelecidas, sem poder de alterá-las.

Questão 1: O contrato firmado entre as partes deve ser cumprido e respeitado em toda a sua
vigência (pacta sunt servanda). Esse termo significa que: O contrato faz lei entre as partes.
Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. Pacto mais antigo que existe.
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; V – o pluralismo político.

Questão 2: De acordo com a charge abaixo, indique a opção correta:

Há possibilidade de cancelar ou de anular o contrato de forma


parcial ou total, pois o pacta sunt servanda, embora ainda vigente, está flexibilizado,
considerando as cláusulas abusivas que possam existir em um contrato. Embora se
tratando de um princípio da força obrigatória dos contratos, na concepção atual do direito
civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados
pelo CC/2002, tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade
humana.

Questão 3: O art. 422 do CC prevê que os contratantes são obrigados a guardar, tanto na
conclusão do contrato quanto em sua execução, os princípios: Da probidade e da boa-fé.

Princípio da Probidade: honestidade, integridade, honra. Princípio da boa-fé: reflete uma


regra de conduta e ética adequada, leal, honesta, orientadora da construção do Código
Civil.
Questão 4: A respeito do contrato de adesão, assinale a alternativa CORRETA: O Código Civil
NÃO conceitua o contrato de adesão. Quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Não existe um contrato de adesão, propriamente dito, existem contratos celebrados por
adesão, como os contratos de banco, por exemplo.

Questão 5: Sobre os contratos eletrônicos, também denominados contratos firmados via web,
assinale a opção correta: A interação contratual através da internet online (imediata como a
proposta feita através de aplicativos de mensagens, como WhatsApp ou telemarketing) é
considerada como se as pessoas estivessem presentes fisicamente . O artigo 428, I, CC
considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação
semelhante para contratar. Assim é que presentes são aqueles em que a aceitação
pode ser feita imediatamente à proposta. Se o contratante precisar de prazo para
aceitar, a proposta será considerada entre ausentes.

Aula 3: Os direitos básicos do Consumidor, a publicidade abusiva e a propaganda


enganosa e a responsabilidade civil dos meios de comunicação e das agências de
publicidade

Introdução

Nesta aula serão objetos de estudo o direito do consumidor, os conceitos de consumidor e


fornecedor e a aplicação do Código de Defesa do Consumidor de maneira geral e no comércio
eletrônico.

Serão analisados os direitos básicos do Consumidor, a publicidade abusiva e a propaganda


enganosa, as normas de proteção às relações de consumo e o comércio eletrônico, bem como os
órgãos fiscalizadores de defesa do consumidor.

Refletiremos sobre a política nacional das relações de consumo, os vários campos de tutela do
direito do consumidor, inclusive no direito digital e a responsabilidade civil dos meios de
comunicação e das agências de publicidade.

Objetivos
 Analisar a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor de forma geral nas relações
de comércio e de comércio eletrônico.
 Identificar os conceitos de consumidor e fornecedor, os direitos básicos do consumidor, a
propaganda enganosa e a publicidade abusiva, os órgãos fiscalizadores de defesa do
consumidor.
 Reconhecer as normas de proteção às relações de consumo e a responsabilidade civil dos
meios de comunicação e das agências de publicidade.

Introdução
A preocupação com os direitos do consumidor é universal, sendo tema de estudos e de
legislações por todo o mundo.
Diante disso, a Organização das Nações Unidas (ONU), em sua resolução n. 39/248, traçou uma
política geral de proteção ao consumidor destinada aos Estados filiados. Nela, basicamente,
encontra-se a preocupação fundamental de: proteger o consumidor quanto a prejuízos à saúde e
segurança, fomentar e proteger seus interesses econômicos, fornecer-lhe informações adequadas
para capacitá-lo a fazer escolhas acertadas de acordo com as necessidades e desejos individuais,
educá-lo, criar possibilidades de real ressarcimento, garantir a liberdade para formação de
grupos de consumidores e outras organizações de relevância, e oportunidade para que essas
organizações possam intervir nos processos decisórios a elas referentes (MIRAGEM, 2016).

No Brasil, além da resolução da ONU, da qual é adepto, na Constituição Federal de 1998, foi
reforçada a política de defesa do consumidor, quando assim dispôs em seu artigo 5º, inciso
XXXII:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (BRASIL, 2019);
  E também, em seu artigo 170, quando dispôs sobre a ordem econômica e financeira, elevou a
defesa do consumidor à ordem de princípio a ser seguido em uma atividade econômica.   
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
[...]
V - defesa do consumidor (BRASIL, 2019).

  Após a Constituição de 1988, ocorreu, no Brasil, a promulgação da lei n. 8.078/90, que dispõe
sobre a proteção do consumidor, estabelecendo, assim, o Código de Defesa do
Consumidor.   

O CDC – O Código de Defesa do consumidor


A defesa e a proteção do consumidor no ordenamento jurídico brasileiro se operacionalizou com
a entrada em vigor da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, o Código de Defesa do
Consumidor, que regulamenta as relações consumeristas, ou seja, entre consumidores e
fornecedores e tem como fundamento uma sequência de normas e princípios de garantia e
defesa ao consumidor, que estão consubstanciadas nos preceitos constitucionais da Lei Maior
brasileira que é a Constituição Federal de 1988 que traz em seu conteúdo todo o direcionamento
para a criação de leis infraconstitucionais e, uma dessas garantias é a proteção do consumidor
como um direito individual e um dos princípios da ordem econômica financeira.

O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC) nasce da necessidade de amparar o


consumidor em diversos aspectos, como data de fabricação e validade dos produtos,
informações precisas sobre produtos e serviços, dentre outros. O consumidor, por ser a parte
mais vulnerável e frágil da relação de consumo dispõe de uma legislação de proteção e defesa
de seus direitos.

Esse reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é essencial para que haja um maior


equilíbrio entre consumidor e fornecedor.

Relevante ressaltar que, embora o Direito do Consumidor seja um ramo do direito público, o art.
4º do Código de Defesa do Consumidor prevê, como um dos princípios da Política Nacional das
Relações de Consumo, assuntos pertinentes ao Direito de Propriedade Intelectual, que integra o
ramo do direito privado, o que, demonstra um vínculo entre a propriedade intelectual e o direito
do consumidor.

Objeto lícito, possível e determinável


Para que o negócio jurídico seja considerado válido, a lei dispõe que o objeto seja lícito (legal,
de acordo com a lei); possível (possibilidade de ser negociado de acordo com os aspectos
jurídicos, físicos, humanos etc. Não é possível vender terreno em outro planeta, por exemplo);
determinado (especificado no contrato como quantidade, qualidade, marca, modelo etc.) ou
determinável (pode não estar especificado no contrato, porém, ser determinado até o término do
referido negócio).

A política nacional de relações de consumo


Segundo o artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor, “A Política Nacional das Relações de
Consumo tem por objetivos o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os
seguintes princípios (BRASIL, 2019):

Atenção!

I. reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;


II. ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

a. por iniciativa direta;


b. por incentivos à criação e ao desenvolvimento de associações representativas;
c. pela presença do Estado no mercado de consumo;
d. pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.

III. harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica,
sempre com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.
IV. educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres,
com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V. incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e
segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de
conflitos de consumo;
VI. coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das
marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos
consumidores;
VII. racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII. estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Com efeito, o artigo 4º, do Código de Defesa do Consumidor, constitui-se em uma verdadeira
alma, no sentido de que se visa a atender não apenas às necessidades dos consumidores e
respeito à sua dignidade, de sua saúde e segurança, proteção de seus interesses econômicos,
melhoria de sua qualidade de vida, como também à imprescindível harmonia das relações de
consumo (MIRAGEM, 2016).

A vulnerabilidade do consumidor e a busca do equilíbrio


Os grandes marcos do Código de Defesa do Consumidor foram o reconhecimento da
vulnerabilidade do consumidor e a busca do equilíbrio nas relações de consumo.

Tal reconhecimento é uma primeira medida de realização da isonomia garantida na Constituição


Federal. Isso significa que o consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa
fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho
econômico.

O primeiro está ligado aos meios de produção, cujo conhecimento é monopólio do fornecedor.
E quando se fala em meios de produção não se está apenas se referindo aos aspectos técnicos e
administrativos para a fabricação e distribuição de produtos e prestação de serviços que o
fornecedor detém, mas também ao elemento fundamental da decisão: é o fornecedor que
escolhe o que, quando e de que maneira produzir, de sorte que o consumidor está à mercê
daquilo que é produzido.

O segundo aspecto, o econômico, diz respeito à maior capacidade econômica que, por via de
regra, o fornecedor tem em relação ao consumidor.

Destaca-se, também, a inversão do ônus da prova prevista no artigo 6º, inciso VIII do Código de
Defesa do Consumidor, o qual determina como direito básico do consumidor a facilitação da
defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências.

No que tange ao equilíbrio nas relações de consumo, podemos destacar o artigo 51, inciso IV do
CDC, bem como o inciso III, do § 1º do mesmo artigo 51, quando assim dispõem (BRASIL,
2019):

Atenção!

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

[...]
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
§ 1º. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
[...]
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e o
conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
Instrumentos de defesa do consumidor
Segundo o artigo 5º, do Código de Defesa do Consumidor, para a execução da Política Nacional
das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros
(BRASIL, 2019):

I. manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;


II. instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério
Público;
III. criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de
infrações penais de consumo;
IV. criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de
litígios de consumo;
V. concessão de estímulos à criação e ao desenvolvimento das Associações de Defesa do
Consumidor.

Dessa forma, o consumidor possui ampla estrutura judiciária para a defesa de seus direitos e a
solução dos conflitos. Destaca-se, aqui, a criação dos Juizados Especiais Cíveis, que permite o
chamado jus postulandi, ou seja, o direito de postular em juízo, sem a presença de um
advogado.

Assim, nas ações judiciais de até 20 (vinte) salários mínimos, de menor complexidade (quando
não houver necessidade de uma perícia, por exemplo), o consumidor pode pleitear em juízo,
sem a contratação de um advogado, diminuindo assim os encargos financeiros para o seu acesso
à Justiça.

O Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado em toda relação de consumo, onde
temos, em um dos polos da relação, o fornecedor, e, em outro polo da relação, o consumidor
final do produto.

Conceito de consumidor
Segundo o artigo 2º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90), consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. O
consumidor por equiparação também é considerado protegido pela lei como sendo toda
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que, porventura, sobrevir às relações de
consumo, conforme prevê o parágrafo único, art. 2º, Lei n. 8078/90.

Pela definição do artigo 2º do CDC, para ser considerado consumidor é necessário preencher os
3 requisitos abaixo. Consumidor é toda:

1. pessoa física ou jurídica.


2. que adquire (compra diretamente) ou que, mesmo não tendo adquirido, utiliza (usa, em
proveito próprio ou de outrem, como receber um presente) produto ou serviço, entendendo-
se por produto “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (CDC, art. 3º, §1º) e
por serviço qualquer atividade fornecida a terceiros, mediante remuneração, desde que não
seja de natureza trabalhista (CDC, art. 3º, § 2º);
3. como destinatário final, ou seja, para uso próprio, privado, individual, familiar ou doméstico,
e até para terceiros, desde que o repasse não se dê por revenda.
Conceito de fornecedor
Segundo o artigo 3º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90), fornecedor é toda
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Fornecedor é todo aquele que produz ou fabrica, de forma industrial ou artesanal, como também
aquele que importa, transporta, distribui ou vende, ou seja, comercializa produtos nos pontos de
venda. Enquanto o consumidor é o destinatário final de um bem ou de um serviço, fornecedor
tanto pode ser o fabricante originário, o intermediário ou o comerciante, bastando que faça disso
sua profissão ou atividade principal, havendo responsabilidade solidária entre estes, ou seja,
todos respondem pelo todo, no caso de haver qualquer infringência às leis consumeristas.

Vale ressaltar que todo fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, que desenvolve atividade
empresarial de oferecimento de bens ou serviços ao mercado.

Dos direitos básicos do consumidor


O artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) prevê os direitos básicos do
consumidor:

I. A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no


fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II. A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III. A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem;
IV. A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
V. A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
VI. O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção
jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VII. Indenização (ressarcimento do prejuízo sofrido, seja patrimonial ou moral);
VIII. Acesso à justiça;
IX. Facilitação de defesa de seus direitos (“facilitação da defesa de seus direitos”, ou seja, deve
o Estado remover os entraves ou criar mecanismos que tornem mais fácil a defesa do
consumidor em juízo, certo que a própria lei já indica dois desses meios: a inversão do ônus
da prova no processo civil, obedecidas as condições legais, e a Assistência Judiciária);
X. Qualidade dos serviços públicos.

Atenção!

Conceito de produto:
Art. 3º, §1º: Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Conceito de Serviço:
Art. 3°, § 2°: Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Inversão do ônus da prova


A inversão do ônus da prova é uma das garantias do consumidor na facilitação da defesa de seus
direitos, prevista no artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Nas relações
jurídicas de consumo, o ônus da prova se inverte, ou seja, não é o consumidor que precisa
provar que foi lesado e sim o fornecedor provar que não violou as normas previstas no
ordenamento jurídico, em caso de ação judicial, quando, a critério do juiz, for verossímil, ou
seja, se aproximar da verdade, a alegação do consumidor.

Art. 18 do CDC
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo
a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir
a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I. a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;


II. a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos;
III. o abatimento proporcional do preço.

Direito de arrependimento
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou
do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a
domicílio.

O direito de arrependimento é o prazo concedido ao consumidor que tenha adquirido produtos


ou serviços sem que tenha tido contato físico com o produto ou serviço, razão pela qual se
defere ao consumidor esse direito de se arrepender da aquisição efetivada fora do
estabelecimento comercial. (internet, telefone etc.).

Inegavelmente, o consumidor que contrata pela internet encontra-se vulnerável por conta das
técnicas de marketing que evoluíram tanto que conseguem convencer o consumidor a adquirir
produtos pela facilidade de aquisição e de pagamento.

O crescimento exponencial do comércio eletrônico condicionou a aplicação extensiva do CDC a


esta nova modalidade de consumo, fazendo com que o consumidor passasse a ter maior
credibilidade e segurança.
Direito do Consumidor
Constitui um direito difuso que reflete que o marketing é suscetível de controle e fiscalização
por toda a sociedade.

  Conforme o art. 31 da Lei 8.078/90 (CDC), a oferta é toda informação ou publicidade


suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação, com relação a
produtos e serviços oferecidos ou apresentados.   
  Publicidade tem objetivo comercial, para anunciar produtos passíveis de negociação.   
  Propaganda tem um fim ideológico para a divulgação de conceitos, ideias, fundamentos,
elementos, teorias, com objetivo religioso, político ou cívico.   

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,


inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de
induzir em erro o consumidor...

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à


violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança...

Os limites da publicidade voltada ao público infantil trafegam numa zona cinzenta, mesmo
havendo regras estabelecidas pela Constituição Federal, nos artigos 37 e 39 do Código de
Defesa do Consumidor e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O Conar (Conselho
Nacional de Autorregulamentação Publicitária) também destina ao assunto uma seção inteira de
seu Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. O texto traz mais de 25
recomendações, principalmente em relação ao apelo imperativo de consumo feito diretamente à
criança.

Em 2014, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), órgão


subordinado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, publicou uma
resolução que considera abusiva qualquer publicidade direcionada a crianças -até o "excesso de
cores" configura uma peça abusiva, segundo o texto. No final de novembro, o governo federal
publicou o decreto presidencial nº 9.579/2018, que reforçou a ilegalidade da propaganda que se
aproveita da deficiência de julgamento e inexperiência da criança.

http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/Decreto/9579_18.html

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/02/02/publicidade-infantil-o-x-da-
questao.htm?cmpid=copiaecola

Atenção!

EXEMPLO DE PUBLICIDADE ABUSIVA:

No Portal Nacional de Seguros foi veiculada a notícia intitulada: McDonald’s é o maior


distribuidor de brinquedos do mundo e utiliza estratégias de publicidade infantil para estimular
o desejo de consumo das crianças.

(...)
Lançada em 2020, a pesquisa analisou o caso "McLanche Feliz", combo infantil vendido na
rede de fast food desde junho de 1979, que, por meio de diferentes estratégias comerciais
dirigidas a crianças, busca associar alimentação com entretenimento, via desejo de consumo dos
brinquedos ofertados. A empresa lança, mensalmente, itens exclusivos e colecionáveis,
despertando na criança a vontade de conseguir todos em um curto espaço de tempo. Essa prática
estimula, ainda, o consumo irrefletido e, consequentemente, mais descarte.

(...)
"Associar brinquedo ao lanche é uma estratégia muito eficiente do McDonald's para vender
mais e fidelizar clientes desde muito novos. É preciso entender que essa é uma prática abusiva e
ilegal de publicidade infantil que estimula o ciclo 'publicidade-desejo-consumo-descarte' que,
conforme demonstrado na pesquisa, é danoso para as crianças e para o planeta. Entre as
consequências da publicidade infantil, estão a obesidade infantil e o estresse familiar", JP
Amaral, mobilizador do programa Criança e Consumo.

(...)
Em 2018, o Criança e Consumo lançou a campanha " Abusivo Tudo Isso " contra a rede, em
razão da prática publicitária abusiva e ilegal direcionada a crianças, realizadas pela oferta e
comercialização de brinquedos associados à venda de produtos alimentícios por meio do combo
McLanche Feliz. A campanha fez com que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do
Ministério da Justiça, instaurasse um processo administrativo para investigar a conduta contra a
empresa.

Órgãos fiscalizadores e de defesa dos direitos do consumidor

- Procon
O Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) é uma fundação existente em
diversos estados e municípios do Brasil, um órgão administrativo que não integra o Judiciário
com o objetivo de elaborar e executar a política estadual de proteção e defesa do consumidor.

Funciona como um órgão auxiliar do Poder Judiciário, tentando solucionar previamente os


conflitos entre o consumidor e a empresa que vende um produto ou presta um serviço, e quando
não há acordo, encaminha o caso para o Juizado Especial Cível com jurisdição sobre o local. O
Procon pode ser estadual ou municipal, e segundo o artigo 105 da Lei 8.078/90 (Código de
Defesa do Consumidor), é parte integrante do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.

O Procon é estabelecido primeiramente pelo governo estadual por meio de decretos. A partir da
criação deste Procon, são criados outros Procons nas cidades do estado. Nem todas as cidades
de um estado possuem um escritório do Procon. Todas as capitais do Brasil possuem uma filial
do Procon.

- Juizados especiais cíveis


Os Juizados Especiais, instituídos pela Lei 9099/95 oportunizou o acesso à Justiça para todas as
causas de menor complexidade, denominadas de “pequenas causas” e de até 40 vezes o salário
mínimo. Se o valor da causa não exceder a 20 salários mínimos, não necessita de representação
de advogado.
Esta lei proporcionou um acesso mais democratizado ao Judiciário, principalmente em relação
às causas do Direito do Consumidor, permitindo a busca pelos seus direitos de forma gratuita,
célere e desburocratizada.

- CONAR
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária é uma ONG destinada a tornar
efetivo o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

O CONAR atende a denúncias de consumidores e autoridades. Recebida a denúncia, o Conselho


de Ética do CONAR que é soberano na fiscalização, julgamento e deliberação se reúne e a
julga, garantindo amplo direito de defesa ao acusado.

Constituído por publicitários e profissionais de outras áreas, o CONAR é uma organização não-
governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e defender as
prerrogativas constitucionais da propaganda comercial.
Sua missão inclui principalmente o atendimento a denúncias de consumidores, autoridades,
associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria.
As denúncias são julgadas pelo Conselho de Ética, com total e plena garantia de direito de
defesa aos responsáveis pelo anúncio. Quando comprovada a procedência de uma denúncia, é
sua responsabilidade recomendar alteração ou suspender a veiculação do anúncio.
O CONAR não exerce censura prévia sobre peças publicitárias, já que se ocupa somente do que
está sendo ou foi veiculado.
No caso de procedência da denúncia, há uma recomendação do CONAR junto aos veículos de
comunicação para que ocorra a suspensão da exibição da peça publicitária ou sugestão de
correções na propaganda, com a possibilidade de advertência ao anunciante e à agência
responsáveis, podendo, inclusive, adotar medida liminar de interrupção no intervalo de algumas
horas a contar do momento em que toma ciência da denúncia, aplicando as sanções cabíveis,
que se consubstanciam em advertência, recomendação de interrupção de divulgação do anúncio,
recomendação de modificação ou correção e difusão de um produto, de uma marca ou de um
serviço.

Responsabilidade civil dos meios de comunicação e das


agências de publicidade
A boa-fé objetiva é o parâmetro para as relações jurídicas no Código Civil e no Código de
Defesa do Consumidor em que haverá responsabilidade dos fornecedores de bens ou serviços,
pelos danos causados ao consumidor independentemente de culpa.

Em relação à Responsabilidade Civil das Agências de Publicidade, há de ser observada a


relação da gestão, supervisão, gerenciamento do anunciante em relação aos produtos, marcas e
serviços anunciados sob a tutela das agências, que conferem legitimidade e legalidade à
publicidade veiculada.

Vale ressaltar que, para a caracterização da publicidade enganosa ou abusiva, basta a veiculação
dela, não havendo necessidade da efetiva comprovação do abuso ou engano real de um
consumidor.

O fornecedor, como também o anunciante, serão responsabilizados, pelo simples fato de


veicular ou criar uma publicidade enganosa ou abusiva. Por isso, muitas vezes, deparamo-nos
com as chamadas contrapropagandas nos canais publicitários, ou seja, uma propaganda de um
anunciante, anulando os efeitos de sua própria propaganda, realizada anteriormente.

A contrapropaganda passou a ser um dever imanente a quem divulgou o produto ou o serviço de


forma enganosa ou abusiva ou que, de outra forma, deixou de alertar acerca dos riscos que
podem advir aos consumidores. A propaganda deve ser veiculada da mesma forma e com a
mesma força de como foi difundido o produto (art. 60, CDC).

Não obstante, as publicidades abusiva e enganosa geram ao fornecedor e, excepcionalmente, ao


publicitário e ao meio de comunicação (art. 7º, parágrafo único, e art. 25, § 1º, ambos do CDC)
a obrigação solidária de reparar os danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos,
em conformidade com o princípio da plena reparação dos danos (art. 6º, VI) e o direito básico
de proteção contra esse tipo de publicidade (art. 6º, IV, 1ª parte).

Com relação ao ônus da prova quanto à veracidade e à correção da informação ou comunicação


publicitária, o mesmo, cabe a quem as patrocina, nos termos do artigo 38 do Código de Defesa
do Consumidor.

Uma das recomendações previstas pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária


é de que as agências estejam identificadas nas peças publicitárias, atestando a sua
responsabilidade solidária e corresponsabilidade junto ao anunciante pela publicidade veiculada
e por eventual desobediência aos preceitos regulamentos no Código (art. 45, b), bem como
prevê no artigo 46 que qualquer pessoa que tenha participado do planejamento, criação,
execução e veiculação de um anúncio responde na medida de seus respectivos poderes.

Aspectos jurídicos e a Responsabilidade Civil das celebridades


Marketing é a técnica utilizada em larga escala, para impulsionar, incentivar, estimular e obter o
máximo de proveito do mercado.

As agências de publicidade são responsáveis pelo desenvolvimento e divulgação das


publicidades, com o dever de averiguar e aferir a veracidade das informações fornecidas pelo
anunciante.

A internet e as feiras de exposições de negócio são excelentes modos, locais e maneiras de


publicizar um produto ou serviço. A publicidade realizada por alguém que possa testemunhar e
atestar a idoneidade e a eficácia do produto ou do serviço é muito utilizada, principalmente,
quando se trata de pessoa famosa que “empresta” a sua imagem para conferir credibilidade ao
produto ou serviço anunciado. Neste caso, a “celebridade” pode vir a ser responsabilizada por
um produto que venha causar dano à pessoa ou por um serviço adquirido que não atende aos
ditames da lei.

Destaca-se, por fim, a responsabilidade das celebridades quando da veiculação de uma


propaganda enganosa ou abusiva.

Alguém, na qualidade de celebridade, que empresta a sua imagem para divulgar um produto ou
um serviço, por ter uma credibilidade junto à sociedade poderá ser responsabilizado civil e
criminalmente, caso alguém que faça uso normal e previsível de produto ou serviço sofra dano
grave, tanto por infração contratual quanto extracontratual (relação jurídica independente de
contrato).
Art. 15 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária: os padrões éticos de conduta
estabelecidos neste Código devem ser respeitados por quantos estão envolvidos na atividade
publicitária, sejam Anunciantes, Agências de Publicidade, Veículos de Divulgação, sejam
Publicitários, Jornalistas e outros Profissionais de Comunicação participantes do processo
publicitário.

A doutrina atual, bem como os tribunais brasileiros, vem decidindo que os fornecedores, assim
como os anunciantes, serão responsabilizados solidariamente pela veiculação de uma
propaganda enganosa ou abusiva, como também pela oferta de produtos ou serviços no
mercado.

Comércio eletrônico
O avanço da tecnologia proporcionou de forma exponencial, nos últimos anos, o surgimento de
novos meios e mídias de informação que caracterizam a denominada Sociedade da Informação.

O desenvolvimento da tecnologia tem-se revelado um dos maiores crescimentos no mercado,


especialmente, no âmbito da informática e das relações consumeristas em virtude do aumento
constante do número de smartphones, notebooks, computadores pessoais e pelo acesso das
pessoas à internet, difundindo amplamente as transações eletrônicas.

Em 15 de março de 2013, Dia Mundial do Consumidor, o Governo Federal promulgou o


Decreto nº 7.962 (NOTA), para regulamentar a Lei no 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor) sobre a contratação no comércio eletrônico.

Ao tratar especificamente do direito à informação, previsto no artigo 6º, III, do Código de


Defesa do Consumidor, o Decreto determina que deverão constar em local de destaque e fácil
visualização no site as informações essenciais à identificação do fornecedor, tais como nome
empresarial, endereço físico e eletrônico e CNPJ; as características essenciais do
produto/serviço, incluindo os riscos que representam; discriminação do preço, incluindo
quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como custo de frete e seguro, se aplicáveis;
condições integrais da oferta, como modalidade de pagamento, prazo e forma de entrega ou
disponibilização do produto; e informações claras e ostensivas a respeito de eventuais
limitações à aceitação da oferta, pelo consumidor.

No que se refere aos preços de produtos a serem adquiridos pela internet, o Decreto torna claro
que as mesmas regras aplicáveis ao comércio em estabelecimentos físicos, ditadas pelo Decreto
no 5.903/06, também se aplicam ao comércio eletrônico. Assim, também no comércio
eletrônico fica vedada a informação incompleta ou inadequada sobre o preço, como aquela que
apenas informa o preço das parcelas a serem pagas, e não o preço total do produto/serviço; que
informa o preço apenas em moeda estrangeira (i.e., dólares americanos); que atribui preços
diferentes ao mesmo produto/serviço; entre outras.

Consumidor online e o CDC à luz do Direito Digital


Atualmente, o consumidor já está inserido na era digital. Ainda que, porventura, tenha algumas
resistências de realizar transações pela Internet, isso não significa que não esteja, de certa forma,
inserido no mundo digital, considerando a pesquisa de informações a respeito de determinado
produto ou serviço que ocorre de forma consistente pela web. As relações de consumo estão
diversificadas e voltadas para o consumidor digital, com adequação das leis e principalmente,
do Código de Defesa do Consumidor brasileiro (CDC), em relação às novas demandas presentes
nas relações de consumo.

O consumidor diversificou a sua maneira de buscar informações, de pesquisar, de consumir,


está bem mais ciente e informado, utiliza vastamente os ambientes remotos de relacionamento
(telefone, celular, messenger, chat, comunidades, redes sociais, e-mail, internet), principalmente
pelas novas exigências a partir de 2020, em razão da pandemia causada pela COVID-19 de uma
nova forma de lidar com as mais diversas situações e relações, sejam pessoais, sociais,
profissionais, consumeristas que praticamente obrigou que todos estivesses mais digitalizados,
assim como ampliou o conhecimento sobre seus direitos na web; com maior poder de
negociação em razão da diversidade de oferta de produtos e empresas concorrentes.

Além disso, a própria Internet hoje serve não apenas como canal de informação, mas como de
denúncia:
<www.reclameaqui.com.br>, <www.ebit.com.br>, <www.idec.org.br>,
<www.consumidor.gov.br>, entre outros.

As regras previstas pelo Código do Consumidor aplicam-se tanto ao mundo real como ao
virtual. No ambiente eletrônico, porém, pelas partes estarem de modo não presencial, não haver
manuseio de produto, ter a possibilidade de distorções de tamanho, cor e outras características
no uso de imagens em sites de comércio eletrônico, este tipo de compra precisa ser realizado
com mais cautela (PINHEIRO, 2016).

O consumidor precisa estar atento às exigências das novas formas de se relacionar na web, para
evitar problemas após a efetivação da relação jurídica, através da compra realizada, por
exemplo. Entre elas, a credibilidade do estabelecimento comercial, os dados corretos, o
domínio, a pesquisa no site do Reclame Aqui (reclameaqui.com.br) sobre o estabelecimento
comercial, considerando que na Internet muitas lojas não possuem registro legal de ponto de
venda, que estão atuando em desacordo com a lei, e, pela promessa de oferta de preço mais
popular, mais vantajoso, atraindo, assim, o consumidor, que, porém, corre o risco de não receber
o produto ou receber o produto diverso daquele que efetivamente pensou ter adquirido e não ter
como demandar a empresa judicialmente por desconhecer o endereço ou nem existir um
endereço real do anunciante do produto ou do serviço.

Em análise geral, conforme Patrícia Peck Pinheiro (2016), a Lei n. 8.078/90, que instituiu o
Código de Proteção e Defesa do Consumidor, há princípios e artigos válidos inclusive para as
relações eletrônicas e não presenciais, seja na Internet, seja no celular, ou em qualquer outro
meio que se invente, conforme prevê a autora em sua obra:

a. O reconhecimento dos Direitos Difusos e Coletivos nas relações de Consumo.


b. A definição de Consumidor — art. 2º (inclusive já há decisões demonstrando
situações de compra de software por empresa, na qual ela configuraria como
consumidor final, portanto com todas as proteções e garantias dadas pelo CDC.
c. Imputação da responsabilidade direta e de forma objetiva ao fornecedor
independentemente do vínculo contratual. Antes do CDC havia dificuldade de
imputação de responsabilidade ao fornecedor devido ao princípio do pacta sunt
servanda (os contratos devem ser cumpridos), bem como dificuldade de prova de
dano e de nexo causal — arts. 6º, 12 e outros.
d. O fabricante, vendedor ou prestador de serviços tem o dever de informar ao
consumidor todas as características do produto ou serviço oferecido no mercado.
e. A propaganda tem força vinculante, integra o contrato e obriga o anunciante ao
cumprimento de todas as promessas anunciadas, inclusive quanto ao preço, se
mencionado.
f. Se a oferta ou venda for por telefone ou reembolso postal, o consumidor terá sete
dias para desistir da compra, com direito à devolução das quantias eventualmente
pagas. Neste item, há situações em que na compra e venda online, pelo e-commerce,
também se aplica a mesma regra.
g. Proteção contra práticas abusivas contra o consumidor — prevista pelo art. 39.
h. Responder pelos danos patrimoniais e morais que causar. Esta proteção é de
fundamental importância, especialmente na Internet, com a facilidade de usos de
dados dos consumidores.
i. Permitir apenas maiores em seu estabelecimento se explorar comercialmente jogos
ou apostas. Essa questão, junto com o Estatuto da Criança e do Adolescente,
motivou a criação de algumas regras específicas para Lan Houses, por exemplo, à
época, do boom destes estabelecimentos, entre outras.
j. Fazer orçamento nos termos do art. 40, §§ 1º a 3º.
k. Ampliação da responsabilidade solidária, com garantia de direito de regresso, o que
na Internet ocorre com frequência, principalmente pelo grau de interdependência
dos negócios — art. 13. Sendo que em situações em que o fornecedor possa fazer
prova da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, então poderia afastar sua
responsabilidade. A aplicação do art.14 tem sido debatida no sentido de limites de
responsabilidade, especialmente quando envolver danos causados por negligência
do cliente, como em situações de uso indevido de senha no Internet Banking, entre
outros.
l. Possibilidade de cancelar serviços de prestação continuada.
m. A proteção de bancos de dados de consumidores e a questão de privacidade, hoje
muito discutida no âmbito da Internet, em que se aplicam os artigos do CDC, bem
como o art. 5º da Constituição Federal.
n. Inversão do ônus da prova em favorecimento ao consumidor. Esta situação gera uma
preocupação cada vez maior dos fornecedores e lojas virtuais em fazer a guarda
adequada das provas eletrônicas, uma vez que caberá a elas provar se determinado
fato ocorreu ou não, inclusive se é situação até mesmo de auto fraude.

O Código de Defesa ao Consumidor, se adequando ao comercio eletrônico, promovido pelo


avanço da tecnologia, também se aplica às compras virtuais, de forma específica, possibilitando
o direito ao arrependimento de 7 dias, nos termos do art. 49 do CDC , para todas as compras
realizadas virtualmente, ou seja, fora do estabelecimento comercial.

Os serviços financeiros são entendidos como sujeitos também ao CDC. Com a tendência da
evolução dos serviços bancários, cada vez mais eletrônicos, ela se torna de fundamental
importância. A boa prática tem sido a elaboração de uma Política de Privacidade, que deve estar
clara e objetiva no website, no momento da coleta dos dados, com barreira de navegação e
guarda do “log” de ciência, para evitar que a empresa venha a ser questionada sobre a
legitimidade de uso dos dados dos clientes.

Desta forma, há uma sequência de regras que devem ser observadas no ambiente virtual, de
forma a viabilizar a credibilidade da relação. Um e-mail enviado ao SAC online da empresa não
respondido já é um indicativo de falha na comunicação. Fornecedores e consumidores
necessitam utilizar os meios de comunicação eletrônica de forma que façam uso de seus direitos
e obrigações de maneira mais consciente, sensata e responsável.

Cabe à empresa definir de modo claro a relação através da Internet. Afinal, seu consumidor
pode estar acessando de qualquer lugar, e em uma discussão jurídica, na grande maioria dos
casos, irá prevalecer o ordenamento jurídico do domicílio do consumidor.
Questão 1: O CDC (Código de Defesa do Consumidor) foi criado em momento de expansão e movimento
na forma do consumo. Se fez necessário uma legislação específica de defesa para a parte mais vulnerável
na relação de consumo, que é o: Consumidor. O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor,
que é a parte mais fraca da relação deve ser considerado fundamental para que tenhamos o
equilíbrio entre consumidor e fornecedor.

Questão 2: Os elementos que envolvem uma relação de consumo são consumidor, fornecedor, produto e
serviço. Correlacione o conceito de cada um dos envolvidos na relação de consumo:

(1) Consumidor
(2) Fornecedor
(3) Produto
(4) Serviço

( ) é toda pessoa física ou jurídica, ..., que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
( ) é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
( ) é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.
( ) é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

2 - 3 - 4- 1. Conforme o art. 2º do CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final. O art. 3º conceitua Fornecedor como toda pessoa
física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação
de serviços. O § 1º conceitua produto que é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Por fim, o § 2º conceitua serviço, que é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Questão 3: O reconhecimento da fragilidade e da vulnerabilidade do consumidor é essencial para que haja


o equilíbrio nas relações jurídicas entre: Consumidor x fornecedor. O fornecedor, parte mais forte da
relação, sempre ditou as regras do mercado antes do advento do CDC (Código de Defesa do
Consumidor) que reconhece o consumidor como a parte mais fraca estabelecendo este equilíbrio.

Questão 4: Sobre a publicidade abusiva e a propaganda enganosa, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Uma celebridade contratada para divulgar um produto ou serviço não poderá ser responsabilizada civil e
criminalmente, caso alguém que faça uso normal e previsível de produto que ele fizer anúncio publicitário vier
a sofrer grave dano tanto por infração contratual quanto extracontratual.

b) É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência,
explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança.

c) São órgãos fiscalizadores e de defesa dos direitos do consumidor o PROCON, o CONAR e os Juizados
Especiais Cíveis.

d) É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou


parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor.

Letra a. Art. 15 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária prevê que os padrões éticos de conduta
estabelecidos neste Código devem ser respeitados por quantos estão envolvidos na atividade publicitária, sejam Anunciantes,
Agências de Publicidade, Veículos de Divulgação, sejam Publicitários, Jornalistas e outros Profissionais de Comunicação
participantes do processo publicitário.
Questão 5: Miguel, estudante do curso de MBA em Comunicação e Marketing em Mídias
Digitais, adquire através do comércio eletrônico um notebook para auxiliá-lo em seus estudos.
Ao receber o produto verifica que não atende às suas expectativas. De acordo com o Código de
Defesa do Consumidor: Art. 49, CDC. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de
7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

Aula 4: Noções de Direito do Trabalho – CLT de 1943 e as novas


modalidades de trabalho na contemporaneidade

Introdução
Nesta aula serão abordados os conceitos relacionados às relações trabalhistas entre empregado e
empregador.

Serão analisados o e-mail funcional, o teletrabalho, a rescisão do trabalho e o sigilo profissional


como causa de demissão por justa causa do trabalhador.

Também estarão em análise a terceirização (outsourcing) dos serviços e das pessoas, as


empresas virtuais e as tendências da nova economia.

Objetivos
 Analisar o conceito de empregador, empregado e teletrabalhador.
 Discorrer sobre os principais pontos do direito trabalhista.
 Analisar as questões de sigilo profissional, a utilização do e-mail corporativo, a terceirização
da mão de obra e as empresas virtuais.

Introdução
Definição de empregador:

A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) regula as relações trabalhistas e define alguns
conceitos destas relações conforme a seguir:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos


da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

Definição de empregado:

Art. 3º - Considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Não eventual (habitualidade); sob dependência (subordinação); mediante salário (remuneração);


O art.6º regulamenta o trabalho à distância, conceitua e disciplina as relações de teletrabalho e
dá outras providências.

A lei 12.551, de 15 de dezembro de 2011 alterou o art. 6º da Consolidação das Leis do


Trabalho, tratando sobre o trabalho à distância. Conforme enunciado da referida lei, seu
objetivo é o de "equiparar os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios telemáticos e
informatizados à exercida por meios pessoais e diretos".

"Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o


executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se


equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando,
controle e supervisão do trabalho alheio."

São direitos do empregado teletrabalhador:

a. igualdade de tratamento ao trabalhador presencial em relação à filiação sindical, proteção à


saúde, segurança social e estabilidade no emprego, além da garantia à não discriminação e
acesso à qualificação e informação profissionais;
b. proteção ao salário, férias e sua respectiva remuneração, gozo de feriados, licenças previstas
na CLT e faltas por doença.

Direitos dos Trabalhadores


O art. 7º da CF relaciona os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, mas seu parágrafo único
assegura, à categoria dos trabalhadores domésticos, os direitos indicados nos incisos IV, VI,
VIII, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV.

Direito ao trabalho e garantia do emprego


O art. 6º, CF define o trabalho como direito social. No entanto, o art. 1º, IV, declara que o país
tem como fundamento, entre outros, os valores sociais do trabalho; o art. 170, CF estatui que a
ordem econômica se funda na valorização do trabalho e o art. 193, CF dispõe que a ordem
social tem como base o primado do trabalho.

A garantia de emprego significa o direito de o trabalhador conservar sua relação de emprego


contra despedida arbitrária, ou sem justa causa, prevendo uma indenização compensatória, caso
ocorra essa hipótese (art. 7º, I, CF).

Direitos sobre as condições de trabalho


As condições dignas de trabalho constituem objetivos dos direitos dos trabalhadores; por meio
delas é que eles alcançam a melhoria de sua condição social (art. 7º, CF, caput); conforme
previsto na Constituição Federal, visando proteger o trabalhador, quanto a valores mínimos e
certas condições de salários (art. 7º, IV a X), e, especialmente para assegurar a isonomia
material (XXX a XXXII e XXXIV) e garantir o equilíbrio entre o trabalho e o descanso (XIII a
XV e XVII a XIX).
Atenção!

Direitos relativos ao salário

Quanto à fixação, a CF, em seu art. 7º oferece várias regras e condições, tais como:

 Salário-mínimo;
 Piso salarial;
 Salário nunca inferior ao mínimo;
 Décimo-terceiro salário;
 Renumeração do trabalho noturno superior à do diurno;
 Determinação que a renumeração da hora extra seja superior no mínimo 50% a do trabalho
normal;
 Respeito ao princípio da isonomia salarial;
 Adicional de insalubridade.

Direitos inerentes ao repouso e à inatividade do trabalhador


O repouso semanal renumerado, o gozo de férias anuais, a licença maternidade e a licença
paternidade são garantias previstas na Constituição Federal, em seu art. 7º, incisos XV e XVII a
XIX.

Proteção dos trabalhadores


A CF ampliou as hipóteses de proteção:

 a primeira na ordem do art. 7º que aparece é a do inciso XX: proteção ao mercado de


trabalho da mulher;
 a segunda é a do inciso XXII, forma de segurança do trabalho;
 a terceira do inciso XXVII, prevê a proteção em face da automação, na forma da lei;
 a quarta é a do inciso XXVIII, que estabelece o seguro contra acidentes de trabalho; cabe
observar que os dispositivos que garantem a isonomia e não discriminação (XXX a XXXII)
também possuem uma dimensão protetora do trabalhador.

E-mail corporativo
O e-mail corporativo destina-se às mensagens trocadas por todos os envolvidos no exercício de
sua função empregatícia que podem ser monitoradas, segundo entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho, não configurando violação de intimidade ou sigilo, conforme estudado na
aula 1.

O Código Civil prevê a responsabilidade civil do empregador em relação aos atos praticados
pelos profissionais, seja durante o trabalho ou por causa dele, de acordo com o art. 932, III que
dispõe “que o empregador responde pelos atos dos seus empregados, serviçais ou prepostos
desde que estejam no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele.” O art. 933 do
mesmo diploma legal dispõe que o empregador responde por tais atos, ainda que não haja culpa
de sua parte.
No caso de utilização de forma inadequada de e-mail corporativo, com mensagens de conteúdo
pornográfico, ilícito, a empresa tem legitimidade para estabelecer sanções administrativas como
advertências, podendo até ocorrer demissão por justa causa.

Conforme entendimento jurisprudencial, a empresa não pode vistoriar o conteúdo do e-mail


particular ou pessoal do funcionário, ainda que o acesso tenha ocorrido durante a jornada de
trabalho.

As regras da empresa quanto ao uso do e-mail corporativo devem ser claras, bem como as
consequências da inadequação de sua utilização para estabelecer as normas de ética e de
conduta no trabalho.

Decisão do Judiciário sobre o assunto


Súmula 126 do TST (Tribunal Superior do Trabalho) (Explicação de súmula na NOTA)

6. A concessão, por parte do empregador, de caixa de e-mail a seus empregados em suas


dependências tem por finalidade potencializar a agilização e eficiência de suas funções para o
alcance do objeto social da empresa, o qual justifica a sua própria existência e deve estar no
centro do interesse de todos aqueles que dela fazem parte, inclusive por meio do contrato de
trabalho.
(...)
8. Assim, se o empregado eventualmente se utiliza da caixa de e-mail corporativo para assuntos
particulares, deve fazê-lo consciente de que o seu acesso pelo empregador não representa
violação de suas correspondências pessoais, tampouco violação de sua privacidade ou
intimidade, porque se trata de equipamento e tecnologia fornecidos pelo empregador para
utilização no trabalho e para alcance das finalidades da empresa.

Violação de segredo de empresa e sigilo de informação


O art. 482 da CLT prevê que a violação de segredo da Empresa é um dos motivos de demissão
por justa causa e pode incorrer nos casos de divulgação, por parte do empregado, de
informações privativas da empresa que não sejam de conhecimento público, relativamente a
dados, fórmulas, operacionalização de sistemas, patentes, desenvolvimento de logomarcas ou
logotipos, layouts, patentes de invenção, fanpages, sites, modos de execução de atividades na
relação de subordinação com o empregador.

A demissão por Justa Causa por Violação de Segredo da Empresa ocorre se restar comprovado
o prejuízo para a empresa e a má-fé do empregado.

Atenção!

Art. 482 da CLT: Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:

a. Ato de improbidade;
b. Incontinência de conduta ou mau procedimento;
c. Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando
constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial
ao serviço;
d. Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão
da execução da pena;
e. Desídia no desempenho das respectivas funções;
f. Embriaguez habitual ou em serviço;
g. Violação de segredo da empresa;
h. Ato de indisciplina ou de insubordinação;
i. Abandono de emprego;
j. Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas
físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k. Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e
superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l. Prática constante de jogos de azar.

No caso de a empresa descobrir um medicamento adequado para a cura do câncer e o


empregado divulgar, por uma questão humanitária e sociológica o ocorrido, não caracteriza, em
tese, má-fé, assim como comentários sobre projetos futuros da empresa publicados em mídia
impressa e digital.

Caracteriza má-fé a intenção de prejudicar a empresa, a investigação de dados, arquivos,


documentos, acessando e copiando arquivos do computador, e-mails particulares, em que o
empregado investiga e toma conhecimento de algo, sobre o qual não deveria ter qualquer
conhecimento. Há entendimento de que, mesmo que esse empregado não revele o que
descobriu, ele já teria cometido a falta grave, pois teria praticado o ato de violação, perdendo a
confiança depositada pelo empregador em sua pessoa.

Direitos Sociais relativos aos trabalhadores


Espécies de direitos relativos aos trabalhadores: São de duas ordens:

1. Os direitos em suas relações individuais de trabalho – art. 7º, CF;


2. Os direitos coletivos dos trabalhadores;
3. Aspectos legais da terceirização (Outsourcing);

O Outsourcing decorre da necessidade de criar uma boa estratégia legal para minimizar riscos e
gastos e aumentar os lucros e a competitividade por meio da gestão de terceirizados.

Segundo o International Data Corporation (IDC), terceirização é a palavra do momento em


tecnologia corporativa. As motivações são redução de custos ou maior expertise. Além disso, na
era da Internet o espaço físico deixa de ter importância (PINHEIRO, 2016).

Outsourcing é a contratação de uma empresa exterior para execução de serviços geralmente não
estratégicos.

Cumpre lembrar que existem duas espécies de Outsourcing com implicações jurídicas:

a. De pessoa — contratação de um profissional para realização de um trabalho ou vários, visa


reduzir custos ou serviço mais especializado. Os riscos desse tipo de contratação são
menores, pois não há responsabilidade penal, apenas responsabilidade civil, mas em
contrapartida a empresa (contratante) pode vir a ter problemas de ordem trabalhista.
b. De negócio — contratação de uma empresa para “cuidar” do negócio almejado pelo
contratante. Nesse tipo, mais comum, os riscos são maiores, pois pode haver
responsabilidade penal, além da responsabilidade civil da pessoa jurídica, além de poder
estar previsto no instrumento contratual se o terceirizado pode subcontratar outra empresa
para realizar o trabalho e se o produto final do trabalho é do contratante.

A grande dúvida não é se a empresa deve ou não fazer terceirização e sim como vai ser
administrada, de tal sorte a reduzir os riscos e aumentar o desempenho do negócio. Vale lembrar
que se podem terceirizar serviços e riscos, mas não responsabilidades.

Há dois tipos de terceirização com implicações legais: a) de pessoas; b) de negócios (inclui


processos e tudo o que tenha a ver com o negócio). Em cada uma delas há benefícios e riscos a
serem assumidos. É fundamental avaliar as questões relacionadas ao aspecto de direitos
autorais, responsabilidade por ato de terceiro, geração de vínculo trabalhista, confidencialidade,
sigilo profissional, exclusividade, não concorrência, retenção de conhecimento, entre outros.

Independentemente da escolha que a empresa faça, o importante é analisar todos os cenários


possíveis para fazer o adequado gerenciamento dos riscos e ter contratos muito bem escritos e
documentados.

Empresas virtuais e as tendências da nova economia


Empresa Virtual não é o mesmo que extensão virtual de empresa real, pois, muitas vezes, não
conta sequer com uma sede física, porém deve ser definida a sua existência jurídica.

Há empresas virtuais que têm por base um modelo de negócio adaptado do mundo real: a
livraria virtual é um bom exemplo. No entanto, se essa livraria tem sua extensão no mundo real,
ou seja, já é uma livraria consagrada, com marca conhecida e estabelecimentos comerciais
físicos, ela é na verdade apenas extensão virtual de uma empresa real, ou seja, está mais para
um PDV — ponto de venda — online que para um negócio de Internet (PINHEIRO, 2016).

Por outro lado, no caso específico da Amazon, por exemplo, em que a livraria é um negócio
virtual, em que não há lojas físicas, ou seja, ela não poderia existir sem a Internet, a relevância
do formato jurídico é outra. No caso, devem ser observadas estratégias jurídicas específicas, não
apenas para atender às suas necessidades, mas também para proteger os consumidores.

Muitos websites nem sequer têm Cadastro de Contribuinte ou qualquer registro em Cartório, o
que dificulta a sua localização física quando há problemas com consumidores.

Outro caso que merece destaque é o de empresas reais cujo modelo de negócio surgiu com o
advento das novas tecnologias, especialmente da Internet, como é o caso dos provedores de
acesso e dos provedores de serviços. A modalidade de Portais de Internet e de Sites de Busca
também tem suas particularidades, uma vez que nenhum deles presta serviços que se enquadrem
nas modalidades de objeto social e razão social conhecidas. Ou seja, tiveram de ser inventadas,
concebidas pelo Direito Digital para atender às novas necessidades da sociedade.

A empresa digital, seja empresa virtual ou extensão virtual de empresa real, deve ter
infraestrutura e logística preparadas para atender bem e adequadamente o cliente, de acordo
com as normas vigentes, como o controle de estoque, cabendo a responsabilidade direta, única e
exclusiva, da empresa em garantir a existência de determinado produto a seus consumidores.
Por isso, de modo a diminuir os riscos de ações jurídicas movidas por consumidores, uma das
principais medidas preventivas é manter os usuários-clientes sempre informados sobre a
disponibilidade do produto e sobre o tempo necessário para a entrega, e sobre quem é o
responsável pelo estoque, por seu gerenciamento e pela entrega da mercadoria. Assim, estando
ciente o consumidor é mais fácil diminuir o grau de insatisfação, um dos motivos que mais
levam a ações judiciais em matéria de Direito do Consumidor.

A maior parte do capital das empresas virtuais é capital humano, intelectual, então é muito
difícil fazer uma liquidação ou uma execução judicial. A grande maioria, por não ter nem sede
física, faz com que questões como de execução sejam muito difíceis. As empresas virtuais têm
capacidade de assumir grandes responsabilidades, mas muitas não têm bens suficientes para
garantir e honrar os compromissos, o que faz muitos donos de empresas virtuais terminarem por
assumir a responsabilidade colocando em garantia seus próprios bens e não os da empresa.

Uma solução jurídica viável, de acordo com Pinheiro (2016) , seria a criação de cadastro virtual
para consulta por todos aqueles que quisessem estabelecer um relacionamento comercial com a
empresa virtual, como já acontece no mundo real com a criação de um processo de certificação
por meio de uma associação com a finalidade de demonstrar o grau de comprometimento da
empresa virtual com questões de segurança, fornecimento de mercadorias, regularidade fiscal,
entre outros, ampliando a credibilidade comercial e as vendas.

Nos dizeres da referida autora, nos Estados Unidos, o venture capital atua investindo em alunos
das universidades, como, por exemplo, a Microsoft. Há grande interação entre iniciativa privada
e mundo acadêmico. Essas condições favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento são
criadas por empreendedores que desejam executar suas ideias e projetos com dedicação e afinco
para atingir seus objetivos.

As multinacionais trouxeram para o Brasil um novo formato de negócios. No entanto, em


virtude de condutas inadequadas de alguns empresários imediatistas e da expectativa de lucro
fácil associada à questão de atravessadores de ideias, que não são empreendedores, mas
comerciantes de ideias, que esperam receber dinheiro de investidores, mas não têm nenhuma
expectativa ou vontade de continuar no negócio a longo prazo.

A função do Direito na sociedade é apontar soluções para as mais diversas demandas e


necessidades do mundo atual, virtual e globalizado, considerando o avanço da tecnologia e o
acompanhamento do Direito, por exemplo, através do Marco Civil da Internet e da Lei Geral de
Proteção de Dados.

O Direito Digital vem atender a uma nova sociedade, a Sociedade Digital. A mudança
comportamental é plena, nos negócios, nas relações, nos Indivíduos. As mudanças não são
peculiares apenas às empresas virtuais ou à Internet, mas sim a todo o ordenamento jurídico,
conforme prevê a referida autora e especialista em Direito Digital.

Essa nova tendência de negócios reflete uma necessidade de atualização e de busca de


alternativas sobrevivência por parte das empresas em um mundo competitivo, globalizado e,
principalmente, conectado, como é o mundo atual.

Há uma vasta disputa na web de fornecedores de produtos e serviços, o que provoca muita
disputa entre os usuários da web, o que obriga as empresas a investir em publicidade,
atendimento, melhoria de serviços, pesquisa e relacionamento.
A tendência natural, porém, é encaminhar-se para um movimento de empreendedorismo,
rejeitando o movimento puramente especulativo. Nesse caminho, as empresas jurídicas e
estruturalmente bem resolvidas, dentro de padrões corretos que valem para o mundo real e o
virtual, serão as que se consolidarão.

Isso se tem mostrado inclusive na mudança de método de avaliação dos negócios. Os ativos são
cada vez mais intangíveis, como marca, softwares, bancos de dados, conteúdos, know-how. A
expectativa de valor de uma empresa se dá por sua capacidade de aderência à realidade e, ao
mesmo tempo, de inovação. É o que se verifica, por exemplo, na compra de diversos negócios
da nova economia, como foi o caso de o Google adquirir o YouTube, de o Facebook comprar o
WhatsApp. O que se está comprando de fato? Um grande laboratório capaz de gerar informação
preciosa, qualitativa, sobre o que os consumidores desejam, assim como um especialista em
Direito Digital, capaz de analisar de modo profundo a realidade de um negócio da nova
economia.

Questão 1: A lei que regula o vínculo entre empregador e empregado é a CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho) e descreve quem deve é considerado empregado que é: Art. 3º -
Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
(habitualidade) a empregador, sob a dependência (subordinação) deste e mediante salário
(remuneração).

Questão 2: O teletrabalho está regulamentado pelo art. art. 6º da CLT que prevê o trabalho
remoto, à distância. A respeito do teletrabalho assinale a alternativa INCORRETA:

a) Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o


executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

b) Não estão garantidos ao empregado teletrabalhador a igualdade de tratamento no que


diz respeito à filiação sindical, participação na negociação coletiva, proteção à saúde,
segurança social e estabilidade no emprego, além da garantia à não discriminação e acesso
à qualificação e informação profissionais.

c) Dentre os direitos do teletrabalhador há a proteção ao salário, férias e sua respectiva


remuneração, gozo de feriados, licenças previstas na CLT e faltas por doença.

d) Por poder ser exercido em qualquer lugar, o teletrabalho aumenta a qualidade de vida
e a produtividade.

Letra b. É extensivo ao empregado teletrabalhador todos os direitos e garantias do


trabalhador tradicional. "Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no
estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a
distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego."

Questão 3: Sobre o e-mail corporativo e de acordo com o conteúdo das aulas, analise a imagem
abaixo e assinale a opção correta

As mensagens trocadas no e-mail corporativo devem ser de interesse coletivo. O e-


mail corporativo pode ser monitorado pela empresa, segundo entendimento da Justiça, não configurando violação de sigilo.
A utilização de mensagens inadequadas como prova é legítima e ratifica a demissão por justa causa, segundo art. 482 da
CLT. A empresa não pode vistoriar o conteúdo do e-mail particular ou pessoal do funcionário, mesmo quando o acesso
tenha ocorrido durante a jornada de trabalho.
Questão 4: Uma das causas de demissão por justa causa é a violação de segredo da Empresa,
conforme prevê a CLT que ocorre na hipótese do empregado, divulgar informações sigilosas, ou
sem a expressa autorização do empregador, em relação a: projetos, patentes de invenção,
fórmulas, métodos de execução, sites, enfim, tudo aquilo que é de conhecimento do empregado
enquanto subordinado daquela empresa, que não faz parte do conhecimento público. Essa forma
de demissão por Justa Causa por Violação de Segredo da Empresa ocorre se restar comprovado:
O prejuízo para a empresa e a má-fé do empregado. Caracteriza má-fé a intenção de
prejudicar a empresa, onde o empregado investiga e toma conhecimento de algo, na qual
não deveria ter qualquer conhecimento. O comentário do empregado de assuntos da
empresa de interesse público não caracteriza má-fé, assim como comentários sobre
projetos futuros da empresa publicados em mídia impressa e digital.

Questão 5: O empregado teletrabalhador é aquele que exerce as suas funções fora do


estabelecimento do empregador, em home office ou anywhere office e possui como direitos:

I - Igualdade de tratamento no que diz respeito à filiação sindical e participação na


negociação coletiva.
II- Proteção à saúde, segurança social e estabilidade no emprego.
III- Garantia à não discriminação e acesso à qualificação e informação profissionais.
IV- Proteção ao salário, férias e sua respectiva remuneração, gozo de feriados, licenças
previstas na CLT e faltas por doença.

Todas estão corretas. Todos os direitos inerentes ao trabalhador presencial são estendidos
aos empregados teletrabalhadores, conforme preceitua o art. 6º da CLT.

Aula 5: Noções de Direito Autoral - A Lei 9610/98

Introdução
Nesta aula, serão abordadas informações jurídicas em relação aos direitos autorais tanto para a
vida pessoal quanto profissional.

Será apresentada a Lei dos Direitos Autorais que protege a produção intelectual de autores de
uma obra, seja um livro, uma música, um software, além dos direitos conexos, conceitos,
reconhecimento e suas decorrências.

Objetivos

 Analisar a Lei de Direitos Autorais e seu alcance jurídico.


 Compreender o crime de contrafação e suas imagens no Brasil e no mundo.
 Conhecer os direitos morais e patrimoniais do autor de uma obra intelectual.

História do Direito Autoral


Os Direitos Autorais, que fazem parte da propriedade intelectual, tiveram sua inserção na Grécia
e em Roma, cidades da Antiguidade Clássica que são consideradas o berço da civilização, das
artes, da literatura, do teatro e do Direito. Os romanos aclamavam os artistas em praça pública,
onde apresentavam suas obras.
A imagem da Justiça é inspirada na mitologia grega, representada por uma mulher, Themis, que
é considerada a “deusa” da Justiça. Na referida simbologia a mulher possui:

 a venda nos olhos que significa a imparcialidade do Direito;


 a espada em uma das mãos que significa a força e a coerção do Direito;
 a balança na outra mão que significa o equilíbrio e a ponderação.

A venda nos olhos significa que, ao se julgar um caso, não se deve fazer distinção entre as
pessoas submetidas às leis e sobre quem está sendo julgado, e não se deve usar somente a
balança ou somente a espada. Se a espada for utilizada sozinha significa a tirania do Direito e se
a balança for utilizada sozinha, configura a inércia do Direito.

O Direito não deve ser tirano e não deve ser inerte, por isso a imagem da espada como o
sustentáculo da balança é muito interessante, demonstrando que deve haver uma ponderação
entre a força e o equilíbrio.

Direitos Autorais no Brasil


No Direito brasileiro, o direito autoral está protegido pela Constituição Federal de 1988, em seu
art. 5º , XXVII e XXVIII, bem como por lei específica, a Lei n. 9.610/98, com previsão
inclusive de crime pelo art. 184 do Código Penal em vigor.

O direito autoral tem dois aspectos: um patrimonial, conforme previsão do Art. 22. da Lei n.
9.610/98: “Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou”. que
significa a valorização do trabalho de inovação e sua remuneração adequada, e outro moral, que
representa a proteção à integridade da obra, de acordo com os arts. 28 a 45 da Lei n. 9.610/98 e
arts. 24, 25 e 26 da Lei n. 9.610/98.

O autor só pode ser pessoa física, já o titular do direito autoral pode ser pessoa física ou jurídica.

De acordo com Patricia Peck Pinheiro (2016), no Direito Digital, um fator determinante para o
estudo do direito autoral está atrelado à desmaterialização de seu suporte físico. A obra não é
mais distribuída em seu modelo tradicional, como, por exemplo, em livro ou CD, ela é acessada
pelo usuário. O entendimento deste novo formato de distribuição é essencial para se criar
formas de proteção do direito de autor na era digital e também para compreender o motivo que
leva a um comportamento coletivo crescente de “que se está publicado na Internet então é
público, então pode pegar”.

Ainda de acordo com a referida autora,

a intangibilidade trazida pela Sociedade Digital impõe um grande desafio para o mundo
jurídico, uma vez que provoca a necessidade de se repensar o próprio modelo econômico de
exploração da propriedade intelectual. Com a facilidade de acesso e as tecnologias de
reprodução, a situação de infração deixou de ser uma exceção, uma ocorrência pontual, para se
tornar não apenas comum, mas também “socialmente aceita”, como baixar uma música ou um
vídeo sem a autorização do autor. (PINHEIRO, 2016, p.172)
Estritamente necessário acompanhar o mercado e as evoluções tecnológicas de forma a
minimizar os danos aos direitos autorais.

As plataformas que disponibilizam conteúdo por assinatura (e streaming), conteúdos como


músicas (Deezer, Spotify, Napster, Apple Music), filmes (Netflix), fotos (Shutterstock, Getty
Images) e livros (Kindle Unlimited) e até jogos (Playstation Now = assinatura para streaming de
jogos) são caminhos que nasceram exatamente para contornar as dificuldades que a internet
trouxe: pirataria, compartilhamento ilegal de conteúdos protegidos. Por preços razoáveis, ter um
conteúdo original, em servidores confiáveis, com qualidade e um excelente acervo tem sido um
bom atrativo para quem busca sair da pirataria e consumir produto original. Monitorar e punir,
de modo integral é missão impossível.

Uma das formas de combater os crimes e a pirataria é disponibilizar conteúdos originais a preço
acessível, evidenciar as vantagens, tornando-os tão atraentes que as pessoas passem a buscá-las
mais, ao invés de baixar piratas. Muitas pessoas assinam os serviços acima citados, como bons
exemplos de que existe como criar mecanismos para combater a pirataria e diminuir a
incidência de infringência aos direitos autorais.

Muitos contratos com editoras já trazem previsão de comercialização via Internet, por
quantidade de acessos, além do que já preveem normalmente sobre tiragem, de modo a já
estarem de acordo com os sistemas de distribuição tradicionais — Livro, e os sistemas de
distribuição virtuais — acessos, clicks e downloads. Esta desmaterialização da obra termina por
diminuir os limites temporais entre reprodução, difusão e circulação, que passam a ocorrer
quase simultaneamente.

No Brasil, os Direitos Autorais foram ampliados e assegurados de forma mais efetiva a partir do
advento da Lei 9610/98. Essa lei prevê que os Direitos Autorais têm de ser respeitados e mesmo
que tenha havido a cessão desses direitos ou que os mesmos já estejam em domínio público, o
autor da obra deve ser mencionado. Vamos ver alguns exemplos?

Troia
Todas as vezes em que Troia é objeto de filme, de peça de teatro ou de alguma obra artística,
Homero é citado, com menção à sua obra Ilíada.

Ponto Final
O filme de Woody Allen, Match Point, foi objeto de disputa pela tradução do título. A Play arte,
distribuidora de filmes estrangeiros no Brasil, queria traduzi-lo como Ponto Final. Contudo, na
Ancine, já havia um registro de um filme brasileiro com esse título. Então, o filme de Allen
recebeu o título de Match Point – Ponto Final.

O direito anglo-americano, em relação aos Direitos Autorais, se baseia no copyright, ou seja, na


reprodução de cópias, enquanto o direito brasileiro se preocupa mais com a questão do direito
moral (ter o nome na obra) e patrimonial (obter lucro) do autor da obra.

O Senhor dos Anéis


A tradução brasileira do livro O Senhor dos Anéis, trilogia de J. R. R. Tolkien também adaptada
para o cinema e escrita entre as décadas de 1930 e 1940, foi parar no Tribunal. Os tradutores
processaram a editora Martins Fontes, reclamando direitos de autor, já que a tradução também é
protegida pela Lei do Direito Autoral.

Atenção!
O direito autoral surgiu com a finalidade de proteger a inovação e a devida remuneração ao
autor como uma forma de recompensa pela obra de sua criação, que devem ser respeitadas até
que entre em domínio público.

Lei dos Direitos Autorais


A Lei 9.610, sancionada em 19 de fevereiro de 1998 e atualizada pela Lei 12.853, em 14 de
agosto de 2013 é conhecida como a Lei dos Direitos Autorais e menciona o seguinte em seus
artigos:

Art. 1º – Esta Lei regula os Direitos Autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos
de autor e os que lhes são conexos, que são direitos daqueles que fazem a obra se manifestar.

Por exemplo, o autor de uma música é o compositor, a este cabem os Direitos Autorais. Ao
intérprete da música cabem os direitos conexos. Figurantes de novelas também possuem os
direitos conexos, sempre que a novela for veiculada novamente ou vendida para o exterior,
como acontece com muitas novelas brasileiras.

Todos os criadores de obras artísticas, bem como os responsáveis pela divulgação da obra
devem ter seus direitos reconhecidos e observados. Por isso, sempre que uma imagem é
veiculada e uma obra é divulgada, além do crédito ao autor (direito moral), deve ser recolhido o
valor inerente a essa obra (direito patrimonial).

Atenção!

Art. 5º – Para os efeitos desta Lei considera-se:

[...]
VII – contrafação – a reprodução não autorizada.

Plágio é crime de contrafação, de reprodução não autorizada, mesmo que seja de várias pessoas.
Quando se copia a ideia de uma ou várias pessoas a fonte deve ser sempre citada. No momento
em que se utiliza uma foto, um texto, uma música, o nome do autor deve ser citado para que não
haja transgressão deste dispositivo legal.

Art. 7º – São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio
ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro,
tais como:

[...]
XII - os programas de computador;

§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as disposições


desta Lei que lhes sejam aplicáveis. (Lei 9609/98).

Um software é protegido, assim como um livro e aplicativos criados para dispositivos como
smartphones, tablets etc.

Por exemplo, existem vários concursos de jogos e aplicativos em que os candidatos


desenvolvem um software e o vencedor do concurso é contemplado com um valor monetário. O
autor do programa ou aplicativo cede e licencia sua obra, mediante remuneração, para a
empresa criadora do concurso.

Art. 11 – Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.

O autor é pessoa física, mas o detentor dos Direitos Autorais pode ser tanto uma pessoa física
quanto jurídica. Somente a pessoa física pode criar e, assim, ser titular de um Direito Autoral.
No entanto, pode transferir esses Direitos Autorais para outra pessoa física ou jurídica.

Por exemplo, artistas que se vinculam a uma gravadora terão o nome na obra, pois são autores,
mas não são titulares dos Direitos Autorais, já que estes foram cedidos para a pessoa jurídica
que possui o direito de explorar a obra. Alguns artistas como Lobão, Marisa Monte e a banda
Foo Fighters se desvincularam de gravadoras e produzem suas obras de maneira independente.
Os fãs colaboram com doações de valores para prestigiar o trabalho do artista e dar o
reconhecimento de sua obra.

Registro das obras intelectuais


O International Standard Book Number (ISBN) é um sistema padronizado internacionalmente
que se destina a identificar os livros de acordo com o título, o autor, o país, a editora,
individualizando-os, inclusive, por edição.

É importante o autor fazer o registro na Biblioteca Nacional, como também de seus livros para
garantia da autoria, seguindo a orientação do site. O cadastro como autor é pago no ato do
registro da obra.

Os filmes devem ser registrados na Agência Nacional de Cinema (Ancine). O registro, embora
não seja obrigatório, é importante para segurança de sua produção. Em caso de disputa judicial,
o registro é uma garantia, mas poderá não ser considerado prova cabal sobre a autoria da obra.
O juiz analisará todo o contexto e decidirá de acordo com a verdade dos fatos, pois nem sempre
quem registra é o autor da obra.

O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) é o órgão responsável pelo


recolhimento dos Direitos Autorais da execução pública de obras musicais e audiovisuais. É
uma sociedade civil sem fins lucrativos que cadastra artistas com interesse em ter suas obras
catalogadas para que o órgão exerça uma fiscalização em nome do autor em relação à
veiculação de suas obras, recolhendo e repassando o valor inerente aos Direitos Autorais. Em
caso de interesse público, como a festa de réveillon em Copacabana, o ECAD deixa de
arrecadar, levando em consideração a função social da propriedade.

Pirataria
O surgimento da internet e da cultura digital proporcionou uma série de infringências aos
Direitos Autorais, pois, diariamente, pessoas baixam músicas, filmes, livros, sem a permissão
do autor, não havendo um controle eficaz para impedir essa prática.

Pirataria se consubstancia no crime de contrafação previsto no art. 184 do Código Penal.


Todas as pessoas, profissional da área de mídias digitais, deve ter o cuidado de não incidir neste
crime, pois todas as obras intelectuais como músicas, livros, composições, fotos, estão
protegidas e os direitos do autor devem ser respeitados, citando o autor da obra, ou seja, deve
inserir o nome de quem produziu aquela obra.

Criação, recriação ou inspiração


Observe a imagem:

Essa imagem é da obra La Dance, do pintor francês Henri Matisse (1869-1954), pertencente ao
Museu Hermitage, Rússia. Matisse pintou a tela em 1909, a pedido de seu patrono, Sergei
Shchukin.

A obra de Matisse foi copiada pela americana Telluride Foundation, para seu logotipo, pelo
governo de Salvador (BA) para o carnaval de 2004, pelos organizadores das Olimpíadas Rio
2016 e pela prefeitura mexicana de Huatabampo.

A questão é polêmica, pois todos então teriam plagiado ou se inspirado na tela do pintor
francês? Teria alguém direito de reclamar os Direitos Autorais?

As ideias são copiadas, inspiradas em obras já existentes e por isso deve haver um limite para a
aplicação de sanções para os Direitos Autorais, ficando a critério do juiz, a análise da situação
fática do caso concreto, ou seja, da equidade, do bom senso, antes de julgar a questão e aplicar
alguma sanção.

Direitos de autorais
Segundo o art. 22, pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.
Mas o que esses direitos significam?

Direitos morais
Os direitos morais do autor consistem, segundo o art. 24, na inspiração, elaboração, utilização e
exteriorização da obra. Busca proteger a relação do autor com a obra. Também, compete ao
autor modificar a obra a qualquer tempo e vetar qualquer alteração na obra.

Por exemplo, quando o filme Os infiltrados, de Martin Scorsese, foi veiculado na China, o
governo chinês solicitou que fosse retirada a cena em que a máfia chinesa adquiria armas
militares, o que foi recusado pelo diretor e o filme foi mantido no corte original.

Os direitos morais são considerados direitos da personalidade, previstos no Código Civil, nos
artigos 11 a 21. Esses direitos foram criados com inspiração no princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana, visando proteger a imagem, a honra, a fama, desde o nascimento
com vida. O Direito Autoral, como direito da personalidade, só é considerado quando há a
criação de alguma obra.

Direitos patrimoniais
Segundo o art. 28, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir (auferir lucros) e dispor da
obra literária, artística ou científica, ou seja, ao autor da obra cabe a exploração econômica de
seu invento. Se licenciar ou ceder sua criação a alguma pessoa jurídica ou física, deverá ser
remunerado por isso. Por exemplo, o autor de um livro possui o Direito Autoral reservado.
Quando uma pessoa adquire um livro, não tem poder de modificar o que ali está escrito, pois a
obra já está pronta.

De acordo com o art. 29, a utilização da obra depende de autorização prévia e expressa do autor,
qualquer que seja a modalidades, como:

 reprodução parcial ou integral. Exemplo: O filme Casablanca no original é em preto em


branco. Quando foi colorizado, houve punição em alguns países, como ocorreu na França;
 tradução para qualquer idioma. Exemplo: Os livros do Paulo Coelho têm sofrido algumas
modificações quando traduzidos para determinados idiomas, pois não há sinônimos para
determinadas palavras. Isso ocorreu recentemente no Japão;
 inclusão em base de dados, armazenamento em computador, microfilmagem e demais
formas de arquivamento do gênero. Exemplo: Programa no Delphi com tradução para Java.

Os direitos patrimoniais do autor, de acordo com o art. 41, perduram por setenta anos contados
de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei
civil. Por exemplo, a obra de Noel Rosa caiu em domínio público em 2008 e as obras de Walt
Disney já teriam caído em domínio público se não fosse a modificação da lei nos Estados
Unidos, que estendeu os Direitos Autorais por mais 20 ou 25 anos, dependendo do caso.

Limitações ao Direito Autoral


Segundo os artigos 46, 47 e 48, algumas reproduções e citações não constituem ofensa aos
Direitos Autorais. Vejamos:

O profissional de publicidade e marketing pode divulgar notícia ou informação publicada, desde


que cite o nome do autor e a fonte de onde foi retirada a informação.

Também é permitido reproduzir, em diários ou periódicos, discursos pronunciados em reuniões


públicas de qualquer natureza, como por exemplo, a reprodução das palavras de um candidato
em um comício eleitoral.

Em relação às fotografias, que são consideradas propriedade intelectual, a pessoa fotografada


deve autorizar a divulgação da imagem, como previsto nos contratos de prestação de serviço de
filmagem e foto. O profissional só poderá divulgar seu trabalho, como fotos do casamento ou
festa de aniversário, com autorização do contratante.

Não há infringência dos Direitos Autorais, ainda, sobre obras situadas permanentemente em
logradouros públicos. É permitindo qualquer tipo de arte seja reproduzido com inspiração em
monumentos e atrações turísticas.

É possível utilizar obras literárias e qualquer outra forma de citação com fins educacionais, com
o intuito de ampliar o conhecimento, a reflexão crítica, se for respeitado o direito moral do
autor, ou seja, é preciso dar crédito a ele.

Segundo a lei, até três linhas copiadas de um texto são consideradas pequeno trecho, para
orientação particular e sem fins comerciais. É permitida, ainda, a tradução (também considerada
um Direito Autoral) para o sistema Braille para serviços de utilidade para deficientes visuais.

 
Atenção!

Também é permitido fazer apontamentos de aulas para estudar, internalizar o conteúdo


ministrado, sem que se utilize desses resumos para publicação sem prévia e devida autorização
do professor.

Além disso, podem-se usar obras, mesmo sem autorização, nos autos do processo para constituir
prova para esclarecimento em processo judicial ou administrativo. Por exemplo, o uso de livros
de psicologia para fornecer dados sobre um psicopata ao juiz dados.

É permitido divulgar parte das obras em publicidade para demonstrar o conteúdo de um CD,
DVD ou livro, como ocorre em lojas que tocam música de determinado artista com a finalidade
de divulgar o CD.

Também é permitido divulgar representações teatrais e execuções musical, quando realizadas no


recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, não havendo em qualquer caso intuito
de lucro. Como exemplo podemos citar as peças de teatro e apresentações musicais em festas de
fim de ano em família ou nas escolas.

É possível também utilizar parcialmente trechos como figuras, textos, acordes de músicas de
obras já existentes, ou integralmente as de obras artísticas inspiradas nas artes plásticas que
utilizem papel, tinta, gesso, argila, madeira e metais, programas de computador e outras
ferramentas tecnológicas para o artista plástico produzir suas peças.

Finalmente, são livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra
originária nem lhe implicarem descrédito. Parafrasear é dizer com outras palavras a ideia de
determinadas pessoas e as paródias são esquetes como imitação de políticos, artistas e pessoas
famosas em programas de TV e teatros.

Transferência dos Direitos de Autor


Segundo o texto do artigo 49, “os direitos de autor poderão ser totais ou parcialmente
transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular,
pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento,
concessão, cessão ou por outros meios admitidos em Direito”. Para que alguém utilize a
invenção de outra pessoa deve ter essa licença, concessão e cessão.

O texto do artigo 50 diz que “a cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre
por escrito, presume-se onerosa.” Isso quer dizer que a cessão dos direitos de autor será
realizada mediante pagamento do preço.

Questão 1: O Código Penal brasileiro prevê várias tipificações de crime. Uma delas é a pirataria,
também denominada de: De acordo com art. 5º, VII da Lei 9.610.98 (Lei dos Direitos
autorais) a reprodução sem autorização (contrafação) se consubstancia em crime previsto
no o art. 184 do Código Penal.
Questão 2: A Lei 9610/98 prevê, assegura e protege os Direitos Autorais no Brasil. Dessa
forma, estabeleça a relação dos conceitos nas colunas abaixo:

(1) Direito patrimonial do autor.


(2) Direito moral do autor.
(3) Direitos conexos.
(4) Contrafação.

) Reprodução não autorizada. 


) direito de auferir lucro com a obra 
) direito de ter o nome na obra 
) direitos daqueles que fazem a obra se manifestar 

4 - 1 - 2 – 3. Art. 22 da Lei 9610/98 prevê que: Pertencem ao autor os direitos morais e


patrimoniais sobre a obra que criou. Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de
reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu nome, pseudônimo ou
sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua
obra; O direito patrimonial do autor é o direito de auferir lucro com a obra, conforme
art.28 da mesma Lei. Os direitos conexos estão previstos no art. 1º que trata dos direitos
de autor e os que lhes são conexos (direitos daqueles que fazem a obra se manifestar). A
contrafação é crime previsto no art.184 do Código Penal).

Questão 3: Analise a imagem abaixo e assinale a alternativa correta:

Plágio é crime de contrafação, de reprodução não autorizada.


Quando a ideia de uma ou várias pessoas é copiada, a fonte deve sempre ser citada.

Questão 4: Sobre os direitos autorais, assinale a alternativa CORRETA:

a) Autor é a pessoa física reprodutora de obra literária, artística ou científica.

b) A proteção aos direitos de que trata esta Lei depende exclusivamente de registro.

c) Pertencem ao autor somente os direitos patrimoniais sobre a obra que criou.

d) As obras situadas permanentemente em logradouros públicos podem ser representadas


livremente, por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais.

Letra D. As obras em logradouros públicos podem ser representadas por diversos meios.
Questão 5: Pirataria é qualquer tipo de reprodução, venda e distribuição de produtos sem a
devida autorização e o pagamento dos direitos autorais. A sociedade também sofre as
consequências negativas causadas por esse crime, conforme assinalado corretamente abaixo:

O crescimento do crime organizado, a sonegação de impostos e o prejuízo ao comércio e ao


artista. A pirataria prejudica toda a sociedade, incentiva o crescimento do crime
organizado, sonega os impostos que devem ser arrecadados por produtos industrializados
e não copiados, prejudicando o comércio que fica em situação desfavorável e o artista que
não recebe pela sua obra intelectual, impedindo, inclusive, o vínculo empregatício
legalizado.

Aula 6: Direitos e Obrigações relativos à Propriedade Industrial - Lei


9279/96

Introdução
Aula sobre a definição de Propriedade Industrial e sua relevância mundial, inclusive,
relacionada à ONU (Organização das Nações Unidas).

Serão analisadas as legislações e inovações da propriedade intelectual no Brasil, como a Lei de


propriedade industrial, e o marco civil da internet e a Lei Geral de proteção de dados.

Ainda sob análise o conceito de propriedade industrial, Patente, desenho industrial, as marcas de
maior relevância atualmente e indicação geográfica, bem como análise dos casos sobre
concorrência desleal.

Objetivos
 Compreender a Propriedade intelectual e a sua abordagem legislativa desde a sua criação
pela ONU (Organização das Nações Unidas).
 Analisar o conceito de propriedade intelectual e as evoluções legislativas no Brasil.
 Reconhecer a propriedade industrial que compreende a Patente, o modelo de utilidade, o
desenho industrial, a marca e a indicação geográfica.

A Propriedade Intelectual e sua abordagem Legislativa


A definição de Propriedade intelectual foi cunhada pela primeira vez pela Organização Mundial
da Propriedade Intelectual (OMPI), um órgão autônomo pertencente às Organizações das
Nações Unidas (ONU).

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual é uma das 16 agências especializadas da


ONU, criada em 1967, com sede em Genebra, na Suíça. A agência se dedica à constante
atualização e proposição de padrões internacionais de proteção às criações intelectuais em
âmbito mundial.

A propriedade intelectual é definida pela Convenção da OMPI (1967) como “a soma de direitos
relativos às obras literárias, artísticas e científicas”. (JUNGMANN, D. M.; BONETTI, E. A.,
2010).
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) é o fórum global para a política de
propriedade intelectual, serviços, informação e cooperação. Agência especializada das Nações
Unidas, a WIPO (World Intellectual Property Organization), ajuda seus 191 estados membros a
desenvolver uma estrutura legal internacional de Propriedade Intelectual equilibrada para
atender às necessidades em evolução da sociedade.

Legislações e inovações da propriedade intelectual no Brasil


O Brasil, assim como a maioria dos países, possui uma lei especifica que regula a Propriedade
Intelectual. A Lei nº 9.279, sancionada em 1996, surgiu para que o Brasil se adequasse aos
rumos de um mercado cada vez mais globalizado e aos tratados comerciais no âmbito da OMC
(Organização Mundial do Comércio).

Alterações na forma de lidar com dados e informações pessoais, como a necessidade de


consentimento todas as vezes que for processar o CPF de alguém.

As empresas que cometerem alguma infração à proteção de dados poderão ser multadas em até
2% de seu faturamento até o limite de R$ 50 milhões, como uma forma de coibir a violação de
informações pessoais. O Brasil, por ser signatário da ONU, publicou lei brasileira é inspirada na
lei da União Europeia conhecida como GDPR (General Data Protection Regulation), que,
passou a vigorar com um formato mais inovador e mais rígido em maio de 2018.

Aprenda mais

A Lei nº 12.965/14, mais conhecida como marco civil da internet, recebeu diversas críticas
como a falta de correções de questões fundamentais, assuntos que foram responsáveis pela sua
criação, sendo vitais para evitar a sua interpretação equivocada ou errônea.

Assim, fez surgir a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, que altera a lei nº 12.965, de 2014 (o
Marco Civil da Internet) e que estabelece a lei brasileira de proteção e tratamento de dados
pessoais, Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

A Lei nº 13.853, de 8 de julho de 2019, alterou a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, para
dispor sobre a proteção de dados pessoais e para criar a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados.

As novas regras asseguram que os dados pessoais - como nome, endereço, e-mail, idade, estado
civil e situação patrimonial- não podem ser utilizados sem o consentimento. A referida lei
entrou em vigor em setembro de 2020.

Muitos esforços têm sido envidados no intuito de proteção desses direitos através de
mecanismos que visam minimizar a infringência desses direitos e de legislações para
regulamentar, fiscalizar e coibir a prática de tais atos.

Uma verdadeira revolução está ocorrendo de forma dinâmica e célere no direito, através das
mídias digitais, fenômeno de caráter mundial, surgindo assim a necessidade de uma norma
transnacional e até mesmo, supranacional, sobrepondo-se aos conceitos de soberania estatal,
econômica, territorial etc.

A ONU, através da OMPI tem obtido uma adesão crescente dos países aos tratados que
sustentam o sistema global de propriedade intelectual, sinalizando a força do envolvimento
multilateral dos membros que promove o desenvolvimento econômico, social e cultural de todos
os países sob a égide de princípios da boa-fé, da concorrência leal, do respeito mútuo, da
transparência para evidenciar a ética no mundo virtual globalizado para a proteção dos direitos
autorais e das obras intelectuais.

Propriedade Intelectual
Figura 6.1 – Patente

Fonte: UFCG (2021).


A propriedade intelectual é dividida em dois ramos:

 Direitos Autorais, amparados pelo Direito Civil;


 Propriedade Industrial amparada pelo Direito Empresarial.

A Propriedade Industrial é mais conhecida e denominada como "marcas e patentes".

O registro de uma patente é relacionado a algum benefício técnico como o invento do telefone,
do identificador de chamada, enquanto o Direito Autoral está relacionado a lazer e diversão.

O bem a ser protegido é a ideia, seja por um pedido de registro (marca) ou por uma invenção ou
modelo de utilidade (patente).

A Lei da Propriedade Industrial (LPI), conta com 244 artigos. A Constituição Federal de 1988,
no art. 5°, XXIX, entre os direitos e garantias fundamentais, prevê que a lei assegurará aos
autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, assim como proteção às
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, considerando o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
país.

Assim preveem os primeiros artigos da LPI:

Art. 1º Esta Lei regula direitos e obrigações relativos à Propriedade Industrial.

Art. 2º A proteção dos direitos relativos à Propriedade Industrial, considerado o seu interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:

I. Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade.


Como exemplo, podemos citar que a patente de um remédio ou uma vacina é bem da
coletividade. No Brasil, a patente é de quem registra primeiro. Pode ser quebrada pelo Poder
Público se houver um interesse social e coletivo, cabendo ao autor o direito patrimonial, ou
seja, o de auferir lucro com a sua obra intelectual.
A Constituição Federal prevê a função social da propriedade nos art. 5º, incisos XXII e
XXIII e art. 170, em que o interesse social prevalece sobre o interesse e direito particular.
II. Concessão de registro de desenho industrial.
A concessão de registro de desenho industrial é referente ao layout e não à tecnologia. É a
embalagem, a forma do produto.
III. Concessão de registro de marca.
A concessão de registro de marca significa o símbolo distintivo, como Honda, Itaú,
McDonald’s etc.
IV. Repressão às falsas indicações geográficas.
Como exemplo temos o vinho do porto, o queijo parmesão e o champagne que são produtos
de determinadas regiões geograficamente estabelecidas.
V. Repressão à concorrência desleal.
São proibidas as publicidades violando a imagem e a marca de produtos concorrentes.

Invenções e modelos patenteáveis


Segundo o artigo 8º, “é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial”.

Desenhos industriais registráveis


Segundo o artigo 95, “considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto
ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto,
proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir
de tipo de fabricação industrial.”

Observe as imagens abaixo. Essas bicicletas completamente diferentes em seu desenho, portanto
são passíveis de registro.

Quais sinais são registráveis como marca?

Segundo o artigo 122, podem ser registrados como marca os sinais distintivos visualmente
perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

As letras, cores e palavras não são consideradas marcas registráveis, porém, quando se trata de
forma distintiva significa que será produzida através de um logotipo (identidade distintiva).
Registrar como marca apenas a letra “B”, deve ser registrada com um logotipo distintivo e não
poderá impedir que outra empresa concorrente entre no mercado com outra letra “B”, só não
pode copiar o logotipo, conforme acima que representa a loja de pneus Bridgestone.

No Brasil, com as cores ocorre situação similar à das letras e números, citados no inciso II: o
único modo de registrar uma cor como marca é pelo registro de logotipo, a exemplo da
companhia aérea Azul.

A lei proíbe o registro de sinais acessíveis apenas a outros sentidos humanos que não a visão,
não abrangendo os conceitos de marcas olfativas, gustativas, sonoras e táteis. Também não se
protege o significado ou o som da palavra.

Segue alguns exemplos:

 O aroma peculiar das lojas dos produtos Melissa;


 O som do motor da Harley-Davidson;
 O som da emissora Globo (plim plim).

Segundo o artigo 123, considera-se marca de produto ou serviço o sinal usado para distingui-lo
de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. Muitos logotipos são na cor vermelha,
que aguça o desejo de consumir. Por exemplo, a Fiat substituiu seu logotipo azul para vermelho.
Veja alguns exemplos:

Atenção!

Crimes de concorrência desleal

Segundo o art. 195, “comete crime de concorrência desleal quem:

I. Publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de
obter vantagem;
II. Presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;
III. Emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de
outrem.”

Questão 1: A Lei na Lei 9279/96 prevê os direitos e as obrigações relativos à propriedade


industrial. O art. 1º desta lei regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
Assim, analise as afirmativas abaixo:

I - São exemplos de desenho industrial: sandália criada a partir de um design inovador; cadeira
com um design deferente etc.

II- São exemplos de marca: Apple, Google, Microsoft, Amazon, Walmart, Samsung, Coca-Cola
etc.

III- São exemplos de indicação geográfica: Queijo Parmesão; Vinho do Porto, Presunto de
Parma, Champanhe etc.

IV- São exemplos de concorrência desleal: AmBev e Itaipava; Coca-cola e Pepsi; Tim e Claro
etc. Assinale a opção correta: Todas estão corretas.

Questão 2: A propriedade industrial também é conhecida como marcas e patentes. De acordo


com a referida lei, assinale a opção correta: De acordo com o INPI (Instituto Nacional de
Propriedade Industrial), o registro é a única garantia de que uma marca, sinal visual que
identifica produtos e serviços e que agrega valor a eles, seja distinta e não possa ser
igualada ou assemelhada a outras.

Questão 3: Em razão da pandemia deflagrada no ano de 2020, a Indústria Farmacêutica


IMUNIVAC coloca no mercado uma eficaz vacina contra o coronavírus causado pela COVID-
19, recentemente descoberto pelos seus químicos, que imuniza as pessoas contra os efeitos do
coronavírus. O valor do medicamento inviabiliza a compra por alguns países de menor poder
aquisitivo para combater a pandemia causada pelo referido vírus. Desta forma:

Seria lícito ao Poder Público determinar a suspensão do privilégio da patente, a fim de atender a
demanda social pelo remédio fabricado pela Indústria Farmacêutica. Nos casos em que há o
interesse da coletividade, o Poder Público pode quebrar a patente em detrimento do direito do
autor, cabendo a este, portanto, o direito de auferir lucro com seu invento.
Questão 4: A respeito da propriedade industrial, assinale a alternativa INCORRETA:

a) A lei de Propriedade Industrial (LIP) não tem previsão na Constituição Federal de 1988.

b) Propriedade industrial é o conjunto de direitos sobre as patentes de invenção.

c) A LIP assegura proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu
interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.

d) A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial abrange as patentes de invenção, o


desenho industrial, a marca, as indicações geográficas e a concorrência desleal.

Letra a. A LIP conta com 244 artigos e a Constituição Federal de 1988, no art. 5°, XXIX,
entre os direitos e garantias fundamentais prevê que a lei assegurará aos autores de
inventos industriais privilégio temporário para sua utilização.

Questão 5: A Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor em setembro de 2020. Desta
forma, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta: O Brasil, por ser signatário da
ONU, publicou lei brasileira é inspirada na lei da União Europeia conhecida como GDPR
(General Data Protection Regulation), que, passou a vigorar com um formato mais
inovador e mais rígido em maio de 2018.

Aula 7: Noções de Direito Penal - Código Penal de 1940. Crimes contra a propriedade
intelectual e crimes virtuais

Introdução

Aula sobre os institutos de direito penal, como a culpa e o dolo, a ação penal pública e privada.

Estarão sob análise algumas espécies de crime, como furto e roubo, os crimes contra a honra.

Serão também objetos de estudo os crimes contra a propriedade intelectual, de inviolabilidade


de segredo profissional e os crimes virtuais ou cibernéticos.

Objetivos

 Conhecer o direito no âmbito penal, o conceito de crime, a culpa e o dolo, a ação penal
pública e privada e estabelecer a correlação entre os institutos de direito penal com a
propriedade intelectual.
 Analisar algumas espécies de crime, como furto e roubo, os crimes contra a honra.
 Identificar os crimes contra a propriedade intelectual, falsidade ideológica e falsidade
documental, inviolabilidade de segredo profissional e as diversas formas de prática de
crimes virtuais ou cibernéticos.
Noções de Direito Penal

O Direito Penal é um dos ramos do Direito Público que estabelece relação entre o Estado e a
sociedade de acordo com as normas previstas no Código Penal e leis afins com o intuito de
coibir a prática ilícita através de sanções psicológicas previstas na lei de forma a regular a
conduta humana na sociedade, prevenir os crimes e exercer a força coercitiva do Estado no caso
das práticas ilícitas através de sanções de caráter punitivo e pedagógico.

Importante que os profissionais de Comunicação e de Marketing tenham conhecimento geral do


direito penal e no âmbito específico no que diz respeito a situações do cotidiano e as que estão
relacionadas à prática profissional.

Conceito de crime

A doutrina define o crime como sendo o fato típico e antijurídico. Considera-se fato típico o que
corresponde à descrição do crime feita pela lei e antijurídico é o fato que, além de típico, não
tem a seu favor nenhuma justificativa, como a legítima defesa ou o estado de necessidade. O
tipo do crime é a descrição do fato criminoso, feita pela lei. Cada um dos artigos incriminadores
do Código Penal é um tipo.

Ex.: O tipo do crime de homicídio está assim redigido: Art. 121 – Matar alguém. Pena –
Reclusão de 6 a 20 anos.

Segundo a lei matar é crime, não importam o meio e a forma que foram utilizados para atingir
esse fim. O resultado morte pode ocorrer quando uma pessoa dispara arma de fogo
deliberadamente contra alguém, desliga os aparelhos que a mantém viva no hospital ou acessa o
sistema de software do monitoramento para que este pare de funcionar causando a morte do
paciente.

Uma ação penal só existe se for precedida de um inquérito policial, mediante registro de
ocorrência da Delegacia. A ação penal pode ser pública ou privada.

A ação penal pública, de acordo com o artigo 100 CP, §1º, é promovida pelo Ministério Público,
que é um órgão fiscalizador da lei, através de sua intervenção sobre ilicitudes e atos contrários à
lei. A ação penal privada, segundo o artigo 100, §2º, é iniciada mediante notícia crime (queixa)
do ofendido. Por exemplo, um curso de informática que utiliza o Word sem licença só poderia
ser denunciado pela Microsoft.

Fonte: 123RF (2021).

Tipos de crime
A tipicidade de um crime é o ajuste perfeito do fato com o tipo, ou seja, na exata
correspondência do fato praticado com a descrição legal existente. Onde não há tipicidade não
há crime.

É preciso haver descrição no Código Penal daquela conduta para ser considerada crime, como
calúnia, injúria, difamação, ameaça, violação de correspondência, violação de segredo
profissional, violação de direito autoral, falsa identidade.

O crime pode ser doloso ou culposo.


 

 Doloso: Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Crimes dolosos


são os crimes intencionais. Dolo é intenção, vontade de agir.
 Culposo: Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia. Consiste na prática não intencional do fato delituoso, faltando, porém, ao agente
um dever de atenção e cuidado.

Atenção: Autores do crime (ou coautores) são aqueles que realizam a ação descrita no tipo.
Consideram-se partícipes os que realizam ação acessória, não descrita no tipo, mas que
contribui moral ou materialmente para o resultado. Todos os que participam de um evento
lesivo criminoso respondem na medida de sua participação no crime, pois, de acordo com o
artigo 29 do CP, “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Isso quer dizer que tanto quem teve a ideia, quanto
quem importou, transportou, comercializou e até quem comprou produto falsificado, derivado
de infringência aos direitos autorais, por exemplo, serão passíveis de sofrer punições
estabelecidas nas leis. Da mesma maneira, aquele que dissemina informação falsa, vírus, por
meio de e-mail ou mensagens de texto, responderá pelo crime.

Modalidade de culpa
As modalidades da culpa são a negligência, a imprudência e a imperícia.

Negligência

Conduta em que se deixa de fazer aquilo que a diligência normal impunha, ou seja, há falta de
cuidado.
Exemplos: Motorista que não conserta os freios já gastos de seu automóvel ou pai que deixa
arma de fogo ao alcance de seus filhos menores. E-mail de corrente, arquivo com vírus etc.

Imprudência

Conduta praticada pelo agente não observando o dever de cuidado.


Exemplos: Motorista que excede o limite de velocidade em um veículo ou que desrespeita o
sinal vermelho. Postar mensagens de intuito vexatório, discriminatório ou preconceituoso.

Imperícia

Quando ocorre uma inaptidão, falta de habilidade técnica para o exercício de profissão ou de
ofício.
Exemplo: Médico que causa danos ao paciente, que poderia ter sido evitado, por falta de
habilidade.

Crimes contra a honra

São crime contra a honra a calúnia, a injúria e a difamação.


Segundo o artigo 138 do Código Penal, caluniar alguém é lhe imputar falsamente fato definido
como crime. Ou seja, imputar um fato que deve ser falso e definido como crime.
Por exemplo: Dizer que alguém está roubando sem que esta pessoa tenha cometido qualquer
crime.
Difamação

De acordo com o artigo 139 do Código Penal, difamar alguém é lhe imputar fato ofensivo à sua
reputação. Ou seja, ofender a reputação de alguém, atingindo sua honra objetiva.
Dessa maneira, uma pessoa ou empresa, ao divulgar informação particular, falsa ou verdadeira,
sobre alguém de sua vida particular pode vir a responder a processo.

Injúria

De acordo com o artigo 140 do Código Penal, injuriar alguém e lhe ofender a dignidade ou o
decoro. É a palavra ou gesto ultrajante com que o agente ofende o sentimento de dignidade da
vítima e que atinge a sua honra subjetiva.
Por exemplo: Xingar alguém com palavras de baixo calão, ofendendo-lhe a dignidade.
A injúria preconceituosa está prevista no § 3º do mesmo artigo e consiste na utilização de
elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.
Por exemplo: Comentários racistas na internet podem resultar em pena de até 5 anos de prisão.

Crimes contra o patrimônio, estelionato e receptação

A seguir, os crimes contra o patrimônio, estelionato e receptação, assim como estão tipificados
no Código Penal:

Furto
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Por exemplo: É furto roubar ideia alheia como obra do intelecto como livros, softwares e
músicas.

Roubo

Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
Importante! Para se configurar roubo deve haver violência ou grave ameaça.

Estelionato

Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

Receptação
Art. 180 – Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio,
coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou
oculte.
Crimes contra a propriedade intelectual e falsidade documental
Conforme o texto do artigo 184 do CP, a violação dos direitos de autor consiste em reprodução
total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra
intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista
intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente.

Falsidade documental consiste em falsificação de documento ou declaração falsa, diferente


daquela que deveria constar.

Por exemplo: Falsificar dados em currículo, atestado médico, fazer-se passar por alguém com a
utilização de carteira de identidade, passaporte ou com as senhas nas máquinas de computador
ou cartão de débito ou crédito.

Destacamos a falsidade ideológica prevista no art. 299 e a falsa identidade prevista nos art. 307
e 308 do CP.

Art. 184 – Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:

1º Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto,
por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem
autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso,
ou de quem os represente.

§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui,
vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou
cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito
de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos
direitos ou de quem os represente.

§ 3º Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite,


ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção
para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda,
com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do
artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente.

Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.

Art. 307 – Atribuir-se ou atribuir a terceira falsa identidade para obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem.

Art. 308 – Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiros.

Por exemplo: Muitas pessoas utilizam de cartão de crédito e débito de seus familiares e até de
pessoas que já faleceram. Isso é considerada uma conduta criminosa.
Danos decorrentes da ação de ciberpiratas
O advento da internet trouxe grandes benefícios de interação, comunicação e a facilitação no
campo pessoal, acadêmico e profissional.
No entanto, há também o lado negativo, que são os crimes praticados na internet. Nesse cenário,
encontramos as figuras dos ciberpiratas, os hackers e os crackers.

Hackers
São aqueles programadores que elaboram, modificam, desenvolvem e criam novas
funcionalidades ou aprimoram as que já existem nos softwares ou hardwares. O termo também é
utilizado para designar programadores que utilizam suas técnicas e habilidades para violar
sistemas de internet para acessar fotos e dados, mas sem o objetivo de lesar.

Crackers

São programadores mais audaciosos que violam sistemas com o intuito de causar dano e
prejuízo a terceiros, e lesar o internauta, como roubar senhas para efetuar compras, divulgar e
comercializar fotos ou dados violando o sistema de segurança.

Crimes virtuais e exclusão de conteúdo

Os crimes virtuais estão tipificados na lei e elencados no Código Penal, especificando os crimes
cibernéticos que se consubstanciam em:

 Invasão de dispositivo informático;


 Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático
(comunicação à distância) ou de informação de utilidade pública;
 Falsificação de documento particular e falsificação de cartão.

A exclusão de conteúdo só pode ser solicitada por ordem judicial – assim, não fica a cargo dos
provedores a decisão de manter ou retirar do ar informações e notícias polêmicas. Portanto, o
usuário que se sentir ofendido por algum conteúdo no ambiente virtual terá de procurar a
Justiça, e não as empresas que disponibilizam os dados.

Há um tratamento diferenciado para a divulgação não autorizada na internet de conteúdo sexual


decorrente de relacionamentos.

Em situações como essas, o lesado ou seu representante legal deve enviar uma notificação para
o provedor (ex: Facebook ou Google), para que retirem de veiculação a foto ou notícia,
tornando esse material indisponível.

Todos os crimes virtuais devem ser registrados nas Delegacias Especializadas em Crimes
Virtuais.

Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737, de 30 de novembro de 2012)

Lei que entrou em vigor em abril de 2013, aborda os crimes informáticos ainda de forma muito
tímida, não incluindo de maneira mais pontual e abrangente, nem punindo com mais rigor, os
crimes praticados pela internet, que é a porta de entrada para tantos outros crimes graves como
pedofilia, por exemplo. A referida lei está contida no Art.154-A do Código Penal que prevê:
Art. 154-A: Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,
mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.

Questão 1: O Código Penal estabelece a denominação de crime (fato típico e antijurídico). Entre
os crimes tipificados no referido diploma legal, há os crimes contra a honra, que são: De acordo
com os arts. 138, 139 e 140 do Código Penal são crimes contra a honra a calúnia, a
difamação e a injúria.

Questão 2: A palavra ou gesto ultrajante com que o agente ofende o sentimento de dignidade da
vítima configura o crime de: Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o
decoro. Ofensa à honra subjetiva.

Questão 3: O racismo na internet é crime e pode resultar em pena de até 5 anos de prisão.
Também é denominado crime de: Segundo a Lei 7716/89, a injúria preconceituosa envolve
elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora
de deficiência.

Questão 4: A respeito dos crimes contra a propriedade intelectual, marque a alternativa falsa:A
pirataria doméstica é considerada crime, pois há violação do direito do autor, segundo o
art. 184 do CP.

Aula 8: Noções de Ética. Creative Commons Licenças Flexíveis. Marco Civil da


Internet. Lei Geral de Proteção de Dados

Introdução

Aula sobre a Responsabilidade dos provedores da internet de acordo com a lei e o Judiciário
brasileiro.

A aula tem também por finalidade apresentar a questão da ética digital e as licenças
flexíveis Creative Commons.

Serão analisadas a lei que instituiu o marco civil da internet no Brasil e a Lei Geral de Proteção
de Dados.

Objetivos

 Compreender o alcance da responsabilidade dos autores e dos provedores da internet de


acordo com a lei e o Judiciário brasileiro.
 Analisar a questão da ética profissional, as licenças flexíveis Creative Commons.
 Apresentar a lei que introduziu o marco civil da internet no Brasil e a Lei Geral de Proteção
de Dados.
Responsabilidade Civil dos provedores de internet e autores

Responsabilidade civil consiste no dever de reparar o dano em caso de prática de ato ilícito
civil, ou seja, causar dano a outrem ou agir de má-fé, conforme prevê o art. 927 do Código
Civil.

Antes da entrada em vigor da Lei do Marco Civil da Internet, a Responsabilidade Civil dos
provedores era objetiva, ou seja, eram responsabilizados pela publicação dos sites hospedados
neles, independentemente de culpa e de notificação.

O Marco Civil da Internet – MCI, porém, mudou esse entendimento. O art. 19 prevê que o
provedor não será responsabilizado, exceto em caso de descumprimento de ordem judicial com
determinação retirada do conteúdo.

A jurisprudência do STJ (Superior Tribunal de Justiça) se assentava na percepção de que a


notificação do provedor era suficiente para atrair sua responsabilização em caso de não retirada
de conteúdo danoso.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considera que, para fatos anteriores à
publicação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), a responsabilização dos provedores de
aplicação por veiculação de conteúdo ofensivo não depende de notificação judicial, bastando
ficar demonstrado que houve ciência acerca da informação lesiva e que esta não foi retirada em
prazo razoável. Após essa data, o provedor responde apenas após ordem judicial descumprida.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER.
ART. 535 DO CPC/1973. VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. SÚMULA Nº 211/STJ. FUNDAMENTOS SUFICIENTES. IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA. NECESSIDADE. SÚMULA Nº 283/STF. INTERNET. CONTEÚDO
OFENSIVO. REMOÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROVEDOR.
CARACTERIZAÇÃO. CULPA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ.
jurisprudência desta Corte define que: (a) para fatos anteriores à publicação do Marco Civil da
Internet, basta a ciência inequívoca do conteúdo ofensivo pelo provedor, sem sua retirada em
prazo razoável, para que este se torne responsável e, (b) após a entrada em vigor da Lei nº
12.965/2014, o termo inicial da responsabilidade solidária do provedor é o momento da
notificação judicial que ordena a retirada do conteúdo da internet (AgInt no AREsp
1177619/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 29/10/2018, DJe 08/11/2018).
O provedor poderá ser obrigado a retirar de veiculação a matéria, perfil, informação ou e-mail
criado que transgrida a lei, sob pena de multa diária, após ser notificado judicialmente e não
cumprir a determinação judicial.

A mesma situação ocorre em relação aos sites de busca que serão notificados para retirar a
notícia de veiculação.

O autor da mensagem ou do post responde subjetivamente, tanto no âmbito criminal quanto no


âmbito civil. Na esfera penal sofrerá as sanções (punições) cabíveis. Na esfera civil, será
obrigado a indenizar as pessoas que foram lesadas com a sua atitude.

Muitas pessoas se escondem atrás de um nick ou fake nas redes sociais e tecem comentários no
Twitter e no Facebook. Fatos sobre comunidades ou fotos inadequadas devem ser comunicados
ao provedor para a tomada de providências cabíveis, inclusive notícia crime na Delegacia de
Crimes Virtuais e ação judicial.
Danos decorrentes da ação de ciberpiratas
O advento da internet trouxe grandes benefícios de interação, comunicação e a facilitação no
campo pessoal, acadêmico e profissional no sentido de aprimorar a pesquisa e expandir
conhecimento.

No entanto, há também o lado negativo, que são os diversos crimes praticados na internet ou
através dela que estão aumentando exponencialmente e se sofisticando com o avanço da
tecnologia.

Nesse cenário, encontramos as figuras dos ciberpiratas, os hackers e os crackers.

Hackers
São aqueles programadores que elaboram, modificam, desenvolvem e criam novas
funcionalidades ou aprimoram as que já existem nos softwares ou hardwares. O termo também é
utilizado para designar programadores que utilizam suas técnicas e habilidades para violar
sistemas de internet para acessar fotos e dados, mas sem o objetivo de lesar.

Crackers
São programadores mais audaciosos que violam sistemas com o intuito de causar dano e
prejuízo a terceiros, e lesar o internauta, como roubar senhas para efetuar compras, divulgar e
comercializar fotos ou dados violando o sistema de segurança.

Creative Commons
O Creative Commons é uma empresa norte-americana sem fins lucrativos com um projeto
permite a criação colaborativa. Qualquer pessoa pode usar determinada obra de acordo com as
licenças disponíveis.

O Creative Commons (CC) disponibiliza opções flexíveis de licenças que garantem proteção e


liberdade para artistas e autores. Partindo da ideia de “todos os direitos reservados” do direito
autoral tradicional o CC recriou para transformá-la em “alguns direitos reservados”.

As licenças CC criam a possibilidade do acesso universal à pesquisa, educação e cultura


ampliadas pela internet, sem que estejam em colisão com os sistemas legais nacionais.
Flexibilidades como essas se mostram bem-vindas através dos novos canais de distribuição
baseados na internet.

Vamos ver um exemplo:

Um dos problemas apontados pela indústria fonográfica é o tráfego irrestrito e fora de controle
de músicas protegidas por direitos autorais.

Por meio de licenças como a Creative Commons, os artistas podem estabelecer condições para
usos de suas músicas (como o uso para fins comerciais, por exemplo), se beneficiando do
tráfego desses bens derivados das culturas digitais na rede.
Hoje, são vários livros, imagens e obras musicais que circulam livremente pela internet através
dessas licenças, como Marisa Monte, Paulo Coelho, entre outros.

Atenção!

O futuro do marketing digital é estabelecer relações sólidas com os consumidores, em que o


consumidor possa transformar o produto e a sociedade na medida em que toma suas decisões
sobre o que consumir. O consumidor está cada vez mais exigente e precisa ter liberdade para
escolher o que irá adquirir ou consumir.

Marco Civil da Internet


O Marco Civil da Internet, a Lei 12.965, foi sancionado no dia 23 de abril de 2014 no Brasil. A
proposta é garantir os direitos e deveres dos internautas e das empresas, garantindo a
privacidade e a liberdade de expressão aos internautas.

Os três pilares do Marco Civil da Internet são:

 Liberdade de expressão.
 Qualquer censura só pode ser feita por meio de ordem judicial.
 Privacidade garantida.

Proteção dos dados da pessoa em relação aos prestadores de serviços que não podem coletar e
divulgar dados de e-mail ou perfil do Facebook, por exemplo.

 Neutralidade: Garantia de que a internet continue sendo um meio de comunicação


democrático, sem restrição de uso ou pagamento do serviço de acordo com o uso.

Lei Geral de Proteção de Dados


A Lei 13.709 de 2018 instituiu a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados): É um conjunto de
normas que disciplina um controle maior sobre os dados pessoais de cada um, como nome,
endereço, e-mail, idade, estado civil e situação patrimonial e estes não serão usados sem o
consentimento por empresas e o governo no Brasil.

A lei brasileira é abertamente inspirada na lei da União Europeia conhecida como GDPR
(General Data Protection Regulation), que, em maio de 2018, passou a vigorar com uma nova e
mais dura configuração.

Com a LGPD, vazamentos de informações, como ocorreram com o Facebook em 2018, estarão
sujeitos a penalidades severas, como multas que podem chegar a R$ 50 milhões.

A LGPD reforça a importância da boa-fé e da transparência no tratamento dos dados pessoais,


podendo gerar penalidades pelos excessos e abusos praticados através de imputação da
responsabilidade e do dever de indenizar.

Todas as empresas e negócios precisarão se adequar à estrutura de tecnologia e armazenagem de


dados para garantir segurança em seu sistema de gestão, através de site, rede social ou pesquisa.
Investir em tecnologia para estar adequado à lei e para conquistar a confiança do consumidor.
Ética digital
Com o atual cenário de uma sociedade cada vez mais digital necessário que haja uma educação
e uma orientação quanto às condutas também no ambiente virtual. Devemos zelar pela
segurança digital bem como agir de forma ética e legal a fim de sermos bons cidadãos digitais.
(Pinheiro, 2016)

A educação digital deve ser promovida simultaneamente à inclusão digital dos usuários, através
da ética e da cidadania digital.

A formação do cidadão digital é de vital importância para a segurança e o bom uso dos meios
eletrônicos disponíveis tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional.

Para a referida autora, educar na sociedade digital não é apenas ensinar como usar os aparatos
tecnológicos ou fazer efetivo uso da tecnologia no ambiente escolar. Educar é preparar
indivíduos adaptáveis e criativos com habilidades que lhes permitam lidar facilmente com a
rapidez na fluência de informações e transformações. É preparar cidadãos digitais éticos para
um novo mercado de trabalho cujas exigências tendem a ser maiores que as atuais.

Notas

 Fake: É uma palavra da língua inglesa que significa falso ou falsificação. Pode ser uma
pessoa, um objeto ou qualquer ato que não seja autêntico. Com as redes sociais, o termo
passou a ser muito utilizado para designar uma conta na internet ou o perfil em uma rede
social de alguém que pretende ocultar a verdadeira identidade. Há quem possua diversos
perfis fake espalhados pela internet e utiliza em ocasiões em que pretende preservar a sua
identidade real. É importante citar que criar um perfil fake baseado em uma pessoa real, com
o intuito de ofender ou caluniar terceiros, pode ser considerado crime de falsa identidade
caso haja denúncia.
 Honra objetiva: É a reputação, a boa fama, o valor social da pessoa.
 Honra subjetiva: É o juízo que uma pessoa tem de si mesma, de seus próprios atributos.
 Nick: Abreviação para nickname, que são os apelidos utilizados pelos usuários de internet.
 Fonte: Dicionário informal.com.br (http://www.dicionarioinformal.com.br)
 Spam: São mensagens eletrônicas, de caráter publicitário ou comercial, não solicitadas,
sucessivas e exacerbadas, denominadas Abuso de Correio Eletrônico (ACE). A
denominação spam vem de um esquete em que o grupo de comédia britânico Monty Python
faz um deboche de uma marca de apresuntado chamado Spam. O esquete fez muito sucesso
em 1970 e anos depois, fez-se uma analogia dizendo que receber e-mail indesejado é igual a
comer Spam.

Atualmente, vários procedimentos de conduta estão sendo divulgados pela mídia como forma de
educar o cidadão no correto uso dos benefícios trazidos pela informática. Como exemplo,
podemos destacar o Código de Ética AntiSpam, apresentado pelo Comitê Brasileiro Anti- spam
(http://www.brasilantispam.com.br), o qual tem por objetivo reger e orientar a comunicação
institucional, comercial e publicitária enviada sob a forma de mensagens eletrônicas, sem
prejuízo da concomitante aplicação, quando for o caso, da legislação vigente, especialmente em
matéria de publicidade, privacidade e proteção ao consumidor.
Questão 1: Samuel, ao acessar a puma de suas redes sociais, deparou-se com uma publicação,
feita por Rafael, que dirigia uma série de ofensas graves contra ele.
Samuel entrou em contato com o provedor responsável pela rede social, solicitando que o
conteúdo fosse retirado de veiculação, porém, o provedor não respondeu ao pedido. Decorrido
esse tempo, o próprio Rafael optou por retirar, espontaneamente, a publicação. Samuel decidiu,
então, ajuizar ação indenizatória por danos morais em face de Rafael e do provedor.
Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação civil brasileira, assinale a afirmativa
correta.

Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados a


Samuel enquanto o conteúdo não foi retirado. O autor será sempre responsabilizado de
forma subjetiva e o provedor será responsabilizado de forma objetiva e poderá ser
obrigado a retirar de veiculação a matéria, perfil, informação ou e-mail criado que
transgrida a lei, sob pena de multa diária, após ser notificado judicialmente e não cumprir
a determinação judicial.

Questão 2: Assinale o conceito de spam: Por meio dele, o lesado é submetido a uma série
sucessiva de mensagens que, na maior parte das vezes, são indesejáveis e de caráter
publicitário.

Questão 3: A respeito de Creative Commons licenças flexíveis, assinale V para Verdadeiro e F


para Falso.

( ) O CC é uma empresa privada que licencia direitos autorais.


( ) Suas licenças foram adotadas para que os criadores pudessem tomar o controle de como
escolher compartilhar sua propriedade intelectual.
( ) Proporciona um acesso universal à cultura e ao conhecimento gratuitamente.
( ) Os artistas não têm autonomia para liberar determinados usos de suas músicas.

F, V, V, F. A primeira alternativa é falsa porque o CC é uma organização não


governamental norte-americana sem fins lucrativos. A segunda alternativa é verdadeira
porque existe liberdade para o

Questão 4: A LGPD é a Lei Geral de Proteção de Dados que entrou em vigor em setembro de
2020. A respeito da referida lei, é CORRETO afirmar que: A LGPD reforça a importância da
boa-fé e da transparência no tratamento dos dados pessoais, podendo gerar penalidades
pelos excessos e abusos praticados através de imputação da responsabilidade e do dever de
indenizar. Estrutura de tecnologia e armazenagem de dados para garantir segurança em
seu sistema de gestão, através de site, rede social ou pesquisa. Investir em tecnologia para
estar adequado à lei e para conquistar a confiança do consumidor sob pena de multas e
penalidades pesadas.

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