Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TCC - A Mulher No Telejornalismo Esportivo - v2
TCC - A Mulher No Telejornalismo Esportivo - v2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................2
2 METODOLOGIA..............................................................................................4
2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................4
2.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.........5
3 A MULHER NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO (MÍDIA)................................6
2.1 DADOS DO RELATÓRIO DA IWMF PARA O BRASIL..........................................9
4 A MULHER NOS ESPORTES.......................................................................15
4.1 A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS OLÍMPIADAS RIO 2016...........16
4.2 AS MULHERES NO MOVIMENTO OLÍMPICO DO COMITÊ OLÍMPICO
INTERNACIONAL (COI).............................................................................................18
4.3 MULHERES EM POSIÇÕES DE ALTA GERÊNCIA DO SETOR
ESPORTIVO: QUEBRANDO AS BARREIRAS E OS ESTEREÓTIPOS...................19
5 O JORNALISMO ESPORTIVO.....................................................................23
5.1 BREVE HISTÓRIA.........................................................................................23
5.1.1 Europa............................................................................................................23
5.1.2 Estados Unidos..............................................................................................28
5.1.3 Brasil..............................................................................................................30
5.2 AS MULHERES NO TELEJORNALISMO ESPORTIVO...............................34
6 CONCLUSÃO................................................................................................38
REFERÊNCIAS...........................................................................................................40
2
1 INTRODUÇÃO
(IWMF) em 2013, mostra que 73% dos cargos gerenciais são ocupados por homens,
em comparação com 27% ocupados por mulheres.
Para o Brasil, os dados foram coletados em 15 empresas de notícias - 12
jornais e 3 emissoras de televisão. Juntas, estas empresas empregam
aproximadamente 4.500 pessoas, sendo 2.724 homens e 1.769 mulheres. A
consolidação das informações mostrou que as mulheres parecem ter dificuldade de
acesso à profissão, demonstrada por uma sub-representação significativa nas
empresas pesquisadas. Quanto à ocupação de cargos de governança, apenas 10%
destas posições são ocupadas por mulheres. A participação das mulheres está
quase se aproximando da paridade nas ocupações júnior e sênior. As funções de
apoio são preenchidas por quase dois terços de mulheres. Quanto aos salários os
homens ganham consideravelmente mais do que as mulheres.
Quando as dificuldades e preconceitos se sobrepõem, o resultado não
poderia deixar de ser diferente. No país do futebol, o jornalismo esportivo é
fortemente ancorado por este esporte, mas o futebol profissional é masculino.
Consequentemente, o acesso das mulheres ao jornalismo esportivo ainda é
bastante restrito.
No Brasil a estimativa, em 2002, era que 10% dos jornalistas esportivos
fossem mulheres, sem nenhum cargo de governança sendo ocupada por uma
mulher. Apenas para materializar a significância desta percentagem, no Rio Grande
do Sul existiam apenas sete mulheres no jornalismo esportivo de rádio e televisão
do Rio Grande do Sul, em 2015, e no Paraná apenas 21 mulheres, em 2012.
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar um quadro geral da mulher na
mídia, nos esportes, na indústria esportiva e no jornalismo esportivo, bem como
pontuar os grandes marcos da mulher no telejornalismo esportivo.
4
2 METODOLOGIA
Um retrato justo de gênero justo na mídia deve ser uma aspiração profissional
e ética, semelhante ao respeito pela exatidão, justiça e honestidade (WHITE, 2009).
No entanto, a representação desigual de gênero é generalizada. A Global Media
Monitoring Project afirma que as mulheres são mais propensas a serem
apresentadas como vítimas em notícias e a serem identificadas de acordo com o
status familiar. As mulheres também têm muito menos chances do que os homens
de serem destaques nas manchetes de notícias do mundo, e para serem
convocadas como “porta-vozes” ou como “especialistas”. Certas categorias de
mulheres, como as pobres, as mulheres idosas ou as pertencentes a minorias
étnicas, são ainda menos visíveis.
Os estereótipos também prevalecem todos os dias na mídia. As mulheres são
frequentemente retratadas apenas como donas de casa e cuidadoras da família,
dependentes dos homens, ou como objetos de atenção masculina. As histórias das
repórteres femininas são mais propensas a desafiar os estereótipos do que aquelas
apresentadas por repórteres masculinos (GALLAGHER et al., 2010). Como tal, há
uma ligação entre a participação das mulheres nos meios de comunicação e
melhorias na representação das mulheres.
Os homens também são submetidos a estereótipos nos meios de
comunicação social. Eles são tipicamente caracterizados como poderosos e
dominantes. Há pouco espaço para visões alternativas de masculinidade. Os meios
de comunicação tendem a diminuir os homens em domésticas ou como aqueles que
se opõem à violência. Tais representações podem influenciar as percepções em
termos do que a sociedade pode esperar de homens e mulheres, mas também o
que eles podem esperar de si mesmos. Eles promovem uma visão desequilibrada
dos papéis das mulheres e dos homens na sociedade.
É necessário prestar atenção à identificação e ao tratamento destes vários
desequilíbrios de gênero e lacunas nos meios de comunicação. A Comissão
Europeia (2010) recomenda, por exemplo, que se estabeleça uma expectativa de
paridade entre os gêneros nos quadros de peritos em televisão ou rádio e na criação
de uma base de dados temática de mulheres a serem entrevistadas e utilizadas
como especialistas por profissionais da comunicação social. Além disso, esforços
conscientes devem ser feitos para retratar mulheres e homens em situações não
estereotipadas.
8
Produção e Design
Em difusão: designers de cenários e trabalhadores da construção, designers gráficos,
designers de figurino, maquiadores, editores de filmes/vídeo.
Profissionais Aqueles que fazem o trabalho técnico específico. Por exemplo, técnicos de câmera,
técnicos som e iluminação.
Vendas, Finanças e Marketing, vendas, relações públicas, especialistas, contadores, pessoal de recursos
Administração humanos, funcionários, secretárias.
Tabela 5. Histórico da Participação das Mulheres nas Olímpiadas - 1900 até 2016
% de
Competições Total de Mulheres % de Mulheres
Ano Esportes Competições
Femininas* Competições Participantes Participantes
Femininas
A luta pelo avanço das mulheres no local de trabalho continua até hoje.
Apesar do número crescente de mulheres em cargos de direção sênior dos esportes
nos últimos trinta anos, os homens continuam a ser dominantes nestes papéis,
indicando um nível de desigualdade de gênero na gestão do esporte (HOEBER e
SHAW, 2003).
Organizações como a Women's Sports Foundation, a Canadian Association
for the Advancement of Women in Sport e a Womensport Australia atestam que
existe um desequilíbrio considerável entre mulheres e homens no que se refere a
quem exerce influência na gestão de organizações esportivas (HALL, 1996,
HARVEGO, 2001, WOMENSPORT AUSTRALIA, 2001, WOMEN'S SPORTS
FOUNDATION, 2001).
As organizações desportivas são reconhecidas como instituições que
frequentemente não aceitam políticas de equidade de gênero (SPORT ENGLAND,
2001). Quando as mulheres começaram a entrar no mundo corporativo como
20
5 O JORNALISMO ESPORTIVO
5.1.1 Europa
como seu correspondente de críquete, bem como seu crítico de música. Cardus foi
mais tarde nomeado Sir por seus serviços ao jornalismo. Um de seus sucessores,
John Arlott (1914 - 1991), que se tornou mundialmente famoso pelos seus
Figura 1. Edição da Gazzetta dello Sport de 1896 e a primeira edição com capa em
rosa
25
Fonte: Wikipedia
histórias sobre o tema e várias publicações como o New York Herald e o Spirit of the
Times registraram eventos esportivos em seus jornais (MALONE, 2012). A Figura 6
mostra a capa do Spirit of the Times com matéria sobre o Turfe.
5.1.3 Brasil
A primeira matéria que descrevia com mais detalhes uma partida de futebol
foi feita pelo jornal O Estado de São Paulo em 27 de outubro de 1902 (RIBEIRO,
2007).
O Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, criou, em 2012, uma página dedicada
aos esportes, mas somente a partir de 1960 que os cadernos de esportes fizeram
parte dos jornais e as revistas esportivas se firmaram a partir de 1970 (RIBEIRO,
2007).
O primeiro periódico especializado em esportes surgiu no Rio de Janeiro, em
1931, com o nome de Jornal dos Sports e inspirado no jornal italiano La Gazzetta
dello Sport. (VALIA, 2010). Este jornal circulou até 2010. A Figura 9 mostra a capa
da edição comemorativa dos 77 anos do Jornal dos Sports, em 2008, com sua cor
rosa inspirada no jornal La Gazzetta dello Sport.
34
A partir do interesse das classes mais altas, dos jornalistas e escritores mais
respeitados é que a imprensa começou a se preocupar com o esporte,
principalmente com o futebol.
Há controvérsias quanto à primeira transmissão por rádio de um jogo de
futebol no Brasil. Bezerra (2008) afirma que o evento narrado teria ocorrido em
1927, com narração de um jogo entre seleções paulista e carioca por Nicolau Tuma
(1991-2006). No entanto Soares (1994) afirma que o evento teria sido em 1931.
35
3
Título IX da Lei de Emendas de Educação de 1972 é uma lei federal que afirma: “Nenhuma pessoa
nos Estados Unidos será, com base no sexo, excluída da participação, será negada os benefícios ou
estará sujeita a discriminação em qualquer programa educacional ou atividade que receba assistência
financeira federal”.
36
incluindo Walt Disney Co. (ESPN), Viacom (Proprietária da CBS Sports), Time-
Warner e USA Networks (ROMANO, 2002). Em 120 canais de televisão, os homens
representavam 84% dos altos cargos executivos (ROMANO, 2002).
No Brasil a estimativa, em 2002, era que 10% dos jornalistas esportivos
fossem mulheres (COELHO, 2003). Para evidenciar o preconceito sofrido pelas
mulheres no mundo do jornalismo esportivo, o autor narra o caso do repórter do
Jornal do Brasil que se negou a entregar a uma jornalista seus relatos de coberturas
esportivas.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, existiam apenas sete mulheres no
jornalismo esportivo de rádio e televisão do Rio Grande do Sul, em 2015 (LUZ,
2015).
Maria Helena Rangel, brasileira, foi uma atleta do arremesso de disco que se
inseriu no jornalismo esportivo por ser uma atleta, em 1947 na Gazeta Esportiva. Ela
é considera a primeira jornalista esportiva da história do jornalismo brasileiro
(RAMOS, 2010).
Isabel Tanese foi editora-chefe do caderno de esportes do jornal o Estado de
São Paulo de 1998 a 2001. A jornalista assumiu o comando no ano da Copa do
Mundo da França (RIBEIRO, 2007).
A Rádio Mulher da cidade de São Paulo cobria os eventos esportivos com
uma equipe feminina de jornalistas, incluindo as partidas de futebol, em 1971. A
equipe era composta por Zuleide Ranieri Dias, Jurema Iara, Leilá Silveira, Lea
Campos, Germana Garili, Claudete Troiano, Branca Amaral, Liliam Loy, Siomara
Nagi e Terezinha Ribeiro (BOLZAN, MARQUES e OLIVEIRA, 2013). Germana Garili
é reconhecida oficialmente pela Federação Paulista de Futebol como a primeira
jornalista a fazer uma cobertura de futebol no campo (TERCEIRO TEMPO, 2012).
Regiani Ritter foi comentarista da Rádio Gazeta e foi editora-chefe e
produtora do programa Mesa Redonda da Rede Record (RUBBO e
VASCONCELOS, 2009; DANTAS, 2016). A jornalista cobriu três Copas do Mundo
(MOTA, 2013).
Isabela Scalabrini e Monika Leitão foram as primeiras jornalistas esportivas da
Rede Globo em 1980. A primeira cobria diversas modalidades esportivas, exceto
futebol, cobertura exclusiva dos homens (BAGGIO, 2012). A segunda cobriu os
Jogos Olímpicos de Moscou e o Pré-Olímpico de Basquete em Porto Rico, ambos
em 1980. Assumiu a produção do programa Esporte Espetacular em 1996, sendo
38
6 CONCLUSÃO
A mídia tem um grande poder para influenciar a opinião pública e por meio da
produção contínua de conteúdos sexistas que colocam ênfase na atratividade das
repórteres, a mentalidade em relação ao papel das mulheres se perpetuará. Devido
a isso, o público é inconscientemente ‘treinado’ para este estereótipo de mulheres
jornalistas. Esta percepção sexista é provavelmente mantida por meio da maioria
dos executivos da indústria do esporte, que são predominantemente homens.
Ainda hoje, o telejornalismo esportivo não utiliza mulheres para a narração de
jogos de futebol ao vivo, nem mesmo como comentaristas. A mensagem que o
público recebe é que as mulheres não são capazes de fazê-los e muitos ratificarão
esta percepção com o fato das mulheres não jogarem futebol profissionalmente.
Por conta disto as mulheres precisam sempre e incansavelmente provar o
quanto são capacitadas e profissionais.
Iniciativas como o programa Jogo Aberto, da Band, apresentado pela
jornalista Renata Fan, devem ser proporcionadas às mulheres jornalistas para que
elas tenham oportunidade de realizar todo o seu potencial profissional.
Cada uma das profissionais apresentadas nesta pesquisa cumpriu e cumpre
seu papel desbravador dentro do jornalismo esportivo, vencendo preconceitos e
desconfianças de uma área jornalística dominada por estereótipos machistas.
.
41
REFERÊNCIAS
BAÚ. V. Media and Communication for Gender and Development. Southern African
Gender & Media Diversity Journal, 6:170-174, 2009.
DAILY MAIL. The greatest race in history: No one could have imagined the
drama of the 1908 Olympic Marathon... not even Sir Arthur Conan Doyle.
Disponível em <http://www.dailymail.co.uk/femail/article-2179416/The-greatest-race-
history-No-imagined-drama-1908-Olympic-Marathon--Sir-Arthur-Conan-Doyle-
covered-Daily-Mail.html>. 2012.
GALLAGHER, M. et al. Who Makes the News? Global Media Monitoring Project
2010. World Association for Christian Communication, London and Toronto, 2010.
JAMIESON, K. H. Beyond the double bind: Women and leadership. New York:
Oxford University Press, 1995.
43
MCGANN, B.; MCGANN, C. The Story of the Tour De France. Dog Ear Publishing,
2006.
PAI, K.; VAIDYA, S. Glass ceiling: Role of women in the corporate world.
Competitiveness Review, 19(2), 106-113, 2009.
RADER, B. G. In its own image: How television has transformed sports. New
York: The Free Press, 1983.
WEYER, B. Twenty years later: Explaining the persistence of the glass ceiling for
women leaders. Women in Management Review, 22(6):482-496, 2007.
WOOLUM, J. Outstanding Women Athletes: Who They Are and How They
Influenced Sports in America. 2nd. Phoenix: The Oryx Press, 1998.
ZIMMERMAN, J.; REAVILL, G. Raising Our Athletic Daughters: How Sports Can
Build Self-Esteem and Save Girls’ Lives. New York: Doubleday, 1998.