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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................2
2 METODOLOGIA..............................................................................................4
2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................4
2.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.........5
3 A MULHER NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO (MÍDIA)................................6
2.1 DADOS DO RELATÓRIO DA IWMF PARA O BRASIL..........................................9
4 A MULHER NOS ESPORTES.......................................................................15
4.1 A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS OLÍMPIADAS RIO 2016...........16
4.2 AS MULHERES NO MOVIMENTO OLÍMPICO DO COMITÊ OLÍMPICO
INTERNACIONAL (COI).............................................................................................18
4.3 MULHERES EM POSIÇÕES DE ALTA GERÊNCIA DO SETOR
ESPORTIVO: QUEBRANDO AS BARREIRAS E OS ESTEREÓTIPOS...................19
5 O JORNALISMO ESPORTIVO.....................................................................23
5.1 BREVE HISTÓRIA.........................................................................................23
5.1.1 Europa............................................................................................................23
5.1.2 Estados Unidos..............................................................................................28
5.1.3 Brasil..............................................................................................................30
5.2 AS MULHERES NO TELEJORNALISMO ESPORTIVO...............................34
6 CONCLUSÃO................................................................................................38
REFERÊNCIAS...........................................................................................................40
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1 INTRODUÇÃO

A sociedade espera que os homens e as mulheres adotem, acreditem e


cumpram papéis e estereótipos de gênero específicos, que foram previamente
estabelecidos. No mundo ocidental, espera-se que os homens sejam fortes,
independentes e atléticos, ao passo que as mulheres devem ser progenitoras
silenciosas, obedientes e atraentes. A sociedade exige o cumprimento da ordem de
gênero imposta. Quando essas normas de gênero são violadas, é comum que
rótulos sejam dados, perguntas sejam feitas e as pessoas sejam ridicularizadas
jogar futebol ou narrar um jogo de futebol, por exemplo.
Por mais que os estereótipos de gênero ‘tradicionais’ tenham resistido nos
últimos séculos, eles também foram desafiados e confrontados por muitas mulheres.
Uma área específica em que os estereótipos de gênero tradicionais têm sido
reavaliados e analisados é o esporte e as atividades físicas. Comparando
estereótipos tradicionais de gênero feminino com os das mulheres do século 21 no
esporte, é claro que as atletas estão começando a se estabelecer no mundo
esportivo.
Nos últimos Jogos Olímpicos, sediados no Brasil, no Rio de Janeiro, em 2016,
a participação das mulheres na equipe brasileira foi histórica com 209 mulheres,
representando 45% da equipe. O Brasil participou com uma equipe de 465 atletas,
sendo 209 mulheres, 45% do total (COB, 2016). Das 19 medalhas conquistadas nos
Jogos Olímpicos de 2016, 5 medalhas foram de mulheres.
No entanto, enquanto a participação das mulheres nas atividades físicas e
nos Jogos Olímpicos tem aumentado, a percentagem de mulheres em posições de
tomada de decisão nos órgãos governamentais e administrativos do Movimento
Olímpico (Comitês Olímpicos Nacionais, Federações Internacionais e Federações
Nacionais) tem permanecido baixa. Em uma pesquisa realizada pelo Movimento
Olímpico em 2015, dos 135 Comitês Olímpicos Nacionais que participaram da
pesquisa, 62 tinham menos de 20% de mulheres no Conselho Executivo e 10 ainda
não tinham nenhuma mulher. Em 2012, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) possuía
apenas uma mulher em seu Conselho Executivo.
O comportamento discriminatório descrito anteriormente se mantém para as
mulheres no exercício da profissão de jornalista. O Relatório Global sobre o Status
da Mulher na Mídia, elaborado pela International Women’s Media Foundation
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(IWMF) em 2013, mostra que 73% dos cargos gerenciais são ocupados por homens,
em comparação com 27% ocupados por mulheres.
Para o Brasil, os dados foram coletados em 15 empresas de notícias - 12
jornais e 3 emissoras de televisão. Juntas, estas empresas empregam
aproximadamente 4.500 pessoas, sendo 2.724 homens e 1.769 mulheres. A
consolidação das informações mostrou que as mulheres parecem ter dificuldade de
acesso à profissão, demonstrada por uma sub-representação significativa nas
empresas pesquisadas. Quanto à ocupação de cargos de governança, apenas 10%
destas posições são ocupadas por mulheres. A participação das mulheres está
quase se aproximando da paridade nas ocupações júnior e sênior. As funções de
apoio são preenchidas por quase dois terços de mulheres. Quanto aos salários os
homens ganham consideravelmente mais do que as mulheres.
Quando as dificuldades e preconceitos se sobrepõem, o resultado não
poderia deixar de ser diferente. No país do futebol, o jornalismo esportivo é
fortemente ancorado por este esporte, mas o futebol profissional é masculino.
Consequentemente, o acesso das mulheres ao jornalismo esportivo ainda é
bastante restrito.
No Brasil a estimativa, em 2002, era que 10% dos jornalistas esportivos
fossem mulheres, sem nenhum cargo de governança sendo ocupada por uma
mulher. Apenas para materializar a significância desta percentagem, no Rio Grande
do Sul existiam apenas sete mulheres no jornalismo esportivo de rádio e televisão
do Rio Grande do Sul, em 2015, e no Paraná apenas 21 mulheres, em 2012.
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar um quadro geral da mulher na
mídia, nos esportes, na indústria esportiva e no jornalismo esportivo, bem como
pontuar os grandes marcos da mulher no telejornalismo esportivo.
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2 METODOLOGIA

Esta pesquisa caracteriza-se quantos aos fins como descritiva com


procedimento bibliográfico e documental. Vergara (1997, p.45) conceitua a pesquisa
descritiva como: “Uma pesquisa descritiva expõe características de determinada
população ou determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre
variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos
que descreve, embora sirva de base para tal explicação”.
A abordagem foi qualitativa, pois, conforme Minayo (1996, p. 21), “[...]
trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis”.

2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

O procedimento bibliográfico permitiu que se tomasse conhecimento de


material relevante, tomando-se por base o que já foi publicado em relação ao tema,
de modo que se possa delinear uma nova abordagem sobre o mesmo, chegando a
conclusões que possam servir de embasamento para a pesquisa. Qualquer
informação publicada (impressa ou eletrônica) foi passível de se tornar uma fonte de
consulta. O procedimento documental, conforme Gil (2002), tem o objetivo de
descrever e comparar dados, características da realidade presente e do passado.
Segundo Cervo e Bervian (1983, p. 79), documento é “toda base de
conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser utilizado para consulta ou
estudo”.
A ferramenta que se utilizou para tratamento do material bibliográfico foi a
Análise Documental (ADOC), que permite obter evidências documentais relevantes
com o intuito de apoiar e validar fatos declarados em uma pesquisa, especialmente
durante a revisão da literatura de investigação. Segundo Pimentel (2001), a ADOC é
a uma forma de organizar o material, de modo que a leitura utilize algumas técnicas,
tais como: fichamento, levantamento qualitativo e quantitativo de termos e assuntos
recorrentes, criação de códigos para facilitar o controle e o manuseio.
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2.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Quanto ao procedimento documental para a revisão da literatura foi utilizado o


fichamento para cada um dos documentos utilizados, com as seguintes
considerações:
 Procedência - Quais são as credenciais do autor? Os argumentos
do autor são apoiados por evidências (por exemplo, material
histórico primário, estudos de caso, narrativas, estatísticas,
descobertas científicas recentes)?
 Objetividade - A perspectiva do autor é imparcial ou prejudicial? Os
dados contrários são considerados ou são ignoradas determinadas
informações pertinentes para provar o ponto do autor?
 Persuasão - Qual das teses do autor é mais / menos convincente?
 Valor - Os argumentos e conclusões do autor são convincentes? O
trabalho, em última análise, contribui de forma significativa para a
compreensão do assunto?

A interpretação dos diversos documentos teve como objetivo:

 Colocar cada documento no contexto da compreensão do tema em


análise.
 Descrever a relação de cada documento com os outros documentos
considerados.
 Identificar novas formas de interpretar e esclarecer lacunas em
pesquisas anteriores.
 Resolver conflitos entre estudos anteriores aparentemente
contraditórios.
 Apontar o caminho para futuras pesquisas.
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3 A MULHER NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO (MÍDIA)

A mídia desempenha papéis importantes na sociedade. Ela relata eventos


atuais, fornece enquadramentos para a interpretação, mobiliza os cidadãos em
relação a várias questões, reproduz a cultura e a sociedade predominantes, e
entretem (LLANOS e NINA, 2011). Como tal, os meios de comunicação podem ser
um ator importante na promoção da igualdade de gênero, tanto no ambiente de
trabalho (em termos de emprego e promoção das mulheres a todos os níveis) como
na representação de mulheres e homens (em termos de uma representação
equitativa do gênero e do uso de uma linguagem neutra e não específica do gênero).
Estudos descobriram que, embora o número de mulheres que trabalham nos
meios de comunicação tenha aumentado globalmente, as principais posições
(produtores, executivos, editores-chefe e editores) ainda são muito dominadas pelos
homens (WHITE, 2009). Esta disparidade é particularmente evidente na África, onde
permanecem obstáculos culturais às mulheres desempenhando o papel de jornalista
(por exemplo, viajar longe de casa, trabalhar à noite e abordar questões como a
política e os esportes considerados como pertencentes ao domínio masculino)
(MYERS, 2009). O Global Media Monitoring Project (GMMP) relata que, em todo o
mundo, é mais provável que as mulheres jornalistas recebam temas “brandos” como
família, estilo de vida, moda e artes. A notícia “pesada”, política e economia, tem
menos chances de ser escrita ou coberta por mulheres.
O nível de participação e influência das mulheres nos meios de comunicação
também tem implicações no conteúdo da mídia: os profissionais de mídia feminina
são mais propensos a refletir as necessidades e perspectivas de outras mulheres do
que seus colegas do sexo masculino. É importante reconhecer, no entanto, que nem
todas as mulheres que trabalham nos meios de comunicação serão sensíveis ao
gênero e propensas a cobrir as necessidades e perspectivas das mulheres; e não é
impossível que os homens cubram eficazmente questões de gênero. Pesquisas
recentes de 18 países diferentes mostram que as atitudes dos jornalistas masculinos
e femininos não diferem significativamente (HANITZSCH e HANUSCH, 2012). No
entanto, a presença de mulheres na rádio, na televisão e na imprensa é mais
provável que forneça modelos positivos para mulheres e meninas, para ganhar a
confiança das mulheres como fontes e entrevistadas, e atrair uma audiência
feminina.
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Um retrato justo de gênero justo na mídia deve ser uma aspiração profissional
e ética, semelhante ao respeito pela exatidão, justiça e honestidade (WHITE, 2009).
No entanto, a representação desigual de gênero é generalizada. A Global Media
Monitoring Project afirma que as mulheres são mais propensas a serem
apresentadas como vítimas em notícias e a serem identificadas de acordo com o
status familiar. As mulheres também têm muito menos chances do que os homens
de serem destaques nas manchetes de notícias do mundo, e para serem
convocadas como “porta-vozes” ou como “especialistas”. Certas categorias de
mulheres, como as pobres, as mulheres idosas ou as pertencentes a minorias
étnicas, são ainda menos visíveis.
Os estereótipos também prevalecem todos os dias na mídia. As mulheres são
frequentemente retratadas apenas como donas de casa e cuidadoras da família,
dependentes dos homens, ou como objetos de atenção masculina. As histórias das
repórteres femininas são mais propensas a desafiar os estereótipos do que aquelas
apresentadas por repórteres masculinos (GALLAGHER et al., 2010). Como tal, há
uma ligação entre a participação das mulheres nos meios de comunicação e
melhorias na representação das mulheres.
Os homens também são submetidos a estereótipos nos meios de
comunicação social. Eles são tipicamente caracterizados como poderosos e
dominantes. Há pouco espaço para visões alternativas de masculinidade. Os meios
de comunicação tendem a diminuir os homens em domésticas ou como aqueles que
se opõem à violência. Tais representações podem influenciar as percepções em
termos do que a sociedade pode esperar de homens e mulheres, mas também o
que eles podem esperar de si mesmos. Eles promovem uma visão desequilibrada
dos papéis das mulheres e dos homens na sociedade.
É necessário prestar atenção à identificação e ao tratamento destes vários
desequilíbrios de gênero e lacunas nos meios de comunicação. A Comissão
Europeia (2010) recomenda, por exemplo, que se estabeleça uma expectativa de
paridade entre os gêneros nos quadros de peritos em televisão ou rádio e na criação
de uma base de dados temática de mulheres a serem entrevistadas e utilizadas
como especialistas por profissionais da comunicação social. Além disso, esforços
conscientes devem ser feitos para retratar mulheres e homens em situações não
estereotipadas.
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As iniciativas de mídia comunitária participativa que visam aumentar o


envolvimento das mulheres na mídia consideram as mulheres como produtoras e
contribuintes de conteúdos de mídia e não apenas como “consumidoras”
(PAVARALA, MALIK e CHEELI, 2006). Tais iniciativas incentivam o envolvimento
das mulheres em atividades técnicas, de tomada de decisão e de definição de
agenda. Elas têm potencial para desenvolver as capacidades das mulheres como
atores sociopolíticos. Essas iniciativas também têm o potencial de promover uma
representação equilibrada e não estereotipada das mulheres na mídia e de desafiar
o status quo. Em Fiji, as mulheres que participaram de um projeto de vídeo
participativo apresentaram-se como cidadãs ativas que fizeram contribuições
significativas para suas famílias e comunidades. Essas imagens melhoraram o
status das mulheres na mente dos burocratas do governo (PAVARALA, MALIK e
CHEELI, 2006).
No entanto, existem limitações para as iniciativas comunitárias participativas.
Se não for acompanhada por mudanças nas condições estruturais, a participação
pode não ser suficiente para promover uma mudança social substantiva. Baú (2009)
explica que o estabelecimento de uma estação de rádio feminina (dirigida e
administrada por mulheres) no Afeganistão enfrentou restrições das mulheres que
se autocensuraram, a fim de evitar críticas de líderes políticos e religiosos locais.
EM 2013, dados sobre as posições de gênero em organizações de notícias
em todo o mundo foram publicadas no Relatório Global sobre o Status da Mulher na
Mídia da International Women’s Media Foundation (IWMF, 2013). Os resultados
foram coletados por mais de 150 pesquisadores que entrevistaram executivos em
mais de 500 empresas em 59 nações usando um questionário de 12 páginas.
A pesquisa descobriu que 73% dos cargos gerenciais são ocupados por
homens, em comparação com 27% ocupados por mulheres. Entre as fileiras de
repórteres, os homens detêm quase dois terços dos empregos, em comparação com
36% detidos por mulheres. No entanto, entre os profissionais seniores, as mulheres
estão se aproximando da paridade com 41% das notícias editadas.
A seguir são apresados os dados consolidados deste relatório para o Brasil.
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2.1 DADOS DO RELATÓRIO DA IWMF PARA O BRASIL

Os dados foram coletados de 15 empresas de notícias brasileiras


participantes - 12 jornais e 3 emissoras de televisão. Juntos, eles empregam
aproximadamente 4.500, incluindo 2.724 homens e 1.769 mulheres.
O padrão de emprego predominante entre os sexos nas empresas
pesquisadas é a marginalização, por exclusão na maioria dos níveis ocupacionais.
Homens substancialmente superam as mulheres nessas empresas de notícias.
O Quadro 1 mostra a descrição das ocupações consideradas nesta pesquisa.

Quadro 1. Definição das Ocupações


Ocupação Descrição

Membros do conselho de administração que votam as decisões mais importantes sobre


Governança
política e finanças para a empresa específica.

Reporta-se ao conselho de administração. Inclui os principais Diretores, por exemplo,


Alta Administração
Diretor Executivo (CEO), Diretor Financeiro (CFO), etc.

Reporta-se à alta administração. Por exemplo: Diretor de Notícias, Presidente de


Alta Gerência Notícias, Editor-Chefe, Editor Gerente, Editor Executivo, Diretor de Recursos Humanos,
Diretor de Administração, Chefe de Gabinete e títulos similares..

Reporta-se à alta gerência. Por exemplo, Editor sênior, Chefe de Correspondentes,


Média Gerência Diretor de Design, Diretor de Criação, e os funcionários mais altos em Recursos
Humanos e Finanças.

Profissional qualificado. Reporta-se à alta gerência, por exemplo, escritores seniores,


Profissional Sênior
editores, âncoras, diretores, produtores, pesquisadores, repórteres, correspondentes.

Profissional qualificado. Reporta-se à média gerência, por exemplo, escritores


Profissional Júnior júnior/assistente, produtores, diretores, âncoras, repórteres, subeditores,
correspondentes, assistentes de produção.

Em impressão: designers gráficos, fotógrafos, ilustradores.

Produção e Design
Em difusão: designers de cenários e trabalhadores da construção, designers gráficos,
designers de figurino, maquiadores, editores de filmes/vídeo.

Profissionais Aqueles que fazem o trabalho técnico específico. Por exemplo, técnicos de câmera,
técnicos som e iluminação.

Vendas, Finanças e Marketing, vendas, relações públicas, especialistas, contadores, pessoal de recursos
Administração humanos, funcionários, secretárias.

Outros cargos não incluídos em outros lugares.


Fonte: Elaborada pelo autor com base no Relatório do IMWF (2013)
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A Tabela 1 mostra um padrão de marginalização das mulheres em quase


todos os níveis ocupacionais. As mulheres quase não têm presença (10,3%) na
governança, nível em que são definidas as políticas financeiras e outras estratégicas
da empresa.
A ausência das mulheres também é considerável nos níveis de produção e
design (12,6%) e técnico profissional (5,7%). Essas categorias criativas incluem
muitos especialistas em iluminação, fotografia, câmera e som - papéis necessários
para a produção de notícias impressas e eletrônicas.
As mulheres estão severamente sub-representadas na alta administração
(26,5%) das empresas brasileiras, ou seja, nas categorias executivas onde muitas
políticas internas são definidas e executadas. A representação das mulheres é
similarmente baixa na alta gerência (28,7%), onde as notícias são tipicamente
definidas e as atribuições de relatórios são feitas.
A representação das mulheres é apenas moderada na média gerência
(36,4%), onde são encontrados editores seniores, diretores de design e chefes de
correspondentes.
O único achado mais igualitário é que as mulheres estão se aproximando da
paridade com os homens nos níveis de profissionais seniores (48,2%) e juniores
(43,1%). A participação mais robusta das mulheres nestes importantes aspectos da
coleta de notícias, edição e outros papéis de informação não devem ser
minimizados. No entanto, tampouco devem ser vistos como representando avanços
significativos para o maior acesso das mulheres aos papéis decisórios e
administrativos em suas empresas.
As mulheres dominam (61%) das categorias de vendas, finanças e
administração, que inclui muitos papéis de apoio - contadores, marketing e vendas -
que são frequentemente preenchidos por mulheres.
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Tabela 1. Ocupação por gênero nas empresas de notícias Brasileiras


Homens % Mulheres %

Governança 52 89.7 6 10.3

Alta Administração 61 73.5 22 26.5

Alta Gerência 82 71.3 33 28.7

Média Gerência 178 63.6 102 36.4

Profissional Sênior 467 51.8 435 48.2

Profissional Júnior 341 56.9 258 43.1

Produção e Design 643 87.4 93 12.6

Profissionais técnicos 132 94.3 8 5.7

Vendas, Finanças e Administração 466 39.0 729 61.0

Outros 302 78.4 83 21.6

Total 2.724 1.769


Fonte: Elaborada pelo autor com base no Relatório do IMWF (2013)

A maioria das 15 empresas de notícias brasileiras pesquisadas forneceu


dados salariais, revelando um padrão desigual por gênero.
Os homens ganham substancialmente mais do que as mulheres nas posições
mais altas da empresa, governança e alta administração, tanto na média baixa
quanto na média alta, Tabela 2.
Os salários dos homens são ligeiramente mais elevados do que os das
mulheres na faixa da média alta na maioria dos outros níveis ocupacionais, mais
notavelmente na média e alta gerência, e entre os profissionais seniores.
Os salários dos homens e mulheres são semelhantes na faixa da média baixa
de muitos níveis ocupacionais. Por exemplo, os salários dos homens e das mulheres
são semelhantes na média baixa da média e alta gerência, e nas categorias dos
profissionais técnicos. Os salários de homens e mulheres também são comparáveis
na faixa média alta nos níveis ocupacionais de produção e design.
Uma anomalia é encontrada no nível profissional júnior, onde as mulheres
ganham mais de três vezes os salários dos homens, na faixa da média alta. Várias
das empresas relataram salários excepcionalmente altos para as mulheres nesta
categoria ocupacional, elevando a média geral.
12

Tabela 2. Salário anual por ocupação e sexo (US$).


Média Baixa Média Alta Média Baixa Média Alta
Salário dos N Salário dos N Salário das N Salário das N
Homens Homens Mulheres Mulheres
Governança 97.736,35 7 130.134,78 8 67.418,07 3 77.596,19 3

Alta Administração 73.620,74 13 106.403,39 12 66.237,34 8 72.647,28 6

Alta Gerência 42.504,33 12 67.161,91 12 45.753,95 8 61.416,83 6

Média Gerência 23.641,85 8 52.580,55 8 26.379,13 10 46.377,42 10

Profissional Sênior 13.323,76 12 47.707,90 12 13.253,78 12 39.486,24 12

Profissional Júnior 10.747,77 8 19.340,51 7 12.039,11 8 62.132,22 7

Produção e Design 8.397,12 12 25.311,44 12 7.982,28 10 25.874,81 10

Profissionais técnicos 5.179,57 6 12.572,68 6 5.961,88 3 8.342,64 3


Vendas, Finanças e
5.065,43 9 24.652,68 9 6.879,96 9 25.144,57 9
Administração
Outros 2.896,52 8 14.942,57 8 5.145,31 6 20.388,15 6
Fonte: Elaborada pelo autor com base no Relatório do IMWF (2013)
N = Número de empresas respondentes

A grande maioria de mulheres e homens na força de trabalho jornalística


brasileira tem empregos regulares em tempo integral, sendo que os homens têm
vantagem sobre as mulheres nessa categoria (57,5% e 42,5%, respectivamente).
As percentagens de mulheres (47,5%) e homens (52,5%) são semelhantes no
emprego regular em tempo parcial.
Há relativamente poucas pessoas trabalhando sob outras formas de
contratualizações nas empresas pesquisadas. Deste modo, a profissão oferece
emprego estável para aqueles que têm acesso.
A situação é mais discrepante em relação às políticas da empresa que
abordam o gênero. Como mostra a Tabela 3, apenas uma das 15 empresas de
notícias pesquisadas (6%) tem uma política de igualdade de gênero, e apenas 2 de
15 (13%) têm uma política de assédio sexual. Essas políticas são entendidas como
fundamentais na formação de práticas de trabalho em torno da igualdade de gênero.
Em contrapartida, quase todas as empresas inquiridas têm políticas em
licença de maternidade (93%) e licença de paternidade (80%). Dois terços (67%)
têm políticas que permitem às mulheres recuperar seus mesmos empregos após a
licença de maternidade e também fornecem assistência aos filhos dos empregados.
Essas disposições estão de acordo com as exigências da legislação brasileira.
13

A maioria das empresas (87%) oferece treinamento educacional para


mulheres que desejam avançar.

Tabela 4. Política das Empresas de Notícias


Políticas das Empresas % Sim % Não N

Tem uma política sobre igualdade de gênero 6 94 15

Tem uma política sobre assédio sexual 13 87 15

Tem uma política sobre licença maternidade 93 7 15

Tem uma política sobre licença paternidade 80 20 15


Oferece o mesmo trabalho à mulher depois da licença
67 33 15
maternidade
Oferece assistência aos filhos dos empregados 67 33 15

Oferece treinamento educacional 87 13 15


Fonte: Elaborada pelo autor com base no Relatório do IMWF (2013)
N = Número de empresas respondentes

Em resumo tem-se que:


 As mulheres parecem ter dificuldade de acesso à profissão, demonstrada
por uma sub-representação significativa nas empresas pesquisadas.
 As mulheres estão particularmente ausentes nas categorias executivas (ou
seja, governança) onde são determinadas as principais políticas
organizacionais, bem como no nível da alta administração, onde são
tomadas importantes decisões rotineiras sobre notícias e práticas do
trabalho.
 A participação das mulheres é maior (e está se aproximando da paridade
com os homens) nas ocupações do profissional júnior e sênior, onde estão
localizados muitos trabalhos de coleta de notícias, edição e outros. As
mulheres são quase dois terços das funções de apoio associadas com
vendas, finanças e administração. Essas funções de apoio são
tradicionalmente ocupadas por mulheres.
 Os salários são comparáveis para homens e mulheres em algumas das
ocupações de médio porte, mas no geral, os homens ganham
consideravelmente mais do que as mulheres.
 A maioria das empresas de notícias brasileiras não adotou políticas
específicas sobre equidade de gênero, assédio sexual ou outras políticas
14

pró-igualdade. Eles demonstram maiores tendências para adotar políticas


de licença de maternidade e paternidade e para oferecer educação e
treinamento às mulheres.

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4 A MULHER NOS ESPORTES

Esportes e atletismo têm sido tradicionalmente restrito e associado com


homens e masculinidade, o “domínio viril”. Em seus trabalhos, Woolum (1998) e
Sherrow (1996) traçam esse padrão e destacam como os esportes, ao longo do
tempo, evoluíram para as mulheres. Eles afirmam que durante séculos, o atletismo,
a competição, a força e o espírito esportivo da equipe foram considerados traços
apropriados dentro do “domínio masculino”. Como resultado, muitas meninas e
mulheres evitaram participar de esportes. Em meados do século XIX que as
mulheres começaram a acompanhar seus parentes do sexo masculino para eventos
esportivos específicos (como corridas de cavalos e jogos de beisebol) e a participar
de exercícios leves, como dança e patinação no gelo. No final do século XIX, as
mulheres finalmente tiveram a oportunidade de participar de esportes organizados.
Golfe, tiro com arco e croquet foram os primeiros esportes a ganhar aceitação entre
as mulheres, porque não envolvia contato físico ou tensão, pois a transpiração, o
contato físico e a competição não eram comportamentos socialmente aceitáveis
para as mulheres. As atividades e oportunidades de recreação física das mulheres
eram limitadas. Além disso, as mulheres eram obrigadas a proteger seus sistemas
reprodutivos e atividades como essas permitiram às mulheres “brincarem com
segurança” (WOOLUM, 1998).
Antes do final do século XIX, a invenção da bicicleta começou a revolucionar
a participação das mulheres em atividades físicas. É durante este tempo que as
mulheres adotaram um estilo mais livre de se vestir para que elas pudessem
desfrutar do ciclismo e outras atividades como equitação, ginástica e patinação. Esta
mudança importante não só permitiu que as mulheres considerassem a prática
atlética (isto é, a participação no basquetebol, no beisebol, no atletismo), mas
também as libertava em outras áreas, como vestuário, papéis e profissões
(SHERROW, 1996).
Com essas mudanças revolucionárias, estereótipos de gênero tradicionais
para as mulheres começaram a se transformar. As ideias de que “as meninas não
suam”, “as meninas não correm” e “as meninas não ficam sujas” começaram a ser
desafiadas e questionadas em conjunto com ser mulher e ser feminina. Na década
de 1930, Mildred ‘Babe’ Didrikson mostrou que as mulheres podiam participar com
sucesso de competições atléticas (atletismo, beisebol, golfe, natação). Depois da
16

Segunda Guerra Mundial, os esportes competitivos coletivos femininos começaram


a surgir. Nos anos 60-70, o movimento das mulheres criou novas atitudes e exigiu
igualdade de oportunidades, financiamento e facilidades para as mulheres nos
esportes. Foi durante esse período que Billie Jean King derrotou Bobby Riggs, ex-
campeão masculino, em uma partida de tênis chamada Battle of the Sexes (Batalha
dos Sexos). No início dos anos 80, esta campeã de tênis feminino também admitiu
um relacionamento homoafetivo de sete anos. Sua motivação para ambas as ações
significativas era provar que atletas merecem respeito (RAPPOPORT, 2005). Isso
ajudou a pavimentar o caminho para Martina Navratilova (outra campeã de tênis
americana), para se tornar a primeira atleta profissional a abraçar publicamente sua
identidade homossexual e a participar ativamente do movimento de direitos civis dos
homossexuais (GRIFFIN, 1998, p.47).
Mais recentemente, um número crescente de meninas e mulheres está
participando de “esportes masculinos tradicionais”. Zimmerman e Reaville (1998)
relatam que o número de meninas e mulheres que participam de futebol recreativo e
competitivo, boxe e luta livre cresceu. Eles também afirmam que a participação
feminina em esportes radicais, como snowboard, skate e patinação inline, também
aumentou. Um fator que pode contribuir para esta tendência para o aumento de
atletas do sexo feminino em uma ampla gama de esportes é a ideia de que
fronteiras entre os sexos parecem ser menos patrulhadas entre as pessoas da
geração X1. Outro fator pode ser que uma definição mais ampla de feminilidade está
começando a evoluir como resultado das mulheres desafiando os estereótipos de
gênero “tradicionais" que costumavam defini-las.

4.1 A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS OLÍMPIADAS RIO 2016

As mulheres participaram primeiramente nos Jogos Olímpicos em Paris em


1900, quatro anos após os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna em Atenas.
Apenas 22 mulheres de um total de 997 atletas competiram em cinco esportes:
tênis, vela, croquet, equitação e golfe. Mas só o golfe e o tênis tiveram eventos
apenas para mulheres (COI, 2016).
A participação feminina tem aumentado constantemente desde então, com as
mulheres representando mais de 44% dos participantes nas Olímpiadas de 2012 em
1
Colocar definição de geração X.
17

Londres, em comparação com 23%, em 1984, das Olímpiadas de Los Angeles e


pouco mais de 13% das Olímpiadas de 1964 em Tóquio. A Tabela 5 apresenta a
participação das mulheres nos Jogos Olímpicos desde 1900.

Tabela 5. Histórico da Participação das Mulheres nas Olímpiadas - 1900 até 2016
% de
Competições Total de Mulheres % de Mulheres
Ano Esportes Competições
Femininas* Competições Participantes Participantes
Femininas

1900 2 2 95 2,1 22 2,2


1904 1 3 91 3,3 6 0,9
1908 2 4 110 3,6 37 1,8
1912 2 5 102 4,9 48 2,0
1920 2 8 154 5,2 63 2,4
1924 3 10 126 7,9 135 4,4
1928 4 14 109 12,8 277 9,6
1932 3 14 117 12,0 126 9
1936 4 15 129 11,6 331 8,3
1948 5 19 136 14,0 390 9,5
1952 6 25 149 16,8 519 10,5
1956 6 26 151 17,2 376 13,3
1960 6 29 150 19,3 611 11,4
1964 7 33 163 20,2 678 13,2
1968 7 39 172 22,7 781 14,2
1972 8 43 195 22,1 1.059 14,6
1976 11 49 198 24,7 1.260 20,7
1980 12 50 203 24,6 1.115 21,5
1984 14 62 221 28,1 1,566 23
1988 17 72 237 30,4 2.194 26,1
1992 19 86 257 33,5 2.704 28,8
1996 21 97 271 35,8 3.512 34,0
2000 25 120 300 40 4.069 38,2
2004 26 125 301 41,5 4.329 40,7
2008 26 127 302 42,1 4.637 42,4
2012 26 140 302 46,4 4.676 44,2
2016 28 145 306 47,4 ~4.700 ~45
Fonte: COI, 2016
*Incluindo competições mistas
18

Com a inclusão do boxe feminino, os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres


foram os primeiros em que as mulheres competiram em todos os esportes no
programa olímpico.
O Brasil participou com uma equipe de 465 atletas, sendo 209 mulheres, 45%
do total (COB, 2016). Das 19 medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos de 2016,
5 medalhas foram de mulheres.

4.2 AS MULHERES NO MOVIMENTO OLÍMPICO DO COMITÊ OLÍMPICO


INTERNACIONAL (COI)

O COI está comprometido com a igualdade de gênero no esporte. A Carta


Olímpica afirma que um dos papéis do COI é “estimular e apoiar a promoção das
mulheres no desporto a todos os níveis e em todas as estruturas, com vista à
implementação do princípio da igualdade entre homens e mulheres” (Regra 2,
parágrafo 7). Seu compromisso vai muito além seus esforços para aumentar a
participação das mulheres nos Jogos Olímpicos. O COI também reconhece que a
igualdade de gêneros é um componente crítico da administração esportiva eficaz e
continua a apoiar a promoção das mulheres nos esportes em todos os níveis e
estruturas.
Nos últimos 20 anos, o COI aumentou o número de competições femininas no
programa olímpico, em cooperação com as Federações Internacionais e com os
Comitês Organizadores.
Também, desde 1991, todos os esportes novos que desejam ser incluídos no
programa olímpico devem ter competições para as mulheres.
Enquanto a participação das mulheres nas atividades físicas e nos Jogos
Olímpicos tem aumentado, a percentagem de mulheres nos órgãos governamentais
e administrativos do Movimento Olímpico tem permanecido baixa.
Para remediar esta situação, o COI estabeleceu, em 2000, que os Comitês
Olímpicos Nacionais (CONs), as Federações Internacionais (FIs) as Federações
Nacionais e as entidades desportivas pertencentes ao Movimento Olímpico
deveriam reservar pelo menos 20% das posições de tomada de decisão para as
mulheres (em todos os órgãos executivos e legislativos) dentro das suas estruturas
até ao final de 2005. Este objetivo não foi alcançado satisfatoriamente, pois apenas
27 CONs dos 135 que participaram da pesquisa, tinham 30% ou mais de mulheres
19

no Conselho Executivo, 62 dos CONs têm menos de 20% de mulheres e 10 CONs


ainda não têm mulheres no Conselho Executivo. No entanto, pelo menos 61% dos
CONs e 52% das Federações Internacionais tinham 10% das mulheres em cargos
de tomada de decisão (COI, 2016).
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) possuía apenas uma mulher em seu
Conselho Executivo, eleita em 2012, o mandato é de quatro ano.
No entanto, o COI sabe que tal objetivo só pode ser atingido em fases
sucessivas. Alguns CON e FI já demonstraram a sua vontade de trabalhar para
alcançar a paridade entre homens e mulheres.
Em 1995 foi criado pelo COI o Grupo de Trabalho Mulheres e Esporte que
serviu como um órgão consultivo composto por representantes dos três órgãos do
Movimento Olímpico (COI, FIs e CONs), além de uma atleta representativa e
membros independentes. O Grupo de Trabalho tornou-se uma Comissão plena em
2004 e aconselha o presidente do COI e o Conselho Executivo em quais políticas
devem ser adotadas a fim de aumentar a participação feminina no esporte em todos
os níveis.

4.3 MULHERES EM POSIÇÕES DE ALTA GERÊNCIA DO SETOR ESPORTIVO:


QUEBRANDO AS BARREIRAS E OS ESTEREÓTIPOS

A luta pelo avanço das mulheres no local de trabalho continua até hoje.
Apesar do número crescente de mulheres em cargos de direção sênior dos esportes
nos últimos trinta anos, os homens continuam a ser dominantes nestes papéis,
indicando um nível de desigualdade de gênero na gestão do esporte (HOEBER e
SHAW, 2003).
Organizações como a Women's Sports Foundation, a Canadian Association
for the Advancement of Women in Sport e a Womensport Australia atestam que
existe um desequilíbrio considerável entre mulheres e homens no que se refere a
quem exerce influência na gestão de organizações esportivas (HALL, 1996,
HARVEGO, 2001, WOMENSPORT AUSTRALIA, 2001, WOMEN'S SPORTS
FOUNDATION, 2001).
As organizações desportivas são reconhecidas como instituições que
frequentemente não aceitam políticas de equidade de gênero (SPORT ENGLAND,
2001). Quando as mulheres começaram a entrar no mundo corporativo como
20

gerentes em números substanciais no final da década de 1960 e início da década de


1970, poucas esperavam seguir uma carreira que as levassem a uma posição de
alta gerência (HOEBER e SHAW, 2003). As políticas corporativas da época não
incluíam programas de ação afirmativa para promover mulheres para cargos de
gerência sênior, o que fez com que a primeira geração de gestoras ainda estivesse
mais preocupada em estabelecer uma meta para chegar ao topo (MORRISON,
1992).
Vários estudos têm mostrado que, apesar dos esforços para aumentar a
diversidade, as mulheres ainda enfrentam o ‘teto de vidro’ 2 quando se trata de
empregos de alta gerência (PAI e VAIDYA, 2009). Weyer (2001) destacou que
apenas 3% dos cargos de alta gerência são ocupados por mulheres das maiores
organizações do mundo.
As mulheres executivas citam, com maior freqüência, explicações
comportamentais como a ‘estereotipação’, enquanto os executivos masculinos
tendem a citar as práticas corporativas de promoção e de desenvolvimento de
carreira como a principal barreira para as mulheres que procuram cargos de
gerência sênior (OAKLEY, 2000). Ao longo da história, as duas explicações foram
usadas por aqueles com poder para oprimir aqueles sem poder, e na maioria das
vezes as vítimas eram mulheres (JAMIESON, 1995). De acordo com a dualidade
feminilidade/competência de Jamieson (1985), um mulher deve ser “não-feminina”
para ser competente. Em outras palavras, isso significa: falar assertivamente, mas
não muito assertivamente, e vestir-se “como uma mulher”, mas não se vestir de
maneira “muito feminina” (OAKLEY, 2000). As mulheres que trabalham na indústria
esportiva têm de ser particularmente cuidadosas quando se trata desta dualidade.
Se uma mulher é percebida como “demasiado feminina”, ela pode ser percebida
como se não soubesse nada sobre esportes. Além disso, se ela for muito feminina,
ela tem que enfrentar o estereótipo de que ela só quer trabalhar em esportes para
encontrar os atletas (OAKLEY, 2000).
As expressões agressivas do discurso masculino são valorizadas nas
organizações porque muitas vezes são consideradas sinônimas de formas
dominantes de liderança (ALVESSON e BILLING, 1997; MCKAY, MESSNER e
SABO, 2000). No entanto, se uma mulher se apresenta como “muito agressiva”, os
2
O termo ‘teto de vidro’ foi cunhado pelo Wall Street Journal para descrever os aparentes obstáculos
que impedem que as mulheres e as minorias alcancem o topo da hierarquia corporativa (PAI E
VAIDYA, 2009).
21

homens que trabalham na indústria esportiva ao seu lado podem se sentir


ameaçados. A coexistência de dureza e feminilidade em uma personalidade são
qualidades difíceis para nossa cultura conciliar e digerir (OAKLEY, 2000).
As mulheres não se encaixam no estereótipo masculino de liderança no tom e
na ‘altura’ da voz, na aparência física e no modo de se vestir (OAKLEY, 2000). A
atratividade física é outro aspecto dos estereótipos que parece funcionar contra as
mulheres. Um estudo descobriu que candidatas a cargos gerenciais atraentes
recebiam classificações mais baixas de seu desempenho, salários iniciais mais
baixos e menos promoções do que as mulheres pouco atraentes ou homens
atraentes (HEILMAN e STOPECK, 1985). O estereótipo cultural dos líderes é
masculino e apresenta uma barreira para qualquer mulher que aspira a uma posição
de liderança, especialmente uma posição como de Diretor Executivo (CEO - Chief
Executive Office), onde a função simbólica da posição é particularmente importante
(OAKLEY, 2000).
As mulheres são tipicamente associadas a discursos de feminilidade que
podem incluir práticas cooperativas de trabalho, consultas ou habilidades de
negociação (HARGREAVES, 1990). Esses discursos são amplamente
subvalorizados nas organizações (MCKAY, 1997). Os estilos linguísticos das
mulheres são muitas vezes mal interpretados ou desvalorizados pelos homens e as
formas de comunicação menos agressivas e assertivas associadas às mulheres
podem ser formas particularmente inaceitáveis de se comunicar nos escalões
superiores na maioria das corporações (OAKLEY, 2000).
As poucas mulheres que estão trabalhando em posições de alto nível de
gestão na indústria esportiva estão fazendo nome. Durante oito anos como gerente
geral dos Yankees e Dodgers, Kim Ng ajudou a montar as equipes que fizeram cinco
viagens aos playoffs. Kim Ng, em seguida, tornou-se a primeira mulher no beisebol
de grandes ligas chamada para uma posição na General Motors (GM).
A Women in Sports and Events (WISE), uma organização fundada em 1993
como um recurso para mulheres profissionais do negócio do esporte, anunciaram as
mulheres homenageadas do ano de 2016, a saber: Renie Anderson, vice-presidente
de patrocínio e gerenciamento de parcerias da NFL; Kathy Behrens, presidente do
Social Responsibility & Player Programs, supervisionando um grupo que gerencia
todos os programas da NBA que coordenam os esforços de responsabilidade social
da liga e dos jogadores, apoiam o crescimento e o desenvolvimento dos jogadores e
22

aumentam as oportunidades de marketing para os atuais e os antigos jogadores;


Karen Brodkin pelo seu papel na WME/IMG, onde supervisiona negócios em todos
os eventos da empresa, mídia, faculdade, golfe, tênis, conteúdo original,
desempenho, clientes, parcerias globais e licenças das empresas, bem como Joint
Ventures.
Existem várias outras mulheres que trabalham em posições de alta gestão
dentro da indústria do esporte. Jessica Mendoza é a vice-presidente da ESPNW
para a ESPN. Lesa France Kennedy é a CEO da International Speedway. Mary
O'Connor é a presidente da Women’s Sports Foundation. Julie Solwold é vice-
presidente Global Sports Marketing para a Paul Mitchell. Diane Thibert é diretora de
Relações Públicas Globais da Oakley. Cada uma dessas mulheres contribuiu para a
indústria do esporte que ajudou a definir o tom para as mulheres no futuro
(SIMMONS, 2015).
23

5 O JORNALISMO ESPORTIVO

O jornalismo esportivo é uma forma de jornalismo que relata temas e eventos


esportivos. Embora o departamento esportivo de alguns jornais seja chamado de
maneira jocosa como o departamento de brinquedos, porque os jornalistas
esportivos não se preocupem com os temas ‘sérios’ cobertos pelas centrais de
notícias, a cobertura esportiva cresceu em importância à medida que o esporte
cresceu em poder e influência.
O jornalismo esportivo é um elemento essencial de qualquer organização de
mídia de notícias. O jornalismo esportivo inclui organizações dedicadas inteiramente
a reportagens esportivas: jornais como L'Equipe em França, La Gazzetta dello Sport
na Itália e a extinta Sporting Life na Grã-Bretanha, revistas americanas como Sports
Illustrated e Sporting News, que falam sobre todos os esportes, e redes de televisão
como a ESPN.

5.1 BREVE HISTÓRIA

Desde o início das competições, os escritores têm coberto esportes de uma


forma ou de outra. O jornalismo esportivo remonta a 850 a.C, quando o grego
Homero descreveu o primeiro empate conhecido no wrestling, momento em que
Aquiles levantou as mãos de ambos os lutadores Ajax e Odysseus. As competições
envolvendo esportes como wrestling, arremesso, boxe e corridas foram descritas na
Grécia antiga (ROBBINS, 2015).

5.1.1 Europa

A tradição de reportagem esportiva que atrai alguns dos melhores escritores


do jornalismo pode ser atribuída à cobertura do esporte na Inglaterra vitoriana, onde
vários esportes modernos - como futebol, críquete, atletismo e rugby - foram
organizados e codificados em algo parecido com o que se conhece hoje (BOYLE,
2006).
O críquete, um pouco como o beisebol nos Estados Unidos, atraiu os
escritores mais elegantes devido ao seu lugar na sociedade. O Manchester
Guardian, na primeira metade do século XX, empregou Neville Cardus (1888 - 1975)
24

como seu correspondente de críquete, bem como seu crítico de música. Cardus foi
mais tarde nomeado Sir por seus serviços ao jornalismo. Um de seus sucessores,
John Arlott (1914 - 1991), que se tornou mundialmente famoso pelos seus

comentários na rádio da BBC (British Broadcasting Corporation), também foi


conhecido por sua poesia (BOYLE, 2006).
A Gazzetta dello Sport, jornal italiano, foi criada em 1896, três dias antes dos
primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas. Segundo Tubino et al.
(2007) a Gazzetta dello Sport é o jornal esportivo impresso mais antigo do mundo
com uma ampla cobertura esportiva. A Figura 1 mostra uma edição de 1896, ano em
que foi criado e a primeira edição com capa em rosa, que mantém até hoje.

Figura 1. Edição da Gazzetta dello Sport de 1896 e a primeira edição com capa em
rosa
25

Fonte: Wikipedia

Os primeiros Jogos Olímpicos de Londres em 1908 também atraíram muito


interesse público. O Daily Mail teve Sir Arthur Conan Doyle (1859 - 1930) no Estádio
White City para cobrir o final da primeira Maratona de 42,195 km. Tal foi o drama
dessa corrida, na qual Dorando Pietri, que liderava a prova, desmoronou ao ver a
linha de chegada, que Conan Doyle liderou uma campanha de subscrição pública
para que Dorando Pietri recebesse uma compensação pela sua desqualificação
(DAILY MAIL, 2012). O Atleta não teve sua medalha, mas recebeu um troféu de
prata da Rainha Alexandra (1844-1925), bem como um cheque de 300 libras e uma
cigarreira de ouro. A Figura 2 mostra a publicação do Western Gazette com a notícia

Figura 2. Notícia do Western Gazette de 7 de agosto de 1908, p. 8.


26

Fonte: The Arthur Conan Doyle Encyclopedia

A corrida de Londres, chamada de Maratona Politécnica e originalmente


encenada sobre a rota olímpica de 1908, foi patrocinada pela primeira vez pela
Sporting Life (RIDPATH, 1996), que era um jornal diário que procurou cobrir todos
os eventos esportivos, ao invés de cobrir apenas corridas de apostas como corridas
de cavalos e galgos, que se tornaram populares nos anos após a Segunda Guerra
Mundial.
Na França, o L’Auto, o antecessor do L'Equipe, desempenhou um papel
igualmente influente na indústria esportiva da sociedade quando anunciou em 1903
que iria organizar uma corrida anual de bicicleta em todo o país. O Tour de France
nasceu e o papel do jornalismo esportivo, na sua fundação, ainda se reflete hoje no
líder que usa uma camisa amarela - a cor do papel em que L’Auto foi publicado
(MCGANN e MCGANN, 2006). Na Itália, o Giro d'Italia estabeleceu uma tradição
semelhante, com o líder vestindo uma camisa da mesma cor rosa que o jornal
patrocinador, La Gazetta dello Sport (MCGANN e MCGANN, 2011). A Figura 3
mostra as edições do L’Auto, 1903, e da La Gazetta dello Sport, 1908, que noticiam
Le Tour de France e Il Giro d’Italia, respectivamente.
27

Figura 3. Edições do L’Auto, 1903, e do La Gazzetta dello Sport, 1908

Fonte: Themocracy Journal disponível em http://themocracyjournal.tumblr.com/

O Jornal El Mundo Deportivo, de Barcelona, Espanha, foi fundado em 1906, e


publicava notícias sobre atletismo, ciclismo, ginástica e automobilismo (TUBINO et
al., 2007).
A Alemanha foi sede dos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim. Estes jogos
foram televisados por duas empresas alemãs, a Telefunken e a Fernseh. Foi a
primeira cobertura de televisão ao vivo de um evento esportivo na história mundial.
Foram utilizadas três câmeras com 72 horas de transmissão ao vivo. A Figura 4
mostra os equipamentos utilizados na cobertura dos Jogos Olímpicos de 1936.
28

Figura 4. Câmeras utilizadas na transmissão dos Jogos Olímpicos de 1936, Berlim

Fonte: Early Television, disponível em http://www.earlytelevision.org/olympics_1936.html

As décadas de 1950 e 1960 assistiram a um rápido crescimento na cobertura


esportiva, tanto na imprensa quanto na rádio e televisão. Também surgiram
agências fotográficas especializadas. O fotógrafo Tony Duffy, por exemplo, fundou a
agência de fotografia AllSport em Londres logo após os Jogos Olímpicos de Tóquio
em 1964 (KAPLAN, 2012). A Figura 5 mostra o saltador americano Bob Beamon
voando pelo ar em direção ao seu recorde mundial nos Jogos Olímpicos de 1968 na
Cidade do México.
29

Figura 5. Foto do recorde de salto em distância de Bob Beamon

Fonte: American Photo, disponível em http://www.americanphotomag.com

5.1.2 Estados Unidos

Nos Estados Unidos, durante o período de 1785-1835, o jornalismo esportivo


foi ofuscado pela Guerra da Independência Americana de 1775 a 1783. Em 1790,
Benjamin Franklin tinha várias citações em publicações de notícias sobre natação e
o The New York Magazine tinha vários artigos sobre esportes. No início do século
XIX, o New York Post, o Charleston Courier e o Richmond Enquirer eram apenas
algumas das publicações que incluíam esportes em seus jornais (GEMS, BORISH e
PFISTER, 2008)
Embora o boxe ainda não fosse aceito como um esporte por ser considerado
perigoso, em 1823 uma história completa foi colocada no New York Evening Post, e
pode ser considerado como o primeiro artigo esportivo da história do jornalismo
esportivo americano (GEMS, BORISH e PFISTER, 2008).
A crescente aceitação deste período foi muito importante para o crescimento
do jornalismo esportivo. Nos Estado Unidos, os esportes começaram a crescer a um
ritmo mais rápido depois de 1850, devido à introdução do beisebol e o interesse
pelos esportes de equipe em geral. Com o maior interesse no esporte, vieram mais
30

histórias sobre o tema e várias publicações como o New York Herald e o Spirit of the
Times registraram eventos esportivos em seus jornais (MALONE, 2012). A Figura 6
mostra a capa do Spirit of the Times com matéria sobre o Turfe.

Figura 6. Capa do Spirt of the Times

Fonte: Sports Center Commodity

A importância da notícia aumentou e, assim, a quantidade de esportes


cobertos também aumentou. Em uma década, 1850 a 1860, a quantidade média de
cobertura esportiva aumentou em 10,4% de colunas dedicadas à cobertura de
esportes e em 14,6% o espaço publicitário. Quando os jornais dobraram em número
de páginas, eles dobraram o tamanho da seção de esportes. Isto foi decorrente das
pesquisas de interesse do leitor (HEATH, 1951).
Em 1883, quando Joseph Pulitzer comprou o New York World, ele foi o
primeiro a contratar um editor de esportes. Outros jornais copiaram o modelo
organizacional do New York World, em 1892 cada grande jornal tinha um editor de
31

esportes. No entanto, durante este tempo, a notícia esportiva foi condensada em


duas ou três colunas de cobertura, mas logo mudaria (HEATH, 1951).
A primeira transmissão de voz de um evento esportivo aconteceu em 11 de
abril 1921, quando a estação KDKA em Pittsburgh, Pensilvânia, transmitiu os 10
rounds da luta de boxe entre Johnny Dundee e Johnny Ray diretamente do Motor
Square Garden, em Pittsburgh.
Em 1929, um terço dos lares americanos possuía um rádio, o que
proporcionava uma oportunidade para a publicidade esportiva.
O ano de 1939 marcou o nascimento da relação entre esportes e televisão
nos Estados Unidos. O primeiro evento esportivo televisivo, um jogo de beisebol da
Universidade de Columbia, foi documentado pela NBC, com uma única câmera
(RADER, 1983).
O beisebol e o futebol americano aumentaram significamente a cobertura
esportiva pela indústria da televisão e os jornalistas esportivos foram forçados a se
adaptar. Os jornais impressos tornaram-se a segunda opção para receber notícias
esportivas, porque a televisão passou a oferecer todas as notícias de um jornal com
fotos (RADER, 1983).

5.1.3 Brasil

Charles Miller nasceu no Brasil em 1874 e foi enviado para a Inglaterra em


1984 para estudar. Quando retornou ao Brasil em 1894, o ‘pai do futebol brasileiro’,
o jornalismo esportivo era incipiente (RIBEIRO, 2007). Segundo o autor, no pouco
espaço dedicado às publicações esportivas nos grandes jornais paulistanos, as
notícias eram sobre remo, ciclismo, turfe e críquete. As notícias sobre futebol,
segundo Fonseca (1997), eram pequenas colunas escondidas no jornal, conforme
mostrado na Figura 7.
32

Figura 7. Jornal O Estado de São Paulo – uma edição de 1902

Fonte: GROLL, 2013

Alguns dos jornais esportivos brasileiros foram o Sport, 1885, e o Sportman,


1891, ambos no Rio de Janeiro; o Platea Sportiva, 1888, e o Gazeta Sportiva, 1898,
ambos em São Paulo (RIBEIRO, 2007). O autor afirma que o futebol em todos estes
jornais era um assunto secundário.
O Fanfulla, criado em 1893, na cidade de São Paulo circulava aos domingos
em italiano. Em 1941 passou a ser publicado em português e a partir de 2014
passou a ser publicado somente pela internet (CEDEM, 2016). Este jornal
inicialmente convidava os leitores a fundar clubes de futebol, mas com o decorrer do
tempo passou a noticiar os eventos de futebol (COELHO, 2003).
A Figura 8 mostra o primeiro registro impresso sobre a formação do clube
Palestra Itália/Palmeiras, publicado na edição do Fanfulla, de 13 de agosto de 1914.
33

Figura 8. Edição do Fanfulla de 13 de agosto de 1914

Fonte: Arquivos do Jornal Fanfulla

A primeira matéria que descrevia com mais detalhes uma partida de futebol
foi feita pelo jornal O Estado de São Paulo em 27 de outubro de 1902 (RIBEIRO,
2007).
O Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, criou, em 2012, uma página dedicada
aos esportes, mas somente a partir de 1960 que os cadernos de esportes fizeram
parte dos jornais e as revistas esportivas se firmaram a partir de 1970 (RIBEIRO,
2007).
O primeiro periódico especializado em esportes surgiu no Rio de Janeiro, em
1931, com o nome de Jornal dos Sports e inspirado no jornal italiano La Gazzetta
dello Sport. (VALIA, 2010). Este jornal circulou até 2010. A Figura 9 mostra a capa
da edição comemorativa dos 77 anos do Jornal dos Sports, em 2008, com sua cor
rosa inspirada no jornal La Gazzetta dello Sport.
34

Figura 9. Edição comemorativa do Jornal dos Sports, 2008.

Fonte: Terceiro Tempo, disponível em http://terceirotempo.bol.uol.com.br/

A partir do interesse das classes mais altas, dos jornalistas e escritores mais
respeitados é que a imprensa começou a se preocupar com o esporte,
principalmente com o futebol.
Há controvérsias quanto à primeira transmissão por rádio de um jogo de
futebol no Brasil. Bezerra (2008) afirma que o evento narrado teria ocorrido em
1927, com narração de um jogo entre seleções paulista e carioca por Nicolau Tuma
(1991-2006). No entanto Soares (1994) afirma que o evento teria sido em 1931.
35

O primeiro evento esportivo transmitido pela televisão foi o jogo de futebol


entre as seleções do Palmeiras e Portuguesa, em 1950. A transmissão foi realizada
pela extinta TV Tupi (BEZERRA, 2008).
O programa “Mesa Redonda” criado pela TV Record em 1954 foi o primeiro
telejornal esportivo (RIBEIRO, 2007).
A Copa do Mundo de 1970 foi transmitida pela Rede Bandeirantes. Esta
emissora criou o Show do Esporte em 1983, que foi considerado o programa de
esportes de maior duração, 10 horas ininterruptas (GRUPO BANDEIRANTES,
2011).
O programa Esporte Espetacular foi criado em 1973 pela Rede Globo, exibido
aos domingos de manhã é o programa esportivo mais antigo da emissora.

5.2 AS MULHERES NO TELEJORNALISMO ESPORTIVO

As mulheres têm percorrido um longo caminho no jornalismo esportivo, de ser


apenas um ‘rosto bonito’ para complementar o jornalismo esportivo feito por
homens, para uma profissional qualificada e respeitada de hoje contratada por suas
habilidades e conhecimentos.
Nos Estados Unidos, antes da década de 1960, as mulheres eram uma visão
rara no mundo do jornalismo esportivo. Se houvesse mulheres fazendo reportagens
sobre esportes, era principalmente para equipes esportivas femininas. Quando o
Título IX3 entrou em vigor na década de 1970, mais mulheres começaram a praticar
esportes, o que permitiu que mais mulheres relatassem sobre esportes (SWANSON,
2009).
Com o passar do tempo, as mulheres começaram a usar seus conhecimentos
de reportagens esportivas para entrar em reportagens sobre esportes importantes,
mas, infelizmente, alguns editores de jornais não queriam que as mulheres
informassem sobre esses esportes profissionais. Muito dinheiro tinha sido investido
nesses esportes e havia um sentimento geral que as mulheres não pertenciam aos
esportes dominados por homens (CLIFTON, 2012).

3
Título IX da Lei de Emendas de Educação de 1972 é uma lei federal que afirma: “Nenhuma pessoa
nos Estados Unidos será, com base no sexo, excluída da participação, será negada os benefícios ou
estará sujeita a discriminação em qualquer programa educacional ou atividade que receba assistência
financeira federal”.
36

Um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres jornalistas era


entrar no vestiário. Algumas organizações esportivas tinham regras rígidas sobre
mulheres nos vestiários masculinos, enquanto outras simplesmente tinham regras
informais. As mulheres que tentaram fazer entrevistas com as equipes que
aplicavam essas regras foram detidas na porta do vestiário e tiveram que esperar do
lado de fora para fazerem suas entrevistas com os jogadores e treinadores. O
problema com esta política foi que os seus homólogos do sexo masculino eram
autorizados a ir para o vestiário para realizar entrevistas e como os jogadores eram
entrevistados. Como os jogadores davam suas entrevistas para os repórteres, os
jogadores relutavam em ir para fora dos vestiários para dar, novamente, uma
entrevista às repórteres. Frequentemente, as mulheres não tinham outra opção a
não ser fazer seus artigos sem citações das ‘estrelas’ do jogo.
No final da década de 1970, jornais e revistas começaram a insistir que as
equipes permitissem que as repórteres entrassem nos vestiários. Em 1978, a revista
Time processou o New York Yankees, forçando-os a permitir que as suas repórteres
entrassem no vestiário. Após esta ação, tornou-se quase moda ter mulheres na
equipe de reportagem esportiva (SWANSON, 2009).
No entanto, à medida que mais e mais mulheres começaram a entrar nos
vestiários, relatos de abuso das repórteres por jogadores começaram a surgir. Ao
longo da década de 1980, houve muitos casos de jogadores agindo de forma
negativa contra as repórteres (CLIFTON, 2012).
No Brasil a fotógrafa esportiva Mary Zilda Grassia Sereno entrava nos
vestiários do Pacaembu, em 1950. Ter uma mulher nos vestiários não era comum,
mas os jogadores quando eram avisados da sua presença se vestiam e faziam as
fotos. A fotógrafa foi a primeira jornalista a ser credenciada pela Polícia de São
Paulo (RAMOS, 2010).
Gunther, Kautz e Roth (1987) também escreveram sobre a credibilidade das
jornalistas esportivas, bem como examinaram os obstáculos e a discriminação que
as mulheres tiveram que enfrentar para ganhar a igualdade. Os pesquisadores
concluíram que, independentemente de quão talentosa ou o cargo que ocupavam
essas mulheres na mídia, elas continuavam sendo desafiadas por causa de seu
gênero.
Em 2002, as mulheres representavam apenas 14% dos principais executivos
e 13% dos conselheiros executivos de dez grandes empresas de entretenimento,
37

incluindo Walt Disney Co. (ESPN), Viacom (Proprietária da CBS Sports), Time-
Warner e USA Networks (ROMANO, 2002). Em 120 canais de televisão, os homens
representavam 84% dos altos cargos executivos (ROMANO, 2002).
No Brasil a estimativa, em 2002, era que 10% dos jornalistas esportivos
fossem mulheres (COELHO, 2003). Para evidenciar o preconceito sofrido pelas
mulheres no mundo do jornalismo esportivo, o autor narra o caso do repórter do
Jornal do Brasil que se negou a entregar a uma jornalista seus relatos de coberturas
esportivas.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, existiam apenas sete mulheres no
jornalismo esportivo de rádio e televisão do Rio Grande do Sul, em 2015 (LUZ,
2015).
Maria Helena Rangel, brasileira, foi uma atleta do arremesso de disco que se
inseriu no jornalismo esportivo por ser uma atleta, em 1947 na Gazeta Esportiva. Ela
é considera a primeira jornalista esportiva da história do jornalismo brasileiro
(RAMOS, 2010).
Isabel Tanese foi editora-chefe do caderno de esportes do jornal o Estado de
São Paulo de 1998 a 2001. A jornalista assumiu o comando no ano da Copa do
Mundo da França (RIBEIRO, 2007).
A Rádio Mulher da cidade de São Paulo cobria os eventos esportivos com
uma equipe feminina de jornalistas, incluindo as partidas de futebol, em 1971. A
equipe era composta por Zuleide Ranieri Dias, Jurema Iara, Leilá Silveira, Lea
Campos, Germana Garili, Claudete Troiano, Branca Amaral, Liliam Loy, Siomara
Nagi e Terezinha Ribeiro (BOLZAN, MARQUES e OLIVEIRA, 2013). Germana Garili
é reconhecida oficialmente pela Federação Paulista de Futebol como a primeira
jornalista a fazer uma cobertura de futebol no campo (TERCEIRO TEMPO, 2012).
Regiani Ritter foi comentarista da Rádio Gazeta e foi editora-chefe e
produtora do programa Mesa Redonda da Rede Record (RUBBO e
VASCONCELOS, 2009; DANTAS, 2016). A jornalista cobriu três Copas do Mundo
(MOTA, 2013).
Isabela Scalabrini e Monika Leitão foram as primeiras jornalistas esportivas da
Rede Globo em 1980. A primeira cobria diversas modalidades esportivas, exceto
futebol, cobertura exclusiva dos homens (BAGGIO, 2012). A segunda cobriu os
Jogos Olímpicos de Moscou e o Pré-Olímpico de Basquete em Porto Rico, ambos
em 1980. Assumiu a produção do programa Esporte Espetacular em 1996, sendo
38

que Mylena Ciribelli foi a primeira mulher a apresentar este programa, em


1991(MEMÓRIA GLOBO, 2007). Ciribelli no começo de sua carreira trabalhou na
Rede Manchete apresentando boletins olímpicos dos Jogos Olímpicos de Seul, em
1988.
Glenda Kozlowski, ex-atleta de Bodyboarding, foi a primeira jornalista a
apresentar diarimente o program Globo Esporte da Rede Globo, em 1998
(GASTALDELLO, PENTEADO e SILVA, 2014).
Renata Fan, ex-modelo e jornalista esportiva, apresentou o programa Jogo
Aberto, em 2007, na Band (ALEXANDRINO, 2011). Apesar de ‘bonita’, a jornalista
recebeu elogios de críticos esportivos, além de conquistar muita audiência
(SANTOS, 2011).
Soninha Francine foi colunista de esportes do jornal a Folha de São Paulo e
comentarista de futebol da rádio CBN (BLOG GABINETE SONINHA FRANCINE,
2011). De 1999 a 2004, Soninha Francine foi comentarista esportiva da ESPN Brasil,
a primeira mulher (COELHO, 2003).
Kitty Balieiro foi a chefe de redação do canal entre 2000 e 2010 na ESPN
Brasil, onde exerceu, também, a função de editora executiva (DANTAS, 2015).

As profissionais apresentadas cumpriram e cumprem seu papel desbravador


dentro do jornalismo esportivo, vencendo preconceitos e desconfianças de uma área
jornalística dominada por estereótipos machistas.
39

6 CONCLUSÃO

A mídia desempenha papéis significativos na sociedade, relatando eventos,


dando perspectivas diferentes, mobilizando as pessoas e entretendo. Como tal, os
meios de comunicação são um ator importante na promoção da igualdade de
gênero, tanto no ambiente de trabalho, em termos de emprego e promoção das
mulheres a todos os níveis, como na representação de mulheres e homens, em
termos do uso de uma linguagem neutra.
Devido ao domínio dos homens, tanto na participação de esportes quanto no
mercado de trabalho, os homens têm mais chances de obterem sucesso no
jornalismo esportivo. Enquanto isso, a percepção pública da participação feminina
em competições esportivas profissionais é limitada a papéis de apoio, em grande
parte estereotipados, como espectadora, anfitriã de festa, líder de torcida ou ring
girls de eventos de lutas. É a hegemonia cultural do homem que é em grande parte
responsável por essa mentalidade.
O sociólogo R. W. Connell desenvolveu o conceito de masculinidade
hegemônica há mais de 25 anos. Segundo Connell, as masculinidades são
configurações de práticas que são realizadas em ação e, portanto, podem diferir de
acordo com as relações de gênero em um determinado ambiente social. Embora
algumas características femininas sejam culturalmente aceitas pelo modelo de
Connell, nenhuma feminilidade é considerada hegemônica porque todas as formas
de feminilidade na sociedade são construídas no contexto da subordinação geral
das mulheres aos homens. Esta teoria se traduz nos esportes por meio da aceitação
cultural do domínio masculino no mundo do atletismo, por exemplo, que é percebido
como natural.
O domínio masculino na indústria esportiva, na participação e na cobertura
jornalística indica, portanto, que as mulheres são, por sua vez, naturalmente
excluídas das atividades que são culturalmente valorizadas, publicamente apoiadas
e economicamente rentáveis.
A aniquilação simbólica é definida como a sub-representação e/ou falta de
representação de um grupo social nos meios de comunicação com base em sua
raça, sexo, orientação sexual ou condição socioeconômica. Deduz-se, então, que as
mulheres sofrem uma aniquilação simbólica desde o início das transmissões
esportivas.
40

A mídia tem um grande poder para influenciar a opinião pública e por meio da
produção contínua de conteúdos sexistas que colocam ênfase na atratividade das
repórteres, a mentalidade em relação ao papel das mulheres se perpetuará. Devido
a isso, o público é inconscientemente ‘treinado’ para este estereótipo de mulheres
jornalistas. Esta percepção sexista é provavelmente mantida por meio da maioria
dos executivos da indústria do esporte, que são predominantemente homens.
Ainda hoje, o telejornalismo esportivo não utiliza mulheres para a narração de
jogos de futebol ao vivo, nem mesmo como comentaristas. A mensagem que o
público recebe é que as mulheres não são capazes de fazê-los e muitos ratificarão
esta percepção com o fato das mulheres não jogarem futebol profissionalmente.
Por conta disto as mulheres precisam sempre e incansavelmente provar o
quanto são capacitadas e profissionais.
Iniciativas como o programa Jogo Aberto, da Band, apresentado pela
jornalista Renata Fan, devem ser proporcionadas às mulheres jornalistas para que
elas tenham oportunidade de realizar todo o seu potencial profissional.
Cada uma das profissionais apresentadas nesta pesquisa cumpriu e cumpre
seu papel desbravador dentro do jornalismo esportivo, vencendo preconceitos e
desconfianças de uma área jornalística dominada por estereótipos machistas.
.
41

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