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M. D. T. Alves
Universidade Federal de Santa Catarina
A. E. Boettger
Universidade Federal de Santa Catarina
A. F. Bozzio
Universidade Federal de Santa Catarina
R. L. Ebel
Universidade do Sul de Santa Catarina
W. L. Repette
Resumo: Túneis imersos (ou submersos) são ligações subaquáticas que possuem uma metodologia
executiva que difere da convencionalmente utilizada na construção de túneis subterrâneos. O processo
construtivo dispensa grandes escavações, consistindo em imergir elementos estruturais pré-
fabricados no local da implantação, que são então ligados através de juntas estanques. Atualmente no
Brasil, estão sendo efetuados estudos para a implantação de um túnel imerso ligando a cidade de
Santos e Guarujá, ligação esta que possui particularidades devido ao tráfego naval na região, em
virtude do Porto de Santos. Neste sentido, esta pesquisa visa contemplar o estado da arte de modo a
contribuir com o campo teórico da temática, apontando um panorama da metodologia construtiva,
prós e contras desta solução frente a uma ponte, além de contemplar uma análise bibliométrica acerca
do tema. A análise bibliométrica contempla uma metodologia de revisão sistemática da literatura e
utilização de técnicas biliométricas, com análise de artigos relevantes acerca do tema, produzidos em
periódicos a nível mundial, com o mapeamento entre os anos de 2010 a 2021. Já para a descrição dos
principais conceitos e apontamentos técnicos, esta pesquisa não se limitou ao intervalo supracitado.
São apresentados os trabalhos, categorizados de acordo com a área de estudo mapeada, divididos em
atributos temáticos, autorais, espaciais e temporais. A partir do exposto, ressalta-se que o trabalho tem
dois objetivos principais: apresentar a análise bibliométrica acerca do tema, e fornecer um panorama
geral sobre a solução em túneis imersos, gerando uma contribuição na eventual tomada de decisões
sobre o primeiro túnel imerso do Brasil.
1 INTRUDUÇÃO
Túneis subaquáticos contemplam uma travessia seca sob a presença de água, e podem ser flutuantes,
escavados ou imersos. Os túneis flutuantes (Submerged Floating Tunnel), também chamados de túneis
suspensos, são suportados por estruturas flutuantes (pontões) ou ancorados, sendo utilizados em casos
onde a profundidade é considerável, o que inviabilizaria um túnel apoiado no subsolo da área marinha.
Como suporte à essa estrutura flutuante, podem ser utilizadas âncoras em formações rochosas para
impedir a movimentação em situações climáticas adversas (adaptado de JAKOBSEN, 2010).
Figura 1 - Túnel flutuante com pontões (esquerda), e com esquema de âncoras
(direita)
Fonte: JAKOBSEN, 2010
Os túneis escavados, também chamados de túneis submarinos, requerem maiores volumes de
escavações, sendo os mais profundos dentre as três soluções de túneis subaquáticos. Também possuem
maiores limitações relacionadas às condições de solo, que podem impedir ou encarecer
demasiadamente a execução. Por fim, os túneis imersos consistem em vários elementos pré-fabricados,
transportados até o local de assentamento por flutuação, e instalados abaixo do nível da água através
de trincheiras dragadas (SAVEUR & GRANTZ, 1993 apud SCHULTZ e KOCHEN, 2005). A Figura 2 ilustra
a representação das possibilidades de travessias secas supracitadas, além de uma ponte.
Figura 2 - Métodos de travessias aquáticas: (1) ponte, (2) túnel flutuante submerso,
(3) túnel imerso e (4) túnel submarino
Fonte: CHEN, 2020
A partir da contextualização do problema, a análise bibliométrica, área conexa à Ciência da Informação,
proporciona um relevante diagnóstico da produção científica acerca de um determinado tema, retrata o
comportamento e o desenvolvimento, apontando lacunas teóricas e empíricas de um certo campo de
conhecimento (ARAÚJO e ALVARENGA, 2011), quantificando as características presente em uma
determinada amostra de trabalhos (PRITCHARD, 1969; TAGUESUTCLIFFE, 1992).
Diante do exposto, o objetivo deste artigo é apresentar um panorama da produção científica, por meio
de uma revisão bibliométrica, de modo a apresentar o estado da arte dos tuneis imersos e apresentar
uma contribuição acadêmica para identificar as lacunas de pesquisa, bem como as futuras pesquisas
relacionadas à temática.
3 MATERIAIS E MÉTODO
Tendo em vista o objetivo proposto, realizou-se um levantamento bibliográfico em relação aos túneis
imersos para travessias subaquáticas de forma a reunir a produção científica e delinear seu estado da
arte, no lapso temporal entre 2010 a 2021, contemplando as publicações em periódicos indexadas nas
seguintes bases de dados: Scielo, Web of Science, Scopus, Science Direct, juntamente com uma pesquisa
dos artigos na base Google Scholar.
Cabe salientar que a triagem da amostra inicial se deu pelas seguintes palavras chaves: Immersed
Tunnel. A escolha pela palavra-chave em inglês se justifica pelo objetivo do artigo, haja vista que se
pretende analisar o contexto internacional das pesquisas em túneis imersos. O período de acesso nas
bases de dados ocorreu no mês de abril de 2021.
No tocante à metodologia que fundamenta esta bibliometria, foi utilizado o método de Systematic
Review, elaborada por Dybå e Dingsøyr (2008), os quais definem uma estrutura de triagem de artigos
relevantes de um determinado campo de conhecimento. O método consiste em uma triagem por etapas
dos estudos encontrados nas bases de dados, analisando em cada uma destas algum tópico específico
do texto, finalizados com a leitura integral do trabalho. Para elucidar as etapas deste método e o
processo de filtragem dos trabalhos que constituem a amostra final deste trabalho, a Figura 4
determina um resumo das etapas concretizadas.
4 RESULTADOS
Com a categorização dos 323 artigos foi possível realizar análises do panorama geral das publicações.
Os resultados desta pesquisa abrangem os países e anos de publicação, a análise espacial e as áreas de
atuação para tuneis imersos.
207
7 3 4 5 2 4 5 4
50
40
30
20
10
0
Shanghai Guangdong Beijing Jiangsu Hong Kong Chongqing Hubei Tianjin Shaanxi
40
30
20
10
5 CONCLUSÕES
O presente estudo pretendeu contribuir com o desenvolvimento teórico a respeito dos túneis imersos,
por meio de uma revisão sistemática e bibliométrica e da proposta de reflexões e direcionamentos
sobre o tema.
A partir das análises desenvolvidas pelo trabalho, pôde-se delimitar lacunas pelas quais impulsionarão
futuras pesquisas na temática. A falta de padronização acerca das apresentações das coletas de dados e
qualidade destes, ficaram evidentes.
Quanto a limitações desta pesquisa, é importante salientar que este estudo não visou ao esgotamento
na literatura nacional ou internacional sobre o tema, visto que o corte para investigação limitou o
período analisado, bem como a restrição aos periódicos científicos.
Os poucos trabalhos encontrados no Brasil assinalam a predominância de estudos empíricos, evocando
o desenvolvimento teórico na área de forma a privilegiar o aprofundamento dos temas com as técnicas
qualitativas, bem como preservando a objetividade e precisão da pesquisa quantitativa.
As condições de contorno que subsidiam a tomada de decisão sobre a escolha do tipo de túnel, ou entre
um túnel e uma ponte, são norteadas por aspectos geológicos, geotécnicos, de tráfego marinho,
ambientais, de desapropriações, logística de mão de obra e equipamentos, entre outros. Portanto, é
delicado afirmar que determinada solução é superior às demais em todos os aspectos, pois apesar de se
ter algumas vantagens de uma tipologia perante outra de um modo genérico, as particularidades de
cada local podem ser determinantes para uma escolha, onde, garantida a boa técnica, durabilidade e
segurança, deve-se levar em conta aspectos orçamentários multifatoriais.
A partir do exposto, em relação ao possível túnel imerso do Porto de Santos, devem ser
minunciosamente levantados os dados a nível de Estudo de Viabilidade e Projetos, como
desapropriações necessárias, interferência logística da obra com o porto, aspectos geológicos e
geotécnicos do subsolo, cronograma de obras, previsão dos custos de manutenção, entre outros. O
tráfego marítimo deve ser levado em conta, pois se tratando de uma ponte, choques das embarcações
com os pilares e fundações podem acarretar em interdições da estrutura, trazendo prejuízos e
comprometendo o fluxo automobilístico e marítimo.
REFERÊNCIAS
[1] ARAÚJO, R. F.; ALVARENGA, L. A bibliometria na pesquisa científica da pós-graduação brasileira de 1987 a 2007.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 16, n. 31, p. 51-70, 2011.
[2] Britannica, The Editors of Encyclopaedia. "Immersed tube". Encyclopedia Britannica, 20 Jul. 1998. Disponível em:
https://www.britannica.com/technology/immersed-tube. Acesso em 13 mai. 2021.
[3] CHEN, Xuebin et al. Numerical investigation of dynamic responses and mooring forces of submerged floating tunnel
driven by surface waves. Scientific Reports, v. 10, n. 1, p. 1-19, 2020.
[4] DYBÅ, T.; DINGSØYR, T. Strength of evidence in systematic reviews in software engineering. In: Proceedings of the
Second ACM-IEEE international symposium on Empirical software engineering and measurement. 2008. p. 178-187.
[5] JAKOBSEN, Bernt. Design of the Submerged Floating Tunnel operating under various conditions. Procedia Engineering, v.
4, p. 71-79, 2010.
[6] LUNNISS, Richard; BABER, Jonathan. Immersed Tunnels. Nova York: CRC Press, 2013.
[7] PRITCHARD, A. et al. Statistical bibliography or bibliometrics. Journal of documentation, v. 25, n. 4, p. 348-349, 1969.
[8] RAILSYSTEM (2021). Disponível em: http://www.railsystem.net/immersed-tube-tunnel/ Acesso em: 13 mai. 2021.
[9] SALAZAR, WANETA. Tunnels in Civil Engineering. Publicado por White Word Publications, New York, NY 10036, United
States, 2016.
[10] SCHULTZ, Cintia Cristiana; KOCHEN, Roberto. Túneis imersos para travessias subaquáticas. Engenharia, São Paulo,
n. 569, p. 95-98, 2005.