INVESTIGAÇÃO DO FENÔMENO DE VIM E GALLOPING EM MODELOS DE

PLATAFORMAS DE DIFERENTES TIPOS: CIRCULAR, QUADRADA E QUADRADA

COM BORDA ARREDONDADA

Fábio V. Amorim
(fabio_amorim@tpn.usp.br)

TPN – Tanque de Provas Numérico

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica – Universidade São Paulo
São Paulo, SP, Brazil

RESUMO
Uma investigação acerca dos fenômenos de VIM e
Galloping em diferentes modelos de plataformas semi-
submersíveis é apresentado. Tal estudo tem determinada
importância pois tais fenômenos trazem possíveis danos a
estruturas offshore, como visto em risers e sistema de
amarração. Três modelos diferentes foram selecionados a fim
de verificar a influência do formato da seção nos resultados dos
fenômenos em questão. Os três modelos dos seguintes
formatos: circular, quadrado e quadrado com borda
arredondada foram ensaiados no Calibrador Hidrodinâmico do
Tanque de Provas Numérico da USP (TPN-USP). Alguns
parâmetros foram fixados para facilitar a análise dos resultados,
assim todos os modelos foram construídos com a mesma razão
de aspecto (L/D= 2), diâmetro externo D e orientados a 0o em
relação à direção correnteza incidente.
2. ARRANJO EXPERIMENTAL
O local utilizado para os ensaios hidrodinâmicos foi o
Calibrador Hidrodinâmico do Tanque de Provas Numérico
(CH-TPN) da Universidade de São Paulo. Todos ensaios foram
conduzidos no braço giratório instalado no mesmo a fim de
obter correnteza uniforme nos modelos. O braço possibilita
ensaios com índice de turbulência menor caso fosse utilizado
um tanque com circulação.
Um quadro metálico com dimensões de 1090 mm de
comprimento por 610 mm de largura foi utilizado para a
fixação dos modelos como o auxílio de 4 molas de constantes
elástica iguais. Todos os modelo com diâmetro externo igual a
D= 125 mm foram confeccionados com material de PVC e
preenchidos com uma mistura de cola e areia a fim de
estabelecer um calado L desejável para os ensaios (fig. 1).

Palavras-chaves: vortex-induced vibration (VIV), vortex-

induced motion (VIM), galloping, baixa razão de aspecto,
modelo circular, modelo quadrado, borda arredondada.

1. INTRODUÇÃO
Os fenômenos de movimento induzido por vórtices
(conhecido pelo acrônimo VIM) e Galloping são muito
importantes e observados em estruturas offshore e vem sendo
estudados ao longo dos anos. Diversos trabalhos foram gerados
e publicados na literatura como visto em 2010 - Goncalves et al
e Lindquist, C., Vieira, E. D. R., & Mansur, S. S. (2010). Seu
estudo é importante devido a seu potencial efeito destrutivo em
estruturas como torres, pontes, risers, plataformas de petróleo e
trocadores de calor.
O trabalho está dividido da seguinte forma: na segunda
parte é apresentado todo o arranjo experimental para os ensaios
e na terceira parte será apresentado os resultados para cada
modelo, as amplitudes adimensionais nas direções x e y junto
com o deslocamento angular do movimento rotacional YAW em
função da velocidade reduzida. A quarta parte apresenta as
conclusões preliminares.

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Figura 1- Arranjo experimental.
Para o monitoramento dos ensaios foi utilizado um
conjunto de 2 câmeras aéreas de principio óptico da Qualisys.
Em todos os modelos foi acoplada na parte superior uma placa
circular de PVC com 4 alvos refletivos esféricos eqüidistantes
possibilitando o monitoramento de movimento como visto na
fig. 2. Os movimentos capturados foram nas direções x e y
(translação) e YAW (rotação).
Figura 2 – Lado esquerdo: Modelo elasticamente suportado
no quadro por molas. Lado direito: Conjunto de 2 câmeras
aéreas.
Figura 3 – Fotos dos três modelos utilizados nos ensaios.
Três modelos diferentes: circular, quadrado e quadrado
com borda arredondada (fig. 3), todos com razão de aspecto
(L/D)=2 e mesmo diâmetro externo D= 125 mm foram
utilizados nos ensaios. Todos os modelos foram orientados a 0
graus em relação a direção da correnteza (fig. 4).
Para o ensaio foi utilizado 27 velocidades diferentes, com
valores compreendidos entre 2 < 𝑉𝑟 < 15. Para os modelos
quadrado e quadrado com borda arredondada a faixa do número
de Reynolds calculada foi 2,599 × 103 < 𝑅𝑒 < 1,9059 × 104
que corresponde a faixa de velocidades 0.021 < 𝑈 <
0.154 𝑚/𝑠 . Para o modelo circular a faixa do número de
Reynolds calculada foi 3,341 × 103 < 𝑅𝑒 < 2,4628 × 104
que corresponde a faixa de velocidades 0.027 < 𝑈 <
0.199 𝑚/𝑠.
Figura 4- Configuração dos 3 modelos em relação a
correnteza.
3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
Os gráficos obtidos para os 3 tipos de modelos mostram
como a amplitude adimensional na direção transversal e
longitudinal e o ângulo do movimento "YAW" variam ao longo
de uma faixa de velocidade reduzida.
Para o modelo de seção circular é possível verificar através
da fig. 5 que o fenômeno responsável pelo comportamento dos
movimentos é o movimento induzida por vórtices (VIM),
fenômeno que ocorre em cilindros de baixa razão de aspecto.
Na direção transversal é possível identificar o ramo inicial
(initial branch) para 𝑉𝑟 > 2. No ramo superior (upper branch)
ocorre a amplitude máxima do movimento do modelo na ordem
de um diâmetro (1D). Nesse ponto a frequência de emissão de
vórtices denominada fs se iguala a frequência natural (fn) do
modelo, fenômeno de sincronização conhecido por lock-in. O
ramo para 𝑉𝑟 > 10 é denominado de região inferior (lower
branch), onde os valores da amplitude começam a cair
abruptamente devido a perda de sincronização entre a oscilação
do modelo e a emissão de vórtices. Na direção longitudinal, os
valores de amplitude são menores em comparação ao
movimento transversal para uma determinada faixa de
velocidade reduzida.
Nas fig. 6 e 7 é apresentado os movimentos dos modelos
quadrado e quadrado com borda arredondada respectivamente.
Todas as curvas indicam que o fenômeno em questão nos dois
modelos é o Galloping. Comparando as amplitude nas direções
x e y (translação) e as amplitude de rotação (movimento YAW),
verifica-se que as amplitudes são maiores para o modelo de
borda quadrada. Comparando as amplitudes de translação em x
e y dos três modelos, o circular alcança valores maiores para a
mesma faixa de velocidades. Movimento de rotação YAW é
praticamente ignorado pelo modelo circular, apresentando
valores menores de amplitude entre os três tipos.
2
Figura 5- Deslocamento da amplitude adimensional nas
direções y e x e o ângulo em YAW versus velocidade
reduzida para o modelo de seção circular.
Figura 6- Deslocamento da amplitude adimensional nas
direções y e x e o ângulo em YAW versus velocidade
reduzida para o modelo de seção quadrada.
Figura 7- Deslocamento da amplitude adimensional nas
direções y e x e o ângulo em YAW versus velocidade
reduzida para o modelo de seção quadrada de borda
arredondada.
4. CONCLUSÃO
O presente trabalho foi motivado pela importância dos
fenômenos envolvidos nos modelos de plataformas semi-
submersíveis de diferentes tipos. Para tal investigação foi
fixado alguns parâmetros como a razão de aspecto e diâmetro
externo dos modelos, facilitando, assim, a análise do resultado.
Todos os modelos foram confeccionados com razão de aspecto
(L/D) igual a 2 e diâmetro externo igual a 125 mm.
Os ensaios foram realizados no braço giratório do
Calibrador Hidrodinâmico, possibilitando induzir escoamento
em uma faixa de velocidades desejável. Os modelos foram
fixados por 4 molas em um quadro retangular de modo a
estarem livre para oscilar com 6DOF. Para o monitoramento
dos movimentos dos modelos foi utilizado um sistema óptico
com 2 câmeras aéreas, cada modelo continha uma estrutura
circular no topo com 4 alvos esféricos refletivos equidistantes
em 90 graus.
Para o modelo do tipo circular foi observado o fenômeno
de VIM e para os modelos do tipo quadrado e quadrado com
borda arredondada foi observado o fenômeno de Galloping. O
modelo quadrado com borda arredondada apresentou valores
menores de amplitude para os três movimentos em relação ao
modelo quadrado. Para os modelos quadrado e quadrado com
borda arredondada seria possível observar melhor o fenômeno
de Galloping caso fosse estendido os valores para velocidade
reduzida. Nos resultados para os modelos quadrado e quadrado
3
de borda arredondada, é visível uma diferença maior entre os
valores de amplitude RMS e 10% mais altos em relação ao
modelo circular.
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