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MPACTOS AMBIENTAIS E URBANOS PROVENIENTES DO

MODO RODOVIÁRIO INDIVIDUAL: O CASO DO SISTEMA DE


ESTACIONAMENTO EM SÃO PAULO

2. O MODO RODOVIARIO NA CIDADE DE SÃO PAULO

Este capítulo apresenta uma breve descrição do modo rodoviário e


automobilístico da cidade de São Paulo, fazendo uma relação com o processo
de ocupação e implantação dos transportes públicos e individuais até o atual
momento. O transporte é mais do que um setor, é a base, pois afeta
diretamente os demais setores, incluindo a segurança, a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico do país.

2.1. Um histórico do transporte em São Paulo

O estado de São Paulo possui uma área de aproximadamente 248 mil


km² com uma população de mais de 42 milhões de habitantes, (Fundação
SEADE, novembro de 2012), isso é equivalente a quase 22 % da população do
país segundo o Censo IBGE 2010, com um índice de urbanização superior a
95%. Este é o Estado que concentra maior parcela da atividade econômica do
país, responsável por 33% do PIB e 26% das exportações, sua economia
depende essencialmente da eficiência do sistema de transportes, o qual é
composto na maioria por malhas rodoviárias.
Devido à falta de investimentos em outros setores do transporte, como o
ferroviário, o país é extremamente dependente de suas estradas, resultando no
sobrecarregamento ocasionado pelo excesso de veículos. Este problema
começou no passado, enquanto algumas cidades já pensavam a longo prazo
como Curitiba que implantou um sistema publico revolucionário, o lema do
Presidente Washington Luís era “Governar é abrir estradas”, o que representa
bem a histórica priorização dos investimentos públicos no desenvolvimento da
infraestrutura rodoviária. O setor rodoviário se desenvolveu, sem analisar os
impactos que acarretaria futuramente .
2.2. A cidade e a necessidade de se locomover

Sem transporte, produtos essenciais não chegariam às mãos de seus


consumidores, indústrias não produziriam, não haveria comércio externo.
Qualquer nação ficaria literalmente paralisada se houver interrupção de seu
sistema de transportes. No caso de um país de dimensões continentais como o
Brasil, este risco se torna mais crítico.
Atualmente dentro de grandes metrópoles como São Paulo há uma
extrema necessidade de se locomover com eficácia, e para isso recorre-se aos
meios de transporte, que no geral implicam em impactos na maioria negativos
no meio urbano e também na sociedade. Entre eles podem ter inúmeros danos
que são abordados cada vez com maior frequência em países desenvolvidos e
que estão se desenvolvendo, os quais procuram evitar os enormes problemas
que podem acontecer e que já são um obstáculo para o crescimento de
determinados países. Estes impactos são vários, como pode ser observado no
quadro 1.
Efeitos ambientais e externos gerados pelo transporte
Poluição do ar Estacionamento
Ruído Valor da propriedade
Poluição da água Perda de Solo
Prejuízos no solo Impacto visual
Lixo sólido Destruição urbana
Paisagem Congestionamento
Energia Saúde
Quadro 1 – Fonte: autor próprio

2.3. Os automóveis e a população

Desde o surgimento dos automóveis compactos no inicio do século XX,


os problemas de transporte começaram a aparecer conforme a população
também crescia em ritmo acelerado, exigindo novas formas de se locomover e
assim novas soluções ao decorrer do tempo. Entretanto na complicada gestão
da cidade de São Paulo não se pensou a longo, dando prioridade apenas
aqueles que poderiam pagar por um carro, e nos lucros que isso poderia trazer,
sendo que o governo deu incentivos diretos, como a redução de taxas, e
indiretos, como a priorização da construção de rodovias ao invés de transporte
publico.
Nos últimos anos pode se observar em São Paulo a migração da
população da área central para as áreas periféricas e, principal e infelizmente,
muitas delas áreas de manancial – Represa Guarapiranga e de proteção
ambiental – Serra da Cantareira. Além da degradação dessas áreas que
deveriam ser protegidas, decorrem outros problemas como o alto custo do
deslocamento destas pessoas, devido a distância delas da infraestrutura social
necessária (saúde, educação, lazer, etc). De acordo com o Plano Diretor do
Município de São Paulo de 2004, entre 1991 e 2000, a população que morava
na área central diminuiu 19%, enquanto a da periferia cresceu 210 %.
Isso explica claramente o enorme acréscimo de veículos que houve
durante a ultima década nas vias publicas, principalmente em grandes cidades
como São Paulo. Segundo informações do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), nos últimos dez anos o número de carros circulando nas grandes
cidades sofreu um aumento de 50%. Em capitais como Brasília e Manaus, a
porcentagem é ainda maior: de 90% na Capital Federal e 138% na capital do
Amazonas. As vendas de veículos no primeiro semestre de 2013 tiveram alta
de 4,79% em relação ao mesmo período do ano passado, informou a
Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores),
segundo a qual de janeiro a junho de 2013 foram vendidos 1.707.814 ente
automóveis e comerciais leves.

Outra questão a ser lembrada é com relação ao espaço ocupado pelos


meios de transporte dentro das metrópoles, onde principalmente nos centro
ocorre uma intensa especulação imobiliária, o que influencia diretamente na
velocidade média que pode ser alcançada dentro do sistema (tabela 1).
Espaço ocupado por cada meio de transporte
Pedestre Bicicleta Carro Ônibus Trem
Velocidade
média 3 km/h 16 km/h 40 km/h 30 km/h 30 km/h

Espaço
ocupado por 0,8m² 4,5m² 60m² 9,8m² 4m²
pessoa
Quantidade Situação Operação Operação
de habitual ideal ideal
passageiros 30% 1 a 100% 45 100% 160
3 passageiros passageiros
pessoas
Tabela 1 - Adaptação de: quadro encontrado na exposição “Ciclo Rotas Centro – Uma malha
ciclo viária para o Centro do Rio de Janeiro“ no Studio-X Rio de 24 de julho a 01 de novembro
de 2013.

Foto 1: Fonte: http://www.transitomaisgentil.com.br/blog/2011/06/page/2/. Acesso em 24 de


julho de 2013

2.4. Planos de transporte

Para se combater os problemas atuais e evitar futuros mais tumultuados


devem-se ter planos, que de alguma forma afetem as pessoas. "Eu vejo que no
futuro a pessoa que anda de carro na cidade será vista como um fumante",
disse o secretario dos Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto. Segundo ele em
algum momento terá que acontecer a migração para o transporte publico, pois
“a cada dia os carros ficarão mais espremidos”.
Deste modo se torna extremamente importante ter um plano de
transporte. Em um comparativo feito por Tatto ele diz que Belo Horizonte,
Campinas, Curitiba, Goiânia e São Paulo têm menos de dois habitantes por
veículo - taxas que se aproximam das médias do Japão e Alemanha, países
desenvolvidos que possuem cidades extremamente planejadas e politicas
rígidas que incentivam o uso do transporte publico, o qual é considerado de
qualidade. Entretanto, mesmo diante deste cenário, menos de 4% dos
munícios brasileiros tem plano de transporte (julho de 2012) segundo o Instituto
brasileiro de geografia estatística (IBGE).

O problema não esta apenas nas cidades, mas também nas rodovias,
utilizadas principalmente para transporte de cargas, estas apresentam altos
custos para serem construídas e mantidas, além de terem um índice de
poluição relativamente maior que os demais meios. Os resquícios deste habito
vem do passado, na gestão de Juscelino Kubitschek, o presidente incentivou
as rodovias pensando no quadro político-econômico, entretanto esta politica
não foi abandonada e começa a gerar alguns danos. São Paulo apresenta a
maior malha rodoviária do Brasil (Tabela 2), porem o sistema acaba se
tornando ineficiente devido a crescente frota de veículos.

Malha rodoviária do Estado de São Paulo

Tabela 2: Fonte: DER- SP -http://www.der.sp.gov.br/website/Malha/malha_extensao.aspx –


acesso em 23 de junho de 2012
2.5. Impactos gerados pela implantação de vias e fluxo de
automóveis

Sendo o meio rodoviário o mais utilizado no Brasil (Gráfico 1) deve-se


considerar os impactos físicos, bióticos e antrópicos que este gera em relação
a outros quando usado em massa, sendo que geralmente esta com apenas
30% da população (Quadro 2), para que se possa pensar em solução.

Observa-se no
quadro 2 que o meio
rodoviário é o que
apresenta maiores
impactos e menos
rendimento se tratando
do transporte de carga.

Gráfico 1: Fonte: ILos

Comparativo entre os meios de transporte no Brasil


Hidrovia Ferrovia Rodovia
Carga
suportada 6.000 t 70 t 35 t
Espaço
ocupado 150 m 1,5 Km 5,5 Km

Combustível
gasto 4 litros 6 litros 15 litros

Emissão de
CO2 74 gramas 104 gramas 219 gramas

Custo
aproximado US$ 34 mil US$ 1,4 milhão US$ 440 mil

Adaptação do autor. ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DE HIDROVIAS PARA O


TRANSPORTE DE CONTÊINERES NO PORTO DE SANTOS. Disponível em http://tcc
fateclog.blogspot.com.br/2012/10/estudo-de-viabilidade-do-uso-de.html. Acesso em 26
de Agosto de 2013.

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