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Caso 8: Balanceamento em Torres de Resfriamento.

Torres de resfriamento apresentam, às vezes vibração elevada nos mancais, a qual julga-se, à
primeira vista, ser de origem de desbalanceamento, porém, uma análise de vibração poderá
determinar com precisão se realmente a origem é a esperada. Após constatada a origem da falha,
pode-se desenvolver o balanceamento de forma segura.
Uma análise visual auxilia no balanceamento de campo, sendo de grande interesse a sua
realização antes do início do trabalho. Este exame ajudará a detectar possíveis fontes do
desbalanceamento:

Torre número 2 com vibração elevada nos mancais.

Em uma unidade industrial metalúrgica, uma das torres de resfriamento de água de processo
apresentava amplitude de vibração elevada, com níveis globais na ordem de 400 mm - RMS,
detectados no mancal de saída do redutor.

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Após análise de vibração constatou-se sintoma de desbalanceamento, pois a freqüência
predominante encontrava-se em 1x rpm, com amplitude de 393 mm.
Foi realizado ensaio com massa de teste posicionada em uma das pás.
Após a realização dos cálculos, o posicionamento solicitado exigiu a colocação de massa em local
no qual não existia material (entre as pás).
É necessário utilizar-se o cálculo de divisão de massas, conforme visto anteriormente.

O rotor possui 8 pás, portanto, 45° entre elas.


Para este caso, foram solicitados 2000 gramas na posição 71°.
Convencionando-se que o ângulo esquerdo é o superior, e o direito é o inferior, vem:

26°

A representação acima indica: em vermelho a posição19° de correção solicitada, e em azul, a


disponível.
Foi executada a decomposição vetorial, através de programa de calculadora, utilizando a massa e
o posicionamento exigido. Foi aparafusada massa na posição central do rotor e após terminado
este trabalho, o equipamento foi analisado, apresentando vibração em 1x rpm de 12 mm RMS,
permitindo que o equipamento voltasse a trabalhar suavemente. O resultado do cálculo indicou
1240 g na pá da esquerda e 920 g na pá da direita.

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Balanceamento em Torre de resfriamento através
de soldagem de massa no centro do rotor.

Em torres de resfriamento verticais a maior complicação está em conseguir a leitura de fase, pois
quando é feita com lâmpada estroboscópica a pá reflete a luz do sol, impossibilitando a leitura.
Na foto acima vê-se as pontas das pás pintadas de preto para permitir a leitura com lâmpada. A
realização de balanceamento com fotosensor também é uma boa alternativa.

Caso 9: Balanceamento em Ventiladores sobre Coxins.

Devido o projeto, alguns ventiladores são montados sobre coxins (amortecedores de vibração),
afim de amenizar os impactos causados por vibração externa e não transmitir vibração destes
para outros. Estes equipamentos apresentam características peculiares no momento do
balanceamento no campo, não se conseguindo a repetibilidade das medições no sistema
(ocorrem mudanças na direção de maior vibração).
Em uma unidade do setor de cimento foi realizada a análise de vibração em um conjunto
exaustor, que apresentava-se com nível de vibração elevado, causada por desbalanceamento
do rotor . O nível de vibração encontrado originalmente foi:
. mancal 01H Þ amplitudes de 600 mm em 1xrpm (mancal lado da polia movida).
. mancal 02H Þ amplitudes de 470 mm em 1xrpm (mancal lado do rotor).

Após o balanceamento realizado na direção radial horizontal, o nível de vibração caiu para 80
mm no mancal 01H e 100 mm no mancal 02H, com a adição de uma massa de correção de 280
gramas.
Nesta situação o sistema passou a apresentar-se instável, aumentando hora na radial vertical e
hora na radial horizontal.
Este fato é facilmente explicado, porque todo o conjunto está apoiado sobre coxins isoladores de
vibração, ou seja, a eficiência de isolação das vibrações é boa, fazendo com que as amplitudes
de vibração variem de acordo com a direção dos esforços provocados pelas massas
desbalanceadoras.
As respostas dos mancais aos efeitos do ponto pesado do rotor (massa desbalanceada) são
retratados, impossibilitando o balanceamento mais preciso, pois passa-se a compensar os
efeitos do sistema e não a causa principal, que é a do desbalanceamento do rotor.
Para tornar o balanceamento possível em casos como este, é necessário fixar (travar) o conjunto
na região de todos os amortecedores, fazendo com que a estrutura do ventilador se torne rígida
ao solo através de soldagem de travas metálicas. Em outros casos, calços de outros materiais
podem ser úteis, não necessitando de solda.
Somente assim foi possível fazer o balanceamento deste ventilador. Após o balanceamento as
travas metálicas foram retiradas e o equipamento liberado para a produção.

Ventilador sobre coxins.


Caso 10: Balanceamento de um Compressor Chicago Pneumatic 90

O equipamento apresentava-se com níveis de vibração elevadíssimos em 1x rpm (59,58 Hz),


detectados principalmente nos pontos 02V (mancal lado acoplamento do motor na direção radial
vertical) e 03V (mancal lado acoplamento do eixo de entrada do compressor), com amplitude de:

Þ mancal 02V - 26 mm/s RMS.


Þ mancal 03V - 28 mm/s RMS.

Através da análise de vibração foi constatado o sintoma de desalinhamento entre motor e


compressor. lsto devido à presença da componente de 2xrpm em análise de envelope. Foi
solicitado o alinhamento a laser entre motor e compressor, que foi realizado a frio e conferido
com a unidade compressora na temperatura de trabalho. Com o realinhamento realizado entre
motor e compressor, os níveis de vibração encontrados em ambos os pontos coletados
anteriormente ficaram com amplitudes de vibração na ordem de:

Þ mancal 02V - 15 mm/s RMS.


Þ mancal 03V - 14 mm/s RMS.

Nova análise foi realizada, pois os níveis de vibração encontrados permaneceram elevados, não
permitindo que o equipamento operasse nestas condições. Com a conclusão da análise
confirmou-se o sintoma de desbalanceamento da unidade compressora, pois a componente de
vibração de 1xrpm de entrada do compressor predominava em todos os pontos da coleta.
Como meio alternativo foi realizado o balanceamento no local, uma vez que o balanceamento
deveria ser executado em máquina balanceadora, devido a precisão do equipamento.
Foi calculada a massa e adicionada no acoplamento (local mais próximo dos mancais). Com a
fixação da massa balanceadora, os níveis de vibração diminuíram para:

Þ mancal 02V - 2,5 mm/s RMS


Þ mancal 03V - 3,4 mm/s RMS

Com estes níveis o equipamento pôde operar dentro dos limites normais de vibração.
Esta correção foi provisória, pois após alguns dias o conjunto foi encaminhado para ser
balanceado em máquina estacionaria de balanceamento.

Caso 11: Balanceamento de dinamômetro. Rotor flexível.

2
1v
v

A
v 1a
2a

TRASEIRO FRONTA
L
Figura 21 - Esquema de um dinamômetro (rotor flexível).

Conforme visto anteriormente, um equipamento que requer mais de 2 planos de correção para
ser balanceado é considerado como rotor flexível.
Sua rotação de trabalho está acima da rotação critica e abaixo ou acima da 2ª .
O balanceamento de um dinamômetro (equipamento utilizado para realizar teste em motores
automotivos) é um exemplo prático deste tipo de rotor.
Com o objetivo de verificar a variação em amplitude de cada componente de vibração, em
função da rotação do dinamômetro, foram realizados ensaios de ressonância, análise espectral,
análise de envelope e análise de ordem.
O rotor do dinamômetro apresentou freqüências naturais na direção vertical, localizadas nas
rotações de 3040/4080 RPM, 6300 RPM, 9240 RPM, 19800/20640 RPM.
Na direção horizontal as freqüências naturais se localizavam nas rotações de 2040 RPM,
3480/3840 RPM, 8880 RPM, 14280 RPM e 20040 RPM.
Assim, o conjunto ao atingir a rotação de trabalho (7000 RPM), passa por 2 faixas de freqüências
naturais tanto na direção vertical como na direção horizontal.
A passagem por estas rotações criticas provoca vibrações significativas. O ideal seria ter-se a
primeira rotação critica localizada 30% acima da rotação máxima de operação (7000 RPM +
2100 RPM = 9100 RPM), conforme descrito no início do trabalho. No entanto, é possível
minimizar os efeitos de vibração observados nas rotações criticas, através de balanceamento
dinâmico de rotor flexível, no local.
O equipamento apresentava níveis de vibração que o tornavam inoperante acima de 6000 RPM.
As amplitudes de vibração se elevam ao passar pela 2ª rotação critica na direção vertical, em
tomo de 6300 RPM, e diminuem após a passagem por esta rotação (comportamento esperado),
mas aumentam consideravelmente de amplitude em 6880 RPM, com valores na ordem de 27
mm/s RMS e mantém-se elevadas ao atingir-se 7008 RPM com níveis na ordem de 24,7 mm/s
RMS.
Na direção horizontal podemos observar o evento transiente (acréscimo repentino de vibração
em 6880 RPM), com amplitude de 27,4 mm/s RMS, diminuindo para 2,9 mm/s RMS na rotação
de 7000 RPM.
Na direção horizontal há o aparecimento instantâneo de vibração em 0,5 harmônico (0,5 x
rotação), com amplitude de 43,7 mm/s RMS, acompanhado de ruído elevado, Tanto o ruído
quanto a vibração tem duração breve, e em 7008 RPM a vibração se mantém com nível de 2,9
mm/s RMS.
O rotor do dinamômetro mostra um comportamento de rotor flexível, ao passar por 3720 RPM (1ª
crítica vertical), apresentando nível de vibração de 8,0 mm/s RMS em 1x rpm, com mudança de
fase durante a 1ª rotação critica em tomo de 110 graus e após a passagem por esta em 183
graus.
Com a elevação da rotação, passando por 5712 RPM (2ª crítica vertical), com nível de vibração
na ordem de 27,0 mm/s RMS na radial vertical e 65,0 mm/s RMS na axial, houve inversão de
fase de 157 graus entre os mancais na direção vertical.
Análise de ordem no dinamômetro.
Correlação entre rotação, vibração e fase nos pontos 1 e 2.

Execução do balanceamento no rotor do dinamômetro.


Execução do balanceamento no rotor do dinamômetro.

Após a execução do balanceamento modal, o rotor apresentou giro suave até a rotação de 6000
RPM, mesmo durante a passagem pelas rotações criticas, com amplitudes de vibração máxima
de 4,7 mm/s RMS na direção radial e 17 mm/s RMS na direção axial, ao passar por 5712 RPM
(2ª rotação critica vertical). Contudo, acima de 6000 RPM, os níveís de vibração em 7000 RPM
(1xrpm) encontram-se com valor na ordem de 8,63 mm/s RMS no ponto 2V e 16,64 mm/s RMS
no ponto 1V. No ponto 1H e 2H os valores encontrados foram de 12,76 mm/s e 8,55 mm/s RMS
respectivamente, devido a aproximação com a 3ª rotação critica do rotor do dinamômetro.
A vibração principal, no entanto, não é a componente de 1xrpm, e sim a componente de
vibração de 0.5xrpm e seus múltiplos, fazendo com os níveis de vibração ocasionalmente
cheguem a 33,0 mm/s RMS na direção radial horizontal, do lado frontal do conjunto. 0 sintoma
encontrado é de falta de rigidez mecânica, acima de 6000 RPM.
O fato dos níveis de vibração serem maiores na dianteira da máquina é devido a deflexão modal
do rotor, a qual provoca amplitudes maiores deste lado, pela diferença de rigidez do eixo do
rotor.
O rotor apresenta giro suave até passar pelo segundo modo de vibrar, devido ao balanceamento
modal recebido. Ao se aproximar da 3ª rotação critica vertical, inicia-se a deformação modal de
terceira ordem. Esta deflexão provoca aproximação dos centros dos mancais do rotor, tomados
radialmente na pista interna dos rolamentos de contato angular (SKF 7218). lsto contribui para a
criação de folga nos rolamentos, com efeito de giro excêntrico, portanto, propiciando
instabilidade no giro ou falta de rigidez na centralização do rotor, com aparecimento de
componentes de vibração de meia ordem. Ocorre assim uma coincidência desta freqüência de
meia ordem, com a segunda crítica horizontal do rotor, excitando severamente esta freqüência.
Uma tentativa de execução de balanceamento modal de terceira ordem, visando melhorias na
faixa entre 6000 RPM e 7000 RPM, poderia ser feita, porém, provavelmente com prejuízo da
excelente qualidade obtida no comportamento até 6000 RPM, através do balanceamento modal
de segunda ordem.
lsto ocorria porque a quantidade e localização dos planos existentes para execução de
balanceamento não são adequados para este rotor flexível, de geometria heterogênea, com
deformação alta de terceira ordem, deslocada para o lado frontal do rotor.

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