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Estado de Goiás

Secretaria de Educação do Estado de Goiás


Superintendência de Ensino Médio
Gerência da Mediação Tecnológica

2022
GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

RONALDO RAMOS CAIADO


Governador do Estado de Goiás

LINCOLN GRAZIANI PEREIRA DA ROCHA


Vice-Governador do Estado de Goiás

APARECIDA DE FÁTIMA GAVIOLI SOARES PEREIRA


Secretária de Estado da Educação

OSVANY DA COSTA GUNDIN CARDOSO


Superintendente do Ensino Médio

WANDA MARIA DE CARVALHO


Gerente de Mediação Tecnológica

LUCIANE APARECIDA DE OLIVEIRA RODRIGUES


Coordenadora Pedagógica

HUGO LEANDRO LELES CARVALHO


SÔNIA MARIA LEÃO L. SANTOS
Coordenadores de Estúdio

LINDOMAR MANOEL BORGES JUNIOR


Chefe de Unidade da Informação e comunicação

LUCIMEIRE MONTEIRO DA ROCHA


ÊNIO FONSECA
Assessoria Técnico-Pedagógica

Revisão ortográfica:
Daniela Mesquita

EQUIPE GOIÁS TEC


TELEFONE: 3201-3253
E-MAIL: gmt@seduc.go.gov.br

© Copyright 2022 – Goiás Tec Ensino Médio ao Alcance de Todos

“Todos os direitos reservados”


Sumário

BIOLOGIA....................................................................................................................... 5

ENSINO RELIGIOSO...................................................................................................... 19

FILOSOFIA.................................................................................................................... 29

FÍSICA.......................................................................................................................... 47

GEOGRAFIA................................................................................................................. 65

HISTÓRIA..................................................................................................................... 87

LÍNGUA PORTUGUESA................................................................................................. 99

LÍNGUA INGLESA....................................................................................................... 165

LÍNGUA ESPANHOLA.................................................................................................. 181

MATEMÁTICA............................................................................................................. 205

MUNDO DO TRABALHO............................................................................................. 233

QUÍMICA.................................................................................................................... 243

SOCIOLOGIA.............................................................................................................. 255
Biologia
BIOLOGIA
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM Fenótipo
• Identificar as teorias e os conceitos básicos da
Genética, relacionando com a “revolução” do O termo “fenótipo” etimologicamente (do grego
conhecimento. pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é
• Reconhecer a hereditariedade das características utilizado para representar as características apresen-
físicas e fisiológicas e suas prováveis formas de tadas por um indivíduo, sejam elas morfofisiológicas
ocorrências, relacionando-as com a diversidade dos seres vivos. Também fazem parte do fenótipo
das espécies. características microscópicas e de natureza bioquí-
• Reconhecer a ocorrência de características trans- mica, que necessitam de testes especiais para a sua
mitidas por mais de um par de genes. identificação. Entre as características fenotípicas vi-
síveis, podemos citar a cor dos olhos, a altura, o tipo
EIXOS TEMÁTICOS de cabelo, a tonalidade da pele, o pelo de um animal
• Transmissão da vida, manipulação gênica e ética dentre outras.
Quando uma pessoa muda a cor do cabelo utili-
CONTEÚDOS zando tinta, por exemplo, ela está modificando o fenó-
• Conceitos Básicos de Genética. tipo, pois está mudando uma “característica externa”.
• 1ª Lei de Mendel
• Probabilidade aplicada a Genética. Genótipo
• 2ª Lei de Mendel.
O termo “genótipo” etimologicamente (do grego
genos, originar, provir, e typos, característica) refere-
CAPÍTULO 01 -se à constituição genética do ser vivo, ou seja, aos
CONCEITOS BÁSICOS DE GENÉTICA genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genó-
tipo quando dizemos, por exemplo, que uma planta de
ervilha é homozigota dominante (AA) ou heterozigota
(Aa) em relação à cor da semente amarela.

Imagem extraída de: https://pixabay.com/pt/illustrations/


c%c3%a9lulas-humano-m%c3%a9dico-biologia-1872666/

Genética é um ramo da biologia que estuda as


características hereditárias dos seres vivos, além de
estudar os genes que compõe os seres.
Os conhecimentos na área de genética estão cada
vez mais presentes em nosso cotidiano, a biotecnolo-
gia vem sendo desenvolvida rapidamente nos últimos
anos e nota-se que precisamos contextualizar termos Imagem extraída de: https://pixabay.com/pt/vectors/
de genética para que vocês estudantes consigam com- gen%c3%a9tica-cromossomos-rna-dna-156404/
preender os diferentes termos aplicados na área de
genética. Sabemos então que:
Neste capítulo iremos conceituar os termos mais
utilizados em genética que irá precisar utilizar na sua Fenótipo = GENÓTIPO + MEIO AMBIENTE
3ª série do Ensino Médio.
O pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen
Locus gênico
(1857 – 1912) elaborou dois termos importantes para
nossos estudos em genética no começo do século XX,
Os genes (unidades responsáveis pelas carac-
genótipo e fenótipo.
terísticas hereditárias), são segmentos de DNA que
normalmente se localizam em estruturas celulares
denominadas cromossomos. Cada cromossomo é

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BIOLOGIA
constituído por uma única molécula de DNA e em cada Gene dominante
molécula de DNA existem diversos genes, conforme
mostra a imagem 2. O local que o gene ocupa no cro- É o gene que determina uma característica, mes-
mossomo é denominado locus gênico (loco gênico). mo quando em dose simples nos genótipos, como é
Nas células diploides (2n) de modo geral, para o caso dos heterozigotos (Aa) ou duplo como são nos
cada característica hereditária, existe um par de ge- genótipos homozigotos dominantes (AA).
nes, enquanto nas células haploides (n), existe ape-
nas um gene para cada característica. No caso das
células somáticas dos seres humanos temos 2n = 46
cromossomos, enquanto nas células sexuais n = 23
cromossomos.

Imagem extraída do canva.com for education

Imagem extraída de: Vestibular UCS 2015 app.


Genes alelos
planejativo.com/q/8851/biologia-1/visao-geral-de-
genetica-e-codigo-genetico
Nos cromossomos homólogos os genes que se
localizam no mesmo locus são reconhecidos como ge-
nes alelos, um par de gene alelo é de origem paterna, Peristase
enquanto o outro par é de origem materna.
Ocorre quando fatores do meio podem influenciar
no fenótipo, levando a uma manifestação que não
corresponde exatamente ao que se podia esperar em
função exclusivamente do genótipo. Como exemplo
podemos citar uma pessoa que se expos ao sol e tem
a pele clara, devido a esta exposição ela irá ter uma
maior produção de melanina para proteção e conse-
quentemente sua pele irá ficar bronzeada.

Imagem extraída do canva.com for education

Homozigoto e Heterozigoto

Quando o ser apresenta em suas células genes ale-


los iguais para uma determinada característica, esse Imagem extraída do canva.com for education
indivíduo é dito homozigoto ou “puro”, para a referida
característica, como exemplo AA ou aa; quando os Cromossomos sexuais humanos
alelos são diferentes, o indivíduo é dito heterozigoto
ou “híbrido”, como exemplo Aa. Em nossa espécie temos 23 pares cromossômicos
(46 cromossomos), sendo que, o par 23 é conside-
Gene recessivo rado o par sexual propriamente pela herança ligada
ao sexo. Portanto quando os genes se localizam nas
É o gene que só se expressa quando em dose du- partes homólogas do X e do Y, a herança é dita par-
pla (aa), pois na presença de um dominante, ele se cialmente ligada ao sexo (incompletamente ligada ao
torna inativo. sexo, pseudoautossômica); quando localizados na par-

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BIOLOGIA
te X específica, a herança é ligada ao sexo (ligada ao CAPÍTULO 02
X); quando se localizam na parte Y específica, temos 1ª LEI DE MENDEL
a herança restrita ao sexo (holândrica).
(LEI DA SEGREGAÇÃO DOS FATORES)

Exercícios ENEM Imagem extraída de:- biologo.com.br/bio/


documentario-mendel-e-a-ervilha/
1. Na espécie humana, a capacidade de sentir o
gosto amargo de uma substância conhecida No século XVII, o monge agostiniano austríaco
por PTC (feniltiocarbamida) deve-se a um gene Gregor Mendel, realizando e analisando os resultados
dominante I que, como tal, manifesta sua ação de cruzamentos feitos com plantas, especialmente
em homozigose (dose dupla) e em heterozigose
ervilhas-de-cheiro (Pisum sativum), elaborou os prin-
(dose simples). A incapacidade de sentir tal gosto
cípios básicos dos conhecimentos genéticos. É consi-
deve-se ao seu alelo recessivo i que só manifesta
derado o “Pai da Genética”.
sua ação quando em homozigose (dose dupla).
Cada um de nós recebe de cada genitor apenas Mendel admitiu a existência de “fatores” (alelos)
um desses dois genes (I ou i). Assim, para essa ca- responsáveis pelas características hereditárias, embo-
racterística (sensibilidade ou não ao gosto amar- ra não soubesse explicar de que esses fatores eram
go do PTC), existem três genótipos distintos: II, Ii constituídos e nem a localização deles no interior das
e ii. Com essas informações, pode-se concluir que células.
os indivíduos sensíveis ao PTC, isto é, capazes de Mas somente no século XX, com o desenvolvimen-
sentir o gosto amargo dessa substância, podem to da citologia e da bioquímica, comprovou-se que
ter os seguintes genótipos: Mendel tinha razão. Tais fatores realmente existem,
a) II ou ii localizam-se nos cromossomos e são constituídos por
b) II ou Ii DNA. Os fatores (alelos) de Mendel passaram, então,
c) Ii ou ii a ser denominados genes.
d) Apenas II A escolha das ervilhas e o sucesso em seus expe-
e) Apenas ii rimentos se devem a alguns fatores:
• São plantas de cultivo fácil e de ciclo reprodu-
2. (Enem–2009) Em um experimento, preparou-se tivo curto;
um conjunto de plantas por técnicas de clonagem
• Observação de várias gerações em curto tempo;
a partir de uma planta original que apresentava
• O grande número de descendentes que as plan-
folhas verdes. Esse conjunto foi dividido em dois
grupos, que foram tratados de maneira idênti- tas utilizadas geram a cada reprodução;
ca, com exceção das condições de iluminação, • A avaliação estatística dos dados com grande
sendo um grupo exposto a ciclos de iluminação margem de acerto;
solar natural e o outro mantido no escuro. Após • A escolha de plantas com flores que possuem
alguns dias, observou-se que o grupo exposto à órgãos reprodutores fechados dentro das pé-
luz apresentava folhas verdes como a planta ori- talas,
ginal e o grupo cultivado no escuro apresentava • A autofecundação,
folhas amareladas. Ao final do experimento, os • Linhagens puras (nessas plantas, a fecundação
dois grupos de plantas apresentaram cruzada só ocorre quando provocada, isto é,
a) os genótipos e os fenótipos idênticos. quando se deseja);
b) os genótipos idênticos e os fenótipos diferentes. • A escolha de características contrastantes e
c) as diferenças nos genótipos e fenótipos. bem visíveis.
d) o mesmo fenótipo e apenas dois genótipos
diferentes.
e) o mesmo fenótipo e grande variedade de ge-
nótipos.

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BIOLOGIA
Fique atento: • se para uma determinada característica o in-
1. Mendel promoveu o cruzamen- divíduo possui o genótipo aa, 100% dos game-
to entre ervilhas com sementes tas formados por esse indivíduo terão o gene
amarelas e ervilhas com semen- a para a referida característica.
tes verdes de linhagens puras (geração P). • se para uma determinada característica o indi-
2. O resultado do cruzamento da geração P originou víduo possui o genótipo Aa, formará dois tipos
uma geração-filha (F1) constituída por 100% de de gametas: 50% dos quais deverão ter o gene
descendentes com sementes amarelas. A e 50%, o gene a.
3. A autofecundação dos indivíduos da geração F1
originou uma 2ª geração-filha (F2), na qual 75% Leitura complementar
(3/4) dos descendentes produziam sementes
amarelas e 25% (1/4), sementes verdes. Johan Gregor Mendel nasceu na Áustria, em 20
de julho de 1822, e cresceu em uma fazenda, o que
Após analisar diferentes características e os resul- permitiu que recebesse instruções agrícolas com a
tados de vários cruzamentos, Mendel elaborou o educação básica. Em 1843, aos 21 anos, ingressou
“princípio fundamental da herança”, que ficou mais em um  mosteiro  da ordem de Santo Agostinho.
conhecido como a 1ª Lei de Mendel. Quando se tornou monge, passou a se chamar Gre-
gor Mendel.
As figuras a seguir feitas pelo professor Luiz Pri- Nesse período, Mendel teve como mentor
mandade ilustram resumidamente um dos experi- o Abade Franz Cyril Napp (1792-1867), um natu-
mentos de Mendel. ralista membro de diversas sociedades científicas.
Assim, sob a orientação de seu mentor, em 1851,
Mendel deixou o mosteiro e passou dois anos
na  Universidade de Viena  estudando Física, Ma-
temática e História natural. Nesse período, iniciou
seus experimentos em Botânica e teve grandes
professores, como o físico Christian Doppler, que
teve grande influência nos trabalhos de Mendel,
fazendo com que utilizasse a Matemática para aju-
dar a explicar fenômenos naturais.
Quando retornou ao mosteiro, passou a ensinar
Física e História natural em uma escola local, e seu
mentor construiu uma estufa para que continuasse
seus experimentos. Por volta de 1857, passou a
trabalhar com ervilhas da espécie Pisum sativum.
Extraído de:biologianet.com/curiosidades-biolo-
gia/gregor-mendel.htm

imagem extraída do canva.com for education

A 1ª Lei de Mendel permite concluir que:


• se para uma determinada característica o indi-
víduo possui o genótipo AA, quando esse indi-
víduo formar seus gametas, 100% deles terão
o gene A para a referida característica.

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BIOLOGIA
com outras Vv produzirão apenas descendentes
Exercícios ENEM vermelhas, portanto as demais serão VV.
e) Cruzando-se com plantas recessivas e analisan-
3. (UFMG) Representação esquemática do núcleo do as características do ambiente onde se dão
de uma célula em meiose. os cruzamentos, é possível identificar aquelas
que possuem apenas os fatores V.

CAPÍTULO 03
PROBABILIDADE APLICADA À GENÉTICA

Para Grego Mendel conseguir chegar em seus


resultados ele utilizou uma ferramenta matemática
muito importante denominada probabilidade. A pro-
babilidade é utilizada para estimar matematicamente
a possibilidade de ocorrer eventos que acontecem
ao acaso e pode ser definida pela seguinte fórmula:

A segregação dos alelos, descoberta por Mendel,


ocorre
a) entre I e II.
b) entre II e III. Onde P representa a probabilidade de um evento
c) entre III e IV. ocorrer, A seria o número de eventos desejados e S
d) em I. seria o número total de eventos possíveis.
e) em II.
Quando lançamos um dado de 6 lados a proba-
bilidade de cair no número 3 seria 1/6, ou seja, apro-
4. (Enem–2009) Mendel cruzou plantas de ervilha
ximadamente 16,6 %.
com flores vermelhas e plantas puras com flores
brancas, e observou que todos os descendentes
tinham flores vermelhas. Nesse caso, Mendel
chamou vermelha de dominante e a cor branca
de recessiva. A explicação oferecida por ele para
esses resultados era de que as plantas de flores
vermelhas da geração inicial (P) possuíam dois
fatores dominantes iguais para essa característica
(VV), e as plantas de flores brancas possuíam dois
fatores recessivos iguais (vv). Todos os descen-
dentes desse cruzamento, a primeira geração de
filhos F1, tinham um fator de cada progenitor e A probabilidade é um evento esperado, uma
eram Vv, combinação que assegura vermelha nas possibilidade, portanto, não é certeza que vá ocor-
flores. Tomando-se um grupo de plantas cujas rer. Quanto mais repetições ocorrerem, mais chan-
flores são vermelhas, como distinguir aquelas que ces a previsões terão de dar certo.
são VV das que são Vv?
a) Cruzando-se entre si, é possível identificar as Na genética quando utilizamos os cálculos mate-
plantas que têm o fator v na sua composição máticos, não podemos dizer que os indivíduos que
pela análise de características exteriores dos irão nascer terão obrigatoriamente os genótipos cal-
gametas masculinos, os grãos de pólen. culados, pois é questão de possibilidades. Quanto
b) Cruzando-se com plantas recessivas, de flores mais indivíduos nascerem, mais chances dos resulta-
brancas. As plantas VV produzirão apenas des- dos práticos se aproximarem dos cálculos.
cendentes de flores vermelhas, enquanto as
plantas Vv podem produzir descendentes de Regra do “e”
flores brancas.
c) Cruzando-se com plantas de flores vermelhas Eventos independentes
da geração P. Os cruzamentos com plantas Vv
produzirão descendentes de flores brancas. Quando a ocorrência de um evento não afeta a
d) Cruzando-se entre si, é possível que surjam ocorrência do evento seguinte, dizemos que eles são
plantas de flores brancas. As plantas Vv cruzadas

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BIOLOGIA
independentes. Quando queremos calcular a proba- Por exemplo: Qual a chance de sair “cara” ou “co-
bilidade da ocorrência de eventos independentes de roa” em uma jogada de moeda?
uma vez só, utilizamos a regra do “e”.
Exemplo: Se jogarmos duas moedas para cima, Resolução:
qual a probabilidade de sair “cara” nas duas? Esses dois eventos não ocorrem juntos, pois é um
ou o outro, logo são mutuamente exclusivos. Quando
temos esse tipo de situação, somamos as duas pro-
babilidades:

Resolução:
O fato de sair “cara” em uma moeda não afeta a
chance de sair “cara” na outra. Quando acontece esse
tipo de evento, multiplicamos as probabilidades dos
eventos independentes: R=1

Exemplo 2:
Qual a probabilidade de um casal ter dois filhos,
sendo um menino e uma menina?

Resolução:
Para responder esta questão, utilizaremos as duas
regras:
R = 1/4 ou 25%

Em genética utilizamos a mesma linha de raciocí-


nio. Por exemplo: Qual a probabilidade de um casal
ter dois filhos do sexo feminino?

Resolução:
O nascimento da primeira filha não afeta a chance de
o segundo filho ser do sexo feminino, pois a segregação
dos alelos de um gene é tão ao acaso quanto jogar uma Fonte: Livros - Amabis, José Mariano. Biologia. Vo-
moeda para cima e obter “cara” ou “coroa”. Portanto: lume 3. Editora Moderna. Lopes, Sônia. BIO. Volume
Único. Editora Saraiva

Probabilidade em genética

Regra do “e”

Podemos usar a regra do produto para prever a


frequência de eventos de fertilização. Por exemplo,
considere o cruzamento entre dois indivíduos he-
terozigotos (Aa). Quais são as chances de se ter um
R = 1/4 ou 25%
indivíduo aa na próxima geração? A única forma de
se ter um indivíduo aa é se a mãe contribui com um
Regra do “ou” gameta a e o pai contribui com um gameta a. Cada
progenitor tem 1/2 das chances de fazer um gameta
A regra do “ou” é utilizada quando queremos cal- a. Logo, a chance de uma prole aa é: (probabilidade
cular a probabilidade de ocorrer um evento ou outro da mãe contribuir a) x (probabilidade do pai contribuir
numa mesma oportunidade. a) = (1/2) . (1/2) = 1/4

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BIOLOGIA

Regra do “ou”

Como exemplo, vamos usar a regra da soma para prever a fração da prole de um cruzamento Aa x Aa que
terá o fenótipo dominante (genótipo AA ou Aa).
Nesse cruzamento, há três eventos que podem gerar um fenótipo dominante:
• Dois gametas A se encontram (formando um genótipo AA), ou o gameta
• A da mãe encontra o gameta a do pai (formando um genótipo Aa), ou
• o gameta a da mãe encontra o gameta A do pai (formando um genótipo Aa)

Em cada evento de fertilização, apenas uma dessas três possibilidades pode acontecer (eles são mutua-
mente excludentes)
Como essa é uma situação “ou” em que os eventos são mutuamente excludentes, podemos aplicar a regra
da soma. Usando a regra do produto, como fizemos acima, podemos determinar que cada evento individual
tem a probabilidade de 1/4.
Então, a probabilidade de uma prole com fenótipo dominante é: (probabilidade de A da Mãe e A do Pai) +
(probabilidade de A da Mãe e a do Pai) + (probabilidade de a da Mãe e A do Pai) = (1/4) + (1/4) + (1/4) = 3/4.

Extraído de:pt.khanacademy.org/science/biology/classical-genetics/mendelian--genetics/a/probabilities-in-genetics

Exercícios ENEM

5. Suponhamos que a cor dos olhos seja estabelecida por pares de genes, onde C seja dominante para olho
escuro e c recessivo para olho claro. Um homem que possua os olhos escuros, mas com mãe de olhos
claros, casou-se com uma mulher de olhos claros cujo pai possui olhos escuros. Determine a probabilidade
de nascer uma menina de olhos claros.
a) 1/2
b) 1/8
c) 1/16
d) 1/1
e) 1/4

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BIOLOGIA
6. (UDESC 2016/1) A Drosophila melanogaster (mos- dominantes, foram cruzadas com plantas originadas
ca de frutas) possui em um dos seus cromosso- de sementes verdes e rugosas, traços recessivos.
mos dois genes (A e B) que se encontram a uma Todas as sementes produzidas na geração F1 eram
distância de 28 U.R (Unidades de recombinação). amarelas e lisas.
Considere um macho desta espécie com o genó- • A geração F2, obtida pela autofecundação das
tipo AaBb em posição trans. Espera-se que ele plantas originadas das sementes de F1, era
produza espermatozoides com os genes AB, em composta por quatro tipos de sementes:
um percentual de: • 9/16 amarelo-lisas
a) 33% • 3/16 amarelo-rugosas
b) 25% • 3/16 verde-lisas
c) 50% • 1/16 verde-rugosas
d) 75%
e) 14% Conclusão
Mendel concluiu que a
segregação independente
CAPÍTULO 04 dos fatores para duas ou
2ª LEI DE MENDEL (LEI DA mais características era um princípio geral, consti-
tuindo uma segunda lei da herança. Assim, ele deno-
SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE) minou esse princípio segunda lei da herança ou lei da
segregação independente, posteriormente chamada
segunda lei de Mendel: Os fatores para duas ou mais
características segregam-se no híbrido, distribuindo-
-se independentemente para os gametas, onde se
combinam ao acaso.

imagem extraída de br.pinterest.com/

Para estudarmos a 2ª lei de Mendel devemos ana-


lisar além das características determinadas por apenas
um par de genes alelos (monoibridismos), devemos
estudar por mais de um par de alelos.
Ao observarmos simultaneamente características
determinadas por dois pares de genes alelos esta-
mos estudando o di-hibridismo; se forem analisadas
simultaneamente características determinadas por
três pares de genes alelos, haverá um tri-hibridismo,
e assim por diante.
Desta maneira enquanto a 1ª lei de Mendel ana-
lisa o monoibridismo a partir da 2ª lei de Mendel ire-
mos analisar, ao mesmo tempo, características deter-
minadas por vários pares de genes alelos
Quando dois ou mais pares de genes alelos estive-
rem localizados em diferentes pares de cromossomos
homólogos, tem-se um caso de segregação indepen-
dente. A transmissão das características condiciona-
das por dois ou mais pares de genes que se segregam
independentemente obedece à 2ª Lei de Mendel. Além de estudar a textura e as cores das ervilhas,
Mendel então resolveu analisar as características Mendel também estudou outras características feno-
distintas como a cor e a textura. Desta maneira, plantas típicas, como mostra a imagem abaixo:
originadas de sementes amarelas e lisas, ambos traços

13
BIOLOGIA

Imagem extraída de: sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel.php

Di-hibridismo com segregação independente descendência com todos os genótipos possíveis.


Quando se analisam simultaneamente as ca- Considerando que todos os descendentes do re-
racterísticas condicionadas por dois pares de genes ferido cruzamento participaram do concurso, e
alelos localizados em diferentes pares de cromos- que cada gene dominante no genótipo contribui
somos homólogos, temos uma situação de di-hi- com 5 pontos na premiação, os cães classificados
bridismo com segregação independente. Nesse em penúltimo lugar receberam
caso, a transmissão desses genes e as respectivas a) 0 (zero) ponto.
características que determinam obedecem à 2ª Lei b) 5 pontos.
de Mendel. c) 10 pontos.
d) 15 pontos.
Tri-hibridismo com segregação independente e) 20 pontos.
A análise simultânea de características deter-
minadas por três pares de genes alelos, localizados 8. A tabela a seguir mostra as características rela-
em diferentes pares de cromossomos homólogos, cionadas com três pares de genes alelos autos-
consiste num caso de tri-hibridismo com segrega- sômicos que se segregam independentemente
ção independente. A transmissão desses genes de acordo com a 2ª Lei de Mendel.
também obedece à 2ª Lei de Mendel.

Exercícios ENEM

7. Suponha que em um concurso de cães foram


analisadas duas características genéticas condi-
cionadas por genes dominantes (A e B) que se
segregam independentemente. O homozigoto
para essas duas características recebe mais pon-
tos que os heterozigotos e estes, mais pontos
que os duplos recessivos, que ganham nota zero. Considerando o cruzamento (♂)CcMmIi X (♀)
Um criador, desejando participar do concurso, ccMMii Não considerando a possibilidade de
cruzou um macho e uma fêmea, ambos heterozi- ocorrência de mutações, é correto dizer que o
gotos para os dois pares de genes, obtendo uma casal em questão

14
BIOLOGIA
a) não tem probabilidade de ter filhos míopes. Você consegue escrever as características encon-
b) não tem probabilidade de ter filhos com habi- tradas nas plantas por exemplo? Como a cor, textu-
lidade com a mão esquerda. ra, tamanho, tipo de raiz, se possui flores, de produz
c) não tem probabilidade de ter filhos insensíveis sementes entre outras características? Cite aqui as
ao PTC. características que você conseguiu observar.
d) tem 25% de probabilidade de ter filhos destros,
míopes e insensíveis ao PTC.
e) tem 50% de probabilidade de ter um filho des-
tro, de visão normal e sensível ao PTC.

CAPÍTULO 05
GENÉTICA APLICADA NO CAMPO
REALIDADE DOS ESTUDANTES
DO GOIÁS TEC. Agora iremos escrever as características encon-
tradas nos animais da sua região, consegue observar
Agora vamos relacionar a genética relacionada nestes animais o tipo de alimentação, tamanho, pelos,
aos estudantes do campo, aos indígenas e aos qui- cuidado parental, se bota
lombolas. ovos ou não, se consegue
Você irá ter a oportunidade de escrever este capí- voar, nadar ou correr. Anote
tulo da apostila junto comigo professor Luiz Priman- aqui as características que
dade e junto com as pessoas do seu convívio como você conseguiu observar.
amigos, colegas e familiares.

Podemos começar?
Geneticamente as características que você ob-
Cole aqui uma imagem, servou nestes seres vivos serão passadas de geração
represente a partir de um para geração? Como que estas características irão ser
desenho ou cole uma foto transmitidas? Explique utilizando suas palavras.
do meio que você vive, tente
mostrar nesta imagem (foto)
principalmente a flora e a fau-
na da região.

Agora vamos pensar apenas na planta que você


deve ter observado. Você consegue identificar as ca-
racterísticas que são dominantes e as características
que são recessivas? Se a resposta for afirmativa anote
aqui as características que você acredita que irão ser
dominantes.

15
BIOLOGIA
Dentre as características que anotou além do
tamanho, cor, tipo de raiz, espessura do caule você
consegue afirmar se está planta é resistente ao calor?
Se ela é resistente as pragas? Ou se até mesmo ela
produz muitos alimentos?

Mendel observou que a cor dominante das ervi-


lhas era amarela em relação a cor verde e que a tex-
tura lisa era dominante em relação a textura rugosa,
portanto as ervilhas amarelas heterozigotos teriam
o genótipo Aa Ll e o fenótipo seria amarela lisa. A
partir desta informação faça o cruzamento das er-
vilhas amarelas lisas por autofecundação e escreva
Como que está planta da sua região pode ser quais são os possíveis genótipos e fenótipos. Utilize
melhorada para ficar mais resistente, produzir mais a tabela para auxiliar.
alimento e ainda manter suas características originais?

Quais foram os resultados encontrados?

Agora você irá utilizar duas características encon-


tradas nas plantas da sua região e realizar o mesmo
processo de autofecundação desta planta e mostrar
a partir do quadro de Punnett os possíveis genótipo
Nosso capítulo da apostila está ficando ótimo, e fenótipos do vegetal estudado.
e ainda preciso de você para montar nossa próxima
parte. Vamos agora transformar em letras as caracte-
rísticas principais analisadas por você. Irei aqui deixar
um exemplo com relação nas ervilhas de Mendel para
você seguir.

16
BIOLOGIA

Atividades complementares

9. (PUC-SP) Em relação à anomalia gênica autossô-


mica recessiva albinismo, qual será a proporção
de espermatozoides que conterá o gene A em um
homem heterozigoto?

Imagem extraída de: mundoeducacao.uol.com.br/

Estamos chegando no final do capítulo construí-


do por você estudante do Goiás Tec, os(as) mediado-
res(as) irão conferir o capítulo construído por vocês e
a) 1/2
pontuar com uma nota de 0 a 5 onde 0 será utilizado
b) 1/4
como nota mínima e 5 como nota máxima, lembrando
c) 1/8
de levar em consideração o empenho, a organização,
d) 1/3
o capricho e as informações que foram registradas.
e) 1
Você sabia?
10. (FCMMG) O fato de Mendel ter optado pelo uso
da ervilha Pisum sativum para o seu estudo ge-
nético se deve aos aspectos favoráveis a seguir
citados, EXCETO
a) Ciclo de vida curto
b) Facilidade de cultivo
c) Estrutura da flor que favorece à fecundação
cruzada
d) Variedades facilmente identificáveis por serem
distintas
Gregor Johann Mendel e) Alto índice de fertilidade nos cruzamentos de
nasceu em 22 de julho de 1822, em Heinzen- variedades diferentes
dorf, na Áustria (cidade atualmente localizada na
República Checa). 11. (FCC-SP) Na ervilha-de-cheiro, sementes lisas são
É conhecido como o “pai da genética”, depois dominantes sobre sementes rugosas. Se uma
de seus trabalhos na área de biologia com o cru- planta homozigota para sementes lisas é cruza-
zamento de diferentes plantas, sendo a ervilha- da com uma planta de semente rugosa dando
-de-cheiro a mais conhecida pelos estudantes. Ele descendentes, qual será o resultado do cruza-
lançou as bases para o conhecimento em genética mento de um desses descendentes com a planta
que temos hoje. No entanto, o reconhecimento da de semente rugosa da geração parental?
importância de suas descobertas só veio em 1900, a) Sementes lisas (100%)
35 anos depois da publicação de suas pesquisas e b) Sementes rugosas (100%)
seis anos depois de sua morte. Fonte: guiadoestu- c) Sementes lisas (50%) e rugosas (50%)
dante.abril.com.br d) Sementes lisas (75%) e rugosas (25%)
e) Sementes lisas (25%) e rugosas (75%)

17
BIOLOGIA
12. (UFV-MG) Frutos com fenótipo “Violeta” são os Links recomendados
únicos resultantes de herança do tipo dominância
incompleta entre cruzamentos de plantas com
fruto “Roxo” e plantas com fruto “Branco”. Foram 1ª lei de Mendel
obtidas, de um cruzamento entre heterozigotas, https://www.youtube.com/watch?v=dy_8m-
48 plantas. Espera-se que a proporção fenotípica G-pE3o&t=316s
do fruto entre as plantas descendentes seja
a) Violeta (0); Roxo (36); Branco (12). 2ª Lei de Mendel
b) Violeta (12); Roxo (24); Branco (12). https://www.youtube.com/watch?-
c) Violeta (24); Roxo (12); Branco (12). v=-kbL7lWkITc&t=441s
d) Violeta (36); Roxo (12); Branco (0).
e) Violeta (48); Roxo (0); Branco (0).

13. (Fuvest-SP) O cruzamento entre duas linhagens


de ervilhas, uma com sementes amarelas e lisas
(VvRr) e outra com sementes amarelas e rugo-
sas (Vvrr), originou 800 indivíduos. Quantos in-
divíduos devem ser esperados para cada um dos
fenótipos indicados na tabela?

a)
b)
c)
d)
e)

14. (UFU-MG) Em experimentos envolvendo três


características independentes (tri-hibridismo),
se for realizado um cruzamento entre indivíduos
AaBbCc, a frequência de descendentes AABbcc
será igual a
a) 8/64
b) 1/16
c) 3/64
d) 1/4
e) 1/32

15. (Unifor-CE) Em certa espécie vegetal, o gene B


condiciona plantas altas, e seu alelo recessivo b
condiciona plantas baixas. O gene A condiciona
flores brancas e é dominante sobre o gene a que
condiciona flores amarelas. Cruzaram-se entre si
plantas altas com flores brancas, heterozigotas
para ambos os pares de genes, e obtiveram-se
320 descendentes. Desses, espera-se que o nú-
mero de plantas baixas com flores brancas seja
igual
a) 20
b) 60
c) 180
d) 240
e) 320

18
Ensino
Religioso
Profª Carol Logatti
ENSINO RELIGIOSO

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM EIXOS TEMÁTICOS CONTEÚDOS


Compreender-se como ser em cons- Cultura e Transcendência. O ser humano é um ser em construção.
trução na relação com o “outro”, com Tema: Visão antropológi- O ser humano é um ser de transcen-
a natureza e com o Transcendente no ca, filosófica e sociológica dência.
processo dialético da existência hu- do ser humano. O ser humano constrói a cultura na rela-
mana. ção com a natureza, com o outro e com
o Transcendente.
A religião e a cultura são indissociáveis.
Investigar e argumentar sobre os ques- Culturas e Tradições Re- O ser humano investiga a razão de sua
tionamentos existenciais relacionan- ligiosas. existência:
do-os com as crenças religiosas. Tema: Filosofia da Tradi- Quem sou? De onde vim? Para onde vou?
ção Religiosa. As Tradições Religiosas e suas respostas
às questões existenciais.
O respeito à diversidade religiosa e às
suas respostas para os questionamen-
tos existenciais.

Introdução convicções, valores) necessários à construção das


identidades. É importante reconhecer, valorizar e aco-
lher o caráter singular e diverso do ser humano, por
meio da identificação e do respeito às semelhanças
e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros
(alteridades), compreender os símbolos e significados
e a relação entre imanência e transcendência.
A dimensão da transcendência, segundo a BNCC,
é matriz dos fenômenos e das experiências religio-
sas, uma vez que, em face da finitude, os sujeitos
e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir
sentidos e significados à vida e à morte. Na busca de
respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade
a objetos, coisas, pessoas, forças da natureza ou seres
sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta.
Essa dimensão transcendental é mediada por lin-
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um guagens específicas, tais como o símbolo, o mito e o
documento normativo para as redes de ensino e suas rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos
instituições públicas e privadas, referência obrigatória e complementares. Por exemplo, objetivamente uma
para elaboração dos currículos escolares e propostas flor é apenas uma flor. No entanto, é possível reco-
pedagógicas para a educação infantil, ensino funda- nhecer nela outro significado: a flor pode despertar
mental e ensino médio no Brasil. Esse documento, na emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um
parte que aborda o Ensino Religioso, menciona que elemento cotidiano ressignificado para representar
o ser humano se constrói a partir de um conjunto de algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer
relações tecidas em determinado contexto histórico- a mediação com outra realidade e, por isso, é uma das
-social, em um movimento ininterrupto de apropria- linguagens básicas da experiência religiosa.
ção e produção cultural. E aponta que, nesse proces- Tal experiência é uma construção subjetiva ali-
so, o sujeito se constitui enquanto ser de imanência mentada por diferentes práticas espirituais ou ritu-
(dimensão concreta, biológica) e de transcendência alísticas, que incluem a realização de cerimônias,
(dimensão subjetiva, simbólica), sendo que ambas as celebrações, orações, festividades, peregrinações,
dimensões possibilitam que os humanos se relacio- entre outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos
nem entre si, com a natureza e com a(s) divindade(s), narram, encenam, repetem e representam histórias e
percebendo-se como iguais e diferentes. acontecimentos religiosos. Desta forma, se o símbolo
A percepção das diferenças (alteridades) possibili- é uma coisa que significa outra, o rito é um gesto que
ta a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, também aponta para outra realidade.
cujas relações dialógicas são mediadas por referen- Os rituais religiosos são geralmente realizados
ciais simbólicos (representações, saberes, crenças, coletivamente em espaços e territórios sagrados

20
ENSINO RELIGIOSO
(montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuá- sagrados constituíram tradições específicas, inicial-
rios, caminhos, entre outros), que se distinguem dos mente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa
demais por seu caráter simbólico. Esses espaços cons- tradição foi registrado sob a forma de textos escritos.
tituem-se em lócus de apropriação simbólico-cultural, No processo de sistematização e transmissão dos
onde os diferentes sujeitos se relacionam, constroem, textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles escritos,
desenvolvem e vivenciam suas identidades religiosas. certos grupos sociais acabaram por definir um con-
Nos territórios sagrados frequentemente atuam junto de princípios e valores que configuraram dou-
pessoas incumbidas da prestação de serviços religio- trinas religiosas. Estas reúnem afirmações, dogmas e
sos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias ou espe- verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades
cialistas, entre outras designações, desempenham à existência, bem como orientar as formas de rela-
funções específicas: difusão das crenças e doutrinas, cionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza.
organização dos ritos, interpretação de textos e narra- As doutrinas constituem a base do sistema religio-
tivas, transmissão de práticas, princípios e valores etc. so, sendo transmitidas e ensinadas aos seus adeptos
Portanto, os líderes exercem uma função pública, e de maneira sistemática, com o intuito de assegurar
seus atos e orientações podem repercutir sobre outras uma compreensão mais ou menos unitária e homo-
esferas sociais, tais como economia, política, cultura, gênea de seus conteúdos. No conjunto das crenças
educação, saúde e meio ambiente. e doutrinas religiosas encontram-se ideias de imor-
É importante conhecer, valorizar e respeitar as dis- talidade (ancestralidade, reencarnação, ressurreição,
tintas experiências e manifestações religiosas, e com- transmigração, entre outras), que são norteadoras do
preender as relações estabelecidas entre as lideranças sentido da vida dos seus seguidores. Essas informa-
e denominações religiosas e as distintas esferas sociais. ções oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a
As crenças religiosas e filosofias de vida, mostram vida terrena quanto para o pós-morte, cuja finalidade
aspectos estruturantes das diferentes tradições/movi- é direcionar condutas individuais e sociais, por meio
mentos religiosos e filosofias de vida, especialmente de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral,
os mitos, ideia(s) de divindade(s), crenças e doutrinas definem o que é certo ou errado, permitido ou proi-
religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imorta- bido. Esses princípios éticos e morais atuam como
lidade, princípios e valores éticos. balizadores de comportamento, tanto nos ritos como
Os mitos são outro elemento estruturante das na vida social.
tradições religiosas. Eles representam a tentativa de Também as filosofias de vida se ancoram em prin-
explicar como e por que a vida, a natureza e o cosmos cípios cujas fontes não advêm do universo religioso.
foram criados. Apresentam histórias dos deuses ou Pessoas sem religião adotam princípios éticos e mo-
heróis divinos, relatando, por meio de uma lingua- rais cuja origem decorre de fundamentos racionais,
gem rica em simbolismo, acontecimentos nos quais filosóficos, científicos, entre outros. Esses princípios,
as divindades agem ou se manifestam. geralmente, coincidem com o conjunto de valores se-
O mito é um texto que estabelece uma relação en- culares de mundo e de bem, tais como: o respeito à
tre imanência (existência concreta) e transcendência vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário
(o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um acon- das pessoas, a liberdade de consciência, crença e con-
tecimento, o mito situa-se em um determinado tempo vicções, e os direitos individuais e coletivos.
e lugar e, frequentemente, apresenta-se como uma
história verdadeira, repleta de elementos imaginários.
O ser humano é um ser em construção
No enredo mítico, a criação é uma obra de divin-
dades, seres, entes ou energias que transcendem a
A religiosidade
materialidade do mundo. São representados de di-
é a busca do ser hu-
versas maneiras, sob distintos nomes, formas, faces
mano por respostas
e sentidos, segundo cada grupo social ou tradição
além do que pode ser
religiosa. O mito, o rito, o símbolo e as divindades
visto, tocado e com-
alicerçam as crenças, entendidas como um conjunto
preendido de forma
de ideias, conceitos e representações estruturantes de
racional. Não somos
determinada tradição religiosa. As crenças fornecem
algo pronto, estamos
respostas teológicas aos enigmas da vida e da morte,
em constante constru-
que se manifestam nas práticas rituais e sociais sob a
ção. Isso nos deixa vul-
forma de orientações, leis e costumes. Esse conjunto
neráveis, mas é o que
de elementos originam narrativas religiosas que, de
nos permite evoluir e
modo mais ou menos organizado, são preservadas e
melhorar a cada dia.
passadas de geração em geração pela oralidade. Des-
Há vários cami-
se modo, ao longo do tempo, cosmovisões, crenças,
nhos para buscar res-
ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos

21
ENSINO RELIGIOSO
postas sobre o sentido da vida. A Ciência, a Filosofia, O único sentido íntimo das coisas
a Arte e a Religião são maneiras de o ser humano É elas não terem sentido íntimo nenhum.
compreender a si mesmo, ao outro e ao mundo que
nem sempre estão em concordância, mas podem se Não acredito em Deus porque nunca o vi.
complementar. Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
Leia o poema de Alberto Caeiro, heterônimo do
poeta português Fernando Pessoa: E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
O que penso eu do Mundo? De quem, por não saber o que é olhar para as coi-
Sei lá o que penso do Mundo! sas,
Se eu adoecesse pensaria nisso. Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos? Mas se Deus é as flores e as árvores
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E os montes e sol e o luar,
E sobre a criação do Mundo? Então acredito nele,
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos Então acredito nele a toda a hora,
E não pensar. É correr as cortinas E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
Da minha janela (mas ela não tem cortinas). E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério! Mas se Deus é as árvores e as flores
O único mistério é haver quem pense no mistério. E os montes e o luar e o sol,
Quem está ao sol e fecha os olhos, Para que lhe chamo eu Deus?
Começa a não saber o que é o Sol Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
E a pensar muitas coisas cheias de calor. Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Mas abre os olhos e vê o Sol, Sol e luar e flores e árvores e montes,
E já não pode pensar em nada, Se ele me aparece como sendo árvores e montes
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos E luar e sol e flores,
De todos os filósofos e de todos os poetas. É que ele quer que eu o conheça
A luz do Sol não sabe o que faz Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso não erra e é comum e boa.
E por isso eu obedeço-lhe,
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
A de serem verdes e copadas e de terem ramos Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz Como quem abre os olhos e vê,
pensar, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
A nós, que não sabemos dar por elas. E amo-o sem pensar nele,
Mas que melhor metafísica que a delas, E penso-o vendo e ouvindo,
Que é a de não saber para que vivem E ando com ele a toda a hora.
Nem saber que o não sabem?
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto
«Constituição íntima das coisas»... Caeiro. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1946 (10ª
«Sentido íntimo do Universo»... ed. 1993). - 28.
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas. No poema, o eu-lírico faz uma reflexão sobre o
É como pensar em razões e fins sentido da vida, sobre a existência e sobre Deus. O
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos que você pensa sobre tudo isso?
lados das árvores Se você estivesse num diálogo com o autor do
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão. poema, o que diria para ele?

Pensar no sentido íntimo das coisas


É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

22
ENSINO RELIGIOSO
O ser humano é um ser de transcendência dição judaico-cristã e islâmica, acreditam que Deus é
transcendente. Ele é o criador de tudo, inclusive da
matéria, por isso, é separado dela.

Vamos refletir sobre transcendência, imanência


e Deus com a escritora Clarice Lispector, no conto
“Perdoando Deus”.

Perdoando Deus
(Clarice Lispector)

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e


A transcendência é tudo aquilo que está além do olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas,
mundo material, refere-se aos fenômenos de natu- sem pensar em nada. Ainda não percebera que na
reza metafísica. É um conceito que está na filosofia verdade não estava distraída, estava era de uma
na gênese das reflexões sobre o sentido da existên- atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito
cia do mundo e da vida humana, desde os filósofos rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que
da Grécia Antiga. O conceito também é valorizado e fui percebendo que estava percebendo as coisas.
discutido no campo da teologia e nas religiões, pois, Minha liberdade então se intensificou um pouco
alcançar a transcendência é estar em contato com o mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de
mundo espiritual, com as divindades - é a superação propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu que-
dos limites físicos do ser humano. ria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com
A busca pela transcendência sempre acompanhou o que via.
o ser humano, pois tem a ver com a vida e a morte e a Tive então um sentimento de que nunca ouvi
possibilidade da existência de algo para além da vida falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus,
terrena. Na necessidade de entender a imortalidade, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho, mesmo,
o ser humano procura explicações além da realidade sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor
material, daquilo que é palpável de ser compreendido senso de superioridade ou igualdade, eu era por
pelos sentidos. Sabemos que existe o mundo material carinho a mãe do que existe. Soube também que
porque vivemos nele e o experimentamos com nossos se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia – e não
sentidos. Por outro lado, o que é do mundo espiritu- possivelmente um equívoco de sentimento – que
al e imaterial não pode ser comprovado científica e Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez
empiricamente. se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso
A transcendência seria, então, um caminho para comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que
a conexão com o divino, a projeção do ser humano eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim,
para uma dimensão espiritual, onde podem ser en- mas muito certo, e não ocorrera antes apenas por-
contradas as respostas para as profundas questões que não tinha podido ser. Sei que se ama ao que
humanas. A religiosidade e a fé podem ser uma das é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito,
formas pelas quais o ser humano poderá alcançar ou medo, e reverência. Mas nunca tinham me falado
compreender o que é de natureza transcendental. de carinho maternal por Ele. E assim como meu
Nesse sentido, algumas religiões, de acordo com sua carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim
doutrina, descrevem caminhos para o contato com o ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
mundo espiritual. E foi quando quase pisei num enorme rato
Transcendente, então, seria aquilo que está além morto. Em menos de um segundo estava eu eriça-
do estado material, que pertence ao mundo espiritual da pelo terror de viver, em menos de um segundo
e cujo fim seria externo a si mesmo. Imanente, por sua estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como
vez, é aquilo que representa uma realidade material. podia o meu mais profundo grito. Quase correndo
É essa a realidade que conhecemos e que podemos de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro
experimentar e explicar com a utilização dos nossos quarteirão encostada a um poste, cerrando violen-
sentidos. tamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas
A imanência e a transcendência também estão a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato
relacionadas à concepção de Deus para as religiões. ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados,
Algumas doutrinas, como as religiões panteístas, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado
acreditam que Deus é imanente, que Ele é parte de de ratos.
tudo e, portanto, não pode ser dissociado do mundo Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda
material. Outras religiões, especialmente as de tra- perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada

23
ENSINO RELIGIOSO
pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois ensão e a transforma em oferenda. E é também
fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas porque sempre fui de brigar muito, meu modo é
era inútil. Pelo menos a contiguidade ligava-os. Os brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu
dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espan- modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no
tava-me que um rato tivesse sido o meu contra- fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o
ponto. E a revolta de súbito me tomou: então não que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então
podia eu me entregar desprevenida ao amor? De o castigo é amar um mundo que não é ele. É tam-
que estava Deus querendo me lembrar? Não sou bém porque eu me ofendo à toa. É porque talvez
pessoa que precise ser lembrada de que dentro eu precise que me digam com brutalidade, pois
de tudo há o sangue. Não só não esqueço o san- sou muito teimosa.
gue de dentro como eu o admito e o quero, sou É porque sou muito possessiva e então me foi
demais o sangue para esquecer o sangue, e para perguntado com alguma ironia se eu também que-
mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem ria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe
a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei
jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele que nunca poderei pegar num rato sem morrer de
instante. Bem poderia ter sido levado em conta o minha pior morte. Então, pois, que eu use o mag-
pavor que desde pequena me alucina e persegue, nificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe
os ratos já riram de mim, no passado do mundo os nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta.
ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era Porque o formalismo não tem ferido a minha sim-
assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, plicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho
sem precisar de nada, amando de puro amor ino- de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo,
cente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um
de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu,
Andando com o coração fechado, minha decepção e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos
era tão inconsolável como só em criança fui decep- por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu
cionada. Continuei andando, procurava esquecer. tenha que aceitar antes de mais nada esta minha
Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança natureza que quer a morte de um rato.
poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra Talvez eu me ache delicada demais apenas por-
um Deus que até com um rato esmagado podia me que não cometi os meus crimes. Só porque contive
esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na os meus crimes, eu me acho de amor inocente.
minha vontade de vingança nem ao menos eu podia Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar
encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais sem lividez esta minha alma que é apenas conti-
estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e da. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse
que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso
no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em amar a grandeza do mundo se não posso amar o
mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu tamanho de minha natureza? Enquanto eu imagi-
não O via mais. nar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não
Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, estarei amando a nada: será apenas o meu modo
é assim? pois então não guardarei segredo, e vou de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me
contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário,
de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que
contar – não conte, só por carinho não conte, guar- jamais me habituarei a mim, estava querendo que o
de para você mesma as vergonhas Dele – mas vou mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de
contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, mim só consegui foi me submeter a mim mesma,
dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava
o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação... mas querendo me compensar de mim mesma com uma
quem sabe, foi porque o mundo também é rato, terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu
e eu tinha pensado que já estava pronta para o amar a um Deus só porque não me quero, serei um
rato também. Porque eu me imaginava mais forte. dado marcado, e o jogo de minha vida maior não
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
errado: pensava que, somando as compreensões,
eu amava. Não sabia que, somando as incompre- – Clarice Lispector, no livro “Felicidade clandes-
ensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, tina”. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.
É porque eu não quis o amor solene, sem com- Como você percebe a transcendência, a imanência
preender que a solenidade ritualiza a incompre- e a ideia de Deus no conto de Clarice Lispector?

24
ENSINO RELIGIOSO
Diversidade Religiosa e as respostas às –I–
questões existenciais
Encontramo-nos na situação, impensável há dez
anos, em que é preciso reafirmar valores e convicções
que julgávamos definitivamente estabelecidos. De re-
pente, nesse nevoeiro da chamada “pós-modernida-
de” com seus desdobramentos quase nunca claros,
o que antes era óbvio deixou de sê-lo.
Para iniciarmos nossa reflexão, basta pensarmos
no fato de que a própria ideia de que os seres hu-
manos possuem direitos considerados inalienáveis
passou a ser estranha para muita gente – e isso no
Eduardo Kobra
âmbito mesmo da sociedade ocidental onde a De-
claração Universal dos Direitos Humanos foi gestada
Agora, para refletir como o ser humano constrói a como resposta à barbárie perpetrada não apenas pelo
cultura na relação com a natureza, com o outro e com totalitarismo fascista, mas também por outras instân-
o Transcendente, fazendo, assim, com que religião e cias que operaram, em diferentes contextos, formas
cultura sejam indissociáveis, vamos analisar o artigo de degradação do ser humano.
“A liberdade religiosa como direito à transcendência”, A lição deveria ter sido aprendida. Os fatos perma-
do professor de História Moderna no Instituto de Fi- necem, patentes, diante de nossa memória coletiva:
losofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp Rui Auschwitz, os relatos tétricos sobre os gulag stalinis-
Luis Rodrigues. tas, o genocídio de que foram vítimas os armênios,
A partir desse artigo, estabeleceremos uma co- as violências étnicas em diferentes partes do mun-
nexão com os questionamentos mais comuns do ser do que, não raramente, incluíram violência sexual,
humano em relação à sua existência, como “Quem a precarização contínua das condições de vida do
sou? De onde vim? Para onde vou?”. A partir das povo palestino, os preconceitos contra as minorias,
reflexões que o professor Rui Luis instiga, é possível as múltiplas formas pelas quais regimes ditatoriais
pensar como as Tradições Religiosas tenta responder impuseram não apenas limitações brutais à liberdade
a essas questões e reafirma a necessidade do respeito humana, mas realizaram a própria desumanização de
à diversidade religiosa. milhares e milhares de pessoas através da tortura.
Infelizmente, essa lista está longe de ser exaustiva; e,
para nossa maior consternação, boa parte dela se con-
ARTIGO - A liberdade religiosa como direito à trans- cretizou após a decisão memorável das Nações Unidas
cendência de exarar, em nome dos países que a compõem, uma
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Rui Luis Rodrigues, professor de História Mais assustador, talvez, do que perceber a ocor-
Moderna no Instituto de Filosofia e Ciências rência insistente desses ataques aos direitos que,
Humanas (IFCH) da Unicamp Rui Luis Rodrigues supomos, teria ficado claro todos os seres humanos
SEG, 25 MAR 2019 | 13:53 possuírem, é perceber a indiferença para com o pró-
prio tema dos direitos humanos por parte de pessoas
que, até por razões de lógica e de formação civiliza-
cional, deveriam defender esse ideário. De repente,
tornou-se aceitável manifestar, nesse ambiente líqui-
do e plurifacetado das redes sociais, gestos de into-
lerância, crenças que excluem e desumanizam seres
humanos, agendas que, em nome de uma pretensa
“segurança”, defendem o raciocínio torto e infeliz
de que “direitos humanos” deveriam ser estendidos
apenas a “humanos direitos” – e com isso, na super-
“Todo ser humano tem direito à liberdade de pen- ficialidade e ignorância que caracteriza boa parte dos
samento, consciência e religião; este direito inclui a discursos disseminados por essas novíssimas mídias,
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade as pessoas não percebem que operam uma distinção
de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, totalmente infundada e arbitrária entre aqueles que
pela prática, pelo culto e pela observância, em público são, apenas, seres humanos e cujos direitos são-lhes
ou em particular”. inalienáveis apenas e tão somente por causa de sua
(Declaração Universal dos Direitos Humanos) humanidade. Será demais lembrar, nesse contexto,

25
ENSINO RELIGIOSO
que na base da barbárie nazista – esse símbolo que e signatários desse documento, a importância dessa
permanece, e deverá permanecer enquanto manti- liberdade específica. É em função dessa importância
vermos memória, como ícone do quão criminoso o que se julgou necessário assegurar esse direito como
ser humano pode se tornar na intolerância para com um dos direitos fundamentais dos seres humanos.
seu próximo – estava a ideia de que, ao fim e ao cabo, O tema “religião” é tão complexo quanto o vocá-
aqueles judeus que eram presos e deportados eram bulo que usamos para defini-lo. “Religião” é um con-
“menos do que humanos”? Será difícil perceber que, ceito cuja construção cultural deve muito às socieda-
para aqueles vizinhos que denunciavam às autorida- des ocidentais, desde as origens dessas sociedades na
des nazistas os judeus porventura escondidos na casa cultura latina. O termo romano religio, que nomeava a
ao lado, tal atitude justificava-se porque esses não precisão e escrupulosidade em relação às práticas de
seriam “humanos direitos”? culto e à memória dos ancestrais, passou a ser usado
Parece-me que, em termos globais, estamos numa para a caracterização de diferentes sistemas de crença
encruzilhada decisiva. Numerosos fatores têm produ- e de interpretação do mundo. [1]
zido em diferentes partes do mundo a relativização Não nos cabe, aqui, discutir a pertinência ou não
desse patrimônio que tão arduamente construímos; desse conceito para cosmologias desenvolvidas fora
esse patrimônio que supõe a igualdade plena de todos desse Ocidente onde o termo acabou formatado.
os seres humanos e que defende, para o conjunto da Basta-nos considerar que, de uma forma ou de ou-
humanidade, uma pletora de direitos cuja supressão tra, a palavra serve para fazer referência a um fato
e cancelamento pode conduzir a níveis impensáveis incontornável: em toda parte os seres humanos de-
de violência e de barbárie. Está posta, portanto, para senvolveram formas de interpretar o mundo e de
todos nós, a necessidade de lutarmos pela aplicação compreender seu próprio lugar nele; em toda parte
de políticas que garantam, das formas mais amplas os seres humanos depositaram, nesses sistemas de
possíveis, o usufruto desses direitos por todos os seres crença, de preservação da herança dos seus antepas-
humanos. sados ou de filosofias de existência, suas convicções
mais íntimas e mais candentes. Nesse sentido, talvez
– II – proceda a definição de “religião” surgida numa das
vertentes do cristianismo ocidental: para o luterano
A razão pela qual se considerou necessário assegu- Paul Tillich, a fé religiosa seria aquilo que expressa a
rar, na Declaração, esse direito à liberdade religiosa é “preocupação suprema” do ser humano, aquilo que
relativamente óbvia: em poucas áreas que não o cam- o move mais profundamente. [2]
po religioso, se manifestaram tão consistentemente, Não se trata de encontrar uma dimensão “essen-
ao longo da história, a intransigência e a intolerância. cial” que daria forma e sentido a todas as religiões
Lidando sempre com as convicções mais profundas (essa foi a ambição da antiga fenomenologia das re-
dos seres humanos, as religiões foram, por demais ligiões; uma perspectiva que conserva valor para os
vezes, fonte de discriminação e de violência. Isso ex- estudos teológicos, mas de pouca utilidade para a
plica por que, na própria Declaração Universal dos história ou a antropologia); [3]
Direitos Humanos, a expressão “religião” aparece di- a questão é simplesmente reconhecer que uma
versas vezes em contextos que chamarei “negativos”, ação básica dos seres humanos, a de interpretar a si
ou seja, onde a menção não tem como finalidade a mesmo e ao mundo, não poucas vezes tem assumido
referência à liberdade religiosa, mas aos entraves que formas que podemos chamar de religiosas.
a religião pode gerar à plena vivência dos direitos hu-
manos. Assim, o Artigo 2º. da Declaração estabelece – III –
que ninguém pode ser excluído de quaisquer direitos
e liberdades por força de alguma distinção em maté- Se as religiões lidam com as convicções mais pro-
ria religiosa; o Artigo 16º. insiste que, considerada a fundas dos seres humanos, mobilizando o que nos
expressa anuência dos nubentes, nenhuma barreira é mais caro (tradições ancestrais, heranças afetivas,
ao direito humano de casar-se pode advir de ques- expectativas para o presente e para o futuro); se elas
tões de fundo religioso; e o Artigo 26º. declara que a desempenham, para um grande número de pessoas,
educação deve ter, entre suas finalidades, o fomento um papel fundamental na compreensão do mundo e
da compreensão, tolerância e amizade entre nações e na própria aventura, individual, mas também comu-
grupos raciais ou religiosos. Para os idealizadores da nitária, de autocompreensão, é de se crer que sua im-
Declaração estava claro que as convicções religiosas portância – e seu caráter inalienável enquanto direito
podiam se tornar, com muita facilidade, motivos para – estejam estabelecidos. Na expressão religiosa o ser
a segregação, a discriminação e, no limite, a violência. humano encontra condições para se autotranscender,
Mas esse risco, de cuja plausibilidade a história para ir além de si mesmo. Essa transcendência que a
presta tanto testemunho, não excluía, para os autores religião torna possível não está condicionada à cren-

26
ENSINO RELIGIOSO
ça num Outro transcendente, sugerida por diversas Candomblé e Umbanda e incluíam depredação de lo-
religiões; mesmo naquelas que não estão ligadas à cais sagrados e de objetos de culto; em sua grande
noção de um sagrado transcendente a possibilidade maioria, esses atos foram perpetrados por pessoas
de transcendência persiste, porque continua sendo ligadas a confissões cristãs-evangélicas. [7]
possível que o ser humano se mova para além de si, Também aqui, como no caso das relações entre
na direção das outras pessoas. Nesse sentido a ati- cristãos e muçulmanos, houve vozes sensatas que
tude religiosa ensina algo, mesmo àqueles que não se levantaram contra esse abuso: a direção nacional
professam qualquer religião: a identificação de uma do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, que
“preocupação suprema” mostra que não consegui- congrega em sua maioria denominações protestantes
mos viver apenas no círculo restrito de nosso self; brasileiras chamadas “tradicionais”, ou seja, que não
precisamos aprender os caminhos que nos conduzam pertencem às tradições pentecostais e carismáticas)
para fora de nós e facilitem nossas ligações com a criou um Fundo de Solidariedade para o Enfrenta-
comunidade humana. mento de Violências Religiosas; e uma comunidade
A liberdade religiosa é, portanto, um direito à luterana da cidade do Rio de Janeiro chegou a coletar
transcendência. Dado o enraizamento profundo des- doze mil reais para a reconstrução de um terreiro de
sa experiência humana, a supressão dessa liberdade candomblé que sofreu oito tentativas de destruição
tem consequências funestas. Vedar o exercício da li- que incluíram, em 2014, um incêndio que destruiu
berdade religiosa na forma de práticas de devoção, parcialmente as instalações. [8]
experiências de culto ou rememoração e perpetuação Mas as religiões de matriz africana não sofrem so-
de tradições constitui aquilo que já foi denominado es- mente esses ataques. Outras formas de violência são
poliação antropológica. “A pobreza africana é uma po- mais persistentes, mais insidiosas e frequentemente
breza antropológica”, escreveu o teólogo camaronês menos percebidas. Há que considerar, por exemplo,
Engelbert Mveng, querendo significar com isso que a a violência simbólica – efetiva espoliação antropoló-
exploração ocidental na África privou os africanos não gica – a que são submetidas crianças de famílias can-
apenas de melhores condições socioeconômicas pela domblecistas em escolas pretensamente laicas, mas
redução à pobreza material, mas espoliou-os também onde se ministra, muitas vezes sub-repticiamente,
de suas tradições ancestrais e de suas cosmovisões um ensino religioso de caráter cristão. Numa tese de
específicas ao forçar seu enquadramento em sistemas doutorado defendida em 2016 no Instituto de Filo-
religiosos alienígenas; essa violência, dirigida contra sofia e Ciências Humanas da Unicamp, o professor e
a própria “ipseidade” desses povos, se reproduz cada antropólogo Milton Silva dos Santos realizou uma bri-
vez que a liberdade fundamental de se cultivar as li- lhante análise da inferiorização a que são submetidas
gações com nossas próprias fontes de compreensão as religiões de matriz africana nos materiais didáticos
do mundo é cerceada. [4] de ensino religioso eventualmente empregados nas
Alguns exemplos contemporâneos deveriam nos escolas públicas. Noutras palavras, mesmo quando
encher os olhos de lágrimas. Em páginas repletas de consideradas como expressões válidas, essas religiões
depoimentos tocantes, o jornalista francês Sébastien sofrem intensamente com processos inadequados de
de Courtois narra o que ele chama de “o crepúsculo tradução simbólica e cultural. [9]
dos cristãos do Oriente”: como o avanço do radicalis- Em tempos como os que vivemos atualmente,
mo islâmico tem, nos últimos anos, extirpado violen- dentro e fora do Brasil, nos quais a intolerância parece
tamente da Síria, da Turquia, do Líbano e do Iraque assumir novo ímpeto, ousando até mesmo vestir-se
as tradições de comunidades cristãs bimilenares. [5] de roupagens velhas e odiosas como os trapos fedo-
Nem a oposição de líderes islâmicos esclareci- rentos do fascismo, defender os direitos humanos e
dos de todo o mundo, nem os belos e significativos seu caráter amplo e radical tornou-se item obrigatório
diálogos mantidos há décadas entre muçulmanos e na agenda de quem ainda preza os valores da liber-
cristãos de diferentes confissões têm sido suficientes dade e da democracia. O direito à livre expressão das
para impedir essa violência, conduzida por pessoas crenças religiosas, numa atmosfera de consideração
que, infelizmente, amparam suas convicções religio- e respeito pelos que portam convicções diferentes, é
sas em fuzis e, assim empoderadas, dão azo à sua um dos sinais de uma sociedade que se deixa moldar
intolerância. [6] por esses valores tão fundamentais.
Em nosso próprio país, nos últimos anos, foram
documentadas numerosas ocorrências de discrimi-
nação e violência contra praticantes de religiões de [1] Silva, Eliane Moura da. “História das Religiões: Al-
matriz africana. Somente no Rio de Janeiro, em 2016, gumas Questões Teóricas e Metodológicas”. In Moura,
mais de 70% dos 1.014 casos documentados pela Co- Carlos André S. et al (orgs.). Religião, Cultura e Política
missão Estadual de Combate à Intolerância Religiosa no Brasil: Perspectivas Históricas. (Coleção “Ideias”,
eram casos de violência contra fiéis de religiões como 10). Campinas/SP: Unicamp/IFCH, 2011, pp. 11-24;

27
ENSINO RELIGIOSO
Agnolin, Adone. História das Religiões: Perspectiva
histórico-comparativa. São Paulo: Paulus, 2013.

[2] Tillich, Paul. A Era Protestante. Tradução. São Pau-


lo: Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências
da Religião, 1992, pp. 16-8, 115-6, 119, 262, 280-2.

[3] Para essa perspectiva específica, ver Otto, Rudolf.


O Sagrado: Os aspectos irracionais na noção do divino
e sua relação com o racional. Tradução. São Leopoldo/
Petrópolis: Sinodal-Escola Superior de Teologia (EST)/
Vozes, 2007 (edição original alemã, 1917); Eliade, Mir-
cea. História das crenças e ideias religiosas. Tradução.
Rio de Janeiro: Zahar, 1983; Idem, O sagrado e o pro-
fano – A essência da religião. Tradução. São Paulo:
Martins Fontes, 1999; Maçaneiro, Marcial. O labirinto
sagrado: Ensaios sobre religião, psique e cultura. São
Paulo: Paulus, 2011, especialmente parte I, “Coorde-
nadas globais” (pp. 7-111). Para uma síntese crítica
dessa postura, ver Agnolin, op. cit., pp. 43-9, 177-90;
Silva, op. cit., pp. 11-5.

[4] Mveng, Engelbert. L’Afrique dans l’Église: paroles


d’um croyant. Paris: L’Harmattan, 1985, pp. 209-10.
id=”8”

[5] Courtois, Sébastien de. Sur les fleuves de Babylone,


nous pleurions. Le crépuscule des chrétiens d’Orient.
Paris: Éditions Stock, 2015.

[6] Para o campo fértil dos diálogos entre cristãos e


muçulmanos, ver em especial Salenson, Christian.
Christian de Chergé: Une théologie de l’espérance.
Tibhirine, 1996-2016. Montrouge: Bayard, 2016.

[7] D’Ângelo, Helô. “As origens da violência contra re-


ligiões afro-brasileiras”. Revista Cult, 21 de setembro
de 2017. (último acesso em 11 de outubro de 2018).

[8] “‘Se em nome de Cristo destroem, em nome de


Cristo vamos reconstruir’: evangélicos ajudam a re-
erguer terreiro queimado”. BBC News Brasil. (último
acesso em 11 de outubro de 2018).

[9] Santos, Milton Silva dos. Religião e demanda:


O fenômeno religioso em escolas públicas. Tese de
Doutoramento em Antropologia Social. Campinas/SP:
IFCH/Unicamp, 2016. Disponível em: < https://www.
unicamp.br/unicamp/ju/artigos/direitos-humanos/
liberdade-religiosa-como-direito-transcendencia
> Acesso em: 14 dez. 2021.

28
Filosofia
FILOSOFIA
1. Biografia de Friedrich Nietzsche o colapso: “Nietzsche não existe mais!”. Tornou-
se consequentemente dependente de cuidados
externos, prestados respectivamente por sua mãe e
irmã, até sua morte em 25 de agosto de 1900.

2. A vontade de potência
ou vontade orgânica

Nietszsche inspirado na obra “O mundo como


vontade de representação” de Arthur Schopenhauer
(1788 -1860) que relatava a ideia filosófica que o
Imagemhttps://upload.wikimedia.org/wikipedia/ somos guiados pela vontade (desejo de viver) que
commons/thumb/1/1b/Nietzsche187a.jpg/640px- se encontra presente em todos os seres da natureza
Nietzsche187a.jpg que são impulsionadas por um desejo cego e sem
motivo a se perpetuarem, essa mesma vontade que
Friedrich Nietzsche, filósofo alemão e autor de motiva os seres humanos a se afirmarem uns sobre os
diversas obras filosóficas, que questionava as ideias outros para garantir a sua existência desenvolve todas
vigentes de seu período e também na construção e as dores e sofrimentos e a felicidade é um estado
costumes do mundo ocidental, adotou o modelo de momentâneo, por isso oscilamos entre o tédio e a
escrita aforístico ( aforismos são proposições curtas tristeza, porém segundo Schopenhauer , os seres
e breves que exprimem uma verdade ou uma regra humanos são mais conscientes desses desejos que
para a vida prática) e enigmático. Ele nasceu em sempre nos levam ao sofrimento.
15 de outubro de 1844, em Rökken (Prússia, atual
Alemanha). Nasceu num ambiente familiar de clérigos
luteranos, e desde cedo foi preparado para ser pastor,
mas quando completou 18 anos, perdeu a fé em Deus
e passou por um período de libertinagem e acabou
contraindo sífilis (nesse período ainda não existia o
tratamento efetivo para a doença e somente em 1943,
com a descoberta da penicilina, que se encontrou a
cura para a doença). Quando completou 24 anos de
idade Nietzsche tornou-se professor de filosofia e
poesia gregas, na Universidade de Basileia, em 1869.
Porém em 1879 começou a sofrer fortes dores de
cabeça e uma crescente deterioração da vista o que o
levou a abandonar a universidade. Nietzsche sempre
levou uma vida solitária, vagando entre a Itália, os
Alpes suíços e a Riviera Francesa – ele atribui à
doença o poder de lhe conferir uma clarividência e Nietszsche nega e critica essa visão pessimista,
lucidez superiores. Em janeiro de 1889, ao ver um para ele a felicidade é um sentimento verdadeiro e
cocheiro chicoteando um cavalo, abraçou o pescoço pleno e para isso devemos ter a vontade de potência
do animal para protegê-lo e caiu no chão. Nietzsche foi
diagnosticado com “paralisia geral progressiva” – PGP
(neurossífilis), posteriormente confirmado na clínica 3. A vontade de Poder
psiquiátrica da Universidade de Iena, dirigida pelo ou de Potência para Nietzsche
Dr. Otto Biswanger, para onde ele seria transferido
a pedido de sua mãe. Tal diagnóstico médico seria Em Nietzsche, ele afirma que a Vontade de
então assimilado pela posteridade como explicação Potência não é algo que se cria ou se produz. É a
oficial de seu “afundamento” (Zusammenbruch, realidade habitual própria da vida; do mundo, e é
segundo a expressão presente nas correspondências uma resultante da vontade de potência construída,
nietzschianas), após o qual, Nietzsche foi acometido jamais simplesmente produzida.
por um processo degenerativo demencial do qual Em todos os processos cotidianos da vida, o
ele nunca mais se recuperaria. Seu amigo, Franz filósofo alemão atribuía à Vontade de Potência. Por
Overbeck, que o transladou de Turim a Basileia, meio dela, o fluxo de existência estaria em constante
testemunhando sua devastação, afirmou dias após manar pelo mundo; própria vida.

30
FILOSOFIA
Combatendo a idealização de existência por meio 4. O que é Niilismo
de uma divindade, sua ideia era provocar e criticar
esse almejo por alcançar a divindade e a santidade Niilismo vem da palavra em latim nihil, que significa
máxima do mundo perfeito; o Paraíso, no caso. “nada”, logo é uma doutrina filosófica que demonstra
A força da Vontade de Potência age por si só, seguindo pessimismo e ceticismo extremos perante a realidade
a naturalidade (natureza) e poder. Essa vontade, assim, ou valores humanos, sendo assim, o niilismo consiste
seria a própria essência do que cerne a realidade. numa atitude de negação ou descrença absoluta em
relação a princípios (religiosos, morais, políticos ou
Vontade de Poder ou de Potência (no alemão: sociais), caracterizando um comportamento crítico
Der Wille zur Macht) seria, segundo Nietzsche a em relação às convenções sociais e aos valores
principal força motriz existente em cada elemento. tradicionais. Logo abaixo temos uma lista dos quatro
Nisso, abrangiam-se humanos, animais e demais tipos de niilismo existentes:
forças naturais. Para o alemão, essas forças, nos • Niilismo Negativo: Nega-se o mundo em nome
seres humanos, poderiam ser empregadas a fim de de outros valores, afirmando Deus, uma utopia,
conquistar realizações, ambições e maior esforço ou o que quer que seja. Divisão de dois mundos,
para as conquistas desejadas e expansão do ser. um debaixo: sensível, mutável, corporal, imper-
feito, temporal; outro supra-sensível: imutável,
Tal poder é manifestado em meio a cada ser, por ordenado, perfeito, atemporal. Platão cria o
meio de suas ações, promovendo a multiplicidade conceito de Ideia;
das forças. Envolvendo ainda reações, resistência • Niilismo Reativo: Sim, matamos Deus e ele
e sensações, tais ramificações desta força, assim, mereceu, mas agora o homem é sagrado. Viva
implicando em acontecimentos, como: os direitos do homem! De que adianta? Enfim,
• Políticos; ainda somos religiosos, o homem matou a ver-
• Econômicos; dade fora deste mundo, mas ainda acredita
• Astronômicos; numa verdade metafísica neste mundo, uma
• Culturais; realidade melhor por vir. Kant cria o conceito
de Razão;
Estes envolvem, desta forma, a natureza, os • Niilismo Passivo: O homem cada vez mais do-
elementos e os seres. No caso dos seres humanos, ente de si mesmo tem cada vez menos capaci-
esta vontade seria externada através do anseio, do dade de afirmar-se. O mar secou! A chama se
fazer e acontecer, da conquistas; realização. apagou! Surge uma escuridão sem fim. Mor-
Em Nietzsche, a Vontade de Potência é uma força tos-vivos não encontram vida dentro de si, mas
que está além do que os sentidos humanos podem ainda se movem… perdidos… entorpecidos…
compreender. Tal como um combustível que alimenta seguindo lentamente para o abismo. Schope-
e estimula a existência. nhauer cria o conceito de Vontade;
Repercute nos processos, em fenômenos, relações • Niilismo Ativo: Se destruir ativamente! Destruir
e, assim, como efeitos de força. o niilismo dentro de si! Como podemos acelerar
https://www.todoestudo.com.br/historia/vontade-de- a roda do devir? Negando as forças de negação.
potencia
Afirmando as forças de afirmação! Nietzsche
é o filósofo da morte do homem! Para que?
O que vem depois do homem moderno? Para
criar novos valores! Nietzsche cria o conceito de
Vontade de Potência. https://razaoinadequada.
com/produto/deleuze-o-que-e-niilismo/

5. Crítica ao niilismo negativo

Nietzsche questionou o cristianismo de seu tempo,


imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/ segundo ele a religiosidade cristã desencadeava um
File:Portrait_of_Friedrich_Nietzsche.jpg fenômeno de valores morais que representavam
o niilismo negativo, porque os seguidores os seus
O mundo visto de dentro, o mundo determina- seguidores deveriam abdicar de viver a vida para
do por seu ‘caráter inteligível’ – seria justamente atingir uma suposta imortalidade e a própria
‘vontade de potência’, e nada mais” religião divulgava Deus de forma enfraquecida e o
– Nietzsche, Além do Bem e do Mal, §36 associando somente a ideia de compaixão. Criando

31
FILOSOFIA
um enaltecimento dos indivíduos fracos e enaltecendo verdade é a Ciência, nossa nova religião é o progres-
os coitados e banalizando os indivíduos fortes e so do homem, o bem comum. Deleuze chama este
convictos. primeiro momento da morte de Deus de Niilismo
Reativo, a falsa morte de Deus, quando nos dizemos
“O homem louco se lançou para o meio deles e ateus, mas inventamos novos ídolos para poder do-
trespassou-os com seu olhar. ‘Para onde foi Deus’, brar nossos joelhos tão acostumados a servirem.
gritou ele, ‘já lhes direi! Nós o matamos – vocês e Não é à toa que a morte de Deus é anunciada
eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fize- àqueles que já não acreditam em Deus, uma plateia
mos isso? Como conseguimos beber inteiramente ateísta! Porque são eles que não possuem coragem
o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o o bastante para responsabilizarem-se por seu ato!
horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do Alguns simplesmente não conseguem suportar tal
seu sol? Para onde se move agora? Para onde nos liberdade, algumas pessoas se tornaram a tal ponto
movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não camelos, carregando valores, que se assustam só de
caímos continuamente? Para trás, para os lados, pensar em um mundo tão desprovido de verdades.
para a frente, em todas as direções? Existem ainda Uma vontade fraca precisa de mestres. Por isso a
‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que morte de Deus passa desapercebida até mesmo
através de um nada infinito? Não sentimos na pele para os ateus! É isso que Nietzsche quer fazer notar!
o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não Precisamos levar este ato até o fim! Dar cabo de
anoitece eternamente? Não temos que acender todas as suas consequências!
lanternas de manhã?” Mas como pode o homem matar Deus? A cria-
– Nietzsche, A Gaia Ciência, §125 ção de um ser superior, que adoramos e a quem
prestamos obediência se eleva até os céus e volta
Com essa atitude Nietzsche confronta o espírito de como um meteoro, destruindo tudo à nossa volta:
sua época ao demonstrar que a população europeia Deus e o homem devem morrer juntos! Se Deus
estava afundada no niilismo e desenvolvendo uma está morto, então o homem feito à sua imagem
cultura de sofrimento e impotência, manipulação da e semelhança também deve perecer! Se Deus é
religiosidade definhando a moral que era voltada para criação e testemunha da feiura humana, então ele
a crença do bem, belo e verdadeiro. Com a morte de é sintoma da doença da Vontade que o homem car-
Deus e dos ideais divinos, o ser humano encontra- rega! Mas o homem vaga pelo deserto sem saber o
se perdido sem saber se posicionar em frente a essa que fazer… nada mais vale a pena, nada mais tem
liberdade. valor! Ele não se sente digno de seu ato! A dor de
matar Deus é grande demais? Talvez… mas não há
A morte de Deus, mais para onde voltar.
levada às últimas ‘Eu venho cedo demais’, disse então, ‘não é
consequências, é di- ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme
fícil de aceitar e pode está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos
facilmente levar ao ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam
desespero. Não sa- de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os
bemos o que fazer, atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo
como proceder, não para serem visto e ouvidos. Esse ato ainda lhes é
sabemos mais o que mais distante que a mais longínqua constelação – e,
é certo e errado sem no entanto, eles o cometeram!’”
um padre ou um livro – Nietzsche, A Gaia Ciência, §125
velho para nos guiar. A falta de referencial externo é A única alternativa frente a esse niilismo passi-
desesperadora para o homem, ele fica aterrorizado vo é tomarmos as rédeas da situação e fazer des-
diante do mundo, procura novos deuses a quem te niilismo um novo modo de vida. Reiteramos: a
obedecer. questão não é se Deus existe ou não! Isso não traz
Vemos então como o homem passa a buscar realmente o problema para o campo da Ética…
qualquer coisa para se segurar: razão, humanismo, onde queremos chegar? A questão é: que modos
ciência, leis. Deus morreu, mas ainda velamos seu de existência a crença em Deus implicava? E que
corpo em várias outras práticas que não encontram modos de existência a não crença em Deus implica?
justificativa no próprio mundo, mas em outros lu- Do solo cristão nada mais pode brotar… mas isso
gares. Assim, continuamos louvando valores divi- não significa que não podemos encontrar mais terra
nos, mas agora mascarados pela casca humana, fértil. É necessária muita coragem para transpor
demasiadamente humana. Matamos Deus, mas o niilismo fraco, aquele que debilita, desespera.
continuamos crentes! A fé virou razão, a dona da Precisamos levar o niilismo até sua última potência

32
FILOSOFIA
e transformar o ateísmo teórico em um ateísmo paixões humanas, envolvendo deuses, semideuses e
prático! heróis mitológicos, possuindo uma tensão permanente
Nietzsche diz que o importante não é a notícia e um final infeliz e trágico, mas com um ensinamento
de que deus está morto, mas o tempo que ela leva e desenvolvimento moral para os cidadãos. Segundo
a dar seus frutos” Nietzsche, essa encenação transmitia para as pessoas
– Deleuze, Anti-Édipo, p. 145 as sensações experimentadas pelos personagens,
A morte de Deus é condição necessária, mas num processo catártico (libertação das emoções, uma
não suficiente para a criação de novos valores. espécie de eliminação de sentimentos dolorosos, onde
Como suportar a morte de Deus sem sucumbir ao o público se envolvia na peça como uma forma de
niilismo? Se Deus era a medida de todos os valores, purificação ou purgação dos sentimentos, colocando
se todos os valores eram medidos pela palavra di- para fora as emoções provocadas).
vina, então Nietzsche precisa trazer uma nova me- “Nietzsche argumenta que a tragédia combina dois
dida para estes valores que perderam seu sentido. tipos de estética que são usualmente mantidos em
Não é possível pensar o Eterno Retorno como separado nas outras artes: o apolíneo e o dionisíaco.
nova medida sem levar em consideração a morte de Apolo é o deus da beleza; Nietzsche o associava ao
Deus, e não é possível realizar uma transvaloração sonho, harmonia, forma e artes plásticas (como a
sem deixar para trás o peso da palavra divina que escultura). Sendo assim para Nietzsche a tragédia
carregávamos em ombros curvados. promove a união dos dois tipos de estética (o apolíneo
É só com a morte de Deus e o pensamento do e o dionisíaco) que são usualmente mantidos em
Eterno Retorno que temos finalmente a chance de separado nas outras formas de artes.
criar novos e autênticos valores para nós. Apenas
os Espíritos Livres conseguem dançar neste velório.
Sem ninguém para dizer o que é certo e errado,
bem ou mal, temos plena liberdade para decidir
por nós mesmos: eis a bênção de nosso audacioso
ato! Aqui está toda a importância da afirmação de
Nietzsche: adquirimos agora a responsabilidade e
a felicidade de sermos autores de nossa própria
vida. Um mar de possibilidades se abriu!

A morte de Deus não é apenas a morte de uma


divindade, também é a morte de todos os valores
ditos e julgados como elevados que foram herdados
pela população ocidental.

6. Apolíneo e Dionisíaco

Para Nietzsche a cultura grega estava bem


fundamentada sobre os ideais dos costumes voltados
para as divindades Apolo e Dionísio. Na obra “O
nascimento da tragédia” é descrito que o deus Apolo
representa a harmonia e a arte, enquanto que o deus
Dionísio é a representatividade das paixões irracionais
e impulsos dos seres humanos manifestadas pelas https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Apolo_
músicas e na tragédia (vontade) , essa relação mantinha Sanssouci.JPG
o equilíbrio entre a razão e a paixão presente nas
criações e na vida cotidiana do período pré-socrático, Apolo é o deus da beleza; Nietzsche o associava
porém com a ascensão de Sócrates com o seu método ao sonho, harmonia, forma e artes plásticas (como
filosófico a razão apoderou-se submetendo as paixões, a escultura). Apolo é o deus do Sol, um dos princi-
criatividades e impulsos dionisíacos a uma condição pais deuses do Olimpo, tido como o deus do dia, da
de comportamento inferior. Segundo Nietzsche a luminosidade, da razão, da clareza, da aparência,
partir desse momento a filosofia degenerou e caiu da tolerância, da ordem, da beleza enquanto pro-
em declínio, mas por quê? porção e medida, e do limite.
As obras teatrais denominadas tragédias que Fonte: https://www.ex-isto.com/2019/08/apolo-
apresentavam histórias dramáticas, derivadas das dionisio-nietzsche.html

33
FILOSOFIA
8. O homem é algo a ser superado

A ideia de Nietzsche de que o homem é algo a


ser superado aparece em sua obra “Assim falou
Zaratustra (Foi escrita originalmente em três partes
entre 1883 e 1884 e uma quarta parte acrescentada
em 1885), na obra ele questiona as ideias acerca da
natureza humana, Deus e sobre a moralidade e ética
que foram construídas na história do pensamento
ocidental.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vel%C3%A1zquez_-_
El_Triunfo_de_Baco_o_Los_Borrachos_(Museo_del_
Prado,_1628-29).jpg

Dionísio é o deus do vinho; Nietzsche o associa-


va à intoxicação, desarmonia, ausência de forma,
sublimidade e música. Nietzsche considera a com-
binação de ambas as estéticas na tragédia como a
forma ideal de arte, uma forma que mais bem nos
permite lidar com a vida e afirmá-la. Dionísio é o
deus do vinho, da música, das festas, da exube-
rância, da natureza, da fecundidade, da alegria, do
teatro, da desordem, da desmedida, da aventura,
da noite, da fantasia, da vontade irracional, e do Zaratustra, é a denominação alternativa do antigo
ilimitado. profeta persa Zoroastro. A obra começa contando-nos
Fonte: https://www.ex-isto.com/2019/08/apolo- que, aos trinta anos, Zaratustra vai viver nas montanhas.
dionisio-nietzsche.html
Durante dez anos deleita-se na solidão, mas certa
manhã acorda para descobrir que está cansado da
sabedoria que acumulou. Então, decide descer ao
7. A transvaloração dos valores mercado para compartilhar sua sabedoria com o resto
(moral do senhor e do escravo) da humanidade. Nessa obra é trabalha a questão da
morte de Deus e que o ser humano deve ir além do
Nietzsche questiona a moral do escravo (ou dos que lhe é imposto ou limitado, ousando ser mais do
fracos) que valoriza os fracos e defende a impotência e que a condição atual, esse novo ser humano deverá
a fraqueza de uma camada submissa, segundo ele essa desvencilhar dos prejuízos criados pelos pensamentos
moral foi primeiramente formulada pelo judaísmo e e valores da humanidade em rejeitar o mundo em
em último momento fixado pelo cristianismo. Esse tipo que estamos e vivemos. Para Nietzsche quando o ser
de comportamento propagado ideais de humildade humano afirmar a morte do sobrenatural e valorizar a
e benevolência pelos fracos e ressentidos contra os realidade terrena, será possível aborda novos valores
fortes criou uma conduta de desprezo pelos indivíduos e condutas vinculadas as coisas terrenas e não agir
que são detentores da moral dos senhores (dos fortes pela obrigação e temor de uma ordem sobrenatural,
ou dos aristocratas) que mantém um comportamento mas pela vontade de se expressar e inventividade de
de bravura, coragem e nobreza e que mantém tudo o construir novos significados e valores saindo da condição
que é bom e afirma a sua posição. Segundo Nietzsche de homem promovendo a metamorfose da liberdade e
devido aos fracos não conseguirem ter a mesma possibilitando o surgimento do super-homem.
conduta dos fortes e não ter o poder necessário para
confrontá-los, eles (fracos) criaram uma cultura em Três metamorfoses
que se vitimaram e impondo a conduta aristocrática que refletem três ma-
como vil, assim negando os valores da conduta dos neiras de entender a li-
fortes e mantendo o seu ressentimento e vingança berdade:
pelos que tiveram coragem de conquistar o seu desejo A primeira pode ser
e valorização da vida encarada como uma for-
ma de servidão voluntária. A grande emancipação
almejada pelo Camelo é apenas um reflexo de sua

34
FILOSOFIA
pequena autonomia no mundo, recheado de encar- 9. O eterno retorno
gos, pesos, dificuldades; sua liberdade restringe-se
às pequenas alegrias que conquista a duras penas,
seu modo de viver é conservando-se, e nada além
disso.
A liberdade do Leão é mais interessante, pois
aprende a dizer não, revolta-se, aprende a destruir;
sua força encontra-se na oposição e na energia que
utiliza para derrubar ídolos com pés de barro. Ele
traça novos limites. Sua agressividade está em des-
vencilhar-se dos pesos antigos e pseudo alegrias.
Mas este segundo estágio não pode perder-se na
sede de destruição, seu modo de viver ainda não
é capaz de criar valores, pois está pautado pelos
antigos.
A Criança é a terceira metamorfose, ela apren-
Imagem: https://br.pinterest.com/
de a ouvir seu corpo, torna-se uma roda que gira pin/785244885013911252/?amp_client_
por si mesma! Por quê? Ela é capaz de gerar e co- id=CLIENT_ID(_)&mweb_unauth_id={{default.
locar no mundo aquilo que possui de mais íntimo! session}}&simplified=true
Sua força não é a de carregar valores, seu vigor não
está em destruir; a criança entra em relação com Para Nietzsche o tempo não é linear, tudo que
o devir puro, sua independência é voltada para a ocorreu em algum determinado período histórico
criação! Corpo e terra reunidos! Razão e emoção! irá se repetir em momentos futuros. A ideia desse
Artista e vir-a-ser! fenômeno proposto pelo filosofo alemão ficou
Tudo torna-se fluido, tudo dança. Podemos conhecido como o eterno retorno, segundo essa
ouvir a música? Os que não podem certamente teoria a necessidade e a repetição dos acontecimentos
nos julgarão loucos! A criança aprende a melhor é uma regra que direciona e administra o mundo em
liberdade possível, a capacidade de tornar-se aquilo respeito ao cosmo, porém aplica consequências éticas
que se é. para os indivíduos.
Site: https://razaoinadequada.com/2018/04/11/tres-
metamorfoses-da-liberdade/
Traços da doutrina do eterno retorno são en-
contrados em Heráclito e no estoicismo. Em Niet-
zsche essa doutrina serve como uma condição para
a superação do mais estranho e mais ameaçador
de todos os hóspedes: o niilismo.
Dessa forma, o eterno retorno coloca-se como
nova referência suprema, uma espécie de novo
peso de medidas, dada a morte de Deus afirma-
da pelo autor em outras obras. O eterno retorno
é a condição necessária para a transvaloração de
todos os valores, ou seja, a avaliação dos valores
de acordo com a perspectiva do eterno retorno,
de que o que está acontecendo agora continuaria
E, quando olhamos através dessas ilusões a se repetir infinitamente, ao menos que se rea-
filosóficas, a antiga ideia de “homem” pode ser valie esse valor, criando novos valores. Aquilo que
superada. O super-homem, na visão de Nietzsche, tende a eternamente retornar, na mesma ordem
é um modo de ser que fundamentalmente afirma e sequência.
a vida. E alguém que pode se tornar o portador O conceito do eterno retorno foi desenvolvido
de sentido não no mundo do além, mas aqui: o por Nietzsche em momentos singulares de sua vida.
super-homem é “o sentido da Terra”. Sua construção teve sua primeira publicação em
O Livro da filosofia. Vários autores; São Paulo: Globo, A Gaia Ciência, através do aforismo “o maior dos
2011. Pág 220 pesos”. Neste aforismo há um encontro com um
demônio que questiona: será que seríamos capazes
“O homem é uma corda estendida entre o animal de viver e suportar uma vida em que cada experi-
e o super-homem: uma corda sobre um abismo. ” ência de prazer, de dor, dos próprios pensamentos
Fried.rich Nietzsche e de todas as escolhas feitas se repetirão eterna-

35
FILOSOFIA
mente. Esse eterno retornar impõe o desafio de Simone de Beauvoir. Em 1929, conclui a graduação
desejarmos vivê-lo como a mais sublime afirmação e em 1931 foi nomeado como professor de filosofia
ou de amaldiçoá-los como a força mais destrutiva em Havre, nessa mesma época, escreveu o romance,
de nossas vidas. Como seria viver a vida em forma “A Lenda da Verdade” (obra que foi rejeitada pelos
de looping ? E se isso retornasse eternamente? São editores). Em 1933, recebeu uma bolsa de estudos
perguntas que colaboram com a reflexão a respeito que lhe permitiu estudar na Alemanha no Instituto
dos valores atuais. Francês de Berlim, acabou tendo contato com as
O eterno retorno pode ser uma forma de am- ideias filosóficas de Husserl e de Heidegger. No ano de
pliar o autoconhecimento e reavaliar seus valores, 1938, Sartre publicou o romance “A Náusea”, escrito
verificar o que está retornando continuamente na em formato de diário descrevendo a repulsa sentida
sua vida como um ciclo infinito, para poder superar pelo protagonista da história ao tomar consciência
o que não quer mais vivenciar. do próprio corpo. Mas em 1940 Sartre foi convocado
Site: https://www.ibnd.com.br/blog/o-que-e-o-eterno-
-retorno.html
para servir no exercito francês na Segunda Guerra
Mundial, foi feito como prisioneiro e liberto em 1941,
retornando para França.
10. Jean - Paul Sartre
O existencialismo foi uma corrente filosófica
e o Existencialismo que surgiu na Europa e estendeu-se a outros países
na metade do século XX.
Nessa linha de raciocínio, o tema principal é a
interpretação dos seres humanos em suas associa-
ções com o mundo que os cercam.
Jean-Paul Sartre é geralmente o filósofo mais
lembrado quando se fala sobre existencialismo,
tendo contribuído grandemente para a difusão
dessas ideias nos anos 60.
11.O movimento filosófico existencialista
O existencialismo considera que o ser humano
é livre por natureza e que antes de qualquer tipo
de “essência”, as pessoas primordialmente existem.
Assim, essa é uma corrente filosófica que deposita
sobre os indivíduos toda a responsabilidade sobre
o rumo que suas vidas tomam.
A filosofia existencialista surgiu nesses termos
Jean – Paul Sartre (1905 – 1980) foi o principal nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. O
filósofo da corrente de pensamento existencialista responsável pela criação do termo foi o filósofo
e além disso também foi escritor, romancista, francês Gabriel Marcel (1889-1973).
dramaturgo. Participou ativamente de movimentos Entretanto, essa maneira de enxergar o mun-
políticos sociais ligados a ideias de esquerda e com do e o indivíduo já estava presente em obras de
tendências marxistas. Sartre nasceu em Paris, França, intelectuais mais antigos, como o dinamarquês
porém quando completou dois anos de idade o seu pai Søren Kierkegaard, o alemão e Friedrich Nieztsche
veio a falecer. Devido a esse ocorrido Sartre e a sua mãe e ainda o escritor russo Fiódor Dostoiévski. Além
foram viver na casa de seus avós maternos em 1907, disso, a vertente inspirou-se também em outra, a
o avô de Sartre assumiu a responsabilidade de educá- fenomenologia.
lo, logo manteve uma educação rigorosa pautada Pode-se dizer que o existencialismo foi além
na leitura das obras clássicas, desenvolvimento de de um “movimento” filosófico um “estilo de pen-
uma cultura erudita e do aprendizado de diversos samento”, um vez que seus autores não se identi-
idiomas. Sartre afirmou que essa atitude de seu avô ficavam propriamente com o termo.
o proporcionou a desenvolver uma personalidade Foram muitas as ideias e temas que esses in-
criativa. Em 1916, com o casamento de sua mãe, telectuais abordaram, desde a angústia, a liberda-
considerado por Sartre como traição, foi obrigado a se de, a morte, o absurdo e até mesmo a dificuldade
mudar para La Rochelle, quando ingressou no Liceu La em relacionar-se. Considera-se como o “auge” do
Rochelle e em 1920 voltou para Paris, em quatro anos existencialismo os anos 60, quando os franceses
depois ingressou na Escola Normal Superior de Paris, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir influenciam
onde conheceu sua futura companheira a escritora grandemente o pensamento frânces.

36
FILOSOFIA
Sartre foi, inclusive, o responsável pela pu- aceitarmos valores prontos dados pela Igreja ou
blicação em 1945 de L’Existentialisme est un hu- por uma tradição qualquer, somos completamente
manisme, com tradução para “O existencialismo responsáveis por nossos atos, por nossas escolhas,
é um humanismo”, livro que delimita as bases do valores e sentidos. Em vez de consumir éticas enla-
movimento. tadas, temos que produzir a nossa própria. Viver é
https://www.culturagenial.com/existencialismo/ uma escolha: são as escolhas de cada homem que
definirão a sua essência. E mais: essas escolhas po-
dem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo.
12. A Filosofia de Sartre A angústia, portanto, vem da própria consciência da
liberdade e da responsabilidade em usá-la de forma
A ideia fundamental contida nas ideias de Sartre é adequada: “O homem está condenado a ser livre”.
que “a existência precede a essência”, com essa frase O melhor para sermos felizes, então, não seria
Sartre indica que primeiramente os seres humanos assumir um sentido para a vida pronto, como uma
existem nesse mundo (adquirindo experiências, religião qualquer ou a busca pelo dinheiro? Não.
vivenciando os acontecimentos e fenômenos) para A filosofia de Sartre defende a liberdade e a au-
depois nos construirmos ou ser considerado o que é tenticidade de cada ser humano como essenciais,
ou nos tornamos (essência). Antes de dar início a sua não obstante a angústia que tal liberdade pode nos
existência não somos nada e o ser humano só se torna trazer. artre chama de má-fé a atitude daqueles
algo depois de experienciar, a história da sociedade que, renunciando à própria liberdade, assumem
em que vive e assim construindo a sua própria história. um papel pronto na sociedade; aqueles que não
Porém não existe um critério definidor do que deva ser são sujeito, mas objeto da própria vida.
Leia mais em: https://guiadoestudante.abril.com.br/
o ser humano e a sua essência é construída ao longo especiais/jean-paul-sartre/
de sua vida com as suas experiências e de um trabalho
árduo de elaboração de si mesmo ao tentar se definir
ou construir, esse processo só é interrompido com
a morte do indivíduo (a morte transforma a vida
14.O agir de má fé
em destino). Mas enquanto se é vivo, podemos
Apesar da influência histórica que cada um de nós
criar novos significados para nossas vidas, existem
pode ter em sua vida (seja do lugar em que vivemos ou
possibilidades a serem exploradas deixando assim
dos acontecimentos regionais, nacionais ou mundiais)
a sua história marcada pelas suas ações e o destino
todo ser humano é capaz de organizar a si mesmo,
marcaria a sua essência.
logo não somos determinados pela natureza ou pelos
acontecimentos, somos livres para fazer as nossas
Para Sartre, o homem é um tipo diferente de escolhas, ações e a moldar a nós mesmos, embora
ser, pois pode pensar sobre a própria consciência tenhamos de aceitar algumas limitações.
e sobre o mundo ao seu redor. Para o homem que
se define por sua autoconsciência, existir e refletir “Não importa o que fizeram com
são a. mesma coisa. A consciência humana não tem você. O que importa é o que você faz
uma essência definida, não tem um criador que com aquilo que fizeram com você.”
tenha dado uma finalidade a priori para sua vida: “O Jean Paul Sartre
homem é um ser pelo qual o nada vem ao mundo”.
O que resta ao homem? Sua liberdade, conse- Para Sartre a liberdade é o maior valor da condição
quência básica dessa constatação. A única opção é humana, tanto que quando se tem a consciência da
criar. É durante a própria existência que o homem mesma, gera a angústia. A angústia desperta devido
define, a cada momento, o que ele é. Em outras ao medo que o indivíduo tem de usar a sua liberdade
palavras, o. homem constrói os significados de individual e assumir a responsabilidade pelas suas
sua vida, seus objetivos, metas, valores, sua visão escolhas e ações e como não existe nada fora de nós
de mundo, seu sentido. O homem é o único res- que define o nosso futuro podemos cair no desalento
ponsável por seus atos e escolhas, criador de sua (desamparo) impulsionando o indivíduo a agir de
existência autêntica. Vivemos presos numa teia de má fé, seja mentindo para si mesmo ou tentando
significados que nós mesmos criamos diante de um responsabilizar divindades, o sobrenatural ou as
mundo que, sozinho, nada significa. Não há nenhu- outras pessoas pelas suas ações e estado atual ou
ma ética pronta, anterior a nós mesmos, para nos justificando as suas condições atuais em algo que já
guiar. Não há tábuas de apoio ou pretextos. Por ocorreu, mas o próprio indivíduo não busca agir e
isso, no homem, “a existência precede a essência”. superar essa situação. Devemos usar a nossa liberdade
Sartre tinha plena consciência de como essa com responsabilidade, encarando sempre as nossas
filosofia é extremamente angustiante: em vez de escolhas em nossas ações

37
FILOSOFIA
“O homem está condenado a ser livre, condenado 15. Obras de Jean-Paul Sartre
porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois
tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável A extensa obra de Sartre é composta, entre
por tudo que faz.” SARTRE, J., O Ser e o Nada, 1943. livros filosóficos, romances, roteiros de peças e
conferências transcritas, por 31 textos publicados
em vida e mais nove publicados postumamente,
incluindo aqui parte da correspondência do autor
organizada e publicada. Dentre as suas principais
obras, podemos destacar:
A imaginação: foi a primeira obra publicada
pelo filósofo. Ele ainda não havia desenvolvido a
sua teoria existencialista, não se encontrava no
auge de sua maturidade intelectual, mas desen-
volveu com maestria um estudo sobre a imaginação
embasado na fenomenologia de Edmund Husserl.
A náusea: foi seu primeiro romance publicado.
Nele aparecem, em prosa literária e sem grandes
construções argumentativas presentes em trata-
dos filosóficos, as primeiras e mais gerais ideias do
existencialismo. O livro é a transcrição do diário do
personagem principal, que vive perambulando pe-
imagem retirada do site: https://conhecimentocientifico.
com/maio-de-1968/ las ruas de uma cidade e depara-se com situações
que o fazem refletir sobre a miserável condição da
A filosofia de Sartre, ao unir liberdade com res- existência humana.
ponsabilidade, foi tachada de pessimista, o que ele O ser e o nada: a obra mais completa e comple-
rejeitou. De fato ele disse que se trata da filosofia xa de Sartre é um tratado sobre o existencialismo.
mais otimista possível, porque, apesar de assumir Nesse livro, o filósofo apresentou os conceitos mais
a responsabilidade pelo impacto de nossas ações importantes de sua teoria, explicando como o ser
sobre os outros, podemos escolher exercer um humano constrói-se de maneira existencial com
controle estrito sobre o modo como moldamos base em sua vida e em sua liberdade.
nosso mundo e a nós mesmos. As ideias de Sartre O existencialismo é um humanismo: trata-se da
foram particularmente influentes nos textos ele sua transcrição de uma palestra homônima proferida
companheira e colega filósofa Simone de Beauvoir, por Sartre em 1947. Nessa conferência, o filósofo
mas também agitaram a vida cotidiana e cultural apresentou a sua teoria com vistas a rebater críticas
francesa. Os jovens, especialmente, ficaram entu- que vinha recebendo de pessoas ligadas aos movi-
siasmados com sua convocação para o uso da liber- mentos marxistas por, na visão delas, defender o
dade a fim de dar feitio à própria existência. Sartre individualismo ao falar da liberdade irrestrita e da
os inspirou a desafiar as atitudes tradicionalistas e responsabilidade individual de cada um.
Site: https://www.preparaenem.com/filosofia/jean-
autoritárias dominantes na França nas décadas de -paul-sartre.htm
1950 e 1960. Sartre é citado como influência cru-
cial nos protestos de Paris em maio de 1968, que
ajudaram a derrubar o governo conservador e a
Referências:
instaurar um clima mais liberal em toda a França. O
Abrão, Bernadette Siqueira. A história da filosofia. São
engajamento em questões políticas foi parte impor-
Paulo, editora Nova cultural, 2004.
tante da vida de Sartre. Suas mudanças constantes
de afiliação partidária, assim como seu movimento
Cotrim, Gilberto. Fundamentos de filosofia. 2° edição,
perpétuo entre política, filosofia e literatura, foram
São Paulo, editora Saraiva, 2013.
talvez a afirmação de uma vida orientada pela ideia
de que a existência precede a essência.
O Livro da filosofia. Vários autores; São Paulo: Globo, Gallo, Silva. Filosofia experiência do pensamento. São
2011. Pág 271. Paulo, editora Scipione, 2014.

Belo, Renato dos Santo. 360° filosofia: histórias e


dilemas. São Paulo, editora FTD, 2015.

38
FILOSOFIA
b) os gestos úteis foram inicialmente valorados
como bons, tendo se tornado hábito passar a
considerá-los como bons em si
c) a moral escrava tem sua origem no cristianis-
mo, religião na qual a oposição entre bem e
mal foi primeiramente constituída
d) a filologia mostra que as palavras usadas para
designar a nobreza social adquiriram progres-
sivamente o sentido de nobreza de espírito

3. (Unimontes) – O pensamento de Nietzsche (1844


Aula 01 – 1900) orienta-se no sentido de recuperar as
forças inconscientes, vitais, instintivas, subjuga-
1. (Unesp 2015) A fonte do conceito de autonomia das pela razão durante séculos. Para tanto, criti-
da arte é o pensamento estético de Kant. Prati- ca Sócrates por ter encaminhado, pela primeira
camente tudo o que fazemos na vida é o oposto vez, a reflexão moral em direção ao controle
da apreciação estética, pois praticamente tudo racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica
o que fazemos serve para alguma coisa, ainda à tradição moral desenvolvida pelo ocidente.
que apenas para satisfazer um desejo. Enquanto
Marque a alternativa que indica as obras que
objeto de apreciação estética, uma coisa não
obedece a essa razão instrumental: enquanto melhor representam a crítica nietzscheana.
tal, ela não serve para nada, ela vale por si. As a) Para além do bem e do mal, Genealogia da
hierarquias que entram em jogo nas coisas que moral, Crepúsculo dos ídolos
obedecem à razão instrumental, isto é, nas coi- b) Para além do bem e do mal, Genealogia da
sas de que nos servimos, não entram em jogo moral, República
nas obras de arte tomadas enquanto tais. Sendo c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos
assim, a luta contra a autonomia da arte tem por ídolos
fim submeter também a arte à razão instrumen-
d) Microfísica do poder, Genealogia da moral,
tal, isto é, tem por fim recusar também à arte a
dimensão em virtude da qual, sem servir para Crepúsculo dos ídolos
nada, ela vale por si. Trata-se, em suma, da luta e) Memórias Póstumas de Brás Cubas
pelo empobrecimento do mundo. e) A moreninha
(Antônio Cícero. “A autonomia da arte”. Folha de São Pau-
lo, 13.12.2008. Adaptado.)
4. (FESP) – Mesmo com todas as suas diferenças em
De acordo com a análise do autor, relação a Hegel, Nietzsche também reconhece
a) a racionalidade instrumental, sob o ponto de Tales de Mileto como o primeiro filósofo, justa-
vista da filosofia de Kant, fornece os funda- mente por ele ter dito que a água é a origem de
mentos para a apreciação estética. todas as coisas. Para Nietzsche, em A filosofia
b) um mundo empobrecido seria aquele em que na época trágica dos gregos, é preciso levar tal
ocorre o esvaziamento do campo estético de afirmação a sério, pois ela:
suas qualidades intrínsecas. a) dá uma explicação imanente para o ser; o faz
c) a transformação da arte em espetáculo da in-
sem imagem ou fabulação; e contém o pensa-
dústria cultural é um critério adequado para
mento “tudo é um”
a avaliação de sua condição autônoma.
d) o critério mais adequado para a apreciação b) dá uma explicação imanente para o ser; o faz
estética consiste em sua validação pelo gosto por meio da poesia; e contém o pensamento
médio do público consumidor. “tudo é um”
e) a autonomia dos diversos tipos de obra de arte c) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz
está prioritariamente subordinada à sua valo- sem imagem ou fabulação; e contém o pensa-
rização como produto no mercado. mento “tudo é um”
d) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz
2. (UFSJ) – De acordo com a discussão que Nietzs-
sem imagem ou fabulação; e contém o pensa-
che realiza sobre a origem dos valores morais,
pode-se afirmar que: mento “tudo é físico”
a) na avaliação reativa, os fracos primeiro ava- e) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz
liam a si mesmos como bons e daí decorre a sem imagem ou fabulação; e contém o pensa-
avaliação do outro, o forte, como mau mento “tudo é múltiplo”.

39
FILOSOFIA
5. Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é fundamen- 9. (Ufsj 2012) “O homem projetou em torno de si
tal entender a crítica que ele faz à metafísica. seus três dados interiores, nos quais cria firme-
Nesse sentido, é CORRETO afirmar que essa crítica mente: a vontade, o espírito e o eu. Primeira-
a) tem o sentido, na tradição filosófica, de con- mente, deduzo a noção do ser da noção do eu,
tentamento, plenitude. representando-se as coisas como existentes a sua
b) é a inauguração de uma nova forma de pensar imagem e semelhança, de acordo com sua no-
sem metafísica através do método genealógico. ção do eu enquanto causa. Que tem de estranho
c) é o discernimento proposto por Nietzsche para que depois tenha encontrado nas coisas apenas
levar à supressão da tendência que o homem aquilo que eu mesmo tinha colocado nelas?”
tem à individualidade radical. O fragmento acima representa uma
d) pressupõe que nenhum homem, de posse de a) descrição da máxima nietzscheana fundada na
sua razão, tem como conceber uma metafísica
ideia da vontade de poder, em que “o poder
qualquer, que não tenha recebido a chancela
nos leva a acreditar num mundo objetivamen-
da observação.
te construído”, o que se constitui no erro da
causalidade.
Aula 02 b) crítica ferrenha de Nietzsche a toda manifes-
tação apolínea fundada na subjetividade ou
6. (Ufsj 2012) Na perspectiva nietzscheana, o livre-
na construção do eu a partir de uma vontade
-arbítrio é um erro porque
imanente declarada no erro da confusão entre
a) ao declarar que os homens são livres, as for-
ças coercitivas, como o poder da Igreja, agem a causa e o efeito.
com o claro intuito de castigá-los, julgá-los e c) posição nietzscheana sobre as causas ima-
declará-los culpados. ginárias, que revela o fracasso da existência
b) os homens, indignos como são, jamais alcan- humana a partir da crença que nutrimos em
çarão a dimensão da ideia implícita no livre- relação ao eu e ao ser e ao ordenamento que
-arbítrio. insistimos em dar para as coisas reafirmadas
c) o cristianismo, apesar de seus esforços canden- num logos.
tes, não conseguiu tirar a culpa do ser humano. d) consideração na qual Nietzsche aprofunda as
d) a fatalidade impressa no ser humano está na suas convicções acerca do erro como causali-
sua historicidade, no seu livre-arbítrio, e por dade falsa e repercute a ideia da crença que
isso mesmo o Homem está condenado à culpa. temos num mundo interior repleto de fantas-
mas e de reflexos enganosos.
7. (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gre-
gos Apolo e Dionísio, respectivamente, como 10. “Nós, que somos homens do conhecimento, não
a) complexidade e ingenuidade: extremos de um conhecemos a nós próprios; somos de nós mes-
mesmo segmento moral, no qual se inserem mos desconhecidos – e não sem ter motivo. Nun-
as paixões humanas. ca nós nos procuramos: como poderia, então que
b) movimento e niilismo: polos de tensão na exis- nos encontrássemos algum dia?” NIETZSCHE, F.
tência humana. Para a genealogia da moral. Prólogo, §1
c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de in- No trecho acima, Nietzsche fala do homem do
tervenção e subversão de toda moral humana. conhecimento que é, segundo ele, desconhecido
d) razão e desordem: dimensões complementa- para si mesmo. No entanto, na Crítica da razão
res da realidade. pura, o filósofo Emmanuel Kant se propôs justa-
mente a fazer uma crítica do sujeito cognoscente.
8. (Ufsj 2012) Ao afirmar que “uma explicação qual-
O que o trecho citado acima faz, então, é ques-
quer é preferível à falta de explicação”, Nietzs-
tionar a eficácia da crítica de Kant, pois o homem
che quer
a) fundamentar a ideia de que a sensação se do conhecimento é desconhecido de si mesmo
prolonga como um eco, o que é imprescindí- porque não teria verdadeiramente procurado
vel para se compreender a causa de um fato por si. Analise as afirmações a seguir e assinale
qualquer. a que apresenta um dos principais argumentos
b) dizer que a imaginação antecede a qualquer de Nietzsche para defender que o homem do
impressão sobre o fato e, portanto, ela deve conhecimento não se conhece:
ser instrumentalizada. a) A filosofia crítica ter sido ignorada pelo pen-
c) dar uma explicação psicológica para o erro das samento ocidental.
causas imaginárias. b) Ter-se procurado no lugar errado, por exem-
d) reafirmar a noção de causalidade apregoada plo, no campo epistemológico, com seus pro-
no século XVIII. cedimentos dedutivos usuais, sem uma devi-

40
FILOSOFIA
da genealogia dos valores que se apresentam 13. (Ueg 2011) No século XIX, o filósofo alemão
também ali, onde se quer a verdade. Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do
c) Kant não ter alcançado êxito na tarefa de fazer “super-homem” em reação ao que para ele era
a crítica à razão pura se deve ao fato do filó- a crise cultural da época. Na década de 1930, foi
sofo ter dado ênfase ao sujeito cognitivo em criado nos Estados Unidos o Super-Homem, um
detrimento do objeto. dos mais conhecidos personagens das histórias
d) O exame que ocorre todas as vezes que trans- em quadrinhos. A diferença entre os dois “su-
gredimos um dever mostra que a máxima per-homens” está no fato de Nietzsche defender
extraída deste exame se converte em lei uni- que o super-homem
versal, conhecimento até aqui ignorado pelos a) agiria de modo coerente com os valores pa-
filósofos. cifistas, repudiando o uso da força física e da
e) O valor da verdade desinteressada e a vonta- violência na consecução de seus objetivos.
de de verdade têm de ser elevadas à máxima b) expressaria os princípios morais do protes-
primeira, se o homem do conhecimento quiser tantismo, em contraposição ao materialismo
realmente se conhecer. presente no herói dos quadrinhos.
c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, des-
Aula 03 prezando as noções de “bem”, “mal”, “certo”
e “errado”, típicas do cristianismo.
11. “Belo, disse Kant, é o que agrada sem interesse” d) representaria os valores políticos e morais ale-
NIETZSCHE, F. Para a genealogia da moral. Tercei- mães, e não o individualismo pequeno burguês
ra dissertação, §7 norte-americano.
Em sua crítica a noção de belo kantiana, Nietzs-
che estabelece um vínculo entre essa definição 14. “A questão: que vale esta ou aquela tábua de
e a vontade de verdade, isso porque valores, esta ou aquela ‘moral’? deve ser colo-
a) Kant negaria à arte o caráter de verdade a me- cada das mais diversas perspectivas; pois ‘vale
dida em que ela seria um conhecimento de para quê?’” NIETZSCHE, F. Para a genealogia da
menor importância comparada à metafísica. moral, nota ao final da primeira dissertação
b) segundo Nietzsche, Kant ignora o real sentido “(...) Por fim, uma nova exigência se faz ouvir.
da arte ao desprezar seu caráter universal e Enunciemo-la, esta nova exigência: necessita-
impessoal. mos de uma crítica dos valores morais, o pró-
c) a arte ocupa um lugar à parte no pensamento prio valor desses valores deverá ser colocado
de Nietzsche, figurando nessa obra como um em questão” NIETZSCHE, F. Para a genealogia da
elemento apolíneo. moral, Prólogo, §7
d) Kant imaginou prestar honras à arte, ao dar Essa necessidade a que se refere Nietzsche se
preferência e proeminência, entre os predica- justifica, segundo o filósofo, porque
dos do belo, àqueles que constituem a honra a) é necessário julgar os valores do passado para
do conhecimento: impessoalidade e universa- não nos deixarmos levar pela tartufice moral.
lidade. e) Kant não assume a perspectiva do b) a crítica dos valores morais é uma nova exigên-
espectador, o que prejudica o conhecimento cia do ideal ascético.
da obra c) era necessário tornar o homem um animal ca-
paz de fazer promessa com boa consciência.
12. . A relação estabelecida por Nietzsche entre a d) a história da moral, tal qual investigada por
moral e o conhecimento não só abre o prólogo Kant na sua crítica do juízo, carecia de um apro-
de “Para a genealogia da moral”, como permeia fundamento por meio da crítica ao valor da
toda essa obra. O filósofo acaba por se incluir compaixão.
na longa história dessa relação, na qual ele se e) até aquele momento, tomava-se o valor dos
vê como “valores” como dado, como efetivo, como
a) o que descobre a relação entre os ideais ascé- além de qualquer questionamento
ticos e vontade de vida.
b) o determinante da existência do ser em si, que 15. A rebelião escrava na moral começa quando o
por isso mesmo transvalora todos os valores. próprio ressentimento se torna criador e gera
c) aquele em quem a vontade de verdade toma valores: o ressentimento dos seres aos quais é
consciência de si mesma como problema. negada a verdadeira reação, a dos atos, e que
d) o filósofo que encerra toda a história da me- apenas por uma vingança imaginária obtêm
tafísica que se instaura após a modernidade. reparação. Enquanto toda moral nobre nasce
e) o que doa sentido ao niilismo insurgente. de um triunfante Sim a si mesma, já de início a

41
FILOSOFIA
moral escrava diz Não a um ‘fora’, um ‘outro’, um tes dados, soubermos utilizar para essa coisa,
‘nãoeu’ – e este Não é seu ato criador” tanto mais completo será nosso conceito dela,
NIETZSCHE, F. Para a genealogia da moral, Primeira disser- nossa objetividade.
tação, §10
e) Deve-se levar em conta o devir e o mundo dos
Sobre o conceito de ressentimento em Nietzsche, sentidos, sem desprezar nem o corpo nem o
é possível afirmar que “caráter inteligível” do conhecimento.
a) é gerador da moral do forte que escraviza o
fraco. 17. “No fato de o ideal ascético haver significado
b) tem sua função na medida em que cria valores tanto para o homem se expressa o dado funda-
capazes de libertar o escravizado, de fazer com mental da vontade humana, o seu horror vacui
que ele se rebele. [horror ao vácuo]: ele precisa de um objetivo
c) nada mais é do que o sentir de novo, repetidas — e preferirá ainda querer o nada a nada que-
vezes, um acontecimento por parte daquele rer. ” NIETZSCHE, F. Para a genealogia da moral,
que não consegue digerir o que lhe acontece. Terceira dissertação, §1
d) é a virada do forte contra o fraco, que sente Com relação ao conceito de Niilismo em Nietzs-
novamente o acontecido como potência cria- che é INCORRETO afirmar que:
dora. a) Ele é o necessário negar para que se possa
e) potencializa o não que se faz necessário para criar novamente, afinal, diz o filósofo, todo sim
que não se interiorize uma dor. nasce de um não.
b) Ideia de um outro mundo, de um mundo su-
Aula 04 prassensível, em todas as suas formulações,
bem como a ideia de valores superiores à pró-
16. “De agora em diante, senhores filósofos, guar- pria vida, são elementos constitutivos de um
demo-nos bem contra a antiga, perigosa fábula pensamento niilista.
conceitual que estabelece um ‘puro sujeito do c) A vontade de nada, niilista, permanece, ainda,
conhecimento, isento de vontade, alheio a dor sendo uma vontade. d) O niilismo é a negação
e ao tempo’, guardemo-nos dos tentáculos de da vida em nome de valores superiores.
conceitos contraditórios como ‘razão pura’, ‘es- e) Nele os valores superiores se relacionam a uma
piritualidade absoluta’, ‘conhecimento em si’; vontade de negar, de aniquilar a vida.
– tudo isso pede que se imagine um olho que
não pode absolutamente ser imaginado, um 18. “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que
olho voltado para nenhuma direção, no qual Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos.
as forças ativas e interpretativas, as que fazem a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles
com que ver seja ver-algo, devem estar imobi- são os instrumentos eficientes para a compre-
lizadas, ausentes; exige-se do olho, portanto, ensão e o norteamento da humanidade.
algo absurdo e sem sentido” NIETZSCHE, F. Para b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante
a genealogia da moral. Terceira dissertação, §12 a sexualidade, ao materialismo, à abordagem
No âmbito epistemológico, ao romper com a filo- psicológica de artistas e pensadores, bem
sofia moderna, Nietzsche instaura um novo modo como ao antigermanismo.
de pensar o conhecimento. A partir da concepção c) compositores do século XIX, como, por exem-
de Nietzsche sobre conhecimento é CORRETO plo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de
afirmar que: uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”,
a) só conseguiremos chegar ao conhecimento se parodiada no título.
eliminarmos a vontade inteiramente, suspen- d) conceitos de razão e moralidade preponderan-
tes nas doutrinas filosóficas dos vários pensa-
dermos os afetos todos, sem exceção.
dores que o antecederam e seus compatriotas
b) existe apenas uma visão perspectiva, apenas
e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schope-
um “conhecer” perspectivo; e quanto mais afe-
nhauer.
tos permitirmos falar sobre uma coisa, quanto
mais olhos, diferentes olhos, soubermos utili-
zar para essa coisa, tanto mais completo será Aula 5
nosso “conceito” dela, nossa “objetividade”.
c) O conhecimento deve ser empírico e pautado 19. (Uem 2019) O existencialismo de Sartre declara
pelas faculdades do espírito. que, se Deus não existe, há pelo menos um ser
d) Existe apenas uma visão do “conhecer” que no qual a existência precede a essência, e que
não pode ser perspectivo; permitirmos falar este ser é o homem; em outros termos, a rea­
sobre uma coisa, quanto mais dados, diferen- lidade humana. Acerca do existencialismo de
Sartre, assinale o que for correto.

42
FILOSOFIA
01) O pensamento de Sartre privilegiou a exis- b) É um seguidor das escolhas dos outros.
tência em lugar de se ater à importância da c) Na sua própria essencialidade e no trajeto de
essência. sua liberdade, não tem escolha.
02) “A existência precede a essência” significa d) Tem uma natureza concebida por Deus em sua
que o homem primeiramente existe, desco- essência.
bre isso e surge no mundo. e) É irresponsável por si próprio ao conceber seus
04) O existencialismo sartreano aproxima-se do atos.
existencialismo católico ao propor a valori-
zação do homem. 22. (Upe-ssa 3 2018) Sobre a Liberdade Humana,
08) O existencialismo sartreano sofreu influên- analise os textos a seguir:
cias do pensamento marxista e da Psicaná-
lise.
16) O homem, para Sartre, possui um destino
que deve ser cumprido.

20. (Uepg-pss 2 2019) Sobre o existencialismo sar-


treano, assinale o que for correto.
01) Sartre declara que “o homem está condena-
do a ser livre”.
02) O ser humano possui a capacidade de formar
a si mesmo, pois existe um Deus que concede
ao homem o livre-arbítrio.
04) O ser humano desde o início de sua exis-
tência já possui um propósito específico do É o que traduzirei dizendo que o homem está
motivo de sua existência, por isso a liberdade condenado a ser livre. Condenado porque não
não existe. se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque,
08) Primeiro o homem existe e, ao se descobrir, uma vez lançado ao mundo, é responsável por
consequentemente surge no mundo e de- tudo quanto fizer.
pois se define. (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um Humanismo.
São Paulo: 1973, p. 15.)
21. (Upe-ssa 2 2018) Sobre a dimensão do homem Com base no pensamento filosófico de Sartre
na perspectiva existencialista, considere o texto sobre a liberdade, assinale a alternativa COR-
a seguir: RETA.
a) O homem não é, senão o seu projeto, escolha
e compromisso.
b) O homem não está condenado à liberdade; ele
tem escolha.
c) O homem é livre sem escolha e sem compro-
misso.
d) O homem é seu projeto responsável sem es-
colha.
e) O homem é responsável e livre sem escolha.

O homem, tal como o concebe o existencialista, 23. (Ufu 2018) Considere o seguinte trecho, extraído
se não é definível, é porque primeiramente não da obra A náusea, do escritor e filósofo francês
é nada. Só depois será alguma coisa e tal como Jean Paul Sartre (1889-1980).
a si próprio se fizer. Assim, não há natureza hu- “O essencial é a contingência. O que quero dizer
mana, visto que não há Deus para a conceber. é que, por definição, a existência não é a neces-
(SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. sidade. Existir é simplesmente estar presente; os
São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 12). entes aparecem, deixam que os encontremos,
O enfoque existencialista questiona o modo de mas nunca podemos deduzi-los. Creio que há
ser do homem. Entende esse modo de ser como pessoas que compreenderam isso. Só que ten-
o modo de ser-no-mundo. Na perspectiva exis- taram superar essa contingência inventando um
tencialista, sobre o homem, assinale a alterna- ser necessário e causa de si próprio. Ora, ne-
tiva CORRETA. nhum ser necessário pode explicar a existência:
a) É um projeto de ser. a contingência não é uma ilusão, uma aparência

43
FILOSOFIA
que se pode dissipar; é o absoluto, por conse- 25. (Upe-ssa 2 2017) Sobre o pensamento filosófico,
guinte, a gratuidade perfeita.” leia o texto a seguir:
SARTRE, Jean Paul. A Náusea. Rio de Janeiro, Nova Frontei-
ra, 1986. Tradução de Rita Braga, citado por: MARCONDES,
Danilo Marcondes. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Ja-
neiro: Jorge Zahar Editora, 2000.
Nesse trecho, vemos uma exemplificação ou
uma referência ao existencialismo sartriano que
se apresenta como
a) recusa da noção de que tudo é contingente.
b) fundamentado no conceito de angústia, que
deriva da consciência de que tudo é contin-
gente.
c) denúncia da noção de má fé, que nos leva a O homem apresenta-se como uma escolha a
admitir a existência de um ser necessário para fazer. Muito bem. Antes do mais, ele é a sua
aplacar o sentimento de angústia. existência no momento presente e está fora do
d) crítica à metafísica essencialista. determinismo natural; o homem não se define
previamente a si próprio, mas em função do
Aula 06 seu presente individual. Não há uma natureza
humana que se lhe anteponha, mas é-lhe dada
24. (Uem 2017) “Mas se verdadeiramente a existên- uma existência específica num dado momento.
SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um Humanismo.
cia precede a essência, o homem é responsável 1973, p. 31.
por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do Com base no pensamento filosófico de Sartre,
existencialismo é o de pôr todo o homem no considera-se que
domínio do que ele é e de lhe atribuir a total a) a essência da natureza humana precede a exis-
responsabilidade da sua existência. E quando tência.
dizemos que o homem é responsável por si pró- b) a natureza humana é um substituto da condi-
prio, não queremos dizer que o homem é res- ção humana.
ponsável pela sua restrita individualidade, mas c) no homem em sua inteireza, a existência pre-
que é responsável por todos os homens. [...] cede a essência.
Com efeito, não há dos nossos atos um sequer d) o existencialismo dá primazia ao determinismo
que, ao criar o homem que desejamos ser, não natural em função do seu presente individual.
crie ao mesmo tempo uma imagem do homem e) o homem está fechado em si, sem ter escolha.
como julgamos que deve ser.”
SARTRE, J-P. O existencialismo é um humanismo. In: ARA-
NHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da 26. (Uem-pas 2017) A fenomenologia e o existen-
filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 2012, p. 478. cialismo são correntes filosóficas que têm início
A partir do texto citado, assinale o que for cor- no século XX e se caracterizam pela crítica às
reto. concepções essencialistas acerca da natureza
01) A responsabilidade existencial do ser hu- humana. Esta crítica é resumida na afirmação
mano é prioritária em relação à sua própria do filósofo francês Jean-Paul Sartre:
essência. “[...] há pelo menos um ser em quem a existência
02) A responsabilidade é uma preocupação res- precede a essência, um ser que existe antes de
trita ao próprio sujeito que reflete sobre esse poder ser definido por algum conceito, e que
fato. este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a
04) O existencialismo deve pôr no centro das realidade humana.”
suas preocupações a responsabilidade que SARTRE, J-P. O existencialismo é um humanismo. In:
MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED,
o homem tem com os atos relativos à sua 2009, p. 619.
existência. Sobre a fenomenologia e o existencialismo, as-
08) Os atos desejados pelos homens refletem os sinale o que for correto.
seus juízos sobre como ele deve ser. 01) Para Sartre, a angústia é o sentimento que
16) O existencialismo é, fundamentalmente, emerge quando nos arrependemos de nos-
egoísta e centrado nas preocupações do in- sas escolhas.
divíduo. 02) De acordo com Sartre, as nossas ações não
são determinadas por valores morais neces-
sários, mas são apelos para que nossos atos
valham universalmente.

44
FILOSOFIA
04) O existencialismo reconhece que estamos d) delinear os aspectos da sensação e da imagi-
submetidos a condições que não escolhe- nação humanas que só se fortalecem a partir
mos, como a época e o local de nascimento, do exercício da liberdade.
porém afirma que somos absolutamente li-
vres para interpretar e agir sobre nossa si- 28. (Ufu 2013) Para J.P. Sartre, o conceito de “para-
tuação. -si” diz respeito
08) Para Sartre, quando se atribui uma escolha a) a uma criação divina, cujo agir depende de
moral a uma regra ou razão que dizemos não princípio metafísico regulador.
controlar, age-se de má-fé, porque se dissi- b) apenas à pura manutenção do ser pleno, com-
mula o fato de que somos absolutamente pleto, da totalidade no seio do que é.
livres para escolher. c) ao nada, na medida em que ele se especifica
16) Sartre e Heidegger concordam com que o pelo poder nadificador que o constitui.
ponto de partida da fenomenologia deve d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não
ser a autoconsciência alcançada por meio se pode realizar, não se pode afirmar, porque
da reflexão, tal como expressa na noção do está cheio, completo.
cogito cartesiano.
Aula 07
27. (Uem 2013) “Para Sartre, principal representan-
te do existencialismo francês, só as coisas e os 29. (Unioeste 2012) “O que significa aqui o dizer-se
animais são ‘em si’, isto é, teriam uma essência. que a existência precede a essência? Significa
O ser humano, dotado de consciência, é um ‘ser- que o homem primeiramente existe, se desco-
-para-si’, ou seja, é também consciência de si. bre, surge no mundo; e que só depois se define.
Isso significa que é um ser aberto à possibilidade O homem, tal como o concebe o existencialista,
de construir ele próprio sua existência. Por isso, se não é definível, é porque primeiramente não
é possível referir-se à essência de uma mesa (...) é nada. Só depois será alguma coisa e tal como
ou à essência de um animal (...), mas não exis- a si próprio se fizer. (...) O homem é, não apenas
te uma natureza humana encontrada de forma como ele se concebe, mas como ele quer que seja,
igual em todas as pessoas, pois ‘o ser humano como ele se concebe depois da existência, como
não é mais que o que ele faz’.” ele se deseja após este impulso para a existên-
(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia.
cia; o homem não é mais que o que ele faz. (...)
3.ª ed. revista. São Paulo: Moderna, 2005. p. 39).
Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o
Com base na citação e nos seus conhecimentos
de por todo o homem no domínio do que ele é
sobre o existencialismo, assinale o que for cor-
e de lhe atribuir a total responsabilidade de sua
reto.
existência. (...) Quando dizemos que o homem se
01) As coisas e os animais não têm consciência
escolhe a si, queremos dizer que cada um de nós
de si.
se escolhe a si próprio; mas com isso queremos
02) O ser em si não pode ser senão aquilo que
também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele
é, ao passo que, ao ser-para-si, é permitida
escolhe todos os homens. Com efeito, não há de
a liberdade de ser o que fizer de si.
nossos atos um sequer que, ao criar o homem que
04) A consciência humana é um fator histórico
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma
e contingente.
imagem do homem como julgamos que deve ser”.
08) O homem possui uma natureza preestabe- Sartre.
lecida. Considerando a concepção existencialista de
16) O existencialismo é uma metafísica de con- Sartre e o texto acima, é incorreto afirmar que
cepção essencialista. a) o homem é um projeto que se vive subjetiva-
mente.
28. (Ufsj 2013) Na obra “O existencialismo é um hu- b) o homem é um ser totalmente responsável por
manismo”, Jean-Paul Sartre intenta sua existência.
a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é c) por haver uma natureza humana determinada,
definido pela livre escolha e valores inventados no homem a essência precede a existência.
pelo sujeito a partir dos quais ele exerce a sua d) o homem é o que se lança para o futuro e que
natureza humana essencial. é consciente deste projetar-se no futuro.
b) mostrar o significado ético do existencialismo. e) em suas escolhas, o homem é responsável por
c) criticar toda a discriminação imposta pelo cris- si próprio e por todos os homens, porque, em
tianismo, através do discurso, à condição de seus atos, cria uma imagem do homem como
ser inexorável, característica natural dos ho- julgamos que deve ser.
mens.

45
30. (Ufsj 2012) “Subjetividade” e “intersubjetivida- 16) Para Jean-Paul Sartre, o homem está conde-
de” são conceitos com os quais Sartre pontua nado a ser livre. Condenado porque não se
o seu existencialismo. Nesse contexto, tais con- criou a si mesmo, e, todavia, livre, pois, uma
ceitos revelam que vez lançado no mundo, ele é responsável por
a) o cogito cartesiano desabou sobre o existen- tudo o que faz.
cialismo na mesma proporção com que a virtu
socrática precipitou-se sobre o materialismo 32. (Ufsj 2012) Sobre a interferência de Jean-Paul
dialético do século XX. Sartre na filosofia do século XX, é CORRETO afir-
b) “Penso, logo existo” deve ser o ponto de par- mar que ele
tida de qualquer filosofia. Tal subjetividade faz a) reconhece a importância de Diderot, Voltaire e
com que o Homem não seja visto como objeto, Kant e repercute a interferência positiva destes
o que lhe confere verdadeira dignidade. A des- na noção de que cada homem é um exemplo
coberta de si mesmo o leva, necessariamente, particular no universo.
à descoberta do outro, implicando uma inter- b) faz a inversão da noção essencialista ao apre-
subjetividade. goar que o Homem primeiramente existe, se
c) o Homem é dado, é unidade, é união e é in- descobre, surge no mundo e só após isso se
tersubjetividade; portanto, a sua existência é define. Assim, não há natureza humana, pois
agregadora e desapegada da tão apregoada não há Deus para concebê-la.
subjetividade clássica, por isso mesmo tão c) inaugura uma nova ordem político-social, se-
crucial para Sartre. gundo a qual o Homem nada mais é do que
d) não há um só lampejo de subjetividade que um projeto que se lança numa natureza essen-
não tenha se reinaugurado na intersubjetivida- cialmente humana.
de, isto é, na idealidade que instrui as prerroga- d) diz que ser ateu é mais coerente apesar de
tivas para se instalarem as escolhas do sujeito, reconhecer no Homem uma virtu que o filia,
definindo-o. definitivamente, a uma consciência a priori
infinita.
31. (Uem 2012) No texto O existencialismo é um hu-
manismo, Jean-Paul Sartre argumenta contra as
acusações feitas ao existencialismo e declara: “O
homem é não apenas tal como ele se concebe,
mas como ele se quer, e como ele se concebe
depois da existência, o homem nada mais é do
que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o pri-
meiro princípio do existencialismo.”
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo.
In: Antologia de textos filosóficos. MARÇAL, Jairo (org.).
Curitiba: SEED-PR, 2009, p.620).
Sobre a filosofia de Sartre, assinale o que for
correto.
01) Ao expressar o primeiro princípio do existen-
cialismo, Jean-Paul Sartre defende a filosofia
existencialista das acusações dos comunis-
tas, que a consideravam contemplativa e
subjetivista.
02) Jean-Paul Sartre defende-se dos críticos
que alegam ser sua filosofia existencialista
desumana, declarando que seus princípios
filosóficos se fundamentam no humanismo
cristão.
04) A ética sartreana é individualista, pois consi-
dera que o homem, para ser livre, deve agir
sempre no sentido de alcançar objetivos que
atendam estritamente a seus interesses.
08) Jean-Paul Sartre considera que há dois tipos
de existencialismo, ou seja, um existencialis-
mo cristão e outro ateu; ambos têm o pressu-
posto de que a existência precede à essência.
Física
FÍSICA
TERMOLOGIA 01. Preencha corretamente as lacunas.
a) 100°C = ______ °F b) 100°C = ______ K
É a parte da Física que estuda a temperatura.
c) 32°F = ______ °C d) 212°F = ______ K
Mudanças de Estado Físico
Processos de Propagação do Calor

Condução

Forma de propagação de calor que transfere ener-


gia térmica de molécula para molécula. Ocorre nos
sólidos.

Escalas termométricas
Uma escala termométrica é construída a partir de
dois pontos fixos:
• PF, o ponto de fusão do gelo, onde o gelo vira
água (derrete);
• PE, o ponto de ebulição da água, onde a água
vira vapor (ferve).

Calor – Corresponde ao trânsito de energia tér- Convecção


mica de um corpo mais quente para um corpo mais
frio, fisicamente falando.
Forma de propagação de calor que transfere ener-
gia térmica por meio do deslocamento de matéria.
Temperatura – Corresponde agitação das partícu-
Ocorre nos fluidos (líquidos ou gases)
las de um corpo, quanto maior for esse movimento
maior será a temperatura, quanto menor será menor
também a temperatura deste corpo.

Equilibrio Térmico – É um fenômeno que consiste


em por dois corpos: Um bem quente e outro bem frio,
a junção deste fará com que o mais frio fique menos
frio e o mais quente fique menos quente, originando
o que chamamos de Equilíbrio Térmico.

Termômetro – Instrumento utilizado para medir a


temperatura neste mesmo dispositivo encontramos a
ESCALA TERMOMÉTRICA que corresponde as divisões
relacionadas com números. Existem 03 (três escalas:
Celsius, Fahrenheit e Kelvin.

Relação entre escalas Termométricas Radiação

Forma de propagação de calor que ocorre por


meio de ondas eletromagnéticas e por isso consegue
se propagar no vácuo.

C = F – 32 = K – 273
5 9 5

48
FÍSICA
Comparando as Formas de Propagação do Calor

Calorimetria

Calor Sensível: é o calor que, recebido ou cedido


por um corpo, provoca nele uma variação de tem-
peratura.

Q = m.c.ΔT

É a energia térmica que altera a energia cinética de


translação das partículas, estando essa energia cinéti-
ca diretamente ligada à temperatura do sistema físico. Obs: Capacidade Térmica (C): indica a quantidade
de calor que o corpo precisa receber ou ceder para
Calor Latente: é a energia térmica que se transfor- que sua temperatura varie uma unidade.
ma em energia potencial de agregação. Essa transfor-
mação altera o arranjo físico das partículas do sistema EXERCÍCIOS
e provoca uma mudança de estado.
01. (ENEM/2021) O leite UHT (do inglês Ultra-High
Q = m.L Temperature) é o leite tratado termicamente por
um processo que recebe o nome de ultrapasteu-
rização. Elevando sua temperatura homogene-
amente a 135 °C por apenas 1 ou 2 segundos,
o leite é esterilizado sem prejudicar significati-
vamente seu sabor e aparência. Desse modo,
ele pode ser armazenado, sem a necessidade
de refrigeração, por meses. Para alcançar essa
temperatura sem que a água que o compõe va-
porize, o leite é aquecido em alta pressão. É ne-
cessário, entretanto, resfriar o leite rapidamente
para evitar o seu cozimento. Para tanto, a pressão
é reduzida subitamente, de modo que parte da
água vaporize e a temperatura diminua.
O processo termodinâmico que explica essa re-
dução súbita de temperatura é a
a) convecção induzida pelo movimento de bolhas
Obs: Calor Sensível (c): indica a quantidade de de vapor de água.
calor que cada unidade de massa do corpo precisa b) emissão de radiação térmica durante a libera-
receber ou ceder para que sua temperatura varie uma ção de vapor de água.
unidade. c) expansão livre do vapor de água liberado pelo
leite no resfriamento.
cH2O = 1g/cal °C d) conversão de energia térmica em energia quí-
mica pelas moléculas orgânicas.
e) transferência de energia térmica durante a
vaporização da água presente no leite.

49
FÍSICA
02. (ENEM/2021) Um fabricante de termômetros d) 3 e 4.
orienta em seu manual de instruções que o ins- e) 3 e 5.
trumento deve ficar três minutos em contato com
o corpo para aferir a temperatura. Esses termô- 05. (ENEM/2021) Em 1962, um jingle (vinheta mu-
metros são feitos com o bulbo preenchido com sical) criado por Heitor Carillo fez tanto sucesso
mercúrio conectado a um tubo capilar de vidro. que extrapolou as fronteiras do rádio e chegou
De acordo com a termodinâmica, esse procedi- à televisão ilustrado por um desenho animado.
mento se justifica, pois é necessário que Nele, uma pessoa respondia ao fantasma que
a) o termômetro e o corpo tenham a mesma batia em sua porta, personificando o “frio”, que
energia interna. não o deixaria entrar, pois não abriria a porta
b) a temperatura do corpo passe para o termô- e compraria lãs e cobertores para aquecer sua
metro. casa. Apesar de memorável, tal comercial televi-
c) o equilíbrio térmico entre os corpos seja atingido. sivo continha incorreções a respeito de conceitos
d) a quantidade de calor dos corpos seja a mesma. físicos relativos à calorimetria.
e) o calor do termômetro passe para o corpo. DUARTE, M. Jingle é a alma do negócio: livro revela os
bastidores das músicas de propagandas. Disponível em:
https://guiadoscuriosos.uol.com.br. Acesso em: 24 abr.
03. (ENEM/2021) As panelas de pressão reduzem o 2019 (adaptado).
tempo de cozimento dos alimentos por elevar a Para solucionar essas incorreções, deve-se asso-
temperatura de ebulição da água. Os usuários co- ciar à porta e aos cobertores, respectivamente,
nhecedores do utensílio normalmente abaixam a as funções de:
intensidade do fogo em panelas de pressão após a) Aquecer a casa e os corpos.
estas iniciarem a saída dos vapores. b) Evitar a entrada do frio na casa e nos corpos.
Ao abaixar o fogo, reduz-se a chama, pois assim c) Minimizar a perda de calor pela casa e pelos
evita-se o(a) corpos.
a) aumento da pressão interna e os riscos de ex- d) Diminuir a entrada do frio na casa e aquecer
plosão. os corpos.
b) dilatação da panela e a desconexão com sua e) Aquecer a casa e reduzir a perda de calor pelos
tampa. corpos.
c) perda da qualidade nutritiva do alimento.
d) deformação da borracha de vedação. 06. (ENEM/2021) Duas jarras idênticas foram pinta-
e) consumo de gás desnecessário. das, uma de branco e a outra de preto, e coloca-
das cheias de água na geladeira. No dia seguinte,
04. (ENEM/2021) Em uma residência com aqueci- com a água a 8 °C, foram retiradas da geladeira e
mento central, um reservatório é alimentado com foi medido o tempo decorrido para que a água,
água fria, que é aquecida na base do reservatório em cada uma delas, atingisse a temperatura am-
e, a seguir, distribuída para as torneiras. De modo biente. Em seguida, a água das duas jarras foi
a obter a melhor eficiência de aquecimento com aquecida até 90 °C e novamente foi medido o
menor consumo energético, foram feitos alguns tempo decorrido para que a água nas jarras atin-
testes com diferentes configurações, modifican- gisse a temperatura ambiente.
do-se as posições de entrada de água fria e de Qual jarra demorou menos tempo para chegar à
saída de água quente no reservatório, conforme temperatura ambiente nessas duas situações?
a figura. Em todos os testes, as vazões de entrada a) A jarra preta demorou menos tempo nas duas
e saída foram mantidas iguais e constantes. situações.
b) A jarra branca demorou menos tempo nas duas
situações.
c) As jarras demoraram o mesmo tempo, já que
são feitas do mesmo material.
d) A jarra preta demorou menos tempo na pri-
meira situação e a branca, na segunda.
e) A jarra branca demorou menos tempo na pri-
meira situação e a preta, na segunda.
A configuração mais eficiente para a instalação
dos pontos de entrada e saída de água no reser- 07. (ENEM/2021) Em um manual de instruções de
vatório é, respectivamente, nas posições uma geladeira, constam as seguintes recomen-
a) 1 e 4. dações:
b) 1 e 6. • Mantenha a porta de seu refrigerador aberta
c) 2 e 5. apenas o tempo necessário;

50
FÍSICA
• É importante não obstruir a circulação do ar com Na região litorânea, durante o dia sopra a brisa
a má distribuição dos alimentos nas prateleiras; marítima, a noite sopra a brisa terrestre. Essa in-
• Deixe um espaço de, no mínimo, 5 cm entre a versão ocorre porque:
parte traseira do produto (dissipador serpenti- a) o ar aquecido em contato com a terra sobe e
nado) e a parede. produz uma região de baixa pressão, aspirando
Com base nos princípios da termodinâmica, as o ar que esta sobre o mar, criando assim cor-
justificativas para essas recomendações são, res- rentes de convecção e, a noite, ao perder calor,
pectivamente: a terra se resfria mais do que o mar, invertendo
a) Reduzir a saída de frio do refrigerador para o o processo.
ambiente, garantir a transmissão do frio entre b) o mar não conserva temperatura e, enquanto
os alimentos na prateleira e permitir a troca de esta em movimento, faz deslocar a brisa para
calor entre o dissipador de calor e o ambiente. a terra.
b) Reduzir a saída de frio do refrigerador para o c) o ar aquecido em contato com a terra sobe
ambiente, garantir a convecção do ar interno, produz uma região de alta pressão, resultando
garantir o isolamento térmico entre a parte
em uma diminuição da temperatura do ar que
interna e a externa.
vem do mar por condução.
c) Reduzir o fluxo de calor do ambiente para a
d) a terra aquece-se durante a noite e faz com
parte interna do refrigerador, garantir a con-
que o mar se aqueça também, movimentando
vecção do ar interno e permitir a troca de calor
as correntes terrestres.
entre o dissipador e o ambiente.
d) Reduzir o fluxo de calor do ambiente para a e) a terra e o mar interagem, pois o calor espe-
parte interna do refrigerador, garantir a trans- cifico da terra, sendo muito maior que o da
missão do frio entre os alimentos na prateleira agua, não permite que ela (terra) se resfrie mais
e permitir a troca de calor entre o dissipador rápido que o mar, permitindo, assim, que se
e o ambiente. formem correntes de convecção, que são res-
e) Reduzir o fluxo de calor do ambiente para a ponsáveis pelas brisas marítimas e terrestres.
parte interna do refrigerador, garantir a con-
vecção do ar interno e garantir o isolamento 10. (ENEM/2021) Para preparar um sopa instantâ-
térmico entre as partes interna e externa. nea, uma pessoa aquece em um forno micro-on-
das 500 g de água em uma tigela de vidro de 300
08. Uma garrafa e uma lata de refrigerante perma- g. A temperatura inicial da tigela e da água era
necem durante 1 vários dias em uma geladeira. de 6 °C. Com o forno de micro-ondas funcionan-
Quando pegamos a garrafa e a lata com as mãos do a uma potência de 800 W, a tigela e a água
desprotegidas para retira-las da geladeira, temos atingiram a temperatura de 40 °C em 2,5 min.
a impressão de que a lata esta mais fria do que a Considere que os calores específicos do vidro e da
garrafa. lsso é explicado pelo fato de: sopa são, respectivamente,
a) a temperatura do refrigerante na lata ser dife- e que 1 cal = 4,2 J.
rente da temperatura do refrigerante na garrafa; Que percentual aproximado da potência usada
b) a capacidade térmica do refrigerante na lata
pelo micro-ondas é efetivamente convertido em
ser diferente da capacidade térmica do refri-
calor para o aquecimento?
gerante na garrafa;
a) 11,8%
c) o calor específico dos dois recipientes ser di-
b) 45,0%
ferente;
c) 57,1%
d) o coeficiente de dilatação térmica dos dois re-
cipientes ser diferente; d) 66,7%
e) a condutividade térmica dos dois recipientes e) 78,4%
ser diferente.

09. (IMS-SP) ELETRIZAÇÃO

Os fenômenos elétricos são conhecidos desde a


Antiguidade. Cerca de 400 anos a.C., os gregos sabiam
que quando se esfregava âmbar, este atraía peque-
nas espigas de palha. Os etruscos já sabiam orientar
os relâmpagos. Em 1726, um estudante de Newton,
Stephen Gray, demonstrou que a eletricidade produ-
zida ao esfregar um objeto podia viajar por um fio
de cânhamo. No entanto, os fenômenos elétricos só

51
FÍSICA
foram descritos formalmente em meados do século 3. Princípio da conservação das Cargas Elétricas
XVIII, nomeadamente por Charles Coulomb na França Em um sistema eletricamente isolado o valor total
e por Galvani e Volta na Itália. de cargas elétricas é constante.

Corpo Eletrizado 4. Carga elétrica


Q = n.e
Verifica-se que, normalmente, o átomo se apre-
senta com número de elétrons igual ao de prótons e, 5. Unidade de Carga Elétrica no SI
consequentemente, ele está neutro.
U(Q)= Coulomb (C)

Eletrização

1. Condutores e Isolantes

Condutores são materiais que possibilitam a mo-


vimentação de cargas elétricas em seu interior com
grande facilidade. Esses materiais possuem uma
grande quantidade de elétrons livres, que podem ser
conduzidos quando neles aplicamos uma diferença
É possível, porém, retirar ou acrescentar elétrons
de potencial. Metais como cobre, platina e ouro são
na eletrosfera do átomo, tornando-o um íon.
bons condutores.
Se um átomo perde elétrons de sua eletrosfera,
Isolantes são aqueles que oferecem grande oposi-
o número de prótons predominará e o átomo tornar-
ção à passagem de cargas elétricas. Nesses materiais,
-se-á um íon positivo (cátion). Por outro lado, se ele
os elétrons encontram-se, de modo geral, fortemente
receber um ou mais elétrons na eletrosfera, tornar-
ligados aos núcleos atômicos e, por isso, não são facil-
-se-á um íon negativo (ânion).
mente conduzidos. Materiais como borracha, silicone,
vidro e cerâmica são bons exemplos de isolantes.
Corpo eletricamente neutro
Obs.: Tais materiais possuem essa caracterização
N° de prótons = N° de elétrons
para tensões do cotidiano até 220V, contudo um ma-
terial isolante pode conduzir elétrons sob alta tensão.
Dizemos que um corpo está eletrizado quando ele
apresenta excesso ou falta de elétrons.
2. Processos de eletrização
Introdução
É o fenômeno pelo qual um corpo neutro passa a
eletrizado devido à alteração no número de elétrons.
Tales de Mileto (640-546 a.C.): eletrização entre
o âmbar(élektron) e uma pele de animal;

1. Carga elétrica elementar:


É a menor carga elétrica encontrada na natureza
de forma “isolada”.

e= + ou - 1,6 . 10-19C

2. Lei de Du Fay (1698-1739) - Lei da atração e


repulsão de cargas elétricas

2.1.Eletrização por atrito:


• Inicialmente os corpos estão neutros;
• Após o atrito ficam com a mesma carga elétrica,
porém com sinais contrários.

52
FÍSICA

2.2.3.Eletrização por indução:

Obs: Série Triboelétrica


Por meio desta série que sabemos quem ficará
positivo e quem ficará negativo após o atrito.

2.2.Eletrização por contato:


• Pelo menos um dos corpos deve estar eletrizado
• Ao final do processo os corpos ficam com o
mesmo tipo de carga elétrica (ou positiva, ou
negativa)

2.2.1.Para corpos de mesma dimensão


A carga final é encontrada pela média aritmética
das cargas (total de carga do sistema dividida pelo
número de corpos)

EXERCÍCIOS

1. (FEI-SP) Atrita-se um bastão de vidro com um


pano de lã inicialmente neutros. Pode-se afirmar
que:
a) só a lã fica eletrizada.
Obs: Densidade de cargas b) só o bastão fica eletrizado.
c) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de mes-
2.2.2. Para corpos de dimensões diferentes mo sinal.
A carga final de cada um dos corpos é proporcional d) o bastão e a lã se eletrizam com cargas de mes-
a sua superfície. mo valor absoluto e sinais opostos.

53
FÍSICA
2. (ACAFE) Alguns fenômenos naturais relacionados esfera B, a esfera D é colocada em contato com a
com a eletricidade estática estão presentes em esfera C e afastada a seguir. Pode-se afirmar que
nosso cotidiano, por exemplo, o choque que uma ao final do processo as cargas das esferas C e D
pessoa recebe ao tocar a maçaneta da porta de são, respectivamente,
um automóvel, em um dia seco no inverno. Além a) Q/8 e Q/8
disso, a eletrostática tem uma aplicação importante b) Q/8 e Q/4
em várias atividades humanas, como o filtro ele- c) Q/4 e Q/8
trostático para redução da poluição industrial e o d) Q/2 e Q/2
processo xerográfico para fotocópias. Com relação e) Q e –Q
à eletrização de um corpo, é correto afirmar que:
a) Um corpo eletricamente neutro que perde 6. (UCPEL) Três esferas metálicas A, B e C, idênticas,
elétrons fica eletrizado positivamente. no vácuo, sendo A com carga +Q, B e C neutras. A
b) Um corpo eletricamente neutro não tem car- esfera A é sucessivamente colocada em contato
gas elétricas. com B e, posteriormente, com C. O valor final das
c) Um dos processos de eletrização consiste em cargas em A, B e C é, respectivamente,
retirar prótons do corpo. a) 3 Q , 3 Q , 3 Q
d) Um corpo eletricamente neutro não pode ser b) 2 Q , 2 Q , 2 Q
atraído por um corpo eletrizado. c) 4 Q , 4 Q , 4 Q
e) Friccionando-se dois corpos constituídos do d) 4 Q , 2 Q , 2 Q
mesmo material, um se eletriza positivamente e) 4 Q , 2 Q , 4 Q
e o outro negativamente.
7. (FURG) Um corpo eletrizado positivamente é co-
3. (UFSM) O princípio da conservação da carga elé- locado próximo de um corpo metálico neutro.
trica estabelece que: Podemos afirmar, na figura abaixo, que
a) as cargas elétricas de mesmo sinal se repelem. a) não haverá movimentação de cargas negativas
b) cargas elétricas de sinais opostos se atraem. no corpo neutro.
c) a soma das cargas elétricas é constante em um b) a carga que aparece em X é positiva.
sistema eletricamente isolado. c) a carga que aparece em Y é negativa
d) a soma das cargas elétricas positivas e negati- d) haverá força de interação elétrica entre dois
vas é diferente de zero em um sistema eletri-
corpos.
camente neutro.
e) todas as afirmativas acima estão erradas.
e) os elétrons livres se atraem.

4. (PUC) Duas esferas condutoras de iguais dimen-


sões, A e B, estão eletricamente carregadas com
indica a figura, sendo unidas por um fio condu-
tor no qual há uma chave C inicialmente aberta.
Quando a chave é fechada, passam elétrons...
9. (UFSM-RS) Considere as seguintes afirmativas:
I. Um corpo não-eletrizado possui um número de
prótons igual ao número de elétron.
II. Se um corpo não-eletrizado perde elétrons,
passa a estar positivamente eletrizado e, se ganha
elétrons, negativamente eletrizado.
III. Isolantes ou dielétricos são substâncias que
a) de A para B e a nova carga de A é +2C não podem ser eletrizadas. Esta(ao) correta(s):
b) de A para B e a nova carga de B é -1C a) apenas I e II.
c) de B para A e a nova carga de A é +1C b) apenas II.
d) de B para A e a nova carga de B é -1C c) apenas III.
e) de B para A e a nova carga de A é +2C d) apenas I e III.
e) I, II e III
5. (FURG) Quatro esferas metálicas idênticas estão
isoladas uma das outras. As esferas A, B e C es- 10. (PUC-PR) Um corpo possui 5 . 1019 prótons e 4 .
tão inicialmente neutras (sem carga), enquanto a 1019 elétrons. Considerando a carga elementar
esfera D está eletrizada com carga Q. A esfera D igual a 1,6.10-19 C, este corpo esta:
é colocada inicialmente em contato com a esfera a) carregado negativamente com uma carga igual
A, depois é afastada e colocada em contato com a a 1 .10-19 C

54
FÍSICA
b) neutro.
c) carregado positivamente com uma carga igual
a 1,6 C d) carregado negativamente com uma
carga igual a 1,6 C
e) carregado positivamente com uma carga igual
a 1 .10- 19 C

Experimento Pratupensar

Solução iônica (condutora de eletricidade)

Materiais:
- 1 pilha média;
- 1 pilha pequena;
Fonte: HELOU, D.; GUALTER, J.B.; NEWTON, V.B. Tópicos da
- 1 lâmpada de 1,5V; Física. 1ª edição, Vol.3. São Paulo, Editora Saraiva, 2010.
- 2 fios de 50 cm cada;
- 1 pires; Vamos fazer alguns questionamentos do experimento:
- água;
- 100g de sal de cozinha (cloreto de sódio). 1.Por que a lâmpada não acende no caso 1?
2.Qual o tipo de carga elétrica se movimenta no fio
para ascender a lâpada no caso 2?
3. Por que a lâmpada não acende no caso 3?
4. Como é possível ascender a lâmpada no caso 4?

FORÇA ELÉTRICA – LEI DE COULOMB

K = constante eletrostática do meio. No vácuo vale K =

9.109(SI). A constante k é definida por:


, onde é a permissividade absoluta do meio que no
vácuo vale: .

Fel α : a força elétrica é inversamente proporcional


ao quadrado da distância.

55
FÍSICA

11.(PUC-SP) Suponha duas pequenas esferas A e B


eletrizadas com cargas de sinais opostos e se-
paradas por certa distância. A esfera A tem uma
quantidade de carga duas vezes maior que a es-
fera B ambas estão fixas num plano horizontal.
Supondo que as esferas troquem entre si as forças
de atração FAB e FBA, podemos afirmar que a figura
que representa corretamente essas forças e:

12. (Fuvest-SP) Três pequenas esferas carregadas com


cargas de mesmo modulo, sendo A positiva e B e C
negativas, estão presas nos vértices de um triangulo
equilátero. No instante em que elas são soltas simul- 13. (Mack-SP) Duas cargas elétricas puntiformes
taneamente, a direção e o sentido de suas acelera- distam 20 cm uma da outra. Alterando essa dis-
ções serão mais bem representados pelo esquema: tância, a intensidade da força de interação ele-
trostática entre as cargas fica 4 vezes menor. A
nova distância entre elas é:
a) 10cm
b) 20cm
c) 30cm
d) 40cm
e) 50cm

14. (Unesp-SP) Duas esferas condutoras idênticas


carregadas com cargas +Q e – 3Q, inicialmente
separadas par uma distância d, atraem se com

56
FÍSICA
uma força elétrica de intensidade (modulo) F. Se 17. (Fuvest-5P) Duas pequenas esferas metálicas
as esferas são postas em contato e, em seguida, idênticas, inicialmente neutras, encontram-se
levadas de volta para suas posições originais, a suspensas por fios inextensíveis e isolantes.
nova força entre elas será:
a) maior que F e de atração.
b) menor que F e de atração.
c) igual a F e de repulsão.
d) menor que F e de repulsão.
e) maior que F e de repulsão.

15. (Unifesp-SP) Uma estudante observou que, ao
colocar sobre uma mesa horizontal três pêndu-
Um jato de ar perpendicular ao plano da figura
los eletrostáticos idênticos, equidistantes entre
e lançado durante um certo intervalo de tempo
si, como se cada um ocupasse 0 vértice de um
sobre as esferas. Observa-se então que ambas as
triangulo equilátero, as esferas dos pêndulos atra-
esferas estão fortemente eletrizadas. Quando o
em-se mutuamente. Sendo as três esferas metá-
sistema alcança novamente o equilíbrio estático,
licas, a estudante poderia concluir corretamente
podemos afirmar que as tensões nos fios:
que:
a) aumentaram e as esferas atraem-se.
a) as três esferas estavam eletrizadas com cargas
b) diminuíram e as esferas repelem-se.
de mesmo sinal.
c) aumentaram e as esferas repelem-se.
b) duas esferas estavam eletrizadas com cargas de
d) diminuíram e as esferas atraem-se
mesmo sinal e uma com carga de sinal oposto.
e) não sofreram alterações.
c) duas esferas estavam eletrizadas com cargas
de mesmo sinal e uma neutra.
d) duas esferas estavam eletrizadas com cargas
de sinais opostos e uma neutra. CAMPO ELÉTRICO
e) uma esfera estava eletrizada e duas neutras.
É uma propriedade física estabelecida em todos
16. (Mack-SP) Dois pequenos corpos, idênticos, estão os pontos do espaço que estão sob a influência de
eletrizados com cargas de 1,00 nC cada um. Quan- uma carga elétrica (carga fonte), tal que uma outra
do estão a distância de 1,00 mm um do outro, a carga (carga de prova) , ao ser colocada em um des-
intensidade da força de interação eletrostática ses pontos, fica sujeita a uma força de atração ou de
entre eles e F. Fazendo-se variar a distância entre repulsão exercida pela carga fonte.
esses carpos, a intensidade da força de interação Carga de Prova: é uma carga elétrica de valor,
eletrostática também varia. 0 gráfico que melhor normalmente, conhecido utilizada para detectar a
representa a intensidade dessa força, em função existência de um campo elétrico. Ela é posicionada
da distância entre os corpos, e: em um determinado local e, pelo efeito observado,
pode-se saber se nele existe ou não um campo elé-
trico. Se confirmada a existência do campo elétrico,
a carga de prova também auxilia a determinar sua
intensidade.

E=

57
FÍSICA

Vetor Campo Elétrico


Linhas de Força Intensidade: E =

Linhas de Força do campo elétrico é uma linha Direção: a mesma da Fe


que tangencia, em cada ponto, o vetor campo elétrico
resultante associado a esse ponto. Sentido:
Sentido do vetor campo elétrico de carga positiva:
é de afastamento em relação a carga geradora

Sentido do vetor campo elétrico de carga negativa:


é de aproximação em relação a carga geradora

Campo Elétrico de uma Carga Geradora

Lembrando: Vetor
É um elemento matemático que a física utiliza Gráfico E x d
para representar grandezas vetoriais e possui as se-
guintes características:
Característica de um vetor: módulo, direção e
sentido.
Características de uma grandeza vetorial: inten-
sidade (sinal, módulo e unidade), direção e sentido.

Sentido
Para direita
Horizontal
Para esquerda
Para cima ou ascendente
Vertical
Para baixo ou descendente Campo elétrico resultante devido a duas ou
Direção mais partículas eletrizadas
Para direita e para cima
Para direita e para baixo
Diagonal
Para esquerda e para cima Como o campo elétrico é uma grandeza vetorial o
Para esquerda e para baixo vetor resultante é dado pela soma dos vetores.

58
FÍSICA
Densidade de Linhas de Forças

ER= E1 + E2 Qual campo mais denso P ou Q?

Para várias partículas eletrizadas teremos: Poder das Pontas

O módulo da densidade superficial de cargas


em um condutor eletrizado é maior nas regiões que
ele possui menor raio de curvatura (região de maior
curvatura).
Campo Elétrico devido a duas partículas ele-
trizadas

Em pontas esse campo mais intenso pode ionizar


no qual o condutor se encontra, tornando também
condutor, como fazem os para raios.

Para Raios

59
FÍSICA

EXERCÍCIOS

18. (PUC-RJ) Uma carga positiva encontra-se numa


região do espaço onde há um campo elétrico di-
rigido vertical mente para cima. Podemos afirmar
que a força elétrica sobre ela e:
a) para cima.
b) para baixo.
c) horizontal para a direita.
d) horizontal para a esquerda.
e) nula.

19. A figura a seguir representa os vetores campo


elétrico EA e EB, gerados nos pontos A e B por
uma partícula eletrizada com carga Q, F e F´ que
Q exerce nas cargas de prova q e q’ colocadas
nesses pontos.

Campo Elétrico Uniforme


Determine os sinais de Q, q e q´.

20. Em determinado local do espaço, existe um cam-


po elétrico de intensidade E= 4· 103 N/C Colo-
cando-se aí uma partícula eletrizada com carga
elétrica q = 2 μC, qual a intensidade da força que
agira sobre ela?

21. Determine a intensidade do campo elétrico criado


por uma carga pontual Q de -8,0 μC, em um ponto
A situado a 6,0 cm dessa carga. a meio e o vácuo,
cuja constante eletrostática e igual a 9,0. 109 N
m2 C-2.

22. (UFRN) Uma das aplicações tecnológicas moder-


nas da eletrostática foi a invenção da impressora
a jato de tinta. Esse tipo de impressora utiliza
pequenas gotas de tinta que podem ser eletrica-
mente neutras ou eletrizadas positiva ou negati-
vamente. Essas gotas são jogadas entre as placas
defletoras da impressora, região onde existe um
campo elétrico uniforme E, atingindo, então,
o papel para formar as letras. A figura a seguir
mostra três gotas de tinta, que são lançadas para
baixo, a partir do emissor. Após atravessar a re-
gião entre as placas, essas gotas vão impregnar

60
FÍSICA
o papel. (0 campo elétrico uniforme esta repre-
sentado por apenas uma linha de força.)

25. (Fesp-SP) Considere a figura abaixo, onde f e 0


vetor campo elétrico resultante em A, gerado
pelas cargas fixas Q1 e Q2’ F e a força elétrica na
carga de prova q, colocada em A.

Pelos desvios sofridos, pode-se dizer que a gota


1, a 2 e a 3 estão, respectivamente:
a) carregada negativamente, neutra e carregada
positivamente;
b) neutra, carregada positivamente e carregada
negativamente; Dadas as alternativas abaixo, indique a correta:
c) carregada positivamente, neutra e carregada a) Q1 < 0, Q2 > 0 e q < O.
negativamente; b) Q1 > 0, Q2 < 0 e q > O.
d) carregada positivamente, carregada negativa- c) Q1 > 0, Q2 > 0 e q < O.
mente e neutra. d) Q1 > 0, Q2 < 0 e q < O.
e) Q1 < 0, Q2 < 0 e q > O.
23. Duas cargas elétricas de módulos iguais, q, porém
de sinais contrários, geram no ponto O um cam- 29. (Ufes) As figuras abaixo mostram 3 (três) pares
po elétrico resultante f. Qual 0 vetor que melhor de cargas, a e b, c e d, f e g, e a configuração das
representa esse campo elétrico? linhas de força para 0 campo elétrico correspon-
dente a cada par:

24. (UFV-MG) Duas cargas, de sinais opostos e de


mesmo modulo, estão dispostas próximas uma da
outra, conforme representado na figura abaixo.

Com relação aos sinais das cargas, podemos afir-


mar que:
a) a, f e g são negativas.
b) b, f e g são positivas.
c) b, c e d são positivas.
d) a, c e d são positivas.
e) e, d, f e g são negativas.

30. (UFRRJ) A figura abaixo mostra duas cargas q1


O par de vetores que representa 0 campo elétrico e q2 afastadas a uma distância d, e as linhas de
resultante nos pontos 1 e 2 e: campo do campo eletrostático criado.

61
FÍSICA
34. (PUC - RS) Três esferas de dimensões desprezí-
veis A, B e C estão eletricamente carregadas com
cargas elétricas respectivamente iguais a 2q, q e
q. Todas encontram-se fixas, apoiadas em supor-
tes isolantes e alinhadas horizontalmente, como
mostra a figura abaixo:
Observando a figura acima, responda:
a) Quais os sinais das cargas q1 e q2?
b) A força eletrostática entre as cargas e de re-
pulsão? Justifique

31. (CEDERJ) A figura mostra duas partículas A e B O módulo da força elétrica exercida por B na es-
de massas respectivamente iguais a mA e mB e fera C é F. O módulo da força elétrica exercida
cargas elétricas qA e qB. Considere que elas estão por A na esfera B é
sujeitas exclusivamente às forças eletrostáticas a) F/4
mútuas devidas às suas cargas e que as setas na b) F/2
figura representam suas respectivas acelerações c) F
vetoriais: d) 2F
e) 4F

35. (VUNESP) Indução eletrostática é o fenômeno


Comparando as cargas e as massas das partículas,
no qual pode-se provocar a separação de cargas
conclui-se que
em um corpo neutro pela aproximação de um
a) |qA| < |qB| e mB = mA
outro já eletrizado. O condutor que está eletri-
b) |qA| > |qB| e mB = mA
c) qA tem sinal oposto ao de qB e mA > mB zado é chamado indutor e o condutor no qual a
d) qA tem sinal idêntico ao de qB e mA > mB separação de cargas ocorreu é chamado induzido.
A figura mostra uma esfera condutora indutora
32. (UNESPAR) Considere uma carga elétrica de carga positivamente eletrizada induzindo a separação
Q = + 12,0 x 10-6 C. Qual a intensidade do campo de cargas em um condutor inicialmente neutro.
elétrico (E) que ela produz sobre uma carga de
prova localizada à 0,3 m de distância? (Dado: K
= 9,0 x 10-6 N.m2/C2).
a) E = 1,2 x 10-9 N/C;
b) E = 12 x 10-9 N/C;
c) E = 2,0 x 10-9 N/C;
d) E = 1,0 x 10-9 N/C;
e) E = 1,2 x 10-6 N/C.

33. (PUC - RS) INSTRUÇÃO: Para responder à ques- Analisando a figura e sobre o processo de eletri-
tão, considere a figura abaixo, que representa zação por indução, são feitas as seguintes afir-
as linhas de força do campo elétrico gerado por mações:
duas cargas puntuais QA e QB. I. Para eletrizar o corpo neutro por indução, de-
ve-se aproximar o indutor, conectar o induzido à
terra, afastar o indutor e, finalmente, cortar o fio
terra.
II. Para eletrizar o corpo neutro por indução, de-
ve-se aproximar o indutor, conectar o induzido
à terra, cortar o fio terra e, finalmente, afastar o
indutor.
III. Na situação da figura, a conexão do induzido
à terra, com o indutor nas suas proximidades,
A soma QA + QB é, necessariamente, um número faz com que prótons do induzido escoem para a
a) par.
terra, por repulsão.
b) ímpar.
IV. No final do processo de eletrização por indu-
c) inteiro.
ção, o corpo inicialmente neutro e que sofreu
d) positivo.
indução, adquire carga de sinal negativo.
e) negativo.

62
FÍSICA
Está correto, apenas, o contido em 39. (PUC - RS) Num determinado modelo para o áto-
a) II. mo de hidrogênio, o núcleo é constituído por um
b) I e III. próton de massa M e carga Q e um elétron de
c) I e IV. massa m e carga q movendo- se ao redor desse
d) II e IV núcleo numa órbita circular de raio r e com veloci-
e) II, III e IV. dade tangencial v. Nesse modelo, a força elétrica
entre o próton e o elétron é a força centrípeta.
36. (FUVEST) Em uma aula de laboratório de Ffsica, Denotando por K a constante de Coulomb para
para estudar propriedades de cargas eletricas, a força elétrica, o raio da órbita do elétron é
foi realizado um experimento em que pequenas a) KQq
esferas eletrizadas sao injetadas na parte superior mv²
de uma câmara, em vácuo, onde há um campo b) KQq
eletrico uniforme na mesma diregao e sentido Mv²
da aceleração local da gravidade. Observou-se c) KQq
que, com campo elétrico de modulo igual a 2 x Mv
103 V/m, uma das esferas, de massa 3,2 x 10-15 kg, d) KQ
permanecia com velocidade constante no interior mv²
e) KQq
da câmara. Essa esfera tem
mv
Note e adote:
carga do eletron 1,6 x 10 -19 C 40. (PUC - RJ) Duas cargas pontuais q1 = 3,0 µC e q2
carga do proton = + 1,6 x 10 -19 C = 6,0 µC são colocadas a uma distância de 1,0 m
aceleragao local da gravidade = 10 m/s2 entre si.
a) o mesmo número de elétrons e de prótons Calcule a distância, em metros, entre a carga q1 e
b) 100 eletróns a mais que prótons a posição, situada entre as cargas, onde o campo
elétrico é nulo.
c) 100 eletróns a menos que protóns.
Considere
d) 2000 eletróns a mais que protóns.
a) 0,3
e) 2000 eletróns a menos que protóns
b) 0,4
c) 0,5
37. (PUC - RS) Uma pequena esfera de peso 6,0.10–3 N
d) 0,6
e carga elétrica 10,0.10–6 C encontra-se suspensa
e) 2,4
verticalmente por um fo de seda, isolante elétrico
e de massa desprezível. A esfera está no inte- 41. (VUNESP) Uma carga elétrica puntiforme q é
rior de um campo elétrico uniforme de 300 N/C, transportada pelo caminho ACB, contido no pla-
orientado na vertical e para baixo. Consideran- no da figura, do ponto A ao ponto B do campo
do que a carga elétrica da esfera é, inicialmente, elétrico gerado por uma carga fixa Q, conforme
positiva e, posteriormente, negativa, as forças de representado na figura.
tração no fo são, respectivamente,
a) 3,5.10–3 N e 1,0.10–3 N
b) 4,0.10–3 N e 2,0.10–3 N
c) 5,0.10–3 N e 2,5.10–3 N
d) 9,0.10–3 N e 3,0.10–3 N
e) 9,5.10–3 N e 4,0.10–3 N

38. (VUNESP) Duas partículas de cargas elétricas q1


= 4,0 x 10–16 C e q2 = 6,0 x 10–16 C estão separadas Considerando que Q e q estejam isoladas de
no vácuo por uma distância de m. Sendo quaisquer outras cargas elétricas, pode-se afir-
a intensidade da força de mar corretamente que:
interação entre elas, em newtons, é de a) no trajeto de A para B, q fica sujeita a forças
elétricas de módulos sempre decrescentes.
a)
b) só existe um par de pontos do segmento AB
b) nos quais a carga q fica sujeita a forças elétricas
c) de mesmo módulo.
d) c) ao longo do segmento AB, o módulo do campo
elétrico criado por Q tem valor máximo em A
e)
e mínimo em B.

63
d) no segmento AB existe apenas mais um ponto
em que o campo elétrico gerado por Q tem
módulo igual ao gerado por ela no ponto A.
e) do ponto A até o ponto C, o módulo da força
elétrica sofrida por q diminui, depois passa a
aumentar até ati ngir o ponto B.
Considerando que o peso do elétron é despre-
42. (UECE-CEV) Uma partí cula carregada negati va- zível, e que o campo elétrico entre as placas é
mente é posta na presença de um campo elétri- essencialmente uniforme e perpendicular às
co de direção verti cal, com senti do de cima para mesmas, é correto afi rmar que:
baixo e módulo constante E, nas proximidades da a) Quanto maior a velocidade v, mais rapidamen-
superfí cie da Terra. Denotando-se por g o módulo te o elétron se aproximará da placa positi va.
da aceleração da gravidade, a razão entre a carga b) Quanto menor a velocidade v, mais rapidamen-
e a massa da partí cula para que haja equilíbrio te o elétron se aproximará da placa positi va.
estáti co deve ser c) A velocidade de aproximação do elétron à pla-
a) ca positi va independe do valor da velocidade
horizontal v.
d) A direção da aceleração do elétron, na região
b) limitada pelas placas, está mudando ao longo
da sua trajetória.
c) e) O elétron não está acelerado.

46. (INEP) Em museus de ciências, é comum encontra-


d) rem-se máquinas que eletrizam materiais e geram
intensas descargas elétricas. O gerador de Van de
Graaff (Figura 1) é um exemplo, como atestam as
43. (UECE-CEV) Quatro cargas elétricas fi xas, com faíscas (Figura 2) que ele produz. O experimento
valores +q, +2q, +3q e +4q, são dispostas nos fi ca mais interessante quando se aproxima do ge-
vérti ces de um quadrado de lado d. As cargas rador em funcionamento, com a mão, uma lâm-
são posicionadas na ordem crescente de valor, pada fl uorescente (Figura 3). Quando a descarga
percorrendo-se o perímetro do quadrado no sen- ati nge a lâmpada, mesmo desconectada da rede
ti do horário. Considere que este sistema esteja elétrica, ela brilha por breves instantes. Muitas
no vácuo e que é a permissividade elétrica pessoas pensam que é o fato de a descarga ati ngir
nesse meio. Assim, o módulo do campo elétrico a lâmpada que a faz brilhar. Contudo, se a lâmpada
resultante no centro do quadrado é for aproximada dos corpos da situação (Figura 2),
no momento em que a descarga ocorrer entre
a) c) eles, a lâmpada também brilhará, apesar de não
receber nenhuma descarga elétrica.
b) d)

44. (UDESC) A carga elétrica de uma partí cula com 2,0


g de massa, para que ela permaneça em repouso,
quando colocada em um campo elétrico verti cal,
com senti do para baixo e intensidade igual a 500
N/C, é: Disponível em: htt p://naveastro.com.
a) ( ) + 40 nC Acesso em: 15 ago. 2012.
b) ( ) + 40 µC
c) ( ) + 40 mC A grandeza fí sica associada ao brilho instantâ-
d) ( ) - 40 µC neo da lâmpada fl uorescente, por estar próxima
e) ( ) - 40 mC a uma descarga elétrica, é o(a)
a) carga elétrica.
45. (UFAC) A fi gura abaixo, mostra um elétron (e) b) campo elétrico.
entrando com velocidade horizontal (v) em uma c) corrente elétrica.
região limitada por duas placas paralelas condu- d) capacitância elétrica.
toras com cargas opostas. e) conduti vidade elétrica.
Geografia
GEOGRAFIA
AULA 01 que irradia calor para as demais camadas da atmosfe-
RELAÇÃO HOMEM NATUREZA-HOMEM ra. Durante a noite, sem os raios solares para aquecer
a superfície, vamos observar um lento processo de
• RECURSOS NATURAIS inversão térmica. Durante a noite a temperatura de-
• Camadas externas da Terra veria cair, mas o efeito estufa retarda esse processo e
– Litosfera: Rochas. durante a manhã, essa camada de poluentes dificul-
– Atmosfera: Gases. ta a passagem dos raios solares. Temos então noites
– Hidrosfera: Águas. quentes e temperaturas mais baixas nas primeiras
• Harmonia na relação da sociedade com a natureza horas da manhã, ou seja, uma inversão térmica.
• Sociedades primitivas:
– Caça, pesca e coleta.
– Distribuição da produção conforme a necessidade
de cada um.
– Harmonia na relação da sociedade com a natureza
• Sociedades grega e romana:
– Trabalho escravo;
– Centros urbanos.
– Harmonia na relação da sociedade com a natureza
• Sociedade Feudal
– “Retrocesso”.
– Pequena população
– Facilidade de controle Chuva Ácida
– Harmonia com a natureza.
– Harmonia na relação da sociedade com a natureza Quando ocorrem chuvas em áreas atmosféricas
• Sociedade Colonial: muito poluídas essas chuvas são ácidas, pois a água
– Avanço do comércio e do consumo. da chuva traz para o solo os poluentes.
– O FIM DA HARMONIA NA RELAÇÃO COM A NA-
TUREZA Ilhas de Calor
• Revolução Industrial (século XVIII):
– Sociedade de consumo. Em ambientes como grandes centros urbanos, ob-
– Alta produtividade. servamos a temperatura mais elevada durante o dia,
com uma grande queda durante a noite. Já em lugares
Efeito Estufa com uma vegetação mais desenvolvida, a amplitude
térmica é menor, com temperaturas mais amenas.
O efeito estufa é um processo natural, mas que é
agravado pela ação do homem. Com a formação do
smog (uma fina camada de poluentes que impede a
trocar entre massas de ar quentes e frias), o ar quente
fica “preso” mais próximo da superfície, deixando a
temperatura cada vez mais alta.

Aquecimento Global

Configura-se pelo au-


mento das médias de tem-
peratura no globo ao longo
do tempo.
Inversão Térmica

Observando a situação do efeito estufa, entende-


mos que o Sol é o responsável por aquecer a superfície

66
GEOGRAFIA
04. (Mack-2007) Três consequências da poluição at-
ATIVIDADES mosférica são a destruição da camada de ozônio
(A), o efeito estufa (B) e as chuvas ácidas (C). Os
01. A poluição atmosférica está diretamente relacio- principais gases envolvidos em A, B e C são, res-
nada com o surgimento de doenças respiratórias pectivamente,
em uma população. Irritações nas mucosas e ca- a) dióxido de carbono, dióxido de enxofre e clo-
sos de cânceres são apenas alguns dos problemas rofluorcarbono (CFC).
causados por esse tipo de poluição, que deve ser b) dióxido de enxofre, dióxido de carbono e clo-
rapidamente combatido. Analise as alternativas a rofluorcarbono (CFC).
seguir e marque aquela que não representa uma c) clorofluorcarbono (CFC), dióxido de carbono e
forma de diminuir a poluição atmosférica. dióxido de enxofre.
a) Monitorar áreas que correm risco de incêndio. d) clorofluorcarbono (CFC), dióxido de enxofre e
b) Diminuir o uso de veículos automotores. dióxido de carbono.
c) Promover o reflorestamento. e) dióxido de carbono, clorofluorcarbono (CFC) e
d) Reduzir o transporte coletivo. dióxido de enxofre.
e) Não realizar queimadas.
05. (UCPEL) Nosso planeta vem sofrendo mudanças
02. Um dos poluentes atmosféricos que afetam nossa climáticas há muito tempo. Um fenômeno ocorre
saúde é o monóxido de carbono. Ele pode, em sobre áreas urbanas e consiste na presença de tem-
alta concentração, causar asfixia e, até mesmo, peraturas à superfície relativamente maiores que
morte. Isso acontece porque o monóxido de car- as encontradas nas regiões fora da cidade (áreas ru-
bono: rais). Alterações da umidade do ar, da precipitação
a) fixa-se nas vias respiratórias, causando sua e do vento também estão associadas à presença
obstrução. desse fenômeno. Ele é claramente antrópico. O
b) causa o fechamento da glote, impedindo que fenômeno climático descrito acima se refere:
o oxigênio chegue até os pulmões. a) às ilhas de calor.
c) liga-se à hemoglobina, dificultando o transpor- b) à inversão térmica.
te de oxigênio. c) ao efeito estufa.
d) ao El Niño.
d) causa obstrução dos alvéolos pulmonares.
e) às chuvas ácidas.
e) causa a destruição dos brônquios.
06. (UEL) Em um ambiente com elevado número de
03. (ENEM-1998) Um dos problemas ambientais
indústrias e de circulação de veículos, como as
decorrentes da industrialização é a poluição at- regiões metropolitanas, as partículas em suspen-
mosférica. Chaminés altas lançam ao ar, entre são e os gases poluentes são levados pelas cor-
outros materiais, o dióxido de enxofre (SO2), que rentes de convecção para as camadas mais altas
pode ser transportado por muitos quilômetros da atmosfera, onde se dissipam. O fenômeno
em poucos dias. Dessa forma, podem ocorrer pre- meteorológico da inversão térmica, que ocorre
cipitações ácidas em regiões distantes, causando geralmente no inverno, tem como consequência
vários danos ao meio ambiente (chuva ácida). o impedimento da dispersão dos poluentes, cau-
Com relação aos efeitos sobre o ecossistema, sando problemas respiratórios na população.
pode-se afirmar que: Assinale a alternativa que apresenta, corretamen-
I. As chuvas ácidas poderiam causar a diminuição te, a causa da inversão térmica.
do pH da água de um lago, o que acarretaria a a) Uma massa de ar frio ascendente impede o
morte de algumas espécies, rompendo a cadeia movimento descendente de uma camada de
alimentar. ar quente.
II. As chuvas ácidas poderiam provocar acidifica- b) Uma massa de ar quente descendente impede
ção do solo, o que prejudicaria o crescimento de o movimento ascendente de uma camada de
certos vegetais. ar frio.
III. As chuvas ácidas causam danos se apresenta- c) Uma massa de ar frio penetra entre camadas
rem valor de pH maior que o da água destilada. de ar quente, impedindo o movimento des-
cendente do ar.
Dessas afirmativas, está(ão) correta(s): d) Uma massa de ar quente penetra entre cama-
a) I, apenas. das de ar frio, impedindo o movimento des-
b) III, apenas. cendente do ar.
c) I e II, apenas. e) Uma massa de ar quente penetra entre cama-
d) II e III, apenas. das de ar frio, impedindo o movimento ascen-
e) I e III, apenas. dente do ar.

67
GEOGRAFIA
07. (UFPB) A chuva ácida é um fenômeno causado, d) inexistente, pois o carvão mineral utilizado
sobretudo, pelas emissões resultantes da queima para a geração de energia elétrica é pouco
de combustíveis fósseis. O dióxido de enxofre, poluente por apresentar baixo teor de gases
lançado no ar por algumas indústrias, e o óxido que provocam as chuvas ácidas.
de nitrogênio, provenientes de diversos com- e) intenso nos grandes centros urbanos, devido
bustíveis fósseis e dos veículos motorizados, ao aumento expressivo da frota de carros bi-
combinam-se com o hidrogênio na atmosfera e combustíveis.
transformam-se em ácido sulfúrico e em ácido
nítrico. 08. Sobre as chuvas ácidas, assinale a alternativa que
Considerando as informações, é correto afirmar apresenta a principal causa desse fenômeno:
que, no Brasil, o fenômeno das chuvas ácidas é a) São causadas pela não movimentação do ar, as-
a) inexistente, pois a matriz energética brasileira sim, os poluentes presentes na atmosfera não
é proveniente da energia hidráulica, conside- se dispersam e precipitam-se com as chuvas.
rada limpa por não causar danos ambientais. b) São causadas pela grande quantidade de ga-
b) irrelevante, pois a maior parte da frota auto- ses poluentes na atmosfera, como o dióxido
mobilística brasileira é movida a álcool, com- de enxofre, que, combinado ao vapor d’água,
bustível livre de gases que causam as chuvas torna as chuvas ácidas.
ácidas. c) São causadas pela ausência de vegetação, ex-
c) intenso em algumas áreas, principalmente nos cessiva presença de edifícios e poluição do ar.
polos siderúrgicos, devido à utilização maciça d) São causadas pela excessiva emissão de gás
de carvão mineral. carbônico na atmosfera.

09. Observe a tirinha a seguir de Maurício de Souza:

O desmatamento e o progresso

Na tirinha, apresenta-se uma crítica à noção de progresso vinculada:


a) à ideia de sustentabilidade e suas consequências.
b) ao conceito de expansão florestal desordenada.
c) à adoção continuada do reflorestamento progressivo.
d) à ausência de uma política de desenvolvimento sustentável.
e) ao ideário de que a vegetação resiste ao avanço das atividades humanas.

68
GEOGRAFIA
AULA 02 que pode ser intensificado pelas práticas humanas e
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL que consiste no desgaste dos solos e das rochas com
posterior transporte e deposição do material sedi-
mentar que é produzido.
Formas de degradação do solo
Os processos erosivos, além de alterarem a for-
O processo de degradação do solo apresenta-se ma do relevo formando crateras que podem ocupar
sob variados aspectos e proporciona perda de pro- grandes áreas, também são responsáveis pela retirada
dutividade e impactos na dinâmica socioambiental. de nutrientes dos solos. Em alguns casos, a lavagem
O processo de degradação do solo pode ocorrer excessiva da camada superficial pela água das chuvas
de várias maneiras diferentes, geralmente resultantes – processo chamado de lixiviação ou erosão laminar
de seu mau uso e conservação por parte das ativi- – torna os solos mais ácidos ou improdutivos. Além
dades humanas. A ocorrência dessas situações pode disso, as erosões também estão associadas a proble-
estar associada ao esgotamento de nutrientes ou à mas de movimentação de massas e desabamento de
remoção da vegetação, entre outros inúmeros fatores. encostas.
As principais formas de degradação do solo, isto
é, os tipos com que esse problema se apresenta, são: 4. Salinização

1. Desertificação A salinização consiste no processo de aumento


dos sais minerais existentes, a ponto de afetar a pro-
A desertificação consiste no processo de degra- dutividade dos solos de uma determinada região. Es-
dação e esgotamento dos solos que ocorre em re- ses sais minerais apresentam-se na forma de íons, tais
giões de clima árido, semiárido e subúmido, onde a como o Na+ e o Cl-, sendo mais comuns em áreas de
pluviosidade não é maior do que 1400mm anuais e, clima árido e semiárido, onde as taxas de evaporação
portanto, a evaporação é maior do que a infiltração. A são muito acentuadas.
desertificação recebe esse nome porque provoca uma Resumidamente, a ocorrência da salinização está
mudança da paisagem para algo próximo à paisagem relacionada com a prática da irrigação que se utiliza
de um deserto, embora não necessariamente a área de água com elevado teor de sais (lembrando que
formada possa ser considerada como tal. os sais minerais estão sempre presentes na água, a
Embora esse problema apresente algumas causas exemplo do potássio e muitos outros). Assim, com a
naturais, como o clima e a predisposição para a sua ocor- evaporação da água, os sais acumulam-se no solo e
rência, os seus principais determinantes estão associa- aumentam a sua salinidade. Outras causas possíveis
dos às práticas antrópicas, tais como o desmatamento, para a salinização são a elevação acentuada do nível
as queimadas, o uso intensivo do solo pela agropecuá-
freático e a evaporação de águas salgadas ou salobras
ria, mineração, irrigação incorreta, entre outros.
acumuladas de mares, lagos e oceanos.
2. Arenização
5. Laterização
A arenização é, muitas vezes, confundida com a
desertificação, mas se trata de fenômenos diferentes. A laterização consiste no acúmulo de hidróxi-
A arenização consiste na formação de bancos de areia dos de ferro e alumínio, alterando a composição e
em solos já de consistência arenosa em regiões que, a aparência dos solos. Esse processo é resultante,
diferentemente das áreas que se desertificam, apre- principalmente, da alteração da camada superficial
sentam climas mais úmidos e com maiores volumes pelo intemperismo químico associado à sua lavagem
de chuva, onde a infiltração e o escoamento da água exaustiva pela lixiviação.
são superiores aos índices de evaporação. O processo de laterização é mais comum em áre-
As causas para o processo de arenização estão, as úmidas e quentes de climas tropicais e pode ser
sobretudo, relacionadas com a remoção da vegetação, intensificado por queimadas e desmatamentos, pois
que protege e firma os solos. Assim, as chuvas vão a vegetação ajuda a proteger os solos do elevado des-
gradativamente lavando o terreno e removendo os gaste proporcionado pela água das chuvas. Apesar
seus nutrientes em um processo que pode ser ainda de ser importante para a formação dos latossolos,
mais intensificado pela prática exaustiva da agricultura a laterização pode ser considerada um problema de
ou da pecuária. No Brasil, esse processo é bastante degradação ambiental, pois dificulta a penetração de
comum na região Sul. raízes e diminui a fertilidade.

3. Processos erosivos 6. Poluição direta e contaminação

A erosão é um dos mais conhecidos tipos de de- A poluição direta ou contaminação consiste na alte-
gradação dos solos. Trata-se de um processo natural ração química da composição dos solos, tornando-os,

69
GEOGRAFIA
muitas vezes, inférteis. Trata-se de um problema emi- 11. A imagem acima retrata um processo erosivo que
nentemente antrópico e causado pelo uso excessivo se associa às chuvas:
de agrotóxicos, defensivos e fertilizantes na agricul- a) pela remoção da vegetação
tura e também pela infiltração de materiais orgânicos b) pela fixação do terreno argiloso
poluentes em áreas de lixões, aterros sanitários e até c) pelo nivelamento do relevo
em cemitérios, onde há uma elevada taxa de formação d) pela intemperização química
de chorume. e) pela saturação do solo
Além de tornar os solos improdutivos e afetar a
qualidade de vida da população que vive sobre eles, 12. Quais são as possíveis ações humanas que agra-
esse tipo de contaminação pode afetar o lençol freáti- vam o processo erosivo representado na imagem
co, a vegetação de uma determinada localidade e até acima?
a fauna, prejudicando o funcionamento dos ecossiste-
mas. Para isso, é preciso haver uma maior conscienti-
zação social e a adoção de medidas de diminuição da
poluição dos solos e de seus recursos naturais.
A degradação dos solos torna-os improdutivos e
prejudica as atividades humanas e naturais
A degradação dos solos torna-os improdutivos e
prejudica as atividades humanas e naturais

ATIVIDADES 13. Que ações podem amenizar os processos erosi-


vos?
10. No Brasil, em termos de esgotamentos dos solos,
podemos citar as regiões áridas do Nordeste que
sofrem com o processo de desertificação. Já no
Sul, o intensivo uso do solo em terrenos arenosos
leva à arenização.
Arenização e desertificação são distintos proces-
sos de degradação do solo. O principal critério
natural utilizado para diferenciar esses dois tipos
é:
a) a composição dos solos
AULA 04
b) o nível de exploração dos recursos
c) o regime pluvial GEOPOLÍTICA MUNDIAL
d) a suscetibilidade a erosões
e) o índice de salinidade A atual configuração do espaço mundial é resul-
tado da geopolítica dos últimos séculos. Com grande
Observe a imagem abaixo e responda as questões influência da Primeira Guerra Mundial, da Segunda
11, 12 e 13. Guerra Mundial e da Guerra Fria.
Nesta aula veremos como a geopolítica mundial
do século XX transformou o mundo atual.

1º Guerra Mundial (1914 -1918)

A velha ordem mundial é marcada pelos grandes


impérios do colonialismo e do neocolonialismo.
A primeira Guerra Mundial inicia o processo para
a Nova Ordem Mundial, fragmentando os grandes im-
périos da época.
Os elementos que levaram a primeira Guerra fo-
ram: o imperialismo, o nacionalismo, o neocolonia-
lismo e as correntes socialistas.
Deslizamento de Terra em Angra dos Reis, em 2010
O estopim da Guerra foi o assassinato do arqui-
duque da, Francisco Ferdinando, herdeiro do império
VIANA, D. / Agência Estado. Disponível: <http://noticias. Austro-húngaro e a duquesa Sofia em Sarajevo, capital
r7.com/cidades>. Acesso em: 21 ago. 2015. da Bósnia em 1914.

70
GEOGRAFIA
crise e os seus efeitos sociais por meio de um
programa político conhecido como New Deal.
a) Identifique dois motivos da rápida expansão da
crise para fora da economia norte-americana.

Em 1918, sem grandes avanços na guerra, a 1º


GM chega ao fim, motivados pelo presidente dos Es-
tados Unidos, Thomas Woodrow Wilson, com seus
14 pontos.
b) Caracterize de maneira geral o New Deal e
1. 1919 - Tratado de Versalhes e a conferência de
apresente uma de suas medidas de combate
Paris.
à crise.
2. O entre Guerras (1919 – 1939).
3. 1929 – Quebra da Bolsa de Nova York
– Taylor
– Ford
– Toyotismo (modelo adotado após 1929, ini-
cialmente no Japão)

O entre Guerras (1919 – 1939)

• Métodos utilizados para a recuperação da eco-


nomia: 15. (Ufg 2010) Leia os documentos a seguir.
– Keynesianismo Os camponeses partem para o front com incrível
– Neoliberalismo entusiasmo; e as classes superiores da sociedade,
– Toyotismo quer sejam liberais ou conservadoras, os acla-
mam, desejando-lhes boa sorte […] Habitualmen-
• Reconstrução da Alemanha te, os camponeses sentiam que não tinham nada
– Adolf Hitler (Gera emprego e renda): a fazer a não ser beber; mas agora não é mais
 Construção civil assim. É como se a guerra lhes desse uma razão
 Transporte (principalmente naval) para viver […] No ardor dos soldados russos se
 Indústria de Base percebe o entusiasmo que agita o coração dos
antigos mártires se lançando para a morte glo-
A administração de Adolf Hitler na Alemanha o riosa.
LE BON, Gustave. 1916 apud JANOTTI, Maria de Lourdes.
tornou uma espécie de “Herói nacional” para a época, A Primeira Guerra Mundial. O confronto de imperialismos.
sua popularidade facilitou o crescimento do NAZISMO, São Paulo: Atual, 1992. p.17.
o que culminou na Segunda Guerra Mundial.
Após um ano de massacre, o caráter imperialis-
ATIVIDADES ta da guerra cada vez mais se afirmou; essa é a
prova de que suas causas encontram-se na polí-
14. (Unifesp 2011) Numa quinta-feira, 24 de outubro tica imperialista e colonial de todos os governos
de 1929, 12.894.650 ações mudaram de mãos, responsáveis pelo desencadeamento desta car-
foram vendidas na Bolsa de Nova Iorque. Na nificina. […] Hoje, mais do que nunca, devemos
terça-feira, 29 de outubro do mesmo ano, o dia nos opor a essas pretensões anexionistas e lutar
mais devastador da história das bolsas de valores, pelo fim desta guerra […] que provocou misérias
16.410.030 ações foram negociadas a preços que tão intensas entre os trabalhadores de todos os
destruíam os sonhos de rápido enriquecimento países.
CONFERÊNCIA DE ZIMMERWALD - 5 a 8 de setembro de
de milhares dos seus proprietários. A crise da eco- 1915. Apud JANOTTI, Maria de Lourdes. A Primeira Guerra
nomia capitalista norte-americana estendeu-se Mundial. O confronto de imperialismos. São Paulo: Atual,
no tempo e no espaço. As economias da Europa 1992. [Adaptado].
e da América Latina foram duramente atingidas.
Franklin Delano Roosevelt, eleito presidente dos No início da Primeira Guerra Mundial (1914-
Estados Unidos em 1932, procurou combater a 1918), estabeleceu-se, sobretudo na Europa,

71
GEOGRAFIA
uma disputa de ideias em torno do envolvimento tência dos monopólios, no domínio do capital fi-
nesse conflito. Com base na leitura de cada um nanceiro, na exportação de capitais excedentes
dos documentos, explique as posições assumidas para as áreas periféricas e na disputa entre os
sobre a participação na guerra. países pelo domínio de colônias e zonas de influ-
ência. Explique dois desdobramentos da política
imperialista no início do século XX, no que diz
respeito às políticas de aliança entre os países
europeus e às disputas territoriais.

16. (Ufrj 2008)

18. (Unesp 2004) Encontrando-se o Estado em situa-


ção de poder calcular a eficiência (...) dos bens de
capital a longo prazo e com base nos interesses
gerais da comunidade, espero vê-lo assumir uma
responsabilidade cada vez maior na organização
direta dos investimentos.
(J. M. Keynes. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda. 1936.)

O ponto de vista de Keynes opõe-se a uma teoria


econômica que predominou na política governa-
mental dos Estados Unidos da América nos anos
imediatamente anteriores à crise de 1929. Base-
ando-se nestas informações, responda.
a) A que teoria econômica Keynes se opunha?

A charge “Um cadáver”, de J. Carlos, foi publicada


em 1918. Nela, a Germânia diz: “E agora, meu
filho?... Quem paga essas contas?” (Cadáver: gíria
da época para credor, cobrador).
Entre 1914 e 1918, o mundo esteve envolvido de
forma direta ou indireta em sua Primeira Grande
Guerra. O quadro pós-conflito foi definido pelos
b) Exemplifique, com duas medidas implemen-
países vencedores - Inglaterra, França e EUA - ,
tadas pelo New Deal, o esforço do governo
tendo sido a Alemanha considerada a principal
Roosevelt para superar os efeitos sociais da
responsável pelo conflito.
crise econômica de 1929.
Apresente duas determinações do Tratado de
Versalhes (1919) que tiveram fortes repercussões
para a economia alemã nos pós- 1a Guerra.

19. (Fuvest 2004) A Primeira Guerra Mundial, (1914-


1918), foi o primeiro conjunto de acontecimentos
que abalou seriamente o domínio colonial e a
17. (Ufg 2006) Dá-se o nome de imperialismo à nova
existência de impérios europeus no século XX.
fase do capitalismo. Essa fase baseia-se na exis-

72
GEOGRAFIA
Tendo por base o texto, explique:
a) A associação entre o colonialismo europeu e
a Primeira Guerra.

b) Cite duas consequências geopolíticas da Pri-


meira Guerra para a Europa entre 1918 e 1939.

b) A relação entre a Primeira Guerra e a destrui-


ção do Império Russo.

21. (Uerj 2003) De acordo com as informações con-


tidas na tabela, indique o fato histórico que mo-
tivou a alteração radical na posição econômica
dos Estados Unidos e explique a consequência
econômica resultante dessa alteração.

20. (UFRJ 2004)


“A mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os mesmos ratos, crescendo como mato,
Os mesmos abrigos, nada de novo,
Os mesmos e velhos cheiros, tudo na mesma,
Os mesmos cadáveres no front,
A mesma metralha, das duas às quatro,
Como sempre cavando, como sempre caçando,
A mesma velha guerra dos diabos.”
(soldado inglês)

“Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo


sob intenso barulho. A melhor coisa que pode-
ria acontecer seria os ingleses avançarem e nos
fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conos- (Fonte: Historical Statistics of the United States, 1789-
co. Não seremos substituídos. Os aviões lançam 1945.)
projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pen- (Adaptado de NIVEAU, Maurice. “História dos fatos
sar. As rações estão esgotadas - pão, conservas, econômicos contemporâneos.” São Paulo: Difel, 1969.)
biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota
de água. É o próprio inferno.”
(soldado alemão)

Fonte: Marques, Adhemar Martins et at (orgs.). História


Contemporânea através de textos. São Paulo, Contexto,
2000, pp. 118 e 120.

Os fragmentos apresentam o depoimento de dois


soldados, um inglês e o outro alemão, durante a 22. (Unesp 2002) Um periódico norte-americano
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). apresentou uma fotografia de um homem, ao
a) Identifique duas características que estejam lado de um automóvel luxuoso, com o seguinte
presentes em ambos os textos e expressem cartaz: “$100 will buy this car. Must have cash.
os sentimentos dos combatentes nessa fase Lost all on the stock market.”
da Primeira Guerra. Traduzindo: “Cem dólares compram este carro.
Pagamento à vista. Perdeu tudo no mercado de
ações.” Esta imagem traduz uma das maiores cri-
ses da história do capitalismo.

73
GEOGRAFIA
a) Onde e quando teve início essa crise? 25. (G1 1996) Explique a Paz Armada, que antecedeu
a Primeira Guerra Mundial.

b) Indique os efeitos históricos desta crise para


o Brasil. 26. (G1 1996) Quais foram as alianças políticas e mi-
litares na Europa que antecederam a Primeira
Guerra Mundial?

23. (Uerj 2002) Observe as gravuras referentes ao


período da Primeira Guerra Mundial.
Considerando as transformações desse período, 27. (Unesp 1991) Esclareça por que a guerra de 1914
descreva: a 1918 é chamada de “Mundial” e relacione os
a) uma transformação social que, decorrente da nomes de três potências imperialistas da época
guerra, está diretamente relacionada às gra- que integraram a Tríplice Entente.
vuras;

b) um reflexo da Primeira Guerra sobre a econo- AULA 05


mia do Brasil. GEOPOLÍTICA MUNDIAL

2º Guerra Mundial (1939 – 1945)

• Primeira Fase (1939 – 1941)


– Invasões rápidas - blitzkrieg, a tática da guer-
ra-relâmpago
– Construção do Espaço Vital
• Segunda Fase (1941 – 1945)
24. (Ufes 1999) Explique como a questão da Bósnia- – Operação Barbarossa (Alemanha X URSS)
-Herzegovina influiu na deflagração da Primeira – Pearl Harbor (Japão X EUA)
Grande Guerra Mundial.  Estados Unidos e União Soviética entram na
guerra
– Estados unidos fornece armas e novas tropas
aos aliados
• Novos armamentos
– Radar
– Bomba atômica

74
GEOGRAFIA
A partir dessa leitura e considerando outros co-
ATIVIDADES nhecimentos sobre o assunto,
a) INDIQUE e ANALISE duas razões para a escolha
28. (Unicamp 2009) Os animais humanizados de Walt do Japão como alvo das bombas atômicas.
Disney serviam à glorificação do estilo de vida
americano. Quando os desenhos de Disney já
eram famosos no Brasil, o criador de Mickey che-
gou aqui como um dos embaixadores da Política
da Boa Vizinhança. Em 1942, no filme Alô, amigos,
um símbolo das piadas brasileiras, o papagaio,
vestido de malandro, se transformou no Zé Ca-
rioca. A primeira cópia do filme foi apresentada
a Getúlio Vargas e sua família, e por eles assisti-
da diversas vezes. Os Estados Unidos esperavam, b) ANALISE os desdobramentos do lançamento
com a Política da Boa Vizinhança, melhorar o nível das bombas atômicas sobre o Japão no con-
de vida dos países da América Latina, dentro do texto da Guerra Fria.
espírito de defesa do livre mercado. O mercado
era a melhor arma para combater os riscos do
nacionalismo, do fascismo e do comunismo.
(Adaptado de Antônio Pedro Tota, “O imperialismo
sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda
Guerra”. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 133-
138, 185-186.)

a) De acordo com o texto, de que maneiras os


personagens de Walt Disney serviam à política 30. (Unicamp 2003) A tentativa dos nazistas de dis-
externa norte-americana na época da Segunda simular suas atrocidades nos campos de concen-
Guerra Mundial? tração e de extermínio resultou em completo
fracasso. Muitos sobreviventes desses campos
sentiram-se investidos da missão de testemu-
nhar e não deixaram de cumpri-la, alguns logo
depois de serem libertados e outros, quarenta
e até cinquenta anos mais tarde. (Adaptado de
Tzvetan Todorov, “Memória do mal, tentação do
bem. Indagações sobre o século XX.” ARX, 2002,
p. 211.)
a) Caracterize o contexto histórico em que sur-
b) Como o governo Vargas se posicionou em re-
giram os campos de concentração e de exter-
lação à Segunda Guerra Mundial?
mínio.

29. (UFMG 2008) Leia este texto:


b) Que parcelas da população foram aprisionadas
“A guerra estava no fim e Hiroshima permanecia
nesses campos?
intacta. A população acreditava que a cidade não
seria bombardeada. Mas infelizmente no dia 6
de agosto, às 8 horas e 15 minutos, um enorme
cogumelo de fogo tomou conta da cidade des-
truindo a vida de milhões de pessoas inocentes...
A cidade acabara e, com ela, toda a referência de
uma vida normal.”
http://www.nisseychallenger.com/hiroshima.html. Acesso:
4 jun. 2007.

75
GEOGRAFIA
c) Com base no texto, explique a importância do a) O que foi o ataque a Pearl Harbor?
testemunho dos sobreviventes.

b) Qual foi a arma utilizada pelos americanos para


31. (Unesp 2003) Sem a possibilidade que lhe foi dada obrigar à rendição o país que os atacou?
de empregar homens de nível inferior, o Ariano
nunca teria podido dar os primeiros passos na es-
trada que devia conduzi-lo à civilização; da mes-
ma maneira que, sem a ajuda de certos animais
que possuíam as qualidades necessárias, as quais
soube domesticar, ele nunca se teria tornado se-
nhor de uma técnica que lhe permite atualmente
prescindir, pouco a pouco, da ajuda desses ani-
mais. O provérbio ‘o Mouro fez o que devia fazer, c) Cite duas diferenças políticas entre o ataque a
o Mouro pode ir-se embora’ tem, infelizmente, Pearl Harbor e os ocorridos em 11 de setembro
um significado por demais profundo. de 2001.
(A. Hitler, Mein Kampf (Minha Luta).)

Este texto, escrito por Adolf Hitler, explica parte


de suas teorias racistas que eram também a base
do regime nazista.
a) Quais as principais ideias da ideologia racista
de Hitler e dos nazistas?

33. (Unesp 2002) O jornal “O Estado de S. Paulo” pu-


blicou:
“Apesar de ser um tema recorrente no cinema,
na mídia e na literatura, 89% dos brasileiros não
sabem o que foi o holocausto (...). Em 14 países
pesquisados na Europa e América Latina (...), os
brasileiros ficaram na penúltima colocação, com
b) Como se pode relacionar o racismo nazista
11% (...). Os dados no Brasil foram coletados pelo
com a “teoria do espaço vital”, ou seja, com o
IBOPE...”.
projeto de ampliação territorial e política? (17.7.2001, p. A-8.)

O holocausto foi a perseguição e o massacre de


judeus ocorridos no contexto da 2a Guerra Mun-
dial.
a) Cite dois argumentos que os responsáveis pelo
holocausto utilizaram na época para justificar
seus atos.

32. (Unicamp 2002) Os ataques aéreos às torres gê-


meas do WTC em Nova Iorque e ao prédio do
Pentágono em Washington, ocorridos nos Esta-
dos Unidos em 11 de setembro de 2001, fizeram
com que os americanos e a imprensa evocassem
o ataque à base militar de Pearl Harbor, no Havaí,
em 7 de dezembro de 1941.

76
GEOGRAFIA
b) Indique outro evento de mesma natureza, re- 36. (G1 1996) Qual a importância histórica da Batalha
gistrado pela História após 1945. de Stalingrado na Segunda Guerra Mundial?

34. (Ufv 2000) O jornal O Globo, em sua edição de 37. (G1 1996) O que foi o Plano Marshall?
29 de julho de 1949, noticiava que: “É gravíssimo
o estado do ex-marechal Petain (Philippe Petain
- 1856-1951), segundo informou o advogado e
defensor do ex-chefe do Governo de Vichy” na
França.
Explique, no contexto da Segunda Guerra Mun-
dial, o significado político do Governo de Vichy.

38. (Unesp 1996) Num de seus últimos discursos, o


presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano
Roosevelt declarou o seguinte:
“A conferência da Criméia foi um esforço bem-su-
cedido das três Nações principais de encontrar
um terreno comum para a paz. Ela representa o
fim do sistema da ação unilateral, das alianças
35. (Unicamp 1996) Por duas vezes na história, em exclusivas, das esferas de influência, do equilíbrio
de forças, e de todos os outros expedientes que
1812 e em 1943, os russos/soviéticos, sob um
há séculos são experimentados - e falham.”
inverno rigoroso de menos 30 °C, derrotaram po-
a) Quais as “três Nações principais” a que se re-
tências de tendência expansionista: a França de
fere Roosevelt?
Napoleão e a Alemanha de Hitler, respectivamen-
te. Em ambos os momentos, os russos/soviéticos
adotaram técnicas semelhantes para derrotar os
inimigos e foram responsáveis por mudanças de-
cisivas nos rumos da história contemporânea.
a) Explique qual a estratégia utilizada pelos rus-
sos, em 1812, e soviéticos, em 1943, para der-
rotarem os seus inimigos.

b) Caracterize sucintamente as relações inter-


nacionais do pós-guerra que contrariaram as
previsões otimistas de Roosevelt.

b) Qual a importância da URSS na política inter-


nacional após a Segunda Guerra Mundial?

39. (Unicamp 1993) Até 1945, o corpo do Imperador


japonês era tido como sagrado e não podia ser
tocado. Quando terminou a II Guerra, o presi-
dente dos Estados Unidos quebrou a autoridade
simbólica do Imperador, no Japão, ao exigir dele
um aperto de mão em público.

77
GEOGRAFIA
a) A partir do acontecimento relatado anterior-
mente, explique a situação político-econômica
dos Estados Unidos e do Japão ao final da II
Guerra Mundial.
b) Qual a condição imposta pelo pintor para a
exposição da obra na Espanha?

b) Qual a situação político-econômica desses dois


países atualmente?

AULA 06
GEOPOLÍTICA MUNDIAL

Guerra Fria – O Mundo Bipolar

• Um mundo dividido:
• Muro de Berlim
40. (Fuvest 1991) O Japão, derrotado na Segunda • Cortina de Ferro
Guerra Mundial, apresentou a partir de 1950 • Cordão Sanitário
acelerado crescimento econômico. Explique:
a) os motivos desse acelerado crescimento eco-
nômico. ATIVIDADES

42. (FMU-SP) – O Pacto de Varsóvia, criado em 1955


e extinto em 1991, teve como principal objetivo:
a) Reunir os países socialistas como a Alema-
nha Oriental e a Alemanha Ocidental contra
a OTAN.
b) Consolidar a influência soviética sobre os paí-
ses da Europa Oriental.
c) Conter a influência soviética sobre os países
b) os efeitos desse processo para a economia da Europa Oriental.
norte-americana. d) Consolidar a influência socialista na Europa
Ocidental.
e) Consolidar a influência capitalista na Europa
Oriental.

43. (TERESA D’ÁVILA) – A “Guerra Fria” foi a expres-


são utilizada para caracterizar um tipo de política
externa decorrente da:
a) Polarização do mundo em dois blocos políti-
41. (Fuvest 1982) Em 1937, o pintor Pablo Picasso co-militares, entre as duas guerras mundiais.
retratou, em um famoso quadro, o massacre da b) Polarização do mundo em blocos interessados
aldeia de Guernica. na exploração e posse da Sibéria.
a) O que estava ocorrendo na Espanha naquele c) Polarização do mundo em dois blocos políti-
momento? co-militares, após a Segunda Guerra Mundial.
d) Polarização do mundo em dois blocos liderados
pela Alemanha, Itália e Japão. De um lado a Ingla-
terra, Rússia, Estados Unidos e França de outro.
e) A disputa das áreas árticas e antárticas, após
a Segunda Guerra Mundial.

78
GEOGRAFIA
44. (Enem) – Os 45 anos que vão do lançamento a) A Alemanha Oriental, fruto dos tratados do
das bombas atômicas até o fim da União Sovi- pós-Segunda Guerra Mundial, foi vitoriosa nas
ética não foram um período homogêneo único três copas disputadas no período de domínio
na história do mundo. […] Dividem-se em duas nazista e esses títulos não foram reconhecidos
metades, tendo como divisor de águas o início pela FIFA.
da década de 70. Apesar disso, a história deste b) A Alemanha unificada, vencedora de três copas
período foi reunida sob um padrão único pela mundiais, não teve reconhecida a sua condição
situação internacional peculiar que o dominou de nação porque, na época das vitórias, estava
até a queda da União Soviética. ocupada pelas forças da OTAN.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos. São Paulo: c) Os títulos mundiais ganhos pela Alemanha,
Companhia das Letras, 1996. no período da Guerra Fria, foram atribuídos
apenas à parte oriental.
O período citado no texto e conhecido por Guerra d) A Alemanha Ocidental ganhou apenas dois dos
Fria pode ser definido como aquele momento três títulos, o outro título foi ganho pela parte
histórico em que houve: oriental, ocupada por forças soviéticas.
a) corrida armamentista entre as potências im- e) A Alemanha, derrotada na Segunda Guerra
perialistas europeias ocasionando a Primeira Mundial, teve o seu território dividido em duas
Guerra Mundial. partes e apenas a Ocidental foi vitoriosa nas
b) domínio dos países socialistas do Sul do globo três copas mundiais.
pelos países capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/ 47. (Ufu 2006) – Leia o trecho do discurso a seguir.
União Soviética Stalinista, durante os anos 1930. “Que toda nação saiba… que pagaremos qualquer
d) disputa pela supremacia da economia mun- preço, suportaremos qualquer fardo, enfrenta-
dial entre o Ocidente e as potências orientais, remos qualquer privação, apoiaremos qualquer
como a China e o Japão. amigo, obstaremos qualquer inimigo, para asse-
e) constante confronto das duas superpotências gurar a sobrevivência e o triunfo da liberdade.”
que emergiram da Segunda Guerra Mundial. John F. Kennedy, Discurso de Posse. Citado por NEVINS, A.
e COMMAGER, H.S. “Breve História dos Estados Unidos”,
S.P.: Alfa-Omega, 1986, p. 591.
45. (UNESP 92) – Os recentes acordos para a dimi-
nuição das armas estratégicas de longo alcance Baseando-se na citação e na política externa do
afastam as campanhas histéricas e o perigo de governo norte-americano na década de 1960,
um confronto bélico catastrófico. Quando se assinale a alternativa INCORRETA.
analisam as origens da denominada Guerra Fria, a) No início do governo Kennedy, ocorreram
percebe-se que ela se relacionou inicialmente intervenções e conflitos envolvendo Cuba e
com: União Soviética. Os Estados Unidos apoiaram
a) a política do desarmamento nuclear e o en- a invasão da Baía dos Porcos, promoveram o
frentamento militar direto entre as duas su- bloqueio naval e aéreo à ilha e exigiram a re-
perpotências. tirada dos foguetes soviéticos instalados em
b) a instalação de rampas de lançamento e a re- Cuba.
tirada dos mísseis soviéticos de Cuba. b) Ao enfatizar a aplicação do Plano Marshall e
c) o fim da Guerra do Vietnã e o apoio norte-ame- da Doutrina Truman, o governo Kennedy foi
ricano aos “contras” da Nicarágua sandinista. marcado pelas negociações com a União So-
d) a ascensão de Mikhail Gorbatchev na URSS e viética e a China, que objetivaram solucionar
sua política de Glasnost. os conflitos envolvendo a Coréia e o Vietnã e
e) o envolvimento dos governos inglês e nor- evitaram a expansão do comunismo na Ásia.
te-americano na elaboração de um discurso c) Em relação à América Latina, o governo nor-
responsabilizando o comunismo como terrível te-americano formulou a Aliança para o Pro-
ameaça ao mundo livre. gresso, cuja proposta era conceder ajuda
e financiamentos para o desenvolvimento
46. (Uff 2007) – Na última Copa do Mundo, nos sur- econômico, a fim de evitar o crescimento da
preendemos com a declaração do técnico da influência comunista sobre as populações la-
seleção alemã Jurgen Klinsmann, diante da pos- tino-americanas.
sibilidade de a Alemanha ganhar aquela Copa e d) O governo norte-americano organizou inicia-
ser tetracampeã. Na verdade, a Alemanha estaria tivas de treinamento das forças armadas e
ganhando o seu primeiro título de Copa do Mun- dos serviços de repressão da América Latina,
do, afirmou Jurgen Klinsmann. Assinale a opção a fim de reprimir manifestações populares e
que explica corretamente a afirmação do técnico opositores aos governos favoráveis à influência
alemão. norte-americana.

79
GEOGRAFIA
48. (Unesp 2005) – Nas décadas de 1960 e 1970, a 51. (CPCON) A Guerra Fria, iniciada logo após o fim
relação dos EUA com a América Latina da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), polari-
a) caracterizou-se pela ausência de investimentos zou o contraste ideológico entre o capitalismo e
econômicos significativos, uma vez que a re- socialismo, aprofundando um cenário de disputa
gião oferecia menores oportunidades de lucro internacional por novas tecnologias, armas nucle-
do que os chamados tigres asiáticos. ares, poder econômico, político e militar. Aqueda
b) alterou-se quando os norte-americanos condi- do Muro de Berlim (1989) e o fim da União Sovi-
cionaram a ajuda financeira aos relatórios de ética (1991) são fatos que simbolizaram o fim da
organizações internacionais que avaliavam o Guerra Fria.
respeito aos direitos humanos e à democracia. Sobre o tema, é CORRETO afirmar:
c) desenvolveu-se de acordo com o programa a) Com o fim da bipolarização entre capitalismo
do Departamento de Estado Norte-americano, e o socialismo, as diferenças econômicas e
com o objetivo de suplantar o domínio político sociais entre os países ricos e países pobres
e cultural dos países europeus na região. terminaram, havendo uma hegemonia do ca-
d) particularizou-se pela aplicação da “política da pitalismo, que busca desenvolver o princípio
boa vizinhança”, que objetivava industrializar da igualdade.
e desenvolver o sul do continente, ainda que b) A Nova Ordem Mundial assinala o fim da bi-
sob o controle dos norte-americanos. polaridade entre União Soviética e Estados
e) pautou-se por um clima tenso, sobretudo de- Unidos. Contudo, inicia-se uma nova guerra
pois da subida ao poder de Fidel Castro e da contra o terrorismo cujo principal objetivo é
crise dos mísseis na baía dos Porcos. trazer a possibilidade de uma abertura de di-
álogo entre as grandes potências mundiais e
49. (Ufsm 2002) – Leia o texto a seguir. Tornava-se os países periféricos.
claro que toda a tecnologia em desenvolvimento c) Após a Guerra Fria, surge uma nova lógica
na corrida pela conquista do espaço não seria só internacional, com novos blocos econômicos
utilizada para viagens espaciais, ou em proveito regionais; Japão, União Europeia e China des-
da humanidade. Atrás do cenário da “odisseia tacam-se como centros políticos e econômicos
do espaço”, ocultavam-se fins bélicos. […] os fo- de poder. Além disso, a nova divisão interna-
cional evidência, sob o crivo econômico, a dis-
guetes desenvolvidos poderiam servir tanto para
tinção entre os países do Norte desenvolvido
transportar cargas pacíficas (satélites) como ar-
e do Sul subdesenvolvido.
mas atômicas. O progresso da humanidade tra-
d) Está cristalizada a divisão Norte–Sul, sendo
zia consigo o princípio do fim. Um incidente in-
impossível nação subdesenvolvida tornar-se
ternacional, ocorrido em 1962, é exemplar para
desenvolvida e vice-versa.
demonstrar a permanente tensão vivida pelo
e) O Brics apresenta, frente à Nova Ordem Mun-
mundo.
(MILDER,Saul. “A conquista da lua”. SãoPaulo: FTD, 1997.)
dial, a polarização econômica que marcou o
Assinale a alternativa que apresenta o incidente a que o mundo após a Guerra Fria entre os países im-
texto se refere. perialistas e as nações neocoloniais.
a) Invasão da Baía dos Porcos por castristas.
b) Argumento do Muro de Berlim. 52. (Instituto AOCP) Assinale a alternativa que NÃO
c) A invasão da Hungria pela URSS. se relaciona ao momento histórico denominado
d) O não-alinhamento da Iugoslávia. Guerra Fria.
e) A crise dos mísseis soviéticos em Cuba. a) As bombas atômicas atiradas em Hiroshima
e Nagasaki pelos norte-americanos também
50. (Pucrs 2007) – A Queda do Muro de Berlim, em ajudaram a eclodir o conflito da Guerra Fria.
1989, significou, SIMBOLICAMENTE, b) A chamada Doutrina Truman tinha como ob-
a) a vitória do comunismo na República Demo- jetivo impedir a expansão do comunismo no
crática Alemã. que se considerava como países democráticos.
b) a alteração nas relações político-ideológicas c) Criou-se o Conselho de Assistência Mútua eco-
entre Estados Unidos e União Soviética. nômica (COMECON), com o objetivo de inte-
c) o início da globalização econômica, com a cria- grar as economias da URSS e dos países do
ção do Mercado Comum Europeu. Leste Europeu, criando um mercado comum.
d) o isolamento da Alemanha oriental no cenário d) Os Estados Unidos criaram uma série de pro-
europeu e internacional. gramas que foram implementados com o ob-
e) a fuga de mão-de-obra da parte ocidental para jetivo de recuperar e reformar a economia,
a parte oriental da Alemanha. além de auxiliar os prejudicados pela Grande
Depressão.

80
GEOGRAFIA
e) A tensão diplomática entre Washington e Mos- foi marcado por guerras em algumas regiões do
cou por conta dos mísseis que estavam sendo planeta, alianças militares supranacionais, corrida
instalados na ilha de Cuba. militar nuclear armamentista e corrida espacial.
Fonte: COTRIM, G. História global. São Paulo: Saraiva,
2016, p.148.
53. (Selecon – adaptado) Em 2008, vinte anos após
o lançamento de seu livro 1968: o ano que não
terminou, Zuenir Ventura lançou 1968: o que Sobre a guerra fria, analise as seguintes afirma-
fizemos de nós. Neste livro, o autor pergunta: tivas:
“1968 terminou ou não terminou? Que balanço I. A Guerra da Coreia (1950-1953) determinou
se pode fazer hoje de um ano tão carregado de a seguinte divisão: Coreia do Norte socialista e
ambições e de sonhos? O que restou de tantos Coreia do Sul capitalista.
ideais? Muitos países que viveram a experiência II. Os Estados Unidos foram os primeiros a pro-
estão tentando avaliar o seu legado… O que foi duzir e utilizar armas nucleares.
feito dessa herança?” III. A corrida espacial foi marcada pelo pionei-
VENTURA, Zuenir, 1968: o que fizemos de nós. São Paulo: rismo soviético. A União Soviética foi o primeiro
Editora Planeta do Brasil. 2008. p. 11 (adaptado). país a lançar um satélite artificial denominado
Sputnik.
O ano de 1968 continua sendo lembrado pelas IV. No período da Guerra Fria surgiu a Internet,
intensas manifestações políticas e culturais que que, no início, era restrita aos militares estadu-
ocorreram em diferentes países e continentes. nidenses.
São acontecimentos marcantes daquele ano: V. Durante a Guerra Fria, ocorreu a Guerra do
a) as greves de operários no ABC paulista contra Vietnã. Os Estados Unidos, contando com o apoio
a política salarial do governo militar; as ma- do Vietnã do Sul, em 1975, conseguiram unificar o
nifestações simultâneas de nações indígenas país por meio do socialismo, criando a República
na América Latina, EUA e Canadá por direitos Democrática do Vietnã.
civis; a invasão da Polônia pelas tropas sovié-
ticas para pôr fim num governo antistalinista. Assinale a alternativa CORRETA referente às afir-
b) as grandes manifestações patrióticas nos EUA mativas anteriores.
em apoio à Guerra do Vietnã; os primeiros mo- a) Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas.
vimentos de independência bem-sucedidos da b) Todas as afirmativas estão corretas.
Índia e do Paquistão; o início do processo de c) Apenas a afirmativa IV está errada.
abertura democrática no Brasil, com o General d) Apenas as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
Ernesto Geisel. e) Todas as afirmativas estão erradas.
c) os movimentos políticos pela redemocratiza-
ção dos países do Cone Sul; as ações militares
dos Estados Unidos em países africanos contra
AULA 07
os avanços da União Soviética naquele conti-
nente; o fim da luta armada no Brasil com a GEOPOLÍTICA MUNDIAL
prisão de todos os envolvidos na Guerrilha do
Araguaia. Guerra Fria – O Mundo em guerra
d) as manifestações estudantis na França e nos
Estados Unidos contra o conservadorismo na • Guerra das Coreias
política e na educação; a Primavera de Praga, • Guerra do Vietnã
que propunha reformas políticas e sociais na • Guerras por independência na África
Tchecoslováquia; a volta das grandes manifes- • Crise dos mísseis – Base militar em Cuba
tações de rua no Brasil, como a Passeata dos • Guerra Fria – Crise na URSS - Mikhail Gorbachev
Cem Mil, no Rio de Janeiro. – Perestroika (reestruturação)
e) todas as alternativas acima. – Glasnost (transparência)
54. (IFC – adaptado) Disputando áreas de influência – Queda do muro de Berlim
em várias regiões do mundo, soviéticos e esta- – Saída das repúblicas Bálticas
dunidenses geraram um período de graves ten- – Fragmentação da URSS
sões políticas, que ficou conhecido como Guerra – Formação da CEI
Fria. Entre os principais alvos dos governos dos • Nova Ordem Mundial
Estados Unidos e da União Soviética, nesse perí- • Fim da Bipolaridade
odo, estavam os países subdesenvolvidos, como • Mundo multipolarizado
eram então chamadas as nações mais pobres da
América Latina, da Ásia e da África. O período

81
GEOGRAFIA
AULA 08
GUERRAS E CONFLITOS ATUAIS

Descolonização da África

África - Mapa político

Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fmisosoafricapt.wordpress.


com%2F2012%2F03%2F19%2Fmapa-atualizado-da-africa-2012%2F&psig=AOvVaw1reBPo16zuZ_NLHmxATLae&ust=1639836752809
000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCJDM-pCC6_QCFQAAAAAdAAAAABBE. Acesso em 16 de dezembro de 2021.

82
GEOGRAFIA

Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.todamateria.com.br%2Fafrica-subsaariana%2


F&psig=AOvVaw1reBPo16zuZ_NLHmxATLae&ust=1639836752809000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCJDM-
pCC6_QCFQAAAAAdAAAAABAZ. Acesso em 16 de dezembro de 2021.

Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fumviageiro.com.


br%2Fafrica%2F&psig=AOvVaw1reBPo16zuZ_NLHmxATLae&ust=1639836752809000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwo
TCJDM-pCC6_QCFQAAAAAdAAAAABAj. Acesso em 16 de dezembro de 2021

83
GEOGRAFIA
O século XX foi marcado por movimentos, revol- • Recusa na participação dos preparativos da de-
tas e acontecimentos. No continente africano foi o fesa coletiva destinada a servir aos interesses
tempo das independências, que caminharam juntas à particulares das superpotências.
Guerra Fria, quando União Soviética e Estados Unidos • Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão,
polarizaram o mundo e, no contexto africano, foram ou do emprego da força, contra a integridade
decisivas com suas posições – por diferentes motivos territorial ou a independência política de outro
– contrárias ao colonialismo. As duas superpotências país.
mundiais foram fundamentais na difusão do anticolo- • Solução de todos os conflitos internacionais por
nialismo e no apoio às jovens nações de África. meios pacíficos (negociações e conciliações, arbi-
Os processos de independência ocorreram de tragens por tribunais internacionais), de acordo
variadas formas. Seja por meio de conflitos violentos com a Carta da ONU.
ou pela via das negociações com as metrópoles, os • Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.
africanos estiveram em busca de emancipação. • Respeito pela justiça e obrigações internacionais.
As primeiras independências se deram na chama-
da África Mediterrânica, quando já no início do século Conferência de Bandung. Disponível em: http://www.
XX o Egito conquista sua independência da Inglaterra diario-universal.com/2007/04/aconteceu/conferencia-de-
bandung/ .Acesso em 24 jul. de 2011.
em 1922, antes mesmo da Guerra Fria e suas consequ-
ências. A Etiópia, já independente no século XIX, volta
a ser colonizada pela presença italiana, libertando-se Num tempo próximo Tunísia e Marrocos libertam-
novamente em 1941. Já a Líbia conquista sua eman- -se dos franceses em 1956. Já a Argélia forma a Frente
cipação em 1952, enquanto Madagascar, em disputa de Libertação Nacional, movimento que investia em
contra a França, viu sua luta chegar ao fim em 1947. guerrilhas contra o colonialismo francês desde 1954,
e tem sua independência declarada em 1962.
Conferência de Bandung Neste cenário a Conferência de Bandung, em 1956
é fundamental, pois reuniu diversos países africanos
Conferência de Bandung é o nome com o qual ficou que se posicionaram criticamente em relação ao co-
conhecido historicamente o encontro ocorrido nes- lonialismo.
ta cidade indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955 Os processos de independência na Costa do Ouro
e que reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e foram marcados por protestos pacíficos e em 1957
africanos, responsáveis pelos destinos de 1 bilhão e o governo britânico reconhece sua independência,
350 milhões de seres humanos. Patrocinaram esta quando o país passa a adotar o nome de Gana.
conferência Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e Entre 1957 e 1962, 29 países passaram à condição
Paquistão, e tinha como objetivo promover uma de novos estados independentes e contribuíram para
cooperação econômica e cultural de perfil afro-a- acelerar o processo de descolonização africana, espe-
siático, buscando fazer frente ao que na época se cialmente por meio de oposições pacíficas. Foi o caso
percebia como atitude neocolonialista das duas de Camarões, Costa do Marfim, Benin, Burkina Faso,
grandes potências, Estados Unidos e União Sovi- Níger, Mali, Somália, Nigéria, Mauritânia e Gabão. Nos
ética, bem como de outras nações influentes que anos seguintes Serra Leoa, Tanzânia, Quênia, Gam-
também exerciam o que consideravam imperialis- bia, Ruanda e Uganda tiveram suas independências
mo, ou seja, promoção indiscriminada de seus pró- decretadas.
prios valores em detrimento dos valores cultivados
pelos povos em desenvolvimento. Cada país imperialista desocupou a África de ma-
Os princípios emersos da Conferência de Ban- neira distinta. Vejamos:
dung podem ser resumidos nestas dez disposições • O Reino Unido aceita se retirar de certos territó-
descritas abaixo: rios e transferir o poder para líderes escolhidos
• Respeito aos direitos fundamentais, de acordo pela metrópole. Para mantê-los como aliados,
com a Carta da ONU. cria-se a Commonwealth.
• Respeito à soberania e integridade territorial de • A França muda o status de suas colônias para
todas as nações. Províncias Ultramarinas e, mais tarde cria a Co-
• Reconhecimento da igualdade de todas as raças munidade Francesa onde vai reunir suas antigas
e nações, grandes e pequenas. possessões mantendo o francês como idioma
• Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos oficial e uma moeda em comum. A exceção será
internos de outro país. (Autodeterminação dos a sangrenta Guerra da Argélia.
povos) • A Espanha transforma a Guiné-Equatorial em pro-
• Respeito pelo direito de cada nação defender-se, víncia ultramarina, em 1960 e Ceuta e Melila, em
individual e coletivamente, de acordo com a Carta cidades. Em 1968, a Guiné-Equatorial é declarada
da ONU independente.

84
GEOGRAFIA
• A Bélgica se envolverá na Guerra do Congo.
• Portugal não aceita se desfazer de suas colônias
e só mudará o status desses territórios em 1959.
Mesmo assim, as décadas de 60 e 70 são marca-
das por conflitos armados apenas solucionados
com a Revolução dos Cravos, em 1974.
Conferência de Bandung. Disponível em: http://www.
diario-universal.com/2007/04/aconteceu/conferencia-de-
bandung/ .Acesso em 24 jul. de 2011.

Entretanto, não só de oposição pacífica os proces-


sos de independência em África foram marcados. Hou-
ve um grande número de oposições armadas e conflitos
violentos. É o caso da Nigéria, cuja trajetória no século
XX representa a dificuldade em estabelecer um Estado
livre. Nos primeiros anos da República Nigeriana muitos
foram os casos de assassinato e guerra, ocorridos por
divergências internas e movimentos separatistas.
O caso do Congo também é emblemático e seu
processo de independência bastante conturbado. O
Movimento Nacional Congolês já buscava pela eman-
cipação desde 1958. Sua independência aconteceu
em 1960 com a formação de um estado republicano
e parlamentarista. Mas, pouco tempo depois, o Con-
go sofre um golpe militar, apoiado por nações como
Bélgica, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, e seu
primeiro ministro foi torturado e morto.
Já o governo português foi o que mais apresen-
tou resistência aos processos de independência de
suas colônias africanas, especialmente por conta
da ditadura Salazarista (1932 – 1974) e sua posição
conservadora em relação ao colonialismo. Mesmo
assim enfrentou resistência em suas colônias, com
movimentos contundentes pelas independências em
Angola, em Moçambique, na Guiné e em Cabo Verde.
Nas colônias portuguesas o processo de emanci-
pação foi violento e cruel. Mais de cem mil soldados
foram enviados para África e os pedidos pela inde-
pendência ganharam força nos protestos. A desco-
lonização da África foi pauta também da Revolução
dos Cravos (1974).
Diversas foram as formas de conquista de emanci-
pação por parte das colônias africanas. Seja por meio
de luta armada ou da resistência pacífica foi somente
no século XX que o continente africano garantiu a
formação de suas nações e se viu livre dos coloniza-
dores europeus.

Referência:
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo:
Contexto, 2013.

FREITAS, Eduardo de. “Descolonização da África”;


Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.
com.br/geografia/descolonizacao-africa.htm. Acesso
em 14 de dezembro de 2021.

85
História
Professor: Pedro Turco
HISTÓRIA
ATIVIDADES venças entre a elite imperial e os militares brasileiros,
AULA 01 E 02 que sentiam-se desprestigiados principalmente pela
nomeação de civis para o Ministério da Guerra;
Habilidade: Correlacionar o conceito de cidadania no A questão da sucessão do trono também contri-
Brasil republicano com as organizações políticas e so- bui para o fim do Império, já que a princesa Isabel
cioeconômicas do período. seria a sucessora caso o imperador morresse, e o seu
Conteúdo: Brasil – República Velha: transformações esposo, o conde d’Eu, era francês e não agradava à
políticas e sociais. elite cafeicultora.
O historiador Boris Fausto considera a transição
entre a Monarquia a República como “quase um
A República Velha no Brasil
passeio”. Já o historiador Caio Prado Júnior afirma
o seguinte: “Não que a proclamação da República ti-
A partir de 15 de novembro de 1889, o Brasil ado-
vesse profundezas políticas ou sociais; a mudança de
tou o modelo republicano como forma de governo. O
regime não passou efetivamente de um golpe militar,
período conhecido como República Velha durou de
1889 até 1930. Historicamente, este período é chama- com o concurso apenas de reduzidos grupos civis e
do de República Velha em contraposição ao período sem nenhuma participação popular”. Isto é, a leitura
pós-revolução de 1930, que é visto como um marco na dos historiadores é de que a queda da monarquia
história da República, uma vez que provocou grandes brasileira ocorreu por disputas de interesses entre as
transformações no Estado brasileiro. elites nacionais, não pelo clamor popular em deixar
Podemos dividir a República Velha em dois pe- de ser governado por uma Família Real. As disputas
ríodos: entre a Igreja e o Estado e a abolição da escravatura
• O primeiro período vai de 1889 a 1894, cha- contribuíram para que o golpe militar ocorresse, mas
mado de República da Espada, foi o período tiveram menor importância no processo.
Fonte: https://www.politize.com.br/republica-velha/
dominado pelos militares. Ganhou este nome,
pois o Brasil foi governado por dois militares:
QUESTÃO 01: Leia o trecho abaixo e responda:
Marechal Deodoro da Fonseca e Floriano Pei-
“A partir de 15 de novembro de 1889, o Brasil adotou
xoto.
o modelo republicano como forma de governo. O pe-
• O segundo período vai de 1895 a 1930, cha-
ríodo conhecido como República Velha durou de 1889
mado de República Oligárquica, foi o período
até 1930. Historicamente, este período é chamado de
dominado pelos Presidentes dos Estados, pois
República Velha em contraposição ao período pós-
na época os atuais governadores eram chama-
-revolução de 1930, que é visto como um marco na
dos de presidentes.
história da República, uma vez que provocou grandes
transformações no Estado brasileiro.”
Neste texto trataremos da transição da monarquia Fonte: https://www.politize.com.br/republica-velha/
para a República, os fatores econômicos e políticos
da época. O trecho abaixo ressalta que:
a) A República velha nasceu em 1989.
Como Foi a Transição para a República? b) A República velha nasceu em 1979.
c) A República velha durou de 1989- 2022.
A passagem do Império para a República não foi d) A República velha durou 1889 – 1930.
marcada por uma grande revolução nem por uma sig- e) A República Velha vigara até os dias de hoje no
nificativa participação popular. O processo de transi- Brasil.
ção aconteceu por meio de um golpe militar, que foi
favorecido por alguns fatores importantes: QUESTÃO 02: Leia o trecho abaixo e responda:
O Exército teve papel fundamental no fim do “O historiador Boris Fausto considera a transição entre
Império brasileiro, o Marechal Deodoro da Fonseca a Monarquia a República como “quase um passeio”.
tornou-se chefe do governo provisório e vários outros Já o historiador Caio Prado Júnior afirma o seguinte:
oficiais foram eleitos para o Congresso Constituinte. O “Não que a proclamação da República tivesse pro-
desejo republicano estava presente em vários oficiais fundezas políticas ou sociais; a mudança de regime
do Exército, que eram influenciados pelo pensamento não passou efetivamente de um golpe militar, com
Positivista; o concurso apenas de reduzidos grupos civis e sem
Contou com o apoio da burguesia cafeeira como nenhuma participação popular”.”
uma base social estável, que apoiou o Exército na
época do golpe militar; O trecho acima destaca:
O Imperador Dom Pedro II sofria de diabetes e se a) O Historiador Boris Fausto escrevendo sobre a
ausentou do trono, aumentando ainda mais as desa- nova República.

88
HISTÓRIA
b) O Historiador Boris Fausto fala da transição da O Início da Política Republicana no Brasil
Monarquia para a República.
c) O Historiador Caio Prado Junior faz uma leitura Com o fim do Império, os vários grupos que dis-
positiva sobre o processo. putavam o poder e seus interesses diversos não con-
d) O Historiador Caio Prado Junior escrevendo sobre seguiam se entender sobre qual seria a melhor forma
1989. de organizar a República brasileira. Os representantes
e) Nenhuma das respostas acima. da elite nacional, situados em São Paulo, Minas Gerais
e Rio Grande do Sul, defendiam a ideia de República
Federativa, visando maior autonomia às unidades
ATIVIDADES regionais. Alguns grupos defendiam o modelo libe-
AULA 03 E 04 ral, era o caso do PRP, Partido Republicano Paulista e
também de alguns políticos mineiros.
Habilidade: Correlacionar o conceito a cidadania no A base da República seria constituída de cidadãos,
Brasil republicano com as organizações políticas e so- que seriam representados por quem dirige o Estado
cioeconômicas do período. – presidente e congresso eleitos. Havia também um
Conteúdo: Brasil – República Velha: transformações grupo que defendia as ideias positivistas, como os repu-
políticas e sociais. blicanos gaúchos, que acreditavam que uma República
forte seria o melhor sistema de governo a ser seguido,
sob o comando de Júlio Castilhos. Assim, o Rio Grande
A Economia Brasileira na República Velha
do Sul se tornou a principal região de influência do
positivismo. Dentre os militares, também havia diver-
A economia brasileira sempre esteva ligada à ori-
gências: o Exército foi o grande defensor da República,
gem de nossa colonização. Desde a época Colonial
enquanto a Marinha era vista como ligada à Monarquia.
(1500-1822), passando pelo período Imperial (1822-
O Positivismo teve grande influência em nossa
1889) até a República Velha (1889-1930), a economia
recém proclamada República. Embora Floriano Pei-
brasileira dependeu quase que exclusivamente do bom
xoto não fosse positivista, os oficiais que o cercavam
desempenho de suas exportações, as quais, durante
tinham forte influência desses ideais. Afinal, as ideias
todo período, restringiam-se a algumas poucas com-
positivistas dialogam com uma República de “ordem
modities agrícolas, ou seja, produtos com baixo valor
e progresso”. Ao fazer uso do lema “ordem e progres-
agregado como a soja, o milho e outros grãos, quando
so” na bandeira do Brasil, os republicanos diziam à
exportado In natura, sem nenhum processamento.
população brasileira que, para haver progresso, seria
Não havia a preocupação com o mercado interno,
necessário ter a “ordem”, ou seja, todos deveriam
já que até 1888 o Brasil ainda adotava a mão-de-o-
respeitar e aceitar as regras impostas pelo governo. Na
bra escrava em praticamente toda a produção. Os
bandeira nacional, lê-se a máxima política positivista
principais produtos destinados à exportação foram:
de Auguste Comte: “ O Amor por princípio e a Ordem
açúcar, algodão, café e borracha. Em 1900, o café re-
por base; o Progresso por fim”, representando as aspi-
presentava 65% das exportações brasileiras seguido
rações a uma sociedade justa, fraterna e progressista.
pela borracha, com 15%, e o Açúcar com 6%. A Repú- Fonte: https://www.politize.com.br/republica-velha/
blica Velha pode ser considerada o período áureo da
economia cafeeira agroexportadora, que favoreceu QUESTÃO 03: Leia o trecho abaixo e responda:
à acumulação de capital dos grandes produtores de “Não havia a preocupação com o mercado interno, já
café, e consequentemente o surgimento a indústria que até 1888 o Brasil ainda adotava a mão-de-obra
em nosso país. escrava em praticamente toda a produção. Os princi-
O grande problema econômico que a República pais produtos destinados à exportação foram: açúcar,
herdou do Império foi a crise financeira. Caio Prado algodão, café e borracha. Em 1900, o café represen-
Júnior afirma que “a origem dessa crise financeira, tava 65% das exportações brasileiras seguido pela
embora complicando-se depois com outros fatores, borracha, com 15%, e o Açúcar com 6%.”
está no funcionamento do sistema monetário e no Fonte: https://www.politize.com.br/republica-velha/
sempre recorrente apelo a emissões [de papel moeda]
incontroláveis e mais ou menos arbitrárias de que o A economia brasileira da época era caracterizada por:
passado já dera, como vimos, tantos exemplos.” a) Exportação de produtos industrializados.
O que o historiador busca explicar é que a política b) Exportação de produtos advindos da Revolução
econômica dos governos estava alicerçada na emissão Industrial.
de papel-moeda, o que acaba gerando inflação, e no c) Importação de produtos primários.
aumento da dívida pública. Essas ações não resolviam d) Exportação de produtos advindos da monocultura.
o problema, mas geravam mais inflação e instabilidade e) Nenhuma das alternativas acima.
social para os governantes republicanos.

89
HISTÓRIA
QUESTÃO 04: Leia o texto abaixo e responda:
“O grande problema econômico que a República her-
dou do Império foi a crise financeira. Caio Prado Júnior
afirma que “a origem dessa crise financeira, embora
complicando-se depois com outros fatores, está no
funcionamento do sistema monetário e no sempre
recorrente apelo a emissões [de papel moeda] incon-
troláveis e mais ou menos arbitrárias de que o passado
já dera, como vimos, tantos exemplos.”
Fonte: https://www.politize.com.br/republica-velha/
A proclamação da República (15/11/1889) não
O texto acima destaca: alterou os problemas socioeconômicos enfrentados
a) A prosperidade financeira do Brasil na Primeira pela população goiana, em especial pelo isolamento
República. proveniente da carência dos meios de comunicação,
b) A prosperidade industrial do Brasil na República com a ausência de centros urbanos e de um mercado
Velha. interno e com uma economia de subsistência. As elites
c) A crise financeira e econômica do Brasil na Pri- dominantes continuaram as mesmas. As mudanças
meira República. advindas foram apenas administrativas e políticas.
d) A crise industrial brasileira. A primeira fase da República em Goiás, até 1930,
e) A crise contemporânea no Brasil. foi marcada pela disputa das elites oligárquicas goia-
nas pelo poder político: Os Bulhões, os Fleury, e os
Jardim Caiado. Até o ano de 1912, prevaleceu na po-
ATIVIDADES lítica goiana a elite oligárquica dos Bulhões, liderada
AULA 05 E 06 por José Leopoldo de Bulhões, e a partir desta data
até 1930, a elite oligárquica dominante passa a ser dos
Habilidades: Relacionar as forças políticas contem- Jardim Caiado, liderada por Antônio Ramos Caiado.
porâneas em Goiás com as oligarquias fundiárias do A partir de 1891, o Estado começou a vivenciar
início do século XX. certo desenvolvimento com a instalação do telégra-
Conteúdo: Goiás na República Velha. fo em Goiás para a transmissão de notícias. Com a
chegada da estrada de ferro em território goiano, no
início do século XX, a urbanização na região sudeste
Educação em Goiás no século XIX
começou a ser incrementada o que facilitou, também,
a produção de arroz para exportação. Contudo, por
Em 1835, o presidente da província, José Rodri-
gues Jardim regulamentou o ensino em Goiás. Em falta de recursos financeiros, a estrada de ferro não
1846 foi criado na então capital, Cidade de Goiás, se prolongou até a capital e o norte goiano, que per-
o Liceu, que contava com o ensino secundário. Os manecia praticamente incomunicável. O setor mais
jovens do interior que tinham um poder aquisitivo dinâmico da economia era a pecuária e predominava
maior, geralmente concluíam seus estudos em Minas no estado o latifúndio.
Gerais e faziam curso superior em São Paulo, e os Com a revolução de 30, que colocou Getúlio Var-
de família menos abastada, encaminhavam-se para gas na Presidência da República do Brasil, foram re-
a escola militar ou seminários. A maioria da popula- gistradas mudanças no campo político. Destituídos os
ção, no entanto, permanecia analfabeta. A primeira governantes, Getúlio Vargas colocou em cada estado
Escola Normal de Goiás foi criada em 1882, e em 1889 um governo provisório composto por três membros.
foi fundado pelas irmãs dominicanas um colégio na Em Goiás, um deles foi o Dr. Pedro Ludovico Teixeira,
Cidade de Goiás, que atendia às moças. que, dias depois, foi nomeado interventor.
Com a revolução, o governo adotou como meta
O Movimento Abolicionista em Goiás trazer o desenvolvimento para o estado, resolver os
problemas do transporte, da educação, da saúde e da
O poeta Antônio Félix de Bulhões (1845-1887) foi exportação. Além disso, a revolução de 30 em Goiás
um dos goianos que mais lutaram pela libertação dos deu início à construção de Goiânia.
escravos. Fundou o jornal O Libertador (1885), promo-
veu festas para angariar fundos para alforriar escra- O começo do século XX e a Marcha para
vos e compôs o Hino Abolicionista Goiano. Com a sua Oeste
morte, em 1887, várias sociedades emancipadoras se
uniram e fundaram a Confederação Abolicionista Félix Com a Proclamação da República, mudam-se os
de Bulhões. Quando foi promulgada a Lei Áurea, havia nomes das unidades federativas de “Província” para
aproximadamente quatro mil escravos em Goiás. “Estado”, mas não houveram grandes alterações na

90
HISTÓRIA
delimitação de divisas. As principais alterações ocorre- A imagem acima retrata:
ram no Sul do país (com o conflito do Contestado entre a) O processo de construção de Goiânia.
Santa Catarina e Paraná) e no Nordeste. Entretanto, b) O processo de construção de São Paulo.
esse cenário ganha nova dinâmica com o começo da c) Retrata Goiânia na contemporaneidade.
II Grande Guerra (1939), quando surgem pressões d) Retrata Goiás na contemporaneidade.
para a criação de territórios fronteiriços (Ponta Porã, e) O processo de construção do Rio de Janeiro.
Iguaçu, Amapá, Rio Branco, Guaporé e Fernando de
Noronha), para proteção contra possíveis ataques
estrangeiros. ATIVIDADES
Nesse contexto, também surge um movimento AULA 07 E 08
pela ocupação dos vazios internos – a Marcha para
Oeste – com a abertura de linhas telegráficas, pistas de Habilidades: Identificar os significados geohistóricos
pouso e construção de cidades, a exemplo de Goiânia. das relações de poder entre as nações.
Apenas na década de 1950 o movimento divisionis- Conteúdo: Primeira Guerra Mundial.
ta ressurge com maior força, a partir da mobilização
personagens como o Major Lysias Rodrigues e o Juiz
de Direito Feliciano Braga.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
É dessa época (1956) a chamada “Carta de Porto
Vários problemas atingiam as principais nações
Nacional” ou “Proclamação Autonomista de Porto
europeias no início do século XX. O século anterior
Nacional”, que norteou esse esforço. Mas a oposição
havia deixado feridas difíceis de curar.
de lideranças políticas da região e a transferência do
Alguns países estavam extremamente desconten-
juiz Feliciano Braga para outra comarca, fez com que
tes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final
o movimento enfraquece-se.
Fonte: https://enquantoissoemgoias.com/goias/historia/ do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam
ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso,
QUESTÃO 05: Leia o trecho abaixo e responda: França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias,
“A primeira fase da República em Goiás, até 1930, foi ricas em matérias-primas e com um grande mercado
marcada pela disputa das elites oligárquicas goianas consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha,
pelo poder político: Os Bulhões, os Fleury, e os Jar- neste contexto, pode ser considerada uma das causas
dim Caiado. Até o ano de 1912, prevaleceu na política da Grande Guerra.
goiana a elite oligárquica dos Bulhões, liderada por
José Leopoldo de Bulhões, e a partir desta data até
1930, a elite oligárquica dominante passa a ser dos
Jardim Caiado, liderada por Antônio Ramos Caiado.”
Fonte: https://enquantoissoemgoias.com/goias/his-
toria/

O trecho acima destaca:


a) As elites oligárquicas do Rio de Janeiro.
b) As elites oligárquicas do Mato Grosso.
c) As elites oligárquicas em Goiás durante a ditadura
Militar.
d) As elites oligárquicas em Goiás durante a Primeira
República.
e) Nenhuma das alternativas acima.
Vale lembrar também que no início do século XX
QUESTÃO 06: Observe a imagem abaixo e responda: havia uma forte concorrência comercial entre os pa-
íses europeus, principalmente na disputa pelos mer-
cados consumidores. Esta concorrência gerou vários
conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo
tempo, os países estavam empenhados numa rápida
corrida armamentista, já como uma maneira de se
protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta
corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo
entre os países, onde um tentava se armar mais do
Fonte: https://enquantoissoemgoias.com/goias/historia/ que o outro.

91
HISTÓRIA
Existia também, entre duas nações poderosas da to. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois
época, uma rivalidade muito grande. A França havia havia acordos comerciais a defender, principalmente
perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia- com Inglaterra e França.
-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Este fato marcou a vitória da Entente, forçando
Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os os países da Aliança a assinarem a rendição. Os der-
franceses esperando uma oportunidade para retomar rotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Ver-
a rica região perdida. salhes, que impunha a estes países fortes restrições
O pangermanismo e o pan-eslavismo também in- e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido,
fluenciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Ha- sua indústria bélica controlada, perdeu a região do
via uma forte vontade nacionalista dos germânicos em corredor polonês, teve que devolver à França a região
unir, em apenas uma nação, todos os países de origem da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos
germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos. da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versa-
lhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o
O início da Grande Guerra início da Segunda Guerra Mundial.
A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de
O estopim deste conflito foi o assassinato de Fran- mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas,
cisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos
durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). econômicos.
As investigações levaram ao criminoso, um jovem in- Fonte do texto: https://www.sohistoria.com.br/ef2/
primeiraguerra/
tegrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra,
contrário a influência da Áustria-Hungria na região
dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as QUESTÃO 07: Leia o trecho abaixo e responda:
medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, “Alguns países estavam extremamente descontentes
no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia. com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do
século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam
ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso,
Política de Alianças França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias,
ricas em matérias-primas e com um grande mercado
Os países europeus começaram a fazer alianças
consumidor.”
políticas e militares desde o final do século XIX. Duran- Fonte do texto: https://www.sohistoria.com.br/ef2/
te o conflito mundial estas alianças permaneceram. De primeiraguerra/
um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por
Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália O trecho acima destaca:
passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a a) O Mundo atual de seus conflitos.
Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação b) O processo de industrialização do século XX.
de França, Rússia e Reino Unido. c) O processo comercial do século XX.
O Brasil também participou, enviando para os d) O Mundo contemporâneo e movimentos de paz.
campos de batalha enfermeiros e medicamentos para e) O processo de expansão colonial do século XIX.
ajudar os países da Tríplice Entente.
QUESTÃO 08: (Avança-SP) Dos fenômenos abaixo
Desenvolvimento citados, assinale aquele que é considerado como o
causador da Primeira Guerra Mundial.
As batalhas desenvolveram-se principalmente a) O assassinato da família imperial russa.
em trincheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, b) O fim do colonialismo africano.
centenas de dias entrincheirados, lutando pela con- c) A emancipação dos povos árabes.
quista de pequenos pedaços de território. A fome e as d) O descumprimento do Tratado de Versalhes por
doenças também eram os inimigos destes guerreiros. parte da Alemanha.
Nos combates também houve a utilização de novas e) O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinan-
tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de do, herdeiro do trono austríaco.
guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas Fonte da questão: https://exercicios.brasilescola.uol.com.
trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias br/exercicios-historia/exercicios-sobre-primeira-guerra-
mundial.htm
bélicas como empregadas.

Fim do conflito

Em 1917, ocorreu um fato histórico de extrema


importância: a entrada dos Estados Unidos no confli-

92
HISTÓRIA
ATIVIDADES importância do levante popular ocorrido em fevereiro
AULA 09 E 10 de 1917.
Entre liberais e sociais democratas já era possível
Habilidades: Caracterizar o processo revolucioná- encontrar a valorização de uma revolução que em 25
rio russo. de fevereiro tinha 200 mil pessoas nas ruas contra um
Conteúdo: Revolução Russa. “golpe” que em outubro mobilizou 15 mil. É fato que
o poder estabelecido em outubro de 1917 levou a um
O CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO RUSSA regime de partido único, muito diferente do período
Autor: Lincoln Secco anterior em que uma coalizão de partidos dirigia o
governo provisório.
Nas jornadas de julho de 1917, quando uma mas- Todavia, nem a Revolução de Fevereiro foi somen-
sa de soldados e operários invadiu a reunião do Soviet te obra da espontaneidade, como veremos, nem a de
de Petrogrado, o presidente daquele conselho aproxi- Outubro foi um simples Putsch. Elas compõem um
mou-se calmamente do exaltado líder, estendeu-lhe mesmo processo.
um manifesto e ordenou: “Pegue! Aqui está tudo o Em fevereiro de 1917,3 a Revolução havia provoca-
que você e seus camaradas devem fazer. Leia e não do um grande impacto na Europa. O levante popular
interrompa mais a nossa reunião”. que derrubaria a monarquia eclodiu espontaneamen-
Ali estava escrito que eles deveriam voltar para te nas ruas de Petrogrado no Dia Internacional da Mu-
casa ou seriam declarados traidores da Revolução. O lher e a manifestação de tecelãs por pão se uniu a uma
operário apanhou o papel, duvidou por alguns instan- contestação generalizada do governo.
tes e, finalmente, foi embora (Sukhanov, 1962, v.II, Nenhum dos líderes que depois ficariam conhe-
p.450). Não lhe teria sido difícil expulsar os membros cidos estava no país. Trotsky e Bukhárin estavam em
do soviet e assumir o governo. Nova York, e Martov, Zinóviev e Lenin, na Suíça. Stálin
Alguns poderiam ver na indecisão daquela massa estava na Sibéria com Kámenev4 e ambos só chegaram
os vestígios de uma subserviência secular aos homens a Petrogrado em 12 de março (Marie, 2001, p.108;
letrados e poderosos. Mas pouco antes eles estavam Volkogonov, 2004, v.I, p.20). Só havia quadros inter-
batendo em pessoas “bem vestidas” nas ruas. O fato mediários dos partidos.
é que eles não tinham nem uma direção e muito me- Schliapnikov, o mais importante dirigente bolche-
nos um programa. Simplesmente não sabiam o que vique em Petrogrado, era um operário de 33 anos,
fazer com o poder. Foi uma das cenas mais fortes da e o segundo dirigente era Mólotov, que tinha ape-
Revolução. nas 27 anos (Montefiore, 2008, p.368). O primeiro
Se a Revolução de fevereiro pode ser vista como perguntava-se no próprio dia 25 de fevereiro: “Deem
uma rara crise de autoridade que atingia todas as ins- aos trabalhadores um pouco de pão e o movimento
tituições de Estado, a de outubro foi a reafirmação da evaporará”. E o maior memorialista daqueles aconte-
autoridade. Depois de outubro o poder se concen- cimentos, Sukhanov, achava que eram apenas alguns
traria nas mãos de um único partido e os demais se- distúrbios. Quando o Soviet de Petrogrado formou-se
riam progressivamente banidos. Em contraste, entre no dia 28 de fevereiro, Schliapnikov registrou que to-
fevereiro e outubro várias agremiações participaram dos trataram do assunto sem “espírito de partido” e
do processo revolucionário. Além dos bolcheviques só à meia-noite informou ao líder operário Kaiurov e
e mencheviques1 havia outras que participaram do a outros bolcheviques.
governo provisório como os Socialistas Revolucioná- Tudo pareceu espontâneo! No entanto, é ingênuo
rios e até os liberais do KD - Partido Constitucional supor que as greves ocorridas em janeiro e fevereiro
Democrata (os chamados kadetes). de 1917 em Petrogrado não tivessem sido organizadas
Invariavelmente quando se discute a Revolução pelos comitês de bairro e de empresas e por militantes
Russa os historiadores estão pensando na tomada dos partidos, dentre eles o bolchevique, que tinha
do poder pelos bolcheviques em outubro de 1917. dois mil membros na cidade. Para Kaiurov eles dirigi-
Embora o processo revolucionário tivesse se iniciado ram todas as lutas de rua, mas sem uma diretiva de
em fevereiro daquele ano,2 a derrocada do czar não qualquer autoridade partidária. Como ele escreveu
teria passado de um preâmbulo para o que aconteceu seu relato em 1923 compreende-se seu esquecimento
depois. sobre membros de outros partidos que também par-
Os historiadores sabem, no entanto, que o que ticiparam ativamente das greves e passeatas (Marie,
sucedeu não foi um resultado linear e inevitável de s. d., p.91).
uma cadeia de acontecimentos reconstituída a poste- Entre os dias 23 e 27 de fevereiro o governo des-
riori. A crise de 2008, a reemergência de uma cultura moronou. Nesse dia Kérensky, um deputado socialista
libertária, a decadência dos partidos tradicionais e a tão popular quanto moderado do Partido Trabalhista
apatia eleitoral do início do século XXI resgataram a (Trudovik), foi acordado inusualmente às 8 horas e

93
HISTÓRIA
saiu de casa com o único pensamento de manter a Os marxistas viam a única Revolução Russa possí-
Duma em sessão permanente. Ele morava a 5 minutos vel como burguesa. Só depois os bolcheviques esposa-
a pé do Palácio Tauride, uma construção do século ram a ideia de uma Revolução Ininterrupta, termo que
XVIII onde se reunia o parlamento russo. Ele mesmo Lenin havia usado uma só vez em 1905 (Carr, 1979,
escreveu que ninguém esperava naquela manhã o que p.73) ou permanente, na formulação de Trotsky5 e do
aconteceria horas depois (Kérenski, 1928, p.14): a in- pouco lembrado Parvus, uma dessas inacreditáveis
vasão do Palácio Tauride por trabalhadores e soldados personagens dos círculos revolucionários do início do
e a instalação do governo provisório e de um conselho século XX (Zveteremich, 1988).
popular (o Soviet de Petrogrado). As novas ideias de Lenin o deixaram em minoria
Se nenhum partido organizou a população, isso em seu próprio partido, mas a entrada massiva de sol-
não significa que ela não se auto-organizou. O pró- dados e operários bastante exaltados e pouco afeitos
prio Lenin dizia que “em fevereiro de 1917 as mas- a problemas teóricos foi um fator decisivo para forçar
sas organizaram os soviets antes mesmo que algum os dirigentes a tomar o poder. O partido decuplicou
partido tivesse tido tempo de lançar essa palavra de de tamanho entre fevereiro e outubro (de 25 mil a
ordem”. Sukhanov recordou que nenhum partido es- 250 mil membros).
tava preparado para a grande mudança e o socialista- A Revolução era ascendente e cada grupo radical
-revolucionário Zenzinov definiu a queda do czarismo suplantava o anterior, mais conservador. Enquanto
como uma trovoada que surpreendeu as organizações Lenin tentava convencer o seu partido, a nota envia-
existentes. O menchevique Ermánskii, escrevendo dez da pelo ministro Miliukov (líder do Partido Kadete) ao
anos depois, também apelou a uma força da nature- governo britânico reafirmava o compromisso russo
za e a comparou a uma torrente de lava (Medvedev, com a Guerra. Os protestos de rua que se seguiram
1978 , p.48). levaram à sua demissão e à formação do segundo
Os levantes se tornaram uma revolução nas sema- gabinete no início de maio, quando Lvov continuou
nas subsequentes, uma sublevação camponesa espa- mas a esquerda ingressou no governo, com a notá-
lhava-se pelas províncias e em Petrogrado elegia-se vel exceção dos bolcheviques. No entanto, não se
diretamente um Soviet que, armado e pouco paciente, alterou a política agrária e a militar. As promessas
estava longe de ser um pacífico shadow cabinet ao eram depositadas numa Assembleia Constituinte
lado do governo provisório. cuja preparação consumia boa parte dos afazeres
Aquela Revolução, entretanto, não rompeu com a dos ministros.
estrutura do Estado russo, embora abolisse uma mo- Retrospectivamente é fácil condenar o governo
narquia secular - O czar Nicolau II abdicou em nome provisório por ter mantido o país em guerra. Mas na
do grão duque Mikhail, que não aceitou o poder. For- época fazia sentido temer pela derrota da Revolução
malmente emergiu da Duma um Governo Provisório e pela desagregação do país no caso de uma rendição
chefiado pelo príncipe Lvov que não transgrediu os incondicional à Alemanha. O socialista belga Émile
acordos internacionais e, fundamentalmente, man- Vandervelde visitou a Rússia de março a junho de
teve o país na Guerra. 1917. Saiu de lá convencido que o governo revolu-
A radicalização popular crescente diante de um cionário só podia se fortalecer mediante o esforço de
governo que estabelecia medidas trabalhistas, mas guerra, “precisamente como o governo revolucionário
se negava a resolver o essencial (a questão agrária francês teve que fazer” (Vandervelde, 1925, p.74).
e a guerra) é que permitiu que a chegada de Lenin Para ele Kérenski tinha razão contra Lenin!
em abril cumprisse um papel decisivo no destino da Em 16 de junho começou a nova ofensiva militar
Rússia. contra a Alemanha. Depois de um sucesso inicial en-
A personalidade de Lenin fugia a uma adequada ganoso, o contra-ataque das potências centrais levou
explicação nos moldes de um marxismo cuja ortodo- os soldados russos ao pânico e à dispersão. Em 20 de
xia era representada na Rússia por Plekhánov e seu junho uma guarnição de Petrogrado recebeu ordens
estudo sobre o papel do indivíduo na história. Sem a para partir ao campo de batalha.
chegada dele à Estação Finlândia e sua insistência e No entanto, a ordem número 1 do Soviet de Pe-
autoridade para mudar a estratégia do seu partido, trogrado garantia a permanência de 250 mil soldados
os bolcheviques não teriam feito uma insurreição em para defender a capital e os protestos foram violentos.
outubro de 1917, como Trotsky admitiu. A viagem de A coalizão governista se desfez e por três semanas o
Lenin pela Alemanha é um daqueles momentos lumi- poder ficou acéfalo. A 3 de julho, uma massa de pes-
nosos da história escolhido por Stefan Zweig. soas em meio a tiroteios se dirigiu ao Palácio Tauride
Era quase um consenso entre sociais-democratas com a reivindicação de “todo poder aos sovietes”. Ela
europeus que uma revolução socialista não podia ser se dispersou logo depois e os líderes bolcheviques
preparada e muito menos realizada num país atrasa- foram presos enquanto Lenin e Zinoviev fugiram para
do, mas Lenin não pensava mais assim. a Finlândia. Foram as “Jornadas de Julho”.

94
HISTÓRIA
Kerensky assumiu o cargo de primeiro-ministro ATIVIDADES
em 8 de julho e manteve o inútil esforço de guerra AULA 11 E 12
apontando o general Kornílov como comandante em
chefe. Proibiu manifestações públicas e procurou res- Habilidade: Compreender os processos políticos e
taurar a disciplina militar e a pena de morte no front. econômicos do pós-guerra que levaram a um estado
Em 24 de agosto aquele general tentaria um golpe de crise política, social e econômica, principalmente
contrarrevolucionário. Embora as tropas de cossacos na Europa.
que ele enviou à capital sequer tivessem chegado, Conteúdo: Crise econômica de 1929.
houve ampla mobilização de guardas vermelhos, ope-
rários e marinheiros na defesa do governo. Os líderes
bolcheviques foram soltos e praticamente assumiram Crise de 1929
o controle militar da capital. Lenin retornou e insis-
tiu para que o partido tomasse o poder de assalto. A depressão que afetou a economia mundial en-
A derrota de Kornilov não fortaleceu Kerensky, mas tre 1929 e 1934 foi a mais longa e profunda recessão
o desmoralizou. Defendido pelos bolcheviques era econômica já experimentada até hoje. Ela se anun-
óbvio que havia surgido a oportunidade para que o ciou, ainda em 1928, por uma queda generalizada
poder caísse nas mãos deles, o que aconteceu através nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais
de uma insurreição militar em outubro. marcante foi a crise financeira detonada pela quebra
Fonte do texto: https://www.scielo.br/j/ea/a/6WWTXKvHT da Bolsa de Nova Iorque. Desde 1927, a economia
nyDk4VbhRCxMVn/?lang=pt norte-americana vinha experimentando um boom
artificial, alimentado por grandes movimentos espe-
QUESTÃO 09: Leia o trecho abaixo e responda: culativos nas bolsas e pela supervalorização de ações
“Nas jornadas de julho de 1917, quando uma massa sem a cobertura adequada. Em 24 de outubro de 1929
de soldados e operários invadiu a reunião do Soviet - a chamada “quinta-feira negra” -, um movimento
de Petrogrado, o presidente daquele conselho apro- generalizado de vendas levou à brusca queda nos pre-
ximou-se calmamente do exaltado líder, estendeu-lhe ços das ações e ao pânico generalizado. Até o final
um manifesto e ordenou: “Pegue! Aqui está tudo o do mês, seguiram-se novas vendas maciças e novas
que você e seus camaradas devem fazer. Leia e não derrubadas de preços, acompanhadas por uma crise
interrompa mais a nossa reunião”.” bancária e uma onda de falências.
Fonte do texto: https://www.scielo.br/j/ea/a/6WW- O fato de que já nessa época os Estados Unidos
TXKvHTnyDk4VbhRCxMVn/?lang=pt ocupavam uma posição hegemônica na economia ca-
pitalista mundial, como maior potência industrial e fi-
O trecho acima ressalta: nanceira, foi determinante para que a crise assumisse
a) As Jornadas pela Proclamação da República no Brasil. proporções mundiais. A repatriação de capitais norte-
b) As Jornadas que levaram a Revolução Russo. -americanos, associada à brusca redução das importa-
c) As Jornadas que levaram a Revolução Industrial. ções pelos Estados Unidos, repercutiu fortemente na
d) As Jornadas que levaram a Revolução Francesa. Europa, gerando uma crise industrial e financeira sem
e) As Jornadas que levaram a Crise de 1929. precedentes e o crescimento vertiginoso do desem-
prego. A crise também teve severos efeitos na América
Latina, cuja economia agroexportadora foi altamente
QUESTÃO 10: Leia o trecho abaixo e responda: afetada pela retração nos investimentos estrangeiros
“A personalidade de Lenin fugia a uma adequada ex- e a redução das exportações de matérias-primas.
plicação nos moldes de um marxismo cuja ortodoxia A reação inicial do governo norte-americano à
era representada na Rússia por Plekhánov e seu es- “grande depressão” contribuiu para aprofundar ain-
tudo sobre o papel do indivíduo na história. Sem a da mais o ciclo recessivo, pois não houve qualquer
chegada dele à Estação Finlândia e sua insistência e tentativa do presidente Herbert Hoover de adotar me-
autoridade para mudar a estratégia do seu partido, didas que estimulassem a recuperação das atividades
os bolcheviques não teriam feito uma insurreição em econômicas e aliviassem as altíssimas taxas de de-
outubro de 1917, como Trotsky admitiu.” semprego norte-americanas. A ascensão de Franklin
Fonte do texto: https://www.scielo.br/j/ea/a/6WWTXKvHT
nyDk4VbhRCxMVn/?lang=pt Roosevelt à presidência, em 1932, abriu caminho para
a adoção de uma política econômica intervencionista,
O trecho acima destaca: o chamado New Deal. De fato, uma das principais
a) As personalidades da Revolução Francesa. consequências da depressão, a médio e a longo pra-
b) A personalidade dos processos do século XIX. zo, foi uma intensificação generalizada da prática da
c) A personalidade de Lenin e Trotsky na Revolução intervenção e do planejamento estatal da economia,
Russa. que passou a vigorar não só nos Estados Unidos, mas
d) A personalidade de Trotsky na Revolução Russa. também nos países europeus e na América Latina.
Fonte do texto: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/
e) Nenhuma das alternativas acima. AEraVargas1/anos20/CafeEIndustria/Crise29

95
HISTÓRIA
QUESTÃO 11: Leia o trecho abaixo e responda: tos já sabem, essa ideologia logo se espalhou por toda
“A depressão que afetou a economia mundial entre a Alemanha sob o comando de Adolf Hitler e foi um
1929 e 1934 foi a mais longa e profunda recessão dos fatores que levaram a vários marcos históricos,
econômica já experimentada até hoje. Ela se anun- como o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial. Há
ciou, ainda em 1928, por uma queda generalizada todo um contexto por trás desses momentos e ideo-
nos preços agrícolas internacionais. Mas o fator mais logias. Vamos entendê-los?
marcante foi a crise financeira detonada pela quebra
da Bolsa de Nova Iorque.” Como o nazismo surgiu na história?
Segundo o texto acima, a Grande Depressão foi re- Para compreender o surgimento do Nazismo e a
sultado da: sua posterior disseminação por toda a Alemanha, é
a) Da crise do trabalho no mundo atual. necessário entender o contexto do país e do mundo
b) Da crise da servidão no período Feudal. naquela época.
c) Da crise do Império Romano. A Primeira Guerra Mundial foi muito prejudicial
d) Da crise financeira da Bolsa de Nova Iorque. a todo o continente europeu, causando mais de 10
e) Da crise financeira da Bolsa brasileira. milhões de mortes e 30 milhões de feridos, territó-
rios devastados e um rombo na economia. Ao seu
QUESTÃO 12: (Instituto Excelência – adaptado) Sobre fim, os derrotados assinaram o Tratado de Versa-
a crise de 1929, analise as afirmativas abaixo: lhes, que os responsabiliza pelo conflito, sendo eles
I - A Crise de 1929, também conhecida como A Grande o Império alemão e a Austro-Hungria. No tratado,
Depressão, foi a maior crise do capitalismo financeiro. estão previstas uma série de medidas punitivas para
II - O colapso econômico teve início em meados de o pós-guerra.
1929, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo A Alemanha, uma das nações derrotadas, foi obri-
o mundo capitalista. Seus efeitos duraram por uma gada a abrir mão de 13% do seu território, 75% das
década e tiveram desdobramentos sociais e políticos. suas reservas de ferro e 26% das de carvão. O país
III - A Crise de 1929, no Brasil, enfraqueceu as oli- teve seu exército reduzido, sua indústria de armas
garquias rurais que dominavam o cenário político e foi controlada – assim como a produção de tanques
abriu caminho para a chegada de Getúlio Vargas ao e aviões – , perdeu todas as suas colônias e pagou
poder, em 1930. uma indenização pelos prejuízos da guerra aos países
vencedores.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Apenas II e III A História do Nazismo e de Adolf Hitler
b) Apenas III
c) I, II e III O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
d) Apenas I Alemães foi o principal vetor do Nazismo. No início
e) Nenhuma das alternativas da década de 1920, Adolf Hitler assume a liderança
e dá outro nome a ele: Partido Nacional Socialista,
Fonte da questão: https://exercicios.brasilescola.uol.
com.br/exercicios-historia/exercicios-sobre-crise-1929. ou Partido Nazista. Hitler era austríaco – fato des-
htm#questao-2 conhecido por muitas pessoas –, nascido em 1889.
Foi soldado durante a Primeira Guerra Mundial e, ao
seu fim, associou-se ao Partido dos Trabalhadores
ATIVIDADES Alemães, assim como muitas outras pessoas: jovens,
estudantes, agricultores, soldados; pessoas de todas
AULA 13 E 14
as classes sociais.
Os principais objetivos do partido eram o de
Habilidade: Compreender os conceitos de Fascismo
união dos alemães, a expulsão de estrangeiros e tor-
e Nazismo.
nar a Alemanha um país poderoso e com muitos ter-
Conteúdo: Totalitarismo: Fascismo e Nazismo.
ritórios. Hitler e seus aliados tentaram fazer um golpe
de Estado em 1923 e, por ser o líder do movimento,
O que é o Nazismo? Hitler foi preso. Em sua biografia, denominada Mein
Kampf (Minha Luta, em alemão) e escrita durante seu
O Nazismo, abreviação de Nacional Socialismo, é tempo na cadeia, no cerne de sua filosofia política Hi-
o nome de uma ideologia política essencialmente ra- tler delineou o antissemitismo – o preconceito e ódio
cista disseminada amplamente pelo Partido Nacional contra os judeus – e o anticomunismo – a negação
Socialista dos Trabalhadores Alemães, que foi criado do comunismo e de seus seguidores.
em 1920 por Anton Drexler na Alemanha. Como mui-

96
HISTÓRIA
As características do Nazismo sendo mais de 1,2 milhões de crianças judias, dezenas
de milhares de crianças ciganas e milhares de crianças
O nazismo é considerado um regime fascista por deficientes.
contar uma série de similaridades, como: ser autori-
tário, prever a concentração total do poder, glorifi- Teoria do Espaço Vital
cação de um líder, exaltação da coletividade nacio-
nal, expansão de territórios, controle dos meios de A Teoria do Espaço Vital é uma ideia que surgiu da
comunicação. O nazismo é, portanto, uma forma de revolta pela Alemanha ter perdido territórios depois
manifestação do fascismo. Algumas das principais da Primeira Guerra Mundial. É uma ideia relacionada
características da filosofia nazista desenvolvida por a todas as outras, de que a raça ariana deveria ter um
Hitler era o racismo, a xenofobia, o nacionalismo e único território e expandi-lo ao máximo, formando
o antissemitismo. Vamos entender como e por quê? “um guia, um império, um povo”, conforme dizia Hi-
tler. Foi um dos pontapés para a invasão da Polônia em
Unidade nacional 1939, fato que eclodiu na Segunda Guerra Mundial.
Fonte do texto: https://www.politize.com.br/nazismo/
Por meio do nazismo, buscava-se uma unidade
nacional, contendo também características do nacio- QUESTÃO 13: (UDESC SC/2018) “Depois das eleições
nalismo. Criaram uma “comunidade do povo”, com o (1933), a ditadura nazista dá início a uma autêntica
intuito de unir todos os alemães e excluir os povos limpeza da área: sindicatos e partidos são dissolvidos,
estrangeiros. Essa ideia se aplicava a todas as pessoas suas sedes são invadidas, expropriados seus fundos e
que não fossem germânicas e, por isso, ela era xenofó- empastelados seus jornais. A lei de depuração de 7 de
bica: visava a afastar todas as pessoas, culturas, ideais abril dá início a grande expurgo nas administrações e
e pensamentos diferentes do germânico. Buscava-se repartições públicas, eliminando esquerdistas, judeus
a criação de uma sociedade homogênea. Além dis- e democratas. Os Larger, campos de concentração,
so, defendia-se uma hierarquia racial, em que povos começam a inchar: já são 45 em 1933, com quarenta
germânicos eram vistos como uma “raça superior”, a mil internos, aproximadamente. Goring cria então
chamada “raça ariana”. a polícia secreta do Estafo (Gestapo), com funções
repressivas e preventivas. Em julho passa a vigorar
Antissemitismo uma lei de esterilização de doentes hereditários. Em
setembro é criada a Câmara Cultural do Reich, sob o
Outro ponto elementar para entendermos o na- controle de Goebbels. Intelectuais e artistas perdem
zismo é compreender a importância do antissemitis- sua liberdade de expressão e organização: começa
mo dentro desse regime, isto é, o preconceito e ódio o êxodo para o exterior. (Lenharo, Alcir. Nazismo: o
contra judeus. Uma lei que separava os “arianos” dos triunfo da vontade. São Paulo: Ática, 1986, p.29)
judeus foi criada, chamada Leis de Nuremberg, que
determinavam institucionalmente essa segregação Tomando por base o texto de Alcir Lenharo, a respeito
racial. O regime perseguiu, torturou, expulsou do da Alemanha sob o governo de Adolf Hitler, analise
território alemão e matou judeus – além de muitas as proposições.
outras pessoas, como homossexuais, ciganos e pes- A partir de 1933, por meio de medidas de emergên-
soas com deficiência. Os negros, alemães ou não, mas cia, foi proibido o funcionamento legal dos partidos
residentes no país, também sofreram com a segrega- de oposição.
ção, foram hostilizados e expulsos. II. O governo de Hitler usou fortemente cinema, rádio
Essa perseguição se tornou um extermínio siste- e propaganda para a propagação do ideário nazista.
mático organizado pelo regime nazista na Alemanha, III. O exílio foi a opção de muitos intelectuais, artistas,
que veio a se chamar Holocausto – o assassinato de poetas, escritores que perceberam os perigos do ide-
milhões de judeus num verdadeiro genocídio. Na épo- ário nazista, pautado pela superioridade da chamada
ca do nazismo, foram criados campos de concentração raça ariana.
para colocar quem se opunha ao regime e para lá IV. O governo de Hitler foi unânime entre o povo ale-
foram muitos judeus, mortos então pela polícia. Du- mão. Prova disso é a inexistência de quaisquer re-
rante a Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus sistências ou atentados contra sua vida entre 1933
foram deportados do país para guetos e campos de e 1945.
extermínio. Lá, eram levados a câmaras de gás, em
que morriam por asfixia. Em 1945, dois em cada três Assinale a alternativa correta.
judeus europeus tinham sido mortos, em torno de a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
6 milhões de pessoas. Foram assassinadas mais de b) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
1,5 milhão de crianças com idade inferior a 12 anos, c) Todas as afirmativas são verdadeiras.

97
HISTÓRIA
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.

QUESTÃO 14: (UCB DF/2017) Assim como o fascismo


italiano, o nazismo alemão também tirou proveito da
conjuntura de crise herdada da Primeira Guerra para
ganhar espaço e poder. A crise alemã era mistura
explosiva: combinava desemprego, inflação e acha-
tamento salarial, mas tinha um complicador a mais:
a Alemanha foi considerada a principal culpada pela
guerra e teve de assinar o Tratado de Versalhes.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, sociedade e cidadania:
3º ano. 1a ed. São Paulo: FTD, 2013, com adaptações.

Considerando as estratégias utilizadas por Adolf Hitler


para superar a profunda crise econômica alemã e re-
erguer o país, assinale a alternativa correta.
a) Hitler defendia a democracia. Segundo ele, so-
mente por meio da participação popular nas gran-
des decisões, teria o Estado força para colocá-las
em prática.
b) Em sua obra Mein Kampf (Minha Luta), Hitler pro-
pôs a prerrogativa da soberania dos Estados e a
inviolabilidade de seus territórios por outros pa-
íses, princípio garantidor da paz entre as nações.
c) Para Hitler, o comunismo seria um grande aliado
para que a Alemanha pudesse superar a grave
crise econômica.
d) No poder, como chefe de governo (1933), Hitler
fortaleceu os sindicatos e partidos políticos para
formar um governo de coalisão e poder governar.
e) Nenhuma das alternativas acima.

Fonte das questões: https://gabaritageo.com.br/noticias-


de-vestibulares/questoes-sobre-nazismo-e-fascismo/

98
Língua
Portuguesa
LÍNGUA PORTUGUESA

(https://sosestudanteassessoria.blogspot.com/2020/03/diferenca-entre-textos-literarios-e.html)

100
LÍNGUA PORTUGUESA

101
LÍNGUA PORTUGUESA

(https://docplayer.com.br/58776800-Literatura-generos-e-modos-de-leitura-em-prosa-e-versos-generos-literarios-elementos-
da-narrativa-1o-ano-opvest-mauricio-neves.html)

102
LÍNGUA PORTUGUESA

(http://pablojamilk.blogspot.com/2011/07/um-remedio-para-acentuacao-acentil.html)

(https://studymaps.com.br/variacao-linguistica/)

103
LÍNGUA PORTUGUESA

(https://www.passeidireto.com/arquivo/79619359/mapa-mental-figuras-de-linguagem)

(https://www.passeidireto.com/arquivo/86433332/classes-gramaticais)

104
LÍNGUA PORTUGUESA

(https://www.facebook.com/mariaelisete65/photos/os-nexos-articuladores-s%C3%A3o-respons%C3%A1veis-pela-
coes%C3%A3o-e-harmonia-do-texto-o-uso-co/523460791130693/)

(https://docplayer.com.br/26157036-Sequencia-didatica-e-o-ensino-do-genero-artigo-de-opiniao-ana-luiza-m-garcia.html

LITERATURA

105
LÍNGUA PORTUGUESA
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles

Tempo perdido – Legião Urbana


Todos os dias quando acordo / Não tenho mais / O
tempo que passou / Mas tenho muito tempo / Temos
todo o tempo do mundo / Todos os dias / Antes de
dormir / Lembro e esqueço / Como foi o dia / Sempre
em frente / Não temos tempo a perder / Nosso suor
sagrado / É bem mais belo / Que esse sangue amargo
/ E tão sério / E selvagem! Selvagem! / Selvagem! /
Veja o sol Dessa manhã tão cinza / A tempestade que
chega / É da cor dos teus olhos / Castanhos / Então me
abraça forte / E diz mais uma vez / Que já estamos /
Distantes de tudo / Temos nosso próprio tempo / Não
tenho medo do escuro / Mas deixe as luzes / Acesas
agora / O que foi escondido / É o que se escondeu /
E o que foi prometido / Ninguém prometeu / Nem
foi tempo perdido / Somos tão jovens / Tão jovens!
Tão jovens!

(https://somelhora.com.br/2020/03/18/poesia-sobre-o-tempo/)

PRÉ-MODERNISMO

(https://infinittusexatas.com.br/pre-modernismo-resumos-e-mapas-mentais/)

106
LÍNGUA PORTUGUESA
Pré-modernismo é como ficou conhecido o pe- residiam em cortiços, para regiões periféricas. Surgi-
ríodo literário brasileiro que vai de 1902 até 1922. ram, dessa forma, as favelas. Além disso, os escravos
Na Europa, o período que antecedeu ao modernis- libertos, substituídos pela mão de obra europeia, es-
mo foi marcado pela tensão política entre os países tavam entregues à própria sorte, sem nenhuma ajuda
imperialistas e pelo surgimento dos movimentos de para sobreviverem. Entretanto, em contraposição a
vanguarda. Já no Brasil, a Proclamação da República, essa miséria, o estado de São Paulo enriquecia com
o surgimento das favelas e a Guerra de Canudos são a cultura de café.
alguns fatos históricos que levaram os autores desse
período a realizarem críticas sociais, econômicas e
políticas em suas obras.
Por ser um período de transição, o pré-modernis-
mo apresenta traços de estilos do século XIX, como:
realismo, naturalismo, parnasianismo e simbolismo.
Além disso, é marcado por um nacionalismo crítico,
ou seja, sem idealizações românticas. Desse modo,
autores como Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro
Lobato mostraram, em prosa, um Brasil sem retoques,
enquanto o poeta Augusto dos Anjos revelava sua
descrença na espécie humana.
Foto de Flávio de Barros — sobreviventes da Guerra de
Contexto histórico do pré-modernismo Canudos, em 1897.

O final do século XIX e início do século XX, na Eu- Já no Nordeste, o motivo da miséria era outro: a
ropa, foi marcado pela competição entre as grandes seca. Nesse contexto de desesperança, ganhou força
potências em relação à expansão imperialista, ou seja, a voz de um líder, o beato Antônio Conselheiro (1830-
a exploração econômica de países subdesenvolvidos. 1897). Ele conseguiu, com suas profecias sobre o fim
Isso gerou, portanto, um clima de tensão entre as na- do mundo, juntar muitos seguidores, pessoas que,
ções dominantes e causou o crescimento de discursos diante da realidade difícil, não tinham outro recurso
nacionalistas que fomentavam essa rivalidade, desen- a não ser recorrer à fé. Essa situação levou à Guerra
cadeando a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). de Canudos (1896-1897).
Já no Brasil, em 1889, ocorreu a Proclamação da É nesse contexto, marcado por disparidades so-
República. A partir desse evento histórico, as grandes ciais e conflitos políticos, que surgiu o pré-moder-
cidades do país iniciaram um processo de reestrutu- nismo. Assim, os autores desse período acabaram re-
ração do espaço urbano. O objetivo era eliminar as fletindo, em suas obras, essa realidade. Não havendo
marcas da arquitetura portuguesa e, por extensão, do mais espaço para idealizações, mostrar a realidade
período monárquico. Assim, em cidades como o Rio crua do país tornou-se uma missão para eles.
de Janeiro, ocorreu o chamado “bota-abaixo”.
Segundo Eloísa Petti Pinheiro, doutora em História
da Arquitetura: Características do pré-modernismo
“A intervenção no espaço construído do Rio é
conhecida como a ‘Reforma Passos’, a ‘era das de- O pré-modernismo não é considerado um esti-
molições’ ou, mais popularmente, como o ‘bota-abai- lo de época, pois apresenta uma multiplicidade de
xo’, realizada com a intenção de acabar com a corte temáticas. É entendido como um período literário
colonial portuguesa, infecta, imunda e antiga, para brasileiro que faz a transição entre o simbolismo e
dar passagem a um centro moderno, ‘afrancesado’ o modernismo. Por isso, é possível encontrar, nas
e saneado. obras dessa época, características de estilos passa-
O Brasil quer mudar sua imagem modificando as dos, como: parnasianismo, realismo, naturalismo e
feições de sua capital e os costumes de seus habitan- simbolismo. Assim, estão inseridos nessa fase os livros
tes. Com o início das reformas, em 1902, começa a publicados entre 1902 e 1922.
transformação: o centro da cidade é o cenário de uma No mais, os autores desse período imprimiam em
luta social, onde entra em cena um novo urbanismo, suas obras elementos que preanunciavam o moder-
símbolo do progresso, da limpeza, da saúde, da be- nismo, tais como: nacionalismo crítico, realismo, críti-
leza e da civilização, evidenciando-se, a partir desse ca social, política e econômica. Portanto, a obra inau-
momento, uma nova identidade nacional.” gural dessa fase é Os sertões, de Euclides da Cunha,
Como resultado dessa intervenção no espaço ur- em que o jornalista mostra não o lado dos vitoriosos,
bano, houve o deslocamento de pessoas pobres, que mas o dos revoltosos da Guerra de Canudos.

107
LÍNGUA PORTUGUESA
Em Portugal, durante esse período, o simbolismo Autores e principais obras do pré-modernis-
ainda estava em voga. Iniciado em 1890, teve seu fim mo no Brasil
em 1915, quando o modernismo português foi inau-
gurado. Produziam nessa época, portanto, autores No período que compreende os anos de 1902 a
simbolistas como Eugénio de Castro (1869-1944) e 1922, várias obras literárias importantes foram publi-
Camilo Pessanha (1867-1926). cadas no Brasil. A primeira delas é Os sertões (1902),
de Euclides da Cunha, na qual o autor busca entender
Pré-modernismo na Europa os motivos que levaram à revolta de Canudos, com
base em um olhar jornalístico e científico, em fran-
Na Europa, o período que antecedeu o moder- ca consonância com o naturalismo. Assim, o livro é
nismo foi marcado pelos movimentos de vanguarda, dividido em três partes:
criados numa época em que se via o aparecimento • A terra: descrição detalhada e científica do ser-
de muitas inovações tecnológicas. Além disso, com tão nordestino.
o surgimento da psicanálise, no final do século XIX, • O homem: apresentação do sertanejo pela vi-
Sigmund Freud (1856-1939) colocou em foco o in- são naturalista, que defendia a influência do
consciente, esse lugar onde a lógica e a moralidade meio e da raça sobre o indivíduo.
não comandam. Assim, o consciente é o espaço da • A luta: narração da luta entre as tropas do go-
repressão; e o inconsciente, da liberdade de ação. verno e os seguidores de Antônio Conselheiro.
Essa visão, portanto, ampliou a forma de entender-se
a humanidade e a sociedade. O livro Triste fim de Policarpo Quaresma (1915),
Nesse período, surgiu também a teoria da relati- de Lima Barreto, traz um personagem ingênuo que
vidade, de Albert Einstein (1879-1955). Nessa teoria, idealiza o Brasil, mas, no final do romance, a reali-
o tempo não é absoluto, como defendia Isaac Newton dade social, econômica e política do país impõe-se
(1643-1727), mas relativo, pois depende do ponto de à fantasia de Policarpo Quaresma. Essa obra traz um
vista do observador. Essa quebra radical com a física nacionalismo crítico que se opõe ao nacionalismo
clássica foi mais um elemento do século XX que colo- ufanista do romantismo, ironizado nela.
cou em xeque as certezas do passado e trouxe a ideia Em Canaã (1902), Graça Aranha coloca em foco
de que um novo mundo estava surgindo. a imigração, acontecimento histórico do final do sé-
Nesse contexto, alguns artistas entenderam que culo XIX e início do século XX. A obra é considerada
a arte também precisava de renovação para estar um romance-tese, já que é permeada por reflexões
de acordo com o novo século, uma época de franca filosóficas. Esse tipo de romance é típico do naturalis-
evolução tecnológica, comandada pela velocidade, mo. Também é marca desse estilo a temática racial.
pelas possibilidades, mas também pelas incertezas. Nessa perspectiva, Bárbara del Rio Araújo, mestre em
Assim como Einstein, na ciência, esses artistas ques- Estudos Literários, comenta:
tionaram, nas artes, teorias já cristalizadas. Surgiram,
assim, as vanguardas europeias. “[...], Alfredo Bosi analisa Canaã como
Esse período, na Europa, ficou conhecido como uma renovada abordagem do nacional.
Belle Époque. Segundo Paula da Cruz Landim, doutora Trata-o como uma nova consciência das
em Arquitetura e Urbanismo: fontes nacionais a refletir situações no-
vas como a imigração alemã no Espírito
“Se há um período histórico onde tudo Santo, desembocando em discussões ra-
mudou rapidamente é a Belle Époque ciais, sociais e morais, prelúdio inequí-
europeia, com revoluções acontecendo voco ao Modernismo. Quanto ao estilo
em todos os campos. Esse foi o perío- desenvolvido, o crítico tentar apontar a
do onde as vanguardas artísticas faziam obra como um romance de tese, o qual
coro no enfrentamento às concepções conflitua num jogo de ideias mundo tro-
extremamente rígidas da arte acadêmi- pical e a mente germânica, Brasil e Eu-
ca, engessada em uma estética que tinha ropa. Os personagens Milkau e Lentz, o
um pé no renascentismo.” primeiro a profetizar a vitória dos povos
arianos sobre os mestiços e o segundo a
Foi por meio dessa perspectiva revolucionária de pregar uma integração harmoniosa dos
quebra com os valores tradicionais que se forjaram povos, polarizam o contraste entre racis-
as bases do modernismo europeu, que tem caráter mo e universalismo da obra.”
transgressor. Evidentemente, as questões políticas
que levaram à Primeira Guerra Mundial deram ao Já Monteiro Lobato, em seu livro de contos Uru-
novo estilo que surgia o seu caráter nacionalista. pês (1918), traz a figura do Jeca Tatu, o caipira. Ao con-

108
LÍNGUA PORTUGUESA
trário do homem do campo idealizado no romantismo, O Homem, que, nesta terra miserável,
o caipira de Lobato é cheio de defeitos, incluindo, Mora entre feras, sente inevitável
entre eles, a preguiça: Necessidade de também ser fera.
“Porque a verdade nua manda dizer que entre as Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
e metidas entre o estrangeiro recente e o aborígine de A mão que afaga é a mesma que apedreja.
tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
incapaz de evolução, impenetrável ao progresso. Feia Apedreja essa mão vil que te afaga,
e sorna, nada a põe de pé.” Escarra nessa boca que te beija!

Pré-modernismo e modernismo

O pré-modernismo foi uma espécie de ensaio para


o modernismo brasileiro. Durante os anos de 1902
a 1922, o modernismo foi sendo forjado até fixar as
suas bases. Nesse período, os problemas sociais, eco-
nômicos e políticos tornaram-se mais evidentes, e
falar sobre eles era inevitável. Não havia mais espaço
para idealizações, o novo Brasil que se descortinava
no início do século XX precisava ser discutido.
Era um Brasil republicano, em que a economia não
O personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, serviu de dependia mais do trabalho escravo, e o ambiente ur-
inspiração para o ator e cineasta Amácio Mazzaropi (1912- bano, com suas indústrias, passava a ter protagonismo
1981). na história econômica e cultural do país, que entrava,
enfim, na modernidade. Assim, o pré-modernismo fez
Nessas obras, é possível apontar as seguintes ca- a ponte entre o passado rural, escravocrata e imperial
racterísticas pré-modernistas: e o futuro urbano, republicano e dependente da força
• o nacionalismo (de caráter crítico), de trabalho do operariado.
• as críticas sociais, Quando, em 1922, durante a Semana de Arte Mo-
• a análise de questões raciais (muitas vezes, em derna, o modernismo foi inaugurado no Brasil, suas
diálogo com o naturalismo), bases já estavam fixadas. O novo estilo mostrava uma
• a crítica ao romantismo. atitude antipassadista, realista e nacionalista, além de
apresentar um caráter revolucionário, questionador e
Por fim, temos o único poeta desse período: Au- experimental. Em busca de uma identidade brasileira,
gusto dos Anjos. Sua poesia é tipicamente de tran- os autores do período recorreram ao regionalismo, à
sição. Isso porque não possui idealizações, é realista, crítica social, econômica e política, e à valorização da
e, também, porque apresenta marcas do naturalismo diversidade étnica e cultural.
(vocabulário cientificista), do parnasianismo (rigor for-
mal: metrificação e rimas) e do simbolismo (referên- VANGUARDAS EUROPEIAS
cias místicas, entre outras marcas).
Autor de um livro só, chamado Eu (1912), Augusto Conjunto de tendências artísticas oriundas de di-
dos Anjos traz para a literatura brasileira uma poesia ferentes países europeus, as vanguardas europeias
que, muitas vezes, dialoga com o grotesco. Em seu influenciaram as artes plásticas e a literatura em todo
soneto “Versos íntimos”, o eu lírico mostra-se pessi- o mundo ocidental.
mista em relação à humanidade. Nesse poema, além
do realismo (falta de idealização), é possível perce-
ber a influência parnasiana (decassílabos), simbolista
(maiúscula alegorizante — Ingratidão e Homem) e
naturalista (influência do meio: “Mora entre feras,
sente inevitável/ Necessidade de também ser fera):

Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!

109
LÍNGUA PORTUGUESA
Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo: principais vanguardas europeias

https://www.passeidireto.com/arquivo/91707904/mapa-mental-vanguardas-europeias

Você sabe o que são as vanguardas europeias? tendências surgiram em um contexto histórico-polí-
Saber mais sobre essa questão é fundamental para tico-social conturbado – antes, durante e depois da
compreender as origens de um dos mais importantes Primeira Guerra Mundial – e receberam o nome de
movimentos da literatura brasileira, o Modernismo. correntes de vanguarda. A palavra “vanguarda” tem
Inspirados nas tendências artísticas que eclodiram na origem no francês avant-garde e significa “o que mar-
Europa no início do século XX, os modernistas brasi- cha na frente”, ou seja, as correntes de vanguarda
leiros criaram um projeto artístico que tinha como antecipavam o futuro com suas práticas artísticas ino-
objetivo inovar as artes, rompendo, assim, com os vadoras e nada convencionais, compreendendo antes
padrões clássicos que até então ditavam as regras na de todos aquilo que posteriormente seria considerado
literatura e nas artes plásticas. como senso comum.
Podemos afirmar que na Europa não houve uma
arte moderna uniforme, isto é, não houve um proje- Entre as principais correntes de vanguarda estão
to artístico em comum que agregasse os artistas em o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dada-
uma única causa; o que houve foi um conjunto de ísmo e o Surrealismo.
tendências artísticas oriundas de diferentes países e Conheça algumas de suas principais caracterís-
com propostas específicas, ainda que próximas no que ticas:
dizia respeito ao sentimento de inovação e à vonta-
de de romper com a cultura passadista. A palavra de • Cubismo: A principal expressão artística do
ordem era inovar, permitir que a liberdade criadora Cubismo foi o pintor espanhol Pablo Picasso. Depois
se manifestasse para que uma arte completamente dele, outros artistas reuniram-se para cultivar as
nova, influenciada pela subjetividade e certo irracio- técnicas cubistas até o término da Primeira Guerra
nalismo, pudesse substituir aquilo que já estava con- Mundial, em 1918. A convivência entre os escritores e
vencionalizado. artistas plásticos propiciou uma intensa troca de ideias
Paris era o principal centro cultural da Europa. Era e técnicas, o que possibilitou um interessante diálogo
natural, portanto, que de lá irradiassem as principais entre as diversas manifestações artísticas. Entre suas
ideias artísticas que influenciariam não só o continen- principais características no que diz respeito à pintura
te europeu, mas também o mundo ocidental. Essas (campo onde o Cubismo se desenvolveu com maior

110
LÍNGUA PORTUGUESA
expressividade), estão a decomposição das figuras em sividade e o ilogismo dos textos, a posição contrária
formas geométricas, a não retratação da realidade de ao capitalismo e o rompimento com as tradições ar-
forma real (realidade fragmentada), a não utilização tísticas, elementos que conferiram à arte dadá um
da perspectiva e tridimensionalidade e o uso do hu- caráter anárquico.
mor. É importante observar que o Cubismo influen-
ciou consideravelmente o Concretismo, movimento • Surrealismo: O movimento surrealista teve
literário brasileiro surgido na década de 1950. início na França, mais especificamente em Paris, na
década de 1920, com a publicação do Manifesto do
• Futurismo: O marco inicial do Futurismo ocor- Surrealismo (1924), do escritor francês André Bre-
reu com a publicação no jornal parisiense Le Figaro, ton. Entre as principais propostas de Breton, estava
em 1909, do Manifesto Futurista, escrito pelo italiano a junção da psicanálise à literatura e artes plásticas,
Filippo Tommasio Marinetti. O movimento, que cho- o que despertou o interesse de diversos pintores. O
cou os meios culturais europeus em virtude do caráter Surrealismo destacava a importância de extravasar
violento e radical de suas propostas, difundiu-se prin- os impulsos criadores do subconsciente sem que
cipalmente por meio de manifestos e conferências, houvesse qualquer tipo de controle da razão ou do
tendo maior receptividade na Itália, país de Marinet- pensamento. Essa técnica, quando transportada para
ti. Entre as propostas do Futurismo – que encontrou a literatura, ganhou o nome de “escrita automática” e
maior penetração de suas propostas na literatura –, foi apoiada por elementos como o ilogismo, o humor
estão a destruição da sintaxe, a abolição dos adjetivos negro, o devaneio e uso de imagens surpreendentes.
e advérbios, a abolição da pontuação e a destruição
do eu psicologizante. Entre os principais adeptos do No Brasil, a manifestação de todas essas tendên-
Futurismo na literatura brasileira estão os escritores cias inovadoras oriundas da Europa ficou conhecida
Mário de Andrade e Oswald de Andrade, precursores como Modernismo, movimento que equivale ao Fu-
do Modernismo no Brasil. turismo, para os italianos, e ao Expressionismo, para
os alemães. O encontro dos principais artistas que se-
• Expressionismo: Embora tenha surgido no fi- guiam as vanguardas europeias aconteceria durante
nal do século XIX, foi nas primeiras décadas do sé- a célebre Semana de Arte Moderna de 1922, evento
culo XX que o Expressionismo alcançou seu auge. O que possibilitou a divulgação dos ideais modernistas,
movimento artístico surgiu na França e na Alemanha que emergiram principalmente em São Paulo e no
quando um grupo de pintores denominados de ex- Rio de Janeiro, para outras partes do país. A partir
pressionistas e fauvistas propuseram o combate ao de então, a arte e, sobretudo, a literatura rompe-
Impressionismo, tendência da qual eram oriundos e riam com a tradição passadista e dariam início a um
que dominava as artes àquela época. O Impressionis- projeto artístico que privilegiasse a criação de uma
mo era uma arte basicamente sensorial, uma vez que identidade literária autônoma e alinhada com a cul-
valorizava a impressão, isto é, o modo de captação tura brasileira.
da realidade. Durante e depois da Segunda Guerra (https://brasilescola.uol.com.br/literatura/vanguardas-
europeias.htm)
Mundial, o Expressionismo assumiu uma postura mais
combativa, denunciando os horrores do conflito e as
condições desumanas às quais as populações carentes
eram submetidas (elementos que se manifestaram
com maior força na literatura). Entre suas principais
características, estão a ênfase na subjetividade, a uti-
lização arbitrária das cores, os traços fortes e o uso
de formas dramáticas.

• Dadaísmo: A Suíça, por ter se mantido neutra


durante a Primeira Guerra Mundial, recebeu inúmeros
artistas provenientes de outros países da Europa, o https://jornal.usp.br/cultura/macunaima-em-dialogo-com-
que propiciou o encontro desses “fugidos de guerra” os-games-e-tema-de-seminario/
que tinham a intenção de criar um movimento artís-
tico para criticar, por meio do deboche e da ironia, Macunaíma
a civilização decadente representada pelo conflito
bélico. Dessa necessidade de escarnecer da situação “Macunaíma” é um romance modernista do escri-
social europeia, nasceu o Dadaísmo, cujas principais tor Mário de Andrade. Conta a história de Macunaíma,
características foram, especialmente no que diz res- um índio que viaja até São Paulo para recuperar sua
peito à literatura, o humor e a irreverência, a agres- muiraquitã.

111
LÍNGUA PORTUGUESA
Macunaíma, de Mário de Andrade, é um livro • Tempo da obra Macunaíma
modernista, publicado, pela primeira vez, em 1928. Tudo indica que a história se passa no início do
Conta a história de Macunaíma, o herói sem nenhum século XX, já que o narrador se refere à “máquina
caráter. Índio nascido na Floresta Amazônica, depois telefone” e à “máquina automóvel”. Além disso, ele
de perder a muiraquitã dada por sua companheira, se utiliza do tempo cronológico para narrar a história
Ci, a Mãe do Mato, ele decide viajar até a cidade de do herói sem nenhum caráter.
São Paulo para recuperar o amuleto.
Na trajetória do herói, elementos da cultura • Espaço da obra Macunaíma
indígena e afro-brasileira são mostrados ao leitor e A narrativa acontece, principalmente, na Floresta
à leitora. Desse modo, a obra se configura em uma Amazônica e na cidade de São Paulo, mas Macunaíma
narrativa nacionalista, mas de caráter crítico, já que também faz uma visita ao Rio de Janeiro.
os personagens são apresentados sem nenhuma ide-
alização. Além disso, a língua portuguesa é mostrada • Enredo da obra Macunaíma
em sua rica variedade. Macunaíma, “herói de nossa gente”, nasceu no
“fundo do mato-virgem”. Ele era “preto retinto e filho
Resumo da obra Macunaíma do medo da noite”. Assim é apresentado o herói no
• Macunaíma, de 1928, é um romance moder- início do livro. Quando criança, “fez coisas de sarapan-
nista de Mário de Andrade. tar” e ficou os primeiros seis anos de vida sem querer
• Além do herói Macunaíma, a obra também falar, pois sentia muita preguiça. Contudo, quando
apresenta o seu antagonista, Piaimã. “deram água num chocalho pra ele”, Macunaíma pas-
• A narrativa possui tempo cronológico e está sou a falar como todo mundo.
situada no início do século XX. E pediu que a mãe o levasse para passear no mato.
• A ação da obra se passa, principalmente, na Ela não quis, e Macunaíma chorou até a noite. No dia
Floresta Amazônica e em São Paulo. seguinte, Sofará, companheira de Jiguê, levou o me-
• A história está centrada na busca de Macunaí- nino para passear. Então, quando “deitou o curumim
ma por um amuleto perdido. nas tiriricas, tajás e trapoerabas da serrapilheira, ele
• A principal característica do livro é a diversidade botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo”, e
cultural brasileira. os dois “brincaram” (tiveram relações sexuais).
Em uma ocasião, o menino perguntou ao Currupi-
Análise da obra Macunaíma ra qual era o caminho para o mocambo dos Tapanhu-
mas. Como o Currupira tinha a intenção de devorar o
• Personagens da obra Macunaíma
herói, ensinou o caminho errado. No entanto, Macu-
Cambgique: “formiguinha sarará”
naíma conseguiu escapar, e, então, encontrou a cotia,
Capei: boiuna, a Lua
que “pegou na gamela cheia de caldo envenenado de
Ceiuci: companheira de Piaimã
aipim e jogou a lavagem no piá”.
Chuvisco: curumi
Por isso, Macunaíma espirrou, “botou corpo” e
Ci: a Mãe do Mato
“ficou do tamanho dum homem taludo”, mas, como
Currupira
a cabeça não tinha sido atingida pela lavagem, ela
Denaquê: irmã de Imaerô
“ficou pra sempre rombuda e com carinha enjoativa
Imaerô
de piá”. Já em outra ocasião, Macunaíma conheceu
Iriqui: companheira de Jiguê
Ci e, apesar da resistência da Mãe do Mato, deu um
Jiguê: irmão do herói jeito de “brincar” com ela.
Maanape: irmão do herói Aproximadamente seis meses depois, Ci teve um
Macunaíma: o herói sem nenhum caráter filho do herói. O “pecurrucho tinha cabeça chata e
Mãe de Macunaíma Macunaíma inda a achatava mais batendo nela todos
Oibê: o minhocão temível os dias” e falando para a criança: “Meu filho, cres-
Olelê Rui Barbosa: ogã tocador de atabaque ce depressa pra você ir pra São Paulo ganhar muito
Sofará: companheira de Jiguê dinheiro”. O menino acabou morrendo, e a Mãe do
Suzi: companheira de Jiguê Mato “tirou do colar uma muiraquitã”, deu-a para o
Taína-Cã: estrela companheiro e “subiu pro céu por um cipó”.
Tia Ciata: mãe de santo Entretanto, Macunaíma perdeu a muiraquitã e
Titçatê: guerreiro ficou “desinfeliz”. Um tracajá comeu o amuleto, e “o
Uiara mariscador que apanhara a tartaruga tinha vendido
Vei: a Sol a pedra verde pra um regatão peruano se chamando
Venceslau Pietro Pietra: o gigante Piaimã Venceslau Pietro Pietra”. Assim, este, o gigante Piai-
Zlezlegue: carrapato mã, se tornou o grande inimigo do herói, que decidiu
Zozoiaça: pai de Imaerô ir a São Paulo para enfrentá-lo e ter de volta o talismã.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Venceslau Pietro Pietra “morava num tejupar ma- Mário de Andrade
ravilhoso rodeado de mato no fim da rua Maranhão
olhando pra noruega do Pacaembu”. Contudo, o herói Mário de Andrade nasceu em 09 de outubro de
Macunaíma não estava sozinho, seus irmãos, Jiguê e 1893, na cidade de São Paulo. Mais tarde, a partir de
Maanape, estavam com ele, para enfrentar não só o 1911, estudou piano, no Conservatório Dramático e
gigante, mas também sua companheira, Ceiuci. Musical, e também canto. Assim, em 1922, tornou-se
Antes de recuperar o amuleto, Macunaíma se viu professor de estética e história da música nessa insti-
envolvido pelas três filhas de Vei, a Sol, que “andava tuição. Nesse mesmo ano, foi um dos organizadores
matinando fazer Macunaíma genro dela”. Mas, para da Semana de Arte Moderna.
isso, ele tinha “de ser fiel e não andar assim brincando O autor, que faleceu em 25 de fevereiro de 1945,
com as outras cunhãs por aí”. Macunaíma prometeu
em São Paulo, escreveu para periódicos como o Diário
essa fidelidade e a jurou pela memória da mãe dele,
de S. Paulo e trabalhou no Departamento de Cultura
porém logo foi “brincar” com uma cunhã.
dessa cidade. Além disso, no Rio de Janeiro, ocupou
Então, nenhum casamento se realizou, e o herói
os seguintes cargos:
continuou buscando um meio de recuperar sua mui-
raquitã de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, • diretor do Instituto de Artes da Universidade
comedor de gente. Por fim, ao conseguir o amuleto, do Distrito Federal; e
Macunaíma e seus irmãos voltaram para a floresta. • professor de filosofia e história da arte.
No entanto, o herói foi seduzido pela Uiara:
“Quando Macunaíma voltou na praia se percebia Contexto histórico
que brigara muito lá no fundo. Ficou de bruços um
tempão com a vida dependurada nos respiros fatiga- Os movimentos tenentistas, de cunho militar, e
dos. Estava sangrando com mordidas pelo corpo todo, a Coluna Prestes, de ideologia comunista, marcaram
sem perna direita, sem os dedões, sem os cocos-da- o início da década de 1920 e abalaram a República
-baía, sem orelhas sem nariz sem nenhum dos seus Velha. Contudo, esse período da história brasileira,
tesouros. Afinal pôde se erguer. Quando deu tento das oficialmente, só chegou ao fim depois da quebra da
perdas teve ódio de Vei. A galinha cacarejava deixando Bolsa de Nova Iorque, em 1929, que afetou a eco-
um ovo na praia. Macunaíma pegou nele e chimpou- nomia do Brasil, dependente da exportação de café.
-o no carão feliz da Sol. O ovo esborrachou bem nas Em 1930, Getúlio Vargas (1882-1954) subiu ao
bochechas dela que sujou-se de amarelo pra todo o poder, após um golpe de estado, e iniciou a Era Var-
sempre. Entardecia.” gas. Desse modo, em 1937, o presidente instituiu o
Estado Novo, um regime ditatorial que durou até 1945
• Narrador da obra Macunaíma e empreendeu forte perseguição política contra co-
No epílogo da obra Macunaíma, o narrador ob- munistas e artistas brasileiros.
servador se transforma em personagem e afirma que (https://brasilescola.uol.com.br/literatura/macunaima.htm)
a história foi contada a ele por um papagaio. Dessa
forma, ele apenas está narrando uma história que Canto de regresso à pátria
lhe foi contada. Portanto, o observador acaba sendo Minha terra tem palmares
o papagaio. Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
• Características da obra Macunaíma Não cantam como os de lá
O romance Macunaíma, publicado, pela primeira Minha terra tem mais rosas
vez, em 1928, possui 17 capítulos e um epílogo. Faz
E quase que mais amores
parte da primeira fase do modernismo brasileiro.
Minha terra tem mais ouro
Desse modo, apresenta nacionalismo crítico e, por-
Minha terra tem mais terra
tanto, faz uma releitura do passado histórico, ao con-
Ouro terra amor e rosas
trariar a imagem idealizada do índio romântico do
século XIX e criar um índio sem nenhum caráter para Eu quero tudo de lá
simbolizar o povo brasileiro. Não permita Deus que eu morra
Há também a valorização da linguagem coloquial, Sem que volte para lá
além da presença de termos de origem indígena. As- Não permita Deus que eu morra
sim, a cultura dos índios é enaltecida por meio de Sem que volte pra São Paulo
figuras míticas, como o Currupira, e de lendas, como Sem que veja a Rua 15
a transformação do boiuna Capei na Lua. No mais, E o progresso de São Paulo.
ciente da diversidade cultural do país, o narrador Oswald de Andrade
também abre espaço para a cultura afro-brasileira.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Pronominais E os suspiros que dou são violinos alheios;
Dê-me um cigarro Eu piso a terra como quem descobre a furto
Diz a gramática Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus pró-
Do professor e do aluno prios beijos!
E do mulato sabido Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas o bom negro e o bom branco Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Da Nação Brasileira Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Dizem todos os dias Só o esquecimento é que condensa,
Deixa disso camarada E então minha alma servirá de abrigo.
Me dá um cigarro. Mário de Andrade
Oswald de Andrade
(https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poemas-
primeira-geracao-modernista.htm)
Debussy
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . . SEMANA DE ARTE MODERNA
Para cá, para lá . . .
Marco oficial do Modernismo brasileiro, a Sema-
Para cá, para lá . . .
na de Arte Moderna aconteceu em São Paulo (SP)
Oscila no ar pela mão de uma criança
e reuniu artistas das mais diversas áreas no Theatro
(Vem e vai . . .)
Municipal de São Paulo ao longo dos dias 13 e 18 de
Que delicadamente e quase a adormecer o ba-
fevereiro de 1922. Apresentações musicais e confe-
lança
rências intercalavam-se às exposições de escultura,
— Psio . . . —
pintura e arquitetura, com o intuito de introduzir ao
Para cá, para lá . . .
cenário brasileiro as mais novas tendências da arte.
Para cá e . . .
Influenciados pelas vanguardas europeias e pela
— O novelozinho caiu.
renovação geral no panorama da arte ocidental,
Manuel Bandeira esses escritores, pintores, escultores, intelectuais e
músicos uniram seus esforços para apresentar suas
Moça Linda Bem Tratada produções ao grande público. Reunião das tendên-
Moça linda bem tratada, cias estéticas que tomavam forma em São Paulo e no
Três séculos de família, Rio de Janeiro desde o início do século, a Semana de
Burra como uma porta: Arte Moderna também revelou novos grupos, novos
Um amor. artistas, novas publicações, tornando a arte moderna
uma realidade cultural no Brasil.
Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.

Mulher gordaça, filó,


De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...

Plutocrata sem consciência,


Nada porta, terremoto
Que a porta do pobre arromba:
Uma bomba.
Mário de Andrade

Eu sou trezentos...
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Anúncio da última apresentação da Semana de Arte Mo-
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro! derna de 1922, comandada pelos espetáculos musicais de
Abraço no meu leito as milhores palavras, Heitor Villa-Lobos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Contexto histórico da Semana de Arte Mo- A exposição também causou grande desaprova-
derna ção da crítica conservadora, em especial Monteiro
Lobato, que publicou uma crítica extremamente ne-
Até o início do século XX, a escola artística tida gativa, intitulada “Paranoia ou mistificação?”. Com
como oficial no Brasil era o Parnasianismo. Carac- traços expressionistas, Malfatti trouxe ao Brasil uma
terizado pelo rigor formal (preocupação com a for- nova estética, em exposição considerada o primeiro
ma do poema no que se refere à metrificação), pela “estopim” para a idealização da Semana.
As novas tendências que floresciam com as van-
proposta da “arte pela arte” e pelo academicismo e
guardas, grande período de experimentação do início
elevada erudição, o Parnasianismo havia sido a ten-
do século XX, deram aos artistas brasileiros a possi-
dência estética dominante até então, especialmente
bilidade de trabalhar com novas linguagens, novos
na poesia, figurando em textos oficiais, como o Hino
materiais e novas propostas, a fim de renovar a arte
Nacional Brasileiro.
nacional. Mas, diferente do Parnasianismo, não houve
Como a grande maioria das escolas estéticas, o
uma incorporação completa dessas estéticas – não se
Parnasianismo foi importado da Europa. No continen- importou para o Brasil o cubismo ou o expressionismo
te europeu, contudo, vigorava outra proposta artís- em busca de se desenvolver aqui uma escola análoga.
tica. As grandes reviravoltas da Revolução Industrial Os artistas que iniciaram o Modernismo brasileiro
haviam instituído uma nova maneira de viver, modi- aproveitaram-se desses novos procedimentos e téc-
ficando completamente as relações humanas. A luz nicas, desse rompimento com o academicismo, para
elétrica e a rapidez dos automóveis e das produções reelaborar o cenário artístico nacional.
fabris em larga escala transformaram a sociedade. “O modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi
O advento da Primeira Guerra Mundial (1914- um abandono de princípios e de técnicas consequen-
1918) e a destruição mortífera causada por ela tam- tes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência
bém influenciaram social e filosoficamente os artistas nacional.”
do período. O início do século XX trouxe inúmeras
mudanças ao modo de viver europeu; a arte, portan- Como foi a Semana de Arte Moderna de
to, precisava acompanhar essas mudanças. Vinham à
1922?
tona as vanguardas artísticas e, com elas, a consolida-
ção da modernidade no âmbito da arte.
Entre os dias 11 e 18 de fevereiro, o Theatro Muni-
O Brasil, por sua vez, também começava a se
cipal de São Paulo permaneceu aberto para visitação.
modernizar. As primeiras indústrias começavam a se Em seu saguão, instalou-se uma exposição de pintura
instalar na cidade de São Paulo, e a produção de café e escultura. Obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti,
do interior paulista gerava grandiosa receita de expor- Victor Brecheret, entre outros, escandalizaram o gosto
tação, transformando o estado em novo centro eco- público brasileiro, nada acostumado às novas formas
nômico brasileiro. Por esse motivo, a capital paulista de representação propostas pelo modernismo.
foi o palco dos eventos da Semana de Arte Moderna, Vaias, burburinhos e agitação geral só aumentaram
que contou com o patrocínio de diversos membros ao longo da Semana. Além da exposição, o evento con-
da burguesia industrial que ali se consolidava. tou com três festivais, que envolviam apresentações
Além disso, 1922 foi o centenário da Indepen- de música, dança, declamações de poesia e conferên-
dência do Brasil. Assim, o cenário era ideal para a cias, a acontecer nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.
renovação artística nacional, e esse foi um dos mo-
tes da Semana: a atualização intelectual da consci-
ência nacional. O Brasil, que se transformava e se
modernizava, precisava de um novo olhar artístico,
sociocultural e filosófico que propusesse uma arte
nacional original e atualizada, trazendo consigo um
pensamento a respeito dos problemas brasileiros e
da variedade cultural que se estendia por nosso vasto
território.
Predecessora importante da Semana foi a Exposi-
ção de Pintura Moderna – Anita Malfatti, que ocorreu
em 1917, também em São Paulo. Cinquenta e três
obras da pintora foram apresentadas ao lado de obras
de artistas internacionais ligados às vanguardas euro-
peias. As telas impressionaram nomes que liderariam, No início do século XX, foram os saguões e salões
depois, a Semana, como Mário de Andrade, Oswald do Theatro Municipal que abrigaram os eventos da
de Andrade, Menotti del Picchia e Di Cavalcanti. Semana de Arte Moderna de 1922.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Graça Aranha, que à época já era um aclama- Faço rimas com
do escritor e intelectual brasileiro, fez as honras da Consoantes de apoio.
abertura do festival, no dia 13, com a conferência
intitulada “A emoção estética da arte moderna”. Ele Vai por cinquenta anos
foi ouvido respeitosamente pelo público e declamou Que lhes dei a norma:
versos de Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, Reduzi sem danos
acompanhado de músicas executadas pelo maestro A formas a forma.
Ernani Braga.
Ainda no dia 13, o já citado poeta Ronald de Car- Clame a saparia
valho esteve à frente de sua própria conferência, de Em críticas céticas:
nome “A pintura e a escultura moderna no Brasil”, Não há mais poesia,
seguida de três solos de piano de Ernani Braga e três Mas há artes poéticas . . .
danças africanas de Villa-Lobos – compositor, aliás, [...]”
tachado na ocasião de “talento ainda não cultivado (Manuel Bandeira)
o bastante”, por sua música “Privada de bom senso”
e “Puramente africana”. Mario de Andrade pronunciou também uma breve
O dia 15 de fevereiro representou o auge da Se- palestra, na escadaria interna do Theatro, sobre as
mana, nos mais escandalosos termos. A nova literatu- obras de pintura. Vinte anos depois, o autor relem-
ra provocou irritação e algazarra no público presente. brou o episódio na obra O Movimento Modernista, co-
Destacam-se a palestra de Mario de Andrade, cujo mentando: “Como pude fazer uma conferência sobre
texto depois se tornaria a publicação A escrava que artes plásticas, na escadaria do Theatro, cercado de
não é Isaura, em que o autor defende enfaticamente o anônimos que me caçoavam e ofendiam a valer?...”.
abrasileiramento da língua portuguesa, e a conferên- A grande confusão da plateia só se acalmou com as
cia sobre a estética moderna proferida por Paulo Me- apresentações que encerraram o dia: números de
notti del Picchia, que provocou os ânimos da plateia, dança de Yvonne Daumerie e o concerto de piano
fazendo ecoar vaias pelos quatro cantos do Theatro. de Guiomar Novais.
Também nesse dia houve um sarau, que contou O evento de encerramento da Semana foi dedica-
com a participação de diversos escritores, que tenta- do à música. Peças de Villa-Lobos foram executadas
vam falar no meio da gritaria da plateia. Nesse dia, pelos diversos músicos participantes, com menos ruí-
Ronald de Carvalho leu o famoso poema “Os Sapos”, dos em vaias, mas não sem escapar às críticas ferinas
de autoria de Manuel Bandeira, que ridicularizava os dos conservadores.
parnasianos. Leia um trecho:
Principais artistas da Semana de Arte Moderna
Os sapos de 1922
Enfunando os papos, • Arquitetos: Antonio Moya, Georg Przyrembel.
Saem da penumbra, • Escritores: Afonso Schmidt, Agenor Barbosa,
Aos pulos, os sapos. Álvaro Moreyra, Elysio de Carvalho, Graça Ara-
A luz os deslumbra. nha, Guilherme de Almeida, Luiz Aranha, Mario
de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de An-
Em ronco que aterra, drade, Ronald de Carvalho, Sérgio Millet, Tácito
Berra o sapo-boi: de Almeida.
— “Meu pai foi à guerra!” • Escultores: Wilhelm Haarberg, Hildegardo Leão
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”. Velloso, Victor Brecheret.
• Músicos: Alfredo Gomes, Ernani Braga, Fructu-
O sapo-tanoeiro, oso Viana, Guiomar Novais, Heitor Villa-Lobos,
Parnasiano aguado, Lucília Guimarães, Paulina de Ambrósio.
Diz: — “Meu cancioneiro • Pintores: Anita Malfatti, Antonio Paim Vieira,
É bem martelado. Emiliano Di Cavalcanti, Ferrignac, John Graz, Vi-
cente do Rego Monteiro, Yan de Almeida Prado,
Vede como primo Zina Aita.
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo Consequências da Semana de Arte Moderna
Os termos cognatos! de 1922
O meu verso é bom Polêmica, confusa, barulhenta, tida como “dema-
Frumento sem joio siado festiva” e “pouco moderna”, não se pode negar

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LÍNGUA PORTUGUESA
que a Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco, • É considerada um marco no Modernismo bra-
um divisor de águas no panorama artístico brasileiro. sileiro;
Ela escancarou as portas para uma grande liberdade • Congregou artistas de diversas áreas: pintura,
no que diz respeito à produção e pesquisa estética no escultura, arquitetura, música, dança, literatura;
país, contribuindo para um florescimento intelectual • Participaram, direta ou indiretamente, nomes
e artístico. Na visão de Di Cavalcanti, o acontecimento célebres da arte brasileira, como Graça Ara-
da Semana extrapolou o campo cultural e repercutiu nha, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia,
também na área política. Ronald de Carvalho, Mario de Andrade, Anita
A Semana fez o papel de divulgação da arte mo- Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Victor Brecheret,
derna, que, por sua vez, cultivou o terreno para a Di Cavalcanti, Guiomar Novais, entre outros;
consolidação de uma revolução artística e literária • Pinturas e esculturas ficaram expostas no sa-
que tomou forma após 1922, quando foram lança- guão do Theatro e causaram grande escândalo
dos os manifestos de Oswald de Andrade e as obras ao gosto público da época;
fundamentais do Primeiro Modernismo brasileiro, tais • Conferências, saraus e apresentações de dança
como Macunaíma (Mario de Andrade), Memórias Sen- e música aconteceram em três dias do evento;
timentais de João Miramar (Oswald de Andrade) e • Consolidou o ambiente propício para a publi-
Ritmo Dissoluto (Manuel Bandeira). cação de diversas obras que caracterizaram a
Primeira Geração do Modernismo brasileiro
Resumo da Semana de Arte Moderna de 1922 (Geração de 20).
• Aconteceu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, (https://brasilescola.uol.com.br/literatura/semana-arte-
moderna-1922.htm)
no Theatro Municipal de São Paulo;

(https://studymaps.com.br/semana-de-arte-moderna/)

MOVIMENTO PAU-BRASIL Este movimento teve início em


1924 a partir da publicação do livro
O Movimento Pau-Brasil é um entre os movimen- “Pau-Brasil”, da autoria de Oswald
tos modernistas - Verde-Amarelismo ou Escola da de Andrade (1890 -1954) e ilustra-
Anta e Movimento Antropofágico - que tomou lugar ção da sua esposa, a artista plásti-
na Primeira Fase do Modernismo no Brasil, conhecida ca Tarsila do Amaral (1886 -1973).
como a “Fase Heroica”, fase que apresentou diferentes
formas de abordagem patriótica. Capa do Livro Pau-Brasil

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LÍNGUA PORTUGUESA
Influenciado pelas vanguardas europeias decorria Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião
a Semana de Arte Moderna, em 1922 e com ela vá- de penacho.”
rias formas de expressão artística inovadoras vieram (Trecho do “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”)
à tona.
Na sua sequência, Oswald de Andrade publica Assim, para além do resgate do primitivismo, são
o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil”, que viria a ser características do Movimento do Pau-Brasil:
criticado pelo grupo que veio a seguir, o Movimento • Revisão crítica do passado histórico
Verde-Amarelo, de 1926. • Abandono do academicismo
O Movimento do Pau-Brasil é um movimento nati- • Valorização da identidade nacional
vista, que defendia a poesia brasileira de exportação. • Originalidade
• Linguagem coloquial e humorada
Tal como o pau-brasil foi o primeiro produto brasileiro (https://www.todamateria.com.br/movimento-pau-brasil/)
a ser exportado, Oswald de Andrade desejava que a
poesia brasileira se tornasse um produto cultural de
MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO
exportação; daí a escolha do nome do movimento.
Oswald de Andrade ficou conhecido pela figura de O Movimento Antropofágico foi uma corrente de
irreverência e de crítica ao academicismo e à burgue- vanguarda que marcou a primeira fase modernista
sia. Assim, defendia, ao mesmo tempo que criticava, o no Brasil.
nacionalismo a sua maneira, a qual veio a ser alvo de Liderado por Oswald de Andrade (1890-1954) e
julgamento pelo Movimento Verde-Amarelo formado Tarsila do Amaral (1886-1973), a finalidade principal
por Menotti del Picchia (1892-1988), Plínio Salgado era de estruturar uma cultura de caráter nacional.
(1895-1988), Guilherme de Almeida (1890-1969) e
Cassiano Ricardo (1895-1974). Características do Movimento
O patriotismo defendido pelo Verde-amarelismo
contrapunha o do Pau-Brasil, dado que é especial- A proposta do movimento era a de assimilar ou-
mente ufanista, bem como racista. tras culturas, mas não copiar. A marca símbolo do
A seguir, Oswald de Andrade revida o movimento Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu (1928)
da Escola da Anta, dando origem a um novo movi- de Tarsila do Amaral, o qual foi dado de presente ao
mento - o Movimento Antropofágico, em 1928, de marido, Oswald de Andrade.
modo que o primeiro movimento modernista pode
ser considerado a raiz deste último, e um legado para
a arte moderna.

Principais Características

O “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” é um dos tex-


tos mais importantes de Oswald de Andrade, escritor
que, como temos visto, destacou-se na literatura mo-
dernista brasileira.
O primitivismo é a principal característica desse
movimento, em que o patriotismo enveredou por
caminhos de valorização do passado histórico brasi-
leiro desprovido dos apelos ufanistas do Movimento
Verde-Amarelo.

“A poesia existe nos fatos. Os case-


bres de açafrão e de ocre nos verdes da A obra Abaporu é o símbolo do Movimento Antropofágico
Favela, sob o azul cabralino, são fatos
estéticos. A divulgação do movimento era realizado na Re-
.... vista de Antropofagia, publicada em São Paulo. Já o
O lado doutor. Fatalidade do primei- primeiro número trazia o Manifesto Antropofágico.
ro branco aportado e dominando politi- Essa revista foi editada em duas fases:
camente as selvas selvagens. O bacha- • primeira fase: editada entre maio de 1928 e
rel. Não podemos deixar de ser doutos. fevereiro de 1929;
Doutores. País de dores anônimas, de • segunda fase: editada entre 17 de março a 1º
doutores anônimos. O Império foi assim. de agosto de 1929.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Manifesto Antropofágico MANIFESTO REGIONALISTA

O Manifesto Antropofágico ou Manifesto Antro- O Manifesto Regionalista de 1926 é um dentre


pófogo, que deu origem ao movimento, foi publicado os manifestos publicados na Primeira Fase do Moder-
por Oswald de Andrade em 1º de maio de 1928 na nismo no Brasil (1922-1930).
Revista de Antropofagia:
Características
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente.
Economicamente. Filosoficamente. Úni- Embora chamado de manifesto, este foi, na ver-
ca lei do mundo. Expressão mascarada dade, um conjunto de declarações que foram feitas
de todos os individualismos, de todos os pelo Grupo modernista-regionalista de Recife.
coletivismos. De todas as religiões. De À semelhança de outros grupos, ele era formado
todos os tratados de paz. Tupi, or not por escritores em virtude das opiniões concordantes
tupi that is the question. Contra todas as acerca da renovação cultural que estava sendo vivida
catequeses. E contra a mãe dos Gracos. no nosso país.
Só me interessa o que não é meu. Lei do O grupo modernista-regionalista de Recife era
homem. Lei do antropófago.” (trecho do liderado pelo destacado sociólogo pernambucano
manifesto) Gilberto Freyre (1900-1987).
Essas declarações foram apresentadas no “1.º
O termo antropofágico foi utilizado como asso- Congresso Regionalista do Nordeste”. Em suma, seu
ciação ao ato deruminar, assimilar e deglutir. A ideia, conteúdo, expressava a necessidade de restituir a cul-
portanto, era de transfigurar a cultura, principalmente tura regional nordestina, e por esse motivo, o mani-
a europeia, conferindo assim, o caráter nacional. festo recebe esse nome.
Note que esse é o período mais radical do Mo- Dessa valorização da cultura regional, surgem bri-
dernismo. lhantes nomes a partir de 1930. São eles: Graciliano
Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida,
Influências Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Érico Veríssimo e
Marques Rebelo.
A ideia do movimento teve início na Europa, quan-
Em 1930, tem início a Segunda Fase do Modernis-
do Oswald de Andrade assiste ao Manifesto Futurista,
mo no Brasil, a chamada Fase de Consolidação. Nesse
do italiano Felippo Tomaso Marinetti.
momento, os modernistas alcançam grande êxito e
Oswald estava em Paris quando Marinetti anuncia
se destacaram especialmente na poesia, bem como
o compromisso da literatura com a nova civilização
no romance.
técnica, marcada sobretudo, pelo combate o acade- (https://www.todamateria.com.br/manifesto-regionalista/)
mismo.
Assim, a permanência na Europa influenciou dire-
tamente Oswald no período marcado pela decadência
MOVIMENTO VERDE-AMARELO E A ESCO-
do Parnasianismo e do Simbolismo. LA DA ANTA
Os ideais modernistas ganham força e juntamen-
te com Menotti del Picchia (1892-1988) e Mário de O Movimento Verde-Amarelo ou Movimento Ver-
Andrade (1893-1945) eles passam a escrever para os de-Amarelismo é um grupo que surgiu na primeira
jornais brasileiros. Apoiados nos ideais do Futurismo, fase do Modernismo e foi constituído por Menotti
eles rompem com o tradicionalismo e o conservado- del Picchia (1892-1988), Plínio Salgado (1895-1988),
rismo. Guilherme de Almeida (1890-1969) e Cassiano Ricardo
Em resumo, estavam prontos os ingredientes para (1895-1974).
a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em 1922 na
cidade de São Paulo. Note que esse evento ofereceu Resumo
uma nova roupagem para a identidade cultural bra- Após a Semana da Arte Moderna, em 1922 - marco
sileira e influenciou a arte continuamente. do Modernismo no Brasil - os artistas começaram
a apresentar novas propostas de arte disseminadas
Curiosidade através de publicações, especialmente os manifes-
Além da literatura, as ideias do movimento antro- tos que marcaram a Primeira Fase do Modernismo:
pofágico influenciaram também as artes plásticas. Pau-Brasil, Verde-Amarelo, Regionalista e Antropo-
Merecem destaques a pintora Anita Malfatti (1889- fagia.
1964) e o escultor Victor Brecheret (1894-1955). Para saber mais leia também: Semana da Arte Mo-
(https://www.todamateria.com.br/movimento-
antropofagico/)
derna.

119
LÍNGUA PORTUGUESA
Crítico e sarcástico, Oswald de Andrade (1890- para a elaboração de uma cultura verdadeira-
1954) frequentemente satirizava as suas raízes tanto mente nacional, pois estavam engajadas na pre-
sociais - burguesas - como acadêmicas. Ao mesmo ocupação de favorecer as classes trabalhadoras
tempo, pregava o nacionalismo numa linha primiti- dentro da nova sociedade moderna mundial.
vista, de valorização do nosso passado histórico, mas c) O Modernismo brasileiro surgiu com a intenção
sempre temperado pela crítica. de promover uma atualização da arte brasilei-
Decorrente dessas suas características, em 1924 ra, capaz de ajudar na consolidação da identi-
Oswald de Andrade escreve o Manifesto da Poesia dade nacional de tal forma que tiveram de se
Pau-Brasil - afrancesado - conforme foi apontado pelo desligar da influência cultural externa para a
Movimento Verde-Amarelo que despontava em São dedicação única da arte, considerada nacional
Paulo. e genuína.
Assim, o surgimento do Movimento Verde-Ama- d) Reflete um novo posicionamento em relação
relo decorre como forma de reação ao modelo nacio- à Arte no Brasil, reproduzindo as ideias que,
nalista preconizado pelo escritor Oswald de Andrade. no plano político, eram defendidas pelo mo-
O Movimento Verde-Amarelo defendia o patriotismo vimento Verde-Amarelismo de Plínio Salgado
em excesso e teve clara tendência nazifascista. que defendia a presença de estrangeirismos
Em 1927 o Movimento Verde-Amarelo transfor- em nossa cultura.
mou-se na Escola da Anta, ou Grupo Anta e, em 1928 e) Mostra o rompimento de vários artistas nacio-
é a vez de Oswald de Andrade, em parceria com Tar- nais, como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti,
sila do Amaral (1886-1973) e Raul Bopp (1898-1984), com as influências externas, principalmente
lançarem o movimento Antropofagia. com o movimento futurista italiano, profunda-
mente aliado aos ideais fascistas e autoritários.
Principais Características
02. (UFRGS) - O Modernismo brasileiro, através de
seus autores mais representativos na Semana de
Ufanismo é a característica que melhor define o
Arte Moderna, propôs:
movimento da Escola da Anta. Trata-se de uma exal-
a) o apego às normas clássicas oriundas do Neo-
tação do Brasil e, ao mesmo tempo, hostilidade às
classicismo mineiro.
proveniências estrangeiras. A ideologia fascista - ba-
b) a ruptura com as vanguardas europeias, tais
seada no racismo - também estava presente nesse
como o Futurismo e o Dadaísmo.
manifesto.
c) uma literatura que investisse na idealização da
A Escola da Anta recebeu esse nome como repre- figura indígena como ancestral do brasileiro.
sentação da nacionalidade brasileira, dado o contexto d) a focalização do mundo numa perspectiva ape-
mítico desse animal na cultura tupi - principal tribo nas psicanalítica.
indígena brasileira. e) a literatura como espaço privilegiado para a
(https://www.todamateria.com.br/movimento-verde-
amarelo-e-a-escola-da-anta/) expressão dos falares brasileiros.

03. (PUC - SP) - A Semana de Arte Moderna (1922),


ATIVIDADES expressão de um movimento cultural que atingiu
todas as nossas manifestações artísticas, surgiu
01. (Mackenzie-SP) - A Semana de Arte Moderna de de uma rejeição ao chamado colonialismo men-
1922 foi um marco cultural e a expressão da busca tal, pregava uma maior fidelidade à realidade
de um novo Brasil que conseguisse superar suas brasileira e valorizava sobretudo o regionalismo.
características arcaicas, refletindo mudanças em Com isso, pode-se dizer que:
todas as áreas de nosso país. Em 1928, Oswald a) romance regional assumiu características de
de Andrade publicou o Manifesto Antropofágico, exaltação, retratando os aspectos românticos
que procurou “traduzir” o espírito da cultura na- da vida sertaneja.
cional. A respeito do contexto histórico e cultural b) a escultura e a pintura tiveram seu apogeu com
da época, é correto afirmar que a valorização dos modelos clássicos.
a) Como proposta de mudança para a Arte do c) movimento redescobriu o Brasil, revitalizando
século XX, ao se aceitarem as influências es- os temas nacionais e reinterpretando nossa
trangeiras, sem se menosprezar a identidade realidade.
nacional, e sim reforçando-a, retoma-se a pro- d) os modelos arquitetônicos do período bus-
posta da antropofagia como “ferramenta” na caram sua inspiração na tradição do barroco
elaboração da verdadeira cultura nacional. português.
b) Todas as novas correntes artísticas advindas da e) a preocupação dominante dos autores foi com
Europa, no início do século XX, são fundamentais o retratar os males da colonização.

120
LÍNGUA PORTUGUESA
04. (ENEM) - Após estudar na Europa, Anita Malfatti 07. (FGV) - Assim como Vinícius de Moraes e Murilo
retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a Mendes, Carlos Drummond de Andrade pertence
cultura nacional do início do século XX. Elogiada a uma geração de poetas que se caracterizou,
por seus mestres na Europa, Anita se considerava principalmente, por ter
pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas a) sido pioneira na formulação dos conceitos
enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. estéticos que orientaram a Semana de Arte
Com a intenção de criar uma arte que valorizasse Moderna, em 1922.
a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros mo- b) radicalizado, em suas regiões, as experiências
dernistas estilísticas e temáticas que marcaram os anos
a) buscaram libertar a arte brasileira das normas de 1920.
acadêmicas europeias, valorizando as cores, a c) colhido, nos anos de 1930, os resultados da
originalidade e os temas nacionais. pesquisa estética da década precedente, ate-
b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, nuando-lhe o caráter destruidor.
até então utilizada de forma irrestrita, afetan- d) valorizado a linguagem regional, para, por
do a criação artística nacional.
meio dela, fazer a crítica da política local.
c) representavam a ideia de que a arte deveria
e) repudiado o universalismo, sugerindo um ca-
copiar fielmente a natureza, tendo como fina-
minho nacionalista para a poesia brasileira do
lidade a prática educativa.
século vinte.
d) mantiveram de forma fiel a realidade nas fi-
guras retratadas, defendendo uma liberdade
artística ligada à tradição acadêmica. 08. (UNESP) - Entre 11 e 16 de fevereiro de 1922,
e) buscaram a liberdade na composição de suas realizou-se no Teatro Municipal de São Paulo a
figuras, respeitando limites de temas abordados. Semana de Arte Moderna. Segundo Mário de An-
drade, as mudanças ocorridas a partir da Semana
05. (EEP/SP) - Sobre a Semana de Arte Moderna é de 22 e do Movimento Modernista significaram
incorreto afirmar que: a fusão de três princípios: o direito permanente
a) tem em Mário de Andrade um de seus maiores à pesquisa estética, a atualização da inteligência
representantes. artística brasileira e a estabilização de uma cons-
b) ocorreu em São Paulo, em 1922. ciência criadora nacional.
c) foi ao mesmo tempo o ponto de encontro Está inteiramente correto considerar como con-
das várias tendências modernas que desde a sequências da Semana de Arte Moderna:
I Guerra se vinham firmando. a) a formação de uma geração de artistas que
d) foi precursora do Realismo. romperam com a arte barroca; o reconheci-
e) a Semana permitiu a consolidação de grupos, mento e a valorização das expressões artísti-
a publicação de livros, revistas e manifestos cas do Renascimento Italiano; a formação de
sobre arte em geral. grupos de artistas e salões de arte moderna
em todo o Brasil.
06. (PUC-SP) - A Semana de Arte Moderna (1922), b) a formação de uma geração de artistas aca-
expressão de um movimento cultural que atingiu dêmicos; o reconhecimento e a valorização
todas as nossas manifestações artísticas, surgiu das expressões artísticas da Missão Artística
de uma rejeição ao chamado colonialismo men- Francesa; a formação de grupos de artistas e
tal, pregava uma maior fidelidade à realidade
de salões de arte neoclássicos.
brasileira e valorizava sobretudo o regionalismo.
c) a formação de uma geração de artistas que
Com isto pode-se dizer que:
romperam com a estética modernista; o re-
a) romance regional assumiu características de
conhecimento e a valorização das expressões
exaltação, retratando os aspectos românticos
da vida sertaneja. artísticas contemporâneas; a formação de gru-
b) a escultura e a pintura tiveram seu apogeu com pos de artistas e salões de arte em São Paulo e
a valorização dos modelos clássicos. no Rio de Janeiro destinados a exposições de
c) movimento redescobriu o Brasil, revitalizando arte moderna.
os temas nacionais e reinterpretando nossa d) a formação de uma geração de artistas que
realidade. romperam com os ditames acadêmicos; o re-
d) os modelos arquitetônicos do período bus- conhecimento e a valorização das expressões
caram sua inspiração na tradição do barroco artísticas dos primitivos; a formação de grupos
português. de artistas, tais como o Clube dos Artistas Mo-
e) a preocupação dominante dos autores foi com dernos e a Sociedade Pró Arte Moderna de São
o retratar os males da colonização. Paulo.

121
LÍNGUA PORTUGUESA
e) a formação de uma geração de artistas que e) Por partirem de concepções nacionalistas, es-
romperam com o estilo clássico; o reconheci- ses artistas negavam as influências externas
mento e a valorização das expressões artísticas na cultura brasileira. Para eles, uma arte ge-
do estilo Rococó; a formação de grandes expo- nuinamente brasileira somente aconteceria
sições de Arte, como a Bienal de São Paulo. por meio do total afastamento em relação às
principais vanguardas europeias.
09. (UNIFESP) - A “Canção do exílio” é um dos textos
mais citados e parodiados da Língua Portuguesa. 11. (MACKENZI E) A partir dos três autores selecio-
Os versos “Teus risonhos lindos campos têm mais nados, considere as seguintes afirmações:
flores,/Nossos bosques têm mais vida, /Nossa I. Manuel Bandeira foi poeta determinante na
vida no teu seio mais amores. /que remetem, de idealização e na organização da Semana de Arte
modo flagrante, ao poema de Gonçalves Dias, Moderna de 1922.
ocorrem II. Augusto dos Anjos, em função de sua perfeição
a) na “Nova canção do exílio”, de Carlos Drum- métrica e rítmica, é considerado um dos expoen-
mond de Andrade, publicada em A rosa do tes da tríade parnasiana.
povo. III. Machado de Assis abandonou a prosa român-
b) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Bu- tica para desenvolver as digressões textuais, ca-
arque. racterística fundadora da prosa realista.
c) no poema “Canto de regresso à pátria”, do Assinale a alternativa correta.
modernista Oswald de Andrade.
a) Estão corretas as afirmações I e II.
d) em “Ainda irei a Portugal”, de Cassiano Ricardo,
b) Estão corretas as afirmações II e III.
um dos líderes da Semana de Arte Moderna.
c) Estão corretas as afirmações I e III.
e) na letra do Hino Nacional Brasileiro, de Joa-
d) Todas as afirmações estão corretas.
quim Osório Duque Estrada, oficializada em
e) Nenhuma das afirmações está correta.
1922.
12. (MACKENZI E) A Semana de Arte Moderna de
10. (Mackenzie) - Em 2012 completaram-se 90 anos
da Semana de Arte Moderna, marco de reno- 1922 foi um marco cultural e a expressão da busca
vações artístico-culturais do Brasil. A respeito de um novo Brasil que conseguisse superar suas
desse acontecimento, assinale a alternativa IN- características arcaicas, refletindo mudanças em
CORRETA. todas as áreas de nosso país. Em 1928, Oswald
a) Internacionalismo e nacionalismo foram, si- de Andrade publicou o Manifesto Antropofágico,
multaneamente, suas características básicas. que procurou “traduzir” o espírito da cultura na-
O nacionalismo, em especial, viria como de- cional.
corrência de afirmação, presente desde a im- A respeito do contexto histórico e cultural da
plantação da República em 1889, de uma arte época, é correto afirmar que
e cultura genuinamente brasileiras. a) Como proposta de mudança para a Arte do
b) Tal Semana exprimia o anseio de uma nova século XX, ao se aceitarem as influências es-
mentalidade intelectual, insatisfeita com o trangeiras, sem se menosprezar a identidade
status quo das artes de então. Por isso, tinha nacional, e sim reforçando-a, retoma-se a pro-
como um dos objetivos centrais a moderni- posta da antropofagia como “ferra - menta” na
zação, por meio de um olhar para o social e elaboração da verdadeira cultura nacional.
para o que havia de mais avançado na criação b) Todas as novas correntes artísticas advindas da
artística. Europa, no início do século XX, são fundamen-
c) Existia naquele movimento um olhar para o tais para a elaboração de uma cultura verda-
futuro, que trazia um desejo de ruptura, de deiramente nacional, pois estavam engajadas
inovação e de experimentação. Mas, ao mes- na preocupação de favorecer as classes traba-
mo tempo, marcava presença um sentimento lhadoras dentro da nova sociedade moderna
de nostalgia, um retomar das raízes culturais mundial.
que marcaram a formação histórica do país. c) O Modernismo brasileiro surgiu com a intenção
d) Internacionalismo e nacionalismo foram, si- de promover uma atualização da arte brasilei-
multaneamente, seus aspectos básicos. As ra, capaz de ajudar na consolidação da identi-
letras e as artes do período desejavam o rom- dade nacional de tal forma que tiveram de se
pimento com o século XIX, e seu academicis- desligar da influência cultural externa para a
mo, sendo o exterior – em especial a Europa dedicação única da arte, considerada nacional
– símbolo desse rompimento. e genuína.

122
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Reflete um novo posicionamento em relação c) Até a década de 1920, sucederam-se duas vi-
à Arte no Brasil, reproduzindo as ideias que, sões contrastantes do Brasil: uma nacionalista
no plano político, eram defendidas pelo mo- e positiva e a outra determinista e negativa.
vimento Verde-Amarelismo de Plínio Salgado d) A geração em que se inclui Gilberto Freire re-
que defendia a presença de estrangeirismos volucionou o que se pensava sobre o Brasil,
em nossa cultura. sua história e seu futuro.
e) Mostra o rompimento de vários artistas nacio- e) Obras como as de Lima Barreto e Monteiro
nais, como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, Lobato revelam um novo pensamento, revolu-
com as influências externas, principalmente cionário e otimista, sobre a cultura brasileira.
com o movimento futurista italiano, profunda-
mente aliado aos ideais fascistas e autoritários. 15. Sobre Mário de Andrade e a Semana de 22, afir-
ma-se:
13. (MACKENZIE) A Semana de Arte Moderna foi I. A Semana desencadeou na cultura brasileira um
um marco de renovações artístico-culturais do período que Mário denominou orgia intelectual,
Brasil. A respeito desse acontecimento, assinale favorecida pelas mãos da burguesia culta do Rio
a alternativa INCORRETA. de Janeiro e de São Paulo, da qual ele era um
a) Internacionalismo e nacionalismo foram, si- representante.
multaneamente, suas características básicas. II. Apesar de estar em contato com as novas ten-
O nacionalismo, em especial, viria como de- dências das artes, Mário manteve-se fiel àqueles
corrência de afirmação, presente desde a im- que os modernistas chamaram de conservadores,
plantação da República em 1889, de uma arte em geral os parnasianos, dos quais sua obra re-
e cultura genuinamente brasileiras. cebe influência decisiva.
III. Ao contrário de Oswald, que era irreverente
b) Tal Semana exprimia o anseio de uma nova
em relação à dominação cultural europeia, Mário
mentalidade intelectual, insatisfeita com o
não tinha um projeto literário em que houvesse
status quo das artes de então. Por isso, tinha
preocupação significativa com a cultura nacional.
como um dos objetivos centrais a moderni-
Está correto apenas o que se afirma em
zação, por meio de um olhar para o social e
a) I.
para o que havia de mais avançado na criação
b) II.
artística.
c) III.
c) Existia naquele movimento um olhar para o d) I e II.
futuro, que trazia um desejo de ruptura, de e) II e III.
inovação e de experimentação. Mas, ao mes-
mo tempo, marcava presença um sentimento 16. (FGV) Leia o texto.
de nostalgia, um retomar das raízes culturais A Semana de 22 não foi um fato isolado e sem
que marcaram a formação histórica do país. origens. As discussões em torno da necessidade
d) Internacionalismo e nacionalismo foram, si- de renovação das artes surgem em meados da dé-
multaneamente, seus aspectos básicos. As cada de 1910 em textos de revistas e em exposi-
letras e as artes do período desejavam o rom- ções, como a de Anita Malfatti em 1917. Em 1921
pimento com o século XIX, e seu academicis- já existe, por parte de intelectuais como Oswald
mo, sendo o exterior – em especial a Europa de Andrade e Menotti Del Picchia, a intenção de
– símbolo desse rompimento. transformar as comemorações do centenário em
e) Por partirem de concepções nacionalistas, es- momento de emancipação artística. (...) (www.
ses artistas negavam as influências externas itaucultural.org.br)
na cultura brasileira. Para eles, uma arte ge- Em geral, os artistas participantes da Semana de
nuinamente brasileira somente aconteceria Arte Moderna propunham
por meio do total afastamento em relação às a) que a arte, especialmente a literatura, aban-
principais vanguardas europeias. donasse as preocupações com os destinos bra-
sileiros e se voltasse para o princípio da arte
14. Assinale a alternativa incorreta. pela arte.
a) Gilberto Freire é contemporâneo de escritores b) a rejeição ao conservadorismo presente na
que fizeram a Semana de Arte Moderna em produção artística brasileira, defendendo no-
São Paulo. vas estéticas e temáticas, como a discussão
b) No início do século XX, havia um contraste, no sobre as questões brasileiras.
Brasil, entre o atraso geral do país e a sofisti- c) que os artistas estabelecessem vínculos com
cação cultural de alguns centros urbanos. correntes filosóficas, mas não com projetos po-

123
LÍNGUA PORTUGUESA
líticos e ideológicos, fossem estes progressistas c) O movimento Modernista tinha como objetivo
ou conservadores. o rompimento com o tradicionalismo (Parna-
d) o reconhecimento da superioridade da arte sianismo, Simbolismo e a arte acadêmica), a
europeia e da importância da civilização por- libertação estética, a experimentação constan-
tuguesa no notável desenvolvimento cultural te e, principalmente, a independência cultural
brasileiro. do país.
e) que apenas as artes plásticas, com destaque d) A Semana de Arte Moderna aconteceu no Te-
para a pintura, poderiam representar avanços atro Municipal, entre os dias 11 e 18 de março
revolucionários em direção a uma arte de fato de 1922. Nela, o Brasil pôde reafirmar a liber-
inovadora. dade de expressão e criatividade, em perfeita
harmonia com os movimentos e preceitos das
17. (UFRGS) O Modernismo Brasileiro, através de vanguardas europeias, que guardavam consi-
seus autores mais representativos na Semana go as tendências culturais do Expressionismo,
de Arte Moderna, propôs: Futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo e
a) o apego às normas clássicas oriundas do neo- Parnasianismo.
classicismo mineiro.
b) a ruptura com as vanguardas europeias, tais 20. (UDESC) A Semana da Arte Moderna de 1922 ti-
como o futurismo e o dadaísmo. nha como uma das grandes aspirações renovar o
c) uma literatura que investisse na idealização da ambiente artístico e cultural do país, produzindo
figura indígena como ancestral do brasileiro. uma arte brasileira afinada com as tendências
d) a focalização do mundo numa perspectiva ape- vanguardistas europeias, sem, contudo, perder
nas psicanalítica. o caráter nacional; para isso contou com a parti-
e) a literatura como espaço privilegiado para a cipação de escritores, artistas plásticos, músicos,
expressão dos falares brasileiros. entre outros. Analise as proposições em relação
à Semana da Arte Moderna, assinale (V) para as
18. (ENEM) O modernismo brasileiro teve forte influ- verdadeiras e (F) para as falsas.
ência das vanguardas europeias. A partir da Se- ( ) O movimento Modernista buscava resgatar al-
mana de Arte Moderna, esses conceitos passaram guns pontos em comum com o Barroco, como
a fazer parte da arte brasileira definitivamente. os contos sobre a natureza; e com o Parnasia-
Tomando como referência o quadro O mamoeiro, nismo, como o estilo simples da linguagem.
identifica-se que, nas artes plásticas, a ( ) A exposição da artista plástica Anita Malfatti
a) imagem passa a valer mais que as formas van- representou um marco para o modernismo
guardistas. brasileiro; suas obras apresentavam tendên-
b) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cias vanguardistas europeias, o que de certa
cotidiano. forma chocou grande parte do público; foi
c) natureza passa a ser admirada como um espa- criticada pela corrente conservadora, mas
ço utópico. despertou os jovens para a renovação da arte
d) imagem privilegia uma ação moderna e indus- brasileira.
trializada. ( ) O escritor Graça Aranha foi quem abriu o even-
e) forma apresenta contornos e detalhes humanos. to com a sua conferência inaugural “A emo-
ção estética na Arte Moderna”; em seguida,
19. (ACAFE) Sobre a Semana de Arte Moderna de apresentou suas obras Paulicéia desvairada e
1922, em São Paulo, todos os textos a seguir estão Amar, verbo intransitivo.
corretos, exceto: ( ) O maestro e compositor Villa-Lobos foi um dos
a) Cada vez mais popular após as críticas do mais importantes e atuantes participantes da
escritor Monteiro Lobato (que destruiu seus Semana; neste ano comemoram-se 50 anos
quadros a bengaladas!), Anita Malfatti desfiará de sua morte.
todo seu expressionismo em 22 obras. Mário ( ) As esculturas de Brecheret, impregnadas de
de Andrade é um de seus fãs. modernidade, foram um dos estandartes da
b) A obra literária que marcou o início do movi- Semana; sua maquete do Movimento às Ban-
mento Modernista na literatura foi o livro de deiras foi recusada pelas autoridades paulis-
Mário de Andrade, Pauliceia Desvairada. O li- tas; hoje, umas das esculturas públicas mais
vro revelou a poesia urbanista e fragmentária admiradas em São Paulo.
e retratou, numa visão antirromântica, uma
São Paulo cosmopolita e egoísta, com sua po- Assinale a alternativa que contém a sequência
pulação heterogênea e sua burguesia cínica. correta, de cima para baixo.

124
LÍNGUA PORTUGUESA
a) V – F – V – F – V • uso de uma linguagem simples e coloquial;
b) F – F – V – V – V • presença de poucos personagens, se houver;
c) F – V – F – V – V • espaço reduzido;
d) V – V – F – V – F • temas relacionados a acontecimentos cotidianos.
e) V – V – V – V – V
Tipos de crônicas
QUESTÕES SUBJETIVAS
Embora seja um texto que faz parte do gênero
01. (UNESP) Quais as principais transformações da narrativo (com enredo, foco narrativo, personagens,
cultura brasileira na década de 1920? Incluir nes- tempo e espaço), há diversos tipos de crônicas que
te contexto a Semana de Arte Moderna. exploram outros gêneros textuais.
Podemos destacar a crônica descritiva e a crônica
dissertativa. Além delas, temos:
• Crônica Jornalística: mais comum das crôni-
cas da atualidade são as crônicas chamadas
de “crônicas jornalísticas” produzidas para os
meios de comunicação, onde utilizam temas da
atualidade para fazerem reflexões. Aproxima-se
da crônica dissertativa.
• Crônica Histórica: marcada por relatar fatos ou
acontecimentos históricos, com personagens,
02. (UNICAMP) Qual era a visão predominante dos tempo e espaço definidos. Aproxima-se da crô-
integrantes da Semana de Arte Moderna de 1922 nica narrativa.
em relação à arte acadêmica? Justifique sua res- • Crônica Humorística: Esse tipo de crônica apela
posta. para o humor como forma de entreter o públi-
co, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do
humor como ferramenta essencial para criticar
alguns aspectos seja da sociedade, política, cul-
tura, economia, etc.

Importante destacar que muitas crônicas podem


ser formadas por dois ou mais tipos, por exemplo:
uma crônica jornalística e humorística.

Leia também sobre:


Crônica narrativa
CRÔNICA Texto narrativo
Crônica argumentativa
O que é crônica? Como fazer uma crônica

A crônica é um gênero textual curto escrito em Exemplos de crônicas


prosa, geralmente produzido para meios de comuni-
cação, por exemplo, jornais, revistas, etc. 1. Crônica de Machado de Assis (Gazeta de No-
Além de ser um texto curto, possui uma “vida cur- tícias, 1889)
ta”, ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos Quem nunca invejou, não sabe o que é padecer.
corriqueiros do cotidiano. Eu sou uma lástima. Não posso ver uma roupinha me-
Do latim, a palavra “crônica” (chronica) refere-se lhor em outra pessoa, que não sinta o dente da inveja
a um registro de eventos marcados pelo tempo (cro- morder-me as entranhas. É uma comoção tão ruim,
nológico); e do grego (khronos) significa “tempo”. tão triste, tão profunda, que dá vontade de matar. Não
Portanto, elas estão extremamente conectadas há remédio para esta doença. Eu procuro distrair-me
ao contexto em que são produzidas, por isso, com o nas ocasiões; como não posso falar, entro a contar
passar do tempo ela perde sua “validade”, ou seja, os pingos de chuva, se chove, ou os basbaques que
fica fora do contexto. andam pela rua, se faz sol; mas não passo de algumas
dezenas. O pensamento não me deixa ir avante. A
As características das crônicas roupinha melhor faz-me foscas, a cara do dono faz-me
• narrativa curta; caretas...

125
LÍNGUA PORTUGUESA
Foi o que me aconteceu, depois da última vez que de dois, um liberal, outro conservador, que virgulavam
estive aqui. Há dias, pegando numa folha da manhã, li o discurso com apartes, — os mesmos apartes.
uma lista de candidaturas para deputados por Minas, A questão era simples. O orador, que era novo,
com seus comentos e prognósticos. Chego a um dos expunha as suas ideias políticas. Dizia que opinava por
distritos, não me lembra qual, nem o nome da pessoa, isso ou por aquilo. Um dos apartistas acudia: é liberal.
e que hei de ler? Que o candidato era apresentado Redarguia o outro: é conservador. Tinha o orador mais
pelos três partidos, liberal, conservador e republicano. este e aquele propósito. É conservador, dizia o segun-
A primeira coisa que senti, foi uma vertigem. De- do; é liberal, teimava o primeiro. Em tais condições,
pois, vi amarelo. Depois, não vi mais nada. As entra- prosseguia o novato, é meu intuito seguir este cami-
nhas doíam-me, como se um facão as rasgasse, a boca nho. Redarguia o liberal: é liberal; e o conservador: é
tinha um sabor de fel, e nunca mais pude encarar as conservador. Durou este divertimento três quartos de
linhas da notícia. Rasguei afinal a folha, e perdi os dois colunas do Jornal do Comércio. Eu guardei um exem-
vinténs; mas eu estava pronto a perder dois milhões, plar da folha para acudir às minhas melancolias, mas
contando que aquilo fosse comigo. perdi-o numa das mudanças de casa.
Upa! que caso único. Todos os partidos armados Oh! não mudeis de casa! Mudai de roupa, mudai
uns contra os outros no resto do Império, naquele de fortuna, de amigos, de opinião, de criados, mudai
de tudo, mas não mudeis de casa!
ponto uniam-se e depositavam sobre a cabeça de um
homem os seus princípios. Não faltará quem ache
2. A sensível (Clarice Lispector)
tremenda a responsabilidade do eleito, — porque a
Foi então que ela atravessou uma crise que nada
eleição, em tais circunstâncias, é certa; cá para mim
parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda
é exatamente o contrário. Deem-me dessas respon-
piedade. A cabeça tão limitada, tão bem penteada,
sabilidades, e verão se me saio delas sem demora, mal podia suportar perdoar tanto. Não podia olhar
logo na discussão do voto de graças. o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre –
— Trazido a esta Câmara (diria eu) nos paveses de virava para o lado o rosto magoado, insuportável, por
gregos e troianos, e não só dos gregos que amam o co- piedade, não suportando a glória do cantor. Na rua de
lérico Aquiles, filho de Peleu, como dos que estão com repente comprimia o peito com as mãos enluvadas
Agamenon, chefe dos chefes, posso exultar mais que – assaltada de perdão. Sofria sem recompensa, sem
nenhum outro, porque nenhum outro é, como eu, a mesmo a simpatia por si própria.
unidade nacional. Vós representais os vários membros Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade
do corpo; eu sou o corpo inteiro, completo. Disforme, como de doença, escolheu um domingo em que o
não; não monstro de Horácio, por quê? Vou dizê-lo. marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais
E diria então que ser conservador era ser essencial- um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre
mente liberal, e que no uso da liberdade, no seu desen- soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que
volvimento, nas suas mais amplas reformas, estava a passeia na calçada. Sobretudo passeava muito quando
melhor conservação. Vede uma floresta! (exclamaria, “sentia” que o marido a enganava. Assim foi procurar
levantando os braços). Que potente liberdade! e que or- a bordadeira, no domingo de manhã. Desceu uma rua
dem segura! A natureza, liberal e pródiga na produção, é cheia de lama, de galinhas e de crianças nuas – aonde
conservadora por excelência na harmonia em que aquela fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos
vertigem de troncos, folhas e cipós, em que aquela pas- com cara de fome, o marido tuberculoso – a borda-
sarada estrídula, se unem para formar a floresta. Que deira recusou-se a bordar a toalha porque não gostava
exemplo às sociedades! Que lição aos partidos! de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa.
O mais difícil parece que era a união dos princí- “Sentia-se” tão suja pelo calor da manhã, e um de
pios monárquicos e dos princípios republicanos; puro seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena,
engano. Eu diria: 1°, que jamais consentiria que ne- fora muito limpa. Em casa almoçou sozinha, deitou-
nhuma das duas formas de governo se sacrificasse por -se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos
mim; eu é que era por ambas; 2°, que considerava tão maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez
necessária uma como outra, não dependendo tudo não “sentia” nada. Senão talvez a perplexidade diante
senão dos termos; assim podíamos ter na monarquia da liberdade da bordadeira pobre. Senão talvez um
a república coroada, enquanto que a república podia sentimento de espera. A liberdade.
Até que, dias depois, a sensibilidade se curou as-
ser a liberdade no trono, etc., etc.
sim como uma ferida seca. Aliás, um mês depois, teve
Nem todos concordariam comigo; creio até que
seu primeiro amante, o primeiro de uma alegre série.
ninguém, ou concordariam todos, mas cada um com
uma parte. Sim, o acordo pleno das opiniões só uma
3. O amor e a morte (Carlos Heitor Cony)
vez se deu abaixo do sol, há muitos anos, e foi na as- Foi em dezembro, dez anos atrás. Mila teve nove
sembleia provincial do Rio de Janeiro. Orava um depu- filhotes, impossível ficar com a ninhada inteira, fiquei
tado, cujo nome absolutamente me esqueceu, como o com aquela que me parecia a mais próxima da mãe.

126
LÍNGUA PORTUGUESA
Nasceu em minha casa, foi gerada em minha casa, • Fernando Sabino
nela viveu esses dez anos, participando de tudo, rece- • Carlos Heitor Cony
bendo meus amigos na sala, cheirando-os e ficando • Caio Fernando Abreu
ao lado deles - sabendo que, de alguma forma, devia
homenageá-los por mim e por ela. Segundo o professor e crítico literário Antônio
Ao contrário da mãe, que tinha alguma autono- Cândido, em seu artigo “A vida ao rés-do-chão” (1980):
mia existencial, aquilo que eu chamava de “fumos
fidalgos”, como o Dom Casmurro, Títi era um prolon- “A crônica não é um “gênero maior”. Não se
gamento, o dia e a noite, o sol e todas as estrelas, o imagina uma literatura feita de grandes cronistas,
universo dela centrava-se em acompanhar, resumia-se que lhe dessem o brilho universal dos grandes ro-
em estar perto. mancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensa-
Quando Mila foi embora, há dois anos, ela com- ria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por
preendeu que ficara mais importante -e, se isso fosse melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que
possível, mais amada. Escoou com sabedoria a dor a crônica é um gênero menor. “Graças a Deus”,
e o pranto, a ausência e a tristeza, e se já era atenta seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica
aos movimentos mais insignificantes da casa, com o mais perto de nós. E para muitos pode servir de
tempo tornou-se um pedaço significante da vida em caminho não apenas para a vida, que ela serve
geral e do meu mundo particular. de perto, mas para a literatura (...).
Vida e mundo que deverão, agora, continuar sem (...) Ora, a crônica está sempre ajudando a es-
ela -se é que posso chamar de continuação o que te- tabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas
nho pela frente. Perdi alguns amigos, recentemente, e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário
mas foram perdas coletivas que doeram, mas, de certa excelso, numa revoada de adjetivos e períodos can-
forma, são compensadas pela repartição do prejuízo. dentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza,
Perder Títi é um “resto de terra arrancado” de mim uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas.
mesmo -e estou citando pela segunda vez Macha- Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas for-
do de Assis, que criou um cão com o nome do dono mas mais diretas e também nas suas formas mais
(Quincas Borba) e sabia como ninguém que dono e fantásticas, sobretudo porque quase sempre utiliza
cão são uma coisa só. o humor. Isto acontece porque não tem pretensões
Essa “coisa só” fica mais só, nem por isso fica mais a durar, uma vez que é filha do jornal e da era da
forte, como queria Ibsen. Fica apenas mais sozinho máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não
mesmo, sem ter aquele olhar que vai fundo da gen- foi feita originalmente para o livro, mas para essa
te e adivinha até a alegria e a tristeza que sentimos publicação efêmera que se compra num dia e no
sem compreender. Sem Títi, é mais fácil aceitar que a dia seguinte é usada para embrulhar um par de
morte seja tão poderosa, desde que seja bem menos sapatos ou forrar o chão da cozinha.”
poderosa do que o amor.
Nesse trecho tão esclarecedor podemos destacar
A Crônica no Brasil as características fundamentais da crônica, como, por
exemplo, a aproximação com o público, na medida
A crônica foi inicialmente desenvolvida com ca- em que contém uma linguagem mais direta e des-
ráter histórico (as crônicas históricas). Elas relatavam pretensiosa.
desde o século XV fatos históricos (reais ou fictícios) Além disso, o autor destaca um de seus principais
ou acontecimentos cotidianos (sucessão cronológica), aspectos, ou seja, a curta duração que possui essa
algumas com toque de humor. produção textual.
Mais tarde, esse gênero textual despretensioso (https://www.todamateria.com.br/cronica/)
foi se aproximando do público e conquistando os lei-
tores mundo afora. Hoje, esse fato é confirmado pela
enorme difusão das crônicas, sobretudo nos meios
de comunicação.
No Brasil, a crônica tornou-se um estilo textual
bem difundido desde a publicação dos “Folhetins” em
meados do século XIX. Alguns escritores brasileiros
que se destacaram como cronistas foram:
• Machado de Assis
• Carlos Drummond de Andrade
• Rubem Braga (https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo359/
• Luís Fernando Veríssimo modernismo-no-brasil)

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LÍNGUA PORTUGUESA
MODERNISMO

https://infinittusexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-mentais/

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LÍNGUA PORTUGUESA

https://infinittusexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-mentais/

Primeira fase do modernismo brasileiro

https://infinittusexatas.com.br/modernismo-resumos-e-mapas-mentais/

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LÍNGUA PORTUGUESA
Ao romper com a tradição literária vigente, a pri- entre eles Anita Mafaltti, Di Cavalcanti e Brecheret, foi
meira fase do modernismo brasileiro propôs a criação o ponto de encontro das várias tendências artísticas
de uma literatura genuinamente brasileira. que desde a I Guerra vinham tentando firmar-se em
Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade São Paulo e no Rio de Janeiro. Graças ao evento reali-
foram os precursores do modernismo na literatura zado entre os dias 13 e 18 de fevereiro no Teatro Mu-
brasileira * nicipal de São Paulo, o modernismo brasileiro ganhou
A primeira fase do modernismo brasileiro sacra- uma plataforma que possibilitaria sua consolidação.
mentou as renovações no campo da arte e da literatu- Após a realização da Semana de Arte Moderna, várias
ra iniciadas no início do século XX com os pré-moder- publicações – as chamadas revistas literárias – e mani-
nistas. Na literatura de Lima Barreto, Monteiro Lobato festos foram lançados, cujos objetivos eram divulgar
e Euclides da Cunha, por exemplo, já era possível iden- as propostas modernistas.
tificar um menor apego ao cânone literário, além de O marco cronológico da geração heroica foi o ano
uma maior preocupação com o desenvolvimento de de 1930, período em que surgiram escritores, entre
uma literatura socialmente engajada. A literatura bra- eles Carlos Drummond de Andrade, que iniciaram
sileira tomou novos rumos, e o legado dos escritores uma poética com novos elementos estéticos, mas
parnasianos ficou definitivamente para trás. irremediavelmente influenciada pela herança dos
Até 1922, ano da realização da emblemática Se- modernistas de 1922. É impossível conceber a arte
mana de Arte Moderna, a literatura brasileira era es- brasileira sem creditar os esforços dos precursores do
sencialmente academicista e influenciada pelos mol- modernismo, cujos ideais estão presentes em toda li-
des europeus. O parnasianismo era a estética literária teratura produzida durante o século XX até a literatura
vigente, não havia uma cultura acadêmica nacional, produzida nos dias de hoje. Graças aos modernistas,
com linguagem e conteúdo temático que reprodu- que apontaram os caminhos para a construção de uma
zissem a realidade do brasileiro comum. Podemos cultura menos europeizada e europeizante, nasceu a
dizer que os primeiros modernistas deram o “grito autêntica literatura brasileira.
de independência” cultural que ecoaria por décadas, (https://www.portugues.com.br/literatura/primeira-fase-
modernismo-brasileiro.html)
modificando drasticamente o fazer literário no Brasil.
Depois deles, a forma e o ritmo, elementos tão apre-
ciados pela literatura clássica, não seriam mais uma Manuel Bandeira
obrigação: estava instituído o verso livre e o combate
à arte tradicional. Manuel Bandeira, grande representante moder-
nista, tem o lirismo como marca registrada em sua
Erro de português arte.
Quando o português chegou Manuel Bandeira, dotado de um notável lirismo,
Debaixo de uma bruta chuva representa um dos artistas que compuseram o cenário
Vestiu o índio artístico modernista.
Que pena! Entre os artistas que abrilhantaram o período
Fosse uma manhã de sol modernista, encontra-se esta nobre figura: Manuel
O índio tinha despido Bandeira. Em razão disso, conhecê-lo é, sobretudo,
O português. enlevarmo-nos diante de tamanha habilidade artística
(Oswald de Andrade) e nobreza intelectual. Para tanto, iniciemos falando
acerca de alguns aspectos biográficos, os quais assim
Dizer que os primeiros modernistas “combatiam” se apresentam:
a arte tradicional não é uma força de expressão. Havia, Manuel Carneiro de Souza Bandeira nasceu em
de fato, o interesse em romper drasticamente com 1886, em Recife. Em 1890, a família se transferiu para
qualquer forma de cultura que não fosse construída Petrópolis (RJ), e com seis anos de idade Bandeira
sobre bases nacionais: esse era o projeto da fase he- retornou a Recife, onde permaneceu até os dez anos.
roica do modernismo, cujos principais representantes Aos 16 anos partiu para São Paulo, com o intuito de
foram Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade, cursar a faculdade de Arquitetura na Escola Politéc-
esse último considerado o mais radical da chamada nica. Contudo, tal intenção teve de ser interrompida,
tríade modernista. Foram deles os principais esfor- haja vista que o poeta contraiu tuberculose, paralisan-
ços para a realização da Semana de Arte Moderna de do, assim, seus estudos. Em 1913 foi para a Suíça para
1922, evento que reuniu um grupo de artistas novos se tratar no Sanatório de Clavadel, onde permaneceu
e empenhados em desvencilhar a arte produzida no por 16 meses.
Brasil da cultura tradicional europeia. Em 1917, Manuel Bandeira publicou seu primeiro
A Semana, que reuniu, além dos primeiros escri- livro – Cinza das horas e, a partir de então, iniciou
tores modernistas, grandes nomes das artes plásticas, sua vasta produção literária, seguida da publicação

130
LÍNGUA PORTUGUESA
de Carnaval (1919). Foi quando o poeta começou É bem martelado.
a estabelecer contato com o grupo paulista, o qual Vede como primo
participou da Semana de Arte Moderna. Um dos in- Em comer os hiatos!
tegrantes, Guilherme de Almeida, foi o primeiro a ler Que arte! E nunca rimo
as produções, passando a indicá-las para os demais. Os termos cognatos.[...]
Em 1921, esse grupo de representantes foi ao Rio de (https://www.portugues.com.br/literatura/manuel-
bandeira.html)
Janeiro, época em que Bandeira se tornou amigo de
Mário de Andrade. Outrossim, afirmamos que este
nobre poeta não participou de forma direta na Se- Mário de Andrade
mana, por considerar o evento um tanto quanto con-
tundente, como ele mesmo afirmou “nunca atacamos Mário de Andrade nasceu em 9 de outubro de
publicamente os mestres parnasianos e simbolistas, 1893, na cidade de São Paulo. Ele é um dos principais
nunca repudiamos o soneto nem, de um modo geral, nomes da primeira geração modernista. Suas obras
os versos metrificados e rimados”. apresentam nacionalismo crítico, liberdade formal e
Assim, afirma-se que em virtude de ter se formado valorização da linguagem coloquial. Macunaíma é seu
com base nas referências literárias do Parnasianismo livro mais famoso e uma das obras mais importantes
e Simbolismo, Bandeira não se mostrou preocupado do movimento.
em se adequar a esta ou àquela tendência, decidiu por Além da literatura, o autor tinha outros interesses
não criticar publicamente aqueles que consideravam artísticos, por isso estudou piano e canto. Também
os mestres parnasianos e simbolistas, bem como não foi professor de História da Música e da Estética no
se tornou adepto do tom revolucionário dos moder- Conservatório Dramático e Musical da cidade de São
nistas. Dessa forma, optou por escolher esta ou aquela Paulo, em 1922. Nesse ano, participou da Semana de
forma que mais se adequasse ao espírito das emoções Arte Moderna. A partir de então, foi um dos porta-
que desejava transmitir em determinado momento. -vozes do movimento modernista até a sua morte,
A linguagem, envolta num tom simples, revelava a ocorrida em 25 de fevereiro de 1945, em São Paulo.
experiência do poeta acerca de suas percepções em
meio ao cotidiano, marcadas, sobretudo, pela temá- Biografia de Mário de Andrade
tica voltada para o amor, erotismo, infância, paixão
pela vida, solidão e angústia existencial. Mário de Andrade é um escritor brasileiro nascido
em 9 de outubro de 1893, na cidade de São Paulo.
DESENCANTO Tinha grande interesse pela arte e cultura brasileiras.
Eu faço versos como quem chora Estudou piano no Conservatório Dramático e Musical
De desalento. . . de desencanto. . . de São Paulo e, em 1922, começou a trabalhar como
Fecha o meu livro, se por agora professor de História da Música e da Estética nesse
Não tens motivo nenhum de pranto. Conservatório.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . . Nesse ano, participou da Semana de Arte Moder-
Tristeza esparsa... remorso vão... na, que inaugurou o Modernismo no Brasil. Além dis-
Dói-me nas veias. Amargo e quente, so, escrevia para periódicos como A Gazeta, A Cigarra
Cai, gota a gota, do coração. e Jornal do Comércio. Entre seus múltiplos interesses,
E nestes versos de angústia rouca, estava também a fotografia, à qual se dedicou intensa-
Assim dos lábios a vida corre, mente entre 1923 e 1931. Durante esse período, em
Deixando um acre sabor na boca. 1927, fez uma viagem à Amazônia e ao Nordeste, com
- Eu faço versos como quem morre. o intuito de observar e registrar a cultura desses locais.
Era também um estudioso do folclore brasilei-
OS SAPOS ro, além de crítico de literatura. Assim, entre 1935
Enfunando os papos, e 1938, foi diretor do Departamento de Cultura da
Saem da penumbra, Prefeitura de São Paulo. Em 1936, ajudou a criar o
Aos pulos, os sapos. Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
A luz os deslumbra. (SPHAN). Já em 1938, tornou-se o diretor do Instituto
Em ronco que aterra, de Artes da Universidade do Distrito Federal, no Rio
Berra o sapo-boi: de Janeiro. E, em 1942, foi um dos fundadores da
- “Meu pai foi à guerra!” Associação Brasileira de Escritores (Abre), contrária
- “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!” ao Estado Novo (1937-1945).
O sapo-tanoeiro, O escritor morreu em 25 de fevereiro de 1945, na
Parnasiano aguado, cidade de São Paulo. Além de uma obra aclamada pela
Diz: - “Meu cancioneiro crítica especializada, deixou também a dúvida sobre a

131
LÍNGUA PORTUGUESA
sua homossexualidade, um assunto que era tabu para Frases de Mário de Andrade
alguns críticos literários. Só em 2015 essa questão foi
esclarecida, com a divulgação, pela Fundação Casa de Vamos ler, a seguir, algumas frases de Mário de
Rui Barbosa, de carta do escritor a Manuel Bandeira Andrade, extraídas de carta enviada a Fernando Sa-
(1886-1968). bino (1923-2004) em 16 de fevereiro de 1942.
Nessa carta, o escritor escreve: • “A arte tem entre os elementos que a consti-
tuem a insatisfação.”
“Mas si agora toco nesse assunto em • “O artista verdadeiro jamais estará satisfeito
que me porto com absoluta e elegante consigo mesmo nem com a obra de arte que
discrição social, tão absoluta que sou produziu.”
incapaz de convidar um companheiro • “Não existe um só artista verdadeiro que não
daqui a sair sozinho comigo na rua [...] e arte faça com a intenção de ser amado.”
si saio com alguém é porque esse alguém • “Esta é a cilada que o homem encontra cotidia-
me convida, si toco no assunto é porque namente em seu caminho, o conformismo.”
se poderia tirar dele um argumento pra • “Nós devemos viver sempre nascendo.”
explicar minhas amizades platônicas, só • “Toda facilidade, toda felicidade é desmorali-
minhas”. zante.”
• “A gente tem vergonha de se repensar.”
Para os críticos que analisam a obra de um escritor • “A felicidade no amor nem é apenas justa, é
a partir de suas características puramente estruturais, uma espécie de dever.”
a vida pessoal de um autor em nada contribui para • “O momento da criação é um prazer sublime.”
a sua escrita. No entanto, há críticos que defendem • “A maioria dos seres vegeta em vez de huma-
que detalhes da vida íntima do artista podem auxiliar namente viver.”
no desvendamento de seus textos. • “A arte jamais é independente da vida.”
(https://www.portugues.com.br/literatura/mario-andrade.
html)
Características literárias de Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Mário de Andrade é um escritor da primeira ge-
ração modernista. Suas obras, portanto, apresentam Oswald de Andrade fez parte da primeira geração
as seguintes características: modernista do Brasil. Suas obras, como a peça tea-
• antiacademicismo; tral “O rei da vela”, apresentam elementos irônicos e
• liberdade formal; metalinguísticos.
• nacionalismo crítico; Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de
• busca da identidade nacional; 1890, na capital do estado de São Paulo. Mais tarde,
• releitura dos símbolos de nacionalidade; se casou com a pintora Tarsila do Amaral e, depois,
• valorização da linguagem coloquial; com a escritora conhecida como Pagu. Além disso, es-
• resgate do folclore brasileiro; creveu para alguns periódicos, foi membro do Partido
• regionalismo; Comunista e tentou duas vezes ingressar na Academia
• crítica sociopolítica. Brasileira de Letras.
O autor, que faleceu em 22 de outubro de 1954,
Obras de Mário de Andrade na cidade de São Paulo, fez parte da primeira geração
• Há uma gota de sangue em cada poema (1917) do Modernismo brasileiro. Portanto, seus textos são
• Pauliceia desvairada (1922) caracterizados pelo nacionalismo crítico e pela liber-
• A escrava que não é Isaura (1925) dade formal. A metalinguagem e a ironia também são
• O losango cáqui (1926) características de obras como O rei da vela.
• Primeiro andar (1926)
• Amar, verbo intransitivo (1927) Resumo sobre Oswald de Andrade
• Clã do jabuti (1927) • O escritor brasileiro Oswald de Andrade nasceu
• Modinhas imperiais (1930) em 1890 e faleceu em 1954.
• Remate de males (1930) • O autor foi um dos participantes da Semana de
• Música, doce música (1934) Arte Moderna de 1922.
• Belazarte (1934) • Ele fez parte da primeira geração do Modernis-
• O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935) mo brasileiro.
• Poesias (1941) • A ironia e a metalinguagem são as principais
• O movimento modernista (1942) características de seus textos.
• O empalhador de passarinho (1944) • O rei da vela é uma de suas peças teatrais mais
• Contos novos (1947) conhecidas.

132
LÍNGUA PORTUGUESA
Biografia de Oswald de Andrade O escritor se indispôs com Prestes e saiu do Par-
tido Comunista em 1945. Entretanto, em 1950, se
Oswald de Andrade nasceu em 11 de janeiro de candidatou a deputado federal, pelo Partido Repu-
1890, na cidade de São Paulo, em uma família abas- blicano Trabalhista. Com o lema “pão, teto, roupa,
tada. Dez anos depois, começou a estudar na Escola saúde, instrução, liberdade”, o autor não conseguiu se
Caetano de Campos. No ano seguinte, em 1901, foi eleger. Oswald de Andrade faleceu em 22 de outubro
transferido para o Ginásio Nossa Senhora do Carmo e de 1954, na cidade de São Paulo.
depois, em 1903, para o Colégio São Bento, onde co-
nheceu o poeta Guilherme de Almeida (1890–1969). Obras de Oswald de Andrade
O autor terminou seus estudos no Colégio São • Os condenados (1922) — romance.
Bento, em 1908. No ano seguinte, passou a escrever • Memórias sentimentais de João Miramar
para o Diário Popular e iniciou a faculdade de Direito. (1924) — romance.
Já em 1911, fundou a revista O Pirralho. Em 1912, • Manifesto da poesia pau-brasil (1924).
• Pau-brasil (1925) — poesia.
interrompeu o curso de Direito para fazer sua primeira
• Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald
viagem à Europa, onde conheceu a francesa Henriette
de Andrade (1927) — poesia.
Denise Boufflers, com quem teve seu primeiro filho,
• A estrela de absinto (1927) — romance.
em 1914.
• Manifesto antropófago (1928).
No ano de 1915, a dançarina adolescente Carmen • Serafim Ponte Grande (1933) — romance.
Lydia, com quem o escritor mantinha um relaciona- • A escada vermelha (1934) — romance.
mento, chegou ao Brasil. No ano seguinte, Oswald • O homem e o cavalo (1934) — teatro.
voltou ao curso de Direito e passou a trabalhar no • A morta (1937) — teatro.
Jornal do Comércio. A partir de 1918, começou a es- • O rei da vela (1937) — teatro.
crever, também, para A Gazeta. • Cântico dos cânticos para flauta e violão (1942)
Em 1919, o escritor se formou em Direito. Já em — poesia.
1921, passou a escrever para o Correio Paulistano. • Marco zero I: a revolução melancólica (1943)
No ano seguinte, em 1922, participou da Semana de — romance.
Arte Moderna. No final desse ano, foi para a Europa, • Marco zero II: chão (1945) — romance.
onde iniciou sua amizade com a pintora Tarsila do • O escaravelho de ouro (1946) — poesia.
Amaral (1886–1973). • O cavalo azul (1947) — poesia.
Regressou ao Brasil um ano depois e publicou, em • Manhã (1947) — poesia.
1924, o Manifesto da poesia pau-brasil, no Correio da • O santeiro do mangue (1950) — poesia.
Manhã. Nesse mesmo ano, retornou à Europa, onde • Um homem sem profissão (1954) — memórias.
viveu com Tarsila. A partir daí, até 1929, houve muitas
idas e vindas da Europa. Ademais, no ano de 1925, O rei da vela
tentou entrar para a Academia Brasileira de Letras, O rei da vela é uma peça de teatro composta por
mas sem sucesso. três atos. O primeiro ato se passa na cidade de São
Em 30 de outubro de 1926, Oswald e Tarsila se Paulo, no escritório de usura de Abelardo, durante a
casaram, no Brasil. Dois anos depois, o escritor publi- manhã. Já o segundo acontece em uma ilha tropical
cou seu famoso Manifesto antropófago, na Revista de na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Por fim, o
terceiro apresenta o mesmo cenário do primeiro ato,
Antropofagia. Já em 1929, ele se separou da pintora
porém, durante a noite.
para ficar com a escritora Patrícia Galvão (1910–1962),
No escritório, Abelardo I atende ao Cliente, quan-
a Pagu, com quem se casou em 1º de abril de 1930.
do entra Abelardo II, vestindo “botas e um completo
Depois de conhecer, em 1931, Luís Carlos Pres-
de domador de feras. Usa pastinha e enormes bigodes
tes (1898–1990), Oswald passou a escrever textos
retorcidos. Monóculo. Um revólver à cinta”. Outros
de cunho político e fundou o jornal O Homem do clientes (devedores) estão em uma jaula: “Os clien-
Povo, além de se filiar ao Partido Comunista. Três anos tes aparecem atropeladamente nas grades. É uma
depois, terminado o casamento com Pagu, começou coleção de crise, variada, expectante. Homens e mu-
uma relação com a pianista Pilar Ferrer. lheres mantêm-se quietos ante o enorme chicote de
Porém, no final do ano de 1934, ele se uniu à Abelardo II.”
professora Julieta Bárbara Guerrini (1908–2005). Ele Heloísa de Lesbos chega. Ela é noiva de Abelardo I
se casou com Julieta no final de 1936. Em 1940, pela e vai se casar por interesse. O noivo rico comprou uma
segunda vez, tentou ingressar na Academia Brasilei- ilha para que lá se casassem. Nessa ilha, eles recebem
ra de Letras. Novamente, foi rejeitado. Em 1942, já o banqueiro americano Mister Jones. Nesse ambiente,
estava com Maria Antonieta d’Alkmin (1919–1969), Abelardo I diz coisas sedutoras para sua sogra, dona
com quem se casou no ano seguinte. Cesarina, e para a tia de Heloísa, a dona Poloca.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Além disso, Heloísa tem uma irmã lésbica (Joana Eu sou redondo, redondo
ou João) e um irmão homossexual (Totó Fruta-do-Con- Redondo, redondo eu sei
de), que está de “asa partida”, pois terminou uma Eu sou uma redond’ilha
“amizade de três anos” com um tal Godofredo. Já Das mulheres que beijei
Perdigoto, outro filho de Cesarina, segundo João (ou Por falecer do oh! amor
Joana), é um “fascista indecente”. Ele propõe a Aber- Das mulheres da minh’ilha
lardo I a criação de “uma milícia patriótica”. Minha caveira rirá ah! ah! ah!
Porém, no terceiro ato, Abelardo I acaba indo à Pensando na redondilha
falência e ameaça se matar. Heloísa tenta convencer
o noivo a não cometer tal insanidade. Mas Abelardo Já no poema “Convite”, do livro Cântico dos cânti-
I se mata. A noiva, então, se casa com Abelardo II, e cos para flauta e violão, o eu lírico, novamente, recor-
assim termina a peça, que realiza, de forma irônica, re à metalinguagem ao mencionar o verso do poema,
reflexões sobre o capitalismo, o comunismo ou so- uma redondilha menor (cinco sílabas poéticas). Além
cialismo, a burguesia e o proletariado. disso, usa a linguagem coloquial, tão valorizada pe-
Além disso, apresenta elementos metalinguísti- los modernistas, para, com simplicidade, declarar seu
cos, como estas falas de Abelardo I: “Mas esta cena amor ou desejo por alguém:
basta para nos identificar perante o público”, “A mor-
te no Terceiro Ato”, “Maquinista! Feche o pano”, “O Escuta este verso
autor não ligaria...”. Ele também: “Oferece o revólver Qu’eu fiz pra você
ao Ponto e fala com ele”. E o Ponto (pessoa que, es- Pra que todos saibam
condida, lembra as falas aos atores) responde. Qu’eu quero você
Já o título da obra é explicado nesta fala de Abe-
lardo I: Características da obra de Oswald de Andrade

[...]! O Rei da Vela miserável dos ago- Oswald de Andrade é um autor que fez parte da
nizantes. O Rei da Vela de sebo. E da primeira geração modernista, caracterizada pela ino-
vela feudal que nos fez adormecer em vação. Os autores dessa fase do Modernismo, que tem
criança pensando nas histórias das ne- início em 1922 e término em 1930, se empenham em
gras velhas... Da vela pequeno-burguesa criticar o academicismo, isto é, o jeito tradicional de
dos oratórios e das escritas em casa... se fazer arte.
As empresas elétricas fecharam com
Por isso, privilegiam a liberdade formal e utilizam
a crise... Ninguém mais pôde pagar o
versos livres (sem metrificação e, geralmente, sem
preço da luz... A vela voltou ao mercado
rimas). Além disso, retomam o nacionalismo e o re-
pela minha mão previdente. [...], mas a
gionalismo do tradicional Romantismo. Porém, não
grande vela é a vela da agonia, aquela
mais de forma idealizada, mas sim de maneira crítica.
pequena velinha de sebo que espalhei
Também valorizam a linguagem coloquial do Brasil e
pelo Brasil inteiro... Num país medieval
fazem crítica sociopolítica.
como o nosso, quem se atreve a passar
As obras de Oswald de Andrade, além dessas ca-
os umbrais da eternidade sem uma vela
racterísticas, também apresentam ironia, metalin-
na mão? [...]!
guagem e neologismos. O autor possui prosa com
Poemas de Oswald de Andrade frases curtas e uma poesia mais sintética, ou seja, sem
prolixidade. Seus textos, fragmentados, costumam fa-
No poema Epitáfio, de 1925, o eu lírico utiliza o zer críticas à elite burguesa da época.
(https://www.portugues.com.br/literatura/oswald-
recurso da metalinguagem ao falar da redondilha por andrade---modernista-revolucionario-.html)
meio de versos escritos em redondilha maior (sete
sílabas poéticas). Com a ironia característica das po-
esias do autor, seu eu lírico diz ser “redondo” e se ATIVIDADES
compara a uma “redond’ilha”, palavra que pode se
referir a uma redondilha ou a uma ilha redonda. 01. A Semana de arte moderna, ocorrida em 1922,
A seguir, ele justifica o título do poema ao men- inaugurou o movimento modernista no Brasil. A
cionar o passado (“mulheres que beijei”) e a morte, primeira fase do modernismo literário brasileiro,
quando declara que faleceu do “oh! amor”, uma for- que durou de 1922 a 1930, teve como principal
ma irônica de se referir ao amor romântico. Assim, característica:
tudo indica que o epitáfio é o irônico “ah! ah! ah!” a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto.
da caveira do eu lírico ao pensar na redondilha, tipo b) linguagem rebuscada e acadêmica.
de verso comum no Romantismo: c) valorização das raízes culturais brasileiras.

134
LÍNGUA PORTUGUESA
d) pessimismo e oposição ao romantismo. b) Uma economia voltada para a industrialização
e) foco em temas relacionados com a coloniza- propiciou o desenvolvimento da produção ru-
ção. ral.
c) Membros da aristocracia paulista renunciaram
02. Em relação ao Modernismo, podemos afirmar a seu gosto estético em nome da arte popular.
que em sua primeira fase há: d) Membros da recém-formada burguesia impu-
a) maior aproximação entre a língua falada e a seram seu gosto estético aos aristocratas.
escrita, valorizando-se literariamente o nível e) Um setor da economia rural estimulou um mo-
coloquial. vimento cultural de raiz urbana e moderna.
b) pouca atenção ao valor estético da linguagem,
privilegiando o desenvolvimento da pesquisa 05. São características da primeira fase do Moder-
formal. nismo:
c) grande liberdade de criação, mas expressão a) retomada da ficção regionalista, cultivo de uma
pobre. poesia neobarroca e visão de mundo em pers-
d) reconquista do verso livre. pectiva elitista.
e) ausência de inspiração nacionalista. b) libertação dos modelos acadêmicos, experi-
mentalismo em novas formas de expressão e
03. Assinale a alternativa correta para as característi- rompimento com o nacionalismo tradicional.
cas do Modernismo de 1922, também chamado c) cultivo de uma ficção de caráter intimista, re-
de “fase heroica”. visão das regras de metrificação e retomada
a) espírito polêmico e destruidor, valorização do nacionalismo romântico.
poética do cotidiano, nacionalismo, busca da d) predominância dos temas políticos, crítica ao
originalidade a qualquer preço. uso indiscriminado das máquinas e visão de
b) Temática ampla com preocupação filosófica, mundo em perspectiva universalista.
predomínio do romance regionalista, valori- e) pesquisa de lendas e narrativas folclóricas, va-
zação do cotidiano, nacionalismo. lorização do índio enquanto mito romântico e
c) Espírito polêmico, busca da originalidade, pre- cultivo de fórmulas estéticas consagradas.
domínio do romance psicológico, valorização
da cidade e das máquinas. 06. A poesia modernista, sobretudo a da primeira
fase (1922-1928):
d) Visão futurista, espírito polêmico e destruidor,
a) utiliza-se de vocabulário sempre vago e ambí-
predomínio da prosa poética, valorização da
guo que apreenda estados de espírito subje-
cidade e das máquinas.
tivos e indefiníveis.
e) Valorização poética do cotidiano, linguagem
b) faz uma síntese dos pressupostos poéticos que
repleta de neologismos, nacionalismo e busca
norteavam a linguagem parnasiano-simbolista.
da poesia na natureza.
c) incentiva a pesquisa formal com base nas con-
quistas parnasianas, a ela anteriores.
04. Considere o texto abaixo.
d) enriquece e dinamiza a linguagem, inspiran-
Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração
do-se na sintaxe clássica.
mais europeizada da aristocracia rural de São
e) confere ao nível coloquial da fala brasileira a
Paulo, aberta às influências internacionais, que categoria de valor literário.
permitiu o florescimento das inovações estéti-
cas. O café pesou mais do que as indústrias. Os 07. Todas as afirmativas a seguir relacionam-se ao
velhos troncos paulistas, ameaçados em face da Modernismo na sua primeira fase, exceto:
burguesia e da imigração, se juntaram aos artis- a) Os movimentos de vanguarda europeus, a bru-
tas numa grande “orgia intelectual”, conforme a talidade da Primeira Guerra Mundial, dentre
definição de Mário de Andrade. Segundo ele, “foi outros fatores, favoreceu a busca por uma
da proteção desses salões literários [promovidos estética desvinculada de quaisquer dogma-
pela aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil tismos.
o espírito destruidor do movimento modernista.” b) No Brasil, os movimentos primitivistas foram
(MARQUES, Ivan. Cenas de um modernismo de província.
São Paulo: Editora 34, 2011, p. 11)
uma resposta à busca da expressão nacional.
c) A conjunção entre primitivismo do folclore e
O Modernismo de 22 caracterizou-se, de fato, universo urbano foi uma possibilidade moder-
por algumas contradições, entre as quais a que nista.
d) As inovações de ordem temática e formal
o texto aponta:
permitiram a delimitação clara entre prosa e
a) Os mentores modernistas promoveram ideais
poesia modernistas.
estéticos para agradar burgueses e aristocratas.

135
LÍNGUA PORTUGUESA
e) A paródia aos textos e estilos consagrados da Sobre o poema de Oswald de Andrade, estão
literatura brasileira é uma das possibilidades corretas as seguintes proposições:
modernistas. I. Faz uma crítica contra a colonização portugue-
sa na Brasil. Essa crítica pode ser confirmada a
08. Assinale a alternativa em que há uma caracte- partir do título do poema, o qual contém uma
rística que não corresponde ao Modernismo em ambiguidade intencional.
sua primeira fase (1922-1930). II. Nesse poema, a temática do relacionamen-
a) Ruptura radical e audaciosa em relação às to amoroso é abordada de maneira inovadora,
possíveis estéticas do passado, quebra total distante da idealização romântica proposta pelos
da rotina literária. ultrarromânticos.
b) Caráter turbulento, polemista, de demolição III. O poema utiliza elementos como o humor,
de valores. a ironia e o sarcasmo para relatar a chegada do
c) Exaltação exagerada de fatores como moci- português em terras brasileiras.
dade e tempo; o novo, nesta fase, foi erigido IV. Apropria-se de uma linguagem simples e pro-
como um valor em si. saica para fazer uma reflexão profunda e com-
d) Movimento de inquietação e de insatisfação; plexa.
os novos se lançaram à luta em nome da ori- V. No poema de Oswald nota-se a preocupação
ginalidade, da liberdade de pesquisa estética com a métrica, a versificação e a rima, embora o
e do direito de “errar”. conteúdo do poema seja inovador.
e) Apesar de toda a radicalidade do grupo, é unâ- a) I, II e IV.
nime a preocupação dos modernistas com o b) II, III e V.
purismo da linguagem. c) I, III e IV.
d) III e IV,
09. Sobre os poemas da primeira geração modernis- e) II e V.
ta, é correto afirmar apenas:
a) São marcados pelo formalismo: a métrica e 11. (Enem - 2013)
a rima estão entre suas prioridades. Durante
esse período, deu-se prioridade para a compo-
sição de sonetos, retomando assim os moldes
literários clássicos.
b) Os poemas modernistas apresentam relação
dialógica com os poemas do simbolismo: o
abuso de figuras de linguagem e de elementos
sensoriais que permitem uma viagem sinesté-
sica marca a poesia dessa fase.
c) Os poemas da fase heroica do modernismo são
marcados pela desconstrução e pela subversão
da sintaxe: as palavras não são dispostas de
maneira convencional no papel, caracterizan-
do assim a poesia-práxis.
d) Nos poemas da primeira geração modernista,
também denominada “fase heroica”, os poetas
estabeleceram novos paradigmas de arte, des-
vencilhando-se do modelo clássico europeu e
transgredindo a forma e o conteúdo do poema.
MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o
10. Erro de português culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo:
Prol Gráfica, 2012.
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia
Vestiu o índio
de que a brasilidade está relacionada ao futebol.
Que pena!
Quanto à questão da identidade nacional, as ano-
Fosse uma manhã de sol
tações em torno dos versos constituem
O índio tinha despido a) direcionamentos possíveis para uma leitura
O português. crítica de dados histórico-culturais.
Oswald de Andrade b) forma clássica da construção poética brasileira.

136
LÍNGUA PORTUGUESA
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. RESENHA, RESUMO E ESQUEMA
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exer-
cício de leitura poética. Resenha é um gênero cada vez mais cobrado em
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras ambientes acadêmicos e de produção de conhecimen-
substitutivas das originais. to. Saber sua definição e principais características é
fundamental para desenvolver boas jornadas de es-
12. (Enem - 2012) tudos. Veja, a seguir, o que é preciso conhecer para
O trovador fazer boas resenhas.
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras... O que é?
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal... Resenha é um tipo de texto usado para descrever
Intermitentemente... e analisar outra produção textual – que pode variar
Outras vezes é um doente, um frio de obras literárias até tratados de anatomia. Todos os
na minha alma doente como um longo som re- livros, de modo geral, podem ser resenhados. Além
dondo... disso, há também as chamadas resenhas temáticas,
Cantabona! Cantabona! que reúnem informações de diversos livros e autores
Dlorom... que abordam um mesmo assunto.
Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas
de Mário de Andrade.Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. Tipos

Cara ao Modernismo, a questão da identidade na- Tradicionalmente, existem dois tipos de resenha:
cional é recorrente na prosa e na poesia de Mário • Resenha descritiva
de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é Nesse tipo, o autor da resenha apenas descreve
a) abordado subliminarmente, por meio de ex- e correlaciona informações acerca do tema ou
pressões como “coração arlequinal” que, evo- livro resenhado. Não há espaço para a opinião
cando o carnaval, remete à brasilidade. do autor nesse texto, sendo, portanto, uma
b) verificado já no título, que remete aos repen- composição informativa.
tistas nordestinos, estudados por Mário de An-
drade em suas viagens e pesquisas folclóricas. • Resenha crítica ou opinativa
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de ex- Assim como na descritiva, essa também descre-
pressões como “Sentimentos em mim do aspe- ve e correlaciona informações de uma obra ou
ramente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. assunto. Não obstante, na resenha crítica, há
7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” espaço para que o autor apresente teses sobre
(v. 9). o tema abordado, sendo, então, um texto de
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x natureza informativo-argumentativa.
alaúde (civilizado), apontando a síntese nacio-
nal que seria proposta no Manifesto Antropó- Características
fago, de Oswald de Andrade.
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “senti- Para além da estrutura das resenhas descritivas
mentos dos homens das primeiras eras” para ou críticas, é importante pontuar as seguintes carac-
mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes terísticas desse gênero:
indígenas. • Objetividade: Por se tratar de um gênero cientí-
fico, a resenha exige certo grau de objetividade
13. Estão entre os principais representantes da poe- em sua linguagem, haja vista que interferên-
sia modernista da primeira fase: cias da pessoalidade do autor atrapalhariam o
a) Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, método da ciência. O uso do sentido literal é
Mário de Andrade e Rachel de Queiróz. sempre bem-vindo em textos desse tipo.
b) Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Adélia • Concisão: Uma boa resenha deve procurar dizer
Prado e Tarsila do Amaral. o necessário, sem muitos exemplos ou repe-
c) Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, tições. Isso porque o texto tem como função
Oswald de Andrade, Mário de Andrade. ser um material de estudo, uma composição
d) Oswald de Andrade, Ferreira Gullar, Olavo Bilac para ser lida depois, sem haver a necessidade
e Monteiro Lobato. de acessar os originais resenhados.
e) Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão, Mário de • Utilização de um método: É importante que,
Andrade e Guilherme de Almeida. nas resenhas, o autor estruture o texto a partir

137
LÍNGUA PORTUGUESA
de um método claro e objetivo. Em geral, duas Esquema e Resumo
partes são fundamentais em todas as produ-
ções desse tipo: o resumo e a análise de dados. Tipos diferentes de texto, esquema e resumo
• Uso da norma-padrão da língua: Para manter apresentam diferenças significativas quanto à forma
a clareza e a objetividade, recomenda-se que e ao conteúdo.
a norma-padrão seja a variante de linguagem Elaborar esquemas e resumos pode ser uma ótima
utilizada nas resenhas. Isso não significa, é opção para quem quer otimizar os estudos e melhorar
bom lembrar, que se deve escrever de uma a compreensão textual
maneira rebuscada ou difícil nas resenhas. Você sabe quais são as diferenças entre esquema
Lembre-se: a norma-padrão é aquela variante e resumo? Pensou que esquema e resumo fossem a
da linguagem que segue a gramática, mas que mesma coisa? Pois bem, você vai aprender agora que
também deve ser compreendida pela maioria eles são tipos distintos de texto-, pois cada um cumpre
das pessoas. uma função diferente no contexto comunicacional.
Basicamente, o resumo tem como principal carac-
terística apresentar com fidelidade as ideias reprodu-
Resenha x resumo
zidas em um texto, primando por elementos inerentes
à construção textual. Já o esquema tem como objetivo
É muito comum haver confusão entre os conceitos
destacar apenas aquilo que é essencial para um texto,
de resenha e de resumo. Isso é justificável, haja vista
como se fosse um esqueleto formado por tópicos.
que ambos os gêneros não são tão diferentes assim.
Na verdade, a resenha tem como uma de suas partes Características do resumo
o resumo. 1. Sintetiza o texto preservando integralmente
• Resumo: gênero textual em que se retira de suas ideias.
um texto original apenas as informações mais 2. Preocupação com os elementos da textualida-
relevantes. É importante ressaltar: não se pode de inerentes à construção textual, como coe-
acrescentar nenhum discurso novo ao já exis- rência e coesão e hierarquização das ideias do
tente no primeiro texto. autor.
• Resenha: gênero textual que mescla o resumo, 3. Não é permitido, em um resumo, emitir co-
conforme definição acima, com trechos descri- mentários pessoais sobre o texto resumido.
tivos ou analíticos. Nesse sentido, a resenha 4. Variantes na estrutura do texto são permitidas
acrescenta informações novas ao texto origi- quando não há a exigência de um resumo for-
nalmente resenhado. Por isso, é possível dizer mal.
que, em toda resenha, existe um resumo. 5. Colar as ideias do autor não é permitido. Quan-
do for necessário, que seja feito em forma de
Passo a passo para fazer uma resenha citação com os devidos créditos (autor e pági-
na).
Para produzir uma boa resenha, é muito impor- 6. Diferentemente do que acontece com o es-
tante: quema, o resumo é formado por frases que
• Ler com muita calma e atenção o texto que apresentam sentido completo, e não apenas
será resenhado. De preferência, faça duas ou tópicos.
três leituras prévias. 7. É classificado em indicativo ou descritivo, in-
formativo ou analítico e crítico.
• Fazer anotações no texto original durante os
processos de leitura.
Características do esquema
• Resumir de modo claro, objetivo e conciso to-
1. Síntese das ideias principais de um texto orga-
das as informações importantes do texto. Dos
nizada através de palavras-chaves, em torno
resumos, costumam-se excluir exemplos ou
das quais é possível adquirir grandes quanti-
repetições de conceitos. dades de conhecimentos.
• Construir apontamentos segundo o tipo de re- 2. A visualização de um esquema deve remeter
senha que será produzida – descritiva ou opi- o leitor aos principais pontos tidos como mais
nativa – e acrescentar tais apontamentos junto importantes.
aos resumos já produzidos. 3. O esquema assemelha-se a um esqueleto, não
• Revisar o texto final da resenha, verificando apresentando assim maiores preocupações
se, de fato, todas as informações importantes com os elementos inerentes à construção
foram resumidas, e se os apontamentos feitos textual.
estão de acordo com as suas expectativas. 4. O esqueleto permite ao leitor visualizar e des-
(https://www.portugues.com.br/redacao/resenha.html) tacar aquilo que é essencial.

138
LÍNGUA PORTUGUESA
5. No esquema podem ser utilizados diversos • Vá à festa.
símbolos, como letras, números, setas, círcu- • Comprem um carro novo!
los etc.
6. Pode ser do tipo linear, quando apresenta a Flexão em tempo
informação na horizontal e na vertical; pira-
midal, quando a informação está disposta em Existem tempos verbais que indicam ações que
forma de pirâmide; e sistemático, quando as ocorrem no presente, ações que ocorreram no pas-
informações estão organizadas em forma de sado ou ações que ocorrerão no futuro.
um quadro. Os diferentes tempos verbais estão estruturados
7. Deve ter linguagem clara, concisa e objetiva. nos modos verbais. Podem ser simples (formados por
apenas uma forma verbal) ou compostos (formados
Diferenças entre esquema e resumo por um verbo auxiliar e um verbo principal).

Apesar das diferenças, ambos apresentam um Tempos verbais simples do modo indicativo
ponto em comum: são resultados de uma boa leitura, • Presente;
pois, sem ela, elaborar um esquema ou um resumo • Pretérito imperfeito;
pode ser uma tarefa árdua. • Pretérito perfeito;
(https://www.portugues.com.br/redacao/o-esquema- • Pretérito mais-que-perfeito;
resumo---fortes-aliados-diante-compreensao-textual-.
• Futuro do presente;
html)
• Futuro do pretérito.

Tempos verbais compostos do modo indicativo


FLEXÕES VERBAIS • Pretérito perfeito composto;
• Pretérito mais-que-perfeito composto;
Um verbo é uma palavra que indica acontecimen- • Futuro do presente composto;
tos representados no tempo, como uma ação, um es- • Futuro do pretérito composto.
tado, um processo ou um fenômeno.
Os verbos sofrem flexão em modo, tempo, núme- Tempos verbais simples do modo subjuntivo
ro, pessoa, voz e aspecto. • Presente;
Devido a essa pluralidade de flexões que apresen- • Pretérito imperfeito;
tam, os verbos são uma classe gramatical complexa • Futuro.
e abrangente.
Tempos verbais compostos do modo subjuntivo
Flexão em modo • Pretérito perfeito composto;
• Pretérito mais-que-perfeito composto;
Existem três modos verbais: • Futuro composto.
• o modo indicativo;
• o modo subjuntivo; Tempos verbais do modo imperativo
• o modo imperativo. • Imperativo afirmativo;
• Imperativo negativo.
O modo indicativo é usado para indicar realidade.
Os verbos conjugados no indicativo expressam ações Formas nominais simples
de forma clara e precisa. • Infinitivo pessoal;
• Ele vai à festa. • Infinitivo impessoal;
• Nós compraremos um carro novo. • Particípio;
• Gerúndio.
O modo subjuntivo é usado para indicar possibili-
dade. Os verbos conjugados no subjuntivo expressam Formas nominais compostas
ações de forma incerta e duvidosa. • Infinitivo pessoal composto;
• Tomara que ele vá à festa. • Infinitivo impessoal composto;
• Seria melhor se nós comprássemos um carro • Gerúndio composto.
novo.
Flexão em número e pessoa
O modo imperativo é usado para indicar ordem.
Os verbos conjugados no imperativo expressam or- Os verbos sofrem flexão em número, podendo ser
dens, pedidos, exortações, conselhos. conjugados no singular ou no plural:

139
LÍNGUA PORTUGUESA
• No singular indicam apenas um sujeito verbal. • no desenvolvimento da ação (aspecto cursivo);
• No plural indicam vários sujeitos verbais. • no fim da ação (aspecto terminativo).

Os verbos sofrem flexão em pessoa, havendo três Se a ação verbal é…


pessoas verbais: • momentânea (aspecto pontual);
• A 1.ª pessoa verbal indica quem fala (eu e nós); • duradoura (aspecto durativo);
• A 2.ª pessoa verbal indica com quem se fala (tu • contínua (aspecto contínuo);
e vós); • interrompida (aspecto descontínuo).
• A 3.ª pessoa verbal indica de quem se fala (ele (https://www.conjugacao.com.br/flexoes-ver-
e eles). bais/)

Através da junção da flexão em pessoa e em nú- Classificação dos Verbos


mero, juntamente com os pronomes pessoais do caso
reto, obtêm-se as pessoas do discurso, que estruturam Os verbos em língua portuguesa são classificados
a conjugação verbal: em regulares, irregulares, defectivos ou abundantes.
• Eu – 1.ª pessoa do singular; A classificação está condicionada à flexão verbal
• Tu – 2.ª pessoa do singular; e não ao significado. Verbo é a classe de palavras que
• Ele – 3.ª pessoa do singular; tem o maior número de flexões na língua portuguesa.
• Nós – 1.ª pessoa do plural;
• Vós – 2.ª pessoa do plural; Flexões Verbais
• Eles – 3.ª pessoa do plural.
As flexões verbais ocorrem em número (singular
Flexão em voz e plural), pessoa (primeira, segunda, terceira), modo
(indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo (presente,
Existem três vozes verbais: pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva).
• A voz ativa; Pode indicar ação (fazer, copiar), caráter de esta-
• A voz passiva; do (ser, ficar), fenômeno natural (chover, anoitecer),
• A voz reflexiva. ocorrência (acontecer, suceder), desejo (aspirar, al-
mejar) e outros processos.
Os verbos são divididos em três grupos de flexões,
Na voz ativa, o sujeito gramatical é o agente da
as chamadas conjugações, identificadas respectiva-
ação expressa pelo verbo.
mente pelas vogais temáticas (a), (e), e (i).
• O Paulo comeu o brigadeiro.
Para cada uma das conjugações, há um paradigma
• A Joana não ouviu a campainha.
indicativo das formas verbais consideradas regulares.
E é a relação estabelecida com tais paradigmas
Na voz passiva, o sujeito gramatical é o paciente
que classifica os verbos como regulares, irregulares,
da ação expressa pelo verbo.
defectivos ou abundantes.
• O brigadeiro foi comido pelo Paulo.
• A campainha não foi ouvida pela Joana.
Verbos Regulares
• Comeu-se o brigadeiro.
• Não se ouviu a campainha. São considerados regulares os verbos que obede-
cem de maneira precisa a um paradigma de respectiva
Na voz reflexiva, o sujeito gramatical é ao mesmo conjugação.
tempo agente e paciente da ação expressa pelo verbo.
• Eles abraçaram-se durante muito tempo. Verbos Irregulares
• Ela penteou-se rapidamente e saiu.
Os verbos irregulares são classificados assim por-
Flexão em aspecto que não seguem nenhum paradigma da respectiva
conjugação. Esses verbos podem apresentar irregu-
A flexão em aspecto permite indicar: laridades no radical, nas terminações ou em ambos.
Que a ação verbal…
• está totalmente concluída (aspecto perfectivo); Verbos Anômalos
• não está totalmente concluída (aspecto imper-
fectivo). Dentro da classificação de verbos irregulares estão
os chamados verbos anômalos. Entre os exemplos de
Que o foco da ação verbal está… verbos anômalos estão ser e vir, que apresentam pro-
• no início da ação (aspecto inceptivo); fundas alterações nos radicais e na sua conjugação.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos Defectivos Você obterá um bom resultado, se (fazer) o tra-
balho.
Os verbos defectivos não são conjugados em de- Você obterá um bom resultado, se fizer o traba-
terminadas pessoas, tempos ou modos. Ou seja, não lho.
flexionam em algumas formas. Os verbos defectivos
podem ser impessoais, unipessoais e pessoais. a) Fecharemos o acordo, se a proposta nos (con-
vir).
Verbos Abundantes

Verbos abundantes apresentam mais de uma for-


ma aceitas pela norma culta. Eles podem ser encon-
trados em verbos no particípio e, logo, nos tempos
compostos em que o verbo principal fica nessa forma
nominal. b) Saldaremos a dívida, se (reaver) o que nos foi
(https://www.todamateria.com.br/classificacao-dos- suprimido.
verbos/)

ATIVIDADES

01. (Fuvest) Reescreva as frases abaixo, obedecendo


ao modelo:

Modelo: c) A situação se resolverá, se nós (impor) as con-


“Se ele voltou cedo, eu também voltei. dições.
Se ele voltar cedo, eu também voltarei.”

a) Se ele viu o filme, eu também vi.

d) Encontrará graves erros de concordância, se


(refazer) o trabalho.
b) Se tu te dispuseste, eu também me dispus.

e) Se não (conter) nossos impulsos, seremos re-


02. Acerca dos enunciados que seguem, flexione os
preendidos.
derivados do verbo “ter” no pretérito imperfei-
to do modo subjuntivo, tendo como subsídio o
04. (ESPM – SP)Leia o trecho:
exemplo que segue.
Toda a gente dormia com a mulher do Jaqueira.
Eu teria paciência, se todos tivessem.
Era só empurrar a porta. Se a mulher não abria
a) Ela manteria tranquila, se to-
logo, Jaqueira ia abrir, bocejando e ameaçando:
dos_______________.
- Um dia eu mato um peste.
b) Neste documento conteria todas as informa-
Matou. Escondeu-se por detrás de um pau e des-
ções, se nos outros ______________.
carregou a lazarina bem no coração do freguês.
c) Os alunos até se ateriam a essa questão, se o (Graciliano Ramos, São Bernardo)
professor se ­­­­­­­­_____________________.
d) O documentário reteria a informação, se os A forma verbal grifada:
canais televisivos ______________________. a) está no pretérito, indicando uma ação dura-
tiva ou repetitiva que começa num passado
03. Seguindo o modelo, reescreva as frases de modo mais ou menos distante e perdura ainda no
a estabelecer de maneira adequada a correlação momento da fala.
temporal entre as formas verbais:

141
LÍNGUA PORTUGUESA
b) está no futuro do pretérito, indicando uma e lesões corporais, podendo qualificar-se como
ação hipotética. homicídio, quando a vítima da tortura vem a
c) está no presente, indicando que a ação se dará morrer. Como tem sido denunciado com grande
num tempo futuro. frequência, policiais incompetentes, incapazes de
d) está no futuro, indicando que a ação se dará realizar uma investigação séria, usam a tortura
num futuro do presente. para obrigar o preso a confessar um crime. Além
e) está no presente, indicando uma ação momen- de ser um procedimento covarde, que ofende
tânea ou pontual. a dignidade humana, essa prática é legalmente
condenada. A confissão obtida mediante tortura
05. (ESPM – SP)Leia o trecho: não tem valor legal e o torturador comete crime,
Toda a gente dormia com a mulher do Jaqueira. ficando sujeito a severas punições.” (Dalmo de
Era só empurrar a porta. Se a mulher não abria Abreu Dallan)
logo, Jaqueira ia abrir, bocejando e ameaçando: Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação:
- Um dia eu mato um peste. a) que apresenta, em todos os períodos, persona-
Matou. Escondeu-se por detrás de um pau e des- gens individualizadas, movimentando-se num
carregou a lazarina bem no coração do freguês. espaço e num tempo terríveis, denunciados
(Graciliano Ramos, São Bernardo) pelo narrador, bem como a predominância de
A forma verbal grifada: orações subordinadas, que expressam sequ-
a) está no pretérito, indicando uma ação dura- ência dos acontecimentos;
tiva ou repetitiva que começa num passado b) que apresenta, em todos os períodos, subs-
mais ou menos distante e perdura ainda no tantivos abstratos, que representam as ideias
momento da fala. discutidas, bem como a predominância de
b) está no futuro do pretérito, indicando uma orações subordinadas, que expressam o en-
ação hipotética. cadeamento lógico da denúncia;
c) está no presente, indicando que a ação se dará c) que apresenta uma organização temporal em
num tempo futuro. função do pretérito, jogando os acontecimen-
d) está no futuro, indicando que a ação se dará tos denunciados para longe do momento em
num futuro do presente. que fala, bem como a predominância de ora-
e) está no presente, indicando uma ação momen- ções subordinadas, que expressam o prolon-
tânea ou pontual. gamento das ideias repudiadas;
d) que consegue fazer uma denúncia contunden-
te, usando, entre outros recursos, a ênfase, por
DISSERTAÇÃO meio da repetição de um substantivo abstrato
em todos os períodos, bem como a predomi-
ATIVIDADES nância de orações coordenadas sindéticas, que
expressam o prolongamento das ideias repu-
diadas;
01. Texto próprio para quem quer expor opiniões ou e) que consegue construir um protesto persuasi-
persuadir de alguma coisa, no qual se emprega vo com uma linguagem conotativa, construída
o abstrato (conceitos, ideias, concepções). Tipo sobre metáforas e metonímias esparsas, bem
de texto que tem por objetivo influenciar o lei- como com a predominância de orações subor-
tor/interlocutor com posicionamentos elencados dinadas, próprias de uma linguagem formal,
através de uma cuidadosa ordenação lógica. Es- natural para esse contexto.
tamos falando da:
a) descrição. 03. Classifique os fragmentos a seguir de acordo com
b) narração. o tipo textual que representam:
c) exposição. I. “Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão,
d) injunção. onde esperamos três horas o seu quadrimotor.
e) dissertação. Durante esse tempo, não faltou assunto para
nos entretermos, embora não falássemos da vã
02. (MACKENZIE) “É comum, no Brasil, a prática de e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito
tortura contra presos. A tortura é imoral e cons- assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo.
titui crime. Embora Pedro seja extremamente parco de pala-
Embora não exista ainda nas leis penais a defini- vras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar
ção do ‘crime de tortura’, torturar um preso ou nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é
detido é abuso de autoridade somado à agressão conversa de gestos e expressões pelos quais se faz

142
LÍNGUA PORTUGUESA
entender admiravelmente. É o seu sistema. […]”. c) Têm por finalidade instruir o leitor/interlocu-
(No aeroporto – Carlos Drummond de Andrade) tor, por isso o predomínio dos verbos no infi-
II. “Peneire a farinha em um bowl e faça um bu- nitivo.
raco no meio. Junte os ovos, o leite e a manteiga d) Texto da opinião, no qual as ideias são desen-
e misture. Se necessário, peneire a mistura. Deixe volvidas com a intenção de convencer o leitor.
descansar na geladeira por pelo menos ½ hora
(ideal 1 hora). Em uma frigideira antiaderente, Conheça as 5 competências do Enem e arrase
derreta um pouco de manteiga (o suficiente para
na redação!
cobrir o fundo da panela) em fogo médio, escorra
o excesso de manteiga. [...]”.
O objetivo do Exame Nacional do Ensino Médio
III. “[...] Se o fenômeno cultural do futebol tem
inegável dimensão política, é crucial distinguir as é promover uma avaliação dos conhecimentos gerais
esferas. Do contrário, num contexto de eferves- dos participantes, certo? Por isso, se você vai fazer as
cência social, o inocente gesto de apoiar a sele- provas, saber quais são as competências do Enem faz
ção, nos estádios ou fora deles, acabaria sujeito toda a diferença na hora de elaborar a redação.
a reprimendas. Nada mais infeliz do que censurar É preciso trabalhá-las para que você consiga ter
a felicidade alheia. É de resto um despropósito um bom desempenho na organização das suas ideias
torcer contra o Brasil. Os únicos que têm a ganhar e na transcrição delas para o papel. Desse modo, al-
com nossa derrota são os adversários, pois aos cançará uma boa pontuação, que ajudará a aumentar
brasileiros restará apenas a tristeza. [...]”. a sua nota geral. Afinal, na redação do Enem, o can-
IV. Eu não tinha este rosto de hoje, didato é avaliado em seis diferentes níveis.
assim calmo, assim triste, assim magro, Quer saber mais sobre esse assunto para arrasar
nem estes olhos tão vazios, em sua redação? Então, continue lendo e entenda
nem o lábio amargo. como é feita a avaliação de desempenho, quais são as
Eu não tinha estas mãos sem força, competências cobradas e de que maneira você pode
tão paradas e frias e mortas; se preparar para atendê-las e se dar bem!
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, Quais os 6 níveis de desempenho para ava-
tão simples, tão certa, tão fácil:
liar as redações do Enem?
• Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Retrato – Cecília Meireles) A redação do Enem tem um peso muito grande
V. ”[...] Ainda segundo a Prefeitura, 40% dos in- na pontuação geral do participante. Por isso, além de
gressos vendidos para os jogos de São Paulo das estudar todas as matérias que caem nesse exame,
primeira e segunda fases do mundial foram vendi- você precisa trabalhar a escrita, a argumentação e
dos para estrangeiros, 8% para turistas brasileiros a defesa de ponto de vista. Essas são algumas das
e 52% para paulistanos. Para a abertura, 22% das competências do Enem avaliadas pelos organizadores
entradas foram vendidas para turistas, sendo que da prova.
9,9% para croatas, adversários do Brasil no jogo Isso porque a avaliação de um participante não é
desta quinta-feira (12). [...]”. feita por meio da análise generalizada da redação. Na
a) expositivo – descritivo – narrativo – injuntivo verdade, os avaliadores focam essas competências,
– dissertativo-argumentativo e cada uma delas recebe uma pontuação diferente,
b) injuntivo – expositivo – narrativo – dissertati- de acordo com o nível de desempenho do indivíduo.
vo-argumentativo – descritivo Existem seis níveis diferentes de desempenho
c) narrativo – injuntivo – dissertativo-argumen- que conferem uma determinada quantidade de pon-
tativo – descritivo – expositivo tos, partindo de 0 até 200. Assim, sendo cinco compe-
d) narrativo – expositivo – dissertativo-argumen- tências avaliadas, aquele que consegue a nota máxima
tativo – injuntivo – descritivo em todas elas têm a tão almejada redação nota 1.000.
Veja, a seguir, o que faz um participante ser clas-
04. Sobre as características do texto dissertativo, po- sificado com um determinado nível de desempenho:
demos afirmar que: • 200 pontos: o participante que atinge 200 pon-
a) Suas principais características são contar uma tos apresentou excelência em todas as compe-
história ou narrar algum acontecimento, verí- tências avaliadas;
dico ou não. • 160 pontos: o participante apresentou um de-
b) Apresentar informações sobre um objeto ou
sempenho muito bom, no entanto, cometeu
fato específico, enumerando suas característi-
pequenas falhas em alguns detalhes;
cas através de uma linguagem clara e objetiva.

143
LÍNGUA PORTUGUESA
• 120 pontos: o participante apresentou um de- ticipante precisa saber como selecionar, relacionar,
sempenho mediano, com algumas inadequa- organizar e interpretar as informações, opiniões e
ções na escrita e na argumentação; fatos disponibilizados. É verificada sua capacidade
• 80 pontos: o participante não demonstrou de argumentação e de defesa de ponto de vista, a
um bom domínio da escrita formal da Língua justificação deles e a aceitabilidade das ideias.
Portuguesa, e o seu texto teve inconstâncias,
contradições, inadequações e outros erros; 4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos
• 40 pontos: o participante demonstrou domínio Um bom texto apresenta uma sequência coeren-
muito precário da escrita formal da Língua Por- te e relação entre frases e parágrafos, sendo que é
tuguesa e do estilo dissertativo-argumentativo. necessário utilizar conjunções, preposições, locuções
As informações estavam incoerentes, suas arti- adverbiais e advérbios para fazer essa coesão. Por-
culações foram precárias, e as propostas, muito tanto, o candidato precisa dominar esses recursos e
vagas ou fugindo ao tema;
saber como utilizá-los para estabelecer uma relação
• 0 ponto: o participante teve um desempenho
entre as ideias.
insuficiente em todas as competências do Enem
para redação.
5. Respeito aos Direitos Humanos
A conclusão da redação é feita por meio da apre-
Quais são as 5 competências do Enem para sentação de uma proposta de intervenção que con-
a redação? tribua para solucionar o problema abordado. Mas ela
precisa respeitar os Direitos Humanos, então, essa
Conforme você viu, a avaliação da redação é feita também é uma das competências do Enem. O parti-
considerando diversos aspectos a fim de classificar o cipante precisa demonstrar seu preparo para o bom
candidatado em um nível de desempenho específico.
exercício da cidadania.
É por isso que você precisa entender o que são as com-
petências do Enem e de que maneira elas impactam
o seu desempenho no exame. A seguir mostramos Como se preparar para atender às compe-
quais são elas e o que é avaliado. tências do Enem?

1. Domínio da escrita formal da Língua Portuguesa Agora você já sabe quais são as competências do
Na avaliação dessa competência, os organizado- Enem e os critérios de avaliação de um participante,
res verificam se o participante elaborou a redação certo? Então, vamos explicar de que maneira você
respeitando as regras de escrita formal da Língua pode se preparar para atender a essas exigências e
Portuguesa. São verificados aspectos como: alcançar uma boa pontuação.
• ortografia;
• acentuação; Conheça as regras da nova ortografia
• uso de maiúsculo e de minúsculo; O novo acordo ortográfico entrou oficialmente em
• hifenização; vigor em 2016, mas muitas pessoas ainda têm dúvi-
• separação silábica; das sobre ele. Para que você não cometa erros dessa
• concordância; natureza em sua redação, é fundamental que estude
• pontuação;
as novas regras, veja exemplos de aplicação e realize
• crase;
exercícios para fixar esse conhecimento.
• regência;
• paralelismo;
Pratique a interpretação de texto
• uso de pronomes.
Basicamente, toda a prova do Enem depende
2. Compreensão e adequação ao tema muito da interpretação de textos, e isso não é dife-
Nessa segunda competência, basicamente, os ava- rente com a redação. Serão apresentadas algumas in-
liadores verificarão se o participante não fugiu ao formações para que você pense em seus argumentos,
tema proposto. São analisadas as suas habilidades de sendo fundamental entender corretamente do que
leitura e de desenvolvimento de textos, verifica-se se elas estão tratando e qual a mensagem que transmi-
o candidato compreendeu a proposta e se a redação tem. Assim, poderá construir a sua argumentação de
está organizada e delimitada ao assunto. forma sólida e coerente.

3. Capacidade de argumentação e de defesa de Estimule o pensamento crítico


ponto de vista Para que você tenha uma opinião e consiga defen-
A redação do Enem deve ser feita seguindo o es- dê-la, deve pensar por si mesmo — algo possível se
tilo dissertativo-argumentativo. Sendo assim, o par- você estimula o seu pensamento crítico. Isso significa

144
LÍNGUA PORTUGUESA
analisar as informações que chegam até você por di- que não faria o exame. A namorada disse que
ferentes aspectos e pensar bem suas consequências. toda essa presunção serviria para o juiz ates-
Desse modo, conseguirá desenvolver excelentes es- tar a paternidade, pois entrou em vigor a lei
tratégias para a redação. que converte em presunção de paternidade a
recusa dos homens em fazer teste de DNA.
Leia constantemente c) Carlos de Almeida responde processo na justi-
A leitura constante de diferentes materiais con- ça por não querer reconhecer como seu o filho
tribui de diversas formas para você trabalhar as com- de Diana Santos, sua ex-namorada. Carlos se
petências do Enem. Afinal, ao ler, você: recusou a fazer o exame de DNA, o que permite
• trabalha a interpretação de textos; ao juiz lavrar a sentença que o indica como
• assimila dados e informações; pai da criança, porque entrou em vigor a lei
• enriquece seu vocabulário; que converte em presunção de paternidade a
• verifica a estrutura correta das frases e das ora-
recusa dos homens em fazer teste de DNA.
ções;
d) Alessandro presume que Caio seja seu filho.
• aprende a trabalhar a coesão;
Sugeriu a Telma um exame de DNA. Telma disse
• conhece a escrita correta das palavras.
não ser necessário, pois entrou em vigor a lei
Não é necessário ler apenas conteúdos acadêmi- que converte em presunção de paternidade a
cos, trabalhos científicos ou outros materiais comple- recusa dos homens em fazer teste de DNA.
xos. Você pode fazer a leitura de notícias, de artigos e e) Mário e Felipe são primos. Mário é extrema-
de livros, apenas tendo o cuidado de optar por fontes mente vaidoso, pretensioso. Felipe é um rapaz
que respeitem a norma culta da língua. calmo e muito simples. Os dois namoraram
Teresa na mesma época. Teresa teve uma filha
Exercite o pensamento de coletividade e entrou na justiça para exigir dos dois primos
Conforme explicamos, entre as principais compe- um exame de DNA. O juiz disse que não era
tências do Enem está o respeito aos Direitos Humanos necessário, pois entrou em vigor a lei que con-
na proposta de intervenção ao problema apresentado. verte em presunção de paternidade a recusa
Portanto, você deve exercitar o pensamento de coleti- dos homens em fazer teste de DNA.
vidade, o que significa procurar soluções que estejam
adequadas à sociedade de um modo geral, evitando 02. (UDESC – 2008) Identifique a ordem em que os
o pensamento egoísta ou restrito a grupos seletos. períodos devem aparecer, para que constituam
Não é impossível alcançar uma boa pontuação na um texto coeso e coerente. (Texto de Marcelo
redação: você apenas precisa trabalhar as competên- Marthe: Tatuagem com bobagem. Veja, 05 mar.
cias do Enem para alcançar um bom desempenho. 2008, p. 86.)
(https://dicas.vestibulares.com.br/competencias-do-
enem/)
I. Elas não são mais feitas em locais precários, e
sim em grandes estúdios onde há cuidado com
a higiene.
ATIVIDADES II. As técnicas se refinaram: há mais cores dispo-
níveis, os pigmentos são de melhor qualidade e
01. (UFPR – 2010) Entrou em vigor a lei que converte ferramentas como o laser tornaram bem mais
em presunção de paternidade a recusa dos ho-
simples apagar uma tatuagem que já não se quer
mens em fazer teste de DNA. Assinale a alternati-
mais.
va cujo texto pode ser concluído coerentemente
III. Vão longe, enfim, os tempos em que o con-
com essa afirmação.
ceito de tatuagem se resumia à velha âncora de
a) Sara Mendes deu início a um processo na justi-
marinheiro.
ça, para que Tiago Costa assuma a paternidade
de seu filho Cássio. Tiago não fez o exame de IV. Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma
DNA, mas assume como muito provável ser tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia de
ele o pai do menino. Cássio alega que o exame um estilo de vida marginal.
não é conclusivo, pois entrou em vigor a lei Assinale a alternativa que contém a sequência
que converte em presunção de paternidade a correta em que os períodos devem aparecer.
recusa dos homens em fazer teste de DNA. a) II, I, III, IV
b) Adriano é um rapaz muito presunçoso e não b) IV, II, III, I
admite que lhe cobrem nada. A namorada lhe c) IV, I, II, III
pediu um exame de DNA, para esclarecer a pa- d) III, I, IV, II
ternidade de Amanda, sua filha. Adriano disse e) I, III, II, IV

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LÍNGUA PORTUGUESA
03. Sobre a proposta de intervenção na redação do MODERNISMO EM PORTUGAL
Enem, é correto afirmar, exceto:
a) Para elaborar uma proposta de intervenção O Modernismo representa a ruptura com padrões
conforme a matriz de referência da prova de e a inovação. A Escola Literária Modernista surge no
redação, é importante que você não confun- início do século XX, após o Pré-Modernismo, num pe-
da a proposta com uma simples conclusão do ríodo conturbado.
texto: ao final da exposição das ideias, é in- Em Portugal, berço do Modernismo no Brasil, seu
dispensável que você mostre aos corretores marco inicial data de 1915 com a publicação da Re-
propostas coerentes e viáveis para o problema vista Orpheu.
sugerido no tema, caso contrário, sua pontua-
ção ficará seriamente prejudicada Contexto Histórico
b) Na dissertação-argumentativa do Enem, o
candidato precisa defender uma ideia e justi- O Modernismo tomou lugar num período que per-
ficá-la por meio de argumentos consistentes. É meia a Primeira (1914-1918) e a Segunda (1939-1945)
preciso, também, criar uma proposta de inter- Guerras Mundiais.
venção para o problema seguindo os mesmos Na mesma altura, surgia a Teoria da Relativida-
moldes da conclusão de um texto.
de de Einstein e a Psicanálise de Freud, bem como
c) Intervir significa atuar diretamente, agindo
transformações tecnológicas (eletricidade, telefone,
ou decidindo, e emitir, expor opinião. Sendo
avião, cinema).
assim, na proposta de intervenção, é preciso
Todas essas situações influenciam os pensamen-
que o candidato apresente soluções exequíveis
tos da época e, consequentemente o estilo deste novo
para o problema. É indispensável que as pro-
movimento literário.
postas apresentadas sejam coerentes e viáveis.
Em Portugal, em 1910 era proclamada a república
d) A proposta de intervenção deve estar relacio-
e surgem dois partidos políticos.
nada com os argumentos expostos e deve ser
O Situacionista, numa proposta saudosista, pre-
muito bem detalhada, mostrando assim que
tendia resgatar os anos de glória vividos por Portu-
você se preocupou com sua elaboração e apli-
gal. Os Inconformados, por sua vez, almejavam uma
cabilidade. Além disso, vale ressaltar que, nos
ruptura de padrão e estilo, e propunham a inovação.
textos dissertativos argumentativos, não vale
Assim, com o lançamento da Revista Águia, os
ficar em cima do muro ou ser indiferente, é
Situacionistas tentam reviver o passado numa pre-
preciso intervir!
tensão de incutir nas pessoas o orgulho português
oriundo das suas conquistas.
04. São características da dissertação argumentativa
Os Inconformados rejeitam essa ideia, pretenden-
do Enem:
do trazer à tona o espírito crítico.
a) Defesa de uma tese por meio da organização de
dados, fatos, ideias e argumentos em torno de
um ponto de vista definido sobre o assunto em Principais Caraterísticas
questão. Na dissertação argumentativa, deve • Distanciamento do sentimentalismo.
haver uma proposta de intervenção, e não ape- • Espírito dinâmico, acompanhando as transfor-
nas uma conclusão. Na proposta de interven- mações tecnológicas.
ção, deve haver uma solução para o problema • Espírito crítico e questionador.
a partir dos pontos abordados em sua redação. • Linguagem cotidiana.
b) Os eventos são organizados cronologicamente, • Oposição às normas, numa atitude considerada
com uma estrutura que privilegia os verbos no “anárquica”.
pretérito perfeito e predicados de ação relati- • Originalidade e excentricidade.
vos a eventos que se referem à primeira ou à • Ruptura com o passado, numa atitude inova-
terceira pessoa. Presença de enunciados que dora.
sugerem ação e novos estados.
c) Predominância de caracterizações objetivas Gerações Modernistas
(físicas, concretas) e subjetivas (dependem do
ponto de vista de quem as descreve) e uso de De acordo com os seus autores e, consequente-
adjetivos. Os tipos de verbos mais comuns na mente dos seus estilos, as gerações modernistas se
estrutura do texto são os verbos de ligação. dividem em três grupos:
d) Tipo textual marcado por uma linguagem sim-
ples e objetiva. Um dos recursos linguísticos O Orfismo ou A Geração de Orpheu
marcantes desse tipo de texto é a utilização dos A primeira geração modernista é assim chamada
verbos no imperativo, típicos de uma atitude tendo em conta que é esse o nome da publicação que
coercitiva. demarca a fronteira com a anterior escola literária.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A revista, que teve à frente Fernando Pessoa, Principais autores e algumas obras:
Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros (primeiro • Alves Redol (1911-1969): o primeiro roman-
grupo modernista), foi um grande escândalo. Ela teve cista dessa nova tendência escreveu: “Glória”,
a duração de apenas um ano, o que aconteceu em “Marés”, “A Barca dos Sete Lemes”;
decorrência de problemas financeiros após o suicídio • Ferreira de Castro (1898-1974): é o autor mais
de Mário de Sá Carneiro. importante dessa geração. Escreveu “Emigran-
O Futurismo e o Expressionismo (Vanguardas Eu- tes”, “A Selva”, “Eternidade”;
ropeias) influenciaram essa geração, cujos principais • Soeiro Pereira Gomes (1909-1949): comunista,
autores são: sua obra prima é “Esteiros”. Escreveu, ainda,
• Fernando Pessoa (1888-1935): sendo o mais “Contos Vermelhos”, “Engrenagem”.
influente, é também a principal personalidade (https://www.todamateria.com.br/modernismo-em-
do modernismo em Portugal. portugal/)
Escreveu “Mensagem” e criou os heterônimos
Alberto Caeiro (“Pastor Amoroso”, “Poemas Fernando Pessoa
Inconjuntos”), Ricardo Reis (“Prefiro Rosas”,
“Breve o Dia”) e Álvaro de Campos (“Ode Ma- Fernando Pessoa é um dos mais importantes
rítima”, “Tabacaria”); escritores portugueses do modernismo e poetas de
• Mário de Sá Carneiro (1890-1915): o mote da língua portuguesa.
sua obra gira em torno da insatisfação psicoló- Destacou-se na poesia, com a criação de seus he-
gica. terônimos sendo considerado uma figura multiface-
Escreveu contos como “Princípio”, “A Confissão tada. Trabalhou como crítico literário, crítico político,
de Lúcio”, “Céu em Fogo”, bem como poesias. editor, jornalista, publicitário, empresário e astrólogo.
São exemplos “Dispersão”, “Indícios de Oiro”, Nessa última tarefa, vale destacar que Fernando
“Poesias”; Pessoa explorou o campo da astrologia, sendo um
• Almada Negreiros (1893-1970): distinguiu-se exímio astrólogo e apreciador do ocultismo.
como artista plástico, no entanto escreveu ma-
nifestos futuristas, textos doutrinários, peças Biografia
teatrais, entre outros.
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lis-
O Presencismo ou A Geração de Presença boa, dia 13 de Junho de 1888. Era filho de Joaquim
O segundo momento do Modernismo em Portugal de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e D. Maria Mag-
inicia em 1927 com o lançamento da Revista Presen- dalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores.
ça. A revista foi fundada por Branquinho da Fonseca, Com apenas 5 anos, Fernando Pessoa ficou ór-
João Gaspar Simões e José Régio. fão de pai, que acometido pela tuberculose, deixou
O objetivo desse grupo era dar continuidade ao a família em estado de pobreza. Nessa fase, a família
trabalho iniciado com a Revista Orpheu. decide leiloar as mobílias e passam a viver numa casa
mais simples.
Principais autores e algumas obras: No mesmo ano, nasce seu irmão Jorge, que veio a
• José Régio (1901-1969): além de escritor, foi falecer com menos de um ano. Em 1894, com apenas
diretor e editor da Revista Presença. Escreveu 6 anos, Fernando Pessoa cria seu primeiro heterônimo
“Poemas de Deus e do Diabo”, “Jogo da Cabra- denominado “Chevalier de Pas”.
-Cega”, “Há mais Mundos”; Nesse período também escreve seu primeiro po-
• João Gaspar Simões (1903-1987): influente crí- ema intitulado “À Minha Querida Mamã”:
tico e investigador literário. Escreveu “Romance Ó terras de Portugal
numa Cabeça”, “Amigos Sinceros”, “Internato”; Ó terras onde eu nasci
• Branquinho da Fonseca (1905-1974): o autor Por muito que goste delas
usou também o pseudônimo de António Ma- Ainda gosto mais de ti.
deira. Escreveu “Poemas”, “Mar Coalhado”,
“Bandeira Preta”. Dessa forma, fica claro que desde pequeno Fer-
nando possuía uma inclinação para as letras, línguas
Neorrealismo e literatura.
O terceiro e último momento do Modernismo tem Em 1895, sua mãe casa-se novamente com o co-
início em 1940 com a publicação de Gaibéus, de Alves mandante João Miguel Rosa que fora nomeado cônsul
Redol. Esse período carateriza-se pela oposição ao de Portugal em Durban, na África do Sul. Assim, a
ditador Antônio de Oliveira Salazar. família passa a viver na África.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Esse fato refletiu substancialmente na sua for- • Sobre Portugal (1979)
mação. Isso porque na África recebeu uma educação • Textos de Crítica e de Intervenção (1980)
inglesa, primeiramente num colégio de freiras da West • Obra Poética de Fernando Pessoa (1986)
Street e depois na Durban High School. • Primeiro Fausto (1986)
Outras perdas familiares vieram refletir no estilo
de Pessoa. Destacam-se a morte de suas irmãs Mada- Segue abaixo um de seus poemas mais emble-
lena Henriqueta, que faleceu em 1901, com apenas máticos do poeta:
3 anos, e Maria Clara, com apenas 2 anos, em 1904.
Em 1902, já com 14 anos, a família retorna à Lis- Autopsicografia
boa. Três anos mais tarde, matricula-se na Faculdade O poeta é um fingidor.
de Letras no curso de Filosofia, porém não chega a Finge tão completamente
concluir o curso. Que chega a fingir que é dor
Começa a dedicar-se à literatura e a partir de 1915 A dor que deveras sente.
junta-se a um grupo de intelectuais. Destacam-se os E os que leem o que escreve,
escritores portugueses modernistas: Mario de Sá-Car- Na dor lida sentem bem,
neiro (1890-1916) e Almada Negreiros (1893-1970). Não as duas que ele teve,
Fundou a “Revista Orfeu” e, em 1916, seu amigo Mas só a que eles não têm.
Mário de Sá-Carneiro suicida-se. Em 1921, Pessoa fun- E assim nas calhas de roda
da a Editora Olisipo, onde publica poemas em inglês. Gira, a entreter a razão,
Em 1924 funda a Revista “Atena”, ao lado de Ruy Esse comboio de corda
Vaz e em 1926, trabalha como codiretor da “Revista Que se chama coração.
de Comércio e Contabilidade”. No ano seguinte, passa
a colaborar com a “Revista Presença”. Heterônimos e Poesias
Fernando Pessoa faleceu em sua cidade natal, dia
30 de Novembro de 1935, vítima de cirrose hepática,
com 47 anos.
No leito de morte sua última frase foi escrita, em
inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935:
“I know not what tomorrow will bring” (Não sei o
que o amanhã trará).

Obras e Características

Fernando Pessoa é dono de uma vasta obra, ainda Ilustração de Fernando Pessoa e seus heterônimos
que tenha publicado somente 4 obras em vida. Escre-
veu poesia e prosa em português, inglês e francês, Fernando Pessoa foi um poeta excêntrico, de
além de ter trabalhado com traduções e críticas. forma que criou inúmeros personagens, os famosos
Sua poesia é repleta de lirismo e subjetividade, Heterônimos.
voltada para a metalinguagem. Os temas explorados Diferentes dos pseudônimos, eles possuíam vida,
pelo poeta são dos mais variados, embora tenha es- data de nascimento, morte, personalidade, mapa as-
crito muito sobre sua terra natal, Portugal. tral e estilo literário próprio.
Os heterônimos mais importantes de Pessoa são:
Obras publicadas em Vida
• 35 Sonnets (1918) Ricardo Reis
• Antinous (1918) Recebeu uma educação clássica e se formou em
• English Poems, I, II e III (1921) medicina. Era considerado um defensor da monar-
• Mensagem (1934) quia. Dono de uma linguagem culta e estilo neoclássi-
co, alguns temas presentes em sua obra são mitologia,
Algumas Obras Póstumas morte e vida.
• Poesias de Fernando Pessoa (1942) Possuía grande interesse pela cultura latina e he-
• A Nova Poesia Portuguesa (1944) lenista. A obra “Odes de Ricardo Reis” foi publicada
• Poemas Dramáticos (1952) postumamente, em 1946. Segue abaixo um de seus
• Novas Poesias Inéditas (1973) poemas:
• Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pes-
soa (1974) Anjos ou Deuses
• Cartas de Amor de Fernando Pessoa (1978) Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,

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LÍNGUA PORTUGUESA
A visão perturbada de que acima Falhei em tudo.
De nos e compelindo-nos Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse
Agem outras presenças. nada.
Como acima dos gados que há nos campos A aprendizagem que me deram,
O nosso esforço, que eles não compreendem, Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Os coage e obriga
E eles não nos percebem, Alberto Caeiro
Nossa vontade e o nosso pensamento Com uma linguagem simples, direta e temas que
São as mãos pelas quais outros nos guiam se aproximam da natureza, Alberto Caieiro cursou
Para onde eles querem e nós não desejamos. apenas a escola primária. Embora ele tenha sido um
dos mais profícuos heterônimos de Fernando Pessoa.
Álvaro de Campos Foi um anti-intelectualista, anti-metafísico, re-
Foi um engenheiro português que recebeu educa- jeitando, dessa forma, temas filosóficos, místicos e
ção inglesa. Sua obra, repleta de pessimismo e intimis- subjetivos. Foi publicada, postumamente, as “Poesias
mo, possui forte influência do simbolismo, decaden- de Alberto Caeiro” (1946). Segue abaixo um de seus
tismo e futurismo. As “Poesias de Álvaro de Campos” poemas emblemáticos:
foi publicada postumamente, em 1944. Segue abaixo
um de seus poemas: O Guardador de Rebanhos
Eu nunca guardei rebanhos,
Tabacaria Mas é como se os guardasse.
Não sou nada. Minha alma é como um pastor,
Nunca serei nada. Conhece o vento e o sol
Não posso querer ser nada. E anda pela mão das Estações
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do A seguir e a olhar.
mundo. Toda a paz da Natureza sem gente
Janelas do meu quarto, Vem sentar-se a meu lado.
Do meu quarto de um dos milhões do mundo. Mas eu fico triste como um pôr de sol
que ninguém sabe quem é Para a nossa imaginação,
(E se soubessem quem é, o que saberiam?), Quando esfria no fundo da planície
Dais para o mistério de uma rua cruzada constan- E se sente a noite entrada
temente por gente, Como uma borboleta pela janela.
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Mas a minha tristeza é sossego
Real, impossivelmente real, certa, desconhecida- Porque é natural e justa
mente certa, E é o que deve estar na alma
Com o mistério das coisas por baixo das pedras Quando já pensa que existe
e dos seres, E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Com a morte a por umidade nas paredes Como um ruído de chocalhos
e cabelos brancos nos homens, Para além da curva da estrada,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela Os meus pensamentos são contentes.
estrada de nada. Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Porque, se o não soubesse,
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, Em vez de serem contentes e tristes,
E não tivesse mais irmandade com as coisas Seriam alegres e contentes.
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e Pensar incomoda como andar à chuva
este lado da rua Quando o vento cresce e parece que chove mais.
A fileira de carruagens de um comboio, e uma Não tenho ambições nem desejos
partida apitada Ser poeta não é uma ambição minha
De dentro da minha cabeça, É a minha maneira de estar sozinho.
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger E se desejo às vezes
de ossos na ida. Por imaginar, ser cordeirinho
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou (Ou ser o rebanho todo
e esqueceu. Para andar espalhado por toda a encosta
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
por fora, Ou quando uma nuvem passa a mão por cima
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa da luz
real por dentro. E corre um silêncio pela erva fora.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Bernardo Soares II. Entre os principais ideais dos presencistas,
Considerado um semi-heterônimo, visto que o estavam a busca por uma literatura inovadora
poeta projetou nele algumas de suas características, influenciada pelo Futurismo e pelo Cubismo, o
como afirma o próprio Pessoa: rompimento com o passadismo da literatura de
“Não sendo a personalidade a minha, é, não di- caráter histórico e a retratação do homem e seu
ferente da minha, mas uma simples mutilação dela. espanto de existir.
Sou eu menos o raciocínio e afectividade”. III. A Revista Presença, publicação literária de
Bernardo é autor do “Livro dos Desassossegos”, maior êxito durante os anos do Modernismo, foi
considerada uma das obras fundadoras da ficção por- responsável por divulgar os ideais do Presencis-
tuguesa no século XX. mo, consolidando as conquistas dos escritores que
Narrada em prosa, trata-se de uma espécie de au- representaram a primeira fase do movimento.
tobiografia. Na trama, Bernardo Soares é um ajudante IV. Surgido em um período de lutas de classes
de guarda-livros em Lisboa, ao lado de Fernando Pes- sociais e de crises religiosas, o Modernismo por-
soa. Segue abaixo um de seus poemas: tuguês foi marcado por uma literatura cuja lingua-
gem refletia os estados de tensão da alma huma-
Isto na e que era permeada pelo rebuscamento e por
Dizem que finjo ou minto figuras de linguagem de difícil compreensão.
Tudo o que escrevo. Não. V. Marcado pelo subjetivismo, nostalgia, melan-
Eu simplesmente sinto colia e combinação de vários gêneros literários, o
Modernismo português marcou o fim do Neoclas-
Com a imaginação.
sicismo, instaurando um novo modo de expressão
Não uso o coração.
em Portugal e em toda a Europa.
Tudo o que sonho ou passo,
a) I e III.
O que me falha ou finda,
b) Todas estão corretas.
É como que um terraço
c) II, IV e V.
Sobre outra coisa ainda.
d) I e II.
Essa coisa é que é linda.
e) III e IV.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé, 03. Estão, entre os principais escritores do moder-
Livre do meu enleio, nismo português (do Orfismo ao Surrealismo):
Sério de que não é. a) Eça de Queiros, Antero de Quental, Florbela
Sentir? Sinta quem lê! Espanca e Fernando Pessoa.
b) José Saramago, Graciliano Ramos, Eugênio de
ATIVIDADES Castro e Euclides da Cunha.
c) Fernando Pessoa, José Régio, Fernando Namo-
01. Embora existam divergências sobre sua estrutura- ra e Alexandre O’Neill
ção, o Modernismo em Portugal pode ser dividido d) Sophia de Mello Breyner Andresen, Camilo
em: Castelo Branco, Mário de Sá-Carneiro e Cesá-
a) Presencismo, Futurismo, Realismo e Natura- rio Verde.
lismo. e) Almeida Garrett, Júlio Dinis, José Agostinho de
b) Orfismo, Presencismo, Neorrealismo e Surre- Macedo e Miguel Torga.
alismo.
c) Orfismo, Neorrealismo, Romantismo e Litera- 04. (UNIFESP) Considere os fragmentos a seguir.
tura Contemporânea.
d) Orfismo, Presencismo, Futurismo e Surrealismo. Texto I
e) Humanismo, Cubismo, Neorrealismo e Concre- Ao longo do sereno
tismo. Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
02. Sobre o Modernismo português estão corretas Estava o triste Almeno
as seguintes proposições: Suspiros espalhando
I. O Modernismo em Portugal costuma ser divi- Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
dido em duas partes, Orfismo (primeira geração) Luís de Camões. Ao longo do sereno.
e Presencismo (segunda geração), muito embora
alguns estudiosos considerem os movimentos ne- Texto II
orrealistas e surrealistas como vertentes moder- Bailemos nós ia todas três, ay irmanas,
nistas. so aqueste ramo destas auelanas

150
LÍNGUA PORTUGUESA
e quen for louçana, como nós, louçanas, Já a concordância nominal diz respeito ao subs-
se amigo amar, tantivo e seus termos referentes: adjetivo, numeral,
so aqueste ramo destas auelanas pronome, artigo. Essa concordância é feita em gênero
uerrá baylar. (masculino ou feminino) e pessoa.
Aires Nunes. In: Nunes, J.J., Crestomatia arcaica. Como vimos acima, na definição de Mattoso Câ-
mara, existem regras gerais e alguns casos especiais
Texto III que devem ser estudados particularmente, pois ge-
Tão cedo passa tudo quanto passa! ram dúvidas quanto ao uso. Há muitos casos que a
morre tão jovem ante os deuses quanto norma não é definida e há resoluções diferentes por
Morre! Tudo é tão pouco! parte dos autores, escritores ou estudantes da con-
Nada se sabe, tudo se imagina. cordância.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada. Concordância Verbal
Fernando Pessoa. Obra poética.
Na concordância verbal, o verbo adapta-se ao
Texto IV número e à pessoa do sujeito, isto é, a conjugação
Os privilégios que os Reis do verbo varia de acordo com o número (singular ou
Não podem dar, pode Amor,
plural) e com a pessoa do sujeito (primeira, segunda
Que faz qualquer amador
ou terceira pessoa). No entanto, é possível encontrar
Livre das humanas leis.
casos específicos que são formados por estruturas
Mortes e guerras cruéis,
que fogem à estrutura mais básica da sintaxe (sujeito
Ferro, frio, fogo e neve,
simples + verbo + complemento), trazendo, assim,
Tudo sofre quem o serve.
os sujeitos compostos e indeterminados, expressões
Luís de Camões. Obra completa.
que indicam quantidade aproximada, porcentagem,
orações sem sujeito etc., o que acaba demandando
Texto V
recomendações específicas para que seja feita a con-
As minhas grandes saudades
cordância.
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que nunca sonhei!... Como se dá a concordância verbal?
Mário de Sá-Carneiro. Poesias.
A concordância verbal ocorre quando a conjuga-
Assinale a alternativa que contém textos de au- ção do verbo se adapta ao sujeito em número e em
toria de poetas do Modernismo português. pessoa. O sujeito pode estar no singular ou no plural
a) I e V. e pode ser em 1ª, 2ª ou 3ª pessoa. Veja:
b) II e III.
c) III e IV.
d) III e V. Singular plural
e) IV e V. 1ª Eu nós
2ª tu vós
3ª ele/ela eles/elas
CONCORDÂNCIA
A conjugação do verbo concorda com o sujeito ao
De acordo com Mattoso Câmara “dá-se em gra- qual está se referindo. Veja nos enunciados abaixo:
mática o nome de concordância à circunstância de um • Nós amamos muito esse filme.
adjetivo variar em gênero e número de acordo com o (Sujeito + verbo + complemento)
substantivo a que se refere (concordância nominal) e • Tu amas muito esse filme.
à de um verbo variar em número e pessoa de acor- (Sujeito + verbo + complemento)
do com o seu sujeito (concordância verbal). Há, não • Elas amam muito esse filme.
obstante, casos especiais que se prestam a dúvidas”. (Sujeito + verbo + complemento)
Então, observamos e podemos definir da seguinte
forma: concordância vem do verbo concordar, ou seja, Lembre-se de que, quando se trata de sujeito
é um acordo estabelecido entre termos. composto (ou seja, sujeito que possui mais de um
O caso da concordância verbal diz respeito ao ver- núcleo), a conjugação será no plural. Havendo o su-
bo em relação ao sujeito, o primeiro deve concordar
jeito eu ou nós, o verbo é conjugado na 1ª pessoa.
em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª)
Se não houver 1ª pessoa, mas houver tu ou vós, o
com o segundo.

151
LÍNGUA PORTUGUESA
verbo é conjugado na 2ª pessoa. Por fim, o verbo é Com sentido de existir, permanece no singular,
conjugado na 3ª pessoa caso não haja nenhum sujeito por se tratar de oração sem sujeito:
da 1ª e nem da 2ª pessoas: • Há muitas coisas belas naquele lugar.
• Treinamos no mesmo time tu e eu. (nós = 1ª • Haja os problemas que houver, não desistire-
pessoa do plural) mos.
• Tu e teu marido gostais das mesmas coisas.
(vós = 2ª pessoa do plural) Ressalta-se que o verbo existir concorda normal-
• O cristal e o diamante brilhavam muito. (eles mente com o sujeito:
= 3ª pessoa do plural) • Existe algo belo naquele lugar.
• Existem muitas coisas belas naquele lugar.
Casos específicos de concordância verbal
→ Concordância com pronome “se”
Há muitas dúvidas de concordância verbal em Quando possui função de índice de indetermina-
alguns casos específicos. Vamos aprender sobre eles! ção do sujeito, o pronome se está inserido em uma
oração em que o sujeito é indeterminado. Por isso,
→ Concordância com pronomes relativos o verbo permanecerá invariavelmente na 3ª pessoa
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo do singular:
que (não sendo predicativo de outra oração), o verbo • Trata-se de questões inéditas e delicadas.
concorda com o termo antecedente: • Mora-se muito bem nessa região.
• Eu que descobri tudo.
Quando possui função de partícula apassivado-
• Não eram ele e a irmã que estavam sem comer?
ra, o pronome se está inserido em uma oração com
sujeito. Por isso, o verbo concordará com o sujeito:
Quando o sujeito da oração é o pronome rela-
• Venderam-se muitos brinquedos. (Muitos brin-
tivo quem, o verbo tende a ir para a 3ª pessoa do
quedos foram vendidos.)
singular, mas também pode concordar com o termo
• Vendeu-se apenas um brinquedo. (Apenas um
antecedente:
brinquedo foi vendido.)
• Eu quem descobriu tudo. (ou ainda: Eu quem
descobri tudo.) Quando possui função de pronome reflexivo,
• Não eram ele e a irmã quem estava sem co- também concorda com o sujeito ao qual o verbo faz
mer? (ou ainda: Não eram ele e a irmã quem referência:
estavam sem comer?) • Maquiam-se para o espetáculo os bailarinos
do grupo.
→ Concordância em orações sem sujeito • Penteia-se diariamente em frente ao espelho.
Nas orações sem sujeito, o verbo fica na 3ª pessoa (Ele se penteia diariamente em frente ao es-
do singular, mesmo que outros elementos na senten- pelho.)
ça estejam no plural:
• Choveu muito durante vários dias. → Sujeito representado por expressão que indica
• Já passa das duas horas! quantidade aproximada
Quanto o sujeito é uma expressão que indica
→ Concordância na locução verbal quantidade aproximada de seres (a maioria de, grande
Quando ocorre locução verbal, ou seja, quando parte de), a concordância tende a vir no singular, mas
um verbo auxiliar acompanha um verbo principal, pode ocorrer no plural:
apenas o verbo auxiliar fará concordância com o su- • Boa parte dos ouvintes relatou um incômodo
jeito: com aquelas palavras.
• O diretor e a coordenadora poderiam fazer • A maioria dos estudantes quiseram continuar
mais reuniões. com a viagem.
• Tu deves encomendar muitos doces para a festa.
→ Sujeito representado por porcentagem
→ Concordância com verbo haver É mais comum que o verbo concorde com o termo
Com sentido de ter ou quando funciona como lo- que especifica a porcentagem:
cução verbal, concorda com o sujeito a que se refere: • Na pesquisa, 98,1% dos entrevistados prefe-
• Nós duas havemos de ter fé para enfrentar essa rem ficar em casa.
dificuldade.
• Muitos homens haviam desistido de falar com Se o termo não estiver explícito, é mais comum
ele. que o verbo concorde com o número:

152
LÍNGUA PORTUGUESA
• Na entrevista, 98,1% preferem ficar em casa, IV. Devem existir muitos problemas naquele lugar.
enquanto 1,9% prefere sair. Das sentenças acima, quais estão dentro da nor-
• Sujeito ligado por série aditiva enfática (não ma-padrão da língua portuguesa?
só... mas; tanto... quanto; não só... como) a) I e III.
b) II e IV.
Se o sujeito composto é ligado por série aditiva c) I e IV.
enfática, a conjugação do verbo pode ir ao plural ou d) II e III.
concordar com o termo mais próximo: e) I, II, III e IV.
• Tanto o sol quanto a lua são astros que embe-
lezam o céu. 02. Assinale a alternativa que apresenta correta con-
• Tanto o sol quanto a lua é um astro que em- cordância verbal.
beleza o céu. a) Têm-se muito o que discutir.
• Não só a vida como a morte é imprevisível. b) Sou eu que terá as próximas férias.
• Não só a vida como a morte são imprevisíveis. c) A maioria dos pais e dos mestres não concor-
dou com a discussão.
→ Sujeito ligado por com d) Doa-se muitos móveis por ano.
Se o sujeito composto é ligado pela conjunção e) Eu, você e ele havia lutado por aquilo.
com, a conjugação do verbo é facultativa: tende a
seguir o número do primeiro sujeito, realçando-o em
detrimento dos outros que o acompanham, mas pode CONCORDÂNCIA NOMINAL
ir ao plural para ressaltar a participação simultânea
de todos os sujeitos na ação. Concordância nominal nada mais é que o ajuste
• O filho mais velho, com a esposa e a filha, mu- que fazemos aos demais termos da oração para que
dou-se assim que conseguiu a promoção. concordem em gênero e número com o substantivo.
• A gerente com o vendedor e toda a equipe Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo,
fizeram uma grande ação na loja. o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexio-
→ Sujeito ligado por ou e por nem nará à sua maneira, merecendo um estudo separado
Se o sujeito composto é ligado pela conjunção de concordância verbal.
ou e nem, a conjugação do verbo pode concordar
com o termo mais próximo caso a conjunção indique REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e
exclusão (tratando-se de apenas um sujeito) ou equi- o pronome, concordam em gênero e número com o
valência (tratando-se do mesmo sujeito). substantivo.
• A avó ou a nossa mãe duas vezes deve ser sem- – A pequena criança é uma gracinha.
pre ouvida e respeitada. – O garoto que encontrei era muito gentil e sim-
• Nem a doença nem a cura será a consequência pático.
da sua decisão.
CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fo-
No entanto, caso a ação possa ser atribuída a to- gem à regra geral.
dos os sujeitos, a conjugação será no plural:
• A pimenta ou a páprica deixaram a comida a) Um adjetivo após vários substantivos
muito forte. 1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai
• Nem o menino nem a menina puderam sair para o plural ou concorda com o substantivo mais
para brincar. próximo.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
A concordância verbal diz respeito à adequação - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
de número e pessoa do verbo com o sujeito, segundo 2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para
a regra geral. o plural masculino ou concorda com o substantivo
(https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/
mais próximo.
concordanciaverbal.htm)
- Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.
ATIVIDADES 3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obri-
gatoriamente para o plural.
01. I. Deve haver muitos problemas naquele lugar. - O homem e o menino estavam perdidos.
II. Devem haver muitos problemas naquele lugar. - O homem e sua esposa estiveram hospedados
III. Deve existir muitos problemas naquele lugar. aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos i) Mesmo, bastante
1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda 1- Como advérbios: invariáveis
com o mais próximo. Preciso mesmo da sua ajuda.
Comi delicioso almoço e sobremesa. Fiquei bastante contente com a proposta de em-
Provei deliciosa fruta e suco. prego.
2 - Adjetivo anteposto funcionando como predi- 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
cativo: concorda com o mais próximo ou vai para o Seus argumentos foram bastantes para me con-
plural. vencer.
Estavam feridos o pai e os filhos. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
Estava ferido o pai e os filhos.
j) Menos, alerta
c) Um substantivo e mais de um adjetivo 1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Preciso de menos comida para perder peso.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espa- Estamos alerta para com suas chamadas.
nhola.
2- coloca o substantivo no plural. k) Tal Qual
Falava fluentemente as línguas inglesa e espa- 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” con-
nhola. corda com o consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
d) Pronomes de tratamento
1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.
l) Possível
Vossa santidade esteve no Brasil.
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “me-
nos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
precede as expressões.
1 - Concordam com o substantivo a que se refe-
A mais possível das alternativas é a que você ex-
rem.
pôs.
As cartas estão anexas. Os melhores cargos possíveis estão neste setor
A bebida está inclusa. da empresa.
Precisamos de nomes próprios. As piores situações possíveis são encontradas nas
Obrigado, disse o rapaz. favelas da cidade.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) m) Meio


1 - Após essas expressões o substantivo fica sem- 1- Como advérbio: invariável.
pre no singular e o adjetivo no plural. Estou meio insegura.
Renato advogou um e outro caso fáceis. 2- Como numeral: segue a regra geral.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. Comi meia laranja pela manhã.

g) É bom, é necessário, é proibido n) Só


1- Essas expressões não variam se o sujeito não 1- apenas, somente (advérbio): invariável.
vier precedido de artigo ou outro determinante. Só consegui comprar uma passagem.
Canja é bom. / A canja é boa. 2- sozinho (adjetivo): variável.
É necessário sua presença. / É necessária a sua Estiveram sós durante horas.
presença. (https://www.infoescola.com/portugues/concor-
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / dancia-nominal/)
A entrada é proibida.
ATIVIDADES
h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral. 01. (IFPR 2010) Assinale a alternativa que está de
Comi muitas frutas durante a viagem. acordo com as regras de concordância da língua
Pouco arroz é suficiente para mim. padrão.
Os sapatos estavam caros. a) Para tornar mais claro as regras do programa
2- Como advérbios: são invariáveis. de participação nos resultados, os diretores
Comi muito durante a viagem. convidaram economistas que pudesse dei-
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. xar os conteúdos mais compreensíveis para a
Comprei caro os sapatos. maioria dos funcionários.

154
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Muitos jovens não consegue concluírem o en- 05. (Acafe 2015/2) Assinale a alternativa correta
sino médio e, sem formação, acaba entrando quanto à concordância verbal e nominal.
no mundo do crime. a) O governo federal informou que pretende fi-
c) Os objetivos desse plano pode ser resumido na nalizar a ponte no prazo inicialmente previs-
seguinte frase: clareza na comunicação e envol- to, mas os repasses à empreiteira depende da
vimento dos empregados na definição de metas. finalização dos projetos e das conclusões de
d) Um dos problemas é a incerteza em relação ao cada uma das etapas.
eixo determinante dos conflitos internacionais, b) Por mais complexos que sejam os problemas,
que, na guerra-fria era, sem dúvida, a questão deve haver soluções viáveis para solucioná-los,
ideológica. especialmente quando se empregam, com cui-
e) As ações governamentais, em sua maioria, não dado e sensatez, métodos adequados.
visa o bem público, mas valorizar a imagem do c) A obra vai custar 48 milhões de reais, todavia
governo. não está incluído no orçamento os custos das
desapropriações.
A alternativa que está de acordo com as regras de
d) Nos relatórios dos auditores, aludem-se a fatos
concordância é a letra D - “Um dos problemas é
cujas origens, a julgar pelo que se afirma nos
a incerteza em relação ao eixo determinante dos
jornais, não foi suficientemente esclarecida.
conflitos internacionais, que, na guerra-fria era,
sem dúvida, a questão ideológica.”
06. (URCA 2017/2) “...uma variedade de profissões
02. (ACAFE 2009) Quanto a concordância verbal e miseráveis que as nossas pequena e grande bur-
nominal, todas as frases estão corretas, exceto a: guesias não podem adivinhar.”
a) Na seleção dos informantes, serão seleciona- O termo em destaque apresenta uma regra de
dos aqueles que apresentarem um leque maior concordância nominal, observando a regra da
de conhecimentos sobre o tema. Gramática Normativa, assinale a alternativa em
b) Finalmente, está sendo discutido os termos que, pluralizando-se a frase, as palavras destaca-
da proposta de uso de nossas instalações por das permanecem invariáveis:
pessoas estranhas à repartição. a) Só estudei o elementar, o que me deixa meio
c) Para que a ação seja ajuizada, deve haver pro- apreensivo.
vas materiais e testemunhais, além de argu- b) Meia palavra, meio tom – índice de sua sen-
mentos consistentes. satez.
d) Há mais ou menos trinta dias, houve aqui duas c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em
festas sobre as quais muito ainda vai se falar. sua meia promessa.
e) Assim, explicamos que nossa relação com as d) Passei muito inverno só.
entidades sindicais impõe certas condições e e) Este é o meio mais exato para você resolver o
demandas que dificultam a correta interpre- problema: estude só.
tação dos fatos.

03. (URCA 2010) Dadas as proposições, todas aceitam


mais de uma concordância, EXCETO:
ATIVIDADES DE APROFUNDAMENTO
a) pai e filhas educados (educadas);
b) o(s) herói(s) José e Rodrigo; ATIVIDADE 1)
https://www.todamateria.com.br/exercicios-de-concor-
c) casa e carro novo(s);
dancia-verbal/
d) livros e revistas velhos (velhas);
e) homens e mulheres educados (educadas).
ATIVIDADE 2)
04. (UFSC) Marque a única frase onde a concordância
nominal aparece de maneira inadequada. Texto 1:
a) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu-
ção forçada. A liberdade e o consumo
b) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu- Quantos morreram pela liberdade de sua pá-
ção forçados. tria? Quantos foram presos ou espancados pela
c) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu- liberdade de dizer o que pensam? Quantos luta-
ção forçadas. ram pela libertação dos escravos?
d) Obrigava sua corpulência a forçado exercício No plano intelectual, o tema da liberdade
e evolução. ocupa as melhores cabeças, desde Platão e Só-
e) Obrigava sua corpulência a forçada evolução crates, passando por Santo Agostinho, Spinoza,
e exercício. Locke, Hobbes, Hegel, Kant, Stuart Mill, Tolstoi e

155
LÍNGUA PORTUGUESA
muitos outros. Como conciliar a liberdade com as peripécias e demoras do carteiro, instantâneo,
a inevitável ação restritiva do Estado? Como as sem remorsos pelo tamanho da mensagem (que
liberdades essenciais se transformam em direitos se dane o destinatário do nosso attachment mega-
do cidadão? Essas questões puseram em choque báitico) e que está a nosso dispor, onde quer que
os melhores neurônios da filosofia, mas não fo- estejamos. E acoplado a ele vem a web, com sua
ram as únicas a galvanizar controvérsias. cacofonia de informações, excessivas e desencon-
Mas vivemos hoje em uma sociedade em que tradas, onde se compra e vende, consomem-se
a maioria já não sofre agressões a essas liber- filosofia e pornografia, arte e empulhação.
dades tão vitais, cuja conquista ou reconquista Causa certo desconforto intelectual ver subs-
desencadeou descomunais energias físicas e inte- tituídas por objetos de consumo as discussões
lectuais. Nosso apetite pela liberdade se aburgue- filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos
sou. Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da atos que levaram à sua preservação em múlti-
sociedade de consumo. plos domínios da existência humana. Mas assim
O que é percebido como liberdade para um é a nossa natureza, só nos preocupamos com o
pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que não temos ou com o que está ameaçado.
que quer, vive sob o manto da lei (ainda que ca- Se há um consolo nisso, ele está no saber que
penga) e tem direito de mover-se livremente? a preeminência de nossas liberdades consumis-
O primeiro templo da liberdade burguesa é tas marca a vitória de havermos conquistado as
o supermercado. Em que pesem as angustian- outras liberdades, mais vitais. Mas, infelizmente,
tes restrições do contracheque, são as pratelei- deleitar-se com a alienação do consumismo está
ras abundantemente supridas que satisfazem a fora do horizonte de muitos. E, se o filósofo João-
liberdade do consumo (não faz muitas décadas, zinho Trinta tem razão, não é por desdenhar os
nas prateleiras dos nossos armazéns ora faltava luxos, mas por não poder desfrutá-los.
Cláudio de Moura Castro
manteiga, ora leite, ora feijão). Não houve ideal
comunista que resistisse às tentações do super-
1. O primeiro parágrafo do texto apresenta:
mercado. Logo depois da queda do Muro de Ber-
a) uma série de perguntas que são respondidas
lim, comer uma banana virou ícone da liberdade
no desenrolar do texto;
no Leste Europeu.
b) uma estrutura que procura destacar os itens
A segunda liberdade moderna é o transporte básicos do tema discutido no texto;
próprio. BMW ou bicicleta, o que conta é a sen- c) um questionamento que pretende despertar
sação de poder sentar-se ao veículo e resolver o interesse do leitor pelas respostas;
em que direção partir. Podemos até não ir a lugar d) um conjunto de perguntas retóricas, ou seja,
algum, mas é gostoso saber que há um veículo que não necessitam de respostas;
parado à porta, concedendo permanentemente a e) umas questões que pretendem realçar o valor
liberdade de ir, seja aonde for. Alguém já disse que histórico de alguns heróis nacionais.
a Vespa e a Lambretta tiraram o fervor revolucioná-
rio que poderia ter levado a Itália ao comunismo. 2. O item abaixo que indica corretamente o signifi-
A terceira liberdade é a televisão. É a janela cado da palavra em maiúsculas no texto é:
para o mundo. É a liberdade de escolher os ca- a) ”…mas não foram as únicas a GALVANIZAR con-
nais (restritos em países totalitários), de ver um trovérsias.” – discutir;
programa imbecil ou um jogo, ou estar tão perto b) ”…comer uma banana virou um ÍCONE da li-
das notícias quanto um presidente da República berdade no Leste europeu.”- fantasia;
– que nos momentos dramáticos pode assistir c) ”…consomem-se filosofia e pornografia, arte
às mesmas cenas pela CNN. É estar próximo de e EMPULHAÇÃO.”; grosseria;
reis, heróis, criminosos, superatletas ou cafajes- d) ”…cafajestes METAMORFOSEADOS em apre-
tes metamorfoseados em apresentadores de TV. sentadores de TV.” – desfigurados;
Uma ”liberdade” recente é o telefone celular. e) ”…que a distância não mais CERCEIA a comu-
É o gostinho todo especial de ser capaz de falar nicação…”- impede.
com qualquer pessoa, em qualquer momento,
onde quer que se esteja. Importante? Para algu- 3. ”Como conciliar a liberdade com a inevitável ação
mas pessoas, é uma revolução no cotidiano e na restritiva do Estado?”; nesse segmento do texto,
profissão. Para outras, é apenas o prazer de saber o autor afirma que:
que a distância não mais cerceia a comunicação, a) o Estado age obrigatoriamente contra a liber-
por boba que seja. dade;
Há ainda uma última liberdade, mais nova: a b) é impossível haver liberdade e governo dita-
internet e o correio eletrônico. É um correio sem torial;

156
LÍNGUA PORTUGUESA
c) ainda não se chegou a unir os cidadãos e o a) são considerado – provoca – encontram
governo; b) é considerado – provoca – encontram
d) cidadãos e governo devem trabalhar juntos c) são considerados – provocam – encontram
pela liberdade; d) são considerados – provoca – encontra
e) o Estado é o responsável pela liberdade da e) é considerado – provocam – encontra
população.
8. Indique a opção correta:
4. ”O primeiro templo da liberdade burguesa é o a) Os Alpes é a maior cordilheira da Europa.
supermercado. Em que pesem as angustiantes b) Ainda haviam pedaços de granizo na serra gaúcha.
restrições do contracheque, são as prateleiras c) Faz muitos anos que o IBGE não vem aqui.
abundantemente supridas que satisfazem a li- d) Bateu três horas no relógio da escola.
berdade do consumo…”; o segmento destacado e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
corresponde semanticamente a:
a) as despesas do supermercado são muito pe- 9. Assinale a frase em que há erro de concordância
sadas no orçamento doméstico; verbal:
b) os salários não permitem que se compre tudo a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
o que se deseja; b) Não haviam dúvidas sobre a necessidade da
c) as limitações de crédito impedem que se com- imigração.
pre o necessário; c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assi-
d) a inflação prejudica o acesso da população aos nada.
bens de consumo; d) Há problemas nos seus documentos.
e) a satisfação de comprar só é permitida após o e) Mais de um aluno daquela turma foi repro-
recebimento do salário. vado.

5. O item em que NÃO está presente uma crítica do 10. A concordância do verbo está correta em:
jornalista é: a) Soava seis horas no relógio da matriz quando
a) “Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da eles chegaram.
sociedade de consumo.” b) Apesar da greve, diretores, professores, fun-
b) “…vive sob o manto da lei (ainda que capen- cionários, ninguém foram demitidos.
ga)…” c) Haviam muitas ciladas em seu caminho.
c) “…de ver um programa imbecil ou um jogo,…” d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão.
d) “…consomem-se filosofia e pornografia, arte e) Vossa Excelência enganastes vossos eleitores.
e empulhação.”
e) “O primeiro templo da sociedade burguesa é 11. “É provável que ……. vagas na academia, mas não
o supermercado…” ……. pessoas interessadas: são muitas as forma-
lidades a ……. cumpridas.”
6. Observe a frase ”Não houve ideal comunista que a) hajam – existem – ser
resistisse às tentações…”. Se colocássemos ideal b) hajam – existe – ser
no plural, quantas outras palavras sofreriam al- c) haja – existem – serem
teração? d) haja – existe – ser
a) uma e) hajam – existem – serem
b) duas
c) três 12. Indique a alternativa correta:
d) quatro a) Tratavam-se de questões fundamentais.
e) nenhuma b) Comprou-se terrenos no subúrbio.
c) Precisam-se de datilógrafas.
7. “Os esgotos ………. grandes causadores de polui- d) Reformam-se ternos.
ção, pois ao não receberem o tratamento ade- e) Aqui, se obedecem aos severos regulamentos.
quado, liberam à natureza diversos poluentes que
………. a deterioração dos rios, lagos e oceanos. É 13. Indique a alternativa correta:
no esgoto, também, que se ………. bactérias, vírus a) Filmes, novelas, boas conversas, nada o tira-
e larvas de parasitas, considerados nocivos.” vam da apatia.
De acordo com a norma-padrão da Língua Portu- b) É cinco horas da tarde.
guesa, no que se refere à concordância verbal, as c) Da cidade à praia é dois quilômetros.
lacunas do texto devem ser preenchidas, correta d) Vossa Senhoria fará uma bela viagem.
e respectivamente, com: e) O fazendeiro com os peões levantou a cerca.

157
LÍNGUA PORTUGUESA
14. “A apuração dos dois crimes ………… até que se II – Não fomos nós que atrapalhamos a reunião.
………… provas decisivas.” III – Os Sertões reconstitui a trágica história de
a) vai continuar, encontrem Canudos.
b) vão continuar, encontre IV – O aluno, o professor, funcionário, ninguém
c) vai continuarem, encontrem viu o diretor.
d) vai continuar, encontrarem Estão corretas:
e) vai continuando, encontrassem a) apenas I
b) I, II
15. “Já ………. anos, ………. neste local árvores e flores. c) I, III, IV
Hoje, só ………. ervas daninhas.” d) II, III, IV
a) fazem, haviam, existe e) todas
b) fazem, havia, existe
c) fazem, haviam, existem ATIVIDADE 3)
d) faz, havia, existem
e) faz, havia, existe Química da digestão

16. A alternativa aceitável é: Para viver, entre outras coisas, precisamos de


a) Mais de cem interessados na vaga enviaram energia. Como não podemos tirar energia da luz do
currículo. sol para viver, como os vegetais, essa energia usada
b) Precisa-se de motoristas experientes. pelo nosso organismo vem das reações químicas que
c) Canoas localizam-se no Rio Grande do Sul. acontecem nas nossas células.
d) Telefone, computador, fax, tudo auxilia o ho- Podemos nos comparar a uma fábrica que funcio-
mem. na 24 horas por dia. Vivemos fazendo e refazendo os
e) Os Lusíadas tornaram Camões famoso. materiais de nossas células. Quando andamos, can-
tamos, pensamos, trabalhamos ou brincamos, esta-
17. “Além disso, as regras de como devemos nos mos consumindo energia química gerada pelo nosso
comportar sexualmente prevalecem em todos próprio organismo. E o nosso combustível vem dos
os discursos, o que se torna uma questão velada alimentos que comemos.
de repressão.” O verbo prevalecer concorda com No motor do carro, por exemplo, a gasolina ou o
o termo: álcool misturam-se com o ar, produzindo uma combus-
a) as regras
tão, que é uma reação química entre o combustível e o
b) nos
oxigênio do ar. Do mesmo modo, nas células do nosso
c) os discursos
organismo, os alimentos reagem com o oxigênio para
d) uma questão
produzir energia. No nosso corpo, os organismos são
e) devemos
transformados nos seus componentes mais simples,
equivalentes à gasolina ou ao álcool, e, portanto, mais
18. A alternativa onde a concordância está equivo-
fáceis de queimar. O processo se faz através de um
cada é:
grande número de reações químicas que começam a
a) Consertam-se televisores.
se produzir na boca, seguem no estômago e acabam
b) Precisa-se de técnicos em eletrônica.
nos intestinos. As substâncias presentes nesses alimen-
c) Os pais, os avós, os vizinhos, ninguém perce-
beu a criança saindo. tos são decompostas pelos fermentos digestivos e se
d) Eu e você compraremos os ingressos amanhã. transformam em substâncias orgânicas mais simples.
e) Algum de vós conseguireis a bolsa de estudo? Daí esses componentes são transportados pelo sangue
até as células. Tudo isso também consome energia.
19. Assinale a alternativa em que a concordância fica- A energia necessária para todas essas transfor-
ria incorreta se o verbo destacado fosse colocado mações é produzida pela reação química entre esses
no plural. componentes mais simples, que são o nosso com-
a) Já chegou o palestrante e seu assistente. bustível e o oxigênio do ar. Essa é uma verdadeira
b) Uma manada escapou das jaulas. combustão, mas uma combustão sem chamas, que se
c) Não foram nós quem decidiu a data do jogo. faz dentro de pequenas formações que existem nas
d) A maioria das questões apresentava dificul- células, as mitocôndrias, que são nossas verdadeiras
dades. usinas de energia.
e) A alegria e o contentamento marcou sua vida.
1. O texto afirma que o nosso corpo pode ser com-
20. Observe: parado a uma fábrica porque:
I – Os Estados Unidos não divulgou a notícia. a) reage quimicamente pela combustão

158
LÍNGUA PORTUGUESA
b) move-se a base de gasolina ou álcool c) todavia
c) produz energia a partir dos alimentos d) entretanto
d) utiliza oxigênio como combustível e) porque
e) Funciona 22 horas por dia
8. Leia a oração: “Divulgou-se muito a manifestação
2. “Tudo isso também consome energia” (3º pará- dos caras-pintadas”. Se colocarmos manifestação
grafo ). No trecho, a expressão em destaque se no plural, quantas outras palavras serão alteradas?
refere a: a) uma
a) Fermentos digestivos b) duas
b) combustíveis c) três
c) reações químicas d) quatro
d) usinas de energia e) nenhuma
e) energia
9. Assinale a alternativa CORRETA com relação à
3. Depois de processadas pelos fermentos digesti- concordância verbal.
vos, as substâncias são levadas para: a) Quais de vocês cometeu o maior pecado?
a) a boca b) Fui eu que pagou as despesas.
b) as células c) Falta três segundos para o término da partida.
c) o estômago d) Mais de cem pessoas foi testemunha do assalto.
d) os intestinos e) Dezenas de estudantes foram prejudicados.
e) o esôfago
10. Qual a alternativa em que a concordância está
4. As mitocôndrias são essenciais para o funciona- errada?
mento do nosso corpo porque são responsáveis a) Precisam-se de funcionários.
por: b) Necessita-se de pedreiros.
a) digerir os alimentos c) Vende-se gelo cristal.
b) produzir energia d) Compram-se revistas e jornais velhos.
c) renovar as células e) Parabenizou-se a diretora.
d) transportar o oxigênio
e) limpar nosso sangue 11. Qual a alternativa que completa as frases corre-
tamente?
– O relógio ………….. sete horas.
5. Este texto pode ser considerado um artigo de
– Naquela relojoaria ………… relógios.
divulgação científica porque apresenta:
– Ontem ………. bons filmes no cinema.
a) explicação detalhada sobre um acontecimento
a) batem – consertam-se – havia
recente
b) bate – consertam-se – havia
b) expressões coloquiais para exemplificar o pro-
c) bateram – conserta-se – houveram
cesso da digestão
d) batem – consertam-se – haviam
c) linguagem figurada para descrever o processo
e) bate – conserta-se – havia
de combustão
d) vocabulário técnico para explicar a química da
12. Em que item há um erro de concordância verbal?
digestão a) Já soaram duas horas no relógio da torre.
e) uma explicação muito complexa b) Eu com o meu amigo Paulo entramos na so-
ciedade.
6. O texto trata: c) Fazem dois meses que o visitei.
a) da constituição do aparelho digestivo d) Fui eu quem apresentei esta solução.
b) da digestão como fonte de energia e) Há muitos candidatos a essa vaga.
c) dos cuidados para uma boa alimentação
d) dos elementos que compõem o corpo humano 13. Indique a alternativa que preenche adequada-
e) do processo da degustação mente as lacunas da frase: “_________ anos que
o homem se pergunta: Se não _______ medos,
7. “Essa é uma verdadeira combustão, mas uma como _________ esperanças?”
combustão sem chamas”. O termo destacado a) Faz – houvesse – existiriam
poderia ser substituído por qualquer uma das b) Fazem – houvesse – existiriam
expressões abaixo, exceto: c) Fazem – houvessem – existiriam
a) porém d) Faz – houvesse – existia
b) contudo e) Faz – houvessem – existiria

159
LÍNGUA PORTUGUESA
14. Assinale a única frase que pode ser preenchida c) Fazem meses que não chove o suficiente.
com a primeira forma verbal entre parênteses. d) Ontem fez dez anos que casamos.
a) O roqueiro e a atriz _____ o evento num gran- e) Essas crianças fazem muitas travessuras.
de espetáculo. (transformou – transformaram)
b) A maioria dos indivíduos __________ com uma 19. “Não _____ ainda sete horas, e já _____ muitas
vida digna. (sonha sonham) pessoas que _____ o início do expediente”.
c) O chefe da seção com o gerente _______ a a) eram – haviam – aguardava
argumentos de força para estimular seus fun- b) eram – havia – aguardavam
cionários. (recorreu – recorreram) c) era – haviam – aguardava
d) Já ________ dez horas e nada dele chegar. (é d) era – haviam – aguardavam
– são) e) era – havia – aguardavam
e) __________ se muitas mercadorias ruins. (En-
contra Encontram) 20. Passe para o plural:

15. O enunciado “Vossa Excelência não deve fazer


prevalecer os seus interesses sobre os de vossos
eleitores” foi usado por um deputado para criticar
um colega de parlamento. Quanto aos pronomes
que compõem a forma de tratamento do período,
pode se afirmar que:
_______________________________________
a) estão todos corretos;
b) está incorreto o emprego do possessivo vos-
sos;
c) está incorreto o emprego do pronome de tra- PERÍODO COMPOSTO
tamento Vossa Excelência, para um deputado;
d) está incorreto o emprego do possessivo seus; Frase
e) estão todos incorretos.
Frase é toda organização de palavras que fizer
16. A alternativa que respeita a norma culta é: sentido, ou seja, um enunciado de sentido comple-
a) Campinas ficam no Estado de São Paulo. to, sendo formado por uma ou mais palavras.. Esse
b) Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o enunciado pode ou não conter um verbo. Além disso,
comoveram. a frase transmite ideias, emoções, ordens e apelos.
c) Haviam muitas crianças no parque ontem. Exemplos:
d) Tempos atrás, viviam-se com mais tranquilida- • Silêncio! (frase sem verbo)
de. • Cheguei cedo no trabalho hoje. (frase com verbo)
e) Da cidade à ilha é uma hora e quarenta minu-
tos. Oração

17. Leia as frases: Oração é um enunciado que contém, obrigatoria-


I. Infelizmente, há excessos no uso de agrotóxicos. mente, uma forma verbal (verbo ou locução verbal).
II. Consomem-se muitos alimentos com agrotó- Essa forma verbal pode estar implícita ou explícita.
xicos. Exemplos:
III. Manaus são a campeã no abuso de agrotóxi- • Estou muito bem! (oração com verbo explícito)
cos. • Tenho andado distraído. (oração com locução
Está(ao) correta(s), quanto à concordância verbal: verbal explícita)
a) I • Maria nadou à tarde / e João à noite. (oração
b) II com verbo implícito: João [nadou] à noite)
c) III
d) I e II Período
e) II e III
Período é um enunciado composto de uma ou
18. Lembrando-se das regras de concordância dos mais oração, ou seja, de construções que contém um
verbos HAVER e FAZER, marque a opção incor- ou mais de um verbo/forma verbal. Quando contém
reta: apenas um verbo, é chamado de período simples;
a) Havia candidatos à espera do resultado. quando contém dois ou mais verbos, é chamado de
b) Há tempos que não visito meus familiares. período composto.

160
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: As orações não são ligadas por conjunção, mas
• A menina dormia profundamente. (período por vírgulas.
simples: um só verbo) Às orações coordenadas ligadas por conectivos,
• Os dias de inverso são longos. (período simples: dá-se o nome de orações coordenadas sindéticas. Às
um só verbo) orações coordenadas sem conectivos, dá-se o nome
• Você sabe que eu só quero seu bem. (período de orações coordenadas assindéticas.
composto: dois ou mais verbos)
• Ele me ligou para dizer que não estava bem. Período Composto: orações coordenadas sindé-
(período composto: dois ou mais verbos) ticas

Período Composto: classificação e estrutura As orações coordenadas sindéticas recebem o


nome das conjunções que aparecem no período.
Aqui, vamos nos debruçar sobre o período com-
posto. Aditiva
O Período Composto é estruturado e classificado Relacionam pensamentos similares. Expressa adi-
a partir da relação que as orações estabelecem entre ção, sequência de fatos ou pensamentos.
si em dois tipos: período composto por coordenação Conjunções: “e”, “não só … mas também”, “nem”,
e período composto por subordinação. “não … nem”.
Três tipos de oração formam um período compos- Exemplos.:
to. Eles são divididos de acordo com como se com- • Ele telefonou e saiu de casa.
portam sintaticamente: • Ele não telefonou nem saiu de casa.
• Oração principal: não exerce função sintática As orações formadas são orações coordenadas
no período. sindéticas aditivas.
• Oração subordinada: não exerce função sintáti-
ca no período, assumindo funções como sujeito, Adversativa
objeto, complemento, adjunto etc., em relação Relacionam pensamentos opostos. Expressa res-
à principal. Pode também assumir função de salva, oposição ou contraste. Quando posterior ao
adjetivo ou advérbio da oração principal. verbo, a conjunção vem entre vírgulas.
• Oração coordenada: oração independente sin- Conjunções: “contudo”, “entretanto”, “mas”, “no
taticamente, ou seja, não possui orações que entanto”, “porém”, “todavia”
se referem a ela de modo a lhe completar o Exemplos:
sentido. • Gosto de flores, mas prefiro folhas.
• Gosto de flores; prefiro, porém, folhas.
Vamos ver essa classificação com mais detalhes As orações formadas são orações coordenadas
para tornar a ideia mais clara. sindéticas adversativas.

Período Composto: orações coordenadas Alternativa


Relacionam pensamentos excludentes. Expressa
Períodos compostos por coordenação contém alternância ou exclusão.
orações coordenadas, ou seja, independentes. São Conjunções: ou, já/já, ora/ora, quer/quer, seja/
orações que possuem sentido completo em si mes- seja.
mas, não necessitando de complemento. Exemplos:
Elas podem aparecer ligadas uma a outra por meio • Vamos à praia ou à piscina?
de um conectivo (conjunções coordenativas) ou sem • Ora quer ir, ora quer ficar
ele. As orações formadas são orações coordenadas
Exemplos: sindéticas alternativas.
• Chegou em casa e tomou banho.
Orações que compõe o período: Conclusiva
– “Chegou em casa” Relacionam pensamentos em que o segundo con-
– “tomou banho” clui o primeiro. Expressa conclusão ou dedução. A
As orações são ligadas pela conjunção “e”. conjunção “pois” se emprega entre vírgulas.
Conjunções: consequentemente, logo, pois, por
• Vim, vi, venci. conseguinte, portanto.
Orações que compõe o período: Ex.: O carro quebrou; logo, não podemos viajar.
– “Vim” Você está atrasado; deve, pois, pedir desculpas.
– “vi” As orações formadas são orações coordenadas
– “venci” sindéticas conclusivas.

161
LÍNGUA PORTUGUESA
Explicativa A oração “porque estava sem dinheiro” tem
Relacionam pensamentos em que a segunda frase função de adverbio de causa (por que não
explica a primeira. Expressa explicação ou motivo. comprou?).
Conjunções: pois, porque, que.
Ex.: Espere um pouco que ele não demora. Período Composto: Orações subordinadas subs-
Espere, porque daqui a pouco ele chega. tantivas
As orações formadas são orações coordenadas As orações subordinadas substantivas equivalem
sindéticas explicativas. a substantivos. Exercem em relação à oração principal
funções próprias de substantivos: sujeito, predicado,
Período Composto: orações coordenadas assin- objeto direto, objeto indireto, complemento nominal
déticas e aposto. Costumam ser iniciadas por conjunções in-
tegrantes (“que” e “se”).
As orações coordenadas assindéticas são sepa-
radas por pausas. No texto escrito, essas pausas são DICA: Para identificar uma oração subordinada
marcadas por vírgula, ponto e vírgula ou dois pontos. substantiva, substitua a oração subordinada pela
Exemplos palavra “ISSO”.
• O sol saiu, o dia estava bonito.
As orações não são ligadas por conjunção, mas Oração subordinada substantiva subjetiva
por vírgula. Quando uma oração exerce a função de sujeito,
• Cinco pessoas foram a favor da mudança; duas é chamada de oração subordinada substantiva sub-
foram contra. jetiva.
As orações não são ligadas por conjunção, mas Exemplo: É certo que ela chega hoje. (= Isso é
por ponto e vírgula. certo.)
• Toquei seu rosto: estava frio.
Oração subordinada substantiva predicativa
As orações não são ligadas por conjunção, mas
Quando uma oração exerce a função de predica-
por dois pontos.
tivo, é chamada de oração subordinada substantiva
predicativa. Atenção para a necessidade do verbo de
Período Composto: orações subordinadas ligação para essa relação.
Exemplo: A verdade é que estamos perdidos. (=
Períodos compostos por subordinação contém A verdade é isso.)
oração principal e oração subordinada. A oração
principal é independente e a subordinada se relacio- Oração subordinada substantiva objetiva direta
na com ela sintaticamente. Quando uma oração exerce a função de objeto
Há três tipos de oração subordinada, cada uma direto, é chamada de oração subordinada substantiva
assumindo funções ligadas a uma classe gramatical objetiva direta.
diferente: substantivas, adjetivas e adverbiais. Exemplo: Entendi que deveria ficar quieto. (= En-
Exemplos: tendi isso.)
• Imploro que desistas.
Orações que compõe o período: Oração subordinada substantiva objetiva indireta
– “Imploro” = Oração principal Quando uma oração exerce a função de objeto
– “que desistas” = Oração subordinada subs- indireto, é chamada de oração subordinada substan-
tantiva tiva objetiva indireta.
A oração “que desistas” tem função de objeto Exemplo: Não me arrependi do que falei. (= Não
direto (o que eu imploro?). me arrependi disso.)
• Essa é a verdade que ninguém conta.
Orações que compõe o período: Oração subordinada substantiva objetiva com-
– “Essa é a verdade” = Oração principal pletiva nominal
– “que ninguém conta” = Oração subordinada Quando uma oração exerce a função de comple-
adjetiva mento nominal, é chamada de oração subordinada
substantiva completiva nominal.
A oração “que ninguém conta” tem função de
Exemplo: Ela tem medo de que você vá embora.
adjunto adnominal (caracteriza “a verdade”).
(Ela tem vontade disso.)
• Não comprou nada porque estava sem dinheiro.
Orações que compõe o período:
Oração subordinada substantiva apositiva
– “Não comprou nada” = Oração principal Quando uma oração exerce a função de aposto,
– “porque estava sem dinheiro” = Oração su- é chamada de oração subordinada substantiva apo-
bordinada adverbial sitiva.

162
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: Só peço uma coisa: que você seja ho- a função de adjunto adverbial do verbo da oração
nesto. principal.
Esse tipo de oração costuma ser iniciado por
Período Composto: Orações subordinadas adje- conjunções subordinativas. As orações subordina-
tivas das adverbiais são classificadas a partir do nome da
conjunção que as antecede:
As orações subordinadas adjetivas equivalem a
adjetivos. Exercem em relação à oração principal a Oração subordinada adverbial causal
função de adjunto adnominal de algum substantivo Quando uma oração se inicia com conjunção que
ou pronome da oração principal. exprime causa, é chamada de oração subordinada
Elas podem ser de dois tipos: adverbial causais.
• Restritiva Conjunções: como, já que, pois, porque, que, uma
• Explicativa vez que.
Exemplo: Ela foi embora, porque estava muito
Período composto: Oração subordinada adjetiva triste.
restritiva
Oração subordinada adverbial comparativa
Quando restringe ou limita o significado do termo Quando uma oração se inicia com conjunção que
a que se refere, a oração é classificada como oração exprime comparação, é chamada de oração subordi-
subordinada adjetiva restritiva. nada adverbial comparativa.
Exemplo: Você é a pessoa que mais gostei na vida. Conjunções: como (relacionado a tal, tão, tanto),
(= De todas as pessoas que gostei na vida, me refiro como se, do que (relacionado a mais, menos, maior,
a uma em especial) menor, melhor, pior), que.
Exemplo: Prata vale menos do que ouro.
Período Composto: Oração subordinada adjetiva
explicativa Oração subordinada adverbial concessiva
Quando uma oração se inicia com conjunção que
Quando acrescenta qualidades ou esclarece me- exprime contraste, é chamada de oração subordinada
lhor o significado do termo a que se refere, a oração adverbial concessiva.
é classificada como oração subordinada adjetiva ex- Conjunções: ainda que, embora, posto que, se
plicativa. bem que.
Exemplo: Eu, que era muito indecisa, não consegui Exemplo: Vou encontra-lo, embora ache que não
escolher a sobremesa. (= Um dado novo é adicionado tem mais solução.
a “eu”, caracterizando-o.)
Um modo fácil de identificar o tipo de oração ad- Oração subordinada adverbial condicional
jetiva é observar a existência de vírgula ou não. Quando uma oração se inicia com conjunção que
exprime condição, é chamada de oração subordinada
Orações subordinadas adjetivas restritivas: não adverbial condicional.
há vírgula separando a subordinada da principal. Conjunções: caso, desde que, contanto que, se.
Exemplo: Irei se puder.
Orações subordinadas adjetivas explicativas: não
há vírgula separando a subordinada da principal. Oração subordinada adverbial conformativa
Um modo fácil de identificar o tipo de oração ad- Quando uma oração se inicia com conjunção que
jetiva é observar a existência de vírgula ou não. exprime conformidade, é chamada de oração subor-
dinada adverbial conformativa.
Orações subordinadas adjetivas restritivas: não Conjunções: como, conforme, segundo.
há vírgula separando a subordinada da principal. Exemplo: Resolvi a questão conforme você me
ensinou.
Orações subordinadas adjetivas explicativas: não
há vírgula separando a subordinada da principal. Oração subordinada adverbial consecutiva
Quando uma oração se inicia com conjunção que
Período Composto: Orações subordinadas ad- exprime consequência, é chamada de oração subor-
verbiais dinada adverbial consecutiva.
Conjunções: de forma que, de maneira que, de
As orações subordinadas adverbiais equivalem modo que, que (relacionado a tal, tão, tanto, tamanho).
a advérbios. Exercem em relação à oração principal Exemplo: Era tão alta que não passava na porta.

163
LÍNGUA PORTUGUESA
Oração subordinada adverbial final Quando montado, indo para a sua Fazenda da
Quando uma oração se inicia com conjunção que Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro
exprime finalidade, é chamada de oração subordinada trabalhado e prata, aí então sim era a grande, impo-
adverbial final. nente figura, que enchia as vistas. Parecia um daque-
Conjunções: a fim de que, para que, porque, que. les cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou
Exemplos: Menti para que não brigasse comigo. do Palmeirim, quando iam para a guerra armados
cavaleiros.(Ópera dos mortos, 1970.)
Oração subordinada adverbial proporcional
Quando uma oração se inicia com conjunção que No início do segundo parágrafo, por ter na frase a
exprime proporção, é chamada de oração subordina- mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso”
da adverbial proporcionais. com relação a “passo”, a oração “de quem não tem
Conjunções: à medida que, à proporção que, ao pressa” é considerada
passo que. a) coordenada sindética.
Exemplos: À medida que andávamos, ficava mais b) subordinada substantiva.
escuro. c) subordinada adjetiva.
d) coordenada assindética.
Oração subordinada adverbial temporal e) subordinada adverbial.
Quando uma oração se inicia com conjunção que
exprime tempo, é chamada de oração subordinada
adverbial temporal.
Conjunções: antes que, apenas, assim que, até
que, depois que, logo que, quando, tanto que
Exemplos: Assim que a vi, me emocionei.

Questão de vestibular

Unesp 2015
Considere a passagem de um romance de Autran Dou-
rado (1926- 2012).

A gente Honório Cota

Quando o coronel João Capistrano Honório Cota


mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta
anos. Mas já era homem sério de velho, reservado,
cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência
medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de
linho atravessado pela grossa corrente de ouro do
relógio; a calça é que era como a de todos na cidade
— de brim, a não ser em certas ocasiões (batizado,
morte, casamento — então era parelho mesmo, por
igual), mas sempre muito bem passada, o vinco per-
feito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa — o
mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado,
os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua
da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobre-
mente, os que por ele passavam ou os que chegavam
na janela muitas vezes só para vê-lo passar.
Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto,
magro, descarnado, como uma ave pernalta de gran-
de porte. Sendo assim tão descomunal, podia ser de-
sajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma
grande e ponderada figura. Não jogava as pernas para
os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito me-
disse os passos, quebrando os joelhos em reto.

164
Língua
Inglesa
Teacher: Elaene Lopes Carvalho
LÍNGUA INGLESA
Objeto de Conhecimento: CHARGES & CARTUNS

Eixo Temático: Compreensão e produção de diferen-


tes gêneros discursivos em Língua Estrangeira/Inglês.

Habilidade(s):
• Ler as charges utilizando diferentes estratégias de
leitura, para compreender o sentido de palavras,
expressões, estruturas gramaticais e as informações
implícitas.
• Reconhecer os itens gramaticais, bem como per-
ceber o uso de construções próprias da oralidade
presentes no gênero.
• Reconhecer os efeitos de humor presentes nas A Campanha e o Cujo, considerada a primeira charge feita
charges e o emprego de elementos não-verbais no Brasil.
presentes nas charges.
É o gênero no qual o/a autor/a expressa sua visão
dos fatos por meio de caricaturas, geralmente perso-
nalidades públicas. Mas também costuma apresentar
pessoas envolvidos na política, devido ao seu teor
CLASS 01 (AULA 01) crítico. Podendo conter ou não legendas e balão de
fala, faz uso do humor.
Objeto de Conhecimento: CHARGES & CARTUNS Surgiram no século XIX e trouxeram à tona a
necessidade do público, expressar sua indignação e
Habilidade(s): insatisfação com o governo vigente. O/A leitor/a, atra-
• Conhecer o gênero textual charge e as caracte- vés da charge, encontra caminhos para entender os
rísticas pertencentes a este gênero textual. acontecimentos políticos nacionais e internacionais.
O/A profissional que as desenha, chargista, precisa
ter conhecimento dos assuntos em pauta para poder
retratá-los e transmiti-los de forma objetiva.
HELLO STUDENT!
Nesta nossa primeira aula sobre o
conteúdo CHARGE, vamos conhecer
um pouco mais sobre esse gênero tex-
tual que é bastante utilizado nas avaliações do ENEM.

O que é uma Charge???

É um gênero textual que faz críticas aos temas


de interesse público.
Charge é uma ilustração humorística que envolve
a caricatura de um ou mais personagens, feita com o
objetivo de satirizar algum acontecimento da atua- Charge publicada nas Revistas Careta, no Rio de Janeiro
em 1925. (Foto: Flickr)
lidade. Muito usado em jornais e revistas por causa
do cunho político e social, elas despertam o interesse
Características da Charge
do vasto público.
• Representa acontecimentos da atualidade:
O termo charge tem origem no francês charger
para entendimento da piada contida no dese-
que significa “carga”, ou seja, o uso do exagerado para
nho, é necessário um contexto histórico. Ou
representar alguma situação ou alguém de forma cô-
seja, sem saber qual âmbito uma história está
mica. A primeira charge publicada no Brasil tinha o
sendo contada, a piada é perdida;
título “A Campanha e o Cujo", criada por Manuel José
• Linguagem verbal e não verbal: o desenho
de Araújo, em 1837, em Porto Alegre, que dentre as
pode ser verbalizado ou não, através das le-
funções exercidas na política e ensino, ele era também
gendas ou balões de textos.
pintor e caricaturista.
• Fator social ou político: tem como tema espe-
cialmente questões políticas e sociais, sejam
elas nacionais ou internacionais. E está em volta

160
LÍNGUA INGLESA
da satirizarão de um fato político e/ou social de O nascimento do cartum ocorreu a partir de um
relevância. fato no ano de 1874, em Londres. O príncipe Albert
• Posicionamento editorial: normalmente pode queria decorar o Palácio de Westminster e, para isto,
retratar o ponto de vista do veículo comunica- promoveu um concurso de desenhos feitos em car-
cional no qual a charge está sendo veiculada; tões. Os vencedores teriam seus desenhos colados
• Circulação: é considerado um gênero jornalísti- na parede do palácio. No intuito de satirizar, a revista
co, então é bastante usado pelo meio. Ou seja, “Punch” publicou seus próprios "cartoons".
sua circulação será em jornais e revistas; Portanto, o cartum é relacionado à acontecimen-
• Efemeridade: retrata acontecimentos contem- tos e temas atemporais, enquanto que a charge é
porâneos. A charge é tida como uma narrativa temporal, com temas da contemporaneidade. O pri-
efêmera, pois está sempre se atualizando; meiro não retrata uma personalidade isolada, mas
• Retratação do Exagero: aponta o exagero para sim a coletividade, já o segundo pode usar a imagem
provocar a vertente humorística; o riso. No exa- de pessoas públicas.
gero, o/a chargista enfatiza pontos tidos como
Características do Cartum
principais. O/A profissional faz distorções da
• Gênero textual de linguagem não-verbal
realidade, mas não tira a veracidade;
• Humorístico
• Caráter: humorístico, cômico, irônico e satírico.
• Cômico
• Ruptura discursiva: o final inesperado trata-se de
• Mistura imagens, palavras e sentido
uma quebra do discurso construído na charge;
• Irônico
• Intertemporalidade: a charge nunca irá explicar
• Sátiro
a sua própria piada. • Atemporal

Charge Animada Charge Versus Tirinhas


A Charge animada possui as mesmas característi- Tirinhas é uma sequência de quadrinhos que criti-
cas de uma charge em desenho. Ela foi popularizada ca os valores sociais. São semelhantes as histórias em
por meio das redes sociais e televisão. Nesse tipo é quadrinhos (HQs), porém mais curtas. Assim como as
mais frequente o uso da linguagem verbal, por ser charges, as tirinhas também podem ser encontradas
desenhos em movimentos e com sonoridade. em jornais, revistas e internet.
Elas não possuem contexto histórico como as
Curiosidade: emissoras de TV começaram o uso das charges, mas podem fazer críticas pessoais ou de
charges através das obras do cartunista Mauricio fenômenos coletivos. Geralmente é uma narração
Ricardo Quirino, em fevereiro de 2000. Atualmente, sequenciada pela linguagem verbal.
são encontradas de forma mais frequente no pro-
grama Big Brother Brasil da Rede Globo. Charge Versus Caricatura

Qual a Diferença entre Cartum e Charge??? A caricatura é um desenho real de uma persona-
lidade. Assim como as charges, as caricaturas usam a
Bastantes confundidos, cartum e charge são di- imagem de pessoas públicas,
ferentes e aplicados em casos específicos. O Cartum como artistas e políticos. O exagero das caricatu-
não tem ligação com a realidade. É utilizado em qual- ras serve para acentuar gestos, vícios e comportamen-
quer situação, sendo uma crítica humorística ou não. tos específicos do indivíduo desenhado.
Esse gênero textual pode ser entendido por diversas A representação exagerada das características ou
pessoas, de diferentes países, diferentes culturas e comportamentos serve de meio humorístico, irônico
em diferentes épocas. Ou seja, no cartum é abor- e para provocar riso. Do italiano caricare, significa
dado temas universais, que todo ser humano está colocar sentido de exagero, aumentar algo propor-
sujeito a passar, como fome, sede, injustiça, morte cionalmente.
As charges, cartuns, tirinhas e caricaturas são
etc. E por ser tematicamente universal não necessita
sempre utilizadas em questões do Exame Nacional
de contexto, gancho ou época para ser entendido.
do Ensino Médio (ENEM) e outros vestibulares. Então,
Normalmente são abordadas questões de compor-
entender o que é cada um desses gêneros textuais e
tamento humano, mas sem referência a um perso-
quais as semelhanças e diferenças o ajudará a analisar
nagem específico, pois são atemporais. Além disso,
e responder de forma correta as questões de provas.
usa características das histórias em quadrinhos, como Disponível em https://www.educamaisbrasil.com.br/
balões e as onomatopeias. enem/lingua-portuguesa/charge

161
LÍNGUA INGLESA
2.4. Analise o cartoon acima e, em seguida, assinale
a opção incorreta:
ACTIVITIES (ATIVIDADES) a) A personagem aparenta estar satisfeita com a
proposta de acordo a ser selada.
1. A partir da leitura feita, realize uma pesquisa em b) A personagem discorda da colocação do per-
jornais, revistas e/ou outros meios de comuni- sonagem na televisão.
cação, encontre uma charge e cole-a no espaço c) O personagem, na televisão, faz uma compa-
abaixo. ração entre o seu acordo e todos os acordos
do mundo.
d) A personagem discorda do comentário do
personagem na televisão.

2.5. Você consegue reconhecer os personagens que


aparecem na charge? Se sim, escreva seus nomes.

2. Analise a charge abaixo e responda as questões


que se seguem.

CLASS 02 (AULA 02)

Objeto de Conhecimento: COMPARATIVE FORM

Habilidade(s):
• Identificar os graus comparativos nos mais diver-
sos contextos, empregando diferentes estratégias
Charge disponível em: https://inglesnoteclado.com. de leitura, conhecimento prévio do/a estudante,
br/2019/07/cartoon-em-ingles-com-atividade-gabarito- palavras cognatas, entre outros meios para com-
einterpretacao.html preensão dos textos, charges e quadrinhos.

2.1. O que o Presidente dos Estados Unidos está di-


zendo na televisão? HELLO STUDENT!
Neste momento vamos iniciar
nossos estudos sobre os graus com-
parativos em inglês. Mesmo sem nos
darmos conta, usamos os comparativos para quase
tudo em nossa língua materna. Para estudantes da
2.2. Os três personagens sentados à mesa analisam língua inglesa que praticam com frequência, isso não
o mesmo acordo a que se refere o personagem é diferente. Estabelecer relações comparativas entre
na televisão? coisas, pessoas ou situações distintas faz parte de
qualquer ferramenta de comunicação humana.

Making Comparisons

Em inglês, os comparativos podem ser conside-


2.3. Quais são os temas relevantes que são retratados rados adjetivos ou advérbios que comparam algo ou
na charge? alguém à alguma coisa ou pessoa. Assim como ocorre
na língua portuguesa, os comparativos em inglês sub-
dividem-se em três tipos: inferioridade, igualdade e
superioridade. Vejamos agora cada um deles.
1. Comparative of inferiority (Comparativo de

162
LÍNGUA INGLESA
inferioridade) Our living room is larger than yours. (Nossa sala
Estabelece relação de inferioridade entre uma de estar é maior do que a sua.)
coisa/pessoa e outra, através de uma comparação. A Playing soccer is nicer than playing basketball.
formação do comparativo de inferioridade em inglês (Jogar futebol é mais legal do que jogar basquete.)
tem a seguinte estrutura:
3.1.b. Comparativo de superioridade de adjetivos
“LESS + adjetivo + THAN de uma ou duas sílabas terminados em consoante +
vogal + consoante
Exemplo(s): Regra geral, quando um adjetivo termina em con-
My shoes were less expensive than yours. (Meus soante + vogal + consoante, deve-se dobrar a última
sapatos foram menos caros que os seus.) consoante e, aí sim, acrescentar a terminação -er.
His cousin is less smart than his brother. (O primo Exemplo(s):
dele é menos inteligente do que o irmão dele.) My bedroom is bigger than my brother’s. (O meu
quarto é maior do que o do meu irmão.)
2. Comparative of equality (Comparativo de There is nothing sadder than being a pessimist.
igualdade) (Não há nada mais triste do que ser pessimista.)
Em inglês, para compararmos igualitariamente
duas coisas ou pessoas, usamos a estrutura: Exceção: new - newer

“AS + adjetivo + AS 3.1.c. Comparativo de superioridade de adjetivos


de uma ou duas sílabas terminados em consoante
Exemplo(s): e -y
My sister speaks as fast as our father. (Minha irmã Para formar o comparativo de superioridade de
fala tão rápido quanto nosso pai) um adjetivo cuja terminação é formada por uma con-
Brazil is as charming as any country in the world. soante e um -y, basta substituir o -y por -i, e acres-
(O Brasil é tão encantador quanto qualquer país do centar -er.
mundo) Exemplo(s):
He was busier than usual at his work today. (Ele
3. Comparative of superiority (Comparativo de estava mais ocupado que o costume no trabalho hoje.)
superioridade) The English test was easier than the Spanish one.
Estabelece uma relação de superioridade (em (A prova de inglês foi mais fácil do que a de espanhol.)
quantidade, tamanho ou intensidade), entre coisas ou
pessoas. A formação do comparativo de superioridade 3.2. Os adjetivos de três ou mais sílabas; são
em inglês varia de acordo com a grafia do adjetivo e palavras mais longas, com mais caracteres. É o caso,
o número de sílabas que ele tem. por exemplo, de beautiful, intelligent, interesting e
valuable. A estrutura de formação do comparativo de
3.1. Os adjetivos de uma ou duas sílabas possuem superioridade desses adjetivos é a seguinte:
poucos caracteres; são palavras curtas. É o caso, por
exemplo, de new, nice, big e happy. A estrutura de “MORE + adjetivo + THAN
formação desses comparativos é a seguinte:
Exemplo(s):
“adjetivo + -ER + THAN The British Pound Sterling is more valuable than
the American dollar. (A libra esterlina é mais valiosa
É importante ter em conta que, antes de acrescen- do que o dólar americano.)
tar -er, você precisa observar a terminação do próprio She is more beautiful than her sister. (Ela é mais
adjetivo. Pode ser necessário eliminar ou acrescentar bonita do que a irmã.)
letras para formar o comparativo de superioridade. Alguns adjetivos e advérbios possuem uma forma
Vejamos cada um deles agora. irregular quando usados no comparativo de superio-
ridade. São eles:
3.1.a. Comparativo de superioridade de adjetivos Good / Well - Better
de uma ou duas sílabas terminados em -e Bad / Badly - Worse
Se um adjetivo termina em -e, não é necessário Far - Farther / Further
repetir tal letra para formar o comparativo; basta Old - Older / Elder (usado principalmente ao se
acrescentar o -r. falar de pessoas da mesma família.)
Exemplo(s): Podemos concluir que os termos comparativos da

163
LÍNGUA INGLESA
língua inglesa são similares aos da língua portuguesa, 100 cores, maybe even more, Rattner says".
facilitando o emprego dessas expressões e as tradu- d) "Moore's Law has held true, making computers
ções das mesmas. Entretanto, deve-se levar em consi- cheaper and faster and more powerful".
deração as regras de uso e suas respectivas exceções. e) "Writing programs for them is incredibly
difficult and time consuming
Disponível em https://www.todamateria.com.br/
comparative-and-superlative/
ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. Para resolver estes exercícios sobre COMPARATI-


VES, você deve conhecer a estrutura, em inglês,
do comparativo de igualdade, de superioridade CLASS 03 (AULA 03)
e de inferioridade. Let’s practice.
(UNIOESTE) Assinale a alternativa que expressa Objeto de Conhecimento: SUPERLATIVE
uma comparação de igualdade. Habilidade(s):
a) We are the world's leading producer. • Reconhecer o grau superlativo, identificando seu
b) You used to wait years to have a telephone emprego nos mais diversos contextos, no qual
installed. o/a estudante através dos seus conhecimentos
c) These resources are no longer exploited at the prévios e/ou adquirido utilizará este tópico gra-
cost of the environment. matical em textos, quadrinhos e charges.
d) Brazilians are as technology-hungry as
anywhere in the world.
e) We are the world's largest producer of sugar.
HELLO STUDENT!
2. Write the comparative forms of the words Caro/a estudante, agora iremos
below. fazer o nosso estudo sobre o modo
SUPERLATIVO, que assim como os
a) early f) handsome comparativos, também estabelece um grau de com-
b) big g) wise paração. Porém expressa uma qualidade da pessoa
ou coisa que se destaca diante de todas as outras
c) modern h) angry similares. Let’s see it...
d) heavy i) short
e) polite j) important Superlative

3. Choose the best alternative for each sentence: O superlativo é usado para expressar o grau mais
alto e intenso de uma característica ou qualidade. Ele
3.1. They play tennis well but she can play ???. costuma estabelecer uma relação entre um substanti-
( ) better vo e um grupo de substantivos. A sua estrutura lembra
( ) worst bastante o comparativo de superioridade, visto que o
( ) good comparativo tem a função de expressar uma caracte-
rística ou qualidade de um substantivo, comparando-o
3.2. I live far, but my parents live ???. com outro...
( ) far
( ) farthest Superlativo dos Adjetivos em Inglês
( ) farther
O grau superlativo em inglês segue duas estru-
4. (FATEC) Das frases reproduzidas a seguir, aquela turas diferentes, consoante o número de sílabas do
que traz exemplos de graus de comparação está adjetivo. Confira abaixo as regras de formação dos
na alternativa: superlativos em inglês.
a) “Neither, in fact, are the programmers
themselves, who have grown up writing 1. Os adjetivos de uma ou duas sílabas são os que
softwares to run on a single engine – serially, possuem poucos caracteres, constituem palavras mais
that is, not in parallel”. curtas. É o caso, por exemplo, de new, nice, big e happy.
b) "For 50 years we've done things one way, and A estrutura de formação desses superlativos é a
now we're changing to a different model". seguinte:
c) "Within a decade we will likely see chips with “THE + adjetivo + -EST

164
LÍNGUA INGLESA
Antes de acrescentar a terminação-est, você pre- Veja a seguir alguns adjetivos irregulares quanto
cisa observar a terminação do próprio adjetivo, pois ao uso no superlativo.
pode ser necessário eliminar ou acrescentar letras Good / Well - The best
para formar o superlativo. Vejamos a seguir as regras Bad / Badly - The worst
ortográficas. Far - The farthest / the furthest
Old - The oldest / The eldest (usados principal-
1.a. Superlativo de adjetivos de uma ou duas mente ao se falar de pessoas da mesma família.)
sílabas terminados em -e Disponível em https://www.todamateria.com.br/
comparative-and-superlative/
Quando a terminação de um adjetivo for a letra
-e, não é necessário repetir essa letra para formar o
superlativo. Neste caso, basta acrescentar -st.
Exemplo(s):
ACTIVITIES (ATIVIDADES)
Catherine was the nicest teacher I have ever had.
(A Catarina foi a professora mais legal que eu já tive.)
1. Escreva a forma do Superlativo de cada adjetivo
She chose the simplest option. (Ela escolheu a
abaixo:
opção mais simples.)
a) short
b) incredible
1.b. Superlativo de adjetivos de uma ou duas
sílabas terminados na sequência consoante + vogal c) tasty
+ consoante d) long
Quando um adjetivo termina em consoante + vo- e) good
gal + consoante, deve-se dobrar a consoante final e,
aí sim, acrescentar a terminação -est. 2. Passe para o português.
Exemplo(s): a) The biggest cake of the bakery.
Francisco likes to listen to the saddest songs. b) The most expensive car of the store.
(Francisco gosta de ouvir as músicas mais tristes.) c) The oldest person of the family.
Babe is the fattest pig in the barn. (Babe é o porco d) The most intelligent girl of the class.
mais gordo do celeiro.) e) The hardest test of the school.

1.c. Superlativo de adjetivos de uma ou duas sí- 3. Selecione a melhor opção para completar a frase
labas terminados em consoante e -y corretamente:
Para formar o superlativo de um adjetivo cuja a) Russia is the __________ country of the world.
terminação é constituída por uma consoante e um ( ) smallest
-y, substitui-se esse -y por um -i, e acrescenta-se -est. ( ) biggest
Exemplos: ( ) poorest
The English test was the easiest of all. (A prova
de inglês foi a mais fácil de todas.) b) Bugatti Veyron is one of the __________ cars
She is the busiest girl in this office. (Ela é a garota of the world.
mais ocupada neste escritório.) ( ) ugliest
( ) ridiculous
2. Superlativo de adjetivos de três ou mais sílabas ( ) fastest
Os adjetivos de três ou mais sílabas são os que
constituem palavras mais longas; possuem mais carac- c) The Bible is one of the __________ books of
teres. É o caso, por exemplo, de beautiful, intelligent, the world.
interesting e valuable. A estrutura de formação desses ( ) fakest
superlativos é a seguinte: ( ) newest
( ) most popular
“THE MOST + adjetivo
d) The giraffe is the __________ animal of the
Exemplo(s): world.
Some people say Brazil is the most beautiful cou- ( ) tallest
ntry in the world. (Algumas pessoas dizem que o Brasil ( ) fattest
é o país mais bonito do mundo.) ( ) biggest
My father is the most intelligent man I know. (Meu
pai é o homem mais inteligente que eu conheço.)

165
LÍNGUA INGLESA
4. Complete as frases com a forma correta dos
adjetivos. (Comparative and Superlative Adjec-
tives)* ACTIVITIES (ATIVIDADES)
*Antes, é recomendado o estudo do artigo Com-
parative Adjectives. 1. Choose the correct statements about the car-
a) The red dress is ________________________ toon.
the black. (expensive)
b) Math is ____________________________ you
think. (simple)
c) Today is ____________________________ day
of the year. (hot)
d) Yesterday was ______________________
today. (cold)
e) I would like to have a good dinner but the
restaurant is ____________________Subway.
(far)
f) He is ___________________ person that I
know. (creative)
https://cursodeingles.online/2019/11/superlativos-
atividades/

CLASS 04 (AULA 04)

Objeto de Conhecimento: SUPERLATIVE AND COM- a) The caracters are in a store that sells CDs.
PARATIVES b) All the CDs in the store cost the same.
c) The Greatest Hits are the most popular CDs.
Habilidade(s): d) The Greatest Misses are the most unpopular
• Reconhecer os graus comparativos e superlativo CDs.
nas mais diferentes fontes textuais, identificando
esse tópico gramatical para a compreensão dos 2. Which superlative adjective is used in the
textos em Língua Inglesa. cartoon?
• Ler as charges e cartuns utilizando diferentes es-
tratégias de leitura, interpretando sua mensagem
implícita e/ou explícita para compreender o sen-
tido de palavras, expressões e humor presentes
no texto.
3. Replace the icons ??? with CHEAPER THAN, AS
CHEAP AS or THE CHEAPEST to complete the
HELLO STUDENT! sentences about the cartoon.
Caro/a estudante, ainda continu- a) The Greatest Misses are ??? CDs in the store.
ando nosso objeto de conhecimento, b) The Greatest Misses are ??? The Gratest Hits
preparamos algumas atividades para in the store.
consolidar o nosso aprendizado. Caso seja necessário, c) The Greatest Hits aren’t ??? the Greatest Mis-
consulte os textos explicativos sobre os usos e regras ses in the store.
dos graus comparativos e superlativo. Let’s start!!!
4. The fragments below presente some
psychological benefits of listening to music.
Complete them by replacing the icons ??? with
comparative form of the adjectives below.

EASY - FAST - GOOD - GREAT - HARD -


HAPPY - HEALTHY - MOTIVATED - RELAXED

166
LÍNGUA INGLESA
a) Listening to music can be entertaining and
some research suggests that it might even
make you ???. Music can be a source of ACTIVITIES (ATIVIDADES)
pleasure and contentment, but there are many
others psychological benefits as well. 1. Read the cartoons and think about them.
b) The researches suggests that that music and
lighting help create a ??? settings.
c) While listening to musicat any point in time was
effective, the researchers noted that listening
to music pre-surgery resulted in ??? outcomes
d) There is a good reason why you find it ???
to exercise while you listening to music -
researches have found that listening pre-paced
music motivates people to work out ???.
e) Another of the science-backed benefits of
music is that it just might make you ???.
f) Runners are not only able to run ??? while
listening to music: they are also feel ??? to
stick with it and display ??? endurance. I.

5. Which fragments in the PREVIOUS ACTIVITY endurance: resistêcia


present some psychological benefits of music outcome: resultado
when comes to exercising? Write down the stick with: manter; continuar
answers. work out: exercitar-se

endurance: resitêcia
outcome: resultado
stick with: manter; continuar
work out: exercitar-se

CLASS 05 (AULA 05)

Objeto de Conhecimento: CHARGES & CARTUNS


Habilidade(s):
• Compreender globalmente os textos, bem como
identificar informações implícitas e explícitas em
charges e tirinhas.

HELLO STUDENT!
II.
Caro/a estudante, ainda continu-
ando com o nosso objeto de conheci-
1.1. The topic of the cartoon I is...
mento, preparamos algumas ativida-
a) the problems caused by technology addiction.
des para consolidar nosso aprendizado.
b) the importance of technology today.
c) the lack of mutual understanding.

1.2. Cartoon II makes a joke about…


a) the prices of smartphones.
b) the sophistication of smartphones

167
LÍNGUA INGLESA
2. Answer the questions about the cartoons. 1. Affirmative Form
Sujeito + verbo to be (am, is,are) + verbo com
2.1.What is funny about the answer of the answer of “ing” + complemento
the male character in cartoon I? Exemplo(s):
She is studying English now. (Ela está estudando
inglês agora).

2. Negative Form
Para a forma negativa, basta acrescentar o “not”
2.2. What does the face of the female character in após o verbo “to be” (am, is are).
cartoon II express? Exemplo(s):
He is not playing the electric guitar at this moment.
(Ele não está tocando guitarra neste exato momento).
She is not listening to music. (Ela não está ouvindo
música).

3. Nos textos presentes nos cartoons, identifique 3. Interrogative Form


os verbos que indicam ações em progresso. Para elaborar uma frase interrogativa é necessário
colocar o verbo “to be” no início da frase:
Exemplo(s):
Is Susan watching the soap opera? (A Susan está
assistindo a novela?)
Are the kids playing on the backyard? (As crianças
ALMEIDA, Ricardo Luiz Teixeira de Moderna Plus - inglês. 1. estão brincando no quintal?)
ed. São Paulo: Moderna, 2020.
Principais Regras do Present Continuous

Confira abaixo algumas regras para o uso do Pre-


sent Continuous:

CLASS 06 (AULA 06) 1. Quando o verbo principal termina em ”e” e é


precedido de consoante, retira-se a vogal e acrescen-
ta-se o “ing”.
Objeto de Conhecimento: PRESENT CONTINUOUS
Exemplo(s):
Habilidade(s):
To dance (dançar) - dancing
• Identificar os usos do Present Continuous reco-
To take (pegar, tomar) - taking
nhecendo-os nas mais diversas formas textuais.
To make (fazer) - making
Exceção: verbo to be - being
HELLO STUDENT!
Caro/a estudante, passaremos ATENÇÃO! (PAY ATTENTION!)
agora para o estudo gramatical do Não é muito comum usar verbos de estado, como
Present Continuous, que é usado para por exemplo, os verbos agree (concordar), need
indicar ações que estão em progresso, ou seja, no (precisar), believe (acreditar), know (saber), like
momento em que se fala. (gostar), etc. no Present Continuous.

2. Quando o verbo termina com “ie”, troca-se essa


Present Continuous
terminação por “y” e acrescenta-se “ing”.
Exemplos:
O presente contínuo deve ser usado para expres-
To die (morrer) - dying
sar uma situação que está em progresso, ou seja, uma
To lie (mentir) - lying
ação que ainda está acontecendo. Todo nosso “ando”,
“endo” e “indo” dos verbos em português devem ser
3. Quando o verbo é monossílabo ou dissílabo e
trocados em inglês por “ing”.
segue o padrão de consoante+vogal+consoante (CVC),
A construção do presente contínuo deve ser dada
duplica-se a última consoante.
segundo a estrutura:
Exemplo(s):
To swim (nadar) - swimming

168
LÍNGUA INGLESA
To cut (cortar) - cutting IV.“Respect your grandpa.”
To run (correr) - running V. “I’m takind a chocolate bar.”
VI. “All this technology is making us antisocial.”
Exceção 1: quando a última consoante é w ou x, VII. It doesn’t have all the cool features of a big
ela não é dobrada. phone [...]
Exemplo(s): VIII. “[...] you’re spending waaaaay too much time
To snow (nevar) - snowing on the internet.”
To fix (consertar) - fixing
1.a. Choose the sentences that indicate na action in
Exceção 2: se a sílaba tônica for a primeira, não progress.
se dobra a letra final. Acrescenta-se somente o “ing”.
Exemplos: 1.b. What is the form of the verb phrases used in the
To open (abrir) - opening sentences that indicate an action in progress?
To happen (acontecer) - happening
2. Rewrite the verbs using the suffix “ing”,
accordingly.
a) to do
ACTIVITIES (ATIVIDADES) b) to speak
c) to read
1. Read the sentences from the texts in “Time to d) to run
read” and do the following tasks. e) to make
I. “Memes never die.” f) to laugh
II. “[...]it costs a lot less.” g) to study
III. “Are you taking notes?” h) to play

3. (Enem/2015)


RIDGWAY, L. Disponível em: http://fborfw.com. Acesso em: 23 fev. 2012.
Na tirinha da série For better or for worse, a comunicação entre as personagens fica comprometida em
um determinado momento porquê...
a) as duas amigas divergem de opinião sobre futebol.
b) uma das amigas desconsidera as preferências da outra.
c) uma das amigas ignora que o outono é temporada de futebol.
d) uma das amigas desconhece a razão pela qual a outra a maltrata.
e) as duas amigas atribuem sentidos diferentes à palavra season.

4. Observe a imagem e faça o que se pede.

169
LÍNGUA INGLESA
a) Traduza a frase.
b) Passe a frase para a forma negativa e interro-
gativa.
c) Substitua o pronome “they” por “she” e realize
sentenças afirmativa, negativa e interrogativa. e)

They’re using their smartphones.


He’s using a computer at school.
They’re watching the news on TV.
CLASS 07 (AULA 07)
He’s listening to a podcast.
Objeto de Conhecimento: TEXT & COMPREHEN-
She’s reading the newspaper.
SION

Habilidade(s): Exemple:
• Ativar o conhecimento prévio dos estudantes a) He’s listening to a podcast.
sobre o tema a ser trabalhado, estabelecendo
hipóteses para a compreensão do texto. b) _____________________________________
c) _____________________________________
d) _____________________________________
HELLO STUDENT! e) _____________________________________
Caro/a estudante, o objetivo ago-
ra é apresentar atividades com estra-
tégias de leitura diversificadas que
possibilitem o entendimento do texto.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. These fotos show people consuming news


differently. In your notebook, write the captions
for the photos as in the example. Use the
captions from the box to help you.
2. Read the text below to check your predictions.

a)

b)

c)

https://www.usatoday.com/story/tech/news/2019/08/13/
youtube-influencers-teen-news-source-despite-being-
d) called-unreliable/1992640001/

170
LÍNGUA INGLESA
3. Match the pictures with the words.
A. letter E. mobile phone
B. computer F. magazine
C. television G. newspaper
D. telephone H. radio

2.1. Responda à questão abaixo.


Há diferentes formas de se manter informado.
De acordo com o texto, os adolescentes...
a) acreditam que é preocupante receber notícias
apenas de plataformas de mídia sociais.
b) costumam checar a credibilidade das notícias
e informações que recebem de redes sociais.
c) usam, mais frequentemente, o Twitter ou o
Facebook do que o YouTube para acompanhar
notícias.
d) utilizam, em grande maioria, veículos tradi-
cionais para acompanhar o que acontece no
mundo.
e) preferem acompanhar noticias de redes sociais 4. Retire do texto sentenças que estejam no Pre-
e influenciadores digitais a veículos tradicio- sent Continuous.
nais.

2.2. O texto é baseado em alguma pesquisa?

2.3. What is the name of the online newspaper that FRANCO, Claudio; TAVARES, Kátia. English Vibes for
Brazilian Learners. 1. ed. São Paulo: FTD, 2020.
the text is part of?

2.4. Quais palavras cognatas você consegue encon-


trar nesse texto? Escreva.

171
LÍNGUA INGLESA

CLASS 08 (AULA 08)

Objeto de Conhecimento: TEXT & COMPREHEN-


2. O humor é utilizado em cartuns para abordar
SION
diferentes assuntos. Sobre o cartum a lado, é
correto afirmar que o menino.
Habilidade(s):
• Exercitar o conhecimento prévio dos estudantes
sobre os objetos de conhecimentos, resolvendo
atividades utilizadas no ENEM para a compreen-
são de textos diversos.

HELLO STUDENT!
Let’s check your knowlwdge!!!
Caro/a estudante, o objetivo agora é
apresentar algumas questões apre-
sentadas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
simulando uma prova já aplicada.

ACTIVITIES (ATIVIDADES)

1. Muitos cartuns apresentam situações de sala de


aula. No cartum ao lado, a professora...
a) Preencheu uma página inteira.
b) Desistiu de terminar a atividade.
c) Entregou uma folha com ilustrações.
d) Orgulha -se da qualidade só seu trabalho.
e) Escreveu sobre o dramaturgo inglês
Shakespeare.

3. Dreams, do poeta americano Langston Hughes


(1902-1967) é um poema curto, simples, sem
palavras pomposas, vai direto ao ponto. Uma
lição para a vida. Lembre-se dele antes das de-
cisões mais difíceis que tiver que tomar.


a) busca estimular a leitura de livros pela aluna.
b) recomenda a leitura de longos textos literários.
c) ignora a experiência de leitura que aluna já
tem.
d) subestima o uso que a aluna faz de tecnologias
digitais.
e) sugere que a aluna leia mensagens de texto
mais longas.

172
LÍNGUA INGLESA
a) sua filmagem aconteceu no curto tempo de
três meses.
b) seus personagens foram interpretados por
atores do Brooklyn.
c) seu cenário foi um aterro sanitário na periferia
carioca.
d) seus atores fotografaram os lugares onde mo-
ram.
e) seus diretores já pensam na continuidade des-
se trabalho.

FRANCO, Claudio; TAVARES, Kátia. English Vibes for


Brazilian Learners. 1. ed. São Paulo: FTD, 2020.

Em "Dreams", Langston Hughes se refere à vida


por meio de duas metáforas. Essas metáforas
refletem uma visão do escritor em relação à
vida, que é...
a) irônica
b) cômica
c) utópica
d) festiva
e) controversa

4. Synopsis
Filmed over nearly three years, WASTE LAND
follows renowned artist Vik Muniz as he journeys
from his home base in Brooklyn to his native Bra-
zil and the world's largest garbage dump, Jardim
Gramacho, located on the outskirts of Rio de
Janeiro. There he photographs an eclectic band
of “catadores” — self-designated pickers of re-
cyclable materiais. Muniz’s initial objective was
to “paint” the catadores with garbage. However,
his collaboration with these inspiring characters
as they recreate photographic images of them-
selves out of garbage reveals both the dignity
and despair of the catadores as they begin to re-
-imagine their lives. Director Lucy Walker (DEVIL'S
PLAYGROUND, BLINDSIGHT and COUNTDOWN TO
ZERO) and co-directors João Jardim and Karen
Harley have great access to the entire process
and, in the end, offer stirring evidence of the
transformative power of art and the alchemy of
the human spirit.
Disponível em: www.wastelandmovie.com. Acesso em: 2
dez. 2012

Vik Muniz é um artista plástico brasileiro radica-


do em Nova York. O documentário Waste Land,
produzido por ele em 2010, recebeu vários prê-
mios e...

173
Língua
Espanhola
Professora: Ms. Luciana Evangelista Mendes
LÍNGUA ESPANHOLA

Estimado (a) estudiante,

¡Bienvenido (a) a las clases de lengua española!


Ustedes van a estudiar y conocer un poco del universo hispano y su cultura.
Tendrán acceso a 12 (clases) de español. Trabajaré los siguientes temas:

AULA DATA EIXO CONTEÚDO/ HABILIDADES METODOLOGIA AVALIAÇÃO


TEMÁTICO OBJETIVO
01 21/01 Compreen- O Espanhol no Compreender as diferentes Aula expositiva Interesse e
são oral e ENEM estratégias argumentativas e dialogada participação.
escrita
02 28/01 Compreen- Carta de Compreender a forma de Aula expositiva Interesse e
são oral e presentación organização dos dados de e dialogada participação.
escrita uma carta de apresentação e
sua finalidade para o gênero.
03 04/02 Compreen- Mapas Ler um mapa com Aula expositiva Interesse e
são oral e informações de uma cidade. e dialogada participação.
escrita
04 11/02 Produção Placas de Localizar placas de rua e Aula expositiva Compreensão
oral e calles y otras determinados lugares. e dialogada escrita
escrita
05 18/02 Compreen- Repaso para Reconhecer recursos Aula expositiva Interesse e
são oral e pronombres lingüísticos para introduzir e dialogada participação.
escrita interpretações pessoais,
opiniões, sentimentos e
pensamentos.
06 25/02 Prática de Repaso de Reconhecer e fazer uso dos Aula expositiva Interesse e
análise Artículos/ artigos e substantivos para e dialogada participação.
linguística Sustantivos a produção escrita e oral
de cartas de argumentação,
mapas e placas.
07 04/03 Prática de Repaso de Reconhecer e fazer uso dos Aula expositiva Interesse e
análise Adjetivos artigos e substantivos para e dialogada participação.
linguística a produção escrita e oral
de cartas de argumentação,
mapas e placas.
08 11/03 Prática de Repaso de Compreender elementos Aula expositiva Interesse e
análise Formas de específicos que contribuam participação.
linguística tratamiento para a percepção do registro
formal, oral e escrito.
informal
09 18/03 Autores Compreender elementos Aula expositiva Compreensão
hispanos en específicos que contribuam leitora.
ENEM para a percepção do registro
oral e escrito.
10 25/03 Repaso Aula expositiva Interesse e
participação.
11 01/04 Evaluación Aula expositiva Avaliação
bimestral
12 08/04 Actividad Aula expositiva Compreensão
interpretativa leitora.
y corrección
de la prueba

182
LÍNGUA ESPANHOLA
Traduzindo, o Enem não quer que você simples-
mente decore regras de gramática, mas que entenda
¡Manos a la obra! ¿Vamos a o que está sendo pedido na questão. Quando não se
continuar nuestros estudios? tem uma leitura atenta, o aluno pode correr o risco
Estaré aquí con ustedes de cair em pegadinhas clássicas, como palavras pare-
para ayudarlos siempre que cidas em espanhol e português que têm significados
necesiten. diferentes, os famosos falsos cognatos.
Besos, A maioria das questões da prova de espanhol traz
textos e o aluno é desafiado a entender o significa-
Profª Ms. Luciana do. O enunciado e as cinco opções da questão estão
Evangelista Mendes sempre em português, o que pode facilitar um pouco.
O que estudar para a prova de espanhol do Enem
O foco maior das provas de língua estrangeira do
Enem é a interpretação de textos. Isso significa que
Aula 1- Espanhol no ENEM o estudante deve investir bastante tempo em leitura.
O formato do texto varia muito: pode ser um
comum, com dois ou três parágrafos, pode ser um
quadrinho em língua espanhola (Mafalda, Gaturro
etc.), um comercial, um trecho de obra literária, etc.
Claro, não dá para deixar a gramática de lado, pelo
contrário. Conhecer bem os tempos verbais, o uso de
pronomes e saber diferenciar palavras idênticas ao
português é essencial para uma boa leitura. Fique de
olho também em:
• Conjunções
• Advérbios
http://terradosaberpalotina.com.br • Palavras homônimas em espanhol
• Artigos definidos e indefinidos
A escolha da língua estrangeira é feita no mo- • Substantivos e adjetivos
mento da inscrição do Enem. O estudante tem duas • Verbos ser, estar e haver
opções: espanhol ou inglês. Tem que ser uma deci-
são muito bem pensada, porque depois não dá para Jornais em língua espanhola, como o El País, da
voltar atrás. Espanha, e o Clarín, da Argentina, são uma boa fonte
Veja a seguir o que estudar para a prova de espa- de estudos. Além de trazer ao estudante um forte
nhol do Enem e descubra como tirar todas as questões componente social, político, econômico e cultural dos
de letra! países hispânicos, são fonte quase certa para alguma
questão do Enem.
A prova de espanhol do Enem Outra dica importante: aumente o seu vocabulário
o máximo que puder! Quanto mais você conhecer o
A prova de espanhol do Enem acontece sempre significado das palavras, mais chances têm de acertar
no primeiro dia do Exame e vem junto com as 45 as questões. E o melhor: poderá fazer tudo com mais
questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. rapidez.
São apenas cinco questões. A maioria delas feita Ao longo dos últimos anos, a imensa maioria das
para testar o conhecimento instrumental do aluno, ou questões têm sido de interpretação de texto e isso
seja, a capacidade de ler e interpretar corretamente deve permanecer por enquanto. No entanto, já caíram
um texto, um quadrinho ou uma situação qualquer. questões de tradução de expressões, poemas e letras
O que o Enem espera do participante é o seguinte: de música. Fique atento!
• Associar palavras e expressões ao tema da
questão. Como se dar bem na prova de espanhol
• Demonstrar que possui familiaridade com in-
formações, tecnologias e culturas estrangeiras. As questões de espanhol têm geralmente a se-
• Conhecer estruturas linguísticas, sua função e guinte estrutura:
seu uso social. 1. Material em espanhol (texto, quadrinho, co-
• Reconhecer a importância da produção estran- mercial, etc.)
geira como representação da diversidade cul- 2. Enunciado em português
tural e linguística. 3. Opções de resposta também em português

183
LÍNGUA ESPANHOLA
O importante no Enem é ter foco e ficar atento ao
que é pedido. No caso da prova de espanhol, o ideal Actividades
é quebrar um pouco a sequência lógica da questão.
Veja como fazer isso: 1. (ENEM 2010 - Língua Espanhol - 1ª Aplicação).
1. Comece lendo o que pede a questão (o enun-
ciado em português) com muita atenção. Isso Los animales
vai ajudar você a já ler o texto em espanhol com
um foco em mente. En la Unión Europea desde 1º de octubre de
2. Leia o texto em espanhol e tente localizar a 2004 el uso de un pasaporte es obligatorio para
resposta pedida. los animales que viajan con su dueño en cualquier
3. Procure na lista de alternativas a que melhor compañía.
se adequa à pergunta e assinale. AVISO ESPECIAL: En España los animales
deben haber sido vacunados contra la rabia antes
Chegar ao texto principal com um objetivo espe- de su dueño solicitar la documentación. Consultar
cífico reduz bastante o tempo de assimilação. Leve a un veterinario.
sempre essa dica com você! Disponível em: http://www.agencedelattre.com. Acesso
em: 2 maio 2009 (adaptado).

Como estudar para prova de espanhol De acordo com as informações sobre aeroportos
e estações ferroviárias na Europa, uma pessoa
O Enem exige dos candidatos que optaram por
que more na Espanha e queira viajar para a Ale-
língua espanhola um bom entendimento de questões
manha com o seu cachorro deve
políticas, econômicas e sociais envolvendo os países
a) consultar as autoridades para verificar a pos-
latino-americanos e, em menor grau, a Espanha.
sibilidade de viagem.
Por isso, é fundamental estar por dentro do con-
b) ter um certificado especial tirado em outubro
texto desses países não apenas para a prova de lín-
guas. Podem cair questões sobre esse tema em outras de 2004.
áreas do conhecimento também. c) tirar o passaporte do animal e logo vaciná-lo.
Uma forma de fazer isso é acompanhar os principais d) vacinar o animal contra todas as doenças.
jornais em língua espanhola do mundo. Veja alguns: e) vacinar o animal e depois solicitar o passaporte
Espanha: El País dele.
Chile: La Nación
Argentina: Clarín 2. (ENEM 2010 - Língua Espanhola - 1ª Aplicação).
México: El Universal
Uruguai: El País Bilingüismo en la Educación Media
Colômbia: El Tiempo Continuidad, no continuismo

Economize tempo de estudo buscando matérias de Aun sin escuela e incluso a pesar de la escuela,
interesse mundial, latino americano ou que tenham a paraguayos y paraguayas se están comunicando en
ver com a relação entre o Brasil e o país em questão. guaraní. La comunidad paraguaya ha encontrado
Outra boa fonte de estudos é o YouTube. Com en la lengua guaraní una funcionalidad real que
milhares de vídeos comentados sobre as provas do asegura su reproducción y continuidad. Esto, sin
Enem ou sobre as questões de espanhol, dá para en- embargo, no basta.
contrar muito material interessante produzido por La inclusión de la lengua guaraní en el proceso
professores de cursinho. Isso pode dar aquela ajuda de educación escolar fue sin duda un avance de
na hora dos estudos! la Reforma Educativa.  
https://www.guiadacarreira.com.br/educacao/enem/ Gracias precisamente a los programas
espanhol-enem/
escolares, aun en contextos urbanos, el
bilingüismo ha sido potenciado.  
Los guaraníhablantes se han acercado con
mayor fuerza a la adquisición del castellano, y
algunos castellanohablantes perdieron el miedo
al guaraní y superaron los prejuicios en contra de
él. Dejar fuera de la Educación Media al guaraní
seria echar por la borda tanto trabajo realizado,
tanta esperanza acumulada.
Cualquier intento de marginación del guaraní
https://www.itupevaagora.com.br en la educación paraguaya merece la más viva

184
LÍNGUA ESPANHOLA
y decidida protesta, pero esta postura ética no 3. (ENEM 2010 - Língua Espanhola - 1ª Aplicação).
puede encubrir el continuismo de una forma
de enseñanza del guaraní que ya ha causado
demasiados estragos contra la lengua, contra la
cultura y aun contra la lealtad que las paraguayas
y paraguayos sienten por su querida lengua. El
guaraní, lengua de comunicación sí y mil veces
sí; lengua de imposición, no.
MELIÁ, B. Disponível em: http://staff.uni-mainz de.
Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).
KangaROOS llega a México con diseños
No último parágrafo do fragmento sobre o bilin- atléticos, pero muy fashion. Tienen un toque
guismo no Paraguai, o autor afirma que a língua vintage con diferentes formas y combinaciones
guarani, nas escolas, deve ser tratada como lín- de colores.
gua de comunicação e não de imposição. Qual Lo más cool de estos tenis es que tienen bolsas
dos argumentos abaixo foi usado pelo autor para para guardar llaves o dinero. Son ideales para
defender essa ideia? hacer ejercicio y con unos jeans obtendrás un
a) O guarani continua sendo usado pelos para- look urbano.
guaios, mesmo sem a escola e apesar dela.
b) O ensino médio no Paraguai, sem o guarani, O texto publicitário utiliza diversas estratégias
desmereceria todo o trabalho realizado e as para enfatizar as características do produto que
esperanças acumuladas. pretende vender. Assim, no texto, o uso de vários
c) A língua guarani encontrou uma funcionalida- termos de outras línguas, que não a espanhola,
de real que assegura sua reprodução e conti- tem a intenção de
nuidade, mas só isso não basta. a) atrair a atenção do público alvo dessa propa-
d) A introdução do guarani nas escolas potencia- ganda.
lizou a difusão da língua, mas é necessário que b) popularizar a prática de exercícios esportivos.
haja uma postura ética em seu ensino. c) agradar aos compradores ingleses desse tênis.
e) O bilinguismo na maneira de ensinar o guarani d) incentivar os espanhóis a falarem outras línguas.
tem causado estragos contra a língua, a cultura e) enfatizar o conhecimento de mundo do autor
e a lealdade dos paraguaios ao guarani. do texto.

4. ENEM 2010 - Língua Espanhola - 2ª Aplicação).

Disponível em: www.gaturro.com. Acesso em: 10 ago. 2010.

185
LÍNGUA ESPANHOLA
O gênero textual história em quadrinhos pode ser usado com a intenção de provocar humor. Na tira, o
cartunista Nik atinge o clímax dessa intenção quando
a) apresenta, já no primeiro quadro, a contradição de humores nas feições da professora e do aluno.
b) sugere, com os pontos de exclamação, a entonação incrédula de Gaturro em relação à pergunta de
Ágatha.
c) compõe um cenário irreal em que uma professora não percebe no texto de um aluno sua verdadeira
intenção.
d) aponta que Ágatha desconstrói a ideia inicial de Gaturro a respeito das reais intenções da professora.
e) congela a imagem de Ágatha, indicando seu desinteresse pela situação vivida por Gaturro.

5. (ENEM 2011 - Língua Espanhola - 2ª Aplicação).

Disponível em: http://www.franklin.com. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

Suponha que uma pessoa queira visitar a Espanha e deseje planejar sua visita de acordo com os feriados
nacionais espanhóis. Ao observar o calendário com alguns dos principais feriados espanhóis, essa pessoa
constatará que, na Espanha,
a) poucos feriados são oficiais.
b) a Semana Santa tem uma data precisa.
c) no décimo mês do ano inexistem feriados.
d) poucos feriados têm relação com a religião.
e) quase todos os feriados ocorrem na segunda metade do ano.

Aula 2 - Cartas de presentación

https://www.modelos-de-curriculum.com

186
LÍNGUA ESPANHOLA
¿Qué es una carta de presentación? y dirigido a la compañía o institución en la que
se desee trabajar.
Una carta de presentación es un documento 5. Un agradecimiento por ser considerado para el
que se usa como portada del currículum en el que trabajo y por el tiempo invertido en leer la carta.
el aplicante describe sus habilidades, experiencias y
profundiza en el motivo de su elección de carrera o Es importante tener en cuenta que la carta
estudios, además de su interés en ocupar la vacante de presentación no es una repetición extensa
para la que está aplicando y los motivos por los cuales del currículum, si bien las habilidades y atributos
sería la persona más idónea para ocupar la plaza. mencionados deben coincidir con las listadas en
Un currículum da a los empleadores una idea de este, la carta consiste de un ejercicio de creatividad,
qué ha hecho el candidato, mientras que una carta de introspección y comunicación que ayudará al
presentación les habla más de quién es como persona empleador a ponerse en los zapatos del aplicante y
y cómo se integraría a la dinámica de la compañía o entender por qué es la persona idónea para el puesto.
grupo a la que quiere unirse. No todas las vacantes requerirán la entrega de
una carta de presentación, pero todo estudiante o
¿Por qué es importante? candidato debe conocer en qué consisten y cómo
redactar una para mantenerse en la competencia de
Una carta de presentación es una de las maneras cualquier oportunidad que la liste entre sus requisitos.
más efectivas de distinguirse entre otros candidatos. https://observatorio.tec.mx/edu-news/cartas-de-
Además de conocer la trayectoria laboral y académica presentacion
del aplicante, el empleador también podrá conocer
de primera mano más información fundamental, Actividades
como la personalidad de quien aplica, lo que busca
de ese puesto, y lo que puede aportar más allá de sus Ejemplo de carta de presentación corta para prácticas
habilidades técnicas.
Es un medio para profundizar en los logros y A 29 de Enero de 2020
cualidades del aplicante, así como explicar situaciones
que podrían verse mal en un currículum, como Adrián Galvez Solano
períodos largos de desempleo o cambios rápidos de Celso Emilio Ferreiro, 75
una compañía a otra. La carta de presentación, igual 50461 Alfamén
que el currículum, debe ser breve, concisa y atractiva, Móvil: 698 221 485
esta debe incluir solamente información útil para galvezsolanoadrian@gmail.com
presentarse como la mejor persona para el trabajo.
No hay una sola forma de escribir una carta de Luis & Tachi
presentación, esta puede variar dependiendo a que A/A: Responsable de RR.HH.
trabajo o posición académica se esté aplicando. Sin Calle de José Ortega y Gasset, 74
embargo, su estructura más básica comúnmente 28006 Madrid
incluye cinco elementos.
Estimado Responsable de recursos humanos,
Los cinco elementos de una carta de
presentación Me pongo en contacto con usted debido a que,
actualmente estoy finalizando un grado en peluquería
1. El trabajo o posición para la que se está y cosmética capilar y por lo tanto, tendré que realizar
aplicando. prácticas en un centro de trabajo por un total de 400
2. Información sobre cómo el aplicante tuvo horas.
conocimiento de la vacante, si se tiene
referencias o recomendaciones, este sería el Tras haber buscado información sobre los servicios,
apartado para listarlas. estilos y filosofía de Luis y Tachi, considero que mi
3. ¿Por qué el aplicante está interesado y calificado perfil y objetivos profesionales dentro de este campo
para el trabajo? profesional combinan con los de su negocio.
4. Descripción de cualidades, habilidades,
experiencia y atributos especiales que el En mi CV adjunto podrán los conocimientos más
aplicante puede aportar a la empresa y al equipo relevantes que he adquirido durante mis dos años
que trabaja en la misma, es recomendable estar de aprendizaje y práctica constante. Sin embargo, me
familiarizado con la misión, visión y valores de gustaría poder explicarle más en detalle y en persona
la empresa para redactar un pitch más atractivo la manera en la que puedo contribuir a su negocio y

187
LÍNGUA ESPANHOLA
cuáles son mis perspectivas de futuro una vez haya 8. ¿Cuál es el curso que la persona hace?
finalizado mis estudios.

Muchas gracias de antemano por su tiempo.

Le saluda atentamente,
9. ¿Cuánto tiempo de prácticas necesita hacer para
Adrián Galvez Solano finalizar el grado?
(Firma)

6. ¿Quién escribió la carta?

10. Saca la expresión utilizada como despedida.

7. ¿Qué necesita?

Aula 3 - Mapas

https://shop.infanciayeducacion.com

O que são mapas? Os mapas são feitos por inúmeros profissionais,


como geógrafos, cartógrafos e engenheiros cartográ-
Mapa é um produto cartográfico que pode ser ficos. São utilizados em diversas situações e por tra-
definido como uma representação da superfície da balhadores de áreas variadas, estando também cada
Terra, ou de uma parte dela, que é feita em escala vez mais presentes no nosso cotidiano.
reduzida sobre uma superfície plana.
Antes confeccionados à mão, a produção de ma- Importância dos mapas
pas conta hoje com um amplo conjunto de técnicas
modernas, como softwares de geoprocessamento e Enquanto representações cartográficas da reali-
imagens de satélite, que garantem assim uma maior dade, os mapas trazem uma grande quantidade de
precisão das informações que são neles expressas. informações a respeito de onde vivemos e de di-

188
LÍNGUA ESPANHOLA
versas outras localidades, o que permite aprofundar comparativo de áreas e a análise da evolução e trans-
os nossos conhecimentos sobre o espaço e fazer a formação de um ou mais aspectos de uma localidade
descoberta de novas áreas. específica, como o crescimento da área urbana de
O conjunto de aspectos que os mapas podem um município.
retratar é amplo, abrangendo desde características A importância dos mapas reside também, e prin-
físicas de uma determinada porção da superfície ter- cipalmente, no fato de eles serem ferramentas que
restre até dados econômicos e informações quanti- nos auxiliam na localização e nos nossos desloca-
tativas e qualitativas sobre a população de um lugar. mentos. Mediante a sua leitura e interpretação, pode-
Levando em consideração o caráter das infor- mos identificar onde estamos, traçar rotas para irmos
mações que podem ser reunidas nos mapas, eles se de um ponto ao outro e, ainda, realizar o cálculo de
tornam importantes também para o planejamento distâncias.
e para a gestão pública, por exemplo, permitindo o https://brasilescola.uol.com.br

Observa el mapa de una ciudad y contesta a las preguntas.

https://espanolparainmigrantes.wordpress.com

11. ¿Dónde está la piscina?

12. ¿Qué hay detrás de la iglesia?

13. ¿Dónde está el banco?

14. ¿Qué hay alrededor de la tienda?

15. ¿Qué es un centro comercial?

189
LÍNGUA ESPANHOLA
Aula 4 - Placas en general

https://mundodoautomovelparapcd.com.br

Placa

As placas são gêneros textuais utilizados para sinalizar, instruir e /ou informar alguém sobre algo. Existem
as placas de trânsito/de sinalização, os outdoors (que apresentam em maioria propagandas), as informativas
que direcionam, por exemplo, o comprador para a seção de peças masculinas e as instrucionais que demons-
tram algum comando, movimento e/ou ação. Normalmente, a linguagem é direta e curta. Há texto híbrido
ou somente imagens/símbolos.
https://descomplica.com.br

Actividades

Observa las placas y contesta a las preguntas.


https://www.pinterest.es

16. ¿Lo qué hay en común en las placas?

17. Traduzca al portugués 5 placas.

190
LÍNGUA ESPANHOLA
18. La placa adelante está en el mundo todo: Tipos de pronombres

En español hay varios tipos de pronombres que


se clasifican según su empleo. Son los siguientes:

Pronombres personales

Suelen referirse a personas sin nombrarlas por su


nombre. Son los siguientes:
https://www.shutterstock.com

Persona Pronombre personal


a) Explica el motivo.
1ª singular Yo, me, mi, conmigo
2ª singular Tú, usted, te, ti, contigo
3ª singular Él, ella, ello, lo, la, los, las, le, les,
se, si, consigo
b) ¿Cuál es el mensaje? 1ª plural Nosotros/as, nos
2ª plural Vosotros/as, os
3ª plural Ellos, ellas, los, las, les, consigo

• Ej.: Yo no tengo hambre pero ellos si


• María te llamó por teléfono (a ti)
• Dijeron que os tendríamos que recoger hoy (a
Aula 5 - Los pronombres vosotros)
• Me gusta, lo compro (un objeto).

Pronombres relativos

Son aquellos que unen dos frases, relacionando


la segunda con la primera. No se acentúan y suelen
ir acompañados de artículos o preposiciones. Son los
siguientes: que, cual/cuales, cuanto/cuanta/cuantos/
cuantas, donde, quien/quienes, cuyo/cuya/cuyos/cuyas

• Ej.: La chica que nos saludó es mi amiga Ana.


• El pueblo del cual te hablé está aquí al lado.
https://firsthandspanish.com • La maestra nos enseñó todo cuanto sabía.

¿Qué son los pronombres? Pronombres demostrativos

La palabra pronombre significa literalmente “en Los pronombres demostrativos indican dónde se
lugar del nombre”. Se emplean para referirse a las encuentra algo o alguien en relación a quien habla.
personas, los animales o las cosas sin nombrarlas y Pueden mostrar grados de cercanía diferentes (aquí,
pueden sustituir al sustantivo, adquiriendo su sig- ahí o allí) y se acentúan para distinguirlos de los ad-
nificado y evitando así su repetición. Además coin- jetivos demostrativos.
ciden en género y número con el sustantivo al que Son los siguientes:
sustituyen. Los pronombres hacen referencia a algo
o alguien ya conocido por el que habla y por el que Persona Pronombre demostrativo
escucha. Además, es importante saber que nunca Masculino singular Éste, ése, aquél
acompañan a un sustantivo sino que lo reemplazan. Femenino singular Ésta, ésa, aquélla
Ej.: Miguel, el chico tan guapo que vive arriba,
juega muy bien al ajedrez. Neutro singular Esto, eso, aquello
Él es muy bueno en su estrategia. El pronombre Masculino plural Éstos, ésos , aquéllos
él reemplaza a Miguel, el chico tan guapo que vive Femenino plural Éstas, ésas, aquéllas
arriba.

191
LÍNGUA ESPANHOLA
• Ej.: Aquél de allí es mi hermano. • Ej.: Me visto rápido y voy.
• Ésa no es buena, coge mejor la otra. • Se sentó en el sofá a descansar.
• Estos no me gustan, prefiero los libros de aven- • Vamos a maquillarnos al baño.
turas.
Pronombres indefinidos
Pronombres posesivos
Hacen una mención a algo sin identificarlo o bien
Indican pertenencia. Pueden expresar un único de manera vaga. Tienen formas muy variadas: Un/
poseedor o varios: una/ unos/ unas, algún/ alguna/ algunos/ algunas,
ningún/ ninguna/ ningunos/ ningunas, otro/otra/
Persona Pronombre posesivo otros/otras, tanto/ tanta/ tantos/ tantas, mucho, de-
1ª singular Mío/a , míos/as masiado, escaso, todo…
2ª singular Tuyo/ a, tuyos/as
• Ej: Algunas personas no creen en eso.
3ª singular Suyo/a, suyos/as • Unas vienen, otras se van.
1ª plural Nuestro/a, nuestros/as • No quiero tanto, ya tenemos demasiado.
2ª plural Vuestro/a, vuestros/as
3ª plural Suyo/a, suyos/as https://global-exam.com/blog/es

• Ej.: Ese no es mi coche, el mío es negro. Actividades


• Llegaron todas las maletas menos las nuestras.
• Si esas son las vuestras, ¿de quién son las otras? Mira la tira:

Pronombres interrogativos y exclamativos

Sirven para preguntar sobre algo de lo que se está


hablando o para exclamar. Van acompañados de sig-
nos interrogativos o exclamativos (¿? , ¡ !) y deben
acentuarse. Son: qué, quién/quiénes, cuál/cuáles,
cuánto/cuántos, cómo.

• Ej.: ¿Qué es eso?


• ¿Quiénes son tus amigos?
• ¡Cuánto has crecido!
• ¡Cómo habla de bien! https://blogdoenem.com.br

Pronombres reflexivos y recíprocos 19. Explica lo qué se pasa en la historieta.

Pueden indicar que nos hacemos algo a nosotros


mismos (reflexivos) o que hacemos algo a alguien que
nos lo hace a nosotros al mismo tiempo (recíproco).
Pueden ir al final del verbo o de manera indepen-
diente.
20. Saca los pronombres y clasifícalos.
Pronombre Pronombre
Persona
reflexivo recíproco
1ª singular Me Solo existen en plural
ya que implican a varios
sujetos
2ª singular Te
21. Traduzca el último cuadro.
3ª singular Se
1ª plural Nos Nos
2ª plural Os Os
3ª plural Se Se

192
LÍNGUA ESPANHOLA
Aula 6 - Repaso de artículos y sustantivos

Los artículos en español no se difieren mucho del uso en portugués. Son utilizados para establecer el
sustantivo o elementos de que hacen referencia en la oración, concordando en género y número. Existen dos
tipos de artículos, el determinado y el indeterminado. El artículo neutro, que no existe en portugués, hace
parte del grupo de los artículos determinados; su uso es muy diverso y, por eso, suele ser el más difícil para
los brasileños.

https://mundoeducacao.uol.com.br

El artículo neutro

https://professorakarinyoliveira.blogspot.com/2018/06/lo-neutro.html

Las contracciones en el español

https://amigopai.wordpress.com

193
LÍNGUA ESPANHOLA
Sustantivos Los sustantivos abstractos y concretos: Son
aquellos que se clasifican de acuerdo a si son objetos
Definición físicos o conceptos / ideas / sentimientos.

El sustantivo es la palabra que usamos para nom- Ejemplos:


brar a los objetos, a las personas, a los países, etc. Igual • Anoche mi hijo tuvo miedo. (sustantivo
que los artículos, tienen género (femenino o masculi- abstracto)
no), y número (singular o plural). Estas características • Necesitas tener paciencia. (sustantivo
deben coincidir siempre con las del artículo. abstracto)
• Te invito a mi casa. (sustantivo concreto)
Clasificación de los sustantivos • Voy a escribir con un lápiz rojo. (sustantivo
concreto)
Los sustantivos pueden clasificarse en:
• Sustantivos Masculinos y Femeninos. Los sustantivos colectivos: Son aquellos que
• Sustantivos Singulares y Plurales. denominan un conjunto de seres u objetos, dando la
• Sustantivos Propios y Comunes. idea de pluralidad y tienen como referencia un grupo
• Sustantivos Abstractos y Concretos concreto de entidades, pero se escriben en singular.
• Sustantivos Individuales y Colectivos
• Sustantivos Contables e Incontables Ejemplos:
• Sustantivos Primitivos y Derivados • Enjambre (sustantivo colectivo) - conjunto de
• Sustantivos Compuestos abejas
• Jauría (sustantivo colectivo) - conjunto de
Los sustantivos masculinos y femeninos: Son perros
aquellos que se clasifican de acuerdo al género. • Rebaño (sustantivo colectivo) - conjunto de
ovejas
Ejemplos:
• La mesa es de madera. (sustantivo femenino) Los sustantivos contables e incontables: Son
• Carolina es una profesora de español de aquellos que se clasifican de acuerdo a si se puede
Woodward. (sustantivo femenino) contar el sustantivo o no contar el sustantivo.
• El libro es muy interesante. (sustantivo
masculino) Ejemplos:
• El piloto vuela a Chile. (sustantivo masculino) • Voy a la biblioteca para sacar un libro.
(sustantivo contable)
Los sustantivos singulares y plurales: Son aquellos • Hay cuatro sillas alrededor de la mesa.
que se clasifican de acuerdo al número. (sustantivo contable)
• No necesito azúcar en mi café. (sustantivo
Ejemplos: incontable)
• El vaso está lleno. (sustantivo singular) • Cuando desperté, había nieve afuera de la casa.
• La silla es muy cómoda. (sustantivo singular) (sustantivo incontable)
• Las familias de Chile almuerzan juntas los
domingos. (sustantivo plural) Los sustantivos primitivos y derivados: Son
• Los amigos de mi hermano son simpáticos. aquellos que se clasifican de acuerdo a si provienen
(sustantivo plural) de otra palabra.

Los sustantivos propios y comunes: Son aquellos Ejemplos:


que se clasifican de acuerdo a su extensión. • Me gusta comer pan con queso. (sustantivo
primitivo)
Ejemplos: • ¿Puedes ir a la panadería a comprar algo?
• Las niñas ensayan mucho para su presentación. (sustantivo derivado)
(sustantivo común) • Huele muy bien esa rosa. (sustantivo primitivo)
• El computador es indispensable para mi • Hubía un rosal al lado de mi casa. (sustantivo
trabajo. (sustantivo común) derivado)
• Mi escuala de español se llama Woodward.
(sustantivo propio) Los sustantivos compuestos: Son aquellos que
• El señor Parraguéz vive en Coquimbo. están formados por dos palabras simples.
(sustantivo propio)

194
LÍNGUA ESPANHOLA
Ejemplos:
• abrelatas (sustantivo compuesto)
• sacacorchos (sustantivo compuesto)
• cortafuegos (sustantivo compuesto)
• cumpleaños (sustantivo compuesto)
• matamoscas (sustantivo compuesto)

Resumen:

https://www.spanish.cl/Grammar/Notes/Sustantivos.htm

___leche
Actividades
___árbol
22. Escribe los artículos y las contracciones que fal-
tan: __cárcel

a) _____ dieta ______ enfermo enriquece _____ ___coche


bolsa ______médico. ___viaje
b) _____ poder humano se parece _____ divino ___desorden
cuando _____ misericordia produce justicia.
___nariz
c) Vengo _____ colegio y ya voy _____ gimnasio.

24. Completa con LO o EL, según cada caso:


23. Pon el artículo EL o LA según el género:
a) ______ principal de la vida es amar.
___mal
b) ______ chico y la chica son hermanos.
___pantalón
c) ______ importante no es ganar, sino competir.
___paisaje
d) ______ barato es caro.
___sonrisa

195
LÍNGUA ESPANHOLA
25. Mira el ejercicio adelante.

https://www.liveworksheets.com

Aula 7 - Repaso de adjetivos • Vaso redondo


(copo redondo)
• Persona interesante
(pessoa interessante)
• Chica guapa
(moça/menina bonita)

¡OJO1! O adjetivo guapo/guapa só se aplica a


Los adjetivos (os adjetivos em espanhol) cons- pessoas; para coisas e outros seres, usa-se bonito/a.
tituem uma classe gramatical que tem por função ¡OJO2! Alguns substantivos femininos que come-
acompanhar o substantivo, atribuindo-lhe proprie- çam por -a tônico são usados no masculino quando
dades ou qualidades, estado, origem ou procedência. em singular, como agua e águila (águia). Nesses casos,
o adjetivo continua a ser empregado no feminino.
Também podem atuar como modificadores de infini-
• El agua fría
tivos substantivados e pronomes indefinidos.
(A água fria)
São palavras variáveis que sempre concordam
• El águila rápida
com o substantivo, apresentando, portanto:
(A águia rápida)
• gênero (masculino e feminino)
• número (singular e plural) Relacionales
• grau (aumentativo, diminutivo, comparativo e Expressam uma característica do substantivo, co-
superlativo) locando-o em uma determinada categoria.
• Escalera mecánica
Nos próximos tópicos, vamos conhecer melhor (escada rolante)
essa classe gramatical. ¡Échale ganas! • Mueble de madera
(móvel de madeira)
Tipos de adjetivos • Dolor muscular
(dor muscular)
Calificativos
Designam propriedades físicas (tamanho, cor, Os adjetivos também expressam estados de âni-
forma etc.), qualidades abstratas, estados de ânimo, mo: preocupado/a, nervioso/a, contento/a, sorpren-
caráter, entre outras propriedades. dido/a.

196
LÍNGUA ESPANHOLA
Adjetivos de sentido adverbial • Em adjetivos terminados em -án, -ín, -ón, -or e
Expressam noções temporais ou modais, como os nos gentilícios terminados em consoantes, acrescen-
advérbios; sempre precedem o adjetivo. ta-se -a para formar-se o feminino.
• Ella es la futura ministra de salud.
(Ela é a futura ministra da saúde.) Masculino Femenino
• El presunto ladrón se presentó a la policía.
holgazán – parlanchín holgazana – parlanchina
(O suposto ladrão se apresentou à polícia.)
– campeón – vencedor – campeona – vencedora
Gênero dos adjetivos alemán – inglés alemana – inglesa

Do ponto de vista flexional, existem três tipos de https://mundoeducacao.uol.com.br/espanhol/


adjetivos: los-adjetivos.htm

I – Os adjetivos de duas terminações Actividades


São aqueles que apresentam flexão de gênero
(masculino e feminino). Confira as regras: 26 Recuerda qué es un adjetivo y cómo pueden ser
• Se o masculino termina em -o ou -e, o feminino el género y el número. Ahora, en el siguiente
termina em -a: ejercicio, subraya el adjetivo que acompaña al
sustantivo y escribe al lado su género y número:
Masculino Femenino . gato negro . jarrón roto
. niño dormido . cielo gris
flaco – rico – pelado flaca – rica – pelada
. agua limpia . laboriosas abejas
(magro – rico – careca) (magra – rica – careca)
. bebé alegre . muñeco bonito
grandote (grandalhão) grandota (grandalhona) . persona agradable . rubia cabellera
. jardín florido . frondoso árbol
. cansado obrero . hombre fuerte

27. Observa la tira y contesta a las preguntas.

a) Explica lo que pasa en la historieta.

b) Saca los adjetivos.

197
LÍNGUA ESPANHOLA
Aula 8 - Formas de tratamiento confiança (amigos, família, conhecidos) ou também
em situações formais.
Tratamiento formal o informal Exemplo: Ustedes necesitan ayuda. / (Você pre-
cisam de ajuda.)
Este pronome é usado maioritariamente em Amé-
rica Latina, em algumas regiões de Espanha (formal e
informalmente) e na Espanha maioritariamente usa-
-se (formalmente).

Vos
Usa-se este pronome como substituição de “tú”
em nos países da região rio-platense (Argentina, Uru-
Vamos aprender mais um pouco, dessa vez vamos guai e Paraguai) e alguns países da América Central.
ver quando usamos Tú e Usted a linguagem formal e
informal em espanhol. https://www.muchoespanhol.com
Imaginemos agora que você está em uma lancho-
nete e precisa conversar com alguém de sua idade ou
uma idade bastante próxima, então, que registro da
língua você usaria: formal ou informal?

(Informal): Usa-se este pronome pessoal e as es-


truturas que o acompanham (te, tu, etc…) para escre-
ver ou falar com uma pessoa (singular) de confiança
(amigos, família, conhecidos).
Exemplo: Tú eres mi mejor amigo. / (Você é meu
melhor amigo.)
https://www.espanolcontodo.com
Usted

(Formal): Usa-se este pronome pessoal e as estru- Actividades


turas que o acompanham (le, su, etc…) para escrever
ou falar com uma pessoa (singular) com a que não
temos confiança (um idoso, no trabalho, com o chefe). 28. Marca “ I” para el registro informal y “F” para el
Exemplo: Usted necesita ayuda. / (O (a) senhor(a) formal.
precisa de ajuda.) a) ¿Cómo se llaman tus hermanos, Pepe? ( )
b) Buenos días, doña Marta. ¿Cómo le va? ( )
Segue outras formas de formais e informais: c) Mira Pedro, te presento a mi hermana. ( )
d) Margarita, Pedro Alonso te espera en la sala
Vosotros ou Vosotras de reuniones. ( )
e) ¿Y sus padres, cómo se llaman? ( )
(Informal): Usam-se estes pronomes pessoais e
as estruturas que os acompanham (os, vuestro, vues- 29. Convierte el siguiente texto a la forma de trata-
tra, etc…) para escrever ou falar com várias pessoa miento USTED.
(plural) com as que temos confiança (amigos, família, Te llamas Felisa, eres de San José, eres directora
conhecidos). de un banco. Tu trabajo es interesante pero
Exemplo: Vosotros sois mis mejores amigos. / duro. Trabajas muchas horas. Por las tardes
(Vocês são meus melhores amigos.) Este pronome é tienes clases particulares de inglés en tu casa. El
usado maioritariamente na Espanha. inglés es muy importante para ti. Tu profesor es
norteamericano. Las clases son muy divertidas.
Ustedes Los fines de semana descansas y lees mucho…

(Formal e informal): Usamos este pronome pesso-


al e as estruturas que o acompanham (les, sus, etc…)
para escrever ou falar com várias pessoas (plural) de

198
LÍNGUA ESPANHOLA
Aula 9 - Autores hispánicos en ENEM Em 1945, seus pais se separaram e sua mãe vol-
tou para Santiago, capital do Chile, levando seus três
Biografia de Eduardo Galeano filhos, onde Isabel passou sua infância e parte de sua
juventude.
Eduardo Galeano (1940-2015) foi um escritor e Após sua mãe casar-se com outro diplomata, em
jornalista uruguaio, autor do livro “As Veias Abertas da 1953, a família foi morar em La Paz, na Bolívia, onde
América Latina”, uma obra que exerceu profunda influ- Isabel estudou em uma escola americana. Em segui-
ência no pensamento de esquerda latino-americano. da, mudaram-se para Beirute, no Líbano, onde ela
Eduardo Galeano (1940-2015) nasceu em Monte- ingressou em uma escola inglesa.
vidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940. Descen- Em 1958, Isabel Allende voltou para Santiago e
dente de uma família de classe média, de formação iniciou no curso de jornalismo. Nessa época, começou
católica, pensava em se tornar jogador de futebol, a escrever contos infantis e peças para o teatro.
mas percebeu que não tinha habilidade necessária Em 1960, Isabel Allende entrou para a seção chi-
para isso, mas veio a escrever muito sobre o espor- lena da Organização das Nações Unidas (FAO), que
te. Acabou exercendo trabalhos diferenciados, como trabalha pela melhoria do nível de vida da população
caixa de banco e datilógrafo. carente.
Embora aos 14 anos ele já houvesse enviado uma Em 1962, Isabel casou-se com Miguel Frias, com
charge para o jornal El Sol, do Partido Socialista, sua quem teve dois filhos, Paula e Nicolás.
carreira na imprensa só se firmaria na década de 60, Em 1967, Isabel passou a escrever para uma re-
quando se tornou editor do jornal “Marcha”, ao lado vista feminina e também pra uma revista infantil. Em
de colaboradores como Vargas Llosa (futuro Prêmio 1970 começou a trabalhar na televisão, apresentando
Nobel) e Mario Benedetti. um programa de entrevistas. Sua peça de teatro, “O
Nos anos 70, com regime militar no Uruguai, foi Embaixador”, estreou em 1972.
perseguido pela publicação de seu livro “As Veias Em 1973, ocorreu um golpe militar no Chile, en-
Abertas da América Latina” (1971), obra de referên- cabeçado pelo general Augusto Pinochet, que depôs
cia de esquerda, na qual o autor analisa a história da o presidente Salvador Allende, tio de Isabel Allende.
América Latina do colonialismo ao século 20. Em 1973, Com a instauração de uma ditadura militar no Chile
foi preso em decorrência do golpe militar em seu país, e a morte de Salvador Allende, Isabel deixou o país,
exilou-se, posteriormente na Argentina, onde lançou junto com sua família, refugiou-se em Caracas, na
a revista cultural “Crisis”. Venezuela.
Em 1976, Eduardo Galeano mudou-se para a Es- Isabel Allende viveu na Venezuela até 1987, ano
panha, por causa da crescente violência da ditadura em que se divorciou do marido e se mudou para os
argentina. Em 1985, lançou na Espanha o livro “Me- Estados Unidos.
mória do Fogo”. Nesse mesmo ano voltou ao Uruguai. Em 1991, morando nos Estados Unidos, Isabel
Autor de mais de trinta livros, traduzidos para cer- descobriu que sua filha Paula tinha uma grave doença
ca de vinte idiomas, Galeano declarou, em 2014, que neurológica e, depois de um longo período em coma,
não se identificava mais com sua anticapitalista obra acabou morrendo.
“As Veias Abertas da América Latina”. Sobre ela, disse Durante o coma da filha, Isabel começou a es-
o autor: “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional crever a obra Paula. O luto e a depressão levaram a
é extremamente árida, e meu físico já não a tolera”. escritora a relatar os fatos ocorridos durante a grave
Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio In- doença.
ternacional de Direitos Humanos através da Global Publicada em 1994, a obra Paula, foi seu primeiro
Exchange, instituição humanitária americana. trabalho de não ficção e muitos críticos consideram
Eduardo Galeano faleceu em Montevidéu, no Uru- essa a melhor obra da escritora.
guai, no dia 13 de abril de 2015.
Fundação Isabel Allende
Biografia de Isabel Allende
Após a morte de sua filha e da publicação da obra
“Paula”, a escritora passou por um forte bloqueio cria-
Isabel Allende (1942) é uma escritora e jornalista
tivo e aceitou o convite de uma amiga para conhecer
chilena. Seu livro mais conhecido, A Casa dos Espíri-
a Índia na tentativa de superar o luto.
tos, foi adaptado para o cinema em 1993. Suas obras
Na Índia, Isabel viveu um momento que mudaria
foram traduzidas para vários idiomas.
sua vida, quando uma mulher lhe entregou uma crian-
Isabel Allende Llona nasceu em Lima, no Peru, no
ça recém-nascida. O bebê lhe foi oferecido porque o
dia 2 de agosto de 1942. Seu pai, Thomás Allende, era
nascimento de uma menina não era bem aceito na
um diplomata chileno e sua mãe, Francisca Llona, era
sociedade local.
dona de casa.

199
LÍNGUA ESPANHOLA
Depois do choque da experiência, a escritora de- a) ¿Qué indica la placa?
cidiu criar a “Fundação Isabel Allende”, para ajudar
mulheres e crianças em situação de risco.
Morando nos Estados Unidos e ainda escrevendo,
suas obras estão sempre nos primeiros lugares da lista
dos livros mais vendidos nas Américas e na Europa.
https://www.ebiografia.com b) ¿Cómo podemos traducirla?

Actividades

30. Busca un poema, crónica o cuento de los autores


34. A partir del mapa, haz lo necesario para respon-
y escriba en su cuaderno o apostila.
der.

Aula 10 - Repaso para la prueba

https://pebblebrookhigh.typepad.com

31. ¿Qué forma de tratamiento usarías? Marca (F)


para formal y para informal ( I )
a) ( ) ¡Hola! ¿Qué tal?
b) ( ) ¿Dónde vives?
c) ( ) ¿Cómo se llaman?

d) ( ) ¿Dónde vive?
e) ( ) ¿Qué haces?
a) ¿Cuál es el país con mayor territorio en Améri-
f) ( ) Buenas tardes, siéntese, por favor.
ca del Sur?
g) ( ) ¿Cómo estás?
h) ( ) ¿Cómo está?

32. ¿Qué partes son importantes en una carta de


presentación?
b) ¿Con qué países Uruguay haz frontera?

33. Observa la placa y contesta a las preguntas.


c) ¿Cuáles son los países que no tienen una costa
litoránea?

https://www.soespanhol.com.br

200
LÍNGUA ESPANHOLA
35. Pon atención en el texto adelante: b) Dos sustantivos en plural.
Hola. Me llamo María y tengo 8 años. Soy bajita y
delgada. Mi pelo es negro y rizado y mis ojos son
grandes y verdes. Soy una niña simpática y risueña.
Me encantan los animales y tengo una perra en c) Un artículo.
mi casa que se llama Lola.
Me gusta ir al colegio porque en mi clase hay
muchas niñas y muchos niños y juego con ellos.
d) Una contracción.
a) Saca tres adjetivos.

36. Mira la tira de Gaturro.

a) Escribe en portugués lo que se pasa. Aula 11- (Semana da avaliação)

Países que hablan español como lengua ma-


terna, lengua oficial

A grande maioria dos países da América são "his-


b) Saca los artículos y clasifícalos. panohablantes", sendo que o Brasil é uma das poucas
exceções entre as nações americanas que não falam o
Espanhol oficialmente, assim como o Haiti, as Guianas
e a Jamaica, por exemplo.
Além da América, a língua também é ouvida nos
diálogos entre nativos de alguns países na África, onde
os navegadores espanhóis também estiveram presen-
c) ¿Qué pronombre personal aparece en la tira? tes, mas não com deixaram a influência em grande
¿Es formal o informal? ¿Por qué? quantidade de colônias, como as americanas.
Ao todo, há 22 países que falam Espanhol oficial-
mente ao redor do mundo. São nações localizadas na
América do Sul, Central e do Norte, na África e, claro,
na Europa, de onde veio o idioma.

201
LÍNGUA ESPANHOLA

PS: También se habla español en Saara Occidental

Veja os 22 países que falam Espanhol:


• Argentina: é a única língua falada oficialmente pelos “hermanos” vizinhos do Brasil.
• Bolívia: a grande população de origem indígena faz com que idiomas nativos, como o quechua, ainda
prevaleçam na cultura boliviana.
• Chile: no Chile, o Espanhol é o único idioma oficial.
• Colômbia: o Espanhol é o único idioma oficial da Colômbia
• Costa Rica: na Costa Rica, também é a única língua falada oficialmente.
• Cuba: na ilha cubana, o espanhol é o único idioma oficial.
• El Salvador: o país também só possui o idioma como oficial.
• Equador: os equatorianos possuem o Espanhol como idioma oficial.
• Espanha: com as grandes navegações a partir do século XV, o país europeu espalhou o idioma princi-
palmente para nações americanas. No entanto, há outros idiomas falados no território, como línguas
Catalã, Galego e Basco.
• Guatemala: é um país que conta apenas com a língua como oficial.
• Guiné Equatorial: o Espanhol é o principal idioma do país africano, que também tem o francês e o por-
tuguês como oficiais.
• Honduras: também só possui o Espanhol, oficialmente.
• México: no México, apenas o Espanhol é reconhecido como idioma oficial.
• Nicarágua: também só possui o Espanhol, oficialmente.
• Panamá: também só possui o Espanhol, oficialmente.
• Paraguai: além do Espanhol, o Paraguai conta com o Guarani, idioma que também é falado no Brasil,
como oficial.
• Peru: o Peru é mais um país que conta com um idioma indígena oficial: além do Espanhol, os peruanos
falam a Língua Aimará.
• Porto Rico: a ilha não é oficialmente um país, mas um território não incorporado dos EUA. Por isso,
também tem o Inglês como idioma.
• República Dominicana: também só possui o Espanhol, oficialmente.
• Saara Ocidental: o país conta com o Espanhol e o Árabe como Idiomas oficiais.
• Uruguai: também só possui o Espanhol, oficialmente.
• Venezuela: embora tenha diversos idiomas falados no país, a Venezuela também só possui o Espanhol
como oficial.
https://querobolsa.com.br/revista/paises-que-falam-espanhol

202
LÍNGUA ESPANHOLA
Aula 12 - Interpretación (conselho de classe)

https://institutokailua.com/blog/iguais-so-que-nao-o-caso-dos-heterogenericos/

203
Matemática
Prof. Ujeverson Tavares Sampaio
MATEMÁTICA
AULAS 01 E 02 Reta real
GEOMETRIA ANALÍTICA
No ensino fundamental vimos que a reta numérica
ou reta real é uma representação do conjunto dos
CONTEÚDO
números reais.
• Geometria analítica – ponto, reta e plano.
Assim, dada a reta real, sabemos que entre os
pontos da mesma e os números reais representados
EIXO(S) TEMÁTICO(S)
nela há uma correspondência biunívoca, isto é, para
• Espaço e Forma.
cada ponto da reta existe um único número real cor-
respondente ao mesmo e vice-versa.
HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Compreender os conceitos de ponto, reta e plano;
Representação geométrica da reta real
• Calcular a distância entre dois pontos na reta
orientada e no plano cartesiano;
• Resolver problemas utilizando o cálculo da dis-
tância entre dois pontos.

Na reta real temos que:


Conceitos básicos: O ponto e sua represen- • O ponto 0 (zero) é a origem da reta;
tação na reta real e no plano cartesiano • Os valores representados a direita da origem
são números positivos ;
Em matemática, no estudo da Geometria Analí- • Os valores representados a esquerda da origem
tica, veremos que as figuras geométricas podem ser são números negativos .
analisadas através de seus elementos e por meio de
processos algébricos. Nesta aula, estudaremos sobre É importante ressaltar que na reta numérica en-
o ponto, noções de reta real, medidas algébricas do
tre dois pontos quaisquer existirão, sempre, infinitos
segmento e plano cartesiano.
números reais.
Matemática no dia a dia
Medida algébrica de um segmento
O Sistema de Posicionamento Global, popular-
Quando fazemos uma correspondência entre dois
mente conhecido por GPS (sigla do nome em inglês
pontos na reta numérica temos uma medida algébrica
Global Positioning System), utiliza satélites para locali-
de um segmento.
zar um aparelho receptor na superfície da Terra. Esse
Assim, na reta a seguir, fazendo corresponder a
aparelho decodifica os sinais emitidos pelos satélites
e calcula a própria posição, que é fornecida em coor- dois pontos, A e B, do eixo das abscissas ( ) os
denadas geográficas de latitude, longitude e altitude. números reais , temos:
O receptor GPS de um veículo sugere, por exem-
plo, o trajeto mais curto entre a Praça Cívica e a sede
da Secretaria Estadual de Educação do Estado de
Goiás – SEDUC, na cidade de Goiânia - GO. O tempo
estimado pelo mapa impõe que os deslocamentos de
veículos terrestres sejam realizados por ruas e aveni-
das, respeitando as leis de trânsito. abscissa do ponto A
abscissa do ponto B
medida algébrica de

Logo, temos que a medida algébrica de um seg-


mento orientado é o módulo do número real que
corresponde à diferença entre as abscissas da extre-
midade e da origem desse segmento.
Observe o exemplo a seguir,

Trajeto saindo da Praça Cívica até à SEDUC – GO, em Goiânia


às 11h. Fonte: Google Maps. Disponível em: <https://www.
google.com/maps/>. Acesso em: 02 dez. 2020.

206
MATEMÁTICA
Exemplo:
Dado o plano cartesiano a seguir:

Plano cartesiano

Existe uma relação entre um ponto do plano e um


par ordenado de números reais: a cada ponto P do
plano cartesiano corresponde um par ordenado de
números reais e, inversamente, a cada par tem como
seu correspondente um ponto P do plano.

Geralmente:
• Usa-se a notação para indicar o par or-
denado em que é o primeiro elemento e é
o segundo elemento;
• O eixo horizontal é o eixo das abscissas;
Determine:
• O eixo vertical é o eixo das ordenadas;
a) As coordenadas dos pontos;
• O ponto , intersecção de e é a ori- b) Os pares ordenados que pertençam ao eixo das
gem; abscissas (eixo x)? Justifique.
• Se o ponto pertence ao eixo das abscissas, suas c) Os pares ordenados que pertençam ao eixo das
coordenadas são ; ordenadas (eixo y)? Justifique.
• Se o ponto pertence ao eixo das ordenadas, d) Os pares ordenados que pertençam ao primeiro
suas coordenadas são ; quadrante?
e) Os pares ordenados que pertençam ao segundo
• O ponto pertence aos dois eixos;
quadrante?
• O plano que contém e é o Plano Carte- f) Os pares ordenados que pertençam ao terceiro
siano; quadrante?
• Os eixos e são denominados eixos orde- g) Os pares ordenados que pertençam ao quarto
nados; quadrante?
• Os dois eixos coordenados dividem o plano car- h) A medida algébrica do segmento .
tesiano em quatro quadrantes, onde cada qua-
drante tem os sinais conforme a figura abaixo. Solução:
a) A = (-2,4), B = (4,3), C = (1,2), D = (0,1), E = (-1,0),
Representação gráfica: F = (0,0), G = (2,0), H = (0,-2), I = (-3,-4), J = (3,-3)
b) Os pontos , pois a ordenada é zero.
c) Os pontos , pois a abscissa é zero.
d) Os pontos .
e) O ponto .
f) O ponto .
g) O ponto .
h) A medida algébrica do segmento , pois
.

207
MATEMÁTICA

ATIVIDADES

1. Dado o plano cartesiano, determine as coorde-


nadas dos pontos:

A família pretende que esse imóvel tenha a mes-


ma distância de percurso até o local de trabalho
da mãe, localizado na rua 6 com a rua E, o consul-
tório do pai, na rua 2 com a rua E, e a escola das
crianças, na rua 4 com a rua A. Com base nesses
dados, o imóvel que atende as pretensões da fa-
2. Localize os pontos no plano cartesiano: mília deverá ser localizado no encontro das ruas
a) 3 e C.
b) 4 e C.

c) 4 e D.
d) 4 e E.
e) 5 e C.
3. Com base no gráfico do exercício anterior respon-
da as questões a seguir:
a) Quais dos pares pertencem ao eixo das abscis-
sas (eixo x)? Justifique.
AULAS 03 E 04
b) Quais dos pares pertencem ao eixo das orde- GEOMETRIA ANALÍTICA
nadas (eixo y)? Justifique.
c) Quais dos pares pertencem ao primeiro qua- CONTEÚDO
drante? • Ponto Médio de um segmento
d) Quais dos pares pertencem ao segundo qua-
drante? EIXO(S) TEMÁTICO(S)
e) Quais dos pares pertencem ao terceiro qua- • Espaço e Forma.
drante?
f) Quais dos pares pertencem ao quarto qua- HABILIDADES DE CONHECIMENTO
drante? • Obter o ponto médio de um segmento de reta;
g) Qual a medida algébrica do segmento ?

4. (ENEM 2016) Uma família resolveu comprar um Ponto Médio de um Segmento


imóvel num bairro cujas ruas estão representa-
das na figura. As ruas com nomes de letras são Considere os pontos e extremos de um seg-
paralelas entre si e perpendiculares às ruas iden- mento de reta e o ponto que divide esse segmento
tificadas com números. Todos os quarteirões são exatamente ao meio.
quadrados, com as mesmas medidas, e todas as
ruas têm a mesma largura, permitindo caminhar Chamamos de ponto médio o ponto perten-
somente nas direções vertical e horizontal. Des- cente ao segmento que o divide em dois outros
considere a largura das ruas. segmentos com medidas iguais.

208
MATEMÁTICA

Calculando do ponto médio :

Exemplo 1:
Dados os pontos e , calcule as
Observe o gráfico a seguir:
coordenadas do ponto médio do segmento .

No gráfico, é o ponto médio do segmento


e o nosso objetivo é encontrar suas coordenadas.
Para isso, considere que o ponto M divide o seg-
mento AB em duas partes iguais .
Por projeções ortogonais de nos ei-
xos coordenados, obtemos segmentos que pos-
suem as mesmas condições, logo podemos dizer:
.

Calculando do ponto médio :


Exemplo 2:
Sejam os pontos todos sobre uma reta.
Sabendo que Q tem como coordenadas , tem
como coordenadas e que é ponto médio do
segmento , determine as coordenadas da extre-
midade do segmento.

209
MATEMÁTICA

2. Sendo ponto médio do segmento ,


com , podemos afirmar que o ponto
tem coordenadas:

a)

b)

c)

Graficamente, temos:
d)

e)

3. Os pontos são vértices


de um triângulo. Sendo o ponto médio do seg-
mento o ponto médio do segmento
e o ponto médio do segmento , resolva
os itens abaixo:
a) Construa o triângulo no sistema de coordena-
das cartesianas;
b) Encontre os pontos .
c) Verifique que o triângulo é escaleno.

ATIVIDADES 4. Considere a figura representada no sistema car-


tesiano a seguir:

1. Sejam os pares ordenados indicados no


gráfico a seguir.

Sendo , ana-
Considerando o ponto médio do segmento lise as afirmações:
o ponto médio do segmento I – A figura é um quadrado.
o ponto médio do segmento , calcule II – As diagonais medem .
. III – O ponto médio do segmento AB é .

210
MATEMÁTICA
Quais das afirmações acima são verdadeiras?
a distância entre
a) I e II
eles será determinada em função das suas coorde-
b) I e III
nadas.
c) II e III
Para se calcular a distância entre dois pontos te-
d) I, II e III
mos três formas distintas de calcular, esta distância,
e) Todas são falsas
entre os pontos :
5. “Dizemos que dois pontos são simétricos
• 1ª forma
em relação a um terceiro ponto T, quando T é
Quando o segmento é paralelo ao eixo
ponto médio do segmento que une . Neste
caso, o ponto T é chamado centro da simetria”. , à distância é o módulo da diferença entre as
abscissas.
Sendo e o centro de simetria,
Matematicamente, temos
determine o ponto simétrico de P em relação ao
ponto .

• 2ª forma
Quando o segmento AB é paralelo ao eixo , a

distância é o módulo da diferença entre as or-
denadas. Matematicamente, temos
AULAS 05 E 06
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
• Distância entre dois pontos

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Calcular a distância entre dois pontos na reta
orientada e no plano cartesiano;
• Resolver problemas utilizando o cálculo da dis-
tância entre dois pontos;
• 3ª forma
Distância entre dois pontos Quando o segmento é um segmento qualquer
onde a distância depende das diferenças entre
Continuando o nosso estudo sobre o ponto, nes- as abscissas e as ordenadas, para calcular a distância
ta aula especificamente vamos estudar as noções de , usaremos o teorema de Pitágoras no triângulo
distância entre dois pontos. Assim, matematicamente . Matematicamente, temos:
temos que dados dois pontos , num plano car-
tesiano, de modo que

211
MATEMÁTICA

ATIVIDADES

1. Calcule o perímetro do triângulo a seguir.

Observe o triângulo .

Exemplo:
Calcule a distância entre os pontos em cada item
a seguir.
a)

Observando os dados do gráfico é correto afir-


mar:
a) O triângulo OPQ é equilátero.
b) O triângulo OPQ é isóscele.
b) c) O triângulo OPQ é escaleno.
d) O triângulo OPQ é retângulo.

3. Os pontos são equidistan-


tes do ponto P que pertence ao eixo das abscissas.
Quais são as coordenadas de P?

4. Observe a figura a seguir.

c)

212
MATEMÁTICA
Observando os dados, encontre:
a) O perímetro do quadrilátero ABCD.
b) A distância AC e BD.

5. Observe o triângulo ABC na figura a seguir.

Perceba que os pontos situam-se sobre


uma mesma reta, logo dizemos que são colineares.

De acordo com os dados analise as afirmações:


I – As coordenadas do triângulo são
.
II – A distância .
III – O perímetro do triângulo vale:
.
IV – A distância do ponto B à origem vale .

Quais das afirmações acima são verdadeiras


a) I, II e III
b) I, II e IV
c) I, III e IV
d) II, III e IV

AULAS 07 E 08
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO Perceba que os pontos não se situam


• Alinhamento entre três pontos. sobre uma mesma reta, logo dizemos que são não
colineares.
EIXO(S) TEMÁTICO(S) Dos exemplos anteriores fica claro que, unindo-se
• Espaço e Forma. três pontos distintos, quaisquer:
• Se eles estiverem alinhados, então, pertencerão
HABILIDADES DE CONHECIMENTO a uma mesma reta;
• Reconhecer e verificar a condição de alinhamen- • Se eles não estiverem alinhados, então, repre-
to de três pontos; sentarão um triângulo qualquer.

Ao representarmos três pontos distintos em um Condição de alinhamento


sistema de coordenadas cartesianas ou teremos tais
pontos alinhados (colineares) ou não teremos estes Três pontos , quaisquer, estão alinhados,
pontos alinhados (não colineares). se, e somente se, o determinante de suas coordena-
Veja, por exemplo, as situações a seguir: das for igual a zero.

213
MATEMÁTICA
Existem duas formas de verificarmos se os pontos
estão alinhados:
1. Podemos utilizar a construção gráfica no siste-
ma de coordenadas cartesianas;
2. Podemos calcular o determinante da matriz de
ordem 3 criada pelas coordenadas dos pontos dados,
seguida de uma terceira coluna formada por 1 - matriz
das coordenadas.
ATIVIDADES
Exemplo 1:
Verifique se os pontos 1. Os pontos A(3,1) e B(4,2) estão alinhados com
são colineares (pertencem à mesma reta). o ponto C que pertence ao eixo das ordenadas.
Logo podemos dizer que as coordenadas de C
Solução: são:
Para verificar se três pontos estão sobre uma mes-
a)
ma reta, basta calcular o determinante formado pela
matriz de coordenadas, se esse determinante for zero, b)
então os pontos são colineares. c)
d)
e)

2. Considerando os pontos , e
é correto afirmar que:
a) Os pontos A, B e C representam uma reta.

b) O ponto médio do segmento é


c) Os pontos A, B e C representam um triângulo.
d) A distância do ponto A ao ponto C é 10.

3. Determine o valor de para que os pontos ,


Os pontos pertencem à mesma reta uma e estejam todos sobre uma mes-
vez que o . ma reta.

Exemplo 2: 4. Os pontos são coline-


Qual o valor de x para que os pontos , ares, isto é, pertencem à mesma reta. O ponto A
e estejam todos sobre uma mes- pertence ao eixo das ordenadas.
ma reta?
De acordo com os dados analise as afirmações:
Solução:
I – As coordenadas de .

II – O ponto médio do segmento é


III – Para que os pontos A, B e C sejam vértices

de um triângulo a ordenada de .
IV – .

Quais das afirmações acima são verdadeiras


a) I, II e III
b) I, III e IV
c) II, III e IV
d) III e IV
e) Todas as alternativas estão corretas.

214
MATEMÁTICA
5. No plano cartesiano estão representados os pon- A representação geométrica da equação da reta
tos A, B e C conforme figura a seguir. é feita no Plano Cartesiano e, para isso, é importante
observamos alguns casos particulares:
• Quando , a reta será paralela ao eixo .

• Quando , a reta será paralela ao eixo .


Determine as coordenadas dos pontos .

AULAS 09 E 10
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
• Equação geral da reta I.

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.
• Quando , a reta passará pela origem do
HABILIDADES DE CONHECIMENTO plano cartesiano.
• Identificar e determinar a equação geral e redu-
zida da reta.

Conceito básico

O estudo analítico da reta é muito utilizado em


problemas cotidianos ligados a diversas áreas do co-
nhecimento, como a física, biologia, química, enge-
nharias, medicina etc. Determinar a equação da reta
e compreender seus coeficientes é bastante impor-
tante para a compreensão de seu comportamento
(da reta), sendo possível analisar sua inclinação e os
pontos onde ela intercepta os eixos dos planos.
A equação geral da reta tem a forma Exemplos:
onde são números reais, 1. Na equação identifique:
com diferentes de zero. Estes valores a) Seus coeficientes;
são chamados de coeficientes onde o é conhecido b) Suas variáveis;
por termo independente. c) O termo independente.

Solução:

a)
b)

c)

215
MATEMÁTICA
2. Identifique nas equações a seguir, quais estão
escritas na forma geral da reta.
a)
b)
c)
d)

Solução:
Letra a)

3. Determine quais dos pares ordenados a seguir


tornam verdadeira a equação .
a)
b)
c)

Solução: ATIVIDADES
Para saber se um par ordenado é solução da equa-
ção dada, basta substituir os valores de x e y e verificar 1. Na equação identifique:
a igualdade. Então a) Seus coeficientes;
a) b) Suas variáveis;
c) O termo independente.
Então o par (1, 2) não é solução da equação.
2. Verifique se os pontos ; ;
b) e pertencem à reta
.
Então o par (3, 2) é solução da equação.
3. Quais os pontos de intersecção da reta
c) com os eixos ?

Então o par (0, 4) é solução da equação. 4. Represente graficamente a equação
.

4. Represente graficamente cada uma das equa- 5. Considere as equações a seguir:


ções a seguir.
I.
a)
II.
b)
III.
c)
IV.
Solução: V.

As duas equações que descrevem, algebricamen-


te, uma reta são
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) III e V.

216
MATEMÁTICA
AULAS 11 E 12 um ponto genérico, se estão alinhados, con-
GEOMETRIA ANALÍTICA cluímos então que a equação geral da reta é:
, onde são números re-
CONTEÚDO ais, com ou e são coordenadas
• Equação geral da reta II.
de um ponto qualquer de .
EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.
ATIVIDADES
HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Identificar e determinar a equação geral e redu- 1. Encontre a equação da reta que corta os pontos
zida da reta. A e B em cada uma das situações a seguir:
• Identificar a equação de uma reta apresentada a)
a partir de dois pontos dados ou de um ponto e b)
sua inclinação.
2. Considere os pontos a seguir:
Nesta aula analisaremos questões relacionadas à
equação da reta na perspectiva da geometria analítica,
portanto, utilizaremos a condição de alinhamento de
três pontos. A equação geral da reta que passa pelos pontos
pertencentes ao plano cartesiano é representada
Exemplo: por
Determine a equação da reta que passa pelos a)
pontos b)
Construindo uma matriz de ordem 3 com o ponto c)
, e resolvendo o determinante, temos: d)
e)

3. Observe as coordenadas dos pontos a seguir:

A representação algébrica da expressão geral da


reta que mostra U e V colineares é dada por
a)
b)
c)
d)
e)

4. Observe a reta representada no plano cartesiano


a seguir:

Podemos representar a reta ao plano cartesiano:

Generalizando temos: dada uma reta , sendo


e pontos conhecidos e Determine a equação dessa reta.

217
MATEMÁTICA

5. Observe a reta representada no plano cartesia- suas coordenadas na matriz de ordem 3 onde tere-
no a seguir: mos que calcular seu determinante igual a zero. Assim:

Determine a equação da reta .

Dividindo todos os termos da equação por ,


AULAS 13 E 14 temos:
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
• Equação segmentária e reduzida da reta.

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Identificar e determinar a equação geral e redu-
zida da reta;
• Identificar a equação de uma reta apresentada
a partir de dois pontos dados ou de um ponto e A equação é chamada de equação
sua inclinação; segmentária da reta , onde e são as medidas
• Interpretar geometricamente os coeficientes da algébricas dos segmentos .
equação de uma reta.
Comparando a equação geral da reta
Equação segmentária da reta

Observe o gráfico cuja reta intercepta os eixos nos


pontos distintos da origem e : com a equação segmentária

concluímos que

A equação segmentária é uma equação equiva-


Para determinarmos a equação geral desta reta, lente à equação geral da reta.
inicialmente tomamos os pontos e colocamos

218
MATEMÁTICA
Exemplo:
a) Vamos escrever a equação geral Fazendo , temos
na forma segmentária:

Solução:
Essa expressão é denominada equação reduzida
da reta, onde é considerado o coeficiente angular
da reta e é denominado de coeficiente linear.

Exemplo:
1. Escreva a equação na forma
reduzida e identifique os coeficientes angular e linear
b) Observe o gráfico a seguir com as retas . da mesma.

Solução:
Isolando o , temos:

Determine a equação segmentária da reta .

Solução:
Assim
a equação segmentária da reta é

ATIVIDADES

1. De acordo com o gráfico a seguir, determine as


a equação segmentária da reta é equações geral, segmentária e reduzida da reta
.

Equação reduzida da reta

Observe que, na equação geral da reta


se isolarmos o teremos uma
nova equação:

2. Obtenha a equação segmentária e construa o


gráfico referente a cada uma das equações de
reta a seguir:
a)
b)

219
MATEMÁTICA
Portanto, analisando a imagem anterior temos
3. Escreva a equação na forma
que:
reduzida.
coeficiente angular: .
4. Determine a forma reduzida da equação da reta
Ao desenharmos o gráfico de uma reta no plano
que passa pelos pontos e .
cartesiano, podemos ter as seguintes situações:

5. Construa, no mesmo gráfico, as retas , saben-


do que e .

AULAS 15 e 16
Geometria analítica

CONTEÚDO
• Coeficientes angular e linear de uma reta.

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Interpretar geometricamente os coeficientes da
equação de uma reta.

Coeficientes angular e linear de uma reta

Seja o menor ângulo formado entre uma reta


qualquer e o eixo das abscissas.

Perceba que nos casos A, B, C e D temos situações


conforme descrito anteriormente onde
. Sendo assim, temos que .
Nos casos temos a reta paralela ao eixo
, portanto, . Logo .
Em temos a reta paralela ao eixo ou
perpendicular a portanto, .
O valor do coeficiente angular pode ser deter-
Temos que o coeficiente angular de uma minado através dos pontos apresentados no plano
equação é dado pela tangente do menor ângulo for- cartesiano. Vejamos:
mado por uma reta qualquer e o eixo das abscissas.

220
MATEMÁTICA
3. Determine o coeficiente angular da reta repre-
sentado no gráfico a seguir:

Vamos determinar a tangente do ângulo , que


é o coeficiente angular da reta que passa pelas coor-
denadas .

4. (FUVEST-SP - adaptada) Determine a equação da


reta que passa pelo ponto e pelo ponto
, simétrico de P em relação a origem.

5. Dados os pontos e , res-


ponda:
a) Qual é a equação da reta que passa por esses
pontos?
Assim, para determinarmos a coeficiente angular b) Determine os coeficientes angular e linear.
da reta, dados os pontos pertencentes a ela, basta
c) Verifique se o ponto pertence
calcularmos a razão entre a diferença das ordenadas
pela diferença das abscissas, ou seja: à reta da letra .

AULAS 17 E 18
GEOMETRIA ANALÍTICA
ATIVIDADES
CONTEÚDO
1. Considerando os pontos a seguir, determine o • Representação gráfica e intersecção de retas.
coeficiente angular em casa caso.
a) EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.
b)
c) HABILIDADES DE CONHECIMENTO
d) • Representar gráficos de retas e determinar o
e) ponto de intersecção entre elas.

2. Relacione o ângulo com a declividade gerada por Ao representar em um mesmo plano cartesiano
esse ângulo: duas ou mais retas, elas podem se interceptar em um
ponto qualquer.
Como fazer para determinar esse ponto? Observe
o gráfico a seguir:

221
MATEMÁTICA

ATIVIDADES

1. Determine o ponto , localizado na intersecção


entre os gráficos das retas e
.

Para determinar as coordenadas do ponto


é necessário igualarmos as funções que determinaram
cada uma das retas apresentadas, no caso .
Sendo e ,
2. Dadas as funções a seguir, calcule o ponto de in-
por exemplo, temos:
tersecção de f e g em cada uma das alternativas
apresentadas.
a)
b)
c)

3. Seja o ponto de intersecção entre as


retas no plano cartesiano, sabendo que a
reta r passa pelo ponto . Determine a equa-
Portanto, já temos a abscissa do ponto de inter-
ção da reta .
secção das retas .
Para sabermos a ordenada, é necessário substi-
4. No gráfico a seguir são apresentadas as retas
tuirmos o valor de em qualquer uma das funções;
, com suas respectivas funções
o resultado obtido será o valor da ordenada do ponto
de intersecção das retas. , ,
e .

Portanto as coordenadas da intersecção entre as

duas retas é o ponto .

222
MATEMÁTICA
a) Obtenha o ponto de intersecção entre as retas
e nomeando-os, respectivamente,
por .
b) Calcule a distância entre os pontos .

5. Observe o gráfico e determine a distância entre


o ponto P e o ponto .
No caso dizemos que as retas são concor-
rentes, uma vez que elas se cruzam.
No caso dizemos que as retas são para-
lelas, uma vez que elas não se cruzam. Neste caso,
utilizaremos a representação para afirmarmos que
tais retas jamais se cruzarão.
No caso dizemos que as retas são coin-
cidentes, uma vez que uma sobrepõe a outra.

Retas concorrentes

AULAS 19 E 20
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
• Posições relativa das retas: paralelismo e con-
Duas retas são concorrentes se possuírem apenas
corrência.
um ponto em comum.
Para duas retas serem concorrentes basta termos
EIXO(S) TEMÁTICO(S)
seus coeficientes angulares diferentes. Na figura aci-
• Espaço e Forma.
ma, existe um único ponto P comum a ambas as retas.
HABILIDADES DE CONHECIMENTO Portanto as retas e
• Determinar as posições relativas entre duas retas são concorrentes se, e somente se, .
no plano comparando os respectivos coeficien- Caso as retas não verticais apresentem o
tes angulares.
produto de seus coeficientes angulares igual a ,
serão consideradas perpendiculares. Reciprocamente,
Posições relativas das retas paralelas e con- se duas retas não verticais são perpendiculares entre
correntes si, então, o produto de seus coeficientes angulares
será igual a .
Ao representarmos duas retas quaisquer em um
plano cartesiano ou tais retas se cruzarão em algum Exemplo:
momento ou jamais se cruzarão.
Verifique se as retas e
Observe os casos a seguir:
são concorrentes.

O coeficiente angular da reta é

O coeficiente angular da reta é


Como os valores são diferentes as retas e são
concorrentes.

223
MATEMÁTICA
Retas paralelas e distintas e , se-
gundo os valores de .
3. Determine para que as retas
e sejam:
a) concorrentes
b) paralelas
4. Determine a equação da reta que passa
pelo ponto e é paralela à reta de equação

Duas retas, e não-verticais, são paralelas se, e


somente se, tem coeficientes angulares iguais. AULAS 21 E 22
GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
“Se duas retas são paralelas distintas, seus coefi- • Posições relativas entre duas retas: perpendicu-
cientes angulares são iguais e seus coeficientes line- larismo.
ares são diferentes, e vice-versa.”
EIXO(S) TEMÁTICO(S)
Exemplo: • Espaço e Forma.
As retas e
HABILIDADES DE CONHECIMENTO
são paralelas, pois:
• Determinar as posições relativas entre duas retas
no plano comparando os respectivos coeficien-
tes angulares.
• Identificar retas paralelas e retas perpendicula-
res a partir de suas equações.
Logo,

Retas paralelas e coincidentes Perpendicularismo

Duas retas são consideradas perpendiculares se


possuírem um ponto em comum entre elas e este
ponto formar um ângulo de entre elas.

Duas retas são paralelas e coincidentes se


possuírem todos os seus pontos em comum. Neste
caso, os seus coeficientes angulares serão iguais.

ATIVIDADES Para sabermos se as retas se cruzam em algum


ponto e se são ou não perpendiculares, levamos em
1. Verifique em cada item as posições relativas conta os seus coeficientes angulares que serão sempre
das retas dadas. inversos e, também, opostos.
Por exemplo, para que duas retas e sejam per-
pendiculares os ângulos e formados pelas retas e
2. Verifique a posição relativa das retas com o eixo , respectivamente, deverão somar .

224
MATEMÁTICA

ATIVIDADES

1. Classifique as retas e conforme as suas posi-


ções relativas em paralelas, concorrentes e per-
pendiculares:

Portanto, se o ângulo da reta com o eixo for o


, temos que a inclinação de será .
Com isto chegamos às seguintes conclusões:
• Coeficiente angular da reta .
• Coeficiente angular da reta 2. Coloque (V) se as retas e forem perpendi-
. culares e (F) se elas não forem perpendiculares
entre si:






3. Dada a reta r com equação e


o ponto , determine uma equação da
reta s que passa pelo ponto P e é perpendicular
à reta .
Exemplo:
Verificar se as retas 0e 4. Responda:
são perpendiculares. a) As retas de equações 2 são
paralelas? Faça a demonstração no gráfico.
Solução
b) As retas de equações são per-
pendiculares? Faça a demonstração no gráfico.
c) As retas de equações 3x – 3y + 1 = 0 e 5x + y – 4
= 0 são concorrentes?

5. Determine a equação da reta , paralela a , re-


presentada no gráfico a seguir.

225
MATEMÁTICA
AULAS 23 E 24 Calcule a distância de A e S.
GEOMETRIA ANALÍTICA
Solução:

CONTEÚDO
• Distância entre ponto e reta.

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Determinar a distância entre ponto e reta.

Distância entre ponto e reta

A distância entre um ponto e uma reta


é calculada unindo o ponto à
reta através de um segmento, que deverá formar com ATIVIDADES
a reta um ângulo de , conforme figura abaixo.
1. O ponto é vértice de um triângulo
equilátero PRS que tem os outros dois vértices
sobre a reta . Calcule a altura
desse triângulo.

2. Dados os pontos ,
determine a medida da altura do triângulo
relativa ao lado .

A distância entre e a reta é indicada por


e definida como a menor distância entre
.

Exemplo:
Seja a reta representada no
gráfico a seguir.

3. Seja e . Como o
ponto B é simétrico de A em relação à reta r,
então as coordenadas do ponto B são:



226
MATEMÁTICA
De acordo com os dados do gráfico classifique
em verdadeiro (V) ou falso (F) os itens a seguir.
a) ( ) .
b) ( ) A equação da reta s que passa pelos pontos
AeBé .
c) ( ) O ponto de intersecção das retas é
.
d) ( ) Os pontos são
colineares.
e) ( ) O ponto de intersecção da reta com o
eixo das ordenadas é .

4. Observe as retas e
AULAS 25 E 26
, representadas no gráfico
a seguir. GEOMETRIA ANALÍTICA

CONTEÚDO
• Área de um triângulo.

EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Determinar a área de um triângulo conhecidas
as coordenadas de seus vértices.

Área de um Triângulo

Em geometria plana utilizamos a fórmula a seguir


De acordo com o gráfico analise as afirmações:
para calcular a área de um triângulo.
I – O ponto C tem co­ordenadas .

II – A distância entre as retas


III – Os pontos per- Onde:
tencem à reta r.
Quais das afirmações acima são verdadeiras
a) I e II
b) I e III
c) II e III
Em geometria analítica, conhecendo os vértices
5. Observe a figura a seguir. do triângulo podemos calcular sua área.
Observe o gráfico a seguir.

227
MATEMÁTICA
onde
Considere o triângulo de vértices ,
e .
A distância do ponto ao ponto será

Exemplo:
A equação da reta suporte do lado , é dada Calcule a área do triângulo com vértices na figura
a seguir.
por:

Fazendo:
Solução:

temos:

A distância do ponto à reta suporte do segmen-


to é:

ATIVIDADES

1. Considere e
representadas no plano.

Portanto, a área de um triângulo cujas coorde-


nadas de seus vértices são , e
é dada por

228
MATEMÁTICA
Observando os dados, determine: 4. Observe a figura a seguir.
a) Os pontos A, B, C, D e Q.
b) A área dos triângulos ABC e CDQ.

2. Observe o triângulo a seguir com vértices nos


pontos .

De acordo com o gráfico analise as afirmações: De acordo com os dados, calcule as áreas dos
I – O perímetro do triângulo triângulos .
unidades de medida.
II – A área do triângulo uni-
dades de área. AULAS 27 E 28
III – Os pontos médios dos lados do triângulo GEOMETRIA ANALÍTICA
são . CONTEÚDO
• Circunferência: equação reduzida de uma circun-
Quais das afirmações acima são verdadeiras? ferência.
a) I, II e III EIXO(S) TEMÁTICO(S)
b) II e III • Espaço e Forma.
c) I e III HABILIDADES DE CONHECIMENTO
d) I e II • Determinar a equação da circunferência na for-
ma reduzida e na forma geral, conhecidos o cen-
3. Considere o triângulo ABC com as seguintes re- tro e o raio.
tas suporte: , e
. Equação reduzida de uma circunferência
De acordo com os dados é incorreto afirmar. Inicialmente é importante perceber que a cir-
a) São vértices do triângulo cunferência é uma linha, ou seja, é a “borda” de um
e 1). círculo.
Com o auxílio de um compasso ou um barbante,
b) A área do triângulo . podemos desenhar e representar uma circunferência
c) A mediana relativa ao vértice . numa folha.
d) A soma das coordenadas dos pontos médios Ao desenhar ou descrever uma circunferência,
percebe-se que a “abertura” do compasso ou o tama-
do triângulo .
nho do barbante, corresponderá ao raio dessa curva.
Além disso, qualquer ponto dessa curva estará situado
a uma mesma distância de um ponto fixo desse plano
que denominamos de “centro da circunferência”. A
distância dos pontos da circunferência ao seu centro
chamamos de “raio”.

229
MATEMÁTICA
Exemplo:
Ao considerarmos uma circunferência, de centro
em e raio , do plano cartesiano, teremos:
2. Determine a equação reduzida da circunferên-
cia que tem o raio igual a e o centro igual a .

Solução

3. Calcule o raio e o centro da circunferência, dada


Um ponto qualquer do plano cartesiano a equação reduzida .
que pertence à circunferência satisfaz a propriedade
de que sua distância ao centro é igual ao Solução:
raio .
Assim, podemos escrever:

Utilizando a relação de distância entre dois pon- ATIVIDADES


tos do plano cartesiano a partir de suas coordenadas,
podemos obter a equação da circunferência: 1. Obtenha a equação reduzida da circunferência
com centro na origem do sistema de coordenadas
cartesianas e com raio igual a:
a)

Elevando ao quadrado os dois lados da igualdade, b)


encontramos
c)

2. Observe a figura a seguir.


que é a equação reduzida da circunferência, onde
são as coordenadas cartesianas do centro.

Exemplo:
1. Dada a representação gráfica a seguir, escreva
a equação reduzida da circunferência.

Observando os dados é incorreto afirmar que:


a) O centro da circunferência é o ponto C(0,6).
b) O diâmetro da circunferência é 12.
c) A equação da circunferência é
.
d) A circunferência tem seu centro no eixo das
Solução: abscissas.

230
MATEMÁTICA
3. Observe o gráfico a seguir.

Fazendo

encontramos:

Com base nos dados, encontre:


a) O raio e o centro da circunferência.
b) A equação reduzia desta circunferência. que denominamos de equação geral da circun-
ferência.
4. (USP) Se M é o ponto médio do segmento AB e P
é o ponto médio do segmento OM, determinar a Perceba que, dada a equação geral da circunferên-
equação da circunferência de centro P e raio OP. cia, podemos determinar o centro e o raio :

Exemplo:
AULAS 29 E 30 Dada a equação geral da circunferência, determi-
GEOMETRIA ANALÍTICA ne o centro e o raio .
a)
CONTEÚDO b)
• Circunferência: equação geral de uma circunfe-
rência. Solução:
.
EIXO(S) TEMÁTICO(S)
• Espaço e Forma.

HABILIDADES DE CONHECIMENTO
• Determinar a equação da circunferência na for-
ma reduzida e na forma geral, conhecidos o cen-
tro e o raio.

Na aula anterior estudamos a equação reduzida


de uma circunferência de centro e raio ,
definida por:

Desenvolvendo os quadrados e isolando os ter-


mos da equação no primeiro membro, temos:

231
MATEMÁTICA
4. Dada a circunferência representada no plano car-
b) .
tesiano a seguir

Escreva a equação geral desta circunferência que


passa pelos pontos e cen-
tro .

ATIVIDADES

1. Determine a equação geral da circunferência de


centro e raio igual a:
a)
b)

2. Obtenha o centro e o raio das circunferências de


equação geral, a seguir
a)
b)

3. Observe a circunferência representada no plano


cartesiano a seguir

Escreva a equação geral desta circunferência.

232
Mundo do
Trabalho
Profª Carol Logatti
MUNDO DO TRABALHO
INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO

CONTEÚDOS EXPECTATIVA DE APRENDIZAGEM HABILIDADES


Estimular o desenvolvimento de Compreender o significado e a apli-
competências básicas para inserção, cação no mundo
1.Introdução permanência e crescimento no mun- do trabalho dos conceitos de inicia-
do do trabalho. tiva, proatividade,
eficácia e eficiência.
Estimular o jovem a desenvolver a Compreender a diferença entre os
2. Buscar soluções
capacidade de buscar soluções e conceitos de eficácia e eficiência e
2.1. Iniciativa e proatividade
entregar resultados no contexto das sua aplicação no mundo do trabalho.
2.2. Eficiência e eficácia
relações profissionais.
3. Pensar antes de agir Estimular o jovem a desenvolver a Sentir-se capaz de planejar suas tare-
3.1. Planejamento: o capacidade de planejar e executar fas e compromissos, administrando
modelo 5W2H suas tarefas no contexto das relações o tempo de sua execução.
3.2. Gerenciamento do profissionais.
tempo
Desenvolver pensamento crítico Tomar decisões sobre a própria
4. Atividade culminante para analisar informações, tirar vida com consciência, autonomia e
conclusões e tomar decisões. visão de futuro.

1. Introdução Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos


sonhando?
Poema Tabacaria Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
(trechos) Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Não sou nada. Nunca verão a luz do sol real nem acharão ou-
Nunca serei nada. vidos de gente?
Não posso querer ser nada. O mundo é para quem nasce para o conquistar
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos E não para quem sonha que pode conquistá-lo,
do mundo. ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
(...) Tenho apertado ao peito hipotético mais hu-
manidades do que Cristo,
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que Tenho feito filosofias em segredo que nenhum
sou? Kant escreveu.
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que Ainda que não more nela;
não pode haver tantos! Serei sempre o que não nasceu para isso;
Gênio? Neste momento Serei sempre só o que tinha qualidades;
Cem mil cérebros se concebem em sonho gê- Serei sempre o que esperou que lhe abrissem
nios como eu, a porta ao pé de uma parede sem porta,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
Nem haverá senão estrume de tantas conquis- E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
tas futuras. Crer em mim? Não, nem em nada.
Não, não creio em mim. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
Em todos os manicômios há doidos malucos O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha
com tantas certezas! o cabelo,
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou
certo ou menos certo? não venha.
Não, nem em mim... Escravos cardíacos das estrelas,
Em quantas mansardas e não-mansardas do Conquistámos todo o mundo antes de nos le-
mundo vantar da cama;

234
MUNDO DO TRABALHO
Mas acordamos e ele é opaco, 2. Buscar soluções
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira, 2.1. Iniciativa e Proatividade
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Inde-
finido.
(...)

Vivi, estudei, amei e até cri,


E hoje não há mendigo que eu não inveje só
por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a
mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses
nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo
isso sem fazer nada disso); Para que você alcance seus objetivos pessoais e
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto profissionais, é preciso que compreenda o significado
a quem cortam o rabo e a aplicação dos conceitos de iniciativa, proativida-
E que é rabo para aquém do lagarto remexi- de, eficácia e eficiência. O intuito é que você se sinta
damente estimulado a desenvolver essas competências, apli-
cando-as em situações da vida pessoal e profissional.
(...) Proatividade é uma característica essencial para
quem deseja ter sucesso. Seja na carreira ou na vida
Sempre uma coisa defronte da outra, pessoal, essa qualidade nos permite focar no que
Sempre uma coisa tão inútil como a outra, podemos interferir e assumir a responsabilidade por
Sempre o impossível tão estúpido como o real, nossas ações.
Sempre o mistério do fundo tão certo como o
sono de mistério da superfície, O que é proatividade?
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma
coisa nem outra. Proatividade é a competência que impulsiona
uma busca por mudanças de maneira espontânea,
(...) sem precisar de estímulos externos. Geralmente, as
pessoas proativas têm uma boa visão de futuro, iden-
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa:
Ática, 1944 (imp. 1993). - 252. 1ª publ. in Presença, nº 39.
tificando necessidades e antecipando problemas, o
Coimbra: Jul. 1933. que confere vantagens para sua equipe e empresa.
Por isso, o comportamento proativo vem sendo cada
Ao ler esse poema de Álvaro de Campos, quais vez mais valorizado dentro das organizações.
reflexões surgem a respeito de sua vida?
A terceira série do Ensino Médio é um momento Por que a proatividade é importante?
muito importante na sua trajetória. É um momento
de conclusão e fazer escolhas para iniciar novos cami- Não é difícil entender por que a proatividade é
nhos. Por isso, é essencial pensar sobre essas escolhas importante.
e trabalhar para conquistar os objetivos escolhidos. O mundo sofre transformações constantemente,
O objetivo desse 1º bimestre é estimular o desen- mas a era digital aumentou a velocidade com que elas
volvimento de competências básicas para inserção, ocorrem. Nesse cenário de incertezas, perde quem
permanência e crescimento no mundo do trabalho. depende dos acontecimentos externos para reagir,
Muitas vezes, temos competências para certas coisas já que eles mudam a todo momento. É mais sábio se
e nem nos damos conta, ou então, gostamos de fazer posicionar de antemão, usando a motivação interior
algo, não conseguimos, e logo desistimos, sendo que para definir e conquistar os objetivos. E a proatividade
bastaria desenvolver certas habilidades e competên- é a chave desse comportamento.
cias para alcançar nossos objetivos.
Benefícios da proatividade para a vida e a car-
Agora, reflita sobre os trechos lidos do poema reira
e pense em você. Escreva no caderno e/ou com-
partilhe em grupo um pouco do que você trilhou O que acabamos de destacar no tópico anterior
e experienciou até agora e o que almeja para seu já sinaliza benefícios da proatividade. Mas há outros,
futuro. como os que citamos abaixo:

235
MUNDO DO TRABALHO
• Eleva o controle e assertividade nas decisões to, ela só vai desenvolver a proatividade se mantiver
• Postura flexível, que facilita a adaptação a di- essa postura.
ferentes cenários
• Destaque entre os colegas ou candidatos du- Quais as principais características de uma pessoa
rante um processo seletivo, por exemplo proativa?
• Maiores chances de conseguir uma promoção
e ascender na carreira Segundo lista o consultor e autor sobre o tema,
• Comportamento resiliente diante de crises Rogério Gava, 10 características se sobressaem entre
• Proporciona uma visão mais ampla sobre os as pessoas proativas.
problemas, permitindo vislumbrar soluções
diferenciadas São elas:
• Fomenta a criatividade e inovação. • Inconformismo positivo, que as leva a desafiar
o status quo
Como identificar a proatividade? • Determinismo para chegar aonde desejam
• Senso de oportunidade para criar situações
Comentamos, nos tópicos acima, que a proativi- vantajosas
dade pode ser observada a partir do comportamento. • Iniciativa que impulsiona a começar seus pro-
Ou seja, da postura adotada no dia a dia. Também faz jetos
sentido dizer que as pessoas proativas estão sempre • Visão de futuro para antecipar as demandas
escolhendo esse caminho, tomando a decisão de pro- • Conectividade e valorização de suas parcerias
vocar mudanças vantajosas para si mesmas, para seus • Elevada autoestima e conhecimento sobre
times e para a empresa na qual atuam. seus pontos fortes e fracos
• Foco nos fatores que estão em sua zona de
Proatividade x Produtividade influência
• Responsabilidade por suas escolhas e resul-
Há quem confunda esses dois conceitos, porém, tados
há diferenças significativas entre eles. A produtivida- • Renovação constante, inclusive no sentido de
de descreve a capacidade de ser produtivo, de ge- aperfeiçoar o comportamento proativo.
rar valor para um propósito. Mas dá para dizer que
proatividade e produtividade também estão ligadas, Proatividade em diferentes perfis
pois os profissionais proativos costumam ser bastante
produtivos. E existe uma razão para isso. Em uma análise superficial, pode parecer que o
Ao assumir a responsabilidade e tomar decisões, comportamento proativo está restrito às pessoas que
um indivíduo se concentra na sua zona de influência, gostam de se destacar e assumir posições de lideran-
naquilo que ele pode controlar. Por consequência, ça. Claro que esses perfis podem ter mais facilidade
deixa de lado a zona de preocupação, composta por para tomar as rédeas de uma situação, entretanto,
fatores como a economia mundial e a concorrência, a proatividade pode ser desenvolvida e aprimorada
que estão além do seu controle. Focando nas ativi- por quem quiser. Afinal, é possível treinar e modificar
dades que dependem de suas atitudes, essa pessoa nosso comportamento, desde que haja dedicação e
consegue produzir mais em menos tempo e com me- persistência. E o primeiro passo para alcançar a proa-
nos recursos. tividade é escolher sair da zona de conforto e ser um
agente de mudanças positivas.
Proatividade x Reatividade
Proativos, reativos e ativos
Agora, estamos falando sobre palavras opostas. A
proatividade causa transformações espontaneamen- A personalidade de cada um é moldada por traços
te, enquanto a reatividade apenas responde diante genéticos, experiências, competências adquiridas e
de uma mudança. por estímulos do ambiente externo. Normalmente,
somos treinados, desde a infância, a obedecer e acei-
Qual a diferença entre proatividade e iniciativa? tar os padrões impostos por outras pessoas ou pela
sociedade. Esse aprendizado tem sua relevância, mas
A diferença entre elas é que a iniciativa se refere acaba forjando um comportamento reativo na maioria
a uma ação imediata, enquanto a proatividade é um dos cenários que enfrentamos.
comportamento frequente. Então, nossas ações passam a ser muito influen-
Mesmo uma pessoa com perfil reativo pode tomar ciadas pelos acontecimentos e iniciativas de outros
a iniciativa em uma determinada situação. No entan- indivíduos. Assim, se o dia amanhece cinza e chuvoso,

236
MUNDO DO TRABALHO
já nos deixa de mau humor. Se alguém nos trata com parceiros e clientes disponibilizaram para uma
aspereza, respondemos da mesma forma. Porém, te- reunião, conversa ou atividade.
mos a oportunidade de mudar esse padrão ao optar • Fale apenas o necessário. Uma vez que você
pela proatividade, submetendo os acontecimentos prioriza as decisões assertivas, está dizendo
a filtros internos e agindo contra as expectativas. O não para as atividades que roubam seu tem-
segredo é valorizar mais a motivação interior do que po, como conversas triviais e autopromoção.
as circunstâncias do dia a dia, que mudam com fre- Deixe que suas ações falem por você.
quência.
(Texto adaptado do artigo Proatividade: o que é,
benefícios, como desenvolver e dicas, do site da UCPel –
• Busque autoconhecimento, pois conhecer a
Universidade Católica de Pelotas. Disponível em: <https://
si mesmo é o ponto chave para alterar seu ead.ucpel.edu.br/blog/proatividade> Acesso em 20 dez.
comportamento. Esse exercício pode revelar, 2021)
por exemplo, quais gatilhos provocam reações
automáticas. 2.2. Eficiência e Eficácia
• Estabeleça um planejamento. Essa prática vai
evitar surpresas ruins e permitir que você sai- Quando nos dispomos a realizar algo, precisamos
ba o que está dentro – ou fora – da sua zona entender que não basta boa vontade. Vimos que é
de influência. O resultado serão menos frus- importante ter iniciativas, mas isso precisa virar um
trações e mais metas atingidas com sucesso. hábito, ao ponto de nos tornarmos pessoas proativas.
• Cerque-se de pessoas proativas. A verdade é Mas ainda precisamos executar de forma eficiente e
que, como seres sociais, todos somos influen- eficaz para que, de fato, consigamos atingir nossos
ciados pelas pessoas mais próximas. Portan- objetivos, sejam eles quais forem.
to, é uma boa ideia interagir constantemente
com indivíduos proativos, a fim de se inspirar
no comportamento deles. A DIFERENÇA ENTRE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
(por José Roberto Marques – texto adaptado)
Um profissional proativo é aquele que combina
autonomia e autoconfiança, tomando à frente para Embora a maioria das pessoas pense que eficiência
solucionar problemas a partir de perspectivas dife- e eficácia sejam a mesma coisa, esses dois conceitos
rentes. Quando a proatividade faz parte de sua vida não têm o mesmo significado. De maneira simplifica-
pessoal, é comum que se estenda para o trabalho, da, eficiência significa fazer alguma tarefa bem-feita,
resultando em um perfil desejado pela maioria das enquanto eficácia significa fazer o que precisa ser feito.
empresas. A eficiência é o processo de executar aquilo que
Veja, abaixo, atitudes para incorporar a proativi- foi planejado, ou seja, é colocar a “mão na massa”.
dade à carreira. Considere, por exemplo, o processo de construção
de uma casa: o tempo que demorou para a obra ser
• Não espere por ordens. Foi-se o tempo em concluída, a quantia gasta, a equação entre recursos
que os melhores funcionários eram aqueles planejados e os usados, entre outros pontos. Caso
que se limitavam a cumprir ordens à risca. você tenha conseguido fazer tudo no prazo, gastando
Atualmente, as empresas necessitam de in- menos tempo e recursos, então você foi eficiente.
divíduos que tomem a iniciativa diante de Um líder eficiente, por exemplo, é alguém ca-
uma demanda, ainda que, teoricamente, não paz de coordenar, planejar e organizar o trabalho de
esteja em seu escopo de atuação. Sempre é seus colaboradores da melhor maneira, respeitando
possível colaborar com a equipe, avisando o a competência de cada um. A capacidade de conduzir
responsável e fornecendo informações para pessoas com eficiência é um dos grandes diferenciais
o bom andamento do trabalho. competitivos do mercado, pois garante o aumento
• Invista em si mesmo. Seja grato com sua posi- da produtividade, redução dos conflitos e aceleração
ção atual, mas não se conforme. Quem deseja dos resultados.
crescer na carreira deve identificar as áreas Ser eficaz é basicamente conseguir atingir seu ob-
que precisam de aperfeiçoamento e investir jetivo. Utilizando o mesmo exemplo da construção, se
nisso, através de cursos, leitura, mentoria ou você conseguiu construir a sua casa e finalizar a obra
outras possibilidades de se desenvolver. da maneira como foi planejada, então você foi eficaz.
• Seja pontual. Parte da proatividade vem de A eficácia está relacionada diretamente ao resultado.
bons hábitos na sua rotina - e a pontualidade Quando um líder é eficaz, ele impulsiona sua equi-
é um deles. Ela mostra respeito tanto pelo seu pe a alcançar os objetivos da organização, bem como
tempo, quanto pelo tempo que seus colegas, os seus próprios. Desse modo, certamente ele irá tor-

237
MUNDO DO TRABALHO
nar os profissionais mais eficazes e melhor preparados sos, alcançando todos os resultados determinados no
para enfrentar os desafios. início da caminhada. Se isso está acontecendo, é sinal
Caso você esteja se perguntando se é melhor ser de que a organização está sendo realmente e verdadei-
eficiente ou eficaz, a resposta é: as duas virtudes são óti- ramente eficiente, uma vez que sinônimo de eficiência
mas para qualquer profissional. Na medida do possível, é utilizar o mínimo de recursos possível, mantendo o
você deve ser eficiente e eficaz. O exagero não é bom de foco voltado para os processos, tendo, dessa maneira,
nenhum dos lados. O equilíbrio é fundamental para que a possibilidade de reduzir também os custos.
você possa olhar para todos os ângulos de uma situação, Por isso que é tão importante trabalhar o auto-
sendo capaz de avaliá-la com clareza e agir de acordo conhecimento, o desenvolvimento da inteligência
com esta análise, tanto de forma eficiente, quanto eficaz. emocional, o bom gerenciamento de tarefas, a oti-
mização dos relacionamentos interpessoais além das
Indicadores de eficiência e eficácia competências e habilidades relacionadas à área de
sua atuação.
Eficácia e eficiência são dois elementos importan- (Texto disponível em: < https://www.ibccoaching.com.br/
portal/diferenca-entre-eficiencia-e-eficacia/> Acesso em
tes, tanto para indivíduos, quanto para empresas, pois,
20 de dezembro de 2021)
por meio de cada uma, é possível alcançar resultados
de forma muito mais acelerada. Falando especifica-
mente do contexto empresarial, é preciso que as em- 3. Pensar antes de agir
presas que estão no mercado atualmente mensurem
os resultados que obtêm constantemente, através de Agora vamos falar so-
suas ações, pois, dessa forma, elas conseguem saber bre a capacidade de plane-
se estão sendo eficazes e eficientes o suficiente. jar e executar suas tarefas
Para saber isso, é preciso definir indicadores, que no contexto das relações
ajudarão empresários e gestores a acompanharem pessoais e profissionais. É
o andamento das atividades, podendo assim, com- importante que você com-
preender se estas estão realmente surtindo o efeito preenda o significado e a
que se espera no dia a dia. Assim, quando se fala em aplicação dos conceitos de planejamento e gestão
eficácia no contexto empresarial, está-se referindo à do tempo, percebendo que essas competências são
relação existente entre os resultados que se espera muito valorizadas, pois contribuem para a melhoria
alcançar e os que foram realmente obtidos, seja diária, da eficácia e da eficiência dos resultados esperados.
semanal ou mensalmente. Dessa maneira, a forma de O intuito é que você se sinta estimulado a desenvol-
medir se a empresa está sendo eficaz ou não é fazendo ver essas competências, aplicando-as em situações
uma análise do que se esperava atingir e o que verda- da vida pessoal e profissional.
deiramente foi alcançado no período determinado.
Já no que diz respeito à eficiência, ela se trata ba- 3.1. Planejamento: o modelo 5W2H
sicamente da relação estabelecida entre os resultados
atingidos e os recursos utilizados para alcançá-los. Nes- Agora vamos conhecer uma metodologia de pla-
te caso, o que se deve analisar é se os processos dentro nejamento que vai te ajudar a organizar suas ideias e
da empresa foram e estão constantemente sendo me- objetivos e fazer com que suas escolhas sejam asser-
lhorados, com a menor quantidade possível de recur- tivas, eficientes e eficazes.

238
MUNDO DO TRABALHO
O que é 5W2H? O que será feito? (What?)
A resposta dessa pergunta deve definir e descre-
A 5W2H é uma ferramenta de gestão empresa- ver o que será feito de fato, determinando o resultado
rial em formato de checklist que permite planejar e que deseja-se alcançar. Inclusive, deve-se descrever
organizar atividades de uma empresa ou atividades todas tarefas, destrinchando cada etapa.
pessoais. Sendo assim, a utilização do 5W2H torna
esse planejamento claro e eficiente. Vale destacar, Quem fará? (Who?)
ainda, que a idealização da metodologia aconteceu Nesta etapa será feita a escolha a pessoa ou equi-
durante a condução de estudos de qualidade na in- pe responsável. Nesse sentido, pode compreender
dústria automobilística japonesa. tanto um colaborador somente ou até mesmo um
grupo. Porém, no segundo caso, é sempre preferível
5W2H é uma sigla para as sete perguntas que definir um líder para gerenciar o plano de ação que
precisam de respostas ao usar a ferramenta: What está em elaboração.
(O quê), Who (Quem), When (Quando), Where
(Onde), Why (Por quê?), How (Como) e How Much Quando será feito? (When?)
(Quanto). Ainda, existem variações como 5W1H e Aqui definem-se os prazos para a execução. Além
5W3H, sendo a primeira sem o How Much e a se- disso, a elaboração de um cronograma auxilia no con-
gunda incluindo o How Many (Quantos). Contudo, trole do andamento do projeto. Após definir o plano
5W2H é o padrão mais comum. de ação com o 5W2H, a metodologia ágil Scrum pode
ser útil para planejamento e gestão dos prazos e cro-
O controle de gestão auxilia nas atividades a fim nograma.
de atingir objetivos.
Onde será feito? (Where?)
Quais são as vantagens de usar o 5W2H? Nesta fase determina-se o local onde se desen-
volverá o projeto, bem como onde seus resultados
O uso do 5W2H oferece vantagens porque vai terão aplicação. Portanto, tais locais podem ser físicos,
apontar diversos tipos de problema, facilitando a to- como um departamento, ou virtuais, como no banco
mada de decisão. Ademais, não requer uma equipe de dados ou planilhas.
técnica especialista para executá-la, tornando o 5W2H
útil para qualquer pessoa em qualquer situação. Por que será feito? (Why?)
O 5W2H nada mais é que a estruturação de um
Trata-se da justificativa do plano de ação. Ou seja,
plano de ação para agilizar os processos a serem fei-
o porquê da sua realização e que benefícios deseja-se
tos. Após responder todas perguntas, a execução se
alcançar.
torna mais nítida e efetiva. Além disso, a simplicidade
da ferramenta é um dos seus maiores atrativos. São
Como será feito? (How?)
perguntas objetivas e as suas respostas direcionam o
Quais métodos e estratégias serão adotadas para
projeto de forma muito assertiva. Portanto, apesar de
a realização do que foi estabelecido são descritos aqui.
simples, o 5W2H é indispensável para qualquer gestão.
Até mesmo anotações devem ser estabelecidas, de
forma que todos participantes do projeto estejam
Quando usar o 5W2H?
alinhados e o façam seguindo as mesmas diretrizes.
Conquanto o 5W2H pode servir para planejar qual-
quer atividade, nota-se que seu uso acontece frequen- Quanto custará? (How Much?)
temente no planejamento estratégico e na elabora- Estimar o custo e investimento necessário para
ção de processos e projetos, principalmente aqueles transformar o projeto em realidade. Caso o projeto
ligados à melhoria contínua. Dessa forma, a resposta dependa de aprovação de terceiros, explicitar o Re-
dos 5 W’s e dos 2 H’s resultam em um plano de ação torno Sobre o Investimento (ROI) é uma informação
completo, elucidando o problema e a forma de atuar muito útil.
sobre ele. Contudo, por ser de baixa complexidade,
pode ser aplicado em qualquer atividade cotidiana.

Como fazer um plano de ação 5W2H?

Para a aplicação do 5W2H, é necessário enten-


der quais aspectos abordar em cada norma. São sete
perguntas que compõem a ferramenta de qualidade,
conforme abaixo:

239
MUNDO DO TRABALHO
Além disso, é importante ressaltar que as pergun- Se você não quer fazer parte dessa estatística e
tas devem ser respondidas da forma mais completa deseja aumentar a sua produtividade em casa, no tra-
possível, a fim de realmente explicitar todas caracte- balho ou nos estudos, este artigo pode ajudar.
rísticas do projeto ao máximo. Também vale destacar
que o desenvolvimento do 5W2H pode ser feito em O que é gestão do tempo?
uma planilha do Excel, em outros softwares específi-
cos ou até mesmo em quadros físicos. Gestão do tempo é um conjunto de técnicas usado
O foco durante toda aplicação da ferramenta de para aprimorar a realização de tarefas, de modo que
qualidade deve ser o objetivo final. Sendo assim, é a produtividade e a eficiência sejam mantidas.
indicado realizá-la em grupos. Dessa forma, há uma O gerenciamento do tempo, portanto, consiste
diversidade de detalhes e pontos de vista, culminando na adoção de uma série de processos e ferramentas
em um resultado mais assertivo. que auxiliam o cumprimento de atividades e proje-
(Texto adaptado. Disponível em: < https://eprconsultoria. tos, dentro dos prazos estabelecidos e com resultados
com.br/5w2h/> Acesso em 20 dez. 2021)
satisfatórios.
4.2. Gerenciamento do tempo Qual a importância da gestão do tempo?
Muitos sonhos, ideias, planos e objetivos podem A gestão do tempo é uma habilidade fundamental
fervilhar na cabeça, mas, se não houver planeja- em todos os âmbitos da vida. Embora seja mais co-
mento e organização, tudo pode acabar resultando mum haver essa preocupação no trabalho, ela tam-
em ansiedade se não soubermos administrar nosso bém se aplica muito bem à rotina pessoal.
tempo. Quando você administra melhor o seu tempo,
Vamos trabalhar agora o gerenciamento do tem- consequentemente, aumenta seu rendimento. Isso,
po, que pode, inclusive, te dar uma melhor qualidade por sua vez, contribui com a elevação do bem-estar -
de vida. o que garante uma proximidade da felicidade plena.
No ambiente corporativo, ainda, os benefícios
podem ser sentidos nos resultados da empresa, nas
metas alcançadas e no clima organizacional mais leve.

Como fazer uma boa gestão do tempo?

1. Planejamento
O primeiro passo, sem dúvida, é o planejamento.
Sem ele, você corre o risco de assumir mais tarefas do
que, realmente, consegue abraçar. Mas, por outro lado,
quando se programa, tem mais chances de aumentar a
sua produtividade e conquistar os resultados esperados.
Gestão do tempo: o que é e 10 táticas para ser mais Por isso, reúna todas as atividades que precisam
eficiente ser cumpridas. Pode listá-las em um papel ou em uma
Artigo (adaptado) do BLOG DO EAD UCS planilha, como preferir. É importante que você colo-
23 março 2020 que os seus afazeres de uma forma que fique fácil
visualizar e classificar.
Como você tem adotado e praticado a gestão do Para ajudar, use cores e símbolos. Sempre que
tempo na sua vida? uma tarefa estiver finalizada, por exemplo, pinte-a
de verde ou, então, insira um sinal de check. Faça
Se ainda não se dedica a essa estratégia, está mais o mesmo com as que estão atrasadas e em espera.
do que na hora de começar. Afinal, com a correria No seu planejamento, além da relação do que pre-
do dia a dia, a impressão de falta de tempo é uma cisa ser feito, é fundamental conter os prazos. Falare-
realidade. E o que é pior: o mau gerenciamento das mos mais à frente sobre a importância de defini-los
horas pode ocasionar graves problemas. corretamente para que sejam seguidos à risca.
Segundo pesquisa do International Stress Mana-
gement Association Brasil, 60% dos brasileiros dizem 2. Definição de metas
sofrer com a sobrecarga de tarefas ao longo do dia. O As metas são fundamentais para que a motivação
mesmo instituto revelou ainda que o Brasil é o segun- seja mantida sempre em alta. Elas contribuem com o
do país mais estressado do mundo. Entre as causas, foco e, quando atingidas, promovem a sensação de
adivinhe só, está a escassez de tempo. dever cumprido.

240
MUNDO DO TRABALHO
Por isso, para gerenciar melhor o seu tempo, es- tudo o que lhe é pedido. Aprenda a dizer “não” quan-
tabeleça algumas delas. Mas, atenção: as metas pre- do você está atribulado demais ou não tem interesse
cisam ser factíveis. De nada adianta propor desafios genuíno em uma proposta.
mirabolantes, ok?
Você pode usar o conceito SMART para auxiliá-lo 6. Priorize as tarefas
na criação das suas metas. A ferramenta, cujo acrô- Vamos combinar que 24 horas podem ser pouco
nimo significa Específico (S), Mensurável (M), Atingí- tempo para fazermos tudo o que queremos e deve-
vel (A), Relevante (R) e Temporal (T), ensina a definir mos, não é mesmo? Por isso, o segredo é priorizar.
objetivos inteligentes. E a dica é classificar as tarefas por ordem de im-
portância e nível de urgência. Comece pelas mais im-
3. Prazos portantes e mais urgentes. Depois, realize as mais im-
Chegou a hora de falarmos sobre prazos. Se esse portantes, mas nem tão urgentes. Em seguida, assuma
é um assunto que lhe causa dor de cabeça, é melhor as mais urgentes, mas não importantes. Nesse caso,
se acostumar. Afinal, é impossível viver sem datas e se puder delegar, é ainda melhor. E, então, deixe para
horários para cumprir. o fim (ou nem faça - vai depender da sua avaliação)
Mas, você vai ver que, com algumas dicas, os pra- as que não são importantes, nem urgentes.
zos não causarão mais tanta aflição. Um erro bastante
comum é estabelecer períodos de tempos equivoca- 7. Delegue tarefas
dos para as atividades. Na dica acima, você viu que as tarefas urgentes
A primeira recomendação, portanto, é nunca su- e pouco importantes podem ser delegadas. Mas, na
bestimar a duração de uma tarefa. Você pode cro- verdade, não são só elas. Você pode atribuir diversas
nometrar as mais habituais para ter uma noção de atividades para outras pessoas. Esse é um hábito que
quanto irá demorar para realizar nas vezes seguintes. precisa ser adotado. Afinal, ninguém dá conta de tudo
Assim, é possível se programar. Para as que nunca sozinho.
foram feitas antes, a alternativa é mesmo prever. Ba- Peça apoio dos colegas, da família, dos líderes e
seie-se em incumbências similares que já tenham sido dos subordinados sempre que houver necessidade.
executadas. Isso ajudará a pensar no prazo adequado.
De todo modo, é sempre importante fazer uma 8. Fuja da procrastinação
projeção com alguma margem de segurança. Esse A tal da procrastinação costuma pegar todo mun-
tempo extra é fundamental para resolver algum “pe- do de jeito. Que atire a primeira pedra quem nunca
pino” que possa surgir no caminho. E, se você acabar deixou para amanhã o que poderia ser feito hoje. O
antes do previsto, pode iniciar a próxima atividade problema, na realidade, é quando isso se torna co-
um pouquinho antes, certo? Assim, você assume o mum. Portanto, para evitar que aconteça, tome alguns
controle do tempo em vez de se tornar refém dele. cuidados.
Evite as distrações, como redes sociais, televisão,
4. Agendamentos mensagens no celular e cafezinhos fora de hora com
Você é daqueles que confiam sempre na memó- os colegas de trabalho. Também crie recompensas
ria? Bom, se a sua nunca falha, tudo bem. Mas, não para as metas cumpridas. Isso evita que você deixe
dá para contar com a sorte, não é mesmo? Por essa algo para depois, já que será bonificado por manter
razão, vale sempre anotar os compromissos. o foco e a concentração.
Use uma agenda de papel ou, se quiser, utilize as
digitais, como o Google Agenda. Essas versões online 9. Organize as pausas
são ótimas porque você pode estabelecer alertas, que As pausas durante a rotina precisam ser estraté-
ajudarão a lembrar das suas marcações. gicas. Isso quer dizer que, além daquelas necessárias
para alongamento e descanso, você precisa parar por
5. Faça mais escolhas alguns períodos para recuperar a criatividade e a dis-
Você precisa mesmo realizar tudo o que está na posição.
sua lista? Faça um exercício de reflexão sobre os seus Mantenha-se focado e concentrado até onde
afazeres. É possível escolher o que você quer cumprir? puder. Não force demais. Quando sentir que está es-
É claro que muitos deles são deveres e não podem tagnado em uma atividade, pare, tome uma água e
ser deixados de lado, mas, certamente, você encon- caminhe. Isso vai ajudar a arejar a mente e recuperar
trará alguns dispensáveis. Opte pelas atividades que a energia.
tenham relação com os seus propósitos. Não é raro
estabelecermos itens na nossa lista sem alinhamento 10. Evite as multitarefas
aos nossos objetivos. Ser capaz de assumir várias demandas e realizar
Além disso, deixe de lado o “amém”. Não aceite atividades diferentes não é ruim. Desde que seja sau-

241
MUNDO DO TRABALHO
dável, sem grandes contratempos, tudo bem. Mas isso Como fazer gestão do tempo para melhor qua-
não pode ser um fardo. Se for o caso, evite abraçar lidade de vida?
muitas obrigações.
Coloque em prática as recomendações já mencio- Se você seguir todas as dicas que listamos acima,
nadas, como priorizar tarefas, fazer escolhas e delegar sem dúvida, conseguirá realizar uma boa gestão do
para não sofrer com a exaustão e a frustração, muito tempo. Assim, além de aumentar a sua produtividade,
frequentes em quem sofre com o estresse pela so- será capaz de equilibrar melhor as questões profissio-
brecarga. nais e pessoais, e terá mais tempo para se organizar e
Na Era Digital, tudo é veloz. A própria tecnologia marcar outros compromissos. Isso, certamente, tem
avançada do nosso tempo imprime velocidade às ta- grande impacto na sua qualidade de vida.
refas. E quem não acompanha, sente uma espécie de Mais uma vez, cabe dizer que as recomendações
frustração, como se não fosse competitivo o suficien- valem para todos os âmbitos. Tenha em mente que
te, não estando à altura do que se exige atualmente. os resultados não aparecem de uma hora para outra.
Ir por esse caminho é um erro, assim como en- Evidentemente, assim que as dicas são colocadas em
carar a tecnologia como vilã. Ela, na verdade, pode prática, algumas vantagens podem ser notadas. No
ajudar bastante na correta gestão do tempo. Basta entanto, as conquistas maiores levam tempo para
lembrar o que falamos antes, citando o Google Agen- aparecer. Por isso, transforme as técnicas em regra.
da, por exemplo, como uma ferramenta muito eficaz Não siga apenas por um período. Aplique os procedi-
para organizar os compromissos. Ela é gratuita e con- mentos constantemente em suas atividades.
tribui com o planejamento, já que pode ser acessada As táticas listadas ao longo do texto são poderosas
em qualquer lugar, diretamente pelo celular. Mas o e podem contribuir muito com a sua produtividade.
instrumento não é o único a favor do tempo. Exis- Por isso, enxergue esses minutos debruçados no con-
tem diversas plataformas e aplicativos disponíveis no teúdo como um investimento e comece agora mesmo
mercado. a fazer a sua gestão do tempo.
O WhatsApp, por exemplo, é um facilitador da co-
municação instantânea. Se, antes, você perdia tempo (Artigo disponível em: <https://ead.ucs.br/blog/gestao-
tempo> Acesso em 20 dez. 2021)
em ligações ou escrevendo e-mails, agora pode obter
uma informação ou esclarecer uma dúvida em tempo
real. É um ótimo instrumento para resolver pendên-
cias. Tem também o Trello, outro recurso incrível para 4. Atividade culminante
gerenciamento de tarefas, que pode ser usado pelo
computador, tablet ou smartphone. Nele, é possível Como o objetivo desse componente curricular é
elencar as atividades e distribuí-las entre os membros fazer com que você se sinta estimulado a trabalhar
de um grupo. pelo autoaprimoramento e pela autoeducação e se
A digitalização tem transformado tudo, inclusive o torne capaz de trabalhar em equipe, relacionando-
nosso jeito de pensar e agir. Use essa nova fase para -se e comunicando-se de forma assertiva, a atividade
facilitar a sua vida e ganhar tempo. culminante dependerá das atividades desenvolvidas
ao longo do bimestre e será orientada de forma dire-
Como lidar com quebras de pauta ou atividades cionada à realidade apresentada.
não esperadas?

Mesmo com tanta tecnologia, ainda há um alto


grau de incerteza na execução das tarefas. Sempre
pode existir um imprevisto ou obstáculo que não es-
tava nos planos. O importante é não se desesperar
quando isso ocorrer. É preciso manter a calma e a
cabeça no lugar para resolver as adversidades e evitar
uma avalanche no seu cronograma.
Mas, para prevenir que os contratempos causem
grandes problemas, o truque é sempre deixar uma
“gordurinha” no tempo previsto para a realização de
uma tarefa. Já falamos disso anteriormente, mas vale
reforçar: em todas as atividades, estipule algumas ho-
ras ou minutos a mais. Além disso, procure levantar os
possíveis riscos. Assim, você pode se preparar melhor
para enfrentar os eventos inesperados.

242
Química
QUÍMICA
AULA 01

Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais Wohler (1828)


fósseis e seus usos

Tema: Orgânica

Conteúdo: cadeias carbônicas

Expectativa de Aprendizagem:
• Reconhecer as principais características das ca-
deias carbônicas (isto é: aberta/fechada, ramifi-
cada/não ramificada, saturada/insaturada, aro-
máticos/não aromáticos)
SÍNTESE DA UREIA
É a parte da química que estuda praticamente A partir de um composto inorgânico (isocianato de
todos os compostos do carbono. amônio), por simples aquecimento, formou a ureia
que é um composto orgânico.
Histórico
NH4+CN– → CO(NH2)2
Bergman (1777)
Derrubou a Teoria da força vital.

Quais as diferenças entre química orgânica


e química inorgânica?

A separação da química orgânica da química inor-


gânica, sugerida por Torbern Olof Bergman, foi um dos
primeiros e mais importantes marcos desse campo
de estudo e da organização dos elementos químicos.
Nesse modelo, os compostos estudados pela quí-
COMPOSTOS ORGÂNICOS: mica orgânica são aqueles que estão presentes em
Substâncias extraídas dos organismos vivos. organismos que apresentam ciclo de vida, enquanto
a química inorgânica diz respeito às substâncias do
COMPOSTOS INORGÂNICOS: reino mineral que estão presentes na crosta terrestre.
Substâncias extraídas do reino mineral.
Características do átomo de carbono: Postu-
Berzelius (1807) lados de Kekulé

Como você viu anteriormente, o alemão Friedrich


August Kekulé foi um dos primeiros cientistas a estu-
dar as principais características do átomo de carbono.
Esses estudos foram estruturados em três postulados,
os quais você verá a seguir.

1° Postulado de Kekulé: o carbono é tetravalente

O átomo de carbono possui quatro elétrons na sua


última camada e conta com quatro valências livres,
o que permite quatro ligações covalentes, formando
TEORIA DA FORÇA VITAL moléculas. Dessa forma, o átomo fica estável.
Somente organismos vivos podem formar compos-
tos orgânicos, uma vez que apresentam uma força
especial: A VIDA.

244
QUÍMICA
Representação das cadeias carbônicas

A principal característica dos átomos de carbono


é a propriedade de se unirem para formar as estrutu-
ras chamadas cadeias carbônicas. Essa capacidade de
ligação permite a existência de milhões de compostos
orgânicos diferentes.
Outros elementos podem apresentar ligações en-
tre átomos também, desde que eles se localizem entre
2° Postulado de Kekulé: o carbono tem quatro os de carbono. Nesse caso, os encadeamentos mais
valências livres frequentes são oxigênio (O), nitrogênio (N), enxofre
(S) e fósforo (P), que são denominados heteroátomos.
O átomo de carbono tem as quatro valências livres Para representar as cadeias carbônicas de forma
e a posição do heteroátomo não difere os compos- simplificada, normalmente é utilizada a notação em
tos, ou seja, em qualquer posição que se encontre o bastão indicando cada ligação entre carbonos por tra-
átomo ligante ao carbono, o composto orgânico será ços (-). Cada carbono presente se transforma em um
sempre o mesmo. ponto de inflexão.
Um exemplo dessa característica é o clorofórmio.

3° Postulado de Kekulé: o carbono forma cadeias


carbônicas

Os átomos de carbono são agrupados entre si, for-


mando estruturas de carbono, ou cadeias carbônicas.
Essa propriedade permite que o elemento dê origem
a uma grande variabilidade de compostos orgânicos
de acordo com o número de ligações da cadeia.

245
QUÍMICA
AULA 02

Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais


fósseis e seus usos

Tema: Orgânica

Conteúdo: cadeias carbônicas


• Expectativa de Aprendizagem: Classificar os car-
bonos.

Classificação dos carbonos

Os carbonos são classificados de acordo com a


quantidade de outros átomos ligados a ele e conforme
o tipo de ligação entre eles. Vamos explicar melhor a
seguir, fique com a gente!

De acordo com os átomos a ele ligados

Nesse critério, o carbono pode ser classificado em


quatro grupos:
• Carbono primário: ligado diretamente, no má-
ximo, a um outro carbono;
• Carbono secundário: ligado diretamente a dois
ATIVIDADE outros carbonos;
• Carbono terciário: ligado diretamente a três
01. (UFSE) Wöhler conseguiu realizar a primeira sín- outros carbonos;
tese de substância dita “orgânica” a partir de uma • Carbono quaternário: ligado diretamente a
substância dita “inorgânica”. A substância obtida quatro outros carbonos.
por Wöhler foi:
a) ureia.
b) ácido úrico.
c) ácido cítrico.
d) vitamina C.
e) acetona.

02) (Covest-2004) Tendo em vista as estruturas do


tolueno, clorofórmio e acetonitrila, abaixo, po-
demos classificá-los, respectivamente, como
compostos:

De acordo com o tipo de ligação (sigma – σ e pi


– π) e com o tipo de hibridização

A outra classificação diz respeito aos tipos de liga-


ção que unem os carbonos, que podem ser divididos
a) orgânico, inorgânico e orgânico. em carbono saturado e carbono insaturado.
b) orgânico, orgânico e orgânico.
c) inorgânico, orgânico e orgânico. Carbono saturado: apresenta somente ligações
d) orgânico, inorgânico e inorgânico. e) inorgâni- simples, também chamadas de sigma (σ).
co, inorgânico e inorgânico.

246
QUÍMICA
a) um carbono terciário, cadeia linear e insaturada.
b) dois carbonos terciários, cadeia linear e insa-
turada.
c) um carbono terciário, cadeia ramificada e sa-
turada.
d) dois carbonos terciários, cadeia ramificada e
saturada.
Carbono insaturado: conta com duplas ligações,
denominações de pi (π), ou carbonos que apresentam
ligação tripla. AULA 03

Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais


fósseis e seus usos

Tema: Orgânica

Conteúdo: cadeias carbônicas

Expectativa de Aprendizagem:
• Classificação das cadeias carbônicas.
• Reconhecer as principais características das ca-
deias carbônicas (isto é: aberta/fechada, ramifi-
cada/não ramificada, saturada/insaturada, aro-
máticos/não aromáticos).
ATIVIDADE
Classificação das cadeias carbônicas
01. UEPG PR A tirosina, aminoácido sintetizado nos Você já sabe que os milhões de compostos or-
animais a partir da fenilamina, apresenta a se- gânicos existentes contam com estruturas formadas
guinte estrutura: predominantemente por átomos de carbono e que
são chamadas de cadeiras carbônicas. Esses encade-
amentos podem ser classificados a partir de quatro
critérios principais. Olha só!

Quanto ao fechamento da cadeia

Cadeia aberta, acíclica ou alifática


Com relação à classificação dos átomos de carbo-
As cadeias abertas, também chamadas de acíclicas
no na estrutura da tirosina, assinale a alternativa
ou alifáticas, têm duas ou mais extremidades e não
que contém a quantidade correta de átomos de
contêm qualquer tipo encadeamento, fechamento
carbono primários, secundários, terciários e qua-
ou anel.
ternários, nessa ordem.
a) 1, 7, 1, 0
b) 3, 5, 0, 1
c) 2, 5, 2,0
d) 2, 3, 1, 3
e) 4, 0, 1, 2

2. UFRN A substância responsável pelo aroma arti-


ficial de banana é obtida pela reação a seguir:

Cadeia fechada ou acíclica


No final da reação, observou-se a formação de As cadeias fechadas, também chamadas de ací-
uma mistura heterogênea bifásica. Em relação ao clicas, apresentam átomos unidos fechando a cadeia,
3-metil-butanol, é correto afirmar que possui formando um ciclo, um núcleo ou um anel.

247
QUÍMICA
Cadeia mista Quanto à saturação
Aqui, a cadeia possui ao menos uma parte em que
os átomos não estão formando um encadeamento Saturada
– ou seja, estão abertos – e a outra parte é fechada Nessa classificação, entram as cadeias que pos-
ou cíclica. suem apenas ligações simples entre os carbonos.

Insaturada
As cadeias insaturadas possuem ao menos uma
ligação dupla ou tripla entre os carbonos.

AULA 04
Quanto à disposição Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais
fósseis e seus usos
Cadeia linear, normal ou reta
Essa cadeia ocorre quando existem carbonos Tema: Orgânica
primários e secundários no encadeamento. Quando
estão em uma única sequência, geram duas pontas Conteúdo: cadeias carbônicas
ou extremidades.
Expectativa de Aprendizagem:
• Classificação das cadeias carbônicas.

Quanto à natureza

Cadeia ramificada Homogênea


Já as cadeias ramificadas possuem três ou mais As cadeias homogêneas não apresentam qualquer
pontas ou extremidades, apresentando carbonos ter- tipo de heteroátomo entre os carbonos e, dessa for-
ciários ou quaternários. ma, são compostas apenas pelo carbono.

248
QUÍMICA
Heterogênea
Nas cadeias heterogêneas existe algum heteroáto- ATIVIDADE
mo entre os carbonos. Em geral, os átomos presentes
são o oxigênio, o nitrogênio, o fósforo e o enxofre. 1. (UEPB) Analise as proposições acerca da estrutura
a seguir:

Compostos aromáticos

Os compostos aromáticos também são chama-


dos de arenos e são considerados hidrocarbonetos
que possuem ao menos um anel benzênico – sendo
também considerado uma cadeia fechada. Como pos-
suem polaridade baixa, os arenos não são solúveis em
solventes apolares, como o tetracloreto de carbono I. Tem formula molecular C7H12O.
ou éter, por exemplo. II. Apresenta apenas dois átomos de carbono
Os aromáticos estão presentes em grande quanti- terciários.
dade na natureza e, em condições normais, podem ser III. Não contem ligação pi (π).
encontrados na fase líquida ou gasosa. São utilizados IV. É classificada como uma cadeia carbônica ali-
em larga escala na indústria, tornando-se um com- cíclica, saturada e heterogênea.
ponente fundamental na composição de inseticidas, Assinale a alternativa correta.
corantes, solventes e explosivos. a) Apenas a proposição I esta correta.
b) Apenas as proposições II e III estão corretas.
c) Apenas a proposição IV está correta.
d) Apenas as proposições I, II e III estão corretas.
e) Todas as proposições estão corretas.

AULA 05

Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais


fósseis e seus usos

Tema: Orgânica

Conteúdo: Hidrocarbonetos

Expectativa de Aprendizagem:
• Reconhecer o nome a as fórmulas estruturais dos
hidrocarbonetos.

Introdução às funções orgânicas

Funções orgânicas

As funções orgânicas são grupos de substâncias


classificados de acordo com o grupo funcional que
possuem. Cada uma delas conta com características
próprias de acordo com a sua função e apresenta com-
portamento químico similar diante de determinadas
substâncias e condições semelhantes.

249
QUÍMICA
A seguir, vamos apresentar as principais funções A fórmula molecular conta com a seguinte estru-
orgânicas, assim como o grupo funcional que as iden- tura:
tificam. Acompanhe!
C3H8 → CnH2n + 2n = número de átomos de C =
Hidrocarbonetos 32n + 2 = número de átomos de H = 8
Os hidrocarbonetos são moléculas formadas ape-
nas por carbono e hidrogênio unidos por ligação cova- C4H10 → CnH2n + 2n = número de átomos de C
lente do tipo simples, dupla ou tripla e apolares. Esses = 42n + 2 = número de átomos de H = 10
compostos estão bastante presentes em nosso dia a
dia, como combustíveis, gás de cozinha, entre outros. ATIVIDADE
Características e nomenclatura de hidrocarbo- 1. (PUC RJ) Se 7,5 gramas de um hidrocarboneto
netos alifáticos gasoso ocupam um volume de 5,6 litros nas CNTP,
Os hidrocarbonetos de cadeia aberta se classifi- concluímos que o hidrocarboneto é um:
cam em quatro categorias: a) alceno
1. Alcanos ou parafinas b) alcino
2. Alquenos, alcenos ou olefinas c) alcano
3. Alquinos ou Alcinos d) ciclano
4. Alcadienos ou dienos e) cicleno
Vamos falar um pouco mais sobre eles a seguir.
Acompanhe!

Alcanos ou parafinas AULA 06


Os alcanos ou parafinas são hidrocarbonetos
alifáticos saturados, já que possuem cadeia aberta Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais
com ligações simples entre os carbonos de sua cadeia fósseis e seus usos
principal. São compostos pouco reativos, por isso o
nome parafina (que vem do latim parum=pequena Tema: Orgânica
+ affinis=afinidade). Apresentam a seguinte fórmula
estrutural: Conteúdo: Hidrocarboneto

Expectativa de Aprendizagem:
• Reconhecer o nome a as fórmulas estruturais dos
hidrocarbonetos.

Nomenclatura

A nomenclatura dos alcanos deve seguir a pa-


dronização de acordo com o número de carbonos, o
tipo de ligação e sua função orgânica, como descrito
abaixo:

Prefixo: número de átomos de carbono da cadeia


principal.
• 1 carbono = MET
• 2 carbonos = ET
• 3 carbonos = PROP
• 4 carbonos = BUT
• 5 carbonos = PENT
• 6 carbonos = HEX
• 7 carbonos = HEPT
• 8 carbonos = OCT
• 9 carbonos = NON
• 10 carbonos = DEC
• 11 carbonos = UNDEC
• 12 carbonos = DODEC

250
QUÍMICA
• 13 carbonos = TRIDEC A fórmula molecular conta com a seguinte estrutura:
• 14 carbonos = TETRADEC C3H6 → CnH2nn = número de átomos de C = 32n
• 15 carbonos = PENTADEC = número de átomos de H = 6
C4H8 → CnH2nn = número de átomos de C = 42n
Infixo: tipo de ligação da cadeia principal: = número de átomos de H = 8
• Ligações simples = NA
Como o alceno possui mais de quatro carbonos em
Sufixo: função hidrocarboneto sua cadeia, a dupla ligação pode estar em posições dife-
• Sufixo O rentes em sua estrutura, gerando compostos químicos
Exemplos: também diferentes. Dessa forma, é preciso indicar, por
CH3 – CH2 – CH3 → PROPANO meio de um número, a localização da dupla ligação.
CH3 – CH2 – CH2 – CH3 → BUTANO Esse número se refere à ordem numérica dos
carbonos na cadeia principal, iniciando a contagem
As propriedades físicas dos alcanos são: a partir da extremidade mais próxima da dupla ligação,
• Baixa reatividade, por conta da estabilidade e deve ser o menor possível antecedendo o nome do
entre as ligações de carbono e hidrogênio; composto, separado por hífen.
• São compostos apolares, já que apresentam in-
teração intramolecular do tipo dipolo induzido
– dipolo induzido. Dessa forma, os alcanos que
possuem até quatro carbonos em sua cadeia
são gases em condições ambientes (de 25 °C e 1
atm); os que possuem de cinco a 17 carbonos se
apresentam no estado líquido; e os restantes,
no estado sólido;
• São insolúveis em água e solúveis em solventes
apolares, como o clorofórmio e o benzeno; O etileno e o propileno são os principais alcenos
• Possuem densidades menores que 1g/cm³. da indústria petroquímica, apresentando a nomencla-
tura de acordo com a padronização da IUPAC (União
Alquenos, alcenos ou olefinas internacional da Química Pura e Aplicada, sigla que
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados, que vem do inglês International Union of Pure na Applied
apresentam somente uma dupla ligação entre os car- Chemistry). Veja a seguir a nomenclatura do etileno
bonos de sua cadeia carbônica principal. As substân- e do propileno, respectivamente:
cias com essa composição são oleosas – e, por esse
motivo, recebem o nome de olefinas (do latim oleum
= óleo + affinis = afinidade). Apresentam a seguinte
fórmula estrutural:

251
QUÍMICA
As propriedades físicas dos alcenos são: composto, é necessário indicar as insaturações por
• Sofrem reações de adição e polimerização; dois algarismos que precedem o nome da substância.
• Têm reatividade maior que os alcanos, já que A fórmula geral para alcadienos é CnH2n-2, sen-
a dupla ligação pode ser quebrada mais facil- do a mesma para os alcinos. Por esse motivo, pode
mente; ocorrer a isomeria de função (mesma fórmula mole-
• Seu ponto de ebulição aumenta conforme o cular para estruturas diferentes) entre os dois tipos
número de carbonos no encadeamento; de hidrocarbonetos.
• Possuem densidades menores que 1g/cm³; Os alcadienos são compostos apolares, classifica-
• São insolúveis em água e solúveis em solventes dos de acordo com a posição das insaturações em três
apolares. grupos: dienos acumulados, em que as insaturações
ocorrem em carbonos vizinhos (CH2=C=CH2); dienos
Alquinos ou alcinos isolados, em que as saturações são separadas por no
Os alquinos ou alcinos são hidrocarbonetos alifá- mínimo dois carbonos (CH2=CH-CH2-CH=CH2); e die-
ticos insaturados por uma tripla ligação (≡), caracteri- nos conjugados, em que as saturações são interpostas
zados pela cadeia aberta com ligação tripla entre os por um carbono de ligação simples (CH2=CH-CH=CH2).
carbonos, como acontece com o etino ou acetileno, O alcadieno mais conhecido é o isopreno, encon-
um gás com pouca solubilidade em água obtido por trado em diversos compostos, como borracha de se-
meio da reação de carbureto (CaC2) com água, como ringueira, carotenoides e óleos essenciais.
na equação abaixo:
ATIVIDADE
CaC2(s) + 2 H2O(ℓ) Ca(OH)2(aq) + HC = CH(g)
1. (PUC-PR) Alcinos são hidrocarbonetos:
O acetileno possibilita a queima com intensa li- a) alifáticos saturados.
beração de luz e calor, característica que possibilita b) alicíclicos saturados.
a produção de lanternas de carbureto utilizadas por c) alifáticos insaturados com dupla ligação.
exploradores de cavernas e maçaricos de oxiacetileno. d) alicíclicos insaturados com tripla ligação.
As regras de nomenclatura, relacionadas à nume- e) alifáticos insaturados com tripla ligação.
ração da tripla ligação, são as mesmas utilizadas para
os alcenos. 2. (Unesp) O octano é um dos principais constituin-
tes da gasolina, que é uma mistura de hidrocar-
bonetos. A fórmula molecular do octano é:
a) C8H18
b) C8H16
c) C8H14
d) C12H24
e) C18H38

Os alcinos verdadeiros contam com ao menos um AULA 07


átomo de hidrogênio ligado diretamente a um car-
bono da insaturação – ou tripla ligação. Já os alcinos Eixos Temáticos: Química Orgânica - Os materiais
falsos não apresentam o átomo de hidrogênio ligado fósseis e seus usos
a um carbono na tripla ligação.
Percebe-se, analisando as estruturas anteriores, Tema: Orgânica
que, no but-1-ino e but-2-ino, a quantidade de hi-
drogênio no composto é sempre igual ao dobro do Conteúdo: Hidrocarbonetos
número de carbonos menos dois. Dessa forma, a se-
quência geral dos alcinos é CnH2n – 2. Expectativa de Aprendizagem:
• Reconhecer o nome a as fórmulas estruturais dos
Alcadienos ou dienos hidrocarbonetos.
Alcadienos ou dienos são os hidrocarbonetos
alifáticos insaturados por duas ligações duplas (= =),
Características e nomenclatura de hidrocar-
que são responsáveis pela composição de polímeros
que originam a borracha natural. Sua nomenclatura bonetos cíclicos
segue os padrões observados em outros compostos
insaturados, porém, a partir de quatro carbonos no Você já viu nesse material que os hidrocarbone-
tos são compostos formados apenas por átomos de

252
QUÍMICA
carbono e hidrogênio. No caso dos hidrocarbonetos Veja a classificação dos hidrocarbonetos cíclicos:
cíclicos, esses compostos são formados por cadeias • Ciclanos: apresentam cadeia fechada, saturada
fechadas, formando um ciclo. (ligações simples entre carbonos) e podem ter
Os cicloalcanos, também chamados de ciclanos ou ou não ramificações.
cicloparafinas, são hidrocarbonetos cíclicos saturados, Exemplo:
já que possuem apenas ligações simples. Os cicloal- Ciclobutano (C4H8) = Ciclo + but (4 carbonos)
quenos, ou cicloalcenos, ciclenos ou cicloefinas, são + an (ligação simples) + o
considerados hidrocarbonetos cíclicos insaturados por • Ciclenos: apresentam cadeia fechada, insatura-
uma dupla ligação. da (uma ligação dupla entre dois dos carbonos)
A nomenclatura desses compostos segue as mes- e podem ter ou não ramificações.
mas regras dos hidrocarbonetos de cadeias abertas, Exemplo:
porém, o nome deve sempre iniciar pela palavra ciclo. Ciclobuteno (C4H6) = Ciclo + but (4 carbonos)
O número de carbonos no ciclo é identificado pe- + en (1 ligação dupla) + o
los seguintes prefixos: • Ciclinos: possuem cadeia fechadas, saturada e
• 3 carbonos: PROP uma ou mais ligações triplas.
• 4 carbonos: BUT Exemplo:
• 5 carbonos: PENT Ciclopentino (C5H6) = Ciclo + pent (5 carbonos)
• 6 carbonos: HEX + in (1 ligação tripla) + o
• 7 carbonos: HEPT
• 8 carbonos: OCT ATIVIDADE
• 9 carbonos: NON
Veja os exemplos abaixo: 01. (FURG RS) A estrutura a seguir representa o far-
naseno, um trieno, terpeno encontrado no óleo
de erva-cidreira. Quando tratado com três mols
de hidrogênio (H2) em presença do catalisador
paládio, tem-se a formação do alcano correspon-
dente.

O nome IUPAC do reagente e do produto são,


respectivamente:
a) 2,6,10-trimetil-1,6,10-dodecatrieno e
2,6,10-trimetildecano.
b) 3,7,11-trimetil-2,6,11-decatrieno e 3,7,11-tri-
metildecano.
c) 3,7,11-trimetil-2,6,11-decatrieno e 2,6,11-tri-
metildecano.
d) 3,7,11-trimetil-2,6,11-dodecatrieno e 3,7,11-tri-
metildodecano.
e) 2,6,10-trimetil-1,6,10-dodecatrieno e 2,6,10-tri-
metildodecano.

253
QUÍMICA

ATIVIDADE

1. Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes hi-


drocarbonetos:
a) Propano
b) Heptano
c) 1-penteno
d) 3-hexino
e) Ciclopentano
f) Ciclopenteno
g) Hexa-1,3-dieno
h) 2-metil-octano
i) 6-metil-oct-1-eno
j) 3-metilpent-1-ino
k) Metilciclopentano
l) 2,5-dimetil-hexa-1,3-dieno
m) 1-butino

254
Sociologia
SOCIOLOGIA
Neste Bimestre iremos trabalhar: dos de vida. É por meio da cultura que buscamos solu-
ções para nossos problemas cotidianos, interpretamos
a realidade que nos cerca e produzimos novas formas
de interação social. A maneira pela qual estruturamos
a economia, nossas formas de organização política,
as normas e os valores que orientam nossas ações,
todos esses elementos estão presentes na cultura.
Por sua vez, a cultura é resultado das nossas ações
sociais. As práticas, os saberes e sua aplicação pela co-
letividade resultam num conjunto de conhecimentos
que orientam nossa ação no mundo e nos permitem
reconhecer, explicar e construir a realidade social.
Porém, a construção da cultura não ocorre de
maneira harmônica e igualitária. Ela é marcada por
conflitos e relações desiguais entre os diversos grupos
humanos. Por exemplo, quando exaltamos a diversi-
dade cultural brasileira, não podemos nos esquecer
de que boa parte da cultura popular sofre preconceito
e que os processos históricos que geraram essas ex-
pressões culturais foram e são marcados por conflitos
nos quais negros, mulheres, nordestinos, indígenas,
Ao final deste Bimestre você será capaz de: quilombolas, comunidades ribeirinhas e outras mino-
 Reconhecer a cultura material e imaterial rias sociais são geralmente considerados cidadãos de
como produto das relações sociais estabele- segunda classe e suas contribuições para a formação
cidas historicamente por indivíduos em socie- da cultura são relegadas a um plano inferior. Entre-
dade tanto, a história nos mostra que, diante de interesses
 Compreender que as sociedades humanas são políticos e comerciais, as classes dominantes incorpo-
caracterizadas e se diferenciam umas das ou- raram essas práticas, saberes e costumes ao padrão
tras por sua cultura cultural estabelecido.
 Avaliar as relações entre cultura e ideologia Uma forma de perceber como esse processo de
e sua importância na compreensão dos com- construção da cultura ocorre no cotidiano é pensar sua
portamentos sociais realidade como estudante. Os conhecimentos, as nor-
 Distinguir as diferentes manifestações cul- mas, os valores e as ações pedagógicas com que você
turais como representações da diversidade interage no espaço escolar são produzidos em contextos
cultural das sociedades humanas históricos específicos e por grupos que têm interesse em
 Reconhecer as relações de poder existentes sua formação. Muitas vezes, os saberes que você traz
nos meios de comunicação de massa para a escola ou sua experiência de vida e sua realidade
social são ignorados no processo educativo. Assim, sua
formação e a maneira como você constrói suas opiniões
e como age em seu dia a dia, os comportamentos com
os quais se identifica, entre tantas outras coisas, podem
não representar o modo como os grupos dos quais você
faz parte representam a realidade.
Isso se relaciona, entre outros aspectos, às ideolo-
gias dominantes em nossa sociedade. Cada grupo ou
coletividade constrói sua visão de mundo com base
em contextos históricos e práticas sociais específicas.
Desse processo surgem interpretações e propostas de
ação que são difundidas socialmente com a pretensão
de se tornarem o padrão geral a ser seguido. Quando
isso ocorre, estamos diante do que chamamos ideolo-
gia. Nesse sentido, a ideologia pode ser compreendida
Cultura
como o conjunto de visões de mundo produzidas por
determinados grupos sociais, propostas como mode-
A palavra cultura tem diversas origens e usos. En-
los destinados a orientar as práticas de outros grupos
tretanto, para a Sociologia, ela é a base sobre a qual as
sociais ou da sociedade na qual se inserem.
sociedades humanas constroem seus diferentes mo-

256
SOCIOLOGIA
A escola tradicional é um veículo para a difusão Nesse aspecto, relacionamos cultura a uma hierar-
da ideologia dominante, e, por isso, há uma desvalo- quização dos indivíduos e grupos. Essa, porém, é uma
rização da cultura popular, que propõe outras formas utilização típica do senso comum. As Ciências Sociais
de pensar e de agir no mundo. Por essa razão, várias compreendem diferentes formas de inserção na cultu-
práticas e vários saberes que não pertencem ou não ra, tendendo a descartar qualquer hierarquização que
interessam às classes dominantes foram historica- resulte na discriminação de pessoas ou grupos sociais.
mente desconsiderados pela escola. Tal como acontece com o personagem Jeca Tatu,
Cultura e ideologia são conceitos que explicam a de Monteiro Lobato, o habitante das zonas rurais foi
relação intrínseca entre pensamento e ação. Diferen- muitas vezes apontado como alguém preguiçoso e
tes contextos modelam nossas escolhas pessoais. Na apático, o que exemplifica um modo preconceituoso
atualidade, a expansão das novas tecnologias da infor- de tipificar a cultura sertaneja, apresentada como in-
mação e da comunicação (TICs) é mais um elemento a ferior à cultura urbana. Esse é um exemplo de cultura
interferir em nossas opções de vida. Produzidas com utilizada como critério de valor. Ainda hoje, muitas
base em uma dinâmica social que envolve diversos manifestações da cultura brasileira são tratadas des-
interesses econômicos, sociais e políticos, essas tec- se modo, sobretudo quando têm origem em grupos
nologias provocam transformações no modo pelo qual socialmente marginalizados.
os diferentes atores sociais agem e se percebem no Por outro lado, a cultura é pensada como práticas
mundo. Por outro lado, o modo como indivíduos e e valores de um grupo social, na sua dimensão ma-
coletividades se apropria dessas tecnologias pode terial e imaterial, como patrimônio a ser preservado
gerar novas interpretações da realidade, capazes de e transmitido. Nesse contexto, não há atribuição de
alterar o sentido e a utilização original planejada por superioridade de uma expressão cultural sobre outra.
aqueles que incentivaram sua difusão. A ideia de cultura fundamenta a construção de teorias
sociais que nos permitem compreender os conflitos
Cultura e vida social culturais e a construção de uma crítica à dominação
cultural que historicamente destruiu diversas socie-
dades e grupos sociais.

Perceber os múltiplos significados e usos da cultu-


ra é um dos modos de constatar sua importância. Em
sua origem latina, cultura deriva de colere, que sig-
nifica cuidar, cultivar, podendo também adquirir um O conceito de cultura e
sentido ligado à saúde fisiológica (cuidar do corpo), à a Antropologia
religião (cultuar uma divindade) ou ainda à produção
de alimentos (agricultura). O uso do termo é, portanto, A disciplina que histori-
dinâmico e adquire sentidos diversos de acordo com o camente mais se dedica ao
contexto social e histórico. Numa definição sociológica estudo da cultura é a Antro-
básica, a cultura consiste no conjunto de práticas, sabe- pologia. Os antecedentes da
res, normas e valores de uma coletividade, servindo de discussão sobre cultura se
fundamento para as relações sociais nela estabelecidas. encontram no século XVI,
quando as grandes navega-
Cultura como juízo de valor e como produção social ções permitiram que os eu-
ropeus conhecessem novas
Para entender esses diversos significados, deve- partes do mundo e entras-
mos atentar para algumas formas de utilização do sem em contato com outros
termo presentes em nossa sociedade. A primeira grupos humanos, suscitando
delas é a relação entre cultura e educação. Quando debates sobre os hábitos, os
afirmamos que “uma pessoa tem muita cultura”, o costumes e a produção des-
termo está sendo utilizado no sentido de educação ses grupos. Esse momento
formal ou acadêmica. histórico construiu a visão de

257
SOCIOLOGIA
mundo que marcou para o Ocidente a ruptura entre Etnocentrismo e relativismo cultural
a forma como o feudalismo pensava a si mesmo e
a modernidade. O surgimento de impérios coloniais A rejeição às práticas culturais (e aos grupos ou
estabeleceu um processo de intercâmbio cultural e indivíduos que as praticam) diferentes das culturas
de dominação que até hoje marca as relações entre dominantes tem sido uma constante em quase todo o
as diferentes regiões do planeta. A reflexão sobre os mundo. Nas Ciências Socais, denominamos essa forma
próprios padrões culturais diante da inesgotável diver- de pensar e agir de Etnocentrismo.
sidade da criatividade humana tornou-se mais com- Etnocentrismo é, por definição, a visão de mundo
plexa, perdeu o ar de conversas pitorescas de salão característica de quem considera sua cultura e seu
e ganhou uma abordagem científica, preocupada em grupo étnico mais importantes que os demais. Essa
desvendar os mistérios da organização social humana. visão produz uma avaliação arbitrária do outro. Com
O método científico oferecia uma nova chave para base em critérios de sua própria cultura, o Etnocentris-
a descoberta de nossas origens e futuros possíveis. mo julga como atrasados ou sem sentido as práticas e
os valores culturais de outros povos ou grupos sociais.
Cultura, civilização e determinismo cultural

Entre os séculos XIX e XX, os relatos de viagem


e a reflexão filosófica sobre a diversidade dos povos
abriram espaço para a reflexão sociológica e antro-
pológica sobre a cultura. Nesse período, surgiram
diferentes formas de hierarquizar as sociedades se-
gundo sua cultura. Antes disso, tal hierarquização se
fundamentava em explicações não científicas, que
utilizavam argumentos inspirados na Biologia e na
Geografia, aos quais denominamos determinismos
biológico e geográfico.
No determinismo biológico, as diferenças entre as
sociedades são explicadas com base nas característi-
cas físicas da população. Assim, haveria correspon-
dência entre as características culturais e a constitui- Ao longo da história, os contatos entre povos com
ção genética de uma população. Essa visão de mundo diferentes práticas culturais despertaram estranheza,
promoveu uma explicação cultural baseada em dife- desconfiança e até mesmo rejeição. Em muitos casos,
renças biológicas que justificavam a dominação das as consequências foram devastadoras para as socieda-
populações negras e indígenas pelos europeus. des e culturas militarmente mais frágeis, que não raro
Já para o determinismo geográfico, as caracterís- tiveram seus valores culturais relegados a uma posição
ticas naturais das regiões, como o clima e o relevo, subalterna, quando não extintos. Essa prática persiste
causariam as diferenças culturais entre as sociedades. até hoje. Atitudes preconceituosas e discriminatórias
O maior desenvolvimento econômico das nações do (machismo, homofobia, xenofobia) derivadas de uma
norte do globo era explicado como resultado do su- visão etnocêntrica continuam a ocorrer, apesar de se-
posto temperamento racional e laborioso dos povos rem combatidas por grupos organizados da sociedade
naturais de regiões de clima temperado, ao passo que civil e pelo sistema judiciário, quando tipificadas no
populações das regiões mais quentes do hemisfério Código Penal.
sul possuiriam comportamento mais displicente e O olhar etnocêntrico sobre o mundo produz duas
criativo. formas de agir que negam a diversidade cultural: o
Embora o determinismo biológico e geográfico seja preconceito e a discriminação. O preconceito ocor-
refutado pelas Ciências Sociais, essas ideias ainda hoje re quando grupos ou indivíduos avaliam as práticas
influenciam o senso comum. Para esclarecer a ques- culturais de outros com base em valores e opiniões
tão, estudos antropológicos mostram que sociedades preestabelecidas. Efetiva-se na realidade por meio
com origens biológicas semelhantes ou que ocupam de atitudes discriminatórias, ou seja, que tratam de
a mesma região geográfica podem apresentar com- modo distinto e pejorativo práticas, valores e costu-
portamentos e formas de organização bem diversos. mes de outras culturas.
Para a Antropologia, as experiências históricas Em oposição às ações e aos valores que rejeitam
vividas em cada sociedade são o fundamento das di- a diversidade cultural, as Ciências Sociais defendem o
ferenças entre as culturas, que se explicam, por sua relativismo cultural. Essa forma de pensar compreen-
vez, pelos diferentes valores e práticas advindos da de que cada manifestação cultural é legítima quando
vida em sociedade. avaliada de acordo com seus próprios critérios. A di-

258
SOCIOLOGIA
versidade cultural é vista como positiva no âmbito da modo, a ocorrência de casos de preconceito e discri-
prática relativista, que a compreende como portadora minação expressa a permanência de visões de mundo
dos fundamentos do direito de se expressar e, mais que rejeitam a diversidade. Nesse sentido, o desafio é
amplamente, de existir. produzirmos novas ideologias que respeitem e valori-
As práticas culturais não estão isentas da influ- zem a coexistência e se tornem modelos alternativos
ência das ideologias presentes na sociedade. Desse a todas as formas de intolerância.

Ideologia e comportamento social explicação da realidade social. Esse conjunto de ideias


e valores que orientam o comportamento e as de-
Para começarmos nossa discussão sobre ideolo- cisões dos indivíduos e grupos compõe a ideologia.
gia, façamos antes uma pequena reflexão. Imagine- Nossas ações e percepções do mundo são basea-
mos que nossa escola vem enfrentando uma série de das em ideologias. Como veremos nos tópicos a seguir,
problemas que está prejudicando o desenvolvimento a ideologia, assim como a cultura, é um elemento
adequado das atividades. Diante disso, funcionários, essencial para a compreensão das relações sociais.
estudantes e responsáveis convocaram uma assem-
bleia para decidir se vão entrar em greve até que os O conceito de ideologia como falsa consciência
problemas sejam resolvidos. Quais elementos vão
orientar as decisões dos membros da escola? E como Nas Ciências Sociais, o uso do conceito de ideo-
você vai tomar sua decisão? logia está inicialmente relacionado aos estudos de-
Na vida social, quando enfrentamos um problema, senvolvidos por Karl Marx. Com base em um debate
buscamos soluções para ele. No entanto, as soluções travado com outros pensadores sobre o desenvolvi-
encontradas não são neutras, ou seja, não estão isen- mento da consciência, Marx, em parceria com Engels,
tas de valores. Todos os indivíduos e grupos sociais desenvolveu o conceito de ideologia como ilusão ou
possuem interesses diretamente relacionados às falsa consciência, em uma série de manuscritos de
ideias que construímos ou que são apresentadas no 1846 que se tornaram conhecidos como A ideologia
processo de interação social. alemã.
Voltando ao exemplo, imaginemos que na as- Nessa definição, Marx procura se contrapor à visão
sembleia teremos pessoas que são favoráveis à gre- dominante em seu tempo de que o desenvolvimen-
ve, aquelas que são contrárias à paralisação e outras to da razão humana por si só modificaria o mundo,
propostas de ação. Cada uma dessas atitudes expõe ou seja, as ideias seriam o fundamento da realidade.
um olhar específico sobre o mundo e uma forma de Marx contra-argumenta explicando que a sociedade

259
SOCIOLOGIA
é compreendida em duas esferas. A infraestrutura é das religiões, da moral e das organizações políticas
a esfera da produção material, que produz os bens existentes em uma sociedade. Essas duas esferas se
que satisfazem as necessidades materiais. Já a supe- relacionam mutuamente, devendo ser percebidas
restrutura representa o conjunto das ideias, das leis, como um todo estruturado.

Afirmar que as ideias (que pertencem à superes- ideias como forma de impedir os trabalhadores de
trutura) são autônomas consiste numa representação compreenderem as causas materiais que formam sua
falseada das relações sociais, desenvolvida pelas clas- realidade.
ses dominantes com o objetivo de manter as classes Em qualquer tempo histórico, a classe que con-
trabalhadoras sob seu controle. Significa desconside- trola o sistema econômico procura desenvolver um
rar que as relações materiais de produção construí- conjunto de ideias que legitime seu controle. Produz,
das fundamentam o modo como cada um explica e assim, representações da realidade que atendem a
interpreta o mundo. Por isso, nesse sentido, a ideo- seus interesses e lhe permitem continuar a exercer
logia é vista por Marx como uma falsa consciência seu domínio sobre as demais classes sociais. Dessa
da realidade. forma, as ideologias da classe dominante tendem a
Como explicar isso? Pensemos no seguinte exem- se tornar a representação da realidade de todas as
plo. Nas últimas décadas, houve mudanças profun- classes. No exemplo dado, os trabalhadores passam
das na forma de organização das empresas em todo a crer numa explicação que favorece a manutenção
o mundo. Com base em propostas para maximizar das estratégias das classes dominantes, contribuindo
os ganhos e minimizar os custos de produção, foram para a consolidação da forma de organização da eco-
implementadas, com a anuência do Estado, diversas nomia que foi elaborada pelos detentores dos meios
estratégias que, entre outras consequências, reduzem de produção.
o número de trabalhadores empregados e aumentam
o desemprego. Na concepção defendida por Marx, as Ideologia como visão de mundo
mudanças na base material (formas de organização
da produção) e na postura do Estado (superestrutura) Outra abordagem teórica sobre a temática da
explicam as dificuldades dos trabalhadores de encon- ideologia é a do filósofo e político italiano Antonio
trar emprego. Gramsci. Seus estudos procuraram valorizar o papel
Contudo, ao mesmo tempo, para evitar que se da cultura no desenvolvimento da luta de classes.
perceba a causa real do aumento do desemprego, Para Gramsci, a ideologia pode ser compreendida
as classes dominantes desenvolvem uma explicação como visão de mundo, um conjunto de perspectivas
dessas mudanças segundo a qual as dificuldades para produzidas pelas diferentes classes sociais que se
conseguir emprego são atribuídas à falta de qualifica- materializam nas práticas sociais ao mesmo tempo
ção profissional ou de dedicação dos trabalhadores. que são influenciadas por elas, formando um sistema
Essa forma de explicar o desemprego faz com que de valores culturais. A ideologia representa o modo
muitos trabalhadores considerem que estão desem- como cada grupo ou classe social atribui sentido a
pregados por sua própria culpa. suas experiências no mundo.
Temos, nessa situação, um caso de ideologia como Duas consequências importantes derivam dessa
falsa consciência. Cabe ressaltar que a percepção da visão. A primeira é a valorização da cultura na análi-
ideologia como falsa consciência não ocorre por uma se das relações sociais. A segunda é o papel que as
relação mecânica, em que a base material determi- classes dominadas podem ter no processo de trans-
na a superestrutura, mas em razão da utilização das formação da sociedade.

260
SOCIOLOGIA

Na visão de Gramsci, as ideologias são expressões trabalhadores podem produzir explicações distintas
SS das experiências sociais de grupos ou classes sociais daquelas apresentadas pelas classes dominantes. Ao
e estão profundamente vinculadas às práticas cultu- fazê-lo, permitem aos trabalhadores e ao conjunto
rais de sujeitos coletivos. Sendo assim, as classes do- mais amplo da sociedade rejeitar a ideia dominante
minantes procuram difundir sua forma de explicar o e se mobilizar contra as relações vigentes.
mundo, de modo que possam inspirar o comporta-
mento cultural das classes dominadas e influenciá-lo. As organizações de trabalhadores podem ser
Quando isso ocorre, estamos diante de uma situação uma forma de construção de contra hegemonia.
denominada por ele de hegemonia.
Em qualquer socieda- O educador e filósofo pernambucano Paulo Frei-
de, o exercício do poder re (1921-1997) elaborou uma reflexão sobre o papel
pressupõe uma alternân- da ideologia que se vale dos dois aspectos utilizados
cia entre a coerção e o anteriormente. Para ele, a ideologia dominante é in-
consenso. O exercício da cutida na mente e na prática dos indivíduos por meio
hegemonia de uma classe do processo educacional. A pedagogia tradicional as-
sobre as demais prevê o socia-se ao modo de ver e agir das classes dominantes
domínio baseado no con- e falseia a realidade, apresentando o olhar dominante
senso e não na força. Isso como o único possível.
pode ocorrer pela difusão Em sua obra, o pensador brasileiro discute como
da ideologia da classe dirigente para todas as esfe- a escola reproduz e ensina aos estudantes a ideologia
ras da vida, de maneira que se torne a concepção de dominante, principalmente quando adota o modelo que
mundo de todas as classes. ele denomina educação bancária. Freire afirma que o
Se pensarmos no exemplo dos trabalhadores utili- modelo de educação adotado em nossa sociedade pro-
zado anteriormente, significa que a classe dominante, duz exclusão, desigualdade e miséria, além de manter a
ao difundir as ideias sobre o papel dos trabalhadores submissão das classes populares às elites dominantes.
na questão do desemprego, não tem como objetivo Mas a educação pode cumprir outro propósito so-
produzir uma falsa consciência da realidade, mas in- cial, de caráter emancipatório. Como Gramsci, Freire
fluenciar o modo como esses trabalhadores vão se considera que ela também pode ser utilizada como
comportar em seu cotidiano, cobrando mais de si ação contra- -hegemônica. Por meio do desenvolvi-
mesmos do que dos seus empregadores ou do Esta- mento de uma ação pedagógica que rejeite os valores
do. Portanto, a dominação ocorre também no âmbito pelos quais a ideologia dominante reproduz injustiças
das relações culturais. No entanto, para Gramsci, as sob o discurso do mérito individual, Freire acredita
classes dominadas não precisam ser elementos passi- que as classes populares podem produzir um discurso
vos nesse processo. Elas podem construir sua própria alternativo sobre o mundo, permitindo aos domina-
visão de mundo e se contrapor à visão dominante. dos se libertarem do controle ideológico e se torna-
Esse processo se chama contra hegemonia. Para isso, rem sujeitos ativos na transformação da sociedade.
é necessária a existência de intelectuais vinculados
às classes dominadas, que possam ajudar a produzir Cultura e ideologia
outros olhares sobre o mesmo fenômeno.
Retomando nosso exemplo, significa dizer que as A análise dos fenômenos sociais de nosso coti-
organizações sindicais e os grupos políticos ligados aos diano nos permite perceber a mútua influência entre

261
SOCIOLOGIA
cultura e ideologia, seja no modo pelo qual os grupos relacionar a produção cultural com os grupos que
e as classes sociais expressam, em práticas e saberes, as geraram. Sendo assim, é possível afirmar que a
sua compreensão e sua trajetória no mundo, seja na cultura possui diversas faces, que, em grande me-
forma pela qual essa trajetória é interpretada e valo- dida, representam os grupos, sujeitos e contextos
rizada socialmente. dos quais surgiram.
Em cada momento e contexto sócio-histórico,
determinados padrões de comportamento são valo- Cultura erudita e cultura popular
rizados e outros tratados como secundários ou até
rejeitados. Essa condição depende da relação esta- Chamamos cultura erudita as práticas, os costu-
belecida entre os diversos conjuntos de indivíduos no mes e os saberes produzidos pelas elites ou para elas.
processo de interação social. Tal processo é marcado Normalmente, tais práticas e saberes estão relacio-
pelos interesses distintos de cada um desses grupos e nados à produção cultural das classes dominantes,
pela tentativa das classes dominantes de tornar seus que procura se distinguir do que é produzido pelas
modelos referência para as demais classes. outras classes.
Desse modo, a relação entre as diversas expres- A cultura popular, por sua vez, refere-se às práti-
sões da cultura, os grupos sociais que as desenvol- cas, aos costumes e aos saberes que têm sua origem
vem, seu reconhecimento social e a relação dessas nas classes dominadas ou populares. Representa o
manifestações com o modo de produção capitalista conjunto de manifestações culturais cuja origem re-
representam como, em nossa sociedade, as relações mete às experiências cotidianas daqueles que não
entre cultura e ideologia são construídas e efetivadas pertencem às classes dominantes. Se afirmamos
nas relações sociais. que a cultura erudita está ligada à cultura oficial,
Uma manifestação cultural de origem popular institucionalizada, devemos entender que a cultura
como o funk carioca pode ser caracterizada como ex- popular expressa o saber não oficial, ou não institu-
pressão social de parcela das classes dominadas da cionalizado.
sociedade brasileira. Apesar da origem estadunidense,
o funk foi ressignificado pelas populações da periferia
das metrópoles brasileiras, que dele se apropriaram,
e se tornou uma de suas referências na construção
da identidade social.
Por causa dessa origem popular, o funk é fre-
quentemente visto como uma manifestação cultural
de menor valor. Aqueles que dançam ou cantam suas
músicas sofrem preconceito e discriminação, pois
praticam uma arte considerada inadequada para os
padrões dominantes. Muitas vezes, o funk também é
associado à criminalidade e até mesmo proibido pelas
autoridades policiais. Pelo fato de as práticas culturais efetivarem as
Entretanto, como gera retorno financeiro signi- visões de mundo das diversas classes sociais, devemos
ficativo, em determinados contextos esse tipo de entender que a dinâmica da relação entre cultura eru-
dita e popular também está inserida nesse contexto.
expressão musical é encampado pelos meios de
Sendo assim, elementos da cultura erudita podem ser
comunicação de massa e se torna uma mercadoria
utilizados para reforçar a dominação das elites sobre
difundida socialmente. O caso do funk mostra como
o povo. Ou seja, a difusão de determinada forma de
a cultura (práticas, saberes, valores) está sempre arti-
linguagem ou sotaque como padrão nacional pode
culada com a ideologia (interpretação, compreensão,
indicar o estabelecimento do domínio linguístico e
difusão de ideias) e com os interesses econômicos
cultural de um grupo social sobre os demais.
dominantes.
Por outro lado, na tentativa de construir valores
contra hegemônicos, membros das classes dominadas
As diversas faces da cultura podem se valer de elementos da cultura popular como
estratégia para se oporem aos padrões estabelecidos
A cultura é produção humana e não pode ser pelas classes dominantes. A valorização do folclore de
hierarquizada, pois não é possível justificar qual se- diversas partes do Brasil constitui uma possibilidade
ria o padrão cultural a ser tomado como critério de de difusão das experiências e visões de mundo das
diferenciação. Dizer que determinada prática cultu- classes dominadas, ao mesmo tempo que fornece
ral tem mais valor que outra é afirmar o etnocen- alternativas ao modo de ver e explicar o mundo das
trismo. Porém, isso não significa que não possamos classes dominantes.

262
SOCIOLOGIA
Com o advento e a consolidação do capitalismo, Indústria cultural e meios de comunicação de
uma nova forma de expressão cultural foi desenvolvi- massa
da. É a chamada cultura de massa, que se caracteriza
por transformar as práticas, os saberes e os costumes Na análise das relações entre cultura e ideolo-
das diferentes classes em mercadorias. Como vere- gia, uma temática relevante para as Ciências Sociais
mos mais adiante, a cultura de massa é produzida é a discussão das relações entre cultura de massa,
pelos meios de comunicação de massa e pautada por indústria cultural e meios de comunicação de mas-
interesses comerciais. Uma de suas consequências é sa. A proximidade dos conceitos parece indicar uma
a ofuscação das diferenças entre as culturas popular coisa só, mas eles constituem elementos distintos na
e erudita, que, ao serem incorporadas à cultura de estratégia de consolidação da ideologia capitalista.
massa, perdem sua importância específica no cenário Uma questão interessante é que, diferentemente
social contemporâneo. das culturas erudita e popular, que são produzidas
É importante ressaltar que, diferentemente do respectivamente pelas elites e pelas classes popula-
que afirmam os meios de comunicação, a cultura de res, a cultura de massa, ao contrário do que o nome
massa também possui caráter ideológico. Seu atrela- sugere, não é produzida pelas massas, mas para as
mento aos interesses capitalistas a transforma numa massas. Ela é gerada no interior da indústria cultural,
expressão crucial da visão de mundo das classes do- conjunto de empresas vinculadas à classe dominante
minantes, ditando comportamentos padronizados e que tem como função “produzir” cultura. Mas como
colaborando de maneira central na consolidação dos produzir industrialmente algo que, como vimos antes,
valores típicos do sistema capitalista. surge das práticas.

Isso acontece pela massificação de saberes e pa- Por exemplo, quando um programa jornalístico de
drões de comportamento que interessam às classes uma emissora de televisão apresenta uma notícia, o
dominantes, para que sejam adotados como refe- modo como são narrados os fatos ou apresentadas
rência pelas classes dominadas. Por meio de inú- as entrevistas não é neutro. Procura-se construir de-
meros produtos (novelas, filmes, livros, shows, pro- terminado olhar sobre a realidade que representa a
gramas de TV, revistas etc.), há uma difusão de ele- visão dos donos do veículo de comunicação em que
mentos culturais que tem como premissa a consoli- a informação está sendo divulgada. Diante da rotina
dação de valores e comportamentos que reforçam cotidiana das classes trabalhadoras, o principal modo
a ordem social capitalista. Para isso, esses produtos de obter informações é por meio da televisão. Por
incentivam o consumo, a padronização dos gostos, conta disso, a maneira como essas pessoas vão in-
em um processo em que prevalece a busca pelo terpretar os acontecimentos será influenciada pela
lucro. forma como a emissora e seu telejornal apresentarem
Os meios de comunicação de massa (televisão, os fatos. Assim, a televisão é um veículo essencial
rádio, cinema, jornais etc.), que são os principais veí- para a difusão da cultura e da ideologia dominantes.
culos de divulgação da cultura de massa, exercem pa- Essas e outras questões fizeram com que as Ci-
pel essencial nesse contexto. São eles os responsáveis ências Sociais estudassem os vínculos entre cultura
por transmitir os ideais das classes dominantes para e poder. O estudo da cultura sob a perspectiva das
o conjunto da sociedade, de forma que, no caso de relações de poder e dominação (ou controle social)
obtenção de sucesso, possam consolidar seu controle levou Theodor Adorno e Max Horkheimer (1895-1973)
hegemônico sobre as classes dominadas. a criarem, em meados dos anos 1940, o conceito de

263
SOCIOLOGIA
indústria cultural. Esse conceito foi elaborado para sociedades contemporâneas graças ao impacto da
designar o modo como se produz cultura, com base na revolução digital. A indústria geradora de serviços e
padronização verificada em qualquer outra produção de conteúdos digitais passa a ter importância funda-
industrial. Foi com o advento da Revolução Industrial mental na formação de comportamentos e hábitos de
que se pôde fabricar em grande escala produtos pa- consumo. No entanto, o modo como essas mudanças
dronizados, o que serviu de mola para o surgimento de ocorrem não pode ser compreendido sem que se per-
uma sociedade de consumo. Assim, as empresas res- ceba que a tecnologia não está apartada da produção
ponsáveis pela produção em massa de bens culturais social nem da cultura.
como mercadoria fazem parte da indústria cultural. As tecnologias, bem como a linguagem e as insti-
De acordo com Adorno, a produção da cultura tuições sociais, são parte das construções humanas.
passou a ter como principal finalidade o lucro. Esse Elas são produto da sociedade e da cultura, e tanto
processo de mercantilização tornou-se um obstáculo sua criação quanto seu uso constituem nossa própria
para a arte exercer sua autonomia de criticar a socie- noção de humanidade. Assim, elas não são neutras, e
dade, já que nesse sistema de produção ela passaria o desenvolvimento tecnológico se orienta por interes-
prioritariamente pelos administradores e técnicos ses que podem considerar ou não as desigualdades
responsáveis por tornar os produtos mais rentáveis sociais e os abismos digitais.
e aceitos pelos consumidores. Além disso, a necessi- Na atualidade, as tecnologias digitais, além de
dade de consumo, caracterizada pela insaciabilida- representarem o avanço dos meios de comunicação,
de, está intimamente ligada à difusão da ideologia constituem um campo fecundo para os negócios do
capitalista pela indústria cultural e pelos meios de capitalismo. Por isso, é importante considerar os con-
comunicação de massa. textos culturais e ideológicos nos quais essas tecnolo-
A cultura de massa, como produto da indústria gias são utilizadas. Por exemplo, os diversos usos que
cultural, se sustenta oferecendo divertimento e pro- fazemos das redes sociais on-line são influenciados
duzindo conformismo. A diversão propiciada pelos pelo conjunto de visões de mundo em disputa na so-
produtos da indústria cultural muitas vezes mascara ciedade, assim como pelos interesses comerciais e
os conflitos existentes na sociedade. O conformismo políticos de empresas e governantes.
refere-se à aceitação tácita da realidade social, tal Uma visão otimista da expansão das tecnologias
como mostrada pelos meios de comunicação, que não da informação é desenvolvida pelo filósofo francês
lhe fazem nenhuma crítica. O divertimento e o entre- Pierre Lévy (1956-). Para ele, a propagação das redes
tenimento reforçam a naturalização das situações de sociais on-line pode transformar as relações cultu-
opressão e desigualdade apresentadas nos filmes, nas rais e políticas, gerando novos modos de exercício
telenovelas e nas séries televisivas. da cidadania e da democracia no que ele chama de
Esse processo de naturalização e conformismo cibercultura.
produz a alienação das massas. Funciona como me- Nesse aspecto, entende- -se que o espaço digital
canismo de controle social, pois neutraliza a possibi- poderá concretizar seu potencial político ao ser habi-
lidade de o indivíduo entender e criticar os padrões tado por culturas cada vez mais diversas e participati-
de relações sociais aos quais está submetido. Assim, vas. Um exemplo desse uso político das redes sociais
a ideologia dominante transmitida por esses produ- são as manifestações ocorridas no Brasil em junho
tos culturais permite a reprodução das relações de de 2013, em que essas redes tiveram papel central
dominação na sociedade. na organização dos protestos.
Nesse novo contexto social, ganham destaque
Cultura, ideologia e identidade cultural no século as tribos urbanas e seu papel na formação das iden-
XXI tidades juvenis. Caracterizadas por se constituírem
como grupos identitários que questionam os padrões
Desde o século XIX, o telégrafo, o rádio, o telefone de comportamento e a expressão cultural dominan-
e o cinema vinham alimentando o desejo humano da tes, as tribos urbanas surgem nas últimas décadas
ubiquidade, que significa a capacidade de estar pre- do século XX e ganham, na sociedade da informação,
sente em todos os lugares ao mesmo tempo. A partir diversidade e amplitude geográfica, gerando novos e
dos anos 1970, a fusão das telecomunicações analó- múltiplos sentidos e formas de pertencimento para
gicas com a informática provocou uma transformação a juventude. A maneira como os vínculos sociais se
no modo como circulam as informações, permitindo difundem pela internet consolida e estabelece uma
uma comunicação multidirecional, desenvolvendo nova ordem comunicativa, na qual a solidariedade da
o que o sociólogo espanhol Manuel Castells (1942-) tribo se fortalece e se redefine pelas redes eletrônicas.
denomina sociedade da informação. Nesse sentido, a lógica da identidade, baseada em
A análise sociológica da sociedade da informação padrões mais estáveis de individualidade, se desloca
tenta compreender as transformações sofridas pelas para as identificações sucessivas de caráter mais flui-

264
SOCIOLOGIA
do, relacionáveis ao ritmo e à superposição das tribos, os povos e seus valores, reforçando o respeito
o que remete a uma concepção plural de sujeito. O às diferenças socioculturais.
sociólogo franco-tunisiano Michel Maffesoli (1944-) b) critica a intolerância com relação a outras cul-
aponta a formação das tribos urbanas como reação ao turas, gerando assim os conflitos comuns neste
processo de homogeneização promovido pela cultura novo século.
de massa e pela indústria cultural. c) indica o reconhecimento à diversidade cul-
Assim, as tribos surgem e vinculam-se com base tural, além das necessidades de afirmação e
em interesses contextuais e identificações com ele- de identidade, seja étnica, seja cultural, seja
mentos específicos da cultura urbana. A partir daí, religiosa.
podemos dizer que, ainda que na sociedade de massas d) nega a existência da exclusão cultural e ressal-
haja uma predominância das influências exercidas pe- ta a homogeneização mundial e a superação/
los meios de comunicação de massa na formação das eliminação de fronteiras culturais
práticas culturais e das ideologias, existe espaço para
que formas alternativas de concepção de mundo e de 2. (Enem/2017) Para a Organização das Nações
comportamentos possam se desenvolver e indicar no- Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
vos caminhos para nossas ações e decisões cotidianas. (Unesco), é importante promover e proteger mo-
numentos, sítios históricos e paisagens culturais.
Referência Mas não só de aspectos físicos se constitui a cul-
tura de um povo.
As tradições, o folclore, os saberes, as línguas,
as festas e diversos outros aspectos e manifes-
tações devem ser levados em consideração. Os
afro-brasileiros contribuíram e ainda contribuem
fortemente na formação do patrimônio imaterial
do Brasil, que concentra o segundo contingente
de população negra do mundo, ficando atrás ape-
nas da Nigéria.
MENEZES, S. A força da cultura negra: Iphan reconhece
manifestações como patrimônio imaterial. Disponível em:
www.ipea.gov.br. Acesso em: 29 set. 2015.

Considerando a abordagem do texto, os bens


imateriais enfatizam a importância das repre-
sentações culturais para a
a) construção da identidade nacional
b) elaboração do sentimento religioso
c) dicotomia do conhecimento prático
d) reprodução do trabalho coletivo
e) reprodução do saber tradicional
ATIVIDADES
3. (UFG/2014) Leia a receita apresentada a seguir.
Conceito Antropológico de Cultura
TACACÁ
1. (UEG) Não quero que a minha casa seja cercada 2 litros de tucupi temperado
de muros por todos os lados, nem que minhas 4 dentes de alho
janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de 4 pimentas de cheiro
todas as terras sejam sopradas para dentro de 4 maços de jambu
minha casa, o mais livremente possível. Mas recu- 1/2 kg de camarão
so-me a ser desapossado da minha por qualquer 1/2 xícara de goma de mandioca
outra. Sal a gosto
GANDHI, M. Relatório do desenvolvimento humano 2004. Modo de servir: muito quente, em cuias, tempe-
In: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos de A. Geografia geral. rado com pimenta.
São Paulo: Moderna, 2005. p.137. Disponível em: www.receitastipicas.com/receita/tacaca.
html. Acesso em: 9 set. 2013.
Considerando-se as ideias pressupostas, o texto
a) afirma que a globalização aumentou, de modo Comer é um ato social, histórico, geográfico, re-
sem precedente, os contatos e a união entre ligioso, econômico e cultural. O preparo dos ali-

265
SOCIOLOGIA
mentos, a escolha dos ingredientes e a maneira 5. (Unicentro) No ano de 1933, a artista modernis-
de servir identificam um grupo social e ajudam ta Tarsila do Amaral (1886-1973) pinta o quadro
a estabelecer uma identidade cultural. “Operários”, dando início à pintura social no Brasil.
Essa receita, “Tacacá”, comida muito apreciada
na culinária paraense, demonstra:
a) uma interação cultural, com a incorporação de
ingredientes advindos de tradições culinárias
distintas
b) um modo de preparo espontâneo, associado
aos padrões culinários da colônia
c) um modelo ritualista de servir, vinculado ao
formalismo religioso africano
d) um modo de utilizar os ingredientes provenien-
tes do extrativismo, associado ao nomadismo
dos quilombos
e) uma imposição de identidade cultural, pelo uso
de produtos cultivados em áreas sertanejas
Sobre o tema da diversidade étnica, as teorias
Diversidade Cultural sociológicas afirmam que, sob a perspectiva cul-
• Etnocentrismo tural:
• Relativismo cultural a) os termos raça, etnia e cultura têm o mesmo
significado analítico, no contexto brasileiro,
4. (Unisc) O grupo do ‘eu’ faz, então, de sua visão quando utilizados por sociólogos e antropó-
a única possível, ou mais discretamente se for o logos
caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O b) as populações indígenas brasileiras foram clas-
grupo do ‘outro’ fica, nessa lógica, como sendo sificadas, corretamente, como primitivas pelos
engraçado, absurdo, anormal ou inteligível. colonizadores, porque são naturalmente mais
ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. 1. vagarosas e atrasadas.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 9. c) os grupos biológicos de indivíduos que com-
partilham de uma história comum, feita de
A citação explicita o fenômeno social denomina- laços linguísticos e culturais, são tidos como
do etnocentrismo. Assinale entre as alternativas pertencentes da mesma etnia.
abaixo aquela que explica o conceito. d) alguns elementos culturais, como o futebol, as
a) O etnocentrismo demonstra como convivemos comidas típicas e o carnaval, não podem ser
em harmonia com grupos e indivíduos que per- objetos da análise sociológica por mascarar a
tencem a uma cultura diversa ou são reconhe- desigualdade existente nas relações sociais.
cidos como “diferentes” por não seguirem os e) a chegada dos japoneses, em 1908, e a cons-
padrões de comportamento socialmente acei- trução de uma nova identidade nacional com a
tos na sociedade em que vivemos. implantação de suas associações civis, educa-
b) O etnocentrismo é uma visão de mundo (que tivas e religiosas, foram o marco das relações
pode compreender ideias e ideologias) em que inter-raciais no Brasil.
nosso próprio grupo é tomado como centro
de referência e todos os outros são pensados 6. (UniOeste) O relativismo cultural é um princípio
e avaliados através de nossos valores, nossos segundo o qual não é possível compreender, in-
modelos e nossas definições do que é a exis- terpretar ou avaliar de maneira significativa os
tência. fenômenos sociais a não ser que sejam conside-
c) O etnocentrismo é uma visão de mundo (que rados em relação ao papel que desempenham
pode compreender ideias e ideologias) em que no sistema cultural.
buscamos não julgar e não avaliar as diferenças Tendo por base o anúncio transcrito acima, é
e sim compreender as especificidades culturais correto afirmar que
de cada grupo ou cultura. a) relativizar é construir descrições exteriores
d) O etnocentrismo demonstra a luta de classe sobre diferentes modos de vida.
nas sociedades capitalistas a partir da teoria b) relativizar é uma tentativa de construir des-
marxista. crições e interpretações dos fatos culturais a
e) O etnocentrismo é uma teoria que explica por partir do que nos dizem e do que fazem os
que não devemos interferir nas outras culturas. atores destes fatos culturais.

266
SOCIOLOGIA
c) relativizar é uma defesa da homogeneidade veis, reduz-se proporcionalmente a parcela desse
cultural. acervo que cada indivíduo pode reter. (BOMENY,
d) é o reconhecimento da unidade biológica da H. et al. Tempos modernos, tempos de Sociologia.
espécie humana. Através dessa unidade bioló- São Paulo: Editora do Brasil, 2013, p. 107).
gica podemos explicar as realidades culturais Com base no trecho citado e em estudos socio-
e o comportamento das pessoas. lógicos sobre indústria cultural e consumo em
e) o relativismo defende que todas as culturas massa, assinale o que for correto.
tendem a se assemelhar com o passar do tem- 01) A grande disponibilidade de informação
po, e que ao difundir nossos hábitos estamos proporcionada pela vida moderna reflete,
colaborando com esse processo. segundo Simmel, no aumento da quantida-
de daquilo que cada pessoa pode assimilar
7. (Unesp) individualmente dessas informações.
Cada cultura tem suas virtudes, seus vícios, 02) Uma das principais expressões da moderni-
seus conhecimentos, seus modos de vida, seus dade é o ritmo acelerado da produção in-
erros, suas ilusões. Na nossa atual era planetária, dustrial e cultural.
o mais importante é cada nação aspirar a integrar 04) O acesso à informação se converte direta-
aquilo que as outras têm de melhor, e a buscar a mente em conhecimento.
simbiose do melhor de todas as culturas. 08) A vida moderna produz uma imensa quan-
A França deve ser considerada em sua história tidade de bens culturais e materiais que
não somente segundo os ideais de Liberdade- passa de novo a obsoleto em curto espaço
-Igualdade-Fraternidade promulgados por sua de tempo.
Revolução, mas também segundo o comporta- 16) Várias teorias sociológicas admitem que as
mento de uma potência que, como seus vizinhos transformações sociais podem produzir al-
europeus, praticou durante séculos a escravidão terações psíquicas, impactando a sensibili-
em massa, e em sua colonização oprimiu povos dade individual.
e negou suas aspirações à emancipação.
Há uma barbárie europeia cuja cultura pro- 9. (Unioeste ) O ensaio “Indústria Cultural: o es-
duziu o colonialismo e os totalitarismos fascistas, clarecimento como mistificação das massas”, de
nazistas, comunistas. Devemos considerar uma Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, publicado
cultura não somente segundo seus nobres ideais, originalmente em 1947, é considerado um dos
mas também segundo sua maneira de camuflar textos essenciais do século XX que explicam o
sua barbárie sob esses ideais. fenômeno da cultura de massa e da indústria do
Edgard Morin. Le Monde, 08.02.2012. Adaptado entretenimento.
É uma das várias contribuições para o pensamen-
No texto citado, o pensador contemporâneo to contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social
Edgard Morin desenvolve fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Ale-
a) reflexões elogiosas acerca das consequências manha. Um ponto decisivo para a compreensão
do etnocentrismo ocidental sobre outras cul- do conceito de “Indústria Cultural” é a questão
turas. da autonomia do artista em relação ao mercado.
b) um ponto de vista idealista sobre a expansão
dos ideais da Revolução Francesa na história. Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural”
c) argumentos que defendem o isolamento como é CORRETO afirmar.
forma de proteção dos valores culturais. a) A arte não se confunde com mercadoria, e não
d) uma reflexão crítica acerca do contato entre a necessita da mídia e nem de campanhas pu-
cultura ocidental e outras culturas na história. blicitárias para ser divulgada para o público.
e) uma defesa do caráter absoluto dos valores b) Não há uniformização artística, pois, toda
culturais da Revolução Francesa. cultura de massa se caracteriza por criações
complexas e diversidade cultural.
Indústria Cultural c) A cultura é independente em relação aos
mecanismos de reprodução material da so-
8. (UEM) Georg Simmel nos aponta um parado- ciedade.
xo fundamental da vida moderna: partindo do d) A obra de arte se identifica com a lógica de re-
princípio de que a capacidade dos indivíduos de produção cultural e econômica da sociedade.
absorver informações tem um limite, à medida e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se
que aumenta a oferta de informações disponí- transforma em artigo de consumo.

267
SOCIOLOGIA
10. (UFFS) É uma forma de cultura produzida indus- Ela apresenta o poder que a mídia exerce sobre
trialmente, e tem por objetivo a lucratividade das as pessoas, criando a ideologia e a cultura de
corporações de mídia que nela investem grande massa, valiosas para a organização da sociedade
capital em máquinas e infraestrutura fabril. Uti- capitalista.
liza tecnologia de ponta, destina­-se a um grande
público anônimo e impessoal e é distri­buída atra- Refletindo sobre a relação entre esses dois con-
vés do mercado e depende de patrocinadores: ceitos sociológicos, é CORRETO afirmar que
a) Cultura Erudita a) a representação simbólica, que o homem cons-
b) Cultura Popular trói do mundo, e a produção e reprodução ma-
c) Cultura de Massa terial da sociedade são elementos significati-
d) Cultura Midiática vos para se entender a dinâmica da cultura e
e) Cultura Eletrônica da ideologia na vida social.
b) a maneira como a vida se estrutura nas so-
ciedades complexas obedece, rigidamente,
A mídia e as comunicações de Massa às ideias de homogeneidade e padronização,
conforme se observa nas periferias das gran-
11. (Enem/2015) Falava-se, antes, de autonomia da des cidades.
produção significar que uma empresa, ao asse- c) a ideologia é importante para a formação cul-
gurar uma produção, buscava também manipular tural das sociedades, mas estas são categorias
a opinião pela via da publicidade. Nesse caso, o sociológicas independentes, reforçando a ideia
fato gerador do consumo seria a produção. Mas, de que os grupos sociais são influenciados por
atualmente, as empresas hegemônicas produzem fatores subjetivos.
o consumidor antes mesmo de produzirem os d) as pessoas possuem consciência da atuação da
produtos. Um dado essencial do entendimento ideologia dominante sobre seu comportamen-
do consumo é que a produção do consumidor, to, razão por que, nos meios de comunicação, a
hoje, precede a produção dos bens e dos servi- cultura de massa é restrita, apenas, à elite social.
ços. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do e) os mecanismos de atuação da ideologia devem
pensamento único à consciência universal. Rio propor uma despolitização da cultura, pois esse
de Janeiro: Record, 2000 (adaptado). processo tornará os indivíduos mais alienados
da dominação de alguns grupos sociais.
O tipo de relação entre produção e consumo
discutido no texto pressupõe o(a): 13. (UEM)
a) aumento do poder aquisitivo. Ver TV é um dos principais deveres do soci-
b) estímulo à livre concorrência. ólogo. É ali, no mundo tal como ele é visto na
TV, que a maioria das pessoas passa boa parte
c) criação de novas necessidades.
de suas vidas e adquire grande parcela de seu
d) formação de grandes estoques.
conhecimento do mundo.
e) implantação de linhas de montagem.
O Lebenswelt [mundo em que vivemos], o
principal objeto de nosso estudo e o principal alvo
12. (UPE) Leia a tirinha a seguir: de nossas mensagens, estaria dolorosamente in-
completo hoje se fosse privado dos ingredientes
fornecidos pela TV on-line. Recusar-se a ver TV
equivale a dar as costas a uma parte considerável,
e ainda em crescimento, da experiência humana
contemporânea.
Essa é uma consideração que deveria orientar
e ditar a seleção daquilo que os sociólogos devem
ver, e não, lamentavelmente, sua estética ou ou-
tras preferências voltadas para a busca do prazer.
Mas quem disse que o trabalho dos sociólogos
deve ser – está fadado a ser – invariavelmente
prazeroso?”.
BAUMAN, Z. P. Para que serve a sociologia? Diálogos com
Michael Hviid Jacobsen e Keith Tester. Rio de Janeiro:
Zahar, 2015, p. 129 e 130.

A partir do texto acima e de teorias sociológicas
sobre mídias, publicidade e consumo, assinale
o que for correto.

268
SOCIOLOGIA
01) A televisão, em nossa sociedade, está rela- narrativos no universo sertanejo, os quais in-
cionada ao entretenimento, o que anula o cluem, por exemplo, a perspectiva feminina.
interesse de qualquer pesquisa objetiva so- 02) A desigualdade de gênero é evidenciada nas
bre a sociedade a partir de sua observação. disparidades em relação à posição que as
02) A análise sociológica de telejornais, teleno- mulheres ocupam na vida pública, nas rela-
velas, programação infantil, pode enfocar, ções sociais e nos contextos familiares. A letra
por exemplo, concepções sobre natureza, de “Amores da minha vida” trata do tema da
educação, feminino, velhice e outros temas liberdade da sexualidade feminina, confron-
comunicados a milhares de pessoas. tando determinadas expectativas familiares.
04) Pesquisar programas televisivos é algo ir- 04) A produção musical das cantoras Maiara e
relevante para a sociologia contemporânea Maraisa foge ao esquema oferecido pela In-
devido à baixa qualidade da programação. dústria Cultural, por não se constituir em uma
08) Considerando o caráter subjetivo da pesquisa produção comercial e por não seguir uma for-
sociológica, seus praticantes devem se ocu- ma de distribuição que passa pelos suportes
par apenas daquilo que lhes seja agradável. industriais e pela lógica do espetáculo.
16) O papel social da TV como meio de expres- 08) Nas sociedades contemporâneas, existe
são, canal midiático e mediador de publi- uma separação bem demarcada entre as
cidade e consumo, a torna um fenômeno manifestações culturais tradicionais, como
sociologicamente relevante. a música caipira e a sertaneja, e as produ-
ções modernas e contemporâneas, como a
Consumo e alienação música eletrônica.
16) O conceito de gênero na Sociologia destaca
14. (UEM) Leia abaixo o trecho da seguinte canção: que a classificação do que é feminino ou
masculino é, sobretudo, uma construção
Amores da minha vida social. Nesse sentido, a letra de “Amores
(interp. Maiara e Maraisa) da minha vida” evidencia a dinâmica des-
sa construção ao defender a possibilidade
Mãe, eu te prometo, vou criar juízo de “ser mulher” de uma maneira diferente
Já passou da hora, ai que trem difícil daquela proposta pelas gerações passadas.
Final de semana é quase todo dia
Eu saio à noite e durmo de dia 15. (Unesp) Analise as charges:
Mãe, meu Ibope tá valorizado
Deve ser por isso que eu não tenho namorado
(...)
Ah eu vou ser orgulho da minha mãe
Vou subtrair uns dez da minha vida
Mas enquanto esse dia não chega
Eu quero é que multiplica
Disponível em maiara-maraisa.lyrics.com.br/
letras/2611470

A cultura pop atual é um dos produtos da In-


dústria Cultural. Ela é normalmente entendida
como entretenimento ou alienação. Ela pode,
todavia, revelar tendências de pensamento e de
comportamento presentes em uma determinada
sociedade em um dado momento histórico. O
universo da música sertaneja no Brasil sempre foi
muito marcado pela narrativa masculina. Nesse
universo, cantoras como Maiara e Maraísa, de
alguma forma, contestam essa situação, ofere-
cendo um ponto de vista feminino.
A respeito da cultura pop e das questões de gê-
nero, assinale o que for correto:
01) A letra da música “Amores da minha vida”
indica a inserção de novos pontos de vista

269
SOCIOLOGIA
As charges permitem que se faça uma abordagem Considerando as reflexões do autor sobre esse
ao mesmo tempo crítica e irônica dos meios de tema, julgue os itens a seguir:
comunicação de massa e da vida nas cidades no I. Essas reflexões estão apoiadas nas ideias de Karl
período atual. Dentre os assuntos que podem ser Marx sobre a ideologia na sociedade capitalista.
diretamente associados aos problemas aborda- II. Essas reflexões concordam com o fato de que
dos pelas charges estão: a sociedade capitalista está dividida em classes
a) o cumprimento pelos meios de comunicação que são contraditórias e conflituosas e que, por-
de seu papel de noticiar o real cotidiano das tanto, existem explicações, teorias divergentes e
cidades e o fortalecimento da segurança pú- discursos conflituosos sobre a realidade social.
blica em detrimento da privada. III. Essas reflexões estão apoiadas nas ideias de
b) o papel da mídia na propagação da sensação de Max Weber sobre a sociedade capitalista.
insegurança junto à população e o surgimento IV. Essas reflexões partem do pressuposto de que
de atividades, produtos e serviços vinculados a ideologia é sempre expressa por um grupo ou
à segurança privada. por uma classe, sendo, portanto, o indivíduo
c) a influência restrita dos meios de comunicação apenas o subsidiário de todo um pensamento
sobre o cotidiano das cidades e a produção de anterior e mais amplo sobre a vida social.
um novo urbanismo expresso na valorização
dos espaços públicos. Estão corretos os itens
d) a influência passiva da mídia sobre o compor-
a) II, III e IV, apenas
tamento e a vida das pessoas nas cidades e a
b) I, II e IV, apenas
regressão de produtos, serviços e atividades
c) I, II e III, apenas
ligadas à segurança privada.
d) I e IV, apenas
e) a difusão de informações sensacionalistas pela
mídia e a intensificação da convivência entre
pessoas na cidade. 18. (Unicentro)
“Todos nós participamos de certos grupos de
ideias [...]. São espécies de “bolsões” ideológicos,
Ideologia e Hegemonia
onde há pessoas que dizem coisas em que nós
também acreditamos, pelas quais lutamos, que
16. (UEM) Assinale o que for correto sobre o conceito
têm opiniões muito parecidas com as nossas.
de ideologia:
01) Expressa a visão social de mundo de um gru- Há alguns autores que dizem que na verdade
po ou classe social que se impõe ou busca a nós não falamos de fato o que acreditamos dizer,
imposição sobre outro. haveria certos mecanismos, certas estruturas que
02) Define as escolhas dos indivíduos e age “falariam por nós”.
sobre eles como um corpo sistemático de Ou seja, quando damos nossas opiniões,
representações e de normas. quando participamos de algum acontecimento,
04) Gera processos de identificação e aceitação de alguma manifestação, temos muito pouco de
de comportamentos, condenando as condu- nosso aí, reproduzimos conceitos que circulam
tas desviantes. nesses grupos. Ideologia não é, portanto, um
08) Pretende reproduzir a sociedade e a estru- fato individual, não atua de forma consciente na
tura de classes que nela se estabelece. maioria dos casos.
16) Mantém independência dos processos coti- Quando pretendemos alguma coisa, quando
dianos da vida social, tendo suporte nas re- defendemos uma ideia, um interesse, uma aspi-
lações estabelecidas no mundo do trabalho. ração, uma vontade, um desejo, normalmente
não sabemos, não temos consciência de que isso
17. (UniMontes) ocorre dentro de um esquema maior, [...] do qual
A ideia da ideologia, na sociedade capitalista, somos representantes – repetimos conceitos e
pressupõe a elaboração de um discurso homo- vontades que já existiam anteriormente”.
gêneo, pretensamente universal, que, buscando (MARCONDES FILHO, Ciro. Ideologia: O que todo cidadão
identificar a realidade social com o que as classes precisa saber sobre. São Paulo, 1985, p.20).
dominantes pensam sobre ela, esconde, oculta
as contradições existentes e silencia as represen- A partir do texto é possível afirmar que a Ideo-
tações contrárias às dessa classe. logia é
Parte-se do pressuposto de que a sociedade a) um fato individual, consciente e que se mani-
capitalista é uma sociedade harmônica, em que festa por vontades particulares.
não há nenhuma forma de exploração. b) um conjunto de atitudes individuais e momen-
(TOMAZI, N.D. Sociologia da Educação) tâneas que não interferem na vida social.

270
SOCIOLOGIA
c) algo que se reproduz fora e sem sofrer influ- Considerando o texto acima e o conceito de ide-
ências do grupo social. ologia para Karl Marx, assinale o que for correto.
d) algo que se reproduz solitariamente. 01) Na maioria das sociedades capitalistas, as
e) algo que se reproduz a partir da convivência desigualdades são ocultadas pelos princí-
entre os indivíduos em grupos, que defendem pios ideológicos que afirmam a importân-
os mesmos interesses e possuem opiniões se- cia dos seguintes elementos: o progresso, o
melhantes. “vencer na vida”, o individualismo, a mínima
presença do Estado na economia e a sobe-
19. (Unioeste) Com base nos seus conhecimentos so- rania popular por meio da representação.
bre o termo ideologia, considere as afirmativas a 02) Ideologia corresponde às ideias que pre-
seguir: dominam em uma determinada sociedade,
I. Trata-se de um conjunto de ideias, valores ou portanto expressa a realidade tal qual ela é
crenças que orientam a percepção e o compor- na sua objetividade.
tamento dos indivíduos sobre diversos assuntos 04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia,
ou aspectos sociais e políticos.
construir uma “questão” individual sem in-
II. Na perspectiva marxista, a ideologia é um con-
terferências anteriores e influências comu-
ceito que denota “falsa consciência”: uma cren-
nitárias para a sua sustentação. Assim, com
ça mistificante que é socialmente determinada e
base em sua própria ideologia, ela poderá
que se presta a estabilizar a ordem social vigente
refletir e agir em sua sociedade.
em benefício das classes dominantes.
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da de-
III. A ideologia consiste em ideias explícitas, fruto
da reflexão coletiva e, portanto, internalizadas mocracia racial afirma que índios, negros e
por todos os indivíduos sem possibilidades de se brancos vivem em harmonia, com igualda-
romper com seus pressupostos. de de condições. Essa formulação omite as
IV. A ideologia pode ser usada para manipular, desigualdades étnicas existentes no país.
direcionar e/ou limitar a visão das pessoas sobre 16) Ideologia consiste em ideias que predomi-
determinado assunto ou questão. nam na sociedade e que, por isso, são inter-
nalizadas por todos os indivíduos. Portanto
Assinale a alternativa que contém todas as afir- não existem possibilidades de se romper
mativas corretas. com seus pressupostos.
a) I e II
b) I, II e III Cultura no Século XXI
c) I, II e IV
d) II e IV 22. (UFU) A estética nas diferentes sociedades vem
e) II, III e IV geralmente acompanhada de marcas corporais
que individualizam seus sujeitos e sua coletivi-
20. (UEG) Ideologia é um conceito: dade. Discos labiais, piercings, tatuagens, muti-
a) desenvolvido por Marx e significa uma falsa lações, pinturas, vestimentas, penteados e cortes
consciência produzida pelos especialistas no de cabelo são algumas marcas reconhecíveis de
trabalho intelectual. um inventário possível das técnicas corporais em
b) desenvolvido por Weber e significa um pro- toda sua riqueza e diversidade. Embora univer-
cesso de passagem da ética protestante para sal, as formas das quais se valem os grupos e
o espírito do capitalismo.
indivíduos para se marcarem corporalmente são
c) que significa anomia, para Durkheim; aliena-
vistas, às vezes, como estranhas a indivíduos que
ção, para Marx; e racionalização, para Weber.
pertencem a outros grupos.
d) criado por Durkheim e significa ausência de
Essa atitude de estranhamento em relação ao
leis e regras na sociedade.
diferente é considerada conceitualmente como
a) preconceito: reconhece no valor das raças o
21. (UEM ) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena
Chauí afirma que “(...) a coerência ideológica não que é correto ou não na estética corporal.
é obtida malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, b) relativização: o outro é entendido nos seus
graças a elas. Porque jamais poderá dizer tudo até próprios termos.
o fim, a ideologia é aquele discurso no qual os c) etnocentrismo: só reconhece valor nos seus
termos ausentes garantem a suposta veracidade próprios elementos culturais.
daquilo que está explicitamente afirmado”. (O que d) etnocídio: afasta o diferente e procura trans-
é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04). formá-lo num igual.

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SOCIOLOGIA
23. (Enem/2019) 25. (Enem/2014) O cidadão norte-americano des-
Em nenhuma outra época o corpo magro ad- perta em um leito construído segundo padrão
quiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em originário do Oriente Próximo, mas modificado
evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou na Europa setentrional antes de ser transmitido
vestido, exposto em diversas revistas femininas à América. Sai debaixo de cobertas feitas de al-
e masculinas, está na moda: é capa de revistas, godão cuja planta se tornou doméstica na Índia.
matérias de jornais, manchetes publicitárias, e se No restaurante, toda uma série de elementos to-
transformou em sonho de consumo para milhares mada de empréstimo o espera. O prato é feito de
de pessoas. Partindo dessa concepção, o gordo uma espécie de cerâmica inventada na China. A
passa a ter um corpo visivelmente sem comedi- faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia
mento, sem saúde, um corpo estigmatizado pelo do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a
desvio, o desvio pelo excesso. Entretanto, como colher vem de um original romano. Lê notícias
afirma a escritora Marylin Wann, é perfeitamente do dia impressas em caracteres inventados pelos
possível ser gordo e saudável. Frequentemente antigos semitas, em material inventado na Chi-
os gordos adoecem não por causa da gordura, na e por um processo inventado na Alemanha.
mas sim pelo estresse, pela opressão a que são LINTON, R. O homem: uma introdução à antro-
submetidos. pologia. São Paulo: Martins, 1959 (adaptado).
VASCONCELOS, N. A.; SUDO, I.; SUDO, N. Um peso na A situação descrita é um exemplo de como os
alma: o corpo gordo e a mídia. Revista Mal-Estar e
costumes resultam da:
Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado).
a) assimilação de valores de povos exóticos.
b) experimentação de hábitos sociais variados.
No texto, o tratamento predominante na mídia
c) recuperação de heranças da Antiguidade Clás-
sobre a relação entre saúde e corpo recebe a se-
sica.
guinte crítica:
d) fusão de elementos de tradições culturais di-
a) Difusão das estéticas antigas.
ferentes.
b) Exaltação das crendices populares.
e) valorização de comportamento de grupos pri-
c) Propagação das conclusões científicas.
vilegiados.
d) Reiteração dos discursos hegemônicos.
e) Contestação dos estereótipos consolidados.

24. (UENP)
Um dos traços marcantes do atual período
histórico é, pois, o papel verdadeiramente des-
pótico da informação. Conforme já vimos, as
novas técnicas deveriam permitir a ampliação
do conhecimento do planeta, dos objetos que
o formam, das sociedades que o habitam e dos
homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas
condições atuais, as técnicas de informação são
principalmente utilizadas por um punhado de
atores em função de seus objetivos particulares
[...] aprofundando assim os processos de criação
de desigualdades.
Milton Santos. Por uma outra globalização.
Rio de Janeiro, Record, 2000.

O fragmento de texto critica as redes informa-


cionais surgidas com a globalização, por quê:
a) Difundem a ideologia da classe dominante,
contribuindo dessa forma para a acumulação
capitalista.
b) Favorecem discordâncias entre as elites.
c) Contrapõem interesses políticos e econômicos.
d) Difundem e ampliam o conhecimento favore-
cendo a inclusão.
e) Estão nas mãos das grandes empresas midiáti-
cas e são utilizadas por “um punhado de atores”.

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