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Matriz
Jacobiana. Diferenciabilidade, linearização e plano
tangente. Relações entre os conceitos de classe C1,
diferenciabilidade e continuidade1
Derivadas parciais
Recordemos que para funções de uma variável real, f : I ⊂ R → R, temos a
seguinte definição de derivada num ponto a ∈ I,
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim .
h→0 h
A existência de f 0 (a) equivale à existência da recta (não vertical) tangente ao
gráfico de f em (a, f (a)), sendo f 0 (a) o valor do seu declive (ou em notação
vectorial sendo (1, f 0 (a)) um seu vector director).
y
a)
f(
y = f (x)
+
a)
x−
a)(
f (a)
f 0(
y=
x
a
1
z
z = f (x, b)
b y
Plano y = b
A derivada de z = f (x, b) em x = a é
df (x, b) f (a + h, b) − f (a, b)
(a) = lim ,
dx h→0 h
que é precisamente a derivada parcial de f em ordem a x no ponto (a, b), e
que se denota por ∂f 0
∂x (a, b) ou por fx (a, b), isto é,
f (a + h, b) − f (a, b)
fx0 (a, b) = lim .
h→0 h
f (a, b + h) − f (a, b)
fy0 (a, b) = lim .
h→0 h
2
z
z = f (a, y)
b y
z = f (x, y)
x
Exemplos
1. Pretende-se calcular fx0 (1, 2) e fy0 (1, 2), para f (x, y) = 2x + 3y. Recor-
rendo às regras usuais de derivação vem
f (1 + h, 2) − f (1, 2)
fx0 (1, 2) = lim
h→0 h
2(1 + h) + 6 − (2 · 1 + 6)
= lim
h→0 h
2h
= lim = 2,
h→0 h
3
e,
f (1, 2 + h) − f (1, 2)
fy0 (1, 2) = lim
h→0 h
2 · 1 + 3(2 + h) − (2 + 6)
= lim
h→0 h
3h
= lim = 3.
h→0 h
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Analogamente,
(3x2 −1)(x2 +y 2 )−(3x2 y−y)2y
(x2 +y 2 )2
, (x, y) 6= (0, 0)
∂f
(x, y) =
∂y
f (0,0+h)−f (0,0) −h
limh→0 h = limh→0 h2
, (x, y) = (0, 0).
3x4 −3x2 y 2 −x2 +y 2
(x2 +y 2 )2
, (x, y) 6= (0, 0)
=
∞, (x, y) = (0, 0).
Observe-se que
Uma vez que fx0 e fy0 são funções de duas variáveis podemos geralmente
derivá-las parcialmente obtendo as derivadas parciais de 2 a ordem para f e
assim sucessivamente.
A notação utilizada é a seguinte:
Derivadas parciais: de 1a ordem de 2a ordem de 3a ordem etc . . .
3
∂ f
fx0003 = ∂x3
∂2 f
fx002 = ∂x2
∂3 f
fx0002 y = ∂x2 ∂y
∂f
fx0 = ∂x
000 ∂3 f
fxyx = ∂x∂y∂x
00 ∂2 f
fxy = ∂x∂y
000 ∂3 f
fxy 2 = ∂x∂y 2
f
000 ∂3 f
fyx 2 = ∂y∂x2
00 ∂2 f
fyx = ∂y∂x
000 ∂3 f
fyxy = ∂y∂x∂y
∂f
fy0 = ∂y
∂3 f
fy0002 x = ∂y 2 ∂x
∂2 f
fy002 = ∂y 2
∂3 f
fy0003 = ∂y 3
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Exemplo
Vamos determinar as derivadas parciais de 2 a ordem para f (x, y) = x log y
definida em Df = {(x, y) : y > 0}. Tem-se para todo (x, y) ∈ D f ,
fx002 = 0
fx0 = log y
00 1
fxy = y
f = x log y
00 1
fyx = y
x
fy0 = y
fy002 = − yx2
Matriz jacobiana
Seja f : Df ⊂ R2 → R uma função definida num aberto D f . Seja (a, b) ∈ Df
tais que existem
∂f ∂f
(a, b) = fx0 (a, b), (a, b) = fy0 (a, b).
∂x ∂y
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Note que
Jf1 (a1 , . . . , an )
Jf2 (a1 , . . . , an )
Jf~(a1 , . . . , an ) = .. .
.
Jfm (a1 , . . . , an )
Exemplo
Consideremos a função vectorial f~ = (f1 , f2 , f3 ) : R2 → R3 , definida por
p
~ y) = 2x − y , ey , x2 + y 2 + 1 .
f(x,
| {z } |{z} | {z }
f1 (x,y) f2 (x,y) f3 (x,y)
Tem-se
∂f1 ∂f1
∂x ∂y 2 −1
∂f2 ∂f2
Jf~(x, y) = ∂x ∂y
(x, y) =
0 ey .
∂f3 ∂f3 x y
∂x ∂y x2 +y 2 +1 x2 +y 2 +1
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são os vectores directores dessas rectas tangentes. Logo o referido plano terá
vector normal dado pelo produto externo dos dois vectores directores:
~n = (1, 0, fx0 (a, b)) × (0, 1, fy0 (a, b)) = (fx0 (a, b), fy0 (a, b), −1),
e equação cartesiana
z = f (a, b) + fx0 (a, b)(x − a) + fy0 (a, b)(y − b).
Chamamos linearização de f em (a, b) à função
L(x, y) = f (a, b) + fx0 (a, b)(x − a) + fy0 (a, b)(y − b).
z = f (x, y)
b y
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Exemplos
1. Consideremos a função
(
2xy
x2 +y 2
, (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) =
0, (x, y) = (0, 0).
Daqui resulta que o limite anterior não é zero (de facto, o limite não
existe) e portanto que f não é diferenciável em (0, 0).
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A relação entre os conceitos de continuidade e de diferenciabilidade de
uma função de duas (ou mais) variáveis é expressa no seguinte teorema
(análogo ao que foi anteriormente estudado para funções de uma variável).
Exemplo
2xy
Deixamos ao cuidado do leitor mostrar que a função f (x, y) = não
x2
+ y2
é contı́nua no ponto (0, 0). Do teorema anterior resulta que f (x, y) também
não diferenciável nesse ponto.
Exemplos
1. A função f (x, y) = x2 + xy 2 é de classe C 1 (R2 ). Em particular é
diferenciável em todos os pontos de R 2 .
y
2. f (x, y) = é de classe C 1 (Df ) com Df = {(x, y) : x 6= ±1}.
x2 − 1
Em particular é diferenciável em todos os pontos de R 2 que não estão
sobre as duas rectas verticais de abcissas x = 1 e x = −1.
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Exemplos
1. Vimos no exemplo acima que f (x, y) = x 2 + y 2 era de classe C 1 em
R2 , logo f é diferenciável em R2 .
era diferenciável em (0, 0). Fora de (0, 0), f é dada por uma expressão
racional cujo denominador não se anula. Logo é diferenciável para
todos os pontos (x, y) 6= (0, 0). Mais precisamente, se (x, y) 6= (0, 0)
temos que
2xy 3 (x2 + y 2 ) − x2 y 3 2x
fx0 (x, y) = , (x, y) 6= (0, 0),
(x2 + y 2 )2
e
3x2 y 2 (x2 + y 2 ) − x2 y 3 2y
fy0 (x, y) = , (x, y) 6= (0, 0),
(x2 + y 2 )2
são 2 funções racionais cujo denominador não se anula. Daqui resulta
que fx0 e fy0 são funções contı́nuas em R2 \ {(0, 0)} e portanto que f é
diferenciável em R2 \ {(0, 0)}. Como já tı́nhamos provado, utilizando
a definição, que f também era diferenciável em (0, 0) concluı́mos que
f é diferenciável em R2 .
Exemplos
1. Considere a função diferenciável em R 2 , f (x, y) = y 2 sin x. A derivada
π
de f em , 1 é
2
π
f0 , 1 = [y 2 cos x 2y sin x]( π ,1) = [0 2].
2 2
(
x2 y 3
(x, y) 6= (0, 0)
x2 +y 2
,
2. Como vimos no exemplo acima, f (x, y) = ,
0, (x, y) = (0, 0),
é diferenciável em todos os pontos de R 2 . Pelos cálculos acima,
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A generalização do conceito de derivada para funções vectoriais é agora
muito simples.
f~ = (f1 , . . . , fm ) : Df~ ⊂ Rn → Rm ,
Exemplo
Voltemos ao exemplo f~ = (f1 , f2 , f3 ) : R2 → R3 , definida por
p
~ y) = 2x − y , ey , x2 + y 2 + 1 .
f(x,
| {z } |{z} | {z }
f1 (x,y) f2 (x,y) f3 (x,y)
Tem-se
∂f1 ∂f1
∂x ∂y 2 −1
∂f2 ∂f2
Jf~(x, y) = ∂x ∂y
(x, y) =
0 ey .
∂f3 ∂f3 x y
∂x ∂y x2 +y 2 +1 x2 +y 2 +1
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