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De Sul A Oeste, A Propaganda É A Alma Do Negócio. Será A Imagem Da Cidade Mercadoria?
De Sul A Oeste, A Propaganda É A Alma Do Negócio. Será A Imagem Da Cidade Mercadoria?
2.CONCEITUAÇÃO BÁSICA
2.1.Processos históricos que contribuíram na difusão da publicidade.
Modernos a serviço da rainha, do capetalismo e de algo que não me lembro bem, mas tem
alguma coisa a ver com o Adobe Photoshop
2.2.Signo e contexto urbano
Signo? O que significa isso?
2.3.Leitura dos aspectos visuais da propaganda e suas implicações na legibilidade e poluição visual
da cidade.
As meninas coloridas que esbarram com outras letradas sem ou com serifa.
3.METODOLOGIA
3.1.Concepção, processo e definição da proposta de trabalho.
Eu penso, faço logo defino.
AGRADECIMENTOS
BIBLIOGRAFIA
CONVERSA DE PRANCHETA
1.1
DE SUL A OESTE, RIO DE JANEIRO, MUITAS CIDADES
EM UMA CIDADE DISTINTA
Introdução, caracterização do tema e áreas de estudo e definição
das premissas.
Fig.1.1.1 Fig.1.1.2
Contudo após o Rio-Cidade em Campo Grande podemos constatar que esse comércio ambulante foi
deslocado para uma área onde a circulação de pedestres não acontece e em virtude desta “excelente”
localização o comércio deste mercado popular se encontra estagnado. Em contrapartida outras áreas do
centro do bairro acomodam cotidianamente mais ambulantes, mudando gradualmente a realidade e
conseqüentemente a imagem do bairro.
Entendo que a cidade não pode e nem deve ter a mesma “cara” pois a diversidade qualifica e torna
a cidade um local mais interessante. No entanto, diversidade não quer dizer desigualdade, segregação e
preconceito. Trabalhar a questão da imagem na cidade requer antes dos projetos de arquitetura, design e
desenho urbano, de um projeto social e econômico que sirva de âncora para todas as outras
intervenções.
Moro em Bangu, mas trabalhando como estagiário no Leblon pude, durante cinco meses, ter
contato com a ambiência deste bairro tão requintado da zona sul de nossa cidade. O principal ponto de
referência para mim foi a praça Antero de Quental que acomoda o ponto final de algumas linhas que ligam
o bairro com outras partes da cidade. Muitas senhoras idosas e cães de estimação circulando, um
comércio elegante e uma juventude bem bronzeada, saudável e de bem com a vida. Não havia
ambulantes, e bancas de roupas a 2 “real” cada peça.
Já no oeste, em total contradição, temos o bairro de Campo Grande. Centralidade da zona oeste,
este bairro possui um centro comercial mais especializado que atende aos bairros de Bangu, Realengo,
Senador Câmara, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Inhoaíba, Cosmos, Paciência, Paciência, Santa
Cruz, Sepetiba e municípios vizinhos como Itaguaí, Seropédica, e Nova Iguaçu. Muito mais agitado e
conflituoso Campo Grande não possui a mesma tranqüilidade e harmonia que demonstra o seu oposto
distante Leblon.
Buscando as possíveis causas deste contraste percebi que além de todos os problemas sócio-
econômicos, o comércio e o poder público são responsáveis pela construção da imagem destes dois
bairros. Analisando como poderia abordar a temática, procurando focar meu estudo em algo que
abrangesse as diversas variantes, percebi que os engenhos publicitários poderiam se prestar a esse
papel.
Por estarem sempre inseridos em diversos aspectos da poluição visual, os engenhos publicitários são
objetos de estudo na medida em que permitem a elaboração de diversas indagações: Quem paga a
propaganda? Para quem é direcionada? Como ela se articula na espacialidade urbana e qual a sua
relação com a arquitetura, tendo esta como suporte? A legislação vigente é apropriada e defende a
cidade contra os abusos da propaganda? Por que estes engenhos se apresentam de forma diferenciada
em lugares dentro de uma mesma cidade? Quais são os profissionais que produzem estes engenhos e
qual a sua responsabilidade neste processo?
Orientado por essas indagações, o presente trabalho aborda a questão da imagem da cidade tomando
como objeto de estudo os engenhos publicitários distribuídos pela a cidade do Rio. As áreas de estudo
escolhidas foram as dos bairros do Leblon e Campo Grande. Apesar do texto, suporte indispensável para
o desenvolvimento e reflexões, pela natureza do tema, este trabalho exigirá uma forte ênfase no formato
gráfico, promovendo assim uma relação mais dinâmica com o objeto de estudo. O formato de
apresentação se dará em mídia digital. Tal escolha é devida a natureza gráfica do tema e as
possibilidades que este formato propicia na apresentação de diversas questões que serão discutidas.
Em paralelo será definido um formato impresso simplificado que contará apenas com o texto de
desenvolvimento e ilustrações de suporte para o entendimento do texto.
2.1
MODERNOS A SERVIÇO DA RAINHA, DO
1
CAPETALISMO E DE ALGO QUE NÃO ME LEMBRO
BEM, MAS TEM ALGUMA COISA A VER COM O
ADOBE PHOTOSHOP.
Processos históricos que contribuíram na difusão da publicidade
Fig.2.1.1
processos e metodologias trouxeram mais precisão a produção da arte.
Outra mudança foi a da relação entre obra (objeto), artista (emissor), e expectador (receptor). Na
arte clássica esta relação se dava de maneira unidirecional. O artista em seu atelier concebia a obra de
maneira fechada, ou seja, com a informação ou conteúdo definidos apenas para a apreciação do
expectador. O expectador apreciava a obra e poderia fruir de sua beleza, mas, sua interação com a
mesma era, apenas, apreciativa. No contexto moderno os artistas entendiam que a participação do
expectador poderia contribuir para a maior interação artista – obra – expectador. As obras eram
concebidas de modo que um estranhamento fosse causado ao expectador e conseqüentemente ele
refletisse sobre aquele conteúdo. Partindo daí o expectador foi doutrinado aos novos tipos de linguagens
que surgiram nas mais diversas mídias.
Esta mudança veio em sintonia com o sistema de produção que procurava ampliar o consumo
através dos meios de comunicação. A arte moderna foi precursora de todo o modo contemporâneo de
comunicação em massa. Sendo assim ela com seus inúmeros experimentos tornou possível uma
linguagem dinâmica baseada na interação de diversas mídias.
A propaganda, antes muito elegante e discreta, se prestava a informar e ser elemento de
referência(fig.2.1.2). A nova linguagem mudou esta lógica e permitiu que os meios de comunicação se
reproduzissem de forma generalizada para atender um expectador coletivo. O objetivo da linguagem
neste processo passou ser o convencimento e não a informação.
Fig.2.1.2
2.2
2
SIGNO ? O QUE SIGNIFICA ISSO?
Signo e contexto urbano
Fig.2.2.1 Fig.2.2.2
2.3
AS MENINAS COLORIDAS QUE ESBARRAM COM
OUTRAS LETRADAS SEM OU COM SERIFA
Leitura dos aspectos visuais da propaganda e suas implicações
na legibilidade e poluição visual da cidade
As cores mais quentes são amplamente utilizadas pela atenção que atraem. A cor amarela e se dá na
maioria dos casos como fundo chamando a atenção e dando destaque para outras cores mais escuras
como a vermelha, preta, laranja e azul. A branca também se presta a esse papel sendo mais agradável
devido a boa relação que cria com as demais cores. Amarela e Branca sendo intensamente usadas como
fundo respondem a maior área utilizada nos engenhos publicitários(fig. 2.3.1)
As cores mais fortes são mais empregadas diretamente na informação a ser dada. São poucos os
diálogos de cores onde essas cores tomam o papel de fundo sendo que algumas destas relações
prejudicam a comunicação da mensagem.
As relações cromáticas criam signos relativos ao público que freqüenta, usa, ou utiliza serviços de
determinado estabelecimento comercial. As cores mais quentes trazem consigo mais vibração,
Fig. 2.3.1
movimento e dinâmica. O desavisado logo percebe e capta a informação sem nenhuma dificuldade. O
amarelo pode em muitos ambientes criar a sensação de impaciência, promovendo assim o desejo de
fuga, conseqüentemente um maior fluxo.Os estabelecimentos que utilizam esta estrutura procuram atrair
um maior número de consumidores e posteriormente uma expulsão dos mesmos, em um fluxo continuo
de capital.
No meio urbano a sensação de impaciência se perde em meio ao fluxo natural da vida
cotidiana.Contudo estas cores colaboram na construção de um signo que faz referencia direta com
serviços mais populares e que atendem a grandes multidões.
A relação contrária acontece com as cores mais frias e neutras(fig.2.3.2). Referências de calma,
bucolismo e tranqüilidade estas cores tem aspecto psicológico sobre as pessoas. O design voltado ao
público com maior poder aquisitivo é criterioso na utilização das cores. A paleta de cores não se restringe
apenas a tríade vermelha, amarela e preta. As cores buscam relações onde o que importa não é o
estranhamento e a atenção forçada mas sim o dialogo que a proposta pode criar com a emotividade de
Fig. 2.3.2
cada um. Para profissionais que produzem publicidade para um publico mais criterioso,transformar uma
campanha publicitária em algo agradável que possa ser sempre ser lembrada como algo de natureza
afetiva é muito mais eficaz do que criar uma propaganda que se articula para chamar a atenção a todo
custo.
Com relação a Tipografia utilizada podemos entender que a mesma se utiliza de elementos
3
gráficos como letras, números e caracteres para exercer sua função principal, comunicar.
A forma desses caracteres influi em como essa comunicação é exercida, e qual o objetivo que se
quer alcançar quando se utiliza esta ou aquela letra, número ou caractere.
A propaganda impressa se utliza dos mais diversos tipos de letras e números para efetivar a
comunicação de informações que por ventura as imagens e cores não sejam capazes de transmitir.
Dentre esses tipos podemos resaltar aqueles que diretamente lidam com a clareza da informação.
· Letras Serifadas: São letras que em sua essência possuem bastões ou traços que
4
arrematam suas extremidades. As fontes serifadas possuem característica mais tradicional
e pausada. Possuem maior legibilidade por possuírem tipos de fácil distinção.
· Letras sem serifa: São aquelas que possuem formatação que utiliza formas simples e mais
limpas.
·
· Letras Fantasia: São aquelas que não se enquadram em nenhuma dos tipos acima.
Possuem formas inovadoras contudo dependendo de como esta é definida podemos ter
pouca ou razoável legibilidade.
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3.Estilo tipográfico, isto é, aquele que se utiliza de regras gráficas para a criação de caracteres que resultem em um produto
gráfico que seja claro, conciso, e agradável.
4.Conjuntos de caracteres tipograficos
De sul a oeste, a propaganda é a alma do negócio.
Fig.3.1.4
campo poderia ser o instrumental mais adequado para o meu estudo .
Busquei na definição do cenário desenvolver uma caracterização baseada em um texto de
descrição e análise e na elaboração de um banco de dados fotográfico.O banco de dados fotográfico
busca em suas entradas estabelecer referências ao bairro, ao dimensionamento e suporte do engenho, às
cores predominantes e ao zoneamento proposto pela legislação. Esses dados constroem em
quantitativos a apropriação das dos dois bairros, possibilitando assim uma comparação direta. Cada
engenho é identificado um número de registro que informa ainda a referência do, o lado em que está
posicionado em relação ao prédio e a área do anúncio. As dimensões dos engenhos foram identificadas a
partir de fotografias que possuíam um individuo como escala.
Outra decisão foi estudar mais a fundo o objeto publicitário, fragmentando-o em seus principais
elementos básicos de comunicação, buscando assim entender as implicâncias destas pequenas
variações na legibilidade e compreensão da propaganda como signo contextual.
Para abordar o mercado e as questões de demanda e produção da publicidade resolvi elaborar um
questionário de natureza qualitativa direcionado aos agentes publicitários, comerciantes e prestadores de
serviço com a intenção de construir um efetivo campo
de análise.
As entrevistas foram a maneira que encontrei
para definir melhor o perfil dos agentes publicitários e
do setor de comércio e serviços. Este levantamento
foi uma ferramenta indispensável para o
entendimento dos condicionantes sociais e
econômicos relativos ao tema.
O aspecto legal é abordado através leitura da
legislação especifica e em sua criteriosa analise. Esta
analise buscou em suas premissas entender os
objetivos e mecanismos da legislação vigente,
resgatar os compromissos que o texto legal tem com
a cidade, a população e com a qualidade ambiental e
Fig.3.1.3 efetivamente ressaltar os aspectos considerados
equivocados, na minha opinião, da mesma. Nas
conclusões deste estudo essa análise será suporte para a definição de uma proposta para retificar o texto
legal de modo a torná-lo mais condizente com os objetivos e premissas da lei como ferramenta de controle
e defesa da cidade.
Fig.3.1.5
4.1
OPA! AQUI É A ZONA SUL!
Caracterização do Leblon
O Leblon fica na zona sul da cidade do Rio. Entre os bairros de Ipanema, Lagoa, Gávea, e Vidigal.
Com uma localização privilegiada o Leblon é contemplado com a praia e com a proximidade da lagoa
Rodrigo de Freitas(fig. 4.1.1).
Todos bairros vizinhos dialogam com o Leblon com exceção do Vidigal. Sendo um bairro que
acomoda uma grande comunidade carente e a mercê do trafico , o Vidigal ostenta uma posição de
contraste social e econômico com os bairros vizinhos.
Claramente o Leblon é um bairro com característica predominantemente residencial dotado de um
setor sofisticado de comércio e serviços. Este setor se aglomera ao longo da Avenida Ataulfo de Paiva e se
estende de forma mais rarefeita por todo bairro(fig. 4.1.2).
Seu conjunto edificado é composto por apartamentos que possuem aproximadamente áreas
médias de 150 m² e sobrados com área maior do que 150 m² . O gabarito que define a forma urbana em
Fig. 4.1.1
Fig. 4.1.2
varia entre edifícios de até oito pavimentos e sobrados térreos. As ruas apresentam boa arborização e o
bairro conta com a praça Antero de Quental como elemento de referência para o lazer de crianças, jovens,
adultos e idosos.
A infra-estrutura básica é atendida em toda a extensão do bairro. Possuindo todas as suas ruas
pavimentadas o Leblon apresenta com efetiva qualidade os serviços de água, esgoto, drenagem pluvial,
recolhimento de lixo, energia elétrica e telefonia pública.
A lagoa Rodrigo de Freitas, próxima ao bairro recebe boa parte do esgoto gerado pelos bairros da
zona sul que através do canal de Alah faz comunicação com o mar propiciando a oxigenação de suas
águas. Esta comunicação pode ser considerada como principal impacto na faixa da orla, atuando como
fator de assoreamento e realizando de maneira falha a sua principal função que é de escoar as águas da
lagoa em direção ao mar.
O bairro conta com uma faixa da orla carioca sendo, em parte, apropriada pelo turísmo. Ali se
localizam os hotéis e restaurantes que focam seus serviços para o atendimento do turista que vem de
outras regiões do Brasil e do mundo para visitar o Rio de Janeiro.
Sua população é constituída predominantemente pela classe média carioca. São
aproximadamente 46.670 habitantes que em sua maioria possuem formação com nível superior e uma
média salarial de 20 salários mínimos.
O Leblon possui uma relativa acessibilidade com o centro da cidade através de diversas vias que
articulam a integração bairros da zona sul. Podemos destacar a avenida Delfim Moreira que se estende ao
longo da orla possibilitando nos dois sentidos a acessibilidade entre o Centro e a Barra da Tijuca e a
Avenida Ataulfo de Paiva que se entende pelo interior do bairro paralela a Delfim Moreira, com sentido
viário da zona sul para o centro da cidade. O metrô que na zona Sul possui sua estação terminal Siqueira
Campos faz sua integração por meio de ônibus que circula pelo bairro, possibilitando a utilização deste
meio modal ainda não presente no bairro.
O setor de serviços e comércio do Leblon é responsável no atendimento de uma população que
busca por produtos e serviços de qualidade e de alta sofisticação. Respondendo a essa população os
comerciantes e prestadores de serviços deste bairro trabalham e se especializam em prol de atenderem a
essa população e os possíveis turistas.
A ultima grande intervenção urbanística no Leblon foi o Rio-Cidade que contemplou a Avenida
Ataulfo de Paiva desde seu cruzamento com a Avenida Visconde de Albuquerque até a Avenida Borges de
Medeiros. A praça Antero de Quental foi abraçada pela intervenção sofrendo mudanças. A intervenção,
dentre as outras feitas pelo Rio-Cidade, foi uma das mais bem sucedidas. Elogiada pelos profissionais e
pela própria população o Rio-Cidade do Leblon apresentou boas soluções de mobiliário, iluminação e
sinalização. O custo da obra foi de R$ 12.749.896,21, sendo uma das mais caras do programa.
De uma forma geral o Leblon parece o paraíso dentro da cidade do Rio. Mas tudo que faz dele um
local aprazível e sofisticado também reproduz o contraste com seu irmão vizinho, o bairro do Vidigal. Palco
de arrastões e de constantes assaltos o Leblon enfrenta os problemas de ser um dos bairros de melhor
qualidade de vida vivendo ao lado de uma população submetida ao terror imposto pelos traficantes e
bandidos locais.
4.2
EXISTEM MUITAS LARANJAS MAS ALGUMAS SÃO
PODRES.
Caracterização de Campo Grande
Fig. 4.2.11
Fig. 4.2.12
ferroviária. A abrangência do comércio de Campo Grande traz consumidores de outros bairros da zona
Oeste e de alguns municípios da baixada fluminense para utilizarem do comércio e serviços que o bairro
possui.
O bairro como referência de centralidade na zona oeste apresenta, em menor escala, problemas
que o centro do Rio enfrenta todos os dias. Contudo é relevante afirmar que diferente do centro da cidade
Campo Grande não é servida de um aparato de controle que se destine a proteger a imagem deste
espaço. O Rio-Cidade veio com a premissa de trazer ordem ao centro de Campo Grande intervindo com a
relocação dos ambulantes e uma nova articulação viária. Ao lado da rodoviária foi criado um mercado
popular longe do eixo de circulação de qualquer tipo de consumidor, condenando assim ,aos ambulantes
que foram mandados para ali, um amargo prejuízo. O mercado se encontra entregue as baratas e muitos
ambulantes encontram nas ruas não atingidas pelo Rio-Cidade e nem pela guarda municipal um ambiente
propicio para desenvolverem seu comércio.
O Rio-Cidade trouxe o calçadão e o transito para o centro de Campo Grande. Criou elementos que
remetem a história do bairro e lançaram um catalogo de mobiliário novo e criativo para o uso da população.
E também a laranja!
Quem algum dia teve interesse pela história do bairro já ouviu falar que Campo Grande já foi
grande produtor de laranjas do inicio do século XX até a década de 40(fig. 4.2.12). O Rio-cidade buscando
essas referências históricas traçou uma intervenção com peças de arte dispersas ao longo do centro,
buscando trazer para a população a identidade com o bairro que outrora haviam perdido. E umas dessas
peças é uma laranja(fig. 4.2.13).
Bem. Hoje o mercado popular é um fiasco, o mercado ambulante encontra novas raízes dentro do
centro de Campo Grande e infelizmente mesmo após a intervenção Campo Grande possui muitos
problemas relativos a poluição visual devido aos fatores não abordados na intervenção.
Campo Grande hoje é grande promessa de centralidade na zona oeste devido ao seu constante
crescimento populacional e desenvolvimento da atividade comercial e de prestação de serviços. Contudo
o bairro precisa efetivamente de um plano para que esse processo contribua efetivamente com a
qualidade de vida do bairro e não demande mais problemas para a região.
Fig. 4.2.13
5.1
O ARMAZÉM DO BAIXINHO
Análise dos mecanismos de demanda e produção da
propaganda na cidade do Rio de Janeiro.
Fig. 5.1.1
Na verdade não! A exclusão de grande parte da população do mercado de trabalho não tem como
objetivo a possibilidade da vasta utilização da propaganda como instrumento de crescimento das vendas.
Contudo o sistema procura meios para reduzir custos, aumentar o lucro e acumular mais capital. Dentro
desse processo de mercado e mercadoria o excluído e o outdoor atuam com a mesma função: aumentar o
lucro.
Entendendo esta amigável relação podemos estender nosso raciocínio para o mercado que
fornece este ferramental. São eles profissionais de design, propaganda e marketing associados a
empresas especializadas ou trabalhando de maneira autônoma com grande ou pouca sofisticação.
Dispersos pela cidade este nicho serve ao setor de comércio e serviços.
Conforme dados, a especialização dos serviços e comércio e o nível de renda dos clientes de uma
determinada localidade podemos afirmar que existe uma situação diferenciada do repertório publicitário
utilizado nos dois casos.
Bairros de classe média têm um comércio que procura atender a um cliente mais sofisticado e de
maior poder aquisitivo e, portanto os engenhos publicitários devem procurar ter atributos dotados de
padrão estético para atrair este tipo de público. A publicidade mais simples ou feita de modo artesanal
funciona como signo de pobreza para o público mais sofisticado.
Visando atender ao comércio destes bairros de classe média firmas de maior especialização
trabalham respondendo com uma publicidade mais planejada que se estende de forma incisiva para todos
os meios de comunicação em massa.
Nas localidades de baixa renda a “estória” é outra. O comércio destas localidades atende a uma
população mais simples que procura em seus serviços produtos de boa qualidade por um preço
“convidativo”. A estratégia da publicidade nestas localidades é aproveitar o máximo de espaço para sua
divulgação e não criar a impressão de que o produto ou serviço ali vendido é caro demais. Deste modo os
engenhos se apropriam de símbolos de simples compreensão, cores “chamativas”, textos com fontes sem
serifa, e em alguns casos um acumulo de informações desnecessárias.
Para o espaço urbano estas questões fazem muita diferença quando pensamos em questões
relativas à receptividade e ambiência de determinadas áreas dentro da cidade. Como já fora dito a
publicidade é um elemento que auxilia na contextualização de uma área comercial, contudo sua
disposição e apresentação contribuem consideravelmente para que determinados contextos venham ser
de natureza caótica e ilegível. Entendo que a sofisticação ou simplicidade dos engenhos possibilita a
caracterização de diferentes bairros, sendo assim mais uma informação para quem passeia pela cidade,
porém acredito que o “pipocamento” de letreiros, galhardetes, fachas, cartazes, outdoors, e outros
engenhos publicitários sem critérios e “responsabilidade” com a paisagem só contribui com a ilegibilidade
de tudo o que é belo e interessante.
Procurando estabelecer um debate sobre estas questões entendo que é crucial a contribuição de
comerciantes e profissionais da propaganda, respondendo assim os porquês desta dinâmica na cidade do
Rio de Janeiro.
A maneira escolhida para obter essa contribuição foi a elaboração de um questionário sucinto que
de maneira simples e objetiva aborde as questões aqui levantadas.
Este questionário tem direcionamento para comerciantes e agentes publicitários que se
enquadrem no perfil das áreas de estudo.
As questões referentes aos comerciantes abordam os seguintes tópicos:
ÿAtividade
Fig. 5.1.2
ÿObjetivo no emprego da propaganda
ÿPerfil do cliente
ÿSalário médio dos seus empregados
ÿInvestimento mensal com propaganda e publicidade
ÿPerfil do profissional de publicidade que o senhor ou a sua empresa procura
ÿReconhecimento da legislação vigente que regula o uso da propaganda
ÿAtuação da prefeitura na fiscalização
ÿAtuação da prefeitura em incentivos fiscais para a manutenção das fachadas do imóvel que se encontra
localizado o seu estabelecimento comercial.
ÿOpinião do comerciante a respeito da apropriação publicitária em seu bairro pelo setor de serviços e
comércio e um questionamento sobre a necessidade de uma legislação que regule esta atividade.
ÿCaracterização visual do bairro onde o comerciante exerce sua atividade.
Fig. 5.1.3
prefeitura para qualquer tipo de proposta que trouxesse incentivos para a manutenção da fachada de seu
estabelecimento.
O quadro acima reflete um dos que agregam e representam o pequeno comércio. O interesse pela
legislação só se deu no interesse para a obtenção do alvará para funcionamento. Infelizmente em alguns
aspectos a maioria destes estabelecimentos desrespeita a lei que regula a utilização de engenhos
publicitários, até por desconhecimento. A atuação esporádica de fiscais, as inúmeras taxas e o
desconhecimento da lei colaboram com uma utilização clandestina de muitos engenhos.
Buscando quem produz ou trabalha com as questões do aparato publicitário na zona oeste
encontrei dois profissionais de formações e atuações distintas.
A primeira pessoa que pude ter contato foi a arquiteta Elisabeth Saísse. Profissional ligada à
atividade de legalização de imóveis e propaganda junto à prefeitura, ela possui seu escritório em Campo
Grande de onde responde a pedidos de serviços em toda a cidade do Rio de Janeiro e em alguns
municípios da baixada fluminense.
Elisabeth discursou a respeito dos processos preliminares da aprovação do aparato publicitário. A
secretária municipal de fazenda é o órgão onde se dá inicio a aprovação da propaganda através da
obtenção do alvará de funcionamento do estabelecimento.
Lembrou também que outro procedimento refere-se ao requerimento sobre as normas que a
legislação impõe e exemplificou as restrições que ela já teve contato em sua atividade . Uma delas é
relativa à aprovação de um restaurante que teve seu engenho executado com grave erro de português.
Neste projeto ela elaborou um documento para a aprovação procurando equacionar a solução que
respeitasse a legislação, mas por razões muito questionáveis o dono do estabelecimento e o agente
publicitário que executou o engenho definiram o erro como solução definitiva. Outro problema em sua
atividade é o de convencer sua clientela do “caminho certo” para a aprovação. Muitos solicitavam a ela que
aprovasse propostas impraticáveis e que feriam a legislação com o respaldo de outras referências
praticadas na cidade. Elisabeth colocou que mostrava a sua clientela que tais soluções só trariam
problemas legais e que muitos daqueles que praticam essas irregularidades podem estar passando por
multas ou processos.
A atuação de Elisabeth por toda a cidade lhe deu uma visão dos contrastes que acontecem na
fiscalização na cidade do Rio. Ela afirma que muitas são as irregularidades mas elas se acentuam no
subúrbio devido ao grande número de decretos que permitem a apropriação indevida da
cidade.Pensando ela citou um bom exemplo de possível apropriação do alinhamento frontal em bairros da
zona oeste, Méier e Jacarepaguá .
A respeito de sua atuação profissional Elisabeth se mostrou ciente das implicações de sua
atividade na qualidade ambiental da cidade e dos órgãos que legalizam sua profissão e o amparo dado a
utilização dos engenhos publicitários na cidade do Rio de Janeiro.
Elisabeth representa uma categoria que lida diretamente com a lei e decretos dispostos na cidade.
Sua atividade profissional busca como ferramenta uma legislação que muitas vezes permite abusos e
impactos contra a cidade. Seus clientes em grande maioria estão mais preocupados efetivamente com a
possibilidade de tornar legal seu negócio, sem efetivamente se importar com as implicâncias técnicas
envolvidas no processo.
O outro profissional contatado para as entrevistas foi o desenhista técnico Luiz Junior. Ele atua na
zona oeste em bairros como Bangu, Campo Grande e Santa Cruz produzindo propaganda de baixo e
médio custo para os comerciantes e prestadores de serviço.
Fig. 5.1.4
A entrevista de Junior se realizou na Praça 1°
de maio(fig. 5.1.4) no bairro de Bangu após um dia de
trabalho. Durante esse dia foi feito um
acompanhamento do exercício profissional de Junior
sendo possível a realização de registros dos
procedimentos, e problemáticas de sua atividade. O
local de trabalho foi o bairro de Bangu onde Junior
deveria instalar um letreiro vertical em uma fachada
de um edifício localizado próximo ao centro do
bairro(fig. 5.1.5). Sendo um edifício de esquina a
fachada possuía características de ponto focal do
encontro das ruas, sendo revestida por cerâmica ,
alternando as cores contrastantes que acompanham
o ritmo das janelas. Com uso comercial a edificação é Fig. 5.1.5
subutilizada no pavimento térreo possuindo diversas
lojas fechadas. No entanto os pavimentos superiores
abrigam um curso de informática. A fachada se
encontrava com diversos anúncios e faixas relativas a
atividade do curso, caracterizando uma distribuição
gratuita de propaganda. O pipocamento desses
engenhos é permitido pela legislação, que por sua
vez regula a possibilidade de se utilizar integralmente
a fachada de um edifício destinado ao uso comercial.
A restrição para esse tipo de uso fala apenas da
proporção que estes anúncios devem ter em relação
à fachada e do impedimento que os mesmos venham
a fazer em vãos de ventilação e iluminação naturais. A
maioria dos engenhos poderia ser aprovada por este
texto por possuírem dimensões adequadas às Fig. 5.1.6
proporções impostas. Contudo, mesmo respeitando a
lei estes anúncios tem relativo impacto no objeto
construído e contribuem consideravelmente com
problemas conflitos visuais no contexto desta
esquina. Para amargar mais o quadro foi encontrado
um exemplo de anúncio que fere a lei , impedindo uma
esquadria a plena possibilidade de ventilar e iluminar
os ambientes internos do edifício(fig. 5.1.6). Todas as
faixas e anúncios ali instalados foram elaborados e
feitos por Luiz Junior(fig. 5.1.7).
Luiz foi incumbido de produzir um letreiro que
seria instalado na quina da fachada, e outro que seria
instalado na cobertura para ampliar o raio de
atuação da publicidade com visibilidade até o centro Fig. 5.1.7
Lendo os textos das leis pude perceber que a lei regula, proíbe, taxa, mas seus fiscalizadores
pouco andam pela cidade.
Antes de qualquer coisa temos que entender para que servem todas essas restrições já que a
cidade tem sérios problemas com a apropriação da propaganda em virtude da “sujeira” que ela provoca
em algumas localidades. Estender esse texto de análise através de todos os artigos que integram o
levantamento bibliográfico sobre a temática, criando uma lista de comentários sobre a legislação não me
pareceu um bom caminho para expor os erros e acertos que a lei normatiza. Repensando em uma melhor
abordagem procurei estabelecer campos de discussão com tópicos relativos aos temas que pretendo
abordar e buscar nos textos das leis as respostas legais impostas.
Para entender as restrições resgatei os compromissos que a lei tem com a sociedade:
ÿA legislação tem compromisso com o cidadão, com a paisagem e de modo geral com os usos e as
relações sociais que a cidade realiza.
ÿO cidadão deve ter o direito de não ser agredido por qualquer meio de comunicação que seja vinculado
ao contexto urbano. O cidadão deve ter resguardada a leitura clara de toda informação que o permita
circular, trabalhar, e exercer suas atividades sociais. Sua apreciação da paisagem e contextos urbanos
não deve ser comprometida em espécie alguma por qualquer tipo de lacuna.
ÿO conjunto edificado e o contexto urbano tem implicâncias sérias na construção da paisagem urbana.
As edificações, passeios, ruas, avenidas, mobiliários, parques, praias, morros, e lagoas são alguns dos
elementos que de maneira individual e conjunta constroem essa paisagem. Resguardar a preservação
destes bens e a legibilidade dos mesmos é mais um compromisso que a lei deve ter com a sociedade.
ÿRegular as atividades sociais e econômicas que promovam o crescimento e o bem estar da sociedade
como um todo.
ÿAnúncios Indicativos – Aqueles que são fixados junto ao estabelecimento e faz referência ao seu uso.
ÿAnúncios Publicitários – Referentes a alguma mensagem, produto ou marca.
Os anúncios indicativos têm extrema importância devido a informação que traz consigo ser
orientadora para o cidadão na busca de produtos e serviços. Os anúncios indicativos podem ter o formato
de painéis e letreiros e possuir vinculação direta com o edifício que abriga determinado uso.
Os anúncios publicitários têm como objetivo a promoção de mensagens publicitárias que podem ter
caráter cívico, assistencial, comercial ou informativo.
A maior exploração deste tipo de anúncio se faz pela promoção de produtos e serviços. Explorando mais a
dinâmica desta promoção podemos definir que muitos anúncios publicitários têm caráter provisório, isto é,
realizam a promoção de promoções ou ofertas especiais vinculadas transitoriamente. Os anúncios
publicitários tomam forma nas tabuletas; painéis e letreiros; indicadores de logradouros, de hora e de
temperatura; nas faixas; e em abrigos de pedestres.
Estas definições são importantes para entendermos a importância e a aplicação devida de cada um
desses tipos de anúncios.
ÿUm tem em sua premissa básica a informação para orientar a respeito dos usos. O outro a promoção de
mensagens, produtos ou serviços.
ÿOutro permite ao cidadão orientação a respeito dos usos o outro a promoção da atividade pública e
econômica.
ÿOs anúncios indicativos têm caráter mais permanente e tem valor maior na produção cotidiana do
contexto urbano, já o anúncio publicitário tem duração mais curta e em virtude do seu aspecto econômico,
tem sua veiculação mais densa e agressiva.
Estes tipos de anúncios estabelecem sua veiculação através de elementos no contexto urbano que
lhe sirvam de suporte. Desmembrar estes elementos em unidades mais simples nos possibilitará entender
caso a caso as implicações e os impactos causados. Sumariamente podemos classificar da seguinte
forma:
Arquitetura
ÿFachadas com vãos
ÿEmpenas cegas
ÿSobre marquises
ÿSob marquises
ÿTestadas de Marquises
ÿCobertura
ÿVitrines
Adotando essa classificação, podemos iniciar nossa análise com base nos textos das leis aqui
descritas.
Arquitetura
a. Fachadas com vãos
As fachadas com vãos, portas e janelas, em sua grande maioria, são voltadas diretamente para os
logradouros públicos sendo responsáveis principalmente pela acessibilidade ao edifício, pela
iluminação e ventilação naturais. Com suas grandes superfícies as fachadas moldam efetivamente a
forma urbana. A propaganda vinculada a esses planos consegue um destaque impressionante na
percepção espacial da cidade(fig. 5.2.1).
A lei estabelece critérios para a ocupação destas fachadas em diversas situações. Para os anúncios
indicativos há o limite do 3° pavimento e de 1,50 de altura, com restrições àqueles que impeçam a
iluminação, a ventilação e a exposição de outros anúncios. Em edifícios comerciais a fachada pode ser
ocupada totalmente até o 3° pavimento, observando nenhum dano à ventilação e à iluminação do
edifício. Nos anúncios para estes prédios comerciais deverão apenas possuir uma mensagem e
obedecer à proporção de no máximo a 1/3 da altura total da fachada. Existe ainda a possibilidade de se
instalar um anúncio acima do último pavimento e
abaixo da cobertura desde que o mesmo não
ultrapasse os limites da fachada, não ultrapasse a
altura de 1,50 m e seja relativo à atividade
exercida no edifício.
O zoneamento proposto nas normas cariocas
define duas modalidades de ocupação tendo o 3°
pavimento como referência. São definidas da
seguinte forma:
· fachada, até o piso do terceiro pavimento:
a) painéis simples e luminosos – em AC, ZI-1, ZI-2,
ZP, CB-1, CB-2, CB-3, ZIC, ZT-1, ZT-2, ZR-3,
ZR-4 e ZR-5;
b) painéis luminosos com alternância e
movimentos – em AC, ZI-1, ZI-2, ZP, CB-3 e Fig. 5.2.1
ZIC;
· fachada, acima do piso do terceiro pavimento:
a) painéis simples e luminosos – em AC, ZI-1, ZI-2, ZP, CB-1, CB-2, CB-3, ZIC, ZR-4 e ZR-5;
b) painéis luminosos com alternância e movimentos – em AC, ZI-1, ZI-2, ZP, CB-3 e ZIC;
Vale ressaltar que CB1 refere-se à delimitação de áreas que possuam caráter de centralidade e
referência para os moradores de um determinado bairro. Agrega ao sue contexto usos de interesse
público , de comércio e serviços.
b. Empenas cegas
As grandes empenas são os frutos mais amargos da exploração imobiliária que se presenciou nos
grandes centros urbanos. Afastamentos, limites de gabarito e definição de áreas mínimas e máximas
são as ferramentas que a cidade mais utiliza para regular a apropriação dos espaços e na definição da
forma do contexto urbano edificado. Esta é uma tendência que vem sendo copiada do “modo
americano” de seduzir através de anúncios que, pela sua monumentalidade, impressionam o
consumidor.
Os usos que se desenvolvem em determinadas localidades podem definir a valorização do preço
do solo e os possíveis investimentos que podem ali se desenvolver. Todo o empresário que investe seu
capital em uma parcela de solo tão cara anseia ver seu investimento gerar rentabilidade. As
construtoras se apóiam na legislação e constroem o máximo possível ,ventilando e iluminando o
mínimo possível. A legislação define os afastamentos e proíbe a abertura de vãos em situações onde
estes não são respeitados. O gabarito muitas vezes é mantido em decorrência de soluções que se
utilizam de primas de ventilação internos. Existem muitos casos onde a solução resulta em uma
fachada lateral que é descrita como uma grande empena cega.
Sem uma proposta formal “aceitável” para as tais empenas, as mesmas começam a agregar
referências “pejorativas” de lacunas ociosas. Tais referências são o estopim para as iniciativas de
propostas que buscam, de alguma forma, preencher estas lacunas.
Algumas propostas visam a apropriação destas superfícies com expressões de cunho artístico.
Outras propostas vislumbram a somente a possibilidade de explorar economicamente(fig. 5.2.2).
A propaganda deve sem nenhuma dúvida ser um instrumento de orientação ao cidadão no
contexto urbano e permitir a promoção do desenvolvimento das atividades econômicas e sociais
dentro da cidade. A propaganda não deve competir com a cidade e tentar lhe roubar a atenção
dispensada pelos cidadãos que por ela circulam. As empenas cegas possibilitam ao mercado de
publicidade a exploração de perspectivas e visões
seriais formadas ao longo de décadas pela
memória individual e coletiva dos cidadãos da
cidade. Na minha opinião a propaganda deve
acrescer referência para a cidade e não se
apropriar das referências já existentes para se
promover.
A ocupação das empenas cegas dos edifícios
é permitida por lei com restrições a sua
implantação, formato e disposição. Os engenhos
ali fixados não podem ocupar mais do que 10% da
área de uma fachada ou o limite de 40 metros
quadrados. As mesmas não podem exceder os
limites das empenas que estão fixadas e serão em
Fig. 5.2.2
número de uma. O zoneamento define de maneira pouco restritiva a instalação destes engenhos,
permitindo até que os denominados Centros de Bairro 2 e 3 e Zonas Residenciais 2,3 e 4 sejam
contemplados com a implantação destes anúncios.
· empenas cegas:
a) painéis simples – em AC, Zl-1, ZI-2, ZP, CB-2, CB-3, ZIC, ZR-4 e ZR-5;
b) painéis luminosos – em AC, ZI-1, ZI-2, ZP, CB-2, CB-3 e ZIC;
c) painéis luminosos com alternância e movimentos – em AC, Zl-1, ZI-2, ZP e ZIC;
d) tabuletas – em AC, Zl, CB-2, CB-3, ZR-2, ZR-3
Acredito que os valores e limites não vislumbram um horizonte onde dezenas de edificações
tragam ao contexto urbano novas referências transitórias em prol do beneficio econômico que a
fixação pode trazer ao condomínio ou a administração destes edifícios.
d. Coberturas e telhados
a. Passeio.
Para muitos, apesar da violência e dos empecilhos modernos, caminhar pela cidade é uma atividade
prazerosa. A calçada dentro desta atividade desempenha importante por possibilitar ao pedestre
acessibilidade, segurança e proteção em seu passeio. Além disso, esta acumula diversos serviços
públicos como aparelhos telefônicos, bancas de jornal, equipamentos de sinalização e iluminação pública
e por ai vai.
Contudo, é certo que a cidade encontra diversos problema relativo à infra-estrutura desta parcela do
logradouro público. No entanto o que nos interessa no momento é a utilização deste espaço para a
Fig. 5.2.5
colocação de engenhos publicitários.
A lei é severa e restringe qualquer tipo de colocação de anúncios publicitários nas calçadas. Os demais
equipamentos estão amparados por legislação especifica que define a maneira que os mesmos devem
ser implantados.
O texto da lei vem resguardar a leitura do contexto urbano e a acessibilidade sem empecilhos, contudo
o rebatimento com a fiscalização e fatores de ordem dos usos esbarra seriamente com a viabilidade da
restrição. Um bom exemplo a ser citado é a estrutura de edifícios que desempenham em conjunto com
uma galeria no primeiro pavimento a atividade comercial. Os comerciantes desta galeria utilizam
cavaletes no espaço do passeio para chamar a atenção do pedestre para a existência de sua loja ou a
promoção de alguma oferta especial. Resultado, a calçada é vira uma pista de obstáculos ao
pedestre(fig.5.2.6). Entender a demanda por propaganda em cada caso é importante para definir saídas
legais que amparem o comerciante na indicação da existência de seu estabelecimento ao pedestre, e que
protejam as premissas básicas da proteção ambiental do espaço urbano.
Essa restrição desempenha seu papel em toda a cidade.
b. Mobiliário Urbano.
ÿO mobiliário urbano dá suporte as atividades
públicas desenvolvidas no logradouro público.
Protege os pedestres que aguardam o transporte
público, iluminam e sinalizam tornando acessível
os mais diversos espaços a qualquer hora do dia,
agregam serviços públicos de telefonia e bancas de
jornal, funcionam como recipientes de lixo, enfim
servem de maneira positiva para a vivência na
cidade. Para muitos destes é agregada função de
engenho publicitário direta ou indiretamente. Tal
vínculo, deve ser encarado como possibilidade de
regular a atividade publicitária e promover espaços
para a propaganda. Contudo critérios importantes Fig. 5.2.6
devem ser levados em conta na permissão de
engenhos desta natureza:
ÿO anunciante deve ter responsabilidade pela conservação do engenho
ÿO engenho deve ter algum tipo de função pública e não ser apenas um elemento dissociado das
atividades urbanas.
ÿA vinculação do engenho não deve de modo algum aferir as restrições que a legislação hoje determina.
A legislação define os requisitos para a implantação destes elementos, bem como os órgãos
responsáveis pela inspeção. No caso especifico das bancas de jornal os modelos e as restrições ao uso
são definidas pela Lei de n.º 3.425 de 22 de julho de 2002, que dispõe sobre a concessão de autorização e
as normas para o funcionamento das bancas de jornais e revistas no Município do Rio de Janeiro, e dá
outras providências.
c. Orla marítima
Belo é o Rio. E belas são suas praias e seu mar.
Beleza natural e fonte de renda para o setor de turismo, a orla marítima do Rio de Janeiro é referência
de lazer ativo e contemplativo para a população da cidade.
No entanto, este cenário em seu seio é relativamente frágil e muda bastante pela intervenção humana.
A apropriação publicitária na orla é bastante impactante no sentido de chamar a atenção em função do
estranhamento que provoca em relação aos elementos naturais.
A lei veta qualquer instalação de conteúdo publicitário ao longo da orla marítima. Contudo não se
refere qual é o raio de atuação desta restrição sendo uma ferramenta dúbia nesse sentido.
Fig. 5.2.9
da edificação que se situa dentro do lote não se atendo a escala dos demais imóveis vizinhos.
Os limites do engenho são definidos pela dimensão da testada da edificação e os limites do lote em
relação ao passeio público. Definir a testada como limite traz complicações quando pensamos como essa
dimensão pode variar. Estabelecer uma relação entre o comprimento da testada e o comprimento do
engenho é um caminho mais racional que respeita e resguarda a edificação como elemento a ser
visualizado e apreciado.
Aos engenhos que se caracterizem como prismas, a lei faz restrições relativas à proporção do mesmo e à
área livre que este deve ter para ser instalado. As definições têm preocupação de manter a segurança da
instalação do engenho e resguardo da edificação. O engenho não pode ultrapassar a altura máxima de 5
metros e deve estar inserido no centro de um circulo imaginário, não edificado, de aproximadamente 3
metros de diâmetro. Sendo que este circulo deve estar inserido nos limites do imóvel(fig. 5.2.10).
O zoneamento por sua vez define poucas restrições a estes tipos de engenhos assegurando a
possibilidade de utilizar em áreas residenciais, comerciais e industriais.
· áreas livres de imóveis edificados:
a) simples e luminosos – em AC, ZI-1, ZI-2,
ZP, CB-1, CB-3, ZIC, ZT-1, ZT-2, ZR-3,
ZR-4 e ZR-5;
b) painéis luminosos com alternância e
movimentos – em AC, ZI-1, ZI-2, ZP,
CB-3 e ZIC;
c) tabuletas desde que não haja outro tipo
de anúncio em sua área livre – em ZP,
CB-2, AC, ZIC, ZI-1, ZI-2 e CB-3.
Fig. 5.2.11
barreiras físicas e visuais. Esse impacto é facilmente notado existência de muros de vastíssima extensão
e viadutos que transpõem esses eixos que se entendem por nossa cidade. A falta de tratamento
paisagístico ao longo desses eixos propicia a depreciação dos espaços próximos, tornando-os
referências negativas para aqueles que vivem na cidade.
A utilização vasta de tabuletas ao longo da extensão da linha férrea visa aproveitar a circulação de
pessoas e veículos que se dá paralelamente próxima a essas vias. Os centros de bairro e as vias de
circulação mais intensas são os locais que sofrem maior impacto e proporcionalmente são os mais
disputados e caros.
A lei proíbe qualquer tipo de engenho publicitário ao longo da via férrea, mas não define raio de
proteção. A falta de fiscalização e de rigor para impedir essa apropriação só faz com que a mesma se
reproduza em berço de impunidade que se amplia na crescente exploração destes espaços(fig. 5.2.12 e
5.2.13).
Concluo essa apreciação a respeito dos textos de lei anteriormente mencionados ressalvando minhas
criticas às definições e aos critérios que a lei defende em relação à apropriação publicitária, do espaço
público e da paisagem construída, no âmbito da cidade do Rio de Janeiro. Acredito que a legislação
mereceria uma avaliação voltada para as questões estética e técnica e, conseqüentemente, a presença
de profissionais envolvidos com a de arquitetura, o urbanismo, o paisagismo e comunicação visual para
que realmente esta encontre mais coerência na definição de suas normas objetivando a salvaguarda da
paisagem e perspectivas urbanas. Tudo isso, sem perder de vista a necessidade do desenvolvimento das
atividades econômicas e sociais.
Fig. 5.2.12
Fig. 5.2.13
5.3
LUZES, CÂMERAS E MUITA AÇÃO
Análise do levantamento fotográfico realizado nas áreas de
estudo
A
ntes de pensar nesse levantamento fotográfico tive contato com a legislação que norteia e
regulamenta a utilização da propaganda na cidade do Rio de Janeiro. Ela se define regulando e
protegendo o contexto urbano através de números, áreas, e limites. Ela busca mensurar o modo
de abordagem dado para o contexto urbano. Acredito que ao utilizar essas definições a lei tenta simplificar
o que realmente defende para tornar seu texto mais abrangente e de linguagem menos técnica
No entanto, na análise da legislação comprovou-se inúmeras situações onde a mesma se posicionava
de maneira simplória ignorando aspectos de grande importância para a manutenção da legibilidade da
cidade e da proteção da ambiência urbana, como na permissão de implantação de anúncios em empenas
cegas de edifícios.
Dentro da perspectiva de se realizar um estudo que mostrasse os problemas de uma legislação e as
diferentes apropriações da propaganda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, foram escolhidas duas
áreas de estudo para fins de comparação. O critério estabelecido foi o nível de conflitos relativos à
apropriação publicitária: Campo Grande e Leblon.
Campo Grande em levantamento prévio mostrou-se um cenário exemplar de determinada realidade
da cidade do Rio de Janeiro, e, portanto, apropriado como local para o estudo: ali diversos conflitos em
função da utilização da propaganda, conservação dos edifícios e usos que depreciam o bairro; estão
presentes.
Já o Leblon, na contra-mão tem atributos totalmente diferentes daqueles do grupo que Campo Grande
faz parte. O Leblon por ser um bairro de classe média, com nível de renda e escolaridade altos e com forte
comércio voltado a atender essa clientela, reproduz a qualidade do padrão de vida efetivamente nos
espaços públicos.
Em ambos os bairros, foram definidos um recorte no tecido urbano, dos logradouros a serem
levantados. O critério inicial para a escolha do recorte foi o uso dado no mesmo: áreas de centro de bairro
onde a oferta de comércio e serviços se caracterizavam opções seguras para o levantamento.
Em Campo Grande o recorte espacial envolveu um conjunto de ruas dentro do centro do bairro,
abrangendo o calçadão e áreas em ambos lados da linha férrea(fig. 5.3.1). Essas ruas foram identificadas
com números para facilitar na vinculação destas com o registro no banco de dados. Os critérios para a
Fig. 5.3.1
escolha destas ruas foi o seguinte:
ÿRuas Locais – Rua 01(Rua Viúva Dantas) e Rua 02(Rua Coronel Agostinho – calçadão); Ruas de
comércio formal onde a escala visual e a circulação de pedestres se faz presente. Áreas com devida
intervenção do Rio-cidade Campo Grande.
ÿRuas de trafego de veículos moderado – Rua 04(Rua Aurélio Figueiredo) e Rua 03 (Rua Ferreira
Borges); A velocidade da circulação é maior que nas ruas locais, determinando assim um perspectiva mais
temporária e rápida. Ponto de estudo apropriado para apontar relação da circulação com a dimensão dos
engenhos mesmo que a escala da rua não seja apropriada.
ÿRuas conflituosas – Rua 05(Rua Barcelos Domingos) e Rua 06(Rua Campo Grande); Locais de uso
intenso e de conflitos de todo tipo e espécie. Ótimo foco de estudo para apontar irregularidades no uso da
publicidade.
O recorte adotado no Leblon procurou as mesmas propriedades quando nos referimos ao uso intenso
do comércio e de prestadores de serviços(fig. 5.3.2).
Contudo a escolha das ruas foi mais restrita procurando definir dois eixos de zoneamentos
distintos. Assim sendo, a definição dos critérios de escolha das ruas foi o seguinte:
ÿRua de Centro de Bairro 01 – Rua 02 (Avenida Bartolomeu Mitre); Com uso mais moderado esta rua
possui um comércio menos sofisticado e de abrangência mais local.
ÿRua de Centro de Bairro 03 – Rua 01 (Avenida Ataulfo de Paiva); Grande eixo comercial do bairro, esta
avenida acomoda um fluxo intenso de pessoas e automóveis proporcionando um estudo que contemple
diferentes perspectivas nas respectivas velocidades de fluxo.
O banco de dados
Fig. 5.3.2
ÿAs dimensões destes engenhos e suas respectivas áreas e as cores de maior predominância ou
secundárias.
Leblr1b165
Fig.5.3.4
Na rua 04 (Rua Aurélio Figueiredo) a situação
se complica quando nos referimos à questão dos
limites impostos pela lei.Temos a inserção de dois
anúncios, em edifícios vizinhos de a maior gabarito.
A restrição de 1/3 da altura da fachada é
claramente ignorada na implantação destes
anúncios vinculados a um curso de idiomas e de
informática(fig. 5.3.6 e 5.3.7). A implantação
também ignora a fachada como elemento de
referência dentro do bairro e parte funcional para a
qualidade ambiental da edificação através da
possibilidade de iluminação e ventilação naturais.
Os suportes são muitos e variados. Os mais
inusitados são colchões de dormir, uma antena Fig. 5.3.6
parabólica, uma piscina e até um homem(em anexo
fig. 5.3.13).
Em Campo Grande as fachadas e as marquises
são os suportes mais afetados tendo o maior índice
de registros vinculados a eles.
Na rua 04 (Rua Aurélio Figueiredo) o fluxo de
automóveis e de trens traz consumidores em um
percurso mais veloz(fig. 5.3.8). Procurando atrair o
público que circula, os comerciantes e prestadores
de serviços lançaram mão para a instalação de
fachadas falsas sobre as marquises e anúncios que
cobrem-nas parcialmente. A estreita rua, ao lado da
linha férrea, trabalha com anúncios fixados as suas
fachadas com foco para o consumidor de trafego
veloz. As escalas da rua ou do logradouro não são Fig. 5.3.7
respeitadas e a legislação é violada com a maior
naturalidade As fachadas falsas também trazem
outro problema relativo a manutenção do imóvel, já
que escondem a real condição do prédio, e com a
ventilação e iluminação naturais destes
estabelecimentos.
Outro problema notado foi a utilização da
calçada para a disposição de anúncios. Sendo
apontado como o terceiro suporte mais utilizado, a
calçada traz consigo problemas neste tipo de
apropriação(em anexo fig. 5.3.13). A rua 06(Rua
Campo Grande) possui um exemplo muito
interessante deste tipo de apropriação(fig. 5.3.5).
Dispostos em um recuo de um edifício onde Fig. 5.3.8
Fig. 5.3.5
funciona uma galeria, cavaletes e outros tipos de engenhos se utilizam da calçada para anunciar as lojas
que se encontram no interior desta galeria. A legislação impõe restrição total a esse tipo de apropriação do
passeio para a disposição de material de propaganda, contudo ali em frente a este edifico parece não
haver lei e nem tão pouco fiscais para fazê-la cumprir.
Os muros também são apontados dentre os suportes mais utilizados(em anexo fig. 5.3.13). Sendo
frutos do trabalho artesanal baixo de custo. Estes anúncios têm maior incidência no muro que define os
limites da linha férrea. A rua 04 (Rua Aurélio Figueiredo) agrega para si a utilização sem controle de uma
propaganda sem critério que explora uma parcela ociosa da cidade representada no muro da linha
ferroviária.
O quantitativo de engenhos relativos ao tipo de comércio, serviço prestado ou produto gerado a partir
do levantamento nos diz que as lojas de roupas e lojas de lanches são responsáveis pela maior parte dos
engenhos registrados(em anexo fig. 5.3.17). Entender esses números não é difícil pois estes tipos de
comércio tem uma concorrência acirrada e a propaganda de seus produtos permite que eles sejam mais
competitivos. Essa competição busca a atenção do consumidor a todo custo, em virtude disso é comum
ver preços e bancadas com exposição dos produtos avançarem a calçada. Nesse caso o objetivo da
propaganda não necessariamente é indicar alguma referência do tipo de comércio ou criar uma identidade
para o comércio ou serviço, mas efetivamente informar a quem circula as promoções e ofertas do interior
da loja. Essa é uma característica que estes tipos de comércio possuem no bairro de Campo Grande. Sem
muitas definições a lei permite que estes estabelecimentos agreguem mais e mais anúncios e com isso
um aumento excessivo da informação publicitária no contexto urbano. O calçadão possui muitos
exemplos deste tipo de apropriação tendo em vista que ali diversas lojas de roupas e lanches disputam
acirradamente a atenção dos consumidores que por ali circulam.
Com relação às cores empregadas nos engenhos os dados apontam para uma forte tendência para as
cores mais quentes definindo uma relação de figura-fundo. Nesse quadro as cores amarela e branca são
definidas como cores predominantes, sendo mais utilizadas como fundo dos painéis e letreiros(em anexo
fig. 5.3.19). As cores secundárias são associadas aos tipos, a informação a ser lida, e portanto procuram
ser mais fortes e profundas para contrastar com o fundo mais claro(em anexo fig. 5.3.21). As duplas
(predominante / secundária) mais utilizadas na avaliação da base de dados são branca / vermelha, branca
/ azul, branca / preta, e amarela / vermelha(em anexo fig 5.3.23). Este cenário cromático define pouca
policromia em virtude de uma tríade de cores mais baratas e chamativas. A tipologia das letras impostas
nos letreiros “BERRA” na utilização de caixas altas e norteia o observador pela quantidade excessiva de
informações descritas. Efetivamente, nesse reboliço de cores e tipos muito se diz e nada se entende.
Olhando o Leblon
Em direção oposta a Campo Grande, o bairro do Leblon também trabalha com um forte centro
comercial, contudo não norteia a apropriação da publicidade no contexto urbano de maneira agressiva. O
comércio e os prestadores de serviços do bairro empregam seu aparato publicitário de maneira mais
qualitativa do que quantitativa para atrair seu público alvo, a classe média carioca.
Nessa conversa também temos uma prefeitura mais interessada em proteger a qualidade ambiental
deste bairro que demanda mais cuidados devido a sua importância turística e de referência de qualidade
de vida dentro da cidade do Rio de Janeiro. A lei e
os fiscais devem conhecer muito bem o Leblon e
defender as características que o fazem ser um
lugar aprazível e sem maiores conflitos ambientais.
O uso misto dado para a área a define como
espaço de convivência. A tipologia dos edifícios
marca uma utilização do térreo para as atividades
comerciais e dos pavimentos tipo para acomodar o
uso residencial. As marquises dentro deste cenário
funcionam como eixo físico, definindo limites para a
propaganda(fig. 5.3.9). Esse limite permite a
definição de um ambiente mais limpo onde a
propaganda trabalha em uma faixa de circulação
de pedestres mais direta e imediata e os edifícios Fig. 5.3.9
encontram em suas fachadas limpas a
possibilidade de serem sem nenhum prejuízo boas
referências no contexto urbano.
A comparação do bairro com o de Campo
Grande, no que diz respeito aos engenhos,
demonstra que no Leblon o velho ditado que diz:
“Tamanho não é documento”, faz sentido para o
comércio local. No gráfico gerado a partir da base
de dados a área que define dos engenhos no
Leblon oscila em sua grande maioria abaixo dos 10
m², sendo bem inferior que em Campo Grande que
possui muitos anúncios com área acima dos 20
m²(em anexo fig. 5.3.12) .
Outro aspecto é o quase inexistente uso das
calçadas para a fixação de anúncios. Tal aspecto Fig. 5.3.10
contribui em muito para a circulação de pedestres e
na manutenção da qualidade do contexto urbano. Na rua 02 (Avenida Bartolomeu Mitre) existe um caso
semelhante a Campo Grande onde uma galeria localizada em edifício(fig. 5.3.10). No bairro do Leblon
esta situação demandou uma quantidade bem menor de área no passeio para a instalação indevida de
cavaletes ou outros tipos de engenhos publicitários.
As marquises são utilizadas de maneira correta, isto é, dentro da lei, na grande maioria dos casos. As
alturas e normas definidas pela legislação são respeitadas e o comércio utiliza a mesma apenas para
identificar a seu estabelecimento.
Os estabelecimentos de comércio ou serviços incluídos na área de estudo que mais anunciam, além
das agencias bancárias e drogaria / farmácias, são efetivamente as lojas de roupas e de lanches(em
anexo fig. 5.3.18). No entanto os números não informam que estes tipos de comércio trabalham
qualitativamente ocupando menor espaço e fazendo melhores anúncios no bairro do Leblon.
As entradas dos estabelecimentos não são inundadas pelos anúncios promocionais reproduzidos no
comércio de Campo Grande. As vitrines no Leblon desempenham papel de contato direto do consumidor
com seu produto, expondo de maneira organizada e atrativa os mesmos, proporcionando a quem circula,
interesse nas mercadorias. A calçada não é invadida e o passeio se torna uma atividade aprazível
proporcionando tranqüilidade para que o pedestre / consumidor possa observar as vitrines.
A paleta cromática definida no Leblon confirma a tendência de se utilizar as cores mais claras e
quentes como predominantes, contudo, é importante afirmar que a utilização das cores mais quentes é
atenuada pela utilização de tons pastéis e a presença mais efetiva das outras cores como secundárias(em
anexo fig. 5.3.20 e 5.3.22). Os tipos de letras, por possuírem certo critério em seu uso, estabelecem uma
leitura mais clara da informação. O acúmulo de informações notado em Campo Grande diminui
consideravelmente, que dentre muitos dos casos se prestam a informar apenas o nome da loja ou serviço
prestado.
No Leblon, dentro deste contexto definido pela regularidade, existem as não-conformidades que
atuam como pequenas lacunas dentro da perspectiva urbana. No entanto essas “não-conformidades” tem
impacto mais atenuado pelo conjunto que se mantém legível como referência e signo contextual.
Paralelamente, em Campo Grande a incidência dessas lacunas efetivamente construíram uma realidade
que promove a reprodução de conflitos visuais de toda natureza, impondo a destruição das referências e a
total desorientação para aqueles desfrutam desse ambiente.
Fig. 5.3.11
acordo com as situações locais de cada bairro e definição de soluções alternativas para promover a
propaganda dentro do espaço urbano sem dano da perspectiva do mesmo.
ÿPlano de educação legal direcionado aos comerciantes e prestadores de serviço e a respeito da lei que
regula a publicidade e intensa fiscalização e taxação dos abusos cometidos.
Fig. 5.3.12
Fig. 5.3.13
Fig. 5.3.15
Fig. 5.3.14
Fig.5.3.16
Fig. 5.3.17
Fig. 5.3.19
Fig. 5.3.18
Fig. 5.3.20
Fig. 5.3.21
Fig. 5.3.23
Fig. 5.2.22
Fig. 5.3.24
Fig. 5.3.25
Fig. 5.3.26
6.1
ENTENDEMOS MUITA COISA E ACHAMOS QUE A LEI
PODE MELHORAR
Conclusões e proposta formal de legislação para a apropriação
publicitária no âmbito da cidade do Rio de Janeiro.
Justificativa: Possibilitar melhor acesso à edificação e reduzir drasticamente o nível de informação dada
na escala do passeio, procurando induzir ao uso de uma publicidade mais clara e objetiva em depreciação
do pipocamento de anúncios corriqueiro.
Definição: È vetada a utilização de cartazes, letreiros, painéis ou quaisquer outros engenhos publicitários
que venham a impossibilitar total ou parcialmente o
acesso a edificação. Os anúncios que venham a ser
dispostos na parte superior do vão de acesso deverão
respeitar a altura mínima de 2,10 m a partir da soleira.
As vitrines poderão dispor de 50% de sua área para a
veiculação de anúncios(fig. 6.1.6, 6.1.7 e 6.1.8).
A l t e r a ç ã o : L I M I TA Ç Ã O D E A N Ú N C I O S
VEICULADOS AS MARQUISES DOS EDIFÍCIOS.
Definição: A guarda municipal terá atribuição de educar aos comerciantes e prestadores de serviços a
respeito da restrição da propaganda no passeio e notificá-los a respeito de anúncios indevidamente
dispostos. Será também obrigação da mesma comunicar a fiscalização todas as irregularidades para que
a mesma atue para coibir esse uso do passeio para a veiculação de anúncios.
Definição: Não será admitida a instalação de engenhos publicitários que disputem com elementos de
sinalização de trânsito ou comunicação pública com raio de 5 m a partir deste elementos. A instalação em
passarelas e viadutos é vetada, assim como a disposição de outros engenhos que se situem
perpendicularmente ao longo do eixo da via e não estejam vinculados a nenhuma edificação. A
delimitação se estende a partir 50 metros contados do meio fio das vias de trânsito.
Definição: A prefeitura deverá compor corpo técnico de profissionais devidamente habilitados nas áreas
de comunicação, design, publicidade, marketing, arquitetura e urbanismo e engenharia para realizar em
estudo que será a base do texto de lei.
A definição disposta aqui pela proposta de uma legislação especifica para o tema procura complementar a
lei vigente em seus aspectos dúbios ou equivocados,na minha opinião. No entanto é preciso alertar que
apesar de se possuir um texto mais coerente como ferramenta legal, nenhuma definição de lei terá
resultado se não houver um esforço das autoridades competentes e da sociedade como um todo para a
constante vigilância da cidade aos abusos que possam ser cometidos. Outro requisito básico para que a
lei possa ser um instrumento eficaz é que a mesma seja conhecida. Um trabalho de educação deve ser
estendido a fiscalização, atuando como uma atividade de prevenção as atitudes da sociedade
relacionadas a imagem da cidade.
O estudo para a intervenção se dará com um diagnóstico de problemas relativos a disposição e
quantidade de engenhos publicitários e com a elaboração de soluções que permitam o setor de comércio
e serviços ter possibilidade de efetivar sua identificação e promoção de produtos sem danos a
legibilidade da cidade como elemento de referência e informação. O foco dessa intervenção será um
recorte definido em rua com maior teor de conflitos, conforme levantamento.
7.1
AGORA É MÃO NA MASSA
Estudo para intervenção
Fig.7.1.1
Fig.7.1.2
cidade de conflitos. Com vocação para o turismo o Rio vive a imposição de ser sempre bela, alegre e
interessante para quem vem visitá-la, e nesta condição a realidade de miséria e violência são
características que não contribuem com esta vocação.
Acabar com a miséria, a violência e outros conflitos são tarefas que exigem um comprometimento da
prefeitura e estado em uma ação que abraçasse a cidade toda em uma ação constante. A atuação mais
efetiva por muitos anos só se fez de maneira concentrada na zona da cidade aonde o retorno econômico
vindo do turismo e atividade empresarial se demonstraram mais expressivos.
A cidade foi caminhando e as áreas onde a atuação foi mais tímida são focos de conflitos e de maneira
progressiva vão se estendendo pela cidade trazendo problemas a outras áreas.
A constante estratégia de construção de um cenário para o turista vem sofrendo dificuldades devido ao
nível de conflitos que migram da “cidade ruim” para a a “cidade boa”.
Acredito que a cidade deve caminhar buscando diminuir a segregação e tendo uma imagem mais
condizente com a sua realidade.
Partindo dessas questões entendo que a atuação de controle e proteção da legibilidade da cidade
deve se estender de maneira mais eficaz para a mesma. O texto proposto para a readequação da lei vem
agregar o raio dessa atuação, mas se viu necessário a demonstração de exemplo de intervenção em rua
escolhida em área mais conflituosa do levantamento realizado.
A rua Barcelos Domingos em Campo Grande foi a escolhida para o estudo de intervenção, focando
sobre os registros de engenhos Campr5a(fig.7.1.1). O recorte delimitou cada conjuntos de fachadas como
unidade mínima para intervenção, sendo mais útil para a organização do levantamento.
Fig.7.1.3
Fig.7.1.4
paisagem. A rede aérea de energia elétrica deve ser
representada mesmo que esquematicamente,
reforçando sua presença como elemento que agrega Mapa de vinculação
conflitos visuais.
Na escala do passeio as fotos do levantamento
auxiliam na identificação das irregularidades e
apontam para os locais de direta intervenção. O
mapa de vinculação marca os engenhos facilitando
uma analise posterior com base em uma Vista e Vista b
representação mais limpa e que aponta diretamente Vista g Vista d Vista a
Vista f Vista c
para os elementos de interesse.
Posteriormente as irregularidades na escala
da rua são apontadas no mapa
diagnóstico(fig.7.1.15).
Vista h
Fig.7.1.5
Observações: Anúncio sobre passeio vinculado a fachada. Observações: Uma diversidade de anuncios irregulares se localizam na
calçada e sobre o passeio, sendo a maioria indicativa.
Fig.7.1.6(Vista a) Fig.7.1.7(Vista b)
Observações: Anuncios que duplicam a informação e se situam sobre o
passeio. Fig.7.1.8(Vista c)
NÃO CONFORME
Engenho localizado sobre o passeio
Mapa diagnóstico
NÃO CONFORME NÃO CONFORME
vinculado a fachada. Engenhos localizados na fachada Engenho publicitário vinculado a
causando impedimento as janelas na Engenhos irregulares
fachada excedendo a altura minima
iluminação e ventilação. Engenhos regulares
de 1,50 m. Em estado de conservação
inadequado.
NÃO CONFORME Rede aérea de distribuição de
Propaganda politica vinculada em local inadequado energia elétrica
NÃO CONFORME
Engenho localizado na fachada NÃO CONFORME NÃO CONFORME
causando impedimento a janela em A Engenho vinculado a fachada Engenho localizado na
sua iluminação e ventilação. com altura superior a 1,50 m fachada causando
B Engenho vinculado a marquise impedimento a janela em sua
de natureza publicitária. iluminação e ventilação.
NÃO CONFORME
NÃO CONFORME NÃO CONFORME Engenho localizado sobre o
NÃO CONFORME Engenho vinculado a marquise que NÃO CONFORME NÃO CONFORME Engenhos vinculados a passeio, de natureza
Engenhos vinculados a fachada em excede a altura de 1,50 m e impede Engenhos vinculados a fachada Engenho vinculado sobre a marquise fachada em número maior publicitária vinculado a
número maior que o permitido e em parcialmente a ventilação e iluminação da e m n ú m e r o m a i o r q u e o configurando claro exemplo de “falsa que o permitido e em fachada.
localização inadequada. edificação. permitido e em localização fachada”. localização inadequada.
Fig.7.1.15
Intervenções
Os engenhos vinculados a fachada e a marquise paralelos ao alinhamento que foram assinalados
como não conformes no mapa diagnóstico requer-se Intervenções
Os engenhos vinculados a fachada e a marquise paralelos ao alinhamento que foram assinalados
como não conformes no mapa diagnóstico requer-se as seguintes soluções:
ÿEngenho localizado na fachada causando impedimento à janela em sua iluminação e ventilação Ele
deve ser retirado possibilitando assim a iluminação e ventilação naturais.
ÿEngenho localizado sobre o passeio, de natureza publicitária vinculadoà fachada Ele deve ser retirado
e só poderá ser veiculado no interior da loja ou na entrada conforme proposta legal do capitulo anterior.
ÿEngenhos vinculados à fachada em número maior que o permitido e em localização inadequada Todos
devem ser retirados e um engenho único deverá servir a estes estabelecimentos que possuem o
mesmo acesso conforme proposta legal.
ÿEngenho vinculado à fachada com altura superior a 1,50 m A altura do engenho deve ser retificada.
ÿEngenho vinculado sobre a marquise configurando claro exemplo de “falsa fachada”. O aparato deve
ser retirado possibilitando assim a visualização da fachada.
ÿEngenho publicitário vinculado à fachada excedendo a altura mínima de 1,50 m. Em estado de
conservação inadequado - A altura do engenho deve ser retificada e o engenho deve cumprir as
determinações relativas a sua conservação.
ÿEngenho localizado sobre o passeio vinculado a fachada Retificar o engenho para que o mesmo não
ultrapasse os limites da marquise.
ÿOs engenhos situados no âmbito do passeio citados nas observações das vistas a,b,c,d,e,f,g,h serão
amparados pelas seguintes soluções:
ÿAnúncios vinculados ao passeio Todos devem ser retirados restituindo assim a plenitude do passeio e
continuidade do fluxo.
ÿAnúncios vinculados às marquises Aqueles anúncios que promoverem indicação duplicada de um
mesmo estabelecimento ou promoção publicitária devem ser retirados, devendo apenas ser vinculado um
anuncio indicativo por estabelecimento.
AGRADECIMENTOS
REVISTAS E PERIÓDICOS
Revista Design Gráfico 81.São Paulo, Market Press, 2004.
Almanaque Laemmert. Rio de Janeiro, Almanak Laemmert,1918.
Jornal Folha de São Paulo. São Paulo, Folha da Manhã, 2004.
LEIS E DECRETOS
Lei municipal nº 1.921 , de 5 de Novembro de 1992.
Lei municipal n° 758 de 14 de novembro de 1985.
Decreto municipal nº 322, de 3 de Março de 1976.
Lei federal nº 6.766, de 19 de dezembro De 1979.
Portaria n.º 08 do IPHAN de 15 de junho de 1977.
Decreto municipal nº 6.115, de 11 de setembro de 1986.
Lei municipal complementar nº 72, de 27 de julho de 2004.
MÍDIA INTERATIVA
GUELMAN,Leonardo. Brasil, Tempo de Gentileza. Instituto Joãosinho Trinta, 2002.
ARQUIVOS DIGITAIS
SOUZA, Miguel. Guia de Tipos .2002
SITES DA INTERNET
http://www.rio.rj.gov.br/urbanismo/
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas/
http://www.rio.rj.gov.br/rioaguas/html/acoes/obras/guanabara/jardimdealah.htm
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/bairroscariocas/index_bairro.htm
http://smo-internet.rio.rj.gov.br/smo_internet/smo5_9.htm
http://www.rio.rj.gov.br/ipp/riocidade.htm
http://www.rio.rj.gov.br/planoestrategico/
http://www.guiadetipos.pt.vu
Http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/index.htm
Http://www.afaerj.org.br/
Http://www.secovi-rj.com.br/scripts/consultas/legislacao/leis/1921.asp
FOTOGRAFIAS
Foto 2.1.1 - Extraida do cdrom “Brasil, Tempo de Gentileza”.
Foto 2.1.2 - Foto reproduzida por Marco Belandi, extraida do ALMANAK LAEMMERT, Anuário
Commercial, Industrial e Administrativo.
Foto 2.2.2 - Foto de Autoria de Henrique Costa Fonseca
Foto 5.2.11 - Foto retirada da Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano de 26 de setembro de 2004,
“Placas com anúncios atrapalham trânsito e pedestres” escrito por Fernanda Mema
As demais fotografias são de autoria de Mauro Cesar.